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Acadêmico Vinicius Spazzapan Martins Quarto ano de Medicina Faculdade de Medicina de Marília

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Acadêmico Vinicius Spazzapan MartinsQuarto ano de MedicinaFaculdade de Medicina de Marília

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ConceitoCefaléia: Termo aplica-se a todo

processo doloroso referido no segmento cefálico, no qual pode originar-se em qualquer estruturas faciais ou cranianas.

Cefaléias Primárias: “Trata-se de cefaléia crônica,de apresentação episódica ou contínua e de natureza disfuncional, o que significa a não participação de processos estruturais na etiologia da dor1”

1- Sanvito WL and Monzillo PH. Cefaléias primárias aspectos clínicos e terapêuticos. Med Rib 1997 30:437-438.

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Bases anatômicasSensibilidade dolorosa, segmento cefálico é o mais

rico em estruturas sensíveis à dor.Sensíveis a dor: todas as estruturas faciais superficiais

ou profundas; couro cabeludo; o periósteo craniano; os vasos sanguíneos extracranianos; as artérias do círculo de Willis e as porções proximais extracerebrais de seus ramos; os grandes seios venosos intracranianos e suas veias tributárias; a parte basal da dura máter; os nervos sensitivos.

Não são sensíveis a dor: os ossos das calota craniana; as leptomeninges e a maior parte da dura máter; o parênquima encefálico e todos os vasos no seu interior.

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EpidemiologiaCefaléia sintoma mais referido na

prática clínica. Razão Mulher/Homem foi 4:1.Aproximadamente 65% dos

pacientes brancos e 55% tinha menos de 8 anos de escolaridade.

A duração da queixa de cefaléia até a primeira consulta foi de 1 a 5 anos em 32,99% dos pacientes.

Os diagnósticos mais prevalentes foram: migrânea (37,98%), cefaléia do tipo tensional-CTT (22,65%) e cefaléia em salvas (2,73%)2.

2- Felício André Carvalho, Bichuetti Denis Bernardi, Santos William Adolfo Celso dos, Godeiro Junior Clecio de Oliveira, Marin Luis Fabiano, Carvalho Deusvenir de Souza. Epidemiology of primary and secondary headaches in a Brazilian tertiary-care center. Arq. Neuro-Psiquiatr.  [serial on the Internet]. 2006  Mar [cited  2012  June  01] ;  64(1): 41-44.

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Os mecanismos envolvidos na produção de cefaléiasDeslocamento, tração, distensão, irritação

das estruturas sensíveis à dor.Vasodilatação.Teoria vasogênicaAtivação Trigeminal

Diminuição de serotonina no gânglio trigeminal cujas fibras aferentes inervam os vasos sanguíneos.

Neurologia que todo médico deve saber

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Avaliação

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Enxaqueca ou Migrânea?

Uma das doenças neurológicas mais frequentes

Internacionalmente = migraine

Enxaqueca = proveniente do árabe = ax- xaqiqâ

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Epidemiologia

Afeta de 6 a 20% dos adultos Primeiras manifestações no início da

juventude ou da vida adulta Pico de prevalência – 40 anosCausa pouco habitual de cefaléias no idosoSegundo a OMS - 19ª lugar das doenças com

maior número de anos com incapacidade Elevados custos econômicos, desprezo sicial

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Patologias Comumente Associadas

Doença cerebrovascular, tremor essencial, ansiedade, depressão, epilepsia, síndromes vertiginosas

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Manifestações Clínicas

CefaléiaIntolerância a estímulos sensoriaisNáuseas ou vômitosSintomas Neurológicos Transitórios ou Aura

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Critérios Diagnósticos

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Crise Completa da Enxaqueca

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Pródromos

• Sintomas premonitórios• Antecedem a crise em horas ou 2-3 dias• Reportados por 20-60% dos pacientes• Sensação de fadiga, dificuldade de

concentração, sonolência, bocejo incoercível, alterações do humor, rigidez cervical, apetência por determinados alimentos ou retenção hídrica

• Disfunção neuro -endócrina (hipotalâmica) ou cerebral difusa

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Aura

Em cerca de 20% dos pacientes

Sintomas neurológicos focaisMédia de 20 minutos de

duraçãoVisuais (80%), somato-

sensoriais, perturbações da linguagem e articulação verbal e raramente sintomas motores (hemiparesia)

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Fase ÁlgicaTipicamente unilateral,

sobretudo à região temporo-orbitária ou hemicraniana; muda de lado durante as crises

IntensaPulsátil Intolerância a estímulos

sensoriaisAssociação com sintomas

autonômicos e vasomotores

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Fase Pósdrômica ou ResoluçãoJá não sentem dor, porém mantêm as queixas

cognitivas e intolerância aos estímulos Crises duram de 4 a 72 horas

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Etiopatogenia – Multifatorial

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Fatores GenéticosExplicam cerca de 50% da vulnerabilidadeModuladores do limiar p/ desencadear crisesDefeitos encontrados em alguns genes

responsáveis pela estabilidade iônica da membrana celular, quer pela manutenção quer na reposição do seu gradiente iônico.

