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   A FUNÇÃO FINANCEIRA NA EMPRESA

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 A FUNÇÃO FINANCEIRA NA EMPRESA

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1.1 PRINCIPAIS ÁREAS DE DECISÕES EM ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Uma das possíveis maneiras de se caracterizar a função financeira de uma empresa écategorizar as áreas que exigem tomada de decisões pelos executivos responsáveis. Isso não nosdiz o que esses executivos fazem especificamente (trataremos desse aspecto na próxima secçãodeste capítulo), mas define o tipo de problema com o qual estão envolvidos.

Costuma-se classificar esses problemas de duas maneiras:

a) segundo áreas de decisões de investimento, financiamento e utilização do lucro líquido;

b)segundo tarefas de obtenção de recursos financeiros e análise da utilização dessesrecursos pela empresa.

Inicialmente, discutiremos o problema segundo o enfoque sugerido na primeira subdivisão. Asegunda alternativa, porém, será usada nas duas próximas secções deste capítulo, ao tratarmos dasatribuições do administrador financeiro e apresentarmos a organização típica da função financeiranuma empresa.

  As principais áreas de decisões na administração financeira de uma empresa são asseguintes:

a) Investimento: neste caso, a preocupação primordial diz respeito à avaliação e escolha dealternativas de aplicação de recursos nas atividades normais da empresa.

Consiste ainda num conjunto de decisões visando dar à empresa a estrutura ideal emtermos de ativos — fixos e correntes — para que os objetivos da empresa como um todo sejamatingidos.

Nesta área, o enfoque básico é a obtenção do maior resultado (retorno) possível, dado orisco que os proprietários da empresa estão dispostos a correr. Os instrumentos necessários para atomada de decisões de investimento serão apresentados mais adiante, que tratam de técnicas deavaliação de investimentos em ativos fixos, e no que se refere a ativos correntes.

b) Financiamento: nesta segunda área, o que se deseja fazer é definir e alcançar umaestrutura ideal em termos de fontes de recursos, dada a composição dos investimentos.

É preciso compreender, desde já, que a função financeira, cuja finalidade é assessorar aempresa como um todo proporcionando-lhe os recursos monetários exigidos, não determina, por issomesmo, quais as aplicações a serem feitas pela empresa. Isso decorre dos objetivos e das decisõesda administração e/ou dos proprietários da empresa em um nível mais alto — o nível estratégico.  Por sua vez, tais decisões determinam em que setor a empresa irá atuar e isso condiciona a estrutura doativo, dada a tecnologia existente no setor escolhido. A administração financeira resta conseguir osrecursos necessários para financiar essa estrutura de investimento ao mais baixo custo possível. Talé o escopo das atividades nesta segunda área fundamental de decisões financeiras.

Para esclarecer um pouco melhor basta dizer que é preciso determinar os custos eas outras condições de cada fonte disponível de recursos (prazos, datas de pagamento,garantias exigidas, e assim por diante), conceber métodos para ter acesso a essas fontes, eprocurar montar a melhor estrutura possível de fontes. A melhor estrutura financeira possívelpode ser caracterizada como aquela em que o custo médio ponderado das fontes utilizadas éo mais baixo possível, embora o custo possa não ser o único fator determinante dacomposição da estrutura de fontes de recursos financeiros de uma empresa.

Por sinal, assim como a estrutura de investimento de uma empresa, que reflete as decisõesda primeira área, está corporificada na composição do ativo em seu balanço geral, as decisões destasegunda área refletem-se no lado do passivo do balanço: que fontes de recursos vêm sendo usadaspela empresa até o momento ou serão empregadas para sustentar atividades futuras, caso se esteja

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falando de uma projeção do balanço.

c) Utilização (destinação) do lucro líquido: por fim, há uma área de decisões, tambémcomumente conhecida pelo nome de política de dividendos, que se preocupa com a destinação dadaaos recursos financeiros que a própria empresa gera em suas atividades operacionais e extra-operacionais.

É ao discutirmos os principais problemas desta área que surgem as indicações mais claras

do inter-relacionamento das áreas de investimento, financiamento e utilização do lucro liquido.

O inter-relacionamento deve-se ao fato indiscutível de que o lucro retido pela empresa (ouseja, o lucro não pago sob a forma de dividendos em dinheiro) constitui-se numa de suas fontes derecursos. Logo, também é problema das decisões de financiamento (segunda área acima) determinar quanto do lucro liquido disponível deve ser retido, com a decisão complementar forçosa a respeito daproporção que deve ser distribuída aos proprietários.

 Além disso, também há relações entre decisões de investimento e de utilização do lucrolíquido. Nas decisões de investimento (primeira área), um certo retorno deve ser alcançado: digamosentão que seja considerada a utilização de lucros retidos para financiar certas aplicações. Essapossibilidade deveria ser admitida apenas quando a alternativa de investimento prometesse umretorno superior ao que os proprietários poderiam conseguir se eles mesmos aplicassem os recursosporventura recebidos em decorrência da distribuição de lucros. As magnitudes relativas dos riscosenvolvidos nas aplicações disponíveis à empresa e aos proprietários, fora dela, também precisam ser consideradas.

Como veremos, a procura de fundos pela empresa é determinada pelas taxas de retorno a eladisponíveis em alternativas de investimento; a oferta de fundos depende do que as pessoas einstituições com poupanças estão dispostas a fornecer. O custo desses fundos, por fim, depende dascondições de oferta, ou seja, das condições às quais essas pessoas e instituições estão dispostas afornecer os recursos necessários ou desejados.

1.2 ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO DE UMA EMPRESA

Em termos gerais, o que chamamos de administrador financeiro, qualquer que seja o títuloespecifico de seu cargo — diretor financeiro, tesoureiro, controlador, vice-presidente de finanças,

gerente financeiro, etc. — é o indivíduo ou grupo de indivíduos preocupados com (1) a obtenção derecursos monetários para que a empresa desenvolva as suas atividades correntes e expanda a suaescala de operações, se assim for desejável, e (2) a análise da maneira (eficiência) com a qual osrecursos obtidos são utilizados pelos diversos setores e nas várias áreas de atuação da empresa.

Via de regra, a função financeira caracteriza-se pela sua centralização e por estar situadabem perto do nível mais alto da estrutura organizacional de uma empresa. Na verdade, o“administrador financeiro” é um membro do grupo assessor da alta direção de qualquer empresa.

Essa posição central tem duas explicações:

a) A utilização de uma administração financeira centralizada permite a obtenção deeconomias de escala no levantamento de recursos, com a diluição máxima dos custos fixos

decorrentes de emissão de títulos ou negociação de empréstimos.b) Todas as decisões da empresa possuem aspectos financeiros vitais. Daí dizer-se

também estarem todos os aspectos de uma empresa sob as vistas da administração financeira.Embora isso seja um exagero, sem dúvida é a função financeira a que mais claramente possui umavisão global da empresa. Tal fato se verifica mais nitidamente ainda quando a administração daempresa usa orçamentos globais, pois nesse caso o planejamento e o controle em termosoperacionais e financeiros, de curto e médio prazos, ficam sob a supervisão efetiva de um setor daadministração financeira — o setor de orçamentos.

Em seu livro Administração financeira,  FLINK e GRUNEWALD enumeram as seguintes

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atribuições do administrador financeiro de uma empresa:

a) Análise de registros e informações contábeis. Aqui fica caracterizado o papel dacontabilidade como principal fonte de dados internos para as tarefas a serem desempenhadas pelaadministração financeira; entretanto, outros fatores não contabilizáveis também devem ser levadosem consideração, particularmente porque toda e qualquer decisão é voltada para o futuro, ao passoque a contabilidade registra apenas fatos já ocorridos. Portanto, vale apenas como indicação docomportamento passado, dadas certas condições. Assim sendo, o administrador financeiro só se

utiliza desses dados na medida em que possam ajudá-lo a fazer projeções.

b) Projeção do movimento de fundos. O objetivo nesta atividade é aferir o grau de liquidezda empresa e verificar se a empresa terá condições de manter-se em funcionamento cobrindo osseus compromissos externos de pagamento e fornecendo os recursos para sustentar o nível previstode operações.

Se a liquidez (capacidade de pagar dividas no vencimento e no valor correspondente) for excessiva, tal como indicada pelas necessidades previstas numa projeção do movimento de fundos,saber-se-á por quanto tempo os fundos excedentes poderão ser aplicados, e em que volume. Nessesentido, o objetivo é evitar que esses recursos monetários se desvalorizem (por inflação e/ou nãoaproveitamento de oportunidades de rendimento) ao permanecerem ociosos.

  Alternativamente, a projeção pode indicar que nas condições presumidas de atuação aliquidez será insuficiente, levando a empresa a um risco muito alto de insolvência. Essa constataçãoserve de aviso para medidas conducentes à obtenção de recursos adicionais, nas condições de prazoe montante exigidas e apontadas como necessárias por essa projeção.

Por fim, a projeção pode indicar que a liquidez ou disponibilidade de fundos em conseqüênciadas atividades programadas é satisfatória. Nada haverá a fazer neste caso, pois estará sendoreconhecido, ao mesmo tempo, que as atividades poderão ser desenvolvidas normalmente, com osrecursos disponíveis, e que o risco de insolvência assumido será aceitável.

Essa projeção é representada por um orçamento de caixa que reflete as entradas e saídasprevistas para um dado período em conseqüência das atividades empresariais programadas. Trata-se, como orçamento, de uma peça do planejamento orçamentário global de um exercício (período).

 Além dele, as empresas podem fazer uso de projeções de fluxo de caixa, o que ocorre com

freqüência. Trata-se de projeções mais limitadas, no tempo, das entradas e saídas já definidas por vendas a prazo efetuadas, empréstimos e financiamentos já contratados, e compromissos depagamento assumidos e conhecidos.

c) Aplicação de fundos excedentes, com o maior rendimento possível e com velocidade deresgate suficientemente grande para recuperar o dinheiro, caso surja necessidade. E a política quedecorre da situação de liquidez excessiva, conforme o exposto acima sobre a atribuição (b).

d) Fornecimento à alta administração de informações sobre as perspectivas financeirasfuturas da empresa. Estas informações ajudam a tomada de decisões de compra, comercializaçãode produtos ou serviços, fixação de preços, etc., que não são tomadas diretamente peloadministrador financeiro, mas possuem aspectos financeiros ou são suficientemente amplas eimportantes para exigir coordenação entre diversas áreas funcionais, como produção, marketing,pessoal, e finanças.

e) Elaboração de planos para fontes e usos de fundos, a curto e a longo prazos ,levando-se em conta os custos das fontes e os lucros possibilitados pelas aplicações. Neste caso, aprincipal diretriz de raciocínio é o conjunto dos objetivos gerais da empresa, fixados pela altaadministração.

Como se pode notar, as atribuições (a), (b) e (c) são especificas à administração financeira, enessas atividades podemos encontrar o tipo de trabalho no qual o administrador financeirocaracteriza-se mais por relações de linha com os componentes dos departamentos da própria áreafinanceira, organizados para executar essas tarefas. Nos outros casos, porém, observamos mais umatarefa de assessoramento à alta administração e a outros setores da empresa.

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1.3 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL TÍPICA DA FUNÇÃO FINANCEIRA

 A Figura 1.1 é uma visão esquemática da maneira pela qual as diversas atividadespróprias da administração financeira de uma empresa podem ser normalmente estruturadas.

DIRETOR FINANCEIRO

TESOUREIRO CONTROLADOR

CAIXA E BANCOS CONTABILIDADE GERAL E DE CUSTO

CONTAS A RECEBERCONTA A PAGAR

ELABORAÇÃO DE ORÇAMENTOS E CONTROLEORÇAMENTARÁRIO

RELAÇÕESBANCÁRIAS  AUDITORIA INTERNA

PREPRAÇÃO DOORÇAMENTO DE

CAIXA

PREPARAÇÃO DE RELATÓRIOSFINANCEIROS INTERNOS

Figura 1.1. Estrutura típica da função financeira de uma empresa.

Não se pretende afirmar, evidentemente, que seja necessário a toda e qualquer empresa adotar esse tipo de estrutura para ter uma boa administração financeira. Ao contrário, sãoas circunstancia reveladoras de boa ou má administração que tendem a conduzir a mudanças deestrutura.

E possível haver casos em que uma só pessoa é, ao mesmo tempo, diretor financeiro,tesoureiro e controlador. Basta que seja responsável pela supervisão de todas as subáreas indicadasna Figura 1.1. Em outros casos, um diretor administrativo, por exemplo, pode exercer todas essasoutras três funções, além de cuidar de problemas de pessoal, salários, etc.

O importante, no caso presente, é verificar como essa forma de estruturar a funçãofinanceira diferencia as atividades com dois enfoques distintos (contribuindo para maior especialização e eficiência).

 A área do tesoureiro está mais voltada para atividades que compreendem o uso de dinheiro, asua manipulação e a posse real de fundos, enquanto a do controlador preocupa-se com os controlese os fluxos de informações dentro da empresa. A primeira área tem contato com o público e asegunda possui tarefas quase exclusivamente voltadas para dentro da empresa.

Por fim, podemos ainda dizer que a área de tesouraria está mais preocupada com os aspectosde obtenção de fundos, enquanto a de controladoria dedica-se primordialmente à análise daeficiência relativa com que os recursos obtidos são aplicados pela empresa.

Encerrando esta seção, cumpre acrescentar que o diretor financeiro deve preocupar-se com acoordenação das áreas em que se subdivide a administração financeira. Cabe-lhe, como membro dadiretoria da empresa, participar da formulação de políticas para toda a organização e, em sua área,supervisionar a execução das atividades necessárias à execução dessas políticas.

Como veremos mais adiante, uma empresa pode ter um conflito interno entre liquidez erentabilidade refletido em opiniões antagônicas sobre o modo pelo qual os fundos devem ser 

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utilizados. Alcançar a formulação de políticas conducentes à combinação ótima de tais objetivos étarefa do diretor financeiro que, além disso, representa esta área funcional na diretoria executiva daempresa.

1.4 DEFINIÇÃO E OBJETIVOS DA FUNÇÃO FINANCEIRA

1.4.1 Definição

Em vista do que foi exposto até esta altura, a definição da função de administração financeiranão deve estar muito longe. Resta apenas considerar os objetivos para os quais está voltada, o queserá feito ainda nesta secção.

Segundo ARCHE R e D’AMBROSIO, C.A. Administração financeira. São Paulo, Editora Atlase Editora da Universidade de São Paulo 1969, p. 367 “ a função financeira compreende os esforçosdispendidos objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dosretornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possapropiciar a manutenção de um certo grau de liquidez”.

1 .4.2 Objetivos da função financeira

  A definição anterior deixa bem claro que o objetivo básico implícito nas decisões de

administração financeira é a maior rentabilidade possível sobre o investimento efetuado por indivíduos ou instituições caracterizados como proprietários — acionistas ordinários, no caso de umasociedade anônima.

Entretanto, é feita uma ressalva: a rentabilidade máxima, desde que não seja comprometida aliquidez da empresa.

 A existência de um conflito entre esses dois objetivos, dos quais o de rentabilidade deve ter primazia sobre o de liquidez, que o condiciona e restringe, manifestar-se em termos de um dilemaentre aplicar todos os fundos disponíveis <o que deve levar à maior rentabilidade total possível parauma dada empresa), e manter inativos alguns fundos para, por exemplo, proteção ou defesa contrariscos de não se poder pagar alguma divida. Parece claro, entretanto, que o dinheiro que permaneceinativo, embora útil como proteção contra riscos, não produz retorno algum.

Em relação ao objetivo de máxima rentabilidade, ainda seria preciso fazer mais umaobservação. Em sua maioria, os especialistas em teoria de Administração Financeira têm definido oobjetivo básico dessa área da seguinte maneira: maximizar o valor atual da riqueza do acionistaordinário (proprietário).

Mais uma vez encontramos uma referência ao proprietário da empresa como responsável pelorisco último do negócio, tanto em termos de oscilação dos resultados operacionais, quanto devido aofato de ser o último a receber remuneração pelo seu investimento. No entanto, é a expressão “valor atual da riqueza” que exige maiores esclarecimentos.

Na verdade, não passa de uma forma teoricamente mais correta de se falar em rentabilidade.Refere-se ao fato de que os retornos para os proprietários estão sujeitos a formas diferentes dedistribuição no tempo.

O proprietário de uma empresa realiza o retorno sobre o investimento efetuado, se possível,através do recebimento de dividendos em dinheiro e com a liquidação do seu investimento (suasações) a um preço superior ao de compra. O aspecto importante é a ocorrência efetiva derecebimentos e de desembolsos de dinheiro.

O que determina o preço pelo qual uma ação é transacionada?

“O preço das ações de uma empresa representa a avaliação da empresa pelosagentes de mercado. Leva em conta tanto os lucros correntes quanto os lucros futuros, por ação, suadistribuição no tempo, seu risco, a política de dividendos da empresa, e diversos outros fatores

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importantes. O preço de mercado representa um índice do desempenho ou progresso da empresa;denota a atuação da administração em face dos interesses dos acionistas”.

Mas o papel fundamental é o dos lucros e dividendos futuros. Assim, ao ser transacionada,uma ação é avaliada pelo que promete em termos de recebimentos futuros efetivos.

Quando o indivíduo A compra uma ação, ele procura estimar os dividendos que poderáreceber (e quando os receberá), bem como o valor de revenda a qualquer momento. No entanto, esteúltimo valor é fixado em negociação com o indivíduo B, um comprador em potencial, que faz omesmo tipo de cálculo, e assim por diante. Portanto, o que realmente deve determinar o valor de umaação é a expectativa quanto aos dividendos futuros, independentemente de quem possua a ação, oupor quanto tempo.

Suponhamos que os dados abaixo, da Tabela 1.1, refiram-se aos dividendos esperados parao final de um, dois e três anos, para ações de três empresas diferentes, todas adquiridas hoje por $1,00.

Tabela 1.1 Avaliação de alternativas de aplicação em ações, segundo os dividendosestimados para o futuro.

Empresa Ano  A B C

1 0,06 0,10 0,20

2 0,10 0,10 0,08

3 0,14 0,10 0,02

TOTAL 0,30 0,30 0,30

Como se observa, ao fim de três anos o rendimento total — isto é, a soma dos dividendostotais — terá sido o mesmo. As três ações, porém, têm valores diversos. Qual das três ações possuivalor mais alto?

Sem dúvida, a ação da empresa C, pois recebe-se o mesmo dividendo total maisrapidamente, oferecendo ao investidor a possibilidade de, tendo o dinheiro em mãos, reaplicá-lo paraconseguir um retorno adicional ou comprar bens de consumo que satisfaçam alguma necessidadecorrente. Essa é a noção básica subjacente a comparações de alternativas com base no conceito devalor atual, que voltará a ser discutido mais detalhadamente nos Capítulos 2, 3 e 4.

No caso acima, o valor atual da riqueza do investidor seria maximizado se ele escolhessetornar-se acionista da empresa C.

certo que, tomando-se uma empresa isolada, pode-se discutir se a retenção de lucros agoranão levará a dividendos futuros mais do que compensadores, mesmo em termos de valor de agora,isto é, valor atual.

