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Excelentíssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(íza) de Direito de uma das Varas do Juizado Especial Federal desta Seção Judiciária, a quem couber por distribuição legal: ADRIANA NASCIMENTO DOMINGUES, brasileira, portadora da cédula de identidade sob o nº 2007262186-3 SSP/CE, inscrita no CPF sob o nº 477.943.133-68, residente e domiciliada na Rua das Castanholeiras, 303, apto 207, Bloco 03, Cidade 2000, Fortaleza – CE, CEP: 60.190-620, vem ante Vossa Excelência, por meio de seus advogados “in fine” subscritos, propor AÇÃO DE COBRANÇA DE DIFERENÇA DE CORREÇÃO MONETÁRIA DE FGTS

Ação de Cobrança de FGTS - Adriana Nascimento Domingues

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Excelentssimo(a) Senhor(a) Doutor(a) Juiz(za) de Direito de uma das Varas do Juizado Especial Federal desta Seo Judiciria, a quem couber por distribuio legal:

ADRIANA NASCIMENTO DOMINGUES, brasileira, portadora da cdula de identidade sob o n 2007262186-3 SSP/CE, inscrita no CPF sob o n 477.943.133-68, residente e domiciliada na Rua das Castanholeiras, 303, apto 207, Bloco 03, Cidade 2000, Fortaleza CE, CEP: 60.190-620, vem ante Vossa Excelncia, por meio de seus advogados in fine subscritos, proporAO DE COBRANA DE DIFERENA DE CORREO MONETRIA DE FGTSem face de CAIXA ECONOMICA FEDERAL, empresa pblica federal, com endereo na Rua Senador Pompeu, 1426, CEP 60025-001 (Agncia n. 0920-2 - Jos de Alencar), o que faz com base nas disposies das Leis n. 10.259/2001 e 9.099/95, com alicerce nos fundamentos fticos e jurdicos a seguir transcritos:

1. DA GRATUIDADE JUDICIRIAInicialmente, a promovente solicita os benefcios da justia Gratuita, com fulcro na Lei 1.060/50, por declarar-se pobre na forma da lei, uma vez que sua situao econmica no lhe permite custear o processo e os honorrios advocatcios, sem prejuzo do sustento prprio e de sua famlia.

2. DOS FATOSA Requerente trabalhadora e, como tal, possui conta vinculada ao Fundo de Garantia por Tempo de Servio - FGTS, como comprova a documentao acostada;O FGTS foi criado nos anos 60 do sculo passado com o escopo de proteger o trabalhador, como sucessor da pretrita estabilidade decenal. Sua composio se faz mediante depsitos de valores pelos empregadores em nome de seus empregados, possibilitando que estes ltimos constituam um patrimnio, ainda que muitas vezes singelo;Ademais, sabido que as importncias do fundo tambm so destinadas ao financiamento de programas de habitao popular, saneamento bsico e infra-estrutura urbana; A regulamentao do FGTS est estampada na Lei n. 8.036/90, nas normas e diretrizes fixadas por seu Conselho Curador e sua gesto est a cargo da Caixa Econmica Federal;Na lei que disciplina o tema, mais especificadamente nos artigos 2 e 13, se v que h uma obrigatoriedade de correo monetria e de remunerao por meio de juros das quantias depositadas nas contas vinculadas ao fundo, in verbis:Art. 2 O FGTS constitudo pelos saldos das contas vinculadas a que se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, devendo ser aplicados com atualizao monetria e juros, de modo a assegurar a cobertura de suas obrigaes.Art. 13. Os depsitos efetuados nas contas vinculadas sero corrigidos monetariamente com base nos parmetros fixados para atualizao dos saldos dos depsitos de poupana e capitalizao juros de (trs) por cento ao ano.

