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Administração Financeira e Orçamentária

Administração V

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Administração orçamentária e financeira V

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  • Administrao Financeira e Oramentria

  • A Administrao do Capital de Giro como Estratgia Financeira

    Material Terico

    Responsvel pelo Contedo:Prof. Ms. Walter Franco

    Reviso Textual:Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcante

  • 5Anlise das Fontes e dos Usos de Fundos

    Financiando o Capital de Giro

    A Administrao do Ativo Circulante

    Nesta Unidade introduziremos importantes conceitos ligados ao financiamento das operaes de uma empresa, buscando compreender a forma como os recursos so gerados a partir sua da operao, ou levantados junto s instituies financeiras ou mesmo, obtidos junto aos acionistas. Em seguida, estudaremos o destino destes recursos e as variaes que ocorrem nestas fontes e nos usos dos recursos. O importante percebermos como a questo do capital de giro parte essencial e sensvel na administrao financeira do negcio e na feitura e gesto de seu Oramento Empresarial. Veremos como os tpicos, Capital de Giro e administrao dos Ativos Circulantes so essenciais no trabalho do dia a dia do profissional de finanas, buscando assim defini-los e discuti-los, segundo a premissa de sua importncia na gesto financeira da empresa. Sero, ainda, estudados os conceitos e os tpicos a respeito da gesto de Contas a Receber, Contas a Pagar e Estoques.

    Nesta Unidade, nos preocuparemos inicialmente com a definio e a anlise dos temas relacionados s fontes e s aplicaes de recursos em uma empresa analisando, a partir do Balano Patrimonial e o Demonstrativo de Origem e Aplicao de Recursos, os nmeros apresentados pelas empresas. Em seguida, estudaremos o tema relacionado ao capital de giro, sua definio e variaes dentro de um ciclo operacional das atividades executadas pela empresa. A partir deste ponto, poderemos nos aprofundar nos estudos relacionados administrao dos principais grupos de contas que compem juntos o capital de giro de uma empresa. Assim sendo, voc aprender como analisar os dados fornecidos e apresentados no grupo do Ativo Circulante e, mais especificamente, os detalhes e variaes das contas representadas pelos Contas a Pagar, Contas a Receber e Estoques.

    A Administrao do Capital de Giro como Estratgia Financeira

    A Administrao Eficiente dos Estoques

    A Administrao do Contas a Pagar

  • 6Unidade: A Administrao do Capital de Giro como Estratgia Financeira

    Contextualizao

    Estudar a administrao do Capital de Giro de uma empresa, como parte de sua estratgia financeira, um dos pontos mais essenciais na atualidade. E podemos afirmar isto em razo da importncia que uma correta e eficiente gesto de caixa tem no dia a dia de qualquer profissional de finanas, especialmente no Brasil. E isto porque, ao analisarmos as origens e as aplicaes de recursos de uma determinada empresa, buscamos, a princpio, poder mensurar o grau em que esta dependente de capital de terceiros ou o quanto se apresenta capitalizada. Ao efetuarmos tal anlise, torna-se assim possvel tambm concluir a respeito da necessidade ou no de financiamento de terceiros para a manuteno de suas operaes industriais e comerciais. H que se pensar tambm na sua capacidade de manuteno de caixa, considerando o suficiente para manter-se lquida, financiar suas aquisies de matrias-primas e manter seus nveis adequados de estoques; alm de efetuar e honrar seus compromissos, ou mesmo efetuar os pagamentos de dividendos aos acionistas, para citarmos apenas alguns exemplos de exigibilidades

  • 7Anlise das Fontes e dos Usos de Fundos

    Em uma economia como a brasileira, onde as taxas de juros reais so altas, os recursos financeiros relativamente escassos e o levantamento de caixa algo difcil e burocrtico para qualquer empresa, efetuar uma anlise das fontes e dos usos de fundos torna-se, portanto, uma das mais importantes tarefas dos administradores financeiros.

    Assim sendo, o profissional de finanas ser sempre responsvel pela correo de rumos e estratgias financeiras adotadas pelas empresas, focando a sua administrao, bem como do aumento da rentabilidade na manuteno da solvncia e no aumento da liquidez.

