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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Este material é parte integrante da disciplina “Administração Escolar” oferecido pela
UNINOVE. O acesso às atividades, as leituras interativas, os exercícios, chats,
fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos
diretamente no ambiente de aprendizagem online.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Sumário
AULA 01 • CONTEXTO HISTÓRICO ..............................................................................................7 Linha do tempo............................................................................................................................8 Considerações finais .................................................................................................................12 Exercícios..................................................................................................................................12
AULA 02 • A COMPLEXIDADE DA ADMINISTRAÇÃO.................................................................14 A formação de bando ou equipe................................................................................................14 A transformação de um bando em uma equipe .........................................................................14 Formação de equipes................................................................................................................15 Fatores sócioafetivos de coesão das equipes ..........................................................................15 Etapas de desenvolvimento das equipes...................................................................................15 Maneiras simples de transformar bando em equipe ..................................................................16 Organização de equipes............................................................................................................17 Características das Equipes ......................................................................................................17 Considerações finais .................................................................................................................18 Exercícios..................................................................................................................................19
AULA 03 • LIDERANÇA ................................................................................................................21 Liderança como processo de responsabilidade .........................................................................21 Liderança como fenômeno de relacionamento pessoal e interpessoal ......................................21 Liderança como processo de flexibilidade .................................................................................22 Habilidades de um Líder............................................................................................................22 Definições de Líder....................................................................................................................22 Peter Drucker ............................................................................................................................22 John Phillip Kotler......................................................................................................................22 John Kao ...................................................................................................................................23 Características gerais do líder ...................................................................................................24 Tipos de Liderança....................................................................................................................25 Atitudes básicas de um líder......................................................................................................26 Recomendações práticas ..........................................................................................................27 Exercícios..................................................................................................................................27
AULA 04 • OS DESAFIOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR.......................................................28 Contexto histórico......................................................................................................................28 A importância do trabalho do diretor ..........................................................................................29 Motivos da crise educacional.....................................................................................................30 O nível de satisfação dos diretores............................................................................................31 Pressuposto de qualidade na escola .........................................................................................32 O trabalho do diretor..................................................................................................................33 Exercícios..................................................................................................................................34
AULA 05 • GESTÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL........................................................................35 Gestão e organização interna da escola....................................................................................38 A Gestão escolar democrática...................................................................................................39 Exercícios..................................................................................................................................40
AULA 06 • GESTÃO ESCOLAR E ORGANIZAÇÃO JURÍDICA ....................................................42 Hierarquia dos Atos Administrativos ..........................................................................................44 I – Atos Deliberativos Normativos:.............................................................................................44 Alguns Conceitos Jurídicos: ...................................................................................................47 Exercícios..................................................................................................................................48
AULA 07 • GESTÃO E ORGANIZAÇÃO INTERNA DA ESCOLA..................................................50
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
1 Associação de Pais e Mestres (APM)....................................................................................50 Composição e Funcionamento da APM (Associação de Pais e Mestres) ..................................51 2 Grêmio Estudantil ..................................................................................................................53 Exercícios..................................................................................................................................54
AULA 08 • ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA .......................................56 Dos Órgãos Colegiados.............................................................................................................56 I Conselho de Classe, Série ou Termo .....................................................................................56 As vantagens e desvantagens dos antigos Conselhos de Classe/ Série ...................................57 2 A composição dos atuais Conselhos de Classe, Série e Termo ............................................59 3 A importância da participação dos alunos no Conselho de Classe/ Série..............................59 II Conselho de Escola...............................................................................................................60 Legislação básica a ser consultada para o Conselho de Escola:...............................................61 Composição: .............................................................................................................................61 Representatividade....................................................................................................................62 Considerações importantes: ......................................................................................................62 Exercícios..................................................................................................................................64
AULA 09 • GESTÃO PARTICIPATIVA (DEMOCRÁTICA) .............................................................65 Trazendo a comunidade à participação. ....................................................................................67 Diretrizes para gestão escolar ...................................................................................................68 Processo de Elaboração do Plano Escolar ................................................................................69 Duração do plano escolar..........................................................................................................70 Aspectos relevantes de compreensão: ......................................................................................70 Exercícios..................................................................................................................................71
AULA 10 • ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR .......................................................................72 Partes do Plano Escolar ............................................................................................................73 IIdentificação da Unidade Escolar ............................................................................................74 Exemplo para Escolas Estadual ............................................................................................74 Exemplo para Escola Municipal .............................................................................................75 Exemplo para Escola Particular .............................................................................................75
Exercícios..................................................................................................................................76 AULA 11 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ......................................78 II Caracterização da Unidade Escolar........................................................................................78 Caracterizando a Escola............................................................................................................79 Organização da Rede Física .....................................................................................................81 Croqui do Prédio (planta baixa) .................................................................................................81 Localização da Escola...............................................................................................................82 Caracterização do Bairro ...........................................................................................................82 Exercícios..................................................................................................................................83
AULA 12 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ............................85 Caracterização da Comunidade Escolar (Clientela)...................................................................85 Questionário Informativo e Entrevista Formal ............................................................................87 Elaboração do Questionário Informativo:...................................................................................87 Interpretação dos dados............................................................................................................89 O relatório da Pesquisa .............................................................................................................90 Exercícios..................................................................................................................................91
AULA 13 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ......................................92 IV Metas do Plano Escolar: .....................................................................................................92 V Operacionalização do plano escolar ...............................................................................94 A operacionalização propriamente dita......................................................................................95 Cronograma e Participação de Autoridades ..............................................................................96 Exercícios..................................................................................................................................98
AULA 13 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ......................................99
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
V.b Calendário Escolar:............................................................................................................99 Princípios de Elaboração do Calendário..................................................................................103 Exercícios................................................................................................................................105
AULA 15 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ....................................106 V.c Quadro Curricular............................................................................................................106 Exercícios................................................................................................................................112
AULA 16 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ....................................113 V.d Relações Funcionais.......................................................................................................113 Relações Funcionais no Serviço Público .................................................................................113 Diferenciação entre cargo e função .........................................................................................114 V.e Quadros de Funcionários: ...............................................................................................116 1) Quadro do pessoal administrativo; ......................................................................................116 2) Quadro do pessoal docente.................................................................................................117 3) Quadro do pessoal operacional...........................................................................................119 Exercícios................................................................................................................................120
AULA 17 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ............................121 V.f – Regimento Escolar ..........................................................................................................121 Estrutura Básica do Regimento ...............................................................................................121 Artigo.......................................................................................................................................122 Parágrafos...............................................................................................................................122 Incisos .....................................................................................................................................123 Alíneas ....................................................................................................................................123 Agrupamentos dos artigos.......................................................................................................123 Diferenciação entre a Situação das Escolas Públicas e Privadas............................................123 Elaborando o Regimento em uma Escola Pública ...................................................................125 O Estatuto da Criança e do Adolescente .................................................................................126 Exercícios................................................................................................................................128
AULA 18 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ............................130 V.g – Plano de Disciplinas .......................................................................................................130 Contexto Histórico ...................................................................................................................131 Artigo.......................................................................................................................................131 Funções do Plano de Disciplina...............................................................................................132 Elaborando o plano de disciplinas ...........................................................................................133 Elaboração do Plano de disciplinas .........................................................................................135 Exercícios................................................................................................................................137
AULA 19 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ....................................138 V.h – Projetos:.........................................................................................................................138 Elaborando Projetos ................................................................................................................138 Estrutura básica do projeto......................................................................................................139 V.i – Estatutos e Representatividade.......................................................................................141 VI – Avaliação do Plano Escolar..............................................................................................143 Exercícios................................................................................................................................144
AULA 20 • REGISTROS DA UNIDADE ESCOLAR .....................................................................145 Livro Histórico e Ocorrências do Estabelecimento...................................................................146 Livro de Bens Patrimoniais ......................................................................................................146 Livro Termo de Visitas de Autoridades ....................................................................................146 Livro de Carga.........................................................................................................................147 Livro de Registro de Processos (extrato).................................................................................147 Livro de Incineração de Documentos.......................................................................................147 Livro de Atas de Reuniões.......................................................................................................148 Livro de Comunicados Internos ...............................................................................................148 Livro de Recortes do Diário Oficial...........................................................................................149
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Livro de Registro de Queixas e Sugestões..............................................................................149 Livro de Ponto .........................................................................................................................149 Livro de Reposição de Aulas ...................................................................................................150 Livro de Controle de Aulas Previstas e Dadas.........................................................................150 Livro de Controle de Dispensa de Educação Física.................................................................151 Expedientes.............................................................................................................................151 Classificação dos expedientes.................................................................................................151 Exercícios................................................................................................................................153 Bibliografia...............................................................................................................................154
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 01 • CONTEXTO HISTÓRICO
Acreditamos que a administração venha acompanhando o desenvolvimento do homem
desde a préhistória, quando os seres humanos resolveram viver em grupo; cada clã muito
provavelmente fosse orientado por um dos seus membros que se destacava pela bravura, pela
força, pela capacidade de resolver situações, ou até mesmo pela confiança depositada nele pelos
demais.
Esses grupos, muitas vezes, dependiam para a sua sobrevivência da união, da sua
organização e do comando eficiente de quem os organizava. Imagine o gigantesco tamanho e a
voracidade de um animal da época sendo, enfrentado por homens, a luta jamais seria ganha,
pelos últimos, se não houvesse uma organização e uma decisão firme e planejada.
Como pudemos perceber, a administração desde aquele tempo já coexistia com o homem
de modo informal, somente se caracterizando como ciência a partir da antiguidade.
Administração é uma ciência, uma arte ou uma técnica?
Hoje, muitos administradores não têm a menor idéia do que seja administração; tratamna
como uma simples profissão, sem se dar conta de que ela é uma ciência que deve ser respeitada
e estudada como todas as outras. É tão importante que metade dos livros técnicos lançados, no
mundo hoje, está de certa forma ligada à área da administração, tornandoa uma ciência que
desperta o fascínio do homem moderno.
Para dissipar a dúvida, inicialmente devemos entender as definições:
Ciência: tenta explicar o objeto que é real e que existe; a ciência tenta explicar o
conhecimento que busca a explicação das coisas, a realidade.
Arte: não modifica as coisas e objetos, estando relacionada com a maneira de pensar do
indivíduo.
Técnica: meios, normas e procedimentos, que visa a transformar uma coisa ou uma
realidade de algo. Poderseia dizer que a técnica complementa a ciência.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Alguns autores definem administração de uma maneira mais simples, como Maximiliano:
“administração é o processo de tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O
processo administrativo abrange cinco tipos de tomadas de decisões, também chamada
processos ou funções: planejamento, organização, liderança, execução e controle.”
Linha do tempo
A evolução dos processos e métodos de administração tem acompanhado o aumento da
complexidade e desenvolvimento social, e para compreendermos melhor este processo,
traçaremos um breve histórico.
Século XXX a.C. Na Mesopotâmia os Sumérios já realizavam os primeiros registros de
operações comerciais nas quais se destacam as relações de hierarquia (dirigentes e funcionários).
Século XXVIII a.C. Hamurabi, rei dos Amoritas, que formou o império da Babilônia, é
considerado o primeiro legislador, imortalizandose pelo Código de Hamurabi, um conjunto de leis
que fez o império ser o mais bem administrado do mundo antigo.
Século XIII a.C. Moisés, para organizar o povo hebraico, durante a fuga do Egito,
concebeu os Dez Mandamentos, conforme registro no Livro do Êxodo da Bíblia.
Século XI a.C Salomão, rei de Israel, além de legislador e profeta, e embaixador, foi um
grande administrador dotado de grande senso de justiça; estabeleceu as relações comerciais com
outros países, criando a frota mercante.
Século VI a.C. Sólon foi o idealizador da democracia em Atenas, com a adoção de leis
liberais que protegiam a educação, o comércio, as artes, o esporte e vida, e o progresso.
Platão nasceu em Atenas e além de filósofo, preocupouse com as artes, a música e a
matemática; escreveu A República, obra em que descreve a organização ideal dos Estados, que,
embora tenha sido considerado utópica, é um marco na história do homem.
Ciência é o conjunto de conhecimentos coordenados relativamente a determinado
objeto.
Arte, conjunto de preceitos para a perfeita execução de qualquer coisa, atividade
criativa, ofício, profissão.
Técnica é o lado material de uma arte ou ciência; conjunto de processos de uma arte;
prática; norma; especialização.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Aristóteles nasceu na Macedônia, discípulo de Platão. Em Atenas é o fundador da Escola
de Filosofia “Peripatética”, criador da lógica formal, de conceitos matemáticos, físicos, morais,
científicos, biológicos; já defendia o processo de divisão do trabalho.
Século I a.C. – César, Imperador Romano que pretendia forma um império único mundial
influenciado pelas idéias de Alexandre “o grande” (séc. V a.C.), tornouse o símbolo do
autoritarismo.
Século XVI Francis Bacon é considerado o idealizador da Filosofia Experimental e da
Lógica Moderna. Enunciou princípios como a subordinação dos interesses particulares ao geral,
enfatizando separação do que é acessório do que é principal. Sua obra vai influenciar Fayol.
Século XVII Galileu Galilei foi o primeiro a definir a ciência moderna como ciência
experimental, o que tornaria incompreensível a obra de Descartes e não consolidaria a imagem
administrativa de Taylor.
René Descartes escreveu Discurso do Método, cujos preceitos são imortais, que influenciaram vários princípios administrativos.
Século XVIII Adam Smith escreveu A riqueza das nações, que descreve e exalta o
princípio da divisão do trabalho e a especialização dos trabalhadores e muitos princípios que
serão incorporados pela administração. Foi a época da Revolução Industrial na Inglaterra, em
meados do século.
José da Silva Lisboa (Visconde de Cairu), brasileiro, nascido na Bahia, demonstrou que
não se deve agir impulsivamente, nem em política, nem em economia. Defendia sobretudo a
inteligência, princípio que mais tarde ficou conhecido como racionalização do trabalho.
Augusto Comte, criador da Filosofia Positivista e da Sociologia, evidenciou que o trabalho
mental deve ser intercalado com períodos de descanso, e a teoria da simpatia.
Século XX Frederick W Taylor, um dos principais idealizadores da Teoria científica da
Administração, escreveu em 1903 Shop Management (Administração de Oficinas), e, em 1911, Principles of Scientific Management (Princípios da administração científica), que se baseiam na estrutura formal e nos processos das organizações.
Henry Ford (1853 1947) contribuiu para a incrementação da Teoria Científica da
Administração, pois buscava a eficiência de sua fábrica de automóveis.
Max Weber (1864 1920), na Alemanha, notabilizouse pela Teoria das Estruturas de
Autoridade e estudos sobre a burocracia.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Henri Fayol (1841 – 1925) é considerado o pai da Administração Moderna (Teoria
Clássica). Maior teórico dentro da perspectiva clássica da administração, é autor de Administração
Industrial e Geral (1916).
Elton Mayo (1880 – 1949) Importante incentivador e protagonista da Escola das Relações
Humanas. Foi coordenador da experiência de Hawthorne.
Abraham Harold Maslow (1908 – 1970) Um dos principais articuladores da Escola
Comportamental, deteve seus estudos na motivação. Sua teoria sobre a Hierarquia das
Necessidades estabelece como premissa básica de sua teoria que “a necessidade gera a
motivação”, elaborando a Pirâmide das Necessidades.
A experiência de Hawthorne foi um estudo levado a efeito na fábrica da Western Eletric
Co. em Chicago, responsável pelo descobrimento de muitos comportamentos humanos
e que, amplamente divulgado, produziu tantas interpretações, sofreu duras críticas e ao
mesmo tempo foi muito aceito.
Teoria Comportamental ou Behaviorismo: originouse na Teoria das Relações Humanas
como uma forma de interrelacionar as relações humanas e a teoria das organizações.
Essa teoria muito contribuiu com a Administração no sentido de estabelecer maior valor
ao comportamento humano e uma redução dos aspectos normativos das teorias
anteriores.
Pirâmide das necessidades: Tratase de uma representação gráfica em forma de
pirâmide que possui em sua base as necessidades fisiológicas, sobrevivência (fome,
sede, frio sono etc...); no segundo patamar, as necessidades de segurança (casa,
dinheiro, educação, etc...); no terceiro patamar, as necessidades de reconhecimento
(afeto, estima, aceitação social etc...); e no patamar mais elevado estão as
necessidades de autorealização que se encontram relacionadas com sistemas éticos,
morais e de fé, é a realização de tarefas pelo prazer ao invés de recompensa material.
O indivíduo somente muda de patamar se estiver satisfeito todas as necessidades do
nível anterior.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
B.F. Skinner elabora a Teoria do Reforço, que propõe que o reforço pode controlar o
comportamento. Se objetivarem a motivação dos funcionários, os administradores precisam
compreender e identificar suas necessidades e leválos a entender as relações dos
comportamentos e suas conseqüências, visando à adoção de condutas desejáveis. Em suma,
Skinner propõe que através das conseqüências dos comportamentos os elementos serão
motivados a se comportar de formas préestabelecidas.
Kaoru Ishigawa propõe companywide quality control A Toyota aprimora o sistema Ford
de produção de automóveis, ajustandoo às suas necessidades por meio de técnicas como o Just
in Time e Kambam, depois da ida de William E. Deminng ao Japão para ministrar cursos sobre
controle de qualidade.
A.V. Feigenbaum (1961) apresenta nos Estados Unidos à idéia de qualidade total.
Rensis Likert (1903 – 1981) era um pesquisador do comportamento humano dentro das
organizações. Fez estudos sobre liderança, rejeitando a premissa de que o ser humano só se
desenvolve por meio de supervisão; propôs métodos baseados no entendimento, motivação e no
potencial dos indivíduos. É autor de A organização humana, em que estabelece tipos básicos de liderança: autoritário coersitivo, autoritário benevolente, consultivo, e participativo.
Peter F. Drucker (1919) foi o criador da Administração por Objetivos “MBO”
(Management by Objectives); é o maior teórico, e o grande idealizador de Administração na
atualidade.
Just in Time: modelo de Administração que se baseia na elaboração de uma tarefa no
momento certo e usando o mínimo de recurso (nem antes, nem depois).
Kambam: sistema de controle de produção em que se utilizam cartões que indicam
quando um produto deve ser entregue ou produzido.
Princípio ou técnica de administração que consiste em definir de modo democrático os
resultados esperados do ocupante de um cargo ou de uma divisão, controlando os
resultados efetivos sem interferir na rotina do cargo ou da divisão.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Considerações finais
De modo sucinto, pudemos observar que a preocupação da Administração deixou de ter o
enfoque somente na produção (lucro), para se interessar mais pelas relações humanas que se
estabelecem nas relações organizaçõesfuncionários.
No início do século XX, a grande preocupação era com o lucro; as linhas de montagens
instaladas visavam à produção em série, e os indivíduos eram submetidos a trabalhos repetitivos
(especialização na atividade, visando a maior produtividade); cada elemento da linha se alienava
e desconhecia o valor do seu trabalho; a velocidade da produção era determinada pelo setor
administrativo segundo suas necessidades; o indivíduo tinha que se adaptar à tarefa, e na maioria
das vezes não podia se manifestar quanto ao modo de sua execução. Naquele momento havia
uma hierarquia exagerada entre quem comandava e quem produzia. “Quem pode manda, quem
tem juízo obedece” ou “Faça o que eu mando e não faça o que eu faço” eram preceitos
considerados válidos. Uma grande crítica a esse sistema você pode verificar assistindo ao filme
“Tempos Modernos”, de 1930, por Charles Chaplin.
A partir de meados do século XX, logo após a segunda guerra mundial, o modelo de
administração adotado pelo oriente (Japão) influenciou o ocidente, passando a ter uma
preocupação maior com o ser humano e suas relações. Isto porque com o desenvolvimento de
ciências humanas, como a psicologia, sociologia, filosofia, etc., a Administração incorporou estes
conceitos se voltando mais para as necessidades humanas, e a produtividade passa a ser apenas
uma conseqüência da realização e da participação do homem no processo de gestão.
Exercícios
1. “Administrar” tem como significado mais completo: a) organizar pessoas e recursos. b) estabelecer relações entre a produção e as linhas de comando de uma organização. c) considerar a natureza do trabalho aliada ao potencial de cada elemento integrante do
processo. d) organizar a cadeia produtiva levando em consideração as potencialidades e as opiniões de
cada elemento integrante do processo. e) todas as alternativas estão corretas.
2. Qual das situações abaixo melhor pode exemplificar a situação do homem no modelo administrativo atual? a) Excessiva especialização na tarefa realizada – alienação. b) Falta de percepção sobre a importância da tarefa no processo produtivo – nivelamento.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
c) Participação ativa no processo decisório – administração democrática. d) Excessiva hierarquização do processo e adaptação do homem à tarefa – condicionamento. e) A velocidade na produção da tarefa era determinada pela administração central – produção.
Respostas dos Exercícios
1. “Administrar” tem como significado mais completo: RESPOSTA CORRETA: E
2. Qual das situações abaixo melhor pode exemplificar a situação do homem no modelo administrativo atual? RESPOSTA CORRETA: E
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 02 • A COMPLEXIDADE DA ADMINISTRAÇÃO
Existe uma relação diretamente proporcional envolvendo a administração e o número de
elementos envolvidos no processo. À medida que aumentam os recursos a ser administrados,
aumenta a complexidade do processo de administrar; um setor que possui 5 funcionários é menos
complexo de se administrar do um que apresente 35 funcionários, pois a quantidade de conflitos
gerados no primeiro grupo é menor.
Podemos administrar nossas vidas, o que já envolve uma quantidade de situações
razoáveis, ou podemos administrar instituições, cidades, estados, países ou até administrarmos
aspectos sociais, religiosos, políticos do planeta. À medida que o número de envolvidos aumenta,
as dificuldades do processo também aumentam. Em se tratando da administração de escola,
perceba os segmentos envolvidos (pais, professores, alunos, funcionários em geral, etc.) e as
interrelações que se estabelecem entre cada grupo tornando o trabalho muito mais complexo.
A formação de bando ou equipe
• Bando: conjunto de indivíduos que executam a mesma tarefa, porém apresentam
objetivos individuais. Exemplo: pescadores sentados na beira do rio, todos realizam a
mesma tarefa, pescar. Porém cada um tem um objetivo diferente, ou seja, pescar maior
quantidade ou pescar o maior peixe, etc.
• Equipe: conjunto de indivíduos que realizam a mesma tarefa ou tarefas complementares
que apresentam objetivos comuns e que colaboram com ações ou com idéias para
melhorar a atividade, tornandoa menos árdua e mais eficiente. Ex: remadores de
competição – todos têm como objetivo percorrer uma determinada distância em menor
tempo, e facilitar a tarefa do companheiro.
A transformação de um bando em uma equipe
Na atualidade, o trabalho do administrador em geral se torna menos árduo, mais
prazeroso, e mais eficiente, quando entre os elementos do grupo se instala o espírito de equipe,
em que todos têm claros os objetivos do grupo, todos interagem, opinando de forma competente
sobre a melhor forma de desencadeamento do processo, uma vez que várias cabeças pensando
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
o processo como um todo conseguem buscar meios mais eficientes para a consecução dos
objetivos comuns. Nesse processo, a administração, a liderança deve ser flutuante, ou seja, deve
estar com quem está tendo um “ insight criativo” , que com a contribuição dos outros elementos da equipe fazem o processo mais criativo e, portanto, mais eficaz.
O processo de passagem de um bando em uma equipe requer do administrador
habilidades e competências, de forma a provocar mudanças tanto em nível pessoal como em nível
profissional em cada elemento integrante do grupo.
Formação de equipes
O ser humano forma equipes por causa dos seguintes fatores:
a) Necessidade: de estar perto de seu semelhante, uma vez que o homem é um ser
extremamente social. Ex. sobrevivência, afeto, status, etc.
b) Desejo: de dividir com o semelhante. Ex. proximidade, segurança, crenças e valores.
c) Desafios: capacidade de desafiar e ser desafiado. Ex: superar dificuldades e limites.
Fatores sócioafetivos de coesão das equipes
Os fatores sócioafetivos que mantêm a união muito consistente dos membros de uma
equipe são:
1) Presença de um objetivo comum perceptível a todos os membros.
2) A percepção de se poder levar a cabo uma tarefa numa ação conjunta.
3) O sentimento forte de pertencer, ou, seja, ser integrante de fato da equipe.
Etapas de desenvolvimento das equipes
As etapas de desenvolvimento das equipes estão compostas pelas seguintes fases:
a) Testagem ou dependência
Insight criativo lampejo de genialidade, discernimento intelectual, perspicácia.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Os elementos se encontram separados, os processos grupais são ignorados, existem
tentativas para assumir a liderança por parte dos elementos mais ativos, e os elementos mais
introvertidos simulam aceitação da situação.
b) Adaptação ou separação
Os membros menos ativos tentam participar ativamente, formando subgrupos; surgem
resistências e aparentes lideranças; as decisões tomadas sempre são fragmentadas, e os
impasses são solucionados de forma aparentemente consensual, criando as falsas unanimidades.
c) Conflito ou antidependência
No relacionamento, os elementos se tratam com hostilidades; instalase uma disputa pelo
poder e de posições dentro do processo, existe a dominação da fala, e pouco se ouve o que o
outro pode contribuir; mais agressão do que solução; é a fase mais exaustiva.
d) Diferenciação ou independência
É uma fase mais tranqüila, em que existem mais possibilidades de acordos, mais
disponibilidade, para ouvir e aceitar o outro, portanto mais abertura.
e) Cooperação ou interdependência
É a fase da discussão mais aberta, em que as divergências são resolvidas; instalase a
cooperação e a solidariedade entre os elementos; existem clareza dos objetivos, as decisões
passam ser consensuais; as diferenças individuais são aceitas, e a liderança passa a ser
flutuante.
Somente se desenvolve e muda de fase o grupo que tiver maturidade para solucionar
satisfatoriamente todos os impasses da fase anterior; se isto não ocorrer, o grupo fica preso na
fase e acaba por desintegrarse, partindo para o trabalho individual, ou então seus elementos se
frustram.
Quanto mais maturidade os elementos do grupo demonstrarem, mais rápida se dá a
passagem por cada uma das fases e menos doloroso se torna o processo.
Maneiras simples de transformar bando em equipe
Existe uma maneira simples de transformar um bando em uma equipe. Para isto é
necessário que o administrador tenha uma preocupação em produzir um ambiente de trabalho
com os seguintes requisitos:
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
1) Conteúdo: onde todos dominem com clareza o(s) objetivo(s) comum(ns)
2) Estrutura: onde haja uma divisão real de tarefas (sem clientelismo)
3) Processo: onde exista um relacionamento favorável ao desenvolvimento de todos
Organização de equipes
Segundo Peter Drucker, as equipes podem se organizar de modos diferentes, segundo
suas naturezas:
1) Cada membro possui uma atividade definida, não existindo a possibilidade de ajuda
mútua, sendo obrigatória a presença do líder ao qual os membros estabelecem
obediência. Ex. Time de Beisebol.
2) Assemelhase a um time de futebol, com alternância de posições, existido a
possibilidade de ajuda mútua; todos desempenham da melhor forma seus papéis,
existindo a necessidade de um líder para organizar. Ex. Orquestra sinfônica.
3) O trabalho é desenvolvido com o máximo aproveitamento das potencialidades
individuais; as fraquezas são minimizadas e a liderança passa a ser exercida de acordo
com as atribuições de cada um (liderança flutuante), não existindo a necessidade de
um líder; incentivo à criação. Ex. Banda de Jazz.
Características das Equipes
Algumas características podem ser observadas em equipes competentes, entre elas:
a) As maneiras pelas quais as pessoas se relacionam: se o relacionamento entre os
integrantes é aberto, sincero, sem constrangimento, visando a interesses comuns,
melhor e mais competente é a equipe; ao contrário, quando os interesses individuais se
sobrepõem aos interesses comuns, negamos a existência de uma equipe.
b) A forma como é exercida a liderança: se a liderança é autoritária, este fator impede a
instalação de uma equipe; porém se esta se consolida de forma participativa,
democrática, a formação da equipe ocorre de modo natural.
c) A história e a influência do meio ambiente: todo grupo tem uma história e o modo
como esta se constrói pode facilitar ou dificultar a formação da equipe. Se a formação
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
se realizou dentro de um contexto de maturidade e profissionalismo e não teve
influências nefastas do ambiente externo, a construção se dá de maneira muito mais
rápida do que se existe um histórico do grupo não muito favorável.
d) A ideologia comum aos membros: um dos fatores que contribuem para a formação de
uma equipe competente é a presença de uma ideologia profissional comum; isto não
significa que todos devem ter o mesmo modo de pensar em todos os aspectos, mas
que saibam separar aspectos pessoais dos aspectos profissionais e que saibam
sobretudo aceitar diferentes ideologias.
e) Se há entre os membros o sentimento de pertencer: quando as pessoas se sentem
acolhidas, respeitadas e sobretudo são ouvidas atentamente pelos membros
integrantes de uma equipe, nelas se estabelece o sentimento de pertencer, o que torna
o ambiente mais favorável ao desenvolvimento da criatividade.
f) Se a missão a ser atingida é clara a todos: Se todos os elementos integrantes da
equipe têm claros os objetivos e metas que o grupo se propôs a atingir, é mais fácil
envolver a todos no espírito de equipe.
g) A forma de desenvolvimento das tarefas: Se de fato existe uma divisão igualitária das
tarefas ou se a divisão delas obedece às habilidades individuais mais significativas dos
membros.
h) O nível de formalidades nos procedimentos e regras: Se há excessiva formalidade
nos procedimentos e muitas regras a serem cumpridas, estes fatos dificultam a
formação de equipes; ao contrário, se as formalidades e as regras se estabelecem de
modo natural, por meio de acordos entre os membros integrantes, a eficiência da
equipe é maior.
Considerações finais
O conteúdo da aula demonstra a importância da formação de equipe no contexto da
administração geral; em se tratando de ambiente escolar é ainda mais propício para favorecer
tanto o papel do gestor como da comunidade sua beneficiária, pois, ao se estabelecer em todos
os docentes uma preocupação com objetivos comuns que auxiliem o desenvolvimento dos
educandos, a tarefa educativa é executada com mais eficiência e de um modo mais ou menos
homogêneo, pelo conjunto de professores, pois educação é um trabalho coletivo.
19
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Certamente, à medida que os esforços dos docentes se canalizam para um aspecto
comum, os educandos se apropriam mais facilmente dos conhecimentos, se tornam mais críticos
e reflexivos, fazendo com que o trabalho do magistério seja diminuído; em compensação, a escola
apresenta uma qualidade de ensino mais favorável.
Nesta aula foram discutidos também aspectos que favorecem a formação de equipes, o
que é muito incomum encontrarmos na figura do administrador de escola pública e até mesmo em
escolas privadas. No momento em que os gestores escolares atentarem para a necessidade de
formação de equipes escolares compostas de todos os integrantes, seu trabalho será no sentido
envolver a comunidade (pais e alunos) para um trabalho integrado, pois, segundo a Constituição
da República Federativa do Brasil, art. 205, “a educação é direito de todos e dever do Estado e da
família, e será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade.” (grifo nosso). Hoje
deparamos com escolas que na sua grande maioria realizam um trabalho solitário, com a
ausência completa da família (v. LDBEN).
A formação de verdadeiras equipes escolares envolvendo professores, diretor,
coordenadores, funcionários em geral, etc., dará ao diretor a possibilidade de mostrar aos pais a
verdadeira missão da escola e a importância de seu papel na vida dos futuros cidadãos.
Exercícios
1. Assinale a alternativa falsa. a) Para se formar equipes competentes não é necessário levar todos os integrantes a ter
domínios dos objetivos a que ela se propõe, basta que alguns membros da equipe saibam os objetivos.
b) Para se formar equipes eficientes é necessário estabelecer um ambiente que propicie um bom relacionamento, e, especialmente nos integrantes, sentimento de pertencer.
c) Para se estabelecer uma equipe eficiente a liderança deve ser democrática e permitir que ela se faça de maneira flutuante.
d) Para se estabelecer uma equipe com mais facilidade devemse dividir as tarefas de modo eqüitativo (sem clientelismos) e de acordo com as habilidades de cada membro.
2. A escola no trabalho educativo deve contar com: a) a integração da família.
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei 9394/96 art. 2º “A educação,
dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania, e sua qualificação para o trabalho.”(grifo nosso).
20
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
b) o financiamento do Estado. c) o trabalho coletivo e integrado de toda a comunidade escolar. d) empenho de todos os segmentos enumerados nas alternativas anteriores. e) o empenho por parte dos estudantes.
Respostas dos Exercícios
1. Assinale a alternativa falsa. RESPOSTA CORRETA: A
2. A escola no trabalho educativo deve contar com: RESPOSTA CORRETA: D
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 03 • LIDERANÇA
Liderança como processo de responsabilidade
Requer do líder as seguintes competências:
a) Conhecimento profundo da natureza da tarefa
b) Experiência na execução da tarefa
c) Ter habilidades políticas no momento de estabelecer tarefas
d) Cooptar parcerias no sentido de facilitar a execução das tarefas
Liderança como fenômeno de relacionamento pessoal e interpessoal
Demanda do indivíduo os seguintes atributos:
a) credibilidade pessoal especialmente entre seus colaboradores;
b) carisma, qualidade especial de liderança;
c) empatia, sentimento de identificação dom seus colaboradores;
d) grande energia interior, deve ser sempre o fomentador de mudanças no grupo;
e) estar sempre disposto a propor desafios ao grupo;
f) ter um comportamento que favoreça a mobilização de talentos;
e) uma postura que auxilie os membros do grupo a vencer os obstáculos e acreditar que
são capazes.
Segundo Drucker, liderança pode ser definida como um estar e não um ser; um papel e
não um posto; uma circunstância e não um cargo; uma responsabilidade e não uma
responsabilidade; é na verdade um serviço prestado a uma equipe.
22
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Liderança como processo de flexibilidade
Saber ser flexível nos momentos que a situação requer. Líder é aquele que convive com as
incertezas de um mundo mutante e capaz de encontrar saídas para situações novas, utilizando a
técnica do convencimento das pessoas em relação às tarefas, pois sabe que as pessoas cada vez
menos aceitam ordens sem discutilas.
Habilidades de um Líder
1) Exercer a autoridade, uma vez que os colaboradores estarão sempre colocandoa em
prova, sem no entanto deixarse descambar para o autoritarismo.
2) Manter o equilíbrio entre ações enérgicas e as práticas da negociação (habilidades
políticas).
Definições de Líder
Segundo vários autores da atualidade, líder pode receber as seguintes definições.
Peter Drucker
A liderança deve mudar segundo as circunstâncias (liderança flutuante), ou seja, estar com
quem se encontra tendo um momento de inspiração quanto à realização da tarefa. Ao invés de ser
um posto, ser uma atribuição. A administração do futuro, na sociedade da informação, terá como
pressuposto básico o conhecimento e não mais o maior capital, nem os recursos naturais nem a
mãodeobra. Ainda em seu livro Sociedade póscapitalista (1993), mostra diferentes tipos de equipes e as diferentes formas de liderálas.
John Phillip Kotler
A diferença entre o líder e as outras pessoas é que umas nascem líderes, e outras,
qualquer que seja seu capital cultural inicial, continuam se desenvolvendo, ampliando o seu
conhecimento ano após ano ao longo de décadas.
23
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Para ser líder:
1) É preciso cultivar hábitos muito simples, como:
• estar sempre disposto a ouvir os outros
• sair do conforto, encarando mudanças
• ter a mente aberta e acompanhar a evolução dos processos
• não ser arrogante, nem prepotente
• acreditar que a cada dia pode se aperfeiçoar (ser melhor)
2) É preciso ter as seguintes aptidões:
• ter uma visão sobre diversos assuntos, e expor com propriedade
• ser dinâmico, estar sempre disposto a mudar para melhor
• expressarse bem de forma articulada, nunca deixando dúvidas quanto à fala
• ter entusiasmo e paixão pelo que faz e acreditar que faz com qualidade
• torcer pela prosperidade da organização, pois, uma vez a organização crescendo, ele
também terá o crescimento pessoal e profissional
• visar metas estabelecidas em grupo
John Kao
Para ser líder é imprescindível:
• ser um facilitador na execução da tarefa;
• ser um especialista em pessoas;
• incentivar os processos de criatividade;
• auxiliar as pessoas na superação de seus limites;
• amar o que faz.
O segredo da liderança é equilibrar a ousadia e a disciplina de uma banda de jazz.
Willian Pollard
Líder é aquele que:
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
• se dedica aos outros;
• serve aos colaboradores;
• ajuda os colaboradores a alcançar o sucesso.
