44
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS CURSO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA ENIO BERTTONY PEREIRA ALVES PESQUISA EXPLORATÓRIA SOBRE O PERFIL DOS ACIDENTES DE TRABALHO MAIS COMUNS ENCONTRADOS NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO CIVIL DA CIDADE DE MOSSORÓ MOSSORÓ - RN 2012

Acidente na Const. Civil Em Mossoro

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Monografia apresentada à Universidade Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA, Campus Mossoró para a obtenção do título de Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Citation preview

  • UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-RIDO

    DEPARTAMENTO DE CINCIAS AMBIENTAIS E TECNOLGICAS

    CURSO DE CINCIA E TECNOLOGIA

    ENIO BERTTONY PEREIRA ALVES

    PESQUISA EXPLORATRIA SOBRE O PERFIL DOS ACIDENTES DE

    TRABALHO MAIS COMUNS ENCONTRADOS NA INDSTRIA DA

    CONSTRUO CIVIL DA CIDADE DE MOSSOR

    MOSSOR - RN

    2012

  • ENIO BERTTONY PEREIRA ALVES

    PESQUISA EXPLORATRIA SOBRE O PERFIL DOS ACIDENTES DE

    TRABALHO MAIS COMUNS ENCONTRADOS NA INDSTRIA DA

    CONSTRUO CIVIL DA CIDADE DE MOSSOR

    Monografia apresentada Universidade

    Federal Rural do Semi-rido UFERSA, Campus Mossor para a obteno do ttulo

    de Bacharel em Cincia e Tecnologia.

    Orientador: Prof. Msc. Marco Antnio Dantas de Souza - UFERSA

    MOSSOR RN 2012

  • A Raimundo Pereira da Silva (in memorian),

    meu av ao qual Deus dotou de muitos

    talentos, inclusive o de construir. Embora no

    possuindo a formao tcnica teve a

    perseverana para se tornar carpinteiro,

    pedreiro e escultor.

    A Raimundo Pereira Filho (in memorian), que

    foi meu tio, radialista, editor de jornal e fonte

    de inspirao buscar nos fatos a verdade acima

    de tudo e a escrever com maestria.

    A Deus pelo seu infinito amor e misericrdia.

    A Maria Liduina Pereira da Silva, minha me,

    por ter estar sempre pronta a me ajudar nos

    meus momentos mais difceis.

    A Jos Alves Barbosa, meu pai, do qual

    carrego um pouco do seu jeito de ser pessoa.

  • AGRADECIMENTOS

    Ao Deus todo poderoso que me capacitou com vrios dons. Inclusive o dom da f e da

    perseverana, pois sem elas a concluso deste trabalho no seria possvel.

    Aos meus pais, Maria Liduina Pereira da Silva e Jos Alves Barbosa, que me incentivaram a

    nunca desistir mesmo nos momentos em que nada parecia que iria dar certo.

    Ao meu orientador, Marco Antnio Dantas de Souza, pelas suas orientaes e pacincia

    mesmo nos momentos em que o trabalho parecia estagnado.

    minha namorada, Marlia Firmino do Vale, pelo seu amor e compreenso dos momentos

    em que tive que me ausentar.

    Ao Pedro Henrique Fernandes Soares Costa, Tcnico de Segurana do Trabalho da UFERSA,

    que me ensinou a coletar os dados do site da Previdncia Social.

    Ao presidente do SINTRACOMM/RN, Ivonildo Monteiro Fernandes que possibilitou o

    manuseio dos Comunicados de Acidentes de Trabalho.

    Ao chefe do Departamento de Cincias Ambientais e Tecnolgicas, Prof. Alexandre Jos de

    Oliveira, que tornou possvel o andamento deste trabalho.

    coordenao do Bacharelado de Cincia e Tecnologia, na pessoa Luciana Anglica da Silva

    Nunes e do Lzaro Lus de Lima Sousa, que tornaram possvel a matrcula nesta disciplina.

  • Amou daquela vez como se fosse a ltima Beijou sua mulher como se fosse a ltima

    E cada filho seu como se fosse o nico

    E atravessou a rua com seu passo tmido

    Subiu a construo como se fosse mquina

    Ergueu no patamar quatro paredes slidas

    Tijolo com tijolo num desenho mgico

    Seus olhos embotados de cimento e lgrima

    Sentou pra descansar como se fosse sbado

    Comeu feijo com arroz como se fosse um

    prncipe

    Bebeu e soluou como se fosse um nufrago

    Danou e gargalhou como se ouvisse msica

    E tropeou no cu como se fosse um bbado

    E flutuou no ar como se fosse um pssaro

    E se acabou no cho feito um pacote flcido

    Agonizou no meio do passeio pblico

    Morreu na contramo atrapalhando o

    trfego

    CONSTRUO Chico Buarque

  • RESUMO

    Nos ltimos anos, houve um crescimento de edificaes e obras de infraestrutura em

    cidades de mdio e grande porte brasileiras. No entanto, em meio a esse crescimento, houve

    tambm um aumento no nmero de acidentes em canteiros de obras, ocasionando prejuzos de

    ordem econmica e social ao governo, empresas, acidentados e famlias dos acidentados. As

    estatsticas dos acidentes de trabalho fornecem subsdios para minimizar riscos e definir

    estratgias preventivas. A partir do levantamento de dados dos Comunicados de Acidentes de

    Trabalho ocorridos em Mossor, nos anos de 2009, 2010 e 2011, o presente estudo objetiva

    caracterizar o perfil dos acidentes da construo civil do municpio. Os resultados dos

    levantamentos estatsticos foram expostos em grficos e tabelas, no intuito de busca-se pontos

    em comum. Focalizaram-se as caractersticas dos acidentes de maior frequncia, aliando estas

    ao perfil dos profissionais mais acidentados, na busca de proporcionar possveis aes

    preventivas. Alm disso, mostra-se um panorama geral dos acidentes a nvel nacional,

    estadual e municipal.

    Palavras-chave: Acidentes, Construo Civil, Estatsticas.

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 - Evoluo dos desembolsos efetuados pelo BNDES no Brasil 2003/2010.........20

    Grfico 2 - Participao percentual das atividades da construo no total da receita bruta

    Brasil 2007/2010.......................................................................................................................21

    Grfico 3 - Distribuio dos desligamentos no ano segundo faixas de tempo de emprego:

    2000/2009..................................................................................................................................22

    Grfico 4 - Distribuio de acidentes de trabalho, por motivo no Brasil 2011.....................23

    Grfico 5 - Concesso mdia mensal de benefcios acidentrios, por clientela

    2009/2011..................................................................................................................................24

    Grfico 6 - Distribuio etria de beneficirios na concesso de benefcios acidentrios, por

    sexo e clientela 2011..............................................................................................................24

    Grfico 7 - Distribuio de acidentes de trabalho, por motivo no Rio Grande do Norte

    2011...........................................................................................................................................26

    Grfico 8 - Motivos dos acidentes na construo civil............................................................28

    Grfico 9 - Idade dos trabalhadores acidentados em Mossor 2009/2011...........................30

    Grfico 10 - Idade dos trabalhadores acidentados no Brasil 2009 /2011.................................31

    Grfico 11 - Ocupao dos trabalhadores acidentados em Mossor 2009/2011..................32

    Grfico 12 - Quantidade de acidentados na construo civil de Mossor em 2009................32

    Grfico 13 - Quantidade de acidentados na construo civil de Mossor em 2010................33

    Grfico 14 - Quantidade de acidentados na construo civil de Mossor em 2011................33

    Grfico 15 - Quantidade de acidentados na construo civil de Mossor entre

    2009/2011..................................................................................................................................34

    Grfico 16 - Natureza dos Acidentes de Todas as Profisses..................................................35

    Grfico 17 - Natureza dos Acidentes X Profisses mais Acidentadas.....................................35

    Grfico 18 - Parte do corpo mais atingida do servente de obras..............................................37

    Grfico 19 - Parte do corpo mais atingida do carpinteiro........................................................38

    Grfico 20 - Parte do corpo mais atingida do pedreiro............................................................38

    Grfico 21 - Tipos de leses mais comuns na construo civil de Mossor

    2009/2011..................................................................................................................................39

  • LISTA DE TABELAS

    .

