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AJES INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO ESPECIAL E LIBRAS 10,0 REALIDADE OU UTOPIA: A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NAS ESCOLAS PÚBLICAS [email protected] Autora: Maria Aparecida Deniz Araújo. Orientadora: Profa. Ma. Marina Silveira Lopes. JUINA/2013

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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ÊNFASE EM EDUCAÇÃO

ESPECIAL E LIBRAS

10,0

REALIDADE OU UTOPIA: A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NAS

ESCOLAS PÚBLICAS

[email protected]

Autora: Maria Aparecida Deniz Araújo.

Orientadora: Profa. Ma. Marina Silveira Lopes.

JUINA/2013

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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ENFASE EM EDUCAÇÃO

ESPECIAL E LIBRAS

REALIDADE OU UTOPIA: A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NAS

ESCOLAS PÚBLICAS

Autora: Maria Aparecida Deniz Araújo.

Orientadora: Profa. Ma. Marina Silveira Lopes.

“Trabalho apresentado como exigência parcial para obtenção do título no curso de Pós- graduação em Psicopedagogia com ênfase em educação especial, inclusão e Libras do Instituto Superior de educação do vale do Juruena – AJES.

JUINA/2013

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AJES – INSTITUTO SUPERIOR DE EDUCAÇÃO DO VALE DO JURUENA

PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA COM ENFASE EM EDUCAÇÃO

ESPECIAL E LIBRAS

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________

Orientadora: Profa. Ma. Marina Silveira Lopes

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me conceder a saúde e a

perseverança para buscar a realização de mais um sonho de vida.

Ao meu marido e filhos que são meu alicerce, meu porto seguro e a razão de

minha existência, por toda paciência que tiveram comigo durante o curso.

Aos meus pais que já não estão mais presentes, mas que tudo fizeram para

que eu pudesse concretizar este trabalho, me ensinando o respeito e o amor ao

próximo.

Aos mestres que tiveram a humildade de dividir seus conhecimentos e a

paciência com nossas limitações.

A minha orientadora Profa. Ma. Marina Silveira Lopes, que me orientou na

elaboração deste trabalho, me oportunizando a galgar mais um degrau

profissionalmente e pessoal.

A minha turma de especialização que com certeza vai deixar saudades dos

momentos que dividimos os sonhos, alegrias e algumas tristezas.

Em fim a todos que contribuíram de alguma forma para que eu pudesse

chegar até aqui e realizar mais um sonho.

Meu carinho e respeito a todos vocês e que eu possa acima do

profissionalismo ter uma visão de amor por todos os que passarem por minhas mãos

em todos os campos.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho em primeiro lugar a Deus, que considero meu maior

mestre capaz de me dar o que mais necessito para alcançar meus objetivos. A todas

as pessoas que de alguma forma contribuíram para que eu pudesse chegar até este

patamar.

Em especial ao meu pai que veio a falecer antes de me ver concluir este

curso, mas muito colaborou na minha formação pessoal, ensinando- me valores que

levarei como regra para conduzir minha vida de forma integra e honesta, respeitando

o meu próximo como almejo ser respeitada.

Ao meu esposo e filhos que me ajudaram de todas as formas para que eu

pudesse assim me aperfeiçoar um pouco mais, para colaborar na formação de

crianças que são de todas as formas especiais, principalmente por entenderem

minha ausência nos momentos de estudos.

A minha mãe, mulher forte e guerreira que nem entende direito minha

formação, por não ter tido oportunidade de estudar. Mas que fica feliz a cada nova

conquista de seus filhos.

Aos mestres por ter dividido todos os seus conhecimentos com o propósito

de formar pessoas qualificadas para o mercado de trabalho sem deixar de lado o

relacionamento humano. E em fim aos meus colegas formandos por todos os

momentos de alegrias e até mesmo de angústia que passamos juntas, colaborando

umas com as outras para que todos pudessem galgar mais este capítulo de nossas

vidas.

Obrigado a todos com muito carinho!

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EPÍGRAFE

“A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do

processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da

boniteza e da alegria”.

Paulo Freire

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LISTAS DE TABELAS

TABELA 1: Grau de deficiência auditiva

TABELA 2: Deficientes auditivos das escolas Estaduais de Juina-MT

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RESUMO

De acordo com o novo paradigma, é fundamental para uma educação inclusiva garantir a integração social dos excluídos, seja pelo gênero, pela raça, pela religião, pela cultura, pela deficiência física ou mental. A Organização das Nações Unidas (ONU 2006) deixa claro que todas as pessoas independentes de suas condições físicas ou mentais devem ser inseridas no ensino regular, com todos os direitos respeitados e garantidos, para que possam ter um ensino de qualidade respeitando suas limitações e que sejam atendidos por profissionais habilitados na área. Sabe-se que muitas vezes esses direitos não são respeitados mesmo os pais ou responsáveis não conhecem os seus direitos assegurados por lei, para garantir que o aluno surdo ou com deficiência auditiva tenha direitos de ter um intérprete da língua de sinais “libras”, e materiais didáticos que atendam às suas necessidades. Visando analisar a realidade do Município de Juina-MT, quanto a inclusão dos deficientes auditivos dentro do contexto das escolas estaduais, procura-se através deste trabalho científico, levantar dados através dos órgãos competentes do número e faixa etária deste público e através de pesquisa de campo nas escolas, diagnosticar o número de alunos atendidos pelas Escolas Estaduais, e se os mesmos estão sendo atendidos de forma a contemplar suas necessidades e garantindo condições para este aprendizado. No mesmo intuito, há uma análise sobre o número de alunos que estão sendo atendidos dentro das escolas estaduais do Município de Juina-MT.

Palavras-chave: Inclusão, Auditivos, LIBRAS

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 19

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................... 15

2.1. CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS .............................. 15

2.2. CONCEITOS DE PARADIGMA À EDUCAÇÃO INCLUSIVA ............................ 18

2.3. ALFABETIZAÇÃO DA PESSOA SURDA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES .. 21

2.4. CONTRIBUIÇÃO DO PROFESSOR PARA A INCLUSÃO DO ALUNO SURDO

NA ESCOLA ............................................................................................................. 24

2.5. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA INCLUSIVA ............................... 25

2.6. CONCEITO DE SURDEZ ................................................................................... 26

2.7. O ALUNO SURDO NO CONTEXTO ESCOLAR ............................................... 29

2.8. O ALUNO SURDO E A EDUCAÇÃO BILINGUE .............................................. 30

2.9. NORMALIZAÇÃO Á INCLUSÃO NAS ESCOLAS ESTADUAIS ..................... 31

2.10. A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NAS ESCOLAS PÚBLICA DO

MUNICÍPIO DE JUINA-MT ....................................................................................... 33

3. METODOLOGIA ................................................................................................... 35

3.1. PESQUISA DE CAMPO ..................................................................................... 35

4. ANÁLISE DOS DADOS ........................................................................................ 36

4.1. NÚMERO DE ALUNOS E INTERPRETES NAS ESCOLAS ESTUDADAS ...... 36

4.2. ENTREVISTA ..................................................................................................... 37

4.2.1. A PERSPECTIVA DA INCLUSÃO ESCOLAR NA VISÃO DE UMA

PROFESSORA DA SALA DE RECURSOS. ............................................................ 37

4.2.2. ANALISE DA ENTREVISTA ........................................................................... 38

5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 41

6. REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 43

7. ANEXOS ............................................................................................................... 46

7.1. DADOS DO IBGE/2010 ..................................................................................... 46

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INTRODUÇÃO

As escolas públicas visando o atendimento das crianças portadoras de

qualquer tipo de deficiência física, mental ou intelectual, estão se adaptando para

que as mesmas possam estar inseridas neste contexto, de forma não apenas social,

mas que seu aprendizado seja garantido conforme estabelece artigos 58 59 e 60 da

Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e suas alterações; e em conformidade com a

Lei Complementar nº 49, de 1º de outubro de 1998, e suas alterações; com o art. 24

a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, e seu Protocolo

Facultativo, aprovado por meio do Decreto Legislativo nº 186/2008, com status de

emenda constitucional e promulgados pelo Decreto nº 6949/2009; demais diretrizes

nacionais pertinentes, e por decisão da Plenária do dia 20.12.2011, Capítulo I DA

EDUCAÇÃO.

No entanto sabemos que apesar de todas as leis que aparam o deficiente,

ainda existem muitos casos de escolas que negam este atendimento ou mesmo a

falta de profissionais e materiais apropriados dificultam esta integração.

