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Página 1 de 42 EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (ÍZA) DE DIREITO DA __ª VARA DAS FAZENDAS E REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE PALMAS, TOCANTINS Caio Rubem da Silva Patury, (qualificação suprimida apenas e tão somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original); Fábio Aguiar Costa Martins, (qualificação suprimida apenas e tão somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original); Jorgam de Oliveira Soares, (qualificação suprimida apenas e tão somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original); Marcísio Magalhães Gomes, (qualificação suprimida apenas e tão somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original); Millena Freire Cavalcante, (qualificação suprimida apenas e tão somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original); , com espeque no art. 5º, inciso XXXIV, alínea “a”, c/c 5º, LXXIII, c/c art. 22, XI, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, na forma dos artigos 1º , 2º e 3º, todos da Lei Federal nº 4.717/65, valendo-se ainda, das disposições do microssistema de defesa do patrimônio público 1 , vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio do seu Procurador in fine, propor a presente AÇÃO POPULAR CONSTITUCIONAL 2 MEDIANTE ARGUIÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL DE MEDIDA PROVISÓRIA 3 e DECRETO EXECUTIVO MUNICIPAL 1 2. A ação civil pública e a ação popular compõem um microssistema de defesa do patrimônio público na acepção mais ampla do termo, por isso que regulam a legitimatio ad causam de forma especialíssima. RECURSO ESPECIAL Nº 791.042 PR - RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX. 2SILVA, José Afonso da. Ação popular constitucional. Doutrina e Processo. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2007 3 MEDIDA PROVISÓRIA E SUA CONVERSÃO EM LEI. Conversão da medida provisória na Lei n° 11.658/2008, sem alteração substancial. Aditamento ao pedido inicial. Inexistência de obstáculo processual ao prosseguimento do julgamento. A lei de conversão não convalida os vícios existentes na medida provisória. PRECEDENTES DO STF. (ADI 4048 MC, Relator(a): Min.

AÇÃO POPULAR CONSTITUCIONAL2 MEDIANTE ARGUIÇÃO ... · PRECEDENTES DO STF ... Em face do MUNICÍPIO DE PALMAS, pessoa jurídica de direito público interno, ... julgada em 15-06-2017;

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) JUIZ (ÍZA) DE DIREITO DA __ª VARA DAS FAZENDAS E REGISTROS PÚBLICOS DA COMARCA DE PALMAS, TOCANTINS

Caio Rubem da Silva Patury, (qualificação suprimida apenas e tão somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original);

Fábio Aguiar Costa Martins, (qualificação suprimida apenas e tão

somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original);

Jorgam de Oliveira Soares, (qualificação suprimida apenas e tão

somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original);

Marcísio Magalhães Gomes, (qualificação suprimida apenas e tão

somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original);

Millena Freire Cavalcante, (qualificação suprimida apenas e tão

somente para fins de divulgação, sendo preservada na petição original);

, com espeque no art. 5º, inciso XXXIV, alínea “a”, c/c 5º, LXXIII, c/c

art. 22, XI, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, na forma dos artigos 1º , 2º e 3º, todos da Lei Federal nº 4.717/65, valendo-se ainda, das disposições do microssistema de defesa do patrimônio público1, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por intermédio do seu Procurador in fine, propor a presente

AÇÃO POPULAR CONSTITUCIONAL2

MEDIANTE ARGUIÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL DE MEDIDA PROVISÓRIA

3 e

DECRETO EXECUTIVO MUNICIPAL

1 2. A ação civil pública e a ação popular compõem um microssistema de defesa do patrimônio público na acepção mais ampla do termo, por isso que regulam a legitimatio ad causam de forma especialíssima. RECURSO ESPECIAL Nº 791.042 – PR - RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX. 2SILVA, José Afonso da. Ação popular constitucional. Doutrina e Processo. 2ª ed. São Paulo: Malheiros, 2007 3MEDIDA PROVISÓRIA E SUA CONVERSÃO EM LEI. Conversão da medida provisória na Lei n°

11.658/2008, sem alteração substancial. Aditamento ao pedido inicial. Inexistência de obstáculo processual ao prosseguimento do julgamento. A lei de conversão não convalida os vícios existentes na medida provisória. PRECEDENTES DO STF. (ADI 4048 MC, Relator(a): Min.

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Em face do MUNICÍPIO DE PALMAS, pessoa jurídica de direito

público interno, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 24.851.511/0001-85, presentado em juízo, nos termos do art. 75, I, do Código de Processo Civil, pela Procuradoria-Geral do Município, mediante atuação do seu Procurador Geral, DRº Públio Borges Alves, podendo ser localizado na Quadra 104 Norte – Avenida JK – Edifício Via Nobre Empresarial – LT. 28-A – 1º e 2º Andar, Fone: 63 – 3234-0212/0213, Paço Municipal, Centro, CEP 77006-014, Palmas-TO;

ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E

FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO, AUTARQUIA integrante da ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL INDIRETA sob o regime especial, INSTITUÍDA PELA LEI MUNICIPAL Nº 22974, DE 30 DE MARÇO DE 2017, inscrita no CNPJ/MF sob o nº 27.366.575/0001-89, com sede à Quadra 502 Sul, Avenida NS 02, Conjunto 01, Edifício Buriti, 2º Andar, CEP: 77021-658, Fone: 63 – 2111-2231, Palmas, TO, representada em juízo, nos termos do art. 75, IV, do CPC, por seu Presidente, SR. CLÁUDIO DE ARAÚJO SCHULLER5, nomeado pelo Chefe do Poder Executivo do Município de Palmas, TO, mediante a edição do ATO Nº 416 – NM, publicado na edição nº 1.737 do Diário Oficial6 Municipal, veiculada em data de 20 de abril de 2017;

CARLOS ENRIQUE FRANCO AMASTHA, Colombiano naturalizado

brasileiro, casado, agente político, atualmente exercendo o cargo de Prefeito de Palmas, TO, portador da cédula de identidade nº 4.437.999-6 SSP/II/PR, inscrito no CPF/MF sob o nº 489.616.205-68, podendo ser localizado na Quadra 104 Norte – Avenida JK – Edifício Via Nobre Empresarial – LT. 28-A – 8º Andar, Fone: 63 – 2111-2105, Paço Municipal, Centro, CEP 77006-014, Palmas-TO, e,

CLÁUDIO DE ARAÚJO SCHULLER, Brasileiro, portador de RG

inscrito sob o nº 250.035 – SSP-TO, inscrito no CPF sob o 847.952.201-15, PRESIDENTE7 da ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO, nomeado pelo Chefe do Poder Executivo do Município de Palmas, TO, mediante a edição do ATO Nº 416 – NM, publicado na edição nº 1.737 do Diário Oficial8 Municipal, veiculada em data de 20 de abril de 2017, podendo ser localizado à Quadra 502 Sul, Avenida NS 02, Conjunto 01, Edifício Buriti, 2º Andar, CEP: 77021-658, Fone: 63 – 2111-2231, Palmas, TO, mediante as asserções fáticas e jurídicas adiante articuladas.

GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2008, DJe-157 DIVULG 21-08-2008 PUBLIC 22-08-2008 EMENT VOL-02329-01 PP-00055 RTJ VOL-00206-01 PP-00232). 4 https://legislativo.palmas.to.gov.br/media/leis/lei-ordinaria-2.297-2017-03-30-26-6-2017-16-20-21.pdf

5 http://www.palmas.to.gov.br/secretaria/infraestrutura/noticia/1504415/agencia-de-regulacao-de-

palmas-inicia-suas-atividades/ 6 http://diariooficial.palmas.to.gov.br/media/diario/1737-20-4-2017-18-36-47.pdf

7 https://www.t1noticias.com.br/cidades/amastha-nomeia-shueller-para-agencia-reguladora-

recriada/84161/ 8 http://diariooficial.palmas.to.gov.br/media/diario/1737-20-4-2017-18-36-47.pdf

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1. DO OBJETO

A presente Ação Popular Constitucional tem por objeto vindicar

provimento jurisdicional com vistas a obter:

1 – CAUTELARMENTE, a SUSPENSÃO DA EFICÁCIA DO DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, que tem como escopo a regulamentação da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por padecer, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes do seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; TJSP - Agravo de Instrumento nº 2095299-14.2016.8.26.0000, Rel. Des. José Maria Câmara Junior, 9ª Câmara de Direito Público, j. 17/08/2016); ”(Agravo de Instrumento nº 2043892-66.2016.8.26.0000, Rel. Des. Paulo Barcellos Gatti, 4ª Câmara de Direito Público, j. 01/08/2016); 2 – CAUTELARMENTE, a cominação ao MUNICÍPIO DE PALMAS, TO e a ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO, MEDIANTE IMPOSIÇÃO DE NÃO FAZER, CONSUBSTANCIADA EM SE ABSTER DE EXERCER O PODER DE POLÍCIA outorgado pela Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, regulamentada pelo DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, por padecer, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes dos seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; TJSP - Agravo de Instrumento nº 2095299-14.2016.8.26.0000, Rel. Des. José Maria Câmara Junior, 9ª Câmara de Direito Público, j. 17/08/2016); ”(Agravo de Instrumento nº 2043892-66.2016.8.26.0000, Rel. Des. Paulo Barcellos Gatti, 4ª Câmara de Direito Público, j. 01/08/2016), IMPEDINDO-LHES DE APLICAR AS PENALIDADES E MEDIDAS ADMINISTRATIVAS PREVISTAS NOS ATOS NORMATIVOS IMPUGNADOS, A EXEMPLO DAQUELAS CONSTANTES DOS ARTS. 21 a 25 DA MENCIONADA MEDIDA PROVISÓRIA e dispositivos reproduzidos simetricamente ou estabelecidos no mencionado Decreto Regulamentador;

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3 – CAUTELARMENTE, a cominação ao MUNICÍPIO DE PALMAS, TO e a ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO, MEDIANTE IMPOSIÇÃO DE NÃO FAZER, CONSUBSTANCIADA EM SE ABSTER DE AFETUAR A COBRANÇA DO PREÇO PÚBLICO

9 DA EXPLORAÇÃO INTENSIVA DO

SISTEMA VIÁRIO MUNICIPAL, A SER RECOLHIDO MENSALMENTE PELA OPT EM ATÉ 3 (TRÊS) DIAS ÚTEIS CONTADOS DO LANÇAMENTO, EQUIVALENTE AO VALOR DE R$ 0,10 (DEZ CENTAVOS) POR QUILÔMETRO RODADO, instituído pelos arts. 4º, 5º e 6º da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, regulamentado pelo art. 10 e seus parágrafos 1º, 2º, 3º e 4º, do DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, por padecer, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes do seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; 4 – CAUTELARMENTE, como forma de se manter a organização, a disciplina e a prestação dos serviços de forma satisfatória, adequada, contínua e regular, buscando preservar a qualidade dos serviços e a incolumidade física dos seus usuários, a cominação ao MUNICÍPIO DE PALMAS, TO e a ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO, MEDIANTE a IMPOSIÇÃO DE FAZER, CONSUBSTANCIADA em exigir o cadastramento de veículos e dos condutores, nos moldes dos parâmetros estabelecidos pelos arts. 17 a 20 da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, evitando-se que o serviço seja prestado de forma desordenada e sem padrões mínimos, até que seja regulamentado pela União Federal; 5 - Por fim, no palco meritório, postula-se a PROCEDÊNCIA DOS PEDIDOS, CONFIRMANDO-SE, EM SENTENÇA RESOLUTIVA DE MÉRITO, ALÉM DOS REQUERIMENTOS FORMULADOS EM SEDE DE ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA, com fundamento na urgência, os demais pedidos adiante articulados: A DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 16, DE 6 DE JUNHO DE 2017, ASSIM COMO DO SEU DECRETO MUNICIPAL REGULAMENTADOR Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017 que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por padecerem, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo

9 http://www.jornaldotocantins.com.br/editorias/estado/prefeitura-regulamenta-compra-das-

%C3%A1reas-p%C3%BAblicas-do-sistema-vi%C3%A1rio-1.1185803

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único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes do seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; TJSP - Agravo de Instrumento nº 2095299-14.2016.8.26.0000, Rel. Des. José Maria Câmara Junior, 9ª Câmara de Direito Público, j. 17/08/2016); ”(TJSP -Agravo de Instrumento nº 2043892-66.2016.8.26.0000, Rel. Des. Paulo Barcellos Gatti, 4ª Câmara de Direito Público, j. 01/08/2016).

2. DA ADEQUAÇÃO DA AÇÃO POPULAR COMO INSTRUMENTO PARA COMBATER ATO LESIVO AOS POSTULADOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – DESNECESSIDADE DE CONFIGURAÇÃO DE DANO MATERIAL AO PATRIMÔNIO PÚBLICO

Prefacialmente revela-se necessário consignar, que a Ação Popular

é instrumento legitimo, vital e eficaz para que a sociedade civil possa atuar diretamente na defesa do patrimônio do Estado e da moralidade administrativa, pois como bem ressaltado pelo saudoso Ministro do Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, em obra dedicada às ações coletivas, a “ação popular tem por objeto específico o de ‘anular ato lesivo’ a um dos seguintes bens jurídicos: (a) ao patrimônio público, (b) à moralidade administrativa (...)” 10.

Nessa trilha de pensamento, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar

o RE – Recurso Extraordinário nº 824781, sob a sistemática da Repercussão Geral, entendeu ser a ação popular instrumento propício para tutelar tanto o patrimônio público quanto aos princípios da administração pública. Confira-se:

EMENTA – STF - Direito Constitucional e Processual Civil. Ação popular. Condições da ação. Ajuizamento para combater ato lesivo à moralidade administrativa. Possibilidade. Acórdão que manteve sentença que julgou extinto o processo, sem resolução do mérito, por entender que é condição da ação popular a demonstração de concomitante lesão ao patrimônio público material. Desnecessidade. Conteúdo do art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal. Reafirmação de jurisprudência. Repercussão geral reconhecida. 1. O entendimento sufragado no acórdão recorrido de que, para o cabimento de ação popular, é exigível a menção na exordial e a prova de prejuízo material aos cofres públicos, diverge do entendimento sufragado pelo Supremo Tribunal Federal. 2. A decisão objurgada ofende o art. 5º, inciso LXXIII, da Constituição Federal, que tem como objetos a serem defendidos pelo cidadão, separadamente, qualquer ato lesivo ao patrimônio material público ou de entidade de que o Estado participe, ao patrimônio moral, ao cultural e ao histórico. 3. Agravo e recurso extraordinário providos. 4. Repercussão geral reconhecida com reafirmação da jurisprudência. (ARE 824781 RG, Relator (a): Min. DIAS TOFFOLI, julgado em 27/08/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-203 DIVULG 08-10-2015 PUBLIC 09-10-2015). Sem ênfases no original.

Sob esse prisma, ressoa cristalina a adequação da via eleita, conforme decidiu a Suprema Corte Brasileira.

10ZAVASCKI, Teori Albino. Processo coletivo: tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de direitos. 6. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2014, p. 53.

