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Alexandra Isabel Correia do Couto UMinho|2014 outubro de 2014 Barreiras à entrada em Portugal Universidade do Minho Escola de Economia e Gestão Barreiras à entrada em Portugal Alexandra Isabel Correia do Couto

Alexandra Isabel Correia do Couto · postos de trabalho e fomentem a dinâmica de uma indústria pois, de facto, são as pequenas empresas e, em particular as novas, que são mais

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Alexandra Isabel Correia do Couto

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Barreiras à entrada em Portugal

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Dissertação de MestradoMestrado em Economia Industrial e da Empresa

Trabalho realizado sob a orientação da

Professora Doutora Natália Maria Carvalho Barbosa

Alexandra Isabel Correia do Couto

outubro de 2014

Universidade do Minho

Escola de Economia e Gestão

Barreiras à entrada em Portugal

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AGRADECIMENTOS

A realização e conclusão deste trabalho nunca teria sido possível sem a contribuição direta

ou indireta de várias pessoas. Para todos, os meus sinceros agradecimentos!

Porém, um agradecimento muito especial:

– Aos meus pais, por não medirem esforços para que alcançasse esta etapa da minha vida,

pelas palavras de incentivo nas horas mais difíceis e pelo carinho, compreensão e paciência

disponibilizada. Também ao meu irmão pelas mesmas razões e, principalmente, pelos gestos

tidos e pelas palavras ditas nos momentos em que mais precisei de sorrir;

– À minha orientadora Doutora Natália Maria Carvalho Barbosa pela sua orientação

traduzida numa presença sempre constante e numa resposta sempre atempada aos meus apelos,

fazendo-se sempre acompanhar de palavras de confiança e incentivo. Agradeço-lhe igualmente

os ensinamentos, críticas e sugestões dadas ao longo deste trabalho;

– A todos aqueles que se demonstraram disponíveis para esclarecer dúvidas ou para fornecer

material imprescindível para o trabalho. Em especial, ao Doutor Satwinder Singh e ao Doutor

Clemens Lutz e a todas as empresas que responderam ao questionário, possibilitando, assim, a

realização do estudo empírico;

– Ao Diogo por acreditar que sou capaz e pela sua dedicação e apoio incansáveis, pela

amizade incondicional, pela força e confiança que deposita em mim. Um agradecimento que

não cabe em palavras ao namorado, ao amigo, ao companheiro;

– Aos meus avós maternos, aos meus tios Lúcio e Bela, ao meu primo Ricardo, ao meu

afilhado, à Rita, ao Sr. Adelino e à Dona Ana pelo apoio, amizade e incentivo ao longo deste

percurso;

– Ao avô Côto e à avó Lurdes que, mesmo não estando presentes, continuam a seguir todos

os meus passos. A eles, dedico todo este trabalho.

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Barreiras à entrada em Portugal

Resumo

A questão levantada por Smiley (1988) e Singh et al. (1998) sobre a falta de estudos

empíricos sobre a importância das barreiras à entrada tem extrema importância. Algumas das

barreiras identificadas pelos vários estudos parecem meramente baseados na teoria. Porém,

existem algumas barreiras que na realidade desempenham um papel relevante e necessitam de

atenção por parte das autoridades da concorrência. Como tal, o objetivo deste estudo é

identificar as barreiras à entrada que têm sido mais frequentemente usadas por empresas

portuguesas para inibir a entrada de novas empresas e quais as que afetam mais a decisão de

entrada no mercado.

Através de um questionário dirigido às empresas portuguesas dos setores da construção,

indústria transformadora e comércio por grosso e a retalho conclui-se que as barreiras com mais

importância estão relacionadas com custos afundados, necessidade de capital, custos de capital

e desvantagens de custo. Como tal, as autoridades deveriam dar atenção especial ao

funcionamento dos mercados financeiros. As barreiras que parecem ter menor importância para

as empresas portuguesas são os acordos estratégicos, o acesso a I&D, os custos de mudança e

a garantia do input/controlo sob os recursos.

Apesar de algumas diferenças pouco significativas, a ordem de importância das várias

barreiras à entrada é coerente entre os diferentes setores de atividade e entre as empresas de

diferentes dimensões. Ainda assim, as micro empresas têm uma perceção mais baixa no que

concerne às barreiras à entrada do que as PME’s e grandes empresas.

Uma análise fatorial permitiu identificar as seis dimensões subjacentes das barreiras à

entrada: I&D, comportamento estratégico, risco de investimento, publicidade, desvantagens de

custo e capacidade. Estes resultados demonstram que, na perceção das empresas, tanto as

barreiras estruturais como as estratégicas são importantes e a eficácia das barreiras estratégicas

depende das características estruturais do mercado.

Apesar de os dados indicarem que as barreiras à entrada não são um fenómeno com elevada

gravidade na economia portuguesa, elas podem criar restrições às forças competitivas em

determinados mercados pelo que merecem atenção por parte das autoridades da concorrência.

Palavras-chave: Barreiras à entrada; novas empresas; comportamento estratégico

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Barriers to entry in Portugal

Abstract

The question raised by Smiley (1988) and Singh et al. (1998) about the absence of empirical

studies on the importance of barriers to entry is extremely important. Some of the barriers

identified by several studies seem merely based on the theory. However, there are some barriers

that actually play an important role and need attention from competition authorities. So, the

aim of this study is to identify the barriers to entry that have been most frequently use by

Portuguese firms to inhibit the entry of new firms and which of the barriers affect more the

decision to enter in the market.

Through a questionnaire sent to Portuguese firms from the sectors of construction,

manufacturing, wholesale and retail is concluded that the most important barriers are related to

sunk costs, capital requirements, capital costs and cost disadvantages. So, the authorities should

give special attention to the functioning of financial markets. The barriers that seem to have

minor importance to Portuguese firms are strategic agreements, access to R&D, switching costs

and securing the input/control over strategic resources.

Despite some minor differences, the ranking of the importance of the various barriers to

entry is consistent between different sectors and between firms of different sizes. Still, micro

firms have lower perceptions regarding barriers to entry than SMEs and large firms.

A factor analysis identified six underlying dimensions of barriers to entry: R&D, strategic

behavior, risk of investment, advertising, cost disadvantages and capacity. These results

demonstrate that in the perception of firms, both structural and strategic barriers are important

and that the efficacy of strategic barriers depends on the structural characteristics of the market.

Although the data indicates that barriers to entry are not a phenomenon with high severity in

the Portuguese economy, they can create restrictions on competitive forces in certain markets

and therefore deserve special attention from competition authorities.

Key-words: Barriers to entry; new firms; strategic behavior

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Índice

Capítulo I – INTRODUÇÃO ..................................................................................................1

1.1. Escolha e justificação do tema ..................................................................................1

1.2. Objetivos do estudo e questões de investigação ........................................................2

1.3. Estrutura da dissertação ............................................................................................3

Capítulo II – ENTRADA DE NOVAS EMPRESAS: IDENTIFICAÇÃO E MECANISMOS

DE INIBIÇÃO DE ENTRADA ..............................................................................................5

2.1. “Barreira à entrada”: em busca de uma definição ..........................................................5

2.2. Diferentes mecanismos de inibição de entrada ..............................................................7

2.3. Barreiras à entrada: será que são efetivamente eficazes na inibição de entrada de novas

empresas no mercado? ...................................................................................................... 22

Capítulo III – DADOS E METODOLOGIA ......................................................................... 27

3.1. Tipo de dados e instrumento de recolha .................................................................. 27

3.2. O questionário ........................................................................................................ 29

3.3. Descrição da população e seleção da amostra ......................................................... 34

Capítulo IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 37

4.1. Caracterização da amostra ...................................................................................... 37

4.2. As barreiras à entrada percecionadas pelas empresas portuguesas ........................... 41

4.3. As dimensões subjacentes das barreiras à entrada ................................................... 56

Capítulo V – CONCLUSÃO................................................................................................. 70

