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ii Agradecimentos À Professora Doutora Lina Fonseca e ao Professor Doutor David F. Rodrigues, orientadores deste trabalho, pela disponibilidade, interesse e pelas sugestões preciosas que me proporcionaram na sua realização. Ao Professor António Osório e ao Professor Pedro Palhares, pelo apoio e colaboração concedidos. Aos alunos e à professora da turma que, amável e pacientemente, se dispuseram a colaborar comigo, na realização deste projecto, tornando assim possível a sua concretização. Aos meus pais e restante família, pelos incondicionais apoios, incentivos e ajudas que sempre me proporcionaram. Aos meus colegas de mestrado, pela amizade, solidariedade e camaradagem. E ao Carlos, ao André e à Carolina, por tudo o que eles sabem e que ternamente entre nós se guarda e perdura: os afectos, as emoções, o companheirismo e a constante presença, apesar das minhas obrigadas ausências. A todos, a minha gratidão.

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Agradecimentos

À Professora Doutora Lina Fonseca e ao Professor Doutor David F. Rodrigues,

orientadores deste trabalho, pela disponibilidade, interesse e pelas sugestões preciosas

que me proporcionaram na sua realização.

Ao Professor António Osório e ao Professor Pedro Palhares, pelo apoio e

colaboração concedidos.

Aos alunos e à professora da turma que, amável e pacientemente, se dispuseram

a colaborar comigo, na realização deste projecto, tornando assim possível a sua

concretização.

Aos meus pais e restante família, pelos incondicionais apoios, incentivos e

ajudas que sempre me proporcionaram.

Aos meus colegas de mestrado, pela amizade, solidariedade e camaradagem.

E ao Carlos, ao André e à Carolina, por tudo o que eles sabem e que ternamente

entre nós se guarda e perdura: os afectos, as emoções, o companheirismo e a constante

presença, apesar das minhas obrigadas ausências.

A todos, a minha gratidão.

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Resumo

Esta investigação incidiu no estudo da relação entre a Língua Portuguesa e a

aprendizagem da Matemática, nos aspectos fundamentais da interpretação e

compreensão de enunciados de problemas, ao nível da resolução/formulação de

problemas e actividades de investigação matemática. Neste âmbito, foram identificados

três conjuntos de questões: 1) Como se caracteriza o desempenho de alunos do 4.º de

escolaridade, na resolução de problemas? Que competências manifestam? Como

evoluíram essas competências ao longo do estudo? 2) Que dificuldades manifestam os

mesmos alunos, ao nível da interpretação/compreensão de enunciados matemáticos,

quando resolvem problemas? Que dificuldades manifestam em Matemática? Como

justificar e ultrapassar estas dificuldades? 3) Como caracterizar a influência da Língua

Portuguesa na resolução de problemas de Matemática, explorados pelos mesmos alunos

do 4.º ano de escolaridade do 1.º ciclo do EB?

Foi realizado um estudo de caso. A recolha de dados realizou-se numa turma do

4.º ano do 1.º ciclo do Ensino Básico (EB), envolvendo quatro pares de alunos com

nove anos de idade. Foram aplicados questionários à professora e alunos, fez-se

observação participante e o registo áudio e vídeo do trabalho desenvolvido nas aulas,

foram analisados os documentos escritos dos alunos relativos às tarefas e registadas

algumas notas de campo. No final, foram feitas entrevistas, tanto aos alunos como à

professora. A análise de dados possibilitou a verificação das competências e das

dificuldades manifestadas. A selecção das estratégias adequadas na resolução das

tarefas e a comunicação oral e escrita dos raciocínios foram as dificuldades mais

evidenciadas, porque os alunos estranharam o facto de não ter de usar directamente os

algoritmos das operações básicas e, ainda, provavelmente, por terem poucos hábitos de

explicar, justificar e expor na aula de Matemática. No entanto, foi a este nível que os

alunos revelaram maior evolução ao longo do estudo. Os pares que manifestaram maior

número de competências em Língua Portuguesa, como leitura, interpretação e

compreensão adequadas dos enunciados, tiveram maior facilidade em resolver as tarefas

matemáticas. Este estudo permite, desde já, adiantar que, em princípio, a Língua

Portuguesa influencia o desempenho dos alunos do 4.º ano de escolaridade do EB na

resolução/formulação de problemas e investigações matemáticas. Por isso, será de

concluir que quanto maior e melhor for o domínio da Língua Portuguesa, maior e

melhor será o seu desempenho em Matemática.

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Abstract

This investigation focused on the relationship between Portuguese Language and

Mathematics learning, in the main aspect of problem text interpretation and

understanding, at the level of the posing/solving mathematical problems and

investigations. At this extent three sets of questions has been identified: 1) How can we

characterise the performance of 4th grade children in problem solving? Which skills do

they reveal? How did they evolve during the study? 2) Which difficulties do those

students reveal, concerning with problem text interpretation and understanding when

they solve problems? Which difficulties do those students reveal in mathematics? How

can we explain and overtake these difficulties? 3) How can we characterise the

influence of Portuguese Language in mathematical problem solving, when 4th grade

children explore them?

A case study was made. Data collection was made in 4th grade class, and it evolved

four pairs of nine years old students. Questionnaires were applied to the class teacher

and to the students, participant observation, audio and video recording of the class work

was made and the written documents produced by the students, during their work, were

analysed. Some work notes were registered also. In the end, some interviews to the

teacher and to the students were made.

Data analysis made possible the verification of the skills and of the difficulties

shown by the students. The selection of the adequate strategies in problem solving and

oral and written communication were the most noticeable difficulties, because it was

strange to the students the fact that they could not use directly basic operations

algorithms and they probably would have few explanation, justification and clarifying

habits in mathematics class. Nevertheless it was at this level that students improved

their performances all along the study. The pairs, who showed a higher number of skills

in Portuguese Language, such as reading, interpretation and understanding of problem

solving texts, solved the mathematics tasks more easily.

This study allows to say beforehand that Portuguese Language seems to affect the

performance of 4th grade students in solving and posing problems and in mathematics

investigations. Thus, we can conclude that grater and better domain of the Portuguese

Language by the students, the greater and better their performance in mathematics.

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Índice

CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO...............................................................................................................1

PROBLEMA E SEU ENQUADRAMENTO........................................................................................................1

QUESTÕES DE INVESTIGAÇÃO...................................................................................................................2

PERTINÊNCIA DO ESTUDO.........................................................................................................................3

ESTRUTURA DO TRABALHO......................................................................................................................4

CAPÍTULO II - REVISÃO DE LITERATURA ................ .....................................................................5

A LÍNGUA PORTUGUESA NO CURRÍCULO DO 1.º CICLO DO EB: COMPETÊNCIAS ESSENCIAIS.....................5

PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR DA LÍNGUA PORTUGUESA.....................................................................7

O ORAL E O ESCRITO: MECANISMOS COGNITIVOS E LINGUÍSTICOS NA COMPREENSÃO DE TEXTOS............9

CONHECIMENTO LINGUÍSTICO AO NÍVEL DA L ÍNGUA PORTUGUESA.......................................................17

INDICADORES DE DIFICULDADES NA COMPREENSÃO DE TEXTOS.............................................................21

LÍNGUA PORTUGUESA E MATEMÁTICA : COMPETÊNCIAS TRANSVERSAIS................................................24

A Linguagem.....................................................................................................................................26

A Comunicação.................................................................................................................................27

RESULTADOS DE ESTUDOS DE INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA /LÍNGUA PORTUGUESA.............................32

A IMPORTÂNCIA DA RESOLUÇÃO/FORMULAÇÃO DE PROBLEMAS E ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO EM

MATEMÁTICA .........................................................................................................................................35

RESUMO.................................................................................................................................................44

CAPÍTULO III - METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO........ .......................................................46

OPÇÕES METODOLÓGICAS.....................................................................................................................46

CONTEXTO DA INVESTIGAÇÃO ...............................................................................................................47

A professora......................................................................................................................................48

Alunos participantes .........................................................................................................................48

Os pares do estudo............................................................................................................................49

INSTRUMENTOS PARA RECOLHA DE DADOS............................................................................................51

As tarefas ..........................................................................................................................................51

Questionários....................................................................................................................................54

Observação participante...................................................................................................................54

Documentos escritos dos alunos.......................................................................................................55

Registo áudio e vídeo........................................................................................................................55

Notas de campo.................................................................................................................................56

Entrevistas ........................................................................................................................................56

ANÁLISE DOS DADOS..............................................................................................................................56

CALENDARIZAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO ...................................................................................................58

CAPÍTULO IV - INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA............... .............................................................60

APRESENTAÇÃO DOS PARES PARTICIPANTES..........................................................................................60

Par A: Rodolfo e Marta ....................................................................................................................60

Par B: Ricardo e Rui Pedro..............................................................................................................61

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Par C: Diogo e Alexandre ................................................................................................................61

Par D: Filipa e Pedro Miguel...........................................................................................................62

Resumo..............................................................................................................................................63

TAREFAS INTRODUTÓRIAS......................................................................................................................63

TAREFAS EFECTIVAS NO ÂMBITO DO ESTUDO.........................................................................................64

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS...................................................................................................................64

Par A: Rodolfo e Marta ....................................................................................................................64

Par B: Ricardo e Rui Pedro..............................................................................................................70

Par C: Diogo e Alexandre ................................................................................................................76

Par D: Filipa e Pedro Miguel...........................................................................................................82

ACTIVIDADES DE INVESTIGAÇÃO MATEMÁTICA .....................................................................................87

Par A: Rodolfo e Marta ....................................................................................................................87

Par B: Ricardo e Rui Pedro..............................................................................................................90

Par C: Diogo e Alexandre ................................................................................................................93

Par D: Filipa e Pedro Miguel...........................................................................................................97

FORMULAÇÃO DE PROBLEMAS.............................................................................................................100

Par A: Rodolfo e Marta ..................................................................................................................101

Par B: Ricardo e Rui Pedro............................................................................................................103

Par C: Diogo e Alexandre ..............................................................................................................105

Par D: Filipa e Pedro Miguel.........................................................................................................106

CAPÍTULO V - ANÁLISE DOS DADOS............................................................................................109

ANÁLISE DOS QUESTIONÁRIOS APLICADOS AOS PARES DE ESTUDO.......................................................109

ANÁLISE DO DESEMPENHO DOS PARES NAS TAREFAS...........................................................................109

Par A: Rodolfo e Marta ..................................................................................................................109

Par B: Ricardo e Rui Pedro............................................................................................................117

Par C: Diogo e Alexandre ..............................................................................................................124

Par D: Filipa e Pedro Miguel.........................................................................................................130

ANÁLISE COMPARATIVA DO DESEMPENHO DOS PARES NAS TAREFAS ...................................................135

Competências manifestadas nos vários tipos de tarefas................................................................135

Análise comparativa das dificuldades evidenciadas.......................................................................137

CAPÍTULO VI – CONCLUSÕES ........................................................................................................141

RESPOSTAS ÀS QUESTÕES DA INVESTIGAÇÃO.......................................................................................141

LIMITAÇÕES DO ESTUDO E RECOMENDAÇÕES PARA INVESTIGAÇÕES FUTURAS....................................148

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................................................149

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................151

ANEXOS .................................................................................................................................................157

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CAPÍTULO I – Introdução Neste capítulo, é identificado o problema de estudo e é apresentado o seu

enquadramento teórico. Seguem-se as questões de investigação, a pertinência do estudo

e a estrutura do trabalho.

Problema e seu enquadramento

Este estudo tem como finalidade analisar a relação entre a Língua Portuguesa e a

aprendizagem da Matemática nos aspectos fundamentais da interpretação e

compreensão de enunciados de problemas, ao nível da resolução/formulação de

problemas e de actividades de investigação matemática.

O trabalho desenvolvido surge da necessidade de investigar as dificuldades

manifestadas, neste domínio, pelos alunos do 4.º ano, dificuldades que constituem uma

preocupação constante, para os profissionais de educação e população escolar em geral.

Este estudo estará orientado para tarefas de resolução/formulação de problemas

e de investigação matemática, por constituírem desafios para os alunos, levando-os a

explorar a Língua Portuguesa, ao nível da escrita como do oral, para que possam

explorar, fazer e testar conjecturas, decodificar, interpretar e compreender o que lhes é

solicitado, aquando da sua concretização.

Privilegiar-se-á um estudo que nos permita verificar se os alunos, com aptidão

para interpretar e compreender enunciados orais e escritos, têm ou não mais facilidade e

resultados mais positivos em Matemática, nomeadamente, na resolução/formulação de

problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que medida a Língua

Portuguesa poderá contribuir, ao nível da compreensão e interpretação, para um melhor

desempenho, na resolução de problemas, perceber como se poderá estabelecer essa

relação e porquê. A aplicação de tarefas que envolvem textos é fundamental na

Matemática, porque estimula a aprendizagem, favorece o espírito crítico e cooperativo,

e promove a comunicação entre os alunos. O bom domínio de textos em Língua

Portuguesa é, portanto, essencial no desenvolvimento e na aprendizagem da

Matemática.

Ponte, Costa, Rosendo, Maia, Figueiredo e Dionísio, citados por Mamede

(2002), referem:

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A resolução de problemas pode proporcionar momentos bastante enriquecedores

na sala de aula, onde a descoberta, e exploração e as interacções podem

constituir aspectos marcantes. Neste quadro, a comunicação e as interacções são

aspectos indissociáveis no contexto de resolução de problemas (p.115).

As tarefas de resolução/formulação de problemas e investigações matemáticas

permitem a interligação entre a Língua Portuguesa e a Matemática, através da

comunicação, considerada aspecto transversal da aprendizagem desta última área:

A comunicação inclui a leitura, a interpretação e a escrita de pequenos textos de

matemática, sobre a matemática ou em que haja informação matemática. Na

comunicação oral, são importantes as experiências de argumentação e de

discussão em grande ou em pequeno grupo, assim como a compreensão de

pequenas exposições do professor. O rigor da linguagem, assim como o

formalismo, devem corresponder a uma necessidade sentida e não uma

imposição arbitrária (DEB, 2001, p. 70).

A Matemática, como é referida no Currículo Nacional do Ensino Básico -

Competências Essenciais do 1.º Ciclo do Ensino Básico, “constitui um património

cultural da humanidade e um modo de pensar. A sua apropriação é um direito de todos”

(DEB, 2001, p.57). Ao longo do percurso escolar da educação básica, todos deverão ter

oportunidade de desenvolver, entre outras competências “a aptidão para discutir com

outros e comunicar descobertas e ideias matemáticas através do uso de uma linguagem,

escrita e oral, não ambígua e adequada à situação” (Ibidem, p.57).

De modo semelhante, o aspecto da comunicação aparece referido, também, nas

Normas (NCTM, 1991):

Relacionar a linguagem de todos os dias com a linguagem e os símbolos

matemáticos e compreender que representar, discutir, ler, escrever e ouvir

Matemática são uma parte vital da aprendizagem e da utilização da Matemática

(p.33).

Questões de investigação

1- Como se caracteriza o desempenho de alunos do 4.º de escolaridade, na resolução

de problemas? Que competências manifestam? Como evoluíram essas competências ao

longo do estudo?

2- Que dificuldades manifestam os mesmos alunos, ao nível da

interpretação/compreensão de enunciados matemáticos, quando resolvem problemas?

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Que dificuldades manifestam em Matemática? Como justificar e ultrapassar estas

dificuldades?

3- Como caracterizar a influência da Língua Portuguesa na resolução de problemas

de Matemática, explorados pelos mesmos alunos do 4.º ano de escolaridade do 1.º ciclo

do EB?

Pertinência do estudo

Na perspectiva de formar seres dinâmicos, numa sociedade cada vez mais

exigente, a função primordial dos sistemas de ensino é promover a qualidade do ensino

e aprendizagem. Idealiza-se, por isso, uma educação direccionada para o sucesso

escolar e profissional. No entanto, os resultados do Relatório Nacional das Provas de

Aferição do EB aplicadas ao 4.º ano, no ano de 2003/04 (DGIDC, 2006), revelaram que

os alunos portugueses evidenciavam dificuldades de leitura na Matemática e na

linguagem. Ao analisar estes resultados, por temas e tipos de competências, observa-se

que os resultados mais fracos incidem no cruzamento da Geometria e Medida com a

resolução de problemas, com o raciocínio e com a comunicação. A comunicação em

geral é um aspecto relevante na aprendizagem. Contribui para dar sentido às mensagens

trocadas na sala de aula, entre professores e alunos, nomeadamente, a participação em

debates, discussões relativas aos conteúdos trabalhados, entre outros. Neste sentido,

devem ser criadas oportunidades de comunicação, transformando a sala de aula num

espaço de conhecimento partilhado, onde são criadas oportunidades de construção, de

modificação e de integração de ideias. Além disso, a interacção entre professores e

alunos facilita as aprendizagens e ameniza problemas que possam surgir neste âmbito.

A dificuldade ao nível da comunicação constitui, segundo Mamede (2002),

Ponte e Serrazina (2000), entre outros autores, um problema que atinge os nossos

alunos. Na maioria das vezes, as dificuldades manifestadas, na expressão das ideias e

dos raciocínios, são devidas aos hábitos de leitura dos alunos. Neste contexto, o

vocabulário activo é reduzido e pouco diversificado. Assim, nem sempre os signos

linguísticos são adequados, porque não existe uma correspondência correcta entre o

significado e o significante. Esta incapacidade gera alterações na

interpretação/compreensão dos enunciados. À semelhança dos resultados da

Matemática, também, os de Língua Portuguesa, ao nível da compreensão da leitura e

expressão escrita e conhecimento explícito da língua, apontam no mesmo sentido.

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Pretende-se, por isso, analisar a relação da Língua Portuguesa com a

aprendizagem da Matemática, articulando e promovendo a interdisciplinaridade entre as

duas áreas. Pretende-se, ainda, conhecer as razões que estão na base dos referidos

resultados, tanto em Língua Portuguesa como em Matemática, e analisar a possível

influência da primeira na aprendizagem da segunda.

Estrutura do trabalho

Para além do presente capítulo, o estudo está organizado em mais cinco

capítulos. No segundo capítulo, é apresentada a revisão de bibliografia, sendo abordados

diversos temas relacionados com o domínio da Língua Portuguesa, particularmente no

que concerne à compreensão e interpretação de textos, em situações de

resolução/formulação de problemas e investigações matemáticas. Neste processo, estão

envolvidos mecanismos cognitivos e linguísticos, nomeadamente aos níveis da

semântica, da sintaxe e da lexicologia. Além disso, o que vai ser compreendido pelo

aluno depende não só da macro e da microestrutura do texto, mas também da sua

enciclopédia pessoal, quer em termos específicos, quer em termos culturais gerais, a par

da sua capacidade de análise e inferência, sobre o tema em estudo. São abordados,

também, aspectos comuns às duas áreas, nomeadamente quanto à comunicação. Neste

sentido, a Língua Portuguesa funciona como um precioso instrumento na aprendizagem

da Matemática, porque constitui e contempla, interdisciplinarmente, competências

transversais às duas áreas. São, ainda, abordados aspectos relevantes sobre a

resolução/formulação de problemas e investigações matemáticas, referidos em Afonso

e Gabriel (2001), Borralho (2004), DEB (2001), Serrazina, Vale, Fonseca e Pimentel

(2002) e Palhares (1997). São apresentados, no terceiro capítulo, a metodologia

adoptada, o contexto da investigação, os instrumentos e os procedimentos para a recolha

e análise de dados. De seguida, são apresentadas a calendarização da investigação e as

fases de intervenção. No capítulo quarto, são apresentados os pares participantes, as

tarefas introdutórias a implementar numa fase precedente ao estudo, as tarefas efectivas

no âmbito do estudo e os desempenhos demonstrados pelos pares na resolução das

tarefas. É apresentada, no quinto capítulo, a análise de dados. No sexto capítulo,

encontra-se a conclusão do estudo, onde são dadas as respostas às questões de

investigação, apresentadas algumas limitações do estudo, listadas algumas

recomendações para futuras investigações e tecidas algumas considerações finais.

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CAPÍTULO II - Revisão de Literatura

No presente capítulo é apresentada a revisão de bibliografia, tendo como

principal preocupação a resposta às questões de investigação levantadas no início deste

estudo. São referidos aspectos sobre a importância da Língua Portuguesa no currículo

do 1.º ciclo do Ensino Básico: competências essenciais; perspectiva interdisciplinar da

Língua Portuguesa; o oral e o escrito: mecanismos cognitivos e linguísticos na

compreensão de textos; conhecimento linguístico ao nível da Língua Portuguesa;

indicadores de dificuldades na compreensão de textos; Língua Portuguesa e

Matemática: competências transversais; a linguagem e a comunicação como factores

essenciais na Matemática; resultados de estudos de investigação em Língua

Portuguesa/Matemática; e, a importância da resolução/formulação de problemas e

actividades de investigação matemática no 1.º ciclo.

A Língua Portuguesa no currículo do 1.º ciclo do EB: Competências essenciais

A língua materna é um importante factor de identidade nacional e cultural (DEB,

2001, p.31). Desempenha um papel essencial no desenvolvimento pessoal e social e na

comunicação com os outros; é um substancial meio na expressão do pensamento e nas

aprendizagens escolares. Constitui uma propedêutica notável à atitude de rigor na

observação e compreensão do real noutras disciplinas curriculares (Sim-Sim, 1995).

A Língua Portuguesa é um factor primordial no espaço nacional, onde é língua

oficial e língua de escolarização da maioria da população escolar. O domínio da Língua

Portuguesa reveste-se de um admirável e decisivo poder no processo de ensino e

aprendizagem, garantindo a cada cidadão o pleno desenvolvimento, quer a nível do

acesso ao conhecimento, do relacionamento social, quer do sucesso escolar e

profissional.

Valadares (2003) atribui à disciplina de Língua Portuguesa um papel central no

currículo, porque todas as áreas disciplinares dela dependem, sobretudo ao nível da

língua falada e escrita. Conforme a Lei de Bases do Sistema Educativo, esta autora

refere que esta área curricular é a “matriz de identidade e suporte de aquisições

múltiplas”.

Através do desenvolvimento das competências essenciais, a Língua Portuguesa

desempenha um papel de relevo na aquisição de saberes nas diversas disciplinas. Só

desenvolvendo capacidades a nível de leitura, compreensão e expressão orais e escritas,

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em Língua Portuguesa, os alunos estarão aptos a construir a sua aprendizagem, em

processos significativos, noutras áreas, e alcançar o sucesso escolar e social (Valadares,

2003).

A autora acima mencionada faz referência ao incontestável contributo da

disciplina de Língua Portuguesa na aquisição dos saberes em todas as áreas curriculares

disciplinares, exercendo, deste modo, um papel relevante de oposição à fragmentação

curricular. A Língua Portuguesa é a “pedra basilar do currículo”. Em seu redor, são

promovidos e garantidos novos saberes, dado o seu carácter de formação

transdisciplinar. Este lugar de destaque da Língua Portuguesa não significa que ela deva

ser considerada como um espaço isolado e impermeável. Muito pelo contrário, sendo a

base das restantes disciplinas, deve com elas formar um todo coerente, propício à

organização e articulação de experiências de aprendizagem com o mesmo objectivo.

Algumas conclusões extraídas do estudo realizado por Menezes, Leitão,

Pestana, Laranjeira e Menezes (2001), apontam para a importância da Língua

Portuguesa na aprendizagem da Matemática, uma vez que ambas as disciplinas

representam instrumentos fundamentais de comunicação e de pensamento. A Língua

Portuguesa é a base de todo o ensino e aprendizagem, na medida em que, para serem

compreendidos e interpretados os enunciados matemáticos é fundamental o domínio da

Língua Portuguesa.

Na disciplina de Língua Portuguesa, ao nível do 1.º ciclo do EB, é fundamental

o desenvolvimento de competências essenciais, base de todo o ensino e aprendizagem,

por estas garantirem a cada aluno o seu desenvolvimento individual, pessoal e escolar.

De acordo com o DEB, as competências essenciais no ensino da Língua

Portuguesa situam-se ao nível do domínio do modo oral, compreensão e expressão oral;

do modo escrito, leitura e expressão escrita; e do conhecimento explícito da língua.

A compreensão do oral comporta a capacidade de atribuição de significados a

discursos orais. Esta competência abarca a recepção e a decifração da mensagem e tem

como principal objectivo a interpretação de discursos, a identificação de intenções

comunicativas e a selecção e retenção de informação necessária ao objectivo visado.

A expressão oral comporta a capacidade de produção de cadeias fónicas

munidas de significado e de acordo com a gramática da língua. Esta competência

implica a mobilização de conhecimentos linguísticos e sociais e pressupõe uma postura

cooperativa na interacção e o conhecimento de funções representadas pelos eloquentes

em cada tipo de situação.

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A leitura constitui um processo interactivo entre o leitor e o texto. O leitor

reconstrói o significado do texto por meio da leitura efectuada. Esta competência

permite transformar a informação escrita em conhecimento e promove o

desenvolvimento do imaginário, do espírito crítico e do pensamento divergente.

A expressão escrita é o resultado munido de significado e de acordo com a

gramática da língua e que pressupõe o conhecimento do sistema de representação

gráfica adoptado. Esta competência implica processos cognitivos e linguísticos

complexos, mais concretamente os que envolvem o planeamento, na formatação

linguística, na revisão, na correcção e na reformulação do texto. Pretende-se, por meio

do desenvolvimento da escrita, o domínio das técnicas básicas da escrita, a criação de

autonomia e desenvoltura no acto da escrita, enquanto forma de expressão organizada

de pensamento.

O conhecimento explícito é o conhecimento reflectido, expresso e sistematizado

das unidades, regras e processos gramaticais da língua. Esta competência implica o

desenvolvimento de processos metacognitivos e proporciona o controlo das regras que

os falantes usam e a selecção das estratégias mais apropriadas para a compreensão e

expressão em diferentes situações de comunicação. No conhecimento explícito, é

objectivada a aquisição do conhecimento sistematizado dos aspectos básicos da

estrutura e do uso do Português padrão, como alicerce de uma expressão correcta e

eficaz.

Perspectiva interdisciplinar da Língua Portuguesa

Segundo o Decreto-Lei n.º 286/89, é fundamental a valorização do ensino da

Língua Portuguesa numa perspectiva interdisciplinar ao currículo. De acordo com o

artigo 9.º, todas as componentes curriculares devem contribuir para o ensino e

aprendizagem da língua materna sendo considerado este domínio como de formação

transdisciplinar.

Também no Decreto-Lei n.º 6/2001, sobre reorganização curricular, a Língua

Portuguesa é apresentada como uma das formações transdisciplinares no Ensino

Básico.

O Despacho Normativo n.º 30/2001, no ponto 5, referente à avaliação das

aprendizagens no Ensino Básico, determina que a compreensão e a expressão em

Língua Portuguesa constituam objecto de avaliação em todas as áreas curriculares

disciplinares.

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Estes documentos realçam o carácter transversal da Língua Portuguesa, bem

como a sua importante contribuição ao nível do ensino e aprendizagem de todas as

áreas curriculares disciplinares.

Valadares (2003) refere que toda a experiência escolar é uma experiência

linguística e que os alunos necessitam de desenvolver capacidades para funcionar com

a língua escrita e falada, assumindo, por esse motivo, como projecto transversal, todas

as tarefas de educação linguística. Refere ainda que somos confrontados diariamente

com críticas variadas acerca das dificuldades dos alunos no domínio da língua materna,

considerando a fraca competência linguística um entrave ao sucesso dos alunos nas

outras disciplinas.

O nível de mestria obtido na leitura com objectivos de estudo e na expressão

escrita, segundo Sim-Sim, Duarte e Ferraz (1997), representa um factor de sucesso na

maioria das disciplinas curriculares. Estes autores referem que os vários estudos

efectuados têm demonstrado um eminente nível de correlação entre o desempenho

atingido nas competências de leitura e de expressão escrita em língua materna e o

sucesso noutras disciplinas curriculares. Analogamente, tem-se demonstrado que,

quanto maior atenção for dada, nestas áreas curriculares, à leitura e à escrita, os

resultados obtidos pelos alunos na disciplina de língua materna também serão muito

superiores. Este “círculo virtuoso”, segundo os autores, exige, assim, de toda a

comunidade escolar, nomeadamente, da escola e dos professores, um trabalho

pluridisciplinar. Este trabalho tem como primordial finalidade, os meta-objectivos,

tornando evidente aos alunos o seguinte:

a diversidade de disciplinas curriculares constitui uma unidade no que respeita

aos grandes objectivos de formação e ao tipo de capacidades cognitivas gerais e

de estratégias de aprendizagem que mobilizam (p.40).

Enfim, as capacidades cognitivas gerais que representam o objectivo educativo

da maior parte das disciplinas curriculares são desenvolvidas na disciplina de Língua

Portuguesa, de forma precoce, porque estas capacidades são decisivas no

desenvolvimento e aprendizagem das competências essenciais desta disciplina.

Atendendo à importância de que a expressão oral se reveste em todas as

disciplinas, no âmbito da comunicação/interacção comunicativa, e tendo em conta que,

do seu grau de desenvolvimento, depende, em boa parte, o sucesso escolar dos alunos,

torna-se imprescindível que todas as disciplinas proporcionem aprendizagens

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conducentes a uma expressão fluente, adequada aos contextos/situações, dotada de um

vocabulário preciso, diversificado e de uma progressiva complexidade sintáctica

(Valadares, 2003). A autora adverte para a importância da expressão oral e da

expressão escrita, como instrumentos de apropriação e propagação do conhecimento em

todas as disciplinas. Neste sentido, é indiscutível o desenvolvimento das referidas

competências, atribuindo-lhes uma qualidade interdisciplinar, e adoptando, assim, um

carácter transversal ao currículo.

O oral e o escrito: mecanismos cognitivos e linguísticos na compreensão de textos

De acordo com Aguiar e Silva (1990), as crianças realizam a sua aprendizagem

linguística através da fala e só posteriormente principiam a aprendizagem da escrita. Na

língua oral, actua um “mecanismo de projecção”, ou seja, um conjunto de regras que

permitem a conexão de significados com sons, conforme o Quadro 1.1, constante do

Anexo 3 – A 1. Na língua escrita actua um “mecanismo de transcrição” que teria como

“input” o “output” do mecanismo de projecção da língua falada e como “output

próprio” sinais gráficos, processando-se de maneira inversa na leitura, conforme o

Quadro 1.2, do Anexo 3 – A.

Os mesmos autores apontam diferenças semióticas profundas entre a língua

falada e a língua escrita, entre o texto oral e o texto escrito. A língua falada é utilizada

numa comunicação efémera. Não é certa a pervivência dos seus textos, encontrando-se

em contínua ameaça de extinção ou deterioração. É difícil a sua difusão no espaço,

“mau grado os mensageiros e os seus avatares” (p.285). Inversamente, a comunicação

operada por meio da língua escrita tem outra durabilidade e outra capacidade de difusão,

gozando, os seus textos, de superior resistência a todas as modalidades de entropia.

Na língua falada podem ser utilizados indispensáveis recursos “supra-

segmentais, paralinguísticos e cinésicos” (p.286) que não são representáveis ou só

fragmentariamente são representáveis, na escrita, através de sinais gráficos, como é o

caso da pontuação, do uso de maiúsculas, da utilização do sublinhado ou de

determinado tipo de letra, embora possam ser verbalizados.

Muito frequentemente, a língua falada serve-se de “entornos não-verbais” que,

neste caso, desempenham uma função muito importante. Já na língua escrita eles são

facciosos ou completamente imperfeitos, podendo e devendo ser adequadamente

1 - Esquemas de Domenico Parisi e Rosaria Conte, «Problemi di ricerca sulla scrittura», in Domenico Parisi (ed.), Per una educazione linguística razionale, Bologna, Il Mulino, 1979, p.348.

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supridos pelo chamado contexto verbal. A comunicação escrita permite uma

programação desvelada e minuciosa dos actos de linguagem que a perfazem,

contrariamente ao que ocorre com a comunicação oral. O texto escrito goza da

possibilidade de ser reescrito, podendo ser modificado imensas vezes antes do seu

lançamento num circuito de difusão. O texto oral impõe ao seu receptor, que é um

ouvinte, o ritmo da sua decodificação. Este ritmo tem de acompanhar em simultâneo o

desenvolvimento temporal da linearidade do próprio texto, dentro dos limites

possibilitados pela percepção auditiva e pela memória do receptor. Pelo contrário, o

receptor do texto escrito, que é um leitor, não depende desta imposição, uma vez que a

materialidade do texto escrito permite ritmos distintos de decodificação, consentindo a

leitura e a releitura, proporciona o dilucidamento de um excerto textual à luz de um

excerto sintagmaticamente anterior ou posterior. Usualmente, a língua escrita implica

uma construção mais trabalhada e mais rigorosa. Apresenta, geralmente, um léxico mais

consistente e uma organização gramatical ao mesmo tempo mais regular e mais

complexa, do que a língua falada.

O processo de compreensão da linguagem escrita, segundo Luria (1987),

diferencia-se muito do processo de compreensão da linguagem oral, sobretudo pelo

facto de que é sempre possível voltar a ler aquilo que foi escrito, ou seja, recorrer, caso

haja necessidade, a todos os elementos que estão incluídos no texto, o que na linguagem

oral é completamente impossível.

Para Rebelo, Marques e Costa (2000), quer o discurso oral, fónico ou audível,

quer o escrito, gráfico ou visível, constituem duas manifestações de um sistema que

possuem uma autonomia relativa. Segundo estes autores, estas duas manifestações

ostentam lógicas e problemas particulares. Enquanto a comunicação escrita opera sob a

modalidade de disjunção temporal e espacial, a comunicação oral relaciona-se,

estreitamente, com o contexto, organizando-se, de acordo com a situação em que evolui,

comunicação em presença/comunicação à distância.

Fazendo referência a Chomsky, Paulo e Campino (1990) declaram que o

processo de compreensão de uma frase baseia-se na transferência das Estruturas

Gramaticais Superficiais em Estruturas Gramaticais Profundas onde é captada a lógica

fundamental da sua composição. Este processo, por vezes, requer um empenho

específico, que se torna mais complicado com a linguagem matemática, devido à

heterogeneidade dos enunciados matemáticos, pois integram, com frequência,

elementos da língua materna, dados gráficos e ainda escrita simbólica matemática. Os

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autores referem que os trabalhos dos alunos constituem uma ajuda importante na

inferência sobre se o processo mental resulta, ou não, do trabalho de interpretação das

estruturas conceptuais, havendo, ou não, erros na execução. Muitas vezes, o erro é

cometido por não se verificar existência de isomorfismo entre as linguagens: oral e

escrita. Em ambas as circunstâncias, o processo verbal foi traduzido de imediato, sem

que tenham sido observadas as convenções da escrita matemática.

Para Sim-Sim (1998), os níveis atingidos por cada indivíduo na compreensão do

oral, na leitura, na expressão oral, na expressão escrita e no conhecimento explícito da

língua revelam o seu nível de competência linguística, constituindo, por essa razão, as

competências básicas a ter em conta, no ensino da língua materna. A autora refere que a

compreensão do oral é a competência que permite a atribuição de significado a cadeias

fónicas, efectuadas de acordo com a gramática da língua. Este processo envolve a

recepção e a decifração da mensagem, permitindo o acesso à informação linguística

registada continuamente na memória. Se não for processado este registo não haverá

compreensão, porque não há reconhecimento do significado das unidades ouvidas,

sejam elas palavras, expressões ou frases.

Neste processo, a compreensão do oral e a expressão oral encontram-se

estreitamente relacionadas. No entanto, em termos de desenvolvimento, a compreensão

do oral antecede sempre a expressão oral. Isto quer dizer que, a criança, ao adquirir a

linguagem, compreende primeiro e só depois consegue produzir o que já é capaz de

compreender.

A mesma autora afirma que o nível da compreensão do oral da criança depende

da quantidade e da diversidade do seu vocabulário, como também depende da

complexidade sintáctica adquirida. Esta compreensão só é possível se o grau de

formalidade do discurso ouvido e o tema da abordagem for de fácil acesso para a

criança, ou melhor, adequado à sua competência adquirida ao nível da compreensão da

linguagem verbal. A falha, por parte do aluno, na compreensão do oral, conduz à perda

de informação, devido à falta de atenção à mensagem ouvida. Por esta razão, a

compreensão do oral é uma competência de extrema importância, no sucesso escolar de

qualquer aluno.

Sim-Sim (1998) afirma que, a partir da leitura, é efectuada a extracção do

significado e a adequação da informação transmitida por meio da escrita, constituindo

assim, os seus objectivos primordiais. Pela leitura, o leitor reconstrói o significado do

texto. No entanto, o nível de compreensão atingido depende do conhecimento prévio

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que o leitor tem do assunto, da sua competência linguística e do tipo de texto em

presença.

Ao contrário da compreensão do oral, a leitura não é nem uma actividade

natural, nem de aquisição espontânea e universal. É um processo que se prolonga e se

aprofunda ao longo da vida do indivíduo. O respectivo domínio permite o aumento do

potencial comunicativo e a expansão dos interesses individuais, constituindo um

poderoso instrumento nas aprendizagens escolares e no crescimento cognitivo de cada

aluno.

Ler fluentemente representa uma das maiores finalidades no processo de ensino

e aprendizagem da leitura. Permite ao aluno uma descodificação automática, desde que

ao seu nível de compreensão linguística, maior capacidade na obtenção de informação e

maior facilidade na compreensão do texto.

Sim-Sim (1998) afirma que, para Grabe e Caplan, a expressão escrita é um

eficaz instrumento de comunicação e aprendizagem que exige um aperfeiçoado

domínio de técnicas e estratégias precisas, diversas e sofisticadas. Por assumir um papel

relevante na aprendizagem de todas as disciplinas curriculares, a escrita deve ser

considerada instrumento de apropriação e transmissão do conhecimento.

Sequeira (1990) afirma que, para Bartlett, esquema representava um sistema

organizado de conhecimentos e experiências passadas, que vão permitir a aquisição de

novos conhecimentos. Este sistema é caracterizado pela sua abstracção, representando

uma organização das relações das suas componentes.

Esta autora explica como é organizado o processo de compreensão, em geral, e

do texto escrito, em particular. Durante esta actividade é destacado o papel da memória.

Nela vão operar estratégias de busca e recuperação de conteúdos semânticos, factuais,

episódicos e simbólicos que se encontram armazenados e sistematicamente organizados

em classes e categorias. A recuperação destes conteúdos só é possível devido ao plano

de busca próprio dos esquemas estruturais do indivíduo.

Neste plano de busca, a capacidade de inferência é elementar tanto no que se

refere à escolha dos esquemas e da informação dentro do esquema seleccionado, como

também na definição de conclusões, quando surge uma falha.

O esquema cognitivo de um leitor beneficia proveitosamente da capacidade

organizativa da memória, das suas estratégias de busca, das inferências, na recolha de

informação sobre o texto escrito e na organização da informação, de acordo com os

conhecimentos anteriormente adquiridos e que fazem parte da sua cultura.

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A estrutura do texto, ou seja, o modo como se interrelacionam, se conjecturam e

expõem as ideias, tem por base o modo como é efectuada a triagem do significado do

texto. Neste sentido, a interacção entre o leitor e o texto revela, de facto, a sua

evidência e a estrutura textual que para um leitor pode assumir certas características,

para outro pode parecer completamente diferente, devido à forma como é feita a

apreensão do seu significado. No entanto, os esquemas cognitivos próprios de cada

leitor utilizam estratégias de adaptação que vão remover os obstáculos mais difíceis.

São apontados três níveis básicos de estruturação de um texto:

microproposicional ou de organização de frases; macroproposicional ou de organização

de parágrafos, e partes de organização superior que vê o texto como um todo.

Qualquer uma destas unidades é essencial para a relacionação e hierarquização

das ideias, constituindo uma via exclusiva na compreensão total do texto.

Por meio dos seus “esquemas” mentais, o sujeito desenvolve múltiplas

estratégias de compreensão. Estas encontram-se relacionadas com saberes adquiridos,

conhecimentos prévios, exercício de atenção, definição de objectivos em relação ao

texto, incluindo a identificação de tarefas pedidas, construção de inferências,

comparações, avaliação de conteúdos, generalizações, entre outras. Ao serem activadas,

estas estratégias podem intervir em diferentes fases do processo de compreensão do

texto.

A reestruturação dos saberes previamente adquiridos e a atenção podem ser

praticadas em actividades anteriores à leitura; os objectivos, as tarefas e as interacções

textuais, durante a leitura; enquanto a avaliação e a generalização podem ser operadas

numa fase posterior à leitura.

Activar os conhecimentos anteriormente adquiridos e guardados na memória de

longa duração, de maneira a influenciar a selecção, a integração e a compreensão de

novos conhecimentos, bem como permitir o aperfeiçoamento dos vários passos do

processo da atenção, são actividades que justificam que o conhecimento se vai

consolidando pela construção. Nesta construção, participam elementos exteriores como,

no caso da compreensão de textos, as estratégias usadas pelo professor para ajudar à

compreensão, particularmente a exploração dos vocábulos de uso menos corrente e a

exploração da construção frásica; as estratégias usadas pelo autor do texto e,

especialmente, as estratégias mais difíceis de conceber, as que são usadas pelo sujeito

na construção da sua própria aprendizagem. Estas estratégias estão centradas no próprio

sujeito e são consideradas de lenta aquisição. Possuem um carácter permanente e delas

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fazem parte auto-correcções, adaptações, previsões de acontecimentos, numa constante

transformação, até se conseguir a compreensão.

As estratégias individuais referem-se às acções que a memória é forçada a

cumprir para seleccionar a informação, com o intuito do armazenamento contínuo, e

também à brevidade e eficácia da busca dos elementos necessários já armazenados.

Deste modo, para que seja levado a cabo o processo de compreensão do texto escrito, o

leitor deve escolher e colocar em prática as estratégias referidas, de maneira a poder

mobilizar antigos e novos conhecimentos.

Se existirem lacunas no conhecimento prévio, se a informação não for suficiente

para estabelecer redes de conexão, se não houver capacidades para inferir, para

comparar, para procurar um sentido na interpretação das ideias, então o processo de

compreensão falha. Por sua vez, a compreensão torna-se eficaz se o sujeito estiver

imerso num ambiente rico em conceitos diversificados, provenientes do quotidiano e de

áreas científicas interessantes e apropriadas. Quer isto dizer que, se houver, da parte do

sujeito, acesso a leituras abundantemente ricas, a experiências relevantes e houver

capacidade de relacionar ideias e factos, a compreensão será mais eficiente.

A compreensão de um texto é, deste modo, um processo activo, no qual o leitor

usa o seu esquema cognitivo de compreensão, em que a memória tem um papel

preponderante, na extracção do significado do texto. A estrutura do texto é, por sua vez,

activada de acordo com os modelos de processamento de informação, determinando um

delineamento mais adequado das redes de conexão e das análises de micro e

macroestruturas linguísticas.

Para Castro (2000), considerada, apenas, do ponto de vista do seu uso, a

linguagem tem, habitualmente, um papel primordial: a compreensão. É seguida uma

intenção semântica, no acto de falar com alguém ou de ler um texto. A leitura é um

procedimento que possibilita o tratamento da informação, propiciando a construção de

representações que irão facilitar a compreensão.

Na compreensão de uma frase, não é suficiente a rede semântica. É fundamental

o conhecimento da função das palavras no contexto da frase, de modo a estabelecer

relações entre os elementos que, muito frequentemente, podem não ser simplesmente de

tipo léxico-semântico.

Para a compreensão de um conjunto de frases ou discurso não são suficientes os

níveis lexical (conhecimento de vocabulário), semântico (conhecimento do sentido

global do conteúdo), sintáctico (conhecimento da combinação das palavras na frase e

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das frases no discurso) e pragmático (conhecimento do tema do discurso). É necessário

o estabelecimento de estratégias que unem ou diferenciam as ideias ou proposições, e

deste modo proceder a inferências, a comparações, a sínteses, em resumo, interpretar,

no sentido próprio do termo. Podemos prever a diversidade de processos cognitivos

requeridos pela compreensão, particularmente o uso da memória e a capacidade de

efectuar inferências, uma vez que, no uso vulgar da linguagem, a compreensão só

excepcionalmente se exercita sobre palavras isoladas.

Para se estabelecer o processo de compreensão, é essencial a existência de

representações relativas a conhecimentos prévios sobre um certo domínio,

especificamente aquele sobre o qual se vai exercer a compreensão. De acordo com

Kintsch e Van Dijk, a propósito do modelo de compreensão, também Castro (2000)

refere que o que vai ser compreendido depende não só da macro e da microestrutura do

texto, mas também do conhecimento prévio do leitor em determinado aspecto e, ainda,

do objectivo do enunciado ou discurso. A título de exemplo, a autora refere que um

mesmo leitor, frente a um mesmo texto e com um conhecimento prévio que não tenha

sofrido alterações, pode compreender coisas distintas se o seu objectivo diferir da

segunda para a primeira leitura (Castro, 2000). O funcionamento dos processos de

compreensão lembra mais os sistemas centrais, em que a compreensão invoca

conhecimentos, crenças, o planeamento da acção em torno de um objectivo e, ainda, o

pensamento que vai permitir juntar os vários pedaços de informação num todo com

sentido. A autora, citando Underwood e Batt, refere que compreender é, de certo modo,

estabelecer um modelo mental que integra os conhecimentos anteriores com os

conhecimentos acabados de recolher, a partir da mensagem.

Assim como o conhecimento do mundo e o sistema semântico não se resumem

às representações fonológicas e ortográficas, também a compreensão não se restringe

unicamente à linguagem. Para Castro (2000), a compreensão é um processo que não

decorre apenas dentro da leitura e da fala. É mais um processo cognitivo que

propriamente linguístico, embora a sua função primordial seja a linguagem. A

compreensão, segundo a autora, implica o envolvimento de representações específicas

de diferentes géneros, podendo estar ou não intimamente relacionadas com certas

modalidades sensoriais. Para auxiliar na compreensão da ideia atrás referida, a autora

refere o seguinte exemplo:

para compreender uma frase escrita onde esteja incluída a palavra «cubo», em

alguns de nós poderá ser activada uma imagem mental de um cubo; assim, a

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compreensão invocaria uma representação de tipo espacial, ao lado de outras

fonológicas, ortográficas, sintácticas, semânticas (p.145).

À medida que se avança da compreensão para a interpretação, o “carácter

relacional” torna-se mais marcante e de certo modo livre do processo. Deixa de ser um

conjunto de operações mentais pré-estruturadas, tornando-se num modo de estabelecer

ligações entre diferentes representações que seguem as exigências do momento, sem

que esteja cingido a um plano pré-definido. A compreensão abrange, assim, uma

espécie de jogo cognitivo de busca de sentidos, tendo como ponto de partida diferentes

fontes de informação.

De acordo com o caso, a compreensão influi sobre representações retiradas da

mensagem falada ou da mensagem escrita. No entanto, a mensagem escrita, a partir do

material impresso, proporciona uma maior facilidade na extracção de representações

semânticas. Quanto maior for a capacidade de reconhecimento das palavras escritas,

maior será também a facilidade na administração dos recursos mentais, no processo de

compreensão da mensagem. Este modo de conceber a compreensão e a leitura tem

consequências importantes para a interpretação de situações de dificuldades de uso da

leitura. Estas dificuldades podem resultar de complicações no próprio processo de

leitura, ou de compreensão, podendo afectar quer a oralidade quer a escrita.

Malta (2003) expõe alguns pressupostos que norteiam as suas crenças sobre a

aprendizagem da Matemática. Na Matemática, a capacidade de expressar com clareza o

raciocínio permite o desenvolvimento da capacidade de entender os resultados

matemáticos. Isto verifica-se sobretudo no que se refere à capacidade de expressão do

próprio raciocínio, por permitir o acesso ao desenvolvimento da capacidade de

compreensão em Matemática. A mesma autora refere ainda que o desenvolvimento da

capacidade de expressão está conectado com a aptidão para a leitura, ou seja, com a

capacidade de uma aquisição mais facilitada de conhecimentos sem intermediários.

Luria (1987) refere que Rommetveit, Filmore, McCawley, Lakoff, e Wertsch

mostraram que o processo de compreensão da comunicação expressa num determinado

texto, possui um carácter complexo e, para compreendê-lo, são imprescindíveis

diversos processos, parte dos quais está ligada à percepção dos significados das

palavras e outra à decodificação das regras sintácticas da sua combinação. No processo

de compreensão, é fundamental a busca de sentido, que proporciona a escolha de

algumas das alternativas surgidas. O processo fundamental que caracteriza o acto de

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compreensão, segundo os autores citados, é a tentativa de decifrar o significado de toda

a comunicação, aquilo que constitui a sua coerência geral ou no seu sentido interno, que

dá à comunicação profundidade ou “subtexto”. Estas tentativas estão voltadas para a

busca do contexto da comunicação percebida, sem o qual não haverá possibilidade de

compreensão do texto, nem de avaliação correcta dos elementos que entram na sua

composição. Por isso, Luria (1987) dispõe, em primeiro plano, o processo de busca e

formação das correspondentes hipóteses ou suposições, que permitem a determinação

dos significados concretos das palavras ou das frases. Também segundo Vigotsky,

citado em Amor (2003), a leitura é compreendida como um exercício de

reconhecimento e compreensão. Deixa de ser a reconstrução da estrutura fonológica e

passa a centrar-se na apreensão global da palavra, surgindo associada a um significado.

Conhecimento linguístico ao nível da Língua Portuguesa

A língua, segundo Amor (2003):

é sistema e código, realidade anterior e exterior ao indivíduo, aparentemente

redutível aos planos/subsistemas: fonológico, relativo aos mecanismos de

identificação/produção de unidades correspondentes a classes de sons

específicos (os fonemas); morfo-sintáctico ou gramatical, em que se procura

captar as relações entre forma, estrutura e função, na determinação de princípios

e regras de selecção/organização a que obedecem as unidades significantes da

língua (do morfema à frase); léxico-semântico, no qual se pretende o estudo das

significações e a análise dos mecanismos e das regras que assistem à sua

produção e transformação” (p.10).

Para Sim-Sim (1998):

o domínio da estrutura sintáctica de qualquer língua implica o conhecimento de

um conjunto de princípios regulados pelas propriedades da linguagem humana,

em geral, e de regras específicas da organização frásica dessa língua, em

particular (p.146).

São essas regras que a criança extrai do ambiente linguístico em que vive imersa

e que lhe possibilita compreender o que ouve e expressar-se para ser compreendida.

O desenvolvimento do conhecimento sintáctico implica olhar simultaneamente

para a apreensão das regras que determinam a estrutura interna das palavras, para a

organização frásica e para o significado das expressões linguísticas e para as realizações

semânticas. Assim, o desenvolvimento em questão pode ser descrito como o percurso

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gradual que vai desde a compreensão e produção de palavras isoladas à interpretação e

construção de frases cada vez mais complexas.

Em qualquer língua natural as palavras são combinadas, tendo em conta modelos

e normas estabelecidos, dando origem a frases. As normas que regem a construção

sintáctica não são normas de combinação de «palavras específicas», mas regras de

combinação de classes de palavras de acordo com funções sintácticas. O domínio

implícito dessas normas manifesta-se pela adesão automática a tais normas quando

falamos ou interpretamos o que ouvimos, resultando, na materialização do conhecimento

sintáctico do falante (Sim-Sim, 1998, p.147).

A interpretação e produção de enunciados implicam o conhecimento sintáctico da

língua, sendo o resultado de uma aquisição gradual de estruturas gramaticais cada vez

mais elaboradas. Para Baddeley, citado por Sim-Sim (1998), o processo natural que

permite às crianças a aquisição de regras que regulam a formulação sintáctica da

respectiva língua materna é considerado, pela psicologia experimental, um exemplo

paradigmático de apreensão tácita, resultando desse aspecto o conhecimento implícito ou

intuitivo da língua. A autora refere que na compreensão de um enunciado não é

suficiente o conhecimento do significado de todas as palavras que o integrem. É

igualmente necessário o acesso aos padrões de constituição da estrutura sintáctica dessa

língua. As palavras isoladas, bem como a ordenação aleatória de palavras, revelam a

ausência de qualquer estrutura, não lhes sendo conferido, por isso mesmo, valor em

termos de transmissão de mensagem. Para haver reconhecimento do significado pelo

ouvinte é fundamental o domínio de uma organização estrutural da frase. Na estrutura da

frase, o encadeamento das palavras atende a uma certa disposição sequencial. De modo

que para compreender e produzir frases é inevitável a capacidade de estabelecer relações

entre palavras ou agrupamentos naturais de palavras que atendem a uma estrutura

hierárquica.

No processo de reconhecimento do significado do que é ouvido, ou seja, da

compreensão, é necessário um conjunto de estratégias que permitam uma rápida e

automática análise do enunciado. Deste processo de análise fazem parte,

simultaneamente, a seriação e a sequência das palavras no enunciado, a informação

pormenorizada de cada palavra e, também, as chaves prosódicas e contextuais que

integram e acompanham o enunciado. Neste sentido, a interpretação do que se ouviu

requer o recrutamento da informação guardada na memória acerca do sistema linguístico

em presença e acerca do real representado na formulação linguística (Sim-Sim, 1998).

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A utilização do conhecimento implícito da língua, quer na compreensão daquilo

que se ouve, quer na produção de enunciados, obriga a recorrer constantemente a

estratégias e processos mnésicos que se responsabilizam pela conservação e retorno da

informação linguística.

Com efeito, é pelo facto de possuirmos em memória não só os itens lexicais,

mas também as regras de organização das palavras em frases, ou seja, regras

sintácticas, que somos capazes de estruturar e refazer, de forma rápida e

automática, o significado de enunciados. Por outro lado, a compreensão frásica

necessita que cada palavra seja guardada temporariamente, enquanto a frase

ouvida é gramaticalmente processada, ou seja, se estabelecem as relações entre

as unidades constituintes do enunciado e se reconstrói o seu significado. Uma

vez extraído o significado, as palavras exactas de cada constituinte são

esquecidas, conservando o ouvinte o cerne da informação (Sim-Sim, 1998,

p.151).

A escrita tenta representar o oral. Portanto, para extrair e produzir informação

escrita é indispensável o domínio das regras gramaticais da vertente oral. O processo de

aprendizagem da leitura e da escrita encontra-se fortemente implicado no domínio do

oral. Assim, compreender e produzir um texto escrito requer a capacidade de esclarecer

ambiguidades, isto é, palavras, expressões ou frases que não possuem apenas uma

interpretação, dominar relações de sinonímia, de estabelecer paráfrases, em conclusão,

ser capaz de manipular de forma consciente as relações e representações semânticas e o

conhecimento sintáctico.

Muitas vezes, a criança só tem acesso ao significado de uma palavra através do

contexto em que essa palavra é usada. Assim, o aperfeiçoamento do significado apenas

será alcançado, através da repetição da palavra em diferentes contextos. Reconhecer e

usar são, por isso, dois aspectos do conhecimento que, no campo linguístico,

representam a compreensão e produção. O número de palavras reconhecidas (léxico

passivo) é muito superior ao número de palavras usadas num determinado intervalo de

tempo (léxico pessoal activo).

Para que o domínio da estrutura sintáctica de qualquer língua seja completo, é

fundamental o conhecimento de um conjunto de princípios norteados pelas

propriedades da linguagem humana, em geral, e de regras específicas da organização

frásica dessa língua, em particular. São essas regras que possibilitam o reconhecimento

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ou compreensão do que se ouve e permitem expressar ou produzir enunciados de forma

a que a criança seja compreendida.

Por razões intrínsecas à própria estrutura da linguagem, Sim-Sim (1998) refere

que o desenvolvimento do conhecimento sintáctico implica olhar simultaneamente para

a apreensão das regras que determinam a estrutura interna das palavras, para a

organização frásica, para o significado das expressões linguísticas e para as realizações

semânticas. Em síntese, o desenvolvimento em questão pode ser descrito como o

caminho progressivo que vai da compreensão e produção de palavras isoladas à

interpretação e construção de frases de complexidade crescente.

Ainda segundo Sim-Sim (1998), a compreensão da estrutura das frases, da parte

da criança, altera conforme o grau de dificuldade e conforme o envolvimento de

combinação de orações através dos processos de coordenação e de subordinação.

Normalmente, a compreensão do conteúdo do texto é dificultada pelas frases que

envolvem este tipo de estrutura. Muito frequentemente, a interpretação de um texto

pode ser mais facilitada, não porque se verifique o domínio da estrutura sintáctica em

causa, mas essencialmente porque se recorre ao suporte contextual que funciona como

estratégia extra linguística de compreensão.

A aquisição e desenvolvimento da linguagem são efectivados por meio da sua

utilização, ouvindo os outros falar e falando. Embora processos distintos, a produção

oral de mensagens e a compreensão do que é dito, assentam ambas no conhecimento

das estruturas da língua e das respectivas regras de uso em contexto. O

desenvolvimento da linguagem oral encontra-se intimamente relacionado com a

aprendizagem da leitura e da escrita e o conhecimento de ambas as vertentes da língua,

oral e escrita, é primordial na integração e domínio da maioria dos conteúdos

disciplinares que integram o currículo escolar dos alunos.

Ainda de acordo com a mesma autora, tanto a leitura, como a escrita permitem a

mediação de grande parte das aprendizagens escolares. Por intermédio da escrita a

criança retira, organiza e retém a informação, assimilando, deste modo, os

conhecimentos que integram os conteúdos disciplinares do currículo escolar. Saber

estudar exige o domínio de um conjunto de técnicas que tem como base a linguagem

escrita. O domínio das competências, tais como, resumir, tirar apontamentos e

sublinhar, requer que elas sejam ensinadas, em algum momento do percurso escolar.

A mesma autora refere que Marlan chamou “círculo virtuoso” à simbiose entre o

domínio linguístico e o sucesso escolar. Se forem despendidos esforços e tempo na

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promoção do desenvolvimento da linguagem, as aprendizagens em todas as áreas

curriculares serão favorecidas. Se houver cuidado em dar a atenção necessária à

linguagem nos conteúdos disciplinares, o desenvolvimento da linguagem será muito

favorecido pelos contextos e objectivos dessas disciplinas.

Valentin e Sam (2004), a propósito do estudo das funções das estruturas

semânticas dos problemas em alunos com aptidão para identificar as operações

correctas, referem que, à semelhança de alguns estudos internacionais, os alunos

apresentam uma maior capacidade para resolver problemas orientados para a adição, do

que os que implicam a multiplicação, porque o vocabulário usado nos enunciados é

mais susceptível de ser interpretado, uma vez que o vocabulário “ganhou”,

“acrescentou”, “juntou-se”, etc., sugerem o avolumar de algo, surgindo associado ao

algoritmo da adição. Além disso, os alunos resolvem mais eficazmente os problemas

que não envolvem afirmações relacionais, como por exemplo, problemas relacionados

com outros problemas já resolvidos. Estes autores verificaram que há uma tendência,

por parte dos alunos, para seleccionarem a operação de adição, quando não conseguem

identificar a opção correcta para o problema. Citando Dellarosa, Kintsch, Reusser e

Weimer, referem, ainda, que muitos alunos fracassam na resolução aritmética dos

problemas, devido à falta de conhecimentos linguísticos, tais como o conhecimento de

vocabulário diversificado, o estabelecimento de relações entre as palavras, etc. Assim,

os autores referem que, segundo Shalin, as estruturas semânticas dos problemas

influenciam o seu processo de resolução e solução. Por outras palavras, os alunos

reagem de forma diferente a problemas de diferentes estruturas semânticas. Por

exemplo, e segundo Christou e Philippou referidos por Valentin e Sam (2004), as

estruturas da adição foram sempre mais populares entre os alunos que as estruturas da

multiplicação, porque o vocabulário usado aponta no sentido da escolha da adição.

Os autores deste estudo referem que Carpenter e Moser mostraram que, em

crianças mais novas, as estratégias adoptadas para a subtracção são fortemente

influenciadas pela estrutura semântica dos problemas básicos. As crianças efectuavam

operações com materiais e ao nível oral, utilizando estratégias para resolver cada

situação, atendendo a um modelo de estrutura semântica.

Indicadores de dificuldades na compreensão de textos

Muitas vezes, a dificuldade com a linguagem escrita e o desenvolvimento da

linguagem, segundo Malta (2003), leva os alunos a desistirem de superar as suas

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dificuldades de leitura, sobretudo no que respeita a textos matemáticos, concluindo, na

maioria das vezes, que o problema é do texto. No entanto, devido ao insuficiente

exercício de leitura e da falha na capacidade de interpretação/compreensão do texto

pela criança, não é possível identificar o que está a ser lido, com conhecimentos

adquiridos. Os alunos não foram capazes de descobrir, ainda, que a compreensão de um

texto invulgar é o resultado de um processo de construção, processo no qual se

constroem objectos mentais que vão dar significados aos novos conceitos que estão a

ser apresentados.

Em suma, a principal causa da dificuldade de compreensão e redacção reside no

facto de os alunos não lidarem frequentemente com a leitura, obrigando-os a

desenvolver por si uma organização de raciocínio e de armazenamento de informação.

A autora fomenta a defesa do aprender a ler, porque só deste modo poderá ser

promovido o desenvolvimento das capacidades de leitura e expressão em Matemática,

abrindo, assim, caminho para a compreensão de conteúdos matemáticos.