5 VISAO GERAL DAS PREOCUPAÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO

FINANCEIRA

 A Figura 1 .2 é uma representação esquemática da movimentação de dinheiro dentro de umaempresa. Ela possui uma particularidade que merece explicação. Trata-se dos contatos da empresacom o ambiente externo, através das entradas e sai’das de dinheiro.

  A atividade da empresa está representada pelo retângulo central que abrange toda amovimentação interna de dinheiro. A esquerda e à direita do retângulo central encontramos o“mercado de fundos”, representando o setor da economia em que atuam as forças de oferta e procura

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(e determina o preço) dos recursos que a administração financeira deve obter para sustentar asatividades da empresa.

Nota-se assim que as entradas de capital podem provir: de terceiros (empréstimos efinanciamentos), da venda de produtos ou serviços (contas a receber), da liquidação de ativosimobilizados ou ativos financeiros, e dos proprietários (recursos próprios, aumentos de capital).

Na outra extremidade temos os pagamentos efetuados para remunerar (1) terceiros (principal

e encargos de empréstimos e financiamentos), (2) proprietários (dividendos), (3) fornecedores deserviços e bens à empresa (fornecedores, funcionários, arrendadores), e para o pagamento deimpostos.

Figura 1.2 Representação esquemática da movimentação do dinheiro

O PROCESSO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA

Principal e Encargos deEmpréstimos e

Financiamento

 Aplicação no Mercado deCapitais Open Market,CDB, etc

Pagamento aosFornecedores

Pagamento de Pessoal

Pagamento de Impostos

Pagamento deDividendos e Saída de

 Acionistas

Pagamento de Ativos

Imobilizados

Empréstimos eFinanciamentos

Contas a Receber 

Recebimento daVenda de AtivosImobilizados

Desinvestimentos

Recursos Próprios,Integralização e

 Aumento de Capital

CAIXA

Pagamento de Arrendamentos

BANCO

ENTRADA

Numerário doSistema

Econômico

SAÍDA

Numerário

para SistemaEconômico

$$

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Planejamento dos Investimentos de Capital

O nível de lucro da empresa depende do sucesso que ela consegue alcança com o uso deseus ativos, que podem ser humanos ou materiais.

 A lucratividade futura da empresa depende de dois fatores: primeiro manter e ampliar suaestrutura de ativos e, segundo, desenvolver uma estratégia de sucesso para essa estrutura.

Este capítulo centra atenção no preparo de um plano de investimentos de capital, que fazparte do processo de planejamento de longo prazo.

A atividade de investir em novos ativos, geralmente, é que determina oOrçamento de Capital e envolve o planejamento dos investimentos de capital e adeterminação dos financiamentos dessas saídas. É uma área de decisões gerenciaisque tem, ultimamente, chamado a atenção dos economistas e contadores. Nos anosrecentes, muitas pesquisas têm sido desenvolvidas a respeito deste assunto, visandomelhorar a qualidade dos métodos de tomada de decisão.

Nesse capítulo examinam-se, principalmente, os processos de tomada dedecisão que envolvem gastos de capital. Também são examinados os fatores e osmétodos relevantes, que são empregados correntemente nas decisões deinvestimento de capital.

5.1 DECISÕES DE INVESTIMENTO DE CAPITALProvavelmente, o fator que mais afeia a lucratividade de um negócio é a qualidade das

decisões gerenciais que envolvem o comprometimento dos recursos da firma em novosinvestimentos. As razões que tornam essas decisões estratégicas tão importantes são elencadas aseguir:

1. envolvem o comprometimento de grandes somas de dinheiro;2. esse comprometimento é feito por um grande período de tempo e o elemento de incerteza

é, por essa razão, muito maior do que no caso de decisões, cujos efeitos estão limitados a

um curto período de tempo;3. as decisões de investimento, uma vez tomadas, são quase impossíveis de ser revertidas

se, por acaso, provarem ter sido tomadas erroneamente;4. existem mesmo ocasiões em que o sucesso ou o fracasso da firma pode depender de uma

única decisão. Em todos os casos, entretanto, a lucratividade futura da firma será afetadapor essas decisões; e

5. a política de gastos de capital não é somente de máxima importância para a firma, mastambém tem grande significado para o setor, e mesmo para a economia nacional.

5.2 TIPOS DE DECISÕES DE INVESTIMENTO DE CAPITALUm investimento de capital pode ser definido como um investimento que oferece retorno

durante muitos períodos futuros e se diferencia dos outros tipos de investimentos cujo retorno

pertence ao período de tempo corrente. As decisões de investimento de capital dizem respeito aosseguintes assuntos:

1. aquisição de ativos de longa duração, como imóveis ou maquinários;2. investimento em outros fundos, dos quais as receitas serão derivadas;3.um projeto especial, que afetará a capacidade futura de ganho da firma, com projetos de

pesquisa ou uma campanha promocional; e

Professor SOARES

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4.ampliação do leque de atividades da firma, que envolva saídas de capital, como uma novalinha de produção ou mesmo um novo produto.

 As decisões de investimento de capital englobam dois aspectos da lucratividade de longoprazo: primeiro, a estimativa do aumento dos fluxos de caixa líquidos ou das economias nas saídasde caixa que resultarão desse investimento; e, segundo, o cálculo do total das saídas de caixanecessárias para efetivar o investimento.

5.3 ANALISE DAS PROPOSTAS DE INVESTIMENTO DE CAPITALNesta análise, muitos dos fatos importantes são incertos; assim, o primeiro problema é reduzir 

a área de incerteza antes de a decisão ser tomada.O segundo problema é assegurar-se de que todos os fatos conhecidos estão corretamente

determinados e quantificados.Tanto os fatos conhecidos como os incertos são estimados em termos de caixa, e os métodos

de estimativa de investimento de capital centram-se nos fluxos de caixa. A seleção dos projetos de investimento é sempre uma questão de descobrir qual dentre as

alternativas que se apresentam é melhor segundo o ponto de vista da firma.Pela quantificação das entradas e saídas de caixa, que envolvem as diversas alternativas,

pode ser selecionada aquela alternativa que é a preferida pela firma.

Exemplo: Foi oferecida à Cia. SP Ltda. a oportunidade de selecionar entre dois investimentos.Cada um deles trará um retomo anual de $ 500.000.O investimento "A" requer um total de investimento de caixa de $ 5.000.000. Assim, promete

um nível de retorno de 10%.O investimento "B" requer um total de investimento de caixa de $ 50.000.000 e oferece um

nível de'retorno de 1% ao ano apenas. A firma preferirá o investimento "A".Entretanto, se a firma possui um nível mínimo de retorno aceitável de 15%, nenhum dos

projetos será aceitável.Pode-se concluir, todavia, que existem três fatores principais que afeiam as decisões de

investimento de capital:1. o valor líquido de caixa que é necessário investir para dar suporte ao projeto enquanto ele

durar;2. os retornos líquidos expressos em fluxos futuros de caixa esperados que podem ser fluxosde caixa reais, ou economias de caixa; e

3. o índice de retorno sobre o investimento, expresso em porcentagem, que determina o nívelmais baixo de retorno que é aceitável para um investimento, é influenciado por inúmerosfatores. Entre eles estão o índice de retorno determinado pela firma para seus outrosinvestimentos e o custo do capital da firma.

5.4 RELEVÂNCIA DO FLUXO DE CAIXA Antes de começar a examinar os métodos, para selecionar os projetos de investimento, será

feita breve definição do significado dos termos que deverão ser empregados.

Desembolsos Líquidos do InvestimentoConsistem não somente no investimento inicial de caixa, necessário para que o projeto sejaimplantado, como também nos futuros investimentos que, certamente, serão necessários ao longo daimplantação do projeto; são diferentes das saídas de caixa operacionais.Dessa forma, os desembolsos do investimento inicial englobam gastos com equipamentos, custos deinstalação, treinamento dos recursos humanos, capital circulante etc. Subseqüentemente, em umsegundo estágio, os desembolsos, podem incluir desenvolvimentos, ampliações da planta etc.

Professor SOARES

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 A análise dos projetos de capital é feita em termos de qual será o custo líquido de caixa paraa empresa. Assim, quando são conseguidas isenções de impostos, esses créditos devem ser deduzidos do custo total, para que se chegue ao desembolso relevante.

Entradas Líquidas de CaixaOs fluxos de caixa operacionais são associados com o investimento durante o período de vida

útil, e são calculados depois de serem deduzidos das saídas operacionais de caixa e dos impostos.Como pode haver uma variação de um ano para outro nos lucros desses fluxos de caixalíquidos e como o padrão periódico é largamente subJetivo, são os fluxos de caixa mais difíceis de sequantificar.

Todos os cálculos dos fluxos de caixa são feitos na base da estimativa da vida útil doinvestimento que pode ser definida como o intervalo de tempo entre o início do projeto deinvestimento até o dia em que as forças combinadas da obsolescência e deterioração Justifiquem aretirada do ativo ou do projeto.

 A vida útil de um investimento pode ser encurtada por mudanças de mercado, que poderãodiminuir os ganhos de tal forma que não justifique mais a continuação do investimento.

5.5 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTODE CAPITAL

Os métodos mais comumente usados para avaliar propostas de investimento de capital são:1. método do período de payback,2. taxa contábil de retorno;3. as técnicas de fluxo de caixa descontado, para as quais existem duas formas principais;

a) valor presente líquido; eb) taxa interna de retorno.

5.5.1 Período de Payback Esse método projeta o tempo necessário para que os fluxos de caixa esperados paguem os

desembolsos do investimento. O período de payback é calculado da seguinte forma:

Período de payback (anos) =Desembolsos Líquidos

Entradas Líquidas de Caixa

Exemplo: A Cia. SP Ltda. está considerando a aquisição de uma máquina que reduzirá,consideravelmente, seus custos de mão-de-obra. Os fatos relevantes para esseinvestimento são os seguintes:

Desembolso Líquido de Caixa $ 200.000Estimativa Anual de Economia de Caixa $ 60.000Estimativa de Vida Útil 5.000Valor da Remuneração 0

O período de payback é o seguinte:

$ 200.000= 3 1/3 anos

$ 60.000

O método de payback tem a vantagem da simplicidade.

Professor SOARES

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Esse método objetiva a seleção dos projetos baseando-se somente no tempo em que osdesembolsos de caixa serão cobertos e recomenda a aceitação somente dos projetos seguros. É ummétodo que enfatiza a liquidez em vez da lucratividade. Suas limitações são as seguintes:

1. Dá mais importância ao período de retorno do que a vida útil do investimento e ignora osfluxos de caixa depois do período de payback. Assim, sua ênfase é no ponto de equilíbrio aoinvés de na lucratividade.

2. Ignora o tempo em que os fluxos líquidos de caixa são conseguidos e qualquer padrão detempo nos desembolsos de caixa. Qualquer valor de remuneração é também ignorado.Esse método, portanto, trata todos os fluxos de caixa através do tempo como tendo o mesmo

valor. Assim, no exemplo dado, o valor de $ 200.000 investido agora é igualado com os $200.000 deentrada líquida de caixa através dos 3 1/3 anos.

Esse problema pode ser ilustrado da seguinte forma: A Cia. SP Ltda. está estudando quatro diferentes projetos de investimentos, cada um custando

$ 20.000. A tabela a seguir apresenta os dados principais de cada um deles:

Número do Projeto 1 2 3 4$ $ $ $

Desembolso inicial 20.000 20.000 20.000 20.000

Entradas de Caixa  Ano 1 9.000 11.000 3.000 10.000  Ano 2 11.000 9.000 6.000 6.000  Ano 3 - - 8.000 4.000  Ano 4 - - 10.000 4.000  Ano 5 - - 10.000 3.000Período de Payback  2 2 3 1/3 3

 A simples aplicação do método de  payback  selecionaria o projeto 1 ou o 2, mas não seriacapaz de decidir entre esses dois projetos.

5.5.2 Taxa Contábil de Retorno

Esse método procura expressar a média estimada anual dos fluxos de entradas líquidas decaixa e expressá-los como uma porcentagem do investimento líquido. Nesse caso, portanto, épossível cobrir a depreciação dos fluxos líquidos anuais. A fórmula é a seguinte:

R =C – D

I

Onde:R = Taxa Contábil de RetornoC = Média Anual de Entradas Líquidas de CaixaD = DepreciaçãoI = Desembolso Líquido do InvestimentoSubstituindo pelos números do exemplo anterior, temos:

R =$ 60.000 - $ 40.000

X 100 = 10%$ 200.000

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Pode-se questionar, entretanto, que a depreciação durante a vida útil do investimento reduzo valor líquido dos desembolsos do investimento, através do tempo.

 Assumindo a média, para reconhecimento da depreciação, a equivalente a $40.000 ao ano, amédia do investimento líquido sobre a vida útil estimada de cinco anos é de $ 100.000, calculadaabaixo por média aritmética.

Média do Investimento Líquido = $ 40.000 x 5 = $100.0002

 A média de vida do investimento pode ser calculada graficamente como se apresenta naFigura 5.1.

 À luz desses argumentos, o índice contábil de retorno deve expressar as entradas líquidas decaixa anuais, como uma percentagem da média anual do desembolso líquido do investimento, demodo que, substituindo os valores dados, em nosso exemplo, a média de retorno sobre oinvestimento será:

R =

$ 60.000 - $ 40.000

X 100 = 20%$ 100.000

Este método de avaliar projetos de investimento contorna as desvantagens do método de payback, pois tenta calcular a lucratividade dos vários projetos em estudo. Sua maior desvantagem éque não considera as mudanças de valor do dinheiro no tempo, tratando o valor de $ 1,00 no futuroigual a $ 1,00 investido hoje.

Investimentos $ 200.000Líquidos

$ 100.000

1 2 3 4 5Anos

Figura 5.1

Também ignora as diferenças que podem correr, através do tempo, nos níveis dos retornos

líquidos de caixa. Nestes dois sentidos, este método possui as mesmas limitações do método de payback.

5.5.3 Fluxo de Caixa DescontadoOs métodos de avaliação de investimento que foram examinados muitas vezes produzem

resultados enganosos. O método do fluxo de caixa descontado possui grande aceitação, porque

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reconhece que o valor do dinheiro está sujeito a uma preferência no tempo. Isto é, $ 1,00 hoje épreferível a $ 1,00 em um tempo futuro, a não ser que a demora do recebimento seja compensadacom certa quantia de juros. O fator juros é expresso como uma taxa de desconto.

Em termos simples, o método do fluxo de caixa descontado tenta avaliar uma proposta deinvestimento pela comparação dos fluxos líquidos de caixa que serão ganhos durante a vida doinvestimento em seus valores presentes, em conformidade com os valores dos fundos que precisam

ser investidos. Dessa forma, pela comparação de uma coisa com a outra, é possível calcular a taxade retorno sobre o investimento de maneira realística.

Para achar o valor presente equivalente a $ 1,00 recebido em um ano, aplica-se a taxa de juros para trazer este $ 1,00 a seu valor presente. Isto é a mesma coisa que perguntar:Qual é a soma de dinheiro, que investida hoje a certa taxa de juros, alcançará o valor de $ 1,00 daquia um ano?

Exemplo: Dada uma taxa de juros de 10% ao ano, os seguintes cálculos podem ser feitos:$ 1,00 investido hoje, a uma taxa de juros de 10% ao ano, será $ 1,10 daqui a um ano. Por 

conseguinte, o valor de $ 1,10 recebido daqui a um ano será hoje $ 1,00 a uma taxa de juros de 10%ao ano.

Usando esse princípio, podem ser construídas tabelas de desconto para o valor de $ 1,00

sobre vários períodos de tempo, pela aplicação da taxa de juros através do tempo, isto é, $ 1,00investido por um ano a uma taxa de 10% será $1,10 daqui a um ano; $ 1,10 reinvestido por mais umano à taxa de 10% será $1,10 + $ 0,11 x $ 1,21 ao final do segundo ano.

Exemplo: O valor de $ 1,00 ao fim de 1 ano a 10% é 1 x (1 + 0,10) 1 = $ 1,10O valor de $ 1,00 ao fim de 2 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10) 2 = $ 1,21O valor de $ 1,00 ao fim de 3 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10) 3 = $ 1,331O valor de $ 1,00 ao fim de 4 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10) 4 = $ 1,464O valor de $ 1,00 ao fim de 5 anos a 10% é 1 x (1 + 0,10) 5 = $ 1,611

Reciprocamente, o valor presente de $ 1,00 recebido em uma data futura é:$ 1,00 recebido ao final de 1 ano é $ 1,00 : 1,1 = $ 0,9091

$ 1,00 recebido ao final de 2 anos é $ 1,00 : 1,21 = $ 0,8264$ 1,00 recebido ao final de 3 anos é $ 1,00 : 1,331 = 0,7513$ 1,00 recebido ao final de 4 anos é $ 1,00 : 1,464 = 0,6831$ 1,00 recebido ao final de 5 anos é $ 1,00 : 1,611 = $ 0,6208

O valor do dinheiro é, portanto, diretamente afetado pelo tempo, e a taxa de juros é o métodousado para expressar o valor do dinheiro no tempo.

Existem tabelas de juros compostos, a diferentes taxas e períodos, que auxiliam o cálculo dovalor presente. No entanto, o avanço das planilhas eletrônicas, utilizadas em microcomputadores, e ocrescente uso de calculadoras financeiras simplificaram enormemente esses cálculos.

5.5.4 Valor Presente Líquido

Este método está baseado em uma taxa mínima de retorno assumida. Idealmente, esta taxadeveria ser a taxa média do custo do capital para a firma. Esta seria a taxa usada para descontar osfluxos de caixa líquidos a seu valor presente. Os desembolsos líquidos são subtraídos do valor presente dos fluxos líquidos de entradas de caixa, oferecendo assim um número residual, que é ovalor presente.

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Uma decisão é feita a favor de um projeto se o valor presente líquido é um número positivo.Esse método também pode ser aplicado na comparação de vários projetos quando são consideradosinvestimentos mutuamente exclusivos.

Uma regra pode ser estabelecida da seguinte forma:

 Aceitar o projeto se:

a1+

a2+...+

 An>A

(1 + i) (1 + i) 2 (1 + i)n

Onde:

 A = Custo Inicial do Projetoa = Fluxos Líquidos de Caixa por Ano/ = Custo do Capitaln = Tempo de Vida Esperado para o Projeto

Exemplo: A Cia. SP Ltda. está estudando um projeto que tem duração de cinco anos eproduzirá uma entrada líquida de caixa de $ 1.000,00. Os desembolsos do investimento inicial são de$ 3.000,00 e a taxa de retorno desejada é de 10%.

 Anos Entradas Taxa de Desconto10%

Valor Presente Entradas

1 $1.000 0,9091 $ 909,102. $1.000 0,8264 $ 826,403 $1.000 0,7513 $ 751,304 $1.000 0,6831 $ 683,105 $1.000 0,6208 $ 620,80

V. Presente Líquido das Entradas $ 3.790,70Custo Inicial do Investimento $ 3.000,00Valor Presente do Projeto $ 790,00

Como o valor presente líquido das entradas de caixa é maior do que o valorpresente líquido do custo inicial do investimento, o projeto deve ser aceito.

