Acreditação de Laboratórios - Química Analítica

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Sries TemticasAgncia Nacional de Vigilncia SanitriaVolume 1 Abril 2004

Laboratrio

www.anvisa.gov.brSrie

Acreditao

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Guia para Qualidade em Qumica AnalticaUma Assistncia a Acreditao

Guia para Qualidade em Qumica AnalticaUma Assistncia a Acreditao

LaboratrioSrie Acreditao Volume 1

Diretor-Presidente Cludio Maierovitch P. Henriques Diretores Franklin Rubinstein Luis Carlos Wanderley Lima Ricardo Oliva Victor Hugo Costa Travassos da Rosa

Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria

Guia para Qualidade em Qumica AnalticaUma Assistncia a Acreditao

Prefcio Gerncia-Geral de Laboratrios de Sade Pblica Braslia 2004

Editora Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria SEPN 515, Edifcio Omega, Bloco B, Braslia (DF), CEP 70770-502 Internet: www.anvisa.gov.br / e-mail: [email protected] Traduzido do original Eurachem Guides: "Guide to Quality in Analytical Chemistry :An Aid to Accreditation", 2002. permitida a reproduo total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte. 1 edio 2004 ISBN 85-88233-14-2

Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria Traduo Gerente-Geral de Laboratrios de Sade Pblica Edio Ncleo de Assessoramento em Comunicao Social e Institucional Design grfico Gerncia de Comunicao Multimdia Impresso Grfica Impresso no Brasil

Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria. Guia para Qualidade em Qumica Analtica: Uma Assistncia a Acreditao = Guide to Quality in Analytical Chemistry: an Aid to Accreditation / Agncia Nacional de Vigilncia Sanitria ; traduo Gerncia-Geral de Laboratrios em Sade Pblica 1.ed. Braslia: ANVISA, 2004. 80 p. ; 20 x 27 cm. (Srie Acreditao ; v. 1) ISBN 85-88233-14-2 I. Sries Temticas. II. Laboratrio

Apresentao com enorme satisfao que colocamos disposio dos profissionais de sade do setor regulado, da comunidade acadmica e dos demais interessados as Sries Temticas Anvisa. Trata-se de uma nova linha editorial que vem suprir uma carncia de publicaes oficiais destinadas orientao tcnico-cientfica de diversos setores ligados Vigilncia Sanitria, somando-se a outras iniciativas editoriais no mbito do Ministrio da Sade que visam a democratizar o acesso s informaes em Sade Pblica, como direito de cidadania. Sem periodicidade definida ou limitao de ttulos, as Sries Temticas fornecem s diversas reas tcnicas da Anvisa um canal apropriado de consolidao e disseminao de contedos especficos orientados para pblicos de interesse, sempre levando em considerao os elementos de convenincia, oportunidade e prioridade dos temas propostos. O assunto que inaugura as Sries Temticas Acreditao de Laboratrios. Nessa primeira srie de publicaes, o tema ser abordado em dez volumes resultantes de um acordo de cooperao entre a rea de Laboratrios da Anvisa e a Rede Eurachem, detentora original dos ttulos traduzidos para o Portugus. A Rede Eurachem formada por organizaes nacionais europias que tm como objetivo o estabelecimento de um sistema de rastreabilidade internacional dos resultados de medio qumica, alm de promover as boas prticas laboratoriais. Esperando que esta publicao seja de significativa importncia para os profissionais e usurios do Sistema Nacional de Vigilncia Sanitria, colocamo-nos disposio para o recebimento de comentrios e de sugestes para as prximas edies das Sries Temticas Anvisa. O Editor

PrefcioO primeiro volume da Srie Temtica - Acreditao de Laboratrios apresenta um guia para qualidade em Qumica Analtica, e tem como objetivo proporcionar aos Laboratrios Analticos orientaes sobre a melhor prtica para o desenvolvimento de ensaios analticos, qualitativos e quantitativos, sejam anlises de rotina ou pesquisa. Este Guia tem como princpio bsico os requisitos tcnicos da garantia da qualidade, com nfase nas reas onde existe uma interpretao particular requerida para ensaios qumicos ou medies correlatas. Pretende orientar a implementao do sistema da qualidade em Laboratrios Analticos, bem como auxiliar profissionais que trabalham com acreditao, habilitao, certificao, propiciando o entendimento desses requisitos. Serve tambm de base para os profissionais envolvidos na verificao da conformidade dos ensaios analticos desenvolvidos por laboratrios com base em requisitos tcnicos. Ao editar esta publicao, a Anvisa ressalta a importncia da qualidade analtica dos resultados como um dos instrumentos fundamentais para proteo e promoo da sade da populao. O Guia para Qualidade em Qumica Analtica - Uma Assistncia a Acreditao tambm est disponvel para leitura e impresso no stio eletrnico da Anvisa www.anvisa.gov.br. Gerncia-Geral de Laboratrios de Sade Pblica

Mensagem da Presidente da EURACHEM com grato prazer que me dirijo Rede de Laboratrios Brasileiros, cuja misso contribuir com as suas boas prticas e resultados analticos de qualidade para a garantia e desenvolvimento do bem-estar pblico. Neste perodo de grande alerta e empenhamento colectivo em introduzir novos desenvolvimentos cientficos e tcnicos no sentido de garantir comparabilidade de resultados de medies, emergentes de cadeias de rastreabilidade bem definidas, atravs da utilizao de metodologias validadas, particularmente louvvel o esforo sistemtico de formao e desenvolvimento das instituies Brasileiras, particularmente o que me dado aperceber da ANVISA. A EURACHEM uma rede de organizaes nacionais europeias juntamente com a Comisso Europeia que tem por objectivo estabelecer um sistema para a rastreabilidade internacional dos resultados de medies qumicas e promover as boas prticas laboratoriais. Constituindo um foco para a Qumica Analtica e para as questes pertinentes de Qualidade, a EURACHEM um forum propcio discusso de problemas comuns e ao desenvolvimento de abordagens informadas das questes tcnicas e de poltica laboratorial. Laboratrios primrios, de calibrao e de servios, sentem a necessidade de ver reconhecida a sua competncia e a qualidade dos resultados que produzem e para isso procuram a acreditao por organismos nacionais ou internacionais independentes. Acreditados e acreditadores movem-se pela mesma exigncia de qualidade e, assim sendo, os princpios orientadores sero os mesmos. A EURACHEM, sensvel e atenta s necessidades e prioridades dos laboratrios tem, atravs dos seus grupos de trabalho, produzido guias temticos, que pela sua oportunidade, se tm revelado da mais elevada e vasta aceitao. Para mais fcil assimilao, so cada vez mais os pases a reconhecer a necessidade e a levar prtica a preparao de tradues de alguns desses guias nas vrias lnguas, sendo j vrios os pases europeus cujas delegaes nacionais da EURACHEM realizaram tal tarefa com sucesso gratificante. De todos talvez o mais divulgado seja o Guia para a Quantificao da Incerteza em Medies Analticas. De qualquer modo todos eles esto completamente acessveis na lngua inglesa, livres de qualquer limitao de acesso ou impresso, na pgina da EURACHEM.Tambm atravs dos links s pginas das Eurachem nacionais, em alguns casos possvel ter acesso s respectivas tradues. Igualmente, diversos organismos, tm solicitado autorizao para policopiar e divulgar pelos seus membros os Guias da EURACHEM, o que tem sido apoiado pela EURACHEM, salvaguardadas que sejam as questes de respeito pela propriedade intelectual.Mantendo forte colaborao com organismos internacionais afins e complementares, a EURACHEM prima por uma postura de correco cientfica e de harmonizao de procedimentos e abordagens, o que cimenta e expande a sua misso. Por feliz coincidncia, a manifestao de interesse da ANVISA em traduzir os Guias da EURACHEM e torn-los acessveis aos seus associados, ocorre num perodo em que um qumico analista portugus preside EURACHEM. Em nome da instituio que represento e em meu nome pessoal, com enorme orgulho e satisfao que aponho o meu nome a esta iniciativa da ANVISA e seus Dirigentes, que ser, para alm do que de positivo representa para a Nao Brasileira, um valioso contributo para o fortalecimento da aproximao entre os nossos dois pases de lngua portuguesa e destes com o Mundo. Lisboa, maro de 2004. Dra. Maria Filomena Gomes Ferreira Crujo Cames Presidente da EURACHEM

Sumrio

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23

Metas e objetivos Introduo Definio e Terminologia Acreditao Escopo A tarefa analtica Especificao do requisito analtico Estratgia analtica Anlise no rotineira Pessoal Amostragem, manuseio e preparao das amostras Ambiente Equipamento Reagentes Rastreabilidade Incerteza de medio Mtodos/ procedimentos para ensaios e calibrao Validao de mtodo Calibrao Materiais de referncia Controle de qualidade e ensaios de proficincia Computadores e sistemas controlados por computador Auditoria e anlise crtica do laboratrio

10 10 12 15 19 20 20 21 22 23 24 30 31 33 34 36 39 41 45 48 49 51 55

Referncias e Bibliografia Acrnimos Apndices A B C Auditoria de Qualidade reas de Importncia Especfica em um Laboratrio de Qumica Intervalos de Calibrao e Verificaes de Desempenho Tabela de Comparao ISO/IEC 17025:1999 x ISO/IEC Guia 25:1990 (ILAC G15:2001)

57 63 64

64 68 71

1.

METAS E OBJETIVOS

1.1

A meta deste guia fornecer aos laboratrios um guia sobre a melhor prtica para as operaes analticas por eles realizadas. O guia abrange anlise qualitativa e quantitativa em bases rotineiras e no-rotineiras. Um guia em separado abrange trabalho de pesquisa e desenvolvimento (Guia CITAC/ EURACHEM Referncia A1 na pgina 43). O guia pretende auxiliar aquelas pessoas implementando garantia da qualidade em laboratrios. Para aqueles que trabalham com acreditao, certificao ou outra conformidade com requisitos particulares da qualidade, ele ir ajudar a explicar o que esses requisitos significam. O guia tambm ser til para aqueles envolvidos na avaliao da qualidade de laboratrios analticos, por comparao com esses requisitos de qualidade. Referncias cruzadas a requisitos de Boas Prticas de Laboratrio (GLP) da OECD, ISO/IEC 17025 e ISO 9000 so fornecidas. Este documento foi desenvolvido, a partir da Guia 1 CITAC anterior (que, por sua vez, se baseou no Guia EURACHEM/WELAC), e atualizado para levar em conta novos materiais e desenvolvimentos, particularmente os novos requisitos da norma ISO/IEC 17025. Esse guia foi produzido por um grupo de trabalho constitudo por David Holcombe, LGC, RU; Bernard King, NARL, Austrlia; Alan Squirrell, NATA, Austrlia e Maire Walsh, Laboratrio Estadual, Irlanda. Alm disto, ao longo dos anos que levaram a elaborao deste guia e de suas verses anteriores, tem havido amplas contribuies por parte de um grande nmero de indivduos e organizaes, incluindo CITAC, EURACHEM, EA, ILAC, AOACI, IUPAC, CCQM, e outros rgos (consulte a lista de Acrnimos na pgina 58). Este guia se concentra nas questes tcnicas de garantia da qualidade (GQ), com nfase naquelas reas onde existe uma interpretao particular requerida para ensaios qumicos ou medies correlatas. Existe um nmero de aspectos adicionais de GQ, onde nenhuma orientao dada, j que estes so integralmente focados em outros documentos, tal como o ISO/IEC 17025. Estes incluem registros; relatrios; sistemas da qualidade; subcontratao; reclamaes; exigncias do fornecedor; reviso de contrato; confidencialidade e manipulao de dados.

