Acórdão_0172053-23.2010.8.05.0001_RECURSO_EMPRESA,_DANOS_MATERIAIS,_MANTIDA,_COM_ADV_SEM_C_RAZ.pdf

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  • COJE COORDENAO DOS JUIZADOS ESPECIAISTURMAS RECURSAIS CVEIS E CRIMINAIS

    Av. Manoel Dias da Silva, 2177, Pituba (prdio do UEC- Universal English Course).

    TERCEIRA TURMA - CVEL E CRIMINAL

    PROCESSO n 0172053-23.2010.8.05.0001- PROJUDI - CvelRECORRENTE: UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - FACULDADE

    UNIVERSO.RECORRIDA: MARIA CONCEIO FONTES DO CARMO.RELATOR (A): JUIZ(A) BALTAZAR MIRANDA SARAIVAEMENTA: RECURSO INOMINADO. DEFESA DO CONSUMIDOR.

    DANOS MATERIAIS CONFIGURADOS. VIOLAO DOS PRINCPIOS DA BOA-F, TRANSPARNCIA E EQUILBRIO. CORRETO O ENTENDIMENTO DO JUIZ SENTENCIANTE. CONFIRMA-SE A SENTENA A QUO, QUE COMPS A LIDE COM JUDICIOSIDADE, PELOS SEUS PRPRIOS FUNDAMENTOS, COM A CONDENAO DA RECORRENTE NAS CUSTAS PROCESSUAIS E HONORRIOS ADVOCATCIOS ARBITRADOS EM 10% (DEZ POR CENTO) DO VALOR DA CONDENAO PECUNIRIA IMPOSTA, A TEOR DO QUE DISPE O ART. 55, CAPUT, DA LEI 9.099/95.

    ACRDORealizado o Julgamento do Recurso do processo acima

    epigrafado A TERCEIRA TURMA, composta dos Juzes de Direito, BALTAZAR MIRANDA SARAIVA, MARCELO SILVA BRITTO, JOSEFA CRISTINA TOMAZ MARTINS KUNRATH, decidiu, unanimidade de votos, NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO interposto, para se manter integralmente a sentena hostilizada, pelos seus prprios fundamentos, condenando a Recorrente ao pagamento das custas processuais e honorrios advocatcios arbitrados em 10% (dez por cento) do valor da condenao pecuniria imposta, a teor do que dispe o art. 55, caput, da Lei 9.099/95.

    Salvador, Sala das Sesses, em 04 de julho de 2012.

    JUIZ(A) JOSEFA CRISTINA TOMAZ MARTINS KUNRATHPresidente

    JUIZ(A) BALTAZAR MIRANDA SARAIVARelator(a)

  • TERCEIRA TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS CVEIS E CRIMINAIS.CLASSE: RECURSO INOMINADO n 0172053-23.2010.8.05.0001- PROJUDI.RECORRENTE: UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - FACULDADE UNIVERSO.RECORRIDO(A): MARIA CONCEIO FONTES DO CARMO.RELATOR: JUIZ BALTAZAR MIRANDA SARAIVA

    RECURSO INOMINADO. DEFESA DO CONSUMIDOR. DANOS MATERIAIS CONFIGURADOS. VIOLAO DOS PRINCPIOS DA BOA-F, TRANSPARNCIA E EQUILBRIO. CORRETO O ENTENDIMENTO DO JUIZ SENTENCIANTE. CONFIRMA-SE A SENTENA A QUO, QUE COMPS A LIDE COM JUDICIOSIDADE, PELOS SEUS PRPRIOS FUNDAMENTOS, COM A CONDENAO DA RECORRENTE NAS CUSTAS PROCESSUAIS E HONORRIOS ADVOCATCIOS ARBITRADOS EM 10% (DEZ POR CENTO) DO VALOR DA CONDENAO PECUNIRIA IMPOSTA, A TEOR DO QUE DISPE O ART. 55, CAPUT, DA LEI 9.099/95.

    Dispensado o relatrio nos termos do artigo 46 da Lei n. 9.099/951, homenageado pelo enunciado 92 do FONAJE2

    Circunscrevendo a lide e a discusso recursal para efeito de registro, saliento que a Recorrente UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA - FACULDADE UNIVERSO, pretende a reforma da sentena de fl., que julgou parcialmente procedente a queixa, para declarar indevida a cobrana efetuada pela r, mantendo a liminar, condenando a acionada a devolver autora 80% do valor da matricula, ou seja, R$ 455,28 (quatrocentos e cinquenta e cinco reais e vinte e oito centavos), devidamente corrigido.

    Transcorreu IN ALBIS o prazo assinalado para apresentao de contra-razes.

    1 Art. 46. O julgamento em segunda instncia constar apenas da ata, com a indicao suficiente do processo, fundamentao sucinta e parte dispositiva. Se a sentena for confirmada pelos prprios fundamentos, a smula do julgamento servir de acrdo.

    2 Enunciado n 92: Nos termos do art. 46 da Lei n 9099/95, dispensvel o relatrio nos julgamentos proferidos pelas Turmas Recursais.

