Acordo Brasil Santa Sé: Implicações Jurídicas e Administrativas Seminário para Advogados e...
46
Acordo Brasil Santa Sé: Implicações Jurídicas e Administrativas Seminário para Advogados e Administradores de Dioceses e Entidades Religiosas Rio de Janeiro, 8 e 9 de outubro de 2013
Acordo Brasil Santa Sé: Implicações Jurídicas e Administrativas Seminário para Advogados e Administradores de Dioceses e Entidades Religiosas Rio de Janeiro,
Acordo Brasil Santa S: Implicaes Jurdicas e Administrativas
Seminrio para Advogados e Administradores de Dioceses e Entidades
Religiosas Rio de Janeiro, 8 e 9 de outubro de 2013
Slide 2
O Acordo entre a Repblica Federativa do Brasil e a Santa S
Comentrios Gerais Assinado na Cidade-Estado do Vaticano, em 13 de
novembro de 2008, aprovado mediante o Decreto Legislativo 698/2009
e promulgado pelo Decreto Presidencial n. 7.107/2010, o Acordo
entre a Repblica Federativa do Brasil e a Santa S estabelece um
estatuto jurdico para a Igreja Catlica no Brasil. Fruto de um
processo de negociao que durou mais de 50 anos, o documento
assinado com status de tratado internacional finda por compilar
diversos comandos legislativos j vigentes, alm de clarificar e
consolidar posicionamentos jurisprudenciais consagrados pelos
Tribunais Superiores, de modo a dar especfico enfoque Igreja
Catlica Apostlica Romana.
Slide 3
Comentrios gerais - continuao A forma adotada conveno
internacional confirma a personalidade jurdica internacional
soberana da Santa S, vez que tal instrumento apenas pode ser
celebrado entre entidades que ostentam tal caracterstica. Alis, so
mais de cem os documentos de igual natureza assinados pela Santa S
com outros entes soberanos. Portanto, no h que se falar em
privilgio em favor da Igreja pelo fato de este ser o nico tratado
bilateral de tal espcie vigente, simplesmente porque ao Brasil no
seria possvel assinar tal tratado com outras confisses religiosas,
j que elas no so representadas por organizaes dotadas de
personalidade de direito internacional pblico.
Slide 4
Comentrios gerais - continuao So vrios os pontos abordados pelo
tratado: (i) confirmao da personalidade jurdica da Igreja e de suas
instituies, em sintonia com o Cdigo de Direito Cannico; (ii)
apontamento das prerrogativas tributrias em favor da Igreja em razo
das suas atividades filantrpicas, em iguais condies com instituies
da mesma natureza; (iii) compromisso de cooperao no mbito cultural,
referente ao patrimnio artstico; (iv) direitos atinentes assistncia
religiosa em estabelecimentos como hospitais e presdios; (v)
reconhecimento de ttulos acadmicos universitrios, de acordo com as
normas vigentes no pas; (vi) garantia do ensino religioso catlico,
assim como de outras confisses, nas escolas pblicas;
Slide 5
Comentrios gerais - continuao (vii) reconhecimentos dos efeitos
civis dos casamentos religiosos e das sentenas eclesisticas
referentes a tal matria; (viii) consolidao do entendimento
referente excluso do vnculo empregatcio entre religiosos e suas
respectivas dioceses e institutos; (ix) alm de normas referentes a
vistos para os missionrios, possibilidade de pactuao de convnios,
etc.
Slide 6
Comentrios gerais - continuao O mais importante salientar que
tambm sob nenhuma hiptese passa o Estado brasileiro a privilegiar
materialmente a Igreja Catlica, vez que as normas ali contidas
reproduzem muito do que j se encontra no ordenamento jurdico
vigente. No h favorecimento aos catlicos nem quanto forma, nem
quanto ao contedo, sendo interessante, alis, lembrar que no esteio
do Acordo surgiu a proposta hoje em trmite de aprovao de uma lei
geral das religies, que tambm pacifica os mesmos temas de maneira
genrica no que se refere a outras crenas.