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3. DA LEGITIMIDADE ATIVA DOS REQUERENTES

Quanto à legitimidade ativa, cumpre frisar que o tanto o artigo 5º,

LXXIII, da Constituição da República Federativa do Brasil, quanto o artigo 1º, caput, da Lei Federal nº 4.717, de 29.06.1965 (Lei da Ação Popular), são enfáticos ao prescrever que “qualquer cidadão será parte legítima para propor”, sendo os autores, portanto, partes legítimas à propositura da presente ação, pois todos se encontram no gozo da plenitude dos seus direitos políticos, conforme se infere das certidões eleitorais anexas (Art. 1º, § 3º, da Lei Federal nº 4.717\65).

4. DA LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DOS REQUERIDOS

Prescreve o art. 6º da Lei Federal nº 4.717\65 que a ação será

proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo, sendo este entendimento respaldado pela doutrina11. A propósito:

‘’No polo passivo devem figurar, segundo a Lei (art. 6º), três categorias de réus: a) “as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º”, ou seja, as que tem titularidade sobre o patrimônio atingido pelo ato atacado; b) as pessoas responsáveis pela prática do ato lesivo e as que, por omissão, “tiverem dado oportunidade à lesão” e c) as pessoas diretamente beneficiadas pelo ato lesivo”. A curiosidade está na posição das primeiras, que, figurando como rés e contestando, serão ainda beneficiadas com o produto final da condenação, em caso de procedência do pedido, podendo, se for o caso, promover a respectiva execução. (art. 17).

Sob esse prisma, delimitaremos, adiante, a legitimidade passiva ad

causam, para a adequada compreensão das imputações levadas a efeito.

4.1 – DA LEGITIMIDADE PASSIVA DO MUNICÍPIO DE PALMAS,TO

A legitimidade passiva ad causam do MUNICÍPIO DE PALMAS,

TO, decorre da condição de pessoa jurídica em cujo nome foram praticados os atos lesivos aos postulados da administração pública, ora impugnados, tornando-se obrigatório figurar-se como litisconsorte passivo necessário nesta ação popular, conforme se infere do caput do art. 6º da Lei Federal nº 4.717\65, sendo tão certa esta exigência de citação, que o § 3º do mencionado dispositivo determina a possibilidade de ela abster-se de contestar o pedido, assim como lhe faculta atuar ao lado do autor, se o interesse público desta forma for atendido, a critério de seu representante legal.

11 ZAVASCKI, Teori Albino. Processo coletivo: tutela de direitos coletivos e tutela coletiva de direitos. 3. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008, p. 106.

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EMENTA – TRF 2 - AÇÃO POPULAR. LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO. EMENDA DA INICIAL. ART. 47, CPC. NÃO CUMPRIMENTO. APLICAÇÃO DO ART. 9º DA LEI Nº 4.717-65. INTIMAÇÃO PESSOAL DO MINISTÉRIO PÚBLICO. I A pessoa jurídica em cujo nome foi praticado o ato lesivo é litisconsorte passivo necessário na ação popular, conforme o art. 6º da Lei nº 4.717-65. Tanto é certa a exigência de citação desta pessoa jurídica que o § 3º do art. 6º determina a possibilidade de ela abster-se de contestar o pedido, assim como lhe faculta atuar ao lado do autor, se o interesse público desta forma for atendido, a critério de seu representante legal. Processo: AC 119231 96.02.31282-3: Órgão Julgador: SEXTA TURMA: Relator: Desembargador Federal ANDRÉ FONTES.

Nesse espectro, revela-se inequívoca a legitimidade passiva ad

causam do MUNICÍPIO DE PALMAS, TO, nos termos do caput do art. 6º da Lei Federal nº 4.717\65 – Lei da Ação Popular.

4.2 – DA LEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM DA ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO,

A criação da ARP, Agência de Regulação, Controle e Fiscalização de

Serviços Públicos de Palmas, TO, autarquia municipal com personalidade jurídica própria, não desobriga o evidenciado Município, de manter o controle e tutela sobre o serviço descentralizado, o que nos leva a conclusão de que se houve a delegação a evidenciada agência para exercer o poder de polícia em relação a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, regulamentada pelo DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, por força da MEDIDA PROVISÓRIA Nº 16, DE 6 DE JUNHO DE 2017, por via de consequência, ambos estão legitimados para serem arrolados ao polo passivo, já que o ente instituidor delegou a autarquia a fiscalização desse serviço.

Vale ressaltar, que a ARP é uma autarquia municipal de regime

especial, também conhecida como agência reguladora. Tais autarquias, para as quais o Estado transfere alguns poderes de controle, regulamentam e fiscalizam as concessões, permissões e autorizações de serviço público, valendo-se da prerrogativa constitucional com topografia no art. 21, XI e XII da CRFB.

A Lei Municipal nº 229712, de 30 de março de 2017, instituiu a

Agência de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos de Palmas (ARP), com natureza jurídica de autarquia sob o regime especial, autonomia orçamentária, financeira e administrativa, sede e foro no município de Palmas, prazo de duração indeterminado, vinculada à Secretaria Municipal de Infraestrutura, Serviços Públicos, Trânsito e Transportes, com a finalidade de regular, fiscalizar e

12

https://legislativo.palmas.to.gov.br/media/leis/lei-ordinaria-2.297-2017-03-30-26-6-2017-16-20-21.pdf

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controlar os serviços públicos concedidos, permitidos ou autorizados no âmbito do município de Palmas, TO.

O arts. 3º e 4º da Lei Municipal nº 2297, de 30 de março de 2017,

preconiza que caberá ao poder concedente atribuir à Agência de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos de Palmas (ARP), mediante disposição legal ou pactuada, competência para regulação e fiscalização de serviço público, asseverando, ainda, que a competência atribuída à ARP, sobre determinado serviço público, terá o efeito de submeter à respectiva prestadora do serviço ao seu poder regulatório, competindo-lhe o acompanhamento, regulação, controle e fiscalização dos serviços públicos concedidos, permitidos ou autorizados, de competência municipal e, por delegação, os de competência federal e estadual, incumbindo-lhe especialmente, incluindo-se a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, atraindo, para si, a legitimidade passiva ad causam.

4.3 – DA LEGITIMIDADE PASSIVA DO PREFEITO DE PALMAS,TO e do PRESIDENTE DA ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO,

Segundo o art. 6º da Lei Federal nº 4.717\65, cognominada de Lei da Ação Popular, a ação será proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, contra as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo.

No caso impugnado, a legitimidade passiva do Prefeito de

Palmas, TO, decorre do fato de ter sido ele o autor dos atos impugnados, a saber, MEDIDA PROVISÓRIA Nº 16, DE 6 DE JUNHO DE 2017 e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, versando sobre a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, usurpando, por sinal, a competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme diversos precedentes dos tribunais pátrios, se imiscuindo em matéria afeta a competência privativa da União Federal, sendo nulo de pleno direito, os atos legislativos e normativos por ele praticado, por incorrer em vício de incompetência, pois os atos impugnados não se incluem no rol das atribuições, conforme estabelece o art. 2º, alínea “a”, da Lei Federal nº 4.717\65, evidenciando a sua legitimidade passiva ad causam.

Por seu turno, considerando que o Chefe do Poder Executivo do

Município de Palmas, TO, mediante a edição do ATO Nº 416 – NM, publicado na

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edição nº 1.737 do Diário Oficial13 Municipal, veiculada em data de 20 de abril de 2017, nomeou o Senhor CLÁUDIO DE ARAÚJO SCHULLER, como PRESIDENTE14 da ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO, delegando a ele, por força dos arts. 3º e 4º da Lei Municipal nº 2297, de 30 de março de 2017, mediante disposição legal ou pactuada, competência para regulação e fiscalização da prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, por força da MEDIDA PROVISÓRIA Nº 16, DE 6 DE JUNHO DE 2017 e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, por via de consequência, atrairá, para si, a legitimidade passiva ad causam, uma vez que, em decorrência dessa delegação, ele exercerá o poder de polícia em relação ao mencionado serviço.

5 – DA POSSIBILIDADE DE VEICULAR PEDIDO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER E NÃO FAZER EM SEDE DE AÇÃO POPULAR – MUTAÇÃO JURISPRUDENCIAL DO STJ E TRF1 – PRECEDENTES

Conforme bem ressaltado pelo Desembargador Federal do TRF1,

Souza Prudente, ao julgar em data de 10\08\2016, a APELAÇÃO CÍVEL NA AÇÃO POPULAR Nº 0026246-40.2011.4.01.3700/MA, embora, em regra, a ação popular tenha por objeto a anulação de atos lesivos ao patrimônio público, admite-se excepcionalmente a apreciação dos atos prejudiciais que decorrem do descumprimento de obrigação de fazer e não fazer, conforme se verifica na espécie. Nessa mesma linha de entendimento, tem se posicionado a jurisprudência do TRF1, conforme se vê, dentre outros, dos seguintes julgados:

EMENTA – TRF1 - PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO POPULAR. ADMISSIBILIDADE. OBJETO. ANULAÇÃO DE ATO LESIVO AO PATRIMÔNIO PÚBLICO. EXCEPCIONALIDADE DE IMPOSIÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. INADEQUAÇÃO DA VIA PROCESSUAL ELEITA. INTERPRETAÇÃO AMPLA DA NORMA. POSSIBILIDADE. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. RETORNO DOS AUTOS À INSTÂNCIA DE ORIGEM. INTERVENÇÃO OBRIGATÓRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO SUPRIDA PELA MANIFESTAÇÃO NA INSTÂNCIA RECURSAL. JULGAMENTO CITRA PETITA. PREJUDICIAIS REJEITADAS. I – Na espécie dos autos, não há que se falar em nulidade da sentença por falta de intimação do Ministério Público na instância de origem, tendo em vista que, “em homenagem ao princípio da economia e celeridade processual, o STJ vem decidindo que a não-intervenção do Parquet no primeiro grau de jurisdição, por força de lei, tem-se por suprida com manifestação na segunda instância, desde que não ocasione às partes prejuízo” (AG 0071627-84.2009.4.01.0000 / BA, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL HILTON QUEIROZ, QUARTA TURMA, e-DJF1 p.237 de 14/05/2010), como ocorre na espécie. De igual modo, não prospera a alegada nulidade da sentença em virtude da falta de apreciação do pedido

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http://diariooficial.palmas.to.gov.br/media/diario/1737-20-4-2017-18-36-47.pdf 14

https://www.t1noticias.com.br/cidades/amastha-nomeia-shueller-para-agencia-reguladora-recriada/84161/

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inicial, uma vez que o juízo monocrático extinguiu o processo sem resolução do mérito, não podendo, assim, avançar sobre o mérito da demanda II – Não obstante, em regra, a ação popular tenha por objeto a anulação de atos lesivos ao patrimônio público, admite-se excepcionalmente a apreciação dos atos prejudiciais que decorrem do descumprimento de obrigação de fazer, conforme se verifica na espécie, uma vez que o alegado descumprimento da obrigação de realizar as obras contratadas tem gerado prejuízos financeiros à Administração publica, segundo noticiado na petição inicial. Precedente do TRF 1ª Região e do STJ.III – Apelação provida para anular a sentença e determinar o retorno dos autos à instância de origem para regular processamento do feito e prolação de sentença de mérito. APELAÇÃO CÍVEL NA AÇÃO POPULAR Nº 0026246-40.2011.4.01.3700/MA – Julgado em 10-08-2016 Relator: Desembargador Federal SOUZA PRUDENTE. DIREITO ADMINISTRATIVO. PATRIMÔNIO HISTÓRICO NACIONAL. CONJUNTO URBANÍSTICO DE BRASÍLIA. TOMBAMENTO. LEI N. 2.325/99, DISTRITO FEDERAL. AUTORIZAÇÃO DE CONSTRUÇÃO NA COBERTURA DOS EDIFÍCIOS, PARA FINS DE LAZER. ALTERAÇÃO SUJEITA A AUTORIZAÇÃO ESPECIAL DO IPHAN. DEC.LEI N. 25/37. POLÍCIA ADMINISTRATIVA DO IPHAN. CONDENAÇÃO NA OBRIGAÇÃO DE NÃO SE OMITIR. COMINAÇÃO DE MULTA PELA OMISSÃO. LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO DO DISTRITO FEDERAL. 1. Na sentença, foi julgado "procedente o pedido" e condenado "o Distrito Federal na obrigação de não autorizar ou tolerar novas edificações de coberturas nos edifícios residenciais e comerciais das alas sul e norte do Plano Piloto de Brasília, bem como" condenado "o IPHAN na obrigação de fazer cumprir a norma de preservação federal a fim de conferir plena eficácia ao disposto nos artigos 4º, incisos II e III, e 8º, da referida Portaria 314/9213. Parcial provimento à remessa oficial (tida por interposta) e às apelações para restringir o dispositivo da sentença à condenação do IPHAN "na obrigação de fazer cumprir a norma de preservação federal a fim de conferir plena eficácia ao disposto nos artigos 4º, incisos II e III, e 8º, da referida Portaria 314/92 (AC 0039029-14.1999.4.01.3400 / DF, Rel. DESEMBARGADOR FEDERAL JOÃO BATISTA MOREIRA, QUINTA TURMA, e-DJF1 p.175 de 29/01/2010)(grifo nosso)

De igual modo, o colendo Superior Tribunal de Justiça tem se

manifestado favoravelmente à admissibilidade da ação popular para fins de condenação à obrigação de fazer/não fazer, diante da eloquente omissão estatal. Nesse espectro, confira-se o precedente jurisprudencial:

ADMINISTRATIVO. AÇÃO POPULAR. INTERESSE DE AGIR. PROVA PERICIAL. DESNECESSIDADE. MATÉRIA CONSTITUCIONAL. 1. O recurso especial não é a via adequada para análise da suscitada afronta ao art. 5º, LXXIV e LV, da CF, cujo exame é da competência exclusiva da Suprema Corte, a teor do contido no art. 103 da Carta Magna. 2. As condições gerais da ação popular são as mesmas para qualquer ação: possibilidade jurídica do pedido, interesse de agir e legitimidade para a causa. 3. A ação popular pode ser ajuizada por qualquer cidadão que tenha por objetivo anular judicialmente atos lesivos ou ilegais aos interesses garantidos constitucionalmente, quais sejam, ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural. 4. A ação popular é o instrumento jurídico que deve ser utilizado para impugnar atos administrativos omissivos ou comissivos que possam causar danos ao meio ambiente. 5. Pode ser proposta ação popular ante a omissão do Estado em promover condições de melhoria na coleta do esgoto da

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Penitenciária Presidente Bernardes, de modo a que cesse o despejo de elementos poluentes no Córrego Guarucaia (obrigação de não fazer), a fim de evitar danos ao meio ambiente7. Recurso especial conhecido em parte e não provido. (REsp 889.766/SP, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 04/10/2007, DJ 18/10/2007, p. 333).

Assim, embora, em regra, a ação popular tenha por objeto a anulação de atos lesivos ao patrimônio público, admite-se excepcionalmente a apreciação dos atos prejudiciais que decorrem do descumprimento de obrigação de fazer e não fazer, conforme se verifica na espécie, em decorrência da aplicabilidade do microssistema de defesa do patrimônio público no âmbito das ações populares – precedentes do STJ.

