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Página 1 Boletim 635/14 – Ano VI – 24/10/2014 Ajustes devem preservar mercado de trabalho, afirma diretor do Bird Por Sergio Lamucci | De Washington Ao fazer ajustes para retomar o investimento e o crescimento, o Brasil deve tomar cuidado para não afetar o mercado de trabalho e a redução da pobreza e da desigualdade, diz Rogerio Studart, diretor-executivo-adjunto do Banco Mundial para o Brasil e mais oito países. "Eu não consigo imaginar o Brasil avançando quando essas variáveis estão em deterioração", afirma ele. Studart destaca a forte queda na pobreza e desigualdade ocorrida na última década, num cenário em que também houve elevada formalização do emprego e aumento da renda. Programas como o Bolsa Família e a política de valorização do salário mínimo foram fundamentais nesse processo, segundo ele. Studart mostra preocupação com a ideia de que ajustes no mercado de trabalho podem ser feitos sem causar grandes problemas. "Quando as pessoas perdem o emprego, não há apenas um ajuste no mercado de trabalho. Há uma deterioração das oportunidades dadas a essas pessoas para se tornarem cidadãos produtivos, e também para que os seus filhos tenham minimamente acesso à educação e saúde", diz o economista. Studart ressalta o fato de o Brasil ter continuado a reduzir o desemprego mesmo depois da crise de 2008, enquanto outros países viram a desocupação aumentar. Em setembro, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas ficou em 4,9%, o menor para o mês desde 2002, quando começou a série histórica. Segundo o economista, ter um emprego permite ao trabalhador atualizar-se em sua profissão, possibilitando que os dependentes tenham maior segurança em estudar por mais tempo e maior acesso a bens públicos. "Essas coisas se complicam muito quando há rupturas no mercado de trabalho." O aumento do desemprego na Europa e nos Estados Unidos durante a crise mostraria os riscos de problemas estruturais, com consequências muito negativas para o futuro. "Não há aumento de produtividade e competitividade com gente de baixa competitividade e baixa produtividade", diz Studart. "As crianças e adolescentes que podem estudar mais serão os sujeitos mais produtivos da era de conexão com as cadeias produtivas globais."

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Boletim 635/14 – Ano VI – 24/10/2014

Ajustes devem preservar mercado de trabalho, afirma diretor do Bird Por Sergio Lamucci | De Washington Ao fazer ajustes para retomar o investimento e o crescimento, o Brasil deve tomar cuidado para não afetar o mercado de trabalho e a redução da pobreza e da desigualdade, diz Rogerio Studart, diretor-executivo-adjunto do Banco Mundial para o Brasil e mais oito países. "Eu não consigo imaginar o Brasil avançando quando essas variáveis estão em deterioração", afirma ele.

Studart destaca a forte queda na pobreza e desigualdade ocorrida na última década, num cenário em que também houve elevada formalização do emprego e aumento da renda. Programas como o Bolsa Família e a política de valorização do salário mínimo foram fundamentais nesse processo, segundo ele.

Studart mostra preocupação com a ideia de que ajustes no mercado de trabalho podem ser feitos sem causar grandes problemas. "Quando as pessoas perdem o emprego, não há apenas um ajuste no mercado de trabalho. Há uma deterioração das oportunidades dadas a essas pessoas para se tornarem cidadãos produtivos, e também para que os seus filhos tenham minimamente acesso à educação e saúde", diz o economista.

Studart ressalta o fato de o Brasil ter continuado a reduzir o desemprego mesmo depois da crise de 2008, enquanto outros países viram a desocupação aumentar. Em setembro, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas ficou em 4,9%, o menor para o mês desde 2002, quando começou a série histórica.

Segundo o economista, ter um emprego permite ao trabalhador atualizar-se em sua profissão, possibilitando que os dependentes tenham maior segurança em estudar por mais tempo e maior acesso a bens públicos. "Essas coisas se complicam muito quando há rupturas no mercado de trabalho." O aumento do desemprego na Europa e nos Estados Unidos durante a crise mostraria os riscos de problemas estruturais, com consequências muito negativas para o futuro. "Não há aumento de produtividade e competitividade com gente de baixa competitividade e baixa produtividade", diz Studart. "As crianças e adolescentes que podem estudar mais serão os sujeitos mais produtivos da era de conexão com as cadeias produtivas globais."