5.5.5 Taxa Interna de Retomo

Este método requer que seja calculada a taxa de juros que é usada para desconto, que,aplicada, irá reduzir o valor presente líquido de um projeto a zero.Isso possibilita comparar a taxa interna de retorno com essa taxa.

 A regra é a seguinte:

 A= a1 + a2 + + an +

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(1 + r) (1+r)2 (1+n)n

Com r > i

Onde: A = Custo Inicial do Projetoa = Fluxos Anuais de Entradas Líquidas de Caixar = Taxa de Desconto da Soluçãoi = Taxa de Retorno Desejada.

Exemplo: Considerando os dados do exemplo anterior e aplicando a análise da taxa internade retorno ao projeto, têm-se os seguintes resultados:

 Anos Entradas Taxa deDesconto 19%

Valor PresenteEntradas

Taxa deDesconto 20%

Valor PresenteEntradas

$ $ $1 1.000 0,8403 840,30 0,8333 833,302. 1.000 0,7062 706,20 0,6944 694,403 1.000 0,5934 593,40 0,5787 578,704 1.000 0,4987 498,70 0,4823 482,305 1.000 0,4190 419,00 0,4019 401,90

V. P. Líquido das Entradas 3.057,60 2.990,60Custo Inicial do Investimento 3.000,00 3.000,00Valor Presente do Projeto + 57,60 - 9,40

Pode-se observar que a Taxa Interna de Retorno é de quase 20%. (É sempre possívelaproximar mais do índice real assumindo um relacionamento linear e fazendo uma interpolação entreos dois pontos mais aproximados.)

 A fixação da Taxa Interna de Retorno a 20% possibilita fazer uma comparação dessa taxacom a Taxa Interna de Retorno desejada pela empresa.

Comparação do Valor Presente com a Taxa Interna de Retorno

Quando se lida com simples estimativas de projetos de investimento, como aqueles queenvolvem uma única saída de capital, seguida de fluxos de entrada de caixa, ambos os métodos, odo valor presente líquido e o da taxa interna de retorno, produzem a mesma decisão.

Mas a vantagem do método do valor presente líquido é a simplicidade com que estesresultados são alcançados.

O exemplo mostra que, com o método do valor presente líquido, o resultado esperado éexpresso em termos de unidades monetárias, o que reflete diretamente o aumento da riqueza.

 A Taxa Interna de Retorno, por outro lado, produz resultado em termos de porcentagem, eeste resultado tem que ser comparado com a taxa mínima de retorno requerida pela empresa, antesde tomar a decisão por este ou outro projeto.

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Exemplo: A Cia. SP Ltda. está estudando dois projetos, cada um requer um investimentolíquido de capital de $ 3.000. Ambos possuem uma vida útil de cinco anos. O lucro estimado e osfluxos líquidos de entrada de caixa são os seguintes:

Final do ano Projeto "A" Projeto “B”

$ $1 500 2.0002 1.000 1.5003 1.500 1.5004 2.000 2.0005 2.000 500

7.000 6.500

 A taxa de retorno desejada é de 10%. Análise do Método do Valor Presente LíquidoO valor presente dos dois projetos pode ser calculado pelo uso da taxa de retorno desejada

como fator de desconto.

 Anos Taxa deDesconto 10%

Projeto “A” Valor PresenteEntradas

Projeto “B” Valor PresenteEntradas

$ $ $ $ $1 0,9091 500 454,60 2.000 1.818,202. 0,8264 1.000 826,40 1.500 1.239,603 0,7153 1.500 1.073,00 1.500 1.073,004 0,6831 2.000 1.366,20 1.000 683,105 0,6208 2.000 1.241,60 500 310,40

V. P. Líquido das Entradas 4.961,80 5.124,30(-) Custo Investimento 3.000,00 3.000,00

V. Presente do Projeto 1.961,80 2.124,30

 Ambos os projetos podem ser aceitos pela firma e, se uma escolha precisa ser feita entre eles,o Projeto "B" deve ser o selecionado, pois produz o maior valor presente.

O tempo das entradas líquidas de caixa é um fator de influência na determinação do resultado,pois as entradas de caixa totais, antes do desconto, eram maior no projeto "A". O fluxo de caixaassociado com o projeto "B" está concentrado nos primeiros anos, mas, quando descontado, tem umvalor presente mais alto que o do projeto "A",

 Análise da Taxa Interna de RetornoTomando as entradas líquidas de caixa, estimadas para o projeto "A", a taxa de desconto que

será usada nessas entradas de $ 3.000,00 é encontrada novamente por tentativa e erro.1

Usando as tabelas de desconto, conclui-se que a taxa de retorno situa-se entre 28% e 29%

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Entradas Fator de Desconto29%

Valor PresenteEntradas

Fator deDesconto 28%

Valor PresenteEntradas

$ $ $ $500 0,7752 387,70 0,7813 390,70

1.000 0,6009 600,90 0,6104 610,401.500 0,4658 698,70 0,4768 715,202.000 0,3611 722,20 0,3725 745,002.000 0,2799 559,80 0,2910 582,00

2.969,30 3.043,30Investimento 3.000,00 3.000,00Custo Inicial do Investimento - 30,70 + 43,30

Usando a mesma abordagem da Taxa Interna de Retorno para o Projeto "B", pode-se calcular uma taxa de 29%.

O teste principal para aceitação final de um projeto depende da comparação favorável da taxainterna de retorno com o índice de retorno desejado, de 20%, o que qualifica ambos os projetos.

Um dos problemas da comparação de taxas de retorno dos projetos é que acomparação direta entre as duas percentagens não tem muito sentido, a não sercom referência ao investimento inicial. Assim, sua verdadeira dimensão pode serpreservada. Este problema nunca deve ser deixado de lado, quando são usadaspercentagens de taxas internas de retorno.

Em problemas de investimento mais complicados, por exemplo, aqueles que requerem que osexcedentes de caixa sejam economizados para que façam frente a obrigações que surgirão no finalda vida do projeto, ambos os métodos assumem que esses excedentes de caixa serão reinvestidos auma taxa de retorno apropriada.

Dessa maneira, uma aplicação pode ser resgatada para financiar o projeto. O método da TaxaInterna de Retorno projeta que os excedentes de caixa serão reinvestidos a uma taxa de descontoigual à taxa interna de retorno. Por sua vez, o método do Valor Presente Líquido prevê que eles serãoreinvestidos a uma taxa mínima aceitável de retorno usada neste método.

 Assim, a vantagem do método do Valor Presente Líquido é que ele assume premissas maisrealísticas a respeito das oportunidades de reinvestimento.

Um problema mais completo surge quando aplicamos o método da Taxa Interna de Retorno a

projetos de investimento, que não têm um padrão simples de fluxos de caixa, como os dos exemplosanteriores.

Impostos e Outros FatoresPara que o cálculo dos Fluxos de Caixa Descontados apure resultados correios, é importante

que sejam considerados todos os fatores que afetam o cálculo desses fluxos.

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O mais importante desses fatores é, naturalmente, constituído pêlos impostos. De fato,assumimos que os valores dos fluxos de caixa eram líquidos de impostos. Podem-se ajustar osvalores desses fluxos aos efeitos diretos dos impostos. Deve-se também proceder aos efeitosindiretos dessa taxação, tais como incentivos fiscais, e o leitor deve lembrar-se de que, no cálculo dovalor líquido a ser investido, quaisquer ganhos provenientes de incentivos fiscais devem ser deduzidos do cálculo do Fluxo de Caixa Descontado. Os efeitos desses incentivos variam de projeto

para projeto.

5.6 CUSTO DO CAPITAL

 A avaliação de um projeto de investimento, pela análise do Fluxo de Caixa Descontado,requer que a empresa calcule o custo de seu capital. Isso é feito selecionando-se uma taxa dedesconto por meio do método do Valor Presente Líquido ou pelo estabelecimento de uma TaxaInterna de Retorno aceitável.

Uma plena discussão do conceito de custo de capital situa-se além do escopo deste livro; defato, o assunto é talvez o tópico mais difícil e controvertido de toda a teoria das finanças. Nossadiscussão será bem elementar, com o intuito de dar ao leitor somente um leve entendimento doplanejamento de investimentos.

O primeiro problema, ao discutir o custo do capital, situa-se nos diferentes conceitos que otermo assume.Do ponto de vista do financiador, o custo do capital representa para ele o custo que teria de

emprestar recursos, que pode ser igualado ao retorno que poderia ser obtido se fosse investido emprojeto semelhante com riscos equivalentes. Esse conceito de custo de capital é encontrado atravésdo seu "custo de oportunidade". A abordagem do custo de oportunidade, para determinação do custode capital, é uma das quais a empresa deve sempre levar em consideração na avaliação de projetosde investimento.

Uma empresa pode achar, por exemplo, que investir fundos fora da firma pode produzir maior retorno do que em projetos internos. O obstáculo principal ao uso mais difundido do conceito de custode oportunidade é a identificação de investimentos com riscos equivalentes, possibilitando, assim,medir-se o custo de oportunidade.

Outro conceito usado é o custo real incorrido pela empresa quando capta recursos financeiros.Os fundos podem ser obtidos de várias maneiras e cada uma delas possui seu próprio custo. Dessemodo, a captação de fundos via emissão de novas ações terá como custo correspondente osdividendos a serem pagos por essas ações.

Outras formas de captação, tais como emissão de debêntures e empréstimos bancários terãocomo custo o pagamento de juros. Se a empresa captou recursos financeiros de várias fontes, é maisapropriado considerar, como custo de capital, o "custo médio de capital", que é baseado na análiseda sua estrutura de capital.

Exemplo: A Cia. SP Ltda. possui uma estrutura de capital distribuída da seguinte forma:80% de capital próprio e 20% de capital de terceiros.

 A taxa de dividendos é de 10% e os juros devidos sobre o capital de terceiros é de 8%. Ocusto médio do capital é demonstrado a seguir:

Fontes Proporção deParticipação %

Custo do Capital%

Resultado

Capital Próprio 80 10 800Capital de Terceiros 20 8 160

100 960

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O custo médio ponderado do capital é:960

=9,6%100

O custo médio do capital assim calculado pode, no caso dessa empresa, representar a taxade retorno mínima aceitável.

5.6.1 Composição e Custo do Capital A distribuição da estrutura de capital próprio de uma empresa entre ações ordinárias e ações

preferenciais e debêntures forma a composição do mesmo. Portanto, uma firma que possua, em suacomposição de capital próprio, um índice de participação de ações preferenciais e debêntures maior do que de ações ordinárias pode alterar o seu custo médio do capital mudando essa composição.

Exemplo: A firma mencionada no exemplo anterior altera sua estrutura de capital,aumentando a proporção do capital de terceiros sobre o capital próprio de 20 para 40%.Dessa forma, seu custo médio de capital reduziu-se para 9,2%:

Fontes Proporção deParticipação %

Custo do Capital%

Resultado

Capital Próprio 60 10 600Capital de Terceiros 40 8 320

100 920

O custo médio ponderado do capital é:920

=9,2%100

O planejamento financeiro requer que a empresa faça sérias considerações sobre sua

estrutura de capital e sua composição de capital próprio. O planejamento de uma estrutura de capitaladequada envolve muitos problemas complexos.Em algumas circunstâncias, pode ser vantajoso aumentar a participação de capital de

terceiros, já que os juros são dedutíveis para efeitos de taxação e representam alto risco aosinteresses dos demais investidores.

5.7 AVALIAÇÃO DE INVESTIMENTOS E INFLAÇÃOComo um fluxo de caixa, associado com um projeto particular, pode estender-se por um

período de tempo considerável, é evidente que o nível de inflação durante esse período de tempoafetará significativamente a rentabilidade do projeto.

Na estimativa de eventos futuros, deve-se levar em conta a inflação. É necessário que sejaestabelecida a distinção entre os conceitos de nível geral de preços e variação específica de preços.

Existe a necessidade de ajustar as estimativas de fluxo de caixa ás variações específicas depreços que podem afetar o empreendimento e comprometer a sua capacidade operacional.Dessa forma, o custo inflacionado dos itens específicos é que deve ser levado em conta, na

avaliação dos investimentos. Os custos dos itens específicos terão diferentes taxas de mudanças,assim como o preço dos produtos que agregam esses itens de custo.

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Com efeito, a existência de um descompasso entre os aumentos dos itens de custos e osaumentos de preços pode reduzir consideravelmente a rentabilidade de um projeto, em condiçõesinflacionárias.

 À medida que aumenta a taxa de inflação, este problema se torna mais grave. Por essa razão,os contratos com preços fixos, que cobrem longo período de tempo, devem possuir cláusulas dereescalonamento de custos para minimizar os efeitos da inflação.

O método mais apropriado para incorporar os efeitos inflacionários no cálculo do Fluxo deCaixa Descontado é ajustar as estimativas do fluxo de caixa às variações específicas de preços. Estefluxo de caixa ajustado é, então, descontado pelo custo monetário do capital.

Exemplo: A Cia. SP Ltda. teve um fluxo de caixa líquido anual de $ 1.000 por um período decinco anos; a taxa de desconto usada foi de 10%. Pode-se assumir agora que o fluxo de caixalíquido anual foi derivado como segue:

Em $Entrada de Caixa

Vendas 5.000Saídas de Caixa

Matérias-primas 3.000Mão-de-obra 1.000 4.000

Fluxo de Caixa Líquido Anual 1.000

PLANEJAMENTO FINANCEIRO A CURTO A PRAZO

Freqüentemente, a expressão capital de giro líquido é associada à tomada de decisõesfinanceiras a curto prazo. O capital de giro líquido é a diferença entre ativo circulante e passivocirculante. Usualmente, a administração financeira a curto prazo é denominada administração docapital de giro líquido. As duas expressões têm o mesmo significado.

Não há definição universalmente aceita de finanças a curto prazo. A diferença maisimportante entre finanças a curto prazo e finanças a longo prazo é a distribuição de fluxo de caixa notempo. As decisões financeiras a curto prazo tipicamente envolvem entradas e saídas de caixa queocorrem no prazo de um ano, ou menos. Por exemplo, decisões financeiras a curto prazo envolvemencomendas de matéria-prima, pagamentos a vista ou descontos na venda de produtos acabados.Por outro lado, a compra de determinada máquina para reduzir os custos operacionais, digamos,pelos próximos cinco anos, é uma decisão financeira a longo prazo.

Que tipos de questões situam-se na categoria geral de administração financeira a curto prazo?Para citar alguns poucos casos:

1. Qual é o nível razoável de caixa de ser mantido (num banco) para pagar contas?

2. Quanto a empresa deve tomar emprestado a curto prazo?

3. Quanto crédito deve ser concedido aos clientes?

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Este capítulo apresenta os elementos básicos das decisões financeiras a curto prazo.Em primeiro lugar, discutimos as atividades operacionais da empresa a curto prazo. A seguir,identificamos algumas políticas financeiras alternativas a curto prazo. Finalmente, delineamos oselementos básicos de um plano financeiro a curto prazo e descrevemos instrumentos definanciamento a curto prazo.

EVOLUÇÃO DO CAIXA E DO CAPITAL DE GIRO LÍQUIDO

Nesta seção, examinamos os componentes do saldo de caixa e do capital de giro líquido esuas variações de um ano para outro. Nossa meta é descrever as atividades operacionais daempresa e seu impacto sobre o saldo de caixa e o capital de giro. Para começar, lembre-se de queos ativos circulantes são compostos por caixa e outros ativos que, espera-se sejam convertidos emcaixa no prazo de um ano. Os ativos circulantes são apresentados no balanço em ordem decrescentede liquidez contábil – a facilidade com a qual podem ser convertidos em caixa e o prazo necessáriopara que isso ocorra. Quatro itens mais importantes encontrados no ativo circulante de um balançosão caixa e contas correntes, aplicações financeiras, contas a receber e estoques.

Tal como ocorre com seu investimentos em ativos circulantes as empresas usam diversas

formas de dívidas a curto prazo, chamadas de passivos circulantes. Passivos circulantes sãoobrigações que, conforme se prevê, exigirão o pagamento dentro do prazo de um ano. Os trêsprincipais itens encontrados em passivos circulantes são contas a pagar, despesas a pagar, incluindosalários e impostos e notas promissórias a pagar a instituições financeiras.

Como desejamo-nos concentrar nas variações do saldo de caixa, começamos por definir caixa em termos dos outros elementos do balanço. Isso nos permite isolar a conta Caixa e explorar oimpacto das operações e decisões financeiras da empresa sobre o caixa. A identidade básica dobalanço pode ser escrita da seguinte maneira:

Capital de giro líquido + Ativos permanentes = Exigível a longo prazo + Patrimônio líquido

O capital de giro líquido é dado por caixa mais outros ativos circulantes, menos passivos

circulantes:Capital de giro líquido = (Caixa + Outros ativos circulantes) – Passivo Circulante

Se substituirmos o capital de giro líquido por estas expressão na identidade do balanço, ea reorganizarmos um pouco, teremos a seguinte expressão para o saldo de caixa:

Caixa = Exigível a longo prazo + Patrimônio Líquido – Ativos circulantes (exceto caixa) – Ativos permanentes

Isso nos diz em termos gerais, que algumas atividades naturalmente aumentam o saldo decaixa e outras o diminuem. Podemos enumera-las juntamente com um exemplo de cada uma:

Atividades que aumentam o saldo de caixa

Aumento do exigível a longo prazo (obtenção de um empréstimo a longo prazo)

 Aumento do patrimônio líquido (lançamento de novas ações)

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 Aumento de passivos circulantes (obtenção de um empréstimos por 90 dias)

Redução dos ativos circulantes, exceto caixa (venda de mercadoria a vista)

Redução de ativos permanentes (vendas de algum bem)

Atividades que reduzem o saldo de caixaRedução do exigível a longo prazo (liquidação de empréstimo a longo prazo)

Redução do patrimônio líquido (recompra de algumas ações)

Redução do passivo circulante (liquidação de um empréstimo por 90 dias)

 Aumento dos ativos circulantes, exceto caixa (compra de matéria-prima a vista)

 Aumento dos ativos permanentes (compra de alguns bens)

Note que as duas listas são exatamente opostas uma à outra. Por exemplo, o lançamento deobrigações a longo prazo aumenta o saldo de caixa (pelo menos até que o dinheiro seja gasto), oresgate de obrigações a longo prazo reduz o saldo de caixa.

 As atividades que aumentam o saldo de caixa são denominadas fontes de caixa. Aquelasatividades que reduzem o saldo de caixa são denominadas aplicações de caixa. Examinandonovamente nossa lista, verificamos que as fontes de caixa sempre envolvem o aumento de umaconta de passivo (ou de patrimônio líquido) ou a redução de uma conta de ativo. Isso faz sentido,porque o aumento do passivo significa que foi levantando dinheiro por meio de empréstimos ou vendade direitos de participação acionária na empresa. Uma redução de um ativo significa que vendemosou liquidamos alguma propriedade da empresa. Em ambos os casos, há uma entrada de caixa.

