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AG-0007-13-REVISTA ELOS 21x25redesagradovitoria.educacional.net/downloads/pdf/revista_elos.pdf · ... celebrando os 81 anos do Manifesto dos Pioneiros e fi éis aos ... o crescimento

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SUMÁRIOAPrESENtAÇÃo Pág 4

MISSÃo VISÃo E VALorES Pág 6

CAEP Pág 7

HortA VErtICAL Pág 8

ProjEto PArAquEdAS Pág 10

PoESIA E CANtorIA Pág 12

joGoS MAtEMátICoS Pág 14

EM dEFESA dA VIdA Pág 16

AS INtErCAMbIStAS Pág 18

ProjEtoS SoCIoEduCAtIVoS Pág 22

dA VIdA À VIdA Pág 24

rEAjE Pág 26

SoCIEdAdE CIVIL CASAS dE EduCAÇÃorua Cura d’Ars, 62 - Pradobelo Horizonte/MG - CEP:30411-123tel(s).: (31) 3334-5730 Caep: (31) 3372-0192www.redesagrado.com.br – [email protected]

PrESIdENtE: ir. Ana Helena Andreão

CAEP (Centro Administrativo Educacional da Província):CoordENAdorA EduCACIoNAL: ir. maria Cristina CaetanoCoordENAdorA AdM/FINANCEIro: ir. maria Aparecida da rocha moreira (ir. Paré) EquIPE EdItorIALAna Carolina Possas - Coordenadora de Comunicação Estratégicadébora C.B. duarte - Assessora Educacionaldeise Elen Abreu do Bom Conselho - Assessora Educacionalmaria Beatriz silva - Assessora EducacionalWaldemar Bettio - Coordenador do serviço de orientação religiosa do CAEP CoLAborAdorES: diretoras, Pedagogas, Professores e funcionáriosProjEto GráFICo: reciclo ComunicaçãoPrEPArAÇÃo dE tEXtoS: Assessoras Educacionais do CAEP e da rEAJE rEVISÃo: maria Catarina r. s. rodriguesIMPrESSÃo: rona EditoratIrAGEM: 3000 exemplaresE

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A ELOS – Educação: Linhas & Olhares é uma publicação que tem como propósito ser um espaço para divulgação de projetos e traba-lhos, para troca de vivências e experiências entre os profi ssionais da Rede Sagrado - colégios Sagrado Coração de Maria e toda sociedade. A construção deste espaço é uma grande responsabilidade, compartilha-da com todos os que dele participam.

“Toda a educação varia sempre em função de uma “concepção de vida”, refl etindo, em cada época, a fi losofi a predominante que é determinada, a seu turno, pela es-trutura da sociedade.” (Manifesto dos Pio-neiros, 1932). Para nós da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria, edu-car é “promover a vida e a dignidade das pessoas menos favorecidas na sociedade, colocando-nos ao serviço dos que têm mais necessidade de justiça”. A concepção de vida na qual acreditamos é a de lutar “para que todos tenham vida e vida em abundância” (Jo 10,10). Essa era a missão de Pe. Gailhac que nos foi deixada como legado e da qual somos continuadores(as).

Assim, celebrando os 81 anos do Manifesto

dos Pioneiros e fi éis aos nossos valores e convicções, buscamos fazer da ELOS 2013 um manifesto. Manifesto à capacidade criativa, à competência e à dinamicidade daqueles e daquelas que dão vida à nos-sa missão e constroem nossa visão. Nesta edição, contamos com nossos colaborado-res - professores, alunos, coordenadores, funcionários – que, com suas contribui-ções, representam o trabalho desenvolvido em todas as unidades da Rede Sagrado.

A cada ELOS publicada fi ca mais evidente o crescimento e o amadurecimento dos profi ssionais da Rede Sagrado que se es-meram na descrição de suas práticas, de seus projetos, de suas experiências, de-monstrando o desejo de socializarem suas vivências e contribuírem para a consolida-ção de conhecimentos. Nesse sentido, a ELOS constitui-se como uma instância da práxis pedagógica, um convite “à leitura, à refl exão e à interlocução”.

Atentos à missão de Defesa da Vida, tra-zemos o artigo“Projetos socioeducativos: que educação é essa?”, escrito pela Coor-denadora de Projetos Sociais na Rede de

Ação Junto aos Excluídos (REAJE), Mercês Ambrósio, que busca esclarecer um pouco mais o trabalho realizado nos projetos so-cioassistenciais. Trabalho este de funda-mental importância para a sociedade.

Um dos quatro pilares do Serviço de Orientação Religiosa (SOR) da Rede Sa-grado – colégios Sagrado Coração de Ma-ria, o Ensino Religioso, nos é apresentado no artigo do professor Waldemar Bettio como “área de conhecimento, cujo objeto de estudo é o fenômeno religioso nas di-versas tradições religiosas da humanida-de.” Entender e comprometer-se com os objetivos do trabalho nesta área de conhe-cimento é um dos grandes diferenciais da Rede Sagrado – CSCM. “Horta Vertical” é o relato do professor Paulo Sérgio sobre o projeto desenvolvido com os estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental – do Colégio Sagrado Cora-ção de Maria – BH, que teve como objetivos incentivar os estudantes a repensarem há-bitos alimentares, priorizando opções sau-dáveis; desenvolver o prazer pelo cultivo de plantas, otimizando espaços e instituir os

APRE-SEN-TAÇÃOSEN-TAÇÃOSEN-APRE-SEN-TAÇÃO

Apresentação

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3R do meio ambiente - Reduzir, Reutilizar e Reciclar - na rotina diária de cada um. Vale a leitura e a aprendizagem!

No CSCM-Brasília, o projeto “Paraquedas – utilização de conceitos físicos na constru-ção de um paraquedas efi ciente”, proposto aos estudantes do Ensino Médio pelo pro-fessor William Santos, mostrou que, com criatividade, planejamento e dedicação é possível ‘driblar’ as difi culdades e a falta de interesse dos estudantes na aprendiza-gem da Física. “Ao trabalhar com projetos, temos a oportunidade de promover a cons-trução de signifi cados relevantes, relacio-nando a realidade, o dia a dia das pessoas a conceitos e fenômenos.” Fica a dica! Aumentar o interesse, a refl exão e a moti-vação dos estudantes por meio da leitura, da escrita e da musicalidade, quebrando o paradigma de que a linguagem popular é inferior foi o objetivo da professora Gisela Ribeiro no projeto desenvolvido com os es-tudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do colégio Sagrado Coração de Ma-ria do Rio de Janeiro: “Poesia e Cantoria”. A linguagem trabalhada por meio das can-

tigas populares, cordéis e repentes enfati-za a literatura popular como instrumento fundamental para a formação do educan-do. Além de tornar a aprendizagem mais signifi cativa, o projeto trouxe para dentro da escola muita diversão e alegria.

No CSCM de Ubá, a “Construção de jogos matemáticos” transformou-se em uma aprendizagem solidária no projeto desen-volvido pelo professor Evandro Ávila com os alunos do 9º ano do Ensino Funda-mental à 2ª série do Ensino Médio. Além de exercitar a criatividade, os estudantes tiveram a oportunidade de compartilhar suas ideias e construções com meninos e meninas assistidos pelo Projeto Vida Irmã Maria de Aquino, entidade mantida pelo colégio de Ubá e pelo Instituto das Religio-sas do Sagrado Coração de Maria. Confi ra!

As relações entre Ciência, Tecnologia e Sociedade foi o tema escolhido pelas professoras Eldis Maria Sartori, Luciana do Nascimento Rodrigues, Rivana Souza Batista para o projeto realizado com es-tudantes da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Sagrado Coração de Maria – Vi-

tória que teve como objetivo desenvolver habilidades de crítica e análise. Além dos objetivos específi cos, o projeto também vi-sou ao desenvolvimento da capacidade de autorregulação dos estudantes. A parceria que as professoras estabeleceram com duas instituições de Ensino Superior é um dos pontos mais signifi cativos do projeto.

Finalmente, trazemos, ainda, breves re-latos de nossas primeiras intercambistas internacionais que, com certeza, deixarão os leitores com vontade de conhecer todos os colégios da Rede Sagrado no Brasil e no mundo.

Ao entregar-lhes a ELOS – Educação: Li-nhas & Olhares 2013 pretendemos, como sempre, provocar refl exão, discussões, trocas buscando, por meio da socializa-ção de projetos e vivências, incentivar uma aprendizagem cada vez mais signifi cativa.