Slide 7
Comentrios gerais - continuao De qualquer modo, no correto
entender que o Tratado intil ou meramente repetitivo, j que a
sistematizao dos dispositivos ali contidos, direcionados
especificamente Igreja Catlica, alm da positivao (ou seja, da
transformao em lei) de posicionamentos at agora estritamente
jurisprudenciais, conferem ao Convnio Internacional importantssimo
papel. Por fim, antes que paire alguma dvida quanto ao caso, o
Acordo ingressa no ordenamento brasileiro com status de lei
ordinria, aps promulgao e publicao do instrumento de ratificao de
lavra do Presidente da Repblica.
Slide 8
A questo da laicidade Argumentos que defendem a suposta
ilegalidade da relao Igreja / Estado: Argumentos que defendem a
suposta ilegalidade da relao Igreja / Estado: - Desrespeito aos
princpios da liberdade de crena, laicidade do Estado, isonomia, da
impessoalidade da administrao pblica e da imparcialidade do Poder
Judicirio; - Desrespeito aos princpios da liberdade de crena,
laicidade do Estado, isonomia, da impessoalidade da administrao
pblica e da imparcialidade do Poder Judicirio;
Slide 9
Suposta base legal para tal raciocnio Art. 5 Todos so iguais
perante a lei, sem distino de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade
do direito vida, liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos
termos seguintes: Art. 5 Todos so iguais perante a lei, sem distino
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida,
liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos termos seguintes:
(...) (...) VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena,
sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas
liturgias; VI - inviolvel a liberdade de conscincia e de crena,
sendo assegurado o livre exerccio dos cultos religiosos e
garantida, na forma da lei, a proteo aos locais de culto e a suas
liturgias;
Slide 10
Art. 19. vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e aos
Municpios: Art. 19. vedado Unio, aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municpios: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas,
subvencion-los, embaraar-lhes o funcionamento ou manter com eles ou
seus representantes relaes de dependncia ou aliana, ressalvada, na
forma da lei, a colaborao de interesse pblico; I - estabelecer
cultos religiosos ou igrejas, subvencion-los, embaraar-lhes o
funcionamento ou manter com eles ou seus representantes relaes de
dependncia ou aliana, ressalvada, na forma da lei, a colaborao de
interesse pblico;
Slide 11
Argumentos favorveis relao Igreja / Estado Estado laico no
dever ser entendido como uma instituio anti-religiosa ou
anti-clerical. Estado laico no dever ser entendido como uma
instituio anti-religiosa ou anti-clerical. O Estado laico, alis,
foi a primeira organizao poltica que garantiu a liberdade
religiosa. O Estado laico, alis, foi a primeira organizao poltica
que garantiu a liberdade religiosa. A liberdade de crena, a
liberdade de culto e a tolerncia religiosa foram aceitas graas ao
Estado laico e no como oposio a ele. A liberdade de crena, a
liberdade de culto e a tolerncia religiosa foram aceitas graas ao
Estado laico e no como oposio a ele.
Slide 12
Definio de Estado laico: instituio poltica que legitimada pela
soberania popular em que o poder e a autoridade das instituies do
Estado vm do povo e no derivam de manifestao sobrenatural (divina).
Definio de Estado laico: instituio poltica que legitimada pela
soberania popular em que o poder e a autoridade das instituies do
Estado vm do povo e no derivam de manifestao sobrenatural (divina).
Definio que privilegia os princpios democrticos e os direitos
humanos. Definio que privilegia os princpios democrticos e os
direitos humanos.
Slide 13
Os smbolos religiosos so comuns em pases com tradio
histrico-cultural crist; Os smbolos religiosos so comuns em pases
com tradio histrico-cultural crist; Para um agnstico ou para os que
professam outra f, aquela pea representa nada mais que uma
escultura, um adereo (como um quadro, uma esttua). Para um agnstico
ou para os que professam outra f, aquela pea representa nada mais
que uma escultura, um adereo (como um quadro, uma esttua). Por
exemplo, o crucifixo presente no Plenrio do Supremo Tribunal
Federal uma obra esculpida em pau-brasil, de autoria do artista
Afredo Ceschiatti. Por exemplo, o crucifixo presente no Plenrio do
Supremo Tribunal Federal uma obra esculpida em pau-brasil, de
autoria do artista Afredo Ceschiatti.
