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Álcool e conducao

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  • LCOOL E CONDUO

    As bebidas alcolicas, particularmente o vinho, so das mais antigas e

    consumidas em todo o mundo, sendo Portugal um dos pases em que o

    seu consumo, por habitante, mais elevado. A sua ingesto no moderada, para

    alm das graves consequncias que acarreta para a sade, est na base de

    inmeros problemas financeiros, familiares e sociais e o seu consumo, mesmo que

    no excessivo, causa, directa ou indirecta, de inmeros acidentes de viao de

    que resultam milhares de vtimas.

    Devido ao efeito que provocam em grande parte dos consumidores, as bebidas

    alcolicas so muitas vezes tidas como estimulantes que activam os processos

    fsicos e mentais. Mas a realidade bem diferente: o lcool , de facto, um

    depressor que prejudica as capacidades psicofisiolgicas mesmo se ingerido em

    pequenas doses.

    O lcool no organismo

    S cerca de 5% do lcool ingerido eliminado directamente atravs da expirao,

    saliva, transpirao e urina. O restante passa rapidamente para a corrente

    sangunea atravs das paredes do estmago e da parte superior do intestino

    delgado sem sofrer qualquer transformao qumica.

    Uma vez no sangue, o lcool transportado pelos vasos sanguneos para os

    diversos rgos, passando pelo grande purificador que o fgado que s

    lentamente procede sua decomposio, a uma mdia de 0,1 g/l por hora.

    Quando o lcool atinge o crebro, rgo abundantemente irrigado de sangue,

    afecta, progressivamente, as capacidades sensoriais, perceptivas, cognitivas e

    motoras, incluindo o controlo muscular e o equilbrio do corpo. O lcool interfere,

    assim, negativamente em todas as fases em que, academicamente, se divide a

    tarefa da conduo.

    A alcoolemia afecta as capacidades fsicas e psquicas do condutor quase logo a

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    seguir ingesto da bebida alcolica, levando o processo de absoro de 60 a 70

    minutos a completar-se, atingindo um valor mximo no intervalo de 1/2 a 2 horas

    conforme as circunstncias do momento.

    Eliminao do lcool

    O processo de eliminao do lcool lento. Refere-se, como exemplo, que num

    indivduo que tenha atingido uma taxa de alcoolemia no sangue (TAS) de 2,00g/l

    meia-noite, s s 20 horas do dia seguinte o organismo eliminou completamente o

    lcool no sangue, apresentando, ainda, s 12horas uma taxa de 0,80g/l, em

    circunstncias mdias e normais. Este processo no pode ser apressado por

    nenhum meio, assim como no possvel eliminar os efeitos do lcool. Existem,

    contudo, substncias e factores que perturbam essa eliminao, nomeadamente

    atrasando as funes normais do fgado, ou potenciando o seu efeito nocivo como,

    por exemplo, o caf, o ch, o tabaco, certos medicamentos e a fadiga.

    Alcoolemia e Taxa de Alcoolemia

    Chama-se alcoolemia presena de lcool no sangue e exprime-se,

    habitualmente, por gramas de lcool puro num litro de sangue. A esta

    permilagem chama-se taxa de alcoolemia no sangue (TAS). a

    medida mais habitual para avaliar a intensidade da concentrao alcolica no

    organismo num dado momento.

    Em termos orgnicos uma TAS de, por exemplo, 0.30g/l significa que o indivduo,

    no momento em que submetido ao teste de alcoolemia, possui 0,30 gramas de

    lcool puro por litro de sangue.

    a partir de uma menor ou maior gramagem de lcool puro por litro de sangue que

    se pode quantificar uma menor ou maior TAS.

    Factores que interferem na TAS

    H diversos factores que interferem na TAS. Estes factores podem ser de ordem

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    pessoal ou relacionados com as formas de absoro, ou, ainda com as

    caractersticas da bebida.

