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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA RODRIGO MÁRIO CORRADINI Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina fenólica em matriz cimentícia São João Del Rei, 2014

Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

RODRIGO MÁRIO CORRADINI

Adição de fibras de cana-de-açúcar

tratadas com resina fenólica em matriz cimentícia

São João Del Rei, 2014

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RODRIGO MÁRIO CORRADINI

Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina fenólica em matriz

cimentícia

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Engenharia Mecânica Área de Concentração: Materiais e processos de Fabricação Orientador: Kurt Strecker

São João Del Rei, 2014.

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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina fenólica em matriz

cimentícia

Autor: Rodrigo Mário Corradini Orientador: Kurt Strecker

São João Del Rei, 28 de fevereiro de 2014

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Ficha catalográfica elaborada pelo Setor de Processamento Técnico da Divisão de Biblioteca da UFSJ

Corradini, Rodrigo Mário C823a Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina fenólica em matriz cimentícia [manuscrito]

/ Rodrigo Mário Corradini . – 2014. 73f. ; il. Orientador: Kurt Strecker. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de São João del-Rei. Departamento de Engenharia Mecânica. Referências: f. 74-80. 1.Engenharia mecânica - Teses 2. Compósitos - Teses 3. Cimento - Teses 4. Resina fenólica - Teses

5. Bagaço de cana-de-açúcar - Teses 6. Biodegradabilidade - Teses 7. Absorção de água - Teses I. Strucker, Kurt (orientador) II. Universidade Federal de São João del-Rei. Departamento de Engenharia Mecânica III. Título

CDU 620.1

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Dedico esta dissertação a minha família, o maior bem que um homem pode conquistar. Priscilla e Laura tudo é por vocês.

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Agradecimentos

Pela oportunidade, permissão e força, agradeço a DEUS por tornar isso possível.

Aos meus pais pelo amor, incentivo e por toda confiança depositada em mim para

concluir mais esse estágio na minha vida.

Aos amigos que acompanharam de perto esse trajeto, em especial a “turma do

CITeC” em que experiências para vida toda foram trocadas. Ao “mestre amigo” Júlio

Santos, pelo apoio, paciência e conselhos passados durante o trabalho.

Pela amizade, confiança e orientação, agradeço ao Professor Doutor Kurt Strecker

por tornar real essa obra. Um amigo que mostrou, com toda sua simplicidade, como

deve agir um verdadeiro educador.

Ao Professor Doutor, e amigo, Túlio Hallak Panzera pelo incentivo, apoio e

ensinamentos disponibilizados por todo caminho percorrido.

A empresa Cachaça Século XVIII®, representada pelo competente e engenhoso

amigo Nando Chaves, pelo apoio e fornecimento de matéria prima para realização

deste trabalho.

A todos que direta ou indiretamente, contribuíram e participaram de todo meu

trabalho.

Por fim, mas não menos importante registro aqui a participação imensurável de

uma figura que em todo momento esteve presente neste trabalho; participou das

minhas conquistas, dos momentos de alegria e de stress, compreendeu minha ausência

e depositou em mim toda confiança, incentivo e amor para que eu tivesse forças para

concluir mais essa jornada; TE AMO minha querida esposa PRISCILLA e agradeço

todos os dias a DEUS por ter “feito” você pra mim. Obrigado por tudo, principalmente

pela dádiva de ser pai da nossa “princesinha” LAURA.

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“Toda a educação, no momento, não parece motivo de alegria, mas de tristeza. Depois, no entanto, produz naqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de justiça”.

(Textos Bíblicos)

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CORRADINI, R. M. Verificação do tratamento da fibra do bagaço de cana de

açúcar com resina fenólica inserida em compósitos cimentícios. 2014. Dissertação

de Mestrado, Universidade Federal de São João Del Rei, MG.

RESUMO

O desenvolvimento de materiais compósitos cimentícios utilizando fibras vegetais

como reforço é crescente e vêm conquistando novos segmentos de mercado, pois as

fibras vegetais apresentam baixo custo, biodegradabilidade, menor densidade e boas

propriedades mecânicas. Neste trabalho foi desenvolvido um material compósito, a

partir de fibras de cana de açúcar como reforço em matriz cimentícia. Avaliou-se a

influência do tratamento das fibras com resina fenólica caracterizando o compósito e as

fibras com técnica de microscopia eletrônica de varredura (MEV). As propriedades

físicas e mecânicas deste material foram estudadas através de ensaios normatizados

de absorção de água, resistência à compressão simples, porosidade e densidade. Os

resultados obtidos demonstraram uma grande influência do tratamento das fibras sobre

as propriedades mecânicas de resistência à compressão devido a baixa adesão das

fibras com a matriz. Os compósitos com 5% de fibras apresentaram os melhores

resultados nos ensaio de resistência à compressão atingindo valores de até 11 MPa. A

inserção de fibras promoveu também a queda de densidade e aumento na porosidade,

o que propicia um material mais leve e econômico. A absorção de água pelas fibras

diminuiu cerca de 90% com o tratamento realizado com resina fenólica, além de

melhorar a trabalhabilidade do reforço, a resina protege a fibra quanto à ação do meio

alcalino imposto pelo cimento.

Palavras Chave: compósitos; cimento; resina fenólica; bagaço de cana de açúcar;

biodegradabilidade; absorção de água.

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CORRADINI , R. M. Checking the treatment of bagasse fiber of sugar cane inserted

with phenolic resin cement composites. 2014. Thesis, Federal Universityof São João

Del Rei,MG.

ABSTRACT

The development of cementitious composites using natural fibers as reinforcement is

increasing and is conquering new market segments, because the vegetable fibers have

low cost, biodegradability, lower density and good mechanical properties. We have

developed a composite material from sugar cane fibers as reinforcement in cementitious

matrix. We evaluated the influence of treating the fibers with phenolic resin and

characterizing the composite fiber technique with scanning electron microscopy (SEM).

The physical and mechanical properties of this material were studied by standardized

tests of water absorption, compressive strength, porosity and density. The results

showed a large influence of the processing of the fibers on the mechanical properties of

compressive strength due to low adhesion between the fibers with the matrix. The

composites with 5% of fibers showed the best results in testing of compressive strength

reaching values up to 11 MPa. The insertion of fibers also promoted the decrease in

density and increase in porosity, which provides a more lightweight and economical

material. The absorption of water by the fibers decreased by about 90% to the treatment

with phenolic resin, and improve the workability of the reinforcement, the resin protects

the fibers and the action of the alkaline medium required by the cement.

Key words : composite , cement, phenolic resin, sugar cane bagasse, biodegradable ,

water absorption .

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Lista de Figuras

Figura 1 As fases de um compósito (Daniel e Ishai, 1994)............................. 5

Figura 2 Diagrama esquemático da classificação dos materiais compósitos,

segundo Daniel e Ishai (1994)...........................................................

7

Figura 3 Representação esquemática das noções de teoria da percolação

(ACKER, 1988 apud FARIA, 2004)...................................................

12

Figura 4 Estágios do processo de hidratação (FARIA, 2004).......................... 13

Figura 5 Resultados de absorção de água da fibra SARMIENTO,

1996...................................................................................................

24

Figura 6 Representação esquemática de duas pastas de cimento, uma

contendo uma relação água/cimento 0,65 e a outra 0,25 (Aitcin,

2000). Adaptado de DETOMI, 2012..................................................

26

Figura 7 Esquema da Estrutura da fibra de celulose e de uma microfibra...... 28

Figura 8 Bagaço de cana-de-açúcar após processo de extração do caldo;

(a)Monte de bagaço; (b) Zoom aproximado do bagaço...................

31

Figura 9 Reação de condensação para formação da resina

fenolformaldeído (resina fenólica). Adaptado de LEITE

(2002)................................................................................................

36

Figura 10 Moinho de rotor e peneiras................................................................ 41

Figura 11 a) Peneirador mecânico com peneiras ABNT. b) Bagaço de cana

triturado...........................................................................................

41

Figura 12 Resina Fenólica................................................................................. 42

Figura 13 Câmara de vácuo para ensaio de densidade, porosidade aparente

e absorção de água...........................................................................

46

Figura 14 Equipamento de ensaio de compressão........................................... 47

Figura 15 Microscópio Hitachi TM3000............................................................. 48

Figura 16 Moldes cilíndricos de PVC................................................................. 51

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Figura 17 Policorte com disco diamantado………............................................. 51

Figura 18 Equipamento,b) e c) corpos de prova faceado e d) área ampliada

após o faceamento............................................................................

52

Figura 19 a) Fibras sem tratamento b) fibras tratadas com resina

fenólica..............................................................................................

56

Figura 20 Ilustração da região de interface do compósito obtido por

MEV………………………………………………………………

68

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Lista de Tabelas

Tabela 1 Óxidos compostos do clínquer e suas abreviações........................ 10

Tabela 2 Principais Características dos Produtos de hidratação do Cimento

Portland...........................................................................................

15

Tabela 3 Tipos e composição dos cimentos Portland (E-CIVIL,

2012)...............................................................................................

19

Tabela 4 Nomenclatura dos cimentos Portland (E-CIVIL,

2012)...............................................................................................

20

Tabela 5 Resultados obtidos por HESS e BUTTICE – Adaptado de

SARMIENTO, 1996.........................................................................

22

Tabela 6 Resultados obtidos por AGGARWAL– Adaptado de

SARMIENTO, 1996.........................................................................

23

Tabela 7 Características Típicas da Fibra de cana-de-açúcarAdaptado de

SARMINETO, 1996.........................................................................

29

Tabela 8 Planejamento Fatorial...................................................................... 49

Tabela 9 Estatística descritiva da absorção de água pela fibra de cana-de-

açúcar..............................................................................................

53

Tabela 10 Resultados da ANOVA para a absorção de água fibra................ 54

Tabela 11 Estatística descritiva da absorção de água pelo compósito

cimentício……………………………………………………................

58

Tabela 12 Resultados da ANOVA para a absorção de água do

compósito........................................................................................

58

Tabela 13 Estatística descritiva da porosidade do compósito 60

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cimentício............................................................................

Tabela 14 Resultados da ANOVA para a porosidade do

compósito........................................................................................

61

Tabela 15 Estatística descritiva da densidade do compósito………………….. 63

Tabela 16 Resultados da ANOVA para a densidade do compósito………...... 63

Tabela 17 Estatística descritiva dos ensaios de compressão simples……….. 65

Tabela 18

Resultados da ANOVA para a resistência a compressão do

compósito………………………………………………………………..

66

Tabela 19 Estatística descritiva dos ensaios de módulo de elasticidade…….. 69

Tabela 20 Resultados da ANOVA para o módulo de elasticidade do

compósito………………………………………………………………..

70

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Lista de Gráficos

Gráfico 1 Resultados de absorção de água da fibra SILVA,

2002..................................................................................

25

Gráfico 2 Gráfico de absorção de água pelas

fibras.................................................................................

54

Gráfico 3 Gráfico de normalidade dos resíduos para absorção de

água pelas fibras...............................................................

55

Gráfico 4 Gráfico de interação dos valores..................................... 55

Gráfico 5 Gráfico de absorção de água pelo compósito.................. 58

Gráfico 6 Gráfico de normalidade dos resíduos para absorção de

água pelo compósito....................................................

59

Gráfico 7 Gráfico de interação dos valores.................................... 59

Gráfico 8 Gráfico de normalidade dos resíduos para porosidade do

compósito...................................................................

60

Gráfico 9 Gráfico de normalidade dos resíduos para porosidade do

compósito...................................................................... 61

Gráfico 10 Gráfico de interação dos valores................................... 62

Gráfico 11 Gráfico de densidade do compósito............................. 63

Gráfico 12 Gráfico de normalidade dos resíduos para densidade do

compósito...................................................................

64

Gráfico 13 Gráfico de interação dos valores.................................... 64

Gráfico 14 Gráfico de resistência a compressão do compósito......... 65

Gráfico 15 Gráfico de normalidade dos resíduos da resistência do

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compósito..................................................................... 66

Gráfico 16 Gráfico de interação dos valores.................................... 67

Gráfico 17 Gráfico de módulo de elasticidade do compósito.............. 69

Gráfico 18 Gráfico de normalidade dos resíduos do módulo de

elasticidade..................................................................

70

Gráfico 19 Gráfico de interação dos valores.................................... 70

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Lista de Abreviaturas e Siglas

Letras Latinas

A – área de superfície [m2]

Ab – Absorção de água [%]

Ac – área da superfície de carregamento [mm2]

E – módulo de elasticidade ou módulo de Young [MPa]

m1 – massa do corpo de prova seco [g]

m2 – massa da amostra saturada com água [g]

m3 – massa da amostra totalmente submersa na água [g]

P – carga máxima de ruptura [N]

Pa – porosidade aparente [%]

Rc – resistência à compressão [MPa]

Vi -volume do corpo de prova dado pelo deslocamento de água [cm3]

...................................................

Letras Gregas

ΔH – gradiente de pressão [N/m2]

ε – deformação do corpo de prova [mm/mm]

ρa - densidade aparente do material [g / cm3]

σ - tensão aplicada [MPa]

...................................................

Abreviações

CBVC - Compósito de Biomassa Vegetal-Cimento

CEMPRE – Compromisso Empresarial para Reciclagem

CMC – Compósitos de matriz cerâmica

CMM – Compósitos de matriz metálica

CMP – Compósitos de matriz polimérica

DOE – Design of experiments

MEV –Microscopia eletrônica de varredura

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ONU – Organização das Nações Unidas

PET – Poli (tereftalato de etileno)

PVC – Poli (cloreto de vinila)

UNICA – União da indústria de cana-de-açúcar

...................................................

Siglas

ANOVA – Análise de variância

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASTM – American Society of Testing Materials

CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais

CPs – Corpos de prova

CBVC – Compósito de Biomassa Vegetal-Cimento

NBR – Norma Brasileira

UFSJ – Universidade Federal de São João del Rei

...................................................

