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1 1 INTRODUÇÃO O mercado de plástico em geral tende a crescer. Nos últimos anos diversos materiais tradicionais como vidro, metais e fibras naturais vêm sendo crescentemente substituídos por produtos de origem polimérica, com menores custos de produção, maior flexibilidade e a possibilidade de reciclagem. A competição neste setor, principalmente no segmento de autopeças, é intensa, e cada vez mais os produtores de menor porte têm dificuldades de competir com empresas de capital estrangeiro, as multinacionais, mesmo em nichos de mercado. E nos últimos tempos o aumento no número de produtos fabricados numa mesma planta fabril, para atender os consumidores cada vez mais exigentes, tem requerido uma estrutura de apoio bem informada nas novas filosofias de produção e exigências de mercado. No desenvolvimento de novos modelos produtivos, tem se destacado o Lean Manufacturing, Produção Enxuta, que em resumo visa o melhoramento de fatores ligados à qualidade, custo, entrega e desenvolvimento pessoal, revela desperdícios e torna possível o aprimoramento dos processos e negócios. Do outro lado e por um muito tempo, empresas trabalharam baseadas na produção em massa, “modelo de produção Henry Ford”, e no segmento de injeção de termoplásticos não foi diferente. Visando reduzir a quantidade de setups, empresas focaram sua produção em lotes, aumentando seu estoque interno, reduzindo seu capital de giro e até mesmo provocando investimentos desnecessários em equipamentos. Muitas ferramentas de qualidades já são utilizadas para atender às necessidades impostas pelo mercado e desmistificar a idéia de que, quanto menos setups, melhor, implica em educação e treinamento para desenvolvimento dos colaboradores no que se refere às novas técnicas para se evitar o desperdício de tempo. 1.1 Caracterização da Organização Idealizada pelo alemão Franz Joseph Gill, que imigrou para o Brasil no início dos anos 20, a Açoplast só começou a tomar forma em 1996, no bairro do Tatuapé, em São Paulo,

Adriano-RA-004200400146 RVISADO 05 12 08lyceumonline.usf.edu.br/salavirtual/documentos/1498.pdf · Para Black (1998), há uma seqüência básica de atividades de setup, a saber:

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1

1 INTRODUÇÃO

O mercado de plástico em geral tende a crescer. Nos últimos anos diversos materiais

tradicionais como vidro, metais e fibras naturais vêm sendo crescentemente substituídos por

produtos de origem polimérica, com menores custos de produção, maior flexibilidade e a

possibilidade de reciclagem.

A competição neste setor, principalmente no segmento de autopeças, é intensa, e cada vez

mais os produtores de menor porte têm dificuldades de competir com empresas de capital

estrangeiro, as multinacionais, mesmo em nichos de mercado. E nos últimos tempos o

aumento no número de produtos fabricados numa mesma planta fabril, para atender os

consumidores cada vez mais exigentes, tem requerido uma estrutura de apoio bem informada

nas novas filosofias de produção e exigências de mercado.

No desenvolvimento de novos modelos produtivos, tem se destacado o Lean

Manufacturing, Produção Enxuta, que em resumo visa o melhoramento de fatores ligados à

qualidade, custo, entrega e desenvolvimento pessoal, revela desperdícios e torna possível o

aprimoramento dos processos e negócios.

Do outro lado e por um muito tempo, empresas trabalharam baseadas na produção em

massa, “modelo de produção Henry Ford”, e no segmento de injeção de termoplásticos não

foi diferente. Visando reduzir a quantidade de setups, empresas focaram sua produção em

lotes, aumentando seu estoque interno, reduzindo seu capital de giro e até mesmo provocando

investimentos desnecessários em equipamentos.

Muitas ferramentas de qualidades já são utilizadas para atender às necessidades impostas

pelo mercado e desmistificar a idéia de que, quanto menos setups, melhor, implica em

educação e treinamento para desenvolvimento dos colaboradores no que se refere às novas

técnicas para se evitar o desperdício de tempo.

1.1 Caracterização da Organização

Idealizada pelo alemão Franz Joseph Gill, que imigrou para o Brasil no início dos anos

20, a Açoplast só começou a tomar forma em 1996, no bairro do Tatuapé, em São Paulo,

2

depois de anos de experiência adquiridas por Gill no setor de eletrodomésticos e confecção de

ferramentas.

Naquela época, a empresa ficou conhecida por fornecer filtros de óleo de Carter para os

Fuscas da Volkswagen e filtros de bombas injetoras a diesel para a Bosch, numa parceria que

dura até hoje.

Em 1969 teve início a produção de peças e filtros injetados de plástico, além da

fabricação de equipamentos para transferência de massas. Por causa desse avanço, a Açoplast

mudou para um local maior e escolheu a cidade de Guarulhos como sua sede em 1975.

Dois anos mais tarde, a Açoplast iniciou a produção de chapas de níquel por

eletrodeposição e de peças corroídas por foto-corrosão de metais. Conhecida por produzir

filtros de qualidade e durabilidade, atravessou o final dos anos 70 e toda década de 80 sempre

se reinventando.

A partir daí, a empresa percebeu que precisava explorar novos mercados e em 1995

fez suas primeiras exportações de filtros plásticos, metálicos e componentes para os Estados

Unidos da América.

Devido a constante crescimento e visando aproximar-se dos seus principais clientes,

no ano 2000, a Açoplast muda-se para a cidade de Itapira, interior de São Paulo, onde nos

últimos anos tem se destacado pela contínua melhoria de seus produtos.

1.2 Objetivos

Este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo demonstrar o aumento da

capacidade produtiva, conquistada através das melhorias de setup nas máquinas injetoras do

setor 420, onde estão centralizadas as injetoras horizontais, e, conseqüentemente, deixando-as

mais flexíveis, possibilitando desta maneira atender às flutuações na demanda da produção.

1.3 Justificativa

A indústria tem sido muito estimulada a tornar seus processos mais eficazes. Este estímulo

advém da maior competitividade imposta pelas transformações que têm afetado a ordem

econômica mundial. Assim, as organizações vêm sofrendo profundas mudanças no setor

produtivo no que tange a modernização de processos de produção, melhorias da qualidade e

de seus produtos. Somente assim conseguirão permanecer neste mercado.

3

A Açoplast deu um grande passo neste sentido quando a família, no ano de 2006, decide

pela profissionalização da empresa. Em 2007, com a nova Gerência, surge a oportunidade de

apresentar novas possibilidades de melhorias para o setor fabril.

Realizada a análise dos apontamentos de produção, observou-se a necessidade de

investimento em uma nova injetora para atender a demanda atual. Contudo, também foi

observado que o tempo para trocas de ferramentais era elevado.

O desenvolvimento deste trabalho visa o aumento da capacidade produtiva, pois o

objetivo do mesmo é reduzir os tempos improdutivos, tornando o setup mais enxuto,

desmistificando a idéia de que quanto menos setup, melhor.

A conscientização dos colaboradores é de suma importância, pois estes devem perceber

que a flexibilização reduzirá os estoques intermediários, reduzindo custos; eliminará atrasos

na entrega, deixando clientes satisfeitos e disponibilizará carga máquina, o que possibilita o

desenvolvimento de novos negócios.

Considera-se setup como sendo o tempo decorrido desde a última peça boa do lote atual

até a primeira peça boa do próximo lote. Portanto, qualquer tempo que não agregue valor no

setup deverá ser eliminado, minimizando, assim, períodos não produtivos no chão de fábrica.

4

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Conceito de Troca Rápida de Ferramenta TRF.

Segundo Shingo (2000), a troca rápida de ferramenta pode ser descrita como uma

metodologia para a redução dos tempos de preparação de equipamentos, tendo por objetivo a

otimização do tempo de setup (preparação), eliminando todo o tempo que não agrega valor ao

processo, minimizando períodos não produtivos. Geralmente exige baixos investimentos no

processo produtivo, reduz a incidência de erros na regulagem dos equipamentos, acrescenta

Harmon & Peterson (1991).

