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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO GABINETE DO DESEMBARGADOR FEDERAL UBALDO ATAÍDE CAVALCANTE (JCDL) AMS88614-PE 1 APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 88614/PE (2004.83.00.009541-7) APTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE APDO : HILARIO PESSOA SANTOS ADV/PROC : CLAUDIO SOARES DE OLIVEIRA FERREIRA E OUTROS REMTE : JUÍZO FEDERAL DA 7ª VARA DE PERNAMBUCO (RECIFE) - ESPECIALIZADA EM QUESTÕES AGRÁRIAS RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL UBALDO CAVALCANTE RELATÓRIO O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal UBALDO CAVALCANTE (Relator): Trata-se de remessa oficial e apelação interposta pelo INSS – Instituto Nacional do Seguro Social, em face da sentença proferida às fls. 51/55, da lavra do MM. Juízo Federal da 7ª Vara-PE, Dra. PAULA EMÍLIA MOURA BRASIL que, observando o decurso do prazo para a Administração rever seus atos, julgou procedente o pedido formulado na inicial, reconhecendo o direito do impetrante à continuidade da percepção dos seus proventos de forma integral, sem os descontos pretendidos pela Autarquia, relativos aos valores percebidos pelo impetrante a título de diferenças de URP’S. Em suas razões de apelação, o INSS defende a total reforma da sentença singular, argumentando, em síntese, que não cabe ao caso a tese de que ocorreu a decadência do direito da Administração, em face da Lei nº 9.784/99, tendo em vista que se trata de reposição ao erário de valores recebidos indevidamente, hipótese disciplinada pelas regras do art. 46, da Lei nº 8.112/90, sob pena de ferir frontalmente as normas de direito intertemporal de Direito Administrativo, tendo em vista que antes do advento da Lei 9.784/99 não havia dispositivo algum prevendo a decadência para a Administração rever seus atos, mormente tratando-se de reposição ao erário de valores incorporados indevidamente, não havendo que se falar em aplicação imediata do prazo de decadência à relação jurídica anterior. Contra-razões apresentadas. É o relatório.

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APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 88614/PE (2004.83.00.009541-7) APTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE APDO : HILARIO PESSOA SANTOS ADV/PROC : CLAUDIO SOARES DE OLIVEIRA FERREIRA E OU TROS REMTE : JUÍZO FEDERAL DA 7ª VARA DE PERNAMBUCO (REC IFE) - ESPECIALIZADA EM QUESTÕES AGRÁRIAS RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL UBALDO CAVALCANTE

RELATÓRIO

O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal UBALDO CAVALCANTE (Relator) :

Trata-se de remessa oficial e apelação interposta pelo INSS – Instituto Nacional do Segur o Social, em face da sentença proferida às fls. 51/55 , da lavra do MM. Juízo Federal da 7ª Vara-PE, Dra. PAUL A EMÍLIA MOURA BRASIL que, observando o decurso do prazo par a a Administração rever seus atos, julgou procedente o pedido formulado na inicial, reconhecendo o direito do imp etrante à continuidade da percepção dos seus proventos de f orma integral, sem os descontos pretendidos pela Autarqu ia, relativos aos valores percebidos pelo impetrante a título de diferenças de URP’S.

Em suas razões de apelação, o INSS defende a total reforma da sentença singular, argumentando, e m síntese, que não cabe ao caso a tese de que ocorreu a decadência do direito da Administração, em face da Lei nº 9.784/99, tendo em vista que se trata de reposição ao erário de valores recebidos indevidamente, hipótese disciplinada pelas regras do art. 46, da Lei nº 8.1 12/90, sob pena de ferir frontalmente as normas de direito intertemporal de Direito Administrativo, tendo em v ista que antes do advento da Lei 9.784/99 não havia disposit ivo algum prevendo a decadência para a Administração re ver seus atos, mormente tratando-se de reposição ao erário d e valores incorporados indevidamente, não havendo que se falar em aplicação imediata do prazo de decadência à relação jurídica anterior.

Contra-razões apresentadas.

É o relatório.

