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Al. Linhas de Torres, 2 1750-146 LISBOA [email protected]
Exposição de Português:
75 palavras - 75 textos - 75 anos
Oração ao fim da tarde
Trabalho de alunos do 5º ano
Painel dos Antigos Alunos
Coro - Final da Eucaristia, 12 de Março
Aula de Formação Humana
orientada pelos pais Antigos Alunos
2
Colégio de Santa Doroteia
(Calvanas) 75 anos
Irmã Maria da Conceição Amorim
Falar no Doroteias da celebração dos 75 anos do
Colégio é um dever de gratidão para com todas
as Irmãs e Comunidades que, com tanto carinho e
interesse, nos foram acompanhando nesta festa e
nos fizeram chegar a sua presença de formas tão
diversas, coincidentes todas na amizade, sinal da
comunhão que faz de nós família e que este ano
estamos a procurar viver de um modo muito
especial.
Mas vamos aos 75 anos…
Fizemos coincidir este ano a nossa semana
cultural com o aniversário do Colégio, de forma
a que todos os departamentos disciplinares, cada
um com a sua vertente própria, se debruçassem
sobre ele. A Irmã Diana Barbosa foi a
informadora de serviço… foram muitos, alunos e
professores, que se lhe dirigiram em busca de
informações, e todos reconheceram a sua
paciência e disponibilidade.
Exposições, painéis e outras atividades animaram
a semana que começou a 6 de fevereiro, com a
celebração da Eucaristia em honra de Santa
Doroteia (dia dedicado à atual comunidade
educativa) e terminou no domingo, dia 12,
novamente com a Eucaristia (que a TVI transmitiu
em direto assim como o programa “Oitavo Dia”)
para a qual foram convidados, especialmente,
todos os antigos alunos, Irmãs, professores e
outros colaboradores do Colégio.
Não cabe aqui contar em pormenor a semana.
Refiro apenas três momentos que nos tocaram
particularmente: o primeiro, a aula de
Formação Humana que os pais, antigos alunos,
foram convidados a orientar nas turmas dos
respetivos filhos, nessa semana – nas poucas
turmas onde não havia pais antigos alunos, foi
orientada por uma avó, uma tia, um irmão mais
velho, “antigos alunos”, que para todas se
encontraram. O tema que se pediu que
abordassem foram as “recordações” do seu tempo
de colégio e o modo como este tempo teve
influência na sua vida futura… Houve
testemunhos muito bonitos, muito sentidos,
muito simples (se não fossem simples, nada
tinham a ver connosco…).
No final, todos foram convidados a almoçar com
os filhos, no refeitório, uma “ementa” sugerida
por antigos alunos a quem tinha sido pedido, no
Facebook, que indicassem o “sabor” que
lembravam, com mais saudades, do seu tempo de
Colégio. Foi selecionado pela maioria o empadão
de atum, e foi isso mesmo que se lhes preparou
nesse dia. Faltaram os gelados da Irmã Maria
Rosa Coelho, que também foram muito
indicados, mas para isso … só no Linhó, para
onde foi ela própria e a máquina com que os
fazia.
Quanto ao segundo momento marcante, e que
gosto de destacar, foi um painel de antigos
alunos, moderado por duas antigas alunas, atuais
professoras. Pediu-se-lhes um testemunho de vida:
o que representou para eles o tempo de Colégio
e de que forma este tempo tinha influenciado a
sua vida pessoal e profissional. Escolhemos alunos
com percursos de vida mais “originais”, e assim
tivemos a presença de uma controladora de
tráfego aéreo, uma oficial da GNR, um médico
dentista, um licenciado em Direito, atualmente a
trabalhar como assessor de um dos nossos
Ministros, uma juíza, um “gestor de topo”,
responsável para a Europa de uma empresa
multinacional, uma cientista de 29 anos,
recentemente galardoada com um prémio
dirigido a jovens investigadores… uma professora
e ex voluntária nos Açores junto das nossas Irmãs.
Imaginam como é gratificante e comovente ver os
“nossos meninos”, hoje homens e mulheres
ocupando lugares de tanta responsabilidade,
referirem-se com imenso apreço e saudade ao seu
colégio, que consideram uma segunda família,
onde sempre se sentiram acolhidos e acarinhados
e aprenderam a viver os valores que hoje lhes
norteiam a vida! As palavras não são minhas,
ouvi-as da sua boca como as ouviram os que lá
estiveram presentes…
Um terceiro momento muito bom: o fim da tarde
em que refletimos e rezámos as marcas
características da educação segundo Santa
Paula. Foi mais uma vivência de família, com a
presença de alunos, antigos e atuais, professores,
não docentes, pais e Irmãs… Tivemos a “sorte”
de ter por perto a nossa Provincial, em visita a
comunidades das redondezas, e assim, também
com a Irmã Maria Antónia, puderam acompanhar
3
várias das nossas atividades, o que foi, para
todos, um gosto grande e um estímulo. A
simplicidade, o espírito de família e serviço, o
jeito de educar “pela via do coração e do amor",
educar para transformar, estiveram mais uma vez
presentes no nosso coração como herança muito
querida a que, todos os dias, nos esforçamos por
ser fiéis.
Falar-lhes da “força” da Eucaristia, com que
iniciámos e acabámos as celebrações, é difícil e
quase desnecessário porque todos tiveram a
oportunidade de seguir a última pela televisão. A
alegria, o sorriso, o brilho nos olhos... creio que
eram bem o reflexo do que se viveu
interiormente: estava cheia a Capela e, para quem
se lembra da casa, a sala de reuniões, os
audiovisuais e o átrio em frente da Capela, com
écrans para se poder acompanhar a celebração –
Foi realmente muito bom, e foi bem a festa de
todos porque todos deram, para ela, o seu
melhor: a disponibilidade de professores e não
docentes, pondo a sua criatividade e o seu
tempo, sem tempo, à disposição, o interesse e a
participação de muitos pais, o entusiasmo dos
alunos, vestindo com alegria e orgulho a
“camisola” do seu Colégio, são fortes motivos de
ação de graças para todos. Até a forma como
fornecedores e amigos colaboraram com as suas
ofertas, em bens e serviços, foi simpática, delicada
e dedicada.
Só uma nota curiosa: os bolos de aniversário,
feitos pela Irmã Conceição Sousa, com a
competência e arte que a caraterizam (e de que
era “amostra” o que viram na televisão), com os
quais se cantaram os parabéns ao Colégio, no dia
6 e no dia 12, “consumiram” cerca de 400 ovos,
20 Kg de farinha e 20 Kg de açúcar, oferecidos
por uma família de atuais alunos.