1.2

1.3

1.4

1.5

2.

INTRODUO

2.1

O valor das medies qumicas depende do nvel de confiana que pode ser estabelecido aos resultados. De maneira crescente, os grupos de ensaios

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qumicos est adotando princpios de GQ que, embora no garantindo realmente a qualidade dos dados produzidos, eleva a possibilidade deles serem bem fundamentados e se adequarem ao fim pretendido. 2.2 Uma GQ apropriada pode permitir que um laboratrio mostre que possui instalaes e equipamentos adequados para execuo de anlises qumicas e que o trabalho foi realizado por pessoal competente de uma maneira controlada, seguindo um mtodo validado documentado. A GQ deve focalizar questes centrais que determinem resultados de qualidade, custos e oportunidades, e evitem desvio de energias para questes menos importantes. Uma boa prtica de GQ, incluindo seu reconhecimento formal por acreditao, certificao etc., ajuda a garantir que os resultados sejam vlidos e adequados aos fins. Contudo, importante que, tanto os laboratrios, como seus clientes, entendam que a GQ no pode garantir que 100% dos resultados individuais sejam confiveis. Existem dois motivos para isto: 1 Lapsos/ erros grosseiros podem ocorrer, quando, por exemplo, os resultados para duas amostras forem confundidos. Em um laboratrio bem operado, a freqncia de lapsos ser pequena, porm no igual a zero. Erros aleatrios e sistemticos tambm ocorrem, levando incerteza de um resultado medido. A probabilidade de um resultado se situar dentro da faixa de incerteza declarada depende do nvel de confiana empregado, mas novamente, mesmo em um laboratrio bem organizado, resultados errados iro ocasionalmente ocorrer e, muito ocasionalmente, o erro ser grande.

2.3

2.

A tarefa da GQ administrar a freqncia das falhas de qualidade. Quanto maior for o esforo empregado, menor ser o nmero de falhas de qualidade que podem ser esperadas. necessrio equilibrar o custo da GQ com o benefcio na reduo das falhas de qualidade a um nvel aceitvel (diferente de zero). 2.4 Os princpios da GQ foram formalizados em uma variedade de normas ou protocolos publicados. Aqueles mais amplamente reconhecidos e usados em ensaios qumicos incidem em trs grupos e so aplicados de acordo com as necessidades individuais de um laboratrio. Os trs grupos so: 2.4.1 ISO/IEC 17025:1999: (Ref B1) Essa norma aborda a competncia tcnica de laboratrios para a realizao de ensaios e calibraes especficos, e usada em todo o mundo por organismos de acreditao de laboratrios, como um requisito bsico para a acreditao de laboratrios; ISO 9001:2000: (Ref B2) e suas equivalentes nacionais e internacionais. Essa norma se refere principalmente gesto da qualidade para instalaes executando produo ou prestando servios, incluindo anlise qumica;

2.4.2

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2.4.3

Princpios OECD de Boas Prticas de Laboratrio (GLP): 1998 (Ref B3) e suas equivalentes nacionais e setoriais. Estas diretrizes dizem respeito aos processos e condies organizacionais, sob os quais estudos de laboratrio relativos a determinado trabalho regulamentar so realizados.

2.5

Alm disto, existem abordagens sobre Gesto da Qualidade Total (GQT) para GQ, que do nfase melhoria contnua (a nova ISO 9001:2000 d mais nfase neste aspecto). O fundamental neste guia o enfoque que, em nvel tcnico, a boa prtica na GQ analtica independe do sistema formal de GQ adotado. Um laboratrio pode decidir por criar seus prprios procedimentos de GQ, ou ele pode adotar um dos protocolos estabelecidos. No ltimo caso, ele pode reivindicar conformidade informal com o protocolo, ou em condies ideais pode ser submetido a uma avaliao independente por parte de uma entidade especializada oficial, com o objetivo de obter aprovao independente de seu sistema da qualidade. Tal avaliao / aprovao independente variavelmente conhecida como acreditao, registro ou certificao, dependendo de qual norma esteja sendo usada na avaliao. Em reas de anlise especficas, a acreditao algumas vezes obrigatria, porm, na maioria dos casos, o laboratrio livre para decidir que espcies de medidas de GQ ele deseja adotar. O caminho pela avaliao independente tem reconhecidas vantagens, particularmente onde os clientes do laboratrio necessitem de evidncia objetiva da competncia tcnica do laboratrio. Para obter esclarecimentos sobre o termo acreditao, conforme usado neste guia, veja as sees 3.2 e 4 abaixo.

2.6

3.

DEFINIES E TERMINOLOGIA

Existe uma pluralidade de termos importantes usados em gesto da qualidade e avaliao de conformidade, cujo significado pode variar, de acordo com o contexto onde eles forem usados. importante compreender a diferena entre os diferentes termos. Alguns deles so aqui apresentados. A referncia bsica a ISO Guia 2:1996 Ref B4. Outros termos podem ser encontrados na ISO 9000:2000 Ref B5 (Nota: ISO 8402:1994 Qualidade Vocabulrio foi retirada). 3.1 3.2 QUALIDADE: Grau com que um conjunto de caractersticas inerentes satisfaz requisitos (ISO 9000:2000). ACREDITAO: Procedimento pelo qual uma entidade autorizada concede reconhecimento formal de que uma organizao ou pessoa competente para realizar tarefas especficas (ISO Guia 2-1996). 3.2.1 No contexto de um laboratrio realizando medies, acreditao um reconhecimento formal de que um laboratrio competente para

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executar calibraes ou ensaios especficos, ou tipos especficos de calibraes ou ensaios. O mecanismo pelo qual a acreditao concedida est descrito abaixo na seo 4, e o documento dos principais requisitos o ISO/IEC 17025:1999. 3.2.2 Acreditao tambm usada no contexto das atividades baseadas na ISO 9000 para descrever o processo, pelo qual uma organizao nacional reconhece formalmente os organismos de certificao como competentes para avaliar e certificar organizaes, como estando em conformidade com a srie de normas ISO 9000 (sistemas de gesto da qualidade).

3.3

CERTIFICAO: Procedimento pelo qual um organismo de terceira parte fornece garantia por escrito, de que um produto, processo ou servio est em conformidade com requisitos especificados (ISO Guia 2:1996). Certificao (algumas vezes conhecida como registro) difere basicamente de acreditao, em que a competncia tcnica no especificamente enfocada. GARANTIA DA QUALIDADE (GQ): GQ descreve as medidas globais que um laboratrio utiliza para assegurar a qualidade de suas operaes. Tipicamente estas podem incluir: Um sistema da qualidade Ambiente de laboratrio adequado Pessoal instrudo, treinado e habilitado Procedimentos e registros de treinamento Equipamento adequadamente conservado e calibrado Procedimentos para controle da qualidade Mtodos documentados e validados Rastreabilidade e incerteza de medio Procedimentos de verificao e divulgao Aes preventivas e corretivas Ensaios de proficincia Auditorias internas e procedimentos de anlise crtica Procedimentos para reclamaes Requisitos para reagentes, calibradores, padres de medida e materiais de referncia.

3.4

3.5

CONTROLE DA QUALIDADE (CQ): As tcnicas operacionais e atividades que so usadas para preencher os requisitos para qualidade. Procedimentos para controle da qualidade se referem garantia da qualidade de amostras ou lotes de amostras especficos, e incluem: Anlise dos materiais de referncia/ padres de medida Anlise das amostras cegas Uso de amostras e grficos para controle de qualidade Anlise dos brancos Anlise de amostras contaminadas Anlise em duplicata Ensaios de proficincia

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Mais detalhes sobre controle da qualidade e ensaios de proficincia so apresentados na seo 21. 3.6 AUDITORIA E ANLISE: Na prtica, auditorias de qualidade adotam dois formatos. Uma auditoria realizada por uma entidade externa, independente, fazendo parte do processo de acreditao mais comumente conhecida como avaliao. Auditorias de qualidade realizadas dentro do laboratrio so, algumas vezes, subdivididas em auditoria, muitas vezes chamada de auditoria interna (que verifica se os procedimentos de qualidade se fazem presentes e esto sendo inteiramente implementados) e anlise crtica (que se certifica de que o sistema da qualidade eficaz e atinge os objetivos). A anlise crtica realizada pela gerncia executiva, com responsabilidade pela poltica de qualidade e trabalho do laboratrio. Neste guia, o termo auditoria se refere auditoria interna; avaliao se refere auditoria externa. 3.7 NORMA (STANDARD): Esta palavra possui uma variedade de significados distintos na lngua inglesa. No passado, ela foi usada rotineiramente para se referir em primeiro lugar a normas escritas, isto , procedimentos, especificaes, recomendaes tcnicas etc. amplamente adotados e, em segundo lugar, a padres qumicos ou fsicos usados para fins de calibrao. Neste guia, para minimizar a confuso, norma usada somente no sentido de normas por escrito. O termo padro de medida usado para descrever padres qumicos ou fsicos, usados para fins de calibrao ou de validao, tal como: produtos qumicos de pureza estabelecida e suas correspondentes solues de concentrao conhecida; filtros UV; pesos etc. Materiais de referncia constituem uma categoria (importante) dos padres de medida. MATERIAL DE REFERNCIA (MR): Material ou substncia, que tem um ou mais valores de propriedades que so suficientemente homogneos e bem estabelecidos para ser usado na calibrao de um aparelho, na avaliao de um mtodo de medio ou na atribuio de valores a materiais. (ISO Guia 30 Ref C1). MATERIAL DE REFERNCIA CERTIFICADO (MRC): Material de referncia, acompanhado por um certificado, com um ou mais valores de propriedades, e certificados por um procedimento que estabelece sua rastreabilidade obteno exata da unidade, na qual os valores da propriedade so expressos, e cada valor certificado acompanhado por uma incerteza para um nvel de confiana estabelecido (ISO Guia 30:1992 Ref C1). RASTREABILIDADE: Propriedade do resultado de uma medio ou do valor de um padro estar relacionado a referncias estabelecidas, geralmente a padres nacionais ou internacionais, atravs de uma cadeia contnua de comparaes, todas sendo incertezas estabelecidas. (VIM 1993 Ref B6). INCERTEZA DE MEDIO: Parmetro associado ao resultado de uma medida que caracteriza a disperso dos valores que podem ser razoavelmente atribudos ao medidor. (VIM 1993 Ref B6).

