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Anais do XV Encontro Estadual de História 1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado, 11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis Águas santas da Terra Indígena Xapecó/SC Terezinha Guerreiro Ercigo 1 Helena Alpini Rosa 2 Resumo: O objetivo desta pesquisa é relatar a importância das águas santas para os Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC em suas práticas religiosas e de cura. Os mais velhos (kófa) contam que as águas santas existem há muitos anos, desde o surgimento do povo Kaingang, e também apareceu na época durante e pós conflito do Contestado, (segunda década do século XX) um santo com o nome São João Maria ele andava nas terras entre os Kaingang realizando rituais de reza e cura. Três fontes de águas santas foram deixadas por ele e por isso, segundo a tradição, nunca se acabam, pois são águas abençoadas que todos devem sempre beber, e fazer o batismo das crianças. Na Terra Indígena Xapecó existem quatro fontes de água santa, que se localizam nas aldeias: Barro Preto, Sede e Pinhalzinho, sendo que uma dessas águas santas foram benzidas pelos Kujá e se tornou sagrada, as outras fontes foi São João Maria que passou e abençoou. Até hoje essas águas são respeitadas e cuidadas. É o lugar onde os Kaingang fazem o batismo das crianças e utilizam para o consumo, no entanto há um desrespeito por parte de algumas pessoas que acabam desmatando para fazer lavouras no entorno dessas fontes, provocando inclusive contaminação por agrotóxicos. Os mais velhos (kófa), dizem que por ser uma água sagrada ela nunca terá fim. Considera-se importante e necessário desenvolver essa pesquisa para mostrar a importância dessas fontes e seus benefícios para a saúde dos Kaingang, havendo mais respeito e conscientização em protegê-las. Essa pesquisa será desenvolvida através da metodologia da História Oral com entrevistas às pessoas mais velhas (kófa) Kaingang, pois são eles os detentores desse conhecimento. Palavras-chaves: Águas santas, Monge João Maria, Kujá, cultura. O presente artigo tem por objetivo principal relatar a importância das águas santas para os Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC em suas práticas religiosas e de cura. Para tanto, se desenvolveu uma pesquisa, através da metodologia da História Oral, com entrevistas realizadas com as pessoas mais velhas Kaingang, que tiveram alguma experiência relacionada às águas santas e são eles os detentores desse conhecimento. A Terra Indígena Xapecó/TIX se localiza no oeste de Santa Catarina, com 15.623 hectares de terra, onde vivem aproximadamente 7000 indígenas Kaingang e uma pequena parcela de Guarani, distribuídos em 16 aldeias, ou comunidades que são: Sede ou Jacu, 1 Acadêmica da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, UFSC, Bolsista Iniciação Científica do Observatório da Educação/OBEDUC/ CAPES/DEB/INEP LABHIN UFSC. [email protected] 2 Orientadora, Doutoranda do PPGH/UFSC, Bolsista de doutorado do Observatório da Educação/OBEDUC/ CAPES/DEB/INEP LABHIN UFSC. [email protected]

Águas santas da Terra Indígena Xapecó/SC · Coletavam ainda plantas medicinais, ... arco e flecha, presilha para o cabelo ... que ele fazia práticas de cura através de rezas

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Anais do XV Encontro Estadual de História “1964-2014: Memórias, Testemunhos e Estado”,

11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

Águas santas da Terra Indígena Xapecó/SC

Terezinha Guerreiro Ercigo1

Helena Alpini Rosa2

Resumo: O objetivo desta pesquisa é relatar a importância das águas santas para os

Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC em suas práticas religiosas e de cura. Os mais

velhos (kófa) contam que as águas santas existem há muitos anos, desde o surgimento do

povo Kaingang, e também apareceu na época durante e pós conflito do Contestado,

(segunda década do século XX) um santo com o nome São João Maria ele andava nas

terras entre os Kaingang realizando rituais de reza e cura. Três fontes de águas santas foram

deixadas por ele e por isso, segundo a tradição, nunca se acabam, pois são águas abençoadas

que todos devem sempre beber, e fazer o batismo das crianças. Na Terra Indígena Xapecó

existem quatro fontes de água santa, que se localizam nas aldeias: Barro Preto, Sede e

