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SBN, quadra 1, lotes 20/21/22/23, Asa Norte - Brasília/DF, CEP 70.040-010 - Telefone (61) 3329-7900
EXCELENTÍSSIMO JUIZ FEDERAL DA ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO DISTRITO FEDERAL
PAJ n° 2015/001-00299
A DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO, por meio do titular
do Ofício de Direitos Humanos e Tutela Coletiva no Distrito Federal, e nos
termos dos artigos 5º, inciso LXXIV e 134 da Constituição Federal, artigo 4º da
Lei Complementar n° 80/94 e artigo 5º, inciso II, da Lei n° 7.347/85, vem perante
Vossa Excelência propor
AÇÃO CIVIL PÚBLICA
com pedido de antecipação dos efeitos da tutela
em face da UNIÃO (Ministério do Trabalho e Emprego) e do INSTITUTO
NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, ambos com endereços conhecidos
deste juízo, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir aduzidos, com o
objetivo de assegurar aos pescadores domiciliados no DF, quando preenchidos
os demais requisitos da Lei n° 10.799/03, o pagamento do chamado “seguro
defeso”, bem como o direito de formular o pedido desse benefício nesta Unidade
da Federação.
I – DOS FATOS
Em 22/01/2015, representantes de pescadores
profissionais domiciliados no Distrito Federal procuraram a Defensoria Pública da
União pedindo providências do Órgão em relação ao Ministério do Trabalho e
Emprego, que vinha impondo por vários anos entraves ao acesso dos assistidos
ao benefício de seguro-desemprego durante o período de defeso, conhecido
como “seguro defeso”, e garantido pela Lei n° 10.779/03 (doc. 1).
Alegaram que o MTE e a Secretaria Regional de Trabalho e
Emprego (SRTE/DF) não ofereciam estrutura no DF para recebimento dos
pedidos de seguro defeso, inviabilizando o cumprimento do disposto na
Resolução CODEFAT n° 657, de 16/12/2010 (doc. 2), que em seu art. 5°
determina que “o benefício de Seguro-Desemprego será requerido na unidade
da Federação de domicílio do pescador artesanal”.
Afirmavam que, mesmo ao procurarem Agências do
Trabalhador de outras localidades, seus requerimentos sequer eram admitidos,
ao argumento de que não residiam na localidade e, por isso, esbarrariam no
óbice constante na referida resolução do CODEFAT.
Por força desse impasse, vários pescadores domiciliados
no DF, quando atingidos pelos períodos de defeso das bacias hidrográficas da
região, se viam obrigados a procurarem Agências do Trabalhador em outros
Estados, notadamente em Unaí/MG, e a declarar endereços de familiares que
residiam naqueles Estados como forma de superar o entrave imposto pelo MTE.
Obviamente, tal solução os expunha a riscos de eventuais
acusações de falsidade nas informações prestadas.
Buscando solucionar extrajudicialmente da demanda, este
Órgão realizou em 12/02/2015 reunião com membros da Secretaria de Políticas
Públicas de Emprego – SPPE/MTE (doc. 3), com o objetivo de implementar
estrutura para recebimento dos requerimentos de seguro defeso no DF.
Na ocasião, os técnicos da SPPE/MTE esclareceram que,
de fato, as Agências do Trabalhador no DF não admitiam os requerimentos de
seguro defeso, por falta de treinamento específico dos atendentes. Questionados
sobre a possibilidade de alteração desse quadro, os representantes do Ministério
do Trabalho afirmaram que não havia tempo hábil para tanto, uma vez que a
Medida Provisória n° 665, de 30/12/2014 (doc. 4), que empreendeu profundas
modificações nos benefícios de seguro-desemprego, alterou a Lei n° 10.779/03
para transmitir ao Instituto Nacional do Seguro Social – INSS a responsabilidade
pelos futuros pedidos de seguro defeso, a partir de abril de 2015.
Na mesma ocasião, a Defensoria Pública da União
levantou a questão do recebimento do seguro defeso em curso, referente ao
período compreendido entre 1°/10/2014 a 28/02/20151, ainda de competência do
Ministério do Trabalho.
Sobre esse caso, tendo em vista que a quase totalidade
dos pescadores profissionais artesanais domiciliados no DF exercem sua
atividade em áreas do Entorno, e considerando a liberalidade concedida pelo
parágrafo único do art. 5° da Resolução CODEFAT n° 657/102, a SPPE/MTE
emitiu a Circular n° 08, de 13/02/2015 (doc. 5), autorizando excepcionalmente
que os pescadores artesanais do DF fizessem o requerimento do seguro defeso
do período 2014/2015 nas agências das localidades onde comprovem o
exercício da atividade pesqueira.
