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Advogados Municipais Atuação no Processo Eleitoral (Módulo 1) Dia 20 - das 13h30 às 17h30 Temas da Minirreforma Eleitoral (Lei 13.165/15) Dia 21 - das 9h às 12h Os Advogados Municipais e o Processo Eleitoral Nome:

Advogados Municipais Atuação no Processo Eleitoral (Módulo 1)unipublicabrasil.com.br/uploads/materiais/2b287a3bc2b25161bf352e6... · - Apostilas e material de apoio - Coffee Breaks

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Advogados Municipais Atuação no Processo Eleitoral (Módulo 1)

Dia 20 - das 13h30 às 17h30

Temas da Minirreforma Eleitoral (Lei 13.165/15)

Dia 21 - das 9h às 12h

Os Advogados Municipais e o Processo Eleitoral

Nome:

A Unipública

Conceituada Escola de Gestão Municipal do sul do país, especializada em capacitação e treinamento de agentes

públicos atuantes em áreas técnicas e administrativas de prefeituras, câmaras e órgãos da administração indireta, como fundos,

consórcios, institutos, fundações e empresas estatais nos municípios.

Os Cursos

Com diversos formatos de cursos técnicos presenciais e à distância (e-learning/online), a escola investe na qualidade

e seriedade, garantindo aos alunos:

- Temas e assuntos relevantes e atualizados ao poder público

- Professores especializados e atuantes na área (Prática)

- Certificados de Participação digitalizado

- Material complementar de apoio (leis, jurisprudências, etc)

- Tira-dúvidas durante realização do curso

- Controle biométrico de presença (impressão digital)

- Atendimento personalizado e simpático

- Rigor no cumprimento de horários e programações

- Fotografias individuais digitalizadas

- Apostilas e material de apoio

- Coffee Breaks em todos os períodos

-Acesso ao AVA (Ambiente Virtual do Aluno)para impressão de certificado, grade do curso, currículo completo dos

professores, apostila digitalizada, material complementar de apoio de acordo com os temas propostos nos cursos, chat

entre alunos e contato com a escola.

Público Alvo

- Servidores e agentes públicos (secretários, diretores, contadores, advogados, controladores internos, assessores,

atuantes na área de licitação, recursos humanos, tributação, saúde, assistência social e demais departamentos) .

- Autoridades Públicas, Vereança e Prefeitos (a)

Localização

Nossa sede está localizada em local privilegiado da capital do Paraná, próximo ao Calçadão da XV, na Rua Des.

Clotário Portugal nº 39, com estrutura própria apropriada para realização de vários cursos simultaneamente.

Feedback

Todos os cursos passam por uma avaliação criteriosa pelos próprios alunos, alcançando índice médio de satisfação

9,3 no ano de 2014, graças ao respeito e responsabilidade empregada ao trabalho.

Transparência

Embora não possua natureza jurídica pública, a Unipública aplica o princípio da transparência de seus atos mantendo

em sua página eletrônica um espaço específico para esse fim, onde disponibiliza além de fotos, depoimentos, notas de

avaliação dos alunos e todas as certidões de caráter fiscal, técnica e jurídica.

Qualidade

Tendo como principal objetivo contribuir com o aperfeiçoamento e avanço dos serviços públicos, a Unipública

investe no preparo de sua equipe de colaboradores e com rigoroso critério, define seu corpo docente.

Missão

Preparar os servidores e agentes, repassando-lhes informações e ensinamentos gerais e específicos sobre suas

respectivas áreas de atuação e contribuir com:

a) a promoção da eficiência e eficácia dos serviços públicos

b) o combate às irregularidades técnicas, evitando prejuízos e responsabilizações tanto para a população quanto para

os agentes públicos

c) o progresso da gestão pública enfatizando o respeito ao cidadão

Visão

Ser a melhor referência do segmento, sempre atuando com credibilidade e seriedade proporcionando satisfação aos

seus alunos, cidadãos e entidades públicas.

Valores

Reputação ilibada

Seriedade na atuação

Respeito aos alunos e à equipe de trabalho

Qualidade de seus produtos

Modernização tecnológica de metodologia de ensino

Garantia de aprendizagem

Ética profissional

SEJA BEM VINDO, BOM CURSO!

Telefone (41) 3323-3131 / Whats (41) 8852-8898

www.unipublicabrasil.com.br

Programação: Temas da Minirreforma Eleitoral (Lei 13.165/15)

Dia 20 - das 13h30 às 17h30

1 Tempo de filiação partidária

2 (In)fidelidade partidária

3 Idade mínima para candidatar-se

4 Pesquisa eleitoral

5 Convenções partidárias

6 Coligações

7 Registro de candidaturas

8 Prazo para Substituições e/ou preenchimento de vagas

9 Voto em trânsito

10 Cláusula de barreira para candidato (10%)

11 Eleições extemporâneas (diretas e indiretas)

12 Regras da Propaganda Eleitoral em 2016:

a) antecipada, de campanha, negativa e vedada

b) direito de resposta

c) outdoor, brindes, e impressos de propaganda

d) alto-falantes, amplificadores, carro de som, trio elétrico e minitrio

e) comícios e showmícios

f) utilização de símbolos, imagens, e simuladores de urnas eletrônicas

g) bens públicos e bens particulares

h) placas, faixas, cartazes e pinturas

i) internet e mensagens eletrônicas

j) carreata, caminhada, ou passeata

k) propaganda na imprensa

l) propaganda no dia das eleições

m) retirada da propaganda após as eleições

Os Advogados Municipais e o Processo Eleitoral

Dia 21 - das 9h às 12h

1 A Atuação dos advogados municipais no período eleitoral:

a) todo advogado público é um defensor?

b) quais objetos podem ser defendidos?

c) quem poderá ser defendido?

d) quais os limites da defesa?

e) responsabilidades e responsabilizações

2 Posturas locais e o período eleitoral

3 Desincompatibilizações para candidaturas

4 Inelegibilidades

5 Cooperação do Executivo local ao Juízo Eleitoral

6 Condutas vedadas para a Administração Pública no período:

a) referentes aos servidores públicos

b) sobre o uso de bens, materiais ou serviços públicos

c) na transferência de recursos

7 Uso da Máquina e Abuso de Poder Econômico/Político

8 Regulamentos da Justiça Eleitoral (TSE/TRE/Juízo local)

9 Modelos de Instruções a serem expedidas pelos advogados municipais

10 Cuidados do Processo legislativo no período:

a) matérias proibidas

b) CPIs e Processante

c) audiências públicas

d) tribuna livre

e) manifestações pelos parlamentares

Professores:

Jonias de O. e Silva: Advogado, professor universitário, especializado em direito constitucional e docência no ensino

superior, com 28 anos de experiência na área pública, e mais de 1.000 palestras/aulas realizadas sobre temas do direito

administrativo.

Rogério Carlos Born: Mestre em Direito Constitucional, especialista em Direito Público, Eleitoral e Militar, Membro

da Comissão de Direito Internacional da OAB-PR, Professor Universitário, Servidor da Justiça Eleitoral e Autor.

Sumário

TEMAS DA MINIRREFORMA ELEITORAL (LEI 13.165/15) ........................................................... 1

OS ADVOGADOS MUNICIPAIS E O PROCESSO ELEITORAL ................................................... 16

1 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

TEMAS DA MINIRREFORMA ELEITORAL

(LEI 13.165/15) Rogério Carlos Born

CALENDÁRIO ELEITORAL – DATAS IMPORTANTES

01/01 – Data a partir da qual toda pesquisa para divulgação deverá ser registrada

02/04 – Data até a qual os que pretendem sair candidatos deverão estar com a filiação deferida pelo Partido

04/05 – Prazo final para alistamento, transferência e revisão eleitoral

20/07 a 05/08 – Período para realização das convenções partidárias

15/08 – Data limite para registro das candidaturas

16/08 – Data de início da propaganda eleitoral de rua

26/08 – Início do Horário Eleitoral Gratuito em rádio e TV

Programa em bloco: apenas Prefeito

De segunda a sábado – das 7h às 7h10min e das 12h às 12h10min (rádio)

– das 13h às 13h10min e das 20h30min às 20h40min (TV)

Inserções: Prefeito (60%) e Vereadores (40%) – total de 60 minutos diários

No intervalo compreendido entre 5 da manhã e meia-noite.

15/09 – Data para divulgação da parcial de prestação de contas

29/09 – Último dia do Horário Eleitoral Gratuito e realização de debates

30/09 – Último dia para propaganda em mídia impressa + reprodução na internet

01/10 – Último dia para propaganda de rua (até as 22 horas)

02/10 – Eleição (primeiro turno)

30/10 – Eleição (segundo turno)

01/11 – Prazo final para entrega das prestações de contas (primeiro turno)

19/11 – Prazo final para entrega das prestações de contas (segundo turno)

19/12 – Diplomação dos eleitos

HIERARQUIA DAS FONTES DO DIREITO ELEITORAL

A interpretação das leis brasileiras, com inspiração na pirâmide normativa de Hans Kelsen, é seguida, no

patamar, o artigo 59, da Constituição da República como norma hipotética fundamental que abarca, no segundo degrau,

as emendas à Constituição e os tratados internacionais de direitos humanos aprovados por três quintos e dois turnos; no

terceiro degrau, por decisão do Supremo Tribunal Federal, os demais tratados de direitos humanos; no quarto degrau, as

2 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

leis complementares; no quinto degrau, em mesma hierarquia, as leis ordinárias, as leis delegadas, as medidas

provisórias; os decretos legislativos; os decretos-leis ainda existentes e as resoluções do Congresso nacional; em sexto

degrau os atos normativos e, por fim, os contratos e estatutos privados.

As principais normas eleitorais previstas na Constituição estão previstas no artigo 12 a 15, que dispõe acerca

dos direitos políticos; no artigo 16, que prevê o princípio da anterioridade Eleitoral; no artigo 17, que dispõe sobre

direito partidário e nos artigos 118 a 121 que disciplina a competência e organização da Justiça Eleitoral.

As matérias eleitorais que a Constituição reserva à lei complementar são as inelegibilidades, a competência e

organização da Justiça Eleitoral; a fixação do número de deputados federais, estaduais e distritais e a autorização para os

Estados legislarem sobre matéria eleitoral.

As inelegibilidades são disciplinadas pela Lei Complementar 64/1990 – Lei das Inelegibilidades – que foi

alterada pela Lei Complementar 135/2010, conhecida lei da “ficha limpa”.

A competência e a organização da Justiça Eleitoral está prevista na parte segunda da Lei 4.737/1965 - Código

Eleitoral. Ressalte-se que, como o Código Eleitoral foi editado sob a égide da Constituição de 1946, a parte segunda e

somente está foi recepcionada como lei complementar.

Órgão Competência Ministério

Público

Assistência Judiciária

TSE

Eleições

Presidenciais

Procurador Geral da

República

Defensor Público

Categoria Especial

TRE

Eleições

Estaduais e Federais

Procurador

Regional da República

Defensor Público de

Primeira Categoria

Juízes e

Juntas

Eleições

Municipais

Promotor Eleitoral

(Estadual/Distrital)

Defensor Público de

Segunda Categoria

3 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

A fixação do número de deputados encontra-se previsto pela Lei Complementar 78/1993 que fixa o número de

513 deputados federais e disciplina a forma de cálculo dos deputados estaduais e distritais, atribuindo ao Tribunal

Superior Eleitoral a execução da distribuição proporcional.

Por fim, o artigo 22, parágrafo único, da Constituição permite que o Congresso Nacional, por lei complementar,

autorize que os Estados e o Distrito Federal, legislem sobre direito eleitoral em matéria específica, mas não existe a

edição de qualquer lei neste sentido.

No grupo de normas editadas pelo Poder Legislativo em última escala, em ordem cronológica, tem-se como

principais leis ordinárias a Lei 9.709/98, que regulamenta o plebiscito e referendo; a Lei 9.504/97, a Lei das Eleições, a

Lei 9.096/95, dos Partidos Políticos e, exceto a parte segunda, a Lei 4.737/65 conhecida como Código Eleitoral, nos

capítulos onde mantem o status de lei ordinária.

No degrau das normas não editadas na atividade legislativa, tem se os atos normativos editados pelos tribunais e

juízos eleitorais.

Em primeiro plano, as resoluções do Tribunal Superior Eleitoral que, na prática, possuem uma discutível força

de lei ordinária, devido a uma suposta autorização normativa contida no artigo 1º, parágrafo único e 23, X, do Código

Eleitoral e artigo 105 da Lei nº 9.504/97. Depois, as resoluções dos tribunais regionais e as portarias dos juízos

eleitorais.