Observe-se ainda, que a sociedade não pode ficar apenas refém da

atuação dos Órgãos de Controle para reivindicar e exercitar os seus direitos, pois, se assim fosse, diante da incúria e inação de um deles, a sociedade ficaria prejudicada, como no caso sob debate, conforme adiante se demonstrará.

6 - DA APLICABILIDADE DO MICROSSISTEMA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO NO ÂMBITO DAS AÇÕES POPULARES – PRECEDENTES DO STJ - SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Como é cediço, o STJ - Superior Tribunal de Justiça, quando do julgamento do Recurso Especial nº 510.15015 - MA , em decorrência do surgimento do microssistema de tutela coletiva, que permite a completa interação entre a Lei da Ação Civil Pública, Lei de Improbidade Administrativa e a Lei da Ação Popular, firmou o entendimento de que é possível a migração interventiva do ente público lesado nas ações de improbidade, podendo, assim, assumir três posições ao ser notificado, devendo, contudo, sempre resguardar o interesse público, quais sejam:

Na ação popular, a pessoa jurídica pode adotar uma das três posições: i) no polo ativo, colocando-se ao lado do autor, sendo considerado como litisconsorte; ii) no polo passivo, colocando-se ao lado do réu, na qualidade de assistente simples e iii) pode-se omitir, deixando de intervir no processo.

Nesta perspectiva, pode, o ente lesado, abster-se de contestar o

pedido, atuar ao lado do autor ou aderir ao polo passivo, desde que se afigura útil ao interesse público, conforme prescreve o art. 17, § 3º, da Lei Federal n.º 8.429/92 (Lei de Improbidade Administrativa), na forma do art. 6º, § 3º da Lei Federal nº 4.717, de 29 de junho de 1965 (Lei da Ação Popular). A propósito:

EMENTA – STJ - PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. INTERESSES TRANSINDIVIDUAIS. MICROSSISTEMA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE DA UNIÃO PARA FIGURAR NOS PÓLOS PASSIVO E ATIVO DA AÇÃO. POSSIBILIDADE. DEVER DE

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[...] 8. A lei de improbidade administrativa, juntamente com a lei da ação civil pública, da ação popular, do mandado de segurança coletivo, do Código de Defesa do Consumidor e do Estatuto da Criança e do Adolescente e do Idoso, compõem um microssistema de tutela dos interesses transindividuais e sob esse enfoque interdisciplinar, interpenetram-se e subsidiam-se.STJ - RECURSO ESPECIAL Nº 510.150 – MA.

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FISCALIZAR A ATUAÇÃO DOS DELEGATÁRIOS DO SUS. DIREITO À RECOMPOSIÇÃO DO PATRIMÔNIO DA UNIÃO DECORRENTE DO REPASSE DE VERBA. […] 2. A ação civil pública e a ação popular compõem um microssistema de defesa do patrimônio público na acepção mais ampla do termo, por isso que regulam a legitimatio ad causam de forma especialíssima. 3. Nesse seguimento, ao Poder Público, muito embora legitimado passivo para a ação civil pública, nos termos do § 2º, do art. 5º, da lei 7347/85, fica facultado habilitar-se como litisconsorte de qualquer das partes. 4. O art. 6º da lei da Ação Popular, por seu turno, dispõe que, muito embora a ação possa ser proposta contra as pessoas públicas ou privadas e as entidades referidas no art. 1º, bem como as autoridades, funcionários ou administradores que houverem autorizado, aprovado, ratificado ou praticado o ato impugnado, ou que, por omissão, tiverem dado oportunidade à lesão, e contra os beneficiários diretos do mesmo, ressalva no parágrafo 3º do mesmo dispositivo que, verbis: § 3º - A pessoa jurídica de direito público ou de direito privado, cujo ato seja objeto de impugnação, poderá abster-se de contestar o pedido, ou poderá atuar ao lado do autor, desde que isso se afigure útil ao interesse público, a juízo do respectivo representante legal ou dirigente. 5. Essas singularidades no âmbito da legitimação para agir, além de conjurar as soluções ortodoxas, implicam a decomposição dos pedidos formulados, por isso que o poder público pode assumir as posturas acima indicadas em relação a um dos pedidos cumulados e manter-se no polo passivo em relação aos demais. 6. In casu, a União é demandada para cumprir obrigação de fazer consistente na exação do dever de fiscalizar a atuação dos delegatários do SUS e, ao mesmo tempo, beneficiária do pedido formulado de recomposição de seu patrimônio por força de repasse de verbas. 7. Revelam-se notórios, o interesse e a legitimidade da União, quanto a esse outro pedido de reparação pecuniária, mercê de no mérito aferir-se se realmente a entidade federativa maior deve ser compelida à fazer o que consta do pedido do parquet . 8. Recurso especial desprovido para manter a União em ambos os pólos em relação aos pedidos distintos em face do mesmo formulado. […] Brasília, 19 de outubro de 2006 RECURSO ESPECIAL Nº 791.042 - PR (2005/0177439-3) RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX.

Desta forma, conforme bem ressaltado pelo STJ ao julgar o

RECURSO ESPECIAL Nº 510.150 – MA, a lei de improbidade administrativa, juntamente com a lei da ação civil pública, da ação popular, do mandado de segurança coletivo, do Código de Defesa do Consumidor e dos Estatutos da Criança e do Adolescente e do Idoso, compõem um microssistema de tutela dos interesses transindividuais e sob esse enfoque interdisciplinar, interpenetram-se e subsidiam-se, o que se revela aplicável ao caso em debate.

Logo, superadas essas questões de ordem processual, passar-se-á

ao mérito da presente demanda, diante da sua repercussão jurídica e social.

7. DA EXPOSIÇÃO FÁTICA DA LIDE

Em data de 06 de junho de 2017, o Chefe do Poder Executivo do Município de Palmas, TO, usurpando a competência legislativa privativa da União Federal, estabelecida pelo art. 22, inciso I, IX e XI, da Constituição da República Federativa do Brasil, editou a Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão, sob o pretexto de estabelecer normas para a prestação do serviço de

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transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA. Confira-se excertos do ato:

DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES Art. 1º Ficam estabelecidas, nos termos desta Medida Provisória, normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas. Art. 2º Considera-se serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros aquele realizado em deslocamento individualizado, executado por automóvel particular com capacidade para até 6 (seis) pessoas, inclusive o condutor, e solicitado exclusivamente por meio de plataforma tecnológica. [...] Art. 31. O Poder Executivo Municipal regulamentará esta Medida no prazo de 90 (noventa) dias, contados da data de sua publicação. Art. 32. Esta Medida Provisória entra em vigor na data de sua publicação. Palmas, 6 de junho de 2017. CARLOS ENRIQUE FRANCO AMASTHA Prefeito de Palmas

Valendo-se da prerrogativa conferida pelo art. 31 da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, em data de 07 de junho de 2017, o Chefe do Poder Executivo do Município de Palmas, TO, mais uma vez, usurpando a competência legislativa privativa da União Federal, estabelecida pelo art. 22, inciso I, IX e XI, da Constituição da República, editou o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, tendo por escopo regulamentar a referida MP:

DECRETO Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017. Regulamenta a Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas. O PREFEITO DE PALMAS, no uso de suas atribuições no que lhe confere o art. 71, incisos I e III, da Lei Orgânica do Município, D E C R E T A: Art. 1º Fica regulamentada na forma deste Decreto a Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017. Art. 2º As pessoas jurídicas Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT) interessadas em executar o serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas deverão protocolizar junto à Agência de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos de Palmas (ARP), requerimento de expedição de autorização pública, conforme disposto no art. 7º da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, contendo: [...] Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação. Palmas, 7 de junho de 2017. CARLOS ENRIQUE FRANCO AMASTHA Prefeito de Palmas Adir Cardoso Gentil Secretário da Casa Civil do Município de Palmas Cláudio de Araújo Schuller Presidente da Agência de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos de Palmas

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Ocorre que, a despeito do Chefe do Poder Executivo do Município de Palmas ter editado os atos impugnados sob o imagético pretexto de regulamentar e disciplinar a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, do ponto de vista fático, percebe-se que essa medida teve o nítido propósito de inviabilizar16 a prestação dessa modalidade de serviços de caráter eminentemente privado, cujo exercício, não fica adstrito ao alvedrio dos Prefeitos, uma vez que a competência para legislar e regulamentar esse modal de transporte é privativa da União Federal, diante da incidência do art. 22, inciso I, IX e XI, da Constituição da República Federativa do Brasil.

A bem da verdade, cabe salientar, que os autores desta ação

popular em momento algum se colocam contrários a regulamentação e disciplina na prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA.

Pelo contrário, mostramos-nos totalmente favoráveis a

regulamentação desse excelente modal de transporte urbano, desde que os atos legislativos primários e secundários sejam estabelecidos pela União Federal, por ser a única legitimada legislar sobre essa temática, por força do art. 22, incisos I, IX e XI, da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme vem decidindo o STF:

EMENTA: Ação direta de inconstitucionalidade. L. Distrital 3.787, de 02 de fevereiro de 2006, que cria, no âmbito do Distrito Federal, o sistema de MOTO-SERVICE - transporte remunerado de passageiros com uso de motocicletas: inconstitucionalidade declarada por usurpação da competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte (CF, art. 22, XI). Precedentes: ADIn 2606, Pl., Maurício Corrêa, DJ 7.2.03; ADIn 3.136, 1.08.06, Lewandowski; ADIn 3.135, 0.08.06, Gilmar.(ADI 3679, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Tribunal Pleno, julgado em 18/06/2007, DJe-072 DIVULG 02-08-2007 PUBLIC 03-08-2007 DJ 03-08-2007 PP-00030 EMENT VOL-02283-03 PP-00486).

Partindo-se dessa premissa, torna-se se fácil perceber que, por mais

nobre e relevante possa ser a iniciativa do Chefe do Poder Executivo do Município de Palmas, TO, em buscar regulamentar e disciplinar a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no destacado Município, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, evidencia-se o vício de competência, maculando os atos impugnados, pois eles não se incluem no rol das atribuições, conforme estabelece o art. 2º, alínea “a”, da Lei Federal nº 4.717\65, por imiscuir-se em matéria afeta a competência privativa da União Federal, sendo nulos de pleno direito, os atos legislativos e normativos por ele praticado, por incorrer em vício de incompetência, por usurpação da competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte (CF, art. 22, XI).

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http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/motoristas-da-uber-terao-que-pagar-taxa-de-r-78-por-mes-para-a-prefeitura.ghtml

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A despeito disso, vale enfatizar que, a manutenção e vigência desses atos impugnados, que padecem de vício de inconstitucionalidade formal e material, conforme adiante demonstraremos, vão ocasionar embaraço e restrição a esse modal de transporte, ocasionando prejuízos aos seus usuários, tendo em vista que o Município de Palmas, TO, não obstante tenha usurpado a competência privativa da União Federal, foi mais ousado, estabelecendo uma série de medidas de cunho punitivo aos prestadores de serviços, além de criar preço público, onerando não apenas os motoristas, que terão que pagar, a título de preço público, o valor mensal, de R$ 78,0017 (setenta e oito) reais, como, acima de tudo, os usuários.

Vale ressaltar, que o Município de Palmas, TO, com essa

regulamentação flagrantemente inconstitucional, de forma dissimulada, conferiu aos prestadores do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, o mesmo status do serviço de transportes público de passageiros denominado de taxi, desnaturando e desvirtuando a sua concepção precípua, violando, por conseguinte, o transporte privado individual remunerado de passageiros.

A corroborar os nossos argumentos, o Constitucionalista Daniel

Sarmento18, Professor da Faculdade de Direito Constitucional da UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Mestre e Doutor em Direito Público pela UERJ e Pós-doutor pela Yale Law School), ao discorrer sobre o tema em debate, refutando a possibilidade de os Municípios regularem esse modal de transporte urbano, refutou, de plano, a competência de eles legislarem essa temática, além de repudiar qualquer tentativa de regulação limitativa exacerbada, que impeça, na prática, o funcionamento da atividade, assim consignando:

Finalmente, cabe refutar o argumento de que os motoristas credenciados pela Consulente violariam a legislação ou praticariam concorrência desleal, por não se submeterem aos requisitos impostos nas normas vigentes aos taxistas e seus veículos. O argumento não se sustenta. Reitere-se que o serviço prestado pelos motoristas parceiros da UBER não configura transporte individual público de passageiros – como são os táxis – mas modalidade privada de transporte. Por isso não deve, evidentemente, estar sujeito aos mesmos regramentos impostos aos táxis, que têm natureza jurídica diversa. A submissão às mesmas regras impostas aos táxis desnaturaria a inovação proporcionada pelo novo serviço e frustraria o direito de escolha dos consumidores. Com efeito, a homogeneização regulatória retiraria dos passageiros a possibilidade de optar entre os táxis e outra alternativa de transporte individual, pois a suposta alternativa tornarse-ia idêntica à opção original. Em outras palavras, para combater uma suposta concorrência desleal, frustrar-se-ia exatamente o objetivo principal da proteção à concorrência: a garantia da liberdade de escolha do cidadão. De resto, é comum a disputa por mercado travada por agentes de natureza diversa, submetidos a regimes jurídicos distintos. A TV por assinatura compete com a TV aberta e elas estão sujeitas a regramentos jurídicos diferentes. O ônibus disputa com o metrô, o transporte aéreo com o rodoviário, a venda de CDs

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http://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/motoristas-da-uber-terao-que-pagar-taxa-de-r-78-por-mes-para-a-prefeitura.ghtml 18

s.conjur.com.br/dl/paracer-legalidade-uber.pdf

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compete com os serviços de streaming de músicas. A diversidade é favorável e não prejudicial à concorrência, na medida em que amplia o leque de opções do consumidor, e com isso o empodera no mercado e na sociedade. Todas estas considerações não infirmam a legitimidade da regulação estatal do serviço prestado pela UBER e pelos motoristas que credencia. Mas demonstram que não há razão substantiva plausível para eliminar essa alternativa de transporte do cardápio dos consumidores brasileiros, pela sua explícita proibição OU POR REGULAÇÃO TÃO LIMITATIVA QUE IMPEÇA, NA PRÁTICA, O FUNCIONAMENTO DA ATIVIDADE.

A situação revela-se tão perniciosa, que o custeio dos encargos

estabelecidos pelo Município de Palmas, TO, mediante os atos impugnados, poderá inviabilizar a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros nesta municipalidade, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), pois, diante da exigência da art. 10, § 2º, do DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, o PREÇO PÚBLICO da exploração intensiva do sistema viário municipal, a ser recolhido mensalmente pela OPT em até 3 (três) dias úteis contados do lançamento, será equivalente ao valor de R$ 0,10 (dez centavos) por quilômetro rodado, o que, segundo os motoristas19 filiados a Operadora de Plataforma Tecnológica (OPT) denominada de UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, importará em um dispêndio diário de R$ 50,00 (cinquenta reais) por veículo em operação, uma vez que percorrem, em média, 500 (quinhentos) quilômetros por dia.