Jack Welch
Líder é aquele que:
• não gerencia pessoas (gerente é sinônimo de características negativas associadas aos chefes, como controle, repressão e falta de comunicação);
• não é detalhista, pois precisam ter uma visão abrangente (selecione profissionais e deixe
que eles façam seu trabalho)
Liderar é criar uma visão nova e fazer com que as pessoas se apaixonem por ela e que
mal esperem para transformála em realidade.
Crie uma visão e motive os outros a realizála.
Características gerais do líder
Líder é aquele que:
• trabalha sempre com a porta aberta, não escondendo sua atuação e suas ações de
qualquer liderado; sempre com uma administração clara e transparente;
• nem sempre é possuidor de melhores condições financeiras, não o detentor do melhor
salário, mas o elemento disposto a se arriscar mais que os outros, realizando trabalho
que muitos não se encorajam a realizar;
• não é o que se promove, mas promove os outros com o espírito de servir, pois sabe que
quando sua equipe cresce ele também cresce;
• não é simplesmente o administrador, mas essencialmente o criador, aquele que dispõe
de idéias criativas em muitas oportunidades;
• não é o que manda os outros fazer o que ele próprio não está disposto a fazer, mas que
auxilia nas tarefas mais complexas;
• não é apenas o espectador ou o detentor do cargo, mas aquele que trabalha junto;
• não é quem está sempre desconfiando dos colaboradores, mas aquele que está sempre
pronto a ser surpreendido pelo potencial deles.
25
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Tipos de Liderança
Os processos de liderança podem ser classificados em:
a) Liderança Responsável (hierárquica)
É a que é exercida por alguém que muitas vezes, mesmo sem ter os atributos de líder, foi
efetivado no cargo por determinação superior.
b) Liderança Efetiva
Mesmo sem ocupar oficialmente o cargo de líder, ele se sobrepõe a aquele que o detém. É
um líder oficioso.
c) Liderança Carismática (pessoal)
É aquela que é exercida por alguém que detém oficialmente o cargo, e que goza da
admiração dos liderados por apresentar os atributos do verdadeiro líder.
O trabalho em equipe hoje é condição vital para as instituições, e exige que os líderes
tenham personalidade forte e sejam capazes de desenvolver habilidades políticas e estabelecer
parcerias. As velhas soluções para novos problemas contaminam as decisões criativas das
pessoas, não sendo muito raros “líderes primazes” apresentarem decisões arcaicas.
Durante muito tempo no ocidente, os altos executivos das empresas foram treinados para
tomar atitudes individualistas, ser impacientes e desconfiados, que são atributos que só servem
para complicar o trabalho. Segundo Andy Grove, “nesse sistema somente os paranóicos
sobreviviam”.
Na atualidade, o debate está voltado à participação efetiva dos funcionários nas decisões
importantes, desde que sejam observados os seguintes aspectos:
a) a sobrevivência e o crescimento das organizações dependem da capacidade criativa e
flexível do grupo e de inventar formas mais interessantes de lidar com velhos
problemas.
b) o trabalho em equipe vem se tornando uma necessidade cada vez mais imperiosa num
mundo cada vez mais complexo e competitivo.
c) Liderar é lidar com pessoas obtendo o máximo comprometimento e a criatividade num
clima de abertura em que se possa atuar sem medo. Para que isso possa ocorrer, é
imprescindível que se pratique a comunicação de forma clara e plena.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
• Comunicar é estabelecer algo em comum, um estímulo que provoca reações que podem
ser corporais, gestuais, verbais, visuais, explícitas ou mesmo tênues.
Às vezes fica difícil estabelecer um significado comum a uma comunicação. Este fato
perpassa pelo desinteresse das pessoas em determinados assuntos.
Para desenvolver equipes eficazes, é necessário que o líder saiba trabalhar em equipe,
pois mais do que uma ciência, é uma arte que demanda como requisito essencial competência
nas relações interpessoais
Atitudes básicas de um líder
Para desenvolver um trabalho em equipe, o líder deve exibir atitudes básicas como:
a) Acolher – é mais do que receber; é proteger, amparar, estimular, é fazer as pessoas
estar em conforto sem medo de expressar suas idéias; é ter a mesma relevância que os
demais membros da equipe.
b) Confiar – é crer no potencial que os indivíduos têm de desenvolver competências,
habilidades e criatividade. É uma atitude difícil de se conseguir na equipe, porém a mais
importante no sentido de promover a segurança dos integrantes.
c) Exigir – não é ser autocrático nem tampouco arrogante ou prepotente, embora seja
comum certa confusão ligada a habilidade ou dificuldade pessoal. Exigir é estabelecer
limites, é ser firme nos posicionamentos, é não admitir repetição de erros quando o
elemento foi suficientemente esclarecido sobre a execução da tarefa, é ser rigoroso,
exigente, impedindo que as tarefas não sejam divididas eqüitativamente, de modo que
uns poucos trabalhem e outros se acomodem.
d) Dialogar – é dar atenção, é escutar e fazer ser escutado, é questionar, é se preocupar
com o outro, é dividir problemas, é ter uma atitude verdadeira, sem mentiras, sempre no
intuito de ajudar; sem este tipo de atitude não se estabelece a confiabilidade, e portanto
não se consolida o espírito de equipe.
e) Compartilhar – é dividir sucessos e reveses, é saber se posicionar no lugar do outro, é
ter a capacidade de demonstrar fraquezas, é ser sensível aos sentimentos e
pensamentos dos outros, respeitandoos e os compreendendo; é reconhecer
sentimentos e expressálos nos momentos adequados, é ser solidário com os
problemas do outro.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Recomendações práticas
a) Procure conhecerse o mais possível, assim você poderá prever suas reações;
b) Mantenha uma participação equilibrada no grupo, sempre sendo o mais imparcial
possível.
c) Aprenda a ouvir, lembrese que ser um bom ouvinte é uma virtude atualmente.
d) Seja humilde e aprenda a dizer não sei, você não tem a obrigação de ser o detentor de todo o conhecimento produzido pela humanidade.
e) Suas ações sempre devem ser permeadas de muita responsabilidade.
f) Em caso de premência, tenha coragem, tome as decisões que não lhe competem.
g) Aprenda a valorizar as virtudes dos outros e expresse seu reconhecimento.
h) Cuidese e estimule os outros para uma qualidade de vida cada vez melhor.
Exercícios
1. Para ser um líder, não podemos: a) ser arrogantes, prepotentes e autoritários. b) deixar de ouvir os outros e também de nos fazer ouvir. c) de furtarmos de uma participação direta nas tarefas com a equipe. d) permitir que o espírito inovador e criativo se manifeste em todos os membros.
2. Para que entre os membros da equipe se sintam seguros e com condições de se manifestar livremente, o líder deve: a) coibir manifestações criativas. b) sempre se comunicar usando palavras não articuladas. c) confiar, sempre reconhecendo as virtudes dos membros da equipe. d) sempre decidir pelos outros. e) acatar sempre as decisões superiores e repassálas para os subalternos.
Respostas dos Exercícios
1. Para ser um líder, não podemos: RESPOSTA CORRETA: D
2. Para que entre os membros da equipe se sintam seguros e com condições de se manifestar livremente, o líder deve: RESPOSTA CORRETA: C
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 04 • OS DESAFIOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Contexto histórico
A escola surge de uma necessidade social de se preservar e se disseminar o
conhecimento acumulado pela sociedade e tornar mais capazes as gerações que se sucediam;
além disso, busca saciar a necessidade e a curiosidade que o homem tem de dominar o saber.
Inicialmente, as relações aconteciam entre quem detinha o saber e os jovens e adultos que
procuravam ilustrarse com os ensinamentos dos mestres. Um exemplo típico é a figura de Cristo
e seus Apóstolos, que o seguiam e eram ensinados através de situações do cotidiano.
Em algum momento, a sociedade resolveu agrupar esses mestres em um ambiente único
(a escola); a partir desse momento surgem novas necessidades de organização, o trabalho se
torna mais específico, as relações entre alunos e professores se tornam mais complexas, a
própria necessidade foi gerando outras ocupações dentro do processo de ensino.
O surgimento do ensino primário no Município de São Paulo se deu em meados da década
de 50, quando o então Departamento de Ensino Municipal cria as Escolas Isoladas Municipais
que constituiriam mais tarde as Escolas Agrupadas Municipais (galpões de madeira), que se
transformaram na atual rede Municipal de Educação. Esse ensino afeta a Secretaria Municipal de
Educação de São Paulo, que organiza Centros de Educação Infantil (CEI) (antigas creches),
Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI) (antigos parques infantis), Escolas Municipais de
Ensino Fundamental (EMEF), Escolas Municipais de Educação Fundamental e Médio (EMEFEM),
e outras modalidades que atendem à educação especial (deficientes auditivos), educação de
jovens e adultos, ensino profissionalizante, etc.
A figura do Diretor tem suas origens na rede estadual, em 1894, no Grupo Escolar, quando
o agrupamento de salas e professores gera a necessidade de coordenar o trabalho e obviamente
um docente assume tal tarefa, no momento em que as tarefas da escola se tornam mais
complexas. Eles eram nomeados pelo Governador do Estado em cargos de comissão ou de livre
escolha entre docentes primários (normalistas) que possuíssem pelo menos dois anos de
docência. Na mesma época, surge o regimento escolar que por quase 8 décadas mantém o
mesmo tipo de escola.
Muito embora a função tenha sido criada no final do século XIX, a formação específica do
especialista para exercer tal função somente teve sua consolidação em 1920, quando uma
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
reforma de ensino criou a Faculdade de Educação, que tinha como missão formar o professor
primário para administrar escolas; em 1931 o ensino normal assume a tarefa de formar
especialistas (inspetores, delegados e os próprios diretores); somente em 1938 essa formação se
dá a nível superior, com a instalação de cursos de Pedagogia na Universidade de São Paulo
(USP).
Valmir Chagas (1982) faz a comparação da figura do diretor da época e o atual: “o diretor
de pequenas escolas, um educador severo e humano, hoje um executivo frio e impessoal. Antes
um líder amado ou um chefe respeitado ou mesmo temido, mas que existia, fazse, hoje, um mito
que já ninguém conhece”.
A importância do trabalho do diretor
Embora sejam feitas muitas críticas à figura do diretor atual, devese reconhecer a
importância e a necessidade do cargo, o trabalho de coordenação e liderança do grupo, os
trabalhos burocráticos, diretrizes pedagógicas, a qualidade de ensino, o atendimento da
comunidade escolar, a representação da escola, a manutenção da ordem, da limpeza, do espaço
físico, e até mais recentemente sua ampliação, e ainda, como ponte de ligação entre o poder
central e a clientela.
As diretrizes pedagógicas, a manutenção da qualidade de ensino, a preocupação com o
aprendizado do aluno devem se constituir em prioridades para o trabalho de gestão, e jamais as
tarefas burocráticas devem se sobrepor às primeiras, uma vez que o aluno deve ser a figura
principal da escola, pois esta não existe sem a existência do aluno.
Nesse aspecto, cabe ao diretor criar condições para que o trabalho em geral, realizado na
escola, apresente uma eficiência e que o maior beneficiário dela seja o aluno. O papel do diretor
encontrase dentro da organização da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em nível
de execução e muitas vezes este trabalho é prejudicado por causa da estrutura daquele órgão,
uma vez que não há um diálogo sistemático entre os níveis de execução e os decisórios, o que
provoca uma sensível dicotomia entre o que se decide e o que efetivamente se pratica. Por outro
lado o, feedback (o retorno) das medidas adotadas mascara a verdadeira situação verificada no cotidiano da escola. Um exemplo é a escola da família.
A Secretaria de Educação do Estado não modernizou os seus processos administrativos e,
como em todo órgão público, as decisões são sempre muito morosas, burocratizadas,
centralizadas, hierarquizadas e muitas vezes fora do contexto.
30
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A maior parcela do processo decisório fica com os órgãos centrais (gabinete do secretário,
coordenadorias e departamentos); o nível intermediário da estrutura (diretoria de ensino) fica
apenas como órgão de ligação entre o nível decisório e o de execução (escola), para a qual resta
apenas o aspecto operativo.
Nesse cenário, encontramos uma escola que tem assumido tarefas que se tornam mais
complexas e mais diversificadas, ampliando assim o espectro de sua atuação; uma legislação (Lei
9394/96) que propõe a autonomia para a escola mas é tutelada pelo poder público não lhe dá
condições para criar alternativas para sair da crise que vivemos hoje na educação brasileira.
Motivos da crise educacional
Analisando profundamente as origens dessa crise no ensino paulista e do país, iremos
perceber que os principais motivos encontram entre esses a seguir:
• Pressões políticas sofridas pelo governo federal, sugeridas por organismos externos
(Banco Mundial, BIRD, FMI), que prescrevem que o país não pode desperdiçar recursos
com educação que acabam tendo reflexos na educação do estado.
• O investimento de recursos financeiros para educação pelas autoridades. Os recursos
são insuficientes e muito malaplicados, sem contar os desvios.
• A própria vontade política dos governantes, que enfraquecem o papel da escola para que
ela não cumpra seu dever, dotando de cultura, criticidade e reflexividade, e espírito de
cidadania os jovens, temendo a reação deles em relação aos desmandos e à corrupção
que se instalou no país.
• Também o aperfeiçoamento da educação não interessa à classe dominante, pois se a
escola cumprir realmente o que está colocado na legislação art. 206 da C.F., “o pleno
desenvolvimento da pessoa, o seu preparo para exercício da cidadania, e sua
qualificação para o trabalho” seriam condições necessárias para que os jovens não
ingressassem no mercado de trabalho com salários tão aviltados.
• Parâmetros encontrados pelos jovens no ambiente social que tiram a motivação para o
estudo e não demonstram a utilidade da educação. Ex.: os altos salários conseguidos
pelos jogadores de futebol, em comparação com os “baixos salários” percebidos pelos
professores.
31
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
• Com a adoção do processo de promoção continuada, não geramos no jovem qualquer
tipo de necessidade, o que retirou deles a questão dos desafios (“a necessidade gera a
motivação”, conforme Maslow (1943)). Sabendo antecipadamente de sua promoção,
deixam de se motivar a estudar.
• No abandono dos pais em relação às atividades em geral dos filhos e com relação aos
trabalhos efetivados no ambiente escolar, muito mais preocupados com o fator
subsistência.
Todos estes fatores somados a alguns de menor destaque contribuem para tornar ainda
mais complexo o trabalho do gestor escolar.
O nível de satisfação dos diretores
Santos (2002) e Vianna (1995: 34), em pesquisa realizada em 43 escolas públicas e
privadas da região do ABC paulista, discutem e analisam a insatisfação dos diretores de escola
diante das atividades que precisam desenvolver.
A pesquisa revelou que:
a) o descontentamento e a sensação de impotência e inutilidade diante do fracasso da
escola têm sido o verdadeiro motivo da insatisfação da grande maioria dos diretores;
b) o descontentamento é maior entre os diretores que se limitam ao trabalho burocrático e
de representação da escola;
c) uma postura transformacional transferível para o trabalho na escola, desenvolvendo
ações coletivas e organizadas, diminui o nível de angústia e frustração;
d) o desenvolvimento de uma gestão participativa não só diminui significativamente o grau
de insatisfação, como também promove a realização pessoal e profissional no trabalho;
e) não houve registro muito diferenciado em relação aos diretores de escolas particulares,
exceto quando eram donos da escola ou participavam significativamente dos lucros.
A pesquisa sugere que as escolas possam ser gerenciadas por colegiados e atuem como
recursos de contraideologia, conscientizando para uma ação coletiva e organizada.
Segundo as conclusões da pesquisa, é necessário:
32
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
1) Efetivar a gestão participativa nas escolas, envolvendo todas as pessoas no
planejamento das atividades, nos aspectos administrativos, pedagógicos, políticos e
éticos;
2) Resolver a insatisfação dos diretores de escola devida à sensação de impotência e
inutilidade diante do fracasso da escola em educar as novas gerações;
3) Conscientizar a todos de que somente a prática participativa e democrática pode
provocar mudanças significativas e benéficas para a escola.
Insatisfeitos com o modelo tecnoburocrático, muitos pesquisadores propõem um novo
modelo de formação do professor e do administrador educacional. Suas propostas consideram
que a escola é um organismo vivo e que a crise da educação está relacionada à demanda de
reorganização do Estado. Valorizam a formação do educador comprometido com a comunidade e
não com a burocracia escolar, o papel do administrador, sua experiência docente, a escolha
democrática e a autonomia das instituições educacionais.
Pressuposto de qualidade na escola
Para a realização de um trabalho de qualidade na escola, não somente o gestor, mas
todos os envolvidos com o trabalho educacional devem atentar para alguns fatores:
1) Como visto na aula sobre liderança, o diretor deve estar sempre participando do
processo integrado às atividades, reavivando e exigindo o cumprimento das metas
levantadas pelo coletivo na proposta pedagógica.
2) Permitir e incentivar a participação dos membros de sua equipe em simpósios, eventos,
cursos, aperfeiçoamentos, etc. e que as questões relevantes neles levantadas sejam
disseminadas e discutidas, alvo de estudo do grupo para a melhoria do trabalho
pedagógico (educação continuada de fato).
3) Que todo o trabalho pedagógico desenvolvido pela escola esteja direcionado para a
melhoria da qualidade de ensino, cujo ponto de partida se concentrará nas reais
necessidades, nos anseios e na realidade da comunidade sua beneficiária.
4) Que a gestão participativa seja a tônica de todos os trabalhos desenvolvidos no interior
do ambiente escolar (democrática) e que as decisões relevantes sejam tomadas de
comum acordo com a comunidade escolar.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
5) Que base de todos os trabalhos executados na escola seja o Projeto Pedagógico e que
este seja fruto do consenso de todos os integrantes da comunidade escolar.
6) Que seja formada uma equipe de docentes coesa, que possua os mesmos objetivos, e
que todos os demais segmentos da escola (burocrático, supervisão, direção,
operacional, serviços técnicos, etc.) contribuam para o aperfeiçoamento do processo
pedagógico.
O trabalho do diretor
A atividade do gestor da escola deve basearse nas teorias de liderança e administração,
vistas nas aulas anteriores, mas principalmente com a preocupação de:
a) uma administração transparente, em que todos possam participar, sem medo, opinar
sobre diferentes assuntos, e que cada membro cultive o sentimento de pertencer.
b) que a escola apresente um processo de liderança flutuante,na qual o líder é aquele que
está tendo “um insight criativo”, trazendo contribuições significativa para o grupo.
c) que as relações interpessoais sistematicamente se realizem num ambiente de respeito,
colaboração, afetividade e profissionalismo.
d) que a tônica do trabalho esteja voltada para objetivos comuns, e que em conjunto se
discutam os melhores caminhos para alcançálos.
e) que seja sempre incentivado o crescimento pessoal e profissional dos membros.
f) que o ambiente de trabalho seja amistoso, alegre, solidário e motivador, e que cada um
dos membros execute suas tarefas da melhor forma possível.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Exercícios
1. Segundo a pesquisa realizada em 43 escolas públicas e privadas do ABC paulista, o nível de frustração e angústia dos diretores diminui: a) quando existe a sensação de impotência e inutilidade diante do fracasso da escola. b) entre os diretores que se limitam ao trabalho burocrático e de representação da escola. c) quando existe o desenvolvimento de uma gestão participativa.
2. O Trabalho de gestão da escola é dificultado: a) pela excessiva agilização das tarefa junto aos órgãos centrais. b) pelo retorno das ações quando algo determinado pelos órgãos centrais não deu certo. c) pela legislação, que impede que seja concedida a autonomia. d) por ações dos órgãos decisórios, que sempre privilegiam o contexto escolar e) pela dicotomia existente entre as decisões dos órgãos centrais e os interesses da
comunidade escolar
Respostas dos Exercícios
1. Segundo a pesquisa realizada em 43 escolas públicas e privadas do ABC paulista, o nível de frustração e angústia dos diretores diminui: RESPOSTA CORRETA: C
2. O Trabalho de gestão da escola é dificultado: RESPOSTA CORRETA: E
As escolas isoladas foram criadas por Decreto para atender no município de São Paulo
as crianças que não conseguiam vagas no Grupo Escolar Estadual; eram instaladas nas
salas, garagens, etc. cedidas pelas professoras contratadas, em suas residências. A
prefeitura entrava com o material básico e as professoras buscavam no bairro as
crianças que não estavam matriculadas. Em cada casa funcionava uma série. Com o
aumento da procura, a prefeitura construiu, de modo emergencial, os galpões de
madeira onde alocou as salas de aula da localidade, denominandoas de Escolas
Agrupadas Municipais. O próximo passo foi substituir os galpões de madeira por
construções de alvenaria, denominandoas de Escola Municipais do 1º Grau (EMPG), e
por força da Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) passaram a denominarse Escolas
Municipais de Ensino Fundamental (EMEF). O ocorrido com a Rede Estadual foi
semelhante – somente relatamos o processo no Município de São Paulo por se tratar de
história mais recente.
35
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 05 • GESTÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL
A administração da educação brasileira encontrase organizada em três níveis
administrativos, de modo semelhante à ordenação política do Brasil, cujas responsabilidades
encontramse partilhadas nas esferas de governo:
a) Federal, cuja Constituição, no art 205 “Educação direito de todos, dever do Estado” (atente para o vocábulo Estado, que está escrito com a inicial maiúscula, significando nação, país) atribui em última análise toda a responsabilidade pela educação do país.
O órgão que especificamente trata dos assuntos de educação é o Ministério da Educação
(MEC), que foi criado em 1930 para organizar a educação de todo o país em todos os níveis. O
MEC é composto pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que é um órgão colegiado,
constituído por duas câmaras: a Câmara de Educação Básica (CEB) e a Câmara de Ensino
Superior (CES), ambas compostas por 12 conselheiros, uma responsável respectivamente pelos
ensinos: préescolar, fundamental e médio, e a outra, pelo ensino superior. As funções do CNE
são analisar processos, pedidos, produzir legislação de ensino (Leis, Pareceres, Deliberações e
Indicações), além de subsidiar os atos do Ministro da Educação, que é um cargo político do qual
não se exige muito conhecimento da área.
Temos a Secretaria Executiva, que encaminha os processos e despachos para os setores
competentes, e a Assessoria Jurídica, que examina os processos, dando pareceres à luz da
legislação vigente. Além desses órgãos, temos:
a) Secretaria de Educação Básica (SEB), que é responsável pelos diversos expedientes da
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio e suas respectivas legislações,
articulação e desenvolvimento.
b) Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad: trata de
programas de alfabetização em geral, inclusão educacional, educação indígena,
educação ambiental, etc.
Órgão Colegiado: conjunto de membros de um órgão que arrebanha pessoas de
elevado conhecimento, que nesse caso é a educação. Os conselheiros são pessoas
que possuem notadamente um conhecimento profundo em educação nas câmaras onde
militam; possuem mandatos de 4 anos e são nomeados pelo Presidente da República.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
c) Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec): desenvolve programas de
educação profissionalizante e tecnológica, de estudos de mercado profissional, etc.
d) Secretaria de Educação Especial (Seesp) desenvolve programas de educação inclusiva,
deficiência visual, deficiência auditiva, apoio à educação profissional inclusiva, etc...
e) Secretaria de Educação a Distância (Seed): desenvolve a regulamentação da educação
a distância, a Universidade Aberta do Brasil, Cursos de Graduação a distância, etc.
f) Secretaria de Educação Superior (SESu): dedicase à aprovação, verificação e abertura
de cursos superiores, Avaliação Institucional, Cursos de Pósgraduação, etc.
Além desses órgãos, o MEC possui vinculação com:
• INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – responsável pela
estatística e indicadores educacionais e pelo ENAD, o antigo exame nacional de cursos
(provão).
• FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que provém de recursos
financeiros o sistema e faz repasses.
• CAPES – Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior, que é um
órgão de fomento para a capacitação e aperfeiçoamento do pessoal do ensino superior
(agência de financiamentos para do desenvolvimento de pesquisas – pósgraduação).
O Governo Federal investe em educação no mínimo 18 % de toda a sua arrecadação, dos
quais 60% são investidos no ensino fundamental (pois a meta do governo é erradicar o
analfabetismo) e 40% em outras modalidades
b) Estadual: por atribuição de competência do governo federal, os governos estaduais
ficaram com a incumbência de incrementar o desenvolvimento da educação básica
(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), mediante repasse de verbas
federais. Com organização semelhante ao MEC, o governo Estadual tem como órgão
representativo, na área da educação, a Secretaria de Educação do Estado, que em
São Paulo é composta pelo Conselho Estadual de Educação (CEESP), que é um
órgão colegiado, constituído por duas câmaras a Câmara de Educação Básica e a
Câmara de Ensino Superior (que analisa situações das Universidades Estaduais e
Municipais do Estado de S.Paulo), ambas compostas por conselheiros, uma
responsável respectivamente pelos ensinos: préescolar, fundamental e médio, e a
outra, pelo ensino superior. As funções do CNE são analisar processos, pedidos,
produzir legislação de ensino (Leis, Pareceres, Deliberações e Indicações), além de
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
subsidiar os atos do Secretário da Educação, que é um cargo político do qual não se
exige muito conhecimento da área.
A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo possui a Assessoria Técnica de
Planejamento e Controle educacional (ATPCE), que subsidia com planejamento e dados
estatísticos as decisões do Secretário.
Para o suporte administrativo, a secretaria tem como órgãos decisórios a Coordenadoria
de Ensino do Interior (CEI), que organiza todas as Diretorias de Ensino do interior do Estado de
São Paulo (Regiões Administrativas); a Coordenadoria de Educação da Grande São Paulo
(COGSP), que é o órgão decisório responsável pelas Diretorias de Ensino da Capital e de
Municípios vizinhos (Grande São Paulo), e a Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas
(CENP), responsável por programas voltados para o aperfeiçoamento do pessoal docente,
promovendo cursos, encontros, editando propostas pedagógicas, etc.
Em cada região existem as Diretorias de Ensino (DE) que são responsáveis pela
disseminação de propostas educacionais, auxílio e assessoria técnica às escolas.
O Governo Estadual investe em educação. no mínimo 25 % de toda a sua arrecadação,
dos quais 60% são investidos no ensino fundamental (pois a meta do governo estadual é o
combate ao analfabetismo) e 40% em outras modalidades.
Ainda na estrutura da Secretaria da educação do Estado de São Paulo, encontramos
órgãos como:
• FDE – Fundo de Desenvolvimento da Educação, que é um órgão que provém de
recursos financeiros todo o sistema estadual de educação.
• DRHu – Departamento de Recursos Humanos: responsável pela admissão de pessoal
para a educação, mediante concursos públicos e de processos de movimentação de
pessoal (remoções, etc.).
c) Municipal: por atribuição de competência do governo federal e dos governos estaduais
ficaram com a incumbência de incrementar o desenvolvimento da educação infantil e o
ensino fundamental, mediante repasse de verbas estaduais e federais. Com
organização semelhante ao MEC, o governo Estadual tem como órgão representativo,
na área da educação a Secretaria Municipal de Educação, que no município de São
Paulo é composta pelo Conselho Estadual de Educação (CME), que é um órgão
As mesmas características e composição do Conselho Nacional, porém são nomeados
pelo Governador do Estado
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
colegiado, constituído por uma câmara, que discute assuntos relacionados com a
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio (apenas 14 escolas). As
funções do CNE são analisar processos, pedidos, produzir legislação de ensino (Leis,
Pareceres, Deliberações e Indicações), além de subsidiar os atos do Secretário
Municipal de Educação, que é um cargo político do qual não se exige muito
conhecimento da área.
Na estrutura da Secretaria Municipal de Educação, temos a Coordenadoria dos Núcleos de
Ação Educativa (CONAE), que é responsável pela parte administrativa e de pessoal dentro da
secretaria; e o Departamento de Orientação Técnica (DOT), responsável pelo aperfeiçoamento e
capacitação, mediante cursos, propostos em todos os níveis de abrangência do ensino municipal;
Interligados a esses dois órgãos, temos as Coordenadorias Municipais de Educação antigos
Núcleos de Ação Educativa (NAE) em número de 13 localizadas em regiões específicas da
cidade, e a estas estão ligadas às escolas da região.
O Governo Municipal investe em educação no mínimo 25 % de toda a sua arrecadação,
dos quais 60% são investidos no ensino fundamental (pois a meta do governo estadual é o
combate ao analfabetismo) e 40% em outras modalidades (no município de São Paulo o
investimento é de 30%).
Gestão e organização interna da escola
A escola na atualidade, instituída pela sociedade, nos moldes com que nos deparamos
hoje, é fortemente influenciada pela vida sóciopolíticocultural e pelo mundo do trabalho,
articulandose com os conhecimentos produzidos por ela própria, e pela sociedade, que são
responsáveis pelo aprimoramento e desenvolvimento de habilidades e competências e a formação
plena do cidadão.
Com a promulgação em 05.10.88 da Constituição da República Federativa do Brasil, nosso
país, que até então vivia num regime de exceção (ditatorial), passou a adotar um novo regime
jurídico, o Estado Democrático de Direito, e a partir daquele momento fez com que todas as
instituições assumissem uma nova proposta administrativa, a gestão participativa (democrática).
IMPORTANTE: Os princípios legais em educação, impostos pelo governo federal, não
podem ser contrariados por decisões das autoridades educacionais estaduais e, por sua
vez, os princípios educacionais estabelecidos pelas autoridades estaduais não podem
ser contrariados por medidas adotadas por autoridades educacionais municipais.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A escola, que sempre foi uma instituição com postura conservadora obviamente, teve que
se adaptar à nova condição social do país, e adotar mecanismos que tornassem a gestão escolar
mais participativa, conforme disposto nas Leis:
1) Constituição Federal/ 1988
“art. 206 O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
VI gestão democrática do ensino público, na forma da lei”
2) Lei 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)
“art.14 Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino
público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes
princípios: I participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da
escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou
equivalentes.
“art. 15 Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação
básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão
financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.”
Tanto d Constituição Federal como a Lei de Diretrizes e Bases ratificam e estabelecem a
necessidade do desenvolvimento, organização e exercício da gestão democrática da educação.
A Gestão escolar democrática
A gestão democrática de escola é construída no diaadia pelos que, direta ou
indiretamente, vivenciam a educação. Ela exige participação de todos por intermédio da existência
de colegiados e outros mecanismos institucionais. O pressuposto básico da gestão democrática é
a concepção de educação como direito e dever de todos. Portanto, os diferentes agentes devem
participar das decisões e da implementação do que foi decidido nas escolas: governantes,
gestores, professores, alunos, funcionários, pais e comunidade.
A gestão democrática da escola pública está prevista na legislação e foi incorporada como
um fundamento básico da escola e do sistema escolar brasileiro.
Uma escola democrática é aquela na qual as decisões são compartilhadas, bem como são
compartilhadas as tarefas necessárias para implantar tais decisões. Para tanto, tornase
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
necessário o desenvolvimento de uma cultura participativa entre todos os envolvidos no processo
educacional. Esta participação deve ser garantida na estrutura organizacional e, mais ainda, vivida
no ambiente escolar. O espírito democrático deve estar presente em todo o trabalho escolar: na
sala de aula, nos corredores, na secretaria, no pátio, nos atos dos professores, dos funcionários,
da equipe dirigente, dos alunos e de seus pais.
A participação deve ser entendida como um processo de aprendizagem que demanda:
espaços sociais específicos para a sua concretização; tempo para que idéias sejam debatidas e
analisadas; esforço de todos aqueles preocupados com a formação do cidadão e de uma escola
verdadeiramente democrática.
Aos gestores da unidade escolar cabe promover a participação, coordenando os esforços
de forma a ampliar a relevância do ensino ministrado na escola, que tem como função precípua
garantir a educação de qualidade para todos os alunos. Libâneo (2001) afirma que a tarefa dos
gestores educacionais visa a: “dirigir e coordenar o andamento dos trabalhos, o clima de trabalho,
a eficácia na utilização dos recursos e dos meios, em função dos objetivos da escola; assegurar o
processo participativo de tomada de decisões e, ao mesmo tempo, cuidar para que essas
decisões se convertam em ações concretas; assegurar a execução coordenada e integral das
atividades dos setores e elementos da escola, com base nas decisões tomadas coletivamente;
articular as relações interpessoais na escola e entre a escola e a comunidade (incluindo
especialmente os pais).”
Explica ainda que o exercício da gestão democrática depende de autoridade,
responsabilidade, decisão, disciplina e iniciativa.
Na escola, a gestão exige visão de conjunto que integra as diferentes dimensões: gestão
pedagógica, gestão de pessoas, gestão de materiais e patrimônio, gestão financeira e gestão de
resultados.
É no compromisso com a gestão democrática que está implícita a concepção de escola
como um bem público e perene, que possui significado fundamental no processo de construção
de uma nação democrática.
Exercícios
1. A função dos Conselhos Nacional, Estadual e Municipal de Educação é: a) Acatar as determinações do Ministro ou dos Secretários da Educação, respectivamente:
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
b) Sancionar leis referentes à educação. c) Auxiliar o presidente e os governadores nas decisões mais importantes da educação. d) Propor, por meio de Pareceres ou Deliberações, medidas que organizem o sistema
educacional. e) Discutir e propor soluções para os diferentes assuntos que afetam a política e a vida social
do país.
2. A gestão democrática da educação presume uma: a) participação tutelada do Estado sobre a escola. b) ação de revolta dos diretores contra os desmandos da população. c) imposição do poder para sanar os problemas da ditadura. d) solicitação da comunidade em geral no sentido de popularizar a escola. e) conseqüência da adoção do estado democrático de direito pela Constituição Federal.
Respostas dos exercícios
1. A função dos Conselhos Nacional, Estadual e Municipal de Educação é: RESPOSTA CORRETA: D
2. A gestão democrática da educação presume uma: RESPOSTA CORRETA: E
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 06 • GESTÃO ESCOLAR E ORGANIZAÇÃO JURÍDICA
O diretor escolar, dentro da ação educativa, muitas vezes se vê diante de normas jurídicas
(Leis, Decretos, Portarias, etc.), e na grande maioria das vezes desconhece suas origens e
diferenças, acha complicado interpretálas, que os temos jurídicos são difíceis, e portanto negase
a ler com mais atenção o texto, preferindo em muitas oportunidades acreditar na interpretação de
outrem. Lembrese que quando se tem acesso às normas legais, descobrimos mais facilmente
saídas para problemas que eram aparentemente insolúveis, e que sem esta compreensão, ou
pela interpretação equivocada de outros, redundariam em mais tarefas sem qualquer finalidade
prática.
O gestor escolar competente tem que ter a compreensão dos textos legais básicos, pelo
menos no que se refere à educação (Constituição Federal, Estadual e Leis orgânicas, Lei de
Diretrizes e Bases, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Magistério, Estatuto da
Associação de Pais e Mestres, e conhecer para orientar, legislações que se referem à vida
funcional dos servidores, procedimentos processuais, etc.).
Neste sentido, esta aula contribuirá para um aprimoramento nessa área específica, pois
acreditamos que quem se habitua a ler e interpretar com propriedade as normas legais (isso é
apenas uma questão de exercício e comprometimento) conhece as origens delas, e sua
hierarquia, passa a ser admirado pelos seus pares e se torna um líder do grupo (liderança
carismática) mais facilmente, porque em todas as oportunidades será consultado.
O Brasil é um país de grande extensão territorial (8,5 milhões de Km²) e portanto sua
organização administrativa, como já vimos, se divide em Governo Federal, que possui
ascendência sobre todos os estados da federação, os Governos Estatuais, que organizam as
instituições de frações do território nacional, ou seja, os estados, e os Governos Municipais que
gerenciam frações dos estados, os municípios.
Pela organização administrativa acima descrita, podemos perceber que existe uma
hierarquia jurídica estabelecida entre esses níveis administrativos, ou seja, uma norma legal
federal deve ser obedecida e não contrariada em todos os estados, por sua vez, uma norma legal
estabelecida pelo estados deve ser obedecida e não contrariada pelos municípios que lhe estão
afetos.
