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7/23/2019 Acórdão Indulto Favorável
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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA
4ª Câmara de Direito Criminal
Registro: 2015.0000379748
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos do Agravo de
Execução Penal nº 0012367-37.2015.8.26.0000, da Comarca de Guarulhos, em
que é agravante MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, é
agravado GLICÉRIO GOMIDE DE OLIVEIRA.
ACORDAM, em 4ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de
Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao
recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este
acórdão.
O julgamento teve a participação dos Exmo. Desembargadores
EDISON BRANDÃO (Presidente), EUVALDO CHAIB E IVAN SARTORI.
São Paulo, 26 de maio de 2015.
Edison BrandãoRELATOR
Assinatura Eletrônica
S e i m p r e s s o , p a r a c o n f e
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PODER JUDICIÁRIOTRIBUNAL DE JUSTIÇA
4ª Câmara de Direito Criminal
Agravo de Execução Penal nº 0012367-37.2015.8.26.0000 - Voto nº 18822 - B 2
.Agravo em Execução nº 0012367-37.2015.8.26.0000Origem: Vara das Execuções Criminais/GuarulhosMagistrado: Dra. Priscila Devechi Ferraz MaiaAgravante: MINISTÉRIO PÚBLICOAgravado: Glicério Gomide de Oliveira
Voto nº 18822
AGRAVO EM EXECUÇÃO INDULTO - Decreto Presidencialnº 7.873/2012 - Sentenciado reincidente - Cumprimento de maisde 1/2 da reprimenda - Ausência de falta disciplinar nos 12 mesesanteriores ao Decreto - Irrelevância, para o indulto, da prática deinfração grave antes ou depois do período probatório - Fatoanterior à publicação do aludido decreto não impede o indulto por ausência de previsão expressa - Princípio da legalidadeImpossibilidade de o juiz da execução criminal criar requisitonão previsto no Decreto Recurso ministerial improvido.
Cuida-se de agravo em execução interposto
pelo MINISTÉRIO PÚBLICO contra r. decisão do MM. Juízo deDireito da Vara das Execuções Criminais da Comarca deGuarulhos/SP, que deferiu o pedido de indulto de penas dosentenciado Glicério Gomide de Oliveira, formulado com base noDecreto nº 7.873/2012 (fls. 103/105).
Alega o Ministério Público que o sentenciadonão faz jus à benesse, pois não teria preenchido o requisito de
ordem objetiva, o qual deve ser computado da data da práticado último crime pelo sentenciado e não do início do cumprimentoda pena. Alega que, com a prática de novo crime, inicia-se novolapso temporal para concessão de benefícios. Aduz, ainda, que osentenciado não preenche o requisito de ordem subjetiva, eisque praticou faltas graves durante o cumprimento da pena, alémde ter tornado a delinquir, demonstrado que não ostenta omérito necessário para concessão do livramento. Requer, assim,
seja cassado o benefício do indulto de penas concedido aosentenciado pelo Juízo a quo (fls. 109/121).
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4ª Câmara de Direito Criminal
Agravo de Execução Penal nº 0012367-37.2015.8.26.0000 - Voto nº 18822 - B 3
Processado e contrarrazoado o agravo (fls.131/136), a decisão combatida restou mantida (fls. 137),opinando a Douta Procuradoria Geral de Justiça pelo provimentodo recurso (fls. 150/152).
Relatei.
O recurso não merece provimento.
O sentenciado, reincidente, cumpre penatotal de 06 anos e 06 meses de reclusão pela prática dos crimesde roubo duplamente majorado e receptação, tendo iniciado ocumprimento da reprimenda em 20/02/2009.
Após cumprimento de mais de 1/2 das penas,pleiteou a concessão de indulto, com base no Decreto nº
7.873/2012, o que foi deferido pelo Magistrado de piso,entendendo que o sentenciado preenche os requisitosnecessários para tanto.
Com razão o Juízo de origem, não merecendoguarida a irresignação do Parquet, pois o sentenciado de fatopreenche os requisitos objetivo e subjetivo necessários aconcessão do indulto.
O Decreto Presidencial nº 7.873/2012 dispõeque será concedido indulto às pessoas condenadas à penaprivativa de liberdade não superior a oito anos, não substituídapor restritivas de direitos ou multa e não beneficiadas com asuspensão condicional da pena, que, até 25 de dezembro de 2012,tenham cumprido 1/3 da pena, se não reincidentes, ou 1/2 sereincidentes, e não tenha cometido falta grave nos últimos doze
meses anteriores à publicação daquele Decreto.
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Agravo de Execução Penal nº 0012367-37.2015.8.26.0000 - Voto nº 18822 - B 4
Com efeito, o agravante, reincidente,preencheu o requisito de ordem objetiva, conforme se extraicálculo acostado à fls. 94, pois cumpriu mais de 1/2 do total desuas penas antes de 25 de dezembro de 2012.