3.8

3.9

3.10

3.11

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4.

ACREDITAO

4.1

As referncias acreditao nesta e nas sees sucessivas se referem ISO/IEC 17025:1999 (Ref B1). Seus requisitos sero implementados por laboratrios e acreditados por organismos de acreditao durante um perodo de transio de trs anos findando em dezembro de 2002. A norma consideravelmente maior do que a sua predecessora e contm alguns requisitos novos ou ampliados, como abaixo sintetizado, mas grande parte do novo material se encontrava previamente contido em documentos complementares de orientao. Assim, a escala dos novos requisitos no to grande como possa parecer em princpio. Uma tabela comparando as clusulas da ISO/IEC 17025:1999 e de sua predecessora, a ISO/IEC Guia 25: 1990, encontrada no Apndice C. Em resumo, a ISO/IEC 17025 inclui requisitos novos ou ampliados referentes ao seguinte: Reviso de Contrato comunicaes pr-contrato para garantir que os requisitos sejam adequadamente especificados e os servios atendam inteiramente aos requisitos do cliente; Adquirindo servios e suprimentos uma poltica e procedimentos so necessrios para garantir que eles sejam adequados finalidade; Amostragem um plano de amostragem e procedimentos so necessrios, quando a amostragem fizer parte do trabalho do laboratrio; Ao preventiva procura melhorar os processos, minimizando assim a necessidade de aes corretivas; Validao do mtodo, rastreabilidade e incerteza de medio nfase significativamente acentuada nesses requisitos; Opinio e interpretao isto agora permitido em relatrios de ensaio.

4.2

4.3

Os requisitos das principais normas/protocolos de qualidade possuem muitos elementos comuns ou similares. Por exemplo, a ISO/IEC 17025 incorpora os elementos do sistema da qualidade da ISO 9001 (1994) que so aplicveis a laboratrios. Uma comparao das principais normas/protocolos apresentada abaixo:

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Ttu lo

ISO/IEC 17025:1999 1 2 3 4 4.1

I SO 9001:2000 1 2 3 ' ISO 9000:2000 Vrias

O E C D G L P 19 9 8 Organiz ao para a C o o pe rao e o De s e nvo lvime nto Eco n mico Se o I - 1

Esc opo Re f e r nc ias normativas Te rmos e d e f ini e s Re quisitos ad ministrativos O rganiza o D ire tor d o e stud o Ge re nte d a Q ualid ad e Siste ma d a Q ualid ad e Poltic a d a Q ualid ad e Manual d a Q ualid ad e Comprome time nto ad ministrativo c om a qualid ad e Controle d e d oc ume ntos Aprova o e e misso d e d oc ume ntos Alte ra e s d e d oc ume ntos Anlise c rtic a d os pe d id os, propostas e c ontratos Subc ontrata o Aquisi o d e se rvi os e suprime ntos Ve rif ic a o d e suprime ntos Foc o no c lie nte Ate nd ime nto ao c lie nte Re c lama e s Controle d e trabalho no- onf orme c

Se o I - 2 Se o II - 1.1

Se o II - 1.2 4.1.5 4.2 4.2.2 4.2.2 4.2.2 4.3 4.3.2 4.3.3 4.4 4.5 4.6 4.6.2 7.4 7.4.3 5.2, 8.2.1 4.7 4.8 4.9 7.2.3 7.2.3 8.3 Se o II - 6.2.3 (some nte ite m d e e nsaio) 5.5.2 4 5.3 4.2.2 5.1 4.2.3 4.2.3 4.2.3 7.2 Se o II - 7.1 Pe ssoal d a GQ GLP Se o II - 2

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Me lhoria Anlise d e c ausas A o c orre tiva A o pre ve ntiva Controle d e re gistros Aud itorias inte rnas Anlise s c rtic as pe la ge r nc ia Re quisitos t c nic os ge rais Pe ssoal Cond i e s d e ac omod a o e ambie ntais M tod os d e e nsaio e c alibra o Valid a o d e m tod o Inc e rte za d e me d i o Ve rif ic a e s d e c lc ulo e transc ri o Valid a o d a TI Equipame nto Q ualif ic a o d o e quipame nto Rastre abilid ad e d a me d i o Calibra o Pad re s d e re f e r nc ia e mate riais d e re f e r nc ia Amostrage m Manuse io d os ite ns d e e nsaio ou c alibra o (transporte /armaze nage m/id e ntif ic a o/d e sc arte ) Id e ntif ic a o d a amostra Garantia d a qualid ad e d os re sultad os d e me d i o 4.10.2 4.10.3, 4.10.4 4.11 4.12 4.13, 4.10.5 4.14 5.1 5.2 5.3 5.4 5.4.5 5.4.6 5.4.7.1 5.4.7.2 5.5 5.5.2 5.6 5.6 5.6.3 5.7 5.8 5.8.2 5.9

8.5 8.5.2 8.5.2 8.5.3 4.2.4 8.2.2 5.6 Se o II - 10 Se o II - 2.2

6.2 6.3, 6.4 7.5.1 7.5.2

Se o II - 1.3 Se o II - 3 Se o II - 7

Se o II - 8.3 6.3 7.5.1 7.5.1, 7.5.2 7.6 7.6 7.6 Se o II - 4.2 Se o II - 6 Se o II - 1.1.2 (q) Se o II - 4 Se o II - 5.1

7.5.5 7.5.3 7.5.1, 7.6, 8.2.3, 8.2.4 Se o II - 8.3.1 Se o II - 2

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Apre se nta o d os re sultad os O pinie s e inte rpre ta e s Transmisso e le trnic a Eme nd as aos re latrios

5.10 5.10.5 5.10.7 5.10.9 8.3

Se o II - 9

Se o II 9.1.4

Nota:

O alinhamento da ISO/IEC 17025: 1999 est sendo levado em conta, para equiparar os requisitos do sistema de gesto da qualidade da seo 4 (baseado na ISO 9001: 1994) com a ISO 9001: 2000. A acreditao concedida a um laboratrio para um conjunto especfico de atividades (isto , ensaios ou calibraes) aps a avaliao daquele laboratrio. Tais avaliaes iro incluir tipicamente um exame dos procedimentos analticos em uso, o sistema da qualidade e a documentao da qualidade. Os procedimentos analticos sero examinados para garantir que eles sejam tecnicamente apropriados ao fim pretendido e que eles tenham sido validados. O desempenho dos ensaios pode ser testemunhado para garantir que os procedimentos documentados estejam sendo seguidos e possam ser, de fato, acompanhados. O desempenho do laboratrio em esquema de ensaio de proficincia externo pode ser tambm examinado. A avaliao pode incluir adicionalmente uma auditoria de desempenho, onde necessrio que o laboratrio analise amostras fornecidas pela entidade acreditadora e atinja nveis de preciso aceitveis. Essa auditoria de desempenho efetivamente uma forma de ensaio de proficincia (ver a seo 21). de responsabilidade do laboratrio garantir que todos os procedimentos usados sejam apropriados ao seu fim pretendido. O processo de avaliao examina este aspecto de adequao ao uso. Cada entidade acreditadora possui procedimentos estabelecidos com os quais ela opera, avalia laboratrios e concede acreditaes. Por exemplo, as entidades acreditadoras de laboratrio operam, segundo requisitos baseados na ISO/IEC Guia 58 (Ref C8). Da mesma forma, entidades oferecendo esquemas de certificao operam segundo os requisitos da ISO/IEC Guia 62 (Ref 19). Da mesma forma, avaliadores so escolhidos por critrios especificados. Por exemplo, os critrios de seleo para avaliadores nomeados para avaliar em nome das entidades acreditadoras de laboratrios so especificados na ISO/ IEC Guia 58. Estes incluem o requisito de conhecimento tcnico nas reas especficas de operao sendo avaliadas. O benefcio da acreditao que ela permite aos clientes em potencial do laboratrio terem confiana na qualidade do servio desempenhado pelo laboratrio. Vrios desenvolvimentos internacionais significam que a aprovao conferida por acreditao e outras avaliaes possuem reconhecimento

4.4

4.5

4.6

4.7

4.8

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mundial. Muitas entidades acreditadoras de laboratrio (que foram avaliadas e constatadas como satisfazendo requisitos relevantes - ver 4.6 acima) assinaram um acordo multilateral (o Acordo ILAC) para reconhecer a equivalncia dos esquemas de acreditao de laboratrio. Acordos internacionais similares foram desenvolvidos para entidades associadas a esquemas de certificao. 4.9 A orientao fornecida abaixo ser til para laboratrios buscando acreditao relativo ISO/IEC 17025, certificao relativa ISO 9001, ou conformidade/ registro com os princpios da GLP.

5.

ESCOPO

5.1

Um laboratrio pode aplicar GQ a toda ou parte de suas operaes. Quando um laboratrio reivindica conformidade junto a, certificao ou acreditao para uma norma especfica, importante ficar claro, a que esta conformidade, certificao ou acreditao se aplica. A declarao formal das atividades que foram certificadas com a ISO 9000, ou acreditadas com a ISO 17025, conhecida como escopo. A ISO 9000 e a GLP necessitam apenas de uma breve descrio das atividades envolvidas, mas, no caso da ISO/IEC 17025, uma descrio detalhada do trabalho especfico abrangida pela acreditao normalmente necessria. A gesto da qualidade auxiliada por uma clara declarao das atividades, que devem definir de maneira ideal a amplitude do trabalho envolvido, mas sem limitar a operao do laboratrio. Diferentes normas da qualidade possuem regras diferentes, mas para a ISO/IEC 17025, o escopo pode ser tipicamente definido em termos de: i) faixa de produtos, materiais ou tipos de amostra ensaiadas ou analisadas; ii) medies (ou tipos de medies) realizadas; iii) especificao ou mtodo/equipamento/tcnica usados; iv) concentrao, faixa e incerteza de medio, conforme apropriado.

5.2

5.3

A definio do escopo em termos especficos claramente mais facilmente aplicada a laboratrios realizando ensaios de rotina, segundo procedimentos estabelecidos. Quando ensaios fora-de-rotina so realizados, desejvel uma abordagem mais flexvel ao escopo. Porm, o escopo deve ser to especfico como vivel e o sistema de GQ mantido pelo laboratrio deve assegurar que a qualidade dos resultados esteja sob controle. Um laboratrio que deseje alterar seu escopo, adicionando ensaios complementares ou alterando a metodologia dos ensaios existentes, ir necessitar da aprovao da entidade acreditadora, que dever ter uma poltica especfica para tais situaes. Tipicamente possvel conceder mudanas simples, por meio de exame da documentao. Para mudanas mais complexas, particularmente onde novas tcnicas estejam envolvidas, pode ser requerida uma avaliao adicional.

5.4

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19

6.

