40105402_123725_102830081819914_021 - CSLL Coisa Julgada

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    M I N I S T É R IO D A F A Z E N D A

    C Ã M A R A S U P E R I O R D E R E C U R S O S F IS C A I S

     st un   R I M E I R A T U R M A

    P rocesso n ° : 10283.00818 1/99-14

    R e c u r s o n °

     

    R D /103-123725

    M a t é r i a

     

    CS LL E XS .: 1990 A 1996

    R e c o r r e n te : S H A R P D O B R A S I L S /A IN D U S T R I A D E E Q U I P A M E N T O S E L E T R Ô N IC O S

    R e c o r r i d a 

    3 ° C Â M A R A D O 1 ° C O N S E L H O D E C O N E R IB U N T E S

    In te re ss a da : F A Z E N D A N A C I O N A L

    S e s s ã o d e

     20 de m arço de 2006

    A c ó r d ã o n °

     

    CSR F/01-05 .402

     

    CU L — L IM IT E S D A CO IS A J U LG A D A — N as re laçõ es tr ib u tá rias de

    natureza cont inuat iva, não é cabível a a legaçã o da coisa ju lgada e m

    r e la ç ã o a f a t o s g e r a d o r e s o c o r r id o s a p ó s a l te r a ç õ e s l e g i s l a t iv a s , p o s t o

    que , a im u tab i li dade d iz respe i to , apen as , aos fa tos concre tos

    decl inados no ped ido, f icando su a e f icác ia rest r ita ao per íodo d e

    i n c i d ê n c i a q u e f u n d a m e n t o u a b u s c a d a t u t e la j u r is d i c io n a l . A s s i m n ã o

    s e p e r p e tu a m o s e fe i t o s d a d e c is ã o t r a n s i t a d a e m ju l g a d o , q u e a f a s ta a

    in c i d ên c i a d a L e i n ° 7 . 6 8 9 / 8 8 , s o b o f u n d a m e n t o d e s u a

    i n c o n s t i t u c i o n a l i d a d e , p r in c i p a l m e n t e , c o n s i d e r a n d o o p r o n u n c i a m e n t o

    poster ior ao def in it ivo d o S T F, em sent ido cont rá r io , cu ja ef icác ia

    t o m o u - s e e r g a a r m e s p e l a e d i ç ã o d e R e s o l u ç ã o d o S e n a d o F e d e r a l .

    R e c u r s o e s p e c i a l n e g a d o

    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de recurso interposto

    p o r S H A R P D O B R A S I L S / A IN D Ú S T R I A D E E Q U I P A M E N T O S E L E T R Ô N IC O S .

    A C O R D A M o s M e m b r os d a P rim e ira T u r m a d a C â m a ra S u p e ri or de

    R ecursos F isca is, por unan imidade de votos, NE G A R prov im ento ao recurso, nos

    t e r m o s d o r e la t ó r io e v o t o q u e p a s s a m a i n te g r a r o p r e s e n t e ju l g a d o .

    M A N O E L A N T Ô N I O G A D E L H A D I A S

    P R E S I D E N T E

    J

     

    t

    i

    rS

    T O R

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    Proces so n° : 10283.00818 1/99-14

    A c ó r d ã o n °

     

    CSRF/01 -05 .402

    F O R M A L IZ A D O E M

    M A I 2 0 0 6

    Par t ic iparam a inda do presente ju lgamento os Conse lhe i ros : CÂNDIDO

    R O D R I G U E S N E U B E R V IC T O R L U IS D E S A L LE S F R E I R E J O S É C A R L O S

    P A S S U E L L O M AR C O S V IN ÍC I U S N E D E R D E L IM A C A R L O S AL B E R T O

    GONÇALVES NUNES DORIVAL PADOVAN JOSÉ HENRIQUE LONGO MÁRIO

    JUNQU EIRA FR ANCO JUNI

     

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    P r o c e s s o n °

     

    10283 .008181 /99 -14

    A c ó r d ã o n °

     

    C SR F / 0 1 - 0 5 . 4 0 2

    R e c u r s o n °

     

    R D / 1 0 3 - 1 2 3 . 7 2 5

    R e c o rr e n te : S H A R P D O B R A S I L S / A I N D . D E E Q U P A M E N T O S E L E T R Ô N I C O S .

    h t e r e s s a l a F A Z E N D A N A C I O N A L

    RELATÓRIO

    S H A R P D O B R A S I L S / A IN D Ú S T R IA D E E Q U I P AM E N T O S

    E L E T R Ô N I C O S C N P J n °0 4 . 1 7 1 . 5 6 7 / 0 0 0 1 - 8 1 in c o n f o rm a d a c o m a d e c is ã o p r o l a t a d a

    n o a c ó rd ã o 103 -20 .556 q u e d e u p ro v im e n to p a ra re c o n h e c e r d o d i re it o a re s ti tu i ç ã o

    d a C S L L s o m e n t e e m r e la ç ã o a o a n o d e 1 9 8 9 fls . 5 4 1 / 5 6 6 c o m f u lc r o n o a rt ig o 5 °

    i n c is o II d o Re g im e n to In te rn o d a CSRF a p ro v a d o p e l a Po r ta r i a MF 58 /98 i n te rp ôs

    r e c u r s o e s p e c i a l d e d iv e r g ê n c i a t r a z e n d o c o m o p a r a d i g m a o a c ó r d ã o 1 0 1 - 9 1 .5 5 3 .

    O p r o c e s s o t e v e i n íc io c o m p e d i d o d e R E S T IT U IÇ ÃO O U

    COMPENSAÇÃO dos va lo res pa gos a t ít u lo de Co n t r ibu ição So c ia l So b re o Luc ro

    L í q ü id o r e la t iv a a o s a n o s d e 1 9 8 9 1 9 9 0 1 9 9 2 1 9 9 4 e 1 9 9 5 c o n f o r m e d o c u m e n t o d e

    f o l h a 0 1 . O m o t iv o d o p e d i d o d e r e s t it u iç ã o f o i o t r â n s i t o e m ju l g a d o d a A ç ã o O r d in á r i a

    n° 90 .00035 32-5 con tes tand o a lega l idad e da CS LL ins t itu ída pe la Le i n° 7.689 /88

    t e n d o s i d o v e n c e d o r a e m p r im e i r a e s e g u n d a i n s t â n c i a e t e n d o a d e c i s ã o ju d i c ia l a s e u

    f a v o r d e c l a r a n d o a in e x is t ê n c i a d e r e l a ç ã o ju r í d i c o t r ib u t á r ia t r a n s i t a d o e m ju l g a d o e m

     

    1 7 . 0 2 . 9 2 .

