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    Aula 04

    Ol, Pessoal!

    Esta a quarta aula do curso da Administrao Pblica para AFRFB. Como

    combinamos, nela veremos os seguintes itens do edital:

    8. Qualidade na Administrao Pblica

    9. Novas tecnologias gerenciais e organizacionais e sua aplicao na

    Administrao Pblica.

    Tambm estou acrescentando uma parte que trata dos conceitos de eficincia, eficcia

    e efetividade, que vocs j devem ter visto vrias vezes nas aulas e que so muito

    importantes para a administrao pblica.

    Essa aula ficou maior por causa dessa parte que eu acrescentei e tambm porque

    estou inserindo quebras de pgina entre os tpicos do contedo, um pedido de alguns

    alunos para facilitar a impresso.

    Sumrio

    1 CONCEITOS DE EFICINCIA, EFICCIA E EFETIVIDADE ................................................................................. 2

    2 NOVAS TECNOLOGIAS GERENCIAIS E ORGANIZACIONAIS........................................................................... 6

    2.1 REENGENHARIA ........................................................................................................... ....................................... . 6

    2.2 PLANEJAMENTO ESTRATGICO ............................................................................................................................. 15

    2.3 BALANCED SCORECARD.............................................................................................. ....................................... .. 26

    2.4 FLEXIBILIDADE ORGANIZACIONAL .......................................................................................................................... 36

    2.5 Q UALIDADE TOTAL....................................................................................................... ..................................... 41

    3 QUALIDADE NA ADMINISTRAO PBLICA ............................................................................................. 52

    3.1 GESPBLICA...................................................................................................... ....................................... ........ 55

    4 QUESTES............................................................................................................................................... 62

    5 GABARITO............................................................................................................................................... 69

    6 LEITURA SUGERIDA ................................................................................................................................. 69

    7 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................................... 69

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    1 Conceitos de Eficincia, Eficcia e Efetividade

    J vimos um pouco dos conceitos de eficincia, eficcia e efetividade dentro dos

    modelos do New Public Management, que o gerencialismo puro se preocupava com aeficincia, enquanto o consumerism vinha dar mais ateno para a efetividade e o PSO

    focava na eqidade. A eqidade tambm uma dimenso do desempenho, uma das

    mais importantes, inclusive.

    Agora vamos estudar estes conceitos com um pouco mais de profundidade,

    abordando-os principalmente dentro da avaliao de desempenho governamental.

    Contudo, primeiro vamos passar por sua aplicao na administrao privada.

    Para Maximiano:

    Eficcia a palavra usada para indicar que a organizao realiza seus objetivos.Quanto mais alto o grau de realizao dos objetivos, mais a organizao eficaz.

    Eficincia a palavra usada para indicar que a organizao utilizaprodutivamente, ou de maneira econmica, seus recursos. Isso significa umamenor quantidade de recursos para produzir mais

    Segundo o MPOG:

    Eficincia: uso otimizado, com economia e qualidade, dos bens e recursosempregados na implementao das aes.

    Eficcia: capacidade de alcance das metas previstas;

    Efetividade: correspondncia entre os resultados da implantao de umprograma e o alcance dos seus objetivos, tendo como referncia os impactos nasociedade;

    Assim, podemos dizer que a EFICINCIA a racionalizao no uso dos insumos. A

    eficincia alcanada quando os insumos so manipulados de forma adequada para

    atingir os produtos.

    A EFICCIA consiste no grau de alcance das METAS programadas em um

    determinado perodo de tempo, independentemente dos custos implicados. Quanto

    mais alto o grau de realizao dos objetivos e metas, mais a organizao eficaz.

    A EFETIVIDADE observa se houve algum IMPACTO resultante da ao

    governamental. No basta chegar ao produto, alcanando as metas, preciso que ele

    produza alguma alterao na sociedade.

    Podemos observar melhor estas dimenses no quadro abaixo:

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    Alm desses trs conceitos, outro que tambm importante o de economicidade, que

    est relacionada com os custos dos insumos. Quando avaliamos o desempenho emtermos de economicidade, queremos saber o preo dos insumos usados na produo.

    A economicidade a minimizao dos custos dos recursos utilizados na consecuo

    de uma atividade, sem comprometimento dos padres de qualidade. Refere-se

    capacidade de uma instituio gerir adequadamente os recursos financeiros colocados

    sua disposio.

    No entanto, em vrios momentos vemos a economicidade dentro da eficincia. Nos

    concursos, quando eles falam em custos esto se referindo eficincia. Esta

    envolveria otimizar a produo quanto reduzir o custo dos insumos.Assim, a eficincia observa a relao entre PRODUTOS (bens e servios) gerados por

    uma atividade e os CUSTOS dos insumos empregados, em um determinado perodo

    de tempo. Uma organizao eficiente quando utiliza seus recursos da forma mais

    produtiva e econmica possvel, tambm conhecida como forma racional de utilizao.

    A eficincia definida como a relao entre os produtos (bens e servios) gerados por

    uma atividade e os custos dos insumos empregados para produzi-los em um

    determinado perodo de tempo, mantidos os padres de qualidade. Essa dimenso

    refere-se ao esforo do processo de transformao de insumos em produtos. Pode serexaminada sob duas perspectivas: minimizao do custo total ou dos meios

    necessrios para obter a mesma quantidade e qualidade de produto; ou otimizao da

    combinao de insumos para maximizar o produto quando o gasto total est

    previamente fixado. Nesse caso, a anlise do tempo necessrio para execuo das

    tarefas uma varivel a ser considerada. A eficincia pode ser medida calculando-se e

    comparando-se o custo unitrio da produo de um bem ou servio. Portanto, podemos

    considerar que o conceito de eficincia est relacionado ao de economicidade.

    A eficcia definida como o grau de alcance das metas programadas (de bens eservios) em um determinado perodo de tempo, independentemente dos custos

    OBJETIVO INSUMOS AO PRODUTO RESULTADO

    EEffeett iivviiddaaddee

    EEffiicccciiaa

    EEccoonnoommiicciiddaaddee

    EEffiicciinncciiaa

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    implicados. O conceito de eficcia diz respeito capacidade da gesto de cumprir

    objetivos imediatos traduzidos em metas de produo ou de atendimento, ou seja, a

    capacidade de prover bens ou servios de acordo com o estabelecido no planejamento

    das aes. importante observar que a anlise de eficcia deve considerar os critrios adotados

    para fixao da meta a ser alcanada. Uma meta subestimada pode levar a concluses

    equivocadas a respeito da eficcia do programa ou da atividade sob exame. Alm

    disso, fatores externos como restries oramentrias podem comprometer o alcance

    das metas planejadas e devem ser levados em conta durante a anlise da eficcia.

    A efetividade diz respeito ao alcance dos resultados pretendidos, a mdio e longo

    prazo. Refere-se relao entre os resultados de uma interveno ou programa, em

    termos de efeitos sobre a populao-alvo (impactos observados), e os objetivospretendidos (impactos esperados), traduzidos pelos objetivos finalsticos da

    interveno. Trata-se de verificar a ocorrncia de mudanas na populao-alvo que se

    poderia razoavelmente atribuir s aes do programa avaliado.

    Portanto, ao examinar a efetividade de uma interveno governamental, pretende-se ir

    alm do cumprimento de objetivos imediatos ou especficos, em geral

    consubstanciados em metas de produo ou de atendimento (exame da eficcia da

    gesto). Trata-se de verificar se os resultados observados foram realmente causados

    pelas aes desenvolvidas e no por outros fatores. A avaliao da efetividadepressupe que bens e/ou servios foram ofertados de acordo com o previsto. O exame

    da efetividade ou avaliao de impacto requer tratamento metodolgico especfico que

    busca estabelecer a relao de causalidade entre as variveis do programa e os efeitos

    observados, comparando-os com uma estimativa do que aconteceria caso o programa

    no existisse

    Vamos analisar um exemplo. Num programa do governo de distribuio de culos para

    crianas do ensino fundamental, o objetivo melhorar a educao, j que as crianas

    estaro enxergando melhor e podero se concentrar mais. Entende-se que os pais no

    apresentam condies financeiras de levar a criana a um oftalmologista e de comprar

    os culos, por isso seria importante que o Estado desempenhasse esse papel.

    A economicidade significa que os culos foram comprados a um preo baixo. A

    eficincia refere-se ao governo entregar um nmero maior de culos com os mesmos

    recursos, o mesmo nmero de pessoas, de carros, etc.

    A eficcia corresponde ao alcance de metas. Assim, se o objetivo era entregar 20.000

    culos e foi entregue um nmero maior, o programa eficaz. Por fim, a efetividade se

    refere ao resultado da ao governamental na sociedade. No exemplo, corresponde amelhora no ndice de educao.

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    Alguns autores conceituam efetividade como a soma da eficincia e da eficcia ao

    longo do tempo. No concordo com esta viso, mas importante conhecermos, pois a

    ESAF j deu ele como certo.

    Vamos ver mais alguns conceitos, agora da Maria das Graas Rua:

    Eficcia: significa realizar aquilo que foi pretendido. Suponha-se, por exemplo,

    que uma ao de governo uma campanha de vacinao para 50000 crianas.

    A eficcia ser dada pelo numero de crianas vacinadas. As perguntas, ento,

    so: os insumos foram disponibilizados? Estiveram disponveis a tempo? Foram

    suficientes para gerar os outputs pretendidos?

    Eficincia: significa realizar aquilo que foi pretendido, de acordo com a estratgia

    selecionada, com os custos estabelecidos ou menos. A eficincia um critrio

    que remete racionalidade dos processos, no se refere somente aos

    resultados, mas s relaes entre meios e fins. As perguntas so: Os insumos

    foram totalmente utilizados para os fins pretendidos? Houve insumos no

    utilizados? Algum dos insumos foi usado de maneira que no contribuiu para os

    resultados? A escala de utilizao dos recursos foi apropriada, excessiva ou

    insuficiente? Houve atrasos?Erros?