A todas as Irmãs, a todas as comunidades que
partilharam esta festa, de mais longe ou de mais
perto, com o seu coração de Doroteias a bater
em uníssono com o nosso, uma vez mais o
obrigada muito amigo e fraterno de todas as
Irmãs das Calvanas.
A ESCOLA - a ‘menina dos olhos’ de Santa Paula
Irmã Diana Barbosa
Estas considerações vêm a propósito dos 75 anos de existência do Colégio de Santa Doroteia, em Lisboa.
‘Menina dos olhos’... não apenas por ter aberto a escolinha na Casa Paroquial de Quinto, e depois na
Casita da fundação.
O primeiro cuidado das nossas Irmãs foi abrir uma escola para as crianças pobres da aldeia. Acorreram
em grande número e tornaram-se objeto dos cuidados mais solícitos e afetuosos das suas mestras
(Memórias, Cap. II).
‘Menina dos olhos’... por verdadeira opção! Quando, após o encontro com o Padre Lucas Passi, em 1835,
assumiu, de alma e coração, a Pia Obra de Santa Doroteia – a ponto de mudar o nome ao seu próprio
Instituto –, não se deixou ‘arrastar’ pelo pensamento do Padre Passi, para quem bastava a Pia Obra, e
desejaria que fosse também este o entendimento de Paula. Mas não! Embora considerasse a Pia Obra o
meio de que Deus se serviu para nos lançar no apostolado em benefício das almas, até à América (Carta
319,3), como escreveria muitos anos mais tarde, nunca abdicou da escola.
De facto, para Paula, educar as crianças e jovens exigia também a ESCOLA. Só assim poderia
verdadeiramente aspirar a reformar a sociedade, o mundo: Educar bem as crianças é reformar o mundo e
conduzi-lo à verdadeira Vida (Const. 1851, 207).
(...) as Escolas devem ser objeto muito particular da sua [das Irmãs] caridade e do seu zelo, e mais
especialmente as da classe pobre, como a porção mais querida do Coração de Jesus. Portanto, em todas
as Casas do Instituto se abrirá, quando for possível, uma Escola para meninas externas (Const. 1851,
290).
o nosso Instituto (...) [é] uma instituição recente, fundada para a instrução e educação da juventude
(Carta 282,2).
Foi plenamente aprovada a nossa instrução e disciplina interna, isto é, o sistema e o modo de educar a
juventude, pelo que aprovaram, em Congresso, o Instituto! (Carta 531,3).
Logo que chegou a Roma, como sabemos, organizou a Pia Obra em sete Paróquias, com grande êxito, o
que lhe proporcionou muita satisfação (cf. Cartas 3; 4; 5; 6). Porém, em carta de 15 de Dezembro de
1841, escreve ao Padre José:
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Estamos aqui privadas de Irmãs, de educandas e de escola, por falta de espaço, sendo até agora
obrigadas a viver numa casa composta de três quartos (Carta 6,1).
O que desejo (e quando o Senhor quiser) é um lugar onde possa receber as que queiram fazer-nos
companhia, onde possa abrir uma escola (Carta 7,2).
E, na petição a Fernando II, Rei das Duas Sicílias, escreve:
Os meios que o Instituto emprega são: No exterior: a Pia Obra de Santa Doroteia. No interior: a
educação, mediante os Colégios, os Exercícios Espirituais e as Escolas públicas e gratuitas para crianças de
todas as classes sociais.
[As crianças] São germes de futuras Mães de família, capazes de educar bem os seus filhos e filhas, de que
depende o verdadeiro bem-estar social e religioso (cf. Carta 59, 2-4).
É na escola, e através da escola, que poderia dar às crianças uma educação sólida, uma educação integral
que, segundo as Constituições de 1851, abarque: - ordem e disciplina (251); - amar e aprender a virtude
(259); - radicar na fé (259; 260); - respeito, amor, obediência à Igreja (257); - amor e gosto pelo
trabalho; santificação do trabalho (268); - suportar as adversidades sem se abater (260); - devoção a
Maria SS.ma, mulher forte (263); - desenvolver a memória (265); - economia doméstica (270); - leitura,
escrita, noções elementares de gramática, história, geografia e aritmética (265); - ciências humanas (254);
- estudo de línguas e artes decorativas, a pedido dos pais (261).
(...)
E nas suas Cartas retoma o assunto:
Alegra-me que esse Colégio seja tão frequentado e que tudo esteja a correr bem; mas recomendo que,
tanto às alunas do Colégio como às do Orfanato, se dê uma educação sólida e não superficial, como
acontece nestes tempos (869,17).
(...) que a sua instrução seja um pouco mais sólida (261,8).
(...) saindo as jovens bem fundadas numa piedade sólida, serão anjos de paz nas suas famílias (229,5).
E, quando, completada a vossa educação, regressardes ao seio das vossas famílias, sereis para elas
verdadeiros anjos de paz e de consolação; e os vossos exemplos atrairão outras jovens, como vós, a
amar a virtude e a praticá-la (336,1).
Podemos, pois, concluir que a ESCOLA foi a ‘menina dos olhos’ de Paula Frassinetti!
«Cuidadores» - Irmãs de idade e doentes
Como foi dito no «Doroteias» de Janeiro/Fevereiro, a Equipa de Serviço às Irmãs de Idade e Doentes organizou
encontros para Cuidadores. Foram três: no Porto (Instituto Van-Zeller), Linhó e Lisboa-Calvanas. Deixamos
aqui um «eco» dos que se realizaram no Porto e no Linhó:
Diz-nos a Irmã Conceição Morais:
O encontro de Cuidadores que decorreu em Vilar, no dia 29 de Novembro de 2011, foi muito
enriquecedor. Deu-nos a possibilidade de adquirir novos conhecimentos, de recordar aspetos importantes
no que respeita à Missão de Cuidar e ajudou-nos a entrar no sentir de Santa Paula.
A Enfermeira que nos falou transmitiu muito pelo seu saber, mas ainda mais pelo seu testemunho.
As dinâmicas experimentadas foram adequadas e muito interessantes.
As refeições com que nos brindaram, com o apoio da Irmã Sofia e a sua Equipa, foram muito
reconfortantes e agradáveis, ajudaram a fomentar o ambiente de família e de boa disposição.
Nesta Acão de Formação participaram 15 Irmãs e 3 Leigos que, com interesse e entusiasmo, tentaram
aproveitar o máximo da oportunidade que lhes foi proporcionada. Também se tornou agradável o
encontro com as Irmãs de Vilar a quem agradecemos o acolhimento que nos fizeram.
E as Enfermeiras Cristina Neves e Isabel Gomes:
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Do nosso encontro no Linhó, considerámos que os temas abordados foram muito importantes, e que seria
fundamental dar-lhes continuidade, uma vez que ficaram alguns aspetos relevantes que não foram
abordados, por falta de tempo.
