Upload
others
View
0
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
1
¹Graduada em Ciências 1º Grau , habilitação Matemática e pós graduada em Processo Ensino – Aprendizagem e Educação Inclusiva.
Professora regente no Colégio Estadual Professor Narciso Mendes em Curitiba – PR.
²Mestre em Engenharia de Produção – UFSC . Professor do Departamento Acadêmico de Matemática da UTFPR (Unidade Curitiba).
ABORDAGEM MATEMÁTICA ATRAVÉS DA RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Isa Regina Marçal¹
Antonio Amilcar Levandoski²
RESUMO
Com a intenção de contribuir de maneira significativa, buscou-se nesse trabalho apresentar o uso de situações-problema aos educandos como metodologia para introdução do ensino de unidades temáticas na disciplina de Matemática. Os problemas constituem um caminho para se ensinar Matemática e não um momento estanque do currículo, baseado em momentos imitativo, repetitivo e em procedimentos algoritmos. São os problemas que devem justificar a necessidade de utilizar operações, enfim conhecimentos matemáticos. Sempre uma dada situação-problema que precisa ser solucionada é que deve gerar a necessidade de um tratamento matemático capaz de equacioná-la, estimulando o raciocínio lógico e constituindo uma forma diferenciada, significativa, de trabalhar Matemática em sala de aula. Entende-se que o trabalho com a Metodologia de Resolução de Problemas possibilita uma situação de aprendizagem motivadora, significativa e que propicia a própria construção do conhecimento pelo aluno. Nesse sentido foi elaborada uma sequência de atividades metodológicas que contemplam os conceitos matemáticos sobre operações com números decimais e frações. Observou-se durante o desenvolvimento do trabalho que os alunos foram levados não só a raciocinar, estruturar e desenvolver estratégias para solucionar os problemas, mas também, que percebessem a presença de Matemática em sua vida.
Palavras-chave: Situações-problema; metodologia; tendências; operações matemáticas; aprendizagem significativa.
1 Introdução
Neste artigo, pretende-se apresentar o uso de situações-problema aos alunos,
do 6º ano, do Colégio Estadual Professor Narciso Mendes – Curitiba-PR como
2
procedimento para introdução de conhecimentos matemáticos. Bem como, antecipar
os benefícios desse estudo para resolução de problemas cotidianos, ou seja, buscar
responder quais aplicações práticas poderão usar esses conhecimentos.
A Matemática foi criada para resolver problemas de sobrevivência (exemplo
clássico é o cálculo de áreas em função da divisão de terras para o cultivo) que
foram surgindo no decorrer dos tempos com o objetivo de suprir uma necessidade
imediata sem perceber quão importantes eram as aplicações dessas criações na
época. Neste sentido, percebe-se que para evolução do conhecimento do homem, a
Matemática tem um papel relevante, pois, dá suporte e orienta nas aplicações
matemáticas no dia-a-dia (leitura de gráficos, transações comerciais, cálculo de
área, etc.) dos mesmos, motivando-os a trabalharem situações desafiadoras e reais.
A educação matemática, por sua vez deve contribuir para o desenvolvimento
da habilidade relacionada ao raciocínio lógico formal do aluno com o intuito de
resolver problemas: problemas do cotidiano, pessoais, sociais, científicos, enfim,
todo tipo de problema. O aluno desenvolve sua inteligência usando-a; ele aprende a
resolver problemas resolvendo-os. Nesse sentido, Polya afirma:
A resolução de problemas é uma habilitação prática como, digamos, o é a natação: Adquirimos qualquer habilitação por imitação e prática. Ao tentarmos nadar, imitamos o que os outros fazem com as mãos e os pés para manterem suas cabeças fora d’água e, afinal, aprendemos a nadar pela prática da natação. Ao tentarmos resolver problemas, temos de observar e imitar o que fazem outras pessoas quando resolvem os seus e, por fim, aprendemos a resolver problemas, resolvendo-os. (POLYA, 2006, pag. 4).
