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SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 22/5/2017 OPINIÃO A3 www.atarde.com.br 71 3340-8991 (Cidadão Repórter) 71 99601-0020 (WhatsApp) ASSOCIADA À SIP - SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA PREMIADA PELA SOCIETY FOR NEWS DESIGN MEMBRO FUNDADOR DA ANJ - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS ASSOCIADA AO IVC - INSTITUTO VERIFICADOR DE COMUNICAÇÃO SEDE: RUA PROFESSOR MILTON CAYRES DE BRITO, N.º 204, CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP: 41.820-570, SALVADOR/BA, FALE COM A REDAÇÃO: (71)3340-8800, (71)3340-8500, FAX: (71)3340-8712 OU 3340-8713, DE SEGUNDA A SEXTA-FEIRA DAS 6:30 À MEIA-NOITE. SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS: DAS 9:00 ÀS 21 HORAS; SUGESTÃO DE PAUTA: CIDADAOREPORTER@GRU- POATARDE.COM.BR, (71)3340-.8991. CLASSIFICADOS POPULARES: (71)3533-0855; CIRCULAÇÃO: (71)3340-8612; CENTRAL DE ASSINATURA: (71)3533-0850. Fundado em 15/10/1912 CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO Presidente: RENATO SIMÕES Vice-Presidente: VERA MAGDALENA SIMÕES Diretor Geral: ANDRÉ BLUMBERG | Diretora de Redação: MARIANA CARNEIRO | Diretor Comercial: EDMILSON VAZ | Diretor de Operações: CLEBER SOARES | Diretor Controller: DILSON SANTIAGO | Gerente Industrial: ÉLIO PEREIRA SIMANCA Antonio S. Magalhães Ribeiro Doutor em Sociologia Econômica/Universidade de Lisboa e Mestre em Administração/UFBA [email protected] M ais que necessário para enfren- tar momento tão ruim como esse que estamos vivendo no Brasil e no mundo é delirar. Como venho dizendo, precisamos avançar no pensar grande em todas as áreas (Muito, 13/6/10). Temos pensado pequeno, muito pequeno. Pen- sado dentro do quadrado, sem criativi- dade e sem conseguir olhar um palmo além do nosso próprio nariz (ou quem sabe umbigo?). Não proponho um modelo, mas pistas, possibilidades e potencialidades. Uma des- sas é a série Delírios Utópicos de Cláudio Prado (//bit.ly/clprado). Produzido com es- mero pela turma do Mídia Ninja, os ví- deos-depoimentos-reportagens de Cláudio transitam pela política, pelos comporta- mentos, história, drogas, costumes, enfim, são cultura política no melhor estilo. Ou melhor, culturas, com esse plural pleno. O lema de Cláudio Prado é “O sonho não acabou porra nenhuma! Pela libe- ração das energias utópicas” e, nesse mo- mento histórico, sem dúvida, é algo que precisa ser levado muito a sério e com muito bom humor. Precisamos refazer nossas práticas, se- jam elas as políticas, sejam as da edu- cação, cultura, ciência, ambiente, enfim, um repensar profundo para uma radical transformação do planeta que está sendo violentado, tanto pelas intolerâncias, co- mo pela ausência de projetos democrá- ticos que incorporem uma forte parti- cipação popular. Com Cládio tenho uma história curiosa. Em 2003, estava escalado para participar da II Oficina de Inclusão Digital (OID), ati- vidade organizada pela militância ligada aos movimentos sociais e que contava, na época, com o fundamental apoio do go- verno Lula que se instalava. Na Cultura, Gil e Juca abrigavam a turma jovem que hoje faz as mídias ninjas, realizando importante papel de resistência ao conservadorismo reinante. Um pouquinho antes da finali- zação da programação da OID, me con- taram depois, apareceu um cara se esca- lando para estar na programação, como assessor de Gil. O resultado é que, no painel final lá estavam Cláudio Prado e eu, ima- gino que por acharem – e eu concordo! – que tínhamos tudo a ver. No palco, os delírios utópicos já ema- navam, mas com uma enorme esperança de que as coisas iriam mudar de fato. Cláudio bradava: “Sem tesão não há in- clusão” e eu, dizia e digo: “a inclusão digital pode acontecer em um ciberpar- que localizado no meio do muro que liga a escola à rua, constituindo um túnel de passagem, o espaço-tempo da produção cultural, onde poderiam se articular co- municação, educação, saúde, ciência, ci- dadania, tecnologia etc. Não como algo à parte, mas integrando à formação do ci- dadão para a construção de uma nação à prova de futuro”. Nada mais atual! Por isso insisto: para enfrentar essa nhaca contemporânea precisamos de muitos, muitos delírios utópicos. Nelson Pretto Professor da Faculdade de Educação da UFBA [email protected] EDITORIAL Alívio ao sofrimento Reforma da Previdência: versões e fatos Delírios utópicos www.atarde.com.br/esportes DESTAQUES DO PORTAL A TARDE Reveja os lances dos jogos de Bahia e Vitória pelo Brasileirão Adilton Venegeroles /Ag. TARDE www.atarde.com.br/politica Veja imagens do ato pela saída de Michel Temer A medida é celebrada por famílias que cuidam de pessoas com problemas neurológicos que importam remédios com canabidiol A Cannabis sativa (planta da