    Factores pessoais

    Referem-se alguns dos principais:

    peso as pessoas mais pesadas, normalmente, apresentam taxas menos

    elevadas, comparativamente com pessoas com menos peso perante a ingesto,

    da mesma forma e na mesma situao, de igual quantidade da mesma bebida;

    idade e sexo os factores de natureza hormonal e enzimtica inerentes a

    estes factores diferenciam a forma de desenvolvimento do processo de

    metabolizao do lcool. A capacidade metablica face ao lcool , em geral,

    significativamente inferior nos adolescentes do que nos adultos. Da mesma

    forma as mulheres esto, como grupo, pior dotadas para a defesa enzimtica

    face ao lcool do que os homens e pela menor quantidade de gua que o seus

    organismos contm;

    crianas, filhos de alcolicos, epilpticos, doentes do aparelho digestivo,

    pessoas que tenham sofrido traumatismos cranianos, etc., so mais sensveis

    ao lcool;

    o estado de fadiga, alguns estados emocionais, certos medicamentos, as

    mudanas bruscas de temperatura, a presso atmosfrica e a gravidez

    aumentam a sensibilidade ao lcool.

    Assim, facilmente se compreende que a mesma quantidade de lcool, contida na

    mesma bebida, ingerida por pessoas diferentes origine taxas de alcoolemia

    diferentes. Por outro lado um mesmo indivduo pode acusar taxas diferentes, com a

    mesma quantidade de lcool existente na mesma quantidade da mesma bebida,

    consoante o seu estado psicofisiolgico e a situao em que o ingere.

    Formas de absoro

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    A mesma quantidade de lcool pode originar valores de TAS muito diversos, na

    mesma pessoa ou em pessoas diferentes, conforme seja ingerido em jejum ou s

    refeies, rapidamente ou com grandes intervalos.

    A ingesto de lcool com o estmago vazio acelera a sua absoro o que leva a um

    aumento imediato de cerca de 1/3 do valor da taxa. Contudo, a presena de

    alimentos no estmago apenas retarda este processo, mantendo inalterveis os

    seus efeitos.

    A taxa decorrente da ingesto de uma bebida alcolica de uma forma rpida mais

    elevada do que a decorrente da ingesto da mesma quantidade dessa mesma

    bebida feita de forma repartida, com intervalos.

    Tambm o momento do dia em que a bebida ingerida pode trazer alteraes (por

    exemplo, durante a noite o processo de metabolizao diferente do que o que se

    processa durante o dia).

    A TAS , portanto, mais elevada com um consumo de lcool macio, rpido e em

    jejum.

    Caractersticas da bebida

    A Taxa de alcoolemia depende no s da quantidade de bebida ingerida como,

    tambm, do seu maior ou menor grau alcolico, bem como se a bebida

    gaseificada ou aquecida nestas duas ltimas situaes a absoro do lcool

    mais rpida.

    Ateno

    difcil calcular quanto se pode beber, sem pr em risco a segurana da conduo

    e/ou sem incorrer em infraco, dado que a taxa de lcool no sangue, em

    determinado momento, depende de diversos factores que nunca so constantes, o

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    que impede o clculo com preciso.

    Toda a gente julga conhecer o seu ponto de "tolerncia" ao lcool e apresenta

    resistncia a qualquer opinio sobre o assunto. Mas a realidade demonstra que,

    regra geral, quando se admite que se est a chegar ao "ponto crtico" h muito que

    este j foi ultrapassado e j no se est em condies de se efectuar a conduo

    com segurana.

    Os principais efeitos do lcool

    A aco do lcool no sistema nervoso origina efeitos nefastos que prejudicam o

    exerccio da conduo.

    Vamos referir os principais:

    Audcia incontrolada

    Um dos primeiros efeitos do lcool o frequente estado de euforia, sensao de

    bem estar e de optimismo, com a consequente tendncia para sobrevalorizar as

    prprias capacidades, quando, na realidade, estas j se encontram diminudas.