Para agravar ainda mais a situação, o Município de Palmas, TO por

intermédio da Lei Municipal nº 229720, de 30 de março de 2017, instituiu a Agência de Regulação, Controle e Fiscalização de Serviços Públicos de Palmas (ARP), com natureza jurídica de autarquia sob o regime especial, autonomia orçamentária, financeira e administrativa, sede e foro no município de Palmas, prazo de duração indeterminado, vinculada à Secretaria Municipal de Infraestrutura, Serviços Públicos, Trânsito e Transportes, com a finalidade de regular, fiscalizar e controlar os serviços públicos concedidos, permitidos ou autorizados no âmbito do município de Palmas, TO, delegando-lhe a prerrogativa de fiscalizar o serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, cuja fiscalização começará a ser empreendida no dia 08 de julho de 2017, penalizando, de forma inconstitucional, os prestadores de serviços, ocasionando-lhes embaraços ao seu regular funcionamento, diante das exigências estabelecidas pelos atos censurados.

Por esta razão, os requerentes resolveram aportar-se no píer do

Poder Judiciário do Estado do Tocantins, como forma de impugnar a Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, por padecerem, em tese, de inconstitucionalidade

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https://www.t1noticias.com.br/cidades/medida-provisoria-que-regulamenta-uber-em-palmas-e-recebida-com-protestos-na-camara/86069/ 20

https://legislativo.palmas.to.gov.br/media/leis/lei-ordinaria-2.297-2017-03-30-26-6-2017-16-20-21.pdf

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formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes dos seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; TJSP - Agravo de Instrumento nº 2095299-14.2016.8.26.0000, Rel. Des. José Maria Câmara Junior, 9ª Câmara de Direito Público, j. (17/08/2016); ”(Agravo de Instrumento nº 2043892-66.2016.8.26.0000, Rel. Des. Paulo Barcellos Gatti, 4ª Câmara de Direito Público, j. 01/08/2016), preservando a regular prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, prestigiando os interesses da coletividade.

8 - DA LEGITIMIDADE DA UTILIZAÇÃO DA AÇÃO POPULAR E DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA COMO INSTRUMENTO IDÔNEO DE FISCALIZAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DE LEI, MEDIDA PROVISÓRIA E DECRETO PELA VIA DIFUSA

É inquestionável que a utilização da ação popular e da ação civil pública como sucedâneo da ação direta de inconstitucionalidade, além de traduzir situação configuradora de abuso do poder de demandar, também caracterizará hipótese de usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal-STF.

Se, contudo, o ajuizamento da ação popular e da ação civil pública

visar, não à apreciação da validade constitucional de lei em tese, mas objetivar o julgamento de uma específica e concreta relação jurídica, aí, então, tornar-se-á lícito promover, incidenter tantum, o controle difuso de constitucionalidade de qualquer ato emanado do Poder Público. Incensurável, sob tal perspectiva, a lição de HUGO NIGRO MAZZILLI ("O Inquérito Civil", p. 134, item n. 7, 2ª ed., 2000, Saraiva). Nesse espectro jurisprudencial, confira-se o entendimento do STF e STJ:

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTROLE INCIDENTAL DE CONSTITUCIONALIDADE, QUESTÃO PREJUDICIAL. POSSIBILIDADE. INOCORRÊNCIA DE USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. O Supremo Tribunal Federal tem reconhecido a legitimidade da utilização da ação civil pública como instrumento idôneo de fiscalização incidental de constitucionalidade, pela via difusa, de qualquer leis ou atos do Poder Público, mesmo quando contestados em face da Constituição da República, desde que, nesse processo coletivo, a controvérsia constitucional, longe de identificar-se como objeto único da demanda, qualifica-se como simples questão prejudicial, indispensável à resolução do litígio principal. (Informativo STF n° 212, dez/2000). Se vê logo e claro que a alegação de inconstitucionalidade de ato normativo impugnado integra a causa de pedir da ação civil pública, figurando como antecedente lógico-jurídico dos pedidos condenatórios ao depois formulados. Tal a razão manifesta por que a decisão impugnada reconhece a inconstitucionalidade, em caráter incidental, e não, principaliter. Em outras palavras, tal declaração constou da motivação do decisum, não do dispositivo (art. 458 do CPC), sem projetar efeitos para além dos limites da causa (art. 469, I, do CPC). De

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modo que, nisso, o juízo exerceu mero controle difuso da constitucionalidade das normas, dentro de sua específica competência. (Ag. Reg. na Reclamação 1897, Rel. Min. Cezar peluso. Plenário de 18/08/2010 e DJ de 01/02/2011). EMENTA – STJ - ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. TRANSPORTE URBANO COLETIVO DE PASSAGEIROS. AUSÊNCIA DE LICITAÇÃO. CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR. PREJUÍZO AO ERÁRIO IN RE IPSA. ADMITIDA A DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI MUNICIPAL. I. MEDIDA PROVISÓRIA E SUA CONVERSÃO EM LEI. Conversão da medida provisória na Lei n° 11.658/2008, sem alteração substancial. Aditamento ao pedido inicial. Inexistência de obstáculo processual ao prosseguimento do julgamento. A lei de conversão não convalida os vícios existentes na medida provisória. Precedentes. (ADI 4048 MC, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 14/05/2008, DJe-157 DIVULG 21-08-2008 PUBLIC 22-08-2008 EMENT VOL-02329-01 PP-00055 RTJ VOL-00206-01 PP-00232).

Nessa esteira, torna-se indubitável que o Supremo Tribunal Federal

e o Superior Tribunal de Justiça - tem reconhecido a legitimidade da utilização da ação popular e da ação civil pública como instrumento idôneo de fiscalização incidental de constitucionalidade, desde que, nesse processo coletivo, a controvérsia constitucional, longe de identificar-se como objeto único da demanda, qualifique-se como simples questão prejudicial indispensável à resolução do litígio principal, como se deduz no caso em debate, onde se postula a declaração de inconstitucionalidade da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e do DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, por padecer, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes dos seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; TJSP - Agravo de Instrumento nº 2095299-14.2016.8.26.0000, Rel. Des. José Maria Câmara Junior, 9ª Câmara de Direito Público, j. (17/08/2016); “(Agravo de Instrumento nº 2043892-66.2016.8.26.0000, Rel. Des. Paulo Barcellos Gatti, 4ª Câmara de Direito Público, j. 01/08/2016)”.

9 – DA INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 16, DE 6 DE JUNHO DE 2017, PUBLICADA NA EDIÇÃO Nº 1.768 DO DIÁRIO OFICIAL MUNICIPAL, VEICULADO NA DATA EM ALUSÃO E DO DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1.769 DO DIÁRIO OFICIAL MUNICIPAL, VEICULADO EM DATA DE 07-06-2017 – USUPAÇÃO DE COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO FEDERAL PARA LEGISLAR SOBRE TRÃNSITO E TRANSPORTES – PRECEDENTES DO STF - ADI 3679

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A Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na

edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, padecem, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil.

Segundo o Constitucionalista Daniel Sarmento21, Professor da

Faculdade de Direito Constitucional UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro, ao discorrer sobre o tema em debate, assim consignou:

É certo que a lei pode impor limitações ao exercício da atividade empresarial, desde que sejam proporcionais e não restrinjam em demasia a livre iniciativa e a livre concorrência. Tais normas restritivas devem se voltar à proteção de objetivos legítimos - dentre os quais certamente não figura a defesa corporativa de segmentos econômicos prejudicados pela concorrência. Ademais, para que qualquer medida cerceadora da atuação da iniciativa privada na ordem econômica seja válida, ela tem de ser editada pelo ente federativo competente, e se mostrar compatível com o princípio da Proporcionalidade, na sua tríplice dimensão: deve ser adequada para os fins a que se destina; necessária para o atingimento dos referidos fins, o que decorre da inexistência de mecanismos mais brandos para que sejam alcançados os resultados pretendidos; e proporcional em sentido estrito, por propiciar benefícios que superem, sob o ângulo dos valores constitucionais em jogo, os ônus impostos aos agentes econômicos e à sociedade, que sofrerão os efeitos da restrição imposta.

Para o Constitucionalista Daniel Sarmento, a norma básica de regência de transportes urbanos no país é a Lei nº 12.587/2012, que instituiu as diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana, ao tratar dos transportes urbanos no seu art. 3º, § 2º, assim dispôs:

§ 2º. Os serviços de transporte urbano são classificados: I- quanto ao objeto: a) de passageiros; b) de cargas; II- quanto à característica do serviço: a) coletivo b) individual; III- quanto à natureza do serviço: a) público b) privado.”

Portanto, a mencionada lei, além de aludir ao serviço de transporte

individual de passageiros de natureza pública (art. 3º, § 2º, inciso I, “a”, c/c incisos II, “b”, e III, “a”) também contém referência expressa ao serviço de transporte

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individual de passageiros de natureza privada (art. 3º, § 2º, inciso I, “a”, c/c incisos II, “b”, e III, “b”).

É verdade que o art. 4º da Lei nº 12.587/2012 aludiu ao transporte

público individual de passageiros (inciso VIII), mas não contém referência à sua modalidade privada. Isso, porém, não significa que o legislador tenha deixado de reconhecer essa última modalidade. É que o artigo 4º, como consta no seu caput, estabelece definições “para os fins” da aplicação da Lei nº 12.587/2012. Como a referida lei apenas previu o transporte privado individual de passageiros, mas não o regulou – ao contrário do que fez com o público – o legislador deve ter considerado desnecessário definir o primeiro.

É certo que o transporte público individual de passageiros é

atividade privativa dos taxistas, nos termos do art. 2º da Lei nº 12.468, que regulamentou a profissão de taxista, e que reza:

“Art. 2º. É atividade privativa dos profissionais taxistas a utilização de veículo automotor, próprio ou de terceiros, para o transporte público individual remunerado de passageiros, cuja capacidade será, no máximo, de 7 (sete) passageiros.” (grifei)

Contudo, não se concedeu aos taxistas o monopólio no exercício de toda a atividade de transporte individual de passageiros – que compreende as modalidades pública e privada. O transporte individual privado de passageiros, previsto na Lei nº 12.587 – atividade desempenhada pelos motoristas parceiros da UBER – não foi, nem poderia ter sido, retirado pelo legislador do âmbito da livre iniciativa e livre concorrência.

As cidades em que a UBER opera, a exemplo de São Paulo, Rio de

Janeiro, Brasília e Belo Horizonte – possuem, todas elas, legislação tratando dos serviços de táxi, cuja interpretação, muitas vezes impregnada por uma visão excessivamente corporativista e distanciada de qualquer preocupação com os princípios constitucionais da livre iniciativa e da livre concorrência, tem dado azo a medidas judiciais e administrativas contra as atividades da UBER e de seus motoristas credenciados, de forma que em Palmas não tem sido diferente.

Mais do que isso, nessas localidades há forte pressão sobre o Poder

Legislativo, exercida pelas corporações ligadas aos taxistas e donos de frotas de táxi, no sentido da criação de proibições ou restrições praticamente cabais às atividades econômicas concorrentes, como as exercidas pela UBER e por seus motoristas parceiros. Por isso, assume relevo a discussão sobre as competências federativas para a disciplina do transporte individual de passageiros.

De acordo com o art. 22, inciso XI, da Constituição da República

Federativa do Brasil, “compete privativamente à União Federal legislar sobre trânsito e transporte”. A competência legislativa privativa da União é também prevista nos incisos IV e IX do mesmo artigo, para tratar, respectivamente, de “informática” e de “diretrizes da política nacional de transportes”.

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O serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, se liga à informática e a de seus motoristas parceiros ao transporte: como já destacado, a UBER criou e mantém uma plataforma digital que viabiliza uma eficiente conexão entre consumidores e motoristas profissionais.

A atividade dos referidos motoristas é a prestação de um

serviço privado de transporte individual de passageiros. Portanto, são matérias que se inserem indiscutivelmente no âmbito da competência legislativa privativa da União. Afinal, chega a ser acaciana a afirmação de que a disciplina do transporte individual de passageiros é matéria atinente a transportes. Explanando a competência privativa da União para legislar sobre transportes, o Ministro do STF, Luís Roberto Barroso22 averbou:

“Tal como ocorre nos exemplos citados das normas de direito civil e penal, a competência legislativa ampla em matéria de transporte não diz respeito apenas à União como ente central. Muito ao revés, o tema afeta a todos os entes federativos e à população de um modo geral, assumindo caráter claramente nacional. De fato, imaginar as competências da União na matéria como algo diverso de competências nacionais não faria sequer sentido. O ente central não tem uma população ou um território autônomos e o transporte, referido nos dispositivos transcritos, será realizado no território de diferentes Estados e Municípios.”

As competências legislativas privativas da União – seja mais uma vez escusada a redundância –, exatamente porque privativas, excluem a de todos os demais entes federativos para tratamento das mesmas matérias, ressalvada apenas a possibilidade de delegação aos Estados, por lei complementar, da faculdade de disciplinarem questões específicas dentre as arroladas no art. 22 da Constituição, nos termos do Parágrafo único do mesmo preceito constitucional.

Assim, tais competências privativas afastam as competências

não enumeradas atribuídas aos municípios e Distrito Federal78, para “legislar sobre assuntos de interesse local” (art. 30, inciso I, CF), e para “suplementar a legislação federal e estadual, no que couber” (art. 30, inciso II, CF).

Nessa linha, tem decidido o Supremo Tribunal Federal:

STF - Ação direta de inconstitucionalidade. Lei nº 6457/1993, do Estado da Bahia. 2. Obrigatoriedade de instalação de cinto de segurança em veículos de transporte coletivo. Matéria relacionada a trânsito e transporte. Competência exclusiva da União (CF, art. 22, XI). 3.Inexistência de lei complementar para autorizar os Estados a legislar sobre a questão específica, nos termos do art. 22, parágrafo único, da Constituição Federal. 4. Ação direta julgada procedente. STF. Plenário, ADI 874, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe 28/02/2011; STF - I- Legislação sobre trânsito: competência privativa federal: CF, art. 22, XI. II- Lei 11.766, de 1997, do Estado do Paraná, que torna

22

Luís Roberto Barroso. “Federação, Transportes e Meio Ambiente: interpretação das competências federativas”. In: André Ramos Tavares, George Salomão Leite e Ingo Wolfgang Sarlet (Orgs.). Estado Constitucional e Organização do Poder. São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 492-493.

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obrigatório a qualquer veículo automotor transitar permanentemente com os faróis acesos nas rodovias do Estado do Paraná, impondo a pena de multa aos que descumprirem o preceito legal: inconstitucionalidade, porque a questão diz respeito a trânsito. - STF. Plenário, ADI 3055, Rel. Min. Carlos Velloso, DJ 03/02\2006. STF - 1. É da competência exclusiva da União legislar sobre trânsito e transporte, sendo necessária expressa autorização em lei complementar para que a unidade federada possa exercer tal atribuição (CF, artigo 22, inciso XI e parágrafo único). 2. Inconstitucional a norma ordinária estadual que autoriza a exploração de serviços de transporte remunerado de passageiros realizado por motocicletas, espécie de veículo de aluguel que não se acha contemplado no Código Nacional de Trânsito. STF. Plenário, ADI 2.606, Rel. Min. Maurício Corrêa, DJ 07/02/2003.

