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Alberto Carlos Almeida - A QUALIDADE DE VIDA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.pdf

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A QUALIDADE DE VIDA NO ESTADO DO RIO DE JANEIROCOLEO ANTROPOLOGIA E CINCIA POLTICA1Os fornecedores de cana e o Estadointervencionista Delma Pessanha Neves2Devastao e preservao ambiental no Rio deJaneiro Jos Augusto Drummond3A predao do social Ari de Abreu Silva4Assentamento rural : reforma agrria em migalhas Delma Pessanha Neves5A antropologia da academia : quando os ndiossomos ns Roberto Kant de Lima6Jogo de corpo Simoni Lahud Guedes7A qualidade de vida no Estado do Rio de Janeiro Alberto Carlos AlmeidaPrximo lanamento:Pescadores de Itaipu Roberto Kant de LimaAlberto Carlos AlmeidaA QUALIDADE DE VIDA NO ESTADO DO RIO DE JANEIROEDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSENiteri, RJ 1997Copyright 1997 by Alberto Carlos AlmeidaDireitos desta edio reservados EDUFF - Editora da Universidade Federal Fluminense - Rua Miguel de Frias, 9 - anexo - sobreloja - Icara -CEP 24220-000 Niteri, RJ - Brasil - Tel.: (021) 620-8080 ramais 200 e 353Telefax: (021) 620-8080 ramal 356 proibida a reproduo total ou parcial desta obra sem autorizao expressa da Editora.Edio de texto: Ricardo BorgesProjeto grco e editorao eletrnica: Jos Luiz Stalleiken MartinsCapa: Marcio Andr de OliveiraReviso: Ricardo BorgesSuperviso grca: Kthia M. Pimenta MacedoCoordenao editorial: Damio NascimentoCatalogao-na-fonte A447Almeida, Alberto Carlos.A qualidade de vida no Estado do Rio de Janeiro / Alberto Carlos Almeida. Niteri : EDUFF, 1997.128p. ; 21 cm. (Coleo Antropologia e Cincia Poltica, 7).Bibliograa: p. 127ISBN 85-228-0235-11. Meio ambiente. I. Ttulo. II. Srie.CDD 333.7UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Reitor Luiz Pedro AntunesVice-Reitor Fabiano da Costa CarvalhoDiretora da EDUFFEliana da Silva e SouzaComisso EditorialAdonia Antunes PradoAnamaria da Costa CruzGilda Helena Rocha BatistaHeraldo Silva da Costa MattosIvan Ramalho de AlmeidaMaria Guadalupe C. Piragibe da FonsecaRoberto Kant de LimaRoberto dos Santos AlmeidaVera Lucia dos ReisDedico este livro a todos os estudantes da UFF que tm, de modo crescente, se interessado pela anlise estatstica de dados quantitativos e qualitativos. Na certeza de que assim fazendo, contribuem de forma concreta para a cincia social brasileira, e para estreitar os laos entre universidade e sociedade.Dedico tambm aos habitantes do Estado do Rio de J aneiro, que com seu jeito afvel e bem-humorado de ser adicionam um elemento no-quantifcvel qualidade de vida da nossa regio, melhorando-a sensivelmente.SUMRIOPREFCIO .....................................................................................9INTRODUO ............................................................................131A QUALIDADE DE VIDA NO ESTADODO RIO DE JANEIRO ..........................................................292A QUALIDADE DE VIDA NO MUNICPIODE NITERI ..........................................................................653A QUALIDADE DE VIDA NO MUNICPIO DORIO DE JANEIRO .................................................................834A QUALIDADE DE VIDA NOS MUNICPIOSDE NITERI E RIO DE JANEIRO:UMA ANLISE COMPARADA .........................................105CONCLUSO ............................................................................117REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS .....................................1259PREFCIO com grande satisfao que prefacio este texto de Alberto Carlos Almeida,meucoleganoDepartamentodeCinciaPolticada UFF.O autor faz parte de uma nova gerao de cientistas sociais brasileiros,eusoessetermonumsentidoamplo.Noapenas a signicativa diferena entre nossas idades que nos coloca em geraes prossionais distintas. A distncia etria se soma a outras diferenas signicativas que venho identicando nele e em outros cientistas sociais mais jovens. Estas diferenas esto na formao acadmica, de perspectiva prossional, de temas e instrumentos detrabalhoedevisosobreavidauniversitria.Mesmocom essas diferenas, o professor Almeida e eu temos trabalhado de forma convergente, com muito mais complementariedade do que as diferenas fariam supor. Almeidafezseuscursosdeps-graduaoemCinciaPoltica num perodo recente em que esse nvel de ensino est mais con-solidado no Brasil do que h 15 ou 10 anos atrs.No contexto de democracia poltica em que vivemos desde meados de 1980, ele aprendeu que os cientistas sociais so talhados para atividades intensivas de informao caractersticas das sociedades abertas e pluralistas. Aprendeu tambm que o chamamento poltico antes quase compulsrio nada tem a ver com a nossa opo pros-sional. Almeida estuda temas polticos, no mais exato sentido do 10termo, mas a relevncia desses temas no ditada pelas volteis prioridades geradas no engajamento poltico.Esses temas so pautados pela sua slida formao prossional, pois que o autor tem uma excelente preparao metodolgica a maior lacuna na minha gerao prossional, felizmente corrigida por muitos e conhece a importncia disso na traduo de teo-rias sociais em temas substantivos de pesquisa.Por ltimo, ele tem uma viso realista sobre as perspectivas de sobrevivncia e melhoria da universidade pblica brasileira, sabendo que ela de-pendedeprodutividade,excelncia,transparnciaeidentidade. Sua presena neste departamento tem sido um desao estimulante para mim, semiveterano na prosso e na universidade pblica. Conviver com um novato dotado de clareza cristalina sobre o tipo de universidade que deseja uma injeo de nimo nesses tempos duros de mudana para melhor da universidade brasileira.A qualidade de vida no Rio de Janeiro um texto sinttico, redi-gido com clareza exemplar, desenvolvido a partir de metodologia sosticada e muito bem explicada, e baseado numa ampla base de dados. um trabalho de grande base emprica que d margem a muitas consideraes analticas e concluses, mais do que um autor seria capaz de produzir num nico texto. Com isso quero dizer que os dados usados e os ndices compilados abrem um enorme campo de debates, desdobramentos, comparaes, tentativas de conr-mao ou desmentido. Estimulam o uso de outras bases de dados, construo de outros ndices inclusive a realizao de estudos semelhantes para outras pocas e lugares (ou ambos).Cidados, administadores e cientistas tm aqui um verdadeiro blueprint para estudos comparados de qualidade de vida, necessrios tanto para consolidarmelhoriasalcanadascomoparaestimularvontades adormecidas ou reorientar esforos malsucedidos. O autor fornece vrios exemplos desse carter multiplicativo da metodologia empregada, ao a) comparar todos os municpios do Estado do Rio de Janeiro entre si; b) comparar todos os bairros de cada uma das duas cidades (Rio de Janeiro e Niteri) entre si; c)compararconjuntamentetodososbairrosdasduasmesmas cidades e at; d) comparar novos municpios com aqueles de que foram desmembrados recentemente. Evidentemente, outros cru-zamentos podem ser feitos a partir dos dados usados.Alm disso, humenormecampoparaelaborarrankingsdemunicpiosde diferentes estados para os quais haja dados comparveis. Alberto 11Carlos Almeida j se encaminha para desdobrar este estudo sobre municpios uminenses e bairros de Rio de Janeiro e Niteri, com aajudadevriosassistentesdepesquisa,preparandoextensas bases de dados que lhe permitiro fazer rankings similares para outros estados e, eventualmente, comparaes entre estados e at entre municpios de estados diferentes.Entre os vrios pontos a destacar nos achados do professor Almeida sobre o Estado do Rio de Janeiro, dois chamaram mais a minha ateno.Em primeiro lugar, impressionou-me a queda vertical dos ndices de qualidade de vida quando passamos dos trs muni-cpios mais aquinhoados (Niteri, Rio de Janeiro e Volta Redonda) para os que se seguem.De um patamar de 85 a 100 para os trs primeiros, os ndices despencam para apenas 50 a 55 para os trs seguintes (Resende, Itatiaia e Petrpolis), apresentando uma queda muitomaissuavedepoisdisso.Essaconcentraodosndices mais elevados de bem-estar em algumas poucas cidades mdias egrandes,parecereetiraconhecidafraquezadasatividades agropecuriasuminenses,poisqueosndicesconstrudosso capazes de captar bons padres de qualidade de vida em cidades pequenas e suas reas rurais.Proponho ao autor uma hiptese a ser testada: a extrema concen-trao geogrca dos melhores padres uminenses de qualidade devidamuitoprovavelmentenoserepetiremestadoscomo So Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paran, e talvez mesmo nem em Minas Gerais.Isto porque muito de seus muni-cpios menores e mais ruralizados apresentaro bons padres de qualidade de vida baseados em atividades rurais mais prsperas queasuminenses.Ahiptesequeproponhoqueoranking municipalnessesestadosrevelardisparidadesmenoresqueos encontrados para o Rio de Janeiro. O primeiro lugar alcanado por Niteri o outro ponto que mais mechamouaatenonosachadosdoautor.Trata-sedealgo mais do que uma feliz coincidncia com o fato de a Universi-dadeFederalFluminense(queempregaoprofessorAlmeidae lhe d condies de desenvolver essa pequisa) ter a sua sede na mesma Niteri.Os quase 15 pontos de diferena no ranking entre Niteri e Rio de Janeiro indicam que qualidade de vida no mora necessariamente onde mora mais gente, nem onde os fatos reper-cutem mais. Para os cariocas ser difcil aceitar que a capacidade promocional e o clima festivo da cidade do Rio de Janeiro no faz 12dela o melhor lugar do mundo para