24
[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão ISSN [2236-4846] 176 ALBA-TCP: Elementos e Contribuições para a Integração Latino- americana e Caribenha * Renato Ferreira Ribeiro * * Introdução A história das ideias e das tentativas de integração política e econômica da América Latina e Caribe remonta ao início do século XIX e deve ser entendida no contexto dos processos de independência dos países dessa parte do continente e do fortalecimento dos Estados Unidos no contexto hemisférico. A elite criolla que liderou as lutas de libertação era fortemente influenciada pelo pensamento iluminista da época em voga nos países ocidentais centrais e, portanto, os ideais do liberalismo, do republicanismo, do federacionismo, entre outros, permearam todo o processo independentista e o surgimento dos países latino-americanos e caribenhos. Embora houvesse entre as colônias espanholas certas divisões territoriais administrativas, um dos maiores obstáculos que o processo de formação dos Estados nacionais encontrou foi o fato de que os traços culturais eram compartilhados de um extremo a outro do continente, inexistindo entidades nacionais pré-estatais (CHIARAMONTE, 1997), o que significa que a definição das fronteiras e das nações foi fruto de complexas disputas no período pós-independência, envolvendo inclusive propostas de união continental. Nesse momento, ao mesmo tempo em que a própria noção de América Latina começa a se delinear, pode-se observar a emergência de duas correntes opostas no que se refere aos projetos unionistas: o monroísmo e o bolivarianismo. Em 1823, o presidente dos EUA, James Monroe, anuncia no Congresso a nova diretriz da política externa norte-americana: a Doutrina Monroe. A Europa pós-Revolução Francesa e pós-Napoleão estava em convulsão política e as antigas colônias ibéricas já haviam conseguido a independência. Os EUA podiam então trilhar * Artigo recebido em agosto de 2011 e aprovado para publicação em fevereiro de 2012. * * Bacharelando em Relações Internacionais pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Franca. Membro do Núcleo de Estudos Lingüísticos e Culturais/UNESP e do Núcleo de Ensino de Relações Internacionais/UNESP.

ALBA-TCP: Elementos e Contribuições ... - historia.uff.br · Nesse momento, ao mesmo tempo em que a própria noção de América Latina começa a se delinear, ... [REVISTA CONTEMPORÂNEA

  • Upload
    doanh

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

176

ALBA-TCP: Elementos e Contribuições para a Integração Latino-

americana e Caribenha*

Renato Ferreira Ribeiro∗∗

Introdução

A história das ideias e das tentativas de integração política e econômica da América

Latina e Caribe remonta ao início do século XIX e deve ser entendida no contexto dos

processos de independência dos países dessa parte do continente e do fortalecimento dos

Estados Unidos no contexto hemisférico.

A elite criolla que liderou as lutas de libertação era fortemente influenciada pelo

pensamento iluminista da época em voga nos países ocidentais centrais e, portanto, os ideais

do liberalismo, do republicanismo, do federacionismo, entre outros, permearam todo o

processo independentista e o surgimento dos países latino-americanos e caribenhos. Embora

houvesse entre as colônias espanholas certas divisões territoriais administrativas, um dos

maiores obstáculos que o processo de formação dos Estados nacionais encontrou foi o fato de

que os traços culturais eram compartilhados de um extremo a outro do continente, inexistindo

entidades nacionais pré-estatais (CHIARAMONTE, 1997), o que significa que a definição das

fronteiras e das nações foi fruto de complexas disputas no período pós-independência,

envolvendo inclusive propostas de união continental.

Nesse momento, ao mesmo tempo em que a própria noção de América Latina começa

a se delinear, pode-se observar a emergência de duas correntes opostas no que se refere aos

projetos unionistas: o monroísmo e o bolivarianismo. Em 1823, o presidente dos EUA, James

Monroe, anuncia no Congresso a nova diretriz da política externa norte-americana: a Doutrina

Monroe. A Europa pós-Revolução Francesa e pós-Napoleão estava em convulsão política e as

antigas colônias ibéricas já haviam conseguido a independência. Os EUA podiam então trilhar

* Artigo recebido em agosto de 2011 e aprovado para publicação em fevereiro de 2012. ∗∗ Bacharelando em Relações Internacionais pela Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Campus Franca. Membro do Núcleo de Estudos Lingüísticos e Culturais/UNESP e do Núcleo de Ensino de Relações Internacionais/UNESP.

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

177

seu caminho em direção ao status de potência mundial. O primeiro passo era garantir que a

Europa se mantivesse afastada de toda a América: “A América para os americanos”. Esta

deveria ser sua zona de influência. Era um pensamento comum dos políticos, militares e

acadêmicos (com destaque para Alfred Mahan) norte-americanos considerarem o resto do

continente como um território a ser conquistado, garantindo assim vantagens geopolíticas e

econômicas.

Quase que concomitantemente, Simón Bolívar, importante líder nos processos de

independência da América Espanhola, desenvolvia uma ideologia oposta ao Pan-

Americanismo liderado pelos EUA. Bolívar, influenciado por J.J. Rousseau, defendia que as

nações recém-libertadas não substituíssem o colonialismo por uma nova forma de dominação

e propunha a união dos Estados latino-americanos e caribenhos (livres e soberanos) sob uma

federação pautada pela solidariedade entre os membros, que garantisse justiça social aos

povos. Redigida em 1815, a Carta de Jamaica sintetiza os ideais bolivarianos. Em função

dela, em 1826, ocorre o Congresso do Panamá, o primeiro de outros congressos que

pretenderam articular uma confederação latino-americana de países durante todo o século

XIX.

A culminação dos ideais anfictiônicos de uma América Latina unida contra interesses imperiais, sejam norte-americanos ou europeus, permaneceu como uma espécie de utopia de Simon Bolívar. Suas concepções foram, assim, precursoras, ainda que de forma excessivamente romântica, de uma idéia ainda recorrente da América Latina unida e solidária. (SARAIVA, 1995, p. 38).

Ainda que esse idealismo e romantismo tenham se dissipado a partir do fim do século

XIX e as tentativas integracionistas tenham sido guiadas por certo pragmatismo durante o

século XX (SARAIVA, 1995), culminando em diversos processos em curso atualmente (como

o Mercado Comum do Sul – Mercosul – e a Comunidade Andina de Nações – CAN), o

aspecto ideológico ainda hoje representa uma das forças propulsoras da formação de blocos

políticos e econômicos na América Latina e Caribe, somando-se às motivações

essencialmente econômicas.

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

178

Surgida em 2004, a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América – Tratado de

Comércio entre os Povos (ALBA-TCP) pode ser considerada um projeto integracionista

altamente ideologizado, mas que ainda assim tem se consolidado no continente. Ela recupera

os antigos ideais unionistas do século XIX, principalmente os bolivarianos, e tenta adaptá-los

às especificidades do século XXI. Neste artigo, pretende-se examinar as especificidades e o

fortalecimento deste bloco regional e, ao mesmo tempo, posicioná-lo no panorama geral da

integração latino-americana e caribenha.

A ALBA como proposta de integração

A Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América – Tratado de Comércio entre

os Povos (ALBA-TCP) é uma estrutura multilateral regional fruto de um acordo entre

Venezuela e Cuba, assinado por Hugo Chávez e Fidel Castro em 14 de dezembro de 2004, em

Havana. Seu nome original é Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América

(ALBA), apresentando-se explicitamente como um projeto antagônico à Área de Livre

Comércio das Américas (ALCA), proposta pelos Estados Unidos em 1994, na Cúpula das

Américas, em Miami. A ALCA seria um bloco econômico da qual fariam parte todos os

Estados americanos (exceto Cuba) pautado pela liberalização do comércio entre os membros.