Pinhalzinho, sendo que uma dessas águas santas foram benzidas pelos Kujá e se tornou

sagrada, as outras fontes foi São João Maria que passou e abençoou. Até hoje essas águas

são respeitadas e cuidadas. É o lugar onde os Kaingang fazem o batismo das crianças e

utilizam para o consumo, no entanto há um desrespeito por parte de algumas pessoas que

acabam desmatando para fazer lavouras no entorno dessas fontes, provocando inclusive

contaminação por agrotóxicos. Os mais velhos (kófa), dizem que por ser uma água sagrada

ela nunca terá fim. Considera-se importante e necessário desenvolver essa pesquisa para

mostrar a importância dessas fontes e seus benefícios para a saúde dos Kaingang, havendo

mais respeito e conscientização em protegê-las. Essa pesquisa será desenvolvida através da

metodologia da História Oral com entrevistas às pessoas mais velhas (kófa) Kaingang, pois

são eles os detentores desse conhecimento.

Palavras-chaves: Águas santas, Monge João Maria, Kujá, cultura.

O presente artigo tem por objetivo principal relatar a importância das águas santas

para os Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC em suas práticas religiosas e de cura. Para

tanto, se desenvolveu uma pesquisa, através da metodologia da História Oral, com entrevistas

realizadas com as pessoas mais velhas Kaingang, que tiveram alguma experiência relacionada

às águas santas e são eles os detentores desse conhecimento.

A Terra Indígena Xapecó/TIX se localiza no oeste de Santa Catarina, com 15.623

hectares de terra, onde vivem aproximadamente 7000 indígenas Kaingang e uma pequena

parcela de Guarani, distribuídos em 16 aldeias, ou comunidades que são: Sede ou Jacu,

1 Acadêmica da Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, UFSC, Bolsista Iniciação Científica do

Observatório da Educação/OBEDUC/ CAPES/DEB/INEP – LABHIN UFSC. [email protected] 2 Orientadora, Doutoranda do PPGH/UFSC, Bolsista de doutorado do Observatório da Educação/OBEDUC/

CAPES/DEB/INEP – LABHIN UFSC. [email protected]

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Pinhalzinho, Campos Oliveira, Água Branca, Baixo Samburá, Barro Preto, Fazenda São José,

João Veloso, Matão, Paiol de Barro, Guarani, Limeira, Manduri, Olaria, Cerro Doce e

Serrano. Em toda a TIX existem nove escolas, duas escolas de Educação Básica, com Ensino

Médio e 7 de Ensino Fundamental, sendo que entre as sete escolas há uma escola Guarani.

Ainda há a presença de diversas religiões com predominância das religiões pentecostais.

(OBEDUC/CAPES/DEB/INEP/LABHIN, Relatório parcial, 2013).

A TIX pertence aos municípios de Ipuaçu e Entre Rios, no Oeste do estado de Santa

Catarina, no cruzamento dos Rios Chapecó e Chapecózinho, com várias nascentes em seu

interior. O relevo é de planalto com predominância de agricultura extensiva, com o cultivo de

soja e milho, apenas próximo às moradias que há agricultura de subsistência, como plantação

de mandioca, batata-doce, amendoim, feijão, milho cateto, abóbora, hortas e fruteiras.

No passado, viviam da caça de aves e mamíferos, da pesca e coleta. Dentre os

alimentos coletados destacavam-se pinhão, palmito, mel, frutos silvestres, larvas e

erva-mate. Coletavam ainda plantas medicinais, gramíneas e cipós utilizados na

confecção de cestaria, cordas e outros objetos de uso cotidiano ou religioso.

(MURARO, 2003, p 17.).

Existe um percentual baixo de mata nativa próxima aos rios, igualmente a mata de

araucárias é bem limitada se comparada ao início do século XX. Isso se deve a fato da

exploração da madeira pelo Serviço de Proteção ao Índio /SPI e depois pela Fundação

Nacional do Índio/ FUNAI.

Da mata de pinheiros que havia restaram bem menos de 10% - Antes da ampla

exploração de madeireira da região, o pinhão fazia parte da alimentação básica dos

Kaingáng. O hábito da FUNAI engajar-se numa pratica expansionista permitiu com

que a exploração madeireira entre as décadas de 40 e 70 chegasse numa quase

dizimação das antigas matas (Santos, 1969) e, especificamente no PI Xapecó em

torno de trinta madeireiras ali atuaram, entre 1964 e 1966, sendo que o próprio SPI

promovia ocorrências públicas para o corte dos pinheiros (Santos, 1981). Sessenta

mil pinheiros, aproximadamente foram derrubados na reserva indígena. (Santos,

1969:63-6; APUD: OLIVEIRA, 1996, p 36, 38.)

