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Adriana Kimie Kimura
Wanderson Luís de Carvalho
ESTUDO DA RELAÇÃO CUSTO X BENEFÍCIO NO EMPREGO DA TÉCNICA
DE GLICERINAÇÃO EM COMPARAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DA
CONSERVAÇÃO POR FORMOL.
Araraquara - SP
2010
Adriana Kimie Kimura
Wanderson Luís de Carvalho
ESTUDO DA RELAÇÃO CUSTO X BENEFÍCIO NO EMPREGO DA TÉCNICA
DE GLICERINAÇÃO EM COMPARAÇÃO COM A UTILIZAÇÃO DA
CONSERVAÇÃO POR FORMOL.
Trabalho de Conclusão de Curso de
Extensão apresentado como parte dos
pré-requisitos para a obtenção do título
de Higienista Ocupacional em “Higiene
Ocupacional”, à Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Orientador: Prof. Dr. Paulo Alexandre Monteiro de
Figueiredo
Araraquara - SP
2010
Dedicatória
Aos nossos respectivos cônjuges.
Aos amados Amanda, Luís Bernardo e Luís Heitor.
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Paulo Alexandre Monteiro de Figueiredo, por aceitar ser o nosso
orientador, depositando confiança em nosso trabalho.
Aos dirigentes da UNESP - Campus Experimental de Dracena e Campus
Experimental de Registro, pela indicação, permissão e credibilidade para
realizarmos este Curso.
Ao PGR – Programa de Gerenciamento de Resíduos da UNESP, pela iniciativa,
oferecimento e apoio financeiro aos participantes deste Curso de Extensão em
Higiene Ocupacional.
À UNESP- Faculdade de Odontologia de Araraquara (FOAr) local de realização, aos
docentes e funcionários que se envolveram e colaboraram para a concretização
deste Curso.
À UNESP pelo incentivo e apoio aos funcionários em dar continuidade em sua área
de atuação através do afastamento e preocupação com a saúde do trabalhador.
Aos colegas de sala pela convivência, crescimento, amadurecimento e trocas de
experiências.
Aos nossos cônjuges, Liliane e Renê, pela paciência, dedicação, compreensão,
presença e amor.
Aos nossos amados e queridos filhos Amanda, Luís Bernardo e Luís Heitor, pelo
apoio, compreensão nos momentos de ausência e amor inigualável.
A Deus.
Resumo
A Higiene Ocupacional é uma ciência e uma arte que tem por objetivo a
antecipação, reconhecimento, avaliação, análise e controle dos agentes agressivos
nos ambientes de trabalho, prevenindo contra riscos laborais que possam gerar
acidentes de trabalho ou provocar doenças, prejuízos à saúde e mal-estar,
desconforto significativo e ineficiência nos trabalhadores ou entre as comunidades
vizinhas e ao meio ambiente.
Os problemas provocados pelo aumento na produção e descarte de resíduos
vêm se agravando gerando sérios problemas ambientais e de saúde, devido a este
fato houve a necessidade de se implantar um gerenciamento de resíduos dentro da
Universidade.
A técnica de glicerinação, já empregada na UNESP-Campus Experimental de
Dracena no curso de Zootecnia e, com o intuito de futuramente ser adotada também
na UNESP- Campus Experimental de Registro no curso de Agronomia, surgiu a
partir da preocupação com o meio ambiente, saúde e segurança dos trabalhadores e
alunos envolvidos no manuseio das peças anatômicas durante as aulas práticas da
disciplina de Anatomia e Fisiologia dos Animais que constam na grade curricular de
ambos os cursos.
As peças glicerinadas se mostraram muito mais fáceis de serem
manuseadas, quando comparadas às peças formolizadas, apresentando menor
intensidade de peso e cheiro. A diminuição no peso se deu pelo fato de não ocorrer
encharcamento nas peças como ocorre na técnica da conservação por formol,
mantendo essas com peso muito próximo ao das peças sem utilização da técnica. A
menor intensidade de cheiro ocorreu pela utilização de produtos menos tóxicos no
processo.
O estudou mostrou que o custo versus benefício tende ao entendimento de
qual o prazo para se obter os resultados. A glicerinação normal tem melhor
aplicabilidade em curto prazo, porém a médio e longo prazo a técnica de
glicerinação destaca-se.
Palavras chaves: anatomia, formol, glicerinação, peças anatômicas.
Sumário
Pág.