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APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 88614/PE (2004.83.00.009541-7) APTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE APDO : HILARIO PESSOA SANTOS ADV/PROC : CLAUDIO SOARES DE OLIVEIRA FERREIRA E OU TROS REMTE : JUÍZO FEDERAL DA 7ª VARA DE PERNAMBUCO (REC IFE) - ESPECIALIZADA EM QUESTÕES AGRÁRIAS RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL UBALDO CAVALCANTE

VOTO

ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO – RUP - REAJUSTE DE 26,05% - VANTAGEM PERCEBIDA HÁ MAIS DE 05 ANOS, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL - DEVOLUÇÃO AO ERÁRIO DE VALORES R ECEBIDOS INDEVIDAMENTE - DECADÊNCIA DO DIREITO DA ADMINISTRA ÇÃO REVER SEUS PRÓPRIOS ATOS – LEI 9.784/99 - VERBA ALIMENTAR RECEBIDA DE BOA-FÉ COM RESPALDO EM DECISÃO JUDICIAL TRANSITA DA EM JULGADO - IMPOSSIBILIDADE DA RESTITUIÇÃO.

1. No ordenamento jurídico brasileiro, o princípio d a prescritibilidade, é a regra, a imprescritibilidade a exceção. logo, a prescrição, em qualquer área do di reito, é princípio de ordem pública e objetiva estabilizar a s relações jurídicas, não podendo o administrado fica r sujeito indefinidamente ao poder de autototela do Estado pa ra rever seus atos, sob pena de abalar o princípio da estabi lidade das relações jurídicas.

2. Sendo o prazo de 05 (cinco) anos uma constante nas disposições gerais das regras de direito público, q uer quando se trata do prazo para a administração anula r ou revogar seus próprios atos, quer quando se trata do prazo para o administrado agir, é de se aplicar ao caso a decadência do direito da Autarquia Previdenciária r ever ato administrativo, depois de decorrido mais de 05 (cin co) anos da percepção do primeiro pagamento (set/93), nos te rmos do art. 54, I, da Lei 9.784/99, tendo a Administração manifestado a pretensão de adotar providência para restituição da vantagem percebida, em março de 2001 .

3. “Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal , ‘indevida a devolução de vencimentos de servidor pú blico não só quando percebidos por força de decisão em mandad o de segurança como em decorrência de execução em ação ordinária’, uma vez que ‘vencimentos e salários têm privilégio de verba destinada a alimentos, não deve ndo impor-se a sua restituição’. (RESXs n. 88.110/DF e 80.913/RS).” (TRF 1ª Região, AMS nº 517866/MT, Rel. Des. Fed. CATÃO ALVES, DJU de 25/09/2000, pág. 14). No m esmo sentido: (TRF 5ª Região, AMS nº 65.829/PE, Rel. Des. Federal ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO (convocado), DJU d e 04/12/2002); ( TRF 5ª R. – AGTR 47215 – (2003.05.00.000278-4) – CE – 3ª T. – Rel. Des. Fed. Geraldo Apoliano – DJU

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20.11.2003 – p. 620); ( TRF 5ª R. – AI 49075 – (2003.05.00.010501) – CE – 2ª T. – Rel. Des. Fed. Paulo Roberto de Oliveira Lima – DJU 29.08.2003 – p. 742) ; (TRF 5ª R. – AMS 80693 – (2001.82.00.008658-9) – PB – 4ª T. – Rel. Des. Fed. Luiz Alberto Gurgel – DJU 20.10.2003 – p. 462); ( TRF 4ª R. – AR 2002.04.01.055592-1 – RS – 3ª S. – Rel. Des. Fed. Celso Kipper – DOU 21.07.2004 – p. 588); ( TRF 2ª Região , AMS nº 43671/ES , Rel. Des. Fed. Regina Coeli M. C. Peixoto, julg. em 17/12/2002, publ. DJU de 14/05/20 03, pág. 64).