Slide 14
Slide 15
Slide 16
Slide 17
Isso no tem o condo de interferir nos julgados da Suprema
Corte, que o diga alis a deciso na ADPF 54/DF. Isso no tem o condo
de interferir nos julgados da Suprema Corte, que o diga alis a
deciso na ADPF 54/DF. A exposio de smbolos religiosos no ofende o
interesse pblico primrio (a sociedade), ao contrrio, preserva-o,
garantindo interesses individuais culturalmente solidificados e
amparados na ordem constitucional, como o caso do costume. A
exposio de smbolos religiosos no ofende o interesse pblico primrio
(a sociedade), ao contrrio, preserva-o, garantindo interesses
individuais culturalmente solidificados e amparados na ordem
constitucional, como o caso do costume. O art. 19, I no veda a
presena de smbolos religiosos, pois isso no implica em subveno,
dependncia ou coisa que o valha. O art. 19, I no veda a presena de
smbolos religiosos, pois isso no implica em subveno, dependncia ou
coisa que o valha.
Slide 18
O costume, como fonte de direito que , tem por fundamento a
tradio e no a atividade legislativa. O costume, como fonte de
direito que , tem por fundamento a tradio e no a atividade
legislativa. Finalmente, lembrar que o Prembulo da CF/88 representa
uma proclamao de princpios, justificativas, objetivos e
finalidades, possuindo uma funo interpretativa. Finalmente, lembrar
que o Prembulo da CF/88 representa uma proclamao de princpios,
justificativas, objetivos e finalidades, possuindo uma funo
interpretativa. Ela invoca a proteo de Deus. Ela invoca a proteo de
Deus.
Slide 19
Fontes: Fontes: ACP 2009.61.00.017604-0 (3 Vara Cvel Federal de
SP); ACP 2009.61.00.017604-0 (3 Vara Cvel Federal de SP);
Representaes junto ao CNJ n 1344, 1345, 1346 e 1362 (Tribunais de
MG, CE, SC e RS) Conselheiro Oscar Argollo; Representaes junto ao
CNJ n 1344, 1345, 1346 e 1362 (Tribunais de MG, CE, SC e RS)
Conselheiro Oscar Argollo; Casos Lynch v. Donnely, Van Orden v.
Perry da Suprema Corte dos Estados Unidos. Casos Lynch v. Donnely,
Van Orden v. Perry da Suprema Corte dos Estados Unidos.
Slide 20
Texto do Tratado O Congresso Nacional decreta: Art. 1 Fica
aprovado o texto do Acordo entre a Repblica Federativa do Brasil e
a Santa S relativo ao Estatuto Jurdico da Igreja Catlica no Brasil,
assinado na Cidade-Estado do Vaticano, em 13 de novembro de 2008.
Pargrafo nico. Ficam sujeitos aprovao do Congresso Nacional
quaisquer atos que possam resultar em reviso do referido Acordo,
bem como quaisquer ajustes complementares que, nos termos do inciso
I do art. 49 da Constituio Federal, acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimnio nacional. Art. 2 Este Decreto
Legislativo entra em vigor na data de sua publicao. Senado Federal,
em 7 de outubro de 2009. Senador Jos Sarney
Slide 21
Considerandos Considerando que a Santa S a suprema autoridade
da Igreja Catlica, regida pelo Direito Cannico; Considerando as
relaes histricas entre a Igreja Catlica e o Brasil e suas
respectivas responsabilidades a servio da sociedade e do bem
integral da pessoa humana; Afirmando que as Altas Partes
Contratantes so, cada uma na prpria ordem, autnomas, independentes
e soberanas e cooperam para a construo de uma sociedade mais justa,
pacfica e fraterna; Baseando-se, a Santa S, nos documentos do
Conclio Vaticano II e no Cdigo de Direito Cannico, e a Repblica
Federativa do Brasil, no seu ordenamento jurdico; Reafirmando a
adeso ao princpio, internacionalmente reconhecido, de liberdade
religiosa;
Slide 22
Considerandos Reconhecendo que a Constituio brasileira garante
o livre exerccio dos cultos religiosos; Animados da inteno de
fortalecer e incentivar as mtuas relaes j existentes; Convieram no
seguinte:
Slide 23
Acordo (Decreto n. 7.107/2010) Artigo 1. o As Altas Partes
Contratantes continuaro a ser representadas, em suas relaes
diplomticas, por um Nncio Apostlico acreditado junto Repblica
Federativa do Brasil e por um Embaixador(a) do Brasil acreditado(a)
junto Santa S, com as imunidades e garantias asseguradas pela
Conveno de Viena sobre Relaes Diplomticas, de 18 de abril de 1961,
e demais regras internacionais. Artigo 2 o A Repblica Federativa do
Brasil, com fundamento no direito de liberdade religiosa, reconhece
Igreja Catlica o direito de desempenhar a sua misso apostlica,
garantindo o exerccio pblico de suas atividades, observado o
ordenamento jurdico brasileiro.
