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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES (UCA M) A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇAO E M DIREITO PROCESSO CIVIL AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MEIO AMBIENTE (de acordo com a Lei n.7.347 de 24 de julho de 1985) AUTORA: V ANIA CUNHA FOLLY - K200226 - TURMA: K023 ABRIL/2006 - RJ

AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MEIO AMBIENTE (de acordo com a … CUNHA FOLLY.pdf · RESUMO FOLLY, Vânia Cunha Folly ... A ACP consiste da tutela dos direitos coletivos e difusos,

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES (UCAM)

A VEZ DO MESTREPÓS-GRADUAÇAO EM DIREITO PROCESSO CIVIL

AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MEIO AMBIENTE (de acordo com a Lei n.7.347 de 24 de julho de 1985)

AUTORA: VANIA CUNHA FOLLY - K200226 -

TURMA: K023

ABRIL/2006 - RJ

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MEIO AMBIENTE (de acordo com Lei n. 8.347, de 24 de julho de 1985)

Monografia apresentada ‘a banca examinadora doCurso curso de especialização em direito processual civilda UCAM - da (UCAM) – Vez do Mestre – para obtenção do graude especialista de especialista em direito processual civil, sob a

orientação do professor Jean Alves.

AUTORA: VANIA CUNHA FOLLY

ABRIL/2006 - RJ

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES (UCAM)

A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO PROCESSUAL CIVIL

AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MEIO AMBIENTE (de acordo com a Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985)

VANIA CUNHA FOLLY

Monografia apresentada comoExigência do curso depós-graduação em direitoprocessual civil , UCAM A vezdo Mestre.

Banca examinadora:

Orientador presidente: Professor Jean AlvesMembro interno prof.:__________________Membro interno prof.:__________________

RIO DE JANEIRO/RJ

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Registro meus agradecimentos aocorpo Docente da Pós-Graduação

em Direito Processual Civil, A vez do Mestre.

Agradeço, carinhosamente, aos Professores, Drs. Jean Alves Pereira Almeida, Cristina Almeida e Rodrigo Fogaça.

Varanda, pelas brilhantes aulas ministradas que fizeram a autora apaixonar mais pelo Direito Processual Civil.

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Agradecimento

Registro meus agradecimentos aos meus amigos, Drs. Rodrigo Santos Borges, pela amizade, na indicação deste tema, na pesquisa da doutrina e jurisprudência;

Melissa Cavalcante Bastos , jovem e

talentosa advogada, que com dedicação impar contribui para o nosso crescimento;

Maria Eliane de Almeida Gomes Caetano, pela profunda amizade, na árdua tarefa

de nossos dias.. .

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Agradecimento Especial, a duas pessoas brilhantes, dando-me belos ensinamentos

na nossa vida acadêmica, Drs. Rosangela Cunha Silva Moreira e Marcelo Gaspar Ginefra Moreira.

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Dedico este trabalho da DEUS Que segura a minha E me conduz

A meus pais, João (falecido) e Wanda, por tudo que fizeram por mim no decorrer de minha vida, fornecendo-me forças, orgulho da minha existência.

As minhas irmãs, Vera e Vilma meu complemento familiar.

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Ao meu marido, Milton, pela compreensão, sabedoria, paciência em razão de valiosos momentos de nossas vidas em comum, base

sólida de nosso equilíbrio.

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Existirá sempre um sol brilhando, um céu azul, capaz de nos mostrar o

brilho do caminho a seguir. (Valdeti Poli)

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RESUMO

FOLLY, Vânia Cunha Folly. Ação Civil Pública no Meio Ambiente. RJ. UCAM – Campus Carmo, 2006, fls. 84 . Pós-Graduação “lato sensu” em Direito Processo Civil.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MEIO AMBIENTE (de acordo com a Lei n. 7.347, de 25 de julho de 1985)

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ABREVIATURAS E SIGLAS USADAS

ACP Ação Civil Pública

Art. Artigo

CDC Código de Defesa do Consumidor

CF Constituição Federal

CPC Código de Processo Civil

CSMP Conselho Superior do Ministério Público

ECA Estatuto da Criança e Adolescente

IQ Inquérito Civil

LACP Lei de Ação Civil Pública

MP Ministério Público

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SUMARIO ___________

Introdução 15

CAPÍTULO I. AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MEIO AMBIENTE 16

1.0 Conceito da Lei n. 7.347/85 16

1.1 Natureza da Lei 161.2 Objetivos 171.3 Histórico das Ações Coletivas 17

CAPÍTULO II. LEGISLAÇÃO COMPLEMENTARES 19

2.0 Legislação Complementares 19

CAPÍTULO III. INTERESSES COLETIVOS 20

3.0 Interesses metaindividuais e transindividuais 203.1 Dos interesses difusos no sentido amplo 203.2 Dos interesses coletivos em sentido estrito 203.3 Dos interesses individuais homogêneos 213.4 Diferenciação 223.5 Quadro Demonstrativo 23

CAPÍTULO IV. TUTELA PREVENTIVA 25

4.0 Tutela Preventiva 254.1 Tutela de Urgência em Matéria Ambiental 254.3. Fungibilidade dos pedidos 274.4 Liminares na ACP 27

CAPÍTULO V. SENTENÇA E COISA JULGADA 29

5.0 Sentença e Coisa Julgada 29

CAPÍTULO VI. INQUERITO CIVIL 30

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6.0 Aspectos gerais 306..1 Objeto 306.2 Arquivamento 31

CAPÍTULO VII. MEIO AMBIENTE 32

7.0 Relação entre o meio ambiente e os direitos humanos 327.1 Termo de Ajustamento de Conduta 337.2 Previsão Constitucional da Proteção ao Meio Ambiente 357.3 Inaplicabilidade da Teoria do Risco Integral 36

CAPÍTULO VIII. RESPONSABILIDADE CIVIL NO MEIO AMBIENTE 38

8.0 Evolução Histórica 388.1 Aspectos Gerais 388.2 Responsabilidade Civil por Dano Ecológico 38

8.2.1 – Dano e Reparação 398.3 Responsabilidade Objetiva do Poluidor 40

CAPÍTULO IX. REPARAÇÃO DO DANO 41

9.0 Histórico 419.1 Reparação do Dano 419.2 Formas de Reparação 41

CAPITULO X. DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 42

10.0 Histórico 42 10.1 – Desenvolvimento Sustentável 42

CONCLUSÃO 44

BIBLIOGRAFIA 45

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ANEXOS 47

FOLHA DE AVALIAÇÃO 84

INTRODUÇÃO

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______________

No presente estudo, abordaremos a ação civil pública no meio ambiente, objetivando provocar reflexão acerca da importância em que o ser humano está ameaçado pela contaminação da globalização e trazer ‘a lume o perfil do Ministério Público inserido no contexto social.

Dividimos o trabalho em dez capítulo, 1º trata da natureza, objeto e histórico da ação civil pública; o segundo define as legislações complementares; no terceiro capítulo abordaremos as ações coletivas e os seus interesses; o quarto define as tutelas preventivas, fungibilidade e liminares na ação civil pública; no quinto capítulo; abordaremos a sentença e coisa julgada; o sexto, o inquérito civil; o sétimo , relação entre o meio ambiente e os direitos humanos; termo de ajustamento de conduta , previsão constitucional e a inaplicabilidade da teoria do risco integral; no capítulo oitavo, abordares a responsabilidade civil, evolução histórica, responsabilidade por dano ecológico,objetiva do poluidor , abordaremos no capítulo novo a reparação do dano, jurisprudência e formas de reparação; e no décimo abordaremos o desenvolvimento sustentável e o último a conclusão.

Para isso usaremos doutrina especializada, legislação vigente, jornais, jurisprudência , reportagens, modelos de inquérito civil e ação civil pública, serão as bases do nosso estudo

CAPÍTULO I

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AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MEIO AMBIENTE

1.0 . Conceito da Lei n. 7,347/85

Disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico (vetado) e dá outras providências.

1.1 . Natureza da Lei

A natureza da Lei é dividida em 2 grupos distintos, que são as leis matérias e as leis formais.

Pelo antigo código civil no art. 75, as leis formais são as conseqüências das leis materiais.

Podemos afirmar que a LACP é de natureza formal , que regulariza a ação nos vários direitos subjetivos e deveres jurídicos relativos ao meio ambiente, ao consumidor e outros interesses coletivos e difusos.

Só em poucos casos, acidentalmente, a lei exibe normas de direito material.

A ACP consiste da tutela dos direitos coletivos e difusos, como consta no art.1º.

No art. 129,III, da Constituição de 1988, compete ao MP, promover o inquérito civil e ACP para proteção do patrimônio público e socialdo meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

A Constituição anterior não mencionava os interesses difusos e coletivos, previa a tutela de diversas categorias sem especificá-los.

Na nova carta tomou mias suscetível em proteger outros direitos transindividuais, referindo a outros interesses coletivos e difusos.

1.2. Objetivo

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17O objetivo na ação civil pública é o cumprimento de obrigação

de faze e não fazer

O objeto pode ser imediato quando a providência jurisdicional postulada na demanda: a declaração de relação jurídica, a condenação do réu ‘a indenização , e mediato é quando o bem do autor pretende conseguir por meio dessa providência.

O objeto imediato há de ser sempre único e determinado, enquanto o mediato há de ser, como regra, certo e determinado1

1.3 . Histórico das Ações Coletivas

Surgiram na Inglaterra os primeiros conflitos de interesse de forma coletiva. O primeiro caso ocorreu por volta do ano de 1.199, outros casos sucederam, e as ações coletivas passaram ser mais freqüente nos séculos XIV e XV.2

Quanto a evolução dessas ações (demanda) no direito inglês culminou com a criação das representative actions quando fosse necessária a quantidade de pessoas envolvidas na controvérsia, com total inviabilidade da formação de litisconsórcio.

Nos Estados Unidos as ações de classe – class actions -grupos específicos da sociedade que passaram e que foram reconhecidas no direito brasileiro.

Na Itália, MAURO CAPPELLETI o precursor das idéias da defesa de interesse coletivos cujos trabalhos acabaram sendo publicados com titulação relativa as ações para tutela daqueles interesses. Já VINCEZO VIGORITE publicou obra “ Interesse colletivi e pçrocesso: la legitimazione ad agire” desenvolvendo o tema a luz da participação popular, em 1979.3

Já na França , não existiu as ações, é admitida a ação pública (action civile) limitada a legitimidade ativa ‘as associações de defesa de tais interesses.

Em Portugal , adota a ação popular, em sede constitucional e idônea a mesma tutela. 1 JOSE DOS SANTOS CARVALHO FILHO, “ Ação Civil Pública” , Ed.Lúmen Júris, 2005, p;67.2 ALUISIO GONÇALVES DE CASTRO MENDES, “ Ações Coletivas”, Ed.RT,2002.p.43.3 ALUISIO GONÇALVES DE CASTRO MENDES, ob.cit.pp.101-107

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Na Espanha, em sua Constituição não fez provisão expressa das ações coletivas mas a legislação infraconstitucional supriu a lacuna através da Lei n. 20/1984, com o título de “Ley General de la Defensa de los Consumidores y Usuários” onde alude as associações, agrupamento ou confederações com representantes dos grupos interessados na tutela.

As Constituições Portuguesas e Espanhola são as mais progressistas nos direitos individuais e coletivos.

A conclusão é que no nosso ordenamento jurídica aliou-se nos países modernos ampliando os mecanismos da defesa coletiva.

CAPITULO II _______________

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LEGISLAÇÕES COMPLEMENTARES

2.0 . Legislações Complementares

. Lei n. 7.853, de 24 de outubro de 1989, apoio as pessoas, portadoresde deficiência a sua integração social, criando órgão próprio para proteção desses interesses, com atuação do MP, conferindo-lhe legitimação ativa para ajuizar (art. 3º) e legitimidade recursal (art. 4º $2º) impondo sua intervenção obrigatória das ações coletivos ou individuais (art. 5º) e instauração do inquérito civil (art.6º);

Lei n. 7.913, de 07 de dezembro de 1989, responsabilidade por danos causados aos investidores no mercado de valores mobiliários, legitimidade do MP a fim de evitar prejuízos em operações financeiras.

Lei n. 8.069, de 13 de setembro de 1990, ECA - Estatuto da Criança e Adolescente, legitimando o MP (art. 210,I) e inquérito civil (art. 223);

Lei n. 8,078, de 11 de setembro de 1990, CDC – Código de Defesa do Consumidor, foi admitida a tutela coletiva nos direitos dos consumidores (art. 81 $u e 91) e legitimidade do MP (art. 82, I e 92); e,

Lei n. 10.741, de 01 de outubro de 2003, Estatuto do Idoso, regulamentada pelo art. 230 da CF/88.Esta lei destina um capítulo específico em defesa dos interesses difusos, coletivos e individuais, indisponíveis ou homogêneos referente a idosos. Esta lei foi empregada no sentido genérico e nela inclui a ACP.

CAPÍTULO III ________________

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INTERESSES COLETIVOS

3.0 . Dos interesses metaindividuais e transindividuais

São interesses que excedam o âmbito estritamente individual, mas não chegam a constituir interesse público. São interesses entre o particular e o público secundário do Estado.