IR. MARIA CRIStINA CAEtANOCoordenadora de Gestão Pedagógicae Educação Religiosa do CAEP

As palavras voam, mas os exemplos triunfam sempre nos corações, mesmo nos mais obstinados. o testemunhode vida tem um poder divino. Pe. Gailhac“

Elos

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MISSÃOProporcionar uma educação de excelência para crianças, adolescentes, jovens e adultos fundamentada nos valores cristãos, promovendo protagonismo na construção de competências, cultura da solidariedade e compromisso com a transformação social.

VISÃOser referencial de uma educação de excelência, inovadora, pautada nos valores éticos e cristãos.

VALORES• compromisso com a vida - expressa a essência da instituição e convoca a atitudes concretas como solidariedade, partilha e respeito à diversidade.

• ética - fundamenta as atitudes, relações com transparência e honestidade, cidadania.

• excelência - busca permanente de qualidade, competência e protagonismo.

• sustentabilidade – refere-se à responsabilidade quanto a geração, uso e manutenção dos recursos ambientais, econômicos e sociais.

• inovação – busca conjuntos de práticas inovadoras e troca de saberes.

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O Centro Administrativo e Educacional da Província – CAEP é o órgão orientador, ar-ticulador e animador da Missão da Rede Sagrado - colégios Sagrado Coração de Maria – que tem como função coordenar o planejamento, a execução e a avaliação dos setores administrativo, pedagógico e religioso, visando assegurar uma educa-ção de excelência e uma gestão adminis-trativa coerentes com a Missão, a Visão e os Valores da Rede Sagrado.

A gestão Pedagógica e da Educação Reli-giosa, coordenadas pela Ir. Maria Cristina Caetano e a gestão Administrativa, coor-

denada pela Ir. Maria Aparecida Moreira (Ir. Paré), garantem processos cada vez mais efetivos. Ambas as coordenações se orientam com base em valores cristãos, iluminados pelo carisma de Padre Gai-lhac e pela espiritualidade das Religiosas do Sagrado Coração de Maria, buscando uma gestão orientada para resultados, com a implementação de estratégias com vistas à excelência do ensino e à autos-sustentabilidade da Rede Sagrado – colé-gios Sagrado Coração de Maria

O CAEP, ao longo de seus 18 anos, vem desenvolvendo ações voltadas para a for-

mação contínua e capacitação em serviço de seus profissionais. Nesse sentido, as coordenações de gestão Pedagógica/Edu-cação Religiosa e Administrativa, contan-do com o apoio de suas assessorias - Pe-dagógica, de Comunicação, de Recursos Humanos e Contábil-financeira - têm in-vestido em cursos, encontros e intercâm-bios entre os colégios que possibilitam a prática do benchmarking e a troca de experiências, contribuindo, assim, para a concretização da missão e dos objetivos estratégicos da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria.

CAEP

CEntro AdministrAtivo E EduCACionAl dA ProvínCiA

CAEP

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HORTAVERTICAL:

BH

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COM OS ESTUDANTES DO 6º ANO

Paulo Sérgio Galvão Silva1

1 - Graduado em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; especialização em Juventude e escola, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor do 6º ao 9º ano do EFII, unidade Belo Horizonte.

2 - Também conhecido como os 3R da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), são ações práticas que visam estabelecer uma relação mais harmônica entre consumidor e Meio Ambiente. Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de vida (reduzir gastos, economizar), além de favorecer o desenvolvimento sustentável (desenvolvimento econômico com respeito e proteção ao meio ambiente).

VERTICAL:UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COM OS ESTUDANTES DO 6º ANO

Paulo Sérgio Galvão Silva

1 - Graduado em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; especialização em Juventude e escola, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor do 6º ao 9º ano do EFII, unidade Belo Horizonte.

2 - Também conhecido como os 3R da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), são ações práticas que visam estabelecer uma relação mais harmônica entre consumidor e Meio Ambiente. Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de vida (reduzir gastos, economizar), além de favorecer o desenvolvimento sustentável (desenvolvimento econômico com respeito e proteção ao meio ambiente).

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HORTAVERTICAL:

BH

UM RELATO DE EXPERIÊNCIA COM OS ESTUDANTES DO 6º ANO

Paulo Sérgio Galvão Silva

1 - Graduado em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; especialização em Juventude e escola, pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor do 6º ao 9º ano do EFII, unidade Belo Horizonte.

2 - Também conhecido como os 3R da sustentabilidade (Reduzir, Reutilizar e Reciclar), são ações práticas que visam estabelecer uma relação mais harmônica entre consumidor e Meio Ambiente. Adotando estas práticas, é possível diminuir o custo de vida (reduzir gastos, economizar), além de favorecer o desenvolvimento sustentável (desenvolvimento econômico com respeito e proteção ao meio ambiente).

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O projeto Horta Vertical, desenvolvido com os estudantes do 6º ano do EFII do Colégio Sagrado Coração de Maria – BH, objetivou incentivar os bons hábitos alimentares; repensar questões relacionadas à saúde; desenvolver o prazer e a apreciação pelo cultivo de plantas; acompanhar o processo de germinação, crescimento e desenvolvi-mento de plantas medicinais e hortaliças; conhecer os benefícios advindos da utiliza-ção desses recursos para a saúde; otimizar pequenos espaços para plantação; instituir os 3R do meio ambiente2.

O projeto foi dividido em três fases diferen-tes. Primeiro foi o plantio das sementes, montagem da estrutura da horta vertical, utilizando garrafas PET. Esta etapa envolveu também a leitura de textos informativos so-bre agricultura sustentável, sobre as plantas que foram semeadas, a utilidade, finalidade e benefícios de uma horta vertical com apro-veitamento de pequenos espaços.

Na segunda fase, foram plantadas diversas sementes, dentre elas plantas medicinais e comestíveis, sendo identificado cada vaso com informações do plantio: nome da planta (científico e popular), data do semeio e aluno responsável.

Na terceira fase, foi o momento de cuidar das sementes para que elas pudessem germinar e frutificar. Nos vasos de sementes que não germinaram, foi feita uma segunda semea-dura. A partir dessa situação-problema, os

estudantes tiveram a oportunidade de ela-borar hipóteses sobre as possíveis causas para a não germinação, além de conhecer, de elaborar e verificar as aprendizagens, de tratar, analisar e avaliar dados e informações provenientes de diversas fontes.

A partir da abordagem interdisciplinar e considerando também a perspectiva do pla-nejar, executar e avaliar (PLEA), estudada no PROFEAD (2012), foi possível enriquecer as atividades pedagógicas. Na área de Lin-guagens e suas tecnologias, diversos tipos de textos foram produzidos a partir das ob-servações referentes às fases de desenvolvi-mento das sementes. No Ensino Religioso, foram feitas reflexões relacionadas à fra-ternidade e à saúde pública, tema da Cam-panha da Fraternidade do ano de 2012, um importante subsídio teórico e metodológico desse assunto tão debatido e alvo de tantos questionamentos no país. Houve ainda o es-tudo do texto introdutório do Projeto: Erva Sagrada Guarani-Erva Mate.

A parceria entre as disciplinas de Geografia e Ciências incentivou a discussão sobre a importância da agricultura para a humani-dade, os tipos de agricultura e os riscos de algumas delas para o meio ambiente, o rea-proveitamento de materiais, otimização dos pequenos espaços e o desenvolvimento de hábitos de alimentação saudável.

A análise de alguns dados estatísticos envol-vendo fatores sobre a obesidade infanto-ju-

venil repercutiu na sensibilização de todos os envolvidos no processo de formação do alu-no, inclusive dele mesmo, em experimentar novos alimentos, provocando mudanças sig-nificativas nos hábitos alimentares. O CSCM--BH mais uma vez reforça hábitos alimenta-res positivos, oferecendo a seus alunos, por meio dos serviços da cantina escolar, um car-dápio nutritivo e diversificado.

Durante esse processo de estudo inves-tigativo dos usos de plantas medicinais, algumas hipóteses levantadas foram com-provadas e outras refutadas, envolvendo usos e cuidados com a automedicação, inclusive aquela proveniente do consumo diário de chás sem orientação médica. Conhecimento que gera vida, pois reflete na observação e reflexão de costumes do âmbito familiar.

O Projeto Horta Vertical proporcionou um significado de alta relevância pessoal e so-cial no processo de formação dos alunos do CSCM-BH. Por meio dele, os alunos puderam refletir sobre ações simples ao alcance de todos, capazes de proporcio-nar e/ou melhorar o equilíbrio não só do corpo físico, mas também emocional e social, além de desenvolver, nos estudan-tes, atitudes que requerem persistência, criatividade, organização, compromisso, capacidade de trabalhar em colaboração, flexibilidade de raciocínio e gosto pelas di-ferentes disciplinas.