Nessa linha de intelecção, o constitucionalista Daniel Sarmento23, Professor da Faculdade de Direito Constitucional UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro, ao discorrer sobre o tema em debate, destacou que, nem se diga, finalmente, que a competência legislativa municipal ou distrital para tratar do tema em debate poderia se fundar no art. 30, inciso V, da Constituição, segundo o qual é competência dos municípios “organizar e prestar, diretamente ou sob o regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter essencial”.

Em primeiro lugar, porque dita competência é de natureza material,

e não de cunho legislativo, não conflitando assim com o disposto no art. 22, inciso XI, da Constituição da República Federativa do Brasil.

Ademais, o transporte individual de passageiros não configura

serviço público, mas atividade econômica em sentido estrito. Mas, mesmo para os que entenderem que o transporte individual público de passageiros – correspondente ao serviço de táxi – se qualifica como serviço público, certamente isso não vale para o transporte individual privado, no qual se enquadram as atividades da UBER e de seus motoristas parceiros.

Assim, para o constitucionalista Daniel Sarmento24, Professor da

Faculdade de Direito Constitucional UERJ - Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Mestre e Doutor em Direito Público pela UERJ e Pós-doutor pela Yale Law School), ao discorrer sobre o tema em debate, pode-se concluir que os MUNICÍPIOS e o Distrito Federal – e o mesmo vale para os Estados – não detêm competência legislativa para disciplinar as atividades econômicas exercitadas por Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA e por seus motoristas credenciados, pois, restou pacificado no âmbito do Supremo Tribunal Federal, que a dita competência é titularizada privativamente pela União Federal, nos termos do art. 22, inciso XI, da Constituição.

Desse modo, resta patente a inconstitucionalidade formal da

Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do

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s.conjur.com.br/dl/paracer-legalidade-uber.pdf

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Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e do DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, tendo em vista a usurpação de competência legislativa privativa da União, por parte do Município de Palmas, TO.

10 – DA INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 16, DE 6 DE JUNHO DE 2017, PUBLICADA NA EDIÇÃO Nº 1.768 DO DIÁRIO OFICIAL MUNICIPAL, VEICULADO NA DATA EM ALUSÃO E DO DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1.769 DO DIÁRIO OFICIAL MUNICIPAL, VEICULADO EM DATA DE 07-06-2017 –PRECEDENTES DO TJSP, TJRJ E TJBA

Após discorrer-se sobre a inconstitucionalidade nomodinâmica por vício de iniciativa do Município de Palmas, TO, passa-se ao enfrentamento da desconformidade material da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, com a Constituição da República Federativa do Brasil.

Prefacialmente, antes mesmo de elencar as inúmeras razões pelas

quais a Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, encontram-se materialmente inconstitucional, há de se proceder a uma necessária contemporização do tema “transporte remunerado de passageiros em veículos particulares” com a legislação vigente (Lei nº. 12.587/12 e o Código Civil) e o palco dos acontecimentos na cidade de Palmas, TO.

A despeito disso, impende salientar que, o Município de Palmas, TO,

além de não possuir competência para legislar sobre a temática em debate, ao regulamentá-lo ensejou em limitação exacerbada, que impeça, na prática, o funcionamento da atividade, violando, por conseguinte, os princípios que regem a Ordem Econômica no Brasil, dispostos nos artigos 1º, inciso IV; 5º, inciso XIII; 170, caput, incisos IV e V e parágrafo único da Constituição da República Federativa do Brasil, desvirtuando a natureza do transporte privado de passageiros, transmudando-o-a para o mesmo estágio do serviço de taxi.

O sistema do UBER consiste em uma plataforma tecnológica de

aplicativos desenvolvidos para smartphones, pelo qual se oferece serviços de mercado, como o transporte de passageiros, por meio de veículos particulares, sendo que o aplicativo se vale da tecnologia de geolocalização para conectar os consumidores, que solicitam o serviço pelo aparelho celular, e os motoristas credenciados à empresa UBER, valendo-se do uso da internet.

Dito isto, passa-se à classificação das modalidades de transporte

previstas na legislação que dispõe sobre a Mobilidade Urbana. A Lei que institui as

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Diretrizes da Política Nacional de Mobilidade Urbana – Lei nº. 12.587/2012 – objetiva a integração entre os diferentes modos de transporte e a melhoria da acessibilidade e mobilidade das pessoas e cargas no território do Município, consistindo o seu Sistema no conjunto organizado e coordenado dos modos de transporte, serviços e infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no território do Município (artigos 1º, 2º e 3º). De acordo com o art. 3º, § 2º da referida Lei os modos de transporte urbano podem ser classificados em:

Art. 3º. […] : § 1º. […] § 2º. Os serviços de transporte urbano são classificados: I - quanto ao objeto: a) de passageiros; b) de cargas; II - quanto à característica do serviço: a) coletivo; b) individual; III - quanto à natureza do serviço: a) público; b) privado. Art. 4º. Para os fins desta Lei, considera-se: [...] X - transporte motorizado privado: meio motorizado de transporte de passageiros utilizado para a realização de viagens individualizadas por intermédio de veículos particulares.

Conforme se depreende da leitura do art. 3º, §2º, incisos I, “a”, II, “b”, III, “b” e art. 4º, inciso X da Lei Federal nº. 12.587/12 é possível identificar a modalidade de transporte regulamentada por intermédio da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e no DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, encontram-se materialmente inconstitucional, há de se proceder a como sendo o “transporte motorizado privado” e “transporte urbano individual privado de passageiros”, nos termos da lei federal.

A Lei de Mobilidade Urbana não versa, no entanto, sobre o

regramento pormenorizado do transporte individual privado de passageiros, levando a crer, a priori, na existência de lacuna legislativa sobre a matéria, a qual teria ensejado à administração pública local a editar os atos normativos impugnados, diante do imagético pretexto de disciplinar o aludido serviço, inibindo a desordem.

Não obstante, insta ressaltar, que o fato da Lei Federal nº.

12.587/2012 (PNMU) deixar de consignar em seu texto normativo a disciplina legal sobre o transporte individual privado remunerado de passageiros, por meio de veículos particulares, não significa dizer que o exercício da atividade tenha que ser limitado e equiparado à taxi, como impôs o Município de Palmas, TO, imiscuindo-se em matéria alheias a sua competência legislativa, ao editar os atos impugnados, tendo em vista que a norma elenca a modalidade de transporte ora em debate como sendo um dos meios integrantes da política urbana de deslocamento de pessoas.

Igualmente, constata-se que as normas impugnadas incorrem

também em conflito de legalidade com o Código Civil, uma vez que ao restringir e

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embaraçar o transporte privado individual remunerado de pessoas, desnaturando, por completo a aplicabilidade de uma de suas formas típicas de contrato – o Contrato de Transporte – previsto nos arts. 730 e seguintes da Lei Federal nº. 10.406/2002 – Código Civil Brasileiro.

Não é despiciendo lembrar que, em se tratando de um Estado

Constitucional de Direito, a Constituição exerce a função de ser a norma conformadora de toda ordem jurídica, de modo que a produção normativa encontra nela o seu fundamento de validade, tanto formal quanto substancial.

Partindo, portanto, desta premissa, pode-se afirmar, então, que os

princípios constitucionais, por decorrerem da norma de conformação central, funcionam como verdadeiros vetores interpretativos da ordem jurídica, alinhando a legislação infraconstitucional com as diretrizes eleitas pelo constituinte originário e decorrente, configurando a chamada eficácia interpretativa dos princípios constitucionais.

Neste sentido, vê-se clara a afronta da Medida Provisória nº 16, de

6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, ao legislar contrariamente aos princípios que regem a Ordem Econômica no Brasil, dispostos nos artigos 1º, inciso IV; 5º, inciso XIII; 170, caput, incisos IV e V e parágrafo único da Constituição Federal.

Conforme dito, os princípios que regem a Ordem Econômica, por

emanarem da Constituição Federal, servem de parâmetro interpretativo e regulatório para o delineamento das relações jurídicas e das atividades econômicas vivenciadas pela sociedade e suscitada na atual ADI, dos quais, se destacam os princípios da Livre Iniciativa e da Livre Concorrência.

Em sintética, porém, brilhante concatenação acerca dos

fundamentos, objetivos e princípios constitucionais brasileiros, o ilustre jurista português José Joaquim Gomes Canotilho25, destaca o âmbito de proteção jus fundamental da liberdade de iniciativa econômica na Constituição Federal. Vejamos:

“No Brasil é generalizadamente consensual, no plano doutrinal e no plano político, que a Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, se funda nos valores sociais do trabalho e da livre iniciativa (art. 1º, IV), na liberdade (art. 5º, caput), no livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5º, XIII). E, em consonância, que a ordem econômica é fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tendo por fim assegurar a todos existência condigna, conforme os ditames da justiça social (art. 170), segundo, entre outros, o princípio da livre concorrência (art. 170, IV) e a defesa do consumidor (art.170, V). E ainda que a ordem social tem como base o primado do trabalho (art. 193).”

Nesta perspectiva, dispõe o texto constitucional em seu art. 1º, inciso IV que a Livre Iniciativa constitui, ao lado da soberania, cidadania, da

25

Parecer jurídico de José Joaquim Gomes Canotilho. Págs. 65/87.

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dignidade da pessoa humana, do valor social do trabalho e o pluralismo político, fundamentos da República Federativa do Brasil, mantendo relação direta com o direito fundamental à Liberdade e todas as vertentes dela decorrentes, como a liberdade profissional (art. 5º, inciso XIII – CRFB).

A Livre Iniciativa é o princípio fundante da ordem jurídica capitalista,

na qual se privilegia a liberdade dos agentes privados (sejam eles, os indivíduos, a coletividade ou as empresas) para empreender em atividades econômicas, atuando diretamente no mercado26.

Insta salientar, que o fato de a Livre Iniciativa ostentar o status

constitucional de fundamento da República não quer dizer que se esteja conferindo a ela a característica de absoluta, apta a configurar um modelo econômico libertário, marcado pelo absenteísmo estatal, porquanto, figuram ao seu lado outros princípios que conduzem a uma participação ativa do Estado, visando à valorização do trabalho humano, da existência digna, da justiça social, da função social da propriedade, da defesa do meio ambiente e a redução das desigualdades regionais e sociais (art. 1º da CRFB).

Tércio Sampaio Ferraz, citado no parecer jurídico do professor Daniel Sarmento12, descreve fielmente a relação traçada pela Livre Iniciativa e o caso vertido nos autos. Observe:

“[...] a espontaneidade humana na produção de algo novo, de começar algo que não estava antes […], base da produção de riqueza, é o fator estrutural que não pode ser negado pelo Estado. Se, ao fazê-lo, o Estado a bloqueia e impede, não está intervindo, no sentido de normar e regular, mas dirigindo, e com isso, substituindo-se a ela na estrutura fundamental do mercado”. (grifei e negritei)

A citação acima destacada não poderia ser mais consentânea

com a questão ventilada nesta Ação Popular, uma vez que o Município de Palmas, TO, ao buscar regulamentar o mencionado serviço, restringiu-se a atividade de “transporte remunerado de passageiros em veículos particulares” – o que revelaria a atuação da municipalidade enquanto agente regulador de mercado, devidamente autorizada pela Constituição – mas conduz, em verdade, a uma atuação arbitrária e intervencionista no direito de liberdade do cidadão.

A restrição oposta à sociedade palmense malfere uma série de

direitos fundamentais, afrontando o direito do livre exercício do trabalho e do poder de empreender, ao passo em que estabelece uma reserva de mercado aos taxistas de Palmas, TO, pois, ao pressupor, equivocadamente, as plataformas operacionais como o UBER, se equiparam ao serviço de TAXI, privilegiando a estes o exercício de transporte individual de passageiros em detrimento daqueles, nega ao setor privado direito que lhe é assegurado constitucionalmente.

Nesta linha de pensamento, destaca J.J Canotilho27

que a liberdade de iniciativa privada consiste na liberdade de iniciar determinada atividade

26

SARMENTO, Daniel. Parecer - Ordem Constitucional Econômica, Liberdade e Transporte Individual de Passageiros: O “caso Uber”. p. 6. 27

Gomes Canotilho /Vital Moreira, Constituição Anotada, pág. 790.

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econômica, compreendendo tanto o seu acesso, quanto o efetivo exercício desta mesma atividade, o que vem sendo inobservado pelo Município de Palmas, TO, ao restringir as Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA e por seus motoristas credenciados, em decorrência da edição dos atos normativos impugnados.

Destarte, não pode o Município de Palmas, TO, restringir o direito

constitucional dos cidadãos optarem por iniciar atividade econômica, seja engessando a liberdade de atividade empresarial, o que atinge diretamente o setor privado que investe no transporte privado de passageiros, seja dificultando o exercício deste trabalho, uma vez que nega aos cidadãos, que no caso concreto são os motoristas credenciados às empresas de intermediação de transporte, o direito de escolher uma das possibilidades de trabalho.

Ademais, não é desarrazoado trazer a presente discussão, o fato de

que inúmeros trabalhadores, no atual contexto de crise econômica e elevação da taxa de desemprego28, têm se socorrido deste tipo de prestação de serviço de transporte individual de passageiros para a sua complementação de renda.

O princípio do Livre Exercício do Trabalho, consagrado na

Constituição da República Federativa do Brasil, em seu art. 5º, inciso XIII, pressupõe a liberdade para o “exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”, considerando que tais qualificações estabelecidas pela lei somente podem ser exigidas de atividades de relevância técnico-científica de determinadas profissões, a fim de conferir uma profissionalização adequada à sociedade; caso contrário, há de prevalecer o exercício independentemente de regulamentação.

Neste sentido, entende o Supremo Tribunal Federal que, em

inexistindo lei regulamentando o exercício da atividade profissional, pressupõe-se ser livre o seu exercício, não podendo sofrer restrição estatal.

EMENTA - STF: AGRAVO REGIMENTAL NO MANDADO DE INJUNÇÃO. REGULAMENTAÇÃO DE ATIVIDADE PROFISSIONAL: ART. 5º, INC. XIII, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. Ausência de dispositivo constitucional que imponha aos Agravados o dever de regulamentar a atividade exercida pelos substituídos do Agravante. 2. O art. 5º, inc. XIII, da Constituição da República é norma de aplicação imediata e eficácia contida que pode ser restringida pela legislação infraconstitucional. Inexistindo lei regulamentando o exercício da atividade profissional dos substituídos, é livre o seu exercício. 3. Agravo regimental ao qual se nega provimento.(MI 6113 AgR, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2014, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-114 DIVULG 12-06-2014 PUBLIC 13-06-2014).

Destarte, não pode prevalecer o argumento invocado pelo Município de Palmas, TO, de que a inexistência de regulamentação dos serviços de transporte individual de passageiros, prestados em veículos particulares, por intermédio de plataformas tecnológicas (app = aplicativos de smartphones), vem a lhe legitimar a

28

http://g1.globo.com/economia/noticia/desemprego-fica-em-137-no-1-trimestre-de-2017.ghtml

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legislar sobre o tema e a estabelecer restrições, como vem efetuando. Proibir ou restringir de forma exacerbada o livre exercício de atividade, sob o pretexto de ausência de regulamentação, é afrontar flagrantemente o Princípio da Livre Iniciativa, e, por consequência, a lógica organizacional da Ordem Econômica.