qual é pro- duzida a maconha), catalogada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) na Lista Completa das Denomi- nações Comuns Brasileiras (DCB), que au- xilia as empresas farmacêuticas na hora de criar os remédios, é mera formalidade, e nada tem a ver com descriminalização do uso da erva e ainda distante da li- beração para uso recreativo e terapêutico. No entanto, mais uma medida prudente e humana que é comemorada principal- mente por famílias que cuidam de pes- soas com problemas neurológicos, como escleroses e epilepsias, e importam re- médios com canabidiol, aplicados para aliviar o sofrimento. Listar a maconha como planta medi- cinal não traz perigo. O catálogo, como esclarece a Anvisa, simplesmente define nomes oficiais de diversas substâncias pa- ra que o órgão e os fabricantes de me- dicamentos estejam em sintonia e uti- lizem a mesma nomenclatura. Ou seja, nada muda na lei brasileira que regu- lamenta a importação de medicamentos com canabidiol (CBD) sem a autorização do governo, ou outros extratos da ma- conha, e ainda é crime fazê-lo. A legislação do Brasil sobre produtos derivados da Cannabis sativa gradativa- mente é revisada, e independentemente da posição pró ou contra liberação do cultivo e venda da erva, existe uma de- manda de saúde pública que envolve o tema. Existem no mundo cerca de 38 pes- quisas, todas elas controladas pelos res- pectivos governos, que estudam a eficácia do uso do canabidiol em tratamentos médicos, e os resultados preliminares são de que a substância é extremamente in- dicada para qualquer inflamação, espas- mo, distúrbio do sono e até mesmo dis- função intestinal. A maconha medicinal, sim, é assunto sério. Talvez a inclusão da planta no catálogo mostre interesse futuro da Anvisa e da indústria farmacêutica em processar no País produtos com derivados da Cannabis sativa, mas ainda é cedo para afirmar. O momento é importante para a pesquisa nacional, de compreensão e incentivo pa- ra que seja um passo para salvar vidas. A s discussões ora travadas a respeito da reforma da previdência revelam a existência de duas concepções antagônicas de governança, as quais são fundamentadas a partir da visão de dois mundos absolutamente distintos. A primeira, defendida por uma esquer- da majoritariamente originária da tercei- ra internacional comunista (1919), atém-se a um mundo ideal no qual é necessário apenas vontade política, con- duzida por indivíduos bem intenciona- dos, para que os trabalhadores sejam con- templados com todos os benefícios ima- gináveis. Nesta visão, as condições ob- jetivas para que as bondades se concre- tizem são meros detalhes que pouco – ou nada – importam. Se as finanças do país comportam, ou não, o melhor dos mun- dos, este é um dado irrelevante, consi- deram. E, assim, seguem fingindo ignorar que este raciocínio é o responsável pelos desequilíbrios fiscais que nos lançaram na mais severa recessão que tantos pre- juízos causou ao país e, particularmente, aos trabalhadores assalariados. Na segunda posição, os segmentos li- berais e a esquerda democrática – esta próxima dos postulados da social demo- cracia – se movimentam a partir da com- preensão de um mundo real no qual vige a escassez de recursos e uma imensa dí- vida pública, o que exige uma condução responsável da economia e da política, sobretudo para que, vencida a recessão, possamos iniciar a recuperação econô- mica, reduzir o número de desemprega- dos e acenar com um futuro melhor. Fu- turo que parece indiferente aos que, sim- plesmente, repetem o slogan “contra a reforma”. Postura populista que, embora possa até render alguns votos, confessa a falta de compromisso com o futuro da previdência e do país. A insistente renúncia à realidade, marca do discurso demagógico amplamente dis- seminado, não está limitada aos fatos eco- nômicos. Ela também se manifesta na di- vulgação de dados falsos, com o intuito de deturpar a proposta da reforma e propagar a desinformação e pânico à população. Ade- mais, omitem que, após inúmeras consultas junto a setores diversos da sociedade, as alterações introduzidas no texto pelo relator da matéria – o deputado baiano Arthur Maia (PPS) –, acenam com melhorias ex- pressivas para os trabalhadores, tais como: os 49 anos necessários para aposentadoria integral foram reduzidos para 40; o tempo de contribuição dos trabalhadores rurais foi reduzido de 25 para 15 anos; retirou-se do texto a proibição de acumulação de pensões para os mais pobres; e a idade mínima para aposentadoria foi reduzida de 65 anos para 62, no caso das mulheres, 60 anos para os professores e 55 para os policiais. Diante dessas evidências, quem quiser falar da reforma terá que mencionar es- ses avanços, ou estará mentindo – mais uma vez – à sociedade.

