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Adorno e Horkheimer: a Teoria Crítica como objeto de emancipação(RESENHA)

SILVA, Vital Ataíde da. Adorno e Horkheimer: a Teoria Crítica como objeto deemancipação. Dissertação (Mestrado em Filosofia). Programa de Pós-Graduação doDepartamento de Filosofia. Universidade Federal da Bahia: Salvador-BA, 2007.

A dissertação está dividida em três capítulos e investiga o pensamento deAdorno e Horkheimer, “enquanto reflexão acerca da sociedade burguesa a partir doselementos postos pelo pensamento moderno, alicerçado na afirmação da razão e napromessa de emancipação do homem das amarras dos mitos e do supra-sensível” (p. 07).Reflexão em torno da razão Iluminista e do confronto entre a Teoria Tradicional e a TeoriaCrítica (obra publicada por Horkheimer em 1937). O primeiro capítulo trata do primeiroperíodo da Teoria Crítica tomando como base esta obra de Horkheimer. O segundocapítulo toma como base obras como a Dialética do Esclarecimento e Eclipse da Razão. Oterceiro capítulo constitui uma proposta pedagógica que possa apontar as diretrizes rumo auma emancipação possível.

O autor divide o pensamento dos frankfurtianos em três fases possíveis sendo umafase inicial em que tais filósofos

estavam ligados à idéia de uma possível emancipação através de uma revolução

proletária. Na segunda, há uma descrença na possibilidade de transformação. Seus

textos são do período do exílio americano. A terceira fase é marcada pela crítica do

“mundo administrado”, em que sobressaem a critica cultural e da educação e a busca

de saídas, consideradas por seus críticos como aporias (p. 07).

A Teoria Crítica se vincula, inicialmente, à tradição Iluminista que vê na razão umabase possível de emancipação: “A teoria crítica faz jus ao programa iluminista de ousarpensar por si mesmo, como condição de possibilidade de autonomia do homem” (p. 10).

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Contudo, essa mesma razão que se erguera como potencial libertador, também seinstrumentaliza, se subordina à técnica e a um processo de dominação hostil da naturezase afastando desta forma do seu projeto originário. Por isso Adorno e Horkheimer “põemem cheque as conquistas da razão iluminista. Para eles, a razão é sobremaneiraemancipatória, e ao instrumentalizar-se nega o seu fundamento. A teoria crítica visarepensar a própria racionalidade, resgatando o significado de guiar-se pela razão” (p. 10).O esclarecimento como projeto iluminista, em que a humanidade saíra de sua menoridadee como condição de possibilidade para atingir a maioridade e autonomia, para usar umaexpressão kantiana, cedeu lugar ao obscurantismo da razão instrumental.

É na segunda fase do pensamento de Adorno e Horkheimer, sobretudo a partir dapublicação em conjunto da obra Dialética do Esclarecimento que temos uma visãopessimista de que

O sonho de uma humanidade emancipada e “iluminada” transformou-se em uma nova

barbárie. [...] a teoria crítica intenta examinar o conceito de racionalidade que está na

base da moderna cultura industrial e procura investigar nesse conceito as suas falhas,

ou os vícios da racionalidade instrumental (p. 11).

Adorno e Horkheimer denunciam o desvio do projeto e o descaminho da razãoiluminista. E por isso a própria razão deve passar por um processo de esclarecimento, sobpena de ameaçar o projeto originário de emancipação do sujeito. Tendo sido iniciado oprojeto Iluminista, mas sem uma previsão real de efetivar-se, o certo é que a humanidadenão pode prescindir desse horizonte possível.

É com esse intuito, com a dissertação em questão analisa a possibilidade deemancipação diante do atual cenário social, político e econômico da sociedadecontemporânea, investigando o sentido de emancipação proposto pelos autores da TeoriaCrítica, mediante uma teoria crítica da sociedade. “Por esse intermédio, demonstra-se quea teoria crítica é um claro não à razão instrumentalizada e à sociedade administrada,considerando-as como resultado de um desvio na trajetória originalmente emancipatória darazão” (p. 13). Os objetivos da pesquisa podem ser sintetizados nos seguintes pontos,conforme nos relata Vital da Silva:

investigação na obra de Adorno e Horkheimer dos elementos que levam à compreensão

da teoria crítica como projeto de emancipação; pesquisa sobre a evolução do seu

conceito de teoria crítica, permitindo perceber o seu desenvolvimento e as

configurações que toma ao longo de sua história; averiguação da pertinência da teoria

crítica como um projeto de emancipação, descobrindo suas modalidades e o seu

alcance para se pensar a sociedade em nosso tempo e um projeto político capaz de

conduzi-la à autonomia e à liberdade (p. 16).