    Vamos iniciar nossa anlise das fontes e dos usos dos recursos em uma empresa pela definio de Origens e Aplicaes de Recursos, segundo os padres contbeis e financeiros normalmente aceitos pelos mercados. Vejamos a seguir:

    Origens de RecursosAs origens (ou fontes) de recursos de uma empresa so, em ltima anlise, resultados de

    sua operao, de suas aes estratgicas, de suas polticas de endividamento e de suas prticas e polticas de manuteno de caixa e liquidez. Assim sendo, podem se caracterizar pelas movimentaes das contas contbeis conforme os itens apresentados abaixo.

    1. Origem de Recursos

    Diminuio dos Ativos (por exemplo, venda de ativos fixos);

    Aumento de Passivos (por exemplo, captao de dvidas junto a bancos);

    Aumento de Capital (por exemplo, via reinvestimento dos lucros retidos).

    2. Aplicaes de Recursos

    Aumento dos Ativos (por exemplo, compra de ativos fixos, equipamentos);

    Diminuio de Passivos (por exemplo, quitao de dvidas junto a bancos).

    Diminuio de Capital (por exemplo, pagamento de dividendos aos acionistas).

    Vejamos agora um exemplo que trata das origens e das aplicaes de recursos em uma empresa. Analisando o Balano Patrimonial da Indstria de Mquinas Fortes Ltda., destacado abaixo, podemos identificar a origem dos fundos gerados e a maneira como estes recursos foram gastos (aplicaes) no dia a dia da operao da empresa, mais especificamente quando comparamos 2001 com 2002.

    Observe o Balano apresentado na tabela a baixo.

  • 8Unidade: A Administrao do Capital de Giro como Estratgia Financeira

    Indstria de Mquinas Fortes Ltda.

    Analisando cuidadosamente cada uma das contas apresentadas no Ativo, no Passivo e no Patrimnio Lquido do Balano Patrimonial acima, e as variaes de 2002 comparativamente a 2001, podemos facilmente identificar as contas que mais contriburam com as origens (fontes) e as aplicaes (usos). Em seguida, podemos avaliar, na tabela abaixo, a porcentagem das origens e das aplicaes de recursos para a Indstria de Mquinas Fortes Ltda., tomando como base as variaes calculadas anteriormente no balano patrimonial.

  • 9Note que durante o perodo analisado, apenas algumas contas foram responsveis pela grande maioria das origens e das aplicaes de recursos na empresa. Vejamos, por exemplo, o saldo da conta Ttulos que gera o equivalente a R$ 40 mil, quando comparamos os saldos de um ano em relao ao perodo anterior. Neste caso, temos um percentual de 40% do total das origens (fontes) de recursos. Do lado das aplicaes (usos) de recursos, percebemos a grande variao da conta Estoques Matrias Primas que apresentou crescimento de R$ 74 mil, ou 74% do total das aplicaes no perodo analisado.

    A partir da Tabela de classificao, podemos observar que, do total das origens de recursos que somam R$ 100 mil no perodo, a maioria foi destinada ao acrscimo da conta de estoques, seguido do imobilizado (que apresentou expanso de 18%) no perodo.

    Observe na tabela abaixo a anlise e a classificao das variaes das contas:

    Para Pensar

    Sabemos at aqui que a anlise das origens e das aplicaes de recursos de uma empresa nos permite avaliar como vem sendo efetuado o seu planejamento e o seu controle financeiro. Em outras palavras, se torna possvel avaliar a maneira como a empresa vem sendo financiada, e como seus recursos so aplicados no negcio. Neste sentido, poderamos pensar a respeito do trabalho do administrador financeiro, a quem caberia sempre, pelo menos a princpio, a busca pelo aumento dos Ativos, e a diminuio dos Exigveis e do Patrimnio Lquido. Vejamos abaixo o que diz Gropelli (2010), no seu livro Administrao Financeira, a respeito deste tema:

    Dilogo com o Autor

    Segundo Gropelli (2010, p. 325),

    Em planejamento e controle financeiro, essencial entender como os fundos so gerados e onde so usados... Tal anlise tambm fornece uma boa indicao sobre a utilizao especfica dos fundos gerados para manuteno de caixa suficiente, compra de estoques, expanso de ativos fixos, reduo de exigibilidades, pagamentos de dividendos etc... Uma vez que as fontes e os usos de fundos tenham sido determinados, a administrao pode decidir se as fontes so ou no confiveis e quais mudanas devem ser feitas para assegurar futuras entradas de caixa. (GROPELLI, 2010, p. 325).

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    Unidade: A Administrao do Capital de Giro como Estratgia Financeira

    Financiando o Capital de Giro

    Segundo Hoji (2008), o capital de giro tambm conhecido como capital circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes que se transformam constantemente dentro do ciclo operacional. Ainda segundo este mesmo autor, o capital de giro fica girando dentro da empresa, sofrendo transformao em seu estado patrimonial e gerando reflexos na contabilidade.

    sempre importante lembrar que todo recurso aplicado em um determinado negcio deve, de uma forma ou de outra, gerar retornos ao investidor que o aplicou incialmente, e isto porque a obteno de lucro , em ltima anlise, o objetivo principal do capitalista. Neste sentido, quando pensamos em capital de giro e na sua definio, temos que supor que todo capital aplicado na organizao sofrer acrscimo a cada transformao retornando ao final do ciclo operacional em volume maior que o valor em dinheiro aplicado incialmente.

    O estudo do capital de giro , portanto, crucial para todos os profissionais de finanas preocupados com o tema da administrao financeira, e exatamente em razo da necessidade da empresa em recuperar todos os custos e despesas incorridos durante o ciclo operacional e obter o lucro esperado com a venda do produto ou servio oferecido ao mercado ao fim do processo.

    O Financiamento do Capital de GiroQuando tratamos do tema Capital Circulante Lquido (CCL), temos por definio que este

    representa o montante de dinheiro que sobra aps os passivos circulantes serem subtrados dos ativos circulantes, ou seja:

    Capital Circulante Lquido (CCL) = Ativo Circulante (AC) Passivo Circulante (PC)

    Neste sentido, poderamos tambm entender o CCL como sendo a parcela dos ativos circulantes que deve ser financiada por meio do exigvel de longo prazo ou do patrimnio lquido. Logo, poderamos claramente perceber que, com o passivo circulante se mantendo constante, o CCL aumenta com o aumento do ativo circulante.

    Observe a figura abaixo:

    Situaes de Capital Circulante Lquido (CCL)

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    Note que podemos compreender melhor a definio de Capital Circulante Lquido (CCL), e suas relaes com as contas componentes do Ativo Circulante e do Passivo Circulante. Vejamos, portanto, as situaes nas quais o CCL pode ser Positivo, Negativo ou Nulo, dependendo dos valores apresentados no Balano Patrimonial de uma empresa.

    Podemos avaliar tambm que na situao em que presenciamos o CCL Positivo, que uma parte do Ativo Circulante est sendo financiada pelo passivo no-circulante (Passivo LP e Patrimnio Lquido), ou seja, por itens de longo prazo. Enquanto que no CCL Negativo, o Passivo Circulante financia parte do Ativo Permanente, como possvel entender observando-se a figura acima.

    J na situao em que o CCL nulo, a empresa apresenta um equilbrio em suas contas do balano patrimonial no que refere aos valores representados pelo Ativo Circulante e Passivo Circulante. Assim sendo, o ato de financiar o Capital de Giro provm do Passivo Circulante, Passivo Longo Prazo e Patrimnio lquido, isto dependendo da estratgia tomada pela administrao da empresa.

    Caso a opo seja financiar-se por suas prprias operaes, o analista de investimentos ter de analisar a questo do financiamento do CG, observando os valores e as variaes de contas como Duplicatas a Pagar, Impostos a Pagar, e demais pagamentos, por exemplo. Ou os saldos de financiamentos junto a instituies financeiras, como so os casos, por exemplo, de fontes onerosas como emprstimos e financiamentos.

