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SALVADOR TERÇA-FEIRA 18/1/2011 OPINIÃO A3 FALE COM A REDAÇÃO: 71 3340 8990 / 71 3340 8992 / SEGUNDA A SEXTA: 6 ÀS 22H / SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS: 9 ÀS 20H. SUGESTÕES DE PAUTAS: [email protected] / CLASSIFICADOS PO- PULARES: 71 3533 0855 / WWW.ATARDE.COM.BR/CLASSIFICADOS / PU- BLICIDADE: 71 3340- 8757/8731. FAX 3340-8710. CIRCULAÇÃO CAPITAL: 71 3340-8612. FAX 3340-8732. CENTRAL DE ASSINATURAS BAHIA E SERGIPE: 71 3533 0850 / INTERIOR: 0800 71 8500. PREÇO PROMOCIONAL PARA BAHIA E SERGIPE: MENSAL R$ 44,00 / SEMESTRAL R$ 253,00 / ANUAL R$ 486,00. VENDA AVULSA BAHIA E SERGIPE: DIAS ÚTEIS: R$ 1,75 E DOM. R$ 2,75 / OUTROS ESTADOS: R$ 4,00 E DOM. R$ 5,00. REPRESENTANTE PARA TODO O PAÍS: PEREIRA DE SOUZA E CIA LTDA. RIO DE JANEIRO: 21 2544 - 3070 / SÃO PAULO: 11 3259 - 6111 / SEDE: RUA PROF. MILTON CAYRES DE BRITO, Nº 204 - CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP 41822-900 - SALVADOR - BA. REDAÇÃO: (71) 3340-8800, PABX: (71) 3340-8500. FAX: (71) 3340-8712/8713. ENDEREÇO TELEGRÁFICO: TARDE - SUCURSAIS: BRASÍLIA (DF): SCS, QD. 1, ED. CENTRAL, SALAS 1001 E 1008 CEP 70304-900 TELS. (61) 3226-0543 / 3226-1343 - CAMAÇARI (BA): AV. RADIAL B, Nº22, EDFº ABRANTES, SALA 102 - CENTRO - CAMAÇARI CEP 42807-380 TEL. (71) 3627-4929 - BARREIRAS (BA): RUA D. PEDRO II, 133, 2º ANDAR, SALA 04 CEP 47800-000 TEL. (77) 3611-4444 - EUNÁPOLIS (BA): AV. PORTO SEGURO, Nº 511, EDF. DINÂMICA CENTER, SALA 103A - CENTRO CEP 45820-000 TEL. (73) 3281- 7650 - FEIRA DE SANTANA (BA): FEIRA DE SANTANA - AV. GETÚLIO VARGAS, 1942, 1º ANDAR - CENTRO CEP 44010-100 TEL. (75) - 3625-1044 - ITABUNA (BA): AV. CINQUENTENÁRIO, 312, CENTRO EMPRESARIAL SUL, SALAS 101 E 102 CEP 45600-000 TEL. (73) 3211-4462 - JUAZEIRO (BA): RUA CEL. JOÃO EVAN- GELISTA, 24, EDF. JURACY CAMPELO, 1º ANDAR, SALAS 101 E 102, CENTRO CEP 48900-000 TEL. (74) 3611-7912 - RIO DE JANEIRO (RJ): RUA DA ALFÂNDEGA, 91, SALA 206 - CENTRO CEP 20070-001 TEL. (21) 2224-3086 - SANTO ANTÔNIO DE JESUS (BA): RUA LANDULFO ÁLVES, Nº 186, GALERIA MOURA, SALA 123 – CENTRO CEP - 44571-380 TEL. (75) 3631-3010 -VITÓRIA DA CONQUISTA (BA): RUA ASCENDINO MELO, 256, 2º ANDAR, SALA 201 - CENTRO CEP 45020-740 TEL. (77) 3422-1965 REPRESENTANTES COMER- CIAIS: SÃO PAULO (SP): RUA ARAÚJO, 70, 7º ANDAR, CEP 01200-020. (11) 3259-6111/6532. FAX (11) 3237-2079. - JEQUIÉ (BA): LU LELÍS PUBLICIDADE. RUA TIRADENTES, 12, CENTRO , JEQUIÉ CEP 45202-370 TEL.(73) 3525-4327/4102 CEL. 8859 2391. - SERGIPE E ALAGOAS: GABINETE DE MÍDIA & COMUNICAÇÃO LTDA. RUA ÁLVARO BRITO, 455, SALA 35 - 13 DE JULHO - CEP 49020-400- ARACAJU-SE: TEL.