     

    O p e d id o fo i n e ga d o h o u v e m a n i fe s ta ç ã o d e i n c o n fo rm id a d e re c u rs o

    v o l u n tá r io t o d o s o s ju l g a d o r e s m a n t iv e r a m a t e s e d e q u e a c o i s a ju l g a d a n ã o t e m

    e f e it o co n t i n u a t ivo e m m a t é r ia tr ib u t á r ia m o r m e n t e e m v i rt u d e d a o co r r ê n c i a d e

    a l te r ação leg i s la t i va e o p ronunc iam en to do S TF sobre a cons t i tuc iona l idad e da Le i

    7 . 6 8 9 / 8 8 .

    Tra ta a li d e n e s ta e s fe ra d e d e c id i r s o b re o s e fe it o s d a c o i s a j u lga d a

    e m m a t é r ia t r ib u t á r ia e m r e la ç ã o c o n t in u a t iv a i p

      2

     

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    .

     

    Processo n° : 10283.008181/99 14

    Acórdão n°

     

    CSRF/01 05.402

    O a córdão recorr ido n° 103-20.556 está assim em entado:

     C O N T R I B U IÇ Ã O S O C I A L S O B R E

    O

    L U C R O L I Q U I D O - S E N T E N Ç A

    TRANSITADA EM JULGADO DIREITO ADQUIRIDO

    IN S U B S I S TE N T E C O N F IG U R A Ç Ã O E M F A C E D E L E I U L T E R IO R -

    R E L A Ç Ã O JU R Í D IC A C O N T IN U A T IV A - LE I N O V A E F A T O S D E

    N A T U R E ZA D IV E R S A - PR E C E D E N T E S D O S T R IB U N A IS

    S U PE R I O R E S - IN C O N S T I T U C IO N A L I D A D E D E L E I

    NÃO

    A C O L H I D A

    PE L O S T F - O

    controle da const i tuc ionalk lade das le is ,

    de

    forma

    cogente e imp erativa em nosso ordenam ento jur íd ico é fe i to de m odo

    absoluto pelo Colendo S uprem o Tr ibunal Federal A relação jurídica de

    t rib u t a ç ã o d a

    Contribuição

    S oc ia l sob re o L uc ro é cont inuat iva ,

    i nc id indo , na es pé c ie , o a r t . 471, I , do

    CPC.

    A d e c l a r a ç ã o d e

    intributabif idade, no pert inente a relaçõ es jurídicas or iginadas

    de

    fatos

    geradores que se sucedem no tem po, não po de te r o ca rá te r de

    im utabi l idade e de norm ativ idade a abranger eventos futuros. (ST F). A

    co isa ju lgada em m até r ia t ri bu tária não p roduz e fe i tos a lém dos

    pr incípios pétreos postos na

    Cada

    M agna, a destacar o

    da isonomia

    (ST J - RE SP.96213/M G). A Le i n° 8.034, de 13.04.1990, ao resg atar

    ed ições lega is p re té r itas , e r ig iu , ao m esm o tem po, exacerbadas

    inovações na base de cálculo

    da C ont ribu ição Soc ia l sobre o Lucro

    Liqu ido, d is tanc iando-a , d ram at icam ente , da p rescr i ta pe la Le i n°

    7.689/88. Desta forma e manifestamente atendeu-se ao dual ismo que

    se aponta indispensável (Ac.

    103-20.061)

    O acórdão paradigm a n° 101-91.553 e stá assim em entado:

    CONTRIBUIÇÃO SOCIAL — E F I C Á C IA D A

    COISA

    J U L G A D A

    -C onsoa nte o d isposi t ivo no inc iso I , do ar t igo 471 do C ódigo de

    Processo C iWI, som ente ocorrendo m odi ficação no estado de fato ou

    de direito de relações jurídicas continuativas, pode a F azenda Púb l ica

    pedi r a rev isão do que fo i es tatu ído em sentença que t rans i tou em

    ju lgado?

    Em seu apelo de fo lhas 571 a 594 a em presa argumenta, em epítome,

    o seg uinte:

    Possui uma decisão transitada em julgado a respeito da

    inconstitucionalidade total da Contribuição Social sobre o Lucro criada pela Lei n°

     

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    Processo n° : 10283.008181/99-14

    Acórdão n°

     

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      ossui uma decisão transitada em julgado a respeito da

    inconstitucionalidade total da Contribuição Social sobre o Lucro criada pela Lei n°

    7.689/88. Trata-se de uma decisão ampla, que desobriga a recorrente do recolhimento

    da contribuição em foco, não se limitando a um determinado ano-base.

    É irrelevante o pronunciamento do STF sobre a matéria já que existe

    uma norma individual e concreta que cria uma situação especifica para ela: não

    precisa recolher o tributo criado pela Lei 7.689/88.

    Os recolhimentos efetuados são indevidos porquanto decorrentes de

    uma obrigação tributária INEXISTENTE, ofensiva à coisa julgada.

    Não recolhe mais a CSLL e as que recolhera tem direito de receber de

    volta. A obrigação de recolher a referida CSLL nunca existiu.

    Decaiu o prazo para a União interpor quaisquer ações rescisórias.

    Sobre o argumento de que a decisão somente valeria para afastar a

    CSLL sobre os resultados de 1989, diz que a decisão inaugural transcreve apenas o

    que lhe interessa da decisão judicial, diz que a justiça acolheu a inconstitucionalidade

    total da CSLL sem qualquer limitação.

    Transcreve trechos da sentença judicial.

    DA INEGIBILIDADE DA CSL PARA OS FATOS GERADORES

    POSTERIORES A 06 09 90

    Diz que o processo foi encerrado em 31.05.96 com transito em julgado

    a seu favor, quando fora negado pelo STF, o seguimento ao recurso extraord árict

    interposto pela União.