    Sempre que pensamos no financiamento de uma operao, devemos nos lembrar dos conceitos de fontes no onerosas que, por um perodo restrito de tempo, acabam por financiar as operaes da empresa em seu dia a dia. Este o caso, por exemplo, dos salrios a pagar, dos impostos a pagar, e de outros recolhimentos obrigatrios da empresa.

    GlossrioFontes Onerosas: So os emprstimos, os financiamentos bancrios e os parcelamento de impostos que sempre geram despesas financeiras como contrapartida.

    A Administrao do Ativo Circulante

    O profissional de finanas administra as contas do Ativo Circulante da empresa, segundo o tipo de negcio exercido por esta e segundo uma anlise sazonal de suas atividades.

    Logo, em alguns perodos do ano, quando as vendas se encontram em crescimento e em patamares altos, o administrador financeiro pode certamente optar por elevar estoques de produtos acabados, ou mesmo de matrias-primas de forma a garantir produtos para suprir o seu mercado. Assim sendo, este movimento sazonal leva normalmente ao aumento dos valores destas contas no Ativo Circulante, alm do aumento das contas a receber (caso a empresa venda a prazo), e do caixa.

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    Unidade: A Administrao do Capital de Giro como Estratgia Financeira

    Pode-se tambm esperar que um aumento no contas a pagar de curto prazo, decorrente de dbitos junto aos fornecedores e bancos. Isso ocorre, especialmente, quando h uso de linhas de crdito de curto prazo nestes perodos de vendas aquecidas. Desta forma, muitas empresas procuram administrar suas finanas observando sempre um nvel mnimo e mximo do Ativo Circulante sendo que, para tanto, optam por operar de forma mais ou menos conservadora.

    Certamente que, quando a empresa adota uma abordagem mais conservadora, utiliza os recursos provenientes dos emprstimos de longo prazo obtidos junto a instituies financeiras e o patrimnio lquido para financiar o ativo imobilizado e uma pequena parte do ativo circulante. Ao adotar uma abordagem mais agressiva em sua operao, a empresa opta por obter, junto s instituies financeiras, emprstimos de curto prazo voltados ao financiamento de grande parte de suas necessidades sazonais de caixa, de estoques e de demais compromissos. Assim fica apenas uma pequena parcela dos ativos fixos e do ativo circulante financiada por passivo de longo prazo.

    Administrando as Contas a Receber

    Mesmo sem estudarmos muito o conceito e os componentes do item Contas a Receber de uma empresa, podemos a princpio afirmar que seu saldo apresentado depender diretamente da poltica de vendas adotada pela sua equipe.

    Caso a empresa opte por fornecer crdito aos seus clientes e, portanto, alavancar o seu nvel de vendas, certamente est adotando uma poltica mais agressiva de crdito por um lado e, por outro, incrementando volumes de vendas, de faturamento e aumentando o saldo apresentado no Contas a Receber. Certamente, toda poltica dever ser conduzida paralelamente a uma poltica de avaliao de crdito e de solvncia dos seus clientes cadastrados, sob o risco de causar enormes prejuzos nos casos de inadimplncia, muito comuns no mercado. Somado a este cuidado, ser tambm importante observar os custos financeiros incorridos numa poltica de financiamento de vendas/clientes, mensurando os valores referentes aos juros cobrados pelo setor financeiro na realizao das operaes de crdito adotadas pela empresa em questo. Caso contrrio, o risco de no pagamento (inadimplncia) somado aos custos financeiros podem causar prejuzos ou mesmo at inviabilizar a operao comercial.

    Para Pensar

    Como a empresa deve equilibrar adequadamente o volume de suas vendas a vista versus suas vendas a prazo? Pense sobre este tema levando em considerao o caso brasileiro: grande parte dos clientes e dos comerciantes opera por meio de compras e vendas a prazo.