Para os idealizadores da ALBA, a ALCA, longe de servir ao desenvolvimento das

nações latino-americanas e caribenhas, é mais uma tentativa de dominação dos Estados

Unidos sobre a região. Diante da dificuldade de negociar a implantação da ALCA e do

redirecionamento do foco de sua política externa para a “guerra contra o terror”, os Estados

Unidos abandonam o projeto e optam por selar acordos bilaterais com os países americanos

interessados, os chamados Tratados de Livre Comércio (TLC), entre eles Chile, Colômbia,

Peru, México (NAFTA) e diversos países da América Central e Caribe (CAFTA-DR).

Em abril de 2006, Evo Morales (presidente da Bolívia) assina com Chávez e Castro o

Tratado de Comércio dos Povos (TCP), acordo de intercâmbio solidário e complementar em

oposição aos TLC. Dessa forma, a Bolívia torna-se o terceiro integrante da organização. Com

a volta de Daniel Ortega à presidência da Nicarágua, o país também adere ao bloco, em 2007.

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

179

Atualmente, a ALBA-TCP possui oito Estados-membros: Venezuela (2004), Cuba

(2004), Bolívia (2006), Nicarágua (2007), Dominica (2008), Antigua e Barbuda (2009), São

Vicente e Granadinas (2009) e Equador (2009). Honduras, que também integrava o bloco,

decidiu retirar-se em janeiro de 2010. Diversos projetos envolvendo a cooperação social e

econômica entre os países já entraram em vigor, com destaque para as misiones sociales e

demais proyectos grannacionales, a Petrocaribe, o Banco da ALBA e a criação do SUCRE,

mecanismo que deverá substituir o dólar nas transações comerciais entre os países do bloco.

Diante do relativo sucesso da organização, durante a VI Cúpula Extraordinária da

ALBA, decidiu-se, além da integração da sigla TCP ao nome da organização, modificar a

palavra “Alternativa” para “Aliança”, uma terminologia que refletiria a concretização da

alternativa e o estreitamento das relações entre os Estados-membros.

A ALBA-TCP pretende a integração de toda a América abaixo dos EUA seguindo não

os ideais do livre mercado, mas a cooperação solidária e complementar entre os Estados-

membros. O projeto se pauta na noção de que esta seria a única forma de, através de um

instrumento autóctone, livrar os países latino-americanos e caribenhos do imperialismo de que

sempre foram vítimas e, assim, alcançar “sua segunda e verdadeira independência” (ALBA,

2004a).

A consolidação da ALBA

A ALBA, desde sua primeira proposta (em 2001, pelo presidente venezuelano Hugo

Chávez) e sua criação (em 2004, por Cuba e Venezuela), tem despertado diversas críticas,

principalmente de teóricos e jornalistas ideologicamente contrários aos princípios do bloco.

Entre as inúmeras debilidades apontadas, a principal crítica que se faz é que a aliança seria

simplesmente uma contraposição aos EUA e à tentativa de implementação da ALCA, e que,

portanto, tratar-se-ia de uma união efêmera que não mereceria nem mesmo ser estudada. É a

opinião, por exemplo, do diplomata brasileiro Paulo Roberto de Almeida (2011), que

classifica a experiência como o “mais bizarro [...] instrumento que jamais registrei em 2.500

anos nos anais da diplomacia mundial”, “protagonizada por certo coronel bizarro”.

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

180

Este trabalho adota outra perspectiva, rechaçando este tipo de opinião jocosa e

pretende analisar de forma criteriosa o bloco. Como realça Altmann Borbón (2007, p. 12), “la

Alternativa Bolivariana para América Latina y el Caribe (ALBA) merece ser analizada como

una opción de integración regional que no debería descartarse debido a razones estrictamente

ideológicas”.

E ainda:

No es la primera vez que se ponen en marcha iniciativas integracionistas desde una base latinoamericana y con formas latinoamericanas. Conviene, por lo tanto, alejándonos de quienes lo critican desde cómodos lugares occidentales y con interesadas fórmulas preconcebidas, tenerla en cuenta y respetarla, con el fin de que sean los propios latinoamericanos quienes se encarguen de su futuro. Es un paso en el camino de la consecución de una patria grande. (SOTILLO LORENZO, 2007, p. 147).

Embora realmente tenha surgido no contexto de negação da ALCA e talvez se possa

dizer que constituiu em seus primórdios um bloco essencialmente de confrontação política

com os EUA, a ALBA tem se consolidado no cenário internacional como um modelo

alternativo de integração regional, a ponto do presidente do Paraguai, Fernando Lugo,

manifestar a opinião de que esta tem se firmado com mais vigor que o Mercosul.

Devemos seguir construindo a América unida, e a ALBA será o impulso para a construção da nova América Latina. Vivemos uma nova época e somos os verdadeiros autores do nosso próprio destino. Não há nação no mundo que possa nos julgar (LUGO, 2009)1.

Para definir esse processo de evolução e consolidação, serão analisados alguns

aspectos indicativos de tal “êxito”, como o grau de institucionalização do organismo, a

implantação de projetos relevantes entre os países, a adesão de demais Estados latino-

americanos e caribenhos e o grau de consenso político alcançado entre os Estados-membros.

1 Discurso proferido durante a V Cúpula Extraordinária da ALBA, em abril de 2009, da qual o Paraguai participava como país observador e possível futuro membro.

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

181

Desde sua criação em 2004, foram realizadas diversas cúpulas entre os chefes de

Estado e de Governo dos países-membros e países convidados. Até 2007, a institucionalização

se limitava à Cúpula de Chefes de Estado e a implantação dos projetos acordados ficava a

cargo da cooperação intergovernamental. Apenas na V Cúpula, em maio de 2007, é criada

uma Secretaria Permanente da ALBA e são organizadas as instâncias decisórias e executivas

da organização. O Conselho de Presidentes continua sendo o órgão máximo de decisão.

Abaixo dele, estão o Conselho de Ministros e o Conselho de Movimentos Sociais. O Conselho

de Ministros é composto por representantes diretos dos chefes de Estados e de Governo e tem

a função de implementar os programas sociais aprovados. Está na mesma posição hierárquica

que o Conselho de Movimentos Sociais, o que representa uma mudança significativa em

relação a outros organismos internacionais, no que diz respeito à inclusão da sociedade civil.

Logo após, seguem sete comissões (política, social, econômica, investimento e finanças,

energética, ambiental e da juventude) destinadas à aplicação das políticas traçadas.

Observa-se também a consolidação da organização através do número de projetos

propostos e colocados em prática. Grande quantidade de acordos e tratados foram celebrados

entre os países-membros da ALBA e até mesmo com outros países. Em diversos setores,

pode-se dizer que a ALBA tem conseguido sucesso através de medidas criativas pautadas na

solidariedade e complementaridade, sem interferir no princípio de soberania dos povos. Todos

os projetos do bloco, mesmo aqueles que dizem respeito à derrubada de barreiras

alfandegárias ou que são destinados a fundar empresas grannacionales2, sempre possuem

como prioridade a questão social.