3.1. Dos interesses difusos no sentido amplo

São interesses ou direitos transindividuais de natureza individual. São unidos por pontos conexos e o objeto é indivisível, são os direitos da 3º geração.

Direitos da 3º geração são os direitos dos consumidores e aqueles ligados ‘a ecologia, são os direitos da modernidade , onde existe a preocupação do homem consumidor.

Esse interesse são titulares indetermináveis, são ligados por circunstância de fato, não há relação jurídica, são direitos transindividuais. Há uma indeterminação dos titulares e a inviabilidade do objeto., revela-se intensa conflituoridade (conflitualitá massima) , conflitos de interesses contrapostos dos grupos em litígio.

3.2. Dos Interesses Coletivos no sentido estrito

São os grupos, categorias ou classe de pessoas, são ligadas pela mesma relação jurídica básica.

Define Ada Pellegrini Grinover, em A Problemática dos Interesses Difusos, Interesses coletivos como “ os interesses comuns a uma coletividade de pessoas e apenas a elas, mas ainda repousando sobre um vínculo jurídico definido que os congrega. A sociedade comercial, o condomínio

a família dão margem ao surgimento de interesses comuns, nascidos em função da relação-base que congrega seus componentes, mas não se confundindo com os interesses individuais. Num plano mais complexo, onde o conjunto de interessados não é mais facilmente determinável, embora ainda

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21exista a relação-base, surge o interesse coletivo do sindicato, a congregar todos os interesses de uma categoria profissional” .4

Existe uma relação jurídica, unindo os sujeitos interesses, como por exemplo, condomínios.

A Constituição de 1988 trouxe expressa declaração dos Direitos coletivos, em seu art. 5º (Direitos Individuais e coletivos). Sempre entendemos que os direitos coletivos seriam o gênero do qual os difusos (expressos explicitamente no art. 129, inciso II, da CF) e os coletivos em sentido estrito seriam as espécies.

3.3 . Dos interesses individuais homogêneos

O Código de Defesa do Consumidor., Lei n. 8.078/90, em seu artigo 81, parágrafo único, III, conceitua interesse ou direitos individuais homogêneos.

Como define Ada Pellegrini Grinover, o CDC , veio coroar o trabalho legislativo, ampliando o âmbito de incidência da LACP, ao determinar sua aplicação a todos os interesses difusos e coletivos, e criando uma nova categoria de direitos difusos e coletivos, individuais por natureza e tradicionalmente tratados apenas a título pessoal, mas conduzíveis coletivamente perante a justiça civil, em função da origem comum, que denominou direitos individuais homogêneos.5

É sub-espécie dos interesses coletivos, não há relação jurídica, mas interesses individuais idênticos, unindo-se numa só ação, tem origem comum.

O MP tem legitimidade para poder agir na defesa dos interesses individuais homogêneos como: digam ‘a respeito da saúde ou ‘a segurança das pessoas ou ao acesso das crianças e adolescentes ‘a educação;

a) aqueles em que haja extraordinária dispersão dos lesados;b) quando convenha a coletividade , o zelo pelo funcionamento

de um sistema econômico social ou jurídica, como por exemplo , imposto ilegalmente cobrado.

4 Conforme informação na apostila do prof.Jean Alves,2005,5 Código brasileiro do consumidor:comentado pelos autores/Ada |Pellegrini Grinover ...[et al] .- 8.ed. Rio de Janeiro : Forense Universitária,2005

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3.4. Diferenciação

Os direitos difusos são aqueles cujo objeto não pode ser dividido e cujos titulares não podem determinar, já que não são ligados por nenhuma relação jurídica base, mas simplesmente por circunstância de fato, como por exemplo, publicidade enganosa veiculada na televisão, em que toda coletividade é afetada..

Já os direitos coletivos são aqueles cujo objeto temem não pode ser dividido e,ao contrário dos direitos difusos, seus titulares são determináveis, já que possuem entre si ou com a parte contrária uma relação jurídica base anterior. Aliás, a determinabilidade dos titulares dos direitos coletivos é o aspecto que o diferencia dos direitos difusos, como por exemplo o direito contra reajuste abusivos das mensalidades escolares, em que somente os alunos (e pais) são afetados.

Os direitos individuais homogêneos são aqueles cujo o objeto pode ser dividido e cujos titulares são perfeitamente identificáveis. Não importa se há uma relação jurídica anterior. O que caracteriza um direito individual como homogêneo é a origem comum. A relação que se formará com a parte contrária será somente em conseqüência da lesão sofrida. Trata-se de uma versão abrasileirada da conhecida class action americana como por exemplo o direito dos indivíduos que sofreram danos em decorrência da colocação de um produto estragado no mercado.

Para HUGO NIGRO MAZZILLI6 elucida a questão entre os direitos coletivos e os individuais homogêneos, assim expondo: “ Exemplifiquemos como o aumento ilegal de prestação de um consórcio. O interesse em ver reconhecida a ilegalidade e não quantificável: a ilegalidade do aumento não será maior para quem tenha duas e não uma cota: a ilegalidade será igual para todos (interesse coletivo). Entretanto, é divisível a pretensão de

repetição do que se pagou ilegalmente a mais, sendo os prejuízos individualizáveis (interesse individuais homogêneos). “

6 A defesa dos Interesses difusos em juízo. 6ª ed., São Paulo:RT.

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3.5. Quadro Demonstrativo

I

MODALIDADE D. DIFUSOS

ABRANGÊNGIA Transindividuais

DIVISIBILIDADE DO BEM JURÍDICO Indivisível

DETERMINAÇÃO DOS TITULARES Indeterminados

EXISTÊNCIA DERELAÇÃO JURIDICA NÃO – ligados a circunstância de

Fato

II

MODALIDADE D. COLETIVOS

ABRANGÊNGIA Transidividuais

DIVISIBILIDADE DO BEM JURÍDICO Indivisível

DETERMINAÇÃO DOS TITULARES Determináveis

EXISTÊNCIA DERELAÇÃO JURÍDICA SIM – ligados por uma relação

jurídica

III

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MODALIDADE INDIVIDUAIS HOMOGÊNEO

ABRANGÊMCIA Individuais

DIVISIBILIDADEDO BEM JURÍDICO Indivisível

DETERMINAÇÃO DOS TITULARES Determinados ou Determináveis

EXISTÊNCIA DARELAÇÃO JURÍDICA IRRELEVANTE – O que importa

É que sejam decorrentes de origemcomum

CAPÍTULO IV ______________

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TUTELA PREVENTIVA

4.0 . Tutela Preventiva

É a defesa dos direitos tutelados pela CF e o CDC, onde o pedido será a tutela.

A ACP é unicamente adjetiva, condenatória em dinheiro ou em obrigação de fazer ou não fazer.

A ACP admite 2 tipos de tutela:

a) tutela repressiva, quando a sentença condena o réu a indenização em dinheiro , o dano já ocorreu, ela é repressiva.

b) Titela preventiva, quando a condenação obriga o réu a fazer ou não fazer, esttá prevenindo o dano, a tutela é preventiva .

Os pressupostos da tutela preventiva, são o fumus boni iuri (a plausibilidade do direito material e o periculum in mora ( o risco de perecimento do direito em razão da demora em sua proteção.

Os legitimados ‘a propositura do instrumento processual democrático (ação civil pública ambiental) podem manejar pedidos cautelares e de antecipação de tutela (tutelas de urgência) in limine litis .

4.1. Tutelas de Urgência em Matéria Ambiental

Os aspectos da urgência, manifestou-se o ilustre Prof. Luiz Guilherme Marinoni: “A problemática da tutela antecipatória requer seja posto em evidência o seu eixo central: o “tempo”. Se o tempo é a dimensão fundamental na vida humana, no processo também é vida . O tempo do processo angustia os litigantes; todos conhecem os males que a pendência da lide pode produzir. Por outro lado, a demora processual é tanto mais

insuportável quanto menos resistente economicamente é a parte, o que vem a agravar a quase que insuperável desigualdade substancial no procedimento. O

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26tempo, como se pode sentir, é um dos grandes adversários do ideal da efetividade do processo”.7

Tanto a tutela antecipada como a tutela cautelar integram o gênero tutelas de urgência.

Ab initio , tutelas de urgência , conceituarmos as tutelas de urgência ao aspectos inerentes ‘a ação civil pública ambiental.

Na tutela antecipada,em matéria ambiental levam-se em consideração os seguintes requisitos: a) prova inequívoca que leva a verossimelhança das alegações da parte; b) perigo de risco de lesão ao meio ambiente; tais requisitos, em se tratando de antecipação dos efeitos da decisão, deverão consubstanciar-se em prova pré-estabelecida.

O posicionamento do ilustre RODOLFO DE CAMARGO MANCUSO: “ A aplicação subsidiária do Código de Processo Civil é expressamente prevista no art. 19 da LACP, de sorte que essa antecipação de tutela seja perfeitamente utilizável no campo da ação civil pública, suprindo o que se faz, de maneira pouco satisfatória, pelas cautelares inominadas”.8

Na realidade, a liminar concedida nos termos do art. 12, da LACP, com base no art. 11 da mesma lex, e a liminar concedida com fulcro no art. 273 do CPC possuem características diferentes.

Com relação ‘a tutela cautelar, devem-se respeitar os requisitos : o fumus bonis iuri e periculum in mora.

O fumus bonis iuri aparência de de um bom direito,ou seja, plausibilidade do direito da parte que conduz a um juízo de certeza e o periculum in mora refere-se ‘a temporariedade e indica o perigo da demora. Por isso, pode-se dizer que a tutela cautelar familiariza-se com o processo e não com a realização do direito material.9

7 Efetividade do processo e tutela de urgência. Porto Alegre: Safe, 1994,p.57.8 Ação Civil Pública – em defesa do meio ambiente, do patrimônio cultural e dos consumidores. São Paulo: RT,2002,p.192-193.9 V.SILVA,Bruno Campos. Comentaria ao novo § 7º do artigo 273 do Código de Processo Civil Brasileiro acrescentado pela Lei n. 10.444, de 2002. In Revista de Direito Processual Civil, Curitiba: Gênesis, v.27, p.11,2003.

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27Um dos problemas em sede do inquérito civil,

enfrentados pelo Ministério Público, é exatamente quanto ‘a efetiva garantia dos meios de produção de provas.

4.2. Fungilibilidade dos Pedidos

Com a reforma processual, possibilitou-se a aplicação do princípio da fungibilidade de pedidos, ou seja, criou-se verdadeira fungibilidade entre o pedido de tutela antecipada e o pedido de tutela cautelar (verdadeiras tutelas de urgência), no entanto, dotadas de características peculiares. Esse também é entendimento do Prof. Cândido Rangel Dinamarco” 10

As hipóteses de fungibilidade de pedidos, subsidiariamente, também se aplicam, perfeitamente, em sede de tutela ambiental, em se tratando de liminares devidamente pleiteadas (na ação civil pública) pelos legitimados, e são as seguintes: a) pedido de antecipação de tutela em pedido de natureza cautelar; e b) pedido de natureza cautelar de caráter incidental em pedido de tutela antecipada.,

4.3. Liminares na Ação Civil Pública

Cabíveis, então, via liminar, ambas as tutelas de urgência (antecipada e de natureza cautelar) em sede de ação civil pública.

Várias são as medidas liminares a serem manejadas em sede de ação civil pública ambiental, possibilitadas para legislação vigente; no entanto, entendemos que as medidas dever ser intituladas “ medidas de urgência” , colocando-se ‘a disposição dos legitimados, a fim de que os mesmos procedam em favor de uma “ efetiva” proteção ambiental.

O princípio da fungibilidade de pedidos (antecipatório e de natureza cautelar) deverá estar de acordo, ou seja, adequar-se ao princípio da precaução e/ou prevenção do ambiente

O professor . Rodrigo Andreotti Musetti: “ O princípio da Precaução ou Prevenção, erigido no Princípio 15 da Declaração do Rio de Janeiro – ‘ ECO 92’ e, posteriormente, no Princípio 2 da Carta da Terra, de 1997, estabelece que, para a proteção do meio ambiente, os Estados devem efetivar medidas de precaução visando a prevenir a degradação ambiental. Existindo risco de graves e irreversíveis danos ao meio ambiente, não é preciso

10 A reforma da reforma. 2.ed.São Paulo:RT,2002.

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28a existência de certeza científica para comprova-los, impondo-se medidaspreventivas urgentes para a proteção ambiental. Em caso de dúvida sobre a possibilidade de ocorrer dano ambiental, é melhor prevenir (aqui está a gênese do Princípio in dublo pro ambiente) “ .11

Pelo exemplo do Prof. Hugo Nigro Mazzilli: “Tomemos um exemplo de tutela antecipada: numa ação civil pública que vise a impedir o desmatamento de uma área, desde que presentes os requisitos da lei,o juiz poderá antecipar a tutela de mérito, proibindo o desmatamento, sem prejuízo do advento de posterior apreciação final do mérito.12

Em situações de propositura de ação cautelar inominada com pedido de liminar preparatória de uma ação civil pública ambiental,também há que se aplicar o princípio da fungibilidade de pedidosNeste caso, propõe-se, de lege ferenda a realização de uma audiência, logo após a concessão da liminar para se verificar a presença dos requisitos identificadores da tutela antecipada, aplicando-se, destarte, o princípio da fungibilidade , convertendo-se o pedido de natureza cautelar em pedido de tutela antecipada, respeitando-se, para tanto, os respectivos procedimentos e os regramentos constitucionais do contraditório e da ampla defesa, corolários de um devido processo constitucional13

11 Da proteção jurídico-ambiental dos recursos híbridos, p.245-246.12 A defesa dos interesses difusos em juízo, p.377.13 SILVA, Bruno Campos. Comentários ao novo § 7º do Código de Processo Civil, acrescentado pela Lei n.10.444.de 2002.Revista de Direito Processual Civil, Curitiba:Gênesis, v.27,p.13,2003.