Ressalte-se que o parmetro fixado para a atualizao dos depsitos da poupana e consequentemente para os depsitos do FGTS a Taxa Referencial TR, conforme prescrevem os artigos 12 e 17 da Lei 8.177/1991, com a redao da Lei 12.703/2012, que mencionam:Art. 12. Em cada perodo de rendimento, os depsitos de poupana sero remunerados:I - como remunerao bsica, por taxa correspondente acumulao das TRD, no perodo transcorrido entre o dia do ltimo crdito de rendimento, inclusive, e o dia do crdito de rendimento, exclusive;II - como remunerao adicional, por juros de:a) 0,5% (cinco dcimos por cento) ao ms, enquanto a meta da taxa Selic ao ano, definida pelo Banco Central do Brasil, for superior a 8,5% (oito inteiros e cinco dcimos por cento); oub) 70% (setenta por cento) da meta da taxa Selic ao ano, definida pelo Banco Central do Brasil, mensalizada, vigente na data de incio do perodo de rendimento, nos demais casos.Art. 17. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo de Garantia por Tempo de Servio (FGTS) passam a ser remunerados pela taxa aplicvel remunerao bsica dos depsitos de poupana com data de aniversrio no dia 1, observada a periodicidade mensal para remunerao.Pargrafo nico. As taxas de juros previstas na legislao em vigor do FGTS so mantidas e consideradas como adicionais remunerao prevista neste artigo.

No tocante frmula de clculo da TR, diz a Lei n 8.177/1991:Art. 1 O Banco Central do Brasil divulgar Taxa Referencial (TR), calculada a partir da remunerao mensal mdia lquida de impostos, dos depsitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos mltiplos com carteira comercial ou de investimentos, caixas econmicas, ou dos ttulos pblicos federais, estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada pelo Conselho Monetrio Nacional, no prazo de sessenta dias, e enviada ao conhecimento do Senado Federal.

1 (Revogado pela Lei n 8.660, de 1993) 2 As instituies que venham a ser utilizadas como bancos de referncia, dentre elas, necessariamente, as dez maiores do Pas, classificadas pelo volume de depsitos a prazo fixo, esto obrigadas a fornecer as informaes de que trata este artigo, segundo normas estabelecidas pelo Conselho Monetrio Nacional, sujeitando-se a instituio e seus administradores, no caso de infrao s referidas normas, s penas estabelecidas no art. 44 da Lei n 4.595, de 31 de dezembro de 1964. 3 Enquanto no aprovada a metodologia de clculo de que trata este artigo, o Banco Central do Brasil fixar a TR.A metodologia do clculo foi h muito tempo definida pelo Banco Central Conselho Monetrio Nacional (CMN), atualmente vigente pela Resoluo n 3.354/2006;Ocorre que h muito tempo a TR no reflete mais a correo monetria, tendo se distanciado completamente dos ndices oficiais de inflao. Nos meses de setembro, outubro e novembro de 2009; janeiro e fevereiro de 2010; fevereiro e junho de 2012; e setembro de 2012 em diante, a TR tem sido completamente anulada, como se no existisse qualquer inflao no perodo passvel de correo;Aqui se encontra o cerne da questo: a necessidade de garantir aos depsitos nas contas vinculadas ao FGTS uma efetiva e real correo monetria, em ateno aos princpios que nortearam a sua criao como patrimnio do trabalhador;

3. DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA ECONOMICA FEDERALTendo em vista o objeto da demanda correo monetria dos depsitos do FGTS inafastvel a legitimidade passiva da Caixa Econmica Federal. Matria esta que j foi analisada pelo Superior Tribunal de Justia, culminando inclusive com a edio de smula:Smula 249 A Caixa Econmica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute correo monetria de FGTS.

Natural, portanto, que assim seja, j que a caixa gestora do fundo.

4. DA PRESCRIOA pacfica posio jurisprudencial no que concerne ao lapso prescricional para as demandas relacionadas correo do FGTS merece ser destacada, at mesmo como forma de evitar discusses desnecessrias. Por isso a seguinte smula do STJ digna de descrio:Smula 210 A ao de cobrana das contribuies para o FGTS prescreve em 30 (trinta) anos.O presente pleito encontra-se perfeitamente dentro do interregno mencionado, como se ver no transcorrer da exposio.