1 Conforme Instrução Normativa IBAMA n° 25, de 01/09/2009 (Bacia do Rio Paraná), Instrução Normativa Interministerial
MPA/IBAMA n° 13, de 25/10/2011 (Bacia do Rio Tocantins) e Portaria IBAMA n° 50, de 05/11/2007 (Bacia do Rio São Francisco). Tais normativas serão abordadas mais detalhadamente no item “III – DOS FUNDAMENTOS”, adiante. 2 “Art. 5º O benefício do Seguro-Desemprego será requerido na unidade da Federação de domicílio do pescador
artesanal. Parágrafo único. O Ministério do Trabalho e Emprego, por meio da Secretaria de Políticas Públicas de Emprego, disciplinará os casos em que o pescador exerça a pesca em área limítrofe da Unidade da Federação de seu domicílio.” (g.n.)
Apesar de garantido provisoriamente o direito de petição
(art. 5°, XXXIV, “a”, da CF/88), os representantes da SPPE/MTE adiantaram que
a postura do Ministério em não receber requerimentos de seguro defeso no
Distrito Federal advinha do entendimento de que os pescadores profissionais
domiciliados no DF não teriam direito ao referido benefício.
De fato, e respondendo solicitação elaborada pelo
Superintendente Federal da Pesca e Aquicultura no Distrito Federal – SPFA/DF
(docs. 6 e 7), o Ministério do Trabalho e Emprego elaborou a Nota Técnica n°
128/2015/CGSAP/DES/SPPE/MTE (doc. 8), em que expõe as razões do seu
entendimento, sintetizados no seguinte trecho:
“25. Ocorre que, diante do entendimento de (i) não haver, na região do Distrito Federal, pescadores artesanais que vivam, exclusivamente, do exercício da atividade pesqueira, assim como (ii) em razão de existir, na região geográfica do Distrito Federal, recursos hídricos disponíveis em que é permitida a atividade pesqueira durante o período do defeso mencionado pela Nota Técnica apresentada pela SFPA/DF, este Ministério do Trabalho e Emprego não entende como direito aos pescadores do Distrito Federal a concessão do benefício Seguro-Desemprego Pescador Artesanal.”
Como se verá, as premissas adotadas em tal nota técnica
não procedem e, por isso, vê-se a Defensoria Pública da União impelida a
recorrer ao Poder Judiciário para que seja reconhecido o direito de centenas de
pescadores profissionais artesanais domiciliados no Distrito Federal ao benefício
do seguro defeso, inclusive com reflexos em períodos de defeso anteriores ao
que motivou a presente ação civil pública.
Não bastante, a DPU também busca junto à Justiça o
direito desses pescadores realizarem futuros pedidos de seguro defeso em
postos de atendimento localizados no próprio Distrito Federal, sejam eles
vinculados ao Ministério do Trabalho ou, após a entrada em vigência da nova
redação do art. 2° da Lei n° 10.779/03, ao Instituto Nacional do Seguro Social.
II – DA LEGITIMIDADE DAS PARTES
II.I – DA LEGITIMIDADE ATIVA DA DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO
A ampla legitimidade ativa da Defensoria Pública para
ações de cunho coletivo em prol dos necessitados é questão remansosa na
legislação, reconhecida primeiramente no art. 5°, II, da Lei da Ação Civil Pública,
e depois incluída dentre suas funções institucionais, no art. 4°, VII, da Lei
Complementar n° 80/94.
Finalmente, a Emenda Constitucional n° 80/2014 espancou
qualquer dúvida acerca da atribuição deste Órgão na seara coletiva, ao lhe
incumbir “a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos
individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados” (art. 134,
caput, da CF/88, grifo nosso).
Frise-se, por fim, que a presente ação civil pública guarda
íntima relação com as funções institucionais mais típicas da Defensoria Pública,
porquanto se volta contra limitação ao acesso a benefício destinado
especificamente a pessoas que exercem a atividade pesqueira em caráter de
subsistência (art. 1°, § 1°, da Lei n° 10.779/03), e que envolve prestação estatal
que garante a manutenção desses pescadores e de suas famílias durante os
períodos de defeso.
Patente, portanto, a pertinência temática entre a
pretensão dos assistidos pela DPU nesta ação civil pública e o exercício das
funções típicas da Instituição, qual seja a defesa de hipossuficientes (art. 5º,
LXXIV, CF).
II.II – DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO
Até para adiantar provável alegação preliminar da parte ré,
é de se destacar que as alterações promovidas pela Medida Provisória n° 665,
de 30/12/2014 (doc. 3), não afetaram a legitimidade da União para a presente
demanda.
A uma, porque a nova redação do art. 2° da Lei n°
10.779/03 transmitiu ao INSS apenas o recebimento e processamento dos
pedidos de seguro defeso, cabendo ainda à União, seja via Ministério do
Trabalho e Emprego (vide resoluções do CODEFAT), seja por meio Ministério da
Previdência Social (vide nova redação do § 4° do aludido artigo), o
estabelecimento dos requisitos necessários ao reconhecimento do direito ao
benefício.