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CAPÍTULO V_________________

SENTENÇA E COISA JULGADA

5.0 - Sentença e Coisa Julgada

Na ação civil pública o risco de sentenças antagônicas é prejudicial e significativo, porque a tutela dirige a interesse de grupos e não individuais isolados.

A sentença civil fará coisa julgada erga omnes , exceto se a ação for julgada improcedente por deficiência de provas, hipóteses em que qualquer legitimado poderá intentar outra ação com idêntico fundamento valendo-se de nova prova (art, 16 da LACP).

Pode ser rescindida a transação que foi homologada judicialmente no curso da ação civil, a ação cabível para rescindi-la é a anulatória e não rescisória, porque no caso a sentença é meramente homologatória do ato jurídico transacional.;

A coisa julgada material recai apenas sobre o pedido e não sobre a fundamentação da sentença

A sentença civil fará coisa julgada erga omnes – é aplicável apenas ‘as sentenças seguras quanto ‘a prova. . A sentença que for proferida nessas condições ultrapassa os limites inter partes , passando a ter qualidade especial a res iudicata

Na ação civil pública a inconstitucionalidade é invocada com fundamento como causa de pedir constituindo questão prejudicial do julgamento do mérito.

O juiz decretará a extinção e o arquivamento da ação, uma vez que outra idêntica já foi decidida por sentença e por isso, não mais pode ser discutida o seu objeto.

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CAPÍTULO VI_________________ INQUÉRITO CIVIL

6.0 . Aspectos Gerais

O Inquérito Civil foi uma grande novidade da LACP no que se refere a atuação do Ministério Público.

É uma investigação administrativa, apresentando mecanismo formal na colheita de dados para a propositura da ACP.

Tem caráter inquisitório, não está sujeito ao contraditório.

6.1. Objeto

Consiste em saber qual é o objetivo. O objeto no inquérito civil pode ser :

Objeto Mediato – é o grau de convicção do Ministério Público em decorrência das provas que possam respaldar a ACP. O órgão do MP de Justiça procede a apuração do fato, como documentos, depoimentos, exames periciais, enfim, todas as provas importantes e necessárias para instauração do inquérito civil;

Objeto Imediato é um ato administrativo que culmina o procedimento. Este procedimento visa um ato final, expresso ou tácito.

A diferença entre objeto mediato e imediato, o primeiro é a própria decisão de ajuizar a ação civil pública, enquanto o segundo visa o arquivamento por falta de elementos.

O inquérito civil deve obedecer o princípio da publicidade dos seus atos, salvo se:

a) O MP em informações sigilosas;b) Se resultar prejuízo a investigação.

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Fora isso, qualquer interessado terá direito aos documentos, inclusive para qualquer interessado através do Conselho Superior, quando da revisão do arquivamento.

O MP instaurará o inquérito civil, sendo:a) de ofício;b) atendimento a requerimento, petição ou representação de interessado;c) cumprindo requisição do órgão de administração superior do MP.

A legitimidade para instaurar o inquérito civil, pode ser também o Procurador Geral de Justiça nos limites de suas atribuições originárias.

A Promotor de Justiça é que preside o inquérito civil, notificará pessoas a fim de que venham prestar depoimentos ou declaração..O prazo deve ser concedido para o interessado atender a notificação é razoável para seu comparecimento. O Promotor de Justiça poderá determinar medida coercitiva no caso de desobediência ‘a notificação.

6.2 Arquivamento

Ao Conselho Superior do MP compete a revisão da manifestação de arquivamento do inquérito civil (art. 9º , da LACP.

Cabe recurso contra o indeferimento da representação de abertura de inquérito civil. Este recurso (inominado) dirigido ao Conselho Superior do MP (CSMP) no prazo de 10 dais contados do dia em que o representante tomar ciência do indeferimento (equivale um arquivamento).

O arquivamento do inquérito civil pode ser reaberto.

Uma vez homologado porque este é uma ato administrativo, não cria direito adquirido e nem transforma a matéria fática subjacente aos autos arquivados.

O arquivamento não é óbice para a propositura da ACP pelos demais co-legitimados, não pode ser óbice para o próprio MP.

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CAPÍTULO VII __________________

MEIO AMBIENTE

7.0 Relação entre o Meio Ambiente e os Direitos Humanos

O direito ao Meio Ambiente constitui direiro humano que deve ser respeitada de forma geral.

Assim atualmente existem três gerações de direitos humanos, divididos em de primeira geração, os denominados direitos individuais (direito a liberdade, locomoção, vida), os de segunda geração, denominados de direitos sociais (direito ‘a saúde, educação, entre outros) e a terceira geração os direitos de fraternidade, em que o direito ao meio ambiente se enquadra.

Assim, deve-se garantir o direito ao meio ambiente, como uma garantia aos direitos humanos de primeira e segunda geração , ou seja direito ‘a vida e ‘a saúde, objetivando a efetiva garantia destes direitos.

Observa-se assim que os direitos de fraternidade, objetivam preservar os direitos de todos de forma indeterminada, e que por se tratar de direito garantido ‘a toda humanidade, e de foram individual, serve como meio de garantir os direitos de primeira e segunda geração.

Tanto é verdadeira tal assertiva que nossa carta constitucional define meio ambiente “ como bem de uso comum do povo essencial a sadia qualidade de vida”. Isto mostra que este direito de fraternidade vê o meio ambiente como garantia para que todos possam ter direito a um meio ambiente equilibrado para todos os cidadãos, não só nacionais mais no mundo inteiro, assim o artigo 225 da CF, explica a necessidade de nosso ordenamento jurídico conferir novas formas de proteção ‘a este direito.

Mas a conceituação de meio ambiente não é das mais simples, mas para efeito vale colacionar a definição do artigo 3º inciso I “Considera-se meio ambiente o conjunto de condições, leis, influências de ordem física, química e biológica que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas

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33Sobre tal artigo, vale registrar o comentário de Paulo Bessa

Antunes sobre o tema “ O meio ambiente deve ser considerado como um patrimônio público a ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo. A noção de patrimônio público deve ser compreendida como um instrumento capaz de possibilitar a defesa do meio ambiente através de mecanismo do direito público” .

Alerta o festejado autor que o conceito de meio ambiente está mais voltado para os aspetos biológicos, físicos e químicos. Mas o conceito estabelecido prela CF é mais feliz pois conjuga termos técnicos com condutas sociais.

Podemos concluir, face ao disposto acima, que o direito ao meio ambiente é amplo, e por tal motivo a dificuldade de definí-lo de maneira de maneira precisa. Porém para efeito de estudo pode-se conceituar meio ambiente, como o conjunto de seres vivos, flora e fauna, que faz parte da vida de uma determinada região, que deve ser preservada para garantia do equilíbrio biológico e ambiental em determinada localidade, ou como conceitua Iara Verônica “ a) soma das condições externas e influências que afetam a vida, o desenvolvimento e em última análise a sobrevivência de um organismo “ ou” ; b) o conjunto do sistema externo físico e biológico, no qual vive o homem e outros organismo” .14

7.1. Termo de Ajustamento de Conduta

Outro ponto que mercê ser abordado é referente ao termo de ajustamento de conduta. O compromisso de ajustamento de conduta é um acordo extrajudicial previsto no artigo 5º da Lei n.7.347/85 (LACP)e o artigo 113, do CDC, podendo ser feito através dos órgãos públicos, legitimados, objetivando o ajustamento de conduta lesiva ao meio ambiente, patrimônio historio entre outros. Tal termo de ajustamento conforme leciona Joaquim Martins da Silva Filho, teve sua origem na legislação dos estados e posteriormente incorporado pela Lei n. 6.938/81, como termo de compromisso, através do qual o infrator poderia se comprometer a liminar os cidadãos causados e uma vez cumprido gozava do benefício da redução de multa, trata-se assim de instrumento administrativo, utilizado até hoje pelas normas federais e estaduais. E tais termos de compromisso estabelecem obrigações e condicionantes técnicos que deverão ser rigorosamente cumpridos pelos infratores em relação ‘a atividade causadora da degradação

14 Vocabulário Básico de Meio Ambiente, pág. 133-135 apud. Paulo Bessa Antunes, Curso de direikto ambiental, 2003, pág. 56)

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34de modo a fazer cessar, adaptar, recompor, corrigir ou minimizar seus efeitos negativos sobre o meio ambiente.

Em termos práticos, tais condutas podem visar a reconstituição da flora e da fauna, bem como nada impede que seja estipulada multa pelo seu não cumprimento, ou pelo cumprimento de foram insatisfatória, observando-se, porém que tal acordo em face da disposição do artigo 5º §6º da LACP (n. 7.347/85), estabelece que tal acordo terá força de título executivo extrajudicial, que constitui significativo progresso, para agilizar a recomposição do meio ambiente degradado, por propiciar a imediata execução judicial das obrigações estabelecidas no termo, evitando-se o longo caminho do processo judicial, que além de demorado, não resolve de maneira rápida o problema da degradação ambiental.

O termo de ajustamento de conduta, de regra devem observar alguns requisitos formais: 1) que tal termo seja feito através de mútuo acordo entre as partes. 2) conter assinatura de todas as partes interessadas. 3(devem estar devidamente nomeado tanto o infrator quanto seu representante legal, 4) considerações sobre a legitimidade do órgão ou entidade tomadora do termo; 5) objeto do termo, que consiste na identificação precisa da finalidade da formalização do termo visando a corrigir, recompor ou fazer cessar o dano ao meio ambiente; 6) as obrigações do infrator devem estar explicitamente determinadas, bem como com os respectivos prazos de cumprimento; 7) cominação da multa no caso de descumprimento do termo; 8) fixação do prazo de vigência do termo;9) qual o foro de eleição para dirimir eventuais dúvidas e execução de obrigações decorrentes do termo; e, 10) contar a assinatura de duas testemunhas.

Em relação a exigência de duas testemunhas, há controvérsia em doutrina e jurisprudência sobre sua obrigatoriedade ou não. Sendo que a jurisprudência amplamente dominante se posiciona, pela não obrigatoriedade de tal requisito para a validade do termo de ajustamento de conduta.

Tal fundamento se baseia no argumento de que o artigo 585 do CPC, não se aplica as normas da Lei da ação civil pública, pois o artigo 113 da Lei n. 8.078/90 (CDC), não foi vetado, motivo pelo qual continua em vigor o artigo 5º §6º da Lei n. 7.347/85 (LACP).

Assim sobre este argumento não há que se falar na exigência de duas testemunhas para validade do termo de ajustamento de conduta, face a tal lei ser especial, e eis que elas não fazem qualquer referência legal sobre esta exigência , ao contrário do que ocorre com o artigo 585, inciso II, do CPC, que não pode ser aplicado subsidiariamente, não se aplicando a norma legal do artigo supramencionado.

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35Comentando o artigo 113 do CDC, Kazuo Watanabe leciona “

Não há necessidade da presença de duas testemunhas, como exige o artigo 585 inciso II do CPC, para que o compromisso tomado dos interessados por qualquer legitimado seja título executivo extrajudicial”.

O posicionamento contrário que exige a presença de duas testemunhas se baseia sob, o argumento de que o artigo 113 do CDC foi tacitamente revogado, não se aplicando as normas deste artigo, sendo assim, deverá ser observada as normas do arttigo 585 inciso II do CPC, para a validade de tal termo, e que este acordo passa ser executável, como título executivo extrajudicial.

7.2 . Previsão Constitucional de Proteção ao Meio Ambiente

A Constituição Federal de 1988, atendendo a necessidade do homem nos últimos anos de proteger o meio ambiente diz o artigo 225, caput, que: Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do provo e essencial ‘a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e ‘a coletividade o dever de defende-lo e preserva-lo para os presentes e futuras gerações.

A Constituição estabeleceu um capítulo especifico em defesa do meio ambiente ecologicamente equilibrado ‘a categoria de direito fundamental da pessoa humana.

Para Edis Milaré, o reconhecimento do direito do meio ambiente sadio, configura-se, na verdade, como extensão do direito ‘a vida, quer sob o enfoque da própria existência física e saúde dos seres humanos, quer quanto ao aspecto da dignidade desta existência – a qualidade de vida – que faz com que valha a pena viver15

O § 3º do artigo 225 da Constituição Federal estabelece que as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sansões penais e administrativas e da obrigação de reparar os danos causados.

Além da responsabilidade civil, de caráter objetivo em razão do disposto no artigo 14, § 1º, da Lei 6.938/81, recepcionado pela Constituição Federal16 podem ser restabelecidas punições de caráter penal e administrativo

15 Édis Milaré, Direito do ambiente.São Paulo.TR. 2000,p.9516 Luiz Ricardo Guimarães, Tendências contemporâneas da responsabilidade civil em face do dano ambiental, in Direito e responsabilidade, Del Rey, BH, 2002,p.351.