    Tabela 1 - Taxa de rotatividade segundo setores de atividade econmica: 2000/2009........22

    Tabela 2 - Gastos do Brasil em benefcios acidentrios..........................................................25

    Tabela 3 - Quantidade de acidentes de trabalho, por situao de registro e motivo, no mbito

    Nacional, Regional e Estadual 2009/2011.............................................................................25

    Tabela 4 - Gastos do Rio Grande do Norte em benefcios acidentrios.................................26

    Tabela 5 - Quantidade de acidentes de trabalho na construo civil 2009/2011...............27

    Tabela 6 - Idade dos trabalhadores acidentados em Mossor 2009 /2011.........................31

    Tabela 7 - Parte do corpo mais atingida nas profisses mais acidentadas..............................36

  • LISTA DE SIGLAS

    BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social

    CAT Comunicado de Acidente de Trabalho

    EPC Equipamento de Segurana Coletiva

    EPI Equipamento de Segurana Individual

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    INSS - Instituto Nacional do Seguro Social

    IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

    NR Norma Regulamentadora

    OIT Organizao Internacional do Trabalho

  • SUMRIO

    1. INTRODUO...................................................................................................................13

    1.1 JUSTIFICATIVA..........................................................................................................13

    1.2 PROBLEMA.................................................................................................................14

    1.3 OBJETIVOS.................................................................................................................15

    1.3.1 Objetivo Geral........................................................................................................15

    1.3.2 Objetivos Especficos.............................................................................................15

    1.4 METODOLOGIA..........................................................................................................15

    1.5 ORGANIZAO DO ESTUDO...................................................................................16

    2. REVISO DA LITERATURA..........................................................................................17

    2.1 ACIDENTES DE TRABALHO ....................................................................................17

    2.1.1 O Custo dos Acidentes de Trabalho......................................................................18

    2.1.2 Natureza dos Acidentes..........................................................................................18

    2. 2 PANORAMA DA CONSTRUO CIVIL................................................................20

    2.2.1 Rotatividade da Construo Civil.........................................................................21

    3. RESULTADOS E DISCUSES........................................................................................23

    3.1 ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL.............................................................23

    3.1.1 Custo dos Acidentes de Trabalho no Brasil.........................................................25

    3.1.2 Custo dos Acidentes de Trabalho no Rio Grande do Norte...............................26

    3.1.3 Acidentes de Trabalho na Construo Civil........................................................27

    3.1.3.1 Causas dos Acidentes de Trabalho na Construo Civil..................................28

    3.2 ACIDENTES DE TRABALHO DA CONSTRUO CIVIL DE MOSSOR..........29

    3.2.1 Perfil dos Acidentados............................................................................................30

    3.2.2 Ocupao Profissional dos Acidentados...............................................................31

    3.2.3 Natureza dos Acidentes..........................................................................................35

    3.2.4 Partes do Corpo Atingidas.....................................................................................36

    3.2.5 Tipos de Leses mais Comuns...............................................................................39

    4. CONCLUSO.....................................................................................................................41

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................43

  • 13

    1. INTRODUO

    A construo civil um dos maiores setores industriais do mundo. Nos ltimos anos o

    Brasil apresentou um crescimento em torno de 4% ao ano no mercado imobilirio. Sua maior

    acelerao ocorreu em 2010, com um aumento de 15,2 %. Aliado a isso, um setor que gera

    muitos empregos. Segundo levantamento do Sindicato da Indstria da Construo Civil do

    Estado de So Paulo (SIDUSCON - SP), em parceria com a Fundao Getlio Vargas (FGV),

    s em abril de 2012, a construo civil brasileira gerou mais 46.447 novos empregos com

    carteira assinada.

    Embora gere inmeros benefcios economia, ela uma atividade campe em nmero

    acidentes. Dados do relatrio da OIT (Organizao Internacional do Trabalho) realizado em

    2005, estimam que ocorram cerca de 355 mil acidentes fatais anualmente no mundo, dos

    quais 60 mil esto representados pelo setor da construo, ou seja, 17% do total de acidentes

    fatais - ou mais precisamente, um para cada seis.

    A natureza da construo civil em si, j considerada de risco o que pode acarretar em

    inmeros acidentes. Ao se efetuar uma obra torna-se necessrio fazer escavaes (utilizando

    algumas vezes explosivos, mquinas de terraplenagem), realizar trabalhos em grandes alturas

    (em lajes, telhados, pontes, viadutos, sobre andaimes e em escadas) alm de movimentar

    mquinas e materiais de grande estrutura (EGLE, 2009).

    1.1 JUSTIFICATIVA

    Observou-se nos ltimos anos um grande aumento no nmero de canteiros de obra no

    nordeste brasileiro, culminando no desenvolvimento de regies como a do Semirido. O

    incentivo principal vem de programas do Governo Federal como: o Minha casa minha vida;

    o Programa de Acelerao do Crescimento (PAC); e eventos internacionais, como a Copa do

    Mundo de 2014, e os Jogos Olmpicos de 2016. Tudo isto, culminou com a ampliao das

    universidades federais, construo de estdios, rodovias e aeroportos, e aumento do setor

    imobilirio.

    Todavia, o desenvolvimento de um pas, Estado ou cidade, no se d s pelo aumento

    de sua infraestrutura, mas tambm pela melhoria da qualidade de vida da populao. O que

    inclui condies de trabalho mais seguras. Segurana esta que advm de uma cultura

    preventiva nos mais diversos ramos da indstria e que resulta na diminuio de servios

  • 14

    hospitalares, aposentadorias compulsrias e prejuzos economia local. Os acidentes

    resultam, alm dos prejuzos financeiros relacionados ao tempo de execuo da obra,

    prejuzos psicolgicos, especialmente em caso de morte, no s no canteiro de obras, mas

    tambm na famlia do acidentado.

    Por tudo isso, ao se conhecer as estatsticas de acidentes de trabalho da construo civil

    de uma determinada regio tem-se a possibilidade de compreender as suas causas e

    impulsionar estratgias para a criao de um ambiente de trabalho mais seguro. Resultando

    em maior produtividade e crescimento da economia.

    1.2 PROBLEMA

    Observa-se no somente na literatura acadmica, como tambm em diversas

    publicaes oficiais do governo, uma escassez de dados estatsticos que possam caracterizar

    especificamente os acidentes de trabalho em determinadas cidades. Visto tambm que hoje

    muitas cidades atingiram um patamar de crescimento e desenvolvimento que no tinham

    outrora.

    No Estado do Rio Grande do Norte, a cidade de Mossor se caracteriza como uma

    delas. Ela tem-se destacado por uma grande alta no nmero de canteiros de obra, mais

    especificamente, na construo de condomnios e apartamentos. Entretanto no se tem um

    estudo relacionando as consequncias deste desenvolvimento na indstria da construo

    mossoroense aos acidentes de trabalho advindos desta.

    Embora haja dados gerais sobre a quantidade de acidentes trabalho por tipos nas

    estatsticas do Ministrio da Previdncia Social e do Ministrio do Trabalho e Emprego. No

    se sabe qual o perfil do trabalhador da construo civil mossoroense, qual a ocupao

    profissional que mais se acidenta, as leses mais comuns, as partes dos corpos mais atingidas,

    os agentes causadores e as situaes geradoras de acidentes, e por fim a quantidade de dias em

    mdia que o trabalhador afastado por conta destas situaes.

    O trabalhador da construo civil brasileira caracterizado pelo seu baixo nvel de

    escolaridade que o leva, em muitos casos a ter dificuldades para identificar sinalizaes

    existentes na obra. Muitos deles so oriundos de zonas rurais e vem cidade grande em busca

    de melhores recursos financeiros.

  • 15

    1.3 OBJETIVOS

    Diante do exposto no item anterior, o presente trabalho possui os seguintes objetivos:

    1.3.1 Objetivo Geral

    Traar um perfil da construo civil mossoroense preenchendo a lacuna de dados

    estatsticos em relao aos acidentes de trabalho locais com base em dados oficiais.