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CAPÍTULO I

A TEORIA CRÍTICA NA PERSPECTIVA DA RAZÃO EMANCIPATÓRIA

A teoria crítica não almeja de forma alguma apenas uma

mera ação do saber, ela intenciona emancipar o homem de

uma situação escravizadora.

Max Horkheimer

O primeiro capítulo da obra apresenta as origens da Teoria Crítica a partir dapublicação da obra Teoria Tradicional e Teoria Crítica, em 1937, por Max Horkheimer. Eestá subdividido em três tópicos: Teoria crítica: condição de possibilidade da crítica social;Teoria crítica como crítica da estrutura da sociedade burguesa; e Teoria crítica eemancipação.

Teoria crítica: condição de possibilidade da crítica social

A publicação da obra Teoria Tradicional e Teoria Crítica surge como umapossibilidade de elaborar uma teoria crítica social em oposição a Teoria Tradicionalfundamentada sobretudo no positivismo mas que tem sua origem no Discurso do Métododo filósofo francês René Descartes, sendo método cartesiano o posteriormente opositivismo que fundamentavam as ciências especializadas. A Teoria Crítica pretendemostrar a incapacidade da Teoria Tradicional em fornecer elementos para um projetoemancipatório humano e social e até mesmo de dar conta de explicar toda a realidade emque vivemos.

A Teoria Crítica questiona a relação entre o objeto de pesquisa científica e asociedade, tomada como objeto de estudo científico, da forma como aparece na TeoriaTradicional, “ou seja, as ciências são pensadas sem relação com os processos sociais” (p.24), e por essa razão, não é capaz de desvelar as relações de dominação e contradiçãoexistentes no interior da sociedade. Já a “teoria crítica, ocupando-se com a crítica desseprocesso, associa-se ao marxismo na sua crítica ao Capitalismo” (p. 24) e surge como umacrítica das relações econômicas da sociedade sem, contudo, se limitar apenas ao aspectoeconômico. Além disso, há uma relação dos objetos com os fatos sociais de modo queaqueles só podem ser pensados a partir das relações sociais “Há uma exigência de que asciências levem em conta os dados da realidade como integrantes de seus processos e nãosimplesmente reduzam os seus trabalhos ao mero uso técnico, como acontece nos

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procedimentos de análise embasados na teoria científica” (p. 26).

A Teoria Crítica não se conforma à uma pura aplicação da teoria, já que estas sãoconstruções sociais e que por isso deve se posicionar frente aos condicionantes demanipulações sociais. A Teoria Crítica procura desvendar os pressupostos da ordem social.“A teoria crítica advoga o direito de posicionar-se criticamente diante daquilo que parece aprincípio resolvido e, portanto, não suscetível à crítica” (p. 28). Vital Silva, citando ZoltanTar (1977) afirma: “A Teoria Crítica, preocupada com uma transformação radical da ordemsocial existente, é proposta em oposição à ‘Teoria Tradicional’ que mantém o sistema” (p. ).E Raymond Geus corrobora com estas ideias quando diz que a Teoria Crítica visa “[...] àemancipação e ao esclarecimento, ao tornar os agentes cientes de coerções ocultas,libertando-se assim dessas coerções e deixando-os em condições de determinar onde seencontram seus verdadeiros interesses” (apud SILVA, 2007, p. 26).

Teoria crítica como crítica da estrutura da sociedade burguesa

Como teoria crítica da sociedade que busca uma interpretação e análise de suaestrutura, a Teoria Crítica se posiciona frente à ordem estabelecida, buscando um horizonteteórico e prático emancipatório. “Dentre as tarefas da teoria crítica está a de tornar claroque a estrutura do ordenamento social possui contradições que devem ser conhecidas,pois a forma de organização do todo social se configura como uma contradição consciente”(p. 30). E a sociedade em questão é, naturalmente, a sociedade capitalista e burguesa. Atarefa da Teoria Crítica é tornar claro a estrutura da sociedade burguesa e predomínio docapital. É preciso, mais do que buscar um entendimento do sistema vigente, suaemancipação. Tornar possível o conhecimento da realidade é algo que ultrapassa a meraanálise para resultar em força motriz de sua transformação.