A duas, porque a presente ação busca contornar óbice
adotado pelo Ministério do Trabalho e Emprego na apreciação dos benefícios de
seguro defeso não só do período de 1°/11/2014 a 28/02/2015, mas também de
períodos de defeso anteriores, quando ainda detinha atribuição exclusiva para
análise dos benefícios, de forma a abrir caminho para aqueles prejudicados pela
postura do MTE reclamarem o pagamento das parcelas vencidas ainda não
atingidas pela prescrição.
Por fim, não é demais ressaltar que o pagamento dos
benefícios de seguro defeso devidos aos assistidos desta DPU correrá à conta
do Fundo de Amparo ao Trabalhador (art. 5° da Lei n° 10.779/03), fundo esse
vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego (art. 10 da Lei n° 7.998/90).
Logo, não há dúvida de que a União responde pelos fatos
narrados nesta petição exordial, sem prejuízo da legitimidade concorrente do
INSS, como será exposto no item seguinte.
II.III – DA LEGITIMIDADE PASSIVA DO INSS
Quanto à inclusão do INSS no polo passivo da ação, como
já adiantado no tópico anterior, esclarecemos que a Medida Provisória n°
665/2014 passou à Autarquia Previdenciária a competência para gestão
operacional dos pedidos de seguro defeso, conforme nova redação do art. 2° da
Lei n° 10.779/03.
Dessa forma, cabe agora ao INSS receber e processar os
pedidos de benefício, bem como proceder à habilitação daqueles que atenderem
às determinações normativas expedidas pela União.
Ora, a presente ação busca não só o reconhecimento do
direito dos pescadores artesanais do DF ao seguro defeso, o que por si só
redundará em obrigação de habilitação de benefício ao INSS, mas também a
implementação de postos de atendimento a essa população no âmbito do
Distrito Federal, até o momento negada pelo Ministério do Trabalho e Emprego,
sob a alegação de que “não foi identificada a necessidade de qualificar a
estrutura de atendimento desta modalidade no DF” (doc. 5).
Assim, considerando que os dois objetos da demanda
recaem em obrigações assumidas pelo INSS com a nova redação do artigo
supramencionado, entendemos pertinente sua inclusão no polo passivo da
demanda em litisconsórcio com a União, nos termos do art. 46, inciso I, do CPC.
III – DOS FUNDAMENTOS (I): DO DIREITO AO BENEFÍCIO
Excelência, a presente ação civil pública se destina,
primeiramente, a superar os óbices argumentativos plasmados na Nota Técnica
n° 128/2015/CGSAP/DES/SPPE/MTE (doc. 8), de forma que os pescadores
profissionais artesanais domiciliados no DF que atendam aos demais requisitos
da Lei n° 10.779/03 possam ter acesso às prestações do seguro-desemprego
por motivo de período defeso (doravante “seguro defeso”) negadas até a
presente data pelo Ministério do Trabalho e Emprego.
Para tanto, abordaremos separadamente os dois principais
argumentos adotados na referida Nota Técnica, quais sejam: 1) a ausência de
pescadores verdadeiramente artesanais no Distrito Federal; e 2) a existência
recursos hídricos no DF em que é permitida a atividade pesqueira durante o
período do defeso das demais bacias existentes na região.
Para melhor desenvolvimento do tema, os mesmos serão
enfrentados em ordem inversa.
III.I – DA CAPACIDADE PESQUEIRA NO DF EM PERÍODOS DE DEFESO
Em primeiro lugar, é de se compreender a estrutura das
bacias hidrográficas que banham o Distrito Federal, representada na imagem
que se segue:
Fonte: http://www.cbhparanoa.df.gov.br/mapas.asp
Como se vê no mapa acima, o Distrito Federal compreende
formações hídricas pertencentes a três bacias nacionais: a Bacia do Rio
Tocantins, a do Rio São Francisco e a do Rio Paraná.
Conforme exposto pelo Ministério da Pesca e Aquicultura
na solicitação enviada à SPPE/MTE (doc. 5), cada uma dessas bacias dispõe de
regulamento próprio que rege seus períodos de defeso, assim entendidos como
épocas em que se dão a reprodução de espécies nativas e, por isso, de pesca
proibida pelos Órgãos de controle ambiental (art. 1°, § 2°, da Lei n° 10.779/03).
No caso da Bacia do Rio Tocantins-Araguaia, o regramento
é fixado na Instrução Normativa Interministerial MPA/MMA n° 13, de 25/10/2011
(doc. 9), que estabelece em seu art. 5° que “o período de defeso na bacia
hidrográfica dos rios Tocantins e Gurupi será, anualmente, de 1° de novembro a
28 de fevereiro, para todas as categorias de pesca”.