se viver. Na verdade, no o melhor lugar para se viver no prprio Estado do Rio de Janeiro. Houtrascoisasquecontamparaaqualidadedevida,como provaarelativamentepacataNiteri,queexibe,entreoutras,a renda elevada e os anos mais numerosos de escolaridade formal dos chefes de domiclio, a baixa taxa de depedncia (dependentes porrecipientesderenda),opercentualdejovensmatriculados nosegundograueasmaiorestaxasdemdicosedeterminais telefnicospormilhabitantes.Qualidadedevidaexigebons servios pblicos e um somatrio de esforos privados, alm de continuidade de propsitos, virtudes que no tm convivido bem com a notria capacidade festiva dos cariocas.Tudo que acontece no Rio acontece no Brasil inteiro, gostam de dizer aqueles que se empolgam com a facilidade que o Rio tem de pautar as modas e os temas nacionais.No entanto, ser mais conhecido, mais alegre, mais comunicativo, no faz os cariocas viverem to bem quanto eles mesmos e muitos outros imaginam.Neste estudo, Niteri, encostada na Cidade Maravilhosa, aparece com um ndice de qualidade signicativamente superior ao do Rio de Janeiro, para surpresa de muitos niteroienses, e certamente para desalentodoscariocas.OestudodoprofessorAlmeidanose aprofunda nos motivos que fazem a qualidade de vida ser maior oumenor(emboramostreafortecorrelaoentrealtosndices de qualidade de vida e PIBs municipais elevados), mas os seus resultados de sua investigao permitem que todas as comunidades avaliem onde esto e para onde esto indo, e busquem melhorar a sua situao e o seu destino.Nesse particular, este estudo mostra que Niteri est saindo na dianteira em relao ao Rio de Janeiro e s demais cidades uminenses. Suspeito que o conhecido bairrismo carioca do autor no cou feliz com isso, ao publicar os resultados de sua investigao, mais umavezdemonstraqueacincianoexisteparaprovaroque desejamos, e sim para constatar e explicar o que existe.Jos Augusto DrummondProfessor Adjunto, Departamento de Cincia Poltica da UFF13INTRODUOEstadosemunicpiostmcadavezmaisseutilizadodedados quantitativosequalitativosparaorientarsuasaesepolticas pblicas. Sejam quais forem as metas de governadores, prefeitos, legisladores, burocratas, daqueles que tomam decises estratgi-cas, de cidados de um modo geral, a coleta e a anlise de dados tmsidocrescentementenecessrias.Jalgobemarraigado entre as elites estratgicas, que no recomendvel tomar deci-ses importantes sem que se tenha uma boa base de informaes eanlises.Aspolticaspblicasseenquadramnestacategoria. Este livro busca fornecer uma pequena contribuio nesta direo. Utilizando dados de fcil acesso ao grande pblico, realizei es-tudos descritivos sobre a qualidade de vida no Estado do Rio de Janeiro,eemseusdoismunicpiosmaisbemposicionadosno ranking estadual: Niteri e Rio de Janeiro. Se pelo lado prtico a motivao da pesquisa e da anlise realizadas a necessidade de melhor municiar as administraes municipais e estadual ao, pelo lado acadmico este livro foi inspirado na possibilidade de realizar uma pesquisa rica na utilizao de dados e em suas con-cluses mas com poucos recursos nanceiros.Oscientistassociaisbrasileiros,professores,pesquisadorese estudantes, podem sem dvida contribuir ainda mais para a com-preenso de nossa sociedade caso se disponham a realizar trabalhos e anlises baseadas em dados empricos secundrios, j publicados, 14existentes em inmeras estantes de bibliotecas universitrias e de institutos de pesquisa. Foi este um dos meus objetivos ao realizar asanlisesqueresultaramnestelivro.Devoistoaoartigode GlucioDillonSoares,sugerindoqueestudosdestetipo,alm de bastante adequados nossa situao de escassez de recursos, tambm podem vir a preencher lacunas muitas vezes importantes noconhecimentodarealidadequenoscerca(1991,p.66-79). Agradeo a ele por ter, de certa maneira, inspirado a realizao deste trabalho. Agradeo tambm aos alunos da disciplina Poder e Desenvolvimento no Brasil, oferecida no primeiro semestre de 1996 na Universidade Federal Fluminense que, apesar do ttulo, foi um curso de anlise de dados agregados. Os alunos daquela disciplina colaboraram na etapa de colocao de dados sobre os municpios do Estado do Rio de Janeiro no computador, e tambm foram estmulo constante para que o curso resultasse nas anlises sobre qualidade de vida.Sublinho que os estudos aqui publicados limitam-se em grande parte a descrever alguns aspectos da realidade social e econmi-cadoEstadodoRiodeJaneiro.Aminhanalidadefoimenos contribuirparaoavanodoconhecimentocientco,testando hipteses, conrmando ou refutando teorias; e mais fornecer uma descrio, em certa medida bem informada, da qualidade de vida em algumas regies do Rio de Janeiro. Assim procedendo, creio estarfornecendo,comojarmei,instrumentosadicionaisque possamserteisquelesquedecidemsobrepolticaspblicas. Outro objetivo que espero ver alcanado o de contribuir para o debate sobre a qualidade de vida de bairros e municpios, de tal sortequeindicadoressejamquestionados,novasmetodologias sejamsugeridas,enm,quediscussesacercadotemasejam levadas a cabo motivadas pela necessidade de se buscar formas cada vez mais precisas e adequadas de mensurar a qualidade de vida. Espero que este trabalho possa tambm contribuir para algo j existente entre os municpios: a competio em busca de melhores ndices de qualidade de vida. O ndice de qualidade de vida aqui desenvolvido e aplicado para o Estado do Rio de Janeiro e dois de seus municpios, ser atualizado para cada nova coleta de dados do IBGE. Esta a primeira publi-cao do IQV-UFF. De agora em diante, a anlise da qualidade de vida de municpios e bairros ser parte das atividades regulares de pesquisa e anlise de dados do Departamento de Cincia Poltica da Universidade Federal Fluminense. 15Como ser visto, os estudos aqui apresentados esto relacionados com o dia-a-dia dos habitantes de bairros e municpios. O resultado que os habitantes das regies bem classicadas nos rankings, apresentam orgulhosamente a posio de seu bairro ou municpio como evidncia da boa qualidade de vida que muitos j sabiam existir. Existem ainda os que se surpreendero positivamente com a classicao da rea em que habitam (tero motivos ainda maio-res para se orgulharem). Isto se aplica tambm s foras polticas que governam um municpio. Neste caso, mais do que orgulho, a classicao poder ser utilizada para mostrar os benefcios da ltimagestomunicipal.Maisumarazo,portanto,paradar continuidade ao que vem sendo realizado.O oposto se aplica aos moradores dos bairros e municpios mal classicados no ranking. Neste caso, no absurdo imaginar que o orgulho substitudo por uma certa indignao que recair ora contra o estudo realizado, sua metodologia e seus pressupostos, ora contra s autoridades que tm tratado com descaso nossa regio, ou mesmo contra ambos. Para alguns habitantes o mau resultado de sua regio, atestado por um estudo, poder servir de instrumento de presso e reivindicao em favor de melhorias. Nestas reas, a oposio ao establishment ter na anlise da qualidade de vida um argumento a mais. Em todas as situaes acima descritas a competio entre bairros e municpios que est em jogo. Competio por melhorias, para manter sua posio no ranking, para diminuir a distncia entre sua regio e reas vizinhas que eventualmente ocupem melhores postos na classicao geral etc. Na realidade, se este estudo contribuir para fomentar e aumentar tal competio ele ter cumprido seu objetivo principal. A competio entre municpios e bairros uma das formas pelas quais melhorias da qualidade de vida podem ser obtidas. No a nica maneira, mas certamente importante.O conceito de qualidade de vidaConsidero qualidade de vida como as condies necessrias, mas no sucientes, para que as pessoas ou indivduos busquem realizar seus planos de vida e objetivos. Isto sinnimo de condies de efetivao do auto-respeito: quem tem auto-respeito cona em suas prprias habilidades e em que possvel alcanar seus objetivos (RAWLS, 1981). Quem cona em si no resiste em reconhecer os 16mritos dos outros. De uma maneira mais abstrata, pode-se armar que a qualidade de vida constitui-se das condies para a efeti-vao e externalizao plenas e livres dos poderes e capacidades do indivduo (ELSTER, 1992; SEN, 1993). Ela possibilita que os indivduos melhorem o tipo de vida que esto vivendo. Quanto melhor a qualidade de vida, maiores so as condies que algum possui de realizar suas potencialidades.Esta noo de qualidade de vida uma outra forma de expressar o que usualmente denominado de condies de privao: melhor qualidade de vida signica menos privao; e mais privao o mesmo que qualidade de vida pior. Note-se que as condies de privao no esto dissociadas dos sentimentos de privao. As condies materiais de vida no podem ser avaliadas sem refern-cia aos valores compartilhados pelas pessoas no que se refere ao estilo de vida de uma dada sociedade (SEN, 1981). Armar que a qualidade de vida denida de acordo com as convenes de uma dada sociedade no signica, em absoluto, que a mensurao da qualidade de vida seja apenas um exerccio subjetivo ou um julgamento de valor. Isto porque as convenes da sociedade em questo so matria de fato.EstaquestojestavaclaraparaAdamSmithhmaisde200 anos atrs:Entendo que as necessidades no so apenas os bens indispens-veis vida, mas tambm tudo aquilo que os costumes de um pas julgam indecente uma pessoa respeitvel no possuir, mesmo as que pertencem s classes mais baixas da sociedade. Uma camisa delinho,porexemplo,noumanecessidadeindispensvel. Suponho que gregos e romanos viveram confortavelmente sem possu-las. Atualmente, contudo, na maior parte