    Como o Brasil apresenta juros muito altos nas operaes de crdito, qual o risco do administrador financeiro ao captar recursos em bancos e financeiras para ento financiar as suas vendas? Ser que seu lucro no ser todo corrodo pelos gastos com juros? Vamos l!

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    Dilogo com o Autor

    Segundo Gropelli (2010, p. 338),

    O benefcio de reduzir os padres de crdito o lucro das vendas adicionais; os custos so os dbitos incobrveis adicionais e os custos maiores de financiamento das novas contas a receber. Os benefcios da elevao dos padres de crdito so a reduo das dvidas incobrveis e dos custos de financiamento das contas a receber; o custo a reduo dos lucros sobre as vendas. (GROPELLI, 2010, p. 325).

    A Administrao Eficiente dos Estoques

    A busca pela eficincia da produtividade uma das metas prioritrias de qualquer empresa. Neste sentido, o ato de administrar estoques de forma correta e eficiente atende a este objetivo de forma primria. Ao oferecer empresa uma ferramenta para maximizar eficincia e produtividade, uma gesto eficiente de estoques acaba por gerar impactos positivos significativos em diversas reas de negcio, com reflexos positivos nos nmeros, influindo decisivamente nos resultados das operaes. Sabemos ainda que, quando pensamos em estoques, estamos na verdade tratando de um tema importante e de responsabilidade direta dos gerentes de compras, industrial e de vendas de qualquer empresa preocupados prioritariamente com a manuteno das atividades rotineiras da empresa. Neste sentido, e do ponto de vista do administrador financeiro e oramentrio, a sua preocupao principal afasta-se a princpio da questo do tamanho dos estoques mantidos ou no pela empresa, aproximando-se por outro lado dos aspectos relacionados aos custos financeiros incorridos na manuteno ou no de determinados nveis de estoques.

    Dilogo com o Autor

    Segundo Hoji (2008, p.121),

    Normalmente, o investimento em estoques tem um peso significativo em empresas comerciais e industriais e, at, em empresas de prestao de servios. Em empresas comerciais os estoques so representados, basicamente, pelas mercadorias para revenda. Em empresas industriais, podem ser classificados em: matrias-primas, produtos em elaborao, materiais de consumo, materiais de embalagem e produtos acabados. Em empresas de prestao de servios, pelos materiais de consumo e de almoxarifado. (HOJI, 2008, p.121).

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    Unidade: A Administrao do Capital de Giro como Estratgia Financeira

    Observe que toda administrao de estoques atividade-chave em qualquer empresa, e independente de seu ramo de atividade. Mas certamente, quando pensamos em uma atividade fabril, o trabalho voltado maximizao de matrias-primas e produtos semiacabados ganha destaque em razo da necessidade de segurana que o ritmo de produo da empresa exige ao longo do tempo. Quando o administrador financeiro e o departamento de oramentos trabalham juntos na gesto dos nveis de estoques, esto garantindo a oferta ideal de bens e servios aos clientes, e no momento exato de suas necessidades.

    Somado a isto, e vendo esta questo sob a perspectiva da tica financeira, a manuteno de estoque sempre dispendiosa, exatamente por consumir recursos (dinheiro) que no gera juros (aplicaes) nem renda. Cabe ao administrador, sempre lembrar que a elevao ou a reduo de estoques deve ser observada a partir das variaes dos custos financeiros incorridos em cada uma destas decises.

    Este pensamento coloca-o, portanto, frente ao conceito de Lote Econmico de Compra (LEC) que utilizado pelos administradores para a determinao da quantidade tima de compra de um determinado item para estoques. Assim, e segundo Hoji (2008) o modelo de Lote Econmico de Compra pressupe a anlise dos custos efetivos das mercadorias, por meio da composio dos custos dos pedidos de compras e dos custos de manuteno de estoques.

    No primeiro caso, o dos custos de pedidos de compras, o autor classifica-os como sendo os custos incorridos para a emisso e recebimento de pedido (da emisso do pedido inspeo da mercadoria). Enquanto que no caso dos custos de manuteno de estoques, importante observar os custos incorridos durante a permanncia destes estoques na planta fabril (custo de armazenagem, obsolescncia, entre outros).

