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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO
PROGRAMA DE MESTRADO EM FISIOTERAPIA
LUCIANA DOMINGUES ANGELO DA SILVA
ÍNDICES PREDITIVOS DE DESMAME DA VENTILAÇÃO
MECÂNICA ASSOCIADOS AO SUCESSO/ FALHA NA
EXTUBAÇÃO DE PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
SÃO PAULO
2013
LUCIANA DOMINGUES ANGELO DA SILVA
ÍNDICES PREDITIVOS DE DESMAME DA VENTILAÇÃO
MECÂNICA ASSOCIADOS AO SUCESSO/ FALHA NA
EXTUBAÇÃO DE PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em Fisioterapia da Universidade da Cidade de São Paulo, como requisito para obtenção do título de Mestre, sob a supervisão da professora Dra. Luciana Dias Chiavegato.
SÃO PAULO 2013
1
LUCIANA DOMINGUES ANGELO DA SILVA
ÍNDICES PREDITIVOS DE DESMAME DA VENTILAÇÃO
MECÂNICA ASSOCIADOS AO SUCESSO/ FALHA NA
EXTUBAÇÃO DE PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Mestrado em
Fisioterapia da Universidade da Cidade de São Paulo, como
requisito para obtenção do título de Mestre, sob a supervisão da
professora Dra. Luciana Dias Chiavegato.
Área de concentração: Avaliação, Intervenção e Prevenção em Fisioterapia
Data da defesa: 26 de fevereiro de 2013
Resultado: ____________________________
BANCA EXAMINADORA:
Prof. Dra. Luciana Dias Chiavegato__________________________________________
Universidade Cidade de São Paulo
Profª. Dra. Carolina Fu____________________________________________________
Universidade de São Paulo
Profª. Dra. Adriana Cláudia Lunardi_________________________________________
Universidade Cidade de São Paulo
2
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado sempre força e coragem para atingir meus
objetivos;
A toda minha família em especial aos meus pais por todo o apoio, amor, carinho
e incentivo em cada etapa da minha vida e da minha carreira profissional;
Às minhas três irmãs maravilhosas que sempre estiveram comigo em todas as
etapas da minha vida e tendo a certeza que em outras vidas sempre escolherei estar ao
lado delas novamente;
Ao meu marido por todo o apoio, dedicação, paciência, atenção e amor, desde o
primeiro dia em que nos vimos;
À minha orientadora, Luciana Chiavegato, por me acolher, auxiliar e me mostrar
a luz mesmo nos momentos mais difíceis;
A toda equipe do Hospital do Rim, todos os pacientes e todos aqueles que
fizeram parte desse trabalho.
E a todos os meus amigos e colegas que torceram e ajudaram para que
chegássemos à conclusão desta etapa.
Meu sincero agradecimento a todos!
3
SUMÁRIO
SUMÁRIO ..................................................................................................................... 03
LISTA DE TABELAS...................................................................................................04
PREFÁCIO…………………...……………………………...………............………..05
RESUMO ....................................................................................................................... 06
ABSTRACT ................................................................................................................... 07
CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 08
1. CONTEXTUALIZAÇÃO ...................................................................................08
2. OBJETIVOS.........................................................................................................13
3. REFERÊNCIAS.....................................................................................................14
CAPÍTULO 2 ................................................................................................................ 16
1. RESUMO...........................................................................................................17
2. INTRODUÇÃO..................................................................................................17
3. OBJETIVOS.......................................................................................................19
4. MÉTODOS.........................................................................................................20
5. RESULTADOS..................................................................................................23
6. DISCUSSÃO......................................................................................................26
7. CONCLUSÃO....................................................................................................30
8. REFERÊNCIAS.................................................................................................30
CAPÍTULO 3 ................................................................................................................ 33
1. CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................33
2. ANEXOS ............................................................................................................. 34
4
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Dados demográficos, hemodinâmicos e saturação arterial de oxigênio dos 20
pacientes avaliados..........................................................................................................24
Tabela 2 - Dados referentes aos dias de intubação, teste de respiração espontânea e seus
parâmetros, índices preditivos de desmame e utilização de ventilação não invasiva......25
Tabela 3 - Dados clínicos e índices de gravidade, SAPS e SOFA, dos 20 pacientes avaliados..........................................................................................................................25
5
PREFÁCIO
Esta dissertação está apresentada no formato híbrido proposto pelo Programa
de Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID). No
primeiro capítulo consta uma contextualização que visa fornecer informações a
respeito de aspectos, particularidades e riscos relacionados aos pacientes renais
crônicos transplantados, protocolos e índices preditivos de desmame utilizados na
população geral. Compreende também a justificativa do estudo e seus respectivos
objetivos. Nosso trabalho resultou no artigo “Índices preditivos de desmame da
ventilação mecânica associados ao sucesso/falha na extubação de pacientes
transplantados renais”, o qual se encontra no capítulo 2, contendo introdução,
métodos, resultados, discussão e referências bibliográficas. Este artigo será
submetido à Revista Brasileira de Terapia Intensiva. No capítulo 3 constam-se as
considerações finais, apontando as principais implicações dos achados deste estudo,
limitações e sugestões para futuras pesquisas. Por fim, está disposto em anexo o
modelo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido que foi assinado pelos
participantes da pesquisa e a ficha de coleta de dados que foi utilizada.
6
RESUMO
Introdução: O rim e o pulmão trabalham intimamente relacionados, desta forma os indivíduos com insuficiência renal crônica podem ter seu sistema respiratório bastante afetado devido ao desequilíbrio ácido-básico, além de sobrecarga volêmica e perda da força muscular causada por hemodiálise anterior. Os indivíduos transplantados além de apresentarem essas alterações, devido à terapia de imunossupressão também estão mais sujeitos à infecções respiratórias e complicações durante a ventilação mecânica, assim, deve-se ter especial atenção à fase de desmame da ventilação mecânica e saber qual o melhor momento para proceder a extubação. Objetivo: Verificar a capacidade dos índices preditivos de desmame da ventilação mecânica, índice de respiração rápida e superficial (IRRS), de oxigenação (PaO2/FIO2) e força muscular inspiratória (PImáx) em predizer o sucesso ou falha na extubação na população de indivíduos renais crônicos transplantados. Métodos: O estudo é uma coorte prospectiva realizada no Hospital do Rim e Hipertensão, com indivíduos transplantados renais, acima de 18 anos, sob ventilação mecânica por mais de 24horas. Os pacientes foram submetidos ao teste de respiração espontânea (TRE) e às avaliações do índice de respiração rápida e superficial (IRRS), utilizando um ventilômetro, oxigenação (PaO2/FIO2), pela gasometria arterial e fração inspirada de oxigênio e da pressão inspiratória máxima (PImáx) por um manovacuômetro. Os pacientes foram observados por 48 horas após a extubação para verificação da incidência do sucesso ou falha na extubação. Resultados: Foram elegíveis 106 pacientes sendo que 20 foram avaliados. A faixa etária dos pacientes avaliados variou de 30 a 71 anos, com média de 46,9 ± 3,06 anos, sendo 14 do sexo masculino. Três pacientes evoluíram com falha na extubação e necessidade de reintubação orotraqueal dentro do período 48 horas. As causas associadas às reintubações foram: insuficiência respiratória pós extubação, rebaixamento do nível de consciência e parada cardio-respiratória. Conclusão: Os índices preditivos de desmame da ventilação mecânica, quando dentro dos valores previstos de normalidade, parecem ser capazes de predizer sucesso na extubação nessa população com excessão da PImáx que, mesmo nas situações de sucesso, mostrou-se com valor inferior ao percentual predito.
Palavras-chave: desmame, falência renal crônica, transplante renal, diálise renal, testes respiratórios, desmame do respirador.