 As aplicações de caixa são exatamente o posto. Uma aplicação de caixa acarreta a redução

de um passivo por seu pagamento, talvez, ou o aumento de um ativo pela compra de algo. Ambas asatividades exigem que a empresa gaste algum dinheiro.

Exemplo – Fontes de aplicação

Fazemos agora uma breve verificação de seu entendimento a respeito de fontes e aplicações;se as contas a pagar aumentarem $ 100, isso será uma fonte de aplicação? Se as contas a receber aumentarem $ 100, isso será uma fonte de aplicação?

 As contas a pagar representam nossas dívidas com fornecedores. Isso é uma dívida a curtoprazo.Se elas aumentarem $ 100, estaremos efetivamente tomando dinheiro emprestado e, portanto,isso é uma fonte de caixa. As contas a receber representam as dívidas de nossos clientes conosco;

logo um aumento de $ 100 nessas contas a receber significa que estamos emprestando dinheiro; issoé um uso de caixa.

CICLO OPERACIONAL E CICLO DE CAIXA

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  A principal preocupação, nas finanças a curto prazo, está associada às atividadesoperacionais e financeiras da empresa a curto prazo. Numa empresa industrial típica, essasatividades poderiam envolver esta seqüência de eventos e decisões:

Eventos Decisões1. Compra de matéria-prima 1. Quanto deve ser encomendado para

estoque?2. Pagamento a vista 2. Tomar emprestado ou usar o saldo de

caixa?3. Fabricação do produto 3. Que alternativa de tecnologia de

produção se deve utilizar?4. Venda do produto 4. Dever sr concedido crédito a certo

cliente?5. Cobrança 5. Como cobrar?

Essas atividades geram séries de entradas e saídas de caixa. Tais fluxos de caixa não sãosincronizados, são incertos. Não são sincronizados porque, por exemplo, o pagamento de compras

de matérias primas não ocorre ao mesmo tempo em que ocorre o recebimento pela venda doproduto. São incertos porque as vendas e os custos futuros não podem ser previstos com exatidão.

DEFINIÇÃO DOS CICLOS OPERACIONAIS E DE CAIXA

Podemos começar com um caso simples. Certo dia, que chamaremos de dia 0, vocêadquire mercadorias a prazo no valor de $ 1.000. A conta é paga 30 dias a mais tarde, e, após mais30 dias, alguém compra essas mercadorias por $ 1.400. Seu comprador só paga depois de passadosmais 45 dias. Podemos resumir esses eventos cronologicamente da seguinte maneira:

Dia Atividade Efeito sobre o caixa0 Compra de mercadoria Nenhum30 Pagamento da compra -$ 1.00060 Venda da mercadoria a prazo Nenhum105 Recebimento da venda + $ 1.400

Ciclo operacional

Existem diversas coisas que devem ser observadas em nosso exemplo. Em primeiro lugar, ociclo completo, desde o momento da compra da mercadoria até o momento do recebimento de caixa,leva 105 dias. Esse período é denominado ciclo operacional.

Conforme ilustramos, o ciclo operacional é o período que vai desde a compra da mercadoria,até sua venda e o recebimento dessa venda. Esse ciclo tem dois componentes distintos. A primeiraparte é o tempo que se leva para comprar e vender a mercadoria. Tal período, 60 dias em nossoexemplo, é denominado período de estoque. A segunda parte é o tempo necessário para receber avenda, 45 dias em nosso exemplo. Esse período é denominado período de contas a receber .

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Com base em nossas definições, o ciclo operacional obviamente é a soma dos períodos deestoque e conta a receber:

Ciclo operacional = Período de estoque + Período de conta a receber 105 dias = 60 dias + 45 dias.O ciclo operacional descreve como o produto se move entre as contas de ativo circulante.

Sua vida começa como estoque, é convertida em contas a receber ao ser vendida e finalmente emcaixa quando as vendas são pagas. Observe que, a cada etapa, o ativo está-se movendo para maisperto do caixa.

Ciclo operacionalPeríodo entre a compra de mercadoria e o recebimento das vendas.

Período de estoquePeríodo entre a compra e a venda da mercadoria.

Período de contas a receber Período entre a venda da mercadoria e o recebimento da venda.

Ciclo de caixa

  A segunda coisa a ser observada é que os fluxos de caixa e outros eventos não sãosincronizados. Por exemplo, não pagamos pelos estoques senão 30 dias após adquiri-los. Esse prazode 30 dias é denominado período de contas a pagar . A seguir, gastamos dinheiro no dia 30 e nãorecebemos até o dia 105. De algum modo, precisamos financiar $ 1.000 por 105 – 30 dias = 75 dias.Esse período é o ciclo de caixa.

O ciclo de caixa, portanto, é o número de dias transcorridos até recebemos o valor de umavenda, medido desde o momento em que pagamos pelo estoque adquirido. Note que, com base emnossas definições, o ciclo de caixa é a diferença entre o ciclo operacional e o período de contas apagar:

Ciclo de caixa = Ciclo operacional – Período de conta a pagar 

75 dias = 105 dias – 30 dias

 A figura 1 representa as atividades operacionais a curto prazo e os fluxos de caixa de umaempresa industrial típica mostrando uma linha de tempo do fluxo de caixa. Como é apresentado, alinha de tempo de fluxo de caixa é composta pelo ciclo operacional e pelo ciclo de caixa. Na figura 1,a necessidade de administração financeira a curto prazo é indicada pela defasagem entre asentradas e saída de caixa. Essa defasagem está relacionada à extensão do ciclo operacional e doperíodo de contas a pagar.

 A defasagem entre as entradas e saídas de caixa a curto prazo podem ser cobertas por empréstimos ou pela manutenção de uma reserva de liquidez sob a forma de caixa ou títulonegociáveis a curto prazo. Alternativamente, pode ser reduzida mudando-se os períodos de estoque,

contas a receber e contas a pagar.

Período de contas a pagar 

Período entre o recebimento do estoque e o seu pagamento.

Ciclo de caixa

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Período entre o desembolso de caixa e o recebimento de caixa.

Linha de tempo do fluxo de caixa

Representação gráfica dos ciclos operacional e de caixa

 Antes de examinarmos os ciclos operacional e de caixa mais detalhadamente, é útil considerar quem são as pessoas envolvidas na gestão dos ativos e passivos circulantes de uma empresa.Conforme ilustrado na tabela 1, a administração financeira a curto prazo numa grande empresaenvolve uma variedade de administradores financeiros e não financeiros. Examinando a tabela 16.1,verifica-se que a venda a prazo envolve pelo menos três pessoas diferentes: o gerente de crédito, ogerente de marketing e o controller. Dessas três pessoas, somente duas são subordinadas ao vice-presidente de finanças (geralmente, a gerência de markenting é subordinada à diretoria comercial).Portanto, existe um potencial de conflito, particularmente se os diversos administradoresconcentrarem-se apenas em parte do problema. Por exemplo, se a área de marketing estiver tentando conquistar um novo cliente, poderá oferecer condições de crédito mais liberais comoincentivos. Entretanto, isso poderá aumentar o investimento em contas a receber pela empresa ousua exposição a risco de perda, o que gerará os conflitos.

CÁLCULO DOS CICLOS OPERACIONAL E DE CAIXA

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Compra deMatéria -prima

Venda deMatéria-prima

Período de estoque Período de conta a receber  

Período deContas a pagar 

Ciclo de caixa

Pagamento de compraDe Matéria-prima

Recebimento pela vendade produtos acabados

Ciclo operacional

FIGURA 1Linha de tempo dofluxo de caixa eatividadesoperacionais a curtoprazo de uma empresaindustrial típica.

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Em nosso exemplo, os prazos que formavam os diversos períodos eram evidentes. Setudo que possuirmos for informação proveniente de demonstrações financeiras, teremos um poucomais de trabalho a fazer. Esses cálculos são ilustrados a seguir.

Para começar, precisamos determinar diversas coisas, tais como o prazo médio paravenda de produtos estocados e o prazo médio de cobrança de uma venda. Inicialmente, coletamosalguns dados de balanço, como os seguintes (em milhares):

Item Valor Inicial Valor Final MédiaEstoque $ 2.000 $ 3.000 $ 2.500Contas a Receber 1.600 2.000 1.800Contas a pagar 750 1.000 875

Tabela 1 – Administradores que lidam com problemas financeiros a curto prazo

Titulo doAdministrador 

Atribuições relacionadas àadministração financeira a curto prazo

Ativos/passivos afetados

Tesoureiro Cobrança, concentração de contas,desembolso; aplicações a curto prazo;

empréstimos a curto prazo; relaçõesbancárias

Caixa, aplicações financeiras acurto prazo, empréstimos a

curto prazo

Gerente de crédito Monitoramento e controle de contas areceber; decisões de política de crédito

Contas a receber 

Gerente demarketing

Decisões de política de crédito Contas a receber  

Gerente de compras Decisões sobre compras, fornecedores;pode negociar condições de pagamento

Estoque, conta a pagar 

Gerente deprodução

Fixação de programas de produção enecessidades de matéria-prima

Estoques, contas a pagar 

Gerente de contas apagar 

Decisões quanto à política de pagamentoe aproveitamento de desconto

Contas a pagar 

Controller Informações contábeis sobre fluxos decaixa; reconciliação de conta a pagar;aplicação de pagamento a contas areceber 

Contas a receber, contas apagar 

Fonte: HILL, Ned C., SARTORIS, William L. Short-Term financial management 2. Ed. New York: Macmillan, l992. p. 15.

 Além disso, a partir da demonstração de resultado do exercício, temos as seguintes cifras(milhares):

Vendas $ 11.500Custo da mercadoria vendida 8.200

 Agora, precisamos calcular alguns índices financeiros. Esses índices foram discutidosdetalhadamente no Capítulo 3; neste momento, apenas os enunciaremos e utilizaremos quandoapropriado.

Ciclo operacional

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Em primeiro lugar, precisamos do período de estoque. Gastamos $ 8,2 milhões emitens estocados (o custo da mercadoria vendida). Nosso estoque médio foi $ 2,500 milhões. Portanto,giramos nosso estoque $ 8,2/2,5 vezes durante o ano.

2. Note que, no calculo do giro de estoques, usamos o estoque médio, em lugar doestoque final, como fizemos no Capítulo 3. Ambos os enfoques são adotados na prática. Paraadquirir alguma prática com a utilização de valores médios, continuaremos usando este

enfoque no cálculo de índices em todo este capítulo.

Giro de = Custo de Mercadoria VendidaEstoques Estoque média

= $ 8,2 milhões = 3,28 vezes

2,5 milhõesGrosso modo, este resultado nos diz que compramos e vendemos nosso estoque 3,28

vezes durante o ano. Isso significa que, em média, mantivemos nosso estoque por:

Período de estoque = 365 dias . 

Giro de estoques

= 365 = 111,3 dias

3,28Portando, o período de estoque é cerca de 111 dias. Em média, o estoque ficou parado

durante 111 dias antes de ser vendido.

Do mesmo modo, as contas a receber tiveram um saldo médio de $ 1,8 milhão, e asvendas totalizaram $ 11,5 milhões. Supondo que todas as vendas tenham sido feitas a prazo, o girode contas a receber Ter sido: 

Se menos de 100% das vendas fossem a prazo, então necessitaríamos de maisinformações; mas especificamente, precisaríamos saber qual foi o valor das vendas a prazodurante o ano.

Giro de contas = Vendas a prazo  a receber Saldo médio de

contas a receber 

= $ 11,5 milhões = 6,4 vezes$ 1,8 milhões

Se girarmos nossas contas a receber 6,4 vezes, então o período de contas a receber será:

Período de = 365 .contas a receber Giro de contas a receber 

= 365 = dias6,4

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O período de contas a receber também é denominado dias em contas a receber ouprazo médio de recebimento. Independentemente de como seja denominado, ele nos diz que nossosclientes levam 57 dias, em média, para pagar suas contas.

Ciclo operacional = Período de estoque +Período de contas a receber 

= 111 dias + 57 dias

= 168 diasIsso nos diz que, em média, passa-se 168 dias desde o momento em que adquirimosestoques, até vendermos e recebermos o valor da venda.

Ciclo de caixa

 Agora precisamos determinar o período de contas a pagar. Com base nas informaçõesfornecidas, sabemos que o valor médio de contas a pagar foi de $ 875.000, e que o custo dosprodutos vendidos alcançou $ 8,2 milhões. Portanto, nosso giro de contas a pagar é:

  Custo da mercadoriaGiro de contas = vendida .

a pagar Saldo médio decontas a pagar 

= $ 8,2 milhões = 9,4 vezes$ 0,875 milhão

O período de contas a pagar é:Período de = 365 _ .

contas a pagar Giro de conta a pagar 

365 = 39 dias9,4

Portanto, levamos em média 39 dias para pagar nossas contas.Finalmente, o ciclo de caixa é a diferença entre o ciclo operacional e o período médio de

contas a pagar:

Ciclo de caixa = Ciclo operacional –Período médio de contas a pagar 

= 168 dias – 39 dias.= 129 dias

Portanto, em média, existe um atraso de 129 dias desde o momento em que pagamospela compra de mercadoria e o momento em que recebemos o valor da venda.

EXEMPLO 16.2 Ciclos operacional e de caixaVocê reuniu as seguintes informações sobre Slowpay Company;

Item Valor Inicial Valor FinalEstoque $ 5.000 $ 7.000Contas a Receber 1.600 2.400Contas a pagar 2.700 4.800

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 As vendas a prazo durante o ano que acaba de se encerrar foram de $ 50.000, e o custodos produtos vendidos alcançou $30.000. Quanto tempo é necessário para que a Slowpay recebasuas vendas? Por quanto tempo as mercadorias permanecem em estoque até serem vendidas?Quanto tempo a empresa leva para pagar suas contas?.

ORÇAMENTO DE CAIXAO Orçamento de caixa é uma ferramenta básica do planejamento financeiro a curto

prazo. Permite ao administrador financeiro a identificação de necessidades e oportunidadesfinanceiras a curto prazo. Mais importante, porém, é o fato de que o orçamento de caixa ajuda oadministrador a analisar as necessidades de financiamento a curto prazo. A idéia do orçamento decaixa é simples: ele registra as estimativas de entradas e saída de caixa. O resultado é umaestimativa de superávits ou déficits de caixa.

Orçamento de caixaUma projeção das entradas e saídas de caixa para o período de planejamento

seguinte.

VENDAS E ENTRADAS DE CAIXA

Começamos com um exemplo referente à Fun Toys Corporation. Elaboraremos umorçamento trimestral de caixa. Poderíamos também elabora-lo em bases diárias, semanais oumensais. Escolhemos o trimestre por uma questão de conveniência e também porque representa umperíodo usual de planejamento empresarial a curto prazo.

Todas as entradas de caixa de Fun Toys resultam da venda de brinquedos. A elaboraçãode orçamentos de caixa da empresa, portanto, deve começar com uma previsão de vendas para opróximo ano, em base trimestrais:

Observe-se que estas são vendas projetadas, e, portanto, há um risco de previsão, já que

as vendas efetivas podem ser superiores ou inferiores a esses níveis. Além, disso, a Fun Toyscomeçou o ano com um saldo de contas a receber igual a $ 120.

O período médio de recebimento ou cobrança de contas a receber da Fun Toys é igual a45 dias. Isso significa que metade das vendas de determinado trimestre é recebida no trimestreseguinte. Tal fato ocorre porque as vendas realizadas durante os primeiro 45 dias do trimestre sãocobradas no próprio trimestre. As vendas realizadas nos últimos 45 dias são cobradas no trimestreseguinte. Note-se que estamos supondo que cada trimestre tem 90 dias e que, portanto, o período decobrança de 45 dias é igual a metade do período trimestral.

Com base nas previsões de vendas, podemos agora estimar os recebimentos projetadosda Fun Toys. Em primeiro lugar, quaisquer contas a receber existente no início de um trimestre serão

recebidas dentro de 45 dias, de modo que todas serão recebidas em algum momento do trimestre.Em segundo lugar, tal como foi discutido, quaisquer vendas feitas na primeira metade do trimestretambém serão recebidas no próprio trimestre o que faz com que os recebimentos totais sejam:

Recebimentos = Saldo inicial de contas a receber + 1/2 Vendas

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Por exemplo, no primeiro trimestre, os recebimentos seriam iguais ao saldo inicial decontas a receber, de $ 120, mais metade das vendas, ou 1/2 x $ 200 = $ 100, perfazendo um total de$ 220.

Como o saldo inicial de contas a receber é recebido integralmente, junto com metade dasvendas, o saldo final de contas a receber e um trimestre deve ser a outra metade das vendas. Asvendas projetadas do primeiro trimestre são iguais a $ 200. Assim, o saldo final de contas a receber 

deve ser igual a $ 100. Este será o saldo inicial de contas a receber no segundo trimestre. Osrecebimentos no segundo trimestre, portanto, serão de $ 100 mais metade das vendas projetadas de$ 300, ou seja, $ 250 no total.

Continuando esse processo, podemos resumir os recebimentos projetados da Fun Toysconforme é apresentado na tabela 16.3.

Na tabela 16.3, os recebimentos de vendas são apresentados como única fonte de caixa.Evidentemente, nem sempre é assim. Outras fontes de caixa poderiam incluir vendas de ativo,rendimentos de aplicações financeiras e entradas provenientes de financiamento a longo prazo.

Tabela 16.3 – Recebimentos da Fun Toys (em milhões)

T1 T2 T3 T4Saldo inicial de contas a receber $120 $ 100 $ 150 $ 125Vendas 200 300 250 400Recebimentos 220 250 275 325Saldo final de contas a receber 100 150 125 200

SAIDAS DE CAIXA

Consideramos a seguir a saída de caixa, ou pagamentos. Existem quatro categorias básicas:1. Pagamentos a fornecedores. Correspondem a pagamentos por bens e serviços

adquiridos de fornecedores, como matérias-primas. Em geral,, tais pagamentos são feitos

algum tempo após a compra.2.3. Salários, impostos e outras despesas. Esta categoria inclui todos os outros custos

regulares de operação que exigem desembolso. A depreciação, por exemplo, é normalmenteconsiderada como custo regular de operação, mas não exige desembolso, e por isso não éincluída.

4. Gastos de capital. Pagamentos pela aquisição de ativos permanentes.5. Despesas de financiamento a longo prazo. Esta categoria inclui, por exemplo,

pagamentos de juros de dívidas a longo prazo e dividendos ao acionistas.

  As compras da Fun Toys junto a seus fornecedores (em dólares), em um trimestre,correspondem a 60% das vendas previstas para o trimestre seguinte. Os pagamentos são iguais às compras

no trimestre anterior, de modo que o prazo médio de pagamento é de 90 dias. Por exemplo, no trimestrerecém-encerrado, a Fun Toys encomendou 0,60 x # 200 = $ 120 de seu fornecedores. Esse valor seráefetivamente pago no primeiro trimestre (T1) do ano seguinte.