CAEP

PROFead. Programa de formação e educação a distância – Rede Sagrado Coração de Maria. Metacognição e autorregulação da aprendizagem. CAEP/SCCE. 2012.

Texto base da campanha da Fraternidade. Fraternidade e Saúde Pública. Que a saúde se difunda sobre a Terra. 2012.

rEfErênCiAs:

ConsultAs rEAlizAdAs:

Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 156 p

Diálogo – Revista do Ensino Religioso. N° 64 – Outubro/Dezembro 2011.

Jornal Estado de Minas. 14 de maio de 2012. Caderno Agropecuário – Dona Horta.www.hortavertical.com.br www.sistemashidropônicos.com.br

Horta vertical

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bSb

ProjEto PArAquEdAS utilizAção dE ConCEitos físiCos nA

Construção dE um PArAquEdAs EfiCiEntE

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William santos Junior1

1 - Prof. William Santos - Licenciatura plena em Física pela Universidade Católica de Brasília. Mestrando em ensino de Física na Universidade de Brasília. Experiência de 10 anos ministrando aulas de Física para o Ensino Fundamental e Médio

MORIN, E. A Cabeça Bem Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.

HERNANDEZ, R. & VENTURA, M. A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.

rEfErênCiAs:

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Sendo docente na disciplina de Física há alguns anos, observo a dificuldade dos alunos em estabelecer conexões entre conceitos estudados tão importantes para o aprendizado dessa ciência.

Historicamente, a compartimentalização do conhecimento se fez necessária no momento em que se massificou o ensino, no intuito de torná-lo mais acessível. Mas produziu no estudante a falsa impressão de que a ciência é fragmentada, dificultan-do ainda mais a construção das relações.

Os livros didáticos, muitas vezes, apresen-tam conceitos completamente isolados e, em sua aplicação, quase sempre despre-zam fatores importantes que influenciariam na consecução de resultados. Isso aumen-ta a dificuldade do educando e também do educador em contextualizar, ou seja, fazer a ligação do conceito com o dia a dia.

Para tentar rever essa compartimentali-zação, uma saída é a aprendizagem por projetos, que tem como objetivo: dar signi-ficado à aprendizagem, aplicar os conceitos abordados em sala de aula e compreender a construção do conhecimento. Ao elaborar um projeto, o professor deve questionar-se:

“como e por que eu devo trabalhar tal as-sunto? Como torná-lo acessível? Como tor-ná-lo significativo para os aprendentes?“.

Pensando nisso e com o intuito de aplicarmos conceitos estudados em sala, propus aos es-tudantes um trabalho relacionando Leis de Newton, resistência do ar, atrito e cinemática.

O projeto, denominado: “Projeto Paraque-das – Utilização de Conceitos Físicos na Construção de um Paraquedas Eficiente”, consistiu na confecção de um paraquedas que seria acoplado a um corpo de 150g e lançado de uma altura equivalente a um prédio de 3 andares (9 metros). O protótipo deveria ser confeccionado por uma dupla de alunos, utilizando apenas materiais recicla-dos, sem nenhum motor, gás ou nada que pudesse influenciar nos resultados. No dia dos lançamentos, cada dupla teve direito a três lançamentos por paraquedas, descar-tando-se os dois menores tempos de queda.

Para a confecção, os alunos até pesqui-saram modelos prontos na internet, mas, com o tempo, observaram que a melhor forma seria a empírica: “tentativa e erro”. Desde a apresentação da proposta até o dia dos lançamentos, foram aproximada-

mente 45 dias, ou seja, tempo suficiente para errarem e acertarem bastante.

Cada dupla elaborou um relatório em duas etapas: a primeira, 20 dias antes do lança-mento, constituiu-se da apresentação dos materiais utilizados, descrição da elabora-ção do modelo e apresentação de um pro-jeto gráfico da elaboração. A segunda etapa aconteceu após o lançamento, as duplas apresentaram suas conclusões, relacio-nando os conceitos estudados em sala com os resultados obtidos com a prática.

Os testes com os paraquedas foram realiza-dos na escola. O horário da prática coincidiu com a saída dos alunos da Educação Infantil, proporcionando um pequeno espetáculo, bas-tante ovacionado pelos pais e pelos pequenos.

O projeto proporcionou uma competição saudável a partir da comparação entre os melhores tempos. A dupla com o maior tempo ganhou o prêmio “Mabel de Física”, uma analogia ao Nobel de Física. As es-truturas construídas pelos alunos supera-ram qualquer expectativa: vários tipos de papéis, plásticos, formas e até camadas duplas de tecido foram utilizados por eles, que exercitaram bastante a criatividade.

Frequentemente, em ambientes escolares e fora deles, fala-se da falta de interesse de estudantes e da dificuldade de aprendiza-gem em Física. Ao trabalhar com projetos, temos a oportunidade de promover a cons-trução de significados relevantes, relacio-nando a realidade, o dia a dia das pessoas a conceitos e fenômenos.

Respondendo a questões clássicas como: “para que serve isso?” “Quando utilizarei

isso na minha vida?” A Física experimental visa à investigação das propriedades da ma-téria e de suas transformações, geralmente realizadas em condições laboratoriais uni-versalmente repetíveis.

O experimento realizado durante o projeto demonstrou didaticamente, com aparelha-gem simples, o movimento de queda livre, possibilitando aos estudantes aprenderem experimentalmente a cinemática do mo-

vimento retilíneo uniformemente variado (MRUV) e a matemática associada.

Compreender a necessidade de estimular e desafiar estudantes secundaristas é tam-bém provocar reflexões metodológicas a partir da zona de conforto do professor, pos-sibilitando o questionamento de práticas e a revisão de conceitos.

CoNCLuSÃo

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Projeto Paraquedas

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RJ

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POESIA E CANTORIA

PROJETO INTERDISCIPLINAR DE LÍNGUA PORTUGUESA, CULTURA POPULAR E ARTES

Gisela Ribeiro da Silva1

1 - Pedagoga, professora do Ensino Fundamental e especialista em Alfabetização de Jovens e Adultos pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).2 - Na língua iorubá “amapô” quer dizer “mulher” e “ocó”, “homem”. Nome dado ao grupo exaltando a inclusão de homens na EJA em 2012. Este nome exigiu pesquisa na internet e votação entre os alunos.

BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2006.

BRASIL. Lei n. 9.394, de 20/12/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. DOU, 23/12/1996.

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.

CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Entendendo o folclore. Rio de Janeiro, março de 2002. Disponível em: www.cnfcp.gov.br. Acesso em: 16/04/2013.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1987, p. 78-9

REFERÊNCIAS:

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Poesia e Cantoria

O Projeto Poesia e Cantoria trabalhou a lin-guagem por meio das cantigas populares, cordéis e repentes, visto que a literatura popular é instrumento fundamental para a formação do educando. O projeto visou tam-bém aumentar o interesse, a reflexão e a motivação dos alunos por meio da leitura, da escrita e da musicalidade, quebrando o pa-radigma de que a linguagem popular é infe-rior. Sem a pretensão de formar músicos, os alunos foram levados a resgatarem cirandas populares, cordéis e repentes relacionados à vida deles e passaram a conhecer esse material como patrimônio cultural.

A presença da música na EJA é importante, pois contribui para o enriquecimento do ensi-no. A cantoria desenvolve o campo da leitura e da escrita. Por meio da cantoria, busca-se a transformação individual, sensibilizando o aluno enquanto se faz o resgate de sua memória musical. Não se pode transformar nada sem passar pela cultura, não se pode dar identidade sem isso, porque a cultura diz quem somos. No conjunto do projeto, a Língua Portuguesa e as Artes se fortalecem como uma perspectiva a ser compreendida e assumida enquanto finalidade das práticas educativas emancipatórias.

O compartilhamento da proposta de trabalho com os alunos, fornecendo uma visão geral do processo a ser desenvolvido, é o ponto ini-cial para com eles buscarmos os caminhos e o repertório inicial de cantigas. Esse momen-to tem grande importância, pois é quando o interesse e a curiosidade serão aguçados. Foram valorizados os conhecimentos prévios dos alunos, aqueles que, jovens e adultos, ad-quiriram em suas experiências de vida sobre o assunto, conhecimento importante para relacioná-lo intencionalmente ao que se quer ampliar é desenvolvido por meio de rodas de conversa, troca rica de ideias.