Cada nível administrativo (federal, estadual e municipal) é constituído por três poderes:
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
I Poder Legislativo, que é o responsável pela representação popular, pela propositura e
aprovação dos diplomas legais (isto é, elaborar e aprovar as leis).
a) Na esfera federal, o poder legislativo é representado pelo congresso Nacional, que é
composto por duas câmaras Câmara dos Deputados e o Senado. Todo projeto de lei
obrigatoriamente é discutido, aprovado ou rejeitado; se aprovado na Câmara dos
Deputados, é encaminhado para o Senado, onde novamente é discutido e aprovado ou
rejeitado; se aprovado, é remetido para o Presidente da República para promulgação
(assinatura e publicação no Diário Oficial da União).
b) Na esfera estadual, o poder legislativo é representado pela Assembléia Legislativa
existente em cada estado; todo projeto to de lei obrigatoriamente é discutido, aprovado
ou rejeitado; se aprovado, é remetido para o Governador do Estado para promulgação
(assinatura e publicação no Diário Oficial do Estado).
c) Na esfera municipal, o poder legislativo é representado pela Câmara dos Vereadores
existente em cada município; todo projeto to de lei obrigatoriamente é discutido,
aprovado ou rejeitado; se aprovado, é remetido para o Prefeito para promulgação
(assinatura e publicação no Diário Oficial do Município).
II Poder Executivo: é responsável pela sanção e pela publicação (promulgação) das
medidas legais aprovadas pelo Poder Legislativo ou propor Decretos, etc.
a) Na esfera federal, o poder executivo é representado pelo Presidente da República, que
tem competência de editar Decretos, Medidas Provisórias e Portarias, tendo o poder de
veto parcial ou total de qualquer norma emanada do Poder Legislativo para
promulgação (assinatura e publicação no Diário Oficial da União).
b) Na esfera estadual, o poder executivo é representado pelo Governador do Estado, que
tem competência de editar Decretos e Portarias, tendo o poder de veto parcial ou total
de qualquer norma emanada do Poder Legislativo para promulgação (assinatura e
publicação no Diário Oficial do Estado).
c) Na esfera municipal, o poder executivo é representado pelo Prefeito, que tem
competência de editar Decretos e Portarias, tendo o poder de veto parcial ou total de
qualquer norma emanada do Poder Legislativo para promulgação (assinatura e
publicação no Diário Oficial do Município).
III Poder Judiciário: é responsável pela fiscalização do cumprimento da normas legais e
pela aplicação de penas nos três níveis administrativos (federal,estadual e municipal).
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
a) Na esfera federal, o Poder judiciário, representado Supremo Tribunal Federal (STF),
Tribunal Eleitoral (TE,) que se constitui na última corte de apelação, pela Polícia
Federal e pelo Tribunal de Contas da União (TSU).
b) Na esfera estadual, o Poder Judiciário é representado pelo Fórum (Penais, Civil,
Trabalhista, etc), pelo Tribunal de Contas do Estado, pela Polícia Civil, etc.
c) Na esfera municipal, em todos os municípios brasileiros não existe o poder judiciário,
os impasses havidos no município são solucionados pelo Poder Judiciário Estadual. Em
municípios maiores, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro, existem apenas os
Tribunais de Contas do Município.
Hierarquia dos Atos Administrativos
É fundamental conhecer a hierarquia dos textos legais para determinar o que essencial e o
que é secundário, para distinguir entre o espírito e a letra, o texto e o contexto, a linha e a
entrelinha, deste ou daquele texto.
Colocamos aqui os textos legais quando se relacionam em uma ordem decrescente de
importância. Ex.: Lei é mais que um Decreto: uma lei revoga (substitui) um Decreto, porém um
Decreto não revoga (substitui) uma Lei (somente em casos muito especiais); uma Lei só pode ser
revogada (substituída) por outra Lei.
Ato administrativo é o ato de comunicação perfeito e completo. Os atos administrativos
constituem o veículo escrito da comunicação oficial com normas que devem ser rigorosamente
cumpridas.
I – Atos Deliberativos Normativos:
São decisões de órgãos colegiados e autoridades administrativas competentes que
tenham por objetivo estabelecer regras e normas.
a) Constituição conjunto de regras que estabelecem: a forma do governo, o modo de
aquisição do exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, e os limites de sua
ação, direitos e deveres do cidadão. É a lei máxima de um país, especial por ser
proposta por uma Assembléia Nacional Constituinte, e que não pode ser modificada no
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
todo ou em parte por nenhuma lei, a não ser outra Constituição ou por uma Emenda
Constitucional, respectivamente.
b) Emenda Constitucional: visa basicamente a atualizar, corrigir, complementar ou
adequar a “Constituição” para a realidade vigente no país. É incorporada à
Constituição, da qual se torna parte integrante com força de Direito Constitucional.
c) Lei ato jurídico emanado do Poder Legislativo, é definido como ordem geral obrigatória
que deriva de uma autoridade competente e reconhecida (Poder Executivo), imposta
coativamente à obediência de todos. A lei pode estabelecer norma de conduta (Ex:
aborto, divórcio, etc.) ou servir para cumprir uma política pública.(Ex: impostos, criação
de cargos públicos, ocupação dos solos, etc.)
d) Lei Complementar é uma lei cuja função é complementar a norma constitucional, a
qual necessita desse complemento para se fazer executar. (Ex.: a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional contém a explicitação dos princípios gerais sobre a
educação estabelecidos na Constituição Federal).
e) Lei Ordinária é a lei que trata de assunto específico ou seja, cujos princípios
obedeçam ao disposto na Constituição porém tratem de matéria própria; é emanada do
Poder Legislativo (ex.: o uso do cinto de segurança).
f) Decreto Lei ato expedido pelo Poder Executivo, mas com força de lei que pode
substituílo em circunstâncias excepcionais, distinguindose por não estabelecer
normas de conduta (ex.: enchentes, ameaças de guerra, ciclones: são fenômenos
devido aos quais o Poder Legislativo tem que tomar providências de emergência e
editar por meio de Decretolei: Estado de Calamidade Pública, Estado de Sítio, Estado
de Alerta, respectivamente).
g) Decreto é o ato do Poder Executivo, mas sem caráter de regra comum, inerente às
leis e regulamentos. Seu objetivo é desempenho das atribuições constitucionais do
poder executivo, que dele se serve para fazer nomeações, exonerações, outorgar
privilégios, conceder naturalização e outros atos referentes à administração pública.
h) Medida Provisória – Ato do Presidente da República que estabelece em situação
especial uma ordem geral e obrigatória, com caráter transitório e tempo determinado
(30 dias), podendo ser reeditada apenas uma única vez. Quando o presidente edita
uma medida provisória, no mesmo momento manda para o Congresso Nacional um
projeto de lei para ser votado em caráter de urgência.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
i) Portaria o ato emanado de Ministros, Secretários, Coordenadores Gerais e Regionais,
Dirigentes de Ensino e Diretores Gerais e Regionais (autoridades graduadas). É um ato
que estabelece normas ou procedimentos administrativos (ato normativo ou
administrativo) aprovando instruções, determinando providências, (nomeando,
demitindo ou punindo, etc.). Ex.: a nomeação ou a exoneração de funcionários públicos
efetivos se faz por Portaria; Portaria do Calendário Escolar; Portaria de Atribuição de
Aulas.
j) Resolução é o ato emanado do Secretário de Estado, contendo normas e
determinações para a execução de um serviço ou introduzir modificações na
organização de algum setor da administração pública. (Ex: Resolução SE 131/98 –
Organiza a recuperação intensiva na rede estadual de ensino).
l) Deliberação É o pronunciamento de um órgão colegiado (Executivo, Legislativo ou
Judiciário) que dispõe sobre julgamento e decisão de um assunto submetido a seu
estudo, após a verificação de anormalidade pelo sistema. A Deliberação geralmente
tem origem em uma Indicação que, submetida a reuniões plenárias dos Colegiados,
sendo aprovada, transformase em normas impostas coativamente. Ex.: Deliberação
CEE nº 11/96 dispõe sobre pedidos de reconsideração de resultados finais de avaliação
de alunos.
m) Indicação: Ato Legal pelo qual o Órgão Colegiado dá conhecimento à autoridade de
sua jurisdição da necessidade de ser tomadas providências de ordem política ou
administrativa de interesse público. Ex: Indicação CEE 12/96 dispõe sobre a
necessidade de estudo dos pedidos de reconsideração de resultados finais.
m) Ordem de Serviço: é uma determinação específica dirigida aos responsáveis por
setores da administração, contendo imposições ou orientações de caráter
administrativo ou especificações técnicas de procedimentos.
n) Regulamento: conjunto de regras destinadas a esclarecer e complementar o texto da
lei para facilitar sua execução. Podendo ser também denominada de Estatuto ou
Regimento.
o) Despacho: despachos administrativos são decisões que as autoridades executivas
(legislativas, executivas ou judiciárias) proferem em papéis (requerimentos, processos,
solicitações) sujeitos à sua apreciação.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Alguns Conceitos Jurídicos:
1) Publicação pela publicação a Lei se toma obrigatória. A publicação geralmente é
feita no Diário Oficial a partir da qual a lei entra em vigor, visando a impedir que se
alegue ignorância da lei.
2) Promulgação é o ato pelo qual o chefe de Estado atesta perante o corpo social a
existência da Lei, ordenandolhe o respectivo cumprimento. A promulgação torna a
lei executória, pública. Promulgação é constituída de assinatura e publicação.
3) Sanção é o ato pelo qual o executivo manifesta sua aquiescência à lei elaborada
pelo legislativo. Sanção significa tomar o preceito inviolável no sentido de coação.
4) Revogação tem a finalidade de corrigir ou tornar sem efeito um dispositivo legal.
5) Insubsistente deixa de existir.
6) Veto – Direito que assiste ao Poder Legislativo de recusar a sanção a uma lei
votada pelo legislativo.
Competências:
Leis: Presidente da República, Governador e Prefeitos (promulgação).
Decretos: Presidente da República, Governador e Prefeitos.
Medidas Provisórias: Presidente da República.
Resoluções: Ministros e Secretários (Estaduais e Municipais).
Deliberações: Órgãos Colegiados.
Portarias: Ministros, Secretários de Estados, Municipais, Superintendentes,
Coordenadores, Autoridades Policiais Dirigentes de Autarquias e outras autoridades
quando a lei assim estabelecer.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Exercícios
1. Analise as seguintes afirmações sobre os princípios de direito: I. Trabalhando com legislação se adquire o hábito e a capacidade de interpretação de leis. II. Obedecendo a hierarquia dos atos administrativos, um decreto pode revogar uma Lei em situações especiais.
Organização dos Atos Administrativos
Artigo: O artigo constitui a unidade para apresentação, divisão ou agrupamento de
assuntos no texto normativo. Os artigos são grafados em ordinal até o 9º seguido por
numeração cardinal (algarismos arábicos. Cada artigo deve abranger um único assunto.
O artigo dará, exclusivamente a norma geral, o princípio. As medidas complementares e
as exceções devem ser reservadas às subdivisões, especialmente aos parágrafos).
Parágrafos: Os artigos podem se desdobrar em parágrafos e incisos, e estes, em
alíneas. A disposição principal (artigo) é explicada, restringida ou modificada pelo
parágrafo, disposição secundária. O parágrafo é representado pelo sinal gráfico § salvo
na disposição em que existe um só parágrafo. A matéria tratada no parágrafo deve estar
intimamente ligada à de que se ocupa o artigo. O parágrafo deve conter as restrições do
artigo ou, então, completar as disposições deste último.
Incisos: Os incisos são empregados como elementos discriminativos do artigo, ou se o
assunto tratado não puder ser condensado no próprio artigo, ou não se mostrar
adequado a constituir um parágrafo. Os incisos são grafados por algarismos romanos,
seguidos de travessão e terminados por pontoevírgula, salvo quanto ao último inciso,
que termina por ponto final. Haverá emprego de dois pontos antes das alíneas em que
se desdobrem.
Alíneas: As alíneas ou letras constituem desdobramentos dos incisos e dos parágrafos.
São grafadas em itálico ou sublinhadas, em letra minúscula e seguidas de parênteses.
Agrupamentos dos artigos: O artigo é o elemento central, tanto para a subdivisão do
texto como para o seu agrupamento. Os artigos agrupamse de acordo com o assunto
regulado. Os códigos são o exemplo mais completo de agrupamentos ordenados,
sistematizados dos artigos no texto da lei.
O conjunto de artigos constitui uma seção; o conjunto de seções constitui um capítulo; o
conjunto de capítulos forma um título e o de títulos constituem um livro.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
III. A Constituição é a máxima de um país e somente pode ser revogada em seus artigos por uma emenda constitucional.
IV. A Medida Provisória é um ato exclusivo do Poder Executivo. Estão corretas as afirmações: a) I; II e III b) I; II e IV c) II; III e IV d) I; III e IV e) I; II; III e IV
2. Assinale a alternativa falsa: a) Portaria é um ato que estabelece normas ou procedimentos administrativos (ato normativo ou
administrativo) aprovando instruções. Determinando providências, (nomeando, demitindo ou punindo, etc.).
b) Indicação é ato pelo qual o Órgão Colegiado dá conhecimento à autoridade de sua jurisdição da necessidade de ser tomadas providências de ordem política ou administrativa de interesse público.
c) Resolução é um ato emanado do Secretário de Estado, contendo normas e determinações para a execução de um serviço.
d) Deliberação é o pronunciamento de um órgão colegiado que dispõe sobre julgamento e decisão de um assunto submetido a seu estudo
e) Decreto é um ato do poder legislativo, com força de lei que pode substituíla em circunstâncias excepcionais distinguindose da Lei por não estabelecer normas de conduta.
Respostas dos Exercícios
1. Analise as seguintes afirmações sobre os princípios de direito: RESPOSTA CORRETA: A
2. Assinale a alternativa falsa: RESPOSTA CORRETA: E
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 07 • GESTÃO E ORGANIZAÇÃO INTERNA DA ESCOLA
Na escola existem instituições auxiliares que, como a própria denominação sugere,
auxiliam na tarefa administrativa do diretor. São elas: Associação de Pais e Mestres e o Grêmio
Estudantil:
1 Associação de Pais e Mestres (APM)
Associação originada da Caixa Escolar, que originalmente era um órgão que, dirigido, pelo
diretor da escola, num trabalho voluntário, tinha como finalidade suprir os alunos mais carentes
economicamente através de: alimentação (lanches, leite, sopas, etc.) materiais (cadernos, livros,
etc.) e até vestuários (uniformes, calçados, etc.). A Caixa Escolar sobrevivia da arrecadação que
os diretores faziam junto aos pais dos alunos que apresentavam melhores condições econômicas
e da realização de eventos (festas juninas, primavera, sorvete, etc.) e de maneira informal,
prestavam contas, demonstrando os gastos.
A antiga Caixa Escolar passou a ser obrigatória em todas as escolas, e através do Decreto
n.º 12.983, de 15 de dezembro de 1978, alterado pelo Decreto n.º 48,408, de 06 de Janeiro de
2004 (mudança do Código de Processo Civil) foi estabelecido o Estatuto Padrão das Associações
de Pais e Mestres, e este é o instrumento que dispõe sobre as finalidades, atribuições e deveres
para seu funcionamento como instituição.
A idéia da Caixa Escolar foi encampada pelo governo, perdendo gradativamente suas
características iniciais, passando a receber um pequeno repasse de verba, que na maioria das
vezes servia para pagar pequenos reparos na manutenção da escola, e a contribuição dos pais
passou a ser espontânea segundo a lei.
A APM atualmente é uma entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada
com a finalidade de colaborar para o aperfeiçoamento do processo educacional, para a
assistência ao escolar e para a integração escolacomunidade, tendo como objetivos a natureza
social e educativa, sem caráter político, racial ou religioso. Atualmente, sua principal função é
atuar, em conjunto com o Conselho de Escola, na gestão da unidade escolar, participando das
decisões relativas à organização e funcionamento escolar nos aspectos administrativos,
pedagógicos e financeiros.
51
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A legislação básica a ser consultada para a formação da APM é: Decreto nº 12983/78
alterado pelo Decreto nº 48.408/2004
Os estatutos da APM devem ser registrados em cartório de notas, sendo inscrita no
Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ) gozando de todas as prerrogativas de uma
empresa (podendo arrendar, comprar, vender, alugar, contratar, fazer licitações, cartas convite,
contratar, destratar, etc.), obrigada anualmente a declarar imposto de renda, sendo isenta de
tributação e de declarar a RAES (relação anual de empregados), além de elaborar demonstrativos
de gastos bimestrais (Balancetes Bimestrais) e o balanço anual, nos casos de recebimento de
verbas públicas. Ex.: verbas do FNDE, FDE e Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE),
elaborar a prestação de contas de acordo com a dotação orçamentária quando do recebimento. A
prestação de contas dos recursos recebidos à Secretaria da Educação, com supervisão da
Diretoria de Ensino. A prestação de contas é encaminhada à FDE (Fundação para o
Desenvolvimento da Educação), para análise e encerramento contábil.
Composição e Funcionamento da APM (Associação de Pais e Mestres)
O mandato da Diretoria da APM é de um ano, devendo o Diretor da Escola, ao final do
mesmo, convocar a equipe escolar (vicediretor, coordenador pedagógico, pessoal administrativo
e professores), pais dos alunos e os alunos maiores de 18 (dezoito) anos, para a Assembléia
Geral que será presidida pelo mesmo.
FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação) pertencente ao
Ministério de Educação envia recursos para atender aos programas de informatização e
ao programa "Dinheiro Direto na Escola".
FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) que, por meio de depósito
bancário trimestral, faz o repasse de verbas, cujo valor é calculado sobre o número de
alunos matriculados em cada unidade escolar, recurso que tem a finalidade de
promover a conservação, manutenção e limpeza do prédio e equipamentos escolares
da rede estadual.
PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) – verba depositada anualmente pelo
governo federal na conta poupança da APM das escolas públicas destinada uma parte à
aquisição de bens de capital (bens permanentes Ex rádio, DVDs, etc.) e outra parte
para materiais de consumo (cadernos, lápis, materiais de escritório, materiais de
limpeza, etc.) calculada pelo número de alunos atendidos pela escola (per capita).
52
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Compete à Assembléia Geral eleger o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal. Cabe ao
Conselho Deliberativo eleger os membros da Diretoria Executiva e divulgar os nomes dos
escolhidos a todos os associados. A APM é administrada pelos seguintes órgãos:
Assembléia Geral constituída por todos os associados;
Conselho Deliberativo constituído de, no mínimo, 11 (onze) membros, sendo o Diretor
da Escola o seu presidente nato, e os demais componentes distribuídos na seguinte proporção:
30% dos membros serão professores, 40% dos membros serão pais de alunos, 20% dos
membros serão alunos maiores de 18 (dezoito) anos, 10% dos membros serão sócios admitidos;
Diretoria Executiva constituída por: Diretor Executivo, Vicediretor Executivo, Secretário,
Diretor Financeiro, Vicediretor Financeiro, Diretor Cultural, Diretor de Esportes, Diretor Social,
Diretor de Patrimônio. Obs.: o Diretor Financeiro deverá ser, obrigatoriamente, pai ou mãe de
aluno.
Conselho Fiscal será constituído de 3 (três) elementos, sendo 2 (dois) pais de alunos e
1 (um) representante do quadro administrativo ou docente da Escola.
O Diretor de Escola é o presidente nato do Conselho Deliberativo da APM, devendo
acompanhar todas as reuniões, sem direito a voto, conforme o disposto no Art. 37 do Estatuto
Padrão da Associação de Pais e Mestres: "O Diretor da Escola poderá participar das reuniões da
Diretoria Executiva da APM, intervindo nos debates, prestando orientação ou esclarecimento ou
fazendo registrar em atas seus pontos de vista, mas sem direito a voto."
A prestação de contas é assinada pelo Diretor Executivo e pelo Diretor Financeiro da APM,
com ciência do Diretor da Escola. Sempre que as atividades da APM contrariarem as finalidades
previstas no seu estatuto ou descumprirem a legislação em vigor, poderá ser feita intervenção,
para apurar os fatos. O pedido de intervenção será feito mediante solicitação da Direção da
Escola ou de membros da Associação de Pais e Mestres, às autoridades competentes, conforme
o disposto no Art. 36 do Estatuto Padrão da Associação de Pais e Mestres.
A APM é uma instituição que deveria contar com a participação maciça da comunidade
onde a escola está inserida, pois os pais são os maiores interessados em uma educação de
qualidade para seus filhos, mas, alegando falta de tempo para participar das reuniões, muitas
vezes desmotivados, pois na grande maioria das vezes as decisões que deveriam contar com a
participação de todos, democraticamente, já se encontram prontas e acabadas antes mesmo das
discussões, porque os pais não compreendem bem os mecanismos de participação do processo
educativo, porque a maioria acha que a APM serve apenas para arrecadar fundos que muitos
acabam por desconhecer a finalidade.
53
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Nos períodos de eleições, para compor a diretoria, muitas vezes o diretor precisa se
desdobrar no convencimento das pessoas a participar fato que é oriundo de má informação da
comunidade, ou uma falta de preocupação do Diretor escolar no sentido de formar pessoas que
efetivamente no ano seguinte participam ativamente do processo.
2 Grêmio Estudantil
Até meados dos anos 60, a organização estudantil, que era politicamente atuante, não só
no interior da escola, mas também tinha peso considerável nas decisões políticas do governo
brasileiro; com a ditadura militar, o governo autoritário sentiu na atuação dos estudantes um
empecilho para promover desmandos daquele regime. Naquela oportunidade, o surgimento dos
grêmios, especialmente ao nível superior, se dava pela mobilização dos estudantes que
apresentavam consciência política, fato que era repudiado pelos militares.
Algumas medidas impostas pelo governo, como perseguição, prisão, desaparecimentos e
até morte de intelectuais da época, fizeram com que muitos daqueles que fomentavam a
existência dos grêmios se exilassem em outros países, o que contribuiu de certa forma com a
desmobilização das entidades estudantis, e as poucas que restaram perderam o seu caráter de
luta pela melhoria e democratização do ensino, e, finalmente, do próprio aprimoramento das
instituições políticas e sociais brasileiras, pois os grêmios estudantis, os grandes celeiros
formadores de líderes que acabaram por influenciar de forma significativa a vida da nação.
Com a abertura política e com o processo de redemocratização do país, a Lei Federal nº
7.398, de 04 de novembro de 1985, permite a organização de entidades representativas de
alunos, surgindo assim a necessidade de uma reorganização de estudantes, e agremiações que
possam representar esta categoria determinando o exercício da cidadania e futuramente
realimentando de parlamentares, a classe política. Porém após 21 anos de regime militar e de
repressão, os estudantes brasileiros ainda não readquiriram consciência de sua força junto a
todas as instituições sociais do país. No mundo inteiro os estudantes são respeitados pelos
governos, mesmo onde o regime é autoritário Ex.: o estudante que desafiou o governo da China
enfrentando o tanque de guerra, na praça da paz celestial.
A Legislação básica que permite a organização livre dos estudantes é a Lei Federal nº
7.398/85, Comunicado SE de 26/09/86, Comunicado CEI/COGSP de 27/11/87 e Parecer CEESP
nº 67/98
54
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
O Grêmio Estudantil é um órgão composto somente de estudantes. Ele deve ser uma
instituição que representa os interesses, estando sempre preocupado em tornar realidade às
aspirações da maioria daqueles que estudam num estabelecimento de ensino. Ele é geralmente
composto por um Presidente e vários Diretores (cultural, social, lazer, etc.), segundo seus
estatutos, eleitos pelos estudantes através de voto direto e secreto.
O grêmio é uma entidade autônoma que deverá funcionar sem a tutela de professores ou
dirigentes da escola. Mas que pode contribuir decisivamente nas decisões mais relevantes que a
escola deve tomar, contribuindo com a opinião da clientela. O principal objetivo é contribuir para
aumentar a participação dos alunos nas atividades de sua escola, organizando campeonatos,
palestras, projetos e discussões, fazendo com que eles tenham voz ativa, e participem junto com
pais, funcionários, professores, coordenadores e diretores da programação e da construção das
regras dentro da escola. .
O Grêmio Estudantil pode fazer muitas coisas, desde organizar atividades culturais, feiras,
festas, eventos, até exigir melhorias na qualidade do ensino. Ele tem a capacidade de promover
uma integração entre os alunos e com toda a escola e com a comunidade.
Os diretores de escola devem colaborar com a organização dos grêmios, pois estes
representam os interesses dos estudantes na escola e sua participação na comunidade. É um
importante espaço de aprendizagem, cidadania, convivência, responsabilidade e luta por direitos
de que o diretor da escola não deve prescindir para auxiliar na sua tarefa administrativa.
Exercícios
1. Analise as seguintes proposições referentes à Associação de Pais e Mestres (APM). I. As necessidades de minimizar as diferenças sociais e propiciar o ingresso de um número maior de alunos, especialmente no grupo escolar, fez com que as escolas criassem as Caixas escolares. II. A APM continua na atualidade com a mesma proposta que levou as escolas a criar as Caixas escolares. III. Conselho Deliberativo da APM é constituído de, no mínimo, 11 (onze) membros, sendo o Diretor da Escola o seu presidente nato, e os demais, componentes distribuídos na seguinte proporção: 40% dos membros serão pais de alunos, 20% dos membros serão alunos maiores de 18 (dezoito) anos, 30% dos membros serão professores e 10% dos membros serão sócios admitidos. IV. Uma das suas funções é atuar, em conjunto com o Conselho de Escola, na gestão da unidade escolar, participando das decisões relativas à organização e funcionamento escolar nos aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros. Estão corretas as afirmações:
55
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
a) I; II e III b) I; II e IV c) II; III e IV d) I; III e IV e) I; II; III e IV
2. A repressão durante o período da ditadura militar sobre qualquer tipo de organização de classes, especialmente com relação à organização de estudantes, trouxe prejuízos e atrasos na consolidação: a) da economia do país, uma vez que os profissionais daquela área não tiveram uma formação adequada para o exercício
b) da educação que não cumpriu os objetivos de formação de indivíduos com a capacidade para o trabalho;
c) da saúde, porque houve um atraso por pouco investimento em pesquisas, fazendo com que nada se tenha produzido.
d) do comércio, porque houve demora nas relações exteriores e o Brasil ficou aquém em sua balança comercial.
e) Talvez por não termos uma formação adequada de representação para realizarmos um comércio exterior de qualidade, não está diretamente ligado à formação de grêmios.
f) da política, pois naquele momento despontavam grandes figuras que poderiam ter mudado a história do país.
Respostas dos exercícios
1. Analise as seguintes proposições referentes à Associação de Pais e Mestres (APM). RESPOSTA CORRETA: D
2. A repressão durante o período da ditadura militar sobre qualquer tipo de organização de classes, especialmente com relação à organização de estudantes, trouxe prejuízos e atrasos na consolidação: RESPOSTA CORRETA: E
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 08 • ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA
Dos Órgãos Colegiados
As escolas públicas na atualidade apresentam dois órgãos colegiados cujas finalidades
são tornar o trabalho de gestão mais eficiente e democrática a ação da escola. São eles:
I Conselho de Classe, Série ou Termo
A palavra conselho deriva do latim, consilium, cujo significando tanto pode ser ouvir alguém, quanto submeter algo a uma deliberação de alguém, após uma ponderação refletida, prudente e de bom senso.
A Legislação básica que rege o Conselho de Classe, Série ou Termo é Decreto nº
10623/77, 11.625/78. Parecer CEE nº 67/98 e o Regimento Escolar.
A partir de meados dos anos 70, a escola incrementa por força da Lei 5692/71 o Conselho
de Classe, Série ou Termo, cuja finalidade passava a analisar a situação de desenvolvimento
cognitivo e pessoal dos alunos ao longo das avaliações bimestrais, opinando sobre a
possibilidade de submetêlos ou não ao processo de recuperação de estudos, que é uma
inovação proposta por aquela Lei, que incrementava as menções (A,B,C,D e E) e modificava a o
processo de avaliação (que anteriormente era feita por conteúdos), e institui a avaliação por
objetivos. Daí uma análise mais apurada do desenvolvimento dos educandos através da
verificação dos objetivos alcançados por cada um.
O conselho de classe, série ou termo foi criado para que a escola garantisse o padrão de
qualidade do ensino e pudesse ministrálo a alunos com igualdade de condições de acesso e
permanência, auxiliando o gestor escolar na administração da proposta pedagógica da escola.
A avaliação é vista como um processo formativo, interativo e referencial, capaz de colocar
informações mais precisas, mais qualitativas sobre os processos de aprendizagem, para
estabelecer ações conjuntas, que visem ao desenvolvimento do aluno, levandoo a progredir e
atingir novos patamares do conhecimento.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
As vantagens e desvantagens dos antigos Conselhos de Classe/ Série
Podemos considerar que a antiga organização dos conselhos de classes, séries ou termos
contando apenas com a participação de diretores, equipes técnicas e professores apresentou
vantagens e desvantagens para o ensino.
Com as mudanças estabelecidas pelas Normas Regimentais Básicas, que serviram de
ponto de partida para a confecção do Regimento da Escola, destacamse as novas conotações do
Conselho de Classe, Série ou Termo. Antes de discutir essas novas características desses
Conselhos, é necessário levantar alguns tópicos sobre como realmente funciona essa instituição.
Atende às necessidades do processo pedagógico? Reflete um trabalho coletivo na unidade?
Altera, em algum momento, o trabalho dos professores diante das apreciações do desempenho
dos alunos durante os bimestres? Contribui para a melhoria da qualidade de ensino nas escolas?
A composição do Conselho de Classe, Série ou Termo, sem a participação dos alunos,
tinham suas vantagens, pois permitia aos professores uma visão do aproveitamento da classe,
como um todo, e do aluno, individualmente; nem sempre essa apreciação ultrapassa os limites de
uma constatação, sem resultados práticos para uma avaliação voltada à construção do
conhecimento dos discentes, na maioria dos casos.
Os Conselhos bimestrais sem participação dos discentes na maior parte das vezes
dedicamse a:
Durante muito tempo os Regimentos Escolares eram estabelecidos de forma
centralizada pelo poder público para as escolas públicas (Ex.: Regimento Comum das
Escolas Estaduais) e as escolas particulares podiam elaborar seus Regimentos
obedecendo a parâmetros estabelecido pelo Estado, mas adequandoos às suas
realidades, em 1996, com a promulgação da Lei 9394/96; entre um dos seus princípios
está a autonomia da escola pública, porém liberdade não se concretizou de forma geral
ampla e irrestrita no governo paulista por meio do Conselho Estadual de Educação para
a elaboração do Regimento as Normas Regimentais Básicas.
58
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Sempre foi cogitado planejar o que cada professor deveria fazer com os alunos, que não
apresentavam aproveitamento pela introdução de novas ações em sala de aula (finalidade
precípua dos Conselhos de Classe, Série bimestrais), mas dificilmente realizado a partir do
momento em que o professor fechava a porta de sua classe, isolandoa da supervisão, da direção
e da coordenação. Uma das causas é a própria formação do docente, que idealiza um aluno de
perfil anacrônico.
Já o Conselho Final tão somente decidia sobre aprovação ou retenção dos alunos à luz de
simpatias e antipatias ainda que, fundamentado, às vezes se baseasse no aproveitamento global
dos alunos registrados no diário do professor, ou em fichas de Secretaria. Suporseia que os
alunos com menções alfabéticas positivas (azuis), ao longo do ano, apresentariam um
desempenho entre satisfatório e ótimo sem que se soubesse, exatamente, o que significariam
esses desempenhos, enquanto que excessos de conceitos alfabéticos negativos (vermelhos)
demonstrariam uma aprendizagem insatisfatória, resultando na retenção do aluno na série, sem
se saber o que seria realmente insatisfatório na aprendizagem desses discentes.
Outra função do Conselho Final seria a solução das discrepâncias entre conceitos muito
diferenciados para assegurar uma certa coerência na avaliação dos alunos, quando da aplicação
do 5º conceito. É por isso que se dizia que o Conselho Final exercia uma função puramente
classificatória, ou seja, decidia, simplesmente, pela promoção ou retenção dos alunos, ainda que
este ou aquele docente levantassem questões concretas ligadas à aprendizagem pela
demonstração das defasagens de aprendizado dos alunos candidatos à reprovação, ou
buscassem a prevalência da opinião do coletivo sobre a individual aqueles casos em que
determinados professores exigiam a retenção de discentes, sob o argumento de que sua
• discutir comportamentos negativos dos alunos (sem a preocupação de procurar as
razões dessas atitudes e buscar soluções para os problemas vivenciados durante os
bimestres), através de um rol de indisciplinados para posteriores providências a ser
tomadas pela direção da escola;
• discriminar conceitos negativos e positivos, por meio de uma avaliação "maniqueísta",
que os rotula em bons e maus alunos, esses últimos vistos sob o prisma de pré
conceitos cristalizados: o aluno não tem prérequisitos; não gosta de estudar; não dá
para a coisa; tem problemas familiares, que interferem diretamente sobre seu
desempenho; não quer saber de nada e assim por diante, segundo pesquisa realizadas
em várias escolas, pela professora Sandra M. Záquia Liam de Souza (Profª. na
Faculdade de Educação da USP).
59
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
disciplina seria essencial para a continuidade dos estudos, na série posterior, ainda que, no
conjunto, o aluno apresentasse bom aproveitamento.
2 A composição dos atuais Conselhos de Classe, Série e Termo
Os Conselhos de Classe, Série ou Termo, bimestrais ou finais, serão, daqui para frente,
momentos em que, a partir do Projeto Pedagógico da Escola, o coletivo avaliará se as metas
propostas estão sendo atingidas, analisará o crescimento individual dos alunos e da classe,
replanejará conteúdos não ministrados, recuperando o que não foi apreendido. Será o momento
de os professores retomarem aquilo que planejaram para todos os alunos e não conseguiram
concretizar na continuidade, avaliando prioridades em discussão da qual participarão docentes e
discentes.
Em face dos ciclos, nos quais não haverá retenção de alunos por aproveitamento, os
Conselhos Bimestrais planejarão ações que garantam a aprendizagem na medida das
possibilidades do coletivo. O Conselho Final terá como função analisar, coletivamente, o
desempenho dos alunos, remetendo os de desempenho insatisfatório à recuperação nas férias ou
projetando a solução dos problemas de aprendizagem para o planejamento do ano subseqüente
aqueles alunos que necessitarem de um atendimento especial para adequálos à nova série, na
qual ingressará com defasagens. Daí a necessidade de se implementar a recuperação paralela
desde o princípio do ano letivo.
Provavelmente, a partir dessas novas ações, as escolas poderão desenvolver os 200 dias
letivos, acabando com a "síndrome" do 30 de novembro, ocasião em que o ano letivo parece
terminar, fatalmente, embora nem sempre os conteúdos tenham sido ministrados em sua
totalidade.
3 A importância da participação dos alunos no Conselho de Classe/
Série
Mesmo que as atribuições dos Conselhos fossem exercidas, ainda faltaria um componente
essencial nesses colegiados: a presença do aluno. Não a do aluno individualizado, que muito
pouco teria a contribuir para a efetividade da reunião, mas daquele representante de demandas
específicas de sua classe ou de sua série.
60
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A presença do aluno representante de classe ou de série, nos Conselhos (arts. 15, 16 e 17
das Normas Regimentais), constituirseá (participação ora obrigatória) no contraponto essencial
para que os docentes consigam enxergar, de fora para dentro, o que realmente, estão realizando
em sala de aula e de que maneira sensibilizam ou não seus alunos, do ponto de vista afetivo e
pedagógico, uma vez que discentes têm muito a dizer, por meio de seus representantes, sobre o
andamento do trabalho do professor em sala de aula, o que até o momento lhes fora, tacitamente,
vedado.
A escola, com tal participação, só tem a ganhar, uma vez que o aluno será o maior
beneficiário de um ensino de qualidade. Ao mesmo tempo, essa participação não deixa de ser um
exercício de cidadania, que tanto se quer desenvolver entre os discentes. As escolas deverão
preparar cidadãos a representarem seus colegas de classe, fazendoos partícipes do
planejamento escolar, predispondo, por outro lado, o corpo docente a ouvir o que os alunos têm a
dizer sobre o ensino que lhes está sendo ministrado (ou imposto!!??).
Imaginamos que, à época dos Conselhos Bimestrais, haja amplas discussões, em cada
sala de aula, para que os alunos representantes de série ou classe no Conselho listem suas
demandas, podendo expôlas livremente a professores, diretores e coordenadores. Sobre esse
aspecto, caberá à direção, coordenação e corpo docente orientar as classes para essa tarefa, que
será fundamental para o aproveitamento dos alunos e melhoria da qualidade de ensino nas
escolas públicas estaduais.
Essa atitude fará com que muitos professores tornemse menos impessoais e prepotentes,
reconhecendo que seus alunos são capazes de discutir métodos, conteúdos e formas de
relacionamento no Conselho de Classe/ Série. Quiçá, estará, na participação dos alunos nos
Conselhos, o instrumento para a revelação de inúmeros "segredos" guardados "a sete chaves", no
momento em que o professor adentra à sala de aula, em muitas das quais, ocorreriam distorções,
que fogem, totalmente, à supervisão da coordenação e direção, com graves prejuízos para o
aprendizado e, até mesmo, para a formação dos discentes.
