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Água para produção de alimentos: esperança para as famílias agricultoras Valter Lemos de Matos e sua esposa Andrelina de Matos Souza moram com seus dois filhos, Patrícia Lemos de Matos e Wagner Lemos de Matos, na comunidade rural de Morro Branco, que fica a aproximadamente 12 quilômetros do município de Chapada do Norte (MG). Esta é uma das famílias da região que enfrentaram constantes dificuldades de acesso à água. Na propriedade de aproximadamente 6 hectares em que mora, a família sempre plantou feijão, arroz, milho, mandioca, cana de açúcar, amendoim, entre outros. Com o passar dos anos, a água da região diminuiu e o mesmo aconteceu com a produção. A família conta que, por muitas vezes, foi preciso andar grande distância para buscar água até para o consumo da casa. Estes fatos sempre representaram obstáculos para a produção de alimentos na propriedade, embora a família não tenha desistido do cultivo. A falta de apoio no campo, juntamente com as dificuldades para produzir, fizeram com que Valter precisasse migrar para outras regiões em busca de condições para sustentar a família. Anualmente, ia para a colheita de café, corte de cana de açúcar ou construção civil, enquanto sua família permanecia na roça cuidando da propriedade. Valter, Andrelina e o filho Wagner ao lado da cisterna da família Com a água para produção o casal mostra os alimentos cultivados em sua horta Em 2003, o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV), unidade gestora do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) pela Articulação no Semiárido (ASA), construiu na propriedade uma cisterna para captação e armazenamento da água da chuva, com capacidade de 16 mil litros. Andrelina e Valter contam que com esta cisterna não foi preciso mais buscar água para o consumo da casa na época da seca. Outra grande transformação na vida da família veio com o acesso à água para produção de alimentos a partir de 2009. Ano 7 n°1.321 Chapada do Norte Julho / 2013

Água para produção de alimentos: esperança para as famílias agricultoras

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Água para produção de alimentos: esperança para as famílias agricultoras

Valter Lemos de Matos e sua esposa Andrelina de Matos

Souza moram com seus dois filhos, Patrícia Lemos de

Matos e Wagner Lemos de Matos, na comunidade rural de

Morro Branco, que fica a aproximadamente 12 quilômetros

do município de Chapada do Norte (MG). Esta é uma das

famílias da região que enfrentaram constantes dificuldades

de acesso à água.

Na propriedade de aproximadamente 6 hectares em que

mora, a família sempre plantou feijão, arroz, milho,

mandioca, cana de açúcar, amendoim, entre outros. Com o

passar dos anos, a água da região diminuiu e o mesmo

aconteceu com a produção. A família conta que, por muitas

vezes, foi preciso andar grande distância para buscar água

até para o consumo da casa. Estes fatos sempre representaram obstáculos para a produção de alimentos na

propriedade, embora a família não tenha desistido do cultivo. A falta de apoio no campo, juntamente com as dificuldades

para produzir, fizeram com que Valter precisasse migrar para outras regiões em busca de condições para sustentar a

família. Anualmente, ia para a colheita de café, corte de cana de açúcar ou construção civil, enquanto sua família

permanecia na roça cuidando da propriedade.

Valter, Andrelina e o filho Wagner ao lado

da cisterna da família

Com a água para produção o casal mostra os

alimentos cultivados em sua horta

Em 2003, o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica

(CAV), unidade gestora do Programa Um Milhão de Cisternas

(P1MC) pela Articulação no Semiárido (ASA), construiu na

propriedade uma cisterna para captação e armazenamento da

água da chuva, com capacidade de 16 mil litros. Andrelina e

Valter contam que com esta cisterna não foi preciso mais

buscar água para o consumo da casa na época da seca. Outra

grande transformação na vida da família veio com o acesso à

água para produção de alimentos a partir de 2009.

Ano 7 n°1.321

Chapada do Norte

Julho / 2013

Cultivando a terra e colhendo resultados

O primeiro apoio para que a família tivesse a água para

produzir alimentos veio em 2009 através da Cáritas

Diocesana de Araçuaí, unidade gestora do Programa

Uma Terra e Duas Águas (P1+2), também pela ASA. Na

propriedade foi construída uma cisterna-calçadão com

capacidade para armazenar 52 mil litros de água da

chuva. Com este apoio eles puderam ter no quintal uma

horta agroecológica com verduras e hortaliças frescas

para o consumo.

Em 2012, o CAV inicia em Morro Branco ações de acesso e gestão da água para além da cisterna do P1MC, como

cercamento de nascentes, construção de barraginhas e bacias de contenção e cursos, com apoio de organizações

internacionais. A família de Andrelina foi uma das beneficiadas com estas ações, e a construção de uma barraginha no

seu quintal possibilitou ampliar a produção. A família conta com alegria que atualmente cultiva alface, repolho, couve,

almeirão, salsa, cebola, mostarda, pepino, cenoura, beterraba, abóbora, ervilha, dentre outros. Dessa forma, além de

melhorar a alimentação da família, o excedente é vendido na feira livre de Chapada do Norte. Por serem feirantes

também conseguiram outros benefícios por meio do Programa de Apoio às Feiras Livres desenvolvido pelo CAV, como a

compra conjunta de esterco e assistência técnica, o que tem contribuído para fortalecer ainda mais a produção.

A água armazenada na barraginha e na cisterna-calçadão

é utilizada para regar a horta

Valter, que há 25 anos migrava, em 2013 permaneceu junto de sua família, pois além de ter água para produzir, ele está

trabalhando nas comunidades de Chapada do Norte como pedreiro na construção de cisternas de 16 mil litros pela ASA.

A família acredita que com a cisterna de placa, a cisterna-calçadão e a barraginha, eles terão água para produzir

alimentos durante todo o período da seca. O casal também ressalta a importância dos programas da ASA e do quanto

aprenderam com este processo. Afirmam que além de terem água e alimentos saudáveis para consumir, a horta

também possibilita a geração de renda. A família percebe que também foi fundamental o apoio e a assistência técnica

continuada realizada pelo CAV. Segundo Valter, todas estas ações juntas têm trazido melhorias e novas esperanças

para os agricultores e agricultoras.

Em 2013, mais famílias do município de Chapada do Norte, assim como

de Berilo e Francisco Badaró, serão contempladas com tecnologias de

captação e armazenamento de água da chuva para produção de

alimentos e processos de formação através do P1+2. A partir do

patrocínio da Petrobras, o CAV se tornou uma das Unidades Gestoras

Territoriais deste programa pela ASA, e construirá nestes municípios

270 tecnologias. Estas ações irão contribuir para a melhoria da

qualidade de vida de agricultores (as) no Vale do Jequitinhonha, assim

como aconteceu com a família de Valter e Andrelina. Barraginha construída na propriedade

por uma das ações do CAV