Foi útil este espaço de reflexão, partilha de experiências e opiniões, imbuídas do sentir de Santa Paula.
Nesta reflexão em grupo, crescemos tanto pessoal como profissionalmente e também numa dimensão
espiritual.
Como cuidadores, temos que ter sempre presente a importância de cuidar o outro como gostaríamos de
ser cuidados, com amor, dedicação e entrega.
Segundo as Constituições das Irmãs Santa Doroteia que expressam o que foi e quis Santa Paula, “ao sentir
progressivamente a diminuição das suas forças, cada uma é chamada a enriquecer a missão comum pela
bondade, a paciência e a sabedoria de coração”.
Shema, Israel!
Na escola da Palavra com D. António Couto, Bispo de Lamego
Irmã Casimira Marques
No cumprimento do Programa da Casa de Espiritualidade de Santa Paula do
Sardão, no dia 17 de Março o novo Bispo de Lamego falou sobre a Sagrada
Escritura, com a sabedoria e o encanto que lhe conhecemos.
Insistiu no desejo de uma Igreja “jovem, leve e bela”, para um trabalho
convincente e atraente, notando que esta juventude não exclui as pessoas
idosas; é uma juventude interior e espiritual que não tem idade.
Disse que «a Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária» (Verbum
Domini, 91), e falou da “nova evangelização”, para transmitir o Evangelho
neste mundo em mudança, com “novo ardor, novos métodos, novas
expressões”…
Falou dos santos como “ícones da Palavra” – Samuel, Maria, Santo Antão… – e da necessidade
de «alimentar-nos da Palavra para sermos “servos da Palavra” no trabalho da evangelização: esta
é seguramente uma prioridade para a Igreja no início do novo milénio», como dizia João Paulo II
na Carta Apostólica Novo Millennio ineunte (2001), n.º 40.
A “Catedral” da Igreja primitiva – uma igreja de filhos e irmãos - tinha vida dentro das suas
quatro colunas: ensino dos apóstolos, fração do pão, comunhão fraterna e oração.
Contou que um Jesuíta indiano (Antony de Mello) tem andado a estudar o modo de Jesus atuar,
e tem falado até aos políticos e empresários que andam a querer descobrir o “estilo de Jesus”
para terem bons resultados nos seus trabalhos… Porque “Jesus sabe o caminho, mostra o
caminho, abre o caminho”, fazendo primeiro… É “o modo mais feliz, apaixonado, ousado,
pobre, despojado, próximo e dedicado de o cristão sair de si para levar Cristo ao coração de
cada ser humano, seja quem for, seja onde for”.
Deixou-nos uma grande vontade de continuar a rezar a Palavra de Deus para VIVER melhor.
Já ficou convidado para o próximo ano, em data a combinar, mas pediu que a Casa estivesse
“sinalizada” e a porta aberta, porque tinha perdido muito tempo a procurá-la!
A sala estava mesmo cheia; foram quase oitenta os participantes, e cerca de metade ficaram para
o almoço.
Na Escola de Deus
Alexandra Capelo
No passado Fevereiro, entre os dias 24 e 26, realizou-se no Linhó o nosso
retiro intitulado “Na Escola de Deus”. Orientado pelas Irmãs Maria Antónia
Marques Guerreiro e Paula Agostinho, foi um tempo que ajudou os 18
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participantes a dirigirem-se devagarinho para a “Fonte” que nos sacia a todos, fonte essa que é Deus.
Este retiro começou pela famosa história do “Principezinho” quando, à beira de um poço, ele pede:
“Tenho sede desta água. Dá-me de beber.” Ao bebê-la, o Principezinho compreendeu o que procurava,
pois aquela água era mais que um alimento, era uma água que saciava o coração. Tal como para Santa
Paula, foi essa a nossa “bússola” nestes dias de silêncio!
Foi-nos dado a conhecer o Ícone da Santíssima Trindade, de Andrei Rublev, que apaixonou os
participantes: foi ele o ponto de referência da nossa reflexão e meditação durante esses dias - uma
“pérola” que encontrámos!
Aprendemos e saboreámos que todos nós somos “Trindade”, e que estas Três Pessoas - Unidade na
diversidade - nos amam incondicionalmente e nunca desistem de nós. Contemplámos o “Pai” que nos
oferece um Amor incondicional e fecundo, o “Filho” que nos presenteia com a Fé e a dádiva da vida e o
“Espirito Santo” que nos regala com a doação total e a Esperança. Aprendemos também que ser
“Trindade” é dar tempo a nós e aos outros; é disponibilidade total para estar presente de coração,
aceitando-nos e acolhendo-nos como somos e aceitando e acolhendo os outros como eles são e não
como queremos que eles sejam. Somos templo desta Trindade Santa que nos habita e, muitas vezes, não
reconhecemos…
No silêncio interior, demo-nos conta desta graça, percebendo que sem “Ele” nada somos e com “Ele”
tudo podemos ser. Vimos que ser como a “Trindade” é: “ dar tudo o que se tem, é dar tudo o que se é, e é
dar-se sempre sem jamais acabar de dar-se ” (D. Hélder Camara).
Nesta ‘Escola de Deus’, no encontro com o nosso Deus, algumas sedes foram saciadas: uns encheram-se de
força anímica, outros encontraram-se com o Senhor no silêncio e na amizade, valorizando os seus dons e
os dons de outros, compreendendo assim que todos somos “dom de Deus”. Alguns de nós relativizámos
problemas; e devagar, “gota a gota”, fomos todos experimentando ficar um pouco ao “Colo de Deus”
como se o tempo tivesse parado, sentindo a importância vital que é estar com este Deus Trindade que nos
ama e aprender d’Ele a amar.
No final, foi-nos oferecido um Ícone desta Santíssima Trindade que deu sentido a este tempo de silêncio e
reflexão. Foi um “diploma” com distinção que nos ficou como um “lembrete”, fazendo-nos recordar que
este Deus-Amor nos convida todos os dias ao Amor e à Relação. Podemos agora contemplá-l'O sem
pressas, no silêncio e, com as nossas famílias, darmo-nos conta da sua importância. Esta Trindade desce
assim à nossa ‘terra’ e deixa de ser uma Presença abstrata para Se tornar Realidade connosco. Se nos
déssemos conta da sua Presença em nós, o mundo seria bem melhor! Todos os dias o nosso Deus
Trindade nos faz esse convite, não pelos nossos méritos mas por sermos amados incondicionalmente por
Ele que é Misericórdia, Disponibilidade e Amor nestas Três Pessoas.
Foi assim na ‘Escola de Deus’ e continua assim nas nossas vidas, no quotidiano vivido de coração aberto
ao Amor Trinitário! Que não nos esqueçamos nunca mais do que aprendemos nesta Escola!
