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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Este material é parte integrante da disciplina “Administração Escolar” oferecido pela

UNINOVE. O acesso às atividades, as leituras interativas, os exercícios, chats,

fóruns de discussão e a comunicação com o professor devem ser feitos

diretamente no ambiente de aprendizagem on­line.

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Sumário

AULA 01 • CONTEXTO HISTÓRICO ..............................................................................................7 Linha do tempo............................................................................................................................8 Considerações finais .................................................................................................................12 Exercícios..................................................................................................................................12

AULA 02 • A COMPLEXIDADE DA ADMINISTRAÇÃO.................................................................14 A formação de bando ou equipe................................................................................................14 A transformação de um bando em uma equipe .........................................................................14 Formação de equipes................................................................................................................15 Fatores sócio­afetivos de coesão das equipes ..........................................................................15 Etapas de desenvolvimento das equipes...................................................................................15 Maneiras simples de transformar bando em equipe ..................................................................16 Organização de equipes............................................................................................................17 Características das Equipes ......................................................................................................17 Considerações finais .................................................................................................................18 Exercícios..................................................................................................................................19

AULA 03 • LIDERANÇA ................................................................................................................21 Liderança como processo de responsabilidade .........................................................................21 Liderança como fenômeno de relacionamento pessoal e interpessoal ......................................21 Liderança como processo de flexibilidade .................................................................................22 Habilidades de um Líder............................................................................................................22 Definições de Líder....................................................................................................................22 Peter Drucker ............................................................................................................................22 John Phillip Kotler......................................................................................................................22 John Kao ...................................................................................................................................23 Características gerais do líder ...................................................................................................24 Tipos de Liderança....................................................................................................................25 Atitudes básicas de um líder......................................................................................................26 Recomendações práticas ..........................................................................................................27 Exercícios..................................................................................................................................27

AULA 04 • OS DESAFIOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR.......................................................28 Contexto histórico......................................................................................................................28 A importância do trabalho do diretor ..........................................................................................29 Motivos da crise educacional.....................................................................................................30 O nível de satisfação dos diretores............................................................................................31 Pressuposto de qualidade na escola .........................................................................................32 O trabalho do diretor..................................................................................................................33 Exercícios..................................................................................................................................34

AULA 05 • GESTÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL........................................................................35 Gestão e organização interna da escola....................................................................................38 A Gestão escolar democrática...................................................................................................39 Exercícios..................................................................................................................................40

AULA 06 • GESTÃO ESCOLAR E ORGANIZAÇÃO JURÍDICA ....................................................42 Hierarquia dos Atos Administrativos ..........................................................................................44 I – Atos Deliberativos Normativos:.............................................................................................44 Alguns Conceitos Jurídicos: ...................................................................................................47 Exercícios..................................................................................................................................48

AULA 07 • GESTÃO E ORGANIZAÇÃO INTERNA DA ESCOLA..................................................50

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1­ Associação de Pais e Mestres (APM)....................................................................................50 Composição e Funcionamento da APM (Associação de Pais e Mestres) ..................................51 2­ Grêmio Estudantil ..................................................................................................................53 Exercícios..................................................................................................................................54

AULA 08 • ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA .......................................56 Dos Órgãos Colegiados.............................................................................................................56 I­ Conselho de Classe, Série ou Termo .....................................................................................56 As vantagens e desvantagens dos antigos Conselhos de Classe/ Série ...................................57 2­ A composição dos atuais Conselhos de Classe, Série e Termo ............................................59 3­ A importância da participação dos alunos no Conselho de Classe/ Série..............................59 II­ Conselho de Escola...............................................................................................................60 Legislação básica a ser consultada para o Conselho de Escola:...............................................61 Composição: .............................................................................................................................61 Representatividade....................................................................................................................62 Considerações importantes: ......................................................................................................62 Exercícios..................................................................................................................................64

AULA 09 • GESTÃO PARTICIPATIVA (DEMOCRÁTICA) .............................................................65 Trazendo a comunidade à participação. ....................................................................................67 Diretrizes para gestão escolar ...................................................................................................68 Processo de Elaboração do Plano Escolar ................................................................................69 Duração do plano escolar..........................................................................................................70 Aspectos relevantes de compreensão: ......................................................................................70 Exercícios..................................................................................................................................71

AULA 10 • ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR .......................................................................72 Partes do Plano Escolar ............................................................................................................73 I­Identificação da Unidade Escolar ............................................................................................74 Exemplo para Escolas Estadual ............................................................................................74 Exemplo para Escola Municipal .............................................................................................75 Exemplo para Escola Particular .............................................................................................75

Exercícios..................................................................................................................................76 AULA 11 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ......................................78 II Caracterização da Unidade Escolar........................................................................................78 Caracterizando a Escola............................................................................................................79 Organização da Rede Física .....................................................................................................81 Croqui do Prédio (planta baixa) .................................................................................................81 Localização da Escola...............................................................................................................82 Caracterização do Bairro ...........................................................................................................82 Exercícios..................................................................................................................................83

AULA 12 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ............................85 Caracterização da Comunidade Escolar (Clientela)...................................................................85 Questionário Informativo e Entrevista Formal ............................................................................87 Elaboração do Questionário Informativo:...................................................................................87 Interpretação dos dados............................................................................................................89 O relatório da Pesquisa .............................................................................................................90 Exercícios..................................................................................................................................91

AULA 13 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ......................................92 IV ­ Metas do Plano Escolar: .....................................................................................................92 V ­ Operacionalização do plano escolar ...............................................................................94 A operacionalização propriamente dita......................................................................................95 Cronograma e Participação de Autoridades ..............................................................................96 Exercícios..................................................................................................................................98

AULA 13 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ......................................99

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V.b­ Calendário Escolar:............................................................................................................99 Princípios de Elaboração do Calendário..................................................................................103 Exercícios................................................................................................................................105

AULA 15 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ....................................106 V.c ­ Quadro Curricular............................................................................................................106 Exercícios................................................................................................................................112

AULA 16 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ....................................113 V.d ­ Relações Funcionais.......................................................................................................113 Relações Funcionais no Serviço Público .................................................................................113 Diferenciação entre cargo e função .........................................................................................114 V.e ­ Quadros de Funcionários: ...............................................................................................116 1) Quadro do pessoal administrativo; ......................................................................................116 2) Quadro do pessoal docente.................................................................................................117 3) Quadro do pessoal operacional...........................................................................................119 Exercícios................................................................................................................................120

AULA 17 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ............................121 V.f – Regimento Escolar ..........................................................................................................121 Estrutura Básica do Regimento ...............................................................................................121 Artigo.......................................................................................................................................122 Parágrafos...............................................................................................................................122 Incisos .....................................................................................................................................123 Alíneas ....................................................................................................................................123 Agrupamentos dos artigos.......................................................................................................123 Diferenciação entre a Situação das Escolas Públicas e Privadas............................................123 Elaborando o Regimento em uma Escola Pública ...................................................................125 O Estatuto da Criança e do Adolescente .................................................................................126 Exercícios................................................................................................................................128

AULA 18 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ............................130 V.g – Plano de Disciplinas .......................................................................................................130 Contexto Histórico ...................................................................................................................131 Artigo.......................................................................................................................................131 Funções do Plano de Disciplina...............................................................................................132 Elaborando o plano de disciplinas ...........................................................................................133 Elaboração do Plano de disciplinas .........................................................................................135 Exercícios................................................................................................................................137

AULA 19 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR ....................................138 V.h – Projetos:.........................................................................................................................138 Elaborando Projetos ................................................................................................................138 Estrutura básica do projeto......................................................................................................139 V.i – Estatutos e Representatividade.......................................................................................141 VI – Avaliação do Plano Escolar..............................................................................................143 Exercícios................................................................................................................................144

AULA 20 • REGISTROS DA UNIDADE ESCOLAR .....................................................................145 Livro Histórico e Ocorrências do Estabelecimento...................................................................146 Livro de Bens Patrimoniais ......................................................................................................146 Livro Termo de Visitas de Autoridades ....................................................................................146 Livro de Carga.........................................................................................................................147 Livro de Registro de Processos (extrato).................................................................................147 Livro de Incineração de Documentos.......................................................................................147 Livro de Atas de Reuniões.......................................................................................................148 Livro de Comunicados Internos ...............................................................................................148 Livro de Recortes do Diário Oficial...........................................................................................149

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Livro de Registro de Queixas e Sugestões..............................................................................149 Livro de Ponto .........................................................................................................................149 Livro de Reposição de Aulas ...................................................................................................150 Livro de Controle de Aulas Previstas e Dadas.........................................................................150 Livro de Controle de Dispensa de Educação Física.................................................................151 Expedientes.............................................................................................................................151 Classificação dos expedientes.................................................................................................151 Exercícios................................................................................................................................153 Bibliografia...............................................................................................................................154

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AULA 01 • CONTEXTO HISTÓRICO

Acreditamos que a administração venha acompanhando o desenvolvimento do homem

desde a pré­história, quando os seres humanos resolveram viver em grupo; cada clã muito

provavelmente fosse orientado por um dos seus membros que se destacava pela bravura, pela

força, pela capacidade de resolver situações, ou até mesmo pela confiança depositada nele pelos

demais.

Esses grupos, muitas vezes, dependiam para a sua sobrevivência da união, da sua

organização e do comando eficiente de quem os organizava. Imagine o gigantesco tamanho e a

voracidade de um animal da época sendo, enfrentado por homens, a luta jamais seria ganha,

pelos últimos, se não houvesse uma organização e uma decisão firme e planejada.

Como pudemos perceber, a administração desde aquele tempo já coexistia com o homem

de modo informal, somente se caracterizando como ciência a partir da antiguidade.

Administração é uma ciência, uma arte ou uma técnica?

Hoje, muitos administradores não têm a menor idéia do que seja administração; tratam­na

como uma simples profissão, sem se dar conta de que ela é uma ciência que deve ser respeitada

e estudada como todas as outras. É tão importante que metade dos livros técnicos lançados, no

mundo hoje, está de certa forma ligada à área da administração, tornando­a uma ciência que

desperta o fascínio do homem moderno.

Para dissipar a dúvida, inicialmente devemos entender as definições:

Ciência: tenta explicar o objeto que é real e que existe; a ciência tenta explicar o

conhecimento que busca a explicação das coisas, a realidade.

Arte: não modifica as coisas e objetos, estando relacionada com a maneira de pensar do

indivíduo.

Técnica: meios, normas e procedimentos, que visa a transformar uma coisa ou uma

realidade de algo. Poder­se­ia dizer que a técnica complementa a ciência.

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Alguns autores definem administração de uma maneira mais simples, como Maximiliano:

“administração é o processo de tomar decisões sobre objetivos e utilização de recursos. O

processo administrativo abrange cinco tipos de tomadas de decisões, também chamada

processos ou funções: planejamento, organização, liderança, execução e controle.”

Linha do tempo

A evolução dos processos e métodos de administração tem acompanhado o aumento da

complexidade e desenvolvimento social, e para compreendermos melhor este processo,

traçaremos um breve histórico.

Século XXX a.C. ­ Na Mesopotâmia os Sumérios já realizavam os primeiros registros de

operações comerciais nas quais se destacam as relações de hierarquia (dirigentes e funcionários).

Século XXVIII a.C. ­ Hamurabi, rei dos Amoritas, que formou o império da Babilônia, é

considerado o primeiro legislador, imortalizando­se pelo Código de Hamurabi, um conjunto de leis

que fez o império ser o mais bem administrado do mundo antigo.

Século XIII a.C. ­ Moisés, para organizar o povo hebraico, durante a fuga do Egito,

concebeu os Dez Mandamentos, conforme registro no Livro do Êxodo da Bíblia.

Século XI a.C ­ Salomão, rei de Israel, além de legislador e profeta, e embaixador, foi um

grande administrador dotado de grande senso de justiça; estabeleceu as relações comerciais com

outros países, criando a frota mercante.

Século VI a.C. ­ Sólon foi o idealizador da democracia em Atenas, com a adoção de leis

liberais que protegiam a educação, o comércio, as artes, o esporte e vida, e o progresso.

Platão nasceu em Atenas e além de filósofo, preocupou­se com as artes, a música e a

matemática; escreveu A República, obra em que descreve a organização ideal dos Estados, que,

embora tenha sido considerado utópica, é um marco na história do homem.

Ciência é o conjunto de conhecimentos coordenados relativamente a determinado

objeto.

Arte, conjunto de preceitos para a perfeita execução de qualquer coisa, atividade

criativa, ofício, profissão.

Técnica é o lado material de uma arte ou ciência; conjunto de processos de uma arte;

prática; norma; especialização.

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Aristóteles nasceu na Macedônia, discípulo de Platão. Em Atenas é o fundador da Escola

de Filosofia “Peripatética”, criador da lógica formal, de conceitos matemáticos, físicos, morais,

científicos, biológicos; já defendia o processo de divisão do trabalho.

Século I a.C. – César, Imperador Romano que pretendia forma um império único mundial

influenciado pelas idéias de Alexandre “o grande” (séc. V a.C.), tornou­se o símbolo do

autoritarismo.

Século XVI ­ Francis Bacon é considerado o idealizador da Filosofia Experimental e da

Lógica Moderna. Enunciou princípios como a subordinação dos interesses particulares ao geral,

enfatizando separação do que é acessório do que é principal. Sua obra vai influenciar Fayol.

Século XVII ­ Galileu Galilei foi o primeiro a definir a ciência moderna como ciência

experimental, o que tornaria incompreensível a obra de Descartes e não consolidaria a imagem

administrativa de Taylor.

René Descartes escreveu Discurso do Método, cujos preceitos são imortais, que influenciaram vários princípios administrativos.

Século XVIII ­ Adam Smith escreveu A riqueza das nações, que descreve e exalta o

princípio da divisão do trabalho e a especialização dos trabalhadores e muitos princípios que

serão incorporados pela administração. Foi a época da Revolução Industrial na Inglaterra, em

meados do século.

José da Silva Lisboa (Visconde de Cairu), brasileiro, nascido na Bahia, demonstrou que

não se deve agir impulsivamente, nem em política, nem em economia. Defendia sobretudo a

inteligência, princípio que mais tarde ficou conhecido como racionalização do trabalho.

Augusto Comte, criador da Filosofia Positivista e da Sociologia, evidenciou que o trabalho

mental deve ser intercalado com períodos de descanso, e a teoria da simpatia.

Século XX Frederick W Taylor, um dos principais idealizadores da Teoria científica da

Administração, escreveu em 1903 Shop Management (Administração de Oficinas), e, em 1911, Principles of Scientific Management (Princípios da administração científica), que se baseiam na estrutura formal e nos processos das organizações.

Henry Ford (1853­ 1947) contribuiu para a incrementação da Teoria Científica da

Administração, pois buscava a eficiência de sua fábrica de automóveis.

Max Weber (1864­ 1920), na Alemanha, notabilizou­se pela Teoria das Estruturas de

Autoridade e estudos sobre a burocracia.

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Henri Fayol (1841 – 1925) é considerado o pai da Administração Moderna (Teoria

Clássica). Maior teórico dentro da perspectiva clássica da administração, é autor de Administração

Industrial e Geral (1916).

Elton Mayo (1880 – 1949) Importante incentivador e protagonista da Escola das Relações

Humanas. Foi coordenador da experiência de Hawthorne.

Abraham Harold Maslow (1908 – 1970) Um dos principais articuladores da Escola

Comportamental, deteve seus estudos na motivação. Sua teoria sobre a Hierarquia das

Necessidades estabelece como premissa básica de sua teoria que “a necessidade gera a

motivação”, elaborando a Pirâmide das Necessidades.

A experiência de Hawthorne foi um estudo levado a efeito na fábrica da Western Eletric

Co. em Chicago, responsável pelo descobrimento de muitos comportamentos humanos

e que, amplamente divulgado, produziu tantas interpretações, sofreu duras críticas e ao

mesmo tempo foi muito aceito.

Teoria Comportamental ou Behaviorismo: originou­se na Teoria das Relações Humanas

como uma forma de inter­relacionar as relações humanas e a teoria das organizações.

Essa teoria muito contribuiu com a Administração no sentido de estabelecer maior valor

ao comportamento humano e uma redução dos aspectos normativos das teorias

anteriores.

Pirâmide das necessidades: Trata­se de uma representação gráfica em forma de

pirâmide que possui em sua base as necessidades fisiológicas, sobrevivência (fome,

sede, frio sono etc...); no segundo patamar, as necessidades de segurança (casa,

dinheiro, educação, etc...); no terceiro patamar, as necessidades de reconhecimento

(afeto, estima, aceitação social etc...); e no patamar mais elevado estão as

necessidades de auto­realização que se encontram relacionadas com sistemas éticos,

morais e de fé, é a realização de tarefas pelo prazer ao invés de recompensa material.

O indivíduo somente muda de patamar se estiver satisfeito todas as necessidades do

nível anterior.

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B.F. Skinner elabora a Teoria do Reforço, que propõe que o reforço pode controlar o

comportamento. Se objetivarem a motivação dos funcionários, os administradores precisam

compreender e identificar suas necessidades e levá­los a entender as relações dos

comportamentos e suas conseqüências, visando à adoção de condutas desejáveis. Em suma,

Skinner propõe que através das conseqüências dos comportamentos os elementos serão

motivados a se comportar de formas pré­estabelecidas.

Kaoru Ishigawa propõe company­wide quality control A Toyota aprimora o sistema Ford

de produção de automóveis, ajustando­o às suas necessidades por meio de técnicas como o Just

in Time e Kambam, depois da ida de William E. Deminng ao Japão para ministrar cursos sobre

controle de qualidade.

A.V. Feigenbaum (1961) apresenta nos Estados Unidos à idéia de qualidade total.

Rensis Likert (1903 – 1981) era um pesquisador do comportamento humano dentro das

organizações. Fez estudos sobre liderança, rejeitando a premissa de que o ser humano só se

desenvolve por meio de supervisão; propôs métodos baseados no entendimento, motivação e no

potencial dos indivíduos. É autor de A organização humana, em que estabelece tipos básicos de liderança: autoritário coersitivo, autoritário benevolente, consultivo, e participativo.

Peter F. Drucker (1919) foi o criador da Administração por Objetivos “MBO”

(Management by Objectives); é o maior teórico, e o grande idealizador de Administração na

atualidade.

Just in Time: modelo de Administração que se baseia na elaboração de uma tarefa no

momento certo e usando o mínimo de recurso (nem antes, nem depois).

Kambam: sistema de controle de produção em que se utilizam cartões que indicam

quando um produto deve ser entregue ou produzido.

Princípio ou técnica de administração que consiste em definir de modo democrático os

resultados esperados do ocupante de um cargo ou de uma divisão, controlando os

resultados efetivos sem interferir na rotina do cargo ou da divisão.

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Considerações finais

De modo sucinto, pudemos observar que a preocupação da Administração deixou de ter o

enfoque somente na produção (lucro), para se interessar mais pelas relações humanas que se

estabelecem nas relações organizações­funcionários.

No início do século XX, a grande preocupação era com o lucro; as linhas de montagens

instaladas visavam à produção em série, e os indivíduos eram submetidos a trabalhos repetitivos

(especialização na atividade, visando a maior produtividade); cada elemento da linha se alienava

e desconhecia o valor do seu trabalho; a velocidade da produção era determinada pelo setor

administrativo segundo suas necessidades; o indivíduo tinha que se adaptar à tarefa, e na maioria

das vezes não podia se manifestar quanto ao modo de sua execução. Naquele momento havia

uma hierarquia exagerada entre quem comandava e quem produzia. “Quem pode manda, quem

tem juízo obedece” ou “Faça o que eu mando e não faça o que eu faço” eram preceitos

considerados válidos. Uma grande crítica a esse sistema você pode verificar assistindo ao filme

“Tempos Modernos”, de 1930, por Charles Chaplin.

A partir de meados do século XX, logo após a segunda guerra mundial, o modelo de

administração adotado pelo oriente (Japão) influenciou o ocidente, passando a ter uma

preocupação maior com o ser humano e suas relações. Isto porque com o desenvolvimento de

ciências humanas, como a psicologia, sociologia, filosofia, etc., a Administração incorporou estes

conceitos se voltando mais para as necessidades humanas, e a produtividade passa a ser apenas

uma conseqüência da realização e da participação do homem no processo de gestão.

Exercícios

1. “Administrar” tem como significado mais completo: a) organizar pessoas e recursos. b) estabelecer relações entre a produção e as linhas de comando de uma organização. c) considerar a natureza do trabalho aliada ao potencial de cada elemento integrante do

processo. d) organizar a cadeia produtiva levando em consideração as potencialidades e as opiniões de

cada elemento integrante do processo. e) todas as alternativas estão corretas.

2. Qual das situações abaixo melhor pode exemplificar a situação do homem no modelo administrativo atual? a) Excessiva especialização na tarefa realizada – alienação. b) Falta de percepção sobre a importância da tarefa no processo produtivo – nivelamento.

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c) Participação ativa no processo decisório – administração democrática. d) Excessiva hierarquização do processo e adaptação do homem à tarefa – condicionamento. e) A velocidade na produção da tarefa era determinada pela administração central – produção.

Respostas dos Exercícios

1. “Administrar” tem como significado mais completo: RESPOSTA CORRETA: E

2. Qual das situações abaixo melhor pode exemplificar a situação do homem no modelo administrativo atual? RESPOSTA CORRETA: E

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AULA 02 • A COMPLEXIDADE DA ADMINISTRAÇÃO

Existe uma relação diretamente proporcional envolvendo a administração e o número de

elementos envolvidos no processo. À medida que aumentam os recursos a ser administrados,

aumenta a complexidade do processo de administrar; um setor que possui 5 funcionários é menos

complexo de se administrar do um que apresente 35 funcionários, pois a quantidade de conflitos

gerados no primeiro grupo é menor.

Podemos administrar nossas vidas, o que já envolve uma quantidade de situações

razoáveis, ou podemos administrar instituições, cidades, estados, países ou até administrarmos

aspectos sociais, religiosos, políticos do planeta. À medida que o número de envolvidos aumenta,

as dificuldades do processo também aumentam. Em se tratando da administração de escola,

perceba os segmentos envolvidos (pais, professores, alunos, funcionários em geral, etc.) e as

inter­relações que se estabelecem entre cada grupo tornando o trabalho muito mais complexo.

A formação de bando ou equipe

• Bando: conjunto de indivíduos que executam a mesma tarefa, porém apresentam

objetivos individuais. Exemplo: pescadores sentados na beira do rio, todos realizam a

mesma tarefa, pescar. Porém cada um tem um objetivo diferente, ou seja, pescar maior

quantidade ou pescar o maior peixe, etc.

• Equipe: conjunto de indivíduos que realizam a mesma tarefa ou tarefas complementares

que apresentam objetivos comuns e que colaboram com ações ou com idéias para

melhorar a atividade, tornando­a menos árdua e mais eficiente. Ex: remadores de

competição – todos têm como objetivo percorrer uma determinada distância em menor

tempo, e facilitar a tarefa do companheiro.

A transformação de um bando em uma equipe

Na atualidade, o trabalho do administrador em geral se torna menos árduo, mais

prazeroso, e mais eficiente, quando entre os elementos do grupo se instala o espírito de equipe,

em que todos têm claros os objetivos do grupo, todos interagem, opinando de forma competente

sobre a melhor forma de desencadeamento do processo, uma vez que várias cabeças pensando

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o processo como um todo conseguem buscar meios mais eficientes para a consecução dos

objetivos comuns. Nesse processo, a administração, a liderança deve ser flutuante, ou seja, deve

estar com quem está tendo um “ insight criativo” , que com a contribuição dos outros elementos da equipe fazem o processo mais criativo e, portanto, mais eficaz.

O processo de passagem de um bando em uma equipe requer do administrador

habilidades e competências, de forma a provocar mudanças tanto em nível pessoal como em nível

profissional em cada elemento integrante do grupo.

Formação de equipes

O ser humano forma equipes por causa dos seguintes fatores:

a) Necessidade: de estar perto de seu semelhante, uma vez que o homem é um ser

extremamente social. Ex. sobrevivência, afeto, status, etc.

b) Desejo: de dividir com o semelhante. Ex. proximidade, segurança, crenças e valores.

c) Desafios: capacidade de desafiar e ser desafiado. Ex: superar dificuldades e limites.

Fatores sócio­afetivos de coesão das equipes

Os fatores sócio­afetivos que mantêm a união muito consistente dos membros de uma

equipe são:

1) Presença de um objetivo comum perceptível a todos os membros.

2) A percepção de se poder levar a cabo uma tarefa numa ação conjunta.

3) O sentimento forte de pertencer, ou, seja, ser integrante de fato da equipe.

Etapas de desenvolvimento das equipes

As etapas de desenvolvimento das equipes estão compostas pelas seguintes fases:

a) Testagem ou dependência

Insight criativo lampejo de genialidade, discernimento intelectual, perspicácia.

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Os elementos se encontram separados, os processos grupais são ignorados, existem

tentativas para assumir a liderança por parte dos elementos mais ativos, e os elementos mais

introvertidos simulam aceitação da situação.

b) Adaptação ou separação

Os membros menos ativos tentam participar ativamente, formando sub­grupos; surgem

resistências e aparentes lideranças; as decisões tomadas sempre são fragmentadas, e os

impasses são solucionados de forma aparentemente consensual, criando as falsas unanimidades.

c) Conflito ou antidependência

No relacionamento, os elementos se tratam com hostilidades; instala­se uma disputa pelo

poder e de posições dentro do processo, existe a dominação da fala, e pouco se ouve o que o

outro pode contribuir; mais agressão do que solução; é a fase mais exaustiva.

d) Diferenciação ou independência

É uma fase mais tranqüila, em que existem mais possibilidades de acordos, mais

disponibilidade, para ouvir e aceitar o outro, portanto mais abertura.

e) Cooperação ou interdependência

É a fase da discussão mais aberta, em que as divergências são resolvidas; instala­se a

cooperação e a solidariedade entre os elementos; existem clareza dos objetivos, as decisões

passam ser consensuais; as diferenças individuais são aceitas, e a liderança passa a ser

flutuante.

Somente se desenvolve e muda de fase o grupo que tiver maturidade para solucionar

satisfatoriamente todos os impasses da fase anterior; se isto não ocorrer, o grupo fica preso na

fase e acaba por desintegrar­se, partindo para o trabalho individual, ou então seus elementos se

frustram.

Quanto mais maturidade os elementos do grupo demonstrarem, mais rápida se dá a

passagem por cada uma das fases e menos doloroso se torna o processo.

Maneiras simples de transformar bando em equipe

Existe uma maneira simples de transformar um bando em uma equipe. Para isto é

necessário que o administrador tenha uma preocupação em produzir um ambiente de trabalho

com os seguintes requisitos:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

1) Conteúdo: onde todos dominem com clareza o(s) objetivo(s) comum(ns)

2) Estrutura: onde haja uma divisão real de tarefas (sem clientelismo)

3) Processo: onde exista um relacionamento favorável ao desenvolvimento de todos

Organização de equipes

Segundo Peter Drucker, as equipes podem se organizar de modos diferentes, segundo

suas naturezas:

1) Cada membro possui uma atividade definida, não existindo a possibilidade de ajuda

mútua, sendo obrigatória a presença do líder ao qual os membros estabelecem

obediência. Ex. Time de Beisebol.

2) Assemelha­se a um time de futebol, com alternância de posições, existido a

possibilidade de ajuda mútua; todos desempenham da melhor forma seus papéis,

existindo a necessidade de um líder para organizar. Ex. Orquestra sinfônica.

3) O trabalho é desenvolvido com o máximo aproveitamento das potencialidades

individuais; as fraquezas são minimizadas e a liderança passa a ser exercida de acordo

com as atribuições de cada um (liderança flutuante), não existindo a necessidade de

um líder; incentivo à criação. Ex. Banda de Jazz.

Características das Equipes

Algumas características podem ser observadas em equipes competentes, entre elas:

a) As maneiras pelas quais as pessoas se relacionam: se o relacionamento entre os

integrantes é aberto, sincero, sem constrangimento, visando a interesses comuns,

melhor e mais competente é a equipe; ao contrário, quando os interesses individuais se

sobrepõem aos interesses comuns, negamos a existência de uma equipe.

b) A forma como é exercida a liderança: se a liderança é autoritária, este fator impede a

instalação de uma equipe; porém se esta se consolida de forma participativa,

democrática, a formação da equipe ocorre de modo natural.

c) A história e a influência do meio ambiente: todo grupo tem uma história e o modo

como esta se constrói pode facilitar ou dificultar a formação da equipe. Se a formação

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

se realizou dentro de um contexto de maturidade e profissionalismo e não teve

influências nefastas do ambiente externo, a construção se dá de maneira muito mais

rápida do que se existe um histórico do grupo não muito favorável.

d) A ideologia comum aos membros: um dos fatores que contribuem para a formação de

uma equipe competente é a presença de uma ideologia profissional comum; isto não

significa que todos devem ter o mesmo modo de pensar em todos os aspectos, mas

que saibam separar aspectos pessoais dos aspectos profissionais e que saibam

sobretudo aceitar diferentes ideologias.

e) Se há entre os membros o sentimento de pertencer: quando as pessoas se sentem

acolhidas, respeitadas e sobretudo são ouvidas atentamente pelos membros

integrantes de uma equipe, nelas se estabelece o sentimento de pertencer, o que torna

o ambiente mais favorável ao desenvolvimento da criatividade.

f) Se a missão a ser atingida é clara a todos: Se todos os elementos integrantes da

equipe têm claros os objetivos e metas que o grupo se propôs a atingir, é mais fácil

envolver a todos no espírito de equipe.

g) A forma de desenvolvimento das tarefas: Se de fato existe uma divisão igualitária das

tarefas ou se a divisão delas obedece às habilidades individuais mais significativas dos

membros.

h) O nível de formalidades nos procedimentos e regras: Se há excessiva formalidade

nos procedimentos e muitas regras a serem cumpridas, estes fatos dificultam a

formação de equipes; ao contrário, se as formalidades e as regras se estabelecem de

modo natural, por meio de acordos entre os membros integrantes, a eficiência da

equipe é maior.

Considerações finais

O conteúdo da aula demonstra a importância da formação de equipe no contexto da

administração geral; em se tratando de ambiente escolar é ainda mais propício para favorecer

tanto o papel do gestor como da comunidade sua beneficiária, pois, ao se estabelecer em todos

os docentes uma preocupação com objetivos comuns que auxiliem o desenvolvimento dos

educandos, a tarefa educativa é executada com mais eficiência e de um modo mais ou menos

homogêneo, pelo conjunto de professores, pois educação é um trabalho coletivo.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Certamente, à medida que os esforços dos docentes se canalizam para um aspecto

comum, os educandos se apropriam mais facilmente dos conhecimentos, se tornam mais críticos

e reflexivos, fazendo com que o trabalho do magistério seja diminuído; em compensação, a escola

apresenta uma qualidade de ensino mais favorável.

Nesta aula foram discutidos também aspectos que favorecem a formação de equipes, o

que é muito incomum encontrarmos na figura do administrador de escola pública e até mesmo em

escolas privadas. No momento em que os gestores escolares atentarem para a necessidade de

formação de equipes escolares compostas de todos os integrantes, seu trabalho será no sentido

envolver a comunidade (pais e alunos) para um trabalho integrado, pois, segundo a Constituição

da República Federativa do Brasil, art. 205, “a educação é direito de todos e dever do Estado e da

família, e será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade.” (grifo nosso). Hoje

deparamos com escolas que na sua grande maioria realizam um trabalho solitário, com a

ausência completa da família (v. LDBEN).

A formação de verdadeiras equipes escolares envolvendo professores, diretor,

coordenadores, funcionários em geral, etc., dará ao diretor a possibilidade de mostrar aos pais a

verdadeira missão da escola e a importância de seu papel na vida dos futuros cidadãos.

Exercícios

1. Assinale a alternativa falsa. a) Para se formar equipes competentes não é necessário levar todos os integrantes a ter

domínios dos objetivos a que ela se propõe, basta que alguns membros da equipe saibam os objetivos.

b) Para se formar equipes eficientes é necessário estabelecer um ambiente que propicie um bom relacionamento, e, especialmente nos integrantes, sentimento de pertencer.

c) Para se estabelecer uma equipe eficiente a liderança deve ser democrática e permitir que ela se faça de maneira flutuante.

d) Para se estabelecer uma equipe com mais facilidade devem­se dividir as tarefas de modo eqüitativo (sem clientelismos) e de acordo com as habilidades de cada membro.

2. A escola no trabalho educativo deve contar com: a) a integração da família.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ­ Lei 9394/96 art. 2º “A educação,

dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de

solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu

preparo para o exercício da cidadania, e sua qualificação para o trabalho.”(grifo nosso).

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

b) o financiamento do Estado. c) o trabalho coletivo e integrado de toda a comunidade escolar. d) empenho de todos os segmentos enumerados nas alternativas anteriores. e) o empenho por parte dos estudantes.

Respostas dos Exercícios

1. Assinale a alternativa falsa. RESPOSTA CORRETA: A

2. A escola no trabalho educativo deve contar com: RESPOSTA CORRETA: D

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 03 • LIDERANÇA

Liderança como processo de responsabilidade

Requer do líder as seguintes competências:

a) Conhecimento profundo da natureza da tarefa

b) Experiência na execução da tarefa

c) Ter habilidades políticas no momento de estabelecer tarefas

d) Cooptar parcerias no sentido de facilitar a execução das tarefas

Liderança como fenômeno de relacionamento pessoal e interpessoal

Demanda do indivíduo os seguintes atributos:

a) credibilidade pessoal especialmente entre seus colaboradores;

b) carisma, qualidade especial de liderança;

c) empatia, sentimento de identificação dom seus colaboradores;

d) grande energia interior, deve ser sempre o fomentador de mudanças no grupo;

e) estar sempre disposto a propor desafios ao grupo;

f) ter um comportamento que favoreça a mobilização de talentos;

e) uma postura que auxilie os membros do grupo a vencer os obstáculos e acreditar que

são capazes.

Segundo Drucker, liderança pode ser definida como um estar e não um ser; um papel e

não um posto; uma circunstância e não um cargo; uma responsabilidade e não uma

responsabilidade; é na verdade um serviço prestado a uma equipe.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Liderança como processo de flexibilidade

Saber ser flexível nos momentos que a situação requer. Líder é aquele que convive com as

incertezas de um mundo mutante e capaz de encontrar saídas para situações novas, utilizando a

técnica do convencimento das pessoas em relação às tarefas, pois sabe que as pessoas cada vez

menos aceitam ordens sem discuti­las.

Habilidades de um Líder

1) Exercer a autoridade, uma vez que os colaboradores estarão sempre colocando­a em

prova, sem no entanto deixar­se descambar para o autoritarismo.

2) Manter o equilíbrio entre ações enérgicas e as práticas da negociação (habilidades

políticas).

Definições de Líder

Segundo vários autores da atualidade, líder pode receber as seguintes definições.

Peter Drucker

A liderança deve mudar segundo as circunstâncias (liderança flutuante), ou seja, estar com

quem se encontra tendo um momento de inspiração quanto à realização da tarefa. Ao invés de ser

um posto, ser uma atribuição. A administração do futuro, na sociedade da informação, terá como

pressuposto básico o conhecimento e não mais o maior capital, nem os recursos naturais nem a

mão­de­obra. Ainda em seu livro Sociedade pós­capitalista (1993), mostra diferentes tipos de equipes e as diferentes formas de liderá­las.

John Phillip Kotler

A diferença entre o líder e as outras pessoas é que umas nascem líderes, e outras,

qualquer que seja seu capital cultural inicial, continuam se desenvolvendo, ampliando o seu

conhecimento ano após ano ao longo de décadas.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Para ser líder:

1) É preciso cultivar hábitos muito simples, como:

• estar sempre disposto a ouvir os outros

• sair do conforto, encarando mudanças

• ter a mente aberta e acompanhar a evolução dos processos

• não ser arrogante, nem prepotente

• acreditar que a cada dia pode se aperfeiçoar (ser melhor)

2) É preciso ter as seguintes aptidões:

• ter uma visão sobre diversos assuntos, e expor com propriedade

• ser dinâmico, estar sempre disposto a mudar para melhor

• expressar­se bem de forma articulada, nunca deixando dúvidas quanto à fala

• ter entusiasmo e paixão pelo que faz e acreditar que faz com qualidade

• torcer pela prosperidade da organização, pois, uma vez a organização crescendo, ele

também terá o crescimento pessoal e profissional

• visar metas estabelecidas em grupo

John Kao

Para ser líder é imprescindível:

• ser um facilitador na execução da tarefa;

• ser um especialista em pessoas;

• incentivar os processos de criatividade;

• auxiliar as pessoas na superação de seus limites;

• amar o que faz.

O segredo da liderança é equilibrar a ousadia e a disciplina de uma banda de jazz.

Willian Pollard

Líder é aquele que:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

• se dedica aos outros;

• serve aos colaboradores;

• ajuda os colaboradores a alcançar o sucesso.