II Conselho de Escola
O Conselho de Escola foi criado com a finalidade de tornar mais democrática a gestão
escolar; permitindo uma maior participação de pais e alunos na gestão dos assuntos escolares,
este órgão tem como atribuições deliberar sobre:
61
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Legislação básica a ser consultada para o Conselho de Escola:
Lei Complementar 444/85, Comunicado SE de 31/03/86, Comunicado SE de 10/03/93 e
Parecer CEESP nº 67/98.
Composição:
Obedecendo ao principio da paridade, o Conselho de Escola deve ser sempre composto
por 50% (cinqüenta por cento) dos elementos integrantes da escola e 50% (cinqüenta por cento)
dos elementos integrantes da comunidade escolar, distribuídos por um mínimo de 20 e máximo de
40 componentes ,dependendo do tamanho da escola, distribuídos da seguinte forma:
Deliberar: discutir para resolver um assunto, um problema ou tomar uma decisão
a) diretrizes e metas da unidade escolar;
b) alternativas de solução para os problemas de natureza administrativa e pedagógica;
c) projetos de atendimento psicopedagógico e material ao aluno;
d) programas especiais visando à integração escolafamíliacomunidade;
e) criação e regulamentação das instituições auxiliares da escola;
f) prioridades para aplicação de recursos da Escola e das instituições auxiliares;
g) designação ou dispensa do ViceDiretor de Escola quando se tratar de servidor de
outra unidade escolar;
h) penalidades disciplinares a que estiverem sujeitos os funcionários, servidores e
alunos da unidade escolar;
i) elaboração do calendário e do regimento escolar, observadas as normas do Conselho
Estadual de Educação e a legislação pertinente;
j) apreciação dos relatórios anuais da escola, analisando seu desempenho em face das
diretrizes e metas estabelecidas.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Serão admitidos 2 (dois) suplentes para cada segmento, eles substituirão os membros
efetivos em suas ausências e impedimentos.
Representatividade
O preenchimento das vagas será feito por eleição direta de seus pares (docente vota em
docente; aluno vota em aluno; pai vota em pai, funcionário vota em funcionário, etc.), realizada no
primeiro mês letivo de cada ano, em assembléias distintas com a confecção de atas distintas da
eleição de cada segmento. Cada membro deverá trazer para as reuniões as opiniões dos
elementos pertencentes ao seu segmento, o que dá legitimidade ao processo.
As reuniões poderão ser ordinárias, convocadas pelo Diretor ou extraordinárias,
convocadas pelo diretor ou por proposta de 1/3 de seus membros. A convocação será feita, por
escrito, com ciência dos interessados ou por edital afixado na escola, em local visível e de fácil
acesso ao público. O prazo para convocação, dia e horário das reuniões deverá ser levados em
consideração, assim como a possibilidade de participação da maioria dos membros componentes
do Conselho.
Para a realização da reunião, será necessária a presença da maioria absoluta dos seus
membros, sendo alcançada com a presença de 50% mais um do total de membros do Conselho
(exemplo: o Conselho é composto de 30 membros, maioria absoluta é metade = 15 + 1 = 16).
Garantida a presença da maioria absoluta dos membros do Conselho, uma questão será
aprovada por maioria simples, ou seja, maioria de votos dos presentes à reunião.
Considerações importantes:
1) O Diretor de Escola tem direito a voz e voto nas deliberações do Conselho.
40% de docentes
5% de especialistas de educação (exceto o Diretor de Escola)
5% de funcionários
25% de pais e alunos
25% de alunos
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
2) O aluno de qualquer idade deve exercer o seu direito a voz e a voto em todos os
assuntos deliberados pelo Conselho, conforme orientação contida no Comunicado SE
de 31/03/86.
3) A ata do Conselho deve ser tornada pública, exceto quando contiver ato infracional
deliberado pelo Conselho a que se atribua autoria a crianças e adolescentes (artigo 143
do Estatuto da Criança e do Adolescente).
4) Reuniões do Conselho não são abertas ao público ou a pessoas estranhas a ele, salvo
quando for deliberar sobre penalidades disciplinares. Nesse caso, deverá estar
presente o acusado e seu respectivo defensor ou representante legal, para o exercício
da ampla defesa.
5) O Conselho de Escola não pode transferir suas atribuições (deveres) ao Diretor de
Escola, mediante decisão tomada em reunião ou mediante procuração dos seus
membros. A lei veda. Portanto, serão nulos e abusivos os atos praticados pelo Diretor
em nome do Conselho de Escola, como delegado dele ou como procurador de seus
membros.
6) Não existe voto por procuração e nenhum dos membros poderá acumular votos.
7) Não existe uma segunda instância do Conselho de Escola. Portanto, não cabe pedido
de reconsideração e recurso das deliberações do Conselho, exceto via judicial.
8) Não cabe ao Conselho deixar de deliberar a respeito, nem deliberar pela não punição
aos servidores e alunos que se sujeitaram a uma pena. Compete ao Conselho qualificar
e quantificar a punição dentro das competências do Diretor e/ ou do Secretário de
Escola.
9) A reunião do Conselho não poderá ocorrer sem a presença da maioria absoluta dos
seus membros (metade mais um do total de membros do Conselho). Não existe
segunda convocação, meia hora após a primeira com a presença de qualquer número
de presentes. Essa regra não está prevista para o Conselho de Escola e, sim, para as
Assembléias Gerais da APM.
10) Todos os membros do Conselho (exceto o Diretor da Escola) são eleitos por voto
direto, entre seus pares. Não existe indicação de componentes para integrar o
Conselho.
11) Quando houver proposta de convocação por um mínimo de 1/3 dos membros do
Conselho, ela compete ao Diretor, que não poderá se recusar a fazêla.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
12) Participar do Conselho de Escola tanto é um direito como um dever do professor. O
nãocomparecimento do docente nas reuniões do Conselho de Escola, quando
convocado, acarretará em "faltaaula" ou "faltadia", conforme o caso, nos termos do
artigo 11 do Decreto nº 39.931/95.
Exercícios
1. Assinale a falsa quanto às atribuições do Conselho de Classe, Série ou Termo: a) Avaliar o rendimento da Classe e estabelecer ao docente uma visão mais ampla do
desenvolvimento de determinado aluno nas demais disciplinas. b) Favorecer o debate sobre questões que possam melhorar a qualidade de ensino dos alunos. c) Atualmente, por contar com a presença de educandos em sua composição, propiciar uma
maior integração dos profissionais com os alunos d) Orientar o diretor e o grupo na tomada de decisões de ordem pedagógica visando ao
aprimoramento da educação. e) Não estabelecer uma discussão permanente entre a comunidade escolar sobre o processo
de ensinoaprendizagem
2. Sobre o Conselho de Escola, é incorreto afirmarse: a) Pode estabelecer discussão sobre penalidades disciplinares a que estiverem sujeitos os
funcionários, servidores e alunos da unidade escolar. b) Participa ativamente da elaboração do calendário e do regimento escolar, observadas as
normas e a legislação pertinente. c) Através de festividades, arrecada recursos financeiros para minimizar as diferenças
econômicas dos educandos. d) Participa da elaboração das diretrizes e metas da escola. e) Propõe alternativas de solução para os problemas de natureza administrativa e pedagógica.
Respostas dos exercícios
1. Assinale a falsa quanto às atribuições do Conselho de Classe, Série ou Termo: RESPOSTA CORRETA: E
2. Sobre o Conselho de Escola, é incorreto afirmarse: RESPOSTA CORRETA: E
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 09 • GESTÃO PARTICIPATIVA (DEMOCRÁTICA)
Nas aulas anteriores pudemos verificar que tanto as mais recentes teorias: de
administração (as organizações devem funcionar como bandas de Jazz), de liderança (processo
de liderança flutuante), de formação de equipes (coesão entre os membros, metas bem
delineadas), como a organização interna da escola (com atuação das instituições auxiliares, e os
órgãos colegiados) nos indicam um caminho para a tão sonhada melhoria da qualidade de ensino,
que é o estabelecimento de uma gestão escolar democrática de fato com a participação de todos
os segmentos envolvidos (pais, alunos, professores, operacionais, auxiliares, direção,
coordenação e a sociedade como um todo), pois a redenção do ambiente social está na
educação, na formação do cidadão, no desenvolvimento de uma consciência crítica e reflexiva e
das potencialidades dos educandos.
Os problemas como a violência, a exclusão, a má distribuição de rendas, a injustiça, a
impunidade, a corrupção, a imoralidade, a falta de consciência, etc. são alguns dos principais
problemas sociais na atualidade, em todo o mundo, agravandose nos países emergentes como o
Brasil.
Se a classe política e a população em geral se voltassem para uma valorização da escola
e dos seus profissionais, como se encontra previsto na legislação em vigor (Constituição Federal e
LDBEN)... Se principalmente os educadores melhorassem sua autoconfiança, e readquirissem a
consciência de sua importância, poderiam minimizar e até reverter este quadro caótico exibido
pela sociedade, pois é na escola que as crianças e os jovens se encontram no período de
formação de sua personalidade, e se esta instituição estivesse adequadamente estruturada para
cumprir sua tarefa educativa (formação integral da personalidade humana), gradativamente
teríamos uma melhoria da sociedade como um todo.
É importante observarmos que em todos os programas dos partidos que concorreram às
últimas eleições presidenciais a prioridade era a educação, inclusive um dos candidatos fez do
assunto a plataforma principal de sua campanha; este aspecto reforça a idéia de que a solução
dos problemas sociais está efetivamente na escola.
Hoje percebemos na maioria das escolas públicas um desânimo generalizado, tanto por
aqueles que nela militam profissionalmente, como pelos alunos, e vários fatores poderiam ser
apontados como causas dessa falta de motivação:
66
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Poderíamos enumerar muitos problemas, mas cabe ao gestor equacionálos em conjunto
com a comunidade escolar (pais, professores, alunos, etc.), solucionálos de maneira participativa,
sempre visando aos interesses dos educandos, da comunidade sua beneficiária e da melhoria da
qualidade de ensino oferecido.
Atualmente, as equipes escolares encontram dificuldades de aproximação da comunidade
na escola, pois historicamente os pais eram chamados na escola apenas quando seus filhos
tinham problemas de aprendizado, ou, mais freqüentemente, de comportamento, dificilmente
sendo chamados para receber elogios. Prova desta situação é quando ocorre a reunião de pais,
na maioria das vezes observarmos a pessoa que preside a reunião dizer: “os pais daqueles que
mais precisavam estar aqui, não vieram” É evidente que não gostamos de ouvir de outros a
confirmação dos defeitos que os nossos possuem e que estamos cansados de saber e tentar
corrigir.
Tendo em vista esta situação, cabe ao gestor escolar de todas as formas trazer a
comunidade a participar da ação educativa. Esse trabalho não é fácil na atual conjuntura, porém o
bom administrador não deve jamais esmorecer, na busca de uma sensibilização da comunidade
para a importância do processo educativo, e de um trabalho integrado escola/ comunidade, da
responsabilidade que os pais têm com os filhos e na busca incessante de um futuro melhor para
eles.
• a falta de um modelo social que pudesse prestigiar de fato aqueles que se esforçam
mais nos estudos (existem no país pessoas semialfabetizadas que amealham fortunas.
Ex: jogadores de futebol, o que serve de pretexto para muito não estudarem.)
• a falta de um tratamento metodológico de ensino mais atual, de modo que os alunos
se sentissem desafiados constantemente e principalmente problemas do cotidiano
fizessem parte dos currículos
• a falta de uma motivação extrínseca (de fora para dentro) dos alunos, por meio de
uma dissecação da importância e principalmente da aplicabilidade prática de conteúdos
necessários ao aprendizado, que hoje são tratados de forma árida.
• a falta de atualização permanente do pessoal da escola, através do relato de
experiência pedagógicas que estão sendo realizadas com sucesso.
• a rotatividade do pessoal docente, que é um problema crônico da educação, não
permitindo que os docentes se interem dos problemas daquela localidade, e se tornem
sensíveis aos problemas dos educandos e da comunidade.
67
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Se nos reportarmos à teoria da administração mais recente, verificaremos que o bom
gestor é o que conhece seu potencial e as necessidades de seu entorno, que tem um olho no
presente, mas é capaz de prever o futuro, que gerencia de forma participativa envolvendo no
processo administrativo o maior número de pessoas nos momentos de tomada de decisões, que
valoriza a criatividade das pessoas, e torcer pelo sucesso dos outros, promovendo o seu
desenvolvimento pessoal e profissional. Na administração escolar, esses princípios devem ser
adotados irrestritamente, mas devemos ter o cuidado de não confundir a gestão escolar com a
gestão empresarial; lembrese sempre que a escola é uma instituição peculiar que trabalha com a
formação de pessoas e não de objetos.
O gestor escolar deve trabalhar junto aos pais e alunos, em primeiro lugar no levantamento
das expectativas da comunidade sobre o real papel da escola, o que facilitará a sua tarefa, pois
poderá direcionar suas ações no sentido de minimizar as ansiedades, as angústias registradas
nos pais sobre formas adequadas na educação dos jovens, e em segundo porque a escola é um
equipamento social pertencente à comunidade e todos os esforços devem ser canalizados no
sentido de satisfazêla.
Trazendo a comunidade à participação.
Vimos nas situações mencionadas acima que não é fácil desempenhar a missão de gestor
escolar sem que haja um comprometimento efetivo do profissional, e um envolvimento da
comunidade escolar em geral.
Para trazer a comunidade à participação deve o gestor mudar o comportamento da escola,
realizando sistematicamente reuniões cujos assuntos abordados sejam de interesse dos pais,
convidando pessoas (professores, psicólogos, sexólogos, psicopedagogos, médicos, etc.) que
possam contribuir no esclarecimento desses assuntos de forma séria, em horários que possam
facilitar a presença dos pais, e que sobretudo abordem temas que possam facilitar a tarefa dos
pais na criação dos filhos.
Outro trabalho que pode aproximar os pais da escola é a ação dos Conselhos, da APM e
do Grêmio, com festividades, eventos, feiras, promoções culturais, etc. em que os pais tomem
ciência dos trabalhos realizados pela equipe escolar em beneficio dos jovens e das modificações
ocorridas no ambiente escolar.
Poderíamos conscientizar com muitos outros exemplos, como: escola de mães, escola da
família, oficinas de artesanato, campeonato de pais, etc. Todos os trabalhos devem levar a
68
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
comunidade a crer no empenho, na presteza e na seriedade da equipe escolar (direção,
coordenação, docentes e funcionários em geral).
Diretrizes para gestão escolar
O trabalho administrativo deve iniciarse tendo em vista um plano de ação efetivo, que seja
elaborado pela comunidade (pais, alunos e servidores em geral), que possua metas, cuja
consecução se proponha a solucionar os problemas mais emergentes em termos educativos,
tanto os problemas internos como externos da escola.
Tratase de adotar o trabalho de gestão por metas como o próprio Drucker sugere em seus
trabalhos – para se ter um processo de gestão eficiente é necessário antes de tudo estabelecer
objetivos (metas) APO. Essas metas devem ser estabelecidas com a colaboração do coletivo e
devem refletir uma preocupação da escola com o pleno desenvolvimento do educando, seu
preparo para o exercício da cidadania, e sua qualificação para o trabalho (art.2º da LDBEN).
O documento que sintetiza esta preocupação da escola é denominado de Plano Escolar,
que vem sistematicamente assumindo outras denominações como: Plano de Gestão, Plano
Diretor, Projeto PolíticoPedagógico, Projeto Pedagógico, etc. Esse documento elaborado por toda
a comunidade escolar deve ser uma carta de intenções relativas à formação dos educandos, na
qual são estabelecidas metas e todas as ações que contribuirão para a sua consecução, como:
atividades, projetos, quadros, horários, cronogramas, estatutos, pessoal envolvido, etc.
Esse documento surgiu da necessidade de se direcionar a atividade educativa; no
momento em que a escola assumia um maior número de tarefas, e estas se tornavam cada vez
mais complexas, nesse momento o país sentiu a necessidade também de estabelecer parâmetros
que pudessem nortear as ações dos governos e a conseqüente produção de Planos Estaduais de
Educação e Plano Nacional de Educação.
Era necessário estabelecer uma visão mais apurada da real situação educacional que o
Brasil atravessava, sendo imprescindível coletar dados na base do sistema (escola) que
pudessem subsidiar os planos e as políticas governamentais para educação, visando a melhorar o
atendimento, as políticas, a aplicação de recursos, etc.
O plano elaborado no âmbito da escola teria então duas finalidades distintas: a primeira
direcionar o processo de gestão escolar, e a segunda subsidiar o governo na tomada de decisões
educacionais. Houve alguns erros de percurso na elaboração dos planos escolares, como:
69
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A soma desses fatores, e outros de menor relevância, de certa forma tirou do governo a
possibilidade de realizar planos que tivessem uma aplicabilidade, e que contemplassem as
necessidades da educação de toda a nação, tamanha a diversidade; se não serviu para essa
finalidade, se transformou em um documento fundamental que direciona as ações de toda equipe
escolar no sentido de promover o constante aperfeiçoamento do processo educativo e
especialmente envolver nessa tarefa a comunidade.
Processo de Elaboração do Plano Escolar
No processo de elaboração do plano escolar, é ideal e necessário que todos os segmentos
da escola estejam envolvidos e motivados a participar.
Deve ser coordenado pelo diretor, portanto cabe a ele criar uma necessidade no grupo
enumerando todos os aspectos que favorecem o trabalho educativo a partir da elaboração do
plano. Esse trabalho deve iniciarse primeiramente junto da equipe escolar, usando o
convencimento dos elementos como estratégia principal, e depois se expandir por toda a
comunidade escolar, que se constitui num trabalho mais exaustivo, pois todo o processo deve
desenvolverse através de plenárias, coordenadas pelo próprio diretor. Depois do trabalho de
elaboração concluído, todos os funcionários e a comunidade em geral devem ter acesso a
qualquer momento ao documento.
Atualmente, em uma quantidade considerável de escolas públicas, o plano escolar é
elaborado pela equipe técnica da escola (Diretor, Vice ou Assistente, Coordenadores e Secretário)
e serve apenas para satisfazer uma exigência legal, ou é simplesmente feita a cópia do plano
• a falta de capacitação técnica dos diretores e professores na elaboração de tal plano –
os planos de disciplinas elaborados pelos professores, em conseqüência, se reduziram
a cópias de modelos elaborados pelas editoras (encarte do livro didático).
• as diferenças econômicas regionais – mesmo em São Paulo, o estado mais rico da
federação, existiam regiões como o Vale do Ribeira com um desenvolvimento
comparável às regiões mais pobres do país. A quantidade de cidades desenvolvidas no
estado suplantava em muito as regiões mais pobres, o que mascarava a real situação
da educação.
• a densidade demográfica das regiões não foi considerada, pois o plano estadual de
educação era único, prevendo ações de modo mais homogêneo.
70
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
anterior atualizandose apenas os dados (ano, ampliações, etc.). Em muitos casos, os próprios
professores não têm acesso ao referido documento.
A elaboração deve se constituir num processo altamente participativo para que todos se
sintam responsáveis e de certa forma se estabeleça uma cumplicidade entre todos os integrantes
no sentido de colaborar para a consecução das metas estabelecidas.
Duração do plano escolar
A duração do plano é variável segundo decisão do coletivo da escola, onde se garanta
atingir as metas de curto, médio e longo prazos. A legislação prescreve um plano escolar anual
(com duração de 1 ano) ou quadrienal (com duração de 4 anos).
Acreditase que planos escolares com duração de 4 anos acabem virando um amontoado
de documentos, pois todos os anos existem documentos que são acrescentados como:
Calendário Escolar, modificações no Regimento, alterações de turnos e turmas, etc.
Você pode estar se questionando sobre um documento que é complicado na sua
elaboração, que denota tanto esforço e despende tanto trabalho por parte do diretor, se é
vantajoso rever a cada ano; nós diríamos que muitas das peças que compõem o plano escolar
pouco ou nada se modificam de um ano para outro, mas é um momento de reflexão da
comunidade sobre o que está dando certo e o que não está, qual a meta que permanece mesmo
depois de ser atingida e quais as que deixam de constar no documento por conta de
determinação legal ou mudança no sistema.
Aspectos relevantes de compreensão:
O plano escolar também denominado de Plano de Gestão, Plano Diretor, Projeto Político
Pedagógico, Projeto Pedagógico, etc. deve ser elaborado por todos os integrantes da comunidade
escolar, numa tarefa coordenada pelo diretor, e deve se constituir em uma carta de intenções da
escola com referência ao trabalho a ser desenvolvido pela escola durante o período letivo
estabelecido, nele devem ser consignados dados que permitam após uma análise sucinta saber:
que tipo de trabalho, quem serão os responsáveis, qual o tempo gasto, quais as principais ações
e projetos, que metas foram estabelecidas para a formação dos alunos, quais as normas que
devem ser observadas por cada um dos segmentos, quais as instituições que colaborarão com o
trabalho educativo, quais as responsabilidades de cada uma das partes envolvidas, etc.
71
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Se o plano escolar tiver uma concepção que esteja de acordo com os anseios de toda a
comunidade escolar, poderá perceberse uma sensível melhora nas relações interpessoais e
conseqüentemente elevação na qualidade do ensino, e o reconhecimento pela comunidade da
importância do papel da escola.
Exercícios
1. A elaboração do plano escolar surgiu da necessidade: a) que as autoridades políticas tinham de controlar o ensino. b) por pressão de organismos internacionais, de nossos credores, para acabar com a retenção. c) ocasionada pela simplificação do ensino. d) de se direcionar a atividade educativa, no momento em que a escola assumia um maior
número e) de tarefas, e estas se tornavam cada vez mais complexas. f) que o país sentiu de estabelecer ação fiscalizadora que pudesse nortear as ações dos
governos.
2. A decisão de se elaborar o Plano Escolar para subsidiar o Plano Nacional de Educação teve como resultado favorável: a) as diferenças econômicas estruturais dos estados. b) o surgimento de uma diretriz no processo de gestão escolar. c) a cópia que foi feita de planos de ensino pelos professores. d) a não preparação prévia de dirigentes e professores no sentido de mostrar a importância do
plano. e) a densidade demográfica das regiões brasileiras.
Respostas dos exercícios
1. A elaboração do plano escolar surgiu da necessidade: RESPOSTA CORRETA: D
2. A decisão de se elaborar o Plano Escolar para subsidiar o Plano Nacional de Educação teve como resultado favorável: RESPOSTA CORRETA: B
72
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 10 • ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
Na aula anterior, mostramos a importância e a necessidade de se elaborar um plano
escolar que reflita os anseios da comunidade beneficiária da escola. Na presente aula,
observaremos que, a partir do levantamento de objetivos comuns e claros a todos, ocorrerá
naturalmente a união dos pares dos integrantes da escola, estabelecendo no grupo o espírito de
equipe, o que se consolidará com a adoção de um sistema de administração flutuante, permitindo
que a criatividade das pessoas aflore, e permitindo aos integrantes o sentimento de pertencer; a
participação deles será responsável e com cumplicidade, sempre com vistas aos objetivos,
produzindo um trabalho de qualidade, com comprometimento.
Nesse processo caberá ao administrador subsidiar a execução do trabalho em todos os
sentidos, ou seja, no avivamento das metas, na cobrança de ações, na delegação de funções, na
verificação de resultados, no incentivo aos integrantes de sua equipe, na provisão de material, no
apoio logístico, etc., permitindo que a preocupação dos membros esteja apenas enfocada na
consecução da metas estabelecidas.
Com esse propósito, o gestor escolar deve “arregaçar as mangas” e partir para o trabalho
junto à equipe, dandolhe suporte, parando para reflexões e avaliações periódicas do processo,
ouvindo os membros, sendo carismático, auxiliando os elementos a transpor obstáculos, torcendo
pelo sucesso do empreendimento, propondo mudanças, buscando em conjunto alternativas e
sobretudo adquirindo a confiança e admiração das pessoas integrantes da equipe, configurando
se como um verdadeiro líder.
Na elaboração do plano escolar, o diretor deverá envolver ao máximo todos os integrantes
da comunidade escolar; muitas vezes isto é impossível, pois encontramos barreiras existentes no
próprio sistema educacional que nos impedem de envolver 100% dos membros, como exemplo
professores que estão na escola completando suas cargas horárias, professores em licença de
qualquer natureza, professores com um número mínimo de aulas, pais que trabalham em turnos
de revezamento, ou que estão ausentes. Mas o verdadeiro gestor é o que não se acomoda,
dividindo responsabilidades, e procurando soluções com a participação de todos os segmentos,
pois acredita sempre que, às vezes, de onde se menos espera a solução ela surge.
A elaboração do Plano Escolar, dependendo da escola (escolas cuja maioria do corpo
docente é efetivo e não pretende se remover), pode iniciarse no ano anterior a sua aplicação, e
existem partes que podem ser elaboradas pelo próprio diretor, vice ou até mesmo o secretário;
73
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
outras partes podem ser elaboradas por comissões (de pais, de professores ou mistas) e ainda
outras que devem contar com a participação maciça da comunidade. Outrossim, não se pode
recear a mudança de características da comunidade local de um ano para o seguinte, portanto o
trabalho de caracterização da comunidade pode ser feito sem dúvida no ano anterior, com calma,
de maneira meticulosa, envolvendo a comunidade, pois depende desse trabalho e de sua
avaliação criteriosa, a melhoria da qualidade de ensino oferecido pela escola.
Reiteramos aqui que o trabalho do gestor é de motivar, organizar e acompanhar a
elaboração do trabalho, subsidiandoo sem uma interferência direta nas decisões tomadas, a
menos que contrariem disposições legais.
Partes do Plano Escolar
Essencialmente, um plano escolar deve ser composto pelas seguintes partes:
Existem em cada uma das partes, podem existir subitens, dependendo da necessidade e
nesta aula, e nas próximas mostraremos como elaborar cada uma das partes; o que estamos
propondo é a elaboração sucinta do plano com as partes essenciais, mas o mesmo deve ser
incrementado de acordo com as necessidades ou peculiaridades da escola; ele tem que refletir a
intencionalidade da escola e de sua equipe na formação dos alunos.
Cada escola se constitui em uma instituição única, cujo trabalho deve refletir os anseios e
as necessidades da comunidade onde ela se insere, portanto o propósito dos legisladores em
conceder a autonomia das escolas foi no sentido de que cada uma tivesse a oportunidade de se
adaptar à realidade local, e dessa forma, sem dúvida, realizar um trabalho de qualidade (cada
escola com uma feição própria). Em outros países, muitas experiências de sucesso têm se
registrado nesse sentido; na França, por exemplo, até os professores residentes nas cercanias da
I. Identificação da Unidade Escolar;
II. Caracterização da Unidade Escolar;
III. Caracterização da Comunidade Escolar (clientela);
IV. Metas;
V. Operacionalização das Metas;
VI. Avaliação.
74
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
escola têm preferência na contratação, porque se entende que ele sendo da comunidade terá
mais sensibilidade aos problema locais.
IIdentificação da Unidade Escolar
Nessa parte do plano deverão ficar consignados todos os dados que identifiquem a
unidade escolar destinatária, pois este documento tem que ser apresentado na Diretoria de
Ensino ou Coordenadoria no início do ano letivo para que seja homologado (aprovado) pela
autoridade competente e devolvido para a escola, para a partir desse momento ser
operacionalizado, e, portanto, deve conter o cabeçalho completo:
Nome da Secretaria à qual pertence
Nome da Coordenadoria ou Diretoria à qual pertence
Nome completo da escola
Endereço completo: bairro, cidade, tel, CEP, email, código do logradouro e código de
endereçamento (sendo estes dois últimos exigidos para as escolas municipais)
Exemplo para Escolas Estadual
Secretaria de Educação de São Paulo
Coordenadoria de Ensino da Grande São Paulo
Diretoria de Educação Leste IV
Escola Estadual “ Boa Merenda”
Rua Margaridas, 384
Bairro: Tatuapé – São PauloSP
CEP 03170050
Tel 66732930
email: [email protected]
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Exemplo para Escola Municipal
Exemplo para Escola Particular
Na identificação da Escola ainda poderão constar dados que justifiquem a denominação e
os Decretos de autorização, criação e denominação como subitens:
I.a Biografia do Patrono ou Histórico
Este item deve contemplar de forma sucinta a biografia do patrono (nome da escola)
Exemplo:
Secretaria Municipal de Educação (SME)
Coordenadoria Municipal de Educação Mooca
Escola Municipal de Ensino Fundamental “ Boa Merenda” (EMEF)
Rua Margaridas, 384
Bairro: Tatuapé – São PauloSP – Codlog 03174
CEP 03170050
Tel 66732930
email: [email protected]
C.End: 01.42356.01
Colégio “ Boa Merenda”
Mantido pela Associação Educacional Park *
Rua Margaridas, 384
Bairro: Tatuapé – São PauloSP
CEP 03170050
Tel 66732930
email: [email protected]
* Toda escola particular a partir do ensino fundamental não pode ser de propriedade de
uma pessoa física segundo a Lei, mas deve ser mantida por uma entidade jurídica, cuja
presidência da entidade mantenedora normalmente é exercida pelo proprietário.
76
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
• Escola Estadual Alberto Santos Dumont: essa é uma figura pública muito conhecida e
dispensaria a biografia, porém é importante colocar a biografia para avivar o
conhecimento de todos, reverenciandoo.
• Escola Municipal de Educação Infantil Guilherme Rudge: neste caso é importante que
as pessoas saibam quem foi o personagem ilustre. Ex.: Guilherme Rudge nasceu em
1850, morreu em 1917, em São PauloSP; filho de imigrantes ingleses, foi quem instalou
a 1ª linha de bonde puxada a cavalos na cidade de São Paulo, em 1890, que fazia a
ligação do centro da cidade de São Paulo ao bairro da Penha.
• Escola Estadual MMDC: neste caso, será feito um histórico do Movimento
Constitucionalista de 1932, demonstrando a importância dele na história de São Paulo, e
citando quais os mártires do movimento, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.
Ainda como exemplo: Escola Estadual Heróis da FEB, EMEI Jardim Papai Noel, etc.
Leia o complemento da aula disponível no ambiente de estudo.
Exercícios
1. Na elaboração do plano escolar (plano de gestão, plano diretor, projeto político pedagógico, projeto pedagógico, etc) o papel do gestor escolar não deve ser de: a) subsidiar a execução do trabalho em todos os sentidos, ou seja, no avivamento das metas,
na cobrança de ações, na delegação de funções, na verificação de resultados, no incentivo aos integrantes de sua equipe, na provisão de material, no apoio logístico, etc., permitindo que a preocupação dos membros esteja apenas enfocada na consecução da metas estabelecidas.
b) “arregaçar as mangas” e partir para o trabalho junto à equipe, dandolhe suporte, parando para reflexões e avaliações periódicas do processo, ouvindo os membros, sendo carismático, auxiliando os elementos a transpor obstáculos, torcendo pelo sucesso do empreendimento, propondo mudanças, buscando em conjunto alternativas.
c) ser um gestor escolar preocupado com a aquisição da confiança e da admiração das pessoas integrantes de sua equipe, configurandose como um verdadeiro líder.
d) ser arrogante e prepotente, impedindo a participação da comunidade escolar no processo de elaboração e produzindo um documento que se constitui na cópia do documento anterior sem se preocupar em divulgálo ou sanear suas falhas.
e) Estabelecer, em conjunto com a comunidade escolar, as metas que servirão para unir todos os membros em busca de objetivos comuns.
2. Um dos principais fatores que impedem a elaboração do plano escolar no ano anterior ao da sua operacionalização é: a) a constância da freqüência dos educandos e pais nos trabalhos de execução do plano.
77
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
b) a rotatividade dos profissionais de apoio serventes, inspetores durante a elaboração do plano.
c) a mudança de características significativas da comunidade de um ano para o outro. d) a modificação da estrutura física da escola com a construção de mais salas e) os recursos humanos que pela estrutura atual da educação paulista encontrase em grande
rotatividade.
Respostas dos Exercícios
1. Na elaboração do plano escolar (plano de gestão, plano diretor, projeto político pedagógico, projeto pedagógico, etc) o papel do gestor escolar não deve ser de: RESPOSTA CORRETA: D
2. Um dos principais fatores que impedem a elaboração do plano escolar no ano anterior ao da sua operacionalização é: RESPOSTA CORRETA: E
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 11 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
II Caracterização da Unidade Escolar
A caracterização da unidade escolar consiste em um memorial descritivo, contendo a
descrição de todos os espaços físicos, com seus respectivos equipamentos e recursos didáticos
disponíveis na escola. Além disso, deve conter uma descrição da organização didática/
pedagógica (nº de classes, períodos, levantamento da rede física e etc.).
A função da caracterização da unidade escolar é demonstrar as possibilidades e as
restrições que a escola tem na realização de determinados trabalhos, o que vai influenciar a
elaboração da metas. Portanto, a análise minuciosa dessa parte do documento reflete as
possibilidades que a instituição tem de realizar um trabalho mais simples ou mais complexo, o que
vai ser determinado pela quantidade e qualidade dos recursos e espaços disponíveis.
Esta parte do plano escolar é imprescindível, para se estabelecer o tipo de trabalho que a
escola está ou não habilitada a desempenhar, e possibilita ao gestor perceber: quais os caminhos
a ser seguidos, quais os pontos a ser atingidos, quais devem ser suas preocupações quanto ao
suprimento de recursos didáticos, onde buscálos, com que auxílio, como sensibilizar as
autoridades para a sua necessidade, etc.
Para exemplificar, imaginemos que em uma de suas metas a Escola X tenha colocado:
“Desenvolvimento da capacidade de pesquisa em 5% dos educandos” (meta), e a escola X não
disponha de sala de leitura, biblioteca ou sala de informática. Ainda que exista uma sala de
informática, mas não se tenha acesso à internet ou uma enciclopédia instalada nas máquinas
nesse ambiente, o desenvolvimento da pesquisa no aluno estará prejudicado, e obrigatoriamente
será feito como atividade extraescola, sem o devido acompanhamento e/ ou direcionamento por
parte de um profissional competente (o docente), sendo necessário desenvolver essa habilidade
no jovem para que ele se habitue naquela atividade. Exageradamente, é o mesmo que alguém se
propor desenvolver a habilidade para a natação, sem que se tenha um lugar para nadar.
Levantamento da rede física significa enumerar o número de alunos existentes por
classe, série, termo.
79
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Há algum tempo, e acreditamos que esta prática ainda exista em alguma escola, o
professor de português, para incentivar o hábito da leitura, no início do ano solicitava que cada
aluno adquirisse um livro paradidático, a partir disso, cada aluno deveria ler o livro adquirido em
um espaço de tempo préestabelecido (um mês, um bimestre, etc.); em um dia estabelecido, os
alunos deveriam apresentar um resumo do texto para correção e nota e trazer para a escola o
próprio livro paradidático; a professora expunha os livros no porta giz da lousa, solicitando que
cada aluno escolhesse o de sua preferência, com vistas à repetição do trabalho.
Não é difícil concluir que os primeiros a escolher faziam por curiosidade, e os que ficavam
por último tinham que se sujeitar a pegar o que havia restado, fato que deve ter desenvolvido nos
primeiros o gosto pela leitura e nos demais um repúdio por ela.
O ideal é que o professor leve sua classe para a biblioteca (sala de leitura) e permita de
forma democrática que os alunos escolham os livros segundo assuntos (romance, suspense,
drama, etc.) que lhes atraiam mais atenção e que inicie um trabalho que permita que eles
aprendam a interpretar a história. Somente dessa forma entendemos que os alunos adquiriram o
gosto e o hábito pela leitura.
Caracterizando a Escola
A escola da “Boa Merenda” apresenta o seguinte espaço físico:
1º) 10 (dez)salas de aula com 50 m²
Em primeiro lugar, o número de salas é importante até para se definir a ocupação delas em
função da organização de séries, de classes, ou seja, quantas salas de cada série.
