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 Acórdãos STJ Acórdão do Supremo Tribunal de Justiça Processo: 172/11.9TPT!A.S1 "# $on%encional: &.' S($)*+ elator: P,(S -A A)A -escritores: ($S+ P("A0 ASS,ST("T( A-+A-+ (P(S("TA)*+ ( J34+ $+"ST,T$,+"A0,-A-( -ata do Acordão: 15!6!2612 otação: "A",,-A-( Te8to ,nteral: S Pri%acidade: 1 eio Processual: ($S+ P("A0 -ecisão: "(A-+ P+,("T+ rea Tem;tica: -,(,T+ P+$(SSA0 P("A0 ! ASS,ST("T ( ! P+-)*+ -( P+A -,(,T+ $+"ST,T$,+"A0 ! -,(,T+S ( -(((S <"-A("TA,S P+<,SS,+"A,S <+("S(S ! (=($3$,+ -A A- +$A$,A -outrina: ! Alberto dos eis> $P$> anotado> > p.1?@. ! Alredo aspar> (statuto da +rdem dos Ad%oados. ! $a%aleiro de <erreira> $urso de Processo Penal> ,> ed. -anBbio> 195@> p;. 1?@ e 1?7. ! <iueiredo -ias> -ireito Processual Penal> ,> p;. ?9. ! ermano arCues da Sil%a> $urso de Processo Penal> ,> p;. &1@ ! aia onçal%es> $ódio de Processo Penal> Anotado ! 0eislação $omplementar> 17' edição !2669> p. 217> nota &. ! anso Preto> in Pareceres do inistDrio PBblico> p;s. &2& e ses.. ! Paulo Pinto de AlbuCuerCue> $oment;rio do $ódio de Processo Penal> p. 269. 0eislação "acional: $E-,+ -( P+$(SS+ P("A0 F$PPG: ! AT,+S @.#> @5.#> ".#1> @9.#> 76.#> &@.#> ".#1. $+"ST,T,)*+ -A (PHI0,$A P+T(SA F$PG: ! AT,+ &2.#. (STATT+ -A +-( -+S A-+A-+S: ! AT,+S @1.#> @.#. Jurisprudncia "acional: A$E-*+S -+ T,I"A0 $+"ST,T$,+"A0: ! ".#S &2?/6@ ( &&5/6@. A$E-*+S -+ T,I"A0 -A (0A)*+ -( $+,IA: ! $+0. J. 199?> ,> P. ?7. A$E-*+S -+ T,I"A0 -A (0A)*+ -( 0,SI+A: !-( 26/?/1995K !-( 12/2/266K PI0,$A-+S> (SP($T,A ("T(> "A $J> 1995> T++ ,,,> P. 17> ( 266> T++ ,> P. 1&. A$E-*+ -+ SP(+ T,I"A0 -( JST,)A: !-( 2&/?/2662> P+$. ".# 1&52/62. !-( 1!6@!266@> P+$. ".# 256@/62 !&.'> !-( 21/?/2669> P+$. ".# 16?/69.2.L<0SI. Sum;rio : I - Os arts. 68.º, n.º 1, e 69.º do CPP referem-se à legitimidade para a constituiço de assistente em processo  penal e à respecti!a posiço processual e atri"uiç#es. Por sua !e$, ao n%!el da representaço &udici'ria dos assistentes, o art. ().º, n.º 1, do mesmo C*digo, determina +ue os assistentes so sempre representados por

Acórdãos STJ

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Sobre advogado em causa própria

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  • 5/19/2018 Acrdos STJ

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    Acrdos STJ Acrdo do Supremo Tribunal de JustiaProcesso: 172/11.9TPT!A.S1"# $on%encional: &.' S($)*+elator: P,(S -A A)A-escritores: ($S+ P("A0

    ASS,ST("T(

    A-+A-+(P(S("TA)*+ ( J34+$+"ST,T$,+"A0,-A-(

    -ata do Acordo: 15!6!2612otao: "A",,-A-(Te8to ,nteral: SPri%acidade: 1

    eio Processual: ($S+ P("A0-eciso: "(A-+ P+,("T+rea Tem;tica: -,(,T+ P+$(SSA0 P("A0 ! ASS,ST("T( ! P+-)*+ -(