5.1. Principais conclusões e recomendações ...................................................................... 70

5.2. Fiabilidade, validade e principais limitações do estudo ............................................... 71

5.3. Pistas para trabalhos futuro ......................................................................................... 73

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Referências bibliográficas ..................................................................................................... 74

ANEXOS ............................................................................................................................. 81

Anexo 1 – Questionário ........................................................................................................ 82

Anexo 2 – Classificação Portuguesa das Actividades Económicas do Instituto Nacional de

Estatística ............................................................................................................................. 91

Anexo 3 – E-mail enviado às empresas no pré-teste e no envio definitivo ............................. 95

Anexo 4 – Carta e declaração enviada às empresas de forma a comprovar a autenticidade e

veracidade do questionário ................................................................................................... 96

Anexo 5 – “Regras do polegar” ou “Rules of thumb” para determinar o dimensão ideal de

amostras de modo a aplicar várias técnicas estatísticas .......................................................... 99

Anexo 7 – Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade das variáveis por setor de atividade 100

Anexo 8 – Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade das variáveis por dimensão das empresas

........................................................................................................................................... 103

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Índice de Tabelas

Tabela 1 – Barreiras à entrada .................................................................................................8

Tabela 2 – Distribuição das empresas por setor de atividade e classe/dimensão..................... 38

Tabela 3 – Estratégias adotadas pelas empresas instaladas .................................................... 40

Tabela 4 – Tipo de empresas que procuram entrar no mercado onde as empresas respondentes

operam ................................................................................................................................. 40

Tabela 5 – Barreiras à entrada mais e menos importantes na perceção das empresas ............. 42

Tabela 6 – Importância das barreiras à entrada na perceção das empresas por setor de atividade

............................................................................................................................................. 45

Tabela 7 – Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade da distribuição dos setores ................ 46

Tabela 8 – Teste Kruskal-Wallis para as diferenças setoriais ................................................. 47

Tabela 9 – Testes adicionais de Mann-Whitney com correção de Bonferroni para as diferenças

setoriais ................................................................................................................................ 48

Tabela 10 – Importância das barreiras à entrada na perceção das empresas por dimensão da

empresa ................................................................................................................................ 49

Tabela 11 – Proveniência do volume de negócios e tipo de empresas observadas .................. 53

Tabela 12 – Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade da distribuição das dimensões das

empresas............................................................................................................................... 53

Tabela 13 – Teste Kruskal-Wallis para as diferenças entre as dimensões das empresas ......... 54

Tabela 14 – Testes adicionais de Mann-Whitney com correção de Bonferroni para as diferenças

entre as dimensões das empresas .......................................................................................... 55

Tabela 15 – A atratividade do mercado por dimensão e setor da empresa observada ............. 55

Tabela 16 – Matriz das correlações ....................................................................................... 59

Tabela 17 – Testes de KMO e de Bartlett para medir a adequação da amostra....................... 60

Tabela 18 – Eigenvalues iniciais ........................................................................................... 60

Tabela 19 – Loadings dos fatores antes da rotação ................................................................ 62

Tabela 20 – Fatores que representam as dimensões subjacentes das barreiras à entrada (Modelo

de 6 fatores) .......................................................................................................................... 64

Tabela 21 – Fatores que representam as dimensões subjacentes das barreiras à entrada (Modelo

de 7 fatores) .......................................................................................................................... 65

Tabela 22 – Fatores que representam as dimensões subjacentes das barreiras à entrada (Modelo

de 8 fatores) .......................................................................................................................... 66

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Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Distribuição das empresas observadas por tipo de empresa................................. 39

Gráfico 2 – Objetivo principal das empresas instaladas ......................................................... 39

Gráfico 3 – Distribuição das empresas por tipo de mercado principal onde operam ............... 41

Gráfico 4 – Scree Plot – Análise dos componentes principais ............................................... 61

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Capítulo I – INTRODUÇÃO

Este capítulo da dissertação tem como objetivo discutir a relevância do tema e apresentar a

justificação da escolha do mesmo para este trabalho. Além disso, são delimitados não só os

objetivos do estudo mas também as questões de investigação. Por último, é feita uma

apresentação da estrutura deste trabalho.

1.1. Escolha e justificação do tema

A criação de empresas pode trazer grandes vantagens para o desenvolvimento económico

através da inovação que promove o avanço tecnológico, trazendo consigo novos processos

produtivos e produtos, novas fontes de oferta e promovendo a exploração de novos mercados

(Audretsch e Thurik 2001; Szirmai et al. 2011). A entrada de novas empresas no mercado é

uma fonte de mudança que tende a gerar melhorias na produtividade e na competitividade

económica (Sanyang e Huang 2010). Espera-se também que estas novas empresas criem novos

postos de trabalho e fomentem a dinâmica de uma indústria pois, de facto, são as pequenas

empresas e, em particular as novas, que são mais bem-sucedidas na criação de emprego

(Audretsch e Thurik 2001).

As novas empresas são atraídas para o mercado por lucros acima do nível competitivo de

longo prazo. Quando entram, elas acabam por ter uma função de equilíbrio do mercado na

medida em que podem contribuir para a convergência dos níveis de preço e lucro para o nível

competitivo. Resumidamente, a entrada de novas empresas contribui para a promoção da

eficiência alocativa e dinâmica do mercado (Audretsch e Thurik 2001).

Todavia, existem uma série de mecanismos que podem dificultar ou até mesmo barrar a

entrada de novas empresas e, consequentemente, não permitir que a eficiência alocativa e

dinâmica do mercado seja alcançada (Blees et al. 2003; Dijksta et al. 2006; Kemp e Lutz 2006;

Lutz et al. 2010). Por esta razão, o estudo dos tipos de barreiras à entrada que existem e o efeito

que têm sobre a entrada de novas empresas no mercado é um tópico relevante e integrante de

uma qualquer política de concorrência. São vários os estudos que demonstram que há uma

relação positiva entre a criação de novas empresas e o crescimento económico (Holcombe 1998;

Acs e Armington 2003; Audretsch 2007; Smith 2010), daí ser fundamental perceber os fatores

que facilitam a criação de barreiras à entrada.

Vários estudos discutem a variedade de barreiras à entrada possíveis de existir nos mercados

(ver, por exemplo, Stigler 1968; Porter 1980; Shepherd 1997; Blees et al. 2003; Lutz et al.

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2010). Blees et al. (2003) tiveram como base a vasta literatura acerca deste tópico e acabaram

por identificar trinta e sete barreiras à entrada, tanto estruturais como estratégicas. Contudo,

algumas questões cruciais ainda persistem. A importância de cada uma das barreiras e quais as

que afetam mais a decisão de entrada no mercado são questões que merecem estudo adicional.

Os trabalhos empíricos acerca deste tópico não abundam. Smiley (1988), Singh et al. (1998)

e Lutz et al. (2010) destacam a importância da realização deste género de trabalhos nesta área

em vários países de forma a determinar até que ponto se podem generalizar os resultados

obtidos em estudos já realizados e entender que barreiras realmente influenciam o processo de

entrada no mercado.

Dada a dificuldade que existe em levar a cabo um estudo empírico sobre barreiras à entrada

(Smiley 1988; Bunch e Smiley 1992) e em estudar o comportamento estratégico de uma

empresa, nesta dissertação tentar-se-á avaliar as perceções que as empresas portuguesas têm em

relação a barreiras à entrada específicas. As perceções que as empresas têm acerca das barreiras

à entrada são fundamentais para perceber quais as que realmente impedem a entrada de

potenciais entrantes numa indústria (Lutz et al. 2010). Alguns estudos realçam a importância

das barreiras estratégicas (Bunch e Smiley, 1992), enquanto outros enfatizam a relevância das

barreiras estruturais (Bain 1956). Como tal, serão tidas em conta potenciais barreiras estruturais

bem como estratégicas que foram identificadas na revisão de literatura (ver, por exemplo, Dixit

1980; Demsetz 1982; Klemperer 1987; Bunch e Smiley 1992; Singh et al. 1998; Han et al.

2001; Blees et al. 2003; Lutz et al. 2010).