Na educação do deficiente auditivo no qual este trabalho esta embasado,

ainda existem muitas barreiras e preconceitos em relação a estas pessoas, muitas

pessoas por incrível que pareça, ainda associam a idéia que todo surdo é mudo,

quando na realidade isto não é verdade.

Segundo Tuxi (2009), a inclusão do aluno surdo não deve ser norteada pela

igualdade em relação ao ouvinte e sim em suas diferenças sócio-histórico-culturais,

às quais o ensino se ancore em fundamentos linguísticos, pedagógicos, políticos,

históricos, implícito nas novas definições e representações sobre a surdez. Todavia,

selecionar uma língua traz uma série de tensões, principalmente por se inscreverem

um grupo majoritário de ouvintes, e outro grupo minoritário daqueles que não

ouvem. A escola, ao considerar o surdo como ouvinte numa lógica de igualdade, lida

com a pluralidade dessas pessoas de forma contraditória, ou seja, nega-lhe sua

singularidade de indivíduo portador de deficiência auditiva. Tais inconsistências

reivindicam uma revisão educacional, que trace uma nova visão curricular com base

no próprio surdo. Em relação à polêmica discussão acerca da educação dos surdos,

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configura-se a questão curricular, pois as escolas encontram-se atreladas a uma

ideologia oralista, conveniente aos padrões dos órgãos de poder.

Ao se pensar nesta inclusão é necessário que se faça uma reflexão acerca

do que é incluir de fato, já que este tema gera muitas polêmicas no ponto de vista

educacional.

Para que isso ocorra as escolas devem propor a estas crianças práticas

pedagógicas e estratégias especificas a cada pessoas que garantam seus direitos

de aprendizagem, respeitando o que a lei assegura a elas. O professor deve ter a

sensibilidade e acuidade, além de formação inicial e continuada que favoreça o

aprendizado destas crianças.

O aluno com deficiência deve ter acesso ao objeto de conhecimento,

legitimando as diferenças em sala de aula, pois é preciso permitir ao aluno que

tenha acesso a tudo, por outras vias, que as escolas possam eliminar as barreiras

existentes.

Na educação dos surdos, o currículo faz parte de práticas educativas e é

efeito de um discurso dominante nas concepções pedagógicas dos ouvintes. Estas

ações materializam-se na afirmação de que o currículo é um espaço contestado de

relação de poder, o que significa dizer que, nas práticas escolares, estas questões

estão literalmente veiculadas em uma ordem necessária.

Pode-se perceber o grande avanço ocorrido em nossa sociedade através de

políticas públicas com o objetivo em estar proporcionando uma educação de

qualidade e com os mesmos direitos a todas as pessoas independentemente de

raça, cor, religião ou deficientes físicos, mentais, visuais ou auditivos.

O interesse pelo estudo deste trabalho surgiu a partir de um comentário feito

por um dos mestres do curso de pó graduação, sobre o número de deficientes

auditivos altíssimos que existe em nosso município conforme dados do IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Comparando os dados apresentados

pelo professor foi identificado que muitos alunos poderiam estar fora das salas de

aula, no intuito de diagnosticar estas informações que certamente contribuirão muito

para que em um futuro bem próximo esta realidade possa ser modificada.

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Neste intuito o presente trabalho busca fazer um levantamento se em nosso

município existe este atendimento em especial as crianças auditivas como sugere o

título “Inclusão dos deficientes auditivos das Escolas Públicas”.

Portanto, este trabalho surgiu de uma curiosidade em saber: se todos os deficientes

auditivos em idade escolar estão nas escolas? E se não estão, qual o motivo para

esta evasão? E finalizando, se estas crianças estão recebendo atendimento

especializado para facilitar o desenvolvimento de seu aprendizado?

Pretendemos Identificar e analisar o número de pessoas com deficiência

auditiva dentro do Município de Juina. Verificar nas Escolas Estaduais o número de

alunos matrículas, comparando com a realidade local. Detectar se as crianças

auditivas recebem o atendimento adequado por professores especializados em

LIBRAS (Língua brasileira de sinais).

Este trabalho foi realizado no Perímetro Urbano do Município de Juina-MT,

em Nove escolas Estaduais (Escola Ana Néri, Escola Sete de Setembro, Escola

Nove de Maio, Escola Marechal Rondon, Escola Dr. Guilherme Freitas de Abreu

Lima, Escola 21 de Abril, Escola Dr. Artur Antunes Maciel, Escola Padre Ezequiel

Ramin) e tem como público alvo, crianças em idade escolar que apresentem

deficiência auditiva.

Quanto a estrutura deste trabalho, os conteúdos estarão distribuídos em 5

(cinco) capítulos. No primeiro capítulo, Introdução, tema, título, contextualização,

problema, objetivos gerais e específicos, delimitação, justificativa e estrutura do

trabalho.

No segundo capítulo será desenvolvido o referencial teórico da pesquisa, de

modo a fundamentar a pesquisa como um todo. Serão expostos conceitos e

paradigmas da educação inclusiva conforme estudos de diversos autores;

Alfabetização da pessoa surda: desafios e possibilidades; Contribuição do professor

para a inclusão do aluno surdo na escola; Princípios fundamentais da escola

inclusiva; Conceitos de surdez; O aluno surdo no contexto escolar; O aluno surdo e

a educação bilíngüe; Normalização à inclusão nas escolas estaduais e a inclusão

dos alunos deficientes auditivos nas escolas de Juina-MT.

No terceiro capítulo se descreverá a Metodologia realizada para o

desenvolvimento da pesquisa.

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Após, no quarto capítulo, foram elaborados e analisados os dados obtidos

na aplicação da entrevista aplicada à professora da sala de recursos, promovendo

algumas reflexões acerca da inclusão escolar do deficiente auditivo.

Ao fim, apresentam-se algumas considerações sobre o estudo empreendido,

as quais resultam da relação estabelecida entre a teoria que embasa esta pesquisa

e as análises propostas a partir dos resultados apresentados.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. CONTEXTO HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO DOS SURDOS

O tema da inclusão das pessoas com deficiência auditiva vem sendo

abordados a partir de diferentes perspectivas.

Falar sobre inclusão social é falar, sobretudo do interesse em realizar, por

meio de políticas públicas, uma melhor estruturação na rede de ensino público e

privado, que possibilite uma qualidade de vida social e cultural de todos os cidadãos,

pois é principalmente nas escolas, que se formam os cidadãos de amanhã. E isso

nos leva a refletir sobre o tema deste trabalho “Inclusão social realidade ou Utopia1.

Por inclusão social, na área da Educação pode ser considerado todos os

procedimentos que enfatiza a necessidade primeiramente de alcançarmos uma

educação para todos, centrada no respeito e valorização das diferenças.

E neste sentido abraçamos a Educação Inclusiva não como um movimento

utópico, mas como a realidade possível da sociedade contemporânea.

Conforme o teórico Goldfeld, (1997), acredita-se que a linguagem é

essencial para que uma pessoa surda possa se desenvolver. Percebemos que em

nossa sociedade contemporânea muito vem sendo feito para que haja a inclusão

social no âmbito escolar, mas como relataremos no decorrer deste trabalho também

percebemos a dificuldade que estas pessoas surdas encontram em fazer parte deste

contexto, pois ainda existem muitos preconceitos por parte da sociedade.

Reily (2007) discorre sobre esses preconceitos que a sociedade impõe sobre

estas pessoas, que apresentam algum tipo de deficiência. Dificultando assim a vida

dessas pessoas. Na opinião da autora a sociedade deveria ser mais esclarecida a

cerca desse assunto, para assim poder amenizar o processo de inclusão das

pessoas portadoras de algum tipo de deficiência.

1 Utopia aqui refere-se uma realidade ainda não concretizada, um sonho que possa se tornar real em

um futuro bem próximo.

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Justifica-se o estudo das concepções sociais da diferença pela necessidade de melhor compreender como as representações da deficiência se constituem e se desenvolvem como são reveladas e disseminadas, para que se possam encontrar modos de demonstrar mitos e estereótipos de deficiência que se cristalizaram ao longo do tempo, na perspectiva de trabalhar em prol da inclusão. (REILY, 2007, p. 221).

Todas as pessoas têm o direito de conviver em uma sociedade justa, de

igual importância, seja ela na vida social, escolar ou em seu espaço de trabalho. Não

importa se o ser humano possui alguma deficiência, ele tem seus direitos, e deve ser

tratado com igualdade por todos.

