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Acordo Brasil Santa Sé: Implicações Jurídicas e Administrativas Seminário para Advogados e Administradores de Dioceses e Entidades Religiosas Rio de Janeiro, 8 e 9 de outubro de 2013

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  • Acordo Brasil Santa S: Implicaes Jurdicas e Administrativas Seminrio para Advogados e Administradores de Dioceses e Entidades Religiosas Rio de Janeiro, 8 e 9 de outubro de 2013
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  • O Acordo entre a Repblica Federativa do Brasil e a Santa S Comentrios Gerais Assinado na Cidade-Estado do Vaticano, em 13 de novembro de 2008, aprovado mediante o Decreto Legislativo 698/2009 e promulgado pelo Decreto Presidencial n. 7.107/2010, o Acordo entre a Repblica Federativa do Brasil e a Santa S estabelece um estatuto jurdico para a Igreja Catlica no Brasil. Fruto de um processo de negociao que durou mais de 50 anos, o documento assinado com status de tratado internacional finda por compilar diversos comandos legislativos j vigentes, alm de clarificar e consolidar posicionamentos jurisprudenciais consagrados pelos Tribunais Superiores, de modo a dar especfico enfoque Igreja Catlica Apostlica Romana.
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  • Comentrios gerais - continuao A forma adotada conveno internacional confirma a personalidade jurdica internacional soberana da Santa S, vez que tal instrumento apenas pode ser celebrado entre entidades que ostentam tal caracterstica. Alis, so mais de cem os documentos de igual natureza assinados pela Santa S com outros entes soberanos. Portanto, no h que se falar em privilgio em favor da Igreja pelo fato de este ser o nico tratado bilateral de tal espcie vigente, simplesmente porque ao Brasil no seria possvel assinar tal tratado com outras confisses religiosas, j que elas no so representadas por organizaes dotadas de personalidade de direito internacional pblico.
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  • Comentrios gerais - continuao So vrios os pontos abordados pelo tratado: (i) confirmao da personalidade jurdica da Igreja e de suas instituies, em sintonia com o Cdigo de Direito Cannico; (ii) apontamento das prerrogativas tributrias em favor da Igreja em razo das suas atividades filantrpicas, em iguais condies com instituies da mesma natureza; (iii) compromisso de cooperao no mbito cultural, referente ao patrimnio artstico; (iv) direitos atinentes assistncia religiosa em estabelecimentos como hospitais e presdios; (v) reconhecimento de ttulos acadmicos universitrios, de acordo com as normas vigentes no pas; (vi) garantia do ensino religioso catlico, assim como de outras confisses, nas escolas pblicas;
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  • Comentrios gerais - continuao (vii) reconhecimentos dos efeitos civis dos casamentos religiosos e das sentenas eclesisticas referentes a tal matria; (viii) consolidao do entendimento referente excluso do vnculo empregatcio entre religiosos e suas respectivas dioceses e institutos; (ix) alm de normas referentes a vistos para os missionrios, possibilidade de pactuao de convnios, etc.
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  • Comentrios gerais - continuao O mais importante salientar que tambm sob nenhuma hiptese passa o Estado brasileiro a privilegiar materialmente a Igreja Catlica, vez que as normas ali contidas reproduzem muito do que j se encontra no ordenamento jurdico vigente. No h favorecimento aos catlicos nem quanto forma, nem quanto ao contedo, sendo interessante, alis, lembrar que no esteio do Acordo surgiu a proposta hoje em trmite de aprovao de uma lei geral das religies, que tambm pacifica os mesmos temas de maneira genrica no que se refere a outras crenas.
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  • Comentrios gerais - continuao De qualquer modo, no correto entender que o Tratado intil ou meramente repetitivo, j que a sistematizao dos dispositivos ali contidos, direcionados especificamente Igreja Catlica, alm da positivao (ou seja, da transformao em lei) de posicionamentos at agora estritamente jurisprudenciais, conferem ao Convnio Internacional importantssimo papel. Por fim, antes que paire alguma dvida quanto ao caso, o Acordo ingressa no ordenamento brasileiro com status de lei ordinria, aps promulgao e publicao do instrumento de ratificao de lavra do Presidente da Repblica.