5. DOS FUNDAMENTOS JURDICOSA) CORREO MONETRIA E A INCONSTITUCIONALIDADE DA TAXA REFERENCIALA correo monetria existe, assim como o prprio FGTS, desde os anos 60.Explica Bulhes Pedreira:Por analogia com as unidades de medidas fsicas podemos dizer que o nvel geral de preos o padro primrio do valor financeiro, enquanto que a unidade monetria serve como padro secundrio usado, na prtica, para exprimir o valor financeiro, mas que deve ser aferido pelo padro primrio porque sujeito a modificaes; (In Correo Monetria; Indexao Cambial Obrigao Pecuniria, in Revista de Direito Administrativo, n 193, p. 353 a 372 Jul/Set 1993);A moeda, segundo o doutrinador, seria a expresso do valor financeiro; mas este valor financeiro - seria apurado em sintonia com a modificao do nvel geral de preos.Em interessante artigo de Letcio Jansen (Invalidade da Taxa Referencial (TR) o significado da ADI 493-0 DF. Disponvel em 16 0, 4816 >= MS >15 0, 4415 >= MS >14 0, 4014 >= MS >13 0, 3613 >= MS >12 0, 3212 >= MS >11 0, 2811 >= MS >10 0, 2410Abaixo de 10 fator b determinado pelo BACENEssa discricionariedade do BACEN na valorao do fator b acolhida pelas circulares e resolues posteriores, impactou o clculo do Redutor da TR.De pouco adiantaria ao trabalhador que fosse determinado ao Banco Central/CMN que recalculasse a TR, pois, uma nova frmula estaria igualmente sob a discricionariedade e subjetivismo total do Banco. Basta avaliara a sucesso de Resolues do Banco Central/CMN sobre o tema, conforme Parecer do referido Economista.Partindo da premissa inequvoca que a TR no mais repe as perdas monetrias dos depsitos do FGTS, outro caminho no existe se no o de adotar um novo ndice que verdadeiramente corrija estes depsitos.ndices que efetivamente produzem correo monetriaA Lei de Introduo s Normas de Direito Brasileiro estabelece em seu art. 5 que na aplicao da lei, o juiz atender os fins sociais a que ela se dirige e as exigncias do bem comum.A lei do FGTS tem um fim social indiscutvel, proteger o trabalhador e constituir um patrimnio que lhe sirva de arrimo em vrias situaes da vida.Diante de tudo que foi demonstrado, a juiz atender os fins sociais da Lei do FGTS ao reconhecer que correo monetria, reposio dos ndices inflacionrios de forma a garantir o poder de compra daquele dinheiro ali depositado no Fundo, efetivamente devida pela Caixa Econmica Federal.Se a TR no pode ser considerada como um ndice idneo, sobrevm a necessidade de substitu-la por um ndice que realmente reponha as perdas monetrias. E ento, nada obsta que o juiz considere ndice previsto em outra legislao.At por questo de equidade, o melhor ndice para substituir a TR o ndice que corrige monetariamente o salrio dos trabalhadores e os benefcios previdencirios. Este ndice est previsto na Lei 12.382, de 25 de Fevereiro de 2011, cujos primeiros artigos trazem a seguinte dico.Art. 1o O salrio mnimo passa a corresponder ao valor de R$ 545, 00 (quinhentos e quarenta e cinco reais).Pargrafo nico. Em virtude do disposto no caput, o valor dirio do salrio mnimo corresponder a R$ 18, 17 (dezoito reais e dezessete centavos) e o valor horrio, a R$ 2, 48 (dois reais e quarenta e oito centavos).Art. 2o Ficam estabelecidas as diretrizes para a poltica de valorizao do salrio mnimo a vigorar entre 2012 e 2015, inclusive, a serem aplicadas em 1o de janeiro do respectivo ano. 1o Os reajustes para a preservao do poder aquisitivo do salrio mnimo correspondero variao do ndice Nacional de Preos ao Consumidor - INPC, calculado e divulgado pela Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE, acumulada nos doze meses anteriores ao ms do reajuste. 2o Na hiptese de no divulgao do INPC referente a um ou mais meses compreendidos no perodo do clculo at o ltimo dia til imediatamente anterior vigncia do reajuste, o Poder Executivo estimar os ndices dos meses no disponveis. 3o Verificada a hiptese de que trata o 2o, os ndices estimados permanecero vlidos para os fins desta Lei, sem qualquer reviso, sendo os eventuais resduos compensados no reajuste subsequente, sem retroatividade. 4o A ttulo de aumento real, sero aplicados os seguintes percentuais: I - em 2012 ser aplicado o percentual equivalente taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto - PIB, apurada pelo IBGE, para o ano de 2010;II - em 2013, ser aplicado o percentual equivalente taxa de crescimento real do PIB, apurada pelo IBGE, para o ano de 2011;III - em 2014, ser aplicado o percentual equivalente taxa de crescimento real do PIB, apurada pelo IBGE, para o ano de 2012; eIV - em 2015, ser aplicado o percentual equivalente taxa de crescimento real do PIB, apurada pelo IBGE, para o ano de 2013. 5o Para fins do disposto no 4o, ser utilizada a taxa de crescimento real do PIB para o ano de referncia, divulgada pelo IBGE at o ltimo dia til do ano imediatamente anterior ao de aplicao do respectivo aumento real.No h porque ter dois pesos e duas medidas. Se o salrio mnimo corrigido monetariamente pelo INPC, o depsito do FGTS que, em ltima anlise, um salrio indireto do trabalhador, tambm h de s-lo.E observe que o objetivo da Lei em corrigir o salrio mnimo pelo INPC decorre exclusivamente da necessidade de preservar seu poder aquisitivo. A necessidade de preservar o poder aquisitivo uma constante em todas as transaes financeiras, e ela s se aperfeioa quando repe efetivamente perdas inflacionrias.Outro ndice que se mostra aplicvel, na hiptese deste douto juzo entender que no aplicaria o INPC, o IPCA, ndice oficial do Governo Federal para medio das metas inflacionrias, contratadas com o FMI, a partir de julho de 1999[4].Ambos os