Dessa forma, segundo Jonsson (1994) começou a surgir em muitos países

desenvolvidos, a educação especial para crianças deficientes, que antes eram

atendidas em instituições por motivos religiosos ou filantrópicos e com pouco ou

nenhum controle sobre a qualidade da atenção recebida. Para que as pessoas com

deficiência pudessem ter participação plena e igualdade de oportunidades, seria

necessária que não se pensasse em adaptar as pessoas à sociedade e sim a

sociedade às pessoas.

Conforme González (2007), alguns fatos e conceitos sobre a Educação

especial na Espanha, que define que muitas vezes a pessoa com deficiência não

pode ser considerada incapaz de aprender ou desenvolver suas capacidades, na

realidade o meio social no qual está inserida muitas vezes coloca barreiras por meio

da cultura ou mesmo preconceitos sociais que nada tem a ver com problemas

neurológicos.

[...] apresentam algum tipo de deficiência física, psíquica ou sensorial, ou que estão em situação de risco social ou de desvantagem por fatores de origem social, econômico ou cultural que os impedem de acompanhar o ritmo normal do processo de ensino-aprendizagem. Por meio desses atendimentos especiais pretende-se conseguir o máximo desenvolvimento das possibilidades e capacidades desses alunos, respeitando as diferenças individuais apresentadas ao longo desse processo. (GONZÁLEZ, 2007, p. 19).

Continuando com o mesmo pensamento González (2007), acredita que a

melhor forma para introduzir a pessoa com deficiência em na educação especial,

seria possibilitar que as mesmas pudessem desempenhar funções ou tarefas

especificas que atendessem suas peculiaridades, por meio de profissionais

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especializados e materiais didáticos específicos e não simplesmente aplicando

tarefas para facilitar ou simplificar sua inclusão nas escolas regulares.

Depois de vermos as dificuldades surgidas na tentativa de determinar o que se deve entender por conduta normal e diferente, posso dizer que uma pessoa sã ou normal é aquela capaz de viver satisfatoriamente em um dado meio social, realizar-se nesse meio e conseguir sua felicidade, ao mesmo tempo em que tenta ser útil para a sociedade. A pessoa diferente (deficiente) é a que precisa dos repertórios sociais adequados para realizar-se em seu ambiente social e escolar. (GONZÁLEZ, 2007, p. 22).

Desta forma na visão do autor a pessoa com deficiência não pode ser

privada de estar inserida no contexto social e ou da mesma forma ser tratada de

maneira preconceituosa por portar de uma deficiência, deve sim ser atendida por

profissionais habilitados que possibilitem seu crescimento pessoal.

Neste sentido Vygotsky (1997), acredita que uma escola inclusiva deveria

não apenas adaptar-se as insuficiências, mas sim superá-las.

Segundo o autor as escolas devem oferecer estímulos favoráveis às

pessoas com deficiências, pois todas têm potencial para desenvolver habilidades,

sendo que para tanto devem receber o apoio favorável a apropriação do modo

cultural e social da comunidade na qual pertence. O autor ainda defende que todo

ser é capaz de aprender e que não é sua deficiência que atinge seu aspecto

neurológico e sim a forma como esta pessoa é acolhida dentro da sociedade.

Outro ponto que merece destaque, segundo Abenhaim (2005), é que incluir

de fato não significa apenas manter a pessoa no mesmo espaço físico, significa um

novo paradigma no marco conceitual e ideológico. Assim incluir envolve ações

políticas, culturais e sociais que conscientizem as pessoas sobre os direitos da

cidadania e respeito à pessoa com deficiência.

De acordo com o que concluímos, a educação inclusiva adere novos

adeptos após a Declaração Mundial de Educação para Todos, aprovada pela

Organização das Nações Unidas em 1990, inspirado no Plano Decenal de Educação

para todos (BRASIL, MEC, 1993).

Atualmente tem-se falado muito em mudanças educacionais dos surdos, o

que gera um enorme desafio aos educadores. A Lei de Diretrizes e Bases da

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Educação (LDB- Lei nº 9394/1996), em seu artigo 58, capítulo V, define a Educação

Especial.

Como modalidade escolar para educandos portadores de necessidades especiais preferencialmente, na rede regular de ensino deverão assegurar, entre outras coisas, professores especializados ou devidamente capacitados para atuar com qualquer pessoa especial em sala de aula. Admite também que, nos casos em que necessidades especiais do aluno impeçam que se desenvolva satisfatoriamente nas classes existentes, este teria o direito de ser educado em classe ou serviço especializado. (LDB- Lei nº 9394/1996).

As escolas do município de Juína estão se adaptando para receber estas

crianças, mas pelo que percebemos no decorrer deste trabalho na parte de estrutura

física, pois ainda faltam professores especializados e equipes multidisciplinares para

estarem acompanhando estes alunos. Ainda não existem professores capacitados

em libras, como esse é o assunto principal desta pesquisa, analisamos que não

existe interpretes para os deficientes auditivos nas escolas, exceto em uma das

escolas que fizeram parte desta pesquisa.

2.2. CONCEITOS DE PARADIGMA À EDUCAÇÃO INCLUSIVA

O Conceito da Educação Inclusiva foi criado por Thomas S. Kuhn com a

finalidade de nomear os processos de evolução e transformações cientificas.

De acordo com OLIVEIRA (2007), durante a Antiguidade e por quase toda a

idade Média, pensava-se que os surdos não fossem educáveis, ou que eram

imbecis. Pode-se dizer que história da educação do surdo tem início em meados do

século XVI. Até esta época, portadores de deficiência auditiva eram considerados

intelectualmente inferiores, motivo pelo qual eram trancados em asilos. Essa idéia

começou ser desfeita quando se percebeu que o surdo poderia aprender se

comunicar, não só por língua de sinais, como por língua falada.

A educação inclusiva é a proposta de colocar todos, sem discriminação, no

espaço escolar e neste sentido a idéia de espaço faz pensar nas dimensões físicas,

dependências administrativas entre outros aspectos.

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A comunidade é o mais amplo espaço, lugar em que se desenvolvem novas referências e valores, por isso é importante a participação da família e da comunidade na escola. Contudo um dos principais espaços de convivência social é a escola e então ela tem papel primordial no desenvolvimento da consciência de cidadania e de direitos. A escola inclusiva é um espaço de construção de cidadania, além da família que é o primeiro espaço social no qual se constrói referencias e valores. (ARANHA, 2004, p. 9).

A escola inclusiva deve oferecer um espaço adequado a deficiência do

aluno, com a presença de intérpretes qualificados para garantir o melhor

desenvolvimento do aluno em sala de aula. Aranha (2004) define que a escola

inclusiva deve garantir a todos os alunos a qualidade no ensino respondendo a cada

um de acordo com suas potencialidades, reconhecendo e respeitando a diversidade.

A maior dificuldade encontrada para estas crianças é o estar inseridas não

somente como socialização, mas sim nos conteúdos ministrados para os demais

alunos considerados normais, pela sociedade.

Behares (1997) aponta em um de seus escritos, que a criança surda filha de

pais ouvintes, fica em uma situação de escravo, pois jamais conseguirá se constituir-

se um locutor, sem que o mesmo venha ter contato com a língua de sinais.

“Sobre os sentidos e os objetos sensíveis”, que a audição, entre as percepções, presta uma grande contribuição ao conhecimento, já que o discurso, que é a causa da aprendizagem, é compreensível porque a fala é composta por palavras, sendo cada uma um símbolo racional, de modo que entre “aqueles que estão privados de um sentido de (visão) ou de outros (audição) desde o nascimento, o cego é mais inteligente que o surdo-mudo” (BEHARES,1997, p. 43).

A falta desse apoio pedagógico se dá por uma série de questões, dentre

elas: a Falta de equipes multidisciplinares, materiais adequados, apoio pedagógico

especializado, como por exemplo: interpretes de libra, psicopedagogos, psicólogos,

fonoaudiólogo etc.

De acordo com Mantoan (2003), a perspectiva inclusiva suprime-se a

subdivisão dos sistemas escolares em várias modalidades de ensino especial e de

ensino regular. As escolas atendem às diferenças sem discriminar, sem trabalhar à

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parte com alguns alunos, sem estabelecer regras específicas para se planejar, para

aprender e avaliar.

A Educação inclusiva na década de 90 assume status privilegiado no Brasil

e desde então há controvérsias no plano dos discursos e das práticas.