Para Amor (2003), quanto mais o saber é dado ao aluno na forma de um

discurso acabado, abstractizante, menos ele participa da sua construção e menos se

apropria dos instrumentos linguísticos que lhe permitam transformar os dados

sensoriais da sua experiência concreta em pensamento conceptual. A organização do

saber, no espaço pedagógico, anda a par com os modelos de comunicação que o

regulam. O aluno deve, por isso, ter a oportunidade de procurar a informação,

interpretando os textos, de forma a compreender e a decodificar a mensagem neles

contida, promovendo o seu desenvolvimento cognitivo.

Para Sim-Sim (1998), a estrutura interna da construção linguística pode funcionar para

o ouvinte como um factor de dificuldade, no processo de compreensão. O grau de

dificuldade de compreensão é avaliado tendo em atenção o tempo que o sujeito

necessita para processar a frase e, simultaneamente, através da correcção e da

interpretação atribuída ao enunciado.

Para Sequeira, citado em Magalhães (2006), a compreensão é a percepção de

algo, a retenção do seu significado, a capacidade de relacionar com factos

anteriormente adquiridos e usar essa informação numa situação nova. É algo que é

construído no espírito e que é armazenado, na memória, de modo acessível, para

consulta rápida. Para desenvolver a compreensão é importantíssimo o método de fazer

perguntas que exige uma actividade construtiva.

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De acordo com os estudos de Kintsch e Van Dijk, citado em Sá (2004), o

processo de compreensão de textos encontra-se dividido em várias fases, que se

aplicam quer ao texto escrito quer ao oral. Segundo os autores, começa-se pela análise

perceptiva do texto, conduzindo à identificação do código fonémico, no caso da

oralidade e à identificação dos grafemas, no caso da escrita. A partir desta etapa, a

compreensão processa-se exactamente do mesmo modo, para os dois casos, oral e

escrita. De seguida, procede-se à identificação das palavras, feita com recurso ao léxico

da língua; a análise sintáctica do discurso, que facilita a sua estrutura linguística,

traduzida sob a forma de frases, exigindo o recurso aos conhecimentos de gramática da

língua; a análise semântica do discurso, que permite o acesso ao conteúdo conceptual e

proposicional, ou seja, que torna evidente os conceitos tratados e as ideias apresentadas,

exigindo o recurso à memória semântica e ao conhecimento do mundo pelo sujeito, de

acordo com as suas experiências; a análise pragmática, que possibilita a determinação

do tópico/tema do discurso e que demanda a intervenção de outros elementos,

nomeadamente, o conhecimento do mundo e o conhecimento da estrutura típica de

diferentes tipos de discurso, e de elementos mais directamente ligados àquela situação

de comunicação, tal como as expectativas do receptor do discurso em relação a este

contexto extra-linguístico; e, a análise funcional do discurso, que permite ao receptor

decidir as finalidades com que este foi produzido e agir em conformidade. Todos os

procedimentos efectuados ao longo destas fases exigem o recurso à memória de longo

prazo, tendo como principal propósito a compreensão dos textos pelo sujeito. A

propósito das fases descritas, a autora refere que, apesar de, em termos teóricos, as

fases serem descritas separadamente, elas desenvolvem-se de forma interactiva,

misturando-se umas com as outras.

Sá (2004) refere que a leitura e a compreensão compreendem aspectos

linguísticos, através da identificação das palavras, tanto ao nível do léxico como ao

nível da morfologia; a identificação da estrutura sintáctica do texto e aspectos

cognitivos, isto implica fazer uma análise semântica do texto, de modo a ter acesso ao

seu conteúdo conceptual e proposicional, isto é, ao seu sentido; fazer a sua análise

pragmática, que permite encontrar o seu tema e as ideias mais importantes nele

apresentadas; fazer a análise funcional do texto, para permitir determinar a sua

finalidade.

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Língua Portuguesa e Matemática: competências transversais

A actual reorganização curricular, instituída pelo Decreto-Lei n.º 6/2001, de 18

de Janeiro, assume como objectivo estratégico a garantia de uma educação de base para

todos. Este programa concedeu especial ênfase nos domínios da Língua Portuguesa e da

Matemática, tendo como finalidade uma maior qualidade das aprendizagens, no âmbito

destas áreas curriculares.

Tendo por referência Fiske, Stubbs e Vigotsky, Menezes et al (2001) afirmam

que a Matemática e a Língua Portuguesa constituem dois pilares basilares da educação

de qualquer jovem. Esta é uma asserção que recolhe a quase unanimidade das opiniões,

já que ambas as disciplinas configuram instrumentos fundamentais de comunicação e

de pensamento. As pessoas pensam e comunicam utilizando uma determinada língua,

como, no nosso caso, o Português, e várias linguagens, como a da Matemática.

A ideia previamente definida e vulgarmente aceite é a de que o aluno, ao longo

do 1.º ciclo, deve desenvolver as capacidades de leitura, de escrita e de saber contar,

aprendizagens importantes que constam dos programas escolares. Estes princípios

orientadores vão de encontro e reforçam a ideia, anteriormente referida sobre a

importância destas duas disciplinas a nível do currículo do 1.º ciclo do EB.

Neste sentido, também Óscar Lopes (1970) confere definidamente uma relação

entre a Matemática e a Língua Portuguesa, quando afirma:

A lógica linguística e a lógica matemática não são duas lógicas diferentes, mas

dois graus ou usos (variavelmente eficazes) duma mesma lógica cuja

identificação se está progressivamente fazendo desde há dois milénios e meio,

pelo menos. Essa identificação, que é ao mesmo tempo construção recíproca,

vai-se lentamente impondo, quer no plano científico, quer no plano literário,

quer no plano didáctico. A lógica imanente à linguagem corrente quando

correctamente usada é extraordinariamente complicada (p.39).

Na perspectiva de Machado (1991), existe, entre a Matemática e a Língua

Portuguesa, uma relação de impregnação mútua. A impregnação revela-se, segundo o

autor, por meio de:

um paralelismo nas funções que desempenham, uma complementaridade nas

metas que perseguem, uma imbricação nas questões básicas relativas ao ensino

de ambas. É necessário reconhecer a essencialidade dessa impregnação e tê-la

como fundamento para a proposição de acções que visem a superação das

dificuldades com o ensino da matemática (p.10).

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A Matemática e a língua materna constituem, segundo o autor, condição de

possibilidade de conhecimento em qualquer ramo, sendo responsáveis pela produção

dos próprios instrumentos que poderão usar, linguagem e pensamento.

No sentido de averiguar o grau de transversalidade que se pode encontrar entre a

Língua Portuguesa e a Matemática, Valadares (2003) teve necessidade de proceder ao

cruzamento entre as competências essenciais/situações de aprendizagem das duas

disciplinas, tendo, para tal, recorrido ao resultado de um estudo documental sobre as

Competências Essenciais do EB definidas pelo DEB/ME. Segundo a autora citada, o

Quadro 2.1 apresentado no Anexo 3 representa o estudo da transversalidade da Língua

Portuguesa com a Matemática. A autora pôde concluir, sem dúvida alguma, que pela

adequação e articulação entre as competências essenciais da Língua Portuguesa e da

Matemática, é evidente não só a possibilidade como a necessidade da sua

transversalidade. Está claro que o desenvolvimento das competências essenciais da

Matemática radica no desenvolvimento das competências essenciais da Língua

Portuguesa e delas dependem. Para esta autora, as situações de aprendizagem propostas

não só facultam como até apontam práticas relacionadas com os vários domínios da

Língua Portuguesa, nomeadamente, a leitura, a compreensão do oral, a expressão oral e

escrita e o funcionamento da língua, intensificando, assim, a ideia de que “A Língua

Portuguesa é o eixo central do currículo” (p.63).

Do estudo levado a cabo por esta autora, sobre as possibilidades de

transversalidade da Língua Portuguesa, assomam alguns dados conclusivos acerca das

opiniões veiculadas pelos docentes inquiridos do 2.º e 3.º ciclos do EB. Estes revelam

dois aspectos merecedores de uma importante reflexão: “sustentam que o nível de

desenvolvimento em Língua Portuguesa influencia a aprendizagem das outras

disciplinas e, paralelamente, atestam as enormes dificuldades reveladas pelos alunos, a

nível da sua competência linguística” (Valadares, 2003, p.76).

Óscar Lopes (1970) sugere a necessidade de cooperação entre professores de

Língua Portuguesa e de Matemática, desde o nível mais elementar até ao nível mais

elevado. Segundo este autor existe uma espécie de fosso entre as duas disciplinas,

criando dificuldades à didáctica da Língua Portuguesa e também à Matemática. Aponta

um erro muito enraizado: a oposição das Humanidades Clássicas às Humanidades

Modernas, ou Científicas. Refere que a gramática e a lógica formal tiveram a sua

origem juntas; mas, segundo o autor, a lógica ressurgiu, enquanto a gramática escolar

ainda não.

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Prosseguindo, o autor afirma que:

A coexistência escolar necessária destas duas disciplinas básicas, que são a

Língua Portuguesa e a Matemática, evidencia que se não pode ser minimamente

culto sem, por meio de adequados exercícios formais, passar a graus superiores

de espontaneidade no uso da linguagem corrente; e sem, por outro lado, adquirir

estruturas de formalização racional, nalguns casos já imanentes à fala de todos

os dias mas dificilmente manipuláveis se a ela nos confinarmos (p.12).

Também o estudo levado a cabo por Menezes et al (2001) aponta para a

necessidade de articular a Matemática com a Língua Portuguesa tendo em atenção dois

níveis essenciais: o de estimular o trabalho colaborativo entre professores, podendo

contribuir, deste modo, para a construção de outra cultura profissional; e, o de fomentar

na sala de aula e nas duas disciplinas um trabalho de integração e complementaridade de

conhecimentos.

A Linguagem Dado o papel da linguagem na comunicação e na difusão das aprendizagens

escolares, para Sim-Sim, Duarte e Ferraz (1997) o desenvolvimento linguístico é factor

primordial no crescimento do sujeito. Para além do domínio implícito da língua, as

aprendizagens escolares, especialmente “o domínio da leitura e da escrita, dão origem a

formas de apreensão do conhecimento que mobilizam um conjunto de processos

cognitivos conducentes à consciencialização do conhecimento já implícito e à análise e

explicitação de regras, estratégias e técnicas que devem ser objecto de um ensino

sistematizado, rigoroso e cuidado por parte da escola” (p.36).

Linguagem e cognição são dois termos que, segundo Rebelo (2005), aparecem

constantemente associados. No entanto, as relações entre ambas são analisadas de modo

diferente, conforme o quadro teórico em que se apresentam.

Do ponto de vista de Piaget (1978), a característica mais peculiar da

humanidade não é a linguagem, mas a capacidade cognitiva superior que permite o

pensamento conceptual. A linguagem não estrutura o pensamento, mas é o pensamento

que dirige a própria linguagem. O desenvolvimento do pensamento começa no

indivíduo, alcançando, depois, o social. O indivíduo passa pelo pensamento autista,

seguindo a linguagem egocêntrica, até atingir o pensamento lógico, tornando

socializada a linguagem. Segundo este autor, parte-se do pensamento autístico não-

verbal para a fala socializada e para o pensamento lógico, através do pensamento e da

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fala egocêntricos. À medida que as actividades da criança se tornam mais complexas, a

fala egocêntrica vai-se tornando adaptada para resolver problemas. Este processo é

desencadeado pelas acções da criança, pelos objectos com os quais vai lidando no seu

dia-a-dia, que representam a realidade e dão forma aos seus processos mentais.

Por sua vez, Vigotsky (2005) refere que tanto a fala como o pensamento têm a

sua origem na fala social, passando pela fala egocêntrica até chegar à fala interior, que

se vai estruturando gradualmente, sendo caracterizada como pensamento reflexivo.

Luria (1987) refere que para clarificar uma ideia, o melhor é procurar escrever,

expressar esta ideia em forma escrita. É exactamente por esse motivo que a linguagem

escrita, representando como que um trabalho sobre o meio e uma forma de enunciação,

possui tão grande importância na formação do pensamento. Este autor afirma que não é

apenas a linguagem oral que pode influenciar a escrita, mas a escrita também pode agir

sobre a oral. Assim, o indivíduo que possui um bom desenvolvimento da linguagem

escrita, transferirá as regras desta linguagem para a oral, falando, deste modo, como

escreve.

Para Vigotsky (2005), a comunicação humana prevê uma atitude generalizada,

constituindo um estádio avançado de desenvolvimento do significado da palavra. Apenas

são possíveis as formas mais elevadas da comunicação humana, porque o pensamento do

homem reflecte uma realidade conceptual. É por esta razão que certos pensamentos não

podem ser comunicados às crianças, mesmo que elas estejam familiarizadas com as

palavras necessárias. Pode ainda faltar-lhes o conceito adequado que, por si só, assegura

o seu pleno entendimento. A frequente dificuldade demonstrada pelas crianças na

aprendizagem de uma nova palavra é devida ao conceito que a palavra refere e não ao

som da mesma.

A Comunicação A ligação da Matemática à Língua Portuguesa, segundo Menezes et al (2001), é

extraordinariamente importante em contextos escolares, sobretudo no EB, uma vez que

ambas as disciplinas possuem aspectos comuns, nomeadamente a competência da

comunicação que as abarca transversalmente. É com base neste pressuposto que a

articulação da Matemática e da Língua Portuguesa faz todo o sentido. Assim, o factor

comunicação constitui um elemento fundamental para estabelecer a ponte entre a

Matemática e a Língua Portuguesa. Ambas as disciplinas merecem especial destaque

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em qualquer sistema educativo, dado o seu papel imprescindível na formação dos

jovens, uma vez que elas promovem instrumentos para pensar e para comunicar.

A comunicação, no caso da Matemática, é, para os autores referidos, uma das

grandes competências que se espera que os alunos tenham desenvolvido no final do

Ensino Básico, a par das capacidades de resolver problemas, de raciocinar e de

interpretar a realidade com recurso às ferramentas conceptuais. A comunicação, entre os

alunos, tanto oral como escrita, representa um aspecto relevante a ser incrementado na

sala de aula e pelo professor, por facilitar o desenvolvimento de capacidades, de atitudes

e de conhecimentos.

A importância dada à comunicação, nos programas escolares de Matemática, é

ponto assente. É referida a relevante e estreita dependência entre os processos de

estruturação do pensamento e a linguagem, visando a promoção de actividades que

estimulem e impliquem a comunicação oral e escrita, de modo a que os alunos sejam

incitados a verbalizar os seus raciocínios, explicando, discutindo, confrontando

processos e resultados.

Menezes et al. (2001) afirmam que, de acordo com Almiro e Menezes, os

professores, tanto de Matemática como de Língua Portuguesa, têm chamado a atenção

para as grandes dificuldades dos alunos ao nível da comunicação, tanto no que se refere

à oralidade como à escrita. Porque, como aponta Stubbs, também citado por aqueles

autores, todo o ensino assenta na comunicação. O processo de ensino/aprendizagem

confunde-se com a própria comunicação, tornando-se, por essa razão, importante a

problematização de formas de actuação dos professores, muito particularmente de

Matemática e de Língua Portuguesa.

Segundo Shield e Swinson, referidos em Mamede (2002), a comunicação oral

tem um papel notório, na medida em que ajuda as crianças a clarificar o pensamento e a

estimular a compreensão. As crianças, quando comunicam, aprendem e são encorajadas

a representar, a falar, a ouvir, a ler e a escrever, tornando as suas aprendizagens mais

significativas. Ainda a respeito da comunicação oral, a autora refere a necessidade de os

alunos utilizarem uma linguagem adequada, de modo a que desenvolvam as suas

capacidades de argumentação matemática. De modo semelhante se passa com a

comunicação escrita, pois o facto de o aluno escrever sobre Matemática, facilitar-lhe-á o

acesso ao conhecimento e compreensão dos conteúdos matemáticos. Segundo a autora,

as tarefas de carácter não rotineiro, onde podem ser exploradas diversas estratégias de

resolução, são mais susceptíveis de promover a comunicação. São também o tipo de

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tarefas onde as interacções assumem um papel relevante. Pois, poder interagir com os

colegas pode facilitar a construção do conhecimento, a aprendizagem de outras formas

de pensar e a clarificação do seu pensamento.

Também Ponte e Serrazina (2000) se referem ao aspecto da comunicação como

um importante processo matemático, transversal a todos os outros. Através de

comunicação, num dado grupo é possível a partilha de ideias matemáticas, tornando-se

acessível a sua alteração, consolidação e aprofundamento por cada indivíduo. Por outro

lado, a comunicação permite perceber o conhecimento matemático, tendo em

consideração as ideias dos outros e a interacção que possa existir. A comunicação das

nossas ideias permite que elas se tornem objectos de reflexão, discussão e refinamento.

É um passo fundamental na organização e clarificação do pensamento. A compreensão

das ideias e argumentos matemáticos torna-se mais facilitada, quando são articulados

oralmente ou por escrito.

Segundo os referidos autores, o programa de matemática, contemplado nas

normas do NCTM (2000), deve usar a comunicação, de forma a promover a

compreensão da Matemática, de modo a que todos os alunos: organizem e consolidem o

seu pensamento matemático para comunicar com os outros; expressem as suas ideias

matemáticas de modo coerente e claro para os colegas, professores e outras pessoas;

alarguem o seu conhecimento matemático, considerando o pensamento e as estratégias

dos outros; usem a linguagem matemática como um meio de expressão matemática

precisa, conforme Anexo 11.

Ponte e Serrazina (2000) afirmam que todos os alunos necessitam de pôr à prova

as suas ideias na aula de matemática para mostrar que são compreendidos e para

convencer os colegas e o professor. A interacção com os outros é um óptimo

instrumento de análise e aperfeiçoamento das ideias matemáticas. O facto de um aluno

tentar convencer outro colega da validade de um resultado, justificando e

argumentando, terá um impacto maior do que teria a leitura de uma página do seu

manual escolar. Assim, a defesa de uma ideia confere a noção de apropriação e de maior

envolvimento na actividade matemática.

Os mesmos autores declaram que os alunos começam por pensar as ideias

matemáticas por meio da língua natural. Aos poucos vão sendo integrados aspectos da

linguagem matemática. Muitas vezes, os alunos apercebem-se que determinados termos

são usados tanto por uma como por outra, com diferentes significados. É importante

perceber que os alunos só poderão desenvolver a sua competência no uso da linguagem

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matemática a partir da linguagem natural. Este facto atesta a importância do processo de

compreensão/interpretação de textos, expressões, palavras e/ou enunciados na língua

materna como factor de sucesso na área de matemática.

De acordo com o DEB (2001), pode concluir-se que, quer ao nível da

formulação/resolução de problemas, quer ao nível das investigações matemáticas,

podemos considerar a comunicação como elemento fundamental para a concretização

deste tipo de actividades. A comunicação é utilizada na matemática de forma a que os

alunos possam, através da oralidade, da escrita, da leitura, interpretação e compreensão

de enunciados, resolver as tarefas requeridas pelo professor na sala de aulas.

Relativamente à resolução de problemas, é referido no DEB (2001) que este tipo

de trabalho constitui, em matemática, um contexto universal de aprendizagem e deve,

por isso, estar sempre presente, associada ao raciocínio e à comunicação e integrada

naturalmente nas diversas actividades.

No que se respeita às actividades de investigação, o mesmo documento refere

que os alunos exploram uma situação aberta, procuram regularidades, fazem e testam

conjecturas, argumentam e comunicam por escrito as suas conclusões. Qualquer tema

da matemática pode proporcionar ocasiões para a realização de actividades de natureza

investigativa. Este tipo de actividades também é favorável à ligação da matemática com

outras áreas do currículo (DEB, 2001), nomeadamente, a Língua Portuguesa. São

referidos no Anexo 11 aspectos gerais e específicos da Língua Portuguesa e da

Matemática.

Nas actividades de investigação, Martins, Maia, Menino, Rocha e Pires (2002)

referem que a competência de comunicação é excessivamente desenvolvida, pois o

ambiente de trabalho em que decorrem as actividades, possibilita que os alunos

“levantem questões, formulem hipóteses, exprimam ideias e negoceiem o significado

das palavras” (p.67). Deste modo, os alunos tornam claros os pensamentos matemáticos,

valorizando mais a Matemática e contribuindo para uma melhor compreensão da

mesma.

Segundo Mamede (2002), os problemas não rotineiros constituem desafios para

os alunos, na medida em que estes podem utilizar várias estratégias e métodos de

resolução. A resolução de problemas proporciona aos alunos momentos enriquecedores

na sala de aula, sendo privilegiadas a descoberta, a exploração e as interacções. Deste

modo, para esta autora, a comunicação e as interacções revelam-se aspectos importantes

no contexto de resolução de problemas.

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Assim, esta autora defende, de acordo com o NCTM que:

a comunicação desempenha um papel importante na construção de elos de

ligação entre as noções informais e intuitivas das crianças e a linguagem

abstracta e simbólica da Matemática, mas assume também um papel

fundamental na construção de relações entre as representações físicas,

pictóricas, simbólicas, verbais e mentais das ideias matemáticas (p.115).

Martins et al. (2002) afirmam que, num estudo de actividades não rotineiras,

sobre a resolução de problemas e actividades de investigação, Chamoso e Rawson

verificaram que:

os alunos trabalharam de forma similar ao de um matemático ou investigador

quando confrontado com uma situação – primeiro observaram, explicaram o que

observaram e conjecturaram uma fórmula geral que depois comprovaram.

Assim, os alunos resolveram as tarefas recorrendo a processos próprios de uma

investigação, ou seja, foram construindo, experimentando, apoiando afirmações,

divergindo, perguntando, deduzindo, corrigindo, comprovando, explicando,

dirigindo a acção para outros, respondendo de uma forma crítica, justificando as

afirmações produzidas, fazendo suposições, formulando hipóteses e conjecturas,

generalizando… os autores registaram ainda outras particularidades, ajudando a

perceber melhor um ambiente de aula em que se trabalham investigações. A

professora quando solicitada para esclarecer dúvidas ou ajudar a ultrapassar uma

dificuldade, geralmente “devolvia” a questão para ser vista de outra perspectiva,

estimulando a comunicação e fomentando a qualidade dos registos escritos e

orais (p.71 e 72).

A respeito da comunicação oral, Mamede (2002) refere que, segundo Bassarear

e Pimm, é absolutamente interessante a sensibilização dos alunos para a utilização de

uma linguagem rigorosa e sucinta na transformação de informação. Uma das formas de

o conseguir consiste na estimulação do aluno para efectuar descrições de actividades ou

objectos, de modo a que estas possam ser compreendidas, de maneira correcta, por

alguém que esteve ausente. Relativamente à comunicação escrita, os autores citados

afirmam que escrever sobre a Matemática torna a aprendizagem dos alunos mais

facilitada, na medida em que encoraja à reflexão e à clarificação de ideias, promove e

fomenta nos alunos a compreensão do tema em estudo.

A comunicação é, segundo Menezes (2000), um processo fundamental da

actividade matemática que envolve professores e alunos, na sala de aula. Pela sua

natureza, a comunicação adopta um estatuto de transversalidade relativamente a outros

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processos matemáticos, como é o caso da resolução de problemas. Neste sentido, a

comunicação não poderá desempenhar apenas um papel particularmente instrumental no

ensino e na aprendizagem da Matemática, porque o facto de falar não é suficiente. A

comunicação é a essência do ensino e da aprendizagem da Matemática escolar.

Menezes (2000), citando Brendefur e Frykholm, afirma que estes autores propõem

quatro modos de comunicação matemática: comunicação unidireccional; comunicação

contributiva; comunicação reflexiva; e comunicação instrutiva. No entanto, de todas, a

comunicação instrutiva, é considerada a mais adequada para fomentar na sala de aula,

uma vez que permite que o curso da experiência seja alterado como resultado da

conversação. Distingue-se dos outros modos por possuir uma dimensão metacognitiva.

De acordo com o projecto desenvolvido, Menezes (2000), os elementos

fundamentais que determinam a mudança das práticas comunicativas dos professores

são a valorização da comunicação como processo fundamental da actividade

matemática, associada à valorização da resolução de problemas. Assim, a resolução de

problemas assumiu uma importância relevante, como consequência da problematização

que os professores fizeram das suas práticas, emergindo como uma fonte de

dificuldades e de desafios.

Devido à transversalidade da comunicação no processo didáctico, uma

transformação a este nível tem grande influência em quase todos os outros domínios da

actividade instrutiva. Assim, a concordância dos professores com uma nova concepção

de comunicação matemática tem implicações na aprendizagem da Matemática e

consequências do seu lugar no currículo. A realização continuada de tarefas

problemáticas nas aulas, leva-os a avançar para novos padrões e modos de comunicação

de natureza mais interactiva (Menezes, 2000).

Resultados de estudos de investigação Matemática/Língua Portuguesa

Num estudo realizado, Malta (2003) pretende dar maior ênfase à importância da

linguagem no processo de aprendizagem em matemática. Analisar a necessidade do

“aprender a ler” e a expressar-se de forma organizada; ler no sentido mais amplo

possível, no sentido de adquirir conhecimentos a partir de fontes de registo,

nomeadamente, livros, textos ou meios de registo de conhecimentos que venham a ser

criados, sem a interferência directa de um explicador ao vivo. A autora aponta a

necessidade de os alunos desenvolverem as suas capacidades de leitura em Matemática

e de expressão do próprio raciocínio, proporcionando-lhes a compreensão e a utilização

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de resultados matemáticos. Refere, também, que a actuação do professor deverá ser

consistente com o material didáctico, mas também incluir a promoção de actividades

que auxiliem ou mesmo obriguem o aluno a desenvolver a sua capacidade de leitura de

um texto matemático, com a finalidade de desenvolver a capacidade de aquisição de

conhecimentos matemáticos de forma autónoma.

Santos-Wagner (2001) refere a importância e a necessidade de utilizar diferentes

moldes para comunicar pensamentos e argumentos matemáticos. Esta preocupação

encontra-se directamente relacionada tanto com os assuntos compreendidos pelos

alunos como com aqueles assuntos que demonstram as suas dificuldades de

compreensão. Para a autora é importante que os alunos saibam comunicar, expressar e

articular, não só o que compreenderam, mas também no que sentem dificuldades em

entender durante as etapas envolvidas nos processos de aprender, ensinar e avaliar os

conceitos matemáticos. Assim, reconhece a importância de desenvolver uma literacia

matemática, isto é, proporcionar aos alunos oportunidades de se tornarem alfabetizados

em Matemática, aptos para argumentarem e para comunicarem as suas ideias e

pensamentos sobre os diversos conceitos explorados na Matemática escolar. Segundo a

autora, é importante fornecer tarefas aos alunos, que os auxiliem no desenvolvimento e

na melhoria da comunicação verbal, escrita e esquemática sobre os diversos conceitos

matemáticos explorados na sala de aulas.

A incorporação, apenas, do processo comunicativo de falar, esquematizar,

escrever, e registar o que se pensa, o que se sente e o que se entende, evidencia

inúmeras potencialidades. Alunos e professores possuem habilidades comunicativas

diferentes e podem desenvolver ao máximo todas as habilidades e potencialidades de

comunicação, se forem estimulados a trabalhar com todas elas de forma estável,

aprazível e integrada no processo educativo. Portanto, segundo a autora, é necessária a

exploração de todas as possíveis combinações do ciclo de comunicação que podem

ocorrer em sala de aula através do uso da fala, da leitura, da escrita, da exposição oral de

ideias lidas em textos didácticos ou exploradas em tarefas escolares, nomeadamente,

resolução de problemas e actividades de investigação, entre outras. Na sala de aulas,

deve ser propiciado um ambiente em que o professor e alunos sintam confiança,

motivação e desejo de aprender, de ensinar, de comentar, de analisar, de reagir, de

apreciar, de criticar e de comunicar com os outros. Neste sentido, urge a descoberta de

formas de estimulação e desenvolvimento das várias formas de discurso, de registos

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feitos por professores e alunos, acerca de pensamentos, ideias e argumentos, em aulas

de Matemática.

Para esta autora, a capacidade de raciocinar, sobre a informação disponível é

crucial na tomada de decisões e é estimulada pelo acesso a fontes de informação

diversificadas e a pontos de vista não forçosamente convergentes. Por outro lado o

acesso à informação nunca foi tão fácil e tão rápido. É nesta perspectiva que a escola

nos surge como o interlocutor privilegiado para “ensinar” a transformar a informação

disponível em conhecimento, mediante o desenvolvimento das potencialidades

literácitas de cada aluno. Na promoção destas há que contemplar, por um lado, o

desenvolvimento das capacidades cognitivas individuais e, por outro, o acesso a

competências instrumentais, essenciais à obtenção de conhecimento via estudo (Santos-

Wagner, 2001).

Para Matos e Serrazina (1996), tanto explicar, como expor, têm um papel

importante no ensino da Matemática. Cabe ao professor o papel de explicador,

proporcionando aos alunos maior confiança no seu trabalho. O facto de os alunos

comunicarem com os outros, permite-lhes trabalhar no refinar e clarificar do que

compreendem e facilitará a aprendizagem se tiverem que explicar o que aprenderam a

mais alguém. Pedir aos alunos para explicarem por escrito o seu raciocínio e as suas

descobertas permite-lhes melhorar a sua capacidade de comunicação oral e escrita. Por

outro lado, este aspecto serve de reflexão sobre o que acabaram de explorar.

Para estes autores e segundo o consignado no NCTM compreender que

representar, discutir, ler, escrever e ouvir Matemática representam uma parte essencial

da aprendizagem e da utilização da Matemática.

Num estudo levado a cabo por Proudfit, referido por Leitão e Fernandes (1997)

a investigadora concluiu que ensinar os alunos a pensar sobre os processos de resolução

parece não ter ajudado na melhoria dos seus desempenhos. No entanto, atesta que a fase

crítica do processo de resolução de problemas não se encontra ao nível da habilidade

para ler, mas ao nível da compreensão, uma vez que a maioria dos erros resultava da

dificuldade de compreensão.

Figueiredo e Palhares (2005), referem a importância do desenvolvimento da

língua materna, particularmente ao nível da leitura, interpretação e compreensão de

qualquer enunciado, qualquer texto do quotidiano que seja colocado aos alunos, tanto na

sala como fora dela. Referem que a correlação existente entre os níveis de Língua

Portuguesa e a resolução de problemas de processo é muito alta. Isto justifica o que se

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acabou de dizer: quanto mais alto o nível a Língua Portuguesa, maior é a capacidade do

aluno na resolução de problemas, admitindo que é a maior capacidade de ler, interpretar

e compreender os enunciados dos problemas, que explica o facto. Assim, pelo domínio

da língua materna, os alunos estarão aptos a resolver actividades matemáticas com

maior sucesso.

A hipótese básica, levantada por Machado (1991), era a de que a língua materna

deveria associar-se verdadeiramente aos processos de ensino da Matemática, não apenas

no que concerne à leitura dos enunciados, mas fundamentalmente como causa elementar

na construção dos conceitos, na apreensão das estruturas lógicas da argumentação e na

elaboração da própria linguagem matemática. O autor citado afirma que todas as

tentativas, mesmo as mais simples, de aprendizagem da Matemática prevêem um

conhecimento da língua materna, ainda que seja apenas na sua forma oral, uma vez que

proporciona a compreensão do significado dos objectos envolvidos ou das normas que

possibilitam a execução dos trabalhos propostos. Este aspecto poderá ser entendido

como uma verdadeira relação de complementaridade, de intercâmbio, e não apenas

como uma prestação de serviços por parte da Matemática.

A superação das dificuldades do ensino passa pelo reconhecimento da

essencialidade da impregnação mútua entre a língua materna e a Matemática e, em

consequência, da absoluta necessidade da utilização inicial das noções intuitivas,

aproximadas, imprecisas, mas fecundas e significativas, descortinadas através do

recurso à língua (Machado, 1991, p.157). Neste sentido, e seguindo o mesmo fio

condutor, Ponte e Serrazina (2000) afirmam que a Língua Portuguesa é a base de todo o

pensamento, incluindo o pensamento matemático.

A importância da resolução/formulação de problemas e actividades de investigação

em Matemática

De acordo com o Programa do 1º Ciclo do EB, os objectivos basilares do ensino

da Matemática constam do desenvolvimento das capacidades de raciocinar, de

comunicar e de resolver problemas. Segundo este documento, a resolução de problemas

é uma actividade fundamental, já que promove o desenvolvimento do raciocínio e da

comunicação, colocando os alunos numa postura activa de aprendizagem, criando a

oportunidade da construção de noções matemáticas, como resposta às investigações

levantadas, nomeadamente, de exploração e de descoberta de novos conceitos, na sua

aplicação a situações novas.

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A ênfase posta na temática da resolução de problemas nos actuais programas de

matemática, ao nível do 1º Ciclo do EB é certamente devida ao facto de se tratar de

uma actividade que proporciona aos alunos o desenvolvimento do raciocínio, ajudando-

os na resolução de problemas do quotidiano. Mas também porque, através da

compreensão, os alunos estarão aptos a aplicar o que aprenderam a situações novas,

verificando, assim, os conhecimentos. Uma das principais finalidades da Matemática no

EB é, por isso, permitir que os alunos possam desenvolver as suas capacidades e a sua

competência na resolução de problemas.

Segundo Afonso e Gabriel (2001), a relevância que assume a resolução de

problemas, neste ciclo de escolaridade, vem ao encontro das competências essenciais

para a Educação Básica, no ensino da Matemática (ME, 1999). Neste documento, pode

ler-se que a resolução de problemas “constitui um contexto universal de aprendizagem”

e que, por isso, deve estar sempre presente, associada ao raciocínio e à comunicação e

integrada naturalmente nos diversos tipos de actividades” (p.8).

No que diz respeito aos Standards, (NCTM, 2000) referidos em Afonso e

Gabriel (2001), a resolução de problemas deveria ser o suporte do currículo de

Matemática. Assim sendo, é considerado um propósito de extrema importância no

ensino da Matemática e parte integral de toda a actividade matemática. A resolução de

problemas constitui um processo que atravessa todo o programa e fornece o contexto

em que os conceitos devem ser aprendidos e as competências desenvolvidas.

De acordo com o National Council of Teachers of Mathematics (NCTM),

também citado em Afonso e Gabriel (2001), considera-se que através da aprendizagem

da resolução de problemas, são adquiridos pelos alunos, meios de pensamento, hábitos

de persistência, curiosidade e confiança em situações não familiares, que os tornarão

aptos a resolver situações fora do contexto de sala de aula de Matemática.

Afonso e Gabriel (2001) defendem que, a resolução de problemas é uma

temática de tal ordem importante que não pode funcionar como uma parte isolada do

programa, mas de forma completamente integrada na aprendizagem matemática. Estes

autores referem que o ensino da resolução de problemas permite dotar os alunos da

competência de aprender a aprender, tornando-os autónomos e responsáveis pelos seus

trabalhos. Assim, será desenvolvido nos alunos o hábito de procurar as respostas às

questões que vão surgindo no seu quotidiano.

A importância da resolução de problemas, no processo ensino/aprendizagem de

Matemática, segundo Garcia (1989), excede amplamente a importância da resolução de

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exercícios, porque esta prática induz os alunos à mecanização de certos algoritmos e ao

decorar da matéria. Na resolução de problemas, o aluno não só consolida

conhecimentos, mas também inter-relaciona esses conhecimentos, desenvolvendo o

raciocínio e a criatividade, e muito particularmente, a compreensão e aplicação da

Matemática a situações concretas. Promove-se, deste modo, o gosto pela Matemática.

Para Borralho (2004), a aprendizagem da resolução de problemas é um

propósito firme, reconhecido como uma das finalidades mais consideráveis da

Matemática escolar. Pode ver-se, segundo este autor, definido este aspecto, em

publicações importantes, ao nível das orientações curriculares para o ensino básico,

nomeadamente na Agenda for Action, Curriculum and Evaluation Standards for School

Mathematics e nos Principles and Standards for School Mathematics do NCTM (1989).

Também em Portugal se tem verificado preocupações neste sentido, mais

concretamente através do CNEB (2001), que aponta para o desenvolvimento, entre

outras, das seguintes competências gerais: pesquisar; seleccionar e organizar

informação para a transformar em conhecimento mobilizável; e adoptar estratégias

adequadas à resolução de problemas e à tomada de decisões. Todas estas competências

mantêm uma relação directa com a actividade de resolução de problemas.

O CNEB (2001), a nível das competências específicas, revela de modo explícito

que o realce da Matemática escolar não está na aquisição de conhecimentos isolados e

no domínio de regras e técnicas, mas na capacidade de utilizar a Matemática na

resolução de problemas, no raciocínio e na comunicação.

Neste sentido, Borralho (2004) afirma que a resolução de problemas é parte

integrante de toda a aprendizagem da Matemática, proporcionando aos alunos a

construção de novo conhecimento, a aplicação e a adaptação a uma variedade de

estratégias apropriadas e a reflexão sobre os processos matemáticos envolvidos.

Para Moreira (1989), bastaria a resolução de problemas ser uma actividade

estimulante e desafiadora, para fundamentar a sua inclusão nos currículos. Resolver

problemas é, porém, muito mais do que isso. Esta autora refere que, tanto a resolução

como a formulação de problemas têm constituído a base do crescimento do corpo de

conhecimentos matemáticos. Há a salientar, de acordo com a autora, três perspectivas

sobre a resolução de problemas: (1) ensinar conceitos, técnicas, regras, etc, para

resolver problemas no futuro; (2) ensinar a resolver problemas, passando pelo ensino

sistemático de técnicas e de estratégias gerais e específicas para a resolução de

problemas; (3) ensinar, através da resolução de problemas, proporcionando sempre uma

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abordagem problemática de situações muito amplas e abertas que conduzam à

formulação de novos e diferentes problemas, para cuja resolução é necessário construir

conceitos, desenvolver estratégias e adquirir técnicas.

Para Mesquita e Paradinha (1989), a implementação da actividade de resolução

de problemas na sala de aula pretende o desenvolvimento, entre outras, da capacidade

de encontrar estratégias, testá-las, reformulá-las, descobrir relações, estimar e mesmo

formular novos problemas.

Estudar as atitudes dos alunos, relativamente à resolução de problemas,

pesquisar que tipos de problemas os alunos gostam e têm mais facilidade em resolver,

saber até que ponto os alunos se encontram aptos a resolver problemas são algumas

questões que Garcia (1989) acha pertinente dar resposta, tendo como finalidade uma

melhor adequação desta prática junto dos alunos.

O documento do DEB (2001) refere que os alunos deverão ter a oportunidade de

se envolver em variados tipos de experiências de aprendizagem. A resolução de

problemas, as actividades de investigação matemática, a formulação de problemas, a

realização de projectos e jogos e outros constituem desafios para os alunos e devem

integrar as suas experiências. Ao se envolverem na resolução destas actividades, os

alunos terão oportunidade de explorar situações abertas, de encontrar regularidades, de

fazer e testar conjecturas, argumentando e comunicando as suas conclusões oralmente

ou por escrito.

Mamede (2002), citando Bassarear, refere que este autor na resolução de

problemas distingue dois tipos fundamentais de capacidades que devem ser estimuladas

e desenvolvidas nos alunos: (1) a capacidade de comunicar consigo mesmo perante um

problema, possibilitando o desenvolvimento de estratégias de resolução que considere

fazerem sentido na busca da solução; (2) a capacidade do aluno comunicar com os

outros, partilhando as suas observações e soluções encontradas, mas também

compreendendo as observações e soluções apresentadas pelos outros.

Esta abordagem à resolução de problemas, no âmbito do ensino da Matemática,

pressupõe a concepção e a definição de problema e de resolução de problemas. Segundo

Fonseca (1997), estes termos são compreendidos, de forma distinta, entre professores e

investigadores, conforme as suas concepções, experiências e conhecimentos. Vale

(1997) defende, por sua vez, que a resolução de problemas é uma metodologia de

ensino-aprendizagem da Matemática e não apenas um simples conteúdo de Matemática.

É uma actividade elementar, particularmente no ensino básico, pelo carácter transversal

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que esta assume perante as restantes áreas curriculares e pelo propósito do

desenvolvimento das capacidades dos alunos.

Tendo por base referências de alguns autores, Fonseca (1997) afirma que para

Pólya ter um problema implica o envolvimento na busca consciente de algum acto

adequado capaz de dar resposta, ainda que esta não seja prontamente alcançada. Para

Mason, a resolução de problemas é considerado um empreendimento que visa a

resolução ou a reformulação de questões não estruturadas, sem que haja, para tal, uma

técnica específica. Já Lester encara a resolução de problemas como uma série de actos

agregados e implementados para o desempenho de uma tarefa. Mayer afirma que a

resolução de problemas exige uma sequência de operações mentais e tem como

principal propósito a descoberta da passagem de uma situação a outra situação pelo

“resolvedor”.

Na maioria das vezes, a resolução dos problemas de processo não envolve a

aplicação directa de um algoritmo, mas a utilização de estratégias de resolução de

problemas a que Vale e Pimentel (2004, p.24) fazem referência: a) Descobrir um

padrão/Descobrir uma regra ou lei de formação – esta estratégia centra-se em certos

passos do problema e a solução é encontrada por generalizações de soluções específicas;

b) Fazer tentativas/Fazer conjecturas – nesta estratégia tem que se “adivinhar” a

solução, segundo os dados do problema, e confirmar ou não as condições do problema;

c) Trabalhar do fim para o princípio – nesta estratégia começa-se pelo fim ou pelo

que se quer provar; d) Usar dedução lógica/Fazer eliminação – nesta estratégia

encaram-se todas as hipóteses e vai-se eliminando, uma a uma, aquelas que não são

possíveis; e) Reduzir a um problema mais simples/Decomposição/Simplificação –

esta estratégia implica resolver um caso particular de um problema. Normalmente,

aparece associada à estratégia de descoberta de um padrão; f) Fazer uma

simulação/Fazer uma experimentação/Fazer uma dramatização – esta estratégia

consiste em utilizar objectos, criar um modelo ou fazer uma dramatização que traduza o

problema a ser resolvido; g) Fazer um desenho, diagrama, gráfico ou esquema – um

desenho vale mais do mil palavras; h) Fazer uma lista organizada ou fazer uma

tabela - utiliza-se como estratégia de resolução ou simplesmente para representar,

organizar e guardar informação.

Sempre que se aborda a questão da resolução de problemas, conforme Fernandes

(1989), apreende-se com alguma facilidade que o modelo utilizado no processo de

ensino/aprendizagem é praticamente sempre o mesmo, ou seja, o modelo de Pólya. Este

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modelo descreve quatro fases a seguir aquando da resolução de um problema:

compreender, planear, executar e avaliar. Estas fases permitem que a ênfase da

resolução de problemas não seja apenas a resolução de uma mera actividade, mas que

proporcione a cada aluno a compreensão, antes de tudo, do enunciado matemático. O

professor desempenha aqui um papel relevante, fornecendo o apoio necessário aos

alunos, neste tipo de tarefa. Antes de entrar na resolução de problemas, é fundamental a

discussão de possíveis estratégias de resolução. Nesta fase, é essencialmente necessária

a leitura do enunciado e a sua discussão, de forma a que o significado das palavras, das

frases e/ou das expressões seja compreendido pelos alunos. De seguida, e para que a

compreensão seja generalizada, é importante que seja promovida uma discussão com

base em questões relacionadas com o enunciado, de modo a poderem ser esclarecidos

aspectos úteis na resolução do problema. Um outro aspecto realmente interessante é

pedir aos alunos que sugiram as estratégias mais apropriadas à resolução do problema,

pois, ao fazê-lo, os alunos estão a desenvolver e a generalizar a sua compreensão. Ao

desenvolver estes aspectos - leitura, interpretação, reconhecimento do significado das

palavras - prevê-se que os alunos identifiquem estratégias e sugiram pistas prováveis de

resolução.

Na fase seguinte da resolução de problemas, as dificuldades que vão surgindo

devem ser superadas através da intervenção e ajuda do professor, que tem aqui um papel

de moderador. Assim, poderão ser desenvolvidas as seguintes actividades: observação

dos alunos e colocação de questões acerca do trabalho que estão a desenvolver; fornecer

pistas e sugestões que permitam ao aluno a utilização de estratégias mais apropriadas à

resolução de problemas. Este desempenho poderá proporcionar uma nova formulação

das questões da fase anterior, para que se torne mais facilitada a resolução de

problemas.

Após a resolução de problemas, é fundamental a discussão e análise do trabalho

realizado, da forma como foi feito e como poderia ter sido feito. Assim, poder-se-ão

discutir as soluções descobertas e pedir aos alunos para indicar e discutir as estratégias

usadas na resolução do problema.

Um dos resultados mais proveitosos da resolução de problemas é tentar

relacionar o problema que foi resolvido com outros do mesmo tipo, aplicando os

conhecimentos adquiridos a situações concretas.

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É importante que os alunos se vão familiarizando com as fases enumeradas por

Pólya, porque estas podem facilitar-lhes a resolução dos problemas, desenvolvendo-lhes

as capacidades propostas nas referidas fases.

De uma forma abreviada, Vale e Pimentel (2004), das fases previstas por Pólya

na resolução de problemas, destacam as seguintes: ler e compreender o problema. Deve

ser lida toda a informação, identificados todos os dados e as condições da situação

apresentada, analisadas e discutidas todas as palavras, expressões e condições, ou seja,

devem ser identificados os dados principais do problema, facilitando a interpretação e a

compreensão pretendidas, de modo a permitir a decodificação dos dados necessários à

resolução do problema. No processo de resolução de problemas, ler e compreender o

problema implica, assim, a exploração da mensagem contida no enunciado.

Serrazina, Vale, Fonseca e Pimentel (2002) afirmam que a resolução de

problemas e as investigações matemáticas têm muitos pontos comuns, proporcionando

actividades que envolvem processos complexos de pensamento. É importante

apresentar, aos alunos, propostas de trabalho interessantes, que envolvam conceitos

matemáticos fundamentais e onde os alunos tenham oportunidades para experimentar,

discutir, formular, conjecturar, generalizar, provar, comunicar as suas ideias e tomar

decisões. A resolução de problemas permite aos alunos entenderem melhor o

ensino/aprendizagem da Matemática e a própria Matemática.

Do trabalho desenvolvido em (O trabalho investigativo nas aprendizagens

iniciais da matemática), Martins, Maia, Menino, Rocha e Pires (2002) concluíram o

seguinte:

quando se dá maior relevo ao envolvimento dos alunos com o trabalho

matemático que estão a efectuar, em vez do conteúdo ou tema matemático, o

professor coloca a tónica essencial num processo activo e aglutinador que faz

emergir uma noção de actividade matemática totalmente distinta do trabalho

rotineiro desenvolvido em algumas aulas de matemática. Esta actividade

matemática surge de propostas abertas em que os percursos são negociados

pelos intervenientes; a definição destes percursos faz crescer, nos alunos, o

espírito de iniciativa e autonomia, a persistência e a criatividade. Neste contexto,

a competência de comunicação é extraordinariamente desenvolvida, o ambiente

em que decorre o trabalho possibilita que os alunos levantem questões,

formulem hipóteses, exprimam ideias e negoceiem o significado das palavras.

Os alunos clarificam o seu pensamento matemático, dando assim valor à

matemática e contribuindo para o desenvolvimento de saberes que permitam

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uma melhor compreensão conceptual da matemática e o desenvolvimento de

capacidades de ordem superior (p.67).

Os autores referem que as actividades de investigação matemática são

actividades abertas, comprometendo os alunos num envolvimento em terreno

desconhecido, ao recolherem dados, detectarem diferenças, reconhecerem regularidades

e padrões, estabelecerem analogias e sobretudo permitirem-lhes um sentido de

investigação e descoberta. Este tipo de exploração garante a formulação de conjecturas,

a argumentação e a demonstração, actividades fundamentais na Matemática. Além

destes aspectos, a comunicação é altamente desenvolvida, neste contexto, permitindo

desenvolver nos alunos, ao longo da escolaridade, a capacidade de argumentação, com

evidência e firmeza. As tarefas de exploração e de investigação possibilitam aos alunos

a construção de pequenas cadeias de raciocínio dedutivo, baseando-se em evidências

empíricas e em factos previamente aceites. Permitem, também, a elaboração sistemática

de conjecturas, podendo ser discutidas com base na argumentação consistente. Esta

capacidade de argumentação é desenvolvida nos alunos, quando estes são estimulados a

fazer conjecturas, quando lhes é proporcionado tempo para procurarem evidências que

as apoiem ou contestem, e quando são obrigados a explicar e a justificar as suas ideias.

As investigações matemáticas são situações/tarefas mais abertas, menos

estruturadas, que, na maioria das vezes, podem não ter uma solução única, exigindo que

o aluno percorra os passos do investigador, de modo a chegar a algum resultado.

Para Vale e Pimentel (2004), as investigações matemáticas proporcionam

experiências de excepcional riqueza para o pensamento, nomeadamente “a descoberta

de padrões, a elaboração, teste, refutação ou prova de conjecturas e o estabelecimento

de generalizações” (p.37).

Pirie, citado em Vale e Pimentel (2004), afirma que numa tarefa de investigação

os dados são desconhecidos para os alunos, não sendo esperada uma resposta correcta.

Assim, os alunos terão de explorar as possibilidades, conjecturar e convencer-se a si

próprios e aos outros da legitimidade das suas descobertas. Quer isto dizer que, quando

os alunos fazem conjecturas, eles têm de as justificar, se for esse o caso, para as provar.

No documento, Currículo Nacional do ensino Básico (DEB, 2001) está previsto

que os alunos explorem situações abertas, procurem regularidades, façam e testem

conjecturas, argumentem e comuniquem as suas conclusões, quer oralmente, quer

através da escrita.

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Com base em Stevenson, Vale e Pimentel (2004, p.37) apresentam três fases

relativas às investigações matemáticas: a) Fase indutiva – nesta fase, prevê-se uma

exploração inicial, de modo a tomar contacto com a proposta e a ter uma ideia precisa

sobre a questão central. De seguida é feita uma sistematização e organização dos dados

com vista ao seu relacionamento, levando à procura de um padrão ou regularidade

nesses dados. Por fim é feita a testagem do padrão em mais dados e a formulação de

uma conjectura; b) Fase dedutiva – nesta fase, prevê-se a argumentação com vista à

justificação da conjectura feita e a demonstração dessa conjectura. c) Fase criativa –

nesta fase, prevê-se a procura de extensões da questão em estudo.

Referindo-se à formulação de problemas, Matos e Serrazina (1996) afirmam que

para Mason, “o facto de um aluno ser desafiado a formular o seu próprio problema

proporciona condições de um maior envolvimento e, consequentemente, um maior

entusiasmo na sua resolução” (p.144). Assim, nas aulas, os alunos devem ter muitas

oportunidades, tanto para formular problemas como para observar o professor a

formular problemas. Citando Schwartz, os mesmos autores referem que a formulação de

problemas é importante e desenvolve nos alunos o gosto de explorar e analisar

conjecturas, facilitando uma atitude crítica e de investigação, componentes muito

importantes da sua educação.

Martins et al. (2002), acerca da natureza das investigações na aula de

Matemática, referem que o documento português, DEB, utiliza expressões como

desenvolvimento de modelos matemáticos; actividades de exploração, investigação e

descoberta; formulação de conjecturas, discussão e comunicação; argumentação e

prova; construção de conceitos; resolução e formulação de problemas. A este propósito,

referem que para Silver, a formulação de problemas é caracterizada como uma

actividade de ensino de cunho investigativo. Referem, ainda, a importância da

formulação de problemas da parte dos alunos, considerando-a uma componente vital da

resolução de problemas, uma vez que, ao formular um problema poder-se-á partir de

uma questão não muito bem definida, ou conduzir a outras questões e, deste modo, os

alunos já estão a iniciar uma investigação.

Palhares (1997) refere que para Pólya a experiência do aluno em termos

matemáticos não poderia estar completa, se este não resolver um problema inventado

por ele próprio. No entanto, só muito recentemente a questão da formulação de

problemas tem sido abordada e despertado interesse na comunidade educativa. Palhares

(1997) fazendo referência a Ernest, Silver e Schwartz, afirma que existem diversas

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recomendações para a introdução da formulação de problemas na sala de aula. Os

autores citados afirmam que este tipo de actividade assume particularmente

preocupações ideológicas e pedagógicas, por considerarem existir uma ligação entre a

formulação de problemas e a actividade criativa ou excepcional capacidade matemática;

actividade que favorece o ensino orientado para a pesquisa; actividade que constitui um

aspecto relevante da actividade matemática; meio de melhorar a resolução de

problemas; meio que permite observar a capacidade matemática dos alunos; e, meio de

melhorar as atitudes dos alunos face à Matemática.

Palhares (1997) sugere diversas estratégias para a formulação de problemas,

tendo por referência alguns autores. Afirma que, para Walter e Brown, uma das

estratégias terá como ponto de partida a questão: “E se em vez disso?” e ainda

“Aceitando os dados”. Pólya e Palhares partilham um ponto comum, a formulação de

problemas a partir de problemas anteriormente resolvidos. Neste sentido, Palhares

(1997) aponta estratégias de “Variação de um problema” e a “Recontextualização”.

A propósito da “Recontextualização”, Palhares (1997) refere que esta estratégia

foi usada inicialmente com alunos do 1.º ciclo, mas que poderá aplicar-se também nos

outros níveis de ensino. Segundo este autor, podem ser formulados novos problemas

com base em problemas já resolvidos, a partir da identificação de alguma característica,

fixando essa característica e envolvendo-a em novo contexto.

Na formulação de problemas, segundo Palhares (1997), o indivíduo é

denominado de formulador, ou seja, a pessoa que inventa o problema para si ou para os

outros. Tal como já foi referido, o formulador poderá inventar o problema, partindo de

uma situação ou de outro problema.

Para Vale e Pimentel (2004), a formulação de problemas facilita aos alunos a

invenção de problemas, usando a sua própria linguagem e de acordo com as próprias

vivências e contextos dos mesmos. Estas autoras referem que, para Pólya, é essencial a

variação de um problema, quando estamos envolvidos com este tipo de trabalho.

Poderão ser criados novos problemas por meio da decomposição e recomposição, da

analogia, da particularização e generalização, conforme já fora referido anteriormente.

Resumo

Neste capítulo, fez-se uma análise das orientações curriculares e programáticas

das disciplinas de Matemática e Língua Portuguesa, ao nível do 1.º ciclo do EB, em

geral, e do 4.º ano de escolaridade, em particular. Fez-se, por outro lado, uma leitura dos

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principais estudos publicados sobre a problemática, tema desta investigação. Face aos

estudos a que se teve acesso, é ainda reduzida a bibliografia, tanto a nível nacional

como internacional, sobre a importância de conhecimentos em língua materna e o

ensino e a aprendizagem da Matemática.

No entanto, a grande maioria dos autores, Figueiredo e Palhares (2005),

Menezes et al. (2001), Valadares (2003), Machado (1991), defende que o sucesso, na

aprendizagem desta disciplina, está intimamente relacionado com o domínio

consolidado das competências em língua materna, as quais são consideradas

indispensáveis à interpretação, compreensão e resolução de problemas. Neste mesmo

sentido apontam documentos oficiais do Ministério da Educação, nomeadamente, a

Organização Curricular e Programas – Ensino Básico 1.º Ciclo -4.ª edição (2004), e o

Currículo Nacional de Ensino Básico – Competências Essenciais (2001), onde se

chama a atenção para a transversalidade da Língua Portuguesa no ensino e

aprendizagem das restantes disciplinas. Neste campo, a comunicação, tanto oral como

escrita, constitui um factor essencial para estabelecer a ligação entre a Matemática e a

Língua Portuguesa, por permitir o clarificar do pensamento e a estimulação da

compreensão. É neste sentido que em resolução de problemas, nomeadamente, de

processo, a comunicação assume especial relevância no ensino e na aprendizagem da

Matemática, como defendem Mamede (2002), Matos e Serrazina (1996), Martins et al.

(2002), Menezes (2000).

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CAPÍTULO III - Metodologia de investigação

No presente capítulo efectua-se a descrição da metodologia adoptada neste

estudo. Faz-se referência ao contexto da investigação, à construção de instrumentos para

a recolha e análise de dados, à calendarização da investigação e ainda às fases da

intervenção pedagógica.

Opções Metodológicas

Nesta investigação foi privilegiada uma abordagem de natureza qualitativa, uma

vez que se pretendeu uma observação detalhada e uma compreensão pormenorizadas de

um contexto educativo. Optou-se, assim, por realizar um estudo de caso. Vale (2004)

refere que, apesar do estudo de caso constituir uma metodologia de abordagem

aparentemente simples, na realidade reveste-se de grande complexidade, garantindo os

ambicionados critérios de qualidade. Este tipo de investigação exige um “intenso e/ou

prolongado contacto” com a realidade que se pretende estudar, reflectindo o “dia-a-dia

dos indivíduos, grupos, sociedades e organizações” (Vale, 2004, p.177).

Cohen e Manion (1990) referem que o investigador, que utiliza o estudo de caso,

observa as características de uma unidade, de uma criança, de um grupo, de uma turma,

de uma escola ou de uma comunidade. Neste estudo foram sujeitos quatro casos

constituídos, cada um, por um par de alunos do 4.º ano de escolaridade. A investigadora

foi o principal instrumento de recolha de dados.

Yin (1989) refere que o estudo de caso é uma inquirição empírica que investiga

um fenómeno actual num contexto da vida real, quando o limite entre o fenómeno e o

contexto não se apresenta de forma clara e onde são usadas diversas fontes de

evidências. O caso é especializado no modo e na capacidade de lidar com uma completa

variedade de evidências, nomeadamente, documentos, artefactos, entrevistas e

observações.

Vale (2004) refere que Yin e Ponte defendem a mesma opinião a de que o

estudo de caso é adequado para responder às questões “como” e “porquê”, uma vez que,

as respostas a estas questões explicativas se verificam e ocorrem ao longo de um

período de tempo.

Ponte (1994) aponta três características fundamentais de um estudo de caso: (a)

trata-se de um tipo de pesquisa com um forte cunho descritivo. Neste estudo, o

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investigador não pretende alterar a situação, mas compreendê-la tal como ela é. O

estudo de caso pode ter um profundo alcance analítico, interrogando a situação,

confrontando-a com outras situações já conhecidas e com teorias existentes, podendo,

assim, gerar novas teorias e novas questões de investigação; (b) este tipo de

investigação não é experimental. Geralmente, apela-se a este tipo de investigação

quando não se tem controlo sobre os acontecimentos, não sendo possível, portanto,

manipular as potenciais causas do comportamento dos participantes; (c) trata-se de uma

investigação de natureza empírica e baseia-se fortemente em trabalho de campo ou em

análise documental.

São cada vez mais comuns os estudos de caso de natureza qualitativa, também

designados por naturalistas, conforme Bogdan e Biklen (1994), ao citarem Guba e Wolf,

porque o investigador frequenta os locais em que ocorrem os fenómenos nos quais está

interessado, recaindo os dados recolhidos sobre os comportamentos naturais

observados. Os resultados de um estudo de caso podem ser dados a conhecer de

diversas maneiras, incluindo textos escritos, comunicações orais ou registos em vídeo.

No entanto, o seu relato assume com frequência a forma de uma narrativa cujo objectivo

é contar uma história que acrescente algo de significativo ao conhecimento existente e

seja tanto quanto possível interessante e iluminativa. Este aspecto é consequência da

própria natureza do estudo de caso: chamar a atenção para o que há de interessante,

original e surpreendente na situação estudada, objectivo que pode ser muito bem servido

por um relato narrativo; desde que se salvaguardem a descrição metodológica e a

apresentação dos dados, sem os quais não se pode falar de relatos de trabalhos

científicos.

Contexto da Investigação

A escola do 1.º ciclo do EB onde foi implementado o estudo insere-se numa

zona urbana. Apesar de recente, o edifício já vai tendo dificuldade em dar resposta às

necessidades, por falta de vaga, pois conta com 236 alunos. A escola encontra-se

equipada com pouco material para a Matemática e em mau estado de conservação. Em

virtude de haver professores, desta escola, a frequentar o Programa de Formação

Contínua em Matemática, a instituição de Ensino Superior responsável pelo programa

no distrito disponibilizou material diversificado que pode ser requisitado por todas as

escolas do 1.º ciclo do Agrupamento.

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As actividades lectivas desenvolvem-se em horário normal, sendo o almoço

assegurado pelo refeitório da EB2.3.

A professora A professora da turma lecciona há vinte e oito anos e está nesta escola há três,

altura em tomou conta da turma onde foi implementado o estudo. Concluiu, em 1998, o

curso de Complemento de Formação que a habilitou com a licenciatura em ensino de

Inglês Precoce.

