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N. 0 2 - 1986 ABRI L Um momento com a Equipe de C. Mensal Editoria l: Ressuscitar é viver com Cristo 3 A Pa z: Condiç ão de nosso pensar A Reunião de Equipe - li . . . . . . . . . . . 7 Adquirindo novos hábitos 9 A Ressurreição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 A E c ir conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . 12 Relembra ndo a História do Movimento .. 14 Maria ......... .. .. ... .... . 16 A Palavra do Papa .. ............ . ...... 18 Um lar ..... . .. .. .. ...... . .. .... •.. . .. 20 Sa nta Catarina de Sena . . . . . . . . . . . . . . . . 22 Até o fim do amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 O valor insubstituível da Família ........ 26 Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Or ação pela fé de nossos filhos . . . . . . . . . 31

ABRIL - ens.org.br · Igreja toda canta a Ressurreição do Senhor e nossa Carta Mensal a celebra em ... Ao longo do ano, ... buscai as coisas do alto,

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N.0 2 - 1986

ABRIL

Um momento com a Equipe de C. Mensal

Editoria l: Ressuscitar é viver com Cristo 3

A Paz: Condição de nosso pensar

A Reunião de Equipe - li . . . . . . . . . . . 7

Adquirindo novos hábitos 9

A Ressurreição . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

A E c ir conversa com vocês . . . . . . . . . . . . . 12

Relembrando a História do Movimento .. 14

Maria ......... .. .. . . . .... . 16

A Palavra do Papa . . ............ . ...... 18

Um lar ..... . .. .. . . ...... . .. ....•.. . .. 20

Santa Catarina de Sena . . . . . . . . . . . . • . . . . 22

Até o fim do amor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

O valor insubstituível da Família ........ 26

Notícias dos Setores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Oração pela fé de nossos fi lhos . . . . . . . . . 31

O QUE LER NESTE NúMERO

Nosso mês de abril começa quando termina a Semana Santa. A Igreja toda canta a Ressurreição do Senhor e nossa Carta Mensal a celebra em seu Editorial (pg. 3) e num lindo lembrete de J acques Loew (pg. 11). E fala também do supremo ato de amor de Jesus , nas palavras do Pe. Henneaux (pg. 25) .

Com a Igreja e com o mundo, continuamos a pensar na Paz, no Ano Internacional que lhe dedica a ONU (pg. 5) .

À página 20, trazemos um belíssimo testemunho de vivência de um casal e à página 31 vocês encontrarão a não menos bela oração de outro, pela fé de seus filhos.

Muita coisa, este mês, sobre a mística e os métodos do Movimento . A Ecir nos fala da Escuta da Palavra (pg. 12) e uma equipista-jornalista de Belém do Pará, do Dever de Sentar-se (pg. 9). Temos, à página 7, a segunda parte da série sobre a Reunião de Equipe e, à página 14, outro momento que nos relembra a História do Movimento.

Novamente Nossa Senhora, a quem fervorosamente suplicamos que proteja e conduza nossas Equipes, está no centro desta Carta, à página 16.

Este mês, a seção "Vida e Obra dos Santos" nos fala de Santa Catarina de Sena (pg. 22). E a " Pastoral da Família" dá seqüência ao artigo que publicamos em março sobre o belo trabalho que se faz em Florianópolis, mostrando um pouco de seus frutos (pg . 26).

As Notícias dos Setores estão, este mês , à página 28. Aliás, quere­mos aproveitar para lembrar a importância que todos nós, equipistas, damos a estas notícias. Queremos saber o que fazem nossos irmãos de outras cidades, outras regiões. Não nos esqueçamos de mandar notícias!

Ao receber a visita "ad limina" dos bispos da Região de São Paulo, o Papa João Paulo 11 lhes falou da importância da inserção dos movi­mentos de espiritualidade conjugal na Igreja. Trecho de seu discurso está à pg. 18.

Por fim, em união com essa mesma Igreja, através de nossa oração litúrgica (2 ." contra-capa), pedimos humildemente a Deus Pai todo-pode­roso que neste tempo pascal nos ilumine com a Luz de Cristo!

Boa Leitura!

UM MOMENTO COM A EQUIPE DA CARTA MENSAL

Todos nós em muitas ocasiões já tivemos vontade de escre­ver para um jornal, uma revista e mesmo para uma publicação qualquer. O tempo, os afazeres, os apelos da sociedade se incum­biram de desviar nossa atenção do assunto e de uma maneira ou de outra acabamos por não concretizar nosso objetivo.

Alguns, todavia levam avante esse projeto e acabam criando as publicações que hoje conhecemos. Entre elas, para nós das Equipes de Nossa Senhora, uma tem caráter singular: a Carta Mensal.

Vocês algum dia já imaginaram como é elaborada a Carta Mensal? Já se perguntaram quem está atrás dessa revista que recebemos todos os meses? Quem cuida de sua impressão? Qual seu custo? Enfim, toda uma série de questões que poderiam ser feitas a respeito. Será que já se questionaram sobre o assunto?

A partir do número de marçÓ a elaboração da Carta Mensal está a cargo de uma equipe dl' casais que se reune uma ou duas vezes por mês para discutir os artigos que serão publicados, as seções que devem ser mantid~s. aquelas que devem ser suprimi­das, ou renovadas e uma .s~rie de outros pormenores que se fazem ncessários à sua concretização.

Assim, é beni prov~vel que vocês sintam uma mudança na Carta Mensal: a ordem dos artigos, o conteúdo dos mesmos, algu­mas seções novas e outras inovações, são fruto do trabalho da nova equipe que assumiu a responsabilidade de levar aos seus irmãos equipistas os princípios básicos do Movimento e da Igreja.

A tarefa de elaborar a Carta Mensal implica na necessidade de se çonsiderar muitas peculariedades. A Carta é recebida por equipistas do Brasil inteiro, além de ser encaminhada aos Conse­lheiros Espirituais e Bispos das diversas regiões. Lêem a Carta nossos irmãos equipistas do Rio Grande do Sul ao Amazonas, no interior e nas capitais .

As dificuldades de elaboração seriam intransponíveis, não fosse a presença de Cristo entre nós lembrando nos e fazendo-nos meditar a respeito de seu mandamento maior: o mandamento do amor, do amor aos irmãos.

Até este número a equipe já se reuniu várias vezes. Na pri­meira reunião traçou-se o plano mestre: qual a diretriz da Carta, quais seus objetivos principais. Nas subseqüentes distribuiu-se as tarefas; cada casal cuida de uma parte da publicação. Assim temos o casal responsável pelo Editorial, pelas Notícias dos Setores, pela parte gráfica, pelas finanças e pela coordenação geral da equipe.

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Ao longo do ano, com o advento dos novos números é inten· ção dessa equipe dotar a Carta de um conteúdo que preencha seus objetivos, mas que também atinja os leitores a quem ela é dirigida.

l Vocês já haviam refletido sobre tudo isto, já haviam se per-

guntado como é feita a Carta Mensal? Se você algum dia esteve entre aqueles que tiveram vontade de escrever para uma publi­cação qualquer, não deixe que essa intenção morra; sua opinião, sua colaboração, sua sugestão nos será muito valiosa.

Há muitas maneiras de servir, cada um através de seus dons!

EQUIPE DA CARTA MENSAL

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Atenção: Aguardamos suas cartas para a Seção "Cartas dos Leitores".

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EDITORIAL

RESSUSCITAR É VIVER COM CRISTO

Todo o viver cristão é pascal, isto é, comunhão na vida, morte e ressurreição de Cristo.

Cada um de nós deve viver a vida de Cristo; esse é o fundamento da vida cristã - reproduzir em nós a vida de Cristo --- vida voltada pata o Pai. "Meu alimento é fazer a vontade de meu Pai". "Eu faço o que meu Pai me manda". "Eu faço as obras de meu Pai". E também uma vida voltada para os homens, seus irmãos. Toda a vida de Jesus é serviço e doação. Ele deu a sua vida pela salvação dos homens.

Como pode um casal viver esta vida pascal? Sabemos que Jesus continua vivo em todos os cristãos; todos os que forma­mos a comunidade eclesial somos parte desse Cristo pascal, somos, com Ele, cabeça, um só corpo, um só Cristo.

Cada casal cristão deve, pois, na sua vida diária, ter uma dupla dimensão: uma vertical, orientada para Deus. A oração, a meditação, a escuta da Palavra, a Participação na Liturgia, o reconhecimento da dependência de Deus, são meios para nos manter nesta direção. A outra, horizontal: é o serviço. A regra de vida, o dever de sentar-se, são meios concretos que a equipe oferece para viver também esta outra dimensão da vida do cristão. Irradiar, ser testemunhas da ação pascal de Jesus em nossas vidas. Irradiar a alégria, a alegria pascal que não tem sombra, pois, mesmo nas lutas e dificuldades, devemos estar convencidos da nossa liberação do pecado e morte, do triunfo de Cristo, que é o nosso próprio.