1 Introdução.............................................................................................................. 2
2 Revisão da Literatura............................................................................................ 4
3 Materiais e Métodos.............................................................................................. 11
4 Resultados e Discussão......................................................................................... 14
5 Considerações Finais............................................................................................. 19
6 Referências Bibliográficas...................................................................................... 20
INTRODUÇÃO
Os Campus Experimentais de Dracena e Registro foram criados em
decorrência do “Projeto de Expansão do Sistema Estadual Público do Ensino
Superior”, implementado pela UNESP e pelo Governo do Estado de São Paulo, com
o objetivo de elevar a oferta de vagas no ensino público de 3º Grau, particularmente
em regiões do estado até então não atendidas pela rede de universidades estaduais
paulistas.
A sua implantação, em 2002, ocorreu em sistema de parceria entre o Governo
do Estado de São Paulo, a UNESP e as Prefeituras Municipais de Dracena e
Registro, com atribuições definidas para cada uma das partes. Foram criados, então,
os Cursos de Graduação em Zootecnia no Campus Experimental de Dracena/
UNESP e Agronomia no Campus Experimental de Registro/ UNESP.
Apesar da distância e localização aos extremos, uma na região centro-oeste
do estado e a outra no litoral sul paulista, as atividades dos Campi e dos Cursos de
Zootecnia e Agronomia oferecidos, vêem ao encontro da vocação
preponderantemente das regiões de Dracena e Registro, respectivamente e, têm
como objetivo contribuir ao estímulo, ao aprimoramento, à diversificação e à
organização das produções agropecuárias regionais, e gerar e difundir
conhecimentos científicos e tecnológicos, considerando, as demandas relacionadas
ao desenvolvimento sustentável, à proteção à biodiversidade e as necessárias
inclusões e promoção dos agrupamentos sociais estabelecidos nas regiões.
O Campus Experimental de Dracena - UNESP, preocupado com o meio
ambiente, saúde, segurança dos trabalhadores e alunos envolvidos no manuseio
das peças anatômicas durante as aulas práticas da disciplina de Anatomia e
Fisiologia dos Animais, substituiu a técnica de conservação de formol pela técnica
de glicerinação, procedimento este, que o Campus Experimental de Registro –
UNESP também pretende implantar por possuir na grade curricular esta mesma
disciplina e usufruir as vantagens que esta técnica nos permite.
A mais de 5000 anos existe a preocupação com a conservação das peças
anatômicas, a utilização de cadáveres é um dos métodos de ensino amplamente
realizado nas Universidades em todo mundo, pois além do caráter científico-
acadêmica, contribui no treinamento prático do aprendizado, melhorando a
compreensão e a assimilação na disciplina com aplicabilidade para a vida real.
O principal objetivo das técnicas de conservação é manter as características
morfológicas das peças o mais próximo da realidade encontrada em animais vivos,
ou seja, sua cor, consistência dos tecidos e flexibilidade. Atualmente existem várias
técnicas para preservação de tecidos animais, as escolhidas para este estudo foram
por utilização de glicerinação e por formolização.
A introdução da substituição da técnica de conservação do formol pela técnica
de glicerinação foi empregada baseada em pesquisas literárias, sites, orientações e
participação atuante por competentes profissionais da área, diante deste fato foram
estudado a relação do custo versus benefício destas duas técnicas utilizadas.
REVISÃO DA LITERATURA
O gerenciamento de resíduos na UNESP consiste nas questões que
envolvem: minimização, segregação e destinação dos resíduos gerados dentro da
Universidade. (Unesp PGR_25/09/2010; 16:00).
As atividades cotidianas dos profissionais envolvidos na produção e descarte de
resíduo de forma irregular, em seus diversos ambientes de trabalhos dentro da
Universidade, geram sérios problemas ambientais e de saúde dos quais atualmente,
infelizmente, temos conhecimentos; fatos estes, ocorridos envolvendo desastres
ambientais e problemas de saúde, devido a estes acontecimentos houve a
necessidade de se implantar um gerenciamento de resíduos dentro da Universidade
com o intuito de preservar o meio ambiente e a saúde do trabalhador.
A Higiene Ocupacional é uma ciência e uma arte, permitindo uma
multidisciplinaridade entre os interessados no ramo, e tem como objetivo a
antecipação, reconhecimento, avaliação, análise e controle dos agentes agressivos
nos ambientes de trabalho, prevenindo contra riscos laborais que possam gerar
acidentes de trabalho ou provocar doenças, prejuízos à saúde e mal-estar,
desconforto significativo e ineficiência nos trabalhadores ou entre as comunidades
vizinhas e ao meio ambiente.