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    Proce sso n° : 10283.008 181/99-14

    A c ó r d ã o n °

     

    CSRF/01-05 .402

    O e n t e n d i m e n t o e s p o s a d o p e l o F i s c o é ig n o r a r a r e a l id a d e j u r í d i c a o r a

    revelada e p isar no insti tu to da co isa ju lgada m ater ia l garant ia const i tuc ional

    i n v i o l á v e l p r e v i s t a n o a r t ig o 5 ° in c i s o X X X V I

    O princípio da segurança jurídica é exatamente a coisa julgada que

    representa no campo do di reito a estabil izaçã o das relaçõ es jurídicas acobertadas

    p o r d e c i s ã o ju d i c ia l d a q u a l n ã o c a ib a m a i s re c u r s o

    D A S R E L A Ç Õ E S J U R Í D I C A S C O N T I N U A T I V A S

    D iz que a a çã o ordinária declaratória da existência ou inexistência de

    r e la ç ã o ju r íd i c a t e m c a b i m e n t o q u a n d o p r e s e n t e o e s t a d o d e in c e r te z a e m r e la ç ã o a o

    c o n t r ib u in t e p o r f o r ç a d e e x i g ê n c i a f is c a l

    C i t a d o u t r in a d e A R R U D A A L V I M

    Q u e a d e c l a ra ç ã o d e in e x i s tê n c i a f o r a a c o l h id a n a f o r m a e n o s e x a t o s

    te rmos do ped ido ou se ja a dec laração se dar ia pe la cr iaçã o do t ribu to não se

    r e s t r in g i n d o a d e t e r m in a d o p e r ío d o

    C i t a d e c is õ e s ju d i c i a i s

    A L T E R A Ç Ã O D A N O R M A Q U E R E G E O T R I B U T O

    D iz q ue o f is c o s e b as eou no P G F N /C R J N

    N°1.277/94 para

    fundam entar seu entendimento de que nã o existe o aludido crédi to alegado pelo

    c o n t r i b u i n t e

    gi

    6

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    Processo n°

     

    10283.008181/99-14

    Acórdão n°

     

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    Transcreve a legislação que tratou do tema até a MP 1.859/99 para

    concluir que apenas alterou alguns tópicos da Lei 7.689/88 instituidora da CSLL tais

    como alíquota aplicável à contribuição devida pelas instituições financeiras e sua

    forma de apuração deixando intocada sua essência. Ou seja não houve revogação da

    lei que instituiu a exação e nem esta passou a ser regida por uma nova norma o que

    justificaria o afastamento da coisa julgada.

    O artigo 471-1 do CPC leciona que sobrevindo modificação do estado

    de direito da relação jurídica não se pode entender que esteja se referindo apenas

    alguns artigos da lei mas o que ser depreende é que deve haver nova lei a reger a

    relação jurídica.

    Pede que se determine ao Sr. DRF em Manaus que reconheça a

    existência dos créditos da CSL conforme comprovado e que sejam homologados os

    pedidos de compensação efetuados pela recorrente como por terceiros vinculados ao

    processo administrativo em questão.

    Requer que seja suspensa a exigibilidade dos débitos apontados nos

    pedidos de compensação nos termos do artigo 1511V do CTN.

    O presidente da câmara recorrida através do despacho 103-

    0.181/2002 de folhas 613/617 deu seguimento ao recurso.

    Intimado o PFN apresentou contra-razões ao recurso fls 668/633

    onde diz que o conceito jurídico da coisa julgada não está definido na Constituição

    Federal de 1.988. Sua natureza é delineada por leis infraconstitucionais notadamente

    o Código de Processo Civil.

    Cita Súmula 239 do STF para dizer que a a decisão que declara

    indevida uma cobrança do imposto em determinado exercício não faz coisa julgada em

    relação aos posteriores; transcreve trecho da decisão.

     

    C f

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    Processo n° : 10283.008181199-14

      córdão n°

     

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    Cita também decisão do STF contida na Ação Recisória n° 1.239-MG

    no mesmo sentido e diversos julgados do STJ.

    É o relatório fr

     

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    Processo n° : 10283.008181/99-14

      córdão n°

     

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    VOTO

    Conselheiro JOSÉ CLÓ VIS ALV ES Relator

    O recurso é tempestivo e teve seu seguimento deferido dele tomo

    conhecimento bem como das contra-razões apresentadas pelo PFN..

    Inicialmente cabe rejeitar a preliminar de inadmissibilidade

    apresentada pelo PFN pois efetivamente o acórdão paradigma não foi julgado pela

    CSRF portanto a tese nele contida não foi modificada.

    Analisando os autos verifico que a divergência de interpretação entre

    as câmaras está clara pelo que conheço do recurso e passo a aprecia-lo.

    A lide está circunscrita na apreciação dos efeitos da coisa julgada em

    matéria tributária se os seus efeitos se restringem ao período pretendido na petição

    inicial ou se irradiam para o futuro.

    Em seu pedido apresentado na inicial junto ao Poder Judiciário fls.

    370/371 dos autos o requerente assim pronuncia:

    Por todo exposto, requerem as A utoras a citação da União Federal,

    na pessoa de seu representante legal, para contestar e acompa nhar o

    presente feito até o final decisão quando deverá ser julgada

    procedente a ação sub istente o pedido, com a conseqüente declaração

    de inexistência da relação jurídica entre as partes, no que con cerne à

    exigência de pagar a contribuição social sobre os resultados apurados

    em 31.12.89, cuja inconstitucionalidade é m anifesta, ou se assim não

    entender V. Exa. que a majoração pretendida pela lei 7856189

    somente é devida sobre os fatos jurídicos acontecidos a partir de

    janeiro

    e

    1990, quando passou a produzir os seus efeitos. (Pagina

    370).

    Por fim requerem as Autoras que V. Exa. Determine a expedição de

    of íc io aos Delegados da Receita Federal em São P aulo e Manaus,

     

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    Process o n° : 10283.0081 81/99-14

    A c ó r d ã o n °

     

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    pa r a que es tes se abs tenham da p r á t ica de qua lque r a to tenden te a

    ex ig ir - lhes a c on t r i bu ição s o c i a l s ob re os res u l t ados ap u rado s em

    3 1 .1 2 .8 9 , u m a v e z q u e o d e p ó s it o a s e r r e a l iz a d o n e s t e s a u t o s

    s u s p e n d e m a e x i g ib i li d a d e d o c r é d i to t r i b u t á r io . ( f l . 3 7 0 ) .

    Pe lo pedido não nen hum a dúvida do s l im i tes da l ide judic ia l: a

    e m p r e s a p r e t e n d e u e r e q u e r e u a i n e x i s tê n c i a d a r e l a ç ã o j u r íd i c o tr ib u tá r i a e m r e la ç ã o

    à C S L d e v id a s o b r e o lu c r o l iq u id o a p u r a d o t ã o s o m e n t e e m 3 1 . 1 2 .1 9 8 9 e e m s e g u n d o

    lu g a r n ã o m a jo r a ç ã o d a a l í q u o t a d e t e r m i n a d a p e l a L e i 7 . 8 5 6 / 8 9 n o a n o d e s u a e d i ç ã o .