Para Black (1998), há uma seqüência básica de atividades de setup, a saber: trocar as

ferramentas das máquinas, produzir algumas peças, inspecionar estas peças, ajustar a

máquina, fabricar outras amostras, medir, ajustar e assim por diante, até que peças de

qualidade sejam produzidas. Este método gera sucata e retrabalho, criando muitas

oportunidades para tempos improdutivos.

2.1.1 Lote econômico e a TRF

O modelo tradicional de planejamento e controle da produção analisa a questão do lote

de produção sob o ponto de vista de fabricação, calculando o mesmo a partir da equação

conforme BLACK, 1998:

, onde; (1)

CT = custo total de fabricação do lote

CF = custo fixo

CV = custo variável por unidade

Q = quantidade a ser fabricada

5

Em termos de custo unitário, a fórmula passa a ser:

(2)

Segundo BLACK, 1998, o custo fixo inclui custos que não são sensíveis a variações

nas quantidades fabricadas. O custo de setup é um dos custos fixos mais primários. O custo

variável constitui-se, basicamente, das matérias-primas, componentes e serviços agregados

diretamente ao produto. Nota-se, através da fórmula 1, que a quantidade exerce influência

sobre o custo variável, mas não sobre o custo fixo. Logo, quanto maior o tamanho do lote

produzido, menor será o custo unitário das peças, já que o custo fixo será diluído em uma

quantidade maior de peças.

Porém, a produção de grandes lotes implica na formação de grandes estoques

intermos, o que pode tornar sem significado um eventual baixo custo unitário das peças.

Dessa forma, surgiu o conceito de lote econômico de produção, determinado através da

seguinte fórmula segundo TUBINO, 2000.

(3)

Q* = lote econômico

A = custo de setup

D = taxa da demanda

I = custo de guarda

C = custo por unidade produzida

Aumentando-se A (custo de setup) e D (demanda), aumenta-se, também, o tamanho do

lote. Aumentando-se I (custo de guarda) e C (custo por unidade produzida), reduz-se o

tamanho do lote. Uma vez que, a TRF esteja implantado na sua forma plena, o custo de setup

tende a zero, o tamanho do lote também tende à unidade.

Para Shingo (2000), o conceito de lote econômico está embasado no paradigma de que

reduções drásticas nos tempos de setup são impossíveis.

6

2.2 Tempo de Setup

O tempo total de setup é o próprio setup mais o tempo de processamento de amostra e

mais o tempo de ajustagem. Portanto, pode-se dizer que o tempo de setup é o tempo contado a

partir da ultima peça boa produzida de um produto até a primeira peça boa de um próximo

produto.

2.3 Ferramentas de apoio

2.3.1 A Técnica 5S

Osada (1992) reforça a idéia de que os 5S’s facilitam a implantação de outras técnicas

de controle e aumento de produtividade, enfatizando o aspecto de que esta ferramenta tem

como uma de suas bases a adoção de controles visuais.

A Técnica 5S conhecida também como Housekeeping, surgiu no Japão, no Centro de

Educação para a Qualidade, com a equipe do Dr. Kaoru Ishikawa, o qual criou em 1950 um

modelo prático para combate às causas de perdas e desperdícios, chamando-o de “Regra dos

5S’s”,Abrantes (2001).

As palavras japonesas, Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu e Shitsuke, são originalmente os

5S’s (Abrantes, 2001) Embora a tradução perca um pouco do significado original, visto a

complexidade da língua japonesa, segundo o mesmo autor, uma mesma adaptação a língua

portuguesa pode ser a seguinte:

• 1S – Seiri – Senso de Utilização: visa a distinguir os itens necessários e

desnecessários no local de trabalho, descartando os desnecessários.

• 2S – Seiton – Senso de Ordem e Arrumação: visa arrumar todos os itens

restantes do Seiri.

• 3S – Seiso – Senso de Limpeza: visa manter as máquinas ou equipamentos e

ambiente de trabalho limpo.

• 4S – Seiketsu – Senso de Padronização: um lugar para cada coisa e cada coisa

em seu lugar. Seria a manutenção dos três primeiros S’s e bem-estar. Visa

7

ampliar o conceito de limpeza às pessoas e praticar constantemente as três

etapas anteriores, através do padrão estabelecido.

• 5S – Shitsuke – senso de autodisciplina: visa a desenvolver a autodisciplina e

criar o habito de engajar-se nos 5S. Na medida em que o 5S torna-se habito, o

local de trabalho começa a ser auto-explicativo a cada dia.

O 5S tem sua ênfase em um ambiente de trabalho limpo e organizado, podendo ser o

primeiro passo para o desenvolvimento de processos melhores, visto que a limpeza e a

organização tornam o processo mais transparente, facilitando o diagnóstico de problemas,

segundo Osada (1992).

Locais com grandes perdas apresentam características comuns, menciona Osada

(1992), citando exemplos: relações interpessoais ruins, as pessoas não se cumprimentam,

parecem cansadas, há alto índice de faltas, faltam sugestões de melhorias de processos de

trabalho, os equipamentos estão sujos, as ferramentas espalhadas e há montes de peças e

refugos desordenados e espalhados pela fábrica.

Segundo Santos (2003), um ambiente desordenado tem implicações diretas no nível de

esforço da gerência em realizar atividades de controle, programação e planejamento da

produção. Torna-se difícil identificar o estado real do desempenho da equipe de trabalho,

aumentando a probabilidade de acidentes, além de baixar a moral dos trabalhadores deste

ambiente. Este ambiente desordenado e sujo tende a produzir movimentos desnecessários e,

consequentemente, perdas no processo produtivo.

2.3.2 Padronização

Segundo Imai (1996), as atividades produtivas costumam ser conduzidas de acordo

com determinadas fórmulas acordadas. Quando são escritas, estas fórmulas são chamadas de

padrões, os quais deveriam representar a maneira mais segura e fácil para o operário executar

seu trabalho, bem como a forma mais eficaz em termos de custos para a empresa. De acordo

com o autor, os benefícios da padronização são: preservar o conhecimento desenvolvido pelo

funcionário através dos anos; servir de base para medição do desempenho; base para

treinamentos; base para auditorias e minimizar as variações.

8

O sistema está sob controle quando existem padrões e este são seguidos pelos

funcionários e não ocorrem anormalidades. Quando este estágio é atingido, o próximo desafio

é melhorar os padrões.

Contudo, para que se execute conforme o padrão é preciso, em primeiro lugar,

estabelecer (criar) o padrão. Em seguida, treinar as pessoas que deverão cumprir este padrão

para, finalmente, verificar os resultados decorrentes do seu uso.

Segundo Imai (1996), muitas vezes os padrões permitem variações consideráveis na

maneira dos funcionários executarem o trabalho. Essas variações traduzem-se em baixa

qualidade e alto custo. Devido a isto esses autores sugerem que o trabalho seja altamente

especificado em termo de passos para cada atividade. A partir destas especificações, qualquer

alteração ou distorção na ordem correta de execução das atividades logo é visível pelo

supervisor, o qual pode reciclar o treinamento com o funcionário ou alterar o padrão, caso o

mesmo esteja inadequado.

Imai (1996) diz que a base da manufatura são os padrões, ou seja, aquilo que é

esperado que aconteça. A padronização se faz necessário em todos os aspectos: operador,

objeto, método de trabalho, controle e informações, pois é essa padronização o que permite

diferenciar a situação normal da anormalidade.

Trabalhando com padrão, pode-se eliminar perdas por movimentos desnecessários.

Segundo Ohno (1988), é necessário dividir o trabalho em duas diferentes dimensões: Trabalho

e Perdas.

• Trabalho: aquilo que se constitui do trabalho real, necessário nas organizações.

Ele pode ser subdividido em trabalhos que adicionam valor e trabalhos que não

adicionam valor. O trabalho que adiciona valor significa algum tipo de

processamento (soldar, fresar, pintar, usinar). O trabalho que não adiciona

valor, porém, é necessário para apoiar o trabalho que adiciona valor, não

podendo ser confundido com perdas.