    Efetividade: significa que o que foi realizado produziu os efeitos pretendidos. A

    efetividade o grande critrio de sucesso de um programa ou projeto. Refere-se

    aos efeitos, que so resultados diretos da ao realizada. muito importante

    lembrar que possvel ter eficcia sem ter efetividade. Exemplo; possvel ter

    todas as 50000 crianas vacinadas e ainda assim ter muitos casos da doena

    devido baixa qualidade das vacinas ou devido sua aplicao numa ocasio

    em que uma epidemia j estivesse em andamento.

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    2 Novas Tecnologias Gerenciais e Organizacionais

    Nessa parte, veremos algumas das tecnologias gerenciais mais cobradas nos

    concursos.

    2.1 Reengenharia

    O termo reengenharia foi usado pela primeira vez no mundo dos negcios em 1990, no

    artigo Reengineering Work: Dont Automate, Obliterate, de Michael Hammer.

    Traduzindo o nome do artigo temos Reengenharia do trabalho: no automatize,

    elimine.

    A partir da a reengenharia ganhou o mundo, se transformou num dos maioresmodismos da administrao. Como nem sempre ela foi aplicada da forma correta,

    passou a ser muito criticada por diversos setores. O resultado que muitas empresas

    tiveram melhorias considerveis, enquanto outras gastaram muito dinheiro para no

    obter resultado nenhum.

    Hammer apresentou a seguinte definio oficial:

    Reengenharia o repensar fundamental e o reprojeto radical dos

    processos empresariais para obter melhorias drsticas em

    desempenho.

    Existem quatro palavras-chave nesta definio. Vamos olhar primeiro para melhorias

    drsticas. A reengenharia no trata de melhorias marginais nos negcios. Tampouco

    se refere a realizar as coisas de 5 a 10 por cento melhor. Ela consiste em dar saltos

    qunticos de desempenho, alcanando inovaes revolucionrias.

    A segunda palavra-chave radical. Radical significa ir raiz das coisas. A

    reengenharia no se preocupa em melhorar o que j existe. Ao contrrio, trata-se de

    descartar o que existe e recomear, iniciar com a pgina em branco e reinventar sua

    maneira de trabalhar.

    A terceira palavra-chave na definio processo. Hammer define processo como um

    grupo de tarefas relacionadas que, juntas, criam valor para o cliente. Por exemplo, o

    atendimento de pedidos um processo que envolve uma srie de tarefas: o

    recebimento do pedido, a entrada do pedido no computador, a verificao do crdito do

    cliente, a baixa dos produtos no estoque, a retirada dos produtos fisicamente dos

    depsitos, o embalar dos produtos em caixas, a entrega. Nenhuma dessas atividades,

    isoladamente, representa o menor interesse ou valor para o cliente. A nica

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    preocupao do cliente com o produto final os bens entregues, o que se cria com a

    soma total de todas essas atividades relacionadas.

    Em organizaes tradicionais, os processos so rfos. Fragmentados atravs das

    muitas unidades organizacionais, eles so, de fato, invisveis e no-gerenciados emsua essncia. Entretanto, os processos se encontram no prprio corao de cada

    empresa. Eles so o meio pelo qual as empresas criam valor para seus clientes. A

    reengenharia afirma que tal fragmentao reside no corao dos problemas de

    desempenho das empresas e que a nica forma de alcanar uma melhoria drstica

    atravs de uma abordagem holstica nos processos, de ponta a ponta.

    A quarta palavra-chave reprojeto. A reengenharia trata da reconcepo de como o

    trabalho feito. Freqentemente, pensamos em projeto como algo que se aplica

    apenas a projeto de produtos. Entretanto, a reengenharia baseia-se na premissa deque o projeto de processos como o trabalho feito de essencial importncia. O

    ponto de partida para o sucesso organizacional consiste em processos bem projetados.

    A idia por trs da reengenharia que a maioria das organizaes no foi planejada

    para o que realmente faz: executar processos comerciais para criar e fornecer produtos

    e servios a seus clientes. Por isso, enquanto o cliente est interessado no processo

    de ponta a ponta ou horizontal, a organizao freqentemente est voltada para dentro,

    para as cadeias verticais de comando atravs das quais administra seus

    departamentos. Por isso, Hammer defende que a organizao uma mudana radical,que abandone a forma anterior de trabalhar e que comece a pensar da estaca zero.

    Segundo o autor:

    Reengenharia mudar a forma com que o trabalho feito.

    Reengenharia comear novamente da estaca zero... rejeitar os

    critrios convencionais e suposies recebidas do passado...

    inventar novas abordagens para a estrutura do processo que tolerem

    pequena ou nenhuma semelhana com abordagens de situaes

    anteriores.

    O ponto de partida da reengenharia no so os processos existentes e sim as

    necessidades dos clientes destes processos a serem reestruturados. Trata-se,

    portanto, de procurar a maneira mais acertada de se atingir determinado objetivo, sem

    se preocupar com a forma como esse processo era conduzido no passado.

    2.1.1 O que reengenharia no

    Existem muitos conceitos equivocados a respeito da natureza da reengenharia que so

    amplamente difundidos. No basta sabermos o que reengenharia, importante saber

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    tambm o que ela no . Com este conhecimento saberemos responder muitas

    questes que tentam associar a reengenharia a algo que no de sua essncia.

    a) No Downsizing:

    Segundo Hammer:

    Reengenharia no downsizing. Downsizing significa livrar-se de

    pessoas e cargos para melhorar os resultados financeiros a curto

    prazo. A reengenharia no tem nada em comum com este tipo de

    resposta superficial e reativa a problemas. A reengenharia o

    repensar do trabalho desde as suas bases at o final, a fim de

    eliminar todo trabalho desnecessrio e de encontrar melhores formasde realizar o que necessrio.

    Veremos Downsizing mais a frente. Ele pode ser traduzido como achatamento, significa

    a reduo radical do tamanho da empresa. A reengenharia no reduo de tamanho

    da empresa, no enxugamento de pessoal. Apesar da reengenharia em muitos casos

    resultar em dispensa de pessoal e de que muitas empresas usaram a reengenharia

    para eliminar departamentos e funcionrios, no podemos entender que isso algo

    intrnseco ao modelo.

    b) No reestruturao

    A reengenharia no reestruturao, o que para Hammer geralmente constitui um

    eufemismo para mover caixas para l e para c no organograma ou para desfazer-se

    de algumas unidades de negcios. A reengenharia concentra-se em como feito o

    trabalho e no em como uma organizao estruturada.

    c) No automaoA reengenharia tambm no deve ser confundida com automao. Vimos que o ttulo

    do artigo em que se falou em reengenharia pela primeira vez comeava com Dont

    automate, ou seja, no automatize. Muito embora a tecnologia assuma um papel

    importante na reengenharia, seu papel o de capacitar, ou seja, possibilitar novos

    mecanismos para executar processos antigos.

    J em relao tecnologia da informao, h certa divergncia. Clive Oltham afirma

    que a reengenharia no requer absolutamente o uso da TI. Muito poucos programas

    bem-sucedidos de reengenharia se basearam no uso das novas oportunidades

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    oferecidas pela tecnologia da informao. Isso no quer dizer que as novas tecnologias

    no constituam elemento importante dos programas de reengenharia. No entanto, a

    adoo de tecnologias no tem nenhuma relao prioricom a reforma dos processos

    de uma empresa.Jos Gonalves um dos autores que relacionam a reengenharia ao uso de tecnologia

    da informao:

    A Reengenharia uma combinao de tcnicas de engenharia

    industrial, mtodos de pesquisa operacional, teoria da

    administrao e mtodos de anlise de sistemas de informao,

    usando o poder da Tecnologia da Informao para transformar os

    processos de negcios das organizaes, tornando-as mais

    competitivas

    Vamos dar uma olhada em uma questo:

    1. (CESPE/CEARAPORTOS/2004) A reengenharia no pode ser

    aplicada em uma organizao, independentemente da utilizao de

    modernas tecnologias.

    Esta questo ERRADA porque a reengenharia pode ser aplicada sem a utilizao de

    tecnologias modernas. Isso no algo indispensvel.

    2.1.2 Princpios da Reengenharia

    Hammer enumerou sete princpios da reengenharia:

    1. Organizar os processos com base nos resultados e no nas tarefas

    Tradicionalmente, o trabalho era realizado sobre diferentes tarefas, como cortar,

    parafusar, datilografar, montar ou supervisionar. O primeiro princpio da reengenharia

    de que uma pessoa ou equipe deve executar todos os passos de um processo. A

    pessoa ou equipe deve ser responsvel pelo resultado do processo total.

    prefervel ter uma pessoa desempenhando todos os passos de um processo,

    concebendo o trabalho dessa pessoa volta de um objetivo ou de um resultado.

    Atravs da aplicao deste princpio podem ser evitados os erros causados pela

    passagem de informao de tarefa para tarefa o que, alm de atrasar o processo total,

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    obriga muitas vezes repetio de tarefas mal executadas por no cumprirem os

    requisitos da tarefa que se lhes segue.

    2. Colocar aqueles que vo utilizar o output do processo a execut-lo

    Muitas vezes, com o objetivo de se beneficiar das economias de escala e da

    especializao, as empresas criam departamentos especializados para tratar de tarefas

    especficas. Cada departamento trata apenas de um tipo de trabalho e um "cliente" e

    um "fornecedor" de outros.

    A reengenharia defende que aqueles que usam o resultado (output) do processo

    devem execut-lo. Um departamento de produo deve ter suas prprias compras e

    sua prpria contabilidade. Este princpio requer ampla gama de conhecimentos daspessoas e equipes, bem como maior integrao das atividades.