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  • A questo da laicidade Argumentos que defendem a suposta ilegalidade da relao Igreja / Estado: Argumentos que defendem a suposta ilegalidade da relao Igreja / Estado: - Desrespeito aos princpios da liberdade de crena, laicidade do Estado, isonomia, da impessoalidade da administrao pblica e da imparcialidade do Poder Judicirio; - Desrespeito aos princpios da liberdade de crena, laicidade do Estado, isonomia, da impessoalidade da administrao pblica e da imparcialidade do Poder Judicirio;
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  • Suposta base legal para tal raciocnio Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes: (...) (...) VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias; VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena, sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas liturgias;
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  • Art. 19. vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: Art. 19. vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municpios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencion-los, embaraar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relaes de dependncia ou aliana, ressalvada, na forma da lei, a colaborao de interesse pblico; I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencion-los, embaraar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relaes de dependncia ou aliana, ressalvada, na forma da lei, a colaborao de interesse pblico;
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  • Argumentos favorveis relao Igreja / Estado Estado laico no dever ser entendido como uma instituio anti-religiosa ou anti-clerical. Estado laico no dever ser entendido como uma instituio anti-religiosa ou anti-clerical. O Estado laico, alis, foi a primeira organizao poltica que garantiu a liberdade religiosa. O Estado laico, alis, foi a primeira organizao poltica que garantiu a liberdade religiosa. A liberdade de crena, a liberdade de culto e a tolerncia religiosa foram aceitas graas ao Estado laico e no como oposio a ele. A liberdade de crena, a liberdade de culto e a tolerncia religiosa foram aceitas graas ao Estado laico e no como oposio a ele.
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  • Definio de Estado laico: instituio poltica que legitimada pela soberania popular em que o poder e a autoridade das instituies do Estado vm do povo e no derivam de manifestao sobrenatural (divina). Definio de Estado laico: instituio poltica que legitimada pela soberania popular em que o poder e a autoridade das instituies do Estado vm do povo e no derivam de manifestao sobrenatural (divina). Definio que privilegia os princpios democrticos e os direitos humanos. Definio que privilegia os princpios democrticos e os direitos humanos.
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  • Os smbolos religiosos so comuns em pases com tradio histrico-cultural crist; Os smbolos religiosos so comuns em pases com tradio histrico-cultural crist; Para um agnstico ou para os que professam outra f, aquela pea representa nada mais que uma escultura, um adereo (como um quadro, uma esttua). Para um agnstico ou para os que professam outra f, aquela pea representa nada mais que uma escultura, um adereo (como um quadro, uma esttua). Por exemplo, o crucifixo presente no Plenrio do Supremo Tribunal Federal uma obra esculpida em pau-brasil, de autoria do artista Afredo Ceschiatti. Por exemplo, o crucifixo presente no Plenrio do Supremo Tribunal Federal uma obra esculpida em pau-brasil, de autoria do artista Afredo Ceschiatti.
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  • Isso no tem o condo de interferir nos julgados da Suprema Corte, que o diga alis a deciso na ADPF 54/DF. Isso no tem o condo de interferir nos julgados da Suprema Corte, que o diga alis a deciso na ADPF 54/DF. A exposio de smbolos religiosos no ofende o interesse pblico primrio (a sociedade), ao contrrio, preserva-o, garantindo interesses individuais culturalmente solidificados e amparados na ordem constitucional, como o caso do costume. A exposio de smbolos religiosos no ofende o interesse pblico primrio (a sociedade), ao contrrio, preserva-o, garantindo interesses individuais culturalmente solidificados e amparados na ordem constitucional, como o caso do costume. O art. 19, I no veda a presena de smbolos religiosos, pois isso no implica em subveno, dependncia ou coisa que o valha. O art. 19, I no veda a presena de smbolos religiosos, pois isso no implica em subveno, dependncia ou coisa que o valha.
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  • O costume, como fonte de direito que , tem por fundamento a tradio e no a atividade legislativa. O costume, como fonte de direito que , tem por fundamento a tradio e no a atividade legislativa. Finalmente, lembrar que o Prembulo da CF/88 representa uma proclamao de princpios, justificativas, objetivos e finalidades, possuindo uma funo interpretativa. Finalmente, lembrar que o Prembulo da CF/88 representa uma proclamao de princpios, justificativas, objetivos e finalidades, possuindo uma funo interpretativa. Ela invoca a proteo de Deus. Ela invoca a proteo de Deus.
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  • Fontes: Fontes: ACP 2009.61.00.017604-0 (3 Vara Cvel Federal de SP); ACP 2009.61.00.017604-0 (3 Vara Cvel Federal de SP); Representaes junto ao CNJ n 1344, 1345, 1346 e 1362 (Tribunais de MG, CE, SC e RS) Conselheiro Oscar Argollo; Representaes junto ao CNJ n 1344, 1345, 1346 e 1362 (Tribunais de MG, CE, SC e RS) Conselheiro Oscar Argollo; Casos Lynch v. Donnely, Van Orden v. Perry da Suprema Corte dos Estados Unidos. Casos Lynch v. Donnely, Van Orden v. Perry da Suprema Corte dos Estados Unidos.
