4
Abortos clandestinos e riscos para a saúde vão diminuir A grande maioria dos países europeus aprovou, há muitos anos, leis sobre a interrupção voluntária da gravidez que re- duzem os riscos decorrentes dos abortos clandestinos. O Parlamento Europeu, na de- fesa da saúde reprodutiva da mulher e dos seus direitos, recomenda que a interrupção voluntária da gravidez seja despenalizada. Dos milhões de interrupções de gravidez de que há registo todos os anos no mundo, uma parte significativa é realizada em condições clandestinas e envolve uma percentagem bastante elevada de jovens mulheres. Portugal é o segundo país da União Europeia a evidenciar o maior registo de casos de gravidez entre adolescentes, FONTE: ONU Mulheres jovens são as mais afectadas As mulheres jovens, entre os 15 e os 24 anos, representam cerca de 40% das que se submetem a interrupções voluntárias da gravidez clandestinas. posição unicamente superada pelo Reino Unido. Em Portugal, 20% das mulhe- res entre os 18 e os 49 anos que já engravidaram, subme- teram-se, pelo menos a uma interrupção voluntária da gra- videz. Por tudo isto, votar no próxi- mo dia 11 de Fevereiro é muito importante para a nossa so- ciedade. 3 anos de prisão Lei actual prevê Votar SIM à despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas, é um acto de cidadania e de responsabilidade, que permitirá acabar com o aborto clandestino que põe em risco a vida e a saúde das mulheres. O artigo 140º do Código Penal em vigor pune com pena de prisão até 3 anos a “mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiro ou que, por facto próprio ou alheio, se fizer abortar”. Jornal_IVG-2.indd 1 1/24/07 9:50:19 AM

Abortos clandestinos e riscos para a saúde vão diminuirmaterial.ps-odemira.pt/campanhas/referendo_ivg/IVG_jornal.pdf · Põe fim à prisão, ao aborto Milhares de óbitos De acordo

  • Upload
    others

  • View
    3

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Abortos clandestinos e riscos para a saúde vão diminuirmaterial.ps-odemira.pt/campanhas/referendo_ivg/IVG_jornal.pdf · Põe fim à prisão, ao aborto Milhares de óbitos De acordo

Abortos clandestinose riscos para a saúde vão diminuir

A grande maioria dos países europeus aprovou, há muitos anos, leis sobre a interrupção voluntária da gravidez que re-duzem os riscos decorrentes dos abortos clandestinos. O Parlamento Europeu, na de-fesa da saúde reprodutiva da mulher e dos seus direitos, recomenda que a interrupção voluntária da gravidez seja despenalizada.

Dos milhões de interrupções de gravidez de que há registo todos os anos no mundo, uma parte significativa é realizada em condições clandestinas e envolve uma percentagem bastante elevada de jovens mulheres.Portugal é o segundo país da União Europeia a evidenciar o maior registo de casos de gravidez entre adolescentes,

FONTE: ONU

Mulheresjovens são as mais afectadasAs mulheres jovens, entre os 15 e os 24 anos, representam cerca de 40% das que se submetem a interrupções voluntárias da gravidez clandestinas.

posição unicamente superada pelo Reino Unido.Em Portugal, 20% das mulhe-res entre os 18 e os 49 anos que já engravidaram, subme-teram-se, pelo menos a uma interrupção voluntária da gra-videz.Por tudo isto, votar no próxi-mo dia 11 de Fevereiro é muito importante para a nossa so-ciedade.

3 anosde prisão

Lei actual prevê

Votar SIM à despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às 10 semanas, é um acto de cidadania e de responsabilidade, que permitirá acabar com o aborto clandestino que põe em risco a vida e a saúde das mulheres.

O artigo 140º do Código Penal em vigor pune com pena de prisão até 3 anos a “mulher grávida que der consentimento ao aborto praticado por terceiro ou que, por facto próprio ou alheio, se fizer abortar”.

Jornal_IVG-2.indd 1 1/24/07 9:50:19 AM

Page 2: Abortos clandestinos e riscos para a saúde vão diminuirmaterial.ps-odemira.pt/campanhas/referendo_ivg/IVG_jornal.pdf · Põe fim à prisão, ao aborto Milhares de óbitos De acordo

Portugal é dos países com lei mais restritivaVotar SIM à despenalização. A interrupção voluntária da gravidez realizada por vontade da mulher e até às 10 sema-nas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado, não deve ser punida por lei.Nos países onde a interrupção voluntária da gravidez nas pri-meiras 10 semanas foi despe-nalizada, verificou-se uma di-minuição drástica dos abortos clandestinos.Todavia, a legislação portu-guesa continua a punir a inter-rupção voluntária da gravidez. A par de Malta, Irlanda, Po-lónia, Chipre e Liechtenstein, Portugal é um dos países eu-ropeus com leis mais restritivas e punitivas nesta matéria, mas o único que leva até à barra do tribunal quer as mulheres quer o pessoal médico.Em Portugal, efectuar um aborto com o consentimento da mulher, mesmo nas pri-meiras 10 semanas, é punível

com uma pena de prisão até 3 anos.O voto pelo SIM à despenali-zação da interrupção voluntá-ria da gravidez até às 10 se-manas é um voto responsável. Põe fim à prisão, ao aborto

Milhares de óbitos De acordo com estatísticas internacionais, 20 a 50% das mulheres que praticam uma IVG sem condições de segurança têm complicações pós-aborto. O aborto clandestino é responsável pela morte de 68 mil mulheres por ano, em todo o mundo. Este número corresponde a 13% da mortalidade relacionada com a maternidade (1). Em Portugal, devido à significativa redução da mortalidade materna por outras causas, os óbitos associados ao aborto clandestino entre 1995 e 2004 representam 19% do total dos óbitos maternos (2).