Teoria canalopatia neuronal – disfunções do equilíbrio iônico transmembrana

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Mecanismos DesencadeantesVariações hormonais, bebidas alcoólicas,

estímulos visuais, alterações do sono e stress. Hipótese da modulação do limiar

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Fisiopatologia da Crise

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Fisiopatologia da Crise •Inicia-se um ciclo de

retroalimentação, provocando disparos

neuronais espontâneos ou

desencadeados por estímulos não nociceptivos

•Esta sensibilização é responsável pela

manutenção da dor

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E os sintomas gastro-intestinais?Podem resultar tanto da estimulação direta

de centros do tronco cerebral, como da ativação do sistema parassimpático craniano através do reflexo trigemino-autonômico

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Terapêutica

Terapêutica farmacológica – estratificada de acordo com a frequência das crises e o grau de incapacidade que provocam

Distinção terapêutica aguda versus tratamento preventivo

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Terapêutica Aguda de Crise Fármacos com eficácia comprovada para

crise aguda de enxaqueca: triptanos (agonistas parciais dos receptores da serotonina), ergotamina e derivados.

AINES – inibição da inflamação neurogênica e efeito analgésico

AURA – se tem utilizado inibidores dos canais de cálcio e antiepilépticos, sobretudo o valproato de sódio e a topiramato

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Terapêutica para Crises

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Terapêutica ProfiláticaCrises frequentes, prolongadas,

incapacitantes ou quando não respondem à terapêutica aguda

Duração de alguns meses Fármacos com maior eficácia e menos efeitos

adversos são os antiepilépticos (divalproato de sódio e topiramato), os beta-bloqueadores e os anti-depressivos tricíclicos.

Em segunda linha pode-se usar antagonistas dos canais de cálcio ou outros

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Terapêutica Preventiva

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Terapêutica em Pesquisa Agentes inibidores da DAC – Tonabersat Identificação de defeitos genéticos e

moleculares – fármacos adequados a cada tipo de defeito

Técnicas de neuroestimulação (estimulação do nervo occipital

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Cefaléias em SalvasSão incluídas cefaléias caracteristicamente

intensas, unilaterais, de curta duração e associados a fenômenos de congestão conjuntival, lacrimejamento e congestão nasal.

O tipo episódico caracterizado por 1 a 3 ataques de dor periorbital de curta duração todos os dias por 4 a 8 semanas, seguidos por dor em média de 1 ano.

Crônica pode aparecer cedo ou depois de se instalar um quadro episódico.

Ataques semelhantesTratado de neurologia. Meritti

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EpidemiologiaHomens 8:1Prevalência de 69/100000 pessoas.Geralmente entre 20 – 50 anos.Propranolol e amitriptilina são praticamente

ineficazes

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ClínicaDor periorbital, ou mais raramente, temporal ou

maxilar começa sem avisos e atinge um crescente em 5 min.

Intensidade lancinante e profunda, não flutuante e de qualidade relativamente explosiva; só raramente é pulsátil.

Dor unilateral. Duração quase sempre de 30 min a 2h.

Sintomas associados: lacrimação homolateral, olhos vermelhos, congestão nasal e ptose palpebral.

Álcool provoca o ataque em 70% dos casosPeriodicidade evidente. Dor acorda paciente no

período noturno.

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Critérios Diagnósticos

2. Headache Classification Subcommittee of the International Headache Society. The International Classification of Headache Disorders. 2nd Edition. Cephalalgia 2004; 24(suppl 1):16-149.

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Patogênese

Não há alterações consistentes no fluxo sanguíneo cerebral acompanhados dos ataques de dor.

Hipotálamo é provavelmente o local de ativação, com a ativação do posterior (funções autonômicas) e anterior (núcleos supraquiasmáticos).