    1.3.2 Objetivos Especficos:

    Fazer uma reviso geral das estatsticas acerca do nmero de acidentes de trabalho em

    nvel de Brasil, Rio Grande do Norte e Mossor;

    Traar um perfil do trabalhador da construo civil mossoroense;

    Detectar quais so os acidentes de trabalho tpicos mais comuns na construo civil

    local;

    Detectar as principais situaes causadoras de acidentes no municpio;

    Relacionar as leses mais comuns nos acidentes de trabalho e a ocupao profissional

    dos acidentados.

    1.4 METODOLOGIA

    Foram coletados dados estatsticos referentes aos acidentes de trabalho dos anos de

    2009, 2010 e 2011, atravs do Anurio Estatstico de Acidentes do Trabalho: AEAT 2011, e

    do Anurio Estatstico da Previdncia Social: AEPS 2011, destacando-se os acidentes

    relacionados construo civil. Os dados foram analisados a partir de uma viso econmica,

    social e poltica, no intuito de compreender a segurana em nvel de Brasil, Estado e

    municpio.

    Em seguida foram coletados dados referentes aos acidentes de trabalho tpicos da

    indstria da construo civil da cidade de Mossor/RN nos anos de 2009, 2010 e 2011,

    atravs dos Comunicados de Acidentes de Trabalho (CAT) que foram enviadas ao

    SINTRACOMM/RN (Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indstria da Construo

    Civil em Geral, Leve e Pesada, e do Mobilirio de Mossor e Regio Oeste do Rio Grande do

  • 16

    Norte). No foram analisados os acidentes de trajeto, assim como os ocorridos em outras

    cidades, e nem os ligados a atividades fora da construo civil. Os resultados coletados foram

    dispostos em grficos e tabelas com informaes sobre: perfil dos trabalhadores que mais se

    acidentam; distribuio temporal dos acidentes; agentes e situaes causadoras de acidentes; e

    natureza das leses.

    1.5 ORGANIZAO DO ESTUDO

    No primeiro captulo definido o que acidente de trabalho e suas categorias assim

    como quais medidas devem ser tomadas pela empresa assim que ocorre um acidente. Tambm

    so expostos os tipos de benefcios acidentrios concedidos pelo Instituto Nacional do Seguro

    Social (INSS) s vtimas de acidentes e seus familiares. Aps isto, so mostrados os dados

    estatsticos dos acidentes de trabalho no Brasil e no Rio Grande do Norte dos ltimos anos,

    que incluem a quantidade de acidentes registrados por tipo e o quanto isto custa aos cofres da

    Unio. Por fim, traado um panorama da indstria da construo civil onde so explanadas

    suas caractersticas, os setores de construo que mais tm se desenvolvido, seu perfil de

    acidentes e as causas relacionadas a estes.

    No segundo captulo feito um estudo do caso na cidade de Mossor traando um perfil

    dos acidentes da indstria da construo civil. A partir da coleta de dados das CATs do

    sindicato dos trabalhadores local, mostram-se as ocupaes profissionais mais lesionadas, as

    caractersticas destes trabalhadores, a natureza de suas leses, as partes do corpo mais

    atingidas. Por fim, so dadas sugestes para trabalhos futuros que objetivem dar continuidade

    a aspectos no abordados neste trabalho.

  • 17

    2. REVISO DA LITERATURA

    2.1 ACIDENTES DE TRABALHO

    Segundo o artigo 19 da Lei n 8.213 de julho de 1992, acidente de trabalho o que

    ocorre pelo exerccio do trabalho do segurado especial, provocando leso corporal ou

    perturbao funcional, de carter temporrio ou permanente. Do ponto de vista tcnico ou

    prevencionista, um evento no desejado e no planejado que resulta em danos a pessoas, a

    propriedades ou perda de produo, a partir do contato de uma determinada fonte de energia

    ou material com o corpo humano ou com a estrutura do material. As consequncias dos

    acidentes resultam desde um simples afastamento, perda ou reduo da capacidade de

    trabalho, at mesmo a morte do segurado.

    De acordo com o Anurio Estatstico de Acidentes de Trabalho: AEAT 2011, os

    acidentes de trabalho so classificados em:

    Acidentes Tpicos: so os acidentes decorrentes da caracterstica da atividade

    profissional desempenhada pelo acidentado;

    Acidentes de Trajeto: so os acidentes ocorridos no trajeto entre a residncia e o local

    de trabalho do segurado e vice-versa;

    Doena Profissional: assim entendida como a produzida ou desencadeada pelo exerccio

    do trabalho;

    Doena do Trabalho: adquirida em funo de condies especiais em que o trabalho

    realizado e com ele se relacione diretamente.

    A Lei n 8.213/91 determina no seu artigo 22 que todo acidente do trabalho ou doena

    profissional dever ser comunicado pela empresa ao INSS, sob pena de multa em caso de

    omisso. Os dados referentes ao acidente devero so transmitidos atravs da CAT que dever

    ser emitida havendo ou no o afastamento do empregado de suas funes, at o primeiro dia

    til seguinte ao da ocorrncia e, em caso de morte, de imediato autoridade competente. A

    CAT dever ser preenchida em seis vias destinadas: ao INSS; ao segurado ou dependente; ao

    sindicato dos trabalhadores; empresa; ao SUS (onde aconteceu o atendimento); e

    Delegacia Regional do Trabalho (DRT).

    Desta forma: acidentes com CAT registrada correspondem ao nmero de acidentes do

    trabalho em que a CAT foi registrada no INSS; e, acidentes sem CAT registrada

    correspondem aos nmeros de acidentes de trabalho em que a CAT no foi registrada no

    INSS. Neste caso, acidente identificado por meio de um dos possveis nexos: Nexo Tcnico

  • 18

    Profissional/ Trabalho, Nexo Tcnico Epidemiolgico Previdencirio NTEP ou nexo por

    Doena Equiparada a Acidente de Trabalho.

    2.1.1 O Custo dos Acidentes de Trabalho

    A Previdncia Social deve conceder o benefcio acidentrio que um valor pecunirio

    pago vtima acidentada, ou ao(s) seu(s) dependente(s), quando ocorrer acidentes tpicos, de

    percurso, doena profissional ou do trabalho, provocando leso corporal ou perturbao

    funcional que cause morte ou reduo da capacidade para o trabalho. Os benefcios

    acidentrios classificam-se em:

    Aposentadoria por invalidez: concedido quando o segurado acidentado, estando ou no

    em gozo do auxlio-doena acidentrio, considerado incapaz e insuscetvel de

    reabilitao para o exerccio da atividade que lhe garanta a subsistncia;

    Penso por morte: concedido ao(s) dependente(s) do segurado que faleceu em

    consequncia do acidente de trabalho;

    Auxlio-doena: dado ao segurado que fica incapacitado, por motivo de doena

    decorrente do acidente de trabalho;

    Auxlio-acidente: concedido ao segurado acidentado que, aps consolidao das leses

    decorrentes do acidente de trabalho, apresente sequela que implique na reduo de sua

    capacidade laborativa.