A sociedade em questão está fundada em uma Ideologia dominante que não sómantém a situação de dominação e exploração, como determina a própria forma de pensarda sociedade. É preciso estar alerta para o risco dessa Ideologia.

As condições histórico-existenciais, concretamente situadas, levam a teoria crítica a

reagir, pois é da realidade propriamente dita que ela parte em direção a um

pensamento emancipatório, opondo-se a toda sorte de dominação e ao pensamento

conformista. A teoria crítica põe às claras as condições de exploração da sociedade

burguesa (p. 34).

A sociedade burguesa esconde os interesses que possui por trás da produção deriqueza, esconde do proletariado as condições de exploração que tornam possível essariqueza, e a Teoria Crítica toma para si a tarefa de revelar as condições e o mecanismo quetornam possível a manutenção dessa exploração. “Dessa maneira, a teoria crítica se

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incumbe de fazer a crítica dos conceitos de classe, exploração, mais-valia, lucro,pauperização, ruína, etc., enquanto elementos que dão vigor à exploração e inquietam aconsciência humana do presente” (p. 35). Por isso a Teoria Crítica, não pode deixar de serum projeto de emancipação, mesmo que não seja algo de fácil realização.

Teoria crítica e emancipação

Já vimos amplamente como está presente na Teoria Crítica uma concepção derazão que se orienta para uma ideia de emancipação e como a Teoria Crítica acreditou natransformação da teoria em uma práxis revolucionária e em uma unidade entre pensamentoe ação. “Nesse plano está presente a possibilidade real de emancipação, a qual toma afeição concreta numa prática transformadora que leva à constituição de uma sociedade dehomens e mulheres livres e iguais” (p. 36). Por isso, na sequência da dissertação emanálise, o autor trabalha: a Teoria Crítica como engajamento político e frente às mudançasda sociedade burguesa.

Como engajamento político a Teoria Crítica visa a transformação das relaçõessociais vigentes e que inclui, por isso, interesses políticos. “A reflexão deve, com isso, secoadunar com a prática política de transformação, criando condições para uma novarelação entre teoria e práxis, como indica a teoria crítica” (p. 36). Não podemos esquecer oquadro de abusos autoritários e totalitários que marcam a Europa na primeira metade doséculo XX. É preciso lutar contra este estado de coisas e o caminho é por meio da luta e doengajamento político.

Além disso a sociedade nos coloca diante de dois polos: o da emancipação e o daexploração. Exploração capitalista do trabalho, da mais-valia, da classe trabalhadora. Épreciso realizar a crítica das condições políticas, econômicas e sociais que resultam dessaexploração e propor sua transformação. E de uma estrutura social que é alimentadapela Ideologia enquanto seu elemento formador.

A Teoria Crítica também toma como ponto de partida os mecanismos quesustentam a sociedade burguesa, como já vimos. É preciso “refletir as mudanças que sederam no interior da sociedade burguesa, as quais se diferenciam daquelas queacompanharam o momento histórico do surgimento da modernidade” (p. 41). Mecanismosmarcados por interesses econômicos que configuram o chamado “mundo administrado”.

Diante disso, percebe-se a implicação prática da teoria crítica, uma vez que ela se situa

no epicentro dos acontecimentos que marcaram a primeira metade do século XX,

apresentando críticas e análises do período com aguda sagacidade. Com isso, é

possível pensar que, se ela não é uma teoria da revolução, tampouco é uma teoria

desengajada ou desencarnada da realidade. Aliás, se ela oferece alguma contribuição

para a história do pensamento contemporâneo, o faz por esse olhar dirigido a seu

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tempo, com uma atenção voltada à realidade da qual surge e na qual se insere,

mediante a qual ela atinge seu significado peculiar (p. 43).