Prolongar nos outros a ação salvífica de Cristo, levando­-lhes o seu amor, principalmente aos mais pobres, e sendo providência para os mais necessitados. Fazendo compreender aos outros, pelo nosso amor sincero e generoso, o amor que Deus lhes tem. ·

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A nossa vida cristã deve ser vivida de tal maneira que seja em si um convite aos outros para que vivam, também como nós.

Os casais são testemunhas, pelo seu matrimôJ1iO, do amor generoso e fiel que Deus tem pelos homens e da resposta que estes devem a Deus.

Vivendo este sinal com a força da graça pascal, estarão edificando a família, construindo a Igreja.

Sirva de conclusão o conselho de São Paulo aos Colossen­ses, no cap. 3, 1-5: "Portanto, se ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus; afeiçoai-vos às coisas do alto, não às da terra. Porque estais mortos e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus. Quando aparecer Cristo, que é a vossa vida, então tam­bém vos aparecereis com Ele na glória".

Pe. Oscar Duque Conselheiro Espiritual, Setor "D" - Brasília

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Não precisamos ter fé para orar. Precisamos orar para ter fé.

François Mauriac

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ANO INTERNACIONAL DA PAZ

A PAZ: CONDIÇÃO DO NOSSO PENSAR NO FUTURO

A primeira Missa de ano novo foi celebrada pelo Santo Padre na Basílica de S. Pedro, às 1 Oh. do dia 1 de janeiro, quando se comemorava liturgicamente a festa da Mãe de Deus e se cele­brava mais um Dia Mundial da Paz. O ponto central da homilia foi uma declaração de aberta colaboração da Igreja e de todas as suas estruturas com a Organização das Nações Unidas na obra pela paz do mundo.

Eis o que o Papa disse a respeito:

"O ano que hoje começa foi proclamado pela ONU "Ano Interna,­cional da Paz". De bom grado a Sé Apostólica se pôs nesta perspecti.vã, afirmando que "a paz é um valor sem fronteiras" e acrescentando, cómo expressão de uma certeza que se radica na fé no "único Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo Homem" (1 Tim 2,5): "Norte-Sul, Leste-Oeste: uma só paz".

E minha profunda convicção que a paz "é um valor que corres· ponde à~ esperanças e às aspirações de todos os Povos e de todas as Nações, gos jovens e dos anciões e de todos os homens de boa vontade" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz 1986, n. 1). Renovo portanto, também hoje o apelo "a reconhecer a unidade da família humana" e a rejeitar, por conseguinte, "aquele modo de pensar que leva à divisão e à exploração" (ibid, n. 4). E preciso que todos se empenhem "por uma nova solidariedade: a solidariedade da família humana" (ibid). Na pro­moção deste altíssimo valor, os cristãos têm uma responsabilidade bem precisa: "animados por viva esperança, capazes de esperar contra toda a esperança (cf Rom 4,18), os cristãos têm de saber superar as barrei­ras das ideologias e dos sistemas, a fim de poderem entrar no diálogo com todos os homens de boa vontade e criar novas relações de solida­riedade" (ibid n. 6).

Na perspectiva da minha visita à lndia, desejaria recordar - entre as afirmações que indicam na fraternidade o caminho que leva à paz -as do artífice da -independência da lndia, Mahatma Gandhi: "O ódio só pode ser vencido com o amor. Opondo o ódio ao ódio, não se faz senão aumentar-lhe a extensão e a profundidade" (Gandhi, Antigas como as Montanhas, Milão, 1971 , pg. 146). "Onde quer que haja discórdias, todas as vezes que vos encontrais diante de um adversário, vencei-o com o amor" (ibid pg. 120) .

Para que a paz possa tornar-se um "valor sem fronteiras", é ne­cessário termos a certeza de que em toda a parte está presente o mesmo

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desejo de paz e a mesma relação a seu respeito: em cada regtao do globo terrestre, em cada sistema, em cada sociedade - em definitivo -em cada coração humano.

Todos devem acolher a eloqüência essencial da bem-aventurança do Sermão da Montanha, dirigida aos "operadores de paz" (Mt 5,9), àque­les que se empenham em favor da justiça e procuram assim a segurança e a paz. :e preciso que o homem possa estar seguro do homem. A nação, segura da nação. Atrás da palavra paz não se pode esconder nenhuma intenção ou atividade contrária a ela.

Com efeito, a paz assim entendida é condição do nosso pensar no futuro. I! condição do próprio futuro, na dimensão mais afastada e mais próxima; e para o futuro imediato, na dimensão deste ano de 1986.

Por isso hoje pomo-nos mais uma vez diante do mistério do Natal. Nele procuramos e encontramos as razões últimas da paz na terra. As palavras cantadas na noite de Belém fortalecem-nos nesta con-

vicção, quando se referem, primeiro à "glória a Deus" e depois aos "ho­mens que Deus ama", aos homens de boa vontade. Precisamente: de boa vontade.

E a Maternidade da Mãe de Deus dá testemunho da dignidade 4e cada vida humana, e brada em voz alta a todos, de um extremo ao outro da terra: "não matar" .

E como prova de que "somos filhos" , aproximamo-nos do altar para clamar "Abbá, Pai!"

Não somos escravos das forças que levam à destruição, somos filhos no Filho- somos herdeiros do Reino de Deus.

Aproximamo-nos portanto do altar e dizemos: "Suscipe Sancte Pater".

Pai, acolhei neste sacrifício eucarístico o nosso ano novo . Dai-lhe a paz na terra.

* * *

"ó Mãe, abri os corações dos homens e dai a todos a compreensão de que somente no espírito do Evangelho e seguindo o mandamento do amor e as bem-aventuranças do sermão da montanha será possível cons­truir um mundo mais humano, no qual será valorizada verdadeiramente a dignidade de todos os homens."

João Paulo li - Oração a Nossa Senhora Aparecida - 4/7/1980

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A REUNIAO DE EQUIPE

A refeição tem um papel importante em nossas vidas. Por um lado, para nosso sustento: precisamos alimentar-nos. Mas, para além dessa exigência biológica, a refeição tem uma função simbólica importante : é um momento de comu­nhão. A refeição reune a família e estreita seus laços de união. !: pela refeição que comemoramos os grandes eventos de nossa existência ... Em várias ocasiões, o Cristo utilizou a simboolgia da refeição em referência à alegria messiânica e à alegria do Reino dos Céus. E foi durante uma refeição que instltÜiu a Eucaristia, que, por sua vez, é uma refeição·. A refeição em equipe ali­menta a amizade humana e a comunhão divina de seus membros.

11. A REFEIÇÃO

1: uma questão que tem sido muito debatida. Algumas equipes têm entendido que um lanche é mais apropriado para iniciar-se a reunião do mês. Os que assim pensam, afirmam que é mais rápi­do, dá menos trabalho, é de "digestão mais fácil", etc., etc. Algu­mas outras Equipes têm entendido que melhor será uma l'efeição ... só que os hospedeiros se encarregarão, eles próprios, de prepa­rá-las. Finalmente, há as Equipes que continuam fiéis ao propósito motivador da Refeição na Reunião Mensal, como uma oportunidade para que os casais co-participem seu amor fraterno levando para comer com os outros casais o esforço do seu trabalho.

Na realidade, a reunião mensal é, toda ela, uma co-participa­ção e, por óbvio, a refeição que faz parte dela também o é. Os casais, via de regra, estabelecem um rodízio dos pratos, justa­mente para que elaborando-os, com simplicidade e amor, possam levá-los para a reunião como uma afirmação de que fizeram o pos­sível (deram o melhor de sí) para agradar aos irmãos.

Vale ser lembrado, nesta oportunidade, o texto, publicado na Carta Mensal n.o 10, do Pe. Doncosur: - "Se em certas circuns­tâncias o jejum é uma forma da homenagem penitenciai, normal­mente a refeição cristã, com tudo o que implica de alegria familiar e amizade, deve ser ato religioso positivo que dá glória a Deus·.

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Por que a refeição em comum nas E.N .S.? Reunidos numa ENS para nos ajudarmos uns aos outros a

progredir na caridade, estamos muito pouco tempo juntos, todos os meses; se a oração em comum é o momento em que a amizade atinge o seu mais alto nível, a refeição é o momento que melhor prepara a oração. Por que?

Porque recorda-nos as refeições que Jesus tomava com seus discípulos.

Características da refeição nas E.N .S. :

a. Frugal - para que a matéria não abafe o espírito, mas também por uma preocupação de humildade e de caridade fraterna;

b . Fraterna - cuida-se para que nada falte ao irmão e se procura prestar-lhe toda a atenção, com alegria; é o momento para a pequena co-participação;

c. Comunitária- os alimentos são partilhados em comum união; d . Religiosa- é presidida pelo Conselheiro Espiritual, represen­

tante do Cristo entre nós, e é ele quem abençoa os alimentos e dá graças em seu nome;

e . Evocadora da Ceia- quando os primeiros cristãos se reuniam para cear juntos e partilhar o PÃO.

. ,. Não tenham receio de começàr a reunião da Equipe com uma

refeição. Outras Equipes que os precéd~r,arn e tiveram algumas dificuldades a princípio', tal como vocês, ulfrapãssaram-nas e agora sentem-se bem assl"m.