    A empresa pode até ter pretendido pedir a declaração de inexistência

    d a r e l a ç ã o j u r íd i c o t r ib u tá r ia p a r a o s o u t r o s e x e r c í c io s p o r é m n ã o f o i i s s o q u e d e ix o u

    expresso em seu ped ido pois a exp ressão NO Q UE CO NC ER NE À E X IG ÊN CIA D E

    P A G A R A C O N T R IB U IÇ Ã O S O C IA L S O B R E O S R E S U L T A D O S A P U R A D O S E M

    3 1 . 1 2 . 8 9 - n ã o d e i x a q u a l q u e r d ú v i d a s o b r e o l im i t e o p e d i d o .

    O juiz m onocrático na sentença de folhas 373 a 37 9, decide deferir o

    p l e it o c o n t id o n a in i c ia l c o n fo r m e ú l t im o p a r á g r a f o d a f o lh a 3 7 6 lo g o o q u e f o i d a d o s e

    l im i t a o p e d i d o .

    O Tribunal Reg ional Fede ral da

    1 0

    R e g i ã o p o r s u a v e z ju l g o u o a p e l o

    da Faz enda N acional, cont ido no processo 91.01.0437322-D F, o re lator ementou

    a s s i m s u a d e c is ã o c o n t id a n o a c ó r d ã o p r o l a ta d o p e la T e r c e i ra T u r m a .

     E M E N T A — C O N S T IT U C I O N A L E T R I B U T Á R I O . C O N T R I B U IÇ Ã O

    S O C I A L . S E G U R I D A D E S O C I A L

    LEI N° 7.689 DE 1988.

    I N C O N S T I T U C I O N A L ID A D E — O P l e n á r io d o T r ib u n a l R e g i o n a l d a — 1 8

    Re gião , ao ap rec ia r a a rgü ição de incons t i tuc iona l idade susc i tada na

    M AS n° 89.01.13614-7 — M G, proc lam ou po r dec isão m ajor itá r ia , a

    i n c o n s t it u c i o n a l id a d e d a l e i n ° 7 . 6 8 9 , d e 1 9 8 8 , in s t it u i d o r a d a

    c o n t r ib u iç ã o s o c ia l p a r a f in a n c i a m e n t o d a s e g u r id a d e s o c ia l , i n c i d e n t e

    sob r e o

    l uc ro das em presas ex ig íve l a pa r t i r dos resu l tados apu rados

    e m 3 1 . 1 2 .1 9 8 8 . — A p e l a ç ã o e r e m e s s a o f ic ia l d e s p r o v i d a s . ( g r i f a m o s ) .

    r

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    Processo n° : 10283.008181199-14

    Acórdão n°

     

    CSRF/01-05.402

    Ainda que a ementa possa indicar estar restrita a decisão aos

    resultados apurados em 31.12.88 o fato é que examinando o inteiro teor do acórdão

    especialmen te o voto do Exm o. Sr. Juiz relator f ls. 380 a 384 não há dúvida que o

    Tribunal decretou a inconstitucionalidade da Lei 7.689188 em toda sua extensão

    conform e terceiro parágrafo fl. 384 verbis:

    °De outra parte

    é de se concluir que em face da decisão plenária que

    declarou inconstitucional da Lei 7.689/88 em toda sua extensão

    restou esvaziado por conseqüên cia o coman do expresso no art.

    2° da

    lei n° 7.856/89 que majorou a aliquota da condenada contribuição

    social?

    Podemos então concluir que o tribunal foi além do pedido do

    contribuinte ou seja deu pais do que foi pedido porém não há dúvida que pode faze-

    lo.

    Assim temos que examinar a validade dessa decisão para os anos

    posteriores mo rmen te em função da muda nça norma tiva introduzida pela legislação

    posterior.

    A respeito dos efeitos da coisa julgada em matéria tributária este

    Primeiro Conselho de Contribuintes tem apreciado constantemente recursos que

    tratam da matéria especialmen te a respeito da consti tucional idad e da contr ibuição

    social sobre o lucro das em presas.

    A sentença judicial resolve questão com respeito a apl icação da regra

    jurídica a fatos concretos já ocorridos declara a inexistênc ia de relação jurídica que se

    pretende já existente não alcançan do exercícios futuros.

    É claro que não se questiona a autoridade da coisa julgada que não é

    atingida por decisão posterior do Suprem o Tribunal Federal. Ap enas seus efeitos se

    delimitam para os fatos já ocorridos não se projetando para os fatos futuros que

    vierem a ocorrer. 

    i

     

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    Proce sso n° : 10283.0081 81/99-14

    A c ó r d ã o n °

     

    CSRF/01-05 .402

    S o b r e e s s a m a t é r ia o E . S u p r e m o T r ib u n a l F e d e r a l a s s i m d e c i d i u :

    1CM — Coisa ju lgada. Dec laração de in t ribu tab i fidade. Súmula 239 — A

    dec la ração de i n t r ibu tab i l idad e , no pe r t inen te a re lações j u r íd i cas

    or ig inadas de fa tos geradores que se sucedem no tem po, não pode te r

    o c a r á t e r d e i m u t a b i lid a d e e d e n o r m a t iv id a d e a a b r a n g e r e v e n t o s

    futuros.

    Recurso ex t raord inár io conhec ido e prov ido . (RE 99435-M ) .

    N o v o t o , o r e la t o r M in i s t ro R a f a e l M a y e r , a s s im s e m a n i fe s t o u :

     

    Na ve rda de , a dec la ração d e i n t ri bu tab i li dade , no pe r t inen te a

    r e lações ju ríd i cas o r ig inadas de f a tos ge r ado r es que se sucedem no

    t em po, não pode te r o ca rá te r de im u tab i li dade e n o rm a t iv idad e a

    abrang er os eventos fu turos . A ex igênc ia de t ribu tos adv inda de fa tos

    imponíve is pos ter io res aos que fo ram contem plados e m d eterminado

    j u lgado, em bora se ver if ique en t re as m esm as par tes , e se ja o m esm o

    tr ibu to , abs t ra tamente con s iderado, ou não apresen ta o me sm o ob je to

    e c a u s a d e pe d ir q u e a d e m a n d a a n t e r io rm e n t e d e c i d id a . E s s e o

    sent ido d a S úm ula 239, com a qua l conf li ta o acórdão recor r ido .