    P+A-,(,T+ $+"ST,T$,+"A0 ! -,(,T+S ( -(((S anotado> > p.1?@.! Alredo aspar> (statuto da +rdem dos Ad%oados.! $a%aleiro de $urso de Processo Penal> ,> ed. -anBbio> 195@>p;. 1?@ e 1?7.! -ireito Processual Penal> ,> p;. ?9.! ermano arCues da Sil%a> $urso de Processo Penal> ,> p;. &1@! aia onal%es> $dio de Processo Penal> Anotado ! 0eislao$omplementar> 17' edio !2669> p. 217> nota &.! anso Preto> in Pareceres do inistDrio PBblico> p;s. &2& e ses..

    ! Paulo Pinto de AlbuCuerCue> $oment;rio do $dio de Processo Penal>p. 269.0eislao "acional: $E-,+ -( P+$(SS+ P("A0 F$PPG: ! AT,+S @.#> @5.#> ".#1>

    @9.#> 76.#> &@.#> ".#1.$+"ST,T,)*+ -A (PHI0,$A P+T(SA F$PG: ! AT,+&2.#.(STATT+ -A +-( -+S A-+A-+S: ! AT,+S @1.#> @.#.

    Jurisprudncia "acional: A$E-*+S -+ T,I"A0 $+"ST,T$,+"A0:! ".#S &2?/6@ ( &&5/[email protected]$E-*+S -+ T,I"A0 -A (0A)*+ -( $+,IA:! $+0. J. 199?> ,> P. ?7.A$E-*+S -+ T,I"A0 -A (0A)*+ -( 0,SI+A:!-( 26/?/1995K

    !-( 12/2/266K PI0,$A-+S> (SP($T,A("T(> "A $J> 1995>T++ ,,,> P. 17> ( 266> T++ ,> P. 1&.A$E-*+ -+ SP(+ T,I"A0 -( JST,)A:!-( 2&/?/2662> P+$. ".# 1&52/62.!-( 1!6@!266@> P+$. ".# 256@/62 !&.'>!-( 21/?/2669> P+$. ".# 16?/69.2.L

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    ad!ogado, acrescentando o n. +ue podem seracompanados por ad!ogado nas diligncias em +ueinter!ierem.

    II - / e0igncia de representao do assistente, porad!ogado, significa imediatamente a necessidade dea!er pessoa id*nea legalmente a"ilitada noconecimento do direito por !ia de regra o ad!ogado ,+ue possa agir e $elar &uridicamente pelos interesses doofendido no processo, atra!2s do mandato &udicial, uma!e$ +ue o processo se desenrola de armonia com, eo"edece, a regras &ur%dicas.

    III - 3m termos de lei penal ad&ecti!a, contrariamente ao

    +ue !igora para a o"rigatoriedade de assistncia doarguido por defensor 4art. 65. do CPP, no e0iste normae0cludente da auto representao do assistente, sendoad!ogado, pois +ue apenas e0iste a o"rigao de oassistente estar representado por ad!ogado.3fecti!amente, se a assistncia de defensor ao arguido no

    processo radica nas garantias do processo penal,decorrentes do disposto no art. 7. da CP, resultando*"!ias limita#es actuao do defensor caso se

    permitisse a auto representao do arguido, tais limita#es

    &' no ocorrem se o su&eito processual for assistente, uma!e$ +ue a posio deste, apesar da sua relati!a autonomia,2 apenas a de cola"orador do P, a +uem se encontrasu"ordinado, nos termos do art. 69., n. 1, do CPP.

    I: - ;', por sua !e$, uma distino su"&ecti!a e funcional processual entre o P e o assistente, +ue no impede+ue este se auto represente &udiciariamente +uandoad!ogado. Com efeito, o e0erc%cio do contradit*rio no

    dei0a de ser efectuado plenamente, +uer pelo P +uerpelo defensor do arguido, e +uais+uer e!entuaisincon!enientes ou !icissitudes pertur"adoras da inst

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    ofendido assim constitu%do.