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  • Texto do Tratado O Congresso Nacional decreta: Art. 1 Fica aprovado o texto do Acordo entre a Repblica Federativa do Brasil e a Santa S relativo ao Estatuto Jurdico da Igreja Catlica no Brasil, assinado na Cidade-Estado do Vaticano, em 13 de novembro de 2008. Pargrafo nico. Ficam sujeitos aprovao do Congresso Nacional quaisquer atos que possam resultar em reviso do referido Acordo, bem como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do inciso I do art. 49 da Constituio Federal, acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimnio nacional. Art. 2 Este Decreto Legislativo entra em vigor na data de sua publicao. Senado Federal, em 7 de outubro de 2009. Senador Jos Sarney
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  • Considerandos Considerando que a Santa S a suprema autoridade da Igreja Catlica, regida pelo Direito Cannico; Considerando as relaes histricas entre a Igreja Catlica e o Brasil e suas respectivas responsabilidades a servio da sociedade e do bem integral da pessoa humana; Afirmando que as Altas Partes Contratantes so, cada uma na prpria ordem, autnomas, independentes e soberanas e cooperam para a construo de uma sociedade mais justa, pacfica e fraterna; Baseando-se, a Santa S, nos documentos do Conclio Vaticano II e no Cdigo de Direito Cannico, e a Repblica Federativa do Brasil, no seu ordenamento jurdico; Reafirmando a adeso ao princpio, internacionalmente reconhecido, de liberdade religiosa;
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  • Considerandos Reconhecendo que a Constituio brasileira garante o livre exerccio dos cultos religiosos; Animados da inteno de fortalecer e incentivar as mtuas relaes j existentes; Convieram no seguinte:
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  • Acordo (Decreto n. 7.107/2010) Artigo 1. o As Altas Partes Contratantes continuaro a ser representadas, em suas relaes diplomticas, por um Nncio Apostlico acreditado junto Repblica Federativa do Brasil e por um Embaixador(a) do Brasil acreditado(a) junto Santa S, com as imunidades e garantias asseguradas pela Conveno de Viena sobre Relaes Diplomticas, de 18 de abril de 1961, e demais regras internacionais. Artigo 2 o A Repblica Federativa do Brasil, com fundamento no direito de liberdade religiosa, reconhece Igreja Catlica o direito de desempenhar a sua misso apostlica, garantindo o exerccio pblico de suas atividades, observado o ordenamento jurdico brasileiro.
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  • Acordo (Decreto n. 7.107/2010) Artigo 3 o A Repblica Federativa do Brasil reafirma a personalidade jurdica da Igreja Catlica* e de todas as Instituies Eclesisticas que possuem tal personalidade em conformidade com o direito cannico, desde que no contrarie o sistema constitucional e as leis brasileiras, tais como Conferncia Episcopal, Provncias Eclesisticas, Arquidioceses, Dioceses, Prelazias Territoriais ou Pessoais, Vicariatos e Prefeituras Apostlicas, Administraes Apostlicas, Administraes Apostlicas Pessoais, Misses Sui Iuris, Ordinariado Militar e Ordinariados para os Fiis de Outros Ritos, Parquias, Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostlica. * Parecer do Consultor Geral da Unio, de agosto de 2006, aprovado pelo Advogado Geral da Unio (n AGU/MP 16/2005 e respectivo despacho n 34/2006).
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  • Acordo (Decreto n. 7.107/2010) 1. A Igreja Catlica pode livremente criar, modificar ou extinguir todas as Instituies Eclesisticas mencionadas no caput deste artigo. 2. A personalidade jurdica das Instituies Eclesisticas ser reconhecida pela Repblica Federativa do Brasil mediante a inscrio no respectivo registro do ato de criao, nos termos da legislao brasileira, vedado ao poder pblico negar-lhes reconhecimento ou registro do ato de criao, devendo tambm ser averbadas todas as alteraes por que passar o ato.
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  • Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 44. So pessoas jurdicas de direito privado: I - as associaes; II - as sociedades; III - as fundaes. IV - as organizaes religiosas; (includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003) V - os partidos polticos; (includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003) VI as empresas individuais de responsabilidade limitada. (includo pela Lei n 12.441) 1 o So livres a criao, a organizao, a estruturao interna e o funcionamento das organizaes religiosas, sendo vedado ao poder pblico negar-lhes reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessrios ao seu funcionamento. (includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003)
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  • Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 45. Comea a existncia legal das pessoas jurdicas de direito privado com a inscrio do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessrio, de autorizao ou aprovao do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alteraes por que passar o ato constitutivo. Pargrafo nico. Decai em trs anos o direito de anular a constituio das pessoas jurdicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicao de sua inscrio no registro.