    , talvez, um dos estados mais perigosos.

    Perda de vigilncia em relao ao meio envolvente

    Sob a influncia do lcool as capacidades de ateno e de concentrao do

    condutor ficam diminudas.

    Perturbao das capacidades sensoriais, particularmente as visuais

    A presena de lcool no sangue reduz a acuidade visual, quer para

    perto, quer para longe e leva alterao dos contornos dos objectos, quer

    estticos, quer em movimento.

    A viso estereoscpica prejudicada, ficando o condutor incapaz de

    avaliar correctamente as distncias e as velocidades.

    A viso nocturna e crepuscular fica reduzida.

    O tempo de recuperao aps encandeamento aumenta.

    Estreitamento do campo visual

    O campo visual vai diminuindo com a eliminao progressiva da viso

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    perifrica (lateral) podendo, com o aumento da intoxicao alcolica, chegar

    viso em tnel, situao em que a viso do condutor abrange nica e

    exclusivamente um ponto sua frente, reduzindo, assim, a fonte de

    informao contida no espao envolvente.

    Estudos efectuados sobre o campo de viso, a uma velocidade estabilizada,

    comprovam que este sofre, com uma TAS de 0,50g/l, uma reduo de cerca

    de 30%. Pequenos aumentos da TAS traduzem-se em grandes redues do

    campo visual.

    Perturbao das capacidades perceptivas

    A identificao da informao, recebida pelos rgos dos sentidos, fica

    prejudicada e torna-se mais lenta

    Aumento do tempo de reaco

    Lentificao da resposta reflexa

    Diminuio da resistncia fadiga

    Ateno

    Est demonstrado que mais perigoso o condutor que ingeriu qualquer bebida

    alcolica em quantidades pequenas ou moderadas do que o que est

    declaradamente embriagado. Este no tentar conduzir. O primeiro sim, est

    convencido que se encontra em ptimas condies, sobrestima as suas faculdades

    e inclina-se a correr riscos no preciso momento em que as suas capacidades j se

    encontram reduzidas devido aos efeitos do lcool contido na bebida.

    O condutor sob o efeito do lcool muito dificilmente tem conscincia das suas

    limitaes. Contudo, mesmo com valores pouco elevados de TAS as capacidades

    necessrias para a conduo segura j se encontram diminudas (tanto mais quanto

    maior for a intoxicao alcolica) muito antes do estado de embriaguez ser

    atingido.

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    O lcool e o tempo de reaco

    Designa-se por tempo de reaco o tempo que medeia entre a percepo de um

    estmulo e o incio da resposta a esse estmulo.

    Face a um obstculo ou situao imprevista que possa surgir, quando em circulao

    - travagem brusca do veculo que circula frente, um obstculo imprevisvel ou

    qualquer outro factor inesperado - o condutor deve estar apto a reconhecer

    prontamente a situao de perigo potencial, analis-la, tomar uma deciso e actuar

    correctamente de forma a minimizar os riscos. O lcool prejudica estas capacidades

    aumentando, assim o tempo de reaco.

    As bebidas alcolicas ingeridas pelo condutor afectam, ao nvel do crebro e do

    cerebelo, as capacidades perceptivas e cognitivas, as capacidades de antecipao,

    de previso e de deciso e as capacidades motoras de resposta a um dado

    estmulo, podendo afectar o prprio equilbrio. Fica, assim, incapaz de avaliar

    correctamente as diferentes situaes de trnsito pelas dificuldades na recolha de

    informao, na sua anlise e ainda na tomada de deciso da resposta motora

    adequada e na sua concretizao.