A TAREFA ANALTICA

6.1

Anlise uma investigao complexa em mltiplos estgios, que pode ser sintetizada pelas seguintes subtarefas. Quando apropriado, a seo correspondente nesse guia tambm listada. Nem todas as etapas sero necessrias, a cada vez que uma medio de rotina for realizada. Alm disto, na realidade, a medio muitas vezes um processo iterativo, antes que passe pela srie linear de etapas abaixo mostradas: Especificao dos requisitos - ver Seo 7 Anlise das informaes * Pensamento criativo * Plano de estudo * - ver Seo 8 Amostragem - ver Seo 22 Preparao da amostra Anlise preliminar * Identificao/confirmao da composio Anlise quantitativa Coleta e anlise de dados Interpretao de dados/soluo de problemas Divulgao/recomendao Os itens marcados com * so de maior significncia no contexto da anlise forade-rotina. O processo descrito sob forma de um fluxograma na Figura 1 da Seo 19.

6.2

Embora normas distintas enfatizem diferentes aspectos de GQ e algumas das etapas acima no sejam especificamente cobertas, importante que a GQ de cada estgio seja considerada e abordada quando relevante.

7.

ESPECIFICAO DO REQUISITO ANALTICO

7.1 7.2

O laboratrio possui o dever de prestar um servio analtico a seus clientes, que seja apto para resolver seus problemas. A chave para uma boa anlise uma especificao clara e adequada do requi-

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sito. Este precisar ser produzido em cooperao com o cliente, que pode necessitar de ajuda considervel para converter seus requisitos funcionais em uma tarefa analtica tcnica. O requisito analtico pode ser tambm desenvolvido durante os trabalhos de uma comisso, mas no deve sofrer desvios. Quaisquer mudanas so possveis de serem orientadas para o cliente, mas devem ter o acordo do cliente e do laboratrio. A especificao do pedido analtico deve abordar as seguintes questes: Contexto analtico Informaes necessrias Estado crtico/risco aceitvel Restries de tempo Restries de custos Amostragem Requisitos de rastreabilidade Incerteza de medio Requisitos de mtodo, incluindo preparao da amostra Identificao/confirmao/impresso digital Critrios de limites Requisitos de GQ/CQ Requisitos/aprovao do plano de pesquisa 7.3 O nvel de documentao deve ser proporcional com a escala e estado crtico da tarefa e inclui a produo de qualquer anlise de informaes e pensamento criativo.

8.

ESTRATGIA ANALTICA

8.1

Todo trabalho analtico deve ser adequadamente planejado. Um plano destes pode ser, na sua forma mais bsica, simplesmente uma entrada em um caderno de anotaes. Planos mais detalhados devero ser apropriadas para tarefas maiores e mais complicadas. Para trabalho realizado, segundo a GLP, existe um requisito especfico para que o trabalho seja executado, segundo planos de estudo documentados. Os planos devero indicar tipicamente o ponto de partida e de trmino pretendido da tarefa especfica em conjunto com a estratgia para alcanar as metas desejadas. Quando, durante a evoluo do trabalho, for apropriado modificar a estratgia, o plano deve ser alterado de acordo.

8.2

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9.

ANLISE FORA-DE-ROTINA

9.1

Anlise fora-de-rotina pode ser considerada, quer como tarefas, mas que sejam realizadas ocasionalmente, onde metodologia confivel j se encontra estabelecida, quer como tarefas onde cada amostra requer uma abordagem diferente e a metodologia precisa ser estabelecida na ocasio. A orientao dada na Referncia A1. Os custos da medio qumica refletem os custos associados aos vrios estgios de desenvolvimento do mtodo, validao, instrumentao, consumveis, manuteno contnua, participao de pessoal, calibrao, controle de qualidade etc. Muitos desses custos so independentes do nmero de amostras subseqentemente analisadas, usando-se esse mtodo. Assim, quando um nico mtodo puder ser usado para uma grande produo de amostras, os custos analticos unitrios sero comparativamente baixos. Quando um mtodo tiver que ser especialmente desenvolvido apenas para poucas amostras, os custos analticos unitrios podem ser muitos altos. Para tal anlise fora-de-rotina, alguns custos podem ser reduzidos pelo uso de mtodos genricos, isto , mtodos que so amplamente aplicveis. Em outras instncias, a subcontratao de trabalho a um laboratrio que se especializasse em um tipo particular de trabalho seria a melhor soluo custo/benefcio. Contudo, quando o trabalho for subcontratado, procedimentos de GQ apropriados devem ser empregados. Em termos simples, uma medio pode ser convenientemente descrita em termos de uma etapa de isolamento e um estgio de medio. Raramente, um analito pode ser medido, sem primeiro separ-lo da matriz da amostra. Assim, a finalidade da etapa de isolamento simplificar a matriz, na qual o analito finalmente medido. Freqentemente o procedimento de isolamento pode variar muito pouco para uma ampla variedade de analitos numa faixa de matrizes de amostra. Um bom exemplo de um procedimento de isolamento genrico a tcnica de digesto para isolar traos de metais em alimentos. Da mesma forma, uma vez que os analitos tenham sido isolados da matriz da amostra e foram apresentados a um ambiente comparativamente limpo, tal como um solvente, pode ser possvel ter um nico mtodo genrico para cobrir a medio de uma ampla variedade de analitos. Por exemplo, cromatografia gasosa, ou espectrofotometria visvel por UV. A documentao de tais mtodos genricos deve ser elaborada, de forma que ela possa acomodar facilmente as pequenas mudanas que se referem extrao, depurao, ou medio de diferentes analitos, por exemplo, pelo uso de tabelas. Os tipos de parmetros, que podem ser variados so o tamanho da amostra, quantidade e tipo dos solventes de extrao, condies de extrao, colunas cromatogrficas ou condies de separao ou ajustes do comprimento de onda do espectrmetro.

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Laboratrio

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9.6

O valor de tais mtodos para anlise fora-de-rotina que, quando uma nova combinao de analito/matriz encontrada, freqentemente possvel incorpor-la a um mtodo genrico existente com validao adicional apropriada, clculos da incerteza de medio e documentao apropriada. Assim, os custos adicionais incorridos so minimizados, em comparao com o desenvolvimento de um novo mtodo integral. O mtodo deve definir as verificaes que precisaro ser realizadas para os diferentes analitos ou tipos de amostra, a fim de verificar se a anlise vlida. Informaes suficientes precisaro ser registradas, a fim de que o trabalho possa ser repetido precisamente da mesma maneira numa data futura. Quando uma anlise especfica subseqentemente se torna rotina, um mtodo especfico pode ser validado e documentado. possvel acreditar uma anlise fora-de-rotina e a maior parte das entidades acreditadoras ter uma poltica para avaliar tais mtodos e descrev-los no programa ou escopo de acreditao do laboratrio. O nus caber ao laboratrio, para demonstrar aos avaliadores que, ao usar estas tcnicas, ele est satisfazendo todos os critrios da norma de qualidade relevante. De modo particular, a experincia, capacitao e treinamento do pessoal envolvido ser um importante fator na determinao, se tais anlises podem ser ou no acreditados.

9.7

10.

PESSOAL

10.1

A administrao do laboratrio deve definir normalmente os nveis mnimos de qualificao e experincia necessrios aos principais cargos dentro do laboratrio. A anlise qumica deve ser realizada por um analista qualificado, experiente e competente, ou sob a superviso deste. Outra equipe gabaritada do laboratrio dever possuir normalmente competncia similar. Menores qualificaes formais podem ser aceitveis, quando o pessoal possuir ampla experincia relevante e/ou o escopo das atividades for limitado. A equipe qualificada em nvel de graduao dever ter normalmente, pelo menos, dois anos de experincia em trabalho pertinente, antes de ser considerada como composta por analistas experientes. O pessoal submetido a treinamento, ou sem nenhuma qualificao relevante, pode realizar anlises, desde que tenha comprovadamente recebido um nvel adequado de treinamento e seja adequadamente supervisionado. Em determinadas circunstncias, os requisitos mnimos para qualificaes e experincia para pessoal realizando tipos particulares de anlises podem ser especificados em regulamentos. O laboratrio deve assegurar que todo o pessoal receba treinamento adequado para o desempenho competente dos ensaios e operao do equipamento. Quando apropriado isto dever incluir treinamento nos princpios e teoria baseada nas tcnicas especficas. Quando possvel, medidas

10.2

10.3

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objetivas devem ser tomadas para avaliar o alcance da competncia durante o treinamento. Somente analistas que possam demonstrar a competncia necessria, ou que sejam adequadamente supervisionados, podem realizar ensaios nas amostras. A competncia continuada precisa ser monitorada, por exemplo, usando-se tcnicas de controle da qualidade. A necessidade de reciclar periodicamente o pessoal precisa ser considerada, quando um mtodo ou tcnica no estiver em uso regular. Embora a administrao do laboratrio seja responsvel por assegurar o fornecimento de um treinamento adequado, deve ser enfatizada a ocorrncia de um forte elemento de auto-instruo, particularmente entre analistas mais experientes. 10.4 O laboratrio deve manter um registro atualizado do treinamento que cada membro do pessoal tenha recebido. A finalidade desses registros fornecer evidncias de que os membros individuais da equipe foram adequadamente treinados, e sua competncia para realizar ensaios especficos foi avaliada. Em alguns casos, pode ser pertinente declarar quaisquer limitaes especficas acerca da evidncia sobre a competncia. Os registros devem incluir tipicamente: i) qualificaes acadmicas; ii) cursos internos e externos freqentados; iii) instruo prtica pertinente (e reciclagem, conforme necessrio). Possivelmente tambm: iv) participao em esquemas para ensaios de proficincia e/ou de GQ, com dados associados; v) artigos tcnicos publicados e apresentaes em conferncias. 10.5 10.6 Em alguns casos, pode ser mais apropriado registrar a competncia em termos de tcnicas especficas, ao invs de mtodos. O acesso a esses registros de treinamento ser necessrio no andamento do trabalho dirio. O acesso a outros registros de pessoal, normalmente guardados centralizadamente pelo laboratrio e listando detalhes pessoais, pode ser restrito por legislao nacional sobre a proteo de dados.

11.

AMOSTRAGEM, MANUSEIO E PREPARAO DE AMOSTRAS

11.1

Ensaios analticos podem ser requeridos por uma variedade de motivos, incluindo o estabelecimento de um valor mdio do analito sobre um material, estabelecimento de um perfil de concentrao de analito sobre um material, ou determinao da contaminao local em um material. Em alguns casos, por exemplo, na anlise forense, pode ser apropriado examinar todo o material.