Refere o gosto pelo ensino e pelo contacto com as crianças. Gosta de se

envolver em projectos, juntamente com os seus alunos, por considerar que são

actividades enriquecedoras e motivadoras no processo de ensino/aprendizagem. Nesta

fase de escolaridade considera fundamental que os alunos façam uma boa

aprendizagem da leitura, análise e interpretação de textos, pois delas dependem e estão

comprometidas todas as restantes áreas curriculares. Por isso, nas suas aulas, dá mais

importância ao reconto de um texto ou de uma história, à resolução de problemas e a

aspectos referentes a problemas actuais, nomeadamente, a cidadania, o civismo, entre

outros que se encontram com eles implicados. Apesar de dar prioridade à Língua

Portuguesa, colocando-a em primeiro lugar, relativamente às outras áreas de estudo,

reconhece que é à Matemática que mais tempo dedica, por apreciar o ensino desta

disciplina. Considera possível que todos aprendam Matemática, desde que cada aluno

aprenda a gostar e a apreciar a Matemática. Na aprendizagem da Matemática, considera

relevante o raciocínio, o saber seguir passos para chegar a uma conclusão e também a

parte técnica. Considera que, mais do que as explicações do professor, é importante

uma boa compreensão das situações. Por essa razão considera pertinente a comunicação

das experiências da aprendizagem na Matemática pelos alunos, pois ao partilhar as suas

ideias com os outros, estão a interiorizar os conceitos e a aprender Matemática.

Refere haver uma relação muito forte entre as áreas de Língua Portuguesa e de

Matemática, muito particularmente no aspecto da interpretação e compreensão do texto

lido, pois só se pode entender o que é pedido, após uma boa leitura. Por essa razão,

considera que é sobretudo ao nível da resolução de problemas que a Matemática exige

maior domínio da Língua Portuguesa, estabelecendo sobre esta primordial influência.

Alunos participantes O presente estudo foi implementado numa turma do 4.º ano de escolaridade do

1.º ciclo do EB, porque é um ano em que, à partida, os alunos já são capazes de ler

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fluentemente, são mais autónomos na interpretação/compreensão de textos e a

resolução de problemas é uma actividade fortemente implementada na sala de aula. A

turma é constituída por 24 alunos e estão juntos desde o 1.º ano. Este aspecto constituiu

uma razão sólida que esteve na base desta selecção. Existem na turma 15 rapazes e 9

raparigas. Todos os alunos estão incluídos na idade padrão.

A turma inclui alguns casos de alunos com algumas dificuldades de

aprendizagem; no entanto, segundo a professora, a maior parte tem bom

aproveitamento em todas as áreas curriculares disciplinares, sendo um grupo bastante

homogéneo, dado o interesse pelo estudo e pela aprendizagem em geral.

No que concerne ao comportamento, a turma é sossegada e disciplinada.

De acordo com a professora, desde muito cedo, os alunos foram habituados à

resolução de problemas, por constituir uma actividade fundamental da Matemática e

por poder abarcar todos os conteúdos matemáticos ao nível do programa. Geralmente,

os problemas propostos são resolvidos através da utilização dos quatro algoritmos e

relacionados com os conteúdos constantes do programa do 4.º ano. Muito recentemente,

os manuais escolares começaram a introduzir problemas não rotineiros, nomeadamente

problemas de processo que vão sendo resolvidos com algum agrado por parte dos

alunos. No que concerne às investigações matemáticas e à formulação de problemas, os

alunos não tiveram, ainda, oportunidade de experimentar, embora, segundo a professora

da turma, sejam actividades apelativas e previstas para curto prazo.

Os pares do estudo Foram seleccionados quatro pares para o estudo. A selecção de cada par foi

definida de acordo com alguns critérios e indicadores. Os critérios prenderam-se com a

conjugação do desempenho dos alunos a Língua Portuguesa e Matemática e também

com o facto dos alunos poderem ser bons informantes. Dos quatro pares seleccionados,

apenas dois elementos são do sexo feminino, porque existem em menor número na

turma. Das nove raparigas, apenas uma delas revela dificuldades de aprendizagem em

todas as áreas de estudo, sendo as restantes boas alunas. Assim, optou-se por

seleccionar a Marta e a Filipa que se encontravam dentro dos parâmetros pretendidos.

A selecção dos pares de estudo foi efectuada com a ajuda da professora da turma, por

ser a pessoa que melhor conhecia os alunos. Além dos critérios previamente definidos,

o processo de selecção dos pares desenvolveu-se, um pouco, de forma aleatória, uma

vez que havia nesta turma muitos casos parecidos com os que foram escolhidos.

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Foram seleccionados pares com as seguintes características:

O primeiro par – tipo A - devia ter bom aproveitamento nas duas áreas de

estudo, Língua Portuguesa e Matemática;

O segundo par – tipo B – pelo menos um dos elementos devia ter

aproveitamento razoável em Matemática;

O terceiro par – tipo C – pelo menos um dos elementos devia ter

aproveitamento académico razoável nas duas áreas, Língua Portuguesa e Matemática;

O quarto par – tipo D – pelo menos um dos elementos devia ter aproveitamento

razoável em Língua Portuguesa.

O par do tipo A foi constituído pelo Rodolfo e pela Marta. Demonstram muito

interesse pela aprendizagem e muita responsabilidade, são alunos muito comunicativos

e obtêm um bom nível de aquisição de conhecimentos e desempenho em todas as áreas

curriculares, nomeadamente na Língua Portuguesa e na Matemática.

O par do tipo B foi constituído pelo Ricardo e pelo Rui Pedro. O primeiro aluno

demonstra dificuldades na aquisição de conhecimentos e de desempenho em Língua

Portuguesa e Matemática. O Rui Pedro apresenta sintomas de dislexia, evidenciando

dificuldades em Língua Portuguesa. Porém, consegue acompanhar de forma razoável

nas restantes áreas.

O par do tipo C foi constituído pelo Diogo e pelo Alexandre. O Diogo é

considerado um aluno médio que revela bastante interesse pelo estudo. É responsável e

comunicativo, gosta de tirar as dúvidas que constituem um entrave ao seu

conhecimento. O Alexandre é um aluno pouco comunicativo e com desempenho escolar

a tender para o fraco.

O par do tipo D foi constituído pela Filipa e pelo Pedro Miguel. São alunos

organizados e empenhados nos trabalhos. O Pedro possui um cálculo bom mental, mas é

razoável em Língua Portuguesa. A Filipa é uma aluna muito aplicada no estudo; é

concentrada, comunicativa e tem bom aproveitamento escolar.

Optou-se pelo trabalho em pares visto que parece ser o ideal para trabalhar as

tarefas propostas. Assim, nenhum dos elementos terá a possibilidade de se “encostar” e

ficar de fora sem trabalhar. Num grupo pequeno, segundo Leitão e Fernandes (1997),

cada elemento pode dar o seu contributo com maior facilidade, permitindo uma maior

aptidão para resolver problemas. As tarefas de resolução/formulação de problemas e as

investigações matemáticas proporcionam momentos de discussão, de troca de opiniões e

ideias, aquando da sua execução, promovendo um ambiente propício à observação e ao

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estudo. O trabalho de grupo fomenta a comunicação, por parte dos alunos menos

comunicativos ou com dificuldades.

Instrumentos para recolha de dados

Ao iniciar uma investigação interessa averiguar o modo como se coloca e

elabora o problema a estudar, uma vez que são estes os pressupostos que dão forma aos

caminhos a percorrer. Os princípios metodológicos, embora sejam uma parte importante

para a investigação, não são a principal preocupação do investigador. A presença do

investigador como principal instrumento de recolha de dados (observação participante),

a entrevista, o questionário, os documentos, o registo áudio e vídeo e as notas de campo

são os modos privilegiados de recolher dados numa investigação qualitativa, como

defendem Cohen e Manion (1990); Bogdan e Biklen (1994) e Vale (2004).

Segundo Flick (2005), “O método apropriado para a colecta de dados visuais

tem de ser escolhido com base na própria pesquisa: a questão da investigação, o terreno

a observar, as pessoas que nele são decisivas” (p.162).

No Quadro 3.1 (Anexo 13) são apresentados os vários instrumentos para a

recolha de dados utilizados neste estudo.

As tarefas Numa primeira etapa, foi feita uma recolha/selecção e adaptação de um grande

conjunto de tarefas que visavam a resolução de seis problemas, a resolução de três

actividades de investigação matemática e a formulação de dois problemas. De todos os

tipos de problemas referenciados por Charles e Lester (1986), o presente estudo

tenciona incidir mais na resolução de problemas de processo, por ser uma actividade

que não emprega processos mecanizados ou limitados a um só tipo de estratégia e por

considerar que este tipo de problema é uma mais valia, a nível de raciocínio, para todos

os alunos envolvidos na sua resolução. Na resolução dos problemas de processo, o

aluno, tendo em conta os dados do problema e o que pretende saber, poderá partir de um

desenho, de uma tabela, usar a dedução lógica, descobrir um padrão, etc., para ajudar na

sua resolução. Estes problemas, segundo Fonseca (1997, p.48), podem não estar

relacionados com os conteúdos programáticos ou podem não necessitar da sua

utilização directa. Muitas vezes resolvem-se através de conhecimentos elementares de

aritmética e/ou geometria.

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Todos os problemas recolhidos são problemas de processo, necessitando, para a

sua resolução da aplicação de uma estratégia adequada. Foram usadas, porque são

tarefas mobilizadoras da vertente lúdica da aprendizagem da Matemática, ao nível da

resolução/formulação de problemas e de investigações matemáticas que despertam, nos

alunos, interesses e empenhos intrínsecos, menos usuais em trabalho de sala de aula.

A maioria destas tarefas foi usada no âmbito do Programa de Formação

Contínua em Matemática para Professores do 1.º Ciclo do Ensino Básico de Viana do

Castelo e de Braga (Vale et al 2006; Palhares e Gomes 2006). Todas as tarefas

utilizadas no estudo foram recolhidas, pela investigadora, tendo, algumas delas, sido

submetidas a posteriores alterações por sugestão de outros professores, por se

adequarem melhor aos alunos envolvidos e, sobretudo, por se prever que melhor

responderiam às questões apresentadas. Esta escolha foi, também, muito ponderada e

discutida com a professora da turma, por ser a pessoa mais indicada e que melhor

conhecia os alunos. A professora da turma manifestou, desde sempre, uma vontade

expressa de colaboração no estudo a desenvolver com os seus alunos na sala de aulas, o

que facilitou, também, esta investigação. Depois de analisadas e seleccionadas as tarefas

conjuntamente com a professora da turma, a mesma fez questão que estas fossem

desenvolvidas dentro do horário normal traçado para a turma, no âmbito da disciplina de

Matemática.

Certas decisões tomadas tiveram por base a observação de alguns documentos

dos alunos, nomeadamente, trabalhos realizados no caderno escolar, que revelavam,

ainda que de forma muito superficial, algumas experiências, hábitos de trabalho, etc.

Procedeu-se à análise e validação das tarefas, por parte de professores de várias

universidades que as consideraram adequadas ao nível de ensino pretendido e para o

estudo em questão.

Durante esta etapa da investigação houve o cuidado de contactar com a turma,

para que esta se fosse ambientando à presença da investigadora, evitando quaisquer

situações de constrangimentos e deixando ao critério dos alunos a sugestão de algumas

actividades. Explicitou-se, também, o interesse e a disponibilidade em preparar e

discutir com os alunos as actividades propostas.

Numa segunda etapa, procedeu-se à implementação de tarefas introdutórias. Este

tipo de tarefas serviu de base para o desenvolvimento das tarefas seguintes, porque

predispuseram um ambiente de confiança e favorável ao conhecimento/relacionamento

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entre a investigadora e a turma em geral e os pares em particular, de modo a permitir o

desenvolvimento do trabalho sem grandes percalços.

Houve o cuidado de situar todos os alunos, relativamente ao contexto da

investigação e intervenção dos mesmos, de modo a que tendo conhecimento dos

propósitos e da realidade do estudo, todo o trabalho fosse levado mais a sério.

Foram constituídos doze pares, contando já com os pares de estudo, permitindo,

assim, a participação de todos os alunos. Das tarefas introdutórias, Anexo 14,

constaram quatro situações problemáticas e uma investigação matemática.

Na primeira sessão referente às tarefas introdutórias, não foi feito,

propositadamente, qualquer tipo de recolha de dados a não ser a observação

participante. A investigadora limitou-se a observar o desenrolar do trabalho dos

diferentes pares da turma, por considerar que o primeiro contacto com os alunos

permitia o conhecimento de aspectos importantes para o estudo, nomeadamente ritmos

de trabalho de cada par, observações e comentários feitos às tarefas apresentadas e,

sobretudo, expressões momentâneas relativas ao contacto com as tarefas aquando da

sua resolução. Também não foi efectuado qualquer registo áudio e vídeo, durante as

três primeiras sessões. Foram tiradas, apenas, algumas notas de campo e feita uma

observação participante aos pares do estudo. Os diálogos recolhidos foram possíveis,

porque os pares de estudo apresentavam ritmos de trabalho distintos.

Após as tarefas introdutórias, foi feita a implementação das tarefas efectivas no

âmbito do estudo: seis problemas de processo, três investigações matemáticas e duas

situações para formulação de problemas (Anexos 15, 16, 17, 18, 19, 20, 21 e 22).

Em todas as tarefas seleccionadas e aplicadas, quer as introdutórias quer as

efectivas no âmbito do estudo, era pedido para explicar ou descrever, por escrito, o

raciocínio usado, porque Luria (1987) defende que para clarificar uma ideia, o melhor é

procurar escrevê-la, expressá-la em forma escrita, explicando, por essa razão, a grande

importância atribuída à linguagem escrita na formação do pensamento.

Todas as tarefas desenvolvidas com os alunos contaram com a participação da

professora da turma, que orientou os oito pares de alunos não envolvidos directamente

no estudo. A investigadora, por sua vez, trabalhou com os quatro pares seleccionados

para o estudo, apesar de dar apoio aos restantes alunos no caso de lhe ser solicitada

ajuda.

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Questionários O questionário constitui, segundo Ghiglione e Matalon (2001), um instrumento

rigorosamente normalizado. Para estes autores são as primeiras questões que permitem

estabelecer uma relação entre entrevistador/entrevistado e permitem também às pessoas

inquiridas o conhecimento do estilo geral do questionário, o tipo de respostas que se

espera e o tema que vai ser abordado.

Na primeira etapa da investigação, foi aplicado, um questionário, à professora

da turma, contendo um conjunto de tópicos relacionados com o tema do estudo, sendo a

principal finalidade, a recolha da maior quantidade de informação possível. Foram

focados vários aspectos, desde questões relativas ao percurso escolar da professora, o

seu envolvimento em projectos e questões relacionadas com a educação em geral e com

o ensino/aprendizagem dos alunos na área da Matemática. Além destes aspectos gerais,

houve a preocupação de recolher informação de carácter mais pessoal, nomeadamente o

gosto, as preferências, no âmbito do ensino/aprendizagem da Matemática. Outra

questão que mereceu grande atenção foi a de inquirir acerca dos hábitos de trabalho na

sala de aulas, bem como, o hábito de desenvolver actividades relacionadas com a

resolução de problemas com os alunos da turma. Nesta circunstância, o propósito foi o

de relacionar a Língua Portuguesa, utilizando-a como instrumento na resolução de

problemas, especificamente na parte da interpretação e compreensão de enunciados

matemáticos, com a finalidade de obtenção de melhores resultados na área da

Matemática.

Estes questionários tiveram como principal finalidade conhecer as

contextualizações diárias, em família e na escola, procurando, assim, informação

quanto aos gostos, preferências e perspectivas futuras dos alunos. Pretendeu-se

compreender a relação dos alunos com a aprendizagem da Matemática, mais

concretamente, na resolução de problemas, bem como, inquirir os mesmos, acerca da

influência que a Língua Portuguesa possa ter no ensino/aprendizagem da Matemática.

Observação participante As observações representam a melhor técnica de recolha de dados, porque

possibilitam comparar aquilo que o sujeito diz ou não, com aquilo que ele faz. Vale

(2004) afirma que para Lincoln e Guba, as observações maximizam a habilidade do

investigador para apreender motivos, crenças, preocupações, interesses,

comportamentos inconscientes, etc., além de permitirem apreender o facto nos seus

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próprios termos e a sua cultura no ambiente natural. Utilizou-se a observação

naturalista e participante sempre que a investigadora procedeu à realização das mesmas

actividades dos pares de estudo (Cohen e Manion, 1990). Para tal, Bogdan e Biklen

(1994) apontam a necessidade da discrição do investigador, de modo a que este possa

ser integrado com maior facilidade no ambiente de estudo. À medida que as relações

entre investigadora e alunos se foram desenvolvendo, o que não foi muito difícil, talvez

por a investigadora ser também uma professora da escola, à qual estavam, de certo

modo, habituados, a investigadora foi assumindo a sua participação nas actividades

propostas, ainda que de uma forma moderada.

Este instrumento para a recolha de dados foi usado em todas as sessões de

intervenção pedagógica em simultâneo com outros instrumentos, por permitir obter

informação não disponibilizada através do uso de outras técnicas, pois houve

necessidade de comparar o que os alunos diziam, com aquilo que faziam.

Documentos escritos dos alunos Para Yin (1989), os documentos escritos constituem uma fonte de recolha de

dados, particularmente importantes por permitirem confirmar inferências sugeridas por

outras fontes de dados. Nesta investigação foram analisados especialmente os

documentos escritos da realização das tarefas pelos pares de estudo com o objectivo de

perceber o grau de autonomia e desempenho dos alunos nas tarefas propostas. Também

se pretendeu analisar aspectos referentes à comunicação matemática, nomeadamente os

registos, por escrito, dos raciocínios usados e as estratégias implementadas na resolução

das tarefas.

Registo áudio e vídeo No processo inicial do estudo foi feita a recolha de dados, pretendia-se conhecer

a turma e os pares de observação, e tentar que a investigadora se desse a conhecer aos

alunos proporcionando momentos de confiança. Foi necessário complementar este

material recolhido com outro tipo de dados, nomeadamente, registos nos cadernos

escolares e outros dados considerados pertinentes para a investigação. Para se poder

verificar mais qualidade e mais fiabilidade, relativamente à recolha de dados, foi

importante que houvesse, também, associado a todo este processo descritivo, um registo

áudio e vídeo das actividades desenvolvidas no âmbito deste estudo. Estes instrumentos

permitiram registar as atitudes, gestos e outro tipo de comportamento que não seria

possível, apenas, através dos registos escritos. Nas últimas oito sessões, procedeu-se ao

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registo áudio e vídeo dos pares de estudo, dos seus desempenhos aquando da resolução

das tarefas propostas, dos procedimentos utilizados para permitir dar respostas às tarefas

efectuadas, bem como o registo das conclusões, por parte dos alunos, na resolução

dessas tarefas.

Notas de campo Houve também o cuidado de fazer o registo de algumas notas de campo,

consideradas de interesse para o estudo. A maior parte das notas de campo foram

obtidas no momento da exposição e consecução das tarefas propostas na sala de aulas,

em que a preocupação era a de captar o maior número de informação possível, através

de acções, gestos, atitudes e de conversas observadas.

Entrevistas No que concerne às entrevistas, Bogdan e Biklen (1994) mencionam que estas

podem constituir a estratégia dominante para a recolha de dados ou podem ser

utilizadas em conjunto com a observação participante, análise de documentos e outras

técnicas. Estes autores referem ainda que em todas estas situações, a entrevista é usada

na recolha de dados descritivos na linguagem do próprio sujeito, facultando ao

investigador o desenvolvimento intuitivo de uma ideia sobre o modo como os sujeitos

interpretam o mundo.

Após terem terminado todas as tarefas propostas do estudo, foi efectuada aos

pares de alunos, ouvidos separadamente, uma entrevista (Anexo 42), com a finalidade

de recolher informações acerca do trabalho desenvolvido no âmbito do estudo. Foi

efectuada também uma entrevista à professora da turma (Anexo 41), que teve como

principal finalidade saber se ocorreram transformações nos alunos relativamente à

Resolução de Problemas e quais as circunstâncias que contribuíram para essas

transformações.

Análise dos dados

De acordo com Bogdan e Biklen (1994) a análise de dados é um processo de

busca e de organização sistemático de transcrições de entrevistas, notas de campo e de

outros materiais que foram sendo acumulados, com o objectivo de aumentar a própria

compreensão desses mesmos materiais. A análise envolve o trabalho com os dados, a

sua organização, divisão em unidades manipuláveis, síntese, procura de padrões,

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descoberta dos aspectos importantes e do que deve ser aprendido e a decisão sobre o

que vai ser transmito aos outros.

A análise de dados resultou de um processo contínuo, uma vez que esta foi

sendo feita à medida que se fazia a recolha de dados, foi por isso indutiva. Esta análise

pode permitir a reformulação de objectivos e problemáticas à medida que o estudo se

desenvolve, havendo a oportunidade de categorizar e agrupar os dados de modo a poder

interpretá-los. As categorias e os padrões surgiram a partir dos dados recolhidos, tais

como as grelhas de desempenho e das dificuldades dos alunos na resolução de

problemas, bem como as competências manifestadas em Língua Portuguesa e

Matemática aquando da sua resolução. Os primeiros contactos com os alunos

proporcionaram a verificação de certos gostos e preferências relativas à resolução de

problemas, úteis no avançar do estudo, e, por essa razão, também estes aspectos foram

tidos em consideração e registados.

A partir dos questionários aplicados aos alunos, da preparação das actividades

com a professora da turma, do registo de notas de campo, foram efectuadas transcrições

e analisadas cuidadosamente. O questionário efectuado à professora ajudou a conhecer

melhor a realidade da turma e dos pares do estudo. A análise dos questionários teve por

base a descrição objectiva do conteúdo manifesto na comunicação, porque este tipo de

análise baseia-se em objectivos descritivos e classificatórios e procura defender o

trabalho de inferências incoerentes.

Concluída a recolha dos dados, foi feita uma análise precisa, tendo partido da

leitura atenta e minuciosa de todo o material recolhido. De seguida, todo este material

foi categorizado e agrupado de forma a facilitar a sua interpretação.

Neste estudo foi feita uma análise para cada par de alunos, tendo em

consideração o seu desempenho e a sua evolução ao longo das tarefas propostas, tendo

sido destacadas as competências manifestadas e as dificuldades detectadas em Língua

Portuguesa e Matemática ao longo da resolução das tarefas. Além desta análise,

procurou-se estabelecer comparações entre os pares, porque, deste modo, os dados

foram inter-relacionados e adquiriram mais significado para o estudo. Foi, assim,

possível detectar as competências manifestadas por tarefa, verificando em que medida

uma dada tarefa foi capaz ou não de contribuir para a mobilização de competências.

No Anexo 6 podem verificar-se os protótipos dos quadros que serviram para o

registo dos resultados da análise de dados. O Quadro A permitiu o registo das respostas

dadas ao questionário aplicado a cada par de estudo; o Quadro B permitiu o registo e a

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comparação das respostas dadas ao questionário pelos pares de estudo; o Quadro C

permitiu o registo das competências manifestadas por cada par na Língua Portuguesa e

na Matemática; o Quadro D permitiu o registo das dificuldades reveladas por cada par

na Língua Portuguesa e na Matemática; o Quadro E permitiu o registo das respostas

dadas à entrevista pelos pares de estudo; o Quadro F permitiu o registo da comparação

das respostas à entrevista; o Quadro G permitiu o registo e a comparação das respostas

dadas à entrevista e ao questionário pelos pares de estudo.

De forma a tornar perceptíveis as competências e as dificuldades manifestadas

por cada par aquando da resolução das tarefas propostas, foi necessária uma leitura

cuidadosa dos registos de observação, das transcrições das gravações áudio e vídeo das

intervenções pedagógicas e respectivas descrições. A análise de dados efectuada

pressupôs a consulta do Programa do 1.º Ciclo do Ensino Básico e do Currículo

Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais (M.E., 2001).

Os desempenhos dos alunos foram agrupados em quatro níveis (Anexo 12,

Quadro 3.2):

Nível 1 – Não domina os conteúdos em Língua Portuguesa e em Matemática;

Nível 2 – Domina os conteúdos em Língua Portuguesa e Matemática com ajuda;

Nível 3 – Domina bem os conteúdos em Língua Portuguesa e em Matemática;

Nível 4 – Domina perfeitamente os conteúdos em Língua Portuguesa e em Matemática.

O Nível 1 representa um nível fraco. Não se verifica o domínio dos conteúdos

enumerados no Quadro 3.2, quer na área de Língua Portuguesa quer na área de

Matemática. O Nível 2 representa um nível razoável. Os alunos dominam, embora com

ajuda, os conteúdos de Língua Portuguesa e de Matemática. O Nível 3 representa um

nível bom. Verifica-se um bom domínio dos conteúdos de Língua Portuguesa e de

Matemática. O Nível 4 representa um nível excelente. Verifica-se um domínio perfeito

dos conteúdos de Língua Portuguesa e de Matemática na Resolução de Problemas.

De modo análogo, no Quadro 3.3 foram listadas as dificuldades detectadas nos

pares ao longo da resolução das tarefas (Anexo 12 - A).

Calendarização da investigação

Este estudo desenvolveu-se em quatro fases. Na primeira fase foi feita a Revisão

de Literatura e decorreu nos meses de Julho, Agosto e Setembro de 2006. Na segunda

fase, que decorreu nos meses de Setembro e Outubro de 2006, procedeu-se à preparação

da Intervenção Pedagógica. Foi efectuado o contacto com a professora e com a turma e

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aplicados os questionários. Foi feita a recolha/selecção das tarefas do estudo e o pedido

de opiniões sobre as tarefas recolhidas. Com a ajuda da professora da turma, foram

seleccionados e formados os pares de estudo, bem como as tarefas a desenvolver ao

longo do estudo. Na terceira fase, que decorreu nos meses de Novembro e Dezembro de

2006, Janeiro e Fevereiro de 2007, efectuou-se a Intervenção Pedagógica.

No Quadro 3.4 (Anexo 13) são apresentadas as quatro etapas da fase de

intervenção pedagógica. Foram necessárias três sessões para a implementação das

tarefas introdutórias e contacto com os pares de estudo; três sessões para a resolução de

problemas; três sessões para as investigações matemáticas e duas sessões para a

formulação de problemas.

A intervenção pedagógica desenvolveu-se em quatro etapas distintas. Na

primeira etapa, a investigadora iniciou o contacto com a turma em geral e os pares de

estudo em particular. Foram aplicados questionários aos alunos e à professora da turma.

Foram implementadas as tarefas introdutórias do estudo, das quais constaram três

tarefas de resolução de problemas e uma investigação matemática. Enquanto os alunos

resolveram as tarefas propostas, a investigadora observou os pares de estudo e fez o

registo de algumas notas de campo. Na segunda etapa, os alunos resolveram seis

problemas de processo. Nestas sessões, a investigadora fez a recolha de dados através

de gravações áudio e vídeo, do registo de notas de campo e da observação participante.

Na terceira etapa da intervenção pedagógica, os alunos resolveram tarefas de

investigação. Também nestas sessões se procedeu à observação participante, a

gravações áudio e vídeo e foi feito o registo de notas de campo, aquando da execução

das tarefas de investigação. Na última etapa, os alunos foram confrontados com duas

situações que os levavam à formulação de problemas. Foram apresentados elementos

necessários, constantes dos Anexos 21 e 22, para que os alunos construíssem eles

mesmos os seus próprios enunciados. Tal como aconteceu com a resolução de

problemas e com as actividades de investigação matemáticas, também nestas sessões se

fizeram gravações áudio e vídeo, registo de notas de campo e observação participante

da parte da investigadora. Na quarta fase, que decorreu nos meses de Janeiro, Fevereiro,

Março, Abril e Maio de 2007, foi efectuada a análise e a interpretação dos dados e

elaborado o relatório do estudo.

No Quadro 3.5, Anexo 13 são apresentadas as fases do estudo, o

desenvolvimento das actividades realizadas em cada uma dessas fases e a

calendarização correspondente.

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CAPÍTULO IV - Intervenção Pedagógica

Neste capítulo é feita a apresentação dos pares participantes, das tarefas

introdutórias a implementar numa fase precedente do estudo e, por fim, são

apresentadas as tarefas efectivas no âmbito do estudo e os desempenhos demonstrados

pelos pares.

Apresentação dos pares participantes

Par A: Rodolfo e Marta Estes alunos, ambos com nove anos de idade, estão juntos, nesta escola, há

quatro anos. Gostam de frequentar a escola, sem a qual, no futuro, não poderiam

exercer as profissões de bióloga, no caso da Marta, e professor, no caso do Rodolfo.

Os tempos livres são ocupados com a prática de desportos, música e inglês. Na

escola, para além do estudo, da atenção “à explicação da professora”, gostam de brincar

com os amigos. A escola proporciona-lhes múltiplas aprendizagens e a preparação para

uma boa profissão no futuro. Marta refere manifestar dificuldades na escola, já o seu

colega acha o contrário, sente “poucas dificuldades na escola”. Consideram importante

a aprendizagem da Matemática, sobretudo para resolver problemas e aprender a contar.

Enquanto, o Rodolfo coloca a Matemática em primeiro e Estudo do Meio em último

lugar no quadro das suas preferências, a Marta coloca primeiro Estudo do Meio e

depois a Matemática. Refere que “a Matemática exige muito esforço e atenção para não

errar” nos “problemas de contas”, embora se sinta um pouco mais à vontade com os

“problemas de barras”, apresentados nos manuais escolares. Afirmam que para

aprender bem a Matemática, é fundamental “ouvir com muita atenção a explicação da

professora” e Marta acrescenta, ainda, que é necessário “treinar”. Preferem o trabalho

de grupo ao trabalho individual, porque permite a ajuda entre colegas, a troca de

opiniões e aprendem melhor.

Consideram importante a Língua Portuguesa na aprendizagem da Matemática,

referindo que para haver sucesso na Matemática é indispensável o domínio da Língua

Portuguesa. Antes de tudo, é preciso saber ler e escrever, compreender a leitura desse

texto e saber falar.

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Par B: Ricardo e Rui Pedro Incluídos na idade padrão, nove anos, estão juntos, nesta escola, há quatro anos.

Quando não têm escola ficam em casa com a família (tias e avós) e nos tempos livres

“jogam à bola, vêem televisão”. Para além da escola, desenvolvem actividades de

desporto e música. Ambos referem o costume das brincadeiras com os amigos, como é

o caso do “futebol e das corridas de bicicletas”. No futuro, estes alunos querem ser

desportistas: “profissional de andebol”, no caso do Ricardo, e “futebolista”, no caso do

Rui Pedro.

Têm poucas expectativas relativamente à escola e nada alterariam nela se isso

fosse possível. O Rui Pedro afirma que se pudesse deixar a escola ficaria em casa, por

outro lado, acha que se não estudar “fica sem emprego”. O Ricardo não define muito

bem a sua posição relativamente à escola, mas conclui que na escola “aprendemos a

escrever, a ler e a fazer contas”. Ambos afirmam sentir dificuldades a vários níveis, mas

é sobretudo a Língua Portuguesa e a Matemática que mais os preocupam. O Rui Pedro

relaciona a aprendizagem da Matemática com profissões a desempenhar no futuro,

manifesta o gosto pela resolução de “problemas de gráficos” e não gosta de efectuar

“contas de dividir”. Considera que aprende melhor a Língua Portuguesa e que sente

mais dificuldades na Matemática, já que para aprender Matemática “é preciso

compreender”. A sua disciplina preferida é Expressão Plástica. O Ricardo não percebe

nem define muito bem o que é necessário para aprender Matemática na escola, mas

coloca-a em primeiro lugar na lista das suas preferências e refere que evidencia

dificuldade em Língua Portuguesa.

O Rui Pedro acha que é bom trabalhar em grupo, o colega prefere trabalhar

sozinho. Sem especificar muito, os dois concordam que o domínio da Língua

Portuguesa é importante na aprendizagem da Matemática, porque “precisam ler e

perceber as coisas”.

Par C: Diogo e Alexandre Estes alunos têm nove anos de idade e sempre frequentaram esta escola. Quando

não têm escola, o Alexandre fica no ATL e o seu colega, em casa sozinho ou com os

avós. Desenvolvem actividades de ginástica e música extra-aulas e nos tempos livres, o

Diogo gosta de “ler ou jogar qualquer coisa”.

Gostam muito da escola e das brincadeiras com os amigos. Além disso, o Diogo

gosta de “jogar voleibol e playstation” e o Alexandre prefere “jogar às escondidinhas”.

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Afirmam sentir-se bem na escola, embora o Alexandre refira que quando sente

dificuldades, nem sempre é assim. Diogo quer ser engenheiro de informática ou

arquitecto, já o colega “gostaria de ser dono de um café”. Nenhum deles indica a

Matemática como disciplina preferida. Ocupa, em ambos os casos, o 3.º lugar na lista

das suas preferências. Para eles, a escola é interessante, porque se aprendem e ensinam-

se muitas coisas novas. Enumeram dificuldades a vários níveis e nas várias disciplinas,

considerando sentir dificuldades em tudo um pouco. Na Matemática, o Diogo prefere

resolver “contas de dividir e de subtrair” e não gosta nada de resolver problemas. O seu

colega prefere “fazer contas, utilizando as barras”. Apesar de referirem algumas

dificuldades na aprendizagem da Matemática, reconhecem a sua importância no ensino.

São muito vagos no que se refere à importância da aprendizagem da Matemática, mas

estão conscientes de que para aprender Matemática é necessário “praticar os problemas

e contas”, em ambos os casos, trabalhando em grupo. Ambos concordam que para

haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa, porque

através desta área são capazes de interpretar os enunciados dos problemas e de ler os

exercícios.

Par D: Filipa e Pedro Miguel Têm nove anos de idade e frequentam esta escola há quatro anos. Nos tempos

livres, a Filipa fica na casa dos avós e o colega realiza outras actividades,

nomeadamente, a piscina e o inglês.

Gostam da escola e das actividades desenvolvidas na turma. Além do estudo, a

Filipa associa a escola aos amigos e o seu colega, à sua disciplina preferida - Expressão

Plástica. Sentem-se bem na escola, embora quando o Pedro não sabe “a matéria toda”

sente-se menos bem. Frequentam a escola por gosto, porque aprendem “muitas coisas”

que vão fazer falta no futuro. Segundo a Filipa não há grandes dificuldades a registar,

mas o seu colega refere que o grau de dificuldade se relaciona com o facto de “as

matérias” serem ou não mais fáceis. Filipa coloca a Matemática em último lugar na lista

de preferências, porque não gosta da disciplina, nem de resolver problemas. O Pedro

coloca a Matemática logo a seguir a Expressão Plástica. Refere que, apesar das

dificuldades evidenciadas na disciplina, “por vezes é divertida”. Tal como a sua colega,

também não aprecia a resolução de problemas.

Estão conscientes de que a Matemática é indispensável nos seus currículos, por

lhes proporcionar um bom cálculo mental e por suporem que lhes será muito útil no

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futuro. Para aprender Matemática é fundamental gostar dela, estar muito atento,

“perceber o ensino da professora”, tudo isto acompanhado de muito estudo. Gostam de

trabalhar em grupo, por se poderem ajudar uns aos outros, facilitando as suas

aprendizagens. Consideram que o domínio da Língua Portuguesa é muito importante no

ensino/aprendizagem da Matemática, e para haver sucesso nesta última “é preciso saber

ler e compreender os exercícios”.

Resumo Todos os alunos envolvidos têm nove anos de idade. Os alunos dos pares A, C e

D manifestam gosto pela escola, porque lhes proporciona múltiplas aprendizagens,

prepara-os para o futuro e aprendem coisas novas. Pelo contrário, o Par B revela poucas

expectativas relativamente à escola. Praticamente todos os alunos referem sentir

dificuldades na escola, embora uns mais que outros e a vários níveis.

Apenas o Rodolfo (Par A) e o Ricardo (Par B) colocam a Matemática em

primeiro lugar na lista das suas preferências, os restantes alunos revelam preferência por

outras disciplinas. Ao que parece, uma das razões que se encontra na base destas

escolhas prende-se com o facto de os alunos considerarem a Matemática muito

trabalhosa, exigir muito esforço, atenção e necessitar de uma prática exaustiva dos

problemas e das contas.

Todos os alunos, com excepção do Ricardo (Par B), preferem o trabalho de

grupo, porque lhes permite a troca de ideias e opiniões, no seu entender um aspecto

muito importante na aprendizagem. O Ricardo refere que gosta mais de trabalhar

individualmente.

Todos os alunos responsabilizam a Língua Portuguesa pela aprendizagem da

Matemática, valorizando, assim, o seu carácter transversal, ao nível da leitura, da

interpretação/compreensão dos enunciados matemáticos. Referem que antes de tudo, é

necessário compreender o que lhes é pedido, pelo que o domínio da Língua Portuguesa

é, assim, fundamental neste sentido.

Tarefas introdutórias

As tarefas introdutórias serviram de base para o desenvolvimento das tarefas

seguintes. Estas predispuseram um ambiente favorável ao conhecimento e

relacionamento dos alunos e investigadora, de modo a permitir o desenvolvimento do

trabalho sem grandes percalços. Houve o cuidado de situar todos os alunos,

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relativamente ao contexto da investigação e intervenção dos mesmos, de modo a que

tendo conhecimento dos propósitos e da realidade do estudo, o resultado do trabalho

fosse levado mais a sério.

Foram constituídos doze pares, contando já com os pares de estudo, permitindo,

assim, a participação de todos os alunos. Das tarefas introdutórias contam-se quatro

situações problemáticas e uma investigação matemática, constante do Anexo 14.

Tarefas efectivas no âmbito do estudo

Em todas as tarefas realizadas foi necessário, por parte da investigadora,

efectuar a leitura e a exploração dos enunciados. Esta proposta foi sugerida pela

professora titular da turma, tendo sido acatada por todos. No final de cada tarefa

realizada procedia-se à sua correcção e discussão das várias conclusões encontradas

pelos grupos.

Resolução de problemas

No dia 22 de Novembro de 2006, após a hora do almoço, das 13.30 às 15.30

horas, os alunos trabalharam nas tarefas 8 e 13, constantes do Anexo 15.

No dia 29 de Novembro de 2006, na parte da tarde, das 13.30 às 15.30 horas, os

alunos executaram as tarefas 9 e 11, constantes do Anexo 16.

No dia 6 de Dezembro de 2006, no mesmo horário das sessões anteriores, os

alunos realizaram as tarefas 12 e 17, constantes do Anexo 17.

Par A: Rodolfo e Marta

Tarefa 8 Breves instantes decorridos após a leitura e exploração da tarefa 8, Rodolfo, por

cálculo mental, apresentou correctamente a resposta da primeira questão do problema.

Em contrapartida, quando solicitado a registar por escrito o seu raciocínio, este processo

decorreu mais lentamente e, inicialmente, mais complicado.

Quando confrontado com a tarefa, o par dialogava entre si, de forma frequente e

amiudada, fazendo-o em voz baixa, com moderação e sempre na perspectiva do

consenso.

R – Deixa-me ver os dados do problema…

Entretanto, os dois alunos voltaram a ler o enunciado do problema, explorando

os dados fundamentais para a sua resolução.

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M – Os caracóis estão separados entre si 50 metros… e vão em linha recta! R – Vão na mesma direcção! Um caracol anda 3 metros e o outro 2… Claro que por dia fazem 5 metros! M – Registamos então os 5 metros no primeiro dia. Podemos continuar a registar assim até chegarmos aos 50 metros. Enquanto falava, Rodolfo desenhava, com o dedo na mesa, o caminho a efectuar

por cada caracol. Fazendo de conta que cada mão era um caracol, foi levando uma ao

encontro da outra, simulando o percurso dos caracóis. Rapidamente o par identificou

uma possível estratégia, o registo no papel dos cálculos referentes ao caminho

percorrido, por dia, por ambos os caracóis. No entanto, para responder à segunda

questão da tarefa, para saber quantos metros tinha andado cada caracol, teve

necessidade de um esquema, esboçando um segmento de recta, dividido em 50 partes,

supostamente iguais. Avançava três partes para o caracol que percorria 3 metros por dia

e duas para o que percorria apenas 2 metros, conforme a Figura 3 do Anexo 23.

M – O caracol que faz 3 metros por dia andou 30 metros e o outro 20. I – Explica como pensaste! M – Conto como se fosse a tabuada do 3. Como foram precisos 10 dias para se encontrarem, faço 3 vezes 10 que dá 30… R – É isso mesmo! Para o outro caracol é a mesma coisa, mas como só anda 2 metros, diz-se a tabuada do 2. 2 vezes 10 dá 20 metros. Efectuados os cálculos, Rodolfo colocou a seguinte questão: “Posso representar

o que disse através de um desenho?”. A investigadora respondeu-lhe afirmativamente.

No entanto, o par teve necessidade de usar a régua graduada, comparando-a ao

segmento de recta traçado, para se certificar dos metros que avançava cada caracol,

porque os resultados obtidos não correspondiam aos cálculos anteriormente efectuados.

M – Já percebi! Temos de começar a contar do zero e o que conta não são os tracinhos dos centímetros, mas o espaço que vai de uma a outra marcação. Após algum treino foi interiorizado o conceito de medição, que proporcionou

aos alunos alcançar uma solução correcta para a tarefa.

R – Já terminámos! I – Já explicaram os vossos raciocínios? M – Ainda não. R – Estamos a tentar… I – Não esqueçam de que é muito importante fazê-lo! Na questão “explica como pensaste”, o par referiu oralmente que ao resolver o

problema, os registos efectuados e o raciocínio seguido, eram a prova dos seus

pensamentos e modos de proceder. Limitou-se a esta breve explicação, concluindo que

ao escrever o que quer que fosse estava a repetir-se.

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Tarefa 13 Relativamente à primeira questão da tarefa, o par conseguiu enumerar duas

possibilidades distintas, utilizando, como era solicitado, três filas com quatro meninos

cada.

M – As filas têm de ser linhas rectas! R – Então três filas podem ser representadas por um triângulo que também tem três lados. M – Isso mesmo. Agora desenham-se os meninos de cada fila ou sobre cada lado do triângulo. R – Começamos pelos ângulos, onde colocamos um menino! I – Porque procedes assim? R – Porque o menino que se coloca em cada ângulo é contado duas vezes! I – O que queres dizer com isso? R – Contamos assim, 1, 2, 3, 4. Agora, 1 (referente ao 4), 2, 3 e 4. Logo os meninos dos ângulos são contados duas vezes.

Além desta figura, Marta apresentou ainda outra possibilidade também correcta

parecida com a letra T, afirmando que para obter estas respostas foi necessário

experimentar várias vezes até conseguirem estes resultados.

Na segunda questão da tarefa, também indicaram duas possibilidades de dispor

os alunos em quatro filas de quatro meninos, num total de doze meninos.

M – Para as quatro filas pensámos no quadrado que tem o mesmo número de lados. R – Depois de fazer o primeiro exemplo, este agora já não custa tanto. I – Porquê? R – Volta-se a repetir o mesmo raciocínio. Começa-se pelos ângulos e depois vão-se preenchendo o lado do quadrado com os doze meninos. Embora se tenha verificado um raciocínio bastante perspicaz na resolução das

duas primeiras questões, não foram capazes de indicar uma única possibilidade de

dispor o mesmo número de alunos, por seis filas, cada uma com quatro meninos, apesar

de terem experimentado outras figuras geométricas, nomeadamente o hexágono, por

também ter seis lados. Não explicaram como pensaram, porque segundo o par, a

representação e a resolução das tarefas, por si só explicam como foram realizadas.

Tarefa 9 Os alunos começaram por “rabiscar” sobre o enunciado do problema, tentando

combinar os sabores possíveis. De seguida, fizeram o registo escrito das prováveis

maneiras de comprar o sorvete.

A estratégia, inicialmente, utilizada foi a elaboração de uma lista com os sabores

combinados e não repetidos. Depois foram aperfeiçoando o trabalho, tendo elaborado

um diagrama, por lhes facilitar a resolução da tarefa.

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M – Esgoto todas as possibilidades com o morango e depois passo ao sabor seguinte. R – Com o morango dá para fazer 4 gelados diferentes. M – Professora que fazemos agora com o morango? I – Se esgotaste todas as possibilidades, avança para o sabor seguinte! M – Então é o ananás. R – Já experimentei e consegui mais três gelados diferentes. M – Boa. Agora com a banana só dá para fazer dois gelados diferentes. Sobram estes dois, que também os podemos juntar: chocolate e limão. Acabámos. R – Pode-se comprar 10 gelados diferentes.

O par prosseguiu o seu trabalho com a questão seguinte, mas agora com três

bolas de sabores diferentes. Continuou o mesmo raciocínio, utilizando também a

estratégia adoptada anteriormente.

Assim, foram juntando os sabores por ordem da sua disposição dos vários

sabores no enunciado.

M – Agora é mais difícil! I – Porquê? M – Porque é mais complicado fazer combinações com mais bolas. I – O número de sorvetes agora será maior ou menor? Porquê? R – É menor porque em vez de dois sabores, temos de agrupar três, logo as possibilidades são menos. I – Vamos então verificar se isso é mesmo assim! Concluíram o trabalho obtendo oito sorvetes de sabores diferentes, tendo

procedido, também, organizadamente. Parece que a ideia pré-concebida, poder fazer

menos sorvetes com três sabores, terá influenciado o par na resolução desta questão,

porque não insistiu muito mais, dando por terminada a tarefa. Por fim, explicaram que

para resolverem este problema foi necessária a elaboração de uma lista dos possíveis

sabores, prestando muita atenção para não repetir os sabores já registados.

Tarefa 11 Inicialmente os vocábulos, números e algarismos, provocaram nos alunos uma

certa confusão. No entanto, após devidamente esclarecidos pela investigadora, através

de questões relativas ao enunciados, tentaram a resolução da tarefa, recusando a

estratégia mais evidente e mais fácil, a escrita dos números de 1 a 500 e consequente

contagem dos algarismos, descartando a hipótese sugerida pela investigadora, por ser

um processo muito demorado e cansativo.

M – Contar os algarismos dá muito trabalho. Vamos tentar fazer de outra maneira… R – Contamos de 1 a 9 porque só têm um algarismo. Depois de 10 a 99 têm dois e a partir de 100 são três algarismos. M – Podemos multiplicar 99 por 2. Dá 198. I – Achas que são 198 algarismos?

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M – São… I – Então os números de 1 a 99 têm todos dois algarismos? R – Ah… pois. De 1 a 9 têm só 1 algarismo. I – Poderão, então, continuar os cálculos que estavam a fazer? R – Não.

I – Como é que poderão fazer? M – Vamos por partes. De 1 a 9 são 9 algarismos. Agora de 10 a 99, temos de ver quanto números são e multiplicamos por dois algarismos… R – De 100 para a frente são três algarismos. Multiplica-se por 3. M – O melhor é escrevermos os números, se não nunca mais acabamos!

Embora estivesse no caminho certo, o par ficou um pouco confuso com os

cálculos efectuados, apercebendo-se de que faltava qualquer coisa para que os

resultados surgissem de forma clara e correcta. Apesar de tudo, o par manteve a sua

posição inicial, não contar os algarismos após o seu registo, persistindo nos cálculos que

tinha encetado. Não fosse o tempo escassear, possivelmente o par teria resolvido a

tarefa pela estratégia seleccionada, devido ao seu empenho e persistência na procura da

solução.

Tarefa 12 Rodolfo leu o enunciado em voz alta, enquanto Marta, muito divertida, embora

concentrada na actividade, efectuava trajectórias com o barco de uma para a outra

margem do rio. Logo iniciaram a tarefa e após três tentativas, Rodolfo referiu:

“Descobri! Já sei quem vai passar em primeiro lugar”.

I – Então diz lá quem é o primeiro a fazer a travessia? R – Como diz no enunciado o barco é pequeno para três pessoas, mas pode levar duas! I – Poderão atravessar o pai e um filho? São duas pessoas… M – Não, porque o barco apenas pode levar um adulto ou duas crianças. R – Quem atravessa primeiro são os dois filhos. Um fica na outra margem e o outro vai buscar o pai. I – Quem vai atravessar agora? R – Desta vez é o pai que atravessa sozinho e o filho espera pela próxima viagem. Entretanto, a Marta ia registando o número de travessias até então efectuadas,

mantendo-se muito atenta para não deixar nada por registar.

I – Ainda falta uma pessoa e agora? M – Pois! Agora o filho que está junto do pai vai buscar o irmão do outro lado… I – No barco cabem os dois filhos? R – O barco só não pode com duas pessoas no caso de um deles ser o adulto. M – Registei cinco travessias: primeira – atravessaram os filhos; segunda – regressou um dos filhos; terceira – atravessou o pai; quarta – regressou o filho; quinta – atravessaram os dois filhos. I – Agora expliquem os vossos raciocínios! R – Só poderia ser desta maneira, porque o barco era muito pequeno e nele só cabiam duas crianças, um adulto e uma criança ou um adulto apenas. Também podia ir apenas uma criança, mas isso não complica a situação.

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Como o barco podia ser deixado na outra margem, não havia problema. Primeiro

passavam as crianças; uma delas regressava para ir buscar o pai que tinha de viajar

sozinho porque o barco não podia com um adulto mais uma criança; depois regressava o

filho que tinha feito a primeira viagem para ir buscar o irmão.

I – E se tivessem que ir buscar o dono do barco? M – Iam repetir-se as mesmas viagens! I – E se o dono fosse uma criança? R – Ah! Resolvia-se rapidamente. Era preciso apenas mais duas travessias!

A investigadora colocou estas duas últimas questões que não faziam parte do

enunciado, para ver até que ponto os alunos estavam ou não atentos ao problema.

Tarefa 17 O enunciado desta tarefa parece ter despertado alguma “graça” no par. À medida

que iam fazendo uma leitura atenta, após a exploração do problema, parece terem

descoberto de imediato a estratégia de resolução.

I – Quantas canções sabia a Ana antes de ir para as aulas de canto? M – Já sabia quatro.

R – No final da primeira semana sabia cinco. Mais uma que na semana anterior. M – Na segunda semana sabia sete. Mais duas que na semana passada. Na terceira mais três… R – Temos de seguir esta sequência até ao final das quinze semanas. Já sei! Aprende sempre mais uma canção por semana. De semana para semana acrescentamos mais uma.

I – No final da quarta semana, quantas canções sabia a Ana? M – Sabia 14 músicas, porque são as 10 da terceira semana mais quatro desta!

Os alunos continuaram este ritmo até ao final das quinze semanas, obtendo um

total de cento e vinte e quatro canções. Ao explicarem o raciocínio usado referiram que

seguiram uma sequência e para isso foi importante a descoberta do número de canções

aprendidas pela Ana de semana para semana. Como aprendia sempre mais uma que na

semana anterior, “foi fácil” porque apenas foi necessário efectuar as somas.

Resumo do Par A Estes dois alunos efectuaram um bom trabalho em conjunto. Estabeleceram

diálogos entre si, confrontaram e discutiram opiniões e comunicaram as suas

descobertas, dando, assim, origem a um excelente desempenho. A comunicação entre

ambos proporcionou um controle bastante bom das situações com que se depararam e

com as tarefas que foram resolvendo. Cooperando habilmente na procura da solução e

na identificação das estratégias adequadas para a resolução das tarefas. Este par parece

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ter consolidado os conceitos matemáticos envolvidos na resolução das tarefas.

Manifestaram muito interesse e entusiasmo na resolução das tarefas, porque foram

sempre muito persistentes no trabalho por eles desenvolvido.

Revelaram muita capacidade de expressão oral, utilizando sempre um

vocabulário adequado à situação. No entanto, ao nível da expressão escrita,

particularmente da explicitação dos raciocínios usados, foram menos perspicazes e

cuidadosos, parecendo não lhe atribuir muita importância.

Par B: Ricardo e Rui Pedro

Tarefa 8 Inicialmente, este par manifestou um pleno alheamento, no que se refere à

escolha da estratégia para a resolução do problema. Quando finalmente se decidiu,

optou pela tentativa e erro. Durante alguns minutos procuraram em vão a resposta a uma

questão que não chegou a ser compreendida.

Foi sugerida, pela investigadora, nova leitura do enunciado e colocadas questões

a propósito da tarefa, de modo a facilitar o começo do seu trabalho. Este processo

decorreu de forma lenta e com muita insegurança.

RP – Mas… então é 3 metros mais 2 metros? I – Bem, esses dados poderão ser o ponto de partida, para o que te é pedido… RP – Sendo assim é fácil! É sempre 5 metros por dia!...

R – Um dia é igual a 5 metros. No segundo dia também é igual a 5 metros. Agora é sempre assim até ao fim!

Os dois alunos foram efectuando o registo dos seus raciocínios, sem que na

realidade houvesse resultados concretos, uma vez que se limitaram, apenas, a efectuar

as somas das parcelas 3 com 2.

Na expressão oral davam a entender que estavam a seguir um raciocínio

correcto; no entanto, a escrita não correspondia exactamente ao que lhes era solicitado.

Atendendo aos pormenores explicitados, o par não foi capaz de iniciar a segunda

questão da tarefa 8, nem tão pouco explicar os raciocínios utilizados.

Tarefa 13 Embora tenham sugerido duas possibilidades, uma delas não estava correcta, por

não ser considerada fila. A outra figura foi apresentada em forma de triângulo. Na

segunda questão da tarefa, indicaram apenas uma possibilidade em forma de quadrado;

no entanto, não foram capazes de concluir este grupo de questões, uma vez que acharam

que não seria possível a última disposição.

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R – Esta última não se pode fazer, pois não? I – Claro que é possível! E se voltasses a experimentar… RP – Até já riscámos a folha toda a tentar…

Como este par é pouco persistente, não é capaz de se empenhar durante muito

tempo numa tarefa. Devido às dificuldades que vão surgindo, desiste com muita

facilidade do seu trabalho. Este par é pouco comunicativo, não discute entre si o

trabalho que vai implementando, nem propicia um ambiente de colaboração mútua,

porque trabalha ainda muito individualmente. Resulta um ritmo de trabalho monótono,

sem “voracidade” e empenho nas tarefas propostas. Limita-se a ouvir a discussão, as

sugestões e as hipóteses levantadas pelos outros pares, de forma a recolher pistas para

iniciar o seu trabalho.

Tarefa 9 Algum tempo após terem iniciado a resolução da tarefa, o Rui Pedro perguntou

em voz alta: “O que é um sorvete?”. Além desta palavra, desconhecia, também, o

significado de “gelataria”. A investigadora explicou-lhes que ambas as palavras se

encontravam relacionadas, procurando atribuir sinónimos às palavras consideradas

difíceis. Assim, sorvete significava gelado e gelataria, palavra da mesma família de

gelado, significava loja onde se vendem os gelados.

Após o devido esclarecimento destas duas palavras, ainda restavam dúvidas ao

nível da macroestrutura do texto, muito particularmente no que concerne à compreensão

da mensagem. O par mantivera-se inactivo, calado e não fazia a menor ideia de como

começar a resolver a tarefa.

R – Podemos desenhar os sorvetes? I – É uma das estratégias possíveis, mas, talvez mais demorada… R – Não importa, nós gostamos desta.

Como foram ouvindo “aqui e ali” algumas achegas, desenharam sorvetes,

utilizando uma cor para cada sabor, combinando, assim, as cores que haviam definido,

anteriormente, para cada sabor.

Levou muito tempo para terminarem a primeira questão do problema, mas

quando o fizeram, Ricardo ficou muito admirado e feliz por terem conseguido.

Na segunda questão, deram seguimento à mesma estratégia, o desenho dos

sorvetes, parecendo muito confiantes e muito preocupados em não repetir os sabores,

obtendo no final oito maneiras diferentes de comprar os sorvetes.

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Este par não se preocupou em explicar, por escrito, como resolveram a tarefa,

apesar de terem sido incitados a fazerem-no.

Tarefa 11 Estes alunos pareceram pouco à vontade com o vocabulário presente neste

enunciado. “algarismos e número” foram consideradas a mesma palavra,

particularmente pelo Rui Pedro que colocou a seguinte questão:

RP – Como é que a Maria ia escrever os números de 1 a 500 e já escreveu 501?

R – Pois, então já acabou… I – As palavras “números e algarismos” são distintas. Por exemplo: o número 23 tem dois algarismos, já o número 9 tem apenas um algarismo. R – E 100 tem três algarismos,… RP – Já percebi.

Tendo levado muito tempo para concluir a tarefa anterior, o par viu-se, de certo

modo, limitado pela falta de tempo para dedicar a este problema. Por essa e outras

razões já anteriormente abordadas, o par acatou a sugestão dada pela investigadora, que

constava no registo escrito dos números necessários para obter 501 algarismos.

I – Será que é necessário escrever os números até 500? R – Eu vou escrever os números todos! I– E tu Rui Pedro? RP – Ainda não sei! Mas ali fala em 501 algarismos… I – A Maria parou quando escreveu 501 algarismos e não quando escreveu o número 501.

O par continuava com dúvidas e confuso e, por isso, escreveu no caderno os

números de 1 a 500. No entanto, quando foi contar o número de algarismos registados,

perdeu-se na contagem. Uma vez mais o par não demonstrou qualquer vontade de

explicar, quer oral quer por escrito como resolveu o problema, porque o facto de

terminar, para este par, já é muito importante.

Tarefa 12 Iniciaram os seus trabalhos um tanto inseguros, sem saber muito bem em que

lhes poderia facilitar o material que lhes fora entregue anteriormente.

R – Para que é isto que nos entregou? I – Este material poderá ajudar-vos a resolver o vosso problema. R – Mas como? Não estou a perceber! I – Já leram o enunciado? R – Já. I – Então, digam lá de que fala o enunciado! RP – De pessoas que queriam atravessar um rio, mas não havia ponte… I – Qual foi o transporte utilizado para conseguir o que pretendiam? R – O transporte!? Quem os levou? I – Exactamente.

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R – O barco. I – Então aqui temos o barco, o rio que queriam atravessar e as três pessoas… R – O pai é o triângulo? I – Sim. Porque são diferentes as figuras fornecidas? RP – Para não fazermos confusão com as pessoas! I – Isso mesmo! Quantas pessoas querem atravessar para a outra margem? RP – Três. I – E quantas pessoas podem ir de cada vez no barco? RP – O barco é pequeno… Mas pode levar duas! I – Que pessoas podem fazer a travessia juntas? R – Não percebo!

I – O barco pode levar duas pessoas, certo? (Os dois acenaram com a cabeça, mostrando afirmativamente que isso seria possível). Poderão atravessar o pai e um dos filhos? R – Está a perguntar se pode levar duas pessoas? I – Já se sabe que sim. É possível atravessar o pai juntamente com um dos filhos? RP – Não. O barco pode levar duas pessoas, mas essas pessoas são crianças! R – E o pai? I – Pois, é o que se pretende saber… Entretanto, fazendo várias tentativas arrastando o barco de uma para a outra

margem, o Rui Pedro referiu o seguinte: “Na primeira viagem vão os dois filhos, como

já tínhamos visto; na segunda viagem, um dos filhos regressa; na terceira viagem vai o

pai sozinho; na quarta viagem vai o filho buscar o irmão; e, na quinta viagem

atravessam os dois filhos”. O Ricardo ficou surpreendido com o raciocínio do colega e

perguntou-lhe: “Como descobriste?”. O colega riu-se e explicou: “Não vês que é a única

hipótese! É parecido com o problema da balança que fizemos há algum tempo com a

professora”. Esta descoberta proporcionou momentos de discussão e explicitação das

ideias, desenvolvendo um aspecto fundamental na Matemática, a comunicação.

I – Quantas travessias foram feitas? R – Enquanto o Rui Pedro falava, eu contei cinco!

Muito entusiasmado e depois de ter compreendido o que o colega lhe tinha

explicado, o Ricardo repetiu o mesmo, mas agora, por palavras suas: “Primeiro foram

os dois filhos. Um dos filhos fica na outra margem e o outro regressa e vai buscar o pai.

Como os dois não cabem no barco, vai o pai e fica o filho. De seguida, o filho vai

buscar o outro filho, que fazem juntos a última viagem. E também fizeram a primeira”.

Sem darem pela conta estavam a explicar os raciocínios utilizados na resolução

do problema. Na fase de explicar os raciocínios, o Rui Pedro, apenas referiu: “Seguimos

este raciocínio porque é o que é possível fazer. De outro modo, ou não poderiam

atravessar ou o barco afundava.

Apesar do início ter estado um tanto comprometido pela insegurança

manifestada por ambos os elementos, o par muito satisfeito foi capaz de explicar o

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raciocínio seguido na resolução da tarefa, facto que se registou pela primeira vez, desde

o início do estudo, ou seja apenas na décima tarefa realizada.

Tarefa 17 Feita a exploração da tarefa, da parte da investigadora e alunos da turma,

conforme o Anexo 17, este par não tinha ainda compreendido o que se pretendia com

este enunciado. Não foi capazes de reagir com a euforia que se verificara nos outros

alunos, por isso, foi-lhes pedido que resumissem e apresentassem oralmente o objectivo

do enunciado. Como não manifestaram muita vontade de falar, a investigadora pediu-

lhes que fizessem nova leitura do enunciado. De seguida, foram-lhes colocadas

novamente as mesmas questões, às quais foram respondendo, embora com muita

insegurança.

Como reforço positivo, a investigadora elogiou as respostas dadas, alertando

para a necessidade de efectuar uma leitura exaustiva dos enunciados matemáticos, de

modo a poderem ser interpretados e compreendidos todos os dados, facto que não se

evidenciava neste par.