Considerando a heterogeneidade dos alunos em níveis de conhecimento, a faixa etária de jovens e adultos e as necessidades especiais

de alguns, as atividades se desenvolveram de forma bem abrangente. Foram propostas estratégias bem diversificadas, como aulas dialogadas, projeção de vídeos, leitura de textos impressos, redações coletivas e indi-viduais, pesquisas na internet, confecção de mural de fotos, exercícios rítmicos com ins-trumentos de percussão e corda, confecção do estandarte do Grupo Nação Amapô Ocó2, instrumentos de sucata, adereços e roupas para as apresentações.

A sistematização do conhecimento consis-tiu na retomada do percurso, organizando os principais debates, por meio de registros escritos e visuais, promovendo a apropriação das aprendizagens desenvolvidas pelos alu-nos e permitindo a toda comunidade escolar uma visão geral do trabalho, com os avanços e as dificuldades encontradas. Na culminân-cia do projeto, durante a Mostra Pedagógica, os trabalhos, a exposição de fotos e a apre-sentação do Grupo Nação Amapô Ocó2 coro-aram nossos esforços.

A avaliação constituiu-se de observação contínua do desempenho global dos alunos nas etapas, observando a manipulação dos instrumentos, a confecção dos trabalhos, os avanços nas relações interpessoais, os avanços das expressões oral e escrita e a coordenação motora. O interesse maior foi motivá-los e encorajá-los a experimentar instrumentos musicais nunca manuseados, a não desistir, a prosseguir sempre com os estudos e a não temer o novo.

Este projeto mostrou-se de extrema rele-vância, pois exigiu dos alunos a ativação de conhecimentos e um grande envolvimento participativo. O resultado final dos trabalhos escritos, musicais e manuais foi excelente. As linguagens da Língua Portuguesa e das Artes foram reinventadas no cotidiano. Por meio das atividades desenvolvidas, passamos a co-nhecer mais a cultura brasileira, agora “não mais entendida como um conjunto aleatório de comportamentos, mas sim como sistemas

de significados permanentemente atribuídos pelos homens e mulheres ao mundo em que vivem” (CAVALCANTI, 2002). Observa-se que, para tanto, algumas questões somaram pon-tos. O diálogo entre as disciplinas e a opção pelo tema contribuíram para o sucesso. Os alunos sentiram-se envolvidos ao reconhe-cer o que já conheciam, conhecer o novo e trabalhar com aspectos da cultura brasilei-ra. O papel da professora como mediadora e aprendiz contribuiu no processo, pois os alu-nos sentiram-se mais à vontade. A organiza-ção do projeto também contribuiu para que a socialização do conhecimento acontecesse.

Não importa se somos desafinados, muitas vezes fora do ritmo ou musicalmente limi-tados, o importante é percebermos que o ritmo da cantoria é um ritmo subordinado à palavra, à frase e ao texto. O importante é so-nhar com o diferente, visando ao crescimento intelectual dos alunos. Acreditamos que o professor tem que ser um empreendedor da educação, beneficiar-se da criatividade, fazer da sala de aula um espaço de pesquisa, ter fé e acreditar, porque só assim teremos força para seguir em frente e viver uma educação libertadora. Ouvir os alunos, buscar a sua re-alidade, descobrir seus anseios, tudo isso é meio caminho percorrido para encontrar al-ternativas positivas e quebrar as algemas de uma educação opressora.

Dessa maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando, que, ao ser educado, também educa (...). Já agora ninguém educa, ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo. (FREIRE, 1987)

De acordo com a perspectiva de Paulo Freire, a educação aceita os riscos humanos sem medo de cometer erros, porque os erros nes-sa visão são novas alternativas para redire-cionamento do processo.

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ubá

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CoNStruÇÃo dE joGoS

MAtEMátICoSAPrEndizAGEm solidÁriA

Professor Evandro Ávila 1

1 - LARA, e Ávila, Evandro de. Licenciado em Matemática pela Universidade Federal de Viçosa. Mestre em Estatística Aplicada e Biometria pela mesma instituição. Professor de Matemática do 9º do Ensino Fundamental 2 à 3ª série do Ensino Médio e Coordenador de área de Matemática no Colégio Sagrado Coração de Maria, Ubá - MG.2 - O projeto Vida Irmã Maria de Aquino é uma iniciativa do CSCM-Ubá e do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria que busca dar uma resposta à carência vivenciada no município, principal-mente por crianças e pré-adolescentes. Carência relacionada à desestruturação familiar, violência doméstica, uso de drogas, envolvimento com o tráfico, pobreza, analfabetismo, inexistência de campanhas educativas/preventivas e, principalmente, desconhecimento de direitos básicos.

SPODEK, B & SARACHO, O.N. Ensinando crianças de 3 a 8 anos. Porto Alegre: Artmed, 1998.

Rede Sagrado – Colégios Sagrado Coração de Maria. Proposta Curricular De Matemática. Belo Horizonte. CAEP, 2012.

rEfErênCiAs:

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Construção de Jogos matemáticos

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O Colégio Sagrado Coração de Maria de Ubá, fiel aos valores e aos princípios que o sus-tentam em sua história centenária, insere--se na sociedade ubaense por meio de ações concretas de solidariedade e partilha na busca constante da qualidade na educação. Conscientes da missão dos fundadores dessa casa, Pe. Jean Gailhac e Ir. Saint Jean, unimo--nos a serviço da vida e contra injustiças que promovam a exclusão social. Acreditamos que oferecer uma educação de excelência para nossos estudantes é proporcionar-lhes formação acadêmica e humana, desenvol-vendo neles autonomia, proatividade, critici-dade e capacidade de autorregulação.

Dentro desse contexto, propusemos aos alu-nos do 9º ano do Ensino Fundamental à 2ª sé-rie do Ensino Médio, um projeto para a cons-trução de jogos educativos de matemática com o objetivo de desafiar os alunos a apren-derem construindo e compartilhando sabe-res. Associamos a esse objetivo a proposta de levarmos os jogos construídos para as crianças em idade de educação infantil assis-tidas pelo Projeto Vida Irmã Maria de Aquino2 e ensiná-las a como utilizá-los. A ideia de unir a construção dos jogos pelos alunos do colé-gio à utilização dos mesmos pelas crianças do projeto surgiu devido à nossa certeza de que a falta de ferramentas, jogos e brincadei-ras nas escolas regulares (onde as crianças do projeto estão matriculadas) pode compro-meter o aprendizado significativo delas. Se-gundo a Proposta Curricular de Matemática da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria, “a instituição de educação infantil pode ajudar as crianças a organizarem me-lhor as suas informações e estratégias, bem

como proporcionar condições para a aquisi-ção de novos conhecimentos matemáticos.” Tais organizações implicam a construção de esquemas mentais fundamentais para o desenvolvimento da inteligência ao longo da vida humana, e a fase da primeira infância é muito importante nesse processo. Por isso, a qualidade das experiências ofertadas em jo-gos, brincadeiras ou desafios constitui a base de um longo e complexo processo de apren-dizagem e desenvolvimento humano. “Os jo-gos são um tipo diferente de brincadeira. Eles são altamente estruturados e incluem regras específicas a serem sugeridas.” (Spodek & Saracho, 1998, p. 217).

A partir dessa ideia, o projeto iniciou-se com a formação de grupos de quatro a seis estu-dantes, com o propósito de desenvolver jogos que pudessem ajudar na aprendizagem da matemática, em especial, no segmento da Educação Infantil. Para isso, os estudantes colheram depoimentos das professoras do segmento relatando as principais dificulda-des no ensino da matemática. Os depoimen-tos geraram discussões e debates ao fim dos quais as conclusões foram sistematizadas, ideias criativas foram compartilhadas e as tarefas definidas. Encerrado o prazo para confecção dos jogos, os trabalhos foram ex-postos na quadra do colégio onde, além de vistos e apreciados por todos, foram analisa-dos por uma equipe avaliadora composta por professores e coordenadores do CSCM - Ubá que, com olhar crítico, prático e especialista, avaliou os trabalhos a partir de critérios pré--estabelecidos pelo coordenador da área de Matemática, tais como durabilidade do tra-balho, aplicação matemática, criatividade,

praticidade, adequação do tipo de material utilizado ao público-alvo, dentre outros.