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO.................................................................................. 01

CAPÍTULO 2: REVISÃO BIBLIOGRAFICA............................................................ 03

2.1 Materiais compósitos....................................................................................... 03

2.1.1 Definição dos materiais compósitos.................................................. 04

2.1.2 Classificação dos materiais compósitos............................................ 06

2.2 Matrizes cerâmicas.......................................................................................... 08

2.3 Cimento Portland............................................................................................. 10

2.3.1 Reações de Hidratação do cimento................................................... 12

2.3.2 Hidratação do Silicatos.................................................................... 16

2.3.3 Hidratação dos Aluminatos................................................................ 17

2.3.4 Tipos e composição do cimento........................................................ 18

2.4 Fatores que influenciam compósitos cimentícios com fibras vegetais............ 21

2.5 Relação água e cimento ................................................................................. 25

2.6 Biomassa vegetal ........................................................................................... 27

2.6.1 Fibra da Cana-de-açúcar.................................................................. 27

2.6.2 Composição física do bagaço de cana-de-açúcar............................. 27

2.6.3 Composições morfológicas da fibra de cana-de-açúcar.................... 29

2.6.4 Densidade e umidade da fibra de cana-de-açúcar............................ 31

2.7 Compósitos de biomassa vegetal-cimento...................................................... 31

2.7.1 Incompatibilidades biomassa vegetal FBC-cimento ......................... 32

2.7.2 Tratamentos para Redução de incompatibilidade com a Matriz

Cimentícia..........................................................................................

33

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2.8 Resina Fenólica .............................................................................................. 35

2.9 Análises estatísticas ....................................................................................... 36

2.10 Objetivos do trabalho ...................................................................................... 38

2.11 Justificativa ..................................................................................................... 39

CAPÍTULO 3: METODOLOGIA EXPERIMENTAL.................................................. 40

3.1 Materiais Empregados.................................................................................... 40

3.1.1 Fase matriz: cimento Portland........................................................... 40

3.1.2 Fase dispersa: fibra de cana-de-açúcar............................................ 40

3.1.3 Tratamento das fibras ....................................................................... 42

3.2 Seleção das variáveis resposta ..................................................................... 43

3.2.1 Absorção de água ............................................................................. 43

3.2.1.1 Absorção de água pelas fibras.......................................... 43

3.2.1.2 Absorção de água no compósito cimentício ..................... 44

3.2.2 Porosidade do compósito.................................................................. 44

3.2.3 Densidade do compósito................................................................... 45

3.2.4 Resistência à compressão e módulo de elasticidade estático.......... 46

3.3 Análise Microestrutural................................................................................... 48

3.4 Escolha dos fatores e níveis experimentais................................................... 49

3.5 Análise estatística utilizando o Minitab .......................................................... 50

3.6 Fabricação dos corpos de prova ................................................................... 51

CAPÍTULO 4: RESULTADOS E DISCUSSÕES..................................................... 53

4.1 Absorção de água pelas fibras fibras............................................................ 53

4.2 Microscopia eletrônica de varredura.............................................................. 56

4.3 Absorção de água pelo compósito cimentício ............................................... 57

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4.4 Porosidade do compósito .............................................................................. 60

4.5 Densidade do compósito................................................................................ 62

4.6 Resistência a Compressão............................................................................. 65

4.7 Módulo de Elasticidade ................................................................................. 69

CAPÍTULO 5: CONCLUSÕES................................................................................. 72

CAPÍTULO 6: SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS............................... 73

REFERÊNCIAS........................................................................................................ 74

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CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A demanda pelo setor da construção civil, no Brasil e no mundo, é cada

vez maior devido ao déficit habitacional e a instalação de grandes e novos

parques industriais. A habitação é um direito de primeira necessidade,

representa abrigo e segurança e é um direito básico para o ser humano.

O Brasil passa por grande carência de moradia, principalmente para

população de baixa renda que sofre com o alto custo de materiais aliado a

crescente valorização de mão de obra do setor. A quem diga que habitação de

baixo custo é prioridade em programas de desenvolvimento em países em

ascensão. Tal fato faz com que setores da sociedade, públicos e privados, se

movimentem em busca de soluções simples, apropriadas, práticas e

sustentáveis, que permitam considerável queda de preços na construção civil.

Considerando que a redução nos valores construtivos pode ser obtida

utilizando materiais renováveis oriundos de resíduos agroindustriais, a

incorporação de fibras naturais pode ser uma solução viável.

A utilização de fibras naturais ou artificiais como reforço em pastas,

argamassas e concreto tem sido de grande importância, pois a obtenção desse

compósito, além de apresentar melhor massa especifica aparente, apresentam

também valores satisfatórios de impacto e resistência à tração, controle de

fissuras e comportamento dúctil em rupturas (BERALDO, 1997). Com o

desenvolver das áreas de engenharia, onde nem sempre o material mais

resistente é o mais importante, esse material oferece condições favoráveis a

aplicações economicamente viáveis para a construção civil.

O desenvolvimento de novos processos, buscando a obtenção de

materiais com aplicações específicas, tem sido de grande interesse nos últimos

anos. O crescimento demográfico acelerado dos centros urbanos tem

impulsionado, cada vez mais, grandes modificações climáticas e ambientais em

todo mundo (SILVA, 2010). A adição de fibras de diferentes fontes tem sido

uma alternativa para a obtenção de materiais com propriedades específicas e

diferentes dos componentes puros. No Brasil a disponibilidade de fibras

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naturais é grande, atentando-se para os resíduos gerados na produção de

etanol e açúcar, a fibra de cana-de-açúcar é um material disponível em

abundância que pode ser utilizado como reforço no compósito (SARMIENTO,

1996).

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CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo abrange cinco partes distintas, sendo a primeira uma

descrição de materiais compósitos, apresentando definições, tipos e suas

classificações quanto ao material utilizado como reforço e a matriz, destaque

especial será dado para as matrizes cerâmicas devido à utilização no trabalho.

A segunda parte trará uma descrição do cimento Portland, sua hidratação,

tipos, componentes e nomenclaturas. Com grande importância, os fatores que

influenciam os compósitos com matriz cimentícia, serão discutidos na terceira

parte.

A quarta parte desta revisão trará uma breve abordagem sobre biomassa

vegetal, composição da cana-de-açúcar, produção e estimativas para

atualidade, além de uma revisão sobre estudos realizados com compósitos

reforçados com fibra de cana e outras fibras vegetais. O quinto item apresenta

definições e tipos de resina fenólica. Uma breve explicação sobre a

metodologia experimental baseada no planejamento estatístico de

experimentos com sua terminologia básica, procedimento e planejamento

fatorial serão apresentados no Apêndice deste trabalho.

2.1 Materiais compósitos

São exemplos de materiais compósitos vibras; vegetais ou artificiais;

trabalhando em conjunto com polímeros, metais com cerâmicas ou polímeros

com cerâmicas. Antigas civilizações já utilizavam compósitos (barro+palha) na

produção de tijolos obtendo resultados melhores do que cada material

individualmente. A aplicação de materiais compósitos é uma realidade atual

nas indústrias de ponta com destaque no segmento aeroespacial, automotiva e

artigos esportivos, materiais que combinam fibra de carbono, mesmo sendo

mais caros, têm se tornado dominantes devido à sua alta resistência, módulo

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de elasticidade elevado e baixa densidade em comparação as fibras de vidro

(SANTOS, 2013).

Na construção civil a incorporação de agregados mais leve no concreto

tem aplicação na diminuição de peso e divisão de ambientes, resultando em

economia e materiais renováveis para o setor. A adição de particulados, fibras

ou whiskers a uma matriz cerâmica tem proporcionado aumento significativo na

tenacidade a fratura, por este motivo os compósitos de matriz cerâmica têm

substituído cerâmicas convencionais em aplicações onde a tenacidade é uma

preocupação principal (NEWEL, 2010; CALLISTER 2011).

2.1.1 Definição dos materiais compósitos

Derivado da palavra composto, compósito significa; formado pela

combinação de qualquer constituinte diferente. Segundo a norma ASTM

D3878-07, compósito é uma substância consistindo de dois ou mais materiais,

insolúveis entre si, que são combinados para formar um material de engenharia

útil exibindo certas propriedades que não se encontram nos materiais

isoladamente.

MESA e VALENCIANO (2004) explica que todo material obtido a partir de

diferentes componentes é definido como compósito, sendo que a combinação

destes componentes proporciona características favoráveis que, isoladamente,

os elementos primários não possuem, uma das fases é geralmente

descontínua, mais forte e resistente, sendo denominada “dispersa” ou

reforçadora; enquanto que a fase menos resistente é contínua e denominada

“matriz”.

A Figura 1 representa as fases de um compósito segundo a definição de

DANIEL e ISHAI (1994).

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5

Figura 1 - As fases de um compósito (Daniel e Ishai, 1994).

Segundo PANZERA et. All (2010), o compósito pode ser definido como a

combinação de dois ou mais materiais sem a formação química de uma nova

fase, exceto para quando ocorre na região de interface entre as fases dispersa

e matriz. Os compósitos devem ser projetados para uma determinada

finalidade, a fim de aperfeiçoar um determinado desempenho, ou seja, não

necessariamente o material deve optar por elevada resistência mecânica, enfim

outras características de desempenho podem ser demandadas como, por

exemplo, propriedades elétricas, térmicas, ópticas, químicas e magnéticas.

Denomina-se de interface, ou zona de transição, a parte onde a fase

dispersa se encontra com a fase matriz. Essa região exerce um papel

fundamental no compósito, parte dela a responsabilidade de transferir os

esforços da fase matriz para a fase de reforço. Segundo SANTOS, 2013 em

alguns casos, devido à interação química entre as fases proveniente de

processos de tratamento químico pela aplicação de agentes aderentes, passa

a existir uma terceira fase distinta entre a matriz e o reforço, sendo denominada

interface.

DANIEL e ISHAI (1994), afirmam ainda que, para satisfazer a

necessidade do material ser classificado como compósito, três critérios devem

ser observados:

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1. Ambos os constituintes devem estar presentes em proporções

maiores ou iguais a 5%.

2. As fases constituintes devem ter propriedades diferentes.

3. As propriedades do compósito devem ser notoriamente diferentes

daquelas dos materiais constituintes atuando independentemente.

Dessa forma, um compósito consiste em um material multifásico feito

artificialmente, em contraste com um material que ocorre ou se forma

naturalmente. Além disso, as fases constituintes devem ser quimicamente

diferentes e devem estar separadas por uma interface distinta. Assim, a maioria

das ligas metálicas e muitos materiais cerâmicos não se enquadram nessa

definição, pois as suas múltiplas fases são formadas como consequência de

fenômenos naturais (CALLISTER, 2011).

As propriedades dos compósitos são função das propriedades das fases

constituintes, de suas quantidades relativas e da geometria da fase dispersa

(CALLISTER, 2011).

2.1.2 Classificações dos materiais compósitos

Existem diferentes classificações de materiais compósitos, de acordo com

o tipo dos materiais constituintes e dos processos de fabricação, associadas às

suas características, comportamentos e vantagens específicas. No entanto as

mais encontradas na literatura é a de classificação quanto a natureza da fase

dispersa e da matriz (CALLISTER, 2007).

Analisando a fase dispersa, a classificação se dá em três categorias

gerais, dependem do tipo, geometria e a orientação do reforço inserido na fase

matriz; compósito particulado, whiskers e compósitos de fibras contínuas, como

mostram a Figura 2 (DANIEL e ISHAI, 1994).

Compósitos particulados: consiste em partículas de vários

tamanhos e formas dispersas aleatoriamente dentro de uma matriz.

Whiskers (compósitos de fibras descontínuas): contêm pequenas

fibras como reforçadores.

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Compósitos de fibras contínuas: compósitos reforçados por longas

fibras contínuas. As fibras podem ser orientadas paralelamente

(unidirecional), formando ângulos entre si (crossply) ou distribuídas

em várias direções (multidirecional).

Figura 2: Diagrama esquemático da classificação dos materiais compósitos,

segundo DANIEL e ISHAI (1994).

No que se refere à fase matriz, um compósito pode ser classificado em

três grupos: Compósito de Matriz Metálica (CMM); Compósito de Matriz

Polimérica (CMP) e Compósito de Matriz Cerâmica (CMC).

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SANTOS (2013) descreve a classificação quanto à fase matriz do

compósito da seguinte maneira: As matrizes metálicas, assim como a maior

parte dos metais, podem originar matrizes de excelentes qualidades, com

potencialidade limitada apenas pelo fator temperatura. Em se tratando de

baixas temperaturas, ainda existem poucas aplicações relacionadas. Para

algumas aplicações aeroespaciais, metais leves como o titânio, o magnésio e o

alumínio apresentam propriedades relevantes (baixa densidade). Muitos

compósitos de matriz metálica se encontram ainda em fase de

desenvolvimento, mas não tão intensamente como os de matriz polimérica

(VENTURA, 2009).

Os polímeros são usados como matrizes por apresentar propriedades

mecânicas vantajosas relativas à temperatura ambiente, baixo peso, facilidade

no processo de fabricação e custo reduzido. Polímeros podem ser processados

a baixas temperaturas, evitando problemas associados com a degradação do

reforço. O desenvolvimento deste grupo de materiais cresceu rapidamente,

entretanto, as suas principais desvantagens residem na sua limitação ao

trabalho em altas temperaturas, instabilidade dimensional devido aos

coeficientes de expansão térmica elevados, grande sensibilidade à radiação e

podendo algumas vezes absorver umidade do ambiente (VENTURA, 2009).

A matriz cerâmica será apresentada no próximo tópico por ser o material

de estudo relacionado a esse trabalho.

2.2 Matrizes Cerâmicas

Os materiais compósitos que possuem a fase matriz de cerâmica são

inerentemente resistentes à oxidação e a deterioração sob temperaturas

elevadas. Sua predisposição a fratura frágil impede que seu uso seja

direcionado a condições severas de tensões e altas temperaturas como

componentes de motores e turbinas para aeronaves e automóveis. (DETOMI,

2012).

No caso particular da indústria de construção civil, as matrizes mais

empregadas são as frágeis (que se rompem sem deformação plástica),

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notadamente: pastas, argamassas e concretos de aglomerantes minerais,

como o cimento Portland, e, em menor escala, a cal e o gesso.

O comportamento frágil dessas matrizes muda com a adição das fibras,

tornando-se um material dúctil. Basicamente, têm-se três conjuntos fibra-matriz

utilizados na construção civil descritos por SARMIENTO (1996):

a) Matriz frágil, como pastas, argamassas, concretos e plásticos com

estrutura cristalina ou ligações cruzadas, com reforço de fibras de

vidro, aço, amianto e alguns tipos de plásticos;

b) Matriz frágil, como no caso anterior, reforçadas com fibras de modulo

de elasticidade similar ou ate inferior ao da matriz, como fibras

plásticas e fibras vegetais;

c) Matriz dúctil, como os plásticos e os metais, com fibras de módulo de

elasticidade geralmente superior ao da matriz.