    Na A ção Resc isór ia n° 1.349-9-M G re la t i va à mesm a l ide o re la tor

    M in i s t ro C a r lo s M a d u r e i ra s e p r o n u n c i o u :

     

    so lução, adem ais , encont rada pe lo v . acórdão resc indendo , es tá

    em per fe i ta conso nâ nc ia com a dou t ri na ma is mode r na a r espe it o da

    co isa ju lgada que, segundo ens inam ento m in is t rado pe lo em . Min is tro

    S oar es M u f loz , r es tr inge seu s e f e it os aos fa t os con t empor âneos ao

    m om ento em que fo i pro la tada a sen tença ,

    a c r e s c e n t a n d o S . E x a . e m

    v o t o p r o fe r id o n o R E 8 7 . 3 6 6 - 0 :

     A f o r ç a d a c o i s a ju l g a d a m a t e r ia l , a c e n t u a Ja m e s G o l d s c h m id t ,

    a lcança a s i tuação ju r íd i ca no es t ado em que se achava no m om en t o

    da de c i são , não t endo , in f luê nc i a sob re f a tos que venha m a oco r re r

    depois ( in Derecho Processual Civ i l , pag. 390, t radução espanhola

    d e

    1936 )

    E m e n t á r io 1 . 1 4 3 - 2 ) .

     i

    t

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    .

     

    Processo n° : 10283.008181199-14

    Acórdão n°

     

    CSRF/01-05.402

    Ainda sobre o alcance dos efeitos da coisa julgada de sentença em

    ação declaratória relativa à inconstitucionalidade da Contribuição Social sobre o

    Lucro, o Juiz Paulo Roberto de Oliveira Lima, do TRF da

    5

     

    Região, ao negar liminar

    em ação cautelar incidental a ação rescisória proposta pela Fazenda Pública, assim se

    pronunciou

    M a s o q u e d e f a to o c o r re n ã o f o i o b j e to d e m a n i fe s t a ç ã o e x p r e s s a

    da au t o ra . É que o Sup rem o T r ibuna l F ede ra l c om o é de ge ra l

    s a b e n ç a , d e c la r o u a c o n s t i t u c i o n a l id a d e d a c o n t r ib u i ç ã o in s t i t u í d a p e l a

    Le i 7 .689 /88 a fas tando apenas sua ex igênc ia no ano de 1989 . É

    q u e s t ã o t o r m e n t o s a , e m c a s o s a s s i m , r e s p o n d e r s e a c o i s a j u l g a d a

    d e c o r r e n t e d a s e n t e n ç a o r ig i n a l a p a n h a o s e x e r c í c i o s f u t u r o s , o u s e

    l im i t a a o s l u c r o s a n t e r io r e s

    s u a p r o la ç ã o .

    N o m e u s e n t ir , m a l g r a d o a s v a l io s a s o p i n iõ e s e m c o n t r á r io , a s e n t e n ç a

    n ão p o d e a p r e c i a r f a to s u l te r io r e s a s e u c o m a n d o . S e r ia a t é

    p r o v e i to s o q u e p u d e s s e s e r d e m o d o c o n t r á r i o , p r in c i p a lm e n t e e m l id e s

    q u e r e s o l v e m r e la ç õ e s j u r íd i c a s c o n t in u a t i v a s . M a s

    o

    s i s te m a ju r í d i c o

    a t u a l n ã o r e c o n he c e t a l p o s s ib i lid a d e . A s e t e n ça n ã o e l e g e

    d e t e rm in a d a i n t e rp r e ta ç ã o p a r a u m a n o r m a , n e m d e f in e u m m o d o d e

    s e r d a r e l a ç ã o ju r í d ic a . S e u d i s p o s i t iv o , ú n i c o a s p e c t o a b r a n g i d o p e l a

    c o i s a j u l g a d a , r e s o l v e q u e s t ã o p r á t ic a d e a p l ic a ç ã o d e r e g r a ju r í d ic a a

    f a t o s c o n c r e t o s j á v e r i f i c a d o s . A s s i m , n o c a s o e m t e l a , a s e n t e n ç a s e

    l im i t o u a r e c o n h e c e r a i n e x i s tê n c i a d e r e l a ç ã o j u r íd i c a q u e , n a d a t a d e

      s u a e d i ç ã o , o b r i g a s s e a a u t o r a a p a g a r a c o n t r ib u i ç ã o s o b r e o l u c r o . A

    e v e n t u a l in c i d ê n c i a d a l e i s o b r e fa t o s f u t u r o s , v e r if ic a d o s e m e x e r c í c i o s

    o u t ro s m a is m o d e r n o s n ã o p o d e r ia m e r e c e r a a p r e c ia ç ã o d a

    sentenç

    Logo pens o que a au t o ra m es m o que re je it ados os em bargos

    i n f r i n g e n t e s e m e n c io n a d o s n o r e l a t ó r io , n ã o s e p õ e e t e r n a m e n t e

    s a l v o d a i n c id ê n c ia d a L e i 7 . 6 8 9 , e x c e t o n o q u e r e s p e i t a a o s

    exer idos

    fin nceiros nteriores

    a o j u lg a d o .

    P e l o e x p o s t o , n e g o a l im in a r ? ( D . J .U .

    2 de 25/04/97, p. 27710).

    Caso idêntico já foi objeto de julgamento na Primeira Câmara do

    Primeiro Conselho de Contribuintes, na sessão de 09 de julho de 2002, Acórdão n°

    101-93.879, relator o eminente Conselheiro Kazuki Shiobara, cuja ementa te

    eguinte redação:

     

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    Processo n°

     

    10283.008181/99 14

    Acórdão n°

     

    CSRF/01 05.402

    °COISA JULG ADA M ATER IAL EM M ATÉR IA FISCAL O a lcance dos

    efei tos da coisa julgada m ater ia l , quando se t rata de fatos geradores

    de natureza con t inuad a, não se pro jeta para fatos futuros, a m enos

    que assim expressame nte determine em cada caso o P oder Judiciário.