    : - / dimenso interpretati!a da norma do art. ()., n. 1,do CPP, pelo =C nos seus /cs. n.s 7>?)6 e 8?)6 @que

    firmaram jurisprudncia no sentido de no julgar

    inconstitucionais as normas constantes do art. 70., n. 1,do CPP, no segmento em que determina que os

    assistentes so sempre representados por advogado e nainterpretao segundo a qual esta representao tem de

    ser assegurada mediante emisso de procurao a favorde advogado que no o advogado ofendido com direito a

    ser constitudo assistente nos termos dos arts. !"., n. 1,

    al. a#, e !". do mesmo C$digoA, no in!alida o

    entendimento +ue sufragamos, uma !e$ +ue no colidecom o disposto no art. 7., n. 1, da CP. /li's,entendimento de encontro deciso do Comit% des &roitsde '()ommedas *a+es nidas>apreciada no /c. doB= de 15-)6-7))6, Proc n. 78)6?)7-.D, no sentido de+ue o 3stado Portugus de!eria Emodificar a sualegislao a fim de assegurar a conformidade com oartigo 15., al%nea d, do n. do Pacto de Fo!a Ior+ueso"re os Gireitos Ci!is e Pol%ticos, em ordem a +ue aore+uerente 4ad!ogado assistisse o direito a"soluto de se

    defender a si pr*prio em todos os est'dios doprocedimento penalH.

    -eciso Te8to ,nteral: /cordam no Bupremo =ri"unal de ustia

    Fos autos de in+u2rito com o n. 1(7?11.9=P= 4actos&urisdicionais do =ri"unal da elao de Juimares, foi

    proferido despaco em 17?17?7)11, do seguinte teorK

    LPor ter legitimidade, estar em tempo, admito a inter!irnos autos como assistente //.M

    Inconformado com esse despaco, !eio o inist2rioPN"lico interpor recurso concluindo a respecti!a

    moti!ao da seguinte formaK

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    L1. O despaco +ue admitiu o participante comoassistente no processo no !erificou, de forma e0pressa,se se mostra!a preencido o re+uisito pre!isto no art. (),n.1 do CPPenal -assistente o"rigatoriamenterepresentado por ad!ogado.

    7. =oda!ia, ao admiti-lo como assistente, e por+ue omesmo 2 ad!ogado em causa pr*pria, pressup#e, ento,+ue tal circunst

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    Bupremo =ri"unal de ustia uniformi$ar &urisprudncia+uanto participao de um ad!ogado em causa pr*pria,em processo-crime, +uando se tena constitu%doassistente, !edando a sua acti!idade, en+uanto ad!ogado,apenas na audincia de discusso e &ulgamento da causa.

    R esta a posio do a+ui assistente, en+uanto ad!ogado,:. 30as., com sa"edoria e ponderao, faro inteira e sB=IQ/.

    /dmitido o recurso por despaco de 7 de aneiro de

    7)17, e ap*s sustentao do despaco recorrido, su"iramos autos ao Bupremo =ri"unal.

    Feste Bupremo, o 30,mo agistrado do inist2rioPN"lico emitiu douto Parecer onde assinalaK

    L1 M / +ualidade e clare$a da argumentao apresentada,na moti!ao do recurso +ue interpSs, pelo 30.mo

    magistrado do P &unto da elao, +ue consta da peaprocessual de fls. 5 a ( e Cue interalmentesubscre%emos, permitiria +ue nos limit'ssemos areprodu$i-la a+ui, fundamentando nos seus precisostermos a &uste$a da sua pretenso.Permitimo-nos no entanto, Le- aundantiM, aditar-leainda uma "re!e nota para di$er +ue, reconecendoem"ora no ser pac%fica a orientao, da &urisprudncia eda doutrina, a prop*sito da +uesto contro!ertida, pelanossa parte e com o muito de!ido respeito, continuamos asufragar o entendimento de +ue 2 de manter a dimensonormati!a +ue cremos ser maiorit'ria no sentido de+ue um ad!ogado, para assumir o estatuto de assistente,carece, tal como a generalidade das pessoas, de estarrepresentado por 4um outro ad!ogado, tal como pareceesta"elecer, claramente, o n. 1 do artigo (). do C*digode Processo [email protected] +ue, e como doutamente se consigna tam"2m nafundamentao do /c*rdo da elao de Tis"oa,