Novas estruturas na Congregação
Diz-nos o Governo Geral numa carta dirigida às Irmãs de Angola, Moçambique e Portugal: «A partir do dia
3 de Março de 2012, Moçambique passa a ser Unidade e a depender da Província de Angola que faz
parte da mesma Área Continental, desmembrando-se assim da Província Portuguesa». É um dos passos
da nova estrutura da Congregação que nos vai ajudar a encontrar um ritmo novo do
'bater do coração': vamos organizar-nos e viver em ordem a conseguir «o que mais
serve a vida do Corpo que somos».
Comunica ainda o Governo Geral que «a Irmã Maria Zilda Filipe, atual
Regional, passará a ser Coordenadora da Unidade neste momento de transição,
com as suas duas Conselheiras: Maria Alice Miranda e Maria José, até que
seja feita a nomeação da outra equipa, que assumirá essa missão em Janeiro de
2013.
E termina a carta do Governo Geral, dizendo: «Para as Irmãs das duas realidades
Africanas - Angola e Moçambique - nova página se abre na vossa história;
portanto, como Mulheres de Fé, acolhei este novo momento que se inicia».
7
E a última Comunicação do Governo Provincial refere-se de um modo especial «às Irmãs de Moçambique,
que iniciam uma etapa nova, como nos foi comunicado pelo Governo Geral em circular do dia 1 deste
mês: passam a ser uma Unidade dependente da Província de Angola e integrada na Área de África. Claro
que a Província Portuguesa continua a apoiar esta realidade em tudo o que for necessário, nem podia ser
de outro modo».
É este abraço que o «DoroteiasPortugal» - cada Doroteia de Portugal - quer levar a Moçambique.
Notícias das Filipinas
Diz-nos a Irmã Rositta
Queridas Irmãs
Não sei se já todas sabem que na Comunidade das Filipinas tivemos uma bela surpresa, e que foi a
chegada da Irmã Mariquinha de Fátima vinda de Angola há pouco mais de um mês, ou seja, no
dia 17 de fevereiro. Todas ficámos muito contentes com esta dádiva tão enriquecedora, pois ela vai
ficar connosco e integrar a nossa Comunidade.
Para mim foi uma alegria! Embora eu tenha aqui várias ocasiões de falar português, com a Irmã Teresa
Jardim, ou com as minhas colegas brasileiras e espanholas, também formadoras, outra coisa é ter comigo
alguém com quem falar todos os dias... que bom!
Agora a primeira missão da Mariquinha é aprender inglês e depois a língua local para poder comunicar
com as gentes daqui e transmitir o muito que tem para dar, toda a riqueza que traz consigo.
Há uns 15 dias tivemos algumas jovens a fazer experiência connosco, o que nos dá esperança de futuras
vocações. Ficamos a rezar para que o Senhor toque os seus corações e venham mais algumas aumentar a
família. O Movimento Juvenil da Paróquia tem feito também os seus Encontros de Oração na nossa
Capela grande. As Irmãs Bernadette e Rosa (júnior chinesa) estão agora em Taiwan por 3 meses a tirar o
curso de PCE (Educação Pastoral Clínica) em língua mandarim.
É tudo por hoje. Um forte abraço amigo e muitas saudades.
Afinal... a Irmã Mariquinha também escreve:
Ir aonde houver maiores esperanças de um maior serviço … expressam audácia da fé e a paixão pelo
Reino. Foi este artigo 28 das nossas Constituições que me animou interiormente a aceitar a nova missão e
assumi-la como meu próprio desejo. Ir aonde houver necessidade… Ásia!!!
Confesso que em certos momentos fiz a experiência dos discípulos que viajavam no barco e Jesus a
dormir na popa… medo de enfrentar o desconhecido... mundo totalmente diferente... e de tudo o que
acontecia… Mas fui ouvindo uma voz: “Fazei o que Ele vos disser!” Assim, pouco a pouco, foi
crescendo em mim a disponibilidade de partir. Depois dos papéis e não papéis, chegou o dia da viagem…
Ao subir para o avião, senti que estava a deixar a minha Angola querida, minha terra e minha mãe. Fui
quase das últimas a subir… Ao chegar ao avião já estava a sentir tudo diferente… começa agora a
preocupação pelo inglês… Passados alguns momentos aparece um senhor de nacionalidade portuguesa;
penso que leu no meu rosto alguma aflição. Então prontificou-se a ajudar-me no que fosse necessário
traduzir… O milagre começou a acontecer…
Saí de Luanda às 18 h do dia 16 de Fevereiro e cheguei às 4 h a Dubai, onde esperei quatro horas pela
conexão. Às 9 h saí para as Filipinas e cheguei às 22 horas do dia 17.
Em DUBAI! Entre o sono e o novo, parecia estar a ver um filme… e assim tive a oportunidade de
saborear a força da paixão pelo Reino.
Finalmente chegou a hora de partir para o destino, minha nova pátria. Abandonei-me nas mãos do
Senhor. Já dentro do avião, vi qualquer coisa e exclamei: Meu Deus! O senhor, que estava sentado ao
meu lado, perguntou: A Irmã é angolana? Nem me parecia verdade ouvir ainda o português. - Sim, sou!
Ele disse: - Sou Filipino, trabalho em Angola/Luanda. Gosto muito de Angola e dos angolanos. E o diálogo
continuou… - É a primeira vez que vem às Filipinas? … - Sim! - Não te preocupes, vou ajudar-te... A partir
daquele momento encontrei alguém que se encarregou de mim… até na fila para DFA dizia: Fazei passar
a Irmã, é Angolana missionária!!! Não me deixou enquanto não viu as nossas Irmãs. Irmãs! Este foi o
milagre da vigem… Ao sair, vi logo as minhas Irmãs - Celia, Rositta e Anne - que me acolheram com
muito carinho. E o bom samaritano saudou as Irmãs e seguiu o seu caminho.
8
Saímos do aeroporto, e o trânsito era como o de Luanda…. Chegámos a casa quase à meia-noite. Que
bom chegar a casa! Agora começa a confusão dos fusos horários, com Angola diferença de 7 horas…
quando estão a dormir eu acordada, e assim sucessivamente…
O encontro com as Irmãs mais novas foi bom, fui acolhida com muita alegria. Como ponte de
comunicação tenho a Irmã Rositta - o Português; e as duas Irmãs Celia e Anne - o italiano; o resto... o
sorriso cobre... Já passou um mês e o ouvido vai-se habituando ao inglês…
Aproveito o momento para agradecer a todas as Irmãs dos vários cantos do nosso mundo que durante a
minha preparação para Asia me foram animando e confortando com suas palavras e mensagens: “Com a
oração tudo se vence e se obtém" (Paula Frassinetti), diziam as Irmãs nas várias mensagens; tudo vai correr
bem. Nós rezamos… e assim foi. A Oração FUNCIONA!