4. Também não se aplica à espécie, o art. 46 da Lei n º 8.112/90 que trata das hipóteses de reposição de va lores recebidos indevidamente e indenização por dano ao e rário, em respeito ao princípio da boa-fé e ao princípio da estabilidade das relações jurídicas praticada pela decisão judicial transitada em julgado, aliada a natureza a limentar da verba percebida pelos impetrantes. No caso, adot a-se a orientação jurisprudencial de que o servidor de boa -fé que percebe verba remuneratória, de natureza alimentar, por força de decisão judicial, não deve ser obrigado a restituí-la.

5. Apelação e remessa oficial improvidas.

O Excelentíssimo Senhor Desembargador Federal UBALDO CAVALCANTE (Relator): Consoante salientado no relatório, a controvérsia estabelecida na presente lide, refere-se ao reconhecimento do direito de não ter descontado em seus contra-cheques a título de devol ução dos valores relativos a URP recebida no período de sete mbro de 1993 a dezembro de 1996.

Verifico que a sentença submetida a esta Corte por força de recurso apelatório, deve ser mantida p elos seus próprios fundamentos. De fato, há que se conco rdar com a conclusão a que chegou a magistrada singular. Ana lisando a questão verifica-se que o impetrante passou a per ceber o os valores atinentes a URP, por força de decisão ju dicial, no período de set/93 a dez/96. A Administração só e m março de 2001 é que manifestou a pretensão de descontar d os vencimentos do impetrante os valores percebidos indevidamente.

Para a solução da controvérsia debatida na presente demanda, em primeiro lugar, a questão deve ser analisada sob dois aspectos, quais sejam: a questão do prazo decadencial para a Administração Pública reve r seus atos, e a possibilidade do servidor que, de boa-fé, percebe valores indevidamente, ser obrigado a devolvê-los.

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Quanto ao primeiro ponto, no que respeita ao prazo decadencial/prescricional para a Administraçã o anular seus próprios atos, o tema é bastante controvertido quando se refere a período anterior à Lei nº 9.784/99, ant e o argumento da ausência de norma expressa a disciplin ar a matéria, inexistindo prazo decadencial ou prescrici onal fixado em lei.

Todavia, o caso torna-se de fácil elucidação quando se recorre ao princípio da prescritibilidade , sabendo-se que no ordenamento jurídico brasileiro e ste princípio é a regra, a imprescritibilidade a exceçã o. Logo, a prescrição, em qualquer área do direito, é princí pio de ordem pública e objetiva estabilizar as relações ju rídicas, não podendo o administrado ficar sujeito indefinida mente ao poder de autototela do Estado para rever seus atos. Logo, considerando a prescritibilidade dos atos administr ativos, resta definir em que prazo ela ocorre.

Quanto ao prazo prescricional do direito da Administração rever seus próprios atos, nos casos q ue se entendam não abrangidos pela Lei 9.784/99, é de se aplicar o prazo da regra geral, o qüinqüenal, ao qual encon tra-se submetido o administrado como dispõe o Decreto 20.9 10/32, que fixa o prazo prescricional de 05 (cinco) anos, esse mesmo prazo é o que dispõe o administrado para prop or ação popular, conforme disposição da Lei 4.717/65. Da me sma forma, é de 05 (cinco) anos, o prazo de prescrição para o Poder Público cobrar débitos tributários ou decaden cial para constituição desse crédito, bem como para o administrado pleitear restituições de créditos trib utários, consoante dispõe o CTN. Prazo esse que também foi recepcionado pela Lei 9.784/99.

Vê-se, pois, que este prazo de 05 (cinco) anos é uma constante nas disposições gerais estatuídas e m regras de direito público, quer quando se trata do prazo p ara a Administração anular ou revogar seus próprios atos, quer quando se trata do prazo para o administrado agir, ademais, salvo disposição legal explícita, não há razão para se distinguir entre a Administração e administrado no que se refere ao prazo, ao término do qual, faleceria o di reito de reciprocamente se proporem ações.

Pondo fim a questão do prazo prescricional para a Administração anular ou rever seus próprios atos, a Lei 9.784, de 29.01.1999, que regula o processo adminis trativo

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no âmbito da Administração Pública Federal estabele ce, em seu art. 54 1, o prazo de 05 (cinco) anos para a Administração anular seus atos, salvo se comprovada má-fé, correndo o prazo a partir do primeiro pagamento qua ndo se tratar de efeitos patrimoniais contínuos, conforme previsto no § 1º do mencionado dispositivo legal.