A metragem é importante para se avaliar o número máximo de alunos que ela pode conter;
pela legislação que regula as construções de prédios escolares cada aluno de escola pública tem
o direito ao espaço de um metro quadrado (1m²) enquanto as escolas particulares deverão
reservar para cada aluno um e meio metros quadrados (1,5m²). Baseado ainda naquela
legislação, devese abater o total da metragem pelo 20% que será usada como área de
circulação, portanto a sala da escola da Boa Merenda comporta, se pública: área total = 50 m²
área de circulação 20% da área total = 10 m² = área restante > 40 m²; se cada aluno tem direito a
1 m², portanto esta sala comportará no máximo 40 alunos. Às vezes, o diretor escolar coloca
nessa mesma área mais alunos, e no caso de ocorrer uma epidemia ou um surto qualquer, a
responsabilidade recairá sobre o diretor, pois ele tomou uma iniciativa que contrariava a lei, e
portanto é ilegal.
80
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Usando esse mesmo raciocínio para escolas particulares, uma classe desse mesmo
tamanho comportará apenas 27 alunos, nesse caso a legislação impede a ganância de lucro por
pessoas inescrupulosas que poderiam lotar as classes de alunos.
2º) Uma biblioteca com 90m²: este espaço permite que os livros sejam acomodados de
forma organizada, e os alunos de no máximo uma classe por seção se disponham com
conforto. Na descrição ainda, deverão constar dados sobre o acervo como: o número
total de livros e de títulos para que se tenha uma real dimensão de sua capacidade.
Nas escolas públicas municipais existe a função do Professor Orientador da Sala de
Leitura (POSL), que é um professor da escola ou da rede, escolhido e referendado anualmente
pelo Conselho de Escola, para desempenhar essa função, sendo obrigado a atender
periodicamente cada uma das classes da escola, assistido pelo professor, geralmente o de
português, e seu trabalho deve abranger todos os períodos. Nas escolas estaduais, o próprio
docente da classe é que executa a tarefa de acompanhar os alunos na biblioteca. Em algumas
escolas particulares o trabalho é realizado por um bibliotecário.
3º) Laboratório de Informática com 90m² com um servidor e 40 estações interligadas em
rede; o equipamento possui processadores Intelpentium, estando interligados à rede
mundial de computadores, por “speedy”. Cada máquina possui Windows 2004 e o
pacote “ofice”, e outros hardwares (como enciclopédia Britânica, Abril etc.) importante
para o desenvolvimento dos educandos na utilização dos recursos de informática, além
de um datashow pelo qual as aulas são ministradas. A disposição de pessoal
especializado para desenvolver as atividades funciona de forma semelhante ao tópico
anterior. Professor Orientador de Informática Educativa (POIE) na prefeitura, o
professor da Classe, no estado, ou um técnico de Informática, respectivamente.
4º) Um laboratório de química com 80 m² composto por: reagentes diversos, uma bancada
para cada aluno, vidraria diversa, capela para gases e etc.
5º) Uma quadra poliesportiva, tamanho oficial, coberta, e iluminada.
6º) Um pátio, coberto com 1500 m² a utilização desse espaço é para a realização do
recreio, atividade de recreação e reuniões de pais e festividades em geral, contendo
um palco com 30 m² e apresentações de alunos e professores.
7º) Uma sala de professores com 60 m².
8º) Sala de diretor com 16m².
9º) Uma secretaria com 40 m².
81
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
10º) Três corredores com 40 m² cada um.
11º) 8 Banheiros com 10 m² cada um, sendo 4 masculinos e 4 femininos.
E assim por diante...
Na caracterização da escola devemse colocar todos os espaços físicos que de certa
forma possam colaborar com a formação plena dos educandos: refeitório, cozinha, depósitos, sala
de coordenador, sala de recursos audiovisuais, jardim, espaços livres, auditórios, vestuários,
piscina, enfim, tudo do que a escola dispõe e com a descrição dos equipamentos que são
disponibilizados, e que possam ser utilizados plenamente pela comunidade escolar.
Organização da Rede Física
Nessa parte da caracterização deverão ser colocados quadros que especifiquem: o
número de turnos, horários de funcionamento de cada turno, as séries/ termos e os níveis
atendidos em cada turno, o número de alunos por série e por turno e o total dos alunos
matriculados na escola. Esses quadros refletirão o atendimento geral da escola, sua capacidade,
sua ociosidade, etc. Exemplo: Vagas
Remanescentes Turno Classes Ciclo Horários Nº de Alunos Total por série
1º Ano A EF I 7:00 às 11:00 32 1º Ano B EF I 7:00 às 11:00 31 63 7 2º Ano A EF I 7:00 às 11:00 35 2º Ano B EF I 7:00 às 11:00 34 69 1
Manhã
3º Ano A EF I 7:00 às 11:00 40
Croqui do Prédio (planta baixa)
Nesse quesito devese esboçar, sem a preocupação técnica de escala, a planta baixa da
escola (croqui) que sirva para análise do plano escolar, para que se possa ter uma idéia de como
estão distribuídos os espaços físicos, de forma que ocorre a execução dos trabalhos possíveis de
realização, e as possibilidades de acomodação da rede física.
82
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Localização da Escola
Nesse tópico, deverá ser feito um mapa de localização geográfica da escola (do entorno)
ressaltando os principais pontos de referência (avenidas, praças, museus, outras escolas, prédios
públicos) para facilitar sua localização e para se ter uma noção da origem dos alunos que nela
estudam.
Caracterização do Bairro
Nessa subdivisão da caracterização da escola, devemos fazer um levantamento das
condições de que o entorno da escola é dotado, fazendo um levantamento do número de casas
comerciais, bancos, igrejas, etc. Além disso, devemos caracterizar as cercanias da escola,
classificando de bairro comercial, residencial ou industrial. Nem sempre as construções escolares
encontramse em locais eminentemente residenciais.
Pelo número de agências bancárias, igrejas, comércios ou indústrias podese caracterizar
o bairro e estabelecer a origem do alunado (cercanias ou localidades mais distantes), ou que tipo
de convênios ou parcerias podem ser estabelecidas pela escola com a comunidade.
Pela distância da residência dos alunos à escola se reconhece um maior ou menor
comprometimento da comunidade com as iniciativas da escola. Quando a clientela reside nas
cercanias da escola, existe uma compreensão de que ela é um equipamento social pertencente à
comunidade, portanto se tem maior zelo e a participação é mais significativa, o comprometimento
é maior do que quando a comunidade vem de regiões mais afastadas; as escolas de passagem
são aquelas que localizadas em corredores de tráfego, recebe alunos da periferia que trabalham
83
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
na região central da cidade. Esse fato se dá porque muitos desses alunos se matriculam em
escolas da região onde moram, mas no fim da tarde, com o trânsito complicado, não conseguem
chegar na hora da entrada; esses alunos em sua maioria cultivam o sentimento de que a escola
não faz parte de sua comunidade e, portanto, o comprometimento com as iniciativas dela é menor.
Quanto ao croqui e à localização, já existem documentos na escola que podem subsidiar a
elaboração dos mesmos, como a planta da construção e mapa da região no guia ou no catálogo
telefônico. A reprodução de tal documento poderá ficar ao encargo de um indivíduo da
comunidade ou do corpo docente que apresente habilidade para a tarefa, sempre subsidiada pelo
diretor. E uma vez elaborados estes documentos, os originais são guardados ou escaneados e
somente em caso de mudança ou ampliação da escola é que serão modificados.
Em resumo, todos os dados colocados neste item devem contribuir decisivamente para
estabelecer os trabalhos que serão desenvolvidos e quais os trabalhos que não poderão ser
realizados por falta de condições técnicas, mas que farão parte da preocupação do gestor, para
tomar providências para que as carências técnicas sejam supridas no menor espaço de tempo
possível.
Outrossim, o gestor é responsável pela guarda e manutenção dos recursos didáticos – por
incrível que pareça, muitos sonegam sua utilização, embora exista a disponibilidade, sob o
pretexto de que podem ser quebrados. É melhor que o bem se quebre com o uso, do que se
transformar em um bem obsoleto.
Exercícios
1. A importância de se estabelecer as metragens na caracterização da Unidade Escolar devese ao fato de: a) que quem analisa o plano escolar precisa ter uma visão da distribuição das classes, por
período. b) que os pais devem ter um memorial descritivo da escola. c) que os professores para realizar um trabalho com qualidade necessitam conhecer todos os
ambiente da escola. d) que a comunidade escolar precisa poder avaliar quais os trabalhos possíveis de realização. e) que a dirigente precisa saber como é a escola.
2. O Levantamento feito no bairro (caracterização do bairro) não serve no plano escolar para: a) estabelecer a possibilidade de parcerias e convênios. b) levantar o nível de desenvolvimento cognitivo dos alunos. c) verificar se a clientela escolar mora nas proximidades ou distante da escola.
84
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
d) verificar segundo o levantamento se o alunado tem maior ou menor comprometimento com as iniciativas da escola.
e) perceber quais as características de habitação dos alunos e os problemas por eles enfrentados.
Respostas dos Exercícios
1. A importância de se estabelecer as metragens na caracterização da Unidade Escolar devese ao fato de: RESPOSTA CORRETA: D
2. O Levantamento feito no bairro (caracterização do bairro) não serve no plano escolar para: RESPOSTA CORRETA: B
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 12 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
Caracterização da Comunidade Escolar (Clientela)
A caracterização da clientela e da comunidade escolar tem como função o
desenvolvimento de um trabalho educacional de acordo com os anseios e necessidades da
comunidade em que a escola atua, tornandose imperativo conhecer toda a sua unidade social.
Deve ser um trabalho que envolva todos os segmentos da escola, feito com muita
meticulosidade, empenho; não que as outras partes não sejam igualmente importantes, mas esta
deve refletir com fidelidade as reais necessidades da comunidade local.
Para a coordenação desse trabalho, o gestor escolar deve planejar a tarefa tendo como
meta o reconhecimento da comunidade segundo suas características: fatores geográficos,
antecedentes históricos, fatores culturais, fatores econômicos e fatores e sociais.
a) Fatores geográficos: A localização exata, o conhecimento da extensão, limites,
topografia, e clima nos permitem chegar a conclusões a respeito da influência exercida
pelo meio ambiente na conduta e nas atitudes do grupo social. O levantamento feito
sobre os meios de transporte e comunicação, e o estudo das comunidades limítrofes
trazem, ao pesquisador, dados importantes em torno das influências econômicas e
culturais exteriores e o grau em que a comunidade é afetada por aquelas influências.
b) Antecedentes Históricos Patrimônio da comunidade. Os fatores iniciais imprimem
sempre certas características na sua formação e continuam influindo. Se pudermos
detectar os motivos que levaram certos indivíduos a formar as bases da comunidade,
poderemos ter uma idéia bastante clara do padrão de vida social em que vamos atuar.
c) Fatores Culturais Diversas correntes culturais e os conflitos existentes entre elas
refletem intensamente na vida social dos grupos e na personalidade dos indivíduos. O
conhecimento delas é precioso para a caracterização da comunidade e da clientela
escolar.
d) Fatores Econômicos É de grande importância a vida econômica do grupo social,
porque através dela detectaremos as necessidades e aspirações de vários grupos,
segundo sua capacidade econômica, e procuraremos orientar quanto às bases
formativas para atender seus anseios
86
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
e) Fatores Sociais Problemas sociais podem ser levantados estatisticamente, tais como:
distribuição da população, número de analfabetos, suas ocupações, escolaridade, e
outros, para podermos chegar às conclusões das características básicas da
comunidade. Devemos conhecer as diversas classes sociais de acordo com os
recursos econômicos, suas filiações religiosas e demais fatores que afetam a formação
dos grupos sociais ou o estado social do indivíduo, e, através do domínio desses
conhecimentos, determinar suas atitudes para com a educação.
Para fazer o levantamento das influências dos fatores geográficos e os antecedentes
históricos em comunidades mais antigas, devemos recorrer a uma pesquisa documental
bibliográfica (uso de livros, jornais, revistas e documentos existentes no Arquivo do Estado de São
Paulo, no Arquivo Histórico da Prefeitura nas bibliotecas, nas Subprefeituras e nos centros
estatísticos).
Obviamente, nenhum projeto de pesquisa pode ser empreendido sem esta orientação
preliminar, sem os dados já levantados sobre a comunidade que vamos caracterizar. Nas
comunidades mais recentes, esta pesquisa pode ser realizada a partir do relato de pessoas que
residem na comunidade desde o início de sua formação.
Esses relatos serão de grande valia porque primeiro podem anotar o comportamento
“natural” do grupo, pois suas reações emocionais serão semelhantes às da comunidade, e em
segundo, podese verificar a veracidade das afirmações feitas, pelos membros que responderam
aos questionários ou que foram entrevistados.
Todo esse trabalho deve ser feito no sentido de levantarse o maior número de dados que
estabeleçam as características principais da comunidade em questão; é preciso haver
sensibilidade para enfocar de maneira correta estas questões na direção de levantamento sério
que reflita de fato tais características, e para aumentála é importante que se constitua uma
equipe de trabalho composta de representantes de todos os segmentos da comunidade com a
capacidade de tabular e analisar os resultados da pesquisa.
Esta parte do plano é imprescindível que seja feita de forma cuidadosa, pois de seus
resultados serão definidos pontos que farão parte e que facilitarão a tarefa educativa, atendendo
às especificidades da clientela, fazendo com que o processo de ensino apresente cada vez mais
qualidade.
Desenvolver esse processo de levantamento das características da clientela é um trabalho
bastante complexo, mas se realizado de forma adequada ele permanece por bom tempo válido (5
87
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
anos) sem que seja necessário reformulálo (a menos que ocorra uma grande desapropriação no
local, construção de favela, uma catástrofe, uma invasão de prédios, etc.).
Questionário Informativo e Entrevista Formal
O questionário informativo constituise em um instrumento que tem a função de levantar as
características do grupo social, nos aspectos econômicos, sociais, culturais, de saúde, de lazer,
etc. Referese a um meio de se obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio
informante preenche. No caso de entrevista formal preenchida por um entrevistador (membro da
equipe), tanto um como outro trabalho envolve cinco fases: preparatória, entrevista ou aplicação
do questionário propriamente dita, tabulação de respostas, análise e estabelecimento do perfil
médio.
Nesses trabalhos, a comunidade escolar deverá ser envolvida e principalmente
conscientizada sobre a fidelidade e a ética que deverão ser usadas na produção das respostas
dos questionários e das entrevistas.
O primeiro passo deve ser o esclarecimento de sua necessidade para toda a comunidade
escolar; esse trabalho tem que ser desenvolvido pelo gestor, no sentido de deixar claro que a
elaboração e a aplicação tem como objetivo a melhoria da qualidade do trabalho educacional
voltado às necessidades e anseios da comunidade em que a escola atua; com esse intuito, torna
se imperativo conhecer sua unidade social. Para tanto, precisamos penetrar em sua organização
e funcionamento, através de estudos e levantamentos que não têm outra função que estabelecer
parâmetros para a execução de um trabalho educacional eficiente.
Elaboração do Questionário Informativo:
Pela falta de informações, muitos diretores de escola adotam um modelo de questionário
que é concebido fora da escola, elaborado por outras comunidades, ou copiado de outras escolas.
Se o objetivo é realizar um levantamento das características locais, é óbvio que o questionário
seja elaborado também pela comunidade em questão para que se tenha uma visão exata das
peculiaridades que ela apresenta.
Para a elaboração do questionário, tornase necessário fazer uma reunião com todos os
servidores da escola e alguns membros da comunidade (pais pertencentes ao conselho de escola
ou APM) e com eles levantar questões que possam de fato caracterizar a comunidade e a
88
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
clientela. Todos se empenharão em estabelecer perguntas de caráter geral que estejam ligadas e
cujo conhecimento seja fundamental para a melhoria do desempenho da equipe escolar.
O número de perguntas pode ser variável, de acordo com as necessidades do
levantamento que deve conter aspectos específicos sobre saúde, cultura, lazer, economia, e
outros assuntos que forem pertinentes ao trabalho da escola, visando à melhoria da qualidade de
ensino oferecido.
Cada elemento poderá formular uma ou mais perguntas que constituirão um questionário
piloto (perguntas abertas); a seguir caberá ao próprio gestor ou a uma equipe por ele designada
analisar cada uma das questões verificando sua clareza, se não há repetições, e finalmente
agrupando em blocos com assuntos específicos.
Esse questionário piloto (perguntas abertas) será aplicado em um grupo de alunos (10 ou
15) escolhidos aleatoriamente, de todos os períodos da escola, de forma proporcional, e suas
respostas servirão de alternativas para produzir um questionário informativo sob a forma de
testes, com o intuito de envolver todas as respostas possíveis.
O diretor escolar deve ter o cuidado de aplicar as questões, sob a forma de questionário
piloto, para confirmar as possíveis alternativas que as equipes não tivessem previsto, e para
promover uma maior viabilidade no momento da aplicação e tabulação dos dados.
Por exemplo, como se dá a relação com a sua moradia?
Repostas dos alunos escolhidos:
1) alugada
2) própria
3) cedida
4) invadida
O teste final que comporia o questionário informativo seria concebido dessa forma:
Sua casa é:
a) alugada
b) própria
c) cedida
d) invadida
e) Outros. Quais?
89
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Os questionários deverão ser distribuídos aleatoriamente e proporcionalmente ao número
de alunos de cada período; com os educandos de menor idade os questionários deverão ser
preenchidos pelos pais; serão pesquisados 10% dos discentes, já se prevendo algumas
abstenções, e os questionários não deverão conter informações que os identifiquem (nome do
aluno ou do responsável, série, nº de chamada, etc.); se possível o retorno deles, deverá ser feita
de forma discreta, para que os entrevistados se sintam mais protegidos em suas identidades, e
conseqüentemente produzam respostas mais fiéis, estabelecendose prazo para entrega.
O ideal é que todos os questionários retornem, mas esse fato depende do grau de
motivação que os participantes da pesquisa têm e qual o trabalho que a equipe escolar realizou
antes da entrega dos mesmos à comunidade, e principalmente da exposição clara dos objetivos
que o mesmo se presta; se alguns questionários não retornarem é possível estabelecerse o perfil
médio da comunidade e da clientela tabulando apenas 8% das respostas.
Nas escolas com um número reduzido de alunos (escolas de educação infantil), ao invés
do questionário, podemse fazer entrevistas com os pais, mediante um conjunto de perguntas pré
elaboradas em que qualquer integrante da equipe se disponha a realizálo; nesse caso, a
identidade dos participantes deve ser mantida em sigilo.
A tabulação dos dados levantados nos questionários ou nas entrevistas deverá passar
pela análise de uma equipe mista, composta por pais, professores, equipe técnica e o próprio
gestor, que deverão estabelecer por essa análise o perfil médio dos educandos e da comunidade,
levantando dessa maneira as necessidades, os anseios e as angústias em cada um dos quesitos
aventados.
Interpretação dos dados
A análise e a interpretação dos dados coletados em uma pesquisa encontramse
intimamente relacionadas, por essa razão fica difícil delimitar onde termina uma fase e começa a
outra; alguns autores definem a análise como sendo a fase em que somente são trabalhados os
dados, ao passo que a interpretação teria um sentido mais amplo, através das relações com
outros conhecimentos já existentes.
Há autores que comparam a análise como a atividade de construção e a interpretação
como o acabamento do processo, ficando bem claro que, no momento da análise, devemos
obedecer a regras, enquanto no momento da interpretação devemos nos livrar delas e ser no
mínimo criativos. Não existem normas que indiquem os procedimentos a ser adotados no
90
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
momento de interpretação de dados, o que existe na literatura especializada são recomendações
e cuidados de que o pesquisador deve acercarse para que a interpretação não prejudique a
pesquisa.
Todas as teorias se reportam sobre a interpretação, no contexto da pesquisa social, nas
relações existentes entre a teoria e os dados empíricos (experimentos práticos). Entre os
sociólogos americanos, segundo Mills (1965), existem duas posturas indesejáveis de conduta: as
que valorizam excessivamente os dados empiricamente obtidos, o que ele denomina de
“empirismo abstrato”, e a dos que se envolvem em construções teóricas que ele denomina de “as
grandes teorias”. Concluímos que os primeiros permanecem na análise de dados e os segundos
rigorosamente não as praticam. Dessa forma é recomendável que se estabeleça um equilíbrio
entre essas duas posições, tornando os resultados da pesquisa, significativo, e o mais real
possível.
Outros autores enfatizam que quando a interpretação dos dados busca embasamento em
teorias já suficientemente estabelecidas, surgem “raios de luz no obscuro caos dos materiais”. No
entanto, quando as teorias apresentam um pequeno grau de comprovação, as explicações
produzem uma falsa sensação de explicitação da realidade, o que pode originar uma inibição no
processo de investigação da realidade.
HATT et. al, discute a relevância da teoria na formulação de generalizações empíricas e o
e sistemas de relações entre as proposições. Através da teoria podese confirmar, que atrás dos
dados existem observações muito complexas, um sistema de suposições sobre a atuação de cada
grupo, e um grupo de proposições sobre os efeitos dos fatores sociais no comportamento.
O relatório da Pesquisa
A última fase de uma caracterização da clientela é o estabelecimento das características
médias da comunidade e da clientela alvo da pesquisa, sendo absolutamente indispensável, pois
revela o resultado da pesquisa e deve levar em consideração a comunicação aos outros
componentes da escola. Como tal, sua redação precisa ter em mente as características do público
ao qual se destina, e o texto deve ser estruturado com informações suficientes para estabelecer
as características da comunidade e da clientela em questão. Deve ser de leitura fácil, visando à
compreensão de todos, e ser organizado utilizandose tópicos que demonstrem os resultados da
pesquisa e as possíveis sugestões.
91
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A conclusão dos trabalhos deve estabelecer com precisão o perfil médio da comunidade e
do alunado; todos os trabalhos doravante desenvolvidos pela comunidade escolar deverão
centrarse na análise desses dados, e todos os esforços estarão voltados à satisfação das
necessidades e dos anseios da comunidade; com isso, as tarefas educativas serão desenvolvidas
mais de acordo com a realidade local, e se tornarão mais atrativas, aproximando os alunos da
escola, e o teórico da realidade, o que comprovadamente melhorará a qualidade de ensino
oferecido, otimizando todos os recursos (físicos, materiais e humanos) disponíveis na escola, sem
no entanto nos afastarmos da filosofia e das políticas educacionais propostas pelo governo.
Exercícios
1. Analise as afirmações abaixo sobre Caracterização da Comunidade e da Clientela. I. Não é muito importante a caracterização da clientela e da comunidade, portanto o gestor pode servirse de modelos prontos. II. A construção do questionário deve ser realizada com a participação de todos os servidores da escola e contar com a presença de representantes da comunidade. III. Os questionários não devem conter nenhum indício de identificação do pesquisado para não inibir a veracidade dos fatos nele relatados. IV. Quanto mais o gestor divulgar a importância das respostas para a melhoria do ensino, menor será a abstenção na entrega do questionário. Estão corretas as afirmações: a) I, II e III b) I; III e IV c) I; II e IV d) II; III e IV e) I ; II; III e IV
Respostas dos Exercícios
1. Analise as afirmações abaixo sobre Caracterização da Comunidade e da Clientela. RESPOSTA CORRETA: D
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 13 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
IV Metas do Plano Escolar:
As metas do plano escolar nada mais são que a confrontação das comodidades e dos
recursos didáticos que a escola pode oferecer ao aluno, e portanto o tipo de trabalho a ser
realizado, com as expectativas da comunidade da clientela, estabelecidas no relatório da pesquisa
de sua caracterização em relação aos anseios e necessidades que lhes são próprias.
Para estabelecer as metas, devemos analisar cuidadosamente as sutilezas que o relatório
da pesquisa sugere, e com os espaços e com os recursos existentes na escola e na própria
comunidade, pensar situações que possibilitem a execução de tarefas que venham ao encontro
das necessidades da comunidade e especialmente da clientela.
Nesse momento, temos condições de levantar as metas do plano escolar. Esse trabalho,
para ter eficiência, deverá contar também com a colaboração de uma equipe mista, composta de
todos os segmentos, pois, se garantindo a participação coletiva, todos se sentirão coautores das
metas e cúmplices na sua elaboração, fator que garantirá maior compromisso da equipe com a
sua consecução.
As metas somente têm significado se houver uma correspondência entre elas e o trabalho
executado na sala de aula e junto da comunidade, do contrário, ficam apenas registradas no papel
se constituindo em uma tarefa inútil.
As metas, depois de estabelecidas, se tornam em elemento de união dos indivíduos.
Quando estudamos a formação de equipes, um dos pressupostos era a adoção de objetivos
comuns a todos os integrantes; quando nos reportamos ao processo de gestão participativa
(democrática), vimos que todos os membros opinam sobre a tomada de decisões, e a gestão
passa ser flutuante (como a banda de jazz), os processos de criatividade ficam mais evidentes, e
o sentimento de pertencer contagia todos os integrantes do processo. Tudo isso se deve à
aglutinação de propósitos coletivos que as metas sugerem.
As metas do plano escolar devem ser construídas de forma clara, objetiva e concisa, cada
uma visando apenas a um aspecto, caso contrário, ela se tornará difusa, dificultando a
interpretação e a apropriação do seu objeto essencial pela comunidade escolar. O importante é
que todos os membros tenham as metas sempre presentes durante a execução de suas tarefas.
93
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
O número de metas estabelecidas no plano é variável de acordo com as necessidades da
comunidade e as possibilidades da escola, e a formação técnica de sua equipe, Diferentemente
dos objetivos, as metas devem ser quantificadas, ou seja, devem estabelecer expectativas
numéricas de quantificação, o que de certa forma motivará e impelirá o grupo para sua
consecução.
Por exemplo, numa determinada escola, durante a análise do relatório da pesquisa; os
dados revelavam que os alunos em sua maioria apresentam doenças, que se originam pela falta
de hábitos de higiene (cárie dentária, verminoses, etc.); a escola, através de metas, estabelecerá
o que pretende fazer em relação a esse fato. A meta proposta pela comunidade escolar após
detida análise do relatório de pesquisas:
“Melhoria dos hábitos de higiene em 2% dos educandos, visando à saúde do educando e
minimizando ausências na escola”.
A adoção desta meta deve ter como gênesis a análise do relatório da pesquisa, de modo
que deve ter ficado patente a necessidade de trabalhar aspectos de higiene dos alunos, e que
pode ter sido reforçada a partir da constatação pelo professores através de observações diretas
como a falta de asseio nas unhas, cabelos, roupas, olhos, etc.
Perceba que a preocupação da escola está centrada na elaboração de uma meta que
atende a especificidade da comunidade, ou seja, melhorando a higiene dos alunos, menor é a
chance de adquirir tais doenças.
Os 2% (dois por cento) simbolizam a quantificação da meta, que é a proposta pela equipe,
visando o início de uma nova meta, deverá ser dotada de uma porcentagem baixa, pois, se o
índice for muito alto, a equipe pode não saber como alcançálo, e não alcançando, esmorecerá.
Se ao contrário, no final do período letivo, a porcentagem apresentar um resultado maior do que
foi inicialmente estabelecido, deve ser reforçada junto aos participantes positivamente e esse
dado deverá balizar a quantificação para o próximo período. Por exemplo: o resultado esperado
na meta acima era de 2% mas, no final do ano a equipe alcançou 7%, isto significa que ela tem
potencial para alcançar tal nível e portanto, no plano do próximo ano, a mesma meta será
quantificada no mínimo com 7%.
Notase também uma preocupação por parte da equipe escolar em justificar a adoção da
meta, através da saúde, e referente à freqüência dos educandos às aulas.
Quanto ao tempo de duração, metas são classificadas como: de curto, médio e longo
prazos, ou seja, existem metas cujos resultados podem ser percebidos no final de um mês de
trabalho (curto prazo), metas que podem ser observadas depois de dois anos (médio prazo), e
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
metas que somente são conseguidas no final do curso entre 5 a 9 anos (longo prazo) no ensino
fundamental.
Existem metas perenes, isto é, durante o tempo que a escola existir, a equipe escolar
deverá centrar a preocupação com a sua consecução (Ex: alfabetização, letramento, formação
para cidadania, formação plena do educando, etc.), que são as denominadas permanentes e as
que se modificam segundo as mudanças: da sociedade, das políticas educacionais da sociedade,
etc.
Veja o exemplo: no início dos anos 80 havia uma preocupação com repetência de alunos e
em todos os planos escolares figuravam metas como: diminuição dos índices de repetências em 5
% das 1ª e 5ª séries (séries tidas, na época, como pontos de estrangulamento do processo
educacional, por concentrar maior número de reprovados); na atualidade com a organização em
ciclos nas escolas públicas, este fato deixou de existir, por mudança na política educacional e,
portanto, essa meta não é mais pertinente.
Ao gestor escolar caberá a tarefa de prover de recursos (humanos, financeiros e materiais)
dar apoio logístico às ações e “cobrar” de todos a execução das tarefas acordadas pelo grupo.
É comum, nas escolas públicas, no início do ano letivo, durante as reuniões, os elementos
envolvidos na tarefa educativa combinarem atitudes desejáveis no desenvolvimento das
atividades em geral (durante o período de organização da unidade), através do consenso, mas
por falta de envolvimento do gestor (pelo envolvimento deste em inúmeros trabalhos burocráticos,)
caem no esquecimento, e muitos integrantes, ao invés de realizar um trabalho coletivo,
individualizam as ações, e em muitas ocasiões acabam tendo atitudes antagônicas entre si, o que
prejudica a qualidade de ensino.
Lembrese de que a avaliação do plano escolar tem como função a verificação do
cumprimento ou não das metas estabelecidas, e também municiar a equipe escolar de dados que
são importantes na proposição de ações futuras.
V Operacionalização do plano escolar
Na operacionalização do plano serão estabelecidas todas as ações, os participantes,
cronogramas de execução, projetos, quadros, etc. que demonstrarão como, por quem, através do
quê, em que tempo, de que forma, etc. as intencionalidades fixadas nas metas do plano escolar
serão atingidas.
95
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A operacionalização deve contemplar todas as atividades intra e extraescolares por meio
de projetos específicos desenvolvidos pelos membros da escola, segundo as necessidades de
facilitação do aprendizado para o aluno, ou seja, fazer a ponte entre o que é teoria e a realidade
do cotidiano do educando. Essas ações deverão ser executadas pela escola com o auxílio da
comunidade escolar no sentido de alcançar as metas estabelecidas. O empenho, a dedicação, a
responsabilidade e o profissionalismo da equipe se justificarão nas ações que estarão sendo
explicitadas nessa parte do plano.
Todas as ações planejadas no início do ano pela escola devem constar obrigatoriamente
na elaboração do plano escolar, e outras que eventualmente serão acrescentadas no decorrer do
período letivo deverão ser registradas, e na sua execução ser anotados os resultados para
integrarem o plano seguinte.
O registro é uma prática essencial na ação educativa, pois muitas ações que deram bons
frutos no passado, por não terem sido consignadas por escrito, acabaram se perdendo e não são
mais utilizadas. É necessário manter viva a memória da escola, não só no tocante a sucessos,
mas principalmente nos reveses, para que não se incorram em erros já cometidos. Os registros,
são importantes também porque nos dão pistas para a continuidade do trabalho futuro e se
constituem em instrumento indispensável para um aproveitamento mais significativo das reuniões
da equipe; ele pode ser elaborado de diversas formas: por meio de cartazes, diagramas, textos,
quadros sinópticos, gráficos, ou outras maneiras, a sua forma de elaboração estará relacionada
com um melhor entendimento do coletivo.
Há ainda duas outras fortes razões para documentar sistematicamente o trabalho coletivo
na escola. A primeira é que é através do registro que outros educadores podem se inspirar para
adotar essa prática. A outra é que os textos existentes sobre trabalho em grupo costumam referir
se apenas a sua dinâmica e funcionamento interno, sendo muito raro um texto tratar do trabalho
coletivo na escola. O registro de cada escola pode, pois, contribuir para realimentar a produção de
conhecimento sobre o próprio trabalho coletivo escolar, ajudando a preencher essa lacuna.
A operacionalização propriamente dita
Nessa subdivisão da operacionalização devemos descrever de forma sucinta, porém de
modo a esclarecer a quem analisa o plano quais as ações que efetivamente serão levadas a cabo
pela comunidade escolar, no sentido de cumprirse o que ficou estabelecido nas metas. Dela
deverá constar a justificativa que levou a equipe elencála, o objetivo a que se presta, a descrição
96
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
da ação propriamente dita, as pessoas envolvidas, o cronograma de execução, a participação de
autoridades, e tudo que for necessário explicitar para que fique clara a verdadeira intencionalidade
da escola.
É importante perceber que a objetividade na descrição não deve se constituir em elemento
de descaracterização da operacionalização, ou da meta, devese sempre reafirmar a real
intencionalidade, de modo a impedir que interpretações incorretas venham a prejudicar a ação ou
até mesmo a consecução da meta.
A concepção e a redação da operacionalização propriamente dita deverá contar com
participação de todos os elementos da equipe escolar, e representantes da comunidade (pais,
alunos e até mesmo pessoas que não tenham uma ligação direta com a escola, mas que estejam
interessadas na melhoria da qualidade de ensino). A fidelidade de propósitos deve ficar
explicitada na redação da operacionalização e ser amplamente divulgada a todos integrantes da
escola. Lembrando que para cada meta estabelecida no plano escolar deve corresponder uma
descrição da operacionalização propriamente dita de forma específica Ex: utilizando a meta:
“Melhoria dos hábitos de higiene em 2% dos educandos visando à saúde do educando e
minimizando ausências na escola”.
Justificativa:
A importância da higiene nas suas mais variadas formas (bucal, corporal, íntima, etc.) é
sem dúvida na sociedade atual indiscutível; a promiscuidade e da falta de assepsia são fatores
condenáveis pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que estatisticamente aponta como a
maior causa de contaminação por agentes nocivos à saúde. Maior fator que causa o afastamento
temporário e até mesmo definitivo das atividades produtivas.
Objetivo(s):
• Desenvolver na comunidade em geral a consciência sobre a importância para saúde, de
hábitos de higiene.
• Conscientizar a população dos perigos da falta de higiene, causando riscos à saúde dos
indivíduos em geral, e suas conseqüências para a vida social.
Cronograma e Participação de Autoridades
A realização do trabalho obedecerá ao seguinte cronograma;:
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Fevereiro (dia 8) reunião de pais com os professores coordenadores das respectivas
classes, cuja pauta incluirá um texto “A higiene Infantil” TIBA, I, que trata da importância de
cultivarmos hábitos de higiene na infância e na adolescência.
Março (de 4 a 8) Semana dos Bons Dentes, nesse período serão realizadas palestras,
sempre usando a primeira aula por alunos dos anos finais do Curso de Odontologia da
Universidade X sob a coordenação do Prof. Dr. Fulano de Tal, coordenador de estágios daquela
instituição. Aos participantes será conferido certificado de participação.
Abril (dia 9 sábado) Nesse dia, será feita uma exposição e oficinas (aberta à comunidade)
durante todo o período com e apresentação pelos alunos de trabalhos elaborados por eles e
coordenados por professores e pais.
E dessa forma serão descritas todas as atividades previstas para sensibilizar a
comunidade sobre a importância da higiene para a saúde. É necessário que as ações ocorram de
modo sistemático durante todo o ano letivo, e que envolvam profissionais qualificados, e abordem
assuntos atuais de interesse da coletividade, para que as ações propostas não caiam no
descrédito do públicoalvo. É importante frisar que os resultados de cada ação sejam registrados e
analisados pela equipe, para que se tenha a idéia exata do desenvolvimento do trabalho.
Um fenômeno que se depara com relação ao trabalho que se desenvolve na escola
atualmente é a descontinuidade das tarefas iniciadas no princípio do ano, muitas das ações
estabelecidas nas reuniões de organização da escola caem no esquecimento, deixando de ser
realizadas não por má fé, mas por falta de cobrança por parte do gestor ou mesmo provocada
pelos mais variados motivos (avaliações, cumprimento de objetivos e programas, afastamentos de
servidores, mudança de direção, etc.).
Um aspecto que deve ser considerado como de suma importância é que no final do ano a
comunidade escolar possa realizar uma reflexão crítica a respeito do desenvolvimento das ações
estabelecidas (metas), verificando pontos positivos e negativos que envolveram suas ações, com
o intuito de reforçar ou modificar estratégias para o ano seguinte, num constante aperfeiçoamento
do processo educativo, e conseqüentemente um crescimento profissional da equipe escolar, um
atendimento mais especializado e motivador para o aluno, e sobretudo a melhoria da qualidade de
ensino.
O surgimento de fato novo durante a execução do plano escolar, ou a percepção da
equipe sobre a ineficácia das ações desenvolvidas, podem determinar mudanças nas diretrizes do
trabalho, que devem ser analisadas pela equipe com muita meticulosidade, e se a conclusão
98
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
apresentar consistência, nada impede que seja feito um replanejamento das ações no sentido de
redirecionálas buscando atender com mais eficácia as proposições da comunidade escolar.