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36com o objetivo de coibir a prática de atividades que possa m defradar e poluir o meio ambiente.

7.3 Inaplicabilidade da Teoria do Risco Integral

Uma boa parte da doutrina tem admitido que na hipótese do dano ambiental a aplicação da responsabilidade objetiva na modalidade do risco integral, bastando a ocorrência do dano, não é admitido qualquer excludente de responsabilidade.

A posição de Edis Milaré: verificado o acidente ecológico seja por falha humana ou técnica , seja por obra do acaso ou por força da natureza, deve o empreendedor responder pelos danos causados , podendo, quando possível, voltar-se contra o verdadeiro causador, pelo direito de regresso, quando se tratar de fato de terceiro.

É esta a interpretação que deve ser dada ‘a Lei 6.938/81, que delimita a Política Nacional do Meio Ambiente, onde o legislador, claramente, disse menos do que queria dizer, ao estabelecer a responsabilidade objetiva.

Ao se adotar a teoria do risco integral, o Estado, quando acionado solidariamente ao poluidor, ficaria obrigado a indenizar inclusive aos prejuízos causados pela ação de particulares.

A posição de Álvaro Luiz Valery Mirra diz: “Parece-nos, porém, que acionar indiscriminalmente o Estado, em caráter solidário com o terceiro degradador, pela sua omissão em fiscalizar e impedir a ocorrência do dano ambiental , significaria, no final das contas, transferir ‘a própria vítima última da degradação – a sociedade – a responsabilidade pela reparação do prejuízo,com todos os ônus daí decorrentes, quando, na verdade, a regra deve ser a da individualização do verdadeiro e principal responsável, evitando-se, com isso, indesejável socialização dos encargos necessários ‘a reparação de danos ambientais praticados por pessoas físicas ou jurídicas determinadas.17

Na teoria de risco se subsume ‘a idéia do exercício de atividade perigosa como fundamento da responsabilidade civil. O exercício de atividade que possa oferecer algum perigo representa um risco, que o agente assume, de ser obrigado a ressarcir os danos que venham resultar a terceiros dessa atividade.

17 Álvaro Luiz Valery Mirra.Ação Civil Pública e a Reparação do Dano ao Meio Ambiente,Juarez de Oliveira,2002,p.205.

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Todavia, haverá a obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos específicos em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, pór sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Uma das teorias que procuram justificar a responsabilidade objetiva é a teoria do risco. Para este teoria, toda pessoa que exerce alguma atividade cria um risco de dano para terceiros. E deve ser obrigada a repara-lo, ainda que sua conduta seja isenta de culpa. A responsabilidade civil desloca-se da noção de culpa para a idéia de risco, ora encarada como “risco-proveito”, que se funda no princípio segundo o qual é reparável o dano causado a outrem em conseqüência de uma atividade realizada em benefício do responsável, ora mais genericamente como “risco criado”, a que se subordina todo aquele que, sem indagação de culpa, expuser alguém a suporta-lo.

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CAPÍTULO VIII _________________ RESPONSABILIDADE CIVIL NO MEIO AMBIENTE

8.0 Evolução Histórica

Na época do Código de Ur-Nammu, do Código de Manu e da Lei das XII Tábuas a diferença entre “pena” e “reparação” só começou a ser encabeçada ao tempo dos romanos, com a distinção entre os delitos públicos e privados.

O direito francês, aperfeiçoando pouco a pouca as idéias românicas , estabeleceu nitidamente um princípio geral da responsabilidade civil, abandonando o critério de enumerar os casos de composição obrigatória. Era a generalização do princípio aquliano : In lege Aquilia et levíssima culpa venit18

8.1 - Aspectos Gerais

A responsabilidade é conseqüência de toda manutenção da atividade humana, exprime a obrigação de determinada pessoa responder por um fato e reparar o dano

A responsabilidade civil visa, ‘a reposição da situação resultante do evento danoso ao estado em que se encontrava antes do dano ocorrer.

As palavras de Aguiar Dias: “ O interesse em restabelecer o equilíbrio econômico-jurídico alterado pelo dano é a causa geradora da responsabilidade civil.”19 , ou seja, o de que a culpa, ainda que levíssima, obriga a indenizar.

8.2 - Responsabilidade por dano ecológico (ambiental)

No campo da responsabilidade civil, o diploma básico é a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente )Lei n. 6.938, de 31.8.1981) cujas

18 Mazeaud e Mazeaud, Traité,cit., n.36,p.4819 DIAS,José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil. 7ª ed.v.I.Rio de Janeiro:Forense,1983,p.35)

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principais virtudes estão no fato de ter consagrado a responsabilidade objetiva do causador do dano e a proteção não só aos interesses individuais como também aos supra-individuais (interesses difusos, em razão de agressão ao meio ambiente em prejuízo de toda a comunidade), conferindo legitimidade ao Ministério Público para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente.

O § 1º do art.14 do mencionado diploma: “ Sem obstar ‘a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente da existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente”.

Na ação civil pública ambiental não se discute, necessariamente a legalidade do ato. E a potencialidade do dano que o ato possa trazer aos bens valores naturais e culturais que servirá de fundamento da sentença.

A formulação de políticas de proteção ao meio ambiente nos diversos países gerou o princípio “poluidor-pagador”, propagado pelos diversos setores que se preocupam com a tutela ambiental. Consiste impor ao poluidor a responsabilidade pelos danos causados ao meio ambiente, arcando com as despesas de prevenção, repressão e reparação da poluição provocada. Na realidade, o seu objetivo primordial deve ser, em, primeiro lugar, o de prevenir o dano, desestimulando a prática de atos predatórios e prejudiciais ao meio ambiente.

8.2.1 – Dano e Recuperação

Dano ecológico é qualquer lesão ao meio ambiente causado por condutas ou atividades de pessoa física ou jurídica de direito público ou privado.

A responsabilidade pelos danos ambientais é dado por meios processuais., segundo o princípio da legalidade e o princípio da garantia de acesso ‘a jurisdição, mas algumas vezes podem servir de instrumentos de controle preventivo.

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8.3 - Responsabilidade Objetiva do Poluidor

A responsabilidade objetiva baseia-se na teoria do risco. Com efeito, é irrelevante a demonstração do caso fortuito ou da força maior como causas excludentes da responsabilidade civil por dano ecológico.

No caso do dano ambiental, a titularidade da indenização, que há de ser a mais completa possível, repousa a coletividade.

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CAPÍTULO IX ____________________

REPARAÇÃO DO DANO

9..0 – Histórico

É na Lei Aquilia que se esboça , um princípio geral regulador da reparação do dano, não tinha uma regra de conjunto, nos moldes do direito moderno , era sem nenhuma dúvida , o germe da jurisprudência clássica

9.1 - Reparação do Dano.

O surto do progresso, o desenvolvimento industrial e a multiplicação dos danos acabaram por ocasionar o surgimento de novas teorias, tendentes a propicia maior proteção as vítimas.

Todavia, haverá a obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos específicos em lê, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.

9.2 - Formas de Reparação

Quando constatado a ocorrência do dano, a sua reparação poderá ser feita através da recuperação do meio ambiente com a reconsideração do “status quo ante” , quando possível ou com indenização pecuniária, nada impedindo que haja a cumulação das 2 formas de reparação.

A Lei n. 7.347/85, em seu artigo 3º , dispõe: A ação Pública poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer.

A responsabilidade civil deve privilegiar a reparação in natura , que mais atenderia ao objetivo de preservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado protegido por texto constituicional

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CAPÍTULO X ____________________ DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

10.0 Histórico

O desenvolvimento dos anos 50, representou, sem dúvida, a virada da economia. Começava a industrialização, no qual a cidade vencia o campo.

Surgiu o êxodo rural, relevando um monstro de duas caras:

a) de um lado estampava a felicidade do emprego, do conforto urbano;

b) do outro lado, espelhava-se a face triste, das incertezas, da degradação do meio ambiente.

Este crescente êxodo rural, acabou gerando conglomerados urbanos e a concentração de maior parte da população nas grandes cidades, surgindo a necessidade de estabelecer medidas de proteção nos diversos ecossistemas e ao meio ambiente.

Esse êxodo rural resultou na degradação do meio ambiente, tendo surgido entre 1960 e 1980, onde 27 milhões de pessoas deixaram o campo.

10.1 - Desenvolvimento Sustentável

O desenvolvimento é uma combinação de vários fatores, entre eles os recursos naturais englobando os indivíduos qualificando-os e também a atuação do poder público.

O que ocorre é que vivemos num mundo de desigualdade e injustiça.

A ação civil pública ambiental , como instrumento de resgate ‘a democracia que é, enquadra-se no rol dos instrumentos de exercício de exemplo da cidadania , e deve ser utilizada de forma coerente e direcionada ao seu real desiderato que, in casu, é a efetiva tutela ambiental; destarte, estar-se-á dando passos para se atingir um verdadeiro “efetivo desenvolvimento sustentável”.

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A sustentabilidade é o que pode sustentar, suportar, conservar, garantir e fornecer meios necessários ‘a realização e continuidade de uma atividade, sem comprometer a capacidade das gerações futuras

Paulo de Bessa Antunes20 refere-se sobre o tema sustentabilidade que a história do Brasil, com, de modo generalizado, os países ditos em vias de desenvolvimento, demonstram que foram concedidos significativos incentivos ‘a degradação ambiental e isso reflete uma errônea concepção de desenvolvimento que não considera a sustentabilidade dos recursos naturais. Nada impede, contudo, que os estímulos econômicos se voltem para a utilização sustentável dos recursos naturais, ao contrário, tal seria desejável e urgente. Mais adiante na obra mencionada lembra dos instrumentos de natureza econômica que a administração ambiental pode utilizar para exercer o controle social sobre o mercado, são eles: a suspensão do incentivos para aqueles que atuam em desacordo com as normas ambientais, a instituição de contribuições pela utilização de recursos ambientais e a imposição de multas, os princípios do poluidor pagador e da compensação econômica pelo uso de recursos naturais.

Já Cristiane Derani21 ao tecer comentários sobre a teoria do desenvolvimento sustentável, refere que “a sustentabilidade é um princípio válido para todos os recursos renováveis, para com recursos não renováveis ou para atividades capazes de produzir danos irreversíveis este princípio não se aplica”. Prossegue dizendo que “ a realização do desenvolvimento sustentável assenta-se sobre dois pilares, uma relativo ‘a composição de valores materiais e outro voltado ‘a coordenação de valores de ordem moral e ética. O conteúdo da definição de desenvolvimento sustentável para por uma relação intertemporal ao vincular a atividade presente aos resultados que dela podem retirar as futuras gerações”.

20 ANTUNES, Paulo de Bessa.Direito Ambiental:Uma Abordagem Conceitual. Rio de Janeiro:Lúmen Júris,2000.21 DERANI, Cristiane, Direito Ambiental Econômico.Rio de Janeiro: Max Limonad.2001.

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CONCLUSÃO _________________

O equilíbrio é hoje questão de vida ou morte, os recursos ambientais são escassos e que seu uso na produção e no consumo acarretam a degradação ao meio ambiente, uma vez que, a lesão é quase sempre fulminante.

Aquele que causa o dano ao meio ambiente deve ser responsabilizados pelos seus atos, cabe ao Ministério Público investigar os prejuízos causados pelo

Deveria haver um Programa de Redução e Controle da Poluição Industrial bastante divulgado nos meios de comunicação a fim de reduzir o impacto ambiental e conscientizar os homens para a manutenção adequada ao meio ambiente.

A conclusão é que o ser humano está ameaçado pela contaminação da globalização, acredito que as pessoas se deixam iludir facilmente pela propaganda enganosa que fala a respeito ao meio ambiente.

Qualquer empreendimento que fosse anunciado pela mídia, deveria ter um departamento no Ministério Público que fiscalizasse de imediato o anunciado e verificasse se foram tomadas todas as medidas cabíveis com referencia ao pacto ambiental.

Normalmente quando chega ao conhecimento do Ministério Público a degradação já está completamente inviável com a destruição de nossa flora e fauna.

O ser humano está ameaçado pela contaminação da globalização, os danos ecológicos se multiplicam numa velocidade muito grande afetando a camada de ozônio.

Nada é fácil mas o mundo está insistindo para o Brasil preservar suas florestas, água, fauna etc. porque já está provado que tudo é estratégico para a preservação do planeta Terra.

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ANEXOS ___________________

ANEXO 1

INQUÉRITO CIVIL CAPA DO PROCESSO

MINISTÉRIO PÚBLICO

PROCESSO IC 55/01 (INQUÉRITO CIVIL)

INÍCIO 04.05.1999

NOME PEÇAS DE INFORMAÇÃO

ASSUNTO MODIFICAÇÃO DO CURSO DO RIO AMPARO

COMARCA NOVA FRIBURGO

ANEXO MEIO AMBIENTE

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2º Centro Regional de Apoio Administrativo InstitucionalPromotoria Regional de Meio Ambiente, do Consumidor e do Patrimônio Público e Social de Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu, Bom Jardim, Duas Barras, Cordeiro, Cantagalo, Santa Maria Madalena, Trajano de Moraes e São Sebastião do Alto Rua Ernesto Basílio, nº 30, Cobertura, Centro – Nova Friburgo-RJ

PORTARIA nº 17/01Comarca de Nova Friburgo

CONSIDERANDO a existência de peças de informações (nº 06/99) nesta Promotoria em que se constatou a existência de dano ambiental noticia dano ambiental causado pelo desvio irregular dó Rio Amparo efetuado pela própria Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, acompanhado do desmatamento de árvores no local.