Assim, à míngua de previsão do prazo prescricional para a Administração rever seus própr ios atos, torna-se inafastável a incidência da analogia legis , recomendando o prazo qüinqüenal para a prescrição d o direito da Autarquia Previdenciária rever seus atos , tal como ocorre com a prescritibilidade prevista no art . 54, § 1º da Lei 9.784/99, porquanto aplicável o princípio ubi eadem est ratio, ibi ide jus (“a mesma razão autoriza o mesmo direito”).

Portanto, não pode a Autarquia Previdenciária promover ato administrativo para suprimir vantagem do impetrante, mais de 05 (cinco) anos depois, em virt ude da ocorrência do fenômeno da decadência, consoante ori enta abalizada e culta doutrina e expressa vedação legal inserta no já mencionado art. 54, § 1º, da Lei nº 9.784/99, que prescreve o prazo decadencial de 05 (cinco) anos, p ara anulação dos atos administrativos, contados da perc epção do primeiro pagamento efetuado ao servidor.

A respeito do tema, permito-me transcrever os seguintes precedentes que, dentre outros, perfilham o mesmo entendimento aqui defendido:

ADMINISTRATIVO – FALTA DISCIPLINAR – LEI Nº 4.595/6 4, ART. 44 – PRESCRIÇÃO – INEXISTÊNCIA DE REGRA EXPRES SA – APLICAÇÃO ANALÓGICA DE NORMA MAIS PRÓXIMA (LEI Nº 8.884/94, ART. 28) – 1. A prescrição, em qualquer á rea do direito, é princípio de ordem pública e objetiva estabilizar as relações jurídicas. 2. Desse modo, t ambém no Direito Administrativo, a regra é a prescritibilidade. 3. Inexistindo regra expressa de prescrição das infrações à Lei nº 4.595/64, é lícit o ao intérprete valer-se da analogia, aplicando, no caso , o

1 Art. 54. O direito da Administração de anular os at os administrativos de que

decorram efeitos favoráveis para os destinatários d ecai em cinco anos,

contados da data em que foram praticados, salvo com provada má-fé.

§ 1º. No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-

se-á da percepção do primeiro pagamento.

§ 2º. (...).

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prazo prescricional de cinco anos, de que cuida o a rt. 28 da Lei nº 8.884/94. 4. Sentença confirmada. 5. Apelação e remessa oficial desprovidas. (TRF 1ª R. – AC 01000271322 – DF – 6ª T. – Rel. Des. Fed. Daniel Pa es Ribeiro – DJU 27.11.2002 – p. 144)

PRESCRIÇÃO EXTINTIVA DA AÇÃO – ATO NULO – IRRELEVÂN CIA – A prescritibilidade das ações é a regra e a imprescritibilidade exceção. Se a lei não declarar a imprescritibilidade, praticado o ato nulo ou anuláv el tem a parte a obrigação de ingressar com a ação reparadora no prazo legal, sob pena de perder o dir eito de obter a declaração de nulidade. O art. 11 da CLT não faz distinção entre ato nulo e anulável, nem a CF n o art. 7º, inciso XXIX, abriu exceção a essa regra. ( TRT 2ª R. – RO 20010140381 – (20010812142) – 9ª T. – Re l. Rel. Des. Fed. Luiz Edgar Ferraz de Oliveira – DOES P 18.01.2002)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. SERVIDOR PÚBLICO. PROVENTOS DE APOSENTADORIA. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE. PRECLUSÃO ADMINISTRATIVA. RETROAÇÃO DE NOVA INTERPRETAÇÃO DE DISPOSITIVO LEGAL. NÃO CABIMENTO. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. - Decisão que indeferiu pedido de medida liminar pleiteada com o propósito de assegur ar ao agravante o direito à percepção dos proventos de aposentadoria com observância dos critérios adotado s à época de sua concessão. - O termo final para contagem do prazo decadencial foi o ano de 2002, quando instaurado procedimento administrativo para revisão da parcela paga a título de anuênio, assegurando-se ao servidor o contraditório e a ampl a defesa. - Caso se considere como termo inicial tant o a data do ato de aposentação (01/1981) como aquela em que a recorrida alega que foi efetivado o primeiro pagamento dos anuênios na forma postulada pelo recorrente (01/1991), resta configurada a preclusão administrativa, que impede a administração de rever seus próprios atos. - Não é possível que nova interpretação de dispositivo legal retroaja para afetar situações já reconhecidas e consolidadas, an te o disposto no art. 2º, XIII, da Lei n.º 9.784/99, q ue prevê o princípio da segurança jurídica. - Agravo d e instrumento provido. Agravo regimental improvido. (TRT 5ª R. – AGTR 49186 Processo: 200305000149539 U F: PE – (20010812142) – 1ª T. – REL. Federal Francisco Wildo – DJ 09/10/2003 - Página: 981)