De acordo com Prieto (2010), há vários estudiosos e profissionais que

defendem a inclusão escolar como parte de um movimento para a inclusão social e

atuam no meio educacional pela universalização do acesso e pela qualidade do

ensino, contudo existem ainda os que interpretam a inclusão escolar como mero

acesso de alunos com deficiência na classe comum.

Os movimentos educacionais nacionais e internacionais que giram em torno

do ideal democrático de que todos os alunos estudem juntos como preconizado no

paradigma da inclusão não se trata de inserir só fisicamente este ou aquele aluno,

mas revisar e aprimorar a prática pedagógica. Para Mantoan (2003) não existe

inclusão quando o aluno é inserido somente pela matrícula em uma escola ou classe

especial, mas sim deriva de sistemas educativos sem recortes.

Nas redes de ensino público e particular que resolveram adotar medidas inclusivas de organização escolar, as mudanças podem ser observadas sob três ângulos: dos desafios provocados por essa inovação; o das ações no sentido de efetivá-las nas turmas escolares incluindo o trabalho de formação de professores; e, finalmente, das perspectivas que se abrem à educação escolar, a partir da implementação de projetos inclusivos. (MANTOAN, 2003, p.56).

Para a autora, as escolas que reconhecem e valorizam as diferenças têm

projetos inclusivos, com ensino para atender as especificidades dos educandos.

Aranha (2004) destaca que o plano político pedagógico, como instrumento

teórico-metodológico, define as relações da escola com a comunidade e para que e

como vai fazer. Ainda segundo o autor, deve-se conter a ponte entre a política

educacional municipal e a população, então requer a participação de todos,

professores, funcionários, pais e alunos.

De acordo com Aranha (2004) a escola necessita de respostas para as

dificuldades na educação especial, tais como disponibilidade de professor ou

instrutor da língua de sinais, para o ensino de alunos surdos, disponibilidade de

recursos didáticos diversos, como dicionários da Língua Brasileira de Sinais entre

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outros muitos dispositivos para atender a todos. O professor deve sempre receber

suporte garantido pela escola.

2.3. ALFABETIZAÇÃO DA PESSOA SURDA: DESAFIOS E POSSIBILIDADES

O processo de alfabetização da pessoa com deficiência auditiva é

considerado um grande desafio na educação desse sujeito. Sabe-se que se faz

necessário compreender a importância da audição para alfabetizar em uma língua

oral auditiva, cuja escrita alfabética é um sistema notacional.

Em crianças ouvintes, a audição é o meio primário para o desenvolvimento

de uma língua oral. Para as crianças surdas ou com deficiência auditiva, hoje já

encontramos no mercado algumas tecnologias que facilitam a vida dessas crianças

como: aparelhos de amplificação sonora, sistema de freqüência modular e implante

coclear auxiliam no processo de oralização, sendo que se faz necessário o

acompanhamento especializado.

A surdez não está relacionada á perda da capacidade cognitiva como se

explica:

Portanto, os problemas tradicionais apontados como característicos da pessoa surda são produzidos por condições sociais não a limitação cognitiva ou afetiva inerente á surdez, tudo depende das possibilidades oferecidas elo gruo social para seu desenvolvimento, em especial para a consolidação da linguagem (GÖES, 1996, p.38).

As escolas precisam oferecer condições para a aprendizagem do aluno, já

que a falta da oralidade dificulta esse processo. Todas as escolas devem

disponibilizar as salas de recurso para dar suporte ao professor no atendimento a

essas crianças.

No Município de Juina-MT, percebe-se que as escolas que fizeram parte

desta pesquisa, todas possuem este atendimento, mas é feito por Pedagogos que

ainda não possuem especialização em LIBRAS- Língua Brasileira de Sinais.

Conforme Quadro (2006), o professor precisa saber que a criança surda

percebe e compreende o mundo por meio da visão. Sendo assim se faz necessário

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a exploração visual, no entanto as imagens oferecidas a elas devem ter significado e

não meros objetos que as mesmas não utilizem em seu dia-dia ou conheçam.

Ainda de acordo com a autora Quadro (2006) as expressões faciais também

é outro recurso que o professor poderá explorar, pois os surdos ou com deficiência

auditiva, apresentam grande capacidades em leitura labial. A autora afirma que a

criança surda deve ser sempre respondida em seus questionamentos acerca dos

assuntos que fizer, pois isso incentiva o desenvolvimento da oralidade. Conforme a

autora é aconselhável falar sempre de frente para a criança e evitar tocá-la ou

cutucá-la para que perceba que está falando com ela.

Quadro (2006) fornece alguns métodos que se pode usar para facilitar a

comunicação e alfabetização das pessoas surdas, como: Estabelecimento do olhar;

Exploração das configurações de mãos; Exploração dos movimentos de sinais

(movimentos internos e externos, ou, seja movimento do próprio sinal e movimento

de relações gramaticais no espaço), Utilização de sinais com uma mão, duas mãos,

com movimentos simétricos e duas mãos movimentos não simétricos, duas mãos

com diferentes configurações de mãos; Uso de expressões não manuais

gramaticalizadas (interrogativas, topicalização, focus e negação); Exploração das

diferentes funções do apontar; Utilização de classificadores com configurações de

mãos apropriadas (incluem todas as relações descritivas preposicionais

estabelecidas através de classificadores, bem como as formas de objetos, pessoas e

ações e relações entre eles, tais como, ao lado de, em cima de, contra, em baixo de,

em, dentro de, fora de, atrás de, em frente de, etc.); Exploração das mudanças de

perspectivas na produção de sinais; Exploração do alfabeto manual;

Estabelecimento de relações temporais (ontem, hoje, etc.); Exploração da orientação

com as mãos; Especificação do tipo de ação, duração, intensidade, e repetição;

Jogo de perguntas e respostas observando o uso dos itens lexicais expressões não

manuais correspondentes; Utilização de “feedback” (sinais manuais e não-manuais

específicos de confirmação e negação, tais como, o sinal CERTO-CERTO, o sinal

NÃO, os movimentos de cabeça afirmando ou negando); Exploração da produção

artística em sinais de LIBRAS (língua de sinais Brasileira).

O professor deve explorar todas as formas de expressão, mas como

sabemos as duas línguas são de suma importância para o aprendizado da pessoa

surda, mas devemos levar em consideração que a língua de sinais deve estar

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presente no aprendizado da criança e de acordo com o Decreto nº 5626/05, está

garantido que toda criança tem o direito ao ensino de LIBRAS.

Considera-se pessoa surda que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Libra; e considera deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total de 41 db (perda moderada) ou mais. (DECRETO 5626/2005, art.22, §10).

Nesta direção pensar na alfabetização da pessoa surda requer pensar em

disponibilizar a elas condições e estratégias, através de planejamentos que faça esta

interação entre o grupo de alunos sem excluí-los deste contexto, propiciando a eles

o conhecimento do mundo e promover o desenvolvimento de habilidades meta

cognitivo.

Para Marques (2001), o papel da família é fundamental no processo de

inclusão, pois é de suma importância que ela prepare o seu filho para conviver fora

do seio familiar e faça o acompanhamento no desempenho do ensino/aprendizagem.

Vejamos alguns posicionamentos dos professores com relação a essa participação:

A família precisa muito está presente na escola, pois seu apoio é indispensável no

desenvolvimento desses educando. Ainda é precária, pois são poucos os pais que

se interessa pela aprendizagem dos seus filhos. Percebe-se que os pais não se

envolvem com as atividades dos filhos e não sabem LIBRAS, se comunicam por

gestos e mímicas.

Com base nessas informações adquiridas, percebe-se que a participação

da família é imprescindível, mas não acontece de forma desejada nas escolas, tanto

que os professores sentem falta desse apoio, pois seria fundamental na

aprendizagem desses alunos. Assim, são de grande importância que se conheça os

alunos e as famílias com as quais se lida.

Percebe-se que a família até mesmo como ato de proteção aos seus filhos,

deixa de matriculá-los nas escolas regulares pelo fato de entenderem que seus filhos

serão tratados indiferentes dos demais alunos.

Pelo trabalho percorrido até aqui percebemos que os pais até acreditam que

seus filhos auditivos, também não conseguiram desenvolver a oralidade, e a falta

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desse apoio acaba por dificultando o processo de inclusão e alfabetização destas

crianças.

As escolas deveriam ter um sistema de acompanhamento especializado com

a família, para conscientizar a importância de que este estímulo é essencial para a

criança auditiva ou mesmo com outra deficiência.