CONSIDERANDO a necessidade do Ministério Público para, através do Inquérito Civil e da Ação Civil Pública proteger os direitos difusos e coletivos, dentre eles o meio ambiente, na forma do artigo 129, III, da Constituição da República de 1988.

RESOLVE o Parquet, através da Promotoria do Meio Ambiente, Consumidor e Cidadania, convolar através da presente PORTARIA este procedimento em INQUÉRITO CIVIL, para a apuração dos fatos.

Determino, assim, a realização das seguintes diligências.

1 – expedição de ofício ‘a PMNF a fim de que se manifeste sobre os fatos, prestando os esclarecimentos e justificativas pertinentes;

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2 – expedição de ofício ‘a FIEF para vistoria no local e relatório.

Com as respostas, voltem-se os autos para análise.

Nova Friburgo, 07 de junho de 2001.

Promotor de Justiça

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ANEXO 2

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURADORIA DE MEIO AMBIENTE E DIREITOS DIFUSOS

Ofício 98/99 Nova Friburgo, 05 de maio de 1999

Do : Promotor de Justiça designado para a Curadoria de MeioAmbiente e Interesses Difusos junto ao 2º CREADIN

Ao Ilmo. Sr. Gerente Regional da SERLA – Av. Conselheiro JuliusArp, nº 230, Olaria, Nova Friburgo

Att. Requisição de diligência – Procedimento PI 006/99

Senhor Gerente Regional,

Pelo presente, comunico a Vossa Senhoria que encontra-se instaurado no âmbito desta Curadoria procedimento visando apurar danos ocasionados ao Rio Amparo, por desvio de curso.

Segundo consta, tais irregularidades estariam sendo patrocinadas pela Municipalidade.

Assim, requisita-se seja procedida a competente diligência. Para tanto, enviam-se cópias do procedimento existente.

A presente requisição é feita nos termos do artigo 26, I, alínea “b” e II da Lei 8.625/93 e art. 8º § 1º, da Lei 7.347/85, devendo ser respondida no prazo de 30 dias úteis, contados de seu recebimento.

Atenciosamente

Promotor de Justiça

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ANEXO 3

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2º Centro Regional de Apçoio Administrativo InstitucionalPromotoria Regional de Meio Ambiente, do Consumidor e do Patrimônio Público e Social de Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu, Bom Jardim, Duas Barras, Cordeiro, Cantagalo, Santa Maria Madalena, Trajano de Moraes e São Sebastião do Alto

Rua Ernesto Basílio, nº 30, Cobertura, Centro – Nova Friburgo - RJ

Ofício nº 140/2001 Nova Friburgo, 07 de junho de 2001.

Ref. Inquérito Civil nº 55/01

Exma. Sra. Prefeita,

Ao ensejo de cumprimenta-la, comunicamos a Vossa Excelência Senhora Prefeita que se encontra instaurado no âmbito desta Promotoria Civil com o objetivo de apurar dano ambiental ocorrido neste Município em virtude do desmatamento de vegetação local e desvio do curso Rio Amparo, efetivados pela própria Prefeitura, sem a devida consulta a SERLA.

Assim sendo, servimo-nos do presente ofício para nos autos do Inquérito Civil acima indicado requisitar , no prazo de 15 (quinze) dias com fundamento no artigo iº, parágrafo 1º e 2º da Lei n. 7.347/85, a manifestação detalhada dessa Prefeitura sobre os fatos.

As informações acima requisitadas destinam-se orientar a atuação futura do Ministério Público em sede judicial ou fora dela com relação ao caso. Sem mais para o momento, renovamos elevados protestos de estima e distinta consideração.

Atenciosamente, Promotor de Justiça

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ANEXO 4

MINISTERIO PUBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

2º CENTRO REGIONAL – SEDE NOVA FRIBURGO

Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu, Bom Jardim, Duas Barras, Cordeiro, Cantagalo, Santa Maria Madalena, Trajano de Moraes e São Sebastião do Alto

PROMOTOR DE JUSTIÇA REGIONAL DO MEIO AMBIENTE, COSUMIDOR, PATRIMONIO CULTURALE DIREITOS DO CIDADÃO

Ofício nº 358/2001 Nova Friburgo, 03 de julho de 2001.

Ref. Inquérito Civil nº 55/01

Exma. Sra. Coordenadora,

Ao ensejo de cumprimenta-la comunicamos a V.. Exa. Que se encontra instaurado no âmbito desta Promotoria, o procedimento investigatório acima indicado com o objetivo de apurar possível dano ambiental causado pela Prefeitura Municipal de Nova Friburgo consistente no desvio irregular do Rio Amparo, sem as licenças ambientais pertinentes, além de desmatamento de arvores no local.

Desta forma, servimo-nos do presente ofício para encaminhar os autos a essa Coordenaria, com a manifestação da SERLA e da Prefeitura, contraditórias, para análise pelos peritos ambientais do Parquet de modo a ensejar sua avaliação sobre o caso, cláusulas para eventual TAC a ser firmado com o degradador, se for este o caminho sugerido, solicitando seja realizada vistoria no local para melhor apurar os fatos.

Sem mais para o momento, renovamos elevados protestos de estima e distinta consideração.

Atenciosamente, Promotor de Justiça

‘AExma. Sra. Coordenadora da 6º CAOPDra. PromotoraAv. Marechal Câmara, nº 370 – 4º andar, Centro,RJ – CEP 20020-080

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ANEXO 5

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

RELATÓRIO DE VISTORIA PROCESSO 55/01

OBJETO RIO AMPAROSITUAÇÃO Bairro Amparo, Nova Friburgo

1 – INTRODUÇÃO

O presente relatório visa atender a solicitação da Promotoria de Justiça de Proteção aos Interesses Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos –CREADIN, Nova Friburgo, para vistoriar as obras de desvio do curso do Rio Amparo, efetuado pela Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo.

2 – VISTORIA

Aos 17 dias do mês de abril de 2002, em vistoria realizada nas margens do Rio Amparo, no Bairro do Amparo, na área onde a Prefeitura de Nova Friburgo, pretendia desviar o curso do Rio , compareceram o Eng. Florestal Eng. de Produção , Técnicos Periciais do Ministério Público, juntamente com a Senhora Marília Gripp do Amaral, moradora no local, no Bairro Amparo.

Durante a vistoria foi constatado que a Prefeitura Municipal de Nova Friburgo, através da Secretaria do Meio Ambiente, iniciou uma obra para retificar o curso do Rio Amparo em uma área contígua ao terreno pertencente a família da Senhora Marilia Gripp do Amaral.

O desvio do curso do Rio Amparo, seria por meio de um cana a céu aberto executado por escavadeira tipo “drag fine”, com aproximadamente 2,00 metros de largura.

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Foi iniciada a abertura de um canal de retificação do Rio, com 20,00 metros aproximados de extensão, que em seguida foli interrompido e aterrado.

Durante a construção do canal de desvio do curso do Rio Amparo, várias irregularidades foram cometidas.

Diversas árvores, com mais de 10,00 metros de altura e cerca de 40cm de diâmetro, assim como bambus que agem de forma eficaz na fixação da margem do rio foram suprimidos para dar passagem a escavadeira encarregada da abertura do canal. Os troncos destas árvores, ainda se encontram no local, conforme pode ser visto nas fotos.

Toda a vegetação rasteira da faixa marginal do Rio Amparo, na área de implantação do canal de desvio, numa extensão de 100,00 metros aproximados foi suprimida.

A obra foi iniciada sem licenciamento de qualquer dos órgãos ambientais. a SERLA e a FEEMA não foram ouvidas nem consultadas sobre os Impactos Ambientais provindos da implantação da obra do canal de desvio dói curso do Rio Amparo.

3 – DA LEGISLAÇÃO

O artigo 2º da Lei federal nº 4.771 de 15 de setembro de 1965, que instituiu o Código Florestal , considera de Proteção e Preservação Permanente, uma faixa marginal de 30,00 metros para cursos d’ água de menos de 10,00 metros de largura, medidos ‘a partir da margem, no seu nível mais alto. O Rio Amparo se enquadra nesta largura, menor que 10.00 metros.

A medida provisória nº 2080-64/2001, considera a que a função ambiental da Faixa Marginal de Proteção dos Rios, com Área de Preservação Permanente, coberta ou não por vegetação nativa, é a preservar os recursos híbridos, a passagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem estar das populações humanas.

4 – CONCLUSÃO

As obras do canal de desvio do Curso do Rio Amparo lesaram a Faixa Marginal de Proteção e Preservação Permanente, numa extensão de 100,00metros aproximados.

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Foi desmatada uma faixa de 10,00 metros dentro da á Área de Proteção e Preservação Permanente do Rio Amparo, desrespeitando a Lei Federal nº 4.771/65, que considera Área de Proteção e Preservação Permanente uma faixa marginal de 30,00 metros para cursos d´água de menos de 10,00 metros de largura.

Ficou efetivamente comprovado que houve dano ambiental, com desmatamento, causado pelas obras do canal de desvio do Rio Amparo, efetuadas pela Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura Municipal de Nova Friburgo.

A reparação do dano causado, deve ser feito com o replantio de mudas que compõem a Mata Atlântica, características de matas ciliares, no espaçamento de 2x2, numa faixa de dois metros ao longo do curso d´água em toda a extensão em que ocorreu e intervenção.

Visto ser pequena a área de reflorestamento, não justifica a assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta, sendo necessário somente, a apresentação da comprovação do reflorestamento, através de registro fotográfico com relatório indicativo das espécies e quantidades plantadas dentro do prazo de trinta dias.

Rio de Janeiro, 30 de abril de 2002.

Engº Floresta Engº de Prod. Em Construção Civil

Engª Cartógrafa

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ANEXO 6

PEÇA INICIAL DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1ª Promotoria de Justiça de Proteção aos Interesses Difusos e Direitos Coletivos (Meio Ambiente, Patrimônio Público, Histórico, Turístico, Paisagístico e Tutela Coletiva do Consumidor) Nova Friburgo, Cachoeira de Macacu, Bom Jardim, Cordeiro, Cantagalo, Duas Barras , Santa Maria Madalena e Trajano de Moraes.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA DE NOVA FRIBURGO – RJ

MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO , pelo Promotor de Justiça que apresente subscreve, integrante da 1ª Promotoria de Proteção dos Interesses Difusos e Direitos Coletivos do 2º CREADIN (sede Nova Friburgo) com atribuição em matérias relativas, dentre outras, ao meio ambiente, vem , respeitosamente, propor a presente.

AÇÃO CIVIL PÚBLICA (COM PEDIDO DE ORDEM LIMINAR)

com fulcro , principalmente, nos artigos 129, III, da Constituição da Repúblicade 1988, art. 1º . I, 3º , 5º , caput e 12, todos da lei de ações civis públicas (lei

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7.347/85), art. 25, IV, “a” da lei Orgânica Nacional dos Ministérios Públicos Estaduais (lei 8625/93), em face do:

MUNICIPIO DE NOVA FRIBURGO, pessoa jurídica de direito público interno, com sede na Avenida Alberto Braune, nº , Centro, Nova Friburgo- RJ em razão dos fatos e fundamentos a seguir alinhados.

Antes, porem, de explicitá-los, gostaríamos de fazer rápida menção a outros pontos que, não raro, são mal interpretados, mas são relevantes ao perfeito desenvolvimento deste processo,

DAS PRELIMINARES DE MÉRITO

Entendemos que se todas as condições para o legítimo exercício do direito de ação e todos os requisitos para o regular desenvolvimento processual fossem analisados neste momento, esta peça exordial se tornaria não só extensa , mas – o que é pior – desinteressante.

Portanto, não obstante entendemos estarem presentes a esta todas as condições e requisitos acima transcritos, pedimos vênia, desde já, a Vossa Excelência para melhor explicar pequenos detalhes sobre as questões que mais comum ente são argüidas como matéria de defesa preliminar.

I – DO DEMANDADO (da legitimidade passiva ad causam)

O réu ao desviar irregularmente o curso do Rio Amparo, acaboupor provocar danos ambientais que serão melhor analisados ‘a frente. Mas, inicialmente, é importante salientar que a área afetada pela atividade acima narrada se encontra protegida pelo Código Florestal como uma área de Preservação Permanente. O que demandaria uma prévia autorização pra desenvolver qualquer atividade potencialmente nociva ao meio ambiente.

Apesar disso, optou o réu por realizar o corte de vegetações nativas do complexo vegetativo Mata Atlântica, sem o consentimento dos órgãos ambientais pertinentes (FIEF e/ou SERLA).

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Tem-se, pois, como conseqüência lógica e natural desta observação que será melhor analisada no capítulo próprio – a irrefutável degradação ambiental praticada pelo réu que, a teor do art. 3º, IV, da lei federal 6938/84 – que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente – o qualifica como um poluidor. Sendo assim, concluímos que deverá ser ele responsabilizado pelos danos ambientais provocados e, por conseguinte, figurar no pólo passivo desta demanda.