Jack Welch

Líder é aquele que:

• não gerencia pessoas (gerente é sinônimo de características negativas associadas aos chefes, como controle, repressão e falta de comunicação);

• não é detalhista, pois precisam ter uma visão abrangente (selecione profissionais e deixe

que eles façam seu trabalho)

Liderar é criar uma visão nova e fazer com que as pessoas se apaixonem por ela e que

mal esperem para transformá­la em realidade.

Crie uma visão e motive os outros a realizá­la.

Características gerais do líder

Líder é aquele que:

• trabalha sempre com a porta aberta, não escondendo sua atuação e suas ações de

qualquer liderado; sempre com uma administração clara e transparente;

• nem sempre é possuidor de melhores condições financeiras, não o detentor do melhor

salário, mas o elemento disposto a se arriscar mais que os outros, realizando trabalho

que muitos não se encorajam a realizar;

• não é o que se promove, mas promove os outros com o espírito de servir, pois sabe que

quando sua equipe cresce ele também cresce;

• não é simplesmente o administrador, mas essencialmente o criador, aquele que dispõe

de idéias criativas em muitas oportunidades;

• não é o que manda os outros fazer o que ele próprio não está disposto a fazer, mas que

auxilia nas tarefas mais complexas;

• não é apenas o espectador ou o detentor do cargo, mas aquele que trabalha junto;

• não é quem está sempre desconfiando dos colaboradores, mas aquele que está sempre

pronto a ser surpreendido pelo potencial deles.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Tipos de Liderança

Os processos de liderança podem ser classificados em:

a) Liderança Responsável (hierárquica)

É a que é exercida por alguém que muitas vezes, mesmo sem ter os atributos de líder, foi

efetivado no cargo por determinação superior.

b) Liderança Efetiva

Mesmo sem ocupar oficialmente o cargo de líder, ele se sobrepõe a aquele que o detém. É

um líder oficioso.

c) Liderança Carismática (pessoal)

É aquela que é exercida por alguém que detém oficialmente o cargo, e que goza da

admiração dos liderados por apresentar os atributos do verdadeiro líder.

O trabalho em equipe hoje é condição vital para as instituições, e exige que os líderes

tenham personalidade forte e sejam capazes de desenvolver habilidades políticas e estabelecer

parcerias. As velhas soluções para novos problemas contaminam as decisões criativas das

pessoas, não sendo muito raros “líderes primazes” apresentarem decisões arcaicas.

Durante muito tempo no ocidente, os altos executivos das empresas foram treinados para

tomar atitudes individualistas, ser impacientes e desconfiados, que são atributos que só servem

para complicar o trabalho. Segundo Andy Grove, “nesse sistema somente os paranóicos

sobreviviam”.

Na atualidade, o debate está voltado à participação efetiva dos funcionários nas decisões

importantes, desde que sejam observados os seguintes aspectos:

a) a sobrevivência e o crescimento das organizações dependem da capacidade criativa e

flexível do grupo e de inventar formas mais interessantes de lidar com velhos

problemas.

b) o trabalho em equipe vem se tornando uma necessidade cada vez mais imperiosa num

mundo cada vez mais complexo e competitivo.

c) Liderar é lidar com pessoas obtendo o máximo comprometimento e a criatividade num

clima de abertura em que se possa atuar sem medo. Para que isso possa ocorrer, é

imprescindível que se pratique a comunicação de forma clara e plena.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

• Comunicar é estabelecer algo em comum, um estímulo que provoca reações que podem

ser corporais, gestuais, verbais, visuais, explícitas ou mesmo tênues.

Às vezes fica difícil estabelecer um significado comum a uma comunicação. Este fato

perpassa pelo desinteresse das pessoas em determinados assuntos.

Para desenvolver equipes eficazes, é necessário que o líder saiba trabalhar em equipe,

pois mais do que uma ciência, é uma arte que demanda como requisito essencial competência

nas relações interpessoais

Atitudes básicas de um líder

Para desenvolver um trabalho em equipe, o líder deve exibir atitudes básicas como:

a) Acolher – é mais do que receber; é proteger, amparar, estimular, é fazer as pessoas

estar em conforto sem medo de expressar suas idéias; é ter a mesma relevância que os

demais membros da equipe.

b) Confiar – é crer no potencial que os indivíduos têm de desenvolver competências,

habilidades e criatividade. É uma atitude difícil de se conseguir na equipe, porém a mais

importante no sentido de promover a segurança dos integrantes.

c) Exigir – não é ser autocrático nem tampouco arrogante ou prepotente, embora seja

comum certa confusão ligada a habilidade ou dificuldade pessoal. Exigir é estabelecer

limites, é ser firme nos posicionamentos, é não admitir repetição de erros quando o

elemento foi suficientemente esclarecido sobre a execução da tarefa, é ser rigoroso,

exigente, impedindo que as tarefas não sejam divididas eqüitativamente, de modo que

uns poucos trabalhem e outros se acomodem.

d) Dialogar – é dar atenção, é escutar e fazer ser escutado, é questionar, é se preocupar

com o outro, é dividir problemas, é ter uma atitude verdadeira, sem mentiras, sempre no

intuito de ajudar; sem este tipo de atitude não se estabelece a confiabilidade, e portanto

não se consolida o espírito de equipe.

e) Compartilhar – é dividir sucessos e reveses, é saber se posicionar no lugar do outro, é

ter a capacidade de demonstrar fraquezas, é ser sensível aos sentimentos e

pensamentos dos outros, respeitando­os e os compreendendo; é reconhecer

sentimentos e expressá­los nos momentos adequados, é ser solidário com os

problemas do outro.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Recomendações práticas

a) Procure conhecer­se o mais possível, assim você poderá prever suas reações;

b) Mantenha uma participação equilibrada no grupo, sempre sendo o mais imparcial

possível.

c) Aprenda a ouvir, lembre­se que ser um bom ouvinte é uma virtude atualmente.

d) Seja humilde e aprenda a dizer não sei, você não tem a obrigação de ser o detentor de todo o conhecimento produzido pela humanidade.

e) Suas ações sempre devem ser permeadas de muita responsabilidade.

f) Em caso de premência, tenha coragem, tome as decisões que não lhe competem.

g) Aprenda a valorizar as virtudes dos outros e expresse seu reconhecimento.

h) Cuide­se e estimule os outros para uma qualidade de vida cada vez melhor.

Exercícios

1. Para ser um líder, não podemos: a) ser arrogantes, prepotentes e autoritários. b) deixar de ouvir os outros e também de nos fazer ouvir. c) de furtarmos de uma participação direta nas tarefas com a equipe. d) permitir que o espírito inovador e criativo se manifeste em todos os membros.

2. Para que entre os membros da equipe se sintam seguros e com condições de se manifestar livremente, o líder deve: a) coibir manifestações criativas. b) sempre se comunicar usando palavras não articuladas. c) confiar, sempre reconhecendo as virtudes dos membros da equipe. d) sempre decidir pelos outros. e) acatar sempre as decisões superiores e repassá­las para os subalternos.

Respostas dos Exercícios

1. Para ser um líder, não podemos: RESPOSTA CORRETA: D

2. Para que entre os membros da equipe se sintam seguros e com condições de se manifestar livremente, o líder deve: RESPOSTA CORRETA: C

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 04 • OS DESAFIOS DA ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Contexto histórico

A escola surge de uma necessidade social de se preservar e se disseminar o

conhecimento acumulado pela sociedade e tornar mais capazes as gerações que se sucediam;

além disso, busca saciar a necessidade e a curiosidade que o homem tem de dominar o saber.

Inicialmente, as relações aconteciam entre quem detinha o saber e os jovens e adultos que

procuravam ilustrar­se com os ensinamentos dos mestres. Um exemplo típico é a figura de Cristo

e seus Apóstolos, que o seguiam e eram ensinados através de situações do cotidiano.

Em algum momento, a sociedade resolveu agrupar esses mestres em um ambiente único

(a escola); a partir desse momento surgem novas necessidades de organização, o trabalho se

torna mais específico, as relações entre alunos e professores se tornam mais complexas, a

própria necessidade foi gerando outras ocupações dentro do processo de ensino.

O surgimento do ensino primário no Município de São Paulo se deu em meados da década

de 50, quando o então Departamento de Ensino Municipal cria as Escolas Isoladas Municipais

que constituiriam mais tarde as Escolas Agrupadas Municipais (galpões de madeira), que se

transformaram na atual rede Municipal de Educação. Esse ensino afeta a Secretaria Municipal de

Educação de São Paulo, que organiza Centros de Educação Infantil (CEI) (antigas creches),

Escolas Municipais de Educação Infantil (EMEI) (antigos parques infantis), Escolas Municipais de

Ensino Fundamental (EMEF), Escolas Municipais de Educação Fundamental e Médio (EMEFEM),

e outras modalidades que atendem à educação especial (deficientes auditivos), educação de

jovens e adultos, ensino profissionalizante, etc.

A figura do Diretor tem suas origens na rede estadual, em 1894, no Grupo Escolar, quando

o agrupamento de salas e professores gera a necessidade de coordenar o trabalho e obviamente

um docente assume tal tarefa, no momento em que as tarefas da escola se tornam mais

complexas. Eles eram nomeados pelo Governador do Estado em cargos de comissão ou de livre

escolha entre docentes primários (normalistas) que possuíssem pelo menos dois anos de

docência. Na mesma época, surge o regimento escolar que por quase 8 décadas mantém o

mesmo tipo de escola.

Muito embora a função tenha sido criada no final do século XIX, a formação específica do

especialista para exercer tal função somente teve sua consolidação em 1920, quando uma

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

reforma de ensino criou a Faculdade de Educação, que tinha como missão formar o professor

primário para administrar escolas; em 1931 o ensino normal assume a tarefa de formar

especialistas (inspetores, delegados e os próprios diretores); somente em 1938 essa formação se

dá a nível superior, com a instalação de cursos de Pedagogia na Universidade de São Paulo

(USP).

Valmir Chagas (1982) faz a comparação da figura do diretor da época e o atual: “o diretor

de pequenas escolas, um educador severo e humano, hoje um executivo frio e impessoal. Antes

um líder amado ou um chefe respeitado ou mesmo temido, mas que existia, faz­se, hoje, um mito

que já ninguém conhece”.

A importância do trabalho do diretor

Embora sejam feitas muitas críticas à figura do diretor atual, deve­se reconhecer a

importância e a necessidade do cargo, o trabalho de coordenação e liderança do grupo, os

trabalhos burocráticos, diretrizes pedagógicas, a qualidade de ensino, o atendimento da

comunidade escolar, a representação da escola, a manutenção da ordem, da limpeza, do espaço

físico, e até mais recentemente sua ampliação, e ainda, como ponte de ligação entre o poder

central e a clientela.

As diretrizes pedagógicas, a manutenção da qualidade de ensino, a preocupação com o

aprendizado do aluno devem se constituir em prioridades para o trabalho de gestão, e jamais as

tarefas burocráticas devem se sobrepor às primeiras, uma vez que o aluno deve ser a figura

principal da escola, pois esta não existe sem a existência do aluno.

Nesse aspecto, cabe ao diretor criar condições para que o trabalho em geral, realizado na

escola, apresente uma eficiência e que o maior beneficiário dela seja o aluno. O papel do diretor

encontra­se dentro da organização da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo em nível

de execução e muitas vezes este trabalho é prejudicado por causa da estrutura daquele órgão,

uma vez que não há um diálogo sistemático entre os níveis de execução e os decisórios, o que

provoca uma sensível dicotomia entre o que se decide e o que efetivamente se pratica. Por outro

lado o, feedback (o retorno) das medidas adotadas mascara a verdadeira situação verificada no cotidiano da escola. Um exemplo é a escola da família.

A Secretaria de Educação do Estado não modernizou os seus processos administrativos e,

como em todo órgão público, as decisões são sempre muito morosas, burocratizadas,

centralizadas, hierarquizadas e muitas vezes fora do contexto.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A maior parcela do processo decisório fica com os órgãos centrais (gabinete do secretário,

coordenadorias e departamentos); o nível intermediário da estrutura (diretoria de ensino) fica

apenas como órgão de ligação entre o nível decisório e o de execução (escola), para a qual resta

apenas o aspecto operativo.

Nesse cenário, encontramos uma escola que tem assumido tarefas que se tornam mais

complexas e mais diversificadas, ampliando assim o espectro de sua atuação; uma legislação (Lei

9394/96) que propõe a autonomia para a escola mas é tutelada pelo poder público não lhe dá

condições para criar alternativas para sair da crise que vivemos hoje na educação brasileira.

Motivos da crise educacional

Analisando profundamente as origens dessa crise no ensino paulista e do país, iremos

perceber que os principais motivos encontram entre esses a seguir:

• Pressões políticas sofridas pelo governo federal, sugeridas por organismos externos

(Banco Mundial, BIRD, FMI), que prescrevem que o país não pode desperdiçar recursos

com educação que acabam tendo reflexos na educação do estado.

• O investimento de recursos financeiros para educação pelas autoridades. Os recursos

são insuficientes e muito mal­aplicados, sem contar os desvios.

• A própria vontade política dos governantes, que enfraquecem o papel da escola para que

ela não cumpra seu dever, dotando de cultura, criticidade e reflexividade, e espírito de

cidadania os jovens, temendo a reação deles em relação aos desmandos e à corrupção

que se instalou no país.

• Também o aperfeiçoamento da educação não interessa à classe dominante, pois se a

escola cumprir realmente o que está colocado na legislação art. 206 da C.F., “o pleno

desenvolvimento da pessoa, o seu preparo para exercício da cidadania, e sua

qualificação para o trabalho” seriam condições necessárias para que os jovens não

ingressassem no mercado de trabalho com salários tão aviltados.

• Parâmetros encontrados pelos jovens no ambiente social que tiram a motivação para o

estudo e não demonstram a utilidade da educação. Ex.: os altos salários conseguidos

pelos jogadores de futebol, em comparação com os “baixos salários” percebidos pelos

professores.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

• Com a adoção do processo de promoção continuada, não geramos no jovem qualquer

tipo de necessidade, o que retirou deles a questão dos desafios (“a necessidade gera a

motivação”, conforme Maslow (1943)). Sabendo antecipadamente de sua promoção,

deixam de se motivar a estudar.

• No abandono dos pais em relação às atividades em geral dos filhos e com relação aos

trabalhos efetivados no ambiente escolar, muito mais preocupados com o fator

subsistência.

Todos estes fatores somados a alguns de menor destaque contribuem para tornar ainda

mais complexo o trabalho do gestor escolar.

O nível de satisfação dos diretores

Santos (2002) e Vianna (1995: 34), em pesquisa realizada em 43 escolas públicas e

privadas da região do ABC paulista, discutem e analisam a insatisfação dos diretores de escola

diante das atividades que precisam desenvolver.

A pesquisa revelou que:

a) o descontentamento e a sensação de impotência e inutilidade diante do fracasso da

escola têm sido o verdadeiro motivo da insatisfação da grande maioria dos diretores;

b) o descontentamento é maior entre os diretores que se limitam ao trabalho burocrático e

de representação da escola;

c) uma postura transformacional transferível para o trabalho na escola, desenvolvendo

ações coletivas e organizadas, diminui o nível de angústia e frustração;

d) o desenvolvimento de uma gestão participativa não só diminui significativamente o grau

de insatisfação, como também promove a realização pessoal e profissional no trabalho;

e) não houve registro muito diferenciado em relação aos diretores de escolas particulares,

exceto quando eram donos da escola ou participavam significativamente dos lucros.

A pesquisa sugere que as escolas possam ser gerenciadas por colegiados e atuem como

recursos de contra­ideologia, conscientizando para uma ação coletiva e organizada.

Segundo as conclusões da pesquisa, é necessário:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

1) Efetivar a gestão participativa nas escolas, envolvendo todas as pessoas no

planejamento das atividades, nos aspectos administrativos, pedagógicos, políticos e

éticos;

2) Resolver a insatisfação dos diretores de escola devida à sensação de impotência e

inutilidade diante do fracasso da escola em educar as novas gerações;

3) Conscientizar a todos de que somente a prática participativa e democrática pode

provocar mudanças significativas e benéficas para a escola.

Insatisfeitos com o modelo tecno­burocrático, muitos pesquisadores propõem um novo

modelo de formação do professor e do administrador educacional. Suas propostas consideram

que a escola é um organismo vivo e que a crise da educação está relacionada à demanda de

reorganização do Estado. Valorizam a formação do educador comprometido com a comunidade e

não com a burocracia escolar, o papel do administrador, sua experiência docente, a escolha

democrática e a autonomia das instituições educacionais.

Pressuposto de qualidade na escola

Para a realização de um trabalho de qualidade na escola, não somente o gestor, mas

todos os envolvidos com o trabalho educacional devem atentar para alguns fatores:

1) Como visto na aula sobre liderança, o diretor deve estar sempre participando do

processo integrado às atividades, reavivando e exigindo o cumprimento das metas

levantadas pelo coletivo na proposta pedagógica.

2) Permitir e incentivar a participação dos membros de sua equipe em simpósios, eventos,

cursos, aperfeiçoamentos, etc. e que as questões relevantes neles levantadas sejam

disseminadas e discutidas, alvo de estudo do grupo para a melhoria do trabalho

pedagógico (educação continuada de fato).

3) Que todo o trabalho pedagógico desenvolvido pela escola esteja direcionado para a

melhoria da qualidade de ensino, cujo ponto de partida se concentrará nas reais

necessidades, nos anseios e na realidade da comunidade sua beneficiária.

4) Que a gestão participativa seja a tônica de todos os trabalhos desenvolvidos no interior

do ambiente escolar (democrática) e que as decisões relevantes sejam tomadas de

comum acordo com a comunidade escolar.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

5) Que base de todos os trabalhos executados na escola seja o Projeto Pedagógico e que

este seja fruto do consenso de todos os integrantes da comunidade escolar.

6) Que seja formada uma equipe de docentes coesa, que possua os mesmos objetivos, e

que todos os demais segmentos da escola (burocrático, supervisão, direção,

operacional, serviços técnicos, etc.) contribuam para o aperfeiçoamento do processo

pedagógico.

O trabalho do diretor

A atividade do gestor da escola deve basear­se nas teorias de liderança e administração,

vistas nas aulas anteriores, mas principalmente com a preocupação de:

a) uma administração transparente, em que todos possam participar, sem medo, opinar

sobre diferentes assuntos, e que cada membro cultive o sentimento de pertencer.

b) que a escola apresente um processo de liderança flutuante,na qual o líder é aquele que

está tendo “um insight criativo”, trazendo contribuições significativa para o grupo.

c) que as relações interpessoais sistematicamente se realizem num ambiente de respeito,

colaboração, afetividade e profissionalismo.

d) que a tônica do trabalho esteja voltada para objetivos comuns, e que em conjunto se

discutam os melhores caminhos para alcançá­los.

e) que seja sempre incentivado o crescimento pessoal e profissional dos membros.

f) que o ambiente de trabalho seja amistoso, alegre, solidário e motivador, e que cada um

dos membros execute suas tarefas da melhor forma possível.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Exercícios

1. Segundo a pesquisa realizada em 43 escolas públicas e privadas do ABC paulista, o nível de frustração e angústia dos diretores diminui: a) quando existe a sensação de impotência e inutilidade diante do fracasso da escola. b) entre os diretores que se limitam ao trabalho burocrático e de representação da escola. c) quando existe o desenvolvimento de uma gestão participativa.

2. O Trabalho de gestão da escola é dificultado: a) pela excessiva agilização das tarefa junto aos órgãos centrais. b) pelo retorno das ações quando algo determinado pelos órgãos centrais não deu certo. c) pela legislação, que impede que seja concedida a autonomia. d) por ações dos órgãos decisórios, que sempre privilegiam o contexto escolar e) pela dicotomia existente entre as decisões dos órgãos centrais e os interesses da

comunidade escolar

Respostas dos Exercícios

1. Segundo a pesquisa realizada em 43 escolas públicas e privadas do ABC paulista, o nível de frustração e angústia dos diretores diminui: RESPOSTA CORRETA: C

2. O Trabalho de gestão da escola é dificultado: RESPOSTA CORRETA: E

As escolas isoladas foram criadas por Decreto para atender no município de São Paulo

as crianças que não conseguiam vagas no Grupo Escolar Estadual; eram instaladas nas

salas, garagens, etc. cedidas pelas professoras contratadas, em suas residências. A

prefeitura entrava com o material básico e as professoras buscavam no bairro as

crianças que não estavam matriculadas. Em cada casa funcionava uma série. Com o

aumento da procura, a prefeitura construiu, de modo emergencial, os galpões de

madeira onde alocou as salas de aula da localidade, denominando­as de Escolas

Agrupadas Municipais. O próximo passo foi substituir os galpões de madeira por

construções de alvenaria, denominando­as de Escola Municipais do 1º Grau (EMPG), e

por força da Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) passaram a denominar­se Escolas

Municipais de Ensino Fundamental (EMEF). O ocorrido com a Rede Estadual foi

semelhante – somente relatamos o processo no Município de São Paulo por se tratar de

história mais recente.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 05 • GESTÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL

A administração da educação brasileira encontra­se organizada em três níveis

administrativos, de modo semelhante à ordenação política do Brasil, cujas responsabilidades

encontram­se partilhadas nas esferas de governo:

a) Federal, cuja Constituição, no art 205 “Educação direito de todos, dever do Estado” (atente para o vocábulo Estado, que está escrito com a inicial maiúscula, significando nação, país) atribui em última análise toda a responsabilidade pela educação do país.

O órgão que especificamente trata dos assuntos de educação é o Ministério da Educação

(MEC), que foi criado em 1930 para organizar a educação de todo o país em todos os níveis. O

MEC é composto pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), que é um órgão colegiado,

constituído por duas câmaras: a Câmara de Educação Básica (CEB) e a Câmara de Ensino

Superior (CES), ambas compostas por 12 conselheiros, uma responsável respectivamente pelos

ensinos: pré­escolar, fundamental e médio, e a outra, pelo ensino superior. As funções do CNE

são analisar processos, pedidos, produzir legislação de ensino (Leis, Pareceres, Deliberações e

Indicações), além de subsidiar os atos do Ministro da Educação, que é um cargo político do qual

não se exige muito conhecimento da área.

Temos a Secretaria Executiva, que encaminha os processos e despachos para os setores

competentes, e a Assessoria Jurídica, que examina os processos, dando pareceres à luz da

legislação vigente. Além desses órgãos, temos:

a) Secretaria de Educação Básica (SEB), que é responsável pelos diversos expedientes da

educação infantil, ensino fundamental e ensino médio e suas respectivas legislações,

articulação e desenvolvimento.

b) Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad: trata de

programas de alfabetização em geral, inclusão educacional, educação indígena,

educação ambiental, etc.

Órgão Colegiado: conjunto de membros de um órgão que arrebanha pessoas de

elevado conhecimento, que nesse caso é a educação. Os conselheiros são pessoas

que possuem notadamente um conhecimento profundo em educação nas câmaras onde

militam; possuem mandatos de 4 anos e são nomeados pelo Presidente da República.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

c) Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec): desenvolve programas de

educação profissionalizante e tecnológica, de estudos de mercado profissional, etc.

d) Secretaria de Educação Especial (Seesp) desenvolve programas de educação inclusiva,

deficiência visual, deficiência auditiva, apoio à educação profissional inclusiva, etc...

e) Secretaria de Educação a Distância (Seed): desenvolve a regulamentação da educação

a distância, a Universidade Aberta do Brasil, Cursos de Graduação a distância, etc.

f) Secretaria de Educação Superior (SESu): dedica­se à aprovação, verificação e abertura

de cursos superiores, Avaliação Institucional, Cursos de Pós­graduação, etc.

Além desses órgãos, o MEC possui vinculação com:

• INEP ­ Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – responsável pela

estatística e indicadores educacionais e pelo ENAD, o antigo exame nacional de cursos

(provão).

• FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, que provém de recursos

financeiros o sistema e faz repasses.

• CAPES – Coordenadoria de Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior, que é um

órgão de fomento para a capacitação e aperfeiçoamento do pessoal do ensino superior

(agência de financiamentos para do desenvolvimento de pesquisas – pós­graduação).

O Governo Federal investe em educação no mínimo 18 % de toda a sua arrecadação, dos

quais 60% são investidos no ensino fundamental (pois a meta do governo é erradicar o

analfabetismo) e 40% em outras modalidades

b) Estadual: por atribuição de competência do governo federal, os governos estaduais

ficaram com a incumbência de incrementar o desenvolvimento da educação básica

(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), mediante repasse de verbas

federais. Com organização semelhante ao MEC, o governo Estadual tem como órgão

representativo, na área da educação, a Secretaria de Educação do Estado, que em

São Paulo é composta pelo Conselho Estadual de Educação (CEESP), que é um

órgão colegiado, constituído por duas câmaras a Câmara de Educação Básica e a

Câmara de Ensino Superior (que analisa situações das Universidades Estaduais e

Municipais do Estado de S.Paulo), ambas compostas por conselheiros, uma

responsável respectivamente pelos ensinos: pré­escolar, fundamental e médio, e a

outra, pelo ensino superior. As funções do CNE são analisar processos, pedidos,

produzir legislação de ensino (Leis, Pareceres, Deliberações e Indicações), além de

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

subsidiar os atos do Secretário da Educação, que é um cargo político do qual não se

exige muito conhecimento da área.

A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo possui a Assessoria Técnica de

Planejamento e Controle educacional (ATPCE), que subsidia com planejamento e dados

estatísticos as decisões do Secretário.

Para o suporte administrativo, a secretaria tem como órgãos decisórios a Coordenadoria

de Ensino do Interior (CEI), que organiza todas as Diretorias de Ensino do interior do Estado de

São Paulo (Regiões Administrativas); a Coordenadoria de Educação da Grande São Paulo

(COGSP), que é o órgão decisório responsável pelas Diretorias de Ensino da Capital e de

Municípios vizinhos (Grande São Paulo), e a Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas

(CENP), responsável por programas voltados para o aperfeiçoamento do pessoal docente,

promovendo cursos, encontros, editando propostas pedagógicas, etc.

Em cada região existem as Diretorias de Ensino (DE) que são responsáveis pela

disseminação de propostas educacionais, auxílio e assessoria técnica às escolas.

O Governo Estadual investe em educação. no mínimo 25 % de toda a sua arrecadação,

dos quais 60% são investidos no ensino fundamental (pois a meta do governo estadual é o

combate ao analfabetismo) e 40% em outras modalidades.

Ainda na estrutura da Secretaria da educação do Estado de São Paulo, encontramos

órgãos como:

• FDE – Fundo de Desenvolvimento da Educação, que é um órgão que provém de

recursos financeiros todo o sistema estadual de educação.

• DRHu – Departamento de Recursos Humanos: responsável pela admissão de pessoal

para a educação, mediante concursos públicos e de processos de movimentação de

pessoal (remoções, etc.).

c) Municipal: por atribuição de competência do governo federal e dos governos estaduais

ficaram com a incumbência de incrementar o desenvolvimento da educação infantil e o

ensino fundamental, mediante repasse de verbas estaduais e federais. Com

organização semelhante ao MEC, o governo Estadual tem como órgão representativo,

na área da educação a Secretaria Municipal de Educação, que no município de São

Paulo é composta pelo Conselho Estadual de Educação (CME), que é um órgão

As mesmas características e composição do Conselho Nacional, porém são nomeados

pelo Governador do Estado

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

colegiado, constituído por uma câmara, que discute assuntos relacionados com a

educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio (apenas 14 escolas). As

funções do CNE são analisar processos, pedidos, produzir legislação de ensino (Leis,

Pareceres, Deliberações e Indicações), além de subsidiar os atos do Secretário

Municipal de Educação, que é um cargo político do qual não se exige muito

conhecimento da área.

Na estrutura da Secretaria Municipal de Educação, temos a Coordenadoria dos Núcleos de

Ação Educativa (CONAE), que é responsável pela parte administrativa e de pessoal dentro da

secretaria; e o Departamento de Orientação Técnica (DOT), responsável pelo aperfeiçoamento e

capacitação, mediante cursos, propostos em todos os níveis de abrangência do ensino municipal;

Interligados a esses dois órgãos, temos as Coordenadorias Municipais de Educação antigos

Núcleos de Ação Educativa (NAE) em número de 13 localizadas em regiões específicas da

cidade, e a estas estão ligadas às escolas da região.

O Governo Municipal investe em educação no mínimo 25 % de toda a sua arrecadação,

dos quais 60% são investidos no ensino fundamental (pois a meta do governo estadual é o

combate ao analfabetismo) e 40% em outras modalidades (no município de São Paulo o

investimento é de 30%).

Gestão e organização interna da escola

A escola na atualidade, instituída pela sociedade, nos moldes com que nos deparamos

hoje, é fortemente influenciada pela vida sócio­político­cultural e pelo mundo do trabalho,

articulando­se com os conhecimentos produzidos por ela própria, e pela sociedade, que são

responsáveis pelo aprimoramento e desenvolvimento de habilidades e competências e a formação

plena do cidadão.

Com a promulgação em 05.10.88 da Constituição da República Federativa do Brasil, nosso

país, que até então vivia num regime de exceção (ditatorial), passou a adotar um novo regime

jurídico, o Estado Democrático de Direito, e a partir daquele momento fez com que todas as

instituições assumissem uma nova proposta administrativa, a gestão participativa (democrática).

IMPORTANTE: Os princípios legais em educação, impostos pelo governo federal, não

podem ser contrariados por decisões das autoridades educacionais estaduais e, por sua

vez, os princípios educacionais estabelecidos pelas autoridades estaduais não podem

ser contrariados por medidas adotadas por autoridades educacionais municipais.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A escola, que sempre foi uma instituição com postura conservadora obviamente, teve que

se adaptar à nova condição social do país, e adotar mecanismos que tornassem a gestão escolar

mais participativa, conforme disposto nas Leis:

1) Constituição Federal/ 1988

“art. 206 O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:

I ­ igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;

VI ­ gestão democrática do ensino público, na forma da lei”

2) Lei 9394/96 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)

“art.14 Os sistemas de ensino definirão as normas de gestão democrática do ensino

público na educação básica, de acordo com suas peculiaridades e conforme os seguintes

princípios: I ­ participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da

escola; II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou

equivalentes.

“art. 15 Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação

básica que os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão

financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.”

Tanto d Constituição Federal como a Lei de Diretrizes e Bases ratificam e estabelecem a

necessidade do desenvolvimento, organização e exercício da gestão democrática da educação.

A Gestão escolar democrática

A gestão democrática de escola é construída no dia­a­dia pelos que, direta ou

indiretamente, vivenciam a educação. Ela exige participação de todos por intermédio da existência

de colegiados e outros mecanismos institucionais. O pressuposto básico da gestão democrática é

a concepção de educação como direito e dever de todos. Portanto, os diferentes agentes devem

participar das decisões e da implementação do que foi decidido nas escolas: governantes,

gestores, professores, alunos, funcionários, pais e comunidade.

A gestão democrática da escola pública está prevista na legislação e foi incorporada como

um fundamento básico da escola e do sistema escolar brasileiro.

Uma escola democrática é aquela na qual as decisões são compartilhadas, bem como são

compartilhadas as tarefas necessárias para implantar tais decisões. Para tanto, torna­se

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

necessário o desenvolvimento de uma cultura participativa entre todos os envolvidos no processo

educacional. Esta participação deve ser garantida na estrutura organizacional e, mais ainda, vivida

no ambiente escolar. O espírito democrático deve estar presente em todo o trabalho escolar: na

sala de aula, nos corredores, na secretaria, no pátio, nos atos dos professores, dos funcionários,

da equipe dirigente, dos alunos e de seus pais.

A participação deve ser entendida como um processo de aprendizagem que demanda:

espaços sociais específicos para a sua concretização; tempo para que idéias sejam debatidas e

analisadas; esforço de todos aqueles preocupados com a formação do cidadão e de uma escola

verdadeiramente democrática.

Aos gestores da unidade escolar cabe promover a participação, coordenando os esforços

de forma a ampliar a relevância do ensino ministrado na escola, que tem como função precípua

garantir a educação de qualidade para todos os alunos. Libâneo (2001) afirma que a tarefa dos

gestores educacionais visa a: “dirigir e coordenar o andamento dos trabalhos, o clima de trabalho,

a eficácia na utilização dos recursos e dos meios, em função dos objetivos da escola; assegurar o

processo participativo de tomada de decisões e, ao mesmo tempo, cuidar para que essas

decisões se convertam em ações concretas; assegurar a execução coordenada e integral das

atividades dos setores e elementos da escola, com base nas decisões tomadas coletivamente;

articular as relações interpessoais na escola e entre a escola e a comunidade (incluindo

especialmente os pais).”

Explica ainda que o exercício da gestão democrática depende de autoridade,

responsabilidade, decisão, disciplina e iniciativa.

Na escola, a gestão exige visão de conjunto que integra as diferentes dimensões: gestão

pedagógica, gestão de pessoas, gestão de materiais e patrimônio, gestão financeira e gestão de

resultados.

É no compromisso com a gestão democrática que está implícita a concepção de escola

como um bem público e perene, que possui significado fundamental no processo de construção

de uma nação democrática.

Exercícios

1. A função dos Conselhos Nacional, Estadual e Municipal de Educação é: a) Acatar as determinações do Ministro ou dos Secretários da Educação, respectivamente:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

b) Sancionar leis referentes à educação. c) Auxiliar o presidente e os governadores nas decisões mais importantes da educação. d) Propor, por meio de Pareceres ou Deliberações, medidas que organizem o sistema

educacional. e) Discutir e propor soluções para os diferentes assuntos que afetam a política e a vida social

do país.

2. A gestão democrática da educação presume uma: a) participação tutelada do Estado sobre a escola. b) ação de revolta dos diretores contra os desmandos da população. c) imposição do poder para sanar os problemas da ditadura. d) solicitação da comunidade em geral no sentido de popularizar a escola. e) conseqüência da adoção do estado democrático de direito pela Constituição Federal.

Respostas dos exercícios

1. A função dos Conselhos Nacional, Estadual e Municipal de Educação é: RESPOSTA CORRETA: D

2. A gestão democrática da educação presume uma: RESPOSTA CORRETA: E

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 06 • GESTÃO ESCOLAR E ORGANIZAÇÃO JURÍDICA

O diretor escolar, dentro da ação educativa, muitas vezes se vê diante de normas jurídicas

(Leis, Decretos, Portarias, etc.), e na grande maioria das vezes desconhece suas origens e

diferenças, acha complicado interpretá­las, que os temos jurídicos são difíceis, e portanto nega­se

a ler com mais atenção o texto, preferindo em muitas oportunidades acreditar na interpretação de

outrem. Lembre­se que quando se tem acesso às normas legais, descobrimos mais facilmente

saídas para problemas que eram aparentemente insolúveis, e que sem esta compreensão, ou

pela interpretação equivocada de outros, redundariam em mais tarefas sem qualquer finalidade

prática.

O gestor escolar competente tem que ter a compreensão dos textos legais básicos, pelo

menos no que se refere à educação (Constituição Federal, Estadual e Leis orgânicas, Lei de

Diretrizes e Bases, Estatuto da Criança e do Adolescente, Estatuto do Magistério, Estatuto da

Associação de Pais e Mestres, e conhecer para orientar, legislações que se referem à vida

funcional dos servidores, procedimentos processuais, etc.).

Neste sentido, esta aula contribuirá para um aprimoramento nessa área específica, pois

acreditamos que quem se habitua a ler e interpretar com propriedade as normas legais (isso é

apenas uma questão de exercício e comprometimento) conhece as origens delas, e sua

hierarquia, passa a ser admirado pelos seus pares e se torna um líder do grupo (liderança

carismática) mais facilmente, porque em todas as oportunidades será consultado.

O Brasil é um país de grande extensão territorial (8,5 milhões de Km²) e portanto sua

organização administrativa, como já vimos, se divide em Governo Federal, que possui

ascendência sobre todos os estados da federação, os Governos Estatuais, que organizam as

instituições de frações do território nacional, ou seja, os estados, e os Governos Municipais que

gerenciam frações dos estados, os municípios.

Pela organização administrativa acima descrita, podemos perceber que existe uma

hierarquia jurídica estabelecida entre esses níveis administrativos, ou seja, uma norma legal

federal deve ser obedecida e não contrariada em todos os estados, por sua vez, uma norma legal

estabelecida pelo estados deve ser obedecida e não contrariada pelos municípios que lhe estão

afetos.