ndices so infinitivamente mais adequados a preservar o poder aquisitivo dos depsitos do FGTS do que a aniquilada TR.O outro lado da moedaAinda necessrio aprofundarmos um pouco mais nas conseqncias que esta subtrao de recursos do patrimnio do trabalhador traz a todos, individual e coletivamente. de conhecimento geral que o Sistema Financeiro de Habitao dispe dos recursos do FGTS para financiar o maior sonho de todo brasileiro a casa prpria. Tambm de conhecimento geral que a Caixa Econmica Federal o Banco que mais se utiliza destes recursos do SFH para financiar, emprestar dinheiro para os brasileiros comprarem a casa prpria.Embora em princpio, no haja correlao entre o trabalhador que tem depsito no FGTS que so emprestados para financiar a casa prpria, e aqueles que se valem do emprstimo do SFH para adquirir sua casa prpria, em algum momento, trabalhador e muturio so a mesma pessoa.E neste conceito de muturio e trabalhador serem a mesma pessoa que se evidencia a maior sordidez da histria deste Pas.J seria reprovvel o fato de a Caixa Econmica Federal pegar dinheiro a juros baixos e sem nenhuma correo e empresta-lo a juros muito mais altos, mesmo sem correo (uma vez que a TR tambm corrige as prestaes do SFH), sendo assim a instituio bancria leva imensa vantagem nesta negociao.Mas a situao piora consideravelmente quando, a Caixa pega dinheiro a juros baixos, sem nenhuma correo para o trabalhador, e empresta para ele mesmo.Suponhamos que um trabalhador queira adquirir uma casa prpria utilizando os recursos do seu FGTS. Ele encontra o imvel, mas verifica que seus recursos no so suficientes para adquiri-lo. Ento se dirige a um Banco para financiar a diferena, comprometendo sua renda por muitos anos.A maioria dos trabalhadores brasileiros, quando quer adquirir seu imvel, dirigi-se Caixa Econmica Federal.Todavia, se o depsito do FGTS tivesse sido devidamente corrigido, se ele mantivesse seu poder de compra, ou o emprstimo seria menor ou sequer haveria necessidade de o trabalhador comprometer sua renda e anos de trabalho para adquirir aquilo que o nosso sonho mais primrio, nossa necessidade mais real como indivduo e como povo brasileiro.A Caixa Econmica Federal est emprestando para o trabalhador aquilo que ela deixou de pagar a ele a ttulo de correo monetria na sua conta de FGTS.O trabalhador no merece isso!A Caixa Econmica Federal vale-se da fragilidade humana para colocar-se como realizadora de sonhos, ao mesmo tempo em que, ano aps ano, aufere lucros exorbitantes custa do trabalhador.6. CONCLUSESA Taxa Referencial, enquanto ndice de correo monetria assim considerada pela atual jurisprudncia ptria, no pode ser reduzida a Zero, como tem sido nos ltimos meses, pois afronta flagrantemente o art. 2 da Lei. 8.036/90, que garante a atualizao monetria aos depsitos feitos no FGTS.Como ndice de correo monetria, a TR deveria garantir o poder aquisitivo dos depsitos do FGTS, que perfaz levando em conta os ndices de inflao. Desde janeiro de 1999, a TR se distanciou sensivelmente dos ndices oficiais de inflao, impingindo profundas perdas aos depsitos do FGTS, tornando-se inidnea para garantir a reposio das perdas monetrias.A inidoneidade da TR como ndice de correo monetria decorre de mudanas introduzidas na sua metodologia de clculo pelo Banco Central do Brasil/CMN que, atravs do mecanismo econmico de um redutor, vem nitidamente manipulando o ndice que ele se desprenda da inflao at anula-la completamente, a despeito de um quadro de inflao persistente no Pas.A Caixa Econmica Federal est se prestando ao papel de espoliador do FGTS, na medida em que dispe do patrimnio do trabalhador sem a devida contraprestao. A correo monetria aplicada ao FGTS tem sido h muito tempo menor que a inflao registrada, de forma que descumpre no s o art. 2 da Lei. 8.036/90, art. 233 do Cdigo Civil, mas tambm toda lgica e princpios do mercado econmico.Quem empresta tem direito a ser remunerado com juros e a totalidade da correo monetria. O trabalhador no pode ser obrigado a subsidiar ainda mais os projetos do Governo Federal. O ainda mais decorre do fato de os juros de 3% do FGTS serem menores do mercado, o que por si s, demonstra que ele j est fazendo sua parte sob a perspectiva social.Negar o direito de correo monetria aos depsitos do FGTS do qual o trabalhador no pode simplesmente sacar seu dinheiro para aplicar em outro fundo mais rentvel, configura ato de tirania, incompatvel com um Estado Democrtico de Direito e deve ser de pronto rechaado.Se o Governo Brasileiro remunerasse os investidores internacionais com TR 3% a. A como faz os trabalhadores, haveria uma fuga em massa nos investimentos no Pas, e certamente estaramos experimentando um tsunami econmico e no uma simples marolinha.Sendo a TR inidnea para restabelecer o poder aquisitivo dos depsitos do FGTS, sua substituio por outro ndice que melhor recomponha as perdas monetrias e torna imperioso, a fim de fazer prevalecer o art. 2 da Lei. 8.036/90 e art. 233 do Cdigo Civil.Posto que desde janeiro de 1999 o redutor criado pelo Banco Central/CMN promoveu o completo distanciamento da TR dos ndices oficiais de inflao, temos que desde ento ela perdeu sua condio de repor as perdas inflacionrias dos depsitos do FGTS, devendo desde esta data ser substituda pelo INPC, alternativamente, pelo IPCA.7. DA TUTELA ANTECIPADAO artigo 273 do Cdigo de Processo Civil preceitua que possvel a concesso de Tutela Antecipada se o juiz se convencer da verossimilhana da alegao e houver fundado receio de dano irreparvel ou de difcil reparao.A verossimilhana da alegao j foi amplamente demonstrada.