• Perdas: constituem-se em trabalho não necessário, implicando na imediata

eliminação destas atividades.

Afim de melhor identificar o exposto acima, apresentamos a figura 1 que, segundo

Ohno, representa de modo geral a movimentação dos trabalhadores:

9

Figuras 1 – Componentes dos movimentos dos trabalhadores (Fonte:Ohno, 1997).

Com a realização de padrões, estas perdas são eliminadas, tornando o trabalho mais

enxuto, de modo que a gerência facilmente observe qualquer anormalidade, podendo, sempre

que necessário, rever e modificar os padrões de forma a torná-los mais adequados à operação

que está sendo realizada.

Já Osada (1990) demonstra a importância dos padrões, conforme a figura 2:

Figura 2 - Ciclo PDCA (Fonte Osada, 1990).

Em cada uma das etapas do ciclo PDCA (planejar, fazer, verificar e agir), um método

utilizado para controlar projetos em geral, o padrão está presente. Sem o padrão, as atividades

seriam executadas conforme o entendimento do funcionário que está trabalhando, o que gera

10

maior variabilidade dos resultados. O autor relata que a Toyota usa um rigoroso sistema de

solução de problemas para fazer quaisquer mudanças em seus processos. Este sistema não

promove o comando e controle, ao contrário, estimulam, pois, os trabalhadores a engajarem-

se em vários projetos para o desenvolvimento de melhorias.

2.3.3 Gerenciamento Visual.

Segundo Ohno (1997), a transparência dos processos pode ser definida como a

habilidade de um processo de produção, ou suas partes, de se comunicar com as pessoas.

Havendo transparências, os processos devem ser visíveis e compreensíveis do início ao fim.

Uma vez que a transparência de processo seja assimilada com sucesso pela empresa, o

reconhecimento das anormalidades e desperdícios torna-se mais fácil.

Ohno (1997) usa a denominação Gerenciamento Pela Visão. Esse autor afirma que

esta idéia se aplica às máquinas e à linha, assim como à organização de mercadorias,

ferramentas, inventários e procedimentos de trabalho padrão. O gerenciamento visual é a

forma de introduzir o princípio de transparência de processo na empresa. Para tanto, utiliza-se

um sistema visual que pode ser entendido como um grupo de dispositivos visuais

intencionalmente projetados para compartilhar informações que interligam a necessidade de

uma atividade com as informações necessárias para sua realização. Quando a realidade da

produção não é visível, a empresa torna-se monótona, tanto para visitantes quanto para

funcionários. É preciso que quaisquer anormalidades e tipos de desperdícios possam ser

imediatamente reconhecidos com um simples olhar.

Segundo o autor, um local de trabalho visual é um ambiente de trabalho que auto-

explica, auto-ordena, auto-regula e auto-aperfeiçoa. Onde as reações desencadeadas pelos

dispositivos visuais são exatamente aquelas previstas. O local de trabalho visual é a

conseqüência natural do principio da transparência de processos bem assimilados. O nível de

transparência na fábrica ou escritório, as condições do ambiente, máquinas e equipamentos

funcionam como indicadores que dizem às pessoas o que a organização valoriza e como faz

os negócios, sem precisar de palavras.

Os sistemas visuais têm por objetivo alcançar a comunicação ativa, usando

dispositivos visuais para obter aderência aos padrões, ou seja, fazer com que os padrões

estabelecidos sejam seguidos por todos.

11

O objetivo do gerenciamento visual é tornar aparente o que está oculto. Campos

(1992), comenta que a essência do gerenciamento é o controle do processo, visto que o

controle deve garantir que as metas e objetivos estabelecidos sejam alcançados. O controle

visual é um mecanismo que facilita o controle de processo, habilitando quaisquer pessoas, até

mesmo pessoas que não conheçam detalhadamente a rotina da fábrica, possam compreender

os processos através de simples observações.

Segundo Hirata e Formoso (2000), a transparência de processos visa comunicar

informações úteis através de simplificação, medição e ambiente de trabalho transparente. Com

isto, reduz-se a interdependência entre os processos e tornam-se visíveis atributos invisíveis

através de indicadores de desempenho. O ambiente de trabalho transparente requer autonomia

para os funcionários, pois é o que permite que os trabalhadores façam uso das informações

prontamente disponibilizadas. Não há necessidade de solicitar constantemente ao líder ou ao

chefe do setor qual trabalho deve ser feito ou qual o desempenho do seu processo.

A transparência de processos tem sua importância ilustrada conforme figura 3

conforme Hirata e Formoso (2000).

Figura 3 - Relação da transparência de processos (Fonte: Hirata e Formoso, 2000)

12

Outros objetivos da comunicação visual são:

• A simplificação e maior coerência na tomada de decisões;

• O incentivo aos contatos informais através dos diferentes níveis hierárquicos;

• Introdução de políticas descentralizadas;

• Ajuda na ampliação e distribuição mais eficaz das responsabilidades;

• Maior eficiência na programação da produção, ocasionada pela rápida

disponibilização de informações referentes a estoques, produtividade e prazos de

entrega; e

• Maior rapidez no entendimento e soluções de problemas.

O gerenciamento visual é conhecido, praticamente, em todos os campos da vida. São

exemplos os sinais de trânsito, os alertas para uso de equipamentos de proteção individual e

coletivo, sinais indicativos de perigo (usados em rótulos e embalagens de produtos em geral,

como forma de advertência sobre o conteúdo), símbolos indicadores das patentes militares e

outros sinais comuns em restaurantes, hospitais e ruas.

As pessoas têm a tendência de permanecer silenciosas quando ocorre um erro no

ambiente da produção, e essa tendência é exacerbada quando a pessoa que sinaliza o problema

pode acabar sendo culpada ou punida pela ocorrência do erro. Assim, é necessário que a mão

de obra seja treinada para que a mesma entenda o objetivo e não tenha uma reação contrária

ao aumento da transparência.

2.4 Benefícios da Troca Rápida de Ferramentas

Há três principais vantagens associadas à redução dos custos de preparação, segundo

Antunes e Rodrigues (1993):

1. A redução do custo de preparação permite que as fábricas respondam mais

rapidamente às variações da demanda do mercado, dado que é possível

trabalhar com lotes cada vez menores;

2. Reduzir os inventários existentes na fábrica, assim como os benefícios

decorrentes disto; e

3. Aumento da capacidade produtiva da máquina.

A redução de estoques é uma das principais conseqüências da implantação da TRF.

Com o setup reduzido das máquinas, a empresa não precisa se preocupar em produzir um lote

de tamanho suficiente para absorver os custos altos de setup (DAVIS, 2001).

13

O baixo nível dos estoques colabora para manter o processo transparente. Conforme

mostra a figura 4, na medida em que o estoque é reduzido, os problemas aparecem,

oferecendo oportunidades para melhorias. Nessa figura os problemas são pedras que, estando

sob o nível do rio, não são percebidas, mas não por isto deixam de ser problemas.

Figura 4 – Problemas ocultados pelo excesso de estoque (Fonte: Davis, 2001).

Segundo Davis (2001), os japoneses dizem ser melhor forçar o nível da água para

baixo propositalmente, tendo em vista expor os problemas e conserta-los antes que ales

causem problemas maiores.

A flexibilidade é outra vantagem com o sistema de troca rápida implantado, segundo

Ballard & Howell (1997), na tradicional forma de gestão da produção, a falta de cuidados em

compatibilizar as metas e recursos disponíveis e as incertezas e variações no fluxo de trabalho

são frequentemente solucionadas com a aplicação de folgas de tempo e de recursos de

produção. Na verdade, o conceito de flexibilidade busca exatamente o contrário para não

causar danos e onerar o sistema produtivo. O princípio da flexibilidade pode então ser

definido como a capacidade de equipamento, materiais, componentes, elementos e processos

produtivos em atender as exigências ou circunstância de produção e utilização mutáveis, sem

que, para isso, ocorram variações significativas na quantidade de recursos necessários à sua

produção e utilização.