Cada nível administrativo (federal, estadual e municipal) é constituído por três poderes:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

I ­ Poder Legislativo, que é o responsável pela representação popular, pela propositura e

aprovação dos diplomas legais (isto é, elaborar e aprovar as leis).

a) Na esfera federal, o poder legislativo é representado pelo congresso Nacional, que é

composto por duas câmaras Câmara dos Deputados e o Senado. Todo projeto de lei

obrigatoriamente é discutido, aprovado ou rejeitado; se aprovado na Câmara dos

Deputados, é encaminhado para o Senado, onde novamente é discutido e aprovado ou

rejeitado; se aprovado, é remetido para o Presidente da República para promulgação

(assinatura e publicação no Diário Oficial da União).

b) Na esfera estadual, o poder legislativo é representado pela Assembléia Legislativa

existente em cada estado; todo projeto to de lei obrigatoriamente é discutido, aprovado

ou rejeitado; se aprovado, é remetido para o Governador do Estado para promulgação

(assinatura e publicação no Diário Oficial do Estado).

c) Na esfera municipal, o poder legislativo é representado pela Câmara dos Vereadores

existente em cada município; todo projeto to de lei obrigatoriamente é discutido,

aprovado ou rejeitado; se aprovado, é remetido para o Prefeito para promulgação

(assinatura e publicação no Diário Oficial do Município).

II Poder Executivo: é responsável pela sanção e pela publicação (promulgação) das

medidas legais aprovadas pelo Poder Legislativo ou propor Decretos, etc.

a) Na esfera federal, o poder executivo é representado pelo Presidente da República, que

tem competência de editar Decretos, Medidas Provisórias e Portarias, tendo o poder de

veto parcial ou total de qualquer norma emanada do Poder Legislativo para

promulgação (assinatura e publicação no Diário Oficial da União).

b) Na esfera estadual, o poder executivo é representado pelo Governador do Estado, que

tem competência de editar Decretos e Portarias, tendo o poder de veto parcial ou total

de qualquer norma emanada do Poder Legislativo para promulgação (assinatura e

publicação no Diário Oficial do Estado).

c) Na esfera municipal, o poder executivo é representado pelo Prefeito, que tem

competência de editar Decretos e Portarias, tendo o poder de veto parcial ou total de

qualquer norma emanada do Poder Legislativo para promulgação (assinatura e

publicação no Diário Oficial do Município).

III Poder Judiciário: é responsável pela fiscalização do cumprimento da normas legais e

pela aplicação de penas nos três níveis administrativos (federal,estadual e municipal).

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

a) Na esfera federal, o Poder judiciário, representado Supremo Tribunal Federal (STF),

Tribunal Eleitoral (TE,) que se constitui na última corte de apelação, pela Polícia

Federal e pelo Tribunal de Contas da União (TSU).

b) Na esfera estadual, o Poder Judiciário é representado pelo Fórum (Penais, Civil,

Trabalhista, etc), pelo Tribunal de Contas do Estado, pela Polícia Civil, etc.

c) Na esfera municipal, em todos os municípios brasileiros não existe o poder judiciário,

os impasses havidos no município são solucionados pelo Poder Judiciário Estadual. Em

municípios maiores, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro, existem apenas os

Tribunais de Contas do Município.

Hierarquia dos Atos Administrativos

É fundamental conhecer a hierarquia dos textos legais para determinar o que essencial e o

que é secundário, para distinguir entre o espírito e a letra, o texto e o contexto, a linha e a

entrelinha, deste ou daquele texto.

Colocamos aqui os textos legais quando se relacionam em uma ordem decrescente de

importância. Ex.: Lei é mais que um Decreto: uma lei revoga (substitui) um Decreto, porém um

Decreto não revoga (substitui) uma Lei (somente em casos muito especiais); uma Lei só pode ser

revogada (substituída) por outra Lei.

Ato administrativo é o ato de comunicação perfeito e completo. Os atos administrativos

constituem o veículo escrito da comunicação oficial com normas que devem ser rigorosamente

cumpridas.

I – Atos Deliberativos Normativos:

São decisões de órgãos colegiados e autoridades administrativas competentes que

tenham por objetivo estabelecer regras e normas.

a) Constituição ­ conjunto de regras que estabelecem: a forma do governo, o modo de

aquisição do exercício do poder, o estabelecimento de seus órgãos, e os limites de sua

ação, direitos e deveres do cidadão. É a lei máxima de um país, especial por ser

proposta por uma Assembléia Nacional Constituinte, e que não pode ser modificada no

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

todo ou em parte por nenhuma lei, a não ser outra Constituição ou por uma Emenda

Constitucional, respectivamente.

b) Emenda Constitucional: visa basicamente a atualizar, corrigir, complementar ou

adequar a “Constituição” para a realidade vigente no país. É incorporada à

Constituição, da qual se torna parte integrante com força de Direito Constitucional.

c) Lei ­ ato jurídico emanado do Poder Legislativo, é definido como ordem geral obrigatória

que deriva de uma autoridade competente e reconhecida (Poder Executivo), imposta

coativamente à obediência de todos. A lei pode estabelecer norma de conduta (Ex:

aborto, divórcio, etc.) ou servir para cumprir uma política pública.(Ex: impostos, criação

de cargos públicos, ocupação dos solos, etc.)

d) Lei Complementar ­ é uma lei cuja função é complementar a norma constitucional, a

qual necessita desse complemento para se fazer executar. (Ex.: a Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional contém a explicitação dos princípios gerais sobre a

educação estabelecidos na Constituição Federal).

e) Lei Ordinária ­ é a lei que trata de assunto específico ou seja, cujos princípios

obedeçam ao disposto na Constituição porém tratem de matéria própria; é emanada do

Poder Legislativo (ex.: o uso do cinto de segurança).

f) Decreto Lei ­ ato expedido pelo Poder Executivo, mas com força de lei que pode

substituí­lo em circunstâncias excepcionais, distinguindo­se por não estabelecer

normas de conduta (ex.: enchentes, ameaças de guerra, ciclones: são fenômenos

devido aos quais o Poder Legislativo tem que tomar providências de emergência e

editar por meio de Decreto­lei: Estado de Calamidade Pública, Estado de Sítio, Estado

de Alerta, respectivamente).

g) Decreto ­ é o ato do Poder Executivo, mas sem caráter de regra comum, inerente às

leis e regulamentos. Seu objetivo é desempenho das atribuições constitucionais do

poder executivo, que dele se serve para fazer nomeações, exonerações, outorgar

privilégios, conceder naturalização e outros atos referentes à administração pública.

h) Medida Provisória – Ato do Presidente da República que estabelece em situação

especial uma ordem geral e obrigatória, com caráter transitório e tempo determinado

(30 dias), podendo ser reeditada apenas uma única vez. Quando o presidente edita

uma medida provisória, no mesmo momento manda para o Congresso Nacional um

projeto de lei para ser votado em caráter de urgência.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

i) Portaria ­ o ato emanado de Ministros, Secretários, Coordenadores Gerais e Regionais,

Dirigentes de Ensino e Diretores Gerais e Regionais (autoridades graduadas). É um ato

que estabelece normas ou procedimentos administrativos (ato normativo ou

administrativo) aprovando instruções, determinando providências, (nomeando,

demitindo ou punindo, etc.). Ex.: a nomeação ou a exoneração de funcionários públicos

efetivos se faz por Portaria; Portaria do Calendário Escolar; Portaria de Atribuição de

Aulas.

j) Resolução ­ é o ato emanado do Secretário de Estado, contendo normas e

determinações para a execução de um serviço ou introduzir modificações na

organização de algum setor da administração pública. (Ex: Resolução SE 131/98 –

Organiza a recuperação intensiva na rede estadual de ensino).

l) Deliberação É o pronunciamento de um órgão colegiado (Executivo, Legislativo ou

Judiciário) que dispõe sobre julgamento e decisão de um assunto submetido a seu

estudo, após a verificação de anormalidade pelo sistema. A Deliberação geralmente

tem origem em uma Indicação que, submetida a reuniões plenárias dos Colegiados,

sendo aprovada, transforma­se em normas impostas coativamente. Ex.: Deliberação

CEE nº 11/96 dispõe sobre pedidos de reconsideração de resultados finais de avaliação

de alunos.

m) Indicação: Ato Legal pelo qual o Órgão Colegiado dá conhecimento à autoridade de

sua jurisdição da necessidade de ser tomadas providências de ordem política ou

administrativa de interesse público. Ex: Indicação CEE 12/96 dispõe sobre a

necessidade de estudo dos pedidos de reconsideração de resultados finais.

m) Ordem de Serviço: é uma determinação específica dirigida aos responsáveis por

setores da administração, contendo imposições ou orientações de caráter

administrativo ou especificações técnicas de procedimentos.

n) Regulamento: conjunto de regras destinadas a esclarecer e complementar o texto da

lei para facilitar sua execução. Podendo ser também denominada de Estatuto ou

Regimento.

o) Despacho: despachos administrativos são decisões que as autoridades executivas

(legislativas, executivas ou judiciárias) proferem em papéis (requerimentos, processos,

solicitações) sujeitos à sua apreciação.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Alguns Conceitos Jurídicos:

1) Publicação ­ pela publicação a Lei se toma obrigatória. A publicação geralmente é

feita no Diário Oficial a partir da qual a lei entra em vigor, visando a impedir que se

alegue ignorância da lei.

2) Promulgação ­ é o ato pelo qual o chefe de Estado atesta perante o corpo social a

existência da Lei, ordenando­lhe o respectivo cumprimento. A promulgação torna a

lei executória, pública. Promulgação é constituída de assinatura e publicação.

3) Sanção­ é o ato pelo qual o executivo manifesta sua aquiescência à lei elaborada

pelo legislativo. Sanção significa tomar o preceito inviolável no sentido de coação.

4) Revogação ­ tem a finalidade de corrigir ou tornar sem efeito um dispositivo legal.

5) Insubsistente ­ deixa de existir.

6) Veto – Direito que assiste ao Poder Legislativo de recusar a sanção a uma lei

votada pelo legislativo.

Competências:

Leis: Presidente da República, Governador e Prefeitos (promulgação).

Decretos: Presidente da República, Governador e Prefeitos.

Medidas Provisórias: Presidente da República.

Resoluções: Ministros e Secretários (Estaduais e Municipais).

Deliberações: Órgãos Colegiados.

Portarias: Ministros, Secretários de Estados, Municipais, Superintendentes,

Coordenadores, Autoridades Policiais Dirigentes de Autarquias e outras autoridades

quando a lei assim estabelecer.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Exercícios

1. Analise as seguintes afirmações sobre os princípios de direito: I. Trabalhando com legislação se adquire o hábito e a capacidade de interpretação de leis. II. Obedecendo a hierarquia dos atos administrativos, um decreto pode revogar uma Lei em situações especiais.

Organização dos Atos Administrativos

Artigo: O artigo constitui a unidade para apresentação, divisão ou agrupamento de

assuntos no texto normativo. Os artigos são grafados em ordinal até o 9º seguido por

numeração cardinal (algarismos arábicos. Cada artigo deve abranger um único assunto.

O artigo dará, exclusivamente a norma geral, o princípio. As medidas complementares e

as exceções devem ser reservadas às subdivisões, especialmente aos parágrafos).

Parágrafos: Os artigos podem se desdobrar em parágrafos e incisos, e estes, em

alíneas. A disposição principal (artigo) é explicada, restringida ou modificada pelo

parágrafo, disposição secundária. O parágrafo é representado pelo sinal gráfico § salvo

na disposição em que existe um só parágrafo. A matéria tratada no parágrafo deve estar

intimamente ligada à de que se ocupa o artigo. O parágrafo deve conter as restrições do

artigo ou, então, completar as disposições deste último.

Incisos: Os incisos são empregados como elementos discriminativos do artigo, ou se o

assunto tratado não puder ser condensado no próprio artigo, ou não se mostrar

adequado a constituir um parágrafo. Os incisos são grafados por algarismos romanos,

seguidos de travessão e terminados por ponto­e­vírgula, salvo quanto ao último inciso,

que termina por ponto final. Haverá emprego de dois pontos antes das alíneas em que

se desdobrem.

Alíneas: As alíneas ou letras constituem desdobramentos dos incisos e dos parágrafos.

São grafadas em itálico ou sublinhadas, em letra minúscula e seguidas de parênteses.

Agrupamentos dos artigos: O artigo é o elemento central, tanto para a subdivisão do

texto como para o seu agrupamento. Os artigos agrupam­se de acordo com o assunto

regulado. Os códigos são o exemplo mais completo de agrupamentos ordenados,

sistematizados dos artigos no texto da lei.

O conjunto de artigos constitui uma seção; o conjunto de seções constitui um capítulo; o

conjunto de capítulos forma um título e o de títulos constituem um livro.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

III. A Constituição é a máxima de um país e somente pode ser revogada em seus artigos por uma emenda constitucional.

IV. A Medida Provisória é um ato exclusivo do Poder Executivo. Estão corretas as afirmações: a) I; II e III b) I; II e IV c) II; III e IV d) I; III e IV e) I; II; III e IV

2. Assinale a alternativa falsa: a) Portaria é um ato que estabelece normas ou procedimentos administrativos (ato normativo ou

administrativo) aprovando instruções. Determinando providências, (nomeando, demitindo ou punindo, etc.).

b) Indicação é ato pelo qual o Órgão Colegiado dá conhecimento à autoridade de sua jurisdição da necessidade de ser tomadas providências de ordem política ou administrativa de interesse público.

c) Resolução é um ato emanado do Secretário de Estado, contendo normas e determinações para a execução de um serviço.

d) Deliberação é o pronunciamento de um órgão colegiado que dispõe sobre julgamento e decisão de um assunto submetido a seu estudo

e) Decreto é um ato do poder legislativo, com força de lei que pode substituí­la em circunstâncias excepcionais distinguindo­se da Lei por não estabelecer normas de conduta.

Respostas dos Exercícios

1. Analise as seguintes afirmações sobre os princípios de direito: RESPOSTA CORRETA: A

2. Assinale a alternativa falsa: RESPOSTA CORRETA: E

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 07 • GESTÃO E ORGANIZAÇÃO INTERNA DA ESCOLA

Na escola existem instituições auxiliares que, como a própria denominação sugere,

auxiliam na tarefa administrativa do diretor. São elas: Associação de Pais e Mestres e o Grêmio

Estudantil:

1­ Associação de Pais e Mestres (APM)

Associação originada da Caixa Escolar, que originalmente era um órgão que, dirigido, pelo

diretor da escola, num trabalho voluntário, tinha como finalidade suprir os alunos mais carentes

economicamente através de: alimentação (lanches, leite, sopas, etc.) materiais (cadernos, livros,

etc.) e até vestuários (uniformes, calçados, etc.). A Caixa Escolar sobrevivia da arrecadação que

os diretores faziam junto aos pais dos alunos que apresentavam melhores condições econômicas

e da realização de eventos (festas juninas, primavera, sorvete, etc.) e de maneira informal,

prestavam contas, demonstrando os gastos.

A antiga Caixa Escolar passou a ser obrigatória em todas as escolas, e através do Decreto

n.º 12.983, de 15 de dezembro de 1978, alterado pelo Decreto n.º 48,408, de 06 de Janeiro de

2004 (mudança do Código de Processo Civil) foi estabelecido o Estatuto Padrão das Associações

de Pais e Mestres, e este é o instrumento que dispõe sobre as finalidades, atribuições e deveres

para seu funcionamento como instituição.

A idéia da Caixa Escolar foi encampada pelo governo, perdendo gradativamente suas

características iniciais, passando a receber um pequeno repasse de verba, que na maioria das

vezes servia para pagar pequenos reparos na manutenção da escola, e a contribuição dos pais

passou a ser espontânea segundo a lei.

A APM atualmente é uma entidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, criada

com a finalidade de colaborar para o aperfeiçoamento do processo educacional, para a

assistência ao escolar e para a integração escola­comunidade, tendo como objetivos a natureza

social e educativa, sem caráter político, racial ou religioso. Atualmente, sua principal função é

atuar, em conjunto com o Conselho de Escola, na gestão da unidade escolar, participando das

decisões relativas à organização e funcionamento escolar nos aspectos administrativos,

pedagógicos e financeiros.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A legislação básica a ser consultada para a formação da APM é: Decreto nº 12983/78

alterado pelo Decreto nº 48.408/2004

Os estatutos da APM devem ser registrados em cartório de notas, sendo inscrita no

Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ) gozando de todas as prerrogativas de uma

empresa (podendo arrendar, comprar, vender, alugar, contratar, fazer licitações, cartas convite,

contratar, destratar, etc.), obrigada anualmente a declarar imposto de renda, sendo isenta de

tributação e de declarar a RAES (relação anual de empregados), além de elaborar demonstrativos

de gastos bimestrais (Balancetes Bimestrais) e o balanço anual, nos casos de recebimento de

verbas públicas. Ex.: verbas do FNDE, FDE e Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE),

elaborar a prestação de contas de acordo com a dotação orçamentária quando do recebimento. A

prestação de contas dos recursos recebidos à Secretaria da Educação, com supervisão da

Diretoria de Ensino. A prestação de contas é encaminhada à FDE (Fundação para o

Desenvolvimento da Educação), para análise e encerramento contábil.

Composição e Funcionamento da APM (Associação de Pais e Mestres)

O mandato da Diretoria da APM é de um ano, devendo o Diretor da Escola, ao final do

mesmo, convocar a equipe escolar (vice­diretor, coordenador pedagógico, pessoal administrativo

e professores), pais dos alunos e os alunos maiores de 18 (dezoito) anos, para a Assembléia

Geral que será presidida pelo mesmo.

FNDE (Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação) pertencente ao

Ministério de Educação envia recursos para atender aos programas de informatização e

ao programa "Dinheiro Direto na Escola".

FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) que, por meio de depósito

bancário trimestral, faz o repasse de verbas, cujo valor é calculado sobre o número de

alunos matriculados em cada unidade escolar, recurso que tem a finalidade de

promover a conservação, manutenção e limpeza do prédio e equipamentos escolares

da rede estadual.

PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola) – verba depositada anualmente pelo

governo federal na conta poupança da APM das escolas públicas destinada uma parte à

aquisição de bens de capital (bens permanentes Ex rádio, DVDs, etc.) e outra parte

para materiais de consumo (cadernos, lápis, materiais de escritório, materiais de

limpeza, etc.) calculada pelo número de alunos atendidos pela escola (per capita).

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Compete à Assembléia Geral eleger o Conselho Deliberativo e o Conselho Fiscal. Cabe ao

Conselho Deliberativo eleger os membros da Diretoria Executiva e divulgar os nomes dos

escolhidos a todos os associados. A APM é administrada pelos seguintes órgãos:

Assembléia Geral ­ constituída por todos os associados;

Conselho Deliberativo ­ constituído de, no mínimo, 11 (onze) membros, sendo o Diretor

da Escola o seu presidente nato, e os demais componentes distribuídos na seguinte proporção:

30% dos membros serão professores, 40% dos membros serão pais de alunos, 20% dos

membros serão alunos maiores de 18 (dezoito) anos, 10% dos membros serão sócios admitidos;

Diretoria Executiva ­ constituída por: Diretor Executivo, Vice­diretor Executivo, Secretário,

Diretor Financeiro, Vice­diretor Financeiro, Diretor Cultural, Diretor de Esportes, Diretor Social,

Diretor de Patrimônio. Obs.: o Diretor Financeiro deverá ser, obrigatoriamente, pai ou mãe de

aluno.

Conselho Fiscal ­ será constituído de 3 (três) elementos, sendo 2 (dois) pais de alunos e

1 (um) representante do quadro administrativo ou docente da Escola.

O Diretor de Escola é o presidente nato do Conselho Deliberativo da APM, devendo

acompanhar todas as reuniões, sem direito a voto, conforme o disposto no Art. 37 do Estatuto

Padrão da Associação de Pais e Mestres: "O Diretor da Escola poderá participar das reuniões da

Diretoria Executiva da APM, intervindo nos debates, prestando orientação ou esclarecimento ou

fazendo registrar em atas seus pontos de vista, mas sem direito a voto."

A prestação de contas é assinada pelo Diretor Executivo e pelo Diretor Financeiro da APM,

com ciência do Diretor da Escola. Sempre que as atividades da APM contrariarem as finalidades

previstas no seu estatuto ou descumprirem a legislação em vigor, poderá ser feita intervenção,

para apurar os fatos. O pedido de intervenção será feito mediante solicitação da Direção da

Escola ou de membros da Associação de Pais e Mestres, às autoridades competentes, conforme

o disposto no Art. 36 do Estatuto Padrão da Associação de Pais e Mestres.

A APM é uma instituição que deveria contar com a participação maciça da comunidade

onde a escola está inserida, pois os pais são os maiores interessados em uma educação de

qualidade para seus filhos, mas, alegando falta de tempo para participar das reuniões, muitas

vezes desmotivados, pois na grande maioria das vezes as decisões que deveriam contar com a

participação de todos, democraticamente, já se encontram prontas e acabadas antes mesmo das

discussões, porque os pais não compreendem bem os mecanismos de participação do processo

educativo, porque a maioria acha que a APM serve apenas para arrecadar fundos que muitos

acabam por desconhecer a finalidade.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Nos períodos de eleições, para compor a diretoria, muitas vezes o diretor precisa se

desdobrar no convencimento das pessoas a participar fato que é oriundo de má informação da

comunidade, ou uma falta de preocupação do Diretor escolar no sentido de formar pessoas que

efetivamente no ano seguinte participam ativamente do processo.

2­ Grêmio Estudantil

Até meados dos anos 60, a organização estudantil, que era politicamente atuante, não só

no interior da escola, mas também tinha peso considerável nas decisões políticas do governo

brasileiro; com a ditadura militar, o governo autoritário sentiu na atuação dos estudantes um

empecilho para promover desmandos daquele regime. Naquela oportunidade, o surgimento dos

grêmios, especialmente ao nível superior, se dava pela mobilização dos estudantes que

apresentavam consciência política, fato que era repudiado pelos militares.

Algumas medidas impostas pelo governo, como perseguição, prisão, desaparecimentos e

até morte de intelectuais da época, fizeram com que muitos daqueles que fomentavam a

existência dos grêmios se exilassem em outros países, o que contribuiu de certa forma com a

desmobilização das entidades estudantis, e as poucas que restaram perderam o seu caráter de

luta pela melhoria e democratização do ensino, e, finalmente, do próprio aprimoramento das

instituições políticas e sociais brasileiras, pois os grêmios estudantis, os grandes celeiros

formadores de líderes que acabaram por influenciar de forma significativa a vida da nação.

Com a abertura política e com o processo de redemocratização do país, a Lei Federal nº

7.398, de 04 de novembro de 1985, permite a organização de entidades representativas de

alunos, surgindo assim a necessidade de uma reorganização de estudantes, e agremiações que

possam representar esta categoria determinando o exercício da cidadania e futuramente

realimentando de parlamentares, a classe política. Porém após 21 anos de regime militar e de

repressão, os estudantes brasileiros ainda não readquiriram consciência de sua força junto a

todas as instituições sociais do país. No mundo inteiro os estudantes são respeitados pelos

governos, mesmo onde o regime é autoritário Ex.: o estudante que desafiou o governo da China

enfrentando o tanque de guerra, na praça da paz celestial.

A Legislação básica que permite a organização livre dos estudantes é a Lei Federal nº

7.398/85, Comunicado SE de 26/09/86, Comunicado CEI/COGSP de 27/11/87 e Parecer CEESP

nº 67/98

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

O Grêmio Estudantil é um órgão composto somente de estudantes. Ele deve ser uma

instituição que representa os interesses, estando sempre preocupado em tornar realidade às

aspirações da maioria daqueles que estudam num estabelecimento de ensino. Ele é geralmente

composto por um Presidente e vários Diretores (cultural, social, lazer, etc.), segundo seus

estatutos, eleitos pelos estudantes através de voto direto e secreto.

O grêmio é uma entidade autônoma que deverá funcionar sem a tutela de professores ou

dirigentes da escola. Mas que pode contribuir decisivamente nas decisões mais relevantes que a

escola deve tomar, contribuindo com a opinião da clientela. O principal objetivo é contribuir para

aumentar a participação dos alunos nas atividades de sua escola, organizando campeonatos,

palestras, projetos e discussões, fazendo com que eles tenham voz ativa, e participem junto com

pais, funcionários, professores, coordenadores e diretores da programação e da construção das

regras dentro da escola. .

O Grêmio Estudantil pode fazer muitas coisas, desde organizar atividades culturais, feiras,

festas, eventos, até exigir melhorias na qualidade do ensino. Ele tem a capacidade de promover

uma integração entre os alunos e com toda a escola e com a comunidade.

Os diretores de escola devem colaborar com a organização dos grêmios, pois estes

representam os interesses dos estudantes na escola e sua participação na comunidade. É um

importante espaço de aprendizagem, cidadania, convivência, responsabilidade e luta por direitos

de que o diretor da escola não deve prescindir para auxiliar na sua tarefa administrativa.

Exercícios

1. Analise as seguintes proposições referentes à Associação de Pais e Mestres (APM). I. As necessidades de minimizar as diferenças sociais e propiciar o ingresso de um número maior de alunos, especialmente no grupo escolar, fez com que as escolas criassem as Caixas escolares. II. A APM continua na atualidade com a mesma proposta que levou as escolas a criar as Caixas escolares. III. Conselho Deliberativo da APM é constituído de, no mínimo, 11 (onze) membros, sendo o Diretor da Escola o seu presidente nato, e os demais, componentes distribuídos na seguinte proporção: 40% dos membros serão pais de alunos, 20% dos membros serão alunos maiores de 18 (dezoito) anos, 30% dos membros serão professores e 10% dos membros serão sócios admitidos. IV. Uma das suas funções é atuar, em conjunto com o Conselho de Escola, na gestão da unidade escolar, participando das decisões relativas à organização e funcionamento escolar nos aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros. Estão corretas as afirmações:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

a) I; II e III b) I; II e IV c) II; III e IV d) I; III e IV e) I; II; III e IV

2. A repressão durante o período da ditadura militar sobre qualquer tipo de organização de classes, especialmente com relação à organização de estudantes, trouxe prejuízos e atrasos na consolidação: a) da economia do país, uma vez que os profissionais daquela área não tiveram uma formação adequada para o exercício

b) da educação que não cumpriu os objetivos de formação de indivíduos com a capacidade para o trabalho;

c) da saúde, porque houve um atraso por pouco investimento em pesquisas, fazendo com que nada se tenha produzido.

d) do comércio, porque houve demora nas relações exteriores e o Brasil ficou aquém em sua balança comercial.

e) Talvez por não termos uma formação adequada de representação para realizarmos um comércio exterior de qualidade, não está diretamente ligado à formação de grêmios.

f) da política, pois naquele momento despontavam grandes figuras que poderiam ter mudado a história do país.

Respostas dos exercícios

1. Analise as seguintes proposições referentes à Associação de Pais e Mestres (APM). RESPOSTA CORRETA: D

2. A repressão durante o período da ditadura militar sobre qualquer tipo de organização de classes, especialmente com relação à organização de estudantes, trouxe prejuízos e atrasos na consolidação: RESPOSTA CORRETA: E

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 08 • ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA

Dos Órgãos Colegiados

As escolas públicas na atualidade apresentam dois órgãos colegiados cujas finalidades

são tornar o trabalho de gestão mais eficiente e democrática a ação da escola. São eles:

I­ Conselho de Classe, Série ou Termo

A palavra conselho deriva do latim, consilium, cujo significando tanto pode ser ouvir alguém, quanto submeter algo a uma deliberação de alguém, após uma ponderação refletida, prudente e de bom senso.

A Legislação básica que rege o Conselho de Classe, Série ou Termo é Decreto nº

10623/77, 11.625/78. Parecer CEE nº 67/98 e o Regimento Escolar.

A partir de meados dos anos 70, a escola incrementa por força da Lei 5692/71 o Conselho

de Classe, Série ou Termo, cuja finalidade passava a analisar a situação de desenvolvimento

cognitivo e pessoal dos alunos ao longo das avaliações bimestrais, opinando sobre a

possibilidade de submetê­los ou não ao processo de recuperação de estudos, que é uma

inovação proposta por aquela Lei, que incrementava as menções (A,B,C,D e E) e modificava a o

processo de avaliação (que anteriormente era feita por conteúdos), e institui a avaliação por

objetivos. Daí uma análise mais apurada do desenvolvimento dos educandos através da

verificação dos objetivos alcançados por cada um.

O conselho de classe, série ou termo foi criado para que a escola garantisse o padrão de

qualidade do ensino e pudesse ministrá­lo a alunos com igualdade de condições de acesso e

permanência, auxiliando o gestor escolar na administração da proposta pedagógica da escola.

A avaliação é vista como um processo formativo, interativo e referencial, capaz de colocar

informações mais precisas, mais qualitativas sobre os processos de aprendizagem, para

estabelecer ações conjuntas, que visem ao desenvolvimento do aluno, levando­o a progredir e

atingir novos patamares do conhecimento.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

As vantagens e desvantagens dos antigos Conselhos de Classe/ Série

Podemos considerar que a antiga organização dos conselhos de classes, séries ou termos

contando apenas com a participação de diretores, equipes técnicas e professores apresentou

vantagens e desvantagens para o ensino.

Com as mudanças estabelecidas pelas Normas Regimentais Básicas, que serviram de

ponto de partida para a confecção do Regimento da Escola, destacam­se as novas conotações do

Conselho de Classe, Série ou Termo. Antes de discutir essas novas características desses

Conselhos, é necessário levantar alguns tópicos sobre como realmente funciona essa instituição.

Atende às necessidades do processo pedagógico? Reflete um trabalho coletivo na unidade?

Altera, em algum momento, o trabalho dos professores diante das apreciações do desempenho

dos alunos durante os bimestres? Contribui para a melhoria da qualidade de ensino nas escolas?

A composição do Conselho de Classe, Série ou Termo, sem a participação dos alunos,

tinham suas vantagens, pois permitia aos professores uma visão do aproveitamento da classe,

como um todo, e do aluno, individualmente; nem sempre essa apreciação ultrapassa os limites de

uma constatação, sem resultados práticos para uma avaliação voltada à construção do

conhecimento dos discentes, na maioria dos casos.

Os Conselhos bimestrais sem participação dos discentes na maior parte das vezes

dedicam­se a:

Durante muito tempo os Regimentos Escolares eram estabelecidos de forma

centralizada pelo poder público para as escolas públicas (Ex.: Regimento Comum das

Escolas Estaduais) e as escolas particulares podiam elaborar seus Regimentos

obedecendo a parâmetros estabelecido pelo Estado, mas adequando­os às suas

realidades, em 1996, com a promulgação da Lei 9394/96; entre um dos seus princípios

está a autonomia da escola pública, porém liberdade não se concretizou de forma geral

ampla e irrestrita no governo paulista por meio do Conselho Estadual de Educação para

a elaboração do Regimento as Normas Regimentais Básicas.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Sempre foi cogitado planejar o que cada professor deveria fazer com os alunos, que não

apresentavam aproveitamento pela introdução de novas ações em sala de aula (finalidade

precípua dos Conselhos de Classe, Série bimestrais), mas dificilmente realizado a partir do

momento em que o professor fechava a porta de sua classe, isolando­a da supervisão, da direção

e da coordenação. Uma das causas é a própria formação do docente, que idealiza um aluno de

perfil anacrônico.

Já o Conselho Final tão somente decidia sobre aprovação ou retenção dos alunos à luz de

simpatias e antipatias ainda que, fundamentado, às vezes se baseasse no aproveitamento global

dos alunos registrados no diário do professor, ou em fichas de Secretaria. Supor­se­ia que os

alunos com menções alfabéticas positivas (azuis), ao longo do ano, apresentariam um

desempenho entre satisfatório e ótimo ­ sem que se soubesse, exatamente, o que significariam

esses desempenhos, enquanto que excessos de conceitos alfabéticos negativos (vermelhos)

demonstrariam uma aprendizagem insatisfatória, resultando na retenção do aluno na série, sem

se saber o que seria realmente insatisfatório na aprendizagem desses discentes.

Outra função do Conselho Final seria a solução das discrepâncias entre conceitos muito

diferenciados para assegurar uma certa coerência na avaliação dos alunos, quando da aplicação

do 5º conceito. É por isso que se dizia que o Conselho Final exercia uma função puramente

classificatória, ou seja, decidia, simplesmente, pela promoção ou retenção dos alunos, ainda que

este ou aquele docente levantassem questões concretas ligadas à aprendizagem pela

demonstração das defasagens de aprendizado dos alunos candidatos à reprovação, ou

buscassem a prevalência da opinião do coletivo sobre a individual ­ aqueles casos em que

determinados professores exigiam a retenção de discentes, sob o argumento de que sua

• discutir comportamentos negativos dos alunos (sem a preocupação de procurar as

razões dessas atitudes e buscar soluções para os problemas vivenciados durante os

bimestres), através de um rol de indisciplinados para posteriores providências a ser

tomadas pela direção da escola;

• discriminar conceitos negativos e positivos, por meio de uma avaliação "maniqueísta",

­ que os rotula em bons e maus alunos, esses últimos vistos sob o prisma de pré­

conceitos cristalizados: o aluno não tem pré­requisitos; não gosta de estudar; não dá

para a coisa; tem problemas familiares, que interferem diretamente sobre seu

desempenho; não quer saber de nada e assim por diante, segundo pesquisa realizadas

em várias escolas, pela professora Sandra M. Záquia Liam de Souza (Profª. na

Faculdade de Educação da USP).

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

disciplina seria essencial para a continuidade dos estudos, na série posterior, ainda que, no

conjunto, o aluno apresentasse bom aproveitamento.

2­ A composição dos atuais Conselhos de Classe, Série e Termo

Os Conselhos de Classe, Série ou Termo, bimestrais ou finais, serão, daqui para frente,

momentos em que, a partir do Projeto Pedagógico da Escola, o coletivo avaliará se as metas

propostas estão sendo atingidas, analisará o crescimento individual dos alunos e da classe,

replanejará conteúdos não ministrados, recuperando o que não foi apreendido. Será o momento

de os professores retomarem aquilo que planejaram para todos os alunos e não conseguiram

concretizar na continuidade, avaliando prioridades em discussão da qual participarão docentes e

discentes.

Em face dos ciclos, nos quais não haverá retenção de alunos por aproveitamento, os

Conselhos Bimestrais planejarão ações que garantam a aprendizagem na medida das

possibilidades do coletivo. O Conselho Final terá como função analisar, coletivamente, o

desempenho dos alunos, remetendo os de desempenho insatisfatório à recuperação nas férias ou

projetando a solução dos problemas de aprendizagem para o planejamento do ano subseqüente

aqueles alunos que necessitarem de um atendimento especial para adequá­los à nova série, na

qual ingressará com defasagens. Daí a necessidade de se implementar a recuperação paralela

desde o princípio do ano letivo.

Provavelmente, a partir dessas novas ações, as escolas poderão desenvolver os 200 dias

letivos, acabando com a "síndrome" do 30 de novembro, ocasião em que o ano letivo parece

terminar, fatalmente, embora nem sempre os conteúdos tenham sido ministrados em sua

totalidade.

3­ A importância da participação dos alunos no Conselho de Classe/

Série

Mesmo que as atribuições dos Conselhos fossem exercidas, ainda faltaria um componente

essencial nesses colegiados: a presença do aluno. Não a do aluno individualizado, que muito

pouco teria a contribuir para a efetividade da reunião, mas daquele representante de demandas

específicas de sua classe ou de sua série.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A presença do aluno representante de classe ou de série, nos Conselhos (arts. 15, 16 e 17

das Normas Regimentais), constituir­se­á (participação ora obrigatória) no contraponto essencial

para que os docentes consigam enxergar, de fora para dentro, o que realmente, estão realizando

em sala de aula e de que maneira sensibilizam ou não seus alunos, do ponto de vista afetivo e

pedagógico, uma vez que discentes têm muito a dizer, por meio de seus representantes, sobre o

andamento do trabalho do professor em sala de aula, o que até o momento lhes fora, tacitamente,

vedado.

A escola, com tal participação, só tem a ganhar, uma vez que o aluno será o maior

beneficiário de um ensino de qualidade. Ao mesmo tempo, essa participação não deixa de ser um

exercício de cidadania, que tanto se quer desenvolver entre os discentes. As escolas deverão

preparar cidadãos a representarem seus colegas de classe, fazendo­os partícipes do

planejamento escolar, predispondo, por outro lado, o corpo docente a ouvir o que os alunos têm a

dizer sobre o ensino que lhes está sendo ministrado (ou imposto!!??).

Imaginamos que, à época dos Conselhos Bimestrais, haja amplas discussões, em cada

sala de aula, para que os alunos representantes de série ou classe no Conselho listem suas

demandas, podendo expô­las livremente a professores, diretores e coordenadores. Sobre esse

aspecto, caberá à direção, coordenação e corpo docente orientar as classes para essa tarefa, que

será fundamental para o aproveitamento dos alunos e melhoria da qualidade de ensino nas

escolas públicas estaduais.

Essa atitude fará com que muitos professores tornem­se menos impessoais e prepotentes,

reconhecendo que seus alunos são capazes de discutir métodos, conteúdos e formas de

relacionamento no Conselho de Classe/ Série. Quiçá, estará, na participação dos alunos nos

Conselhos, o instrumento para a revelação de inúmeros "segredos" guardados "a sete chaves", no

momento em que o professor adentra à sala de aula, em muitas das quais, ocorreriam distorções,

que fogem, totalmente, à supervisão da coordenação e direção, com graves prejuízos para o

aprendizado e, até mesmo, para a formação dos discentes.