Muito obrigada, Irmãs, por todo carinho que senti e continuo a sentir. Isto ajuda a ter VIDA e VIDA em
ABUNDÂNCIA.
Abraço cada uma com muita gratidão e saudades. Vossa Ir. Mariquinha
Que é feito de si,
Irmã Maria Emília Mesquita?
Quando me pediram para dizer alguma coisa sobre a minha vida, pensei: já sou bastante velha para ser
“notícia”. Então aqui vai:
Nasci a 6 de Abril de 1933 em Vermil, Guimarães, numa família cristã; o
meu padrinho foi o pároco da freguesia, grande amigo dos meus pais, e não
sei se foi por isso que me batizaram com dois dias (só o soube quando pedi a
certidão do batismo para entrar na Vida Religiosa; por motivo de saúde sei
que não foi).
Fui para o Colégio da Póvoa de Varzim com oito anos apenas, porque na
minha aldeia não havia escola para meninas. Gostei de estar no Colégio, e a
minha adolescência passou-se entre o Colégio e a casa de meus pais que
ficava a 35 Km de distância. Comecei a aprender a tocar piano com a Madre Júlia Magalhães e
continuei a estudar mesmo depois de sair do Colégio. Sentia-me feliz em casa e no Colégio, aulas e férias
intercaladas, era uma alegria…
A vocação para a Vida Religiosa surgiu mais tarde, aos vinte e sete anos. Entrei no dia de Santo Inácio,
do ano de 1960, para poder fazer a Vestição a 6 de Fevereiro do ano seguinte.
Fui para as Calvanas depois dos Votos, em 1963. O Juniorado era dirigido pela Irmã Abecasis (a quem
chamávamos Madre Instrutora); ajudou-nos bastante na transição do Noviciado para o grande Colégio que
era o das Calvanas, só com alunas internas. Quase me sentia “perdida” com as meninas a andar em forma,
os horários, o ambiente, etc. Valeram-nos bastante a Irmã Abecasis e a Irmã Alvim, que era a Directora do
Colégio e tornava o ambiente mais leve com a sua boa disposição.
Por obediência, mas de boa vontade, fiz os estudos preparatórios para entrar no Conservatório Nacional.
Fui dois anos para o Linhó dar canto às Noviças, e voltei para as Calvanas. Daqui fui para o Externato
do Parque, onde terminei o curso de piano dando também canto às alunas do Colégio. Regressei
novamente às Calvanas, e dava canto e piano às alunas. Ofereci-
me para Angola, e fui a seguir ao 25 de Abril. Como sempre:
aulas de canto e piano...
Quando começou a guerra regressámos muitas a Portugal. Fui
com um grupo para Portimão, e aí comecei a trabalhar no
Ensino Oficial, fazendo ao mesmo tempo o Estágio para
Educação Musical, em Faro.
Com tanta corrida (que ainda não para aqui), até pareço um
“saltimbanco”; como eles, também sempre nas mãos de Deus.
Agradeço a Deus ter-me proporcionado, ao longo de toda a
minha vida, tanta música e tanto piano, causa de alegria e consolação, e mais ainda por sentir que Deus
assim o quis e continua a querer...
9
De Portimão para Abrantes... e de Abrantes novamente para o Algarve, em Lagos...
Depois de treze anos em Lagos ofereci-me para África - Moçambique. Também no Maputo, durante
quatro anos, a minha ajuda na Escola Paroquial foi na área da Educação Musical adaptada para meninos
mais pequenos – Primária. Em Lichinga acompanhei crianças da Infantil também na Educação Musical. Os
seus grandes olhos confiantes, a olhar-nos, cativam toda a gente. Também eu fiquei cativada e até fui
capaz de trabalhar com meninos tão pequenos. Trabalhar ou amar será a palavra mais própria.
Depois de quase onze anos em Moçambique, regressei a Portugal – Linhó; as forças já não eram muitas…
mas aqui no Linhó também sou feliz.
Por tudo, dou muitas graças a Deus e a Santa Paula, que sempre me acompanhou. Aqui, também, muitas
coisas boas: a natureza deslumbrante, muitas Irmãs para amar e a quem me dedicar... algumas precisam
mesmo do meu carinho e dedicação mais pessoal, e… e… há um piano!
Aconteceu... Acontece...
A Irmã Jaci está já bem de saúde, graças a
Deus. Prova-o o facto de estar já a fazer a
Visita às Comunidades de Itália, a qual tinha
sido adiada por motivos de saúde.
As Irmãs Maria da Conceição Ribeiro e
Margarida Adelaide acabaram a parte da
visita aos locais de missão, em Itália, e estão já
em Roma, na Casa Geral
A Irmã Teresa Rodrigues chegou a Portugal no
dia 27 de Janeiro para um tempo de descanso, e
regressou a Moçambique a 25 de Março, já mais
'refeita'... Teve a alegria de estar com todos os
irmãos, os do continente e os da Madeira. Foi
também ao Linhó onde reviveu os tempos
passados, sobretudo no Noviciado. Agradece toda
a amizade e acolhimento nos sítios por onde
passou.
A Irmã Helena Cardoso (angolana, mas a viver
a missão em Moçambique) veio no mesmo dia,
por motivo de saúde. Está a fazer tratamento em
ordem à operação.
A Irmã Maria Augusta Pragana, também de
Moçambique, chegou no dia 5 de Março. Vem
por motivo de saúde, e vai ficar 3 meses. Foi já
operada.
A Obra Social Paulo VI pede que nos unamos na
novena a Santa Paula que iniciaram no dia 21 de
Março pelo Prof. Silvério, elemento da equipa
educativa desta Obra, e que está em grande
sofrimento.
De acordo com a Programação, realiza-se, a 14-15
de Abril, a Peregrinação dos Jovens a Fátima.
Também de acordo com a Programação terá lugar,
no dia 27 de Abril, o Encontro de Alunos/as das
Irmãs Doroteias a Fátima (a partir do 1º Ciclo).
Os que nos deixaram
As nossas Irmãs falecidas:
IRMÃ MARIA DA CONCEIÇÃO GONÇALVES LOPES
Nasceu a 5 de Junho de 1927, entrou na Congregação a 31 de Julho de 1947 e faleceu
em Coimbra a 31 de Janeiro de 2012.
Foi a primeira das três irmãs - Maria da Conceição, Teresa e Maria Amélia - a entrar na
Congregação. A mais velha - Maria Amélia, que pertence à Comunidade da Casa Paula,
Lisboa - esperou que as duas mais novas realizassem o seu desejo de serem Doroteias.