14

A flexibilidade representa então um caminho para atingir fins como: confiabilidade,

custo e velocidade. A confiabilidade melhora através da flexibilidade, pois ajuda a lidar com

as interrupções inesperadas no fornecimento. Já os custos são reduzidos com a melhor e plena

utilização dos equipamentos e recursos disponíveis de uma maneira geral. A velocidade

aumenta com a compressão do tempo de ciclo através da eliminação de atividades que não

agregam valor durante a preparação da máquina, ou setup.

2.5 Estratégia e técnicas para aplicação da TRF

O objetivo da TRF, Troca Rápida de Ferramenta, é a simplificação e,

conseqüentemente, redução do tempo de Setup por meio da eliminação de períodos não

produtivos no Guemba (chão de fábrica). A TRF é desdobrada em estratégia e técnicas de

implantação.

Shingo (2000) define TRF a partir de uma visão primeiramente estratégica, seguida de

conceitos para a implantação da ferramenta e técnicas de apoio. São sugeridas para minimizar

as perdas decorrentes da troca de produtos em uma operação duas estratégias:

• Estratégia envolvendo habilidades: procedimentos eficientes no setup resultam do

conhecimento sobre o equipamento em estudo e da habilidade e experiência do

operador nas tarefas inerentes ao procedimento de setup. Em máquinas mais

complexas, utiliza-se o conceito do preparador (operador especializado em preparação

de máquina), ficando o operador do equipamento com as tarefas auxiliares da

preparação.

• Estratégia envolvendo tamanho de lote: para reduzir as perdas decorrentes de setup

longos sobre o desempenho do sistema, uma solução é aumentar o tamanho do lote

para compensar a parada do equipamento. A fabricação de grandes lotes, entretanto,

pode ser indesejável se resultar em produção antecipada ou formação de estoques. A

TRF permite a redução dos custos de setup entre lotes, resultando na fabricação de

lotes de tamanho reduzidos.

O processo de troca rápida de ferramenta (TRF), proposto por Shingo (2000), é constituído

por quatro estágios conceituais:

15

• 1º Estágio: Não se distinguem as condições de setup interno (que ocorrem com a

máquina parada) e externo (que ocorrem com a máquina em operação). O objetivo é

analisar a operação atual de setup, com participação dos operadores envolvidos na

operação em estudo.

• 2º Estágio: Considerado o mais importante da implantação da TRF, ocorre a distinção

entre as operações de setup interno e externo.

• 3º Estágio: Neste estágio ocorre análise da operação de setup, com o objetivo de

verificar a possibilidade de converter operações de setup interno em externo.

• 4º Estágio: E por último é realizada análise de cada ação das operações de setup

interno e externo, buscando sua racionalização por meio da eliminação de ajustes e

operações de setup.

Esses estágios deixam claro que a TRF é composta por duas ações principais: análise e

implementação, salientando a distinção entre setup interno e externo e a racionalização dos

elementos componentes das ações de setup. Para aplicação dos estágios conceituais, propõe-se

o emprego de oito técnicas; 1. separar operações internas e externas; 2. converter setup

interno em externo; 3. padronizar a função dos elementos de setup; 4. utilizar fixadores

funcionais nos equipamentos ou eliminar fixadores; 5. utilizar dispositivos intermediários para

eliminar ajustes durante o setup interno; 6. adotar operações paralelas; 7. aperfeiçoar

operações eliminando a necessidade de ajustes; 8. mecanizar operações.

2.6 Origem do SMED – Single Minute Exchange of Die

No relato da criação do SMED, Shingo distingue três etapas para o desenvolvimento

da metodologia que foi concebida ao longo de 19 anos (SHINGO, 1985).

A primeira etapa ocorreu na planta da Mazda Toyo Kogyo em 1950, na cidade de

Hiroshima. Ao analisar as atividades de troca de matrizes de uma prensa, Shingo identificou e

classificou como setup interno o conjunto de atividades realizadas com a máquina parada, e

setup externo como o conjunto de operações realizadas com máquina em funcionamento.

A segunda etapa foi no estaleiro da Mitsubishi Heavy Industries, em Hiroshima no ano

de 1957, na qual foi realizada a duplicação de ferramentas para que o setup fosse feito

separadamente, gerando aumento de 40% na produção. Conforme relato do autor, apesar da

16

euforia com o resultado, esta etapa de trabalho não contribuiu diretamente para formar o

corpo da metodologia.

Por fim, a terceira e última etapa ocorreu em 1969 na Toyota Motors Company, em

que cada operação de setup de uma prensa de 1.000 toneladas exigia quatro horas de trabalho,

enquanto que uma prensa similar na Volkswagen exigia apenas duas horas. Em uma primeira

fase de seu trabalho de consultoria, Shingo conseguiu uma redução desse tempo para 90

minutos. Após exigência da diretoria da Toyota, aplicaram-se mais esforços na redução do

tempo, gerando o conceito de conversão de setup interno em setup externo, isto é, a

transferência de algumas atividades com a máquina parada para o momento que esta estivesse

em funcionamento. Dessa forma, houve uma considerável redução do tempo da máquina

parada para apenas três minutos. Dessa forma, Shingo criou sua metodologia conforme figura

5, que na versão em inglês recebeu a sigla SMED, iniciais de “Single-Minute Exchange of

Die”, que traduz a intenção de reduzir o tempo de setup para tempo inferiores a dois dígitos,

ou seja, abaixo de dez minutos.

Figura 5 – SMED (Fonte: Shingo, 2000).

17

3 Metodologia

A metodologia proposta está dividida em quatro estágios:

3.1 Estágio Estratégico:

3.1.1. Convencimento da alta gerência:

O convencimento da alta gerência foi promovido pela visualização da necessidade de

mudança e dos possíveis resultados de melhoria. Estes argumentos permitiram obter o

comprometimento dessa classe diante da introdução de um novo processo, ou uma nova

metodologia como neste caso, portanto o conhecimento das estratégias e técnicas de

implantação da TRF e a noção dos resultados que foram atingidos, forma uma base de

conhecimento essencial e indispensável à alta gerência.

3.1.2. Definição de metas:

Para a definição de metas na implantação da TRF, foram considerados três fatores: 1.

Ter indicadores que comprovem a situação atual dos tempos de Setup; 2. Definição do

porcentual de redução do tempo de setup que se deseja alcançar; 3. definição do cronograma

de implantação, seqüência das atividades de implantação.

3.1.3. Escolha da equipe:

A escolha da equipe foi de grande importância, pois é a equipe quem determinou a

velocidade de implantação e, conseqüentemente, o sucesso da implantação do projeto.

3.1.4. Treinamento da equipe:

O conhecimento da metodologia de TRF foi repassado à equipe de implantação de

modo abrangente, analisando-se todas as estratégias e técnicas de aplicação. A

conscientização da equipe sobre a necessidade de redução e obter o comprometimento de

todos os membros do grupo foi de grande importância para implantação.

18

3.2 Estágio Preparatório:

3.2.1 Definição do processo a ser inicialmente abordado:

Conforme Shingo (2000), a metodologia deve ser aplicada a todas as atividades

produtivas do processo de manufatura que contenham operação de Setup. Como projetos desta

natureza envolvem mudança de comportamento, deu-se início por meio de uma experiência

piloto. As definições do processo piloto foi dirigidas a produtos pertencentes à categoria A da

curva ABC dos produtos da empresa.

3.3 Estágio Operacional:

3.3.1. Análise das operações a ser abordada:

Devem ser relacionadas por meio de uma lista de verificação todas as atividades

inerentes ao Setup, contendo a descrição das atividades realizadas, seu tempo médio de

execução e indivíduos responsáveis. A elaboração desta lista permite a análise do setup,

podendo-se definir a eliminação de algumas atividades, além de documentar a atividade.