CAPÍTULO II

A MODERNIDADE NA PERSPECTIVA DA DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO

O que nos propuséramos era saber por que a humanidade

mergulha num novo tipo de barbárie em vez de chegar a

um estado autenticamente humano.

Adorno e Horkheimer

A publicação da obra Dialética do Esclarecimento (DE), como se pode perceber naepígrafe acima, caracteriza a fase de desilusão de Adorno e Horkheimer “quanto àcapacidade de luta e de resistência do proletariado na sociedade moderna dominada pelofascismo, pelo estalinismo e pela democracia de massa, onde imperam o que elesdesignam como totalitarismo de direita e de esquerda” (p. 47). Por isso a DE procuraapresentar as contradições de forma crítica da modernidade. De como a modernidadenasce afirmando a autonomia do sujeito e uma razão emancipatória, que se converte emuma razão procedimental e instrumental interrompendo a proposta original de liberdade quea fundara.

Nesse ponto Vital Silva desenvolve sua argumentação a partir de três pontos: 1)como a modernidade se projetou a partir da razão instrumental; 2) o consequenteprogresso técnico oriundo da instrumentalização da razão; 3) e o domínio da razãoinstrumental sobre a cultura, ou seja, a análise da indústria cultural que revela aengrenagem que faz “girar” o sistema de dominação e controle ideológico e político.

A transformação da razão instrumental gerou dominação: tanto da natureza, quantodo próprio homem e sua racionalidade. “Nesse contexto se insere a afirmação segundo aqual o esclarecimento, enquanto um pensamento que se dirige ao progresso, e queobjetivava livrar os homens do medo, tornando-os senhores, se contradiz pelo triunfo deinúmeros infortúnios” (p. 49). Adorno e Horkheimer reagem, portanto, a ideia de progressoconsiderado apenas pelo viés da técnica. “Em contraposição, eles fazem uma apologia dosaber e levantam o questionamento acerca da certeza da efetiva consumação dadominação da natureza, em vista de torná-la, na prática, objeto à nossa disposição” (p. 50).Adorno e Horkheimer irão denunciar a instrumentalização da razão e, por conseguinte, doconhecimento, cujo interesse se volta para a técnica e eficácia em detrimento da buscapelo saber e pela verdade.

Por essa razão, um dos objetivos da DE, foi o de tentar entender por que o projeto

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de racionalidade iluminista, ao invés de levar à instauração de uma sociedade livre e justa,teve como efeito na verdade um sistema social que bloqueou qualquer possibilidadeemancipatória.

O debate sobre o progresso como instrumentalização da razão tem como objetivodesenvolver a ideia de que “a afirmação da razão, que se inicia em tempos imemoriais, eque subsidia o progresso da humanidade, será também a sua recaída numa razãoformalizada e instrumentalizada, com todas as conseqüências éticas e políticas para ohomem e a sociedade” (p. 62). Desta forma se acentua a crítica à racionalidade queculmina com a instrumentalização da razão, colocando em cheque a própria razão, cujopropósito inicial de conduzir o homem à emancipação o levou, na verdade, a uma novabarbárie. Resultado nefasto a que levou o pensamento científico e o positivismo, a partir domomento em que pretendem derrubar qualquer pretensão de validade do pensamento eque reduz o pensar a um aparato matemático e um formalismo lógico como medida domundo e de si mesmo. A atividade da razão se compara a um processo de produção formale técnica, do domínio da técnica. “A razão esclarecida e, mais ainda, o positivismoconduziram a sociedade para o beco sem saída da dominação, subjugada ao podereconômico que coisificou o próprio homem e sua capacidade de pensar” (p. 65). O próximopasso é a exploração que constitui o cerne da sociedade capitalista. A razãoinstrumentalizada entra no domínio da lógica do mercado. Está posto princípio da tese deque o esclarecimento, nesse sentido, serve à dominação. Está aberto o caminho para adominação ideológica que sustenta o mundo capitalista e a sociedade administrada,dominação que é, a um só tempo, ideológica e econômica. Por isso, a ideia que estápresente na DE, “é que o processo civilizatório foi sempre movido pelo desejo dedominação, com trágicas conseqüências éticas, políticas e sociais para a humanidade” (p.71).