Embora Polya (2006) coloca a imitação como caminho para se tornar um bom
resolvedor de problemas, Vygotsky (1996) diz que uma pessoa só consegue imitar
aquilo que está no seu nível de desenvolvimento. Por exemplo, se uma criança tem
dificuldade com um problema de aritmética e o professor o resolve no quadro, a
criança pode captar a solução num instante. Se, no entanto, o professor
solucionasse o problema usando a matemática superior, a criança seria incapaz de
compreender a solução, não importando quantas vezes a copiasse. Portanto
devemos levar em consideração o desenvolvimento cognitivo da criança; para que
3
ela possa relacionar o significado novo àqueles já construídos em aprendizagens
anteriores.
Ensinar a resolver problemas não é algo fácil, porque vai além da aplicação
de fórmulas ou ter habilidades com algoritmos, mas sim, como diz D’Augustine
(1976) “é o processo de reorganizar conceitos e habilidades, aplicando-os a uma
nova situação, atendendo a um objetivo”.
Ao professor, coube o papel de conduzir e promover este processo de
construção de habilidades, de interpretação, escrita e oralidade. Criando assim, um
ambiente favorável à busca e a descoberta do saber, de tranquilidade e segurança
para aprender no qual não hesite em experimentar, levantar hipóteses e testá-las,
mesmo correndo o risco de eventualmente cometer enganos e erros. Dessa forma
Chevallard, Bosch e Gascón dizem:
A visão estanque do professor como “aquele que ensina” e do aluno como “aquele que aprende o que lhe é ensinado” pode evoluir para uma visão na qual os papéis de professor e de aluno são definidos de maneira menos rígida. Embora continue existindo uma assimetria entre ambos aparece novos pontos de contato, visto que agora a questão é realizar de maneira conjunta uma tarefa matemática. (CHEVALLARD; BOSCH; GASCÓN. 2001. pag.214).
Nesse sentido, a escola e o professor são cada vez mais imprescindíveis na
importante tarefa de preparar o aluno a desenvolver habilidades que o tornarão
capaz de responder a demanda do mundo globalizado.
Segundo Polya (1994, p. 1) “Se o aluno não for capaz de fazer muita coisa, o
mestre deverá deixar-lhe pelo menos alguma ilusão de trabalho independente. Para
isso, deve auxiliá-lo discretamente, sem dar na vista”. O autor ressalta que é
necessário que o aluno compreenda o enunciado do problema e, além disso, sinta
vontade de resolvê-lo. Se faltar interesse ou compreensão para o aluno, ele, não
conseguirá solucioná-lo, portanto para que isso não ocorra é preciso escolher muito
bem o problema, nem muito difícil, nem muito fácil. O aluno deve ter condições de
identificar as partes principais do problema e daí, surgir indagações. As dificuldades
encontradas pelos alunos na compreensão do problema, em geral, vem da
dificuldade de leitura e compreensão do texto.
4
Enfim, a Matemática não deve restringir-se apenas a temas e conceitos
abstratos, mas sim proporcionar ao aluno relacionar a utilidade instrumental da
Matemática com situações problemáticas concretas que fazem parte do cotidiano do
mesmo e solucioná-las.
1.1 Resolução de problemas
Normalmente quando se fala em problema logo se pensa em qualquer
situação que exija o pensar do indivíduo para solucioná-lo. Em Matemática um
problema é uma situação que implica na realização de uma sequência de ações ou
operações para obter um resultado, ou seja, a solução não está disponível
inicialmente, mas é possível construí-la.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (1998) a própria
História da Matemática mostra que ela foi construída como resposta a perguntas
provenientes de diferentes origens e contextos, motivados por problemas de ordem
prática, por problemas vinculados a outras ciências, bem como por problemas
relacionados a investigações internas à própria Matemática.