7
ABSTRACT
Introduction: The kidney and the lung work in close collaboration, and as a result people with chronic renal insufficiency may have their respiratory system seriously affected due to the acid-base imbalance, as well as volume overload and loss of muscular strength caused by previous haemodialysis. The people subjected to transplants not only have these changes, but also, due to the therapy based on immunosuppression, are also more prone to respiratory infections and complications during the process of mechanical ventilation, which means that special care must be taken during the process of weaning off mechanical ventilation, and one must know the best moment to remove the tubes. Objective: To check the capacity of predictive indexes for weaning off mechanical ventilation, rapid shallow breathing index (RSBI), oxygenation rate (PaO2/FlO2) and inhalation muscular force (PImax) in predicting the success or failure in the removal of tubes from chronic renal patients who have had transplants. Methods: This study is a prospective cohort carried out at the Kidney and Hypertension Hospital (Hospital do Rim e Hipertensão), with people who have had kidney transplants, aged over 18, under mechanical ventilation for more than 24 hours. The patients were subjected to the Spontaneous Breathing Test and also the assessment of the Rapid Shallow Breathing Index, using a ventilometer; oxygenation (PaO2/FIO2), based on arterial gasometry and the inhaled fraction of oxygen, and maximum inhalation pressure (PImax), using a manovacuometer. The patients were observed during 48 hours after removal of the tubes, to check for the success and failure rate of the tubing process. Results: A total of 106 patients were considered, and 20 of these were analysed. The ages of the patients ranged from 30 to 71 years, with a mean of 46.9 ± 3.06 years; 14 of the subjects were male and six were female. Three patients showed failure in the tube removal, and needed to have orotrachaeal tube reinsertion within the period of 48 hours as considered. The causes associated with the reinsertion of the tubes were: respiratory failure after removal of the tubes; lowering in the general level of conscience, and cardiac arrest. Conclusion: The indices to predict weaning off mechanical ventilation, when within the expected normal values, seem to be able to predict success in the removal of the tubes in this population, with the sole exception of Plmax that, even in cases of success, showed itself to be at levels lower than the predicted percentage.
Keywords: weaning, kidney failure chronic, kidney transplantation, renal dialysis, breath tests, ventilator weaning
8
CAPÍTULO 1
CONTEXTUALIZAÇÃO
A doença renal crônica (DRC) é uma condição irreversível e que pode ser
potencialmente fatal, além disso, os doentes renais crônicos podem desenvolver
diversas comorbidades associadas à doença e disfunções em vários sistemas, como
muscular, ósseo, cardiovascular, metabólico e respiratório, sendo que o pulmão pode ser
um dos órgãos mais atingidos (1).
O rim e o pulmão trabalham intimamente relacionados e situações de desequilíbrio
em qualquer um desses órgãos prejudicará o outro, haja visto, o trabalho que ambos
realizam para manter o pH sanguíneo em equilíbrio constante. Uma queda no
bicarbonato (HCO3) ocasionará uma hiperventilação com o objetivo de diminuir o gás
carbônico (CO2) e trazer o pH de volta a situação de normalidade. Já o aumento do
HCO3 levará o indivíduo à hipoventilação também com o objetivo de manter o pH
sanguíneo em equilíbrio (2).
Desta forma, quando a função renal entra em falência podemos entender que o
pulmão será diretamente afetado, isso ocorre não só devido às alterações no equilíbrio
ácido-básico, mas também pelo fato do rim ter como função equilibrar a quantidade de
liquido corporal, e um desequilíbrio nesse sentido afetará também o pulmão por
sobrecarga volêmica (2,3).
Também não podemos nos esquecer que no caso de complicações pulmonares e
necessidade do uso da ventilação mecânica isso pode ser extremamente crítico, pois, a
ventilação com pressão positiva causa uma hipoperfusão renal o que diminui ainda mais
a sua funcionalidade, que para esses pacientes é extremamente crítico levando em
consideração que já possuem uma função renal naturalmente diminuída devido a
fisiopatologia da própria doença (4, 5).
Além de prejuízos na função respiratória o doente renal crônico está predisposto ao
aumento da circulação de toxinas urêmicas que acarretará em imunossupressão e má
nutrição (3).
9
A DRC ainda está associada distúrbios osteomusculares, anemia e hipertensão. A
anemia é observada quando a taxa de filtração glomerular está abaixo de 60ml/min/1.73
m2 e o maior sintoma é o cansaço e a fadiga, porém a anemia também está associada
com manifestações cardiovasculares, como hipertrofia do ventrículo direito, congestão
cardíaca e isquemia miocárdica. Segundo Pendse (2005) anemia e mortalidade estão
diretamente relacionadas, sendo muito importante o seu tratamento visando
principalmente à diminuição das complicações cardíacas e redução da mortalidade (6).
A suplementação de vitamina D também é outro fator de extrema importância já que
a redução desta está associada à diminuição da aptidão física desses pacientes por afetar
os músculos anti-gravitacionais e membros inferiores que estão relacionados à postura (6,7).
Tendo em vista todos os problemas e complicações que os indivíduos renais
crônicos estão expostos, o transplante renal é a melhor alternativa para o aumento de
sobrevida, diminuição das comorbidades associadas à doença com melhor relação
custo-benefício no caso de doentes em fase avançada (8).
De acordo com Mota (2009), o transplante de órgãos sólidos é um dos maiores
avanços da medicina nos últimos 50 anos, porém a rejeição ao órgão continua sendo
uma das principais barreiras e ser enfrentada na fase pós-transplante. Desta forma a
terapia imunossupressora deve ser introduzida para que processos de rejeição aguda não
se transformem em rejeição crônica levando ao insucesso do procedimento com perda
do enxerto (8).
O grande problema da terapia imunossupressora é o fato desta interferir na
imunidade celular, na proliferação linfocitária, além de bloquear a produção de
anticorpos (8). Em relação a essa questão Mota (8) cita: “Os corticosteróides
administrados juntamente com outros fármacos imunossupressores inibem o acúmulo
de neutrófilos e monócitos em locais de inflamação, bloqueando a sua atividade
fagocitária, bactericida e processadora de antígenos”. Inúmeras podem ser as
complicações associadas aos indivíduos pós-transplante renais nesta fase, e muitas
podem ser as comorbidades associadas. Segundo alguns autores as infecções
pulmonares são responsáveis por 40% dos casos de internação e reinternação desses
indivíduos (9, 10).
10
Os indivíduos imunodeprimidos podem ser acometidos pelos mesmos vírus
respiratórios que acometem a população geral, porém, a imunossupressão é capaz de
causar complicações potencialmente fatais (10, 11). Desta forma, o que se deve ter em
vista é a profilaxia dessas infecções (8). Os possíveis causadores de infecções
respiratórias nesses indivíduos são a “Influenza A e B, Tuberculosis, Streptococcus
pneumoniae infections, Pneumocystis carinii pneumonia e o Cytomegalovirus”, que
podem evoluir grave e rapidamente tendo a necessidade do uso da ventilação mecânica
podendo mesmo ser fatais após o transplante (8, 9, 10). De acordo com Miller (2000)
quanto mais recente o transplante, maiores são os riscos de infecções, sendo que as
infecções mais graves tendem a acontecer nos primeiros dois meses pós transplante,
especialmente nos casos de infeções virais e fúngicas sendo de 93 a 100% dos casos
nesse período. Isso ocorre devido à ação dos imunossupressores que deixam o indivíduo
mais susceptível a agentes oportunistas. No decorrer dos anos após a fase aguda de
convalescença esses pacientes continuarão sujeitos a pneumonias virais e bacterianas (10).
Desmame da Ventilação Mecânica
A ventilação mecânica prolongada pode levar a diversas complicações como:
pneumonias, aumento do tempo de internação e mortalidade, além de maiores custos
hospitalares. Todos os indivíduos sob ventilação mecânica precisam ser mantidos sob
intensa vigilância da equipe da unidade de terapia intensiva (UTI). Desta forma, o
desmame ou descontinuação da ventilação mecânica é considerado uma das principais
metas a serem alcançadas a partir do momento em que for instituído (12).