II – DO DEMANDANTE (da legitimidade ativa ad causam):

A partir do advento da promulgação da nossa atual Carta Política, o Ministério Público foi erigido ‘a categoria de “ ... instituição permanente, essencial ‘a função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem pública, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis” .(art. 127, caput)

Para melhor desenvolver este tão importante quanto amplo mister, o poder constituinte originário nacional, num primeiro plano, detalhou, exemplificativamente, determinadas funções a serem compridas primordialmente pelo Parquet (como nos incisos II, V, VI e IX, do seu art. 129) e, com segundo plano, conferiu-lhe poderes e/ou prerrogativas a serem utilizados exclusivamente no fiel cumprimento das primeiras.

Foi assim que, por exemplo, conferiu ao Ministério Público a função de “ ...zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados nesta Constituição...” (art. 129, II), sendo que , para fazer cumprir este mandamento, dotou-lhe do poder de “ ...promover o inquérito civil e a ação ccivil pública, para proteção do patrimônio público e social , do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos” . (art. 129,III).

Especificamente me matéria ambiental, insta destacar ainda o art. 14, § 1ºm 2ª parte da lei 6938/81, que afirma que “ ... O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente” .

Ou seja, tantas as normas – constitucionais e infraconstitucionais –que atribuem legitimidade ao Parquet para atuar em proteção ao meio ambiente, que tão dispensadas maiores considerações.

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DO MÉRITO

DOS FATOS

Como esta peça exordial se prende a fatos devidamentecomprovados no curso do Inquérito Civil nº 55/01, instaurado no âmbito da 1ª Promotoria de Justiça de Proteção aos Interesses Difusos e Direitos Coletivos do 2º CRAAI (Sede Nova Friburgo), pedimos vênia a Vossa Excelência para analisa-lo da forma como apresentados neste procedimento.3

As investigações sobre o caso em testilha se iniciaram a partir do envio a esta Promotoria de Justiça da carta da APENA – Associação pela Natureza (fls. 02/07 do Inquérito Civil 55/01), onde era comunicado que o ora réu teria executado uma obra de retificação do curso híbrido denominado Rio Amparo, com supressão de vegetação que se situava na faixa marginal de proteção. Área esta considerada de Preservação Permanente pela Lei Federal 4771/65, em seus arts. 2°, “a” e 10.

Após esta relevante comunicação. Foi expedido ofício a SERLA –Superintendência de Rio e Lagos – a fim de verificar aquele órgão ambiental havia autorizado o empreendimento do município. Vindo sua resposta (as fls. 10 do Inquérito Civil n. 55/01) , no seguinte sentido:

Os serviços efetuados pela municipalidade NÃO foram comunicados aSERLA para a devida avaliação técnica

A partir daí, foi expedido ofício ao Município de Nova Friburgo (fls. 11 do Inquérito Civil 55/01), com cópia do apresentado pela SERLA, requisitando ao mesmo que se manifestasse sobre os fatos. Este, em apertada síntese, afirmou que (‘as fls. 19 do Inquérito Civil 55/01:

a) Não houve destruição da mata ciliar por não existir este tipo de vegetação no local;

b) Que ‘a revelia com o trabalho de dragagem cingia-se a duas moradoras que não estavam de acordo com o corte de 3 (três) árvores cinqüentenárias;

c) O material retirado do leito do córrego foi depositado em suas margens, formando um dique marginal coberto com vegetação.

Por fim, encaminhado relatório de vistoria do GATE/MPRJ – Grupo de Apoio Técnico Especializado onde é atestado que:

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a) O município realizou obra de retificação de curso híbrido (Rio Amparo);b) Durante a construção do desvio do curso híbrido, VÁRIAS

irregularidades foram cometidas:i) Diversas árvores, com mais de 10,00 metros de altura e cerca de

40 cm de diâmetro, assim como bambus que agem de forma eficaz na fixação da margem do rio foram suprimidos para dar passagem a escavadeira encarregada da abertura do canal;

ii) Toda a vegetação rasteira na faixa marginal de proteção do Rio Amparo, na área de implantação do canal de desvio, numa extensão de 100,00 metros aproximados foi suprimida;

iii) A obra foi iniciada SEM LICENCIAMENTO DE QUALQUER ÓRGÃO AMBIENTAL . A SERLA e a FEEMA não foram ouvidos da implantação da obra do canal do desvio do curso do Rio Amparo.

c) O artigo 2º da Lei Federal 4771/65, que instituiu o CódigoFlorestal, considera de Proteção e Preservação Permanente, uma faixa marginal de 30,00 metros para cursos d´água de menos de 10,00 metros de largura, medidos a partir da margem, no seu nível mais alto. O Rio Amparo se enquadra nesta largura menor que 10,00metros.

Diante destas constatações, não nos resta mais dúvidas de que (i) houve o dano ambiental (desmatamento e desvio do curso híbrido) e que (ii) fora este praticado pela municipalidade. Mas, por outro lado, não há nada nos autos que nos faça concluir que o réu possuía algumas espécie de licença para tanto.

Temos , pois, um contexto que nos faz concluir ter sido praticado um ilícito ambiental pelo Município de Nova Friburgo que, por sua vez, merece ser imediatamente coibido, sob pena de se transformar em algo irreversível.

DOS FUNDAMENTOS

1 – DO SISTEMA DE PROTEÇÃO NORMATIVA DE VEGETGAÇÕES:

A atual política nacional de proteção ambiental, mormente após o advento da promulgação da nossa Carta Magna, passou a exigir uma maior atenção de seus aplicadores e fiscais, em razão da complexidade de suas normas e das diversas nuanças e desdobramentos que lhe são inerentes. Tal complexidade de normas e princípios parte, no entanto, de uma origem comum: o art. 5º, XXIII da CF/88.

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“Norma-mãe” da intervenção do poder público na iniciativa privada ( muito bem exemplificada pelo direito ‘a propriedade, outrora inabalável), este dispositivo constitucional abriu caminho ‘a sistemática, hoje implementada, de obediência ao bem comum e ‘a segurança da população, em detrimento daquele poder semi soberano e ilimitado de propriedade, outrora enraizado em políticas e estudos por demais liberais/privativas.

Corroborando esta norma programática, previu, outrossim, o constituinte, em diversos dispositivos, várias outras normas protetoras da então chamada “ Função Social da Propriedade” , como a do art. 170, III (que dispõe sobre os princípios gerais da atividade econômica); 182, caput e § 2º (que regulamenta a função social da propriedade urbana, os requisitos mínimos de sua observância e aplica as sanções cabíveis); 185, parágrafo único e 186 (que regulamenta a função social da propriedade para fins de reforma agrária). Culminando com o seu art. 225, que dispõe:

Art. 225. Todos tem direito ao meio ambienteecologicamente equilibrado, bem de usocomum do povo e essencial ‘a sadiaqualidade de vida, impondo-se o PoderPúblico e ‘a coletividade o dever de defendê-lo e preserva-lo para as presentese futuras gerações” .

Por esta norma, percebemos claramente a preocupação do povo brasileiro – ora representado pelo poder constituinte originário – em salvaguarda este bem que, a par de sua natureza difusa, se constitui em verdadeiro – o único –patrimônio da humanidade.

Mais especificamente com relação ao bem jurídico ora analisado, temos que o parágrafo 4º desta mesma norma constitucional, dispõe que:

“ § 4º. A Floresta Amazônica brasileira, a.Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira sãoPatrimônio nacional e sua utilizaçãoFar-se-á, na forma da lei, dentro de condiçõesque asseguram a preservação do meioambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos

naturais.”

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Segundo a esteira do mandamento constitucional, a lei federal nº 4771, datada de 15 de setembro de 1965, ordinariamente denominada Código Florestal,já dispunha, antes mesmo da edição da CF/88, que:

“ Art. 1º. As florestas existentes no território e as demais formas de vegetação, reconhecidas de utilidade ‘as terras que revestem , são bens de interesse comum a todos os habitantes do País, exercendo-se os direitos de propriedade, com as limitações que a legislação em geral e especialmente esta Lei estabelecem.§ 1º As ações ou omissões contrárias ‘as disposições deste Código na utilização e exploração das florestas e demais formas de vegetação são consideradas uso nocivo da propriedade” .

Em determinados trechos desta legislação, foram atribuídas outras formas mais efetivas de preservação da mata, como aquelas previstas nos arts. 2º , 3º - estas,, declaradas áreas de preservação permanente – 4º - áreas de interesse público – 1º, § 2º, III – consideradas áreas de reserva legal – e, dentre outras, aquelas contidas no art. 10.

Dispõem os arts. 1º, §2º, Ii e 2º da lei 4771/65 que são consideradas áreas de preservação permanente aquelas áreas protegidas “ ... nos termos dos arts. 2º e 3º desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica , a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas ...” . Sendo certo que o art. 2º, ora mencionado, dispõe ser considerada como tal, aquelas áreas situadas

‘ ... longo dos rios ou de qualquer curso d´água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja: 1) de 30 (trinta) metros para os cursos d´água de menos de 10 (dez) metros de largura; 2) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d´água que tenham de 10(dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura; 3) de 100(cem) metros para os cursos d´água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura; 4)

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de 200 (duzentos) metros para os cursos d´água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; 5) de 500(quinhentos) metros para os cursos d´água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros ... “ .

Por este dispositivo de lei conclui-se que, estando a área desmatada ‘a margem de curso híbrido deveria o município ter respeitado a vegetação existente ao longo deste curso d´ água – denominado faixa marginal de proteção.

Para que o corte de vegetação existente na área acima narrada pudesse isenta-lo de responsabilidade, deveria tal ato ser previamente autorizado (leia-se, licenciado) pelo órgão federal de meio ambiente , tal como exige o art. 3º, § 1º do Código Florestal. E, mesmo assim, se para uma das finalidades contidas neste mesmo dispositivo legal:

“ Art. 3º. Consideram-se , ainda, de preservação permanentes, quando assim declaradas por ato do Poder Público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas:(...)§ 1º A reparação total ou parcial de florestas de preservação permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal, quando for necessária ‘a execução de obras, planos, atividades os projetos de utilidade pública ou interesse social.”

Como não foi esta a finalidade do transgressor, mesmo se fosse emitida uma licença ambiental de corte de vegetação (nativa ou não) em seu favor, deveria o mesmo ser responsabilizado. Tal como se requer, in casu.

Apesar das diversas formas de proteção legal existentes – e que recaem indubitavelmente sobre toda extensão da propriedade do réu – o resultado do descumprimento destas gera um só efeito: a responsabilidade ambiental.

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2 –DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL CABÍVEL AO RÉU:

A noção geral da responsabilidade ambiental, como não poderia deixar de ser, decorre da nossa atual constituição, mormente quando este dispõe em seu art. 225 que:

§ 3º . As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.”

Adequando-se ‘a norma constitucional supracitada, apesar de lhe ser anterior, a lei 6938/81, em seu art. 14 §1º afirma que:

“ Sem obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, independentemente de existência de culpa, a indenizar ou repara os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade. O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente.”

De acordo com as normas gerais supracitadas, percebemos a necessidade preemente de (i) obrigar o poluidor (autor do dano ambiental0 ‘a recuperar –recompor, através de uma condenação numa obrigação se reverterá em indenização, (iii) não podendo este se eximir da responsabilidade mencionada, por inexistência de culpa.

Em razão da complexidade do bem jurídico tutelado que, por sua vez, dificulta/impossibilita a recomposição total do dano, é sempre exigível que as normas protetivas ambientais sejam aplicadas antes do dano ocorrer. Este é, aliás, o norte do Princípio da Precaução, adotado internacionalmente e ratificado pelo Brasil através da subscrição ‘a Declaração do Rio de Janeiro sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Agenda 21, Rio Eco 92, elaborado pela ONU que, em seu Princípio 15, dispõe:

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“ Com o fim de proteger o Meio Ambiente, os Estados deverão aplicar plenamente o critério da precaução conforme suas capacidades. Qndo houver perigo de dano grave ou irreversível, a falta de certeza científica absoluta não deverá ser utilizada como razão para se adiar a adoção de medidas eficazes em função dos custos para se impedir a degradação do meio ambiente”.

Pór este princípio, percebemos claramente que a proteção jurídico-legislativa ambiental se baseia na prevenção ( ou precaução). Mas, no entanto, não é esta sua única preocupação . José Rubens Morato Leite explica com simplicidade que:

“ ... de nada adiantariam ações preventivas, se eventuais responsáveis por possíveis danos não fossem compelidos a executar seus deveres ou responder por suas ações. Assim, sob pena de faltar responsabilização, há necessidade de o Estado articular um sistema que traga segurança ‘a coletividade ...” (Dano Ambiental do individual ao coletivo extrapatrimonial, Ed. Revista dos Tribunais, p.57).

Para não correr um risco desnecessário de se tornar inócuo face ‘a constatação de um dano ambiental pré-existente, o constituinte (art. 225, §§ 2º e 3º, já mencionados), o legislador (lei 6938/81) e até a ONU22:desenvolveram regras e princípios próprios de recuperação do meio ambiente e de punição ao degradador, sem perder de vista o interesse primordial do direito ambiental, que é o da mantença do ecossistema para as gerações futuras. Foi assim qaue se criaram os princípios da resposanbilização objetiva e da reparação integral do dano.