(79) 3246-4139 - CEL. 9978-8962 Fundado em 15/10/1912 por Ernesto Simões Filho Presidente: Regina Simões de Mello Leitão Superintendente: Renato Simões Diretor-geral: Edivaldo M. Boaventura Editor-Chefe: Florisvaldo Mattos WWW.ATARDE.COM.BR 71 3340 8899 WWW.ATARDEFM.COM.BR 71 3340 8830 M.ATARDE.COM.BR 71 3340 8921 ASSOCIADA À SIP - SOCIEDADE INTERAMERICANA DE IMPRENSA MEMBRO FUNDADOR DA ANJ - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE JORNAIS ASSOCIADA AO IVC - INSTITUTO VERIFICADOR DE CIRCULAÇÃO PREMIADA PELA SOCIETY FOR NEWS DESIGN CAU GOMEZ F ico me perguntando, seriamente intri- gado, qual o verdadeiro mistério que en- volve a educação no Brasil. Ou, se não há mistério algum, e tal questão se evidencia pelo simples fato de que “conhecimento é poder” e quem o detém, em qualquer época, não quer dividi-lo com ninguém. A bandeira “ensino público de qualidade” pode soar muito sim- pática a alguns ouvidos; a outros, torna-se perigosa senha revolucionária. Costumo dizer que o real inimigo do sistema opressor – qualquer um deles – não é o militante ex- tremado: é o educador, sobretudo apaixonado, que encarna em si o mito de Prometeu. Propostas para melhorar o ensino no País existem aos montes. Umas, que apontam para o médio prazo, considerando que reformas nes- sa área é tarefa que só ecoa uma geração depois. Está aí o novo Plano Nacional de Educação, muito mais enxuto e racionalizado em seus 20 pontos, que traz no seu bojo uma proposta de Lei de Responsabilidade Educacional, verdadeira bomba sobre a cabeça de gestores irrespon- sáveis. Se for aprovado pelo Congresso, esta- remos daqui aplaudindo de pé. Por outro lado, o senador Cristóvam Buar- que, o incansável Cristóvam, tem-nos apre- sentado propostas com possíveis resultados de curto ou curtíssimo prazo. A primeira, que obrigaria a qualquer detentor de cargo público – de vereador a presidente da República – a matricular os seus filhos na rede pública de educação. Que tal? Já imaginaram a corrida dessa gente para resolver o que postergaram a vida toda? E olhe que tal determinação só entraria em vigor daqui a sete anos! A outra proposta do grande SenEducador é, simplesmente, federalizar o ensino público brasileiro, com nossos professores tendo o mesmo tratamento que funcionários do Ban- co do Brasil, da Caixa, Petrobras e outras “joias da coroa” que costumam chegar à excelência profissional. E salarial. Imaginem um país de brancosnegrosmestiços pensantes, bem informados politicamente e bem remunerados em suas profissões, escolhendo por si mesmos o que é melhor para suas vidas. Enquanto isso, 20 mil torcedores histéricos re- ceberam Ronaldinho na Gávea; o BBB 11 estreou com poderosa audiência; e a região serrana do Rio quase desaparece sob os temporais. Jorge Portugal Educador e poeta [email protected] Suje suas mãos T empo de férias para a meninada. As fa- mílias mais pobres aproveitam para in- corporar toda a turma à labuta para uma graninha extra. Aquelas em melhores condi- ções financeiras ficam a buscar o que fazer com os que não estão na escola. O livro de Matthew Crawford sobre a im- portância de se trabalhar com as mãos no mundo