O LINHÓ tem NOVO ENDEREÇO:
Avenida de Cascais, n.º 398
Quinta da Fonte
LINHÓ
2710-330 SINTRA
Recorda-se o número de
telefone direto da Secretaria
Provincial: 21 099 49 92
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A Comunidade da Residência de Coimbra, a que pertencia a Irmã Maria da Conceição Gonçalves Lopes,
agradece o dom da sua vida.
Dêmos graças ao Senhor
... pelo dom da Vida da Irmã Conceição Gonçalves e pelo dom que a sua Vocação foi para a Igreja e para
a Congregação:
... pela vida feita simplicidade no acolhimento e no sorriso que sempre tinha para todos
... pela alegria e humor presente nas mais variadas circunstâncias, ajudando a que a vida se tornasse mais
leve
... pelo amor profundo que sempre manifestou pela sua família de sangue…
... pelos gestos de delicadeza que tinha para com todas as pessoas e, em particular, por cada uma das
irmãs com quem vivia…
... pela serenidade e fé com que assumiu a doença e tudo o que esta a fez viver…
... pelo amor a Jesus Cristo e pela fidelidade à sua vocação como Doroteia, “na Igreja, para o mundo”…
IRMÃ MARIA HELENA ALMEIDA SANTOS
A nossa Irmã Maria Helena Almeida Santos, quando entrou para o Noviciado já era
professora do 1º Ciclo, serviço que sempre realizou ao longo da vida, em várias
Escolas da Província Portuguesa, com grande profissionalismo e abnegação. Cumpria
à risca os programas e diretivas recebidas, sabendo acrescentar ao seu trabalho o
“magis” do cuidado com a educação integral dos seus alunos baseada nos valores
sempre atuais do Evangelho. Sabia muito bem fomentar neles o gosto de ajudarem os
outros, particularmente os mais necessitados. A todos tratava com maternal carinho,
aliando suavidade e firmeza, sem deixar de ser exigente na sua educação.
Sempre serena e tranquila, na saúde e na doença, foi para todos verdadeiro
testemunho de entrega até ao fim.
Sabia partilhar os seus conhecimentos, desde receitas culinárias e trabalhos de mãos até às habilitações
académicas, tendo preparado muitas Irmãs para exame.
Viveu os últimos dez anos da sua vida acamada com a doença de Alzheimer que a tornava cada vez mais
limitada, mas continuando a ser para todas exemplo de silêncio, sorriso e sofrimento, como salientou o
nosso Capelão Monsenhor Sílvio.
O Senhor chamou-a de surpresa, quando até parecia que estava a melhorar, para lhe aliviar o sofrimento
e lhe dar a recompensa de tanto bem que foi fazendo ao longo da sua vida e também para ser nossa
“advogada no Céu”. Confiamos na sua intercessão por todas nós, pelos nossos alunos e por todos os que
trabalham connosco para manter viva a “paixão educativa” de Santa Paula no mundo atual.
A Irmã Almeida Santos nasceu a 18 de Maio de 1930. Entrou na Congregação no dia 25 de Março de
1952, e faleceu em Viseu a 19 de Fevereiro de 2012.
IRMÃ LAURA DA GRAÇA ROMÃO
A Irmã Romão nasceu a 20 de Março de 1927, e entrou na Congregação a 13 de
Novembro de 1948. Faleceu na Comunidade do Instituto Van-Zeller (Porto) a 21 de
Fevereiro de 2012,
Era uma Irmã muito pacífica e delicada, não querendo incomodar mas procurando dar
gosto às pessoas. Foi cozinheira durante muitos anos.
Apesar de ser uma doente cardíaca, não se esperava a morte assim repentina. Sentindo-
se mal, foi internada, vindo a falecer no hospital 3 horas depois, com uma paragem
cardíaca, exatamente quando estava a receber cuidados médicos.
Testemunho de uma leiga que a conheceu em Vila do Conde há cerca de 40 anos: era afável, cordial,
muito delicada e acolhedora. A sua alegria e simpatia eram notadas por quem se aproximava dela.
IRMÃ MARIA ADELAIDE SILVA
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Em Vale de Grou (Vila de Rei) nasceu, no dia 16 de Abril de 1911 a Irmã Maria
Adelaide Silva, a mais velha de quatro irmãos.
Começou a ler, aprendendo com o Pai que, à noite, dava aulas aos irmãos. Vendo
aquele que a filha aproveitava, começou a ter gosto em a ensinar também.
Quando a Mãe se apercebeu de que a Maria Adelaide já lia com alguma facilidade,
ofereceu-lhe os primeiros livros, a “Imitação de Cristo” e o livro “Pensai-o Bem”.
Assim, a Mãe ajudou-a muito a crescer na fé, como afirmara há, relativamente,
pouco tempo.
Aos dezasseis anos, numa encruzilhada, perto da sua casa, sentiu mais forte o apelo
de Deus. Deixou-se cativar e aos vinte anos tomou a decisão de seguir o seu Senhor no Instituto das Irmãs
Doroteias. Pouco antes de partir para o Noviciado, justificava à Mãe a sua saída de casa, dizendo: “Ó
Mãe, não sou eu que quero ir, é Jesus que me está a chamar.”
Através do seu esmerado trabalho de refeitoreira, sacristã e roupeira, entre outros, foi testemunho forte
para gerações de Alunas e Irmãs que ainda hoje a recordam com saudade e gratidão.
Pelas várias Comunidades por onde passou, a Irmã Adelaide deixou marca pela sua delicada singeleza,
simplicidade, alegria, perfeição nos trabalhos que fazia, harmonia de toda a sua pessoa e, sobretudo, pelo
grande amor ao Senhor da sua vida que transparecia das suas palavras, dos seus gestos e do seu olhar.
A Família teve, desde sempre, um lugar muito especial no coração da Irmã Adelaide Silva. Com que
ternura falava de seus Pais ou recebia as visitas dos Irmãos e Sobrinhos e os lembrava na oração!
Pela experiência do Amor de Deus feita e testemunhada pela nossa Irmã Adelaide Silva, ao longo destes
cem anos, cantemos: “Cantai, louvai terra e Céus / as maravilhas sem fim, / não do que eu faço por Deus,
mas do que Deus faz por mim.”
A nossa centenária já não chegou aos 101 anos, pois faleceu a 24 de Fevereiro de 2012. Faltavam 2 meses...
IRMÃ LUÍSA DO CARMO ALVES GONÇALVES
Irmã Maria de Fátima Ambrósio
A morte da nossa Irmã Gonçalves, de certo modo, surpreendeu-nos! Se é verdade
que, por um lado, a sentíamos mais frágil, com poucas forças físicas e mais insegura
nos seus noventa anos, por outro lado, acompanhou a vida da Comunidade até ao
dia em que foi hospitalizada, participando nos tempos de encontro e nas refeições.