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL – LITISPENDÊNCIA AFASTADA – ART. 515, § 3º DO CPC, NA REDAÇÃO DA LEI Nº 10.352/01 – PRELIMINAR – ILEGITIMIDADE PASSIVA AD C AUSAM – DENUNCIAÇÃO À LIDE REJEITADA – TRANSFORMAÇÃO DAS

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FUNÇÕES DE CONFIANÇA DAS INSTITUIÇÕES FEDERAIS DE E NSINO EM CARGOS DE DIREÇÃO – LEI 7.596/87 – DECRETO 94.66 4/87 – PORTARIA MEC 474/87 – LEI 8.168/91 – QUINTOS – DI REITO ADQUIRIDO – IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS – DECAD ÊNCIA – LEI 9.784/99 – APELAÇÃO PROVIDA – SEGURANÇA CONCE DIDA – 1. (...). 5. Ultrapassados 5 (cinco) anos desde a data da Portaria 474, de 26/08/87, que fixou os valores das funções comissionadas, deve ser aplicada a decadênc ia do direito de anular, conforme preconiza abalizada dou trina e a teor do disposto no art. 54 da Lei 9.784/99, qu e regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. Precedentes: AC 1999.34.00.036098-6/DF, TRF – 1ª Região, Rel. Des. Federal Antônio Sávio de Oliveira Chaves; AMS 2000.71.10.000130-4/RS, Rel. Juiz Valdemar Capelett i, TRF – 4ª Região; ROMS 12705/TO, Rel. Min. Vicente L eal, STJ, 6ª Turma; MS 7090/DF, Min. Jorge Scartezzini, STJ, 3ª Seção e MS 6566/DF, Min. Garcia Vieira, STJ, 1ª Seção. 6. Inexistência nos autos de prova sobre med idas administrativas em tempo hábil que importassem impugnação à validade do ato, para efeito do exercí cio do direito de anular. 7. (…). (TRF 1ª R. – AMS 38000075394 – MG – 1ª T. – Rel. Des. Fed. Luiz Gonz aga Barbosa Moreira – DJU 09.06.2003 – p. 27)

No que respeita a questão da devolução de valores percebidos por servidores públicos, por for ça de decisão judicial transitada em julgado, e posterior mente reformada, é matéria que vem sendo reiteradamente a preciada em nossos tribunais, que têm adotado o entendimento de que incabível se falar em restituição dos valores quand o percebidos de boa-fé, conforme se infere do precede nte a seguir:

“Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal , ‘indevida a devolução de vencimentos de servidor público não só quando percebidos por força de decis ão em mandado de segurança como em decorrência de execução em ação ordinária’, uma vez que ‘venciment os e salários têm privilégio de verba destinada a alimentos, não devendo impor-se a sua restituição’. (RESXs n. 88.110/DF e 80.913/RS).” (TRF 1ª Região, AMS nº 517866/MT, Rel. Des. Fed. CATÃO ALVES, julg. em 23/11/1999, publ. DJU de 25/09/2000, pág. 14)”.