contemporâneo foi inspirador deste texto. Assim como ele, também percebo o quanto deixamos de lado os trabalhos ma- nuais. Nossa vida está repleta de equipa- mentos, todos eles enlatados, hermetica- mente fechados, de tal forma que não nos resta alterativa a não ser trocar tudo quan- do algum desses aparelhos quebra. Não ex- perimentamos futucar nada! Bom exemplo disso são os carros, hoje quase todos computadorizados. Alguns modelos já nem vêm com aquela varetinha para controle do nível óleo. Tudo está num painel infor- matizado. Muitos jovens já adquirem os seus primeiros carros com ar-condicionado e, fe- chados nestes e com um som nas alturas, nem ouvem o barulho do motor, o que não permite ao motorista-aprendiz “sentir” o ruído do carro e, assim, compreender melhor como ele fun- ciona. Nada disso importa, basta rodar. Que- brando, trocam-se as peças por inteiro. Isso vale para carros, geladeiras, liquidificadores, sons qualquer coisa. Também nossas escolas pouco valorizam os trabalhos manuais ao longo do ano. É sempre muito aula-conteúdo! Hoje, muitas crianças têm até nojo de pegar em barro, não gostam de se melar, não caminham descalças, não sabem apertar um parafuso, não observam a lua e as estrelas, não trepam mais em árvores – verdade que estas cada vez mais raras! Experimentar essas sensações é algo que nos dá outra dimensão da vida e possibilita outra relação com os saberes e conheci- mentos. Fazer experimentos científicos com coisas simples, construir bugigangas com sucatas, montar um radinho de galena (será que você sabe o que é isso?!) e tantas outras pequenas coisinhas vão possibili- tando uma formação científica mais ampla, uma relação mais direta com a natureza e com o ambiente e, desse modo, uma for- Nelson Pretto Professor associado da Faculdade de Educação/Ufba [email protected] EDITORIAL Lei existe para todos O direito de todos os brasileiros a uma vida digna é inalienável e, por isso mesmo, cons- ta da Carta Magna. Mas também na Cons- tituição está escrito que a ninguém é dado o direito de desconhecer e descumprir as leis, fato que vem acontecendo na Bahia, com a conivência e até participação de autori- dades constituídas, em relação às ocupa- ções de fazendas, por parte de grupos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), quando estes resistem a sair da área invadida. Uma situação já complicada agravou-se com a solução adotada pelo governo es- tadual logo após a ocorrência de um con- flito envolvendo integrantes do MST e po- liciais militares, quando estes cumpriam uma ordem da Justiça para a reintegração de posse em uma fazenda no município de Itapitanga, no sul da Bahia, em 2007. A partir de então, sem que tenha havido uma ordem escrita ou uma portaria oficial, a Polícia Militar recebeu orientação para que, antes de cumprir o mandado de reinte- gração, submeta o assunto à apreciação da Casa Militar do governo. O que de fato