Contudo, é necessário manter alguns cuidados em relação ao melhor momento para
o desmame e extubação. É indicado uma cuidadosa avaliação para que isso não ocorra
de forma tardia e nem de forma prematura, acarretando complicações. Segundo
Mancintyre (2001) 42% do tempo de ventilação mecânica é destinado ao processo de
desmame da ventilação (12).
De acordo com III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (13), “o termo
desmame refere-se ao processo de transição da ventilação artificial para a espontânea
11
nos indivíduos que permanecem em ventilação invasiva por tempo superior a 24
horas”.
Quando pensamos em iniciar a fase de desmame da ventilação mecânica precisamos
ter em mente alguns critérios bem definidos. Os principais são: saber se as causas que
levaram o indivíduo à ventilação mecânica e à falência respiratória foram resolvidas,
quais serão as diretrizes utilizadas para a redução do suporte ventilatório e quais os
critérios utilizados para a extubação (12, 13).
Estudos mostram que a aplicação de protocolos de desmame nas unidades de terapia
intensiva reduzem o tempo de ventilação mecânica, o tempo de desmame da ventilação
e o tempo de internação nas UTI´s (12, 13, 14, 15). Um dos protocolos de desmame mais
utilizados nas unidades de terapia intensiva e bastante descrito na literatura é o teste de
respiração espontânea (TRE) (12, 13), que pode ser aplicado durante um período de 30 a
120 minutos contínuos. É considerado um teste com alto grau de evidência (A),
conforme descrito nas diretrizes da American College of Chest Physicians e no III
Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica respectivamente (12, 13).
O TRE pode ser realizado com baixos níveis de pressão positiva expiratória final
(PEEP) e pressão de suporte (PSV), com o indivíduo conectado à uma peça em formato
“T” (tubo T), ou ainda com modos espontâneos alternativos que os ventiladores
mecânicos do mercado disponibilizam (13).
Porém, nem todos os indivíduos que suportam o TRE e que são extubados
conseguem permanecer fora da ventilação mecânica e, por vezes, acabam sendo
reintubados ou ainda necessitam utilizar ventilação não-invasiva (VNI) até a sua
completa estabilização (13, 15).
Conforme descrito por Nemer (2011) o desmame da ventilação mecânica não pode
ser definido somente pela impressão clínica e pelo TRE, desta forma, os índices
preditivos de desmame tem sido aplicados com o objetivo de predizer a falha ou o
sucesso do desmame da ventilação (15).
Tobin (1991) foi pioneiro no estudo do índice de respiração rápida e superficial
(IRRS) que consiste na coleta da frequência respiratória espontânea durante um minuto
divida pelo volume corrente em litros (f/VC) e em seu estudo foi concluído que este
12
índice é um importante indicador de falha no desmame de pacientes em ventilação
mecânica (16).
De acordo com Castro (2011) (17) e Goldwasser (2007) (13) podemos identificar na
literatura mais de 50 índices preditivos de desmame, porém Goldwasser destaca que
destes, apenas cinco tem “possível valor em predizer o resultado do desmame”, sendo:
força inspiratória negativa (NIF), pressão inspiratória máxima (PImáx), ventilação
minuto (VM), relação da pressão de oclusão da via aérea nos primeiros 100 ms da
inspiração pela pressão inspiratória máxima (P0,1/Pimáx) e o índice de CROP
(complacência, frequência, oxigenação, pressão).
Segundo Blackwood (2011) em sua revisão sistemática o critério mais utilizado é o
índice de oxigenação (PaO2/FIO2) (14). Macintyre (2001) (12) descreve que ainda é difícil
predizer se a extubação está sendo realizada de forma prematura ou tardia devido a
muitos fatores envolvidos no desmame, mas dentre eles o autor destaca os problemas
metodológicos existentes na maioria dos estudos observacionais. Nemer (2011) (15) em
seu artigo de revisão indica os seguintes índices para uso rotineiro: relação IRRS,
PImáx, relação P0,1//PImáx, f, VC, VM e CROP.
De acordo com vários autores, podemos considerar falha no desmame da ventilação
quando o indivíduo apresenta necessidade de retorno à ventilação mecânica dentro de
um período de 48 horas após a sua extubação e/ou não suportou passar pelo TRE ou
ainda quando o indivíduo foi extubado e precisou ser reintubado novamente por causas
que indiquem dependência do tubo (13, 15, 17).
Tendo em vista todos esses aspectos, esse estudo tem como justificativa mapear
quais dos seguintes índices de desmame da ventilação mecânica IRRS, PaO2/FIO2 e
PImáx, poderiam ser mais fidedignos durante o processo de desmame e extubação de
transplantados renais, visando a implementação de protocolos nessas unidades, já que
estes pacientes necessitam de uma vigilância redobrada devido à condição de
imunossupressão.
13
OBJETIVOS
GeralGeralGeralGeral
- Verificar a capacidade dos índices preditivos de desmame da ventilação mecânica
(IRRS, PaO2/FIO2 e PImáx) em predizer o sucesso ou falha na extubação na população
de indivíduos renais crônicos transplantados.
EspecíficosEspecíficosEspecíficosEspecíficos
- Avaliar qual dos índices mensurados, IRRS, PaO2/FIO2 e PImáx, apresenta maior
eficácia em predizer sucesso/falha na extubação.
- Obter um possível valor de corte desses índices para essa população que se associe a
falha na extubação.
14
REFERÊNCIAS
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2- Pierson DJ. Respiratory Considerations in the Patient With Renal Failure.
Respiratory Care, 2006; 51(4): 413-422.
3- Bianchi PDA, Barreto SSM, Thomé FR, Klien AB. Repercussão da Hemodiálise na Função Pulmonar de Pacientes com Doença Renal Crônica Terminal. Jornal Brasileiro de Nefrolofia 2009; 31(1):25-31.
4- Drury DR, Henry JP. Goodman J. The effects of continuous pressure breathing on kidney function. Journal of Clinical Investigation 1947, 26: 945–951.
5- Koyner JL, Murray PT. Mechanical Ventilation and the Kidney. Blood
Purification 2010, 29:52–68.
6- Pendse S, Singh AK. Complications of Chronic Kidney Disease: Anemia, Mineral Metabolism, and Cardiovascular Disease. The Medical Clinics of North America 2005; 89; 549–561.
7- Taskapan H, Baysal O, Karahan D, et al. Vitamin D and muscle strength, functionalability and balance in peritoneal dialysispatients with vitamin D deficiency. Clinical Nephrology 2011, Vol. 76, n 2: 110-116.
8- Mota PC, Vaz AP, Ferreira IC, et al. Lung and renal transplantation. Revista
Portuguesa de Pneumologia Nov/Dez. 2009. Vol XV, n. 6:1073-1099.
9- Kasiske BL, Vazquez MA, Harmon WE, et al. Recommendations for the Outpatient Surveillance of Renal Transplant Recipients. American Society of Transplantation. Journal of the American Society of Nephrology 2000; 11: S1–S86.
10- Miller WT Jr. Pulmonary Infections in Patients Who Have Received Solid
Organ Transplants. Seminars in Roentgenolog abril 2000, Vol 35, n 2, 152-170.
11- Cintra OAL, Arruda E. Infecções Respiratórias Virais em pacientes imunodeprimidos. Medicina abr./jun. 1999, Ribeirão Preto, Simpósio: Virologia Médica II, 32: 129-137, Capítulo I.
12- MacIntyre NR, Cook DJ, Ely EW, et al. Evidence-Based Guidelines for
Weaning and Discontinuing Ventilatory Support: A Collective Task Force Facilitated by the American College of Chest Physicians; the American
15
Association for Respiratory Care; and the American College of Critical Care Medicine. Chest 2001; 120:375A-396S.
13- Goldwasser R, Farias A, Freitas EE, et al. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica – Desmame e interrupção da ventilação mecânica. Jornal Brasileiro de Pneumologia 2007; 33, supl 2, 128-136.
14- Blackwood B, Alderice F. Use of weaning protocols for reducing duration of
mechanical ventilation in critically ill adult patients: Cochrane systematic review and meta-analysis. British Medical Journal 2011; 342:1-14.