Maria Helena e Nicolau Zarif

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ADQUIRINDO NOVOS HÁBITOS

O casal Aracy e Isabel Barreto é equipista em Belém do Pará. Isabel escreve regularmente para o jornal "A Província do Pará" - O artigo que transcrevemos abaixo foi publicado naquele jornal, em 8/12185, sob o título "O Dever de Sentar-se".

Novos hábitos podem sempre surgir e ser bem-vindos, desde que representem acréscimos benéficos na nossa maneira de viver. Assim foi para nós, meu marido e eu, a entrada para o Movimento Equipes de Nossa Senhora. Um movimento que fornece meios de aperfeiçoamento para os casais que desejam aprofundar o seu relacionamento, à luz dos princípios cristãos. Pertencendo já a alguns movimentos leigos, acolhe· mos com alegria, como uma verdadeira "colher-de-chá" de Deus, no declínio da existência, o convite de um casal amigo para participar da sua equipe. Coincidentemente é hoje o dia de N. Sa. da Conceição, jus­tamente o dia adequado para que reconheçamos publicamente a nossa mais recente e profunda amizade: a amizade. com Nossa Senhora.

Dentre os meios de aperfeiçoamento sugeridos pelas ENS, desta­ca-se como um dos principais o dever de sentar-se, isto é, de sentarem-se os cônjuges para meditar a palavra de Cristo, confrontando suas vidas, suas atitudes conjugais, familiares, sociais, com os preceitos evangélicos. Os ouvidos humanos tendem a rejeitar o som da palavra dever. Tudo o que passa a obrigação perde a metade da graça. As pessoas sentem-se forçadas a fazer o que espontâneamente não fariam nunca. Quem dera, nós, casais, ao nos defrontarmos com as nossas quizilias - em especial aquelas costumeiramente deflagradoras de impasses - medindo a ex­tensão das nossas responsabilidades, como entidade máxima na vida da família, tivéssemos suficiente maturidade para procurar, ora um, ora outro, acertar os ponteiros, através do superbadalado e idealizado diá­logo! Acontece, porém, que malgrado os esforços, por vezes mínimos e pouco convincentes, e as possíveis estratégias usadas, se frustram os casais na busca do diálogo. Talvez porque, ao invés do entendimento, mediante a mútua renúncia, desej~m, na realidade, é impor suas opiniões e vontades; ao invés de se proporem à abertura de almas, se disponham, a entrincheirar-se no orgulho e no egoísmo. Também por preguiça, pre­guiça, sim, preguiça de lutar, abstém-se o casal, muitas vezes, de parar para negociar a paz, ou defender a autenticidade da relação. Com isso, permite-se não interceptar a marcha da história, não deter algum mal incipiente que poderá vir a atingir proporções insuspeitadas e indesejadas.

Sentar-se para verbalizar os sentimentos, fazer o jogo da verdade, expondo as causas da impaciência, da implicância, da exasperação, não as causas secundárias ou aparentes, mas a causa mãe, é algo que geral­mente não traz o resultado esperado, podendo até terminar em discussão acalorada e agravamento da situação. Coisa muito diferente acontece quando o casal habitua-se a ler o Evangelho juntos, em cima dele colo­cando os seus motivos, as suas inquietações e conflitos não soluciona-

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dos. Só a palavra de Deus tem o poder de transformar os corações rapi­dinho, repetindo o milagre de Jesus nas Bodas de Caná, quando Maria o induziu sagazmente a mudar a água em vinho.

Sentar-se assim lado a lado, com o Cristo presente entre eles, na mais pura intenção de limpar a barra, não se trata apenas de um sim­ples dever conjugal, mas de um dever de amizade; dever de juntar as pontas, dever de não deixar a relação se desgastar, dever de tentar salvar o investimento pessoal e vital. O dever de sentar-se nos moldes das Equipes de Nossa Senhora. Chegou para nós agora, mas ainda che­gou a tempo, a tempo de ensinar a trabalhar a humildade da aceitação das diferenças pessoais, de revelar enganos ancestrais. O dever de sen­tar-se haveria de constituir-se uma escolha pessoal, um hábito novo dos casais modernos, nos primórdios do casamento, bem antes que as rela­ções se tornem amargas, rançosas ou bolorentas.

Durante esta semana de reclusão, pedi ao meu marido para fazer­mos uma meditação. Sentia-me necessitada de melhorar o astral, e tinha a certeza de o conseguir através da leitura da palavra. Abrimos o Evan­gelho ao acaso e caiu justamente neste trechinho: "Que o vosso amor seja sem hipocrisia, detectando o mal e apegados ao bem: com o amor fraterno, tendo carinho uns para os outros, cada um considerando o outro como mais digno de estima . . . " (Roi:n 12, -7-13) e mais adiante: "Sede diligentes, sem preguiça, fervorosos de espírito, alegrando-vos na esperança, perseverando na tribulação, assíduos na oração". Não poderia haver mensagem mais poderosa, mais incisiva do que esta! Detive-me, logo de início, neste pedacinho: " ... com o amor fraterno, tendo cari­nho uns para com os outros, cada um considerando o outro como mais digno de estima". Quanta beleza na sublimidade do estilo evangélico! Cada um considerando o outro como mais digno de estima . . . Em pri­meiro lugar o outro, a saúde do outro, a esperança do outro, pelo menos tão digno de estima quanto nós, tão necessitado quanto nós. Se o esforço de se olharem com esses olhos fôr recíproco e simultâneo, um milagre poderá acontecer. "Sede diligentes, sem preguiça, fervorosos de espírito, alegrando-vos na esperança, perseverando na tribulação, assíduos na oração". Assíduos na oração ... Era disso que eu estava precisando, mais orações. E lembrei a figura de Cristo, em cujo verso estava a recomenda­ção. "Rezem na calma e na tempestade, rezem à noite, como ao longo do dia, rezem indo e voltando rezem, embora se sintam cansados ou dis­traídos. Rezem sem pensar na repugnância que experimentam, rezem pelo menos para aprender a rezar, como disseram os apóstolos: "Senhor, ensina-nos a rezar! "

Este é um outro dever de sentar-se, o dever de sentar-se consigo mesmo, ou com o marido, para rézar. E precisa ser assumido como um dever, tanto o primeiro como o segundo, do contrário perderá a força, ou cessará de existir. Não fossemos nós tão frágeis em nossos propósitos!

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Isabel L. Barreto Equipe 1-A - Belém

A RESSURREIÇÃO É TODOS OS DOMINGOS E CADA MANHÃ ...

A Ressurreição? Não. Jesus ressuscitado? Sim. Não uma idéia. Alguém!

Não alguém morto que se torna vivo, como Lázaro, para depois morrer. Mas uma vida que se entregou até a morte e se alteia do túmulo.

Total, indestrutível: "Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais". Muito mais que milagre, realização, metamor­fose perfeita.

Toda a história humana em sua equação mais fundamen­tal, meu pecado, minha morte destruidos.

A vida plena: "Ele me amou e entregou-se por mim". Por mim, por você, por nós, por todos: "Que toda a casa de Israel o reconheça plenamente: Deus o fez Senhor e Ungido, esse Jesus que vocês crucificaram".

Vemos as s·antas mulheres partirem para terminar o sepul­tamento apressado da sexta-feira à tarde. A história de sua fé é a minha.

Primeiro elas devem passar pela agonia de uma pobreza total. O vazio: "Tiraram o meu Senhor e não sei onde o puse­ram". Não há mais nem um corpo a embalsamar: o zero abso-luto. ·

Desse vazio, elas devem passar, sem transição, a uma esperança sem condições: "Por que procurais a Vida entre os mortos? Não está mais aqui: Ressuscitou."

Ao mesmo tempo, a delicadeza e a terna pedagogia divina se personalizam para cada um para se fazerem reconhecidas: um nome pronunciado: "Maria" - um gesto: o pão partilhado dos peregrinos de Emaús. ·

J acques Loew

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A ECIR CONVERSA COM VOCES

A ESCUTA DA PALAVRA

Escolhida como ponto concreto de esforço a ser mais particularmente trabalhado durante este ano, a Escuta da Pa­lavra tem merecido um carinho especial dos nossos equipistas. Terá sido suficiente? Concretamente, qual é o lugar da Palavra de Deus em nossa vida? Que influência tem tido? Podemos dizer, como o salmista: "Não me esqueço das tuas palavras (SI 118)"?

Deus nos fala para que sua Palavra habite em nós e nos transforme. É para nos salvar, para nos comunicar sua vida. Comunicá-la em abundância.

Como todas as realidades essenciais que nos são oferecidas gratuitamente - a vida, o amor, a beleza, - a Palavra de Deus reclama de nós um esforço permanente para ser assimi­lada, ou antes, para que nos deixemos assimilar por ela. O amor do qual conhecemos todo o entusiasmo e toda a beleza no início do nosso lar, de quantos esforços não precisa para durar, para crescer, para se aprofundar ao longo de nossa caminhada a dois!