    proferido no Processo n. 1((8?), .D Beco@7A

    , estaEsoluo assenta em trs tipos de argumentos +ue, +uando

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    con&ugados, apontam claramente nesse sentido.3m primeiro lugar, ' +ue ter em conta a nature$a dos

    poderes processuais +ue a +ualidade de assistente atri"ui,especialmente o de participar na audincia 4e noutros

    actos processuais e de a% inter!ir na produo de pro!a,interrogando ou contra-interrogando as testemunas,sugerindo a formulao de perguntas ao arguido, aoassistente e s partes ci!is e analisando, durante asalega#es, a pro!a produ$ida 4artigo 5) e segs. doC*digo de Processo Penal. Por outro lado, no se podedescurar +ue, na generalidade dos casos, e0iste o de!er deo assistente prestar declara#es, com a inerenteincompati"ilidade do seu cumprimento com o e0erc%cioda+ueles poderes 4artigos 56 e 15> do mesmo

    diploma. Por fim, ' +ue assegurar as condi#es +uepermitam o respeito pelos de!eres deontol*gicos dosad!ogados, em especial o de iseno, +ue a conflunciadas posi#es de assistente e seu LrepresentanteM namesma pessoa facilmente podem pSr em causa 4artigo (6e segs. do 3./.O..=udo, por isso, aponta para a necessidade derepresentao do assistente 4assim como a do arguido e adas partes ci!is por ad!ogado, meio de se alcanar aserenidade, o distanciamento e a iseno necess'rios assuno plena do patroc%nio t2cnico, +ue no 2 garantidoapenas pela preparao &ur%dica e profissional +ue o

    pr*prio assistente, en+uanto profissional do foro,e!entualmente possua.3sses mesmos re+uisitos constituem um factor deimpedimento de condutas deontologicamente censur'!eis+ue o 3.O./. pretende impedir.

    Fada nesta posio afecta, antes pelo contr'rio, o direitoao patroc%nio forense consagrado no artigo 7)8 da

    Constituio da epN"lica Portuguesa ou impede oe0erc%cio do mandato &udicial e da representao porad!ogado, consagrados no artigo >5 do 3./.O.H./demais, e noutra perspecti!a, enfati$ar-se-' tam"2m +uea apontada dimenso normati!a dos preceitos legais aocaso con!oc'!eis foi &' apreciada pelo =ri"unalConstitucional, pelo menos pelo /c*rdos n.# &2?/6@,

    pu"licado no G. II B2rie, de 79-)6-7))6, e n.# &&5/6@,pu"licado no G, II B2rie de )-)6-7))6, tendo emam"os sido firmada &urisprudncia no sentido de no

    &ulgar inconstitucionais as normas constantes do artigo()., n. 1, do C*digo de Processo Penal, no segmento em

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    +ue determina +ue os assistentes so semprerepresentados por ad!ogado e na interpretao segundo a+ual esta representao tem de ser assegurada medianteemisso de procurao a fa!or de ad!ogado +ue no o

    ad!ogado ofendido com direito a ser constitu%doassistente nos termos dos artigos 68., n. 1, al%nea a, e69. do mesmo c*digo.

    U

    2 M (m conormidade com o e8posto, e remetendo nomais para os fundamentos adu$idos, na moti!ao, pelo30.mo magistrado do inist2rio PN"lico, emite-separecer no sentido da procedncia do recurso.M

    Cumpriu-se o disposto no art 51( n 7 do CPP.

    Colidos os !istos legais cumpre decidirK

    espiga-se dos autos +ue o Benor /d!ogado Gr. //, na+ualidade de Participante e /d!ogado em causa pr*pria,

    participou criminalmente contra um agistrado udicial,imputando-le um crime de difamao, um crime dedenNncia caluniosa e um crime de denegao de &ustia e

    pre!aricao.