15- Nemer SN, Barbas CSV. Parâmetros preditivos para o desmame da ventilação
mecânica – Artigo de Revisão. Jornal Brasilerio de Pneumologia 2011; 37(5):669-679.
16- Yang LK, Tobin MJ. A prospective studyof indexes predicting the outcome of trials of weaning from mechanical ventilation. The New England Journal of Medicine, 324: 1445-1450.
17- Castro AG, Lopez VS, Marcos G, Fernandez CG, Posadilla DI, Mediavilla JB,
Borregan JCR, Mi~Nambres E, Liorca J. Valor de la fracción de espacio muerto (Vd/Vt) como predictor de éxito en la extubación. Medicina Intensiva 2011; 35 (9):529-538.
16
CAPÍTULO 2
ÍNDICES PREDITIVOS DE DESMAME DA VENTILAÇÃO
MECÂNICA ASSOCIADOS AO SUCESSO/ FALHA NA
EXTUBAÇÃO DE PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
Luciana Domingues Angelo da Silva¹, Matheus Oliveira Quaresma2, Mariana Ares
Santos2, Talita Castro3, Bruna Salviano3, Flávio Rezende Freitas4, Luciana Dias
Chiavegato1,4
1. Programa Mestrado em Fisioterapia da Universidade Cidade de São Paulo
2. Faculdades Metropolitanas Unidas – FMU – São Paulo (SP)
3. Universidade Bandeirantes de São Paulo – UNIBAN – São Paulo (SP)
4. Hospital do Rim e Hipertensão – UNIFESP – São Paulo (SP)
Autor correspondente:
Luciana Dias Chiavegato
e-mail: [email protected]
Rua Cesário Galeno 448
03071-000; Tatuapé, São Paulo, Brasil.
Tel.: +55 11 21781564
Universidade Cidade de São Paulo
17
RESUMO
Introdução: Os indivíduos transplantados devido à terapia de imunossupressão estão mais sujeitos à infecções respiratórias e complicações durante a ventilação mecânica, assim, deve-se ter especial atenção à fase de desmame e posterior extubação. Objetivo: Verificar a capacidade dos índices preditivos de desmame da ventilação mecânica, índice de respiração rápida e superficial (IRRS), de oxigenação (PaO2/FIO2) e força muscular inspiratória (PImáx) em predizer o sucesso ou falha na extubação na população de indivíduos renais crônicos transplantados. Métodos: Coorte prospectiva realizada com indivíduos transplantados renais, sob ventilação mecânica por mais de 24 horas. Os pacientes foram submetidos ao teste de respiração espontânea e às avaliações dos índices de respiração rápida e superficial, oxigenação e pressão inspiratória máxima. Os pacientes foram observados por 48 horas após a extubação para verificação de sucesso ou falha na extubação. Resultados: Foram elegíveis 106 pacientes sendo que 20 foram avaliados. A idade dos pacientes variou de 30 a 71 anos, média de 46,9 ± 3,06 anos, sendo14 do sexo masculino. Três pacientes evoluíram com falha na extubação e necessidade de reintubação orotraqueal no período de 48 horas. As causas associadas às reintubações foram: insuficiência respiratória pós extubação, rebaixamento do nível de consciência e parada cardiorrespiratória. Conclusão: Os índices preditivos de desmame da ventilação mecânica, quando dentro dos valores previstos de normalidade, parecem ser capazes de predizer sucesso na extubação nessa população com excessão da PImáx que, mesmo nas situações de sucesso, mostrou-se com valor inferior ao percentual predito.
Palavras-chave: desmame, falência renal crônica, transplante renal, diálise renal, testes respiratórios, desmame do respirador.
1. Introdução
A doença renal crônica (DRC) constitui hoje um importante problema de saúde
publica e no Brasil nos últimos oito anos o número de indivíduos mantidos em
programas de diálise mais que dobrou (1). Trata-se de uma condição irreversível e que
pode ser potencialmente fatal, além disso, os doentes renais crônicos podem
desenvolver diversas comorbidades associadas à doença e disfunções em vários
sistemas, como muscular, ósseo, cardiovascular, metabólico e respiratório, sendo que o
pulmão pode ser um dos órgãos mais afetados (2).
Diversos autores justificam o aumento da incidência da DRC devido ao aumento da
expectativa de vida da população, aumento dos casos de diabetes mellitus e aumento
dos casos de hipertensão arterial (1, 3).
A função renal e a função pulmonar trabalham intimamente relacionadas e quando a
função renal entra em falência podemos entender que o pulmão será diretamente
18
afetado, isso ocorre não só devido às alterações no equilíbrio ácido-básico, mais
também pelo fato do rim ter como função equilibrar a quantidade de liquido corporal (4,
6). Além disso, em caso de complicações pulmonares e necessidade do uso da ventilação
mecânica isso pode ser extremamente crítico, pois, a ventilação com pressão positiva
pode causar uma hipoperfusão renal o que diminui ainda mais a sua funcionalidade que
para esses pacientes é extremamente crítico levando em consideração que estes já
possuem uma função renal naturalmente diminuída devido a fisiopatologia da própria
doença (6, 7).
Tendo em vista todos os problemas e complicações que os indivíduos renais
crônicos estão expostos, o transplante renal vem como uma saída para o aumento de
sobrevida, diminuição das comorbidades associadas à doença, com melhor relação
custo-benefício no caso de doentes em fase avançada. O transplante de órgãos sólidos é
um dos maiores avanços da medicina nos últimos 50 anos, porém a rejeição continua
sendo uma das principais barreiras e serem enfrentadas na fase pós-transplante. Desta
forma a terapia imunossupressora deve ser introduzida para que processos de rejeição
aguda não se transformem em rejeição crônica levando ao insucesso do procedimento.
Porém, o grande problema da terapia imunossupressora é o fato desta interferir na
imunidade celular, na proliferação linfocitária, além de bloquear a produção de
anticorpos (8).
Após o transplante renal devido à condição de imunossupressão esses pacientes
estão sujeitos a reinternações hospitalares e inúmeras podem ser as complicações e
comorbidades associadas, sendo as infecções pulmonares responsáveis por 40% dos
casos de internação e reinternação desses indivíduos (9).
Miller cita que todos os tipos de transplantes de órgãos sólidos estão sujeitos a
algum tipo de infecção pulmonar, sendo a pneumonia a infecção mais comum em
transplantes de fígado e rim, embora também haja uma alta incidência desse tipo de
infecção em transplantados de pulmão e coração. Isso ocorre pelo fato de precisarem
receber medicamentos anti-rejeição (imunossupressores) que aumentam as chances
desse tipo de infecção, associando-se também às hospitalizações prolongadas,
necessidade do uso de intubação orotraqueal e funções respiratórias não preservadas (10).
As afecções respiratórias associadas à condição de imunossupressão tendem a
complicar a condição desses pacientes e muitas vezes a necessidade do uso da
19
ventilação mecânica é inevitável. Desta forma, é necessário termos atenção especial a
fim de se encontrar qual é o melhor momento para o desmame e extubação da
ventilação mecânica.
Ao se iniciar a fase de desmame alguns critérios necessitam estar bem definidos. Os
principais são: saber se as causas que o levaram à ventilação mecânica e à falência
respiratória foram resolvidas, quais serão as diretrizes utilizadas para a redução do
suporte ventilatório e quais os critérios utilizados para a extubação (11, 12). Segundo
Mancintyre, 42% do tempo de ventilação mecânica é destinado ao processo de
desmame da ventilação (11).
Mesmo após a fase de transplante esses pacientes podem apresentar como sequela
problemas pulmonares irreversíveis associados à insuficiência renal crônica de longa
data, como fibrose pulmonar, calcificação pulmonar e fibrose pleural (13) e esses
aspectos podem ainda dificultar o desmame e extubação desses pacientes.