O próximo aspecto do “esclarecimento” que precisa ser ressaltado em sua marchapara a dominação se dá no campo da cultura. A análise dos frankfurtianos da IndústriaCultural objetiva mostrar que há uma estreita relação entre dominação econômica edominação cultural como partes da ideologia da razão instrumental, fazendo dos bensculturais elemento de massificação, inculcados nos indivíduos como algo natural e racional.Com a análise do conceito de indústria cultural, Adorno e Horkheimer realizam a crítica docontrole sobre a cultura como forma de ideológica de dominação. A indústria cultural setorna, desta forma, parte do programa de instrumentalização da razão. “A relação entreindústria cultural e razão instrumental reside no fato que no mundo capitalista esseprocesso se constitui num grande sistema de produção e consolidação do poderio político eeconômico, assemelhando-se a duas faces de uma mesma moeda” (p 73). A indústriacultural é cúmplice da Ideologia e mascara as contradições sociais e as relações dedominação e exploração, consolidado por um sofisticado aparato comunicativo e visual. Éuma massificação da cultural, que gera a mercantilização da cultura e que serve ainteresses dominantes. Os meios de comunicação de massa transformam tudo em

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mercadoria e que devem ser consumidas a todo custo pelo público.

Os diretores desses meios de comunicação são formadores de opinião, direcionando

desejos, gostos e preferências da sociedade. O conjunto desses interesses criou as

condições para o desenvolvimento de uma "Indústria Cultural" que tem como um de

seus objetivos eliminar o diferente; apesar de alardear a criação do original e do inédito.

É significativo, nesse aspecto, que a televisão, dentre os meios de comunicação de

massa, tenha alcançado tanto êxito, uma vez que operando uma síntese do rádio e do

cinema harmoniza a palavra, a imagem e a música. Por isso ela obteve, pelo seu fácil

acesso, uma maior penetração nas camadas populares, o que permitiu um uso mais

deliberadamente monopolizador. Em vista disso, o conteúdo dos filmes ou novelas que

apresentam para a diversão e entretenimento das massas é basicamente o mesmo, só

varia na aparência (p. 74).

O grande problema é que a indústria cultural, assim entendida, torna os indivíduosalienados e subservientes ao sistema e, dessa forma, a vida dos indivíduos é toda vividaem função de tais interesses: interesses de produção, mercantilização da cultura e daprópria vida, exploração, dominação.

Reconhecendo esse movimento de formação e justificação ideológica do processo de

dominação, Adorno e Horkheimer fazem o trabalho de desmonte crítico que os leva a

seguir o percurso de uma crítica radical com base no princípio da luta de classes

enquanto via de superação do Capitalismo até chegar à consolidação de uma nova

versão da teoria crítica (p. 77).

A Indústria Cultural é entendida dessa forma como parte do pensamento crítico quese dirige a um projeto emancipatório, que visa revelar os artifícios da sociedade burguesapara a dominação, oriunda da instrumentalização da razão, que se corporifica na técnica edesagua em uma arte e cultura instrumentalizadas.

CAPÍTULO III

TEORIA CRÍTICA E EDUCAÇÃO: EDUCAÇÃO “PARA UMA CONSCIÊNCIAVERDADEIRA” E PARA A EMANCIPAÇÃO

A exigência que Auschwitz não se repita é a primeira de todas para

a educação. De tal modo ela precede quaisquer outras que creio

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não ser possível nem necessário justificá-la. Não consigo entender

como até hoje mereceu tão pouca atenção.

(Adorno – Educação após Auschwitz)

Este capítulo tem como objetivo pensar as contribuições da Teoria Crítica para umaeducação crítica e emancipatória. “A proposta de uma educação emancipatória se radicano enfrentamento dos impasses do nosso tempo, ou do mundo administrado, fechado àmudança, cujos fins já estão previamente configurados, enquanto projeto político que sesobrepõe aos valores da humanidade” (p. 85). A ideia de uma educação emancipatóriaserve como desfecho da discussão em torno da relação entre teoria crítica e o projeto deemancipação.

Com isso, pleiteio assegurar, por esse recorte, a presença do projeto de emancipação

que acompanha a teoria crítica, também em sua fase tardia. O enfoque na educação,

segundo aqui se compreende, possibilita vislumbrar clareiras abertas em meio às

contradições da sociedade da dialética do esclarecimento (p. 85).