3.3.2.Identificação das atividades internas e externas:

Esta atividade esta focalizada na separação das atividades do setup que podem ser

realizadas com o equipamento em operação antes da parada para início da nova operação.

Após a separação das atividades, deve-se reexaminar as atividades internas para verificar se

podem ser transformadas em atividades externas.

3.3.3. Padronização do setup:

O trabalho padronizado pode ser definido como a melhor maneira de se realizar um

determinado conteúdo de trabalho, num determinado momento. Se existir uma maneira mais

apropriada, tal maneira deve passar a ser a nova referência, o novo padrão.

A aplicação do Diagrama de Espaguete para analisar o deslocamento dos operadores

para encontrar o caminho crítico possibilita um perfeito entendimento das oportunidades de

melhoria.

19

3.3.4. Eliminar ajustes:

Os ajustes consomem de 50% a 70% do tempo de setup interno (Mondem, 1983). O

ajuste é uma operação desnecessária e sua eliminação pode reduzir o período de run-up,

possibilitando um processo estável logo após a operação de setup. Nesta etapa, o projeto

estatístico de experimentos pode ser uma ferramenta auxiliar importante na determinação

rápida dos melhores ajustes para o processo.

3.4 Estágio de consolidação:

3.4.1. Consolidação da TRF em todos os processos da empresa:

O alinhamento dos esforços evita desperdício de tempo e capital em ações que não

tenham como resultado a melhoria do tempo de setup e, conseqüentemente, a melhoria global

do processo. Essa estratégia está diretamente relacionada à definição de metas e de uma

estratégia de implantação. Novos processos, associados os novos produtos ou resultantes de

modificações tecnológicas devem estar inseridos neste novo conceito. Na evolução do projeto

de TRF, um dos objetivos é alcançar o processo estável. A estabilidade é obtida pela repetição

padronizada do setup que é facilmente monitorada durante todo o período de implantação.

20

4 Desenvolvimento

Competitividade é o que as empresas hoje em dia necessitam para permanecer no

mercado global. O setup é um tempo que não agrega valor ao produto, mas sim uma grande

fonte de desperdício. Portanto, o objetivo inicial será a redução de 30% do tempo de setup.

A implantação do tempo de setup se inicia pela máquina gargalo onde a produção está

limitada, ou seja, sua carga máquina está cheia. Devem-se avaliar os tempos antes e após a

implantação, avaliando-se os ganhos e, posteriormente, multiplicando-se a metodologia para

os demais equipamentos, neste caso, injetoras horizontais do setor 420.

4.1 Foco do trabalho

Este trabalho tem como foco principal demonstrar os ganhos com a troca rápida de

ferramenta. O trabalho modelo dar-se-á entre as ferramentas do vaso de expansão do radiador,

W-775 (código Açoplast), e do reservatório de óleo do cambio, W-891 (código Açoplast), na

injetora Battenfeld 300 toneladas, IH 550/02 (código Açoplast).

4.2 A escolha da injetora

A figura 6 ilustra o total de injetoras no setor fabril mostrando a quantidade de troca de

ferramenta, ou setup que cada ferramenta faz em média por mês.

21

Trocas injetoras horizontaisPeriodo Junho a Agosto

6

5

2

1

3

1

5

4

3 3 3

4

1

7

2

4

0

5

10

IH0

75

-01

IH1

20

-01

IH2

50

-01

IH2

50

-02

IH2

50

-03

IH2

50

-04

IH3

00

-01

IH3

00

-02

IH3

00

-03

IH3

00

-04

IH3

50

-01

IH3

50

-02

IH5

50

-01

IH5

50

-02

IH8

00

-01

IH1

50

0-0

1

INJETORAS HORIZONTAIS

Qtd

. d

e T

roc

as

Figura 6 – Número de setup por injetora (Fonte: Açoplast)

A figura 7 ilustra o total de injetoras no setor fabril mostrando o tempo de médio de

setup gasto no período de junho a agosto.

Média de horas X injetoras periodo junho a agosto

0:00:00

0:14:24

0:28:48

0:43:12

0:57:36

1:12:00

1:26:24

1:40:48

1:55:12

IH07

5-01

IH12

0-01

IH25

0-01

IH25

0-02

IH25

0-03

IH25

0-04

IH30

0-01

IH30

0-02

IH30

0-03

IH30

0-04

IH35

0-01

IH35

0-02

IH55

0-01

IH55

0-02

IH80

0-01

IH15

00-0

1

Injetoras horizontais

Tem

po g

asto

hor

as

Figura 7 – tempo médio de setup por injetora (Fonte: Açoplast)

22

De posse dos dados, foram analisados a quantidade de troca, o tempo gasto e a carga

máquina disponível. Com isto, o trabalho foi direcionado para a injetora IH 550-02, onde

existe a maior quantidade de troca, seis em média por mês, tempo de setup médio de 98

minutos e grande quantidade de peças armazenadas em estoque intermediário para não atrasar

entrega nos clientes.

4.3 Acompanhamento do setup.

4.3.1 Análise das operações realizadas

Inicialmente foi realizado o acompanhamento do setup descrevendo todas as

atividades e o tempo gasto durante o período, e os dados foram descritos conforme tabela 1.

REGISTRO DE SETUP

Processo: INJEÇÃO

GRÁFICO – TEMPO DA ETAPA EM SEGUNDOS

No ATIVIDADE

TEM

PO

I

NÍC

IO

TEM

PO

E

TAP

A

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 MAIS 150

1 ������������� ���������� ������������ � ���� "!

2 #%$�&('�)�* +-,.&0/1,.2 3�,546,7 8(91:�;�<�=?> @BADCFE

3 G.H I�J�KML�J�N.OQPSR T�UVKWH LWOX JYU1J.R Z�J [�\^]F_

4 `ba�c�dfe g�h.i jWk�l-h.i?hm�nWo.pWq?o r6rDsFt

5 u�v�w v�x�y�z y.w {Wy |�v} v�w ~.� �B�D�F�

6 � ���VxWv�|���xW�1y.z} y�|V�����6� zy�� �.�

7 �S���V�W�.� ��� ����� �W���������W� � �D�

23

GRÁFICO – TEMPO DA ETAPA EM SEGUNDOS

No ATIVIDADE

TE

MPO

I

NÍC

IO

TE

MPO

E

TA

PA

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 MAIS 150

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9 ©�ª�« ª�¬�­�®°¯?­�±³²�´Wµ�¶ ·�­�¶±-­�·V¸�¹�µ6º ®­�¶ »�¼

10 ½ µ�¶�«fº ¸�­.®¾¯1®�ª�¬W­�¿�ª�®¾¿Sµ¬�­.« ª�® À^Á ¼

11

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12 Å µ�¬Vª.« Æ�µ6®Ç¬�Æ�­�È1µ�¶ÉµÊ�Ë�Ì�Í�Î.Ï£ÎÑÐ�Ò�Ï?ÓÎ Ô6ÔDÕ×Ö

13 ØBÙÚ�Û Ó1Î.Ï Ò�Ü Í�Î Ú Ý ÎÊ�Ë.Ï1ÏÎ�Þ-Ë Ý ÓÎ Ö�ß

14

à^á�â ãä�å æ�ä.å1å?ä�ç èSäé�ê.ë1ëì�í-ê�î�ïìñðFò%óõô ì�öS÷ø³ù�úVûSü

ý�þ ÿ��

15

��� ü ��� ��� ����� ���� û����ø-û �����������õü ��� ���� � �� �bÿ��

16

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17

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18

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J8K(L�M

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20 X =�?,F ?YDI <�Z�<\[^]�_,>8I`>aHA�=bF ?`cH>�?"?"<[^>G,@�< M U L�d