Portanto, resolver problemas faz parte do desenvolvimento humano. O
homem preenche seus dias com desejos não imediatamente alcançáveis, ou seja,
sempre estamos voltados a algum problema a resolver.
Se opondo a simples reprodução de procedimentos e ao acúmulo de
informações, educadores matemáticos indicam a resolução de problemas como
ponto de partida e não um fim da atividade matemática. É através da resolução de
problemas que o conhecimento matemático ganha significado.
De acordo com Coll (1994), apenas as aprendizagens significativas
conseguem promover o desenvolvimento pessoal dos alunos.
Tradicionalmente, os problemas não têm desempenhado seu verdadeiro
papel no ensino, são utilizados apenas como forma de aplicação de conhecimentos
adquiridos anteriormente pelos alunos, ou seja, apenas traduzem situações-
problema em equações matemáticas, mas quase nunca permitem a possibilidade de
5
encontrar maneiras diferentes de chegar à solução. Para a maioria dos alunos,
resolver um problema significa fazer cálculos com números do enunciado ou aplicar
algo que aprenderam nas aulas, caracterizando o mesmo como um simples
exercício matemático abstrato e incompreensível.
Em muitos casos, os problemas usualmente apresentados aos alunos não
constituem verdadeiros problemas, porque não existe um real desafio, e o que pode
ser problema para um aluno pode não ser para o outro, em função dos
conhecimentos de que dispõe, ou seja, do seu desenvolvimento cognitivo.
As contribuições das pesquisas de Piaget e sua influência educacional no
século XX são difíceis de serem negadas. Segundo Piaget, o conhecimento lógico-
matemático depende de uma construção, ou seja, da ação do sujeito sobre o objeto
por parte do indivíduo. Então, essa aprendizagem deve estar embasada na
estruturação do conhecimento, organizando novos esquemas ou reorganizando
conhecimentos já existentes, pelo aluno, não permitindo seu reducionismo à
aplicação de fórmulas e conceitos prontos.
A resolução de problemas deve ir muito além de procedimentos algorítmicos,
aplicação de fórmulas e propriedades, ela deve estar voltada para o
desenvolvimento integral do aluno, que passa a construir os conceitos durante a
resolução dos mesmos e também permitir conexões entre diferentes temas
matemáticos e outras áreas do conhecimento.
Devemos ressaltar que resolver um problema não é simplesmente dar a
resposta certa. Além disso, é necessário desenvolver habilidades que permitam
provar os resultados, testar seus efeitos, comparar os caminhos para se chegar à
solução. Enfim, a resposta ficando em segundo plano, cederá lugar à importância do
processo de resolução. Chevallard, Bosch e Gascón dizem:
O professor deve imaginar e propor para os alunos situações matemáticas que eles possam vivenciar; que provoquem o surgimento de autênticos problemas matemáticos e nas quais o conhecimento em questão apareça como uma solução ótima para esses problemas, com a condição adicional de que esse conhecimento possa ser construído pelos alunos. (CHEVALLARD; BOSCH; GASCÓN. 2001. pág. 214).
6
A resolução de problemas, como nova tendência em educação matemática,
vai muito além de um exercício; ela possibilita aos alunos mobilizar conhecimentos e
desenvolver a capacidade para gerenciar as informações que estão ao seu alcance.
Dante (1994) coloca que não é uma tarefa fácil ensinar a resolver problemas,
pois é necessário conhecer mais do que conceitos ou ter habilidades com algoritmos
matemáticos. O professor, nesse momento, precisa desenvolver no aluno o
processo de pensar matematicamente, e isto não é mecânico. Os alunos deverão
ser estimulados a fazerem questionamentos e a trabalharem em pequenos grupos,
para destacarem pontos importantes e compreenderem melhor o problema.
Portanto, nesse período, deve-se deixar bem claro o que é um exercício e o
que é um problema; exercício é o que serve simplesmente, para exercitar, praticar
um determinado algoritmo ou processo e resolver problema é procurar algo
desconhecido e que não se tem previamente nenhum algoritmo que o solucione.