Os principais tipos de compósitos de matriz cerâmica, de acordo com o

tipo de reforço usado, são: os de fibras contínuas, os de fibras descontínuas e

os reforçados por partículas. (VENTURA, 2009)

Um material amplamente utilizado como fase matriz na confecção de

compósitos cerâmicos é o cimento Portland (SILVA et al., 2012), escolhido para

uso nesse trabalho, pois apresenta vantagens como baixa temperatura de

solidificação (sinterização) sendo que a fase sólida e a microestrutura são

formadas pelo processo químico de hidratação. Quando misturado com água,

forma uma pasta capaz de endurecer devido a reações químicas exotérmicas

sendo suas propriedades mais importantes, a resistência mecânica,

conseguida à medida que se processa a hidratação de pasta no decorrer do

tempo, e a durabilidade, relacionada com a capacidade de se manter agregada

sua pasta, depois de endurecida. (CALLISTER, 2011).

Segundo MOUGEL et al. (1994), a utilização de um cimento adequado

pode permitir a obtenção de um compósito biomassa vegetal-cimento de

características físico-mecânicas adequadas, mesmo em presença de uma

biomassa vegetal incompatível quimicamente com o cimento. Certos autores

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propõem o uso de cimentos de alta resistência inicial (WIENHAUS, 1979), com

alto teor de alumínio (GRAM, 1986) ou com baixo teor de álcali (SCHUBERT et

al. 1990).

2.3 Cimento Portland

Em 1845, Isaac Johnson, iniciou a produção daquele que é hoje o mais

difundido material de construção, o cimento Portland, um aglomerante

hidráulico que contem silicatos e aluminatos de cálcio, praticamente sem cal

livre.

O cimento Portland consiste de vários compostos de cálcio, mas que são

expressos em termos de óxidos dos elementos presentes, como resultado de

análises químicas. Os óxidos são expressos segundo suas abreviações,

conforme a Tabela 1.

Tabela 1: Óxidos compostos do clínquer e suas abreviações

Fonte: METHA E MONTEIRO (1994) apud PERUZZI (2002)

Com uso constante na produção de pastas, concretos ou argamassas, o

cimento Portland é usado hoje em grande escala como ingrediente básico. As

matérias-primas usadas na fabricação do cimento Portland se constituem,

principalmente, de cal (CaO), sílica (SiO2), alumina (Al2O3), oxido de ferro

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(Fe2O3), certa proporção de magnésia (MgO) e uma pequena porcentagem de

anidrido sulfúrico (SO3), adicionado após a calcinação para retardar o tempo de

pega do produto (METHA e MONTEIRO, 2008).

CARVALHO (2002) define o C3S, βC2S, C3A e C4AF como os compostos

mais importantes do cimento Portland, sendo que, segundo FARIA (2004), os

silicatos de cálcio compõem a sua maior porcentagem.

Segundo NEVILLE (1997) apud PERUZZI (2002), o Silicato Tricálcico

(C3S), conhecido também como Alita, é normalmente preponderante,

aparecendo como pequenos grãos equidimensionais incolores, compondo

entre 60% e 67% do cimento Portland. Sua hidratação inicia-se em poucas

horas, apresenta desprendimento de calor médio, e é o maior responsável pela

resistência mecânica nas primeiras idades nos concretos e argamassas.

Também de acordo com NEVILLE (1997) apud PERUZZI (2002), o Beta

Silicato Dicálcico (βC2S), também conhecido como Belita, apresenta grãos

arredondados, geralmente geminados, comparecendo usualmente entre 17% e

25% na composição do cimento Portland. Sua hidratação ocorre lentamente,

apresentando baixo despreendimento de calor, sendo responsável pela

resistência mecânica nas idades mais avançadas.

Ainda, segundo NEVILLE (1997) apud PERUZZI (2002), o terceiro

composto é o Aluminato de Cálcio (C3A), conhecido como Aluminato. Forma

cristais retangulares, aparecendo entre 3% e 8% na composição do cimento

Portland. Sua hidratação é extremamente rápida, cristalizando em poucos

minutos, contribuindo especialmente para a resistência mecânica ao primeiro

dia. Apresenta elevado despreendimento de calor, e não promove aumento da

resistência em idades posteriores. Além disso, quando presente em forma

cristalina, é o responsável pela rapidez da pega, mas que pode ser controlado

com a adição de sulfato de cálcio.

Por último, de acordo com NEVILLE (1997) apud PERUZZI (2002), o

Ferroaluminato de Cálcio (C4AF) é uma solução sólida, cuja composição varia

entre C2F e C6A2F, e compõe entre 0,5% e 0,6% do cimento Portland. Sua

hidratação é rápida, mas não tão intensa quanto o C3A, apresentando médio

desprendimento de calor, contribuindo muito pouco para a resistência

mecânica nas primeiras idades. Os demais compostos (MgO, SO3 e os álcalis),

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segundo PERUZZI (2002), aparecem em proporções de respectivamente, 0,5%

a 4%, 2% a 3,5%, e 0,3% a 1,2%. A seguir apresenta-se uma revisão dos

processos químicos de hidratação do cimento Portland, baseado

principalmente nos trabalhos de CARVALHO (2002) e FARIA (2004).

2.3.1 Reações de Hidratação do Cimento

A hidratação do cimento Portland pode ser analisada, de acordo com

CARVALHO (2002), como a soma das reações dos vários compostos

individuais do cimento, que ocorrem simultaneamente. Com a introdução de

água, os componentes do cimento começam a se hidratar, formando

compostos que, em sua maioria, são Silicatos de Cálcio Hidratado (CSH).

Estes começam a formar uma rede microestrutural coesiva, se desenvolvendo

com o aumento do número de hidratos.

Segundo ACKER (1988) apud FARIA (2004), esta rede é constituída pela

ligação mecânica entre os grãos, que aparecem inicialmente de maneira

aleatória e isolada. Depois se inicia a formação de subconjuntos contínuos de

grãos ligados mecanicamente, denominados amas, que por fim se juntam

formando um caminho contínuo. O limiar de percolação pode ser definido como

o aparecimento deste primeiro caminho contínuo que atravessa o conjunto,

conforme Figura 3.

Figura 3: Representação esquemática das noções de teoria da percolação

(ACKER, 1988 apud FARIA, 2004)

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A evolução das reações de hidratação está diretamente relacionada à

evolução das propriedades do material como módulo de elasticidade,

resistência, fluência, retração, etc., evolução esta que pode ser denominada

pelo termo “envelhecimento” do concreto. (FARIA, 2004).

Essas reações de hidratação são um processo exotérmico, e podem ser

subdivididas em cinco estágios em relação ao tempo, como é mostrado na

Figura 4. Os estágios são descritos abaixo, segundo FARIA (2004).

Figura 4: Estágios do processo de hidratação (FARIA, 2004)

Nos primeiros instantes (15 a 20 minutos), estágio I, o cimento começa a

ser dissolvido na água formando uma suspensão de íons, dentre os quais o

Al3+ reage instantaneamente com o gesso e a água do sistema, liberando uma

grande quantidade e calor, promovendo o primeiro pico exotérmico. Desta

reação resulta uma camada constituída por pequenas agulhas chamadas

etringita. Quando os íons de cálcio e de hidróxido alcançam concentrações

críticas, a cristalização de Silicato de Cálcio Hidratado (C–S–H) e de Hidróxido

de Cálcio (CH) começa. Este advento é seguido pelo estágio II (2 a 4 horas),

chamado período dormente ou de indução, onde o cimento ainda permanece

plástico. A etringita continua sendo formada enquanto houver gesso na forma

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de íons SO42- na solução. A dissolução dos minerais do cimento é concluída,

aumentando a concentração de íons na solução. O hidróxido de cálcio cristaliza

da solução, e o C–S–H se desenvolve na superfície do C3S, formando uma

cobertura. A reação se transforma em difusão controlada, com o aumento de

espessura dessa cobertura e do tempo que a água leva para penetrar na

mesma. O C2S hidrata a uma taxa mais lenta porque é um componente menos

reativo. Por isso se nota uma baixa liberação de calor neste estágio. Com o

desaparecimento do SO42- na solução vem a instabilidade da camada de

etringita, causando sua desintegração e dando fim ao período dormente.

O estágio III (4 a 8 horas) é marcado pela concentração crítica de íons e a

consequente retomada das vigorosas reações. A taxa máxima de reação

acontece nesta fase, promovendo uma forte liberação de calor que dá origem

ao segundo pico exotérmico. A pega chega ao final e o endurecimento se

inicia.

Após o segundo pico exotérmico, ocorre a conversão da etringita em

monossulfato pela sua reação com os íons Al3+ não reagidos, consolidando o

estágio IV (8 a 12 horas). Os íons Al3+ remanescentes reagem formando novos

hidratos que, juntamente com os hidratos precipitados dos íons Ca2+ , formam

uma proteção em torno do grão de cimento, impedindo o contato da água livre

com a sua parte não hidratada. Inicia-se, assim, o último estágio, o estágio V

(12 a 24 horas), também chamado controle de difusão.

No processo de hidratação do cimento Portland, de acordo com PERUZZI

(2002), os principais produtos (fases sólidas principais) geralmente presentes

na pasta são: Silicato de Cálcio Hidratado (C-S-H), a Portlandita Ca(OH)2 (ou

CH), e os Sulfoaluminatos. Suas quantidades, formas e características

principais estão apresentadas na Tabela 2.

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Tabela 2: Principais Características dos Produtos de hidratação do Cimento

Portland

Observa-se ainda a presença de grãos anidros do clínquer, que estão em um intervalo

de 1µm a 50µm. Fonte: MEHTA E MONTEIRO (1994) apud PERUZZI (2002).

Segundo FARIA et al.(2004), a reação de hidratação do cimento é

geralmente apresentada de forma simplificada (e unificada) como:

cimento + H →CSH + CH + calor , onde: CSH representa os hidratos de silicato

de cálcio hidratado e CH o hidróxido de cálcio ou Portlandita.

Entretanto, a reação de hidratação é uma composição de diversas

reações, apresentadas abaixo:

C3S +H →CSH+ CH+ calor / C2S +H→CSH+ CH+ calor / C3A + CSH2+H →AFt

+ calor / C4AF + CSH2+H →AFt + CH+FH3+ calor / C3A + Aft + H→Afm + CH +

FH3/ C4AF + Aft + H→Afm + CH + FH3, sendo AFt a etringita e AFm o

monossulfato.

No entanto, o processo de hidratação dos silicatos e aluminatos merece

destaque, por serem os componentes mais importantes do cimento, segundo

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CARVALHO (2002). A seguir uma descrição do processo de hidratação desses

componentes.

2.3.2 Hidratação dos Silicatos (C3S e βC2S)

Segundo CARVALHO (2002), ao entrarem em contato com a água, o C3S

e o βC2S produzem silicatos de cálcio hidratado (C-S-H), com estruturas

similares, porém com variações significativas quanto à relação cálcio/sílica e ao

teor de água quimicamente combinada. Considerando que a estrutura do

composto determina sua propriedade, as variações dos teores de cálcio/sílica e

de água terão pequeno efeito sobre as características físicas do C3S e do

βC2S.

Conforme afirma FARIA (2004), as reações de hidratação dos dois

silicatos de cálcio, que compõem a maior porcentagem do cimento Portland,

são bastante semelhantes, diferindo apenas na taxa de reação, onde no C2S

apresenta-se mais baixa que no C3S. Pode-se considerar então que a

hidratação do C3S domina o processo exotérmico de hidratação, quando a

composição química do cimento é similar à do cimento Portland comum, onde

a fração de C3S chega perto de 50%.

A estrutura do C-S-H, resultado da hidratação dos silicatos, de acordo

com CARVALHO (2002), é pouco cristalina, formando um sólido poroso. Sua

composição química é variável, e depende de fatores como a relação

água/cimento, temperatura e idade de hidratação. Para a hidratação completa

dos silicatos, a sua composição aproximada é C3S2H3.

As reações frequentemente utilizadas para expressar a hidratação dos

Silicatos, segundo CARVALHO (2002), são:

2C3S + 6H →C3S2H3+ 3CH

2βC2S + 4H →C3S2H3+ CH

De acordo com o mesmo autor, cálculos estequiométricos concluem que a

hidratação do C3S produz 61% de C3S2H3 e 39% de hidróxido de cálcio,

enquanto a hidratação do βC2S gera 82% de C3S2H3 e 18% de hidróxido de

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cálcio. Observa-se ainda que o βC2S desenvolve uma taxa de evolução de

calor menor que o C3S, e promove ganhos de resistência a longo prazo.

Em relação à durabilidade, segundo CARVALHO (2002), cimentos com

menores quantidades de hidróxido de cálcio são mais resistentes a ambientes

com águas ácidas e sulfáticas, portanto cimentos Portland com maiores teores

de βC2S serão mais duráveis. A hidratação completa do C3S e do βC2S exige

respectivamente 24 e 21% de água, onde o βC2S se hidrata a uma velocidade

menor que o C3S.

2.3.3 Hidratação dos Aluminatos (C3A e C4AF)

De acordo com CARVALHO (2002), a reação do C3A com a água é

imediata, ocorrendo rapidamente a formação de hidratos cristalinos como:

C3AH6, C4AH9, C2AH8. Ocorre ainda a liberação de uma grande quantidade de

calor, e perda de trabalhabilidade da mistura tornando-a imprópria ao uso.

Porém, para retardar esse último efeito, adiciona-se uma pequena quantidade

de gipsita.

Segundo o mesmo autor, os produtos formados pela hidratação dos

aluminatos são estruturalmente semelhantes, sendo que a reatividade do C4AF

é mais lenta que a do C3A. Entretanto, com o aumento do teor de alumina e

redução da temperatura resultante da hidratação, sua reatividade (C4AF)

aumenta.

A gipsita reage com o C3A formando um mineral chamado etringita

(C6AS3H32). A etringita cristaliza-se como pequenas agulhas prismáticas na

superfície do C3A, formando assim uma barreira, reduzindo a velocidade de

hidratação do mesmo. Posteriormente ela se transforma em

monosulfatoaluminato de cálcio hidratado (monosulfato), devido à diminuição

da concentração de sulfatos na mistura, e aumento do teor de aluminatos. O

monosulfato apresenta-se em forma de placas hexagonais delgadas.

(CARVALHO, 2002).

De acordo com FARIA (2004), nas primeiras idades da reação, a

formação de etringita é muito rápida, mas a sua taxa diminui à medida que o

restante de C3A e C4AF se torna coberto pelo produto formado. A etringita,

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segundo CARVALHO (2002), é o primeiro hidrato a se cristalizar, devido à

elevada relação sulfato/aluminato inicialmente. Desta forma, pode-se dizer que

a etringita contribui para o enrijecimento, pega e desenvolvimento da

resistência inicial.