Salários, impostos e outras despesas alcançam normalmente 20% das vendas; os juros edividendos são atualmente iguais a $ 20 por trimestre. Além disso, a Fun Toys planeja importante ampliação

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de suas instalações (um gasto de capital) de $ 100 no segundo trimestre. Se juntarmos todos essesdados, concluiremos que as saídas de caixa correspondem ao que é apresentado na tabela 16.4.

Tabela 16.4 - Saída de caixa da Fun Toys (em milhões)

T1 T2 T3 T4

Pagamento a fornecedores (60%) $120 $ 180 $ 150 $ 240Salário, impostos e outras despesas 40 60 50 80Gastos de Capital   0  100   0 0Despesas de financiamento a longo prazo(juros e dividendos)

20 20 20 20

Total das saída $ 180 $ 360 $ 220 $ 340

SALDO DE CAIXA

 As entradas líquidas de caixa correspondem à diferença entre recebimentos e saída decaixa. As entradas líquidas de caixa da Fun Toys são apresentadas na Tabela 16.5. De imediato,pode-se observar que há um superávit no primeiro e no terceiro trimestre e que há um déficit nosegundo e no quarto trimestre.

Faremos a suposição de que a Fun Toys começa o ano com um saldo de caixa de $ 20. Além do mais, a empresa mantém um saldo mínimo de caixa de $ 10 para se precaver contracontingências inesperadas e erros de previsão. Portanto, começamos o primeiro trimestre com $ 20em caixa. Esse saldo aumenta $ 40 durante o trimestre, de modo que o saldo final é igual a $ 60.Desse valor, $ 10 estão reservados como saldo mínimo; portanto, subtraímos esse valor edescobrimos que o superávit do primeiro trimestre é 60 – 10 = $ 50.

 A empresa começa o segundo trimestre com $ 60 em caixa (o saldo final do trimestreanterior). Há uma entrada líquida de - $ 110; portanto, o saldo final é $ 60 – 110 = - $ 50. Precisamosde mais $ 10 com saldo mínimo, e assim o déficit total é - $60. Esses cálculos, bem como oscorrespondentes aos dois últimos trimestres, são resumidos na tabela 16.6.

 A partir do segundo trimestre, a empresa tem insuficiência de caixa no valor de $ 60. Issoé causado pelo comportamento sazonal da vendas (maiores no final do segundo trimestre), pelademora nos recebimentos e pelo gasto de capital programado.

 A situação de caixa da Fun Toys prevê uma melhora para um déficit de $ 5 no terceirotrimestre, mas, no final do ano, a empresa ainda deverá ter um déficit de $ 20. Sem alguma fonte definanciamento, esse déficit será carregado para o ano seguinte. Tal questão será explorada napróxima seção.

Por ora, podemos fazer os seguintes comentários gerais sobre as necessidades de caixada Fun Toys:

1. A grande saída de caixa da Fun Toys no segundo trimestre não énecessariamente um sinal de dificuldades. Resulta da defasagem no recebimentodas vendas e um gasto de capital planejado (presumivelmente um gastovantajoso).

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2. Os dados de nosso exemplo foram baseados em projeções. As vendas poderãoser muito piores (ou melhores) do que os dados projetados.

Tabela 16.4 - Saídas de caixas de Fun Toys (em milhões)

T1 T2 T3 T4

Pagamentos a fornecedores (60%) $ 120 $ 180 $ 150 $ 240Salários, impostos e outras despesas 40 60 50 80Gastos de capital 0 100 0 0Despesas de financiamentos a longo prazo(juros e dividendos) 20 20 20 20

Total das saídas $ 180 $ 360 $ 220 $ 340

Tabela 16.5 - Entradas Líquidas de caixa da Fun Toys (em milhões)

T1 T2 T3 T4

Total dos recebimentos $ 220 $ 250 $ 275 $ 325Total de saídas 180 360 220 340Entradas líquidas de caixa $ 40 - $ 110 $ 55 - $ l5

Tabela 16.6 – Saldo de caixa da Fun Toys (em milhões)

T1 T2 T3 T4Saldo inicial de caixa $120 $ 60 $ 50 $ 5Entradas líquidas de caixa 40 - 110 55 - 15Saldo final de caixa $ 60 -$ 50 $ 5 - $ 10Saldo mínimo em de caixa - 10 - 10 - 10 - 10

Superávit (déficit) acumulado $ 50 - $ 60 - $ 5 - $ 20

FINANCIAMENTOS A CURTO PRAZO

Em Fun Toys tem um problema de financiamento a curto prazo. Não é capaz de cobrir ospagamentos previstos para o segundo trimestre apenas com fontes internas. A maneira pela qual elafinanciará essa deficiência dependerá sua política financeira. Adotando uma política flexível, aempresa deveria buscar até $ 60 milhões de recursos de terceiros a longo prazo.

 Além disso, observe-se que boa parte do défit de caixa decorre de um gasto substancialde capital. Pode-se argumentar que a situação recomenda a obtenção de financiamento a longoprazo. Consideraremos duas opções de financiamento a curto prazo: (1) empréstimos sem garantia e

(2) empréstimos com garantia.

Empréstimo sem garantia -   A maneira mais usual de financiar um défit de caixatemporário é contratar um financiamento bancário a curto prazo sem garantias. As empresas querecorrem a empréstimos bancários geralmente obtêm uma linha de crédito. Uma linha de crédito éum acordo mediante o qual uma empresa é autorizada a sacar até um limite estipulado. Para

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assegurar que a linha seja usada para finalidades a curto prazo, às vezes se obriga a empresadevedora a liquidar totalmente a linha, zerando o saldo devedor e mantendo-se neste nível durantealguma parte do ano, tipicamente 60 dias, denominada período de limpeza.

  As linhas de crédito a curto prazo são classificadas como comprometidas ou nãocomprometidas. Neste último caso, temos um esquema informal sem que seja preciso preparar todaa papelada usual (um processo parecido com o que você faz para obter um cartão de crédito). Um

acordo de crédito rotativo é semelhante a uma linha de crédito, mas geralmente permanece emaberto por dois ou mais anos, ao passo que uma linha de crédito tende a ser reavaliada uma vez por ano.

 As linhas de crédito comprometidas são acordos legais mais formais, e geralmenteenvolvem uma comissão de comprometimento que a empresa paga ao banco. As taxas de juros delinhas de crédito geralmente são flutuantes. Uma empresa que paga uma comissão decomprometimento por uma lima comprometida está comprando essencialmente um seguro paragarantir que o banco não pode desistir do acordo (desde que não haja alguma alteração significativada situação da empresa devedora).

Linha de créditoUma empréstimo bancário a curto prazo formalmente negociado (linha

comprometida) ou informal (linha não comprometida).

Empréstimo com garantia – Os bancos e outras instituições financeiras geralmenteexigem garantias num empréstimo a curto prazo, tal como o fazem em empréstimos a longo prazo.

 As garantias em empréstimos a curto prazo normalmente consistem em contas a receber, estoques,ou ambos.

Financiamento garantido por contas a receber.

O financiamento garantido por contas a receber  envolve a transferência dos direitosou factoring das contas a receber. Numa transferência, o financiador recebe como garantia as contasa receber, mas o tomador ainda é responsável pelo não-pagamento das contas pelo cliente. Numfactoring convencional, as contas a receber são descontadas e vendidas ao financiador de recursos

(factor). Uma vez vendidas, a cobrança passa a ser da empresa de factoring, que assume o riscototal de inadimplências por parte de maus clientes. Num factoring por vencimento, a empresa defactoring adianta o dinheiro numa data futura preestabelecida.

Financiamento de contas a receber 

Um empréstimo a curto prazo garantido tanto por transferência ou factoring de contas areceber.

Empréstimos garantidos por estoques

Os empréstimos garantidos por estoques, ou empréstimos a curto prazo para compra

de estoque, possuem três modalidades básicas: vínculo geral, alienação fiduciária, guarda emarmazém geral:1. Vinculo geral. Neste caso, o credor é protegido por todo o estoque do devedor.2. Alienação fiduciária. Uma alienação fiduciária é um mecanismo pelo qual o tomador 

do empréstimo mantém determinado estoque alienado fiduciariamente em nome dofinanciador. O financiamento de revendedoras de automóveis, por exemplo, éconcedido mediante alienação fiduciária. Esse tipo de garantia de financiamento

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também é denominado de plano de chão , em referência ao estoque no chão daloja.Entretanto, a utilização da alienação, por exemplo, no financiamento de estoques detrigo é uma operação bem mais complexa.

3. Guarda em armazém geral. Nesta modalidade, uma companhia de armazéns gerais(uma empresa independente que se especializa na prestação de serviços de

armazenagem) atua como agente de controle para supervisionar o estoque em nomedo credor.Empréstimo garantido por estoqueUm empréstimo garantido a curto prazo, para comprar de estoque.

ADMINISTRAÇÃO DO CAPITAL DE GIRO

Os passivos circulantes da empresa consistem em grande parte de empréstimos a curtoprazo. Discutimos os empréstimos a curto prazo no capítulo anterior, e nos concentramos nestecapítulo principalmente nos ativos circulantes, específico, ou seja, caixa, contas a receber e estoques.

Float e Gestão de Caixa

Inicialmente nossa discussão sobre a administração de capital de giro examinando comoas empresas gerem seu caixa. O objetivo básico, na gestão de caixa, é manter o investimento emcaixa o mais baixo possível, e ao mesmo tempo operar a empresa de forma eficiente e eficaz. Esteobjetivo geralmente pode ser resumido pelo lema “Cobre cedo e pague tarde”. Assim, discutiremosmaneiras de acelerar os recebimento e gerir os pagamentos.

 Além disso, as empresas precisam investir temporariamente o saldo de caixa ocioso emtítulos negociáveis a curto prazo. Conforme discutimos em diversas seções, esses títulos podem ser comprados e vendidos nos mercados financeiros. Em geral, seu risco de inadimplência é muito baixo,e muitos são extremamente líquidos. Há diversos tipos de instrumentos de mercado monetário, ealguns dos mais importantes serão discutidos daqui a pouco.

MOTIVOS PARA A MANUTENÇÃO DE SALDOS DE CAIXAJohn Maynard Keynes, em seu célebre trabalho A teoria geral do emprego, dos juros e da

moeda, identificou três motivos pelos quais a liquidez é importante: especulação, precaução etransação. É o que passamos a analisar.

Motivos Especulação e Precaução

O motivo especulação refere-se à necessidade de possuir caixa para ser capaz deaproveitar, por exemplo, oportunidades vantajosas de compra de mercadorias, taxas de jurosatraentes e (no caso de empresas internacionais) flutuações favoráveis de taxas de câmbio.

Para a maioria das empresas, a reserva de capacidade de endividamento e os saldos detítulos negociáveis podem ser usados para atender a motivos especulativos. Assim, numa empresamoderna, poderia haver um motivo especulativo para a manutenção de liquidez, mas nãonecessariamente sob a forma de caixa. Pense desta maneira: se tiver um cartão de crédito com umlimite muito amplo, provavelmente poderá obter proveito de oportunidades especiais sem precisar carregar dinheiro.

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Isso também é verdade, mas num sentido mais restrito, no que diz respeito ao motivoprecaução. O motivo precaução é a necessidade de uma reserva de segurança. Mais uma vez, talvezhaja um motivo precaução para explicar a demanda por liquidez. Entretanto, dado que o valor dosinstrumentos de mercado monetário é relativamente seguro e que sua liquidez é muito elevada, nãoexiste necessidade muito grande de manter volumes substanciais de caixa para fins de precaução.

Motivo Transação

Necessita-se de saldos de caixa para atender ao motivo transação, ou seja, caixadisponível para pagar contas. As necessidades relacionadas às transações são oriundas dasatividades normais de pagamento e recebimento da empresa. Os desembolsos incluem pagamentosde salários e honorários, obrigações mercantis, impostos e dividendos.

Os recebimentos são ocasionados pelas vendas de produtos, vendas de ativos e novosfinanciamentos. As entradas de caixa (recebimentos) e as saídas de caixa (pagamentos) não sãoperfeitamente sincronizadas, e é preciso manter certo nível de caixa como reserva. A liquidez perfeitaé a características que faz com que o saldo de caixa seja capaz de satisfazer às necessidades detransação.

Com o desenvolvimento de transferências eletrônicas de fundos e outros mecanismos

velozes de pagamento, é possível que a demanda de caixa para transação deixe de existir. Mesmoque assim seja, haverá entretanto demanda por liquidez e a necessidade de geri-la eficientemente.

Benefícios de Manter Saldo de Caixa

Quando uma empresa mantém um saldo de caixa acima do nível mínimo necessário, elaincorre num custo de oportunidade. O custo de oportunidade do excesso de caixa (mantido em moeda oudepósitos bancários) é a receita de juros que poderia ser ganhar em seu melhor uso, como por exemploaplicações em título negociáveis.

Dado o custo de oportunidade de manter caixa, por que uma empresa deveria manter um saldode caixa em excesso? A resposta é que o saldo de caixa precisa ser mantido de maneira a proporcionar aliquidez exigida para atender às necessidades de transação, ou seja, o pagamento de contas. Se a empresamantém um saldo de caixa muito baixo, pode ficar sem caixa. Se isso acontecer, ela precisará levantar recursos a curto prazo. Isso poderia envolver, por exemplo, a venda de títulos negociáveis ou tomar empréstimos.

 Atividades tais como a venda de títulos negociáveis e a contratação de empréstimos envolvemdiversos custos. Conforme foi discutido, existe um custo de oportunidade em manter caixa. Para determinar o saldo de caixa adequado, a empresa precisa pesar os benefícios de manter caixa contra os custosdecorrentes. Esse assunto é discutido em maiores detalhes nas seções a seguir:

Motivo especulação

A necessidade de manter caixa tirar proveito de oportunidades de investimento, comopor exemplo a obtenção de descontos em compras.

Motivo precaução

A necessidade de manter caixa como margem de segurança ou reserva financeira.

Motivo transação

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A necessidade de manter caixa para realizar as atividades normais de desembolso erecebimento associadas às operações cotidianas das empresa.

APLICAÇÃO DE FUNDOS OCIOSOS

Quando uma empresa tem um superávit de caixa temporário, ela pode investi-lo emtítulos a curto prazo. Como foi mencionado várias vezes, o mercado de ativos financeiros a curtoprazo é denominado mercado monetário. O prazo de vencimento dos ativos financeiros a curto prazonegociados no mercado monetário é de um ano ou menos.

 A maior parte das grandes empresas gerencia seus próprios ativos financeiros a curtoprazo, negociando-os por meio de bancos e corretoras e distribuidoras de valor. Algumas grandesempresas e diversas empresas pequenas aplicam em fundos mútuos de mercado monetário. Estessão fundos que investem em ativos financeiros a curto prazo em troca de uma taxa de administração .Essa taxa é uma remuneração pela especialização profissional e pela diversificação proporcionadapelo administrador do fundo.

Entre os diversos fundos mútuos de mercado monetário, alguns especializam-se ematender empresas. Além disso, os bancos oferecem mecanismos pelos quais recolhem todos osfundos ociosos ao final do mês e os aplicam para a empresa.

Superávits Temporários As empresas têm superávits temporários de caixa por diversas razões. Duas das mais

importantes são o financiamento das atividades sazonais ou cíclicas da empresa e o financiamentode despesas planejadas ou prováveis.

  Atividades Sazonais ou Cíclicas. Algumas empresas têm fluxo de caixa decomportamento previsível. Há fluxos líquidos positivos durante parte do ano e fluxos líquidosnegativos no restante do ano. Por exemplo, a Toys “ß” Us, uma empresa do comércio varejista de

brinquedos, apresenta um fluxo de caixa sazonal influenciado pelas vendas no Natal.Uma empresa como a Toys “ß” Us poderá comprar títulos negociáveis quando tiver superávit de caixa e vende-los quando tiver déficit de caixa. Naturalmente, os empréstimos bancáriosrepresentam outro mecanismo de financiamento a curto prazo. O uso de empréstimos bancários etítulos negociáveis para atender a necessidades financeiras temporárias é ilustrado na figura abaixo.Neste caso a empresa está adotando uma política intermediária de gestão do capital de giro, nostermos do que foi discutido no capítulo anterior.

Gastos Planejados ou Prováveis. As empresas freqüentemente acumulaminvestimentos temporários em títulos negociáveis como fonte de caixa para um programa deconstrução de fábricas, pagamentos de dividendos, ou outros gastos significativos. Dessa maneira,emitem obrigações e ações antes de chegar o momento em que os fundos serão necessários,

aplicam os recursos captados em títulos negociáveis a curto prazo e finalmente os vendem parafinanciar os gastos. Além disso, as empresas podem vir a defrontar-se com a necessidade de fazer um desembolso substancial. Um exemplo óbvio seria a possibilidade de derrota numa ação judicialimportante. As empresas podem acumular superávits para fazer frente a tais contingências.

Características de Títulos a curto Prazo

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Dado que uma empresa possui alguns fundos temporariamente ociosos, há umavariedade de títulos a curto prazo disponíveis para aplicação. As características mais importantesdesses títulos negociáveis a curto prazo são o prazo de vencimento, o risco de inadimplência, anegociabilidade e a tributação.

Prazo de vencimento. Trata-se do período durante o qual há pagamentos de juros e

principal. Veremos posteriormente que, para uma dada alteração do nível das taxas de juros, ospreços de títulos a longo prazo variam mais do que os de títulos a curto prazo. Conseqüentemente,as empresas geralmente limitam seus investimentos em títulos negociáveis àqueles que vencem emmenos de 90 dias, evitando o risco de perda de valor decorrente de alterações de taxas de juros.

Risco de inadimplência. Trata-se da probabilidade de que os juros e o principal nãosejam pagos em valores e datas preestabelecidos (ou sequer sejam pagos). Obviamente, algunstítulos têm risco de inadimplência insignificante, tais como as letras do tesouro dos Estados Unidos.Dado o objetivo do investimento dos fundos ociosos, as empresas tipicamente evitam aplicar emtítulos negociáveis que têm risco de inadimplência significativo.

Negociabilidade. Refere-se à facilidade com a qual se converte um ativo em dinheiro;

portanto, negociabilidade e liquidez querem dizer praticamente a mesma coisa. Alguns instrumentossão muito negociados do que outros. No topo da lista, temos as letras do tesouro dos EstadosUnidos, que podem ser compradas e vendidas a custo muito baixo e muito rapidamente.

Tributação. Os juros auferidos em títulos do mercado monetário que não representamalguma espécie de obrigação governamental (federal ou estadual) são tributados nos níveismunicipal, estadual e federal. Títulos emitidos pelo tesouro dos Estados Unidos, como as letras dotesouro, são isentos de tributação estadual, mas outras obrigações do governo não o são. Os títulosmunicipais são isentos de impostos federais, mas podem ser tributados em nível estadual.

CRÉDITOS E CONTAS E RECEBER

Quando uma empresa vende produtos e serviços, pode exigir pagamento a vista nomesmo dia ou antes da data de entrega, ou pode conceder crédito ao clientes e aceitar certa demorano pagamento.