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Em outros, apropriado coletar uma determinada espcie de amostra. Claramente a maneira com que as amostras so obtidas ir depender do objetivo da anlise. 11.2 A importncia do estgio de amostragem no pode deixar de ser excessivamente enfatizada. Se a poro do ensaio no for representativa do material original, no ser possvel relacionar o resultado analtico medido quele no material original, no importando a qualidade do mtodo analtico e nem o cuidado para realizao da anlise. Planos de amostragem podem ser aleatrios, sistemticos ou seqenciais, e podem ser empregados para obteno de informaes quantitativas ou qualitativas, ou para determinao da conformidade ou no-conformidade com uma especificao. A amostragem sempre contribui para a incerteza de medio. Conforme a metodologia analtica melhore e os mtodos permitam ou requeiram o uso de pores menores de ensaio, as incertezas associadas amostragem se tornam cada vez mais importantes e podem elevar a incerteza total do processo de medio. A incerteza de medio associada subamostragem etc deve ser sempre includa na incerteza de medio do resultado do ensaio, mas a incerteza de medio associada ao processo bsico de amostragem normalmente tratada em separado. Em muitas reas de ensaios qumicos, os problemas associados amostragem tm sido abordados, e mtodos tm sido validados e publicados. Os analistas tambm devem se referir s normas nacionais ou setoriais, conforme apropriado. Quando mtodos especficos no estiverem disponveis, o analista deve depender da experincia ou adaptar mtodos, a partir de aplicaes similares. Quando em dvida, o material de interesse e quaisquer amostras dele obtidas devem sempre ser tratados como heterogneos. A seleo de uma(s) amostra(s) apropriada(s), a partir de uma maior quantidade de material, um estgio muito importante na anlise qumica. Raramente ele direto. De maneira ideal, se os resultados finais produzidos tiverem que ser de algum valor prtico, os estgios de amostragem devem ser realizados por um mensurando capacitado, ou sob a direo deste, com um conhecimento do contexto global da anlise. possvel que uma pessoa destas seja um analista experiente, ou algum especificamente treinado em amostragem. Quando no for prtico utilizar tal pessoa capacitada para coletar as amostras, o laboratrio encorajado a interagir com o cliente para fornecer assessoria e possivelmente assistncia prtica, a fim de assegurar que a amostragem seja a mais apropriada possvel. Uma armadilha muito comum subestimar a importncia do procedimento de amostragem e deleg-lo a um empregado inexperiente e sem treinamento. A terminologia usada em amostragem complicada e pode ser confusa. Tambm os termos usados podem no ser consistentes entre uma aplicao e outra. Ao documentar um procedimento de amostragem, importante assegurar que todos os termos usados sejam claramente definidos, a fim de que o procedimento fique claro para outros usurios. Da mesma forma, importante assegurar, ao comparar dois procedimentos distintos, que a

11.3

11.4

11.5

11.6

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terminologia usada seja consistente. Por exemplo, deve se tomar cuidado no uso da palavra granel, visto que esta pode se referir combinao de amostras individuais, ou a uma massa no-diferenciada. 11.7 Um dos melhores tratamentos na terminologia de amostragem apresentado nas recomendaes publicadas pela IUPAC (Ref. E7), que descreve os termos usados na amostragem de mercadorias embaladas ou de mercadorias a granel. Neste exemplo, o procedimento de amostragem reduz o carregamento original atravs de lotes ou bateladas, incrementos, amostras primrias ou brutas, amostras compostas ou agregadas, subamostras ou amostras secundrias para uma amostra de laboratrio. A amostra de laboratrio, se heterognea, pode ser mais adiante preparada para produzir a amostra de ensaio. A amostra de laboratrio ou a amostra de ensaio considerada, como sendo o final do procedimento de amostragem. possvel que as operaes dentro desse procedimento estejam sujeitas a incertezas de amostragem. Para fins da orientao abaixo fornecida, foram usadas as seguintes definies, conforme propostas pelo IUPAC: Amostra: Uma poro de material selecionada, representando uma maior corpo do material. Manuseio da amostra: Isto se refere manipulao, a que as amostras so expostas durante o processo de amostragem, desde a seleo do material original, at o descarte de todas as amostras e pores de emsaio. Subamostra: Isto se refere a uma poro da amostra obtida por seleo ou diviso; uma unidade individual retirada do lote, fazendo parte da amostra ou; a unidade final da amostragem em estgios mltiplos. Amostra de laboratrio: Matria-prima fornecida ao laboratrio. Amostra de teste: A amostra preparada a partir da amostra de laboratrio. Preparao da amostra: Isto descreve os procedimentos seguidos para selecionar a poro de ensaio da amostra (ou subamostra) e inclui: processamento em laboratrio; mistura; reduo; abaulamento e esquartejamento; estriamento; moagem e triturao. Poro de ensaio: Isto se refere ao material efetivo, pesado ou medido para a anlise. 11.9 Uma vez recebida pelo laboratrio, a(s) amostra(s) de laboratrio pode(m) necessitar de posterior tratamento, tal como subdiviso e/ou moagem e triturao, antes da anlise.

11.8

11.10 A no ser que de outra forma especificado, a poro de ensaio colhida para anlise deve ser representativa da amostra de laboratrio. Para garantir que a poro de ensaio seja homognea, pode ser necessrio reduzir o tamanho das partculas por triturao ou moagem. Se a amostra de laboratrio for

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grande, pode ser necessrio subdividi-la antes da triturao ou moagem. Deve se tomar cuidado para garantir que uma segregao no ocorra durante a subdiviso. Em alguns casos, ser necessrio moer ou triturar grosseiramente a amostra, antes da subdiviso em amostras de ensaio. A amostra pode ser subdividida por uma variedade de mecanismos, incluindo abaulamento e esquartejamento, estriamento, ou por meio de um divisor rotativo ou de um divisor centrfugo. A etapa de reduo do tamanho das partculas pode ser executada manualmente (almofariz e gral) ou mecanicamente, usando-se moinhos ou trituradores. Deve se tomar cuidado para evitar a contaminao cruzada de amostras, assegurando-se de que o equipamento no contamine a amostra (p. ex. metais) e que a composio da amostra no seja alterada (p. ex. perda de umidade) durante a moagem ou triturao. Muitos mtodos de anlise padro contm uma seo que detalha a preparao da amostra de laboratrio, antes da retirada da poro de ensaio para anlise. Em outros casos, a legislao lida com este aspecto como uma questo genrica. 11.11 As operaes analticas comeam com a medio de uma poro de ensaio a partir da amostra de laboratrio ou da amostra de ensaio, e prosseguem por meio de vrias operaes at a medio final. 11.12 Existem regras importantes a serem seguidas para se projetar, adaptar, ou seguir uma estratgia de amostragem: 11.12.1 O problema, demandando a coleta de amostras e subseqente anlise,deve ser entendido e o procedimento de amostragem elaborado de acordo. A estratgia de amostragem usada ir depender da natureza do problema, p. ex.: a) a concentrao mdia de analito no material requerida; b) o perfil de analito sobre o material necessrio; c) o material suspeito de contaminao por um analito particular; d) o contaminante distribudo de modo heterogneo (ocorre em pontos ntidos) no material; e)podem existir outros fatores no-analticos a seremconsiderados, incluindo a natureza da rea sob exame. 11.12.2 Deve se tomar cuidado ao presumir que o material seja homogneo, mesmo quando ele parea ser. Quando o material se encontra claramente em duas fases fsicas, ou mais, a distribuio do analito pode variar dentro de cada fase. Pode ser apropriado separar as fases e trat-las como amostras distintas. Da mesma forma, pode ser apropriado combinar e homogeneizar as fases para formar uma amostra nica. Em slidos, pode haver uma variao considervel na concentrao de analito, se a distribuio do tamanho de partcula do material principal variar significativamente e, durante um perodo de tempo, o material puder decantar. Antes da amostragem, pode ser apropriado, caso praticvel, misturar o

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material para assegurar uma distribuio do tamanho da partcula representativa. Da mesma forma, a concentrao de analito pode variar dentro de um slido, onde diferentes partes do material estiveram sujeitas a diferentes esforos. Por exemplo, considere a medio do monmero cloreto de vinila (VCM) na estrutura de uma garrafa de PVC. A concentrao do VCM varia significativamente, dependendo de se ela medida no gargalo da garrafa, na sua curvatura, lados ou base. 11.12.3 As propriedades do(s) analito(s) de interesse devem ser levadas em considerao. Volatilidade, sensibilidade luz, instabilidade trmica e reatividade qumica podem ser consideraes importantes na elaborao da estratgia de amostragem e escolha do equipamento, embalagem e condies de armazenamento. O equipamento usado para amostragem, subamostragem, manuseio de amostra, preparao de amostra e extrao de amostra, deve ser selecionado, a fim de evitar alteraes indesejadas na natureza da amostra que podem influenciar os resultados finais. A importncia dos erros gravimtricos ou volumtricos durante a amostragem deve ser considerada e todos os equipamentos crticos calibrados. Pode ser apropriado acrescentar produtos qumicos, como cidos ou antioxidantes, amostra para estabiliz-la. Isto de particular importncia na anlise residual onde existe um perigo de adsoro do analito sobre o vaso de armazenagem. Pode ser necessrio considerar o uso e valor do restante do material original, aps uma amostra ter sido removida para anlise. Uma amostragem feita com pouca ateno, especialmente se destrutiva, pode tornar todo o carregamento inoperante ou sem valor. Qualquer que seja a estratgia usada para a amostragem, de vital importncia que o amostrador mantenha um registro claro dos procedimentos seguidos, a fim de que o processo de amostragem possa ser exatamente repetido. Quando mais de uma amostra for retirada do material original, pode ser til incluir um diagrama como parte integrante da documentao, para indicar o padro de amostragem. Isto dever tornar mais fcil a repetio da amostragem numa data futura, podendo tambm auxiliar na obteno de concluses a partir dos resultados de ensaio. Uma aplicao tpica, onde um esquema destes ser til, a amostragem de solos sobre uma ampla rea, para monitorar sedimentos das emisses de chamins. Quando o laboratrio no tiver sido responsvel pelo estgio de amostragem, ele deve declarar no relatrio que as amostras foram analisadas a medida que foram recebidas. Se o laboratrio tiver conduzido ou dirigido o estgio de amostragem, ele deve divulgar os procedimentos usados e comentar sobre quaisquer limitaes decorrentes impostas aos resultados.

