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“PORTAS DO ESPELHO” Um roteiro de Juliana Adorna Cremonesi

ADORNA J. Portas Do Espelho Comentado

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  • PORTAS DO ESPELHO

    Um roteiro

    de

    Juliana Adorna Cremonesi

  • Story Line

    Zoel, um rapaz que, embora fora da transitoriedade

    incmoda tpica a juventude, experiencia o desassos sego

    reflexivo sob o enfado do existir. Adentra-se num e spelho e

    inicia uma autoviagem que o colocar defronte aos p rprios

    paradigmas. Sinais de desejo homoafetivo o smbol o do

    absurdo que so as margens da moral. Isto torna-se

    consciente: a crise muda de direo, mas nunca acab a.

    Adentra um

    Essas duas descries se contradizem.

    Zoel pode no experimentar a transitoriedade da adolescncia, mas ele sente, sim, incmodos da juventude.

    Isso no uma story line.

    A story line desse curta seria: Zoel, um jovem de 30 anos, tragado pelo prprio espelho e embarca em uma viagem surreal de autoconhecimento.

  • Portas do espelho

    Zoel um rapaz de trinta anos que, apesar de no estar mais em fases de transies tpicas da juvent ude pensante, experiencia o limiar do bem-estar-por-flu xo-de-convenincia. Caminha rua afora observando pessoas e situaes comuns do dia-a-dia. Para ele parece um verdadeiro show de horrores: os encontros de acaso fingidos de surpresa agradvel, os casais no parque tomando sorvete com seus filhos, a tia-do-pastel se auto anunciando , casais jovens no banco da praa, o fluxo nas estaes de m etr, o atraso, o calor, a calmaria, os ternos e gravatas, os shorts e chinelos, o papear em mesas de bar... Zoel sente em tais imagens do cotidiano contemporneo um fardo de tdio inabalvel.

    Chega em casa, um apartamento pequeno onde vive sozinho. Tira os sapatos, deita-se na cama, exausto e entediado, olha para o teto e ouve os barulhos de u ma vizinhana silente: goteiras.

    Olhando para o teto, deixa-se invadir pelo barulhin ho como se pudesse ser a trilha sonora para seus dias, acompanha o ritmo do gotejar com os dedos das mos. Seu crebro no d trgua, precisa desligar-se, no con segue.

    Levanta-se caminha at a porta, ao passar pelo espe lho leva um tremendo susto. Volta e posta-se diante del e, sua imagem quase irreconhecvel, v-se completamente desfigurado, embaado, como quem se olha no reflexo de uma garrafa de vidro.

    Aproxima-se, esfrega seus olhos, encara-se: seus traos so imprecisos, borres de cores (uma refer ncia ao quadro O grito de Munch). De forma inesperada, a boca daquela prpria imagem, repentinamente, o engole fa zendo adentrar-se ao espelho.

    Mergulha num infinito de escurido e, assim, se ini cia uma espcie de auto-viagem.

    Zoel encontra-se num salo, redondo, grande e completamente vazio. O teto de vidro, inalcansve l de to alto, nada se via atravs dele. Avistou uma porta n uma das extremidades do salo, ansioso, corre at ela e abr e. Um

    Num roteiro, os verbos sempre esto no presente.

    Um roteiro uma descrio perfeita do que acontece em cena. Se algo no pode ser mostrado em cena, isso no deve ser escrito no roteiro.

    Um roteiro s contm comentrios do roteirista se eles forem necessrios para a execuo da cena.

    Um roteiro deve ser dividido em cenas.

    Por ex:

    1. EXT. - RUA - NOITE uma movimentada de cidade grande.

    ZOEL, 30, caminha pela calada e observa as pessoas ao redor. Elas lhe parecem um show de horrores: duas mulheres fingem a surpresa agradvel de um encontro...

    Um bom exemplo do que no pode ser representado em cena. Essa uma caracterstica psquica do personagem. Se ele se sente assim, isso deve ser representado em cena e cabe ao roteiro descrever como so essas cenas.

    Problemas de pontuao

    Mudana de cena e de cenrio

    2. INT - CASA - NOITEZoel tira o sapato e se deita na cama.

    Erro de coerncia. Se um ambiente silente, nada pode ser ouvido.