Nesse ponto, passa-se à análise de outro princípio norteador da

Ordem Econômica igualmente desconsiderado pelo Município de Palmas, TO, ao editar a Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, o da Livre Concorrência, pois a bem da verdade, tem-se que a liberdade de iniciativa acaba por resvalar na liberdade de concorrência, constituindo este um princípio de caráter instrumental.

Vejamos. Em um regime de economia de mercado o princípio da

Livre Concorrência assume a função de oportunizar a competição (de forma justa) entre os agentes econômicos, promovendo aos consumidores inovações, oportunidades, eficiência e melhora nos serviços e produtos, sendo reprimidos pela própria Constituição os abusos dela decorrentes (art. 173, §4º, CRFB).

Como bem destaca Daniel Sarmento16 sobre a temática da livre

concorrência, tem-se que “a premissa básica é de que, em um mercado competitivo, amplia-se o direito de escolha do consumidor, os preços das mercadorias e dos serviços tendem a cair, e a qualidade a se elevar”.

Ademais, não se pode negar que o princípio em comento exerce

uma dupla via na produção de seus efeitos, pois ao passo em que estimula a “eficiência produtiva das empresas”, gera inovação e progresso.

O novo modal de transporte urbano que se instalou no município

de Palmas, TO, seguindo tendência nacional e internacional, caminha justamente neste sentido de promover no mercado econômico inovações que em muito fortalecem o direito do consumidor, pois fornece ao usuário do serviço o valioso direito à informação prévia sobre a contratação: como estimativa de preço a ser pago pelo transporte, proporção por minutos e quilômetros rodados, identificação do motorista cadastrado à empresa, do veículo e de sua placa, além de permitir ao consumidor avaliar a qualidade do serviço.

Em sentido contrário à realidade do mercado, às inovações

tecnológicas e ao progresso que a concorrência (justa) promove na sociedade, atua o município de Palmas, TO, ao editar a Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, como verdadeiro instituidor de uma automática reserva de mercado em favor dos taxistas, desprezando os limites estabelecidos pela própria Constituição Federal acerca da intervenção do Estado no domínio econômico.

Não se está aqui pregando a aplicação irrestrita da Livre

Concorrência no mercado, uma vez que a própria Carta Política estabelece seus

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limites de atuação, impondo ao Estado, inclusive, o dever de coibir abusos do poder econômico (art. 173, §4º).

Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional. ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. […] § 4º - lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros.

O Supremo Tribunal Federal, fazendo valer a necessidade de

observância do Princípio da Livre Concorrência como um instrumento de equilíbrio econômico, assim se manifestou:

STF - Serviços de Telecomunicações. Exploração. Edição de Listas ou Catálogos Telefônicos e Livre Concorrência. Se, por um lado, a publicação e distribuição de listas ou catálogos telefônicos constituía um ônus das concessionárias de serviço de telefonia – que podem cumpri-lo com ou sem a veiculação de publicidade – não se pode dizer que estas tinham exclusividade para fazê-lo. O art. 2º da Lei 6.874/1980 ("A edição ou divulgação das listas referidas no § 2º do art. 1º desta Lei, sob qualquer forma ou denominação, e a comercialização da publicidade nelas inserta são de competência exclusiva da empresa exploradora do respectivo serviço de telecomunicações, que deverá contratá-las com terceiros, sendo obrigatória, em tal caso, a realização de licitação") era inconstitucional – tendo em vista a Carta de 1969 – na medida em que institui reserva de mercado para a comercialização das listas telefônicas em favor das empresas concessionárias. [RE 158.676, rel. p/ o ac. min. Sepúlveda Pertence, j. 14-8-2007, 1ª T, DJ de 5-10-2007.].

Registre-se, neste ponto, mais uma vez, que as restrições instituídas pelos atos normativos impugnados revestem-se de manifesto equívoco por parte do Município de Palmas, TO, pois, ao restringir a atividade de transporte privado, acaba por conferir tratamento jurídico idêntico a serviços que possuem natureza jurídica diversa, qual seja, o serviço de transporte público individual, denominado taxi.

Celso Antônio Bandeira de Mello e parte expressiva da doutrina

nacional do Direito Administrativo entendem que são espécies da Atividade Econômica em sentido amplo, a Atividade Econômica em sentido estrito e os Serviços Públicos, estando a primeira espécie capitaneada pela atuação prioritária do setor privado e, excepcionalmente, pela atuação direta do Estado (art. 173, caput da CF – justificada a intervenção nos casos de segurança nacional ou relevante interesse coletivo, definidos em lei), ao passo em que os Serviços Públicos restariam titularizados pelo Estado.

O transporte privado individual de passageiros, prestados em

veículos particulares, encontra sua alocação jurídica na atividade econômica em sentido estrito, não havendo que se confundir com a “atividade privativa dos profissionais taxistas […] para o transporte público individual”, conforme dispõe os arts. 1º e 2º da Lei Federal nº. 12.468/2011, que regulamenta a profissão de taxista, pois estes, como a própria lei expressamente prevê, prestam serviço de transporte público individual.

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A despeito disso, vale destacar, que o critério determinante do serviço como sendo ele de natureza pública ou privada, foi estabelecido de forma pontual e objetiva pelo Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Recurso Extraordinário nº 220.999-7, que entende ser a “necessidade coletiva essencial”.

Daí porque se afirmar que os mandados constitucionais

disciplinados no inciso V do art. 30 da CRFB, referentes aos serviços públicos, “incluindo o transporte coletivo, que tem caráter essencial”, não se aplicam ao caso dos autos, uma vez que este versa sobre transporte privado.

Assim, percebe-se facilmente que o Município de Palmas, TO, ao

editar os atos normativos impugnados, de forma inequívoca, considerou o transporte remunerado individual de passageiros, prestados em veículos particulares, como se serviço público fosse, e, obviamente, não é.

A modalidade de transporte que se está debatendo não pode ser

considerada essencial à população de Palmas, TO, seja porque se dirige a uma parcela específica da coletividade – aquela que detém condições financeiras para comprar a tecnologia de smartphones, conhecimentos para utilizá-la e acesso à internet – seja porque o Estado já delegou aos taxistas a função de transporte individual de natureza/utilidade pública, disponibilizando também à população o serviço de ônibus, que é regulamentado pelo Direito Administrativo.

Nos termos do parecer da lavra do Professor André Ramos

Tavares29, faz-se relevante a observação a seguir exposta, em que se diferencia o transporte urbano individual aberto ao público daquele de natureza privado, restrito a determinado grupo social. Vejamos:

É uma espécie de transporte urbano aquele que se caracteriza como serviço público e transporte individual, que consiste no “serviço remunerado de transporte de passageiros aberto ao público, por intermédio de veículos de aluguel, para a realização de viagens individualizadas”. A exploração dessa espécie foi reservada pela Lei n. 12.468/11, privativamente, aos taxistas. Estes são os únicos autorizados a explorar o transporte de passageiros por veículo de aluguel mediante remuneração por taxímetro, nas condições de abertura irrestrita ao público nas vias terrestres. Trata-se de uma especificidade contemplada em lei: “aberto ao público”. Enquanto o serviço de taxi é aberto ao público, a atividade de transporte sob modelo UBER não é aberto ao público, posto que restrito ao universo de pessoas conectadas pela específica plataforma criada para isso e que atendam a suas condições. Assim, embora ambos sejam atividades de acesso público, o táxi é aberto ao público geral.

A restrição engendrada pelo Município de Palmas, TO, mediante

a edição dos atos impugnados, diz respeito ao transporte remunerado privado, regido pelas normas constantes no Código Civil, art. 730 e seguintes, que consiste na avença pela qual alguém se obriga, mediante retribuição, a transportar,

29

Parecer Jurídico de André Ramos Tavares. Professor da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco USP e da PUC/SP, foi Professor do Doutorado da Università di Bari – Itália e Professor Visitante da Università di Bologna – Itália, da Universidade de São Petersburgo – Rússia, da Universidade de Breslávia na Polônia, da Cardozo School of Law e Fordham University – EUA.

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de um lugar a outro, pessoas ou coisas, a despeito da existência do transporte exercido em virtude de autorização, permissão ou concessão de serviço público.

Nesse espectro fático, vale destacar, que a modalidade de

transporte privado que se instalou em Palmas, e, em diversas cidades do país, por intermédio de plataforma digital via aplicativo de smartphones - a exemplo do UBER, é formada por uma triangulação contratual regida pelas regras do direito privado, estabelecida entre usuário e motorista credenciado (contrato de transporte) e outra entre motorista parceiro e a empresa UBER (contrato de intermediação30).

Neste sentido, há de se admitir que o contrato de transporte,

instrumento regido pelo poder de autorregramento da vontade das partes, se concretiza entre o usuário e o motorista credenciado ao UBER, quando aquele, valendo-se da intermediação de um aplicativo de celular smartphone (UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA.) preenche seus dados, após se cadastrar como usuário da plataforma digital, escolhendo seu local de destino, e o motorista, que aceita o trajeto eleito pelo usuário, é encaminhado ao local de partida.

Como se vê, a relação jurídica desenvolvida entre os sujeitos acima

mencionados adequa-se ao contrato de transporte previsto no art. 730 do CC/02, uma vez que o motorista parceiro do UBER se obriga, mediante retribuição, a transportar o usuário credenciado ao aplicativo, de um lugar para o outro.

Os representantes da SUCESU – Associação de Usuários de

Informática e Telecomunicações, ao se manifestarem como Amicus Curiae no bojo da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – TJBA, julgada em data de 15 de junho de 2017, que declarou a inconstitucionalidade de Lei do Município de Salvador, BA, que restringia a atividade da plataforma operacional denominada de UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA e dispositivos correlatos, assim consignou:

Plataformas como a da Uber permitem e medeiam o contrato entre motoristas, previamente cadastrados, e potenciais usuários, também previamente cadastrados. Quando um possível usuário cadastrado deseja celebrar contrato de transporte, ele exterioriza a sua vontade por meio da plataforma, que localiza possível motorista próximo àquela localidade, que pode (ou não

31) proceder à sua aceitação. Por meio da plataforma, as partes

contratantes (motorista e usuário) exteriorizam suas vontades e celebram o contrato, pactuando sobre os seus elementos essenciais (como o preço, total estimado e destino). […] a Uber “constitui uma plataforma que atua em um mercado de duas pontas, integrando motoristas e pessoas que buscam uma alternativa de locomoção, e não um serviço correlato ao de taxis”. Essas plataformas medeiam à celebração do contrato de transporte, porque, previamente, é celebrado com os motoristas cadastrados um contrato cujas principais obrigações decorrentes são, de um lado, a mediação e, do outro, o pagamento de quantia (devida pelo motorista),

30

Manifestação do Amicus Curiae - SUCESU - Associação de Usuários de Informática e Telecomunicações – fls. 324/352 da AÇÃO Direta de Inconstitucionalidade nº 0011161-36.2016.8.05.0000 - TJBA 31

Característica do autorregramento da vontade das partes contratantes.

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como contraprestação pelos serviços de mediação prestados. Esse é o núcleo da operação econômica existente entre a Uber e os motoristas parceiros. A celebração dos contratos celebrados entre a Uber e o motorista parceiro (para que se proceda ao serviço de mediação) é também manifestação do exercício do poder de autorregramento dos sujeitos. Com os passageiros usuários do aplicativo, é firmado um contrato de natureza gratuita pelo uso do software e a intermediação na formação do contrato de transporte.

Nessa trilha de pensamento, percebe-se que a instantaneidade das

relações sociais moderna é característica indelével dos tempos hodiernos, situação que exige um novo paradigma de relacionamento, pautado pela desburocratização dos processos, bem como a simplificação entre as relações e também entre as contratações, o que não vem sendo compreendido pelo Município de Palmas, TO.

A inserção de um novo modelo de transporte de pessoas na

estrutura da mobilidade urbana de Palmas TO revelou, até o presente momento, pontos muito mais positivos para a sociedade palmense, do que negativos, pois estimulou a excelência e a modernização na prestação do serviço de transporte, antes fornecido exclusivamente pelos taxistas, conferindo à população a ampliação do seu poder de escolha pelo serviço que lhe é mais vantajoso.

Manter no ordenamento jurídico atos normativos municipais, de

índole primária e secundária, que legitima atuação indevida do Estado no âmbito do desenvolvimento de atividade econômica, regida, precipuamente, pela iniciativa privada, é deveras gravoso ao Federalismo, pois, ao assim proceder, acaba por desestruturar o alicerce constitucional que orienta as relações sociais, descartando garantias, direitos e princípios norteadores da ordem constitucional, como a Livre Iniciativa, a Livre Concorrência, o Direito ao Livre Exercício do Trabalho e a Defesa do Consumidor.

Perfilhando desse entendimento, o Tribunal de Justiça do Estado da

Bahia, ao julgar em data de 15 de junho de 2017, a Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – TJBA, declarou a inconstitucionalidade formal e material de Lei do Município de Salvador, BA, que restringia a atividade da plataforma operacional denominada de UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA e dispositivos correlatos, nos moldes de Palmas, TO:

EMENTA – TJBA - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE PROPOSTA PELA PROCURADORIA GERAL DE JUSTIÇA. LEI MUNICIPAL QUE PROÍBE O TRANSPORTE REMUNERADO DE PESSOAS EM VEÍCULOS PARTICULARES E IMPÕE SANÇÃO DE NATUREZA CÍVEL E ADMINISTRATIVA AOS CONDUTORES, PROPRIETÁRIOS DO VEÍCULO E/OU À EMPRESA, TODOS EM RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA, NO MUNICÍPIO DE SALVADOR.

PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA SUSCITADA PELA CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR, PARA A APRECIAÇÃO E JULGAMENTO DESTA ADI POR ESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA, POR AUSÊNCIA DE REFERÊNCIA A PARÂMETRO ESTADUAL DE CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, UMA VEZ QUE A EXORDIAL SOMENTE SE REFERE A NORMAS DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. NÃO ACOLHIMENTO. A PETIÇÃO INICIAL DISPÕE EXPRESSAMENTE SOBRE O PARÂMETRO ESTADUAL DE REPETIÇÃO OBRIGATÓRIA DA CRFB/88, ESPECIFICANDO AFRONTA DA NORMA SOTEROPOLITANA AOS ARTS: 4º, INCISOS IV E V; 55; 59, INCISO IX; 164, INCISOS I, II E 164, § 1º DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA, BEM COMO ARTS: 1º, INCISO IV; 5º, INCISOS XIII; 22, INCISO I, IX , XI; 170, INCISOS IV, V E 170 PARÁGRAFO ÚNICO DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.