Algum tempo depois, o Rui Pedro propôs um esquema organizado, partindo das

canções que a Ana já sabia antes de aprender canto, as que aprendeu na primeira

semana, na segunda e na terceira. O Ricardo teve dificuldade em acompanhar o

raciocínio do colega, por isso, sugeriu um outro esquema que havia traçado. Mais uma

vez se evidencia, neste par, a pouca capacidade de trabalho de grupo, porque não são

proporcionados momentos de discussão e de colaboração, mas apresentadas sugestões

individuais, forçando um ou outro elemento a aceitá-las como válidas.

I – Quantas canções sabia a Ana ao fim da quarta semana? R – Dez mais quatro que dá catorze. RP – Assim é muito confuso! Eu fiz esta lista com as quinze semanas e fui somando sempre mais uma canção por semana… R – Ah! Tens razão. Assim é mais fácil. Também eu vou fazer esse esquema!

Na fase de exploração “alguém” referiu que todas as semanas a Ana aprendia

mais uma canção que na semana anterior, facilitando, assim, a resolução da tarefa. É

que este par manifesta algumas dificuldades na descoberta da estratégia adequada,

devido à pouca importância atribuída à fase inicial da resolução de problemas, a leitura,

interpretação e compreensão do enunciado. Assim, ao número de canções aprendidas

em cada semana, foram adicionando sempre mais uma até chegar à décima quinta

semana, em que obteriam um total de 124 canções aprendidas, se não tivessem errado a

soma. Na décima terceira semana, adicionaram 14 às 95 canções, dando-lhes um total

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de 104. Rui Pedro efectuou todos os cálculos sozinho, contando pelos dedos o número

de canções aprendidas de semana para semana.

Tendo terminado a tarefa, o Rui Pedro disse: “Professora, no final das quinze

semanas, a Ana sabia 119 canções!”. No entanto, a investigadora pediu-lhes para

conferirem os cálculos.

R – Este quatro, não é um quatro, mas um nove. Como ficou mal fechado, nós pensávamos que era um quatro. Não foi possível perceber se realmente era um nove mal feito ou se erraram a

soma, por parecerem muito convictos de que era um nove mal desenhado. O importante

é que descobriram o erro e conseguiram corrigi-lo.

Quando solicitados a explicar como fizeram, os alunos referiram oralmente que

após terem descoberto o número de canções que a Ana aprendia de semana para

semana, foi só adicionar os resultados até à décima quinta semana.

Resumo do Par B Estes alunos, inicialmente, mostraram dificuldade em trabalhar em conjunto,

porque, um dos elementos do par era muito individualista. Apesar de tudo, constituíam

um par homogéneo em comportamento e desempenho. Esta atitude foi-se alterando com

o evoluir das tarefas, mas mesmo assim o desempenho que resultou poderia ter sido

mais positivo. A grande dificuldade deste par manifestou-se ao nível da

interpretação/compreensão dos enunciados matemáticos, tendo feito pouco uso da

leitura das tarefas propostas. Revelaram dificuldade na utilização dos conceitos

matemáticos envolvidos e, sobretudo, na procura e selecção das estratégias para a

resolução dos problemas. Mostraram dificuldade na expressão oral e na expressão

escrita, pelo que a explicação dos raciocínios usados muito raramente foi cumprida. A

propósito da explicitação dos raciocínios usados, os alunos pareceram indiferentes,

pouco motivados, provavelmente porque não estavam habituados a fazê-lo.

Na maioria das vezes, estes alunos procuravam as ideias dos pares vizinhos para

iniciar a resolução das suas tarefas, mostrando-se pouco confiantes nas suas

capacidades. Quando terminavam uma tarefa, demonstravam muita satisfação por a

terem conseguido resolver.

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Par C: Diogo e Alexandre

Tarefa 8 Apesar de terem conhecimento dos dados e do que era pretendido, a distância

entre os caracóis, o número de metros percorridos por um e por outro caracol era causa

de confusão. Também começaram por registar as somas de 3 metros com 2 metros até

atingirem os 50 metros, mas, para concretizar a tarefa houve necessidade de recorrer à

representação, por desenho, do percurso que separava os dois caracóis. Após terem

dividido o segmento de recta em 50 partes iguais, estes alunos manifestaram algumas

dúvidas na contagem do percurso realizado por cada caracol.

D – Um, dois, três… num dia, o caracol anda até aqui! I – Quantos metros percorre afinal esse caracol? D – Este? (apontando com o dedo) 3 metros… I – Mas tu contas apenas 2 metros! D – Não percebo… I – Então para onde vai o caracol? D – 1, 2, 3. Para aqui…

I – Para aí? Repara 1, 2, 3. (contava enquanto riscava com o lápis no segmento de recta traçado)

Entretanto, Diogo solicitou, sem êxito, a ajuda do seu colega de grupo que se

mantivera sempre calado, até então.

I – Quantos espaços terás de contar no caso do caracol que percorre 3 metros por dia? D – Espaços ou tracinhos?! Neste contexto, o recurso à régua graduada permitiu clarificar as dúvidas que

surgiram no âmbito das medições, uma vez que o par contava apenas os traços do

segmento de recta e não os espaços relativos ao percurso percorrido e por isso aos

centímetros.

D - Nesse caso conto sempre três espaços do lado esquerdo (caracol que percorre 3 metros por dia) e dois espaços do lado direito (caracol que percorre 2 metros por dia). I – Isso mesmo! Para resolver a segunda questão da tarefa foi necessário solicitar novamente

ajuda da investigadora; no entanto, esta, depois de colocar algumas questões apercebeu-

se de que os alunos não compreenderam a questão. Então, foram aconselhados a ler de

novo o enunciado e, só com muita ajuda, conseguiram resolver a tarefa.

Tarefa 13 Para resolver esta tarefa, o par solicitou diversas vezes ajuda da investigadora.

De início, os alunos não compreendiam o enunciado do problema, uma vez que o

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mesmo apresenta várias questões, umas referentes a uns dados e outras referentes a

outros dados. Após a interpretação e esclarecimento dos dados do enunciado, este par

ainda colocou outras questões a propósito da tarefa.

D – Como posso fazer três filas de quatro meninos, sendo eles nove meninos? I – Experimenta primeiro fazer o registo dos nove meninos… D – O Alexandre já fez este registo! Pode ser assim? I – É um bom começo. Agora têm de contar os meninos…

Entretanto, Diogo desenhou um triângulo, por ter três lados, o mesmo número de

filas do enunciado. De seguida, foi dispondo os meninos no triângulo, primeiro, um em

cada vértice da figura, depois nos lados, até perfazer o número de meninos pedidos no

enunciado.

Na questão seguinte, o par adoptou a mesma estratégia utilizada anteriormente,

desenhando desta vez um quadrado, também sugerido, num tom baixo, pelo Alexandre.

D – Agora é mais difícil! São 12 meninos… (proferia enquanto esboçava o desenho de um quadrado) I – Agora preenche-o com fizeste com o triângulo! D – Começo por colocar um menino em cada canto do quadrado. Depois, como ainda faltam muitos meninos, vou distribui-los pelos lados do quadrado. I – Já tens os meninos todos dispostos? D – Ainda faltam quatro. Vou apertar um bocado estes… (referia-se aos meninos que já estavam registados) Conseguimos! Foi motivo de grande alegria para o par o facto de ter conseguido dar resposta a

estas questões. Os alunos continuaram a trabalhar, no entanto, tal como nos pares

anteriores não foram capazes de resolver a última questão.

Tarefa 9 Para resolver a primeira questão desta tarefa, os alunos atribuíram uma cor a

cada sabor e foram combinando os vários sabores, utilizando apenas as cores.

I – De quantas maneiras diferentes pode o José comprar o sorvete? D – Encontramos 19 maneiras diferentes. I – Como é que contaram 19? D – Fomos combinando o morango e depois passamos ao sabor seguinte.

I – Quantos sorvetes diferentes se podem comprar, utilizando o morango e outro?

D – Quatro. I – E agora com o ananás, vais conseguir mais ou menos? D – Mais.

Entretanto, o Alexandre, que era menos falador e que até então se tinha limitado

a ouvir a conversa, interveio muito rapidamente: “Menos. Então não vês que agora a

lista é mais pequena e esgota mais rapidamente as possibilidades?”

D – Ah, pois é.

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Apesar de se mostrarem um pouco confusos foram verificando o trabalho

efectuado, eliminando os sabores repetidos.

Na questão seguinte resolveram mudar de estratégia por acharem que as cores os

baralhavam muito. Passaram a registar por escrito: morango + ananás + banana, num

total de oito maneiras diferentes.

Tarefa 11 As palavras “algarismos e números” suscitaram algumas dúvidas, porque para

estes alunos tinham significado idêntico.

D – É muito confuso! I – Repara, a Maria parou quando tinha escrito 501 algarismos e não quando escreveu o número 501! D – Depois de escrever os números, a Maria contou-os todos até obter 501 algarismos? I – Claro… D – Então já percebi!

Como não lhes ocorreu outra estratégia possível, escreveram os números até 200

e foram contando os algarismos registados.

D – Assim dá mais trabalho, mas é mais fácil! I – Não poderia ser resolvido de outra maneira? D – Poder, até podia. Mas são precisos muitos cálculos…É muita confusão.

A – Assim, só contamos os algarismos e até facilita para contar os números pares.

Embora tenha terminado a primeira questão desta tarefa, este par não obteve a

solução do problema, porque efectuou mal as contagens, dando-lhe resultados

parecidos, mas incorrectos.

Aproveitaram os números escritos e contaram também os números pares

solicitados na questão seguinte; no entanto a falta de tempo não lhes permitiu efectuar

novas contagens e detectar o erro.

Os alunos concluíram oralmente que, apesar do trabalho do registo de todos

aqueles números, não implicou a utilização de tantos cálculos, facilitando a resolução da

tarefa e a obtenção das respostas com maior rapidez.

Tarefa 12 Os alunos tiveram algumas dificuldades em iniciar a resolução da tarefa, porque

mesmo após a exploração da tarefa, ainda havia algumas dúvidas na

interpretação/compreensão do enunciado e na identificação da estratégia adequada para

a resolução do problema.

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D – Este enunciado é muito complicado! I – Porquê? D – Porque parece uma história e não um problema! I – É por isso que não consegues resolvê-lo? D – É que não sei muito bem por onde começar. I – Porque não utilizas o material que te forneci?

O par, entretanto, começou a manusear o material, tentando fazer travessias,

levando um e outro, mas sem muito empenho no trabalho que realizava. Experimentava

novas travessias mas sempre sem êxito.

I – Quem vai fazer a travessia em primeiro lugar? D – O primeiro a fazer a travessia é o adulto! I – E quem vai buscar os filhos? D – Pois… Não dá. Já sei, vai o pai e um filho! I – Quantas pessoas podem ir no barco de uma só vez? D – Pode levar até duas… I – Em que caso é que vão duas?

Entretanto, consultando o enunciado do problema, Diogo respondeu: “Quando

forem duas crianças”. A investigadora voltou a insistir: “Então o pai e o filho poderão ir

juntos?”. Alexandre que tinha estado calado a ouvir a conversa, acenou com a cabeça,

num gesto de negação. Então, incitado a falar, Alexandre disse o seguinte: “O adulto

tem de ir sozinho, mas as crianças podem ir juntas!”. Diogo concordou com o colega e,

embora inseguro, arriscou nova resposta: “Já sei. Vão as crianças!”. De forma a testar o

aluno, a investigadora perguntou-lhe: “E o pai?”. Diogo nem teve tempo para pensar,

respondeu prontamente: “Não dá!”. “Mas não dá porquê? Quantas pessoas podem ir no

barco?” perguntou-lhe a investigadora. Diogo referiu que o barco podia levar duas

crianças ou um adulto, mas era incapaz de pensar qual das pessoas atravessava em

primeiro lugar, por essa razão a investigadora voltou a questionar o par, conforme o

Quadro 1 do Anexo 17.

D – A primeira travessia é feita com as duas crianças e o adulto espera pela vez dele.

I – E quando é que é a vez dele? D – Só vejo uma solução. Uma das crianças atravessa e a outra vai buscar o pai.

I –E depois atravessam os dois de uma só vez? D – Não, os dois juntos não cabem no barco. Agora é o pai que faz a viagem e depois o filho que já se encontra do outro lado do rio vem buscar o outro.

Conforme iam resolvendo a tarefa, o Diogo esboçava um esquema no papel,

utilizando setas como ponto de partida. Segundo este aluno, este esquema permitia

saber o número de travessias efectuadas, conforme a Figura 4 do Anexo 24.

Como os segmentos traçados dispunham de setas em ambos os sentidos, a

investigadora perguntou-lhe: “Afinal de onde sai o barco?”. Diogo olhou para a

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investigadora e apontando para a sua esquerda disse: “Sai daqui!”. “Então por que razão

é que as setas têm dois sentidos?”, perguntou-lhe a investigadora. Um pouco hesitante,

o aluno pegou na borracha e apagou a seta do seu lado esquerdo, mas verificou que em

baixo o esquema também tinha de ser rectificado, mas não percebeu logo qual das setas

estava a mais. Então perguntou: “Onde tenho de apagar?”. A investigadora pediu que

reparasse de onde saía o barco e logo verificou que era da direita para a esquerda,

apagando a seta do lado direito.

“De acordo com o teu desenho e com o que indicam as setas, qual é o ponto de

partida e o ponto de chegada?”, perguntou-lhe a investigadora. Diogo sorriu e

respondeu: “Agora pensando bem, parecia que o barco partia e regressava, mas não

mostrava exactamente quantas travessias eram precisas para que todos passassem para o

outro lado do rio”.

Verificou-se alguma dificuldade na compreensão e interpretação dos dados,

tendo sido bastante lenta a descoberta da estratégia adequada para resolver a tarefa.

Enquanto o Diogo é um aluno muito curioso e empenhado no trabalho, colocando as

mais variadíssimas questões para tirar as suas dúvidas, o Alexandre permanece,

praticamente sempre calado, não sendo possível averiguar se foi ou não possível a

compreensão do problema.

Para este par, o material fornecido pela investigadora constituiu um poderoso

instrumento de auxílio na resolução da tarefa. Foi importante o manusear do material, o

empurrar do barco de um lado para o outro, colocando e tirando as pessoas, de modo a

encontrar a solução ideal para este problema.

Por fim, o par referiu que foram necessárias cinco travessias para que todos

passassem para a outra margem. Como o barco era pequeno e só dava para um adulto,

uma criança ou duas crianças de cada vez, todas as viagens efectuadas foram

indispensáveis.

Tarefa 17 Os alunos começaram por registar o número de canções que a Ana sabia antes

das aulas de canto. Logo por baixo registaram o número das canções que sabia no final

da primeira, segunda e terceira semanas. Descobriram que da primeira para a segunda e

da segunda para a terceira semana, a Ana aprendia mais uma canção. Deste modo,

foram adicionando sempre mais um ao número das canções aprendidas na semana

anterior.

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I – Quantas canções aprendeu a Ana desde que foi para as aulas de canto? D – Na primeira semana aprendeu mais uma além das que já sabia. Na segunda semana aprendeu mais duas e na terceira semana aprendeu mais três. I – Se continuar este ritmo, quantas canções saberá a Ana no final da quarta semana? D – A Ana saberá … (apontando para o resultado) mais quatro! I – E no final da sétima semana? D – Isso é muito complicado, temos de fazer as contas primeiro!

O facto de se avançarem três semanas, já tornou a situação mais complicada,

conforme referiu o Diogo. O lógico para estes alunos era continuar a sequência até

então seguida, caso contrário não era muito viável.

Enquanto efectuavam os cálculos da quarta para a quinta semana, o Diogo ia

referindo em voz alta: “Para saber o número de canções da sétima semana é preciso

saber primeiro o resultado da quinta e da sexta semanas”.

D – Na quinta semana, a Ana sabe 19 canções e na sexta, sabe… (conta pelos dedos mais 6) 25 canções. Agora é que é possível saber quantas saberá no final da sétima semana. 25 mais 7 são 32. Na sétima semana, a Ana sabe 32 canções! I – Na sétima semana ou no final da sétima semana? D – Parece-me a mesma coisa, não?! É uma questão de Português! I – Que faz todo o sentido e que pode alterar, por vezes, alguns dados e, até mesmo, alguns resultados. Isto se não for feita uma interpretação adequada dos enunciados. D – É por isso que muitas vezes é difícil descobrir que tipo de conta temos de utilizar (referia-se às quatro operações básicas).

Seguiram o mesmo raciocínio até ao final, obtendo um total de 124 canções. Ao

explicarem os raciocínios utilizados, referiram que o mais difícil, neste tipo de

problemas, é descobrir o início. Depois, é só contar, como foi o caso. Referiram também

que, não se podia “pular” as semanas, porque era necessário saber, desde o início, as

quantidades certas.

Resumo do Par C Diogo e Alexandre, de início, mostraram ser um par pouco equilibrado. Não

eram estabelecidos diálogos entre si, porque o Alexandre permanecia alheio a todo o

tipo de trabalho, deixando “nas mãos” do seu colega o poder de decisão, de resolução e

prestação de trabalhos. Diogo viu-se obrigado a mudar esta situação, tendo, para tal,

exigido a participação e colaboração do colega nas tarefas. A partir desse momento,

foram trocadas impressões entre si, mas sempre em voz baixa. Esta atitude

comprometeu, de certo modo, o desempenho do par. No entanto, para o final das

tarefas, o desempenho do Alexandre melhorou.

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Parece ter havido, por parte destes alunos, a consolidação de alguns conceitos

matemáticos, embora tenham mostrado também algumas falhas ao nível dos

conhecimentos já adquiridos.

Mostraram muitas dificuldades em se exprimirem, tanto oralmente como por

escrito. Apenas explicaram, por escrito, os raciocínios usados nas duas últimas tarefas,

embora tenham sido lembrados a fazê-lo. Raramente terminaram as tarefas, quer devido

às dificuldades enumeradas quer devido ao ritmo de trabalho lento que possuíam.

Par D: Filipa e Pedro Miguel

Tarefa 8 Demoraram a iniciar a tarefa, porque não compreendiam o enunciado. Após a

exploração do conteúdo e compreensão de todas as palavras foi possível o começo.

I – De quantos caracóis nos fala o enunciado? F – Dois. I – Quantos metros os separam? F – 50 metros. I – Como estão dispostos os dois caracóis?

PM – Estão assim (apontando para o esboço efectuado na folha). Frente a frente e em linha recta.

I – O que significa ir em linha recta? F – Que não mudam de direcção, não? (respondeu com algumas dúvidas). I – Podemos aceitar a resposta. Quantos metros percorre cada caracol? PM – Um três metros e o outro dois. I – Os dois juntos quantos metros percorrem por dia? PM – Já sei. Num dia os dois caracóis percorrem cinco metros.

F – Para descobrirmos quantos dias são precisos para se encontrarem, basta ir registando cinco metros por dia e quando percorrerem 50 metros, encontram-se.

PM – Eu tinha feito várias multiplicações para nada. I – Na resolução de qualquer problema é muito importante a sua leitura e compreensão, para prosseguir o trabalho! F – Já terminei. Os caracóis encontram-se ao fim de dez dias. I – Agora é preciso saber quantos metros andou cada caracol. Será que percorreram ambos o mesmo número de metros? PM – Não. O caracol mais rápido andou mais.

Foi-lhes sugerido o desenho de um segmento de recta, registando os metros

percorridos por um e por outro caracol. No entanto, quando tiveram de contar os metros

percorridos pelos caracóis, não contavam os espaços (centímetros), mas os tracinhos

que registaram no segmento, ou seja, as marcações dos centímetros e por isso, os

resultados não lhes dava certo.

PM – Professora, afinal como pode ser isto!? I – Deixa-me ver os teus registos! Afinal, quantos metros percorre, por dia, este caracol? (disse apontando para o caracol que percorre três metros por dia) PM – Este anda 3 metros!

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I – Mas tu registaste apenas dois! PM – Como? Eu contei, um, dois, três. Calha aqui…

A investigadora mostrou-lhes a régua graduada e pediu para que medissem a

largura do caderno. Responderam correctamente à resposta, percebendo que o que

contava eram os espaços (centímetros) e não os traços, como haviam feito no segmento

de recta.

Efectuaram nova contagem, dando trinta metros, no caso do caracol que andava

três metros por dia e vinte metros no outro caso.

Foi dada a resposta à questão, mas não explicaram como procederam.

Tarefa 13 Também este grupo teve necessidade de desenhar as figuras geométricas com o

mesmo número de lados das filas dos meninos. De seguida dispôs todos os meninos

solicitados no enunciado nos lados das figuras desenhadas.

PM – As filas são linhas rectas, por isso é fácil! Vamos colocar os meninos sobre os lados do triângulo e do quadrado!

F – Têm de estar mais afastados. PM – Não está muito direitinho, mas continuam a ser filas… O par deteve-se alguns minutos na última questão, experimentando outras

figuras geométricas, sobretudo o hexágono, seis lados, tal como o número de filas

pedido.

F – Professora, o outro não é possível fazer! I – Porque dizes isso?

F –Já desenhamos várias figuras com seis lados, mas ao colocarmos lá os meninos, não dá certo! I – Vou dar-vos uma pista. Vocês desenharam a primeira figura com três filas, agora têm que desenhar uma com o dobro das filas! F – Mas como? Um hexágono tem seis filas! PM – E cada fila tem quatro meninos? F – Não. Não dá… I – É por isso que eu sugiro que olhem para o vosso primeiro esquema.

Embora não tenham resolvido a questão em falta, o Pedro chegou a sugerir o

desenho de uma estrela de modo a dispor os doze meninos referidos na tarefa. Por fim,

o par deu a resposta ao problema, mas não explicou, por escrito, os raciocínios usados.

Tarefa 9 Para resolverem a tarefa, os alunos traçaram o seguinte diagrama, constante da

Figura 5, Anexo 25.

F – Já terminámos! Podes conferir? I – De quantas maneiras pode o menino comprar o sorvete? F – 10 maneiras diferentes.

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PM - Este esquema não permite que sejam repetidos os sabores já registados, porque estamos atentos e quando temos dúvidas verificamos para não repetir.

I – E agora com três sabores? PM – Vamos começar, mas já sabemos que dá menos gelados! I – Porquê? PM – Porque vamos fazer grupos de três e são mais elementos. I- Mas o número de sabores é o mesmo! PM – O melhor é tentar, para ver o resultado!

Para efectuar a questão seguinte, os alunos continuaram com o mesmo esquema,

mas, a certa altura ficaram muito confusos, não conseguindo saber quantos sorvetes

ainda poderiam combinar. Decidiram, então, elaborar uma grelha com os sabores

possíveis. Assim, marcando uma cruz nos vários sabores, conseguiram seis sorvetes

diferentes, dando por terminada a tarefa.

I - Já descobriram quantos sorvetes se podem comprar agora? PM – Já temos seis hipóteses de comprar sorvetes, utilizando apenas o morango e outros… I – Então vai dar um número maior ou menor de gelados? PM – Para já só temos seis… Apesar de terem experimentado outras hipóteses acabavam por repetir os

sabores, por isso deram por concluída a tarefa. Registaram por escrito as suas respostas,

mas, apesar de terem sido lembrados, não explicaram como pensaram.

Tarefa 11 As dificuldades na compreensão do enunciado retiveram, por alguns minutos, os

alunos. As palavras “números e algarismos” foram motivo de grande confusão gerada

na resolução desta tarefa.

A investigadora explicou-lhes que “números e algarismos” possuem no

enunciado significados diferentes. Enquanto a palavra “números” se refere aos números

de 1 a 500, “algarismos” refere-se ao número de “símbolos” representados ou escritos.

O par manifestou dificuldades que se registaram ao nível da interpretação

ambígua das palavras. Exigiu, por isso, maior atenção e concentração, da parte dos

resolvedores desta tarefa.

Os alunos começaram por agrupar os números de 1 a 9, de 10 a 99 e de 100 a

500.

PM – É preciso contar os números de 10 a 99 e multiplicar por dois algarismos! F – Já temos 9 algarismos que é o resultado de 1 a 9. Depois soma-se o resultado dessa multiplicação. PM – 90 vezes 2 que dá 180. Agora de 100 até ao número necessário para obter 501 algarismos. I – Estão a caminhar para a solução…

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F – Podemos começar com os números de 100 a 200. Depois multiplicamos por três algarismos… Seguiram um raciocínio correcto e adequado, mas erraram os cálculos referentes

à tarefa, porque se perderam nas contagens efectuadas.

Finalmente o par explicou que foi contando os números de 1 a 9, de 10 a 99 e de

100 a 200. Assim, juntou aos 9 algarismos, 180, resultado de 90 algarismos vezes 2. Por

fim, multiplicou 101 por 3, dando 303 algarismos. Depois foi fazendo aos poucos, por

tentativa, até chegar aos 501 algarismos escritos.

Tarefa 12 Além do material de apoio de que dispunham, os alunos desenharam no papel,

um rio e traçaram as travessias efectuadas, de modo a que todos passassem para a outra

margem do rio.

I – Quem é que atravessa primeiro? PM – As duas crianças atravessam e o pai fica. I – O que acontece depois? PM – Uma criança fica do lado de lá do rio e a outra vai buscar o pai! I – Quantas travessias foram feitas até então? PM – Duas viagens. Mas agora o pai vai fazer a terceira. F – Ao todo são necessárias cinco viagens, porque o menino regressa e vai buscar o irmão. Foram os dois meninos que atravessaram mais vezes o rio! I- Já agora quantas viagens fez cada filho? PM – Não dá para saber. I – Porquê? As figuras que vos dei e que representam as pessoas são todas iguais? PM – Não. Então, se eu mantiver sempre o mesmo filho (representado pelo quadrado) no barco, (ao mesmo tempo ia fazendo as travessias de novo) ele faz três viagens, enquanto o outro (rectângulo) faz uma como o pai (triângulo).

Na explicação dos raciocínios usados, os alunos acharam que o desenho, por si

só, não era suficiente, acabando por repetir o que haviam dito mas agora por escrito.

“Primeiro foram os dois filhos e acabou a primeira viagem; depois uma criança ficou na

outra margem e a outra foi buscar o pai, é a segunda viagem; na terceira viagem, o pai

foi para a outra margem; depois o filho foi buscar o irmão, fazendo a quarta viagem; e,

por fim, na quinta viagem, os dois filhos foram para a beira do pai. Realizaram-se cinco

travessias e não podia ser de outra maneira, porque no barco só cabiam as duas crianças

de uma vez ou o pai”.

Tarefa 17 Os alunos leram atentamente o problema e rapidamente iniciaram a sua

resolução. Na figura 6, Anexo 26, pode observar-se a estratégia usada pelo par.

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O par foi muito perspicaz na descoberta da sequência das canções aprendidas de

semana para semana, por isso efectuaram, aparentemente sem qualquer dificuldade, a

tarefa proposta com recurso a uma tabela.

I – Porque razão elaboraram este esquema? PM – Porque representa as quinze semanas de que fala o problema. I – Quantas canções sabia a Ana antes das aulas de canto? PM – Já sabia 4 canções, por isso, na primeira semana registei 4, mais uma que dá 5 canções. Na segunda semana juntei mais duas canções e deu 7. Na terceira semana juntei mais três e deu 10. Fui seguindo este raciocínio até ao final das quinze semanas. F – Assim, torna-se mais fácil ver quantas canções é que a Ana aprendeu em cada semana. PM – Temos de seguir essa sequência até à décima quinta semana! Cada semana tem um número que corresponde à semana. I – O que querem dizer com isso? PM – Na primeira semana mais uma canção nova; na segunda semana mais duas canções novas; na terceira mais três e assim, por aí fora até chegar ao final das quinze semanas. Conforme a explicação efectuada oralmente, “eu descobri como era possível

realizar esta tarefa, encontrando a sequência; então, cada semana aumentava mais uma

canção”; o par também procedeu ao registo escrito, dando assim por finalizada a tarefa,

referindo que descobriram a sequência, por isso foi fácil resolver o problema. Em cada

semana aumenta uma canção, assim, apenas juntaram o número que correspondia à

semana, com o número anterior.

Resumo do Par D Ao longo de todas as tarefas, este par mostrou ter um desempenho constante.

Discutiu e comunicou entre si as suas descobertas, permitindo-lhes o confronto de

opiniões. Estes alunos complementavam-se, porque a Filipa liderava ao nível da Língua

Portuguesa, conseguindo uma boa interpretação/compreensão dos enunciados; enquanto

o Pedro Miguel liderava na Matemática, porque sempre demonstrou um bom cálculo

mental e um bom raciocínio matemático. Os diálogos estabelecidos eram efectuados em

voz baixa e de forma moderada, manifestando muito entusiasmo pelas tarefas

desenvolvidas.

Parece terem consolidado os conceitos matemáticos envolvidos na resolução das

tarefas, respondendo sempre com muita calma e com alguma segurança.

Mostraram dificuldade ao nível da expressão escrita, particularmente dos

raciocínios usados na resolução dos problemas. Apesar de terem sido incitados a

explicar, por escrito os passos seguidos, estes alunos limitavam-se a dar uma resposta

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semelhante àquela a que estavam habituados nos problemas que implicam a utilização

dos algoritmos.

Actividades de investigação matemática

No dia 8 de Janeiro de 2007, das 9.00 às 10.30 horas iniciou-se a investigação

matemática, tarefa 24, “Quadrados de dominó”, constante do Anexo 18.

No dia 12 de Janeiro de 2007, das 11.00 às 12.00 horas efectuou-se a segunda

investigação matemática, tarefa 25, “Xs no geoplano”, constante do Anexo 19.

No dia 16 de Janeiro de 2007, das 14.00 às 15.30 horas efectuou-se a terceira

investigação matemática, tarefa 26, “Guardanapos”, constante do Anexo 20.

Par A: Rodolfo e Marta

Tarefa 24 Em contacto com os dominós os alunos questionavam-se o que iriam fazer e que

tipo de actividade matemática iam desenvolver com este material.

M – Os quadrados de dominós conseguidos são para registar no papel? R – Claro! (disse apontando para o enunciado). M – Isto é divertido!

Os alunos manifestaram muito entusiasmo aquando da realização da tarefa,

porque “brincavam” enquanto trabalhavam.

M – Isto é mesmo fácil! Já construímos vários quadrados de dominó. R – Não te esqueças de registar! M – Já registei o quadrado de dominós com 7, 6 e 5 pintas de lado. R – Regista também este de quatro! M – Eu gosto mais de construir os quadrados que registar…

O manuseamento das peças de dominós proporcionou, aos alunos, um ambiente

lúdico, característico do jogo. Resultou num trabalho agradável, completamente

diferente daquele a que estavam habituados na aula de Matemática. O empenho era tal

que preferiam fazer os quadrados de dominó que registá-los no papel.

M – Estava a construir um quadrado de dominó com 9 pintas e acabei por construir este de 8… R – Às vezes também acontece isso comigo. Ando à procura de uma peça e encontro outra… M – Podemos repetir os quadrados de dominós? I – Tentem construir com outros números… M – Já construímos quadrados de dominós diferentes, mas as mesmas somas dos lados… I – Têm efectuado o registo dos quadrados de dominó? R – Registámos 12. I – Qual foi o quadrado de dominó que conseguiram com a soma dos lados mais baixa? R – Foi o quadrado com duas pintas! I – Já experimentaram fazer o quadrado de dominós com a soma igual a 1?

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M – Não é possível! I – Porquê? M – As peças não servem. Passa sempre do 1. Foram efectuando descobertas, registando os resultados encontrados, através de

uma competição agradável e construtiva.

I – Acabaram de dar resposta à segunda questão… R – O que acabámos de dizer é resposta?! Podemos escrever o que dissemos? I – Podem e também podem pensar na questão seguinte… R – “E o máximo?” M – Deixa ver… Foi o quadrado com a soma igual a 14. I – Acham que é possível a construção de mais quadrados de dominó? R – Talvez… I – Quantos fizeram? M – 13. Este par preocupou-se em registar correctamente, com régua e lápis os

quadrados de dominós que haviam efectuado, tendo gasto mais tempo que o previsto. O

valor máximo encontrado por este par foi o quadrado de dominó com a soma igual a 14.

Tarefa 25 Tal como na tarefa anterior, o trabalho de Matemática realizado com o auxílio de

materiais é mais susceptível de desenvolver o gosto e melhorar o desempenho dos

alunos. O contacto com o geoplano proporcionou uma atitude mais positiva

relativamente ao modo como os alunos estão habituados a ver a Matemática.

M – Eu faço o X no geoplano e tu registas. R – Empresta-me a tua régua! M – Neste geoplano, podemos fazer muitos Xs… R - Desde que os elásticos se cruzem, já temos um X. M – Já podes começar a registar, porque repara, cada quadradinho é um X. R – Há 16 Xs iguais. Mas também podemos fazer Xs utilizando as medidas do rectângulo… M – Mas para não misturar tudo, o melhor é fazer primeiro com quadrados. R – Concordo. M – Agora o quadrado vai ser maior, com dois preguinhos de cada lado. Regista estes quatro! Dá para fazer mais dois assim e mais dois assim… R – Esses não são repetidos? M – Não. São todos diferentes. O melhor é fazer primeiro o registo dos quatro quadrados. Noutro geoplano registas mais dois; noutro mais dois e depois no último só registas o que falta. R – Já podes continuar… M – Agora é um X grande. Ainda rebenta os elásticos… Pode-se fazer mais quatro Xs. R – Vou registar um em cada ponteado. M – O outro X ocupa o geoplano todo… só podemos fazer um! R – Utilizando o quadrado podemos fazer 30 Xs. Foi o único par de alunos a descobrir que a partir do rectângulo também se pode

fazer uma grande quantidade de Xs.

M – Agora com o rectângulo… O mais pequeno é o de 1 por 2. Que confusão! Não posso colocar tantos elásticos, porque depois não os consigo contar…

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R – Na primeira fila podemos fazer 3 Xs como esse. Porque não multiplicas por 4? M – É verdade. Podemos fazer 12 Xs na horizontal e 12 Xs na vertical. São 24 Xs. R – Não vou registá-los todos. Vou registar um e coloco igual a 24. M – Com um rectângulo maior… 1 por 4. Podemos fazer a mesma coisa. Multiplicamos! 2 vezes 4 dá 8. 8 Xs horizontais e 8 verticais dá 16. R – Registei como o anterior… M – Agora ainda podemos fazer mais 4 Xs assim e mais 4 Xs assim que são 8. R – Ainda é possível fazer mais algum X? M – Se crescermos ao rectângulo… 2 por 4. Dá mais um, dois, três. Na vertical mais um, dois, três. São 6. Os dois alunos registaram os Xs no papel ponteado e procederam à contagem

dos Xs possíveis.

R – Tantos Xs… Com o rectângulo dá mais Xs! M – Conta os Xs que registaste! R – No total? 30 Xs a partir do quadrado e 54 Xs a partir do rectângulo. Os alunos contaram 84 Xs. Definiram o X como algo que divide quer o

quadrado quer o rectângulo em quatro partes. No caso do quadrado resultaram

triângulos iguais e no caso do rectângulo resultaram quatro triângulos diferentes.

Tarefa 26 Este par mostrou-se muito cauteloso, apontando como é possível resolver as

investigações matemáticas de “muitas maneiras”, acrescentando que “os resultados

podem também ser variados”.

R – Depende das molas que nós tivermos… M – E também das que quisermos gastar. R – Este problema pode ser resolvido de muitas maneiras… M – Os resultados podem também ser variados… O melhor é fazer de várias maneiras! R – Vamos começar por 1 guardanapo – 1 mola; 6 guardanapos - 6 molas; 10 guardanapos – 10 molas… M – É a mesma coisa que multiplicar o número de guardanapos por uma mola. Dá sempre o número de guardanapos… R – Estás a complicar Marta! M – Quando multiplicas qualquer número por 1, resulta sempre no próprio número. R – Não estava a perceber o que querias dizer. Vamos registar da maneira como disseste! A Marta não avançou sem que o seu colega mostrasse a sua concordância,

porque é um par que demonstra muita capacidade de discussão e de partilha de opiniões.

M – 1 guardanapo pode gastar duas molas; 6 guardanapos – 12 molas, por aí fora… R – Ao multiplicar por 2, encontramos o dobro das molas.

O Rodolfo seguiu o raciocínio e fez questão de completar a ideia lançada pela

colega.

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M – Agora podemos gastar 3 molas para cada guardanapo… R – São muitas molas! Não precisa de tantas… M – Depende do tamanho dos guardanapos, por isso vamos multiplicar por 3. R – 1 guardanapo – 3 molas; 6 guardanapos – 18 molas; 10 guardanapos – 30 molas; 15 guardanapos – 45 molas; 17 guardanapos – 51 molas e 20 guardanapos - 60 molas. São molas a mais! M – Está bem vamos poupar as molas! 1 mola para dois guardanapos; 3 molas para 6 guardanapos; 5 molas para 10 guardanapos; 8 molas para 15 guardanapos; 9 molas para 17 guardanapos e 10 molas para 20 guardanapos. É uma diferença muito grande de molas…

Segundo estes alunos, por meio do desenho, foi encontrada a solução ideal,

porque como referem esta não implica a utilização de muitas molas, de acordo com a

Figura 7 do Anexo 27.

M – Continuamos? R – Prefiro desta maneira. Assim não são precisas tantas molas!

Este par concluiu com uma curiosidade. Os alunos observaram que quando os

guardanapos representam números pares, o número de molas é sempre metade dos

guardanapos e quando os guardanapos representam números ímpares, o número de

molas é sempre metade mais uma que o número de guardanapos.

Resumo do Par A Estes alunos efectuaram um bom trabalho em conjunto e mostraram um

desempenho estável ao longo das tarefas desenvolvidas. Demonstraram boa capacidade

de expressão oral, comunicando entre si as ideias e as hipóteses levantadas, na procura

da solução. Evidenciaram muito entusiasmo e participação activa nas tarefas, porque,

segundo estes alunos é muito aprazível manusear os materiais de apoio da Matemática,

como foi o caso dos dominós e do geoplano.

Foi o único par que conseguiu descobrir os Xs em rectângulos, tendo os

restantes ficado apenas pelos Xs resultantes do quadrado.

Na última tarefa, apresentaram o resultado da actividade de investigação

matemática de diversas maneiras, propondo, assim, resultados variados. No entanto, a

solução ideal para este par foi aquela que implicou a utilização do número mínimo de

molas.

Par B: Ricardo e Rui Pedro

Tarefa 24 Estes alunos manifestaram dificuldades na compreensão do enunciado da tarefa

e na construção de quadrados de dominó.

R – Não percebo o que é para fazer!

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I – Já leram o enunciado? R – Não. Ouvimos a tua leitura! I – O que se falou a propósito da leitura dos enunciados? RP – É preciso ler muitas vezes…

Inicialmente utilizaram seis peças de dominós para fazer um quadrado. Como

cada peça é rectangular a concepção que possuíam era a de que iam resultar rectângulos

em vez de quadrados.

R – O dominó tem a forma de um rectângulo… I – Quantas peças são necessárias para fazer um quadrado? R – Seis peças! RP – No meio também é um quadrado… I – Apenas vão utilizar quatro peças. R – Como? É complicado! I – Porquê? R – Porque há muitas peças diferentes! RP – Podemos começar por um número qualquer? I – Por qual querem começar? PR – Pelo número 5, que já tenho duas peças. R – Pois deste lado conto 5 pintas e deste também conto 5… RP – Olha outra para juntar a essas… R – Assim há três lados com 5 pintas. RP – Encontrei a outra! R – É divertido! Ultrapassada a fase das explicações e concretizações com o próprio material, os

alunos construíram alguns quadrados de dominó, manifestando bastante entusiasmo

pela actividade desenvolvida. No entanto, revelaram dificuldades na representação em

papel dos quadrados de dominó construídos. Tiveram que seguir com a ajuda do dedo as

peças já desenhadas e as que faltava desenhar, pois este trabalho implicava alguma

abstracção.

R – Já consegui fazer sozinho um quadrado de 6 e outro de 4 pintas. I – Quantos quadrados fizeram? RP – Fizemos 6. I – Acham possível fazer mais algum? RP – Acho que sim.

Relativamente à primeira questão, este par referiu que havia conseguido

construir oito quadrados de dominó.

Quanto às duas últimas questões, pareceu que estes alunos não tinham

compreendido o que era pretendido, porque um dos elementos questionou o par vizinho,

sobre o que era o valor mínimo e o valor máximo. Este par ficou apenas pela construção

de seis quadrados de dominó, mas não efectuou qualquer registo por escrito sobre as

questões propostas.

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Tarefa 25 Antes de iniciar a tarefa, estes alunos exploraram o geoplano, construindo

diversas figuras geométricas, casas e outras figuras.

R – Consegui encontrar um X no quadrado maior do geoplano… Estiquei o elástico desta ponta até esta e depois do outro lado e fiz um X.

RP – Então é isso que temos de fazer? R – Os outros também estão a fazer assim… e depois desenham no papel dos pontinhos. Um pouco guiados pelo trabalho efectuado pelos pares vizinhos, estes alunos

manifestaram muito entusiasmo pela tarefa desenvolvida. Disputaram, positivamente,

entre si diferentes construções de Xs.

RP – Eu também consigo fazer muitos Xs. Olha neste quadradinho também faço um X… já está! R – O melhor é fazer o X e depois passá-lo para o papel dos pontinhos, assim, podemos ver no fim quantos Xs fizemos. RP – Eu já desenhei. Estes elásticos são muito grandes para estes Xs pequenos e saltam fora… R – Dobra-os e já não saltam! Mas se calhar não é preciso usar os elásticos, porque no geoplano há muitos Xs iguais ao que desenhámos. RP – O melhor é contá-los. 1, 2, 3, 4,… São 15 e com o que já desenhámos são 16. Já encontrámos 17 Xs. É muito fácil! R – É mesmo fácil… Já encontrei outro! Este quadrado (2 por 2) que cabe dentro do grande também dá um X. E não está repetido… RP – Acho que não é possível fazer mais nenhum… R – Eu também acho, porque se fizéssemos outros eram repetidos. Este par encontrou, apenas, 18 Xs no geoplano. No entanto, não se preocupou

em responder à questão, nem procurou definir o X.

Tarefa 26 Este par manifestou muitas dificuldades em iniciar a investigação matemática

como se tem verificado também em outras situações.

RP – Como vamos começar? R – O melhor é desenhar uma corda com os guardanapos a secar… RP – Deve ser mais fácil…

R – Para pendurar 1 guardanapo a senhora Rosa vai gastar 2 molas. 1 mola de cada lado. No segundo guardanapo vai gastar mais duas; no terceiro mais duas molas; no quarto mais duas; no quinto mais duas e no sexto mais duas molas. RP – 6 guardanapos vezes 2 molas dá 12 molas… Após terem calculado o número de molas para pendurar seis guardanapos, os

alunos deram a seguinte resposta: “A Dona Rosa precisa de 2 molas para cada pano”.

Este tipo de resposta descontextualizada e o modo hesitante como procederam levou a

crer que os alunos não tinham compreendido o texto apresentado.

R – Preciso de desenhar outra corda para pendurar mais 10 guardanapos… RP – Precisas de uma corda maior! R – Agora a senhora Rosa vai pendurar 20 guardanapos e vai meter duas molas em cada guardanapo.

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RP – São 2 molas vezes 10 guardanapos, dá 20.

Não concluíram a tarefa, porque conforme aumentou o número de guardanapos,

o grau de dificuldade tornou-se maior. Ao nível dos conceitos matemáticos também

manifestaram dificuldades, porque eram 10 guardanapos vezes duas molas e não 2

vezes o 10.

Resumo do Par B Estes alunos mostraram dificuldade na interpretação/compreensão dos

enunciados das tarefas desenvolvidas, tendo manifestado, por essa razão, dificuldade em

iniciar a sua resolução. Necessitaram da ajuda da investigadora, particularmente ao

nível da exploração e explicação das tarefas, bem como na utilização dos materiais,

dominós e geoplano. Mostraram-se hesitantes e evidenciaram pouca segurança nas suas

capacidades em todas as actividades de investigação matemática.

Após a fase das “dúvidas”, os alunos foram capazes de estabelecer diálogos

entre si, porque o entusiasmo evidenciado proporcionava a discussão e a partilha de

opiniões. Este aspecto da comunicação teve maior relevância, neste par, durante a

realização das actividades de investigação matemática. Embora não tenham terminado

as tarefas, evidenciaram muita satisfação no decurso das mesmas, porque a descoberta

era, para estes alunos, algo de admirável.

Par C: Diogo e Alexandre

Tarefa 24 Também estes alunos manifestaram algumas dificuldades na compreensão do

texto. Pelo facto de as peças de dominós terem forma rectangular, também este par

considerou difícil a construção de quadrados.

D – Como é que os quadrados têm de ter as mesmas somas se são peças diferentes? I – Antes de tudo é necessário construir um quadrado… D – As peças são rectangulares! I – Repara! Para se construir um quadrado são precisas quatro peças. D – Ah! Fica um espaço aberto no meio que também é um quadrado. I – Pretendem construir um quadrado em que a soma de todos os lados seja nove, por exemplo (dizia enquanto procurava as peças com esse valor para exemplificar). D – Isto é difícil! I – Porquê? D – Porque às vezes as pintas não servem para o outro lado. I – É necessário procurar o mesmo número de pintas para fazer quadrados de dominó.

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Consideraram extremamente difícil encontrar o mesmo número de pintas para

cada lado.

D – Quantos quadrados é para fazer? I – No enunciado pede para construir o maior número possível! D – O maior número possível?! Como é que eu sei que é o maior número?... I – Isso só vais saber depois de construíres os quadrados! D – Já construímos um de nove pintas! I – Então agora vão registar no papel. D – Oh! Não… A – É mais fácil desenhar que construir os quadrados. É só copiar!

Ao contrário de outros pares de alunos, este considerou mais complicado a

construção de quadrados de dominó com as peças dos dominós que o seu registo no

papel.

I – Porque estão a repetir os quadrados com as mesmas somas? D – Porque é o que diz no enunciado! I – O que diz o enunciado? D – “que a soma das pintas em cada lado sejam as mesmas”. I – Isso realmente diz. Mas o que significa isso? D – Que os quadrados tenham todos as mesmas somas. I – Não. Que os lados dos quadrados tenham as mesmas somas. D – Foi o que dissemos… I – Então só é possível construir quadrados com o valor das somas igual a 9 e a 12? A – Não sei, mas estes conseguimos fazê-los. I – Têm de construir quadrados de dominó em que a soma das pintas de cada lado seja a mesma mas com números diferentes. Por exemplo: com 5 pintas, com 6, com 7, etc. D – Ah! Não tinha compreendido assim! Pensei que fosse sempre as mesmas pintas!

Estes alunos compreenderam que os quadrados de dominó tinham de ter todos a

mesma soma, por essa razão construíram, apenas, quadrados com as somas iguais a 9 e

a 12.

A – Vamos fazer um quadrado com 15 pintas! D – Não sei se dá! A – Vamos procurar… O par manifestou sempre muita insegurança e pouca capacidade de inferir, no

que respeita às possibilidades de construção de outros quadrados de dominó com somas

diferentes.

D – 6 mais 5 dá 11. 11 mais 4 dá 15. Deste lado dá. A – Pois 6 mais 6 dá 12 e 12 mais 3 dá 15. Temos o outro lado. D – Este lado tem de ser igual a esse. Já temos 3. Faltam 12 pintas. A – Vê se este dá! D – Dá 15. A – Vamos copiar este que é diferente dos outros!

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Os alunos revelaram muita dificuldade na junção das peças de modo a obter os

lados dos quadrados com o mesmo número de pintas. No entanto, quando conseguiam

construir um novo quadrado de dominó, manifestavam muita satisfação.

D – Se deu para fazer este também dá para fazer com 16 pintas. A – 6 mais 6 igual a 12. Para chegar a 16 ainda faltam 4. D – São precisas peças com muitas pintas. A – Assim já dá. Já tenho 16 deste lado e 16 deste. Só faltam dois lados. D – Então estou a ver que é possível! I – Registaram os quadrados que conseguiram construir? D – Registámos 7, porque foi os que conseguimos até agora. I – Vejam a questão: “Quantos quadrados consegues fazer? A – Não sabemos. Só fizemos 7. D – Ainda há muitos mais? I – O que acham? A – Não deve ser possível fazer muitos mais! I – Porquê? A – Já foi difícil fazer estes. I – Relativamente à questão seguinte, o que acham? D – “Qual é o valor mínimo da soma?” I – O que significa mínimo? D – Menos. A – Menos somas? I – Menos pintas de lado. D – O de menos pintas é o 9. I – Acham possível fazer somas menores que 9? D – Hum! Não sabemos, porque não experimentámos! I – E qual foi o máximo? A – Máximo é mais. D – Maior! Foi o 16. I – Acham possível fazer quadrados de dominó em que a soma das pintas em cada lado sejam maiores que o 16? D – Ainda não tentámos! Os alunos foram pouco ágeis, demonstrando pouca capacidade de lidar com este

tipo de material. No entanto, a dificuldade mais acentuada esteve no raciocínio, porque

manifestaram pouca perspicácia a esse nível.

Tarefa 25 Como havia, apenas, um geoplano para cada par, os alunos tiveram de encontrar

uma forma de trabalhar conjuntamente com o material. Assim, enquanto um trabalhou

no geoplano, o outro registou no papel, invertendo, de seguida, as posições.

A – Eu trabalho com os elásticos no geoplano e tu desenhas os Xs que eu encontrar. D – Não, uma vez cada um… Tu encontras um e eu encontro outro. Eu também gosto de trabalhar no geoplano!

Perante o geoplano, os alunos ficaram tão empolgados que até se esqueceram da

tarefa. Construíram triângulos sobrepostos fazendo de conta que eram árvores, telhados

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de casas com antenas, etc., tendo sido necessário chamar à atenção dos alunos para

voltarem ao trabalho.

D – Podemos fazer muitos Xs iguais ao que já fizemos… A – Vais precisar de muitos elásticos. Não sei se chegam estes! D – Fazemos até onde der e o resto contamos… Até aqui temos 10! Agora contamos os quadrados que ainda faltam. A – O que estás a fazer é a mesma coisa que estávamos a fazer com os elásticos? D – Fazemos de conta que temos elásticos. Olha ia dar outro X, mais outro, mais outro, … até 6. A – Pensei que não fosse dessa maneira… D – No papel é que convém fazer os Xs todos para sabermos quantos conseguimos fazer. A – Tive uma ideia! Este quadrado grande também dá para fazer um X. Olha vê! D – Está bem. Não estiques mais já vi que dá. O elástico é pequeno de mais para fazer esse X.

Por estarem pouco habituados a trabalhar com o geoplano, tiveram receio que os

elásticos rebentassem.

D – Descobri mais quatro, porque aumentei o tamanho dos quadrados. Estás a ver? Até conseguimos fazer! Conforme realizavam a tarefa, foram sentindo muita satisfação pelos resultados

obtidos. No entanto, não responderam por escrito a nenhuma das questões colocadas.

Tarefa 26 Nesta tarefa os alunos desenharam um estendal com cinco cordas. Na primeira

corda penduraram seis guardanapos; na segunda, penduraram dez guardanapos; na

terceira, penduraram quinze; na quarta, penduraram 17; e na quinta, penduraram vinte

guardanapos.

A – Este problema não é complicado! Os guardanapos são pequenos, por isso chega muito bem uma mola para cada guardanapo. D – Até pensaste bem, porque eu ia utilizar mais molas, mas realmente não vale a pena. Para pendurar 6 guardanapos é preciso 6 molas; para pendurar 10 guardanapos é preciso 10 molas, … A – É sempre o mesmo número de guardanapos e de molas. D – Podemos fazer este esquema: 6 guardanapos – 6 molas; 10 guardanapos – 10 molas; 15 guardanapos – 15 molas; 17 guardanapos – 17 molas; 20 guardanapos – 20 molas. Estes alunos encontraram uma forma simples de colocar os guardanapos a secar,

sem precisarem de efectuar grandes cálculos.

Resumo do Par C Estes alunos mostraram ter dificuldade na interpretação/compreensão dos

enunciados das tarefas, tendo condicionado, de certo modo, a execução e conclusão das

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mesmas. Revelaram também alguma dificuldade na construção de quadrados com as

peças dos dominós, porque, segundo estes alunos, só era possível construir rectângulos.

Solicitaram, com alguma frequência, a ajuda da investigadora para

esclarecimento das dúvidas que surgiram, nomeadamente na tarefa 24, pois os alunos

demonstraram alguma insegurança na construção dos quadrados de dominó, bem como

no potencial das suas capacidades.

Evidenciaram maior facilidade ao nível da comunicação e confronto de opiniões,

discutindo entre si as possibilidades para a resolução das tarefas.

Demonstraram bastante interesse e entusiasmo na execução das actividades de

investigação matemática, porque proporcionaram o manuseamento de materiais

adequados e inovadores, para estes alunos, na Matemática.

Relativamente à última tarefa, os alunos optaram por uma forma simples de

colocar os guardanapos a secar, dispondo de uma mola para cada guardanapo.

Par D: Filipa e Pedro Miguel

Tarefa 24 Após a leitura e explicação do que se pretendia, o par iniciou, prontamente o seu

trabalho, com muito gosto e empenho.

F- Podemos começar por um número qualquer? I – Sim. F – Então, vamos começar pelo quadrado de 5 pintas de cada lado! PM – Terminei agora o quadrado com 8 pintas. F – Também terminei o quadrado de 5 pintas. I – Vejo que compreenderam bem o que se pretende no enunciado…

Rapidamente, o par colocou mãos à obra e construiu quadrados de dominó com

uma facilidade enorme.

PM – Quantos registaste? F – Registei seis e tu? PM – Também seis… I – Até agora qual foi o quadrado construído com o valor mínimo da soma de cada lado? PM – Com o menor número? I – Sim. F – O quadrado com 3 pintas. I – Acham possível construir dominós com somas mais baixas? PM – Hum… Não sei. Talvez… F – Temos de experimentar! Manifestaram grande empenho no trabalho e muita perspicácia ao nível dos

raciocínios e do cálculo mental.

PM – Registaste 11 quadrados de dominós?

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F – Sim, mas dois são repetidos… PM – Também contam os repetidos? F – Devem contar, porque são diferentes dos outros… PM – Fizemos quadrados de 5, 8, 7, 6, 4, 3, 10, 11 e 12 pintas… F – Vamos fazer agora com 13 pintas! É possível… só me falta um dominó! PM – Treze! Vê se este dá! F – Tem de ser uma peça com muitas pintas! Para arranjar a soma igual a 13. Estas são muito pequenas (dizia enquanto remexia as peças do dominó). PM – É esta peça. Tem 5 pintas de um lado e três do outro… F – 13! 5 mais 3 dá 8 e 8 mais 5 dá 13. PM – Vamos registar mais este!

Revelaram boa destreza no manuseamento das peças de dominós e muita

autonomia na realização do trabalho proposto.

PM – Vamos tentar mais outro? F – Está cada vez mais difícil… I – Como vai o vosso trabalho? PM – Já fizemos mais três quadrados de dominós: com 14, 15 e 16 pintas… I – Acham que é possível construir mais algum quadrado de dominó? F – Não. I – Porquê? F – Tenho 6 e 4 e para dar 17 é preciso um 7 e o máximo é 6. I – Isso quer dizer o quê? F – Que o máximo é 16, o 17 já não dá. I – E o mínimo? F – É 3. I – Acham? Não conseguem fazer com somas mais pequenas que essa? F – Não. I – Já tentaram? PM – Já uma vez… mas vamos experimentar outra vez. F – 2… PM – Precisamos de um dominó com pintinhas de 1 e 1. F – Dá. I – Já tentaram construir um quadrado de dominó com a soma dos lados igual a 1? PM – Não é possível! I – Tens a certeza? PM – Já quisemos fazer um, mas não foi possível… I – Então qual foi o valor mínimo da soma que conseguiram? F – O quadrado de duas pintas… I – Vão tentar fazer mais? PM – Vamos! Isto é divertido!

Por fim, o par deu a seguinte resposta: “Conseguimos fazer 17 quadrados, mas

alguns são repetidos e não fizemos o quadrado de dominós com 9 pintas. O valor

mínimo conseguido foi o quadrado de duas pintas de cada lado. O valor máximo

conseguido foi o quadrado de 16 pintas. Tentámos fazer com 17, mas não foi possível”.

Tarefa 25 Os alunos identificaram todos os Xs possíveis de construir a partir de quadrados.

No entanto, não identificaram outros Xs a partir do rectângulo.

PM – A partir do quadrado, 1 por 1, há muitas possibilidades de fazer Xs.

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F – Pois há. Podemos fazer o mesmo número de quadrados, 16 Xs. O melhor é fazer um X de cada vez, porque com muitos elásticos é difícil de contar. PM – Com o quadrado seguinte… F – Espera, ainda não registei tudo. PM – Com o quadrado de 2 por 2 é possível fazer 4 Xs. Talvez … até mais… F – E estes quadrados do meio, já os contaste? PM – Pois não. Ah! Ainda há estes dois de cada lado… Assim, é possível fazer 9 Xs. É melhor registar um quadrado destes em cada geoplano para que se possam ver melhor! F – Foi o que eu fiz. Acho que podemos passar ao quadrado maior! PM – Espera! Faltam estes dois… F – Eu já sei quantos Xs é possível fazer… Cada vez são menos. PM – Ocupam mais espaço, é por isso. F – Claro. Quantos Xs consegues fazer? Eu consegui… PM – Não digas, deixa-me ver também a mim. São quatro? F – Foi o que pensei. PM – Não registes uns por cima dos outros que fica confuso! Desenha um de cada vez no geoplano, porque é muito mais fácil de contar! F – Não tenho espaço para os outros… PM – Agora faltam poucos… Já fizemos quase todos. F – Quantos faltam ainda? PM – Olha, parece que só falta o X do quadrado grande. Não é possível fazer mais nenhum.

Este par de alunos deu por concluído o seu trabalho, referindo que foram

encontrados 30 Xs no geoplano e definiu o X como algo que divide o quadrado em

quatro partes iguais.

Tarefa 26 Nesta tarefa, os alunos desenharam uma corda para cada situação: para pendurar

6, 10, 15, 17 e 20 guardanapos. Antes de efectuarem o desenho da corda e dos

respectivos guardanapos, os alunos conversaram sobre a forma como os haviam de

pendurar sem que fossem necessárias muitas molas.

F – Não é preciso uma mola para cada guardanapo, porque são muito pequenos… PM – É verdade. Uma mola pode muito bem segurar dois…

Começaram por representar os guardanapos, colocando uma mola entre eles,

mas os guardanapos das pontas não ficam esticados tal como os outros, porque a mola

segura sempre no canto superior direito. Assim, para seis guardanapos foram usadas

cinco molas. Este critério foi seguido, deste modo, com todos os guardanapos. O

número de molas usadas é sempre um número inferior em uma unidade relativamente

ao número de guardanapos.

PM – Podemos continuar a mesma ideia, uma mola para dois guardanapos… F – Assim, nem é preciso desenhar os guardanapos. Dá sempre menos uma mola que os guardanapos pendurados. PM – Nós já sabemos disso, mas no enunciado pede para registar. Também não custa nada. É só seguir o mesmo padrão.

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Para finalizar efectuaram os registos do seguinte modo: “Para 10 guardanapos –

9 molas; para 15 guardanapos – 14 molas; para 17 guardanapos – 16 molas; e, para 20

guardanapos – 19 molas”. De seguida, registaram conforme pensaram: “Quando pedem

um número qualquer de guardanapos, as molas são sempre menos uma. Mas há várias

maneiras de fazer. Por exemplo, se eu juntar todos os guardanapos, só é preciso uma

mola, mesmo que sejam muitos”.

Resumo do Par D Estes alunos mostraram bastante facilidade na interpretação/compreensão dos

enunciados das tarefas propostas, porque efectuaram uma leitura cuidada e atenta de

todas as actividades. Os alunos evidenciaram muita perspicácia na resolução da tarefa

24 ao nível dos raciocínios usados e do cálculo mental. Enumeraram 17 quadrados de

dominó e foi o único par de estudo a descobrir o valor mínimo e o valor máximo das

somas dos quadrados de dominó. Embora tenham trabalhado com perseverança na

tarefa 25, foram encontrados apenas 30 Xs no geoplano. Este par não se lembrou que

também poderia ter conseguido outros Xs a partir de rectângulos. De acordo com estes

alunos, o X divide o quadrado em quatro partes iguais. Na tarefa 26, os alunos usaram

uma mola para dois guardanapos. Assim, o número de molas usadas é sempre um

número inferior (- 1) relativamente ao número de guardanapos.

Este par mostrou uma boa capacidade de expressão oral, ao nível da discussão e

confronto de ideias e opiniões e de expressão escrita dos registos efectuados e

procedimentos usados na resolução das tarefas.

Formulação de problemas

No dia 31 de Janeiro de 2007, das 9.00 às 10.30 horas foi apresentada, aos

alunos, a primeira situação para a formulação de um problema, tarefa 27, conforme

consta do Anexo 21.

No dia 1 de Fevereiro de 2007, das 14.00 às 15.30 horas foi apresentada, aos

alunos, a última situação de formulação de problemas, tarefa 28, do Anexo 22.

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Par A: Rodolfo e Marta

Tarefa 27 Como se tratava de uma tarefa nova, o par manifestou alguma dificuldade em

iniciá-la. Observou atentamente o gráfico e decidiu atribuir o valor de 15 euros a cada

relógio representado.