Fonte: (1) ONU (2) Instituto Nacional de Estatística

Número de abortos vai diminuirCom a nova legislação, antes de interromper a gravidez, a mulher terá que consultar um médico e seguir um período de reflexão entre a consulta e a interrupção voluntária

da gravidez. A integração no sistema de saúde, o aconselhamento médico e social especializado contribuirão decisivamentepara diminuir o númerode abortos.

Penalizaro abortonão defendea vidaA lei que penaliza a interrupção da gravidez até às 10 semanas é ineficaz porque não impede a realização de nenhum aborto. Apenas o torna clandestino.Nenhuma adolescente ou mulher grávida que pretenda interromper a gravidez deixa de o fazer por causa da actual lei.O único efeito prático da penalização do aborto em Portugal é o afastamento das mulheres do sistema de saúde, no qual poderiam encontrar apoio médico e social especializado e de planeamento familiar.

Milhões de gravidezesnão desejadasTodos os anos são interrompidas, a nível mundial, 45 milhões de gravidezes não desejadas. Destas, 19 milhões são realizadas clandestinamente (1). Segundo um estudo recente da Associação para o Planeamento da Família, estima-se que em Portugal ocorrem 18 mil abortos clandestinos por ano. Não podemos virar a cara a esta realidade.

(1) FONTE: ONU

Interrupção voluntáriada gravidez está despenalizada em quase todo o mundoA lei portuguesa é das mais restritivas da Europa, aliás a legislação sobre a interrupção voluntária da gravidez é muito mais restritiva nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos.

clandestino e aos danos para a saúde da mulher. A despe-nalização da interrupção vo-luntária da gravidez permite o acesso ao sistema de saúde, ao aconselhamento médico e social especializado.

Jornal_IVG-2.indd 2 1/24/07 9:50:24 AM

Page 3: Abortos clandestinos e riscos para a saúde vão diminuirmaterial.ps-odemira.pt/campanhas/referendo_ivg/IVG_jornal.pdf · Põe fim à prisão, ao aborto Milhares de óbitos De acordo

O que recomendao Parlamento EuropeuCom o objectivo de salvaguardar a vida e a saúde das mulheres, a interrupção voluntária da gravidez não deve ser criminalizada.

���������

�������

�������������

�������������

��������

������

��������

�������

�������

��������

�������

���������

�������

������������

�����������������

����������

������

������

�������

�������

�������

�������

��������

��������

�������

�������

����������������

�����

���������

��������

�����������������

�������

������

�����������

�����

�����������������

�����������

����������

������

����������

�������������

Países com soluções legislativas para a despenalização da IVG pelo menos até às 10 semanas

Países com legislação idêntica ou mais restritiva quea portuguesa

Dos 44 países assinalados, apenas Malta, Irlanda, Polónia, Chipre e Liechtenstein têm uma legislação idêntica ou mais restritiva que a portuguesa.

“Os governos têm de avaliar o impacto dos abortos inse-guros, reduzir a necessida-de de abortar e proporcionar serviços de planeamento fa-miliar alargados e de quali-dade, deverão enquadrar as

Referendar a despenalizaçãoO referendo não visa liberalizar, nem promover o aborto. Muito menos considerá-lo um método de planeamento familiar. A questão a referendar consiste em saber, se SIM ou NÃO:“Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?”Ou seja, se devem ser investigadas, julgadas e punidas as mulheres que pratiquem uma IVG até às 10 semanas.

O que preconizaa OrganizaçãoMundial de Saúde

leis e políticas sobre o aborto tendo por base um compro-misso com a saúde das mu-lheres e com o seu bem-estar e não com base nos códigos criminais e em medidas pu-nitivas.”

FONTE: A partir de: Unsafe abortion: Global and regional estimates incidence of a mortality due to unsafe abortion with a listing of available country data.

Jornal_IVG-2.indd 3 1/24/07 9:50:27 AM

Page 4: Abortos clandestinos e riscos para a saúde vão diminuirmaterial.ps-odemira.pt/campanhas/referendo_ivg/IVG_jornal.pdf · Põe fim à prisão, ao aborto Milhares de óbitos De acordo

SIM

SIM

SIM

SIM

DIA 11 DE FEVEREIRO VOTE SIM

Porque é preciso acabar com o aborto clandestino que põe em risco a vida, a saúde e a dignidade das mulheres.

Porque a prisão não é solução. As mulheres que, por vontade própria, interrompam a gravidez nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado, não devem ser punidas, nem levadas a tribunal.

Porque a lei em vigor é ineficaz, não impede nenhuma interrupção voluntária da gravidez, apenas a torna clandestina.

Porque a lei portuguesa ainda é das mais restritivas da Europa e deve aproximar-se das soluções em vigor nos países mais desenvolvidos, que partilham os nossos valores.

Porque o problema da interrupção voluntária da gravidez deve ser tratado pelo sistema de saúde e não pelos sistemas policial e judicial.

SIM

Jornal_IVG-2.indd 4 1/24/07 9:50:35 AM