    Problemas de pontuao

    Quando um personagem introduzido na histria, o nome aparece em caixa alta. Ento:

    ZOEL (30)... ou ZOEL, 30, ...

    Mudana de cena.

    3. INT. ou EXT. - ESCURIDOZoel mergulha em um espao escuro e indistinto. Sente que cai, mas no sabe a que velocidade nem para onde.

    Nova cena:

    4. INT. - SALA REDONDA - ?Zoel se v jogado no cho. A sala enorme e est vazia.

  • corredor longo com vrias portas de ambos os lados se mostra por detrs.

    Escolhe aleatriamente uma das portas, ao abrir uma luz neon verde reflete em seus olhos, msica letrg ica rolando, aquele som no lhe era estranho... Sonic Y outh, NYC Ghost and Flowers, aquilo o faz se adentrar com mais prazer aquele local. Passa no meio de vrias pessoa s que danam cambaleantes, copos na mo, rostos pintados, fumaas de cigarros, todos pareciam tomados pelo clima lis rgico. Uma moa o aborda e diz: meu pai morreu... ontem, hoje, no sei bem - ele ri desentendido. Resolve sair da li... volta at a porta, sai, fecha e tudo fica silencios o. Observa ao redor, coa a cabea numa expresso de c onfuso, mas continua andando pelo corredor e olhando para a s portas com indeciso: qual abrir?

    Espia pela fechadura: uma mulher sentada no canto d a sala... roupas rasgadas, nariz sangrando, braos ro xos, olhando fixamente com expresso de dio para algum que no se conseguia ver. Zoel se afastou, por um instante fica em dvida se entraria, mas resolveu ir para outra.

    Olha novamente a fechadura de uma outra porta antes de entrar, tudo escuro, parece estar com uma chave imp edindo o espiar, abre-a... um quarto, est uma penumbra mas possvel enxergar bem... entra, observa a parede co m desenhos de pessoas nuas, aproxima-se da cama e v trs mulheres dormindo. Parecia no ter ningum ao entra r, sai ligeiro e suavemente para no fazer barulho e acord -las.

    Outra porta, resolve entrar sem espiar, abre devaga r e ouve um grito, ameaa fechar mas persiste e entra. Uma menina de aproximadamente onze anos de idade, senta da num banco o olha e diz com tom de choro: nossas brinca deiras no tm mais graa. Zoel olha ao redor, no havia mais nada nem ningum, d meia volta e sai.

    Essa dinmica surreal comea a intrig-lo cada vez mais, est curioso mas nem sabe pelo qu, apenas de seja explorar mais aquilo tudo.

    Outra porta aberta, com rapidez, sem receios... e st num bar, estilo dinner , poucas pessoas, uma vitrola rodando Goin Out West de Tom Waits. Zoel senta numa mesa e comea a acompanhar o ritmo da msica com os ps esperando o garom, logo lhe trazem uma caneca de chop gelado. Ao dar o

    Aqui seria uma nova cena.

    X. INT. - CASA NOTURNA - ?Pessoas danam ao som de msica eletrnica. Drinques coloridos desfilam sobre o balco do bar e nas bandejas das garonetes.

    Zoel se assusta quando uma MOA (idade) um pouco bbada o interpela.

    MOAMeu pai morreu... Ontem, hoje, no sei bem.

    Continuao da cena.

    Evite os verbos SER e ESTAR, bem como GERNDIOS.

    Ao invs de "Est tocando", prefira "Uma msica de Tom Waits toca nas caixas de som" ou "A msica X de Tom Waits provoca um clima melanclico na sala".

    Desnecessrio.Esse comentrio no influencia na produo da cena.

    Cada uma das portas abertas leva a um novo cenrio.

    Sempre que h um cenrio novo, uma nova cena deve ser aberta com a descrio daquele cenrio: INT. - LOCAL - DIA etc.

    Dilogos nunca ficam no corpo da 'ao'.

    Num roteiro, uma 'ao' tem um formato de texto prprio. O mesmo vale para 'cabealho' ou 'cena' (INT. - QUARTO - DIA), 'dilogo' etc.