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PRELIMINAR DE NÃO CABIMENTO DA ADI, SUSCITADA PELO PREFEITO DE SALVADOR, REPRESENTADO PELA PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO, POR INEXISTIR AFRONTA DA NORMA MUNICIPAL AOS PRECEITOS CONSTITUCIONAIS ESTADUAIS, MAS APENAS POSSÍVEL CONFRONTO COM NORMAS INFRACONSTITUCIONAIS (CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO E LEI DAS DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA). INALBERGAMENTO. PEÇA INICIAL QUE ANALISA A PROIBIÇÃO CONSTANTE NA LEI MUNICIPAL À LUZ DOS DISPOSITIVOS CONSTITUCIONAIS ESTATUÍDOS PELO CONSTITUINTE ORIGINÁRIO (CRFB) E DERIVADO DECORRENTE (CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA), BEM COMO DA CITADA LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL. INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL (OU NOMODINÂMICA). OCORRÊNCIA. USURPAÇÃO DA COMPETÊNCIA LEGISLATIVA PRIVATIVA DA UNIÃO, POR PARTE DA EDILIDADE SOTEROPOLITANA, PARA DISPOR SOBRE DIREITO CIVIL; DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE TRANSPORTE E TRÂNSITO E TRANSPORTE. A VEDAÇÃO DE TODO E QUALQUER TRANSPORTE REMUNERADO DE PESSOAS EM VEÍCULOS PARTICULARES INVADE A COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO SOBRE DIVERSOS ASPECTOS, RETIRANDO A APLICABILIDADE, INCLUSIVE, DE UMA DAS FORMAS TÍPICAS DE CONTRATO PREVISTA NO CÓDIGO CIVIL; O CONTRATO DE TRANSPORTE. AS MATÉRIAS CONSTANTES NO ART. 22, INCISOS I, IX E XI DA CRFB SÃO DE COMPETÊNCIA PRIVATIVA DA UNIÃO E SOMENTE PODEM SER DELEGADAS AOS ESTADOS, POR AUTORIZAÇÃO DE LEI COMPLEMENTAR, A QUAL INEXISTE NO CASO CONCRETO. A DEFESA DO MUNICÍPIO DE QUE A LEI ATACADA VERSA SOBRE MATÉRIA DE INTERESSE LOCAL (ART. 30, INCISOS I E II DA CF) NÃO SE SUSTENTA NA PRESENTE AÇÃO, HAJA VISTA QUE A NORMA IMPUGNADA PRODUZ EFEITOS SOBRE A ATIVIDADE ECONÔMICA, DE FORMA A TRANSBORDAR OS LIMITES DE INTERESSE MUNICIPAL. A CONSTITUIÇÃO FEDERAL ATRIBUI AO MUNICÍPIO A POSSIBILIDADE DE SUPLEMENTAÇÃO DA LEGISLAÇÃO FEDERAL E ESTADUAL, MAS NÃO A VEDAÇÃO DE ATIVIDADE QUE SEQUER DISPÕE DE COMPETÊNCIA PARA TRATAR. NÃO SE AFIGURA POSSÍVEL, TAMBÉM, AO ENTE MUNICIPAL VALER-SE DA COMPETÊNCIA MATERIAL PREVISTA NO ART. 30, INCISO V DA CF PARA DEFENDER A NORMA IMPUGNADA, UMA VEZ QUE TAL DETERMINAÇÃO CONSTITUCIONAL ESTÁ VOLTADA AOS SERVIÇOS PÚBLICOS, NOS QUAIS SE INCLUEM O TRANSPORTE COLETIVO, POR VIA DA CONCESSÃO OU PERMISSÃO, MODALIDADE QUE NÃO SE AMOLDA À LEI ORA QUESTIONADA. INCONSTITUCIONALIDADE MATERIAL (OU NOMOESTÁTICA). PROCEDÊNCIA. A LEI DA EDILIDADE SOTEROPOLITANA AFRONTA SOBREMANEIRA OS PRINCÍPIOS GERAIS NORTEADORES DA ATIVIDADE ECONÔMICA, COMO A LIVRE INICIATIVA, A LIVRE CONCORRÊNCIA, LIBERDADE NO EXERCÍCIO DE QUALQUER TRABALHO, LIVRE EXERCÍCIO DE ATIVIDADE ECONÔMICA E DA DEFESA DO CONSUMIDOR. LEGISLAÇÃO MUNICIPAL QUE EFETIVAMENTE VIOLA NORMAS CONSTITUCIONAIS RESPONSÁVEIS PELO DESENVOLVIMENTO DA ATIVIDADE ECONÔMICA, BEM COMO AFRONTA OS PRÓPRIOS FUNDAMENTOS DA REPÚBLICA. O TRANSPORTE PRIVADO INDIVIDUAL DE PESSOAS POSSUI PREVISÃO LEGAL NO ART. 3º, §2º, INCISO I, ALÍNEA "A", INCISO II, ALÍNEA "B", INCISO III, ALÍNEA "B" DA LEI Nº. 12.587/12, QUE INSTITUI AS DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE MOBILIDADE URBANA. A MODALIDADE DE TRANSPORTE PROIBIDA PELA LEI MUNICIPAL É REGIDA PELAS NORMAS DE DIREITO PRIVADO, MAIS PRECISAMENTE PELO CÓDIGO CIVIL DE 2002, QUE DISPÕE SOBRE O CONTRATO DE TRANSPORTE. O SERVIÇO DE TRANSPORTE INDIVIDUAL REMUNERADO PRIVADO DE PASSAGEIROS NÃO SE CONFUNDE COM SERVIÇO PÚBLICO, POIS NÃO SE TRATA DE ATIVIDADE ESSENCIAL A SER PRESTADA PELO ESTADO, NÃO POSSUINDO, ADEMAIS, REGIME JURÍDICO DE DIREITO PÚBLICO. O TRANSPORTE PÚBLICO INDIVIDUAL É PRESTADO, PRIVATIVAMENTE, PELOS TAXISTAS, SEGUNDO DISPÕE A LEI Nº. 12.468/2011 E O TRANSPORTE PÚBLICO COLETIVO PELAS EMPRESAS DE ÔNIBUS, PELA VIA DA CONCESSÃO DE SERVIÇO. A RELAÇÃO JURÍDICA EXISTENTE ENTRE O USUÁRIO DO SERVIÇO DE TRANSPORTE REMUNERADO PRIVADO, POR INTERMÉDIO DE PLATAFORMA DIGITAL – UBER, E O MOTORISTA PARCEIRO DA EMPRESA

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INTERMEDIADORA, É CONTRATUAL, DISCIPLINADA NO ART. 730 E SEGUINTES DO CÓDIGO CIVIL. O TRANSPORTE REMUNERADO INDIVIDUAL DE PASSAGEIROS, POR INTERMEDIAÇÃO DE PLATAFORMAS DIGITAIS, CONSTITUI MANIFESTAÇÃO DE ATIVIDADE ECONÔMICA EM SENTIDO ESTRITO, CARACTERÍSTICA DE UMA SOCIEDADE MODERNA, BEM COMO UMA VERTENTE DO PRINCÍPIO DA LIVRE INICIATIVA, NÃO PODENDO SER VEDADA PELA MUNICIPALIDADE.

A AMPLIAÇÃO DE ATIVIDADES NO MERCADO ECONÔMICO FOMENTA A CONCORRÊNCIA E, POR CONSEGUINTE, PROMOVE UMA MELHORIA DO SERVIÇO, PERMITINDO AO CONSUMIDOR O EXERCÍCIO DO SEU PODER DE ESCOLHA, PERANTE UMA MIRÍADE DE SERVIÇOS MAIS QUALIFICADOS, RAZÃO PELA QUAL NÃO SE VISLUMBRA RAZOABILIDADE NA PROIBIÇÃO IMPOSTA PELA LEI MUNICIPAL. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL DO ART. 1º E POR ARRASTAMENTO OS ARTIGOS: 3° E 4° DA LEI MUNICIPAL Nº. 9.066 DE 1 DE JUNHO DE 2016. AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE JULGADA PROCEDENTE. (Classe: Direta de Inconstitucionalidade, Número do Processo: 0011161-36.2016.8.05.0000, Relator(a): Soraya Moradillo Pinto, Tribunal Pleno, Publicado em: 15/06/2017 ).

Em sentido idêntico, os Tribunais de Justiça do Estado do Rio

de Janeiro e de São Paulo, também refutaram qualquer ato normativo que restringem e embaraçam o serviço de Plataforma Operacional, a exemplo do UBER: TJSP - São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; TJRJ - Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº 59/2015;TJSP - Agravo de Instrumento nº 2095299-14.2016.8.26.0000, Rel. Des. José Maria Câmara Junior, 9ª Câmara de Direito Público, j. 17/08/2016); ”(Agravo de Instrumento nº 2043892-66.2016.8.26.0000, Rel. Des. Paulo Barcellos Gatti, 4ª Câmara de Direito Público, j. 01/08/2016).

Assim, não se mostra razoável a continuidade da propagação de

efeitos de atos normativos que, ao invés de incentivar a melhora da qualidade de vida da população, mediante a maximização de serviços que promovem a facilidade da vida em sociedade, atenda primordialmente a interesses classistas, afinal, como bem pontua Canotilho, “o direito e a política não podem parar o vento com a mão”.

Desse modo, resta patente a inconstitucionalidade material da

Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculado na data em alusão e o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, por contrariar os princípios que regem a Ordem Econômica no Brasil, dispostos nos artigos 1º, inciso IV; 5º, inciso XIII; 170, caput, incisos IV e V e parágrafo único da Constituição Federal.

11 – DA POSSIBILIDADE DE SE EMENDAR A INICIAL, EM CASO DE CONVERSÃO SUBJACENTE DE MEDIDA PROVISÓRIA, IMPUGNADA INCIDENTALMENTE, EM LEI – PRECEDENTES DO STF

O Plenário do Supremo Tribunal Federal32, ao julgar em data de 04 de setembro de 2006, a ADI nº 425, por maioria, decidiu que os Estados e Municípios podem editar Medidas Provisórias, em caso de relevância e urgência,

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http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=59214

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desde que elas sejam convertidas em Leis pelas respectivas Casas Legislativas e gozem de previsão na Constituição Estadual e Lei Orgânica Municipal.

A Constituição do Estado do Tocantins prevê, em seu art. 37, §§ 3º e

4º, que, em caso de relevância e urgência, o Governador poderá adotar medidas provisórias, com força de Lei, devendo submetê-las de imediato à Assembleia Legislativa, sendo que, acaso não sejam convertidas em Lei, no prazo de sessenta dias, prorrogável por igual período, elas perderão eficácia, desde a edição. §§ 3º e 4º, com redação determinada pela Emenda Constitucional n.º 36, de 31/05/2017.

A Lei Orgânica do Município de Palmas, TO, em seu art. 40,

reproduz simetricamente as disposições do art. 62 da Constituição da República Federativa do Brasil e do art. 37, §§ 3º e 4º, da Constituição Estadual, demonstrando, assim, que o Prefeito de Palmas, TO, em caso de relevância e urgência, pode editar Medidas Provisórias, como a que ora impugnamos.

O Supremo Tribunal Federal, ao julgar o Agravo em Recurso

Extraordinário nº 704520, sob a sistemática da Repercussão Geral, firmou o entendimento de que, a eleição dos pressupostos constitucionais da relevância e urgência encontra-se na órbita da discricionariedade do Chefe do Poder Executivo, o que não será objeto de discussão nestes autos. A propósito:

EMENTA – STF - Recurso extraordinário com agravo. Seguro Obrigatório de Danos Pessoais causados por veículos automotores de via terrestre (DPVAT). 2. Redução dos valores de indenização do seguro DPVAT pela Medida Provisória 340/2006, convertida na Lei 11.482/2007. 3. Constitucionalidade da modificação empreendida pelo art. 8º da Lei 11.482/007 no art. 3º da Lei 6.194/74. 4. Medida provisória. Pressupostos constitucionais de relevância e urgência. Discricionariedade. Precedentes. 5. Princípio da dignidade da pessoa humana. Ausência de violação. 6. Repercussão geral. 7. Recurso extraordinário não provido. (ARE 704520, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 23/10/2014, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-236 DIVULG 01-12-2014 PUBLIC 02-12-2014).

Pois bem, em 06 de junho de 2017, o Chefe do Poder Executivo do Município de Palmas, TO, editou a Medida Provisória nº 16, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculada na data em alusão, tendo por escopo estabelecer normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros na evidenciada municipalidade.

Ocorre que, a despeito da referida Medida Provisória encontrar-se vigente no ato da propositura desta ação popular, durante a tramitação processual, de forma subjacente, ela poderá ser convertida em Lei em Sentido Formal, o que se admite a possibilidade de facultar ao autor a emenda à inicial, conforme vem decidindo o Supremo Tribunal Federal.

EMENTA – STF - AGRAVO REGIMENTAL EM AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. CONVERSÃO DA MEDIDA PROVISÓRIA EM LEI. AUSÊNCIA DE ADITAMENTO DA PETIÇÃO INICIAL. PREJUDICIALIDADE. 1. A jurisprudência do STF é firme no sentido da necessidade de aditamento da petição inicial da ADI, cujo objeto seja medida provisória posteriormente convertida em lei, sob pena de perda

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superveniente de objeto da demanda. Precedentes. 2. Agravo regimental a que se nega provimento. (ADI 3047 AgR, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 07/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-214 DIVULG 26-10-2015 PUBLIC 27-10-2015)

Nessa esteira de pensamento, acaso a Medida Provisória nº 16, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculada na data em alusão, seja convertida em Lei, os autores, valendo-se do precedente do STF acima invocado, efetuarão a emenda à inicial, impugnando a Lei conversiva.

12 – DA NULIDADE ABSOLUTA DO DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, PUBLICADO NA EDIÇÃO Nº 1.769 DO DIÁRIO OFICIAL MUNICIPAL, VEICULADO EM DATA DE 07-06-2017 – VÍCIO DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA – VIOLAÇÃO AO ART. 2º, ALÍNEA ‘A” DA LEI DA AÇÃO POPULAR

Em data de 7 de junho de 2017, o Chefe do Poder Executivo do Município de Palmas, TO, editou o DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, tendo por escopo a regulamentação da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, a exemplo do UBER.

O mencionado Decreto, da forma que gestado, por vias transversas

e dissimulada, inviabiliza o funcionamento Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT) interessadas em executar o serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, a exemplo do UBER.

Conforme noticiado pela imprensa em data de 07 de julho de 2017, a

fiscalização do mencionado Decreto já se inicia em data de 08 de julho de 2017, o que embaraçará o desenvolvimento das atividades dos filiados a plataforma UBER, prejudicando a coletividade de usuários do mencionado sistema privado de transportes de passageiros, o que demanda a adoção de medidas judiciais de forma urgente, como forma de se evitar a paralisação do UBER33 em Palmas, TO.

Essa situação, se torna ainda mais preocupante, diante da forte

pressão sobre os Poderes Executivos e Legislativo, exercida pelas corporações ligadas aos taxistas e donos de frotas de táxi, no sentido da criação de proibições ou restrições praticamente cabais às atividades econômicas concorrentes, como as exercidas pelo UBER e seus motoristas parceiros.