1.2. Objetivos do estudo e questões de investigação

A questão de investigação que tem orientado os vários estudos empíricos neste tópico é: qual

a importância empírica dos vários tipos de comportamento estratégico que foram modelados?

(Kemp e Lutz 2006). No caso de Portugal parece que não existe nenhum estudo empírico que

identifique o tipo e intensidade de barreiras à entrada mais frequentemente encontradas pelas

novas empresas. Assim, o objetivo desta dissertação é proceder à elaboração de um estudo

empírico de forma a encontrar resposta às seguintes questões de investigação:

1. Na perceção das empresas portuguesas, que barreiras à entrada desempenham um

papel relevante no mercado em que operam?

2. Quais as barreiras que afetam mais a decisão de entrada no mercado?

Este estudo tem como principal objetivo replicar o estudo de Lutz et al. (2010) em Portugal,

para que seja possível determinar até que ponto se podem generalizar os resultados obtidos em

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estudos já realizados e entender que barreiras realmente influenciam o processo de entrada no

mercado.

1.3. Estrutura da dissertação

Esta dissertação encontra-se organizada no formato que melhor permite atingir os objetivos

delineados. Desta forma, encontra-se dividida em cinco capítulos, cada um constituído por três

subcapítulos.

No capítulo I é feito o enquadramento da dissertação na temática das barreiras à entrada e a

escolha do tema é justificada. Além disso, são descritos os objetivos do estudo que motivaram

a sua execução, bem como as questões de investigação. Por fim, é descrita a estrutura da

dissertação.

No capítulo II, e com base na pesquisa bibliográfica efetuada, abordam-se sucintamente as

diferentes perspetivas existentes acerca do tópico “barreiras à entrada” com o objetivo de definir

este conceito e fazer a distinção entre os dois tipos de barreiras existentes: barreiras estruturais

e barreiras estratégicas. São também apresentados uma série de modelos teóricos que permitem

a identificação de dezasseis barreiras, tanto estruturais como estratégicas, as quais foram objeto

de avaliação no questionário enviado às empresas. Por último, são ainda apresentados os poucos

estudos empíricos realizados acerca desta temática e que comprovam a existência de algumas

destas barreiras em determinados setores económicos de alguns países.

No capítulo seguinte é feita a descrição do tipo de dados e metodologia utilizada neste

estudo. É discutido o tipo de dados mais adequados a usar, tendo em conta os objetivos e as

questões de investigação deste trabalho, assim como o tipo de pesquisa efetuada e as razões da

escolha de um questionário como método de recolha dos dados. Adicionalmente, são analisados

os prós e contras das diferentes formas de envio dos questionários e é apresentada a escolha

mais adequada para este caso.

É também descrito de que forma os dados vão ser analisados e que instrumentos vão ser

utilizados para o efeito. Seguidamente, o questionário utilizado é descrito pormenorizadamente

bem como os objetivos de cada questão feita. Mais, a população em estudo e a forma como a

amostra foi selecionada são apresentadas. Para finalizar, são enumeradas algumas bases de

dados secundárias que foram necessárias utilizar.

Já o capítulo IV tem início com a caracterização da amostra recolhida no que concerne aos

setores de atividade, à dimensão das empresas, ao tipo de estratégias adotadas pelas empresas

instaladas, entre outros aspetos relevantes. É igualmente apresentada alguma informação básica

acerca do mercado onde as empresas observadas operam. Seguidamente, os resultados obtidos

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no que diz respeito às barreias que desempenham um papel relevante no mercado em que as

empresas operam e quais as que afetam mais a decisão de entrada no mercado são apresentados.

É ainda realizada uma análise fatorial com o objetivo de identificar as dimensões subjacentes

das barreiras à entrada.

Finalmente, no capítulo V são apresentadas as conclusões retiradas com este estudo e são

sugeridos possíveis trabalhos futuros que poderão ser feitos acerca desta temática. É ainda feita

uma breve discussão da validade e das limitações do estudo.

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Capítulo II – ENTRADA DE NOVAS EMPRESAS: IDENTIFICAÇÃO E

MECANISMOS DE INIBIÇÃO DE ENTRADA

Este capítulo da dissertação tem como objetivo a definição do conceito de “barreira à

entrada”, bem como a identificação dos diferentes tipos de barreiras existentes. Primeiramente,

são apresentadas as diferentes perspetivas existentes acerca das barreiras à entrada – a

perspetiva da economia industrial e a perspetiva da gestão estratégica – com o objetivo de

definir o conceito de “barreira à entrada”.

Além disso, é feita uma revisão de literatura existente acerca deste tópico, levando à

identificação de dezasseis barreiras à entrada, tanto estruturais como estratégicas. Por último,

são revistos os diferentes estudos empíricos já realizados de forma a perceber que conclusões

foram retiradas para posterior comparação com os resultados obtidos com este trabalho.

2.1. “Barreira à entrada”: em busca de uma definição

Ao longo das últimas décadas a discussão sobre o tópico “barreiras à entrada” tem sido

grande. Inicialmente, a análise deste tópico foi desenvolvida por Bain (1956), mas muitos outros

autores o seguiram (ver, por exemplo, Stigler 1968; Fisher 1979; Porter 1980; Von Weizsacker

1980; Gilbert 1989) surgindo, assim, diferentes definições do conceito “barreira à entrada”.

Analisando a vasta literatura existente acerca deste tema, é possível fazer a distinção entre duas

perspetivas: a perspetiva da economia industrial (ver, por exemplo, Bain 1956; Stigler 1968;

Von Weizsacker 1980; McAfee et al. 2004) e a perspetiva da gestão estratégica (ver, por

exemplo, Porter 1980; Singh et al. 1998; Robinson e McDougall 2001).

A economia industrial foca-se na indústria como unidade de análise, estudando as suas

características estruturais e as reações que as diferentes empresas dessa indústria têm a essas

características (Bain 1956). Para este autor, uma barreira à entrada é definida como uma

vantagem que as empresas instaladas numa dada indústria têm sobre as potenciais entrantes.

Esta vantagem reflete-se na capacidade que as empresas instaladas têm em aumentar o preço

acima dos níveis competitivos sem atrair novas entradas para a indústria (Bain 1956).

Mais tarde, Stigler (1968) enriquece a visão de Bain (1956) ao juntamente considerar as

condições de pós-entrada e focando-se na eficiência das empresas instaladas versus eficiência

das empresas entrantes. Uma barreira à entrada é definida como um custo que as entrantes têm

de suportar ao ingressar no mercado, mas que as empresas instaladas não têm (pois já o fizeram

na altura em que entraram no mercado) (Stigler 1968).

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Alguns anos mais tarde foi a vez de Von Weizsacker (1980) dar o seu contributo para esta

linha de pensamento, focando-se nos efeitos que as barreiras à entrada poderão ter no bem-estar

social. Para este autor, uma barreira à entrada é definida como um custo de produção que tem

de ser suportado pelas novas empresas mas que não tem de ser suportado pelas empresas

instaladas, o que implica uma distorção no uso dos recursos económicos do ponto de vista social

(Von Weizsacker 1980).

Gilbert (1989) também deu o seu contributo para a definição do conceito “barreira à

entrada”. A sua definição foca-se nas vantagens que as empresas instaladas têm, em vez de se

focar nas desvantagens que as novas empresas sofrem. Uma barreira à entrada é o lucro

adicional que as empresas que já estão no mercado podem ter como única consequência de já

estarem instaladas (Gilbert 1989). Pouco tempo depois Geroski et al. (1990) deram a sua

colaboração, realçando a importância do comportamento como um determinante do

desempenho e da estrutura do mercado no longo prazo. Esta perspetiva aproxima-se da

perspetiva da gestão estratégica, uma vez que os aspetos comportamentais são considerados

como a chave para a análise da indústria. Todavia, e em linha com a perspetiva da economia

industrial, a unidade de análise continua a ser a indústria (Lutz et al. 2010).