passou a acontecer foi a protelação das determinações judiciais, sob o argumento oficial de que seria necessário planejar as operações de forma que se evi- tassem conflitos. A questão é que, em alguns casos, conforme levantamento feito pelas su- cursais de A TARDE no interior do Estado, as ocupações já duram dois anos apesar de a Justiça ter determinado a reintegração de posse logo após a invasão das propriedades. Além de prejuízos financeiros e econô- micos dos proprietários se prolongarem e se tornarem irrecuperáveis, resta o fato de que a desobediência de uma autoridade, no caso a PM, às decisões da Justiça configura uma situação de Estado anárquico, o que pode estimular a ação de grupos bando- leiros, interessados somente em saquear fazendas, manchando e deturpando as ações daqueles que realmente lutam pelo direito de trabalhar na terra. O estado de direito é uma conquista im- prescindível da sociedade humana, mas, para que subsista, é essencial que a lei, além de respeitada, seja por todos cumprida. “Vamos apoiar a reforma agrária, mas não vamos tolerar a invasão de terras” GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR DE SÃO PAULO, defendendo que cabe ao Estado oferecer terras devolutas para a criação de assentamentos rurais mação mais sólida em todos os campos. Mas não tenhamos saudosismo dessas atividades manuais em contraposição aos avanços tecnológicos, principalmente das comunicações, com destaque para a inter- net. Resgatar essas práticas manuais é ab- solutamente compatível com uma plena imersão no universo da cibercultura. Na- vegue pela internet e encontre pistas de “Como as Coisas Funcionam”, descubra o tal radinho de galena e tente fazer um, passeie pelos sites em busca de experiências e téc- nicas para consertar as coisas. Uma forte articulação entre educação, cultura, ciência e tecnologia pode contri- buir para que suas férias sejam mais ba- canas, além de contribuir para pensar em escolas que se constituam em ricos espaços formativos dessa juventude, que é estimu- lada a fazer poucos trabalhos manuais e a pouco criar. Uma juventude que, na pri- meira necessidade, compra tudo pronto! Nestas férias, role no chão, trepe em ár- vore e, se possível, participe de colônias de férias, mas escolha as mais rústicas – não pense em hotel cinco estrelas, com tudo à mão –, privilegie a experiência de viver o coletivo, em situações mais próximas da realidade de boa parte da população bra- sileira. Futuque um jardim ou a horta da comunidade. Pegue um aparelho velho, quebrado e desmonte-o, olhe as peças, tente dar outra utilidade para elas. Faça expe- rimentos, faça arte. Dispa-se das resistên- cias e aproveite a vida simples, com as mãos meladas de barro ou de graxa. Hoje, muitas crianças têm até nojo de pegar em barro, não gostam de se melar, não caminham descalças, não sabem apertar um parafuso (...) Educação, mistérios e tragédias