Já a Bacia do Rio São Francisco é regida pela Portaria
IBAMA n° 50, de 05/11/2007 (doc. 10), que fixa em seu art. 1°, § 1°, que “o
período de defeso é anual, de 1° de novembro a 28 de fevereiro”.
Por fim, a Bacia do Rio Paraná é objeto da Instrução
Normativa IBAMA n° 25, de 1°/09/2009 (doc. 11), que também estabelece o
período de 1° de novembro a 28 de fevereiro como período de proteção à
reprodução natural de peixes.
Portanto, as três bacias hidrográficas que banham o
Distrito Federal possuem período de defeso simultâneo (01/09 a 28/02),
redundando na inviabilidade não só normativa, mas também prática do exercício
da pesca artesanal na região em torno do DF, tendo em vista a vasta dimensão
dessas bacias, como se vê nitidamente no mapa abaixo:
Fonte: http://www.cbhparanoa.df.gov.br/mapas.asp
Conclusão idêntica chegou o Ministério da Pesca e
Aquicultura em sua Nota Técnica n° 01/2014 – SFPA-DF/MPA (doc. 6).
Contudo, o foco de divergência entre o MPA e o MTE reside
em dispositivo constante na Instrução Normativa IBAMA n° 25/2009, que no § 2°
de seu art. 1° expressamente exclui o reservatório do Paranoá (Lago Paranoá)
da restrição atribuída à Bacia do Rio Paraná, remetendo ao Distrito Federal a
competência para o ordenamento pesqueiro da região.
À luz dessa ressalva, conclui a Nota Técnica n°
128/2015/CGSAP/DES/SPPE/MTE (doc. 8):
“18. Observa-se, entretanto, que o reservatório do Paranoá não possui o exercício da atividade regulamentado pela IN em comento, não tendo, até o presente momento, período de defeso instaurado em suas águas.”
Ou seja, como o reservatório (Lago) Paranoá não foi
incluído nos períodos de defeso elaborados pelas autoridades ambientais
federais, entende o MTE que os pescadores profissionais do Distrito Federal
atingidos pelas proibições nas bacias dos Rios Tocantins, São Francisco e
Paraná poderiam continuar suas atividades exclusivamente naquele lago sem
qualquer prejuízo à sua manutenção.
Trata-se de uma conclusão falha em diversos aspectos.
De início, segundo informações obtidas com a
SFPA/DF/MPA (doc. 12), o Distrito Federal conta atualmente com 422
(quatrocentos e vinte e dois) pescadores profissionais artesanais
cadastrados no Ministério da Pesca e Aquicultura, em sua maioria exercendo
suas atividades em localidades vizinhas ao DF, que contam com melhor
capacidade pesqueira que os recursos hídricos distritais.
O fato de esses pescadores residirem no DF e exercerem a
pesca em outras localidades não encontra óbice nos regulamentos do MPA, vez
que a identidade profissional tem validade nacional3, e se justifica pela condição
própria do Distrito Federal, unidade da Federação de pequena dimensão
territorial e intensa ocupação humana4.
Ora, concluir que esses quase 500 pescadores, que sequer
se servem usualmente dos recursos hídricos do DF, serão atendidos a contento
apenas pelo Lago Paranoá durante o período de proibição da pesca nas três
bacias da região, é no mínimo uma ingenuidade.
O mapa anexado a esta inicial (doc. 13) revela o
descalabro dessa visão: o Lago Paranoá, de apenas 48 km² e de utilização
3 Art. 2°, IV, da Instrução Normativa MPA n° 6, de 29/06/2012. 4 Segundo dados do IBGE (http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=df), o DF possui 444,66 habitantes/km², sendo a UF com maior densidade demográfica do país, que possui média de apenas 23 habitantes/km².
tipicamente urbana, não tem condições de absorver sequer a demanda dos
demais cursos hídricos do Distrito Federal, que se estendem pelos 5.780 km² de
sua extensão territorial. O que dirá então das atividades pesqueiras exercidas
por centenas de moradores do DF na região do Entorno.
Além dos impedimentos materiais, verificamos também
impedimentos de natureza normativa à exploração pesqueira do Lago Paranoá.
Neste tocante, é notória a confusão instaurada na
legislação distrital quanto ao ordenamento da ocupação e exploração do
território do Distrito Federal, que vêm dando azo à atuação ilícita de grileiros e
outras práticas do gênero. A exploração pesqueira do Lago Paranoá,
infelizmente, não constitui exceção a essa regra. Senão vejamos.
Duas são as leis distritais que tratam do assunto, a Lei n°
3.066, de 22/08/2002 (doc. 14) e a Lei n° 3.079, de 24/09/2002 (doc. 15).