    Tom o a l iberdade de transcrever os ensinam entos daquele voto:

    Pa rt indo da prem issa de que a sentença resolve questão prát ica de

    aplicação de regra jurídica a fatos concre tos já verificado s, sua

    eficácia

     

    a respect iva autor idade da co isa ju lgada não a lcança exe rc íc ios

    futuros. Não se questiona, pois, a autoridade da coisa julgada, que não

    é atingida por decisão poster ior do Supremo T ribunal Federal. Apen as

    se del imitam o s seus efeitos, que não se projetam para fatos futuros,

    ainda não acontecidos.

    Assim, os efe i tos da coisa julgada que a inda acobertam a defendente

    não se projetam além do início do ano de 1992 quando foi

    provavelmente pub l icado o acórdão do T RF da 1° Região que declarou

    a inconstitucionalidade da Lei n° 7.6 89 /88 .

    Os fa tos geradores ob je to do lançamento sob exam e ocor reram nos

    anos-calendário encerrados em 31 de dezemb ro de 199 2 a 1994, bem

    fora do guarda-chuva de proteção da coisa julgada, que se estendeu

    até o início de 1992 . Ausentes, na espécie, qualquer das hipóteses

    de

    suspens ão da ex ig ib i lidade prevista no art igo 151 do C TN , o crédito

    t r ibutá r io assim c onst i tuído

    é

    perfei tam ente ex igível , procede ndo a

    cobrança de juros de m ora e multa. O artigo 63 da Lei n°9.43 0/96 a qui

    não se a p l ica , po rque es tá cond ic ionada a prév ia suspensão da

    exigibilidade.

    O ar tigo 11 2 do CTN também não se ap l ica , porque inex is te dúv ida

    quanto à tipificação do ilícito tributário. Trata-se de falta de

    recolhimento da CSLL sem respaldo legal ou judicial.

    O a r tigo 138 d o C TN t a mbém n ão se a p l ica , po rque a d e n ún c ia

    espontânea tem de v i r acom panhad a do reco lh im ento do t r ibu to e

    ac ré s c im os d ev idos a n tes do i n í c io do p roc ed im en to de o f íc io ,

    recolhimento esse não real izado no caso em apreço.

    Assim, no caso vertente, concluo que o lançamen to não desrespeitou

    o pr incipio cons t itucional da coisa ju lgada . Mas tenh o presen te q a

      4

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    Processo n° : 10283.008181/99-14

    Acórdão n°

     

    CSRF/01-05.402

    última palavra no caso será a do STJ ou m esm o do STF , a quem

    incumbirá inclusive delimitar os efeitos dos acórdãos

    rescino'endos.

    Do Sr. Ministro do STF Moreira Alves no RE 100.888-1 destaca-se o

    seguinte trecho:

    A declaração de intributabilidade, no pertinente a relações jurídicas

    originadas de fatos geradores que se sucedem no tempo, não pode ter

    o

    caráter de imu tabil idade e de norm atividade a ab range r eventos

    futuros.

    Na mesma diretriz a manifestação unânime da Primeira Turma do

    Colendo Superior Tribunal de Justiça ao apreciar o REsp. 1942761RS relativamente

    ao processo n.° 98/0082416-2 DJ de 29.03.1999 de cujo voto condutor do eminente

    Ministro José Delgado extrai-se a seguinte ementa:

     

    2. A Súmula n.° 343 do STF há de ser compreendida com a

    mensagem específica que ela contém:

    a de

    não ser aplicada quando a

    controvérsia esteja envolvida com m atéria de

    nível constitucional.

    3.

    A coisa julgada tributária não deve prevalecer para determinar que o

    contribuinte recolh tributo cuj exigênci leg l foi tid como

    inconst itucional pelo Sup rem o.

    prevalecim ento dessa

    decisão

    acarretará ofensa direta aos princípios da leg alidade e da igualdade

    tributárias.

    4. Não

    é

    concebível se adm itir um sistema tributário que obrigue um

    determinado contribuinte a paga r tributo cuja lei que o criou foi julgada

    definitivamente incons titucional, quando os dem ais contr ibu intes a

    tanto não são ex igidos, unicamente por força

    da coisa julgada.

    Do voto do relator colaciona-se o seguinte trecho:

    A sob erania do Poder Judiciário em construir a coisa julgada não é

    absoluta. Ela há d e ser ex erc ida até os f imi tes postos pela Carta Mag na. N ão

    entendend o-se assim, se outorgar ao juiz força m aior do que a possuída pela

     r l

     

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    .

     

    Processo n° : 10283.008181199-14

      córdão n°

     

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    Con st itu inte por se reconhe cer que a decisão por e le ju iz profer ida m esm o cont rár ia

    à Consti tuição prevalecerá.

    Venho a f irmand o em m eus esc r it os e dec i sões com a dev ida vén ia

    dos que têm entendido d iferente que a função

    do

    dire ito ap l icado pelo

    Poder Judic iár io é

    exc lus ivam ente a de ordenar impond o segurança

    e con f iab il idade n as re lações ju r íd icas. Essa m issão tom a-se m a is

    categór ica quando o

    Pode r Judic iár io

    é

    cham ado para regular re lações

    j u r íd icas de d i re i to púb li co em face

    de

    não lhe se r poss íve l c r ia r

    co m p o r ta m e n t o s q u e f u j a m d o s l im it e s im p o s t o s p e la le g a l id a d e

    objetiva e pres tigiada pe la CF.

    Não concebo o a tuar de qu a lquer o rdenamento ju r íd ico que não se ja

    na fo rma d e S i s tem a.

    Se ass im não a tua r não é ordenamento e não

    expressa função harm onizadora a e le ex ig ida.

    Imposs íve l conseqüentemen te que uma dec isão jud ic ia l impor te em

    cr iar pr iv i légios no âm bito das relações jurídicas impo sit ivos tr ibutár ios

    permi t indo que uma em presa não pague de te rm inado tr ibu to m esmo

    que o seja por per íodo

    cedo

    enqu anto out ras emp resas são obr igadas

    a p a g á - lo a p e n a s p o r q u e d e m o d o c o n t rá r io a o a s s e n t a d o p e l o

    Supremo T r ibunal Federa l uma d ec isão jud ic ia l ass im im põe.

    O preva lec ime nto

    da

    sentença t rans i ta em ju lgado em ta l h ipótese

    quando a tacada por ação resc isória ser ia p rovocar um de srespe ito à

    o rdem ju r íd ica cu ja es t ru tu ra e f ina l idade es tão vo l tadas pa ra a

    promoç ão da jus t iça . Es ta por sua vez só será a lcançado se a todos

    for em prestado o sent ime nto da igualdade e de segurança.