da Europa um trabalhador caria envergonhado de vir a pblico sem vestir uma camisa de linho. Da mesma maneira o costume fez dos sapatos de couro uma necessidade da vida na Inglaterra. A pessoa mais pobre, porm respeitvel, caria envergonhada de se apresentar em pblico sem eles. (1988)Para Adam Smith era fato de que a camisa de linho e os sapatos decouroeramumanecessidadeditadapeloscostumesdeuma poca. Assim, a descrio das necessidades est distante de ser ambgua. Mesmo que exista ambigidade na descrio isto no a torna um exerccio de prescrio, mas simplesmente uma des-crio ambgua.17As estatsticas governamentais, em um sistema liberal democr-tico,cumpremopapeldeexpressaraquiloqueumasociedade valoriza como as condies para a realizao das potencialidades das pessoas. Isto ocorre porque tais estatsticas so informaes consideradas de grande relevncia por aqueles que tomam as deci-ses acerca de polticas pblicas, particularmente pelos polticos, que tm que prestar contas ao eleitorado de suas realizaes. Os dados sobre o nvel de renda e educao dos indivduos, sanea-mento bsico, oferta de gua etc., so coletados pelas instituies pblicas fundamentalmente porque constituem a pauta de demanda daspessoasedesuasorganizaes.Aquelesqueinvestemno atendimento de tais demandas tendem a ser bem avaliados pela populao, isto porque estas demandas, apesar de relativizveis em termos culturais, so concretas.Vale ressaltar: no estou armando que as estatsticas governamen-tais expressam tudo aquilo que valorizado pela populao. O que foi dito que todos os dados coletados so relevantes para aqueles que tomam decises sobre polticas pblicas, e que estas, em um sistema eleitoral competitivo, buscam satisfazer as demandas da sociedade, caso contrrio a sobrevivncia poltica e eleitoral dos ocupantes de cargos pblicos ameaada. Assim, os dados so coletadospelopoderpbliconamedidaemquepermitemque decises sejam tomadas com a nalidade de satisfazer as demandas dos eleitores, e isto denido culturalmente. Portanto, se hoje a renda e a educao so importantes para a medio da qualidade de vida, isto no signica que ambas sempre sero importantes. Por m, vale salientar que a medio da qualidade de vida aqui realizada no absoluta, mas relativa. Foi medida a qualidade de vida de cada municpio em relao aos demais, e de cada bairro em relao aos outros bairros. Isto evita a introduo de mais um ele-mento arbitrrio: a denio de um mnimo de qualidade de vida.Metodologia: a medio da qualidade de vidaA anlise da qualidade de vida de municpios e bairros foi realizada por meio de um ndice de Qualidade de Vida (IQV-UFF). ndices so formados o IQV-UFF no exceo regra a partir de da-dos e indicadores que expressem o conceito que se deseja estudar. Assim, o IQV-UFF foi composto por um certo nmero de variveis que expressam a qualidade de vida em municpios do Estado do 18Rio de Janeiro e nos bairros dos municpios de Niteri e Rio de Janeiro.Paraacomparaodosmunicpiosforamselecionados 18 indicadores, e para a comparao dos bairros apenas 10 vari-veis. As fontes, como j mencionado, foram fundamentalmente o Anurio Estatstico do Estado do Rio de Janeiro 1993/94, Ni-teri Bairros, e o Anurio Estatstico 1993/94 Iplan-Rio. Dados complementares foram obtidos no IBGE e na Secretaria Estadual de Justia.A escolha dos indicadores foi guiada por outros critrios alm da necessidade de expressar a qualidade de vida. Um deles, foi a pos-sibilidade de realizar uma comparao rigorosa entre as unidades geogrcas, fossem elas municpios ou bairros. Foram utilizados, portanto, apenas os dados existentes e delimitados de acordo com a fronteira dos municpios e dos bairros. Assim, no caso destes ltimos, dados e indicadores agregados por regies administrativas ou reas de planejamento no fazem parte do IQV-UFF. Isto signi-ca que no foi possvel utilizar indicadores de violncia porque as ocorrncias no esto delimitadas pelas fronteiras dos bairros, mas sim dos batalhes de Polcia Militar. O mesmo se aplica aos municpiosnoquesereferedetaxamortalidadeinfantil.As fontes utilizadas no dispem deste indicador por municpio, mas apenas por regies poltico-administrativas.Outro critrio importante que orientou a escolha dos indicadores foiodaobjetividade.Comanalidadedeevitarcontrovrsias desnecessriaseinterminveis,selecioneiosdadosqueesto mais prximos de um consenso amplo quanto sua adequao ao propsito de expressar a qualidade de vida. Existem, por exemplo, levantamentos que permitem calcular em metros quadrados a rea total de praas, parques, largos e jardins por habitante. Todavia, isto reduziria o ndice de qualidade de vida dos bairros com praias, que so densamente habitados e que contam com reduzidas reas daquele tipo. Vale notar ainda que a rea de areia das praias no medida, o que reduziria ainda mais o ndice. Alm disso, bairros com enormes reas verdes, mas inacessveis recreao, teriam seu ndice de qualidade de vida articialmente aumentado. Tam-bm por causa da objetividade foi deixado fora da anlise a rea industrial construda. Existe um certo consenso quanto melhor qualidadedevidaderegiesresidenciaisquandocomparadas com reas no-residenciais. Contudo, para reas com populao de renda mais baixa uma indstria mais um benefcio do que algo que piore a qualidade de vida. Mesmo regies residenciais de 19classe mdia podem ser beneciadas com a instalao de indstrias no-poluentes. Todavia, este dado no fornecido e sua obteno bastante custosa. Antes de passar apresentao dos indicadores utilizados, cumpre realizar um breve comentrio sobre possveis controvrsias acerca do IQV-UFF.A composio de qualquer ndice adequada apenas na medida em que seus indicadores expressem aquilo que o ndice prope retratar (HARBISON, MARUHNIC, RESNICK, 1970; ADELMA, MORRIS, [s.d.]). Assim, diferentes ndices de qualidade de vida podem ser obtidos. Isto pode ser realizado por meio da utilizao de indicadores diferentes, mediante a atribuio de pesos diferen-ciados aos mesmos indicadores, ou mesmo combinando ambos. ndices obtidos por metodologias diferentes, que busquem expres-sar o mesmo conceito, levam a resultados diferenciados. Tome-se o exemplo do ndice de inao. Cada instituto de pesquisa, (Fipe, FGV e IBGE) obtm um resultado para a inao. Isto no signica que eles estejam medindo coisas diferentes, mas apenas que no utilizam a mesma metodologia, podendo variar a cesta de produtos que forma o ndice, o peso de cada item ou ambos.Portanto, outros IQVs podem obviamente ser obtidos, inclusive utilizando-sedosmesmosindicadoresemodicandoapenasa ponderaodecadaumdeles.Valesalientarquemuitasvezes pequenas alteraes na metodologia podem levar a alteraes sig-nicativas no ranking de municpios ou bairros. Isto porque, como ser visto, existem faixas de IQV-UFF para as quais a distncia entre um grande nmero de reas bastante reduzida. Assim, a alterao de dcimos no IQV pode resultar na mudana de muitas posies na classicao. ValeressaltaraindaqueoutrosIQVspodemserobtidoscoma completa alterao das variveis que o compem. A qualidade de vida pode, por exemplo, ser medida considerando apenas variveis relacionadas cultura e ao lazer: nmero de casas de espetculo porregiopercapita,bilheteriadecinemapercapita,metros quadrados de quadra de escolas de samba por bairro per capita etc. A questo-chave, nesta e em qualquer composio de ndice, argumentarracionalmenteemfavordasvariveisutilizadas, buscando mostrar em que medida elas de fato medem o que se propem medir. Assim, quanto mais amplo o consenso no que diz respeito s variveis utilizadas, maiores as chances de aceitao 20do ndice, e quanto mais um ndice tenha sido utilizado maiores as possibilidades de ren-lo em direo a uma aceitao maisampla.Porm,valerecordarqueautilizaodendicesdequalidade de vida, ao contrrio do ndice de inao, bastante recente na anlise dos fenmenos sociais. Portanto, em que pese os esforos porbuscarindicadoresconsistentes,econsensualmenteaceitos como expresso de qualidade de vida, a controvrsia inevitvel. No apenas inevitvel, como frutfera. Isto porque o debate pode resultar no renamento de ndices j existentes, e tambm na com-posio de novos ndices. Vale sublinhar que uma pluralidade de ndices de qualidade de vida e o mesmo se aplica ao exemplo da inao em nada diminui o esforo de analistas e pesquisa-dores. Pelo contrrio, por meio de tal controvrsia e pluralidade queaquelesquesepropuseramatalempreitadapoderovira aperfeioar as medies jexistentes.Indicadores utilizadosNototal,asanlisesrealizadasseutilizamde19indicadores. Destes, 18 compem o IQV-UFF dos municpios e 10 o IQV-UFF dos bairros. As variveis esto listadas abaixo.Percentual de domiclioscom rede geral de gua (1991)Estavarivelindicaqualaproporoderesidncias,nummu-nicpiooubairro,quesoatendidasporumserviobsicode infra-estruturaurbana:aredegeraldegua.Foicontabiliza da apenas a proporo de residncias que combinam rede geral de gua e canalizao interna. Como se sabe, ambos so requisitos fundamentais para a qualidade de vida. Rede geral de gua sig-nica gua limpa e tratada, que contribui para a reduo da taxa demortalidadeinfantileconseqentementeparaoaumentoda esperana de vida ao nascer. 