No Hospital foi-lhe diagnosticada uma pneumonia que desencadeou depois outro
tipo de problemas cardíacos e renais.
Ao longo de muitos anos, a Irmã Gonçalves lecionou na antiga Primária com
entusiasmo, dedicação, exigência e responsabilidade, sobretudo nos Colégios da
Póvoa de Varzim, Sardão e Viseu.
Era muito metódica e perfeita em tudo o que fazia, caraterísticas que manteve até ao fim.
Muito alegre e comunicativa, tinha um grande sentido de humor. Ultimamente, a sua capacidade de
relação foi dificultada com a progressiva perda de ouvido, embora continuasse a gostar muito de
conversar, sempre que encontrava alguém disponível para a escutar. Era sempre motivo de grande alegria
para ela quando visitada pelos primos, antigas alunas ou pessoas amigas.
A Irmã Gonçalves sentia-se bem na Comunidade do Instituto de S. José, onde passou os últimos anos da
sua vida. Gostava muito desta cidade de Vila do Conde que a viu crescer, pois veio para cá viver com
apenas três anos. Desde pequenina frequentou esta Casa, sendo aluna do então Colégio de S. José. Aqui
fez também o seu Noviciado. Frequentemente falava do tempo do Colégio, recordando com saudade as
mestras e companheiras, e contava com muita vivacidade cenas do passado, quer da família, quer do
Colégio.
Sentimos muita a sua falta nos encontros e espaços comunitários. Consola-nos saber que, pela comunhão
dos santos, continuamos unidas.
A Irmã Gonçalves nasceu a 12 de Julho de 1921. Entrou na Congregação a 1 de Abril de 1949 e faleceu
em Vila do Conde, a 23 de Fevereiro de 2012.
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IRMÃ MARIA HELENA FERREIRA BRAGANÇA
A nossa Irmã Bragança nasceu a 13 de agosto de 1932 em Portalegre. Cedo perdeu o Pai,
tinha então 6 anos, e a sua mãe procurou o Colégio de Évora, onde ela passou um
tempo muito feliz da sua vida - tempo que recordava com frequência - onde tantas Irmãs
a marcaram com o seu exemplo de vida, o que muito contribuiu para a sua opção pela
vida religiosa, como Doroteia.
Desde então - até ao dia em que o Senhor a surpreendeu a partir da fratura do fémur,
levando-a para viver a FELICIDADE sem fim, na Casa do Pai -, viveu entregue à vida
missionária e apostólica: cerca de 24 anos em Angola (onde chegou a estar numa
Paróquia substituindo o Pároco no que lhe era possível; por isso o Bispo de Benguela lhe
chamava “a minha pároca”), até aos 25 anos vividos em Abrantes, em que a Catequese
era uma missão que a entusiasmava e comprometia, de tal modo que marcou “indelevelmente muitas
crianças”, como dizia o seu médico que veio com as filhas trazer-lhe um ramo de flores e prestar as suas
últimas homenagens a uma “mulher pequena na estatura, mas grande no seu testemunho”, mulher de
amor intenso a Santa Paula, à Congregação, ao Colégio de Abrantes, à paróquia de S. Vicente e à
Comunidade, onde partilhou a vida nestes últimos anos. Viveu totalmente entregue a Deus e à missão que
Ele lhe confiou.
Dizemos como uma criança na oração da manhã: Ó Jesus, por favor “trate lá bem a Irmã Bragança”.
A Irmã Bragança entrou na Congregação a 5 de Agosto de 1952, e faleceu a 4 de Março de 2012. No
mesmo dia entrou a Irmã Abecasis; eram colegas de 'forma'. Quem conhece as duas Irmãs, compreende o
que dizia, com graça, a Irmã Soveral, Mestra de Noviças: É o «Corpo Inteiro das Constituições» e o «Plano
Resumido»...
Recebemos palavras amigas de algumas Províncias/Comunidades neste momento em que tantas das
nossas Irmãs deixaram de se tornar 'visíveis' aos nossos olhos limitados...
Santa Paula também nos conforta: "Encomendemo-nos todas a Deus e curvemos a fronte, se Ele permite
coisas que nos toquem tão ao vivo" (438,9).
Familiares de Irmãs falecidos:
Também muitas Irmãs sofreram com a 'perda' de familiares:
- O pai da Irmã Teresa Magalhães, ao fim de muito tempo de sofrimento.
- A mãe da Irmã Vitória Gueve (Angola)
- O irmão mais velho da Irmã Encarnação Pereira (Lisboa - Parque); vivia em França, mas a Irmã
Encarnação estava-lhe muito ligada. Uns dias depois faleceu também um cunhado, igualmente em França.
- O irmão mais velho da Irmã Lúcia Soares
- O irmão mais velho da Irmã Maria da Conceição Ribeiro
- Um irmão da Irmã Medeiros (Viseu)
- Um irmão da Irmã Purificação Rodrigues (Lisboa, Nª Sª da Luz)
- Uma irmã da Irmã Laura Campos (Vila do Conde)
- Uma irmã da Irmã Lourdes Moreno (Lisboa, Casa Paula)
- O irmão da Irmã Otília Fernandes (Coimbra) que ela acompanhava temporariamente há vários anos,
e muito especialmente no último mês.
- Uma cunhada da Irmã Palmira Cardoso (Lisboa - Residência de Santa Doroteia), em França. Estão
também muito doentes uma irmão e uma outra cunhada, todos residentes em França.
- Um cunhado da Irmã Fátima Espírito Santo (Porto, Paz)
- Um cunhado da Irmã Bernardete Marques Pinto, que vivia em Espanha.
- Uma sobrinha da Irmã Rosa Torres (Vila do Conde). Tinha apenas 36 anos e deixou um filho de 6.
Foi vítima de cancro.
Faleceu também o marido da Maria Maccarone; estava muito doente, mas levava a sua pequena cruz
com muita discrição e consciente de que havia muita gente que sofria dores muito maiores do que ele.
A Irmã Encarnação Pereira, em seu nome e no das suas Irmãs, agradece as orações que fizeram pelo
irmão. Pede também orações pelo cunhado que faleceu, também em França, no dia 16. Um abraço para
cada uma.
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Também a Irmã Vitória Gueve nos escreve: Muito queridas Irmãs, agradeço-vos de todo o coração pela
vossa presença amiga na PÁSCOA LINDA da minha MÃE. Toda a vida ela foi um DOM DE DEUS para
nós e para todos aqueles com quem se encontrou na sua peregrinação. Foi uma morte linda e
invejada. Durante os 13 anos em que ficou acamada, nunca a ouvimos lamentar por nada. Mulher de
sacrifício e muito ligada ao MISTÉRIO PASCAL DE JESUS. Foi uma delicadeza de Deus tê-la chamado no lº
Domingo da Quaresma. No funeral presidiu à Missa D. Óscar Braga, tão original nas suas delicadezas.