    3 re+uereu ento a sua constituio como /ssistente,tendo pago, para o efeito, a correspondente ta0a de &ustiade!ida.

    O 30mo Procurador-Jeral /d&unto &unto da+uele

    =ri"unal da elao, ap*s ter em contaK

    - O art () n 1 do CPPK - LOs assistentes so semprerepresentados por ad!ogadoM. O participante?ofendidono constituiu mandat'rio.M

    - / &urisprudncia encontra-se di!idida Lso"re opreencimento desta circunst

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    cumprimento da+uela circunst

    - / elao de Coim"ra tem-se norteado por sentidoad!erso ao citado por e0emplo, o recente ac*rdo de)?)?7)11 4V.

    - / elao de Tis"oa aca-se di!idida, sendo +ue 2 aorientao dominante a referida no ac*rdo da elao deCoim"ra aca"ada de citar. Como e0emplo desta posio!e&a-se o ac*rdo de 17?)7?7))5 4V.

    /deriu a esta Nltima posio no sentido de +ue L/s duas

    figuras de ofendido?assistente e de /d!ogado?assistenteso incompat%!eis entre si por ra$#es de nature$apsicol*gica, org

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    de ad!ogado, o mesmo despaco ter' impl%cita aconsiderao de +ue por ser ad!ogado, o ofendido est'legitimado a auto patrocinar-se nos autos +ue se iniciaram

    pela sua +uei0a, e sendo deciso +ue afecta a relaoprocessual penal pelo reconecimento do ofendido comosu&eito processual na !este de assistente, poderia concluir-se +ue se esta"eleceu por esse despaco caso &ulgadoformal, na esteira do ensinamento de /l"erto dos eis,CPC, anotado, :, p.1>6.

    Por2m, a nature$a reus sic stantiusdo caso &ulgado face pro!isoriedade da definio do o"&ecto do processodurante a fase de in+u2rito, 4!. Paulo Pinto de

    /l"u+uer+ue, Coment/rio do C$digo de Processo Penal,p, 7)9 corro"ora o afastamento do caso &ulgado formal, o+ue 2 corro"orado tam"2m pela interposio de recurso,como no caso presente.

    2.Como se sa"e, o =W=TO I: do Ti!ro I do CPP, aoreferir-se ao assistente, comea por di$er no /rtigo 68.

    1 - Podem constituir-se assistentes no processo penal,al2m das pessoas e entidades a +uem leis especiais

    conferirem esse direitoK

    a Os ofendidos, considerando-se como tais ostitulares dos interesses +ue a lei especialmente +uis

    proteger com a incriminao, desde +ue maiores de 16anosX

    Por sua !e$, o artigo 69. aludindo posio processual eatri"ui#es dos assistentes refereK

    1 - Os assistentes tm a posio de cola"oradores doinist2rio PN"lico, a cu&a acti!idade su"ordinam a suainter!eno no processo, sal!as as e0cep#es da lei.

    7 - Compete em especial aos assistentesK

    a Inter!ir no in+u2rito e na instruo, oferecendopro!as e re+uerendo as diligncias +ue se afiguraremnecess'rias e conecer os despacos +ue so"re taisiniciati!as reca%remX

    " Gedu$ir acusao independente da do inist2rio

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    PN"lico e, no caso de procedimento dependente deacusao particular, ainda +ue a+uele a no dedu$aX

    c Interpor recurso das decis#es +ue os afectem,mesmo +ue o inist2rio PN"lico o no tena feito,dispondo, para o efeito, de acesso aos elementos

    processuais imprescind%!eis, sem pre&u%$o do regimeaplic'!el ao segredo de &ustia.