R – Esta situação vai passar-se numa loja e cada relógio custa 15 euros. M – 15 euros parece-me pouco! Na segunda-feira o dono da loja ganha pouco dinheiro… R – Não interessa, porque nos outros dias já ganha mais. Olha que 15 euros é o preço deles… M – Como se vai chamar o dono da loja? Já sei! Senhor João. Agora é só fazer o enunciado… R – É a coisa mais difícil! Não sei por onde começar… M – É como fazer um texto… com perguntas. R – Dizes isso, mas eu só estou habituado a responder a essas perguntas, quando resolvo os problemas. M – Eu também.

O adiamento do trabalho sobre a tarefa mostra como estes alunos se sentem

pouco à vontade com a formulação de problemas, uma vez que, conforme referem no

diálogo anteriormente apresentado, não estão habituados a realizar actividades deste

género nas aulas de Matemática.

O par começou por sugerir ideias soltas, pequenas frases, embora com

irregularidades na construção frásica e só depois é que começou a escrever o enunciado.

M – Vamos começar assim: Na sua loja de relógios, o senhor João… R – É melhor assim: O senhor João, na sua loja de relógios,… M – Pouca diferença faz. Ele vendeu cada um por 15 euros. R – Temos que dizer que vendeu 16 relógios numa semana. M – Mas isso já se sabe… Podemos fazer esta pergunta: Em que dia ganhou mais? R – E em que dia ganhou menos? E quanto ganhou nessa semana? M – E se metêssemos uma ratoeira pelo meio? Podíamos dizer que o senhor João não teve muito lucro e que aumentou o preço dos relógios para o triplo! R - Para o triplo?! É muito dinheiro! Um relógio não custa tanto dinheiro! M – Então baixamos ao preço dos relógios, deixa de ser 15 euros… R – Menos lucro tem nessa semana…

Tal como é referido por Vale e Pimentel (1997), a formulação de problemas

confronta os alunos com uma situação extremamente pertinente. Os alunos, ao

inventarem o enunciado dos problemas, estão a usar a própria linguagem, as suas

vivências e os contextos dos mesmos.

Estes aspectos assumem bastante relevância no diálogo estabelecido entre

ambos, nomeadamente ao nível dos preços usuais dos relógios, reconhecimento do

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baixo lucro usufruído pelo dono da loja ao longo da semana e reconhecimento do preço

excessivo ao praticar o triplo do preço anterior.

R – Está bem, mantemos o triplo do preço!... E acaba o problema? M – Podemos complicar um bocado fazendo esta pergunta: Quanto dinheiro ganhou o senhor João em 4 semanas? R – Já chega de perguntas! Assim, o problema já fica bem. M – Deixa lá ver se as respostas estão todas aqui no gráfico! R – Vamos mas é juntar as questões todas e escrever o texto! Os dois alunos reuniram as ideias e as frases que haviam registado anteriormente

e formularam o seguinte problema (Texto 1, Anexo 28).

Palhares (1997) refere que uma das estratégias possíveis da formulação de

problemas é a “Recontextualização”, por permitir a formulação de novos problemas

com base em problemas anteriormente resolvidos. Este aspecto encontra-se bem assente

na última frase do enunciado formulado por este par: Explica como pensaste. Por força

do hábito na resolução de problemas, também estes alunos sofreram influências de

outros problemas resolvidos.

Tarefa 28 Esta tarefa pareceu menos estranha a estes alunos. Por um lado, porque se

tratava de uma tarefa de cariz mais rotineiro, podendo ser resolvida através dos

algoritmos da adição e da subtracção; por outro, já não era algo novo, era a segunda

tarefa referente à formulação de problemas.

Verificou-se, quer nesta tarefa quer na tarefa anterior, uma vontade expressa de

complicar os enunciados, através das palavras “ratoeira”, “vamos complicar mais”, etc.

Este aspecto pode estar relacionado com as concepções que os alunos possuem acerca

da resolução de problemas e da dificuldade que manifestam quando são confrontados

com este tipo de actividades.

R – Podemos dizer que eles são todos irmãos e que foram pesar-se. M – Para tornar a situação mais difícil, podemos usar o quarteirão em vez de 25 Kg. R – Sem dizermos quanto pesa o Nuno, dizemos que pesa menos 16 Kg que a Marta. Isto confunde um bocado… M – É para ser difícil de resolver… Também podemos dizer que o João é mais pesado 12 Kg que o Nuno. R - A primeira questão do problema é: Qual é a massa total dos três irmãos? Tens alguma sugestão, Marta? M – Vamos fazer uma pergunta enganosa: O João pesa tanto como a Marta e o Nuno juntos? R – Não sei se será boa ideia… É melhor pedir para dizer quem é o mais pesado e o mais leve. M – Sim, sim…

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Os alunos construíram o texto a partir das ideias e das frases registadas, com

correcção ortográfica e frásica. No entanto, resultou um enunciado muito denso, porque

a pontuação não foi respeitada, particularmente ao nível dos parágrafos (Texto 2, Anexo

28).

Os alunos voltaram a terminar com a frase chave: Explica como pensaste.

Passaram a valorizar o aspecto da explicação, da descrição dos passos seguidos na

resolução de um problema, e, porque também compreenderam que o facto de explicar

os raciocínios usados ajuda na compreensão dos conteúdos matemáticos.

Resumo Estes alunos efectuaram um bom trabalho em conjunto e mostraram um

desempenho sólido nas tarefas desenvolvidas. Demonstraram boa capacidade de

expressão oral e escrita, sempre adequadas ao contexto e ao objectivo comunicativo,

utilizando, para tal, um vocabulário rico e diversificado.

Na primeira tarefa, os alunos demonstraram pouco à vontade com a situação,

porque, ao que parece, não estão habituados a formular problemas. Embora tenham

revelado capacidade de interpretação do gráfico apresentado, o trabalho solicitado

pressupunha um processo inverso àquele a que estavam habituados, criação do texto e

formulação de questões relacionadas com a resposta dada. Os dois alunos adicionaram

outros conceitos matemáticos, de modo a “complicar” a resolução das tarefas,

nomeadamente a aplicação do triplo no enunciado do problema.

A segunda tarefa pareceu ser mais simples, já que os alunos mostraram mais

facilidade na formulação do problema. Em ambas as tarefas, os alunos sugeriram ideias,

proferiram frases soltas, ordenaram as frases e formularam os problemas, escrevendo os

textos referentes às figuras observadas.

Par B: Ricardo e Rui Pedro

Tarefa 27 Estes alunos manifestaram muitas dificuldades em compreender o que se

pretendia com a tarefa e em organizar as ideias e as frases do enunciado.

R – Este relógio para que serve? I – Para atribuir um número. Esse número vai indicar quanto vale o símbolo representado no gráfico. R – Mas, os relógios já estão representados no gráfico… I – Mas se tu pretenderes, também podes alterar o valor do gráfico. Por exemplo, o relógio representado no gráfico, relativamente a segunda-feira, em vez de valer 1 poderá valer 10. Então, na terça-feira, em vez de 4 pode ler-se 40. Compreendeste o exemplo?

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R - Já percebi… Então vamos atribuir o número 40. RP – É um número grande… Vamos arranjar um mais pequeno!

Estes alunos entraram em consenso quanto ao número escolhido. No entanto,

quando formularam o problema não tiveram este dado em consideração e escreveram

conforme o que observavam no gráfico.

RP – Numa loja de relógios, numa semana venderam-se 16 relógios. R – Agora vamos falar dos relógios que se venderam nos dias da semana. Na segunda-feira vendeu-se um relógio; na terça 4 relógios; na quarta 6 relógios; na quinta 3 relógios; e, na sexta 2 relógios… RP – A pergunta principal do problema é: “Numa semana quantos relógios foram vendidos? R – Professora, já fizemos o problema… I – Queres dizer que já formulaste o problema? R – Sim, é isso. I – Lê então o enunciado! Ricardo fez a leitura do enunciado, onde se verificavam algumas falhas ao nível

da acentuação gráfica das palavras, da construção frásica e da pontuação.

I – Reparem bem no que observam… RP – Na segunda- feira vendeu-se 1 relógio, na terça venderam-se 4, na quinta venderam-se 6, na quinta venderam-se 3 e na sexta venderam-se 2 relógios… I – Então porque repetem a ideia no enunciado que formularam? R – Nós fizemos o problema… RP – Fizemos o texto do problema. R – Sim. Fizemos o texto como aparece nos livros dos problemas… I – Não querem reformular o vosso enunciado? R – Podemos acrescentar outra pergunta: “E em três semanas?”

Procederam, de seguida, à formulação escrita do problema, conforme o Texto 3

do Anexo 29.

Tarefa 28 Nesta tarefa, os alunos foram mais ágeis, provavelmente por se tratar da segunda

tarefa deste género e porque a imagem apresentada é mais comum.

RP – Tive uma ideia! Somamos o peso dos três meninos… R – Para quê? RP – Para depois perguntarmos quanto pesa cada um! R – 25 mais 53 mais 41 dá … 119.

RP – Agora podemos dar algumas pistas mas não dizemos o peso certo de cada menino. Para a Marta em vez de 25 Kg, dizemos que pesa um quarteirão… R – Para 53 e 41 não há nenhuma palavra certa… RP – Mas podemos dizer que o João pesa mais 28 Kg que a Marta. Assim, é preciso pensar! E o Nuno pesa menos 12 Kg de que o João! R – Estás mesmo a tornar as coisas complicadas!... RP – A última pergunta: “Quanto pesa cada menino?” Apesar de algumas incorrecções, sobretudo na pontuação do texto, o par foi

capaz de formular o problema de forma concisa (Texto 4, Anexo 29).

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105

Resumo Estes alunos mostraram dificuldade em interpretar aquilo que viam,

particularmente o gráfico e a imagem apresentados para a formulação de problemas.

Não compreenderam, de imediato, o que se pretendia através do gráfico fornecido. No

entanto, a investigadora conversou e elucidou os alunos, no sentido de ser possível a

iniciação da tarefa. Na segunda tarefa evidenciaram maior agilidade na sua resolução.

Os dados apresentados pareceram mais simples, tendo contribuído para uma melhoria

no seu desempenho.

Par C: Diogo e Alexandre

Tarefa 27 Este par de alunos decidiu atribuir a cada relógio a quantia de 30 euros. Iniciou

com uma frase chave: “Um relojoeiro vendeu ao longo da semana os relógios que estão

representados na tabela; sabendo que:” Além da leitura e interpretação do conteúdo, esta

frase apela à observação do gráfico, um dos propósitos deste tipo de tarefa.

D – Cada relógio é equivalente a 30 euros, quanto dinheiro ganhou ao longo da semana? A – Podemos perguntar em que dia se vendeu mais e menos relógios. D – Também podemos perguntar qual é o dia em que se venderam metade dos relógios da quarta-feira. A – Essa é muito fácil! D – Para confundir, vamos perguntar quantos relógios se venderam ao longo da semana, 24, 10 ou 14? A – Não acho boa ideia, porque não dá nenhuma dessas opções. D – Mas às vezes, há problemas que fazem estas perguntas para ver se estamos atentos!... O enunciado efectuado surgiu de forma organizada, com frases curtas e directas

(Texto 5, Anexo 30), sendo necessário o recurso à tabela para responder às questões

propostas. No entanto, os alunos aproveitaram pouco o valor atribuído a cada relógio,

tendo-se desviado um pouco dos propósitos iniciais.

Tarefa 28 Nesta tarefa, os alunos seguiram a mesma ideia da formulação anterior. Também

iniciaram com a frase: “Cada menino pesa os pesos representados na balança”. A partir

desta frase, colocaram diversas questões.

D – Em primeiro lugar queremos saber quanto pesam os três meninos juntos. A – Quantos quilos pesam os três meninos juntos? D – Pode ser. Vamos escrevendo estas perguntas para não esquecermos…

Podemos perguntar, quanto pesam o João e o Nuno juntos? E quanto pesam o Nuno e a Marta juntos? A – Vou arranjar uma pergunta mais difícil de responder! Se o João emagrecer 4 quilos com que peso fica?

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D – Essa é muito fácil! Se o João se pesar juntamente com a Marta quanto assinalava a balança?

A – Se o Nuno engordar 5 quilos e pesar-se com o João e a Marta, quantos é que assinalava a balança?

Estes alunos partiram do princípio que a imagem se manteria visível enquanto o

resolvedor estivesse a resolver o problema, por isso colocaram questões directas e que

só podem ser respondidas mediante a observação das imagens (Texto 6, Anexo 30).

Resumo Na formulação de problemas, estes alunos tiveram um desempenho muito

interessante. Foram muito práticos e objectivos na criação dos textos/enunciados para

as figuras apresentadas. Resultaram enunciados simples, mas de fácil acesso a quem

quer que os fosse resolver. Também este par teve a preocupação de tornar os enunciados

mais complicados, para dificultar a sua resolução.

Demonstraram capacidade de comunicação oral e escrita, ao nível da discussão e

comunicação das suas descobertas, tendo-o feito com maior agilidade que o habitual.

Par D: Filipa e Pedro Miguel

Tarefa 27 Inicialmente o par atribuiu o número 16 ao relógio representado no gráfico. Pelo

que se pode observar através dos dados fornecidos, estão representados, no gráfico, 16

relógios, o que leva a crer que os alunos não tenham compreendido o que se pretendia

ao sugerirem o valor de cada símbolo.

Na consecução da tarefa, este par foi extremamente persistente, tendo formulado

quatro vezes o mesmo problema, porque considerava que para ser resolvido o enunciado

devia ser muito claro.

PM – Vamos fazer de conta que isto se passou numa loja de relógios… Temos de dizer quantos relógios se venderam.

F – Para quê? O gráfico já diz quantos relógios se venderam neste dias da semana. PM – Tens razão… Mas a frase fica melhor se dissermos que na loja se venderam 16 relógios em vez de venderam-se relógios. Porque também sabemos o que se vendeu na loja… F – Podíamos era dizer que na semana seguinte se venderam outro número diferente de relógios…

PM – O dobro? F – Podíamos continuar e dizer que na terceira semana se venderam a terça parte da segunda… Que achas?

PM – Ainda podíamos sugerir uma quarta semana… O quádruplo da terceira. F – Mais não. Ficava muito confuso! PM – Uma parte já está pronta, mas ainda faltam as perguntas…

F – Essa é a parte mais fácil… Qual foi a semana que se venderam menos relógios?

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PM – E mais… Qual foi a semana que se venderam mais relógios? F – A última pergunta é: Quantos relógios se venderam durante as quatro semanas?

Apesar de não terem dado a devida importância ao valor do símbolo, os alunos

foram capazes de formular o problema com a imaginação e a organização necessárias

para este tipo de actividades (Texto 7, Anexo 31).

Tarefa 28 Tal como aconteceu com os pares anteriores, também este par teve mais

facilidade na formulação deste problema. As imagens sugerem, aos alunos, somas e

diferenças e permitem relacionar os números, tornando-se um processo mais acessível

na formulação das questões.

Também este par associou o desenho das balanças ao gráfico apresentado na

sessão anterior. As questões colocadas estão directamente relacionadas com as imagens

e só poderão ser resolvidas, caso se esteja em contacto directo com as imagens.

Apresentaram a seguinte frase: Cada menino pesa o peso indicado na balança. A

partir desta frase formularam diversas questões.

F- Podemos inventar muitas perguntas relacionadas com as imagens. Por exemplo: Quanto pesa a Marta e o João? E o João e o Nuno? PM – E os três juntos? É melhor escrever estas perguntas, porque depois precisamos delas e não nos lembramos… F – Outra pergunta pode ser: Qual é a diferença entre a Marta e o João? Entre o Nuno e a Marta e entre o João e o Nuno? PM – Podemos terminar e fazer estas perguntas: Quem pesa mais e quem pesa menos?

A partir das questões formuladas oralmente, o par organizou o texto 8, constante

do Anexo 31.

Resumo Na tarefa 27, os alunos depararam-se com uma situação nova, tendo conturbado

um pouco a execução da actividade. Ao que parece os alunos não chegaram a

compreender muito bem o valor do símbolo indicado ao lado do gráfico, porque o

número atribuído não foi utilizado ao longo da formulação do problema. Na tarefa 28,

os alunos demonstraram mais segurança e mais familiaridade, facilitando, assim, a

formulação do problema.

Estes alunos trocaram ideias, confrontaram opiniões e formularam os problemas

com alguma moderação e agilidade. Adicionaram novos conceitos matemáticos e

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mostraram o seu conhecimento em situações perfeitamente adequadas aos dados

apresentados, especialmente os conceitos de dobro, a terça parte e de quádruplo.

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CAPÍTULO V - Análise dos dados

Neste capítulo, é feita a análise dos questionários aplicados aos pares do estudo e

a análise do desempenho dos pares. De seguida, é feita a análise comparativa do

desempenho dos pares nas tarefas desenvolvidas.

Análise dos questionários aplicados aos pares de estudo

Com base nos questionários aplicados aos pares de estudo, pode dizer-se que as

respostas dadas, pela maioria dos alunos, foram muito semelhantes (Anexo 10 - A).

Análise do desempenho dos pares nas tarefas

Par A: Rodolfo e Marta

Competências manifestadas. Ao longo da realização das tarefas efectivas, no

âmbito do estudo, o par manifestou, em todas as tarefas várias competências em Língua

Portuguesa e Matemática2 (Quadro 5.1).

Competências manifestadas em Língua Portuguesa

Competências manifestadas na Matemática

-aptidão para ler fluentemente, permitindo a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados; -retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos; -aptidão para interpretar e compreender enunciados orais e escritos; -reconhecer os domínios lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da oralidade e da escrita; -exprimir-se de forma confiante, clara e audível, com adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo; -usar estratégias de raciocínio verbal na resolução de problemas; -aptidão para escrever com a devida correcção ortográfica, enunciados relacionados com as figuras apresentadas; -reconhecimento de técnicas básicas de organização textual; -aptidão para estruturar ideias e frases; -aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e regras gramaticais básicas; -discutir e comunicar oralmente com os outros as suas descobertas.

-capacidade de usar a matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; -predisposição para procurar entender a estrutura de um problema e para desenvolver processos de resolução, assim como para analisar os erros cometidos e ensaiar estratégias alternativas; -aptidão para ler e interpretar tabelas e gráficos e para comunicar os resultados das interpretações feitas; -aptidão para identificar figuras geométricas e identificação de algumas das suas propriedades; -compreensão de conceitos matemáticos. -aptidão para realizar investigações que recorram a dados de natureza quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de conclusões; -formular problemas a partir de situações matemáticas.

Quadro 5.1 – Competências manifestadas pelo Par A

2 - Algumas das competências enumeradas foram retiradas do C.N.E.B.-C.E (2001), tendo sido adaptadas outras.

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Além das competências, acima enumeradas, o par manifestou, ainda, outras,

conforme Anexo 40.

Níveis de desempenho nas tarefas. Este par revelou sempre muita segurança e

determinação na resolução das tarefas propostas, manifestando à vontade com as

situações com que foi confrontado.

Nas tarefas 8, 12, 17, 24, 25, 26, 27 e 28, o par obteve um nível de desempenho

excelente (Anexos 33, 33-A e 33-B). Manifestou alguma facilidade na resolução das

tarefas propostas, porque, de acordo com os indicadores do quadro de desempenho,

apresentado no Anexo 12, manteve-se sempre muito atento aos enunciados dos

problemas e à leitura dos mesmos, estando consciente de que deles dependia a sua

resolução. Foi capaz de compreender e interpretar os textos, quer orais, quer escritos, de

forma a resolver adequada e correctamente os problemas, efectuando a aplicação e a

adaptação de estratégias apropriadas e diversificadas. Utilizou meios de pensamento e

raciocínios perfeitamente hábeis, perspicazes e criativos, tendo resolvido rapidamente as

tarefas. Manifestou um bom domínio dos conteúdos, ao nível do 4.ºano de escolaridade,

muito particularmente no que diz respeito aos conceitos de linha curva/recta e de

segmento de recta, utilizados na resolução da tarefa 8. Além disso, mostrou boa

capacidade para identificar figuras geométricas e algumas das suas propriedades,

dominando e procedendo à associação dos conteúdos matemáticos envolvidos. Concluiu

exaustivamente todas as tarefas, tendo manifestado muito interesse e empenho na sua

execução, bem como uma grande capacidade de confronto e discussão de ideias entre si.

Apesar de não ter efectuado, por escrito, a explicação do raciocínio utilizado na

resolução do problema (tarefa 8), fê-lo oralmente. Este par considerou a comunicação

escrita uma repetição do trabalho e da comunicação oral anteriormente realizados. Estes

comportamentos, por parte do par devem-se ao facto de, ainda, não terem sido criados

hábitos nesse sentido.

Este par manifestou muita capacidade para estruturar as ideias e as frases

(tarefas 27 e 28), tanto ao nível oral como escrito, de enunciados matemáticos, através

de uma escrita legível e correcção ortográfica do vocabulário relacionado com as figuras

apresentadas. Evidenciou, também, ao nível da escrita de enunciados um bom

conhecimento lexical (vocabulário específico/terminologia), morfológico (formas e

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modificações das palavras), sintáctico (combinação das palavras na frase e das frases no

discurso) e semântico (significação das palavras).

Tudo leva a crer que o bom domínio das competências enumeradas em Língua

Portuguesa seja responsável pelos níveis de desempenho obtidos em Matemática, por

este par. Sim-Sim (1998) refere que, pela leitura, o leitor reconstrói o significado do

texto. Ler fluentemente, tal como fez este par, permite uma decodificação automática,

uma maior capacidade na obtenção de informação e maior facilidade na compreensão

do texto. Para esta autora, o nível de compreensão também depende do conhecimento

prévio que o leitor possui sobre um determinado assunto e um determinado tipo de

texto. Este par poderá enquadrar-se perfeitamente nesta situação, porque, além de

explorar devidamente o texto, é também detentor de uma vasta gama de conhecimentos,

ou seja, possui uma enciclopédia pessoal extremamente rica.

O trabalho desenvolvido por este par, em todas as tarefas, permitiu a

manifestação de capacidades de efectivar inferências, de discussão e de comunicação

das descobertas realizadas, reflectindo sobre os processos matemáticos envolvidos.

A propósito cabe referir que Figueiredo e Palhares (2005) apontam para a

existência de uma correlação alta entre os níveis de Língua Portuguesa e a resolução de

problemas de processo. Esta correlação verifica-se no desenvolvimento da língua

materna, muito particularmente ao nível da leitura, interpretação e compreensão de

enunciados. Os autores referem que, quanto mais alto for o nível em Língua Portuguesa,

maior é a capacidade do aluno na resolução de problemas, porque a capacidade de ler,

interpretar e compreender os enunciados influencia positivamente o desempenho na

disciplina de Matemática. Foi muito provavelmente, o que aconteceu com este par.

Embora tivesse iniciado as tarefas 9 e 13 muito bem e com bom raciocínio

matemático, resolvendo rápida e correctamente a primeira parte, não foi, porém, capaz

de as concluir. Na primeira tarefa, havendo cinco sabores diferentes, o par, apenas,

reconheceu oito maneiras de combinar os gelados com bolas de três sabores. Este

resultado parece estar relacionado com as concepções iniciais do par, relativamente ao

número possível de gelados com três sabores diferentes, já que considerou que quanto

maior fosse o número de sabores a combinar, menor seria o número de gelados. Na

tarefa 13, apesar de efectuar leituras fluentes, reveladoras de compreensão do

enunciado, não foi capaz de dispor os doze meninos em seis filas de quatro cada uma. O

par tentou estratégias variadas, nomeadamente o desenho de figuras geométricas com o

mesmo número de filas pretendido na tarefa, mas não conseguiu dominar os conceitos

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espaciais e topológicos, relativamente à disposição dos pontos. Lovell (1988), citando

Piaget, refere que os conceitos espaciais resultam de acções internas e que a disposição

de uma série de objectos, na mente, não corresponde a imaginar esses objectos já

organizados, mas organizar essa série operacionalmente, ou seja, por pensamento

lógico. Isto só é possível, porque as acções ou pensamentos internos se apresentam de

forma reversível, podendo ser organizados de diferentes maneiras. Quando executou a

tarefa, o par nomeou facilmente as propriedades de figuras geométricas, lados e

ângulos. Nestas tarefas, o par não procedeu à comunicação e explicação escrita dos

raciocínios usados, embora o tenha feito oralmente, de forma confiante, clara e audível,

com adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo. Este par demonstrou sempre

muita capacidade de comunicação. Os níveis de desempenho relativos à parte que

realizaram foram excelentes.

No que diz respeito à tarefa 11, o par manifestou grandes dificuldades na sua

resolução, porque o processo de interpretação e compreensão do enunciado foi

demorado, tanto ao nível da micro como da macroestrutura do texto. As palavras

“números” e “algarismos” usadas no enunciado dificultaram a sua compreensão e a sua

resolução, apesar da persistência e empenho manifestados pelo par. O nível de

desempenho obtido nesta tarefa foi razoável. Tal como refere Pirie, citada por Vale e

Pimentel (2004), o importante não é tanto a solução, mas o caminho percorrido até à

solução, desde que esse caminho tenha aspectos correctos, como aconteceu com este

par. Tudo leva a crer que o desempenho, nesta tarefa, ao nível da resolução e da

solução, foi influenciado pela débil interpretação/compreensão do enunciado, porque tal

como refere Castro (2000), quanto maior for a capacidade no reconhecimento das

palavras escritas, mais facilitada será a compreensão. Analogamente, Sim-Sim (1998)

refere que, para haver reconhecimento do significado de um texto ou discurso, é

fundamental o domínio de uma organização estrutural da frase. Na estrutura da frase, o

encadeamento das palavras atende a uma determinada disposição sequencial. Para haver

compreensão e produção de frases é inevitável a capacidade de estabelecer relações

entre palavras ou agrupamentos naturais de palavras que atendem a uma estrutura

hierárquica. Tudo indica que tenha sido isto que aconteceu aqui com este par.

Com o desenrolar das tarefas, notou-se neste par uma certa evolução ao nível da

expressão e comunicação escrita dos raciocínios. Ao nível da resolução de problemas, o

par manteve-se constante, sempre excelente, desde o início da sua resolução. Na

formulação de problemas, também não foi possível verificar se houve ou não evolução,

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porque apenas foram aplicadas duas tarefas neste âmbito, o que não permitiu tirar

conclusões.

Globalmente, o nível de desempenho obtido por este par na resolução das tarefas

foi excelente.

Dificuldades evidenciadas em Língua Portuguesa. O par revelou dificuldades,

em quase todas as tarefas, ao nível da comunicação escrita, especificamente na

demonstração/exposição dos raciocínios e procedimentos usados, na resolução (tarefas

8, 13, 9 e 11). Estas dificuldades ficaram a dever-se, sobretudo, ao débil hábito neste

campo. O par está ainda muito preso à resolução de exercícios rotineiros, que não

fomentam a discussão e a comunicação escrita dos passos seguidos na sua resolução.

O par evidenciou dificuldades em estabelecer relações de significado entre as

palavras “números” e ”algarismos” (tarefa 11), considerando-as sinónimas, o que lhe

dificultou a resolução da tarefa. Este par não foi capaz, além disso, de estabelecer

relações semânticas entre palavras. Esta dificuldade generalizou-se ao nível da micro e

da macroestrutura do enunciado, não permitindo, deste modo, a compreensão do sentido

global do texto e, consequentemente, a resolução da tarefa. Apesar da persistência e

empenho do par, a compreensão e a retenção da informação, a partir do enunciado, não

foi possível. O insuficiente conhecimento de vocabulário parece ter constituído, neste

caso, um obstáculo à compreensão do enunciado, situação que vai de encontro ao que

defende Sim-Sim (1998) no que se refere à quantidade e à diversidade do vocabulário

como meio facilitador da compreensão de um texto.

O par manifestou ainda alguma dificuldade na utilização adequada dos sinais de

pontuação, na escrita do enunciado matemático (tarefa 28). Resultou, por essa razão, um

enunciado bastante compacto e com frases longas, dificultando a sua compreensão.

Como referem Martins, Sardinha e Nunes (1992), na linguagem falada ocorre a

entoação, por meio da expressividade do que é transmitido e de alterações do tom de

voz, enquanto que na escrita, a entoação é substituída pelos sinais de pontuação, sem os

quais não seria fácil a compreensão do sentido de um texto ou discurso.

A nível da comunicação escrita, demonstração/exposição escrita dos raciocínios

e procedimentos usados na resolução das tarefas, verificou-se, por parte do par

superação nas dificuldades evidenciadas. No entanto, no que toca à formulação de

problemas, tal superação não se pôde verificar, porque, como foi referido, apenas foram

realizadas duas tarefas.

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Dificuldades evidenciadas em Matemática. O par revelou dificuldades ao

nível da comunicação/explicação escrita dos seus raciocínios (tarefas 8, 13, 9 e 11). Não

porque não tivesse resolvido os problemas, mas porque parece ter sido algo

“preguiçoso” na explicação, por escrito, dos seus raciocínios. Embora tenha resolvido a

tarefa 8 com alguma facilidade, apresentou algumas dificuldades na aplicação de

conceitos, particularmente ao nível das medições, que, no entanto, foram ultrapassadas

com a ajuda da régua graduada.

Este par, embora tivesse efectuado uma boa leitura e boa apreensão do sentido

global do enunciado (tarefa 13), não foi capaz de resolver a tarefa. Considerou que a

disposição não seria possível, devido provavelmente à dificuldade sentida ao nível da

percepção visual e do pensamento divergente. Na segunda questão da tarefa 9, o par

indicou, apenas, parte das possibilidades de resolução da tarefa. Tal como foi referido

anteriormente, para este par o aumento do número de sabores diminuía a possibilidade

de os combinar. A dificuldade em superar ideias pré-concebidas terá contribuído,

provavelmente, para que este par desse a tarefa por finalizada, sem ter sido

suficientemente persistente na sua realização. Dificuldades de percepção visual,

intimamente relacionados com os aspectos geométricos e espaciais e, provavelmente,

não explorada de modo suficiente com os alunos. Apresentou, também, alguma

dificuldade na interpretação/compreensão do gráfico fornecido (tarefa 27). Formulou o

problema, repetindo os dados observados no gráfico. No entanto, depois de

devidamente esclarecido, foi capaz de transformar a informação.

Influência da Língua Portuguesa na Matemática. Tudo indica, neste estudo,

observar-se uma relação profunda entre o domínio da Língua Portuguesa e a

aprendizagem da Matemática. Tendo por base o desempenho deste par, na resolução das

tarefas, poder-se-á concluir que a Língua Portuguesa influencia directamente o

ensino/aprendizagem da Matemática, ao nível da interpretação/compreensão dos

enunciados, porque, através de uma leitura cuidada e atenta, uma interpretação e

compreensão adequadas dos enunciados propostos, ao nível da oralidade e da escrita,

obteve bons resultados. O empenho na leitura das tarefas proporcionou a obtenção de

resultados excelentes, mesmo na realização de actividades pouco habituais na sala de

aula da parte do par. Este aspecto apresenta-se bem definido nas tarefas resolvidas pelos

alunos, porque, geralmente, as dificuldades sentidas ao nível das competências

enumeradas em Língua Portuguesa constituíram (ou não) um factor de maior facilidade

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na resolução das actividades propostas. A propósito, Valadares (2003) refere a

importância da Língua Portuguesa como instrumento de apropriação e propagação do

conhecimento em todas as disciplinas, nomeadamente da Matemática. Figueiredo e

Palhares (2005) indicam que o domínio da Língua Portuguesa proporciona aos alunos a

resolução de actividades matemáticas com maior sucesso. Sim-Sim (1998), Castro

(2000) e Leitão e Fernandes (1997) também apontam no sentido de que a Língua

Portuguesa influencia a aprendizagem da Matemática. No entanto, detectaram-se

aspectos relacionados com a Matemática e independentes da Língua Portuguesa que

influenciaram o desempenho nas tarefas. Por exemplo, facilidade do par em se

convencer de que estava no caminho correcto e por isso não foi suficientemente

persistente. Se o tivesse sido, talvez concluísse algumas tarefas com mais qualidade.

Avaliação das tarefas pelos alunos. Estes alunos referiram, na entrevista final

(Quadro 1, Anexo 43), que gostam da Matemática, porque, segundo o Rodolfo,

desenvolve o raciocínio. Embora ambos tenham respondido que, na Matemática,

gostavam mais de fazer contas, não foram unânimes quanto ao que de que não gostam.

O Rodolfo não gosta de resolver problemas “difíceis”, enquanto a Marta diz não gostar

de efectuar leituras de números. Esta aluna gostou mais de trabalhar as actividades de

investigação matemática, nomeadamente, a construção de quadrados de dominó,

“porque foi divertido mexer naquele material e fazer aquelas contas que nunca tinha

feito antes, a não ser no quadrado mágico”. Já o seu colega preferiu a resolução de

problemas de processo, tendo apreciado todos em geral, porque “tínhamos de pensar

como se faziam e encontrar uma estratégia de resolução”.

Estes alunos referiram gostar de resolver problemas. O Rodolfo, porém, tudo

depende dos problemas, se são fáceis ou difíceis. Marta acha “divertido pensar o

raciocínio dos problemas e também ter de os interpretar”. Consideram que, para ter um

bom desempenho em resolução de problemas, é fundamental a interpretação dos

enunciados. No que concerne à explicação escrita dos raciocínios usados, tal como foi

detectado, Rodolfo respondeu que às vezes é difícil de fazer, acrescentando que, nas

vezes em que não o fez, talvez tenha sido por preguiça, como, de facto, tinha parecido.

Também Marta considerou que tal tarefa não é “muito fácil”, mas considera que deve

ser feita. “Se se sabe fazer o problema também o sabe explicar. A explicação ajuda-nos

a compreender o nosso raciocínio”, o que confirma o defendido por Luria (1987) e

Ponte e Serrazina (2000).

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Os dois alunos referiram que existe uma relação entre a Língua Portuguesa e a

Matemática, na medida em que para saber Matemática é preciso saber Língua

Portuguesa. Ambos concordaram que a Língua Portuguesa promove conhecimentos em

outras áreas de estudo, nomeadamente na Matemática, porque segundo Rodolfo, “se não

soubermos ler e interpretar bem, não conseguimos resolver os problemas”, confirmando

o defendido por Valadares (2003), Figueiredo e Palhares (2005), Sim-Sim (1998),

Castro (2000) e Leitão e Fernandes (1997).

Resumo

O par resolveu a maioria das tarefas propostas com bastante facilidade. Para tal,

efectuou leituras atentas dos enunciados, confrontou e discutiu frequentemente as suas

opiniões e os seus raciocínios. Efectuou interpretações/compreensões adequadas,

porque, em caso de dúvidas, recorreu à leitura e explorava de novo os dados do

enunciado, manifestando sempre muito interesse e empenho. Usou sempre um

vocabulário rico, fluente, contextualizado e de acordo com as situações. Este par foi

sempre muito comunicativo, oralmente. O entusiasmo e a boa disposição manifestados

na resolução das tarefas propostas contribuíram para a obtenção de níveis de

desempenho excelentes. O par conseguiu quase sempre manifestar as competências

enumeradas ao nível da Matemática e da Língua Portuguesa. Dominou bem os

conteúdos relativos ao 4.º ano de escolaridade, bem como os conceitos matemáticos

presentes nas tarefas. No entanto, apesar de estar bastante à vontade no que se refere à

verbalização dos raciocínios usados, tendo-o feito com bastante expressividade e

qualidade, não registou, por escrito, as suas conclusões, por considerar que estaria a

repetir-se. Parece, porém, dever-se ao facto de não estar habituado a fazê-lo. O

desempenho deste par aponta no sentido de haver uma relação entre o domínio da

Língua Portuguesa e a aprendizagem da Matemática. O bom domínio da primeira

influenciou positivamente o ensino/aprendizagem da segunda, ao nível da

interpretação/compreensão de enunciados matemáticos, bem como da sua construção.

À medida que foram sendo resolvidas as tarefas, verificou-se no par uma

evolução ao nível da comunicação escrita dos raciocínios usados. Neste sentido, as

dificuldades inicialmente apresentadas neste âmbito também foram superadas. Devido

ao reduzido número de tarefas de formulação de problemas apresentadas, não foi

possível, porém, verificar a sua evolução.

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Par B: Ricardo e Rui Pedro Competências manifestadas. Ao longo da realização das tarefas efectivas, no

âmbito do estudo, este par manifestou várias competências em Língua Portuguesa e em

Matemática (Quadro 5.2). Além destas competências, o par manifestou, ainda, outras,

conforme Anexo 40 – A.

Competências manifestadas em Língua Portuguesa

Competências manifestadas na Matemática

-aptidão para efectuar leituras fluentes; -aptidão para interpretar e compreender enunciados orais e escritos; -retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos; -reconhecimento de técnicas básicas de organização textual; -aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e regras gramaticais básicas.

-capacidade de usar a matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; -aptidão para identificar figuras geométricas e identificação de algumas das suas propriedades; -compreensão de conceitos matemáticos. -aptidão para realizar investigações que recorram a dados de natureza quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de conclusões; -formular problemas a partir de situações matemáticas.

Quadro 5.2 – Competências manifestadas pelo Par B

Níveis de desempenho nas tarefas. Durante a realização das tarefas de

resolução de problemas, o Par B revelou muita insegurança e pouca determinação,

manifestando pouco à vontade com as situações com que foi confrontado.

Demonstraram, inicialmente, pouca capacidade de trabalhar em conjunto e pouca

sintonia nos trabalhos efectuados, muito particularmente devido ao individualismo

revelado pelo Ricardo. Não houve, com muita frequência, confronto de opiniões, nem

discussão de ideias capazes de fomentar o diálogo entre ambos, no sentido de resolver

as tarefas.

Nas tarefas 8, 13, 9, 11, 26 e 27, o nível de desempenho obtido foi fraco,

conforme se pode verificar pelos Anexo 35, 35-A e 35-B. O par não manifestou as

competências necessárias em Língua Portuguesa, ao nível da exploração, interpretação e

compreensão dos enunciados. Nenhuma das tarefas enumeradas foi concluída na

totalidade. Na tarefa 8, porque os alunos estiveram muito presos à ideia de resolução do

problema pela aplicação dos algoritmos, o que dificultou a selecção da estratégia

adequada. As restantes tarefas (13, 9, 11 e 26) também não foram concluídas, porque,

no primeiro caso, o par achou que não era possível dar resposta à última questão. No

entanto, parece que isto aconteceu devido à percepção visual do par. Deu por terminada

a tarefa 9, faltando ainda duas combinações de sabores. Este resultado parece ter sido

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influenciado pelos resultados obtidos pelos pares vizinhos. Na tarefa 11, o par errou a

contagem dos algarismos e, por ser pouco persistente, não fez nova contagem. Tudo

leva a crer que a incompreensão e falta de segurança na tarefa 26 estejam relacionadas

com a desistência da mesma. Nas tarefas 9 e 11, além das dificuldades apresentadas na

Matemática, este par também foi confrontado com dificuldades ao nível do

conhecimento de vocabulário. Mostrou ser pouco diversificado, na medida em que não

foi fácil a descoberta do sentido das palavras desconhecidas, bem como o

estabelecimento de relações de significado entre elas. Em todas estas tarefas não foi

dada qualquer explicação oral ou escrita dos raciocínios usados. Apesar do interesse e

empenho verificados na realização da tarefa 27, os alunos revelaram dificuldade em

interpretar o gráfico apresentado, formulando um enunciado muito maçudo, com pouca

correcção ortográfica e com frases mal estruturadas e repetidas. Ao que parece, a

formulação de problemas não é uma tarefa muito frequente na sala de aula razão pela

qual o par teve alguma dificuldade em realizar esta tarefa.

Nas tarefas 12 e 17, 24, 25 e 28, o par foi um pouco mais comunicativo, assim

enriquecendo o seu trabalho conjunto. Apesar da insegurança inicial, manifestada nas

tarefas 12 e 17, conseguiu resolvê-las, demonstrando, pelo facto, uma grande satisfação.

Os níveis de desempenho obtidos foram razoáveis, a tender para o fraco. Também

nestas tarefas, o par não explicou, quer oralmente quer por escrito, os seus raciocínios.

Machado (1991) defende que todas as tentativas de aprendizagem da

Matemática pressupõem o conhecimento da Língua Portuguesa, ainda que seja, apenas,

na sua forma oral, porque permite a compreensão do significado dos objectos

envolvidos ou das normas que possibilitam a execução dos trabalhos propostos. Tal é o

que parece ter acontecido com este par. Tudo indica que o frágil domínio da Língua

Portuguesa seja responsável, em grande parte, pelos fracos resultados obtidos, porque o

par manifestou muitas dificuldades na interpretação/compreensão dos enunciados

matemáticos, no conhecimento de vocabulário usado, no estabelecimento de relações de

significado entre as palavras e ao nível da comunicação e expressão oral e escrita.

Com o desenrolar das tarefas, notou-se, neste par, evolução ao nível do trabalho

em conjunto, nomeadamente em atitudes e comportamentos que propiciaram o

estabelecimento da comunicação, confronto e discussão de ideias. Na resolução de

problemas, o par tornou-se mais receptivo e consciente da selecção e da utilização de

estratégias de resolução. Inicialmente considerava que os problemas eram resolvidos,

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apenas, por meio da aplicação de um dos quatro algoritmos das operações básicas. Além

disso, este par tornou-se mais autónomo e confiante nas suas capacidades.

Globalmente, o nível de desempenho obtido por este par, na resolução das

tarefas, foi fraco.

Dificuldades evidenciadas em Língua Portuguesa. Este par manifestou

dificuldade na resolução de todas as tarefas, porque também manifestou dificuldade ao

nível da interpretação/compreensão dos enunciados matemáticos. O débil domínio da

Língua Portuguesa, ao nível da leitura, do conhecimento lexical, morfológico, sintáctico

e semântico, terá influenciado o seu desempenho na área da Matemática. As

dificuldades verificaram-se, sobretudo, na interpretação do vocabulário usado nos

enunciados, no conhecimento de vocabulário activo pouco diversificado, na inter-

relação entre os raciocínios, motivada pelas várias questões apresentadas em cada

tarefa, na compreensão de enunciados complexos (enunciados que exigem mais que

uma operação e mais que um raciocínio) tal como os que foram propostos e na

compreensão de enunciados de problemas mais abertos que implicam a investigação. O

vocabulário usado neste tipo de problemas é impreciso, parecendo pouco favorável, por

não determinar a operação necessária à resolução dos mesmos. Pelo contrário, os

enunciados dos problemas tradicionais possuem vocabulário que induz à sua resolução,

conforme o exemplo seguinte. Na fruteira havia 15 maçãs. Comeram-se 10. Quantas

sobraram? O verbo usado - “comeram-se” - determina a operação a utilizar na resolução

do problema. Subentende-se que, na fruteira, ficaram menos maçãs, ajudando-se, assim,

na selecção do algoritmo.

Nas tarefas 9, 11, 12, 24, 25 e 26, o par defrontou-se com dificuldades, ao nível

da interpretação/compreensão dos enunciados. Demonstrou pouca capacidade em lidar

com vocabulário de uso menos corrente, como foi o caso de “sorvetes” e “gelataria”

(tarefa 9). Defrontou-se também com problemas de estabelecimento de relações entre as

palavras “números” e “algarismos” (tarefa 11), já que, para ambos, estas palavras eram

sinónimos. Apesar das insistências da investigadora, o par continuou a achar impossível

a concretização da tarefa. Inicialmente, não se apercebeu da utilidade do material

distribuído para a execução da tarefa 12. Depois, manifestou dificuldade em saber qual

das três personagens fazia a travessia em primeiro lugar, porque recorreu, com pouca

frequência, ao enunciado, não sendo feita uma leitura minuciosa e atenta, de modo a

interpretá-lo e a compreendê-lo completamente. Só depois de elucidado, procedeu a

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uma análise pormenorizada do enunciado. O par teve, então, a oportunidade de resolver

e de explicar, tanto oralmente como por escrito, os diferentes passos utilizados na

resolução da tarefa. Embora tivessem persistido as dificuldades ao nível da Língua

Portuguesa (tarefas 24, 25 e 26), este par conseguiu alguma evolução ao nível da

comunicação oral, discutindo entre si as ideias que foram surgindo ao longo da

execução das actividades de investigação matemática. No entanto, continuou pouco

comunicativo ao nível da comunicação escrita.

O par manifestou dificuldade na estruturação de ideias e na construção de frases

(tarefa 27), passando pela ausência de conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e

semântico ao nível da escrita de textos, conforme se pode observar no Anexo 35-B. O

enunciado formulado apresentou uma caligrafia pouco legível e com pouca correcção

ortográfica, ao nível do vocabulário relacionado com a figura. Além disso, não foram

devidamente utilizados os sinais de pontuação, pelo que a formulação do problema

surgiu um tanto compacta e com ideias repetidas.

Além das dificuldades enumeradas em Língua Portuguesa, na maioria das vezes,

quando surgia um obstáculo à execução das tarefas, o par era pouco persistente e

desistia com facilidade, porque manifestava pouca autonomia no trabalho proposto e

pouca confiança nas suas capacidades. Estas razões terão contribuído, também, para o

desempenho entre o fraco e o razoável em quase todas as tarefas de resolução de

problemas.

Neste par, verificou-se, sobretudo, uma evolução ao nível de atitudes e

comportamentos, relativos ao trabalho conjunto. Ambos os elementos do par se foram

tornando mais comunicativos entre si, mostraram maior capacidade de confronto,

discussão e partilha de ideias, tendo contribuído para uma melhoria no desempenho das

tarefas, o que confirma o defendido por Mamede (2002). No início, o par ficava à espera

que alguém efectuasse a leitura e explorasse os enunciados; ultimamente, consciente da

utilidade da leitura, já recorria mais ao enunciado.

Dificuldades evidenciadas na Matemática. Este par apresentou, em todas as

tarefas, uma acentuada dificuldade de iniciativa e de procura de estratégias adequadas à

sua resolução, agravada pelo facto de ser um par pouco coeso e pouco comunicativo.

Verificou-se, apenas, um registo escrito dos seus raciocínios, apesar de os alunos serem

constantemente incitados a fazê-lo. Na grande maioria das vezes, o par não chegou a

concluir as tarefas. Quando o fazia, era necessária muita ajuda, quer da investigadora,

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quer dos seus colegas da turma. Manifestou pouca capacidade de raciocínio, pouca

criatividade relativamente à compreensão e aplicação da Matemática a situações

concretas. Nas tarefas 8, 9, 13 e 17, este par evidenciou dificuldades, na descoberta da

estratégia adequada à resolução do problema, como aliás aconteceu com os restantes

problemas de processo, mostrando pouca capacidade de partilha de opiniões, de

discussão e comunicação das ideias que iam surgindo, não tendo concluído a tarefa 8.

Mesmo depois de ter sido esclarecido acerca do significado das palavras (tarefa 9), o par

demorou a iniciar a resolução da tarefa, porque teve dificuldade em seleccionar a

estratégia adequada. Apesar de ter resolvido as duas primeiras questões (tarefa 13), o

par foi pouco persistente e empenhado, tendo considerado que tal disposição não seria

possível, presumivelmente devido à dificuldade evidenciada ao nível da percepção

visual e do pensamento divergente. Depois de ter descoberto, com a ajuda de “alguém”,

a sequência das canções aprendidas de semana para semana (tarefa 17), o trabalho

tornou-se mais facilitado. O par conseguiu explicar, oralmente, a forma como havia

procedido, embora de forma muito sucinta e elementar. Na tarefa 11, o par foi pouco

persistente. Errou a contagem dos números e não se preocupou em corrigi-la.

Manifestou, por outro lado, dificuldade no cálculo mental e no raciocínio

(tarefas 24, 25 e 26). Não dominou os conceitos matemáticos envolvidos na resolução

das tarefas de investigação matemática e continuou a evidenciar pouca capacidade de

comunicação escrita. Demonstrou, ainda, dificuldades na interpretação/compreensão do

gráfico apresentado (tarefa 27). A esta dificuldade, junta-se a fraca capacidade de

aplicação e de associação de novos conceitos matemáticos, necessários à formulação do

problema. Além de mais comunicativos entre si, os alunos tornaram-se mais autónomos

e mais responsáveis pelo trabalho proposto. Por outro lado, tomou consciência de que os

problemas podem ser resolvidos de forma diferente da que estavam habituados.

Influência da Língua Portuguesa na Matemática. Tendo por base os

resultados obtidos por este par, pode-se afirmar de novo, que o desempenho, na área da

Matemática, foi seguramente condicionado pelo reduzido número de competências

manifestadas em Língua Portuguesa. Constituíram obstáculos ao desempenho dos

alunos, a dificuldade manifestada ao nível da interpretação/compreensão dos

enunciados, o conhecimento de vocabulário pouco diversificado e o estabelecimento de

relações de significado entre as palavras, como defendem Figueiredo e Palhares (2005),

Valadares (2003), Sim-Sim (1998) e Sá (2004).

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O recurso pouco frequente à leitura não permitiu a compreensão dos enunciados

das tarefas. O par foi seguindo, um pouco, os raciocínios dos pares vizinhos, ou

recorreu à ajuda da investigadora, ao nível do léxico usado, da morfologia e da sintaxe

dos enunciados. O fraco recurso à leitura deve estar relacionado com a educação

recebida ao nível da Língua Portuguesa, particularmente quanto aos seus hábitos de

leitura, confirmando estudos realizados por Malta (2003). Tudo indica, também, que

este par associa a Matemática aos números e não à leitura de enunciados, dispensando,

por isso, pouco tempo a esta actividade e à interpretação dos mesmos. Com efeito,

partia imediatamente para a resolução dos problemas, embora sem êxito, porque não

compreendia aquilo que lhe era pedido nos enunciados. A extensão e a complexidade

dos enunciados, ao nível da exigência de mais que uma operação, de mais que um

raciocínio na resolução de uma tarefa, influenciou directamente o desempenho do par na

resolução de problemas, porque não foi capaz de interpretar várias questões

interdependentes e em simultâneo. Como possível explicação estará o facto de o par

estar habituado a questões mais directas, que não exigem grande relacionação entre elas.

Este aspecto vem de encontro ao defendido por Valentim e Sam (2004), quando

observam que os alunos resolvem mais facilmente os problemas que não envolvem

afirmações relacionais, isto é, que uma dada resposta depende de uma outra resposta

anterior. Por depender muito da ajuda da investigadora, na interpretação e compreensão

dos problemas, o par não desenvolveu a parte cognitiva. Para tal, seria importante que o

par procurasse a informação, interpretando os enunciados, compreendendo e

decodificando a mensagem neles contida, conforme defende Amor (2003). Além dos

aspectos mencionados, também a ambiguidade de interpretação do vocabulário de

certos enunciados e a sua construção tenham contribuído para o desempenho entre o

fraco e o razoável do par, como refere Sim-Sim (1998).

Avaliação das tarefas pelos alunos. Estes alunos referiram que gostam da

Matemática. Para Ricardo, é a sua disciplina preferida, “porque é divertido fazer contas”

e “ajuda-nos a puxar pelo raciocínio”. Na Matemática, gostam mais de fazer contas e

menos de resolver problemas. O Ricardo preferiu resolver as tarefas de Formulação de

Problemas, porque, de acordo com a entrevista, como sente mais dificuldades a

“Português”, pode “exercitar e ficar mais esperto nessa disciplina”. O seu colega gostou

mais das investigações matemáticas, “porque é divertido e interessante” e porque foi a

primeira vez que trabalhou com o jogo do dominó, na aula de Matemática.

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Os alunos admitiram que, na resolução de problemas, sentem dificuldades,

devido, sobretudo, à pouca importância atribuída à leitura do enunciado e à fraca

capacidade para interpretar e compreender os problemas. O Rui Pedro sente

“dificuldades nos problemas que têm ‘ratoeiras’, isto é, “aqueles que uma pessoa pensa

que é uma coisa e não é”. Referiu ainda que lhe foi muito difícil ter de explicar os

raciocínios usados, porque tinha de escrever aquilo que pensava. O Ricardo, por sua

vez, referiu que foi muito fácil, mas não o fez por falta de tempo. No entanto, a

explicação por escrito dos raciocínios não foi feita, por a tal não estarem habituados,

nem por terem de explicar algo que não tinha sido compreendido.

Ambos consideraram que é muito importante dominar a Língua Portuguesa para

aprender Matemática, “porque para resolvermos o problema temos de ter um bom

Português”. Além disso, concordaram, plenamente, que a leitura, a interpretação e a

compreensão dos enunciados matemáticos ajudam na resolução dos problemas.

Resumo

Este par manifestou dificuldades na resolução da maioria das tarefas propostas,

porque falhou a interpretação/compreensão dos enunciados. Os enunciados extensos e

complexos que exigiam mais que uma operação e mais que um raciocínio, a pouca

capacidade para estabelecer relações de significado entre as palavras, a gama reduzida

de vocabulário activo, o conhecimento de vocabulário pouco diversificado conduziram

a uma deficiente interpretação/compreensão de textos. Tais dificuldades limitaram, de

certo modo, a manifestação de diversas competências matemáticas, nomeadamente a

selecção de estratégias adequadas à resolução de problemas e o domínio de conceitos

matemáticos envolvidos na execução das tarefas. Revelou, igualmente, dificuldades na

comunicação oral e escrita dos raciocínios usados. A gama restrita de vocabulário do

par impediu o confronto, a partilha de ideias entre si, a discussão e comunicação aos

outros das suas descobertas. O nível de desempenho obtido foi fraco, embora tivesse

resolvido de forma razoável algumas tarefas. As competências descritas, ao nível da

Matemática e da Língua Portuguesa, foram manifestadas algumas vezes. Mostrou

conhecer os conteúdos referentes ao 4.º ano de escolaridade, bem como alguns

conceitos presentes nas tarefas. As atitudes e o comportamento do par parecem ter

condicionado também os níveis de desempenho. Entre os níveis de desempenho a

Língua Portuguesa e a Matemática, parece haver uma forte conexão, na medida em que

o desempenho nesta última disciplina foi condicionado pelo débil desempenho dos

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alunos na Língua Portuguesa, ao nível da leitura, da interpretação e da compreensão dos

enunciados matemáticos, bem como da sua construção. O par fracassou na resolução

dos problemas, devido à falta de conhecimentos linguísticos: vocabulário pouco

diversificado, compreensão reduzida do vocabulário activo, estabelecimento de relações

entre as palavras, construção e compreensão frásica e consequentemente a compreensão

textual. Isto vai de encontro ao defendido por Valentim e Sam (2004). Verificou-se,

contudo, uma evolução do par ao nível do trabalho em conjunto, na comunicação oral e

no confronto e discussões de ideias entre si. O par tornou-se mais consciente, na procura

e selecção de estratégias adequadas à resolução, uma vez que, inicialmente, considerava

que tal só era possível por meio da aplicação dos algoritmos das quatro operações

básicas. Algumas dificuldades foram sendo superadas, à medida que iam sendo

resolvidas as tarefas. Compreenderam e referiram, na entrevista, que a leitura e a

interpretação/compreensão dos enunciados constituem instrumentos importantíssimos

na resolução de problemas. Por essa razão, no final do estudo, manifestou maior

interesse e entusiasmo pelas actividades referidas.

Par C: Diogo e Alexandre Competências manifestadas. Ao longo da realização das tarefas efectivas, no

âmbito do estudo, o par manifestou várias competências em Língua Portuguesa e

Matemática (Quadro 5.3). Além destas competências, o par manifestou, ainda, outras,

conforme Anexo 40 - B.

Competências manifestadas em Língua Portuguesa

Competências manifestadas na Matemática

-retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos; -aptidão para interpretar e compreender enunciados orais e escritos; -reconhecimento de técnicas básicas de organização textual; -aptidão para estruturar ideias e frases; -aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e regras gramaticais básicas.

-capacidade de usar a matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; -aptidão para identificar figuras geométricas e identificação de algumas das suas propriedades; -compreensão de conceitos matemáticos. -aptidão para realizar investigações que recorram a dados de natureza quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de conclusões; -aptidão para ler e interpretar tabelas e gráficos e para comunicar os resultados das interpretações feitas; -formular problemas a partir de situações matemáticas.

Quadro 5.3 – Competências manifestadas pelo Par C

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Níveis de desempenho nas tarefas. Durante a realização das tarefas, este par

teve comportamentos e atitudes muito díspares. Enquanto um era curioso e interessado,

o outro era o oposto, dificultando, assim, o trabalho conjunto. Foi um par pouco

autónomo e pouco responsável, necessitando de ajuda constante, por parte da

investigadora, na leitura e interpretação dos enunciados, de modo a permitir a sua

compreensão. Demonstrou pouca capacidade de iniciativa e poucos hábitos de leitura.

Das seis tarefas de resolução de problemas apresentadas a este par, apenas duas

foram completamente concluídas (tarefas 12 e 17). O par não procedeu à comunicação

por escrito dos raciocínios usados nas tarefas 8, 13, 9 e 11; não conseguiu resolver a

última questão do problema (tarefa 13), provavelmente devido à dificuldade da

percepção visual e do pensamento divergente; deu por terminada a tarefa 9, sem que

esta estivesse de facto concluída, porque, em vez de oito combinações, eram possíveis

dez; no entanto, por influência de concepções de outros pares, não se empenhou e não

foi suficientemente persistente. Na tarefa 11, o par errou os cálculos efectuados e por ser

pouco persistente, não se empenhou devidamente em fazer nova contagem.

Nas tarefas de investigação matemática (tarefas 24, 25 e 26), o par foi um pouco

mais autónomo. No entanto, o par ainda sentiu necessidade de solicitar ajuda, porque

não compreendia os enunciados. Este par esteve mais seguro nas tarefas 27 e 28.

Revelou, porém, algumas dificuldades ao nível da concordância entre o sujeito e o

verbo, e ao nível da correcção ortográfica.

O nível de desempenho obtido nas tarefas foi razoável, embora em certas

situações a tender para o fraco, conforme se pode observar no quadro de desempenho,

constante dos Anexos 37, 37-A e 37-B.

Apesar de se ter mantido o nível de desempenho nas tarefas, verificou-se, no par,

evolução ao nível da comunicação, confronto e discussão de ideias. Tornou-se mais

autónomo e mais consciente da necessidade de recorrer à leitura dos enunciados, como

forma fundamental para a compreensão do problema e como meio de chegar à solução.

Globalmente, o nível de desempenho obtido por este par, na resolução das

tarefas, foi razoável.

Dificuldades evidenciadas em Língua Portuguesa. O par manifestou diversas

dificuldades, nomeadamente na interpretação/compreensão dos enunciados.

As palavras “números” e “algarismos” (tarefa 11) foram consideradas

sinónimas, tendo suscitado muitas dúvidas no par, aquando da resolução do problema.

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Referiu que o enunciado da tarefa 12 “parecia uma história”, por este ser um pouco mais

extenso do que o habitual. Revelou dificuldade de interpretação/compreensão do

enunciado, porque não se empenhou devidamente na leitura do mesmo e não lhe

dispensou o tempo necessário. Não valorizou o material anteriormente fornecido. Por

essa razão, demorou a encontrar a primeira pista referente à primeira travessia, tendo-se

observado, mesmo, alguma dificuldade em iniciar a tarefa. Manifestou muita

dificuldade na comunicação oral e escrita dos raciocínios usados na resolução dos

problemas de processo; apenas foi capaz de o fazer nas duas últimas tarefas, embora

tenha sido, constantemente, alertado para a sua importância, no processo matemático.

Nas tarefas 24, 25 e 26, o par foi um pouco mais autónomo e mais activo. No

entanto, continuou a revelar muita dificuldade ao nível da comunicação escrita dos

raciocínios usados ou do simples registo solicitado.

Nas tarefas 27 e 28, o par revelou maior capacidade de organização de trabalho

conjunto, mas deparou-se com a dificuldade no que respeita às regras elementares de

concordância, sobretudo entre o sujeito e o verbo na escrita do enunciado, bem como ao

nível da escrita legível, com correcção ortográfica do vocabulário relacionado com a

figura apresentada.

Houve alguma superação das dificuldades, sobretudo no estabelecimento de

diálogo entre os elementos do par, tornando-se mais activos e mais empenhados no

trabalho. Contrariamente ao que foi observado no início do estudo, a discussão de ideias

permitiu a partilha de saberes e uma participação mais activa no trabalho.

Dificuldades evidenciadas na Matemática. Este par revelou pouca capacidade

de iniciativa e mostrou-se pouco à vontade na selecção das estratégias adequadas à

resolução de todos os problemas de processo. Este aspecto constituiu um verdadeiro

entrave à resolução das tarefas. É importante salientar que, inicialmente, este par se

debateu com o problema da falta de apoio de um dos elementos. A determinada altura,

Diogo exigiu a participação do colega que, até então, se mantivera calado e

desinteressado.

O par evidenciou algumas lacunas, ao nível do domínio de conceitos matemáticos,

especificamente os conceitos de medição. Demonstrou dificuldade na interpretação da

divisão do próprio segmento de recta (tarefa 8), na medida em que não relacionava a

distância diária percorrida por cada caracol com uma parte, mas apenas com os seus

extremos. Manifestou, ainda, dificuldade na discussão com os outros e na comunicação

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das suas descobertas, condicionando, de certo modo, o interesse e empenho pela tarefa.