Exemplos bem-sucedidos de projetos da ALBA são as misiones sociales3, que

começaram a ser realizadas pelo governo de Chávez na Venezuela, mas que, com a criação da

ALBA, passaram a ser engrossadas por forças multinacionais e estendidas a outros países. As

2 “El concepto de empresas grannacionales surge en oposición al de las empresas transnacionales, por tanto, su dinámica económica se orientará a privilegiar la producción de bienes y servicios para la satisfacción de las necesidades humanas (…). Así tenemos que empresas grannacionales serán aquellas empresas de los países del ALBA integradas productivamente, cuya producción se destinará fundamentalmente al mercado intra-alba (zona de comercio justo), y cuya operación se realizará de forma eficiente.” (ALBA, 2009a). 3 Misiones Sociales são programas sociais implementados na Venezuela pelo governo de Chávez que atendem diversas áreas como a educativa (Robinson, Ribas, Sucre), alimentar/serviços básicos (Barrio Adentro, Habitat, Negra Hipólita, Mercal, Milagro) e outras (Guaicapuro, Identidad, etc). São uma das maiores marcas do governo bolivariano em contraposição às políticas neoliberais dos governos anteriores e são apontadas como impulsionadores da melhora dos índices sociais venezuelanos na primeira década de 2000.

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

182

missões destinavam-se a atacar problemas sociais, como o analfabetismo, falta de habitação,

alimentação etc., contornando a burocracia estatal. Constituíram-se como um importante

programa na primeira fase de consolidação da ALBA, quando faziam parte somente

Venezuela e Cuba, e contribuíram de forma decisiva para que outros Estados se juntassem à

organização (NUNES, 2009).

As missões Mercal, Barrio Adentro e Robinson foram as que obtiveram maior

visibilidade e resultados sociais, proporcionando maior espaço para a cooperação regional.

(NUNES, 2009). Com a missão Mercal, estatizaram-se supermercados e estes foram

transformados em supermercados sociais, que garantem segurança alimentar evitando a alta e

a especulação de preços dos alimentos através do subsídio de até 40% do preço. As missões

Barrio Adentro fornecem tratamento médico e dentário à população, treinamento esportivo,

além da construção de centros de saúde. A iniciativa foi premiada pela Organização Mundial

da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Líbano e Rússia

mandaram delegações para estudar o programa e implementá-lo em seus territórios (NUNES,

2009). Houve grande cooperação de Cuba, que ajudou com vários profissionais formados nos

programas de Medicina Social. O projeto foi estabelecido em 2004, no Acordo para Aplicação

da ALBA:

11°: Cuba pone a disposición de la Universidad Bolivariana el apoyo de más de 15 000 profesionales de la medicina que participan en la Misión Barrio Adentro, para la formación de cuantos médicos integrales y especialistas de la salud, incluso candidatos a títulos científicos, necesite Venezuela, y a cuantos alumnos de la Misión Sucre deseen estudiar Medicina y posteriormente graduarse como médicos generales integrales, los que en conjunto podrían llegar a ser decenas de miles en un período no mayor de 10 años. 12°: Los servicios integrales de salud ofrecidos por Cuba a la población que es atendida por la Misión Barrio Adentro y que asciende a más de 15 millones de personas, serán brindados en condiciones y términos económicos altamente preferenciales que deberán ser mutuamente acordados. (ALBA, 2004b).

A missão Robinson (depois dividida em Robinson I e II ), cujo objetivo é a

alfabetização, permitiu que, em 2005, a Venezuela se declarasse território livre do

analfabetismo, segundo os padrões da Unesco. Da mesma forma, com o Proyecto Gran

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

183

Nacional ALBA Alfabetización, atingiram-se também excelentes resultados na Bolívia e na

Nicarágua (ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBERO-AMERICANOS, 2008).

Além da cooperação intra-bloco no campo das missões, outro pólo de atração para a

adesão de países foi a criação, em 2005, da Petrocaribe, uma iniciativa de cooperação

venezuelana com outros 18 países da América Central e Caribe (Antigua e Barbuda, Bahamas,

Belize, Costa Rica, Cuba, Dominica, Granada, Guatemala, Guiana, Haití, Honduras, Jamaica,

Nicarágua, República Dominicana, São Cristóvão e Névis, Santa Lucía, San Vicente e

Granadinas, Suriname), nem todos pertencentes à ALBA4. O objetivo principal é atingir a

segurança energética na região, através de um modelo de cooperação “[...] guiado por la

solidaridad y el trato especial y diferenciado, cuya base es la política de Venezuela de otorgar

precios subsidiados y desarrollar empresas mixtas para operar los mercados de petróleo”

(ALTMANN BORBÓN, 2009: 129). Para transformar em desenvolvimento o dinheiro ganho

na Petrocaribe, existe o Fundo ALBA-Caribe, que é destinado ao financiamento de programas

sociais e econômicos.

Importante também foi a criação do Banco da ALBA, em 2008, quase paralelamente à

criação do Banco do Sul5, em 2007. Ambos pretendem constituir-se como alternativas ao

Fundo Monetário Internacional (FMI) e ao Banco Mundial. O Banco da ALBA, com sede em

Caracas e com uma sucursal em Havana, pretende promover e administrar fundos de

financiamento orientados ao fomento do desenvolvimento econômico, social e ambiental dos

países membros, além de incentivar a prática do comércio justo de bens e serviços.

Na VII Cúpula da ALBA, que aconteceu em Cochabamba em 2009, foi criado o

Sistema Único de Compensação Regional (SUCRE), uma moeda virtual que visa a

substituição do dólar nas transações comerciais (realizadas no âmbito do Banco da ALBA)

4 “En el caso de Centroamérica, el incremento de la cantidad de pobres y la debilidad de las instituciones son problemas prioritarios. En este marco, los procesos de integración impulsados por Venezuela resultan atractivos para los países centroamericanos. Sin embargo, su adhesión no implica necesariamente un compromiso ideológico-político, sino una voluntad de aprovechar las oportunidades económicas. Esto explica por qué el alba ha logrado la adhesión de un número limitado de países, mientras que casi todos los Estados centroamericanos y caribeños participan de Petrocaribe.” (ALTMANN BORBÓN, 2009: 127) 5 O Banco do Sul é integrado por Argentina, Bolívia, Brasil, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Chile participa como observador. Embora este não esteja contido no âmbito da ALBA, pode vir a constituir-se uma alternativa mais ampla. A intenção do banco é emprestar dinheiro às nações da América Latina e Caribe para a construção de programas sociais e de infra-estrutura, sendo comprometido com a redução da pobreza e a integração regional frente aos países centrais.

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

184

entre os países do bloco e consequentemente eliminar a dependência da região à moeda

estadunidense. O SUCRE entrou em vigência em janeiro de 2010 e diversas transações

começaram a ser realizadas a partir de fevereiro. Considera-se um primeiro passo em direção

à criação de uma moeda comum, como o Euro.

Esse dispositivo se assemelha aos mecanismos de pagamento da Comunidade Europeia (os quais, de 1950 a 1958, asseguraram a estabilidade completa dos câmbios entre os 18 países-membros), ao Sistema Monetário Europeu (SME) e ao seu elemento central, o ECU (European Currency Unit), antecessor do euro. Como o ECU, o SUCRE será unicamente uma unidade de conta e de valor, sem entidade emissora ou notas. [...] O SUCRE não cria nenhum problema de financiamento: somente a Venezuela, por exemplo, dispõe de reservas de câmbio de cem bilhões de dólares. Além disso, sua simples existência terá um efeito dissuasório sobre a especulação (CASSEN, 2008) 6.

Parte do comércio entre os países tem sido feito em SUCRE até o presente,

apresentando bons resultados, embora “[...] economistas, empresarios y dirigentes políticos de

los países del ALBA han advertido de los peligros de que el Sucre termine entorpeciendo los

mecanismos de comercio intrarregional” (CUMBRE..., 2009).