    Os departamentos especializados passam a disponibilizar aos outros no os produtos

    que aqueles necessitam, mas a informao necessria para que de uma forma mais

    eficiente e eficaz os obtenham.

    3. Colocar o processamento da informao nas mos de quem a produz

    Por falta de confiana, por falta de tempo, ou ainda por motivos relacionados com aespecializao das tarefas, as empresas criavam departamentos que apenas

    processavam a informao que outros geravam. Com as novas tecnologias e com

    colaboradores mais informados, hoje possvel e desejvel colocar o prprio

    processamento da informao nas mos de quem a cria.

    A moderna tecnologia do computador torna possvel processar um trabalho e processar

    a informao simultaneamente. o caso dos leitores ticos dos caixas de

    supermercados que processam simultaneamente as compras do consumidor e

    registram dados para a contabilidade e controle de estoques, em tempo real.

    4. Tratar os recursos dispersos geograficamente como se estivessem centralizados

    Descentralizar um recurso (humano, equipamento, ou matria prima) oferece um

    melhor servio a quem o utiliza. No entanto os custos da redundncia, da burocracia e

    a perda de economias de escala muitas vezes no o compensam. O uso de Bases de

    Dados, Redes de Telecomunicaes, permitem atualmente s empresas recolher os

    benefcios de flexibilidade e servio da descentralizao, mantendo a coordenao econtrole, como se fosse um sistema centralizado.

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    Um exemplo o caso da HP. Cada uma de suas cinco unidades de manufatura tem

    seu prprio departamento de compras separados. Mas a empresa simplesmente

    introduziu uma unidade corporativa para coordenar as compras locais para poder obter

    melhores descontos em escalas. As unidades locais mantm sua autoridadedescentralizada e responsabilidade pelas necessidades das unidades de manufatura.

    5. Ligar atividades paralelas em vez de integrar apenas os seus resultados

    A produo de produtos ou servios requer muitos processos. Quase sempre as

    empresas segregam tais processos para que, no final, seus produtos cheguem todos

    juntos. Se houver problema em um ou mais dos processos, ele somente se tornar

    aparente na etapa final, quando j tarde para solucion-lo em tempo hbil.

    A soluo juntar e coordenar os vrios processos para evitar tais problemas. Devem

    ser criadas ligaes entre funes paralelas de modo a coorden-las enquanto as suas

    atividades decorrem. Isto evita que o resultado de uma tarefa efetuada por um

    departamento no encaixe com o resultado da tarefa paralela efetuada por outro

    departamento, eliminando-se assim os custos do retrabalho.

    6. Colocar o ponto de deciso onde o trabalho executado, permanecendo o controle

    implcito no processo

    As burocracias tradicionais colocam a autoridade de deciso separada do trabalho.

    Este princpio assegura que as pessoas que fazem o trabalho devem tambm tomar as

    decises. O vendedor deve ter autoridade e responsabilidade para aprovar crdito para

    o cliente, por exemplo. Isso economiza tempo e ajuda a empresa a responder mais

    rapidamente s necessidades do cliente.

    Por outro lado, o controle pode ser includo no prprio processo. Os critrios de

    aprovao de crdito podem ser colocados em um programa de computador que d ao

    vendedor a orientao especfica para sua deciso.

    Este princpio permite que os nveis piramidais de gesto sejam comprimidos e que as

    organizaes se tornem mais "planas", horizontais. Com trabalhadores que se gerem a

    si prprios e se auto-controlam a hierarquia e burocracia lenta associada desaparecem.

    7. Recolher a informao apenas uma vez e na fonte

    Quando havia dificuldade na transmisso de informao, fazia sentido recolh-larepetidamente. As empresas tinham de viver com os atrasos associados, erros de

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    entrada e custos. Hoje em dia, quando se recolhe uma pea de informao, ela pode

    ser imediatamente arquivada numa base de dados para ficar disponvel a qualquer um

    que dela necessite.

    Podemos ainda enumerar mais um princpio da reengenharia.

    8. uma abordagem top-down

    Segundo Hammer:

    Uma liderana forte e comprometida de um executivo uma condio

    sine qua non absoluta para a reengenharia. Somente um executivo

    snior que acredite na causa da reengenharia pode, de fato, faz-la

    acontecer. Os funcionrios dos nveis inferiores da organizao, no

    obstante quo inteligentes ou bem intencionados, no tm a

    perspectiva necessria para ver os processos como um todo e seus

    pontos fracos, nem a autoridade para instituir os tipos de mudanas

    de longo alcance que a reengenharia requer. A reengenharia nunca

    se faz de baixo para cima (bottom-up). Ela um fenmeno de cima

    para baixo (top-down).

    A reengenharia deve ser implementada de cima para baixo (Top-down), tendo no topo

    que existir uma grande convico neste processo. Para tanto, essencial que aestratgia da empresa esteja bem definida, antes de se avanar para a Reengenharia,

    pois esta s vale a pena se melhorar a posio estratgica da empresa. H uma forte

    relao da reengenharia com a estratgia da empresa. A reengenharia cuida das

    operaes e apenas a estratgia pode dizer quais operaes so importantes.

    2.1.3 Conseqncias da Implantao da Reengenharia

    Segundo Hammer, as 10 mudanas mais freqentes que ocorrem nas empresas quedesenvolvem a reengenharia so:

    a) As unidades de trabalho mudam, passando de departamentos funcionais para

    equipes de processo;

    b) Os servios das pessoas mudam, passando de tarefas simples para trabalhos

    multidimensionais;

    c) Os papis das pessoas mudam, antes definidos e controlados pelos gerentes,

    passa a ser desenhados pelos seus prprios ocupantes;

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    Um programa de racionalidade e competitividade no Setor Pblico dever passar,

    essencialmente, pelos seguintes pontos:

    a) Centralizao no rgo mximo das polticas e diretrizes de carter estratgico,

    bem como a coordenao das atividades de acompanhamento, avaliao e decontrole;

    b) Descentralizao das aes operacionais, permitindo maior agilidade para

    deciso e execuo;

    c) Desenvolvimento, de forma integrada, de todos os segmentos aplicados na

    operacionalizao;

    d) Melhora da eficincia operacional da empresa, notadamente nos segmentos de

    atendimento ao pblico e da prestao de servios;

    e) Racionalizao da estrutura organizacional com eliminao de nveis

    hierrquicos, tornando-a gil e competitiva;

    f) Prioridade das atividades voltadas para o atendimento ao pblico;

    g) Reduo das despesas operacionais;

    h) Implementao de programas de incentivo aposentadoria, bem como de

    demisses voluntrias;

    i) Privatizao das Empresas Pblicas consideradas ineficientes e deficitrias;

    j) Terceirizao de servios de vigilncia e de limpeza;

    k) Conscientizao dos administradores quanto sua responsabilidade no

    desempenho de suas atividades para realizao do bem-estar da coletividade.

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    2.2 Planejamento Estratgico

    Vamos ver algumas definies de planejamento estratgico:

    Philip KOTLER: O Planejamento Estratgico uma metodologiagerencial que permite estabelecer a direo a ser seguida pela

    Organizao, visando maior grau de interao com o ambiente.

    Mosimann e Fisch, a finalidade do planejamento estratgico

    estabelecer quais sero os caminhos a serem percorridos para atingir

    a situao desejada. a arte da passagem do estgio onde estou

    para o estgio onde quero ir.

    Maximiano caracteriza o planejamento estratgico como o processo

    de elaborar uma estratgia (ou plano estratgico), com base naanlise do ambiente e nos sistemas internos da organizao.

    As vrias definies trazem em comum que a estratgia (1) estabelece os objetivos, (2)

    o caminho a ser seguido para alcan-los, (3) levando em considerao o ambiente em

    que a organizao est inserida.

    Existem trs tipos de planejamento:

    a) Estratgico;

    b) Ttico;c) Operacional

    A diferena entre eles se refere ao nvel hierrquico em que so elaborados, a

    abrangncia em relao s unidades e o perodo para o qual se referem, como est

    resumido na tabela a seguir:

    Estratgico Ttico Operacional

    Prazo Longo Mdio Curto

    Amplitude Toda a organizao Determinado SetorDeterminada

    Atividade

    Nvel Hierrquico Alta Cpula Gerncias Setoriais Operacional

    Riscos Maiores Intermedirios Menores

    Aqui podemos identificar algumas das caractersticas que diferenciam o planejamento

    estratgico do ttico e do operacional:

    responsabilidade da cpula da organizao;

    Envolve a organizao como um todo;

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    Planejamento de longo prazo.

    J o Planejamento Ttico ser uma setorizao do planejamento estratgico. Se este

    envolvia a organizao como um todo, aquele vai fazer um planejamento para um setor

    da organizao. Ele trabalha com decomposies dos objetivos, estratgias e polticasestabelecidos no planejamento estratgico.

    Ele desenvolvido em nveis organizacionais intermedirios, como as gerncias de

    recursos humanos, de marketing, financeira, etc., tendo como principal funo a

    utilizao eficiente dos recursos disponveis para a consecuo de objetivos

    previamente fixados.

    O planejamento ttico tipicamente tem um horizonte de tempo mais curto do que o

    planejamento estratgico. Segundo Chiavenato, os planos tticos referem-se a cada

    departamento ou unidade da organizao e seu foco no mdio prazo, isto , no

    exerccio anual.

    O Planejamento Operacional o desdobramento do planejamento ttico. Pode ser

    considerado como a formalizao, principalmente atravs de documentos escritos, das

    metodologias de desenvolvimento e implantao estabelecidos. neste nvel que so

    estabelecidos os objetivos e estratgias operacionais, que definem as aes

    especficas que permitem realizar os objetivos dos nveis anteriores.