II­ Conselho de Escola

O Conselho de Escola foi criado com a finalidade de tornar mais democrática a gestão

escolar; permitindo uma maior participação de pais e alunos na gestão dos assuntos escolares,

este órgão tem como atribuições deliberar sobre:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Legislação básica a ser consultada para o Conselho de Escola:

Lei Complementar 444/85, Comunicado SE de 31/03/86, Comunicado SE de 10/03/93 e

Parecer CEESP nº 67/98.

Composição:

Obedecendo ao principio da paridade, o Conselho de Escola deve ser sempre composto

por 50% (cinqüenta por cento) dos elementos integrantes da escola e 50% (cinqüenta por cento)

dos elementos integrantes da comunidade escolar, distribuídos por um mínimo de 20 e máximo de

40 componentes ,dependendo do tamanho da escola, distribuídos da seguinte forma:

Deliberar: discutir para resolver um assunto, um problema ou tomar uma decisão

a) diretrizes e metas da unidade escolar;

b) alternativas de solução para os problemas de natureza administrativa e pedagógica;

c) projetos de atendimento psicopedagógico e material ao aluno;

d) programas especiais visando à integração escola­família­comunidade;

e) criação e regulamentação das instituições auxiliares da escola;

f) prioridades para aplicação de recursos da Escola e das instituições auxiliares;

g) designação ou dispensa do Vice­Diretor de Escola quando se tratar de servidor de

outra unidade escolar;

h) penalidades disciplinares a que estiverem sujeitos os funcionários, servidores e

alunos da unidade escolar;

i) elaboração do calendário e do regimento escolar, observadas as normas do Conselho

Estadual de Educação e a legislação pertinente;

j) apreciação dos relatórios anuais da escola, analisando seu desempenho em face das

diretrizes e metas estabelecidas.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Serão admitidos 2 (dois) suplentes para cada segmento, eles substituirão os membros

efetivos em suas ausências e impedimentos.

Representatividade

O preenchimento das vagas será feito por eleição direta de seus pares (docente vota em

docente; aluno vota em aluno; pai vota em pai, funcionário vota em funcionário, etc.), realizada no

primeiro mês letivo de cada ano, em assembléias distintas com a confecção de atas distintas da

eleição de cada segmento. Cada membro deverá trazer para as reuniões as opiniões dos

elementos pertencentes ao seu segmento, o que dá legitimidade ao processo.

As reuniões poderão ser ordinárias, convocadas pelo Diretor ou extraordinárias,

convocadas pelo diretor ou por proposta de 1/3 de seus membros. A convocação será feita, por

escrito, com ciência dos interessados ou por edital afixado na escola, em local visível e de fácil

acesso ao público. O prazo para convocação, dia e horário das reuniões deverá ser levados em

consideração, assim como a possibilidade de participação da maioria dos membros componentes

do Conselho.

Para a realização da reunião, será necessária a presença da maioria absoluta dos seus

membros, sendo alcançada com a presença de 50% mais um do total de membros do Conselho

(exemplo: o Conselho é composto de 30 membros, maioria absoluta é metade = 15 + 1 = 16).

Garantida a presença da maioria absoluta dos membros do Conselho, uma questão será

aprovada por maioria simples, ou seja, maioria de votos dos presentes à reunião.

Considerações importantes:

1) O Diretor de Escola tem direito a voz e voto nas deliberações do Conselho.

40% de docentes

5% de especialistas de educação (exceto o Diretor de Escola)

5% de funcionários

25% de pais e alunos

25% de alunos

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

2) O aluno de qualquer idade deve exercer o seu direito a voz e a voto em todos os

assuntos deliberados pelo Conselho, conforme orientação contida no Comunicado SE

de 31/03/86.

3) A ata do Conselho deve ser tornada pública, exceto quando contiver ato infracional

deliberado pelo Conselho a que se atribua autoria a crianças e adolescentes (artigo 143

do Estatuto da Criança e do Adolescente).

4) Reuniões do Conselho não são abertas ao público ou a pessoas estranhas a ele, salvo

quando for deliberar sobre penalidades disciplinares. Nesse caso, deverá estar

presente o acusado e seu respectivo defensor ou representante legal, para o exercício

da ampla defesa.

5) O Conselho de Escola não pode transferir suas atribuições (deveres) ao Diretor de

Escola, mediante decisão tomada em reunião ou mediante procuração dos seus

membros. A lei veda. Portanto, serão nulos e abusivos os atos praticados pelo Diretor

em nome do Conselho de Escola, como delegado dele ou como procurador de seus

membros.

6) Não existe voto por procuração e nenhum dos membros poderá acumular votos.

7) Não existe uma segunda instância do Conselho de Escola. Portanto, não cabe pedido

de reconsideração e recurso das deliberações do Conselho, exceto via judicial.

8) Não cabe ao Conselho deixar de deliberar a respeito, nem deliberar pela não­ punição

aos servidores e alunos que se sujeitaram a uma pena. Compete ao Conselho qualificar

e quantificar a punição dentro das competências do Diretor e/ ou do Secretário de

Escola.

9) A reunião do Conselho não poderá ocorrer sem a presença da maioria absoluta dos

seus membros (metade mais um do total de membros do Conselho). Não existe

segunda convocação, meia hora após a primeira com a presença de qualquer número

de presentes. Essa regra não está prevista para o Conselho de Escola e, sim, para as

Assembléias Gerais da APM.

10) Todos os membros do Conselho (exceto o Diretor da Escola) são eleitos por voto

direto, entre seus pares. Não existe indicação de componentes para integrar o

Conselho.

11) Quando houver proposta de convocação por um mínimo de 1/3 dos membros do

Conselho, ela compete ao Diretor, que não poderá se recusar a fazê­la.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

12) Participar do Conselho de Escola tanto é um direito como um dever do professor. O

não­comparecimento do docente nas reuniões do Conselho de Escola, quando

convocado, acarretará em "falta­aula" ou "falta­dia", conforme o caso, nos termos do

artigo 11 do Decreto nº 39.931/95.

Exercícios

1. Assinale a falsa quanto às atribuições do Conselho de Classe, Série ou Termo: a) Avaliar o rendimento da Classe e estabelecer ao docente uma visão mais ampla do

desenvolvimento de determinado aluno nas demais disciplinas. b) Favorecer o debate sobre questões que possam melhorar a qualidade de ensino dos alunos. c) Atualmente, por contar com a presença de educandos em sua composição, propiciar uma

maior integração dos profissionais com os alunos d) Orientar o diretor e o grupo na tomada de decisões de ordem pedagógica visando ao

aprimoramento da educação. e) Não estabelecer uma discussão permanente entre a comunidade escolar sobre o processo

de ensino­aprendizagem

2. Sobre o Conselho de Escola, é incorreto afirmar­se: a) Pode estabelecer discussão sobre penalidades disciplinares a que estiverem sujeitos os

funcionários, servidores e alunos da unidade escolar. b) Participa ativamente da elaboração do calendário e do regimento escolar, observadas as

normas e a legislação pertinente. c) Através de festividades, arrecada recursos financeiros para minimizar as diferenças

econômicas dos educandos. d) Participa da elaboração das diretrizes e metas da escola. e) Propõe alternativas de solução para os problemas de natureza administrativa e pedagógica.

Respostas dos exercícios

1. Assinale a falsa quanto às atribuições do Conselho de Classe, Série ou Termo: RESPOSTA CORRETA: E

2. Sobre o Conselho de Escola, é incorreto afirmar­se: RESPOSTA CORRETA: E

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 09 • GESTÃO PARTICIPATIVA (DEMOCRÁTICA)

Nas aulas anteriores pudemos verificar que tanto as mais recentes teorias: de

administração (as organizações devem funcionar como bandas de Jazz), de liderança (processo

de liderança flutuante), de formação de equipes (coesão entre os membros, metas bem

delineadas), como a organização interna da escola (com atuação das instituições auxiliares, e os

órgãos colegiados) nos indicam um caminho para a tão sonhada melhoria da qualidade de ensino,

que é o estabelecimento de uma gestão escolar democrática de fato com a participação de todos

os segmentos envolvidos (pais, alunos, professores, operacionais, auxiliares, direção,

coordenação e a sociedade como um todo), pois a redenção do ambiente social está na

educação, na formação do cidadão, no desenvolvimento de uma consciência crítica e reflexiva e

das potencialidades dos educandos.

Os problemas como a violência, a exclusão, a má distribuição de rendas, a injustiça, a

impunidade, a corrupção, a imoralidade, a falta de consciência, etc. são alguns dos principais

problemas sociais na atualidade, em todo o mundo, agravando­se nos países emergentes como o

Brasil.

Se a classe política e a população em geral se voltassem para uma valorização da escola

e dos seus profissionais, como se encontra previsto na legislação em vigor (Constituição Federal e

LDBEN)... Se principalmente os educadores melhorassem sua autoconfiança, e readquirissem a

consciência de sua importância, poderiam minimizar e até reverter este quadro caótico exibido

pela sociedade, pois é na escola que as crianças e os jovens se encontram no período de

formação de sua personalidade, e se esta instituição estivesse adequadamente estruturada para

cumprir sua tarefa educativa (formação integral da personalidade humana), gradativamente

teríamos uma melhoria da sociedade como um todo.

É importante observarmos que em todos os programas dos partidos que concorreram às

últimas eleições presidenciais a prioridade era a educação, inclusive um dos candidatos fez do

assunto a plataforma principal de sua campanha; este aspecto reforça a idéia de que a solução

dos problemas sociais está efetivamente na escola.

Hoje percebemos na maioria das escolas públicas um desânimo generalizado, tanto por

aqueles que nela militam profissionalmente, como pelos alunos, e vários fatores poderiam ser

apontados como causas dessa falta de motivação:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Poderíamos enumerar muitos problemas, mas cabe ao gestor equacioná­los em conjunto

com a comunidade escolar (pais, professores, alunos, etc.), solucioná­los de maneira participativa,

sempre visando aos interesses dos educandos, da comunidade sua beneficiária e da melhoria da

qualidade de ensino oferecido.

Atualmente, as equipes escolares encontram dificuldades de aproximação da comunidade

na escola, pois historicamente os pais eram chamados na escola apenas quando seus filhos

tinham problemas de aprendizado, ou, mais freqüentemente, de comportamento, dificilmente

sendo chamados para receber elogios. Prova desta situação é quando ocorre a reunião de pais,

na maioria das vezes observarmos a pessoa que preside a reunião dizer: “os pais daqueles que

mais precisavam estar aqui, não vieram” É evidente que não gostamos de ouvir de outros a

confirmação dos defeitos que os nossos possuem e que estamos cansados de saber e tentar

corrigir.

Tendo em vista esta situação, cabe ao gestor escolar de todas as formas trazer a

comunidade a participar da ação educativa. Esse trabalho não é fácil na atual conjuntura, porém o

bom administrador não deve jamais esmorecer, na busca de uma sensibilização da comunidade

para a importância do processo educativo, e de um trabalho integrado escola/ comunidade, da

responsabilidade que os pais têm com os filhos e na busca incessante de um futuro melhor para

eles.

• a falta de um modelo social que pudesse prestigiar de fato aqueles que se esforçam

mais nos estudos (existem no país pessoas semi­alfabetizadas que amealham fortunas.

Ex: jogadores de futebol, o que serve de pretexto para muito não estudarem.)

• a falta de um tratamento metodológico de ensino mais atual, de modo que os alunos

se sentissem desafiados constantemente e principalmente problemas do cotidiano

fizessem parte dos currículos

• a falta de uma motivação extrínseca (de fora para dentro) dos alunos, por meio de

uma dissecação da importância e principalmente da aplicabilidade prática de conteúdos

necessários ao aprendizado, que hoje são tratados de forma árida.

• a falta de atualização permanente do pessoal da escola, através do relato de

experiência pedagógicas que estão sendo realizadas com sucesso.

• a rotatividade do pessoal docente, que é um problema crônico da educação, não

permitindo que os docentes se interem dos problemas daquela localidade, e se tornem

sensíveis aos problemas dos educandos e da comunidade.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Se nos reportarmos à teoria da administração mais recente, verificaremos que o bom

gestor é o que conhece seu potencial e as necessidades de seu entorno, que tem um olho no

presente, mas é capaz de prever o futuro, que gerencia de forma participativa envolvendo no

processo administrativo o maior número de pessoas nos momentos de tomada de decisões, que

valoriza a criatividade das pessoas, e torcer pelo sucesso dos outros, promovendo o seu

desenvolvimento pessoal e profissional. Na administração escolar, esses princípios devem ser

adotados irrestritamente, mas devemos ter o cuidado de não confundir a gestão escolar com a

gestão empresarial; lembre­se sempre que a escola é uma instituição peculiar que trabalha com a

formação de pessoas e não de objetos.

O gestor escolar deve trabalhar junto aos pais e alunos, em primeiro lugar no levantamento

das expectativas da comunidade sobre o real papel da escola, o que facilitará a sua tarefa, pois

poderá direcionar suas ações no sentido de minimizar as ansiedades, as angústias registradas

nos pais sobre formas adequadas na educação dos jovens, e em segundo porque a escola é um

equipamento social pertencente à comunidade e todos os esforços devem ser canalizados no

sentido de satisfazê­la.

Trazendo a comunidade à participação.

Vimos nas situações mencionadas acima que não é fácil desempenhar a missão de gestor

escolar sem que haja um comprometimento efetivo do profissional, e um envolvimento da

comunidade escolar em geral.

Para trazer a comunidade à participação deve o gestor mudar o comportamento da escola,

realizando sistematicamente reuniões cujos assuntos abordados sejam de interesse dos pais,

convidando pessoas (professores, psicólogos, sexólogos, psicopedagogos, médicos, etc.) que

possam contribuir no esclarecimento desses assuntos de forma séria, em horários que possam

facilitar a presença dos pais, e que sobretudo abordem temas que possam facilitar a tarefa dos

pais na criação dos filhos.

Outro trabalho que pode aproximar os pais da escola é a ação dos Conselhos, da APM e

do Grêmio, com festividades, eventos, feiras, promoções culturais, etc. em que os pais tomem

ciência dos trabalhos realizados pela equipe escolar em beneficio dos jovens e das modificações

ocorridas no ambiente escolar.

Poderíamos conscientizar com muitos outros exemplos, como: escola de mães, escola da

família, oficinas de artesanato, campeonato de pais, etc. Todos os trabalhos devem levar a

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comunidade a crer no empenho, na presteza e na seriedade da equipe escolar (direção,

coordenação, docentes e funcionários em geral).

Diretrizes para gestão escolar

O trabalho administrativo deve iniciar­se tendo em vista um plano de ação efetivo, que seja

elaborado pela comunidade (pais, alunos e servidores em geral), que possua metas, cuja

consecução se proponha a solucionar os problemas mais emergentes em termos educativos,

tanto os problemas internos como externos da escola.

Trata­se de adotar o trabalho de gestão por metas como o próprio Drucker sugere em seus

trabalhos – para se ter um processo de gestão eficiente é necessário antes de tudo estabelecer

objetivos (metas) APO. Essas metas devem ser estabelecidas com a colaboração do coletivo e

devem refletir uma preocupação da escola com o pleno desenvolvimento do educando, seu

preparo para o exercício da cidadania, e sua qualificação para o trabalho (art.2º da LDBEN).

O documento que sintetiza esta preocupação da escola é denominado de Plano Escolar,

que vem sistematicamente assumindo outras denominações como: Plano de Gestão, Plano

Diretor, Projeto Político­Pedagógico, Projeto Pedagógico, etc. Esse documento elaborado por toda

a comunidade escolar deve ser uma carta de intenções relativas à formação dos educandos, na

qual são estabelecidas metas e todas as ações que contribuirão para a sua consecução, como:

atividades, projetos, quadros, horários, cronogramas, estatutos, pessoal envolvido, etc.

Esse documento surgiu da necessidade de se direcionar a atividade educativa; no

momento em que a escola assumia um maior número de tarefas, e estas se tornavam cada vez

mais complexas, nesse momento o país sentiu a necessidade também de estabelecer parâmetros

que pudessem nortear as ações dos governos e a conseqüente produção de Planos Estaduais de

Educação e Plano Nacional de Educação.

Era necessário estabelecer uma visão mais apurada da real situação educacional que o

Brasil atravessava, sendo imprescindível coletar dados na base do sistema (escola) que

pudessem subsidiar os planos e as políticas governamentais para educação, visando a melhorar o

atendimento, as políticas, a aplicação de recursos, etc.

O plano elaborado no âmbito da escola teria então duas finalidades distintas: a primeira

direcionar o processo de gestão escolar, e a segunda subsidiar o governo na tomada de decisões

educacionais. Houve alguns erros de percurso na elaboração dos planos escolares, como:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A soma desses fatores, e outros de menor relevância, de certa forma tirou do governo a

possibilidade de realizar planos que tivessem uma aplicabilidade, e que contemplassem as

necessidades da educação de toda a nação, tamanha a diversidade; se não serviu para essa

finalidade, se transformou em um documento fundamental que direciona as ações de toda equipe

escolar no sentido de promover o constante aperfeiçoamento do processo educativo e

especialmente envolver nessa tarefa a comunidade.

Processo de Elaboração do Plano Escolar

No processo de elaboração do plano escolar, é ideal e necessário que todos os segmentos

da escola estejam envolvidos e motivados a participar.

Deve ser coordenado pelo diretor, portanto cabe a ele criar uma necessidade no grupo

enumerando todos os aspectos que favorecem o trabalho educativo a partir da elaboração do

plano. Esse trabalho deve iniciar­se primeiramente junto da equipe escolar, usando o

convencimento dos elementos como estratégia principal, e depois se expandir por toda a

comunidade escolar, que se constitui num trabalho mais exaustivo, pois todo o processo deve

desenvolver­se através de plenárias, coordenadas pelo próprio diretor. Depois do trabalho de

elaboração concluído, todos os funcionários e a comunidade em geral devem ter acesso a

qualquer momento ao documento.

Atualmente, em uma quantidade considerável de escolas públicas, o plano escolar é

elaborado pela equipe técnica da escola (Diretor, Vice ou Assistente, Coordenadores e Secretário)

e serve apenas para satisfazer uma exigência legal, ou é simplesmente feita a cópia do plano

• a falta de capacitação técnica dos diretores e professores na elaboração de tal plano –

os planos de disciplinas elaborados pelos professores, em conseqüência, se reduziram

a cópias de modelos elaborados pelas editoras (encarte do livro didático).

• as diferenças econômicas regionais – mesmo em São Paulo, o estado mais rico da

federação, existiam regiões como o Vale do Ribeira com um desenvolvimento

comparável às regiões mais pobres do país. A quantidade de cidades desenvolvidas no

estado suplantava em muito as regiões mais pobres, o que mascarava a real situação

da educação.

• a densidade demográfica das regiões não foi considerada, pois o plano estadual de

educação era único, prevendo ações de modo mais homogêneo.

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anterior atualizando­se apenas os dados (ano, ampliações, etc.). Em muitos casos, os próprios

professores não têm acesso ao referido documento.

A elaboração deve se constituir num processo altamente participativo para que todos se

sintam responsáveis e de certa forma se estabeleça uma cumplicidade entre todos os integrantes

no sentido de colaborar para a consecução das metas estabelecidas.

Duração do plano escolar

A duração do plano é variável segundo decisão do coletivo da escola, onde se garanta

atingir as metas de curto, médio e longo prazos. A legislação prescreve um plano escolar anual

(com duração de 1 ano) ou quadrienal (com duração de 4 anos).

Acredita­se que planos escolares com duração de 4 anos acabem virando um amontoado

de documentos, pois todos os anos existem documentos que são acrescentados como:

Calendário Escolar, modificações no Regimento, alterações de turnos e turmas, etc.

Você pode estar se questionando sobre um documento que é complicado na sua

elaboração, que denota tanto esforço e despende tanto trabalho por parte do diretor, se é

vantajoso rever a cada ano; nós diríamos que muitas das peças que compõem o plano escolar

pouco ou nada se modificam de um ano para outro, mas é um momento de reflexão da

comunidade sobre o que está dando certo e o que não está, qual a meta que permanece mesmo

depois de ser atingida e quais as que deixam de constar no documento por conta de

determinação legal ou mudança no sistema.

Aspectos relevantes de compreensão:

O plano escolar também denominado de Plano de Gestão, Plano Diretor, Projeto Político

Pedagógico, Projeto Pedagógico, etc. deve ser elaborado por todos os integrantes da comunidade

escolar, numa tarefa coordenada pelo diretor, e deve se constituir em uma carta de intenções da

escola com referência ao trabalho a ser desenvolvido pela escola durante o período letivo

estabelecido, nele devem ser consignados dados que permitam após uma análise sucinta saber:

que tipo de trabalho, quem serão os responsáveis, qual o tempo gasto, quais as principais ações

e projetos, que metas foram estabelecidas para a formação dos alunos, quais as normas que

devem ser observadas por cada um dos segmentos, quais as instituições que colaborarão com o

trabalho educativo, quais as responsabilidades de cada uma das partes envolvidas, etc.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Se o plano escolar tiver uma concepção que esteja de acordo com os anseios de toda a

comunidade escolar, poderá perceber­se uma sensível melhora nas relações interpessoais e

conseqüentemente elevação na qualidade do ensino, e o reconhecimento pela comunidade da

importância do papel da escola.

Exercícios

1. A elaboração do plano escolar surgiu da necessidade: a) que as autoridades políticas tinham de controlar o ensino. b) por pressão de organismos internacionais, de nossos credores, para acabar com a retenção. c) ocasionada pela simplificação do ensino. d) de se direcionar a atividade educativa, no momento em que a escola assumia um maior

número e) de tarefas, e estas se tornavam cada vez mais complexas. f) que o país sentiu de estabelecer ação fiscalizadora que pudesse nortear as ações dos

governos.

2. A decisão de se elaborar o Plano Escolar para subsidiar o Plano Nacional de Educação teve como resultado favorável: a) as diferenças econômicas estruturais dos estados. b) o surgimento de uma diretriz no processo de gestão escolar. c) a cópia que foi feita de planos de ensino pelos professores. d) a não preparação prévia de dirigentes e professores no sentido de mostrar a importância do

plano. e) a densidade demográfica das regiões brasileiras.

Respostas dos exercícios

1. A elaboração do plano escolar surgiu da necessidade: RESPOSTA CORRETA: D

2. A decisão de se elaborar o Plano Escolar para subsidiar o Plano Nacional de Educação teve como resultado favorável: RESPOSTA CORRETA: B

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AULA 10 • ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

Na aula anterior, mostramos a importância e a necessidade de se elaborar um plano

escolar que reflita os anseios da comunidade beneficiária da escola. Na presente aula,

observaremos que, a partir do levantamento de objetivos comuns e claros a todos, ocorrerá

naturalmente a união dos pares dos integrantes da escola, estabelecendo no grupo o espírito de

equipe, o que se consolidará com a adoção de um sistema de administração flutuante, permitindo

que a criatividade das pessoas aflore, e permitindo aos integrantes o sentimento de pertencer; a

participação deles será responsável e com cumplicidade, sempre com vistas aos objetivos,

produzindo um trabalho de qualidade, com comprometimento.

Nesse processo caberá ao administrador subsidiar a execução do trabalho em todos os

sentidos, ou seja, no avivamento das metas, na cobrança de ações, na delegação de funções, na

verificação de resultados, no incentivo aos integrantes de sua equipe, na provisão de material, no

apoio logístico, etc., permitindo que a preocupação dos membros esteja apenas enfocada na

consecução da metas estabelecidas.

Com esse propósito, o gestor escolar deve “arregaçar as mangas” e partir para o trabalho

junto à equipe, dando­lhe suporte, parando para reflexões e avaliações periódicas do processo,

ouvindo os membros, sendo carismático, auxiliando os elementos a transpor obstáculos, torcendo

pelo sucesso do empreendimento, propondo mudanças, buscando em conjunto alternativas e

sobretudo adquirindo a confiança e admiração das pessoas integrantes da equipe, configurando­

se como um verdadeiro líder.

Na elaboração do plano escolar, o diretor deverá envolver ao máximo todos os integrantes

da comunidade escolar; muitas vezes isto é impossível, pois encontramos barreiras existentes no

próprio sistema educacional que nos impedem de envolver 100% dos membros, como exemplo

professores que estão na escola completando suas cargas horárias, professores em licença de

qualquer natureza, professores com um número mínimo de aulas, pais que trabalham em turnos

de revezamento, ou que estão ausentes. Mas o verdadeiro gestor é o que não se acomoda,

dividindo responsabilidades, e procurando soluções com a participação de todos os segmentos,

pois acredita sempre que, às vezes, de onde se menos espera a solução ela surge.

A elaboração do Plano Escolar, dependendo da escola (escolas cuja maioria do corpo

docente é efetivo e não pretende se remover), pode iniciar­se no ano anterior a sua aplicação, e

existem partes que podem ser elaboradas pelo próprio diretor, vice ou até mesmo o secretário;

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

outras partes podem ser elaboradas por comissões (de pais, de professores ou mistas) e ainda

outras que devem contar com a participação maciça da comunidade. Outrossim, não se pode

recear a mudança de características da comunidade local de um ano para o seguinte, portanto o

trabalho de caracterização da comunidade pode ser feito sem dúvida no ano anterior, com calma,

de maneira meticulosa, envolvendo a comunidade, pois depende desse trabalho e de sua

avaliação criteriosa, a melhoria da qualidade de ensino oferecido pela escola.

Reiteramos aqui que o trabalho do gestor é de motivar, organizar e acompanhar a

elaboração do trabalho, subsidiando­o sem uma interferência direta nas decisões tomadas, a

menos que contrariem disposições legais.

Partes do Plano Escolar

Essencialmente, um plano escolar deve ser composto pelas seguintes partes:

Existem em cada uma das partes, podem existir sub­itens, dependendo da necessidade e

nesta aula, e nas próximas mostraremos como elaborar cada uma das partes; o que estamos

propondo é a elaboração sucinta do plano com as partes essenciais, mas o mesmo deve ser

incrementado de acordo com as necessidades ou peculiaridades da escola; ele tem que refletir a

intencionalidade da escola e de sua equipe na formação dos alunos.

Cada escola se constitui em uma instituição única, cujo trabalho deve refletir os anseios e

as necessidades da comunidade onde ela se insere, portanto o propósito dos legisladores em

conceder a autonomia das escolas foi no sentido de que cada uma tivesse a oportunidade de se

adaptar à realidade local, e dessa forma, sem dúvida, realizar um trabalho de qualidade (cada

escola com uma feição própria). Em outros países, muitas experiências de sucesso têm se

registrado nesse sentido; na França, por exemplo, até os professores residentes nas cercanias da

I. Identificação da Unidade Escolar;

II. Caracterização da Unidade Escolar;

III. Caracterização da Comunidade Escolar (clientela);

IV. Metas;

V. Operacionalização das Metas;

VI. Avaliação.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

escola têm preferência na contratação, porque se entende que ele sendo da comunidade terá

mais sensibilidade aos problema locais.

I­Identificação da Unidade Escolar

Nessa parte do plano deverão ficar consignados todos os dados que identifiquem a

unidade escolar destinatária, pois este documento tem que ser apresentado na Diretoria de

Ensino ou Coordenadoria no início do ano letivo para que seja homologado (aprovado) pela

autoridade competente e devolvido para a escola, para a partir desse momento ser

operacionalizado, e, portanto, deve conter o cabeçalho completo:

Nome da Secretaria à qual pertence

Nome da Coordenadoria ou Diretoria à qual pertence

Nome completo da escola

Endereço completo: bairro, cidade, tel, CEP, e­mail, código do logradouro e código de

endereçamento (sendo estes dois últimos exigidos para as escolas municipais)

Exemplo para Escolas Estadual

Secretaria de Educação de São Paulo

Coordenadoria de Ensino da Grande São Paulo

Diretoria de Educação Leste IV

Escola Estadual “ Boa Merenda”

Rua Margaridas, 384

Bairro: Tatuapé – São Paulo­SP

CEP 03170­050

Tel 6673­2930

e­mail: [email protected]

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Exemplo para Escola Municipal

Exemplo para Escola Particular

Na identificação da Escola ainda poderão constar dados que justifiquem a denominação e

os Decretos de autorização, criação e denominação como sub­itens:

I.a ­ Biografia do Patrono ou Histórico

Este item deve contemplar de forma sucinta a biografia do patrono (nome da escola)

Exemplo:

Secretaria Municipal de Educação (SME)

Coordenadoria Municipal de Educação ­ Mooca

Escola Municipal de Ensino Fundamental “ Boa Merenda” (EMEF)

Rua Margaridas, 384

Bairro: Tatuapé – São Paulo­SP – Codlog 03174

CEP 03170­050

Tel 6673­2930

e­mail: [email protected]

C.End: 01.42356.01

Colégio “ Boa Merenda”

Mantido pela Associação Educacional Park *

Rua Margaridas, 384

Bairro: Tatuapé – São Paulo­SP

CEP 03170­050

Tel 6673­2930

e­mail: [email protected]

* Toda escola particular a partir do ensino fundamental não pode ser de propriedade de

uma pessoa física segundo a Lei, mas deve ser mantida por uma entidade jurídica, cuja

presidência da entidade mantenedora normalmente é exercida pelo proprietário.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

• Escola Estadual Alberto Santos Dumont: essa é uma figura pública muito conhecida e

dispensaria a biografia, porém é importante colocar a biografia para avivar o

conhecimento de todos, reverenciando­o.

• Escola Municipal de Educação Infantil Guilherme Rudge: neste caso é importante que

as pessoas saibam quem foi o personagem ilustre. Ex.: Guilherme Rudge nasceu em

1850, morreu em 1917, em São Paulo­SP; filho de imigrantes ingleses, foi quem instalou

a 1ª linha de bonde puxada a cavalos na cidade de São Paulo, em 1890, que fazia a

ligação do centro da cidade de São Paulo ao bairro da Penha.

• Escola Estadual MMDC: neste caso, será feito um histórico do Movimento

Constitucionalista de 1932, demonstrando a importância dele na história de São Paulo, e

citando quais os mártires do movimento, Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo.

Ainda como exemplo: Escola Estadual Heróis da FEB, EMEI Jardim Papai Noel, etc.

Leia o complemento da aula disponível no ambiente de estudo.

Exercícios

1. Na elaboração do plano escolar (plano de gestão, plano diretor, projeto político pedagógico, projeto pedagógico, etc) o papel do gestor escolar não deve ser de: a) subsidiar a execução do trabalho em todos os sentidos, ou seja, no avivamento das metas,

na cobrança de ações, na delegação de funções, na verificação de resultados, no incentivo aos integrantes de sua equipe, na provisão de material, no apoio logístico, etc., permitindo que a preocupação dos membros esteja apenas enfocada na consecução da metas estabelecidas.

b) “arregaçar as mangas” e partir para o trabalho junto à equipe, dando­lhe suporte, parando para reflexões e avaliações periódicas do processo, ouvindo os membros, sendo carismático, auxiliando os elementos a transpor obstáculos, torcendo pelo sucesso do empreendimento, propondo mudanças, buscando em conjunto alternativas.

c) ser um gestor escolar preocupado com a aquisição da confiança e da admiração das pessoas integrantes de sua equipe, configurando­se como um verdadeiro líder.

d) ser arrogante e prepotente, impedindo a participação da comunidade escolar no processo de elaboração e produzindo um documento que se constitui na cópia do documento anterior sem se preocupar em divulgá­lo ou sanear suas falhas.

e) Estabelecer, em conjunto com a comunidade escolar, as metas que servirão para unir todos os membros em busca de objetivos comuns.

2. Um dos principais fatores que impedem a elaboração do plano escolar no ano anterior ao da sua operacionalização é: a) a constância da freqüência dos educandos e pais nos trabalhos de execução do plano.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

b) a rotatividade dos profissionais de apoio serventes, inspetores durante a elaboração do plano.

c) a mudança de características significativas da comunidade de um ano para o outro. d) a modificação da estrutura física da escola com a construção de mais salas e) os recursos humanos que pela estrutura atual da educação paulista encontra­se em grande

rotatividade.

Respostas dos Exercícios

1. Na elaboração do plano escolar (plano de gestão, plano diretor, projeto político pedagógico, projeto pedagógico, etc) o papel do gestor escolar não deve ser de: RESPOSTA CORRETA: D

2. Um dos principais fatores que impedem a elaboração do plano escolar no ano anterior ao da sua operacionalização é: RESPOSTA CORRETA: E

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 11 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

II Caracterização da Unidade Escolar

A caracterização da unidade escolar consiste em um memorial descritivo, contendo a

descrição de todos os espaços físicos, com seus respectivos equipamentos e recursos didáticos

disponíveis na escola. Além disso, deve conter uma descrição da organização didática/

pedagógica (nº de classes, períodos, levantamento da rede física e etc.).

A função da caracterização da unidade escolar é demonstrar as possibilidades e as

restrições que a escola tem na realização de determinados trabalhos, o que vai influenciar a

elaboração da metas. Portanto, a análise minuciosa dessa parte do documento reflete as

possibilidades que a instituição tem de realizar um trabalho mais simples ou mais complexo, o que

vai ser determinado pela quantidade e qualidade dos recursos e espaços disponíveis.

Esta parte do plano escolar é imprescindível, para se estabelecer o tipo de trabalho que a

escola está ou não habilitada a desempenhar, e possibilita ao gestor perceber: quais os caminhos

a ser seguidos, quais os pontos a ser atingidos, quais devem ser suas preocupações quanto ao

suprimento de recursos didáticos, onde buscá­los, com que auxílio, como sensibilizar as

autoridades para a sua necessidade, etc.

Para exemplificar, imaginemos que em uma de suas metas a Escola X tenha colocado:

“Desenvolvimento da capacidade de pesquisa em 5% dos educandos” (meta), e a escola X não

disponha de sala de leitura, biblioteca ou sala de informática. Ainda que exista uma sala de

informática, mas não se tenha acesso à internet ou uma enciclopédia instalada nas máquinas

nesse ambiente, o desenvolvimento da pesquisa no aluno estará prejudicado, e obrigatoriamente

será feito como atividade extra­escola, sem o devido acompanhamento e/ ou direcionamento por

parte de um profissional competente (o docente), sendo necessário desenvolver essa habilidade

no jovem para que ele se habitue naquela atividade. Exageradamente, é o mesmo que alguém se

propor desenvolver a habilidade para a natação, sem que se tenha um lugar para nadar.

Levantamento da rede física significa enumerar o número de alunos existentes por

classe, série, termo.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Há algum tempo, e acreditamos que esta prática ainda exista em alguma escola, o

professor de português, para incentivar o hábito da leitura, no início do ano solicitava que cada

aluno adquirisse um livro paradidático, a partir disso, cada aluno deveria ler o livro adquirido em

um espaço de tempo pré­estabelecido (um mês, um bimestre, etc.); em um dia estabelecido, os

alunos deveriam apresentar um resumo do texto para correção e nota e trazer para a escola o

próprio livro paradidático; a professora expunha os livros no porta giz da lousa, solicitando que

cada aluno escolhesse o de sua preferência, com vistas à repetição do trabalho.

Não é difícil concluir que os primeiros a escolher faziam por curiosidade, e os que ficavam

por último tinham que se sujeitar a pegar o que havia restado, fato que deve ter desenvolvido nos

primeiros o gosto pela leitura e nos demais um repúdio por ela.

O ideal é que o professor leve sua classe para a biblioteca (sala de leitura) e permita de

forma democrática que os alunos escolham os livros segundo assuntos (romance, suspense,

drama, etc.) que lhes atraiam mais atenção e que inicie um trabalho que permita que eles

aprendam a interpretar a história. Somente dessa forma entendemos que os alunos adquiriram o

gosto e o hábito pela leitura.

Caracterizando a Escola

A escola da “Boa Merenda” apresenta o seguinte espaço físico:

1º) 10 (dez)salas de aula com 50 m²

Em primeiro lugar, o número de salas é importante até para se definir a ocupação delas em

função da organização de séries, de classes, ou seja, quantas salas de cada série.

A metragem é importante para se avaliar o número máximo de alunos que ela pode conter;

pela legislação que regula as construções de prédios escolares cada aluno de escola pública tem

o direito ao espaço de um metro quadrado (1m²) enquanto as escolas particulares deverão

reservar para cada aluno um e meio metros quadrados (1,5m²). Baseado ainda naquela

legislação, deve­se abater o total da metragem pelo 20% que será usada como área de

circulação, portanto a sala da escola da Boa Merenda comporta, se pública: área total = 50 m² ­

área de circulação 20% da área total = 10 m² = área restante > 40 m²; se cada aluno tem direito a

1 m², portanto esta sala comportará no máximo 40 alunos. Às vezes, o diretor escolar coloca

nessa mesma área mais alunos, e no caso de ocorrer uma epidemia ou um surto qualquer, a

responsabilidade recairá sobre o diretor, pois ele tomou uma iniciativa que contrariava a lei, e

portanto é ilegal.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Usando esse mesmo raciocínio para escolas particulares, uma classe desse mesmo

tamanho comportará apenas 27 alunos, nesse caso a legislação impede a ganância de lucro por

pessoas inescrupulosas que poderiam lotar as classes de alunos.