A escuta da Palavra de Deus também reclama um esforço contínuo e perseverante para que viva e se realize em nós.

A epopéia da Palavra de Deus nos é contada num texto -a Bíblia.

A Bíblia é uma palavra também para nossos dias; viva como o Cristo ressuscitado, atual, eficaz. Para cada geração, para cada um de nós ela é imensamente reativada pelo Espírito Santo, o Espírito do Pai e do Filho que nos ensina tudo o que Jesus disse (cf. Jo. 14,26).

Para que a Palavra de Deus nos atinja, é preciso que nos debrucemos sobre ela e lhe abramos o nosso coração - um coração novo segundo a promessa que nos é revelada em Eze­quiel (36,26). Este coração novo, temos que pedí-lo a Deus,

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como Salomão: "Dai-me Senho} um coração que escute!" (lR 3,9).

Este coração novo nos foi dadó pelo batismo. Mas nós o utilizamos? O cultivamos?

* * * Para nos ajudar na escuta da Palavra, o Movimento ela­

borou um texto que dentro em breve estará em mãos dos equi­pistas e do qual foram extraídas algumas das idéias acima. Mas ele não fará milagres. A escuta da Palavra depende principal­mente de nossa procura perseverante e humilde. Deus espera o nosso "sim", para que a Palavra produza seus frutos, a fim de que se estabeleça entre nós e Deus esta relação de amor que a Palavra veio instaurar. E então ela, a Palavra, será luz em nosso caminho. Graças a ela saberemos evitar os obstáculos, interpretar os acontecimentos, entrever a ação de Deus em nós e no mundo que nos cerca.

Peçamos a Maria ·que nos ajude a guardar e a viver a Palavra.

Nancy C. Moncau

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RELEMBRANDO A HISTóRIA DO MOVIMENTO .

"E aquele que recebeu a semente em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende: Esse dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta". (Mt. 13-23.)

2 . OS PRIMEIROS ANOS

Nesta segunda abordagem da história do Movimento, vamos relem­brar o período de seus nove anos iniciais. Nove anos de uma caminhada muito intensamente vivida pelos seus membros, que vão dos ídos de 1938 até 1947:

Aqueles casais de quem falamos na carta anterior, passam a se reunir com o Pe. Caffarel periodicamente, em busca da grande desco­berta ... "Reuniões inesquecíveis" - escreve o Pe. Caffarel. E, os gru­pos que levam seu nome, não ficam só na procura das grandezas do casamento cristão, mas também na busca da espiritualidade adequada ao seu estado de vida conjugal.

Não tardou em seguida a deflagração de um conflito mundial que trouxe muita dor e luto a toda a humanidade. Os grupos dispersaram-se, mas as sementes do Movimento já tinham sido lançadas e o solo fértil da França as acolheu e as amadureceu no sofrimento de uma guerra atroz.

Neste período crítico, os grupos que continuaram a se reunir, muitas vezes com alguns maridos ausentes, ou porque presos, ou porque fale­cidos na guerra, desenvolveram a prátiCa dos princípios básicos da mís­tica do Movimento como sejam: o auxílio mútuo; o amor fraterno, mas sobretudo a oração - a oração em comum e a oração de petição (inten­ções). E, naquela altura dos acontecimentos, descobrem o "poder" da oração. . . E relatam fatos que não podem ser esquecidos, como aquele em que o marido tendo sido preso, sua jovem esposa transtornada apela para o grupo que se reune em sua casa, e permanece em vigília de oração durante toda a noite. Ao amanhecer, o marido entra em sua casa, são e salvo, e conta ao grupo atônito, que sua liberação só podia ter sido um milagre do poder da oração durante a vigília, transcorrida alí na sua própria residência .

Neste período e neste ambiente é que germinam os princípios, os métodos e a mística do Movimento. t desta época que se consolidou a

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iniciativa do "ARMÁRIO COMUNITÁRIO", em que o supérfluo de uns supria as necessidades dos demais. O auxílio mútuo e o amor fra­terno que nos tempos de paz regiam os grupos no campo espiritual, agora, nessas circunstâncias de sofrimentos, privações, angústias e lutos, desceram ao campo material do dia-a-dia.

Finalmente a guerra termina. Os casais se reagrupam; os grupos Caffarel aumentam em número, tomando-se um modismo que coloca em risco o objetivo último do Movimento: o crescimento conjugal; a santi· ficação através do sacramento do matrimônio.

Era necessária a adoção de uma "REGRA", uma Regra nos mes· mos termos em que se impuseram às ordens religiosas para dar-lhes uma unidade e uma continuidade. Uma Regra em que estivessem embutidas a mística e a disciplina do Movimento. Aquela MfSTICA tão vivenciada naqueles primeiros nove anos de existência, que deu suporte para atra­vessar o período mais crítico do Movimento.

Assim, a 8 de dezembro de 194 7, promulgavam-se os ESTATUTOS do Movimento, e o Pe. Caffarel colocou sob a proteção de Maria Santís­sima, no dia da Festa da Imaculada Conceição, os Grupos que daí para frente passaram a se chamar "EQUIPES DE NOSSA SENHORA".

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RETIROS

Os setores de São Paulo programaram os seguintes retiros para o primeiro semestre de 1986:

Abril: 25/26/27

Maio: 23/24/25

Junho: 6/7/8

Maiores informações com:

Barueri

Cenáculo

Barueri

Darci e Geraldo - (011) 67-9063

Rosa Maria e Renato - (011) 284-3178

A Carta Mensal está à disposição dos Responsáveis de Setor para a publi­cação de sua programação de retiros.

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M A R I A

Viveste o ritmo de Deus, E no teu caminho Cada passo foi um instante Onde palpita a força da água, do pão, Do irmão e da palavra.

A chuva caiu em tuas mãos A água transformou-se em vida, O pão transformou-se em carne, A palavra transformou-se em silêncio fecundo, E os teus olhos transformados Em horizonte sobre o mundo, Abraçaram o homem, teu irmão Que é o povo em marcha.

Senhora, o nosso êxodo é duro, O nosso pão já não é pão, A nossa água no calor do sol Ou na tarde calma, Tem gosto de barro e não arranca a sede Que é martírio em nossa alma.

A nossa voz está rouca, esqueceu a alegria, E o irmão perdido no silêncio, perdido no nada, Espera que a noite acorde um dia, E uma voz amiga seja canto de alvorada.

Senhora, cada homem caminha sozinho, E o deserto, sem o ritmo de Deus Rouba-nos a força; ao longo do caminho Vem dar-nos as mãos: nós somos filhos teus.

(Traduzido do castelhano pelo Ir. Teófilo Minga, F.M.S.)

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A PALAVRA DO PAPA

PASTORAL FAMILIAR E CONTINUADA EVANGELIZAÇÃO

Na manhã de 17 de janeiro, o Santo Padre recebeu em audiência coletiva os Prelados da Região Sul-1 (Estado de São Paulo) da Conferência Episcopal do Brasil, vindos a Roma para a visita "ad limina". Do discurso pronunciado pelo Santo Padre durante o encontro, apresentamos o trecho particularmente impor­tante para nós, sobre a pastoral da família.

"Outro empenho que a situação sócio-cultural, que pude auscultar falando com os Senhores, indica como particularmente urgente é o da pastoral familiar. A família é a célula fundamental da sociedade, viveiro das gerações futuras e "igreja doméstica". As profundas e rápidas trans­formações que caracterizam o nosso tempo e a sua Região Paulista exi­gem da Igreja uma renovada solicitude neste delicado setor da pastoral.

Impõe-se despertar nas consciências a preocupação pelas realidades espirituais e eternas e o senso do primado dos valores morais, que são os valores da pessoa humana como tal (cf. Familiaris consortio, 8). E para obviar a potenciais forças desagregadoras da instituição familiar, que o progresso moderno com seus recursos pôs nas mãos do homem, é necessária uma continuada evangelização, mediante assídua e incisiva instrução religiosa, catequese, prática sacramental e oração.

Para tudo isto há que aproveitar os bons préstimos dos movimentos e organizações eclesiais para a espiritualidade e apostolado da famílih. Ao que me resulta, eles tiveram uma certa florescência em suas Comu­nidades e ainda agora aí se encontram operantes, com bom êxito. Que sejam estimulados em seu empenho na salvaguarda e promoção do amor vivido segundo Deus e em ajudar as famílias a serem fermento ativo, para a animação cristã do ambiente. A Igreja, que transmite o ensina­mento de Cristo, proporciona critérios seguros para que os casais cristãos possam realizar-se e ser felizes na própria escolha de vida, em fidelidade ao ideal do amor-comunhão e aos deveres que lhe impõem a fecundidade e a educação dos filhos. ·

Nesta linha, vai um apelo à pregação, em particular à homilia, dado o seu alcance e função "sempre cuidadosamente preparada, subs­tanciosa e adaptada e reservada aos ministros sagrados" (cf. Catechesi

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tradendae, 48). E vai um apelo também às escolas e meios de comunica­ção de massa: é preciso envidar todos os esforços em prol de uma mo­ralidade de base que tem sido força secreta do Povo brasileiro."