Isto porque a jurisprudência entende que afalta disciplinar de natureza grave ou mesmo a prática de novocrime enseja aquisição de um novo lapso para a concessão dabenesse da progressão de regime prisional, mas no que dizrespeito à comutação, indulto e ao livramento condicional, oentendimento dominante prega que não há que se falar emreinício da contagem do prazo para a obtenção dessesbenefícios.
Nesse sentido:
“Habeas Corpus. Execução Penal. Falta Grave.
Interrupção na contagem de lapso temporal para aconcessão de benefício de progressão de regimeprisional. Entendimento do Tribunal a quo emconsonância com a jurisprudência dessa Corte.Livramento Condicional e comutação de penas.Interrupção do prazo para obtenção do beneficiopelo condenado. Ilegalidade. Ausência de previsãolegal. Precedentes. 1. O cometimento de falta grave,embora interrompa o prazo para a obtenção dosbenefícios da progressão de regime, não o faz para
fins de concessão dos benefícios de livramentocondicional e comutação de penas, por ausência deprevisão legal. 2. Ordem parcialmente concedidaapenas para afastar a interrupção do lapso temporalpara a concessão do livramento condicional e dacomutação de pena, mantendo no mais o acórdãoimpugnado.” (HC 116 . 130 / SP, 5ª Tur ma, Rel. M in.
Laur i t a Vaz, DJU de 19/ 12 / 2008) . (g. n)
Além do entendimento jurisprudencial, odecreto presidencial dispõe expressamente em seu artigo 3º,
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Agravo de Execução Penal nº 0012367-37.2015.8.26.0000 - Voto nº 18822 - B 5
parágrafo único, que: “a aplicação de sanção por falta disciplinarde natureza grave, prevista na Lei de Execução Penal, nãointerrompe a contagem do lapso temporal para a obtenção dosbenefícios previstos neste Decreto”.
E nem se alegue que a data da última prisãodeveria ser tida como termo inicial para cômputo do requisitoobjetivo porque, se assim não fosse, o cometimento de novoscrimes não retardariam em nada a obtenção do critério objetivo.
Ora, ante a nova condenação, a nova penacominada ao sentenciado será unificada à pena remanescente, oque certamente exigirá maior de tempo de encarceramento parao preenchimento do requisito objetivo.
Por outro lado, temos que o sentenciadotambém preenche requisito subjetivo, já que não registra
cometimento de falta disciplinar de natureza grave nos últimosdoze meses, contados retroativamente a partir da publicação doreferido decreto concessivo.
É bem verdade que o sentenciado éreincidente tendo tornado a delinquir quando ainda cumpriapena anterior - e praticou falta grave em 24/03/2009, adenotar, prima facie, que não havia assimilado a contento a
terapêutica que lhe foi dispensada.No entanto, tal fato não pode ser
considerado para o indeferimento do pedido de indulto, porque areferida falta disciplinar e a prática de novo crime ocorreramem período não contido no interregno de doze meses anterioresà publicação do Decreto Presidencial nº 7.873/2012.
Para fins de indulto, o comportamento a seraferido é o do momento em que o sentenciado faz jus ao
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Agravo de Execução Penal nº 0012367-37.2015.8.26.0000 - Voto nº 18822 - B 6
benefício.O Juízo das Execuções Criminais não pode
considerar fato anterior ou superveniente para indeferir obenefício, sob pena de violar o princípio da legalidade, eis queestaria a criar outras exigências além daquelas constantes naespécie normativa em comento.
Nesse sentido:
"l. A sentença que tem por objeto o indulto e acomutação de pena tem natureza meramentedeclaratória, na medida em que o direito já foraconstituído pelo Decreto Presidencial concessivodestes benefícios. 2. Presentes os requisitosobjetivos e subjetivos para a comutação da pena,exigidos pelo Decreto n.° 5.620/05, evidente aexistência de constrangimento ilegal em se exigir
outras condições, além das legalmente estabelecidaspara concessão do beneficio" (HC 821 84/ SP Q uint a
Turma - Relat or a Minist r a Laur i t a Vaz -
28 .06 .2007 ) .
Paralelo a isto temos que em se tratando denorma de competência discricionária e exclusiva do Presidenteda República, a teor do art. 84, XII, da Constituição Federal,não há que se falar em restrição ao alcance do referido
benefício como a exigência de exame criminológico, porexemplo -, em face da total ausência de previsão legal.
É que, em se tratando de “ato do príncipe”,não é lícito ao magistrado submeter o sentenciado a exigêncianão contemplada no mencionado diploma, sob pena de se vulneraro princípio da repartição dos poderes.
Desta forma, constatado o preenchimentodos únicos requisitos impostos para a concessão do benefício,
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previstos no Decreto nº 7.873/2012, de rigor o deferimento doindulto ao sentenciado.
Ante o exposto, NEGO PROVIMENTO aorecurso, mantendo a r. decisão tal qual lançada.
EDISON BRANDÃORelator
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