Outro ponto indicador da consolidação do grupo, apesar de este ter sido sempre uma

de suas principais características, é a expressão de uma voz política uníssona no contexto

internacional, o que lhes garante uma identidade de bloco frente aos demais países. Embora

haja uma liderança inquestionável da Venezuela na construção dos discursos da ALBA,

dificilmente algum bloco regional goza de tanto consenso entre seus membros, como se pode

observar atualmente no descompasso entre as políticas dos países da União Europeia, diante

das crises da imigração e econômica7. Assim, a ALBA se posicionou radicalmente contra ao

que classificou como Golpe de Estado sobre o presidente eleito de Honduras, Manuel Zelaya,

6 No original: “On reconnaîtra dans ce dispositif aussi bien les mécanismes de l’Union européenne des paiements qui, de 1950 à 1958, assura une stabilité complète des changes entre ses 18 pays membres, que ceux du Système monétaire européen et de son élément central: l’ECU (European Currency Unit), ancêtre de l’euro. Comme l’ECU, le Sucre sera seulement, du moins dans l’immédiat, une unité de compte et de valeur. Pas une monnaie avec son institut d’émission et ses pièces ou billets. […] Le Sucre ne pose aucun problème de financement: à lui seul, le Venezuela dispose de réserves de change de 100 milliards de dollars. Par ailleurs, sa simple existence aura un effet dissuasif sur la spéculation”. 7 Cf. BBC BRASIL. “França ameaça suspender tratado de livre circulação na EU”. 22 abr. 2011. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2011/04/110422_imigrantes_franca_jf.shtml. Acesso em: 3 jul. 2011.

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

185

em junho de 2009, aprovando sanções econômicas e comerciais contra o governo provisório

de Roberto Micheletti que resultaram no afastamento temporário da ALBA e da Petrocaribe

deste país. Também em 2009, na VII Cúpula, o bloco criticou duramente a instalação de bases

militares estadunidenses na Colômbia e anunciou avanços para a criação de um Conselho de

Defesa da ALBA. Entre os fatos mais recentes, pode-se citar o posicionamento crítico do

grupo perante a intervenção militar liderada pela Organização do Tratado do Atlântico

Norte/OTAN na Líbia. Os países da ALBA, juntamente com Indonésia, Vietnã, Mali, Guiné

Equatorial e Camboja, entregaram, em março de 2011, uma carta ao Conselho de Segurança

da ONU na qual pedem o fim da operação e o estabelecimento de negociações pacíficas. Em

comunicado divulgado pelo Conselho Político, a ALBA declarou:

[El ALBA] rechaza categóricamente cualquier tipo de intervención de ese organismo o potencia extranjera en Libia, así como toda intención de aprovechar de manera mediática y oportunista la trágica situación creada para justificar una guerra de conquista sobre los recursos energéticos e hídricos que son patrimonio del pueblo libio, y no pueden ser usados para satisfacer la voracidad del sistema capitalista. La Alba hace un llamado a la opinión pública internacional y a los movimientos sociales del mundo a movilizarse en rechazo a los planes guerreristas e intervencionista en Libia”. (ALBA, 2011).

Atualmente composta por oito países, a ALBA conta com países observadores

(Granada, Haiti, Paraguai, Uruguai), que estudam a possibilidade de integrar-se ao grupo. No

entanto, é pouco provável que novas adesões sejam realizadas em um futuro próximo, devido

ao compromisso ideológico que significa incorporar-se ao bloco, comprometendo ou adiando

o objetivo da “Pátria Grande”. Contudo, isso não implica no não reconhecimento dos avanços

conseguidos até agora, como defende Bruzón Viltres:

[El Alba] ha experimentado […] un fortalecimiento, que alcanza al número de Estado miembros, pero esencialmente a las diversas y profundas dimensiones de los programas de cooperación que en ella se desarrollan. Puede hablarse de un verdadero mecanismo de integración, fundado en principios de intercambio solidario, de complementación de las economías

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

186

participantes y en un discurso político coherente. (BRUZÓN VILTRES, 2009).

Um modelo alternativo de integração regional

Uma vez identificada a ALBA como bloco regional relevante, pretende-se investigar

em que pontos a iniciativa apresenta elementos inovadores e em que aspectos coincide com

projetos e teorias da integração já existentes.

A partir da década de 1980 e, principalmente, após o término da Guerra Fria, o mundo

tem assistido a uma nova onda de regionalismo, onde antigas organizações, como a

Organização das Nações Unidas (ONU) e a Organização dos Estados Americanos (OEA),

ressurgem e passam a conviver com novas iniciativas microrregionais (HURREL, 1995), estas

últimas orientadas em grande parte para a cooperação comercial e integração econômica,

respondendo a uma demanda da globalização hegemônica neoliberal.

Na América também se observa essa tendência. Fortaleceram-se os antigos e nasceram

novos projetos, sempre permeados pela ideia de que, a partir do afrouxamento da Guerra Fria,

a formação de blocos de países seria a melhor forma de sobreviver e/ou competir na dinâmica

internacional. Na América Latina, isso é especialmente interessante de ser analisado, pois

proliferam aqui, desde o século XIX, ideias e tentativas de integrar a região ou parte dela, as

quais inclusive servirão de base para justificar processos atuais em curso, como a ALBA.

Frente a la amenaza de la exclusión o marginación del sistema económico internacional a raíz del proceso de globalización, los países de América Latina y el Caribe han reaccionado, desde finales de la década del ochenta, reactivando, profundizando o desplegando procesos de integración regional y subregional, en un amplio espectro que abarca la reactivación del Mercado Común Centroamericano (MCCA) a través de la creación del SICA, la CARICOM y el Grupo Andino a la creación de MERCOSUR, el Grupo de los Tres(G-3) y la Asociación de Estados del Caribe (AEC) (Serbin, 1995; 1996). Independientemente de los alcances que cada uno de estos esquemas intenta materializar en función de la integración - desde acuerdos de libre comercio como el G-3 hasta plataformas políticas regionales como la AEC pasando por diversas variantes de mercado común y uniones aduaneras -, un denominador común ha sido su identificación con los postulados del

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

187

regionalismo abierto promovido por la CEPAL. (SERBIN, 1997, [grifo do autor]).

Assim, Rosendo Fraga (apud GARDINI, 2010, p. 13) identifica três questões

essenciais que permeiam os regionalismos latino-americanos até hoje e que devem ser

consideradas em qualquer reflexão sobre o tema:

1. A relação da região com o vizinho do norte, Estados Unidos, marcada tanto pela

admiração por seu desenvolvimento quanto pela repulsa a sua vocação intervencionista,

imperialista e materialista (MARTÍ, 1891; TERÁN, 1973);

2. A relação dos demais países latino-americanos com o Brasil, um gigante que, embora

também latino-americano, teria força para desequilibrar a balança de poder da região em seu

favor (PRADO, 2001);

3. O debate sobre qual modelo econômico e de desenvolvimento adotar,

destacando-se os debates sobre o liberalismo/positivismo no século XIX (HALE in

BETHELL, 2001) e, mais recentemente, as formulações da Comissão Econômica para a

América Latina e o Caribe (CEPAL), as adesões ao Consenso de Washington e o

fortalecimento dos governos neo-desenvolvimentistas/progressistas.