2.3.4 Tipos e composição do cimento

Produzido pela mistura de suas matérias-primas, a base do cimento

Portland é aquecida até uma temperatura de aproximadamente 1400°C

(2550°F) em forno rotativo, onde o material sofre sinterização e funde,

parcialmente, formando bolas denominadas de clínquer.

Os materiais da construção civil como o concreto, argamassa e outros

produtos que utilizam o cimento Portland como aglomerante, podem ser

retratados como materiais compósitos de matrizes cimentícias. Tal abordagem

provoca divergências entre engenheiros civis e de materiais devido às

diferenças conceituais, de terminologia e tipo de análise (PANZERA, 2007).

Ressalta-se que para o estudo apresentado nesse trabalho, os materiais

cimentícios, oriundos ou não do setor da construção civil, receberão uma

análise voltada para a teoria dos materiais compósitos.

O cimento Portland, no Brasil, é normalizado com vários tipos, conforme

Tabela 3. Esses tipos se diferenciam de acordo com a proporção de clínquer e

sulfatos de cálcio, material carbonático e de adições, tais como escórias,

pozolanas e calcário, acrescentadas no processo de moagem (ABC, 2002).

Podem diferir também em função de propriedades intrínsecas, como alta

resistência inicial, a cor branca etc.

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Tabela 3: Tipos e composição dos cimentos Portland (E-CIVIL, 2012)

Cimento

Portland

(ABNT)

Tipo Clínquer +

Gesso (%)

Escória

Siderúrgica (%)

Material

pozolânico (%) Calcário (%)

CP I Comum 100 - - -

CP I - S Comum 95 - 99 1 – 5 1 – 5 1 - 5

CP II - E Composto 56- 94 6 – 34 - 0 - 10

CP II - Z Composto 76 - 94 - 6 – 14 0 - 10

CP II - F Composto 90 - 94 - - 6 - 10

CP III Alto-forno 25 - 65 35 – 70 - 0 - 5

CP IV Pozolânico 45 - 85 - 15 – 50 0 - 5

CP V - ARI

Alta

resistência

inicial

95 - 100 - - 0 - 5

Os diferentes tipos de cimentos normalizados são designados pela sigla e

pela classe de resistência. A sigla corresponde ao prefixo CP acrescido de

algarismos romanos I a V, sendo as classes de resistências indicadas pelos

números 25, 32 e 40. Estas apontam os valores mínimos de resistência à

compressão (expressos em megapascal. - MPa), garantidos pelos fabricantes,

após 28 dias de cura (ABCP, 2012). A Tabela 4 apresenta a nomenclatura dos

cimentos Portland.

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Tabela 4: Nomenclatura dos cimentos Portland (E-CIVIL, 2012)

Nome técnico Sigla Classe Identificação do tipo e

classe

Cimento portland

comum

(NBR 5732)

Cimento portland

comum CP I

25

32

40

CP I-25

CP I-32

CP I-40

Cimento portland

comum com adição CP I-S

25

32

40

CP I-S-25

CP I-S-32

CP I-S-40

Cimento portland

composto

(NBR 11578)

Cimento portland

composto com escória CP II-E

25

32

40

CP II-E-25

CP II-E-32

CP II-E-40

Cimento portland

composto com pozolana CP II-Z

25

32

40

CP II-Z-25

CP II-Z-32

CP II-Z-40

Cimento portland

composto com filer CP II-F

25

32

40

CP II-F-25

CP II-F-32

CP II-F-40

Cimento portland de alto-forno

(NBR 5735) CP III

25

32

40

CP III-25

CP III-32

CP III-40

Cimento portlandpozolânico

(NBR 5736) CP IV

25

32

CP IV-25

CP IV-32

Cimento portland de alta resistência inicial

(NBR 5733) CP V-ARI -

CP V-ARI

Cimento portland resistente aos sulfatos

(NBR 5737) -

25

32

40

Sigla e classe dos tipos

originais acrescidos do sufixo

RS. Exemplo: CP I-32RS, CP

II-F-32RS, CP III-40RS etc.

Cimento portland de baixo calor de hidratação

(NBR 13116) -

25

32

40

Sigla e classe dos tipos

originais acrescidos do sufixo

BC. Exemplo: CP I-32BC, CP

II-F-32BC, CP III-40BC etc.

Cimento portland

branco

(NBR 12989)

Cimento portland branco

estrutural CPB

25

32

40

CPB-25

CPB-32

CPB-40

Cimento portland branco

não estrutural CPB -

CPB

Cimento para poços petrolíferos

(NBR 9831) CPP G

CPP - classe G

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21

2.4 Fatores que influenciam compósitos cimentícios reforçados

com fibras vegetais

As fibras vegetais são compósitos naturais com uma estrutura celular

constituída por camadas de celulose, hemicelulose e lignina. A celulose é um

polímero natural composto por moléculas de glucose e a hemicelulose é um

polímero composto de vários polissacarídeos. Já a lignina é uma mistura

heterogênea de polímeros aromáticos e monômeros de fenilpropano, Apesar

das fibras vegetais possuírem uma elevada resistência a flexão, possuem um

baixo módulo de elasticidade, ainda assim comparam de forma favorável com

as fibras sintéticas (LI et al. 2006)

Embora seja inegável o potencial apresentado pelas fibras vegetais no

reforço de matrizes frágeis, cabe ressaltar que uma das maiores limitações à

disseminação de uso em componentes construtivos refere-se à sua limitada

vida útil. O ataque em meio alcalino sofrido pelas fibras vegetais torna-se o

maior inconveniente para que suas propriedades originais e a de seus

compósitos sejam mantidas (RODRIGUES et al., 2013). JOHN e AGOPYAN

(1993) relataram as possibilidades de se efetuar um tratamento preliminar nas

fibras vegetais e/ou na matriz, de forma que se possa aumentar a durabilidade

do compósito.

Dentre as sugestões feitas por Silva et al., 2012, a impregnação das fibras

com agentes repelentes à água, deve controlar a degradação das fibras

lignocelulósicas decorrente do meio alcalino.

Uma das desvantagens relacionadas com fibras vegetais como reforço de

matriz frágil é o fato das propriedades não apresentarem um padrão regular e

homogêneo.

O estudo de inserção de fibras de cana de açúcar em matriz cimentícia

para aproveitamento na construção civil, em painéis e em diversas outras áreas

onde esse resíduo possa ser aproveitado já vem de longa data. Em 1978,

RACINES e PAMA realizaram ensaios de absorção de agua, expansão,

contração, combustibilidade, resistência ao impacto, permeabilidade e

durabilidade, para três diferentes volumes de fibra (10, 20 e 30%) e puderam

concluir que a melhor pressão de moldagem é de 1,75 MPa para atingir a

máxima resistência, que a presença de vazios ocupados pelo ar afeta

Page 43: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

significativamente a resistência dos compósitos, e que a inserção de

proporções menores que 10% de fibra apresentam melhores resultados para o

compósito.

O CEPED (1982) não chegou a ensaiar compósitos de fibrocimento com

fibra de bagaço de cana-de-açúcar, devido às dificuldades encontradas no

desfibramento, aliado ao fato de ter o bagaço de cana-de-açúcar, inúmeras

outras aplicações.

Trabalhando com concreto de traço 1:2:4 (areia, cimento e água)

reforçado com fibras de cana-de-açúcar, cortadas em pedaços de

comprimento variável entre 25 e 38 mm, AZIZ et al. (1986) encontraram valores

para a resistência ao impacto, ao 28º dia, da ordem de 1,96 MPa.

Segundo o ICIDCA (1988), além das fabricas produtoras de painéis

prensados, ou com resina sintética, investiga-se a produção de painéis de

bagaço de cana-de-açúcar aglomerados com cimento, realizando-se ensaios,

em condições de laboratório e de planta piloto, com bons resultados. Os

painéis de bagaço-cimento conjugam as vantagens dos painéis a base de

resinas sintéticas (boa resistência mecânica, facilidade de trabalho, etc.,) com

as propriedades vantajosas do cimento (resistência ao fogo, ao ataque de

fungos e insetos, e as intempéries).

Tabela 5: Resultados obtidos por HESS e BUTTICE – Adaptado de

SARMIENTO, 1996.

Absorção de água pelas fibras : 400%

Resistencia a tração da argamassa 3,9 MPa

Resistencia a compressão da argamassa 20,2 MPa

Massa específica aparente das fibras soltas 70,0 kg/m3

Massa específica aparente das fibras compactadas 140,0 kg/m3

Resistencia a compressão 2,1 MPa

Resistencia a compressão com aditivo 5,2 MPa

Resistencia a flexão 0,6 MPa

Resistencia a flexão, com aditivo 1,5 MPa

HESS e BUTTICE (1990) estudaram a utilização do bagaço de cana-de-

açúcar, em mistura com micro concreto de cimento Portland comum, e suas

possibilidades de uso como material mais econômico em substituição ao

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convencional, eles utilizaram fibras de bagaço de cana-de-açúcar destinadas a

manufatura de papel, com dimensões variáveis entre 10 e 70 mm. Os corpos

de prova foram submetidos a ensaios de flexão e compressão simples, cujos

resultados estão apresentados na Tabela 5:

Finalmente, concluíram HESS e BUTTICE (1990) que as resistências

aumentaram notavelmente, com o uso de aditivo, assim como foi evidente a

ação das fibras, na ruptura a tração, que permaneceram aderidas a

argamassa.

AGGARWAL (1995) investigou a otimização de compósitos utilizando

partículas de bagaço de cana-de-açúcar, abundante em muitos países, com

aplicação na construção civil. Após a realização dos ensaios de absorção de

água, densidade, inchamento, flexão e tração, e do ensaio de durabilidade, em

ciclos acelerados, variando o tempo e a temperatura, incluindo imersão em

água durante 720 dias, afirmou que o bagaço de cana-açúcar pode ser usado

para a produção de materiais compósitos com cimento, e que os compósitos

bagaço-cimento apresentam alta e uniforme performance na presença de

umidade e nos ciclos alternados de secagem e umedecimento, sendo,

portanto, recomendados para uso em construção civil. Os resultados obtidos

por AGGARWAL estão apresentados na tabela 6.

Tabela 6: Resultados obtidos por AGGARWAL– Adaptado de SARMIENTO, 1996.

Propriedades do compósito Bagaço-Cimento

Valores conforme AGGARWAL

Valores conforme ISO

Densidade (kg/m³) 1550-1650 1000 (mín)

Umidade (%) 6,5 - 6,8 6 - 12

Absorção de água (%) 12,5 - 14,5 ---

Inchamento em água (%) 0,30 - 0,46 2 (máx)

Resistencia a flexão (MPa) 8,85 - 9,60 9 (mín)

Resistencia a tração (MPa) 1,60 - 1,14 0,45 (mín)

Sarmiento (1996) submeteu as fibras de cana-de-açúcar a tratamento

com silicato de sódio em combinação com sulfato de alumínio com a finalidade

de:

a) "mineralizar'' as fibras, protegendo-as contra a agressão do meio

alcalino proporcionado pelo cimento;

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b) imobilizar a matéria orgânica constituinte e diminuir sua capacidade

de absorção de água, de modo a evitar possíveis variações

dimensionais;

c) reduzir ao mínimo a interferência nas retrações de pega e

endurecimento do cimento; d) proporcionar melhores qualidades ao

compósito produzido, tais como durabilidade, resistência ao fogo e

resistência ao ataque de microrganismos.

Figura 5- Resultado da absorção de água da fibra de cana-de-açúcar observada

por SARMIENTO, 1996

Sarmiento conclui que a absorção de água nas fibras ocorre nos primeiros

instantes de imersão, estabilizando-se em seguida, como ilustrado na Figura 5.

Que a redução de água em função do tratamento químico, em ate 50 a 60%

leva a supor que, em consequência disso, a própria variação dimensional do

compósito seja reduzida, uma vez que sua principal causa reside exatamente

na variação do teor de umidade.

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Silva (2010) realiza novamente o tratamento com silicato de sódio e

sulfato de alumínio e introduz um segundo tratamento feito com calda de

cimento. Esse tratamento consistiu em imergir as fibras em solução de

água/cimento por um período de 24h e depois seca-las ao ar. Antes dos

tratamentos, Silva promovia a lavagem das fibras em água, ou fervura,

caracterizando a absorção de água como ilustra o gráfico 1.

Gráfico 1- Resultados de absorção de água da fibra SILVA, 2002.

Silva conclui que o melhor tratamento, do ponto de vista da diminuição na

absorção de água, foram aqueles que utilizaram produto químico e nata de

cimento, antecedidos pelo processo de lavagem em água corrente mais fervura

por 30 min.

2.5 Relação água e cimento

A relação água/cimento é um dos fatores mais importantes que

influenciam a resistência como também outras propriedades de compósitos

cimentícios de alto desempenho (MEHTA e MONTEIRO, 2006).

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Segundo a Lei de Abrams, a resistência de um concreto depende

fundamentalmente do fator água/cimento, isto é, quanto menor for este fator,

maior será a resistência do concreto. Mas, evidentemente, deve-se ter um

mínimo de água necessária para reagir com todo o cimento e dar

trabalhabilidade ao concreto. A maioria dos defeitos na resistência mecânica do

concreto é causada pelo excesso de água colocado a fim de facilitar o

amassamento. A influência desta relação é representada pela quantidade de

água não necessária à hidratação do cimento e que irá evaporar, deixando

vazios no interior, os quais serão diretamente responsáveis pela queda da

resistência. (TAKATA, 2009)

Como consequência da diminuição na relação água/cimento na pasta

cimentícia, as partículas de cimento ficam mais próximas, como mostrado na

Figura 6. A aproximação das partículas de cimento e movimentação da água

no sistema favorece a formação de produtos de hidratação interna (AITCIN,

2000). Consequentemente haverá menor porosidade e menos espaço para o

desenvolvimento de produtos externos de hidratação. Além disso, como haverá

menos quantidade de água, a água do sistema ficará mais rapidamente

saturada com os íons responsáveis pelo desenvolvimento de produtos da

hidratação. Desta forma, os íons de hidratação formam pontes e reagem mais

facilmente.

Figura 6: Representação esquemática de duas pastas de cimento, uma contendo uma

relação água/cimento igual a 0,65 e a outra igual a 0,25 (Aitcin, 2000). Adaptado de

DETOMI, 2012.