    / n%!el da representao &udici'ria dos assistentes o art() n 1 determina +ueK Os assistentes so semprerepresentados por ad!ogado. ;a!endo !'rios assistentes,so todos representados por um s* ad!ogado. Be

    di!ergirem +uanto escola, decide o &ui$.essal!a-se do disposto na segunda parte do nNmeroanterior o caso de a!er entre os !'rios assistentesinteresses incompat%!eis, "em como o de serem diferentesos crimes imputados ao arguido. Feste Nltimo caso, cadagrupo de pessoas a +uem a lei permitir a constituiocomo assistente por cada um dos crimes pode constituirum ad!ogado, no sendo toda!ia l%cito a cada pessoa termais de um representante. 4n7 do preceito

    O n do mesmo preceito disp#eK Os assistentes podemser acompanados por ad!ogado nas diligncias em +ueinter!ierem.

    &./ e0igncia de representao do assistente, porad!ogado, significa imediatamente a necessidade dea!er pessoa id*nea legalmente a"ilitada noconecimento do direito por !ia de regra o ad!ogado -,+ue possa agir e $elar &uridicamente pelos interesses doofendido no processo, atra!2s do mandato &udicial , uma!e$ +ue o processo se desenrola de armonia com, eo"edece a, regras &ur%dicas.

    eferia aia Jonal!es, C$digo de ProcessoPenal, notado 'egislao Complementar, 1(D edio-7))9, p. 71(, nota K

    L/ e0igncia de os assistentes serem representados

    por ad!ogado fundamenta-se em ra$#es de ordem t2cnica,de +ue s* um &urista est' dotado. Fo !emos, assim,

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    o"st'culo legal a +ue um ad!ogado, +ue se&a ofendido epretenda constituir-se assistente, possa ad!ogar em causapr*pria. 3sta 2 tam"2m a soluo impl%cita nos arts (( e(8, da Tei n 1>?7))>, de 76 de aneiro 43statuto daOrdem dos /d!ogados, dispositi!os onde se nodescortina +ual+uer impedimento de os ad!ogadosad!ogarem em causa pr*pria. / &urisprudncia 2, por2m,di!ergente so"re esta +uesto.M

    .O =W=TO II do2statuto da 3rdem dos dvogadospronuncia-se so"re o 30erc%cio da ad!ocacia, dispondo noC/PW=TO I , so"re Gisposi#es gerais

    /rtigo 61.

    30erc%cio da ad!ocacia em territ*rio nacional

    1 - Bem pre&u%$o do disposto no artigo 198., s* oslicenciados em Gireito com inscrio em !igor na Ordemdos /d!ogados podem, em todo o territ*rio nacional,

    praticar actos pr*prios da ad!ocacia, nos termos definidosna Tei n. 59?7))5, de 75 de /gosto.

    7 4V.

    - O mandato &udicial, a representaoe assistncia porad!ogado so sempre admissN%eise no podem serimpedidosperante qualquer&urisdio, autoridade ouentidade pN"lica ou pri!ada, nomeadamente para defesade direitos, patroc%nio de rela#es &ur%dicascontro!ertidas, composio de interesses ou em processos

    de mera a!eriguao, ainda +ue administrati!a, oficiosaou de +ual+uer outra nature$a. 4"old , it'lico, esu"linado, nosso

    /rtigo 65.

    Ti"erdade de e0erc%cio

    Os ad!ogados e ad!ogados estagi'rios com inscrio em!igor no podem ser impedidos, por +ual+uer autoridade

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    pN"lica ou pri!ada, de praticar actos pr*prios daad!ocacia.

    ?.Ine0istem impedimentos ou incompati"ilidades legaisao auto patroc%nio de ofendido ad!ogado como assistente,+uer no 3statuto da Ordem dos /d!ogados, +uer na lei

    processual penal.

    3m termos de lei penal ad&ecti!a, contrariamente ao +ue!igora para a o"rigatoriedade de assistncia do arguido

    por defensor 4art 65 do CPP no e0iste normae0cludente da auto representao do assistente, sendoad!ogado., pois +ue apenas e0iste a o"rigao de oassistente estar representado por ad!ogado.

    / assistncia de defensor ao arguido no processo, -por mandato &udicial, ou de forma oficiosa - , radica nasgarantias de defesa do processo criminal, decorrentes dodisposto no art 7 da Constituio da epN"licaPortuguesa.