2º) Uma biblioteca com 90m²: este espaço permite que os livros sejam acomodados de

forma organizada, e os alunos de no máximo uma classe por seção se disponham com

conforto. Na descrição ainda, deverão constar dados sobre o acervo como: o número

total de livros e de títulos para que se tenha uma real dimensão de sua capacidade.

Nas escolas públicas municipais existe a função do Professor Orientador da Sala de

Leitura (POSL), que é um professor da escola ou da rede, escolhido e referendado anualmente

pelo Conselho de Escola, para desempenhar essa função, sendo obrigado a atender

periodicamente cada uma das classes da escola, assistido pelo professor, geralmente o de

português, e seu trabalho deve abranger todos os períodos. Nas escolas estaduais, o próprio

docente da classe é que executa a tarefa de acompanhar os alunos na biblioteca. Em algumas

escolas particulares o trabalho é realizado por um bibliotecário.

3º) Laboratório de Informática com 90m² com um servidor e 40 estações interligadas em

rede; o equipamento possui processadores Intel­pentium, estando interligados à rede

mundial de computadores, por “speedy”. Cada máquina possui Windows 2004 e o

pacote “ofice”, e outros hardwares (como enciclopédia Britânica, Abril etc.) importante

para o desenvolvimento dos educandos na utilização dos recursos de informática, além

de um datashow pelo qual as aulas são ministradas. A disposição de pessoal

especializado para desenvolver as atividades funciona de forma semelhante ao tópico

anterior. Professor Orientador de Informática Educativa (POIE) na prefeitura, o

professor da Classe, no estado, ou um técnico de Informática, respectivamente.

4º) Um laboratório de química com 80 m² composto por: reagentes diversos, uma bancada

para cada aluno, vidraria diversa, capela para gases e etc.

5º) Uma quadra poliesportiva, tamanho oficial, coberta, e iluminada.

6º) Um pátio, coberto com 1500 m² a utilização desse espaço é para a realização do

recreio, atividade de recreação e reuniões de pais e festividades em geral, contendo

um palco com 30 m² e apresentações de alunos e professores.

7º) Uma sala de professores com 60 m².

8º) Sala de diretor com 16m².

9º) Uma secretaria com 40 m².

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

10º) Três corredores com 40 m² cada um.

11º) 8 Banheiros com 10 m² cada um, sendo 4 masculinos e 4 femininos.

E assim por diante...

Na caracterização da escola devem­se colocar todos os espaços físicos que de certa

forma possam colaborar com a formação plena dos educandos: refeitório, cozinha, depósitos, sala

de coordenador, sala de recursos audiovisuais, jardim, espaços livres, auditórios, vestuários,

piscina, enfim, tudo do que a escola dispõe e com a descrição dos equipamentos que são

disponibilizados, e que possam ser utilizados plenamente pela comunidade escolar.

Organização da Rede Física

Nessa parte da caracterização deverão ser colocados quadros que especifiquem: o

número de turnos, horários de funcionamento de cada turno, as séries/ termos e os níveis

atendidos em cada turno, o número de alunos por série e por turno e o total dos alunos

matriculados na escola. Esses quadros refletirão o atendimento geral da escola, sua capacidade,

sua ociosidade, etc. Exemplo: Vagas

Remanescentes Turno Classes Ciclo Horários Nº de Alunos Total por série

1º Ano A EF I 7:00 às 11:00 32 1º Ano B EF I 7:00 às 11:00 31 63 7 2º Ano A EF I 7:00 às 11:00 35 2º Ano B EF I 7:00 às 11:00 34 69 1

Manhã

3º Ano A EF I 7:00 às 11:00 40

Croqui do Prédio (planta baixa)

Nesse quesito deve­se esboçar, sem a preocupação técnica de escala, a planta baixa da

escola (croqui) que sirva para análise do plano escolar, para que se possa ter uma idéia de como

estão distribuídos os espaços físicos, de forma que ocorre a execução dos trabalhos possíveis de

realização, e as possibilidades de acomodação da rede física.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Localização da Escola

Nesse tópico, deverá ser feito um mapa de localização geográfica da escola (do entorno)

ressaltando os principais pontos de referência (avenidas, praças, museus, outras escolas, prédios

públicos) para facilitar sua localização e para se ter uma noção da origem dos alunos que nela

estudam.

Caracterização do Bairro

Nessa subdivisão da caracterização da escola, devemos fazer um levantamento das

condições de que o entorno da escola é dotado, fazendo um levantamento do número de casas

comerciais, bancos, igrejas, etc. Além disso, devemos caracterizar as cercanias da escola,

classificando de bairro comercial, residencial ou industrial. Nem sempre as construções escolares

encontram­se em locais eminentemente residenciais.

Pelo número de agências bancárias, igrejas, comércios ou indústrias pode­se caracterizar

o bairro e estabelecer a origem do alunado (cercanias ou localidades mais distantes), ou que tipo

de convênios ou parcerias podem ser estabelecidas pela escola com a comunidade.

Pela distância da residência dos alunos à escola se reconhece um maior ou menor

comprometimento da comunidade com as iniciativas da escola. Quando a clientela reside nas

cercanias da escola, existe uma compreensão de que ela é um equipamento social pertencente à

comunidade, portanto se tem maior zelo e a participação é mais significativa, o comprometimento

é maior do que quando a comunidade vem de regiões mais afastadas; as escolas de passagem

são aquelas que localizadas em corredores de tráfego, recebe alunos da periferia que trabalham

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

na região central da cidade. Esse fato se dá porque muitos desses alunos se matriculam em

escolas da região onde moram, mas no fim da tarde, com o trânsito complicado, não conseguem

chegar na hora da entrada; esses alunos em sua maioria cultivam o sentimento de que a escola

não faz parte de sua comunidade e, portanto, o comprometimento com as iniciativas dela é menor.

Quanto ao croqui e à localização, já existem documentos na escola que podem subsidiar a

elaboração dos mesmos, como a planta da construção e mapa da região no guia ou no catálogo

telefônico. A reprodução de tal documento poderá ficar ao encargo de um indivíduo da

comunidade ou do corpo docente que apresente habilidade para a tarefa, sempre subsidiada pelo

diretor. E uma vez elaborados estes documentos, os originais são guardados ou escaneados e

somente em caso de mudança ou ampliação da escola é que serão modificados.

Em resumo, todos os dados colocados neste item devem contribuir decisivamente para

estabelecer os trabalhos que serão desenvolvidos e quais os trabalhos que não poderão ser

realizados por falta de condições técnicas, mas que farão parte da preocupação do gestor, para

tomar providências para que as carências técnicas sejam supridas no menor espaço de tempo

possível.

Outrossim, o gestor é responsável pela guarda e manutenção dos recursos didáticos – por

incrível que pareça, muitos sonegam sua utilização, embora exista a disponibilidade, sob o

pretexto de que podem ser quebrados. É melhor que o bem se quebre com o uso, do que se

transformar em um bem obsoleto.

Exercícios

1. A importância de se estabelecer as metragens na caracterização da Unidade Escolar deve­se ao fato de: a) que quem analisa o plano escolar precisa ter uma visão da distribuição das classes, por

período. b) que os pais devem ter um memorial descritivo da escola. c) que os professores para realizar um trabalho com qualidade necessitam conhecer todos os

ambiente da escola. d) que a comunidade escolar precisa poder avaliar quais os trabalhos possíveis de realização. e) que a dirigente precisa saber como é a escola.

2. O Levantamento feito no bairro (caracterização do bairro) não serve no plano escolar para: a) estabelecer a possibilidade de parcerias e convênios. b) levantar o nível de desenvolvimento cognitivo dos alunos. c) verificar se a clientela escolar mora nas proximidades ou distante da escola.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

d) verificar segundo o levantamento se o alunado tem maior ou menor comprometimento com as iniciativas da escola.

e) perceber quais as características de habitação dos alunos e os problemas por eles enfrentados.

Respostas dos Exercícios

1. A importância de se estabelecer as metragens na caracterização da Unidade Escolar deve­se ao fato de: RESPOSTA CORRETA: D

2. O Levantamento feito no bairro (caracterização do bairro) não serve no plano escolar para: RESPOSTA CORRETA: B

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 12 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

Caracterização da Comunidade Escolar (Clientela)

A caracterização da clientela e da comunidade escolar tem como função o

desenvolvimento de um trabalho educacional de acordo com os anseios e necessidades da

comunidade em que a escola atua, tornando­se imperativo conhecer toda a sua unidade social.

Deve ser um trabalho que envolva todos os segmentos da escola, feito com muita

meticulosidade, empenho; não que as outras partes não sejam igualmente importantes, mas esta

deve refletir com fidelidade as reais necessidades da comunidade local.

Para a coordenação desse trabalho, o gestor escolar deve planejar a tarefa tendo como

meta o reconhecimento da comunidade segundo suas características: fatores geográficos,

antecedentes históricos, fatores culturais, fatores econômicos e fatores e sociais.

a) Fatores geográficos: A localização exata, o conhecimento da extensão, limites,

topografia, e clima nos permitem chegar a conclusões a respeito da influência exercida

pelo meio ambiente na conduta e nas atitudes do grupo social. O levantamento feito

sobre os meios de transporte e comunicação, e o estudo das comunidades limítrofes

trazem, ao pesquisador, dados importantes em torno das influências econômicas e

culturais exteriores e o grau em que a comunidade é afetada por aquelas influências.

b) Antecedentes Históricos ­ Patrimônio da comunidade. Os fatores iniciais imprimem

sempre certas características na sua formação e continuam influindo. Se pudermos

detectar os motivos que levaram certos indivíduos a formar as bases da comunidade,

poderemos ter uma idéia bastante clara do padrão de vida social em que vamos atuar.

c) Fatores Culturais ­ Diversas correntes culturais e os conflitos existentes entre elas

refletem intensamente na vida social dos grupos e na personalidade dos indivíduos. O

conhecimento delas é precioso para a caracterização da comunidade e da clientela

escolar.

d) Fatores Econômicos ­ É de grande importância a vida econômica do grupo social,

porque através dela detectaremos as necessidades e aspirações de vários grupos,

segundo sua capacidade econômica, e procuraremos orientar quanto às bases

formativas para atender seus anseios

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

e) Fatores Sociais ­ Problemas sociais podem ser levantados estatisticamente, tais como:

distribuição da população, número de analfabetos, suas ocupações, escolaridade, e

outros, para podermos chegar às conclusões das características básicas da

comunidade. Devemos conhecer as diversas classes sociais de acordo com os

recursos econômicos, suas filiações religiosas e demais fatores que afetam a formação

dos grupos sociais ou o estado social do indivíduo, e, através do domínio desses

conhecimentos, determinar suas atitudes para com a educação.

Para fazer o levantamento das influências dos fatores geográficos e os antecedentes

históricos em comunidades mais antigas, devemos recorrer a uma pesquisa documental

bibliográfica (uso de livros, jornais, revistas e documentos existentes no Arquivo do Estado de São

Paulo, no Arquivo Histórico da Prefeitura nas bibliotecas, nas Subprefeituras e nos centros

estatísticos).

Obviamente, nenhum projeto de pesquisa pode ser empreendido sem esta orientação

preliminar, sem os dados já levantados sobre a comunidade que vamos caracterizar. Nas

comunidades mais recentes, esta pesquisa pode ser realizada a partir do relato de pessoas que

residem na comunidade desde o início de sua formação.

Esses relatos serão de grande valia porque primeiro podem anotar o comportamento

“natural” do grupo, pois suas reações emocionais serão semelhantes às da comunidade, e em

segundo, pode­se verificar a veracidade das afirmações feitas, pelos membros que responderam

aos questionários ou que foram entrevistados.

Todo esse trabalho deve ser feito no sentido de levantar­se o maior número de dados que

estabeleçam as características principais da comunidade em questão; é preciso haver

sensibilidade para enfocar de maneira correta estas questões na direção de levantamento sério

que reflita de fato tais características, e para aumentá­la é importante que se constitua uma

equipe de trabalho composta de representantes de todos os segmentos da comunidade com a

capacidade de tabular e analisar os resultados da pesquisa.

Esta parte do plano é imprescindível que seja feita de forma cuidadosa, pois de seus

resultados serão definidos pontos que farão parte e que facilitarão a tarefa educativa, atendendo

às especificidades da clientela, fazendo com que o processo de ensino apresente cada vez mais

qualidade.

Desenvolver esse processo de levantamento das características da clientela é um trabalho

bastante complexo, mas se realizado de forma adequada ele permanece por bom tempo válido (5

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anos) sem que seja necessário reformulá­lo (a menos que ocorra uma grande desapropriação no

local, construção de favela, uma catástrofe, uma invasão de prédios, etc.).

Questionário Informativo e Entrevista Formal

O questionário informativo constitui­se em um instrumento que tem a função de levantar as

características do grupo social, nos aspectos econômicos, sociais, culturais, de saúde, de lazer,

etc. Refere­se a um meio de se obter respostas às questões por uma fórmula que o próprio

informante preenche. No caso de entrevista formal preenchida por um entrevistador (membro da

equipe), tanto um como outro trabalho envolve cinco fases: preparatória, entrevista ou aplicação

do questionário propriamente dita, tabulação de respostas, análise e estabelecimento do perfil

médio.

Nesses trabalhos, a comunidade escolar deverá ser envolvida e principalmente

conscientizada sobre a fidelidade e a ética que deverão ser usadas na produção das respostas

dos questionários e das entrevistas.

O primeiro passo deve ser o esclarecimento de sua necessidade para toda a comunidade

escolar; esse trabalho tem que ser desenvolvido pelo gestor, no sentido de deixar claro que a

elaboração e a aplicação tem como objetivo a melhoria da qualidade do trabalho educacional

voltado às necessidades e anseios da comunidade em que a escola atua; com esse intuito, torna­

se imperativo conhecer sua unidade social. Para tanto, precisamos penetrar em sua organização

e funcionamento, através de estudos e levantamentos que não têm outra função que estabelecer

parâmetros para a execução de um trabalho educacional eficiente.

Elaboração do Questionário Informativo:

Pela falta de informações, muitos diretores de escola adotam um modelo de questionário

que é concebido fora da escola, elaborado por outras comunidades, ou copiado de outras escolas.

Se o objetivo é realizar um levantamento das características locais, é óbvio que o questionário

seja elaborado também pela comunidade em questão para que se tenha uma visão exata das

peculiaridades que ela apresenta.

Para a elaboração do questionário, torna­se necessário fazer uma reunião com todos os

servidores da escola e alguns membros da comunidade (pais pertencentes ao conselho de escola

ou APM) e com eles levantar questões que possam de fato caracterizar a comunidade e a

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

clientela. Todos se empenharão em estabelecer perguntas de caráter geral que estejam ligadas e

cujo conhecimento seja fundamental para a melhoria do desempenho da equipe escolar.

O número de perguntas pode ser variável, de acordo com as necessidades do

levantamento que deve conter aspectos específicos sobre saúde, cultura, lazer, economia, e

outros assuntos que forem pertinentes ao trabalho da escola, visando à melhoria da qualidade de

ensino oferecido.

Cada elemento poderá formular uma ou mais perguntas que constituirão um questionário

piloto (perguntas abertas); a seguir caberá ao próprio gestor ou a uma equipe por ele designada

analisar cada uma das questões verificando sua clareza, se não há repetições, e finalmente

agrupando em blocos com assuntos específicos.

Esse questionário piloto (perguntas abertas) será aplicado em um grupo de alunos (10 ou

15) escolhidos aleatoriamente, de todos os períodos da escola, de forma proporcional, e suas

respostas servirão de alternativas para produzir um questionário informativo sob a forma de

testes, com o intuito de envolver todas as respostas possíveis.

O diretor escolar deve ter o cuidado de aplicar as questões, sob a forma de questionário

piloto, para confirmar as possíveis alternativas que as equipes não tivessem previsto, e para

promover uma maior viabilidade no momento da aplicação e tabulação dos dados.

Por exemplo, como se dá a relação com a sua moradia?

Repostas dos alunos escolhidos:

1) alugada

2) própria

3) cedida

4) invadida

O teste final que comporia o questionário informativo seria concebido dessa forma:

Sua casa é:

a) alugada

b) própria

c) cedida

d) invadida

e) Outros. Quais?

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Os questionários deverão ser distribuídos aleatoriamente e proporcionalmente ao número

de alunos de cada período; com os educandos de menor idade os questionários deverão ser

preenchidos pelos pais; serão pesquisados 10% dos discentes, já se prevendo algumas

abstenções, e os questionários não deverão conter informações que os identifiquem (nome do

aluno ou do responsável, série, nº de chamada, etc.); se possível o retorno deles, deverá ser feita

de forma discreta, para que os entrevistados se sintam mais protegidos em suas identidades, e

conseqüentemente produzam respostas mais fiéis, estabelecendo­se prazo para entrega.

O ideal é que todos os questionários retornem, mas esse fato depende do grau de

motivação que os participantes da pesquisa têm e qual o trabalho que a equipe escolar realizou

antes da entrega dos mesmos à comunidade, e principalmente da exposição clara dos objetivos

que o mesmo se presta; se alguns questionários não retornarem é possível estabelecer­se o perfil

médio da comunidade e da clientela tabulando apenas 8% das respostas.

Nas escolas com um número reduzido de alunos (escolas de educação infantil), ao invés

do questionário, podem­se fazer entrevistas com os pais, mediante um conjunto de perguntas pré­

elaboradas em que qualquer integrante da equipe se disponha a realizá­lo; nesse caso, a

identidade dos participantes deve ser mantida em sigilo.

A tabulação dos dados levantados nos questionários ou nas entrevistas deverá passar

pela análise de uma equipe mista, composta por pais, professores, equipe técnica e o próprio

gestor, que deverão estabelecer por essa análise o perfil médio dos educandos e da comunidade,

levantando dessa maneira as necessidades, os anseios e as angústias em cada um dos quesitos

aventados.

Interpretação dos dados

A análise e a interpretação dos dados coletados em uma pesquisa encontram­se

intimamente relacionadas, por essa razão fica difícil delimitar onde termina uma fase e começa a

outra; alguns autores definem a análise como sendo a fase em que somente são trabalhados os

dados, ao passo que a interpretação teria um sentido mais amplo, através das relações com

outros conhecimentos já existentes.

Há autores que comparam a análise como a atividade de construção e a interpretação

como o acabamento do processo, ficando bem claro que, no momento da análise, devemos

obedecer a regras, enquanto no momento da interpretação devemos nos livrar delas e ser no

mínimo criativos. Não existem normas que indiquem os procedimentos a ser adotados no

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

momento de interpretação de dados, o que existe na literatura especializada são recomendações

e cuidados de que o pesquisador deve acercar­se para que a interpretação não prejudique a

pesquisa.

Todas as teorias se reportam sobre a interpretação, no contexto da pesquisa social, nas

relações existentes entre a teoria e os dados empíricos (experimentos práticos). Entre os

sociólogos americanos, segundo Mills (1965), existem duas posturas indesejáveis de conduta: as

que valorizam excessivamente os dados empiricamente obtidos, o que ele denomina de

“empirismo abstrato”, e a dos que se envolvem em construções teóricas que ele denomina de “as

grandes teorias”. Concluímos que os primeiros permanecem na análise de dados e os segundos

rigorosamente não as praticam. Dessa forma é recomendável que se estabeleça um equilíbrio

entre essas duas posições, tornando os resultados da pesquisa, significativo, e o mais real

possível.

Outros autores enfatizam que quando a interpretação dos dados busca embasamento em

teorias já suficientemente estabelecidas, surgem “raios de luz no obscuro caos dos materiais”. No

entanto, quando as teorias apresentam um pequeno grau de comprovação, as explicações

produzem uma falsa sensação de explicitação da realidade, o que pode originar uma inibição no

processo de investigação da realidade.

HATT et. al, discute a relevância da teoria na formulação de generalizações empíricas e o

e sistemas de relações entre as proposições. Através da teoria pode­se confirmar, que atrás dos

dados existem observações muito complexas, um sistema de suposições sobre a atuação de cada

grupo, e um grupo de proposições sobre os efeitos dos fatores sociais no comportamento.

O relatório da Pesquisa

A última fase de uma caracterização da clientela é o estabelecimento das características

médias da comunidade e da clientela alvo da pesquisa, sendo absolutamente indispensável, pois

revela o resultado da pesquisa e deve levar em consideração a comunicação aos outros

componentes da escola. Como tal, sua redação precisa ter em mente as características do público

ao qual se destina, e o texto deve ser estruturado com informações suficientes para estabelecer

as características da comunidade e da clientela em questão. Deve ser de leitura fácil, visando à

compreensão de todos, e ser organizado utilizando­se tópicos que demonstrem os resultados da

pesquisa e as possíveis sugestões.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A conclusão dos trabalhos deve estabelecer com precisão o perfil médio da comunidade e

do alunado; todos os trabalhos doravante desenvolvidos pela comunidade escolar deverão

centrar­se na análise desses dados, e todos os esforços estarão voltados à satisfação das

necessidades e dos anseios da comunidade; com isso, as tarefas educativas serão desenvolvidas

mais de acordo com a realidade local, e se tornarão mais atrativas, aproximando os alunos da

escola, e o teórico da realidade, o que comprovadamente melhorará a qualidade de ensino

oferecido, otimizando todos os recursos (físicos, materiais e humanos) disponíveis na escola, sem

no entanto nos afastarmos da filosofia e das políticas educacionais propostas pelo governo.

Exercícios

1. Analise as afirmações abaixo sobre Caracterização da Comunidade e da Clientela. I. Não é muito importante a caracterização da clientela e da comunidade, portanto o gestor pode servir­se de modelos prontos. II. A construção do questionário deve ser realizada com a participação de todos os servidores da escola e contar com a presença de representantes da comunidade. III. Os questionários não devem conter nenhum indício de identificação do pesquisado para não inibir a veracidade dos fatos nele relatados. IV. Quanto mais o gestor divulgar a importância das respostas para a melhoria do ensino, menor será a abstenção na entrega do questionário. Estão corretas as afirmações: a) I, II e III b) I; III e IV c) I; II e IV d) II; III e IV e) I ; II; III e IV

Respostas dos Exercícios

1. Analise as afirmações abaixo sobre Caracterização da Comunidade e da Clientela. RESPOSTA CORRETA: D

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 13 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

IV ­ Metas do Plano Escolar:

As metas do plano escolar nada mais são que a confrontação das comodidades e dos

recursos didáticos que a escola pode oferecer ao aluno, e portanto o tipo de trabalho a ser

realizado, com as expectativas da comunidade da clientela, estabelecidas no relatório da pesquisa

de sua caracterização em relação aos anseios e necessidades que lhes são próprias.

Para estabelecer as metas, devemos analisar cuidadosamente as sutilezas que o relatório

da pesquisa sugere, e com os espaços e com os recursos existentes na escola e na própria

comunidade, pensar situações que possibilitem a execução de tarefas que venham ao encontro

das necessidades da comunidade e especialmente da clientela.

Nesse momento, temos condições de levantar as metas do plano escolar. Esse trabalho,

para ter eficiência, deverá contar também com a colaboração de uma equipe mista, composta de

todos os segmentos, pois, se garantindo a participação coletiva, todos se sentirão co­autores das

metas e cúmplices na sua elaboração, fator que garantirá maior compromisso da equipe com a

sua consecução.

As metas somente têm significado se houver uma correspondência entre elas e o trabalho

executado na sala de aula e junto da comunidade, do contrário, ficam apenas registradas no papel

se constituindo em uma tarefa inútil.

As metas, depois de estabelecidas, se tornam em elemento de união dos indivíduos.

Quando estudamos a formação de equipes, um dos pressupostos era a adoção de objetivos

comuns a todos os integrantes; quando nos reportamos ao processo de gestão participativa

(democrática), vimos que todos os membros opinam sobre a tomada de decisões, e a gestão

passa ser flutuante (como a banda de jazz), os processos de criatividade ficam mais evidentes, e

o sentimento de pertencer contagia todos os integrantes do processo. Tudo isso se deve à

aglutinação de propósitos coletivos que as metas sugerem.

As metas do plano escolar devem ser construídas de forma clara, objetiva e concisa, cada

uma visando apenas a um aspecto, caso contrário, ela se tornará difusa, dificultando a

interpretação e a apropriação do seu objeto essencial pela comunidade escolar. O importante é

que todos os membros tenham as metas sempre presentes durante a execução de suas tarefas.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

O número de metas estabelecidas no plano é variável de acordo com as necessidades da

comunidade e as possibilidades da escola, e a formação técnica de sua equipe, Diferentemente

dos objetivos, as metas devem ser quantificadas, ou seja, devem estabelecer expectativas

numéricas de quantificação, o que de certa forma motivará e impelirá o grupo para sua

consecução.

Por exemplo, numa determinada escola, durante a análise do relatório da pesquisa; os

dados revelavam que os alunos em sua maioria apresentam doenças, que se originam pela falta

de hábitos de higiene (cárie dentária, verminoses, etc.); a escola, através de metas, estabelecerá

o que pretende fazer em relação a esse fato. A meta proposta pela comunidade escolar após

detida análise do relatório de pesquisas:

“Melhoria dos hábitos de higiene em 2% dos educandos, visando à saúde do educando e

minimizando ausências na escola”.

A adoção desta meta deve ter como gênesis a análise do relatório da pesquisa, de modo

que deve ter ficado patente a necessidade de trabalhar aspectos de higiene dos alunos, e que

pode ter sido reforçada a partir da constatação pelo professores através de observações diretas

como a falta de asseio nas unhas, cabelos, roupas, olhos, etc.

Perceba que a preocupação da escola está centrada na elaboração de uma meta que

atende a especificidade da comunidade, ou seja, melhorando a higiene dos alunos, menor é a

chance de adquirir tais doenças.

Os 2% (dois por cento) simbolizam a quantificação da meta, que é a proposta pela equipe,

visando o início de uma nova meta, deverá ser dotada de uma porcentagem baixa, pois, se o

índice for muito alto, a equipe pode não saber como alcançá­lo, e não alcançando, esmorecerá.

Se ao contrário, no final do período letivo, a porcentagem apresentar um resultado maior do que

foi inicialmente estabelecido, deve ser reforçada junto aos participantes positivamente e esse

dado deverá balizar a quantificação para o próximo período. Por exemplo: o resultado esperado

na meta acima era de 2% mas, no final do ano a equipe alcançou 7%, isto significa que ela tem

potencial para alcançar tal nível e portanto, no plano do próximo ano, a mesma meta será

quantificada no mínimo com 7%.

Nota­se também uma preocupação por parte da equipe escolar em justificar a adoção da

meta, através da saúde, e referente à freqüência dos educandos às aulas.

Quanto ao tempo de duração, metas são classificadas como: de curto, médio e longo

prazos, ou seja, existem metas cujos resultados podem ser percebidos no final de um mês de

trabalho (curto prazo), metas que podem ser observadas depois de dois anos (médio prazo), e

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

metas que somente são conseguidas no final do curso entre 5 a 9 anos (longo prazo) no ensino

fundamental.

Existem metas perenes, isto é, durante o tempo que a escola existir, a equipe escolar

deverá centrar a preocupação com a sua consecução (Ex: alfabetização, letramento, formação

para cidadania, formação plena do educando, etc.), que são as denominadas permanentes e as

que se modificam segundo as mudanças: da sociedade, das políticas educacionais da sociedade,

etc.

Veja o exemplo: no início dos anos 80 havia uma preocupação com repetência de alunos e

em todos os planos escolares figuravam metas como: diminuição dos índices de repetências em 5

% das 1ª e 5ª séries (séries tidas, na época, como pontos de estrangulamento do processo

educacional, por concentrar maior número de reprovados); na atualidade com a organização em

ciclos nas escolas públicas, este fato deixou de existir, por mudança na política educacional e,

portanto, essa meta não é mais pertinente.

Ao gestor escolar caberá a tarefa de prover de recursos (humanos, financeiros e materiais)

dar apoio logístico às ações e “cobrar” de todos a execução das tarefas acordadas pelo grupo.

É comum, nas escolas públicas, no início do ano letivo, durante as reuniões, os elementos

envolvidos na tarefa educativa combinarem atitudes desejáveis no desenvolvimento das

atividades em geral (durante o período de organização da unidade), através do consenso, mas

por falta de envolvimento do gestor (pelo envolvimento deste em inúmeros trabalhos burocráticos,)

caem no esquecimento, e muitos integrantes, ao invés de realizar um trabalho coletivo,

individualizam as ações, e em muitas ocasiões acabam tendo atitudes antagônicas entre si, o que

prejudica a qualidade de ensino.

Lembre­se de que a avaliação do plano escolar tem como função a verificação do

cumprimento ou não das metas estabelecidas, e também municiar a equipe escolar de dados que

são importantes na proposição de ações futuras.

V ­ Operacionalização do plano escolar

Na operacionalização do plano serão estabelecidas todas as ações, os participantes,

cronogramas de execução, projetos, quadros, etc. que demonstrarão como, por quem, através do

quê, em que tempo, de que forma, etc. as intencionalidades fixadas nas metas do plano escolar

serão atingidas.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A operacionalização deve contemplar todas as atividades intra e extra­escolares por meio

de projetos específicos desenvolvidos pelos membros da escola, segundo as necessidades de

facilitação do aprendizado para o aluno, ou seja, fazer a ponte entre o que é teoria e a realidade

do cotidiano do educando. Essas ações deverão ser executadas pela escola com o auxílio da

comunidade escolar no sentido de alcançar as metas estabelecidas. O empenho, a dedicação, a

responsabilidade e o profissionalismo da equipe se justificarão nas ações que estarão sendo

explicitadas nessa parte do plano.

Todas as ações planejadas no início do ano pela escola devem constar obrigatoriamente

na elaboração do plano escolar, e outras que eventualmente serão acrescentadas no decorrer do

período letivo deverão ser registradas, e na sua execução ser anotados os resultados para

integrarem o plano seguinte.

O registro é uma prática essencial na ação educativa, pois muitas ações que deram bons

frutos no passado, por não terem sido consignadas por escrito, acabaram se perdendo e não são

mais utilizadas. É necessário manter viva a memória da escola, não só no tocante a sucessos,

mas principalmente nos reveses, para que não se incorram em erros já cometidos. Os registros,

são importantes também porque nos dão pistas para a continuidade do trabalho futuro e se

constituem em instrumento indispensável para um aproveitamento mais significativo das reuniões

da equipe; ele pode ser elaborado de diversas formas: por meio de cartazes, diagramas, textos,

quadros sinópticos, gráficos, ou outras maneiras, a sua forma de elaboração estará relacionada

com um melhor entendimento do coletivo.

Há ainda duas outras fortes razões para documentar sistematicamente o trabalho coletivo

na escola. A primeira é que é através do registro que outros educadores podem se inspirar para

adotar essa prática. A outra é que os textos existentes sobre trabalho em grupo costumam referir­

se apenas a sua dinâmica e funcionamento interno, sendo muito raro um texto tratar do trabalho

coletivo na escola. O registro de cada escola pode, pois, contribuir para realimentar a produção de

conhecimento sobre o próprio trabalho coletivo escolar, ajudando a preencher essa lacuna.

A operacionalização propriamente dita

Nessa subdivisão da operacionalização devemos descrever de forma sucinta, porém de

modo a esclarecer a quem analisa o plano quais as ações que efetivamente serão levadas a cabo

pela comunidade escolar, no sentido de cumprir­se o que ficou estabelecido nas metas. Dela

deverá constar a justificativa que levou a equipe elencá­la, o objetivo a que se presta, a descrição

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

da ação propriamente dita, as pessoas envolvidas, o cronograma de execução, a participação de

autoridades, e tudo que for necessário explicitar para que fique clara a verdadeira intencionalidade

da escola.

É importante perceber que a objetividade na descrição não deve se constituir em elemento

de descaracterização da operacionalização, ou da meta, deve­se sempre reafirmar a real

intencionalidade, de modo a impedir que interpretações incorretas venham a prejudicar a ação ou

até mesmo a consecução da meta.

A concepção e a redação da operacionalização propriamente dita deverá contar com

participação de todos os elementos da equipe escolar, e representantes da comunidade (pais,

alunos e até mesmo pessoas que não tenham uma ligação direta com a escola, mas que estejam

interessadas na melhoria da qualidade de ensino). A fidelidade de propósitos deve ficar

explicitada na redação da operacionalização e ser amplamente divulgada a todos integrantes da

escola. Lembrando que para cada meta estabelecida no plano escolar deve corresponder uma

descrição da operacionalização propriamente dita de forma específica Ex: utilizando a meta:

“Melhoria dos hábitos de higiene em 2% dos educandos visando à saúde do educando e

minimizando ausências na escola”.

Justificativa:

A importância da higiene nas suas mais variadas formas (bucal, corporal, íntima, etc.) é

sem dúvida na sociedade atual indiscutível; a promiscuidade e da falta de assepsia são fatores

condenáveis pela OMS (Organização Mundial de Saúde), que estatisticamente aponta como a

maior causa de contaminação por agentes nocivos à saúde. Maior fator que causa o afastamento

temporário e até mesmo definitivo das atividades produtivas.

Objetivo(s):

• Desenvolver na comunidade em geral a consciência sobre a importância para saúde, de

hábitos de higiene.

• Conscientizar a população dos perigos da falta de higiene, causando riscos à saúde dos

indivíduos em geral, e suas conseqüências para a vida social.

Cronograma e Participação de Autoridades

A realização do trabalho obedecerá ao seguinte cronograma;:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Fevereiro (dia 8) ­ reunião de pais com os professores coordenadores das respectivas

classes, cuja pauta incluirá um texto “A higiene Infantil” TIBA, I, que trata da importância de

cultivarmos hábitos de higiene na infância e na adolescência.

Março (de 4 a 8) ­ Semana dos Bons Dentes, nesse período serão realizadas palestras,

sempre usando a primeira aula por alunos dos anos finais do Curso de Odontologia da

Universidade X sob a coordenação do Prof. Dr. Fulano de Tal, coordenador de estágios daquela

instituição. Aos participantes será conferido certificado de participação.

Abril (dia 9 sábado) ­ Nesse dia, será feita uma exposição e oficinas (aberta à comunidade)

durante todo o período com e apresentação pelos alunos de trabalhos elaborados por eles e

coordenados por professores e pais.

E dessa forma serão descritas todas as atividades previstas para sensibilizar a

comunidade sobre a importância da higiene para a saúde. É necessário que as ações ocorram de

modo sistemático durante todo o ano letivo, e que envolvam profissionais qualificados, e abordem

assuntos atuais de interesse da coletividade, para que as ações propostas não caiam no

descrédito do público­alvo. É importante frisar que os resultados de cada ação sejam registrados e

analisados pela equipe, para que se tenha a idéia exata do desenvolvimento do trabalho.

Um fenômeno que se depara com relação ao trabalho que se desenvolve na escola

atualmente é a descontinuidade das tarefas iniciadas no princípio do ano, muitas das ações

estabelecidas nas reuniões de organização da escola caem no esquecimento, deixando de ser

realizadas não por má fé, mas por falta de cobrança por parte do gestor ou mesmo provocada

pelos mais variados motivos (avaliações, cumprimento de objetivos e programas, afastamentos de

servidores, mudança de direção, etc.).

Um aspecto que deve ser considerado como de suma importância é que no final do ano a

comunidade escolar possa realizar uma reflexão crítica a respeito do desenvolvimento das ações

estabelecidas (metas), verificando pontos positivos e negativos que envolveram suas ações, com

o intuito de reforçar ou modificar estratégias para o ano seguinte, num constante aperfeiçoamento

do processo educativo, e conseqüentemente um crescimento profissional da equipe escolar, um

atendimento mais especializado e motivador para o aluno, e sobretudo a melhoria da qualidade de

ensino.

O surgimento de fato novo durante a execução do plano escolar, ou a percepção da

equipe sobre a ineficácia das ações desenvolvidas, podem determinar mudanças nas diretrizes do

trabalho, que devem ser analisadas pela equipe com muita meticulosidade, e se a conclusão

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

apresentar consistência, nada impede que seja feito um replanejamento das ações no sentido de

redirecioná­las buscando atender com mais eficácia as proposições da comunidade escolar.

Exercícios

1. As metas são estabelecidas: a) de acordo com a vontade do gestor escolar, uma vez que ele é quem tem formação

adequada. b) de modo a satisfazer exclusivamente à vontade da comunidade estudantil c) de acordo exclusivamente com a filosofia e as políticas estabelecidas para educação, pelas

autoridades governamentais. d) de modo a atender a realidade social do país. e) para atender as necessidades locais, aliando as possibilidades da escola e sem perder de

vista a filosofia e as políticas educacionais.