    So planos desenvolvidos nos nveis mais baixos da organizao para especificar asetapas de ao para realizao das metas operacionais e para sustentar os planos

    tticos. O planejamento operacional a ferramenta do gerente de departamento para

    as operaes dirias e semanais. Seu horizonte de tempo o curto prazo.

    Cada um destes trs planejamentos resulta num produto, num documento. O

    estratgico formula o plano, o ttico o programa e o operacional o projeto. Portanto:

    Plano: um documento utilizado para o registro de decises do tipo: o que se

    pensa fazer, como fazer, quando fazer, com que fazer, com quem fazer. O

    processo de tomada de decises comea com a adoo de postulados geraisque depois so desagregados e especificados.

    Programa: , basicamente, um aprofundamento do plano: os objetivos setoriais

    do plano iro constituir os objetivos gerais do programa. o documento que

    detalha por setor, a poltica, diretrizes, metas e medidas instrumentais. a

    setorizao do plano.

    Projeto: o documento que sistematiza e estabelece o traado prvio da

    operao de uma unidade de ao. , portanto, a unidade elementar do

    processo sistemtico da racionalizao de decises. Constitui-se da proposio

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    de produo de algum bem ou servio, com emprego de tcnicas determinadas

    e com o objetivo de obter resultados definidos.

    Podemos dizer que o plano contm o programa, que contm o projeto. Assim, os

    planejamentos inferiores devem estar de acordo com os superiores. O planejamentottico tem que ser formulado com base nas premissas do planejamento estratgico; e o

    planejamento operacional deve estar alinhado tanto com o planejamento ttico quanto

    o estratgico.

    Vamos nos deter agora no planejamento estratgico, que uma das novas ferramentas

    gerenciais importantes para o setor pblico.

    2.2.1 Fases

    Djalma de Oliveira coloca que, quando se considera a metodologia para o

    desenvolvimento do planejamento estratgico nas empresas, tm-se duas

    possibilidades:

    Primeiro se define aonde se quer chegar e depois se estabelece como a

    empresa est para se chegar situao desejada. Isto significa que primeiro

    se estabelece a misso para depois ser feito o diagnstico estratgico.

    Primeiro verifica-se como se est para ento se estabelecer aonde quer

    chegar. O diagnstico estratgico vem antes da definio da misso.

    A vantagem do primeiro mtodo a possibilidade de maior criatividade no processo

    pela no-existncia de grandes restries. J a segundo metodologia apresenta a

    vantagem de colocar o executivo com o p no cho, j que na anterior o processo pode

    ser muito mais ambicioso.

    Djalma de Oliveira desenvolveu seu modelo com base na segunda metodologia,

    definindo as seguintes fases do planejamento estratgico:

    I. Diagnstico estratgico;

    II. Misso da empresa;

    III. Instrumentos prescritivos e quantitativos;

    IV. Controle e avaliao

    So vrios os modelos de planejamento estratgico. Cada autor elabora um modelo

    com fases diferentes, em ordens diferentes. Este modelo do Djalma de Oliveira um

    que bastante cobrado, tanto pela ESAF quanto pelo CESPE. Tambm j cobraram o

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    modelo do Idalberto Chiavenato, que bem diferente. Segundo o autor, h seis passos

    no processo de planejamento:

    1. Definir os objetivos;

    2. Verificar qual a situao atual em relao aos objetivos;

    3. Desenvolver premissas quanto s condies futuras;

    4. Analisar as alternativas de ao;

    5. Escolher a melhor entre as vrias alternativas;

    6. Implementar o plano e avaliar os resultados.

    Vamos dar uma olhada nas fases do Djalma de Oliveira.

    a) Diagnstico Estratgico

    O diagnstico estratgico, tambm denominado de auditoria de posio, consiste na

    anlise do como se est. Podemos dividir esta fase em quatro etapas:

    1) Identificao da Viso: identificam-se quais so as expectativas e os desejos

    dos acionistas, conselheiros e elementos da alta administrao da empresa. A

    viso pode ser considerada como os limites que os principais responsveis pelaempresa conseguem enxergar dentro de um perodo de tempo mais longo e

    uma abordagem mais ampla.

    2) Anlise Externa: verifica as ameaas e oportunidades que esto no ambiente

    da empresa e as melhores maneiras de evitar ou usufruir destas situaes. A

    empresa deve olhar para fora de si, para o ambiente onde esto as

    oportunidades e ameaas.

    3) Anlise Interna: verifica os pontos fortes, fracos e neutros da empresa. Os

    pontos neutros tambm devem fazer pat da anlise porque muitas vezes no

    se tm condies de estabelecer se determinada atividade ou aspecto est

    beneficiando ou prejudicando a empresa.

    4) Anlise dos Concorrentes: esta etapa, na realidade, decompe um aspecto da

    etapa da anlise externa. Entretanto, o seu tratamento deve ser detalhado, pois

    o produto final ir proporcionar a identificao das vantagens competitivas da

    prpria empresa e a dos concorrentes.

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    Na anlise externa e interna da empresa se utiliza uma ferramenta muito difundida no

    mundo empresarial, que a anlise SWOT, cuja sigla traz as letras iniciais das

    palavras Strength, Weakness, Opportunities e Threats. No Brasil ela recebe o nome de

    FOFA, ou seja, foras, fraquezas, oportunidades e ameaas.A anlise SWOT uma metodologia de diagnstico estratgico que divide o ambiente

    da empresa em interno e externo. No ambiente interno esto as variveis controlveis

    foras e fraquezas e no externo, as incontrolveis oportunidades e ameaas. Na

    realidade, essas variveis externas no so to incontrolveis. De certa forma, o

    gestor, em determinados casos, at pode influenci-las. No TCU, utilizamos o seguinte

    conceito:

    Os pontos fortes e fracos so decorrentes de variveis internas e

    controlveis pelo rgo ou programa. As oportunidades e ameaasso decorrentes de variveis externas, no diretamente

    controlveis pelo auditado, mas sobre as quais, por vezes, pode

    exercer influncia.

    b) Defin io da Misso

    Seguindo a metodologia do Djalma de Oliveira, a segunda fase do planejamento

    estratgico a definio da misso. Depois de identificado onde a empresa est, ser

    definido aonde ela quer chegar.

    Misso faz parte do uma forma de se traduzir determinado sistema de valores em

    termos de crenas ou reas bsicas de atuao, considerando as tradies e filosofias

    da empresa. Ela exerce a funo orientadora e delimitadora da ao empresarial, e isto

    dentro de um perodo longo de tempo, em que ficam comprometidos valores, crenas,

    expectativas, conceitos e recursos.

    Segundo Megginson:

    A misso define o propsito fundamental e nico que a organizaotenta seguir e identifica seus produtos ou servios e clientes. Assim a

    misso identifica a razo-de-ser da organizao, ou seja, o que ela

    representa.

    A misso de uma organizao define o propsito fundamental que ela tenta seguir,

    identificando seus produtos ou servios e clientes. Deve ser definida de modo a

    satisfazer alguma necessidade do ambiente externo e os propsitos da organizao.

    A misso deve ser entendida como uma identificao a ser seguida, mas nunca algo

    especfico a ser alcanado. Para facilitar o entendimento, pode-se comparar a

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    determinao da misso de uma empresa utilizao de uma bssola. A bssola vai

    permitir que o navio faa a sua viagem de maneira planejada.

    importante no confundir a misso da organizao com a sua viso. Esta consiste

    num macro-objetivo, no quantificvel de longo prazo, que expressa onde e como aorganizao pretende estar no futuro. A viso atua como um elemento motivador,

    energizando a empresa e criando um ambiente propcio ao surgimento de novas idias.

    J a misso de uma organizao define o propsito fundamental que ela tenta seguir,

    identificando seus produtos ou servios e clientes. A misso deve ser definida de modo

    a satisfazer alguma necessidade do ambiente externo e os propsitos da organizao.

    A Receita Federal tem como Misso Institucional:

    A SRF tem como Misso Institucional:

    Prover o Estado de recursos para garantir o bem-estar social; prestar

    servios de excelncia sociedade; prover segurana, confiana e

    facilitao para o comrcio internacional.

    J a Viso de Futuro:

    Ser reconhecida pela sociedade como uma organizao justa e

    slida, que presta servios de excelncia ao cidado, dotada de

    poltica moderna de gesto de pessoas e que seja um padro de

    referncia nacional e internacional

    c) Instrumentos Prescritivos e Quantitativos

    A terceira fase a Definio dos Instrumentos Prescritivos e Quantitativos. Nesta fase,

    a anlise bsica a de como chegar situao que se deseja. Para tanto, pode-se

    dividir esta fase em dois instrumentos perfeitamente interligados.

    Os instrumentos prescritivos vo proporcionar a explicao do que deve ser feito pela

    empresa para que se direcione ao alcance dos propsitos estabelecidos dentro de suamisso, de acordo com a sua postura estratgica, respeitando as macropolticas bem

    como as aes estabelecidas pelas macroestratgias.

    Vejamos os instrumentos prescritivos:

    Objetivo o alvo ou situao que se pretende atingir. Aqui se determina para

    onde a empresa deve dirigir seus esforos;

    Objetivo funcional o objetivo intermedirio, relacionado s reas funcionais,

    que deve ser atingido com a finalidade de alcanar os objetivos da empresa;

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    Desafio uma realizao que deve ser continuamente perseguida,

    perfeitamente quantificvel e com prazo estabelecido, que exige um esforo

    extra e representa a modificao de uma situao;

    Meta corresponde aos passos ou etapas perfeitamente quantificados e comprazos para alcanar os desafios e objetivos.

    Estratgia a ao ou caminho mais adequado a se executado para alcanar o

    objetivo, o desafio e a meta.