Manifestou dificuldade em proceder organizadamente. Na tarefa 9, o par esteve pouco à

vontade com a combinação dos diferentes sabores dos gelados, sem que estes se

repetissem. A selecção das estratégias usadas, o desenho, condicionou, de certo modo, a

execução da tarefa, porque o modo como o fizeram proporcionou algumas repetições.

Se o par tivesse elaborado uma lista organizada, não haveria, certamente, tanta confusão

e os resultados teriam sido diferentes. Também na tarefa 11, a estratégia usada foi muito

demorada, uma vez que o par foi registando, por escrito, e contando, ao mesmo tempo,

os algarismos registados. O facto de não ter concluído a tarefa deve-se, sobretudo, à

falta de persistência e de confiança no trabalho, porque esteve a um passo da solução.

Embora tenha manifestado persistência e empenho na execução da tarefa 13, o

par não concluiu a última questão, porque considerou que não era possível efectuá-la. A

dificuldade evidenciada, neste caso, situa-se ao nível da percepção visual e pensamento

divergente.

A maior dificuldade (tarefa 24) registou-se ao nível do raciocínio e do cálculo

mental. A construção dos quadrados de dominó pressupunha que o par fosse perspicaz e

mais activo. Pelo contrário, manifestou pouca segurança na compreensão do que era

pretendido.

Influência da Língua Portuguesa na Matemática. O par manifestou

dificuldades, a vários níveis: na leitura, dado o insuficiente exercício da mesma,

conduziu à falha na compreensão do texto. Não foi feita a identificação do conteúdo da

mensagem, com conhecimentos adquiridos, conforme o defendido por Malta (2003); na

interpretação/compreensão dos enunciados, dada a sua extensão e a complexidade, uma

vez que exigiam mais que uma operação e mais do que um raciocínio; na retenção de

informação a partir dos enunciados, uma vez que o par não recorria o necessário à

leitura; no conhecimento de vocabulário pouco diversificado, na dificuldade da

descoberta do sentido das palavras e no estabelecimento de relações entre elas.

O par estranhou, a nível visual, os enunciados longos, comparando-os a

“histórias”. E o facto de possuírem mais que uma questão e por vezes inter-ligadas, foi

motivo de apreensão. Isto mostra que o par está habituado a questões mais directas e, de

certa forma, isoladas, ou pelo menos não inter-relacionadas.

Este par manifestou muita insegurança ao nível da interdependência e inter-

relação entre os raciocínios, tendo bloqueado, completamente, em algumas situações.

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Para resolver tal bloqueio, a investigadora utilizou questionários de interpretação oral,

discussão de ideias sobre o significado das palavras, sobre a descoberta do sentido das

palavras desconhecidas e a explicitação do vocabulário de uso menos corrente. Em

todas as tarefas propostas o par manifestou pouca autonomia e pouca capacidade de

exploração textual, exigindo um apoio permanente nesta área, de modo a poder resolver

as tarefas. A resolução, pelo par, foi iniciada impreterivelmente, após esta fase de

esclarecimento.

Ao que tudo indica, as dificuldades evidenciadas na Língua Portuguesa

condicionaram o desempenho do par na Matemática, porque revelou muita dificuldade

em iniciar o trabalho atempadamente e em seleccionar as estratégias adequadas à

resolução das tarefas. Também estes aspectos apontam no sentido de haver uma nítida

influência do domínio da Língua Portuguesa no ensino/aprendizagem da Matemática.

Além disto, houve outros aspectos ligados à Matemática, nomeadamente o cálculo

mental, a percepção visual e o pensamento divergente, que não dependem da Língua

Portuguesa e que influenciaram o desempenho a Matemática.

Avaliação das tarefas pelos alunos. Nas suas entrevistas, os alunos referiram

que gostam da Matemática, porque desperta o raciocínio e “ajuda a resolver os

problemas”. Esta opinião é partilhada pela mãe de Alexandre, para quem é “a disciplina

mais importante”. Os alunos referiram gostar de fazer contas. Alexandre, todavia,

referiu que “dividir por números decimais é muito difícil”. Diogo afirmou que não gosta

de resolver problemas. Apesar disso, referiu que gostou de resolver os problemas de

processo, “porque foram divertidos, tivemos de dizer o que pensávamos e de escolher

uma estratégia para desenvolver a resposta”. Alexandre preferiu a formulação de

problemas, por serem “actividades fáceis e por ser uma actividade nova na

Matemática”.

Referiram que a resolução de problemas é uma actividade fundamental na

Matemática, pois é divertida, embora difícil. Por essa razão, consideraram que

manifestaram algumas dificuldades devidas à leitura e à compreensão dos enunciados.

Relativamente à comunicação dos raciocínios usados, Diogo considerou fácil, “porque

se soubesse fazer o problema, sabia explicar o raciocínio”, pelo contrário o Alexandre

achou tal actividade muito difícil.

Concordaram que para entenderem a Matemática têm, antes de tudo, de saber

Língua Portuguesa, ao nível “da leitura, da compreensão e interpretação de textos,

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porque “se não se souber ler, não se consegue resolver os problemas”. Para se resolver

um problema é preciso saber ler e compreender muito bem o enunciado.

Resumo

Este par manifestou, inicialmente, pouca capacidade de cooperação no trabalho

conjunto, pela não participação de um dos elementos. No entanto, esta situação foi-se

alterando com o desenrolar das tarefas.

Durante a realização das tarefas de resolução de problemas, o par revelou

bastante insegurança, devido à dificuldade manifestada na interpretação/compreensão

dos enunciados matemáticos e, sobretudo, à pouca capacidade de retenção de

informação, a partir dos enunciados escritos, por não se ter empenhado, devidamente, na

leitura dos mesmos. Assim, a execução da maioria das tarefas só foi possível graças a

ajudas que lhe foram proporcionadas nesse sentido. Demonstrou, também, muitas

dificuldades ao nível da comunicação oral e sobretudo da comunicação escrita dos

raciocínios usados.

Este par manifestou algumas competências ao nível da Língua Portuguesa e da

Matemática e conseguiu identificar alguns conceitos envolvidos. No entanto, por vezes,

foi pouco persistente no trabalho, tendo, por isso mesmo, obtido níveis de desempenho

razoáveis, mas com a ajuda proporcionada.

O desempenho deste par aponta no sentido de haver uma afinidade entre as duas

áreas envolvidas - Língua Portuguesa e Matemática. Tudo indica que o início atribulado

das tarefas foi devido essencialmente à pouca capacidade do par na

interpretação/compreensão dos enunciados. Este aspecto não permitiu também a

selecção rápida das estratégias adequadas à resolução dos problemas.

O par tornou-se mais responsável e mais consciente da necessidade da

exploração dos enunciados, através de uma leitura atenta e cuidada. À medida que

decorria o estudo, verificou-se maior capacidade de diálogo entre ambos e mais

interesse pelo trabalho proposto.

Verificou-se alguma superação nas dificuldades, ao nível da comunicação entre

ambos, o que facilitou o trabalho conjunto.

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Par D: Filipa e Pedro Miguel Competências manifestadas. Ao longo da realização das tarefas efectivas, no

âmbito do estudo, o par manifestou várias competências em Língua Portuguesa e

Matemática (Quadro 5.4). Além destas competências, o par manifestou, ainda, outras,

conforme Anexo 40 - C.

Competências manifestadas em Língua Portuguesa

Competências manifestadas na Matemática

-aptidão para ler fluentemente, permitindo a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados; -retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos; -aptidão para interpretar e compreender enunciados orais e escritos; -reconhecer os domínios lexical, morfológico, sintáctico, semântico e pragmático ao nível da oralidade e da escrita; -usar estratégias de raciocínio verbal na resolução de problemas; -aptidão para escrever com a devida correcção ortográfica, enunciados relacionados com as figuras apresentadas; -reconhecimento de técnicas básicas de organização textual; -aptidão para estruturar ideias e frases; -aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e regras gramaticais básicas; -discutir e comunicar oralmente com os outros as suas descobertas.

-capacidade de usar a matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; -predisposição para procurar entender a estrutura de um problema e para desenvolver processos de resolução, assim como para analisar os erros cometidos e ensaiar estratégias alternativas; -aptidão para identificar figuras geométricas e identificação de algumas das suas propriedades; -compreensão de conceitos matemáticos. -aptidão para realizar investigações que recorram a dados de natureza quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de conclusões; -aptidão para ler e interpretar tabelas e gráficos e para comunicar os resultados das interpretações feitas; -formular problemas a partir de situações matemáticas.

Quadro 5.4 – Competências manifestadas pelo Par D

Níveis de desempenho nas tarefas. Este par demonstrou sempre muito

interesse e empenho nos trabalhos desenvolvidos, discutindo entre si as suas ideias e as

suas descobertas, cooperando persistentemente no trabalho conjunto, na procura da

solução. Ao longo da realização das tarefas, este par revelou bastante segurança e

determinação na sua resolução, manifestando à vontade com as situações com que se foi

confrontado.

Inicialmente, o par pareceu conferir função prioritária aos cálculos, partindo

muito rapidamente para a procura das soluções, sem se preocupar com a exploração dos

enunciados, como foi o caso da tarefa 8. Tal exigiu, por isso, maior apoio da parte da

investigadora. No entanto, este par apercebeu-se imediatamente da importância da

leitura e das suas implicações, na resolução das tarefas. Apesar de não se ter verificado

qualquer explicação, tanto oralmente como por escrito nas três primeiras tarefas, a partir

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da quarta, o par já foi capaz de explicar, oralmente e por escrito, os procedimentos e

raciocínios usados, mantendo-se assim até ao final das tarefas propostas. Assim, o nível

de desempenho obtido nas tarefas 8, 13, 9, 11, 12, 17, 25, 27 e 28 foi bom, conforme se

pode verificar nos quadros de desempenho, constantes dos Anexos 39, 39-A e 39-B. A

estratégia usada na resolução da tarefa 11 foi muito trabalhosa, porque o par contou os

números de 1 a 9; contou os números de 10 a 99 e multiplicou por 2; contou os números

de 100 a 200 e multiplicou por 3; por último, fez tentativas até chegar aos 501

algarismos. Foi o par que chegou mais perto da solução do problema. Nas tarefas de

formulação de problemas, manifestou muito interesse e empenho na sua realização, na

cooperação do trabalho em conjunto para a sua execução e, sobretudo, foi muito

persistente na realização das tarefas, a contar pelo número de vezes que formulou os

problemas. Nas restantes tarefas (24 e 26), os níveis de desempenho obtidos foram

excelentes, conforme se vê no Anexo 39-A. Aquando da realização das tarefas 24, 25 e

26, o par manifestou muita satisfação, porque na sua consecução utilizou material de

apoio que lhe proporcionou momentos agradáveis de aprendizagem da Matemática, por

envolverem uma vertente lúdica.

A tomada de consciência de que uma leitura atenta e cuidada dos enunciados

garante uma maior facilidade na resolução das tarefas propostas, constituiu um aspecto

importante, na evolução do trabalho deste par. Também ao nível da

explicitação/demonstração escrita dos raciocínios, houve uma evolução positiva. O par

compreendeu que, afinal, as respostas elaboradas não explicitavam os passos seguidos

na resolução dos problemas. Alterou, por isso, os seus procedimentos a partir da quarta

tarefa.

Globalmente, o nível de desempenho obtido por este par, na resolução das

tarefas, foi bom.

Dificuldades evidenciadas em Língua Portuguesa. Inicialmente, o par

manifestou dificuldade na interpretação/compreensão do enunciado da tarefa 8, porque

a leitura e a interpretação do enunciado não foi devidamente trabalhada, no sentido de

uma boa compreensão da tarefa. No entanto, esta situação alterou-se à medida que foi

resolvendo as restantes tarefas, dado que tomou consciência da necessidade de efectuar

uma boa leitura para uma boa compreensão do problema, bem como para a selecção da

estratégia adequada à sua resolução.

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Também teve dificuldade na decodificação e descoberta do significado das

palavras “números” e “algarismos” (tarefa 11). O desconhecimento do vocabulário

apresentado condicionou, de algum modo, a interpretação e a compreensão, bem como a

escolha da estratégia e a resolução da tarefa. Isto vem de encontro ao que foi defendido

por Castro (2000).

Nas tarefas 8, 13 e 9, manifestou dificuldade na comunicação oral e escrita dos

raciocínios usados. No final de cada uma destas tarefas, o par apresentou por escrito

uma resposta ao problema, conforme estava habituado na resolução dos problemas

rotineiros, em que usa as quatro operações básicas. Explicar os raciocínios usados,

pareceu não ser muito habitual neste par.

Houve superação nas dificuldades, sobretudo, ao nível do recurso frequente à

leitura e exploração dos enunciados matemáticos. Verificou-se, uma preocupação maior

em recorrer à leitura dos enunciados, perante dúvidas que iam surgindo.

Verificou-se que os níveis de desempenho obtidos nas tarefas de investigação

matemática foram superiores aos das restantes, porque foram as actividades que mais

cativou o par e pelas quais manifestou mais agrado e por essas razões, talvez se tenha

empenhado mais.

Dificuldades evidenciadas na Matemática. O par manifestou dificuldade na

aplicação de conceitos, ao nível das medições. No entanto, esta situação foi ultrapassada

com a ajuda da régua graduada. O par sentiu necessidade de desenhar figuras

geométricas (tarefa 13), procurando aquelas em que o número de lados fosse igual ao

número de filas, para lhes facilitar a disposição dos meninos pelas filas correspondentes.

Não terminou, porém, a tarefa, devido, provavelmente às dificuldades sentidas ao nível

da percepção visual e do pensamento divergente. Pedro Miguel chegou, todavia, a

sugerir a disposição em forma de estrela. Na resolução da tarefa 11, foram evidenciadas

algumas dificuldades ao nível do cálculo mental e cálculo escrito, pois o par errou os

cálculos efectuados.

Verificou-se superação de dificuldades ao nível do desenvolvimento da

capacidade de encontrar estratégias, de testá-las, de reformulá-las e de aplicá-las a

situações concretas, porque o par manifestou sempre muita capacidade de raciocínio e

apresentou quase sempre um bom cálculo mental. Além disso, ambos os elementos do

par foram sempre muito aplicados na realização do trabalho.

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Influência da Língua Portuguesa na Matemática. O recurso frequente à

leitura dos enunciados das tarefas proporcionou, a este par, maior autonomia na sua

resolução. A agilidade manifestada em Língua Portuguesa parece ter contribuído

positivamente para a resolução das tarefas. Com efeito, sempre que surgia alguma

dúvida ou dificuldade, o par tentava superá-la, fazendo-o com recurso à leitura do

enunciado. Na primeira tarefa, este par manifestou alguma insegurança e dificuldades

em resolvê-la, necessitando de ajuda constante, da parte da investigadora, porque não

deu a importância devida ao enunciado.

Os níveis de desempenho obtidos nas tarefas melhoraram significativamente, a

partir do momento em que o par leu, interpretou e compreendeu os enunciados. O

domínio da Língua Portuguesa influenciou o desempenho do par na resolução das

tarefas. A nível do léxico, mostrou possuir um variado e amplo vocabulário activo, o

que lhe permitiu uma melhor compreensão dos enunciados. Apesar da extensão e

ambiguidade na interpretação dos enunciados, o par manteve-se atento e, ao nível da

micro-análise, procurou decompor o que lhes era pedido dentro das questões, mesmo no

que se refere a frases mais complexas.

Na formulação de problemas, procurou, através de frases curtas, mas

organizadas, expor as suas ideias. Fê-lo exaustivamente, até ficarem claras e precisas.

Daí a preocupação em refazer o primeiro enunciado pela quarta vez. Deste modo, o par

mostrou ter conhecimento dos domínios morfológicos e sintácticos, quer ao nível da

interpretação/compreensão dos enunciados, quer da sua escrita.

Avaliação das tarefas pelos alunos. Estes alunos referiram gostar da

Matemática, porque podem fazer actividades divertidas, usando materiais, além de se

aprender a contar os números e a dividi-los, entre outros aspectos. Pedro Miguel referiu

gostar mais de trabalhar as actividades de investigação matemática, embora não tenha

ainda muita prática, porque só agora começou a fazê-lo. Gostou menos de resolver

problemas de processo, “porque são os mais difíceis”, não sabendo muito bem explicar

porquê. Filipa referiu que gosta mais de fazer contas e menos de “reduções”.

A tarefa preferida deste par foi a construção de quadrados de dominó, “porque é

divertido usar material na Matemática”. Referiram que gostam de resolver problemas,

mas, na opinião de Pedro Miguel, “os mais fáceis são aqueles que se fazem com contas;

os de processo são muito difíceis, por causa das estratégias que temos que usar”. A sua

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colega pensa exactamente o contrário: nos problemas de processo é que “é divertido

descobrir as respostas, porque parece um jogo de adivinhar”.

Os dois alunos referiram que foi muito difícil explicar por escrito os raciocínios

usados na resolução dos problemas. No entanto, a Filipa não soube explicar a razão,

enquanto o Pedro Miguel referiu que “foi quase como dizer o problema”.

Ambos concordaram que para aprenderem Matemática é importante saber ler,

escrever e interpretar o enunciado. Referiram ainda que se fizerem uma leitura bem feita

e uma interpretação adequada do enunciado, terão mais facilidades na resolução do

problema.

Resumo

Este par estabeleceu entre si uma interacção frequente, discutindo e

confrontando as ideias e as suas descobertas, na procura da solução das tarefas.

Inicialmente, manifestou alguma dificuldade na interpretação/compreensão dos

enunciados, mas foi superada com o recurso frequente à leitura e à análise dos mesmos.

O empenho no trabalho e a boa disposição estiveram sempre presentes ao longo da

resolução das tarefas, tendo contribuído para a obtenção global do nível bom.

Evidenciou dificuldades, sobretudo, ao nível dos conceitos de medição, na

comunicação e explicitação escrita dos raciocínios usados na resolução dos problemas

de processo e na interpretação/compreensão dos enunciados das primeiras tarefas. Além

de manifestar todas as competências enumeradas no Quadro 5.4, o par conseguiu, quase

sempre, manifestar outras competências, tanto em Língua Portuguesa, como em

Matemática e dominar os conteúdos do 4.º ano de escolaridade.

O desempenho deste par, na resolução das tarefas, aponta no sentido de haver

uma ligação forte entre o desempenho em Língua Portuguesa ao nível da leitura,

interpretação/compreensão e o desempenho em Matemática na resolução das tarefas.

Este par registou evoluções na leitura, na interpretação/compreensão dos

enunciados, na explicitação/demonstração escrita dos raciocínios e no desenvolvimento

da capacidade de encontrar estratégias de resolução de problemas.

Todas as dificuldades evidenciadas pelo par foram sendo superadas à medida

que se iam desenrolando as tarefas.

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Análise comparativa do desempenho dos pares nas tarefas

Competências manifestadas nos vários tipos de tarefas Destacaram-se os pares A e D pelos bons desempenhos prestados na resolução

das tarefas propostas. No entanto, foi o primeiro par que, mais e melhores

competências, manifestou, tanto em Língua Portuguesa como Matemática. Porém, o

par D não esteve tão distante assim. Estes pares eram compostos por elementos com

bons e razoáveis aproveitamentos escolares, tanto em Língua Portuguesa como em

Matemática. Assim, os pares que foram bons em Língua Portuguesa, também foram

bons em Matemática. No entanto, no par D, verificou-se algo curioso. Neste par, o

elemento com aproveitamento razoável em Língua Portuguesa e bom em Matemática

foi quase sempre muito persistente. Por isso, quando revelava dificuldades na resolução

de alguma tarefa, esforçava-se por melhorar, como foi o que aconteceu com a

formulação do problema pela quarta vez.

Os pares B e C manifestaram menos competências que os pares anteriores,

obtendo, também, níveis de desempenho inferiores. No entanto, atendendo a que estes

pares eram compostos por elementos com aproveitamento escolar inferior, não é de

estranhar tal facto. Nestes pares, os elementos, com melhor aproveitamento a Língua

Portuguesa, ajudaram os mais fracos na resolução das tarefas de Matemática.

Tendo em conta os pares usados e as tarefas realizadas no âmbito da

resolução/formulação de problemas e tarefas de investigação matemática, poder-se-á

concluir que, ter bom domínio e bom desempenho em Língua Portuguesa, é essencial

para ser bom em Matemática. Tal facto não será verificado, certamente, relativamente à

realização de exercícios matemáticos que não implicam a leitura e a interpretação de

enunciados. No sentido de superar tais dificuldades, é fundamental o confronto dos

alunos com tarefas de resolução de problemas, desde o nível mais elementar. A

Matemática passa um pouco pela realização de exercícios rotineiros e mecanizados,

como por exemplo: Completa conforme o exemplo. Neste exercício não há

oportunidade de ler, interpretar e compreender enunciados.

Tarefas de resolução de problemas. Estas tarefas proporcionaram, aos pares A

e D, a exteriorização de competências diversas em Língua Portuguesa: aptidão para ler

fluentemente, permitindo a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados;

retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos; aptidão para interpretar e

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compreender enunciados orais e escritos; reconhecer os domínios lexical, morfológico,

sintáctico e semântico ao nível da oralidade e da escrita. Proporcionaram, ainda, ao Par

A, a aptidão para se exprimir de forma confiante, clara e audível, com adequação ao

contexto e ao objectivo comunicativo.

Nos pares B e C foram exteriorizadas as competências seguintes: aptidão para

efectuar leituras fluentes; retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos;

aptidão para interpretar e compreender enunciados orais e escritos.

Ao nível da Matemática, proporcionaram aos pares A e D a exteriorização de

competências diversas: capacidade de usar a matemática para analisar e resolver

situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; predisposição para procurar

entender a estrutura de um problema e para desenvolver processos de resolução, assim

como para analisar os erros cometidos e ensaiar estratégias alternativas; aptidão para

identificar figuras geométricas e identificar algumas das suas propriedades;

compreensão de conceitos matemáticos. Nos pares B e C, proporcionaram a

exteriorização das competências seguintes: capacidade de usar a matemática para

analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; aptidão para

identificar figuras geométricas e identificar algumas das suas propriedades;

compreensão de conceitos matemáticos.

Tarefas de investigação matemática. Ao nível da Língua Portuguesa, estas

tarefas proporcionaram, a todos os pares, a exteriorização das mesmas competências

enumeradas na resolução de problemas.

Na Matemática, proporcionaram, também a todos os pares, a exteriorização da

seguinte competência: aptidão para realizar investigações que recorram a dados de

natureza quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de

conclusões.

Tarefas de formulação de problemas. Estas tarefas proporcionaram, aos pares

A e D, a exteriorização de competências diversas em Língua Portuguesa: aptidão para

escrever, com correcção ortográfica, enunciados relacionados com as figuras

apresentadas; reconhecimento de técnicas básicas de organização textual; aptidão para

estruturar ideias e frases; aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e

regras gramaticais básicas; discutir e comunicar oralmente com os outros as suas

descobertas. Ao par B, proporcionaram, apenas, o reconhecimento de técnicas básicas

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de organização textual; a aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e

regras gramaticais básicas. Ao par C, proporcionaram o reconhecimento de técnicas

básicas de organização textual; aptidão para estruturar ideias e frases; a aptidão para

respeitar as regras elementares de concordância e regras gramaticais básicas.

Na Matemática, proporcionaram, aos pares A, C e D, as competências

seguintes: aptidão para ler e interpretar tabelas e gráficos e para comunicar os resultados

das interpretações feitas; aptidão para formular problemas, a partir de situações

matemáticas. Ao par B, proporcionaram, apenas, a aptidão para formular problemas a

partir de situações matemáticas.

Análise comparativa das dificuldades evidenciadas A grande maioria das dificuldades detectadas nos pares relacionou-se com a

interpretação/compreensão dos enunciados dos problemas, porque também

manifestaram dificuldade no conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico,

ao nível da interpretação/compreensão de enunciados orais e escritos. Além disso, os

pares B e C recorreram com pouca frequência à leitura dos enunciados dos problemas,

não conseguindo superar as dificuldades evidenciadas na compreensão das tarefas. Os

aspectos de compreensão de textos são referidos por Sequeira (1990), Castro (2000) e

Luria (1987) como um processo cognitivo de busca de sentidos que exige uma enorme

acção da memória. Estes autores defendem que o processo de compreensão está ligado à

percepção dos significados das palavras, bem como à decodificação das regras

sintácticas da sua combinação, sendo fundamental, para tal, o conhecimento de uma

gama alargada de vocabulário.

Todos os pares evidenciaram diversas dificuldades, nomeadamente no

estabelecimento de relações de significado entre as palavras “números e algarismos”; na

comunicação escrita, ao nível da demonstração/exposição dos raciocínios usados na

resolução das tarefas; na capacidade para medir; na percepção visual e no pensamento

divergente; e em ultrapassar ideias pré-concebidas na Matemática. Provavelmente, tais

dificuldades são devidas ao facto de os pares estarem habituados a outro tipo de trabalho

na aula de Matemática, nomeadamente exercícios pouco diversificados e pouco

exigentes a nível cognitivo. Por vezes, os materiais e recursos usados não serão os mais

indicados para despertar, nos alunos, o gosto pela Matemática, persistindo as

concepções não fundamentadas e irreais relativamente à disciplina. A falta de hábitos

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de comunicação na Matemática e de explicação dos raciocínios poderão ter constituído

aspectos limitadores na expansão das ideias dos pares ao nível da escrita.

Todavia, este tipo de dificuldades poderá ser ultrapassado com recurso

frequente à leitura, como meio de alargar o conhecimento de vocabulário activo. Além

disso são resolvidos, ainda, problemas relacionados com a interpretação ambígua da

parte dos mesmos. Devido às dificuldades apresentadas e à solicitação da parte dos

pares B e C, foi feita a exploração oral dos enunciados, como forma de superar algumas

das dificuldades de interpretação e compreensão dos textos.

Tarefas de resolução de problemas. Todos os pares de estudo evidenciaram

dificuldades na resolução das tarefas (8, 13, 11 e 9). A maior dificuldade (tarefa 8)

verificou-se ao nível da medição do segmento de recta, utilizado como estratégia para a

sua resolução. Além disso, os pares B, C e D também manifestaram muita insegurança

na selecção da estratégia adequada. Inicialmente, o trabalho conjunto foi, para o Ricardo

(Par A) e para o Alexandre (Par C) um obstáculo. Estes elementos eram muito

individualistas, não gostavam de partilhar, nem confrontar as suas opiniões com os seus

colegas. À medida que se foram desenrolando as sessões, esta situação foi tomando

outro rumo. Tanto o Ricardo como o Alexandre foram-se tornando mais sociáveis,

passando a conferir maior relevância ao trabalho conjunto.

Nenhum dos pares foi capaz de resolver a última questão da tarefa 13, devido a

dificuldades de percepção visual e pensamento divergente. A tarefa 11 parece ter sido

complexa, porque nenhum dos pares foi capaz de a resolver, devido talvez à confusão

gerada pelo vocabulário e à interpretação ambígua do enunciado por eles efectuada. De

modo semelhante, na tarefa 9, os pares B e C manifestaram dificuldade ao nível das

competências em Língua Portuguesa, sobretudo ao nível da interpretação/compreensão

do vocabulário usado. No entanto, também os outros pares, na segunda questão,

apresentaram, apenas, oito possibilidades de combinar os sabores dos gelados, quando

efectivamente eram dez. Esse facto ficou a dever-se a ideias pré-concebidas dos pares,

relativamente ao item, anteriormente, resolvido.

Todos os pares evidenciaram dificuldades na comunicação escrita dos

raciocínios usados na resolução das tarefas, uma vez que nenhum deles procedeu ao seu

registo escrito, nas três primeiras tarefas.

Tudo indica que as razões que estiveram na base das dificuldades manifestadas,

particularmente pelos pares B e C, se encontram relacionadas com a

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interpretação/compreensão dos enunciados, devido ao fraco recurso à leitura e análise

dos dados dos problemas, à forma “agarrada” da resolução de problemas, através das

quatro operações básicas (tarefa 8). Muito raramente valorizaram a leitura dos

enunciados como recurso fundamental na resolução das tarefas. Na maioria das

situações, os enunciados eram extensos, ficando os alunos bastante apreensivos,

relativamente à sua compreensão, na medida em que não possuíam hábitos de leitura,

nem sendo alargado o seu vocabulário activo. Por estas razões, ofereciam, muito

frequentemente, resistência à leitura, exigindo, sobretudo o Par C, a presença da

investigadora, na compreensão dos enunciados, na construção frásica e na exploração

do vocabulário. Por outro lado, o fraco domínio, a nível lexical, no enunciado também

constituiu razão de entrave à resolução de tarefas. As expressões “números inteiros de 1

a 500” e “parou exactamente depois de escrever 501 algarismos” pareceram aos alunos

completamente opostas e despropositadas, porque a maioria considerou que as palavras

números e algarismos eram sinónimas. Não ocorrendo outra estratégia, a maioria dos

pares efectuou o registo dos números e foi contando os algarismos. O Par D foi o que

esteve mais próximo da solução, mas uma maior dificuldade na contagem dos

algarismos dos números de 100 a 200, não permitiu que estes alunos concluíssem a

tarefa com sucesso. De modo semelhante, o vocabulário “sorvete” e “gelataria” (tarefa

9) limitou, de certo modo, a resolução pelo Par B. Este par foi, manifestamente, pouco

activo, tentando sempre inteirar-se do conteúdo dos pares vizinhos. A segunda questão

desta tarefa não foi concluída na totalidade, apesar de os pares considerarem que o

tinham conseguido. Nos dois últimos enunciados, os alunos não foram capazes de

estabelecer relações de significado entre as palavras, porque não dominavam os

conceitos de relações semânticas, tanto no que se refere a sinónimos/antónimos, como à

formação de palavras, como foi o caso de “gelataria”.

Além disso, os alunos consideraram os enunciados complexos, porque exigiam

mais do que uma operação e mais do que um raciocínio. A interdependência e inter-

relação entre as questões dos enunciados exigiam muita atenção e concentração dos

pares, na realização do trabalho. Como se tratam de pares pouco persistentes (B e C),

acabavam, na maioria das vezes, por desistir das tarefas.

Tudo indica que a razão pela qual os pares não procederam, na sua maioria, à

comunicação escrita dos raciocínios usados na resolução das tarefas, se deve

essencialmente ao facto de não terem sido implementados, na sala de aula, hábitos e

treinos nesse sentido. É que, geralmente, os alunos estão habituados a actividades que

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implicam pouco esforço a nível cognitivo, como seja, por exemplo, dar resposta aos

problemas resolvidos.

Tarefas de investigação matemática. Durante a realização das tarefas 24, 25 e

26, o par que evidenciou maior dificuldade ao nível da Língua Portuguesa, foi o B,

persistindo as mesmas dificuldades na interpretação/compreensão dos enunciados e no

conhecimento lexical. Apesar das frases que constituíam os enunciados serem mais

curtas, as questões eram mais vagas e mais abertas, tendo causado alguns entraves à sua

resolução, particularmente, pelo par referido. Na sua maioria, as questões propostas

continuaram a ser diversas em cada enunciado, o que não facilitou o trabalho do par,

pelas mesmas razões. Este aspecto pode ter dificultado o desempenho de alguns pares

mais adaptados a questões semelhantes.

Tanto o Par B como o Par C evidenciaram dificuldades na comunicação escrita

dos raciocínios usados ou nos simples registos efectuados. Entretiveram-se com o

material fornecido, nomeadamente, os dominós e o geoplano, e não se preocuparam

com os restantes itens das tarefas. As prováveis razões que levaram os alunos a

proceder deste modo parecem estar relacionadas com o seu reduzido contacto com este

tipo de materiais, na aula de Matemática, e à pouca capacidade de associação da

aprendizagem da Matemática a situações lúdicas.

No que se refere ao trabalho dos outros pares, foi interessante observar os seus

empenhos e a satisfação com que o fizeram.

Tarefas de formulação de problemas. Este tipo de tarefas constituiu uma

novidade para todos os pares. Na primeira tarefa manifestaram alguma estranheza pelo

facto de se depararem com a solução do problema, em vez do enunciado. Porém, logo se

adaptaram, com alguma facilidade, à realização do trabalho inverso do habitual -

formular problemas em função de uma solução.

Ao nível da Matemática, o Par B foi o que mais dificuldades evidenciou na

interpretação/compreensão do gráfico apresentado (tarefa 27), e na capacidade de

aplicação e associação de outros conceitos matemáticos. Ao nível da Língua

Portuguesa, evidenciou dificuldades, sobretudo, na estruturação de ideias e das frases,

na escrita ortográfica e na capacidade de usar a escrita como substituto do oral.

A estranheza e as dúvidas surgidas, inicialmente, são devidas, provavelmente, ao

facto de os pares não estarem habituados a este tipo de tarefas.

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141

CAPÍTULO VI – Conclusões

Neste capítulo, são dadas as respostas às questões formuladas no início do

estudo. De seguida, são apresentadas algumas limitações do estudo, recomendações

para futuras investigações e tecidas considerações finais.

Respostas às questões da investigação

O presente estudo teve como principal objectivo analisar a relação entre a

Língua Portuguesa e a aprendizagem da Matemática, nos aspectos fundamentais da

interpretação e compreensão de enunciados de problemas, ao nível da

resolução/formulação de problemas e de actividades de investigação matemática. Este

problema foi desdobrado em três conjuntos de questões:

1- Como se caracteriza o desempenho de alunos do 4.º de escolaridade, na

resolução de problemas? Que competências manifestam? Como evoluíram

essas competências ao longo do estudo?

O desempenho dos pares de alunos, na resolução de problemas, dependeu muito,

não só do nível de competências manifestadas na área da Matemática, dos conceitos

envolvidos na resolução das tarefas, mas também e essencialmente das competências

manifestadas na área de Língua Portuguesa. Neste sentido, os pares de estudo que

recorreram, com frequência, à leitura dos enunciados, que deles fizeram uma

interpretação/compreensão adequada e dominaram com facilidade o vocabulário usado,

tanto oral como escrito, apresentaram maior facilidade e melhor desempenho na

resolução dos problemas. Estes pares eram constituídos por alunos com razoáveis e

bons desempenhos em Língua Portuguesa. Pelo contrário, os outros pares, porque não

deram a devida atenção à leitura, dela não fizeram uso na interpretação/compreensão

dos enunciados, não compreenderam o vocabulário, porque este era reduzido e pouco

diversificado, obtiveram níveis de desempenho inferiores. Estes pares eram constituídos

por alunos com desempenhos razoáveis e fracos em Língua Portuguesa.

Os pares manifestaram diversas competências em Língua Portuguesa: leitura

fluente, compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados; retenção de

informação, a partir de enunciados orais e escritos; interpretação e compreensão de

enunciados orais e escritos; reconhecimento de aspectos lexicais, morfológicos,

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sintácticos e semânticos, ao nível do oral e do escrito; expressão confiante, clara e

audível, com adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo; uso de estratégias de

raciocínio verbal, na resolução de problemas; discussão e comunicação oral das

descobertas; escrita ortográfica; utilização de técnicas básicas de organização textual;

estruturação de ideias e frases; respeito pelas regras gramaticais elementares de

concordância.

Na Matemática, os pares manifestaram as seguintes competências: uso da

Matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e

comunicar; entendimento da estrutura de um problema e desenvolvimento dos

processos de resolução, análise dos erros cometidos e ensaio de estratégias alternativas;

identificação de figuras geométricas e algumas das suas propriedades; realização de

investigações com recurso a dados de natureza quantitativa, envolvendo recolha e

análise de dados e elaboração de conclusões; leitura e interpretação de tabelas e gráficos

e comunicação dos resultados das interpretações feitas; e formulação de problemas, a

partir de situações matemáticas. Nalgumas tarefas, nem todos os conceitos foram

completamente identificados, devido, em grande parte, a ideias pré-concebidas, a

dificuldades na percepção visual, em usar pensamento divergente e a concepções que os

pares possuíam acerca dos enunciados e da disciplina em geral.

Todas as competências enumeradas foram completamente manifestadas por dois

pares com bom desempenho. Manifestaram, eventualmente, outras competências:

comunicação escrita dos raciocínios usados na sua resolução; estabelecimento de

relações de significado entre as palavras e descoberta, num contexto, do sentido de

palavras desconhecidas; reconhecimento de vocabulário diversificado e de estruturas

gramaticais e sintácticas; decifração automática de enunciados matemáticos, localização

de informação em material escrito e apreensão do significado global de um texto. Além

disso, observou-se confronto de ideias dentro de cada par. Raramente foi possível,

porém, o confronto de ideias entre pares, por falta de tempo; realização de inferências e

formulação de conclusões lógicas; atribuição de sentido a problemas numéricos e

reconhecimento das operações necessárias à sua resolução. Algumas vezes, discutiram

com outros e comunicaram descobertas e ideias matemáticas, oralmente, utilizando

linguagem não ambígua e adequada à situação.

Os outros pares, com desempenho inferior, apenas manifestaram algumas destas

competências, quer em Língua Portuguesa quer em Matemática. Revelaram muitas

dificuldades na interpretação/compreensão dos enunciados das tarefas propostas, tendo

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sido necessário muito apoio, ao nível da Língua Portuguesa, para que fosse possível a

sua resolução, totalmente ou em parte.

As razões que contribuíram para que as competências manifestadas pelos

primeiros não tivessem sido manifestadas pelos segundos prendem-se, sobretudo, com a

dificuldade na selecção da estratégia adequada, na maioria das tarefas. Os pares

estranharam o facto de não usarem directamente os algoritmos das operações básicas, na

resolução das tarefas. Por outro lado, algumas destas dificuldades surgiram, porque os

pares não foram capazes de explorar a leitura dos enunciados das tarefas, apresentando-

se pouco persistentes a este nível. Não foram capazes de interpretar e compreender

inteiramente os enunciados, devido à sua falta de vocabulário activo e passivo. A

atenuação destas dificuldades ficou a dever-se, sobretudo, à exploração das tarefas da

parte da investigadora, permitindo, assim, que os pares realizassem os seus trabalhos,

ainda que de uma forma menos completa.

À medida que o estudo se foi desenrolando, as competências foram evoluindo,

sendo mais notórias nos dois pares com melhor desempenho. Foi dada maior atenção à

leitura e aos conteúdos dos enunciados das tarefas. Isto permitiu-lhes uma melhor

interpretação/compreensão do trabalho realizado, bem como maior capacidade de

comunicação, nomeadamente de expressão/demonstração dos raciocínios usados na sua

resolução. A instituição da comunicação escrita dos raciocínios pelos pares foi um

processo lento. No entanto, tornou-se uma competência sólida, no que se refere à sua

utilização. Isto mostra que os pares foram adquirindo novos hábitos de trabalho, com a

realização do estudo. Devido a certos comportamentos e atitudes dos pares, como, por

exemplo, o interesse e empenho na realização das tarefas, o confronto de ideias com as

dos outros, a cooperação no trabalho em conjunto na procura da solução, a persistência

na resolução da tarefa e a confiança no desenvolvimento das tarefas, permitiu-lhes,

também, a manifestação e a evolução das competências ao longo do trabalho. Nos pares

com desempenhos inferiores a evolução foi lenta. No entanto, verificou-se uma

mudança de atitudes relativamente ao trabalho de grupo e à resolução das tarefas.

2- Que dificuldades manifestam os mesmos alunos, ao nível da

interpretação/compreensão de enunciados matemáticos, quando resolvem

problemas? Que dificuldades manifestam em Matemática? Como justificar

e ultrapassar estas dificuldades?

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Na maioria das vezes, os pares manifestaram dificuldades na interpretação e

compreensão de enunciados, em diferentes domínios da língua. Além disso,

manifestaram dificuldades que resultaram, particularmente, do pouco cuidado na leitura

dos enunciados dos problemas. A sua educação em Língua Portuguesa, nomeadamente

quanto a hábitos de leitura, é insuficiente. Frequentemente, os pares associaram a

Matemática aos números e não à leitura dos enunciados. Partiram, por isso,

imediatamente para a resolução do problema, sem antes o terem lido e analisado

devidamente, fenómeno já observado por Pólya, citado em Vale e Pimentel (2004).

Verificou-se, ainda, que o vocabulário activo dos alunos era pouco diversificado,

uma vez que não foram capazes de reconhecer algum, nem conseguiram, a nível

semântico, estabelecer relações de significado que lhes permitissem descobrir o sentido

global do texto matemático.

Em enunciados um pouco mais extensos do que o habitual, os pares

manifestaram dificuldades no conhecimento sintáctico, nomeadamente, na compreensão

de frases complexas, tanto em orações coordenadas (presentes na maioria das tarefas de

resolução de problemas), como em subordinadas (presentes apenas numa tarefa). Este

aspecto constituiu um efectivo obstáculo à compreensão dos textos. A nível visual, os

alunos estranharam o texto longo, ficando bastante apreensivos.

As dificuldades manifestadas no domínio morfológico estiveram mais

relacionadas com as tarefas de formulação de problemas, sobretudo na estruturação das

ideias e das frases, na flexão das palavras e na relação que as mesmas estabelecem com

outras dentro de uma frase, bem como no estabelecimento de regras elementares de

concordância entre as palavras. Manifestaram, ainda, dificuldade ao nível dos sinais

auxiliares da escrita, concretamente, a utilização adequada dos sinais de pontuação.

Contrariamente ao vocabulário que induzia à resolução e à selecção da operação

básica nos problemas rotineiros (através de certas expressões e verbos, como “vendeu,

comeu, ganhou, distribui, etc.”) o vocabulário usado na resolução de problemas de

processo não permitiu aos alunos esta comodidade, porque a estrutura semântica dos

enunciados é muito diferente. Além disso, o facto de os enunciados possuírem mais do

que uma questão, obrigava os alunos a que estivessem muito concentrados, para não se

dispersarem. Este aspecto constituiu, igualmente, outra dificuldade, porque, ao que tudo

indica, os alunos estão habituados a questões mais directas e pouco ou nada inter-

relacionadas. Deste modo, os enunciados que exigiam mais que um tipo de operação e

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mais que um raciocínio foram considerados complexos, uma vez que foi difícil a

resolução de questões em simultâneo.

Em Matemática, a maioria dos pares manifestou dificuldades em ultrapassar

ideias pré-concebidas sobre a resolução de problemas, visto implicar, automaticamente,

a aplicação de uma ou várias das quatro operações básicas. Esta associação constituiu,

assim, um entrave à resolução dos problemas de processo apresentados, para os quais os

alunos tiveram de seleccionar estratégias adequadas de resolução, tais como o desenho,

o digrama, lista organizada, tabela. A resolução de problemas exige a utilização de

conhecimentos e o domínio de técnicas e por isso, frequentemente, surge associada a

sinónimo de dificuldade. Por estas razões, os alunos receiam não ser capazes de efectuar

trabalhos nesse domínio, considerando, na maioria das vezes, tratar-se de um trabalho

de difícil concretização. Além disso, ao resolverem problemas, os alunos estão a

abordar, transversalmente, as áreas da Língua Portuguesa e da Matemática. Esta

situação exige tanto conhecimentos numa área como noutra. Foram registadas, em

algumas tarefas, dificuldades ao nível da percepção visual e do pensamento divergente,

bem como no cálculo mental e na capacidade para medir, provavelmente, por falta de

resolução de tarefas do mesmo tipo nas aulas de Matemática. Inicialmente, todos os

pares de estudo manifestaram dificuldade na comunicação, nomeadamente na

demonstração e explicitação escritas dos raciocínios usados, por serem hábitos pouco

frequentes na sala de aula. No entanto, com o decorrer das sessões, verificou-se uma

evolução. Foram encorajados, por isso, a explicar, por escrito, os seus raciocínios e a

reflectirem sobre o que foi feito. Ao procederem deste modo, os alunos tiveram a

oportunidade de desenvolver competências metacognitivas, porque estiveram em

contacto com tarefas complexas de pensamento, como são as explicações dos passos

dos problemas de processo. Os alunos tornaram-se, assim, mais conscientes da

necessidade deste tipo de trabalho, na resolução de problemas, passando a dar-lhe a

importância devida. Este aspecto foi observado na formulação de problemas, quando no

final da tarefa, os pares com melhor desempenho escreveram: “Explica como pensaste”.

Também na entrevista final (Anexo 41), a professora da turma referiu que, após o

estudo, lhe pareceu que os alunos se tinham tornado mais conscientes dos métodos

usados e da apresentação das respostas.

Tais dificuldades ficam a dever-se ao fraco domínio da Língua Portuguesa, ao

nível da comunicação oral e escrita e do funcionamento da língua. Os pares com bom

desempenho em Língua Portuguesa foram capazes de ultrapassar as dificuldades que,

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eventualmente, foram surgindo. Pelo contrário, os pares com desempenhos inferiores

não ultrapassaram tais dificuldades, por falta de conhecimentos relacionados com a

Língua Portuguesa. A gama reduzida e pouco diversificada de vocabulário dos pares; a

pouca capacidade para efectuar leituras atentas e para reter a informação dos

enunciados, através da sua adequada interpretação e compreensão; o fraco

conhecimento linguístico, nos vários domínios, e a fraca aptidão para distinguir

significante de significado; a dificuldade em estabelecer relações semânticas entre

palavras e processos de formação de palavras constituíram as principais razões que

impediram a obtenção de melhores desempenhos em Matemática por estes pares.

A maioria das dificuldades manifestadas em Matemática teriam sido superadas

se os pares conseguissem uma melhor compreensão dos enunciados, uma vez que não

se pode resolver o que não se compreende. A educação para a literacia, referida em

Sardinha (2005), é um aspecto fundamental para ultrapassar as dificuldades

manifestadas na resolução das tarefas. Neste sentido, a criação de hábitos de leitura

poderá proporcionar atitudes de persistência no trabalho de leitura, no conhecimento de

uma gama mais diversificada de vocabulário no desenvolvimento da comunicação oral e

escrita, bem como na interpretação/compreensão de enunciados matemáticos. É

importante, ainda, que os alunos contactem, em Matemática, com tipos diversificados

de problemas, para ultrapassarem algumas das dificuldades manifestadas.

3- Como caracterizar a influência da Língua Portuguesa na resolução de

problemas de Matemática, explorados pelos mesmos alunos do 4.ºano de

escolaridade do 1.º ciclo do EB?

Dois pares obtiveram níveis de desempenho excelente e bom, porque tiveram

bastante facilidade na leitura, interpretação e compreensão dos enunciados das tarefas,

o que os ajudou na sua resolução. Contrariamente, os outros pares apresentaram

grandes dificuldades ao nível da Língua Portuguesa, obtendo níveis de desempenho

inferiores, tal como já haviam observado Figueiredo e Palhares (2005), entre outros

autores. As dificuldades manifestadas pareceram ser devidas à insuficiente educação

em Língua Portuguesa, no que diz respeito à leitura dos enunciados. O recurso pouco

frequente à leitura dos enunciados dificultou a sua interpretação/compreensão

adequada. Foi, contudo, ao nível do domínio lexical que mais se agravou o problema. A

gama reduzida de vocabulário activo não permitiu a interpretação e compreensão

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adequadas, impedindo a manifestação de várias competências matemáticas, ao nível da

selecção e utilização das estratégias de resolução, bem como o domínio de conceitos

envolvidos na sua resolução. As tarefas de resolução de problemas e investigações

matemáticas exigiram momentos de interacção e de diálogo entre os alunos. No

entanto, as falhas ao nível da comunicação oral impediram esse confronto, bem como a

partilha de ideias entre si, a discussão e a comunicação com os outros das suas

descobertas.

Os enunciados dos problemas de processo e de tarefas de investigação

matemáticas apresentam uma estrutura diferente dos problemas tradicionais. Os

primeiros, para poderem ser resolvidos, exigiram aos alunos uma maior capacidade de

leitura, interpretação e compreensão. Por serem enunciados mais extensos que os

habituais, a sua compreensão foi mais demorada, porque exigiu mais esforço, mais

concentração e mais tempo para resolver os problemas. Isto quer ao nível da

macroestrutura semântica do enunciado (sentido global), quer ao nível microestrutural

(vocabulário, expressões e frases). Quanto mais simples e directas forem as questões,

maior facilidade têm os alunos na sua resolução, o que vai de encontro ao defendido

por Valentim e Sam (2004). É que, não havendo bom domínio da Língua Portuguesa,

dificilmente os alunos poderão resolver problemas que exigem relacionação entre

questões. A ambiguidade, ao nível da interpretação e construção dos enunciados, e ao

nível dos signos linguísticos, terá confundido os raciocínios dos alunos. Foi o caso de

“números e algarismos”, tomados como sinónimos.

Poder-se-á, então, concluir, que os aspectos referidos caracterizam a influência

da Língua Portuguesa no desempenho dos alunos na resolução das tarefas. Tal com já

haviam defendido Valadares (2003), Menezes et al. (2001) e Sim-Sim et al. (1997): para

os enunciados matemáticos serem compreendidos é fundamental, antes de mais, o

domínio da Língua Portuguesa.

No sentido de ajudar os alunos a melhorar os seus desempenhos em Matemática,

seria importante que, desde cedo, contactem com tarefas do tipo das utilizadas no

estudo. O domínio gradual das técnicas apropriadas e o desenvolvimento da leitura

possibilitarão, aos alunos, uma maior facilidade e confronto com os enunciados escritos.

A formação de atitudes mais positivas da parte dos alunos, a realização de tarefas mais

apelativas e um ensino mais direccionado para a resolução de problemas poderão,

certamente, contribuir para fomentar o gosto pela resolução de problemas.

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Limitações do estudo e recomendações para investigações futuras

Ao longo deste trabalho foram surgindo algumas limitações de natureza diversa,

as quais restringiram, de certo modo, o desenvolvimento normal do estudo.

Em primeiro lugar, foi muito difícil conciliar o trabalho de investigadora com o

trabalho de professora titular de turma. Por o estudo ter sido implementado numa escola

com número reduzido de recursos humanos, as saídas da investigadora para trabalhar

com a turma de estudo estiveram bastante comprometidas, porque não havia professor

substituto para tomar conta da sua turma. Esta investigação dependeu, por isso, sempre

mais das oportunidades que iam surgindo, do que das disponibilidades da investigadora

e da professora da turma.

Outra limitação foi o facto de haver um tempo limite para trabalhar com a turma

de estudo. Por solicitação da professora, a investigadora teve de cumprir o horário

estabelecido para a área da Matemática. Isto implicou que, em alguns dias, houvesse

mais tempo para a resolução das tarefas propostas e noutros dias menos. Assim, na

maioria das vezes, as conclusões e discussões foram efectuadas de forma muito rápida e

sucinta, por falta de tempo. Deste modo, não foi possível dar à comunicação a

importância devida, conforme se reivindica nos programas escolares de Matemática.

Estes apontam para actividades que estimulem e impliquem a comunicação oral e

escrita, incitando os alunos à verbalização dos seus raciocínios, explicando, discutindo,

confrontando processos e resultados. Por isso, seria importante que em investigações

futuras, esta questão fosse mais desenvolvida, pois alguns alunos manifestaram

dificuldade na comunicação oral e escrita, podendo ter sido induzida pela insuficiente

exploração da comunicação.

A falta de hábitos de trabalho conjunto, verificada, inicialmente, em dois pares

de alunos, dificultou o prosseguimento normal do estudo, uma vez que se perdeu algum

tempo com o período de adaptação.

Outro aspecto a ter em consideração foi a duração do estudo. O tempo de

exploração das tarefas, cerca de três meses, não foi suficiente para verificar se os alunos

consolidaram efectivamente as competências enumeradas. Se o estudo tivesse sido

desenvolvido ao longo de um ano lectivo, os resultados seriam, possivelmente,

diferentes. Assim, seria pertinente o aprofundamento desta questão. Os resultados do

estudo talvez fossem diferentes, se em vez destas tarefas tivessem sido aplicadas outras

e se a constituição dos pares fosse diferente. Em virtude de o estudo ter sido

implementado por alguém estranho à turma - a investigadora – pode ter influenciado no

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desempenho e nos resultados obtidos. Apesar da presença da professora da turma, há,

contudo, modos de actuar e de desenvolver as tarefas que podem não ser os mesmos, em

cada situação. Por outro lado, a presença sempre pronta da investigadora, no sentido de

auxiliar os alunos na interpretação da tarefa, pode ter contribuído para que eles se

tivessem esforçado menos, pois a ajuda estava próxima.

Sendo a resolução de problemas uma actividade fundamental nos programas

escolares e na disciplina de Matemática, no 1.º ciclo do EB, e dadas as dificuldades

manifestadas por alguns alunos, considera-se ser de todo o interesse a implementação

do seu estudo, em crianças mais novas, nomeadamente, no 2.º e 3.º anos de

escolaridade. Tal implementação permitirá o desenvolvimento de competências tanto

em Língua Portuguesa como em Matemática. Além disso, integra todas as áreas de

estudo, dando origem, e promovendo, assim, a interdisciplinaridade. Nesta altura, os

alunos são já capazes de efectuar leituras fluentes, permitindo a decodificação,

interpretação e compreensão dos textos lidos. No entanto, este estudo poderá adequar-

se, também, ao 1.º ano de escolaridade, desenvolvendo-se, todavia, ao nível do oral, por

estes alunos não dominarem ainda a leitura e a escrita.

Por terem sido aplicadas, apenas, duas tarefas, no âmbito da formulação de

problemas, e terem sido bastante apreciadas pelos alunos, seria interessante propor a

continuação da sua exploração, procurando estudar mais pormenorizadamente a relação

da Língua Portuguesa e da Matemática, com base em enunciados criados pelos alunos.

Considerações finais

Em exercício de funções, no 1.º ciclo do EB, com uma licenciatura em Ensino

Básico na variante de Português e Francês, familiarizada com leituras e interpretações

de textos, fazer uma pós-graduação em Ensino e Aprendizagem da Matemática e

desenvolver um estudo de investigação nesta área, foi sem dúvida um desafio. Desafio,

porém, que se tornou extremamente enriquecedor, na medida em que permitiu encarar e

perspectivar de uma maneira diferente o ensino e a aprendizagem da Matemática. Este

trabalho possibilitou, assim, a nível profissional e pessoal uma relação pedagógica mais

segura com a Matemática. O encontro entre as duas áreas – Língua Portuguesa e

Matemática - apesar de, à primeira vista, distintas, complementam-se e inter-

relacionam-se, conforme se pôde verificar ao longo do estudo. Tratou-se, portanto, de

uma experiência altamente valiosa, a continuar e a integrar profissionalmente.

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No que respeita ao tema do estudo, é de salientar a estreita relação da Língua

Portuguesa com a Matemática, na resolução e formulação de problemas e tarefas de

investigação matemática, da qual dependem as aprendizagens significativas dos alunos.

É fundamental, por isso, que o ensino-aprendizagem englobe aspectos, tanto de uma

área como de outra, ajustados às necessidades e realidades. Por essas razões, considera-

se que o professor não é apenas um meio de transmissão de saberes, mas um agente

pedagógico capaz de criar situações e contextos de ensino e de aprendizagem em que a

comunicação em geral assume papel preponderante.

A Língua Portuguesa não é uma área isolada, está presente em todas as outras

áreas de estudo. No 1.º ciclo, deve dar-se prioridade a aspectos que favoreçam e

estimulem o enriquecimento linguístico e cultural dos alunos, condição indispensável

ao desenvolvimento de competências diversificadas, nas várias áreas, e à obtenção de

melhores níveis de desempenho e sucesso escolar.

Como princípio que tem sido afirmado e continua válido, em Portugal, todo o

professor é professor de Português. Desde logo, no ensino e aprendizagens da sua

especialidade, mas também nos processos de comunicação oral e escrita que estabelece

e fomenta, e de interacção pedagógica que põe em prática e desenvolve nas suas aulas.

Concluído este estudo e face aos resultados obtidos é de defender que o ensino e

aprendizagem da Matemática no 1. ciclo do EB deve integrar novas dinâmicas de sala

de aula, novas tarefas, novas metodologias, de modo a que os alunos desenvolvam

melhor compreensão sobre a Matemática, mas também a apliquem a situações do

quotidiano.

Foi o que a investigadora fez e mostrou ser válido durante o estudo. É o que a

professora fará ao longo da sua prática profissional.

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J. P. (1994). O estudo de caso na investigação em educação matemática.

Quadrante, 3 (1), 3-18. (re-publicado com autorização)

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• Sardinha, Mª Fátima (2005). Histórias com Problemas Uma forma de Educar

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• Sequeira, M.ª Fátima (1990). As teorias do processamento de informação e os

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Secção de Educação Matemática. Gráfica 2000.

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156

• Yin, R. (1989). Case Study Research: Design and Methods. London: Sage.

Legislação consultada

• Decreto-Lei n.º 286/89, de 29 de Agosto – Planos Curriculares dos Ensinos

Básico e Secundário.

• Decreto-Lei n.º 6/2001, de 18 de Janeiro – Reorganização Curricular do Ensino

Básico.

• Despacho Normativo n.º 30/2001, de 19 de Julho – Diploma Regulamentador da

Avaliação do Ensino Básico.

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157

ANEXOS

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158

ANEXO 1

Pedido de autorização ao Conselho Executivo

Ao

Conselho Executivo

No âmbito de um trabalho de Mestrado subordinado ao tema “A importância da

Língua Portuguesa na aprendizagem da Matemática no 1.º ciclo”, pretendia autorização

para efectuar este estudo na EB1 de …, onde me encontro a leccionar.

Neste contexto pretendia recolher dados na turma do 4.º ano de escolaridade da

professora …, de forma a investigar como estes alunos aprendem Matemática quando

colocados perante tarefas de resolução de problemas e o modo como a Língua

Portuguesa pode auxiliar os alunos na resolução dessas tarefas.

Gostaria ainda de manifestar a minha disponibilidade para eventuais

esclarecimentos caso haja necessidade.

Grata pela atenção.

Anabela Mâncio Costa

Viana do Castelo, 9 de Outubro de 2006

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159

ANEXO 2

Ex. mo Sr. ou Sr. ª

Em virtude de a turma do 4.º A ter sido escolhida para ser objecto de uma

actividade na área da matemática, no âmbito de um trabalho de Mestrado subordinado

ao tema “A importância da língua portuguesa na aprendizagem da matemática no 1.º

ciclo”, pretendia que me fosse concedida autorização para efectuar a recolha dos dados

necessários, utilizando, para o efeito, gravações vídeo e áudio.

Nestas aulas os alunos terão oportunidades de desenvolver actividades relativas

à resolução/formulação de problemas e investigações matemáticas, integradas no

Currículo para este ano de escolaridade.

Os dados recolhidos serão utilizados exclusivamente a título particular, estando

limitados, apenas, ao estudo em questão.

Caso necessitem de esclarecer alguma questão, por favor queira contacta-me e

colocar as questões que considere pertinentes.

Grata pela atenção.

Anabela Mâncio Costa

Viana do Castelo, 9 de Outubro de 2006

Autorizo

Não autorizo

Nome do aluno: _________________________________________________________

Encarregado de Educação: _________________________________________________

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160

ANEXO 3

Língua

Portuguesa

Matemática

Competências

essenciais

Situações da

aprendizagem

Competências

essenciais

Situações de

aprendizagem

* Capacidade de compreensão de discursos/textos diversos. * Capacidade de usar a leitura como forma de aprendizagem. * Capacidade para produzir textos com diferentes objectivos comunicativos, adequados à situação e ao destinatário.

* Exercícios de compreensão do oral, envolvendo respostas orais ou escritas. * Tomada de notas a partir de exposições orais. * Realização de tarefas, envolvendo a compreensão de instruções para a acção. * Treino de identificação e realce da informação relevante num determinado contexto. * Actividades de elaboração de relatos de experiências, visitas de estudo, etc. * Actividades envolvendo a elaboração de respostas a questionários. * Treino de elaboração de

Números e Cálculo

* Aptidão para dar sentido a problemas numéricos, para reconhecer as operações necessárias à sua resolução e para explicar os métodos e os raciocínios que foram usados. Geometria * Aptidão para visualizar e descrever propriedades e relações geométricas através da análise e comparação de figuras, para fazer conjecturas e justificar raciocínios.

* Transcrição de mensagens matemáticas da língua materna para a linguagem simbólica e vice-versa. * Treino da compreensão de enunciados orais e escritos, distinguindo o essencial.

* Construção de enunciados de problemas. * Descrição de processos utilizados na resolução de problemas, exprimindo-se correctamente, oralmente ou por escrito. Compreensão de conceitos: * Identificação de um polígono como uma região do plano cuja fronteira é uma linha poligonal fechada. * Distinção entre polígono convexo e polígono não convexo.

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161

* Capacidade de compreensão de discursos/textos diversos.

exposições orais sobre temas previamente abordados. * Participação em debates assumindo papéis diversos. * Audição de exposições sobre diferentes assuntos, com a finalidade de responder a perguntas. * Realização de tarefas envolvendo a compreensão de instruções para a acção.

* Aptidão para formular argumentos válidos, recorrendo à visualização e ao raciocínio espacial, explicitando-os em linguagem corrente. Estatística e Probabilidades * A compreensão das noções de moda, média aritmética e mediana, bem como a aptidão para determiná-las e para interpretar o que significam em situações concretas.