Segundo o esquema de Polya (1977), são quatro as etapas principais para a
resolução de um problema:
1ª etapa: Compreensão do Problema
O enunciado verbal do problema precisa ficar bem esclarecido para o aluno,
devendo pra isso o problema ser bem escolhido, nem muito difícil nem muito fácil,
natural e interessante, e certo tempo deve ser dedicado à sua apresentação.
2ª etapa: Estabelecimento de um Plano
Estabelecer uma conexão entre os dados e a incógnita, levando em conta
problemas auxiliares, caso uma conexão não seja encontrada em tempo
considerado; tentar resolver o problema e levar em conta todos os dados e todas as
condições.
Esse plano pode surgir gradualmente ou, então, após várias tentativas e
erros. O professor pode através de indagações e sugestões provocar uma ideia
brilhante baseadas nas experiências passadas e em conhecimentos previamente
adquiridos.
3ª etapa: Execução do plano
Estabelecer um plano não é fácil, mas a partir do mesmo torna-se mais fácil
executá-lo.
7
Se o aluno houver, realmente, preparado o plano, mesmo com alguma ajuda,
o professor terá então um período de tranquilidade, porque o mesmo não perderá
facilmente essa ideia.
4ª etapa: Retrospecto
Examinar a solução obtida, verificando o resultado e os argumentos, passo a
passo.
O professor ao repassar seus conhecimentos deve fazer a cada situação,
indagações e sugestões aos seus educandos de maneira adequada que só poderá
ajudá-los no aprendizado da resolução dos problemas e de cálculos mentais.
Para que isso ocorra é necessário que haja a repetição das indagações nas
resoluções dos problemas, pois há alunos que apenas assimilam o conhecimento
matemático através de muito praticar, enquanto outros necessitam ver o professor
realizando-os e tendo-os como modelo ou até mesmo tendo o auxílio constante do
professor. Antes de levar para os alunos os problemas, é necessário que o professor
realize para si, as indagações e sugestões dos problemas e cálculos que serão
levados aos alunos. Assim, ao expor os problemas e indagações os alunos
aprenderão e chegarão à resposta correta, pois serão levados a pensar, refletir o
que estarão realizando e logo terão aprendido realmente o conhecimento
matemático.
Enfim, em se tratando de problemas, não existe fórmula mágica para a
resolução; cada problema exige uma determinada estratégia.
Dante (2005) sugere que é interessante propor às crianças várias estratégias,
mostrando-lhes que não existe uma única estratégia ideal e infalível. Dentre outras
cita:
- Tentativa e erro organizados.
Relacionar possíveis respostas e por eliminatória descartar às improváveis.
- Procurar padrões ou generalizações:
Esta estratégia consiste em estabelecer uma solução geral que sirva para
todos os casos, a partir de alguns casos particulares iniciais, ou seja, fazer uma
generalização.
- Resolver primeiro um problema mais simples:
Muitas vezes resolvendo o mesmo problema com números menores, com
dados mais simples poderemos obter a solução de problemas mais complexos
aplicando o mesmo método.
8
- Reduzir à unidade:
Num problema, por exemplo, para saber o preço de 15 metros sabendo o
preço de 10 metros é mais simples calcular o preço de 1 metro, ou seja, da unidade
e multiplicá-la por 15.
- Fazer o caminho inverso:
No exemplo abaixo, partindo do resultado e realizando as operações que
desfazem as originais é possível encontrarmos a resposta.
- Um número multiplicado por 3 e somado a 20 resultou em 47. Qual é o número?
47 – 20:3 = 9
1.2 Modelo Proposto
Atividades desenvolvidas na intervenção:
As ações desenvolveram - se no 2º semestre de 2011, com alunos do 6ºano,
do Colégio Estadual Professor Narciso Mendes – EFM em Curitiba – PR, no Projeto
de Intervenção Pedagógica elaborado durante o Programa de Desenvolvimento
Educacional – PDE do Governo do Estado do Paraná no ano de 2010.