Slide 24
Acordo (Decreto n. 7.107/2010) Artigo 3 o A Repblica Federativa
do Brasil reafirma a personalidade jurdica da Igreja Catlica* e de
todas as Instituies Eclesisticas que possuem tal personalidade em
conformidade com o direito cannico, desde que no contrarie o
sistema constitucional e as leis brasileiras, tais como Conferncia
Episcopal, Provncias Eclesisticas, Arquidioceses, Dioceses,
Prelazias Territoriais ou Pessoais, Vicariatos e Prefeituras
Apostlicas, Administraes Apostlicas, Administraes Apostlicas
Pessoais, Misses Sui Iuris, Ordinariado Militar e Ordinariados para
os Fiis de Outros Ritos, Parquias, Institutos de Vida Consagrada e
Sociedades de Vida Apostlica. * Parecer do Consultor Geral da Unio,
de agosto de 2006, aprovado pelo Advogado Geral da Unio (n AGU/MP
16/2005 e respectivo despacho n 34/2006).
Slide 25
Acordo (Decreto n. 7.107/2010) 1. A Igreja Catlica pode
livremente criar, modificar ou extinguir todas as Instituies
Eclesisticas mencionadas no caput deste artigo. 2. A personalidade
jurdica das Instituies Eclesisticas ser reconhecida pela Repblica
Federativa do Brasil mediante a inscrio no respectivo registro do
ato de criao, nos termos da legislao brasileira, vedado ao poder
pblico negar-lhes reconhecimento ou registro do ato de criao,
devendo tambm ser averbadas todas as alteraes por que passar o
ato.
Slide 26
Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 44. So pessoas jurdicas de
direito privado: I - as associaes; II - as sociedades; III - as
fundaes. IV - as organizaes religiosas; (includo pela Lei n 10.825,
de 22.12.2003) V - os partidos polticos; (includo pela Lei n
10.825, de 22.12.2003) VI as empresas individuais de
responsabilidade limitada. (includo pela Lei n 12.441) 1 o So
livres a criao, a organizao, a estruturao interna e o funcionamento
das organizaes religiosas, sendo vedado ao poder pblico negar-lhes
reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessrios ao
seu funcionamento. (includo pela Lei n 10.825, de 22.12.2003)
Slide 27
Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 45. Comea a existncia legal
das pessoas jurdicas de direito privado com a inscrio do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessrio,
de autorizao ou aprovao do Poder Executivo, averbando-se no
registro todas as alteraes por que passar o ato constitutivo.
Pargrafo nico. Decai em trs anos o direito de anular a constituio
das pessoas jurdicas de direito privado, por defeito do ato
respectivo, contado o prazo da publicao de sua inscrio no
registro.
Slide 28
Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 46. O registro declarar: I - a
denominao, os fins, a sede, o tempo de durao e o fundo social,
quando houver; II - o nome e a individualizao dos fundadores ou
instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra
e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo reformvel no tocante administrao, e de
que modo; V - se os membros respondem, ou no, subsidiariamente,
pelas obrigaes sociais; VI - as condies de extino da pessoa jurdica
e o destino do seu patrimnio, nesse caso.
Slide 29
Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 54. Sob pena de nulidade, o
estatuto das associaes conter: I - a denominao, os fins e a sede da
associao; II - os requisitos para a admisso, demisso e excluso dos
associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as
fontes de recursos para sua manuteno; V - o modo de constituio e
funcionamento dos rgos deliberativos e administrativos; V o modo de
constituio e de funcionamento dos rgos deliberativos; VI - as
condies para a alterao das disposies estatutrias e para a dissoluo.
VII a forma de gesto administrativa e de aprovao das respectivas
contas.