21 X cH<�a,@�< ?e<f@�< I g�<hZ O [<ec,>8?�?i< [^>G�@"<ej Xlk m U L�n

22 o >�a,ZH>? cH>?�?�<�[$> G�@�<D ?p] QbF [q<'< O Z�g S O m U L T

23

IrF =>?�<?s>�a,D <�R O D <?"<[ O _�F [^>8G,@�< R,S O t <@�<I g <

u8v�w�x

24

y z {�| }�| z�~������ ������� � ~������W�l��~��� � ~,} � ��

�b��w��

25

� � �iz ��~�� � }Hz � ����� � � � �"�H��� �q� �� �p�� ��i¡ �"�

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24

GRÁFICO – TEMPO DA ETAPA EM SEGUNDOS

No ATIVIDADE

TE

MPO

I

NÍC

IO

TE

MPO

E

TA

PA

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 MAIS 150

26

¤�¥�¦p§�¨b© ª « ¦­¬H«¦�¦,© ®�¯ §¬H§�ª!°H±8¦�¦�« ª²±®H³�«µ´E¶8·¥�«�¦"« ¥�¦"¸�¨¹© ª^§ º© ®p»�±�³i§ ¦"«

¼�½�¾

27 ¿ ÀHÁÂ`Ã,Ä8Â�ÂiÁ Å^ÄÆHÇ�ÁeÈ�ÉËÊ ÌËÍ(ÎWÏ

28

йÑ�Ò�Ó Ç�ÁÂÔÁÕ Ç Ò Â�Á Ö8ÄÅ^× Õ ÖÄÙØEÚ�Á�Û Æ,Ä�Õ ØÜÚ ÁÂ"ÁÃ�ÄÂ�Â�Á�Å$Ä Æ�Ç�Á'ÈEÉ8Ê

Ì(Ý

29 Þ Ä Ó,ß Ä ÃHÄÂ�Â�Á�Å$Ä Æ�Ç�ÁÈàÉ�Ê Ý Ì

30 áâpã äHå�æ�ç,âiè8érê ë è�âì åâ�â�è�í$å æ�ç�è'îEï8ð ñ8ò

31 ó¹ô�õ�ö ç�èâ÷èé ç õ âiè ø8ùú^û ü ýþCÿ þ�ü �������,þ�� �

32 � þ� ������ü�� ������ þ�������ú$þ� ���������� � �

33 ! þ�"������#�$��� ÿ��pû#��þ�%$&�ûýû('��� �)�&�û �+*-,

34

.0/ 1�2�3 / 4�2�56�7 1�8�5�2�3�/ 4#2�9�:�; <�2= 7 5�5�2�> 7 1�8�2�?�@�A

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35

@�H�I 6 2�5KJ�2�5�5�2�IML#2�5�2= / NO2�9$:�; <�2= 7 5�5�2�> 7 1�8�2�?�@�A

P BED-B

36

.0/ NO2�5 J#2�5�5�2�I 1�2L�2�5�8 7 = / N�2 7 >RQ�S 7 3= 7 5�5�2�> 7 1�8�2�?�@�A

T�U DWV

37 X 7 I#3 ; 6 2�5 Y Z�[ \�]�^�]_ ^�`#Zba�]�cR`�d�e�f g$] h�i+jlk

38

m�^on p�f qO]�^ r�]�^�^�]�Zs ]�a�tup�f q�tu[vcRw�x�[ sy t�cz]#Zbc|{�t#Z k~}���j�h

39 � \#[�^ _ ]�^�r�]�^�^�]�Z y t�cy�� ]�x�[ ��k�jG�

40 � [ y�� ]�^z\�^�t _ [���{#tKa�[_ ^�`#Zba�]�cR`�d�e�f g$] i��

41

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42 � t s t y ]�^ x�]�^�{#t a�[[�q _ ^�]���{�t i��EjG�

25

GRÁFICO – TEMPO DA ETAPA EM SEGUNDOS

No ATIVIDADE

TEM

PO

I

NÍC

IO

TEM

PO

E

TAP

A

15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 MAIS 150

43 �0���#��� �������$���$�$��������� ����# ���� ¡O¢¤£G¢

44

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45 ±�ª ²�������� ²Oª §$� ���ª �o³����$­#� °�¢¤£G¢

46

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49 ±�ª ²���������­#�¿���¿¦��� �� ´´ ��� �À«��#��� ª �������

¹0¡ ¬ ¾�¹ÁàÄ$ÅÇÆÈÉOÉ�Ê�ËÍÌ

50

TOTAL min 61,31 Trabalho externo Trabalho interno

Tabela 1: Análise operações de Setup (Fonte: Açoplast)

4.3.2 Análise do espaço percorrido.

Para a análise do espaço percorrido, foi utilizado o diagrama de espaguete onde uma

pessoa do time acompanhou e contou os passos dados pelo trocador de ferramenta e outra

desenhou o trajeto percorrido durante o setup como demonstrado na figura 8.

26

Armário de

Ferramentas

Ferramentaria

Figura 8 – Diagrama de espaguete (Fonte: Açoplast)

Após análise do diagrama de espaguete e do relátório de registro de setup, foi

observado que foram percorridos 384 metros e gastos mais de 61 minutos para finalizar todo o

processo.

4.3.3 Análise dos tempos internos e externos

Após detalhamento das etapas do setup e medido o tempo médio de cada operação,

realizou-se a separação dos tempos internos e externos. Reuniu-se a equipe multifuncional e

destacaram-se com a cor vermelha as operações que podem ser executadas com a máquina em

funcionamento, tempos externos, e cinza para as operações que necessitam da máquina

injetora parada para realizar as operações, tempos internos, conforme tabela 2.