Por fim, dez trabalhos foram premiados. Os projetos “A vila” e “Dominó” receberam o 1º lugar e os autores foram convidados a aplicá--los com as crianças do Projeto Vida Ir. Maria de Aquino. O trabalho nomeado “A vila” con-siste em um jogo de trilha em que a criança é desafiada a percorrer um caminho com obstáculos matemáticos a serem resolvidos. Já o trabalho Dominó oferece a oportunidade de as crianças associarem os algarismos às quantidades de bolinhas tendo como regra básica o tradicional jogo de Dominó. Distribu-ímos ainda medalha de prata e bronze para os trabalhos “Passos matemáticos” e “Su-doku”, “Amarelávila” e “Escola de Matemáti-ca”, respectivamente.

A realização do projeto comprovou que a bus-ca por práticas inovadoras leva à construção da excelência, conforme estabelece nossa Missão. Percebemos que os estudantes, quando desafiados, descobriram aplicações e soluções para o melhor ensino da matemáti-ca. Fato que demonstra o desenvolvimento de competências e habilidades, como: ler e in-terpretar criticamente a realidade, criar, tra-balhar em equipe, solidarizar-se com o outro, etc. Capacidades que deles serão exigidas ao longo da vida. Às crianças do Projeto Vida, conseguimos mostrar que a Matemática não é a imposição de procedimentos e algoritmos sem significados praticados muitas vezes em sala de aula. Mostramos o quanto pode ser divertido ser desafiado e tivemos uma reci-procidade positiva das crianças quanto ao desenvolvimento do saber matemático.

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VIt

EM dEFESA dA VIdA

CiênCiA, tECnoloGiA E soCiEdAdE

Eldis maria sartori 1| luciana do nascimento rodrigues 2 | rivana souza Batista 3

1 - Professora de Química do Colégio Sagrado Coração de Maria (Vitória/ES) e mestranda em Química pela Universidade Federal do Espírito Santo. | 2 - Co-ordenadora de processos seletivos e professora de Química do Colégio Sagrado Coração de Maria (Vitória/ES). Cursa o mestrado em Química pela Universi-dade Federal do Espírito Santo. | 3 - Coordenadora da área de Ciências da Natureza e professora do Laboratório de Ciências do Colégio Sagrado Coração de Maria (Vitória/ES). Cursa o mestrado de Educação em Ciências e Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo.

Em consonância com o pesquisador em Edu-cação em Ciências Chassot (2000), acredi-tamos que a ciência é uma linguagem para facilitar a leitura do mundo. Entretanto, na vida cotidiana escolar, observam-se as difi -culdades dos alunos para compreenderem de maneira positiva esta disciplina e perce-berem sua importância para a sociedade. As relações entre Ciência, tecnologia e Socieda-de (CtS) na educação científi ca são conside-radas atualmente desafi os para as pesquisas do ensino. O projeto Ciência, tecnologia e

Sociedade em defesa da Vida realizado com alunos da 2ª série do Ensino Médio do Colégio Sagrado Coração de Maria – Vitória tratou da perspectiva CtS para formar uma concepção crítica e uma permanente transformação.

O projeto teve como principais objetivos:

• Promover a integração entre a educação superior e a educação básica de ensino;

• Reconhecer a importância dos pesquisa-dores e a aplicação dos seus projetos nas demandas sociais;

• Identifi car nos produtos tecnológicos os con-ceitos das várias áreas do conhecimento bus-cando compreender a integração das ciências;

• Informar aos alunos a existência de Co-mitês de Éticas em Pesquisas para propi-ciar refl exões sobre os limites que a ética estabelece à elaboração e ao emprego do progresso da ciência.

A concepção do projeto foi motivada, entre outras coisas, pelo desejo de fomentar a au-torregulação da aprendizagem nos educan-

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CHASSOT, A. I. Alfabetização científi ca: questões e desafi os para a educação. IJUI: UNIJUI, 2000.

HAVEN, K. As cem maiores descobertas científi cas de todos os tempos. São Paulo: EDIOURO, 2008.

ROSÁRIO, P. S. L. et al. Auto-regulação em crianças sub-10 projecto Sarilhos do Amarelo. Porto: Porto Editora, 2007.

rEfErênCiAs:

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Ciência, tecnologia e sociedade

dos. O pesquisador Rosário (2007) nos lem-bra que a aprendizagem deve ocorrer como um processo ativo, pois a consciência do aprendiz é que o torna capaz de estabelecer objetivos que vão orientar sua aprendizagem e seus esforços para alcançá-la, por meio do seu monitoramento, motivações e controle de seus processos.

Nesse sentido, os educandos escolheram, ana-lisaram e avaliaram pesquisas com cunho cien-tífi co, tecnológico, social e ambiental. Discus-sões, pesquisas e refl exões que propiciaram o desenvolvimento de processos metacognitivos de “aprender a aprender” que contribuem para a formação de sujeitos autônomos e críticos.

O PASSO A PASSO

O projeto foi desenvolvido com uma turma de 2ª série do Ensino Médio, com aproxima-damente 42 alunos. A turma foi dividida em nove grupos. O trabalho foi realizado no perí-odo de três trimestres. No primeiro trimestre, os alunos foram levados a pesquisar notícias em revistas que apontassem paradoxos exis-tentes entre os benefícios e os malefícios do desenvolvimento científi co e tecnológico na sociedade em que vivemos. Um dos textos utilizados como ferramenta para refl exão dos alunos foi “A Ciência não tem sentido senão quando serve aos interesses da humanida-de”, do cientista Albert Einstein.

Os educandos foram levados a refl etir por meio deste e de outros textos sobre a neces-sidade de sermos críticos em relação ao que

lemos, ao que ouvimos e ao que se divulga como sendo “avanço científi co e tecnológi-co”, pois a ciência não é neutra nem ingênua. Como síntese do debate e da refl exão fo-mentados pelas professoras, cada grupo foi desafi ado a elaborar um cartaz com o título “O VERSO E O REVERSO DA CIÊNCIA”, utili-zando colagem de imagens selecionadas de revistas e jornais usados, mostrando essas duas vertentes da Ciência. Ainda no primeiro trimestre, os alunos foram a campo conhe-cer de perto os processos realizados por uma indústria mineradora da região, a Samarco. Nessa visita técnica, foram observadas as relações entre o desenvolvimento científi co, tecnológico e a sociedade.

A atividade investigativa no segundo trimes-tre teve como objetivo apresentar situações--problema de diferentes áreas do conheci-mento e favorecer a refl exão dos educandos sobre a relevância das situações propostas para a compreensão de alguns fenômenos naturais e da produção tecnológica. Nessa etapa, apresentamos aos alunos o livro do autor Kendall Haven “As cem maiores desco-bertas científi cas de todos os tempos”.

Cada grupo escolheu uma das cem maiores descobertas científi cas da humanidade rela-tadas no livro e avaliou a descoberta segundo alguns critérios, estabelecidos pelas profes-soras. Ao término dessa investigação, cada grupo apresentou a descoberta escolhida para a turma: a vacina, o efeito Doppler, os antibióticos, o genoma humano. Os grupos

expuseram os impactos sociais, tecnológicos e ambientais que essas descobertas susci-taram no desenvolvimento das Ciências e da própria sociedade.

Com o objetivo de aproximar os alunos da realidade acadêmica da Universidade Fe-deral do Espírito Santo (UFES) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo (IFES), deu-se início à tercei-ra etapa da investigação. Os professores, em uma reunião da área de Ciências da Nature-za, trouxeram alguns projetos desenvolvidos no campo acadêmico dessas instituições, que foram selecionados e apresentados aos alunos como trabalhos com ênfase na inves-tigação descritiva e/ou classifi catória.

Os grupos de estudantes receberam orien-tação para escolher um dos projetos de pes-quisa selecionados e para entrar em contato com os pesquisadores da UFES e do IFES a fi m de conhecerem os trabalhos. Após a vi-sita, cada grupo apresentou a pesquisa sele-cionada para a turma e cada aluno avaliou, em uma escala de 1 a 5, o real benefício da pesquisa para a sociedade. A apresenta-ção das investigações foi organizada em um painel com ilustrações e sínteses. O encer-ramento do projeto contou com a presença dos alunos da 1ª série do Ensino Médio, dos pesquisadores da UFES e do IFES, que fi ze-ram um breve relato sobre seus projetos de pesquisa, todos visando a resultados ecologi-camente corretos, economicamente viáveis, socialmente justos e culturalmente aceitos.

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dos alunos da 1ª série do Ensino Médio, dos pesquisadores da UFES e do IFES, que fi ze-ram um breve relato sobre seus projetos de pesquisa, todos visando a resultados ecologi-camente corretos, economicamente viáveis, socialmente justos e culturalmente aceitos.