A perspetiva da gestão estratégica centra-se no estudo da empresa em si e o que é que ela

pode fazer para conservar ou aumentar a sua rentabilidade. Por exemplo, ao desenvolverem um

recurso singular e difícil de imitar, as empresas instaladas podem criar um produto/serviço

diferente dos outros todos que já existem no mercado, o que poderá aumentar as barreiras à

entrada (Blees et al. 2003). Se as potenciais entrantes não conseguirem oferecer o mesmo

produto/serviço que a empresa instalada oferece – porque não têm aquele recurso singular –, a

empresa instalada pode praticar um preço mais elevado e ter lucros acima do normal. Este tipo

de comportamento estratégico permite às empresas tentar barrar a entrada de novas empresas

no mercado (Blees et al. 2003). Esta capacidade de gerar um valor superior ao das novas

empresas é conhecida como vantagem competitiva e está fortemente relacionada com os

recursos que as empresas possuem (Barney 1991).

Contudo, o objetivo deste trabalho não é discutir qual destas perspetivas é a mais correta,

mas sim identificar as barreiras que desempenham um papel relevante na decisão de entrada

num determinado mercado na perceção das empresas (Smiley 1988; Singh et al. 1998; Chang

e Tang 2001; Lutz et al. 2010), sendo a unidade de análise a empresa. Ambas perspetivas têm

a sua importância e a escolha correta dependerá da questão/problema em estudo (Lutz et al.

2010). Assim, tendo em conta o objetivo deste estudo decidiu-se adotar uma definição mais

abrangente do conceito “barreira à entrada”, encontrada no trabalho de Dijksta et al. (2006):

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uma barreira à entrada pode ser definida como todas as vantagens que as empresas instaladas

numa determinada indústria têm sobre as potenciais entrantes, na perceção das empresas que

querem entrar num novo mercado. Esta definição foca-se na perceção que as empresas têm

acerca de maior ou menor dificuldade de entrada num novo mercado (Dijksta et al. 2006),

aspetos cruciais para tentar encontrar uma resposta às questões de investigação levantadas neste

estudo.

2.2. Diferentes mecanismos de inibição de entrada

As barreiras à entrada podem ser de dois tipos: barreiras estruturais e barreiras estratégicas.

As barreiras estruturais estão relacionadas com as características estruturais – como a procura

e os custos – da indústria em que as empresas operam. A existência deste género de barreiras

poderá dever-se a determinadas condições do mercado, como a existência de economias de

escala ou a regulação governamental (Bain 1956). Contrariamente, as barreiras estratégicas são

concebidas propositadamente pelas empresas instaladas de forma a influenciar o

comportamento de potenciais entrantes, isto é, de forma a dissuadirem a sua entrada no mercado

(Gilbert 1989).

Após uma revisão da literatura existente sobre barreiras à entrada foi possível identificar

diferentes barreiras (ver, por exemplo, Bain 1956; Porter 1980; Tirole 1988; Gilbert 1989; Blees

et al. 2003). Ainda que muitas delas tenham uma relação umas com as outras, estas barreiras

foram nitidamente distinguidas nos estudos anteriores. Mais, muitas das barreiras identificadas

podem ser consideradas tanto estruturais como estratégicas, dependendo da influência que as

empresas instaladas têm sobre essa barreira. No total foram identificadas dezasseis barreiras à

entrada realçando que, à semelhança do estudo de Lutz et al. (2010), algumas barreiras foram

agrupadas, uma vez que muitas vezes são usados nomes diferentes para barreiras semelhantes,

como por exemplo, o “controlo sobre recursos estratégicos”, a “localização” e a “integração

vertical” dizem respeito a uma barreira mais abrangente que poderá ser denominada de

“garantia/controlo sob recursos produtivos” (Lutz et al. 2010). As barreiras identificadas são

apresentadas na Tabela 1, juntamente com uma breve descrição de cada uma delas e alguns dos

diferentes estudos que as analisam, quer na perspetiva de barreira estrutural e/ou estratégica.

As características estruturais de uma indústria podem ser bastante relevantes uma vez que

podem criar condições adversas à entrada de novas empresas no mercado (Bain 1956). De facto,

o sucesso das potenciais entrantes depende de condições de entrada como as economias de

escala, a diferenciação de produto e as vantagens absolutas de custo (Bain 1956). As economias

de escala, se forem significativas, podem atuar como uma barreia à entrada pois as potenciais

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Tabela 1 – Barreiras à entrada

Barreira

Descrição da barreira

Fonte na perspetiva de barreira

estrutural

Fonte na perspetiva de barreira

estratégica

Economias de escala

A diminuição dos custos de produção e distribuição por unidade de produção gera assimetria de

custos. As empresas instaladas poderão aumentar o volume de produção, o que leva ao

estabelecimento de preços abaixo dos níveis rentáveis para as empresas entrantes.

Bain (1956); Stigler (1968); Scherer (1973);

Porter (1980); Harrigan (1981); Tirole

(1988); Geroski et al. (1990); Blees et al.

(2003); Kemp e Lutz (2006); Lutz et al.

(2010)

Desvantagens de custo

As empresas instaladas podem ter vantagens de custo independentes da escala (localização favorável,

subsídios governamentais…), que podem não ser possíveis de replicar pelas empresas entrantes.

Bain (1956); Tirole (1988); Shepherd (1997);

Han et al. (2001); Blees et al. (2003)

Excesso de capacidade

As empresas instaladas que não estiverem a utilizar em pleno as suas instalações aumentam o volume

de produção até ao máximo na tentativa de servir o mercado todo e diminuir os níveis dos preços.

Lieberman (1987)

Spence (1977); Eaton e Lipsey

(1979); Dixit (1980); Harrigan

(1983); Lieberman (1987);

Shepherd (1997); Blees et al. (2003)

Custos afundados

Custos que não podem ser recuperados, mas que são necessários para entrar no mercado. Podem ser

uma barreira à entrada significativa, especialmente se o investimento necessário for significativo.

Bain (1956); Porter (1980); Sutton (1991);

Harbord e Hoehn (1994); Blees et al. (2003)

Publicidade

Muita publicidade por parte das empresas instaladas aumenta o custo de entrada para as potenciais

entrantes e afeta a lealdade dos consumidores a determinado produto/serviço, bem como a dimensão

das economias de escala.

Spence (1980); Harrigan (1981); Netter

(1983); Schmalensee (1983); Karakaya e

Stahl (1989); Blees et al. (2003)

Bunch e Smiley (1992); Singh et al.

(1998); Chang e Tang (2001); Blees

et al. (2003)

Acesso a

conhecimento/Know-

how/ I&D

As empresas instaladas poderão ter elevado conhecimento/know-how resultante da experiência que

foram ganho ao longo dos anos, bem como patentes que lhes permite ter um certo poder de mercado

durante um período de tempo limitado.

Karakaya e Stahl (1989); Shepherd (1997);

Blees et al. (2003); Lutz et al. (2010)

Karakaya e Stahl (1989); Blees et al.

(2003); Lutz et al. (2010)

Necessidade de capital

Necessidade de investir em grandes recursos como infreaestruturas, maquinaria e I&D de forma a

competir ou entrar no mercado.

Bain (1956); Porter (1980); Tirole (1988);

Shepherd (1997); Blees et al. (2003); Lutz et

al. (2010)

Diferenciação de produto

Os produtos/serviços das empresas instaladas são reconhecidos e são alvo da lealdade dos

consumidores devido à publicidade, por serem os primeiros do mercado, pelo atendimento ao

consumidor ou por diferenças ao nível do produto/serviço.

Bain (1956); Porter (1980); Schmalensee

(1982); Gilbert (1989); Shepherd (1997);

Robinson e McDougall (2001)

Bain (1956); Porter (1980);

Karakaya e Stahl (1989); Shepherd

(1997); Blees et al. (2003)

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Tabela 1 – Barreiras à entrada (Continuação)

Custos de mudança

Os custos de mudança evitam que os consumidores mudem de fornecedor e, geralmente, as mudanças

tecnológicas podem aumentar ou diminuir estes custos.