paratodos - blog.ufba.brblog.ufba.br/nlpretto/files/2010/12/108126pretto_atarde18012010.pdf · e sergipe: mensal r$ 44,00 / semestral r$ 253,00 / anual r$ 486,00. vendaavulsabahia

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SALVADOR TERÇA-FEIRA 18/1/2011 OPINIÃO A3

FALE COM A REDAÇÃO: 71 3340 8990 / 71 3340 8992 / SEGUNDA A SEXTA:6 ÀS 22H / SÁBADOS, DOMINGOS E FERIADOS: 9 ÀS 20H. SUGESTÕES DEPAUTAS: [email protected] / CLASSIFICADOS PO-PULARES: 71 3533 0855 / WWW.ATARDE.COM.BR/CLASSIFICADOS / PU-BLICIDADE: 71 3340- 8757/8731. FAX 3340-8710. CIRCULAÇÃO CAPITAL: 713340-8612. FAX 3340-8732. CENTRAL DE ASSINATURAS BAHIA E SERGIPE: 713533 0850 / INTERIOR: 0800 71 8500. PREÇO PROMOCIONAL PARA BAHIAE SERGIPE: MENSAL R$ 44,00 / SEMESTRAL R$ 253,00 / ANUAL R$ 486,00.VENDA AVULSA BAHIA E SERGIPE: DIAS ÚTEIS: R$ 1,75 E DOM. R$ 2,75 /OUTROS ESTADOS: R$ 4,00 E DOM. R$ 5,00. REPRESENTANTE PARA TODOO PAÍS: PEREIRA DE SOUZA E CIA LTDA. RIO DE JANEIRO: 21 2544 - 3070 /SÃO PAULO: 11 3259 - 6111 / SEDE: RUA PROF. MILTON CAYRES DE BRITO, Nº204 - CAMINHO DAS ÁRVORES, CEP 41822-900 - SALVADOR - BA. REDAÇÃO:(71) 3340-8800, PABX: (71) 3340-8500. FAX: (71) 3340-8712/8713. ENDEREÇOTELEGRÁFICO: TARDE - SUCURSAIS: BRASÍLIA (DF): SCS, QD. 1, ED.CENTRAL, SALAS 1001 E 1008 CEP 70304-900 TELS. (61) 3226-0543 /3226-1343 - CAMAÇARI (BA): AV. RADIAL B, Nº22, EDFº ABRANTES, SALA 102- CENTRO - CAMAÇARI CEP 42807-380 TEL. (71) 3627-4929 - BARREIRAS (BA):RUA D. PEDRO II, 133, 2º ANDAR, SALA 04 CEP 47800-000 TEL. (77) 3611-4444- EUNÁPOLIS (BA): AV. PORTO SEGURO, Nº 511, EDF. DINÂMICA CENTER,SALA 103A - CENTRO CEP 45820-000 TEL. (73) 3281- 7650 - FEIRA DESANTANA (BA): FEIRA DE SANTANA - AV. GETÚLIO VARGAS, 1942, 1º ANDAR- CENTRO CEP 44010-100 TEL. (75) - 3625-1044 - ITABUNA (BA): AV.CINQUENTENÁRIO, 312, CENTRO EMPRESARIAL SUL, SALAS 101 E 102 CEP45600-000 TEL. (73) 3211-4462 - JUAZEIRO (BA): RUA CEL. JOÃO EVAN-GELISTA, 24, EDF. JURACY CAMPELO, 1º ANDAR, SALAS 101 E 102, CENTRO CEP48900-000 TEL. (74) 3611-7912 - RIO DE JANEIRO (RJ): RUA DA ALFÂNDEGA,91, SALA 206 - CENTRO CEP 20070-001 TEL. (21) 2224-3086 - SANTOANTÔNIO DE JESUS (BA): RUA LANDULFO ÁLVES, Nº 186, GALERIA MOURA,SALA 123 – CENTRO CEP - 44571-380 TEL. (75) 3631-3010 -VITÓRIA DACONQUISTA (BA): RUA ASCENDINO MELO, 256, 2º ANDAR, SALA 201 -CENTRO CEP 45020-740 TEL. (77) 3422-1965 REPRESENTANTES COMER-CIAIS: SÃO PAULO (SP): RUA ARAÚJO, 70, 7º ANDAR, CEP 01200-020. (11)3259-6111/6532. FAX (11) 3237-2079. - JEQUIÉ (BA): LU LELÍS PUBLICIDADE.RUA TIRADENTES, Nº 12, CENTRO , JEQUIÉ CEP 45202-370 TEL.(73)3525-4327/4102 CEL. 8859 2391. - SERGIPE E ALAGOAS: GABINETE DE MÍDIA& COMUNICAÇÃO LTDA. RUA ÁLVARO BRITO, 455, SALA 35 - 13 DE JULHO -CEP 49020-400- ARACAJU-SE: TEL.(79) 3246-4139 - CEL. 9978-8962