Lesão única no local onde as fibras das divisões trigeminais oftálmica e maxilar convergem com projeções dos gânglios cervical superior e esfenopalatino.

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Tratamento

Cefaléias Primárias, Moreira Jr

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Cefaléias Tipo TensionalCefaléia são de caráter leve ou moderada (não se acentua

com atividades rotineiras), em peso/pressão, não ocorre em apenas um lado do crânio e não é associada a sintomas como náusea e fobias sensoriais.

A prevalência se situa em 90% das mulheres e 67% dos homens,

Não procura ajuda médica e utiliza analgésicos e drogas para outros tipos de cefaléia, como a migrânea, através de automedicação.

As cefaléias do tipo tensional episódicas são mais comuns em mulheres do que em homens, melhor nível educacional. O pico de sua prevalência é na quarta década de vida. Cerca de 35% dos pacientes têm episódios de dor de 1 a 7 dias por ano; 60% têm de 8 a 179 dias anuais; e 3% mais de 180 dias de cefaléia por ano (configurando a forma crônica)

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Fisiopatologia

Um defeito no sistema opióide ou na produção de neurotransmissores tem sido hipótese plausível para diminuição do limiar no reflexo nociceptivo de flexão, quando pesquisado na cefaléia tensional crônica.

O óxido nítrico tem um importante papel na fisiopatologia das cefaléias primárias, incluindo a cefaléia tensional crônica.

Uma predisposição genética

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Tratamento

Cefaléia Tencional, Moreira Jr

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Cefaléia Crônica DiáriaDos pacientes que procuram tratamento médico para

suas dores de cabeça, cerca de 35 a 40% têm cefaléia com uma freqüência quase que diária.

Pode-se tentar enquadrar aqueles casos de cefaléia, que acometem o paciente diariamente ou quase diariamente.

Cefaléia por abuso de analgésicosDuração maior que 4 h por dia, em mais de 15 dias

por mêsMigrânea Transformada; Cefaléia Tipo Tensional

Crônica; Cefaléia Diária Desde o Início; Hemicrania Contínua.

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ClínicaEntidades clínicas diferentes e, por essa razão, seu quadro

clínico apresenta-se com uma série de sinais e sintomas bastante diversos.

Comumente acontecer entre a segunda e a quarta década de vida. Mulheres são mais acometidas que homens, como acontece com a maioria dos quadros de cefaléia, especialmente com a migrânea. O que seria esperado, visto que a maior parte dos casos de CCD evolui de um quadro prévio de migrânea episódica.

Dor constante, em pressão ou em aperto, mas pode ser pulsátil, a localização da dor, geralmente, o mesmo indivíduo pode experimentar dor em locais diferentes. As topografias mais comuns são bifrontal, ociipito-nucal, bitemporal, vértex e holocraniana. Uma minoria de pacientes pode vir a apresentar dor exclusivamente unilateral, sem variação de lado.

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ClínicaComumente, os pacientes referem algumas

características sensoriais típicas da migrânea, como fotofobia, fonofobia e osmofobia, bem como certas alterações gastrintestinais, como náuseas e anorexia. Fenômenos oculares também são descritos.

Sintomas psicológicos e manifestações psicossomáticas são comumente encontrados.

Sono, alterações climáticas, temperatura e umidade do ar e certos alimentos como o chocolate e o álcool também são referidos como agravantes da dor.

Proporcionam alívio da dor, os mais relatados são o sono, atividades de lazer, silêncio, escuridão, compressas frias e massagens.

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FisiopatologiaAlguns dados experimentais apontam para

alterações em estruturas centrais de excitação no tronco encefálico, particularmente no sistema trigeminovascular.

O papel do fator de crescimento do nervo (NGF), a sensibilização dos neurônios trigeminais e a modulação da dor no diencéfalo

Depósito de ferro na substância cinzenta periaquedutal

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TratamentoCessar por completo o uso de analgésicos, o

paciente experimenta um breve período de piora da cefaléia e o mesmo deve ser orientado que uma melhora máxima somente irá ocorrer por volta de três a seis meses após a suspensão do abuso medicamentoso e início do tratamento específico.

A m i t r i p t i l i n a, Ácido valpróico, Clorpromazina, Propranolol, Topiramato, F l u o x e t i n a.

Oliveira MF and Speciali JG. Cefaléia crônica diária: conceito e tratamento. Med Rib 2002 35:455-63

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Sinapse. Suplemento 1/ Volume 9/ Numero 2/ Novembro 2009

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A cura da cefaléia...