Temos uma MÃE SANTA, junto de Deus. Esta certeza mitiga a dor da saudade.
MANUEL HENRIQUES FELICIANO O Sr. Manuel do Linhó -
Irmã Maria Manuel Oliveira
Em diálogo recente com o Sr. Manuel em ordem à sua substituição para um maior serviço à Comunidade
do Linhó, viemos a conhecer o seu percurso de 50 anos! O Sr. Manuel, ainda muito novo, ficou ao
serviço do Linhó, na condução de tratores. Mostrou bem a sua perícia, e era requisitado por vários
proprietários, entre os quais o Sr. Cardoso. Interrompeu este trabalho por dois anos, a fim de cumprir o
serviço militar, aqui e em Goa. No regresso voltou a aparecer, e a Irmã Cunha perguntou-lhe se estaria
disposto a ir para o serviço de um patrão que ela conhecia. “Estou, sim, mas tenho de me encontrar com
o patrão!” – respondeu. O patrão eram as Irmãs de Santa Doroteia do Linhó!
Assim, ficou sendo o nosso motorista de todas as horas, começando com a distribuição do leite às
Comunidades de Lisboa e à Escola de Enfermagem das Irmãs Franciscanas, no Campo Pequeno.
Acompanhou vezes sem conta a Irmã Assis aos Bancos e a outras Repartições oficiais; conduziu a Irmã
Furtado Martins quando era Provincial, etc., etc.
Dele recordamos a sua disponibilidade, o respeito para com todos, a invulgar prudência e o sentido do
segredo profissional, entre outros dons.
O diálogo foi comovedor, mas o Sr. Manuel expressou bem que, quase com 73 anos de idade, já não
podia corresponder às nossas necessidades, até porque agora lhe custa muitíssimo conduzir em Lisboa.
Ficará como SOS para tudo, até para nos contar a história dos nossos bens imóveis.
Deixou o serviço no dia 15 de Março. Para nós é também uma data que recordamos com saudade, pois é
o aniversário do falecimento da Irmã Madalena, por quem o Sr. Manuel tinha uma enorme estima! Do
Céu ela irá abençoar a nova missão do Sr. Manuel.
No final do diálogo, entre vozes entrecortadas, agradecemos muito ao Sr. Manuel tudo o que ele foi para
nós, manifestando a nossa profunda amizade e gratidão.
Entrará para o nosso serviço o Sr. António, que casualmente nos veio apresentar o seu curriculum, sem
que ainda andássemos à procura. Parece que irá preencher bem este ‘vazio’. É casado com uma nossa
antiga aluna da Covilhã, e já com os filhos encaminhados; tem muita disponibilidade e é ainda novo: tem
52 anos. Esperamos que corresponda em tudo às nossas expectativas.
Processo de Canonização de D. Lucas Passi
A Irmã Casimira Marques, que mantém desde há anos uma relação muito próxima com as Doroteias de
Veneza (das quais o Fundador é o Padre Lucas Passi), envia-nos o seguinte apontamento:
Mail de 20.2.2012
Não posso deixar de lhe comunicar a minha/nossa alegria: No Sábado, 18, foi feita na Congregação para
as Causas dos Santos a Consulta Teológica, que reconheceu o milagre do nosso Don Lucas Passi… Una-se
a nós para agradecer ao Senhor este dom que na Sua bondade nos concedeu.
Mail de 22.2.2012
O milagre, atribuído à intercessão de Don Lucas Passi, reconhecido pelos Teólogos Consultores, refere-se a
uma nossa Irmã [das Doroteias de Veneza]: A Irmã Brunamaria, que em 1970 ensinava na Escola
Elementar de Murano. Havia alguns meses que sentia dores mas, para o bem dos alunos, tinha resistido
até ao último dia de aulas, quando foi levada de urgência ao hospital. Alguns dias depois, na sala de
operações, os médicos acharam que não se podia operar a massa que se tinha infiltrado no intestino e na
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parede pélvica. Por isso foi aberta e fechada, e os médicos disseram que tinha dois ou três dias de vida, ou
no máximo dois meses. Levada para a enfermaria da Casa-mãe todos os dias lhe davam injeções de
morfina. A 29 de agosto de 1970 às 6.30 h. da tarde, levanta-se da cama e vai junto da Superiora Geral:
“Madre, não me mande dar mais injeções porque já não sinto dores, estou curada”!
A Madre não quis acreditar; disse-lhe que talvez fosse o bem-estar ilusório de “um momento”, e mandou
que levasse ainda naquela noite a injeção de morfina. Mas essa foi a última.
Desde aquela noite, a Irmã Brunamaria viveu trinta anos sem voltar a tomar medicamentos. Quando foi
fazer a última consulta de controlo, o médico, depois de a ter observado disse-lhe: “Eu sou um ateu mas
aqui houve um milagre, porque o mal já cá não está”.
A Irmã Brunamaria trabalhou depois incansavelmente em várias casas até aos 85 anos; e agora que está
com 92 anos tem os achaques da idade, mas a mente lucidíssima e escreve o diário da sua comunidade.
Agora esperamos ainda duas etapas: a reunião Plenária dos Cardeais e o Decreto do Santo Padre. Só
depois se vai decidir a data da beatificação. Quanto ao lugar, gostaríamos que fosse Veneza, onde Don
Lucas morreu, e onde temos a nossa Casa-mãe. (Sr Ritalberta)
LIVROS QUE VALE A PENA LER…
A Loucura de Deus. O caminho da Cruz, a passagem para a Luz. Ed. RISITANO, FSP, RINA,
Paulinas, 2010
Hacerse discípulos. Editorial Claretiana. 2010ALEIXANDRE, RSCJ, DOLORES,
Morar na casa do Amor. Ed. Loyola, 2011GRUN, OSB, ANSELM,
Senhor, ensina-nos a viver
e a celebrar dignamente o Mistério Pascal,
Domingo após Domingo,
Páscoa após Páscoa.
Ensina-nos sobretudo a ter tempo
para Te dar e para dar aos outros,
para Te dizer e para Tu nos dizeres,
e, juntos, nos dizermos uns aos outros.
Passa outra vez, Senhor.
Dá-nos a mão. Levanta-nos.
Não nos deixes ociosos nas praças.
Sentados à beira do caminho.
Sonolentos.
Desavindos.
A remendar bolsas e redes.
Sacia-nos.
Envia-nos, Senhor.
E partiremos o Pão, o Perdão
Até que cada um de nós nasça irmão.
“Somos nós, somos nós, Senhor,
a prova de que Tu ressuscitaste”. D. António Couto