Fundado em 15/10/1912por Ernesto Simões FilhoPresidente: Regina Simões de Mello LeitãoSuperintendente: Renato SimõesDiretor-geral: Edivaldo M. BoaventuraEditor-Chefe: Florisvaldo Mattos

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- ASSOCIAÇÃONACIONAL DE

JORNAIS

ASSOCIADAAO IVC -

INSTITUTOVERIFICADOR DE

CIRCULAÇÃO

PREMIADAPELA

SOCIETYFOR NEWS

DESIGN

CAU GOMEZ

F ico me perguntando, seriamente intri-gado, qual o verdadeiro mistério que en-volve a educação no Brasil. Ou, se não há

mistério algum, e tal questão se evidencia pelosimples fato de que “conhecimento é poder”e quem o detém, em qualquer época, não querdividi-lo com ninguém. A bandeira “ensinopúblico de qualidade” pode soar muito sim-pática a alguns ouvidos; a outros, torna-seperigosa senha revolucionária. Costumo dizerque o real inimigo do sistema opressor –qualquer um deles – não é o militante ex-tremado: é o educador, sobretudo apaixonado,que encarna em si o mito de Prometeu.

Propostas para melhorar o ensino no Paísexistem aos montes. Umas, que apontam parao médio prazo, considerando que reformas nes-sa área é tarefa que só ecoa uma geração depois.Está aí o novo Plano Nacional de Educação,muito mais enxuto e racionalizado em seus 20pontos, que traz no seu bojo uma proposta deLei de Responsabilidade Educacional, verdadeirabomba sobre a cabeça de gestores irrespon-sáveis. Se for aprovado pelo Congresso, esta-remos daqui aplaudindo de pé.

Por outro lado, o senador Cristóvam Buar-que, o incansável Cristóvam, tem-nos apre-sentado propostas com possíveis resultados decurto ou curtíssimo prazo. A primeira, queobrigaria a qualquer detentor de cargo público– de vereador a presidente da República – amatricular os seus filhos na rede pública deeducação. Que tal? Já imaginaram a corridadessa gente para resolver o que postergarama vida toda? E olhe que tal determinação sóentraria em vigor daqui a sete anos!

A outra proposta do grande SenEducador é,simplesmente, federalizar o ensino públicobrasileiro, com nossos professores tendo omesmo tratamento que funcionários do Ban-co do Brasil, da Caixa, Petrobras e outras “joiasda coroa” que costumam chegar à excelênciaprofissional. E salarial.

Imaginem um país de brancosnegrosmestiçospensantes, bem informados politicamente e bemremunerados em suas profissões, escolhendo porsi mesmos o que é melhor para suas vidas.Enquanto isso, 20 mil torcedores histéricos re-ceberam Ronaldinho na Gávea; o BBB 11 estreoucom poderosa audiência; e a região serrana doRio quase desaparece sob os temporais.

Jorge PortugalEducador e poeta

[email protected]

Sujesuas mãos

T empo de férias para a meninada. As fa-mílias mais pobres aproveitam para in-corporar toda a turma à labuta para uma

graninha extra. Aquelas em melhores condi-ções financeiras ficam a buscar o que fazer comos que não estão na escola.

O livro de Matthew Crawford sobre a im-portância de se trabalhar com as mãos nomundo contemporâneo foi inspirador destetexto. Assim como ele, também percebo oquanto deixamos de lado os trabalhos ma-nuais. Nossa vida está repleta de equipa-mentos, todos eles enlatados, hermetica-mente fechados, de tal forma que não nosresta alterativa a não ser trocar tudo quan-do algum desses aparelhos quebra. Não ex-perimentamos futucar nada!

Bom exemplo disso são os carros, hoje quasetodos computadorizados. Alguns modelos jánem vêm com aquela varetinha para controledo nível óleo. Tudo está num painel infor-matizado. Muitos jovens já adquirem os seusprimeiros carros com ar-condicionado e, fe-chados nestes e com um som nas alturas, nemouvem o barulho do motor, o que não permiteao motorista-aprendiz “sentir” o ruído do carroe, assim, compreender melhor como ele fun-ciona. Nada disso importa, basta rodar. Que-brando, trocam-se as peças por inteiro. Isso valepara carros, geladeiras, liquidificadores, sonsqualquer coisa.

Também nossas escolas pouco valorizam ostrabalhos manuais ao longo do ano. É sempremuito aula-conteúdo! Hoje, muitas criançastêm até nojo de pegar em barro, não gostamde se melar, não caminham descalças, nãosabem apertar um parafuso, não observam alua e as estrelas, não trepam mais em árvores– verdade que estas cada vez mais raras!

Experimentar essas sensações é algo quenos dá outra dimensão da vida e possibilitaoutra relação com os saberes e conheci-mentos. Fazer experimentos científicoscom coisas simples, construir bugigangascom sucatas, montar um radinho de galena(será que você sabe o que é isso?!) e tantasoutras pequenas coisinhas vão possibili-tando uma formação científica mais ampla,uma relação mais direta com a natureza ecom o ambiente e, desse modo, uma for-

Nelson PrettoProfessor associado da Faculdade de Educação/Ufba

[email protected]

EDITORIAL

Lei existepara todosO direito de todos os brasileiros a uma vidadigna é inalienável e, por isso mesmo, cons-ta da Carta Magna. Mas também na Cons-tituição está escrito que a ninguém é dado odireito de desconhecer e descumprir as leis,fato que vem acontecendo na Bahia, com aconivência e até participação de autori-dades constituídas, em relação às ocupa-ções de fazendas, por parte de grupos doMovimento dos Trabalhadores RuraisSem-Terra (MST), quando estes resistem asair da área invadida.