2. Quanto à operacionalização do plano escolar, qual a falsa? a) A operacionalização do plano é uma forma sucinta de explicitação das ações da comunidade

escolar. b) Cada meta deve ter na operacionalização uma redação específica que deve prever o

conjunto de ações da comunidade escolar e as maneiras de sua consecução. c) Na operacionalização do plano, deve constar as atividades, e as pessoas que se

encarregaram de executá­las. d) A elaboração da operacionalização do plano escolar deve ficar ao encargo do gestor e da

equipe técnica. e) A operacionalização do plano escolar deve servir de parâmetro para nortear ações futuras.

Respostas dos Exercícios

1. As metas são estabelecidas: RESPOSTA CORRETA: E

2. Quanto à operacionalização do plano escolar, qual a falsa? RESPOSTA CORRETA: D

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 13 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

V.b­ Calendário Escolar:

O calendário escolar é um documento que estabelece a distribuição dos dias letivos e as

atividades programadas em função do tempo (ano letivo). Ele é elaborado em todo o início de

período letivo, nas escolas públicas, e deve ser aprovado pelo Conselho de Escola; nas

instituições particulares quem o elabora é geralmente e mantenedora.

Uma vez elaborado, o calendário obrigatoriamente tem que ser aprovado (homologado)

pelo Dirigente, nas escolas estaduais e particulares, ou pelo Coordenador, no caso do município.

Legalmente o número de dias letivos que escola tem que cumprir no ano, a partir da edição

das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tem aumentado significativamente: a Lei

4024/61 previa um número de 160 dias letivos de efetivo trabalho escolar; a Lei 5692/71 previa

um mínimo de 180 dias de efetivo trabalho escolar (art.11); e atualmente a Lei 9394/96 dita “carga

horária mínima anual será de oitocentas horas distribuídas por um mínimo de duzentos dias de

efetivo trabalho escolar...” (art. 24).

Podemos perceber que houve um significativo aumento do número de dias letivos

(basicamente o acréscimo de um mês em cada uma das Leis), o que não determinou

necessariamente num aumento da qualidade de ensino oferecido, muito pelo contrário, ocorreu

um depauperamento do ensino.

Esse decréscimo na qualidade de ensino foi sem dúvida causado por

• uma formação questionável nos cursos de licenciatura (tivemos épocas que se permitia a

formação do professor em apenas 1 ano e meio de curso superior “Curta Licenciatura”

art. 30 da Lei 5.692/71);

• um aumento significativo no número de alunos das classes subalternas, adentrando

numa escola não preparada para receber tal contingente;

• uma política de reprodução dos modelos e valores da classe dominante, modelos

pedagógicos implantados pelas autoridades, deturpados de sua concepção, imitação de

modelos educacionais que não atendiam a realidade do alunado brasileiro, etc., com a

finalidade de gerar o caos no meio educacional e conseqüentemente, elevar

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

produtividade. Tudo isso foi contribuindo para uma aprovação de alunos sem critérios,

uma qualidade de educação questionável, levando a uma formação de indivíduos na

atualidade que se encontram muito aquém do ideal para o exercício da cidadania e para

qualificação necessária para o mercado de trabalho.

Segundo o § 2º do art. 23 da Lei 9394/96, “o calendário escolar deverá adequar­se às

peculiaridades locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo sistema de

ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas previstas nesta lei”. Compreende­se que

independente do ano civil o calendário, sem diminuir o número de dias letivos, poderá adequar­se

à realidade local. Por exemplo, períodos de plantio e colheita, etc.

As escolas particulares elaboram o calendário escolar, tendo em vista a Constituição

Federal, a Lei de Diretrizes e Bases (lei 9394/96), a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e a

Convenção Sindical. (Nas escolas particulares os professores obrigatoriamente gozam de férias

no mês de julho e o recesso escolar ocorre nos meses de dezembro e janeiro).

As escolas públicas elaboram seu calendário tendo em vista a Constituição Federal, a Lei

de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96), e a Portaria do Secretário de Educação (estadual ou

municipal) publicada no Diário Oficial respectivo, no final do ano letivo para sua aplicação no ano

letivo subseqüente. Essa portaria estabelece praticamente todas as atividades do ano letivo de

modo comum para todas as escolas da rede respectiva.

Veja o exemplo:

Portaria 5.827 de 07 de outubro de 2002 Dispõe sobre as diretrizes para elaboração do

Calendário Escolar 2003.

Dispõe sobre as diretrizes para elaboração do Calendário para as Unidades Escolares em

2003 e dá outras providências.

A secretária de educação, no uso de suas atribuições legais e, considerando:

• o disposto na Lei 9394/96 especialmente nos artigos 12,13,14,15,24 e 34

• o contido na Deliberação CME 03/97 e Indicação CME 04/97.

• as diretrizes da Secretaria Municipal de Educação.

Resolve:

Art. 1º Cada Unidade Escolar da Rede Municipal de Ensino elaborará o seu Calendário

Escolar de 2003 com o envolvimento da Equipe Escolar, pais e alunos observando as diretrizes

contidas nesta Portaria.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Art. 2º Além das orientações gerais, das datas e períodos comuns estabelecidos para toda

a Rede Municipal de Ensino, cada Unidade deverá programar atividades em função das condições

e necessidades locais.

Art. 3° As Escolas Municipais que mantêm Educação Infantil, o Ensino Fundamental,

Educação de Jovens e Adultos e Ensino Médio, deverão assegurar turnos com duração mínima

de 4 (quatro) horas diária de efetivo trabalho escolar, garantindo:

I. carga horária mínima de 800 (oitocentas) horas distribuídas por um mínimo de 200

(duzentos) dias de efetivo trabalho escolar para a Educação Básica

Art. 4° Cada Unidade Escolar da Rede Municipal de Ensino elaborará seu Calendário

Escolar de 2003 considerando como datas e períodos comuns:

I. Férias docente ­ 02/01 a 31/01/2003.

II. Início das aulas para todos os níveis da Educação Básica:

1 0 Semestre: 06/02/2003

2 0 Semestre: 28/07/2003

III. Período de recesso escolar:

Julho: de 12 a 27/07/2003

Dezembro ­ 20 a 31/12/2003

IV. períodos de organização das Escolas:

a) órgãos Centrais e Núcleos de Ação Educativa ­ 22 e 23/01/2003

b) Núcleos de Ação Educativas e Unidades Escolares 27 e 28/01/2003.

c) Equipes Técnicas das Unidades Escolares 29; 30 e 31/01/2003.

V. períodos destinados à análise, à discussão e à sistematização do Projeto Político

Pedagógico e organização da Escola dias 03; 04 e 05/02/2003 e outra data a ser definida até 14/03/2003.

VI. Reuniões Gerais / Pólo 21/05 e 10/09/2003

§ 1° ­ No decorrer do ano, para assegurar a implementação da proposta de Formação

Permanente da: SME, poderão ser realizados, em datas a serem estabelecidas pelos NAEs;

Encontros Regionalizados em Unidade Pólo.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

§ 2° ­ Os docentes em regência de classes ou aulas nas CEIs será garantido o disposto

nos incisos I; II e III deste artigo.

§ 3° ­ As classes/ núcleos do Programa de Alfabetização do Município de São Paulo

MOVA ­ SP atenderão ao estabelecido nos incisos I; II e III deste artigo.

Art. 5° No Calendário deverão estar previstas as seguintes atividades:

I. reuniões pedagógicas ­ no mínimo 4 (quatro) com suspensão de aulas, sendo 2 (duas)

no 1° semestre e 2 (duas) no 2° semestre, garantindo­se uma ao término de cada semestre letivo

para a análise do processo educativo e de avaliação global dos educandos.

II. reuniões do Conselho de Escola ­ mensais sem suspensão de aulas.

III. reuniões da A.P.M. de acordo com o próprio estatuto, sem suspensão de aulas.

IV. reuniões de pais ou responsáveis, 4 (quatro) sem suspensão de aulas, sendo 2 (duas)

por semestre.

Parágrafo Único: A avaliação do trabalho da Unidade Escolar será realizada ao longo do

ano, durante horário coletivo e/ ou reuniões pedagógicas e referenciadas no Projeto Político

Pedagógico.

Art. 6° O Calendário Escolar deverá ser aprovado pelo Conselho de Escola e

encaminhado ao NAE até 14/03/2003, para análise e aprovação pelo Supervisor e homologação pelo Coordenador Regional de Educação.

Parágrafo Único: Idêntico procedimento deverá ser adotado, no decorrer do ano letivo,

quando houver a necessidade de alteração e/ ou adequação do Calendário Escolar, somente na

ocorrência de suspensão de aulas e outras formas de descaracterização de dia/ hora de efetivo

trabalho escolar inclusive decorrente de ponto facultativo.

Art 7° O Diretor da Escola deverá dar ciência expressa do contido nesta Portaria a todos

os integrantes da Unidade Escolar.

Art. 8° Os casos omissos ou excepcionais serão resolvidos pelo Coordenador Regional de

Educação. Duvida se necessário a Secretaria Municipal de Educação.

Art. 9° Esta Portaria entrará em vigor na data de sua publicação, revogadas as

disposições em contrário, em especial a Portaria 4996 de 23/10/2001.

No exemplo acima, pode­se verificar que a Portaria do Calendário Escolar é um

documento que tutela a ação da escola e de sua comunidade, funcionando como uma camisa de

força, pois determina a organização, início das aulas nos semestres, o término das aulas,

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

períodos de recesso, etc., restando para a escola estabelecer as datas das reuniões pedagógicas,

de pais, da APM, de Conselho de Escola. As determinações restantes já vêm determinadas pela

autoridade escolar. Embora represente muito pouco em termos de autonomia, a comunidade

escolar deve ocupar esse espaço, aproveitando para fazer um exercício de democracia.

Princípios de Elaboração do Calendário

Existem várias preocupações para quem elabora o calendário escolar, sendo preciso

observar os seguintes critérios:

1) O ideal seria programar as reuniões pedagógicas (mínimo 4 quatro, com suspensão de

aulas) para que as mesmas ocorressem em cada um dos dias da semana, com a

finalidade de permitir a participação de todos os membros da equipe escolar

(principalmente dos professores que possuem um número reduzido de aulas). No

momento que elaboramos o calendário, essa preocupação é impossível, pois, ao

marcar uma reunião para terça­feira, os alunos em sua maioria não comparecerão na

segunda “emenda”; o mesmo acontece se a reunião na quinta­feira e em relação à

sexta.

2) Se for estabelecer uma “ponte” (a ponte tem que ser reposta para garantia dos 200 dias

letivos) este fato somente beneficiará professores e alunos, pois o gestor deverá manter

em funcionamento a escola na sua parte burocrática (secretaria e diretoria), pois sendo

a escola uma repartição pública, o diretor não possui competência para interromper

suas atividades sob qualquer pretexto. (A paralisação somente deveria ocorrer em caso

de ponto facultativo decretado pelo Executivo).

3) Em caso de feriado numa quinta­feira (por exemplo), com expediente normal na sexta­

feira é muito comum o professor, deixar suas “abonadas” para esses momentos,

fazendo a “emenda”. Se o dia for considerado letivo, a abstenção alta de professores e

a freqüência baixa dos alunos são ingredientes que prejudicam o andamento e a

seriedade da escola (se não houver alternativa, a sugestão é marcar uma reunião

pedagógica na data, pelo menos assim se salvaguardará o direito dos alunos)

4) Nos pontos facultativos de meio expediente (ex: quarta­feira de cinzas) fica complicado

os professores do período da manhã não trabalharem e os do período da tarde ter

atividades normais; obviamente sensato é que todos os alunos sejam dispensados das

aulas desse dia e os professores da tarde e da noite se reúnam de modo a tratar de

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

projetos referentes aos respectivos períodos. Os professores do período da manhã não

poderão ser convocados sob qualquer pretexto a trabalhar fora de seu expediente,

mesmo porque muitos acumulam cargos.

5) É importante garantir 100 dias letivos em cada semestre, principalmente se a escola

mantém a suplência, lembre­se que o termo tem a duração de 1 semestre, e portanto

100 dias, o que proporcionará uma uniformidade de tratamento entre as modalidades

de ensino oferecido pela escola.

6) As reuniões de pais são realizadas sem suspensão de aulas, este é um ponto de

contradição, pois nelas serão divulgados: o aproveitamento, a freqüência os problemas

de relacionamentos do aluno, e nada melhor para reportar isto aos pais, do que os

professores. As escolas particulares convocam os professores aos sábados. Os

diretores da rede pública não têm esta prerrogativa e utilizam meio dia letivo (duas

horas) para atender os pais, e as outras duas horas retomam as aulas, deixando a

desejar na execução das duas tarefas.

7) Na elaboração do calendário deverão ser registrados exatos 200 dias, se o calendário

produzido contiver 201 (por exemplo) qualquer fato que gere a suspensão de aulas não

pode ser compensada pela aula excedente, uma vez que, na elaboração, o trabalho

pedagógico foi distribuído pelo número de dias propostos no calendário e a legislação

estabelece que haverá um mínimo, não estabelecendo o número máximo.

8) As programações de festas, no calendário, devem ser acompanhadas de projeto que

demonstre a importância cultural educativa e a viabilidade de execução. Isso serviria

para coibir atividades programadas por escolas que não tenham outra finalidade do que

arrecadação financeira. Ex: festa do sorvete.

Os pontos apresentados devem se constituir em preocupação de todos da comunidade em

distribuí­los de modo a atender as exigências do trabalho pedagógico, uma vez que cabe ao

gestor, segundo a Portaria, dar ciência e provocar uma discussão com todos os segmentos da

escola com a finalidade de adequar o calendário às suas necessidades.

Surgindo algum fato que determine alteração no calendário durante o período letivo (por

exemplo, greve de professores, falta de água por período extenso, problemas na construção

escolar, etc.), pode a comunidade refazer o calendário, oficializando a autoridade escolar da

modificação solicitando que esta se pronuncie providenciando sua nova homologação.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Exercícios

1. A elaboração do calendário em escolas públicas estaduais deve ser: a) Feita segundo critérios estabelecidos pela Constituição Federal, CLT e (Lei 9394/96) LDBEN. b) produzida segundo critérios estabelecidos pela própria comunidade escolar. c) produzida segundo critérios estabelecidos pela própria Constituição Federal, a Lei 9394/96

LDBEN e na Portaria do Secretário da Educação. d) produzida segundo critérios estabelecidos pela própria pela direção da escola. e) produzida segundo critérios estabelecidos pela convenção sindical.

2. Qual das alternativas abaixo não se constitui em preocupação para quem elabora o calendário escolar em escola pública? a) Marcação de reuniões pedagógicas às terças e quintas feiras. b) Distribuição de 100 dias em cada semestre especialmente em escolas com suplência. c) Garantir ao aluno, um mínimo de 200 dias letivos e no mínimo de 800 horas de efetivo

trabalho escolar. d) A consulta à mantenedora das exigências pretendidas. e) A elaboração de forma democrática com a participação de todos os segmentos

Respostas dos exercícios

1. A elaboração do calendário em escolas públicas estaduais deve ser: RESPOSTA CORRETA: C

2. Qual das alternativas abaixo não se constitui em preocupação para quem elabora o calendário escolar em escola pública? RESPOSTA CORRETA: D

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 15 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

V.c ­ Quadro Curricular

O quadro curricular, também denominado de grade curricular ou currículo pleno, se

constitui em um documento que demonstra quais as disciplinas que participarão da formação

integral do educando, suas respectivas cargas horárias, e as séries pelas quais se encontram

distribuídas. Da análise desse quadro pode­se perceber em que área do conhecimento será dada

à ênfase na formação do educando (exatas, humanas, etc.), que tipo de preocupação da escola

tem com a formação técnica e para o trabalho, com que diversidade e abrangência as disciplinas

podem colaborar na formação do cidadão e de suas crenças.

Nos anos 60, com a implantação da Lei 4024/61, as escolas tinham um currículo bastante

diversificado; na primeira série do antigo ginásio os alunos estudavam as seguintes disciplinas:

Matemática, Desenho, Português, Francês, Latim, História, Geografia, Ciências Físicas e

Biológicas, Música (Canto Orfeônico), Trabalhos Manuais, Educação Física e Ensino Religioso,

perfazendo um total de 12 matérias, que tinham seu tratamento metodológico equiparado

(necessidades, exigências, importância e retenção) pois a todas elas eram atribuídos graus de

responsabilidade por parte do estudante. Ex: todas tinham avaliações sérias, etc.

No início dos anos 70 foi promulgada a Lei nº 5.692/71, que revogou os artigos da Lei

4024/61 que tratavam da educação básica (pré­escolar, primário, ginásio e colégio), unificando o

primário com o ginásio e tornando o 1º grau um curso único ­ coisa que na prática até hoje nunca

se concretizou, devido à natureza e organização dos dois cursos; o ensino primário com uma

única professora e o ginásio já apresentando o professor especialista, um para cada matéria,

forçando os alunos a um salto enorme de organização da 4ª para a 5ª série. Esta lei também

reorganizou a educação básica (em pré­escolar, 1º Grau e 2º Grau); de inovação, a lei

estabeleceu uma distinção entre as matérias que compunham o currículo pleno das escolas.

Através do Parecer CFE nº 853/71 fica claro que as matérias terão tratamentos

metodológicos variados, obedecendo à seguinte classificação: disciplinas, áreas de estudo e

atividades. Estabelecem uma distinção mecanicista à base de "disciplinas" que preparam à

reflexão, "práticas educativas" que levam à ação, e "atividades artísticas" que predispõem à

criatividade, pois o pensar, o agir e o criar sempre devem estar presentes em todo ato docente­

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

discente, embora variando em intensidade, segundo os dados de cada situação didático­

psicológica.

A divisão adotada resulta, claramente, de um duplo critério de amplitude do campo

abrangido naquelas situações e, ao mesmo tempo, de forma de sua abordagem com vistas aos

conhecimentos. A nomenclatura seguida é praticamente a tradicional ou, pelo menos, a mais

usual na linguagem pedagógica e no trato da vida escolar. Apenas, em coerência com a

orientação esposada, fugiu o legislador à designação equívoca de "prática educativa", já agora

desnecessária por achar­se inclusa na atividade o que porventura nela houvesse de aceitável.

Na seqüência de atividades, áreas de estudo e disciplinas, parte­se do mais para o menos

amplo, e do menos para o mais especificado. Além disso, nas atividades, as aprendizagens

desenvolver­se­ão antes sobre experiências colhidas em situações concretas do que pela

apresentação sistemática dos conhecimentos; nas áreas de estudo ­ formadas pela integração de

conteúdos afins, consoante um entendimento que já é tradicional ­, as situações de experiência

tenderão a equilibrar­se com os conhecimentos sistemáticos; e nas disciplinas, sem dúvida as

mais específicas, as aprendizagens se farão predominantemente sobre conhecimentos

sistemáticos. É, portanto, sobretudo de grau a distinção que se estabelece entre atividade, área

de estudo e disciplina, em relação ao jogo, situação, conhecimento. Assim como o conhecimento

há de estar presente desde a atividade, sob pena de que o ensino a nada conduza, também não

se dispensa alguma conexão com o real no estudo das disciplinas, sem que se descambe para

um intelectualismo vazio e inconsistente.

No início da escolarização, as Ciências (p. ex.) só podem ser tratadas em termos de

atividades, isto é, como vivência de situações e exercícios de manipulação para explorar a

curiosidade, que é a pedra de toque do método científico. Sempre que oportuno, essas

experiências já podem ser objeto de uma incipiente sistematização partida mais do aluno que do

professor, embora sob a direção estimulante deste último. À medida que se esboçam certos

setores ainda não claramente individualizados e tais sistematizações se tornam mais freqüentes,

pelo amadurecimento natural do educando, já temos a área de estudo (Ciências Exatas e

Biológicas, p. ex.): e nessa progressão se chegará à predominância do sistemático sobre o

ocasional, com visão cada vez mais nítida de cada subárea Matemática, Física, Química, Biologia

(p. ex.), ou disciplina.

A elaboração do currículo pleno não se conclui com a conversão das matérias em

atividades, áreas de estudo ou disciplinas. Estas categorias curriculares não são entidades

estanques. Conquanto leciona das sob rubricas distintas, num inevitável artifício cartesiano,

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

devem convergir para uma reconstrução, no aluno, da substancial unidade do conhecimento

humano.

A lei 5.692/71 estabelece a determinação dos conteúdos é feita em camadas que

sucessivamente se acrescentam. A primeira é o núcleo­comum previsto no artigo 4.°, caput e

inciso I do §1º, a ser fixado pelo Conselho Federal de Educação. A segunda consta de Educação

Moral e Cívica, Educação Física, Educação Artística, Programas de Saúde e Ensino Religioso,

este obrigatório para os estabelecimentos oficiais mas facultativo para os alunos, como atividades

prescritas no artigo 7.° da lei. Daí a sua obrigatoriedade.

A terceira camada já se caracteriza como parte diversificada que poderá emanar, de uma

de duas fontes, ou de ambas: do Conselho Federal de Educação ou do Conselho de Educação de

cada sistema de ensino, que, retirarão e adotarão as matérias que melhor se ajustem aos seus

planos, atendendo as peculiaridades da clientela local.

Uma quarta camada, definível ainda como parte diversificada, se constituirá pelas matérias

destinadas às habilitações profissionais do ensino de 2.° grau (art. 4.° §§ 3.° e 4º). Lembrando que

a educação apregoada por esta lei tem uma concepção tecnicista (a formação de técnicos).

Na verdade o currículo pleno seria constituído por três partes: a primeira por matérias do

núcleo comum, ou seja, aquelas que seriam obrigatórias em todas as escolas de educação

básica, a segunda pelas matérias referentes ao art.7º da lei e terceira por uma parte diversificada

que seria composta por matérias que atendessem a realidade local e o projeto pedagógico e

matérias que promovessem a qualificação para o trabalho no 2º Grau.

Fazendo uma comparação com a Lei anterior na 5ª série do 1º grau, as matérias se

reduziram a: Comunicação e Expressão (Português), Matemática , Ciências Físicas e Biológicas,

Geografia, História dadas sob a forma de disciplinas, Educação Física, Educação Artística,

(matérias do art. 7º), dadas como atividade e Inglês (parte diversificada) dada como área de

estudo. Tanto nas atividades e a parte diversificada não havia retenção do aluno a menos que ele

superasse o limite de ausências nessas matérias.

A Lei de diretrizes e Bases da Educação atual Lei 9394/96, não faz qualquer distinção

aparente de matérias, classificando­as em disciplinas, áreas de estudos ou atividades e, no art. 26

e seus parágrafos, se estabelecem os parâmetros para a montagem do quadro curricular o que

não pode ser alterado com o acréscimo de matérias na parte diversificada, segundo as

peculiaridades e necessidades da comunidade local.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Art. 26 ­ Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional

comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar,

por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da

sociedade, da cultura, da economia e da clientela.

§ 12­ Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da

realidade social e política, especialmente do Brasil.

§ 2 2 ­ O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis

da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos.

§ 3 2 ­ A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente

curricular obrigatório da Educação Básica, ajustando­se às faixas etárias e às condições

da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos. (Redação da LEI n 2

10.328, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2001)

(Redação anterior) ­ § 3 2 ­ A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, é componente curricular da Educação Básica, ajustando­se às faixas etárias e as condições da população escolar, sendo facultativa nos cursos noturnos.

§ 4 2 ­ O ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes

culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes

indígena, africana e européia.

§ 52 ­ Na parte diversificada do currículo será incluído, obrigatoriamente, a partir da

quinta série, o ensino de pelo menos uma língua estrangeira moderna, cuja escolha

ficará a cargo da comunidade escolar, dentro das possibilidades da instituição.

Art. 26 ­ A. Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares,

torna­se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro­Brasileira. (Redação da LEI

n 2 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.)

§ 1 º ­ O conteúdo programático a que se refere o caput deste artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o

negro na formação da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas

áreas social, econômica e política pertinentes a História do Brasil.(Redação da LEI nº 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.)

§ 2º ­ Os conteúdos referentes à História e Cultura Afro­Brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas áreas de Educação Artística e de

Literatura e História Brasileiras.(Redação da LEI nº 10.639, DE 9 DE JANEIRO DE 2003.)

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

No art. 26 fica a classificação das matérias em duas partes o que a lei anterior chamou de

núcleo comum e matérias do art. 7º; esta lei denomina de base nacional comum que é o conjunto

de disciplinas cujo desenvolvimento será obrigatório em todo o território nacional, e volta a se

referir a uma parte diversificada onde está incluída a língua estrangeira moderna (inglês) a ser

complementada por matérias que atendam as peculiaridades regionais e locais, da sociedade, da

cultura, da economia e da clientela. Esse entendimento permite que o gestor escolar e a

comunidade possam optar pela inclusão de disciplinas que favoreçam o desenvolvimento

educacional segundo a realidade local.

A lei utiliza­se de termos não muito comuns na legislação anterior, como "conhecimento do

mundo físico", (geografia), "conhecimento do mundo natural" (Ciências), e "realidade social e

política, especialmente a brasileira" (História).

Para completar, no ensino fundamental a elaboração do quadro curricular o art. 33

estabelece que o ensino religioso, de matrícula facultativa para o aluno, se constituirá em

disciplina integrante dos horários normais das escolas e sendo respeitadas as diferenças de

credo, portanto, o ensino religioso figurará no quadro curricular.

No ensino médio, do quadro curricular deverá constar Matemática, Português, História,

Geografia, Física, Biologia, Arte, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna (e uma outra

língua estrangeira segundo disponibilidade da escola) e Química, além de disciplinas como

sociologia e filosofia, que complementarão a formação para cidadania Art. 36.

Para o ensino médio, a lei no art. 36 presume que seja facultativa para a instituição de

ensino a habilitação profissional, permitindo às instituições de ensino (geralmente particulares)

estabelecerem ou não cursos profissionalizantes.

Com relação à Educação Física, a lei estabelece que ela faça parte da proposta

pedagógica da escola, fora do horário regular de aulas, ou seja, o aluno tem aulas teóricas pela

manhã e realize a prática física à tarde, o que a lei se refere é à disciplina auxiliar às demais em

trabalho coletivo. Cabe ainda observar que nos cursos noturnos a prática de educação física será

facultativa. (§ 3º art.26).

Na montagem do quadro curricular o gestor da escola pública é praticamente impossível

usar a criatividade da equipe na concepção do quadro curricular, pois além das diretrizes impostas

pela Lei 9394/96 no art. 26, ainda existem entraves ao nível local que impedem a autonomia da

escola nesse aspecto, o que já não ocorre em uma instituição pública, que pode propor um

quadro que atenda às especificidades da comunidade que atende.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Outrossim, é importante ressaltar a participação da equipe na concepção filosófica de

educação pela escola, mas é muito difícil se obter consensos não quanto ao elenco de disciplinas,

mas sobre a carga horária a ser estabelecida para cada uma delas durante a semana. O gestor

deve ouvir todos os elementos da equipe de forma a agrupar os integrantes de cada um dos

componentes curriculares para depois fazer a distribuição das aulas pelas disciplinas.

Outro critério que deve ser observado pelo gestor escolar é que a mínima carga horária a

ser atribuída a cada disciplina é de duas aulas semanais, isso porque se uma disciplina tem

apenas uma aula, um feriado uma ausência do professor/ aluno torna os encontros ainda mais

esporádicos, o que faz com que o docente desconheça a realidade do aluno e, portanto, seja

incapaz de avaliá­lo no seu desenvolvimento. É possível admitir­se, em conteúdos

complementares, uma aula semanal, dados pelo mesmo professor. Ex: Português e Redação.

É importante considerar que o período destinado ao recreio dos alunos deve ser

considerado como letivo se durante sua realização forem feitas atividades dirigidas (recreio

dirigido), pois no entender do legislador este tempo deve ser usado para a socialização dos

educandos.

É temerário o gestor escolar oferecer aos professores de forma democrática que eles

próprios estabeleçam as cargas horárias das suas disciplinas, pois muitos acharão poucas as

aulas semanais para desenvolver tanto conteúdo, e assim aumentarão indiscriminadamente o

número de aulas; o número máximo não deve ultrapassar a 5 (cinco) para que o aluno seja

acompanhado cotidianamente pelo professor. Deve­se ter em mente que exagerar na quantidade

pode desestimular o aluno aos estudos, estabelecendo certa apatia.

Se o gestor sensibilizar a equipe para que todos percebam que os componentes

curriculares são igualmente importantes na formação plena do indivíduo, na preparação para a

cidadania e na qualificação para o trabalho, e que existe um número máximo de possibilidades

para que sejam alocadas as aulas (25 ou 30 aulas semanais), e ainda que cada educador deve

adequar a sua matéria às reais necessidades de formação dos alunos, os próprios professores

decidirão pelas cargas horárias de seus conteúdos, sem exageros, o que será favorável para a

melhoria da qualidade de ensino. Para se realizar com sucesso esta atividade, a equipe deverá ter

conseguido um amadurecimento profissional impecável.

Para vencer os desafios referentes à elaboração do quadro curricular, o gestor escolar

deve fazer um trabalho sistemático, ser profissional competente, usar o convencimento, cooptar

parcerias, ouvir os outros, etc., e, especialmente, ter entusiasmo e acreditar que o trabalho

resultará em bons resultados.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Exercícios

1. A escolha das matérias que constituirão adequadamente o quadro curricular deve ser feita de: a) forma democrática, por sugestão apenas da comunidade escolar. b) maneira a respeitar a determinação legal, sem que haja a participação do coletivo. c) modo a privilegiar as normas legais mas, tendo em vista as necessidades da comunidade

local; d) acordo com a vontade da clientela. e) acordo com a determinação do poder constituído de forma igualar o currículo da todas as

escolas.

2. Analise as seguintes afirmações sobre quadro curricular: I. O quadro curricular, também denominado de grade curricular ou currículo pleno, é um documento que estabelece que tipo de formação a escola pode proporcionar. II. As matérias são dispostas atualmente em camadas: núcleo comum, matérias do art. 7º, e parte diversificada. III. Na parte diversificada, a comunidade poderá optar pela inclusão de disciplinas que favoreçam o desenvolvimento educacional segundo a realidade local. IV. No quadro curricular, a língua estrangeira moderna (inglês) será colocada segundo a legislação na parte diversificada. Estão corretas as afirmações: a) I; II e III b) I; III e IV c) I; II e IV d) II; III e IV e) I ; II; III e IV

Respostas dos Exercícios

1. A escolha das matérias que constituirão adequadamente o quadro curricular deve ser feita de: RESPOSTA CORRETA: C

2. Analise as seguintes afirmações sobre quadro curricular: RESPOSTA CORRETA: D

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 16 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

V.d ­ Relações Funcionais

As relações funcionais nas escolas públicas privadas se realizam de maneira e maneira

diferente; enquanto as relações trabalhistas nas escolas privadas realizam­se intermediadas pelas

Leis do Trabalho, as relações funcionais na escola pública na maioria das vezes se fazem através

de Estatutos. Com relação à forma de contratação, ela pode variar; em alguns municípios, existe

uma forma mista de admissão e em algumas escolas particulares a forma de admissão é no

regime de cooperativa.

Nas instituições privadas, a contratação normalmente se dá através das exigências da

Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), tendo o indivíduo as garantias trabalhistas fixadas em

um contrato de trabalho, ou seja, registro em carteira, recolhimento do Fundo de Garantia por

Tempo de Serviço (FGTS), recolhimento da taxa Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), e

ainda no caso de rescisão contratual, sem justa causa, o pagamento de 40% sobre o montante

depositado na conta do Fundo de Garantia e o pagamento por tempo determinado de auxílio

desemprego.

Existem escolas particulares, que admitem o indivíduo por sistema de cooperativa , ou

seja, o indivíduo não goza das regalias apontadas na forma de contratação anterior, ele é

admitido através de cotas muito ínfimas, do capital da instituição, figurando como sócio, e recebe

pelo trabalho realizado; ele fica encarregado, se quiser, de recolher por conta própria os encargos

sociais. Ele não se caracteriza, segundo a Lei das Sociedades, como empregado, e sim como

sócio. No caso de rescisão contratual, o indivíduo recebe apenas o referente a sua cota de

participação

Relações Funcionais no Serviço Público

No serviço público a natureza da admissão dos servidores (funcionários), às vezes, é

diferente da iniciativa privada. Atualmente, o regime de contratação em alguns municípios é via

CLT com todas as prerrogativas legais que este tipo de contratação prevê. Porém o processo

seletivo se realiza segundo o art. 37 e 38 da Constituição Federal, ou seja, através de concurso

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

público de provas ou títulos e de provas, ressalvadas as nomeações em comissão. Podendo ainda

em determinadas situações ocorrer a contratação por tempo determinado.

Ainda é facultado aos professores o acúmulo de cargos no serviço público, dentro da

carreira docente, pois, segundo a Constituição Federal art.37; Inciso XVI, há exceção permitindo o

acúmulo de dois cargos de professor e um de professor e um de técnico científico.

Diferenciação entre cargo e função

Os cargos são criados pelo legislativo, são passíveis para o seu preenchimento de

concurso público de provas e provas e títulos. O aprovado é denominado de titular e segundo o

estatuto tem direito aos concursos de remoção (uma vez a cada ano o titular pode solicitar a troca

segundo sua conveniência ou da administração pública do seu local de trabalho), tem o direito de

prestar outro concurso público, e sendo na mesma carreira pode inscrever­se por acesso. Ex:

Diretor de Escola, Professores, etc.

A função é uma criação do legislativo para atender, de forma temporária, o preenchimento

de vagas que são necessárias para o desenvolvimento dos serviços, sem no entanto que se

estabeleça o vínculo do servidor com o serviço público. O indivíduo não tem direito a remoção, a

evolução funcional, e poderá prestar concursos públicos somente por ingresso. Ex: Professores,

Vice­diretores, Auxiliares, Agentes Escolares, Caseiros, etc.

Preenchimento de Cargos:

Existem os cargos vagos que são oferecidos em remoção para os servidores efetivos,

(concursados/ titulares), e se não forem preenchidos são oferecidos em concursos públicos.

Esses cargos podem ser vagos em virtude da recém­criada repartição pública (escola) ou

resultarem de remoções ou exonerações (quando o órgão público por meio de processo

administrativo dispensa por motivo grave, ou o próprio servidor solicita sua saída, chamando de

,respectivamente, exoneração a bem do serviço público, ou a pedido).

No serviço público do Estado de São Paulo existem categorias de servidores:

a) Efetivos: aqueles que foram aprovados no concurso, foram considerados aptos pelo

Departamento Médico, foram classificados, e escolheram um cargo. Dirigiram­se à

repartição de lotação (trabalho) e lá em uma ata tomaram posse e no momento que

assinaram pela primeira vez o livro do ponto entraram em exercício.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

b) Estáveis: muito servidores adquiriram a estabilidade por estar como ocupante de

função atividade a 5 ou mais anos na data da promulgação da Constituição Federal que

garantiu esse direito para quem estava em exercício.

c) Ocupante de Função Atividade (OFA): são pessoas que assumem funções ou

atividades sem no entanto assumirem uma relação empregatícia no serviço público.

Esse tipo de contratação se faz apenas pela inscrição na diretoria de ensino, onde

apresentarão os documentos necessários para o exercício da função (diplomas, tempo

de magistério, cursos de especialização, etc.) e são classificados segundo critérios

estabelecidos na Portaria de Atribuição de Aulas (publicada anualmente no Diário

Oficial) em uma relação de outros profissionais, da mesma área de atuação, e, na

existência de aulas vagas (sem titular) ou em caráter de substituição, são chamados

para prestar serviços. Essas funções são também reguladas pela Lei 500, que designa

os profissionais contratados dessa forma de Admitidos em Caráter Temporário (ACT)

d) Comissionados: muito servidores efetivos são levados a exercer na ausência do titular

(afastamento por doença, licença prêmio ou para tratamento de interesses particulares,

prestação de serviço em outra repartição, exercício em cargo eletivo, etc.) a função,

nesse caso é publicada no Diário Oficial uma Portaria comissionando o servidor para

exercer a atividade até a volta do titular ou preenchimento do cargo por concurso.

e) Eventuais: profissionais que substituem as aulas dos professores em exercício nas

unidades em pequenas licenças ou em ausências diárias; eles não mantêm vinculo

empregatício com o serviço público e para essa atividade são admitidos também

estudantes universitários; para isso somente é necessária uma inscrição na diretoria de

ensino.

A evolução funcional dos funcionários efetivos está estabelecida no Estatuto do Magistério

Estadual Lei Complementar 444/85 e na Lei complementar 836/97.

No serviço público do Município de São Paulo existem categorias de servidores:

a) Efetivos Titulares: aqueles que foram aprovados no concurso, foram considerados

aptos pelo Departamento Médico, foram classificados, e escolheram um cargo.

Dirigiram­se à repartição de lotação (trabalho) e lá em uma ata tomaram posse e no

momento que assinaram pela primeira vez o livro do ponto entraram em exercício

(Diretores, Coordenadores Pedagógicos e Supervisores).