A implementação aconteceu em vários momentos, distintos, através da
resolução de problemas diversos: de aplicação, desafios, padrão e problemas-
processo ou heurísticos, que serão detalhados a seguir:
Primeiro Momento:
Antes de iniciar a atividade a professora conversou com os alunos sobre o
projeto, Abordagem Matemática Através da Resolução de Problemas, e explicou que
o motivo principal que a levou desenvolvê-lo foi o alto índice de repetência em
Matemática, colaborando para o insucesso escolar dos alunos. O objetivo é
apresentar o uso de resolução de problemas como metodologia para introduzir
conteúdos matemáticos, justificando, assim, a aprendizagem.
Na sequência, a professora explicou sobre o objetivo da primeira atividade:
diagnosticar as dificuldades em operações com decimais e frações na aplicação dos
mesmos na resolução de problemas.
Percebe - se que alguns alunos durante a resolução dos problemas ficaram
pensativos e com dúvidas, outros, no entanto, conseguiram desenvolver a atividade
com facilidade.
9
10
Figura 1: Avaliação Diagnóstica
Fonte: autora, 2011
11
Segundo Momento:
Esse momento foi o mais produtivo dentre todas as atividades trabalhadas.
Os alunos, motivados pela professora, construíram a problemoteca, que segundo
Smole e Diniz (2001, p.119) “é uma coleção de problemas, apresentados em fichas
individuais e numeradas para facilitar a identificação de cada um e colocados de
modo organizado em uma caixa ou fichário”.
Figura 2: Problemoteca Fonte: autora, 2011
O envolvimento do grupo foi muito grande na busca e pesquisa dos
problemas para construção da problemoteca. Após esta primeira fase de construção
ela, a problemoteca, ficou a disposição dos alunos, para que, em momentos
oportunos fossem usados.
Lembrando que a construção da problemoteca é algo dinâmico e vivo. Por
isso deve ser avaliada periodicamente; incluindo-se problemas e excluindo-se
outros quando necessário.
Terceiro Momento:
Numa aula antes do encontro foi distribuída pela professora, a lista com os
12
itens da Cesta Básica Nacional para que os alunos pesquisassem o preço unitário
dos produtos nos mercados ou outras fontes para desenvolver a atividade em aula
posterior, mas não trouxeram.
A professora prevendo o que poderia acontecer também fez a pesquisa em
duas fontes diferentes e os exercícios foram trabalhados com os valores
pesquisados pela mesma.
A atividade iniciou - se com uma conversa informal sobre a importância da
pesquisa de preços quando vamos às compras e o que é Cesta Básica Nacional.
Após a conversa foram resolvidas as atividades. Os alunos efetuaram as
operações com decimais e muitos demonstraram dificuldades nos cálculos, enfim
em toda técnica operatória
Ao término da atividade, o aluno foi orientado a fazer uma autoavaliação
13
Figura 3: Atividade sobre a pesquisa – Cesta Básica
Fonte: autora, 2011
14
Figura 4: Autoavaliação
Fonte: autora, 2011
15
Quarto Momento:
A ênfase nessa atividade foi a construção do conhecimento e valorização da
autoestima.
Mediante recortes de produtos de encartes de supermercado, os alunos,
foram autores dos problemas que foram trocados entre si para resolução.
Na elaboração, os alunos, encontraram dificuldade, mas a professora ajudou-
os dando sugestões.
Após término da atividade percebeu-se que, todos, estavam satisfeitos com o
resultado de suas produções e até pediram que fizéssemos outras atividades
semelhantes.
Exemplo de produção:
16
Figura 5: Construção de situação - problema
Autor: Giovane
Quinto Momento:
Essa atividade, como apresentava uma situação desafiadora, no primeiro
momento não despertou muito interesse nos alunos, porque quando fizeram a
primeira leitura não conseguiram entender o enunciado, consequentemente não
sabiam como resolver o problema.