A importância da conservação de peças anatômicas tem a finalidade de
facilitar estudos de caráter científico- acadêmico, possuindo diversas técnicas para
preservação de tecidos animais, para este estudo foram escolhidas as conservações
de glicerinação e por formol.
Vários são os fatores que devem ser levados em consideração quando iremos
escolher a melhor forma de conservação de peças anatômicas. Os custos, a
toxicidade, a técnica, o manuseio das peças após o preparo, a necessidade de
manutenção, a manutenção da morfologia e coloração as mais próximas possíveis
do estado real, o odor são os principais fatores a serem avaliados. (Silva et.al.,
2008).
O Formaldeído
O Formol comercializado é uma solução aquosa com 30% a 56% de
formaldeído e, nesta proporção apresenta uma quantidade que varia de 6% a
15% de metanol, várias resinas do tipo fenólicas, ureicas, alguns poliacetatos,
hexaminas e uma mistura de outros compostos em menor quantidade, dentre eles
metais pesados como chumbo e cádmio. É um produto químico orgânico com pH
entre 2,8 e 4, de aspecto físico líquido, incolor e límpido com propriedades
conservantes e anti-sépticas que em temperatura ambiente apresenta-se como
um gás extremamente volátil, incolor, e de forte odor pungente sufocante.
Apresenta fórmula molecular CH2O, com peso molecular 30.03 e ponto de ebulição a
96ºC. Na presença do ar, é oxidado a ácido fórmico.
O produto Formol é solúvel em álcool, éter, acetona e benzeno. Sendo
incompatível com aminas, com as quais ocorre forte reação exotérmica onde há
intensa polimerização com liberação de gás nitrogênio, metais alcalinos e
alcalinos terrosos, nitritos e nitrocompostos, peróxidos orgânicos e agentes
oxidantes. Nestes, ocorre formação de vapores que favorecem facilmente a
flamabilidade.
O formaldeído puro não é comercializado, pois apresenta uma forte tendência
à polimerização. O metanol frequentemente adicionado à solução de formaldeído
tem a função de inibir a polimerização e assim viabilizar o uso em diversos
processos. Na forma sólida, é comercializado como trioxano e paraformaldeído, com
8-100 unidades de formaldeído.
Os países da Ásia e da América do Sul são os maiores produtores de
formaldeído, sendo esta substância utilizada na fabricação de seda artificial, tecidos,
celulose, borracha sintética, resinas melamílicas, germicidas, tintas, corantes,
cosméticos, drogas e cigarros.
Este componente, também, é amplamente utilizado na preparação de
soluções de ureia e tioureia, na fabricação de vidros, espelhos, móveis, explosivos,
na coagulação de borracha natural e no endurecimento de gelatinas, albuminas e
caseínas. Na área agrícola pode-se destacar o seu uso na produção de fungicidas e
pesticidas (INCA, 2009).
O formaldeído utilizado no preparo da solução aquosa polimeriza-se em
paraformaldeído e sua concentração é comumente expressa em partes por milhão
(ppm). Precisamente 1 ppm corresponde a 1,248mg/m.
Em 1987, a Associação de Saúde e Segurança Ocupacional (OSHA) produziu
uma normatização para o uso do formaldeído. Nesta ocasião ficou estabelecido para
um período de 8 horas de exposição ao formol, um limite máximo de uma parte por
milhão (1 ppm) e a tolerância para um período de 15 minutos firmou-se um limite
de 2 ppm.
O Conselho Nacional de Pesquisa (NRC) dos EUA, em 1988, relatou que o
formaldeído na concentração de 0,1 a 2,0 ppm (0,15 a 3,0 mg/m ) é irritante
à mucosa ocular. Provoca irritação às mucosas do nariz, cavidade nasal, faringe
e laringe em concentração de 0,1 ppm (0,15 mg/m ) e traz conseqüências mais
graves sobre a traquéia, brônquios e pulmões em concentrações entre 5 e 30 ppm
(7,5 a 45 mg/m).
Em 1992, OSHA alterou as normas de exposição ao formaldeído,
estabelecendo que o limite permitido fosse de 0,75 ppm por 8 horas de trabalho
diário. Na Alemanha, 1 ppm é tolerável no máximo por 8 horas/dia. Na Dinamarca
postulou-se o limite máximo em 0,3 ppm (0,4 mg/m) por 8 horas por dia de
exposição ocupacional.
O Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional (NIOSH), desde
1993, passou a considerar o formaldeído como fator de risco carcinogênico aos
trabalhadores com convivência ocupacional com essa substância em todas as suas
atividades. Esta agência recomenda que não seja apropriado determinar níveis
mínimos de exposição ao formaldeído. Porém, atualmente, os novos padrões
estabelecidos para a tolerância a esta substância condicionam o seu nível de
concentração ao tempo de permanência no ambiente de trabalho.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária com a preocupação dos riscos à
saúde oferecidos pelo uso do formaldeído, em 18 de junho de 2009 divulgou
através da RDC 36/09, a proibição na venda do produto Formol em todo o
país em drogarias, farmácias, supermercados, armazéns, empórios e lojas de
conveniência. Este fato se deve ao uso indiscriminado dessa substância química
por profissionais responsáveis por tratamentos estéticos (ANVISA, 2009).
Segundo Mariscal et al. (2005), o formol é utilizado como desinfetante anti-
séptico e na esterilização de objetos sensíveis ao calor os quais não podem ser
autoclavados, como citoscópios, laparoscópicos e instrumentos utilizados para
hemodiálise.
O formaldeído é causa de preocupação em ambientes internos de hospitais,
tais como: sala de emergência, salas de cirurgias, unidades de terapia intensiva
entre outros.
Nesses locais, níveis de concentração de até 0,5 ppm, dessa substância
química têm sido reportadas na literatura (SALTHAMMER, 1994).
Como nos ambientes hospitalares o uso do formaldeído é comum,
profissionais da área da saúde ficam continuamente em contato com essa
substância, como médicos, enfermeiros e laboratoristas. Outro grupo de alto risco
potencial inclui funcionários de necrotérios.
Dentre sua ampla aplicação sobressai o uso do formaldeído nos laboratórios
de Anatomia, onde a exposição a este produto pelos docentes, pesquisadores
e técnicos é constante chegando a alcançar níveis acima de dez partes por
milhão. Seu uso, portanto, coloca em questão a exposição ocupacional a essa
substância química.
Por possuir todas estas características negativas para a saúde humana,
tornando dessa forma um ambiente de trabalho insalubre, houve a necessidade de
minimizar o risco, a solução foi substituir a conservação do formol das peças
anatômicas pela técnica de glicerinação.
A Glicerina
A glicerina refere-se ao produto na forma comercial do glicerol, com pureza
acima de 95%. O glicerol é um composto orgânico pertencente à função álcool. É
líquido à temperatura ambiente (25ºC), higroscópico, inodoro, viscoso. (Silva et. al.,
2008).
A principal característica da glicerina é a capacidade de desidratar as células,
atribuindo as suas ações anti-sépticas, atuando contra fungos e bactérias gram-
negativas e gram-positivas, com exceção para as formas esporuladas. Cabe
ressaltar que a desidratação obtida com a glicerina não altera a concentração iônica
das células, o que mantém a integridade celular, reduzindo assim, a anti-genicidade
dos tecidos conservados.
A Glicerinação permite uma melhor conservação com as vantagens de peças
anatômicas mais leves; utilização de produtos menos agressivos, às peças, ao meio
ambiente como a diminuição e eliminação de vapores prejudiciais à natureza e aos
manipuladores; peças anatômicas esteticamente melhores; conservação das peças
semelhantes a da formalização; baixo custo e facilidade no manuseio das peças
(Silva et al., 2008).
À medida que passamos a utilizar a glicerina como forma de conservação das
peças, o formol não estará totalmente abandonado, pois, inicialmente, as peças
deverão ser formolizadas.
A técnica de conservação por glicerinação em peças anatômicas exige uma
seqüência de procedimentos fundamentais que são: a prefixação, a desidratação, o
clareamento e fixação e secagem.
Objetivos
O processo de fixação dos cadáveres visa manter as estruturas dos tecidos
com o aspecto apresentado in vivo e, por outro lado, objetiva inativar a ação das
enzimas autolíticas. Já a conservação, posteriormente à fixação, visa impedir a
proliferação de bactérias e fungos e a maceração dos tecidos, não havendo razão
para acreditar que as mesmas substâncias químicas sejam ideais para ambos os
processos. Pelo contrário, devemos evitar o uso do formaldeído, como líquido
conservador de peças anatômicas, uma vez que esse fixador apresenta
propriedades tóxicas e outros efeitos desagradáveis além do potencial de risco
para a saúde de docentes, pesquisadores e técnicos de Anatomia.