A cultura Kaingang baseia-se na tradição oral que são passados de pais para filhos,

toda cultura, costumes e conhecimento são transmitidos pelos kófa3 da T.I que são os sábios

que conhecem a natureza e seus benefícios e tudo o que ela tem a nos oferecer tanto para

alimentação como para a saúde. Ainda hoje são utilizados os remédios do mato, alguns

alimentos como folhas e raízes, coleta do mel, caça e pesca, mas em menor quantidade, pois

3 Kófa é uma palavra Kaingang, é usada para identificar o mais velho.

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algumas práticas culturais estão limitadas devido ao espaço territorial e os recursos naturais

serem poucos.

A economia para o sustento das famílias é baseada na agricultura e trabalho

assalariado dentro e fora da aldeia, bolsa família, aposentadoria; algumas famílias ainda

fazem a confecção de artesanatos para venda, tais como, tuias, cestos, balaios, cocares,

colares, brincos, lança, arco e flecha, presilha para o cabelo, anéis, pulseiras, sendo que para a

confecção dos mesmos é retirado matéria prima da natureza, entre elas a taquara, cipó,

sementes de timbó, semente de uva japonesa, rosário, penas de aves, semente de cinamomo,

etc. Na TIX existem dois tipos de floresta, a floresta ombrófila mista constituída por

araucárias e a floresta estacional decidual caracterizada por árvores de grande porte que em

certas épocas do ano caem às folhas.4

Através das peculiaridades culturais, da língua, dos costumes e das tradições, e pelos

conhecimentos serem transmitidos de forma oral pelos kófa da comunidade, o tema

desenvolvido a seguir baseia-se na história oral contada pelos detentores de toda sabedoria da

cultura Kaingang, os kófa, a respeito das águas santas existentes na TIX. Estas águas santas

dividem-se em duas e tem igualmente dois significados. A primeira refere-se às águas santas

deixadas pelo Monge João Maria, de tradição e crença católica e a segunda é a água santa dos

Kujá5, de tradição e crença Kaingang.

Na TIX existem três águas santas de São João Maria que se localizam nas aldeias

Barro Preto, Sede ou Jacu e Pinhalzinho, e uma água santa benzida pelos Kujá que também se

localiza na aldeia Sede ou Jacu. Essas águas são consideradas pelos Kaingang como sagradas,

capazes de curar os males da alma e do corpo. Elas existem até os dias atuais.

São João Maria, como é chamado, era um monge do período e oriundo dos conflitos

do Contestado, que andava entre os Kaingang da TIX tempos atrás. Segundo Valmir Muraro

“Os mitos e as crenças continuaram na tradição oral e escrita das gerações que seguiram”.

(MURARO, 2003, p 88.). Assim aconteceu com os Kaingang da TIX, até hoje levam seus

ensinamentos na memória e contam que ele fazia práticas de cura através de rezas e de ervas

medicinais. Era um senhor de idade muito simples, ele não tinha morada, passeava pelas

casas, onde havia pessoas bondosas ele chegava, e se alguém oferecia alimento ele pedia que

lhe fizessem couve, era somente isso que ele comia, também não dormia na casa de ninguém,

4 Aulas Expositivas do Curso de licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica da UFSC, na disciplina de

Biodiversidade e Socio-diversidade, com o Professor Nivaldo Peroni e Natalia Hanazaki, semestre 2012.1. Anotações

pessoais. 5 Kujá – Líder Espiritual Kaingang, rezador, benzedor, responsável pelas curas espirituais e físicas.

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gostava de conversar com as pessoas mais velhas que acreditavam nele, fazia suas pregações

sobre o futuro e logo ele desaparecia novamente e ninguém mais o via, a não ser quando

alguém estava precisando de sua ajuda. Alguns o encontraram no meio da mata sentado ao

redor de um pequeno fogo de chão, assim diz Bepino Ercigo de 79 anos de idade. (ERCIGO,

2014, Entr.)