* * *

É dever dos sacerdotes, adequadamente formados em questões fami­liares, promover a vocação dos esposos na sua vida conjugal e familiar pelos vários meios pastorais, pela pregação da Palavra de Deus, pelo culto litúrgico e por outros recursos espirituais, bem como humana e pacientemente fortificá-los nas suas dificuldades e confortá-los com ca­ridade, para que se formem famílias que sejam verdadeiramente focos de luz.

Procurem pela doutrina e pela ação consolidar as várias obras, espe­cialmente as associações familiares, os jovens e os próprios esposos, espe­cialmente os recém-casados, e formá-los para a vida familiar, social e apostólica.

Finalmente os próprios esposos, criados à imagem de Deus vivo e estabelecidos numa verdadeira relação de pessoas, estejam unidos por um igual afeto, por um pensamento idêntico e por uma santidade mútua, a fim de que, seguindo a Jesus Cristo, princípio da vida, se tornem, nas alegrias e nos sacrifícios de sua vocação, por seu amor fiel, testemunhas daquele mistério de amor que o Senhor revelou ao mundo por sua morte e ressurreição. (Gaudium et Spes, n. 52).

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Promovam-se e consolidem-se os movimentos e outras formas de apostolado familiar, respeitando seus próprios carismas dentro da pasto­ral de conjunto (Puebla, n. 615).

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UM LAR

Testemunho impressionante nos chega de Ouebec-Canadá. Casal é desafiado pela moléstia mortal do marido. Gisela faz a narração e Wilfrid acrescenta seu comentário. Depois retorna à casa do Pai.

"Se tu conhecesses o dom de Deus", tema de nossas equipes no ano passado. Como Wilfrid e . eu nos questionássem.os sobre o que é o dom de Deus, Jesus Cristo ressuscitado respondeu a nosso apelo e nos concedeu esse dom. Nós o achamos pelo sofrimento e a doença.

Novembro 1980. Vivíamos uma vida gratificante como casal e como pais. Bastou um dia e tudo mudou. Vida nova. O médico nos previne que Wilfrid depois de alguns exames habituais, precisa ser hospitalizado com urgência: tumor grave, talvez maligno, no estômago com probabilidade de ablação. De fato. E a operação foi delicada, difícil e longa. Depois de 6 horas, ablação total do estômago e do baço e parcial do diafragma e do esôfago e a retirada de grande parte do pâncreas. Dez dias de cui · dados intensos. Dezoito dias ainda de certos cuidados especiais e gerais . Enfim tudo parecia estar controlado . . . Deus tinha batido à nossa porta e docemente se revelava. Não atinávamos o quanto ·Ele estava conosco mas uma grande força nos acompanhava.

Fevereiro 1981 . Wilfrid retoma pouco a pouco o trabalho normal. A primavera traz doçuras a nossos corações doloridos e principalmente uma grande esperança. O médico declara que os traços de câncer pare­cem ter desaparecido. A vida poderia continuar por 15 ou 20 anos ainda. "Mas", acrescentou, "com o câncer nunca se sabe". Entretanto a vida de antigamente continuava quase sem alterações.

Verão, 1982. Início de complicações. Wilfrid se sente mais fatigado. Fazemos uma consulta, mas no momento não há nenhum indício dra­mático.

Setembro 1982. Primeiros sinais. Palidez. Hospital novamente. Nova operação. Pâncreas gravemente atingido. Nenhuma esperança. O médico me previne, sem ser muito categórico, que avisaria Wilfrid que não lhe restavam mais que 6 meses de vida. Preferi eu mesma dar-lhe a notícia. Mas hesito. Rezo, peço conselhos e sobretudo me deixo guiar pelo Espí· rito de Deus. O médico insiste: " Como reagirá seu marido se vier a conhecer a verdade por outra pessoa? Que pensará ele se você não lhe revelar totalmente a verdade? Ele é um homem reto, sincero e corajo-

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so ... • Então, certa noite me decido e explico tudo a Wilfrid . . . Como resposta ele diz: "Continuaremos à viver como sempre. Aceitamos".

Haverá grandes caminhadas que Wilfrid fará só, outras que farei sozinha, que as crianças farão sozinhas; outras que faremos como casal, em família, em equipe. Depois de quatro ·meses em que só Wilfrid, um padre amigo da família, o médico e eu conhecíamos o desfecho, resol­vemos confiar aos filhos o que estávamos vivendo e que desejaríamos viver juntos, em família. Wilfrid falou com cada um dos filhos (22 anos e 16), conversaram sobre o passado, sobre suas próprias vidas, se per­doaram e se prometeram jamais se deixar dominar pelo desânimo.

Nova vida se inicia no lar. Alguém doente, regime severo, horas de refeição imprevistas, cuidados, cargas domésticas assumidas, grande cansaço mas também uma grande esperança. Wilfrid lê a Bíblia diaria­mente. Rezamos juntos o ofício . E Deus está conosco com sua paz.

Em família fala-se de morte como se fala de vida, de uma nova vida, de continuação da vida. Dialogamos sobre moléstia, sofrimento. ~ um diálogo positivo. Repetimos a Deus: "Que tua vontade seja feita", o cora­ção apertado, entretanto feliz. Talvez seja isto que dizem ser o "encontro com Deus •. Nós o encontramos nos momentos difíceis, nos momentos de revolta. Também o encontramos em nossos amigos de equipe. Estão juntos de nós, sua amizade nos é tão preciosa que nos ajuda a superar as dificuldades.

A aceitação, para mim, Gisele, é dizer sim, não apenas por um dia, mas por todos os instantes difíceis, as solidões, os compromissos; são os pequenos "sim " de todos os dias, com a esperança de que Deus estará sempre a nosso lado e em nós. E assim, pouco a pouco, chego à etapa mais difícil do abandono. O trabalho é árduo; mas no fim está a liber­dade.

* * * Para mim, Wilfrid, abandonar-se significa sem cessar, renovar a acei­

tação. Não a alcancei definitivamente. Fácil? Não. Possível? Sim. A espe­rança de viver com Aquele que é Amor, Misericórdia da Justiça. Felici­dade, valores pelos quais esperamos toda nossa vida e é o objetivo último a ser atingido.

Eis que a contradição se instala. Desejaria continuar a viver esta vida terrestre que é tão bela . Entretanto, tenho pressa de alcançar Aquele que é a verdadeira felicidade , Aquele que é Amor em toda plenitude, o Justo, o Misericordioso.

Quero ser sincero; é assim, exatamente, simplesmente assim. O mesmo estado de espírito é vivido por amigos há alguns meses. Eis porque considero como um privilégio este período que o Senhor me faz viver atualmente.

Loucura de Deus, talvez. Inconcebível, humanamente falando. Deus permitiu que eu O tocasse, que sentíssemos sua presença entre nós pelos outros, me preparando para O encontrar cada vez mais. Que graça! Que dom de Deus!

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VIDA E OBRA DOS SANTOS

29 de abril é o dia que a Igreja dedica a Santa Catarina de Sena. Na seqüência de nossos artigos sobre os grandes Santos da Igreja, trazemos este mês à meditação de vocês algo sobre esta maravilhosa doutora da Igreja .

SANTA CATARINA DE SENA (1347·1380)

1347 Catarina nasce em Sena (Itália).

1353 Com 6 anos é favorecida com uma visão extraordinária de Jesus ..

1367 Com 20 anos já se impusera na sua cidade natal; sema-nalmente dirigia uma reunião pública de exortação, oração

e ensino com a presença de leigos, religiosos e sacerdotes no Hospital Santa Maria della Scalla. De tais reuniões nasceu a "família catariniana", cujos membros a acompanharam até a morte. Dotada de poderes supra­normais, a jovem impressionava quantos dela se aproximavaqt. Parecia ler nas consciências e tinha sempre a solução justa para os mais difíceis casos.

1370 - Neste ano deu-se um fato místico que mudou a vida de Catarina: sua "morte mística". Conforme nos conta B.

Raimundo de Capua, seu confessor e primeiro biógrafo, num êxtase Catarina morreu e ouviu as seguintes palavras de Deus: "A salvação dos hÕmens, exige que tu voltes à vida. Mas não viverás mais como até agora. O pequeno quarto não será mais tua costumeira moradia; pelo contrário, para a salvação das almas deverás sair de tua cidade. Estarei contigo na ída e na volta. Levarás o louvor do meu nome e a minha mensagem a pequenos e grandes, a leigos, clérigos e religiosos. Colocarei em tua boca uma sabedoria, à qual ninguém poderá resistir. Conduzir­te-ei diante de papas, bispos e de governantes do povo cristã a fim de que por meio dos fracos, como é do meu feitio, eu humilhe a soberba dos fortes". No seu apostolado ela enviou longas cartas-mensagens a todo mundo. Ao todo são 381 cartas dirigidas aos mais diferentes des­tinatários desde papas e reis a mercadores e artesãos. .1! algo extra­ordinário para uma jovem que só aprendeu a escrever nos últimos dias de sua vida, e que viveu em tempos nos quais os meios de comunicação eram rudimentares.