Os pais têm o papel fundamental e devem ser presença constante nas

escolas, devem fazer parte dos avanços alcançados de seus filhos, é de suma

importância esse acompanhamento para poder ajudar em seu aprendizado.

2.4. CONTRIBUIÇÃO DO PROFESSOR PARA A INCLUSÃO DO ALUNO SURDO

NA ESCOLA

Na visão de Parizzi (2000), a formação do professor é de extrema

importância em sala de aula, principalmente se esta incluir alunos com necessidades

especiais, sendo que necessita ter uma preparação adequada, psicológica e de

formação para trabalhar com esse público, para que haja interação e a inclusão no

ambiente escolar e principalmente para que se alcance o objetivo de concretizar não

apenas a língua de sinais, mas que a oralidade possa ser desenvolvida pelos

auditivos.

Em seu planejamento deve sim ser levada em conta a limitação do aluno,

mas não aplicando conteúdos para facilitar e sim que proporcione interesse e prazer

para que o aluno possa executá-los.

Os alunos deficientes auditivos nem sempre são mudos na maioria das vezes a criança ouvinte adquire a fala no convívio com os outros do seu meio natural, que utilizam a língua oral. Da relação imediata e exclusiva com a mãe, logo desde o nascimento, a criança ouvinte passa para um entendimento maior com um grupo mais alargado, como o restante da família, amigos, entre outros. Por conseguinte, a criança ouvinte utiliza a língua falada para comunicar e se relacionar com os outros, até mesmo ao nível da comunicação emocional. (BISPO, et. al.2006, p. 154).

A Língua Gestual se torna de total importância para o contato da mãe com

seu filho. A linguagem oral poderá ser realizada em um momento que seu filho já

entender a Língua Gestual. Desse modo a escola e os professores devem estar

preparados para dar o suporte necessário a estes alunos. A língua de sinais LIBRA é

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uma das opções que o professor deve utilizar para que o auditivo avance no

processo de aprendizado. E o professor interprete é garantido por lei para auxiliar o

professor regente durante as aulas, conforme a Leis de diretrizes e bases da

Educação LDB/1996.

Além da língua de sinais hoje existem muitas tecnologias que podem

favorecer o auditivo, tornando-o parte integrante, com seus direitos ao aprendizado

sendo respeitado e garantido.

2.5. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA ESCOLA INCLUSIVA

De acordo com Larrousse (1999), a proposição lógica fundamental que

serve de base a uma ordem de conhecimentos deve orientar a discussão sobre a

educação inclusiva, em suas questões teóricas, e pode constituir um paralelo com a

vivência cotidiana de uma escola.

Sabe-se que todas as crianças, independente do sexo, religião ou

deficiência tem o direito fundamental a educação, cada criança tem suas

características próprias de ver e entender os fatos. E assim devem ser respeitadas

dentro de seus limites. A escola deve estar preparada com profissionais, materiais e

metodologias apropriadas ao seu público. Conforme estabelece todos os princípios

da LDB- Lei de Diretrizes e base da Educação 9394/96.

Segundo Prieto (2010), para ocorrer às mudanças necessárias com

referência nos alunos com necessidades educacionais especiais, algumas propostas

podem nortear as ações do poder público, das unidades escolares e dos

professores.

Ainda do ponto de vista do autor, os sistemas de ensino devem construir

instrumentos que possam identificar e caracterizar com clareza e precisão sua

população escolar, bem como aquela que ainda não teve acesso à escola,

permitindo elaborar planejamento educacional capaz de atendê-las. O planejamento

de ações para atender às necessidades educacionais da população deve partir do

levantamento de dados sobre a estrutura e as condições de funcionamento da rede

escolar.

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Ainda de acordo com Prieto (2002), se faz necessário mapear os recursos

educacionais especiais existentes na localidade, identificando e caracterizando a

natureza de seu atendimento e procedendo a avaliação dos mesmos. As ações dos

sistemas públicos de ensino deverão pautar-se em conhecimento sobre: a situação

funcional dos seus profissionais; sua formação acadêmica e se tiveram alguma

formação em educação especial; as concepções de ensino/aprendizagem que

adotam; as representações sociais que têm sobre alunos com necessidades

educacionais especiais.

Com esta preocupação e pensando se todas as crianças de nosso município

em idade escolar estão sendo atendidas, e a forma como este atendimento esta

sendo feito.

Se o uso da língua de sinais LIBRAS, esta sendo ofertado ou mesmo se

ainda não existe resistência por parte dos familiares em estar inserindo estas

crianças no ensino regular privando-as de seus direitos.

O caminho que percorremos até aqui teve como meta principal elaborar um

mapa da situação real, das pessoas deficientes auditivas: Permanente, com grandes

dificuldades auditivas ou alguma dificuldade. Aprofundarmos mais nesta realidade

presente em nossas vidas, surgiu a partir de um diagnóstico que nos foi

demonstrado em nossas aulas de pós graduação.

A trajetória da inclusão como demonstradas até o momento, demonstra-nos

que as pessoas com deficiência, apesar de toda luta ainda sofrem pelo preconceito

até mesmo por parte das próprias famílias que as tratam como pessoas incapazes

de serem adaptadas na sociedade.

No próximo capitulo trataremos de nos aprofundarmos um pouco mais sobre

a surdez e suas causas.

2.6. CONCEITO DE SURDEZ

Conforme Behares (2000) conceito de surdez, como qualquer outro conceito,

sofre mudanças e se modifica no transcurso da história. Estamos atravessando um

momento de redefinição deste conceito. Historicamente se sabe que a tradição

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médico-terapêutico, influenciou a definição da surdez a partir do déficit auditivo e da

classificação da surdez (leve, profunda, congênita, pré-lingüística, etc), mas deixou

de incluir a experiência da surdez e de considerar os contextos psicossociais e

culturais nos quais as pessoas surdas se desenvolvem.

Quanto ao termo “surdo”, podemos dizer que é o termo com o qual as pessoas que

não ouvem referem-se a si mesmas ou aos seus pares.

Podemos definir uma pessoa surda como aquela que vivencia um déficit de

audição que o impede de adquirir, de maneira natural a língua oral/auditiva, usada

pela comunidade majoritária e que constrói sua identidade calcada principalmente

nesta diferença, utilizando-se de estratégias cognitivas e de manifestações

comportamentais e culturais diferentes da maioria das pessoas que ouvem.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE/2010, “o

número de surdos é de aproximadamente 9,7 milhões de Brasileiros que possuem

deficiência auditiva”. Sendo que deste total 2 milhões de pessoas possuem

deficiência auditiva severa (1,7 milhões tem dificuldades para ouvir e 344,2 mil são

surdos), e 7,5 milhões apresentam alguma dificuldade auditiva.

Denomina-se deficiência auditiva a diminuição da capacidade de percepção

normal dos sons, sendo considerado surdo o indivíduo cuja audição não é funcional

na vida comum, e parcialmente surdo, aquele cuja audição, ainda que deficiente, é

funcional com ou sem prótese auditiva.

Pelo menos uma em cada mil crianças no mundo nasce profundamente

surda. Muitas pessoas desenvolvem problemas auditivos ao longo da vida, por

causa de maus hábitos, acidentes ou doenças.

Existem dois tipos principais de problemas auditivos. O primeiro, afeta o

ouvido externo ou médio provoca dificuldades auditivas “condutivas” (também

denominadas de “transmissão”), normalmente tratáveis e curáveis. O outro tipo

envolve o ouvido interno ou o nervo auditivo. Chama-se surdez neurossensorial.

A deficiência auditiva pode ser classificada como deficiência de transmissão,

quando o problema se localiza no ouvido externo ou médio (nesse caso, o

prognóstico costuma ser excelente); mista, quando o problema se localiza no ouvido

médio e interno, e neurossensorial, quando se origina no ouvido interno e no nervo

auditivo. Infelizmente, esse tipo de surdez em geral é irreversível. A surdez condutiva

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faz perder o volume sonoro: é como tentar entender alguém que fala muito baixa ou

está muito longe. A surdez neurossensorial corta o volume sonoro e também distorce

os sons. Essa interpretação descoordenada de sons é um sintoma típico de doenças

do ouvido interno.

Graus de Surdez

Leve Entre 20 e 40 dB (decibel)

Média Entre 40 e 70 dB (decibel)

Severa Entre 70 e 90 dB (decibel)

Profunda Mais de 90 dB (decibel)

1º Grau 90 dB (decibel)

2º Grau Entre 90 e 100 dB (decibel)

3º Grau Mais de 100 dB (decibel)

Tabela 01: Grau de deficiência auditiva Fonte: Adaptado Behares,2000, p. 1

Ao analisamos a tabela 01, vimos que a deficiência auditiva pode ser medida

por nível de gravidade, sendo que a de 3º grau é diagnosticada como surdez,

conforme descrito a seguir.