O curioso é que segundo alguns autores não era somente um monge, mas vários que

respondiam ao nome de João Maria. “Não há, entretanto, possibilidades de se identificar

quantos “monges” percorreram o planalto catarinense, sob o nome de João Maria.” (SANTA

CATARINA, 1987, p 80.).

O monge que fazia as andanças na TIX, João Maria desapareceu, mas sua crença

permaneceu, e até hoje os Kaingang o tem como um santo e acreditam no seu poder de cura e

nas águas que ele benzeu, principalmente os mais velhos ainda dizem que ele não morreu e

que não voltará mais no mundo, porque existem muitos pecados por parte dos humanos.

Contam que o próprio monge dizia que ele não poderia mais ficar entre os humanos, pois

estava ficando tudo escuro e tinha muitos espinhos no caminho e estava chegando muitas

coisas erradas, remédios que não eram bons, muitas religiões, e o povo estava desacreditando

nele, então não poderia mais continuar andando pelo mundo, mas dizia para todos terem fé

nele e fazer o uso das águas santas que ele deixou, pois eram benzidas e podem curar doenças.

(ERCIGO, 2014, Entr.).

Até nos dias atuais existe as águas santas que ele benzeu. Essas águas são sagradas

pelo seu valor espiritual e de cura; nessas fontes são realizados os batismos das crianças, é

uma água boa, fresca e límpida e nunca tem fim, é boa para beber e se lavar. Segundo o Kujá

Claudemir Pinheiro da TIX, com essa água é bom molhar a cabeça três vezes pensando em

São João Maria, isso ira eliminar os pensamentos maus e clarear as ideias, isso livrará a

pessoa das coisas negativas. (PINHEIRO, 2014, Entr.).

Conta seu Cezário Pacífico que:

Antigamente o Santo São João Maria, andava por aqui na nossa Terra Indígena

Xapecó ele vinha do guarani e passava por paiol de Barro em direção no Banhado

Grande passear em seu compadre, ele tinha um compadre no Guarani e um no Paiol

de Barro e no Banhado Grande (...)Ele era um senhor já de idade com barbas bem

branca já um senhor bem humilde mesmo, quando ele vinha do Guarani em direção

ao Banhado Grande ele sempre dormia ali no pozinho, onde tem um oio da água e

nesse lugar ele sempre dormia, ali então ele fazia sua alimentação pra se alimentar

ele tinha uma pequena panelinha para fazer comida pra ele, e sua alimentação era

couve então depois de se alimentar ele bebia água nesse oio de água e como ele era

um santo ele sempre benzia esse oio d’água pra ele beber(...).(PACÍFICO, 2014,

Entr.).

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De acordo com o relato do senhor Cezário Pacífico, o monge São João Maria era um

santo que andava entre os Kaingang tinha amizades e alguns eram compadres dele, ele andava

de um lugar para o outro não tinha morada certa, dormia próximo a um olho d’água e antes de

beber essa água, ele a benzia. A relação de compadrio entre os Kaingang é muito forte na

cultura, a partir do batismo da criança essa relação de compadres torna-se de muito respeito

para um com o outro.

O monge João Maria era um senhor bem de idade, bem humilde e com muita

sabedoria, sabia muitos remédios relacionados às ervas medicinais ou remédios do mato, mas

o bem mais precioso que ele deixou foi as “aguinhas”, ou seja, as águas santas. Quando ele se

refere que ele dormia no pozinho, é o nome do local onde tem essa fonte de água, nome que

os Kaingang deram a esse lugar.

Ainda há muitas outras histórias contadas sobre o Monge São João Maria, ele foi uma

pessoa muito respeitada entre os Kaingang devido aos seus ensinamentos e sua grande

sabedoria, ele passou por muitas casas, como explica o senhor Bepino Ercigo, de 79 anos de

idade, que um dia esse velhinho chegou a sua casa onde morava com sua mãe seu padrasto e

seu avô, convidaram-no para entrar, e ele pediu se tinham sal, então ele pegou um punhado de

sal de um pequeno saco que estava pendurado próximo ao fogo de chão e deu a ele. Então

com aquele sal nas mãos abriu um livrinho de orações e começou a ler e ao mesmo tempo

colocava um pouquinho daquele sal na sua boca, nesse momento eles estavam cozinhando

canjica no fogo de chão e ofereceram para ele comer, então os respondeu que não estava com

fome que aquele sal foi o suficiente. (ERCIGO, 2014, entr.).