    2.1.2 Natureza dos Acidentes

    A natureza dos acidentes de trabalho pode ser classificada da seguinte forma:

    Impacto Sofrido: dividido em: impacto sofrido por pessoa; impacto sofrido por pessoa,

    de objeto que cai; e, impacto sofrido por pessoa, de objeto projetado. Aplica-se a casos

    em que a leso foi produzida por impacto entre o acidentado e a fonte da leso, tendo sido

    da fonte da leso e no do acidentado o movimento que originou o contato;

    Impacto Contra: dividido em: impacto de pessoa contra objeto parado; e impacto de

    pessoas contra objeto em movimento. Aplica-se a casos em que a leso foi produzida por

    impacto da pessoa acidentada contra a fonte da leso, tendo sido o movimento que

    produziu o contato originalmente o da pessoa e no o da fonte da leso, exceto quando o

    movimento do acidentado tiver sido provocado por queda. Inclui casos de algum chocar-

  • 19

    se contra alguma coisa, tropear em alguma coisa, ser empurrado ou projetado contra

    alguma coisa, etc. No inclui casos de salto para nvel inferior;

    Queda de Pessoa com Diferena de Nvel: subdividida em: de andaime, passagem,

    plataforma; de escada mvel ou fixada cujos degraus no permitem o apoio integral do

    p; de material empilhado; de veculo; em escada permanente cujos degraus permitem o

    apoio integral do p; em poo, escavao, abertura no piso. Aplica-se a casos em que a

    leso foi produzida por impacto entre o acidentado e a fonte da leso, tendo sido do

    acidentado o movimento que produziu o contato, nas seguintes circunstncias: 1) O

    movimento do acidentado foi devido ao da gravidade. 2) O ponto de contato com a

    fonte da leso estava abaixo da superfcie que suportava o acidentado no incio da queda.

    Inclui salto para nvel inferior;

    Aprisionamento em, sob ou entre: subdividido em: objetos em movimento

    convergente (calandra) ou de encaixe; um objeto parado e outro em movimento; dois ou

    mais objetos em movimento (sem encaixe); desabamento ou desmoronamento de

    edificao, barreira, etc. Aplica-se a casos, sem impacto, em que a leso foi produzida por

    compresso, pinamento ou esmagamento entre um objeto em movimento e outro parado,

    entre dois objetos em movimento ou entre partes de um mesmo objeto. No se aplica

    quando a fonte da leso for um objeto livremente projetado ou em queda livre;

    Esforo Excessivo: dividido em: esforo excessivo ao erguer objeto; esforo excessivo

    ao empurrar ou puxar objeto; e, esforo excessivo ao manejar, sacudir ou arremessar

    objeto.

    Na fase mais demorada da construo (trabalho em concreto armado), frequentemente

    h quedas nas beiras das lajes, choques eltricos causados por vibradores e at por fios de alta

    tenso, alm de queda de materiais nas reas junto s fachadas. (CADERNO, 1993)

    Segundo Pampalon (2002), excluindo-se os acidentes de transporte, as quedas so a

    maior causa de acidentes fatais no Brasil e no mundo (no Brasil correspondem a 30% dos

    acidentes fatais). Em todos os trabalhos realizados com risco de queda, devem ser tomadas

    todas as medidas necessrias para que ocorram com total segurana para o trabalhador e

    terceiros.

  • 20

    2. 2 PANORAMA DA CONSTRUO CIVIL

    A Construo Civil um setor de vital importncia ao desenvolvimento econmico e

    social do pas. Alm disso, ela absorve uma grande parcela da mo-de-obra no especializada

    gerando empregos formais e informais.

    Segundo o IBGE, s em 2010 as empresas da construo civil empregaram cerca de 2,5

    milhes de pessoa tendo gastos com pessoal ocupado de R$ 63,1 bilhes. Vrios incentivos

    ajudaram a impulsionar o setor: como o aumento da oferta do crdito imobilirio e dos

    desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES),

    crescimento da renda familiar (3,8%) e do emprego, incremento no consumo das famlias e

    desonerao do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de diversos insumos de

    construo.

    Grfico 1 - Evoluo dos desembolsos efetuados pelo BNDES no Brasil 2003-2010

    Fonte: BRASIL, 2010.

    Na ltima dcada, a Construo Civil tem passado por um processo de

    modernizao, tanto, nos seus processos produtivos como pela reorganizao

    de empresas. Entretanto, permanece um enorme desafio, representado pela

    estimativa de uma crescente demanda habitacional, decorrente no s de um

    dficit acumulado, mas tambm da melhoria de renda da populao. Para

    tanto, o PLANHAB, Plano Nacional de Habitao, estipula uma necessidade

    de produo na casa dos 28.000.000 de unidades, nos prximos 15 anos,

    para atender demanda futura e eliminar o atual dficit habitacional, at

    2023. (BRASIL, 2009, p. 1)

  • 21

    De acordo com BRASIL (2009), houve uma crescente transformao no segmento de

    edificaes, se convertendo de uma atividade de fracos investimentos para uma atividade que

    gera fortes investimentos imobilirios. Dados de BRASIL (2010) apontam que as empresas de

    edificaes contriburam com cerca de R$ 107,0 bilhes em 2010, enquanto que as empresas

    de servios especializados para a construo obtiveram R$ 41,8 bilhes de receita bruta,

    perdendo participao em relao a 2007 (Grfico 2):

    Grfico 2 - Participao percentual das atividades da construo no total da receita bruta

    Brasil 2007/2010

    Fonte: BRASIL, 2010.

    Porm, o comparado a outros ramos industriais, a construo civil ainda apresenta-se

    ineficiente em termos de produtividade, por uma srie de fatores dentre eles: trabalhadores

    com baixa qualificao; pouco interesse das mdias e pequenas empresas em melhorar o nvel

    de qualificao dos empregados; baixo investimento em pesquisa e desenvolvimento; pouca

    utilizao de sistemas de planejamento de trabalho; e altas taxas de desperdcio de materiais

    (BRASIL, 2009).

    2. 2. 1 Rotatividade da construo civil

    A alta rotatividade impede que o trabalhador consiga se desenvolver em determinados

    segmentos da empresa. J que muitas vezes ele encontra diferenas discrepantes de uma

    empresa para outra.

    Dados do Ministrio do Trabalho e Emprego revelam que os desligamentos com menos

    de seis meses de durao superaram 40% do total dos vnculos desligados em cada ano.

  • 22

    Metades destes desligamentos no atingiram a trs meses de durao. E cerca 2/3 dos vnculos

    desligados sequer atingiram a um ano de trabalho. De 76 a 79% dos desligamentos no

    tiveram dois anos de durao (Grfico 3).

    Grfico 3 Distribuio dos desligamentos no ano segundo faixas de tempo de emprego:

    2000-2009

    Fonte: Ministrio do Trabalho e emprego.

    Em comparao com outras atividades, a construo civil o setor que apresenta maior

    rotatividade no mercado formal brasileiro, em mdia 83,7% (Tabela 1):

    Tabela 1 Taxa de rotatividade segundo setores de atividade econmica: 2000-2009

    Fonte: Ministrio do Trabalho e Emprego.

  • 23

    3. RESULTADOS E DISCUSES

    3.1 ACIDENTES DE TRABALHO NO BRASIL

    A OIT afirma que alto grau de descumprimento das normas protetivas para os

    funcionrios coloca o Brasil em quarto lugar no ranking mundial em acidentes de trabalho,

    atrs apenas da China, dos Estados Unidos e da Rssia. Segundo a Previdncia Social, h uma

    morte a cada trs horas de jornada diria.

    Dados do Ministrio da Previdncia Social informam que somente no ano de 2011,

    foram registrados cerca de 711.200 acidentes de trabalho, um aumento de 0,2% em relao a

    2010. Houve um aumento no total de acidentes registrados com CAT de 1,6% de 2010 para

    2011. Destes, 78,6% so caracterizados como acidentes tpicos; 18,6% de trajeto e 2,8% de

    doenas do trabalho (Grfico 4).

    Embora a emisso da CAT seja obrigatria em acidentes, muitas vezes ela no

    efetuada. Alm disso, muitos dos acidentes registrados referem-se somente aos trabalhadores

    com vnculo empregatcio. Desta forma, o acidente de trabalho sofrido por operrio informal

    no computado, o que exclui das estatsticas uma grande porcentagem da mo de obra no

    Pas. O grfico mostra que, aproximadamente, para cada 4 acidentes registrados com CAT, 1

    no informado, ficando impossibilitado de ser classificado.

    Grfico 4 Distribuio de acidentes de trabalho, por motivo no Brasil 2011.

    Fonte: BRASIL, 2012b.

    Entre os acidentados, as pessoas do sexo masculino correspondem 75,3% dos acidentes

    tpicos e as do sexo feminino 24,7%; nos de trajeto a proporo de 63,9% para os homens e

    36,1% para as mulheres; e 61,0% e 39,0% nas doenas de trabalho (BRASIL, 2012a).