Porter (1980); Karakaya e Stahl (1989);

Klemperer (1995); Shepherd (1997);

Blees et al. (2003)

Regulação governamental

(licenças e políticas)

Os governos limitam o número de empresas numa determinada indústria através da exigência de

determinadas licenças, pondo limites ao acesso de matérias-primas, etc.

Porter (1980); Dixit e Kyle (1985); Tirole

(1988); Blees et al. (2003)

Acesso a canais de

distribuição

Os principais canais de distribuição são bloqueados restando canais inferiores ou até mesmo nenhum,

tendo que as novas empresas estabelecer o seu próprio canal, o que poderá ser dispendioso.

Porter (1980); Robertson e Gatignon

(1991); Han et al. (2001); Blees et al.

(2003)

Robertson e Gatignon (1991);

Blees et al. (2003); Lutz et al. (2010)

Garantia do input/Controlo

sob os recursos

O controlo sobre recursos estratégicos implica que as empresas instaladas podem manter na sua posse

os recursos que as potenciais entrantes necessitam para entrar no mercado.

Karakaya e Stahl (1989); Rey e

Stiglitz (1995); Shepherd (1997);

Cabral (2000); Blees et al. (2003)

Preço limite

As empresas instaladas fixam um preço baixo, e uma taxa elevada de produção, de maneira a que as

potenciais entrantes não consigam ter lucro a esse preço.

Bain (1956); Milgrom e Roberts

(1982); Gilbert (1989); Blees et al.

(2003)

Retaliação

Pode deter a entrada apenas se as empresas instaladas forem capazes de influenciar as expetativas das

potenciais entrantes acerca da reação que irão ter após a entrada ocorrer.

Karakaya e Stahl (1989); Robertson

e Gatignon (1991); Gatignon et al.

(1997); Shepherd (1997); Clark e

Montgomery (1998); Thomas

(1999); Prabhu e Stewart (2001);

Blees et al. (2003)

Assimetria de informação /

Informação incompleta

As empresas entrantes não irão ter todo o conhecimento da indústria disponível para usarem e poderão

tomar decisões erradas acerca das suas estratégias de entrada baseadas em informação incompleta.

Exemplo: custos de entrada.

Milgrom e Roberts (1982, 1987);

Geroski et al. (1990); Bunch e

Smiley (1992); Shepherd (1997);

Clark e Montgomery (1998); Blees

et al. 2003)

Acordos estratégicos

Alguns acordos estratégicos permitem às empresas instaladas ganharem algumas vantagens sobre as

empresas entrantes. Por exemplo: limitar ou bloquear o acesso a canais de distribuição.

Bain (1956); Shepherd (1997);

Singh et al. (1998); Blees et al.

(2003)

Adaptado de: Karakaya e Stahl (1989) e de Lutz et al. (2010)

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entrantes seriam obrigadas a ingressar no mercado em grande escala e arriscarem-se a uma forte

reação por parte das empresas instaladas, ou a ingressar em pequena escala e sujeitarem-se a

incorrer em deseconomias significativas (Bain 1956; Scherer 1973). Noutras palavras, se as

potenciais entrantes entrarem com capacidade abaixo da escala mínima de eficiência irão

incorrer em desvantagens de custo relativamente às empresas instaladas.

Porém, se entrarem à escala ótima ou perto dela, geralmente leva a que os preços baixem e,

consequentemente, também os lucros. Todavia, na maioria das indústrias existem tanto grandes

empresas como pequenas empresas logo, o efeito das economias de escala poderá não ser muito

importante devido às escalas mínimas de eficiência serem relativamente pequenas (Stigler

1968; Geroski et al. 1990).

Existe ainda outro efeito das economias de escala que poderá inibir a entrada de novas

empresas no mercado: a necessidade de elevados montantes de capital quando os níveis das

escalas mínimas de eficiência são altos (Bain 1956). Quando isto acontece, as empresas

entrantes irão necessitar de investir quantidades avultadas de capital de forma a conseguirem

produzir eficientemente (Blees et al. 2003).

As desvantagens de custo existem quando os potenciais custos unitários de produção são

mais altos para as empresas entrantes do que para as empresas instaladas (Bain 1956). As

potenciais entrantes que sabem que vão enfrentrar custos unitários mais altos ponderam melhor

a sua decisão de entrada no mercado e, desta forma, as desvantagens de custo poderão funcionar

como uma barreira à entrada (Blees et al. 2003). Segundo Bain (1956), o controlo de técnicas

de produção superiores por parte das empresas instaladas – por exemplo, exercido através da

posse de patentes –, os preços mais baixos dos fatores produtivos resultantes de imperfeições

do mercado, o controlo sob fatores estratégicos – especialmente relativos a recursos naturais –

resultante, por exemplo, de contratos de exclusividade e taxas de juro mais baixas para as

empresas instaladas do que para as potenciais entrantes são as principais fontes de vantagens

de custos para as empresas instaladas.

Blees et al. (2003) realçam ainda que as empresas instaladas podem conquistar uma

vantagem competitiva caso tenham acesso a conhecimento (know-how), uma vez que

possibilita-lhes obter maiores ganhos de eficiência nas suas operações. Estes ganhos de

eficiência resultam da personalização de sistemas e rotinas para as características dos seus

trabalhadores podendo tornar-se uma vantagem de custo para as empresas instaladas e,

consequentemente, uma desvantagem para as potenciais entrantes (Blees et al. 2003).

Quando há entrada de novas empresas num determinado mercado, as empresas instaladas

que não estiverem a utilizar em pleno a sua capacidade produtiva poderão aumentar o volume

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produzido até ao máximo com o intuito de servir todo o mercado e baixar os níveis dos preços

criando, assim, uma desvantagem de custo para as empresas entrantes (Spence 1977; Eaton e

Lipsey 1979; Harrigan 1983). Segundo Lieberman (1987), o excesso de capacidade pode ser

uma barreira estratégica e não-estratégica.

O excesso de capacidade como barreira não-estratégica relaciona-se com os aspetos

estruturais das instalações das empresas instaladas que estão a ser subutilizadas devido à

procura cíclica ou devido a estarem sujeitas a deseconomias de escala. Os níveis de procura

muitas vezes sofrem oscilações ao longo do tempo, o que por vezes leva as empresas instaladas

a investir em excesso de capacidade para conseguirem dar resposta a períodos de pico de

procura (Lieberman 1987). Assim, poderá dizer-se que o excesso de capacidade não-estratégico

a maior parte das vezes relaciona-se com a curva da procura (Blees et al. 2003). Já o segundo

tipo de excesso de capacidade relaciona-se com o facto de as empresas instaladas tentarem

barrar a entrada de novas empresas no mercado através da ameaça de retaliação competitiva

(Lieberman 1987).

Todavia, não existe consenso entre os vários autores acerca de o excesso de capacidade ser

ou não utilizado estrategicamente pelas empresas instaladas como barreira à entrada, pelo que

se levantam várias questões relativas à sustentabilidade desta barreira. Shepherd (1997) diz que

o excesso de capacidade permite às empresas instaladas retaliarem contra a entrada de novas

empresas no mercado e até mesmo tornar essa ameaça credível. Já Dixit (1980) defende que

essa ameaça não é credível porque as empresas instaladas cujo objetivo é a maximização do

lucro nunca vão ter as suas instalações subutilizadas se não tiverem a certeza que a entrada de

novas empresas no mercado vai ocorrer. De facto, se a entrada não ocorrer, essa subutilização

das suas instalações origina deseconomias de escala e lucros mais baixos. Mais, Dixit (1980)

assume ainda que, sobre determinadas circunstâncias, as empresas instaladas não terão como

objetivo tornarem-se líderes de mercado pelo que irão evitar o excesso de capacidade. Spence

(1977) refere que as empresas entrantes julgam que as empresas instaladas vão sempre manter

a capacidade de produção que tinham antes de a entrada ocorrer.