Por que as empresas concedem crédito? O motivo é óbvio é o de que a concessão decrédito é uma forma de estimular as vendas. Os custos associados à concessão de créditos sãosignificativos. Em primeiro lugar, há a possibilidade de que o cliente não pague. Em segundo lugar, aempresa é obrigada assumir os custos de carregamento de contas a receber. A escolha de umapolítica de créditos precisa considerar a relação entre os benefícios decorrentes do aumento devendas e os custos de concessão de crédito.

Do ponto de vista contábil, quando um crédito é concedido, cria-se uma conta a receber.

Essas contas a receber incluem créditos a outras empresas, chamados créditos mercantis, e créditosa clientes, chamados de crédito ao consumidor, e representam o principal investimento de recursosfinanceiros das empresas americanas. Além do mais, os créditos mercantis são uma fonte muitoimportante de financiamento para as empresas. De qualquer modo, as contas a receber e sua gestãoconstituem aspectos muito importantes da política financeira a curto prazo de uma empresa.

Componentes da Política de CréditoProfessor SOARES

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Se uma empresa decidir conceder créditos a seus clientes, precisará criar procedimentos de concessão de crédito e cobrança. Em particular, a empresa terá que lidar com osseguintes componentes da política de crédito:

1. Condições de venda. As condições de venda estipulam como a empresa propõe-se avender seus produtos e serviços. Se a empresa conceder crédito a um cliente, as

condições de venda especificarão (talvez implicitamente) o prazo de crédito, odesconto por pagamento a vista e o período de desconto, bem como o tipo deinstrumento de crédito.

2. Análise de crédito.  Ao conceder um crédito, uma empresa determina o esforço quefará para distinguir entre clientes que pagarão o que devem e clientes que nãopagarão. As empresas utilizam uma série de instrumentos e procedimentos paradeterminar a probabilidade de que os clientes não paguem; em conjunto, essesinstrumentos formam a análise de crédito.

3. Política de cobrança. Após a concessão de crédito, a empresa enfrenta o problemade cobrar o pagamento em sua data de vencimento, e para isso deve formular uma

política de cobrança.

Nas seções a seguir, discutiremos esses componentes da política de crédito, que emconjunto formam a decisão de concessão de crédito.

Condições de vendaCondições sob as quais a empresa vende seus produtos e serviços em troca de

pagamento à vista ou a prazo.

Análise de créditoO processo pelo qual é determinada a probabilidade de que o cliente não pague.

Política de cobrançaProcedimentos adotados pela empresa para cobrar as conta a receber.

Condições de VendaConforme discutimos anteriormente, as condições de venda são composta por três

elementos distintos.

1. Período pelo qual o crédito é concedido (prazo de crédito).

2. Desconto por pagamento a vista e prazo de desconto.

3. Tipo de instrumento de crédito.

Num dado setor, as condições de venda são basicamente padronizadas, mas podemvariam bastante de um setor para outro. Em muitos casos, as condições de venda sãoextraordinariamente arcaicas e literalmente remontam a séculos passados. Sistemas organizados decrédito mercantil semelhantes às práticas atuais podem ser facilmente identificados nas grandesfeiras da Europa mediante e quase certamente já existiam antes disso.

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Forma básica A maneira mais fácil de entender as condições de venda é por meio de um exemplo. No

caso de balas a granel, poderiam ser apresentadas condições 2/10, 60 líquidos. Isto significa que osclientes têm 60 dias, a contar da data da fatura (a ser discutida adiante) para pagar o valor integral.Entretanto, se o pagamento for feito dentro de 10 dias, terão um desconto a 2%.

Considere que um cliente faça um pedido no valor de $ 1.000, e imagine que ascondições de venda sejam 2/10, 60 líquidos. O comprador tem a opção de pagar $ 1.000 X (1 – 0,02)= $ 980 em 10 dias, ou pagar $ 1.000 em 60 dias. Se as condições fossem simplesmente 30 líquidos,o cliente teria 30 dias para pagar o valor integral de $ 1.000, a partir da data da fatura, e não haveriadesconto por pagamento antecipado.

Em geral, as condições de crédito são interpretadas da seguinte maneira:(tire este desconto do preço faturado) / (se pagar neste número de dias)(caso contrário, pague o valor integral neste numero de dias)Portanto, 5/10, 45 líquidos significa ter um desconto de 5% sobre o preço total se pagar 

dentro de 10 dias, ou então pagar o valor integral em 45 dias.

Prazo de créditoO prazo de crédito é o período básico pelo qual o crédito é concedido. O prazo decredito varia muito setor para setor, mas quase sempre fica entre 30 e 120 dias. Se for oferecido umdesconto por pagamento antecipado, o prazo de crédito terá dois componentes: o período de créditoe o período de desconto.

O período de crédito é o prazo dentro do qual o cliente deve pagar. O período dedesconto, como o nome indica, é o prazo durante o qual o desconto é oferecido. No caso de 2/10, 30líquidos, por exemplo, o período de crédito líquido é de 30 dias e o período de desconto é de 10 dias.

Data da Fatura.  A data da fatura marca o início do prazo de crédito. Uma fatura é umregistro por escrito do envio de mercadorias ao comprador. No caso de uma mercadoria específica,convenciona-se que a data da fatura é data da remessa ou venda, e não a data na qual o comprador receber a mercadoria ou a conta.

Extensão do Prazo de Crédito. Vários fatores influenciam a extensão do prazo decrédito. Um dos fatores mais importantes é o período de estoque e o ciclo operacional do comprador.Se todo o resto permanece constante, quanto mais curtos forem esses períodos, mais curto tenderá aser o prazo de crédito.

De acordo com nossa discussão no Capítulo 16, o ciclo operacional possui doiscomponentes: o período de estoque e o período de contas a receber. O período de estoque é otempo necessário para que o comprador adquira estoque (de nossa empresa), processe-o e venda-o.O período de contas a receber é o tempo necessário para que o comprador pague as vendas.Observe que o período de crédito que oferecemos é efetivamente o período de contas a pagar docomprador.

  Ao concedermos crédito, financiamos uma parcela do ciclo operacional de nosso

comprador, e portanto encurtamos o ciclo de caixa de comprador. Se o nosso período de crédito for maior do que o período de estoque do comprador, não estaremos apenas financiando as compras deestoque do comprador mas também de sua contas a receber.

 Além disso, se nosso período de crédito for maior do que o ciclo operacional de nossocomprador, estaremos efetivamente oferecendo financiamento das operações de nosso cliente, alémda compra e venda imediata de nossas mercadorias. Isso ocorre porque, efetivamente, estamosdando ao comprador um empréstimo que se estende além da revenda da mercadoria, e o comprador 

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pode utilizar esse crédito para outras finalidades. Por esse motivo, o ciclo operacional docomprador é freqüentemente citado como um limite superior apropriado para o prazo de crédito.

Período de créditoO prazo pelo qual o crédito é concedido.

FaturaConta documentando a venda de produtos e serviços, entregue pelo vendedor ao

comprador.

Existem diversos fatores que influenciam o prazo de crédito. Muitos deles tambéminfluenciam os ciclos operacionais dos clientes; portanto, mais uma vez, estes são itens correlatos.Entre os mais importantes, podemos citar:

1. Perecibilidade e valor como garantia real. Os bens perecíveis têm giro relativamente altoe baixo valor como garantia real. Portanto, os prazos de crédito para tais bens são maiscurtos.

2. Demanda pelos consumidores. Os produtos cujos mercados são consolidadosgeralmente apresentam giro mais alto. Produtos novos ou de saída mais lentafreqüentemente são objeto de prazos de créditos mais longos para atrair compradores.

3. Custo, rentabilidade e padronização. Produtos relativamente baratos tendem aapresentar prazos de crédito mais curtos. O mesmo se dá com produtos e matérias-primas relativamente padronizados. Tendem a apresentar margens mais reduzidas egiros mais altos, e ambos os fatores levam a prazos de crédito mais curtos.

4. Risco de crédito. Quanto maior o risco de crédito do comprador, mais curto tende a ser o prazode crédito (supondo que o crédito seja concedido).

5. Valor da conta. Se a conta for pequena, o prazo de crédito poderá ser mais curto, pois é maiscaro gerir contas pequenas, e os clientes são menos importantes.

6. Concorrência. Quando o vendedor opera num mercado de concorrência intensa, prazos maislongos podem ser concedidos para atrair clientes.

7. Tipo de cliente. Um único vendedor pode oferecer prazos de crédito diferentes a clientesdistintos. Um atacadista de produtos alimentícios, por exemplo, poderia fornecer asupermercados, padarias e restaurantes. Cada grupo provavelmente receberia prazos decréditos diferentes. Em termos mais gerais, as empresas normalmente possuem clientesatacadistas e varejistas, e freqüentemente concedem crédito por prazos diferentes a cada tipode cliente.

Desconto por pagamento antecipado 

Como foi visto, o desconto por pagamento antecipado geralmente faz parte das condições. Aprática de conceder desconto para incentivar compras a vista nos Estados Unidos data da Guerra Civil e ébastante comum hoje em dia. Uma razão pela qual os descontos são oferecidos é acelerar o receber. Isso

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trará como efeito a redução dos créditos oferecidos, e a empresa poderá comparar tal benefício ao custodo desconto.

Observe-se que, quando um desconto é oferecido, o crédito é gratuito, em sua essência,durante o prazo de desconto. O comprador paga pelo crédito concedido somente após encerramento doprazo de desconto. No caso 2/10, 30 líquidos, um comprador racional pagaria em 10 dias, para beneficiar-se o máximo possível do crédito gratuito, ou pagaria em 30 dias para prolongar o mais que possível o uso do

dinheiro, se renunciasse ao desconto. Portanto, ao renunciar ao desconto, o comprador efetivamente obtémcrédito por 30 – 10 = 20 dias.

Outros motivos para o oferecimento de desconto é o fato de que representam uma forma decobrar preços mais altos de clientes aos quais se concede crédito. Nesse sentido, os descontos consistemnum modo conveniente de cobrar pelo crédito concedido a clientes.

Em nossos exemplos, poderia parecer que os descontos são pequenos. Por exemplo, no casode condições de 2/10, 30 líquidos, o pagamento antecipado proporciona ao comprador um desconto deapenas 2%. Será que isso é um incentivo significativo para pagamento antecipado? A resposta é sim,porque as taxas de juros implícitas são extremamente altas.

Para verificar por que o desconto é importante, calcularemos o custo para comprador de não

pagar antecipadamente. Para isso, calcularemos a taxa de juros que ele estará pagando efetivamente pelocrédito mercantil. Suponha que a ordem seja de $ 1.000. O comprador pode pagar $ 980 em 10 dias, ouesperar outros 20 dias e pagar $ 1.000. É óbvio que ele está efetivamente tomando $ 980 emprestados por 20 dias e paga $ 20 de juros por isso. Qual é a taxa de juros?

Com $ 20 de juros sobre um empréstimo de $ 980, a taxa é $ 20/$ 980 = 2,0408%. Isso érelativamente baixo, mas lembre-se de que é uma taxa por um período de 20 dias. Há 365/20 = 18,25períodos de 20 dias por ano, e portanto, aos não usar o desconto, o comprador efetivamente estará pagandouma taxa anual efetiva de:

  18,25

TAE = 1,020408 - 1 = 44,6%

Do ponto de vista do comprador, esta é uma fonte de financiamento cara.Dado que a taxa de juros é tão alta neste caso, é impossível que o vendedor beneficie-se

com o pagamento antecipado. Ignorando a possibilidade de inadimplência pelo comprador, a decisãode renunciar ao desconto por um cliente é, quase certamente vantajosa para o vendedor.

Desconto por pagamento antecipadoUm desconto oferecido que induz o pagamento imediato. Também conhecido por 

desconto de vendas.POLÍTICA ÓTIMA DE CRÉDITO

Em princípio, o montante ótimo de crédito é determinado pelo ponto no qual os fluxos decaixa incrementais resultante do aumento de vendas são exatamente iguais aos custos incrementaisde carregamento devidos aos aumentos do investimento em contas a receber.

Curva de custo total de créditoO ponto de equilíbrio entre os custos de concessão e recusa de crédito não é difícil de

ser identificado, mas é difícil quantifica-lo precisamente. Conseqüentemente, só é possível descrever uma política de crédito.

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Para começar, os custos de carregamento associados à concessão de créditoassumem três formas:

1. O retorno exigido do investimento em contas a receber.2. As perdas com a inadimplência de clientes.3. Os custos com a gestão de crédito e cobrança.

Já discutimos as duas primeiras formas. O terceiro custo, de gestão de crédito, é dadopela despesa associada à administração do departamento de crédito. As empresas que nãoconcedem crédito não possuem tal departamento, e essa despesa não existe. Esses três tipos decusto crescem na razão direta da liberalização da política de crédito.

Se uma empresa adotar uma política de crédito restritiva, então os três tipos de custoserão reduzidos. Neste caso, a empresa terá uma “escassez” de crédito, e por isso incorrerá no custode oportunidade. O custo de oportunidade consiste no lucro adicional possível com as vendasperdidas, devido à recusa do crédito. Esse benefício sacrificado é oriundo de duas fontes: o aumentoda quantidade vendida e um preço potencialmente mais elevado. Esses custos diminuem à medidaque a política de crédito torna-se menos rígida.

 A soma dos custos de carregamento com os custos de oportunidade de uma política decrédito gera a curva de custo total de crédito. Traçamos uma curva como essa na figura 17.5.Conforme ilustrado na Figura 17.5, existe um ponto C*, no qual o custo total de crédito é minimizado.Esse ponto corresponde ao volume ótimo de crédito, ou, de maneira equivalente, ao investimentoótimo em contas a receber.

CUSTO$

Volume ótimo

de crédito

Custo total

Custo de Carregamento

Custo de oportunidade

Volume de créditoconcedido ($)

C*

Custo de carregamento são os fluxos de caixa desembolsados em decorrência daconcessão de crédito. Variam diretamente como o volume de crédito concedido.

Custo de oportunidade são as vendas perdidas com a recusa de conceder crédito. Estescustos variam inversamente com o volume de crédito concedido.

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Se a empresa conceder crédito acima deste volume, o fluxo líquido adicional de caixaproporcionado por novos clientes não cobrirá os custos de carregamento do investimento em contasa receber. Se o nível das contas a receber for inferior a esse volume, então a empresa estarásacrificando oportunidades valiosas de lucro.

Em geral, os custos e benefícios da concessão de crédito dependerão das características

das empresas e de seus setores. Ignorando-se outros fatores, é provável, por exemplo, queempresas com (1) capacidade ociosa, (2) baixos custos operacionais variáveis e (3) clientes quecompram mais de uma vez, tenderão a adotar uma política mais liberal de crédito. Veja se consegueexplicar por que cada um desses fatores contribui para uma política mais liberal.

Curva de custo total de crédito.

Representação gráfica da soma dos custos de carregamento com os custos deoportunidade de uma política de crédito.

Organização da função de crédito As empresas que concedem crédito incorrem nas despesas de administração de um

departamento de crédito. Na prática, as empresas freqüentemente optam por terceirizar a totalidadeou uma parte da função de crédito a uma empresa de factoring, uma seguradora ou uma subsidiáriafinanceira. O Capítulo 16 discutiu o factoring, um esquema segundo o qual a empresa vende suascontas a receber. Dependendo do acordo específico, a empresa de factoring pode assumir toda aresponsabilidade pela análise de risco de crédito, pela autorização de crédito e pela atividade decobrança. Empresas de menor porte podem acabar chegando à conclusão de que tal tipo de acordocom é mais barato do que operar seu próprio departamento de crédito.

 As empresas que gerem suas próprias atividades internas de crédito protegem a simmesma contra o risco de inadimplência. Uma alternativa consiste em adquirir seguro de crédito por meio de uma companhia de seguros. A seguradora oferece cobertura até certo limite predeterminadopara as várias contas. Como seria esperado, contas com melhor classificação de risco de crédito

conseguem limites de seguro mais elevados. Esse tipo de seguro é particularmente importante paraos exportadores, e há seguro governamental disponível para determinados tipos de exportação.

 As empresas de maior porte geralmente concedem crédito por meio de uma subsidiáriafinanceira, que nada mais é do que uma empresa pertencente ao mesmo grupo responsável pelafunção de crédito da matriz. A General Motors Acceptance Corporation (GMAC) é um exemplofamoso. A General Motors vende seus produtos a revendedores de veículos, que por sua vez osvedem a clientes. A GMAC financia o estoque de veículos do revendedor e também os clientes queos adquirem.

Subsidiária financeiraUma empresa pertencente na sua totalidade ao mesmo grupo, que é responsável

pela função de crédito da matriz.

ANÁLISE DE CRÉDITO

 Até agora, concentramo-nos na fixação das condições de crédito. Uma vez decidido queserá concedido a seus clientes, a empresa precisa estabelecer regaras para determinar quem poderáe quem não poderá comprar a crédito. A análise de crédito refere-se ao processo de decidir se o

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crédito será ou não concedido a determinado cliente. Geralmente envolve duas etapas: coletar informações relevantes e determinar o risco de crédito.

Informações de CréditoSe uma empresa desejar coletar informações de crédito de seus clientes, poderá

consegui-la em diversas fontes. As fontes de informação geralmente usadas para avaliar o risco de

crédito incluem:1. Demonstrações financeiras Uma empresa pode pedir ao cliente para fornecer demonstrações financeiras tais como balanços e demonstrações de resultados.Padrões mínimos e regras de bolso baseadas em índices contábeis como aquelesdiscutidos no Capítulo 3 podem ser usados com base para a decisão de conceder ounegar crédito.

2. Relatório de crédito sobre o comportamento de pagamento pelo cliente aoutras empresas. Algumas organizações vendem informação a respeito do risco decrédito e do comportamento passado das empresas. A maior e mais conhecida é aDun & Bradstreet, que fornece a seus assinantes um manual de referência de crédito erelatórios sobre empresas individuais. A TRW é outra empresa renomada no ramo de

relatórios de crédito. Classificações de risco e informações podem ser obtidas paragrande número de empresas, incluindo empresas de pequeno porte. Equifax, TransUnion e TRW são os principais fornecedores de informações na área do crédito aoconsumidor.

3. Bancos. Os bancos geralmente proporcionarão alguma assistência a clientesdo tipo pessoa jurídica no que se refere à aquisição de informações sobre o risco decrédito de outras empresas.

4. O histórico de pagamento do cliente à própria empresa. A maneira mais óbviade obter informações sobre a probabilidade de que um cliente não pague suas contasconsiste em examinar se pagou suas obrigações anteriores, e com que velocidade.

Avaliação e Escore de CréditoNão existem fórmulas mágicas para medir a probabilidade de que um cliente não pagará.

Em termos bastante gerais, os clássicos cinco C’s do crédito representam os fatores básicos aserem considerados:

1. Caráter. A disposição do cliente para saldar seus compromissos decrédito.

2. Capacidade. As possibilidades com que conta o cliente para saldar seuscompromissos usando os fluxos de caixa gerados por usas operações.

3. Capital. As reservas financeiras do cliente.

4. Garantias*. Ativos oferecidos pelo cliente como garantia em caso deinadimplência.

*No original, collateral, ou seja, uma garantia real ou financeira à dívida assumida(N.T).