  • 24

    A faixa etria de maior incidncia de acidentes nos acidentes tpicos corresponde a

    pessoas entre 20 e 29 anos. Em relao s doenas de trabalho, a faixa de maior incidncia se

    situa entre 30 e 39 anos (BRASIL, 2012a).

    Em relao a setores de atividade econmica, do total se acidentes registrados com

    CAT: 4,0% correspondem ao da Agropecuria; 47,1% Indstria; e 48,3% ao de Servios.

    Nos acidentes tpicos, as partes do corpo com maior incidncia de leso registradas em 2011

    foram: o dedo com 30,5%; a mo (exceto o punho ou dedos) com 8,7%, e o p (exceto os

    artelhos) com 7,6%. Nos acidentes de trajeto: as Partes Mltiplas (11,6%), o Joelho (8,7%) e

    o P (8,6%). Nas doenas de trabalho o ombro com 17,8%, o dorso (inclusive msculos

    dorsais, coluna e medula espinhal) com 13,3% e Membros superiores 9,8% (BRASIL, 2012a).

    A maioria dos acidentes ocorrerem na zona urbana, pois muitos trabalhadores migram

    da zona rural devido a pouca oferta de emprego, s ms condies de vida no local de origem

    e a busca por melhores salrios. Desta forma, h uma maior concesso de benefcios

    acidentrios na zona urbana do que na rural (Grfico 5).

    Grfico 5 Concesso mdia mensal de benefcios acidentrios, por clientela 2009/2011

    Fonte: BRASIL, 2012

    Alm disso, as mulheres so mais cautelosas nas suas atividades laborais (Grfico 6).

    Grfico 6 Distribuio etria de beneficirios na concesso de benefcios acidentrios, por

    sexo e clientela 2011

    Fonte: BRASIL, 2012

  • 25

    3.1.1 Custo dos Acidentes de Trabalho no Brasil

    Todos os anos, o Brasil gasta bilhes de reais na concesso de benefcios acidentrios s

    vtimas (Tabela 2). Sem contar com os gastos em despesas mdicos hospitalares e os

    prejuzos econmicos advindos de redues de produtividade no setor industrial. Alm disso,

    a empresa tem que substituir o profissional acidentado por outro que muitas vezes no est

    adequado atividade pela falta de treinamento e/ou experincia.

    Ano Grupo/Principais Espcies

    AUXLIO ACIDENTE

    AUXLIO DOENA ACIDENTRIO

    AUXLIO ACIDENTE/ SUPLEMENTAR ACIDENTRIO

    APOSENTADORIAS ACIDENTRIAS

    PENSES ACIDENTRIAS

    2009 2.026.819,26 263.084.932 9.774.969,61 9.258.435,33 898.926,23

    2010 2.454.416,68 284.115.966 9.471.176,25 11.241.517,1 897.995,92

    2011 3.231.310,32 297.523.994 11.946.917,6 12.960.078,9 912.882,81

    Total (R$) 7.712.546,26 844.724.891 31.193.063,4 33.460.031,3 2.709.804,96

    Tabela 2 - Gastos do Brasil em benefcios acidentrios

    Fonte: www3.dataprev.gov.br/infologo/

    O nordeste correspondeu a aproximadamente 13% do total de acidentes ocorridos no

    Brasil, entre 2009 e 2011. J o Rio Grande do Norte contribui com 8,5% dos acidentes

    ocorridos no nordeste neste mesmo perodo (Tabela 3).

    Regies e Unidades da Federao

    Anos

    QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO

    Total Com CAT Registrada Sem CAT Registrada Total Motivo

    Tpico Trajeto Doena do Trabalho

    BRASIL 2009 733.365 534.248 424.498 90.180 19.570 199.117

    2010 709.474 529.793 417.295 95.321 17.177 179.681

    2011 711.164 538.480 423.167 100.230 15.083 172.684

    NORDESTE 2009 92.147 58.941 46.649 9.519 2.773 33.206

    2010 91.285 57.767 44.677 10.602 2.488 33.518

    2011 91.725 57.979 44.205 11.405 2.369 33.746

    Rio Grande do Norte

    2009 8.923 6.835 5.731 904 200 2.088

    2010 7.198 5.201 3.989 1.027 185 1.997

    2011 7.342 4.936 3.632 1.067 237 2.406

    Tabela 3 - Quantidade de acidentes de trabalho, por situao de registro e motivo, no mbito

    Nacional, Regional e Estadual 2009/2011

    Fonte: www3.dataprev.gov.br/infologo

  • 26

    3.1.2 Custo dos Acidentes de Trabalho no Rio Grande do Norte

    Segundo censo do IBGE 2010, o Estado possui uma populao residente de 3.188.123

    habitantes, destes 1.635.146 constituem-se da populao economicamente ativa e apenas

    375.768 trabalham com carteira assinada. Em 2010 ele teve uma participao de 0,9% do

    Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

    Entre 2009 e 2011, o Rio Grande do Norte gastou, em mdia, R$ 71.804 por ano em

    auxlio acidente, R$ 2.140.966 em auxlio doena acidentrio, R$ 44.177.71 em suplementar

    acidentrio, R$ 80.270 em aposentadorias acidentrias e R$ 5.462 em penses acidentrias.

    Embora haja muitos benefcios acidentrios concedidos, existe ainda muita informao acerca

    dos acidentes deixada de fora pela grande porcentagem de CAT no emitidas (Tabela 4).

    Grfico 7 Distribuio de acidentes de trabalho, por motivo no Rio Grande do Norte 2011

    Fonte: BRASIL, 2012b.

    Percebe-se, tambm que h uma porcentagem maior de acidentes no registrados por

    CAT no Rio Grande do Norte do que no Brasil. Isto implica que o quadro de acidentes ainda

    mais grave do que se aparenta. Os acidentes de trajeto apresentam-se muito comuns levando-

    se a crer que a segurana no trnsito tambm carece de medidas preventivas (Grfico 7).

    Ano Grupo/Principais Espcies

    AUXLIO ACIDENTE

    AUXLIO DOENA ACIDENTRIO

    AUXLIO ACIDENTE/ SUPLEMENTAR ACIDENTRIO

    APOSENTADORIAS ACIDENTRIAS

    PENSES ACIDENTRIAS

    2009 36.145,2 1.832.608,5 32.851,97 43.811,77 6.281,21 2010 69.388,5 2.020.244,8 42.849,54 101.039,91 5.023,5 2011 109.878,59 2.570.045,82 56.831,62 95.959,32 5.082,66

    Total (R$) 215.412,29 6.422.899,12 132.533,13 240.811 16.387,37

    Tabela 4 - Gastos do Rio Grande do Norte em benefcios acidentrios

    Fonte: www3.dataprev.gov.br/infologo

  • 27

    3. 1. 3 Acidentes de Trabalho na Construo Civil

    Mesmo depois de 30 anos de criao das Normas Regulamentadoras (NRs) o Brasil

    ainda no apresenta uma cultura de preveno, mas de improviso. Embora tenham ocorrido

    melhorias nas condies de trabalho em inmeros canteiros de obra,

    Alm dos acidentes, os dados sobre doenas ocupacionais inerentes dessa atividade so

    ainda mais difceis de serem apurados. Primeiro porque muitos dos riscos para a sade, como

    a exposio a produtos qumicos ou outras substncias nocivas (poeiras de amianto e slica),

    bem como a manipulao de cargas pesadas, alm dos elevados nveis de rudo e vibrao

    encontrados no setor, podem ter efeitos somente a mdio ou longo prazo para a sade do

    trabalhador (EGLE, 2009).

    De acordo com EGLE (2009, p.36) a grande maioria dos acidentes fatais de 2009

    aconteceu, em sua grande parte, em obras pblicas. Infelizmente, a lei das licitaes faz com

    que seja priorizado o menor preo entre as empreses concorrentes, o que contribui

    imensamente para esse quadro.