Por essas razões o objetivo desse estudo foi realizar uma revisão bibliográfica
sobre os riscos oferecidos à saúde pela exposição ocupacional ao formaldeído e
aplicações de novas metodologias que substituam a contento a conservação de
cadáveres com menores riscos ambientais e a saúde do trabalhador.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizamos pesquisas bibliográficas para compor entendimento dos efeitos do
formol na saúde e aplicamos o conhecimento obtido experimentalmente da técnica
de glicerinação desenvolvida na Faculdade de Zootecnia do Campus Experimental
de Dracena.
Como critério de busca na literatura foram utilizados estudos indexados nas
bases de dados internacionais Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde (LILACS), PubMed (Mesh), Periódicos CAPES, coleção
Scientific Eletronic Library Online (SciELO), National Library of Medicine
(MEDLINE), além de consultas aos órgãos competentes envolvidos com saúde
ocupacional como: Occupational Safety and Health Administration (OSHA),
National Institute for Occupatonal Safety and Health (NIOSH), National
Research Countil (NRC), National Cancer Institute (NIC), National Toxicology
Program and Department of Health and Human Services, International Agency for
Research on Câncer (IARC), Environmental Protection Agency (EPA), U.S. Bureau
of Labor Statistic (BLS), Instituto Nacional do Câncer (INCA) e Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
Os descritores utilizados foram: formaldehyde, anatomy, toxicity, occupational
exposure, formaldeído, anatomia, toxicidade e exposição ocupacional após
consulta às terminologias em saúde a serem utilizadas na base de descritores da
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed (Mesh).
A técnica de glicerinação exigiu maiores cuidados e para melhor
desenvolvimento do método as peças foram muito bem dissecadas no qual
passaram por um processo de prefixação em solução de formaldeído 4% durante 24
horas, antes de iniciar a técnica propriamente dita composta por três etapas com
duração total de aproximadamente 35 dias.
Para obtenção de peças dos Sistemas Respiratório, Circulatório, Digestório e
Genito-Urinário de animais pós abate, inicialmente, foram realizadas coletas em
frigoríficos da região de Dracena. O material coletado foi resfriado por
aproximadamente 12 horas, com a finalidade de preservar suas estruturas, sendo
em seguida cuidadosamente dissecado.
Após a dissecação, as peças foram pesadas em balança eletrônica,
mensuradas com paquímetro inoxidável com divisão em milímetros (150 x 0,02 mm)
e fotografadas com câmera digital. Para um melhor desenvolvimento do método
realizou-se a pré-fixação do material de estudo em solução de formaldeído (4 %)
durante 24 horas.
Ao término do processo de prefixação, iniciou-se o método de Glicerinação
composto por três etapas: (1) Desidratação, (2) Clareamento e (3) Fixação
Secagem, com duração de aproximadamente 35 dias.
O processo de Desidratação teve duração de aproximadamente sete dias, e
foi constituído pela imersão das peças em solução de álcool etílico 70%. O material
de estudo foi acondicionado em caixas plásticas com tampa e mantido à
temperatura ambiente.
O Clareamento foi realizado através da perfusão das peças em solução de
água oxigenada 3%, sendo novamente conservadas em caixas plásticas com tampa,
por sete dias à temperatura ambiente. Com a finalidade de preservação do processo
realizado, as peças foram conservadas em solução de Glicerina 98% e Álcool Etílico
100%, na proporção 1:2, respectivamente.
Após 15 dias, as peças anatômicas foram novamente pesadas, mensuradas e
fotografadas, a fim de analisar e garantir a eficácia do método.
Foram feitos todos os cálculos para entender qual foi a relação custo x
benefício da comparação das técnicas normais de conservação por formol com a
técnica de glicerinação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Pelos achados, notadamente, o formaldeído é um produto químico de alta
toxicidade, sendo responsável por efeitos deletérios à saúde.
Pela necessidade das peças anatômicas serem cuidadosamente dissecadas
e serem submersas em soluções por longos períodos, a Técnica de Glicerinação
exigiu maior atenção em relação ao processo de Formolização. Cabe lembrar que a
técnica não eliminou o formol, utilizado na prefixação das peças para obtenção de
melhores resultados.