Também não se aplica à espécie, o art. 46 da Lei nº 8.112/90 que trata das hipóteses de reposiçã o de valores recebidos indevidamente e indenização por d ano ao erário, em respeito ao princípio da boa-fé e ao pri ncípio da estabilidade das relações jurídicas praticada pe la

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decisão judicial transitada em julgado, aliada a na tureza alimentar da verba percebida pelos impetrantes.

Nesse diapasão, adota-se a orientação jurisprudencial de que o servidor de boa-fé que per cebe verba remuneratória, de natureza alimentar, por for ça de decisão judicial, não deve ser obrigado a restituí- la.

Nesse sentido, trago à colação os seguintes arestos:

“ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. GRATIFICAÇÃO INDEVIDAMENTE RECEBIDA. DEVOLUÇÃO. DESNECESSIDADE DE PRÉVIA DECISÃO JUDICIAL. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. IRREDUTIBILIDADE DE VENCIMENTOS. BOA FÉ. (...). 5. No entanto, tem prevalecido o entendimento de que, se o servidor recebeu verba remuneratória, de natureza alimentar, de boa fé, em face de interpretação equivocada de dispositivo de lei, por parte da próp ria Administração Pública, não pode ser compelido a restituí-la.” (TRF 5ª Região, AMS nº 65.829/PE, Rel. Des. Federal ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO (convocado), julg. 09/04/2002, publ. DJU de 04/12/2 002); ADMINISTRATIVO – DEVOLUÇÃO AO ERÁRIO DE VALORES RECEBIDOS INDEVIDAMENTE – POSSIBILIDADE – ART. 46 D A LEI Nº 8.112/90 – VERBAS COM CARÁTER ALIMENTAR E PERCEB IDOS DE BOA-FÉ – IMPOSSIBILIDADE DA RESTITUIÇÃO – 1. É d evida a reposição ao Erário das quantias indevidamente recebidas, não sendo circunstância liberatória o recebimento dos valores pelo servidor, de boa-fé. 2 . O recebimento de vantagem indevida não gera direito adquirido, sendo lícito e obrigatório que a Administração proceda à correção, em observância ao princípio da legalidade. 3. A reposição ao Erário, através de desconto em remuneração, deverá ser feit a nos termos do artigo 46 da Lei nº 8.112/90. 4. Contudo, o ordenamento jurídico garante as situações licitamen te consolidadas e devido à natureza alimentar percebid a pelos servidores e à boa-fé, não há que se falar em restituição de tais valores . 5. Agravo Regimental prejudicado. Agravo de Instrumento provido. (TRF 5ª R. – AGTR 47215 – (2003.05.00.000278-4) – CE – 3ª T. – R el. Des. Fed. Geraldo Apoliano – DJU 20.11.2003 – p. 62 0) (grifos nossos);

PROCESSUAL CIVIL – AGRAVO DE INSTRUMENTO – DECISÃO JUDICIAL – TRÂNSITO EM JULGADO – IMPOSSIBILIDADE DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES PAGOS – RECEBIMENTO REVESTIDO DE BOA-FÉ, AMPARADO POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL – 1. A implantação do reajuste de 26,05% na folha de pagam ento de servidores, realizada pela Administração, ocorre u em razão de uma decisão judicial transitada em julgado e, ainda que sua desconsideração tenha sido realizada por

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meio de ação rescisória, não há de se perseguir a devolução dos valores recebidos antes de sua desconstituição; 2. A tentativa do INSS de reaver as quantias pagas, por força de decisão judicial, com trânsito em julgado, após a desconstituição por mei o de ação rescisória, mostra-se impraticável, por restar caracterizada a boa-fé do recebimento dos valores discutidos ; 4. Agravo de instrumento improvido. Agravo inominado prejudicado. (TRF 5ª R. – AI 49075 – (2003.05.00.010501) – CE – 2ª T. – Rel. Des. Fed. P aulo Roberto de Oliveira Lima – DJU 29.08.2003 – p. 742)(grifos nossos);