5. Condições. Condições econômicas gerais no setor de atividade do cliente.

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Cinco C’s do créditoOs cinco fatores básicos de crédito a serem avaliados: caráter, capacidade, capital,

garantias e condições.

Escore de crédito  refere-se ao cálculo de um índice numérico para um cliente nasinformações coletadas; o credito é concedido ou recusado com base neste resultado. Por exemplo,

uma empresa poderia classificar um cliente em uma escala de 1 (muito ruim) a 10 (excelente) paracada um dos cincos Cs de crédito usando todas as informações disponíveis sobre o cliente. Umescore de crédito então poderia ser calculado com base no total de pontos. A partir de suaexperiência, a empresa poderia optar por conceder crédito apenas a clientes com escore acima de30, digamos.

  Algumas empresas como, por exemplo, companhias de cartão de crédito, têmdesenvolvido modelos estatísticos sofisticados para escore de crédito. Geralmente, todas ascaracterísticas legalmente relevantes e observáveis de uma grande grupo de clientes são estudadaspara descobrir sua relação histórica com taxas de inadimplência. Com base nos resultados, épossível determinar as variáveis que melhor prevêem se um cliente irá pagar ou não e entãocalcular uma escore de crédito a partir destas variáveis.

Como os modelos e os procedimentos de atribuição de escores de crédito determinamquem merece e quem não merece crédito, não surpreende constatar que tais modelos têm sido alvode regulamentação pelo governo. Em particular, há limites quanto aos tipos de informações sobreantecedentes e dados demonográficos que podem ser utilizados.

Escore de créditoO resultado do processo de quantificação da probabilidade de inadimplência

quanto ao crédito é concedido a um cliente.

POLÍTICA DE COBRANÇA  A política de cobrança é o elemento final da política de crédito. Envolve o

acompanhamento das contas a receber para detectar dificuldades e conseguir o pagamento de

contas vencidas.

Acompanhamento das Contas a Receber Para controlar os pagamentos pelos clientes, muitas empresas acompanham a situação

de suas contas a receber. Em primeiro lugar, uma empresa normalmente acompanhará a evoluçãode seu prazo médio de recebimento (PMR). Se suas atividades forem sazonais, o PMR oscilará aolongo o ano, mas aumentos inesperados do PMR sempre representam uma fonte de preocupação.Ou os clientes estão demorando mais para pagar, ou alguma porcentagem das contas a receber estávendida há bastante tempo.

O quadro de idades é uma segunda ferramenta básica de acompanhamento de contas areceber. Para elaborar um desses quadros, o departamento de crédito classifica as contas por idade*.Suponha que uma empresa tenha $ 100.000 em contas a receber. Algumas dessas contas existem

há apenas alguns dias, mas outras existem há mais tempo. Apresentamos a seguir um exemplo dequadro de idades.*Os quadros de idades também são utilizados em outros setores da empresa. Por 

exemplo, geralmente são elaborados para controle de estoque.

Quaro de idadesUma compilação das contas a receber em função de suas idades.

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Quadro de IdadesIdade da Conta Valor Porcentagem do Valor Total

das Contas a Receber 

0 – 10 dias $ 50.000 5011 – 60 dias 25.000 2561 – 80 dias 20.000 20

Mais de 80 dias 5.000 5.$ 100.000 100

Se o prazo de crédito dessa empresa for de 60 dias, então 25% de suas contas estarãovencidos. Para saber se essa situação é séria ou não, precisaríamos conhecer a natureza dosclientes e das políticas de cobrança pela empresa. Geralmente, contas cuja idade ultrapassa certolimite quase nunca são pagas. O acompanhamento da idade das contas a receber é muito importanteem casos como esses.

 As empresas cujas vendas têm comportamento sazonal constatarão que as porcentagensobservadas no quadro de idade variam ao longo do ano. Por exemplo, se as vendas no mês correnteforem elevadas, o total de contas a receber também aumentará substancialmente. Isso significa queas contas mais antigas, como proporção do valor total de contas a receber, se tornarão menores eparecerão menos importantes. Algumas empresas tem refinado o quadro de idades para que tenhamuma idéia de como são afetados por altos e baixo suas vendas.

Esforços de CobrançaUma empresa geralmente passa por esta seqüência de procedimentos, em relação a

clientes cujas contas estão vencidas:1. Enviar uma carta avisando o cliente de sua conta está vencida.2. Telefone ao cliente.3. Contrata uma agência de cobrança.4. Entra na justiça contra o cliente.

 Às vezes, uma empresa pode recusar-se a conceder crédito adicional a clientes até queas contas vencidas sejam pagas. Isso pode irritar u m clientes que é normalmente bom, e indica aexistência de um possível conflito de interesse entre o departamento de cobrança e o departamentocomercial.

ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUETal como as contas a receber, os estoques representam um investimento significativo

em várias empresas. Numa empresa industrial típica, os estoques podem muito bem superar o nívelde 15% dos ativos. Numa empresa varejista, os estoques podem representar mais de 25% dosativos. Em vista do que foi discutido no Capítulo 16, sabemos que o ciclo operacional de umaempresa é composto por seu período de estoque e por seu período de contas a receber. Este é uma

dos motivos para considerar a política de crédito e a política de estoque no mesmo capítulo. Alémdisso, ambas as políticas são usadas para estimular as vendas, e as duas precisam ser coordenadaspara garantir que o processo de aquisição e venda do estoque e a cobrança das vendas,desenvolvam-se sem problemas. Por exemplo, as mudanças da política de crédito visando estimular as vendas devem ser simultaneamente acompanhadas pelo planejamento de um estoque adequado.

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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRO E POLÍTICA DE ESTOQUE  A despeito da magnitude do investimento em estoques de uma empresa típica, o

administrador financeiro não exerce controle direto sobre a gestão dos estoques. Em vez disso,outras áreas funcionais, tais como compras, produção e marketing geralmente compartilham aautoridade decisória. A gestão de estoque tem-se transformado numa especialidade cada vez maisimportante, e a administração financeira normalmente só contribuiu parcialmente para a tomada de

decisões. Entretanto, como indica o quadro Princípios em Ação que acompanha esta seção, a políticade estoque pode exercer efeitos financeiros dramáticos. Conseqüentemente, examinaremos algunsfundamentos da política de estoque nas seções a seguir.

TIPOS DE ESTOQUENuma empresa industrial, o estoque normalmente é classificado numa de três categorias

possíveis. A primeira é matéria-prima, que representa tudo aquilo que a empresa utiliza como pontode partida em seu processo produtivo. A matéria-prima pode ser básica, como minério de ferro parauma siderúrgica, ou algo tão sofisticado quanto drives de disco para um fabricante de computadores.

O segundo tipo de estoque é de produção em andamento, representado exatamente peloque seu nome indica – produto não acabado. A magnitude desse tipo de estoque depende, em parte,

da duração do processo produtivo. No caso de um fabricante de aeronaves, por exemplo, a produçãoem andamento pode ser substancial. O terceiro e último tipo de estoque é o de produtos acabados,ou seja, produtos prontos para entrega ou venda.

Há três coisas a serem levada em conta em relação aos tipos de estoque. Em primeirolugar, os nomes dos diversos tipos podem ser um pouco enganoso, porque a matéria-prima de umaempresa pode ser o produto acabado de outra. Por exemplo, voltando a nossa usina siderúrgica, ominério de ferro seria uma matéria-prima, e o aço seu produto final. Num setor de estamparia decarrocerias de automóveis, o aço seria a matéria prima e as carrocerias os produtos finais, e umamontadora de automóveis teria as carrocerias como matérias-primas e os automóveis como produtosfinais.

 A segunda coisa a ter em mente é o fato de que os vários tipos de estoque podem diferir muito em termos de liquidez. As matérias-primas são bens homogêneos ou relativamente

padronizados, que podem ser facilmente convertidos em dinheiro. A produção em andamento, por outro lado, pode ser de liquidez muito reduzida, de valor pouco superior ao que seria conseguido sefosse vencida como sucata. Com sempre, a liquidez do produtos acabados depende da natureza doproduto.

Finalmente, uma distinção muito importante, entre produtos acabados e outros tipos deestoque que é o fato de que a demanda por um item de estoque que se torna parte de outro item égeralmente denominada demanda derivada ou dependente, porque a necessidade que uma empresatem desses tipos de estoque depende de sua necessidade de produtos acabados. Em contraste, ademanda de produtos acabados da empresa não depende da demanda de outros itens de estoque, epor isso às vezes e dita independente.

CUSTOS DE ESTOQUE

Conforme discutimos no Capítulo 16, existem dois tipos básicos de custos associados aosativos circulantes em geral e a estoques em particular. O primeiro deles é o custo de carregamento.Neste caso, o custo de carregamento representa todas as despesas diretas e os custos deoportunidade de manter estoque. Isso inclui:

1. Custo de armazenamento e controle.2. Seguros e impostos.

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3. Perdas devidas a obsolescência, deterioração ou furto.4. Custo de oportunidade do capital aplicado em estoques.

 A soma desses custos pode ser substancial, variando aproximadamente entre 20 e 40%do valor do estoque de cada ano.

Os outros tipos de custos associados aos estoques são custos de falta. Estes são custos

decorrentes de estoque insuficientes. Os dois componentes do custo de falta são o custo dereabastecimento e os custos relacionados a reservas de segurança. Dependendo do tipo de atividadeda empresa, os custos de reabastecimento ou pedido são representados pelos custos de colocaçãode um pedido junto a fornecedores ou pelos custos de preparação de novo lote de produção. Oscustos relacionados a reserva de segurança são custos de oportunidade, tais como vendas perdidase perdas de clientes resultantes da existência de estoques inadequados.

Há uma relação básica de benefício versus custos na gestão de estoques, porque oscustos de carregamento aumentam com o nível do estoque, ao passo que os custos de falta oureabastecimento caem com o nível do estoque. O objetivo fundamental do processo de gestão deestoques passas a ser, portanto, a minimização da soma desses dois custos. Consideraremos asmaneiras de atingir esse objetivo na próxima seção>

TÉCNICAS ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUE

Como discutirmos anteriormente, o objetivo da administração de estoque geralmenteconsiste na minimização de custo. Discutimos três técnicas nesta seção, desde a mais simples àmais complexa.

ENFOQUE ABCO enfoque ABC é uma técnica simples de administração de estoques, cuja idéia básica

consiste em dividir o estoque em três (ou mais) grupos. O raciocínio implícito é o de que um pequenonúmero de itens estocados pode representar um grande proporção do estoque em termos de valor.Por exemplo, essa situação existiria numa empresa industrial que usasse componentes detecnologia avançada e relativamente caros, bem como alguns materiais básicos, relativamente

baratos, na fabricação de seu produtos*.*O enfoque ABC para estoque não deve ser confundido com o custeio ABC (custeio por atividade, ou em inglês “Activity Based Consting”), um tópico bastante difundido em ContabilidadeGerencial.

 A figura 17.6 ilustra um comparação ABC de itens estocados em termos da porcentagemdo valor total representando por grupo, contra a porcentagem que cada grupo representa no númerototal de itens. Conforme mostra a , o grupo A é a apenas 10% do número de itens totais, masrepresenta mais da metade do valor total do estoque. Portanto, o grupo A precisa ser controlado deperto, e o nível de estoque é mantido relativamente baixo. Por outro lado, itens básicos de estoque,tais como parafusos e porcas, também existirão, mas como são cruciais e baratos, são mantidos emgrandes quantidades. Estes seriam os itens do grupo C. O grupo B é constituído por itensintermediários.

MODELO DO LOTE ECONÔMICO (EOQ)

O modelo do lote econômico de compra (EOQ) é a abordagem mais famosa para oestabelecimento explícito de um nível ótimo de estoque. A idéias básicas é ilustrada na figura 17.7,

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que representa graficamente os vários custos associados a manter estoque (no eixo vertical) emfunção do nível de estoque (eixo horizontal). Conforme ilustrado, o custo de carregamento de estoqueeleva-se o custo de reabastecimento descreve à medida que o nível de estoque aumenta. Dadanossa discussão neste capítulo sobre a curva do custo total de crédito, a forma geral da curva decusto total de estoque já é conhecida. A partir do modelo EOQ, tentaremos localizar especificamenteo ponto que minimizar o custo total, Q*.

Em nossa discussão a seguir, um ponto importante a ser lembrando é o de que o custoefetivo do próprio estoque não está incluído. O motivo para isso é que o volume total de estoque deque a empresa precisa em determinado ano é ditado pelas vendas. O que estamos analisando, nestecaso, é quanto a empresa deveria ter disponível em qualquer momento. Mais precisamente,queremos determinar qual é o tamanho do lote que a empresa deveria encomendar quanto fossereabastecer seu estoque.

Consumo de estoquePara desenvolver o EOQ, iremos supor que o estoque da empresa é consumido a uma

taxa constante até que a quantidade de estoque chegue a zero. Nesse ponto, a empresa repõe oestoque num nível ótimo. Por exemplo, suponha que a Eyssell Corporation comece o dia de hojecom um estoque de 3.600 unidades de certo item. As vendas anuais desse item são de 46.800

unidades. Se a Eyssell vender 900 unidades por semana, então, após quatro semanas, todo oestoque disponível terá sido vendido, e a empresa o reabastecerá, fazendo um pedido de compra (ouprodução) de outras 3.600 unidades, começando tudo novamente. Esse processo de venda ereabastecimento do estoque gera o padrão em forma de dente de serra que vemos na figura 17.8.Com é mostrado pela figura, a Eyssell começa com 3.600 unidades estocadas e termina com zerounidade. Em média, portanto, o estoque é a metade de 3.600, ou seja, 1.800 unidades.

Custo de carregamentoConforme ilustra a Figura 17.7, normalmente se supõe que o custo de carregamento é

diretamente proporcional ao nível de estoque. Seja Q a quantidade encomendada pela Eyssel a cadavez (3.600 unidades); iremos chamá-la de quantidade de reabastecimento. O estoque médio seráentão igual a Q/2, ou 1.800 unidades. Sendo CC o custo de carregamento por unidade por ano, o

custo total de carregamento da Eyssel será:

Custo de carregamento total == Estoque médio X Custo de carregamento = Q/2 X CC (17.1)

No caso da Eyssell, se o custo de carregamento fosse igual a $ 0,75 por unidade, o custototal de carregamento seria igual ao estoque médio de 1.800 multiplicando por $ 0,75, ou seja, $1.350 ao ano.

Custo de faltaPor ora, concentramo-nos apenas no custo de reabastecimento. Essencialmente,

estamos supondo que a empresa na realidade nunca fica sem estoque, e portanto os custosassociados a reservas de segurança são irrelevantes. Voltaremos a esta questão a mais adiante.Os custos de reabastecimento são geralmente tratados como se fossem fixos. Em outras

palavras, cada vez que fazemos um pedido, há custos fixos associados ao pedido (lembre-se de queo custo do estoque não é considerado neste caso). Suponha que T seja o número total de unidadesvendidas por ano. Se a empresa encomendar Q unidades de cada vez, precisará fazer T/Q ordens decompra.

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No caso da Eyssell, as vendas anuais são 46.800, e o tamanho de cada pedido é 3.600. A Eyssel, portanto, faz um total de 46.800/3.600 = 13 pedidos por ano. Se o custo fixo por pedido for F, o custo total de reabastecimento será:

Custo total de reabastecimento == Custo fixo por pedido X Número de pedidos

= F X (T/Q) (17.2)

No caso da Eyssell, os custos pedidos ploderiam ser iguais a $ 50 por pedido, de modoque o custo total de reabastecimento, no caso de 13 pedidos, seria de $ 50 X 13 = $ 650 ao ano.

Custo TotalOs custos totais associados à manutenção de estoque são a soma dos custos de

carregamento e custo de reabastecimento:

Custo total == Custo de carregamento + Custo de reabastecimento= (Q/2) X CC + F X (T/Q)

Nosso objetivo consiste em calcular o valor de Q, a quantidade de reabastecimento queminimiza este custo. Para isso, podemos calcular o custo total supondo alguns valores diferentes deQ. No caso da Eyssell Corporation, tínhamos um custo unitário de carregamento (CC) de $ 0,75 aoano, custos fixos de pedido (F) de $ 50, e um total de unidades vendidas (T) de 46.800 unidades. Apartir desses dados, podemos calcular algumas possibilidades de custo (verifique alguns destescustos para praticar):

QuantidadeEncomendada

(Q)

Custo Totalde

Carregamento(Q/2 x CC)

+Custo de

Reabastecimento

(F x T/Q)

= CustoTotal

500 $ 187,5 $ 4.680,0 $ 4.867,51.000 375,0 2.340,0 2.715,01.500 562,5 1.560,0 2.122,52.000 750,0 1.170,0 1.920,02.500 937,5 936,0 1.837,53.000 1.125,0 780,0 1.905,03.500 1.312,5 668,6 1.981,1

Examinando os números, vemos que o custo total começa em quase $ 5.000 e cai até umpouco menos do que 1.900.  A quantidade minimizadora de custo parece ser de aproximadamente2.500 unidades.

Para determinar a quantidade ótima exata, podemos novamente examinar a Figura 17.7.O que podemos notar é que o ponto mínimo ocorre exatamente onde as duas linhas se cruzam.Nesse ponto os custos de carregamento e reabastecimento são iguais. Considerando os tipos

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específicos de custo que supusemos aqui, sempre acontecerá, o que significa que podemosdeterminar o ponto mínimo simplesmente igualando esses custos e calculado Q*:

Custo de carregamento = Custo de reabastecimento

(Q*/2) X CC = F X (T/Q*) 17.4

Com um pouco de álgebra, obtemos:

(Q*)² =2T X F

17.5CC

 Para determinar Q*, extraímos a raiz quadrada de ambos os lados, resultados em:

Q* =2T X F .

17.5CC

 

Esta quantidade de reabastecimento que minimiza o custo total de estoque é chamada delote econômico, ou EOQ. No caso da Eyssell Corporation, o EOQ é:

Q* =2T X F .

CC

 

=(2 X 46.800) X $ 50

0,75

 

= 6.240.000

 

= 2.498 unidades

 

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Portanto, no caso da Eyssell, o lote econômico é igual a 2.498 unidades. Verifique queos custos de reabastecimento e de carregamento são idênticos (ambos são iguais a $ 936,75) nestenível de Q.

Lote econômico (EOQ)

A quantidade de reabastecimento que minimiza os custos totais de estoque.

FIGURA ABC DE ESTOQUE FIGURA 17.6

Porcentagemdo valor de estoque

100

80

60Grupo A

57%40

Grupo B

2027%

Grupo C

16%0

10%

40%50%

20

40

60

Porcentagemdo número de

itens no estoque

80

100

CUSTO DE MANTER ESTOQUE FIGURA 17.7

Custo de manter estoque

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Custo total de manter estoqueCusto de Carregamento

Custo de reabastecimento

Número de itensencomendados (Q)

  Q*Número ótimo de

Itens encomendados

NÍVEIS DE ESTOQUE DA EYSSELL CORPORATION FIGURA 17.8

Estoque Inicial:Q = 3.600

Q/2 = 1.800 Estoque médio

Estoque Final: 0 Semanas0 1 2 3 4 5 6 7 8

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EXEMPLOS

1. Uso da regra do VPL

Suponha que tivéssemos sido chamados para decidir se um novo produto de consumo deveriaOU não ser lançado. Com base nas projeções de vendas e custos, esperamos que o fluxo de caixadurante os cinco anos de vida do projeto seja de $ 2.000 nos dois primeiros anos, $ 4.000 nos doisanos seguintes e $ 5.000 no último ano. O custo para iniciar a produção será cerca de $ 10.000.Utilizamos uma taxa de desconto de 10% para avaliar novos produtos. O que devemos fazer nessecaso?