Tendo em vista o exposto acima, esse estudo tem como justificativa mapear quais
dos índices de desmame da ventilação mecânica poderiam ser mais fidedignos durante o
processo de desmame e extubação de transplantados renais, visando a implementação de
protocolos nessas unidades, já que estes pacientes necessitam de uma vigilância
redobrada devido à condição de imunossupressão.
2. Objetivos
Verificar a capacidade dos índices preditivos de desmame da ventilação mecânica,
índice de respiração rápida e superficial (IRRS), índice de oxigenação (PaO2/FIO2) e
pressão inspiratória máxima (PImáx) em predizer o sucesso ou falha na extubação na
população de indivíduos renais crônicos transplantados e avaliar quais destes índices
mensurados apresentam maior eficácia em predizer sucesso/falha na extubação.
.
20
3. Métodos
3.1 Delineamento do estudo: Coorte prospectiva realizado na UTI do Hospital do
Rim e Hipertensão da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), de acordo com
padrões éticos da UNIFESP (CAAE: 02036012.2.0000.5505) em 25/05/2012 e o termo
de consentimento foram distribuídos e assinados pelos responsáveis de todos os
pacientes.
3.2 Caracterização da amostra: Foram analisados 20 pacientes que estavam sob
ventilação mecânica com intubação orotraqueal, sendo estes transplantados renais
imediatos ou tardios, obedecendo aos seguintes critérios de inclusão:
• Idade superior a 18 anos
• Tempo de ventilação mecânica superior a 24 horas, conforme III Consenso
Brasileiro de Ventilação Mecânica (12).
• Melhora Clínica (reversão da causa que o levou a ventilação mecânica).
• Adequada oxigenação (PaO2 > 80 com uma FiO2 de até 40% e com Peep <= 5 a
7 cmH2O.
• Estabilidade hemodinâmica. Frequência Cardíaca < 140 bat/min. Sem uso de
drogas vasoativas ou uso em doses mínimas.
• Frequência Respiratória <35 rpm
• Sem sedação
Foram excluídos os indivíduos traqueostomizados, em ventilação não-invasiva e
doentes renais crônicos não transplantados.
3.3 Procedimentos: Para a mensuração da PImáx foi utilizado um manovacuômetro
(Instrumentation IndustriesR), considerando-se o melhor resultado de três coletas
consecutivas. Sendo solicitado ao indivíduo que realizasse uma inspiração forçada a
partir do volume residual respeitando um pequeno intervalo entre uma mensuração e
outra. Para se obter a PImáx predita utilizou-se a equação de Neder et al (14), sendo:
Mulheres: y = -0,49 (idade) + 110,4; erro padrão da estimativa = 9,1
21
Homens: y = -0,80 (idade) + 155,3; erro padrão da estimativa = 17,3
Para a obtenção do IRRS (f/VC) foi mensurada a frequência respiratória (f) durante
um minuto e utilizado um ventilômetro (FerrarisR), para obtenção do volume corrente
(VC) em litros (15) e para a análise da PaO2/FiO2 foi considerada a gasometria arterial e
o valor da fração inspirada de oxigênio (FiO2) a qual o paciente estava sendo ventilado.
Para o IRRS foi considerado valor de 60-105 (16) e para a PaO2/FiO2 > 150 (11) como
dentro da normalidade.
Previamente à realização do TRE foram colhidos os índices de IRRS, PaO2/FIO2 e
PImáx, além da coleta de outros parâmetros como: frequência cardíaca (FC), pressão
arterial (PA), saturação de oxigênio (SatO2), gasometria arterial, balanço hídrico, tempo
de TRE com informações de sucesso ou falha durante o procedimento, necessidade de
reintubação dentro do período de 48 horas e causa da reintubação, necessidade de
ventilação não-invasiva pós extubação, uso de drogas vasoativas, se o paciente
encontrava-se em hemodiálise ou diálise peritoneal e os índices de gravidade SAPS
(Simplified Acute Physiology Score) (17) que avalia a severidade da doença e seus
sistemas e risco de morte do paciente e SOFA (Sequential Organ Failure Assessment
Score) (18) que avalia o número e a severidade de órgãos com disfunção, considerando
que para ambos os índices quanto maior a pontuação pior é considerado o estado de
saúde do paciente.
A escolha desses índices preditivos de desmame baseou-se na facilidade de
coleta dos mesmos à beira leito. Os indivíduos passaram pelo TRE pelo período de 30 a
60 minutos no máximo, com os seguintes parâmetros: modo pressão de suporte com
PSV 6 a 8 ml/kg, Peep 5 a 7 cmH2O e FiO2 de até 40%, ou através do Tubo T.
Antes de serem extubados os pacientes foram rigorosamente avaliados quanto ao
nível de consciência, grau de colaboração e capacidade de tossir para eliminar secreção
pulmonar e/ou de vias aéreas superiores.
Em casos de falha no TRE o mesmo foi reecaminhado à ventilação mecânica por
mais 24 horas para repouso podendo passar por novo TRE posteriormente.
De acordo com o III Consenso de Ventilação Mecânica (12), foi considerada falha no
TRE com consequente interrupção do teste os indivíduos que apresentaram:
22
• Frequência Respiratória > 35 ipm
• Saturação arterial de O2 <90%
• Frequência Cardíaca >140 bpm
• Pressão arterial sistólica > 180 mmHg ou < 90 mmHg
• Sinais e Sintomas de: agitação, sudorese, alteração do nível de consciência
A falha na extubação foi considerada quando houve necessidade de reintubação no
período das primeiras 48 horas. Os indivíduos que apresentaram falha na extubação não
passaram novamente pelo protocolo (12).
Os indivíduos que não falharam no TRE foram extubados independente dos
resultados obtidos durante a coleta dos dados.
Na Figura 1 pode ser observado um fluxograma simplificado com o delineamento
do estudo.
Figura 1 – Fluxograma do delineamento do estudo
24 horas de Intubação (mínimo)
Indivíduo apto e ser extubado
Coleta de dados conforme anexo I (gasometria e índices preditivos)
Teste de Respiração Espontânea (TRE) de 30 a 60 minutos
(Tubo T ou Pressão de Suporte)
Falha no TRE
Retorna para a Ventilação
TRE bem sucedido
Extubação
Falha na extubação – seguimento por 48 horas
- PImáx - IRRS - PaO2/FIO2
23
3.4 Análise estatística: O número de pacientes envolvidos no estudo baseou-se
numa amostra de conveniência. Todos os indivíduos sob ventilação mecânica internados
na unidade de terapia intensiva do Hospital do Rim e Hipertensão, com intubação
orotraqueal sob ventilação mecânica, de maio de 2012 a Janeiro de 2013, obedecendo
aos critérios propostos, foram elegíveis. As variáveis numéricas serão apresentadas em
média e desvio padrão e as categóricas (qualitativas) em frequência e proporção.
4. Resultados
Foram considerados elegíveis para o estudo 106 pacientes, sendo que destes, 86
foram excluídos devido às seguintes causas: 34 óbitos, 12 traqueostomias, 27
extubações com menos de 24 horas, uma criança, duas extubações acidentais, cinco
doentes renais crônicos não transplantados e cinco perda de dados. Portanto, foram
avaliados 20 pacientes entre os meses de maio/2012 a Janeiro/2013.
A idade dos pacientes avaliados variou de 30 a 71 anos, com média de 46,9 ±
3,06 anos, sendo 14 do sexo masculino. As causas das intubações foram divididas em
respiratórias, cirúrgicas, cardiológicas, neurológicas e clínicas (Quadro1).
Quadro1: Causas das intubações oro-traqueais em 20 pacientes avaliados:
Causas que levou a Ventilação Mecânica
N Descrição
Respiratórias 10 Insuficiência Respiratória, Síndrome do desconforto Respiratório, Broncoscopia,
Broncoespasmo
Cirúrgicas 6 Biopsia pulmonar, Revascularização do Miocárdio, Pós-operatório de valvoplastia Tricúspide e Troca
valvar mitral
Cardiológicas 1 Parada cardiorrespiratória
Neurológicas 2 Crise convulsiva, Rebaixamento do nível de consciência
Clínicas 1 Hipoglicemia
24
Dos 20 pacientes avaliados somente três pacientes evoluíram com falha na
extubação com necessidade de reintubação orotraqueal nas primeiras 48 horas. As
causas associadas às reintubações foram: insuficiência respiratória pós extubação,
rebaixamento do nível de consciência e parada cardio-respiratória. Os dados
demográficos e hemodinâmicos dos pacientes encontram-se na tabela 1.