    Como refere Yigueiredo Gias,&ireito ProcessualPenal, I, p'g. 5>9K LVO fundamento da pr'tica, pelodefensor, de actos processuais, no de!e !er-se na

    procurao forense ou nos poderes representati!osconcedidos pelo arguido, Ge!e sim encontrar-sedirectamente no poder-de!er +ue a lei confere ao defensorde e0erc%cio da sua funo ufficio, le camam comra$o os autores italianosZ de defesa, +ue no fica ligados instru#es ou !ontade do arguido, Feste sentido

    pode de!e afirmar-se +ue a funo da defesa pN"lica, temo seu assento no direito pN"lico e no no instituto

    &ur%dico-pri!ado da representaoM

    Por isso se distingue o arguido, ainda +ue ad!ogadono pode auto representar-se em processo penal, face incompati"ilidade da% ad!inda decorrente das limita#esconstantes do estatuto do arguidoe da li"erdadenecess'ria de actuao do defensor para o li!re eade+uado e0erc%cio do direito de defesa.

    Por2m tais limita#es &' no ocorrem se o su&eitoprocessual for assistente, uma !e$ +ue a posio deste,

    apesar da sua relati!a autonomia, 2 apenas a decola"orador do inist2rio PN"lico, a +uem se encontra

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    su"ordinado no processo, nos termos do art 69 n 1 doCPP.

    ;', por sua !e$, uma distino su"&ecti!a efuncional processual - entre o inist2rio PN"lico e o/ssistente, +ue no impede +ue este se auto represente

    &udiciariamente +uando ad!ogado.

    @.R certo +ue &' ou!e +uem camasse a atenopara as e!identes dificuldades, em conciliar as +ualidadessimult, I, p'g. >(K - L[s partes falta a

    necess'ria serenidade para a "oa conduo no pleito, pelo+ue a reunio da+uelas +ualidades imprimiria o risco dese manifestar uma e0acer"ada pai0o na defesa do pontode !ista do assistente, em pre&u%$o da garantia do "omfuncionamento da &ustia, ra$o pela +ual a doutrina, emregra cfr. Prof. Ca!aleiro de Yerreira, Curso de

    Processo Penal,I, ed. GanN"io, 1986, p'g. 1>6 e 1>(Xanso Preto inPareceres do 5P, p'gs. 7 e segsX eJermano ar+ues da Bil!a, para +uem a necess'riarepresentao &udici'ria dos assistentes permite o"star amuitos dos incon!enientes da sua inter!eno comosu&eito processual 4cfr. Curso de Processo Penal, I, p'g.16 re&eita a dispensa pretendida pelo recorrente. 3mcontrario, no entanto, cfr. 3statuto da Ordem dos/d!ogados, comentado pelo Gr. /lfredo JasparM

    =oda!ia, tam"2m 2 certo, como "em se o"ser!a no doutodespaco de sustentao, de 16 de Ye!ereiro de 7)17,L+ue o interesse pessoal do ofendido se reflecte sempre na

    forma como o processo 2 condu$ido e, por isso, se&anatural +ue no caso de ad!ogar em causa pr*pria a&a um

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    maior en!ol!imento emocional e, conse+uentemente, umamenor serenidade. Por2m, l' est' o P, de +uem oassistente 2 Ecola"oradorH e cu&a acti!idade est'Esu"ordinadoH 4cfr. n 1 do art 69 do C.P.P. para aatenuarM

    7.=am"2m em processo ci!il, no resulta do art 7 doCPC, nos casos em +ue o"riga constituio dead!ogado, +ue um ad!ogado se agir em causa pr*pria se&ao"rigado a constituir mandat'rio &udicial outro ad!ogado.

    3, de igual forma +uanto aos assistentes em processo ci!il art > do CPC - inter!enientes para au0iliar +ual+uer

    das partes, nada impede +ue litigando em causa pr*pria sepatrocinem a si memos, e no se ! +ue esse autopatroc%nio pre&udi+ue o normal funcionamento, atransparncia e a imagem pN"lica da ustia.