Cabe-nos, ab initio , abrir um pequeno parêntese para lembrar que objetivo primordial da responsabilidade civil ambiental pátria é o da recomposição do meio ambiente degradado. Somente admitindo sua conversão em indenização na hipótese de impossibilidade total em fazê-lo.

22 Através do Princípio 13 da Rio ECO 92, onde se afirma que “Os Estados devem desenvolver nacional relativa ‘a responsabilidade de indenização das vítimas de poluição e outros danos ambientais...”

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Paulo Affonso Leme Machado 23

“ ... é imperiosos que se analisem oportunamente as modalidades de reparação do dano ecológico, pois muitas vezes não basta indenizar, mas fazer cessar a causa do mal pois um carrinho de dinheiro não substitui o sono reparador, a saúde dos brônquios ou a boa formação do feto ...”

Retornando ‘a idéia central, de acordo com o que dispõe o art. 14, §1º da lei 6938/81 – já antes destacado – percebemos que o legislador não exige a comprovação do elemento subjetivo – culpa – para fins de responsabilizar o autor de uma degradação ambiental. Ou seja, todo aquele que causar dano ao meio ambiente será obrigado a recompô-lo – in natura – ou repara-lo –conversão em indenização – bastando, para tanto, a comprovação da existência do dano ambiental – ou poluição e do nexo de causalidade entre este e ação ou omissão do autor.

É a teoria da responsabilidade civil objetiva ambiental, que assim é explicada pelos doutrinadores mais abalizados no assunto da seguinte maneira:

“ ... o sistema de responsabilidade civil tem uma clara vocação preventiva, pois além de trazer segurança jurídica, pela certeza da imputação, e fazer com que eventual poluidor evite o dano, contribuirá para a conscientização da preservação... modelos de responsabilidade civil por danos ambientais que prevejam a responsabilidade por riscop, ou seja, objetgiva ou sem culpa do agente, sem dúvida mais condizente com a complexidade do bem protegido e com a industrialização. “ (José Rubens Morato Leite; Ob. Cit.;p.66)

“ ... A expansão das atividades econômicas da sociedade contemporânea haveria de exigir um tratamento da matéria com o viés do direito público, e não pelos limites da ótica privada. Coube ‘a lei 6938/81, instituidora da Política

23 Direito Ambiental Brasileiro;Ed. Malheiros, 7ª ed.; p.274

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Nacional de Meio Ambiente, dar adequado tratamento ‘a matéria, substituindo, decididamente, o princípio da resposabilidade subjetiva, fundamentado na culpa, pelo da responsabilidade objetiva, fundamentado no risco da atividade. No regime de responsabilidade objetiva, fundada na teoria do risco da atividade, para que se possa pleitear a reparação do dano, basta a demonstração do eventgo danoso e do nexo de causalidade. A ação, da qual a teoria de culpa faz depender a responsabilidade pelo resultado, é substituída, aqui, pela assunção do risco em provoca-lo ...” (Edis Milaré, Direito do Ambiente; Ed. Revista dos Tribunais, 2º ed. , p. 427,428 , 429)

“ ... Consagrada, assim, através da legislação, a responsabilidade objetiva, abriu-se a via necessária para o reconhecimento da responsabilidade por dano ambiental ...” (Vladimir Passos de Freitas, A Constituição Federal e a efetividade da normas ambientais; Revista dos Tribunais; p. 173(

“ ... A culpa, de grande estrela dos códigos civis modernos, está, a cada dia que passa, constituindo-se numa categoria jurídica que não mais impressiona. A diminuição da importância da culpa é um fenômeno que se verifica em todo mundo industrializado, como conseqüência da própria industrialização. A objetivação da responsabilidade, contudo, não é a única grande transformação pela qual contudo, não é a única grande transformação pela qual passou o acncião intitguto jurídico...” (Paulo de Bessa Antunes; Direito Ambiental; Ed. Lúmen Júris; 5ª edição; p. 153)

“ A inadequação da responsabilidade subjetiva no domínio ambiental aparece principalmente pelo fato de o poluidor pretender sua irresponsabilidade pelos danos, por estar exercendo atividade licenciada pelo Poder

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Público, ou pelas dificuldades técnicas e financeiras pra evitar a emissão de poluentes...” (Paulo Affonso Leme Machado; Ob Cirt.; p.271).

O entendimento doutrinário então destacado corrobora a tese de que a responsabilidade aplicada em matéria ambiental é objetiva e, in casu, tem total aplicabilidade. Senão, vejamos:

1 – Todos os documentos contidos no inquérito civil que instrui a presente ação civil pública noticiam que o réu acabou por realizar um corte de vegetgação localizada na FP – Faixa Marginal de Proteção, considerada pelo Código Florestal como área de preservação permanente;

2 – Só que, para tanto, não obteve licença ambiental do órgão público com atribuição para tanto nem sequer apresentou ao órgão competente o seu estudo técnico de impacto ambiental.

3 – Além disto, desviou o leito de um curso híbrido sem qualquer estudo sobre os impactos ambientais advindos deste ato.

Em razão disto, concluímos que estão presentes os dois elementos indispensáveis ‘a aplicação da teoria da responsabilidade civil ambiental : dano e nexo de causalidade. Portanto, conclui-se que o Município de Nova Friburgo deverá responder pela integralidade do dano ambiental que provocou, e ainda provoca, ao meio ambiente friburguense, cabendo-lhe, por esta razão, recompô-lo naquilo que for possível e/ou repara-lo (mediante indenização, a ser aferida no momento processual adequado), na hipótese contrária.

Fala-se em recomposição ou reparação INTEGRAL do dano ambiental porque esta idéia também se constitui num dos princípios basilares do direito ambiental. Segundo leciona José Rubens Morato Leite 24

“ O dano deve ser reparado integralmente, o mais aproximadamente possível , pela necessidade de uma compensaão ampla da lesão sofrida... O pressuposto da reparação integral deriva da hipótese de que o agente é obrigado a reparar todo o dano, sob pena de redundar em impunidade... A reparabilidade integral do dano ambiental é decorrente do art. 225, §3º da Constituição da República Federativa do Brasil, e

24 Ob. Cit.;p.220

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do art. 14, § 1º, da lei 6938/81, que não restringem a extensão da reparação. No que com cerne ‘a responsabilização civil por dano ambiental, a reparabilidade é integral, levando em conta o risco criado pela conduta perigosa do agente, impondo-se ao mesmo um dever agir preventivo... A reparabilidade integral do dano ambiental pode implicar reparação superior ‘a capacidade financeira do degradador. Todavia, a eventual aniquilação da capacidade econômica do agente não contradiz o princípio da reparação integral, pois este assumiu o risco de sua atividade e todos os ônus inerentes a esta”.

Vê-se, pois, que não deverá ser o dano reparado de acordo com a capacidade financeira do réu – até porque, difícil de ser efetivamente auferida –mas, primordialmente, com a extensão do dano ambiental ocasionado.

Para concluir toda a idéia até então transmitida, insta destacar um pequeno trecho de um dos ensinamentos do prof. Paulo Affonso Leme Machado que, com muita propriedade, nos alerta:

“ ... A atividade poluente acaba sendo uma apropriação pelo pçoluidor dos direitos de outrem, pois na realidade a emissão poluente representa um confisco do direito de alguém em respirar um ar puro, beber água saudável e viver com tranqüilidade.” (Ob. Cit.; p.273)

DO PEDIDO PRINCIPAL

Em razão do exposto, é a presente para requer deste i. juízo:

1 – Seja esta ação civil pública recebida, autuada e distribuída a uma das varas cíveis da Comarca de Nova Friburgo.

2 – Seja o réu citado, nos termos do art. 172, § 2º do CPC, para, querendo, contestar a presente, sob pena de revelia;

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3 – Seja condenado o réu a uma obrigação de fazer, em razão do desmatamento desautorizado da mata ciliar do Rio Amparo, consistente em recompor os danos ambientais causados por suas atividades ilícitas, através do replantio de mudas que compõe da Mata Atlântica, num espaçamento de 2x2 e numa faixa de 2 metros ao longo do curso d´ água, em toda extensão em que ocorreu a intervenção.

4 – Caso esta recomposição in natura vier a se tornar impossível ou inoportuna, seja o réu condenado a reparar os danos ambientais produzidos, numa tutela jurisdicional indenizatória a ser quantificada na fase de liquidação de sentença , na exata medida da degradação não recomposta integralmente;

5 – Seja o réu condenado, outrossim, a reparar os danos ambientais ocasionados pelo desvio inapropriado do leito do Rio Amparo, face a latente impossibilidade de revertê-los in natura, numa tutela jurisdicional indenizatória a ser quantificada na fase de liquidação de sentença, na exata medida da degradação ocasionada;

6 – Sejam as indenizações acima revertidas para um dos fundos de proteção ambiental existentes no Estado do Rio de Janeiro, a ser indicado após a quantificação do montante;

7 – Seja o réu condenado a pagar honorários advocatícios ao Fundo Especial do Ministério Público, ‘a base de 20% sobre o valor da causa, dando o valor inestimável da condenação.

Protestando-se por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial pela prova testemunhal, por depoimento pessoal , pela prova documental superveniente e pericial, caso necessário, atribui-se ‘a causa de valor inestimável, o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Nova Friburgo, 7 de abril de 2003.

Promotor de Justiça

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ANEXO 7

EMENTÁRIO CÍVEL

AÇÃO CIVIL PÚBLICA8/841 – PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBRIDADE ADMINISTRATIVA. MINISTERIO PÚBLICO. ART. 17, § 3º, DA LEI 8.429/92 C/C ART. 6º, §3º, DA LEI 4.717/65. AUSENCIA DE CITAÇAÕ DO MUNICÍPIO. NULIDADE. NÃO OCORRÊNCIA. HIPÓTESE DE LITISCONSORCIO FACULTATIVO E NÃO NECESSÁRIO. PROVIMENTO DO RECURSO ESPECIAL. 1. Quando a ação pública por ato da improbidade for promovida pelo Ministério Público, o ente público interessado, eventualmente prejudicado pelo suposto ato de improbidade, deverá ser citado para integrar o feito na qualidade de litisconsorte. 2. A pessoa jurídica de direito público intervém , no caso, como litisconsorte facultativo, não sendo hipótese de litisconsorte necessário. 3. Entendimento pacífico firmado pelas Turmaas de Direito Público desta Corte Superior. 4. A ausência da citação do Município não configura a nulidade do processo. 5. Recurso especial provido. BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Recurso Especial nº 526982 (2003/0039991-1), do Estado de Minas Gerais . 1. Turma, Relator: Ministra Denise Arruda. Decisão unânime. Brasília, DF, 6 de dezembro de 2005, Diário da Justiça da União de 1º de fevereiro de 2006, p.433. (Júris Plenum – Doutrina –Jurisprudência – Legislação, Ano II – n. 8, Março/06).

8/842 – AÇÃO CIVIL PUBLICA. ATIVIDADE POLUIDORA. Inobservância das condicionantes definidas pelo órgão ambiental, quando do licenciamento. Imposição de multa diária. Desnecessidade, por hora. Poder de Polícia que compete ‘a Administração. Possibilidade de atuação supletiva do Ministério Público,pelas vias próprias, se for necessário. MINAS GERAIS.Tribunal de Justiça. Apelação Cível n ] 1.0027.92.002010-7/002. 2. Câmara Cível. Relator: Desembargador Brandão Teixeira. Decisão unânime. Belo Horizonte, 13 de dezembro de 2005, Publicado em 27 de janeiro de 2006. (Júris Plenum –Doutrina – Jurisprudência – Legislação, Ano II – n. 8,Março/06).

AÇÃO CIVIL PÚBLICA – Sano ao meio ambiente _ Instalação de Usina de reciclagem de lixo – Atividade poluidora e que não pode ser localizada em zona residencial.Medida Liminar concedida para paralisação das obras independentemente de justificação prévia – Admissibilidade – Cautela justificada para evitar a consumação da lesão – Inexistência, ademais, de autorização expressa dos órgãos estaduais para implantação do sistema –Aplicação dos artigos 642,796,798 e 888, VII, do CPC . e 3º,4º,5º,11 e 12 da Lei 7.347/85 (TJ/SP.( RT 629/118 )

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AÇÃO CIVL PÚBLICA – Responsabilidade por danos causados ao maio ambiente – Possibilidade de ofensa a bens e direitos de valor estético, turístico e paisagistico – Propositura pelo Ministério Público – Lei municipal autorizando tipo de construção – Medida Cautelar suspendendo a execução de obras deferidas – admissibilidade – Violação da Lei Federal n. 6.938/81, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente – Probabilidade de ocorrência de dano evidenciada por prova documental - “ Fumus boni iuris “ e “ periculum in mora” . caracterizados – Decisão mantida -, TJ/SP (TR.518/68)

AÇÃO CIVIL PUBLICA – Dano ao meio ambiente – Águas contaminadas –Lançamento de poluentes industriais sem tratamento por empresa –Comprovação através de perícia – Responsabilidade objetiva - Indenização devida – Sentença mantida – Recurso improvido – Inteligência do art. 14 da Lei n.6.938/81 – TJ/SP (RT 693/130..