Uma situação já complicada agravou-secom a solução adotada pelo governo es-tadual logo após a ocorrência de um con-flito envolvendo integrantes do MST e po-liciais militares, quando estes cumpriamuma ordem da Justiça para a reintegraçãode posse em uma fazenda no município deItapitanga, no sul da Bahia, em 2007. Apartir de então, sem que tenha havido umaordem escrita ou uma portaria oficial, aPolíciaMilitarrecebeuorientaçãoparaque,antes de cumprir o mandado de reinte-gração, submeta o assunto à apreciação daCasa Militar do governo.

O que de fato passou a acontecer foi aprotelação das determinações judiciais, sob oargumento oficial de que seria necessárioplanejar as operações de forma que se evi-tassem conflitos. A questão é que, em algunscasos, conforme levantamento feito pelas su-cursais de A TARDE no interior do Estado, asocupações já duram dois anos apesar de aJustiça ter determinado a reintegração deposse logo após a invasão das propriedades.

Além de prejuízos financeiros e econô-micosdosproprietáriosseprolongaremesetornarem irrecuperáveis, resta o fato de quea desobediência de uma autoridade, nocaso a PM, às decisões da Justiça configurauma situação de Estado anárquico, o quepode estimular a ação de grupos bando-leiros, interessados somente em saquearfazendas, manchando e deturpando asações daqueles que realmente lutam pelodireito de trabalhar na terra.

O estado de direito é uma conquista im-prescindível da sociedade humana, mas,para que subsista, é essencial que a lei, alémde respeitada, seja por todos cumprida.

“Vamos apoiar a reforma agrária, masnão vamos tolerar a invasão de terras”GERALDO ALCKMIN, GOVERNADOR DE SÃO PAULO, defendendo que cabe ao Estadooferecer terras devolutas para a criação de assentamentos rurais

mação mais sólida em todos os campos.Mas não tenhamos saudosismo dessas

atividades manuais em contraposição aosavanços tecnológicos, principalmente dascomunicações, com destaque para a inter-net. Resgatar essas práticas manuais é ab-solutamente compatível com uma plenaimersão no universo da cibercultura. Na-vegue pela internet e encontre pistas de“Como as Coisas Funcionam”, descubra o talradinho de galena e tente fazer um, passeiepelos sites em busca de experiências e téc-nicas para consertar as coisas.

Uma forte articulação entre educação,cultura, ciência e tecnologia pode contri-buir para que suas férias sejam mais ba-canas, além de contribuir para pensar emescolas que se constituam em ricos espaçosformativos dessa juventude, que é estimu-lada a fazer poucos trabalhos manuais e apouco criar. Uma juventude que, na pri-meira necessidade, compra tudo pronto!

Nestas férias, role no chão, trepe em ár-vore e, se possível, participe de colônias deférias, mas escolha as mais rústicas – nãopense em hotel cinco estrelas, com tudo àmão –, privilegie a experiência de viver ocoletivo, em situações mais próximas darealidade de boa parte da população bra-sileira. Futuque um jardim ou a horta dacomunidade. Pegue um aparelho velho,quebrado e desmonte-o, olhe as peças, tentedar outra utilidade para elas. Faça expe-rimentos, faça arte. Dispa-se das resistên-cias e aproveite a vida simples, com as mãosmeladas de barro ou de graxa.

Hoje, muitas criançastêm até nojo de pegarem barro, não gostam dese melar, não caminhamdescalças, não sabemapertar um parafuso (...)

Educação, mistériose tragédias