O fundado receio de dano de difcil reparao advm do fato de que a correo monetria uma obrigao de trato sucessivo.O art. 12 da Lei n 8.177/ 91, com Redao da Lei n 12.073/12, determina que a remunerao dos depsitos seja feita em cada perodo de rendimento.Cada perodo de rendimento que a Caixa Econmica Federal sonega a correo monetria dos depsitos do FGTS, o dano contra o trabalhador se configura.O dano que a ausncia de correo monetria traz , indubitavelmente, individual homogneo. O nexo entre o sujeito ativo e o responsvel pelo dano se d em uma situao jurdica com origem comum para todos os titulares do direito violado.Apesar da origem comum, no se exige que cada um dos indivduos atingidos pela violao do direito padea do mesmo mal. O dano divisvel.Mas mesmo sendo divisvel de difcil percepo que, no geral, a ausncia de correo monetria implica em menos dinheiro disposio do trabalhador para a consecuo dos seus negcios jurdicos naquelas hipteses em que a lei permite.Cada casa que o trabalhador deixa de comprar, cada prestao de imvel que ele deixa de abater, cada tratamento de neoplasia maligna que ele deixa de fazer, cada remdio para o tratamento do HIV que ele deixa de comprar porque seu FGTS perdeu o poder aquisitivo, um dano de difcil reparao que se renova.Acresa-se a este dano, a situao de refm que o trabalhador com depsito do FGTS se encontra quando quer financiar seu imvel pelo SFH com a Caixa Econmica Federal. Hoje, e enquanto durar a TR zero, ele ter que financiar mais do que seria necessrio, pois o que lhe pertence de direito correo monetria no est incidindo sobre ser depsito.E ao que tudo indica, este dano continuar se repetindo por um longo perodo. Ressai do Estudo Econmico que ao tempo em que esta ao perdurar, a TR continuar anulada, ou reduzida a patamares mnimos, impondo aos trabalhadores mais perda de seu poder aquisitivo, mais dilapidao do seu patrimnio, mais restries sua capacidade de fazer negocio jurdico.No h dvida de que h um risco de difcil reparao na medida em que no possvel quantific-lo, mas no h como nega-lo, tanto se levarmos em conta o trabalhador individualmente considerado como a coletividade de trabalhadores.Assim, imperioso que desde j a TR seja substituda pelo INPC, ndice que corrige o salrio mnimo ou pelo IPCA, ndice oficial de medida de inflao. ndices que minimamente repem as perdas monetrias haja vista que hoje no h nenhum tipo de correo monetria dos depsitos do Fundo.Por outro lado, no h dano de irreversibilidade do provimento antecipado porque de natureza do FGTS ser um fundo de aplicao de longo prazo. Eventual deciso que no reconhea o direito ora pleiteado, permitir que a Caixa Econmica Federal utilize de mecanismos legais para promover a devida compensao ao longo do tempo.Assim, requer a concesso da tutela para substituir imediatamente a TR, como ndice de correo monetria nos depsitos do FGTS dos ora substitudos, pelo INPC, IPCA ou ndice que, no entender deste Juzo, melhor reflita as perdas inflacionarias daqui por diante, at o trnsito em julgado do presente feito.