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Para Studart, o Brasil tem como alguns dos principais desafios aumentar o investimento em infraestrutura, logística, educação e inovação, atraindo o capital privado. O diagnóstico, segundo ele, é compartilhado por grande parte dos analistas. O que ainda precisa ser mais discutido, diz, é como fazê-lo. "O Brasil necessita atrair mais investimento estrangeiro para renovar a capacidade produtiva, por exemplo. Isso passa pela criação de uma agência de atração de investimento como há na Colômbia, na China, na Indonésia e nos EUA ou por mudanças no marco regulatório? Provavelmente passa pelos dois", afirma ele, para quem, "passado o calor do momento" das eleições, essas questões serão mais debatidas.

Studart se diz otimista com as perspectivas para o investimento em infraestrutura e logística no país. Com o ajuste e a melhora promovidos na política de concessões, o capital privado está interessado em participar do processo, avalia ele. "Estou cansado de conversar com investidores estrangeiros que dizem que querem investir no país, porque o quadro está muito melhor do ponto de vista do ambiente regulatório."

Indicado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para o cargo no Banco Mundial em 2007, o economista deixa o posto no fim do mês. Será substituído por Antônio Henrique Pinheiro da Silveira, atualmente secretário-executivo da Secretaria dos Portos. De 2004 a 2007, Studart foi diretor-executivo no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Studart diz que, hoje, o Brasil é visto como uma referência internacional na redução da pobreza e da desigualdade, tendo muito a dizer sobre esses temas, devido à forte melhora nesses indicadores, ocorrida especialmente a partir de 2003. Por muito tempo, o país foi visto como um paciente que precisava receber receitas sobre esse assunto, um quadro que mudou completamente, segundo ele.

Índices mostram produção industrial estável e confi ança em alta Por Lucas Marchesini e Alessandra Saraiva | De Brasília e do Rio Dois indicadores industriais divulgados ontem apontam melhores resultados do setor em setembro e aumento da confiança dos empresários no desempenho dos próximos meses. A Sondagem Industrial, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que a produção no mês passado se manteve estável, interrompendo uma sequência de quedas iniciada em novembro de 2013.

O otimismo dos empresários em relação à melhora na situação dos negócios nos próximos seis meses, principalmente em bens de capital e intermediários, levou a um aumento de 1,8% em outubro, na comparação com setembro, na prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI), do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV).

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Segundo Marcelo Azevedo, economista da CNI, a Sondagem Industrial trouxe "algumas boas notícias", além do indicador de produção, que ficou próximo da linha dos 50 pontos, o que significa estabilidade. O índice saiu de 48,2 pontos em agosto para 49,7 pontos em setembro. "Em 2013, houve sete meses de aumento na produção. Em 2014 nenhum mês mostrou aumento, mas setembro houve uma estabilidade", disse.

Outro indicador positivo apontado pelo economista foi "a diminuição no desaquecimento da indústria" de acordo com o índice da Utilização da Capacidade Instalada (UCI) Efetiva-Usual, que passou de 41,3 pontos em agosto para 42,5 pontos em setembro. A UCI, por sua vez, permaneceu em 72% na mesma comparação. A terceira boa notícia é a diminuição no excesso de estoques. "Não houve acúmulo de estoques ao longo desse último trimestre", disse Azevedo.

Essas boas notícias, porém, não chegaram ao indicador de emprego. "O número de empregados ainda mostra tendência de queda. O desaquecimento ainda está trazendo reflexos nessa área", disse Azevedo. O indicador passou de 46 pontos em agosto para 46,8 pontos em setembro.

A prévia do Índice de Confiança da Indústria (ICI) do Ibre-FGV também mostrou uma taxa positiva de confiança dos empresários pela primeira vez em 2014, o que não ocorria desde dezembro do ano passado. Apesar disso, o superintendente-adjunto de ciclos econômicos do instituto, Aloisio Campelo, disse que o desempenho preliminar do indicador não mostrou melhoras consistentes nas avaliações dos empresários sobre demanda e produção prevista. "Se o tópico 'expectativa de negócios para os próximos seis meses', não fizesse parte da formação do ICI, a prévia do indicador teria caído em outubro", afirmou Campelo. Segundo ele, o saldo positivo na prévia deve-se "quase exclusivamente" à percepção favorável do empresário para o horizonte em seis meses de negócios.