ADMINISTRATIVO. SERVIDOR PÚBLICO. DEVOLUÇÃO DE VALO RES. VERBA ALIMENTAR. - Remessa necessária e apelação em mandado de segurança interpostas pelo IBAMA, INCRA e União Federal, face à sentença que concedeu a segur ança pleiteada, para que as autoridades impetradas deixe m de efetuar descontos nos vencimentos dos impetrantes, a título de ressarcimento ao erário, de valores receb idos por força de decisão judicial transitada em julgado que, posteriormente, fora desconstituída por força de aç ão rescisória. (...). - Diante do caráter alimentar da verba, recebida de boa-fé, verifica-se a impossibil idade da devolução, conforme precedentes do Supremo Tribu nal Federal. - Recursos e remessa necessária improvidos .” (TRF 2ª Região, AMS nº 43671/ES, Rel. Des. Fed. Reg ina Coeli M. C. Peixoto, julg. em 17/12/2002, publ. DJU de 14/05/2003, pág. 64);

AGRAVO DE INSTRUMENTO – PROCESSUAL CIVIL – ADMINISTRATIVO – SERVIDOR PÚBLICO – DEVOLUÇÃO DE VA LORES – VERBA ALIMENTAR – ANTECIPAÇÃO DE TUTELA – A conce ssão de tutela antecipada insere-se no poder de cautela do juiz que, tendo em vista os elementos constantes do processo, pode melhor avaliar a presença dos requis itos autorizadores de tal provimento. Os valores recebid os pelo Autor, ora agravado, em virtude de decisão judicial, posteriormente modificada por ação rescis ória, não configura locupletamento ilegal, visto que fora m percebidos de boa-fé e provavelmente já terão sido consumidos por tratar-se de verba alimentar. Agravo de Instrumento improvido. (TRF 2ª R. – AG 2004.02.01.000168-3 – 3ª T. – Relª Desª Fed. Tania Heine – DJU 17.05.2004 – p. 268);

PREVIDENCIÁRIO – AÇÃO RESCISÓRIA – CONVERSÃO DO VAL OR DOS BENEFÍCIOS PARA URV – 1. Segundo a Súmula 63 de ste Regional, "Não é aplicável a Súmula 343 do Supremo Tribunal Federal nas ações rescisórias versando mat éria constitucional." 2. (...). 4. Incabível a restituiç ão de valores recebidos a título de revisão da conversão para URV, de vez que o foram por força de decisão judici al transitada em julgado e induvidosa a boa-fé da part e

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beneficiária. A decisão da rescisória, destarte, há de produzir efeitos ex nunc , de modo a estancar apenas o pagamento das diferenças a partir desta decisão, ou a partir da decisão antecipatória, se for o caso. (TR F 4ª R. – AR 2002.04.01.055592-1 – RS – 3ª S. – Rel. Des . Fed. Celso Kipper – DOU 21.07.2004 – p. 588);

Diante do exposto, reportando-me aos fundamentos dos precedentes retro transcritos, nego provimento à apelação e à remessa oficial.

É COMO VOTO.

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APELAÇÃO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 88614/PE (2004.83.00.009541-7) APTE : INSS - INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL REPTE : PROCURADORIA REPRESENTANTE DA ENTIDADE APDO : HILARIO PESSOA SANTOS ADV/PROC : CLAUDIO SOARES DE OLIVEIRA FERREIRA E OU TROS REMTE : JUÍZO FEDERAL DA 7ª VARA DE PERNAMBUCO (REC IFE) - ESPECIALIZADA EM QUESTÕES AGRÁRIAS RELATOR : DESEMBARGADOR FEDERAL UBALDO CAVALCANTE

EMENTA

ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO – RUP - REAJUSTE DE 26,05% - VANTAGEM PERCEBIDA HÁ MAIS DE 05 ANOS, POR FORÇA DE DECISÃO JUDICIAL - DEVOLUÇÃO AO ERÁRIO DE VALORES R ECEBIDOS INDEVIDAMENTE - DECADÊNCIA DO DIREITO DA ADMINISTRA ÇÃO REVER SEUS PRÓPRIOS ATOS – LEI 9.784/99 - VERBA ALIMENTAR RECEBIDA DE BOA-FÉ COM RESPALDO EM DECISÃO JUDICIAL TRANSITA DA EM JULGADO - IMPOSSIBILIDADE DA RESTITUIÇÃO.