Slide 30
Tambm dever se ter presentes as normas relativas aos registros
pblicos, em particular ao registro civil de pessoas jurdicas (Lei n
6.015, de 31 de dezembro de 1973), bem como normas das diversas
corregedorias estaduais aplicveis, relativas ao sobredito registro
civil. Dentre os elementos mnimos imaginados para um estatuto,
destacam-se: (a) a caracterizao da entidade, (b) suas finalidades,
(c) abrangncia territorial, (d) ato cannico de criao e eventual
declarao de existncia, se exigida, (e) nomeao e identificao do
dirigente e seus poderes de representao e mandato, quando for o
caso,
Slide 31
(f) identificao do dirigente, (g) sede, (h) bens que a
constituem, (i) finalidade no lucrativa, (j) aplicao de recursos e
saldos, (l) escriturao de receitas e despesas, (m) existncia ou no
de conselho, (n) na hiptese de existncia de conselho, sua composio,
forma de nomeao, mandato, atribuies, (o) atos da instituio sendo de
responsabilidade exclusiva da instituio, no respondendo sua direo
subsidiariamente, salvo quando se tratar de ato defeso em lei;
Slide 32
(p) critrios para a alterao de seu estatuto, (q) previso de
dissoluo ou extino e destinao de eventual patrimnio
remanescente.
Slide 33
De qualquer sorte, repita-se, os mandamentos genericamente
estampados em ambos os diplomas projetam-se em favor das organizaes
religiosas lato sensu (no caso do Cdigo Civil) e a todas as
instituies eclesisticas (no caso do Acordo) e por tal motivo que no
se podem ignorar situaes de entes peculiares, que tm o seu ato
constitutivo, sem estatuto correspondente, registrado to somente no
cartrio de ttulos e documentos, fixando-se as regras internas de
funcionamento, em um regimento interno ou ato declaratrio e
similares. A deciso pela adoo, ou no, de um estatuto diocesano
propriamente dito cabe, em ltima instncia, autoridade, sendo certo
que se deve ter cincia das opes e desdobramentos
correspondentes.
Slide 34
Enfim, o artigo 3 faz clara referncia ao Direito Cannico como
fundamento e como marco jurdico para o reconhecimento e a reafirmao
da personalidade jurdica das instituies eclesisticas. Ou seja, cabe
ao Direito Cannico e, enfim, s respectivas instncias competentes,
apontar quais as entidades formalmente vinculadas ao corpo
institucional da Igreja. Todas e quaisquer instituies amparadas
pelo direito cannico e no apenas as citadas pelo Acordo tero sua
personalidade jurdica reconhecida pelo Estado. Em suma, mais do que
pertencer ao gnero organizaes religiosas previsto no art. 44, IV do
Cdigo Civil, tais instituies eclesisticas tm sua gnese e identidade
afirmadas sob a gide do Direito Cannico, sendo, logo, vinculadas
Igreja Catlica. Ou seja, o art. 3 do Tratado especializa o que
disciplina a regra civil.
Slide 35
Cdigo Civil (Lei 10.406/02) Art. 2033. Salvo o disposto em lei
especial, as modificaes dos atos constitutivos das pessoas jurdicas
referidas no art. 44, bem como a sua transformao, incorporao, ciso
ou fuso, regem-se desde logo por este Cdigo.
Slide 36
Lei 6.404/76 (Lei das S.A.)* Art. 221. A transformao a operao
pela qual a sociedade passa, independentemente de dissoluo e
liquidao, de um tipo para outro. Art. 227. A incorporao a operao
pela qual uma ou mais sociedades so absorvidas por outra, que lhes
sucede em todos os direitos e obrigaes. Art. 228. A fuso a operao
pela qual se unem duas ou mais sociedades para formar sociedade
nova, que lhes suceder em todos os direitos e obrigaes. *Obs: Art.
1.113 e seguintes do Cdigo Civil
Slide 37
Lei 6.404/76 (Lei das S.A.) Art. 229. A ciso a operao pela qual
a companhia transfere parcelas do seu patrimnio para uma ou mais
sociedades, constitudas para esse fim ou j existentes,
extinguindo-se a companhia cindida, se houver verso de todo o seu
patrimnio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a verso. Obs.:
Protocolo e Justificativa.