A recente valorização do dólar frente ao real pode ter contribuído para o resultado, avaliou o economista, porque os empresários que esperam melhorar seus negócios em seis meses - de bens de capital e intermediários - são de setores mais voltados para o mercado externo. "Creio que os empresários esperam que esse câmbio mais elevado se mantenha por um tempo, o que pode favorecer seus negócios em horizonte maior. "

Outro fator que pode ter contribuído para a melhora do indicador, puxada por perspectiva de melhor cenário em seis meses, foi a retirada do aspecto de "incerteza" originado da atual disputa presidencial. "A virada das eleições e do ano, dão esse alento. Vamos virar o ano sabendo qual vai ser a política econômica [devido a definição do presidente] e isso gera previsibilidade", disse Campelo.

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Com persistência de inativos, desemprego cai Por Camilla Veras Mota e Diogo Martins | De São Paulo e do Rio A saída de pessoas do mercado de trabalho voltou a ajudar a taxa de desemprego em setembro. Depois de crescer 0,9% em agosto, a População Economicamente Ativa (PEA) caiu 0,3% sobre o mês anterior e levou o indicador de 5% para 4,9% - o menor para o mês desde 2002, quando começa a série. Apesar do patamar historicamente baixo, a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) continua mostrando sinais de desaquecimento do mercado de trabalho, de acordo com economistas ouvidos pelo Valor , especialmente nas variáveis de ocupação e renda.

A população ocupada caiu 0,2% entre agosto e setembro e recuou 0,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. "Apesar de ainda não estimular uma procura mais forte por emprego, o ritmo fraco da economia já aparece na oferta de vagas por parte das empresas, e isso é visível tanto na PME quanto no Caged [Cadastro Geral de Empregados e Desempregados]", comenta Rafael Bacciotti, da Tendências Consultoria. A leve retração foi puxada por demissões na indústria, onde o emprego caiu 6,4% em relação a setembro do ano passado, e na construção civil, que reduziu as vagas em 4,4%, na mesma comparação.

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Também influenciada pelo "efeito-atividade", a renda avançou em setembro 1,5% sobre o mesmo mês do ano anterior, a menor alta do ano nessa comparação. Em setembro de 2013, a renda média real habitual aumentou 2,2% nesse mesmo confronto, e em 2012, 4,3%. No acumulado do ano, contudo, a média de avanço real da renda é de 2,7% por mês, ritmo ainda superior ao de 2013, quando as remunerações cresciam em termos reais 1,8% por mês.

Priscilla Burity, do banco Brasil Plural, chama atenção para o efeito da queda da ocupação e da desaceleração dos ganhos nos salários sobre a massa de renda - os recursos efetivamente disponíveis para o consumo - e, por consequência, sobre a atividade. Depois de avançar 4,2% em média no primeiro trimestre e 2,7% no segundo, sempre em relação a iguais períodos de 2013, ela aumentou 0,9% em setembro.

Apesar da perda de fôlego, entretanto, a dinâmica dos rendimentos ainda não foi suficiente para promover um retorno dos inativos ao mercado de trabalho e o consequente aumento da taxa de desemprego que fazia parte do cenário de muitos economistas no início do ano. "Está cada vez mais difícil precisar quando isso vai acontecer", diz Bacciotti. Para ele, a taxa de desemprego será de 4,9% neste ano e pode subir a 5,4% em 2015. "O cenário pode variar, dependendo das mudanças implementadas na economia a partir de janeiro."

