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SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 22/5/2017 OPIN IÃO A3
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SEDE: RUA PROFESSOR MILTON CAYRES DE BRITO, N.º 204, CAMINHO DASÁRVORES, CEP: 41.820-570, SALVADOR/BA, FALE COM A REDAÇÃO:(71)3340-8800, (71)3340-8500, FAX: (71)3340-8712 OU 3340-8713, DE SEGUNDA ASEXTA-FEIRA DAS 6:30 À MEIA-NOITE. SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS:DAS 9:00 ÀS 21 HORAS; SUGESTÃO DE PAUTA: [email protected], (71)3340-.8991. CLASSIFICADOS POPULARES: (71)3533-0855;CIRCULAÇÃO: (71)3340-8612; CENTRAL DE ASSINATURA: (71)3533-0850.
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Antonio S. Magalhães RibeiroDoutor em SociologiaEconômica/Universidade de Lisboa e Mestreem Administração/[email protected]
M ais que necessário para enfren-tar momento tão ruim como esseque estamos vivendo no Brasil e
no mundo é delirar. Como venho dizendo,precisamos avançar no pensar grande emtodas as áreas (Muito, 13/6/10). Temospensado pequeno, muito pequeno. Pen-sado dentro do quadrado, sem criativi-dade e sem conseguir olhar um palmoalém do nosso próprio nariz (ou quemsabe umbigo?).
Não proponho um modelo, mas pistas,possibilidades e potencialidades. Uma des-sas é a série Delírios Utópicos de CláudioPrado (//bit.ly/clprado). Produzido com es-mero pela turma do Mídia Ninja, os ví-deos-depoimentos-reportagens de Cláudiotransitam pela política, pelos comporta-mentos, história, drogas, costumes, enfim,são cultura política no melhor estilo. Oumelhor, culturas, com esse plural pleno.
O lema de Cláudio Prado é “O sonhonão acabou porra nenhuma! Pela libe-ração das energias utópicas” e, nesse mo-mento histórico, sem dúvida, é algo queprecisa ser levado muito a sério e commuito bom humor.
Precisamos refazer nossas práticas, se-jam elas as políticas, sejam as da edu-cação, cultura, ciência, ambiente, enfim,um repensar profundo para uma radicaltransformação do planeta que está sendoviolentado, tanto pelas intolerâncias, co-mo pela ausência de projetos democrá-ticos que incorporem uma forte parti-cipação popular.
Com Cládio tenho uma história curiosa.Em 2003, estava escalado para participar daII Oficina de Inclusão Digital (OID), ati-vidade organizada pela militância ligadaaos movimentos sociais e que contava, naépoca, com o fundamental apoio do go-verno Lula que se instalava. Na Cultura, Gile Juca abrigavam a turma jovem que hojefaz as mídias ninjas, realizando importantepapel de resistência ao conservadorismoreinante. Um pouquinho antes da finali-zação da programação da OID, me con-taram depois, apareceu um cara se esca-lando para estar na programação, comoassessor de Gil. O resultado é que, no painelfinal lá estavam Cláudio Prado e eu, ima-gino que por acharem – e eu concordo! –que tínhamos tudo a ver.
No palco, os delírios utópicos já ema-navam, mas com uma enorme esperançade que as coisas iriam mudar de fato.Cláudio bradava: “Sem tesão não há in-clusão” e eu, dizia e digo: “a inclusãodigital pode acontecer em um ciberpar-que localizado no meio do muro que ligaa escola à rua, constituindo um túnel depassagem, o espaço-tempo da produçãocultural, onde poderiam se articular co-municação, educação, saúde, ciência, ci-dadania, tecnologia etc. Não como algo àparte, mas integrando à formação do ci-dadão para a construção de uma nação àprova de futuro”. Nada mais atual!
Por isso insisto: para enfrentar essanhaca contemporânea precisamos demuitos, muitos delírios utópicos.