21Percentual de domiclioscom rede geral de esgoto (1991)Este indicador mede a proporo de domiclios servida por rede geral de esgoto. Mais uma vez o que est em jogo um servio pblico bsico, que juntamente com a rede geral de gua, contribui para a reduo da mortalidade infantil e o aumento da esperana de vida ao nascer. bvio que a melhor qualidade de vida est associadaaumabrangenteservioderedegeraldeesgoto.A alternativa a isto em geral, nos stios urbanos, a vala negra e o esgoto a cu aberto. Neste caso, tanto a populao infantil quanto a adulta cam expostas a doenas infecciosas e parasitrias. A sujeira atrai tambm animais nocivos sade, como ratos, e degrada as condies de vida e o meio ambiente.Percentual de domiclioscom lixo coletado diretamente (1991)Esta varivel mede a proporo de residncias que tm o lixo cole-tado diretamente. Mais uma vez trata-se de um servio bsico que tem relao direta com a sade pblica e o meio ambiente. Quanto maior a proporo de domiclios atingidos por este servio, menos sujeira acumulada em reas residenciais, menor a possibilidade de formao de focos de doenas, e como conseqncia melhor a qualidade de vida. Este indicador poderia ter se limitado a apenas lixo coletado. A opo por lixo coletado diretamente foi em grande medida motivada pela necessidade de xar critrios mais exigentes para medir a qualidade de vida. Apenas lixo coletado diferencia menos municpios e bairros do que lixo coletado diretamente.Terminais telefnicospor grupos de mil habitantes (1994)Este indicador mede o nmero de terminais telefnicos dispon-veis por grupos de mil habitantes. Em sociedades dependentes da comunicao e da informao como a nossa, a disponibilidade de telefones fator-chave para a melhor qualidade de vida. No caso brasileiro, devido grande diculdade do acesso telefonia, esta varivel indica tambm um nvel razovel de renda da populao 22residenteoutemporriadeumaregio,assimcomoonvelde atividade econmica. Alm disso, a possibilidade de atrair novos negcios,eassimaumentararendapercapitadeumaregio, depende em grande medida das facilidades telefnicas existentes.Percentual de chefes de domicliosabaixo da linha de pobreza dois salrios mnimos(1991)A renda dos chefes de domiclio, medida de vrias formas, um elemento chave de qualquer ndice de qualidade de vida. con-sensualquequantomenoropercentualdechefesdedomiclio abaixo da linha da pobreza, melhor a qualidade de vida em uma determinada rea. Existe alguma controvrsia acerca do patamar salarial que dene a linha de pobreza. No h, todavia, como evi-tar a denio arbitrria deste patamar. Pode-se objetar que dois salrios mnimos no signicam pobreza, mas misria. A questo, neste caso, deixa de ser apenas conceitual e passa tambm e ser semntica. O que importa que dois salrios mnimos, como renda do chefe de domiclio, signicam na mdia, algo em torno de 75% da renda familiar. Considerando-se que tais famlias podem dispor de alguns servios pblicos, mesmo que precrios, a denio de onde comea e onde termina a pobreza passa ento a ser um pro-blema emprico que exige pesquisas bem mais complexas do que a realizada neste trabalho. Vale notar, contudo, que as regies que apresentam as maiores propores para este indicador, tambm apresentam as maiores propores para chefes de domiclio com renda abaixo de cinco salrios mnimos.Pode-se objetar ainda que a renda de chefes de domiclio no ex-pressa a caracterstica de uma rea ou regio, mas de indivduos. Contudo, o nvel de renda no mede apenas a situao de famlias ouindivduos.Trata-sedeumindicadorindiretodeelementos como,porexemplo,adiversicaodocomrciolocal,oua disponibilidadedeatividadesculturais.Locaiscompopulaes de renda mais elevada tendem a ter um comrcio mais variado, assim como mais opes culturais. Isto porque seus habitantes tm disponibilidade nanceira e de tempo para dispor destes bens. uma questo insolvel do ponto de vista valorativo se mais bens culturais ou mais diversidade de comrcio so sinnimos de melhor qualidade de vida. Assim como tambm insolvel do ponto de 23vistadosvalores,seumarendamaiselevada,considerando-se constante outras variveis (estresse, tempo gasto no trabalho etc.), est associada a melhor qualidade de vida. A escolha da varivel renda, e em alguns casos o maior peso a ela atribuda, deriva fun-damentalmente do fato de que a grande maioria dos indivduos se tiver que optar entre rendimentos maiores e menores, com as outras variveis constantes, escolher a primeira opo.Renda mdia mensal, em salrios mnimos,dos chefes de domiclios (1991)Percentual de chefes de domiclioscom renda acima de 20 salriosmnimos (1991)A renda mdia mensal dos chefes de domiclio e o percentual de chefes de domiclio com renda acima de 20 salrios mnimos, so mais dois indicadores de renda de municpios e bairros. Mais uma vez foi adotada a suposio bvia de que quanto maior a renda mdiaequantomaioraproporodechefesdedomicliocom renda superior a 20 salrios mnimos, melhor ser a qualidade de vida e, portanto, maior o IQV-UFF.Taxa percentual de alfabetizaodos chefes de domiclio (1991)A taxa de alfabetizao dos chefes de domiclio um indicador educacional. consenso que ser ou no alfabetizado fundamental para a qualidade de vida. A capacidade de ler e escrever fornece acesso informao, abre espao em termos de oportunidade de empregos e possibilita uma integrao social mais ampla. 24Percentual de chefes de domicliocom at trs anos de estudo (1991)Este indicador educacional expressa na composio do IQV-UFF a importncia crescente do nvel de escolaridade. Cada vez mais os novos postos de emprego tm exigido maior qualicao da mo-de-obra. Em geral, esta qualicao est associada aos anos de estudo dos indivduos. Pessoas que tenham mais anos de estudo tm mais oportunidades de empregos do que as com menor esco-laridade. Elas podem ter acesso a mais e melhores empregos, alm do que, tm mais facilidades de se realocarem em um mercado de trabalho crescentemente mais uido einseguro.Percentual de chefes de domicliocom 15 anos ou mais de estudo (1991)Apesarde15anosdeestudonosignicaremnecessariamente curso superior completo, esta medio capaz de em grande me-dida expressar a proporo de chefes de domiclio com diploma universitrio.Aescolaridadesuperiorimportantenoapenas para que se obtenha melhor qualidade de vida, mas tambm para que se consiga empregos bem remunerados. Ser visto neste livro que,tomando-seosmunicpiosdoRiodeJaneiro,existeuma forte correlao positiva entre percentual de chefes de domiclio com 15 anos ou mais de estudo, e renda mdia mais elevada dos chefes de domiclio.Percentual de matriculados no ensino de primeiro grau em relao populao em idade escolar entre cinco e 14 anos (1991)Percentual de matriculados no ensino de segundo grau em relao populao em idade escolar entre 15 e 19 anos (1991)Estes indicadores retratam o potencial educacional de uma regio. Municpiosquetenhamumapontuaoelevadaparaambos, 25tm mais possibilidades de, no futuro, disporem de mo-de-obra qualicada. Alm disso, considerando-se no o futuro mas o pre-sente, os indicadores expressam de forma indireta dois elementos importantes da qualidade de vida. O primeiro a capacidade de o sistema escolar de absorver a demanda por educao; e o segun-do o fato que de crianas e adolescentes que no freqentam a escola so potenciais candidatos a carem nas ruas contribuindo para o aumento da criminalidade e delinqncia, alm de terem, nas ruas, uma pssima qualidade de vida.Taxa de dependncia: razo entre a somada populao de zero a 14 anos e com 60 anos ou mais, e a populao entre 15 e 59 anos [(zero-14 + 60 anos ou mais) / (15-59)] (1991)Esta uma varivel fundamentalmente demogrca, que tambm expressaumelementoimportantedarendadeumaregio.Ela comparaaspopulaesentre15e59anos,comaspopulao abaixo de 15 e acima de 59 anos de idade. Em geral, regies pou-codesenvolvidasqueapresentamumnvelbaixodequalidade de vida, tm uma elevada taxa de dependncia devido ao grande contingente populacional relativo, com at 14 anos de idade. Este indicadormedetambmonveldedependnciananceiradas pessoas que teoricamente no tm renda (zero a 14 anos) somadas quelas que em tese recebem rendimentos reduzidos (60 anos ou mais), em relao aos que potencialmente percebem a maior fatia da renda (15 a 59 anos).Leitos hospitalares por gruposde mil habitantes (1992)Mdicos por grupos de mil habitantes (1992)Estesdois indicadoresexpressamquantitativamente a ofertade servios de sade em relao a grupos de mil habitantes. Quanto maior a quantidade de mdicos e leitos hospitalares por mil habi-tantes, maior a possibilidade de dispor da assistncia mdica. Em 26algumas situaes, h uma concentrao de mdicos e leitos em regies com hospitais para tratamentos especcos. Quando isto ocorre, h um aumento articial do IQV-UFF. Devido ao elevado custo envolvido em identicar leitos e mdicos alocados para estes tiposdehospitais,nofoirealizadaadiscriminao.Contudo, comoistoocorreuapenasemummunicpio,(Paracambi),eo clculo do IQV-UFF dos municpios foi realizado a partir de 18 indicadores com peso 2 para os ndices de renda e educacional, a distoro apontada cou bastante diluda.Casos de doenas infecciosase parasitrias, excluindo a AIDS,por grupos de mil habitantes (1993)Esta varivel expressa um importante elemento da qualidade de vida, a proporo de casos de doenas infecciosas e parasitrias (excluindo AIDS), em relao populao de uma regio. Quanto maioraproporodestasdoenas,pioraqualidadedevida.A excluso da AIDS deve-se ao fato de que a incidncia das demais doenas est relacionada com as condies habitacionais, o acesso informao e instruo objetivando evit-las, assim como a pos-sibilidade de dispor dos recursos para evit-las, como as condies hospitalares e mdica adequadas. A incidncia da AIDS tem um fator comportamental que a explica, que inexistente nas demais doenas infecciosas e parasitrias. Consumo de energia eltrica per capita (1994)O consumo de energia eltrica per capita freqentemente uti-lizado para indicar o nvel de atividade industrial de uma regio, e