Perda Auditiva Leve: A incapacidade de ouvir sons abaixo de 30 decibéis. Discursos podem ser de difícil Audição especialmente se estiverem presentes ruídos de fundo. Perda Auditiva Moderada: A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 50 decibéis. Aparelho ou prótese auditiva pode ser necessário. Perda Auditiva Severa: A incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 80 decibéis. Próteses auditivas são úteis em alguns casos, mas são insuficientes em outros. Alguns indivíduos com perda auditiva severa se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros contam com uso das técnicas de leitura labial. Perda Auditiva Profunda: A ausência da capacidade de ouvir, ou a incapacidade de ouvir sons abaixo de cerca de 95 decibéis. Tal como aqueles com perda auditiva severa, alguns indivíduos com perda auditiva profunda se comunicam principalmente através de linguagem gestual, outros com uso das técnicas de leitura labial. ( BEHARES,2000, p.01).

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Através destes dados é possível observar que existem vários graus de

deficiência, segundo o autor Behares (2000) os indivíduos com perda auditiva leve,

moderada e severa são mais frequentemente chamados de deficientes auditivos,

enquanto os indivíduos com níveis de perda auditiva profunda são chamados

surdos.

Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e estatística IBGE/2010,

atualmente o Brasil atende a cerca de a maior parte surdez ocorre nos primeiros

anos de vida, a maioria das vezes é genético ou com causas pré natais. A surdez

também pode ocorrer como resultado de infecções do ouvido médio (otite média),

que são mais comuns em crianças. Também é possível adquirir surdez com o

decorrer da vida, por doenças ou lesões traumáticas. Como adicional a perda

auditiva é parte comum do processo de envelhecimento, especialmente em homens.

2.7. O ALUNO SURDO NO CONTEXTO ESCOLAR

Percebe-se que a um grande esforço para o processo de inclusão das

pessoas com deficiência no contexto escolar, contudo, ainda a um longo caminho a

ser percorrido, pois a sociedade ainda tem preconceitos em torno deste assunto.

De acordo com Damázio (2005), se opor à inclusão escolar de alunos com

surdez é defender guetos normalizadores que, em nome das diferenças existentes

entre pessoas com surdez e ouvintes, se caracterizam, homogeneízam a educação

escolar. Pessoas surdas ou alguns profissionais que atuam na sua educação, em

alguns momentos, usam o discurso multicultural, defendem as identidades não

fixadas, o pluralismo cultural, mas, enfatizam as relações de poder de um grupo

majoritário de ouvintes sobre o grupo minoritário de pessoas com surdez. A

escolaridade inclusiva tem sido defendida, pautada em cultura, língua e comunidade

próprias para as pessoas com surdez e que essa posição se baseia em teorias que

estão camuflando a visão segregacionista em nome das diferenças.

Sabe-se que é um grande desafio transformar a escola comum existente,

porém, esta é a escola para todos e de todos. Temos, pois, que transformar suas

práticas educativas, vencendo os desafios.

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A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB, nº 9394/1996)

estabelece que os sistemas de ensino devam assegurar, principalmente, professores

especializados ou devidamente capacitados, que possam atuar com qualquer

pessoa especial na sala de aula.

Portanto, o aluno surdo tem o direito de ser atendido pelo sistema regular de

ensino. No entanto, este pode ser um processo lento, pois, a grande maioria dos

professores da rede regular de ensino não está preparada para atender alunos com

necessidades especiais.

Segundo Schwartzman (2000), os professores do ensino regular não têm

sido preparados para a tarefa de lidar com crianças com necessidades educativas

especiais e sem este preparo, por melhor que seja o método utilizado, as chances

de sucesso são muito limitadas. É de total importância que o aluno surdo tenha a

presença de um intérprete de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) na sala de aula

para mediar o conteúdo e ajudar no relacionamento entre aluno-professor.

O aluno surdo deve ter um ambiente favorável para estimular seu

desenvolvimento, e que favoreça o seu aprendizado. A escola deve disponibilizar

todos os materiais necessários para que o professor desenvolva com qualidade a

transmissão do conteúdo para o aluno surdo. Embora a realidade das escolas seja

bem diferente do ideal, muitas escolas não possuem o suporte adequado para

integrar o aluno surdo em seu ambiente, fazendo com que este aluno não se sinta

totalmente incluído no processo escolar.

Para que o aluno surdo construa o seu conhecimento em uma sala de aula

inclusiva, ele deve ser estimulado a pensar e raciocinar, assim como os alunos

ouvintes. Portanto, o professor deve desenvolver estratégias pedagógicas que

despertem o interesse do aluno surdo. No entanto, em muitas escolas, o ensino é

transmitido pelos professores numa perspectiva tradicional, sem levar em

consideração as necessidades especiais do aluno surdo. Sendo assim, este aluno

não desenvolve uma aprendizagem significativa.

2.8. O ALUNO SURDO E A EDUCAÇÃO BILINGUE

Bilingüismo é o ensino de duas línguas no contexto educacional, e conforme

considerado, no contexto do aluno surdo, que refere-se ao uso da LIBRAS- Língua

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de sinais Brasileira, no processo de ensino- aprendizagem da língua Portuguesa. A

língua de sinais é utilizada pela comunidade surda como meio de expressão e o

Português é visto por eles nas placas de anúncio, outdoor, nas escolas, hospitais, ou

seja, o idioma oral que possui representação escrita e é oficial do País onde

nasceram e vivem.

O aspecto mais flagrante na aquisição de uma língua oral como L2 (segunda língua) pela criança surda é que ela deve adquirir propriedades no nível fonológico e prosódico que seu amparo sensorial auditivo está impedido (ou parcialmente impedido) de aprender. No entanto, a criança surda pode ter acesso à representação gráfica dessas da língua oral (SALLES, 2004, p.77).

Encontramos aqui um desafio a ser superado pelo professor de surdos,

especialmente se for ouvinte. O professor deve ser especialista em língua de sinais,

pois só assim poderá garantir o direito do surdo a aprendizagem da oralidade.

2.9. NORMALIZAÇÃO Á INCLUSÃO NAS ESCOLAS ESTADUAIS

Segundo Pereira (2000), O Governo do Estado de Mato Grosso tem adotado

políticas públicas e práticas educacionais comprometidas com mudanças radicais

assestadas para a intensificação de processos de redução dos níveis de

desigualdade social. No bojo dos programas de governo, posiciona-se, de forma

firme e vigorosa, o compromisso com a edificação de um sistema público de ensino

inclusivo As políticas públicas adotadas têm sido concebidas e acionadas como

resposta do Estado às demandas crescentes e variadas da sociedade em geral e

das comunidades locais em particular. Tornam-se expressão do compromisso

público de atuação numa determinada área (no caso em tela, na área da educação

inclusiva), em longo prazo.

A política pública pode ser entendida como uma linha de ação coletiva que

concretiza direitos sociais declarados e garantidos em lei. São mediante as políticas

públicas que são distribuídas, ou redistribuídas bens e serviços sociais, em resposta

às demandas da sociedade. Por isso, o direito que as fundamenta é um direito

coletivo e não individual a SEDUC-Secretaria de Estado de Educação-MT, tem a

necessária clareza de que a educação inclusiva se hospeda na sala de aula regular,

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dentro dela ocorre, porque só neste espaço, pode existir, de fato. Por isso, como

afirma Booth (1999), a inclusão não pode ser considerada de modo isolado da

exclusão. Também, não é retirando o aluno das instituições especiais e

incorporando-os, por força da legislação, à rede regular de ensino, que a inclusão

está assegurada. Em educação, não há mágicas, há processos.

O Sistema Público de Ensino do Mato Grosso tem clareza que dento de

processos de construção da autonomia escolar, cada unidade de ensino deve ser

estimulada a examinar em que medida as necessidades educacionais de seus

alunos encorpam-se como situações individuais entranhadas em deficiências

tradicionais. Vygotsky nos ajuda a compreender que muitas das dificuldades e

limitações dos alunos, vivenciadas na aprendizagem escolar, são determinadas

socialmente. Neste sentido, ganha relevância um olhar cuidadoso sobre dimensões

psicossociais do cotidiano escolar e sobre os aspectos psicossociais da vida familiar

do aluno. Por esta razão, há que se cuidar para que o projeto Político-Pedagógico

Escolar não esgote suas preocupações exclusivamente no desenvolvimento de

estratégias de atendimento escolar para os alunos, mas que possa contemplar,

igualmente, o contexto de desfavoreci mento destes alunos e, por isso, dirija atenção

aos fatores sociais. (ORIENTAÇÕES CURRICULARES PEDAGÓGICAS PARA

EDUCAÇÃO ESPECIAL NO ESTADO DE MATO GROSSO).