    Segundo Gitman, o Lote Econmico de Compra (LEC) calculado a partir da seguinte frmula:

    LEC = [(2 x S x O) / C] 1/2

    LEC = Lote Econmico de CompraS = Demanda (consumo) em unidades no perodoO = Custo unitrio de emisso de pedidoC = Custo unitrio de manuteno do estoque

    Vejamos agora um exemplo prtico:

    Uma indstria qumica compra regularmente matrias-primas como essncias, sais e minrios que apresentam um custo mdio unitrio de R$ 2.000,00 a tonelada. So consumidas 600 toneladas por semestre destes itens. Cada pedido custa, em mdia, R$ 240,00. Os custos de armazenagem, de seguro e de risco de matrias-primas vencidas fora do prazo so de 6% a.a., e so todos estes financiados por linhas de crdito obtidas junto aos bancos. A taxa de juros cobrada pelo sistema financeiro de 12% a.a. Vamos calcular o LEC:

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    Primeiro passo: vamos calcular o custo unitrio de manuteno de estoques:

    Custo = [1,06 x 1,12 1] = 18,72% a.a. Custo unitrio no semestre = [1,1872] 6/12 = 8,96% no semestre Custo unitrio no semestre = R$ 2.000,00 x 8,96% = R$ 179,2

    Segundo passo: vamos calcular o LEC:

    LEC = [( 2 x 600 unidades x R$ 240,00) / R$ 179,2] LEC = 40 Toneladas

    Adiantamento a FornecedoresSegundo Hoji (2008, p. 126), adiantamento pode ser definido como um recurso financeiro

    entregue ao fornecedor sem que haja o correspondente fornecimento de material, equipamento ou servio. Essa definio nos faz considerar que, muitas vezes, a empresa precisa, em decorrncia de razes econmicas, financeiras e de mercado, financiar seus fornecedores de forma a possibilitar a entrega das matrias-primas que se tornaro parte integrante do processo produtivo. Assim sendo, o que se faz importante administrar so as garantias a serem dadas pelo fornecedor que, uma vez recebido o adiantamento dos recursos, dever cumprir os prazos de entrega e os volumes dos pedidos efetuados.

    Logo, como parte integrante da administrao de estoques, temos que o cuidadoso trabalho relativo gesto das posies de adiantamento a fornecedores, e das contrapartidas das mercadorias efetivamente entregues, se tornam essenciais e cruciais para o administrador financeiro. O Adiantamento a Fornecedores exige sempre cuidadosa administrao por ser exatamente crucial e de responsabilidade direta dos profissionais responsveis pela administrao dos estoques e pela produo, bem como, do departamento financeiro.

    A Administrao do Contas a Pagar

    Muitos autores resumem o conceito de Contas a Pagar (CP) como sendo uma espcie de emprstimo dos fornecedores para com a empresa. Normalmente, quando a empresa no pode comprar a prazo de seus fornecedores e, portanto, lanar um valor no CP, ela precisa compensar esta inexistncia de crdito na praa com emprstimos junto a instituies financeiras. Essa postura acarreta como contra partida o pagamento de juros e impostos incidentes no perodo de uso da linha de crdito.

    Pode-se assim dizer que o CP um benefcio e uma capacidade das empresas e de seus administradores economizarem com juros e demais encargos e financiarem-se junto aos fornecedores, ou seja, junto ao mercado.

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    Unidade: A Administrao do Capital de Giro como Estratgia Financeira

    Entretanto, vale destacar que o saldo apresentado no CP nem sempre ser exatamente o valor futuro desembolsado pela empresa, quando do pagamento do(s) ttulo(s) correspondente(s). Isto porque muitos fornecedores oferecem descontos no ato do pagamento j que este adiantado pela empresa.

    Assim, sempre que houver disponibilidade de caixa e a Administrao Financeira enxergar vantagem financeira na quitao antecipada deste CP, este valor ser baixado e o saldo de caixa utilizado na quitao da dvida, reduzido a menor.