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  • Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 46. O registro declarar: I - a denominao, os fins, a sede, o tempo de durao e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualizao dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo reformvel no tocante administrao, e de que modo; V - se os membros respondem, ou no, subsidiariamente, pelas obrigaes sociais; VI - as condies de extino da pessoa jurdica e o destino do seu patrimnio, nesse caso.
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  • Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 54. Sob pena de nulidade, o estatuto das associaes conter: I - a denominao, os fins e a sede da associao; II - os requisitos para a admisso, demisso e excluso dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manuteno; V - o modo de constituio e funcionamento dos rgos deliberativos e administrativos; V o modo de constituio e de funcionamento dos rgos deliberativos; VI - as condies para a alterao das disposies estatutrias e para a dissoluo. VII a forma de gesto administrativa e de aprovao das respectivas contas.
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  • Tambm dever se ter presentes as normas relativas aos registros pblicos, em particular ao registro civil de pessoas jurdicas (Lei n 6.015, de 31 de dezembro de 1973), bem como normas das diversas corregedorias estaduais aplicveis, relativas ao sobredito registro civil. Dentre os elementos mnimos imaginados para um estatuto, destacam-se: (a) a caracterizao da entidade, (b) suas finalidades, (c) abrangncia territorial, (d) ato cannico de criao e eventual declarao de existncia, se exigida, (e) nomeao e identificao do dirigente e seus poderes de representao e mandato, quando for o caso,
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  • (f) identificao do dirigente, (g) sede, (h) bens que a constituem, (i) finalidade no lucrativa, (j) aplicao de recursos e saldos, (l) escriturao de receitas e despesas, (m) existncia ou no de conselho, (n) na hiptese de existncia de conselho, sua composio, forma de nomeao, mandato, atribuies, (o) atos da instituio sendo de responsabilidade exclusiva da instituio, no respondendo sua direo subsidiariamente, salvo quando se tratar de ato defeso em lei;
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  • (p) critrios para a alterao de seu estatuto, (q) previso de dissoluo ou extino e destinao de eventual patrimnio remanescente.
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  • De qualquer sorte, repita-se, os mandamentos genericamente estampados em ambos os diplomas projetam-se em favor das organizaes religiosas lato sensu (no caso do Cdigo Civil) e a todas as instituies eclesisticas (no caso do Acordo) e por tal motivo que no se podem ignorar situaes de entes peculiares, que tm o seu ato constitutivo, sem estatuto correspondente, registrado to somente no cartrio de ttulos e documentos, fixando-se as regras internas de funcionamento, em um regimento interno ou ato declaratrio e similares. A deciso pela adoo, ou no, de um estatuto diocesano propriamente dito cabe, em ltima instncia, autoridade, sendo certo que se deve ter cincia das opes e desdobramentos correspondentes.
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  • Enfim, o artigo 3 faz clara referncia ao Direito Cannico como fundamento e como marco jurdico para o reconhecimento e a reafirmao da personalidade jurdica das instituies eclesisticas. Ou seja, cabe ao Direito Cannico e, enfim, s respectivas instncias competentes, apontar quais as entidades formalmente vinculadas ao corpo institucional da Igreja. Todas e quaisquer instituies amparadas pelo direito cannico e no apenas as citadas pelo Acordo tero sua personalidade jurdica reconhecida pelo Estado. Em suma, mais do que pertencer ao gnero organizaes religiosas previsto no art. 44, IV do Cdigo Civil, tais instituies eclesisticas tm sua gnese e identidade afirmadas sob a gide do Direito Cannico, sendo, logo, vinculadas Igreja Catlica. Ou seja, o art. 3 do Tratado especializa o que disciplina a regra civil.
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  • Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 2033. Salvo o disposto em lei especial, as modificaes dos atos constitutivos das pessoas jurdicas referidas no art. 44, bem como a sua transformao, incorporao, ciso ou fuso, regem-se desde logo por este Cdigo.
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  • Lei 6.404/76 (Lei das S.A.)* Art. 221. A transformao a operao pela qual a sociedade passa, independentemente de dissoluo e liquidao, de um tipo para outro. Art. 227. A incorporao a operao pela qual uma ou mais sociedades so absorvidas por outra, que lhes sucede em todos os direitos e obrigaes. Art. 228. A fuso a operao pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade nova, que lhes suceder em todos os direitos e obrigaes. *Obs: Art. 1.113 e seguintes do Cdigo Civil
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  • Lei 6.404/76 (Lei das S.A.) Art. 229. A ciso a operao pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimnio para uma ou mais sociedades, constitudas para esse fim ou j existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver verso de todo o seu patrimnio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a verso. Obs.: Protocolo e Justificativa.