Aplicação de conceitos: * Selecção de polígonos, entre várias figuras planas, justificando a escolha. * Descrição de processos de construção de sólidos geométricos. * Audição de exposições sobre o assunto para apropriação dos conceitos de: moda, média e mediana. * Tomada de notas a partir de exposições orais. * Realização de tarefas envolvendo a compreensão de instruções para a acção.

Quadro 2.1 – Transversalidade da Língua Portuguesa e da Matemática. Valadares

(2003, p.55 – 56).

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162

ANEXO 3 – A

Significado

Mecanismo de

projecção

Sequência de

sons

Quadro 1.1 – Processo da língua oral.

Significado

Mecanismo de projecção

Sequência de sons

Mecanismo de transcrição

Sinal gráfico

Quadro 1.2 - Processo da língua escrita.

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163

ANEXO 4

Guião do questionário aplicado à professora da turma

Dados da professora

-há quanto tempo é professora -formação inicial -envolvimento em projectos

Preocupações com a aprendizagem

dos alunos

-conteúdos prioritários na Matemática -tipo de actividades a que dá maior importância -no 1.º ciclo que importância atribui à Matemática

Relação com a Matemática

-gosta de ensinar Matemática -como são propostas as actividades aos alunos: individualmente ou grupo -tipo de tarefas propostas -aspectos relevantes no ensino/aprendizagem da Matemática -competências valorizadas

Relação da Matemática com a Língua Portuguesa

-influência da Língua Portuguesa no ensino/aprendizagem da Matemática -actividades matemáticas que exigem maior domínio da língua portuguesa -relação do sucesso na matemática e domínio da língua portuguesa.

Questionário

1) Há quanto tempo é professora?

2) Qual a sua formação inicial?

3) Porque escolheu esta profissão?

4) Envolve-se com frequência em projectos?

5) Que considera fundamental que os alunos aprendam nesta fase da escolaridade?

6) A que aspectos considera dar mais importância nas suas aulas?

7) Se tivesse de escalonar as áreas de aprendizagem do 1.º ciclo, como procederia?

8) Com que área considera que ocupa mais tempo?

9) Gosta de ensinar Matemática?

10) Que aspectos considera mais importantes na aprendizagem da Matemática?

11) Na Matemática, os alunos trabalham individualmente ou em grupo?

12) Ensina como gostaria ou identifica algumas restrições?

13) Considera haver uma sequência no ensino/aprendizagem da Matemática?

14) Considera importante que os seus alunos comuniquem as suas experiências de aprendizagem na

Matemática?

15) Que considera mais importante nas orientações curriculares relativas ao ensino da Matemática?

16) Que aspectos valoriza na aprendizagem dos seus alunos nesta área?

17) Considera existir alguma relação entre a Matemática e a Língua Portuguesa? De que tipo?

18) Considera necessário o domínio da Língua Portuguesa no ensino/aprendizagem da Matemática? Em

que aspectos?

19) Que tipo de actividades matemáticas exigem um maior domínio da Língua Portuguesa? Porquê?

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Questões Respostas

1 -Há 28 anos.

2 -Magistério. Conclui em 1998 o complemento de formação: Licenciatura

em ensino de Inglês Precoce.

3 -Por gostar de estar em contacto com crianças.

4 -Sim.

5 - Que façam uma boa aprendizagem de leitura, análise e interpretação, pois

delas dependem e comprometem todas as áreas curriculares.

6 -Recontar um texto ou história, resolução de problemas, conversação sobre

os problemas actuais: cidadania, civismo, etc.

7 -Português > Matemática > Estudo do Meio > Expressão Plástica.

8 -Talvez a Matemática.

9 -Muito.

10 -O raciocínio, o saber seguir passos para chegar a uma conclusão e a parte

técnica.

11 -Há momentos que trabalho das duas maneiras.

12 -Sim, mas com a possibilidade de poder usar mais material que a escola não

possui.

13 -Há com certeza. Quando se aprende o milhar, já se aprendeu a centena…

14 -É importante. Partilhando o conceito adquirido à sua maneira ajuda-os a

compreenderem melhor aquilo que aprendem.

15 -Desenvolver o cálculo mental, técnicas de cálculo e a resolução de

problemas.

16 -Capacidade de resolver problemas ou procurar soluções de ajuda.

17 -A Língua Portuguesa está relacionada com todas as áreas. Na leitura e

compreensão de textos.

18 -No aspecto da interpretação do texto lido. Só lendo muito bem e muitas

vezes se pode entender o que se pede.

19 -Eu considero todas as actividades, no entanto, a resolução de problemas

exige um maior domínio da língua.

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165

ANEXO 5

Guião do questionário aplicado aos alunos

Dados do aluno

-profissão dos pais -frequência do jardim-de-infância -frequência nesta escola -ocupação dos tempos livres -actividades organizadas desenvolvidas -futura profissão

Relação com a escola

-actividades preferidas na escola -importância da escola -frequência na escola por gosto ou obrigação

Relação com a Matemática

-lugar atribuído à Matemática -preferências na Matemática -actividades consideradas mais importantes na Matemática -dificuldades na Matemática -competências manifestadas na Matemática -aspectos importantes a ter em consideração na aprendizagem da Matemática -preferência de trabalho (individual/trabalho de grupo)

Relação da Matemática com a Língua Portuguesa

-influência da Língua Portuguesa no ensino/aprendizagem da matemática -importância da Matemática e da Língua Portuguesa no currículo do 1.º ciclo -relação do sucesso na Matemática e domínio da Língua Portuguesa.

Questionário efectuado aos alunos

1) Qual é a profissão dos teus pais? 2) Frequentaste o jardim-de-infância? 3) Sempre frequentaste esta escola? 4) Onde ficas quando não há escola? 5) Que gostas mais de fazer nos tempos livres? 6) Desenvolves actividades organizadas? 7) Que profissão gostarias de vir a ter? 8) Que gostas mais de fazer na escola? 9) Achas que andar na escola é importante? Porquê? 10) Gostas da disciplina de Matemática? Porquê? 11) O que gosta mais de fazer na Matemática? E o que gostas menos? 12) Achas importante aprender Matemática? Porquê? 13) Consideras que tens dificuldades ou facilidades na aprendizagem da Matemática? Porquê? 14) Se tivesses que atribuir um lugar à Matemática, qual ocuparia? 15) Na Matemática preferes trabalhar individualmente ou em grupo? 16) Na tua opinião o que é preciso para aprender bem Matemática? 17) Gostas de resolver problemas? Porquê? 18) Qual das disciplinas é mais importante para ti, Matemática ou Língua Portuguesa? Porquê? 19) Consideras que o domínio da Língua Portuguesa pode influenciar o ensino/aprendizagem da Matemática? Em que aspectos? 20) Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa. Concordas

com esta afirmação? Porquê? Data: _________________________________________________________ Nome: ________________________________________________________

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166

ANEXO 6

Par A

Questionário Questões

Aluno A Aluno B

11 12 13 14 16 17 18 19 20 21

Quadro A - Respostas dadas pelos alunos ao questionário

Pares de estudo Questões

Par A Par B Par C Par D

11

12

13

14

15

16

17

18

19

Quadro B – Comparação das respostas dadas pelos pares de estudo

Par A

Tarefas Competências manifestadas na

Língua Portuguesa

Competências manifestadas

na Matemática

8, 13, 9, 11, 12

e 17

24, 25 e 26

27 e 28

Quadro C – Competências manifestadas pelo par

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Par A

Tarefas Dificuldades reveladas na Língua Portuguesa

Dificuldades reveladas na Matemática

8, 13 e 9

11

27

Quadro D – Dificuldades reveladas pelo par

Par Questões

Aluno A Aluno B

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Quadro E – Respostas dadas na entrevista por cada par

Pares de estudo Questões

Par A Par B Par C Par D

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Quadro F – Comparação das respostas dadas na entrevista pelos pares de estudo

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168

Questionário Entrevista

Par A

Par B

Par C

Par D

Quadro G – Respostas comparativas dadas pelos pares ao questionário e à entrevista

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169

ANEXO 7

Par A: Rodolfo e Marta

Par A Questões

Rodolfo Marta

11- Gostas da disciplina de Matemática? 12- O que gosta mais de fazer na Matemática? E o que gostas menos? 13- Achas importante aprender Matemática? Porquê? 14- Consideras que tens dificuldades ou facilidades na aprendizagem da Matemática? Porquê? 15- Se tivesses que atribuir um lugar à Matemática, qual ocuparia? 16- Na Matemática preferes trabalhar individualmente ou em grupo? 17- Na tua opinião o que é preciso para aprender bem Matemática? 18- Gostas de resolver problemas? Porquê? 19- Qual das disciplinas é mais importante para ti, Matemática ou Língua Portuguesa? Porquê? 20- Consideras que o domínio da Língua Portuguesa pode influenciar o ensino / aprendizagem da Matemática? Em que aspectos? 21- Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa. Concordas com esta afirmação? Porquê?

-Sim. -Gosto mais de algoritmos; gosto menos de resolver problemas. -Sim. Para resolver os problemas do quotidiano. -Algumas facilidades. Porque aprendo bem. -Primeiro. -Em grupo. -Ouvir atentamente a explicação da professora. -Nem por isso. É complicado. -A Língua Portuguesa. Porque precisamos dela para ler, falar -Sim. Porque a leitura faz falta para compreender a pergunta de Matemática. -Concordo. Porque se não se fizer uma boa leitura e interpretação dos textos, não se pode ter bons resultados nas outras disciplinas.

-Mais ou menos. -Gosto de resolver problemas de barras (manual escolar). Gosto menos de problemas de contas. -Sim. Para fazer contas, contar… -Algumas dificuldades. Porque é difícil. -Terceiro. Depois de Estudo do Meio e de Língua Portuguesa. -Em grupo com os amigos. -É preciso ouvir a explicação e treinar. -Não muito. É difícil. -As duas. Porque ambas são precisas. -Sim. Sobretudo na leitura. -Concordo. Porque ler, compreender, falar e escrever permitem ter bons resultados na Matemática.

Quadro A – Respostas dadas pelo Par A ao questionário

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170

ANEXO 8

Par B: Ricardo e Rui Pedro

Par B Questões

Ricardo Rui Pedro

11- Gostas da disciplina de Matemática? 12- O que gosta mais de fazer na Matemática? E o que gostas menos? 13- Achas importante aprender Matemática? Porquê? 14- Consideras que tens dificuldades ou facilidades na aprendizagem da Matemática? Porquê? 15- Se tivesses que atribuir um lugar à Matemática, qual ocuparia? 16- Na Matemática preferes trabalhar individualmente ou em grupo? 17- Na tua opinião o que é preciso para aprender bem Matemática? 18- Gostas de resolver problemas? Porquê? 19- Qual das disciplinas é mais importante para ti, Matemática ou Língua Portuguesa? Porquê? 20- Consideras que o domínio da Língua Portuguesa pode influenciar o ensino / aprendizagem da Matemática? Em que aspectos? 21- Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa. Concordas com esta afirmação? Porquê?

-Gosto muito. -Gosto mais de fazer contas. Nada. -Sim. Porque aprende-se a fazer contas… -Sim. -Colocaria em primeiro lugar. -Gosto mais de trabalhar sozinho. -É preciso aprender mais Português para aprender a fazer as outras coisas. -Gosto. Porque é importante. -Considero mais importante a Língua Portuguesa. Porque precisamos de perceber as outras coisas. -Sim. -Eu concordo com esta afirmação.

-Gosto. -Problemas de gráficos. Gosto menos de contas de dividir. -Sim. Porque em algumas profissões é preciso Matemática. -Sim. -Em segundo lugar. -Em grupo. -É preciso compreender. -Gosto mais ou menos. É um bocado difícil. -Língua Portuguesa. Porque assim não sabia Matemática e Estudo do Meio. -Sim. Porque assim se não soubesse ler não sabia Matemática e Estudo do Meio. -Sim. Pelas mesmas razões.

Quadro A – Respostas dadas pelo Par B ao questionário

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171

ANEXO 9

Par C: Diogo e Alexandre

Par C Questões

Diogo Alexandre

11- Gostas da disciplina de Matemática? 12- O que gosta mais de fazer na Matemática? E o que gostas menos? 13- Achas importante aprender Matemática? Porquê? 14- Consideras que tens dificuldades ou facilidades na aprendizagem da Matemática? Porquê? 15- Se tivesses que atribuir um lugar à Matemática, qual ocuparia? 16- Na Matemática preferes trabalhar individualmente ou em grupo? 17- Na tua opinião o que é preciso para aprender bem Matemática? 18- Gostas de resolver problemas? Porquê? 19- Qual das disciplinas é mais importante para ti, Matemática ou Língua Portuguesa? Porquê? 20- Consideras que o domínio da Língua Portuguesa pode influenciar o ensino / aprendizagem da Matemática? Em que aspectos? 21- Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa. Concordas com esta afirmação? Porquê?

-Assim, assim. -Contas de dividir e de subtrair. Gosto menos de problemas. -Acho, porque é essencial na escola. -Sim, alguma dificuldade. -Colocaria em terceiro lugar. -Gosto mais de trabalhar em grupo. -Acho que é preciso estar com muita atenção e gostar dela. -Não. É difícil. -A Língua Portuguesa. Porque para saber Matemática temos primeiro de saber ler. -Sim. Na leitura dos exercícios. -Sim concordo.

-Gosto. -Gosto de fazer contas. Gosto menos… -Sim. Sem Matemática não sabíamos nada. -Tenho dificuldades. -Colocaria em terceiro, mas gosto da maneira que a minha professora me ensina. -Em grupo com os colegas. -Estudar muita Matemática e fazer muitas contas. -Não. -Matemática. Porque sem a Matemática não sabíamos nada. -Não. -Sim.

Quadro A – Respostas dadas pelo Par C ao questionário

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172

ANEXO 10

Par D: Filipa e Pedro Miguel

Par D Questões

Filipa Pedro Miguel

11- Gostas da disciplina de Matemática? 12- O que gosta mais de fazer na Matemática? E o que gostas menos? 13- Achas importante aprender Matemática? Porquê? 14- Consideras que tens dificuldades ou facilidades na aprendizagem da Matemática? Porquê? 15- Se tivesses que atribuir um lugar à Matemática, qual ocuparia? 16- Na Matemática preferes trabalhar individualmente ou em grupo? 17- Na tua opinião o que é preciso para aprender bem Matemática? 18- Gostas de resolver problemas? Porquê? 19- Qual das disciplinas é mais importante para ti, Matemática ou Língua Portuguesa? Porquê? 20- Consideras que o domínio da Língua Portuguesa pode influenciar o ensino / aprendizagem da Matemática? Em que aspectos? 21- Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa. Concordas com esta afirmação? Porquê?

-Não muito. -Gosto mais de fazer contas. Gosto menos de problemas. -Acho que sim. Porque vamos precisar dela no futuro. -Só tenho um bocadinho de facilidade. Porque é difícil. -Eu colocaria a Matemática em último lugar, mas por vezes é divertida. -Eu gosto mais de trabalhar em grupo. -Eu penso que devo estar atenta e sobretudo estudar. -Não, porque é difícil. -A Língua Portuguesa. Para perceber os exercícios da Matemática, o Português é essencial. -Sim. Para saber ler bem os exercícios e percebê-los. -Sim. Eu concordo perfeitamente.

-Sim. -Gosto de escrever números romanos. Gosto menos de fazer problemas. -Sim. Para ter um cálculo mental bom e fazer contas difíceis. -Tenho alguma facilidade. -Colocaria a Matemática em segundo lugar. -Gosto mais de trabalhar a Matemática com os colegas. -É preciso muito gosto e perceber o ensino da professora. -Só de alguns, outros são muito difíceis. -A Língua Portuguesa. Porque aprender a ler é fundamental. -Sim. Em muitos aspectos. -Sim.

Quadro A – Respostas dadas pelo Par D ao questionário

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173

ANEXO 10 - A

Análise dos questionários aplicados aos pares de estudo

No que concerne à relação dos alunos com a aprendizagem da Matemática, em

resposta à questão, “Na tua opinião, o que é preciso para aprender bem Matemática?”,

todos foram de opinião que esta disciplina era algo de muito sério, porque envolvia

muitos cuidados, particularmente “aprender mais Português” a atenção, o esforço, o

gosto, a compreensão e estudo.

Na questão, “Se tivesses que atribuir um lugar à Matemática, qual ocuparia?”, a

maioria dos alunos colocou a Matemática nos 1.º e 2.º lugar.

Na questão, “O que gostas mais de fazer na Matemática? E o que gostas menos?

Porquê?”, a maioria dos alunos referiu que gostava mais de fazer contas (operações

aritméticas) e que não gostavam nada de resolver problemas, por serem muito difíceis e

trabalhosos. Note-se que, na primeira sessão de trabalho com a investigadora, todos

referiram que gostavam muito de resolver problemas.

Na questão, “Achas importante aprender Matemática? Porquê?”, todos os alunos

referiram que aprender Matemática é realmente muito importante para a resolução de

problemas do quotidiano, para saber contar e fazer as contas e, como refere o Pedro

Miguel (Par D), “desenvolve o cálculo mental”. Quase todos os alunos associam a

aprendizagem da matemática às profissões a desempenhar no futuro.

Na questão, “Consideras que tens dificuldades ou facilidades na aprendizagem

da Matemática? Porquê?”, apesar das concepções que possuem sobre a disciplina, quase

todos os alunos referiram ter alguma facilidade na aprendizagem da Matemática.

Apenas o Alexandre (Par C) referiu ter dificuldades.

Na questão, “Na Matemática, preferes trabalhar individualmente ou em grupo?”,

todos referiram preferir o trabalho de grupo, excepto o Ricardo (Par B), que disse

preferir trabalhar sozinho. Refira-se, a propósito que, no início da resolução das tarefas,

em particular das introdutórias, este aluno teve muitas dificuldades em adaptar-se ao

trabalho com o seu par. Ao longo porém, do período de observação foi-se tornando mais

receptivo às opiniões e sugestões do colega.

Na questão, “Consideras que o domínio da Língua Portuguesa pode influenciar o

ensino/aprendizagem da Matemática? Em que aspectos?”, todos os alunos, à excepção

de um, que não respondeu, responderam afirmativamente, indicando vários aspectos,

desde a leitura dos enunciados e dos exercícios à sua compreensão.

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174

Na questão, “Qual das disciplinas é mais importante para ti, Matemática ou

Língua Portuguesa? Porquê?”, quase todos os alunos indicaram a Língua Portuguesa,

porque é através dela que estabelecemos a comunicação, que efectuamos a leitura e a

escrita, indispensáveis na aprendizagem da Matemática, bem como de qualquer outra

disciplina. Alexandre (Par C), porém, referiu que “a Matemática é mais importante,

porque precisamos dela todos os dias, sem ela não conseguiríamos fazer nada”. Ao

considerar a Matemática importante, o aluno mostra que é influenciado pela opinião de

sua mãe e associa o grau de dificuldade sentida com a valorização da disciplina.

Na questão, “Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da

Língua Portuguesa. Concordas com esta afirmação? Porquê?”, todos os alunos

responderam afirmativamente, argumentando que, antes de tudo, é preciso saber ler,

escrever, interpretar e compreender os textos matemáticos. O Alexandre (Par C), apesar

de ter respondido de forma afirmativa à questão, revelou, todavia, algumas dúvidas

acerca da compreensão das questões que lhe foram colocadas anteriormente.

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175

ANEXO 11

Competências essenciais (ME, 2001) refere aspectos gerais e específicos da

competência matemática e de língua portuguesa que os alunos devem desenvolver:

Aspectos gerais de Língua Portuguesa

• Ser rigoroso na recolha e observação de dados linguísticos e objectivos na

procura de regularidades linguísticas e na formulação de generalizações

adequadas para as captar (cger 1 e 2);

• Transformar informação oral e escrita em conhecimento (cger 6);

• Usar estratégias de raciocínio verbal na Resolução de Problemas (cger 1 e 7);

• Exprimir-se oralmente e por escrito de uma forma confiante, autónoma e criativa

(cger 3, 9 e 10).

Aspectos específicos da Língua Portuguesa

• Familiaridade com o vocabulário e as estruturas gramaticais; conhecimento

de chaves linguísticas e não linguísticas para a identificação de objectivos

comunicativos;

• Capacidade de se exprimir de forma confiante, clara e audível, com

adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo;

• Conhecimento de vocabulário diversificado e de estruturas sintácticas de

complexidade crescente;

• Capacidade para decifrar de forma automática cadeias grafemáticas, para

localizar informação em material escrito e para apreender o significado

global de um texto curto;

• Conhecimento de técnicas básicas de organização textual;

• Capacidade de usar o conhecimento da língua como instrumento na

aprendizagem da leitura e da escrita;

• Conhecimento de regras gramaticais básicas.

Aspectos gerais da Matemática

• Desenvolver a capacidade de usar a matemática para analisar e resolver

situações problemáticas, para raciocinar e comunicar, assim como a auto-

confiança necessária para fazê-lo;

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176

• A predisposição para raciocinar matematicamente, isto é, para explorar situações

problemáticas, pensar de maneira lógica;

• O gosto e a confiança pessoal em realizar actividades intelectuais que envolvem

raciocínio matemático e a concepção de que a validade de uma afirmação está

relacionada com a consistência da argumentação lógica;

• A aptidão para discutir com outros e comunicar descobertas e ideias

matemáticas através do uso de uma linguagem, escrita e oral, não ambígua e

adequada à situação;

• Compreensão das noções de conjectura, teorema de demonstração, assim como

das consequências do uso de diferentes definições;

• A predisposição para procurar entender a estrutura de um problema e a aptidão

para desenvolver processos de resolução, assim como para analisar os erros

cometidos e ensaiar estratégias alternativas;

• A aptidão para dar sentido a problemas numéricos e para reconhecer as

operações que são necessárias à sua resolução, assim com para explicar os

métodos e o raciocínio que foram usados;

• A compreensão dos conceitos de comprimento e perímetro, área, volume e

amplitude, assim como e a aptidão para utilizar conhecimentos sobre estes

conceitos na resolução e formulação de problemas.

Aspectos específicos da Matemática

• A aptidão para dar sentido a problemas numéricos e para reconhecer as

operações que são necessárias à sua resolução, assim como para explicar os

métodos e o raciocínio que foram usados;

• A compreensão dos conceitos de comprimento e perímetro, área, volume e

amplitude, assim como a aptidão para utilizar conhecimentos sobre estes

conceitos na resolução e formulação de problemas;

• A compreensão do processo de medição e a aptidão para fazer medições e

estimativas em situações diversas do quotidiano utilizando instrumentos

apropriados;

• A aptidão para ler e interpretar tabelas e gráficos e para comunicar os resultados

das interpretações feitas;

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• A aptidão para realizar investigações que recorram a dados de natureza

quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de

conclusões.

De acordo com o NCTM (2000), no âmbito deste estudo, na Matemática devem

considerar-se as seguintes normas:

Norma 1: A matemática como resolução de problemas

Usar a resolução de problemas como forma de abordagem para investigar e

compreender o conteúdo matemático

Formular problemas a partir de situações do quotidiano e de situações

matemáticas

Desenvolver e aplicar estratégias para resolver uma grande variedade de

problemas

Verificar e interpretar resultados no quadro proposto pelo problema original

Adquirir confiança para usar a matemática significativamente.

Norma 2: A matemática como comunicação

Relacionar materiais físicos, figuras e diagramas com as ideias matemáticas

Reflectir e clarificar o seu próprio pensamento sobre ideias e situações

matemáticas

Relacionar a linguagem comum com a linguagem matemática e com os símbolos

Compreender que representar, discutir, ler, escrever e ouvir matemática constitui

uma parte vital da aprendizagem e do uso da matemática

Formular conclusões lógicas

Usar modelos, factos conhecidos, propriedades e relações para explicar o seu

raciocínio

Justificar as suas respostas e processos usados para obter a solução.

Norma 4: Conexões matemáticas

Estabelecer conexões entre o conhecimento conceptual e o conhecimento

processual

Relacionar, umas com as outras, diferentes representações de conceitos e

procedimentos

Reconhecer relações entre diferentes tópicos da matemática

Aplicar a matemática a outras áreas do currículo

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178

Usar a matemática na vida quotidiana.

Norma 14: Demonstração e o raciocínio

Reconhecer a demonstração e o raciocínio com aspectos fundamentais da

matemática

Fazer e investigar conjecturas matemáticas

Desenvolver e avaliar argumentos e justificações matemáticas

Seleccionar e usar vários tipos de raciocínio e métodos de justificação.

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179

ANEXO 12

Quadro de desempenho dos alunos nas tarefas

Níveis de

desempenho

Indicadores

Nível

1

Não domina os conteúdos em Língua Portuguesa aos níveis de:

-leitura fluente dos enunciados matemáticos, tendo em conta a pontuação e as estruturas

gramaticais do texto;

-interpretação de questões orais relativas aos enunciados das tarefas;

-interpretação/compreensão de enunciados matemáticos;

-localização e retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos;

-recepção e decifração da mensagem;

-descoberta do sentido das palavras desconhecidas;

-estabelecimento de relações de significado entre palavras;

-conhecimento de vocabulário diversificado;

-compreensão, expressão e articulação daquilo que compreendem;

-compreensão, expressão e articulação das dificuldades que manifestam;

-expressão oral e escrita;

-conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de

enunciados;

-apreensão global da ideia do texto;

-discussão e comunicação das suas descobertas;

-explicação e descrição oral dos raciocínios usados na resolução de problemas;

-explicação e descrição escrita dos raciocínios usados na resolução de problemas;

Não domina os conteúdos matemáticos aos níveis de:

-conceitos matemáticos envolvidos;

-capacidade para procurar um sentido na interpretação das ideias;

-recolha e selecção de estratégias adequadas e diversificadas para a resolução de problemas;

-capacidades para inferir e comparar;

-cálculo mental;

-raciocínio matemático;

-explicitação oral/escrita dos passos seguidos para efectuar os cálculos;

Atitudes manifestadas:

-interesse e empenho na realização das tarefas;

-confronto de ideias com as dos outros;

-cooperação no trabalho em conjunto na procura da solução;

-persistência na resolução da tarefa;

-confiança no desenvolvimento das tarefas.

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180

Nível

2

Domina com ajuda os conteúdos em Língua Portuguesa aos níveis de:

-leitura fluente dos enunciados matemáticos, tendo em conta a pontuação e as estruturas

gramaticais do texto;

-interpretação de questões orais relativas aos enunciados das tarefas;

-interpretação/compreensão de enunciados matemáticos;

-localização e retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos;

-recepção e decifração da mensagem;

-descoberta do sentido das palavras desconhecidas;

-estabelecimento de relações de significado entre palavras;

-conhecimento de vocabulário diversificado;

-compreensão, expressão e articulação daquilo que compreendem;

-compreensão, expressão e articulação das dificuldades que manifestam;

-expressão oral e escrita;

-conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de

enunciados;

-apreensão global da ideia do texto;

-discussão e comunicação das suas descobertas;

-explicação e descrição oral dos raciocínios usados na resolução de problemas;

-explicação e descrição escrita dos raciocínios usados na resolução de problemas;

Domina com ajuda os conteúdos matemáticos aos níveis de:

-conceitos matemáticos envolvidos;

-capacidade para procurar um sentido na interpretação das ideias;

-recolha e selecção de estratégias adequadas e diversificadas para a resolução de problemas;

-capacidades para inferir e comparar;

-cálculo mental;

-raciocínio matemático;

-explicitação oral/escrita dos passos seguidos para efectuar os cálculos;

Atitudes manifestadas:

-interesse e empenho na realização das tarefas;

-confronto de ideias com as dos outros;

-cooperação no trabalho em conjunto na procura da solução;

-persistência na resolução da tarefa;

-confiança no desenvolvimento das tarefas.

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181

Nível

3

Domina bem os conteúdos em Língua Portuguesa aos níveis de:

-leitura fluente dos enunciados matemáticos, tendo em conta a pontuação e as estruturas

gramaticais do texto;

-interpretação de questões orais relativas aos enunciados das tarefas;

-interpretação/compreensão de enunciados matemáticos;

-localização e retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos;

-recepção e decifração da mensagem;

-descoberta do sentido das palavras desconhecidas;

-estabelecimento de relações de significado entre palavras;

-conhecimento de vocabulário diversificado;

-compreensão, expressão e articulação daquilo que compreendem;

-compreensão, expressão e articulação das dificuldades que manifestam;

-expressão oral e escrita;

-conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de

enunciados;

-apreensão global da ideia do texto;

-discussão e comunicação das suas descobertas;

-explicação e descrição oral dos raciocínios usados na resolução de problemas;

-explicação e descrição escrita dos raciocínios usados na resolução de problemas;

Domina bem os conteúdos matemáticos aos níveis de:

-conceitos matemáticos envolvidos;

-capacidade para procurar um sentido na interpretação das ideias;

-recolha e selecção de estratégias adequadas e diversificadas para a resolução de problemas;

-capacidades para inferir e comparar;

-cálculo mental;

-raciocínio matemático;

-explicitação oral/escrita dos passos seguidos para efectuar os cálculos;

Atitudes manifestadas:

-interesse e empenho na realização das tarefas;

-confronto de ideias com as dos outros;

-cooperação no trabalho em conjunto na procura da solução;

-persistência na resolução da tarefa;

-confiança no desenvolvimento das tarefas.

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182

Nível

4

Domina perfeitamente os conteúdos em Língua Portuguesa aos níveis de:

-leitura fluente dos enunciados matemáticos, tendo em conta a pontuação e as estruturas

gramaticais do texto;

-interpretação de questões orais relativas aos enunciados das tarefas;

-interpretação/compreensão de enunciados matemáticos;

-localização e retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos;

-recepção e decifração da mensagem;

-descoberta do sentido das palavras desconhecidas;

-estabelecimento de relações de significado entre palavras;

-conhecimento de vocabulário diversificado;

-compreensão, expressão e articulação daquilo que compreendem;

-compreensão, expressão e articulação das dificuldades que manifestam;

-expressão oral e escrita;

-conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de

enunciados;

-apreensão global da ideia do texto;

-discussão e comunicação das suas descobertas;

-explicação e descrição oral dos raciocínios usados na resolução de problemas;

-explicação e descrição escrita dos raciocínios usados na resolução de problemas;

Domina perfeitamente os conteúdos matemáticos aos níveis de:

-conceitos matemáticos envolvidos;

-capacidade para procurar um sentido na interpretação das ideias;

-recolha e selecção de estratégias adequadas e diversificadas para a resolução de problemas;

-capacidades para inferir e comparar;

-cálculo mental;

-raciocínio matemático;

-explicitação oral/escrita dos passos seguidos para efectuar os cálculos;

Atitudes manifestadas:

-interesse e empenho na realização das tarefas;

-confronto de ideias com as dos outros;

-cooperação no trabalho em conjunto na procura da solução;

-persistência na resolução da tarefa;

-confiança no desenvolvimento das tarefas.

Quadro 3.2 – Níveis de desempenho dos alunos

Legenda: 1- Fraco; 2- Razoável; 3- Bom; 4- Excelente.

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183

ANEXO 12 - A

Grelha das dificuldades dos alunos em resolução de problemas

Língua Portuguesa Matemática

-Confrontar opiniões próprias com as de outros;

-Descobrir, num contexto, o sentido de palavras

desconhecidas;

-Apreender o sentido global de um texto;

-Levantar hipóteses acerca do conteúdo de textos, a

partir de alguns dados;

-Estabelecer relações de significado entre palavras

(sinonímia, antonímia);

-Substituir palavras por outras com valor idêntico

ou contrário;

-Verificar a regra geral e as excepções mais

frequentes do género e do número;

-Comunicar oralmente com progressiva autonomia

e clareza;

-Exprimir-se por iniciativa própria, no âmbito da

turma para organização, gestão e avaliação do

trabalho, do tempo e dos conteúdos das

aprendizagens; para expor e justificar opiniões,

pedir esclarecimentos.;

-Interpretar enunciados de natureza diversificada

nas suas realizações verbal e não verbal;

-Reter informação a partir de um enunciado oral ou

escrito;

-Responder a questionários;

-Escrever e descrever os raciocínios usados;

-Ler com fluência de modo a compreender e

decodificar o conteúdo dos enunciados;

-Efectuar uma leitura tendo em atenção os sinais de

pontuação existentes;

-Usar os sinais de pontuação num enunciado

escrito.

-Numa recta graduada, dado o número

correspondente a um ponto, atribuir o número

correspondente a outro ponto;

-Procurar estratégias diferentes para efectuar um

cálculo;

-Explicitar oralmente e representar por escrito os

passos seguidos ao efectuar os cálculos;

-Utilizar material de apoio não estruturado e

estruturado, régua, geoplano;

-Representar linhas rectas/linhas curvas;

-Domínio dos quatro algoritmos;

-Ordenar números em sequências crescentes e

decrescentes;

-Reconhecer lados paralelos nas figuras

geométricas;

-Reconhecer ângulos nas figuras geométricas;

-Utilizar estratégias de resolução de problemas:

descobrir um padrão, trabalhar do fim para o

princípio, fazer um esquema ou um desenho, fazer

uma lista organizada, reduzir a um problema mais

simples, formular e testar uma conjectura;

-Percepção visual;

-Ler e interpretar o gráfico;

-Superar ideias pré-concebidas;

-Ser persistente;

-Ser autónomo.

Quadro 3.3 – Dificuldades reveladas pelos pares

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184

ANEXO 13

Instrumentos para recolha de dados Descrição

Tarefas Problemas de processo, investigações matemáticas e

formulação de problemas.

Questionários Estruturados à professora e aos pares de estudo no início do

estudo.

Documento escritos dos alunos Resolução das tarefas propostas.

Notas de campo Registo escrito de observações feitas.

Registo áudio e vídeo Gravação das aulas em que foram resolvidas as tarefas

propostas.

Entrevistas Estruturadas no final da execução das tarefas aos alunos e à

professora.

Quadro 3.1 - Síntese descritiva dos instrumentos para recolha de dados

Fases da Intervenção Pedagógica

1.ª

etapa

Contacto com a

turma e pares

de estudo

- Aplicação de questionários;

-Resolução de tarefas introdutórias ou experimentais

(três tarefas de resolução de problema, uma tarefa de

investigação matemática.

- Observação participante e registo de algumas notas

de campo.

3

sessões

2.ª

etapa

Resolução de

problemas

- Resolução de problemas de processo;

- Registo de notas de campo;

- Gravações áudio e vídeo;

- Observação participante.

3

sessões

3.ª

etapa

Actividades de

investigação

- Resolução de problemas abertos;

- Gravações áudio e vídeo;

- Registo de notas de campo;

- Observação participante.

3

sessões

4.ª

etapa

Formulação de

problemas

- Formulação de problemas;

- Gravações áudio e vídeo;

- Registo de notas de campo;

- Observação participante.

2

sessões

Quadro 3.4 - Fases da intervenção pedagógica

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185

Calendarização do estudo

Fases do estudo

Desenvolvimento das actividades

Calendarização

1.ª Fase

- Revisão de Literatura. -Julho, Agosto e Setembro

de 2006.

2.ª Fase

Preparação das

actividades e da

Intervenção Pedagógica

- Contacto com professora e com a turma;

- Construção de instrumentos;

- Aplicação de questionários à professora e

aos alunos da turma;

- Selecção dos grupos de observação;

- Selecção das tarefas a desenvolver.

- Setembro e Outubro de

2006.

3.ª Fase

Intervenção Pedagógica

- Implementação de tarefas introdutórias;

- Implementação das tarefas efectivas

(resolução de problemas, investigações

matemáticas e formulação de problemas);

- Observação dos pares de alunos envolvidos

no estudo;

- Registo áudio e vídeo da resolução das

tarefas;

- Entrevistas aos pares de alunos e à

professora da turma.

-Novembro, Dezembro de

2006.

-Janeiro e Fevereiro de

2007.

4.ª Fase

Análise dos dados e

elaboração do relatório

- Análise e interpretação dos dados;

- Elaboração do relatório do estudo.

-Janeiro, Fevereiro, Março,

Abril e Maio de 2007.

Quadro 3.5 – Calendarização do estudo

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ANEXO 14

Tarefas introdutórias

Na primeira sessão, propositadamente, foi feita apenas observação participante.

A investigadora limitou-se a observar o desenrolar do trabalho dos diferentes pares da

turma, por considerar que o primeiro contacto com os alunos permitia começar a

conhecer aspectos importantes para o estudo, nomeadamente ritmos de trabalho de cada

par, observações e comentários feitos às tarefas apresentadas e, sobretudo, expressões

momentâneas relativas ao contacto com as tarefas aquando da sua resolução.

Também, durante as tarefas introdutórias não foi efectuado qualquer registo

áudio e vídeo, foram tirados, apenas, alguns apontamentos e feita uma observação

participante aos pares do estudo. A recolha dos diálogos foi possível, porque os pares

de estudo apresentavam ritmos de trabalho distintos.

1.ª sessão

No dia 2 de Novembro de 2006 procedeu-se ao início do estudo na sala de aula.

Após o intervalo da manhã, os alunos dispuseram-se em grupos de dois elementos e

foram confrontados com as tarefas seguintes:

Tarefa 20

No aniversário do Manuel, doze pessoas cumprimentam-se com um aperto

de mão. Quantos apertos de mão são trocados na festa se todos se

cumprimentarem uns aos outros?

Explica o teu raciocínio, utilizando palavras e/ou desenhos.

Tarefa 21

Os alunos da turma B estão encarregados de organizar as mesas para um

lanche da escola. Há cinco mesas quadradas que são todas do mesmo tamanho. As

mesas devem estar dispostas de modo que todos os lados se toquem

completamente. De que diferentes maneiras podem as mesas ser arranjadas?

Explica o teu raciocínio, utilizando palavras e/ou desenhos.

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Exploração das tarefas

Tarefa 20

-De que comemoração fala o problema?

-Quantas pessoas foram à festa de aniversário do Manuel?

-Como se cumprimentam essas pessoas?

-Quantos apertos de mão são necessários para que todos se

cumprimentem?

Tarefa 21

-De que fala o texto?

-De que estão encarregados os alunos da turma B?

-Quantas mesas há disponíveis?

-Qual a forma dessas mesas?

-As mesas têm o mesmo tamanho ou tamanho diferente?

-Como devem estar dispostas as mesas?

-De que diferentes maneiras se podem dispor as mesas?

Quadro 1 – Questões colocadas aos alunos

Antes de iniciarem os trabalhos propostos, todos os pares haviam referido

manifestamente o gosto pela resolução de problemas, tendo-se verificado, portanto, por

parte dos mesmos, bastante interesse e empenho aquando da realização das tarefas. No

entanto, quando responderam ao questionário, alguns elementos dos pares referiram

não gostar de resolver problemas. Esta contradição nas respostas parece dever-se ao

facto de os alunos quererem agradar a investigadora, uma vez que ia desenvolver com

eles um trabalho nesse âmbito.

Para a resolução das tarefas 20 e 21, dois problemas de processo, houve

necessidade de explicar o que é um problema de processo, bem como as estratégias

utilizadas na sua resolução. Fez-se, ainda, referência às fases sugeridas por Pólya,

sobretudo, no que se refere à leitura dos enunciados dos problemas, de modo a permitir

que todos sejam capazes de compreender e interpretar os dados contidos nesses

mesmos enunciados e foram colocadas questões de interpretação relativas aos

enunciados.

Dos quatro pares de estudo, apenas um não foi capaz de resolver correctamente

a tarefa 20.

Na tarefa 21, os pares foram confrontados com o problema da falta de tempo,

uma vez que o segundo período da manhã tem somente a duração de uma hora. Para o

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efeito, foram utilizadas, por todos os alunos, cinco unidades do material multibásico

que serviram para representar as mesas, de modo a facilitar o trabalho pretendido. A

utilização do material multibase fomentou o interesse pela resolução da tarefa.

Na resolução desta tarefa, o Par A (Rodolfo e Marta) sugeriu diversas

estratégias, nomeadamente o desenho, a procura de um padrão e a tabela.

Demonstraram grande capacidade de organização a nível de trabalho em conjunto,

propondo e discutindo, entre ambos, as estratégias mais adequadas para a resolução do

problema. Revelaram igualmente muita perspicácia e rapidez na execução da tarefa; no

entanto, não foram capazes de explicar por escrito os seus raciocínios, embora o tenham

feito oralmente. Foi dada a resposta ao problema como se fosse apenas esse o objectivo

pretendido. Na tarefa 21, o Par A (Rodolfo e Marta) desenhou ao pormenor com régua

e lápis, mas apesar da atitude positiva face à tarefa, apenas indicou onze maneiras

diferentes de dispor as mesas.

Embora tenha sugerido uma das estratégias possíveis, o desenho, o Par B

(Ricardo e Rui Pedro) não chegou a concluir a tarefa 20. Estes alunos demonstraram

muita insegurança e pouca capacidade de lidar com este tipo de tarefa. Revelaram

pouco à vontade em contacto com a tarefa, resultando, mesmo, um certo

constrangimento, por parte de ambos. Neste par de estudo, não foram proporcionados

momentos de discussão, porque os alunos revelaram-se pouco comunicativos e

sentiram-se pouco à vontade com esta situação nova. Pelos seus registos pode

constatar-se que o trabalho em conjunto não é sólido, uma vez que cada qual tem a sua

forma de pensar e de agir, efectuando registos diferentes e dessincronizados, quer na

tarefa 20 quer na tarefa 21. Nesta última, o par apresentou, apenas, seis maneiras de

dispor as mesas; no entanto, nem todas estavam correctas, verificando-se novamente a

falta de sintonia entre ambos, ao nível do trabalho de grupo. Também este par não se

preocupou em explicar o raciocínio, nem oralmente nem por escrito.

No Par C (Diogo e Alexandre) verificou-se pouca partilha de opiniões, porque o

Alexandre manifestou-se muito reservado, pouco comunicativo e pouco participativo

nas tarefas. Apesar de tudo, Diogo manteve-se sempre muito interessado e conseguiu

chegar a uma resposta. Na tarefa 21, este par conseguiu fazer o registo de doze

possibilidades diferentes de dispor as mesas. Uma vez mais foi ignorada a explicação

escrita do raciocínio na resolução das tarefas propostas.

Relativamente à tarefa 20, o Par D (Filipa e Pedro Miguel), efectuou um

esquema, onde representou doze pessoas, atribuindo a cada uma o respectivo número

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de apertos de mão que tinha de dar. De seguida, elaboraram uma lista onde foram

representados sessenta e seis apertos de mão. Na tarefa 21, o par anotou catorze

possibilidades diferentes de dispor as mesas e divertiu-se nesta descoberta. Também

este par não se preocupou com a explicação do raciocínio usado. Aliás este problema

foi observado em todos os pares de estudo, o que mostra que os alunos não têm por

hábito explicar os passos da resolução dos problemas.

Terminada a resolução da tarefa 20, foi efectuada a dramatização dos apertos de

mão. Este processo permitiu uma melhor compreensão da tarefa, sobretudo para

aqueles que sentiram mais dificuldades na adopção de uma estratégia adequada e para

os que não a tinham concluído. Além da dramatização, foram sugeridas outras

estratégias, nomeadamente os desenhos ou esquemas, listas organizadas, padrão e

outras.

2.ª sessão

No dia 9 de Novembro, também no segundo período da manhã, foi apresentada

a tarefa seguinte:

Tarefa 5

Um futebolista jogou 5 épocas na mesma equipa. Durante essas épocas

marcou 75 golos. Em cada temporada marcou mais quatro golos que na

temporada anterior. Quantos golos marcou em cada temporada?

Explica como pensaste.

Antes do recreio, a professora da turma deixou as mesas organizadas e os

grupos orientados para que não houvesse perda de tempo, logo que se chegasse à sala.

Foi feita apenas a leitura da tarefa, deixando ao critério de cada par a exploração

conveniente da mesma, porque a investigadora achou pertinente para o estudo a recolha

de dados referente à resolução da tarefa, sem ter sido explorado o enunciado do

problema.

Par A: Rodolfo e Marta

Inicialmente, este par andou um pouco perdido, porque manifestou dificuldades

de compreensão do enunciado. Tendo ouvido a leitura feita pela investigadora, achou

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que era o suficiente e partiu logo para o trabalho, esquecendo-se de um pormenor muito

importante para a resolução do problema, a leitura atenta e compreensão do enunciado.

Foi solicitado aos alunos que lessem novamente o enunciado do problema de modo a

que estes pudessem descobrir uma forma de o resolver. Por essa razão, à medida que

surgia alguma dúvida, o par procurava, atentamente no enunciado do problema, alguma

pista que o ajudasse na compreensão dos dados. A partir desse momento foi o par que

mais interesse deu ao enunciado, porque tomou consciência da importância da leitura

na resolução dos problemas. Este processo facilitou a resolução da tarefa proposta com

bastante tempo de avanço relativamente aos restantes pares de estudo.

M – É 75 a dividir por 5. R – (hesitante) É melhor fazermos uma grelha… M – Começamos por 15. I – Atenção que no final das épocas o futebolista tinha marcado 75 golos! M – Vamos tirar 4 ao 15! R – Se tirarmos ainda é pior… M – Vamos ler melhor o problema! R – É impossível dividir. M – Vou tentar de outra maneira… R – Bem, eu acho que é de menos! M – Vamos tentar então 75 menos 4 que dá 71. R – Porque estás a fazer o algoritmo? Eu ainda acho que é de “vezes”.

Entretanto, os dois alunos voltaram a experimentar a multiplicação e a divisão,

mas esquecendo-se do pormenor mais importante, a leitura e interpretação do problema

de modo a permitir a sua compreensão.

M – Vamos mas é fazer a minha conta! Então, 4 vezes 4 são 16 e se tirar 16 a 75 dá 59. Estes 59 foram os golos da primeira época, agora tenho que somar mais quatro na segunda época. Depois mais quatro até chegar à quinta época. À medida que o trabalho se foi desenrolando, os alunos foram tomando

consciência da importância da leitura na resolução dos problemas. Por essa razão,

sempre que surgia alguma dúvida, o par procurava, atentamente no enunciado do

problema, alguma pista que o ajudasse na compreensão dos dados. Este processo

facilitou a resolução da tarefa proposta com bastante tempo de avanço relativamente

aos restantes pares de estudo.

Para resolver a tarefa 5, este par desenhou a tabela, de acordo com a figura que

se segue.

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Figura 1 – Resolução da tarefa 5 pelo Par A

Par B: Ricardo e Rui Pedro

Este par, mal olhou para o enunciado da tarefa proposta, logo começou a

efectuar algoritmos de papel e lápis. Revelou muitas dificuldades na interpretação e

compreensão do enunciado, porque também não foi capaz de dispensar o tempo

necessário para a leitura do problema, acabando por não chegar a conclusão alguma.

R – Vamos multiplicar 75 por 5 para facilitar e dá 375. RP – Huum… R – Afinal é de dividir e dá 15 golos em cada época (referia sem convicção alguma). I – Reparem que o futebolista marcou mais quatro golos que na temporada anterior! Como é que conseguem 75 golos no final?

Estes dois alunos não perceberam a observação feita pela investigadora e

continuaram a somar quatro com quinze, obtendo no final cento e trinta e nove golos.

Apesar de ter sido pedido a estes alunos que lessem novamente o enunciado do

problema, como forma de melhorar a sua compreensão, esta sugestão não foi acatada

pelo par. Isto leva a crer que existe, ainda, uma barreira ou “fosso” como refere Lopes

(1970), entre a Língua Portuguesa e a Matemática, porque os alunos continuam a

separar as letras e os números. A leitura é algo que deve ser desenvolvido na disciplina

de Língua Portuguesa e as “contas” na Matemática. O conceito de interdisciplinaridade

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ainda não foi completamente estabelecido no processo de ensino/aprendizagem, porque

ainda estão muito patentes as separações de conteúdos de uma e de outra área de

estudo.

Par C: Diogo e Alexandre

Este par revelou algumas dificuldades de compreensão do enunciado da tarefa

5, nomeadamente ao nível do vocabulário, mas foi devidamente esclarecido pela

investigadora, através das questões sobre o enunciado. No entanto, uma vez

compreendidos os dados do problema, os alunos conseguiram chegar a uma conclusão,

tendo utilizado, para tal, a estratégia de resolução do fim para o princípio.

D – Temporadas e épocas é a mesma coisa? I – Neste caso podem considerar-se sinónimas… D – Dos 75 golos marcados na quinta época, subtraem-se 4 golos. Assim, já sabemos que na quarta época esse jogador marcou 71 golos.

O par continuou este raciocínio até chegar à primeira época em que o jogador

tinha marcado 49 golos. Subtraíram sempre o número 4, referente aos golos, e depois

para verificar a resposta, partiu do número 49 e foi adicionando 4, num total de 5

épocas.

Devido ao comportamento reservado e pouco comunicativo do Alexandre, a sua

participação no trabalho de grupo era muito reduzida ou quase nula. Diogo, que

efectuava os cálculos em voz alta, exigiu a participação do colega, pedindo-lhe que

pensasse com ele. A atitude passiva do Alexandre foi melhorando pouco a pouco,

porque o Diogo estimulava-o a trabalhar, solicitando e exigindo a sua participação no

trabalho. Esta mudança de atitude perante o trabalho contribuiu para um melhor

desempenho nas tarefas desenvolvidas.

D – Já terminámos! I – Muito bem. Agora a última questão… D – Eu nem acredito que consegui resolver este problema! Embora não tivessem terminado a tarefa conforme haviam referido, por faltar

ainda a explicação escrita do raciocínio usado, Diogo manifestou um grande

contentamento e satisfação, porque o facto de resolver o problema era para ele um

grande passo. É importante acreditar que realmente a Matemática é para todos e não

apenas para alguns. Esta alegria deliberada representou, não só para o Diogo mas

também para os restantes pares de estudo, um incentivo para a resolução de problemas.

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Par D: Filipa e do Pedro Miguel

Este par registou, por escrito, os dados fundamentais na resolução da tarefa:

Jogou 5 épocas; marcou 75 golos nessas 5 épocas; em cada época marcou mais 4 golos

que na época anterior; quantos golos marcou em cada temporada? Estes registos

explicitam a capacidade de lidar com este tipo de situações, resumindo os dados

principais e, por fim, a pergunta a que devem dar resposta.

PM – Se tirarmos 4 aos 75 golos, obtém-se 71 golos… F – Já sabemos quantos golos marcou na quarta época. Vamos continuar a tirar 4! PM – A palavra temporada significa o mesmo que a palavra época?

Os dois alunos ficaram um pouco confusos, no que se refere ao vocabulário do

enunciado, mas rapidamente resolveram a questão.

F – No futebol utilizam-se as duas palavras, vamos mas é continuar! O resultado desta subtracção é 67. PM – Estes 67 golos referem-se a que temporada? F – É a terceira temporada. Repara, já subtraímos duas vezes… PM – Vou registar para não esquecer! Depois tiramos novamente 4 e dá 63. Esta é a segunda temporada. F – 63 menos 4 dá 59. Serão estes os golos marcados na primeira temporada? PM – Deve ser, porque à bocado fiz a subtracção: 75 menos 59 e deu-me 16. Foi o número de vezes que nós subtraímos o 4. Após terem concluído a tarefa, os alunos apenas deram a resposta, referindo o

número de golos marcados em cada temporada, não respondendo à questão “explica

como pensaste”.

Esta sessão permitiu chegar a uma conclusão plausível. Por mais que os alunos

manifestem aptidão para efectuar uma leitura fluente no sentido de tornar facilitada a

apreensão global de um texto e a sua compreensão, se estes não forem persistentes na

procura do sentido das palavras e na interpretação dos dados, a resolução de problemas

continuará a ser um acto estranho e muito complexo. Isto mostra que os alunos, antes

de tudo, devem ser ensinados a ler, a interpretar e a explorar os enunciados

matemáticos como forma de preparação para a sua resolução, tal como Pólya

preconizara. Assim, a importância atribuída à leitura do problema possibilita o

desenvolvimento da capacidade de aquisição de conhecimentos sem intermediários,

bem como uma melhor compreensão do enunciado matemático.

Relativamente à questão, explica com pensaste, a comunicação representa aqui

uma mais valia. Como já foi referido, anteriormente, no capítulo II da revisão de

bibliografia, são vários os autores que consideram fundamental o aspecto da

comunicação na Matemática. Neste sentido, a capacidade de expressar com clareza o

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raciocínio, permite, não só, o desenvolvimento da capacidade de entender os resultados

matemáticos, mas sobretudo, o desenvolvimento da capacidade de raciocínio,

proporcionando uma melhor compreensão na Matemática.

É posição unânime que todos os alunos desenvolvam as suas capacidades de

argumentação matemática, via oral ou escrita, por este processo permitir maior

facilidade no acesso ao conhecimento e compreensão dos conteúdos matemáticos.

Nas tarefas de carácter não rotineiro, conforme as apresentadas aos alunos,

podem explorar-se diversas estratégias de resolução e são mais susceptíveis de

promover a comunicação. Neste sentido, a interacção com os colegas pode facilitar a

aprendizagem de outras formas de pensar, a clarificação do seu pensamento e a

construção do conhecimento, como parece ter acontecido com os pares B e C. Através

da comunicação é possível a partilha de ideias matemáticas, consolidação e

aprofundamento dos conteúdos trabalhados. Por esta razão é contemplado nos

programas de Matemática, o factor comunicação, de forma a promover a compreensão

matemática, proporcionando a todos os alunos expressarem as suas ideias matemáticas

clara e coerentemente.

3.ª sessão

No dia 16 de Novembro, no turno da tarde, das 13.30 às 15.30 horas,

desenvolveu-se a terceira sessão, onde foram distribuídas, aos alunos da turma, mais

duas tarefas introdutórias, a tarefa seguinte:

Tarefa 6

O Joaquim e a Joana foram visitar uma quinta. O Joaquim contou 60 patas.

A Joana contou 24 cabeças. Os animais da quinta eram só vacas e galinhas,

descobre quantas vacas e quantas galinhas viram os dois amigos.

Explica com pensaste.

Nesta tarefa procedeu-se à leitura e exploração da tarefa, de modo a permitir

uma maior facilidade na interpretação pelos pares, através de questões colocadas sobre

o enunciado da tarefa, conforme o quadro que se segue.

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Exploração da tarefa

Tarefa 6

-De que fala o texto?

-Como se chamam as personagens do texto?

-Onde foram o Joaquim e a Joana?

-O que fez o Joaquim?

-O que fez a Joana?

-Que espécies de animais viram eles?

-Quantas vacas viram eles? E quantas galinhas?

Quadro 1 – Questões colocadas aos alunos

Par A: Marta e Rodolfo

Para resolverem a tarefa 6 foi necessário fazer várias tentativas de modo a

encontrar o resultado correcto.

M – São 24 cabeças, logo são 24 animais. As vacas têm 4 patas e as galinhas têm duas patas! R – Vamos fazer por tentativa e erro!

O grupo foi seleccionando os números que lhes pareceram mais prováveis,

afirmando que começaram por 12 e foram descendo até encontrarem o número certo de

vacas e de galinhas.

R – Deu-nos 6 vacas e 18 galinhas… M – Se multiplicarmos 6 vacas pelo número de patas que são 4, o resultado é 24. Do mesmo modo, se multiplicarmos 18 galinhas por 2 que é o número de patas, dá 36 patas. Somando 24 com 36, dá precisamente 60 patas. R – Agora se queremos ver se o número de cabeças corresponde, é preciso somar 6 vacas com 18 galinhas que dá 24 cabeças ou animais.

O par referiu oralmente que necessitou de efectuar várias tentativas para chegar

a esta conclusão, no entanto não explicou, por escrito, os passos desta resolução.

Par B: Ricardo e Rui Pedro

Embora tenha andado um pouco perdido, traçou uma estratégia diferente dos

restantes grupos de observação. Efectuou uma lista organizada dos animais,

nomeadamente das galinhas, das vacas e das respectivas patas. Começou por referir que

duas patas correspondem a uma galinha e assim sucessivamente até chegar às 36 patas

correspondentes a 18 galinhas. A par desta lista, o grupo, elaborou outra relativa às

vacas. Assim, 4 patas correspondiam a uma vaca e foi seguido este raciocínio até chegar

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às 6 vacas, conforme se pode observar na figura seguinte:

Figura 2 – Resolução da tarefa 6 pelo Par B

Apesar de ter apresentado uma forma diferente de resolver o problema e de ter

sido incitado a explicar o raciocino usado, este par não deu importância alguma a esta

questão.

Par C: Diogo e Alexandre

Seguiu o seguinte raciocínio: 24 animais a dividir por 4 patas dá 6 vacas; 24

animais a dividir por 2 patas dá 12 galinhas. Concluiu então que, dos 24 animais, 6 eram

vacas e 12 eram galinhas.

Este raciocínio foi bastante rápido, quase intuitivo; no entanto, o par revelou

muitas dificuldades em prosseguir a resolução da tarefa.

D – Mas 6 vacas mais 12 galinhas dá 18 animais! Então para chegar a 24 ainda faltam 6 animais… Como é que eu sei agora, se vão ser vacas ou galinhas? I – Certamente pelo número de patas…

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D – Mas, mesmo assim continuo a não saber o número de vacas e o número de galinhas!...

A dada altura, o grupo bloqueou por completo, não conseguindo prosseguir a

resolução da tarefa, porque, embora estivesse consciente do número de animais, as 60

patas dos animais faziam-lhe muita confusão. Principalmente o Diogo continuou a

insistir que o problema não lhe fornecia os dados necessários para conseguirem resolvê-

lo.

As dificuldades detectadas parecem ser devidas essencialmente à pouca

capacidade de ler e compreender os dados do enunciado. O par não foi capaz de

perceber que o número de vacas e de galinhas dependia dos números 24 e 60. Apesar de

ter descoberto o número de animais existentes, não foi capaz de relacionar estes animais

com as 60 patas.

Par D: Filipa e Pedro Miguel

Fez várias tentativas até encontrar a solução do problema. Começou por

multiplicar 12 por 2 e 12 por 4. A soma dos dois produtos deu 72. Então, rapidamente

compreenderam que havia 12 patas a mais.

F – Vamos partir o número 24 a meio. Agora multiplicamos 12 por 2 que dá 24 e multiplicamos, também, 12 por 4 que dá 48. Então 24 e 48 juntos dá 72. PM – Mas como só há 60 patas, é preciso tentar outro número. É que ainda há 12 patas a mais. F – Então, pegámos no número 17 e fazemos a mesma coisa. Primeiro multiplicamos 17 por 2 e depois 17 por 4. Mas… ainda não foi desta vez, porque 34 mais 28 dá 62. Ainda temos 2 patas a mais. PM – Vamos tentar de novo!... Experimentamos 18 vezes 2 e 6 vezes 4. Encontramos a solução… Se somarmos 36 patas e 24 patas dá 60 patas… F – Também se somarmos 18 animais e 6 animais, o resultado é 24 animais ou cabeças como diz o problema.

À medida que surgia alguma dúvida, o par procurava atentamente o seu

esclarecimento no enunciado do problema. Na resolução desta tarefa foi o par que mais

interesse deu à leitura do enunciado, justificando-se, de certo modo, a facilidade com

que foi capaz de lidar com o problema.

Relativamente à tarefa seguinte, uma investigação matemática, achou-se por bem

que fosse resolvida em simultâneo pelo grande grupo. Até porque nenhum dos alunos

presentes refere ter conhecimento da resolução de uma actividade deste género.

Aproveitou-se para explorar o “novo” conceito e conversar sobre aspectos referentes às

investigações matemáticas, bem como as fases previstas por Vale e Pimentel (2004),

para a sua resolução.

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Tarefa 23

Descobre relações interessantes na tabuada do 5.

Exploração da tarefa

Tarefa 23

-O que são relações?

-Como terminam os produtos?

-Os produtos são números pares ou números ímpares?

-Como aparecem registados os produtos?

-Qual é a sequência dos números?

Quadro 1 – Questões colocadas aos alunos

Embora a proposta fosse feita a todos os alunos da turma, apenas dois dos pares

de estudo arriscaram algumas sugestões.

A Marta do Par A disse: “é uma contagem de números de cinco em cinco,

terminando em zero ou cinco. Quanto aos produtos, começa por um número ímpar,

logo de seguida é um número par e assim sucessivamente até ao final, terminando com

um número par”.

A Filipa do Par D referiu o seguinte: “esta tabuada começa e acaba com o

número 5. Em 5 vezes 2 e 5 vezes 3, os produtos iniciam por 1; em 5 vezes 4 e 5 vezes

5, os produtos iniciam por 2; em 5 vezes 6 e 5 vezes 7, os produtos iniciam por 3; em 5

vezes 8 e 5 vezes 9, os produtos iniciam por 4. Tal começou, também acaba com o

número 5”.

Não havendo novos dados, a investigadora sugeriu que adicionassem os

produtos de modo a que pudessem fazer novas descobertas, explicando como deveriam

proceder. No entanto, nenhum dos alunos foi capaz de apresentar o resultado da

sugestão lançada.

O Rodolfo do Par A, repetindo a ideia da Filipa, explicou que: “Nesta tabuada,

verifica-se dois produtos começados por 1; dois produtos começados por 2; dois

produtos começados por 3; dois produtos começados por 4 e dois produtos começados

por 5, o primeiro e o último”. Em diálogo sugeriram que fossem descobertas novas

relações, quer na tabuada do 5, quer nas restantes outras, como trabalho de casa.