Nelson PrettoProfessor da Faculdade de Educação da [email protected]
EDITORIAL Alívio ao sofrimento
Reforma da Previdência: versões e fatos
Delíriosutópicos
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Adilton Venegeroles /Ag. TARDE
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Veja imagensdo ato pela saídade Michel Temer
A medida é celebradapor famílias que cuidamde pessoas comproblemas neurológicosque importam remédioscom canabidiol
A Cannabis sativa (planta da qual é pro-duzida a maconha), catalogada pelaAgência Nacional de Vigilância Sanitária(Anvisa) na Lista Completa das Denomi-nações Comuns Brasileiras (DCB), que au-xilia as empresas farmacêuticas na horade criar os remédios, é mera formalidade,e nada tem a ver com descriminalizaçãodo uso da erva e ainda distante da li-beraçãoparausorecreativoeterapêutico.No entanto, mais uma medida prudente ehumana que é comemorada principal-mente por famílias que cuidam de pes-soas com problemas neurológicos, comoescleroses e epilepsias, e importam re-médios com canabidiol, aplicados para
aliviar o sofrimento.Listar a maconha como planta medi-
cinal não traz perigo. O catálogo, comoesclarece a Anvisa, simplesmente definenomes oficiais de diversas substâncias pa-ra que o órgão e os fabricantes de me-
dicamentos estejam em sintonia e uti-lizem a mesma nomenclatura. Ou seja,nada muda na lei brasileira que regu-lamenta a importação de medicamentoscom canabidiol (CBD) sem a autorizaçãodo governo, ou outros extratos da ma-conha, e ainda é crime fazê-lo.
A legislação do Brasil sobre produtosderivados da Cannabis sativa gradativa-mente é revisada, e independentementeda posição pró ou contra liberação docultivo e venda da erva, existe uma de-manda de saúde pública que envolve otema.
Existem no mundo cerca de 38 pes-quisas, todas elas controladas pelos res-
pectivos governos, que estudam a eficáciado uso do canabidiol em tratamentosmédicos, e os resultados preliminares sãode que a substância é extremamente in-dicada para qualquer inflamação, espas-mo, distúrbio do sono e até mesmo dis-função intestinal. A maconha medicinal,sim, é assunto sério.
Talvez a inclusão da planta no catálogomostre interesse futuro da Anvisa e daindústria farmacêutica em processar noPaís produtos com derivados da Cannabissativa, mas ainda é cedo para afirmar. Omomento é importante para a pesquisanacional, de compreensão e incentivo pa-ra que seja um passo para salvar vidas.
A s discussões ora travadas a respeitoda reforma da previdência revelama existência de duas concepções
antagônicas de governança, as quais sãofundamentadas a partir da visão de doismundos absolutamente distintos.
A primeira, defendida por uma esquer-da majoritariamente originária da tercei-ra internacional comunista (1919),atém-se a um mundo ideal no qual énecessário apenas vontade política, con-duzida por indivíduos bem intenciona-dos, para que os trabalhadores sejam con-templados com todos os benefícios ima-gináveis. Nesta visão, as condições ob-jetivas para que as bondades se concre-tizem são meros detalhes que pouco – ounada – importam. Se as finanças do país
comportam, ou não, o melhor dos mun-dos, este é um dado irrelevante, consi-deram. E, assim, seguem fingindo ignorarque este raciocínio é o responsável pelosdesequilíbrios fiscais que nos lançaramna mais severa recessão que tantos pre-juízos causou ao país e, particularmente,aos trabalhadores assalariados.
Na segunda posição, os segmentos li-berais e a esquerda democrática – estapróxima dos postulados da social demo-cracia – se movimentam a partir da com-preensão de um mundo real no qual vigea escassez de recursos e uma imensa dí-vida pública, o que exige uma conduçãoresponsável da economia e da política,sobretudo para que, vencida a recessão,possamos iniciar a recuperação econô-mica, reduzir o número de desemprega-dos e acenar com um futuro melhor. Fu-turo que parece indiferente aos que, sim-plesmente, repetem o slogan “contra areforma”. Postura populista que, emborapossa até render alguns votos, confessa afalta de compromisso com o futuro daprevidência e do país.
A insistente renúncia à realidade, marcado discurso demagógico amplamente dis-seminado, não está limitada aos fatos eco-nômicos. Ela também se manifesta na di-vulgação de dados falsos, com o intuito dedeturpar a proposta da reforma e propagara desinformação e pânico à população. Ade-mais, omitem que, após inúmeras consultasjunto a setores diversos da sociedade, asalterações introduzidas no texto pelo relatorda matéria – o deputado baiano ArthurMaia (PPS) –, acenam com melhorias ex-pressivas para os trabalhadores, tais como:os 49 anos necessários para aposentadoriaintegral foram reduzidos para 40; o tempode contribuição dos trabalhadores rurais foireduzido de 25 para 15 anos; retirou-se dotexto a proibição de acumulação de pensõespara os mais pobres; e a idade mínima paraaposentadoria foi reduzida de 65 anos para62, no caso das mulheres, 60 anos para osprofessores e 55 para os policiais.
Diante dessas evidências, quem quiserfalar da reforma terá que mencionar es-ses avanços, ou estará mentindo – maisuma vez – à sociedade.