A ALBA surge em 2004 e carrega em seu processo de constituição, de consolidação e

em seus princípios de ação diversos desses elementos enunciados, como explicitado em seu

documento de fundação:

Dejamos claro que si bien la integración es una condición imprescindible para aspirar al desarrollo en medio de la creciente formación de grandes bloques regionales que ocupan posiciones predominantes en la economía mundial, solo una integración basada en la cooperación, la solidaridad y la voluntad común de avanzar todos de consuno hacia niveles aún más altos de desarrollo, puede satisfacer la necesidades y anhelos de los países latinoamericanos y caribeños, y a la par, preservar su independencia, soberanía e identidad.(ALBA,2004a).

Seu contexto de emergência é a “rebelião” das diversas vozes internas aos países

contrárias à globalização neoliberal hegemônica, processo que as negligencia e exclui

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

188

(SANTOS, B, 2002; SANTOS, M, 2000). Os governantes e grupos que chegam ao poder, a

partir do final da década de 1990, nos principais países-membros da ALBA, representam estas

vozes emergentes8, tanto internamente (desafiando em maior ou menor grau as elites que

sempre estiveram no poder), quanto externamente (questionando as estruturas de poder e

dominação presentes no sistema internacional). Ao mesmo tempo em que é uma resposta

conjuntural, é também herdeira de todos os processos e ideias unionistas latino-americanas,

principalmente do confederacionismo e republicanismo de Simón Bolívar e das teorias

cepalinas sobre o subdesenvolvimento e o comércio internacional.

Segundo Fernando Bossi, secretário da Organização do Congresso Bolivariano dos

Povos (organização que compreende movimentos sociais “bolivarianos” da América Latina e

Caribe), a ALBA se estrutura em torno de quatro valores essenciais (BOSSI, 2005):

1. Complementaridade: de acordo com as potencialidades de cada país, os Estados

devem fazer acordos que contribuam para conseguir aquilo que sozinhos não poderiam ter;

2. Cooperação: socializar com os demais países os conhecimentos, as tecnologias, etc.

nas áreas em que está mais especializado;

3. Solidariedade: os países, sem necessariamente receber algo em troca ou respeitar as

leis do mercado, ajudam-se uns aos outros;

4. Respeito pela soberania dos países: todos os acordos, sem exceção, se fazem no

respeito pela soberania e o direito à autodeterminação de cada nação.

Ainda de acordo com Bossi (2005), “a tarefa de construir a ALBA será sem manuais

ou ‘fórmulas mágicas’”, indicando que a iniciativa constitui-se como projeto autóctone e

inédito. Contudo, não é possível considerar a ALBA como uma iniciativa totalmente nova ou

inteiramente latino-americana. As próprias ideias de Simón Bolívar, bem como de grande

parte da elite letrada da América Latina do século XIX, refletem em seus projetos, inclusive o

da Grã-Colômbia9, o ideário europeu do republicanismo, do liberalismo e da formação de

federações ou confederações de Estados. O filósofo francês Jean-Jacques Rousseau, ao lado

8 Para uma análise detalhada deste processo na Venezuela, ver ELLNER, 2011. 9 Confederação de Estados fundada por Símon Bolívar no contexto das lutas pela independência da América Latina, que compreendia territórios no norte da América do Sul e existiu de 1819 a 1831.

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

189

de Napoleão e do general Montecuculi, inspira os discursos e as ações do libertador Simón

Bolívar10.

Discordando de Imannuel Kant sobre a capacidade do comércio de estimular a paz

entre as nações e acerca das características que uma (con)federação de Estados deve ter,

Rousseau estabelece pressupostos que podem ser observados em parte das formulações e

estruturas da ALBA hoje, mesmo que sua influência tenha se dado de forma indireta. Gelson

Fonseca Júnior explica as ideias do filósofo:

Rousseau introduz, contra o que começa a ser a sabedoria da época, a idéia de que um dos fatores que estimula o conflito é o comércio. As idéias de comércio e de dinheiro criam uma espécie de "fanatismo político" e provocam mudanças nos interesses aparentes dos governantes, porque tudo depende dos sistemas econômicos, às vezes bizarros, que são engendrados pelas cabeças dos Ministros. A economia "perturba" a possibilidade de ordem pela instabilidade que instila no sistema. [...] Defende também a estabilidade porque impede que as vantagens econômicas dos mais fortes, exatamente porque cambiantes, se transformem em leis impostas ao sistema. (FONSECA JÚNIOR, 2003, p. XXXI).

E ainda:

[...] para formar uma confederação sólida e durável, é preciso que todos os membros sejam mutuamente dependentes e que nenhum membro possa, por sua própria conta, resistir aos demais, e que as associações particulares (alianças entre alguns membros) não prejudiquem o equilíbrio geral, por terem condições de poder para impor a sua vontade aos demais. Neste sentido, é preciso que a confederação vá além de um conjunto de alianças tradicionais, mas que tenha meios efetivos de forçar os mais ambiciosos a se manter nos limites do "tratado geral” [...] Chegamos, então, ao núcleo de sua proposta, a de transformar, pela razão, o que foi iniciado pela fortuna, criando-se um "corpo político" com as características de uma confederação de Estados, [...], a qual teria leis e regras a obrigar a todos os membros e uma força coercitiva com poder de constranger os membros a seguir as leis e deliberações comuns. (FONSECA JÚNIOR, 2003, p. XXXII).

Percebe-se, portanto, que muitos dos princípios da ALBA (como a constituição da

“Pátria Grande”, a complementaridade e o respeito à soberania) seguem, mesmo que

indiretamente, as ideias liberais em voga na Europa da primeira metade do século XIX.

10 Em seu testamento, Bolívar presenteia a Universidade de Caracas com dois livros: “O Contrato Social”, de Rousseau e “A Arte Militar”, de Montecuculi.

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

190

Entretanto, se por um lado, as teorias de integração regional existentes conseguem dar conta

de explicar a Aliança Bolivariana, por outro, é inegável que esta apresenta elementos

inovadores e criativos e constitui uma alternativa relevante aos demais processos

integracionistas característicos da atualidade.

Ao contrário de outros blocos regionais, como a União Europeia/UE e o Mercosul,

cujas bases para a integração seriam o livre comércio e a livre concorrência de mercadorias e

serviços, o objetivo primordial da ALBA é a promoção da justiça social para todos os povos

latino-americanos e caribenhos, sendo o comércio apenas um meio para consegui-la e não um

fim em si próprio. Aquelas iniciativas se apoiam na teoria clássica do comércio internacional,

segundo a qual o livre comércio entre as nações traria benefícios mútuos, gerando aumento do

bem-estar das populações e industrialização espontânea. Assim, a integração econômica se

daria por meio de etapas destinadas a erradicar os entraves à livre circulação de mercadorias e

fatores produtivos. Neste caso, a integração estaria orientada para o funcionamento e para a

liberdade de ação do mercado.

A concepção político-econômica que orienta a integração proposta pela ALBA pode

ser encontrada nas teorias da CEPAL (LINARES; LUGO, 2008) – em maior grau que nas

teorias socialistas (FIGUEROA apud NUNES, 2009, p. 71) – como, por exemplo, as teses

sobre a deterioração dos termos de troca, a substituição de importações, a proteção da

indústria nascente, etc. Antes de se atingir um estágio de união econômica, devem ser

corrigidas ou, no mínimo, diminuídas as assimetrias entre os países, através de uma política

econômica intervencionista, protecionista e industrializante. Além disso, as ideias cepalinas

discorrem sobre a relação de dependência dos países periféricos (como os latino-americanos e

caribenhos) em relação aos centrais (como os EUA), elemento constantemente retomado pela

ALBA em seus discursos e ações.