Águas Santas como fonte de cura

Antigamente não existiam postos de saúde e nem remédios de farmácia, então havia

mais valorização das ervas medicinais e das águas santas como fonte de cura para as

enfermidades das pessoas, quando alguém ficava doente era o Kujá que era procurado ou as

benzedeiras. Sobre esses aspectos, Claudemir Pinheiro relata que:

Então pra mim na nossa cultura as águas santas tem um grande significado, pra

todos nós tanto os kujás quanto os que não são kujá eles preservam a água desde,

desde que veio o surgimento do povo Kaingang conforme agente tem observado

essas águas santas eles existem desde o passado, por exemplo, tem um kujá lá na

comunidade quando ele ia fazer um trabalho pra, pra curar um doente, uma criança

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ou qualquer mais outra pessoa mais velha ele sempre venzia a água, sempre pegava

a água no poço ou na fonte e trazia ali e colocava perto dos seus santos e fazia seus

trabalhos pra abençoa a água pra dar pra aquele paciente, então sempre existiu a

água santa pro povo Kaingang, sempre existiu além daquelas outras águas que nem a

água santa de São Joao Maria ela, ela veio acontecendo junto com o povo Kaingang

então eles sempre crêem nas águas santas desde o passado e também no passado eles

cultivavam mais ou eles usavam mais essas águas como fonte de cura, é no passado

não tinha, por exemplo, posto de saúde não existia então eles confiavam bastante nas

ervas medicinais, junto com as ervas medicinais entrava as águas santa é pra cura os

paciente tanto criança como pessoa mais velha então eles davam pra tomar , davam

pra lavar, lava a cabeça lava o rosto undé que tivesse ferimento era só fazer

puxamentos com aquela água que iria curar (...). (PINHEIRO, 2014, entr.).

Como podemos perceber, as águas santas fazem parte da cultura Kaingang desde o

surgimento do povo Kaingang, sempre foi utilizada para tratamentos de doenças, através da

ingestão ou banhos e até mesmo “puxamentos”, aquelas pessoas que tem fé sempre foram

curadas. É notável a relação da cultural Kaingang com as águas santas, pois a água é um bem

sagrado que pertence à mãe terra e sem ela não vivemos. A água corrente elimina os males do

corpo. Antes ainda de o monge João Maria aparecer já existia águas santas para os Kaingang,

era a água que os Kujá benziam. O Kujá ainda nos relata que já fez curas com um simples

copo de água que ele benzeu com suas orações.

(...)Acho que a sete oito anos atrás na minha casa mesmo eu dei uma água santa

dessa pra uma mulher que foi lá, ela tava bastante doente e que tava parece que

enxergando a morte ela dizia que via a morte nela, ela tava tomada do amarelão e

com uma simples água que agente venzeu pra ela eu, eu dei pra ela um copo de água

pra ela tomar e a tarde ela veio buscar mais um pouco de água e foi tomando aquela

água com uma semana que ela tava tomando aquela água santa, ela melhorou até

hoje veio agradecer eu mesmo lá em casa pela cura que eu fiz pra ela com uma

simples água então as águas santas elas faz milagre desde que a pessoa confie, desde

que ela tenha fé, por exemplo essa mulher que chegou lá em casa ela era uma mulher

evangélica, ai eu chamei ela do lado e perguntei pra ela né, eu disse mas a tua

religião não vai impedi, digo se você ta pensando na tua religião e pensa na água

santa não adianta nem você pensa na tua religião e nem na minha você pensa em

dois lado, você não tem, por exemplo não tinha um lado tem que ter um lado ou bem

do lado do kujá ou da religião dela, por que ela era evangélica ai ela disse que ela

confiava em mim, que na minha pessoa como um kujá que tava me preparando na

época e agente fez o remédio pra ela e ela melhorou(...) (PINHEIRO, 2014, entr.).

Existem hoje, dentro da TIX muitas religiões evangélicas e pentecostais, são várias as

doutrinas e muitas delas influenciam nos costumes proibindo as práticas de cura próprias da

cultura; muitas vezes são barrados pelo preconceito e a descriminação, considerando ritos

pagãos e dizem que não é certo, que a coisa certa a se fazer é frequentar a igreja, pois lá

encontrarão a cura para todos os males. No entanto, os conhecimentos tradicionais são

passados de geração em geração. Há muitos anos, que o povo Kaingang luta para manter viva

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a cultura até os dias atuais, fica bem claro no relato do Kujá Claudemir Pinheiro que há um

saber muito profundo que envolve a natureza e a fé da pessoa.