    Poltica a definio dos nveis de delegao, faixas de valores e/ou quantidade

    limites e de abrangncia das estratgias e aes para a consecuo dos

    objetivos. A poltica fornece parmetros ou orientaes para a tomada de

    decises.

    Diretrizes o conjunto estruturado e interativo dos objetivos, estratgias e

    polticas da empresa.

    J os instrumentos quantitativos consistem nas projees econmico-financeiras do

    planejamento oramentrio, devidamente associadas estrutura organizacional da

    empresa, necessrias ao desenvolvimento dos planos de ao, projetos e atividades

    previstas. Nesta etapa, deve-se analisar quais so os recursos necessrios e quais as

    expectativas de retorno para atingir os objetivos, desafios e metas da empresa.

    d) Controle e Avaliao

    Por fim, a ltima fase o Controle e Avaliao. Nesta fase, verifica-se como a

    empresa est indo para a situao desejada. O controle pode ser definido, em termos

    simples, como a ao necessria para assegurar a realizao das estratgias,

    objetivos, desafios, metas e projetos estabelecidos. Essa funo, em sentido amplo,

    envolve: processos de avaliao de desempenho; comparao do desempenho com os

    objetivos, desafios e metas; anlise dos desvios dos objetivos; tomada de ao

    corretiva provocada pelas anlises efetuadas.

    O controle e a avaliao podem ser exercidos em trs estgios ou momentos:

    Controle preliminar ou prvio: refere-se s atividades de controle e avaliao

    efetuadas antes da ocorrncia do evento ou fato que se pretende controlar.

    Portanto, procurar evitar que ocorram variaes no plano, bem como

    minimizao do surgimento de problemas;

    Controle corrente ou em tempo real: refere-se s atividades de controle e

    avaliao efetuadas ao mesmo tempo da ocorrncia do evento ou fato que se

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    pretende controlar. Portanto, procura corrigir o desempenho durante sua

    execuo;

    Ps-controle: refere-se s atividades de controle e avaliao efetuadas aps a

    ocorrncia do evento ou fato que se pretende controlar. Portanto, avalia osdesvios ocorridos, determina as causas dos mesmos, bem como corrige o

    desempenho programado.

    2.2.2 Planejamento Estratgico no Servio Pblico

    No setor pblico, uma das metodologias mais divulgadas de planejamento estratgico

    o Planejamento Estratgico Situacional (PES), que foi sistematizado originalmente pelo

    Economista chileno Carlos Matus e foi concebido a partir de uma viso crtica daabordagem tradicional de planejamento econmico governamental.

    Destaca-se, nessa abordagem inovadora, a necessidade de focalizar a ao

    governamental tendo como base os problemas, numa perspectiva transdisciplinar, em

    contrapartida viso tradicional que segmentava de forma setorial ou funcional a

    explicao da realidade a ser transformada.

    Segundo Denise Rieg e Tarcino Filho, o PES apresenta trs caractersticas principais.

    A primeira o subjetivismo, que tem por objetivo identificar e analisar uma situao

    problemtica, centrando-se nos indivduos envolvidos (atores), em suas percepes epontos de vista, pressupondo, portanto, que se cada indivduo tem suas prprias

    caractersticas, sua prpria viso de mundo, a interpretao de determinada situao

    vai depender de seus conhecimentos, experincias, crenas, posio no jogo social

    etc. Como as aes, por sua vez, surgem do significado dado a cada situao, e este

    varia de um indivduo para outro, tambm a maneira de agir varia. Assim, o PES

    preconiza que no se pode planejar como se o planejador fosse o nico ator, ignorando

    os demais envolvidos ou predizendo seus comportamentos. necessrio, portanto,

    diferenciar as explicaes dos diferentes autores, sem ignorar nenhuma, para que se

    possa agir de modo eficaz.

    em funo dessa perspectiva que Matus argumenta que a realidade no pode ser

    explicada por uma simples descrio (diagnstico), mas pelas diferentes interpretaes

    dadas pelos atores envolvidos (apreciao situacional). Por conseguinte, o termo

    situacional vem do conceito de situao, que a chave para entender os outros

    atores e suas interpretaes da realidade, permitindo uma ao mais eficaz no jogo

    social.

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    O autor ressalta ainda que, nessa perspectiva, o conceito de situao exige determinar

    quem est explicando a realidade, uma vez que esta pode ser explicada de formas

    distintas, pois os diferentes atores participam do jogo social com diferentes propsitos.

    A segunda caracterstica do PES a elaborao de planos-proposta a partir deproblemas, entendidos como obstculos criados em razo da diferena entre a

    realidade atual do jogo social e as aspiraes de um ator de acordo com seu mundo

    subjetivo. Em outras palavras, tem-se um problema quando o ator (planejador)

    encontra-se insatisfeito com determinada situao e ao mesmo tempo a considera

    evitvel

    Como terceira caracterstica, o PES assume que o futuro incerto, no sendo possvel

    prediz-lo. Ao invs da predio, deve-se usar a previso. A predio se prende a uma

    viso determinista do mundo, no sentido de predizer adivinhar o futuro, dizerantecipadamente como ele vai ser. J a previso busca enumerar possibilidades e

    preparar os atores para enfrent-las.

    muito importante no PES o papel dos demais atores, o quanto eles podem influenciar

    o planejamento. Para exemplificar, vamos contar uma historinha famosa de nosso

    futebol. A seleo brasileira ia jogar com a Rssia, a o tcnico Feola diz para o

    Garrincha: voc dribla o primeiro russo, voc dribla o segundo, corre na linha de fundo,

    cruza para o Vav, que entra pelo meio e marca de cabea. O Garrincha olhou para o

    Feola e disse: Sr. Feola, algum j combinou com os russos?.Essa histria traz o cerne do PES, que justamente considerar as aes dos demais

    atores no planejamento. O PES , na verdade, uma ferramenta de liberdade, pois, ao

    no se basear na capacidade de predio, mas na de previso, se constitui em um

    clculo que precede e preside a ao para criar o futuro, dependendo, portanto, das

    possibilidades de os atores serem capazes de imaginar e descobrir e da qualidade dos

    planos desenvolvidos. , nesse sentido, uma aposta de carter genuinamente

    estratgico, e no sobre o destino (ou o futuro), pois, medida que se planeja, se influe

    no futuro.

    O planejamento, para Matus, exige domnio da concepo do papel poltico de quem

    planeja. Muito mais do que uma tcnica, planejar torna-se uma opo frente a outras

    formas de ao. O planejamento deve ser situacional, isto , o sujeito que planeja est

    dentro do objeto a ser planejado e existe o outro que participa com ele do sistema. No

    planejamento h, portanto, uma relao entre sujeitos. Assim, toda explicao dita

    por algum a partir de uma situao especfica. H mais de uma explicao verdadeira

    sobre a mesma realidade. Deve-se explicar uma situao estando consciente da

    explicao do outro. Conseqentemente, o planejamento necessariamente poltico.

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    O PES prope teoria e mtodos para acumular conhecimentos antes de agir. Divide-se

    em quatro momentos (momento explicativo, normativo, estratgico e ttico-operacional)

    que so um permanente fazer, uma aprendizagem, clculo, explicao e desenho

    permanentes, resultando em aes do dia-a-dia.No momento explicativo, compreende-se a realidade identificando-se os problemas que

    os atores sociais declaram. a primeira forma de acumulao de conhecimentos. Seu

    propsito explicar a realidade do jogo social e para isto usa a anlise situacional.

    Diferentemente do diagnstico do planejamento normativo que apresenta uma listagem

    descritiva de problemas (levantamento da realidade) sem se preocupar com as causas

    que provocam tais problemas, o momento explicativo tem por objetivo detalhar a

    realidade que nos cerca e que est ligada ao dos envolvidos. Desta forma, explicar

    tambm desenhar (dizer o que o ator deseja), fazer o clculo estratgico e avaliar o

    que o ator fez at aquele momento. importante, tambm, precisar e definir qual a

    explicao dos outros atores que se relacionam com o plano e saber por que a

    explicao dos outros parte da realidade.

    Para tanto, o momento explicativo busca motivar a participao de todos os envolvidos

    no processo de planejamento e na anlise dos problemas que os afeta e de suas

    possibilidades de solues; selecionar os problemas, decidindo entre os muitos

    problemas existentes quais devem ser atacados. Isto significa descartar boa parte

    deles, pois no podemos fazer um ataque a todos os problemas ao mesmo tempo; e,

    explic-los, buscando as causas de cada problema e do conjunto dos problemas quemarcam a situao inicial do plano.

    O momento normativo trata do modo como se formula o plano. Seu objetivo produzir

    as respostas de ao em um contexto de incertezas e surpresas. Coloca a questo do

    como pode ser a realidade. o momento em que os envolvidos dizem como deve ser a

    situao ideal, a partir do momento explicativo. o momento tambm chamado do

    "desejo e do sonho", pois o momento de apresentar o contedo propositivo do plano,

    isto , como deve ser a realidade em contraposio aos problemas levantados no

    momento explicativo. Faz-se o desenho da situao-objetivo (rvore do desejo, quedescreve como desejamos essa situao no prazo do plano). Para constru-la, deve-se

    definir a mudana que se espera em cada descritor, no prazo previsto, e as causas e

    conseqncias dessa nova situao.

    Aps ter selecionado o problema, explicado suas causas, elaborado a situao objetivo

    e traado as operaes, o ator do planejamento deve-se perguntar o que possvel

    fazer e o que necessrio para viabilizar o plano. o momento de pensar como deve

    ser a articulao entre o "deve ser" (desejo) e o "pode ser" (realidade). Assim, o

    momento estratgico trata do modo de examinar a viabilidade poltica do plano e do

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    processo de construo de viabilidade poltica das operaes no viveis na situao

    inicial.