A ALBA é uma proposta de integração que se fundamenta na montagem de mecanismos para criar vantagens cooperativas – no lugar das supostas "vantagens competitivas", paradigma das teorias neoliberais de comércio internacional. Já as vantagens cooperativas procuram reduzir as assimetrias existentes entre os países do continente. Elas apóiam-se em mecanismos de compensação, a fim de corrigir as disparidades de níveis de desenvolvimento entre os países da região. Têm na Venezuela e em Cuba seus grandes

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

191

motores: a primeira com os recursos do petróleo, a segunda principalmente com os recursos de educação, saúde e esportes. (SADER, 2006 [grifo nosso]).

Entre os principais objetivos da formação do bloco, além de tentar garantir autonomia

política e econômica para a região, estão: o desenvolvimento conjunto e equilibrado de todos

os países, garantindo que todas as nações se beneficiem do processo de integração; plano

especial de desenvolvimento para os países mais pobres; planos continentais para erradicação

do analfabetismo e para oferta de serviço de saúde gratuito; desenvolvimento integrador das

comunicações, incluindo uma rede latino-americana de telecomunicações, e dos transportes,

incluindo linhas férreas, aéreas e marinhas comuns; integração e segurança energética;

desenvolvimento sustentável mediante normas que protejam o meio-ambiente; fomento dos

investimentos latino-americanos em detrimento dos investimentos estrangeiros, criando um

banco próprio; defesa da cultura latino-americana e caribenha, respeitando as particularidades

de cada povo, entre outras (ALBA, 2004a).

Desde o início, quando ainda faziam parte da ALBA apenas Cuba e Venezuela,

diversos projetos baseados na solidariedade e na complementaridade foram feitos. No Acordo

para Aplicação da ALBA (2004b), Cuba se compromete entre outras coisas, a: comprar

petróleo venezuelano por preço não inferior a 27 dólares o barril; oferecer 2000 vagas anuais

em cursos superiores para jovens venezuelanos; por à disposição da Universidade Bolivariana

15.000 médicos para formação de profissionais da saúde. Por outro lado, a Venezuela se

compromissou a: realizar transferência de tecnologia no setor energético; disponibilizar a

Cuba quantas vagas necessitar para formação superior; por à disposição de Cuba infra-

estrutura e equipes de transporte aéreo e marítimo para apoiar planos de desenvolvimento

econômico e social, entre outros.

Além de se pautar por valores anti-neoliberais, a ALBA inova em relação à

participação da sociedade civil em seus processos decisórios. Na estrutura organizacional do

bloco, o Conselho de Movimentos Sociais está na mesma hierarquia que o Conselho de

Ministros, ambos subordinados ao Conselho de Presidentes. A esfera decisória não se limita

apenas aos representantes dos governos e Estados, permitindo a articulação destes com os

movimentos sociais, povos indígenas, governos locais, associações de mulheres, movimentos

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

192

estudantis, ecológicos, culturais, entre outras entidades organizadas. Assim, estes movimentos,

reunidos em sua primeira Cúpula em 2009, consideram que a ALBA “[...] se constituye en un

verdadero espacio de construcción de una nueva patria latinoamericana, portando la bandera

de la humanidad por su definitiva emancipación” (ALBA, 2009b).

Segundo Serbin (1997), existe um déficit democrático nas organizações internacionais

e em toda dinâmica internacional atual, uma vez que as decisões, que afetam diretamente os

setores sociais do planeta, são tomadas pelos Estados e agentes econômicos transnacionais,

sem a participação da sociedade civil. Embora haja certa tendência de alguns organismos

multilaterais incorporarem esses setores sociais (principalmente ONGs), geralmente estes

desempenham apenas um papel consultivo na organização. Além da ampliação da

participação democrática, a inclusão de movimentos sociais de todos os países da América

favorece a própria consolidação da ALBA em direção às suas intenções emancipatórias. Em

entrevista concedida, Pedro Paulo Bocca, membro da coordenação da Articulação dos

Movimentos Sociais da ALBA no Brasil, fala sobre este aspecto do bloco:

A participação dos movimentos sociais é parte da origem da ALBA, se formos resgatar seu histórico. O motor desse processo é justamente as mobilizações continentais anti-neoliberais, em especial a Campanha Continental Contra a ALCA. É desse campo político, e de governos apoiados (ou baseados) por esses movimentos sociais, que parte a proposta da ALBA. Hoje, os movimentos tem se colocado em dois espaços complementares. O Conselho dos Movimentos Sociais, que é parte da estrutura organizativa da ALBA (e acaba dependendo muito das pautas da Aliança), e a Articulação Continental dos Movimentos Sociais Pela ALBA que articula, em especial, os movimentos de países não-signatários da ALBA (mas também movimentos dos países signatários). Essa Articulação foi lançada oficialmente no Fórum Social Mundial de Belém, em 2009, e, portanto é bem recente, mas já vem criando uma organicidade própria, conformou uma Coordenação Continental, e tem se esforçado essencialmente em algumas frentes de trabalho, como: Formação política, Comunicação, Solidariedade Internacional, Direitos da Mãe-Terra, Contra a Militarização e as Bases Militares estrangeiras, além da nossa questão organizativa. No momento, os esforços têm se centrado na construção de Plenárias Nacionais dos movimentos, para acumular em direção à uma grande Assembleia Continental dos Movimentos Sociais, que lançaria de fato o debate da Articulação e de nossa proposta de integração popular. A partir daí é que poderemos medir de fato como se dará essa inserção e esse debate no todo da sociedade, respeitando as particularidades de cada país e região. (BOCCA, entrevista, 2011).

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

193

Considerações Finais

Este artigo analisou a formação e as estruturas do organismo multilateral ALBA-TCP,

o qual intenciona promover a integração dos países latino-americanos e caribenhos em bases

de solidariedade e complementaridade. É uma proposta inovadora e criativa, mas que ainda é

recente e, portanto, difícil de ser analisada quanto a sua real consolidação.

Mais do que o simples rechaço à ALCA, a ALBA apresenta uma alternativa ao modelo

neoliberal, propondo o incremento das trocas e do investimento, baseado numa lógica de

cooperação. solidariedade e complementaridade para melhorar o nível de vida das populações.

Podemos dizer que o grupo vem obtendo sucesso, fazendo com que as políticas sociais se

incorporem às políticas de Estado dos países membros. Algumas estatísticas mostram que

diversos setores das sociedades dos países, como os índices de analfabetismo, mortalidade

infantil e subnutrição, estão melhorando (NUNES, 2009), o que pode ser efeito do grande

número de projetos grannacionales postos em ação. Além disso, permite a participação

efetiva dos movimentos sociais no debate e nas decisões, dando um acesso à sociedade civil

dificilmente visto nos fóruns internacionais.

O projeto de integração coloca-se também como uma ferramenta para combater a

dependência externa, principalmente dos EUA, e, portanto, a influência deste na região que,

inclusive, tem perdido mais e mais influência no hemisfério. A ALBA já se mostra como um

dos desafios à hegemonia estadunidense e a ela se somam outros fatores. A ascensão de

governos de esquerda (além daqueles reunidos na ALBA, como no Brasil, Argentina, El

Salvador, Uruguai, Paraguai e, recentemente, Peru), a decisão da Organização dos Estados

Americanos (OEA) pelo reingresso de Cuba à organização e a criação de um Conselho de

Defesa da UNASUL são exemplos dessa tomada de autonomia por parte da América Latina e

Caribe.