    Haruo Ishikawa, vice-presidente das Relaes Capital e Trabalho do SIDUSCON-SP,

    afirma que:

    os maiores acidentes e em maior nmero ocorrem nos pequenos

    empreendimentos, ou seja, nos informais, outro grande problema no setor. S

    que muito difcil contabilizar os dados sobre acidentes nesse grupo,

    representado por um grande nmero de trabalhadores da construo civil".

    (EGLE, 2009, p.36).

    Observa-se na Tabela 5 que em 2011 a quantidade de acidentes do trabalho um

    crescimento de quase 4000 casos em relao a 2010. Com um aumento dos acidentes tpicos e

    de trajeto e uma ligeira diminuio nas doenas do trabalho:

    Tabela 5 - Quantidade de acidentes de trabalho na construo civil 2009/2011

    Fonte: www3.dataprev.gov.br/infologo

    SETOR DA

    ATIVIDADE

    ECONMICA

    Anos

    QUANTIDADE DE ACIDENTES DO TRABALHO

    Total Com CAT Registrada Sem CAT

    Registrada Total Motivo

    Tpico Trajeto Doena do Trabalho

    CONSTRUO 2009 55.670 41.418 35.265 5.042 1.111 14.252

    2010 55.920 43.323 36.611 5.660 1.052 12.597

    2011 59.808 46.539 39.301 6.281 957 13.269

  • 28

    3.1.3.1 Causa dos Acidentes de Trabalho na Construo Civil

    Uma parcela significativa dos acidentes de trabalho est relacionada falta de uso de

    Equipamento de Proteo Individual (EPI) e o desrespeito s Normas Regulamentadoras de

    Segurana (NRs). Um dos fatores que contribuem para isto est na viso que muitas

    empresas possuem de focalizar mais nos custos gerados na aquisio de Equipamentos de EPI

    e EPC do que nos benefcios proporcionados por estes.

    Alm disso, falta uma boa qualificao do trabalhador. Segundo a Agncia Brasil, em

    um levantamento feito pela Confederao Nacional da Indstria (CNI) e pela Cmara

    Brasileira da Indstria da Construo (CBIC), apontou que 89% entre 385 empresas da

    construo civis pesquisadas sofriam com a falta de trabalhadores qualificados e 94% das

    empresas tm dificuldades em encontrar profissionais com qualificao bsica, como

    pedreiros e serventes.

    Outro fator importante que muitas empresas possuem uma tecnologia ultrapassada.

    Apresentando um maquinrio velho e desprotegido, e um mobilirio inadequado. O ritmo

    estressante das obras, junto com uma cobrana muitas vezes exagerada, contribuem para

    aumentar os riscos de acidentes.

    A falta de ateno do trabalhador constitui a principal causa de acidentes. Ela pode ter

    origem tanto na incapacidade do trabalhador em decifrar cdigos de reas de riscos presentes

    na obra, j que muitos apresentam uma baixa escolaridade (Grfico 8).

    Grfico 8 - Motivos dos acidentes na construo civil

    Fonte: EGLE, 2009.

    Dentre as leses mais frequentes, as fraturas se encontram em primeiro lugar, seguidas

    das luxaes, amputaes e outros ferimentos que muitas vezes podem resultar na morte do

    trabalhador. Depois aparecem os casos de leses por esforo repetitivo (LER) e Distrbios

    Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort), que incluem dores nas costas. Dosar a

  • 29

    carga utilizada no trabalho e corrigir as ms posturas so medidas que ajudam a prevenir os

    casos de LER e Dort. Os transtornos mentais e comportamentais tambm fazem parte das

    sequelas causadas na indstria, comum encontrar no trabalhador, episdios depressivos,

    estresse e ansiedade.

    O Fator Acidentrio de Preveno (FAP), implantado em 2010, uma das medidas

    tomadas pelo Governo Federal para diminuir a taxa de acidentes de trabalho. As empresas

    cujos empregados se acidentarem mais pagaro mais impostos sobre a folha de pagamentos. O

    clculo anual do FAP feito baseado nos dados levantados pela Previdncia Social no

    perodo de dois anos imediatamente anteriores ao ano do processamento. Os recursos

    advindos do FAP serviro para financiar o Seguro Acidente de Trabalho (SAT), no intuito de

    custear benefcios ou aposentadorias decorrentes de acidentes de trabalho.

    A implantao do FAP obriga as empresas a atuarem diretamente em aes focadas na

    sade e segurana do trabalhador. Tendo como resultados o aumento a sua qualidade de vida,

    valorizao do profissional e a melhoria nas relaes de trabalho. Alm disso, ajuda a

    aumentar a competitividade entre as empresas. Isso porque as empresas com baixas taxas de

    acidentes divulgaro uma boa imagem perante os seus clientes, fornecedores e consumidores

    finais.

    3.2 ACIDENTES DE TRABALHO DA CONSTRUO CIVIL DE MOSSOR

    O presente estudo foi realizado na cidade de Mossor. Localizada no Estado Rio Grande

    do Norte, o seu maior municpio por rea 2 110,207 km e apresenta uma populao de

    266.758 habitantes, sendo municpio mais populoso ficando atrs somente da capital e o 94

    de todo o pas.

    Considerada uma das cidades de mdio porte o maior produtor em terra, de petrleo

    no pas, como tambm de sal marinho. A fruticultura irrigada, voltada em grande parte para a

    exportao, tambm possui relevncia na economia do estado, tendo um dos maiores PIB per

    capita da regio.

    O Produto Interno Bruto (PIB) de Mossor o segundo maior do estado do Rio Grande

    do Norte e o maior de todo o Oeste Potiguar. O PIB per capita de R$ 12.521,74 e o ndice

    de Desenvolvimento Humano (IDH) de renda de 0,639, sendo que o do Brasil de 0,723.

    Alm do sal e do petrleo, o municpio tambm destaca como sendo pela sua produo de

    cimento e de cermica (IBGE, 2010).

  • 30

    Alm disso, a cidade tem se destacado nos ltimos anos no setor da construo. Dados

    do fornecidos pelo SIDUSCON Mossor revelam que existem 44 empresas de construo

    civis associadas.

    A partir da disponibilizao de dados do SINTRACOMM/RN foram manuseadas 136

    CATs do perodo de 2009 a 2011. Como o estudo refere-se aos acidentes tpicos da

    construo civil de Mossor, foram separadas as CATs referentes a acidentes de trajeto

    (12,5%) e tambm a de outras cidades que estavam inclusas (19,1%).

    Os dados coletados nas CATs foram: a idade dos acidentados, sexo, estado civil, a

    profisso (CBO), salrio, as partes do corpo atingidas, o agente causador, situao geradora

    do acidente, a descrio e natureza da leso, e o tempo de afastamento do trabalho. Em

    seguida foram elaborados grficos para caracterizar o perfil dos acidentes do municpio,

    destacando os profissionais mais acidentados.

    3. 2. 1 Perfil dos Acidentados

    Durante os anos de 2009 a 2011 foi registrada apenas uma morte. No foi encontrado

    nenhum trabalhador acidentado do sexo feminino nas CATs. O trabalhador de Mossor

    caracterizado por apresentar uma baixa escolaridade. Ele recebe em mdia um salrio

    mnimo, ganhando melhores salrios os que conseguem manipular algum tipo de maquinrio.

    A faixa etria da maior parte dos acidentados situa-se entre dos 25 aos 30 anos (Grfico

    9) e praticamente se iguala mesma faixa de idade encontrada em mbito nacional (Grfico

    10).

    Grfico 9 Idade dos trabalhadores acidentados em Mossor 2009 2011

    Fonte: Autoria prpria.

    0%

    5%

    10%

    15%

    20%

    25%

    30%

    19 - 24 25 - 30 31 - 36 37 -41 42 - 47 48 - 53 54 - 59

    Idade do acidentado (anos)

  • 31

    0%2%4%6%8%

    10%12%14%16%18%20%

    Idade do acidentado

    2009

    2010

    2011

    Grfico 10 Idade dos trabalhadores acidentados no Brasil 2009 2011

    Fonte: www3.dataprev.gov.br/infologo

    Idade Frequncia

    19 - 24 23,88% 25 - 30 26,87% 31 - 36 16,42% 37 -41 4,48% 42 - 47 14,93% 48 - 53 8,96% 54 - 59 4,48%

    Tabela 6 Idade dos trabalhadores acidentados em Mossor 2009 - 2011

    Fonte: Autoria prpria.