Para Mariana Hauer, do banco ABC Brasil, a indefinição do cenário eleitoral tem contribuído para manter o mercado de trabalho em compasso de espera. A incerteza em relação à política econômica que deve vigorar a partir de 2015, avalia Mariana, paralisou as decisões de investimento de muitas empresas e explica em parte a oscilação fraca - tanto para cima quanto para baixo - das variáveis da ocupação na comparação com os meses imediatamente anteriores. "A indústria continua fazendo seu ajuste e os serviços [que elevaram a ocupação em 0,4% no confronto com o mês anterior e em 3,3% em relação a setembro do ano passado] continuam segurando a geração de emprego", afirma, ressaltando que nenhum desses movimentos, contudo, alterou de forma significativa o quadro colocado nos meses anteriores. "A palavra que tem definido o mercado de trabalho é estagnação", diz Mariana. "A mudança de trajetória que parecia se desenhar em agosto não se concretizou", pondera Priscilla, do Brasil Plural, referindo-se ao crescimento de 0,9% da PEA naquele mês, em relação julho - o aumento mais significativo nessa comparação desde outubro de 2012.

A técnica da coordenação de trabalho e rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Adriana Beringuy avalia que o mercado de trabalho manteve-se estável em setembro. Para ela, apenas a construção civil mostrou variação significativa na ocupação em relação a agosto. A dispensa de 63 mil trabalhadores nas seis regiões metropolitanas da pesquisa - queda de 3,5% no emprego em relação ao mês anterior - pode ser resultado da conclusão de obras imobiliárias e de infraestrutura em Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte, diz.

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Supremo reduz IR de processo trabalhista Por Bárbara Mengardo | De Brasília O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ontem que, ao receberem valores decorrentes de demandas trabalhistas ou previdenciárias, as pessoas físicas devem aplicar as alíquotas do Imposto de Renda (IR) vigentes à época em que as verbas deveriam ter sido pagas. O assunto é de grande impacto econômico, e de acordo com o presidente do tribunal, ministro Ricardo Lewandowski, atinge mais de nove mil casos.

O assunto debatido diz respeito a rendimentos pagos de forma acumulada. São casos de pessoas que obtêm na Justiça o direito ao recebimento de verbas trabalhistas ou previdenciárias e que, sobre esse valores, teriam que pagar uma alíquota maior de Imposto de Renda em relação à que seria aplicada nos pagamentos mensais ao longo dos anos. Isso porque, de acordo com o regime de caixa - no qual a cobrança é feita de uma só vez -, incide a alíquota vigente sobre o total recebido pela pessoa física que foi ao Judiciário.

A diferença é enorme, de acordo com o voto do ministro Dias Toffoli, proferido no início do julgamento, em 2011. Em uma indenização de R$ 20 mil pela sistemática sobre o rendimento acumulado, afirmou, seria aplicada a alíquota de 27,5%, de Imposto de Renda. Com isso, o valor a ser pago seria de R$ 4, 8 mil. Por meio da outra sistemática, a alíquota incidente sobre os mesmos R$ 20 mil seria de 7,5%, o que reduz o tributo para R$ 375.

O caso encerrado ontem envolvia uma dívida previdenciária paga pelo INSS após o reconhecimento do direito pela Justiça. O Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região tinha considerado inconstitucional o artigo 12 da Lei nº 7.713, de 1988, que determinava que os rendimentos pagos acumuladamente sujeitam-se ao regime de caixa e assegurou ao trabalhador a incidência do IR conforme a tabela progressiva vigente no período mensal.

O processo voltou à pauta com o voto-vista da ministra Cármen Lúcia, que considerou que a aplicação no regime de caixa a essa situação fere o princípio da isonomia. Ela destacou que, com a cobrança, os trabalhadores que não receberam no prazo correto são prejudicados em relação aos que tiveram seus direitos respeitados.

Para a magistrada, a cobrança do Imposto de Renda da forma com que exige a União faz com que as pessoas sejam "duplamente punidas". A primeira vez por não receberem dentro do prazo e a segunda por terem uma tributação elevada.

Com o posicionamento, Cármen Lúcia seguiu os votos proferidos pelos ministros Marco Aurélio e Dias Toffoli em 2011. Apenas a relatora do caso, ministra Ellen Gracie, hoje aposentada, votou pela tributação de acordo com o regime de caixa.

A decisão, de acordo com a advogada Mary Elbe Queiroz, do escritório Queiroz Advogados Associados, evita que seja alterada a faixa de incidência do Imposto de Renda na qual o trabalhador está inserido. Se fosse alterada, acrescenta, a pessoa física seria prejudicada

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duas vezes. "Além de não receber no momento certo iria pagar mais imposto", disse a advogada.