    Quando um problema passou por estes trs momentos, mudou o conhecimento que a

    equipe de governo tem sobre o mesmo, mas a realidade continua espera de ao.Da a importncia da mediao entre o conhecimento que se acumula nos trs

    momentos anteriores e o quarto momento. O momento ttico-operacional o momento

    do fazer.

    Quanto aos graus de controle do planejador sobre as causas, o PES trabalha

    identificando trs zonas de governabilidade: sob ou fora do controle do planejador e

    fora do jogo social, considerando que, quando estas se encontram fora do jogo social,

    encontram-se tambm fora do controle do planejador. Vamos dar uma olhada em uma

    questo do CESPE:

    2. (CESPE/ANVISA/2004) Segundo Carlos Matus, o mtodo PES

    (Planejamento Estratgico Situacional) qualifica a gesto do governo

    segundo os resultados e as condies fora do controle do ator nas

    quais os resultados so alcanados.

    A questo CERTA. Na histria do Garrincha, vimos que nem tudo controlado por

    quem planeja. Assim, no PES, o bom planejador aquele que consegue diminuir osefeitos daquilo que est fora de seu controle. Por isso uma atividade poltica, de

    negociao com outros atores.

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    2.3 Balanced Scorecard

    Toda organizao precisa acompanhar seu desempenho por meio de indicadores.

    Como vimos acima, uma das fases do planejamento estratgico o controle e

    avaliao, que busca verificar como a empresa est indo. O objetivo verificar se aexecuo est de acordo com o planejado, se as metas esto sendo alcanadas,

    permitindo que se tomem medidas corretivas.

    O problema que a grande maioria das empresas s utilizava indicadores financeiros

    para medir o seu desempenho. Durante a era industrial, isso fazia sentido. O sucesso

    das empresas era determinado pela maneira como se aproveitavam dos benefcios das

    economias de escala.

    Contudo, o advento da era da informao nas ltimas dcadas do sculo XX tornou

    obsoletas muitas das premissas fundamentais da concorrncia industrial. As empresas

    no conseguem mais obter vantagens competitivas sustentveis apenas com a rpida

    alocao de novas tecnologias e ativos fsicos, e com a excelncia da gesto eficaz

    dos ativos e passivos financeiros.

    O ambiente da era da informao, tanto para as organizaes do setor de produo

    quanto para as do setor de servios, exige novas capacidades para assegurar o

    sucesso competitivo. A capacidade de mobilizao e explorao dos ativos intangveis

    ou invisveis tornou-se muito mais decisiva do que investir e gerenciar ativos fsicos

    tangveis.

    No meio disso tudo, Robert Kaplan e David Norton criaram o Balanced Scorecard, uma

    ferramenta de acompanhamento do desempenho que se utiliza de indicadores

    operacionais, alm dos financeiros. Segundo os autores:

    O Balanced Scorecard preserva as medidas financeiras tradicionais.

    Mas as medidas financeiras contam a histria de acontecimentos

    passados. Elas so inadequadas para orientar e avaliar a trajetria

    que as empresas da era da informao devem seguir na gerao de

    valor futuro investindo em clientes, fornecedores, funcionrios,processos, tecnologia e inovao. O Balanced Scorecard contempla

    as medidas financeiras do desempenho passado com medidas dos

    vetores que impulsionam o desempenho futuro.

    Diz-se que os indicadores financeiros so de retardo. So o resultado das aes

    anteriormente praticadas. O BSC complementa estes indicadores com os orientadores

    do desempenho econmico futuro, ou indicadores de comando.

    Assim, os autores colocaram no BSC quatro perspectivas: financeira, clientes,

    processos internos e aprendizado e crescimento. Estas quatro perspectivas buscam

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    dar uma viso equilibrada, ou balanceada, do desempenho da empresa, j que o

    objetivo fornecer uma viso da organizao sob diversos aspectos, e no s a

    perspectiva financeira.

    Quando o BSC foi lanado, os autores pensaram nele como uma ferramenta a serusada apenas no acompanhamento da implementao da estratgia. Segundo Kaplan

    e Norton:

    O Balanced Scorecard basicamente um mecanismo para a

    implementao da estratgia, no para sua formulao [...] qualquer

    que seja a abordagem utilizada [...] para a formulao de sua

    estratgia, o Balanced Scorecard oferecer um mecanismo valioso

    para a traduo dessa estratgia em objetivos, medidas e metas

    especficos.

    Outra funo importante do BSC no incio era estabelecer um sistema de comunicao,

    comunicando e esclarecendo a todos sobre as estratgias da organizao. Por isso ele

    apresenta uma forma grfica que busca demonstrar qual a misso e a estratgia da

    organizao, traduzindo-as em termos de objetivos e medidas tangveis.

    Contudo, com a disseminao da ferramenta e o nmero crescente de empresas que

    passaram a utiliz-la, o BSC passou a ser utilizado como um sistema de gesto

    estratgica. As experincias revelaram que muitos executivos utilizavam o BSC no

    Viso

    Estratgica

    Financeira

    Objetivos Indicadores Metas Iniciativas

    Clientes

    Objetivos Indicadores Metas Iniciativas

    Processos Internos

    Objetivos Indicadores Metas Iniciativas

    Aprendizado e Crescimento

    Objetivos Indicadores Metas Iniciativas

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    apenas para esclarecer e comunicar a estratgia, mas tambm para gerenci-la. O

    BSC deixou de ser um sistema de medio para se transformar em um sistema

    gerencial. Ele tem sido usado para importantes processos gerenciais: estabelecimento

    de metas individuais e de equipe, remunerao, alocao de recursos, planejamento eoramento, e feedback e aprendizado estratgicos.

    2.3.1 Perspectivas

    O BSC balanceado porque busca analisar o desempenho da empresa sob diversos

    ngulos. Pensando nisso, Norton e Kaplan organizaram o BSC com base em quatro

    perspectivas diferentes: financeira, clientes, processos internos e aprendizado e

    crescimento.

    Segundo os autores, as quatro perspectivas tm-se revelado adequadas em diversas

    empresas e setores de mercado, mas elas devem ser consideradas um modelo, no

    uma camisa-de-fora. No existe teorema matemtico segundo o qual as quatro

    perspectivas sejam necessrias e suficientes.

    Por exemplo, h quem expresse preocupao com o fato de que, embora

    reconhecendo explicitamente os interesses de acionistas e clientes, o BSC no

    incorpora explicitamente os interesses de outras partes interessadas, como

    fornecedores, funcionrios e a comunidade.

    As quatro perspectivas no trabalham de forma isolada. H toda uma cadeia de

    relaes de causas e efeitos. O sistema de medio deve tornar explcitas as relaes

    (hipteses) entre os objetivos (e as medidas) nas vrias perspectivas, para que elas

    possam ser gerenciadas e vlidas. A cadeia de causa e efeito deve permear todas as

    quatro perspectivas. Por exemplo, o Retorno sobre o Capital Investido (ROIC) uma

    medida da perspectiva financeira. O vetor dessa medida, ou seja, aquilo que aumenta o

    lucro, poderia ser a ampliao das vendas aos clientes existentes, por meio de sua

    lealdade, uma medida da perspectiva clientes. Para conquistar a lealdade desses

    clientes, preciso que a empresa descubra aquilo que eles prezam, como apontualidade na entrega. Esta resultado de um processo interno em que as diversas

    reas trabalham de forma integrada. Estamos falando de uma medida da perspectiva

    processos internos. Para conquistar esta integrao, preciso capacitao dos

    funcionrios, o que est dentro da perspectiva aprendizado e crescimento.

    Todas estas relaes de causa e efeito devem estar alinhadas com a estratgia da

    empresa. com base nela que elas devem ser construdas. Para fazer uma

    representao grfica dessas relaes em conjunto com a estratgia usado o mapa

    estratgico, que aponta, por meio de objetivos estratgicos, relaes de causa e efeito

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    e indicadores de desempenho, a forma pela qual ativos intangveis da organizao

    produzem resultados tangveis. Os mapas estratgicos so uma representao visual

    dos objetivos crticos da empresa e das relaes cruciais entre eles, impulsionando o

    desempenho da organizao. Mais para frente vocs podem ver o mapa estratgicoda Receita Federal. O modelo bsico para o mapa estratgico definido pelos autores

    o seguinte:

    Perspectiva FinanceiraO BSC no abandona a perspectiva financeira, visto que as medidas financeiras so

    valiosas para sintetizar as conseqncias econmicas imediatas de aes

    consumadas. As medidas financeiras de desempenho indicam se a estratgia de uma

    empresa, sua implementao e execuo esto contribuindo para a melhoria dos

    resultados financeiros.

    Kaplan e Norton descrevem esta perspectiva com a seguinte frase:

    Para sermos bem-sucedidos financeiramente, como deveramos ser

    vistos pelos nossos acionistas?

    Portanto, a perspectiva financeira representa os interesses dos acionistas, dos

    proprietrios da empresa. Ela a mais importante das quatro, j que o objetivo final

    das empresas o lucro.

    Essa perspectiva financeira demonstra se as aes realizadas nas perspectivas cliente,

    processos internos e aprendizado e crescimento esto se convertendo num melhor

    desempenho financeiro da organizao. Como essa perspectiva representa o elo final

    da cadeia de causa e efeito, ela colocada no topo do mapa estratgico. Esta primazia

    ESTRATGIA

    Financeira

    Clientes

    Aprendizado eCrescimento

    Processos Internos

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    da perspectiva financeira vlida para o setor privado. No entanto, no setor pblico, as

    prioridades so diferentes. Veremos isso mais frente.