    Como se referiu no /c. deste Bupremo, e desta Beco, de71 de aio de 7))9, proc.n 1)>?)9.7.\YTB], +ueseguimos de pertoK L/s ra$#es pelas +uais o artigo () n1 do CPP, e0ige a representao do assistente, @por lapsoescre!eu-se arguidoA por ad!ogado, e o artigo 7 do

    C*digo de Processo Ci!il e0ige a constituio dead!ogado, so ra$#es de nature$a t2cnica, respeitantes necessidade de uma preparao &ur%dica para a pr'tica dedeterminados actos processuais, designadamente paradeduo de acusao ou para a interposio derecurso.M

    LGonde +ue outro alcance +ue no o de, porestritas 4mas compreens%!eis ra$#es de ordem t2cnica, aassistncia ao P se faa e0clusi!amente por ad!ogadoou por seu interm2dio se no possa atri"uir e0istncialegal de +ue os assistentes se&am sempre representados

    por ad!ogado L.- /c- deste Bupremo de 7 de aio de7))7, Proc. 187?)7.

    5.O e0erc%cio do contradit*rio no dei0a de serefectuado plenamente, +uer pelo P +uer pelo defensordo arguido, e +uais+uer e!entuais incon!enientes ou!icissitudes pertur"adoras da inst

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    em processo penal, "em como o depoimento de parte emprocesso ci!il, so tomadas pelos &ulgadores 4o &ui$presidente, ou outros &u%$es do Colecti!o, ou &urados arts 56- 1 do CPP e >>7, >6) e >67, do CPC, o +ueafasta +ual+uer conflito na falsa +uesto da4inconciliao do auto patroc%nio do assistente perante atomada de declara#es, em instruo ou &ulgamento, aoofendido assim constitu%do.

    / dimenso interpretati!a da norma do art () n 1do CPP, pelo =ri"unal Constitucional 4=C no seus /csns 7> e 8?)6, no in!alida o entendimento +ue a+uisufragamos, uma !e$ +ue no colide com o disposto no

    art 7 n 1 da Constituio da epN"lica Portuguesa, enem o =C se pronunciou so"re o mesmo,

    3ntendimento este, ali's, +ue conforme referiu oinist2rio PN"lico no seu douto Parecer proferido nosreferidos autos n 1)>?)9.7\YTB], deste Bupremo, !aiLVao encontro da deciso do Comit% des &roits de '6)ommedas Fa#es nidas 4cone0ionada com processo+ue correu termos no B=, apreciada no /c. B.=. de 15de uno de 7))6, processo n 78)6?)7-D, no sentido de

    +ue o 3stado Portugus de!eria Emodificar a sualegislao a fim de assegurar a conformidade com oartigo 15, al%nea d, do n do Pacto de Fo!a \or so"reos direitos Ci!is e Pol%ticos, em ordem a +ue aore+uerenteH 4ad!ogado Eassistisse o direito a"soluto dese defender a si pr*prio em todos os est'dios do

    procedimento penalHM

    =ermos +ue decidindoK

    /cordam os deste Bupremo D Beco em negarpro!imento ao recurso, e, confirmam o despacorecorrido.

    Bem custas

    Bupremo =ri"unal de ustia, 18 de /"ril de 7)17

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    3la"orado e re!isto pelo relator

    Pires da Jraa 4relator

    aul ]orges

    @1A- /ssim, e entre outros, os /c*rdos da elao de Tis"oa, de 7) de aiode 1998 e de 17 de Ye!ereiro de 7))5

    , pu"licados, respecti!amente, na C,1998, =omo III, p'g. 15(, e 7))5, =omo I, p'g. 15. Por outro lado, no mesmosentido se pronunciaram &', em sede doutrin'ria, os Professores Ca!aleiro deYerreira, In LCurso de Processo PenalM, I, ed. GanN"io, 1986, p'g. 1>6, eJermano ar+ues da Bil!a

    , In LCurso de Processo PenalM, I, p'g. 16.@7A- elatado pelo 30.mo Gesem"argador, Gr. Carlos de /lmeida.