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ANEXO 15

Tarefa 8

Dois caracóis estão distanciados entre si 50 metros, frente a frente. Cada

caracol decide ir em linha recta ao encontro do outro. Um caracol anda três metros

por dia e o outro anda dois metros por dia. Ao fim de quantos dias se encontram?

Quantos metros andou cada caracol?

Explica como pensaste.

Tarefa 13

Estavam nove meninos no recreio a brincar juntos.

A professora viu que estavam em três filas mas que cada fila tinha quatro

meninos…

Como é isto possível?

Agora estão a brincar 12 meninos e a professora vê quatro filas de quatro

meninos e depois vê seis filas de quatro meninos.

Explica como pensaste, usando palavras e/ou desenhos.

Exploração das tarefas de resolução de problemas

Tarefa 8

-De que animais nos fala o texto? -Quantos metros separa os dois caracóis? -Como se encontram dispostos os caracóis? -O que decide fazer cada caracol? -Quantos metros percorre por dia cada caracol? -Seguindo este ritmo, ao fim de quantos dias se encontram os caracóis? -Terão percorrido o mesmo número de metros? -Quantos metros andou cada caracol?

Tarefa 13

-Onde se passa a história de que nos fala o texto? -Quantos meninos estavam a brincar juntos? -Quantas filas viu a professora? -Quantos meninos havia em cada fila? -Como é isto possível? -Quantos meninos estão agora a brincar? -Quantas filas vê agora a professora? -Quantos meninos tem cada fila? -Como é isto possível? -Quantas filas vê a professora de seguida? -Quantos meninos tem cada fila? -Como é isto possível?

Quadro 1 – Questões colocadas aos alunos

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ANEXO 16

Tarefa 9

O José foi comprar um sorvete com duas bolas de sabores diferentes.

Quando chegou à gelataria verificou que havia 5 sabores: morango, ananás,

banana, chocolate, limão. De quantas maneiras diferentes pode o José comprar o

sorvete?

Afinal o José decidiu comprar um sorvete com três bolas de sabores

diferentes. De quantas maneiras diferentes pode o José comprar o sorvete?

Explica como pensaste.

Tarefa 11

A Maria decidiu escrever por ordem crescente os números inteiros de 1 a

500. Entretanto teve de ir jantar e parou exactamente depois de escrever 501

algarismos.

Qual o último número que a Maria escreveu?

Quantos números pares escreveu a Maria?

Explica como resolveste.

Exploração das tarefas de resolução de problemas

Tarefa 9

-De que fala o problema? -O que foi o José comprar? -O que verificou o José quando chegou à gelataria? -Com duas bolas de sabores diferentes, de quantas maneiras diferentes pode o José comprar o gelado? -O que decidiu fazer afinal o José? -Com três bolas de sabores diferentes, de quantas maneiras diferentes pode o José comprar o gelado?

Tarefa 11

-O que decidiu fazer a Maria? -O que interrompeu a actividade da Maria? -Quantos algarismos escreveu ela? -Qual foi o último número que a Maria escreveu? -Quantos números pares escreveu? -O que é um algarismo? -O que é um número?

Quadro 1 – Questões colocadas aos alunos

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201

ANEXO 17

Tarefa 12

Era uma vez um pai e dois filhos que queriam atravessar um rio que não tinha

qualquer ponte. Então viram um homem com um barco a remos.

O homem emprestou-lhes o barco dizendo-lhes que nele só cabem duas

crianças ou um adulto de cada vez. Era um barco pequeno e fácil de remar por

uma só criança se fosse preciso.

O dono do barco teve pena deles e ainda lhes disse que poderiam deixar o

barco na outra margem.

Como é que o pai e os filhos fizeram para passar o rio num barco tão

pequeno?

Quantas travessias foram feitas?

Usa o material para resolveres o problema.

Explica o teu raciocínio.

Podes usar palavras e/ou desenhos.

Tarefa 17

Quando a Ana resolveu aprender canto, já sabia quatro canções. Ao fim da

primeira semana de aulas de canto, já sabia cinco canções. No final da segunda

semana, sabia sete e no final da terceira semana sabia dez. Se continuar a aprender

a este ritmo, quantas canções saberá a Ana ao fim de quinze semanas?

Explica o teu raciocínio.

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202

Exploração das tarefas de resolução de problemas

Tarefa 12

-De que fala o problema?

-Que queriam eles fazer?

-Como atravessaram o rio se não havia ponte?

-Quantas pessoas podia levar o barco?

-O barco pode levar o pai e um filho?

-O barco pode levar os dois filhos de uma só vez?

-O que lhes disse o dono do barco?

-Como fizeram pai e filhos para passar o rio num barco tão pequeno?

-Quantas travessias foram necessárias?

Tarefa 17

-De que fala o problema?

-Quantas canções sabia a Ana quando resolveu aprender canto?

-E no final da primeira semana de canto?

-Quantas canções aprendeu nessa semana?

-No final da segunda semana, quantas canções sabia?

-Quantas canções aprendeu a mais que na semana anterior?

-No final da terceira semana, quantas canções sabia a Ana?

-Nesta semana, quantas canções aprendeu a mais que na semana

anterior?

-Se este ritmo se mantiver, quantas canções saberá a Ana no final da

décima quinta semana?

Quadro 1 – Questões colocadas aos alunos

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203

ANEXO 18

Tarefa 24

A dona Rosa vai pôr a secar muitos guardanapos.

Ajuda a dona Rosa a descobrir quantas molas são necessárias para

pendurar 6 guardanapos.

Agora, quantas serão precisas para pendurar 10, 15, 17 e 20 guardanapos?

Regista conforme pensaste.

Exploração da tarefa de investigação matemática

Tarefa 24

-Como se chama a personagem do problema?

-O que vai ela fazer?

-O que te pede o enunciado?

-Quantas molas serão necessárias para pendurar os guardanapos

referidos?

-Gastar-se-á o mesmo número de molas ou o número de molas

varia conforme o número de guardanapos?

Quadro 1 – Questões colocadas aos alunos

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204

ANEXO 19

Tarefa 25 Constrói o maior número possível de quadrados de dominó, em que a soma

das pintas em cada lado sejam as mesmas.

Regista o que conseguiste.

Quantos quadrados consegues fazer?

Qual é o valor mínimo da soma?

E o máximo?

Exploração da tarefa de investigação matemática

Tarefa 25

-Que te pede para fazer este enunciado?

-O que são quadrados de dominó?

-O que é preciso para fazer um quadrado de dominó?

-Quantos quadrados será possível construir?

- Qual será o valor mínimo da soma do quadrado?

-Qual será o valor máximo da soma do quadrado?

Quadro 1 – Questões colocadas aos alunos

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205

ANEXO 20

Tarefa 26 Todos os alunos vão fazer Xs no geoplano.

Quantos Xs apareceram no geoplano?

És capaz de definir o que é um X?

Exploração da tarefa de investigação matemática

Tarefa 26

-Como se faz um X no geoplano?

-A partir de que figuras se poderá construir um X no geoplano?

-Quantos Xs consegues fazer no geoplano?

- O que é um X?

Quadro 1 – Questões colocadas aos alunos

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206

ANEXO 21

Tarefa 27 - Formulação de problemas

5ª feira

2ª feira

3ª feira

4ª feira

6ª feira

= ______

Quantidade de Relógios

Dia da Semana

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207

ANEXO 22

Tarefa 28 – Formulação de problemas

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208

ANEXO 23

Figura 3 – Resolução da tarefa 8 pelo Par A

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209

ANEXO 24

Figura 4 – Resolução da tarefa 12 pelo Par

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210

ANEXO 25

Figura 5 – Resolução de parte da tarefa 9 pelo Par D

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211

ANEXO 26

Figura 6 – Resolução da tarefa 17 pelo Par D

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212

ANEXO 27

Figura 7 – Resolução da tarefa 26 pelo Par A

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213

ANEXO 28

Texto 1 –Formulação do problema (tarefa 27) pelo Par A

Texto 2 – Formulação do problema (tarefa 28) pelo Par A

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214

ANEXO 29

Texto 3 – Formulação do problema (tarefa 27) pelo Par B

Texto 4 – Formulação do problema (tarefa 28) pelo Par B

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215

ANEXO 30

Texto 5 – Formulação do problema (tarefa 27) pelo Par C

Texto 6 – Formulação do problema (tarefa 28) pelo Par C

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216

ANEXO 31

Texto 7 – Formulação do problema (tarefa 27) pelo Par D

Texto 8 – Formulação do problema (tarefa 28) pelo Par D

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217

ANEXO 32

Par A

Tarefas Competências manifestadas em Língua

Portuguesa

Competências manifestadas em

Matemática

8, 13, 9, 11, 12 e

17

-aptidão para ler fluentemente, permitindo a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados; -retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos; -aptidão para interpretar e compreender enunciados orais e escritos; -reconhecer os domínios lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da oralidade e da escrita; -exprimir-se de forma confiante, clara e audível, com adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo; -usar estratégias de raciocínio verbal na resolução de problemas; -discutir e comunicar oralmente com os outros as suas descobertas.

-capacidade de usar a matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; -predisposição para procurar entender a estrutura de um problema e para desenvolver processos de resolução, assim como para analisar os erros cometidos e ensaiar estratégias alternativas; -aptidão para identificar figuras geométricas e identificação de algumas das suas propriedades; -compreensão de conceitos matemáticos: vértices, linha recta/curva, segmento de recta, tabuadas e os algoritmos (multiplicação, subtracção, adição e divisão).

24, 25 e 26

Foram manifestadas as competências enumeradas nas tarefas de resolução de problemas.

-aptidão para ler e interpretar tabelas e gráficos e para comunicar os resultados das interpretações feitas; -aptidão para realizar investigações que recorram a dados de natureza quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de conclusões.

27 e 28

-aptidão para escrever com a devida correcção ortográfica, enunciados relacionados com as figuras apresentadas; -reconhecimento de técnicas básicas de organização textual; -aptidão para estruturar ideias e frases; -aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e regras gramaticais básicas.

-formular problemas a partir de

situações matemáticas.

Quadro C– Competências manifestadas pelo par em Língua Portuguesa e Matemática

Par A

Tarefas Dificuldades reveladas na Língua Portuguesa

Dificuldades reveladas na Matemática

8, 13 e 9

-demonstração/exposição escrita dos raciocínios usados na resolução das tarefas.

-aplicação de conceitos de medição; -ao nível da percepção visual; -em superar ideias pré-concebidas.

11

-interpretação/compreensão do enunciado, porque manifestaram dificuldades no vocabulário, números e algarismos; -demonstração/exposição escrita dos raciocínios usados na resolução das tarefas.

27 -Interpretar/compreender o gráfico. Quadro D – Dificuldades reveladas pelo par em Língua Portuguesa e Matemática

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218

ANEXO 33

Quadro de desempenho na resolução de problemas - Par A

Tarefas Indicadores

8 13 9 11 12 17

-efectuou uma leitura fluente, de acordo com a pontuação e estruturas gramaticais, permitindo-lhes a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados;

4 4 4 3 4 4

-reteve informação a partir de enunciados orais e escritos, tendo-lhes permitido a resolução das tarefas;

4 4 4 2 4 4

-manifestou familiaridade com o vocabulário usado e com as estruturas gramaticais e sintácticas, porque interpretaram e compreenderam os enunciados dos problemas;

4 4 4 1 4 4

-efectuou uma interpretação/compreensão adequadas dos enunciados escritos, porque em caso de dúvidas, exploravam de novo os dados do enunciado;

4 4 4 2 4 4

-manifestou conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de enunciados;

4 4 4 2 4 4

-manifestou capacidade de expressão, adequada ao contexto e ao objectivo comunicativo, utilizando sempre um vocabulário rico;

4 4 4 3 4 4

-manifestou capacidade de conhecimento de vocabulário diversificado; 4 4 4 2 4 4

-estabeleceu relações de significado entre as palavras; 4 4 4 1 4 4

-manifestou facilidade na descoberta do sentido das palavras desconhecidas; 4 4 4 2 4 4

-manifestou capacidade para decifrar automaticamente os enunciados, localizando a sua informação escrita e apreensão do significado global do texto;

4 4 4 2 4 4

-manifestou capacidade para interpretar enunciados de natureza diversificada, a nível oral e escrito;

4 4 4 3 4 4

-respondeu a questionários a propósito dos enunciados dos problemas; 4 4 4 3 4 4

-manifestou capacidade de discutir com os outros e comunicação das suas descobertas;

4 4 4 3 4 4

-manifestou total interesse e empenho na realização da tarefa, porque recorreu com frequência ao enunciado, de modo a compreender todos os dados;

4 4 4 4 4 4

-confrontou ideias entre si; 4 4 4 3 4 4

-cooperou no trabalho de grupo na procura da solução (enquanto Rodolfo traçava as viagens efectuadas, Marta registava o número das mesmas);

4 4 4 3 4 4

-manifestou persistência no trabalho; 4 4 - 4 4 4

-identificou sempre estratégias adequadas para a resolução das tarefas; 4 3 4 1 4 4

-manifestou bom cálculo mental; 4 - 4 1 - 4

-manifestou bom raciocínio; - 2 4 2 4 4

-dominou os conceitos matemáticos envolvidos; 1 4 4 3 - 4

-associou os conceitos matemáticos envolvidos; 1 4 4 3 - 4

-explicou o raciocínio usado oralmente; 3 3 3 - 4 4

-explicou o raciocínio usado por escrito. 1 1 3 - 4 4

Quadro 3 – Desempenho dos alunos na resolução de problemas Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

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219

ANEXO 33 –A

Quadro de desempenho nas tarefas de investigação matemática - Par A

Tarefas Indicadores

24 25 26

-efectuou uma leitura fluente, de acordo com a pontuação e estruturas gramaticais, permitindo-lhes a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados;

4 4 4

-reteve informação a partir de enunciados orais e escritos, tendo-lhes permitido a resolução das tarefas;

4 4 4

-manifestou familiaridade com o vocabulário usado e com as estruturas gramaticais e sintácticas, porque interpretaram e compreenderam os enunciados dos problemas;

4 4 4

-efectuou uma interpretação/compreensão adequadas dos enunciados escritos, porque em caso de dúvidas, exploravam de novo os dados do enunciado;

4 4 4

-manifestou conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de enunciados;

4 4 4

-manifestou capacidade de expressão, adequada ao contexto e ao objectivo comunicativo, utilizando sempre um vocabulário rico;

4 4 4

-manifestou capacidade de conhecimento de vocabulário diversificado; 4 4 4

-estabeleceu relações de significado entre as palavras; 4 4 4

-manifestou capacidade para decifrar automaticamente os enunciados, localizando a sua informação escrita e apreensão do significado global do texto;

4 4 4

-manifestou capacidade para interpretar enunciados de natureza diversificada, a nível oral e escrito;

4 4 4

-respondeu a questionários a propósito dos enunciados dos problemas; 4 4 4

-manifestou capacidade de discutir com os outros e comunicação das suas descobertas; 4 4 4

-manifestou interesse e empenho na realização da tarefa, porque foi persistente na execução das tarefas;

4 4 4

-confrontou ideias próprias com as de outros; 4 4 4

-cooperou no trabalho de grupo na procura da solução; 4 4 4

-capacidade de usar as fases previstas nas actividades de investigação matemática; 4 4 4

-manifestou bom cálculo mental; 3 4 4

-manifestou bom raciocínio; 3 4 4

-dominou os conceitos matemáticos envolvidos; 4 4 4

-associou os conceitos matemáticos envolvidos; 4 4 4

-explicou o raciocínio usado oralmente; 4 4 4

-explicou o raciocínio usado por escrito. 2 3 4

Quadro 4 – Desempenho dos alunos nas actividades de investigação matemática

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

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220

ANEXO 33 - B

Quadro de desempenho na formulação de problemas - Par A

Tarefas Indicadores

27 28

-capacidade de interpretação/compreensão das figuras (gráfico) apresentadas; 3 4

-domínio de conceitos matemáticos envolvidos; 3 4

-capacidade de aplicação e associação de novos conceitos matemáticos; 4 4

-conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da escrita de textos; 4 4

-estruturação das ideias e das frases; 4 3

-utilização devida dos sinais de pontuação em situações de Formulação de Problemas; 3 1

-capacidade de escrita legível com correcção ortográfica do vocabulário relacionado com as figuras apresentadas;

4 4

-capacidade de usar a escrita como substituto do oral; 4 4

-capacidade de respeitar as regras elementares de concordância; 4 4

-capacidade de usar frases complexas para exprimir sequências e relações; - -

-manifestou total interesse e empenho na realização da tarefa, porque foi persistente no seu desenvolvimento e na sua conclusão;

4 4

-cooperou no trabalho de grupo na execução da tarefa; 4 4

-manifestou capacidade de confronto de ideias e opiniões. 4 4

Quadro 5 – Desempenho dos alunos na formulação de problemas

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

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221

ANEXO 34

Par B Tarefas Competências manifestadas na

Língua Portuguesa Competências manifestadas na Matemática

8, 13, 9, 11, 12 e 17

-aptidão para efectuar leituras fluentes; -aptidão para interpretar e compreender enunciados orais e escritos; -retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos;

-capacidade de usar a matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; -aptidão para identificar figuras geométricas e identificação de algumas das suas propriedades; -compreensão de conceitos matemáticos: vértices, linha recta/curva, segmento de recta, tabuadas e os algoritmos (multiplicação, subtracção, adição e divisão).

24, 25 e 26

Foram manifestadas as competências enumeradas nas tarefas de resolução de problemas.

-aptidão para realizar investigações que recorram a dados de natureza quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de conclusões;

27 e 28

-reconhecimento de técnicas básicas de organização textual; -aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e regras gramaticais básicas.

-formular problemas a partir de situações matemáticas.

Quadro 1 – Competências manifestadas pelo par em Língua Portuguesa e Matemática

Par B Tarefas Dificuldades reveladas na Língua

Portuguesa Dificuldades reveladas na Matemática

8 -pouco comunicativos entre si. -estratégia adequada (tarefas 9, 13 e 17).

9, 11, 12, 24, 25 e 26

-interpretação/compreensão dos enunciados em geral e dos enunciados (tarefa 9 e 11) devido à dificuldade ao nível do vocabulário: sorvetes e gelataria; números e algarismos.

-erraram a contagem dos números e não corrigiram por serem pouco persistentes (tarefa 11); -percepção visual (tarefa 13); -conceitos envolvidos e na comunicação escrita dos raciocínios usados.

27

-estruturação de ideias, construção frásica, erros ortográficos abundantes e má utilização dos sinais de pontuação.

-interpretação/compreensão do gráfico.

Quadro 2 – Dificuldades reveladas pelo par em Língua Portuguesa e Matemática

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222

ANEXO 35

Quadro de desempenho na resolução de problemas - Par B

Tarefas Indicadores

8 13 9 11 12 17

-efectuou uma leitura fluente, de acordo com a pontuação e estruturas gramaticais, permitindo-lhes a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados;

2 1 2 1 1 2

-reteve informação a partir de enunciados orais e escritos, tendo-lhes permitido a resolução das tarefas;

1 1 1 1 2 2

-manifestou familiaridade com o vocabulário usado e com as estruturas gramaticais e sintácticas, porque interpretaram e compreenderam os enunciados dos problemas;

1 1 1 1 2 2

-efectuou uma interpretação/compreensão adequadas dos enunciados escritos, porque em caso de dúvidas, exploravam de novo os dados do enunciado;

1 1 1 1 2 2

-manifestou conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de enunciados;

1 1 1 1 2 2

-manifestou capacidade de expressão, adequada ao contexto e ao objectivo comunicativo, utilizando sempre um vocabulário rico;

1 1 1 1 2 1

-manifestou capacidade de conhecimento de vocabulário diversificado; 1 1 1 1 2 2

-estabeleceu relações de significado entre as palavras; 1 1 1 1 1 2

-manifestou facilidade na descoberta do sentido das palavras desconhecidas; 1 1 1 1 1 2

-manifestou capacidade para decifrar automaticamente os enunciados, localizando a sua informação escrita e apreensão do significado global do texto;

1 1 1 1 1 2

-manifestou capacidade para interpretar enunciados de natureza diversificada, a nível oral e escrito;

1 1 1 1 1 2

-respondeu a questionários a propósito dos enunciados dos problemas; 2 2 2 2 2

-manifestou capacidade de discutir com os outros e comunicação das suas descobertas;

1 1 1 2 2 1

-manifestou interesse e empenho na realização da tarefa, porque recorreu com frequência ao enunciado, de modo a compreender todos os dados;

1 1 1 2 3 2

-confrontou ideias entre si; 1 1 1 2 2 1

-cooperou no trabalho de grupo na procura da solução; 1 1 1 2 2 2

-manifestou persistência no trabalho; 1 1 1 1 2 2

-identificou sempre estratégias adequadas para a resolução das tarefas; 1 2 2 2 2 3

-manifestou bom cálculo mental; 2 - - 1 - 2

-manifestou bom raciocínio; - 2 1 1 2 2

-dominou os conceitos matemáticos envolvidos; 1 2 - 2 - 2

-associou os conceitos matemáticos envolvidos; 1 - - 2 - 2

-explicou o raciocínio usado oralmente; 1 1 1 1 2 2

-explicou o raciocínio usado por escrito. 1 1 1 1 2 1

Quadro 3 – Desempenho dos alunos na resolução de problemas Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

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223

ANEXO 35 - A

Quadro de desempenho nas actividades de investigação matemática - Par B

Tarefas Indicadores

24 25 26

-efectuou uma leitura fluente, de acordo com a pontuação e estruturas gramaticais, permitindo-lhes a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados;

1 1 1

-reteve informação a partir de enunciados orais e escritos, tendo-lhes permitido a resolução das tarefas;

1 1 1

-manifestou familiaridade com o vocabulário usado e com as estruturas gramaticais e sintácticas, porque interpretaram e compreenderam os enunciados dos problemas;

1 2 1

-efectuou uma interpretação/compreensão adequadas dos enunciados escritos, porque em caso de dúvidas, exploravam de novo os dados do enunciado;

1 2 1

-manifestou conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de enunciados;

1 2 1

-manifestou capacidade de expressão, adequada ao contexto e ao objectivo comunicativo, utilizando sempre um vocabulário rico;

2 2 2

-manifestou capacidade de conhecimento de vocabulário diversificado; 1 2 2

-estabeleceu relações de significado entre as palavras; 1 2 2

-manifestou capacidade para decifrar automaticamente os enunciados, localizando a sua informação escrita e apreensão do significado global do texto;

1 2 2

-manifestou capacidade para interpretar enunciados de natureza diversificada, a nível oral e escrito;

1 1 1

-respondeu a questionários a propósito dos enunciados dos problemas; 2 2 2

-manifestou capacidade de discutir com os outros e comunicação das suas descobertas; 1 1 2

-manifestou interesse e empenho na realização da tarefa, porque foi persistente na execução das tarefas;

2 3 2

-confrontou ideias próprias com as de outros; 2 2 2

-cooperou no trabalho de grupo na procura da solução; 2 2 2

-capacidade de usar as fases previstas nas actividades de investigação matemática; 2 2 2

-manifestou bom cálculo mental; 1 2 1

-manifestou bom raciocínio; 1 2 1

-dominou os conceitos matemáticos envolvidos; 1 2 1

-associou os conceitos matemáticos envolvidos; 1 1 1

-explicou o raciocínio usado oralmente; 2 2 2

-explicou o raciocínio usado por escrito. 1 1 1

Quadro 4 – Desempenho dos alunos nas actividades de investigação matemática

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

Page 229: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

224

ANEXO 35 -B

Quadro de desempenho na formulação de problemas - Par B

Tarefas Indicadores

27 28

-capacidade de interpretação/compreensão das figuras (gráfico) apresentadas; 1 3

-domínio de conceitos matemáticos envolvidos; 2 3

-capacidade de aplicação e associação de novos conceitos matemáticos; 1 2

-conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da escrita de textos; 1 3

-estruturação das ideias e das frases; 1 3

-utilização devida dos sinais de pontuação em situações de Formulação de Problemas; 1 2

-capacidade de escrita legível com correcção ortográfica do vocabulário relacionado com as figuras apresentadas;

1 3

-capacidade de usar a escrita como substituto do oral; 1 3

-capacidade de respeitar as regras elementares de concordância; 2 3

-capacidade de usar frases complexas para exprimir sequências e relações; - -

-manifestou total interesse e empenho na realização da tarefa, porque foi persistente no seu desenvolvimento e sua conclusão;

2 4

-cooperou no trabalho de grupo na execução da tarefa; 2 3

-manifestou capacidade de confronto de ideias e opiniões. 2 3

Quadro 5 – Desempenho dos alunos na formulação de problemas

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

Page 230: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

225

ANEXO 36

Par C

Tarefas Competências manifestadas na Língua Portuguesa

Competências manifestadas na Matemática

8, 13, 9, 11, 12 e 17

-aptidão para efectuar leituras fluentes; -retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos; -aptidão para interpretar e compreender enunciados orais e escritos;

-capacidade de usar a matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; -aptidão para identificar figuras geométricas e identificação de algumas das suas propriedades; -compreensão de conceitos matemáticos: vértices, linha recta/curva, segmento de recta, tabuadas e os algoritmos (multiplicação, subtracção, adição e divisão).

24, 25 e 26

Foram manifestadas as competências enumeradas nas tarefas de resolução de problemas.

-aptidão para realizar investigações que recorram a dados de natureza quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de conclusões;

27 e 28

-reconhecimento de técnicas básicas de organização textual; -aptidão para estruturar ideias e frases; -aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e regras gramaticais básicas.

-aptidão para ler e interpretar tabelas e gráficos e para comunicar os resultados das interpretações feitas; -formular problemas a partir de situações matemáticas.

Quadro 1 – Competências manifestadas pelo par em Língua Portuguesa e Matemática

Par C

Tarefas Dificuldades reveladas na Língua Portuguesa

Dificuldades reveladas na Matemática

8, 13, 9, 11, 12 e 17

-interpretação/compreensão dos enunciados; -vocabulário pouco diversificado.

-pouca autonomia; -comunicação escrita dos raciocínios.

24, 25 e 26 -comunicação dos raciocínios. 27 e 28 -regras elementares de concordância;

incorrecções ortográficas.

Quadro 2 – Dificuldades reveladas pelo par em Língua Portuguesa e Matemática

Page 231: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

226

ANEXO 37

Quadro de desempenho na resolução de problemas - Par C

Tarefas Indicadores

8 13 9 11 12 17

-efectuou uma leitura fluente, de acordo com a pontuação e estruturas gramaticais, permitindo-lhes a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados;

1 1 1 1 1 2

-reteve informação a partir de enunciados orais e escritos, permitindo-lhes a resolução das tarefas;

2 2 1 1 1 2

-manifestou familiaridade com o vocabulário usado e com as estruturas gramaticais e sintácticas, porque interpretaram e compreenderam os enunciados dos problemas;

2 2 2 1 2 2

-efectuou uma interpretação/compreensão adequadas dos enunciados escritos, porque em caso de dúvidas, exploravam de novo os dados do enunciado;

1 1 1 1 1 2

-manifestou conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de enunciados;

2 2 2 2 2 2

-manifestou capacidade de expressão, adequada ao contexto e ao objectivo comunicativo, utilizando sempre um vocabulário rico;

2 2 2 2 1 2

-manifestou capacidade de conhecimento de vocabulário diversificado; 2 2 2 2 1 2

-estabeleceu relações de significado entre as palavras; 2 2 2 1 1 2

-manifestou facilidade na descoberta do sentido das palavras desconhecidas; 2 2 2 1 2 2

-manifestou capacidade para decifrar automaticamente os enunciados, localizando a sua informação escrita e apreensão do significado global do texto;

2 2 2 2 2 2

-manifestou capacidade para interpretar enunciados de natureza diversificada, a nível oral e escrito;

2 2 2 2 2 2

-respondeu a questionários a propósito dos enunciados dos problemas; 2 2 2 2 2 2

-manifestou capacidade de discutir com os outros e comunicação das suas descobertas;

1 2 3 2 2 2

-manifestou interesse e empenho na realização da tarefa, porque recorreu com frequência ao enunciado, de modo a compreender todos os dados;

1 2 2 2 2 2

-confrontou ideias entre si; 1 2 3 2 2 2

-cooperou no trabalho de grupo na procura da solução; 1 2 3 2 2 2

-manifestou persistência no trabalho; 2 2 2 2 2 2

-identificou sempre estratégias adequadas para a resolução das tarefas; 2 2 - 2 2 3

-manifestou bom cálculo mental; 2 - - - - -

-manifestou bom raciocínio; 2 1 1 1 2 3

-dominou os conceitos matemáticos envolvidos; 1 2 - 1 - -

-associou os conceitos matemáticos envolvidos; 1 2 - 1 - -

-explicou o raciocínio usado oralmente; 1 1 1 1 2 3

-explicou o raciocínio usado por escrito. 1 1 1 1 2 3

Quadro 3 – Desempenho dos alunos na resolução de problemas

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

Page 232: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

227

ANEXO 37 -A

Quadro de desempenho nas actividades de investigação matemática - Par C

Tarefas Indicadores

24 25 26

-efectuou uma leitura fluente, de acordo com a pontuação e estruturas gramaticais, permitindo-lhes a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados;

1 2 3

-reteve informação a partir de enunciados orais e escritos, tendo-lhes permitido a resolução das tarefas;

3 2 3

-manifestou familiaridade com o vocabulário usado e com as estruturas gramaticais e sintácticas, porque interpretaram e compreenderam os enunciados dos problemas;

3 2 3

-efectuou uma interpretação/compreensão adequadas dos enunciados escritos, porque em caso de dúvidas, exploravam de novo os dados do enunciado;

2 2 3

-manifestou conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de enunciados;

2 2 3

-manifestou capacidade de expressão, adequada ao contexto e ao objectivo comunicativo, utilizando sempre um vocabulário rico;

3 2 2

-manifestou capacidade de conhecimento de vocabulário diversificado; 3 2 3

-estabeleceu relações de significado entre as palavras; 4 2 3

-manifestou capacidade para decifrar automaticamente os enunciados, localizando a sua informação escrita e apreensão do significado global do texto;

2 2 2

-manifestou capacidade para interpretar enunciados de natureza diversificada, a nível oral e escrito;

2 2 3

-respondeu a questionários a propósito dos enunciados dos problemas; 2 2 2

-manifestou capacidade de discutir com os outros e comunicação das suas descobertas; 3 2 3

-manifestou interesse e empenho na realização da tarefa, porque foi persistente na execução das tarefas;

2 3 3

-confrontou ideias próprias com as de outros; 2 2 2

-cooperou no trabalho de grupo na procura da solução; 2 3 3

-capacidade de usar as fases previstas nas actividades de investigação matemática; 3 3 3

-manifestou bom cálculo mental; 2 3 3

-manifestou bom raciocínio; 1 3 3

-dominou os conceitos matemáticos envolvidos; 2 2 3

-associou os conceitos matemáticos envolvidos; 2 2 3

-explicou o raciocínio usado oralmente; 3 2 3

-explicou o raciocínio usado por escrito. 1 1 1

Quadro 4 – Desempenho dos alunos nas actividades de investigação matemática

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

Page 233: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

228

ANEXO 37 – B

Quadro de desempenho na formulação de problemas - Par C

Tarefas Indicadores

27 28

-capacidade de interpretação/compreensão das figuras (gráfico) apresentadas; 3 3

-domínio de conceitos matemáticos envolvidos; 3 2

-capacidade de aplicação e associação de novos conceitos matemáticos; 3 2

-conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da escrita de textos; 2 2

-estruturação das ideias e das frases; 2 2

-utilização devida dos sinais de pontuação em situações de Formulação de Problemas; 2 3

-capacidade de escrita legível com correcção ortográfica do vocabulário relacionado com as figuras apresentadas;

3 1

-capacidade de usar a escrita como substituto do oral; 2 2

-capacidade de respeitar as regras elementares de concordância; 1 1

-capacidade de usar frases complexas para exprimir sequências e relações; - -

-manifestou total interesse e empenho na realização da tarefa, porque foi persistente no seu desenvolvimento e sua conclusão;

3 3

-cooperou no trabalho de grupo na execução da tarefa; 3 3

-manifestou capacidade de confronto de ideias e opiniões. 3 3

Quadro 5 – Desempenho dos alunos na formulação de problemas

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

Page 234: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

229

ANEXO 38

Par D Tarefas Competências manifestadas na Língua

Portuguesa Competências manifestadas na Matemática

8, 13, 9, 11, 12 e 17

-aptidão para ler fluentemente, permitindo a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados; -retenção de informação a partir de enunciados orais e escritos; -aptidão para interpretar e compreender enunciados orais e escritos; -reconhecer os domínios lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da oralidade e da escrita; -usar estratégias de raciocínio verbal na resolução de problemas;

-capacidade de usar a matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; -predisposição para procurar entender a estrutura de um problema e para desenvolver processos de resolução, assim como para analisar os erros cometidos e ensaiar estratégias alternativas; -aptidão para identificar figuras geométricas e identificação de algumas das suas propriedades; -compreensão de conceitos matemáticos: vértices, linha recta/curva, segmento de recta, tabuadas e os algoritmos (multiplicação, subtracção, adição e divisão);

24, 25 e 26

Foram manifestadas as competências enumeradas nas tarefas de resolução de problemas.

-aptidão para realizar investigações que recorram a dados de natureza quantitativa, envolvendo a recolha e análise de dados e a elaboração de conclusões;

27 e 28

-aptidão para escrever com a devida correcção ortográfica, enunciados relacionados com as figuras apresentadas; -reconhecimento de técnicas básicas de organização textual; -aptidão para estruturar ideias e frases; -aptidão para respeitar as regras elementares de concordância e regras gramaticais básicas; -discutir e comunicar oralmente com os outros as suas descobertas;

-aptidão para ler e interpretar tabelas e gráficos e para comunicar os resultados das interpretações feitas; -formular problemas a partir de situações matemáticas.

Quadro 1 – Competências manifestadas pelo par em Língua Portuguesa e Matemática

Par D Tarefas Dificuldades reveladas na Língua

Portuguesa Dificuldades reveladas na Matemática

8 e 11 -interpretação/compreensão dos enunciados e do vocabulário usado, números e algarismos.

-aplicação de conceitos de medição; -comunicação oral e escrita dos raciocínios (tarefa 8); -cálculo mental e escrito, porque os entre os números 100 e 200 há 101 algarismos e não 100.

9 e 13 -percepção visual; -comunicação oral e escrita dos raciocínios (tarefa 9).

Quadro 2 – Dificuldades reveladas pelo par em Língua Portuguesa e Matemática

Page 235: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

230

ANEXO 39

Quadro de desempenho na resolução de problemas - Par D

Tarefas Indicadores

8 13 9 11 12 17

-efectuou uma leitura fluente, de acordo com a pontuação e estruturas gramaticais, permitindo-lhes a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados;

2 3 4 3 4 4

-reteve informação a partir de enunciados orais e escritos, tendo-lhes permitido a resolução das tarefas;

2 3 4 3 4 4

-manifestou familiaridade com o vocabulário usado e com as estruturas gramaticais e sintácticas, porque interpretaram e compreenderam os enunciados dos problemas;

2 3 4 2 4 4

-efectuou uma interpretação/compreensão adequadas dos enunciados escritos, porque em caso de dúvidas, exploravam de novo os dados do enunciado;

2 3 4 3 4 4

-manifestou conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de enunciados;

2 3 4 2 4 4

-manifestou capacidade de expressão, adequada ao contexto e ao objectivo comunicativo, utilizando sempre um vocabulário rico;

2 3 4 2 4 4

-manifestou capacidade de conhecimento de vocabulário diversificado; 2 3 4 2 4 4

-estabeleceu relações de significado entre as palavras; 2 3 4 2 4 4

-manifestou facilidade na descoberta do sentido das palavras desconhecidas; 2 3 4 2 4 4

-manifestou capacidade para decifrar automaticamente os enunciados, localizando a sua informação escrita e apreensão do significado global do texto;

2 3 4 3 4 4

-manifestou capacidade para interpretar enunciados de natureza diversificada, a nível oral e escrito;

2 3 4 3 4 4

-respondeu a questionários a propósito dos enunciados dos problemas; 2 3 4 3 4 4

-manifestou capacidade de discutir com os outros e comunicação das suas descobertas;

2 3 4 3 4 4

-manifestou interesse e empenho na realização da tarefa, porque recorreu com frequência ao enunciado, de modo a compreender todos os dados;

2 3 4 3 4 4

-confrontou ideias entre si; 2 3 4 3 4 4

-cooperou no trabalho de grupo na procura da solução; 2 3 4 3 4 4

-manifestou persistência no trabalho; 2 3 4 4 4 4

-identificou sempre estratégias adequadas para a resolução das tarefas; 2 3 4 4 4 4

-manifestou bom cálculo mental; - - - 1 4 4

-manifestou bom raciocínio; 2 3 4 2 4 4

-dominou os conceitos matemáticos envolvidos; 1 3 - 3 4 4

-associou os conceitos matemáticos envolvidos; - 3 3 3 4 4

-explicou o raciocínio usado oralmente; 1 1 1 2 3 4

-explicou o raciocínio usado por escrito. 1 1 1 2 3 4

Quadro 3 – Desempenho dos alunos na resolução de problemas

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

Page 236: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

231

ANEXO 39 – A

Quadro de desempenho em actividades de investigação matemática - Par D

Tarefas Indicadores

24 25 26

-efectuou uma leitura fluente, de acordo com a pontuação e estruturas gramaticais, permitindo-lhes a compreensão e decodificação do conteúdo dos enunciados;

4 3 4

-reteve informação a partir de enunciados orais e escritos, tendo-lhes permitido a resolução das tarefas;

4 3 4

-manifestou familiaridade com o vocabulário usado e com as estruturas gramaticais e sintácticas, porque interpretaram e compreenderam os enunciados dos problemas;

4 4 4

-efectuou uma interpretação/compreensão adequadas dos enunciados escritos, porque em caso de dúvidas, exploravam de novo os dados do enunciado;

4 3 4

-manifestou conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da compreensão de enunciados;

4 4 4

-manifestou capacidade de expressão, adequada ao contexto e ao objectivo comunicativo, utilizando sempre um vocabulário rico;

4 3 4

-manifestou capacidade de conhecimento de vocabulário diversificado; 4 4 4

-estabeleceu relações de significado entre as palavras; 4 4 4

-manifestou capacidade para decifrar automaticamente os enunciados, localizando a sua informação escrita e apreensão do significado global do texto;

4 4 4

-manifestou capacidade para interpretar enunciados de natureza diversificada, a nível oral e escrito;

4 3 4

-respondeu a questionários a propósito dos enunciados dos problemas; 4 3 4

-manifestou capacidade de discutir com os outros e comunicação das suas descobertas; 4 3 4

-manifestou interesse e empenho na realização da tarefa, porque foi persistente na execução das tarefas;

4 4 4

-confrontou ideias próprias com as de outros; 4 3 4

-cooperou no trabalho de grupo na procura da solução; 4 4 4

-capacidade de usar as fases previstas nas actividades de investigação matemática; 4 3 4

-manifestou bom cálculo mental; 4 3 4

-manifestou bom raciocínio; 4 3 4

-dominou os conceitos matemáticos envolvidos; 4 3 3

-associou os conceitos matemáticos envolvidos; 4 3 3

-explicou o raciocínio usado oralmente; 4 4 3

-explicou o raciocínio usado por escrito. 4 3 4

Quadro 4 – Desempenho dos alunos nas actividades de investigação matemática

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente.

Page 237: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

232

ANEXO 39 – B

Quadro de desempenho em formulação de problemas - Par D

Tarefas Indicadores

27 28

-capacidade de interpretação/compreensão das figuras (gráfico) apresentadas; 2 3

-domínio de conceitos matemáticos envolvidos; 3 4

-capacidade de aplicação e associação de novos conceitos matemáticos; 4 4

-conhecimento lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da escrita de textos; 4 3

-estruturação das ideias e das frases; 4 2

-utilização devida dos sinais de pontuação em situações de formulação de problemas; 2 3

-capacidade de escrita legível com correcção ortográfica do vocabulário relacionado com as figuras apresentadas;

3 3

-capacidade de usar a escrita como substituto do oral; 3 3

-capacidade de respeitar as regras elementares de concordância; 3 3

-capacidade de usar frases complexas para exprimir sequências e relações; - -

-manifestou total interesse e empenho na realização da tarefa, porque foi persistente no seu desenvolvimento e sua conclusão;

4 4

-cooperou no trabalho de grupo na execução da tarefa; 4 4

-manifestou capacidade de confronto de ideias e opiniões. 4 4

Quadro 5 – Desempenho dos alunos na formulação de problemas

Legenda: 1 – Fraco; 2 – Razoável; 3 – Bom; 4 – Excelente

Page 238: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

233

ANEXO 40

Na maioria das vezes Algumas vezes

Língua

Portuguesa

*aptidão para estabelecer relações de

significado entre as palavras e para

descobrir, em contexto, o sentido de

palavras desconhecidas;

* o reconhecimento de vocabulário

diversificado e de estruturas gramaticais

e sintácticas;

* a aptidão para decifrar

automaticamente enunciados

matemáticos, para localizar informação

em material escrito e para apreender o

significado global de um texto.

*aptidão para explicar por escrito os

raciocínios usados e o reconhecimento

da utilidade dos sinais de pontuação

num enunciado escrito. Embora tenha

confrontado ideias entre si, raramente

foi possível confrontá-las com as dos

outros pares, por falta de tempo.

Matemática

*aptidão para efectivar inferências e para

formular conclusões lógicas;

*aptidão para dar sentido a problemas

numéricos e para reconhecer as

operações que são necessárias à sua

resolução e desenvolvimento do

raciocínio, de meios de pensamento,

criatividade, compreensão e aplicação da

matemática a situações concretas.

*aptidão para discutir com outros e

comunicar descobertas e ideias

matemáticas, através do uso de uma

linguagem oral, não ambígua e

adequada à situação;

* compreensão de conceitos

matemáticos, nomeadamente os

números ímpares/ímpares e

capacidade para medir.

Quadro 1 - Competências manifestadas pelo Par A

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234

ANEXO 40 – A

Algumas vezes Raramente

Língua

Portuguesa

*aptidão para ler fluentemente, o que lhe

permitiu a compreensão e decodificação

do conteúdo dos enunciados; o

reconhecimento dos domínios lexical,

morfológico, sintáctico e semântico ao

nível da oralidade e da escrita;

*reconhecimento de vocabulário

diversificado e de estruturas gramaticais

e sintácticas;

*aptidão para escrever com a devida

correcção ortográfica, enunciados

relacionados com as figuras

apresentadas;

*aptidão para estruturar ideias e frases;

e, aptidão para confrontar ideias entre si.

*aptidão para usar estratégias de

raciocínio verbal, na resolução de

problemas;

*aptidão para discutir e comunicar

oralmente com os outros as suas

descobertas;

*aptidão para se exprimirem de forma

confiante, clara e audível, com

adequação ao contexto e ao objectivo

comunicativo;

*aptidão para decifrar

automaticamente os enunciados

matemáticos, para localizar

informação em material escrito e para

apreender o significado global de um

texto curto.

Matemática

*predisposição para procurar entender a

estrutura de um problema e para

desenvolver processos de resolução, para

analisar os erros cometidos e ensaiar

estratégias alternativas;

*aptidão para efectivar inferências;

* aptidão para ler e interpretar tabelas e

gráficos e para comunicar os resultados

das interpretações feitas.

*Aptidão para comunicar oralmente

ou por escrito os raciocínios usados na

resolução de problemas.

Quadro 2 - Competências manifestadas pelo Par B

Page 240: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

235

ANEXO 40 – B

Algumas vezes Raramente

Língua Portuguesa

*aptidão para efectuar uma leitura fluente de modo a compreender e decodificar o conteúdo dos enunciados; *reconhecimento de vocabulário diversificado e de estruturas gramaticais e sintácticas; *aptidão para reconhecer os domínios lexical, morfológico, sintáctico e semântico ao nível da oralidade e da escrita; *reconhecimento da utilidade dos sinais de pontuação, num enunciado escrito; a aptidão para escrever com a devida correcção ortográfica e utilizar vocabulário relacionado com as figuras apresentadas; *aptidão para estabelecer relações de significado entre as palavras e para descobrir, num contexto, o sentido de palavras desconhecidas.

*aptidão para exprimir-se de forma confiante, clara e audível, com adequação ao contexto e ao objectivo comunicativo; *discussão e comunicação oral com os outros das suas descobertas, devido à falta de tempo.

Matemática

*aptidão para desenvolver o raciocínio, de meios de pensamento, criatividade, compreensão e aplicação da matemática a situações concretas; * capacidade de usar a matemática para analisar e resolver situações problemáticas, para raciocinar e comunicar; *aptidão para discutir com outros e comunicar descobertas e ideias matemáticas através do uso de uma linguagem oral, não ambígua e adequada à situação; *predisposição para procurar entender a estrutura de um problema e para desenvolver processos de resolução, assim como para analisar os erros cometidos e ensaiar estratégias alternativas; *aptidão para efectivar inferências e para formular conclusões lógicas.

*aptidão ao nível da demonstração e explicitação dos raciocínios utilizados na resolução de problemas; *aptidão para fazer medições, utilizando instrumentos apropriados.

Quadro 3 - Competências manifestadas pelo Par C

Page 241: Agradecimentos - repositorium.sdum.uminho.ptrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/7258/2/Tese2.pdf · problemas e investigações matemáticas. Procurar-se-á verificar em que

236

ANEXO 40 – C

Na maioria das vezes Algumas vezes

Língua

Portuguesa

*reconhecimento de vocabulário

diversificado e de estruturas gramaticais

e sintácticas;

* aptidão para exprimir-se de forma

confiante, clara e audível, com

adequação ao contexto e ao objectivo

comunicativo;

*reconhecimento da utilidade dos sinais

de pontuação num enunciado escrito;

*decifração automática de enunciados

matemáticos, para localizar e reter

informação em material escrito e para

apreender o significado global do texto.

Matemática

*aptidão para efectivar inferências e para

formular conclusões lógicas;

* predisposição para raciocinar

matematicamente;

*aptidão para discutir com outros e

comunicar descobertas e ideias

matemáticas, através do uso de uma

linguagem oral, não ambígua e adequada

à situação;

*aptidão para desenvolver processos de

resolução, assim como para analisar os

erros cometidos e ensaiar estratégias

alternativas;

*compreensão do processo de medição,

utilizando instrumentos apropriados;

desenvolver o raciocínio, meios de

pensamento, criatividade e compreensão

e aplicação da Matemática a situações

concretas.

*aptidão ao nível da demonstração e

explicitação dos raciocínios utilizados

na resolução de problemas.

Quadro 4 - Competências manifestadas pelo Par D

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237

ANEXO 41

Guião da entrevista à professora da turma

Opinião sobre as actividades propostas

-tarefas introdutórias; -tarefas de resolução de problemas;

-actividades de investigação matemática; -tarefas de formulação de problemas.

Expectativas referentes às reacções dos alunos

às tarefas

-comportamentos esperados dos alunos em contacto com as tarefas; -valorização da comunicação oral e escrita na Matemática, na explicação dos raciocínios usados.

Atitudes e comportamentos após a

implementação das tarefas

-registaram-se mudanças de atitudes e comportamentos nas aulas de Matemática; -manifestação de vontade de resolver tarefas semelhantes às apresentadas no estudo.

Quadro 1 – Guião da entrevista

Entrevista feita à professora no final da intervenção pedagógica

1) Como caracteriza a fase das tarefas

introdutórias?

-Foi agradável. Permitiu um melhor

conhecimento entre investigadora e

alunos, facilitando o trabalho seguinte.

2) Qual a sua opinião acerca das tarefas

propostas de resolução de

problemas?

-As tarefas foram muito apropriadas e

diversificadas. Foi uma óptima ideia trazer

problemas de processo, para confrontar os

alunos com situações diferentes.

3) Qual a sua opinião acerca das

actividades de investigação

matemática desenvolvidas?

-Foram muito interessantes, porque

permitiram o manuseamento de materiais

diferentes na aula de Matemática.

4) Qual a sua opinião acerca das tarefas

propostas de formulação de

problemas?

-Que foram poucas, ou seja, concluí

também que os alunos têm bastante

dificuldade nessas tarefas e que é

necessário repeti-las.

5) Quais as expectativas relativamente

aos alunos aquando da resolução das

tarefas propostas?

-Que os alunos conseguissem resolvê-las

com mais rapidez e que não

manifestassem tantas dúvidas.

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238

6) Considera importante a comunicação

oral e escrita dos raciocínios usados

na resolução dos problemas?

-Muito importante. Porque o aluno dessa

forma mostra o seu raciocínio, os passos

que deu.

7) Após a resolução das tarefas, no

âmbito deste estudo, registaram-se

mudanças de atitudes ou de

comportamentos dos alunos nas

aulas de Matemática? Quais?

-Parece-me que os alunos se tornaram

mais conscientes dos métodos, da

apresentação das respostas.

8) Os alunos manifestaram vontade de

resolver alguma tarefa semelhante à

do estudo? Que tipo de tarefa?

-Na verdade os alunos gostavam de

continuar a resolução de tarefas no âmbito

do estudo.

Quadro 2 - Entrevista à professora da turma

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ANEXO 42

Guião da entrevista efectuada aos pares de estudo

Relação com a Matemática

-gostas de Matemática e porquê; -que gostas mais de fazer na Matemática e que gostas menos.

Relação do aluno com a aprendizagem da

Matemática

-gostas de resolver problemas; -consideras que tens facilidade ou dificuldade na resolução de problemas e porquê; -o que é necessário para ter um bom desempenho em resolução de problemas.

Avaliação dos trabalhos efectuados

-qual das tarefas apreciaste mais: resolução de problemas, actividades de investigação matemática, formulação de problemas e porquê; -qual das tarefas apreciaste menos e porquê; -o que achaste ter de explicar por escrito os raciocínios usados em resolução de problemas; -concordas com a afirmação e porquê: Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa.

Quadro 1 – Guião da entrevista aos alunos

Entrevista efectuada aos alunos no final da resolução das tarefas

1) Gostas da disciplina de Matemática? Porquê?

2) O que gostas mais e o que gostas menos de fazer na Matemática?

3) Gostas de resolver problemas?

4) Consideras que tens facilidade ou dificuldade na resolução de problemas?

Porquê?

5) O que pensas que é necessário para ter um bom desempenho em resolução de

problemas?

6) Das actividades realizadas no âmbito deste estudo, qual foi a que mais gostaste

de fazer? Porquê?

7) Qual delas gostaste menos?

8) Foi fácil explicar por escrito os raciocínios usados na resolução de problemas?

9) Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua

Portuguesa. Concordas com a afirmação? Porquê?

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240

ANEXO 43

Par Questões

Rodolfo Marta

Gostas da disciplina de Matemática? Porquê?

Sim. Porque desenvolve o raciocínio.

Gosto, mas prefiro Estudo do Meio, porque gosto de história.

O que gostas mais e o que gostas menos de fazer na Matemática?

Gosto mais de fazer contas e menos de resolver problemas difíceis.

Gosto mais de fazer contas e gosto menos de fazer leituras de números.

Gostas de resolver problemas? Gosto, mas depende dos problemas.

Gosto. É divertido pensar o raciocínio dos problemas e interpretá-los.

Consideras que tens facilidade ou dificuldade na resolução de problemas? Porquê?

Às vezes tenho dificuldades, outras não. Porque…

Talvez um bocado de dificuldade.

O que pensas que é necessário para ter um bom desempenho em resolução de problemas?

Saber ler, interpretar e compreender os problemas.

Interpretar e compreender os enunciados é muito importante, para poder resolvê-los.

Das actividades realizadas no âmbito deste estudo, qual foi a que mais gostaste de fazer? Porquê?

Gostei mais de resolver problemas, porque tínhamos de encontrar uma estratégia.

Gostei dos quadrados de dominó, porque foi divertido mexer naquele material e fazer aquelas contas que nunca tinha feito, a não ser no quadrado mágico.

Qual delas gostaste menos? De resolver alguns problemas mais difíceis.

Talvez, de alguns problemas.

Foi fácil explicar por escrito os raciocínios usados na resolução de problemas?

Foi fácil, mas às vezes não o fazia por preguiça.

Não achei muito fácil, mas acho que se deve fazer. Se se sabe fazer o problema, também se sabe explicar. A explicação ajuda-nos a compreender o nosso raciocínio.

Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa. Concordas com a afirmação? Porquê?

Sim, porque se não soubermos ler e interpretar bem, não conseguimos resolver os problemas.

Sim. Se não lermos muito bem e se não compreendermos, não somos capazes de resolver a Matemática.

Quadro 1 – Respostas dadas na entrevista pelo Par A

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ANEXO 43 – A

Par Questões

Ricardo Rui Pedro

Gostas da disciplina de Matemática? Porquê?

É a minha disciplina preferida. Porque é divertido fazer contas.

Sim. Porque gosto de fazer exercícios, resolver problemas, etc.

O que gostas mais e o que gostas menos de fazer na Matemática?

Gosto mais de fazer contas e menos de resolver alguns problemas.

Gosto mais de fazer contas, mas não gosto nada de contas de dividir.

Gostas de resolver problemas? De resolver alguns… Gosto. Para chegar à solução.

Consideras que tens facilidade ou dificuldade na resolução de problemas? Porquê?

Um bocado de dificuldade, por não ler muito bem o texto.

Tenho dificuldades em certos problemas que têm “ratoeiras”, aqueles que uma pessoa pensa que é uma coisa e não é.

O que pensas que é necessário para ter um bom desempenho em resolução de problemas?

È preciso saber bem Português. É preciso saber Língua Portuguesa.

Das actividades realizadas no âmbito deste estudo, qual foi a que mais gostaste de fazer? Porquê?

Gostei da formulação de problemas. Porque como tenho mais dificuldades a Português, posso exercitar e ficar mais esperto nessa disciplina.

Investigações matemáticas, porque é divertido e interessante e porque foi a primeira vez que trabalhei.

Qual delas gostaste menos? Gostei de todas. De todas.

Foi fácil explicar por escrito os raciocínios usados na resolução de problemas?

Foi fácil, mas não tive tempo. É difícil porque temos de escrever o que pensamos.

Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa. Concordas com a afirmação? Porquê?

É importante ler bem, interpretar e compreender os problemas para os poder fazer.

Sim. Sem saber ler e interpretar não se podem resolver os problemas de Matemática.

Quadro 2 – Respostas dadas na entrevista pelo Par B

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ANEXO 43 – B

Par Questões

Diogo Alexandre

Gostas da disciplina de Matemática? Porquê?

Gosto. É fundamental para desenvolver o raciocínio.

Gosto, porque ajuda a resolver os problemas e a minha mãe diz que é a disciplina mais importante.

O que gostas mais e o que gostas menos de fazer na Matemática?

Gosto mais de fazer contas e menos dos problemas.

Gosto mais de fazer contas, mas não gosto de contas de dividir por números decimais.

Gostas de resolver problemas? Gosto dos problemas de processo.

Gosto mas alguns são difíceis.

Consideras que tens facilidade ou dificuldade na resolução de problemas? Porquê?

Às vezes tenho alguma dificuldade em compreender os enunciados.

Umas vezes facilidade, outras não.

O que pensas que é necessário para ter um bom desempenho em resolução de problemas?

É preciso ler bem, entender e compreender os enunciados.

Ler os problemas.

Das actividades realizadas no âmbito deste estudo, qual foi a que mais gostaste de fazer? Porquê?

Dos problemas de processo, porque são divertidos. Tínhamos de dizer o que pensávamos e escolher uma estratégia para os resolver.

Formulação de problemas, porque a partir dos desenhos foi fácil.

Qual delas gostaste menos? Gostei de todas. Gostei de tudo.

Foi fácil explicar por escrito os raciocínios usados na resolução de problemas?

Achei fácil, porque se soubesse fazer o problema, sabia explicar o raciocínio.

Foi difícil.

Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa. Concordas com a afirmação? Porquê?

Sim. É fundamental desenvolver a leitura e interpretar para compreendermos o problema de Matemática.

Sim, porque a leitura faz falta para resolver o problema.

Quadro 3 – Respostas dadas na entrevista pelo Par C

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243

ANEXO 43 – C

Par Questões

Filipa Pedro Miguel

Gostas da disciplina de Matemática? Porquê?

Gosto. Há actividades que são divertidas, que se usam materiais.

Gosto. Porque é uma disciplina que se aprende a contar os números, a dividi-los, etc.

O que gostas mais e o que gostas menos de fazer na Matemática?

Gosto mais de contas e menos de reduções.

Gosto mais de fazer investigações matemáticas e menos de problemas de processo.

Gostas de resolver problemas?

Gosto um bocado dos problemas de processo. É divertido descobrir as respostas.

Gosto mais ou menos. Alguns problemas são muito difíceis.

Consideras que tens facilidade ou dificuldade na resolução de problemas? Porquê?

Em alguns tenho dificuldade, outros não, porque temos de escolher uma estratégia para os resolver.

Em alguns tenho facilidade, noutros não.

O que pensas que é necessário para ter um bom desempenho em resolução de problemas?

Ter um bom cálculo mental.

Ter bom conhecimento da Língua Portuguesa.

Das actividades realizadas no âmbito deste estudo, qual foi a que mais gostaste de fazer? Porquê?

Gostei das actividades de investigação, porque gosto de usar material.

Gostei dos quadrados de dominó. Foi muito divertido fazer mesmo sem ter muita prática, porque só agora comecei a fazer este trabalho.

Qual delas gostaste menos?

Gostei de tudo.

De alguns problemas de processo que foram muito complicados.

Foi fácil explicar por escrito os raciocínios usados na resolução de problemas?

É difícil. Não sei…

Foi difícil, porque explicar é quase como dizer o problema.

Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua Portuguesa. Concordas com a afirmação? Porquê?

Sim. Ler e interpretar os enunciados ajuda na resolução dos problemas.

Sim. É preciso interpretar a leitura para saber fazer o problema.

Quadro 4 – Respostas dadas na entrevista pelo Par D

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ANEXO 44

Comparação de respostas dadas pelos pares ao questionário e à entrevista

1.ª Questão: Gostas da disciplina de Matemática?

Questionário Entrevista

Par A Sim; Mais ou menos. Sim; Gosto, mas gosto mais de Estudo do Meio.

Par B Gosto muito; Gosto. Gosto. É a minha disciplina preferida; Sim.

Par C Assim, assim; Gosto. Gosto; Gosto.

Par D Não muito; Sim. Gosto; Gosto.

Quadro 1

2.ª Questão: O que gostas/gostaste mais e menos de fazer em Matemática?

Questionário Entrevista

Par A Gosto mais de algoritmos; de problemas de barras; gosto menos de resolver problemas.

Gostei mais de resolver problemas, porque tínhamos de encontrar uma estratégia; gostei das investigações matemáticas, dos quadrados de dominó.

Par B Gosto mais de fazer contas; problemas de gráficos; gosto menos de contas de dividir.

Gostei mais da formulação de problemas; gostei mais das investigações matemáticas, porque é divertido.

Par C Gosto mais de fazer contas; gosto menos de resolver problemas.

Gostei mais dos problemas de processo, porque tínhamos de encontrar uma estratégia; gostei mais da formulação de problemas.

Par D Gosto mais de fazer contas; de fazer números romanos; gosto menos de resolver problemas.

Gostei mais das actividades de investigação matemática, sobretudo dos quadrados de dominó; Gostei das investigações matemáticas, de construir quadrados de dominó.

Quadro 2

3.ª Questão: Gostas de resolver problemas?

Questionário Entrevista

Par A Gosto mais ou menos. É um bocado difícil; Não muito. É difícil.

Gosto, mas depende dos problemas; Gosto.

Par B Gosto. Porque é importante; Gosto mais ou menos. É um bocado difícil.

Gosto, mas às vezes são difíceis; gosto para chegar à solução.

Par C Não. É difícil; Não. Gosto mais de resolver problemas de contas; Gosto, mas alguns são difíceis.

Par D Não, porque é difícil; só de alguns, outros são muito difíceis.

Gosto de problemas de processo; Gosto, mas alguns problemas são difíceis.

Quadro 3

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245

4.ª Questão: Para haver sucesso na Matemática é fundamental o domínio da Língua

Portuguesa. Concordas com esta afirmação? Porquê?

Questionário Entrevista

Par A Concordo. Porque se não se fizer uma boa leitura e interpretação dos textos, não se pode ter bons resultados nas outras disciplinas; Concordo. Porque ler, compreender, falar e escrever permitem ter bons resultados na Matemática

Sim, porque se não soubermos ler e interpretar bem, não conseguimos resolver os problemas; Sim, porque se não lermos muito bem, se não compreendermos, não conseguimos resolver os problemas.

Par B Eu concordo com esta afirmação; Sim. É importante, porque faz falta ler e interpretar para saber fazer o problema; Sim. Sem saber ler e interpretar não se pode resolver problemas.

Par C Sim concordo; Sim. Sim. Para resolver um problema é preciso saber ler para compreender o problema; Sim, porque a leitura faz falta para resolver o problema.

Par D Sim. Eu concordo perfeitamente; Sim. Sim, para ler e interpretar os enunciados; Sim, porque se soubermos fazer isso tudo, achamos fácil resolver problemas.

Quadro 4