  • primeiro gole percebe que est sendo observado por um velho franzino de cadeira de rodas na mesa da frente. Ele se aproxima e levanta uma nota de cem reais: t vendo isso aqui, maricas? Com esse pedao de papel podemos esc ravizar as pessoas sem recorrer a violncia explcita. Se e u tirasse do bolso um revlver as consequncias seria m exatamente as mesmas: submisso imediata. Agora vai embora, vai... sai daqui, seu ignorante!. Zoel se levantou e saiu ligeiramente, d um sorriso de satisfao e continu a sua auto jornada.

    Abre outra porta, tudo escuro. De repente, uma luz foca-se num div roxo com dois jovens homens jovens trocando carcias, um deles o olha e diz: no pr eciso ser sozinho, a parada agora introspectar out . A luz se apaga, a escurido toma conta por completo. Ele se afasta, sai, fecha a porta ansioso.

    Zoel comea a ficar atordoado com essa torrente de informaes metafricas sobre si mesmo. Todo o igno rvel est se explicitando como um teatro em cada abrir d e porta e adentrar de recinto-palco, o subconsciente puxado pra um nvel de conscincia de postar-se performaticamente : comea a escorregar pela parede do corredor ate alcanar o traseiro no cho, de um jeito exausto e reflexivo, fica ali um minuto absorto em pensamentos. Surge, ento, uma voz masculina, quebrando o silncio, ecoa: suas experi ncias so mais interessantes pra mim porque como extens o de minha prpria vida no seu tempo.

    Zoel se levanta e vai at a porta mais prxima, abr e: ali est um homem, quase 30 anos, bonito, em p par ado no meio da sala, eles se encaram por um tempo e vo de encontro um ao outro... olham-se de perto e se abra am calorosamente. Zoel estranha a situao, uma saudad e misturada com desejo. O rapaz aos poucos se afasta at sair da sala... Zoel fica ali, sozinho, reflexivo.

    Repentinamente, o respelho cospe-o de volta para se u quarto, local convencional. Meio perdido, logo reco nhece o ambiente, devagar caminhou at a porta de sada da casa.

    Uma fotografia de Zoel e o mesmo rapaz da ltima saleta, um ao lado do outro com mais outras trs pe ssoas focalizada na estante da sala enquanto ele passa de sada. O telefone toca, ele volta pra atender, uma moa: fica

    Percebe que observado...

    De repente.

    Evite palavras muito longas. Seja objetiva e clara. O diretor que ler seu roteiro no ir interpret-lo como quem interpreta uma obra literria. Um roteiro um guia tcnico para a produo de cenas. Quanto mais claro, melhor.

    Isso no pode ser passado dessa maneira ao expectador. O expectador ver apenas imagens e cabe a voc produzir um filme bom o bastante que permita ao expectador compreender que as cenas so metforas sobre o prprio Zoel.

    No escreva num roteiro coisas que voc espera que o expectador DEDUZA.

  • claro que so namorados enquanto combinam um encont ro num caf. Ela diz que ele anda muito distante desde que Leoz se foi e que quer conversar.

    Zoel chega no caf e l est a moa sentada numa mesa... ele entra no recinto instrospectivo e tacit urno, senta-se. Eles se olham e Zoel d um discreto sorri so.

    FIM

    Entendo que LEOZ seja o espelho de ZOEL, mas os nomes sero pronunciados pela atriz e no sero escritos na cena.

    Ao longo do roteiro, ningum diz o nome de Zoel, ento, do jeito que est, o expectador nem mesmo sabe que o protagonista se chama Zoel. O nome Leoz dito uma vez, por uma personagem desconhecida, pelo telefone. Mesmo que ela diga o nome de Zoel no telefone, os nomes no esto destacados e poucas pessoas iro identificar a ligao dos dois nomes.

    Sugiro que procure um nome mais claro e/ou que voc crie maneiras de dizer ao expectador o nome de Zoel. Deve ficar mais claro tambm o espelhismo dos nomes. Uma conversa curta ao telefone no basta.

  • PORTAS DO ESPELHO

    FADE IN:

    01 INT. EXT. QUARTO DE ZOEL E RUAS DIA

    CENA 1

    ZOEL rapaz de aproximadamente trinta anos, porte mdio, branco, cabelos ondulados at os ombros cast anhos, olhos verdes est deitado em sua cama olhando par a o teto enquanto ouve barulho de goteira e acompanha o ritm o do gotejar com os dedos.