Dados os fluxos de caixa e a taxa de desconto, podemos calcular o valor total do produtodescontando os fluxos de caixa:

2. Cálculo do payback Os fluxos de caixa projetados para uma proposta de investimento são:

Ano Fluxo de Caixa1 $ 1002 2003 500

Esse projeto custa $ 500. Qual é o período de payback desse investimento?

3. Cálculo da TIR

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Um projeto tem um custo inicial de $ 435,44. Os fluxos de caixa são de $ 100 no primeiro ano,$ 200 no segundo e $ 300 no terceiro. Qual é a TIR? Se exigirmos um retorno de 18%, deveremosaceitar esse investimento?

4. Cálculo do RCM. Você está decidindo se expande ou não sua empresa com a construção de umanova fábrica. A fábrica possui um custo de instalação de $ 3 milhões, que será depreciado em linhareta ao longo de sua vida de cinco anos. Sabendo que o projeto tem lucros líquidos estimados de $500.000, $300.000, $250.000 e $350.000 durante esses quatro anos, qual é o retorno contábil médio,ou RCM?

EXERCÍCIOS1) Critérios de Investimentos. Esse problema lhe oferecerá prática no cálculo de VPLs e

períodos de payback. Uma proposta de expansão no exterior tem os seguintes fluxos de caixa:

 Ano Fluxo de Caixa0 - $ 1001 502 403 40

4 15Calcule o período de payback e o VPL a uma taxa exigida de retorno de 15%.

2) Calculo do período de payback. Um investimento gera entradas anuais de caixa de$850 durante sete anos. Qual é o período de payback se o custo inicial é de $ 2.500? E se o custoinicial fosse igual a $5.000? E se for $7.500?

3) Cálculo do RCM. Você está decidindo se expande ou não sua empresa com aconstrução de uma nova fábrica. A fábrica possui um custo de instalação de $ 2 milhões, que serádepreciado em linha reta ao longo de sua vida de quatro anos. Sabendo que o projeto tem lucroslíquidos estimados de $ 417.000, $329.500, $258.100 e $358.000 durante esses quatro anos, qual éo retorno contábil médio, ou RCM?

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4) Cálculo da TIR. Uma empresa avalia todos os seus projetos por meio da regra daTIR. Sendo a taxa de retorno exigida de 15%, a empresa deveria aceita o projeto a seguir?

 Ano Fluxo de Caixa0 - $ 30.0001 25.0002 15.0003 10.000

5) Cálculo da TIR – Qual é a TIR do seguinte conjunto de fluxo de caixa?

 Ano Fluxo de Caixa0 - $ 1.3001 4002 3003 1.200

6) Cálculo do VPL. No caso dos fluxos de caixa do problema anterior, qual é o VPL a uma

taxa de desconto de 0%? E se a taxa de desconto for de 10%? E se for de 20%? E se for de 30%?

7) VPL. Suponhamos que tivéssemos sido chamados para decidir se um novo produto deconsumo deveria ou não ser lançado. Com base nas projeções de vendas e custos, esperamos que ofluxo de caixa durante os cincos anos de vida do projeto seja de $2.000 nos dois primeiros anos,$4.000 nos dois anos seguintes e $5.000 no último ano. O custo para iniciar a produção será cerca de$10.000. Utilizamos uma taxa de desconto de 10% para avaliar novos produtos. O que devemos fazer nesse caso?

8) Cálculo do payback

Os fluxos de caixa projetados para uma proposta de investimentos são:

 Ano Fluxo de Caixa1 $ 1002 2003 500

Esse projeto custa $ 500. Qual é o período de payback desse investimento?

9) Cálculo da TIR

Um projeto tem um custo inicial de $ 435,44. Os fluxos de caixa são de $100 no primeiroano, $ 200 no segundo e $300 no terceiro. Qual é a TIR? Se exigirmos um retorno de 18%,deveremos aceitar esse investimento?

10. Retorno Contábil Médio. Você está examinado um projeto de três anos que tem lucrolíquido projetado de $ 1.000 no ano 1, $2.000 no ano 2 e $4.000 no ano 3. O custo é de $ 9.000, a ser depreciação pelo método da linha reta durante os três nos de vida útil do projeto. Qual é o retornocontábil médio ou RCM?

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11. Cálculo do período de payback. Qual é o período de payback para o seguinteconjunto de fluxos de caixa?

 Ano Fluxo de Caixa0 - $ 3.0001 1.0002 8003 9004 1.200

12. Critérios de Investimentos. Esse problema lhe oferecerá prática no cálculo de VPLs

e períodos de payback. Uma proposta de expansão no exterior tem os seguintes fluxos de caixa: Ano Fluxo de Caixa

0 - $ 1501 402 403 404 35

Calcule o período de payback e o VPL a uma taxa exigida de retorno de 10%.

13. Cálculo do RCM. Você decidindo se expande ou não sua empresa com a construçãode uma nova fábrica. A fábrica possui um custo de instalação de $ 2 milhões, que será depreciadoem linha reta ao longo de sua vida de quatro anos. Sabendo que o projeto tem lucros líquidosestimados de $410.000, $ 320.500, $260.000 e $370.000 durante esses quatro anos, qual é o retornocontábil médio, ou RCM?

15. Cálculo da TIR. Uma empresa avalia todos os seus projetos por meio da regra da TIR.Sendo a taxa de retorno exigida de 11%, a empresa deveria aceitar o projeto a seguir?

 Ano Fluxo de Caixa0 - $ 30.0001 25.0002 03 15.000

16. Cálculo do VPL. No caso dos fluxos de caixa do problema anterior, qual é o VPL a uma taxade desconto de 0%? E se a taxa de desconto for de 15%? E se for de 25%?

EXÉRCÍCIOS 2ª PARTE

Professor SOARES

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1. Questões conceituais:

1) Qual é a diferença entre capital de giro líquido e saldo de caixa?

2) O capital de giro líquido sempre aumentará, quando o saldo de caixa elevar-se?

3) Enumere cinco aplicações de caixa.

4) Enumere cinco fontes de caixa.

5) O que significa dizer que uma empresa tem um giro de estoque de 4?

6) Descreva ciclo operacional e ciclo de caixa. Qual é a diferença?

7) Explique a ligação entre a rentabilidade contábil e o ciclo de caixa de uma empresa.

2. Ciclos operacionais e de caixa.1)Considere os seguintes dados de demonstrações financeiras da Cia VASCÃO.

Item Valor Inicial Valor FinalEstoques $ 1.543 $ 1.669Contas a receber 4.418 3.952Fornecedores 2.551 2.673Vendas líquidas $ 11.500

Custo da Mercadoriavendida

8.200

Calcule os ciclos operacionais e de caixa:

b. Considere as seguintes informações provenientes de demonstrações financeiras daMengão:Item Valor Inicial Valor FinalEstoques $ 8.152 $ 10.300Contas a receber 6.537 7.147Contas a pagar 10.128 10.573Vendas líquidas $ 93.125

Custo da Mercadoriavendida

46.152

 Calcule os ciclos operacional e de caixa. Como você interpreta os resultados?

c. Considere as seguintes informações provenientes de demonstrações financeiras daBotafogo:

Item Valor Inicial Valor FinalEstoques $ 9.344 $ 12.300Contas a receber 3.400 7.147Contas a pagar 12.128 12.573

Professor SOARES

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Vendas líquidas $ 93.000Custo da Mercadoria

vendida46.000

 Calcule os ciclos operacional e de caixa. Como você interpreta os resultados?

d. Considere as seguintes informações provenientes de demonstrações financeiras daFluminense:

Item Valor Inicial Valor FinalEstoques $ 4.002 $ 8.454Contas a receber 4.250 9.005Contas a pagar 3.898 21.666Vendas líquidas $ 33.212

Custo da Mercadoriavendida

22.243

 Calcule os ciclos operacional e de caixa. Como você interpreta os resultados?

3. Alterações do Ciclo Operacional. Indique o efeito que cada uma das medidas a seguir terá sobre o ciclo operacional. Utilize as letras A para indicar aumento, R para redução, e N paranenhum efeito.

a. O saldo médio das contas a receber diminui.b. Os prazos de pagamentos pelos clientes diminuem.c. O giro de estoque diminui de 10 para 5 vezes.d. O giro de contas a pagar diminui de 10 para 5 vezes.e. O giro de contas a receber diminui de 10 para 5 vezes.f. Os pagamentos a fornecedores são acelerados.

4. Ciclos. É possível que o ciclo de caixa de uma empresa seja mais longo do que seu

ciclo operacional? Explique.

5. Alterações dos Ciclos. Indique o impacto das seguintes medidas da empresa sobre osciclos de caixa operacional. Utilize as letras A para indicar aumento, R para redução e Npara nenhum efeito.a. Os termos dos descontos por pagamentos antecipados oferecidos aos clientes passam

a ser menos favoráveis. b. O uso de desconto por pagamento antecipado oferecidos por fornecedores é

intensificado; conseqüentemente, os pagamentos são realizados mais cedo.c. Mais clientes passam a pagar a vista, em vez de pagar a crédito.

d. Compra-se menos matéria-prima do que o normal.e. Maior porcentagem das compras de matéria-prima é paga a prazo.f. Fabricam-se mais produtos finais para estoque do que para atender encomendas.

Qual é a taxa?

Professor SOARES

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 Azulejos comuns geralmente são vendidos a 3/30, 60 líquidos. Que taxa anual efetiva é paga por um comprador que não se aproveita do desconto? Qual seria a TAP, se fosse cotada?

Temos aqui um desconto correspondendo a juros a 3% por um crédito durante 60 – 30 = 30 dias. Ataxa por 30 dias é 0,03/0,93%. Há 365/30 – 12,17 período de 30 dias num ano, e assim a taxaanual efetiva é:

12,17

TAE = 1,03093 = 44,9% A TAP, como sempre, seria obtida multiplicando-se a taxa por período pelo número deperíodos:

TPA = 0,03093 X 12,17 = 37,6%Uma taxa de juros calculadas como esta TAP é geralmente contada como sendo igual ao

custo do crédito mercantil e, como neste exemplo, pode subestimar significativamente o custoverdadeiro.

3. Condições de Venda – Uma empresa oferece condições de 2/15, de 60 líquidos. Qual é a taxa

anual efetiva de juros que a empresa obtém quando um cliente não se aproveita do desconto? Semrealizar nenhum cálculo, explique o que acontece a essa taxa efetiva se:a. O desconto se altera para 3%.b. O prazo de crédito é reduzido para 30 dias.c. O período de desconto é reduzido para 10 dias.

Exercícios

Custos de carregamento A Thiewes shoes começa cada período com 100 pares de botas em seu estoque. O

estoque é consumido ao longo do período, e novamente encomendado. Sendo o custo decarregamento de cada par de botas por ano igual a $ 3, qual é o custo total de carramento?

Custo de reabastecimentoEm nosso exemplo anterior, suponha que a Thiewes venda um total de 600 pares de

botas por ano. Quantas vezes por anos a Thiewes reabastece seu estoque? Suponha que o custode reabastecimento seja de $ 20 por pedido. Qual é o custo total de reabastecimento?

Com base em nossos dois exemplos anteriores, qual seria o tamanho do pedido daThiewes que minimizaria os custos? Quantas vezes a Thiewes teria que reabastecer? Quais seriamos custos totais de carregamento e de reabastecimento? É o custo total?

EOP  A Heusen Computer Manufacturing começa cada período com 4.000 unidades de

procesamento central (CPUs) em estoque. O estoque é consumido a cada mês e reabastecido.

Sendo o custo de carregamento por CPU igual a $ 1, e o fixo de cada pedido pedido igual a $ 10, aHeusen está adotando uma estratégia economicamente recomendável?

EOQ A Brooks Manufacturing utiliza 8.000 unidades de componente por semana, e então faz

um pedido de mais 8.000. Sendo o custo de carregamento relevante de $ 24 por componente, e o

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custo fixo de pedido igual a $ 1.600, a política de estoque da Brooks é ótima? Por que sim ou por que não?

1. O período médio de recebimento da Soares Empreendimentos é de 60 dias, e eladeseja manter um saldo mínimo de caixa de $ 5 milhões. Com base nas informações abaixo,

complete o seguinte orçamento de caixa. A que conclusão você chega?Orçamento de Caixa(em milhões)

T1 T2 T3 T4Saldo inicial de conta a receber $ 120Vendas 90 120 150 120RecebimentoSaldo final de contas a receber Recebimentos totaisPagamentos totais 80 160 180 160Entradas líquidas de caixaSaldo inicial de caixa $ 5

Entradas líquidas de caixaSaldo final de caixaSaldo mínimo de caixaSuperávit (défit) acumulado

2. Alterações do Ciclo operacional. Indique o efeito que cada uma das medidas a seguir terá sobre o ciclo operacional. Utilize as letras A para indicar aumento, R para redução, e N paranenhum efeito.

a. O saldo médio das contas a receber diminui.b. Os prazos de pagamento pelos clientes diminuem.c. O giro de estoque diminui de 10 para 5 vezes.d. O giro de contas a pagar diminui de 10 para 5 vezes.

e. Os pagamentos a fornecedores são acelerados.

3. Cálculo de Recebimentos. A Soares Empreendimentos projetou as seguintes vendastrimestrais para o próximo ano:

T1 T2 T3 T4

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Vendas $ 1.200 $ 1.350 $ 1.300 $ 1.800

a. O saldo de contas a receber no início do ano é de $ 800. O período de recebimentoda Soares Empreendimentos é de 45 dias. Calcule os recebimentos em cada um dos quatrostrimestres, completando o quadro a seguir:

T1 T2 T3 T4Saldo inicial de contas a receber VendasRecebimentosSaldo final de contas a receber 

b. Refaça o item (a) considerando um período de recebimento de 60 dias.c. Refaça o item (a) considerando um período do recebimento de 30 dias.

4. Cálculo de Recebimentos. A Soares Empreendimentos projetou as seguintes vendastrimestrais para o próximo ano:

T1 T2 T3 T4Vendas $ 1.800 $ 1.200 $ 1.300 $ 1.500

a. O saldo de contas a receber no início do ano é de $ 800. O período de recebimentoda Soares Empreendimentos é de 45 dias. Calcule os recebimentos em cada um dos quatrostrimestres, completando o quadro a seguir:

T1 T2 T3 T4Saldo inicial de contas a receber 

VendasRecebimentosSaldo final de contas a receber 

b. Refaça o item (a) considerando um período de recebimento de 60 dias.c. Refaça o item (a) considerando um período do recebimento de 30 dias.

5. Cálculo de Pagamentos. A Soares Empreendimentos projetou as seguintes vendaspara o próximo ano:

T1 T2 T3 T4Vendas projetadas $ 620 $ 550 $ 450 $ 600

Estima-se que as vendas no ano seguinte ao que está sendo projetado sejam 25%maiores em cada trimestre.

a. Calcule os pagamentos a fornecedores supondo que a Van Meter faça encomendastrimestrais correspondentes a 40% das vendas projetadas para o próximo trimestre. Suponha que aVan Meter pague a vista. Qual é o período de pagamento neste caso?

T1 T2 T3 T4

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Pagamentos a fornecedores

b. Refaça o item (a) considerando um período de pagamento de 90 dias.T1 T2 T3 T4

Pagamentos a fornecedores

c. Refaça o item (a) considerando um período de pagamento de 60 dias.T1 T2 T3 T4

Pagamentos a fornecedores

6. Cálculo de Pagamentos. As compras junto a fornecedores da Cia ABC para um dadotrimestre correspondem a 60% das vendas projetadas para o trimestre seguinte. O período depagamento é de 60 dias. Salários, impostos e outras despesas representam 20% das vendas,enquanto os juros e dividendo são de $ 60 por trimestre. Não existem planos de gastos de capital.

a. As vendas projetadas são:T1 T2 T3 T4

Vendas projetadas $ 500 $ 800 $ 660 $ 700

b. As vendas no primeiro trimestre do ano seguinte foram projetadas em $ 650.Calcule os desembolsos da Cia ABC completando os dados a seguir:

T1 T2 T3 T4Pagamento de contasSalário, impostos e outras despesasDespesas de financiamento a longo

prazo (juros e dividendos).Total ________ ________ _________ __________

c. Cálculo de Recebimento de Caixa. Apresentamos a seguir o orçamento de vendasde Cia Alfa para o primeiro trimestre de 1998:

Janeiro Fevereiro MarçoOrçamento de Vendas $ 90.000 $ 110.000 $ 155.000

 As vendas a prazo são recebidas da seguinte forma:20% no mês da venda45% no mês seguinte à venda35% dois meses após a vendaO saldo de contas a receber ao final do trimestre anterior é $ 93.000 ($ 72.000 dos

quais representam vendas de dezembro ainda não recebidas).a. Calcule as vendas para novembro.b. Calcule as vendas para dezembro.c. Calcule os recebimentos das vendas de cada mês desde janeiro até março.

d. Cálculo de Orçamento de Caixa. Estes são alguns dados importantes do orçamentoda Cia Delta para o segundo trimestre de 1998:

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 Abril Maio JunhoVendas a prazo $ 240.000 $ 225.000 $ 276.000Compras a prazo 100.000 94.000 118.000DesembolsosSalário, impostos e despesas 15.000 14.500 17.200

Juros 5.000 5.000 5.000Compra de equipamentos 90.000 145.000 10.000

 A empresa prevê que 5% das vendas nunca serão recebidos, 35% das vendasserão recebidos um mês após as vendas, e os 60% restantes serão cobrados no mês subseqüente.

 As compras a crédito serão pagas no mês seguinte ao das compras.Em março de 1998, as vendas a prazo serão de $ 250.000. Utilizando as

informações fornecidas, complete o seguinte orçamento de caixa:

 Abril Maio JunhoSaldo inicial de caixa $ 300.000Recebimentos

Recebimentos de vendas a prazoTotal de caixa disponívelDesembolsosCompras 125.000Salário, impostos e despesasJurosCompras de equipamentosTotal dos desembolsosSaldo final de caixa

BIBLIOGRAFIA

MARTINS, Eliseu, ASSAF NETO, Alexandre, Administração financeira. São Paulo : Atlas, 1990.

GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 3a. ed. São Paulo: Harbra, 1997.

SANVICENTE, Antonio Z. Administração financeira. 2ª ed. São Paulo:Atlas, 1983.

ROSS, Stephen,WESTERFIELD, Randolph W., JAFFE, Jeffrey F. Administração Financeira -

Corporate Finance. São Paulo: Ed. Atlas

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