Por outro lado, os EUA respondem estreitando os laços com seus aliados como Chile,

Panamá e Colômbia. Apoiaram o golpe contra Chávez em 2002 e interviram de forma ativa

(através de seu embaixador na Bolívia) para impedir a primeira eleição de Morales;

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

194

estabeleceram em 2009 com a Colômbia (seu principal aliado) acordos para instalação de

novas bases militares no país; e anunciaram a reativação da IV Frota Naval no Atlântico Sul

devido à alegada necessidade de combater a pirataria, o tráfico de drogas, de pessoas e de

armas.

Além das tentativas de recuperação estadunidenses, a ALBA enfrenta desafios e

contradições próprios e suas respostas a eles demonstrarão se ela avançará em seus objetivos

ou definhará. Uma das maiores debilidades da iniciativa é que sua existência e fortalecimento

dependem não só de que novos governos de esquerda e progressistas cheguem ao poder em

outros países, mas que permaneçam fortes nos próprios Estados-membros. Exemplo claro

dessa fragilidade foi a saída de Honduras após o golpe contra o governo de Manuel Zelaya,

em junho de 2009. O governo golpista provisório que se estabeleceu aprovou a retirada do

país da ALBA, posição mantida pelo governo de Porfírio Lobo, eleito em novembro do

mesmo ano.

A “onda progressista” na América Latina tem se mantido e conquistado mais países

nos dias atuais. No entanto, não se prevê novas incorporações à ALBA em curto prazo. O

presidente paraguaio Fernando Lugo mostra sinais claros de sua intenção de aderir ao bloco,

mas as forças políticas no Legislativo do país dificilmente aprovariam a participação, do

mesmo modo que têm dificultado a entrada da Venezuela no Mercosul. Ollanta Humala, eleito

recentemente no Peru, teve de abrandar seu discurso no processo eleitoral, anteriormente

alinhado ao presidente Hugo Chávez e à ALBA, e já afirmou com veemência que não

pretende se integrar ao bloco bolivariano, embora seja um entusiasta da integração latino-

americana.

Outra contradição da ALBA é a forte liderança exercida pela Venezuela, através do

que alguns denominam “diplomacia do petróleo”. O grupo possui membros com economias e

proporções muito díspares, o que facilitaria a predominância da Venezuela sobre os demais.

Ainda em relação ao petróleo, um problema que deve preocupar a ALBA em longo prazo é o

fato de que essa promoção de justiça social está assentada quase que inteiramente sobre a

redistribuição dos rendimentos conseguidos com a exploração desse recurso natural. Além de

ser um recurso não-renovável, o seu uso compromete o desenvolvimento sustentável, por ser

altamente poluente, uma das diretrizes do bloco. Criar novas fontes de energia e reinventar

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

195

formas de financiamento para os projetos deve ser uma preocupação primordial para a

longevidade da ALBA.

A grande oferta de iniciativas de integração regional na América Latina também pode

ser um desafio para os intentos da organização. Para Altmann Borbón (2009, p. 129), essa

situação causa pelo menos três problemas que debilitam cada um dos processos:

En primer lugar, genera una fuerte demanda en las agendas de los jefes de Estado y de gobierno, que deben prever reuniones –en la práctica, cada tres meses– en un contexto de “diplomacia de cumbres”. En segundo lugar, la sobreoferta lleva a la falta de coordinación. Por paradójico que parezca, reduce las oportunidades de convergencia y la búsqueda de perspectivas compartidas. Por último, las múltiples propuestas poseen una débil estructura institucional, como consecuencia de la renuencia de los países a transferir capacidades y decisiones soberanas hacia entes supranacionales.

A ALBA encontra muitos obstáculos que dificultam um avanço maior que o estágio

atual e que podem impedir seu objetivo de integrar todos os países latino-americanos e

caribenhos. Questionado sobre a probabilidade do bloco vir a constituir-se essa grande pátria e

sobre a coexistência com outras propostas de integração, Bocca destaca o papel que a

sociedade civil dos países, mais que os governos, deve assumir para que o projeto do bloco se

concretize:

[...] depende[rá] de muita vontade política e capacidade organizativa dos povos de Nossa América. A ALBA, por se tratar de uma iniciativa centralmente anti-neoliberal e anti-imperialista, deve ser puxada através de lutas sociais e do povo na rua, em cada um dos países da América. A ALBA só será forte continentalmente, quando sua proposta for forte o suficiente dentro de cada um dos países. Sobre a UNASUL, o caráter é outro, bem diferente da ALBA ou de outras propostas de integração. Ainda assim, a UNASUL e, em especial, a CELAC podem, no âmbito governamental, ajudar muito no processo de alteração das relações na América Latina, em especial nas relações com os EUA. Mas ainda precisam de mais tempo, e de uma maior estabilidade política para tal. A grande fragilidade da ALBA hoje são as relações comerciais e a grande dependência da Venezuela (que, por sua vez, depende da Colômbia - relação que politicamente não é interessante). Com a entrada da Venezuela no Mercosul, a Venezuela pode ampliar sua base comercial e facilitar acordos entre o Mercosul e o Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP). Politicamente, seria mais uma iniciativa de aproximação do bloco de países

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

196

da ALBA com os governos que chamamos de "neodesenvolvimentistas" que integram o Mercosul, numa tentativa de isolar a política estadunidense (e seus parceiros) na região. (BOCCA, entrevista, 2009).

Prosperando ou não, pode-se considerar que a ALBA traz contribuições e elementos

relevantes para se pensar os rumos da integração na América Latina e Caribe. Até agora, o

bloco tem conseguido avanços sociais, políticos, econômicos e culturais sem se pautar pelas

receitas tradicionais que regem os principais processos de integração regional no mundo atual,

priorizando a solidariedade e a complementaridade na busca por justiça social. Dessa forma,

atualiza o debate sobre o desenvolvimento e autonomia nas nações latino-americanas e

caribenhas, trazendo para o âmbito da integração regional a responsabilidade da construção da

Nuestra America livre de quaisquer relações de dependência econômica e de imperialismos

que ainda possam existir.

En muchas ocasiones, y con razón, se ha criticado a estas cumbres por la ambición en las palabras y la escasez de los hechos, por su exceso retórico, en definitiva. Pero es cierto también, como venimos comentando, que no podemos aplicar los clichés de la integración en un mundo compuesto por países ricos, a otros donde el punto de partida dificulta la puesta en marcha de esos procesos (SOTILLO LORENZO, 2007, p. 147).

Fontes

ALBA. Declaración Conjunta entre el Presidente de la República Bolivariana de Venezuela y

el Presidente del Consejo de Estado de la República de Cuba para la creación del ALBA.

Havana, dez. 2004a. Disponível em: <http://www.alianzabolivariana.org/>. Acesso em: jun.

2011.

______. Acuerdo para la aplicación del ALBA. Havana, dez. 2004b. Disponível em:

<http://www.alianzabolivariana.org/>. Acesso em: jun. 2011.

______. Declaración política de la V Cumbre del ALBA. Tintoreiro, abr. 2007. Disponível

em:

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

197

<http://www.ecoportal.net/Temas_Especiales/Globalizacion/Declaracion_politica_de_la_V_C

umbre_del_ALBA>. Acesso em: 23 ago. 2011.

______. VI Cúpula. Conceptualización de Proyecto y Empresa Grannacional en el marco del

ALBA. Maracay, jun. 2009a. Disponível em: <http://www.alianzabolivariana.org/>. Acesso

em: jun. 2011.

______. Manifiesto General de la Primera Cumbre de Consejo de Movimientos Sociales del

ALBA-TCP. Cochabamba, out. 2009b. Disponível em: <http://www.alianzabolivariana.org/>.

Acesso em: jun. 2011.