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1378 - Catarina fez o ditado do seu grande livro o DIALOGO. Nessa ocasião, deu-se na Igreja um acontecimento que lhe

causou os maiores sofrimentos e que, afinal, a levou à morte: a eleição do anti-papa Clemente VII. Por ordem do verdadeiro papa, ela foi a Roma, onde falou aos cardeais fiéis ao papa sobre a gravidade do cisma. O Papa Urbano tomou a palavra e disse: "Vede, meus irmãos, como nos tornamos desprezíveis aos olhos de Deus, deixando-nos tomar pelo medo. Esta pobre mulher nos envergonha!"

1380 - Catarina ora sobretudo pela unidade da Igreja; no dia 15 de fevereiro ditou sua última carta ao B. Raimundo de

Cápua. "Quando são nove horas da manhã e eu deixo a Igreja onde estive para a Missa, vós vereis uma defunta que se dirige à Igreja de São Pedro. Então começo de novo a trabalhar pela barca da Santa Igreja. Fico alí até às 15 horas. Gostaria de não deixar aquele lugar, nem de dia nem de noite, até que pudesse ver este povo mais calmo e em paz com seu pai. O corpo não mais se alimenta, nem mesmo com uma gota de água. Com tão grandes sofrimentos corporais, os quais para mim são doces e desde algum tempo suporto, minha vida pende por um fio". Catarina faleceu a 29 de abril, repetindo diversas vezes: Pequei, pequei Senhor; tende piedade de mim".

1461 - Canonizada por Pio 11. 1970 - Declarada Doutora da Igreja, por Paulo VI. Santa Catarina de Sena, também conhecida como a Virgem de Sena,

além de suas numerosas cartas, deixou-nos o seu maravilhoso DIALOGO que as Paulinas publicaram recentemente numa belíssima tradução de Frei João Alves Basílio óp e de onde extraímos o material para esta coluna. O texto original em italiano arcaico nos vem aqui num por- · tuguês muito agradável. Sugerimos aos nossos leitores que procurem conhecer essa extraordinária obra; nela encontrarão revelações maravi­lhosas: é o próprio Deus que fala à sua serva Catarina. O tradutor nos diz: "Há livros que merecem a leitura para serem conhecidos; Óutros, para serem vividos. Este, "O Diálogo" de Santa Catarina de Sena, per­tence à segunda categoria" . Eis alguns trechos do livro.

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Toda virtude é praticada no próximo

Vou explicar-te agora que toda virtude se realiza no próximo, bem como todo pecado.

Toda pessoa que vive longe de mim prejudica o próximo; e a si, dado que cada um é o primeiro próximo de si mesmo. Tal prejuízo pode ser desordem geral ou pessoal. Em geral, porque sois obrigados a amar os demais como a vós mesmos. De que maneira? Socorrendo espiritual-

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mente pela oração, dando bom exemplo, auxiliando quanto ao corpo e quanto ao espírito, conforme as necessidades. No caso de alguém nada possuir, pelo menos há de ter o desejo de auxiliar! Quem não me ama, também não ama os homens; por isso não os socorre. Quem despreza a vida da graça, prejudica antes de tudo a si mesmo, mas prejudica também os outros, deixando de apresentar diante de mim L é o seu dever - orações e aspirações em favor deles . Todo e qualquer auxílio prestado ao próximo deve provir do amor que se tem por aquela pessoa, mas como conseqüência do amor que se tem por mim.

Da mesma forma, todo mal se realiza no próximo, e quem não me ama, também não tem amor pelos outros. A origem dos pecados está na ausência da caridade, para comigo e para com o homem. Para fazer o mal, basta que se deixe de fazer o bem. Contra quem se age, a quem se prejudica na prática do mal? Primeiramente contra si mesmo; depois contra o próximo. A mim, não me prejudica. Eu não posso ser atingido, a não ser no sentido de que considero feito a mim o que se faz ao homem. Será um prejuízo que leva à culpa com privação da graça e, nesse caso, coisa pior não poderia acontecer; ou será uma recusa de afeição e amor, obrigatórios que exigem o socorro pela oração e súplicas diante de mim. Tudo isso é auxílio de ordem geral, porque é devido aos homens em comum.

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ó filha querida, lamenta-te porque sou ofendido. Chora sobre esses mortos, para que sua morte espiritual seja vencida pela oração. Vê como, em toda parte e em todas as classes sociais, peca-se contra e através do próximo. E contra o homem que se age, de modo oculto e manifesto. De modo oculto, negando-lhe aquilo a que tem direito; de modo mani­festo, através de vícios de que te falei.

E realmente verdade, portanto, que as ofensas cometidas contra mim acontecem através do homem.

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ATÉ O FIM DO AMOR (lo 13,1)

Ao exalar o último suspiro, Jesus disse: "Tudo está consumado" (Jo 19, 30, 28). Na morte de Jesus, toda a história humana chega à sua consu­mação e ao seu ápice. Um homem de nossa raça foi até o fim do amor; fez de sua morte um ato perfeito de amor, abandonando-se sem reserva nas mãos do Pai (Lc 23, 46) e nas mãos de seus irmãos pecadores (Lc 23, 33-34). Este ato é inexcedível: leva de um só golpe a história à sua reali­zação, e se esta continua é porque os homens entram neste Ato e o fazem seu, aceitando ser consagrados e santificados por ele, que os transforma e os permite ir, eles também, até o fim do amor. O Ato de Jesus na Cruz é o ato ao qual toda a humanidade está suspensa, Ato que a santifica e a consagra inteiramente no amor.

Jesus antecipou simbolicamente este ato de morrer, isto é, de um modo real e maravilhosamente significativo para nós, na Ceia. Na véspera de sua morte, para glória do Pai e alegria de seus irmãos, Jesus se faz pão dos homens. Ele toma o pão que é o seu corpo: antecipando sua morte, toma nas mãos a totalidade de seu ser e de sua existência e se reparte ele próprio:

· "ninguém arrebata a minha vida, mas sou eu quem a dou livremente" (Jo 1 O, 18). Ele partilha a sí próprio antes de ser partilhado por todos nó3, seus irmãos pecadores, e consumando sua própria morte ele se torna capaz de se dividir entre nós numa partilha onde ele pertence por inteiro a cada um; vai ao Pai nos outros e, olhando-nos a todos, ele diz: "Meu corpo wis vós". A palavra pela qual ele se entrega é eficaz: morto, ele já vive no coração dos seus. A paixão apenas realizará o que ele disse: os homens seriam realmente incapazes de matar aquele que é a vida, se ele próprio não desejasse morrer por eles e através deles, no amor.

Na Ceia, entretanto, Jesus diz: "Fazei isto para celebrar a minha me­móriP.". (Lc 22, 19). Isto não é simplesmente o rito a ser repetido; é o Ato realizado naquela noite. Toda a Igreja é convidada a entrar no Ato que a salva e a consagra. Nós somos salvos e fazemos de nossa vida um ato de amor perfeito na medida em que "fazemos isto em memória dele", de Nós mesmos e quando nos tornamos realmente o pão dos outros, para a glória do Pai. O Ato de morrer de Jesus, seu ato perfeito de amor é re-pre­sentado (tornado presente em um símbolo) para a humanidade, até o fim dos séculos, na Eucaristia. A missa é o momento onde este Ato nos reune e onde deixamos que ele se apodere de nós para nos consagrar e nos "tran­substanciar", para que nós também vamos até o fim do amor.

Pe. Jean-Marie Henneaux, S. J. (Dos temas da Peregrinação das ENS à Roma)

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PASTORAL DA FAMíLIA

Em nosso número de março 1986, à pág. 7, publ icamos um testemunho do casal Carlos e Aparecida Martendal sobre o belíssimo trabalho que vêm realizando à testa do Instituto da Família da Arquidiocese de Florianópolis. Mencionavam, naquele artigo, a realização do I Concurso de Redação e de Cartaz sobre a Família. Soubemos que mais de 150 mil alunos de 1.0 e 2° graus participaram do concurso: foi um sucesso. O povo de Florianópolis está de parabéns pela iniciativa.

Agora, temos a alegria de publicar a redação vencedora do concurso para a faixa de 5.8 a a.a série do 1.0 grau.

O VALOR INSUBSTITUfVEL DA FAMfLIA

É na família que as pessoas aprendem, desde crianças , a acre­ditar na lealdade das pessoas e das coisas. Ainda novinha, a crian­ça aprende a confiar na voz da mãe, nas grades dos berços, na coisa branca dentro da mamadeir"', na colher que traz algo para saciar a fome.

Na família, aprende que deve contiar no mundo em que vive, como também aprende que nunca pode ter plena certeza de que a grade do berço está firme (o que faz a gente sentir uma mistura de sentimentos). É ainda dentro da família que, ao crescer um pouco mais, aprende a tratar as pessoas que dela diferem em idade, sexo e temperamento; é lá que aprende a dar e receber; é lá que aprende a fazer parte de um conjunto complexo e, sobretudo, como amar a Deus. É ainda nesse ambiente que a criança, aprende a tomar iniciativas, a se defender das agressões, a pensar antes de agir e a levar em consideração as suas conseqüências .