    3.2.2 Ocupao Profissional dos Acidentados

    Em seguida foi realizado um levantamento do nmero de acidentes por profisso,

    baseada no CBO (Cdigo Brasileiro de Ocupao), onde foram encontradas as seguintes

    ocupaes: carpinteiro, pedreiro, montador de fotolito, operador de sonda, operador de

    betoneira, servente de obras, trabalhador de manuteno de edificaes, lubrificador de

    veculos automotores, auxiliar de manuteno predial, armador de estrutura de concreto,

    auxiliar geral de conservao de vias permanentes, mecnico de manuteno de mquinas de

    construo e terraplenagem, topgrafo, mecnico de manuteno de automveis motocicletas

    e veculos similares, instalador de tubulaes, operador de mquinas de construo civil e

    minerao, soldador, pintor de obras, plataformista, sondador, calceteiro, supervisor

    administrativo, supervisor de produo na minerao, auxiliar de pessoal, mecnico de

  • 32

    manuteno de instalaes mecnicas de edifcios, mecnico de manuteno de mquinas,

    motorista de caminho.

    Grfico 11 Ocupao dos trabalhadores acidentados em Mossor 2009 - 2011

    Fonte: Autoria prpria

    Em seguida foram excludas as ocupaes que no estavam ligadas diretamente

    construo civil. Percebeu-se que em determinados anos existe alguma ocupao, que

    usualmente no se acidentava, passa a se destacar em nmeros de acidentes naquele perodo.

    Por exemplo, em 2011 houve acidentes com: armador de estrutura de concreto, operador de

    mquina na construo civil, instalador de tubulaes e topografo, ao passo que nos outros

    anos no se registraram nenhum acidente com essas categorias. Como se tratam de episdios

    muito discretos procurou-se descobrir quais eram as ocupaes que mais se acidentavam,

    obtendo os seguintes dados:

    Grfico 12 Quantidade de acidentados na construo civil de Mossor em 2009

    Fonte: Autoria prpria.

    0 2 4 6 8 10 12

    Servente de obras

    Carpinteiro

    Operador de betoneira

    Armador de estrutura de

    Instalador de tubulaes

    Topgrafo

    Mecnico de manuteno

    Quantidade de acidentados em nmeros absolutos

    Ocu

    pa

    o P

    rofi

    ssio

    nal

    Quantidade de acidentados em2009

    Quantidade de acidentados em2011

    Quantidade de acidentados 2010

  • 33

    Grfico 13 Quantidade de acidentados na construo civil de Mossor em 2010.

    Fonte: Autoria prpria.

    Grfico 14 Quantidade de acidentados na construo civil de Mossor em 2011.

    Fonte: Autoria prpria.

  • 34

    Verificou-se que profisses que mais se acidentaram foram: Servente de obras

    (37,10%), Carpinteiro (19,35%) e Pedreiro (11,29%). Desta forma os prximos dados sero

    referentes a estas atividades, no intuito de se conhecer as origens destes casos.

    Grfico 15 Quantidade de acidentados na construo civil de Mossor entre 2009- 2011

    Fonte: Autoria prpria.

    A baixa qualificao dos trabalhadores leva a maioria a ser contratada como servente de

    obras, j que a atividade os leva a desempenhar todo e qualquer tipo de trabalho. Desta forma,

    grande parcela dos acidentes resultado de um baixo treinamento.

  • 35

    3.2.3 Natureza dos Acidentes

    As situaes geradoras de acidentes em maior nmero de episdios em todas as

    profisses foram: o impacto sofrido (26,9%); a queda com diferena de nvel (21,74%); o

    impacto contra (20,29%); e o aprisionamento (17,39%).

    Grfico 16: Natureza dos Acidentes de Todas as Profisses

    Fonte: Autoria prpria

    O impacto sofrido atingiu de forma significativa os carpinteiros (45,45%) e os serventes

    de obra (30,43%). No caso dos serventes de obras houve uma variedade de agentes

    causadores entre eles ferramentas, metal (liga ferrosa e no ferrosa), e estruturas de edifcios.

    Porm, para os carpinteiros, alm das ferramentas manuais (como martelo, serra, entre

    outros), destacam-se os acidentes provocados pela mquina de serra circular.

    Grfico 17: Natureza dos Acidentes X Profisses mais Acidentadas

    Fonte: Autoria prpria

  • 36

    Na queda com diferena de nvel foram encontrados, em todas as profisses, diversos

    agentes causadores. Em especial houve muitos casos de queda de diferena de nvel em

    veculos rodovirios motorizados e tambm de escada mvel ou fixada. Em relao s

    profisses mais acidentadas, que so os pedreiros e os serventes de obras, as quedas ocorrem

    principalmente em andaimes, plataformas e escadas mveis ou fixadas.

    O impacto de pessoa contra objeto parado ou em movimento tem como agentes

    causadores principais as ferramentas manuais (martelo, serra, serrote) e, curiosamente, houve

    alguns casos de serventes de obras que se chocaram contra animais.

    Nas situaes de aprisionamento, os serventes de obra predominam. Seus agentes

    causadores so principalmente os metais (incluindo liga ferrosa e no ferrosa) como: tubo,

    placa, perfil, trilho, vergalho, arame, porca, rebite, prego, alm de manilhas.

    3.2.4 Partes do Corpo Atingidas

    As partes do corpo mais atingidas so os dedos da mo, seguido de cabea, perna,

    ombro e partes mltiplas (Tabela 7). No existe uma natureza de acidente especifica para os

    dedos da mo, pois ele se encontra inserido em praticamente todas as categorias.

    Parte do corpo atingida

    DEDOS DA MO 45,45%

    CABEA 11,40%

    PERNA 9,10%

    OMBRO 6,82%

    PARTES MTIPLAS 6,82%

    P 4,45%

    DORSO 4,45%

    OLHOS 2,30%

    TORNOZELO 2,30%

    BRAO 2,30%

    JOELHO 2,30%

    TRONCO 2,30%

    Tabela 7 Parte do corpo mais atingida nas profisses mais acidentadas.

    Fonte: Autoria prpria.

    Pode-se perceber a seguir que dependendo da atividade de trabalho algumas partes do

    corpo esto mais propcias a sofrerem leses (Grficos 18, 19, 20).

  • 37

    Os serventes de obras realizam as mais diversas atividades desde a demolio de

    edificaes de concreto, alvenaria e de outras estruturas, preparao dos canteiros de obras,

    limpeza da rea e compactao dos solos, limpando mquinas e ferramentas (verificando

    condies dos equipamentos e reparando seus eventuais defeitos mecnicos), realizao de

    escavaes, preparao da massa de concreto e outros materiais. Desta forma, h como

    consequncia uma variedade de partes do corpo lesionadas em acidentes (Grfico 18).

    Grfico 18 Parte do corpo mais atingida do servente de obras

    Fonte: Autoria prpria

    Por ser uma atividade que se destaca pelo uso frequente de ferramentas manuais e

    automticas, a carpintaria se destaca pelas leses no dedo da mo tendo como principais

    leses o corte, a lacerao, a ferida contusa e a punctura (ferida aberta). O grande vilo dos

    acidentes na carpintaria a serra circular que pode provocar, alm das leses descritas

    anteriormente, a amputao (Grfico 19).

  • 38

    Grfico 19 Parte do corpo mais atingida do carpinteiro

    Fonte: Autoria prpria

    Os pedreiros muitas vezes realizam o revestimento de paredes, tetos e edifcios em

    determinada altura. Desta forma, as quedas com diferena de nvel atingem e lesionam

    principalmente a cabea, as pernas e os tornozelos, como o caso dos pedreiros acidentados

    (Grfico 20). Os impactos contra objetos causaram leses no ombro. Tudo isto, resultou em

    fraturas, contuses e esmagamento (superfcie cutnea intacta).