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  • IMPORTANTE! Lei 12.101/09 Art. 3. A certificao ou sua renovao ser concedida entidade beneficente que demonstre, no exerccio fiscal anterior ao do requerimento, observado o perodo mnimo de 12 (doze) meses de constituio da entidade, o cumprimento do disposto nas Sees I, II, III e IV deste Captulo, de acordo com as respectivas reas de atuao, e cumpra, cumulativamente, os seguintes requisitos: (...) II preveja, em seus atos constitutivos, em caso de dissoluo ou extino, a destinao do eventual patrimnio remanescente a entidade sem fins lucrativos congneres ou a entidades pblica.
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  • IMPORTANTE! Decreto Lei 5.452/43 (Art. 2) 2. Sempre que uma ou mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurdica prpria, estiverem sob a direo, controle ou administrao, constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econmica, sero, para efeitos da relao de emprego, solidariamente responsveis a empresa principal e cada uma das subordinadas.
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  • Hiptese de Relao entre Mantenedora e Mantidas
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  • IMPORTANTE! Ordem de Servio INSS n 210, de 26 de maio de 1999 (DOU de 28.06.99): 8.3.2 - No sero consideradas como remunerao direta ou indireta, para os efeitos do inciso VII dos pressupostos bsicos (Ttulo II, Captulos I ou II desta OS), os valores despendidos pelas entidades religiosas e instituies de ensino vocacional com ministro de confisso religiosa e o membro de instituto de vida consagrada e de congregao ou de ordem religiosa em face do seu mister religioso e/ou para sua subsistncia em condies que independam da natureza e da quantidade de trabalho executado. 8.3.2.1 - So considerados, como gastos com subsistncia, entre outros, os valores despendidos a ttulo de alimentao, vesturio, hospedagem, transporte, assistncia mdica e odontolgica, desde que o documento fiscal identifique perfeitamente a entidade e a operao realizada.
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  • 1 Conselho de Contribuintes - 1 Cmara, no Processo n 10882.002101/00-18, em deciso unnime de 21 de agosto de 2002 afirmou que o pagamento regular de salrios e outros benefcios aos diretores da entidade mantida, no configuram distribuio disfarada de lucros. Merece destaque o seguinte trecho do referido Acrdo: Cabe esclarecer que a prpria Administrao Tributria reconhece a possibilidade do pagamento de salrios aos administradores empregados, portanto, no existe qualquer irregularidade no fato de os dirigentes perceberem remunerao pela prestao de servios instituio. O professor Roque Antonio Carrazza manifesta-se no sentido de que a ausncia de intuito lucrativo exige que os recursos auferidos venham reinvestidos na prpria instituio educacional. No impede, porm, a remunerao justa de seus quadros.
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  • Acordo (Decreto n. 7.107/2010) Artigo 5 As pessoas jurdicas eclesisticas, reconhecidas nos termos do Artigo 3, que, alm de fins religiosos, persigam fins de assistncia e solidariedade social, desenvolvero a prpria atividade e gozaro de todos os direitos, imunidades, isenes e benefcios atribudos s entidades com fins de natureza semelhante previstos no ordenamento jurdico brasileiro, desde que observados os requisitos e obrigaes exigidos pela legislao brasileira.
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  • Artigo 15 s pessoas jurdicas eclesisticas, assim como ao patrimnio, renda e servios relacionados com as suas finalidades essenciais, reconhecida a garantia de imunidade tributria referente aos impostos, em conformidade com a Constituio brasileira. Pargrafo nico. Para fins tributrios, as pessoas jurdicas da Igreja Catlica que exeram atividade social e educacional sem finalidade lucrativa recebero o mesmo tratamento e benefcios outorgados s entidades filantrpicas reconhecidas pelo ordenamento jurdico brasileiro, inclusive, em termos de requisitos e obrigaes exigidos para fins de imunidade e iseno.** *Art. 182 da Constituio Federal. Arts. 2, 3, 21 e 39 da Lei 10.257/2001. Vide tambm RE 229.096, DJE 11 de abril de 2008, Relatora Ministra Carmem Lcia). **Art. 150, inciso VI, alneas b e c e 4 da Constituio Federal. Vide tambm Acrdo n 325.822-2/2002, do Supremo Tribunal Federal, publicado no DJ de 03 de fevereiro de 2003.
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