    Perspectiva dos Clientes

    O sucesso com os clientes-alvo o principal componente da melhora do desempenho

    financeiro. Na perspectiva dos clientes, as empresas identificam os segmentos de

    clientes e mercado nos quais desejam competir. Depois de definir seus clientes-alvo, a

    empresa est em condies de identificar os objetivos e os indicadores de sua

    proposio de valor. A proposio de valor define a estratgia da empresa em relao

    aos clientes, descrevendo a combinao de produto, preo, servio, relacionamento e

    imagem que a empresa oferece ao segmento de mercado selecionado.

    Esta perspectiva se baseia em como a organizao vista pelo cliente e como ela

    pode atend-lo da melhor maneira possvel. Os indicadores devem mostrar se os

    servios prestados esto de acordo com a misso da organizao. Alguns exemplos de

    indicadores na perspectiva do cliente so:

    Satisfao dos clientes;

    Reteno dos clientes;

    Conquista de clientes;

    Rentabilidade dos clientes; Participao de mercado;

    Perspectiva dos Processos Internos

    As perspectivas financeira e dos clientes descrevem os resultados que se esperam da

    execuo da estratgia. Ambas as perspectivas contm muitos indicadores de

    resultado. Como a organizao produz os resultados almejados? A perspectiva dos

    processos internos (ou perspectiva interna) identifica os poucos processos crticos quese espera exeram o maior impacto sobre a estratgia, ou seja, os processos mais

    crticos para a realizao dos objetivos dos clientes e dos acionistas.

    Kaplan e Norton reuniram os vrios processos internos das organizaes em quatro

    agrupamentos:

    Processos de gesto operacional;

    Processos de gesto de clientes;

    Processo de Inovao;

    Processos regulatrios e sociais.

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    Os processos de gesto operacional so os processos bsicos do dia-a-dia, atravs

    dos quais as empresas produzem os atuais produtos e servios e os entregam aos

    clientes. Podemos citar alguns exemplos: adquirir materiais dos fornecedores,

    converter em produtos acabados, distribuir aos clientes, gerenciar o risco.Os processos de gesto de clientes ampliam e aprofundam os relacionamentos com os

    clientes-alvo, como: selecionar clientes-alvo, conquist-los, reter clientes, aumentar os

    negcios com os clientes. A diferena para a perspectiva dos clientes que aqui

    estamos olhando para os processos. Por exemplo, enquanto na perspectiva do cliente

    o indicador o nmero de clientes conquistados, na perspectiva interna um indicador

    tempo de resposta a novas demandas.

    Os processos de inovao desenvolvem novos produtos, processos e servios, em

    geral criando condies para que a empresa penetre em novos mercados e segmentosde clientes. So processos como: identificar oportunidades para novos produtos;

    desenhar e desenvolver novos produtos e servios; lanar novos produtos e mercados.

    Os processos regulatrios e sociais ajudam as organizaes a reter continuamente o

    direito de operar nas comunidades e nos pases em que produzem e vendem. A

    regulamentao nacional e local impe normas e padres s prticas das

    organizaes. Muitas delas, contudo, procuram ir alm das obrigaes mnimas

    impostas por lei. So processos relacionados a conservao do meio-ambiente;

    segurana e sade; prticas trabalhistas; investimentos na comunidade. Os indicadoresdesta perspectiva geralmente esto ligados a medidas de tempo, qualidade,

    produtividade e custo.

    Perspectiva do Aprendizado e Crescimento

    Os objetivos de aprendizado e crescimento descrevem como pessoas, tecnologia e

    clima organizacional se conjugam para sustentar a estratgia. As melhorias nos

    resultados de aprendizado e crescimento so indicadores de tendncia para os

    processos internos, clientes e desempenho financeiro.

    Esta perspectiva trata dos ativos intangveis da organizao e seu papel na estratgia.

    Os ativos intangveis podem ser classificados em trs categorias:

    Capital Humano: habilidades, talento e conhecimento dos empregados;

    Capital da Informao: banco de dados, sistemas de informao, redes e

    infra-estrutura tecnolgica.

    Capital Organizacional: cultura, liderana, alinhamento dos empregados,

    trabalho em equipe e gesto do conhecimento.

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    Alguns indicadores desta perspectiva so: satisfao dos funcionrios, produtividade

    dos funcionrios, ndices de treinamento, entre outros.

    2.3.2 BSC no Setor Pblico

    Norton e Kaplan afirmam que o BSC pode ser facilmente adaptado para organizaes

    pblicas e instituies sem fins lucrativos, possibilitando a estas empresas manter seus

    gastos dentro dos limites oramentrios e atender aos seus clientes e partes

    interessadas.

    Nessa adaptao, no h obrigatoriedade para que as quatro perspectivas do modelo

    original do BSC sejam mantidas. Kaplan e Norton criaram um mapa estratgico para o

    setor pblico diferente do setor privado. Segundo os autores, h vrias diferenasimportantes. Primeiro, o critrio definitivo de sucesso para as organizaes do setor

    pblico e para as entidades sem fins lucrativos o desempenho no cumprimento da

    misso. As organizaes do setor privado, em qualquer setor econmico, podem

    adotar uma perspectiva financeira homognea: aumento do valor para os acionistas.

    Por isso a perspectiva financeira tem primazia. J as organizaes pblicas abrangem

    um conjunto amplo e diversificado de misses e, portanto, devem definir seu impacto

    social e seus objetivos maiores de maneira diferente.

    Para adaptar o BSC a essa realidade diferente, os autores retiraram a perspectiva

    financeira e incluram a fiduciria, que busca atender aos interesses de um grupo

    importante para as organizaes pblicas: os contribuintes. Ao invs de colocar essa

    perspectiva no topo, como no caso do BSC do setor privado, os autores a colocaram

    ao lado da perspectiva dos clientes. Ela envolveria indicadores relacionados

    corrupo, ao desperdcio nos gastos pblicos, etc.

    Vimos que, para o setor privado, a perspectiva financeira recebe grande ateno, tendo

    primazia sobre as demais. No caso do setor pblico, isto no ocorre. Para

    organizaes pblicas, a perspectiva financeira no o objetivo final, mas sim um meio

    para obteno de recursos necessrios para o cumprimento de sua funo social. Aboa execuo oramentria e a ampliao da captao de recursos financeiros so

    fatores essenciais para tornar uma instituio pblica mais slida e apta a cumprir sua

    misso. Por isto, no setor pblico a perspectiva financeira, ao invs de estar focada no

    lucro, est orientada para a execuo do oramento.

    Nas empresas privadas, a perspectiva financeira colocada no final da relao de

    causa e efeito, ou seja, no topo do BSC. J no setor pblico, Silvio Ghelman sugere

    que ela seja colocada na base:

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    O oramento um fator limitador das aes de governo e, sem uma

    boa execuo oramentria, dificilmente um rgo de governo

    conseguir obter recursos para aquisio de mquinas e

    equipamentos, para manuteno da sua infra-estrutura (gua, luz,telefone, pagamento de contratos, etc.) e para qualificao de seus

    recursos humanos. Por isso, a perspectiva financeira ao ser colocada

    na base do BSC, permite um melhor funcionamento da organizao.

    Um bom andamento dos objetivos financeiros impacta positivamente

    nas outras perspectivas.

    Fazem parte desta perspectiva alguns objetivos estratgicos tais como: a ampliao da

    receita prpria, a ampliao da captao de recursos das agncias de fomento e

    melhorar a execuo oramentria. Entretanto, devemos considerar que estes

    objetivos devem estar atrelados a uma estratgia maior da organizao, pois seno

    apenas promovero a ineficincia e o desperdcio. A ampliao dos recursos se no

    estiver ligada a objetivos de ampliao da oferta de servios ou da melhoria da

    qualidade da prestao dos mesmos, provavelmente no contribuir para o objetivo

    maior de uma empresa pblica que o cumprimento de sua misso atravs do

    atendimento ao cidado/ sociedade.

    Sendo assim, a hiptese de causa efeito constante no BSC para o setor pblico deve

    ser modificada. A posio da perspectiva financeira precisa ser invertida, tirando-a do

    topo e colocando-a na base dessa relao. Isso pode ser observado no mapaestratgico da Receita Federal, que est mais a frente.

    Outra diferena do BSC do setor pblico em relao ao privado est na perspectiva dos

    clientes. Enquanto na iniciativa privada s existe um tipo de cliente: o consumidor que

    paga e recebe o produto/servio, na administrao pblica existem dois tipos de

    clientes: o cliente direto que consome o servio e um cliente indireto que tambm

    beneficirio deste servio (cidado/sociedade).

    No setor pblico proibido atender a um segmento de clientes de maneira diferenciada

    em detrimento dos demais cidados, no ser nos casos previstos em lei, pois isto fere

    o princpio da impessoalidade. Por isso, ao analisarmos a perspectiva cliente na tica

    pblica esta deve ser retratada de maneira completamente diferente do que na

    iniciativa privada.

    Sendo assim, na administrao pblica, alm de medir a melhoria da qualidade da

    prestao dos servios para o cliente direto preciso aferir se o cidado/sociedade

    est satisfeito com a prestao de um servio pblico, ou seja, preciso demonstrar os

    benefcios, efeitos ou impactos diretos ou indiretos do exerccio da atividade pblica

    para o cidado. Por isso, Silvio Ghelman sugere que, ao customizarmos o BSC para o

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    setor pblico, preciso ter uma perspectiva para os clientes, que mede o atendimento

    aos requisitos de qualidade dos produtos/servios ofertados e a satisfao do cliente; e

    outra com foco no cidado/sociedade que busca medir a efetividade da ao pblica.

    Em relao perspectiva do aprendizado e crescimento, Norton e Kaplan afirmam que,nesta perspectiva, esto contemplados os funcionrios (pessoas) e o aperfeioamento

    da gesto interna atravs da utilizao da tecnologia da informao e da melhoria das

    prticas gerenciais. Se para o setor privado a perspectiva do aprendizado e

    crescimento importante, para o setor pblico mais crucial ainda, pois h um

    engessamento na gesto de pessoal. Como na administrao pblica no h

    autonomia sobre os meios (no se pode contratar, promover, demitir), motivar as

    pessoas uma tarefa bastante rdua para os gestores pblicos. Este engessamento

    da gesto de pessoas prejudica muito o alcance de resultados, pois, para criarmos um

    processo de modernizao da gesto pblica com foco no cidado, necessrio

    investir nas pessoas.