    Não se invoque como

    é

    co m u m se f a ze r a se g u r a n ç a j u ríd i ca

    estabelecida pela coisa ju lgada. A seguran ça jur íd ica por e la tratada é

    a d e n a tu r e z a p r o c e s s u a l i st o

    é

    a s u r g id a e m d e c o r r ê n c ia d o

    pronunc iamento jud ic ia l não su je i ta por tanto a modi f icações se não

    ex is t ir um a razão s uper ior

    de

    ordem const i tuc ional a descaracter izar

    essa força.

    E de

    se r lem brado que a Co ns t itu ição F ede ra l f ie l a esse s is tema

    h ie rá rqu ico que se a caba de dem onst ra r p ro tege a co isa ju lgada

    apenas face aos efeitos de lei ordinária a ele posterior. Essa

    ca r a c te r ís t ica b e m d e m o n s t ra o cu n h o p r o ce ssu a l d a se g u r a n ç a

    jur íd ica estabelecida pela coisa ju lgada toman do-se instável perante a

    von tade leg is la t i va por

    se

    pres t ig ia r a indepen dênc ia do Jud ic iár io

    com o poder não se perm i tindo que out ra lhe t ire os e fe i tos de suas

     

    ecisões.

    a

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    Processo n°

     

    10283.008181199-14

    Acórdão n°

     

    CSRF/01-05.402

    Não me impressiona nem me influencia a alagada aplicação da

    Súm ula n.° 343 do STF sobre a questão em debate. Entendo que ela

    em se tratando de tema envolvendo constitucionalidade ou

    inconsfitudonalidade de lei não tem e ficácia. Outrossim ela só se faz

    presente o

    meu pensar quando se trata de texto legal de

    interpretação controvertida nos tribunais e referente a relações

    jurídicas de direito privado. Estas com o é sabido não estão sujeitas a

    princípios cogentes presentes no corpo da Carta Magna salvo o

    concernente ao direito adquirido ao ato jurídico perfeito e a coisa

    julgada.

    No trato de confronto de lei com a Constituição Federal de acordo

    com o nosso sistema imposto pela nossa Cada Magna só o Suprem o

    Tribunal Federal tem competência absoluta para se pronunciar

    declarando com força obrigatória a sua constitucionalidade ou

    inconstitucionalidade.

    A declaração de inconstitucionalidade assumida pelos tribunais de

    segun do grau, não tem a me sma poten cialidade de imperatividade da oriunda pelo

    Supremo Tribunal Federal pela ausência de efeito definitivo absoluto e po r aqueles

    não terem a competência outorgada pela Carta Magna de serem obrigados a

    guardarem a Con stituição , como a possuída pela Colend a Corte art. 102, CF).

    Convém sobrelevar que um dos pilares para a propositura da ação

    • judicial a que se alude, onde fundame ntalmente se arrimou a con tribuinte como causa

    peticionária, reside no fato de a Le i n.° 7.689188

    ter cr iado im posto e não c ontr ibuição

    soci l

    e ainda por Lei Ordinária. A decisão transitada em julgado agasalhando a

    fundamentação acolheu o desiderato em sede de A ção O rdinária.

    Pe rmanec end o perfilhado à tese e spos ada pelo Egrégio Tribunal, vale

    dizer, em plena correspon dência com o pedido e o julgado, há de se avocar a súmula

    239 de 16.12.1963 do Excelso Pretório que in verb is assim se manifesta em seu

    decisório:

    Decisão que d eclara indevida a cobrança de imposto em determinado

     

    exercício não faz coisa julgada em relação aos posteriores.

     

    j

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    Processo n° : 10283.008181/99-14

    Acórdão n°

     

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    Não há como desprezar alinhando-se ao suscitado a exegese do

    art igo 468 do Código de Processo Civi l CPC ) que se transcreve,

    in totum:

    Art . 468 - A se ntença, que ju lgar to ta l ou parc ia lm ente a l ide, tem força

    de le i nos l im i tes da l ide e das ques tões decid idas.

    Ora, se o tratamento dado pela impetrante à CSLL era o de imposto —

    proposição acolhida integralmente pela decisão transitada em julgado infere-se

    estarm os, ago ra, com a sup erve niência das Leis n.° 7.738/89, e 8.034/90, frente a

    legislação dist inta e fatos de na tureza diversa — aquela entendida pe lo STF com o

    exação inserta no género tributo não da espécie impo sto). Eis, diante de nós, dois

    pilares básicos que objetam o pleito recursal.

    Ao reverso do afirmado pela litigante estou convencido a par do

    exposto, que a sen tença a que se a lude por certo tam bém não apreciou a eventual

    incidência da norma sobre fatos futuros, ou sobre créditos vincendos após 1989).

    Tomemos a exegese da Lei 7.689, de 15 de dezembro de 1988, mais

    especificamente em seu art igo 2   , normatizada pe la IN-SR F n.° 198, de 29.12.1988:

    A r t . 2 - A b ase de c á lcu lo da con t ribu içã o é o va lo r do resu l tado do

    exercíc io , antes da prov isão para o imposto d e renda;

    Obs.: A IN/SRF n.° 198/88 definiu a base de cálculo

    c o m o o v a lo r

    posit ivo

    do

    resu l tado do exercíc io , já com putado o va lor da cont r ibu ição

    socia l devida . . .) .

    51

     

    - Para e fe ito do d isposto neste ar t igo:

    a )

    — ser á cons ide r ado o r esu lt ado do pe r íodo - b ase encer r ado em 3 1

    de dezembro de cada ano ;

    b) — n o c a s o d e in c o r p o r a ç ã o , fu s ã o , c is ã o o u e n c e r ra m e n t o d e

    a t iv idade s , a base d e cá lcu lo é o r esu l tado apu r ado no r espec t i vo

    b l nço

    c) — o

    r e s u lt a d o d o p e r ío d o - b a s e , a p u r a d o c o m o b s e r v ân c i a d a

    leg is lação com erc ia l será a justado pela:

     

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    .