Slide 38
IMPORTANTE! Lei 12.101/09 Art. 3. A certificao ou sua renovao
ser concedida entidade beneficente que demonstre, no exerccio
fiscal anterior ao do requerimento, observado o perodo mnimo de 12
(doze) meses de constituio da entidade, o cumprimento do disposto
nas Sees I, II, III e IV deste Captulo, de acordo com as
respectivas reas de atuao, e cumpra, cumulativamente, os seguintes
requisitos: (...) II preveja, em seus atos constitutivos, em caso
de dissoluo ou extino, a destinao do eventual patrimnio
remanescente a entidade sem fins lucrativos congneres ou a
entidades pblica.
Slide 39
IMPORTANTE! Decreto Lei 5.452/43 (Art. 2) 2. Sempre que uma ou
mais empresas, tendo, embora, cada uma delas, personalidade jurdica
prpria, estiverem sob a direo, controle ou administrao,
constituindo grupo industrial, comercial ou de qualquer outra
atividade econmica, sero, para efeitos da relao de emprego,
solidariamente responsveis a empresa principal e cada uma das
subordinadas.
Slide 40
Hiptese de Relao entre Mantenedora e Mantidas
Slide 41
Slide 42
IMPORTANTE! Ordem de Servio INSS n 210, de 26 de maio de 1999
(DOU de 28.06.99): 8.3.2 - No sero consideradas como remunerao
direta ou indireta, para os efeitos do inciso VII dos pressupostos
bsicos (Ttulo II, Captulos I ou II desta OS), os valores
despendidos pelas entidades religiosas e instituies de ensino
vocacional com ministro de confisso religiosa e o membro de
instituto de vida consagrada e de congregao ou de ordem religiosa
em face do seu mister religioso e/ou para sua subsistncia em
condies que independam da natureza e da quantidade de trabalho
executado. 8.3.2.1 - So considerados, como gastos com subsistncia,
entre outros, os valores despendidos a ttulo de alimentao,
vesturio, hospedagem, transporte, assistncia mdica e odontolgica,
desde que o documento fiscal identifique perfeitamente a entidade e
a operao realizada.
Slide 43
1 Conselho de Contribuintes - 1 Cmara, no Processo n
10882.002101/00-18, em deciso unnime de 21 de agosto de 2002
afirmou que o pagamento regular de salrios e outros benefcios aos
diretores da entidade mantida, no configuram distribuio disfarada
de lucros. Merece destaque o seguinte trecho do referido Acrdo:
Cabe esclarecer que a prpria Administrao Tributria reconhece a
possibilidade do pagamento de salrios aos administradores
empregados, portanto, no existe qualquer irregularidade no fato de
os dirigentes perceberem remunerao pela prestao de servios
instituio. O professor Roque Antonio Carrazza manifesta-se no
sentido de que a ausncia de intuito lucrativo exige que os recursos
auferidos venham reinvestidos na prpria instituio educacional. No
impede, porm, a remunerao justa de seus quadros.
Slide 44
Acordo (Decreto n. 7.107/2010) Artigo 5 As pessoas jurdicas
eclesisticas, reconhecidas nos termos do Artigo 3, que, alm de fins
religiosos, persigam fins de assistncia e solidariedade social,
desenvolvero a prpria atividade e gozaro de todos os direitos,
imunidades, isenes e benefcios atribudos s entidades com fins de
natureza semelhante previstos no ordenamento jurdico brasileiro,
desde que observados os requisitos e obrigaes exigidos pela
legislao brasileira.
Slide 45
Artigo 15 s pessoas jurdicas eclesisticas, assim como ao
patrimnio, renda e servios relacionados com as suas finalidades
essenciais, reconhecida a garantia de imunidade tributria referente
aos impostos, em conformidade com a Constituio brasileira. Pargrafo
nico. Para fins tributrios, as pessoas jurdicas da Igreja Catlica
que exeram atividade social e educacional sem finalidade lucrativa
recebero o mesmo tratamento e benefcios outorgados s entidades
filantrpicas reconhecidas pelo ordenamento jurdico brasileiro,
inclusive, em termos de requisitos e obrigaes exigidos para fins de
imunidade e iseno.** *Art. 182 da Constituio Federal. Arts. 2, 3,
21 e 39 da Lei 10.257/2001. Vide tambm RE 229.096, DJE 11 de abril
de 2008, Relatora Ministra Carmem Lcia). **Art. 150, inciso VI,
alneas b e c e 4 da Constituio Federal. Vide tambm Acrdo n
325.822-2/2002, do Supremo Tribunal Federal, publicado no DJ de 03
de fevereiro de 2003.