por causa disto retratar indiretamente a riqueza gerada em uma localidade. Em que pese o fato de a maior fatia do PIB de inmeros municpios do Estado do Rio de Janeiro ser gerada por servios e no pelas atividades industriais, a riqueza gerada por estas ltimas estcorrelacionadacomariquezageradapelosservios.Alm disso, existem localidades relativamente auentes em funo da presena na regio de poucas e grandes indstrias, que acabam por exercer um efeito multiplicador que inuencia enormemente, 27e de forma positiva, a qualidade de vida da regio. Este fenmeno no pode ser ignorado pelo IQV-UFF.Nmero de homicdios por gruposde mil habitantes (1994)Este um indicador de violncia, algo particularmente importante no contexto do Estado do Rio de Janeiro. Vale notar que o indicador uma taxa por mil habitantes. Isto signica que lugares nos quais o nmero absoluto de assassinatos for elevado, podem apresentar baixos valores para nmero de homicdios por mil habitantes des-de que a populao seja bastante grande. Como se trata de uma taxa, ela depende da relao entre as duas quantidades: nmero de homicdios e populao. Nmero mdio de cmodospor domiclio (1991)Esteumindicadordequalidadedamoradia.Quantomaioro nmero de cmodos por domiclios melhor a residncia, e por-tanto melhor a qualidade de vida. Um indicador certamente mais preciso do que este seria a razo entre tamanho das residncias emmetrosquadradoserespectivonmerodemoradores.Este indicador, se existente, no se encontra disponvel nas fontes de dados utilizadas.Comojfoimencionadoanteriormente,podemserconstrudos vrios ndices diferentes para expressar a qualidade de vida. Dados os critrios estabelecidos, estes foram os indicadores selecionados. O IQV-UFF certamente poderia ter sido mais completo se fosse possvel contar com medies de outras variveis de relevncia para a composio de um ndice deste tipo, como por exemplo o nvel de poluio atmosfrica, a disponibilidade de comrcio local, onveldeengarrafamentosembairrosoumunicpios,ashoras perdidas no trnsito, e a freqncia dos servios de limpeza pblica urbana. Neste sentido, espero que a composio do IQV-UFF sirva paraincentivarasinstnciascompetentesacoletaroutrostipos de informaes e dados que contribuam para medirmos de forma mais acurada a qualidade de vida.291 A QUALIDADEDE VIDA NO ESTADODO RIO DE JANEIROO ndice de Qualidade de Vida (IQV-UFF) para os 81 municpios do Estado do Rio de Janeiro foi composto a partir de 18 indicadores agrupados em oito subndices. Os dados so referentes ao perodo de 1991 a 1994. No caso da populao, necessria para o clculo de diversas taxas, utilizei o resultado do censo de 1991.Foram utilizados como fontes o Anurio Estatstico 1993/94 do Estado do Rio de Janeiro publicado pela Fundao CIDE, a Se-cretaria Estadual de Justia e o IBGE.Indicadores utilizadosa. Servios de infra-estruturaPercentual de domiclios com rede geral de gua (1991).Percentual de domiclios com rede geral de esgoto (1991).Percentualdedomiclioscomlixocoletadodiretamente (1991).Terminais telefnicos por grupos de mil habitantes (1994).30b. Trs indicadores de rendaPercentual de chefes de domiclios abaixo da linha de po-breza dois salrios mnimos (1991).Renda mdia mensal, em salrios mnimos, dos chefes de domiclios (1991).Percentual de chefes de domiclios com renda acima de 20 salrios mnimos (1991).c. EducacionalTaxa percentual de alfabetizao dos chefes de domiclio (1991).Percentualdechefesdedomicliocomattrsanosde estudo (1991).Percentual de chefes de domiclio com 15 anos ou mais de estudo curso superior (1991).d. Potencial educacionalPercentual de matriculados no ensino de primeiro grau em relaopopulaoemidadeescolar(entrecincoe14 anos) (1991).Percentual de matriculados no ensino de segundo grau em relao populao em idade escolar entre 15 e 19 anos (1991).e. DemogrcoTaxa de dependncia: razo entre a soma da populao de zero a 14 anos e com 60 anos ou mais, e a populao entre 15 e 59 anos [(zero14 + 60 anos ou mais) / (15-59)] (1991).f. SadeLeitos hospitalares por grupos de mil habitantes (1992).Mdicos por grupos de mil habitantes (1992).Casosdedoenasinfecciosaseparasitrias,excluindoa AIDS, por grupos de mil habitantes (1993).g. Atividade industrialConsumo de energia eltrica per capita (1994).31h. ViolnciaNmero de homicdios por grupos de mil habitantes (1994).O critrio de escolha dos indicadores no se baseou apenas no objetivo de expressar, de alguma maneira, o que se enten-de como qualidade de vida. O outro critrio foi o de utilizar apenas indicadores que permitissem a comparao entre os municpios.Porisso,foramincludosapenasindicadores existentes para todos os municpios do Estado do Rio de Janeiro. Vale notar que faltam vrios dados para diversos municpios, prin-cipalmente aqueles criados a partir de 1990. Quando isto ocorreu, osdadosforamestimadospormeioderegressesestatsticas. Assim,apesardeseterrecorridomelhorestimativapossvel, existe alguma impreciso decorrente do uso deste mtodo. O clculo do ndiceO IQV-UFF foi obtido por meio dos escores padronizados de cada varivel. Eles foram agrupados de acordo com os subndices, e para cada um foi calculada a mdia:a. Infra-estrutura bsica, mdia simples de:Percentual de domiclios com rede geral de gua.Percentual de domiclios com rede geral de esgoto.Percentual de domiclios com lixo coletado diretamente.Terminais telefnicos por mil habitantes.b. Renda, mdia simples dos trs indicadores de renda e do indicador demogrco:(-1)*Percentual de chefes de domiclios abaixo da linha de pobreza (dois salrios mnimos).Renda mdia mensal, em salrios mnimos, dos chefes de domiclios.Percentual de chefes de domiclios com renda acima de 20 salrios mnimos.(-1)*Taxa de dependncia.32c. Educacional, mdia simples de:Taxa percentual de alfabetizao dos chefes de domiclio.(-1)*Percentual de chefes de domiclio com at trs anos de estudo.Percentual de chefes de domiclio com 15 anos ou mais de estudo (curso superior).d. Potencial educacional, mdia simples de:Percentual de matriculados no ensino de primeiro grau em relao populao em idade escolar (entre cinco e 14 anos).Percentual de matriculados no ensino de segundo grau em relao populao em idade escolar (entre 15 e 19 anos).e. Sade, mdia simples de:Leitos hospitalares por mil habitantes.Mdicos por mil habitantes.(-1)*Casos de doenas infecciosas e parasitrias, excluindo a AIDS, por mil habitantes.Aos subndices educacional e de renda foi conferido peso 2, os demais tiveram peso 1. O maior peso para a varivel renda se deve aofatodequeelapodedeniroutrosaspectosimportantesda qualidade de vida relacionados ao consumo, e no contemplados pelo IQV-UFF proposto, como por exemplo, o acesso cultura e ao lazer, a meios de transporte mais ou menos confortveis etc. Foi atribudo peso 2 educao porque ela um fator importante, como inclusive ser visto neste captulo, para a denio do nvel de renda dos habitantes de um municpio. Existe uma relao forte e signicante entre maiores nveis educacionais e maior nvel de renda. O IQV-UFF foi calculado a partir da mdia ponderada dos subndices da forma que se segue:IQV-UFF = [((2 x ndice educacional) + (2 x ndice de renda) + (ndice de infra-estrutura) + (ndice de potencial educacional) + (ndice de sade) + (indicador de atividade industrial) + -(-1)*(in-dicador de violncia)) / 9]Isto resultou em um IQV-UFF para cada municpio do Estado do Rio de Janeiro, permitindo hierarquiz-los e classic-los. 33A classicao dos municpiosATabelaIapresentaaclassicaodos81municpios,6aque grupo em termos de qualidade de vida cada municpio pertence, easuaregionasoitosubdivisespoltico-administrativasdo Estado do Rio de Janeiro. Os grupos de qualidade de vida foram obtidos por meio da anlise de conglomerados (cluster). Foram estipulados oito grupos com a nalidade de fazer um paralelo com o nmero de regies poltico-administrativas que tambm oito.TABELA I Classicao dos 81 municpios uminenses,segundo o IQV-UFF, grupo de qualidade de vida e regiopoltico-administrativa a que pertencePOSIO MUNICPIO IQV-UFF GRUPO REGIO A QUE PERTENCE1 Niteri 100 1 METROPOLITANA2 Rio de Janeiro 85.26 2 METROPOLITANA3 Volta Redonda 84.91 2 MDIO PARABA4 Resende 55.08 3 MDIO PARABA5 Itatiaia 54.38 3 MDIO PARABA6 Petrpolis 50.87 3 SERRANA7 Maca 48.07 4 NORTE8 Casimiro de Abreu 48.07 4 BAIXADAS LITORNEAS9 Nilpolis 46.66 4 METROPOLITANA10 Cantagalo 46.31 4 SERRANA11 Nova Friburgo 45.61 4 SERRANA12 Barra Mansa 45.26 4 MDIO PARABA13 Trs Rios 45.26 4 CENTRO-SUL14 Valena 44.56 4 MDIO PARABA15 Barra do Pira 42.80 4 MDIO PARABA16 Quatis 42.10 4 MDIO PARABA17 Arraial do Cabo 40.35 4 BAIXADAS LITORNEAS18 Pira 39.65 4 MDIO PARABA19 Paracambi 39.29 4 METROPOLITANA34POSIO MUNICPIO IQV-UFF GRUPO REGIO A QUE PERTENCE20 Mendes 38.94 4 CENTRO-SUL21 Angra dos Reis 37.89 4 BAA DA ILHA GRANDE22 Bom Jesus do Itabapoana 37.54 4 NOROESTE23 Cordeiro 36.84 5 SERRANA24 Cabo Frio 36.49 5 BAIXADAS LITORNEAS25 Terespolis 36.14 5 SERRANA26 Vassouras 36.14 5 CENTRO-SUL27 Miguel Pereira 35.08 5 CENTRO-SUL28 Areal 33.68 5 CENTRO-SUL29 Campos dos Goytacazes 33.33 5 NORTE30 Paraba do Sul 31.93 5 CENTRO-SUL31 Santo Antnio de Pdua 31.57 5 NOROESTE32 So Pedro da Aldeia 31.57 5 BAIXADAS LITORNEAS33 Comendador Levy Gasparian 31.57 5 CENTRO-SUL34 Nova Iguau 30.87 5 METROPOLITANA35 Itaperuna 30.87 5 NOROESTE36 Rio Bonito 30.17 5 BAIXADAS LITORNEAS37 So Gonalo 29.47 5 METROPOLITANA38 Miracema 29.47 5 NOROESTE39 Mangaratiba 29.12 5 METROPOLITANA40 Rio das Flores 29.12 5 MDIO PARABA41 Engenheiro Paulo de Frontin 28.42 5 CENTRO-SUL42 So Joo de Meriti 27.71 5 METROPOLITANA43 Natividade 27.36 5 NOROESTE44 