Tabela 1 – Dados demográficos, hemodinâmicos e saturação arterial de oxigênio
dos 20 pacientes avaliados.
Sucesso N=17 Falha N=3
Variáveis Média (DP) Média (DP)
Sexo M (N) 12 2
Idade (anos) 43,17 (11,14) 68 (2,64)
Altura (cm) 167,17(7,83) 163,66 (4,50)
Peso (kg) 72,04 (15,83) 83,33 (10,40)
IMC (kg/m2) 25,7 (5,1) 31 (3,7)
FC (bpm) 91,35 (13,87) 70 (19,15)
PAS (mmHg) 130,82 (19,68) 155,33 (13,50)
PAD (mmHg) 70,94 (10,38) 85,66 (20,98)
SpO2 (%) 96,11 (1,61) 95,33 (2,30)
IMC - índice de massa corpórea; FC - frequência cardíaca; PAS – pressão
arterial sistólica; PAD – pressão arterial diastólica e SpO2 - saturação periférica de
oxigênio.
Em relação aos índices preditivos de desmame podemos observar que a
PaO2/FiO2 e o IRRS mostraram-se dentro dos valores previstos de normalidade nos
dois grupos, enquanto que a PImáx apresentou-se diminuída também nos dois grupos
(Tabela 2).
Tabela 2 - Dados referentes aos dias de intubação, teste de respiração espontânea
e seus parâmetros, índices preditivos de desmame e utilização de ventilação não
invasiva.
25
Sucesso N=17 Falha N=3 Variáveis Média (DP) Média (DP)
IOT (dias) 6,76 (5,86) 4 (3,46) TRE (PSV/Tubo T) (N) 15 / 2 3 / 0 Tempo TRE (min) 43,23 (13,10) 45 (15) Falha no 1º. TRE (N) 1 0 PEEP (cmH2O) 5,4 (0,5) 6 (1,73) PSV (cmH2O) 7,3 (0,48) 6,33 (0,57) FIO2 0,31 (0,03) 0,3 (0) FR (rpm) 18,58 (3,96) 22,66 (3,05) VM (ml) 9873,47 (3918,03) 11516,66 (1506,92) VC (ml) 576,01 (178,06) 516,87 (120,14) IRRS (f/L/mim) 36,38 (15,56) 46,00 (14,60) PaO2/FiO2 (mmHg) 370,73 (89,78) 418,44 (37,07)
PImáx (cmH2O) 46,23 (25,09) 37,33 (15,14)
PImáx (% predito) 32,91 (17,09) 25,57 (6,55) Uso de VNI pós extubação (N) 14 3
IOT- intubação orotraqueal; TRE – teste de respiração espontânea; PEEP – pressão positiva expiratória final; PSV – ventilação com pressão de suporte; TT – tubo T; FIO2 – fração inspirada de oxigênio; VM – volume minuto; VC – volume corrente; IRRS – índice de respiração rápida e superficial; PaO2/FiO2 - índice de oxigenação; PImáx - pressão inspiratória máxima; PImax (%) - porcentagem de pressão inspiratória máxima predita ; VNI – ventilação não invasiva.
Na tabela 3 estão descritos os dados clínicos e os índices de gravidade desses
pacientes, onde observamos que o grupo com falha no desmame mostrou acidose
metabólica quando comprado ao grupo com sucesso no desmame. Em relação aos índices
de gravidade, o SAPS 3 (17) e o percentual de mortalidade previsto para SAPS
mostraram-se também maior para o grupo falha no desmame. E em relação ao SOFA 24
horas (18) o grupo sucesso mostrou um índice superior quando comprado ao grupo falha.
Tabela 3 - Dados clínicos e índices de gravidade, SAPS e SOFA, dos 20
pacientes avaliados.
Sucesso N=17 Falha N=3
Variáveis Média (DP) Média (DP) Diálise Peritonial (N) 0 0 Hemodálise (N) 10 2 Balanço Hidrico positivo (ml) 1518,92 (2417,6) 383 (453,96) Balanço Hidrico negativo (ml) 1154,5 (745,10) 906,4 (N/A)
26
pH 7,35 (0,06) 7,31 (0,10) PO2 (mmHg) 113,65 (27,31) 125,53 (11,12) HCO3 (mEq/L) 20,96 (2,59) 17,93 (6,77) PCO2 (mmHg) 38,84 (5,12) 35,43 (9,62) Drogas Vasoativas (N) 4 0 SAPS 3 43,82 (13,33) 52,66 (8,50) Mortalidade Prevista SAPS (%) 0,13 (0,13) 0,23 (0,13) SOFA 24h 5,64 (2,66) 3,66 (0,57)
PO2 - pressão arterial de oxigênio; HCO3 – bicarbonato; PCO2 - pressão parcial de gás carbônico, SAPS - Simplified Acute Physiology Score; SOFA, expresso em pontos - Sequential Organ Failure Assessment Score, expresso em pontos.
5. Discussão
Nosso estudo mostrou que os índices preditivos de desmame da ventilação
mecânica são eficazes em predizer sucesso na extubação, confirmando nossa hipótese
de que valores quando de acordo com a normalidade relacionam-se com a maior chance
do paciente permanecer estável após a extubação, exceto pela força muscular
inspiratória (PImáx), que mostrou-se bastante inferior ao valor predito, mesmo nos
pacientes que evoluíram com sucesso.
Bush (1991) estudou um grupo de 80 indivíduos distribuídos em 4 grupos de 20
indivíduos cada um: renais crônicos sem diálise (grupo 1), diálise peritonial
ambulatorial (grupo 2), hemodiálise (grupo 3), transplante renal por doador falecido
(grupo 4). Em seus achados não foram encontrados diferenças nos resultados no que se
refere aos valores espirométricos, porém, no grupo 4 (transplantados), o volume
residual foi inferior quando comparado aos demais grupos com p<0,01, o que sugere
um importante comprometimento provavelmente devido às múltiplas infecções
pulmonares podem ter originado fibrose intersticial que não regride após o transplante (19). Este fato poderia nos levar a pensar que nossos pacientes, renais crônicos,
transplantados e muitos deles submetidos à sessões de hemodiálise anterior, teriam
maior risco de falência pós extubação. Porém, observamos que somente três pacientes
evoluíram com falha após a extubação.
27
Outra provável causa do comprometimento pulmonar citada por esse mesmo
autor seria a disfunção dos músculos respiratórios embora o mesmo não tenha estudado
isso especificamente, além do volume pulmonar reduzido (19), o que se confirmaria em
nossos pacientes que apresentaram PImáx também reduzida.
Kovelis (2008) estudou 17 indivíduos onde foram avaliadas a função pulmonar e
a força dos músculos respiratórios em indivíduos renais crônicos submetidos à
hemodiálise. Seus resultados mostraram que destes, nove apresentaram função
ventilatória normal e oito apresentaram distúrbio restritivo leve. Apenas dois
apresentaram melhora após sessão de hemodiálise e a PImáx e PEmáx não apresentaram
diferenças entre as sessões de hemodiálise. Os indivíduos mostraram melhora na
capacidade vital forçada (CVF) e redução de peso corporal após a primeira semana de
hemodiálise. Relatam que a piora da função pulmonar estava associada ao ganho de
peso no período interdialítico. Esse estudo também cita que a diminuição da força dos
músculos respiratórios está associada ao tempo de hemodiálise ao qual o indivíduo foi
exposto (20). Embora não tenhamos mensurado o tempo de hemodiálise podemos inferir
que as baixas pressões inspiratórias podem estar relacionadas às sessões de hemodiálise
a que estes pacientes foram submetidos no decorrer da doença.