Exercícios
1. As metas são estabelecidas: a) de acordo com a vontade do gestor escolar, uma vez que ele é quem tem formação
adequada. b) de modo a satisfazer exclusivamente à vontade da comunidade estudantil c) de acordo exclusivamente com a filosofia e as políticas estabelecidas para educação, pelas
autoridades governamentais. d) de modo a atender a realidade social do país. e) para atender as necessidades locais, aliando as possibilidades da escola e sem perder de
vista a filosofia e as políticas educacionais.
2. Quanto à operacionalização do plano escolar, qual a falsa? a) A operacionalização do plano é uma forma sucinta de explicitação das ações da comunidade
escolar. b) Cada meta deve ter na operacionalização uma redação específica que deve prever o
conjunto de ações da comunidade escolar e as maneiras de sua consecução. c) Na operacionalização do plano, deve constar as atividades, e as pessoas que se
encarregaram de executálas. d) A elaboração da operacionalização do plano escolar deve ficar ao encargo do gestor e da
equipe técnica. e) A operacionalização do plano escolar deve servir de parâmetro para nortear ações futuras.
Respostas dos Exercícios
1. As metas são estabelecidas: RESPOSTA CORRETA: E
2. Quanto à operacionalização do plano escolar, qual a falsa? RESPOSTA CORRETA: D
99
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 13 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
V.b Calendário Escolar:
O calendário escolar é um documento que estabelece a distribuição dos dias letivos e as
atividades programadas em função do tempo (ano letivo). Ele é elaborado em todo o início de
período letivo, nas escolas públicas, e deve ser aprovado pelo Conselho de Escola; nas
instituições particulares quem o elabora é geralmente e mantenedora.
Uma vez elaborado, o calendário obrigatoriamente tem que ser aprovado (homologado)
pelo Dirigente, nas escolas estaduais e particulares, ou pelo Coordenador, no caso do município.
Legalmente o número de dias letivos que escola tem que cumprir no ano, a partir da edição
das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tem aumentado significativamente: a Lei
4024/61 previa um número de 160 dias letivos de efetivo trabalho escolar; a Lei 5692/71 previa
um mínimo de 180 dias de efetivo trabalho escolar (art.11); e atualmente a Lei 9394/96 dita “carga
horária mínima anual será de oitocentas horas distribuídas por um mínimo de duzentos dias de
efetivo trabalho escolar...” (art. 24).
Podemos perceber que houve um significativo aumento do número de dias letivos
(basicamente o acréscimo de um mês em cada uma das Leis), o que não determinou
necessariamente num aumento da qualidade de ensino oferecido, muito pelo contrário, ocorreu
um depauperamento do ensino.
Esse decréscimo na qualidade de ensino foi sem dúvida causado por
• uma formação questionável nos cursos de licenciatura (tivemos épocas que se permitia a
formação do professor em apenas 1 ano e meio de curso superior “Curta Licenciatura”
art. 30 da Lei 5.692/71);
• um aumento significativo no número de alunos das classes subalternas, adentrando
numa escola não preparada para receber tal contingente;
• uma política de reprodução dos modelos e valores da classe dominante, modelos
pedagógicos implantados pelas autoridades, deturpados de sua concepção, imitação de
modelos educacionais que não atendiam a realidade do alunado brasileiro, etc., com a
finalidade de gerar o caos no meio educacional e conseqüentemente, elevar
100
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
produtividade. Tudo isso foi contribuindo para uma aprovação de alunos sem critérios,
uma qualidade de educação questionável, levando a uma formação de indivíduos na
atualidade que se encontram muito aquém do ideal para o exercício da cidadania e para
qualificação necessária para o mercado de trabalho.
Segundo o § 2º do art. 23 da Lei 9394/96, “o calendário escolar deverá adequarse às
peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de
ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previstas nesta lei”. Compreendese que
independente do ano civil o calendário, sem diminuir o número de dias letivos, poderá adequarse
à realidade local. Por exemplo, períodos de plantio e colheita, etc.
As escolas particulares elaboram o calendário escolar, tendo em vista a Constituição
Federal, a Lei de Diretrizes e Bases (lei 9394/96), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a
Convenção Sindical. (Nas escolas particulares os professores obrigatoriamente gozam de férias
no mês de julho e o recesso escolar ocorre nos meses de dezembro e janeiro).
As escolas públicas elaboram seu calendário tendo em vista a Constituição Federal, a Lei
de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96), e a Portaria do Secretário de Educação (estadual ou
municipal) publicada no Diário Oficial respectivo, no final do ano letivo para sua aplicação no ano
letivo subseqüente. Essa portaria estabelece praticamente todas as atividades do ano letivo de
modo comum para todas as escolas da rede respectiva.
Veja o exemplo:
Portaria 5.827 de 07 de outubro de 2002 Dispõe sobre as diretrizes para elaboração do
Calendário Escolar 2003.
Dispõe sobre as diretrizes para elaboração do Calendário para as Unidades Escolares em
2003 e dá outras providências.
A secretária de educação, no uso de suas atribuições legais e, considerando:
• o disposto na Lei 9394/96 especialmente nos artigos 12,13,14,15,24 e 34
• o contido na Deliberação CME 03/97 e Indicação CME 04/97.
• as diretrizes da Secretaria Municipal de Educação.
Resolve:
Art. 1º Cada Unidade Escolar da Rede Municipal de Ensino elaborará o seu Calendário
Escolar de 2003 com o envolvimento da Equipe Escolar, pais e alunos observando as diretrizes
contidas nesta Portaria.
101
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Art. 2º Além das orientações gerais, das datas e períodos comuns estabelecidos para toda
a Rede Municipal de Ensino, cada Unidade deverá programar atividades em função das condições
e necessidades locais.
Art. 3° As Escolas Municipais que mantêm Educação Infantil, o Ensino Fundamental,
Educação de Jovens e Adultos e Ensino Médio, deverão assegurar turnos com duração mínima
de 4 (quatro) horas diária de efetivo trabalho escolar, garantindo:
I. carga horária mínima de 800 (oitocentas) horas distribuídas por um mínimo de 200
(duzentos) dias de efetivo trabalho escolar para a Educação Básica
Art. 4° Cada Unidade Escolar da Rede Municipal de Ensino elaborará seu Calendário
Escolar de 2003 considerando como datas e períodos comuns:
I. Férias docente 02/01 a 31/01/2003.
II. Início das aulas para todos os níveis da Educação Básica:
1 0 Semestre: 06/02/2003
2 0 Semestre: 28/07/2003
III. Período de recesso escolar:
Julho: de 12 a 27/07/2003
Dezembro 20 a 31/12/2003
IV. períodos de organização das Escolas:
a) órgãos Centrais e Núcleos de Ação Educativa 22 e 23/01/2003
b) Núcleos de Ação Educativas e Unidades Escolares 27 e 28/01/2003.
c) Equipes Técnicas das Unidades Escolares 29; 30 e 31/01/2003.
V. períodos destinados à análise, à discussão e à sistematização do Projeto Político
Pedagógico e organização da Escola dias 03; 04 e 05/02/2003 e outra data a ser definida até 14/03/2003.
VI. Reuniões Gerais / Pólo 21/05 e 10/09/2003
§ 1° No decorrer do ano, para assegurar a implementação da proposta de Formação
Permanente da: SME, poderão ser realizados, em datas a serem estabelecidas pelos NAEs;
Encontros Regionalizados em Unidade Pólo.
102
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
§ 2° Os docentes em regência de classes ou aulas nas CEIs será garantido o disposto
nos incisos I; II e III deste artigo.
§ 3° As classes/ núcleos do Programa de Alfabetização do Município de São Paulo
MOVA SP atenderão ao estabelecido nos incisos I; II e III deste artigo.
Art. 5° No Calendário deverão estar previstas as seguintes atividades:
I. reuniões pedagógicas no mínimo 4 (quatro) com suspensão de aulas, sendo 2 (duas)
no 1° semestre e 2 (duas) no 2° semestre, garantindose uma ao término de cada semestre letivo
para a análise do processo educativo e de avaliação global dos educandos.
II. reuniões do Conselho de Escola mensais sem suspensão de aulas.
III. reuniões da A.P.M. de acordo com o próprio estatuto, sem suspensão de aulas.
IV. reuniões de pais ou responsáveis, 4 (quatro) sem suspensão de aulas, sendo 2 (duas)
por semestre.
Parágrafo Único: A avaliação do trabalho da Unidade Escolar será realizada ao longo do
ano, durante horário coletivo e/ ou reuniões pedagógicas e referenciadas no Projeto Político
Pedagógico.
Art. 6° O Calendário Escolar deverá ser aprovado pelo Conselho de Escola e
encaminhado ao NAE até 14/03/2003, para análise e aprovação pelo Supervisor e homologação pelo Coordenador Regional de Educação.
Parágrafo Único: Idêntico procedimento deverá ser adotado, no decorrer do ano letivo,
quando houver a necessidade de alteração e/ ou adequação do Calendário Escolar, somente na
ocorrência de suspensão de aulas e outras formas de descaracterização de dia/ hora de efetivo
trabalho escolar inclusive decorrente de ponto facultativo.
Art 7° O Diretor da Escola deverá dar ciência expressa do contido nesta Portaria a todos
os integrantes da Unidade Escolar.
Art. 8° Os casos omissos ou excepcionais serão resolvidos pelo Coordenador Regional de
Educação. Duvida se necessário a Secretaria Municipal de Educação.
Art. 9° Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as
disposições em contrário, em especial a Portaria 4996 de 23/10/2001.
No exemplo acima, podese verificar que a Portaria do Calendário Escolar é um
documento que tutela a ação da escola e de sua comunidade, funcionando como uma camisa de
força, pois determina a organização, início das aulas nos semestres, o término das aulas,
103
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
períodos de recesso, etc., restando para a escola estabelecer as datas das reuniões pedagógicas,
de pais, da APM, de Conselho de Escola. As determinações restantes já vêm determinadas pela
autoridade escolar. Embora represente muito pouco em termos de autonomia, a comunidade
escolar deve ocupar esse espaço, aproveitando para fazer um exercício de democracia.
Princípios de Elaboração do Calendário
Existem várias preocupações para quem elabora o calendário escolar, sendo preciso
observar os seguintes critérios:
1) O ideal seria programar as reuniões pedagógicas (mínimo 4 quatro, com suspensão de
aulas) para que as mesmas ocorressem em cada um dos dias da semana, com a
finalidade de permitir a participação de todos os membros da equipe escolar
(principalmente dos professores que possuem um número reduzido de aulas). No
momento que elaboramos o calendário, essa preocupação é impossível, pois, ao
marcar uma reunião para terçafeira, os alunos em sua maioria não comparecerão na
segunda “emenda”; o mesmo acontece se a reunião na quintafeira e em relação à
sexta.
2) Se for estabelecer uma “ponte” (a ponte tem que ser reposta para garantia dos 200 dias
letivos) este fato somente beneficiará professores e alunos, pois o gestor deverá manter
em funcionamento a escola na sua parte burocrática (secretaria e diretoria), pois sendo
a escola uma repartição pública, o diretor não possui competência para interromper
suas atividades sob qualquer pretexto. (A paralisação somente deveria ocorrer em caso
de ponto facultativo decretado pelo Executivo).
3) Em caso de feriado numa quintafeira (por exemplo), com expediente normal na sexta
feira é muito comum o professor, deixar suas “abonadas” para esses momentos,
fazendo a “emenda”. Se o dia for considerado letivo, a abstenção alta de professores e
a freqüência baixa dos alunos são ingredientes que prejudicam o andamento e a
seriedade da escola (se não houver alternativa, a sugestão é marcar uma reunião
pedagógica na data, pelo menos assim se salvaguardará o direito dos alunos)
4) Nos pontos facultativos de meio expediente (ex: quartafeira de cinzas) fica complicado
os professores do período da manhã não trabalharem e os do período da tarde ter
atividades normais; obviamente sensato é que todos os alunos sejam dispensados das
aulas desse dia e os professores da tarde e da noite se reúnam de modo a tratar de
104
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
projetos referentes aos respectivos períodos. Os professores do período da manhã não
poderão ser convocados sob qualquer pretexto a trabalhar fora de seu expediente,
mesmo porque muitos acumulam cargos.
5) É importante garantir 100 dias letivos em cada semestre, principalmente se a escola
mantém a suplência, lembrese que o termo tem a duração de 1 semestre, e portanto
100 dias, o que proporcionará uma uniformidade de tratamento entre as modalidades
de ensino oferecido pela escola.
6) As reuniões de pais são realizadas sem suspensão de aulas, este é um ponto de
contradição, pois nelas serão divulgados: o aproveitamento, a freqüência os problemas
de relacionamentos do aluno, e nada melhor para reportar isto aos pais, do que os
professores. As escolas particulares convocam os professores aos sábados. Os
diretores da rede pública não têm esta prerrogativa e utilizam meio dia letivo (duas
horas) para atender os pais, e as outras duas horas retomam as aulas, deixando a
desejar na execução das duas tarefas.
7) Na elaboração do calendário deverão ser registrados exatos 200 dias, se o calendário
produzido contiver 201 (por exemplo) qualquer fato que gere a suspensão de aulas não
pode ser compensada pela aula excedente, uma vez que, na elaboração, o trabalho
pedagógico foi distribuído pelo número de dias propostos no calendário e a legislação
estabelece que haverá um mínimo, não estabelecendo o número máximo.
8) As programações de festas, no calendário, devem ser acompanhadas de projeto que
demonstre a importância cultural educativa e a viabilidade de execução. Isso serviria
para coibir atividades programadas por escolas que não tenham outra finalidade do que
arrecadação financeira. Ex: festa do sorvete.
Os pontos apresentados devem se constituir em preocupação de todos da comunidade em
distribuílos de modo a atender as exigências do trabalho pedagógico, uma vez que cabe ao
gestor, segundo a Portaria, dar ciência e provocar uma discussão com todos os segmentos da
escola com a finalidade de adequar o calendário às suas necessidades.
Surgindo algum fato que determine alteração no calendário durante o período letivo (por
exemplo, greve de professores, falta de água por período extenso, problemas na construção
escolar, etc.), pode a comunidade refazer o calendário, oficializando a autoridade escolar da
modificação solicitando que esta se pronuncie providenciando sua nova homologação.
105
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Exercícios
1. A elaboração do calendário em escolas públicas estaduais deve ser: a) Feita segundo critérios estabelecidos pela Constituição Federal, CLT e (Lei 9394/96) LDBEN. b) produzida segundo critérios estabelecidos pela própria comunidade escolar. c) produzida segundo critérios estabelecidos pela própria Constituição Federal, a Lei 9394/96
LDBEN e na Portaria do Secretário da Educação. d) produzida segundo critérios estabelecidos pela própria pela direção da escola. e) produzida segundo critérios estabelecidos pela convenção sindical.
2. Qual das alternativas abaixo não se constitui em preocupação para quem elabora o calendário escolar em escola pública? a) Marcação de reuniões pedagógicas às terças e quintas feiras. b) Distribuição de 100 dias em cada semestre especialmente em escolas com suplência. c) Garantir ao aluno, um mínimo de 200 dias letivos e no mínimo de 800 horas de efetivo
trabalho escolar. d) A consulta à mantenedora das exigências pretendidas. e) A elaboração de forma democrática com a participação de todos os segmentos
Respostas dos exercícios
1. A elaboração do calendário em escolas públicas estaduais deve ser: RESPOSTA CORRETA: C
2. Qual das alternativas abaixo não se constitui em preocupação para quem elabora o calendário escolar em escola pública? RESPOSTA CORRETA: D
106
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 15 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
V.c Quadro Curricular
O quadro curricular, também denominado de grade curricular ou currículo pleno, se
constitui em um documento que demonstra quais as disciplinas que participarão da formação
integral do educando, suas respectivas cargas horárias, e as séries pelas quais se encontram
distribuídas. Da análise desse quadro podese perceber em que área do conhecimento será dada
à ênfase na formação do educando (exatas, humanas, etc.), que tipo de preocupação da escola
tem com a formação técnica e para o trabalho, com que diversidade e abrangência as disciplinas
podem colaborar na formação do cidadão e de suas crenças.
Nos anos 60, com a implantação da Lei 4024/61, as escolas tinham um currículo bastante
diversificado; na primeira série do antigo ginásio os alunos estudavam as seguintes disciplinas:
Matemática, Desenho, Português, Francês, Latim, História, Geografia, Ciências Físicas e
Biológicas, Música (Canto Orfeônico), Trabalhos Manuais, Educação Física e Ensino Religioso,
perfazendo um total de 12 matérias, que tinham seu tratamento metodológico equiparado
(necessidades, exigências, importância e retenção) pois a todas elas eram atribuídos graus de
responsabilidade por parte do estudante. Ex: todas tinham avaliações sérias, etc.
No início dos anos 70 foi promulgada a Lei nº 5.692/71, que revogou os artigos da Lei
4024/61 que tratavam da educação básica (préescolar, primário, ginásio e colégio), unificando o
primário com o ginásio e tornando o 1º grau um curso único coisa que na prática até hoje nunca
se concretizou, devido à natureza e organização dos dois cursos; o ensino primário com uma
única professora e o ginásio já apresentando o professor especialista, um para cada matéria,
forçando os alunos a um salto enorme de organização da 4ª para a 5ª série. Esta lei também
reorganizou a educação básica (em préescolar, 1º Grau e 2º Grau); de inovação, a lei
estabeleceu uma distinção entre as matérias que compunham o currículo pleno das escolas.
Através do Parecer CFE nº 853/71 fica claro que as matérias terão tratamentos
metodológicos variados, obedecendo à seguinte classificação: disciplinas, áreas de estudo e
atividades. Estabelecem uma distinção mecanicista à base de "disciplinas" que preparam à
reflexão, "práticas educativas" que levam à ação, e "atividades artísticas" que predispõem à
criatividade, pois o pensar, o agir e o criar sempre devem estar presentes em todo ato docente
107
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
discente, embora variando em intensidade, segundo os dados de cada situação didático
psicológica.
A divisão adotada resulta, claramente, de um duplo critério de amplitude do campo
abrangido naquelas situações e, ao mesmo tempo, de forma de sua abordagem com vistas aos
conhecimentos. A nomenclatura seguida é praticamente a tradicional ou, pelo menos, a mais
usual na linguagem pedagógica e no trato da vida escolar. Apenas, em coerência com a
orientação esposada, fugiu o legislador à designação equívoca de "prática educativa", já agora
desnecessária por acharse inclusa na atividade o que porventura nela houvesse de aceitável.
Na seqüência de atividades, áreas de estudo e disciplinas, partese do mais para o menos
amplo, e do menos para o mais especificado. Além disso, nas atividades, as aprendizagens
desenvolverseão antes sobre experiências colhidas em situações concretas do que pela
apresentação sistemática dos conhecimentos; nas áreas de estudo formadas pela integração de
conteúdos afins, consoante um entendimento que já é tradicional , as situações de experiência
tenderão a equilibrarse com os conhecimentos sistemáticos; e nas disciplinas, sem dúvida as
mais específicas, as aprendizagens se farão predominantemente sobre conhecimentos
sistemáticos. É, portanto, sobretudo de grau a distinção que se estabelece entre atividade, área
de estudo e disciplina, em relação ao jogo, situação, conhecimento. Assim como o conhecimento
há de estar presente desde a atividade, sob pena de que o ensino a nada conduza, também não
se dispensa alguma conexão com o real no estudo das disciplinas, sem que se descambe para
um intelectualismo vazio e inconsistente.
No início da escolarização, as Ciências (p. ex.) só podem ser tratadas em termos de
atividades, isto é, como vivência de situações e exercícios de manipulação para explorar a
curiosidade, que é a pedra de toque do método científico. Sempre que oportuno, essas
experiências já podem ser objeto de uma incipiente sistematização partida mais do aluno que do
professor, embora sob a direção estimulante deste último. À medida que se esboçam certos
setores ainda não claramente individualizados e tais sistematizações se tornam mais freqüentes,
pelo amadurecimento natural do educando, já temos a área de estudo (Ciências Exatas e
Biológicas, p. ex.): e nessa progressão se chegará à predominância do sistemático sobre o
ocasional, com visão cada vez mais nítida de cada subárea Matemática, Física, Química, Biologia
(p. ex.), ou disciplina.
A elaboração do currículo pleno não se conclui com a conversão das matérias em
atividades, áreas de estudo ou disciplinas. Estas categorias curriculares não são entidades
estanques. Conquanto leciona das sob rubricas distintas, num inevitável artifício cartesiano,
108
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
devem convergir para uma reconstrução, no aluno, da substancial unidade do conhecimento
humano.
A lei 5.692/71 estabelece a determinação dos conteúdos é feita em camadas que
sucessivamente se acrescentam. A primeira é o núcleocomum previsto no artigo 4.°, caput e
inciso I do §1º, a ser fixado pelo Conselho Federal de Educação. A segunda consta de Educação
Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística, Programas de Saúde e Ensino Religioso,
este obrigatório para os estabelecimentos oficiais mas facultativo para os alunos, como atividades
prescritas no artigo 7.° da lei. Daí a sua obrigatoriedade.
A terceira camada já se caracteriza como parte diversificada que poderá emanar, de uma
de duas fontes, ou de ambas: do Conselho Federal de Educação ou do Conselho de Educação de
cada sistema de ensino, que, retirarão e adotarão as matérias que melhor se ajustem aos seus
planos, atendendo as peculiaridades da clientela local.
Uma quarta camada, definível ainda como parte diversificada, se constituirá pelas matérias
destinadas às habilitações profissionais do ensino de 2.° grau (art. 4.° §§ 3.° e 4º). Lembrando que
a educação apregoada por esta lei tem uma concepção tecnicista (a formação de técnicos).
Na verdade o currículo pleno seria constituído por três partes: a primeira por matérias do
núcleo comum, ou seja, aquelas que seriam obrigatórias em todas as escolas de educação
básica, a segunda pelas matérias referentes ao art.7º da lei e terceira por uma parte diversificada
que seria composta por matérias que atendessem a realidade local e o projeto pedagógico e
matérias que promovessem a qualificação para o trabalho no 2º Grau.
Fazendo uma comparação com a Lei anterior na 5ª série do 1º grau, as matérias se
reduziram a: Comunicação e Expressão (Português), Matemática , Ciências Físicas e Biológicas,
Geografia, História dadas sob a forma de disciplinas, Educação Física, Educação Artística,
(matérias do art. 7º), dadas como atividade e Inglês (parte diversificada) dada como área de
estudo. Tanto nas atividades e a parte diversificada não havia retenção do aluno a menos que ele
superasse o limite de ausências nessas matérias.
A Lei de diretrizes e Bases da Educação atual Lei 9394/96, não faz qualquer distinção
aparente de matérias, classificandoas em disciplinas, áreas de estudos ou atividades e, no art. 26
e seus parágrafos, se estabelecem os parâmetros para a montagem do quadro curricular o que
não pode ser alterado com o acréscimo de matérias na parte diversificada, segundo as
peculiaridades e necessidades da comunidade local.
109
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Art. 26 Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional
comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar,
por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da
sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
§ 12 Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da
realidade social e política, especialmente do Brasil.
§ 2 2 O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis
da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.
§ 3 2 A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente
curricular obrigatório da Educação Básica, ajustandose às faixas etárias e às condições
da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos. (Redação da LEI n 2
10.328, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2001)
(Redação anterior) § 3 2 A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustandose às faixas etárias e as condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.
§ 4 2 O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes
culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes
indígena, africana e européia.
§ 52 Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da
quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha
ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.
Art. 26 A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares,
tornase obrigatório o ensino sobre História e Cultura AfroBrasileira. (Redação da LEI
n 2 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.)
§ 1 º O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o
negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas
áreas social, econômica e política pertinentes a História do Brasil.(Redação da LEI nº 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.)
§ 2º Os conteúdos referentes à História e Cultura AfroBrasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de
Literatura e História Brasileiras.(Redação da LEI nº 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.)
110
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
No art. 26 fica a classificação das matérias em duas partes o que a lei anterior chamou de
núcleo comum e matérias do art. 7º; esta lei denomina de base nacional comum que é o conjunto
de disciplinas cujo desenvolvimento será obrigatório em todo o território nacional, e volta a se
referir a uma parte diversificada onde está incluída a língua estrangeira moderna (inglês) a ser
complementada por matérias que atendam as peculiaridades regionais e locais, da sociedade, da
cultura, da economia e da clientela. Esse entendimento permite que o gestor escolar e a
comunidade possam optar pela inclusão de disciplinas que favoreçam o desenvolvimento
educacional segundo a realidade local.
A lei utilizase de termos não muito comuns na legislação anterior, como "conhecimento do
mundo físico", (geografia), "conhecimento do mundo natural" (Ciências), e "realidade social e
política, especialmente a brasileira" (História).
Para completar, no ensino fundamental a elaboração do quadro curricular o art. 33
estabelece que o ensino religioso, de matrícula facultativa para o aluno, se constituirá em
disciplina integrante dos horários normais das escolas e sendo respeitadas as diferenças de
credo, portanto, o ensino religioso figurará no quadro curricular.
No ensino médio, do quadro curricular deverá constar Matemática, Português, História,
Geografia, Física, Biologia, Arte, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna (e uma outra
língua estrangeira segundo disponibilidade da escola) e Química, além de disciplinas como
sociologia e filosofia, que complementarão a formação para cidadania Art. 36.
Para o ensino médio, a lei no art. 36 presume que seja facultativa para a instituição de
ensino a habilitação profissional, permitindo às instituições de ensino (geralmente particulares)
estabelecerem ou não cursos profissionalizantes.
Com relação à Educação Física, a lei estabelece que ela faça parte da proposta
pedagógica da escola, fora do horário regular de aulas, ou seja, o aluno tem aulas teóricas pela
manhã e realize a prática física à tarde, o que a lei se refere é à disciplina auxiliar às demais em
trabalho coletivo. Cabe ainda observar que nos cursos noturnos a prática de educação física será
facultativa. (§ 3º art.26).
Na montagem do quadro curricular o gestor da escola pública é praticamente impossível
usar a criatividade da equipe na concepção do quadro curricular, pois além das diretrizes impostas
pela Lei 9394/96 no art. 26, ainda existem entraves ao nível local que impedem a autonomia da
escola nesse aspecto, o que já não ocorre em uma instituição pública, que pode propor um
quadro que atenda às especificidades da comunidade que atende.
111
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Outrossim, é importante ressaltar a participação da equipe na concepção filosófica de
educação pela escola, mas é muito difícil se obter consensos não quanto ao elenco de disciplinas,
mas sobre a carga horária a ser estabelecida para cada uma delas durante a semana. O gestor
deve ouvir todos os elementos da equipe de forma a agrupar os integrantes de cada um dos
componentes curriculares para depois fazer a distribuição das aulas pelas disciplinas.
Outro critério que deve ser observado pelo gestor escolar é que a mínima carga horária a
ser atribuída a cada disciplina é de duas aulas semanais, isso porque se uma disciplina tem
apenas uma aula, um feriado uma ausência do professor/ aluno torna os encontros ainda mais
esporádicos, o que faz com que o docente desconheça a realidade do aluno e, portanto, seja
incapaz de avaliálo no seu desenvolvimento. É possível admitirse, em conteúdos
complementares, uma aula semanal, dados pelo mesmo professor. Ex: Português e Redação.
É importante considerar que o período destinado ao recreio dos alunos deve ser
considerado como letivo se durante sua realização forem feitas atividades dirigidas (recreio
dirigido), pois no entender do legislador este tempo deve ser usado para a socialização dos
educandos.
É temerário o gestor escolar oferecer aos professores de forma democrática que eles
próprios estabeleçam as cargas horárias das suas disciplinas, pois muitos acharão poucas as
aulas semanais para desenvolver tanto conteúdo, e assim aumentarão indiscriminadamente o
número de aulas; o número máximo não deve ultrapassar a 5 (cinco) para que o aluno seja
acompanhado cotidianamente pelo professor. Devese ter em mente que exagerar na quantidade
pode desestimular o aluno aos estudos, estabelecendo certa apatia.
Se o gestor sensibilizar a equipe para que todos percebam que os componentes
curriculares são igualmente importantes na formação plena do indivíduo, na preparação para a
cidadania e na qualificação para o trabalho, e que existe um número máximo de possibilidades
para que sejam alocadas as aulas (25 ou 30 aulas semanais), e ainda que cada educador deve
adequar a sua matéria às reais necessidades de formação dos alunos, os próprios professores
decidirão pelas cargas horárias de seus conteúdos, sem exageros, o que será favorável para a
melhoria da qualidade de ensino. Para se realizar com sucesso esta atividade, a equipe deverá ter
conseguido um amadurecimento profissional impecável.
Para vencer os desafios referentes à elaboração do quadro curricular, o gestor escolar
deve fazer um trabalho sistemático, ser profissional competente, usar o convencimento, cooptar
parcerias, ouvir os outros, etc., e, especialmente, ter entusiasmo e acreditar que o trabalho
resultará em bons resultados.
112
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Exercícios
1. A escolha das matérias que constituirão adequadamente o quadro curricular deve ser feita de: a) forma democrática, por sugestão apenas da comunidade escolar. b) maneira a respeitar a determinação legal, sem que haja a participação do coletivo. c) modo a privilegiar as normas legais mas, tendo em vista as necessidades da comunidade
local; d) acordo com a vontade da clientela. e) acordo com a determinação do poder constituído de forma igualar o currículo da todas as
escolas.
2. Analise as seguintes afirmações sobre quadro curricular: I. O quadro curricular, também denominado de grade curricular ou currículo pleno, é um documento que estabelece que tipo de formação a escola pode proporcionar. II. As matérias são dispostas atualmente em camadas: núcleo comum, matérias do art. 7º, e parte diversificada. III. Na parte diversificada, a comunidade poderá optar pela inclusão de disciplinas que favoreçam o desenvolvimento educacional segundo a realidade local. IV. No quadro curricular, a língua estrangeira moderna (inglês) será colocada segundo a legislação na parte diversificada. Estão corretas as afirmações: a) I; II e III b) I; III e IV c) I; II e IV d) II; III e IV e) I ; II; III e IV
Respostas dos Exercícios
1. A escolha das matérias que constituirão adequadamente o quadro curricular deve ser feita de: RESPOSTA CORRETA: C
2. Analise as seguintes afirmações sobre quadro curricular: RESPOSTA CORRETA: D
113
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 16 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
V.d Relações Funcionais
As relações funcionais nas escolas públicas privadas se realizam de maneira e maneira
diferente; enquanto as relações trabalhistas nas escolas privadas realizamse intermediadas pelas
Leis do Trabalho, as relações funcionais na escola pública na maioria das vezes se fazem através
de Estatutos. Com relação à forma de contratação, ela pode variar; em alguns municípios, existe
uma forma mista de admissão e em algumas escolas particulares a forma de admissão é no
regime de cooperativa.
Nas instituições privadas, a contratação normalmente se dá através das exigências da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tendo o indivíduo as garantias trabalhistas fixadas em
um contrato de trabalho, ou seja, registro em carteira, recolhimento do Fundo de Garantia por
Tempo de Serviço (FGTS), recolhimento da taxa Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), e
ainda no caso de rescisão contratual, sem justa causa, o pagamento de 40% sobre o montante
depositado na conta do Fundo de Garantia e o pagamento por tempo determinado de auxílio
desemprego.
Existem escolas particulares, que admitem o indivíduo por sistema de cooperativa , ou
seja, o indivíduo não goza das regalias apontadas na forma de contratação anterior, ele é
admitido através de cotas muito ínfimas, do capital da instituição, figurando como sócio, e recebe
pelo trabalho realizado; ele fica encarregado, se quiser, de recolher por conta própria os encargos
sociais. Ele não se caracteriza, segundo a Lei das Sociedades, como empregado, e sim como
sócio. No caso de rescisão contratual, o indivíduo recebe apenas o referente a sua cota de
participação
Relações Funcionais no Serviço Público
No serviço público a natureza da admissão dos servidores (funcionários), às vezes, é
diferente da iniciativa privada. Atualmente, o regime de contratação em alguns municípios é via
CLT com todas as prerrogativas legais que este tipo de contratação prevê. Porém o processo
seletivo se realiza segundo o art. 37 e 38 da Constituição Federal, ou seja, através de concurso
114
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
público de provas ou títulos e de provas, ressalvadas as nomeações em comissão. Podendo ainda
em determinadas situações ocorrer a contratação por tempo determinado.
Ainda é facultado aos professores o acúmulo de cargos no serviço público, dentro da
carreira docente, pois, segundo a Constituição Federal art.37; Inciso XVI, há exceção permitindo o
acúmulo de dois cargos de professor e um de professor e um de técnico científico.
Diferenciação entre cargo e função
Os cargos são criados pelo legislativo, são passíveis para o seu preenchimento de
concurso público de provas e provas e títulos. O aprovado é denominado de titular e segundo o
estatuto tem direito aos concursos de remoção (uma vez a cada ano o titular pode solicitar a troca
segundo sua conveniência ou da administração pública do seu local de trabalho), tem o direito de
prestar outro concurso público, e sendo na mesma carreira pode inscreverse por acesso. Ex:
Diretor de Escola, Professores, etc.
A função é uma criação do legislativo para atender, de forma temporária, o preenchimento
de vagas que são necessárias para o desenvolvimento dos serviços, sem no entanto que se
estabeleça o vínculo do servidor com o serviço público. O indivíduo não tem direito a remoção, a
evolução funcional, e poderá prestar concursos públicos somente por ingresso. Ex: Professores,
Vicediretores, Auxiliares, Agentes Escolares, Caseiros, etc.
Preenchimento de Cargos:
Existem os cargos vagos que são oferecidos em remoção para os servidores efetivos,
(concursados/ titulares), e se não forem preenchidos são oferecidos em concursos públicos.
Esses cargos podem ser vagos em virtude da recémcriada repartição pública (escola) ou
resultarem de remoções ou exonerações (quando o órgão público por meio de processo
administrativo dispensa por motivo grave, ou o próprio servidor solicita sua saída, chamando de
,respectivamente, exoneração a bem do serviço público, ou a pedido).
No serviço público do Estado de São Paulo existem categorias de servidores:
a) Efetivos: aqueles que foram aprovados no concurso, foram considerados aptos pelo
Departamento Médico, foram classificados, e escolheram um cargo. Dirigiramse à
repartição de lotação (trabalho) e lá em uma ata tomaram posse e no momento que
assinaram pela primeira vez o livro do ponto entraram em exercício.
115
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
b) Estáveis: muito servidores adquiriram a estabilidade por estar como ocupante de
função atividade a 5 ou mais anos na data da promulgação da Constituição Federal que
garantiu esse direito para quem estava em exercício.
c) Ocupante de Função Atividade (OFA): são pessoas que assumem funções ou
atividades sem no entanto assumirem uma relação empregatícia no serviço público.
Esse tipo de contratação se faz apenas pela inscrição na diretoria de ensino, onde
apresentarão os documentos necessários para o exercício da função (diplomas, tempo
de magistério, cursos de especialização, etc.) e são classificados segundo critérios
estabelecidos na Portaria de Atribuição de Aulas (publicada anualmente no Diário
Oficial) em uma relação de outros profissionais, da mesma área de atuação, e, na
existência de aulas vagas (sem titular) ou em caráter de substituição, são chamados
para prestar serviços. Essas funções são também reguladas pela Lei 500, que designa
os profissionais contratados dessa forma de Admitidos em Caráter Temporário (ACT)
d) Comissionados: muito servidores efetivos são levados a exercer na ausência do titular
(afastamento por doença, licença prêmio ou para tratamento de interesses particulares,
prestação de serviço em outra repartição, exercício em cargo eletivo, etc.) a função,
nesse caso é publicada no Diário Oficial uma Portaria comissionando o servidor para
exercer a atividade até a volta do titular ou preenchimento do cargo por concurso.
e) Eventuais: profissionais que substituem as aulas dos professores em exercício nas
unidades em pequenas licenças ou em ausências diárias; eles não mantêm vinculo
empregatício com o serviço público e para essa atividade são admitidos também
estudantes universitários; para isso somente é necessária uma inscrição na diretoria de
ensino.
A evolução funcional dos funcionários efetivos está estabelecida no Estatuto do Magistério
Estadual Lei Complementar 444/85 e na Lei complementar 836/97.
No serviço público do Município de São Paulo existem categorias de servidores:
a) Efetivos Titulares: aqueles que foram aprovados no concurso, foram considerados
aptos pelo Departamento Médico, foram classificados, e escolheram um cargo.