Adilton Venegeroles /Ag. TARDE EDITORIAL Alívio ao sofrimento - …blog.ufba.br/nlpretto/files/2017/05/2017_05_22... · 2018. 10. 19. · Em 2003, estava escalado para participar

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SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 22/5/2017 OPIN IÃO A3

www.atarde.com.br71 3340-8991

(Cidadão Repórter)

71 99601-0020(WhatsApp)

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SOCIEDADEINTERAMERICANA

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MEMBROFUNDADOR DA ANJ

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DE JORNAIS

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INSTITUTOVERIFICADOR DECOMUNICAÇÃO

SEDE: RUA PROFESSOR MILTON CAYRES DE BRITO, N.º 204, CAMINHO DASÁRVORES, CEP: 41.820-570, SALVADOR/BA, FALE COM A REDAÇÃO:(71)3340-8800, (71)3340-8500, FAX: (71)3340-8712 OU 3340-8713, DE SEGUNDA ASEXTA-FEIRA DAS 6:30 À MEIA-NOITE. SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS:DAS 9:00 ÀS 21 HORAS; SUGESTÃO DE PAUTA: [email protected], (71)3340-.8991. CLASSIFICADOS POPULARES: (71)3533-0855;CIRCULAÇÃO: (71)3340-8612; CENTRAL DE ASSINATURA: (71)3533-0850.

Fundado em 15/10/1912

CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

Presidente: RENATO SIMÕESVice-Presidente: VERA MAGDALENA SIMÕES

Diretor Geral: ANDRÉ BLUMBERG | Diretora de

Redação: MARIANA CARNEIRO | Diretor Comercial:

EDMILSON VAZ | Diretor de Operações: CLEBER

SOARES | Diretor Controller: DILSON SANTIAGO |

Gerente Industrial: ÉLIO PEREIRA

SIMANCA

Antonio S. Magalhães RibeiroDoutor em SociologiaEconômica/Universidade de Lisboa e Mestreem Administração/[email protected]

M ais que necessário para enfren-tar momento tão ruim como esseque estamos vivendo no Brasil e

no mundo é delirar. Como venho dizendo,precisamos avançar no pensar grande emtodas as áreas (Muito, 13/6/10). Temospensado pequeno, muito pequeno. Pen-sado dentro do quadrado, sem criativi-dade e sem conseguir olhar um palmoalém do nosso próprio nariz (ou quemsabe umbigo?).