FUNÇÕES ESSENCIAIS DA JUSTIÇA ELEITORAL

MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

O Ministério Público Eleitoral não recebeu o status constitucional, haja vista que a sua competência e

organização e tratada apenas pelo legislador ordinário. Isto porque a Constituição, no artigo 128, prevê apenas no inciso

I que “o Ministério Público da União, que compreende: a) o Ministério Público Federal; b) o Ministério Público do

Trabalho; c) o Ministério Público Militar e d) o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e no inciso II “os

Ministérios Públicos dos Estados.

A organização do Ministério Público Eleitoral está prevista na Lei Complementar 75/1993 que prevê no artigo

37, O Ministério Público Federal exercerá as suas funções: I - nas causas de competência do Supremo Tribunal

Federal, do Superior Tribunal de Justiça, dos tribunais regionais federais e dos juízes federais, e dos Tribunais e juízes

eleitorais. Isto também é repetido no artigo 72, caput, que frisa que “compete ao Ministério Público Federal exercer, no

que couber, junto à Justiça Eleitoral, as funções do Ministério Público, atuando em todas as fases e instâncias do

processo eleitoral”.

O parágrafo único deste dispositivo prevê implicitamente as funções do Parquet eleitoral quando enuncia que

“o Ministério Público Federal tem legitimação para propor, perante o juízo competente, as ações para declarar ou

decretar a nulidade de negócios jurídicos ou atos da administração pública, infringentes de vedações legais destinadas a

proteger a normalidade e a legitimidade das eleições, contra a influência do poder econômico ou o abuso do

poder político ou administrativo”.

O Procurador-Geral Eleitoral é o Procurador-Geral da República, e cabe a ele designar dentre os

Subprocuradores-Gerais da República, o Vice-Procurador-Geral Eleitoral, o seu substituto em seus impedimentos e

exercerá o cargo em caso de vacância, até o provimento definitivo. Compete ao Procurador-Geral Eleitoral exercer as

funções do Ministério Público nas causas de competência do Tribunal Superior Eleitoral, mas, além do Vice-

Procurador-Geral Eleitoral, poderá designar, por necessidade de serviço, membros do Ministério Público Federal para

oficiarem, com sua aprovação, perante o Tribunal Superior Eleitoral .

Incumbe ao Procurador-Geral Eleitoral: I - designar o Procurador Regional Eleitoral em cada Estado e no

Distrito Federal; II - acompanhar os procedimentos do Corregedor-Geral Eleitoral; III - dirimir conflitos de atribuições;

IV - requisitar servidores da União e de suas autarquias, quando o exigir a necessidade do serviço, sem prejuízo

dos direitos e vantagens inerentes ao exercício de seus cargos ou empregos.

De acordo com o artigo 75, da Lei Complementar 75/1993, incumbe ao Procurador-Geral Eleitoral: I - designar

o Procurador Regional Eleitoral em cada Estado e no Distrito Federal, podendo ser reconduzido uma vez. O

Procurador Regional Eleitoral poderá ser destituído, antes do término do mandato, por iniciativa do Procurador-Geral

Eleitoral, anuindo a maioria absoluta do Conselho Superior do Ministério Público Federal. Compete ao Procurador

Regional Eleitoral exercer as funções do Ministério Público nas causas de competência do Tribunal Regional Eleitoral

respectivo, além de dirigir, no Estado, as atividades do setor.

De acordo com o artigo 79, da Lei Complementar 75/1993, o Promotor Eleitoral será o membro do Ministério

Público local que oficie junto ao Juízo incumbido do serviço eleitoral de cada Zona. Na inexistência de Promotor que

4 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

oficie perante a Zona Eleitoral, ou havendo impedimento ou recusa justificada, o Chefe do Ministério Público local

indicará ao Procurador Regional Eleitoral o substituto a ser designado (parágrafo único).

DEFENSORIA PÚBLICA ELEITORAL

A Constituição prevê no artigo 134 que “a Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função

jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a

orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos

individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta

Constituição Federal”.

As atribuições da Defensoria Pública Eleitoral estão previstas na Lei Complementar 80/1994, que prevê no

artigo 14 que “a Defensoria Pública da União atuará nos Estados, no Distrito Federal e nos Territórios, junto às Justiças

Federal, do Trabalho, Eleitoral, Militar, Tribunais Superiores e instâncias administrativas da União”.

Os Defensores Públicos Federais de Categoria Especial atuarão no Superior Tribunal de Justiça, no Tribunal

Superior do Trabalho, no Tribunal Superior Eleitoral, no Superior Tribunal Militar e na Turma Nacional de

Uniformização dos Juizados Especiais Federais.

Os Defensores Públicos da União de 1ª Categoria atuarão junto aos Tribunais Regionais Federais, aos

Tribunais Regionais do Trabalho e aos Tribunais Regionais Eleitorais.

Por fim, os Defensores Públicos Federais de 2ª Categoria atuarão junto aos Juízos Federais, aos Juízos do

Trabalho, às Juntas e aos Juízes Eleitorais, aos Juízes Militares, às Auditorias Militares, ao Tribunal Marítimo e às

instâncias administrativas.

Além das proibições decorrentes do exercício de cargo público, aos membros da Defensoria Pública do Distrito

Federal e dos Territórios é vedado: V - exercer atividade político­-partidária, enquanto atuar junto à Justiça Eleitoral.

ADVOCACIA PRIVADA

A Constituição Federal prevê no artigo 124 que “o advogado é indispensável à administração da justiça, sendo

inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão aos limites da lei”, prestando no seu ministério

privado, serviço público e exerce função social.

Na Justiça Eleitoral, não poderão atuar os causídicos incompatíveis segundo o Estatuto da Ordem dos

Advogados do Brasil e aqueles integrantes do quinto dos Tribunais Eleitorais, embora estes possam atuar em outros

órgãos do Poder Judiciário.

Neste ponto, cumpre arrematar que, na Justiça Eleitoral, quando já estiver postulando como advogado, um

sócio, um associado ou integrante do escritório pertencente a um juiz oriundo do quinto constitucional, seja relator ou

vogal, o magistrado deverá se dar por suspeito e não por impedido, uma vez que as hipóteses objetivas e taxativas de

impedimento restringem apenas a atuação do “cônjuge ou qualquer parente consanguíneo ou afim, em linha reta; ou na

linha colateral até o segundo grau1”. Frise-se ainda que, em interpretação analógica aos casos de impedimento, se o

processo já estava distribuído, por dever ético, é o advogado que deverá abster-se de patrocinar a demanda.

Expõe ERICEIRA que, “a advocacia eleitoral, considerada sazonal pela realização de pleitos de dois em dois

anos, se faz em verdade durante todo o ano, na esfera da justiça comum, com a propositura de ações judiciais que depois

repercutirão na esfera eleitoral, que tem os limites jurisdicionais adstritos ao alistamento, registro de candidaturas,

propaganda eleitoral, julgamento das eleições, diplomação. Fora da temporada estritamente eleitoral, há a consultoria

aos partidos políticos e as suas atividades prolongam-se durante o ano inteiro, incluindo a utilização da mídia2”.

São privativos da advocacia a postulação a qualquer órgão do Poder Judiciário, as atividades de consultoria,

assessoria e direção jurídicas e a denominação de advogado.

No âmbito da Justiça Eleitoral, é desnecessária a contratação de advogado para as atividades de cunho

administrativo exercida pelos órgãos eleitorais, tais como as questões relativas ao alistamento e a organização dos

pleitos, ficando reservada a exigência da capacidade postulatória para a competência jurisdicional nas ações que

envolvam a impugnação de registro de candidatos, a impugnação de mandato eletivo e as contendas relativas à

propaganda eleitoral.

1 Art. 135, parágrafo único e, por interpretação analógica, o artigo 134, parágrafo único, CPC. 2 ERICEIRA, João Batista, Painel temático sobre rejeição de contas e inelegibilidade, questões eleitorais controvertidas promovido pelo

Instituto Maranhense de Direito Eleitoral-IMADE, 28.09.2006, disponível na página

www.oab.org.br/ena/users/gerente/120093036664174131941.pdf.

5 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

O Código de Ética e Disciplina da OAB prevê no artigo 20 que o advogado deve declinar seu impedimento

ético quando tenha sido convidado pela outra parte, se esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer.

É comum que os advogados eleitoralistas patrocinem partidos adversários em eleições diferentes, mesmo

porque, nas coligações, em regra, os aliados se tornam adversários no próximo pleito.

Porém, para se caracterizar o patrocínio invertido é necessário que este advogado que enveredou para defesa de

outra grei, tenha se utilizado de segredos confiados pelo patrocinador anterior, ou seja, deve incisivamente atuar em

situação de impedimento que, ao pálio do entendimento deste autor, seria suspeição.

ADVOCACIA PÚBLICA

A Constituição Federal prevê no artigo 131 que “a Advocacia-Geral da União é a instituição que, diretamente

ou através de órgão vinculado, representa a União, judicial e extrajudicialmente, cabendo-lhe, nos termos da lei

complementar que dispuser sobre sua organização e funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento

jurídico do Poder Executivo”.

A Carta Magna também prevê no Art. 132 que “os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados

em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos

Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas

unidades federadas”.

Como em cada município as atribuições são disciplinadas pelas respectivas leis orgânicas, pode-se adotar, por

analogia que os Procuradores dos municípios, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso

público de provas e títulos, com a participação da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercerão a

representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.

Dentre estas atribuições dos advogados municipais é importante ressaltar que a lei permite apenas a sua atuação

em defesa do Poder Público e do cargo exercidos pelos agentes e servidores públicos. Assim, o procurador do município

não defende os interesses privados dos agentes políticos, mas apenas as lides e consultas ligadas ao exercício do cargo e

a defesa do órgão perante a Justiça Eleitoral.

As principais matérias eleitorais que envolvem a atuação dos procuradores municipais são as condutas vedadas

aos agentes públicos, a desincompatibilização, a publicidade institucional, as requisições de servidores e a cessão de

bens móveis e imóveis do município para as eleições.

REQUISIÇÕES DE BENS E SERVIDORES PÚBLICOS

SERVIDORES PÚBLICOS

A requisição de servidores públicos para prestar União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios

(Distrito Estadual de Fernando de Noronha, dos Municípios e das autarquias serviço à Justiça Eleitoral está prevista na

Lei 6.999, de 7 de junho de 1982. Note-se que a lei não fala de fundações públicas, sociedades de economia mista e

empresas públicas.

As requisições para os Cartórios Eleitorais deverão recair em servidor lotado na área de jurisdição do respectivo

Juízo Eleitoral, salvo em casos especiais, a critério do Tribunal Superior Eleitoral. Não será permitido a requisição de

ocupantes de cargos isolados, de cargos ou empregos técnicos ou científicos, e de quaisquer cargos ou empregos do

magistério federal, estadual, distrital ou municipal e o servidor requisitado para o serviço eleitoral conservará os direitos

e vantagens inerentes ao exercício de seu cargo ou emprego.

As requisições serão feitas pelo prazo prorrogável de 1 (um) ano e não excederão a 1 (um) servidor por 10.000

(dez mil) ou fração superior a 5.000 (cinco mil) eleitores inscritos na Zona Eleitoral, mas independentemente da

proporção prevista no, parágrafo anterior, admitir-se-á a requisição de 1 (um) servidor. No caso de acúmulo ocasional de

serviço na Zona Eleitoral poderão ser requisitados outros servidores pelo prazo máximo e improrrogável de 6 (seis)

meses, limites estabelecidos nos parágrafos do artigo anterior só poderão ser excedidos em casos excepcionais, a juízo

do Tribunal Superior Eleitoral, período que esgotado, implicará no desligamento automático do servidor da Justiça

Eleitoral, retomando a sua repartição de origem. A nova requisição deverá obedecer o interstício de 1 (um) ano. As

requisições para as Secretarias dos Tribunais Eleitorais, serão feitas por prazo certo, não excedente de 1 (um) ano,

exceto no caso de nomeação para cargo em comissão.

6 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

Os empregados3 e os servidores públicos

4 poderão deixar de comparecer ao serviço sem detrimento dos salários

ou vencimentos por até dois (2) dias para o fim de alistamento e transferência do título eleitoral, sendo que aqueles terão

que comunicar o empregador com antecedência de 48 horas.

Porém, a competência para dirimir conflitos decorrentes destas garantias dos empregados é da Justiça do

Trabalho como reconhece o Tribunal Regional Eleitoral do Paraná quando decidiu que “direitos trabalhistas e

previdenciários reivindicados no TRE, em razão da controvérsia ter-se originado de ato da Justiça Eleitoral, é uma

pretensão tipicamente trabalhista e não se desnatura em razão deste fato5”.