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AS INtErCAMbIStAS

“if i CAn mAkE it tHErE i’ll mAkE it AnyWHErEit’s uP to you, nEW york, nEW york”

No final de 2012, selecionamos quatro alunas de nossos colégios para participarem do I Intercâmbio Internacional da Rede Sagrado – CSCM. As alunas selecionadas tiveram a oportunidade de, durante um mês, frequentarem as aulas em nossa escola de Nova Iorque, o Marymount College.

A seguir estão trechos dos depoimentos de cada uma das meninas sobre a experiência. A íntegra dos textos pode ser lida no site da Rede Sagrado CSCM - www.redesagrado.com.br

intercâmbio

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tErESA MACIEL - CSCM VItórIAA oportunidade de intercâmbio oferecida pela Rede Sagrado Coração de Maria este ano foi a minha última chance de participar dessa experiência antes do terceiro ano do ensino médio e, ainda, colocar em prática o inglês aprendido.

A viagem para Nova Iorque foi muito tranqui-la, pois já havia tido contato com as brasilei-ras e tivemos toda a assistência da agência

de intercâmbio e das escolas, tanto no Brasil como nos Estados Unidos. Saindo do aero-porto, fomos direto para o prédio da Mary-mount. Ele fica na Quinta Avenida, tem seis andares e é muito bonito, uma antiga man-são. Ficamos no primeiro momento com as coordenadoras e alunas representantes do corpo estudantil, que nos mostraram a es-cola, nos deram as nossas carteiras de es-

tudante, passes de metrô, o computador e a saia xadrez.

Uma das aulas que as juniors têm (eu e Fer-nanda Vasques) é de literatura britânica. Um trabalho que tivemos que fazer foi uma pa-ródia ao famoso monólogo de Hamlet “ser ou não ser”. O tema era de escolha livre e eu fiz sobre “ser ou não ser uma intercambista em NYC”:

“To stay: to go;No more; and by going to NYC we start

The yellow cabs and the thousand of Chinese restaurants

That crazy capitalism and all the consumism

Devoutly to be wish’d. To stay, to go;

To go: perchance to dream: ay, there’s the Statue of Liberty;

For in that city of snow what dreams may come

When I be away of this warm country,

Must give us pause: there’s the breakfast with bacon and eggs

That makes shorter our so long life;

(...)

And lose 10 years when see all white.--Soft this snow!

The delicious Big Apple! Thank you for your piece,

Be all this month remember’d”.

“Ficar: ir;Sem mais, e, indo para NYC começamos

Os táxis amarelos e os milhares de restaurantes chineses

Aquele capitalismo louco e todo o consumismo

Devotamente desejar. Ficar, ir;

Ir: talvez sonhar: ah, há a Estátua da Liberdade;

Para naquela cidade de neve que os sonhos podem vir

Quando eu ficar longe deste país quente,

Uma pausa: há o café da manhã com bacon e ovos

Que torna mais curta a nossa tão longa vida;

(...)

E perder 10 anos, quando vir tudo branco - Suave essa neve!

A deliciosa Grande Maçã! Obrigada pelo seu pedaço,

Seja todo este mês lembrado “

Elos

2020

FErNANdA dAVId – CSCM rj

FErNANdA VASquES – CSCM brASíLIA

Ter tido a oportunidade de representar o Co-légio Sagrado Coração de Maria do Rio de Ja-neiro em Nova Iorque, mais precisamente no Colégio Marymount, foi uma experiência sin-gular, um sonho realizado.

Nas semanas iniciais, em solo americano, o maior inimigo foi o frio, com temperaturas

negativas. Porém, estávamos bem equipadas e as famílias anfitriãs fizeram questão de em-prestar casacos e aumentar a calefação em casa! Fui muito bem recebida, tanto pela es-cola quanto pelas pessoas da casa, todos es-tavam extasiados com a nossa presença e se mostraram bastante acolhedores.

Os momentos religiosos foram muito sig-nificativos e emocionantes. Logo no nosso segundo dia, participamos de uma missa de aniversário da escola e nossa presença foi anunciada pela diretora para toda a comuni-dade educativa. Tudo era lindo: a capela, o co-ral, as músicas e os rituais.

Para escrever esse artigo recorri ao meu di-ário do intercâmbio, mas não porque esqueci minha experiência lá, de jeito nenhum! Decidi ler o meu diário para reviver Nova York, reviver Marymount e reviver o intercâmbio, e assim tentar lhes passar melhor um pouco do que eu vivi. Jamais essa tão sonhada aventura que o Sagrado, Marymount e New York City me proporcionaram vai sair da minha cabeça. O quanto eu aprendi e cresci em apenas um mês foi surpreendente, e quando digo aprendizado não me refiro somente ao que estudei na es-cola e à intensiva prática de falar inglês.

A escola era uma linda mansão, com lustres e escadarias elegantes e com enormes janelas pelas quais podíamos ver o Metropolitan Mu-

seum, o Central Park e, em alguns dias, a neve caindo e todas as árvores com aquela linda camada branca sobre elas. O sistema educa-cional é diferente; então, estudava apenas sete matérias e tinha horários livres em meio ao período escolar que começava de manhã e se estendia até o meio da tarde; quem muda de sala são as alunas, então subia vários lances de escada para chegar a uma sala e depois de 45 minutos de aula descia novamente para as-sistir à outra aula. As missas comemorativas eram celebradas em uma igreja maravilhosa à qual íamos a pé da escola.

Para mim, há algo diferente naquela cidade, algo incrível, que é perceptível na mais sim-ples tarefa de andar pelas ruas; quase como

algo mágico que te inspira a cada segundo. Andei muito pelas ruas tanto para ir e voltar da escola quanto para aproveitar essa sen-sação e sempre que podia, visitava o Central Park para apreciar sua pacata paisagem de inverno. Essa experiência toda me passou mais segurança, confiança e maturidade para encarar o mundo. Foram tantas experiências diferentes, difícil até de relatar. Ao relembrar tudo, me sinto honrada de ter sido parte de algo tão grande. Ao ler as palavras que escrevi enquanto estava lá, as mais marcantes refle-tem liberdade, independência e aprendizado, aprendizado de vida.

intercâmbio

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MArIA CLArA – CSCM bHNova York é a cidade mais populosa dos Esta-dos Unidos e muito importante mundialmen-te, mas, para mim, Nova York se tornou mais que isso, em um mês, a cidade passou a ser minha casa, meu lar, e, desde então, é difícil dissipar a energia que a cidade deixa em quem permite ser conquistado por ela. Frank Sinatra escreveu “I wanna wake up in the city that ne-ver sleeps, And find I’m king of the hill” e não há palavras que descrevam melhor a sensa-ção de estar em Nova York. Depois de ter sido selecionada como a representante do Sagrado Coração de Maria de BH que iria participar do primeiro intercâmbio da Rede, começaram os

preparativos e a ansiedade por não saber o que me esperava.

Marymount School of New York é uma esco-la católica só para meninas localizada na 5th Avenue, organizada de forma diferente das escolas brasileiras. Academicamente, as matérias que estudei são muito semelhantes às que tinha estudado no Brasil. Cada aluna recebeu seu próprio laptop para usar durante as aulas e em casa para fazer anotações, ati-vidades, trabalhos e cada professor tinha sua forma de explorar a matéria com os recursos disponíveis na internet. Ao longo do dia tínha-mos diversos free periods nos quais podíamos

fazer os deveres e conversar com as outras alunas. Geralmente, íamos para a tea house, onde ficam os escaninhos e algumas mesas e também chás, chocolate quente, frutas e ou-tras coisas à disposição das alunas.

É claro que também tiramos um tempo para aproveitar a cidade como turistas. As outras brasileiras e eu fomos ao Metropolitan Mu-seum que é muito conhecido e possui lindas obras, assistimos ao musical Annie na Bro-adway, que se passa na cidade de Nova York e cuja maior parte do elenco é composta por crianças. Também fomos conhecer a famosa Times Square e fazer compras no Soho.

Elos

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Projetos sociais

ProjEtoS SoCIoEduCAtIVoS:

que educação é essa?mercês Ambrosio 1

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Há algum tempo eu trabalhava com um texto do antropólogo e educador Carlos Rodrigues Brandão, intitulado “Ciço, o que é educação?” Nesse texto, Brandão, por meio da fala de um camponês, contrapõe a educação “dos professor”, como diz Ciço, e a educação que era então possível a um homem do campo pretender exibir. E são as condições socioe-conômicas e de acesso à cultura que definem tal pretensão.