Conceio de Macabu 26.66 5 NORTE45 Rio das Ostras 26.31 5 BAIXADAS LITORNEAS46 Sapucaia 25.96 5 CENTRO-SUL47 Duque de Caxias 25.26 5 METROPOLITANA48 Italva 24.56 6 NOROESTE49 Itagua 23.50 6 METROPOLITANA50 Maric 22.45 6 METROPOLITANA51 Aperib 22.10 6 NOROESTE52 Belford Roxo 21.75 6 METROPOLITANA35POSIO MUNICPIO IQV-UFF GRUPO REGIO A QUE PERTENCE53 Itaocara 21.40 6 NOROESTE54 So Jos do Vale do Rio Preto 19.99 6 SERRANA55 Rio Claro 19.99 6 MDIO PARABA56 Quissam 19.64 6 NORTE57 Araruama 19.64 6 BAIXADAS LITORNEAS58 Porcincula 19.29 6 NOROESTE59 Queimados 18.94 6 METROPOLITANA60 Laje do Muria 17.89 6 NOROESTE61 So Fidlis 17.54 6 NORTE62 Cachoeiras de Macacu 17.54 6 BAIXADAS LITORNEAS63 Saquarema 16.13 6 BAIXADAS LITORNEAS64 Mag 15.78 6 METROPOLITANA65 Bom Jardim 15.78 6 SERRANA66 Carmo 15.78 6 SERRANA67 Duas Barras 15.43 6 SERRANA68 Guapimirim 14.38 6 METROPOLITANA69 Santa Maria Madalena 14.03 6 SERRANA70 Varre-Sai 13.68 6 NOROESTE71 Cambuci 12.28 7 NOROESTE72 Parati 11.22 7 BAA DA ILHA GRANDE73 Itabora 10.52 7 METROPOLITANA74 Trajano de Morais 5.96 7 SERRANA75 Japeri 5.61 7 METROPOLITANA76 Paty do Alferes 5.26 7 CENTRO-SUL77 Cardoso Moreira 4.91 7 NORTE78 So Sebastio do Alto 4.91 7 SERRANA79 Sumidouro 4.56 7 SERRANA80 So Joo da Barra 4.20 7 NORTE81 Silva Jardim 0.0 8 BAIXADAS LITORNEASO mapa da Qualidade de VidaAseguir,oMapa1,comoEstadodoRiodeJaneirodividido segundo os oito grupos de qualidade de vida.36Mapa 1 Estado do Rio de Janeiro: Qualidade de Vida37Os oito grupos de Qualidade de VidaO primeiro grupo composto de apenas um municpio: Niteri. Mapa 2 Grupo 1 de IQV-UFFNo surpreende a primeira colocao de Niteri, nem seu distan-ciamentoemrelaoaosdemaismunicpios.Niteriapresenta osmelhoresindicadoresparaosseguintesitens:temomenor percentualdepobres(27%),omaiorpercentualdechefesde domiclio com renda maior do que 20 salrios mnimos (8%), a maior renda mdia dos chefes de domiclio (7,4 salrios-mnimos), a mais elevada taxa de alfabetizao (92%), o menor percentual de chefes de domiclio com at trs anos de estudo (apenas 15%), o maior percentual de chefes de domiclio com mais de 15 anos de estudo (25%), a menor taxa de dependncia (0,56), o mais elevado percentualdematrculasnosegundograuemfacepopulao em idade escolar (0,69), e a maior taxa de mdicos por grupos de mil habitantes (6,62). Niteri est em segundo lugar no seguinte indicador: taxa de terminais telefnicos por grupos de mil habi-tantes (196,47).O segundo grupo composto de apenas dois municpios: Rio de Janeiro e Volta Redonda.38Mapa 3 Grupo 2 de IQV-UFFAsegundacolocaogeraldomunicpiodoRiodeJaneiro,e tambm seu distanciamento em relao aos municpios subseqen-tes (com exceo de Volta Redonda) explicada pelos segundos lugares obtidos pelo municpio nos seguintes indicadores: a rede geraldegua(95%dedomicliosatendidos),opercentualde pobres(35%),opercentualdechefesdedomicliocomrenda maior do que 20 salrios mnimos (5%), a renda mdia do chefe dedomiclio(5,84salriosmnimos),ataxadealfabetizao (91%), o percentual de chefes de domiclio com at trs anos de estudo(apenas17%),opercentualdechefesdedomicliocom mais de 15 anos de estudo (17%), e a taxa de dependncia (0,57). O municpio do Rio de Janeiro ca em primeiro apenas na taxa de terminais telefnicos por mil habitantes (201,29).O terceiro lugar de Volta Redonda deve-se, entre outros fatores, ao municpio ter a melhor rede geral de esgoto do Estado (86% de domiclios atendidos), o maior consumo per capita de energia eltrica (13,99 Mhw), o terceiro melhor percentual de chefes de domiclio com mais de 15 anos de estudo (9%), o terceiro menor percentual de pobres (38%), e o quarto menor percentual de chefes de domiclio com trs anos de estudo (24%). Volta Redonda, como indica o consumo de energia eltrica per capita, tem um elevado nvel de atividade industrial em face de sua populao. A riqueza do municpio em muito depende da Companhia Siderrgica Na-cional. Esta dependncia extrema uma fraqueza, mas tambm 39o que possibilita ao municpio obter elevado padro de vida em comparao com os outros municpios do Estado do Rio de Janeiro. O terceiro grupo composto de trs municpios: Resende, Itatiaia ePetrpolis.importantenotarqueosIQVs-UFFdestegrupo variam entre 50.87 e 55.08, praticamente a metade de Niteri, re-velando uma queda abrupta da qualidade de vida entre o primeiro e terceiro grupos.Mapa 4 Grupo 3 de IQV-UFFResende perde apenas para Volta Redonda na abrangncia da rede geral de esgoto (81% de atendimento), e para Nilpolis na coleta direta de lixo (90% de domiclios atendidos). Alm disso, Resende apresenta bons ndices para percentual de chefes de domiclio com mais de 15 anos de estudo, percentual de pobres, e percentual de chefes de domiclio com menos de trs anos de estudo.Itatiaia, alm de se beneciar da relativa prosperidade do mdio Paraba, apresenta bons ndices para percentual de pobres e para percentual de chefes de domiclio com mais de 15 anos deestudo.Petrpolis tem bons resultados para percentual de chefes de do-miclio com renda maior do 20 salrios mnimos, percentual de chefes de domiclio com mais de 15 anos de estudo, percentual 40de pobres, e percentual de chefes de domiclio com menos de trs anos de estudo.Antes de passar ao quarto grupo, vale ressaltar que h uma queda abrupta em termos de qualidade de vida entre o primeiro e o se-gundo grupo, entre o segundo e o terceiro, e entre este e o quarto grupo (Grco1). O IQV de Niteri 100, Rio de Janeiro e Volta Redonda esto aproximadamente 15 pontos de IQV-UFF abaixo de Niteri, e cam acima de Resende e Itatiaia algo em torno de 30 pontos. somente a partir do quarto grupo que as distncias entre municpios se tornam mais suaves, com a exceo das dife-renas entre Itabora (73) e Trajano de Moraes (74), e So Joo da Barra (80) e Silva Jardim (81). Grco 1 Variao de IQV-UFFExiste, portanto, uma enorme distncia em termos de qualidade devidaentreoscincoprimeiroscolocados,particularmenteos trs primeiros, e os demais municpios. O municpio do Rio de Janeiro a chave da explicao deste fenmeno. Primeiro porque ele um dos municpios do grupo que se destaca dos demais. Seu dinamismo econmico, o fato de ter sido capital federal, a con-centrao dos servios e do setor nanceiro, enm, vrios fatores geram renda e recursos que so convertidos em qualidade de vida. Alm disso, a qualidade de vida do municpio de Niteri em muito depende do municpio do Rio de Janeiro. Inmeros indicadores de qualidade de vida medem a renda familiar, ou so dela depen-dentes.Grandeparte da riqueza privadade Niteri geradano municpiodoRiodeJaneiro.Umdosindicadoresmaisimpor-41tantes disto o uxo de carros dirio na Ponte Rio-Niteri, e de passageiros de transporte coletivo rodovirio e martimo. Mais e melhores empregos so gerados no Rio de Janeiro. Grande parte da populao de Niteri da retira uma fatia da riqueza consumida etributadanomunicpiodeNiteri.VoltaRedonda,poroutro lado, beneciada pela presena e pelo efeito multiplicador da Companhia Siderrgica Nacional.O quarto grupo composto de 16 municpios: Maca, Casimiro deAbreu,Nilpolis,Cantagalo,NovaFriburgo,BarraMansa, Trs Rios, Valena, Barra do Pira, Quatis, Arraial do Cabo, Pira, Paracambi, Mendes, Angra dos Reis e Bom Jesus do Itabapoana.Mapa 5 Grupo 4 de IQV-UFFAcomposiodoIQV-UFFfazcomquearmaessobreos municpios classicados em grupos intermedirios, acerca de sua classicao em alguns indicadores, sejam pouco informativas. Isto porque o IQV-UFF de municpios relativamente distantes das posies extremas, por ser composto por 18 dimenses da qualida-de de vida, na maioria das vezes resultado de uma combinao de indicadores que apontam posies bastante variadas. Assim,por exemplo, Bom Jesus do Itabapoana ocupa a 47 posio no que se refere a taxa de alfabetizao, e a 17 quanto a percentual de chefes de domiclio com renda superior a 20 salrios mnimos, cando em 22 na classicao geral. Pira, que se encontra em 18 42na classicao geral, est em 53 em leitos por mil habitantes, e em 19 no percentual de chefes de domiclio com 15 anos ou mais de estudo. J Nova Friburgo est em 7 lugar no item chefes de domiclio com renda maior do que 20 salrios mnimos, mas 24 lugar no consumo de energia per capita. Por m, sua classicao geral foi 11. Como pode ser notado, estes exemplos mostram que praticamente inexistemregularidadesquandosetratadeclassicaesinter-medirias.Restaapenasaobservaobviadequenoclculo utilizado,asposiesocupadasparacadaindicadorindividual-mente resultam em posies melhores ou piores na classicao geral. Ou seja, apesar da variao para cada indicador, o que de fato importa a combinao dos 18 indicadores em um ndice. Estas observaes se aplicam tanto para o presente grupo, quanto para os grupos 5 e 6.Oquintogrupocompostode25municpios:Cordeiro,Cabo Frio, Terespolis, Vassouras, Miguel Pereira, Areal, Campos de Goytacazes, Paraba do Sul, Santo Antnio de Pdua, So Pedro da Aldeia, Comendador Levy Gasparian, Nova Iguau, Itaperuna, Rio Bonito, So Gonalo, Miracema, Mangaratiba, Rio das Flores, Engenheiro Paulo de Frontin, So Joo de Meriti, Natividade, Con-ceio de Macabu, Rio das Ostras, Sapucaia, e Duque de Caxias.Mapa 6 Grupo 5 de IQV-UFF43O sexto grupo composto de 23 municpios: Italva, Itagua, Ma-ric, Aperib, Belford Roxo, Itaocara, So Jos do Vale do Rio Preto, Rio Claro, Quissam, Araruama, Porcincula, Queimados, Laje do Muria, So Fidlis, Cachoeiras de Macacu, Saquarema, Mag,BomJardim,Carmo,DuasBarras,Guapimirim,Santa Maria Madalena, e Varre-Sai.Mapa 7 Grupo 6 de IQV-UFFO stimo grupo composto de 10 municpios: Cambuci, Parati, Itabora,TrajanodeMorais,Japeri,PatydoAlferes,Cardoso