A professora pediu que repetissem a leitura, mas mesmo assim, a maioria,
não conseguiu entender. Para que resolvessem a professora precisou direcionar a
atividade; lendo com eles e instigando à curiosidade fazendo perguntas, levando-os
ao raciocínio.
Ao término da atividade chegou-se a conclusão que se devem trabalhar mais
atividades desafiadoras para que, realmente os alunos se sintam motivados na
busca das respostas.
17
Figura 6: Desafio - Conversão de Moedas
Fonte: a autora
Sexto Momento:
Nesse momento foram feitas duas atividades em grupo. Os alunos
participaram usando material manipulável, confeccionados pelos mesmos.
Na primeira atividade confeccionaram garrafinhas de cartolina e com esse
material resolveram a atividade e, na sequência, registraram na folha o resultado do
problema, desenhando a solução.
18
Figura 7: Resolução da atividade feita pelos alunos
Na segunda, confeccionaram 7 retângulos de 16 X 24 cm e dividiram em
partes iguais um a um: 1/2, 1/3, 1/4, 1/5, 1/6, 1/8 e 1/10 partes. Nessa atividade os
alunos apresentaram muita dificuldade em fracionar o inteiro; tanto na técnica
operatória (divisão), como também no manuseio da régua. Para dar continuidade à
atividade a professora fez as devidas intervenções, orientando como fazer as
medidas e explicando o valor do centímetro e do milímetro.
Figura 8: Alunos resolvendo as atividades
19
Depois de confeccionados os retângulos resolveram as questões propostas
usando os mesmos. Chegaram a conclusões, como por exemplo, que 1/4 é menor
que 1/3, ou seja, quanto maior o denominador menor é a parte.
Concluiu-se que, quando os alunos têm a oportunidade de manusear
materiais o interesse e o nível de satisfação é maior.
Sétimo Momento: Nessa atividade os alunos foram oportunizados a trabalharem situações-
problema reais, ou seja, como aplicar a matemática aprendida na escola na vida
diária.
Antes de resolver às atividades (que foram duas) a professora explicou sobre
o uso da balança digital nos dias atuais, mas lembrou a existência de outros tipos de
balança, enfatizando a de pratos, que será usada na resolução das atividades.
Lembrou, também, que o sistema métrico é decimal e que cada 1quilograma (kg)
tem 1000 gramas (g).
Quando proposta as atividades, muitos não entenderam e não queriam
resolver. Notou-se que muitos não queriam porque tiveram dificuldade de
interpretação; “o que é pra fazer”. Diante dessa dificuldade, a professora resolveu
um exercício modelo no quadro para que eles, assim, começassem resolver as
atividades propostas.
Depois de exemplificado muitos conseguiram resolver, mas alguns não
conseguiram, porque as dificuldades destes vão além da interpretação do enunciado;
possuíam dificuldades nas técnicas operatórias.
20
21
22
Figura 9 e 10: Atividades resolvidas pelos alunos
Fonte: a autora
Resultados obtidos:
O objetivo nesse artigo não era ensinar sobre a resolução de problemas, mas
através dela. Observou-se no decorrer das atividades, como os alunos reagiram ao
receberem essa proposta de trabalho e percebeu-se, através dos dados aqui
trazidos, que não é tarefa simples mudar práticas tradicionais de ensino-
aprendizagem de Matemática; pautados pela reprodução de algoritmos, regras,
enunciados e técnicas de resolver problemas desconectados de significados para o
aluno.
23
Segue abaixo, resultados da reavaliação pós-implementação do projeto, para
observação dos avanços alcançados pelos alunos.