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2.6 Biomassa vegetal

A biomassa vegetal pode ser considerada um recurso renovável e, por

isso, uma fonte inesgotável de recursos naturais disponíveis para o uso. Pode

ser apresentada na forma de resíduos industriais como a serragem, cavacos ou

maravalhas e talos de frutas; ou agroindustriais como o bagaço de cana-de-

açúcar, casca de arroz e palhas de outros cereais. Partículas provenientes da

desintegração mecânica de colmos, como o bambu, também podem ser

obtidas no meio rural. (MESA - VALENCIANO, 2004).

Algumas das fibras disponíveis e já estudadas no Brasil são malva, coco,

polpa de celulose, sisal, cana-de-açúcar e a casca de arroz. Estas fibras, em

forma de resíduos, podem ser aproveitadas na tecelagem, fiação, produção de

filtros, mantas, tapetes, substratos agrícola, produção de papel e celulose

(MESA-VALENCIANO, 2004).

2.6.1 Fibra da Cana-de-açúcar

Bagaço é o resíduo lignocelulósico fibroso do colmo da cana-de-açúcar,

obtido após moagem e extração do caldo; formado por um conjunto

heterogêneo de partículas de tamanho variável entre 1,00 e 25,00mm (média

de 20,00 mm), a distribuição em tamanho das partículas do bagaço

depende, fundamentalmente, dos equipamentos de preparação da cana e,

em menor grau, dos moinhos e da variedade da cana-de-açúcar

(GEPLACEA, apud SARMIENTO 1996).

Em comparação com outros resíduos agroindustriais, pode-se afirmar que

o bagaço reúne uma série de condições, o que faz com que ele seja o material

fibroso com mais possibilidades de industrialização, já que se encontra

potencialmente disponível em grandes quantidades; para cada tonelada de

cana de açúcar processada, se obtém aproximadamente 270 kg de bagaço

com 50% de umidade, (CONAB, 2011).

2.6.2 Composição física do bagaço de Cana-de-açúcar

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Sarmiento (1996) diz que o bagaço de cana-de-açúcar é composto de

fibras (43 a 52%), água (46 a 52%) e pequenas quantidades de sólidos

solúveis (sacarose, cera) e não solúveis (terra, pedras), estes num total de 2 a

6%; porém esta composição varia dependendo da qualidade da cana

empregada, do tempo de maturação, método e época de colheita, além do

processo de extração do caldo utilizado no processo de industrialização da

cachaça, do álcool ou açúcar.

O que se chama de fibra é, em verdade, um conjunto de filamentos

individuais formados por fibrilas unidas por componentes químicos orgânicos

não cristalinos (lignina e hemicelulose). Estas fibrilas são compostas por

moléculas de celulose e estão orientadas em ângulos distintos, formando as

diversas camadas que compõem a macrofibra. Esta composição química

determina a estabilidade aos efeitos da degradação, propriedade importante

para o uso em compósitos (SILVA, 2010).

A figura 7 ilustra o esquema estrutural de uma fibra ligno-celulósica.

Figura 7- Esquema da Estrutura da fibra de celulose e de uma microfibra.

COUTTS citado por SAVASTANO (2000) estudou essa disposição e

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encontrou células das fibras com dimensões entre 10µm e 25µm de diâmetro e

compostas por quatro camadas de microfibrilas. As dimensões das células

podem influenciar nas duas características. Fibras com relação de aspecto

(comprimento/espessura) alta tendem a possuir resistência á tração mais

elevadas, podendo contribuir positivamente com a resistência á flexão do

compósito, pelo efeito de melhor ancoragem na matriz (McKENZIE, 1994).

Contudo, relações de aspectos altas podem também conduzir a reduções nos

valores de absorção de energia do compósito, pela ruptura da fibra, em

detrimento de seu arrancamento da matriz. As fibras longas podem ainda trazer

dificuldades nos processos de produção de compósitos por meio de dispersão

em solução aquosa (SAVASTANO Jr, 2000). O mesmo autor também justificou

a elevada absorção de água e massa específica aparente das fibras, pela

grande incidência de poros permeáveis oriundos das lacunas e lumens

encontrados nas fibras. A absorção alta favorece o apodrecimento da fibra bem

como facilita o ataque alcalino da matriz, considerando prejudicial

(SAVASTANO Jr., 1992).

A Tabela 7 ilustra as características típicas da fibra de cana-de-açúcar.

Tabela 7: Características Típicas da Fibra de cana-de-açúcar Adaptado de

SARMINETO, 1996

Característica da fibra AZZIZ et al. (1986) RACINES; PAMA (1978)

Densidade Relativa 1,2 - 1,3 1,25

Massa Especifica Aparente (kg/m³) 300 - 400 **

Diâmetro da fibra (mm) 0,2 - 0,4 0,24

Comprimento da fibra (mm) 50 - 300 26,03

Resistência a tração (Mpa) 70 - 290 200,2

Módulo de elasticidade (10³ MPa) 15 - 19 17,23

Absorção de água (%) 70 - 75 78,5

Teor de umidade (%) ** 12,1

2.6.3 Composições Morfológicas da fibra de cana-de-açúcar

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Sarmiento (1996) apresenta a fibra do bagaço de cana-de-açúcar sendo

composta por diferentes elementos morfológicos na seguinte proporção:

•Fibras longas da polpa 50%

•Parênquima 30%

•Vasos fibrovasculares 15%

•Células epidérmicas 5%

A epiderme, capa fina que recobre a cana, atua como camada

impermeabilizante, e contém abundantes componentes não fundamentais da

cana, quimicamente classificados como extrativos.

A polpa, composta de fibras muito lignificadas, tem como função principal,

sustentar a planta. No seu interior encontra-se o tecido parenquimatoso, cuja

função é armazenar o suco açucarado, sendo que, dentro deste tecido,

aparecem os vasos fibrovasculares compostos por fibras e vasos que,

conjuntamente, cumprem a função de sustentar e conduzir os alimentos e

produtos elaborados ao longo das folhas da planta.

As Figuras 8 (a) e (b) mostram o bagaço integral, após o processo de

moagem, onde seu conteúdo, em base seca, é aproximadamente:

•Fibra 55 – 60%

•Medula 30 – 35%

•Finos, terra e solúveis 10 – 15%

Contudo, estes valores vêm sofrendo variações com o desenvolvimento

da mecanização e com a utilização crescente de variedades mais leves

de cana, com baixo conteúdo fibroso e alto teor de sacarose (SARMIENTO,

1996).

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Figura 8 – Bagaço de cana-de-açúcar após processo de extração do caldo; (a)

Monte de bagaço; (b) Zoom aproximado do bagaço.

2.6.4 Densidade e umidade da fibra de cana-de-açúcar

Segundo Geplacea, citado por Sarmiento, (1996), a densidade e umidade

do bagaço são as duas características físicas mais importantes relacionadas

com os processos de utilização industrial.

O bagaço é um material constituído por fibras com espaços vazios entre

elas, além de poros e do lúmen. A massa específica aparente do bagaço de

cana-de-açúcar depende de vários fatores, dentre os quais o mais importante é

o grau de compactação do material e a umidade.

A umidade do bagaço está em relação direta com o alto nível

higroscópico da medula, assim como a porosidade das partículas, daí a grande

capacidade de absorção (80 – 85% de umidade); a umidade de equilíbrio

média do bagaço está situada entre 9 e 10% (SARMIENTO, 1996).

2.7 Compósitos de biomassa vegetal-cimento

A utilização de fibras, para reforçar argamassas cimentícias e concretos,

vem de longa data e foi considerada um dos maiores avanços no sentido de

melhorar a qualidade do concreto e argamassas, devido ao incremento na

resistência à tração do compósito, modificando-o de um material de ruptura

frágil para dúctil, minimizando a fissuração e aumentando a capacidade de

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absorção de energia e a resistência ao impacto.

Pode-se determinar como Compósito de Biomassa Vegetal-Cimento

(CBVC) a matriz cimentícia, pasta ou argamassa de cimento, reforçada com

partículas provenientes de uma biomassa vegetal qualquer agregando

propriedades não disponibilizadas pela matriz (MOUGEL et al.1994)

A utilização de biomassa vegetal vem apresentando grande potencial de

reaproveitamento na área da construção civil apresentando avaliações

positivas de aspecto econômico e tecnológico, os CBVC pertencem à categoria

dos “concretos leves”, pois apresentam uma massa específica aparente entre

os 400 kg/m3 a 1500 kg/m3. Uma série de propriedades se torna inerente a

essas categorias distintas de CBVC: comportamento mecânico, resistência ao

fogo, isolamento térmico, dissipação acústica, resistência aos ciclos de gelo e

degelo. (BERALDO,2006)

As matérias primas de origem vegetal, em sua grande parte, são

inibidoras à pega e à hidratação do aglomerante. Esse comportamento

indesejável pode ser atribuído à presença de substâncias solúveis em água

(SILVA, 2010).

2.7.1 Incompatibilidades biomassa vegetal FBC-cimento

Savastano JR, 2000, explica que compósitos formados por matrizes

frágeis e fibras vegetais têm dois fatores determinantes; o ataque alcalino as

fibras e a incompatibilidade física entre fibras e matrizes.

A região da matriz em torno da fibra (zona de transição) é caracterizada

pela porosidade elevada, permitindo acúmulo de água com pH superior a 13

devido presença de grandes quantidades de hidróxido de sódio (SAVASTANO

ET AL., 1994). A decomposição da celulose se dá segundo mecanismos de

descascamento e de hidrólise alcalina. O mecanismo de descascamento é

razoavelmente inofensivo, graças ao alto grau de polimerização da celulose, só

se intensificando a temperaturas superiores a 75º C (PIMENTEL, 2004). Este

mecanismo de degradação também foi reportado por Toledo Filho (1997).

A incompatibilidade física é resultado das diferenças significativas na

movimentação higroscópica das fibras e da argamassa, nas fibras, a água

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tende a se movimentar mais, e tal fato gera esforços mecânicos cíclicos na

matriz, os quais podem levar à microfissuração generalizada. A utilização de

polímero para aumentar a aderência entre a fibra e a matriz, além de reduzir a

absorção de água pela fibra, pode vir a reduzir tais esforços mecânicos.

(PIMENTEL, 2004)

2.7.2 Tratamentos para Redução de incompatibilidade com a Matriz

Cimentícia

A durabilidade dos compósitos reforçados com fibras vegetais esta

relacionada com a capacidade destes para resistirem tanto a ataques externos

como temperatura, variações de umidade, ataque de sulfatos ou cloretos, etc.,

ou internos como a compatibilidade entre as fibras e a pasta de cimento,

variação volumétrica das fibras, etc.. (TORGAL e JALALI, 2010).

Para as fibras vegetais, técnicas naturais como época de corte,

estocagem e outras, foram insuficientes para evitar a incompatibilidade química

com o cimento. Solução viável seria a opção por tratamentos, químicos ou

físicos, que dependem das características da biomassa vegetal (SARMIENTO,

1996). PIMENTEL (2004) baseia-se em quatro procedimentos de tratamento

para solucionar a baixa durabilidade das fibras vegetais em matriz cimentícia,

são eles:

• Modificação na matriz de modo a reduzir a alcalinidade (obtida com

cimentos alternativos à base de escória de alto forno);

• Vedação dos poros da matriz (obtida com adição de polímeros);

• Impermeabilização da superfície do componente final;

• Proteção das fibras por impregnação de produtos impermeabilizantes

ou pela ação de tratamento químico.

Outras técnicas para tratamento da fibra são citadas por Sarmiento

(1996):

- Lavagem

Ela apresenta o tratamento como sendo uma das técnicas mais simples e

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econômicas, sendo que o tempo e a temperatura podem ser variáveis.

TEIXEIRA e GUIMARÃES (1989), não verificaram diferença entre o período de

½ hora e o de 1 hora, na lavagem a quente (80ºC) de partículas de

Acaciameansii.

- Torrefação

O tratamento consiste em submeter a biomassa vegetal a temperaturas

entre 180 e 270° C, eliminando-se a água e certos produtos voláteis, e

provocando uma degradação térmica na das hemiceluloses, reduzindo, assim,

a quantidade de substancias nocivas ao cimento.

- Pulverização

Segundo MOUGEL (1992), esta técnica consiste em envolver as

partículas com substancias hidrófobas como óleos, ceras, resíduos minerais,

entre outros. Desse modo, as partículas ficam impermeabilizadas e protegidas;

porem, esta técnica deve ser utilizada de maneira que as partículas não fiquem

entrelaçadas e coladas, devendo-se considerar, também, a aderência da

partícula com a matriz, como resultado do uso destas substancias.

• Mineralização

Esta e outra técnica simples, usada para limitar a liberação de agentes

inibidores e melhorar a estabilidade dimensional, ou seja, a impregnação das

partículas com substâncias inorgânicas, como sais, formando soluções. A

técnica é aplicada em fibras vegetais, ajudando no auxílio à eliminação do

efeito de absorção de água e na prevenção do apodrecimento por

ataque de fungos e bactérias (SILVA, 2010).

SARMIENTO (1996) mineralizou a fibra de cana com silicato de sódio e

sulfato de alumínio, obtendo bons resultados na neutralização da sacarose na

pega do cimento.

Mineralização em calda de cimento foi um tratamento proposto por

ALVESET. al (2008), para contornar a questão da combustibilidade da

fibra e imunizá-la ao ataque de fungos e bactérias. Os autores obtiveram

bons resultados no tratamento de fibras de bambu.

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2.8 Resina Fenólica

As resinas fenólicas são as mais antigas dos polímeros termofixos, pois

foram de certo modo os primeiros materiais genuinamente sintéticos

conhecidos e desde sua produção inicial (1912) desenvolveram-se

rapidamente e alcançaram importância industrial em todos os países para um

grande número de aplicações (LEITE, 2002).

Quanto às características de fusibilidade, a resina fenólica se enquadra

dentro de materiais termofixos (termorrígidos), pois não possui a capacidade de

ser moldada várias vezes, sob a ação de calor e depois retornar às

características anteriores quando houver um decréscimo na temperatura, como

acontece com os termoplásticos, pois as cadeias macromoleculares estão

unidas entre si por ligações químicas covalentes, formando uma estrutura

tridimensional (LUCAS et al., 2001).