Injetora IH

550-02

Metrologia

Total de passos – 504

Metros percorridos – 384m

27

Data: ____ /____ /____ ÎÐÏÒÑÔÓÖÕ�×ÒØÚÙÛØÜ×�ØÖÝ·ÞÐß Processo: Troca de ferramenta

do W-775 para W-891

Resp.:_______________

ATUAL ANÁLISE ECRS PROPOSTA DE MELHORIA

No ATIVIDADE

TEM

PO

IN

TER

NO

TEM

PO

E

XTE

RN

O

ELI

MIN

AR

CO

MB

INA

R

RE

DU

ZIR

SIM

PLI

FIC

AR

TEM

PO

IN

TER

NO

TEM

PO

E

XTE

RN

O

AÇÃO

1 Retornar canhão 21,7

0 21,7

2 Aproximar talha da injetora 42,8

0 42,8

3 Ligar cabo elétrico da talha 13,5

0 13,5

4 Desligar câmara quente 22,6

22,6

5 Colocar alça no molde 42,5

0 42,5

6 Desconectar mangueiras 54

34 20 Adaptar engate rápido nas ferramentas

7 Buscar olhau no armário 42

0 45

8 Buscar chaves 12

0 12

9 Colocar tampões nas mangueiras 35

15 20 Adaptar engate rápido nas ferramentas

10 Desligar trocador de calor 7,5

0 7,5

11 Desconectar mangueiras do trocador de calor 43

23 20 Adaptar engate rápido nas ferramentas

12 Recolher chaves e fechar a porta 22,3

22,3

0 Padronizar sitemática de trabalho

13 Ajustar olhau na ferramenta 38

0 38

14 Soltar garras da ferramenta (A) lado móvel 36,4

16,4 20

15 Soltar garras da ferramenta (A) lado fixo 10,4

10,4

16 Soltar garras lado fixo atrás da máquina (A) 27,8

27,8 0 Soltar simultaneamente

com item 15

17 Soltar garras lado móvel atrás das máquinas (A) 23,8

23,8 0 Soltar simultaneamente

com item 14

18 Programar velocidade de abertura “painel” 30,5

30,5

19 Soltar extração 17,8

17,8

28

ATUAL ANÁLISE ECRS PROPOSTA DE MELHORIA

No ATIVIDADE

TEM

PO

IN

TER

NO

TEM

PO

E

XTE

RN

O

ELI

MIN

AR

CO

MB

INA

R

RE

DU

ZIR

SIM

PLI

FIC

AR

TEM

PO

IN

TER

NO

TEM

PO

E

XTE

RN

O

AÇÃO

20 Abrir placa móvel e subir ferramenta 57,4

57,4

21 Afastar a talha com a ferramenta (A) 27,6

27,6

22 Descer ferramenta próxima ao chão 27,1

27,1

23 liberar espaço para movimentação da talha 69,4

0 69,4

24 Posicionar ferramenta (A) na bancada 21,7

0 21,7

25 Retornar com a talha próxima à injetora 35

0 35

26 Aproximar carrinho com ferramenta (B) para próximo à injetora 7,6

0 7,6

27 Içar ferramenta (B) 47,9

47,9

28 Ajustar altura de molde “painel” para ferramenta (B) 41

11 30 Registrar altura de molde na ficha de regulagem

29 Descer ferramenta (B) 14

14

30 Pré centralizar ferramenta (B) 29

29 Confeccionar anel de centragem

31 Ajustar altura do molde pela 2º vez 53 53

0 eliminado conforme item 28

32 Centralizar ferramenta (B) 112 112

0 Eliminado conforme item 30

33 Destravar proteção do canhão 32,7

29 3,7 Combinado junto com a operação 30

34 Finalizar centralização da ferramenta (B) 70,6

70,6

0

35 Buscar garras para fixação da ferramenta (B) 97,7

0 97,7

36 Fixar garras na parte fixa e móvel ferramenta (B) 45,2

45,2

37 Deslocar-se para trás da máquina 12,4

12,4

0

38 Pré fixar garras lado fixo e móvel com as mãos 456,1

46,1 410 0

Padronizar garras e parafusos e combinar com

item 36

39 Apertar garras com chave 74,8

74,8

0 eliminado com a padronização do item 38

40 Fechar proteção de trás da máquina 23

23

29

ATUAL ANÁLISE ECRS PROPOSTA DE MELHORIA

No ATIVIDADE

TEM

PO

IN

TER

NO

TEM

PO

E

XTE

RN

O

ELI

MIN

AR

CO

MB

INA

R

RE

DU

ZIR

SIM

PLI

FIC

AR

TEM

PO

IN

TER

NO

TEM

PO

E

XTE

RN

O

AÇÃO

41 Regulares parâmetros "painel" para colocação de extração 153

123 30 Máquina injetora possui memória para 63 moldes

deixar arquivado.

42 Colocar varão de extração 20,8

0 20,8

43 Regular avanço do extrator 96,6

76 20,6

44 Descarregar material queimado do canhão 38,4

18 20,4 Realizar operação no início do processo

45 Liberar bico de injeção 46,6

26 20,6

46 Regulares parâmetros "painel" para injeção 450 450

0

47 Injetar primeiras peças 38,8

38,8

48 Regulagem e injeção de mais 10peças 494,2

260 234,2 Utilizar a programação da máquina, apenas ajustes

49 Liberação do setup pela qualidade 441,5

441,5

50 0

TOTAL 53,4 7,9 21,2 7,9

Tabela 2: Análise do setup (Fonte: Açoplast)

4.3.4 Análise para padronização do setup

Foi utilizada a tabela 2 para análise do setup e propor o tempo objetivo para a troca de

ferramenta. Os propósitos desta etapa, após a separação dos tempos internos e externos, são:

verificar a possibilidade de transformar algum tempo interno em tempo externo, verificar a

possibilidade de eliminar, combinar, reduzir ou até simplificar a operação de modo que se

possa realizar o setup no menor tempo possível.

Na análise dos tempos, observou-se que as operações que podem ser realizadas com a

máquina em funcionamento consomem um tempo de 7,9 minutos, considerados tempo

externo. Desta forma, o setup seria reduzido para 53,4 minutos.

30

Na análise da possibilidade de eliminar, combinar, reduzir ou simplificar verificou-se a

possibilidade de redução de 32,2 minutos, através de organização, padronização, e

investimento em alguns dispositivos, o que possibilitaria realizar o setup em um tempo de

21,2 minutos.

4.4 Elaboração de plano de ação para ECRS,

Com todos os problemas levantados foi criado um plano de ação (planilha de

providencias e resultados), conforme tabela 3, para resolver os problemas ocorridos no setup

com prazo e responsáveis pela implantação da ação proposta.

Tabela 3: Planilha de providencias e Resultados -Plano de Ação (Fonte Açoplast)

31

4.4.1 Descrição das melhorias implantadas.

4.4.1.1 Treinamento:

Foram ministrados treinamentos para os trocadores de ferramentas, auxiliares, lideres

e operadores de máquina, dando-se enfoque na técnica TRF e na necessidade do trabalho

padronizado e de se ter a metodologia 5S implantada. No treinamento, foi apresentado, entre

outros, um vídeo de um pitstop da Fórmula 1, figura 9, onde são mostrados a padronização

dos processos a serem executados e o treinamento exaustivo para se corrigir e alcançar o

tempo ideal de realização do pitstop.

Figura 9: Pitstop Fórmula-1 (Fonte: Padok F1)

4.4.1.2 Definição de padrão:

• No sistema antigo não havia um padrão para se fazer o setup. Deste modo,

cada trocador de ferramenta fazia o setup de uma maneira, acarretando

oscilações nos tempos.

• Para o sistema, atual foi implantado uma instrução para preparação de setup

conforme tabela 4. Esta instrução serve de roteiro para os colaboradores e tem

como finalidade descrever a melhor seqüência para realização de tal tarefa,

além de garantir que todos façam de forma semelhante.

32

Tabela 4: Instrução para setup (Fonte: Açoplast)

33

4.4.1.3 Organização dos ferramentais:

• No sistema antigo, as ferramentas eram todas pintadas de uma única cor e

identificadas com o código do produto independentemente do cliente, o que

acarretava demora na localização do ferramental, conforme figura 10.

• Para o sistema atual, figura 11, com base em discussões acerca de como

organizar os ferramentais, os trocadores, líderes de produção e ferramentaria

decidiram pela separação e identificação por cor para cada cliente, o que, além

de facilitar a localização do ferramental, tornou fácil identificar os ferramentais

de propriedade do cliente.

Figura 10: Almoxarifado antes da melhoria Figura 11: Almoxarifado após a melhoria

(Fonte: Açoplast) (Fonte:Açoplast)

4.4.1.4 Organização do carrinho de setup:

• No sistema antigo, figura 12, os trocadores de ferramenta tinham que procurar

as chaves dentro da gaveta do carrinho. Além da demora para encontrar as

chaves na gaveta, frequentemente elas estavam longe, em armários, bancadas

e, até mesmo, em outros setores. Encontravam-se chaves repetidas e sem

utilidade dentro da gaveta, o que atrapalhava ainda mais a busca.

• Para o sistema atual, com base em discussões a respeito de como disponibilizar

as ferramentas, optou-se pela aquisição de um novo carrinho para alocação das

chaves de forma visível, sobre o mesmo carrinho, através de uma prancha de

madeira, de forma a ter um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar,

conforme mostra a figura 13.

34

Figura 12: Carrinho de setup antes da melhoria

(Fonte:Açoplast)

Figura13: Carrinho de setup após a melhoria

(Fonte: Açoplast)

Com o advento deste carrinho, houve a redução do tempo interno do setup e ainda a

conversão de algumas atividades internas para externas, pelo motivo de que as ferramentas

manuais, tais como chaves, estarem próximas e prontas para o uso do trocador, o que gera

uma redução no tempo por busca e verificação de ferramentas.

4.4.1.5 Padronização no molde de injeção:

• No sistema antigo, figura 14, a forma de ligar a refrigeração no molde se dava

através de abraçadeiras, o que acarretava grande perda de tempo para soltar e

para prender as mangueiras, além do que, o trocador necessita de uma chave de

fenda para executar esta operação.

• Para o sistema atual, foram eliminadas as abraçadeiras e as pontes de

refrigeração, adaptando-se engates rápidos e manifold o que melhorou a

refrigeração do molde e acabou por eliminar a necessidade do uso da chave de

fenda conforme figura 15.