Vieira (2005) em seu artigo de revisão cita que os indivíduos com insuficiência
renal crônica e os submetidos à hemodiálise estão sujeitos à inúmeras perturbações e
deformidades musculoesqueléticas, sendo a artralgia o sintoma mais comum
acometendo 70% dos casos. Dentre os inúmeros problemas cita: “artrite induzida por
cristais, necrose avascular, artrite séptica, fraqueza muscular e cãibras musculares”.
De acordo com esse autor essa fraqueza acontece em membros superiores e inferiores e
os achados histopatológicos sugerem a redução de fibras musculares tipo II, que pode
ser causada por deficiência de vitamina D, neuropatia periférica, toxicidade por drogas,
alterações nas concentrações de cálcio e fósforo, além da falta de atividade física (21). Se
inferirmos que estes pacientes também possam desenvolver uma fraqueza da
musculatura respiratória, poderíamos justificar a PImáx reduzida.
Bark (1998) estudou 10 pacientes renais crônicos em hemodiálise, não fumantes
e sem historia prévia de doença pulmonar. Nesse estudo foi avaliado a força muscular
respiratória, a ventilação voluntária máxima (MMV) e a resistência muscular
comparando estes pacientes com outros 10 indivíduos em um grupo controle. Em seus
28
achados foram identificados, força muscular debilitada no grupo hemodiálise com
PImáx, PEmáx e MMV reduzidas, todos com significância estatística e uma correlação
entre PImáx e PEmáx que mostra uma perda de força muscular distribuída entre os
músculos inspiratórios e os músculos expiratórios. Nesse mesmo grupo ainda foi
identificado capacidade vital, capacidade inspiratória e pico de fluxo também
diminuídos, que o autor justifica devido a relação desses parâmetros com a força
muscular respiratória. Além disso, esse mesmo autor cita que a diminuição de força
muscular se dá devido à anemia presente na DRC que diminui a entrega de oxigênio aos
músculos, além da presença de uremia, má nutrição, anormalidades no metabolismo da
vitamina D, excesso de hormônio paratireoide, síntese inadequada de proteínas e a
alteração da integridade bioquímica da membrana celular (22).
Guleria (2005), estudou 29 pacientes submetidos a transplante renal que
apresentavam radiograma torácico normal e sem doenças respiratórias prévias. Foram
avaliadas a função pulmonar e força dos músculos respiratórios em três momentos,
sendo, sete dias antes do transplante renal, 30 e 90 dias pós-transplante. Em seus
achados foi relatado um aumento significativo da PImáx e PEmáx na fase pós
transplante com melhora da dispneia, função pulmonar e melhora da difusão que
justificava-se como ruim devido ao edema pulmonar que esses pacientes apresentavam
na fase pré-transplante (23).
Sidhu (2007) estudou 25 pacientes renais crônicos, sendo excluídos os tabagistas
e os portadores de doença pulmonar crônica. Nesse estudo avaliou os efeitos da DRC
terminal na função pulmonar e suas mudanças após o transplante renal bem sucedido.
Os testes pulmonares foram feitos na fase pré-transplante e seis meses após o
procedimento. Os resultados mostraram significante melhora na função pulmonar após
o transplante, principalmente na capacidade vital e ventilação voluntária máxima, além
de um aumento da hemoglobina e diminuição da creatinina. Porém, o autor destaca que
a alteração da capacidade vital não se deu em todos os pacientes, sendo observada uma
melhora em 14 pacientes dos 25 estudados. Isso se explica pelo fato de que alguns
pacientes, devido à doença crônica em estágio avançado, podem apresentar sequelas
pulmonares irreversíveis como fibrose intersticial (24).
Sidhu (2007) ainda destaca que a terapia imunossupressora na fase pós-
transplante pode produzir miopatias musculares. Assim, o transplante renal que é capaz
29
de corrigir as anormalidades metabólicas causadas pela uremia pode predispor o
paciente aos efeitos tóxicos da terapia imunossupressora, além de danos imunológicos e
maior predisposição a infecções (24).
Karakan (2006) estudou 73 pacientes renais crônicos com o objetivo de avaliar a
função pulmonar em doentes renais crônicos em hemodiálise, diálise peritoneal e
transplantados. Foram avaliados 22 pacientes em diálise peritoneal, 27 em hemodiálise
e 24 transplantados renais. Avaliou-se função pulmonar e força muscular respiratória.
Os pacientes dos três grupos mostraram diminuição do volume residual e da capacidade
pulmonar total, além de PImáx e PEmáx reduzidas secundárias à DRC, que o autor
justifica devido a diminuição da força diafragmática causada pela miopatia uremica ou
disfunção muscular causada pela deficiência de vitamina D, anemia, hipofosfatemia e
má nutrição. (13).
Dentre os vários estudos existentes sobre desmame da ventilação mecânica e
avaliação da função pulmonar em indivíduos renais não encontramos algum que
avaliasse os índices preditivos de desmame nessa população específica. Já em relação à
força muscular, vários estudos sobre a força dos músculos inspiratórios e expiratórios
foram encontrados e todos apresentaram resultados similares no que diz respeito à
diminuição da PImáx, o que corrobora com nossos resultados que também mostraram
PImáx e o percentual de PImáx predito diminuídos para essa população.
Pudemos ainda observar que o grupo que apresentou falha na extubação
apresentou idade, IMC e frequência respiratória superiores em comparação ao grupo
que apresentou sucesso na extubação. Além disso, apresentou acidose metabólica que
pode justificar o aumento da frequência respiratória por hiperventilação, fato que pode
levar o paciente ao cansaço e fadiga muscular, explicando o insucesso no desmame e
extubação. Outros fatores que poderiam justificar as falhas nesses pacientes seriam o
menor tempo de intubação desse grupo (96 horas) e pontuação superior no escore de
gravidade SAPS quando comparado ao grupo sucesso na extubação. Um menor tempo
de intubação pode evidenciar precocidade na retirada da prótese ventilatória, pois,
lembramos que, neste estudo, mesmo que os índices avaliados estivessem fora dos
parâmetros de normalidade, se o paciente estivesse em satisfatória condição clínica e do
nível de consciência a extubação seria realizada.
30
Podemos destacar como limitações do estudo os óbitos associados aos casos de
H1N1 e o número de extubações que ocorreram antes do período de 24 horas.
Considerando-se os resultados observados, esse estudo abre espaços para novas
pesquisas, associando os índices preditivos de desmame com o tempo de exposição à
hemodiálise que os pacientes foram submetidos, um estudo com maior número de
pacientes onde seja possível a obtenção de um ponto de corte para os índices preditivos
de desmame e a avaliação de qual desses índices seria mais indicado para a extubação
dessa população.
6. Conclusão
Os índices preditivos de desmame da ventilação mecânica habitualmente utilizados
para a população geral, quando dentro dos valores previstos de normalidade, não
parecem ser sensíveis em predizer sucesso na extubação nos pacientes transplantados
renais, com exceção da PImáx que mostrou-se com valor inferior ao percentual predito
mesmo para os pacientes que obtiveram sucesso.
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19- Bush A, Gabriel R, Pulmonary function in chronic renal failure: effects of dialysis and transplantation 1991. Thorax, 46:424-428.
20- Kovelis D, Pitta F, Probst, et al. Pulmonary function and respiratory muscle strength in chronic renal failure patients on hemodialysis. Jornal Brasileiro de Pneumologia 2008, vol.34, n.11, 907-912.
21- Vieira WP, Gomes KWP, Frota NB, et al. Manifestações musculoesqueléticas em pacientes submetidos à hemodiálise. Revista Brasileira de. Reumatologia 2005. vol.45, n.6, 357-364.
22- Bark H, Heimer D, Chaimovitz C, et al. Effect of Chronic renal Failure on Respiratory Muscle Strength. Respiration 1998, 54:153-161.
23- Guleria S, Agarwal RK, Guleria R, et al. The Effect of Renal Transplantation on
Pulmonary Function and Respiratory Muscle Strength in Patients With End-Stage Renal Disease. Transplantation Proceedings 2005, 37: 664–665.