O Código Eleitoral também garante aos eleitores nomeados para compor as mesas receptoras do votos ou as

juntas eleitorais, bem como requisitados para auxiliar nos trabalhos, a dispensa dispensados do serviço, mediante

declaração expedida pela Justiça Eleitoral, sem prejuízo do salário, vencimento ou qualquer outra vantagem, pelo dobro

dos dias de convocação6. O auxílio aos trabalhos compreende, também, “a realização dos atos preparatórios do processo

eleitoral, como nas hipóteses de treinamentos e de preparação ou montagem de locais de votação7”.

BENS PÚBLICOS

O Código Eleitoral, no artigo 135 § 2º, prevê que funcionarão as mesas receptoras nos lugares designados

pelos juizes eleitorais 60 (sessenta) dias antes da eleição, publicando-se a designação e dar-se-á preferência aos edifícios

públicos, recorrendo-se aos particulares se faltarem aqueles em número e condições adequadas. Não poderão ser

localizadas seções eleitorais em fazenda sítio ou qualquer propriedade rural privada, mesmo existindo no local prédio

público, e é expressamente vedado uso de propriedade pertencente a candidato, membro do diretório de partido,

delegado de partido ou autoridade policial, bem como dos respectivos cônjuges e parentes, consanguíneos ou afins, até

o 2º grau, inclusive.

Nenhum veículo ou embarcação poderá fazer transporte de eleitores desde o dia anterior até o posterior à

eleição, salvo: I – a serviço da justiça Eleitoral; II – coletivos de linhas regulares e não fretados; III – de uso individual

do proprietário, para o exercício do próprio voto e dos membros de sua família; IV – o serviço normal, sem finalidade

eleitoral, de veículos de aluguel não atingidos pela requisição de que trata o art. 2º. Art. 10, LTrE. É vedado aos

candidatos ou órgãos partidários, ou a qualquer pessoa, o fornecimento de transporte ou refeições aos eleitores da zona

urbana. Art. 11, LTrE. Constitui crime eleitoral: (...) III – descumprir a proibição dos arts. 5º, 8º e 10: Pena – reclusão de

quatro a seis anos e pagamento de 200 a 300 dias-multa (art. 302 do Código Eleitoral).

Os veículos e embarcações requisitados deverão ser entregues abastecidos e com motorista da Administração

direta e indireta, podendo, ainda, se insuficiente, requisitar veículos particulares.

Consoante prevê o Código Eleitoral, no artigo art. 302 o crime de “promover, no dia da eleição, com o fim de

impedir, embaraçar ou fraudar o exercício do voto, a concentração de eleitores sob qualquer forma, inclusive o

fornecimento gratuito de alimento e transporte coletivo: Pena – reclusão de quatro a seis anos e pagamento de 200 a 300

dias-multa”.

CONDUTAS VEDADAS AOS AGENTES PÚBLICOS

O princípio da igualdade entre os candidatos nos pleitos eleitorais é protegido através as condutas vedadas aos

agentes públicos, servidores ou não, regida pelo artigo 73, da Lei nº 9.504/97 que no § 1º, define que “reputa-se agente

público, para os efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição,

nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou

função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta, ou fundacional”.

3 Art. 48, CE. O empregado mediante comunicação com 48 (quarenta e oito) horas de antecedência, poderá deixar de comparecer ao serviço, sem prejuízo do

salário e por tempo não excedente a 2 (dois) dias, para o fim de se alistar eleitor ou requerer transferência. Art. 473, CLT. O empregado poderá deixar de

comparecer ao serviço sem prejuízo do salário: [...] V – até 2 (dois) dias consecutivos ou não, para o fim de se alistar eleitor, nos termos da lei respectiva”. 4 Art. 97, RJSU: “Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor ausentar-se do serviço: [...] II – por 2 (dois) dias, para se alistar como eleitor”. 5 TRE-PR. Processo nº 10.661. Relator juiz Ivan Jorge Curi. Diário da Justiça, Data 29/10/1991 6 Art. 98, LE. Os eleitores nomeados para compor as Mesas Receptoras ou Juntas Eleitorais e os requisitados para auxiliar seus trabalhos serão dispensados do

serviço, mediante declaração expedida pela Justiça Eleitoral, sem prejuízo do salário, vencimento ou qualquer outra vantagem, pelo dobro. Art. 15, Lei no

8.868/94: “Os servidores públicos federais, estaduais e municipais, da administração direta e indireta, quando convocados para compor as mesas receptoras de

votos ou juntas apuradoras nos pleitos eleitorais, terão, mediante declaração do respectivo juiz eleitoral, direito a ausentar-se do serviço em suas repartições,

pelo dobro dos dias de convocação pela Justiça Eleitoral”.

dos dias de convocação. 7Res.-TSE nº 22.424/2006,

7 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

USO DE BENS

A Lei das Eleições proíbe aos agentes públicos, servidores ou não, primeiramente, ceder ou usar, em benefício

de candidato, partido político ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes à administração direta ou indireta da

União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios, ressalvada a realização de convenção

partidária. Prevê o artigo 377, do Código Eleitoral que “o serviço de qualquer repartição, federal, estadual, municipal,

autarquia, fundação do Estado, sociedade de economia mista, entidade mantida ou subvencionada pelo Poder Público,

ou que realiza contrato com este, inclusive o respectivo prédio e suas dependências, não poderá ser utilizado para

beneficiar partido ou organização de caráter político”. O artigo 51, da Lei 9.096/1995 prevê, ainda, que “é assegurado

ao partido político com estatuto registrado no Tribunal Superior Eleitoral o direito à utilização gratuita de escolas

públicas ou Casas Legislativas para a realização de suas reuniões ou Convenções, responsabilizando-se pelos danos

porventura causados com a realização do evento”. Ainda, o artigo 8º, da Lei 9.504/1997 estabelece que “para a

realização das Convenções de escolha de candidatos, os partidos políticos poderão usar gratuitamente prédios públicos,

responsabilizando-se por danos causados com a realização do evento”.

Também não é permitido o uso de materiais ou serviços, custeados pelos Governos ou Casas Legislativas, que

excedam as prerrogativas consignadas nos regimentos e normas dos órgãos que integram.

Prevê o artigo 73, § 2º, da Lei 9.504/1997 que “A vedação do inciso I do caput não se aplica ao uso, em

campanha, de transporte oficial pelo Presidente da República, obedecido o disposto no art. 76, nem ao uso, em

campanha, pelos candidatos a reeleição de Presidente e Vice-Presidente da República, Governador e Vice-Governador

de Estado e do Distrito Federal, Prefeito e Vice-Prefeito, de suas residências oficiais para realização de contatos,

encontros e reuniões pertinentes à própria campanha, desde que não tenham caráter de ato público. O artigo 76, da

mesma Lei, prevê o ressarcimento das despesas com o uso de transporte oficial pelo Presidente da República e sua

comitiva em campanha eleitoral será de responsabilidade do partido político ou coligação a que esteja vinculado”.

No caso de descumprimento, o agente público responsável estará sujeito à multa no valor de 5.000 a 100.000 mil

UFIR, duplicadas a cada reincidência, e, caso seja candidato, ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma, além

de, quando for o caso, a suspensão imediata da conduta vedada. As condutas enumeradas caracterizam, ainda, atos de

improbidade administrativa, a que se refere o art. 11, inciso I, da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e sujeitam-se às às

cominações do art. 12, III.

CESSÃO DE AGENTES PÚBLICOS

A Lei 9.504/1997, no artigo 73, veda a cessão de servidor público ou empregado da administração direta ou

indireta federal, estadual ou municipal do Poder Executivo, ou usar de seus serviços, para comitês de campanha eleitoral

de candidato, partido político ou coligação, durante o horário de expediente normal, salvo se o servidor ou empregado

estiver licenciado.

De acordo com o § 1º “reputa-se agente público, para os efeitos deste artigo, quem exerce, ainda que

transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de

investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta,

indireta, ou fundacional”.

Também, como regra, é vedada a nomeação, contratação, admissão, demissão sem justa causa, supressão ou

readaptação de vantagens ou, por outros meios, dificultar ou impedir o exercício funcional e, de ofício, a remoção ou

exoneração de servidor público, na circunscrição do pleito, nos 3 meses que o antecedem e até a posse dos eleitos, sob

pena de nulidade de pleno direito.

Porém, como exceção, a Lei das Eleições permite a nomeação ou exoneração de cargos em comissão e

designação ou dispensa de funções de confiança. Isto porque, em regra, os ocupantes destes cargos necessitam se

desincompatibilizar para concorrer nas eleições e, noutro lado, os serviço público deverá respeitar o princípio da

continuidade. A exoneração também é permitida pela própria natureza do cargo, haja vista que desaparecendo a

confiança, desaparece o motivo determinante da nomeação.

Também, é permitida a nomeação para cargos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos Tribunais ou

Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República. Isto porque o segundo e terceiro órgão não possuem

cargos eletivos; o primeiro possui apenas o cargo eletivo de juiz de paz, ainda não regulamentado e o último, apesar de

ser um cargo eletivo, envolve a necessidade de preenchimento de cargos para resguardar a soberania do País.

É autorizada também a nomeação dos aprovados em concursos públicos para os poderes Executivo e

Legislativo homologados até os 3 meses que antecedem as eleições e para Poder Judiciário, do Ministério Público, dos

Tribunais ou Conselhos de Contas e dos órgãos da Presidência da República homologados a qualquer tempo . Isto

8 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

significa que, para aqueles primeiros cargos é necessário que a lista definitiva dos aprovados seja publicada antes do

trimestre que antecede o pleito.

Ainda, por interesse da segurança interna e externa do Brasil, é permitida neste período a transferência ou

remoção ex officio de militares das Forças Armadas, policiais e bombiros, policiais civis e de agentes penitenciários.

É possível a nomeação ou contratação necessária à instalação ou ao funcionamento inadiável de serviços

públicos essenciais, com prévia e expressa autorização do Chefe do Poder Executivo.

Por fim, o artigo 73, VIII, também arrola como conduta vedada “fazer, na circunscrição do pleito, revisão

geral da remuneração dos servidores públicos que exceda a recomposição da perda de seu poder aquisitivo ao longo do

ano da eleição, a partir do início do prazo estabelecido no art. 7º desta Lei e até a posse dos eleitos”. Ressalte-se que

será permitido a recomposição dos vencimentos com base na inflação acumulada entre 1º de janeiro e os 3 meses que

antecedem as eleições e, convém lembrar que a posse dos membros do Congresso Nacional ocorre em 2 de fevereiro do

ano subsequente à eleição.

No caso de descumprimento, o agente público responsável estará sujeito à multa no valor de 5.000 a 100.000

mil UFIR, duplicadas a cada reincidência, e, caso seja candidato, ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma,

além de, quando for o caso, a suspensão imediata da conduta vedada. As condutas enumeradas caracterizam, ainda,

atos de improbidade administrativa, a que se refere o art. 11, inciso I, da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e sujeitam-

se às às cominações do art. 12, III.

TRANSFERÊNCIA VOLUNTÁRIA DE RECURSOS

O artigo 73, VI, da Lei 9.504/1997, veda, nos 3 meses que antecedem o pleito, a realização de transferência

voluntária de recursos da União aos Estados e Municípios, e dos Estados aos Municípios, sob pena de nulidade de pleno

direito, ressalvados os recursos destinados a cumprir obrigação formal preexistente para execução de obra ou serviço em

andamento e com cronograma prefixado, e os destinados a atender situações de emergência e de calamidade pública.

No caso de descumprimento, o agente público responsável estará sujeito à multa no valor de 5.000 a 100.000

mil UFIR, duplicadas a cada reincidência, e, caso seja candidato, ficará sujeito à cassação do registro ou do diploma,

além de, quando for o caso, a suspensão imediata da conduta vedada. As condutas enumeradas caracterizam, ainda,

atos de improbidade administrativa, a que se refere o art. 11, inciso I, da Lei nº 8.429, de 2 de junho de 1992, e sujeitam-

se às às cominações do art. 12, III.

SERVIÇOS PÚBLICOS E PROGRAMAS SOCIAIS

A Lei das Eleições, nos 3 meses que antecedem as eleições, proíbe “fazer ou permitir uso promocional em

favor de candidato, partido político ou coligação, de distribuição gratuita de bens e serviços de caráter social custeados

ou subvencionados pelo Poder Público”.

No ano em que se realizar eleição, não é permitida “a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por

parte da Administração Pública, exceto nos casos de calamidade pública, de estado de emergência ou de programas

sociais autorizados em lei e já em execução orçamentária no exercício anterior, casos em que o Ministério Público

poderá promover o acompanhamento de sua execução financeira e administrativa”. Nos anos eleitorais, os programas

sociais não poderão ser executados os programas sociais por entidade nominalmente vinculada a candidato ou por esse

mantida.