Tal aprendizado dentro do lar, no entanto, se torna fácil ou penoso, dependendo do apoio, da tolerância, da paciência e dos ensinamentos dos pais .

É só na família, no ambiente familiar, que os seres aprendem a ser realmente humanos, tornando-se capazes de amar, de apren­der, de trabalhar e de representar o seu papel na comunidade, no país e no mundo; e, ainda, tornam-se capazes de adquirir a con­fiança em si mesmos.

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O Brasil de amanhã são os lares brasileiros de hoje, pois é no íntimo de nossos lares que se formam e se preparam as gerações de amanhã.

Porém, na superficialidade que caracteriza o mundo moderno, nos bastidores do lar, são cada vez mais raros os casais que se relacionam satisfatoriamente: maridos, esposas e filhos estão per­dendo a capacidade de compartilhar com alegria, serenidade e gratidão.

E infelizes de nós, se permitirmos que a família se desintegre e os pais se esqueçam da nobre missão que Deus lhes confiou.

Os filhos precisam de confiança, de segurança, de amor e vêem, nos pais, esta segurança.

Neste momento, penso naquela família de Nazaré, onde uma mãe pura e santa dava o seu amor, a sua vida em favor de seu filho querido, Cristo, e onde alguém fazia o papel de pai, mesmo sem o ser.

Que bom seria se todas as pessoas seguissem o modelo da família de Jesus; que bom seria se tivessem um relacionamento recíproco, onde cada qual fala e escuta, de coração aberto e gene­roso. Onde um se unisse ao outro para participar dos mesmos ideais, para construir juntos não só uma existência. porém muitas existências.

Que bom seria se em todas as famílias houvesse somen.te comunhão de afeto e de carinho, mas, principalmente, uma comu­nhão mais profunda de idéias, de espírito e de fé, pois a família é única e insubstituível em nossa vida.

Conhecer os moldes ideais de uma família é coisa comum a todos nós; porém, vivenciá-los já é mais difícil. Muitas vezes, somos surprendidos em nossa jornada ao lado da família, pela perda de um de seus membros. Há as mortes súbitas, os divórcios, as insanidades mentais que nos privam dessas pessoas queridas. Mas, apesar dos reveses da vida, temos que continuar, unir-nos mais ainda na dor das perdas, para sairmos mais fortalecidos.

Eu mesma vivenciei um fato semelhante, o que não me impe­diu de continuar a luta, de ser uma pessoa normal, receber o cari­nho e a educação necessários para transformar-me na jovem das­contraída e feliz que sou!

Milene Cristina da Silva Colégio Estadual Professora Julia de Miranda de Souza~ Navegantes 1.0 lugar - s.· e a.• série do 1.0 grau

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NOTICIAS DOS SETORES

Jubileu de Pederneiras/SP Outubro de 1960. Era pároco Mons.

José Montezuma, codjuvado pelo jo­vem sacerdote Pe. João Cândido que incentivou a vinda do movimento para Pederneiras. Um grupo de equipistas de Jaú, liderado pelo Cônego Pedro 'Branco, realizou na residência de Leon­tina e Chacon, uma reunião de infor­mação sobre as E.N.S.

Surgiu, assim a Equipe 1 de Pe­derneiras sob a invocação de Nossa Senhora, Mãe do Belo Amor, pilotada pelo casal Helena e Oswaldo Contador e assistidos espiritualmente pelo Pe. João Cândido. Estavam ligados à Coor­denação de Jaú e logo viram surgir a Equipe 2 pilotada por Gladys e Ado­nis Maitino.

Em 1964 com a criação da Dioce­se de Baurú, passavam a integrar a coordenação das equipes da nova dio­cese.

As equipes de Pederneiras saíram da " Igreja Doméstica · para o convívio e incentivo a outras famílias . Cuidam com carinho da preparação para o ma­trimônio e de outras atividades que compõem a Pastoral da Família dentro da Igreja de Cristo.

Tem muito a agradecer: aos diver­sos Conselheiros Espirituais, verdadei­ros obreiros de sua construção esJ.·i­ritual ; o zêlo do movimetno através das equipes de Coordenação e de Setor; aos familiares , amigos e companheiros que os apoiaram com palavras e ações. Gratidão e louvor à Virgem do Belo Amor, seu modelo, amparo e guia em todos os momentos. Gratidão maior, porém, ao Senhor que os escolheu, congregou, assistiu e enviou para se­rem fermento , sal e luz no seio de sua comunidade.

Obs.: Desde aquela primeira reu­nião da Equipe n.O 1 de Pederneiras em

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10 de outubro de 1960, permanecem até hoje os casais : Gessi e Jaime, Leontina e Chacon, Llonete e Nlqulnho, Trindade e Durval.

Agradecimentos a um Conselheiro Espiritual

Frei Pio Constantino Mamo, C. E. de duas equipes do setor A de Curi­tiba e um dos mais apreciados prega­dores de retiros para equipistas foi transferido para Faxinai / PR. Sua trans­ferência foi recebida com pesar e re­signação. Porém, como dizem Aipheria e Oswaldo, o consolo das equipes do Setor A é a certeza de que o seu zêio pastoral levará a devoção mariana e o aconselhamento cristão a outros ir­mãos e irá aumentar o número de pes­soas com paz interior.

Os equipistas de Curit iba agrade­cem a Frei Pio tudo o que fez por eles e desejam que em sua nova missão repita-se o sucesso no seu ministério pastoral .

Equipes Novas - Criciuma/SC

Equipe n.0 15: Nossa Senhora das Graças (formada em São Bento Baixo) C.P.: Maria e Adão Rocha C.R.: Zilda e Michels Cons . Espiritual : Pe. Francisco Ma­rin i

- Assaí (Coordenação Norte/ PR) Equipe n.0 2 C.P.: Aparecida e Argemiro Cons. Espiritual: Pe. Amauri

- São Carlos/SP Equipe n.0 16: Nossa Senhora de Guadalupe

Formada por casais jovens e entu­siastas que acreditam no Cristo, nos valores do Sacramento do Ma­trimônio e na família Cons. Espiritual : Pe. José Carlos Di Mambro.

Substituição de Casal Responsável de Setor

No Setor B de Araçatuba (Região São Paulo Oeste), Maria de Lourdes e Geraldo Olivleri foram substituídos por Maria e Mario Denadai.

Um Equipista na Reitoria

Informam Tereza e João, • casal re­pórter " do Setor A de Londrina/PR que o nosso irmão equiplsta Jorge Bounas­sar Filho, foi eleito, pela comunidade de funcionários, professores e estu­dantes, novo reitor da Universidade de Londrina. Aos 32 anos de idade Jorge é, provavelmente, o mais jovem reitor de uma universidade brasileira. A Fo­lha de Londrina, em sua edição de 1.o de Dezembro de 1985 publica uma en­trevista com o nosso companheiro, destacando o fato de ser ele membro das ENS e a sua visão da família como a principal Instituição da sociedade.

Festeiros da Imaculada

Conforme relatam Therezinha e Sérgio, as ENS do Setor de Jacaref/SP convidados que foram para serem os festeiros da festa da Imaculada Con­ceição, • souberam dizer sim· e enga­jaram-se com entusiasmo no trabalho demonstrando sua inserção na Igreja. Testemunharam assim, vivamente, que as equipes não são um Movimento fe­chado em si mesmo, porém, que a par de sua preocupação com a vivência da esplrltualidade conjugal e familiar es­tão, também, voltadas para a comuni­dade.

Encontro Inter-regional

Nos dias 19 e 20 de outubro do ano passado realizou-se um encontro inter-regional na cidade de Jaú/SP, ao qual compareceram casais responsá­veis de setores e coordenações e os

respectivos casais regionais das re­giões Centro, Norte, Oeste e Sul I do Estado de São Paulo.

Atenderam a um chamado, cuja finalidade era a de manter a unidade de pensamento, trocar experiências e reatlvar os valores da vida em equipe a fim de assumí-la com ânimo, trans­mitindo aos casais a disposição de usar todos os meios que o Movimento oferece para aprofundar a esplrltuall­dade conjugal e familiar.

Volta ao Pai

- Nilda Coutinho da Mota Paixão, da Equipe n.0 5 - Nossa Senhora do Rosário - de Curitiba em 28/10/85. Mulher de ação e oração, Nilda foi li­gação de três equipes, ministra da Eucaristia e membro do Movimento Carismático. Nas vizinhanças de sua casa organizava novenas de Natal e comemorações da semana da família. Destacou-se no conforto aos doentes a quem distribuis o CRISTO EUCARIS· TICO. Datilografou livros didáticos para cegos e graças a essa sua colaboração e permanente incentivo, quatro cegos obtiveram classificação no vestibular e conclulram o curso universitário. Componente de diretoria de creche providenciou bem estar a multas crian­ças. Com seus recursos pessoais cus­teava a manutenção de seminarista. Nilda foi extremamente bondosa e al­truísta e hoje goza. por certo, da ple­nitude eterna.