Em suma, o excesso de capacidade usado estrategicamente pelas empresas instaladas tem

várias limitações e, caso seja utilizada, não se sabe se é ou não eficaz (Blees et al. 2003). Estes

autores afirmam que é seguro dizer que as empresas, por vezes, mantêm níveis de excesso de

capacidade mas por motivos essencialmente não-estratégicos. Todavia, admitem que o excesso

de capacidade, se usado eficazmente pelas empresas instaladas, poderá resultar numa séria

desvantagem de custo para as empresas entrantes podendo, assim, barrar a sua entrada no

mercado (Blees et al. 2003).

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Os custos afundados são custos que no curto ou médio prazo não podem ser eliminados,

mesmo se as empresas pararem totalmente a sua produção (Blees et al. 2003). Sutton (1991)

faz a distinção entre dois tipos de custos afundados: endógenos e exógenos. O primeiro tipo diz

respeito a custos afundados que derivam de escolhas por parte das empresas entrantes, tais como

a Investigação e Desenvolvimento (I&D) e a publicidade. Já o segundo tipo refere-se a custos

afundados que têm de ser suportados por todas as empresas entrantes, como aqueles que

derivam de economias de escala (Sutton 1991).

Segundo Harbord e Hoehn (1994), há alguns aspetos acerca dos custos afundados que se

devem ter em consideração. Primeiro, estes custos não podem ser recuperados aquando a saída.

Depois, geram uma assimetria de custos entre as empresas instaladas e as potenciais entrantes

porque, quando as empresas se comprometem, os custos afundados deixam de ser uma porção

dos custos de oportunidade de produção. Por fim, são uma forma de compromisso por parte das

empresas instaladas para não saírem do mercado. Assim, se a probabilidade de recuperar estes

custos for baixa, as potenciais entrantes poderão ver a sua entrada no mercado dificultada

(Harbord e Hoehn 1994).

A sustentabilidade desta barreira é bastante grande (Blees et al. 2003). Para estes autores, os

custos afundados exógenos são sustentáveis até ao ponto em que a estrutura da indústria sofre

mudanças drásticas resultantes, por exemplo, de grandes alterações tecnológicas. Como os

custos endógenos implicam uma escolha por parte das empresas entrantes como, por exemplo,

investir fortemente em publicidade, a sustentabilidade deste tipo de custos afundados depende

do facto de as empresas entrantes terem ou não realmente uma escolha para fazer. As empresas

entrantes poderão optar por não ter grandes custos (com um carácter irrecuperável) em

publicidade, mas competir através do preço ou desenvolver um canal de distribuição superior

(Blees et al. 2003).

Netter (1983) defende que a publicidade provoca uma melhoria na alocação dos recursos,

uma vez que melhora a transparência do mercado através da partilha de informação com os

consumidores acerca dos produtos e serviços oferecidos pelas empresas. Os consumidores

podem usar esta informação para os auxiliar na comparação de produtos/serviços e tomar

decisões mais acertadas. Contrariamente, Karakaya e Stahl (1989) referem que a publicidade

distorce a alocação dos recursos pois aumenta o custo de produção e os custos de mudança do

consumidor. Além disto, a publicidade das empresas instaladas pode afetar a eficácia da

publicidade das empresas entrantes, já que muitas vezes cria o reconhecimento do

produto/serviço da empresa instalada e angaria a lealdade dos consumidores (Karakaya e Stahl

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1989). É através destes objetivos que a publicidade pode tornar-se uma barreira à entrada (Blees

et al. 2003).

Existem ainda outras três formas de a publicidade funcionar como barreira à entrada

(Schmalensee 1983). Este autor refere que a publicidade são custos afundados e para que seja

eficaz, requer uma escala mínima de eficiência grande. Se os níveis de publicidade forem

constantemente altos acabam por gerar custos adicionais que são fixos para cada um dos níveis

de produção das empresas entrantes. A lealdade dos consumidores para com os

produtos/serviços das empresas instaladas e o receio que poderão ter dos produtos/serviços das

empresas entrantes exige que estas empresas tenham elevados custos em publicidade ou, caso

contrário, a sua publicidade poderá não ser eficaz. Como tal, ou as despesas em publicidade são

mais altas para as empresas entrantes do que para as instaladas, ou a publicidade das entrantes

poderá ser menos eficaz (Schmalensee 1983).

Outra forma de a publicidade funcionar como barreira à entrada relaciona-se com o facto de

poder criar economias de escala porque, por vezes, algumas empresas dedicadas à elaboração

de campanhas publicitárias oferecem descontos para grandes campanhas às empresas instaladas

(Schmalensee 1983). Estes descontos levam ao decréscimo do custo de cada campanha

publicitária que a empresa comprar nas vezes seguintes e, consequentemente, o custo médio

por campanha publicitária diminui. As grandes empresas instaladas terão economias de escala

sobre as pequenas empresas entrantes e, por consequência, o seu custo de publicidade por

produto/serviço vendido será inferior ao custo de publicidade por produto/serviço vendido pelas

empresas entrantes (Schmalensee 1983). Por último, a publicidade poderá originar informação

imperfeita relativa ao preço e à qualidade dos produtos/serviços para os consumidores, o que

poderá criar algumas vantagens duradouras para os produtos/serviços das empresas instaladas

e até mesmo bloquear a entrada de novos produtos/serviços no mercado (Schmalensee 1983).

Assim, as empresas entrantes têm necessidade de fazer um investimento significativo em

publicidade com o intuito de contrariar esta oferta desequilibrada de informação, quando

poderiam utilizar esse investimento numas instalações ou maquinaria pois, caso a entrada no

mercado não seja bem-sucedida, o dinheiro em publicidade é perdido (custo afundado)

(Schmalensee 1983). Já o investimento em instalações ou maquinaria pode ser, pelo menos

parcialmente, recuperado. Como consequência, o risco aumenta para os financiadores de capital

e, deste modo, os custos de financiamento para as empresas entrantes poderão ser mais elevados

(Schmalensee 1983).

As empresas instaladas poderão ter elevadas taxas de conhecimento/know-how resultante da

experiência que foram ganho ao longo dos anos que têm estado no mercado. Muitas vezes, as

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potenciais entrantes não têm este conhecimento/know-how necessário para entrarem nesse

mercado (Karakaya e Stahl 1989; Lutz et al. 2010). Outras vezes, as empresas instaladas

possuem patentes que lhes permite ter um certo poder de mercado durante um período de tempo

limitado, limitando a entrada durante esse período já que se torna difícil para as potenciais

entrantes terem acesso aos conhecimentos protegidos por patente (Karakaya e Stahl 1989; Lutz

et al. 2010).

Uma das grandes dificuldades que as potenciais entrantes normalmente têm é a necessidade

de capital. Quando o mercado onde pretendem entrar necessita de tecnologias ou instalações

especializadas e equipamentos específicos, poderá haver alguma relutância por parte das

potenciais entrantes em possuir uma quantidade significativa de capital para poder investir em

atividades arriscadas e irrecuperáveis (como publicidade ou I&D) ou em ativos muito

específicos, o que poderá ser uma barreira à entrada (Porter 1980). Mais, o facto de serem novas

empresas poderá gerar-lhes grandes dificuldades em conseguir financiamento para os seus

investimentos devido ao elevado risco para os credores (Tirole 1988).

A diferenciação de produto pode surgir de várias formas que vão desde diferenças físicas à

criação de uma marca ou o atendimento ao cliente (Bain 1956; Gilbert 1989). Quando usada

estrategicamente pelas empresas instaladas, pode ser uma das maiores barreiras à entrada num

determinado mercado (Bain 1956; Karakaya e Stahl 1989; Shepherd 1997). Esta barreira pode

ter dois efeitos distintos, estando o primeiro relacionado com as empresas instaladas ganharem

a lealdade dos consumidores (Bain 1956). Estas empresas podem ganhar a lealdade dos

consumidores bem como fazer com que o seu produto/serviço seja reconhecido através da

publicidade já que, habitualmente, assume-se que esta lealdade faz com que os consumidores

escolham os produtos/serviços das empresas instaladas, em vez dos das empresas entrantes

(Bain 1956; Karakaya e Stahl 1989; Shepherd 1997). Os consumidores irão dar preferência aos

produtos/serviços das empresas instaladas pois, geralmente, não têm muita informação acerca

da qualidade dos produtos/serviços das empresas entrantes (Schmalensee 1982).