Já na primeira leitura desses diplomas normativos,
sobressai o claro conflito entre suas disposições: enquanto a Lei n° 3.066/02
autoriza a pesca profissional em locais específicos do Lago Paranoá (art. 1°),
a Lei n° 3.079/02, editada um mês após, proíbe integralmente a pesca
profissional no mesmo local (art. 1°).
Segundo o Sistema Integrado de Normas Jurídicas do DF –
SINJ-DF, a Lei n° 3.079/02 teria revogado tacitamente a Lei n° 3.066/02 (doc.
16). Ou seja, atualmente, a pesca profissional não seria permitida no reservatório
do Paranoá.
Ainda que assim não se entenda, a própria lei autorizadora
(n° 3.066/02), em seu art. 4°, estabelece que “só poderá exercer a pesca
profissional no Lago Paranoá, o pescador do Distrito Federal ou de outros
estados da Federação que estiver devidamente filiado à Cooperativa dos
Pescadores do Lago Paranoá – COOPELAP-DF, entidade credenciada no
Departamento de Pesca e Agricultura do Ministério da Agricultura e do
Abastecimento, ou instituição semelhante registrada e domiciliada no Distrito
Federal” (g.n.).
Ocorre que a COOPELAP-DF se encontra há muito
desativada, com baixa de seu registro fiscal na Receita Federal do Brasil por
omissão contumaz (doc. 17). De outro giro, ainda segundo informações
prestadas pela SFPA/DF (doc. 12), não há outra colônia de pescadores com
domicílio no DF em seus registros.
Essa ausência não é de causar espécie: até por exercerem
suas atividades em áreas fora do Distrito Federal, os pescadores aqui
domiciliados estão, em sua quase totalidade, vinculados à Colônia de
Pescadores e Aquicultores sediada em Unaí/MG, cujo estatuto social (doc. 18)
consigna expressamente sua base territorial, abrangendo “o município de Unaí,
Distrito Federal, Natalândia, Cabeceira Grande, Palmital, Ruralminas e todos os
assentamentos das cidades mencionadas” (art. 2°, g.n.).
De qualquer forma, seja sob a proibição estabelecida na
Lei Distrital n° 3.079/02, seja pela inviabilidade prática de atenderem às
condicionantes do art. 4° da Lei Distrital n° 3.066/02, resta claro que os
pescadores domiciliados no DF também não têm meios de exercer regularmente
sua atividade pesqueira no Lago Paranoá.
Em conclusão, a prevalecer a postura adotada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego na Nota Técnica n°
128/2015/CGSAP/DES/SPPE/MTE, os pescadores residentes no Distrito Federal
se verão obrigados, durante o período de defeso das bacias que banham o DF, a
sobreviverem da pesca em um diminuto reservatório hídrico (menos de 1% da
área total da UF), intensamente urbanizado, sem sequer clara autorização do
governo local para seu uso (muito pelo contrário).
Trata-se, pois, de evidente negação dos objetivos próprios
do benefício instituído pela Lei n° 10.779/03, que se destina justamente a
assegurar a manutenção dos pescadores artesanais quando sua exploração
econômica é inviabilizada pelo período de defeso na região em que atuam.
Portanto, o primeiro argumento adotado pela mencionada
Nota Técnica evidentemente não deve prevalecer.
III.II – DOS PESCADORES PROFISSIONAIS ARTESANAIS DO DF
Além do exposto no item anterior, a Nota Técnica n°
128/2015/CGSAP/DES/SPPE/MTE também entende incabível o pagamento do
seguro defeso, no caso, por “não haver, na região do Distrito Federal,
pescadores artesanais que vivam, exclusivamente, do exercício da atividade
pesqueira”.
Excelência, a mera leitura do inteiro teor da Nota Técnica já
evidencia que tal alegação não tem qualquer fundamento. Em nenhum ponto do
documento há indicação de fatos concretos que indiquem a ausência de
potenciais beneficiários do seguro defeso nesta Unidade da Federação.
Diversamente ao alegado, o Ministério da Pesca e
Aquicultura informa 422 pescadores artesanais domiciliados no DF
cadastrados no Registro Geral da Atividade Pesqueira – RGP (doc. 12).
Como já dito, a quase totalidade desses pescadores
acabam exercendo sua atividade em outras Unidades da Federação, nos
arredores do Distrito Federal. Mesmo assim, optam por manter residência nesta
UF em razão do elevado nível de desenvolvimento humano local, que
oferece melhor condição de vida para suas famílias que as localidades mais
pobres em que realizam a pesca profissional.
De qualquer forma, é certo que nem todos eles farão jus ao
benefício, pois a Lei n° 10.779/03, com a redação dada pela MPv n° 665/14 (doc.