As resinas fenólicas derivam da reação de condensação de fenóis

(C6H3OH) e aldeídos, tais como o formaldeído (HCHO). A natureza química do

fenol e formaldeído usados, o tipo e quantidade de catalisador, tempo e

temperatura de reação representam um papel importante na definição das

características da resina fenólica. Este controle determina a moldabilidade do

produto durante o processamento e a confiabilidade de que após seu

processamento tenha se convertido em um material duro, não reversível e

durável (LUBIN, 1969).

A resina fenólica pura é obtida através da reação de condensação entre o

fenol e o formaldeído. O processo consiste fundamentalmente no aquecimento

dos reagentes até a condensação química, que pode ser acelerada pelo uso de

catalisadores, ácidos ou básicos (MILES e BRISTON, 1975). Um esquema

desta reação é apresentado na Figura 9.

As propriedades marcantes desta resina são: alta resistência mecânica e

térmica, boa resistência química, estabilidade dimensional, rigidez, isolamento

elétrico e baixo custo (Mano,1991) .

Com o objetivo de diminuir a absorção de água, aumentar a durabilidade

da fibra em meio alcalino e impedir o ataque de bactérias, impregnar a fibra

vegetal com substâncias com baixa absorção de umidade resultaria em um

material com características melhores para inserção na matriz cimentícia.

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Figura 9- Reação de condensação para formação da resina fenolformaldeído (resina

fenólica). Adaptado de LEITE (2002)

2.9 Análise estatística

Os experimentos planejados estatisticamente podem ser utilizados tanto

no desenvolvimento de novos produtos e processos, como em melhorias

desses, e destinam-se a tornarem a análise de dados tão eficiente e

informativa quando possível (PANZERA, 2007).

Com o objetivo de determinar a influência de diversas variáveis nos

resultados de um dado sistema ou processo, utiliza-se do planejamento

experimental, ou delineamento experimental que representa um conjunto de

ensaios estabelecido com critérios científicos e estatísticos. Quando se refere

ao projeto de produtos, o planejamento experimental permite a avaliação e a

comparação de configurações distintas, avaliação do uso de materiais diversos,

a escolha de parâmetros de projeto adequados a uma ampla faixa de utilização

do produto e também à otimização de seu desempenho (BUTTON, 2005).

O planejamento fatorial é indicado quando se deseja estudar os efeitos de

duas ou mais variáveis de influência. Em cada tentativa ou réplica, todas as

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combinações possíveis dos níveis de cada variável são investigadas. Quando o

efeito de uma variável depende do nível das outras variáveis, diz-se que há

interação dessas variáveis (VIEIRA, 2013).

O planejamento de experimentos advém do inglês Design of Experiments,

DOE, o qual representa um conjunto de ensaios estabelecido através de

critérios científicos e estatísticos, que possibilita a identificação da influência de

fatores em um dado sistema ou processo, a detecção e correção de problemas,

e ainda a possibilidade de interações entre os fatores estudados (BUTTON,

2005).

Análise de Variância (ANOVA – Analysis of Variance) é uma analise

estatística utilizada para avaliar a influência exercida por dois ou mais fatores

sobre a variável de interesse e se há interações significativas entre os fatores.

A hipótese nula é que todas as médias são iguais, enquanto a hipótese

alternativa considera que pelo menos uma média é diferente

(MONTGOMERY,2001).

Os resultados obtidos através da Análise de Variância são expostos em

uma tabela, cujo conteúdo são os parâmetros utilizados no cálculo do P-valor.

Através dos valores experimentais das réplicas 1 e 2, os valores de “p”

demonstram quais os efeitos no sistema que são estatisticamente significantes.

Se o P-valor for menor ou igual à α, então o valor é significante. Sendo α

igual à 0,05, pode-se concluir que o nível de significância da condição

analisada é de 95%. O que sucede após a análise da variância é a disposição

dos resultados em gráficos de “efeitos principais” e de “interações”. O valor de

R2 ajustado apresentado na Análise de Variância mede a variabilidade

presente nas observações da variável resposta y explicada pelas variáveis

preditoras presentes na equação de regressão. Quanto mais próximo de 1

(100%) for o valor de R2, melhor é a qualidade da equação ajustada aos dados

(MONTGOMERY, 2001).

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2.10 Objetivos do trabalho

O objetivo geral da presente pesquisa consiste em analisar as

características físicas e mecânicas de um compósito formado por matriz

cimentícia reforçado com fibra de cana-de-açúcar que sofreram tratamento com

resina fenólica visando melhorias no material de reforço quanto à absorção de

água, compatibilidade com a matriz cerâmica e resistência.

Dentre os objetivos secundários estão:

- Disponibilizar um material alternativo com ciclos produtivos sustentáveis;

- Disponibilizar um material com menor custo de implantação;

- Incentivar o uso de resíduos agroindustriais.

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39

2.11 Justificativa

O aproveitamento do bagaço de cana-de-açúcar para a fabricação de

compósitos é justificado pela grande disponibilidade desse material, um resíduo

da indústria sucroalcooleira. O Brasil é o maior produtor de cana-de-açúcar do

mundo. O País produz mais de 490 milhões de toneladas de cana-de-açúcar

por ano (safra 2011/2012). O Brasil é também o 1º Produtor Mundial de Açúcar,

responsável por 25% da produção mundial e 50% das exportações mundiais e

o 2º Produtor Mundial de Etanol, sendo responsável por 20% da produção

mundial e 20% das exportações mundiais (UNICA, 2013).

A queima para produção de energia, a partir do bagaço da cana-de-

açúcar, ocorre no processo de produção da usina. O subproduto é levado por

uma esteira até a caldeira, que realiza a queima. Depois de passar pelas

turbinas e geradores, o vapor produzido na queima gera energia elétrica

(CARDOSO, 2011).

Entretanto, a queima do bagaço de cana-de-açúcar não agrega valor ao

material. Assim, num país em que se têm, aproximadamente, 8.800.000 ha

cultivados com cana-de-açúcar, faz-se necessário o desenvolvimento de novas

pesquisas e técnicas que proporcionem destino sustentável ao montante dos

subprodutos oriundos dessa plantação.

É neste contexto tecnológico e social que este projeto de pesquisa visa

suprir as novas demandas da sociedade, através do desenvolvimento de

materiais sustentáveis para a construção civil.

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CAPÍTULO 3

METODOLOGIA EXPERIMENTAL

O programa experimental foi elaborado para avaliar as características

físicas e mecânicas do compósito formado por matriz cimentícia reforçada com

fibras de cana de açúcar verificando a potencialidade da reciclagem desta fibra

vegetal disponível em grandes quantidades em nosso país.

Desta forma este capítulo apresenta o processo de fabricação dos

compósitos, bem como a metodologia experimental utilizada e os

procedimentos de cada ensaio.

Os compósitos particulados de matriz cerâmica em estudo são

constituídos de uma fase matriz cimentícia, uma fase dispersa constituída de

fibras de cana de açúcar tratadas com resina fenólica, e água com

características de potabilidade. Nas seções seguintes, as matérias-primas

serão detalhadas.

3.1 Materiais Empregados

3.1.1 Fase matriz: cimento Portland

Para realização deste trabalho foi utilizado o cimento Portland Estrutural

CPV-ARI da marca CAUË (ASTM Tipo III) para desempenhar a função de fase

matriz. O cimento Portland utilizado na fabricação dos corpos de prova, em

ambas as réplicas, foi coletado do mesmo lote, visando eliminar variações

físico-químicas as quais poderiam afetar na homogeneidade dos compósitos.

3.1.2 Fase dispersa: fibra de cana de açúcar

O bagaço, mecanicamente moído, foi fornecido pela empresa Engenho

Século XVIII®, que trabalha com a produção de Água Ardente no município de

Coronel Xavier Chaves em Minas Gerais.

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41

Depois de seco em estufa a 60° C por 24 horas, para facilitar o processo

de quebra das fibras, o bagaço foi triturado em um moinho de rotor tipo ciclone,

modelo TE-651/2 marca TECHAl conforme Figura 10

Figura 10 – Moinho de rotor e peneiras.

Com as partículas menores, o bagaço passou por peneiramento mecânico

para atingir uma granulometria homogênea. O material utilizado foi o de

granulometria 9-20 US-Tyler, correspondente a fibras de 10 a 30 mm de

comprimento conforme ilustrado na figura 11b

Figura 11 – a) Peneirador mecânico com peneiras ABNT. b) Bagaço de cana

triturado.

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3.1.3 Tratamento das fibras

Com intuito de proteger as fibras contra as agressões do meio alcalino do

cimento e diminuir a sua capacidade de absorção de água, foi realizado um

tratamento físico de impregnação da fibra de cana-de-açúcar com Resina

Fenólica. A Figura 12 ilustra os recipientes e características da resina.

Figura 12 – Resina Fenólica

A resina Cura-Frio Uretânica não é inflamável e não contem solventes

aromáticos. O conjunto é composto de duas partes mais um catalisador, sendo

a parte 1 uma resina fenólica-formaldeído e a parte 2 uma mistura de poli-

isocianatos com solventes.

O catalisador é composto por uma amina que reage com as hidroxilas da

resina através de reações muito rápidas, formando uma estrutura termofixa.

Essas resinas podem ser utilizadas em fundições de metais ferrosos

obtendo-se um ótimo desempenho na confecção de machos e moldes.

Propriedades principais:

Parte 1

- Sólidos: 72% máximo

- Formol livre: 0,5% máximo

- Isenta de solventes aromáticos

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43

Parte 2

- Sólidos: 67% máximo

- Isenta de solventes aromáticos

As proporções utilizadas foram de 15 partes da Resina 1, 15 partes da

Resina 2 e uma parte de catalisador. Essa quantidade de resina trata 11,7g de

fibras de cana-de-açúcar em 6,5 minutos.

As partes foram colocadas em um recipiente metálico e em seguida foi

inserida a quantidade de fibra a ser tratada. O material foi misturado

manualmente até o enrijecimento da resina e desaglomeração das fibras.

3.2 Seleção das variáveis respostas

As variáveis respostas de interesse selecionadas para este trabalho

foram: densidade volumétrica, porosidade aparente, absorção de água e

resistência à compressão. Nos subitens seguintes uma descrição da

metodologia experimental destas variáveis será apresentada.

3.2.1 Absorção de água

3.2.1.1 Absorção de água da fibra

Certa quantidade de fibras secas, previamente pesadas, foi imersa em

água, retirando-as após decorrido determinados intervalos de tempo,

enxugando-as superficialmente e imediatamente pesando-as em uma balança

eletrônica de 0,001 g de precisão.

As pesagens foram feitas nos intervalos de um, dez e trinta minutos,

seguidas com tempos de uma, três, seis e doze horas terminando as aferições

com um, três e cinco dias.

O ensaio foi conduzido com três repetições e aplicado a fibra tratada com

resina e a fibra sem tratamento.

A quantidade de água absorvida foi calculada por diferença de pesagem

entre o peso úmido e o peso seco da amostra, e expressa em porcentagem.

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3.2.1.2 Absorção de água no compósito cimentício

A absorção de água de um material é dada pelo percentual de água

absorvida por um corpo de prova após a imersão em água sobre pressão

negativa constante, conforme descrito para a determinação da densidade e

porosidade aparentes. A Equação 3.1 foi utilizada para o cálculo desta variável

resposta.

1001

12

m

mmAb (3.1)

Onde:

Ab é a absorção de água (%);

m1 é a massa do corpo de prova seco (g); e

m2 é a massa do corpo de prova saturado (g).

Os corpos de prova (CP’s) para realização do ensaio de compressão

mecânica foram cortados conforme recomendações da norma NBR 7215,

obedecendo a proporção de 1:2 da secção cilíndrica.

3.2.2 Porosidade do compósito

A porosidade aparente, assim como a densidade aparente, foi

determinada por meio do princípio de Arquimedes, baseado na norma Britânica

BS 10545-3. A porosidade aparente é definida como a relação entre o volume

de poros abertos e o volume externo do corpo de prova.

A Equação 3.2 estabelece a porosidade aparente em função da medição

das massas do corpo de prova seco, saturado e submerso em água. A

porosidade aparente é a razão entre o volume de poros abertos e o volume da

porção impermeável da amostra.

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45

10032

12

mm

mmPa (3.2)

Onde:

m1 é a massa do corpo de prova seco (g),

m2 é a massa da amostra saturada com água (g) e

m3 é a massa da amostra totalmente submersa na água (g).

3.2.3 Densidade do compósito

Os valores de densidade aparente são maiores que os de densidade

volumétrica. Isso ocorre devido ao fato do valor do volume utilizado para o

cálculo de densidade aparente ser inferior ao volume utilizado para densidade

volumétrica, pois a densidade aparente considera os poros abertos da amostra.

A densidade aparente (ρa) foi determinada pela norma Britânica BS

10545-3 utilizando-se a Equação 3.3.

Vi

ma

1 (3.3)

Onde:

ρa é a densidade aparente (g/m3),

m1 é a massa do corpo de prova seco (g) e

Vi é o volume do corpo de prova (m3).

O volume Vi pode ser determinado pela Equação 3.4, considerando a

densidade da água sendo 1000Kg/m3.

3

31

/1000 mkg

mmVi

(3.4)

Onde:

Vi é o volume determinado pelo deslocamento de água (m3),

m1 é a massa do corpo de prova seco (g) e

m3 é a massa da amostra totalmente submersa na água (g).

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A Figura 13 mostra a montagem do vazo de pressão juntamente com a

bomba de vácuo que foram utilizados para saturação de água das amostras.

As amostras foram saturadas e mantidas em pressão negativa constante (max

23”hg) por 3 horas após esse tempo os corpos de prova eram mantidos por 24

horas no vazo de pressão.

Figura 13 - Câmara de vácuo para ensaio de densidade, porosidade aparente e

absorção de água.

3.2.4 Resistência à compressão e módulo de elasticidade estático

Os corpos de prova foram submetidos ao ensaio de resistência à

compressão seguindo as recomendações da norma NBR 7215. O ensaio

mecânico foi realizado em uma máquina de ensaios da marca Shimadzo,

ilustrada na Figura 14, com capacidade para 100kN e velocidade de

carregamento de 0,250 ± 0,05MPa/s. Este equipamento fornece a força

máxima de ruptura e a curva tensão-deformação, os quais foram utilizados

para calcular a resistência mecânica e o módulo de elasticidade estático

respectivamente.

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47

Figura 14 – Equipamento de ensaio de compressão

A resistência à compressão foi calculada individualmente para cada CP

(dividindo-se a carga de ruptura pela área da secção transversal do CP) sendo

que a resistência média será obtida pela média aritmética das resistências

individuais de cinco CP’s com a mesma idade.

c

cA

PR (3.5)

Onde:

Rc é resistência à compressão (MPa);

P é carga máxima de ruptura(N);

Ac é área da superfície de carregamento (mm2).