- Carlos (da Diva) da Equipe n.0

9 de Marílla/SP, vitimado por um aci­dente automobilístico em 11/11/85.

- Neusa, da Equipe n.O 6 de S. Carlos/SP em 6/11/85. Foi mais uma provação que o Senhor mandou a seus irmãos de equipe. Em melo à sua trl~­teza e saudade eles pedem a Deus que continue a dar forças ao Paulinho e a todos para superarem esses momentos difíceis e aceitarem com amor a von­tade de Deus. A doença de Neusa mo­t ivou a equipe a assistir em conjunto e em sua Intenção a uma missa todas as terças-feiras. Sentindo grande vali­dade estão perseverando nessa missa semanal. A equipe agradece as ora­ções. o apolo e o conforto que rece­beram de todos os Irmãos.

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Retiros - ERA UMA VEZ . .. Usando uma linguagem agradável

e pitoresca, como se estivesse narran­do um conto Infantil, nossa Irmã Enl da Equipe 40/G do Rio de Janeiro descre­ve um retiro realizado na Casa de São Bento, na Ilha do Governador para equlplstas do Setor G e vizinhanças. O local, onde estiveram reunidos 40 ca­sais. Iluminou-se de amor, carinho, de serviço e, sobretudo, da presença de Cristo .. Que os casais participantes, alimentados pelo Seu amor sejam feli­zes para sempre e que a experiência ali vivida sirva para animar e estimu­lar outros casais equiplstas que • es­tranhamente também sonham com um retiro neste estranho mundo de hoje"!

-JOVENS Coordenado pelo casal Pia e Alci­

des da Equipe 6 de Jacarei/SP reali­zou-se no último mês de novembro um retiro de jovens. Dos 48 participantes, na faixa dos 12 a 15 anos de Idade a maioria era constltufda de filhos de equiplstas. Foram proferidas três pa­lestras :

- Nossa Senhora (por Vllma da Equipe 7)

- O jovem no mundo de hoje (pela psicóloga !amara)

- Os sacramentos (por Pe. Cân­dido)

A equipe de serviço foi formada por mães e pais de jovens que parti­cipavam do retiro. O encerramento foi com missa celebrada pelo Pe. Cândido.

Foi um dia gratificante durante o qual muitos jovens revelaram em tes­temunhos o que tem sido para eles a vivência em lares equiplstas.

- REENCONTRO COM DEUS Realizado em 23 e 24 de novem·

bro passado o primeiro Retiro Espiri­tual das ENS-Coordenação de Arara- . quara/SP, no Lar Nossa Senhora .das Mercês. Foram dois dias de reflexão e revisão de vida em equipe e em fa­mflia.

O retiro foi enriquecido pela pre­sença do Pe. José Carlos Di Mambro, C.E. da ECIR, mostrando aos participan­tes que o retiro não é, simplesmente, mais um melo de aperfeiçoamento a ser cumprido rotineiramente e sim um encontro com o nosso Interior, facili­tando sobremaneira nossa aproximação com Deus.

Concurso Bíblico

- São Carlos/SP A Equipe n.O 5 sagrou-se vencedo­

ra do Concurso Bibllco realizado na Igreja São Sebastião, recebendo além do troféu, um prêmio especial pois foi a equipe que levou o maior número de casais .

- Baurú/SP Já há quatro anos consecutivos o

Setor de Baurú realiza o Concurso Bí­blico no mês_ Cle setembro (mês da Bfblla) . A organização fica a cargo da equipe vencedora do ano anterior. Em 1985 a organização coube à Equipe n.0

1 - N. S. do .perpétuo Socorro (ven­cedora de 1984) e versou sobre o Evangelho de São Marcos. A vence­dora, entre 12 equipes, foi a Equipe n.0

4 - N. S. de Fátima (vencedora tam­bém em 1983), que dedica sua vitória à Equipe n.0 4 de Brasilla, Equipe n.o 3 de Recife, Equipe n.O 2 de Aguaí, Equipe n.0 37 da Ilha do Governador e a todas as equipes N. S. de Fátima.

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Dê notícias de seu Setor para todos os irmãos de equipe.

Escreva para a Carta Mensal.

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ORAÇÃO PELA FÉ DE NOSSOS FILHOS . .

SENHOR, Tu nos confiaste nossos filhos para que lhes dés­semos o melhor de nós, todo nosso amor. Sabemos que isto significa, acima de tudo, comunicar-lhes o que temos de mais preciso: nossa fé em Ti; aquilo que nos faz viver: crer em Ti, o único Amor. Como é maravilhoso poder despertá-los assim para a fé! Mas por outro lado, quanta responsabilidade!

LEMBRAMO-NOS daqueles momentos em que recebe­ram o sacramento primeiro que dá a vida, quando nosso vigá­rio pronunciava sobre eles as palavras: "Eu te batizo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo". Como estará, depois de tantos anos, esta semente depositada em seu coração? Terá crescido? Que temos feito, Senhor, para ajudar este crescimen­to? Que testemunho temos dado de nossa própria fé?

SOMOS teus humildes instrumentos, Senhor, às vezes tão pobres! Tu bem sabes quantas vezes trem.emos diante de todas as tentações que assaltam nossos filhos. Sofremos, quando ve­mos a semente divina ameaçada pelo solo pedregoso de sua inconstância, pelos espinhos de suas paixões incipientes, por to­das as solicitações deste mundo que te rejeitou. Tememos os contra-testemunhos- inclusive os nossos - que os levam pou­co a pouco se afastarem de Ti. A tentação de intervir é grande, com o risco de arrancarmos juntos o trigo e o joio. Nossas im­paciências nada têm de evangélico. Perdoa-nos, Senhor, por essas fraquezas e faltas.

SENHOR, confiamos em Ti. Entregamos em Tuas mãos de Ternura nossos filhos, que são primeiro Teus. Tu os amas

·infinitamente mais do que nós os amamos. Temos a certeza de que os guardarás em teu imenso Amor. Te suplicamos, Senhor, não permitas que se afastem jamais de Ti!

AMÉM.

Annick e Jean, 20 anos de casados Três filhos, de 18, 17 e 12 anos.

(Traduzido da revista Alcance, de Nov.-Dezembro 1985)

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MAIS RETIROS

Alguns Setores e algumas Regiões já nos enviaram sua pro­gramação de retiros e de encontros para os próximos meses:

REGIAO RIO GRANDE DO SUL

Retiros: 18/19/20 de Setembro - Porto Alegre - Vila Betânia 26/27/28 de Setembro - Porto Alegre - Vila Manresa 03/04/05 de Outubro - Porto Alegre - Vila Betânia 17/18/19 de Outubro- Porto Alegre- Vila Manresa 07/08/09 de Novembro - Porto Alegre - Vila Manresa 21/22/23 de Novembro - Porto Alegre - Vila Betânia

Retiro para filhos de equipistas: 15/16 de Novembro - Porto Alegre - Vila Betânia

Sessão de Formação: 22/23/24/25 de Maio - Porto Alegre - Vila Betânia

CURITIBA - SETOR B

Retiro: 05/06 de Abri l - Curitiba - Colégio Madalena Sofia

SANTOS:

Retiro: 11/12/13 de Abril- Santos- C.E.F.A.S.

A LUZ DE CRISTO

"Consideremos de que modo convém estar na pre­sença de Deus e de seus anjos e, ao salmodiarmos, que nos mantenhamos em tal atitude que nossa mente concorde com nossa voz". São Bento.

TEXTO DE MEDITAÇÃO - Tt 2, 11-14

Com efeito, a graça de Deus se manifestou para a salvação de todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, e a viver neste mundo com auto-domínio, justiça e piedade, aguardando a nossa bendita esperança, a manifestação da glória do nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo, o qual se entregou a si mesmo por nós , para remir-nos de toda iniqüidade, e para purificar um povo que lhe pertence , zeloso no bom procedimento .

ORAÇÃO LITúRGICA

A Deus Pai todo-poderoso, que ressuscitou a Jesus, nosso Rei e Salvador, invoquemos dizendo:

Iluminai-nos com a luz de Cristo!

Pai Santo, fizestes vosso amado Filho Jesus passar das trevas da morte para a luz da glória; concedei-nos chegar à vossa luz admirável.

Vós, pela fé nos salvastes ; - que vivamos hoje na fé recebida em nosso batismo.

Vós nos ordenais buscar as realidades do alto, onde Cristo está assentado a vossa direita ;

- protegei-nos contra a fascinação do pecado . Que brilhe no mundo a nossa vida escondida com Cristo em vós ,

como profecia do novo céu e da nova terra .

Liturgia das Horas - Co-edição de: Editora Vozes Ltda . Edições Paulinas - Editora Salesiana - Dom Bosco.

EQUIPES DE NOSSA SENHORA

Movimento de· casais por uma espiritualidade

conjugal e familiar

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