    Aqui, Silvio Ghelman sugere dividir a perspectiva aprendizado e crescimento em duas:

    uma para dar destaque gesto de pessoas e outra para modernizao administrativa.

    Na perspectiva pessoas, preciso criar objetivos orientados para o comprometimento

    das pessoas, para gesto do conhecimento e para capacitao dos quadros para a

    nova realidade da administrao pblica.

    Considerando que a modernizao administrativa um processo chave para tornar aadministrao pblica brasileira mais focada nos resultados preciso criar uma

    perspectiva especfica para este processo. A perspectiva modernizao administrativa

    busca o aperfeioamento da gesto interna atravs da utilizao da tecnologia da

    informao e da melhoria das prticas gerenciais. Por fim, a perspectiva dos processos

    internos no setor pblico no teria muitas diferenas em relao ao setor privado. A

    perspectiva processos internos adaptada aos preceitos da Nova Gesto Pblica, deve

    estar focada na eficincia das aes pblicas.

    Vejamos agora como seria essa mesma representao com as adaptaes propostas

    para o setor pblico.

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    O Mapa estratgico da Receita Federal o seguinte:

    Sociedade/Cidado(foco na efetividade)

    Clientes

    (foco na eficcia)

    Processos Internos(foco na eficincia)

    ModernizaoAdministrativa

    Finanas /Oramento

    Pessoas

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    Podemos perceber que so trs as perspectivas desse BSC: pessoas e recursos;

    processos internos; e resultados. Eles mudaram este ano. Havia uma perspectiva

    oramento e logstica e outra de tecnologia. As duas foram incorporadas a perspectiva

    pessoas e recursos.

    2.4 Flexibilidade Organizacional

    Em dcadas recentes, uma srie de eventos modificou o cenrio competitivo mundial.

    A acelerao da mudana tecnolgica, a globalizao, a crise do fordismo e da

    produo em massa, aliada maior instabilidade da demanda e acirramento da

    concorrncia, dentre outros, determinaram novas abordagens de gesto pelas

    companhias e condutas diferenciadas das adotadas at ento.

    Num ambiente crescentemente incerto, de maior instabilidade da demanda e de

    rpidas mudanas nos hbitos e preferncias de consumo surge, em resposta, a

    necessidade de busca por maior flexibilidade pelas organizaes.

    Para Fensterseifer:

    Flexibilidade de um sistema pode ser definida como sua habilidade

    para lidar com as incertezas de um ambiente em mudana, sendo

    incerteza o elemento-chave do conceito.

    Neste sentido, a flexibilidade organizacional refere-se capacidade e habilidade de

    resposta a circunstncias de mudana. O contexto atual determina, como

    conseqncia das rpidas transformaes, uma intensificao pela busca por

    flexibilidade.

    Assim, diante do crescimento da incerteza, da necessidade de adaptao ao

    macroambiente e instabilidade da demanda, novos modelos de gesto surgem

    numa tentativa de responder mais prontamente s novas demandas de flexibilidade e

    reduo de custos, visando o incremento da competitividade. Esses modelos de

    gesto referem-se sobretudo s inovaes na gesto interna da produo e na gestode relacionamentos interempresas, no qual se destacam as relaes de fornecimento.

    Alguns desses modelos so o sistema Toyota de Produo, ou Just in Time, que

    defende que a matria-prima deve chegar na fbrica no exato momento que a

    produo precisa dela, tornando desnecessrio o estoque. Outra inovao trazida pela

    Toyota foram os grupos auto-geridos ou grupos semi-autnomos, em que dada maior

    autonomia aos trabalhadores para que eles possam responder com maior rapidez,

    eficincia e eficcia s mudanas que ocorrem no ambiente.

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    Outra ferramenta de flexibilizao o Downsizing, que pode ser traduzido como

    achatamento. Ele surgiu em decorrncia do crescimento desordenado de grandes

    empresas, ocorrido nos anos 80 do sculo XX, por meio da diversificao para novos

    negcios. Foram criadas estruturas gigantescas com o objetivo de conquistareconomias de escalas e ganhar fatias maiores do mercado. Nos anos 90, com o

    acirramento da competio e a maior rapidez das mudanas ocorridas no ambiente,

    essas empresas no possuam agilidade e flexibilidade para acompanhar o ritmo

    acelerado das mudanas, por isso foram foradas a reestruturar-se.

    Ele surgiu como uma necessidade de solucionar o excesso de burocracia que se

    verificava em muitas organizaes, o que, alm da morosidade, dificultava a tomada de

    decises e a adaptao s novas realidades ambientais. De fato, muitas organizaes

    adotaram com razovel sucesso os conceitos e as tcnicas fornecidas pela Teoria da

    Burocracia, mas com o aumento dos nveis concorrenciais, e da turbulncia ambiental,

    foi necessrio repensar as estruturas e mtodos de tomada de decises por forma a

    aumentar a rapidez de resposta e a capacidade de adaptao.

    A aplicao desse termo gesto significa a reduo radical do tamanho da empresa,

    geralmente por meio do delayering(reduo dos nveis hierrquicos) ou do outsourcing

    (sub-contratao de atividades no fundamentais, terceirizao). As empresas ganham

    flexibilidade, perdem burocracia e ficam mais prximas do mercado e dos clientes.

    Para Luciano Sabia Filho:Por meios de fuses de departamentos, gerncias e divises, em que

    se eliminam funes que no agregam valor ao cliente/consumidor, o

    downsizing procura implantar na empresa uma estrutura operacional

    de apenas dois ou trs nveis hierrquicos e utilizar a tecnologia da

    informao como uma fonte para controlar a tomada de decises da

    empresa.

    O Downsizing resulta, assim, na reduo dos nveis da gesto e na reduo da

    dimenso da organizao atravs da anulao de reas produtivas no essenciais,centrando-se no que melhor sabem fazer, as suas competncias essenciais (core

    competences), permitindo uma maior flexibilizao da estrutura.

    Contudo, a aplicao prtica do Downsizing consistiu, na maioria das vezes, no corte

    de custos em reas consideradas no essenciais, resultando geralmente no

    despedimento de numerosos trabalhadores. Apesar das vantagens dos cortes nos

    custos e na maior flexibilizao da organizao, normalmente atravs da anulao de

    atividades relacionadas com reas ou produtos menos rentveis, o que permite uma

    concentrao de esforos e recursos nas reas mais rentveis, o Downsizing continuaa ser muito criticado e mal aceito devido ao problema das demisses.

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    Muitas empresas se utilizaram dessa ferramenta sem o mnimo critrio e planejamento,

    provocando o que Prahalad e Hamel chamaram de anorexia corporativa, ou seja, as

    empresas diminuram tanto que no tinham mais foras para competir. Surgiu ento o

    conceito de Rightsizing, ou seja, tamanho certo.Na Administrao Pblica, a rigidez dos procedimentos administrativos e o limitado

    espao de deciso dos gestores representam um dos obstculos principais ao

    melhoramento da gesto. A existncia de controles a priori e a regulamentao

    excessiva de toda a atividade administrativa ainda so bastante comuns nos dias de

    hoje, mesmo com todas as tentativas de reforma gerencial. No entanto, no podemos

    presumir que estes possam ser substitudos sem custo.

    Pelo menos em alguns pases, os controles e procedimentos cumpriram um papel

    importante ao conduzir a atividade administrativa pelo caminho da lei, evitando abusose corrupo, e estabelecendo certa continuidade no modo de operar dos rgos

    pblicos para alm das mudanas polticas. Optar pela flexibilidade e desfazer-se das

    formalidades e regulamentos atuais requer a implantao de outros mecanismos que

    protegem os mesmos valores.

    A mudana cultural necessria para superar estas dificuldades significativa e os

    custos de um possvel fracasso podem ser muito altos. Por isso, o questionamento das

    normas e procedimentos administrativos nos pases em desenvolvimento foi entendido

    de forma mais restrita que nos pases desenvolvidos, e encontra-se vinculado apropostas que tendem a fortalecer o poder e a discricionariedade dos altos executivos,

    mas no conceder mais poder e responsabilidades aos gerentes intermedirios e aos

    funcionrios.

    Nos dias de hoje, a mudana organizacional deve ser parte intrnseca das instituies e

    no um mero fenmeno transitrio, da que a gerncia pblica tem muito mais a ver

    com a direo de instituies que esto mudando do que com a administrao de

    entidades estveis.

    Outra ferramenta muito importante em termos de flexibilidade a gesto de redes. Asredes tambm so chamadas de estruturas reticulares ou policntricas. Reticulado se

    refere a qualquer coisa que tenha o formato de rede. Policntrica porque a rede no

    possui um centro nico, no h uma hierarquia estabelecida. Vamos dar uma olhada

    em uma questo do CESPE:

    3. (CESPE/MCT/2004) Uma das caractersticas da gesto de redes

    a padronizao das formas de relacionamento entre as partes, de

    modo que possa haver um grau mnimo de homogeneizao de

    conhecimentos.

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    A questo errada. A necessidade de compartilhar a base da formao das redes,

    tanto na natureza quanto na sociedade. Para Viviane Amaral,

    Trabalhar em rede traz grandes desafios pessoais e profissionais,

    pois a evoluo no domnio das tcnicas de comunicao, o usohabilidoso e criativo das ferramentas tecnolgicas, a revoluo

    cultural, a internalizao dos fundamentos no podem ser processos

    apenas individuais, tm