A discussão é antiga e já era pacificada no Superior Tribunal de Justiça (STJ) a favor dos contribuintes, segundo o advogado Eduardo Kiralyhegy, do escritório Negreiro, Medeiros & Kiralyhegy Advogados. "Porém, agora o Supremo, por meio de repercussão geral, coloca uma pá de cal nessa questão", afirmou. De acordo com o advogado, essa é a solução mais razoável para que o contribuinte, ao ser indenizado, não corresse o risco de sofrer uma tributação muito superior de Imposto de Renda. (Colaborou Adriana Aguiar)

Deere e sindicato chegam a acordo para demitidos em Horizontina (RS) Por Sérgio Ruck Bueno | Valor PORTO ALEGRE - A John Deere e o Sindicato dos Metalúrgicos de Horizontina chegaram a um acordo sobre as compensações que serão dadas aos 167 funcionários despedidos da fábrica de colheitadeiras da empresa no município gaúcho. As demissões foram anunciadas no início deste mês, mas haviam sido suspensas até o dia 22 pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 4ª Região, a pedido do sindicato, para que as partes negociassem uma forma de reduzir os impactos do corte de quase 10% do quadro de 1,8 mil empregados da unidade.

Segundo o TRT, além das verbas rescisórias legais a empresa pagará uma indenização adicional de R$ 3 mil aos 137 trabalhadores contratados por prazo indeterminado. Os demais tinham contrato até 2 de fevereiro de 2015 e receberão indenização de R$ 1,4 mil. Todos os dispensados também terão os planos de saúde mantidos por quatro meses. O sindicato fará ainda uma lista dos despedidos com suspeita de doença ocupacional para eventual reavaliação das dispensas. O acordo foi fechado em audiência no Tribunal na quarta-feira desta semana.

Em nota, a John Deere afirmou que, “apesar de todos os esforços, a adequação do quadro de pessoal da fábrica de colheitadeiras em Horizontina (RS) foi realmente necessária devido à volatilidade do mercado brasileiro”. A empresa lembrou a previsão de queda de 15% nas vendas de máquinas agrícolas na América do Sul em 2014, feita pela matriz americana em agosto, e a retração de 18% no mercado brasileiro de máquinas agrícolas de janeiro a setembro ante igual período de 2013 apontada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

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Destaques

Danos morais

O Tribunal Superior do Trabalho não conheceu de recurso da Casa Bahia Comercial, que

buscava reduzir indenização de R$ 5 mil por dano moral arbitrada para um vendedor da

cidade de Canoas (RS). Segundo o processo, ele era impedido de sentar durante toda a

jornada de trabalho. Na reclamação trabalhista, o vendedor relatou que cumpria extensas

jornadas em pé, e era fiscalizado constantemente por gerentes que lhe advertiam se

sentasse ou mesmo escorasse. Na época, ele requereu indenização por dano moral de R$

60 mil pelos "constrangimentos e humilhações sofridas". Os fatos foram comprovados por

testemunhas, segundo o juízo de primeiro grau, que considerou aviltante a conduta da

empresa e condenou a Casa Bahia a indenizar o vendedor por dano moral, fixado em R$ 5

mil. Trabalhador e empresa recorreram para o Tribunal Regional do Trabalho do Rio

Grande do Sul. A Casa Bahia na tentativa de reduzir o valor, o vendedor de aumentá-la. Na

decisão, o TRT também considerou que, pela prova testemunhal, ficou configurado ato

ilícito a justificar o deferimento da reparação, mas manteve o valor fixado pelo primeiro

grau.

(Fonte: Valor Econômico dia 24-10-2014).