“PUBLICIDADE” INSTITUCIONAL

A propaganda política é dividida em quatro categorias no Brasil que são a “Publicidade” Institucional, prevista

no artigo 37, § 1º, da Constituição; a propaganda intrapartidária, contida no artigo 36, § 1º, da Lei 9.504/1997, a

propaganda partidária, disciplinada no artigo 45, da Lei 9.096/95 e a propaganda Eleitoral, no art.36, Lei 9.504/1997.

A “publicidade” institucional, na verdade, são as propagandas do governo, a qual se destaca entre aspas pela

falta de rigor técnico do constituinte, uma vez que o marketing utiliza o termo “publicidade” para o comércio de

produtos e serviços e “propaganda” para ideologia política, religiosa, filosófica e governamental.

O artigo 37, § 1º, da Constituição limita que a publicidade de programas, obras, serviços e campanhas dos

órgãos públicas tenham caráter educativo, informativo ou de orientação social, não podendo constar símbolos ou

imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades e servidores públicos.

A Constituição de Santa Catarina foi além ao estabelecer no artigo 180 que “o uso, pelo Poder Público estadual,

dos meios de comunicação social se restringirá a publicidade obrigatória de seus atos oficiais e a divulgação de notas e

avisos oficiais de esclarecimento; campanhas educativas de interesse público e campanhas de racionalização e

racionamento do uso de serviços públicos e de utilidade pública.

9 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

O artigo 40, da Lei 9.504/1997 sanciona a promoção pessoal quando prevê que “o uso, na propaganda eleitoral,

de símbolos, frases ou imagens, associadas ou semelhantes às empregadas por órgão de governo, empresa pública ou

sociedade de economia mista constitui crime, punível com detenção, de 6 meses a 1 ano, com a alternativa de prestação

de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de 10.000 a 20.000 UFIR”. Consoante o artigo 74,

“configura abuso de autoridade, para os fins do disposto no art. 22 da Lei Complementar no 64, de 18 de maio de 1990,

a infringência do disposto no § 1º do art. 37 da Constituição Federal, ficando o responsável, se candidato, sujeito ao

cancelamento do registro de sua candidatura”.

O uso indevido da propaganda institucional também é uma conduta vedada prevista no artigo 73, VI, b, da

L.9.504/97 que traz a proibição aos agentes públicos, servidores ou não, nos 3 meses que antecedem o pleito, com

exceção da propaganda de produtos e serviços que tenham concorrência no mercado, autorizar publicidade institucional

dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das

respectivas entidades da administração indireta, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública, assim

reconhecida pela Justiça Eleitoral.

Também é conduta vedada, fazer pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, fora do horário eleitoral

gratuito, salvo quando, a critério da Justiça Eleitoral, tratar-se de matéria urgente, relevante e característica das

funções de governo.

O artigo 74, VII, também veda a realização, no primeiro semestre do ano de eleição, despesas com publicidade

dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, ou das respectivas entidades da administração indireta, que

excedam a média dos gastos no primeiro semestre dos três últimos anos que antecedem o pleito; (Redação dada pela Lei

nº 13.165, de 2015)

INAUGURAÇÕES

A Lei 9.504/97 prevê nos artigos 75 e 77 que, nos 3 meses que antecederem as eleições, realização de

inaugurações, é vedada a qualquer candidato comparecer, a inaugurações de obras públicas, bem como ao Poder

Público, a contratação de shows artísticos pagos com recursos públicos, sujeitando o candidato beneficiado, agente

público ou não, sem prejuízo da suspensão imediata da conduta, à cassação do registro ou do diploma.

PROPAGANDA POLÍTICA

MODALIDADES DE PROPAGANDA POLÍTICA

A propaganda política é dividida em quatro categorias no Brasil que são a “Publicidade” Institucional, prevista

no artigo 37, § 1º, da Constituição; a propaganda intrapartidária, contida no artigo 36, § 1º, da Lei 9.504/1997, a

propaganda partidária, disciplinada no artigo 45, da Lei 9.096/95 e a propaganda Eleitoral, no art.36, Lei 9.504/1997.

“PUBLICIDADE” INSTITUCIONAL

Veja no capítulo homônimo em condutas vedadas aos agentes

PROPAGANDA ANTECIPADA

A partir da Lei 13.165, de 29/09/2015 que alterou o artigo 36, da Lei 9.504/1997, a propaganda eleitoral

somente é permitida após o dia 15 de agosto do ano da eleição, sujeitando os responsáveis e beneficiários que efetuarem

a divulgação de candidaturas com pedido explícitos e implícitos de votos antes deste período, desde que comprovado o

seu prévio conhecimento, à multa no valor de R$ 5.000,00 a R$ 25.000,00, ou ao equivalente ao custo da propaganda, se

este for maior.

O artigo 36-A, da Lei 9.504/1997, com a redação determinada pela Lei 13.165, de 29/09/2015 estabelece que

não configuram propaganda eleitoral antecipada, desde que não envolvam pedido explícito de voto, a menção à pretensa

candidatura, a exaltação das qualidades pessoais dos pré-candidatos e os seguintes atos, que poderão ter cobertura dos

meios de comunicação social, inclusive via internet: I - a participação de filiados a partidos políticos ou de pré-

candidatos em entrevistas, programas, encontros ou debates no rádio, na televisão e na internet, inclusive com a

exposição de plataformas e projetos políticos, observado pelas emissoras de rádio e de televisão o dever de conferir

tratamento isonômico; II - a realização de encontros, seminários ou congressos, em ambiente fechado e a expensas dos

partidos políticos, para tratar da organização dos processos eleitorais, discussão de políticas públicas, planos de governo

ou alianças partidárias visando às eleições, podendo tais atividades ser divulgadas pelos instrumentos de comunicação

intrapartidária. III - a realização de prévias partidárias e a respectiva distribuição de material informativo, a divulgação

10 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

dos nomes dos filiados que participarão da disputa e a realização de debates entre os pré-candidatos; IV - a divulgação

de atos de parlamentares e debates legislativos, desde que não se faça pedido de votos. V - a manifestação e o

posicionamento pessoal sobre questões políticas nas redes sociais. (Redação pela Lei 12.891, de 11/12/2013). VI - a

realização, a expensas de partido político, de reuniões de iniciativa da sociedade civil, de veículo ou meio de

comunicação ou do próprio partido, em qualquer localidade, para divulgar ideias, objetivos e propostas partidárias.

MATERIAL IMPRESSO

Independe da obtenção de licença municipal e de autorização da Justiça Eleitoral a veiculação de propaganda

eleitoral pela distribuição de folhetos, adesivos, volantes e outros impressos, os quais devem ser editados sob a

responsabilidade do partido, coligação ou candidato.

O uso, na propaganda eleitoral, de símbolos, frases ou imagens, associadas ou semelhantes às empregadas por

órgão de governo, empresa pública ou sociedade de economia mista constitui crime, punível com detenção, de 6 meses a

1 ano, com a alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de 10.000 a

20.000 UFIR.

Atos em recinto aberto

A realização de qualquer ato de propaganda partidária ou eleitoral, em recinto aberto ou fechado, não depende

de licença da polícia, mas candidato, partido ou coligação promotora do ato fará a devida comunicação à autoridade

policial em, no mínimo, 24 horas antes de sua realização, a fim de que esta lhe garanta, segundo a prioridade do aviso, o

direito contra quem tencione usar o local no mesmo dia e horário.

É proibida a realização de “showmício” e de evento assemelhado para promoção de candidatos, bem como a

apresentação, remunerada ou não, de artistas com a finalidade de animar comício e reunião eleitoral, mesmo que o

próprio candidato seja artista.

PROPAGANDA EM BENS PÚBLICOS

O artigo 37, da Lei 9.504/1997, com redação pela Lei 13.165, de 29/09/2015, desautoriza a propaganda em bem

público de uso comum e equiparado ao estabelecer que “nos bens cujo uso dependa de cessão ou permissão do poder

público, ou que a ele pertençam, e nos bens de uso comum, inclusive postes de iluminação pública, sinalização de

tráfego, viadutos, passarelas, pontes, paradas de ônibus e outros equipamentos urbanos, é vedada a veiculação de

propaganda de qualquer natureza, inclusive pichação, inscrição a tinta e exposição de placas, estandartes, faixas,

cavaletes, bonecos e assemelhados”. É permitida a colocação de mesas para distribuição de material de campanha e a

utilização de bandeiras ao longo das vias públicas, desde que móveis e que não dificultem o bom andamento do trânsito

de pessoas e veículos. A mobilidade estará caracterizada com a colocação e a retirada dos meios de propaganda entre as

6 e 22 horas.

A Lei considera com bens de uso comum, para fins eleitorais, os definidos pela Lei n° 10.406, de 10 de janeiro

de 2002 – Código Civil e também aqueles a que a população em geral tem acesso, tais como cinemas, clubes, lojas,

centros comerciais, templos, ginásios, estádios, ainda que de propriedade privada.

Prevê o artigo 37, § 3º, da Lei 9.504/1997 que “nas dependências do Poder Legislativo, a veiculação de

propaganda eleitoral fica a critério da Mesa Diretora”.

SONORIZAÇÃO

A Lei 9.504/1997 permite a utilização nas campanhas de sonorização fixa no horário das 8 às 24 h e móvel das

8 às 22h, embora no comício de encerramento este horário será estendido, pois abrange das 8h às 24h e 0h às 2h.

O funcionamento de alto-falantes ou amplificadores de som, ressalvada a hipótese contemplada no parágrafo

seguinte, somente é permitido entre as 8 e as 22 horas, sendo vedados a instalação e o uso daqueles equipamentos em

distância inferior a 200 metros das sedes dos Poderes Executivo e Legislativo da União, dos Estados, do Distrito Federal

e dos Municípios, das sedes dos Tribunais Judiciais, e dos quartéis e outros estabelecimentos militares; dos hospitais e

casas de saúde; das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em funcionamento; dos hospitais e casas de

saúde; das escolas, bibliotecas públicas, igrejas e teatros, quando em funcionamento.

O artigo 39, § 4º, da Lei 9.504/1997, prevê, ainda, que “a realização de comícios e a utilização de aparelhagens

de sonorização fixas são permitidas no horário compreendido entre as 8 (oito) e as 24 (vinte e quatro) horas, com

exceção do comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 (duas) horas”.

11 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

A Lei 9.504/1997 permite a circulação de carros de som e minitrios como meio de propaganda eleitoral, desde

que observado o limite de 80 (oitenta) decibéis de nível de pressão sonora, medido a 7 (sete) metros de distância do

veículo. A Lei considera como carro de som os veículos automotores que usam equipamentos de som com potência

nominal de amplificação de, no máximo, 10.000 (dez mil) watts e como minitrio com amplificação maior que 10.000

(dez mil) watts e até 20.000 (vinte mil) watts. A nova redação da Lei 13.165/2015 considera como carro de som,

qualquer veículo, motorizado ou não, ou ainda tracionado por animais, que transite divulgando jingles ou mensagens de

candidatos.

ELEGIBILIBIDADE E INELEGIBILIDADE

DESINCOMPATIBILIZAÇÃO

Presidente, vice-presidente

ano antes das eleições

Membros do Ministério Público, não necessitando renunciar ao cargo, devendo se filiar no prazo comum de 1 ano e

não na exceção aplicável aos militares;

Advogado-Geral da União e Consultor-Geral da

meses antes das eleições

Ministros de Estado;

Advogado-Geral da União e Consultor-Geral da União;

Chefes de órgãos de assessoramento direto e indireto da Presidência da República;

Chefes do Estado-maior das forças armadas;

Comandantes das forças armadas.

Magistrados desde que exonerados ou aposentados (Consulta-TSE nº 534);

Diretores das entidades da Administração indireta;

governadores e interventores

Secretários de Estado;

prefeitos municipais;

Membros dos tribunais de contas;

Diretor-Geral da Polícia Federal;

Secretários dos Ministérios;

Cargos nomeados pelo presidente com aprovação do Senado

Os que tiverem competência ou interesse no lançamento, fiscalização e arrecadação de tributos;

Diretores de empresas de interesse na economia nacional , instituições financeiras, contratantes com o Poder Público;

Membros do Ministério Público;

Militares, em analogia com os membros dos Tribunais de Contas (Consulta nº 534, TSE).

meses antes das eleições

Servidores e empregados públicos, com vencimentos integrais

Governador e vice-governador

meses antes das eleições

Os mesmos arrolados para presidente

Chefes do Gabinete Civil e Militar;

Comandantes da Região Militar, Distrito Naval ou Zona Aérea;

Diretores dos órgãos de assistência aos municípios;

Secretários municipais ou membros de órgãos congêneres.