Não proponho um modelo, mas pistas,possibilidades e potencialidades. Uma des-sas é a série Delírios Utópicos de CláudioPrado (//bit.ly/clprado). Produzido com es-mero pela turma do Mídia Ninja, os ví-deos-depoimentos-reportagens de Cláudiotransitam pela política, pelos comporta-mentos, história, drogas, costumes, enfim,são cultura política no melhor estilo. Oumelhor, culturas, com esse plural pleno.

O lema de Cláudio Prado é “O sonhonão acabou porra nenhuma! Pela libe-ração das energias utópicas” e, nesse mo-mento histórico, sem dúvida, é algo queprecisa ser levado muito a sério e commuito bom humor.

Precisamos refazer nossas práticas, se-jam elas as políticas, sejam as da edu-cação, cultura, ciência, ambiente, enfim,um repensar profundo para uma radicaltransformação do planeta que está sendoviolentado, tanto pelas intolerâncias, co-mo pela ausência de projetos democrá-ticos que incorporem uma forte parti-cipação popular.

Com Cládio tenho uma história curiosa.Em 2003, estava escalado para participar daII Oficina de Inclusão Digital (OID), ati-vidade organizada pela militância ligadaaos movimentos sociais e que contava, naépoca, com o fundamental apoio do go-verno Lula que se instalava. Na Cultura, Gile Juca abrigavam a turma jovem que hojefaz as mídias ninjas, realizando importantepapel de resistência ao conservadorismoreinante. Um pouquinho antes da finali-zação da programação da OID, me con-taram depois, apareceu um cara se esca-lando para estar na programação, comoassessor de Gil. O resultado é que, no painelfinal lá estavam Cláudio Prado e eu, ima-gino que por acharem – e eu concordo! –que tínhamos tudo a ver.

No palco, os delírios utópicos já ema-navam, mas com uma enorme esperançade que as coisas iriam mudar de fato.Cláudio bradava: “Sem tesão não há in-clusão” e eu, dizia e digo: “a inclusãodigital pode acontecer em um ciberpar-que localizado no meio do muro que ligaa escola à rua, constituindo um túnel depassagem, o espaço-tempo da produçãocultural, onde poderiam se articular co-municação, educação, saúde, ciência, ci-dadania, tecnologia etc. Não como algo àparte, mas integrando à formação do ci-dadão para a construção de uma nação àprova de futuro”. Nada mais atual!

Por isso insisto: para enfrentar essanhaca contemporânea precisamos demuitos, muitos delírios utópicos.

Nelson PrettoProfessor da Faculdade de Educação da [email protected]

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A medida é celebradapor famílias que cuidamde pessoas comproblemas neurológicosque importam remédioscom canabidiol

A Cannabis sativa (planta da qual é pro-duzida a maconha), catalogada pelaAgência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) na Lista Completa das Denomi-nações Comuns Brasileiras (DCB), que au-xilia as empresas farmacêuticas na horade criar os remédios, é mera formalidade,e nada tem a ver com descriminalizaçãodo uso da erva e ainda distante da li-beraçãoparausorecreativoeterapêutico.No entanto, mais uma medida prudente ehumana que é comemorada principal-mente por famílias que cuidam de pes-soas com problemas neurológicos, comoescleroses e epilepsias, e importam re-médios com canabidiol, aplicados para

aliviar o sofrimento.Listar a maconha como planta medi-

cinal não traz perigo. O catálogo, comoesclarece a Anvisa, simplesmente definenomes oficiais de diversas substâncias pa-ra que o órgão e os fabricantes de me-

dicamentos estejam em sintonia e uti-lizem a mesma nomenclatura. Ou seja,nada muda na lei brasileira que regu-lamenta a importação de medicamentoscom canabidiol (CBD) sem a autorizaçãodo governo, ou outros extratos da ma-conha, e ainda é crime fazê-lo.