4), exige ainda o exercício ininterrupto da atividade pesqueira e a inexistência
de outra fonte de renda para sua subsistência (art. 2°, III) como pré-requisitos
ao deferimento do seguro defeso.
Ocorre que a postura adotada pelo MTE impede a
análise dos casos concretos, de forma a distinguir, dentre os 422 cadastrados
no RGP, aqueles que vivam exclusivamente da pesca.
Trata-se, na verdade, de postura eminentemente
preconceituosa daquele Ministério, fundada apenas no local de origem do
requerente, o que agride de morte o princípio da igualdade (art. 5°, caput, da
CF/88).
Evidente, pois, que tal argumento também não deve
prevalecer.
III.III – DAS CONCLUSÕES
Excelência, nos dois itens anteriores, demonstramos como
os argumentos adotados pelo MTE contra o direito dos pescadores do DF ao
seguro defeso de pescadores não se sustentam minimamente.
De um lado, a crença de que os pescadores podem ser
atendidos pelo Lago Paranoá no período de defeso na região esbarra nas
evidentes limitações materiais daquele reservatório, bem como nas vedações da
legislação local à pesca profissional.
De outro, a alegação de inexistência de pescadores
verdadeiramente artesanais no DF carece de qualquer justificativa, e revela o
fundo arbitrário da postura do MTE ao negar sequer a análise concreta dos
pedidos.
Feitas essas colocações, é bom esclarecer que a DPU não
pretende que o Judiciário se substitua ao MTE e conceda indistintamente, a
todos os 422 pescadores artesanais do DF, as parcelas do seguro defeso
negadas por anos naquele Ministério.
Em verdade, o que se busca é que o Judiciário reconheça
que o período de defeso nas bacias regionais que banham o DF efetivamente
prejudica a atividade profissional dos pescadores domiciliados nesta Unidade
Federativa, e, assim, imponha à União (Ministério do Trabalho e Emprego) e
ao Instituto Nacional do Seguro Social (pós vigência da MPV n° 665/14) a
obrigação de analisar individualmente todos os pedidos de seguro defeso
formulados por pescadores do DF, onde eles terão oportunidade de
demonstrar o exercício ininterrupto de sua profissão e a ausência de outra fonte
de renda, perfazendo os requisitos da Lei n° 10.779/03.
Mais ainda, para reparar minimamente os danos já
infligidos a tal parcela da população ao longo dos anos em que se observou a
ilegal vedação, pretendemos também que se obrigue a União a receber,
analisar e eventualmente conceder pedidos de benefícios de pescadores
do DF retroativos aos períodos de defeso dos últimos 5 (cinco) anos, nos
termos do Decreto n° 20.910/32.
III – DOS FUNDAMENTOS (II): DO DIREITO AO ATENDIMENTO NO DF
O segundo pleito que motiva a presente ação civil pública é
uma decorrência lógica do primeiro pleito. Afinal, uma vez reconhecida a
existência de potenciais beneficiários do seguro defeso residentes no Distrito
Federal, impõe-se ao Poder Público a obrigação de criar estruturas de
atendimento aptas a receber pedidos administrativos dessa natureza nesta
Unidade da Federação.
Todavia, o pleito se sustenta em premissas ainda mais
basilares.
Afinal, tal obrigação estatal é consectária dos direitos
fundamentais de informação e de petição em face do Poder Público (art. 5°,
incisos XXXIII e XXXIV, “a”, da CF/88), pelos quais qualquer interessado, ainda
que se entenda não ter direito ao benefício, deve ter garantido o acesso à
negativa formal de seu pleito, até como forma de viabilizar o questionamento
judicial da postura adotada pela Administração.
Não bastante, e como já dito, a Resolução CODEFAT n°
657, de 16/12/2010 (doc. 2), determina em seu art. 5° que “o benefício de
Seguro-Desemprego será requerido na unidade da Federação de domicílio do
pescador artesanal”.
Portanto, além do direito à análise de seu pedido, o
pescador do Distrito Federal interessado no seguro defeso tem o dever de
realiza-lo nesta localidade.
Ocorre que a União, por meio do Ministério do Trabalho e
Emprego, deixou claro seu desinteresse em criar tal estrutura de atendimento no
Distrito Federal, apenas em virtude de sua convicção em torno da ausência de
potenciais beneficiários nesta UF, como se denota da Circular n° 08, de
13/02/2015 (doc. 5):
“4. Considerando que até a presente data não foram identificados os requisitos legais para a concessão do benefício do Seguro-Desemprego Pescador Artesanal na região geográfica do Distrito Federal, não foi identificada a necessidade de qualificar a estrutura de atendimento desta modalidade de benefício no DF, não havendo tempo hábil para fazê-lo até 28/02/2015.” (g.n)
Tal resistência gerou inúmeros constrangimentos aos
pescadores do DF, que não logravam realizar seus pedidos nesta região, por
ausência de agências habilitadas ao seu recebimento, nem outras localidades,
tendo em vista a limitação territorial da mencionada Resolução do CODEFAT.