Dirigiramse à repartição de lotação (trabalho) e lá em uma ata tomaram posse e no
momento que assinaram pela primeira vez o livro do ponto entraram em exercício
(Diretores, Coordenadores Pedagógicos e Supervisores).
No preenchimento de cargos de professor efetivo, o município mantém a seguinte
classificação:
116
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
• I Titulares: aqueles que foram aprovados no concurso, foram considerados aptos pelo
Departamento Médico, foram classificados, e escolheram um cargo, numa escola
específica, e têm sua sede de lotação.
• II Adjuntos: aqueles que foram também aprovados no concurso, foram considerados
aptos pelo Departamento Médico, foram classificados, e escolheram um cargo numa
coordenadoria onde ficam lotados e exercem suas atividades como professores nas
escolas da região.
b) Estáveis: muito servidores adquiriram a estabilidade por estarem como ocupante de
função atividade a 5 ou mais anos na data da promulgação da Constituição Federal que
garantiu esse direito para quem estava em exercício (art. 19 do Ato das Disposições
Constitucionais Transitórias).
c) Contratados: ainda existe a necessidade de preenchimento de aulas cujos titulares
encontramse afastados por motivos diversos e não há adjunto com possibilidade de
assumir as aulas, então a escola recorre a Coordenadoria de Ensino que contrata, por
tempo determinado, um profissional que possa substituir nas aulas.
V.e Quadros de Funcionários:
A finalidade da colocação dos quadros de pessoal dentro do plano escolar é possibilitar a
quem o analisa e à comunidade em geral quem será responsável pela execução do trabalho
visando a atingir as metas. Para melhor organizar administrativamente, classificamse os quadros
de funcionários em três modalidades:
1) Quadro do pessoal administrativo;
2) Quadro do pessoal docente;
3) Quadro do pessoal operacional.
1) Quadro do pessoal administrativo;
Nele devem constar informações de modo sucinto sobre a qualificação profissional dos
integrantes daquela área de atuação; o principal é que contenha informações sobre o horário de
trabalho de cada um de seus componentes e que seja afixado em lugar de fácil acesso ao público
em geral, para que de forma inequívoca os membros da comunidade possam localizar com
117
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
facilidade e inclusive fiscalizar sua execução. Na sua elaboração são obedecidos critérios de
hierarquia. Ex:
Quadro do pessoal administrativo Horário de Trabalho
Nº Nome do Servidor RG ou RF* Função Seg Ter Quar Qui Sex Obs
1 Rodrigo Silva 7.453.675X Diretor
7:00 às 15:30
14:30às 23:00
7:00 às 15:30
14:30às 23:00
7:00 às 15:30
2 Claudia Souza 13.856.4781 Vice Diretor
14:30às 23:00
7:00 às 15:30
14:30às 23:00
7:00 às 15:30
14:30às 23:00
3 Rosana Santos 6.427.3452 Coordenador
8:00 às 17:30
8:00 às 17:30
8:00 às 17:30
8:00 às 17:30
8:00 às 17:30
Estão incluídos no quadro do pessoal administrativo: Diretor, Vicediretor, Coordenador
Pedagógico, Secretário, Auxiliar de Secretaria.
* No serviço público estadual o Registro Geral (RG) é também usado como registro
funcional, isto é: quando o funcionário insere o número do seu RG, é usado pelo setor de
Recursos Humanos DRH para todos os trâmites funcionais.
No serviço público do município de São Paulo em qualquer modalidade de ingresso o
profissional recebe um número específico que é denominado de registro funcional (RF) que o
acompanhará por toda a carreira e toda a movimentação pessoal será feita com base nesse
registro.
É importante notar, no exemplo apresentado, que o diretor reveza com o vicediretor
(estado) ou assistente de direção (município) o horário, impedindo que a escola fique sem a
presença do gestor em qualquer situação. É também importante que o diretor esteja presente
dando atendimento a todos os períodos em dias alternados (manhã, intermediário, vespertino e
noturno) nas escolas com 4 períodos.
É importante que o horário consignado no quadro de pessoal administrativo seja o mesmo
registrado no livro do ponto administrativo, somente variando em situações especiais (eventos,
reuniões nos órgãos centrais, etc.). Todo pessoal administrativo tem que cumprir diariamente 8
horas de trabalho e 40 horas semanais, e tendo o direito de 30 dias de férias regulamentares.
2) Quadro do pessoal docente
Nesse quadro deverão figurar, por ordem de RG ou RF, os docentes da educação básica
nos níveis oferecidos pela escola (Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e ensino médio).
Além da identificação do servidor, deverão constar as classes, séries ou termos que lhe foram
118
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
atribuídos nas sessões de escolha, e os respectivos períodos de trabalho e o número de aulas
semanais (jornadas de trabalho docente).
Fazem parte desse quadro todos os professores de todos os níveis.
Quadro do pessoal docente
Nº Professor RG ou RF* Categoria Formação Disciplina(s) Período Classes
Atribuídas
1 José dos Santos 3.456.7082 Efetivo Letras Português Tarde
1º ano A;B;C e D Ciclo II
2 Márcia Silva 12.435.8454 OFA Matemática Matemática Tarde
3º ano B;C;D e E Ciclo II
3 Belmiro Arruda 18.497.0127 Estável Biologia Ciências Tarde
4º ano A;C e D e Ciclo II
4 Maria da Luz 31.674.8760 Efetivo Pedagogia 4º ano Ciclo I Manhã
4º ano A Ciclo I
5 Paula Souza 36.786.9879 Efetivo Matemática Física Noite
1º A e B; 2ºC Ens. médio
A Jornada de trabalho no ensino estadual não poderá com acúmulo de cargo (2 cargos)
exceder a 64 horas para trabalho docente; o cálculo para efeito de jornada é feito segundo a
tabela a seguir.
Horas em atividade com
alunos
Horas trabalho pedagógico na
escola
Horas trabalho pedagógico em local de livre escolha do docente
Carga horária
33 3 4 40 28 a 32 3 3 34 a 38 23 a 27 2 3 28 a 32 18 a 22 2 2 22 a 26 13 a 17 2 1 16 a 20 10 a 12 2 0 12 a 14
119
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A Jornada de trabalho docente no Ensino Municipal de São Paulo
Jornada Horas em atividade
com alunos
Horas trabalho
pedagógico na escola
Horas trabalho
pedagógico em local de
livre escolha do docente
Carga horária
Básica (JB) 18 1 1 20 Especial Ampliada (JEA) 25 3 2 30
Especial Integral (JEI) 25 11 4 40
3) Quadro do pessoal operacional
Esse quadro deve, a exemplos dos outros, conter a relação nominal dos servidores seus
registros, sua categorias, a denominação de seu cargo e horário de trabalho.
Fazem parte do pessoal operacional: serventes escolares (Agentes administrativo I), vigias
(agentes administrativos de vigilância), servente (estado). Os caseiros no Estado são indicados
pelos diretores, mas já são ocupantes de função atividade. Quadro do pessoal Operacional Horário de Trabalho Nome do
Servidor RG ou RF* Função Seg Ter Quar Qui Sex Sab Dom Rogério Souza 14.453.675X Vigia
22:00 às 6:00
22:00 às 6:00
22:00 às 6:00
22:00 às 6:00
22:00 às 6:00 Folga Folga
Paulo Silva 18.856.4781 Vigia Folga
7:00 às 15:30
7:00 às 15:30
7:00 às 15:30 Folga
22:00 às 6:00
22:00 às 6:00
Cleonice Santos 26.427.3452 Servente
8:00 às 17:30
8:00 às 17:30
8:00 às 17:30
8:00 às 17:30
8:00 às 17:30
Solidea Lima 35.867.9870 Merendeira
9:00 às 18:30
9:00 às 18:30
9:00 às 18:30
9:00 às 18:30
9:00 às 18:30
Observe que no município existe o cargo de vigia e na confecção do horário eles revezam
especialmente no horário noturno. Cada unidade escolar possui 4 cargos de vigias; eles trabalham
em sistema de rodízio. Quanto ao número de cargos de serventes escolares de cada unidade, é
variável segundo a quantidade de classes existentes na escola. O cargo de vigia na Escola
Estadual é substituído pelo caseiro que mora dentro da escola, recebendo moradia de graça e
outras vantagens.
120
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Leia o complemento da aula disponível no ambiente de estudo.
Exercícios
1. A relação trabalhista que se estabelece entre o professor e uma escola particular não é regulada: a) pelo estatuto do magistério. b) pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). c) pelas regras estabelecidas na convenção sindical da categoria. d) pelas normas de recolhimento de fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS). e) pelos regulamentos da Previdência Social INSS.
2. Para se transformar em um servidor público civil efetivo é necessário, segundo o dispositivo constitucional (arts. 39, 40 e 41): a) Inscreverse, prestar um concurso de provas ou provas e títulos. b) Inscreverse, prestar o concurso e ser aprovado. c) Inscreverse, prestar o concurso de provas ou de provas ou de títulos, apresentar os
documentos comprobatórios, fazer o psicotécnico, a entrevista, o exame médico e entrar em exercício.
d) Inscreverse, apresentar os documentos, ser classificado e tomar posse e) Inscreverse, prestar o concurso de provas e títulos, ser classificado, escolher o cargo, ser
nomeado, ser submetido a exame médico, tomar posse e entrar em exercício.
Respostas dos Exercícios
1. A relação trabalhista que se estabelece entre o professor e uma escola particular não é regulada: RESPOSTA CORRETA: A
2. Para se transformar em um servidor público civil efetivo é necessário, segundo o dispositivo constitucional (arts. 39, 40 e 41): RESPOSTA CORRETA: E
121
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 17 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
V.f – Regimento Escolar
O Regimento escolar é um documento que deve ser elaborado pela comunidade escolar
(pais, alunos, professores, coordenador, supervisor, etc.), e no qual ficam estabelecidas todas as
normas para que aconteçam relações interpessoais de modo satisfatório no âmbito da escola. É,
portanto, um documento completo, que exprime como se darão todas as relações entre os
diversos segmentos que compõem a realidade escolar.
Para se estabelecer uma gestão escolar de qualidade é necessário que se tenha um
regimento que preveja um número máximo de situações e que ao mesmo tempo seja sintético,
claro e preciso, para ser de domínio do coletivo, favorecendo sua aplicabilidade.
É um documento normativo elaborado pelo estabelecimento e aprovado pela Diretoria de
Ensino; irá traduzirse em limites, direitos, deveres, ou melhor, tornarseá o ordenamento
normativo da vida daquela comunidade escolar. A lei, por si só, não é suficientemente
modificadora da realidade.
Além disso, é um documento que se insere em um novo contexto social e político em que
a harmonização dos diferentes atores sociais e educativos é fundamental para o processo de
melhoria do ensino e para a democratização dos processos escolares no rumo da construção de
uma efetiva autonomia da escola, ainda que nesse momento estejamos diante de uma autonomia
relativa e tutelada da unidade escolar.
Estrutura Básica do Regimento
Na parte inicial convencionouse estabelecer as propostas em termos de formação, o que
será uma preocupação da instituição educacional em termos filosóficos, e as pretensões quanto à
formação com características mais voltadas às humanidade, exatas, biológicas, etc.
A seguir são estabelecidas todas as atribuições dos envolvidos com o processo
educacional (diretor, Coordenador, serventes, professores, etc) e, referentes aos alunos, as
normas de convivência (direitos e deveres dos alunos, especificando as sanções respectivas do
caso de sua transgressão. Essas normas são concebidas pelos próprios alunos sem a
122
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
participação direta dos professores e aprovadas pela comunidade escolar, devendo ser oferecidas
antes da matrícula a todos os novos alunos).
E finalmente devem ficar estabelecidas as matérias que constarão do quadro curricular e
seus sistemas de promoção ou retenção e recuperação, e classificação e reclassificação de
estudos. Nas escolas particulares, ainda, o regimento estabelece no final as formas de pagamento
de mensalidades, e disposições gerais e complementares.
Quando de sua redação, o regimento escolar tem que apresentar uma linguagem que
apresente os seguintes princípios:
a) integralidade (sentido completo): a norma não integral permite interpretações
errôneas, o que provoca confusão na aplicação.
b) correspondência (levar em conta a hierarquia das Leis): ex: Constituição, LDBEN,
ECA NRB.
c) realidade (traduzir a realidade escolar nos seus diversos aspectos: administrativos,
pedagógicos, sociais, metodológicos, etc), garantindose a realidade presente.
d) Coerência (evitar contradições e desarmonia): as normas devem traduzir a unidade
de pensamento
A redação deverá obedecer a critérios idênticos das disposições legais distribuindose
em assuntos devidamente subdivididos ou agrupados em: artigos, parágrafos, incisos, alíneas. Os
artigos agrupamse em: seções, capítulos e títulos.
Artigo
O artigo constitui a unidade para apresentação, divisão ou agrupamento de assuntos no
texto normativo, e deve subdividirse em: parágrafos, incisos e alíneas – representados pela
numeração ordinal até o 9°, e daí em diante pela numeração cardinal – algarismos arábicos.
Parágrafos
Os parágrafos podem se desdobrar em e incisos. A disposição principal (artigo) é
explicada, restringida ou modificada pelo parágrafo, disposição secundária. O parágrafo é
representado pelo sinal gráfico §, salvo na disposição em que existe um só parágrafo, quando o
mesmo deve ser escrito por extenso, seguido de ponto. A matéria tratada no parágrafo deve estar
123
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
intimamente ligada ao assunto de que se ocupa o artigo. A norma fundamental, o princípio, nunca
deve ser enunciada em parágrafo. O parágrafo deve conter as restrições do artigo ou, então,
completar as disposições deste último.
Incisos
Os incisos são empregados como elementos discriminativos do artigo ou se o assunto
tratado não puder ser condensado no próprio artigo, ou não se mostrar adequado a constituir um
parágrafo. Os incisos são grafados por algarismos romanos, seguidos de travessão e terminados
por pontoevírgula, salvo quanto ao último inciso, que termina por ponto final. Haverá emprego de
dois pontos antes das alíneas em que se desdobrem.
Alíneas
As alíneas ou letras constituem desdobramentos dos incisos e dos parágrafos. São
grafadas em itálico ou sublinhadas, em letra minúscula e seguidas de parênteses.
Agrupamentos dos artigos
O artigo é o elemento central tanto para a subdivisão do texto como para o seu
agrupamento. Os artigos agrupamse de acordo com o assunto regulado. Os códigos são o
exemplo mais completo de agrupamentos ordenados, sistematizados dos artigos no texto da lei.
O conjunto de artigos constitui uma seção; o conjunto de seções constitui um capítulo; o
conjunto de capítulos forma um título, e o de títulos constitui um livro.
Diferenciação entre a Situação das Escolas Públicas e Privadas
Nas escolas privadas a concepção do regimento escolar sempre ocorreu levandose em
consideração as sempre muito amplas normas das políticas educacionais, mas muito mais
voltados para atender aos interesses da entidade mantenedora. Houve tempo em que, quanto
mais rígida fosse a relação, melhor era o ensino, o que de certa forma era reforçado pelo regime
124
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
militar. Ainda hoje temos exemplos de instituições particulares cujo sucesso se prende a uma
preocupação exagerada com a disciplina e a ordem.
As escolas públicas sempre tiveram quanto à elaboração de seus regimentos tuteladas
pelo Estado, que lhes outorgava regras através dos Regimentos Comuns nos quais ficavam
estabelecidos princípios que deviam ser aplicados em todas as escolas do sistema, independente
de sua realidade social, de sua natureza, de seu tamanho, de suas características e
peculiaridades, desconsiderando fatores que são essenciais no trabalho de melhoria da qualidade
de ensino. Ex: O mesmo regimento escolar que regia as relações do Colégio Caetano de Campos
(central, clientela selecionada, ambientes propícios ao aprendizado, etc.) era usado por uma
escola rural onde a construção havia sido, muitas vezes, improvisada, com uma professora que
lecionava simultaneamente para as quatro séries do primário, organizadas em fileiras, sendo
ainda responsável pela limpeza da escola, preparação do lanche, correção de atividades, etc.,
gerenciando sozinha todo o processo educacional. Realidades tão diferentes com problemas tão
diversos, sendo regidas pelo mesmo conjunto de normas.
Após a redemocratização do país, e com a promulgação da Constituição da República
Federativa do Brasil em 05 de outubro de 1988, todas as Leis tiveram que se adaptar (incluindo
palavras em seus textos participação, solidariedade, cidadania, direitos humanos, etc.) à nova
realidade política da nação, a instalação de um estado democrático de direito estabelecido no
Preâmbulo da Constituição:
“Nós, representantes do povo brasileiro. reunidos em Assembléia Nacional Constituinte
para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e
individuais, a liberdade, a segurança, o bemestar, o desenvolvimento, a igualdade e a Justiça
como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na
harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República
Federativa do Brasil.”
Esta nova ordenação jurídica fez com que todas as leis passassem a consagrar o princípio
democrático que estabelece a participação de todos nas decisões em todos os setores, e na
educação o próprio texto da LDBEN consagra o princípio da autonomia da escola pública no art.
15 – “Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que
os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão
financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”. (nosso grifo).
125
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Podese entender autonomia como a capacidade que a comunidade escolar em se auto governar, ou seja, criar normas próprias (auto = eu, próprio/ nomia = regras, normas). Essa realidade, proposta democrática é inédita em termos educacionais, uma vez que, mesmo antes da
ditadura, a escola se portou de forma autoritária, estabelecendo regras sem consultar a população
sua beneficiária.
Se de um lado a Lei concede à escola uma gradativa autonomia (financeira , pedagógica e
administrativa), por outro lado o poder público não abre mão de tutelar a escola, e este fato se
prende a três motivos principais:
a) o governo defende os interesses e a hegemonia das classes dominantes, fazendo com
que a escola funcione como agência reprodutora da cultura daquela classe, o que
impede que a classe subalterna tenha consciência de seu verdadeiro papel na
sociedade.
b) mantendo o governo controle sobre a ação da escola, fica mais fácil de camuflar seus
verdadeiros interesses, e ademais, é mais fácil governar uma população sem
reflexividade e senso crítico.
c) o governo não acredita na capacidade de gestão de muitos diretores em atividade, e
portanto seria leviano por parte dele não preparálos adequadamente para o exercício
da função com responsabilidade. O que muitos diretores querem é que as decisões
continuem a ser tomadas pelos órgãos centrais, o que os exime de responsabilidades
maiores.
No Brasil, convivemos com realidades bem diferentes quando se trata da questão legal.
Existem leis cuja aplicação interessa ao Poder Judiciário (ex: segurança) e até mesmo ao
Executivo (ex: multas), são de aplicação e penalização sistemáticas, e todos a obedecem e outras
caem no esquecimento e não mais são obedecidas. Se a escola não começar a ocupar os
pequenos espaços de autonomia que o poder público concede, a educação jamais terá a tão
almejada qualidade de ensino.
Elaborando o Regimento em uma Escola Pública
Para se elaborar e/ ou modificar o regimento escolar em uma escola pública é necessário
que o diretor escolar em primeiro lugar estabeleça o sentimento de equipe na comunidade
escolar; a seguir, demonstre a importância desse documento; e finalmente envolva todos os
segmentos na elaboração de cada uma das partes do documento. Todo esse trabalho deve contar
126
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
com a organização e participação direta do gestor, alertando para o cumprimento de normas
estabelecidas na legislação vigente.
Nessa tarefa o diretor deverá ter em mente a legislação básica: os art 5º Incisos VI e VIII e
o art 206 Inciso I da Constituição Federal; os art.12 Inciso VII e art. 33 § 1º da Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional; os art. 16 inciso III e 56 inciso II da Lei 8069/90 Estatuto da Criança
e do Adolescente e os Art. 82 e art. 77 das Normas regimentais Básicas Parecer CEESP nº 67/98.
Quando nos referimos ao temor que o poder público tem quanto à capacidade
administrativa de alguns gestores escolares, tínhamos a impressão de que exagerávamos nessa
afirmação, porém no ano de 1998, os gestores de todas as escolas (públicas e privadas) foram
convocados a elaborar o regimento escolar junto as suas respectivas comunidades para que os
mesmos se adaptassem as regras democráticas estabelecidas na Lei 9394/96 (LDBEN).
A preocupação era que o documento final refletisse o engajamento, a discussão da
comunidade na sua elaboração, que estivesse de acordo com a realidade social de cada região, e
traduzisse a feição do coletivo estampada na cara própria de cada escola, inquietada em atender
às expectativas educacionais dos estudantes, e da sociedade, primando naturalmente pela
melhoria da qualidade de ensino.
Na época, algumas entidades de classe do magistério atuaram para auxiliar o trabalho dos
diretores que não tinham qualquer prática na elaboração de tal documento, pois era a primeira vez
que assumiam essa incumbência. Com a assessoria de pessoas familiarizadas no assunto, as
entidades publicaram encartes nos seus informativos. Por incrível que pareça, o resultado não foi
outro: muitos gestores simplificaram suas tarefas, copiando simplesmente o modelo do encarte,
nele colocando o nome se suas escolas. Por outro lado, este ato facilitou a ação supervisora, que
ao invés de analisar detidamente os regimentos de cada escola, analisou se estava idêntico ao
publicado.
Com este ato, perdemos a tutela direta do Estado e adquirimos o regimento comum das
entidades de classe, ato que só veio contribuir para complicar ainda mas a situação da Educação.
O Estatuto da Criança e do Adolescente
É comum, entre os profissionais da educação, ouvirse os seguintes comentários: “depois
que aprovaram o ECA, os estudantes ganharam todos os direitos e nós perdemos a nossa
autoridade”; “Hoje as escolas não podem punir alunos”; “Tudo passou a constranger o educando”
“Não podemos fazer nada, ele está protegido pelo ECA” e etc.
127
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
O problema não está na Lei 8069/80, no Estatuto da Criança e do Adolescente, nem
tampouco no art 227 da Constituição Federal, que torna a criança e o adolescente em sujeitos de
direitos, que prevê que nesta fase os jovens necessitam de proteção integral do Estado e de
garantias especiais, como à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à dignidade, ao respeito,
etc., preservando dessa forma sua integridade física, mental, e sua integração na sociedade.
Como sujeitos de direitos, às crianças e aos adolescentes deverão ser atribuídos direitos com
garantias de prioridade, através da instituição de Direitos Fundamentais Especiais (art. 5º); trata
se na verdade de uma interpretação equivocada que se faz do ECA, que se constitui numa norma
de prevenção social e não no sentido repressivo.
Esta proteção devese principalmente ao autoritarismo que embasava a Lei 4.513/64 e o
“Código de Menores” Lei 6.697/79, que davam amplos poderes de resolução ao pai e ao juiz de
menores. Permanecendo dessa forma perpetuaríamos os casos de agressão aos menores no
seio de seus lares, fatos que apesar das garantias especiais das Leis continuam ocorrendo em
número cada vez mais freqüente.
O Estatuto da Criança e do Adolescente nos art. 112; 113 e 114, no capítulo IV, que trata
das medidas sócioeducativas, diz que verificado o ato infracional, a autoridade competente
poderá aplicar ao adolescente algumas medidas, que na verdade não se constituem em punição,
mas em medidas preventivas, que, se observadas na elaboração do regimento escolar, poderão
resultar em conseqüência de normas estabelecidas pelo coletivo, propondo deveres e limites, e
não cumpridas por um ou mais elementos do grupo.
Das Medidas SócioEducativas
Seção I Disposições gerais
Art. 112 Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar
ao adolescente as seguintes medidas:
I advertência;
II obrigação de reparar o dano;
III prestação de serviços à' comunidade;
IV – liberdade assistida;
V inserção em regime de semiliberdade;
VI internação em estabelecimento educacional;
VII qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.
128
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Exercícios
1. O Regimento Escolar a partir da redemocratização do país nas escolas públicas não se constitui: a) em documento que rege as relações interpessoais ocorridas entre os diversos segmentos
que constituem a escola. b) no fórum de participação democrática que possibilita a manifestação livre a todos os
segmentos da escola quanto às relações interpessoais. c) na possibilidade de facilitar o trabalho de gestão escolar se concebido de forma democrática e de acesso a todos os segmentos. d) no documento outorgado pelo Estado, mas concebido de forma democrática.
CONTINUAÇÃO
§ 1º A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri
la, as circunstâncias e a gravidade da infração.
§ 2º Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho
forçado.
§ 3º Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão
tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.
Art. 113 Aplicase a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.
Art. 114 A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a
existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a
hipótese de remissão, nos termos do art. 127.
Parágrafo único A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da
materialidade e indícios suficientes da autoria.
Para reforçar o acima exposto, devemos ressaltar que o art.28 das Normas Regimentais
Básicas usa a palavra sanção, ou seja, cada um dos deveres deve apresentar um
procedimento sócioeducativo que se constitua na garantia do cumprimento da norma, o
que facilitará o trabalho da escola, obviamente, garantindo o direito amplo de defesa.
A norma jurídica obedece ao princípio do direito positivo, isto é, a lei estabelece direitos,
e por conseguinte deveres, o que regula o comportamento humano; nesse sentido, o
regimento escolar é muito importante, porque uma vez aprovado pela comunidade, tem
poder coercitivo, no sentido de ser impositivo, obrigatório e não facultativo, cabendo a
todos obedecer e sofrer as conseqüências pelo descumprimento.
129
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
e) na participação ativa da comunidade na organização e na gestão da escola.
2. O Estatuto da criança e do Adolescente (Lei 8069/90) estabelece que: a) a criança e o adolescente por ser sujeito de direito podem cometer atos infracionais sem ser
punidos. b) as escolas e a própria sociedade estão impossibilitadas de aplicar medidas sócio educativas. c) por ser uma lei de prevenção social não vigora com caráter repressivo. d) o direito positivo não estabelece que para cada direito existe o correspondente dever. e) As medidas sócioeducativas podem ser estabelecidas pela escola de forma autônoma.
Respostas dos Exercícios
1. O Regimento Escolar a partir da redemocratização do país nas escolas públicas não se constitui: RESPOSTA CORRETA: D
2. O Estatuto da criança e do Adolescente (Lei 8069/90) estabelece que: RESPOSTA CORRETA: C
130
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 18 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
V.g – Plano de Disciplinas
No início do ano letivo todos os professores devem apresentar o plano de disciplinas que
nada mais é que a intencionalidade do docente ou do grupo de docentes, com as contribuições
que as diversas disciplinas do currículo podem trazer no desenvolvimento pleno dos educandos,
na formação para cidadania, e na qualificação para o trabalho, e da contribuição na aquisição do
conhecimento da cultura e do instrumental necessário para integrarse no meio social.
Esses planos elaborados pelos professores deverão fazer parte do plano escolar para
demonstrar como cada disciplina participa da atividade educativa, tanto no sentido de objetivar o
aprendizado de conteúdos da própria disciplina, como na consecução das metas propostas pelo
coletivo dispostas no plano, que contribuem com a formação global do aluno.
No ensino fundamental, embora a legislação não tenha dado um tratamento diferenciado
para os dois ciclos que a constituem (o antigo ensino primário e o ginásio), cada ciclo tem
organização e naturezas muito diversas; o ensino primário composto de uma estrutura mais
simples (um professor polivalente, ministrava todas as matérias, para as 4 séries), com ginásio
composto por uma estrutura mais sofisticada (vários professores especialistas, cada um
lecionando uma matéria específica).
A falta de compromisso, de conhecimento, ou ainda as pressões de organismos
internacionais fizeram com que as autoridades educacionais nos anos 70 promulgassem a Lei
5.692/71, que deliberadamente uniu os dois cursos, resultando no 1º Grau, sem o cuidado de
fazer as adaptações necessárias para que ele se transformasse num curso único, com as
mesmas características. Essa união na prática até hoje não se processou, senão nas escolas
particulares que buscaram no ciclo inicial colocar professores especialistas em algumas matérias.
Portanto, no momento do planejamento e na elaboração de atividades, o gestor escolar se
depara com duas realidades que muitas vezes não podem ser homogeneizadas (professores
polivalentes e especialistas), cuja divisão encontramos de forma física, até no momento de
alocação das salas de aula: primário (pequenos) pela manhã, e ginásio à tarde (grandes).
131
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Contexto Histórico
Em meados dos anos 60, em pleno regime militar, num início de ano letivo os professores
das escolas públicas foram surpreendidos com a determinação de que a partir daquele ano seria
necessário que os professores elaborassem e entregassem no prazo préestabelecido um
planejamento, ritual que se repete até hoje.
Os professores receberam formulários que deveriam ser preenchidos, de forma técnica,
sem que para isso fossem preparados, tanto pelos cursos de origem (faculdades) como pelas
autoridades educacionais; estes formulários “Planejamentos” solicitavam que os professores
relatassem de forma especifica quais os objetivos da cada matéria (gerais), do ano (específicos),
qual a matéria lecionada (conteúdo), de que forma seria realizada a aula (estratégias), quais os
recursos necessários (recursos), quais as atividades práticas (excursões), e como se verificariam
os avanços (avaliação).
O Brasil sofria a influência direta do Governo NorteAmericano, que segundo historiadores,
por causa da Guerrafria, teria financiado a instalação do regime militar não só na política, mas em
todas as instituições sociais.
Nessa época, a educação sofre a influência de autores americanos como: Dewey, Bloom,
Rogers, Neil, Kilpatrick, Tyler, Mager, Aebli, Sniders, Skinner, Houston e Howsam, Popper,
Mahoney, etc. Era farta a literatura desses autores, uma vez que o regime militar baniu do país os
educadores que se preocupavam com pesquisas em educação (ex: Paulo Régulus Freire,
Fernando Henrique Cardoso e tantos outros).
A literatura educacional americana usada pelos educadores brasileiros em grande parte
fazia menções sobre a importância do ato de planejar, a necessidade de estabelecer de forma
técnica os objetivos educacionais, e outras
Artigo
É necessário demonstrar o cenário econômico que se configurava nos dois países na
época; os norteamericanos tinham uma inflação que no máximo atingia a casa dos 5% anuais,
enquanto os brasileiros sobreviviam com uma inflação que chegou à casa do 6% ao mês. Nesse
aspecto, nos Estados Unidos estabeleceuse uma cultura de planejamento, pois a situação
favorecia a visualização de uma situação futura; no Brasil essa cultura não se estabeleceu, pois
tudo que era planejado acabava longe de dar certo.
132
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A educação, assim como todas as atividades humanas, está ligadas à economia, pois esta
influencia as decisões mais íntimas da população, e a falta de recursos financeiros das famílias
obrigou os jovens da época a se inserir muito cedo no mercado de trabalho, para ajudar na
economia doméstica, e com isso evademse da escola.
Não que os professores da época não fizessem seus planos, referentes à formação de
seus alunos. Naquela oportunidade, muito menos que hoje, o professor não entrava na classe
para improvisar sua aula, dedicavase à preparação de aulas que atendessem às expectativas
dos alunos, pois tratavase de uma questão de respeito e dedicação por parte do docente. Eles
elaboravam planos não formais, ou seja, traziam aulas previamente preparadas, em apontamento,
que serviam para o direcionamento e avaliação de seus trabalhos, ou detinham o domínio
aprofundado do assunto.
Para colaborar, os professores eram submetidos a uma formação rígida nos cursos
básicos e superior, o que lhes dava um bom cabedal de conhecimentos, e para ingressar como
professor de escola pública a seleção era muito rigorosa, passando o candidato até por exames
orais, porém o salário era compensador e o professor era tratado com respeito.
A solução para o problema de elaboração dos planos de disciplinas pelos professores na
década de 60 foram as editoras de livros didáticos, que juntamente com o livro do professor,
naquele ano, incluíram um encarte com um planejamento pronto, elaborado por tecnocratas, os
quais foram transcritos pela maioria dos professores nos formulários oferecidos pelos diretores e
entregues nos prazos. Dessa forma, começou um ciclo vicioso e o plano que deveria ser um
documento imprescindível na melhoria da qualidade de ensino passou a ser a cópia, da cópia, da
cópia...
Funções do Plano de Disciplina
O plano de disciplina para o docente tem como função:
1) Permitir que o docente faça sistematicamente uma avaliação de seu trabalho, e através
de uma reflexão crítica consiga melhorar sua atuação profissional. É através do plano
que o profissional aperfeiçoa suas técnicas de ensino, ano após ano.
2) Otimizar o tempo gasto, redistribuindo os conteúdos mais significativos ao longo do
tempo, dando mais dinamicidade à docência, ainda verificando quais os pontos
nevrálgicos, mudando de postura para a consecução dos objetivos.
133
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
3) Estabelecer um roteiro de trabalho que direciona sua atividade, permitindo de modo
quase que instantâneo corrigir falhas, desvios, etc.
4) Permitir ao profissional de ensino, no momento em que planeja, antever situações
desastrosas, impedindo que as mesmas aconteçam.
5) E principalmente ir se tornando um profissional de qualidade, à medida que tem
consciência de seus erros e procura corrigilos. A docência é uma função solitária –
embora sempre esteja acompanhado de alunos, na hora da decisão é o professor que
deve ter o controle da situação, e não é fácil lidar com pessoas, é necessária muita
calma e ser cônscio do seu papel.
Para a escola, o plano de disciplina estabelece uma organização que permite que todos
saibam o que se realiza no conjunto, facilitando, assim, a integração das tarefas, e o auxílio mútuo
na consecução dos objetivos e metas propostos.
Para o aluno, a divulgação das intencionalidades de cada matéria clareia sua percepção
de formação, situandose melhor no ambiente escolar, e passa ter uma postura mais crítica
quanto à atuação dos profissionais colocados a sua disposição. Torna mais transparentes as
ações dos professores.
Existem outras inúmeras vantagens que o plano de disciplina proporciona a todos os
envolvidos no processo de ensinoaprendizagem.
Elaborando o plano de disciplinas
O gestor escolar tem papel fundamental e a obrigação de dominar o processo de
elaboração do plano de disciplinas. A maioria dos diretores desconhece tecnicamente como
elaborar adequadamente um plano, e simplesmente entrega o formuláriomodelo e anuncia o
prazo de entrega. Ao contrário do que se pratica, deve o diretor acompanhar todas as fases do
processo, uma vez que dele depende o apoio técnico e logístico.
É importante que se tenha em mente o tipo de trabalho que se quer realizar e adequar aos
seguintes tipos de planos de ensino:
1) Plano de Aula: É um instrumento sintético que estabelece passo a passo como deve
ser realizado o trabalho, não apresenta nenhuma flexibilidade no tempo de execução, o
que limita a ação e a criatividade do docente. Ex: Semanários, conteúdos de sistemas:
Positivo, Anglo, etc.
134
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
2) Plano de Unidade: É um instrumento menos sintético que o plano de aula, pois é
referente a um único conteúdo específico (ponto), permitindo mais flexibilidade no
tempo de execução, porque envolve um número de aulas variado, e conseqüentemente
permite maior ação e criatividade do docente.
3) Plano de Curso: É um instrumento mais genérico, e não menos preciso que os outros
tipos. Por envolver todos os componentes distribuídos de forma ordenada por todas as
etapas do curso, o plano de curso tem no ensino fundamental a duração de 9 anos, e
no ensino médio 3 anos. É um documento que presume maior flexibilidade na execução
do que os demais, permitindo ao docente maior criatividade e autonomia. Sua
elaboração tem que ser organizada e acompanhada pelo gestor escolar, que deve
integrarse, impedindo que os membros trabalhem isoladamente, pois do trabalho de
uns depende o sucesso do trabalho de outros.
Os tipos mais utilizados nas escolas são: plano aula em colégios particulares (cursos
apostilados) e o plano de curso nas escolas públicas que muitas vezes se torna ineficaz por causa
da omissão de alguns diretores.
Para se realizar um plano de curso cuja operacionalização melhore o desempenho da
escola, é necessário estabelecer em conjunto os parâmetros que se deseja atingir no final do
curso em termos de desenvolvimento, cultura, cidadania, etc. A seguir verificar quais as
contribuições que cada um dos componentes curriculares pode trazer na formação dos jovens; a
partir dos parâmetros levantados devese reunir grupos de trabalho de professores representantes
de cada uma das séries para áreas específicas. Assim, reunir professores de 1º ao 9º anos por
matéria para que juntos façam a ordenação vertical dos conteúdos, uma distribuição de
conteúdos por cada um dos anos essenciais ao desenvolvimento do programa nos anos
seguintes.
A ordenação vertical dos conteúdos gera um compromisso do docente em cumprir, com
qualidade, o mínimo estabelecido no programa, pois sabe que no ano seguinte o aluno necessita
daquele conhecimento específico, e será cobrado pelo grupo se assim não proceder.