No preenchimento de cargos de professor efetivo, o município mantém a seguinte

classificação:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

• I Titulares: aqueles que foram aprovados no concurso, foram considerados aptos pelo

Departamento Médico, foram classificados, e escolheram um cargo, numa escola

específica, e têm sua sede de lotação.

• II Adjuntos: aqueles que foram também aprovados no concurso, foram considerados

aptos pelo Departamento Médico, foram classificados, e escolheram um cargo numa

coordenadoria onde ficam lotados e exercem suas atividades como professores nas

escolas da região.

b) Estáveis: muito servidores adquiriram a estabilidade por estarem como ocupante de

função atividade a 5 ou mais anos na data da promulgação da Constituição Federal que

garantiu esse direito para quem estava em exercício (art. 19 do Ato das Disposições

Constitucionais Transitórias).

c) Contratados: ainda existe a necessidade de preenchimento de aulas cujos titulares

encontram­se afastados por motivos diversos e não há adjunto com possibilidade de

assumir as aulas, então a escola recorre a Coordenadoria de Ensino que contrata, por

tempo determinado, um profissional que possa substituir nas aulas.

V.e ­ Quadros de Funcionários:

A finalidade da colocação dos quadros de pessoal dentro do plano escolar é possibilitar a

quem o analisa e à comunidade em geral quem será responsável pela execução do trabalho

visando a atingir as metas. Para melhor organizar administrativamente, classificam­se os quadros

de funcionários em três modalidades:

1) Quadro do pessoal administrativo;

2) Quadro do pessoal docente;

3) Quadro do pessoal operacional.

1) Quadro do pessoal administrativo;

Nele devem constar informações de modo sucinto sobre a qualificação profissional dos

integrantes daquela área de atuação; o principal é que contenha informações sobre o horário de

trabalho de cada um de seus componentes e que seja afixado em lugar de fácil acesso ao público

em geral, para que de forma inequívoca os membros da comunidade possam localizar com

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

facilidade e inclusive fiscalizar sua execução. Na sua elaboração são obedecidos critérios de

hierarquia. Ex:

Quadro do pessoal administrativo Horário de Trabalho

Nº Nome do Servidor RG ou RF* Função Seg Ter Quar Qui Sex Obs

1 Rodrigo Silva 7.453.675­X Diretor

7:00 às 15:30

14:30às 23:00

7:00 às 15:30

14:30às 23:00

7:00 às 15:30

2 Claudia Souza 13.856.478­1 Vice Diretor

14:30às 23:00

7:00 às 15:30

14:30às 23:00

7:00 às 15:30

14:30às 23:00

3 Rosana Santos 6.427.345­2 Coordenador

8:00 às 17:30

8:00 às 17:30

8:00 às 17:30

8:00 às 17:30

8:00 às 17:30

Estão incluídos no quadro do pessoal administrativo: Diretor, Vice­diretor, Coordenador

Pedagógico, Secretário, Auxiliar de Secretaria.

* No serviço público estadual o Registro Geral (RG) é também usado como registro

funcional, isto é: quando o funcionário insere o número do seu RG, é usado pelo setor de

Recursos Humanos ­ DRH para todos os trâmites funcionais.

No serviço público do município de São Paulo em qualquer modalidade de ingresso o

profissional recebe um número específico que é denominado de registro funcional (RF) que o

acompanhará por toda a carreira e toda a movimentação pessoal será feita com base nesse

registro.

É importante notar, no exemplo apresentado, que o diretor reveza com o vice­diretor

(estado) ou assistente de direção (município) o horário, impedindo que a escola fique sem a

presença do gestor em qualquer situação. É também importante que o diretor esteja presente

dando atendimento a todos os períodos em dias alternados (manhã, intermediário, vespertino e

noturno) nas escolas com 4 períodos.

É importante que o horário consignado no quadro de pessoal administrativo seja o mesmo

registrado no livro do ponto administrativo, somente variando em situações especiais (eventos,

reuniões nos órgãos centrais, etc.). Todo pessoal administrativo tem que cumprir diariamente 8

horas de trabalho e 40 horas semanais, e tendo o direito de 30 dias de férias regulamentares.

2) Quadro do pessoal docente

Nesse quadro deverão figurar, por ordem de RG ou RF, os docentes da educação básica

nos níveis oferecidos pela escola (Educação Infantil, Ensino Fundamental I e II e ensino médio).

Além da identificação do servidor, deverão constar as classes, séries ou termos que lhe foram

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

atribuídos nas sessões de escolha, e os respectivos períodos de trabalho e o número de aulas

semanais (jornadas de trabalho docente).

Fazem parte desse quadro todos os professores de todos os níveis.

Quadro do pessoal docente

Nº Professor RG ou RF* Categoria Formação Disciplina(s) Período Classes

Atribuídas

1 José dos Santos 3.456.708­2 Efetivo Letras Português Tarde

1º ano A;B;C e D Ciclo II

2 Márcia Silva 12.435.845­4 OFA Matemática Matemática Tarde

3º ano B;C;D e E Ciclo II

3 Belmiro Arruda 18.497.012­7 Estável Biologia Ciências Tarde

4º ano A;C e D e Ciclo II

4 Maria da Luz 31.674.876­0 Efetivo Pedagogia 4º ano Ciclo I Manhã

4º ano A ­ Ciclo I

5 Paula Souza 36.786.987­9 Efetivo Matemática Física Noite

1º A e B; 2ºC Ens. médio

A Jornada de trabalho no ensino estadual não poderá com acúmulo de cargo (2 cargos)

exceder a 64 horas para trabalho docente; o cálculo para efeito de jornada é feito segundo a

tabela a seguir.

Horas em atividade com

alunos

Horas trabalho pedagógico na

escola

Horas trabalho pedagógico em local de livre escolha do docente

Carga horária

33 3 4 40 28 a 32 3 3 34 a 38 23 a 27 2 3 28 a 32 18 a 22 2 2 22 a 26 13 a 17 2 1 16 a 20 10 a 12 2 0 12 a 14

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A Jornada de trabalho docente no Ensino Municipal de São Paulo

Jornada Horas em atividade

com alunos

Horas trabalho

pedagógico na escola

Horas trabalho

pedagógico em local de

livre escolha do docente

Carga horária

Básica (JB) 18 1 1 20 Especial Ampliada (JEA) 25 3 2 30

Especial Integral (JEI) 25 11 4 40

3) Quadro do pessoal operacional

Esse quadro deve, a exemplos dos outros, conter a relação nominal dos servidores seus

registros, sua categorias, a denominação de seu cargo e horário de trabalho.

Fazem parte do pessoal operacional: serventes escolares (Agentes administrativo I), vigias

(agentes administrativos de vigilância), servente (estado). Os caseiros no Estado são indicados

pelos diretores, mas já são ocupantes de função atividade. Quadro do pessoal Operacional Horário de Trabalho Nome do

Servidor RG ou RF* Função Seg Ter Quar Qui Sex Sab Dom Rogério Souza 14.453.675­X Vigia

22:00 às 6:00

22:00 às 6:00

22:00 às 6:00

22:00 às 6:00

22:00 às 6:00 Folga Folga

Paulo Silva 18.856.478­1 Vigia Folga

7:00 às 15:30

7:00 às 15:30

7:00 às 15:30 Folga

22:00 às 6:00

22:00 às 6:00

Cleonice Santos 26.427.345­2 Servente

8:00 às 17:30

8:00 às 17:30

8:00 às 17:30

8:00 às 17:30

8:00 às 17:30

Solidea Lima 35.867.987­0 Merendeira

9:00 às 18:30

9:00 às 18:30

9:00 às 18:30

9:00 às 18:30

9:00 às 18:30

Observe que no município existe o cargo de vigia e na confecção do horário eles revezam

especialmente no horário noturno. Cada unidade escolar possui 4 cargos de vigias; eles trabalham

em sistema de rodízio. Quanto ao número de cargos de serventes escolares de cada unidade, é

variável segundo a quantidade de classes existentes na escola. O cargo de vigia na Escola

Estadual é substituído pelo caseiro que mora dentro da escola, recebendo moradia de graça e

outras vantagens.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Leia o complemento da aula disponível no ambiente de estudo.

Exercícios

1. A relação trabalhista que se estabelece entre o professor e uma escola particular não é regulada: a) pelo estatuto do magistério. b) pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). c) pelas regras estabelecidas na convenção sindical da categoria. d) pelas normas de recolhimento de fundo de garantia por tempo de serviço (FGTS). e) pelos regulamentos da Previdência Social INSS.

2. Para se transformar em um servidor público civil efetivo é necessário, segundo o dispositivo constitucional (arts. 39, 40 e 41): a) Inscrever­se, prestar um concurso de provas ou provas e títulos. b) Inscrever­se, prestar o concurso e ser aprovado. c) Inscrever­se, prestar o concurso de provas ou de provas ou de títulos, apresentar os

documentos comprobatórios, fazer o psicotécnico, a entrevista, o exame médico e entrar em exercício.

d) Inscrever­se, apresentar os documentos, ser classificado e tomar posse e) Inscrever­se, prestar o concurso de provas e títulos, ser classificado, escolher o cargo, ser

nomeado, ser submetido a exame médico, tomar posse e entrar em exercício.

Respostas dos Exercícios

1. A relação trabalhista que se estabelece entre o professor e uma escola particular não é regulada: RESPOSTA CORRETA: A

2. Para se transformar em um servidor público civil efetivo é necessário, segundo o dispositivo constitucional (arts. 39, 40 e 41): RESPOSTA CORRETA: E

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 17 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

V.f – Regimento Escolar

O Regimento escolar é um documento que deve ser elaborado pela comunidade escolar

(pais, alunos, professores, coordenador, supervisor, etc.), e no qual ficam estabelecidas todas as

normas para que aconteçam relações interpessoais de modo satisfatório no âmbito da escola. É,

portanto, um documento completo, que exprime como se darão todas as relações entre os

diversos segmentos que compõem a realidade escolar.

Para se estabelecer uma gestão escolar de qualidade é necessário que se tenha um

regimento que preveja um número máximo de situações e que ao mesmo tempo seja sintético,

claro e preciso, para ser de domínio do coletivo, favorecendo sua aplicabilidade.

É um documento normativo elaborado pelo estabelecimento e aprovado pela Diretoria de

Ensino; irá traduzir­se em limites, direitos, deveres, ou melhor, tornar­se­á o ordenamento

normativo da vida daquela comunidade escolar. A lei, por si só, não é suficientemente

modificadora da realidade.

Além disso, é um documento que se insere em um novo contexto social e político em que

a harmonização dos diferentes atores sociais e educativos é fundamental para o processo de

melhoria do ensino e para a democratização dos processos escolares no rumo da construção de

uma efetiva autonomia da escola, ainda que nesse momento estejamos diante de uma autonomia

relativa e tutelada da unidade escolar.

Estrutura Básica do Regimento

Na parte inicial convencionou­se estabelecer as propostas em termos de formação, o que

será uma preocupação da instituição educacional em termos filosóficos, e as pretensões quanto à

formação com características mais voltadas às humanidade, exatas, biológicas, etc.

A seguir são estabelecidas todas as atribuições dos envolvidos com o processo

educacional (diretor, Coordenador, serventes, professores, etc) e, referentes aos alunos, as

normas de convivência (direitos e deveres dos alunos, especificando as sanções respectivas do

caso de sua transgressão. Essas normas são concebidas pelos próprios alunos sem a

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

participação direta dos professores e aprovadas pela comunidade escolar, devendo ser oferecidas

antes da matrícula a todos os novos alunos).

E finalmente devem ficar estabelecidas as matérias que constarão do quadro curricular e

seus sistemas de promoção ou retenção e recuperação, e classificação e reclassificação de

estudos. Nas escolas particulares, ainda, o regimento estabelece no final as formas de pagamento

de mensalidades, e disposições gerais e complementares.

Quando de sua redação, o regimento escolar tem que apresentar uma linguagem que

apresente os seguintes princípios:

a) integralidade (sentido completo): a norma não integral permite interpretações

errôneas, o que provoca confusão na aplicação.

b) correspondência (levar em conta a hierarquia das Leis): ex: Constituição, LDBEN,

ECA NRB.

c) realidade (traduzir a realidade escolar nos seus diversos aspectos: administrativos,

pedagógicos, sociais, metodológicos, etc), garantindo­se a realidade presente.

d) Coerência (evitar contradições e desarmonia): as normas devem traduzir a unidade

de pensamento

A redação deverá obedecer a critérios idênticos das disposições legais distribuindo­se

em assuntos devidamente subdivididos ou agrupados em: artigos, parágrafos, incisos, alíneas. Os

artigos agrupam­se em: seções, capítulos e títulos.

Artigo

O artigo constitui a unidade para apresentação, divisão ou agrupamento de assuntos no

texto normativo, e deve subdividir­se em: parágrafos, incisos e alíneas – representados pela

numeração ordinal até o 9°, e daí em diante pela numeração cardinal – algarismos arábicos.

Parágrafos

Os parágrafos podem se desdobrar em e incisos. A disposição principal (artigo) é

explicada, restringida ou modificada pelo parágrafo, disposição secundária. O parágrafo é

representado pelo sinal gráfico §, salvo na disposição em que existe um só parágrafo, quando o

mesmo deve ser escrito por extenso, seguido de ponto. A matéria tratada no parágrafo deve estar

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

intimamente ligada ao assunto de que se ocupa o artigo. A norma fundamental, o princípio, nunca

deve ser enunciada em parágrafo. O parágrafo deve conter as restrições do artigo ou, então,

completar as disposições deste último.

Incisos

Os incisos são empregados como elementos discriminativos do artigo ou se o assunto

tratado não puder ser condensado no próprio artigo, ou não se mostrar adequado a constituir um

parágrafo. Os incisos são grafados por algarismos romanos, seguidos de travessão e terminados

por ponto­e­vírgula, salvo quanto ao último inciso, que termina por ponto final. Haverá emprego de

dois pontos antes das alíneas em que se desdobrem.

Alíneas

As alíneas ou letras constituem desdobramentos dos incisos e dos parágrafos. São

grafadas em itálico ou sublinhadas, em letra minúscula e seguidas de parênteses.

Agrupamentos dos artigos

O artigo é o elemento central tanto para a subdivisão do texto como para o seu

agrupamento. Os artigos agrupam­se de acordo com o assunto regulado. Os códigos são o

exemplo mais completo de agrupamentos ordenados, sistematizados dos artigos no texto da lei.

O conjunto de artigos constitui uma seção; o conjunto de seções constitui um capítulo; o

conjunto de capítulos forma um título, e o de títulos constitui um livro.

Diferenciação entre a Situação das Escolas Públicas e Privadas

Nas escolas privadas a concepção do regimento escolar sempre ocorreu levando­se em

consideração as sempre muito amplas normas das políticas educacionais, mas muito mais

voltados para atender aos interesses da entidade mantenedora. Houve tempo em que, quanto

mais rígida fosse a relação, melhor era o ensino, o que de certa forma era reforçado pelo regime

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

militar. Ainda hoje temos exemplos de instituições particulares cujo sucesso se prende a uma

preocupação exagerada com a disciplina e a ordem.

As escolas públicas sempre tiveram quanto à elaboração de seus regimentos tuteladas

pelo Estado, que lhes outorgava regras através dos Regimentos Comuns nos quais ficavam

estabelecidos princípios que deviam ser aplicados em todas as escolas do sistema, independente

de sua realidade social, de sua natureza, de seu tamanho, de suas características e

peculiaridades, desconsiderando fatores que são essenciais no trabalho de melhoria da qualidade

de ensino. Ex: O mesmo regimento escolar que regia as relações do Colégio Caetano de Campos

(central, clientela selecionada, ambientes propícios ao aprendizado, etc.) era usado por uma

escola rural onde a construção havia sido, muitas vezes, improvisada, com uma professora que

lecionava simultaneamente para as quatro séries do primário, organizadas em fileiras, sendo

ainda responsável pela limpeza da escola, preparação do lanche, correção de atividades, etc.,

gerenciando sozinha todo o processo educacional. Realidades tão diferentes com problemas tão

diversos, sendo regidas pelo mesmo conjunto de normas.

Após a redemocratização do país, e com a promulgação da Constituição da República

Federativa do Brasil em 05 de outubro de 1988, todas as Leis tiveram que se adaptar (incluindo

palavras em seus textos participação, solidariedade, cidadania, direitos humanos, etc.) à nova

realidade política da nação, a instalação de um estado democrático de direito estabelecido no

Preâmbulo da Constituição:

“Nós, representantes do povo brasileiro. reunidos em Assembléia Nacional Constituinte

para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e

individuais, a liberdade, a segurança, o bem­estar, o desenvolvimento, a igualdade e a Justiça

como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na

harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das

controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte Constituição da República

Federativa do Brasil.”

Esta nova ordenação jurídica fez com que todas as leis passassem a consagrar o princípio

democrático que estabelece a participação de todos nas decisões em todos os setores, e na

educação o próprio texto da LDBEN consagra o princípio da autonomia da escola pública no art.

15 – “Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares públicas de educação básica que

os integram progressivos graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão

financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público”. (nosso grifo).

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Pode­se entender autonomia como a capacidade que a comunidade escolar em se auto­ governar, ou seja, criar normas próprias (auto = eu, próprio/ nomia = regras, normas). Essa realidade, proposta democrática é inédita em termos educacionais, uma vez que, mesmo antes da

ditadura, a escola se portou de forma autoritária, estabelecendo regras sem consultar a população

sua beneficiária.

Se de um lado a Lei concede à escola uma gradativa autonomia (financeira , pedagógica e

administrativa), por outro lado o poder público não abre mão de tutelar a escola, e este fato se

prende a três motivos principais:

a) o governo defende os interesses e a hegemonia das classes dominantes, fazendo com

que a escola funcione como agência reprodutora da cultura daquela classe, o que

impede que a classe subalterna tenha consciência de seu verdadeiro papel na

sociedade.

b) mantendo o governo controle sobre a ação da escola, fica mais fácil de camuflar seus

verdadeiros interesses, e ademais, é mais fácil governar uma população sem

reflexividade e senso crítico.

c) o governo não acredita na capacidade de gestão de muitos diretores em atividade, e

portanto seria leviano por parte dele não prepará­los adequadamente para o exercício

da função com responsabilidade. O que muitos diretores querem é que as decisões

continuem a ser tomadas pelos órgãos centrais, o que os exime de responsabilidades

maiores.

No Brasil, convivemos com realidades bem diferentes quando se trata da questão legal.

Existem leis cuja aplicação interessa ao Poder Judiciário (ex: segurança) e até mesmo ao

Executivo (ex: multas), são de aplicação e penalização sistemáticas, e todos a obedecem e outras

caem no esquecimento e não mais são obedecidas. Se a escola não começar a ocupar os

pequenos espaços de autonomia que o poder público concede, a educação jamais terá a tão

almejada qualidade de ensino.

Elaborando o Regimento em uma Escola Pública

Para se elaborar e/ ou modificar o regimento escolar em uma escola pública é necessário

que o diretor escolar em primeiro lugar estabeleça o sentimento de equipe na comunidade

escolar; a seguir, demonstre a importância desse documento; e finalmente envolva todos os

segmentos na elaboração de cada uma das partes do documento. Todo esse trabalho deve contar

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

com a organização e participação direta do gestor, alertando para o cumprimento de normas

estabelecidas na legislação vigente.

Nessa tarefa o diretor deverá ter em mente a legislação básica: os art 5º Incisos VI e VIII e

o art 206 Inciso I da Constituição Federal; os art.12 Inciso VII e art. 33 § 1º da Lei de Diretrizes e

Bases da Educação Nacional; os art. 16 inciso III e 56 inciso II da Lei 8069/90 Estatuto da Criança

e do Adolescente e os Art. 82 e art. 77 das Normas regimentais Básicas Parecer CEESP nº 67/98.

Quando nos referimos ao temor que o poder público tem quanto à capacidade

administrativa de alguns gestores escolares, tínhamos a impressão de que exagerávamos nessa

afirmação, porém no ano de 1998, os gestores de todas as escolas (públicas e privadas) foram

convocados a elaborar o regimento escolar junto as suas respectivas comunidades para que os

mesmos se adaptassem as regras democráticas estabelecidas na Lei 9394/96 (LDBEN).

A preocupação era que o documento final refletisse o engajamento, a discussão da

comunidade na sua elaboração, que estivesse de acordo com a realidade social de cada região, e

traduzisse a feição do coletivo estampada na cara própria de cada escola, inquietada em atender

às expectativas educacionais dos estudantes, e da sociedade, primando naturalmente pela

melhoria da qualidade de ensino.

Na época, algumas entidades de classe do magistério atuaram para auxiliar o trabalho dos

diretores que não tinham qualquer prática na elaboração de tal documento, pois era a primeira vez

que assumiam essa incumbência. Com a assessoria de pessoas familiarizadas no assunto, as

entidades publicaram encartes nos seus informativos. Por incrível que pareça, o resultado não foi

outro: muitos gestores simplificaram suas tarefas, copiando simplesmente o modelo do encarte,

nele colocando o nome se suas escolas. Por outro lado, este ato facilitou a ação supervisora, que

ao invés de analisar detidamente os regimentos de cada escola, analisou se estava idêntico ao

publicado.

Com este ato, perdemos a tutela direta do Estado e adquirimos o regimento comum das

entidades de classe, ato que só veio contribuir para complicar ainda mas a situação da Educação.

O Estatuto da Criança e do Adolescente

É comum, entre os profissionais da educação, ouvir­se os seguintes comentários: “depois

que aprovaram o ECA, os estudantes ganharam todos os direitos e nós perdemos a nossa

autoridade”; “Hoje as escolas não podem punir alunos”; “Tudo passou a constranger o educando”

“Não podemos fazer nada, ele está protegido pelo ECA” e etc.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

O problema não está na Lei 8069/80, no Estatuto da Criança e do Adolescente, nem

tampouco no art 227 da Constituição Federal, que torna a criança e o adolescente em sujeitos de

direitos, que prevê que nesta fase os jovens necessitam de proteção integral do Estado e de

garantias especiais, como à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à dignidade, ao respeito,

etc., preservando dessa forma sua integridade física, mental, e sua integração na sociedade.

Como sujeitos de direitos, às crianças e aos adolescentes deverão ser atribuídos direitos com

garantias de prioridade, através da instituição de Direitos Fundamentais Especiais (art. 5º); trata­

se na verdade de uma interpretação equivocada que se faz do ECA, que se constitui numa norma

de prevenção social e não no sentido repressivo.

Esta proteção deve­se principalmente ao autoritarismo que embasava a Lei 4.513/64 e o

“Código de Menores” ­ Lei 6.697/79, que davam amplos poderes de resolução ao pai e ao juiz de

menores. Permanecendo dessa forma perpetuaríamos os casos de agressão aos menores no

seio de seus lares, fatos que apesar das garantias especiais das Leis continuam ocorrendo em

número cada vez mais freqüente.

O Estatuto da Criança e do Adolescente nos art. 112; 113 e 114, no capítulo IV, que trata

das medidas sócio­educativas, diz que verificado o ato infracional, a autoridade competente

poderá aplicar ao adolescente algumas medidas, que na verdade não se constituem em punição,

mas em medidas preventivas, que, se observadas na elaboração do regimento escolar, poderão

resultar em conseqüência de normas estabelecidas pelo coletivo, propondo deveres e limites, e

não cumpridas por um ou mais elementos do grupo.

Das Medidas Sócio­Educativas

Seção I ­ Disposições gerais

Art. 112 ­ Verificada a prática de ato infracional, a autoridade competente poderá aplicar

ao adolescente as seguintes medidas:

I ­ advertência;

II ­ obrigação de reparar o dano;

III ­ prestação de serviços à' comunidade;

IV – liberdade assistida;

V ­ inserção em regime de semiliberdade;

VI ­ internação em estabelecimento educacional;

VII ­ qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Exercícios

1. O Regimento Escolar a partir da redemocratização do país nas escolas públicas não se constitui: a) em documento que rege as relações interpessoais ocorridas entre os diversos segmentos

que constituem a escola. b) no fórum de participação democrática que possibilita a manifestação livre a todos os

segmentos da escola quanto às relações interpessoais. c) na possibilidade de facilitar o trabalho de gestão escolar se concebido de forma democrática e de acesso a todos os segmentos. d) no documento outorgado pelo Estado, mas concebido de forma democrática.

CONTINUAÇÃO

§ 1º ­ A medida aplicada ao adolescente levará em conta a sua capacidade de cumpri­

la, as circunstâncias e a gravidade da infração.

§ 2º ­ Em hipótese alguma e sob pretexto algum, será admitida a prestação de trabalho

forçado.

§ 3º­ Os adolescentes portadores de doença ou deficiência mental receberão

tratamento individual e especializado, em local adequado às suas condições.

Art. 113 ­ Aplica­se a este Capítulo o disposto nos arts. 99 e 100.

Art. 114 ­ A imposição das medidas previstas nos incisos II a VI do art. 112 pressupõe a

existência de provas suficientes da autoria e da materialidade da infração, ressalvada a

hipótese de remissão, nos termos do art. 127.

Parágrafo único ­ A advertência poderá ser aplicada sempre que houver prova da

materialidade e indícios suficientes da autoria.

Para reforçar o acima exposto, devemos ressaltar que o art.28 das Normas Regimentais

Básicas usa a palavra sanção, ou seja, cada um dos deveres deve apresentar um

procedimento sócio­educativo que se constitua na garantia do cumprimento da norma, o

que facilitará o trabalho da escola, obviamente, garantindo o direito amplo de defesa.

A norma jurídica obedece ao princípio do direito positivo, isto é, a lei estabelece direitos,

e por conseguinte deveres, o que regula o comportamento humano; nesse sentido, o

regimento escolar é muito importante, porque uma vez aprovado pela comunidade, tem

poder coercitivo, no sentido de ser impositivo, obrigatório e não facultativo, cabendo a

todos obedecer e sofrer as conseqüências pelo descumprimento.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

e) na participação ativa da comunidade na organização e na gestão da escola.

2. O Estatuto da criança e do Adolescente (Lei 8069/90) estabelece que: a) a criança e o adolescente por ser sujeito de direito podem cometer atos infracionais sem ser

punidos. b) as escolas e a própria sociedade estão impossibilitadas de aplicar medidas sócio educativas. c) por ser uma lei de prevenção social não vigora com caráter repressivo. d) o direito positivo não estabelece que para cada direito existe o correspondente dever. e) As medidas sócio­educativas podem ser estabelecidas pela escola de forma autônoma.

Respostas dos Exercícios

1. O Regimento Escolar a partir da redemocratização do país nas escolas públicas não se constitui: RESPOSTA CORRETA: D

2. O Estatuto da criança e do Adolescente (Lei 8069/90) estabelece que: RESPOSTA CORRETA: C

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 18 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

V.g – Plano de Disciplinas

No início do ano letivo todos os professores devem apresentar o plano de disciplinas que

nada mais é que a intencionalidade do docente ou do grupo de docentes, com as contribuições

que as diversas disciplinas do currículo podem trazer no desenvolvimento pleno dos educandos,

na formação para cidadania, e na qualificação para o trabalho, e da contribuição na aquisição do

conhecimento da cultura e do instrumental necessário para integrar­se no meio social.

Esses planos elaborados pelos professores deverão fazer parte do plano escolar para

demonstrar como cada disciplina participa da atividade educativa, tanto no sentido de objetivar o

aprendizado de conteúdos da própria disciplina, como na consecução das metas propostas pelo

coletivo dispostas no plano, que contribuem com a formação global do aluno.

No ensino fundamental, embora a legislação não tenha dado um tratamento diferenciado

para os dois ciclos que a constituem (o antigo ensino primário e o ginásio), cada ciclo tem

organização e naturezas muito diversas; o ensino primário composto de uma estrutura mais

simples (um professor polivalente, ministrava todas as matérias, para as 4 séries), com ginásio

composto por uma estrutura mais sofisticada (vários professores especialistas, cada um

lecionando uma matéria específica).

A falta de compromisso, de conhecimento, ou ainda as pressões de organismos

internacionais fizeram com que as autoridades educacionais nos anos 70 promulgassem a Lei

5.692/71, que deliberadamente uniu os dois cursos, resultando no 1º Grau, sem o cuidado de

fazer as adaptações necessárias para que ele se transformasse num curso único, com as

mesmas características. Essa união na prática até hoje não se processou, senão nas escolas

particulares que buscaram no ciclo inicial colocar professores especialistas em algumas matérias.

Portanto, no momento do planejamento e na elaboração de atividades, o gestor escolar se

depara com duas realidades que muitas vezes não podem ser homogeneizadas (professores

polivalentes e especialistas), cuja divisão encontramos de forma física, até no momento de

alocação das salas de aula: primário (pequenos) pela manhã, e ginásio à tarde (grandes).

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Contexto Histórico

Em meados dos anos 60, em pleno regime militar, num início de ano letivo os professores

das escolas públicas foram surpreendidos com a determinação de que a partir daquele ano seria

necessário que os professores elaborassem e entregassem no prazo pré­estabelecido um

planejamento, ritual que se repete até hoje.

Os professores receberam formulários que deveriam ser preenchidos, de forma técnica,

sem que para isso fossem preparados, tanto pelos cursos de origem (faculdades) como pelas

autoridades educacionais; estes formulários “Planejamentos” solicitavam que os professores

relatassem de forma especifica quais os objetivos da cada matéria (gerais), do ano (específicos),

qual a matéria lecionada (conteúdo), de que forma seria realizada a aula (estratégias), quais os

recursos necessários (recursos), quais as atividades práticas (excursões), e como se verificariam

os avanços (avaliação).

O Brasil sofria a influência direta do Governo Norte­Americano, que segundo historiadores,

por causa da Guerra­fria, teria financiado a instalação do regime militar não só na política, mas em

todas as instituições sociais.

Nessa época, a educação sofre a influência de autores americanos como: Dewey, Bloom,

Rogers, Neil, Kilpatrick, Tyler, Mager, Aebli, Sniders, Skinner, Houston e Howsam, Popper,

Mahoney, etc. Era farta a literatura desses autores, uma vez que o regime militar baniu do país os

educadores que se preocupavam com pesquisas em educação (ex: Paulo Régulus Freire,

Fernando Henrique Cardoso e tantos outros).

A literatura educacional americana usada pelos educadores brasileiros em grande parte

fazia menções sobre a importância do ato de planejar, a necessidade de estabelecer de forma

técnica os objetivos educacionais, e outras

Artigo

É necessário demonstrar o cenário econômico que se configurava nos dois países na

época; os norte­americanos tinham uma inflação que no máximo atingia a casa dos 5% anuais,

enquanto os brasileiros sobreviviam com uma inflação que chegou à casa do 6% ao mês. Nesse

aspecto, nos Estados Unidos estabeleceu­se uma cultura de planejamento, pois a situação

favorecia a visualização de uma situação futura; no Brasil essa cultura não se estabeleceu, pois

tudo que era planejado acabava longe de dar certo.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A educação, assim como todas as atividades humanas, está ligadas à economia, pois esta

influencia as decisões mais íntimas da população, e a falta de recursos financeiros das famílias

obrigou os jovens da época a se inserir muito cedo no mercado de trabalho, para ajudar na

economia doméstica, e com isso evadem­se da escola.

Não que os professores da época não fizessem seus planos, referentes à formação de

seus alunos. Naquela oportunidade, muito menos que hoje, o professor não entrava na classe

para improvisar sua aula, dedicava­se à preparação de aulas que atendessem às expectativas

dos alunos, pois tratava­se de uma questão de respeito e dedicação por parte do docente. Eles

elaboravam planos não formais, ou seja, traziam aulas previamente preparadas, em apontamento,

que serviam para o direcionamento e avaliação de seus trabalhos, ou detinham o domínio

aprofundado do assunto.

Para colaborar, os professores eram submetidos a uma formação rígida nos cursos

básicos e superior, o que lhes dava um bom cabedal de conhecimentos, e para ingressar como

professor de escola pública a seleção era muito rigorosa, passando o candidato até por exames

orais, porém o salário era compensador e o professor era tratado com respeito.

A solução para o problema de elaboração dos planos de disciplinas pelos professores na

década de 60 foram as editoras de livros didáticos, que juntamente com o livro do professor,

naquele ano, incluíram um encarte com um planejamento pronto, elaborado por tecnocratas, os

quais foram transcritos pela maioria dos professores nos formulários oferecidos pelos diretores e

entregues nos prazos. Dessa forma, começou um ciclo vicioso e o plano que deveria ser um

documento imprescindível na melhoria da qualidade de ensino passou a ser a cópia, da cópia, da

cópia...

Funções do Plano de Disciplina

O plano de disciplina para o docente tem como função:

1) Permitir que o docente faça sistematicamente uma avaliação de seu trabalho, e através

de uma reflexão crítica consiga melhorar sua atuação profissional. É através do plano

que o profissional aperfeiçoa suas técnicas de ensino, ano após ano.

2) Otimizar o tempo gasto, redistribuindo os conteúdos mais significativos ao longo do

tempo, dando mais dinamicidade à docência, ainda verificando quais os pontos

nevrálgicos, mudando de postura para a consecução dos objetivos.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

3) Estabelecer um roteiro de trabalho que direciona sua atividade, permitindo de modo

quase que instantâneo corrigir falhas, desvios, etc.

4) Permitir ao profissional de ensino, no momento em que planeja, antever situações

desastrosas, impedindo que as mesmas aconteçam.

5) E principalmente ir se tornando um profissional de qualidade, à medida que tem

consciência de seus erros e procura corrigi­los. A docência é uma função solitária –

embora sempre esteja acompanhado de alunos, na hora da decisão é o professor que

deve ter o controle da situação, e não é fácil lidar com pessoas, é necessária muita

calma e ser cônscio do seu papel.

Para a escola, o plano de disciplina estabelece uma organização que permite que todos

saibam o que se realiza no conjunto, facilitando, assim, a integração das tarefas, e o auxílio mútuo

na consecução dos objetivos e metas propostos.

Para o aluno, a divulgação das intencionalidades de cada matéria clareia sua percepção

de formação, situando­se melhor no ambiente escolar, e passa ter uma postura mais crítica

quanto à atuação dos profissionais colocados a sua disposição. Torna mais transparentes as

ações dos professores.

Existem outras inúmeras vantagens que o plano de disciplina proporciona a todos os

envolvidos no processo de ensino­aprendizagem.

Elaborando o plano de disciplinas

O gestor escolar tem papel fundamental e a obrigação de dominar o processo de

elaboração do plano de disciplinas. A maioria dos diretores desconhece tecnicamente como

elaborar adequadamente um plano, e simplesmente entrega o formulário­modelo e anuncia o

prazo de entrega. Ao contrário do que se pratica, deve o diretor acompanhar todas as fases do

processo, uma vez que dele depende o apoio técnico e logístico.

É importante que se tenha em mente o tipo de trabalho que se quer realizar e adequar aos

seguintes tipos de planos de ensino:

1) Plano de Aula: É um instrumento sintético que estabelece passo a passo como deve

ser realizado o trabalho, não apresenta nenhuma flexibilidade no tempo de execução, o

que limita a ação e a criatividade do docente. Ex: Semanários, conteúdos de sistemas:

Positivo, Anglo, etc.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

2) Plano de Unidade: É um instrumento menos sintético que o plano de aula, pois é

referente a um único conteúdo específico (ponto), permitindo mais flexibilidade no

tempo de execução, porque envolve um número de aulas variado, e conseqüentemente

permite maior ação e criatividade do docente.

3) Plano de Curso: É um instrumento mais genérico, e não menos preciso que os outros

tipos. Por envolver todos os componentes distribuídos de forma ordenada por todas as

etapas do curso, o plano de curso tem no ensino fundamental a duração de 9 anos, e

no ensino médio 3 anos. É um documento que presume maior flexibilidade na execução

do que os demais, permitindo ao docente maior criatividade e autonomia. Sua

elaboração tem que ser organizada e acompanhada pelo gestor escolar, que deve

integrar­se, impedindo que os membros trabalhem isoladamente, pois do trabalho de

uns depende o sucesso do trabalho de outros.

Os tipos mais utilizados nas escolas são: plano aula em colégios particulares (cursos

apostilados) e o plano de curso nas escolas públicas que muitas vezes se torna ineficaz por causa

da omissão de alguns diretores.

Para se realizar um plano de curso cuja operacionalização melhore o desempenho da

escola, é necessário estabelecer em conjunto os parâmetros que se deseja atingir no final do

curso em termos de desenvolvimento, cultura, cidadania, etc. A seguir verificar quais as

contribuições que cada um dos componentes curriculares pode trazer na formação dos jovens; a

partir dos parâmetros levantados deve­se reunir grupos de trabalho de professores representantes

de cada uma das séries para áreas específicas. Assim, reunir professores de 1º ao 9º anos por

matéria para que juntos façam a ordenação vertical dos conteúdos, uma distribuição de

conteúdos por cada um dos anos essenciais ao desenvolvimento do programa nos anos

seguintes.