  • CENA 2

    Zoel caminha observando as pessoas e as situaes m ais convencionais

    Encontros de acaso fingidos de surpresa agradvel

    CENA 3

    Zoel deitado em sua cama virado do lado direito e acompanha o ritmo do gotejar com os ps.

    CENA 4

    Casais no parque tomando sorvete com seus filhos

    Tia-do-pastel se auto anunciando

    CENA 5

    Zoel deitado em sua cama de barriga pra cima e continua a acompanhar com os ps o ritmo do barulho do gotejar

    CENA 6

    Casais jovens no banco da praa conversando passivamente.

    CENA 7

    Zoel deitado de bruo acompanhando o ritmo do gote jar com os dedos no travesseiro

    CENA 8

    Fluxo nas estaes de metr: a pressa, o suor escorrendo no rosto das pessoas, alguns sentados se m pressa, outros esperam por algum olhando para o re lgio.

    Cena 9

    Idem cena 6

  • CENA 10

    Os ternos e gravatas, os shorts e chinelos.

    O papear em mesas de bar.

    Bicicletas estacionadas num canto da praa

    Pessoas andando de bicicleta

    Pessoas dandando pela calada, foco nos ps a caminhar, sapatos de diferentes estilos: salto alto , rasteiras, mocassin, ortopedicos, botas, chinelos,e etc.

    2. INT. CASA DE ZOEL - DIA

    Zoel levanta-se da cama e, ao passar pelo espelho, leva um tremendo susto. Volta e posta-se diante del e, sua imagem quase irreconhecvel, v-se completamente desfigurado, embaado.

    Zoel aproxima-se do espelho, esfrega seus olhos, encara-se: seus traos so imprecisos, borres de c ores (referncia ao quadro O grito de E. Munch). De fo rma inesperada, a boca daquela prpria imagem o engole fazendo adentrar-se ao espelho.

    3. INT. SALO

    Zoel encontra-se num salo, redondo, grande e completamente vazio. O teto de vidro, inalcansve l de to alto, nada se v atravs dele. Avista uma porta num a das extremidades do salo, ansioso, corre at ela e abr e.

    4. INT. CORREDOR DO SALO PENUMBRA

    Um corredor longo com vrias portas de ambos os lad os se mostra por detrs. Escolhe aleatriamente uma da s portas.

    5. INT. SALETA 1 - ESCURO

    Abre a porta e uma luz neon verde reflete em seus olhos, msica letrgica rolando, d um sorriso de c anto de boca, fecha os olhos e comea a balanar o tronco n o ritmo da msica(tocar Sonic Youth, NYC Ghost and Flowers) . Se adentra com mais prazer quele local. Passa no meio de vrias pessoas que danam cambaleantes, copos na m o,

  • rostos pintados, fumaas de cigarros, todos parecia m tomados pelo clima lisrgico. Uma moa o aborda.

    MOA

    Meu pai morreu... ontem, hoje, no sei bem.

    Zoel ri discreto e desentendido. Volta at a porta, sai, fecha e tudo fica silencioso.

    6. INT. CORREDOR DO SALO PENUMBRA

    Olha ao redor, coa a cabea numa expresso de confuso, mas continua andando pelo corredor olhando para as portas ao redor.

    Escolhe uma, espia pela fechadura: uma mulher senta da no canto da sala... roupas rasgadas, nariz sangrand o, braos roxos, olhando fixamente com expresso de d io para algum que no se consegue ver.

    Zoel se afasta, por um instante fica em dvida se e ntra, mas resolve ir para outra.

    Olha novamente a fechadura de uma outra porta antes de entrar, tudo escuro, parece estar com uma chave imp edindo-o espiar. Abre-a...

    7. INT. SALETA 2 - PENUMBRA

    Um quarto, apesar da penumbra possvel enxergar.. . Adentra-se, observa a parede com desenhos de pessoa s nuas, aproxima-se da cama e v trs mulheres dormindo. Sa i ligeiro e suavemente para no fazer barulho e acord -las.

    8. INT. CORREDOR DO SALO PENUMBRA

    Outra porta... Resolve entrar sem espiar, abre deva gar e ouve um grito, ameaa fechar, mas persiste e entra.