Aluno (a) Avaliação Reavaliação
Allana 13 10
Bárbara 04 07
Bethânia 17 20
Bianca 10 13
Brendo 00 03
Bruna 11 13
Bruno Alexandre 08 07
Bruno Henrique 03 03
Caroline 06 05
Elidiane 09 10
Fernanda 16 17
Giovane 00 12
Guilherme 07 06
Jade 13 09
Joyce 12 16
Laura 12 09
Lucas Antônio 08 11
Lucas Marcelo 04 06
Milena 06 06
Milene Cristina 07 08
Pâmela 04 09
Paulo 00 07
Shaiane 09 10
Suelem 11 15
Vitória 03 08
Willian 12 16
Fonte: 6º ano do Colégio Est. Prof. Narciso Mendes
24
Resultado comparativo de avaliação diagnóstica e reavaliação pós-implementação
do projeto para alunos do 6º ano da Escola Estadual Professor Narciso Mendes –
Curitiba-PR no 2º semestre de 2011.
Fonte: 6º ano do Colégio Est. Prof. Narciso Mendes
Conclui-se, através dos dados estatísticos, que nem todos os alunos atingiram
os objetivos propostos em sua totalidade. Eles não alcançaram o mesmo nível de
compreensão. Alguns mostraram até resistências e dificuldades por ser uma
metodologia nova, mas percebeu-se também, que embora tenham apresentado
dificuldades com a metodologia é possível explorá-la em sala de aula tendo em vista,
o envolvimento e o comprometimento do aluno com sua aprendizagem.
Os alunos perceberam que estudar Matemática vai além da aplicação de
fórmulas e conceitos. Ela é considerada uma ciência em constante construção, que
se desenvolve enquanto experimentada no processo de investigação e resolução de
problemas.
Assim, quando o aluno compreender os conceitos matemáticos e se tornar
capaz de resolver problemas é porque já possui habilidades de compreensão e
desenvolvimento de artifícios para suas soluções. Conforme Polya:
0
5
10
15
20
25
Alla
na
Bár
bar
a
Be
thân
ia
Bia
nca
Bre
nd
o
Bru
na
Bru
no
Ale
xan
dre
Bru
no
Hen
riq
ue
Car
olin
e
Elid
ian
e
Fern
and
a
Gio
van
e
Gu
ilhe
rme
Jad
e
Joyc
e
Lau
ra
Luca
s A
ntô
nio
Luca
s M
arce
lo
Mile
na
Mile
ne
Cri
stin
a
Pâm
ela
Pau
lo
Shai
ane
Sue
lem
Vit
óri
a
Will
ian
Avaliação
Reavaliação
25
Ensinar a resolver problemas é educar a vontade. Na resolução de problemas que para ele, não são muito fáceis,o estudante aprende a perseverar a despeito de insucessos, a apreciar pequenos progressos,esperar pela ideia essencial e a concentrar todo o seu potencial quando esta aparecer. Se o estudante, não tiver, na escola, a oportunidade de se familiarizar com as diversas emoções que surgem na luta pela solução, a sua educação matemática terá falhado no ponto mais vital. (Polya, 2006, p.131).
O êxito na implantação da metodologia de ensino-aprendizagem de
Matemática, através da resolução de problemas, requer persistência e continuidade
de seu uso, para que, a cada aula introdutória de novos assuntos, possibilite uma
melhoria na aprendizagem dos alunos.
Segundo Piaget (1998), o conhecimento surge de interação entre o sujeito e o
objeto do conhecimento. Sendo o objeto do conhecimento tudo o que pode ser
conhecido pelo homem e não somente objetos materiais, desde coisas, natureza,
até ideias, valores, relações humanas, história e cultura. Acredita-se, partindo
dessas ideias, que uma boa forma de se adquirir ou expandir as estruturas
cognitivas de um indivíduo é colocá-lo diante de uma situação-problema onde seus
conhecimentos sejam insuficientes para chegar à solução. Isso provocará conflito,
sendo esperado que ele busque novas assimilações para modificar as estruturas
cognitivas de forma que, no final do processo, possa exibir o comportamento que
resolva o problema.