Se uma criança/adolescente tem condições socioeconômicas favoráveis; tem em casa um ambiente propício à leitura, ao cultivo da musicalidade, aberto a novos conhecimentos, aberto ao outro; se tem uma família, seja ela de que formato for, que lhe dê apoio e recursos para se conhecer e desenvolver seu potencial, ela/ele se beneficiará de todos os recursos disponíveis na escola formal. Se o cenário for bem diverso e essa criança/adolescente não dispuser das condições socioeconômicas e culturais acima sugeridas, mas, pelo contrá-rio, for membro de uma família de perfil social hoje classificado como “vulnerável”- próximo à linha da pobreza, em todos os sentidos, sua chance de aproveitar os recursos culturais, tecnológicos e de conhecimento acumulado na escola formal, será bastante limitada Em uma sociedade que é fruto da organização de um sistema que gera exclusão e desigual-dade, a realidade de milhares de crianças e adolescentes é, por conseguinte, de exclusão e desigualdade.

No Brasil, a partir da promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), a situação de vulnerabilidade de crianças e adolescen-tes das classes empobrecidas tem sido uma prioridade assumida pelos governos - até por ser constitucional – mas, principalmente por pressões exercidas por aqueles segmentos historicamente envolvidos com a luta pelos direitos de minorias. Os projetos socioedu-cativos se inserem nos programas voltados à educação e ao cuidado com esses seres em desenvolvimento.

O qUE SãO PROJEtOS SOCIOEdUCAtIVOS?

Em consonância com as diretrizes do ECA e com a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), essas ações representam iniciativas de proteção social básica, de caráter preven-tivo e referem-se ao atendimento socioedu-cativo em meio aberto, junto a crianças e a adolescentes. Privilegiam a convivência fami-liar e comunitária para o atendimento desse público, especialmente àqueles em situação de vulnerabilidade social. Considerando as especificidades locais, propõem-se ativida-des socioeducativas, como: inclusão digital, acesso ao lazer, esporte, segurança alimentar, oficinas de artes, apoio pedagógico, teatro, artesanato, capoeira, dança, música, dentre outras, realizadas principalmente no contra turno da escola formal, visando à formação e à proteção integral das crianças e adolescentes envolvidos.

De acordo com a Tipificação Nacional de Ser-viços Socioassistenciais (MDS, 2009), a Provín-cia Brasileira do Instituto das Religiosas do Sa-grado Coração de Maria (IRSCM) elaborou, em 2008, o Diretório de Ações Socioassistenciais - Manual para realização de projetos e serviços sociais, que regula essas ações na instituição, com ênfase no resgate da cidadania:

“Todas as ações devem ser avaliadas pelos usuários, educadores, familiares e pessoas envolvidas na organização das mesmas... As unidades deverão manter a participação nas instâncias de controle social e articulação do trabalho em rede, estimulando a adesão dos usuários e familiares.”

Trata-se de ações que trabalham a dignidade e a autoestima dos adolescentes e crianças envolvidos; o conhecimento, valorização e in-serção na cultura dos grupos e etnias a que eles pertencem. Na estrutura organizacional da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria, rede pertencente ao IRSCM, cabe aos colégios manter e acompanhar os proje-tos socioeducativos: são os Projetos Vida. O

IRSCM, por meio da Rede de Ação Junto aos Excluídos (REAJE), coordena esses projetos mais o Centro Educacional Comunitário Bom Pastor, em Curvelo/MG, sob o aspecto da pro-posta e da metodologia de trabalho social aí praticada, além disso, atua em parceria com outros projetos sociais e outras redes.

O escopo teórico e a prática dos projetos so-cioeducativos confere a eles um caráter pró-prio de educação, diferenciado da escola for-mal. Não se trata apenas de um espaço para afastar crianças e adolescentes das drogas, ou apenas um lugar onde eles possam ficar no contra turno escolar, com alimentação adequada e gente para “vigiá-los”. Crianças e adolescentes - se já iniciam a vida com menos do que lhes seria de direito exigir, como seres humanos pertencentes a uma sociedade hu-mana organizada e relativamente próspera – têm direito a bem mais que isso. Têm direito a ter acesso e a usufruir da cultura e do desen-volvimento tecnológico na sociedade em que vivem e são contados como pertencentes; têm direito, portanto, a tudo o que qualquer criança ou adolescente pode almejar. E é com isso que os projetos socioassistenciais se propõem a contribuir para concretizar.

Mas, indaga Ciço, é possível fazer diferente? A uma provocação de Brandão, ele contrapõe sua reflexão:

“Ciço, e uma educação dum outro jeito? Um saber pro povo, do mundo como ele é?” Esse eu queria ver explicado... Aí o senhor diz que isso ‘bem podia ser feito; tudo junto: gente da-qui, de lá, professor, peão, tudo’. Daí eu per-gunto. “Pode? Pode ser dum jeito assim? Pra quê? Pra quem?”

Elos

EduCAção... quAndo o sEnHor CHEGA E diz “EduCAção”, vEm do sEu mundo, o mEsmo, um outro. quAndo Eu sou quEm fAlA vEm dum outro lugar, de um outro mundo. Vem dum fundo de oco que é o lugar da Vida dum Pobre, como tem gente que diz... sabe? tem Vez que eu Penso que Pros Pobres a escola ensina o mundo como ele não é. (...)

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1 - Maria das Mercês Bonfim Ambrosio é Assistente Social, Mestre em Educação e tem a função de Coordenadora de Projetos Sociais na Rede de Ação Junto aos Excluídos (REAJE), setor do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria que tem como parte de sua missão propor “ações efetivas junto à criança, adolescente, juventude e mulher, promovendo seu protagonismo, na busca da transformação social, baseada na Justiça, Paz e Integridade da Criação”. 2 - BRANDãO, Carlos Rodrigues. Ciço, o que é educação? In: A questão política da educação popular – Projetos educativos. 4ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.

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Caep

1 - Prof. Waldemar Bettio - Bacharel em Filosofia e em Teologia; pós-graduado em metodologia do Ensino Médio; especialista em Ensino Religioso. Experiência como agente de pastoral e coordenação em colégios confessionais de BH; indigenista; membro do CAEP.

IRSCM. Educação Religiosa – da reflexão à ação solidária. 2ª Ed. Belo Horizonte: SCCE, 2007, p.5.

IRSCM. 5º Planejamento Participativo Trienal. Belo Horizonte: Província Brasileira, 2012, p. 15.

rEfErênCiAs:

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dA VIdA À VIdA.o Ensino rEliGioso nA rEdE sAGrAdo colégios sagrado coração de maria

Prof. Waldemar Bettio 1

O Ensino Religioso na Rede Sagrado – Co-légios Sagrado Coração de Maria é um dos quatro pilares que constituem o Serviço de Orientação Religiosa (SOR), junto e interligado com a Celebração da Fé, o Programa Social--Missionário e a Espiritualidade.

“Entendido como área de conhecimento, cujo objeto de estudo é o fenômeno religioso nas diversas tradições religiosas da humanidade, e resguardando o que diz a atual legislação, que assegura o respeito à diversidade religio-sa do país, procura superar qualquer atitude proselitista e favorecer o diálogo inter-reli-gioso”. Para tanto, tem como referências os seguintes documentos: Parâmetros Curricu-lares Nacionais do Ensino Religioso (PCNER) e o Programa de Ensino Religioso da Rede Sagrado (PER). O primeiro foi construído pelo Fórum Nacional Permanente do Ensino Reli-gioso (FONAPER), que reúne especialistas de diversas confissões religiosas referendados pelo Ministério da Educação (MEC). O segundo foi sistematizado pelos coordenadores e pelas coordenadoras do SOR dos diversos colégios da Rede Sagrado, assessorados por pedago-gas e teólogos.

Com tais referenciais, o Ensino Religioso dos colégios SCM propõe-se a valorizar a manifes-tação do Transcendente nos diferentes tem-pos, lugares e contextos e sua apreensão pe-los diversos povos e culturas, apreensão esta que gerou e continua gerando a diversidade religiosa da humanidade. A variedade de no-mes dados ao Transcendente, a influência dos grandes líderes religiosos e das muitas religi-ões ao longo da história, a multiplicidade de ri-tuais, festas e símbolos religiosos, a pluralida-de de valores que formam o ethos das várias expressões religiosas, a riqueza de conteúdo presente nas escrituras sagradas e tradições

orais, o sentido e a esperança que as religiões trazem à existência dos que creem... Tudo isso constitui um patrimônio cultural tão expressi-vo que, se desconhecido pelos estudantes, os empobreceria como indivíduos e cidadãos. Ao inserir esse patrimônio no âmbito escolar, o Ensino Religioso contribui para a formação in-tegral dos educandos, motiva-os a reconhecer e respeitar as diferenças, fornecendo a eles elementos para um posicionamento pessoal consciente, livre, responsável perante a vida, os outros, a realidade e o Transcendente.