Para prefeito e vice-prefeito

meses antes das eleições

Os mesmos arrolados para presidente;

Membros do Ministério Público e Defensoria Pública em exercício na comarca;

Autoridades policiais, civis, militares em exercício no município.

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Para Senador, Deputado federal, estadual e distrital e vereadores

meses antes das eleições

Ministros de Estado;

Advogado-Geral da União e Consultor-Geral da União;

Chefes de órgãos de assessoramento direto e indireto da Presidência da República;

Chefes do Estado-maior das forças armadas;

Comandantes das forças armadas.

Magistrados, desde que exonerados ou aposentados (Consulta-TSE nº 534);

Diretores das entidades da Administração indireta;

governadores e interventores

Secretários de Estado;

prefeitos municipais;

Membros dos tribunais de contas;

Diretor-Geral da Polícia Federal;

Secretários dos Ministérios;

Para vereador

meses antes das eleições

Inelegíveis para os cargos de prefeito e vice-prefeito;

Licença do servidor federal (art. 81, IV, 86, Lei nº 8.112/1990

Entre a convenção e o registro: licença sem remuneração.

Do registro até 10 dias após o pleito: licença remunerada com vencimentos, no máximo, de 3 meses.

PERDA E SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS

A cassação dos direitos políticos é vedada na Constituição brasileira, a suspensão é temporária e poderá haver a

reabilitação quando desaparecer a causa e a perda é definitiva, embora os sancionados pela perda, desaparecendo a

motivação, poderão readquiri-la, ou seja, adquirir novos direitos políticos como se tivesse completado 16 anos naquele

momento.

O artigo 15, da Constituição relaciona as hipóteses de perda e suspensão dos direitos políticos de forma

genérica, sem separá-las, remetendo a interpretação ao legislador e aos tribunais distingui-las.

Consequentemente, a doutrina e a jurisprudência reconhecem como causa de perda o cancelamento da

naturalização por sentença transitada em julgado (ou a perda da nacionalidade por via indireta, a recusa de cumprir

obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5°, VIII. Frise-se que a legislação

infraconstitucional reconhece este último caso como suspensão, embora não seja aplicado, na prática, com esta natureza

Como causa de suspensão dos direitos políticos a incapacidade civil absoluta e condenação criminal transitada

em julgado, enquanto durarem seus efeitos ou por improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4°.

13 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

ELEGIBILIDADE E INELEGIBILIDADE

O preenchimento dos direitos políticos passivos deverão seguir alguns pressupostos positivos ou negativos.

Assim, para que alguém seja candidato a um cargo eletivos, é necessário que preencha como requisito positivo

as condições de elegibilidade e como requisitos negativos que não sejam inelegíveis ou incompatíveis

As condições de elegibilidade, previstos no art.14, § 3º, são a nacionalidade brasileira, pleno exercício dos

direitos políticos (não incorrer em perda e suspensão e possuir a quitação eleitoral), o alistamento eleitoral, filiação

partidária e domicílio eleitoral na circunscrição e idade mínima para o cargo.

Em relação as inelegibilidades o artigo 14, §9º prevê que “lei complementar estabelecerá outros casos de

inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a probidade administrativa, a moralidade para exercício de

mandato considerada vida pregressa do candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do

poder econômico ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego na administração direta ou indireta (abuso do

poder político).

A inelegibilidade não se confunde com a suspensão dos direitos políticos, sendo inclusive aplicada após o

cumprimento desta, como se pode observar abaixo:

A Constituição denomina de inelegibilidade tanto as inelegibilidades em sentido estrito quanto as

incompatibilidades, separação esta que é promovida pela Lei Complementar 64/1990. A inelegibilidade, embora

divergente no Supremo Tribunal Federal, é uma sanção e a incompatibilidade é uma medida preventiva de afastamento

dos agentes públicos no período pré-eleitoral.

DECORO PARLAMENTAR

Dentre as situações de inelegibilidade é importante frisar o caso daqueles que hajam perdido os respectivos

mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, (...) para as eleições que se

realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subsequentes ao

término da legislatura.

Embora nominalmente a inelegibilidade tenha a duração de 8 anos, pela fórmula de calculo, ela poderá atingir a

12 anos para deputado e 19 anos para senador como pode ser observado nos quadros abaixo:

14 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

REJEIÇÃO DAS CONTAS.

Os eleitores ex-ocupantes de cargos eletivos que tiveram suas contas rejeitadas por irregularidades insanáveis

por ato doloso de improbidade administrativa pelo órgão competente ficarão inelegíveis por 8 anos.

Os órgãos competentes para julgar as contas do chefe do Poder Executivo é o Poder Legislativo e dos demais

cargos são os tribunais de contas da União, dos Estados e do Distrito Federal.

A inelegibilidade por rejeição somente poderá ser afastada se esta houver sido suspensa ou anulada pelo Poder

Judiciário.

AÇÕES E RECURSOS ELEITORAIS

As ações e recursos na Justiça Eleitoral são os seguintes:

AÇÃO/RECURSO

PREVISÃO LEGAL

Ação de impugnação de mandato eletivo

(AIME)

Artigo 14, CF e artigo 22, XV, LC nº 64/90

Ação de impugnação de registro de

candidatos (AIRC)

Artigo 2º, LC 64/90

Recurso contra diplomação Artigo 262, CE

Consulta Artigo 23, XII, CE (TSE)

Artigo, 30, VII, CE (TRE)

Pedido de Direito de Resposta

Propaganda

Artigo 58, Lei nº 9.504/97

Resolução-TSE (rito)

Representações

Propaganda

Artigo 96, Lei nº 9.504/97

Resolução-TSE

Ação penal eleitoral Artigo 355, CE

Ação rescisória eleitoral Artigo 22, I, j, CE

Agravo de Instrumento Artigo 279, 282, CE

15 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

Recurso Eleitoral Art. 121, § 4º,CF; art.280, CE.

Recurso Especial Artigo 276, I, CE

Recurso Ordinário Artigo 276, II, CE

O recurso deverá ser interposto em 3 dias da publicação do ato, resolução ou despacho sempre que a lei não

fixar prazo especial. Para os Tribunais Regionais e para o Tribunal Superior caberá, dentro de 3 (três) dias, recurso dos

atos, resoluções ou despachos dos respectivos Presidentes.

O Enunciado 728, da Súmulado Tribunal Superior Eleitoral prevê, ainda, que é de 3 dias o prazo para a

interposição de recurso extraordinário contra decisão do tribunal superior eleitoral, contado, quando for o caso, a partir

da publicação do acórdão, na própria sessão de julgamento.

O Recurso Especial está previsto no artigo 121, § 4º, da Constituição e no artigo 271, do Código Eleitoral que

prevê que das decisões dos Tribunais Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: I – forem proferidas contra

disposição expressa desta Constituição ou de lei; II – ocorrer divergência na interpretação de lei entre dois ou mais

Tribunais Eleitorais;

O Recurso Ordinário, também está previsto no mesmo dispositivo que prevê que “das decisões dos Tribunais

Regionais Eleitorais somente caberá recurso quando: III – versarem sobre inelegibilidade ou expedição de diplomas nas

eleições federais ou estaduais; IV – anularem diplomas ou decretarem a perda de mandatos eletivos federais ou

estaduais.

A ação rescisória eleitoral esta prevista no artigo 22, I, j, do Código Eleitoral que fixa a competência do

Tribunal Superior Eleitoral para I – processar e julgar originariamente: j) a ação rescisória, nos casos de inelegibilidade,

desde que intentada dentro do prazo de 120 dias de decisão irrecorrível.

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OS ADVOGADOS MUNICIPAIS E O PROCESSO

ELEITORAL

Jonias de O. e Silva

1 Uso da Máquina e Abuso de Poder Econômico/Político nas Eleições

A má administração do dinheiro do povo e a corrupção nos poderes públicos (Executivo, Legislativo e Judiciário) ferem

a legalidade e geram o descrédito no Governo (políticos) de um Município, de um Estado, do Distrito Federal, e de toda

a NAÇÃO.

01.1 Má administração:

Omissão, descaso e Falta de Planejamento são as atitudes mais características de uma má administração.

01.2 Corrupção:

A corrupção pode ser definida como utilização do poder ou autoridade para conseguir obter vantagens, e fazer

uso do dinheiro público para o seu próprio interesse, de um integrante da família ou amigo.

O Brasil é o 76º colocado em ranking sobre a percepção de corrupção no mundo, segundo estudo divulgado em janeiro

deste ano pela organização Transparência Internacional, que analisa 168 países e territórios.

O índice brasileiro foi de 38, 5 pontos a menos que em 2014, quando o país ficou em 69º lugar.

Naquele ano, 175 países foram analisados –, ou seja, o Brasil piorou tanto sua posição quanto sua nota. Foi o pior

resultado de uma nação no relatório 2015 comparando com o ano anterior.

As notícias negativas sobre os governantes geram cada vez mais o repúdio da população contra a categoria.

Em recente pesquisa do Datafolha, a corrupção governamental ficou disparada em primeiro lugar, na lista dos

problemas do país.

E pela operação Lava Jato, fica claro que o “uso da máquina pública” é direcionado a vários objetivos, mas

principalmente para financiar projetos de poder político dos governantes.

E isso é chamado tecnicamente de Abuso de Poder Político!

Esclarecendo que os tipos de abusos na Administração Pública, combatidos pela legislação esparsa são:

-Abuso de Autoridade (agir com excessos em suas prerrogativas)

-Abuso no Exercício de Função, Cargo ou Emprego Público (servidores)

-Abuso do Poder Econômico (gastar mais do que o normal)

- Abuso do Poder Político (usar a máquina pública em benefício de candidato, partido ou coligação)

No entanto, o tipo que nos ateremos neste estudo é o Abuso do Poder Político, no qual o detentor do poder usa a posição para influenciar o eleitor.

Por muito tempo, questionou-se o fato de o detentor do poder utilizar-se da máquina pública (estrutura do poder

a que está vinculado) para promover-se politicamente a si próprio ou a terceiros.

E na intenção de impor algum controle sobre isso, a legislação pátria tem instituído regras e mais regras.

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Nessa nova fase do Brasil redemocratizado (Nova República-1985 em diante), surgiram inúmeras formas de

controle legal, na tentativa de evitar o abuso do poder político.

Os constituintes de 1988 já se preocupavam com isso, tanto que trataram do assunto no art. 14:

“§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de proteger a

probidade administrativa, a moralidade para exercício de mandato considerada vida pregressa do candidato, e a

normalidade e legitimidade das eleições contra a influência do poder econômico ou o abuso do exercício de função,

cargo ou emprego na administração direta ou indireta.

§ 10 - O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da

diplomação, instruída a ação com provas de abuso do poder econômico, corrupção ou fraude.”

Em 1990 nasceu a Lei das Inelegibilidades (LC 64/90).

Em 1995, o país criou a Lei dos Partidos Políticos (9.096/95).

Em 1997, após amplos debates, surgiu a Lei das Eleições (9.504/97).

Em 2000, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000) também reservou regras para o controle dos gastos

públicos em eleições.

Em 2015, a Lei da Minirreforma Política (Lei 13.165/15) alterou regras das Leis 4.737/65, 9.096/95 e 9.504/97.

De se lembrar ainda que essas leis tiveram atualizações legislativas inúmeras vezes, como por exemplo, a Lei

das Inelegibilidades que foi enriquecida pela Lei da Ficha Limpa (LC 135/2010).

Todavia, essas intenções todas tiveram um retrocesso fenomenal, quando a nação possibilitou a reeleição para

os cargos do Poder Executivo (Emenda Constitucional nº 16/97).

Infelizmente, essa possibilidade vem gerando inumeráveis transtornos para a Justiça Eleitoral, vez que o

“mandante”, por óbvio, sempre se vê induzido a fazer uso de seu poder político para obter sucesso eleitoral.

E em determinados momentos, até certos agentes públicos detentores de cargos funcionais têm utilizado o

“poder” de seus cargos para direcionar a “coisa pública” em prol de segmento político.

Cabe lembrar que de acordo com a Lei Eleitoral, art. 73, § 1º, gestor público é toda a pessoa física “que exerce,

ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra

forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nos órgãos ou entidades da administração pública direta, indireta, ou fundacional”.

O Poder Judiciário, por sua vez, tem interpretado a legislação e criado também as suas regras próprias, com

fundamento em princípios de ordem e interesse público.

Em crescente desenvolvimento jurisprudencial, a Justiça Eleitoral expendeu seu posicionamento em diversos

campos, tais como: propaganda político-eleitoral, arrecadação e gastos de campanha, pesquisas eleitorais, e tantos

outros, para evitar-se o abuso do poder político ou econômico, e todas as demais irregularidades que se evidenciaram.