(...)São João Maria sempre dizia para o pai de Cezário(...) aqui vai ficar duas águas

santas pra vocês então quando ficarem doente bebam dessas águas santas que vocês

sempre vão ficar curados de todo mal(...) a pessoa que tem fé, tando doente bebendo

dessa água é curada e o caeté que fica na beira dessa fonte também serve de remédio

pra qualquer dor que você sente no corpo, também o barro do fundo da fonte

também serve de remédio(...)(PACÍFICO, 2014, entr.)

Percebe-se o valor sagrado que há no local dessa fonte, não só a água é santa, mas a

natureza no seu entorno, algumas plantas que tem perto da fonte é remédio assim como o

barro do fundo do poço também é remédio capazes de curar qualquer dor que a pessoa sentir.

Desde o contato com o não índio uma série de fatores influenciaram nos costumes e

crenças dos Kaingang, principalmente com a chegada dos postos de saúde e os remédios de

farmácia as pessoas deixaram de usar com frequência as águas santas e as ervas medicinais.

No entanto, é sabido que mesmo com essas novas práticas de cura e cuidado com a saúde, há

muitas pessoas dentro da TIX que ainda acreditam nas águas santas e faz uso delas para curas,

especialmente relacionadas ao estado de espírito, à harmonia da mente com o corpo e

relacionadas à fé. Mas o Kujá ainda diz:

(...) as pessoas mais velha da comunidade ainda eles vão bastante nessas águas santa

que existe, eles vão faze um propósito uma coisa ou outra, faze um pedido por

exemplo, tem uma criança doente, tem varias mães que faz pedido lá nas águas

santa pra criança pra ela não fica doente, ela faz um pedido por exemplo de um

menino, faz um pedido pra ele crescer sem fica doente pra ele crescer com saúde ela

faz o pedido nas água santa na água São João Maria ou qualquer outra água santa

que tem, que ela só vai cortar o cabelo a partir dos sete anos de idade, ai a partir dos

sete anos de idade ela corta o cabelo dele, ai pra ele crescer com saúde e não ficar

doente pra família. (PINHEIRO,2014,entr.).

Próximo à água santa há uma capelinha com vários santos do panteão católico dentro e

realmente tem vários pedaços de cabelos, são mães que fazem pedidos para que seus filhos se

curem ou nunca fiquem doentes e para isso se realizar prometem cortar o cabelo deles

somente quando completarem sete anos de idade, então quando o cabelo é cortado é levado

até essa capelinha e deixado lá, como que a promessa foi cumprida e que a benção foi

recebida.

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Águas Santas e sua Conservação

Fotos da água santa da Aldeia Barro Preto, conhecida como

“Pozinho”. Acervo LABHIN, 25/04/2014. Imagem de Nathan

Marcos Buba.

Essas fotos são da água santa de São João Maria que se localiza na Aldeia Barro Preto,

pode-se visualizar que próximo, há uma capelinha construída de alvenaria e sempre há uma

identificação como essa, dentro há santos do panteão católico. Essa é uma água abençoada e

protegida, é límpida e fresca, no entorno há pouca mata devido ao aumento das lavouras,

somente as pessoas mais velhas da comunidade têm maior respeito e cuidado por essas águas,

ensinam aos mais jovens de seu alto valor de cura por ser abençoada, mas não são todos que

acreditam e respeitam. O local onde se encontram essas águas, é sagrado, é calmo, tranquilo e

de difícil acesso, a pessoa encontra alguns obstáculos para chegar até lá, mas no final a

recompensa é valiosa, pois se sente uma paz inexplicável, aliviando todo estresse que há na

pessoa.