O segundo efeito da diferenciação de produto resulta diretamente da lealdade ao

produto/serviço que as empresas instaladas criaram entre os consumidores (Blees et al. 2003).

Esta barreira elimina parcialmente o efeito do uso do preço como arma por parte das empresas

entrantes, pois os consumidores tornam-se menos sensíveis aos preços e, desta forma, a

elasticidade preço diminui (Schmalensee 1982). De facto, a lealdade dos consumidores ao

produto/serviço criado pelas empresas instaladas permite-lhes aumentar os seus preços até um

determinado ponto sem perder clientes. Ao mesmo tempo, têm a possibilidade de aumentar os

custos das empresas entrantes uma vez que têm despesas de venda – como os custos em

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publicidade para criar diferenciação de produto –, o que força as empresas entrantes a fazer o

mesmo caso desejem competir com os produtos/serviços diferenciados das empresas instaladas

(Bain 1956; Shepherd 1997).

Os custos que as empresas entrantes têm para tentarem diferenciar os seus produtos/serviços

de maneira a conseguirem competir com os produtos/serviços diferenciados das empresas

instaladas são sempre mais altos em relação aos custos que as empresas instaladas têm. Estes

custos são mais elevados paras as empresas entrantes porque, como resultado da queda da

sensibilidade dos consumidores aos preços, as empresas instaladas conseguem manter preços

mais elevados do que as entrantes (Bain 1956; Shepherd 1997). Além disto, através do aumento

dos custos totais das empresas entrantes e do nível de preços, as empresas instaladas podem

aumentar a escala mínima de eficiência das entrantes – isto é, forçar as empresas entrantes a

comprometerem-se com um nível de produção mais elevado –, caso tenham economias de

escala suficientes para o fazer (Bain 1956; Shepherd 1997).

Quando uma empresa entrante tem que enfrentar a barreira à entrada “diferenciação de

produto”, os principais obstáculos que tem de enfrentar são os custos mais elevados juntamente

com a redução da elasticidade preço e a lealdade dos consumidores para com os

produtos/serviços das empresas instaladas (Blees et al. 2003). Noutras palavras, a diferenciação

de produto é uma barreira à entrada quando o produtor (uma empresa entrante) de um novo

produto/serviço não consegue replicar outro produto/serviço das empresas instaladas sem

incorrer em custos ou perdas nas suas vendas (Gilbert 1989).

É ainda importante realçar que a diferenciação de produto nem sempre é uma barreira à

entrada. Robinson e McDougall (2001) referem que um nível alto de diferenciação de produto

está geralmente associado à limitação da entrada de novas empresas no mercado ou até mesmo

à não-entrada. De igual modo, um nível baixo também pode ser eficaz como barreira mas,

geralmente isto está mais relacionado com economias de escala. Ainda segundo estes autores,

níveis moderados de diferenciação de produto não funcionam tão bem como barreira à entrada

já que, geralmente, as empresas entrantes tentam diferenciar o seu produto/serviço num nicho

de mercado que ainda não esteja servido pelas empresas instaladas.

Sempre que os consumidores têm de incorrer em custos elevados para aderirem a novos

produtos/serviços de novos concorrentes em deterioramento de produtos/serviços já existentes,

estes custos de mudança poderão funcionar como uma barreira à entrada (Porter 1980;

Karakaya e Stahl 1989; Shepherd 1997). Segundo Klemperer (1995), os custos de mudança

podem estar relacionados com a necessidade de os produtos/serviços de um novo fornecedor

serem compatíveis com os equipamentos existentes, com os custos de transação relativos à

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mudança de fornecedores, com os custos de aprender a usar novas marcas de produtos/serviços

e a incerteza acerca da qualidade dos produtos/serviços que ainda não foram testados.

Os custos de mudança permite às empresas instaladas aumentar os níveis de preços até um

certo ponto sem perder clientes porque estes custos, na maioria dos casos, não permite aos

consumidores regulares mudar de fornecedor. De certa forma, isto acaba por ser uma vantagem

substancial para as empresas instaladas porque acabam por ter um certo grau de poder

monopolístico sobre os seus consumidores regulares (Klemperer 1995). A verdade é que os

consumidores estão de certa maneira “presos” ao produto/serviço fornecido pelas empresas

instaladas e, uma empresa entrante irá ter elevados custos para conseguir que os consumidores

mudem do produto/serviço das empresas instaladas para o seu produto/serviço (Shepherd

1997). Custos de mudança elevados vão aumentar a lealdade dos consumidores ao

produto/serviço das empresas instaladas, bem como tornar os consumidores dependentes dessas

empresas (Blees et al. 2003).

No que concerne à política governamental, nomeadamente às licenças, Tirole (1988) e Blees

et al. (2003) referem que o governo pode restringir ou até mesmo barrar a entrada através da

emissão de licenças para certas atividades de uma indústria quando a querem regular – por

exemplo, uma licença para vender bebidas alcoólicas ao público. Estas licenças governamentais

geralmente estão vinculadas a um determinado período de tempo, sendo que podem limitar a

entrada de novas empresas no mercado de duas formas. A primeira está relacionada com o facto

de o número de licenças que podem ser emitidas terem um limite máximo e, desta maneira, não

ser possível ter no mercado mais que um determinado número de empresas (Blees et al. 2003).

A segunda forma tem a ver com os requisitos que têm de ser cumpridos de maneira a obter essa

licença. Estes requisitos podem aumentar a necessidade de capital e/ou os conhecimentos

necessários, ou até mesmo excluir determinados grupos de potenciais entrantes porque nunca

irão conseguir cumprir esses requisitos para a obtenção da licença (Blees et al. 2003).

Ainda a respeito da política governamental, os governos também podem limitar ou barrar a

entrada de novas empresas no mercado através de determinadas políticas restritivas relativas,

por exemplo, à segurança do produto ou instalações e ao controlo da poluição (Tirole 1988;

Blees et al. 2003). Políticas governamentais como estas podem aumentar as economias de

escala, a necessidade de capital e outras potenciais barreiras. Também os regulamentos de

licenciamento, monopólios estatais, subsídios para as empresas instaladas, encargos

administrativos para as empresas entrantes e administrações públicas pouco desenvolvidas

podem igualmente barrar a entrada de novas empresas no mercado (Blees et al. 2003).

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O acesso a canais de distribuição poderá ser uma barreira à entrada quando as potenciais

entrantes têm a necessidade de assegurar a distribuição do seu produto/serviço já que, em

algumas indústrias como a transformadora, este acesso é um pré-requisito fundamental para as

empresas conseguirem vender os seus produtos/serviços (Blees et al. 2003). Não é comum as

empresas terem as suas próprias instalações para transportar, armazenar e distribuir os seus

produtos/serviços e, como tal, dependem de grossistas e retalhistas para o fazer (Robertson e

Gatignon 1991).

Contudo, o acesso aos habituais canais de distribuição está bloqueado nalgumas indústrias

devido tanto a questões estruturais – não há mais espaço nos canais de distribuição – como a

questões estratégicas, já que as empresas instaladas podem bloquear o acesso aos canais de

distribuição de forma a obterem uma vantagem competitiva sustentável sobre as empresas

entrantes. Esta vantagem competitiva das empresas instaladas força as empresas entrantes a ter

custos de distribuição mais elevados, pois têm a necessidade de procurar outros canais de

distribuição ou até outra forma de distribuir os seus produtos/serviços (Robertson e Gatignon

1991).