    9. INT. SALETA 3 - DIA

  • Uma menina de aproximadamente onze anos de idade, s entada num banco.

    MENINA (olha-o chorando)

    Nossas brincadeiras no tm mais graa!

    Zoel olha ao redor, no h mais nada nem ningum, d meia volta e sai.

    10. INT. CORREDOR DO SALO PENUMBRA

    Zoel encosta na parede e fica imerso em pensamentos , expresso de reflexo nos olhar baixo e esttico. C ruza os braos e fica por uns segundos parado ali e volta a caminhar pelo corredor.

    11. INT SALETA 4 (BAR) CAIR DA TARDE

    Outra porta aberta, com rapidez, sem receios... e st num bar, estilo dinner , poucas pessoas, uma vitrola rodando Goin Out West de Tom Waits.

    Zoel senta numa mesa e comea a acompanhar o ritmo da msica com os ps esperando o garom, logo lhe traz em uma caneca de chop gelado.

    Ao dar o primeiro gole percebe que est sendo obser vado, era um velho franzino de cadeira de rodas na mesa d a frente.

    VELHO (erguendo uma nota de cem reais e dizendo

    rispidamente) T vendo isso aqui, maricas? Com esse pedao de

    papel podemos escravizar as pessoas sem recorrer violncia explcita. Se eu tirasse do bolso um

    revlver as consequncias seriam exatamente as mesmas: submisso imediata. Agora vai embora,

    vai... sai daqui, seu ignorante!

    Zoel se levanta e sai ligeiramente.

  • 12. INT. SALETA 5 - NOITE

    Abre outra porta. De repente, uma luz foca-se num d iv roxo com dois jovens homens trocando carcias.

    UM DOS RAPAZES

    No preciso ser sozinho, a parada agora introspectar out .

    A Luz se apaga, a escurido toma conta por completo . Zoel se afasta, sai, fecha a porta ansioso.

    13. INT. CORREDOR DO SALO - PENUMBRA

    Zoel est atordoado com essa torrente de informae s. Comea a escorregar pela parede do corredor ate alc anar o traseiro no cho, de um jeito exausto e reflexivo, fica ali um minuto absorto em pensamentos. De repente, algo quebra o silncio.

    VOZ MASCULINA (V.O) (ecoando)

    Suas experincias so mais interessantes pra mim porque como uma extenso de minha prpria vida no seu tempo.

    Zoel se levanta e vai at a porta mais prxima, abr e.

    14. INT. SALETA 5 PENUMBRA

    Ali est um jovem e belo rapaz, em p parado no mei o da sala. Ambos se encaram por um tempo e vo de encont ro um ao outro... olham-se de perto e se abraam calorosamen te. Pelo rosto de Zoel nota-se que ele est estranhando a si tuao. O rapaz aos poucos se afasta at sair da sala. Zoel fica, sozinho e reflexivo.

    CORTE RPIDO PARA

  • 15. INT. QUARTO DE ZOEL DIA

    Repentinamente, o espelho cospe-o de volta para seu quarto.

    Meio perdido, logo reconhece o ambiente, devagar ca minha at a porta de sada da casa.

    16. INT. SALA DA CASA DE ZOEL - DIA

    Uma - FOTOGRAFIA -- de Zoel e o mesmo rapaz da lt ima saleta, um ao lado do outro com mais outras trs pe ssoas focada na estante da sala enquanto ele passa de sa da. O telefone toca, ele volta para atender, sua namora da:

    NAMORADA Zoel? Finalmente me atendeu! O que houve contigo?

    ZOEL

    (voz pra dentro balbuciando e coando a cabea) Hey! Eu... eu tava dormindo, foi mal...

    NAMORADA

    Zoel, voc t super estranho, sei l... distante desde que o LEOZ se foi. Quero te ver... Me encontra no caf Luccia daqui uns vinte minutos, pode ser?

    17. INT. CAF CAIR DA TARDE

    Zoel chega no caf e l est sua namorada, cabelos pretos encaracolados na altura dos ombros, pele suavemente bronzeada, olhos castanhos, magra, pernas cruzadas, roupas casuais, sentada numa mesa levando uma xcara de ca f boca. Ele entra no recinto instrospectivo e tacitur no, senta-se. Eles se olham e Zoel d um discreto sorri so.

    FADE OUT

    FIM