O Módulo de Elasticidade ou Módulo de Young (E) é um parâmetro que

proporciona uma medida da rigidez do material sólido, e é determinado pela

razão entre a tensão aplicada e a deformação resultante. O módulo pode ser

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determinado pelo gráfico tensão-deformação, obtido em ensaio mecânico de

compressão, através da inclinação da secante da curva obtida no regime

elástico.

E (3.6)

Onde:

E é módulo de elasticidade ou módulo de Young (MPa);

σ é a tensão aplicada (MPa);

ε é a deformação do corpo de prova (adimensional).

3.3 Análise Microestrutural

Uma análise microestrutural foi realizada utilizando-se o microscópio de bancada

da marca Hitachi modelo TM3000, ilustrado na Figura 15, com detector de

retroespalhamento de elétrons e com uma tensão de aceleração de 15 kV. As

imagens de elétrons retroespalhados permitiram a identificação de poros nas

fibras com tratamento e sem tratamento.

Figura 15 – Microscópio Hitachi TM3000.

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49

3.4 Escolha dos fatores e níveis experimentais

O objetivo deste trabalho foi analisar o efeito da inserção de fibras de

cana de açúcar, tratadas com resina fenólica, em compósitos de matriz

cerâmica sob esforços de compressão e quanto aos parâmetros físicos de

porosidade e densidade. Com isso os fatores e níveis experimentais

investigados neste experimento foram:

1- Tempo de cura (7, 14 e 28 dias);

2- % de fibra (5, 10 e 15%)

O planejamento experimental consistiu em realizar o comparativo entre a

inserção de 5, 10 e 15% de fibras tratadas em matriz cimentícia avaliando os

períodos de cura de 7, 14 e 28 dias, totalizando um planejamento fatorial do

tipo 3¹ x 4¹ gerando doze condições experimentais distintas (Tabela 8), nas

respostas: densidade, absorção de água, porosidade, módulo de elasticidade

de compressão uniaxial e resistência mecânica a compressão.

Tabela 8 – Planejamento Fatorial

Planejamento Fatorial 3¹ * 4¹

Condições

Dias de Cura % de fibra

C1 7 0

C2 7 5

C3 7 10

C4 7 15

C5 14 0

C6 14 5

C7 14 10

C8 14 15

C9 28 0

C10 28 5

C11 28 10

C12 28 15

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Considerando a adoção de duas réplicas, sendo cada réplica a média de

5 corpos de prova confeccionados no primeiro dia e mais 5 confeccionados no

segundo dia e doze condições experimentais, temos o total de 120 corpos de

prova para ensaios de compressão simples, mais 48 corpos de provas

confeccionados nas mesmas condições para ensaios de densidade e

porosidade. A réplica consiste na repetição da condição experimental,

proporcionando a estimativa do erro experimental de uma resposta individual. A

extensão desse erro é importante na decisão de existirem ou não efeitos

significativos que possam ser atribuídos à ação dos fatores (WERKEMA e

AGUIAR, 1996). Cabe ressaltar que a fabricação e os ensaios dos corpos de

prova foram realizados aleatoriamente, permitindo uma ordenação arbitrária

das condições experimentais e evitando que efeitos de fatores não controlados

afetassem as variáveis-respostas (BUTTON, 2005).

Dentre os fatores de maior relevância e possíveis de serem controlados,

escolheram-se três: relação água / cimento, inserção de fibra e tempo de cura.

Os fatores mantidos constantes no experimento foram: tempo de mistura

(5min) e temperatura de fabricação (~22ºC).

3.5 Análise estatística utilizando o Minitab

O software estatístico Minitab® (versão 16) foi utilizado para efetuar a

análise estatística dos resultados obtidos para os compósitos em estudo. As

ferramentas DOE (Design of experiments) e ANOVA (Análise de variância)

foram utilizadas para a análise das médias de cada réplica. Gráficos de efeitos

principais e de interações foram obtidos para os fatores estatisticamente

significativos, assim como os gráficos de resíduos para as variáveis respostas

analisadas.

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51

3.6 Fabricação dos corpos de prova

Os corpos de prova foram fabricados misturando-se manualmente

cimento, água e fibras de cana de açúcar. As misturas foram vazadas em

moldes cilíndricos de PVC fixados em base de vidro, conforme Figura 16

Figura 16 – Moldes cilíndricos de PVC.

Os ciclos de secagem foram determinados em sete, quatorze e vinte e

oito dias, após cada ciclo de secagem os corpos de prova foram desmoldados,

cortados e identificados. A Figura 17 exibe o equipamento Policorte com disco

diamantado, utilizada no corte das amostras.

Figura 17 - Policorte com disco diamantado.

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Os CP’s para realização do ensaio de compressão mecânica foram

cortados conforme adaptação da norma ASTM C39/C39M – 12 a, obedecendo

a proporção de 1:2 da secção cilíndrica.

Foram fabricados 168 corpos de prova de 27 mm de diâmetro por 58 mm

de altura para realização dos ensaios de compressão simples e para os

ensaios não destrutivos para cada condição experimental e réplica.

Cabe ressaltar que os CP’s utilizados no ensaio de compressão foram

faceados com equipamento especifico para corte de materiais cerâmicos a fim

de garantir o paralelismo exigido dos CPs e evitar o efeito do atrito causado

pela superfície dos CPs com as placas da máquina, o equipamento utilizado foi

uma Cortadora de precisão Isomet 1000. O equipamento utilizado para corte

dos CPs está representado na Figura 18 A.

Figura 18 – a) equipamento, b) e c) corpos de prova faceado e d) área

ampliada após o faceamento.

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53

CAPÍTULO 4

Resultados e Discussões

Nesse capítulo serão apresentados os resultados experimentais das

propriedades dos compósitos cimentícios, com suas respectivas análises.

4.1 Absorção de água pelas fibras

Observando relatos referentes à inserção de fibras de cana-de-açúcar em

compósitos cimentícios, nota-se que as privações referentes à utilização desse

material esta relacionada com a sua capacidade de absorver água e sua

fragilidade quando exposta as características conferidas a matriz cerâmica.

Objetivando proteger a fibra e torna-la menos receptiva a água, o

tratamento com resina fenólica apresenta queda de absorção de água quando

comparado com a fibra in natura. A tabela 9 ilustra a estatística descritiva

referente a absorção de água da fibra de cana.

Tabela 9 – Estatística descritiva da absorção de água pela fibra de cana-

de-açúcar.

Fibra in natura Fibra tratada

Tempo de imersão em

água

Peso inicial (g)

Peso final (g)

Água Absorvida

%

Peso final (g)

Água Absorvida

%

1 min 5 20,49 310% 6,56 31% 10 min 5 21,31 326% 6,51 30% 30 min 5 21,65 333% 6,75 35% 1 hora 5 22,52 350% 7,47 49%

3 horas 5 25,7 414% 7,54 51% 6 horas 5 26,23 425% 7,33 47%

12 horas 5 26,19 424% 7,58 52%

1 dia 5 28,98 480% 8,06 61% 3 dias 5 30,02 500% 8,7 74% 5 dias 5 31,87 537% 9,54 91%

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Gráfico 2 - Gráfico de absorção de água pelas fibras.

SARMIENTO (1996) e SILVA (2010) conseguem reduzir a absorção de

água em até 60% com tratamento químico a base de silicato de sódio e sulfato

de alumínio. O tratamento da fibra com a resina fenólica apresenta uma queda

de mais de 90% na absorção.

Pode-se verificar com a análise variância (ANOVA) que tanto o tratamento

com resina quanto a o tempo de imersão foi significativo na absorção de água.

Tabela 10 - Resultados da ANOVA para a absorção de água fibra.

Fatores Experimentais P-valor

Tratamento 0,000

Tempo 0,000

Tratamento*Tempo 0,000

R² (Adj.) 99.89%

O gráfico 3 ilustra a normalidade dos resíduos da ANOVA (Anderson-

Darling) sobre a absorção de água da fibra com P-valor superior a 0,05.

0%

100%

200%

300%

400%

500%

600%

Fibra in natura

Fibra tratada

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55

1.00.50.0-0.5-1.0

99.9

99

95

90

80

70

60504030

20

10

5

1

0.1

Absorção

Per

cen

tual

Mean 6.809368E-16

StDev 0.2616

N 60

AD 0.505

P-Value 0.195

Gráfico 3 - Gráfico de normalidade dos resíduos para absorção de água

pelas fibras.

5 dias3 dias1 dia12 h6 h3 h1 h30 min10 min1 min

35

30

25

20

15

10

5

Tempo

Méd

ia

Sem Resina

Com resina

Tratamento

Gráfico 4 - Gráfico de interação dos valores

O tratamento com resina Fenólica nas fibras de cana de açúcar

provocou uma redução na sua capacidade de absorção de água. Após os

tempos determinados de imersão das fibras, pode-se observar que após o

tratamento com resina a absorção máxima de água das fibras não ultrapassa

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100%. Já, com a fibra sem tratamento os valores atingidos são maiores que

500%, comprovando a eficiência do tratamento.

A baixa trabalhabilidade oferecida pelas fibras sem tratamento, devido à

alta absorção de água, impediu que ensaios com a inserção de 5, 10 e 15% de

fibras na matriz cimentícia fossem realizados com o parâmetro de 50% na

relação água/cimento.

4.2 Microscopia eletrônica de Varredura (MEV)

As imagens obtidas pelo microscópio eletrônico de varredura (MEV)

foram realizadas nas mesmas condições de contraste, intensidade de cor e

ampliação de 50X. A Figura 19 mostram as micrografias das fibras tratadas e

das não tratadas com resina fenólica.

a)

b)

Figura 19 – a) fibras sem tratamento b) fibras tratadas com resina fenólica

As fibras vegetais são altamente higroscópicas e esta característica se

apresenta como um dos principais problemas na produção de compósitos

induzindo a variações dimensionais sob a influência da umidade, deposição

dos produtos da matriz em seus poros e a degradação (LOPES, 2009).

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57

Materiais lignocelulósicos mudam as suas dimensões quando absorvem

umidade, porque a parede celular destes materiais possuem grupos hidroxila

que interagem com água por meio de ligações de hidrogênio (LEITE, 2002).

As hemiceluloses são os principais responsáveis pela absorção de

umidade, além da fração amorfa de lignina e da superfície da celulose cristalina

que possui dificuldade em se dissolver, mas com a tendência de reter líquidos

em seus espaços interfibrilares, tais aspectos também contribuem para a

absorção de umidade (CARASCHI e LEÃO, 2001b e GEORGE et al.,1998).

VIEIRA, 2013, observa que após a realização de tratamento químico

com NaOH e ácido acético em fibras de sisal, as fibras passaram a apresentar

uma superfície mais o que está associado à eliminação de substâncias que

influenciam diretamente na hidrofilicidade como a pectina, a lignina e a cera

amorfa presente nas cutículas das fibras.

Os revestimentos com resina fenólica possuem excelente resistência

aos solventes, ácidos e sais, e propriedades de isolamento elétrico, devido,

sobretudo à baixa capacidade de absorção de humidade (SILVA, 2008).

O tratamento da fibra com resina permitiu a impregnação dos poros

com resina, formando uma camada protetora e hidrofóbica na fibra. Na figura

19 a, pode-se notar a grande quantidade de poros disponíveis na fibra antes do

tratamento, já na figura 19 b observa-se o recobrimento desses poros por

resina, o que apresenta características similares as observadas por VIEIRA em

fibras de sisal.

4.3 Absorção de água pelo compósito cimentício

A tabela 11 ilustra a estatística descritiva referente a absorção de água

do compósito cimentício produzido com fibras de cana tratadas com resina.

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Tabela 11 – Estatística descritiva da absorção de água pelo compósito cimentício.

Absorção 7 dias Absorção 14 dias Absorção 28 dias

Média % Média % Média %

0% de fibra 2,6 ± 0,08 2,9 ± 1,00 2,8 ± 0,42

5% de fibra 2,8 ± 0,11 2,7 ± 0,65 3,3 ± 0,19

10% de fibra 4,9 ± 0,21 4,1 ± 0,77 4,8 ± 0,94

15% de fibra 6,4 ± 0,30 6,2 ± 1,73 6,2 ± 1,10

Gráfico 5 - Gráfico de absorção de água pelo compósito

Os compósitos estudados apresentam aumento na absorção de água

de acordo com o aumento de inserção de fibras. Pode-se verificar com a

análise variância (ANOVA), Tabela 12, que apenas a adição de fibras foi

significativa na absorção de água.

Tabela 12 - Resultados da ANOVA para a absorção de água do compósito.

Fatores Experimentais P-valor

Adição de Fibras 0,000

Dias 0,808

Adição de Fibras*Dias 0,907

R² (Adj.) 70.66%

0,0%

1,0%

2,0%

3,0%

4,0%

5,0%

6,0%

7,0%

7 14 28

% d

e A

bso

rção

de

águ

a

Dias de Cura

0% de fibra

5% de fibra

10% de fibra

15% de fibra

Page 80: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

59

O gráfico 6 mostra os gráficos de resíduos para a absorção de água do

compósito. O comportamento de resíduos mostra-se adequado às condições

de normalidade do experimento.

1.51.00.50.0-0.5-1.0-1.5

99

95

90

80

70

60

50

40

30

20

10

5

1

Absorçao

Per

cen

tual

Mean -5.55112E-17

StDev 0.6264

N 24

AD 0.339

P-Value 0.469

Gráfico 6- Gráfico de normalidade dos resíduos para absorção de água

pelo compósito.

151050

6.5

6.0

5.5

5.0

4.5

4.0

3.5

3.0

Adição de Fibras

Méd

ia

Gráfico 7 - Gráfico de interação dos valores

Page 81: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

Tal comportamento pode ser justificado pelo fato da densidade

aparente (1,25 g/cm3) da fibra de cana ser menor do que a densidade aparente

do cimento (3,12 g/cm3), sendo possível assumir que a fibra se comporta como

vazios no interior do material ocasionando maior absorção de água,

comportamento similar ao encontrado por MARTUSCELLI, et. al., (2013)

inserindo partículas de borracha em matriz cimentícia.

4.4 Porosidade do Compósito

A tabela 13 ilustra a estatística descritiva referente à porosidade do

compósito cimentício produzido com fibras de cana tratadas com resina.

Tabela 13 – Estatística descritiva da porosidade do compósito cimentício.