A SEDUC/MT criou um grupo de trabalho para formular o documento que

pudesse orientar os atendimentos das pessoas com deficiência “necessidades

especiais” nas escolas do estado. Este grupo teve a coordenação do Professor

Sergio Carlos da Silva, as Orientações Curriculares pedagógicas para a Educação

Especial.

Observando o que está posto no documento preliminar organizada no

Estado de Mato Grosso, concernente a direitos fundamentais da Constituição

Federal/88 e na LDBEN Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional, busca

ratificar a organização da educação na hierarquia federativa do estado,

disponibilizando mais um documento formalmente bem elaborado que permeia por

conceitos divergente, atinente aos investimentos públicos estruturais, didáticos,

pedagógicos e humanos para a educação mato-grossense nas unidades escolares

da rede estaduais.

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Pois é percebível a divergência entre o documento preliminar disponível na

internet, para o que existe hoje nas unidades de ensino estaduais no município de

Juina, como um exemplo nas praxes da educação inclusiva, que o sistema de

ensino precisa assegurar aos alunos em idade escolar.

A princípio as Orientações preliminares construídas pelo estado nos

remetem como excelente documento, entretanto as ações práticas têm apresentado

ainda uma grande carência para a efetivação correta na educação inclusiva, com os

recursos, pertinente, e necessários para, o atendimento aos alunos, com deficiência,

(necessidade de atendimento especifico e especiais) matriculados nas unidades de

ensino, do sistema de educação no estado.

Até mesmo considerando que os alunos com deficiência auditiva não

possuem comprometimento intelectual que venham prejudicar a aquisição

sistemática do conhecimento, e mesmo assim não tem assegurado os recursos

indispensáveis para a elaboração sistêmica no processo ensino aprendizagem para

a formação básica para sua vida profissional assegurando direitos a cidadania. Isto

porque faltam recursos educacionais operacionais, sem os quais a mediação da

aprendizagem torna os atendimentos educacionais prejudicados e prejuízos

irreparáveis aos alunos em idade escolar e consequentemente a sociedade.

2.10. A INCLUSÃO DOS DEFICIENTES AUDITIVOS NAS ESCOLAS PÚBLICA DO

MUNICÍPIO DE JUINA-MT

De acordo com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização,

Diversidade e Inclusão do Ministério da Educação (SECADi/MEC) nos últimos oito

anos foram desenvolvidos um conjuntos de ações que resultou no crescimento do

número de matrículas do público-alvo da educação especial em classes comuns, o

índice passou de 28%, em 2003, para 69%, em 2010, representando um aumento de

929,8%.

O Secretário de Educação do Estado de Mato Grosso Dr. Ságuas Moraes

(2013), afirma que é de total importância a inclusão dos alunos portadores de

necessidades especiais na rede pública de ensino. Dando ênfase no trabalho de

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inclusão de alunos nas escolas normais e que, em casos mais complexos é

necessário condições de atendimento especial.

No Município de Juina-MT, ainda existe muitas crianças sem o atendimento

adequado as suas necessidades, haja visto que conforme apresentaremos neste

trabalho, o número de professores especializados é o mínimo possível para atender

a demanda, que como analisaremos em planilhas em anexo, são muitos os auditivos

e ainda que conforme analisado na tabela estão praticamente a maioria fora das

salas de aulas.

Como disse o deputado Dr. Ságuas Moraes, o trabalho tem que ser árduo

para incluirmos todos estes alunos em salas comuns.

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3. METODOLOGIA

Foram realizados estudos nos seguintes métodos para fundamentar este

trabalho: Pesquisas bibliográficas na área da psicopedagogia; Pesquisa qualitativo-

quantitativa, análise de dados. Pesquisa de campo, através de entrevista para

identificar a realidade e os interesses expostos no objetivo deste trabalho.

Esta pesquisa possui uma abordagem qualitativa, já que se pretende

descobrir, descrever, compreender e interpretar os dados alcançados por meio da

investigação sugerida. Assim, buscamos exercer um contato direto e interativo com

o objeto de estudo.

Conforme Lüdke e André (1986), essa abordagem:

[...] tem o ambiente natural como suas fontes direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento [...]. Supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e situação que está sendo investigada [...]. Os dados coletados são predominantes descritivos [...]. a preocupação com o processo é muito maios qo que o produto [...]. O significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida são focos de atenção especial pelo pesquisador [...]. A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo (LÜDKE; ANDRÉ, 1986, P.11-12).

3.1. PESQUISA DE CAMPO

Na busca de dados mais próximos a realidade aqui descrita, foram

realizadas entrevistas com professores que trabalham diretamente com as crianças

deficientes auditivas do Município.

Também foi realizado pesquisa de campo, nos órgãos: Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE do Município e da Capital de Cuiabá, Secretaria de

saúde Municipal, Assistência Social e escolas que fizeram parte desta pesquisa.

Foi utilizado depoimentos de professor que atende algumas dessas crianças,

em uma das escolas que contribuíram para a elaboração deste trabalho.

.

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4. ANÁLISE DOS DADOS E RESULTADOS

4.1. NÚMERO DE ALUNOS E INTERPRETES NAS ESCOLAS ESTUDADAS

A tabela a seguir contém os dados de todas as escolas entrevistadas no

município de Juína/MT, contendo informações sobre o número de alunos auditivos e

a presença de intérpretes em sala de aula.

ESTABELECIMENTO

Nº DE ALUNOS

AUDITIVOS

INTÉRPRETE DE LIBRAS

Escola Estadual Ana Néri _ _

Escola Estadual Artur Antunes Maciel 1 -

Escola Estadual Ezequiel Ramin - -

Escola Estadual Dr. Guilherme Freitas de Abreu Lima

- -

Escola Estadual Marechal Rondon - -

Escola Estadual 9 de Maio - -

Escola estadual 21 de Abril - -

Escola Estadual Sete de Setembro 04 Sim

Escola Estadual Antonia Moura Muniz 02

Total 7

Tabela 02: deficientes auditivos das escolas Estaduais de Juina-MT. Fonte: Adaptado IBGE/2010.

Mediante a tabela 02, podemos constatar que no Município de Juina-MT, a

inclusão dos auditivos, como indagamos no início deste trabalho ainda é uma utopia,

visto tabelas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE/2010 em anexo

neste trabalho, o número de crianças em idade escolar que não estão matriculados

nas escolas é um número considerável alto, ressaltamos que esta pesquisa foi

realizada no corrente ano de 2013, sendo que as tabelas do IBGE- Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística são do ano de 2010. Mas considerando os

números apresentados podemos fazer uma base, que ainda existem muitas crianças

que estão fora das Unidades Escolares no Municio de Juina.

Acredita-se que esta realidade poderá ser mudada em um futuro bem

próximo, para tanto políticas públicas precisam serem voltadas para esta realidade.

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4.2. ENTREVISTA

4.2.1. A PERSPECTIVA DA INCLUSÃO ESCOLAR NA VISÃO DE UMA

PROFESSORA DA SALA DE RECURSOS.

Para analisar a inclusão do aluno surdo no Município de Juina-MT, foi

realizado uma entrevista com uma professora de uma das salas de recursos que

atendem alunos em nosso Município.

A Professora entrevistada é pedagoga, atua na educação a mais de 20 anos,

e há três anos especificamente na sala de recursos, não possui formação em Língua

de Sinais. A professora que será mencionada nesta entrevista como professora ” A”,

falou de seus anseios e preocupação em relação as políticas públicas de inclusão

das crianças auditivas em nosso município conforme descrito em entrevista abaixo:

Pergunta 01: Você acredita que os professores estão preparados para atender

crianças com algum tipo de deficiência?

Prof. A “Mesmo sabendo de todos os direitos garantidos por lei, os direitos a

esta educação não estão sendo respeitados, pois a capacitação de professores para

receberem os alunos com necessidades especiais educativas é precária. Pois na

minha opinião a formação dos professores merece ênfase”.(PROFESSORA,2013)

Quando se aborda a inclusão, muitos professores sentem-se inseguros e

ansiosos diante da possibilidade de receber um aluno com deficiência na sala de

aula. Isso é motivo de queixas entre os professores ao receberem estas crianças,

pois a falta de capacitação os deixa amedrontados com esta realidade.