Com isso, o cerco em torno do uso da máquina pública em prol das campanhas ou candidatos, tem se apertado

cada vez mais.

Além das regras inseridas nos textos legais, a interpretação jurisprudencial tem resultado em vastas

impugnações, cassações e condenações de candidatos e agentes políticos.

Aliás, na melhor interpretação do termo controle, encontramos três elementos essenciais, quais sejam:

- ORIENTAÇÃO

- FISCALIZAÇÃO

- PUNIÇÃO

Dentre todos, indubitavelmente que a impunidade é o fator que mais contribui para a desobediência!

No Brasil de hoje, embora ainda não esteja no ponto ideal, podemos afirmar que a utilização do Poder Político

para outros objetivos que não aqueles de interesse público, tem gerado conseqüências sérias para os infratores.

Segundo as regras legais, as conseqüências para o direcionamento dos recursos públicos (humanos,

patrimoniais, financeiros...) para beneficiar candidatos, campanhas ou partidos políticos, são várias.

Vejamos:

- perda do mandato

- inelegibilidades (até 8 anos)

- suspensão dos direitos políticos

- penas privativas de direitos

- penas privativas da liberdade

- penas pecuniárias

- penas de prestação de serviços

- liberdade ou benefícios condicionais

- impedimento de contratar com órgãos públicos

- impedimento de participar de concurso público

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02 Condutas vedadas para a Administração Pública no período:

Na confecção da Lei Eleitoral (9.504/97), tanto na via original quanto nas alterações inseridas, o legislador

pensou várias situações nas quais o poder público poderá influir no pleito, por intermédio do “uso da máquina”, ou

promovendo desigualdades entre os candidatos.

E impôs vedações e limites, para coibir tais condutas.

Obrigando os agentes públicos a evitar-se a prática de atos proibidos neste período, despertando-lhes também,

enquanto fiscalizadores, para estarem atentos aos atos eventualmente praticados por outros agentes públicos (políticos

ou não), em promoção própria ou de terceiros.

Relativamente às Condutas Vedadas (proibidas) para os agentes públicos em Período Eleitoral, as normas

básicas são anunciadas pela Lei Federal nº 9.504/97, nos arts. 73, 75 e 77, cuja análise pontual e específica

verificaremos na própria lei, cuja cópia encontra-se no AVA (ambiente virtual do aluno) na página

WWW.unipublicabrasil.com.br.

03 Afastamentos para Candidaturas

(desincompatibilizações)

A lei eleitoral prevê também, a exigência de afastamento (de fato) de cargos, empregos e funções públicas, para

candidaturas.

Dependendo da situação, o prazo é fixado em 3, 4 ou 6 meses.

Na verdade, o que a legislação pretende é evitar que se utilize da posição pública para beneficio próprio ou de

terceiros no pleito eleitoral.

Para as candidaturas a Prefeito e Vice Prefeito, a previsão da desincompatibilização está no inciso IV, enquanto

para Vereadores está no inciso VII, do art. 1º, da Lei Complementar 64/90 (lei das inelegibilidades).

Para conferir a jurisprudência sobre esse tema, e identificar a aplicabilidade concreta, basta acessar o ícone

“Prazos de desincompatibilização” no rodapé da página eletrônica da TSE (www.tse.jus.br).

04 Cuidados do Processo legislativo no período:

As condutas relacionadas na Lei das Eleições são proibidas mesmo em tempos não eleitorais, podendo virem a

ser enquadradas como improbidade administrativa a qualquer tempo. Entretanto, durante as eleições adquirem maior

gravidade, já que podem afetar a igualdade de oportunidades entre os candidatos.

As restrições legais que limitam a atuação dos gestores públicos no período eleitoral, devem ser observadas nos

casos concretos, em confronto com as disposições legais, jurisprudência e normatizações oriundas da Justiça Eleitoral,

pois há situações específicas que dependerão de análise pontual, de modo que, diante de casos concretos que gerem

dúvidas, deve o agente público se abster de praticá-los, por cautela, que havendo necessidade, formulará consulta à

Justiça Eleitoral.

Em resumo, as normais eleitorais buscam resguardar a igualdade da disputa entre os candidatos.

Não existem, em tese, matérias que não possam ser aprovadas pelo Legislativo em ano eleitoral. Algumas, porém, podem influenciar diretamente as eleições.

Por isso, a lei ou sua interpretação pelos tribunais não protege os que buscam violar os seus preceitos ou utilizar

as decisões a favor de condutas contrárias à legalidade ou à moralidade.

As Comissões Parlamentares de Inquérito, no Direito brasileiro, tem papel importante na defesa dos

interesses e direitos da sociedade.

Essas comissões ouvem testemunhas, requisitam documentos, informam a Nação, solicitam providências junto

a diversos entes públicos, elaboram proposições legislativas, visando ao aprimoramento das instituições democráticas e

do ordenamento jurídico, cumprindo seu papel constitucional.

Os diplomas legais aplicados às CPIs são:

- a Constituição Federal/1988 – art. 58, § 3º;

- a Lei nº 1.579/1952, que Dispõe sobre as Comissões Parlamentares de Inquérito;

- o Regimento Interno das Casas Legislativas e,

- subsidiariamente o Código de Processo Penal.

Analisando tais diplomas legais, observamos que não existe impedimento para que se realize as CPIs em

período eleitoral.

Do ponto de vista eleitoral, diz a Lei nº 9.504/1997 que são proibidas condutas tendentes a afetar a igualdade de

oportunidades entre candidatos nos pleitos eleitorais.

Não é qualquer dos atos citados na Lei que implica em descumprimento da regra eleitoral.

Há que influenciar na disputa, a teor do disposto no caput do artigo 73 da Lei das Eleições. Em outras palavras,

a conduta vedada deve ser de tal intensidade que possa comprometer a isonomia de chances entre os candidatos.

A lei eleitoral não pretende impedir o funcionamento normal e rotineiro da Administração Pública.

Entretanto, programas novos, a concessão de favores não utilizados e quaisquer outras medidas que possam ter

conotação eleitoral ou possam ser utilizadas para beneficiar candidatos, encontram-se vedados.

20 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

No que diz respeito às Tribunas Livres, o Regimento Interno das casas legislativas deve estabelecer,

independentemente da época, que os participantes não sejam representantes de partidos políticos, candidatos a cargo

eletivo e integrantes de chapas aprovadas em convenção partidária, por exemplo.

Após, preenchidos os requisitos de participação na Tribuna Livre, pode-se exigir o encaminhamento prévio da

exposição, tudo de forma a assegurar que esta não tenha fins eleitoreiros mas meramente organizacionais.

Da mesma forma, há critérios para a realização de Audiências Públicas, igualmente estabelecidos no

Regimento Interno e no Regulamento das Comissões Legislativas, se houver.

No exercício de sua autonomia política, a Câmara Municipal, deve pormenorizar no Regimento Interno as

normas para seu funcionamento sobre a utilização do uso do Plenário.

A Lei de Responsabilidade fiscal incentiva a realização de consultas e audiências públicas, quando discorre por

exemplo sobre a transparência, controle e fiscalização.

Salientamos que, a princípio, toda e qualquer utilização das dependências da Câmara Municipal de possuir

finalidade própria inerente à atividade legislativa, tudo em conformidade com as funções do Poder Legislativo.

Isso porque a autonomia e a independência do Poder Legislativo, inscritas no art. 2º da Constituição Federal,

são incompatíveis com o uso do recinto da Casa Legislativa por grupos, associações ou particulares, com fins distintos

do interesse social e das atribuições parlamentares.

Com exceção da ressalva feita pela Lei 9.504/97 no art. 73, I, autorizando a realização de Convenções

Partidárias...

É de se considerar que de acordo com o caput do art. 73 da Lei 9.504/97 as condutas vedadas versam sobre

fatos que tenham a potencialidade de influenciar a manifestação de vontade do eleitorado, bem como a livre participação

dos candidatos nos pleitos eleitorais.

05 Posturas locais e o período eleitoral

O Brasil é uma Nação que se constituiu em forma de República Federativa, reunindo 26 Estados-Membros e o

Distrito Federal. Os Estados-Membros subdividem seu território em 5.570 Municípios.

A República Federativa possui legislação de âmbito geral, à qual se subordinam TODOS os Estados-Membros,

Distrito Federal e Municípios.

A competência para editar leis é reservada à União Federal, aos Membros da Federação, ou a ambos

(concorrente), dependendo do assunto.

No campo ELEITORAL, a competência para criar as regras gerais é da União Federal, porém, os Membros

poderão complementar, desde que não contrariem as regras gerais.

Assim sendo, a Regulamentação fundamental a ser obedecida pela Administração Pública relativamente ao

período eleitoral, deverá ser extraída das seguintes normas:

- Constituição federal/88

- Código eleitoral (lei federal. 4.737/65)

- Lei das inelegibilidades (lei complementar federal 64/90)

- Lei das eleições (lei federal 9.504/97)

- Normas do Tribunal Superior Eleitoral

- Normas do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná

- Constituição Estadual

- Lei orgânica Municipal

- Normas Decretadas pelo Juízo Eleitoral

- Legislação Municipal sobre Posturas

Vejamos por exemplo, na questão da Propaganda Política:

Há três espécies de propaganda que, juntas, formam o gênero propaganda política:

- propaganda partidária

- propaganda intrapartidária

- propaganda eleitoral

A propaganda eleitoral é a realizada por candidatos, partidos políticos e coligações para divulgar plataformas

eleitorais e candidatos, sempre em língua nacional, com o específico objetivo de obter o voto do eleitor e influenciar no

pleito.

Para a promoção da democracia, fortalecimento dos partidos, o bom desempenho dos pleitos e liberdade dos

candidatos, o legislador impõe inúmeras regras, as quais, desobedecidas, podem gerar multas, impedimentos, cassações

e até penalidades criminais.

Para tanto, o Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65) adverte a que:

“Art. 249. O direito de propaganda não importa restrição ao poder de polícia quando êste deva ser exercido em

benefício da ordem pública.”

E a Lei Eleitoral (9.504/97) também especifica:

“Art. 41. A propaganda exercida nos termos da legislação eleitoral não poderá ser objeto de multa nem cerceada sob

alegação do exercício do poder de polícia ou de violação de postura municipal, casos em que se deve proceder na

forma prevista no art. 40.

21 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

§ 1o O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos juízes eleitorais e pelos juízes designados

pelos Tribunais Regionais Eleitorais.

§ 2o O poder de polícia se restringe às providências necessárias para inibir práticas ilegais, vedada a censura prévia

sobre o teor dos programas a serem exibidos na televisão, no rádio ou na internet.”

E como se pode constatar acima, a legislação afirma que:

“O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos juízes eleitorais e pelos juízes

designados pelos Tribunais Regionais Eleitorais.” (Art. 41, §1º, da Lei 9.504/97)

Entretanto, é comum encontrar na jurisprudência eleitoral, discussões acerca de regulamentação local sobre

questões ligadas às eleições oficiais para cargos eletivos dos Poderes Executivo e Legislativo nos Municípios.

É que os atos de campanha poderão afetar:

- Higiene Pública

- Estética Urbana

- Sossego Público

- Meio ambiente

- Trânsito

E o Município, que possui o Poder de Polícia para manter a ordem e o bem comum, vez ou outra toma

providências para coibir certas práticas durante o pleito.

Segundo o saudoso mestre Hely Lopes Meirelles:

“Poder de Polícia é a faculdade de que dispõe a administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de

bens, atividades e direitos individuais, em benefício da coletividade ou do próprio Estado.” In -Direito Municipal,

Malheiros, 15ª edição, 2006, pág. 469 Para a realização de seu Poder de Polícia, a Administração Pública (Executivo) deverá estar embasada em

legítimo regulamento, fiscalizar e aplicar penalidades, possuindo inclusive certa força coercitiva.

Por isto, necessária se faz a análise sobre esse ponto, para orientação e tomada de decisões.

Pois bem!

A Constituição Federal assevera o seguinte:

“Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho”

...

Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:

I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;

II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;

VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;

XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.

...

Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e

aprovada por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios

estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os seguintes preceitos:

...

Art. 30. Compete aos Municípios:

I - legislar sobre assuntos de interesse local;

II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber”

Assim, encontramos na Constituição Federal a assertiva de que a legislação eleitoral é de competência da União

Federal, enquanto que a manutenção da ordem local, criando regras próprias ou complementando a legislação superior.

Razão pela qual, surgiram e continuarão surgindo indagações sobre como a Administração Municipal deverá

agir para a manutenção da ordem pública local.