  • Os autos virtuais foram distribudos para esta 3a Turma Recursal, cabendo-me por sorteio a funo de relator. Aps examin-los, submeto aos demais membros desta E. Corte o meu

    V O T O

    Conheo do recurso, pois apresentado tempestivamente.

    Inicialmente, saliento a necessidade de o julgamento em segunda instncia no sistema de juizados especiais atentar para os princpios da simplicidade e objetividade recomendados pelo dispositivo legal acima invocado. Por isso mesmo, reza o enunciado 46 do FONAJE que a fundamentao da sentena ou do acrdo poder ser feita oralmente, com gravao por qualquer meio, eletrnico ou digital, consignando-se apenas o dispositivo na ata.

    Confirmando-se a sentena pelos seus prprios fundamentos, a smula do julgamento servir de acrdo. Nessa hiptese, somente quando a matria comportar alguma polmica jurdica ou o recurso suscitar assunto no decidido pelo juzo a quo, deve ter lugar uma fundamentao mais detalhada no julgamento do processo em segunda instncia.

    No caso, a sentena recorrida, tendo analisado todos os aspectos debatidos, inclusive aqueles novamente trazidos baila em sede recursal, merece confirmao integral por seus prprios e jurdicos fundamentos.

    As relaes de consumo, segundo os princpios gerais do Direito do Consumidor, so regidas pelo trinmio boa-f, transparncia e equilbrio entre as partes. Sem a presena destes, verifica-se um comportamento abusivo e prepotente de uma parte sobre a outra, em geral em detrimento da mais fraca e hipossuficiente, que o consumidor.

    A propsito vale a lio de Maria Celina Bodin de Morais (Revista de Direito Civil da RT, n 65 A caminho de um direito civil constitucional), segundo a qual:

    Assim que qualquer norma ou clusula negocial, por mais insignificante que parea, deve se coadunar e exprimir a normativa constitucional. Sob essa tica, as normas de direito civil necessitam ser interpretadas como reflexos das normas constitucionais. A regulamentao da atividade privada (porque regulamentao da vida cotidiana) deve ser, em todos os seus momentos, expresso da indubitvel opo constitucional de privilegiar a dignidade da pessoa humana. Em

  • conseqncia, transforma-se o direito civil: de regulamentao da atividade econmica individual, entre homens livres e iguais, para regulamentao da vida social, na famlia, nas associaes, nos grupos comunitrios, onde quer que a personalidade humana melhor se desenvolva e sua dignidade seja mais amplamente tutelada.

    Por isso, cumpre ao Estado preservar os princpios estabelecidos no art. 4 do CDC, fazendo cumprir as metas estabelecidas pela Poltica Nacional das Relaes de Consumo, devendo o Poder Judicirio, sempre que se deparar com prticas comerciais abusivas, que desrespeitem a dignidade, a sade e a segurana dos consumidores, fazer restabelecer o equilbrio nas relaes de consumo.

    Alis, o art. 46 do CDC estabelece que os contratos que regulam as relaes de consumo no obrigaro os consumidores, se no lhes for dada a oportunidade de conhecer previamente o seu contedo e caso os seus respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a compreenso de seu sentido e alcance, cabendo ao fornecedor fazer prova quanto ao cumprimento desse dispositivo, o que no ocorreu no caso sub judice.

    A exigncia, por outro lado, do pargrafo 4, do art. 54, do CDC, cumpre destacar, justifica-se para permitir a imediata e fcil compreenso do sentido e alcance da clusula contratual, velando pela transparncia da relao de consumo. O que se impe o destaque grfico da clusula de limitao em confronto com as demais, desprovidas desse carter restritivo. Em sua literalidade, pretende a lei assegurar ao consumidor a imediata e fcil compreenso da clusula(Carlos Roberto Barbosa Moreira, In CDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR E O CONTRATO DE SEGURO, IN REVISTA DA EMERJ - ESCOLA DA MAGISTRATURA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Vol. 1, 1998, p. 25 e 26, p. 25).

    No h o que reparar ou acrescentar ao julgamento de primeiro grau, no sendo convincentes as razes utilizadas na interposio do presente remdio.

    Assim, os argumentos trazidos no presente recurso, mngua de consistncia, no conseguiram abalar os fundamentos que consubstanciam o veredictum monocrtico.

    Pelo exposto e tudo mais que dos autos consta, VOTO no sentido de NEGAR PROVIMENTO AO RECURSO interposto, para se manter integralmente a sentena hostilizada, pelos seus prprios fundamentos, condenando a Recorrente ao pagamento das custas processuais e honorrios advocatcios arbitrados em 10% (dez por cento) do

  • valor da condenao pecuniria imposta, a teor do que dispe o art. 55, caput, da Lei 9.099/95.

    como voto.Salvador, Sala das Sesses, 04 de julho de 2012.

    DR. BALTAZAR MIRANDA SARAIVAJUIZ RELATOR

    Documento Assinado Eletronicamente.(Lei n 11.419, de 19 de dezembro de 2006.)

    COJE COORDENAO DOS JUIZADOS ESPECIAISTURMAS RECURSAIS CVEIS E CRIMINAISEMENTA:ACRDO