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Metrô demite de novo 10 funcionários após greve Trabalhadores que haviam retornado graças a liminar foram desligados nos últimos dois dias CAIO DO VALLE - O ESTADO DE S. PAULO SÃO PAULO - O Metrô de São Paulo demitiu novamente dez funcionários que participaram da greve de junho, uma das maiores da história dos metroviários. As rescisões ocorreram na quarta-feira, 22, e na quinta-feira, 23, – entre os demitidos há seguranças, operadores de trem e supervisores. Esses empregados haviam sido readmitidos no início de setembro após uma liminar da Justiça do Trabalho em seu favor. O Sindicato dos Metroviários já entrou com recurso para tentar reverter a decisão concedida pela desembargadora Iara Ramires da Silva de Castro. Para ela, a reintegração foi dada antes da audiência inaugural, o que teria feito o Metrô não ter tido tempo para ampla defesa. A apreciação do caso está prevista para ser retomada em novembro no Tribunal Regional do Trabalho da 2.ª Região (TRT-2). Em decisão publicada em agosto, o juiz do Trabalho Thiago Melosi Sória, da 34.ª Vara do TRT-2, entendeu que “houve aparente vício formal na prática dos atos das dispensas e que as provas produzidas pela ré (o Metrô de São Paulo) ainda neste momento inicial do processo não revelam a prática das faltas graves atribuídas aos empregados dispensados”. Outros 23 funcionários readmitidos por meio de outro processo continuam trabalhando na empresa. De acordo com o Metrô, os demitidos – que integram um grupo de 42 pessoas, duas das quais posteriormente reabsorvidas pela própria empresa – se envolveram em quebra-quebra na Estação Ana Rosa, quando a Tropa de Choque da Polícia Militar invadiu o local para dispensar os manifestantes. A força policial fez uso de cassetetes e bombas. Além disso, o Metrô alegou que funcionários haviam impedido o fechamento das portas de um trem na Estação Tatuapé, durante a greve. Mas imagens de câmeras de segurança da própria empresa revelam, de acordo com o texto da primeira decisão judicial, que os trabalhadores, embora “estivessem na plataforma, não aparecem impedindo o fechamento das portas”. A advogado dos metroviários, Eliana Lúcia Ferreira, disse ontem que os dez funcionários passam a ficar sem vínculos com a empresa. “E isso é contraditório, porque o Metrô está precisando de gente. Do ponto de vista do dinheiro público, é até mais correto que essas pessoas ficassem. Porque se ao fim do processo a Justiça determinar que os funcionários

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estão corretos, como já ocorreu, o Metrô terá que pagar os salários de todo o período, com os juros. É melhor deixarem as pessoas trabalharem.” Em um documento enviado aos dez trabalhadores, o Metrô pede que devolvam crachás e uniformes. O sindicato acusa o governo Geraldo Alckmin (PSDB) de perseguição política, já que a maioria dos demitidos eram ativos representantes da entidade, como diretores. A categoria informa que nunca foram apresentadas provas concretas que indicassem a participação dessas pessoas, especificamente, nos atos de vandalismo. Um dos dez funcionários novamente desligados do Metrô disse que não sabe o que acontecerá com ele e seus colegas, mas que o Metrô tentou impedi-los de usar um broche da campanha da readmissão dos demais metroviários demitidos enquanto estavam trabalhando. Por meio de nota, o Metrô de São Paulo informou apenas que TRT “cassou (suspendeu) a decisão judicial de 1.ª instância que determinou a reintegração de 10 empregados demitidos em 9 de junho deste ano” e que, “dessa forma, está mantido o desligamento dos funcionários”.

Desemprego cai para 4,9% em setembro, a menor taxa para o mês da história Em agosto, a taxa estava em 5%; segundo o IBGE, a q ueda do desemprego teve ajuda da migração de pessoas para a inatividade DANIELA AMORIM - O ESTADO DE S. PAULO A taxa de desemprego registrou um leve recuo em setembro para 4,9%. Em agosto, o desemprego estava em 5%. A variação não foi considerada estatisticamente significativa, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE). Ainda assim, foi a menor taxa para o mês de setembro em toda a série histórica iniciada em 2002. Segundo o instituto, a taxa vem recuando porque menos pessoas estão procurando trabalho. "Ao logo desse ano de 2014, nessas comparações anuais (mês contra mesmo mês do ano anterior), mostram que tem redução de procura (por emprego) e aumento da inatividade. Essa redução da procura, de fato, acaba interferindo na taxa (de desemprego). A taxa cai porque menos pessoas estão procurando trabalho", explicou Adriana.