Por algum tempo, o Judiciário repeliu a atuação do Município na fiscalização da propaganda eleitoral, alegando

que a competência era exclusiva (privativa) da Justiça eleitoral, por ordem legal.

Entendia-se que, pelo fato da competência legislativa da União nessa área, o Poder de Polícia seria unicamente

desta.

Todavia, o TSE tem pacificado entendimento no sentido de que, a princípio, esta de fato é a regra.

Porém, em algumas situações peculiares, pode-se aplicar o Poder de Polícia Municipal também, desde que

exista legislação local e que esta não ultrapasse os parâmetros delineados pelo regramento e princípios eleitorais.

Inclusive, o TSE tem aplicado o art. 243, inciso VIII, do Código Eleitoral (Lei 4.737/65), que assevera:

“Art. 243. Não será tolerada propaganda:

...

VIII - que prejudique a higiene e a estética urbana ou contravenha a posturas municiais ou a outra qualquer

restrição de direito”

Vejamos um julgamento recente do TSE:

“ELEIÇÕES 2008. Agravo regimental em recurso especial eleitoral. Representação por propaganda eleitoral de

dimensões superiores ao legalmente permitido. Limites da legislação municipal: prevalência sobre a norma eleitoral.

Art. 243, inc. VIII, do Código Eleitoral. Precedentes. Agravo regimental ao qual se nega provimento.” In- Ac. do

22 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

TSE no Agravo Regimental em Recurso Especial Eleitoral nº 35134, de 17/02/2011, Rel. Min. Carmen Lúcia Antunes

Rocha, publicado no DJE de 07/04/2011.

Na verdade, está-se diante de um conflito de normas, resolvendo-se pelo princípio da hierarquia das leis:

Vale a norma superior, tornando-se a inferir inconstitucional.

No entendimento atual de alguns Tribunais, só poderá ser aplicada a Legislação Local nos casos de

extrapolação dos limites da propaganda, onde não esteja previsto pela Legislação Superior e, mesmo assim, apenas a

Justiça Eleitoral possui Poder de Polícia sobre esse tema.

Vejamos um julgado do TRE/MG:

“O poder de polícia sobre a propaganda eleitoral será exercido pelos juízes eleitorais e pelos juízes designados pelos

Tribunais Regionais Eleitorais.

É quanto basta para constatar que os órgãos de fiscalização municipal não podem intervir no controle da

propaganda eleitoral, quer porque não lhes seja atribuído poder de polícia para coibir irregularidades eleitorais, quer

porque, neste pleito de 2010, a violação de postura municipal não pode servir de substrato para o cerceamento à

propaganda.

Vale dizer: o controle da atividade da propaganda eleitoral é exclusivo desta Justiça Especializada, a quem

competiria, se o caso, fazer cessar a suposta irregularidade, ainda que alicerçada em inobservância à Lei Municipal.

Deparando com supostas transgressões na propaganda, cabe ao agente fiscalizador municipal noticiar o fato ao

Juízo Eleitoral de Pirapora, a fim de que por este sejam tomadas as medidas necessárias para o exercício do poder de

polícia eventualmente cabível...

CONCLUSÃO Ante todo o exposto, CONCEDO a medida liminar, para suspender os efeitos dos auto de infração

expedido e assegurar a utilização de carro de som pelo impetrante, que se submete exclusivamente ao controle da

Justiça Estadual.”

In TREMG – Processo MS 38766 MG – Relatora ÁUREA MARIA BRASIL SANTOS PEREZ – Julgamento

17/09/2010 – Publicação DJEMG - Diário de Justiça Eletrônico-TREMG, Tomo 174, Data 21/09/2010, Página 6

Resumindo:

1º - A propaganda regular não poderá ser cerceada sob alegação de violação de postura municipal.

2º - o Poder de Polícia sobre a propaganda política é da Justiça Eleitoral.

3º - em caso de risco ou dano à ordem pública, pela desobediência de regra de postura urbana, a legislação local

poderá ser aplicada.

4º - mas a aplicação sempre será da Justiça Eleitoral.

Destarte, conforme visto, em caso de incidência da legislação local, relativamente à quebra da postura urbana

com propaganda eleitoral, o Executivo deverá REPRESENTAR junto à Justiça Eleitoral, solicitando providências.

E o Judiciário, competente para aplicação do Poder de Polícia no controle da propaganda eleitoral, deverá

tomar as providências necessárias a coibir e restabelecer a ordem, aplicando-se concomitantemente:

a) a base jurídica do Código Eleitoral (Lei nº 4.737/65)

b) a Lei Eleitoral (9.504/97);

c) as Instruções da Justiça Eleitoral (em 2016 será a Resolução nº 23.457 do TSE); e ainda

d) a Legislação local.

06 A Atuação dos advogados municipais no período eleitoral:

Antes de adentrar às orientações específicas aos Advogados Municipais sobre sua atuação no período eleitoral,

vale uma análise sobre certos pontos atinentes a esses profissionais.

06.1 – O CARGO

a) Assessor, Consultor, Procurador e Defensor

O Consultor é, essencialmente, o conselheiro. Aquele que tem a capacidade de interpretar um cenário,

diagnosticar uma situação e apontar os caminhos e os métodos mais apropriados para sua correção. Dá a ideia, sugestão

ou explica, na teoria, o caminho a ser adotado.

Uma vez tomada a decisão, pela parte aconselhada, entra em cena o papel do assessor. A partir da decisão

tomada, passa a assessorar, ou seja, auxiliar concretamente a parte aconselhada na implantação do processo. Auxilia na

consecução de algum objetivo.

O Procurador representa um Ente federativo (ex. Procurador do Estado do Paraná, Procurador do Município de

Curitiba), um órgão da administração pública direta ou indireta (ex: procurador federal) ou defende direitos sociais,

coletivos, difusos ou individuais indisponíveis (Procurador da República). Faz a representação judicial e extrajudicial, a

consultoria e cobrança da dívida ativa.

O Defensor vincula-se à Defensoria Pública. Tem um caráter mais passivo, realiza a defesa.

Não exerce na essência um caráter ativo, sendo esta uma exceção, como no caso do Habeas Corpus. Representa indivíduos que não tem condição de pagar um advogado particular em determinadas áreas do direito.

Com carreira e atribuições diferenciadas, todos podem apoiar o gestor público (autoridade política ou não).

Entretanto, apenas ao procurador recai a obrigação de defender em juízo o órgão ao qual está vinculado e/ou o

gestor.

23 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

Este, o gestor, só poderá ser defendido pela procuradoria pública municipal, em casos em que o objeto seja

claramente definido como ato de gestão, sem configurar-se crime ou improbidade administrativa.

Se assim for (ato falho do gestor, com responsabilização pessoal), o procurador público não lhe poderá defender

em razão do cargo público.

b) A carreira dos Procuradores

A carreira de Procurador Municipal é essencial à manutenção da Justiça tanto quanto todas as demais carreiras

de Estado.

A carreira de Estado é aquela que exerce, precipuamente, as funções de punir e fiscalizar, dotadas de poder de

polícia, atribuições relacionadas à expressão do poder estatal.

Ela representa reserva de qualificação no âmbito do Poder Público, compondo um Núcleo Estratégico do Estado

e deve atuar no planejamento, formulação, avaliação e fiscalização das políticas públicas e na defesa do Estado.

O Procurador Municipal desempenha um papel de extrema importância, atuando direta e indiretamente em

busca da integração das decisões políticas dos cidadãos nos Municípios, visando sempre à legalidade de seus atos, seja

na esfera administrativa ou judicial.

O art. 131, § 3° da Constituição Federal determina que a cobrança judicial da dívida ativa tributária compete à

Procuradoria da Fazenda Nacional.

Simetricamente, o art. 74, §4° da LOM estabelece que cabe à Procuradoria Geral do Município a cobrança

judicial e extrajudicial da dívida ativa, vedado o repasse a terceiros para a sua cobrança.

Entretanto, a carreira de procurador municipal ainda está em construção, pois em muitos dos 5570 municípios

não há uma Procuradoria constituída. A cidade de Porto Alegre/RS até a aprovação da Lei Complementar n° 701, de 18

de Julho de 2012 contava com Assessores Jurídicos e Advogados públicos em seus quadros, todos vinculados à

Secretaria de Assuntos Jurídicos.

As carreiras foram unificadas com a aprovação da Lei Orgânica da Procuradoria-Geral do Município – lei n°

701/2012.

Em Curitiba já existe desde 2004 a estruturação da carreira através da lei 11.001/2004, que criou o Plano de

Carreira para o Cargo de Procurador do Município de Curitiba.

Assunto de extrema relevância no cenário nacional, a Associação Nacional dos Procuradores Municipais –

ANPM, juntamente com inúmeras associações de procuradores municipais de todo o Brasil e com o apoio do Conselho

Federal da OAB, luta pela constitucionalização da carreira de procurador municipal, visando equipará-la a de

procurador estadual e federal, com a inserção da expressão “municipal” no artigo 132 da CRFB/88.

A luta iniciou-se em 2003 com a Proposta de Emenda à Constituição n° 153/2003, aprovada em dois turnos na

Câmara dos Deputados em 2012 com 402 votos favoráveis e 1 voto contrário (Deputado federal Jair Bolsonaro).

Enviada ao Senado Federal no mesmo ano, a PEC recebeu o n° 17/2012 e aguarda pauta a ser fixada na reunião

de líderes e posterior envio ao Plenário do Senado Federal para deliberação.

Tal inserção é imprescindível à defesa de garantias e a valorização da carreira de Procurador Municipal.

A proposta visa a criação de procuradorias em todos os Municípios com a realização de concurso público de

provas e títulos para o preenchimento das vagas. O objetivo é preservar a memória jurídica no momento da transição do

gestor público que sai após findar o seu mandato.

Existindo departamento jurídico composto somente por servidores comissionados, mudando a equipe de

governo, todo o histórico de demandas em tramitação se perde, já que não há interesse da equipe que sai ajudar a equipe

que entra, que muitas vezes é adversária política.

Análise preliminar aponta que a maioria das derrotas judiciais nos municípios ocorre na transição de governo,

momento no qual os prazos são perdidos pelo desconhecimento do debate judicial.

Para que o município não perca recursos financeiros desnecessariamente, deve existir no mínimo um

procurador concursado, o que preservará e blindará a administração de pagar ou ressarcir demandantes que não teriam o

seu direito reconhecido em condições normais de disputa.

Aliás, esse entendimento já foi declarado pelo Tribunal de Contas do Estado do Paraná em 2008, a partir de

quando a Corte passou a exigir que em cada órgão público municipal exista pelo menos um procurador de carreira,

efetivado por concurso público (Acórdão 1.111/08 – Prejulgado 06).

06.2 – A ATUAÇÃO

a) O exercício da Advocacia Privada

Embora seja um assunto polêmico, ao Procurador Municipal é assegurado o direito de exercer a livre Advocacia

Privada concomitantemente à atividade pública, desde que haja compatibilidade de horários.

A atratividade da carreira pública municipal é exatamente a possibilidade de exercício da advocacia privada ou

“de partido”, ante a inexistência de vedação legal. Após o advento da CRFB/88, a advocacia pública municipal é a única que possui permissivo constitucional

para tanto.

O anteprojeto de alteração da LOM de Curitiba previa a dedicação exclusiva, expressão que vedaria a atuação

na esfera privada, mas foi retirada no projeto de lei encaminhado ao Plenário da Câmara de Vereadores e assim foi

24 Curso: Advogados Municipais - Atuação no Processo Eleitoral Mód. 1 – 20 e 21 de Julho de 2016/Curitiba-PR

aprovada, após forte lobby da OAB em conjunto com a PGM.

O art. 74 e §§ da LOM, com a redação dada pela Emenda à Lei Orgânica n° 15, de 20 de dezembro de 2011 não

obriga o Procurador Municipal a dedicação exclusiva.

Assim, não há óbice legal que impeça o procurador de exercer a atividade também de advogado.

A lei complementar do município de Porto Alegre/RS acima descrita, em seu artigo 132 estabelece que:

“Art. 132. A lei ordinária específica de que trata o art. 45 desta Lei Complementar disporá sobre exigência de

dedicação exclusiva para o exercício do procuratório municipal. ”

Percebe-se, em última análise, que a legislação municipal definirá os limites de atuação do procurador

municipal e que a limitação a direitos poderá ser levada a apreciação do Poder Judiciário.

b) A desobrigatoriedade de bater ponto

O Procurador Municipal equipara-se funcionalmente ao Advogado, ambos em igualdade de condições, seja no

exercício de suas atividades, seja nas suas garantias.