     

    Proce sso n° : 10283.008 181/99-14

    A c ó r d ã o n °

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    1. exclusão do resu ltado positivo da a valiação

    d e

    investime ntos pelo

    valor de património líquido;

    2.

    exclusão dos lucros e dividendos derivados de investimentos

    avariados pelo custo de aqu isição, que tenham sido com putados

    como receita;

    3.

    exclusão do lucro decorrente de exp ortações incentivadas, de que

    trata o art. 1

     , § 1

     

    , do D ecreto-lei n.°

    2.413,

    de

    10 de fevereiro

    d e

    1988 apurado segundo o disposto no art. 19 do Decreto-lei n.°

    1.598 , de 26 d e

    dezembro de 1977, e alterações posteriores.

    4.

    adição do resultado n egativo da avaliação de investimentos pelo

    valor de patrimônio líquido.

    C ont rar iam ente ao que a lega a recor rente a Le i n .° 8 .034 d e

    12.04.1990 com ef icácia a partir de 14 de julho de 1990 resgatou ediçõ es legais

    pretéritas a esse teor e inov ou signif icativame nte a comp osição d a base de cálculo

    até então v igente para as pesso as juríd icas subm etidas à apuraçã o do lucro real

    e n f a t iz a n d o - s e a s s e g u in t e s in c l u s õ e s d e f lu e n t e s d e s e u t e x t o le g a l a r t . 2 2 ) :

     - ;

    1.

    adição do valor da reserva de reavaliação, baixado durante o

    período-base, cuja contrapartida não tenha sido computada no

    resultado do período;

    2. adição do valor das provisões não dedutíveis na determ inação do

    lucro real, exceto a provisão para o imposto de renda;

    3.

     ..);

    4.

      ...);

    5 .

    exclusão do valor das provisões adicionadas, na forma d o item 3

    que tenham sido baixadas no curso do período-base;

    6 .

    dedução das participações de debêntures, empregados,

    administradores e partes beneficiárias, e as contribuições para

    instituições ou fundos de as sistência ou previdência de em pregados

     a rt. 7

     

    da IN n.° 90 de 15-07-92).

    Ob serve -se que as a l te rações a esse t í tu lo nã o se qued aram

    incó lumes merecend o destaques out ras modi f icaçõ es anter iores tais como as

    p r e s c r it a s p e lo a r t . 4 2 , § 4  

    d a L e i n . ° 7 . 7 9 9 , d e 1 0 . 0 7 . 1 9 8 9 ; a r t . 7

      d a L e i n .° 7 . 8 5 6 , d e

     

    4 . 1 0 . 1 9 8 9 ; e a r t. 1  

    inc iso lida Le i n .° 7 .988 d e 28.12.19 897

     

    19

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    Processo n° : 10283.008181/99-14

    Acórdão n°

     

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    Como corolário, a coisa julgada resta descaracterizada pela tangência

    de dois vetores indissociáveis: lei superveniente e fatos de natureza diversa. A Lei n.°

    8.034, de 13.04.1990, ao erigir uma nova base de cálculo para a Contribuição Social

    sobre o Lucro Líquido, dramaticamente distante da regida pela Lei n.° 7.689/88,

    manifestamente atendeu ao dualismo que se aponta indispensável.

    Trago à colação, o magistério do ínclito tributarista José Carlos

    Barbosa Moreira, em artigo publicado na Revista Forense, vol. 246, pág. 31:

      título e i lustração, vale a pena aplicar a algumas hipóteses o

    princípio expressamente consagrado

    pelo

    novo código.

    O

    contribuinte X propõe contra o Fisco ação declaratória negativa de

    dívida tributária, em relação a d eterminad o

    exercício,

    argüindo a

    inconstitucionafida de da lei que instituíra o tribu ta

    O

    juiz acolhe o

    pedido,

    por entender que tal lei era realmente inconstitucional. A

    solução dessa questão

    de

    direito constitui motivo da d ecisão: sobre ela

    se forma a coisa julgada. C om

     referência a outro

    exercício e

    a outra

    dívida -, é

    lícito ao órgão judicial reapreciar a questão, eventualmente

    para considerar constitucional a mesma lei e julgar, por isso, que o

    tributo

    é devido por X.

    Das lições do eminente doutrinador, professor Gilmar Ferreira Mendes,

    extraio o seguinte trecho de seu estudo sobre *Coisa Julgada e Efeitos Vinculantes :

     

    declaração de nulidad e d e uma lei não obsta à sua reedição, ou

    seja, a repetição

    de

    seu conteúdo em outro diploma legal. Tanto a

    coisa julgada quanto a força

    de

    lei especifica (eficácia erga omnesa,

    não lograram evitar esse fato.

    Ainda que no limite extremo do hipotético prevalecessem os

    argumentos expendidos pela contribuinte, essa não ficaria a salvo eternamente da

    obrigação tributária a que recusa submissão, a não ser com um abominável

    desrespeito ao princípio pétreo da igualdade o qual consiste em dar tratamento igual

    aos iguais. Enfim, o julgado não tem caráter de imutabilidade para os eventos fiscais

    futuros, frise-se.

    Dessarte, a coisa julgada em destaque não se correlaciona com a

    exação imposta, pois o seu caráter não se irradia a outros exercícios e nem ataca lei

    nova, conforme é assente na jurisprudência administrativa — mas se conté na

     f

      h

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    Proce sso n° : 1028 3.00818 1199 -14

    A c ó r d ã o n °

     

    S R F / 0 1 - 0 5 . 4 0 2

    d imen são tem pora l da sentença contem pla t iva dos exe rc íc ios abarcad os pe la Le i

    7.689/88; melhor d izendo: goza de ef icácia no ano-base de 1988, l im i te do p edido do

    contribu in te . Ad em ais , a Le i n .° 4.657, de 04 de setem bro de 1942 L ICC ) , em seu

    a r t ig o 1  

    , § 4

    2 , sal ienta qu e as correções a texto de lei já em vigor considerem se Si

    nova.

    D e s s a f o r m a r e s u l t a d e s p ic ie n d a q u a l q u e r a p r e c i a ç ã o a c e r c a d a a ç ã o

    r e s c i s ó r ia o u d o s s e u s e f e i t o s t e m p o r a i s p o i s n ã o s e a c h a s o b d e b a t e a le i f u l m in a d a

    p e l o t râ n s i t o e m ju l g a d o .

    I te m r e c u r s a l q u e s e r e p e l e .

    Assim , conheço o recurso especia l apresentada em presa, bem com o

    as con t ra - razões t raz idas pe lo PFN e , no m ér ito vo to no sen t ido de NE GA R-LHE

    P R O V I M E N T O .

    Sa la das ess • s - 3 F e m 2 0 d e m a r ç o d e 2 0 0 6 .

     p

      L V