A ordenação vertical dos conteúdos gera um compromisso do docente em cumprir, com

qualidade, o mínimo estabelecido no programa, pois sabe que no ano seguinte o aluno necessita

daquele conhecimento específico, e será cobrado pelo grupo se assim não proceder.

Quando todos os componentes estiverem organizados por ano, com a presença de todos

os professores se fará o ajuste entre os conteúdos das diversas disciplinas que sejam

relacionados, sem no entanto que se modifique o ano em que será ministrado. Assim, por

exemplo, no 6º ano o professor de ciências trabalhará com a origem do nosso planeta no mês de

fevereiro; e o de geografia trabalhará sistema solar em maio; faz­se o ajuste no sentido de que os

dois assunto relacionados sejam abordados simultaneamente, o que levará o aluno à

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

compreensão de que cada matéria se relaciona com outras, fazendo a integração horizontal dos

conteúdos, a interdisciplinaridade.

Elaboração do Plano de disciplinas

Basicamente o plano de disciplina apresenta as seguintes partes: 1­ Objetivos Gerais; 2­

Objetivos Específicos; 3­ Conteúdo; 4 – Estratégias e 5­ Avaliação.

1) Objetivos Gerais (Habilidades e Competências): são mudanças que devem ser

observadas nos alunos no final do curso em termos de habilidade, atitudes, valores,

comportamento e competências. São amplos e se iniciam sempre por um verbo de

ação. Cada uma das matérias apresenta objetivos que são as contribuições que cada

uma pode dar no desenvolvimento pleno do educando. Ex: Desenvolvimento do

raciocínio lógico matemático (matemática); Desenvolvimento da capacidade de leitura e

interpretação – Letramento (Português), etc. Alem dessas contribuições, cada matéria

também deve se preocupar em adicionar objetivos que não sejam próprios dela, mas

que promovam a consecução das metas do plano escolar, o que também contribuirá

para a integração de todos os profissionais.

2) Objetivos Específicos: são mudanças observadas ao longo do ano letivo, que

contemplam as mesmas categorias (competências, valores, etc.) dos objetivos gerais,

porém de forma mais específica e mais voltada ao conteúdo do ano, de tal sorte que a

somatória dos objetivos específicos resultaria nos objetivos gerais; são mais

direcionados ao desenvolvimento cognitivo do aluno e inicia­se com a seguinte frase:

“O aluno deverá ser capaz de:” Ex Realizar a operação de divisão que tenha como

divisor uma dezena (dois algarismos)*

* Perceba a inter­relação que se estabelece entre os objetivos gerais e os específicos.

3) Conteúdo: é o que possibilita a ocorrência da mediação do conhecimento; é o pretexto

de que o professor se utiliza para atingir os objetivos específicos; é o assunto, a matéria

que serve para desenvolvimento pleno do educando; é a forma pela qual se estabelece

o diálogo. Um conteúdo específico se ordena sempre do mais simples para o mais

complexo, e como conseqüência dessa ordenação um conteúdo antecedente serve de

pré­requisito para o posterior.

4) Estratégias: são as formas de abordagens dos conteúdos, utilizadas pelo professor na

mediação do conhecimento; são formas pelas quais o professor desenvolve o conteúdo

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

de maneira eficiente. Existem inúmeras técnicas de que o professor pode se valer para

mediar o saber, como Técnica Expositiva, Exegética, Catequética, Estudo Dirigido,

Dinâmica de Grupo, Estudo de Caso, Debate, Técnica Biográfica, Efemérides,

Experimentos, Problemas, Ditado, etc. Para cada situação deve o professor selecionar

a técnica adequada no desenvolvimento do conteúdo, variando, segundo

disponibilidade de tempo, o tipo de formação que se quer realizar, o aprendizado do

aluno, etc.

5) Recursos didáticos: no desenvolvimento do trabalho, o professor deverá valer­se de

um instrumental que incremente mais, desta forma motivando e facilitando a

assimilação do conteúdo por parte dos alunos. Ex: lousa, datashow, retroprojetor, livro

didático, material de laboratório, episcópio, modelo anatômico, mapas, spin­ligth,

dicionário, etc. Também cada tipo de recurso deve adequar­se às características

específicas do conteúdo para se obter maior eficácia no ensino.

6) Visitas e Excursões: (passeios) são atividades extra­classe que devem ser

programadas no início do ano, que serão realizadas ao longo do ano letivo; tais

atividades servem para reforçar os conhecimentos teóricos com a apresentação de

situações reais, aproximando o conceitual ao prático. O passeio deve apresentar

objetivos e ser realizado no momento que o conhecimento esteja sendo desenvolvido

em classe.

7) Avaliação: para verificar o nível de desenvolvimento dos alunos, é preciso realizar de

forma sistemática avaliações, no intuito de constatar não só os avanços cognitivos

observados nos alunos, como também avaliar se os métodos e procedimentos usados

pelos professores estão se estabelecendo de forma satisfatória. Portanto, avaliação é

uma mão dupla de direção – grande parte dos docentes não apresenta essa

consciência; cada vez que o professor propõe uma avaliação ele também está

avaliando seu trabalho. Existem vários tipos de avaliação: Provas, (dissertativas, orais,

objetivas, textuais, etc) Trabalhos de Pesquisa (individuais ou em grupo), Seminários,

etc.

O importante é que sempre se tenha em mente que a avaliação, por mais bem elaborada

que seja, é um processo injusto, e que no minimizar essa injustiça deve­se propor pelo menos

dois instrumentos de avaliação e que tenham diferenciação na forma de elaboração, e que seja

muito bem explicado pelo professor para que falta de entendimento não se transforme em fator

limitante.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Exercícios

1. A finalidade mais importante para a elaboração do plano de disciplina é: a) o atendimento a um preceito legal da educação. b) a possibilidade de uma reflexão crítica de sua atuação pelo próprio professor. c) o cumprimento de uma etapa do trabalho docente. d) a organização do trabalho do mais complexo para o mais simples. e) a fiscalização por parte da autoridade de ensino quanto ao cumprimento do proposto.

2. A diferenciação entre plano e planejamento é que: a) enquanto o planejamento é a reflexão sobre a ação, o plano é a concretização no papel. b) enquanto o planejamento é a concretização no papel, o plano é a reflexão sobre a ação. c) enquanto a concretização no papel é o planejamento, a reflexão crítica é planejamento. d) planejamento não consiste na idéia, nem sua concretização no papel. e) plano não se caracteriza nem na idéia nem em sua concretização no papel.

Respostas dos Exercícios

1. A finalidade mais importante para a elaboração do plano de disciplina é: RESPOSTA CORRETA: B

2. A diferenciação entre plano e planejamento é que: RESPOSTA CORRETA: A

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 19 • CONTINUAÇÃO DA ELABORAÇÃO DO PLANO ESCOLAR

V.h – Projetos:

Segundo Madalena Freire, é importante que todas as ações que sejam desenvolvidas na

escola sejam registradas em documentos para que se possa preservar a memória das atividades

e obviamente estabelecer parâmetro para futuras ações a partir dos resultados obtidos com a

avaliação dos projetos.

A origem dos projetos deve se dar numa decisão do coletivo da escola; muitos projetos

surgem de um grupo pequeno de pessoas e quando surgem os primeiros resultados positivos os

demais membros são gradativamente contagiados e acabam aderindo ao projeto, e de certa forma

com suas participações enriquecendo­o.

O ideal para a elaboração e execução dos projetos é que todos os integrantes do grupo

estivessem sensibilizados quanto aos objetivos, e cônscios de sua colaboração para atingi­los,

especialmente contribuindo com idéias, sentindo­se de certa forma co­responsáveis e até mesmo

idealizadores da proposta, agindo com cumplicidade no momento da execução.

Nas escolas públicas, para toda e qualquer iniciativa no sentido de se ter uma iniciativa

diferenciada, de qualquer natureza, as autoridades educacionais recomendam para a sua

autorização e funcionamento que elas sejam formalizadas através de projetos específicos.

Inclusive no ensino estadual e municipal é obrigatório que se elaborem projetos para desenvolver

os Horários de Trabalho Pedagógico Coletivo “HTPC” e Projeto Estratégico de Ação “PEA”

(Portaria 3826/97).

Todos os projetos têm como finalidade a melhoria da qualidade de ensino, e estar

indiretamente ou diretamente relacionado com os alunos, visando ao atendimento da atividade­fim

da educação os projetos podem prever a atualização e ou a capacitação de professores, ou

atividades de reforço e de alfabetização realizadas diretamente com os alunos.

Elaborando Projetos

Para a elaboração de projetos é necessário atentar para:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

a) as reais necessidades de elaboração, quando a atividade já faz parte das obrigações da

escola. Ex: um projeto para alfabetizar os alunos isto já é uma obrigação intrínseca ao

papel da escola, porém realizar um projeto para resgatar a alfabetização de alunos com

problemas de aprendizado é diferente.

b) a motivação do grupo escolar e se realmente existe a crença em todos de que pode dar

certo, pois se a maioria do grupo não acreditar na ação, geralmente fruto da imaginação

do gestor, o trabalho ou a mudança não ocorre.

c) a viabilidade do projeto, em termos de execução, se todos os membros contribuíram

com idéias.

d) se os recursos materiais disponíveis são suficientes para pelo menos iniciar o projeto, e

as condições de se suprir eventuais necessidades que ocorram no percurso.

e) se a legislação favorece a prática e a autoridade educacional autoriza, concorrendo

também para o sucesso da empreita, subsidiando a ação com apoio técnico.

f) especialmente quais os benefícios que sua execução trará para o desenvolvimento dos

alunos porque muitas vezes nos deparamos com projetos voltados aos funcionários da

escola, sem qualquer benefício para o aluno.

Para se elaborar um projeto, devemos observar os tópicos a seguir.

Estrutura básica do projeto

1) Identificação do projeto: Identificação completa da escola e denominação do projeto.

2) Histórico e justificativa. Apontar como ocorreu a idéia de se propor um projeto, qual o processo de articulação dos segmentos escolares para a realização do planejamento e

como as decisões foram tomadas pelo coletivo. A seguir, faz­se a apresentação

propriamente dita do projeto, colocando um resumo condicionado à realidade atual da

escola, para posteriormente realizar um levantamento das prioridades e ações que

pretendemos implantar e desenvolver na escola. Devemos mostrar a relevância das

nossas propostas, as prioridades e sua validade política e técnica e, ainda, descrever o

alcance social que as ações do projeto proporcionarão.

3) Objetivos gerais: Os objetivos gerais devem reportar­se aos objetivos do sistema, da

própria escola e da comunidade à qual a escola está inserida. A exposição dos

objetivos gerais refere­se aos propósitos da escola, de forma ordenada com a

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

justificativa, e tem como fonte os direitos sociais, as políticas nacionais, estaduais e

municipais da educação e as prioridades estabelecidas com a etnografia da escola.

4) Os objetivos específicos: Representam o desdobramento do objetivo geral tendo em

vista a construção de uma proposta essencialmente voltada para os direitos, interesses

e necessidades do aluno. Nesse sentido, é de extrema relevância o estabelecimento de

objetivos relacionados, por exemplo, à definição do currículo escolar. Ou seja, são

definidos com base nas diretrizes e prioridades do projeto da escola, conforme

pudemos acompanhar.

5) Desenvolvimento metodológico: Para se atingir os objetivos gerais e específicos são

necessárias determinadas metodologias (estratégias) que têm de ser desenvolvidas na

prática. Surgem da realidade e dizem respeito ao quê, ao como e em que tempo será

feito. Trata­se também de prever a disponibilidade de meios (materiais, humanos,

físicos e financeiros).

6) Recursos:. Em uma unidade escolar são envolvidos recursos humanos, financeiros, físicos e materiais. É necessário organizar cada um desses grupos de recursos,

fazendo uma previsão de acordo com o desenvolvimento metodológico adotado, com o

objetivo a ser atingido, e com o cronograma de execução. No caso de recursos

financeiros, facilita­se sua visualização se previstos em termos de receita (e respectivas

fontes) e despesa, com especificação de bens e serviços a ser adquiridos e

classificação das rubricas que abrigarão os gastos (classificação orçamentária).

Lembremos que a escola enfatiza a realização de um orçamento participativo, em que

toda a comunidade escolar decide sobre os gastos e investimentos da escola, além de

acompanhar e de fiscalizar a aplicação destes.

7) Cronograma: O desenvolvimento metodológico pode fazer parte dele, pois prevê a

distribuição ordenada das ações ao longo do tempo, de acordo com as possibilidades

de ação e a disponibilidade de recursos, cronologicamente situadas. Será mais fácil

visualizar as principais iniciativas e medidas que serão tomadas, no momento ou

periodicidade adequados, se o cronograma for elaborado em um quadro, no qual, à

esquerda, dispõem­se as atividades a ser realizadas e, respectivamente, à direita de

cada data, distribuem­se os períodos (dias, meses ou anos) em que elas deverão ser

cumpridas.

8) Avaliação: Constituem­se em períodos de verificação da concretização parcial e total

dos objetivos. Para essa ocorrência, é necessário prever também os instrumentos de

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

avaliação. Em alguns casos, eles serão: qualitativos, como a melhoria das aulas, a

modificação de hábitos de higiene, etc, em outros, serão quantitativos, como por

exemplo no caso de taxas e índices (matrículas, percentuais de aprovação, reprovação,

evasão, etc.).

Os projetos devem colaborar decisivamente com as metas colocadas no plano escolar

tanto individualmente em cada disciplina quanto nas que são levantadas pela comunidade, ou

ainda ser um instrumento que colabore com o aperfeiçoamento de tarefas como a avaliação,

proposição e/ ou modificação do currículo, adoção de novas tecnologias na educação,

cumprimento e elaboração das atribuições e competências administrativas e pedagógicas, a

gestão dos órgãos colegiados e das instituições auxiliares, das inter­relações que se estabelecem

entre docentes e discentes dentro do processo de educação principalmente.

V.i – Estatutos e Representatividade

Nesta parte do plano, devem ser colocados os Estatutos da Associação de Pais e Mestres

(APM) e o Estatuto do Grêmio Estudantil (se houver) estas duas instituições auxiliares, se

realmente forem constituídas por integrantes que representem de fato os diferentes segmentos,

interessados em aperfeiçoar o processo educativo, colaborando com a melhoria da qualidade de

ensino, e especialmente trabalhando em conjunto com a equipe escolar.

A representatividade referida se deve ao fato de que muitos diretores, os integrantes não

só da APM como dos órgãos colegiados, conselho de escola (pais e alunos) e conselho de classe,

série ou termo (alunos) são investidos desses cargos ou por conveniência da direção da escola,

ou por persuasão do diretor quanto à participação. Esse modo de preenchimento dos cargos por

seus integrantes não legitima a representação de cada segmento e por conseguinte, segundo os

padrões democráticos, não adquirem o direito de decidir de fato (suas decisões podem ser

facilmente questionadas e invalidadas).

Nesse aspecto, o trabalho do gestor é decisivo na organização de um processo de

estimulação aos membros da comunidade, no sentido de que compreendam de fato a importância

dessas instituições e se disponham a participar espontaneamente, de forma democrática, e

exercendo a representatividade e fazendo o uso de sua prerrogativa legal, de ser um órgão

deliberativo.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

A escola é um equipamento social da comunidade, e como tal, no regime democrático,

deve ser gerida com a participação de todos os atores envolvidos mediante a representação

consolidada de forma democrática.

Quanto à representatividade dessas instâncias, temos:

• APM (Associação de Pais e Mestres): a representação se dá por eleição direta por

maioria de votos do pares (elementos pertencentes ao mesmo segmento). Ex.: pais do 3º

ano, sendo o diretor “presidente nato” do Conselho Deliberativo, que será composto no

mínimo por 11 membros: 30% de professores, 40% de pais de alunos, 20% de alunos

maiores de 18 anos e 10% de sócios admitidos.

• Legislação: Decretos Estaduais nº 12.983/ 79 e nº 48.408/04.

• Grêmio Estudantil: todos os cargos são preenchidos exclusivamente por alunos eleitos

diretamente e democraticamente por seus pares, de modo secreto, com a organização de

“chapas”; o mandato é de 1 ano, podendo ou não ser reeleitos, segundo o estabelecido

em seus estatutos, que também deverão prever os cargos e a organização interna

daquele órgão, que se incumbe de representar os alunos em geral junto à direção,

levando as reivindicações do coletivo ao gestor, ao qual cabe analisar e decidir ou até

mesmo submeter a decisão dos órgãos colegiados e ainda facilitar um espaço físico

próprio para a organização.

• Legislação: Lei Federal 7398/75, Comunicado SEESP de 26/09/86, Comunicado

CEI/COGSP de 27/11/87 e Parecer CEESP nº 67/98.

• Conselho de Escola: a representatividade deste órgão colegiado deve obedecer ao

princípio da paridade e da proporcionalidade, ou seja, o número de integrantes internos

(professor, funcionários, etc.) deve ser idêntico ao número de integrantes externos (pais,

alunos, etc.). No ensino fundamental, essa proporcionalidade se dá com 25% de pais,

25% de alunos, 25% de professores e 25% de representantes administrativos,

operacionais e pedagógicos. Nas escolas de educação infantil, ao invés de alunos, os

pais formam 50% do conselho.

• Legislação: Lei Complementar 444/85; Comunicados SEESP de 31/03/86 e 10/03/93 e

Parecer CEESP nº 67/98.

• Conselho de classe série ou termo: tem como representantes todos os professores da

mesma classe, (Conselho de Classe) pelos professores de igual série (Conselho de

Série) ou professores de mesmo termo na suplência (Conselho de Termo), dos quais

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

também devem contar com a representatividade de alunos segundo as Normas

Regimentais Básicas. Nesse caso, a representatividade dos alunos é feita por um ou dois

representantes da classe, série ou termo eleitos pelos seus pares.

• Legislação: Decretos Estaduais: nº 10.623/77 e nº 11.625/78 e Parecer CEESP nº67/98.

No processo de gestão participativa (democrática) da escola, o papel do diretor é

organizar, motivar, e conscientizar todos os segmentos, para que cada um cumpra sua parte no

processo de desenvolvimento pleno do educando em todos os seus sentidos e que jamais se

eximam de suas responsabilidades, pois educar não é uma tarefa isolada da escola, mas um

compromisso de todos.

VI – Avaliação do Plano Escolar

Até o final do mês de março deve ser remetido para a autoridade escolar (Dirigente Escolar

ou Coordenador de Ensino) o plano escolar constituído pelas partes enumeradas nos trechos

anteriores, para análise e homologação.

Esta será a última peça a ser acrescentada no plano escolar; ela se constitui numa análise,

numa reflexão crítica de todos os envolvidos no processo sobre os resultados obtidos depois de

ser executadas as ações previstas na operacionalização do plano (final do ano letivo).

Essa análise deve se ater aos aspectos quantitativos das metas estabelecidas no início do

ano letivo pela comunidade escolar; os dados para essa análise podem ser obtidos

numericamente dos levantamentos feitos ao longo do ano letivo ou de observações feitas pelos

docentes e pais das mudanças de comportamentos e atitudes ocorridas nos educandos.

Normalmente, quando não é feito pelo gestor escolar um acompanhamento sistemático do

processo visando à consecução das metas estabelecidas, ou quando equivocadamente não se

processa a quantificação delas, o trabalho de avaliação se realiza tendo por base o desempenho

profissional de cada um dos membros envolvidos, por meio de um questionário elaborado pelo

gestor e/ ou coordenador pedagógico e respondido pelos professores, cuja tabulação das

questões servirá para justificar um desempenho eficaz da equipe escolar.

Esse questionário normalmente apresenta erros na sua elaboração e preenchimento:

1) que podem ferir suscetibilidades, se preenchidos de forma autêntica, principalmente

para quem é responsável pela cobrança das ações previstas nas metas.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

2) por se tratar de questões abertas, perguntas podem traduzir formas ambíguas de

respostas.

3) Existe a identificação do docente impressa no questionário, o que não deveria ocorrer,

pois não interessa “quem?”, mas “como?”.

4) O período de preenchimento é um fator de complicação, pois é o momento em que o

docente está preocupado com o fechamento do ano (notas, freqüências, encerramento

de diários de classe, etc.) atarefado e não faz a reflexão que deveria fazer para sanar

possíveis erros, dando respostas muitas vezes que na maioria das vezes não

necessitam de justificativas.

A avaliação do plano escolar, feita de forma consciente, refletida e coletiva permite coletar

dados de sucesso ou de reveses que servirão de parâmetros para a execução de propostas de

ação para o ano seguinte, apontando de forma incisiva as possíveis falhas ocorridas ao longo do

processo e formas de corrigi­las num futuro planejamento.

Exercícios

1. Órgão interno que promove na elaboração e no controle do Plano de gestão da Escola, a adequação, a dinamização, e a sistematização das atividades da escola, de modo a contribuir para um melhor rendimento da ação pedagógica. Estas são funções de que órgão? a) Associação de Pais e Mestres(APM). b) Grêmio Estudantil. c) Conselho de Escola. d) Diretoria de Ensino. e) Conselho de Classe, Série ou Termo.

Respostas dos Exercícios

1. Órgão interno que promove na elaboração e no controle do Plano de gestão da Escola, a adequação, a dinamização, e a sistematização das atividades da escola, de modo a contribuir para um melhor rendimento da ação pedagógica. Estas são funções de que órgão? RESPOSTA CORRETA: C

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

AULA 20 • REGISTROS DA UNIDADE ESCOLAR

Os registros da unidade escolar são efetuados em livros/ expedientes cuja utilização é

imprescindível para manter vivos a história, os fatos, os acontecimentos, as respectivas tomadas

de decisões ocorridas no âmbito da escola e por parte das autoridades escolares que devem

manter sempre atualizados seus assentamentos, o que se constitui numa obrigação funcional e

em uma segurança para o gestor.

Nas escolas particulares os registros são feitos em livros de ata comuns, nas escolas

públicas, em livros próprios para cada fim, que devem ser organizados em dois arquivos: um ativo,

que abrange os livros em uso, e um morto, onde são arquivados os livros que se encontram

totalmente preenchidos, ou deixaram de ter uso.

Geralmente os livros são organizados por ordem alfabética e uma sub­ordem numérica,

pór exemplo A1; A2; A3... Assim, à medida que um livro acaba, ele é arquivado no arquivo morto,

e seu substituto manterá a mesma letra, sendo numerado numa seqüência superior.

Os livros não podem conter em seu preenchimento emendas nem rasuras; quando ocorrer

engano, a retificação deve constar como ressalva indicando o local exato do ocorrido, não

podendo ser apagado, nem utilizado corretivo.

Cada livro deve ter seu Termo de Abertura e Termo de Encerramento preenchidos na

mesma data e pela mesma pessoa (normalmente o Diretor). No ato da abertura, devem ser

conferidas e rubricadas todas as folhas do livro. Os livros padronizados trazem impressos o Termo

de Abertura e o Termo de Encerramento, bem como a numeração das folhas. Quando não

padronizados, o responsável deverá elaborar os respectivos termos e numerar as folhas.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Livro Histórico e Ocorrências do Estabelecimento

Finalidade: Destina­se ao registro dos principais fatos ocorridos na Unidade Escolar.

Inicialmente, o livro deve conter o histórico da Escola: criação, dados biográficos, Portarias de

reconhecimento/ autorização e de alterações de denominação, ampliação, etc. Posteriormente,

registrar­se­ão as demais ocorrências, à medida que surgirem. Algumas não poderão ser

esquecidas, tais como: Criação/ Supressão de Classes e/ ou turnos (regular e suplência);

Mudanças de Direção; participações em desfiles, exposições, competições esportivas e outros de

caráter relevante (ocupação da escola; incêndio; assalto; inundação, etc.).

Não há necessidade de registro de ocorrências que já possuam livro próprio, como:

reuniões pedagógicas e administrativas, A.P.M., C.C.E. Conselho de Escola, Visitas Médicas e de

Autoridades.

Livro de Bens Patrimoniais

Finalidade: Destina­se ao registro do controle de bens patrimoniais sob a responsabilidade

da escola. Sua utilização deve ocorrer sempre que houver movimentação de bem patrimonial:

entrada, saída, empréstimo, furto, etc.

A entrada de cada bem é registrada uma única vez e sua movimentação, quando ocorrer,

nas colunas correspondentes. A escola deve fazer, anualmente, o levantamento dos bens

patrimoniais. O controle dos bens patrimoniais é de responsabilidade exclusiva do Diretor da

Escola, que pode delegar as tarefas inerentes ao mesmo a seus auxiliares.

Entrada Saída

Dara Qtde. Discriminação N°

Empenho N° da Nota

N° da Chapa

P. Baixa Data

N° da Nota

Data da Saída Destino Observação

Livro Termo de Visitas de Autoridades

Finalidade: Destina­se ao registro dos termos de visitas de autoridades à escola. Deve ser

preenchido pelo próprio visitante. No caso de visita do supervisor de ensino, deve­se acompanhar

o livro com uma folha em branco de papel sulfite e folha de papel carbono para que seja feita uma

cópia do termo de visita que será assinada e carimbada pelo responsável, que serve para a

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

verificação do solicitado na próxima visita e para elaboração de relatório na Diretoria de Ensino; as

demais autoridades dispensam esse ritual.

Livro de Carga

Finalidade: Destina­se ao registro de saída de documentos. É um livro padronizado cujos

campos devem ser preenchidos de acordo com a documentação em tramitação.

Livro de Registro de Processos (extrato)

Finalidade: Destina­se ao registro da súmula dos processos. Sua utilização se dá sempre

que tramitar algum processo pela Unidade Escolar. Será preenchido conforme o seguinte modelo:

Livro de Incineração de Documentos

Finalidade: Destina­se ao registro da documentação da Unidade a ser incinerada, de

acordo com as normas e diretrizes em vigor. Periodicamente é usado, respeitando os prazos

convencionais de cada documento e mediante a conveniência da secretaria e a lavratura de uma

ata em que sejam especificados os documentos. Documentos da secretaria da Escola que podem

ser incinerados:

Documento Prazo Diários de Classe 02 anos Avaliações Bimestrais 02 anos Abonos/ justificativas de faltas 01 anos Plano Escolar 04 anos Memorando/ Ofícios (recebidos/ enviados) 05 anos Controle de Merenda: gênero/ distribuição 05 anos Notas de gás 05 anos Notas de A.P.M. 05 anos Notas de requisição de bens de consumo 01 anos Encaminhamento e Documentos referentes à saúde escolar 02 anos

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Livro de Atas de Reuniões

Finalidades: Há livros próprios para as seguintes reuniões: Pedagógicas, Administrativas,

Conselhos de Série e Classe, Associação de Pais e Mestres, Conselho de Escola, Grêmio

Estudantil.

Todas as reuniões deverão ser registradas em atas nos respectivos livros, seguindo os

padrões convencionais. Sem emendas, rasuras, sem espaços vazios, sem parágrafos, sem

títulos, números todos por extenso, exceto a data do fecho; quando ocorrer engano, a retificação

deve ser feita logo depois do engano (usa­se “digo”), se for feita no final do texto usa­se “em

tempo”; antes do texto de fechamento as reuniões devem ser secretariadas por pessoa que tenha

habilidade na redação, a quem cabe a responsabilidade de lavrar a ata, que deve ser produzida

simultaneamente com a reunião, ainda lida e achada conforme por todos no final da reunião,

sendo assinada por todos os presentes.

Livro de Comunicados Internos

Finalidades: É utilizado para dar ciência aos funcionários da Unidade de: ordens internas,

publicações em Diário Oficial, circulares recebidas de órgãos centrais, convocações para reuniões

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

e outros assuntos de interesse geral. É indispensável a assinatura de todos os funcionários

envolvidos.

Livro de Recortes do Diário Oficial

Finalidade: Destina­se à documentação de publicações em Diário Oficial de interesse da

escola e sua equipe. Deverão ser incluídos: Leis, Decretos, Portarias e outros instrumentos

normativos como Comunicados, Ordens Internas, com caráter de regulamentação. É

indispensável que o livro contenha índice para permitir sua utilização racional. Sempre que for

necessário dar ciência ao(s) funcionário(s) de uma publicação, isto poderá ser feito no Livro de

Comunicados Internos ou em uma folha à parte, a ser arquivada em pasta própria, identificando­

se claramente a publicação, sua natureza, conteúdo, data, etc.

Livro de Registro de Queixas e Sugestões

Finalidade: Destina­se ao registro de queixas e sugestões dirigidas à escola, a seus

membros ou à Rede de Ensino. Deve–se esclarecer a comunidade de sua existência e de sua

utilidade dentro do processo de gestão democrática. Deverá ser preenchido pelo interessado em

apresentar a queixa ou sugestão, que deverá datá­la e assiná­la.

Livro de Ponto

Finalidade: Destina­se ao registro das presenças e ausências dos servidores. A escola

adota dois modelos de livro de ponto: um para o pessoal docente e outro para os demais

servidores.

Livro de Ponto do Pessoal Docente: controla a freqüência diária do professor; cada folha

deve ser preenchida pela secretaria após o encerramento de cada mês e há páginas

determinadas à assinatura de ponto, uma página para cada professor, por mês. Nestas páginas,

ao final de cada mês, o secretário deve providenciar o preenchimento, para o subseqüente, dos

campos sob sua responsabilidade: cabeçalho; dias da semana: devem ser anulados, com traço

em vermelho; as linhas correspondentes a sábados, domingos, feriados, pontos facultativos e

recessos escolares, registrando­se estes dois últimos; Horários dos Professores do regular e

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

supletivo, que não deverão constar nos dias de comissão de classe, reuniões pedagógicas e

outras atividades que impliquem suspensão de aulas.

Cabe à secretária o controle diário da freqüência, e as ausências deverão ser registradas

como segue: na coluna "Assinatura": o nome do professor, em vermelho; na coluna "Observação":

a natureza da ocorrência; na coluna "Turnos": circular cada aula não dada em vermelho. Falta FA

(falta abonada); FJ (falta Justificada); FI (falta Injustificada); LM (licença Médica) 15 dias 1º ­ na

coluna de observação. Devem constar ainda: afastamentos, exoneração; Licença para tratamento

de interesse particular, e devem ser anotações muito claras, pois delas resultarão os atestados de

freqüência dos servidores para contagem de tempo, liquidação de tempo para a aposentadoria,

licença­prêmio, etc.

Livro de Ponto dos demais Servidores: a escola pode optar entre: registrar a freqüência

por servidor em cada página; registrar a freqüência por dia para todos os servidores. Em ambos

os casos, procedem­se, no que couber, como no caso do livro para professores, com as

adequações cabíveis; o livro de ponto dos servidores em geral deve indicar o horário de trabalho

de cada um. No registro diário geral deve ser obedecida a seguinte seqüência: categorias

funcionais dispostas em ordem hierárquica decrescente; em cada categoria, colocar os servidores

em ordem crescente de registro funcional.

Todas as folhas dos livros de ponto devem ser devidamente datadas e encerradas, pelo

Secretário e pelo Diretor da Escola, ao final de cada mês.

Livro de Reposição de Aulas

Finalidade: Destina­se ao registro das aulas repostas pelos professores do ensino:

fundamental, médio (regular e supletivo). Ao longo do ano, as faltas dos professores, licenças, etc.

que não forem substituídas pelos professores eventuais devem ser repostas para se garantir um

mínimo de 200 dias letivos e mínimo de 800 horas de efetivo trabalho escolar. Nesse livro serão

registradas à medida que as aulas de reposição forem dadas fora do horário normal de aulas.

Após levantamento do número de aulas a ser repostas por cada professor.

Livro de Controle de Aulas Previstas e Dadas

Finalidade: Destina­se ao controle das aulas previstas e dadas, por classe, do ensino

fundamental e médio (regular e Supletivo) tendo em vista o mínimo legal exigido. No início do ano

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

letivo, abrem­se as folhas correspondentes a cada classe. As aulas previstas são lançadas de

acordo com o previsto no calendário escolar do ano correspondente. As aulas dadas e reposições

são registradas mês a mês, na primeira semana subseqüente.

Livro de Controle de Dispensa de Educação Física

Finalidade: Dispensar da prática da educação física (e não das aulas) alunos do ensino

fundamental e médio que estudem no período diurno regular ou suplência que apresentarem

motivos justificados segundo o Decreto Federal nº 1044/68 que estabelece critérios para dispensa

da prática da educação física, como portadores de doença infecto­contagiosa, internação

hospitalar, serviço militar obrigatório, jornada de trabalho igual ou superior a 6 horas, maiores de

30 anos, gestantes, etc. Ao receber o comprovante referente ao afastamento, o Secretário deverá:

verificar sua validade; submeter à apreciação do Diretor; registrar no livro próprio, dando ciência

ao professor de Educação Física, que rubricará o livro.

Para que seja considerado válido, o atestado deverá conter indicação precisa do

empregador (papel timbrado, carimbo, indicação de endereço e/ ou firma reconhecida) e horário

de trabalho. O atestado não deverá conter emendas ou rasuras. Se atestado médico, o CID o

carimbo com o CRM do médico em papel timbrado, etc.

Expedientes

Expedientes são documentos que circulam entre as repartições públicas para

pronunciamentos e comunicações entre os diversos setores. Seguem as mesmas regras

específicas na confecção e no encaminhamento, devem ser elaborados de forma a esclarecer o

que se deseja.

Classificação dos expedientes

Os expedientes, segundo a natureza a qual se prestam, classificam­se em:

• Requerimento: Requerimento é o documento utilizado para solicitar à autoridade pública

algo que tenha amparo legal ou normativo. Há dois tipos de requerimentos:

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

­ requerimentos: padronizados seguem modelos próprios, muitas vezes transformados

em formulários, e se destinam a atos específicos da administração interna. Só

precisam de autuação quando a mesma for prevista no próprio formulário.

­ requerimento não padronizado que tem uma forma específica para solicitar algo a

autoridade pública, preenchido com redação própria pelo interessado.

• Ofícios: O ofício é um documento utilizado para comunicação dos órgãos públicos.

Entidades privadas, religiosas, sociais e outras usam um tipo de correspondência

semelhante, mas a denominação "ofício" é exclusivamente do poder público. O ofício é

redigido em papel de tamanho oficial e segue critérios próprios de elaboração.

• Memorando: Memorando é documento usado para comunicação interna nos órgãos

públicos, mais sucinto e menos formal do que o oficio. No serviço público é uma forma

de comunicação entre seções da mesma secretaria.

• Circular: A circular é um documento que se destina a vários órgãos e/ ou a várias

pessoas, reproduzida em vias mimeografadas, impressas ou xerografadas. Sua

finalidade é transmitir informações de interesse comum. A circular não deve

complementar ou modificar atos oficiais, apenas divulgá­los, total ou parcialmente. Na

administração pública, a circular pode ser interna (para funcionários) ou externa (quando

dirigida ao público).

• Atestado: Atestado é um documento fornecido, a pedido do interessado, emitido por

pessoa credenciada, declarando a ocorrência de um fato ou a veracidade de uma

situação. Deve ser datilografado em papel tamanho ofício.

• Declaração: É o documento fornecido a pedido do interessado, para fim específico,

expedido por pessoa credenciada, que se pronuncia manifestando sobre a autenticidade

de um fato ou situação.

• Comunicado: Destina­se a divulgar informações de interesse comum. Não pode alterar

ou complementar atos oficiais, apenas divulgá­los total ou parcialmente; recomendável

que se assegure a tomada de conhecimento pelos interessados, que se garanta sua

plena validade.

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ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR

Exercícios

1. Com relação aos Livros obrigatórios das escolas públicas, assinale a correta. a) No livro histórico e ocorrência do Estabelecimento deve ser preenchido por qualquer membro

da comunidade que esteja disposto a registrar uma sugestão. b) No livro de Bens Patrimoniais devem ser registrados todos os bens da unidade escolar,

inclusive os de consumo. c) No livro Termo de Visita devem ser consignados apenas os relatórios dos supervisores com

recomendações. d) No livro de recortes do Diário Oficial devem ser colocadas todas as formas de legislação

sobre qualquer setor público. e) No livro de Dispensa de Educação Física, depois de analisada a veracidade do atestado, se

consigna um termo que é rubricado pelo professor e o aluno estará dispensado da prática, mas não da aula.

2. Analise as afirmações abaixo, e assinale a falsa. a) O ofício é um documento mais formal que o memorando, e é um meio de comunicação entre

Secretarias. b) No livro do Ponto Docente, as faltas devem ser grafadas com o nome em vermelho no local

da assinatura e na coluna de observação o tipo de falta Ex: FA; FI ou FJ. c) Uma das diferenças entre circular e comunicado é que a primeira pode modificar e/ ou

complementar atos oficiais, e a segunda não. d) No livro de Controle de Aulas Previstas é feito o controle das aulas previstas e dadas, por

classe, do ensino fundamental e médio (regular e Supletivo), tendo em vista o mínimo legal exigido.

Respostas dos exercícios

1. Com relação aos Livros obrigatórios das escolas públicas, assinale a correta. RESPOSTA CORRETA: E

2. Analise as afirmações abaixo, e assinale a falsa. RESPOSTA CORRETA: C

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