É certo o Procurador Municipal goza de independência funcional, de modo que à medida em que se impõe a

necessidade do controle da jornada de trabalho por meio biométrico ou eletrônico, tolhe parcela substantiva da

dignidade da profissão da advocacia pública.

O Mandado de Segurança Coletivo impetrado pela OAB/MG contra ato praticado pelo Advogado Geral do

Estado de Minas Gerais, por advento da Ordem de Serviço 53, que o controle de frequência se daria por meio de ponto

biométrico ou eletrônico.

Irresignada com a situação e na condição de representante da categoria, a OAB Seccional de Minas Gerais

ajuizou o “mandamus” perante a 5ª Vara Cível Federal da Seção Judiciária de Minas Gerais/TRF1 buscando a tutela

jurisdicional com a finalidade de suspender os efeitos de tal medida.

O juiz federal João Batista Ribeiro deferiu a medida liminar, afirmando em suas decisão que “o Procurador do

Estado não pode deixar de terminar o recurso ou a defesa no prazo legal, ou abandonar a audiência, simplesmente porque a sua jornada de trabalho diário se encerrou, o que só vem a reforçar a incompatibilidade de sua atividade

profissional com o controle de jornada de trabalho por meio eletrônico ou biométrico, com registrados de horários de

entrada e saída”. À nossa ótica, certamente a imposição desse tipo de controle de frequência fere, indubitavelmente, a honra e a

liberdade funcional do procurador, uma vez que tal controle se mostra abusivo e incoerente com as atividades prestadas.

A responsabilização

Tema recorrente no STF é a possibilidade de responsabilização do procurador e advogado público na emissão

de pareceres jurídicos emitidos no exercício de suas atribuições na administração pública.

No Mandado de Segurança nº 24.073/DF de 31.10.2003 interposto por diversos procuradores em face do TCU,

o Relator Ministro Carlos Velloso disse que o parecer jurídico não vincula o administrador público, porque trata-se de

mera opinião que poderia ou não ser adotada.

Relata em seu voto:

“Pretensão do Tribunal de contas da União em responsabilizar o advogado solidariamente com o administrador que

decidiu pela contratação direta: impossibilidade, dado que o parecer não é ato administrativo, sendo, quando muito,

ato de administração consultiva, que visa a informar, elucidar, sugerir providências administrativas a serem

estabelecidas nos atos de administração ativa”.

O Ministro Joaquim Barbosa relatando o Mandado de segurança nº 24.631-6/DF classificou as consultas

jurídicas/pareceres da seguinte forma, a saber:

“Repercussões da natureza jurídico-administrativa do parecer jurídico:

(i) quando a consulta é facultativa, a autoridade não se vincula ao parecer proferido, sendo que seu poder de

decisão não se altera pela manifestação do órgão consultivo;

(ii) quando a consulta é obrigatória, a autoridade administrativa se vincula a emitir o ato tal como submetido à

consultoria, com parecer favorável ou contrário, e se pretender praticar ato de forma diversa da apresentada à

consultoria, deverá submetê-lo a novo parecer;

(iii) quando a lei estabelecer a obrigação de decidir à luz de parecer vinculante, essa manifestação de teor jurídico

deixa de ser meramente opinativa e o administrador não poderá decidir senão nos termos da conclusão do

parecer ou, então, não decidir.”

O ministro diferenciou os pareceres. O primeiro é a rotina da administração municipal, abarcando a prática

diária.

Neste o gestor não está obrigado a pedir o opinativo da sua consultoria jurídica e mesmo que peça, não estará

obrigado a seguir a informação jurídica na sua tomada de decisão.

Não há solidariedade na responsabilização com o administrador, ainda que seu opinativo tenha sido acatado e

causado danos ao erário, já que o parecer não é o ato administrativo, mas uma parte que formou a construção do ato.

A consulta/parecer obrigatório é aquele exigido pela lei no corpo do procedimento administrativo e o grande

exemplo é o art. 38 da lei 8.666/93, que traz:

“Art. 38.

Parágrafo único. As minutas de editais de licitação, bem como as dos contratos, acordos, convênios ou ajustes devem

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ser previamente examinadas e aprovadas por assessoria jurídica da Administração”

O administrador pode emitir o ato administrativo que deseja contrariando o parecer emitido em outro sentido.

Agora, se o administrador pretender praticar ato de forma diversa da inicialmente apresentada ao procurador e que gerou

o parecer baseado no ato inicialmente demonstrado e que será modificado, deverá buscar novo parecer.

O STF age assim para evitar conduta ardilosa do administrador público que apresenta determinado ato

buscando parecer favorável e o ato a ser executado se apresentado geraria inegavelmente a negativa no parecer. É lógico

sustentar que o procurador não divide responsabilidade do ato com o administrador.

O parecer obrigatório tem maior incidência nas licitações e contratações efetuadas pela Administração Pública e

o procurador no exercício de suas atribuições não pode ser penalizado quando emite um parecer jurídico opinativo,

sendo responsabilizado se o conteúdo do parecer for proferido em situação de ilegalidade, se agir com culpa grave ou

dolo e havendo nexo causal entre o parecer e o dano ao erário “lato sensu”.

O terceiro e último, o parecer vinculante, não poderá o gestor se afastar do opinativo formulado pelo

procurador, devendo ser obrigatoriamente adotado. A doutrinadora Maria Sylvia Zanella Di Pietro entende não existir no

ordenamento brasileiro nenhuma hipótese de parecer vinculante, argumentando que “....dizer que a autoridade pede um

parecer e é obrigada a curvar-se àquele parecer, eu confesso que não conheço exemplos no Direito brasileiro”.

Se o servidor público atuar com zelo e presteza no desenvolvimento jurídico, se o parecer estiver devidamente

fundamentado e trouxer tese jurídica razoável, embasada em doutrina ou julgados, não há que se falar em sua

responsabilização. Há a imunidade do exercício profissional.

06.3 – REMUNERAÇÃO PROFISSIONAL

a) Teto remuneratório: Prefeito ou Desembargadores

No tocante ao teto remuneratório do procurador municipal, o tema é o assunto do momento.

Por ser um servidor público municipal, a princípio o teto seria o subsídio pago ao prefeito municipal.

Entretanto, pela peculiaridade de sua atuação e enquadramento da atividade advocatícia estar prevista na CRFB,

surge a discussão de qual seria o teto remuneratório. Entendemos, por razões interpretativas e funcionais, que o limite

salarial deveria ser aquele estabelecido no art. 37, inciso XI da CF, ou seja, o teto remuneratório seria exatamente o

valor do Ministro do STF, que ocupa o ápice da organização do Estado e como sub-teto o subsídio dos

desembargadores.

Diante do impasse, diversas administrações municipais tentaram limitar a remuneração de procuradores

municipais ao valor percebido pelo prefeito, citando as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória, Campinas, Santos,

Fortaleza e Belo Horizonte.

Todas as Associações de Procuradores ajuizaram demandas em face do Município e os respectivos Tribunais de

Justiça entenderam que por se tratar de uma carreira jurídica deveria estar limitada ao teto remuneratório fixado ao

Desembargador de Justiça.

A discussão judicial travada entre a APROMBH e o Município de Belo Horizonte chegou ao STF e o Recurso

Extraordinário nº 663.696 protocolado em 09/11/2011 ganhou contornos nacionais e tornou-se o Leading Case no tema,

sendo reconhecida a Repercussão Geral pelo Plenário em 16/12/2011.

Em 15/03/2012 o relator Ministro Luiz Fux admitiu o ingresso da ANPM como “amicus curiae” e desde

19/12/2012 os autos estão conclusos com o relator aguardando pauta para julgamento.

A ANPM contratou o ex-ministro do STF Carlos Velloso e o advogado Luis Roberto Barroso como pareceristas

para defesa e sustentação oral no momento do julgamento da demanda. Luiz Roberto Barroso se tornou Ministro do

STF, e deverá se dar por impedido, obviamente.

Nota-se que a questão do teto remuneratório ganhou corpo pela pressão exercida pelos prefeitos objetivando

mais recursos nos cofres públicos e a decisão no RE 663.696 refletirá nos 5570 municípios do país e fixará o limite

máximo, ficando o limite mínimo dependendo de uma negociação local, sempre respeitando o piso fixado pela OAB.

Dessa forma, pelas diversas decisões proferidas pelos Tribunais de Justiça estaduais e até por questões de

legalidade e probidade, deve-se adotar como um padrão técnico o teto remuneratório aquele recebido pelos Ministros do

STF e como sub-teto o valor fixado para o Desembargador, não devendo haver nenhuma outra forma de controle

remuneratório.

b) Honorários de sucumbência: essa verba é do advogado

Embora muitos façam questão de olvidar da legitimidade do advogado em receber as verbas sucumbenciais,

sabemos que elas são, de fato, legítimas ao advogado ou procurador.

O honorário de sucumbência é o legítimo fruto do trabalho do advogado, que em sendo exitoso, tem o direito da

percepção de tal verba.

Muito se discute a matéria, mas o próprio Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil já garante ao advogado

este direito. O próprio STJ já se posiciona há muito tempo no sentido de que os honorários de sucumbência são devidos ao

advogado, seja pela sua natureza alimentar, seja pelo seu caráter laborativo.

Inclusive, no novo CPC, a questão ficou mais clara:

“Art. 85...

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...

§ 19. Os advogados públicos perceberão honorários de sucumbência, nos termos da lei.”

Sempre ressalvando que, pelo princípio constitucional da Legalidade, em consonância com o art. 30 da Carta

Magna, os Municípios, enquanto entes autônomos da federação, têm que aprovar em lei esse direito, regulamentando a

forma.

Por isto, entendemos que os honorários de sucumbência são, de fato, direito absolutamente intocável do

advogado, não comportando nenhum tipo de alegação contrária.

Os honorários são a única forma de atualização mensal do valor percebido pelo procurador e deve ser mantido

como estímulo na busca pela vitória municipal na esfera judicial.

A procuradoria de Porto Alegre há alguns anos trocou a percepção de honorários advocatícios por um subsídio

pela média do que era pago na época.

Hoje, a PGM tenta reverter a decisão que se mostrou equivocada a longo prazo, já que a defasagem se operou

ao longo dos anos. O objetivo dos procuradores da capital gaúcha é ter novamente um fundo de rateio de honorários

advocatícios.

A tendência é a abertura dos municípios ao pagamento da verba sucumbencial.

Fixado que os honorários pertencem ao procurador / advogado, deve-se discutir se o pagamento será feito por

um Fundo Público ou privado, se haverá a contribuição previdenciária ou se haverá o pagamento enquanto na ativa.

A melhor forma é o fundo público, com retenção do IR e recolhimento da contribuição previdenciária,

providência que gerará reflexo em férias, 13º salário e aposentadoria, com manutenção do padrão financeiro.

Como visto anteriormente, a obrigação de defesa institucional é, em princípio, do procurador municipal.

Todavia, referentemente ao período eleitoral, entendemos que todo servidor ocupante de cargo ou função

jurídica no órgão tenha atribuições de apontar falhas ou direcionamento da máquina pública em prol de candidaturas

políticas.

E, dentro de suas atribuições funcionais, poderá (deverá) regulamentar ou sugerir a regulamentação por certos

setores internos, quanto aos atos, ações e omissões, tendentes a afetar o pleito e/ou usar a máquina pública de maneira

ilegal.

07 Expedição de Instruções pelos Advogados Municipais

Neste ano, que além de ser eleitoral é de encerramento de mandato, algumas áreas são mais suscetíveis aos

desvios.

Por isto, sempre valerá à pena regulamentar, esclarecendo e impondo regras sobre determinados atos, processos

e procedimentos, servindo para orientar, inibir, e assegurar a responsabilização.

Pontos exemplificativos:

a) Verbas (pagamentos e repasses)

b) Compras e licitações

c) Tributação

d) Recursos humanos

e) Saúde

f) Prédios públicos

g) Bens móveis

h) Frota de veículos e maquinários

i) Atos administrativos

j) Mídias tecnológicas (site, facebook, blog, email, wats app, SMS...)

k) Telefone (fixo e celular)

l) Estacionamento

m) Comunicação

n) Eventos públicos

Vide material no AVA – Ambiente Virtual do Aluno, na página eletrônica da Unipública, inclusive,

regulamentos da Justiça Eleitoral...

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Parabéns por estudar!

Agora você faz parte da classe capacitada, que contribui para o progresso nos

serviços públicos, obrigado por escolher a Unipública!

Acesse nosso face e veja suas fotos

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ANOTAÇÕES:

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EM CASO DE EMERGÊNCIA

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Se preferir, escreva seu nome:_______________________Cidade:___________________

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viabilizamos os próximos cursos:

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Muito Obrigado! Com certeza vamos levar em consideração sua opinião, faremos nosso melhor sempre!