______. Conselho Político: Comunicado oficial. 4 mar. 2011. Disponível em:

<http://www.correodelorinoco.gob.ve/nacionales/paises-alba-apoyan-propuesta-chavez-

buscar-solucion-pacifica-libia/>. Acesso em: 3 jul. 2011.

Bibliografia

ALMEIDA, P. R. “Integracão na AL: instrumentos fundamentais (Wagner Menezes)”. Blog

Diplomatizzando, abril de 2011. Disponível em:

<http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/04/>. Acesso em: 12 jun. 2011.

ALTMANN BORBÓN, J. Dossier: ALBA Alternativa Bolivariana para América Latina. San

José, Costa Rica: FLACSO, 2007.

ALTMANN BORBÓN, J. “El ALBA, Petrocaribe y Centroamérica: ¿intereses comunes?” In:

Revista Nueva Sociedad, Buenos Aires, n. 219, p. 127-144. jan./fev. 2009.

BOCCA, Pedro Paulo. “Entrevista sobre a ALBA” [mensagem pessoal]. Mensagem recebida

por < [email protected]> em 18 ago. 2011.

BOSSI, F. R. “Construir a ALBA a partir dos Povos”. Intervenção no Fórum da III Cúpula

dos Povos, Mar del Plata, 2005. Disponível em:

<http://resistir.info/venezuela/alba_bossi.html>. Acesso em: 3 jul 2011.

BRUZÓN VILTRES, C. J. “Confederación de Estados e integración regional en América

Latina”. Dissertação (Mestrado em Direito Internacional)-Universidade de Havana, Havana,

2009. Disponível em: <www.eumed.net/libros/2009c/573/>. Acesso em: 30 jun. 2011.

[REVISTA CONTEMPORÂNEA – DOSSIÊ NUESTRA AMÉRICA] Ano 2, n° 2 | 2012, verão

ISSN [2236-4846]

198

CASSEN, B. “Le Sucre contre le FMI”. In: Le Monde Diplomatique, Paris, dez. 2008.

Disponível em: <http://www.monde-diplomatique.fr/carnet/2008-12-02-Sucre>. Acesso em: 2

jul. 2011.

CHIARAMONTE, J. C. “La formación de los Estados nacionales en Iberoamérica”. In:

Boletín del Instituto de Historia Argentina y Americana “Dr. Emilio Ravignani”, 3ª série,

Buenos Aires, n. 15, p. 143-165, 1997.

CUMBRE de ALBA critica bases militares de Estados Unidos en Colombia. 17 out. 2009.

Disponível em: <http://www.vanguardia.com/historico/42906-cumbre-de-alba-critica-bases-

militares-de-estados-unidos-en-colombia>. Acesso em: 3 jul. 2011.

DELLO BUONO, R. A. “Social Movements and the Struggle for Genuine Regional

Integration”. In: CONFERÊNCIA: Social Movements Governance, the poor and the new

politics of the Americas, 1., 2011, Tampa. Tampa: University of South Florida, fev. 2011.

ELLNER, Steve. El fenômeno Chávez: sus orígenes y su impacto. 1ª Ed. Caracas: Fondo

Editorial Tropykos/Fundación Centro Nacional de Historia, 2011

FONSECA JÚNIOR, G. “Prefácio”. In: ROUSSEAU, Jean-Jacques. Rousseau e as relações

internacionais. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 2003.

GARDINI, G. L. “Proyectos de integración regional sudamericana: hacia una teoría de

convergencia regional”. In: Relaciones Internacionales, Madrid, n. 15, p. 11-31. out. 2010.

HALE, C. A. “As ideias políticas e sociais na América Latina, 1870-1930”. In: BETHELL,

Leslie (org.). História da América Latina, volume IV: de 1870 a 1930. São Paulo:

Edusp/Imprensa Oficial do Estado; Brasília: Fundação Alexandre Gusmão, 2001. p. 331-414

HURREL, A. “O ressurgimento do regionalismo na política mundial”. In: Contexto

Internacional, Rio de Janeiro, v. 17, n. 1, p. 23-59, jan./jun. 1995. Disponível em:

<http://publique.rdc.puc-rio.br/contextointernacional/media/Hurrell_vol17n1.pdf>. Acesso

em: 2 jul. 2011.

LINARES, R.; LUGO, E. “La iniciativa ALBA en la integración regional”. In: Revista

Geoenseñanza, Mérida, v. 13, n. 2, p. 217-232. jul./dez. 2008.

LUGO diz que Alba já avançou mais que Mercosul. In: O Globo, Rio de Janeiro, 16 abr.

2009. Mundo. Disponivel em: <http://oglobo.globo.com/mundo/mat/2009/04/16/lugo-diz-

que-alba-ja-avancou-mais-que-mercosul-755317382.asp>. Acesso em: 18 ago. 2011

[ALBA-TCP: ELEMENTOS E CONTRIBUIÇÕES PARA A INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA * RENATO FERREIRA RIBEIRO]

199

MARTI, J. “Nuestra América” (1891). In: AARAO REIS, D., FERRERAS, N.; BRUCE, M.

(orgs). Outras Modernidades: Nuestra América e EUA (textos e propostas). Vol. 1. Rio de

Janeiro: FGV, 2009.

NUNES, P. “O Projeto ALBA: equilibrando um mundo desequilibrado”. Dissertação

(Mestrado em Relações Internacionais), Universidade de Coimbra, Coimbra, 2009.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS IBERO-AMERICANOS. “Con el proyecto ‘Gran

Nacional ALBA Alfabetización’ se ha logrado alfabetizar a más de 450 mil bolivianos y más

de 75 mil nicaragüenses. 2008”. Disponível em:

<http://www.oei.es/noticias/spip.php?article2260>. Acesso em: 3 jul. 2011.

PORTAL ALBA-TCP. Disponível em: <http://www.alianzabolivariana.org/>. Acesso em:

jun./jul./ago. 2011.

PRADO, M. L. “O Brasil e a distante América do Sul”. In: Revista de História (USP). v. 145,

p. 127-149. 2001

SADER, E. “Alternativas Latino-Americanas”. In: Le Monde Diplomatique, Brasil, fev. 2006.

(Dossiê América Rebelde/Comércio. Edição brasileira).

SANTOS, B. “Para uma sociologia das ausências e uma sociologia das emergências”. In:

Revista Crítica de Ciências Sociais. vol 63. out. 2002.

SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Rio de Janeiro: Record, 2000.

SARAIVA, J. F. S. “O Brasil e a integração hemisférica: vertente histórica”. In: Em Aberto,

Brasília, DF, ano 15, n. 68, p. 36-44, out./dez. 1995.

SERBIN, A. “Globalización, déficit democrático y sociedad civil en los procesos de

integración”. In: Revista Electrónica Bilingüe, n. 13, mar. 1997. Disponivel em:

<http://www.analitica.com/archivo/vam1997.03/pext4.htm>. Acesso em: 3 jul. 2011.

SOTILLO LORENZO, J. A. “La Alternativa Bolivariana para las Américas (ALBA): un

nuevo espacio de la integración latinoamericana con dimensión social”. In: El perfil social del

desarrollo - Social Watch Informe, Espanha, p. 143-148, nov. 2007. Disponível em:

<http://www.socialwatch.org/sites/default/files/pdf/en/capitulocuatrob2007_espana.pdf>.

Acesso em: 2 jul. 2011.

TERÁN, O. “El primer antiimperialismo latinoamericano”. In: En busca de la ideología

argentina. Buenos Aires: Catálogos, 1973.