Por outro giro, no caso vertente, torna-se imprescindível a

suspensão da eficácia do mencionado Decreto, pois, evidencia-se o vício de competência, maculando os atos impugnados, uma vez que não se inclui no rol das atribuições, conforme estabelece o art. 2º, alínea “a”, da Lei Federal nº 4.717\65, por imiscuir-se em matéria afeta a competência privativa da União Federal,

33

http://conexaoto.com.br/2017/07/06/motoristas-do-uber-alegam-na-defensoria-publica-que-estao-impedidos-de-prestar-servico-em-palmas

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sendo nulos de pleno direito, os atos legislativos e normativos por ele praticado, por incorrer em vício de incompetência, por usurpação34 da competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte (CF, art. 22, XI).

13 - DA SUSPENSÃO LIMINAR DA EFICÁCIA DOS EFEITOS DO ATO LESIVO IMPUGNADO – ART. 5º, § 4º, DA LEI FEDERAL Nº 4.717\65 NA FORMA DO ART. 300, CAPUT, DO CPC

O novel CPC, reformulou, de forma substancial e mais sistemática, a tutela provisória no sistema processual brasileiro. De acordo com a nova disciplina processual, a tutela provisória pode fundamentar-se na urgência ou na evidência. Nessa esteira, cristalinas são as lições de Didier:

Em situação de urgência, o tempo necessário para a obtenção da tutela definitiva (satisfativa ou cautelar) pode colocar em risco sua efetividade. Este é um dos males do tempo do processo. Em situação

de mera evidência (sem urgência), o tempo necessário para a obtenção da tutela definitiva (satisfativa) não deve ser suportado pelo titular do direito assentado em informações de fato comprovadas, que se possam dizer evidentes. Haveria, em tais casos, violação ao princípio da igualdade (grifou-se). […]. A principal finalidade da tutela provisória é abrandar os males do tempo e garantir a efetividade da jurisdição (os efeitos da tutela). Serve então, para redistribuir, em homenagem ao princípio da igualdade, o ônus do tempo do processo, conforme célebre imagem de Luiz Guilherme Marinoni. Se é inexorável que o processo demore, é

preciso que o peso do tempo seja repartido entre as partes e não somente o demandante arque com ele. (DIDIER JR., Freddie. BRAGA, Paula Sarno.OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de direito processual civil. Teroria da prova, direito probatório, decisão precedente, coisa julgada e tutela provisória. 10 ed. Rev. ampl. atual. Salvador: Editora Juspodivm, 2015, Vol. 2.)

A tutela provisória de urgência funda-se, além de na probabilidade do direito, a fumaça do bom direito, no perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, ou seja, o periculum in mora (artigo 300, NCPC). Como se vê, o NCPC superou a distinção entre os requisitos da concessão para a tutela cautelar e para a tutela satisfativa de urgência, erigindo a probabilidade e o perigo da demora a requisitos comuns para a prestação de ambas as tutelas de forma antecipada (Enunciado 143 do Fórum Permanente de Processualistas Civis).

Impõe-se, no caso presente, a CONCESSÃO DA LIMINAR\TUTELA

DE URGÊNCIA, inaudita altera pars, nos termos do artigo 5º, § 4º, da Lei Federal nº 4.717\65 na forma do caput do art. 300 e dispositivos seguintes do Código de Processo Civil, aqui aplicado subsidiariamente, por força do art. 22 da Lei Federal nº 4.717\65, tendo em vista que a exposição da lide evidencia de maneira inequívoca o preenchimento dos pressupostos elencados no art. 300 do CPC, qual seja, a probabilidade do direito e o perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo, sendo que, in casu, estes requisitos estão plenamente satisfeitos.

34

(REsp 704.975/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, Rel. p/ Acórdão Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 19/08/2008, DJe 08/09/2008.)

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A probabilidade do direito resulta evidenciada pela prova documental acostada aos autos, a qual demonstra, em conjunto com toda a argumentação exposta na inicial, com altíssimo grau de probabilidade que seja verossímil os fatos alegado na peça vestibular, diante da plausibilidade jurídica da tese sustentada.

Ademais, o artigo 5º, § 4º, da Lei nº 4.717, de 29.06.1965, prevê que

“na defesa do patrimônio público caberá à suspensão liminar do ato lesivo impugnado”, sendo, portanto, a decisão liminar meio cabível para a preservação dos princípios em tela. O fumus boni iuris, conforme visto, decorre do fato de que os atos normativos impugnados padecem de gravíssima violação aos artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, com especial ênfase a usurpação35 da competência privativa da União para legislar sobre trânsito e transporte (CF, art. 22, XI), conforme os precedentes acima consignados.

O perigo da demora, por sua vez, decorre do fato que acaso não

haja a suspensão da eficácia dos atos impugnados e a concessão da tutela de urgência vindicada, com inegáveis prejuízos à força normativa do art. 22, IV,IX e XI, da Constituição da República Federativa do Brasil, a fiscalização do mencionado Decreto já se inicia em data de 08 de julho de 2017, o que embaraçará o desenvolvimento das atividades dos filiados à plataforma UBER, prejudicando a coletividade de usuários do mencionado sistema privado de transportes de passageiros, o que demanda a adoção de medidas judiciais de forma urgente, como forma de se evitar a solução de continuidade desse modal de transporte.

14. DO DESINTERESSE INICIAL NA AUTOCOMPOSIÇÃO

Tendo em vista que o direito que se busca preservar é a defesa ao

patrimônio público e social, direito indisponível e intransacionável, os requerentes manifestam, desde logo, o desinteresse inicial na autocomposição do litígio, a teor do que determina o art. 334, § 5º do Código de Processo Civil, aplicado subsidiariamente no caso em debate, por força do art. 22, da Lei da Ação Popular.

15. DO PEDIDO

Ante o exposto, com base nos fundamentos ora expendidos, bem como forte nos argumentos expostos ao longo desta petição inicial, requer:

a) o recebimento da petição inicial; b) a adoção do procedimento estabelecido pelo art. 7º da Lei Federal

nº 4.717\65 na forma do art. 318 e dispositivos seguintes do CPC, aqui, aplicável subsidiariamente, por força do art. 22 da Lei da Ação Popular;

c) seja concedida a antecipação dos efeitos da tutela, sem a

oitiva da parte adversa, com fundamento na urgência\liminar (artigo 5º, § 4º, c\c art. 22 da Lei nº 4.717, de 29.06.1965 c\c artigo 300 NCPC), a fim de:

35

(REsp 704.975/SP, Rel. Ministro MASSAMI UYEDA, Rel. p/ Acórdão Ministro FERNANDO GONÇALVES, QUARTA TURMA, julgado em 19/08/2008, DJe 08/09/2008.)

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1 – CAUTELARMENTE, SUSPENDER A EFICÁCIA DO DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, que tem como escopo a regulamentação da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, pois, evidencia-se o vício de competência, maculando os atos impugnados, uma vez que não se inclui no rol das atribuições do Prefeito de Palmas, conforme estabelece o art. 2º, alínea “a”, da Lei Federal nº 4.717\65, padecendo, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes do seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; TJSP - Agravo de Instrumento nº 2095299-14.2016.8.26.0000, Rel. Des. José Maria Câmara Junior, 9ª Câmara de Direito Público, j. 17/08/2016); ”(Agravo de Instrumento nº 2043892-66.2016.8.26.0000, Rel. Des. Paulo Barcellos Gatti, 4ª Câmara de Direito Público, j. 01/08/2016); 2 – CAUTELARMENTE, a cominação ao MUNICÍPIO DE PALMAS, TO e a ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO, MEDIANTE IMPOSIÇÃO DE NÃO FAZER, CONSUBSTANCIADA EM SE ABSTER DE EXERCER O PODER DE POLÍCIA outorgado pela Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, regulamentada pelo DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, por padecer, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes dos seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; TJSP - Agravo de Instrumento nº 2095299-14.2016.8.26.0000, Rel. Des. José Maria Câmara Junior, 9ª Câmara de Direito Público, j. 17/08/2016); ”(Agravo de Instrumento nº 2043892-66.2016.8.26.0000, Rel. Des. Paulo Barcellos Gatti, 4ª Câmara de Direito Público, j. 01/08/2016), IMPEDINDO-LHES DE APLICAR AS

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PENALIDADES E MEDIDAS ADMINISTRATIVAS PREVISTAS NOS ATOS NORMATIVOS IMPUGNADOS, A EXEMPLO DAQUELAS CONSTANTES DOS ARTS. 21 a 25 DA MENCIONADA MEDIDA PROVISÓRIA e os dispositivos do aludido Decreto; 3 – CAUTELARMENTE, a cominação ao MUNICÍPIO DE PALMAS, TO e a ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO, MEDIANTE IMPOSIÇÃO DE NÃO FAZER, CONSUBSTANCIADA EM SE ABSTER DE AFETUAR A COBRANÇA DO PREÇO PÚBLICO36 DA EXPLORAÇÃO INTENSIVA DO SISTEMA VIÁRIO MUNICIPAL, A SER RECOLHIDO MENSALMENTE PELA OPT EM ATÉ 3 (TRÊS) DIAS ÚTEIS CONTADOS DO LANÇAMENTO, EQUIVALENTE AO VALOR DE R$ 0,10 (DEZ CENTAVOS) POR QUILÔMETRO RODADO, instituído pelos arts. 4º, 5º e 6º da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, regulamentado pelo art. 10 e seus parágrafos 1º, 2º, 3º e 4º, do DECRETO MUNICIPAL Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017, por padecer, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes do seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; 4 – CAUTELARMENTE, como forma de se manter a organização, a disciplina, a higienização e a prestação dos serviços de forma satisfatória, adequada, contínua e regular, buscando preservar a qualidade dos serviços e a incolumidade física dos seus usuários, a cominação ao MUNICÍPIO DE PALMAS, TO e a ARP - AGÊNCIA DE REGULAÇÃO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE PALMAS, TO, MEDIANTE a IMPOSIÇÃO DE FAZER, CONSUBSTANCIADA em exigir o cadastramento de veículos e dos condutores, nos moldes dos parâmetros estabelecidos pelos arts. 17 a 20 da Medida Provisória nº 16, de 6 de junho de 2017, que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por intermédio das Operadoras de Plataforma Tecnológica (OPT), a exemplo do UBER BRASIL TECNOLOGIA LTDA, evitando que o serviço seja prestado de forma desordenada e sem padrões mínimos, até que seja regulamentado pela União Federal, apenas e tão somente para se evitar a anarquia.

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http://www.jornaldotocantins.com.br/editorias/estado/prefeitura-regulamenta-compra-das-%C3%A1reas-p%C3%BAblicas-do-sistema-vi%C3%A1rio-1.1185803

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D) Após a concessão da antecipação da tutela na forma da urgência a que se refere o art. 300 do Código de Processo Civil, seja promovida a citação dos requeridos, para, acaso queiram, ofereçam contestação, no prazo estabelecido pelo art. 7º, inciso IV, da Lei Federal nº 4.717\65.

E) Com espeque no art. 319, VII, na forma do art. 334, § 5º, do CPC,

manifesta, desde já, desinteresse na realização de composição consensual ou de mediação com vistas à resolutividade da controvérsia instaurada;

F) A intimação do (a) eminente Representante do Ministério

Público Estadual – MPE, nos termos do art. 6º, § 4º da Lei Federal nº 4.717/65, objetivando atuar como custus legis na presente ação;

G) Seja publicado edital no órgão oficial, a fim de que os

interessados possam, caso queiram, intervir no processo como litisconsortes ativos ou assistentes, sem prejuízo de ampla divulgação pelos meios de comunicação social, com espeque no art. 6º, § 5º, da Lei Federal nº 4.717/65;

H) Postula-se, por fim, no palco meritório, a PROCEDÊNCIA DOS

PEDIDOS, confirmando-se, em sentença resolutiva de mérito, além dos requerimentos formulados em sede de antecipação dos efeitos da tutela, com fundamento na urgência, os demais pedidos adiante articulados:

A DECLARAÇÃO INCIDENTAL DE INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL E MATERIAL DA MEDIDA PROVISÓRIA Nº 16, DE 6 DE JUNHO DE 2017, ASSIM COMO DO SEU DECRETO MUNICIPAL REGULAMENTADOR Nº 1.394, DE 7 DE JUNHO DE 2017, publicado na edição nº 1.769 do Diário Oficial Municipal, veiculado em data de 07-06-2017 que estabelece normas para a prestação do serviço de transporte motorizado privado e remunerado de passageiros no município de Palmas, por padecerem, em tese, de inconstitucionalidade formal e material, tendo em vista a usurpação de competência privativa da União Federal, violando os artigos 1º, inciso IV, 5º inciso XIII, 22, inciso I, IX e XI, c\c art. 170, caput, incisos IV, V e parágrafo único, todos da Constituição da República Federativa do Brasil, conforme precedentes do seguintes tribunais de justiça: Rio de Janeiro – ADI nº. 0055838-98.2015.8.19.0000 – Lei Complementar Municipal nº. 59/2015; São Paulo – ADI nº. 2216901-06.2015.8.26.0000 – Lei nº. 16.279/15; Bahia – ADI nº 0011161-36.2016.8.05.0000 – Lei Municipal nº 9.066, de 01 de junho de 2016, do Município de Salvador, BA, julgada em 15-06-2017; TJSP - Agravo de Instrumento nº 2095299-14.2016.8.26.0000, Rel. Des. José Maria Câmara Junior, 9ª Câmara de Direito Público, j. 17/08/2016); ”(TJSP -Agravo de Instrumento nº 2043892-66.2016.8.26.0000, Rel. Des. Paulo Barcellos Gatti, 4ª Câmara de Direito Público, j. 01/08/2016).

I) Por oportuno, requer-se ainda, que, acaso a Medida Provisória

nº 16, publicada na edição nº 1.768 do Diário Oficial Municipal, veiculada na data em alusão venha ser convertida em Lei, sejam intimado os autores, valendo-se do

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leading case do STF ao julgar a ADI nº 304737, para que seja efetuada a emenda à inicial, impugnando a Lei editada de forma subjacente em decorrência da conversão da MP impugnada, mantendo-se a higidez processual.

Ação isenta de custas judiciais e do ônus da sucumbência, por

força da disposição constitucional plasmada no art. 5º, LXXIII, da CRFB-88.

Provará o alegado por todos os meios em Direito admitidos, sem prejuízo de qualquer um que se fizer conveniente, máxime a juntada dos inclusos documentos e outros no decorrer do iter processual e a realização de prova pericial.

Embora haja determinação para identificação do valor da causa, vê-

se que o objeto da lide, por estar atrelado à defesa do patrimônio público, interesse de ordem transindividual, tem valor inestimável. Portanto, para fins apenas de atendimento ao art. 292, inciso II, do Código de Processo Civil, aqui aplicado subsidiariamente, conforme intelecção do art. 22 da Lei Federal nº 4.717\65, dá-se à causa o valor de R$ 1.000,00 (um mil) reais.

Nestes termos, Pede e espera deferimento.

Palmas – Tocantins, 08 de julho de 2017.

FÁBIO AGUIAR COSTA MARTINS OAB - TO Nº 5777

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(ADI 3047 AgR, Relator(a): Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 07/10/2015, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-214 DIVULG 26-10-2015 PUBLIC 27-10-2015)