(...)Hoje a água santa protegida ela não deve ser limpada água santa protegida ela

tem que ficar dentro da mata virgem ela, por que a coisa que ela é sagrada ela nunca

deve ser fácil pro homem, ela nunca tem que ser fácil pro homem chegar lá, pro

homem chegar lá naquele local ele tem que fazer a sua prece ou seus trabalho, ele

tem que ter trabalho pra chegar então se você quiser ir numa água santa que esteja

ali no limpo aquele não é um trabalho que agente ta fazendo então as água santa ela

tem que ta dentro da mata pra ela ta bem protegida e não no limpo conforme agente

vem vendo hoje tem muitas água santa que estão desprotegidas mas em alguns

lugares ainda agente leva trabalho pra chegar lá, aquilo é agua santa de verdade por

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que a água santa ela não pode ficar a vista de qualquer pessoa ela tem que ta a vista

das pessoas fiel a ela né, se não ela, ou aquela pessoa que não é fiel a água santa vai

acaba estragando a nascente, vai acaba né, (...) Tirando madeira dali desprotegendo,

ela tem que ta 100% protegida. (PINHEIRO, 2014, entr.).

Devido aos tempos modernos não são todas as pessoas que preservam as águas santas

e somente os mais velhos cuidam dessas fontes, mas há um desrespeito por parte de algumas

pessoas que desmatam para fazer lavouras e ainda utilizam agrotóxicos contaminando no

entorno dessas fontes e desprotegendo-as com o desmatamento. Seria necessário que

houvesse a conscientização de todos em proteger esse bem natural deixado para o povo

Kaingang da TIX, respeitando os limites de mata ciliar no entorno das nascentes que

inclusive, está protegido por lei.

O Batismo nas Águas Santas

Os batizados nas águas santas sempre acontecem e são sagrados, são batizadas

crianças às vezes até os adultos, também acontece o batismo da pessoa que está sendo

preparada para ser Kujá um ritual de muita devoção por ser num local sagrado e abençoado.

Esse batismo é muito importante na preparação de um Kujá. O batismo das crianças também é

muito importante para a sua espiritualidade a partir do batismo seu espirito esta livre de coisas

ruins relacionadas à saúde. Seu Cezário Pacífico conta que, “São João Maria sempre dizia

para o seu pai, quando os filhos de vocês nascerem vocês sempre batizem eles nessas águas

santas, fazendo isso eles nunca ficaram doentes e vão crescer com saúde muito boa”.

(PACÍFICO, 2014, entr.)

Esse batismo nas águas santas é realizado por um padre, os padrinhos e os pais da

criança, os padrinhos são escolhidos de acordo com as amizades da família, o compadrio é

muito respeitado entre os Kaingang, os padrinhos tornam-se protetores da criança lhes dão

conselhos para o bem e também são muito respeitados pelo afilhado (a) pela vida toda.

O batismo de uma pessoa que está sendo preparada para ser um Kujá é um ritual que

faz parte da sua formação envolvendo a espiritualidade, a partir do batismo nas águas santas

ele estará protegido por uma força espiritual maior que ajuda ele nas suas práticas de cura. O

batismo é feito pelos velhos Kujá. Mas é importante ressaltar que a formação de um kujá não

envolve somente o batismo, a pessoa escolhida para ser Kujá ela já é escolhida desde o ventre

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11 a 14 de agosto de 2014, UFSC, Florianópolis

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de sua mãe e a vida toda é preparada para assumir os conhecimentos do Kujá mais velho é

sempre este que ensina e prepara o mais novo.

Considerações finais

Através dessa pesquisa foi possível perceber que há uma crença muito forte em

relação às águas santas deixadas por São João Maria e as águas benzidas pelos Kujá. Para os

Kaingang são águas abençoadas capazes de curar doenças desde que a pessoa tenha fé, por

isso da importância da preservação dessas fontes.

Devido à influência das diversas crenças existentes dentro da TIX, a prática de cura e

de batismo tornou-se momentos esporádicos, mas cercados de grande movimentação dentro

das comunidades e pelas pessoas que ainda cultivam os valores, os costumes e a tradição

Kaingang. Há, mesmo entre os crentes de outras religiões, um respeito recíproco para a

participação nos rituais e ainda há os que crêem em segredo.

As fontes de águas santas ainda existem na TIX. É o lugar onde os Kaingang fazem o

batismo das crianças e utilizam para o consumo. Os kófa, dizem que por ser uma água sagrada

ela nunca terá fim. Considera-se importante e necessário desenvolver essa pesquisa para

mostrar a importância dessas fontes e seus benefícios para a saúde dos Kaingang, havendo

mais respeito e conscientização em protegê-las.