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11.13 A embalagem da amostra e os instrumentos usados para manipulao da amostra devem ser selecionados, de forma que todas as superfcies em contato com a amostra sejam essencialmente inertes. Uma ateno particular deve ser dedicada possvel contaminao das amostras por metais ou plastificantes sendo dissolvidos do recipiente, ou de sua tampa, para dentro da amostra. A embalagem deve tambm garantir que a amostra possa ser manipulada sem causar um risco qumico, microbiolgico, ou outro qualquer. 11.14 A cobertura da embalagem deve ser adequada para garantir que no haja vazamento da amostra atravs do recipiente, e que a amostra em si no possa ser contaminada. Em algumas circunstncias, por exemplo, quando amostras tiverem sido colhidas para fins legais, a amostra pode ser lacrada, de forma que o acesso amostra s seja possvel pela ruptura do lacre. A confirmao do estado satisfatrio dos lacres far, ento, normalmente parte do relatrio analtico. 11.15 O rtulo da amostra um aspecto de documentao importante e deve identificar sem ambigidade a amostra, com relao a planos ou notas pertinentes. A rotulagem particularmente importante, posteriormente no processo analtico, quando a amostra possa ter sido dividida, subamostrada, ou modificada de alguma maneira. Em tais circunstncias, informaes adicionais podem ser apropriadas, tais como referncias amostra principal, e a quaisquer processos usados para extrair ou subamostrar a amostra. A rotulagem deve ser firmemente afixada na embalagem da amostra e, onde apropriado, ser prova de desbotamento, autoclavagem, derramamento de reagente ou amostra, e variaes razoveis de temperatura e umidade. 11.16 Algumas amostras, por exemplo, aquelas envolvidas em litgio, podem ter requisitos especiais para rotulagem e documentao. Pode ser necessrio que os rtulos identifiquem todos aqueles indivduos que estiveram envolvidos com a amostra, incluindo a pessoa que coletou a amostra e os analistas envolvidos nos ensaios. Isto pode ser confirmado por recibos, para testemunhar que um signatrio (conforme identificado no rtulo) entregou a amostra para o prximo signatrio, comprovando assim que a continuidade da amostra foi mantida. Isto normalmente conhecido como cadeia de custdia. 11.17 As amostras precisam ser guardadas a uma temperatura apropriada e de tal modo, para que no haja riscos ao pessoal do laboratrio, e a integridade das amostras seja preservada. As reas de armazenagem devem ser mantidas limpas e organizadas, a fim de que no haja risco de contaminao ou de contaminao cruzada, ou de danos embalagem ou a quaisquer lacres pertinentes. Condies ambientais extremas (p. ex. temperatura, umidade) que possam alterar a composio da amostra, devem ser evitadas, j que isto pode levar perda de analito por degradao ou adsoro, ou a um aumento da concentrao de analito (micotoxinas). Se necessrio, deve ser empregada monitorao ambiental. Um nvel de segurana apropriado deve ser exercido para restringir o acesso no autorizado s amostras. 11.18 Todo o pessoal envolvido na administrao do sistema de manuseio da

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amostra deve ser corretamente treinado. O laboratrio deve ter uma poltica documentada para a guarda e descarte de amostras. O procedimento de descarte deve levar em considerao as diretrizes acima citadas. 11.19 Para avaliar integralmente um resultado analtico para avaliao de conformidade, ou para outros fins, importante ter conhecimento do plano de amostragem e de sua base estatstica. Procedimentos de amostragem para inspeo por variveis presumem que a caracterstica sendo inspecionada mensurvel e segue a distribuio normal. Considerando que a amostragem para inspeo por atributos um mtodo, pelo qual a unidade de produto classificada em conforme ou no-conforme, ou o nmero de noconformidades na unidade de produto contado com relao a um determinado conjunto de requisito. Na inspeo por atributos, o risco associado aceitao/rejeio de no-conformidades determinado pelo nvel de qualidade aceitvel (AQL) ou a qualidade limite (LQ).

12.

AMBIENTE

12.1

Amostras, reagentes, padres de medida e materiais de referncia devem ser armazenados para garantir sua integridade. De modo particular, as amostras devem ser armazenadas, de modo que a contaminao cruzada no seja possvel. O laboratrio deve se proteger contra sua deteriorao, contaminao e perda de identidade. O ambiente de laboratrio no deve ter um nmero excessivo de pessoas, devendo ser limpo e arrumado para garantir que a qualidade do trabalho desenvolvido no seja comprometida. Pode ser necessrio restringir o acesso a reas especficas de um laboratrio, devido natureza do trabalho realizado. As restries podem ser feitas por motivos de segurana, seguridade, ou sensibilidade contaminao ou interferncias. Exemplos tpicos podem ser trabalho envolvendo explosivos, materiais radioativos, carcinognicos, exame forense, tcnicas PCR e anlise residual. Quando tais restries se encontrarem em vigor, o pessoal deve estar ciente: i) do uso pretendido para uma rea especfica; ii) das restries impostas ao trabalho dentro dessas reas; iii) dos motivos para impor tais restries; iv) dos procedimentos a serem seguidos, quando tais restries forem violadas.

12.2

12.3

12.4

Apesar da seleo de reas designadas para novos trabalhos, o uso anterior da rea deve ser levado em conta. Antes do uso, devem ser feitas verificaes para garantir que a rea esteja livre de contaminao.

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12.5

O laboratrio deve fornecer condies ambientais apropriadas e controles necessrios para ensaios especficos ou operao de equipamento especfico, incluindo temperatura, umidade, iseno de vibrao, iseno de contaminao microbiolgica em suspenso no ar ou na poeira, iluminao especial, filtragem de radiao, e servios especficos. Condies ambientais crticas precisam ser monitoradas e mantidas dentro de limites predeterminados. Um desmembramento das condies ambientais crticas pode ser indicado por sistemas de monitorao, ou pelo controle de qualidade analtica dentro dos ensaios especficos. O impacto de tais falhas pode ser avaliado como parte integrante dos ensaios de robustez durante a validao do mtodo e, quando apropriado, procedimentos de emergncia estabelecidos. Procedimentos de descontaminao podem ser apropriados, quando o ambiente ou o equipamento estiver sujeito a mudana de uso, ou quando contaminao acidental tiver ocorrido.

12.6

12.7

13.

EQUIPAMENTO (Ver tambm Apndice B)

13.1 Categorias de equipamento 13.1.1 Todo o equipamento usado em laboratrios deve ser de uma especificao suficiente para o fim pretendido, e mantido num estado de manuteno e calibrao compatvel com seu uso. O equipamento normalmente encontrado no laboratrio qumico pode ser classificado como: i) equipamento para servios gerais, no usado para tomada de medies ou com influncia mnima sobre medies (p. ex. chapas quentes, agitadores, vidraria no-volumtrica e vidraria usada para medio grosseira de volume, tais como cilindros de medio) e sistemas para aquecimento ou ventilao de laboratrio; ii) equipamento volumtrico (p. ex. frascos, pipetas, picnmetros, buretas etc.) e instrumentos de medio (p. ex. hidrmetros, viscosmetros de tubo em U, termmetros, cronmetros, espectrmetros, cromatgrafos, medidores eletroqumicos, balanas etc); iii) padres de medida fsica (pesos, termmetros de referncia); iv) computadores e processadores de dados. 13.2 Equipamento para servios gerais 13.2.1 Equipamento para servios gerais ser tipicamente conservado apenas

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por meio de limpeza e verificaes de segurana, conforme necessrio. Calibraes ou verificaes de desempenho sero necessrias onde a regulagem puder afetar significativamente o ensaio ou o resultado analtico (p. ex. a temperatura de um forno de mufla, ou banho em temperatura constante). Tais verificaes precisam ser documentadas. 13.3 Equipamento volumtrico e instrumentos de medio 13.3.1 O uso correto desse equipamento crtico para medies analticas e, assim, ele precisa ser corretamente usado, conservado e calibrado, levando-se em conta os aspectos ambientais (seo 12). O desempenho de algumas vidrarias volumtricas (e afins) dependente de fatores especficos, que podem ser afetados por mtodos de limpeza etc. Alm de demandarem procedimentos exatos para manuteno, tais aparelhos podem, assim, necessitar de calibrao mais regular, dependendo do uso. Por exemplo, o desempenho de picnmetros, viscosmetros com tubo em U, pipetas e buretas so dependentes da molhabilidade e das caractersticas de tenso superficial. Procedimentos de limpeza devem ser escolhidos, de modo a no comprometer essas propriedades. 13.3.2 Deve ser dada ateno possibilidade de contaminao originada pela estrutura do equipamento em si, que pode no ser inerte, ou pela contaminao cruzada originada pelo uso anterior. No caso de vidrarias volumtricas, procedimentos de limpeza, armazenagem e segregao de equipamentos volumtricos podem ser decisivos, particularmente para anlises residuais, onde dissoluo e adsoro podem ser significativas. 13.3.3 O uso correto combinado com manuteno, limpeza e calibrao peridicas no ir garantir necessariamente que um instrumento funcione adequadamente. Quando apropriado, devem ser realizadas verificaes peridicas de desempenho (p. ex. verificar a resposta, estabilidade e linearidade de fontes, sensores e detectores, a eficincia de separao de sistemas cromatogrficos, a resoluo, alinhamento e preciso do comprimento de onda de espectrmetros etc), ver Apndice B. 13.3.4 A freqncia de tais verificaes de desempenho pode ser especificada em manuais ou procedimentos operacionais. Caso contrrio, ela dever ser determinada por experincia e baseada na necessidade, tipo e desempenho anterior do equipamento. Os intervalos entre verificaes devem ser mais curtos do que o tempo que o equipamento leva na prtica para ultrapassar os limites aceitveis. 13.3.5 Muitas vezes possvel criar verificaes de desempenho verificaes de adequao do sistema - dentro dos mtodos de ensaio (p. ex. baseado nos nveis de resposta previstos dos detectores ou sensores para materiais de referncia, a resoluo das misturas de componentes por sistemas de separao, as caractersticas espectrais

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dos padres de medida etc.). Essas verificaes precisam ser satisfatoriamente concludas, antes do equipamento ser usado. 13.4 Padres de medida fsica 13.4.1 Onde quer que os parmetros fsicos forem decisivos ao correto desempenho de um ensaio especfico, o laboratrio deve ter acesso ao padro de medida relevante como um meio de calibrao. 13.4.2 Em alguns casos, um ensaio e seu desempenho so na verdade definidos em termos de uma pea especfica de equipamento, e verificaes sero necessrias para confirmar que o equipamento est de acordo com a especificao relevante. Por exemplo, valores do ponto de fulgor para uma amostra inflamvel especfica so dependentes das dimenses e geometria dos aparelhos usados nos ensaios. 13.4.3 Materiais para padres de medies e quaisquer certificados anexos devem ser armazenados e usados de uma maneira consistente para a preservao do estado de calibrao. Uma considerao particular deve ser dada a qualquer recomendao de armazenagem mencionada na documentao fornecida com o padro de medida. 13.5 Computadores e processadores de dados. Os requisitos para computadores so apresentados na seo 20.

14.

REAGENTES

14.1 14.2

A qualidade dos reagentes e de outros materiais consumveis deve ser apropriada para seu uso pretendido. A seleo, compra, recebimento e armazenagem. A qualidade de qualquer reagente crtico usado (incluindo gua) deve ser mencionada no mtodo, juntamente com o guia sobre quaisquer precaues especficas a serem observadas na sua preparao, armazenamento e uso. Essas precaues incluem toxicidade, inflamabilidade, estabilidade trmica ao ar e a luz; reatividade com outros produtos qumicos; reatividade com recipientes especficos; e outros riscos. Reagentes e materiais de referncia preparados no laboratrio devem ser rotulados para identificar a substncia, concentrao, solvente (quando diferente da gua), quaisquer precaues ou riscos especiais, restries de uso, e data de preparao e/ou validade. A pessoa responsvel pela preparao deve ser identificvel a partir do rtulo ou dos registros. O correto descarte de reagentes no afeta diretamente a qualidade de anlise da amostra, contudo ele faz parte da boa prtica de laboratrio e deve

14.3

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obedecer aos regulamentos nacionais sobre sade e segurana, ou meio ambiente. 14.4 Quando a qualidade de um reagente for decisiva para um ensaio, a qualidade de um novo lote deve ser verificada em comparao com o lote de sada antes do uso, desde que o lote de sada seja conhecido como sendo ainda utilizvel.