Quando todos os componentes estiverem organizados por ano, com a presença de todos
os professores se fará o ajuste entre os conteúdos das diversas disciplinas que sejam
relacionados, sem no entanto que se modifique o ano em que será ministrado. Assim, por
exemplo, no 6º ano o professor de ciências trabalhará com a origem do nosso planeta no mês de
fevereiro; e o de geografia trabalhará sistema solar em maio; fazse o ajuste no sentido de que os
dois assunto relacionados sejam abordados simultaneamente, o que levará o aluno à
135
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
compreensão de que cada matéria se relaciona com outras, fazendo a integração horizontal dos
conteúdos, a interdisciplinaridade.
Elaboração do Plano de disciplinas
Basicamente o plano de disciplina apresenta as seguintes partes: 1 Objetivos Gerais; 2
Objetivos Específicos; 3 Conteúdo; 4 – Estratégias e 5 Avaliação.
1) Objetivos Gerais (Habilidades e Competências): são mudanças que devem ser
observadas nos alunos no final do curso em termos de habilidade, atitudes, valores,
comportamento e competências. São amplos e se iniciam sempre por um verbo de
ação. Cada uma das matérias apresenta objetivos que são as contribuições que cada
uma pode dar no desenvolvimento pleno do educando. Ex: Desenvolvimento do
raciocínio lógico matemático (matemática); Desenvolvimento da capacidade de leitura e
interpretação – Letramento (Português), etc. Alem dessas contribuições, cada matéria
também deve se preocupar em adicionar objetivos que não sejam próprios dela, mas
que promovam a consecução das metas do plano escolar, o que também contribuirá
para a integração de todos os profissionais.
2) Objetivos Específicos: são mudanças observadas ao longo do ano letivo, que
contemplam as mesmas categorias (competências, valores, etc.) dos objetivos gerais,
porém de forma mais específica e mais voltada ao conteúdo do ano, de tal sorte que a
somatória dos objetivos específicos resultaria nos objetivos gerais; são mais
direcionados ao desenvolvimento cognitivo do aluno e iniciase com a seguinte frase:
“O aluno deverá ser capaz de:” Ex Realizar a operação de divisão que tenha como
divisor uma dezena (dois algarismos)*
* Perceba a interrelação que se estabelece entre os objetivos gerais e os específicos.
3) Conteúdo: é o que possibilita a ocorrência da mediação do conhecimento; é o pretexto
de que o professor se utiliza para atingir os objetivos específicos; é o assunto, a matéria
que serve para desenvolvimento pleno do educando; é a forma pela qual se estabelece
o diálogo. Um conteúdo específico se ordena sempre do mais simples para o mais
complexo, e como conseqüência dessa ordenação um conteúdo antecedente serve de
prérequisito para o posterior.
4) Estratégias: são as formas de abordagens dos conteúdos, utilizadas pelo professor na
mediação do conhecimento; são formas pelas quais o professor desenvolve o conteúdo
136
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
de maneira eficiente. Existem inúmeras técnicas de que o professor pode se valer para
mediar o saber, como Técnica Expositiva, Exegética, Catequética, Estudo Dirigido,
Dinâmica de Grupo, Estudo de Caso, Debate, Técnica Biográfica, Efemérides,
Experimentos, Problemas, Ditado, etc. Para cada situação deve o professor selecionar
a técnica adequada no desenvolvimento do conteúdo, variando, segundo
disponibilidade de tempo, o tipo de formação que se quer realizar, o aprendizado do
aluno, etc.
5) Recursos didáticos: no desenvolvimento do trabalho, o professor deverá valerse de
um instrumental que incremente mais, desta forma motivando e facilitando a
assimilação do conteúdo por parte dos alunos. Ex: lousa, datashow, retroprojetor, livro
didático, material de laboratório, episcópio, modelo anatômico, mapas, spinligth,
dicionário, etc. Também cada tipo de recurso deve adequarse às características
específicas do conteúdo para se obter maior eficácia no ensino.
6) Visitas e Excursões: (passeios) são atividades extraclasse que devem ser
programadas no início do ano, que serão realizadas ao longo do ano letivo; tais
atividades servem para reforçar os conhecimentos teóricos com a apresentação de
situações reais, aproximando o conceitual ao prático. O passeio deve apresentar
objetivos e ser realizado no momento que o conhecimento esteja sendo desenvolvido
em classe.
7) Avaliação: para verificar o nível de desenvolvimento dos alunos, é preciso realizar de
forma sistemática avaliações, no intuito de constatar não só os avanços cognitivos
observados nos alunos, como também avaliar se os métodos e procedimentos usados
pelos professores estão se estabelecendo de forma satisfatória. Portanto, avaliação é
uma mão dupla de direção – grande parte dos docentes não apresenta essa
consciência; cada vez que o professor propõe uma avaliação ele também está
avaliando seu trabalho. Existem vários tipos de avaliação: Provas, (dissertativas, orais,
objetivas, textuais, etc) Trabalhos de Pesquisa (individuais ou em grupo), Seminários,
etc.
O importante é que sempre se tenha em mente que a avaliação, por mais bem elaborada
que seja, é um processo injusto, e que no minimizar essa injustiça devese propor pelo menos
dois instrumentos de avaliação e que tenham diferenciação na forma de elaboração, e que seja
muito bem explicado pelo professor para que falta de entendimento não se transforme em fator
limitante.
137
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Exercícios
1. A finalidade mais importante para a elaboração do plano de disciplina é: a) o atendimento a um preceito legal da educação. b) a possibilidade de uma reflexão crítica de sua atuação pelo próprio professor. c) o cumprimento de uma etapa do trabalho docente. d) a organização do trabalho do mais complexo para o mais simples. e) a fiscalização por parte da autoridade de ensino quanto ao cumprimento do proposto.
2. A diferenciação entre plano e planejamento é que: a) enquanto o planejamento é a reflexão sobre a ação, o plano é a concretização no papel. b) enquanto o planejamento é a concretização no papel, o plano é a reflexão sobre a ação. c) enquanto a concretização no papel é o planejamento, a reflexão crítica é planejamento. d) planejamento não consiste na idéia, nem sua concretização no papel. e) plano não se caracteriza nem na idéia nem em sua concretização no papel.
Respostas dos Exercícios
1. A finalidade mais importante para a elaboração do plano de disciplina é: RESPOSTA CORRETA: B
2. A diferenciação entre plano e planejamento é que: RESPOSTA CORRETA: A
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 19 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR
V.h – Projetos:
Segundo Madalena Freire, é importante que todas as ações que sejam desenvolvidas na
escola sejam registradas em documentos para que se possa preservar a memória das atividades
e obviamente estabelecer parâmetro para futuras ações a partir dos resultados obtidos com a
avaliação dos projetos.
A origem dos projetos deve se dar numa decisão do coletivo da escola; muitos projetos
surgem de um grupo pequeno de pessoas e quando surgem os primeiros resultados positivos os
demais membros são gradativamente contagiados e acabam aderindo ao projeto, e de certa forma
com suas participações enriquecendoo.
O ideal para a elaboração e execução dos projetos é que todos os integrantes do grupo
estivessem sensibilizados quanto aos objetivos, e cônscios de sua colaboração para atingilos,
especialmente contribuindo com idéias, sentindose de certa forma coresponsáveis e até mesmo
idealizadores da proposta, agindo com cumplicidade no momento da execução.
Nas escolas públicas, para toda e qualquer iniciativa no sentido de se ter uma iniciativa
diferenciada, de qualquer natureza, as autoridades educacionais recomendam para a sua
autorização e funcionamento que elas sejam formalizadas através de projetos específicos.
Inclusive no ensino estadual e municipal é obrigatório que se elaborem projetos para desenvolver
os Horários de Trabalho Pedagógico Coletivo “HTPC” e Projeto Estratégico de Ação “PEA”
(Portaria 3826/97).
Todos os projetos têm como finalidade a melhoria da qualidade de ensino, e estar
indiretamente ou diretamente relacionado com os alunos, visando ao atendimento da atividadefim
da educação os projetos podem prever a atualização e ou a capacitação de professores, ou
atividades de reforço e de alfabetização realizadas diretamente com os alunos.
Elaborando Projetos
Para a elaboração de projetos é necessário atentar para:
139
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
a) as reais necessidades de elaboração, quando a atividade já faz parte das obrigações da
escola. Ex: um projeto para alfabetizar os alunos isto já é uma obrigação intrínseca ao
papel da escola, porém realizar um projeto para resgatar a alfabetização de alunos com
problemas de aprendizado é diferente.
b) a motivação do grupo escolar e se realmente existe a crença em todos de que pode dar
certo, pois se a maioria do grupo não acreditar na ação, geralmente fruto da imaginação
do gestor, o trabalho ou a mudança não ocorre.
c) a viabilidade do projeto, em termos de execução, se todos os membros contribuíram
com idéias.
d) se os recursos materiais disponíveis são suficientes para pelo menos iniciar o projeto, e
as condições de se suprir eventuais necessidades que ocorram no percurso.
e) se a legislação favorece a prática e a autoridade educacional autoriza, concorrendo
também para o sucesso da empreita, subsidiando a ação com apoio técnico.
f) especialmente quais os benefícios que sua execução trará para o desenvolvimento dos
alunos porque muitas vezes nos deparamos com projetos voltados aos funcionários da
escola, sem qualquer benefício para o aluno.
Para se elaborar um projeto, devemos observar os tópicos a seguir.
Estrutura básica do projeto
1) Identificação do projeto: Identificação completa da escola e denominação do projeto.
2) Histórico e justificativa. Apontar como ocorreu a idéia de se propor um projeto, qual o processo de articulação dos segmentos escolares para a realização do planejamento e
como as decisões foram tomadas pelo coletivo. A seguir, fazse a apresentação
propriamente dita do projeto, colocando um resumo condicionado à realidade atual da
escola, para posteriormente realizar um levantamento das prioridades e ações que
pretendemos implantar e desenvolver na escola. Devemos mostrar a relevância das
nossas propostas, as prioridades e sua validade política e técnica e, ainda, descrever o
alcance social que as ações do projeto proporcionarão.
3) Objetivos gerais: Os objetivos gerais devem reportarse aos objetivos do sistema, da
própria escola e da comunidade à qual a escola está inserida. A exposição dos
objetivos gerais referese aos propósitos da escola, de forma ordenada com a
140
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
justificativa, e tem como fonte os direitos sociais, as políticas nacionais, estaduais e
municipais da educação e as prioridades estabelecidas com a etnografia da escola.
4) Os objetivos específicos: Representam o desdobramento do objetivo geral tendo em
vista a construção de uma proposta essencialmente voltada para os direitos, interesses
e necessidades do aluno. Nesse sentido, é de extrema relevância o estabelecimento de
objetivos relacionados, por exemplo, à definição do currículo escolar. Ou seja, são
definidos com base nas diretrizes e prioridades do projeto da escola, conforme
pudemos acompanhar.
5) Desenvolvimento metodológico: Para se atingir os objetivos gerais e específicos são
necessárias determinadas metodologias (estratégias) que têm de ser desenvolvidas na
prática. Surgem da realidade e dizem respeito ao quê, ao como e em que tempo será
feito. Tratase também de prever a disponibilidade de meios (materiais, humanos,
físicos e financeiros).
6) Recursos:. Em uma unidade escolar são envolvidos recursos humanos, financeiros, físicos e materiais. É necessário organizar cada um desses grupos de recursos,
fazendo uma previsão de acordo com o desenvolvimento metodológico adotado, com o
objetivo a ser atingido, e com o cronograma de execução. No caso de recursos
financeiros, facilitase sua visualização se previstos em termos de receita (e respectivas
fontes) e despesa, com especificação de bens e serviços a ser adquiridos e
classificação das rubricas que abrigarão os gastos (classificação orçamentária).
Lembremos que a escola enfatiza a realização de um orçamento participativo, em que
toda a comunidade escolar decide sobre os gastos e investimentos da escola, além de
acompanhar e de fiscalizar a aplicação destes.
7) Cronograma: O desenvolvimento metodológico pode fazer parte dele, pois prevê a
distribuição ordenada das ações ao longo do tempo, de acordo com as possibilidades
de ação e a disponibilidade de recursos, cronologicamente situadas. Será mais fácil
visualizar as principais iniciativas e medidas que serão tomadas, no momento ou
periodicidade adequados, se o cronograma for elaborado em um quadro, no qual, à
esquerda, dispõemse as atividades a ser realizadas e, respectivamente, à direita de
cada data, distribuemse os períodos (dias, meses ou anos) em que elas deverão ser
cumpridas.
8) Avaliação: Constituemse em períodos de verificação da concretização parcial e total
dos objetivos. Para essa ocorrência, é necessário prever também os instrumentos de
141
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
avaliação. Em alguns casos, eles serão: qualitativos, como a melhoria das aulas, a
modificação de hábitos de higiene, etc, em outros, serão quantitativos, como por
exemplo no caso de taxas e índices (matrículas, percentuais de aprovação, reprovação,
evasão, etc.).
Os projetos devem colaborar decisivamente com as metas colocadas no plano escolar
tanto individualmente em cada disciplina quanto nas que são levantadas pela comunidade, ou
ainda ser um instrumento que colabore com o aperfeiçoamento de tarefas como a avaliação,
proposição e/ ou modificação do currículo, adoção de novas tecnologias na educação,
cumprimento e elaboração das atribuições e competências administrativas e pedagógicas, a
gestão dos órgãos colegiados e das instituições auxiliares, das interrelações que se estabelecem
entre docentes e discentes dentro do processo de educação principalmente.
V.i – Estatutos e Representatividade
Nesta parte do plano, devem ser colocados os Estatutos da Associação de Pais e Mestres
(APM) e o Estatuto do Grêmio Estudantil (se houver) estas duas instituições auxiliares, se
realmente forem constituídas por integrantes que representem de fato os diferentes segmentos,
interessados em aperfeiçoar o processo educativo, colaborando com a melhoria da qualidade de
ensino, e especialmente trabalhando em conjunto com a equipe escolar.
A representatividade referida se deve ao fato de que muitos diretores, os integrantes não
só da APM como dos órgãos colegiados, conselho de escola (pais e alunos) e conselho de classe,
série ou termo (alunos) são investidos desses cargos ou por conveniência da direção da escola,
ou por persuasão do diretor quanto à participação. Esse modo de preenchimento dos cargos por
seus integrantes não legitima a representação de cada segmento e por conseguinte, segundo os
padrões democráticos, não adquirem o direito de decidir de fato (suas decisões podem ser
facilmente questionadas e invalidadas).
Nesse aspecto, o trabalho do gestor é decisivo na organização de um processo de
estimulação aos membros da comunidade, no sentido de que compreendam de fato a importância
dessas instituições e se disponham a participar espontaneamente, de forma democrática, e
exercendo a representatividade e fazendo o uso de sua prerrogativa legal, de ser um órgão
deliberativo.
142
ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
A escola é um equipamento social da comunidade, e como tal, no regime democrático,
deve ser gerida com a participação de todos os atores envolvidos mediante a representação
consolidada de forma democrática.
Quanto à representatividade dessas instâncias, temos:
• APM (Associação de Pais e Mestres): a representação se dá por eleição direta por
maioria de votos do pares (elementos pertencentes ao mesmo segmento). Ex.: pais do 3º
ano, sendo o diretor “presidente nato” do Conselho Deliberativo, que será composto no
mínimo por 11 membros: 30% de professores, 40% de pais de alunos, 20% de alunos
maiores de 18 anos e 10% de sócios admitidos.
• Legislação: Decretos Estaduais nº 12.983/ 79 e nº 48.408/04.
• Grêmio Estudantil: todos os cargos são preenchidos exclusivamente por alunos eleitos
diretamente e democraticamente por seus pares, de modo secreto, com a organização de
“chapas”; o mandato é de 1 ano, podendo ou não ser reeleitos, segundo o estabelecido
em seus estatutos, que também deverão prever os cargos e a organização interna
daquele órgão, que se incumbe de representar os alunos em geral junto à direção,
levando as reivindicações do coletivo ao gestor, ao qual cabe analisar e decidir ou até
mesmo submeter a decisão dos órgãos colegiados e ainda facilitar um espaço físico
próprio para a organização.
• Legislação: Lei Federal 7398/75, Comunicado SEESP de 26/09/86, Comunicado
CEI/COGSP de 27/11/87 e Parecer CEESP nº 67/98.
• Conselho de Escola: a representatividade deste órgão colegiado deve obedecer ao
princípio da paridade e da proporcionalidade, ou seja, o número de integrantes internos
(professor, funcionários, etc.) deve ser idêntico ao número de integrantes externos (pais,
alunos, etc.). No ensino fundamental, essa proporcionalidade se dá com 25% de pais,
25% de alunos, 25% de professores e 25% de representantes administrativos,
operacionais e pedagógicos. Nas escolas de educação infantil, ao invés de alunos, os
pais formam 50% do conselho.
• Legislação: Lei Complementar 444/85; Comunicados SEESP de 31/03/86 e 10/03/93 e
Parecer CEESP nº 67/98.
• Conselho de classe série ou termo: tem como representantes todos os professores da
mesma classe, (Conselho de Classe) pelos professores de igual série (Conselho de
Série) ou professores de mesmo termo na suplência (Conselho de Termo), dos quais
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
também devem contar com a representatividade de alunos segundo as Normas
Regimentais Básicas. Nesse caso, a representatividade dos alunos é feita por um ou dois
representantes da classe, série ou termo eleitos pelos seus pares.
• Legislação: Decretos Estaduais: nº 10.623/77 e nº 11.625/78 e Parecer CEESP nº67/98.
No processo de gestão participativa (democrática) da escola, o papel do diretor é
organizar, motivar, e conscientizar todos os segmentos, para que cada um cumpra sua parte no
processo de desenvolvimento pleno do educando em todos os seus sentidos e que jamais se
eximam de suas responsabilidades, pois educar não é uma tarefa isolada da escola, mas um
compromisso de todos.
VI – Avaliação do Plano Escolar
Até o final do mês de março deve ser remetido para a autoridade escolar (Dirigente Escolar
ou Coordenador de Ensino) o plano escolar constituído pelas partes enumeradas nos trechos
anteriores, para análise e homologação.
Esta será a última peça a ser acrescentada no plano escolar; ela se constitui numa análise,
numa reflexão crítica de todos os envolvidos no processo sobre os resultados obtidos depois de
ser executadas as ações previstas na operacionalização do plano (final do ano letivo).
Essa análise deve se ater aos aspectos quantitativos das metas estabelecidas no início do
ano letivo pela comunidade escolar; os dados para essa análise podem ser obtidos
numericamente dos levantamentos feitos ao longo do ano letivo ou de observações feitas pelos
docentes e pais das mudanças de comportamentos e atitudes ocorridas nos educandos.
Normalmente, quando não é feito pelo gestor escolar um acompanhamento sistemático do
processo visando à consecução das metas estabelecidas, ou quando equivocadamente não se
processa a quantificação delas, o trabalho de avaliação se realiza tendo por base o desempenho
profissional de cada um dos membros envolvidos, por meio de um questionário elaborado pelo
gestor e/ ou coordenador pedagógico e respondido pelos professores, cuja tabulação das
questões servirá para justificar um desempenho eficaz da equipe escolar.
Esse questionário normalmente apresenta erros na sua elaboração e preenchimento:
1) que podem ferir suscetibilidades, se preenchidos de forma autêntica, principalmente
para quem é responsável pela cobrança das ações previstas nas metas.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
2) por se tratar de questões abertas, perguntas podem traduzir formas ambíguas de
respostas.
3) Existe a identificação do docente impressa no questionário, o que não deveria ocorrer,
pois não interessa “quem?”, mas “como?”.
4) O período de preenchimento é um fator de complicação, pois é o momento em que o
docente está preocupado com o fechamento do ano (notas, freqüências, encerramento
de diários de classe, etc.) atarefado e não faz a reflexão que deveria fazer para sanar
possíveis erros, dando respostas muitas vezes que na maioria das vezes não
necessitam de justificativas.
A avaliação do plano escolar, feita de forma consciente, refletida e coletiva permite coletar
dados de sucesso ou de reveses que servirão de parâmetros para a execução de propostas de
ação para o ano seguinte, apontando de forma incisiva as possíveis falhas ocorridas ao longo do
processo e formas de corrigilas num futuro planejamento.
Exercícios
1. Órgão interno que promove na elaboração e no controle do Plano de gestão da Escola, a adequação, a dinamização, e a sistematização das atividades da escola, de modo a contribuir para um melhor rendimento da ação pedagógica. Estas são funções de que órgão? a) Associação de Pais e Mestres(APM). b) Grêmio Estudantil. c) Conselho de Escola. d) Diretoria de Ensino. e) Conselho de Classe, Série ou Termo.
Respostas dos Exercícios
1. Órgão interno que promove na elaboração e no controle do Plano de gestão da Escola, a adequação, a dinamização, e a sistematização das atividades da escola, de modo a contribuir para um melhor rendimento da ação pedagógica. Estas são funções de que órgão? RESPOSTA CORRETA: C
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
AULA 20 • REGISTROS DA UNIDADE ESCOLAR
Os registros da unidade escolar são efetuados em livros/ expedientes cuja utilização é
imprescindível para manter vivos a história, os fatos, os acontecimentos, as respectivas tomadas
de decisões ocorridas no âmbito da escola e por parte das autoridades escolares que devem
manter sempre atualizados seus assentamentos, o que se constitui numa obrigação funcional e
em uma segurança para o gestor.
Nas escolas particulares os registros são feitos em livros de ata comuns, nas escolas
públicas, em livros próprios para cada fim, que devem ser organizados em dois arquivos: um ativo,
que abrange os livros em uso, e um morto, onde são arquivados os livros que se encontram
totalmente preenchidos, ou deixaram de ter uso.
Geralmente os livros são organizados por ordem alfabética e uma subordem numérica,
pór exemplo A1; A2; A3... Assim, à medida que um livro acaba, ele é arquivado no arquivo morto,
e seu substituto manterá a mesma letra, sendo numerado numa seqüência superior.
Os livros não podem conter em seu preenchimento emendas nem rasuras; quando ocorrer
engano, a retificação deve constar como ressalva indicando o local exato do ocorrido, não
podendo ser apagado, nem utilizado corretivo.
Cada livro deve ter seu Termo de Abertura e Termo de Encerramento preenchidos na
mesma data e pela mesma pessoa (normalmente o Diretor). No ato da abertura, devem ser
conferidas e rubricadas todas as folhas do livro. Os livros padronizados trazem impressos o Termo
de Abertura e o Termo de Encerramento, bem como a numeração das folhas. Quando não
padronizados, o responsável deverá elaborar os respectivos termos e numerar as folhas.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Livro Histórico e Ocorrências do Estabelecimento
Finalidade: Destinase ao registro dos principais fatos ocorridos na Unidade Escolar.
Inicialmente, o livro deve conter o histórico da Escola: criação, dados biográficos, Portarias de
reconhecimento/ autorização e de alterações de denominação, ampliação, etc. Posteriormente,
registrarseão as demais ocorrências, à medida que surgirem. Algumas não poderão ser
esquecidas, tais como: Criação/ Supressão de Classes e/ ou turnos (regular e suplência);
Mudanças de Direção; participações em desfiles, exposições, competições esportivas e outros de
caráter relevante (ocupação da escola; incêndio; assalto; inundação, etc.).
Não há necessidade de registro de ocorrências que já possuam livro próprio, como:
reuniões pedagógicas e administrativas, A.P.M., C.C.E. Conselho de Escola, Visitas Médicas e de
Autoridades.
Livro de Bens Patrimoniais
Finalidade: Destinase ao registro do controle de bens patrimoniais sob a responsabilidade
da escola. Sua utilização deve ocorrer sempre que houver movimentação de bem patrimonial:
entrada, saída, empréstimo, furto, etc.
A entrada de cada bem é registrada uma única vez e sua movimentação, quando ocorrer,
nas colunas correspondentes. A escola deve fazer, anualmente, o levantamento dos bens
patrimoniais. O controle dos bens patrimoniais é de responsabilidade exclusiva do Diretor da
Escola, que pode delegar as tarefas inerentes ao mesmo a seus auxiliares.
Entrada Saída
Dara Qtde. Discriminação N°
Empenho N° da Nota
N° da Chapa
P. Baixa Data
N° da Nota
Data da Saída Destino Observação
Livro Termo de Visitas de Autoridades
Finalidade: Destinase ao registro dos termos de visitas de autoridades à escola. Deve ser
preenchido pelo próprio visitante. No caso de visita do supervisor de ensino, devese acompanhar
o livro com uma folha em branco de papel sulfite e folha de papel carbono para que seja feita uma
cópia do termo de visita que será assinada e carimbada pelo responsável, que serve para a
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
verificação do solicitado na próxima visita e para elaboração de relatório na Diretoria de Ensino; as
demais autoridades dispensam esse ritual.
Livro de Carga
Finalidade: Destinase ao registro de saída de documentos. É um livro padronizado cujos
campos devem ser preenchidos de acordo com a documentação em tramitação.
Livro de Registro de Processos (extrato)
Finalidade: Destinase ao registro da súmula dos processos. Sua utilização se dá sempre
que tramitar algum processo pela Unidade Escolar. Será preenchido conforme o seguinte modelo:
Livro de Incineração de Documentos
Finalidade: Destinase ao registro da documentação da Unidade a ser incinerada, de
acordo com as normas e diretrizes em vigor. Periodicamente é usado, respeitando os prazos
convencionais de cada documento e mediante a conveniência da secretaria e a lavratura de uma
ata em que sejam especificados os documentos. Documentos da secretaria da Escola que podem
ser incinerados:
Documento Prazo Diários de Classe 02 anos Avaliações Bimestrais 02 anos Abonos/ justificativas de faltas 01 anos Plano Escolar 04 anos Memorando/ Ofícios (recebidos/ enviados) 05 anos Controle de Merenda: gênero/ distribuição 05 anos Notas de gás 05 anos Notas de A.P.M. 05 anos Notas de requisição de bens de consumo 01 anos Encaminhamento e Documentos referentes à saúde escolar 02 anos
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Livro de Atas de Reuniões
Finalidades: Há livros próprios para as seguintes reuniões: Pedagógicas, Administrativas,
Conselhos de Série e Classe, Associação de Pais e Mestres, Conselho de Escola, Grêmio
Estudantil.
Todas as reuniões deverão ser registradas em atas nos respectivos livros, seguindo os
padrões convencionais. Sem emendas, rasuras, sem espaços vazios, sem parágrafos, sem
títulos, números todos por extenso, exceto a data do fecho; quando ocorrer engano, a retificação
deve ser feita logo depois do engano (usase “digo”), se for feita no final do texto usase “em
tempo”; antes do texto de fechamento as reuniões devem ser secretariadas por pessoa que tenha
habilidade na redação, a quem cabe a responsabilidade de lavrar a ata, que deve ser produzida
simultaneamente com a reunião, ainda lida e achada conforme por todos no final da reunião,
sendo assinada por todos os presentes.
Livro de Comunicados Internos
Finalidades: É utilizado para dar ciência aos funcionários da Unidade de: ordens internas,
publicações em Diário Oficial, circulares recebidas de órgãos centrais, convocações para reuniões
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
e outros assuntos de interesse geral. É indispensável a assinatura de todos os funcionários
envolvidos.
Livro de Recortes do Diário Oficial
Finalidade: Destinase à documentação de publicações em Diário Oficial de interesse da
escola e sua equipe. Deverão ser incluídos: Leis, Decretos, Portarias e outros instrumentos
normativos como Comunicados, Ordens Internas, com caráter de regulamentação. É
indispensável que o livro contenha índice para permitir sua utilização racional. Sempre que for
necessário dar ciência ao(s) funcionário(s) de uma publicação, isto poderá ser feito no Livro de
Comunicados Internos ou em uma folha à parte, a ser arquivada em pasta própria, identificando
se claramente a publicação, sua natureza, conteúdo, data, etc.
Livro de Registro de Queixas e Sugestões
Finalidade: Destinase ao registro de queixas e sugestões dirigidas à escola, a seus
membros ou à Rede de Ensino. Deve–se esclarecer a comunidade de sua existência e de sua
utilidade dentro do processo de gestão democrática. Deverá ser preenchido pelo interessado em
apresentar a queixa ou sugestão, que deverá datála e assinála.
Livro de Ponto
Finalidade: Destinase ao registro das presenças e ausências dos servidores. A escola
adota dois modelos de livro de ponto: um para o pessoal docente e outro para os demais
servidores.
Livro de Ponto do Pessoal Docente: controla a freqüência diária do professor; cada folha
deve ser preenchida pela secretaria após o encerramento de cada mês e há páginas
determinadas à assinatura de ponto, uma página para cada professor, por mês. Nestas páginas,
ao final de cada mês, o secretário deve providenciar o preenchimento, para o subseqüente, dos
campos sob sua responsabilidade: cabeçalho; dias da semana: devem ser anulados, com traço
em vermelho; as linhas correspondentes a sábados, domingos, feriados, pontos facultativos e
recessos escolares, registrandose estes dois últimos; Horários dos Professores do regular e
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
supletivo, que não deverão constar nos dias de comissão de classe, reuniões pedagógicas e
outras atividades que impliquem suspensão de aulas.
Cabe à secretária o controle diário da freqüência, e as ausências deverão ser registradas
como segue: na coluna "Assinatura": o nome do professor, em vermelho; na coluna "Observação":
a natureza da ocorrência; na coluna "Turnos": circular cada aula não dada em vermelho. Falta FA
(falta abonada); FJ (falta Justificada); FI (falta Injustificada); LM (licença Médica) 15 dias 1º na
coluna de observação. Devem constar ainda: afastamentos, exoneração; Licença para tratamento
de interesse particular, e devem ser anotações muito claras, pois delas resultarão os atestados de
freqüência dos servidores para contagem de tempo, liquidação de tempo para a aposentadoria,
licençaprêmio, etc.
Livro de Ponto dos demais Servidores: a escola pode optar entre: registrar a freqüência
por servidor em cada página; registrar a freqüência por dia para todos os servidores. Em ambos
os casos, procedemse, no que couber, como no caso do livro para professores, com as
adequações cabíveis; o livro de ponto dos servidores em geral deve indicar o horário de trabalho
de cada um. No registro diário geral deve ser obedecida a seguinte seqüência: categorias
funcionais dispostas em ordem hierárquica decrescente; em cada categoria, colocar os servidores
em ordem crescente de registro funcional.
Todas as folhas dos livros de ponto devem ser devidamente datadas e encerradas, pelo
Secretário e pelo Diretor da Escola, ao final de cada mês.
Livro de Reposição de Aulas
Finalidade: Destinase ao registro das aulas repostas pelos professores do ensino:
fundamental, médio (regular e supletivo). Ao longo do ano, as faltas dos professores, licenças, etc.
que não forem substituídas pelos professores eventuais devem ser repostas para se garantir um
mínimo de 200 dias letivos e mínimo de 800 horas de efetivo trabalho escolar. Nesse livro serão
registradas à medida que as aulas de reposição forem dadas fora do horário normal de aulas.
Após levantamento do número de aulas a ser repostas por cada professor.
Livro de Controle de Aulas Previstas e Dadas
Finalidade: Destinase ao controle das aulas previstas e dadas, por classe, do ensino
fundamental e médio (regular e Supletivo) tendo em vista o mínimo legal exigido. No início do ano
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
letivo, abremse as folhas correspondentes a cada classe. As aulas previstas são lançadas de
acordo com o previsto no calendário escolar do ano correspondente. As aulas dadas e reposições
são registradas mês a mês, na primeira semana subseqüente.
Livro de Controle de Dispensa de Educação Física
Finalidade: Dispensar da prática da educação física (e não das aulas) alunos do ensino
fundamental e médio que estudem no período diurno regular ou suplência que apresentarem
motivos justificados segundo o Decreto Federal nº 1044/68 que estabelece critérios para dispensa
da prática da educação física, como portadores de doença infectocontagiosa, internação
hospitalar, serviço militar obrigatório, jornada de trabalho igual ou superior a 6 horas, maiores de
30 anos, gestantes, etc. Ao receber o comprovante referente ao afastamento, o Secretário deverá:
verificar sua validade; submeter à apreciação do Diretor; registrar no livro próprio, dando ciência
ao professor de Educação Física, que rubricará o livro.
Para que seja considerado válido, o atestado deverá conter indicação precisa do
empregador (papel timbrado, carimbo, indicação de endereço e/ ou firma reconhecida) e horário
de trabalho. O atestado não deverá conter emendas ou rasuras. Se atestado médico, o CID o
carimbo com o CRM do médico em papel timbrado, etc.
Expedientes
Expedientes são documentos que circulam entre as repartições públicas para
pronunciamentos e comunicações entre os diversos setores. Seguem as mesmas regras
específicas na confecção e no encaminhamento, devem ser elaborados de forma a esclarecer o
que se deseja.
Classificação dos expedientes
Os expedientes, segundo a natureza a qual se prestam, classificamse em:
• Requerimento: Requerimento é o documento utilizado para solicitar à autoridade pública
algo que tenha amparo legal ou normativo. Há dois tipos de requerimentos:
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
requerimentos: padronizados seguem modelos próprios, muitas vezes transformados
em formulários, e se destinam a atos específicos da administração interna. Só
precisam de autuação quando a mesma for prevista no próprio formulário.
requerimento não padronizado que tem uma forma específica para solicitar algo a
autoridade pública, preenchido com redação própria pelo interessado.
• Ofícios: O ofício é um documento utilizado para comunicação dos órgãos públicos.
Entidades privadas, religiosas, sociais e outras usam um tipo de correspondência
semelhante, mas a denominação "ofício" é exclusivamente do poder público. O ofício é
redigido em papel de tamanho oficial e segue critérios próprios de elaboração.
• Memorando: Memorando é documento usado para comunicação interna nos órgãos
públicos, mais sucinto e menos formal do que o oficio. No serviço público é uma forma
de comunicação entre seções da mesma secretaria.
• Circular: A circular é um documento que se destina a vários órgãos e/ ou a várias
pessoas, reproduzida em vias mimeografadas, impressas ou xerografadas. Sua
finalidade é transmitir informações de interesse comum. A circular não deve
complementar ou modificar atos oficiais, apenas divulgálos, total ou parcialmente. Na
administração pública, a circular pode ser interna (para funcionários) ou externa (quando
dirigida ao público).
• Atestado: Atestado é um documento fornecido, a pedido do interessado, emitido por
pessoa credenciada, declarando a ocorrência de um fato ou a veracidade de uma
situação. Deve ser datilografado em papel tamanho ofício.
• Declaração: É o documento fornecido a pedido do interessado, para fim específico,
expedido por pessoa credenciada, que se pronuncia manifestando sobre a autenticidade
de um fato ou situação.
• Comunicado: Destinase a divulgar informações de interesse comum. Não pode alterar
ou complementar atos oficiais, apenas divulgálos total ou parcialmente; recomendável
que se assegure a tomada de conhecimento pelos interessados, que se garanta sua
plena validade.
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
Exercícios
1. Com relação aos Livros obrigatórios das escolas públicas, assinale a correta. a) No livro histórico e ocorrência do Estabelecimento deve ser preenchido por qualquer membro
da comunidade que esteja disposto a registrar uma sugestão. b) No livro de Bens Patrimoniais devem ser registrados todos os bens da unidade escolar,
inclusive os de consumo. c) No livro Termo de Visita devem ser consignados apenas os relatórios dos supervisores com
recomendações. d) No livro de recortes do Diário Oficial devem ser colocadas todas as formas de legislação
sobre qualquer setor público. e) No livro de Dispensa de Educação Física, depois de analisada a veracidade do atestado, se
consigna um termo que é rubricado pelo professor e o aluno estará dispensado da prática, mas não da aula.
2. Analise as afirmações abaixo, e assinale a falsa. a) O ofício é um documento mais formal que o memorando, e é um meio de comunicação entre
Secretarias. b) No livro do Ponto Docente, as faltas devem ser grafadas com o nome em vermelho no local
da assinatura e na coluna de observação o tipo de falta Ex: FA; FI ou FJ. c) Uma das diferenças entre circular e comunicado é que a primeira pode modificar e/ ou
complementar atos oficiais, e a segunda não. d) No livro de Controle de Aulas Previstas é feito o controle das aulas previstas e dadas, por
classe, do ensino fundamental e médio (regular e Supletivo), tendo em vista o mínimo legal exigido.
Respostas dos exercícios
1. Com relação aos Livros obrigatórios das escolas públicas, assinale a correta. RESPOSTA CORRETA: E
2. Analise as afirmações abaixo, e assinale a falsa. RESPOSTA CORRETA: C
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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR
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