POROSIDADE 7 dias POROSIDADE 14 dias POROSIDADE 28 dias

Média % Média % Média %

0% de fibra 3,6 ± 0,70 3,8 ± 1,03 4,6 ± 0,50

5% de fibra 4,7 ± 0,38 5,2 ± 1,80 5,0 ± 0,73

10% de fibra 7,6 ± 0,57 7,3 ± 1,30 7,8 ± 1,41

15% de fibra 9,7 ± 0,55 9,5 ± 2,29 9,4 ± 1,63

Gráfico 8 - Gráfico de normalidade dos resíduos para porosidade do compósito.

0,0%

2,0%

4,0%

6,0%

8,0%

10,0%

12,0%

7 14 28

% d

e P

oro

sid

ade

Dias de Cura

0% de fibra

5% de fibra

10% de fibra

15% de fibra

Page 82: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

61

A tabela 14 ilustra o gráfico de normalidade dos resíduos da ANOVA

(Anderson-Darling) sobre a porosidade, comprovando normalidade dos

resíduos por apresentar P-valor superior a 0,05.

Tabela 14 - Resultados da ANOVA para a porosidade do compósito.

Fatores Experimentais P-valor

Adição de Fibras 0,000

Dias 0,813

Adição de Fibras*Dias 0,974

R² (Adj.) 61.01%

3210-1-2-3

99

95

90

80

70

60

50

40

30

20

10

5

1

Porosidade

Per

cen

tual

Mean -5.18104E-16

StDev 0.9973

N 24

AD 0.198

P-Value 0.874

Gráfico 9 - Gráfico de normalidade dos resíduos para porosidade do

compósito.

Page 83: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

151050

10

9

8

7

6

5

Adição de Fibras

Méd

ia

Gráfico 10 - Gráfico de interação dos valores

Os compósitos estudados apresentam aumento na porosidade de

acordo com o aumento de inserção de fibras. Pode-se verificar com a análise

variância (ANOVA) que apenas a adição de fibras foi significativa na

porosidade do compósito.

Esse fenômeno se explica devido ao aumento de fibras no compósito

significar aumento de espaços vazios no material.

4.5 Densidade do Compósito

A tabela 15 ilustra a estatística descritiva referente à densidade do

compósito cimentício produzido com fibras de cana tratadas com resina.

Page 84: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

63

Tabela 15 – Estatística descritiva da densidade do compósito cimentício.

DENSIDADE 7 dias DENSIDADE 14 dias DENSIDADE 28 dias

Média g/cm³ Média g/cm³ Média g/cm³

0 1,7 ± 0,00 1,7 ± 0,02 1,7 ± 0,01

5 1,4 ± 0,05 1,4 ± 0,04 1,4 ± 0,02

10 1,6 ± 0,1 1,6 ± 0,00 1,6 ± 0,02

15 1,5 ± 0,01 1,5 ± 0,01 1,5 ± 0,01

Gráfico 11 - Gráfico de densidade do compósito.

Tabela 16 - Resultados da ANOVA para a densidade do compósito.

Fatores Experimentais P-valor

Adição de Fibras 0,000

Dias 0,118

Adição de Fibras*Dias 0,965

R² (Adj.) 83.40%

1,20

1,30

1,40

1,50

1,60

1,70

1,80

1,90

7 14 28

g/cm

³

Dias de Cura

0% de fibra

5% de fibra

10% de fibra

15% de fibra

Page 85: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

0,0500,0250,000-0,025-0,050

99

95

90

80

70

60

50

40

30

20

10

5

1

Densidade

Per

cen

tual

Mean 1,110223E-16

StDev 0,02278

N 24

AD 0,329

P-Value 0,496

Gráfico 12 - Gráfico de normalidade dos resíduos para densidade do compósito.

151050

1,90

1,85

1,80

1,75

1,70

1,65

1,60

Adição de Fibras

Me

an

Densidade

Gráfico 13 - Gráfico de interação dos valores

Os compósitos estudados apresentam queda na densidade de acordo

com o aumento de inserção de fibras. Pode-se verificar com a análise variância

(ANOVA) que apenas a adição de fibras foi significativa na densidade do

compósito.

Como a inserção de fibras na matriz cimentícia apresenta um aumento

de espaços vazios, é natural que a densidade do compósito diminua.

Page 86: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

65

4.6 Resistência à compressão

A tabela 17 apresenta os resultados referentes à média (Xm); desvio

padrão (DP); coeficiente de variação (CV) para a resistência à compressão

(Rc) das condições de referência.

Tabela 17 – Estatística descritiva dos ensaios de compressão simples.

Réplica 1 Réplica 2 Réplica 1 Réplica 2 Réplica 1 Réplica 2

DIAS 7 dias 14 dias 28 dias

Média (Mpa) RC Ref

28,38 32,21 30,84 33,48 22,81 27,76

Desvio 4,02 5,41 1,50 4,06 1,28 5,65

Coe Variação 0,14 0,17 0,05 0,12 0,06 0,20

Média (Mpa) Rc 5%

8,64 9,95 12,41 9,88 10,43 8,74

Desvio 1,65 2,05 2,11 1,37 1,28 1,57

Coe Variação 0,19 0,21 0,17 0,14 0,12 0,18

Média (Mpa) Rc 10%

3,71 3,73 4,88 4,85 4,35 4,86

Desvio 0,18 0,49 0,78 0,63 0,74 0,95

Coe Variação 0,05 0,13 0,16 0,13 0,07 0,19

Média (Mpa)

Rc 15%

3,41 3,66 4,12 3,86 3,77 4,10

Desvio 0,47 0,72 0,76 0,66 0,74 0,43

Coe Variação 0,14 0,20 0,18 0,17 0,20 0,11

Gráfico 14 - Gráfico de resistência a compressão do compósito.

-

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

7 14 28

MP

a

Dias de Cura

0

5

10

15

Page 87: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

A tabela 18 apresenta os resultados da ANOVA dos ensaios de

resistência a compressão.

Tabela 18 - Resultados da ANOVA para a resistência a compressão do compósito.

Fatores Experimentais P-valor

Adição de Fibras 0,000

Dias 0,046

Adição de Fibras*Dias 0,079

R² (Adj.) 97.91%

3210-1-2-3

99

95

90

80

70

60

50

40

30

20

10

5

1

Resitência a Compressão

Per

cen

tual

Mean 9,436896E-16

StDev 1,120

N 24

AD 0,558

P-Value 0,133

Gráfico 15 - Gráfico de normalidade dos resíduos da resistência do

compósito.

Page 88: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

67

151050

30

25

20

15

10

5

28147

Adição de Fibras

Me

an

Dias

interação dos Fatores principais - MOR

Gráfico 16 - Gráfico de interação dos valores

É possível notar que o compósito fabricado com 5% de fibra tratada

apresentou melhores resultados de resistência à compressão que os demais.

Aos 28 dias de cura o valor atingido foi de 9,58 Mpa com densidade de 1400

kg/m³, esses valores caracterizam o material como concreto leve (NEVILLE,

1997), geralmente usados em enchimento e regularização de lajes, câmaras

frias e paredes sem fim estrutural.

A perda de resistência provocada pelo uso de fibras de cana-de-açúcar

tratadas com resina fenólica em matriz cimentícia pode ser explicada pelo fato

da ancoragem pasta/fibra não ser muito eficiente devido à superfície lisa

apresentada pela fibra tratada como indicado na figura 17 b), favorecendo de

certa forma, o enfraquecimento da interface. Fato similar foi observado por

SILVA 2013 ao inserir fibras de PET na matriz cimentícia, portanto chega-se a

conclusão que há uma ineficácia na combinação de polímero com cimento.

Page 89: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

a)

b)

c)

d)

Figura 20: Ilustração da região de interface do compósito obtido

por MEV.

Para esse material a propagação de trinca ocorre ao longo dos

contornos das fibras, de acordo com a figura 20 c) e d), pela baixa região de

interface, nota-se o não rompimento das fibras. Nesse caso podemos

determinar uma fratura interfibrilar (CALLISTER, 2011), onde o compósito

apresenta maior porosidade devido a inserção de fibras como observado no

ensaio de porosidade. As fibras atuando como poros nucleiam e favorecem a

propagação de trincas resultando na minoração da resistência mecânica do

material.

Page 90: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

69

4.7 Módulo de Elasticidade do compósito

A tabela 19 apresenta os resultados referentes à média (Xm); desvio

padrão (DP); coeficiente de variação (CV) para o módulo de elasticidade de

compressão (Rc) das condições de referência.

Tabela 19 – Estatística descritiva dos ensaios de módulo de elasticidade.

Réplica 1 Réplica

2 Réplica 1 Réplica 2

Réplica 1

Réplica 2

7 dias 14 dias 28 dias

Média (Gpa) RC Ref

4,60 4,37 4,74 4,61 4,94 5,06

Desvio 0,61 0,88 0,50 0,74 0,44 0,27

Coe Variação 0,13 0,20 0,11 0,16 0,09 0,05

Média (Gpa) Rc 5%

1,22 1,21 2,44 2,17 3,07 3,05

Desvio 0,11 0,16 0,33 0,44 0,36 0,41

Coe Variação 0,09 0,14 0,05 0,12 0,12 0,13

Média (Gpa) Rc 10%

0,60 0,58 1,30 1,38 1,64 1,74

Desvio 0,09 0,08 0,25 0,23 0,32 0,20

Coe Variação 0,15 0,14 0,19 0,17 0,19 0,11

Média (Gpa)

Rc 15%

0,59 0,52 0,83 0,84 2,04 1,92

Desvio 0,09 0,09 0,02 0,01 0,23 0,27

Coe Variação 0,15 0,18 0,02 0,01 0,11 0,14

Gráfico 17 - Gráfico de módulo de elasticidade do compósito.

-

1,00

2,00

3,00

4,00

5,00

6,00

7 14 28

GP

a

Dias de Cura

0

5

10

15

Page 91: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

Tabela 20 - Resultados da ANOVA para o módulo de elasticidade do compósito.

Fatores Experimentais P-valor

Adição de Fibras 0,000

Dias 0,000

Adição de Fibras*Dias 0,000

R² (Adj.) 99,68%

150100500-50-100-150

99

95

90

80

70

60

50

40

30

20

10

5

1

Módulo de Elasticidade

Per

cen

tual

Mean 3,789561E-14

StDev 65,05

N 24

AD 0,202

P-Value 0,864

Gráfico 18 - Gráfico de normalidade dos resíduos do módulo de

elasticidade.

28147

5000

4000

3000

2000

1000

0

Dias

Méd

ia

0

5

10

15

de Fibras

Adição

Interação de fatores - MOEData Means

Gráfico 19 - Gráfico de interação dos valores

Page 92: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

71

Verifica-se que a inserção de fibras na matriz cimentícia diminui o

módulo de elasticidade significativamente em relação ao material referência, a

queda chega a 87% comparando-o com o compósito fabricado com 10% de

fibra avaliado aos 7 dias de cura, porém, esse valor altera-se com o passar do

tempo chegando ao resultado de queda de 64% no módulo de elasticidade com

28 dias de cura no mesmo comparativo.

A maior queda ocorre comparando o material referência com o

compósito reforçado com 10% de fibra. Ao avaliar o compósito com 5% de

fibra, verificamos uma resposta melhor quanto ao modulo de elasticidade. A

maior queda continua sendo no período de cura de 7 dias, 73%, mas a menor

queda apresenta um valor de 39% com 28 dias de cura.

O compósito fabricado com 15% de fibras apresenta grande queda no

módulo de elasticidade aos 7 dias de cura, 88%, mas com o passar do tempo,

aos 28 dias, essa queda diminui para 60%.

Page 93: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES

Fibras de cana-de-açúcar foram usadas como reforço em material

compósito de matriz cimentícia, os resultados obtidos revelam que a utilização

de fibras naturais como reforço em matriz cimentícia é tecnicamente possível e

viável, contribuindo para redução da retirada de matéria prima de fontes

naturais não renováveis e promovendo a reciclagem de resíduos

agroindustriais, reduzindo assim, o impacto ambiental por eles causado. Dentre

as principais conclusões estão:

(i) o tratamento das fibras com resina fenólica promoveu menor absorção

de água pelas fibras. Esse efeito permitiu que maiores porcentagens de fibras

fossem inseridas no compósito com relação A/C de 50%.

(ii) a inserção de fibras diminui significativamente a densidade e aumenta

a porosidade do compósito gerando um material mais leve e econômico.

(iii) a inserção de fibras tratadas no compósito diminui a resistência do

material devido à má ancoragem da matriz cimentícia na superfície das fibras,

mas o compósito com 5% de fibra apresentou resultados coerentes à utilização

em enchimento e regularização de lajes, câmaras frias e paredes sem fim

estrutural.

(iv) o módulo de elasticidade reduz significativamente quando comparado

com o material referência.

Page 94: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

73

CAPÍTULO 6

Perspectivas para trabalhos futuros

O presente trabalho traz novas possibilidades de estudo sobre

compósitos cimentícios reforçados com fibras naturais, o tratamento

desenvolvido reduz a absorção de água e protege a fibra quanto ao ambiente

alcalino imposto pelo cimento. Com o fim deste estudo é possível citar alguns

tópicos de investigação que seriam relevantes para o melhor conhecimento do

material estudado, segue abaixo algumas sugestões para trabalhos futuros:

Verificar a compatibilidade entre a fibra de cana-de-açúcar e a resina

fenólica;

Verificar a compatibilidade entre a matriz cimentícia e a resina

fenólica;

Avaliar o comportamento químico entre a matriz cimentícia e a resina

fenólica:

Avaliar o comportamento mecânico quanto a solicitação de esforços

de tração e flexão e submete-los a diferentes temperaturas;

Analisar desempenho dos compósitos quanto ao impacto e à abrasão;

Confeccionar e caracterizar artefatos para verificar se os mesmos

cumprem ou não as exigências das normas vigentes;

Identificar a viabilidade operacional e econômica da utilização destes

materiais na construção civil;

Verificar a distribuição e a dispersão das fibras em relação a matriz no

compósito;

Utilizar outros cimentos, como o CPII, para avaliar se a alta residência

e baixo tempo de cura influenciam significativamente na resistência do

compósito reforçado com fibras de cana-de-açúcar tratadas com

resina fenólica.

Page 95: Adição de fibras de cana-de-açúcar tratadas com resina ... Mario... · Figura 17 Policorte com disco diamantado……… ... NBR – Norma Brasileira UFSJ – Universidade Federal

REVISÃO BIBLIOGRAFICA

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