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A população desocupada recuou 10,9% em setembro ante setembro de 2013, o equivalente a menos 145 mil pessoas na fila do desemprego. No entanto, não houve geração de vagas no mesmo período. A população ocupada até encolheu 0,4%, devido à dispensa de 91 mil trabalhadores, embora a variação não seja considerada significativa pelo IBGE. "O mercado também não vem criando vagas de forma significativa. A gente vem nesse ano de 2014 com uma população ocupada praticamente parada, praticamente estável. Ou seja, estatisticamente falando, a população ocupada não vem se movimentando", afirmou a técnica do IBGE. Ao mesmo tempo, a taxa de desemprego tem atingido mínimas históricas ajudada pela saída de pessoas do mercado de trabalho. O total de inativos cresceu 3,7% em setembro, em relação a um ano antes, o equivalente a 690 mil pessoas que migraram para a inatividade. "A redução da população desocupada tem sido acompanhada pelo aumento da inatividade", disse Adriana. "Ainda que estável, você tem um acréscimo de 133 mil pessoas na população inativa em setembro ante agosto. Na comparação anual (ante setembro de 2013), o resultado é bem evidente, porque atinge patamares de variações estatísticas", acrescentou. O IBGE afirma que o desalento, grupo formado por pessoas que desistiram de procurar emprego por não terem encontrado, está até diminuindo. O número de inativos tem aumentado por causa da fatia da população que não procura emprego porque não quer mesmo trabalhar. Segundo Adriana, essa população é formada por pessoas ou muito jovens, que estão em processo de escolarização e qualificação e adiam a procura por emprego, ou mais velhas, que já se aposentaram e saíram do mercado de trabalho. Rendimento. O rendimento médio real dos trabalhadores teve alta de 0,1%, para R$ 2.067,10, e cresceu 1,5% em relação a setembro de 2013, quando era de R$ 2.035,62. A massa de renda real habitual dos ocupados no País somou R$ 48,4 bilhões em setembro, resultado considerado estável em relação a agosto. Na comparação com setembro de 2013, a massa cresceu 0,9%. Já a massa de renda real efetiva dos ocupados totalizou R$ 48,7 bilhões em agosto, uma alta de 0,4% em relação a julho. Na comparação com agosto de 2013, houve aumento de 1,9% na massa de renda efetiva.

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Produção industrial recuou menos em janeiro, diz CN I DAIENE CARDOSO E SANDRA MANFRINI - AGENCIA ESTADO Pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta sexta-feira, 21, apontou que a produção industrial em janeiro continuou recuando, mas com uma queda menor do que o mês anterior. A Sondagem Industrial da CNI mostra que a produção atingiu 47,4 pontos contra 40,2 de dezembro. Esse aumento no índice, destaca a CNI, indica que a queda na produção foi menos intensa do que a registrada no mês anterior. A utilização da capacidade instalada (UCI) não sofreu mudanças entre dezembro e janeiro, mantendo-se em 70%. A UCI efetiva em relação à UCI usual para o mês subiu 1,3 ponto de um mês para outro, ficando em 43 pontos em janeiro, aquém da linha divisória dos 50 pontos. Os indicadores variam de 0 a 100, com linha divisória nos 50 pontos: acima, indica crescimento; abaixo mostra queda. O indicador sobre o número de empregados cresceu em comparação a dezembro, registrando 48 pontos ante 46,4 pontos do mês anterior. No entanto, permaneceu em queda, uma vez que se manteve abaixo dos 50 pontos. Os estoques efetivos, que estavam equilibrados em dezembro (50,6 pontos), ficaram em 49,2 pontos. As expectativas dos empresários em fevereiro para os próximos seis meses melhoraram em comparação a dezembro. A indústria está mais otimista em relação à demanda (57,9 pontos) e sobre o volume das exportações (53,1 pontos), compras de matérias-primas (55,6 pontos) e contratação de empregados (51,1 pontos). Valores além dos 50 pontos indicam expectativa positiva. A pesquisa foi realizada entre 3 e 13 de fevereiro com 2.098 empresas, das quais 816 são de pequeno porte, 767 médias e 515 de grande porte. (Fonte: Estado de SP dia 24-10-2014).

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