Conclusão
Desenvolver esse projeto em sala de aula proporcionou um momento de
reflexão sobre o encaminhamento de como são ministradas as aulas de Matemática,
e ter a certeza de que algo deve ser feito para que as mudanças aconteçam.
Fazer da resolução de problemas um meio, e não um fim foi à maneira que
encontrada de trabalhar conteúdos matemáticos de forma atrativa e significante.
Portanto nosso objetivo não era ensinar sobre a resolução de problemas, mas
através dela.
O enfrentamento de situações-problema, que não possui uma solução
momentânea, exige que o aluno construa conhecimentos, organizando novos
esquemas ou reorganizando conhecimentos já existentes, na busca da solução.
As novas e várias propostas de resolução de problemas, além de proporcionar
26
a construção do conhecimento, ajudaram a melhorar o relacionamento entre seus
pares, pois trabalharam muitas vezes de maneira coletiva, no qual trocaram ideias,
construíram estratégias e tinham que expor seus pensamentos para mostrar aos
colegas como haviam chegado ao resultado final. Enfim, esta participação individual
e coletiva melhorou a autoestima, garantindo o clima de respeito e amizade entre
eles.
Desse modo, acredita-se que a metodologia trabalhada oportunizou o
desenvolvimento do raciocínio lógico, da criatividade e do enfrentamento de
situações reais pelo aluno. Mostrou o valor da Matemática como instrumento para
compreender melhor o mundo em que vivemos.
Percebe-se, também, que mudar metodologias de ensino-aprendizagem de
Matemática não é tarefa simples, até pela própria formação profissional, mas
espera-se que com esta proposta possa, de alguma forma, ter causado uma
inquietude nos colegas, um desejo de mudança e a visão que é possível a
implementação de metodologia de ensino de Matemática através da resolução de
problemas.
27
Referências:
AUSUBEL, David P.; NOVAK, Joseph D.; HANESIAN, Helen.Psicologia
Educacional. Rio de Janeiro: Editora Interamericana Ltda, 1980
D’AUGUSTINE, Charles H. Métodos modernos para o ensino da matemática. Rio
de Janeiro: Ao livro Técnico, 1976
DANTE, Luiz Roberto. Didática da resolução de problemas de matemática. São
Paulo: Atlas, 2005.
DANTE, Luiz Roberto. Tudo é matemática, 6º ano. São Paulo: Ática, 2009.
CHEVALLARD, Yves; BOSCH, Mariana; GASCÓN Josep. O elo perdido entre
oensino e a aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2001.
COLL, César. Aprendizagem escolar e construção do conhecimento. Porto
Alegre: Artmed, 1994.
GIOVANNI JR, José Rui; CASTRUCCI, Benedicto. A conquista da matemática, 6º
ano. São Paulo: FTD, 2009.
IEZZI, Gelson; DOLCE, Osvaldo; MACHADO, Antonio. Matemática e realidade, 6º
ano. São Paulo: Atual, 2009.
KRULIK, Stephen e REYS, E. Robert. A resolução de problemas na matemática
escolar. São Paulo: Saraiva, 2005.
PARANÁ - SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO. Diretrizes curriculares de
matemática para educação básica. Curitiba: SEED, 2008
PIAGET, Jean; INHELDER, Barbel. A psicologia da criança. Rio de Janeiro:
Bertrand, 1994.
28
PROJETO ARARIBÁ, Matemática – 5ª série / Obra coletiva. São Paulo: Moderna,
2006.
POLYA, George. A arte de resolver problemas. Rio de Janeiro: Interciência, 2008.
SMOLE, Kátia C. S.; DINIZ, Maria Ignez (Orgs.). Ler escrever e resolver
problemas: habilidades básicas para aprender matemática. Porto Alegre:
Artmed, 2001.
SOUZA, Joamir Roberto de; PATARO, Patrícia Rosana M. Vontade de saber
matemática, 6º ano. São Paulo: FTD, 2009.
VYGOTSKY, Liev S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1996
.