    Em caso de necessidade de efectuar uma travagem brusca devido, por exemplo, ao

    aparecimento de um obstculo imprevisvel na faixa de rodagem, o tempo de

    reaco ser, nessa situao, o tempo que decorre entre a identificao, por parte

    do condutor, do obstculo e o momento de accionar o travo, aco que tem como

    objectivo a imobilizao atempada do veculo. A alcoolemia tornando mais lento o

    processo de identificao e aumentando o tempo de reaco leva,

    consequentemente, a um alongamento da distncia de reaco (distncia

    percorrida pelo veculo durante o tempo de reaco do condutor).

    O lcool e a distncia de paragem

    Sendo a distncia de paragem, grosso modo, o somatrio da distncia de reaco e

    da distncia de travagem (distncia percorrida pelo veculo entre o incio da

    travagem e a sua completa imobilizao), qualquer factor que prolongue o tempo

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    de reaco normal do condutor, como o lcool e a fadiga, leva a um aumento da

    distncia de reaco e consequentemente da distncia de paragem do veculo.

    O lcool e a fadiga

    O lcool desempenha um verdadeiro papel de analgsico ao nvel dos centros

    nervosos e se, numa determinada fase, pode contribuir para criar um estado de

    euforia, este posteriormente substitudo por uma fadiga intensa que pode chegar

    at ao entorpecimento. Da mesma forma, o lcool potencia o estado de fadiga

    quando este j se faz sentir.

    O lcool e a coordenao psicomotora

    Sob o efeito do lcool a coordenao psicomotora do condutor afectada o que se

    pode traduzir em travagens bruscas desnecessrias, grandes golpes do volante,

    manobras feitas com recurso ao acelerador e outros comportamentos desajustados

    a uma conduo segura.

    O lcool e o risco de envolvimento em acidente mortal

    O risco de envolvimento em acidente mortal aumenta rapidamente medida que a

    concentrao de lcool no sangue se torna mais elevada.

    0,50g/l ............... o risco aumenta 2 vezes

    0,80g/l ............... o risco aumenta 4 vezes

    0,90g/l ............... o risco aumenta 5 vezes

    1,20g/l ............... o risco aumenta 16 vezes

    O lcool e os estados emocionais

    A ingesto de bebidas alcolicas, mesmo em pequenas doses, pode transformar

    uma pequena contrariedade num grande problema e dar origem a estados de

    agressividade, frustrao, depresso ou outros que so, normalmente, transferidos

    para a conduo, com todos os riscos que isso comporta.

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    O lcool e os jovens

    Os jovens constituem um dos grupos etrios de risco envolvidos em acidentes.

    O egocentrismo prprio da juventude, a procura de novas experincias e uma

    maior sensao de invulnerabilidade, levam frequentemente adopo de

    comportamentos de risco, onde se inclui, por vezes, a conduo sob a influncia do

    lcool.

    Os acidentes a envolverem jovens condutores sob o efeito do lcool ocorrem

    essencialmente de noite, em situao de lazer. Desta forma, de fulcral

    importncia que os jovens, com vista sua prpria segurana e dos outros

    utentes da via pblica, se revezem entre os elementos do grupo em que se

    inserem, no sentido de um deles no beber para que a conduo se processe com a

    mxima segurana possvel.

    O lcool e os medicamentos

    Numerosos medicamentos agem ao nvel do sistema nervoso, alterando faculdades

    particularmente importantes para a conduo. Quando combinados com lcool

    acarretam, ainda, maiores riscos.

    Os efeitos da conjugao de lcool e medicamentos, mesmo que a sua ingesto no

    seja simultnea, podem ser antagnicos ou reforarem-se mutuamente. Os efeitos

    do lcool podem alterar substancialmente os da medicamentao tomada, assim

    como os medicamentos se podem manter activos, vindo a alterar perigosamente os

    efeitos do lcool mesmo se ingerido em pequenas doses. Esta interaco de risco

    pode ocorrer mesmo com medicamentos de uso corrente, muitas vezes

    automedicados.

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    SE CONDUZIR NO BEBA

    ENTRE CONDUZIR E BEBER H QUE ESCOLHER