AÇÃO CIVIL PÚBLICA – Compromisso de ajustamento. Execução. Título Executivo. O compromisso firmado perante o IBAMA e o Ministério Público constitui título executivo, nos termos do art. 5º §6º, da Lei 7.347/85, que está em vigor. Recurso conhecido e provido. Resp. 213.947 – MG – 4ª T. – STJ – j. 06.12.1999 – rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar – DJU 21.02.2000.( Revista do Direito Ambiental. São Paulo:RT; ano 5 n.19julho-setembro,2000.p.329-331.

113616 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – DEPÓSITO DE LIXO DE CÉU ABERTO –Dano ao meio ambiente - - O art. 23 , VI, da Constituição da República preceitua ser competência comum da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios proteger o Mio Ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas. Todos tem direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado, nem de uso comum do povo e essencial ‘a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e ‘a coletividade o dever de defende-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. As condutas e atividades consideradas lesivas ao Meio Ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. A saúde é direito de todos e dever do Poder Público, assegurada mediante políticas econômicas, sociais, ambientais e outras que visam ‘a prevenção e ‘a eliminação do risco de doenças e outros agravos e ao acesso universal e igualitário ‘as ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação, sem qualquer discriminação TJ/MG – Ac. Unânime da 4ª Câmara Cível publ.em 1-2-2005 –ap. Cível 1.0439.02.006428-3/001 – Rel. Dês. Carreira Machado –Departamento Municipal de Saneamento Urbano de Muriaé x Ministério Público Estadual) – (Coad 21/2005).

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113807 – MINISTÉRIO PÚBLICO – AÇÃO CIVIL PÚBLICA CO BASE EM INSCONSTITUCIONALIDADE DE LEI – Eficácia Erga Omnes – O novel artigo 129, III, da Constituição Federal habilitou o Ministério Público ‘a promoção de qualquer espécie de ação na defesa do patrimônio público social não se limitando ‘a ação de reparação de danos. Em conseqüência, legitima-se o Ministério Público a toda e qualquer demanda que visa ‘a defesa do patrimônio público – neste inserido o histórico, cultural, urbanistico, ambiental, etc. -, sob o ângulo material – perdas e danos – ou material – lesão ‘ moralidade. O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública, fundamentada em inconstitucionalidade de lei, na qual opera-se apenas o controle difuso ou incidenter tantum de constitucionalidade. Precedentes do STF. A declaração incidental de constitucionalidade não tem eficácia erga omnes , porquanto premissa do pedido – artigo 469, III, do CPC. Pretensão do Parquet que objetiva que o Distrito Federal se abstenha de conceder termo de ocupação, alvarás de construção e de funcionamento, deixe de aprovar os projetos de arquitetura e/ou engenharia a quaisquer pessoas físicas ou jurídicas, que ocupem ou venham a ocupar áreas públicas de uso comum do povo. Recurso Especial provido. (STJ – Ac. Unam. Da 1ª T., publ.em 2-5-2005 – Resp. 637.404-DF – Rel. Min. Luiz Fux – adv. Cláudio Fernando Eira de Aqauino) – (Coad 24/2005)

115016 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA - OCUPAÇAO ILEGAL DE ÁREA – DANO AMBIENTAL – Ocupação ilegal de área nom aedificandi , assim definida, pelo Decreto 2.365 da SERLA , situada na Faixa Marginal de Proteção Ambiental, entre a margem direita da Via Via Parque e a Lagoa da Tijuca. A área em questão, de acordo com o artigo 2º da Lei n. 4.771/65, é de preservação permanente, somente podendo ter seu status alterado mediante autorização do Poder Executivo Federal. O fato de se cobrar IPTU dos ocupantes, em nada altera a situação de ilicitude da ocupação. Como se sabe, no Direito Tributário vige o antigo princípio, cuja origem remonta ao Imperador de Roma Vespasiano, do pecúnia non olec. A simples cobrança de um tributo não indica qualquer concordância do poder publico, em relação ‘a situação fática, que gera sua incidência. Constam dos autos três laudos periciais, sendo que todos foram uníssoros em suas conclusões, quanto ao dano ambiental causado pela ocupação da área de proteção pelos réus. Manutenção da Sentença. (TJ-RJ –Ac. Unam. Da 5ª Câm. Cível, reg. Em 7-7-2005 – Ap; 2005.001.03660 – Rel. Dês. Antonio César Siqueira (Coad 42/2005).

115565 – AÇÃO CIVIL PÚBLICA – MINISTERIO PÚBLICO – DESFAZIMENTO DE OBRA – COMPETÊNCIA – Manifestando o Município expressamente seu desinteresse da lide , confirma-se a competência do Juízo Cível, e não a do Juiz\o da Fazenda |Pública, para processar e julgar o conflito de interesses entre o Ministério Público e moradores da Estrada das Canoas, São Conrado.

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Prova de que as construções desrespeitam a legislação urbanística, afetando o patrimônio ambiental inclusive. Se o licenciamento se deu para desempenho de atividade econômica, de natureza restritiva, del não pode pressupor-se a autorização para construir. Eventual pretensão indenizatória por benfeitorias haverá que deduzir-se em ação própria. Confirmação, em apelação, da sentença que determinou a conseqüência demolição com imposição do pagamento de multa diária(TJ-RJ – Ac. Unam. Da 5ª Câmara Cível, reg. Em 26-9-2005 – Ap. 2005.001.08037 – Rel. Dês. Humberto de Mendonça Mannes) (Coad 50/2005)

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ANEXO 8

ATOS DOS TRIBUNAIS

RESOLUÇÃO TJ-SP(DO-SP DE 7-10-2005) DIREITO AMBIENTAL

Criação da Câmara Especial do Meio Ambiente

O PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO expediu a Resolução nº 240, publ. Em 7-10-2005, que

Considerando a relevância do direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado os objetivos voltados ‘a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental, a necessidade de asseguramento de condições ao desenvolvimento socioeconômico.

Considerando a conveniência da especialização da matéria;Considerando, por fim , o decidido no Processo COJ-1-234/2005,

RESOLVEArt. 1º ......

Art. 4º - Esta Resolução entrará em vigor 15 (qauinze) dias após sua publicação.

São Paulo, 5 de outubro de 2005. (Luiz Tâmbara – Presidente do Tribunal de Justiça). (Coad – Informativo semanal 42/2005, p. 854)

ATOS DO MINISTÉRIO PÚBLICO

RECOMENDAÇÃO 4 CG –MP-mg(DO-MG DE 22-9-2005) MEIO AMBIENTE – Exploração florestal Procedimento quanto ‘a fiscalização

O CORREGEDOR GERAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS expediu a Recomendação nº 4, publicado. Em 22-9-2005.

Considerando que Minas Gerais possui grande parque natural de siderurgia e outras atividades, responsáveis pelo consumo anual de aproximadamente 80% do carvão vegetal produzido no Pais;

Considerando que esse consumo vem impondo severo impacto sobre o bioma cerrado, que ocupa grande parte do território de Minas Gerais, abriga

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significativa diversidade da flora e fauna e possui importância capital na conservação dos recursos híbridos brasileiros ..............

Belo Horizonte, 21 de setembro de 2005. (Antonio Padova Marchi Junior –Corregedor do Ministério Público) – (Coad – Informativo semanal 42/2005 –p.848/849/850).

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ANEXO 9

EMENDA CONSTITUCIONAL Nº 52LEI 11.284Dispõe sobre a gestão de florestas públicas para a produção sustentável; institui, na estrutura do Ministério do Meio Ambiente , o Serviço Florestal Brasileiro – SFB; cria o Fundo Nacional de Desnvolvimento Florestal – FNDF; altera as Leis nº 10.683, de 29 de maio de 2003, 5.868, de 12 de dezembro de 1972, 9.9065, de 12 de fevereiro de1998, 4.771, de 15 de setembro de 1965, 6.938, de 31 de agosto de 1981, e 6.015, de 31 de dezembro de 1973, e dá outras providências. (Revista Jurídica CONSULEX , Ano X, nº 221, de 31 de março de 2006, p.19. )

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ANEXO 10Reportagem

Jornal O Globo – Primeiro caderno – Rio, 07 de abril de 2006.

MP quer conter poluição na Baía de Sepetiba

Órgão entra com ação contra Cedae, Estado e Prefeitura para obriga-los a fazer a coleta e o tratamento de esgoto.

O Ministério Público estadual entrou ontem com ação civil pública contra a Cedae, o estado e o município do Rio por omissão nos serviços de coleta e tratamento de esgoto nos bairros que integram a bacia da Baía de Sepetiba. Na ação, o órgão pede que os réus sejam condenados a fazer a coleta do esgoto em sistema separador absoluto (com redes distintas para esgoto e águas pluviais) e realizar pelos menos o tratamento primário dos dejetos, antes de joga-loes na poluída Baía de Sepeteiba.

O MP pede também o pagamento de Indenização ao Fundo Estadual de Conservação Ambiental (Fecam) pelos danos causados ao meio ambiente em conseqüência da omissão e deficiência nos serviços de coleta e tratamento de esgoto. A ação civil pública foi baseada em parecer de peritos do Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE) do MP.

Tecnicamente, a omissão da Cedae fica caracterizada pelo lançamento de esgoto in natura na areia da praia, nos rios, nos canais e diretamente na baía. A omissão do estado decorre do fato de ser o poder concedente e também possuir competência constitucional para prestar o serviço de saneamento básico. É clara também a omissão da prefeitura do Rio, que também poderia agir e não o fez – diz o autor da ação promotor Carlos Frederico Saturnino, da 1ª Promotoria de Tutela Coletiva do Meio Ambiente.

O promotor disse que a sujeira levada para a Baía de Sepetiba por canais e rios altamente poluídos pode ser observada em fotos de satélites.

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Maior parte da bacia fica no município do Rio

A Bacia Hidrográfica da Baía de Sepetiba é integrada por 14 municípios, mas a sua maior parte (54%) fica dentro do município do Rio de Janeiro, numa região que inclui os bairros de Campo Grande, Cosmos, Paciência, Inhoaíba, Santíssimo, Santa Fruz, Sepetiba, Barra de Guaratiba , Pedra de Guaratiba e Ilha de Guaratiba.

De acordo com o MP, em toda a região, apenas Pedra de Guaratiba, a Zona Industrial de Santa Cruz e o Distrito Industrial de Palmares contam com sistema separador de águas pluviais e esgoto.

- Desde a década de 60, havia previsão para construção de uma estação de tratamento de esgoto pela antiga Empresa de Saneamento da Guanabara (Esag), mas ela nunca foi construída – diz o promotor.

Um estudo feito pela Secretaria estadual de Meio Ambiente em 2001 mostrou que são lançados, pó dia, cerca de 286.900 metros cúbicos de esgoto na Baía de Sepetiba.

A Cedae e a prefeitura do Rio informaram ontem que só vão se pronunciar sobre a ação do MP quando forem notificados pela Justiça..

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ANEXO 11

Carta dos Leitores

Jornal O Globo – 1º caderno. Rio de Janeiro, 3 de fevereiro de 2006 (Sexta-feira)

Mercantil Ingá

Sobre o editorial “Descaso ambiental” (1/2), o Ministério Público Federal do Estado do Rio de Janeiro e o Ministério Público Estadual esclarecem que a responsabilidade dos danos causados na Baía de Sepetiba é dos órgãos ambientais subordinados ao Poder Executivo, juntamente com a massa falida da companhia Mercantil Ingá. Devido ‘a omissão do Poder Executivo em relação ao passivo ambiental da massa falida da Ingá, em 2003 o Ministério Público Federal e o Ministério Público Estadual ingressaram com uma ação civil pública contra a União, o Estado do Rio e o município de Itaguaí na 7ª Vara Federal, que concedeu a tutela antecipada no sentido de contger a poluição da baía. O Estado e o município de Itaguaí recorreram e obtiveram liminar interrompendo o repasse das verbas emergenciais. O MP Federal já recorreu. No MP Estadual estão sob análise três propostas de recuperação do dano ambiental a serem apreciadas em audiência em 15/3.

GABRIELA LEVY, assessora da Comunicação Social Procuradoria da República no Estado do Rio;

PATRÍCIA NOLASCO, assessora de Comunicação Social do Ministério Público do Estado do Rio (por e-mail, ½), Rio.

O Judiciário continua se empenhando para evitar a catástrofe no meio ambiente, e só não logrou atingir êxito maior por falta de colaboração das três esferas do Poder Executivo (réus da ação), que resistem a aportar os recursos necessários ‘a continuação dos trabalhos, com o fito de se eximirem de suas responsabilidades de salvaguardar o meio ambiente e responderem, cada um, por suas omissões, que resultaram no quadro caótico ora instalado.

MARIA DE LOURDES COUTINHO TAVARES, juíza Federal da 4ª Vara Cível (por e-mail, ½), Rio.

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ANEXO 12

FOTO

DEGRADAÇÃO DO MEIO AMBIENTE

Revista Jurídica Consulex , de 15 de novembro de 2005. nº 212,fls.44.

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ANEXO 13

ATIVIDADES CULTURAIS

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ANEXO 14

ATIVIDADES CULTURAIS

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ANEXO 15

ATIVIDADES CULTURAIS

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-Graduação “ Lato Sensu”

AÇÃO CIVIL PÚBLICA NO MEIO AMBIENTE

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Avaliado por __________________________ Grau _______

__________________, ____ de __________ de 2006.