    Grfico 20 Parte do corpo mais atingida do pedreiro

    Fonte: Autoria prpria

  • 39

    3.2.5 Tipos de Leses mais Comuns

    As leses mais comuns como corte, lacerao, ferida contusa, punctura, advm do

    impacto sofrido por ferramentas e o aprisionamento em madeira, metal, e estrutura de

    edifcios, torre ou poste. As fraturas podem ser causadas por aprisionamento de partes do

    copo, impactos, e queda de altura. J a contuso ou esmagamento, advm do manuseio de

    ferramentas assim como aparelhos pesados como o equipamento de guindar. As leses

    mltiplas ocorrem quando mais de uma grande parte do corpo humano atingida, como por

    exemplo, uma perna e um brao. E os choques eltricos so raros nas CATs, s houve o

    registro de um acidente em trs anos.

    Grfico 21 Tipos de leses mais comuns na construo civil de Mossor 2009 - 2011

    Fonte: Autoria prpria

    Pode-se notar que existem padres de leses relativos a cada profisso. Dependendo da

    quantidade de atividades atribudas ao profissional, a variedade das leses aumenta. As

    fraturas, cortes, laceraes, punctura, contuses e esmagamentos correspondem a mais de

    60% dos casos de leses.

    As razes destas leses podem ter origem desde a falta de aptido para realizar

    determinadas tarefas, como o no uso do EPI ou seu uso inadequado. A desinformao

  • 40

    tambm pode ser um dos fatores relacionados. Muitas vezes as empresas no empregam os

    programas estabelecidos pelo Ministrio do Trabalho e Emprego. Dentre eles: o Programa de

    Preveno de Riscos Ambientais (PPRA), previsto na NR-9, que visa detectar riscos e

    condies inadequadas no ambiente laboral; o Programa de Condies e Meio Ambiente de

    Trabalho na Indstria da Construo (PCMAT), previsto na NR-18, que objetiva planejar

    aes de segurana e proteo em cada fase do processo construtivo; e o Programa de

    Controle Mdico da Sade Ocupacional (PCMSO), previsto na NR-7, que visa a realizao de

    exames mdicos admissionais, peridicos e demissionrios nos trabalhadores.

  • 41

    CONCLUSO

    Verificou-se que os dados estatsticos dos acidentes de trabalho em Mossor no se

    diferem muito das estatsticas a nvel nacional e estadual, exceto por em algumas

    caractersticas locais. Alm disso, a maioria dos trabalhadores mossoroenses lesionados so

    jovens e com baixo grau de instruo. Muitos deles so de cidades vizinhas apresentando uma

    alta rotatividade no emprego, assim como no resto do Brasil. Felizmente Mossor registra

    uma baixa mortalidade nos acidentes ligados construo civil.

    O impacto sofrido contra objetos mostrou ser o tipo de acidente mais comum, desta

    forma o erro humano pode ter um grande peso nestes casos, j que muitas vezes est ligado a

    uma falta de ateno ou habilidade. Pela construo civil ser uma atividade que lida tanto um

    material pesado como com ferramentas que envolvem inmeros riscos, existem casos de mais

    de um tipo de leso na mesma vtima, geralmente isto ocorre em acidentes por queda em

    diferena de nvel.

    Para algumas profisses a construo civil constitui-se como uma atividade insalubre e

    arriscada para os seus empregados, devido especialmente falta de informao que tanto

    conscientize quanto qualifique seus empregados. A alta rotatividade desfavorece o

    fortalecimento de vnculo entre trabalhadores, no intuito de articular reivindicaes por

    melhores condies de trabalho.

    Tambm se percebeu certa falta de estrutura nos sistema mdico local, j que muitas

    CATs foram preenchidas por mdicos ligados a clnicas particulares. A razo para isto pode

    estar relacionada ao Sistema nico de Sade (SUS) no estar preparado para socorrer

    adequadamente os acidentados.

    A partir destas informaes expostas possvel conhecer o perfil dos acidentes da

    construo civil na cidade de Mossor e compar-lo s estatsticas de outros estudos,

    determinando suas causas mais frequentes e estabelecendo ligaes entre a situao geradora

    do acidente, o agente causador e a leso sofrida.

    Com base nos dados coletados, podem ser estabelecidas atividades preventivas que se

    concentrem nas ocupaes mais afetadas, como serventes de obras, carpinteiros e pedreiros.

    Estas atividades podem ocorrer em contextos distintos, tanto nas empresas de contruo civil

    de Mossor, quanto no mbito de polticas pblicas que alertem o trabalhador sobre os riscos

    relativos sua profisso. Como resultado, espera-se que estas aes preventivas de segurana

    e sade ocupacional sejam mais eficazes e assertivas, contribuindo para reduo do nmero

    de acidentes no municpio de Mossor.

  • 42

    Como sugestes para trabalhos futuros recomenda-se:

    a investigao dos aspectos comportamentais (erro humano) como elemento propulsor

    dos acidentes ocorridos;

    investigao ps-acidente da percepo dos trabalhadores segurados sobre as medidas

    de segurana em sua profisso;

    proposio de modelos e/ou aes pblicas de conscientizao dos trabalhadores da

    construo civil sobre os acidentes de maior relevncia desta atividade econmica;

    investigao das causas dos altos ndices de rotatividade do setor;

    investigao da infraestrutura hospitalar no municpio para o atendimento de

    acidentados;

    doenas do trabalho.

  • 43

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    BRASIL. Ministrio da Previdncia Social, Empresa de Tecnologia e Informao da

    Previdncia Social. Anurio Estatstico da Previdncia Social: AEPS 2011, Braslia: MPS/

    DATAPREV, 2012a.

    BRASIL. Ministrio do Trabalho e Emprego. et al. Anurio Estatstico de Acidentes do

    Trabalho: AEAT 2011, Braslia: MTE: MPS, 2012b.

    BRASIL. Ministrio do Desenvolvimento, Indstria e Comrcio Exterior. Relatrio

    Prospectivo Setorial: 2009. Braslia: Centro de Gesto e Estudos Estratgicos, 2009.

    BRASIL. Ministrio do Planejamento Oramento e Gesto. Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatstica - IBGE. Pesquisa Anual da Indstria da Construo, Rio de Janeiro, v.20, 2010.

    CADERNO INFORMATIVO DE PREVENO DE ACIDENTES. Acidentes na

    construo: estigma ou realidade? v. 16, n.166, p.60, 1993.

    COSTELLA, Marcelo F; CREMONINI, Ruy A; GUIMARES, Lia B. Anlise dos acidentes

    ocorridos na atividade de construo civil no Rio Grande do Sul em 1996 e 1997.

    DIEESE, Estudo Setorial da Construo 2011, n. 53, abr. 2011.

    EGLE, Telma. Radiografia da (in)segurana. Revista Tchne, So Paulo, n. 153, p. 34-39, dez.

    2009.

    MDIC/USP. O Futuro da Construo Civil no Brasil: Resultados de um Estudo de Prospeco

    Tecnolgica da Cadeia Produtiva da Construo Habitacional. So Paulo, 2003.

    PAMPALON, Gianfranco. Trabalho em Altura Preveno de Acidentes por Quedas, 2 ed.

    Ministrio do Trabalho e Emprego, So Paulo, 2004.

    SILVEIRA, Cristiane A. et al. Acidentes de trabalho na construo civil identificados atravs

    de pronturios hospitalares. Revista Escola de Minas, Ouro Preto, v. 58, n.1, p. 39 44, mar. 2005.

    STEVENSON, W. Estatstica aplicada administrao. Harper & Row do Brasil, So Paulo,

    1981.

    . Acesso em: 18 fev. 2013.

    < http://www3.dataprev.gov.br/infologo/>. Acesso em: 20 fev. 2013.

    < http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm >. Acesso em: 10 mar. 2013.

  • 44

    . Acesso em 08 mar. 2013.