Com essa pesquisa foi possível perceber a importância da água santa nos rituais de

cura, pois com um simples copo de água benzida é possível curar uma pessoa da dor que ela

esta sentindo, mas a pessoa precisa acreditar e ter fé na água ela esta tomando. Não só a água

santa é sagrada, mas o local onde ela esta se torna sagrado muitas vezes de difícil acesso para

o homem, não é qualquer pessoa que pode chegar até lá, então por isso ela está protegida, pelo

motivo de que muitos não acreditam e podem fazer algum mal no local, como desmatando,

fazendo lavouras, levando animais para beber água nessa fonte, destruindo a fonte.

Então tudo o que existe no entorno dessa fonte de água sagrada é abençoado, sendo

que o barro que tem no fundo do poço de água é remédio os caeté que tem próximo também é

remédio. Essas águas tem um valor inexplicável para os kófa Kaingang, que devem ser

passados aos jovens de hoje para que respeitem e protejam essas fontes para as futuras

gerações também conhecerem e usufruírem desse bem valioso.

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Há uma série de fatores da ação humana que interferem na degradação dessas fontes,

entre eles estão o desmatamento, as lavouras, o uso de agrotóxicos, a criação de gado, seria

necessário que algumas pessoas respeitassem essas águas por serem sagrada e abençoada.

Até os dias atuais está viva na memória dos kófa Kaingang, quando o monge João

Maria esteve entre eles lhes passando os seus conhecimentos de cura, através de ervas e

rezas, ele deixou as águas santas que ele santificou tornou-a santa para o uso dos Kaingang

para curar suas doenças do corpo e da alma. Ainda recomendou que quando as crianças

nascessem que os pais as batizassem nessas águas então elas cresceriam saudáveis nunca

ficariam doentes. Já existia uma relação de compadrio nessa época muito respeitada, pois

segundo Seu Cezário Pacífico seu pai era compadre de São João Maria.

A partir da entrevista com um dos Kujá da TIX, foi possível perceber que a fonte de

água benzida pelos Kujá torna-se uma água sagrada pelo seu valor espiritual e de cura,

qualquer água pode ser sagrada desde que seja benzida por um Kujá, essa água é abençoada

para a pessoa beber e curar a dor que está sentindo, mas é necessário que ela acredite nos

conhecimentos do Kujá e tenha fé na água. Então a relação da cultura Kaingang com a

natureza é muito forte, e uma das coisas sagradas é a água, há muitas outras coisas a serem

registradas, pois não foi possível abordar muitos assuntos, a água pode tirar muitos males do

corpo humano aliviar o espírito da pessoa libertando-a das coisas negativas, por isso, é preciso

protegê-las enquanto elas existem.

O batismo da pessoa que está sendo preparada faz parte de um dos rituais de passagem

no qual são os Kujá mais velhos da TIX que fazem o batismo, a partir disso a pessoa que vai

ser Kujá está acompanhada pela vida toda por uma força espiritual que a protege e ajuda em

suas práticas de cura. Mas lembrando de que o batismo é só um dos rituais de passagem da

pessoa escolhida para ser Kujá, há muitos outros, pois a pessoa é escolhida desde o ventre de

sua mãe e é preparado pela vida toda para ser Kujá. Isso, no entanto, é tema para próximas

pesquisas.

Referências

ERCIGO, Bepino. Entrevista concedida a Terezinha Ercigo, na Comunidade de Linha

Limeira, TI Xapecó, SC, em 04 de junho de 2014.

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MURARO, Valmir. História de Santa Catarina para ler e contar. Florianópolis, SC:

Ed.Cuca Fresca,2003.

OLIVEIRA, Maria Conceição de. Os curadores kaingáng e a recriação de suas práticas:

estudo de caso na Aldeia Xapecó (oeste. S.C). Programa de Pós-Graduação em

Antropologia Social. UFSC1996. Tese de Mestrado.

PACÍFICO, Cezário. Entrevista concedida a Dalgir Pacífico, na Aldeia Sede ou Jacu, na

Terra Indígena Xapecó, em 09 de maio de 2014. Cedida a Terezinha Guerreiro Ercigo.

PINHEIRO, Claudemir, Entrevista concedida a Terezinha Guerreiro Ercigo, na

Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, em 19 de maio de 2014.

SANTA CATARINA, Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Roberto Marinho.

Contestado. Rio de Janeiro: Ed Index. 1987.