1. No ordenamento jurídico brasileiro, o princípio d a prescritibilidade, é a regra, a imprescritibilidade a exceção. logo, a prescrição, em qualquer área do di reito, é princípio de ordem pública e objetiva estabilizar a s relações jurídicas, não podendo o administrado fica r sujeito indefinidamente ao poder de autototela do Estado pa ra rever seus atos, sob pena de abalar o princípio da estabi lidade das relações jurídicas.

2. Sendo o prazo de 05 (cinco) anos uma constante nas disposições gerais das regras de direito público, q uer quando se trata do prazo para a administração anula r ou revogar seus próprios atos, quer quando se trata do prazo para o administrado agir, é de se aplicar ao caso a decadência do direito da Autarquia Previdenciária r ever ato administrativo, depois de decorrido mais de 05 (cin co) anos da percepção do primeiro pagamento (set/93), nos te rmos do art. 54, I, da Lei 9.784/99, tendo a Administração manifestado a pretensão de adotar providência para restituição da vantagem percebida, em março de 2001 .

3. “Consoante entendimento do Supremo Tribunal Federal , ‘indevida a devolução de vencimentos de servidor pú blico não só quando percebidos por força de decisão em mandad o de segurança como em decorrência de execução em ação ordinária’, uma vez que ‘vencimentos e salários têm privilégio de verba destinada a alimentos, não deve ndo impor-se a sua restituição’. (RESXs n. 88.110/DF e 80.913/RS).” (TRF 1ª Região, AMS nº 517866/MT, Rel. Des. Fed. CATÃO ALVES, DJU de 25/09/2000, pág. 14). No m esmo sentido: (TRF 5ª Região, AMS nº 65.829/PE, Rel. Des. Federal

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ÉLIO WANDERLEY DE SIQUEIRA FILHO (convocado), DJU d e 04/12/2002); ( TRF 5ª R. – AGTR 47215 – (2003.05.00.000278-4) – CE – 3ª T. – Rel. Des. Fed. Geraldo Apoliano – DJU 20.11.2003 – p. 620); ( TRF 5ª R. – AI 49075 – (2003.05.00.010501) – CE – 2ª T. – Rel. Des. Fed. Paulo Roberto de Oliveira Lima – DJU 29.08.2003 – p. 742) ; (TRF 5ª R. – AMS 80693 – (2001.82.00.008658-9) – PB – 4ª T. – Rel. Des. Fed. Luiz Alberto Gurgel – DJU 20.10.2003 – p. 462); ( TRF 4ª R. – AR 2002.04.01.055592-1 – RS – 3ª S. – Rel. Des. Fed. Celso Kipper – DOU 21.07.2004 – p. 588); ( TRF 2ª Região , AMS nº 43671/ES , Rel. Des. Fed. Regina Coeli M. C. Peixoto, julg. em 17/12/2002, publ. DJU de 14/05/20 03, pág. 64).

4. Também não se aplica à espécie, o art. 46 da Lei n º 8.112/90 que trata das hipóteses de reposição de va lores recebidos indevidamente e indenização por dano ao e rário, em respeito ao princípio da boa-fé e ao princípio da estabilidade das relações jurídicas praticada pela decisão judicial transitada em julgado, aliada a natureza a limentar da verba percebida pelos impetrantes. No caso, adot a-se a orientação jurisprudencial de que o servidor de boa -fé que percebe verba remuneratória, de natureza alimentar, por força de decisão judicial, não deve ser obrigado a restituí-la. 5. Apelação e remessa oficial improvidas.

ACÓRDÃO

Vistos e relatados os autos em que são partes as acima indicadas, decide a egrégia Primeira Turma do Tribunal Regional Federal da 5a. Região, por unanim idade, negar provimento à apelação e à remessa oficial , na forma do relatório, voto e das notas taquigráficas consta ntes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presen te julgado.

Recife-PE, 04 de novembro de 2004 (data do julgamento).

Desembargador Federal UBALDO CAVALCANTE Relator