15.

RASTREABILIDADE

15.1

A definio formal de rastreabilidade apresentada em 3.10 e uma declarao de poltica da CITAC foi preparada (Ref A6). Um guia sobre a rastreabilidade de medies qumicas est sendo desenvolvido (Ref A7). A rastreabilidade diz respeito ao requisito para relacionar os resultados das medies aos valores de padres ou referncias, os pontos de referncia preferidos sendo o sistema de unidades internacionalmente reconhecido, o SI. Isto alcanado atravs do uso de padres primrios (ou outros padres de alto nvel) que so usados para estabelecer padres secundrios, que podem ser usados para calibrar padres em nvel de trabalho e sistemas de medio correlatos. A rastreabilidade estabelecida em um nvel declarado de incerteza de medio, onde cada etapa na cadeia da rastreabilidade acrescenta mais incerteza. A rastreabilidade importante porque ela assegura que medies feitas em laboratrios diferentes ou em diferentes ocasies sejam comparveis. Conforme acima indicado, uma questo de escolha vincular a rastreabilidade a referncias locais ou a referncias internacionais. Medies qumicas so feitas invariavelmente pelo clculo do valor a partir de uma equao de medio que envolve os valores medidos de outras quantidades, tais como massa, volume, concentrao de padres qumicos etc. Para que a medio em questo seja rastrevel, todas as medies associadas aos valores usados na equao de medio, usada para calcular o resultado, precisam ser tambm rastreveis. Outras quantidades no presentes na equao de medio, tais como pH, temperatura etc, podem tambm afetar significativamente o resultado. Quando este for o caso, a rastreabilidade de medies usadas para controle dessas quantidades precisa ser tambm rastrevel a padres de medio apropriados. O estabelecimento da rastreabilidade de quantidades fsicas, tais como massa, volume etc., prontamente alcanado pelo uso de padres de transferncia, no nvel de incerteza necessrio para medies qumicas. As reas problemticas para qumicos so normalmente a validao e calibrao de mtodos (qumicos). A validao estabelece que o mtodo mede, na verdade, o que ele foi destinado a medir (p. ex. metil mercrio em peixes). A validao estabelece, que a equao de medio usada para calcular os resultados vlida. A calibrao normalmente baseada no uso de solues gravimetricamente preparadas de materiais de referncia de substncias puras.

15.2

15.3

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As questes importantes aqui so identidade e pureza, o primeiro sendo mais um problema de qumica orgnica, onde nveis muitos maiores de detalhe estrutural so muitas vezes requeridos, podendo ocorrer confuso com componentes similares. A incerteza de uma medio ir, em parte depender da incerteza da pureza do padro qumico usado. Contudo, somente no caso de alguns materiais orgnicos, onde problemas de pureza e estabilidade possam ser acentuados, ou quando for necessrio um exame de alta preciso dos principais componentes, que a pureza ir constituir um grande problema. 15.4 Para muitas anlises, onde extrao, digesto, derivatizao e saponificao so normalmente requeridas, o principal problema pode ser adquirir um bom conhecimento da quantidade de analito na amostra original, com relao quela na amostra fornecida ao processo de medio final. Esta tendncia (algumas vezes chamada de recuperao) pode ser devido a perdas de processamento, contaminao ou interferncias. Alguns destes efeitos so manifestados dentro das incertezas de reprodutibilidade, mas outros so efeitos sistemticos e necessitam de uma considerao separada. As estratgias disponveis para abordar a tendncia do mtodo incluem: Uso de mtodos primrios ou de referncia, de tendncia conhecida e pequena; Comparaes com MRCs matriciais estreitamente combinados; Medio de brancos e amostras gravimetricamente contaminada; Estudo de perdas, contaminao, interferncias e efeitos de matrizes. O estabelecimento da rastreabilidade desta parte do processo de medio requer a correlao da tendncia de medio com referncias estabelecidas, tais como os valores contidos por materiais de referncia com matrizes combinadas. Deve ser observado que a medio da recuperao de amostras contaminadas no simula necessariamente a extrao do analito nativo das amostras. Na prtica, isto no constitui normalmente um problema, quando as amostras forem lquidas e/ou totalmente digeridas. Contudo, podem ocorrer problemas com a extrao de slidos. Por exemplo, um analito contaminado pode estar livremente disponvel na superfcie das partculas da amostra, enquanto que o analito nativo pode ser fortemente adsorvido dentro das partculas e, portanto, extrado de forma muito menos rpida. 15.5 A maioria das medies qumicas pode, em princpio, se fazer rastrevel para o mol. Quando, contudo, o analito for definido em termos funcionais, tal como gordura ou protena baseada numa determinao de nitrognio, ento a especificao da medio em termos do mol no vivel. Nesses casos, a quantidade sendo medida definida pelo mtodo. Nestes casos, a rastreabilidade para padres de quantidades de componentes usados para calcular o resultado, por exemplo, massa e volume, e os valores produzidos por um mtodo padro e/ou os valores determinados por um material de referncia. Tais mtodos so denominados mtodos empricos. Em outros casos, a limitao em alcanar a rastreabilidade segundo o SI, deriva da dificuldade em avaliar a tendncia e sua incerteza, tal como a recuperao

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dos analitos em matrizes complexas. As opes aqui so definir o mensurando pelo mtodo e estabelecer a rastreabilidade, conforme referncias mencionadas, incluindo um mtodo de referncia/material de referncia. Tais medidas possuem um menor nvel de rastreabilidade, mas tambm possuem uma menor Incerteza de Medio, relativa s referncias estabelecidas. De modo alternativo a tendncia pode ser estimada e corrigida para a incerteza, devido tendncia poder ser tambm estimada e includa na avaliao da incerteza global. Isto ir permitir que a rastreabilidade seja reivindicada de acordo com o SI.

16.

INCERTEZA DE MEDIO

16.1

Incerteza de medio formalmente definida em 3.11. As boas prticas na avaliao da incerteza de medio so descritas num Guia ISO (Ref B7), e uma interpretao para medio qumica incluindo um nmero de exemplos trabalhados fornecida num Guia CITAC/EURACHEN (Ref A2). A incerteza de medio caracteriza a faixa de valores, dentro da qual o valor real deve se situar, com um nvel de confiana especificado. Cada medida possui uma incerteza a ela associada, resultante de erros originados dos vrios estgios de amostragem e anlise, e do conhecimento imperfeito de fatores afetando o resultado. Para que as medidas sejam de valor prtico, necessrio ter algum conhecimento de sua confiabilidade ou incerteza. Uma declarao da incerteza associada a um resultado transmite ao cliente a qualidade do resultado. A ISO/IEC 17025:1999 requer que os laboratrios avaliem sua incerteza de medio. Existe tambm um requisito para divulgar a incerteza de medio em circunstncias especificas, por exemplo, quando ela for relevante para interpretao do resultado do ensaio (o que muitas vezes o caso). Assim, a declarao da incerteza de medio em relatrios de ensaios deve se tornar prtica comum no futuro (Ref B18). Uma declarao de incerteza uma estimativa quantitativa dos limites, dentro de quais o valor de um mensurando (tal como uma concentrao de analito) previsto se situar. A incerteza pode ser expressa, como um desvio-padro ou um mltiplo calculado do desvio-padro. Na obteno ou estimativa da incerteza relativa a um mtodo e analito especfico, essencial assegurar que a estimativa considere explicitamente todas as fontes possveis de incerteza, e avalie componentes significativos. A repetitividade ou reprodutibilidade, por exemplo, no so normalmente estimativas completas da incerteza, visto que nenhuma delas leva inteiramente em conta quaisquer incertezas associadas a efeitos sistemticos inerentes a um mtodo. Uma ampla variedade de fatores torna qualquer resultado de medio analtica possvel de se desviar do valor verdadeiro. Por exemplo, os efeitos da temperatura nos equipamentos volumtricos, reflexo e disperso da luz em

16.2

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instrumentos espectroscpicos, variaes da voltagem de rede eltrica, interpretao de mtodos especificados por parte de analistas individuais e recuperaes de extraes incompletas, todas elas influenciam potencialmente o resultado. No que for razoavelmente possvel, tais erros precisam ser minimizados por controles externos ou explicitamente corrigidos, por exemplo pela aplicao de um fator de correo adequado. O desvio exato de um nico resultado de medio do valor verdadeiro (desconhecido) , contudo, impossvel de ser obtido. Isto ocorre, porque os diferentes fatores variam de experimento a experimento, e porque o efeito de cada fator sobre o resultado nunca exatamente conhecido. A possvel faixa de desvios precisa ser, portanto, estimada. 16.5 A principal tarefa na atribuio de um valor para a incerteza de uma medio a identificao das fontes relevantes de incerteza e a atribuio de um valor a cada contribuio significativa. As contribuies distintas precisam ser ento combinadas (conforme mostrado na seo 16.13), a fim de fornecer um valor global. Um registro precisa ser mantido das fontes individuais de incerteza identificadas, o valor de cada contribuio e a origem do valor (por exemplo, medies repetidas, referncia de literatura, dados de CRM etc.). Na identificao das principais fontes de incerteza, a seqncia completa de eventos necessrios para atingir a finalidade da anlise deve ser considerada. Tipicamente, essa seqncia inclui amostragem e subamostragem, preparao de amostra, extrao, depurao, concentrao ou diluio, calibrao de instrumento (incluindo preparao do material de referncia), anlise instrumental, processamento de dados brutos e transcrio do resultado produzido. Cada um dos estgios ter fontes de incerteza associadas. As incertezas de componentes podem ser avaliadas individualmente ou em grupos apropriados. Por exemplo, a repetitividade de uma medio pode servir como uma estimativa de contribuio total da capacidade de variabilidade aleatria, devido a um nmero de etapas num processo de medio. Da mesma forma, uma estimativa da tendncia global e sua incerteza podem ser derivadas de estudos de materiais de referncia certificados com matrizes combinadas e estudos de contaminao. O tamanho das contribuies de incerteza pode ser estimado de diversas maneiras. O valor de um componente de incerteza associado a variaes aleatrias em fatores de influncia pode ser estimado pela medio da disperso em resultados ao longo de um nmero adequado de determinaes sob uma faixa de condies representativas. (Numa investigao destas, o nmero de medies no deve ser normalmente inferior a dez). Os componentes de incerteza originados do conhecimento imperfeito, por exemplo, de uma tendncia ou tendncia em potencial, podem ser estimados com base em um modelo matemtico, julgamento profissional informado, comparaes entre laboratrios internacionais, experimentos sobre sistemas de modelo etc. Estes diferentes mtodos para estimativa dos componentes individuais de incerteza podem ser vlidos.