24- Sidhu J, Ahuja G, Aulakh B, et al. Changes in pulmonary function in patients
with chronic renal failure after successful renal transplantation. Scandinavian Journal of Urology and Nephrology 2007, 41: 155-160.
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CAPÍTULO 3
Considerações Finais
Ao final desse estudo pudemos observar que os índices preditivos de desmame
da ventilação mecânica utilizados e consagrados na população geral podem ser
utilizados também nos pacientes renais crônicos transplantados. Contudo devemos ter
especial atenção com a pressão inspiratória máxima (PImáx) que mostrou-se diminuída
tanto no grupo sucesso como no grupo falha do desmame e isso se deve a inúmeras
alterações as quais esses pacientes são expostos no decorrer da doença e que foram
abordadas na discussão deste trabalho.
Considerando-se os resultados observados, esse estudo abre espaços para novas
pesquisas, associando os índices preditivos de desmame com o tempo de exposição à
hemodiálise que os pacientes foram submetidos. Isso obviamente se relacionaria com o
tempo de doença diagnosticada antes do transplante. Sugerimos também um estudo com
maior número de pacientes onde seja possível a obtenção de um ponto de corte para os
índices preditivos de desmame e a avaliação de qual desses índices seria mais indicado
para a extubação desses pacientes.
Tivemos como limitações do estudo os óbitos associados aos casos de H1N1 e o
número de extubações que ocorreram antes do período de 24 horas.
Podemos destacar o interesse da instituição na continuação da aplicação desse
protocolo, o que poderá trazer futuramente outros achados que poderão contribuir para o
desmame da ventilação mecânica dessa população e também dar maior embasamento
para os profissionais que atuam nessas unidades.
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ANEXOS
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ANEXO 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
1 – Título do projeto; ÍNDICES PREDITIVOS DE DESMAME DA VENTILAÇÃO MECÂNICA ASSOCIADOS AO SUCESSO/ FALHA NA EXTUBAÇÃO DE PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
2 – Desenho do estudo e objetivo(s) “essas informações estão sendo fornecidas para sua participação voluntária neste estudo, que visa avaliar a retirada do ventilador mecânico em indivíduos imunodeprimidos (paciente que está desprovido de imunidade, ou seja, de defesa no organismo suficiente para reagir contra os corpos estranho), utilizando para isso cálculos que podem ajudar a avaliar se o paciente está pronto ou não para esse procedimento.
3 – Descrição dos procedimentos que serão realizados, com seus propósitos e identificação dos que forem experimentais e não rotineiros;
� A partir de 24 horas que o paciente estiver respirando no ventilador ele poderá fazer parte do estudo.
� O paciente será colocado para fazer um teste que avaliará se ele está pronto para respirar sozinho; antes de passar por esse teste serão colhidos alguns dados que nos ajudará nessa avaliação, como: freqüência respiratória, força dos músculos inspiratórios, pressão arterial, gasometria arterial (coleta de sangue), entre outros.
� O paciente será avaliado se pode respirar sozinho pelo período de 30 a 60 minutos e se passar pelo teste será retirado do ventilador.
4 – Relação dos procedimentos rotineiros e como são realizados – coleta de sangue por punção periférica da veia do antebraço; exames radiológicos;
Será realizada a coleta de gasometria arterial (coleta de sangue) via artéria radial, próximo ao punho; todavia, também pode ser colhida em outras artérias que estejam mais fáceis para o procedimento.
5 – Descrição dos desconfortos e riscos esperados nos procedimentos dos itens 3 e 4; O paciente poderá um leve desconforto durante a coleta de sangue por causa da picada, porém este procedimento faz parte da rotina da UTI com todos os pacientes.
Quando o paciente estiver realizando o teste para respirar sozinho poderá se sentir ansioso ou agitado, porém esse procedimento também faz parte da rotina da UTI para todos os pacientes que estão respirando com o ventilador.
6 – Benefícios para o participante:
Não há benefício direto para o participante. Trata-se de estudo observacional testando a hipótese que os casos que o paciente não consegue respirar sozinho estão associados aos resultados ruins dos índices coletados (cálculos feitos). Somente no final do estudo poderemos concluir a presença de algum benefício.
7 – Garantia de acesso: em qualquer etapa do estudo, você terá acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. O principal investigador é a Dra. Luciana Chiavegato que pode ser encontrada no endereço: Rua Borges Lagoa, 960 (Hospital do Rim e Hipertensão), Telefone(s) 5087 8080.
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Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) – Rua Botucatu, 572 – 1º andar – cj 14, 5571-1062, FAX: 5539-7162 – E-mail: [email protected]
9 – É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e deixar de participar do estudo, sem qualquer prejuízo à continuidade de seu tratamento na Instituição;
10 – Direito de confidencialidade – As informações obtidas serão analisadas em conjunto com as de outros voluntários, não sendo divulgado a identificação de nenhum paciente;
11 – Direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas, quando em estudos abertos, ou de resultados que sejam do conhecimento dos pesquisadores;
12 – Despesas e compensações: não há despesas pessoais para o participante em qualquer fase do estudo, incluindo exames e consultas. Também não há compensação financeira relacionada à sua participação. Se existir qualquer despesa adicional, ela será absorvida pelo orçamento da pesquisa.
13 – Em caso de dano pessoal, diretamente causado pelos procedimentos ou tratamentos propostos neste estudo (nexo causal comprovado), o participante tem direito a tratamento médico na Instituição, bem como às indenizações legalmente estabelecidas.
14 - Compromisso do pesquisador de utilizar os dados e o material coletado somente para esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo “Índices Preditivos de desmame associados à falha no desmame e falha na extubação em indivíduos imunodeprimidos”
Eu discuti com o Dra. Luciana Chiavegato sobre a minha decisão em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar quando necessário. Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste Serviço.
Assinatura do paciente/representante legal Data / /
Assinatura da testemunha Data / /
para casos de voluntários menores de 18 anos, analfabetos, semi-analfabetos ou portadores de deficiência auditiva ou visual.
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste estudo.
Assinatura do responsável pelo estudo Data / /
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ANEXO 2 - FICHA DE COLETA DE DADOS
Protocolo de Pesquisa: ÍNDICES PREDITIVOS DE DESMAME DA VENTILAÇÃO MECÂNICA ASSOCIADOS AO SUCESSO/ FALHA NA EXTUBAÇÃO DE PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS
Nome: _________________________________________________________ Registro:_____________________ Idade: _________ Sexo: ( ) M ( ) F Altura: ________ Peso:_______ Diagnóstico: _____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Motivo que levou a Ventilação mecânica: ______________________________________________________________________________________________________________________________ Data de internação na UTI: ____/____/____ Data IOT: ____/____/____
Data da extubação: ____/____/____
Teste de Respiração Espontânea (TRE)
Parâmetros do ventilador para o TRE Valores
Peep
Pressão de Suporte
FIO2
Tubo T: ( ) S ( )N N/A
Parâmetros Pré TRE Valores
Frequência Cardíaca
Pressão Arterial (sistólica x diastólica)
SatO2
Frequência Respiratória
Volume minuto
Volume Corrente
IRRS
PaO2/FIO2
PIMáx
PIMáx Predita (%):
pH
pO2
pCO2
HCO3
BE
SatO2
Balanço Hídrico
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Falhou no TRE ( ) sim ( ) não Se sim, por quê?
Tempo Total de TRE
Houve necessidade de reintubação ( ) sim ( ) não Se sim, por quê?
Se sim – Data ___/___/___
Houve necessidade de VNI ( ) sim ( ) não Se sim, por quê?
Se sim – Data ___/___/___
Está em uso de drogas vasoativas ( ) sim ( ) não
Índices de Gravidade:
SAPS 3
Mortalidade Prevista para SAPS (%)
SOFA (24h)
Hemodiálise ( ) sim ( ) não
Diálise Peritonial ( ) sim ( ) não