Moreira, So Sebastio do Alto, Sumidouro, e So Joo da Barra.Os municpios deste grupo apresentam de forma mais consistente classicaes piores para os indicadores. Isto pode se notado na Tabela II, que apresenta as posies ocupadas por trs municpios deste grupo em quatro indicadores.44Mapa 8 Grupo 7 de IQV-UFFTABELA II Colocaes em indicadoresselecionados para alguns municpios do grupo 7Municpios15 anosde estudoLeitos por mil habitantesEsgotoLinhada pobrezaParati 15 62 77 19Trajano de Morais 74 42 68 75Paty do Alferes 58 78 54 60Por m, o oitavo e ltimo grupo composto de apenas um muni-cpio: Silva Jardim.45Mapa 9 Grupo 8 de IQV-UFFSilva Jardim est em penltimo lugar em taxa de alfabetizao, 65%;ocupaa76colocaonalinhadapobreza,81%deseus chefes de domiclio recebem dois ou menos salrios mnimos, e est em 74 lugar no consumo de energia per capita.Os dois melhores municpios ctciosApresento os melhores resultados de cada indicador, compondo assim os dois melhores municpios ctcios. O objetivo da siste-matizao abaixo apresentar os melhores resultados para cada indicador, e a localidade em que ocorrem.O municpio ideal ctcio teria:Rede geral de gua de Nilpolis (96% de domiclios aten-didos);Rede geral de esgoto de Volta Redonda (86% de atendimen-to);Coleta direta de lixo de Nilpolis (93% de domiclios aten-didos);Taxa de terminais telefnicos por mil habitantes do Rio de Janeiro (201,29);Percentual de pobres de Niteri (27%);46Percentual de chefes de domiclio com renda maior do que 20 salrios mnimos de Niteri (8%);Renda mdia do chefe de domiclio de Niteri (7,4 salrios mnimos);Taxa de alfabetizao de Niteri (92%);Percentualdechefesdedomicliocomattrsanosde estudo de Niteri (apenas 15%);Percentual de chefes de domiclio com mais de 15 anos de estudo de Niteri (25%);Taxa de dependncia de Niteri(0,56);Consumo per capita de energia eltrica de Volta Redonda (13,99 Mhw);Percentual de matrculas no primeiro grau de Casimiro de Abreu (2,15);Percentual de matrculas no segundo grau de Niteri (0,69);Taxa de leitos hospitalares por mil habitantes de Paracambi (60,28);Taxa de mdicos por mil habitantes de Niteri (6,62);Taxadedoenasinfecciosaseparasitrias(excluindoa AIDS)de:Italva,DuasBarras,LajedoMuria,SoSe-bastio do Alto, Varre-Sai, e Aperib (0);Taxa de homicdio por mil habitantes de: Areal, Quatis, Sa-pucaia, Duas Barras, Rio das Flores, Santa Maria Madalena, Comendador Levy Gasparian, e Sumidouro (0).O segundomelhor municpio ctcio teria: Rede geral de gua do Rio de Janeiro(95% de domiclios atendidos);Rede geral de esgoto de Resende (81% de atendimento);Coleta direta de lixo de Arraial do Cabo e Resende (90% de domiclios atendidos);Taxa de terminais telefnicos por mil habitantes de Niteri (196,47);Percentual de pobres do Rio de Janeiro (35%);Percentual de chefes de domiclio do Rio de Janeiro (5%) com renda maior do que 20 salrios mnimos; Renda mdia do chefe de domiclio do Rio de Janeiro (5,84 salrios mnimos);Taxa de alfabetizao do Rio de Janeiro (91%);Percentual de chefes de domiclio do Rio de Janeiro (17%) com at trs anos de estudo;47Percentual de chefes de domiclio do Rio de Janeiro (17%) com mais de 15 anos de estudo;Taxa de dependncia do Rio de Janeiro (0,57);Consumo per capita de energia eltrica de Cantagalo (9,47 Mhw);Percentual de matrculas no primeiro grau de Belford Roxo e Nova Iguau (1,41);PercentualdematrculasnosegundograudeMiracema (0,58);TaxadeleitoshospitalarespormilhabitantesdeCarmo (32,39);Taxa de mdicos por mil habitantes de Vassouras (6,60);Taxadedoenasinfecciosaseparasitrias(excluindoa AIDS) de So Jos do Vale do Rio Preto e Sapucaia (0,06);Taxa de homicdio por mil habitantes de Santo Antnio de Pdua (0,03).Vale notar que Niteri se destaca como municpio que apresenta o maior nmero de primeiros lugares, e o Rio de Janeiro o maior nmero de segundas colocaes. Isto explica a grande diferena entre os IQVs-UFF dos grupos 1 e 2 com relao aos demais gru-pos. Pode-se armar, portanto, que a qualidade de vida, tal como medidapeloIQV-UFF,estfortementeconcentradanestesdois municpios da Regio Metropolitana. Uma comparao entre os municpiosde Niteri e Rio de JaneiroA comparao entre os municpios do Rio de Janeiro e de Niteri tem por nalidade relativizar as anlises de qualidade de vida que muito freqentemente apontam a tima classicao obtida por Niteri, no apenas comparativamente s demais regies do Estado do Rio de Janeiro, mas tambm em relao a diversos municpios espalhadospeloBrasil.Quandomunicpiossocomparados,o nveldeagregaodosdadosmuitasvezesescondediferenas existentes entre os bairros de cada municpio que podem explicar porque, por exemplo, o Rio de Janeiro perde para Niteri no IQ-V-UFF. Em outras palavras, a (re)denio das fronteiras de um municpio crucial quando se trata de medir sua qualidade de vida. Assim, por meio da redenio das fronteiras do municpio do 48Rio de Janeiro que se torna possvel relativizar as boas classica-es obtidas por Niteri.A composio dos dois melhores municpios ctcios, revela que Niteriocupaaprimeiraposioemnovedos18indicadores utilizados,easegundaposioemumdeles.Poroutrolado,o Rio de Janeiro ocupa apenas um primeiro lugar, e oito vezes os segundoslugares.Asituaodosdoismunicpiosseinvertese foremrecalculadosalgunsdestesindicadoresparaomunicpio do Rio de Janeiro aps a retirada dos subrbios da Leopoldina e Central do Brasil (rea de planejamento 3), e da Zona Oeste (rea de planejamento 5). Como pode ser visto na Tabela III, o Rio de Janeiro, assim rede-senhado, ultrapassa Niteri em todos os indicadores selecionados.TABELA III Comparao entre os municpios de Niteri e Rio de Janeiro, excluindo as reas de planejamento 3 e 5do Rio de Janeiro, para alguns indicadores selecionadosIndicador NiteriRio de Janeiro (todo)Rio de Janeiro(excluindo AP3 e AP5)Percentual de pobres 27% 35% 24%Renda maior 20 SM 8% 5% 12%Renda mdia 7,4 5,8 9,7Alfabetizao 92% 91% 95%At 3 anos de estudo 15% 17% 13%Mais de 15 anos de estudo 25% 17% 31%Taxa de dependncia 0,56 0,57 0,56EmseisdosseteindicadoresnosquaisomunicpiodoRiode Janeiro tem piores resultados do que Niteri, a posio se inverte quando os bairros correspondentes s reas de planejamento 3 e 5soretiradosdoclculo.ApenasnataxadedependnciaNi-teri no ultrapassado. Assim, se o municpio ideal ctcio for compostotendoporbaseoRiodeJaneiro,excetuandoasduas reas de planejamento referidas, Niteri caria em segundo em seteindicadoreseemprimeiroemum,eoRiodeJaneiroem 49primeiro lugar em oito, e em segundo em um. O inverso do que fora obtido anteriormente.NohdvidasdequeomunicpiodeNiteritemumatima qualidade de vida segundo os indicadores utilizados. No se deve perder de vista, e a anlise acima mostra, que os dados agrega-dos,damesmamaneiraquerevelamvantagensedesvantagens de determinados municpios, escondem as diferenas existentes entre bairros e distritos. Assim, da mesma forma que o nvel de agregao municipal esconde as diferenas entre bairros, a agre-gao por bairros mascara as diferenas entre quarteires, e a por quarteires no mostra as diferenas entre ruas. Assim, possvel armarqueseomunicpiodoRiodeJaneirofossecomposto apenas de bairros das reas de planejamento 1, 2 e 4, Niteri no ocuparia o primeiro lugar em termos de IQV-UFF.Vale notar que a comparao acima pode ser objetada, armando queomesmoexercciopoderiatersidofeitoparaNiteri,isto , a retirada das reas de pior IQV-UFF em Niteri resultaria no aumento do IQV-UFF do municpio redesenhado, e como conse-qncia no melhor posicionamento em relao ao Rio de Janeiro no que concerne a vrios indicadores. Cabem duas respostas a esta objeo. A primeira diz respeito ao objetivo de relativizar as boas classicaes de Niteri. A relati-vizao s pode ser feita por meio do redesenho das fronteiras de ummunicpiopiorclassicado.Aredeniodasfronteirasde Niteri, retirando-se as piores regies, apenas reforaria o fato de que aquela regio a melhor classicada em diversos indicadores. Comooqueestemjogoexcluirouincluirbairros,pode-se tambm redesenhar municpios de tal forma que quem apenas os bairros que apresentam as piores condies de vida. Isto nos leva para a segunda resposta.A desagregao dos dados e a comparao entre os bairros do Rio de Janeiro e de Niteri, podem ser feitas apenas se todos os bairros destes municpios forem considerados como pertencentes a uma s cidade. Isto possibilita classicar os bairros e agrup-los de acordo com faixas de IQV-UFF, de tal maneira que seja vivel identicar que municpio classica melhor a maior quantidade de bairros. Isto desconsidera, como ser visto, a magnitude da populao de cada bairro. Este exerccio realizado no Captulo 4.50Posio de cada municpio dentro de sua prpria regio poltico-administrativaDepois de classicados de acordo com o IQV-UFF, os municpios foram hierarquizados apenas no mbito de suas regies poltico-ad-ministrativas. A Tabela IV apresenta esta hierarquizao. Deve-se notar que entre parnteses se encontra a posio do municpio na classicao geral, e que de primeiro a 38 esto os municpios acimadamdiadoEstado,ede39a81estoosmunicpios abaixo do IQV-UFF mdio do Estado do Rio de Janeiro.TABELA IV Municpios classicadosdentro de sua prpria regio poltico-administrativa1) Regio Metropolitana 2) Regio Noroeste Fluminense1 Niteri (1) 1 Bom Jesus do Itabapoana (22)2 Rio de Janeiro (2) 2 Santo Antnio de Pdua (31)3 Nilpolis (9) 3 Itaperuna (35)4 Paracambi (19) 4 Miracema (38)5 Nova Iguau (34) 5 Natividade (43)6 So Gonalo (37) 6 Italva (48)7 Mangaratiba (39) 7 Aperib (51)8 So Joo de Meriti (42) 8 Itaocara (53)9 Duque de Caxias (47) 9 Porcincula (58)10 Itagua (49) 10 Laje do Muria (60)11 Maric (50) 11Varre-Sai (70)12 Belford Roxo (52) 12 Cambuci (71)13 Queimados (59)14 Mag (64)15 Guapimirim (68)16 Itabora (73)17 Japeri (75)513) Regio Norte- Fluminense 4) Regio Serrana1 Maca (7) 1 Petrpolis (6)2 Campos de Goytacazes (29) 2 Cantagalo (10)3 Conceio de Macabu (44) 3 Nova Friburgo (11)4 Quissam (56) 4 Cordeiro (23)5 So Fidlis (61) 5 Terespolis (25)6 Cardoso Moreira (77) 6 So Jos do Vale do Rio Preto (54)7 So Joo da Barra (80) 7 Bom Jardim (65)8 Carmo (66)9 Duas Barras (67)10 Santa Maria Madalena (69)11 Trajano de Morais (74)12 So Sebastio do Alto (78)13 Sumidouro (79)5) Regio da Baixadas Litorneas 6) Regio do Mdio Paraba1 Casimiro de Abreu (8) 1 Volta Redonda (3)2 Arraial do Cabo (17) 2 Resende (4)3 Cabo Frio (24) 3 Itatiaia (5)4 So Pedro da Aldeia (32) 4 Barra Mansa (12)5 Rio Bonito (36) 5 Valena (14)6 Rio das Ostras (45) 6 Barra do Pira (15)7 Araruama (57) 7 Quatis (16)8 Cachoeiras de Macacu (62) 8 Pira (18)9 Saquarema (63) 9 Rio das Flores (40)10 Silva Jardim (81) 10 Rio Claro (55)527) Regio Centro-Sul Fluminense 8) Regio da Baa da Ilha Grande1 Trs Rios (13) 1 Angra dos Reis (21)2 Mendes (20) 2 Parati ( 72)3 Vassouras (26)4 Miguel Pereira (27)5 Areal (28)6 Paraba do Sul (30)7 Comendador Levy Gasparian (33)8 Engenheiro Paulo de Frontin (41)9 Sapucaia (46)10 Paty do Alferes (76)Como se pode perceber, algumas regies apresentam um grande nmero de municpios acima do IQV-UFF mdio dos municpios doEstadodoRiodeJaneiro(29,46),aopassoqueoopostose aplicaaoutrasregies.Assim,aTabelaVapresentaonmero de municpios acima e abaixo do IQV-UFF mdio para o Estado do Rio de Janeiro, e para cada regio, alm dos respectivos per-centuais.TABELA V Nmero e percentual de municpios acima e abaixo do IQV-UFF mdio no Estado do Rio de Janeiro e por regies poltico-administrativasRegionmero de municpiosacima da mdia abaixo da mdiaEstado do Rio de Janeiro 38 (47%) 43 (53%)Metropolitana 6 (35%) 11 (65%)Noroeste Fluminense 4 (33%) 8 (66%)Norte-Fluminense 2 (29%) 5 (71%)Serrana 5 (38%) 8 (62%)Baixadas Litorneas 5 (50%) 5 (50%)Mdio Paraba 8 (80%) 2 (20%)Centro-Sul Fluminense 7 (70%) 3 (30%)Baa da Ilha Grande 1 (50%) 1 (50%)53Em todo o Estado do Rio de Janeiro existem 38 municpios com ndicedequalidadedevida(IQV-UFF)acimadamdiados municpios, representando 47% dos municpios. Abaixo do IQV-UFF mdio encontram-se 43 municpios, representando 53% dos municpios do Estado. O mapa a seguir apresenta a distribuio geogrca segundo este critrio de classicao.Mapa 10 Municpios acima e abaixo do IQV-UFF mdioH concentrao geogrca dos municpios acima do IQV-UFF mdio na regio que compreende a cidade do Rio de Janeiro e seu entorno, e o Vale do Paraba. A histria econmica desta regio foi marcada pela prosperidade. A cidade do Rio de Janeiro ainda guarda a herana da prosperidade e da infra-estrutura de uma antiga capital da repblica, e a lavoura do caf no Vale do Paraba foi a base para constituir uma economia mais forte se comparada s demais reas do Estado. Vale notar, no que se refere a esta ltima regio, que a prosperidade da cafeicultura no resultou em pujana industrial, como foi o caso do oeste paulista. A fora da indstria da regio provm da instalao da Companhia Siderrgica Nacio-nal em Volta Redonda, e de sua localizao entre os dois centros econmicos mais importantes do Pas.OsmunicpiosdaRegioSerranaedasBaixadasLitorneas classicados acima do IQV-UFF mdio so em sua maioria per-tencentes ao entorno do municpio do Rio de Janeiro e a reas com elevada concentrao de casas de veraneio dos setores mdios e 54altos da capital do Estado. Estes segmentos so responsveis por atividadeseconmicasrelacionadascomturismoelazer,como hotis, restaurantes e comrcio, e tambm geram postos de em-pregos domsticos. Alm disso, a renda da atividade de veraneio deslocadaparaestasreaspoderesultaremumaumentodos servios de infra-estrutura. Esta a hiptese que parece explicar, porexemplo,aboaclassicaodosmunicpiosdeCaboFrio, Terespolis, Miguel Pereira, Petrpolis, Araruama, Nova Friburgo, So Pedro da Aldeia, no que se refere a terminais telefnicos por grupos de mil habitantes.Ahierarquizaodasregiessegundoocritriodeproporo de municpios acima do IQV-UFF mdio do Estado apresenta o seguinte resultado:TABELA VI Classicao das regies poltico-administrativas quanto proporo de municpios acimado IQV-UFF mdio dos municpios1Mdio Paraba 2 Centro-Sul Fluminense 3 Baixadas Litorneas3 Baa da Ilha Grande 4 Serrana 5 Metropolitana7 Noroeste 8 NorteA regio que tem a maior proporo de municpios acima do IQV-UFF mdio do Estado a Regio do Mdio Paraba, em segundo lugar est o Centro-Sul Fluminense, sendo seguido pela Regio Metropolitana, Regio das Baixadas Litorneas, Regio da Baa da Ilha Grande, Regio Serrana, Noroeste Fluminense, e por ltimo Norte-Fluminense.ValelembrarqueaRegiodasBaixadasLitorneas,apesarde bem classicada quanto ao critrio denido, tem tambm o ltimo colocado da classicao geral, o municpio de Silva Jardim.OutraobservaoquemerecedestaquedizrespeitoRegio Serrana. H nela uma enorme disparidade entre os IQVs-UFF de seus municpios. Enquanto Petrpolis, Cantagalo e Nova Friburgo ocupam, respectivamente, a 6, 10 e 11 posies na classicao geral, os municpios de Trajano de Morais, So Sebastio do Alto, 55e Sumidouro esto respectivamente em 74, 78 e 79 lugares. Estes trs municpios fazem parte do penltimo grupo segundo o IQV-UFF (o grupo 7), sendo a Regio Serrana a que mais contribuiu com municpios para a formao deste grupo.ndice de Qualidade de Vidae criao de novos municpiosOIQV-UFFpodeserutilizadocomoumcritriotcnicopara medir os resultados ou denir a convenincia da criao de novos municpios.Paraisto,necessriocompararosIQVs-UFFdos municpios novos com os dos municpios que lhes deram origem. Assim, a Tabela VII apresenta os municpios criados a partir de 1990, juntamente com os municpios dos quais foram desmem-brados (municpios-pai). Na mesma tabela encontra-se a posio de cada municpio na classicao geral do IQV-UFF.TABELA VII IQV-UFF dos municpios criados a partir de 1990 e dos respectivos municpios que lhes deram origemMunicpio criado Posio Municpio-pai PosioBelford Roxo 52 Nova Iguau 34Guapimirim 68 Mag 64Queimados 59 Nova Iguau 34Quatis 16 Barra Mansa 12Varre-Sai 70 Natividade 43Japeri 75 Nova Iguau 34Comendador Levy Gasparian 33 Trs Rios 13Rio das Ostras 45 Casimiro de Abreu 8Aperib 51 St Antnio de Pdua 31Areal 28 Trs Rios 13 Todos os municpios criados a partir de 1990 apresentam IQV-UFF menor do que as regies de que foram desmembrados. As quedas 56menos signicativas foram as de Guapimirim e Quatis, e as mais signicativas de Rio das Ostras, Japeri e Varre-Sai.Umaquestometodolgicaimportanterefere-seaosdesmem-bramentosmunicipais.OsIQVs-UFFatuaisdoschamados municpios-pais foram melhorados por causa do desmembramento. Por outro lado, os municpios novos, quando eram distritos, apare-ciam no IQV-UFF agregado de seu municpio-pai, mascarando as suas reais situaes. Assim, estes recentes desmembramentos tm o mrito de revelar de forma concreta a enorme heterogeneidade interna dosmunicpios.Cabe ainda indagar se a criao de tais municpios, j que seus IQVs-UFF so bastante menores do que os IQVs-UFF dos mu-nicpiosqueosoriginaram,podecontribuirparaamelhoriada qualidade de vida nessas regies. Na realidade, em muitos casos o municpio novo permanece, e ainda permanecer por um bom tempo, muito dependente do municpio-pai. Esta inferncia pos-svel porque o IQV-UFF explicado em parte tanto pelo PIB de cada municpio quanto pelo perl da atividade econmica. Quanto maior o PIB maior tende a ser o IQV-UFF. Alm disso, quanto maior a contribuio do setor agrcola para o PIB, menor tende a ser o IQV-UFF. Estas duas variveis esto correlacionadas, pois a riqueza gerada pela agricultura bem menor do que a gerada pelos setores secundrio e tercirio. Assim, quanto maior o peso relativo da agricultura, menor tende a ser o PIB. Os municpios novos, tendo uma economia relativamente fraca, tm tambm problemas de arrecadao. Isto diculta a alavanca-gem econmica, assim como a melhoria das condies de vida de suas populaes. Do ponto de vista exclusivamente tcnico, isto , considerando apenas os IQVs-UFF, as emancipaes ocorridas na dcada de 1990 no contriburam para oferecer melhorias reais s populaes dos municpios novos. No signica, contudo, que teria havido melhora sem as emancipaes. Existem, de fato, po-pulaes pouco assistidas pelo poder pblico de seus municpios e que so levadas, por causa disto, a propor desmembramentos. Ou seja, a classicao apresentada na Tabela VII serve tanto para os opositores das emancipaes, quanto para seus defensores.57Anlise das relaes entrenvel de escolaridade e rendaOs dados coletados foram utilizados para testar a hiptese de que a renda mdia dos chefes de domiclio de uma regio est fortemente correlacionada, e pode ser prevista, pelo nvel de escolaridade dos chefes de domiclio da referida rea. Assim, busquei obter, por meio de uma regresso linear, a relao existente entre percentual de chefes de domiclio com 15 anos ou mais de estudo, ou seja, cursosuperior,comarendamdiadochefededomiclio.Esta regresso busca prever a renda mdia dos chefes de domiclio de um dado municpio, a partir do percentual de chefes de domiclio com 15 anos ou mais de estudo. A primeira varivel, portanto, dependente, enquanto a segunda a varivel independente.ATabelaVIIIapresentaocoecientederegressono-padro-nizado(B),opontodeinterseo,ocoecientederegresso padronizado (b), R e R2. O valor de R signicantemente diferente de zero, R=0,97; F(1,79)=1078,44; p