35

Figura 14: Molde de injeção antes da melhoria

(Fonte: Açoplast) Figura 15: Molde de injeção após a melhoria

(Fonte: Açoplast)

Com a implantação do engate rápido, houve a redução do tempo interno do setup e

ainda a conversão de algumas atividades internas para externas.

4.4.1.6 Padronização de Lay-out, saída e entrada de molde:

• No processo antigo, após a retirada do molde da injetora, o trocador levava

molde até o almoxarifado de ferramenta e o guardava, procurava e retirava o

novo molde do almoxarifado e o levava novamente para a injetora.

• Para o processo atual, estabelecida a sistemática de preparação do ferramental,

o molde é preparado para o setup e são averiguados todos os itens do

ferramental, tais como: anel de centragem, olhal, mangueiras de refrigeração,

varão de extração, altura das placas de fixação entre outros, conforme carta de

setup. Após a preparação, o molde é disposto na área verde conforme figura

16, aguardando o início de setup. O molde que sai da injetora fica na área

vermelha, e só será aguardado ao término do setup.

Figura 16: Lay-out saida e entrada de molde

(Fonte: Açoplast)

36

A implantação desta metodologia reduziu o tempo interno e transformou algumas

atividades internas em externas, podendo ser exemplificada pela atividade de busca e guarda

do molde, que com a nova metodologia só são realizadas após o término do setup, eliminando

desta maneira alguns minutos que não agragam valor ao processo.

4.4.1.7 Gestão visual:

• Na metodologia antiga, os valores dos tempos gastos ficavam em uma pasta na

gerência de produção, os valores eram informados aos líderes de setores que,

por sua vez, comunicavam aos trocadores de ferramenta. Não havia uma

sistemática com meta, nem ações para melhorias.

• Com a nova metodologia implantada, foi criado um quadro de gestão a vista,

conforme figura 17. Este quadro contém: molde que irá sair e qual deve entrar;

meta para esta troca; campo para registrar o tempo gasto e um outro campo

para informar, através da cor verde ou vermelha, se a meta foi atingida ou não.

Caso a meta não seja atingida o trocador deverá informar na estratificação o

motivo para posterior plano de ação.

Figura 17: Gestão a vista - Setup

(Fonte: Açoplast)

37

5 Análise dos resultados após aplicação da TRF

Com as melhorias implementadas no processo de setup da máquina Battenfeld para a

troca dos reservatórios W-775 para o W-891, conseguiu-se a redução de 61,3 minutos para 21

minutos, ou seja, uma redução de 65,75% no tempo que não agrega valor.

Figura 18 – tempo médio de setup por injetora após melhorias

Figura 19 – Número de setup por injetora após melhorias

Média de horas X injetoras Outubro

0:00:00

0:14:24

0:28:48

0:43:12

0:57:36

1:12:00

1:26:24

1:40:48

1:55:12

IH07

5-01

IH12

0-01

IH25

0-01

IH25

0-02

IH25

0-03

IH25

0-04

IH30

0-01

IH30

0-02

IH30

0-03

IH30

0-04

IH35

0-01

IH35

0-02

IH55

0-01

IH55

0-02

IH80

0-01

IH15

00-0

1

Injetoras horizontais

Tem

po g

asto

hor

as

Trocas injetoras horizontais Outubro

6

5

2

1

5

1

5

6

3 3 3

4

1

9

4 4

0

5

10

IH07

5-01

IH12

0-01

IH25

0-01

IH25

0-02

IH25

0-03

IH25

0-04

IH30

0-01

IH30

0-02

IH30

0-03

IH30

0-04

IH35

0-01

IH35

0-02

IH55

0-01

IH55

0-02

IH80

0-01

IH15

00-0

1

INJETORAS HORIZONTAIS

Qtd

. de

Tro

cas

38

O resultado da TRF foi muito satisfatório, já que se conseguiu incluir na carga

máquina da injetora Battenfel IH550/01 mais um molde W-897, sem a necessidade da

aquisição de uma nova máquina injetora.

Cabe salientar que o ganho não foi somente na máquina onde o trabalho foi realizado.

Como pode ser observado, comparando os gráficos das figuras 18 e 19, obteve-se uma

redução do tempo na maioria das injetoras e um aumento no número de trocas de 54 para 62,

ou seja, maior flexibilidade. Se for comparado o gráfico da figura 7 com o gráfico da figura

18, verifica-se uma redução do tempo médio de 67,5 minutos para um tempo médio de 49,3

minutos, ou seja, uma redução de 27% no tempo que não agrega valor ao produto.

Com o trabalho realizado, conseguiu-se uma econômia conforme tabela 5.

Análise do Ganho

Nº Troca

Média

Tempo

Médio

Minutos

Tempo

Gasto em

horas

Custo R$

Hora/

Máquina

Custo do

Setup em 1

mês R$

Custo do

Setup em 12

meses R$

Antigo 62 68 70,27 80 5.621,33 67.456,00

Atual 62 49 50,63 80 4.050,67 48.608,00

Economia 19,63 18,848,00

Possivel 62 25 25,83 80 2.066,67 24.800,00

Economia 44,43 42.656,00

Investimento 4.800,00

Tabela 5: Análise do Ganho (Fonte: Açoplast)

A tabela nos mostra que com o procedimento atual de TRF foi conquistado uma

econômia de R$ 18.848,00 em um ano, podendo chegar a R$ 42.656,00 com a multiplicação

da metodologia para as demais injetoras.

39

6 Conclusão

Este trabalho apresentou o princípio da implantação do sistema de troca rápida de

ferramenta na planta da Açoplast na cidade de Itapira, interior de São Paulo.

O objetivo principal do trabalho foi a redução do tempo de setup e o aumento da

capacidade produtiva no processo de injeção de termoplásticos, bem como a flexibilização do

processo. Identificar as barreiras para a implantação foi o objetivo secundário.

Dentre varias barreiras que foram quebradas, a crença de que “melhorias só se dão

através de altos investimentos”, só ocorreu através de exemplos práticos e ações concretas, a

que se somam diversas reuniões entre gerência e funcionários, nas quais se explicou a

situação econômica da empresa, isto é, a necessidade de mudar e se adaptar ao mercado

exigente, onde ela esta inserida. O objetivo não é fazer os funcionários trabalharem mais, mas

sim melhor.

Deste modo, à medida em que as melhorias foram implantadas, os colaboradores

convenceram-se da importância e necessidade da transparência na TRF, descobrindo assim

que os tempos de setup podiam ser reduzidos.

Outra barreira encontrada foi o fator cultural, que se traduz em pensamentos como “o

modo como trabalho é o melhor e o mais correto” ou ainda, “o que eu tinha para aprender já

aprendi”, este tipo de cultura estava muito enraizado na Açoplast e causou muitos impactos

negativos durante o processo de implantação das melhorias.

Porém, à medida em que as metas estabelecidas foram atingidas e o trabalho alcançava

seu resultado, como demonstra a tabela 1 com a economia de R$ 18.848,00, a equipe

começou a ceder.

A TRF foi uma técnica importante e desejada pela Açoplast por proporcionar maior

flexibilidade à produção e reduzir o tamanho dos estoques. Também pode-se destacar a

importância do 5S andar junto a TRF para a obtenção de resultados positivos para a empresa.

Outra importante ferramenta que fez com que as outras injetoras tivessem uma

significativa melhora, foi a implantação de um quadro de gestão à vista para controle de setup,

onde todos os moldes passaram a ter suas próprias metas, dadas as enormes diferenças entre

eles. Deste modo, os trocadores foram e estão sendo motivados a alcançar seus objetivos.

Este trabalho deve ter continuidade, e ter a multiplicação da ferramenta TRF, para as

injetoras horizontais e para o setor de estamparia.

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para aumentar o lucro? – A Base da Filosofia Seis Sigma. - Rio de Janeiro: Interciência, 2001.

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