Essa formação é construída de maneira gra-dual e sistêmica, respeitando as característi-cas das idades e dos estágios cognitivos dos estudantes. Assim, começa-se despertando a admiração pela natureza, pelo corpo humano, pelos entes queridos e pelas instituições pró-ximas (família, escola...); prossegue-se enfa-tizando atitudes, palavras, opções e ações de lideranças judaico-cristãs (Abraão, Moisés, Jesus, Pe. Gailhac, Mère Saint-Jean...), esta-belecendo-se relações com situações pesso-ais, grupais e sociais contemporâneas; termi-na-se com o conhecimento de cerca de vinte diferentes tradições e movimentos religiosos da humanidade, conectado a questões de Bio-ética, projeto de vida e protagonismo juvenil.

Os educandos são levados a se autoconstrui-rem como homens e mulheres consisten-tes, verdadeiramente humanos, capazes de promover “ações que visem a uma socieda-de economicamente justa, ecologicamente equilibrada, socialmente equitativa e soli-dária, politicamente democrática, cultural-mente pluralista e religiosamente ecumê-nica; uma sociedade em que todos sejam reconhecidos e respeitados em sua digni-dade humana e em suas diferenças, vivendo em fraternidade e sororidade”, de forma que

a vida em plenitude se faça realidade em tudo e em todos.

Trabalho tão rico é conduzido por professores e professoras especialistas com sólida for-mação acadêmica e se caracteriza por uma metodologia investigativa, dialogal e dinâmica, que valoriza as diferenças religiosas existentes nas turmas e busca estabelecer relações com as demais áreas de conhecimento. Graças a isso, o Ensino Religioso dos colégios SCM tem conquistado o interesse e o respeito dos alu-nos e de suas famílias.

Enquanto área de conhecimento e disciplina escolar, o Ensino Religioso dos colégios SCM visa contribuir para que os estudantes desen-volvam uma visão de totalidade da realidade, vislumbrando inclusive sentido no não sentido e esperança na desesperança. Afinal, ao lado do mito, da filosofia, da ciência, da arte e do senso comum, também a religião capta o real a partir de um ponto de vista específico, indo além das aparências, transcendendo a ima-nência e descobrindo nuances que às outras dimensões do conhecimento humano passam despercebidas. Por isso ela tem o que dizer e, por meio do reconhecimento mútuo e do diá-logo respeitoso, dá sua contribuição para que o desvelamento da verdade avance, seja em relação à natureza, ao ser humano, à história ou ao sentido da existência.

Concluindo, podemos afirmar que o trabalho realizado pelos profissionais do Ensino Religio-so nos colégios Sagrado Coração de Maria dá aos estudantes a confiança de que, se agirem de acordo com as orientações, conhecimentos recebidos e ações praticadas, sendo crentes ou não, estarão realizando a vontade do Trans-cendente – como quer que o nomeemos – e a intenção profunda de todas as religiões.

Elos

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reaje

rEAjErEdE dE Ação soCiAl Junto Aos EXCluídos

1 - Capítulo Geral 2007

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Elos

DE ONDE VIEMOS...

Ao chegar ao Brasil, em março de 1911, as pri-meiras Religiosas do Sagrado Coração de Ma-ria/ RSCM – portuguesas, coordenadas pela Ir. Maria de Aquino - assumiram a educação de crianças e jovens, abrindo os Colégios Sagra-do Coração de Maria em Ubá/MG, no Rio de Janeiro/RJ e, a seguir, em outras localidades. Apoiadas pela Igreja e abertas às necessida-des locais, procuraram atender a educação da classe média. Fiéis à inspiração e às orienta-ções do Fundador, Padre Gailhac, e da Irmã Saint Jean, instalaram, junto aos colégios, or-fanatos e escolas para crianças pobres.

A realidade do mundo e da Igreja foi mudando. O cenário do país também e outras necessi-dades surgiram na área social. Nas décadas de 1960/1970, a Igreja, motivada pelas con-clusões do Vaticano II, Medellín e Puebla, foi alertando a Vida Religiosa para uma resposta profética aos sinais dos tempos. Sensibilizada, a Província Brasileira ouviu o clamor do povo e se abriu, procurando ocupar outros espaços junto ao povo sofrido, tendo sempre diante de si a missão: “PARA QUE TODOS TENHAM VIDA”, sonho primeiro do Padre Gailhac.

Organizando-se em resposta a essas necessi-dades, e respeitando o sonho de “uma socieda-de economicamente mais justa, socialmente equitativa e solidária, politicamente democrá-tica, culturalmente pluralista e religiosamente ecumênica; uma sociedade onde todos(as) sejam reconhecidos(as) e respeitados(as) em sua dignidade humana e em suas diferen-ças1”, as RSCM formaram, em 1998, um grupo denominado EAJE – Equipe de Ação Junto aos Excluídos -, com o objetivo de refletir e articu-lar a questão dos(as) excluídos(as), pessoas que vivem em situação pessoal e/ou social

de risco e/ou vulnerabilidade. A proposta foi zelar pela fidelidade e continuidade do sonho e carisma de Gailhac, que ilumina toda nossa ação social e assim poder contribuir, de fato, para a conquista de uma vida mais digna para cada pessoa que participa conosco nas ações realizadas, de forma direta e em parceria com outras instituições movidas pelo mesmo ideal.

Após uma intensa caminhada de reflexão e trabalho, as RSCM perceberam a necessi-dade de ampliação da Equipe, para maior articulação entre os projetos e ações socio-assistenciais desenvolvidos. Para dar início a essa proposta de reestruturação, foram con-vidadas leigas com formações distintas para compor o grupo: assistente social, psicóloga e pedagogas, que contribuiriam com a Equi-pe, agregando outras experiências e assu-mindo a missão de formar a Rede de Ação Social. Assim sendo, no ano de 2010 surgiu a REAJE - Rede de Ação Junto aos Excluídos, com a proposta de apoiar e criar condições ao desenvolvimento de ações efetivas junto à criança, ao adolescente, à juventude e à mu-lher, promovendo o protagonismo de grupos e coletividades, na busca da transformação so-cial. Uma Rede que surgiu da necessidade de apostar na ação conjunta e em colaboração, para que se possa alcançar a justiça social, fomentando uma sociedade mais humana e fraterna a partir de cada ação realizada. Uma Rede que busca criar conexões e sinergia para transformar nossos sonhos em realidade, re-agindo a toda situação que coloque em risco a dignidade da vida humana.

ONDE ESTAMOS: A REAJE, HOJE

Na perspectiva de construirmos um processo que dê alinhamento à ação socioeducativa e socioassistencial da REAJE - Rede de Ação

Social Junto aos Excluídos da Província Brasi-leira das RSCM, a proposta e missão da REDE tem sido debatida e reconstruída com as Co-ordenadoras dos Projetos Vida Pe. Gailhac e Irmã Maria de Aquino e CEC Bom Pastor; com os Trios Gestores dos Colégios da rede e com centros socioeducativos e ações socioassis-tenciais em parceria.

Atualmente, a equipe interna é composta por: Coordenadora Geral; Coordenadora de Proje-tos Sociais; Analista de Projetos Sociais; As-sistente Social, constituindo um setor que fun-ciona no Centro Administrativo da Província.

MISSÃO DA REAJE:

Agir Junto aos Excluídos à luz dos valores Evangélicos e do Carisma e Missão das RSCM, com o lema “para que todos tenham vida”, contribuindo na construção da sociedade nova, mais humana, fraterna e solidária, com ações efetivas junto à criança, ao adolescente, à juventude e à mulher, promovendo seu pro-tagonismo, na busca da transformação social, baseada na Justiça, Paz e Integridade da Cria-ção, articulando e tecendo novas relações em REDE a partir de ações em defesa da Vida.

A partir daí, fica clara a concepção da REAJE como rede que tem projetos próprios, compõe a área da Missão, junto com o Centro Adminis-trativo Educacional da Província/CAEP, Famí-lia Ampliada e Juventude da Província. É parte de outras redes e apoia projetos de outras ins-tituições; que se articula a grupos e movimen-tos sociais, exercitando o papel que lhe cabe na defesa das boas práticas, sejam elas de iniciativa pública, de empresas ou da socieda-de civil. Sua ação está pautada nos Princípios da Ação Social, definidos pela Província para responder aos apelos do tempo presente.

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