As peças glicerinadas se mostraram muito mais fáceis de serem
manuseadas, quando comparadas às peças formolizadas, apresentando menor
intensidade de peso e cheiro. A diminuição no peso se deu pelo fato de não ocorrer
encharcamento das peças, mantendo essas com peso muito próximo ao das peças
sem utilização da técnica. A menor intensidade de cheiro ocorreu pela utilização de
produtos menos tóxicos no processo.
O processo proporcionou aspecto de plasticidade ao material (ver Anexo),
promovendo a conservação de sua morfologia próxima à original e excelente
resultado estético, além de uma maior clareza das peças e fácil identificação de
suas estruturas. A técnica facilitou o estudo prático da anatomia, proporcionando aos
alunos maior correlação com os atlas.
Os custos foram calculados e apontaram os seguintes valores médios para
conservação de 10 kg de peças anatômicas:
• Formolização – utilizou-se 60 litros de formol com um custo de R$ 5,10 por
litro, e uma caixa de plástico com custo de R$ 60,00 cada, perfazendo, então, um
custo total de R$ 366,00. Sempre que forem adquiridas novas peças mais formol
deverá ser produzido para a conservação destas em uma nova caixa. Podemos
calcular que o custo médio de cada quilograma de peça anatômica a ser conservada
é de R$ 36,00.
• Na técnica de glicerinação foram utilizadas quatro caixas plásticas para a
acomodação das substâncias conservantes, com custo de R$ 60,00 cada; na
primeira caixa foi alocado o formol para a fixação, perfazendo um total de 60 litros e
com preço por litro de R$ 5,10, o preço total da primeira caixa foi de R$ 366,00; na
segunda caixa foram alocados 60 litros de álcool a 70% com custo por litro de R$
5,00, logo, o valor total circundou R$ 360,00; na terceira caixa contendo peróxido de
hidrogênio que custou R$ 6,85 foi calculado um valor de R$ 471,00; a quarta e
última caixa teve acondicionada uma solução de álcool com glicerina com custo
médio de R$ 430,00. Totalizando os gastos com essa técnica perfez-se R$ 1627,00.
Cada quilograma de peça teve um custo de R$ 162,70.
A técnica de glicerinação é quatro vezes e meia mais cara em comparação
com a formolização normal, porém, ela é mais mantém este valor ao longo do
tempo, pois os reagentes e substâncias não se perdem com o tempo e as peças
deixam de ser acondicionadas por imersão, logo apenas quatro caixas são
suficientes para a técnica.
Figura 1. Comparação do sistema digestório de um bezerro sem fixação (esquerda) e o mesmo sistema com a técnica de glicerinação.
Figura 2. O fígado à esquerda antes da técnica de glicerinação e à direita após passar pelo tratamento da glicerinação.
Figura 3. Coração à esquerda antes de passar pela técnica de glicerinação e à direita após todo o processo. Notar que a estrutura morfológica se mantém, enquanto que a cor fica alterada.
Figura 4. Rins, à direita clareamento em relação à peça ainda não conservada, à esquerda.
Figura 5. Pulmão à esquerda sem tratamento com a glicerinação, à direita após a glicerinação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com este estudo pode-se concluir que a Técnica de Glicerinação é um
processo eficiente e menos tóxico para conservação de peças anatômicas. A técnica
apresentou melhores resultados em relação ao odor, devido à diminuição de
vapores prejudiciais aos manipuladores e excelentes resultados estéticos e
morfológicos, facilitando o manuseio de peças anatômicas por professores e alunos.
O comparativo da técnica demonstrou que a glicerinação tem um custo de 4
vezes e meia a mais que a formolização convencional. O grande diferencial é que na
glicerinação este custo é dividido por quantas vezes a técnica for aplicada, pois, não
há perda destes reagentes e as peças produzidas ficam guardadas fora de caixas.
Neste sentido pode-ser entender que a glicerinação leva uma vantagem a médio e
longo prazo com relação ao custo.
A maior vantagem de utilizarmos a Técnica da Glicerinação talvez seja com
relação à saúde do trabalhador, que assim, tem menor acesso a agentes altamente
tóxicos e muito mais fáceis de utilizar e manusear.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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em: <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 25 de setembro de 2010
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INTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA). Formol ou Formoldeído: banco de
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VERONEZ, D. A. L.; FARIAS, E. L. P.; FRAGA, R.; FREITAS, R. S.; PETERSEN,
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Federal do Paraná. 2009, 20p.