8. DO PEDIDOAnte o exposto, o Autor requer:1.1) A concesso de tutela antecipada para que a TR seja substituda pelo INPC como ndice de correo dos depsitos efetuados em nome dos substitudos a partir de sua concesso at o trnsito em julgado da presente ao, com a consequente aplicao do novo ndice sobre os depsitos constantes da conta vinculada da autora, ou;1.2) que a TR seja substituda pelo IPCA como ndice de correo dos depsitos efetuados em nome dos substitudos a partir de sua concesso at o trnsito em julgado da presente ao, com consequente aplicao do novo ndice sobre os depsitos constantes da conta vinculada da autora, ou;1.3) a aplicao de qualquer outro ndice que reponha as perdas inflacionrias da trabalhadora na conta do FGTS, no entender deste Juzo, at o trnsito em julgado da presente ao, com a consequente aplicao do novo ndice sobre os depsitos constantes da conta vinculada da autora.2) a citao da requerida, para querendo, contestar a presente ao.3) Ao final, a confirmao da tutela antecipada e a condenao da Caixa Econmica Federal para:3.1) pagar, a favor da autora o valor correspondente s diferenas do FGTS em razo da aplicao da correo monetria do INPC nos meses em que a TR foi zero, nas parcelas vencidas e vincendas, e;3.2) pagar, em favor da autora, o valor correspondente s diferenas de FGTS em razo da aplicao da correo monetria pelo INPC, desde janeiro de 1999, nos meses em que a TR no foi zero, mas foi menor que a inflao do perodo, ou;3.3) pagar, a favor da autora o valor correspondente s diferenas de FGTS em razo da aplicao da correo monetria pelo IPCA nos meses e que a TR foi zero, e;3.4) pagar em favor da autora, o valor correspondente s diferenas de FGTS em razo da correo monetria pelo IPCA desde Janeiro de 1999, nos meses em que a TR no foi zero, mas foi menor que a inflao do perodo, ou;3.5) pagar, a favor da autora, o valor correspondente s diferenas de FGTS em razo da aplicao da correo monetria por qualquer outro ndice que reponha as perdas inflacionrias do trabalhador nas contas do FGTS, no entender deste Douto Juzo, desde janeiro de 1999, inclusive nos meses em que a TR foi zero.4) Sobre os valores devidos pela condenao de que tratam os itens acima, devero incidir correo monetria desde a inadimplncia da Caixa Econmica Federal, bem como os juros legais.5) A condenao da Caixa Econmica Federal ao pagamento das custas e honorrios advocatcios de 20% sobre o valor da condenaoProtesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, principalmente documental.

D-se a causa o valor de R$ Termos em que pede e Espera deferimento.

Fortaleza, 28 de maro de 2014.

Sidney Guerra, adv.OAB/CE 6.923George Escssia, adv.OAB/CE 5.436