16.6

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16.9

Quando as contribuies de incerteza forem estimadas em grupos, importante, apesar de tudo, registrar as fontes de incerteza que so consideradas como sendo includas em cada grupo, e medir e registrar valores dos componentes individuais de incerteza, quando disponveis como uma verificao sobre a contribuio do grupo.

16.10 Se forem usadas informaes provenientes de experimentos interlaboratoriais, essencial considerar incertezas originadas fora do escopo de tais estudos. Por exemplo, valores nominais para materiais de referncia so tipicamente informados como uma faixa, e quando diversos laboratrios usam o mesmo material de referncia num experimento cooperativo, a incerteza no valor do material de referncia no includa na variao interlaboratorial. Da mesma forma, experimentos entre laboratrios utilizam tipicamente uma faixa restrita de materiais de ensaio, normalmente homogeneizados com cuidado, de modo que a possibilidade da falta de homogeneizao e diferenas na matriz entre amostras reais e materiais de ensaio nos experimentos cooperativos devem ser tambm levadas em considerao. 16.11 Tipicamente, as contribuies de incerteza para resultados analticos podem incidir em quatro grupos principais: i) Contribuies a partir da variabilidade aleatria de curta durao, tipicamente estimada a partir dos experimentos de repetitividade. ii) Contribuies tais como efeitos do operador, incerteza de calibrao, erros de graduao de escala, efeitos de equipamento e laboratrio, estimativas a partir dos experimentos de reprodutibilidade entre os laboratrios, intercomparaes internas, resultados dos ensaios de proficincia ou por julgamento profissional. iii) Contribuies fora do escopo dos experimentos entre laboratrios, tais como incerteza dos materiais de referncia. iv) Outras fontes de incerteza, tais como variabilidade da amostragem (falta de homogeneidade), efeitos de matriz e incerteza sobre hipteses subjacentes (tais como hipteses sobre integridade da derivao). 16.12 As contribuies de incerteza para cada fonte precisam ser todas expressas da mesma maneira, de forma ideal como desvios padro, ou desvios padro relativos. Em alguns casos, isto ir demandar uma certa converso. Por exemplo, os limites dos materiais de referncia so muitas vezes presumidos, como tendo limites absolutos. Uma distribuio retangular de largura W tem um desvio padro W/(2

3 ). Intervalos de confiana podem ser convertidos em desvios-

padro, dividindo-se pelo valor t de Student apropriado para grandes amostras (estatsticas) (1,96 para limites de confiana de 95%). 16.13 Aps uma lista de incertezas ser disponibilizada, os componentes individuais podem ser combinados. Quando fontes individuais de incerteza forem independentes, a expresso geral para a incerteza padro combinada u :

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u=

(R / X )i

2

U ( X i ) 2

onde R/xi o diferencial parcial do resultado R, com relao a cada valor intermedirio (ou outra quantidade de influncia, tal como uma correo xi), e u(xi) a componente de incerteza associado a xi. 16.14 Essa expresso simplifica consideravelmente os dois casos mais comuns. Quando as quantidades de influncia ou resultados intermedirios so adicionados ou subtrados para fornecer o resultado, a incerteza u igual raiz quadrada da soma dos contribuintes dos componentes da incerteza ao quadrado, todos expressos como desvio-padro. Quando os resultados intermedirios forem combinados por multiplicao ou diviso, o desvio padro relativo (DPR) combinado calculado, extraindo-se a raiz quadrada da soma dos DPRs ao quadrado para cada resultado intermedirio, e a incerteza padro u combinada, calculada a partir do RSD combinado e do resultado. 16.15 A incerteza global deve ser expressa como um mltiplo do desvio-padro calculado. O multiplicador recomendado 2, isto , a incerteza igual a 2u. Quando as contribuies forem originadas de erros normalmente distribudos, este valor ir corresponder aproximadamente a um intervalo de confiana de 95%. 16.16 No normalmente seguro estender este argumento a maiores nveis de confiana sem o conhecimento das distribuies envolvidas. De modo particular, normalmente constatado que distribuies de incerteza experimentais so muito mais amplas no nvel de confiana de 99%, do que seria previsto por hipteses de normalidade. 16.17 Freqentemente no necessrio avaliar as incertezas para cada tipo de ensaio e amostra. Ser normalmente suficiente investigar a incerteza somente uma vez para um mtodo especfico, e utilizar as informaes para estimar a incerteza de medio para todos os ensaios realizados dentro do escopo daquele mtodo.

17.

MTODOS / PROCEDIMENTOS PARA ENSAIOS E CALIBRAO

17.1

de responsabilidade do laboratrio usar mtodos que sejam apropriados para a aplicao demandada. O laboratrio pode usar o seu prprio critrio, ou pode selecionar um mtodo em consulta com o cliente, ou o mtodo pode ser especificado em regulamento, ou pelo cliente. Os padres de qualidade freqentemente favorecem o uso de padres ou mtodos cooperativamente testados, sempre que possvel. Embora isto possa

17.2

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ser desejvel em situaes onde um mtodo tiver que ser amplamente usado, ou definido em regulamento, algumas vezes um laboratrio pode ter um mtodo prprio mais adequado. As consideraes mais importantes so de que o mtodo deva ser adequado ao fim pretendido, seja adequadamente validado e documentado, e fornea resultados que sejam rastreveis com relao s referncias mencionadas em um nvel de incerteza adequado. 17.3 A validao de um padro ou mtodo cooperativamente testado, no deve ser considerado como concedida, a despeito de quo impecvel for a origem do mtodo, devendo o laboratrio se convencer a si prprio de que o grau de validao de um mtodo especfico adequado para o fim demandado, e que o prprio laboratrio capaz de verificar quaisquer critrios de desempenho declarados. Mtodos internamente desenvolvidos devem ser adequadamente validados, documentados e autorizados antes de uso. Quando eles estiverem disponveis, materiais de referncia com matrizes combinadas devem ser usados para determinar qualquer tendncia, ou quando isto no for possvel, os resultados devem ser comparados com outra(s) tcnica(s), de preferncia baseada(s) em diferentes princpios de medio. A medio da recuperao de analito contaminado, gravimetricamente adicionado, medio dos brancos e o estudo de interferncias e efeitos matriciais podem ser tambm usados para verificao da tendncia ou recuperao imperfeita. A estimativa da incerteza deve fazer parte deste processo de validao e, alm de cobrir os fatores acima, deve abordar questes, tais como a homogeneidade e estabilidade das amostras. Uma recomendao sobre a validao do mtodo apresentada na seo 18. A documentao dos mtodos deve incluir dados de validao, limitaes de aplicabilidade, procedimentos para controle da qualidade, calibrao e controle de documentos. Um laboratrio documentando mtodos pode achar conveniente adotar um formato comum, tal como da ISO 78-2: (Ref C10) que fornece um modelo til. Alm disto, uma recomendao sobre documentao de mtodos disponvel por outras fontes, tais como rgos de acreditao e rgos nacionais de normalizao. Desenvolvimentos em metodologias e tcnicas iro requerer que os mtodos sejam alterados de tempos em tempos e, assim, a documentao do mtodo deve estar sujeita a um controle adequado de documentos. Cada cpia do mtodo deve apresentar o nmero/data da edio, autoridade da edio e nmero da cpia. Deve ser possvel determinar a partir dos registros, qual a verso mais atualizada de cada mtodo autorizado para uso. Mtodos obsoletos devem ser descontinuados, mas devem ser guardados para fins de arquivo e identificados claramente como obsoletos. A diferena no desempenho entre mtodos revisados e obsoletos deve ser estabelecida, de modo que seja possvel comparar dados novos e antigos. Quando mtodos forem revisados, a validao precisa ser tambm atualizada. A reviso pode ser de menor natureza, envolvendo diferentes tamanhos de

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amostra, diferentes reagentes etc. De modo alternativo ela pode envolver mudanas significativas, tal como o uso de tecnologia ou metodologia radicalmente diferente. O nvel de revalidao requerido aumenta com a escala das mudanas feitas no mtodo. 18. VALIDAO DO MTODO

18.1

Verificaes precisam ser realizadas para garantir que as caractersticas de desempenho de um mtodo sejam entendidas e para demonstrar que o mtodo seja cientificamente coerente, sob as condies nas quais ele deve ser aplicado. Essas verificaes so coletivamente conhecidas como validao. A validao de um mtodo estabelece, atravs de estudos sistemticos de laboratrio, que o mtodo adequado finalidade, isto , suas caractersticas de desempenho so capazes de produzir resultados correspondentes s necessidades do problema analtico. As principais caractersticas de desempenho incluem: Seletividade e especificidade (descrio do mensurando); Faixa de medio; Calibrao e rastreabilidade; Tendncia *; Linearidade; Limite de deteco/ Limite de quantificao; Robustez; Preciso * Em alguns campos da medio qumica, o termo recuperao usado para descrever a tendncia total; em outros campos, recuperao usada em relao a determinados elementos de tendncia. As caractersticas acima so inter-relacionadas, muitas delas contribuindo para a incerteza total de medio, e os dados gerados podem ser usados para avaliar a incerteza de medio (ver seo 16 e ref C13) durante a validao. A boa prtica na validao do mtodo descrita em um Guia EURACHEM (Ref A3). Observe que no existe um acordo unnime sobre a interpretao de alguns dos termos acima, nem sobre as convenes usadas na sua determinao. Assim, ao mencionar dados de validao, recomendvel mencionar quaisquer convenes adotadas.

18.2

A extenso da validao deve ser claramente indicada no mtodo documentado, de modo que o usurio possa avaliar a adequao do mtodo s suas necessidades especficas.

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18.3

Mtodos padro devero ser desenvolvidos e validados cooperativamente por um grupo de especialistas (ref C14-C19). Este desenvolvimento deve incluir a abordagem de todos os aspectos necessrios de validao e respectiva incerteza. Contudo, a responsabilidade permanece sendo firmemente do usurio, para garantir que a validao documentada do mtodo esteja suficientemente completa para preencher inteiramente suas necessidades. Mesmo se a validao for concluda, o usurio ainda precisar verificar, se as caractersticas de desempenho documentadas (p. ex. fidelidade e preciso) podem ser obtidas no seu prprio laboratrio. Conforme acima indicado, existem diferentes opinies a respeito da terminologia e do processo de validao do mtodo. As explicaes a seguir complementam aquelas em outras partes deste guia e tem a inteno de servir como uma diretriz, ao invs de um ponto de vista definitivo. Seletividade de um mtodo se refere extenso, at a qual ele pode determinar analito(s) especfico(s) numa mistura complexa sem interferncia dos outros componentes na mistura