Vislumbramos que único caminho para sanar este problema, é dar suporte

necessário para a capacitação dos professores e suporte necessário para inserir

estas crianças dentro desse processo.

Pois não basta apenas matriculá-los e não garantir as condições

necessárias para seu desenvolvimento pessoal. Sendo assim minha opinião é que

os professores não estão preparados para atender os alunos com essa deficiência

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Pergunta 02: As escolas do nosso município já estão adaptadas para esta

realidade?

Prof. A Em algumas escolas de nosso município já estão sendo feitas adaptações,

mas ainda está longe do esperado.

Não existem materiais didáticos específicos para atender os casos de alunos

que já estão nas escolas, nem mesmo equipes de profissionais habilitados.

Os alunos são simplesmente empurrados ano a ano dentro da escola, mas

seu aprendizado mesmo é apenas o da socialização entre os colegas.

Podemos observar que a uma grande preocupação por parte dos

professores em receber alunos com alguma deficiência, por se sentirem

despreparados para este atendimento.

O medo, a insegurança, a ansiedade e a angústia são sentimentos naturais

que geralmente acompanham o docente quando precisa se adaptar a essa nova

situação, pois os professores, em sua grande maioria, não tiveram em sua formação

acadêmica preparo suficiente para atuar e avaliar o desempenho acadêmico de seu

aluno com deficiência auditiva.

O aluno com perda auditiva, assim como os demais que apresentam

necessidades educacionais especificas e especiais, sente na pele as falhas do

sistema. Na escola são depositados esses alunos e com muita sorte podem

encontrar um docente sensibilizado, responsável e comprometido que busque por

ele mesmo os conhecimentos para preencher as lacunas apresentadas por esse

processo deficitário que ocorrem desde o momento de sua formação acadêmica.

4.2.2. ANÁLISE DA ENTREVISTA

Com base nos resultados desse levantamento de dados, concluímos que a

maioria dos professores desconhece informações e formações básicas que podem

ser fundamentais para o bom desenvolvimento do aluno com perda auditiva incluído

na sala de aula regular.

Quando falamos em Educação inclusiva, estamos nos referindo ao

rompimento de preconceitos e indiferenças pré-existente na sociedade com uma

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visão de que possa permear todos os relacionamentos necessários e adequados

com pessoas, diferentes. Pois ao longo da história da humanidade. A primeira

reação das pessoas, principalmente dos professores, é afirmar que não estamos

preparados para efetivar esse atendimento; que tal proposta supõe investimentos

em materiais, equipamentos e capacitações e que esse tipo de investimento nunca

foi prioridade para o governo.

O passo para que a escola se torne inclusiva é romper com o preconceito, é

mudar a concepção de valorização do estereótipo de perfeição. Esse sim será o

grande impulsionador do processo. Os equipamentos, os materiais, os recursos são

importantes, mas o mais importante são educadores e a concepção destes sobre

essa modalidade na educação, o seu envolvimento nesse processo. Isto sim vai ser

o grande diferencial. Mesmo sabendo que romper conceitos na pessoa adulta requer

um grande esforço para mudança de conceitos, comportamentos e atitudes, situação

que muitas vezes torna difícil, pois, altera a zona de conforto de quem está na

situação de comando, e pecam por achar que é melhor adiar essas ações,

incorrendo em muitos prejuízos a este ser humano que continua tratado diferente,

mesmo estando ao lado dele.

A inclusão precisa ocorrer através de um processo interativo, onde a

sociedade e os alunos com deficiência e necessitando dos atendimentos especiais e

específicos se reconhecem, adaptam-se e desenvolve-se, reconstruindo as

concepções educacionais e por consequentemente estabeleçam novos conceitos e

pactos fundamentados no direito à cidadania plena para todos.

O processo inclusivo pode significar uma verdadeira revolução educacional e

envolve o descortinar de uma escola eficiente, diferente, aberta, comunitária,

solidária e democrática, onde a multiplicidade nos leva a ultrapassar o limite da

integração e alcançar a inclusão.

Ao término deste trabalho foi constatado que apesar de todos os esforços

verificados pelas escolas e professores que deram suas importantes contribuições

para a realização do mesmo, os professores ainda sentem muita dificuldade para

atender as crianças portadoras de deficiência. Pois não foi oferecido um apoio que

as preparassem para esta inclusão. As crianças com deficiência estão sendo

inseridas nas escolas de forma mais de socialização, sendo que existem várias leis

no Brasil que lhes garantem um aprendizado igualitário as demais crianças.

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5. CONCLUSÃO

Ao fim do presente estudo, constata-se o alcance dos objetivos, com base

nos problemas e resultados. Onde foi verificado até que ponto a criança com

deficiência auditiva é aceita na comunidade educativa de forma inclusiva, e

principalmente de levantar dados concretos do número de crianças auditivas que

estão matriculadas nas escolas públicas de nosso Município. Percebe-se, como já

havia nos relatado um dos nossos mestres, que o número de deficientes auditivos

em nosso Município é um número grandioso, como podemos verificar nas planilhas

disponibilizadas pelo IBGE, em anexo neste trabalho.

Como observamos a inclusão é um desafio que exige mudanças

substanciais nas escolas como um todo. No trabalho de campo, constatou-se que

apenas 7 (sete)crianças estão matriculadas neste corrente ano. E que apenas uma

das escolas analisadas oferecem professor de interprete.

Percebe-se também que as escolas não oferecem materiais didáticos que

atendam às necessidades especificas desses alunos.

A dificuldade na realização deste trabalho foi conseguir coletar dados sobre

esse número de auditivos. Pois os órgãos Municipais não disponibilizam em seus

acervos nenhum levantamento de dados a esse respeito. Nem mesmo O IBGE

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) de Juina não tinha esse quantitativo

em seus arquivos. Somente após a solicitação junto ao IBGE de Cuiabá, foi obtida

esta planilha (em anexo).

Quanto à análise dos dados, se os deficientes auditivos em idade escolar

estão inseridos nas escolas, constata-se que não estão, existem crianças nesta faixa

etária fora das escolas. Os motivos desta evasão não foram diagnosticados por não

haver documentação nos órgãos competentes para tais informações.

Diante das informações colhidas nas entrevistas foi constatado que as

poucas crianças que estão matriculadas nas escolas, não recebem o atendimento

garantido nas leis. Não há professores interpretes de língua de sinais nas escolas

que fizeram parte desta pesquisa. Também não são disponibilizados materiais

didáticos específicos para estas crianças.

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Ao término deste trabalho foi constatado que todos nossos deficientes

auditivos não estão estudando de maneira digna, não sendo respeitados os direitos

que as leis os conferem, não dando a eles o direito de se comunicar com a

sociedade de forma geral, como pessoas “normais”, sem ter que se privar de muitas

coisas que poderiam usufruir por falta de comunicação. Percebe-se que ainda há a

necessidade de remover várias barreiras para avançarmos rumo à escola mais

inclusiva, que acolha todas as crianças e que lhes oportunizem um aprendizado

pleno e de participação de todos nesse processo: governo, sociedade, família e

escola. Para isso são necessárias mudanças de concepções e atitudes, onde haja

valorização da diversidade com o enriquecimento do desenvolvimento pessoal e

social; mudanças das políticas e dos sistemas educacionais, porém isto implica um

conjunto de transformação da educação.

Assim, requer maior flexibilidade e diversificação da oferta educativa e um

currículo amplo e flexível, disponibilidade de recursos de apoio; formação docente,

mudanças na prática educacional, bem como critérios e procedimentos flexíveis que

venham ao encontro desta sonhada “Inclusão social” de forma digna a todos que

necessitarem e que venha a ser não apenas uma Utopia como constatado ao

término deste trabalho, pois hoje o que percebemos é que existe apenas a

socialização destas crianças nas escolas.

Foi lançada uma pequena semente, pois tenho certeza que em minha

pesquisa de campo, incomodei muita gente, na intenção de levantar hipótese sobre

os dados quantitativos, no qual o município não disponibilizava nenhum dado sobre

estes alunos.

Hoje nos arquivos do IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de

Juina-MT, já é possível encontrar estes dados, modéstia parte, graças a este

trabalho.

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7. ANEXOS 7.1. DADOS DO IBGE/2010

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