Isso obrigou muitos a recorrer a endereços de parentes para burlar o óbice
oferecido pela União, expondo-os à responsabilidade penal apenas para verem
realizado um direito que lhes é na Constituição.
Graças à atuação extrajudicial desta Defensoria Pública, o
MTE abriu extraordinariamente uma exceção à sua postura, admitindo apenas
para o período de 2014/2015 o recebimento dos pedidos de seguro defeso de
residentes do DF, porém em agências de outros Estados, onde os pescadores
exercem usualmente sua atividade profissional.
Ora, tal postura revela que a própria União reconhece o
direito de petição dos residentes no Distrito Federal, ainda que discorde do
acesso ao benefício.
Logo, é manifesta a abusividade na resistência em
implantar estruturas de atendimento no DF, ou ao menos capacitar as já
existentes (agências do trabalhador ou, após vigência da MPv n° 655/14, da
Previdência Social), de forma a dar adequado processamento aos pleitos dos
moradores desta Unidade Federativa. Nesse sentido é a jurisprudência do
Tribunal Regional Federal da 1ª Região:
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. REQUERIMENTO DO SEGURO-DESEMPREGO NO PERÍODO DE DEFESO DA ATIVIDADE PESQUEIRA, INSTITUÍDO PELA LEI Nº. 10.779/2003. DIREITO DE PETIÇÃO ASSEGURADO AO PESCADOR. DEVIDO PROCESSO LEGAL. MANUTENÇÃO DO JULGADO. I - Nos termos da Resolução nº. 468, de 21/12/2005, do Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT, que estabelece e consolida critérios para a concessão do Seguro-Desemprego aos pescadores artesanais durante os períodos de defeso, instituído pela Lei nº. 10.779/2003, "o benefício do Seguro-Desemprego, será requerido pelo pescador profissional na categoria artesanal, na Delegacia Regional do Trabalho - DRT, ou no Sistema Nacional de Emprego - SINE, ou ainda, nas entidades credenciadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego - MTE". II - Há de se ver, na espécie, que não se discute sobre a procedência, ou não, do requerimento administrativo que pretendem formular os
representados pela impetrante, pretendendo estes o simples reconhecimento do exercício do direito fundamental de petição (CF, art. 5º, XXXIV) e do devido processo legal (CF, art. 5º, LV), pelo que não merece qualquer reparo o julgado monocrático que determinou à autoridade coatora que receba os requerimentos administrativos do seguro-desemprego (seguro-defeso) dos pescadores profissionais, categoria artesanal, fornecendo-lhes os comprovantes devidos, ou, no caso de não recebimento dos requerimentos, forneça-lhes comprovantes formais acerca da tentativa dos pescadores de requerer o seguro-desemprego (seguro defeso), com apresentação do justo motivo da recusa. III - Remessa oficial desprovida. Sentença confirmada. (TRF1ª Região - REOMS: 12748920134013100. Quinta Turma. Rel.
Des. Fed. Souza Prudente. Data de Publicação: 30/10/2014) (g.n)
Por esses motivos, requer seja a União e o INSS
condenados a implantar estrutura de atendimento para recebimento de
pedidos de seguro defeso no Distrito Federal, ou ao menos capacitar posto
já existente (agências do trabalhador ou da Previdência Social) para tal fim,
no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, de forma a viabilizar aos interessados
no benefício da Lei n° 10.779/03 residentes no DF o exercício dos direitos
plasmados nos art. 5°, incisos XXXIII e XXXIV, “a”, da Constituição Federal.
IV – DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA
O art. 12 da Lei n° 7.347/85 prevê a possibilidade de
concessão de medida liminar em ação civil pública, condicionada, conforme art.
273 do Código de Processo Civil, ao atendimento dos requisitos de
verossimilhança das alegações e fundado receio de dano irreparável ou de difícil
reparação.
No caso, entendemos presentes os dois requisitos, a
justificar a imediata intervenção do Judiciário no caso para tutelar parcialmente
o objeto da demanda.
Afinal, restou demonstrado no item “IV – DOS
FUNDAMENTOS (II)” que atualmente inexistem locais para recebimento de
pedidos de seguro defeso no Distrito Federal.
Pois bem, malgrado a posição da União sobre a
inexistência do direito dos pescadores do DF ao benefício, no mesmo tópico
demonstramos que esses interessados têm, ao menos, o direito de efetuar o
requerimento e receber as razões de eventual negativa, à luz do art. 5°, incisos
XXXIII e XXXIV, “a”, da CF/88.