A legislação do Brasil sobre produtosderivados da Cannabis sativa gradativa-mente é revisada, e independentementeda posição pró ou contra liberação docultivo e venda da erva, existe uma de-manda de saúde pública que envolve otema.

Existem no mundo cerca de 38 pes-quisas, todas elas controladas pelos res-

pectivos governos, que estudam a eficáciado uso do canabidiol em tratamentosmédicos, e os resultados preliminares sãode que a substância é extremamente in-dicada para qualquer inflamação, espas-mo, distúrbio do sono e até mesmo dis-função intestinal. A maconha medicinal,sim, é assunto sério.

Talvez a inclusão da planta no catálogomostre interesse futuro da Anvisa e daindústria farmacêutica em processar noPaís produtos com derivados da Cannabissativa, mas ainda é cedo para afirmar. Omomento é importante para a pesquisanacional, de compreensão e incentivo pa-ra que seja um passo para salvar vidas.

A s discussões ora travadas a respeitoda reforma da previdência revelama existência de duas concepções

antagônicas de governança, as quais sãofundamentadas a partir da visão de doismundos absolutamente distintos.

A primeira, defendida por uma esquer-da majoritariamente originária da tercei-ra internacional comunista (1919),atém-se a um mundo ideal no qual énecessário apenas vontade política, con-duzida por indivíduos bem intenciona-dos, para que os trabalhadores sejam con-templados com todos os benefícios ima-gináveis. Nesta visão, as condições ob-jetivas para que as bondades se concre-tizem são meros detalhes que pouco – ounada – importam. Se as finanças do país

comportam, ou não, o melhor dos mun-dos, este é um dado irrelevante, consi-deram. E, assim, seguem fingindo ignorarque este raciocínio é o responsável pelosdesequilíbrios fiscais que nos lançaramna mais severa recessão que tantos pre-juízos causou ao país e, particularmente,aos trabalhadores assalariados.

Na segunda posição, os segmentos li-berais e a esquerda democrática – estapróxima dos postulados da social demo-cracia – se movimentam a partir da com-preensão de um mundo real no qual vigea escassez de recursos e uma imensa dí-vida pública, o que exige uma conduçãoresponsável da economia e da política,sobretudo para que, vencida a recessão,possamos iniciar a recuperação econô-mica, reduzir o número de desemprega-dos e acenar com um futuro melhor. Fu-turo que parece indiferente aos que, sim-plesmente, repetem o slogan “contra areforma”. Postura populista que, emborapossa até render alguns votos, confessa afalta de compromisso com o futuro daprevidência e do país.

A insistente renúncia à realidade, marcado discurso demagógico amplamente dis-seminado, não está limitada aos fatos eco-nômicos. Ela também se manifesta na di-vulgação de dados falsos, com o intuito dedeturpar a proposta da reforma e propagara desinformação e pânico à população. Ade-mais, omitem que, após inúmeras consultasjunto a setores diversos da sociedade, asalterações introduzidas no texto pelo relatorda matéria – o deputado baiano ArthurMaia (PPS) –, acenam com melhorias ex-pressivas para os trabalhadores, tais como:os 49 anos necessários para aposentadoriaintegral foram reduzidos para 40; o tempode contribuição dos trabalhadores rurais foireduzido de 25 para 15 anos; retirou-se dotexto a proibição de acumulação de pensõespara os mais pobres; e a idade mínima paraaposentadoria foi reduzida de 65 anos para62, no caso das mulheres, 60 anos para osprofessores e 55 para os policiais.

Diante dessas evidências, quem quiserfalar da reforma terá que mencionar es-ses avanços, ou estará mentindo – maisuma vez – à sociedade.