    Exemplo:

    Imagine a seguinte situao: Um analista financeiro precisa administrar o Contas a Pagar da empresa onde trabalha. A empresa tem uma fatura a pagar (CP) de R$ 25.000,00 e recebe um comunicado do fornecedor oferecendo desconto de 2,5% para pagamento antecipado deste dbito. Mas para pagar antecipadamente a empresa precisaria tomar emprestado no banco o valor com desconto (ou seja: 0,95 x R$ 25.000,00 = R$ 23.750,00) e pag-lo em 30 dias com taxa de juros de 9% a.a. Ser que vale a pena?

    Percebemos que a opo vantajosa, pois a empresa obtm um desconto de 5% de imediato (R$ 1.250,00), sendo que os juros pelos 30 dias que ficar descoberta em R$ 23.750,00 baixo no perodo do emprstimo:

    Taxa Juros Banco: (1,09)1/12 1 = 0,72% a.m. Valor dos Juros Cobrados em 30 dias: R$ 23.750,00 x 0,72% = R$ 171,0

    Ou seja, o desconto de 5% bem mais vantajoso que os juros de 0,72% que ser cobrado sobre o emprstimo de R$ 23.750,00.

    Para voc, interessado em ler mais a respeito da importncia do planejamento financeiro para a administrao do negcio, sugiro ler o Captulo 3 do livro Princpios da Administrao Financeira, de Lawrence J. Gitman.

    Ideias Chave

    Compreender a Anlise das Fontes e dos Usos de Fundos;

    Discutir o financiamento do Capital de Giro;

    Analisar a correta administrao dos Ativos Circulantes, o Contas a Receber, os Estoques e Contas a Pagar;

    Observar como uma empresa pode ser financiada.

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    Material Complementar

    Sugesto de Leitura

    Estudamos nesta Unidade os importantes temas ligados ao Capital de Giro, seus conceitos e sua administrao pelo gestor financeiro. Vimos tambm que a adequada administrao do Capital de Giro essencial e determinante para o sucesso do negcio, especialmente no Brasil, onde as empresas carecem de linhas de crdito e onde os emprstimos e descontos de ttulos e duplicatas so normalmente caros e onerosos a todo empresrios. No livro Administrao Financeira e Oramentria de M. Hoji, temos uma excelente explicao deste tema no Captulo 12 Anlise Financeira da Gesto Operacional. Sugiro, portanto, a leitura atenta do item 12.2 Anlise do Capital de Giro, nas pginas 303 a 309 para um maior aprofundamento de seus estudos.

    Dando continuidade ao entendimento e ao estudo mais aprofundado sobre o Capital de Giro e sua administrao e necessidade no dia a dia do empresrio, sugiro estudar um pouco mais o tema Endividamento. V nossa biblioteca virtual e leia no livro Princpios de Administrao Financeira de L.J. Gitman a pgina 49, onde o autor trata do conceito e dos exemplos relacionados aos ndices de Endividamento. Em, seguida, veja tambm uma tabela resumo com todos os ndices da Bartlett Company, nas pginas 58 e 59.

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    Unidade: A Administrao do Capital de Giro como Estratgia Financeira

    Referncias

    Bsica

    GITMAN, L.J. Princpios de Administrao Financeira, 10. ed. So Paulo: Pearson, 2007.

    GROPPELLI, A.A. e NIKBAKHT, E. Administrao Financeira, 3. ed. So Paulo: Saraiva, 2010.

    HOJI, M. Administrao Financeira e Oramentria. So Paulo: Editora Atlas S.A., 2008.

    MARION, J.C. Anlise das Demonstraes Contbeis: Contabilidade Empresarial. So Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.

    SANTOS, J.O. Valuation: Um Guia Prtico. So Paulo: Editora Saraiva, 2012.

    Complementar

    IUDCIBUS, S. Anlise de Balanos. So Paulo: Editora Atlas S.A., 2009.

    MLAGA, F.K. Anlise de Demonstrativos Financeiros e da Performance Empresarial Para Empresas No Financeiras. So Paulo: Saint Paul Editora, 2009.

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    Anotaes

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