Ademais, entendemos que a criação de uma estrutura de
atendimento no DF, sobretudo mediante aproveitamento da rede já existente,
seja das agências do trabalhador, seja atualmente das agências da Previdência
Social, não redundará em comprometimento relevante de custos do Poder
Público.
Logo, é evidente que o segundo pleito deduzido nesta ACP
desde já se reveste de verossimilhança.
Quanto ao requisito da urgência, entendemos que a
pendência de julgamento da ação poderá perpetuar o impasse em que se
encontram os pescadores do DF quanto ao exercício de seu direito de petição,
que foi emergencialmente tutelado para o período de defeso de 2014/2015
graças ao disposto na Circular n° 08, de 13/02/2015 (doc. 5).
Ocorre que esse ato administrativo não será observado nos
próximos períodos, sobretudo porque é dirigido apenas às agências ligadas ao
Ministério do Trabalho e Emprego, e a responsabilidade pelo recebimento dos
pedidos passou desde o início deste mês ao Instituto Nacional do Seguro Social,
conforme MPv n° 665/14.
Logo, e diante da notória demora na tramitação de ações
civis públicas, é grande o risco de que, quando do advento do próximo período
de defeso nas bacias hidrográficas que banham o DF e seu entorno, ainda não
haja qualquer posto habilitado do INSS para recebimento de pedidos de seguro
defeso a pescadores residentes no DF.
Tal situação, por certo, inviabilizará inclusive a possibilidade
desses cidadãos de buscarem o Judiciário para questionar individualmente a
negativa administrativa, por absoluta ausência de documento que ateste essa
situação.
Assim, com o objetivo de resguardar provisoriamente, ao
mesmo tempo, o direito de petição e de acesso ao Judiciário dos pescadores
residentes no DF enquanto pendente o resultado final da presente ação, requer
a concessão da parcial antecipação da tutela, de forma a obrigar o
Instituto Nacional do Seguro Social a implantar ou capacitar ao menos uma
agência da Previdência Social do Distrito Federal para recebimento e
análise de pedidos de seguro defeso formulados pescadores residentes
nesta UF, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias.
V – DOS PEDIDOS
Ante o todo exposto, requer a autora:
a) a concessão do pedido de parcial antecipação da
tutela, para obrigar o Instituto Nacional do Seguro Social a implantar ou
capacitar ao menos uma agência da Previdência Social do Distrito Federal para
recebimento e análise de pedidos de seguro defeso formulados pescadores
residentes nesta UF, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, garantindo tal
prestação de serviço até decisão final desta ação;
b) a citação da ré para que, querendo, ofereça resposta no
prazo legal;
c) a oitiva do Ministério Público Federal, nos termos do art.
5°, §1°, da Lei n° 7.347/85;
d) seja, ao final, a presente ação civil pública julgada
procedente quanto ao primeiro pleito (item III), nos seguintes termos:
d.1) para declarar, à vista do benefício da Lei n°
10.779/03, que o período de defeso imposto pelas
autoridades ambientais nas bacias hidrográficas
regionais que banham o Distrito Federal efetivamente
inviabiliza a atividade profissional dos pescadores
artesanais domiciliados nesta Unidade Federativa;
d.2) sucessivamente, à luz do pedido “d.1”, para
condenar a União e o INSS a analisar e, se atendidos
os demais requisitos da Lei n° 10.779/03, conceder os
pedidos de seguro defeso formulados por pescadores
artesanais domiciliados no Distrito Federal, dando-lhes
oportunidade de demonstrar o exercício ininterrupto de
sua profissão e a ausência de outra fonte de renda;
d.3) ainda, e com o objetivo de reparação dos danos
infligidos, condenar a União a receber, analisar e
eventualmente conceder pedidos de benefício de
pescadores do DF referentes aos períodos de defeso
dos últimos 5 (cinco) anos anteriores à propositura da
ação, desde que atendam às demais exigências
documentais constantes na atual redação da Lei n°
10.779/03.
e) seja, ainda, a ação julgada procedente quanto ao
segundo pleito (item IV), confirmando-se o pleito liminar, para condenar a União
e o INSS a implantar e manter estrutura de atendimento para recebimento de
pedidos de seguro defeso no Distrito Federal, ou ao menos capacitar posto já
existente (agências do trabalhador ou da Previdência Social) para tal fim, no
prazo máximo de 60 (sessenta) dias.
Requer, ainda, a observância da intimação pessoal e da
contagem em dobro dos prazos processuais, conforme art. 44, I, da Lei
Complementar n° 80/94.
Por fim, protesta provar o alegado pelos documentos já
anexados a esta inicial e por todos os meios de prova em Direito admitidos.
Confere-se à causa o valor simbólico de R$ 1.000,00.
Nestes termos, pede deferimento.
Brasília/DF, 8 de abril de 2015.
EDUARDO NUNES DE QUEIROZ Defensor Público Federal