Sob essa perspectiva, a educação é vista como um projeto de “desbarbarização”,de conscientização crítica, de enfretamento da instrumentalização da razão, da dominaçãoe da exploração correlatas a este processo.

A proposta de uma educação emancipatória é elucidada pelo autor a partir do usodos termos “formação” e “semiformação”, sendo este a negação daquele.

Dessa forma, o conceito de “formação” apresenta-se como uma proposta pedagógica

que visa o enfrentamento crítico e operativo do processo de semiformação, como

realização de um destino da civilização. É característica desta proposta da formação o

opor-se à semiformação, enquanto forma dominante da consciência atual. E nessa

perspectiva pode-se relacionar o tema da formação com a proposta

pedagógico/educacional emancipatória. Se a educação, para Adorno, é enfrentar as

ameaças da barbárie, formar é contrapor-se à semiformação que forma para a

desumanização, adulterando o espírito (p. 98).

A ideia de “semiformação” é utilizada aqui para identificar uma base socialestruturada na dominação e na exploração. Frente à esta base, é preciso opor umaeducação como formação cultural e emancipatória. A semiformação é característica dabarbárie, da regressão da razão a puro instrumento de dominação da natureza. É precisopensar uma formação cultural acompanhada de uma educação crítica que possa ajudar aresgatar o valor da consciência da humanidade. E assim chegamos ao último tópico da

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dissertação de Vital Ataíde da Silva, a saber, o da educação como emancipação.

Desta feita, a possibilidade de mudança, de autonomia do sujeito, de indivíduos livres é

sustentada tanto em Adorno como em Horkheimer por uma Filosofia da Educação em

que a educação é pensada como instrumento de transformação da consciência e da

própria sociedade. A base de sua filosofia da educação está no projeto de

reapropriação pelo homem de sua própria condição e sentido, sobrepondo-se aos

condicionantes de um mundo em que o útil é o desejado, em que o lucro é a razão de

todos os esforços humanos. Para esse projeto convergem, num só esforço, seja a

recuperação da formação cultural quanto uma educação crítica (p. 103).

É preciso formar nos indivíduos a consciência do verdadeiro significado daexistência humana, de sua presença na história, de sua capacidade de desmontar asarmadilhas da instrumentalização da razão e dos interesses ideológicos de gruposeconomicamente dominantes. Uma concepção crítica de educação que denuncie abarbárie que a sociedade carrega potencialmente dentro de si.

À guisa de conclusão, colocamos aqui os objetivos destacados pelo autor de suaobra:

reconhecer em que consiste um projeto de emancipação em Adorno e Horkheimer e

sua relação com a teoria crítica da sociedade pela análise dos pressupostos da razão

instrumental, da Indústria Cultural e sua crítica à cultura de massa, da degradação da

razão pelo anti-semitismo;

analisar a teoria crítica como crítica da sociedade que se estabelece na Alemanha do

nacional socialismo hitleriano como crítica da sociedade oriunda das entranhas da razão

ilustrada/instrumental;

discutir os pressupostos da consecução da emancipação, ou seja, a crítica social,

objetivando opor-se à razão instrumentalizada e à sociedade administrada, fruto de

desvios na trajetória originariamente emancipatória do esclarecimento, caminho em

direção “à autonomia e à autodeterminação do homem”;

detectar, nos textos escolhidos, a presença de elementos que demonstram a

continuidade do tema da emancipação no pensamento crítico de Adorno e Horkheimer;

averiguar a pertinência da teoria crítica como um projeto de emancipação, descobrindo

suas modalidades e o seu alcance para a análise da sociedade em nosso tempo e um

projeto político capaz de conduzir a sociedade à autonomia e à liberdade.

Enfim, apontar os temas que na fase tardia vinculam a teoria crítica com o projeto de

emancipação (p. 116).

Vale ressaltar ainda, a abordagem dos temas “educação contra a barbárie”,

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17/08/2015 Adorno e Horkheimer: a Teoria Crítica como objeto de emancipação (RESENHA) :: Consciência Política

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“educação para uma consciência verdadeira”, “educação para a sensibilidade”, da“formação contra a semiformação”, do “progresso” como desenvolvimento da humanidade,“educação para a emancipação”, como aspectos emancipatórios da Teoria Crítica.

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