Geralmente, só grandes empresas que têm um elevado poder de negociação sobre os seus

compradores conseguem bloquear o acesso aos canais de distribuição. Contudo, isso também é

possível para empresas pequenas que possuam um poder de negociação substancial dentro do

segmento ou nicho do mercado onde operam (Blees et al. 2003). Os canais de distribuição

bloqueados estrategicamente pelas empresas instaladas são uma barreira à entrada sustentável

mas, a sua duração depende da estratégia que as empresas instaladas adotaram e de aspetos

legais como o cartel ou regulações sobre a concentração de empresas. Também os canais de

distribuição bloqueados por questões estruturais são uma barreira à entrada sustentável porque

é necessária uma mudança drástica da estrutura do mercado para alterar as condições sobre as

quais o bloqueio ocorreu (Blees et al. 2003).

Blees et al. (2003) destacam a importância dos recursos para as empresas instaladas

conseguirem ter uma vantagem competitiva sobre as potenciais entrantes. Os recursos são um

pré-requisito para as empresas serem capazes de produzir e, sem eles, não conseguem satisfazer

as exigências do mercado (Blees et al. 2003). São diversos os tipos de recursos necessários para

as empresas produzirem, mas a teoria económica dá destaque a três: capital, mão-de-obra e

matérias-primas. Os recursos estratégicos podem ser definidos como inputs tangíveis e

intangíveis que possibilitam às empresas instaladas assegurarem uma vantagem competitiva

sobre potenciais entrantes (Karakaya e Stahl 1989; Blees et al. 2003). As empresas instaladas

que controlem determinados recursos estratégicos podem impedir as potenciais entrantes de

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aceder a esses recursos e, desta forma, dificultarem ou até mesmo barrarem a sua entrada no

mercado (Shepherd 1997).

Existem algumas formas legais de controlo sob os recursos, como as patentes e as concessões

governamentais. As empresas mineiras são um exemplo: quando obtêm uma concessão para

explorar uma determinada área, estas empresas têm um controlo total sob estes recursos (Blees

et al. 2003). Porém, o controlo sob recursos estratégicos só é sustentável enquanto barreira à

entrada desde que as potenciais entrantes não tenham nenhuma oportunidade de ganhar o

controlo de recursos ainda melhores – por exemplo, quando um fornecedor integrado

verticalmente força as potenciais entrantes a aceder ao mercado através de outros (melhores ou

mais baratos) canais de distribuição (Rey e Stiglitz 1995; Blees et al. 2003).

Além disto, a sustentabilidade desta barreira também depende do tipo de recursos e do tipo

de controlo que as empresas instaladas têm: o controlo sob a mão-de-obra não dura tanto quanto

o controlo sob a localização e o controlo por meio do aluguer ou concessão pode durar menos

do que o controlo através da posse de um local rentável (Blees et al. 2003). De maneira a que

as empresas instaladas consigam mantar a sua vantagem competitiva, os recursos deverão ser

valiosos, raros, duráveis, difíceis de imitar e insubstituíveis (Blees et al. 2003).

Quando são utilizadas estratégias de preço, uma potencial entrante pode julgar que um preço

baixo de uma empresa instalada como uma vantagem absoluta de custo e, assim, desencorajar

a sua entrada (Gilbert 1989). Mais, quando as potenciais entrantes estudam o comportamento

das empresas instaladas em situações de entrada no passado, e se apercebem que elas tiveram

frequentemente reações agressivas a estes episódios, as potenciais entrantes aumentam a sua

expetativa em receberem a mesma reação. Assim, as estratégias de preço limite ou preço

predatório também podem criar barreiras à entrada (Gilbert 1989). De facto, muitas empresas

instaladas usam estratégias relacionadas com o preço quando existe a ameaça de entrada de

novas empresas no mercado (Bain 1956).

Bain (1956) destacou a importância do preço limite como estratégia utilizada pelas empresas

instaladas, que basicamente consiste em estabelecerem o preço logo abaixo do nível em que a

entrada seria atrativa. Neste caso, este preço limite é o preço máximo que as empresas instaladas

podem praticar sem tornar a entrada no mercado atrativa (Blees et al. 2003). A política ótima

de preço perante a ameaça de entrada envolve preços que estão abaixo do nível de monopólio

de curto prazo mas, ainda assim, acima do nível que iria prevalecer após a entrada ocorrer

(Milgrom e Roberts 1982).

É de salientar que Bain (1956) refere que estabelecer um preço limite só é possível se

existirem outras barreiras. As empresas instaladas têm duas hipóteses, dependendo da ameaça

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de entrada e do tempo necessário para a entrada ocorrer (Bain 1956). Quando a posição das

empresas instaladas é forte e as barreiras à entrada são elevadas, a resposta típica para tentar

barrar qualquer tentativa de entrada é baixar os preços logo abaixo do preço limite (Blees et al.

2003). Quando a posição das empresas instaladas é fraca e a entrada é provável que ocorra, a

estratégia será maximizar os lucros no curto prazo através de um grande aumento dos níveis de

preço acima do preço limite. Como resultado, as empresas irão entrar no mercado e o preço irá

cair após a entrada (Blees et al. 2003).

Relativamente à sustentabilidade do preço limite como barreira à entrada, no caso em que a

entrada é em pequena escala, esta barreira só funciona se conjugada com as vantagens de custo

das empresas instaladas (Blees et al. 2003). No caso de a entrada ser em grande escala, o preço

limite baseia-se no comportamento endógeno das empresas instaladas e, nalguns casos, e

entrada só é bloqueada se a ameaça e o compromisso das empresas instaladas for credível. O

preço limite desce se a procura se tornar mais elástica e o mercado aumentar de dimensão e

sobe quando as economias de escala se tornam mais relevantes (Blees et al. 2003).

A retaliação pode definir-se como o conjunto de estratégias que as empresas instaladas

podem adotar contra as potenciais entrantes, quando estas procuram entrar no mercado. Esta

barreira diz respeito especificamente aos mecanismos estratégicos que as empresas instaladas

utilizam após a entrada ocorrer, e não às condições de pré-entrada (Blees et al. 2003). Alguns

exemplos destes mecanismos são as inovações e interações em mercados semelhantes, o preço

e a publicidade (Shepherd 1997).

Geralmente, esta barreira é abordada de duas formas distintas pelos vários autores. A

primeira abordagem constitui a criação de uma lista que agrega todas as respostas possíveis e

adequadas das empresas instaladas à entrada de novas empresas no mercado (Robertson e

Gatignon 1991; Gatignon et al. 1997). A segunda abordagem diz respeito aos sinais que as

empresas instaladas devem enviar às potenciais entrantes acerca da sua determinação em

retaliar, caso a entrada ocorra. É através da construção de uma reputação credível entre as

potenciais entrantes que as empresas instaladas conseguem deter a sua entrada (Clark e

Montgomery 1998; Prabhu e Stewart 2001). De facto, Thomas (1999) demonstra que uma

resposta antecipada das empresas instaladas à entrada de novas empresas no mercado onde

operam é um dos determinantes de entrada mais importante.

A retaliação pode ser uma barreira à entrada bastante eficaz. Robertson e Gatignon (1991)

argumentam que o essencial para que esta barreira funcione é que as empresas instaladas

enviem sinais às potenciais entrantes acerca da sua vontade de retaliar. De acordo com Clark e

Montgomery (1998), os sinais enviados pelas empresas instaladas serão tão mais influentes

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quanto mais difícil e/ou dispendiosa for a recolha da informação por parte das potenciais

entrantes. A credibilidade de um sinal depende do nível de credibilidade e sucesso da atividade

das empresas instaladas. As empresas instaladas que adotam constantemente um

comportamento estratégico e são bem-sucedidas podem mais facilmente enviar sinais credíveis

(Clark e Montgomery 1998). A reputação pode ser essencial, uma vez que contribui bastante

para as expectativas das potenciais entrantes acerca da estratégia de retaliação que as empresas

instaladas poderão adotar. Estas expectativas podem ser utilizados para deter efetivamente

entrada (Clark e Montgomery, 1998; Thomas 1999; Prabhu e Stewart 2001).

A informação incompleta está relacionada com a incapacidade que as potenciais entrantes

têm em obter uma visão geral, completa e precisa acerca das condições reais do mercado onde

pretendem ingressar (Blees et al. 2003). Noutras palavras, a informação incompleta refere-se à

incapacidade de uma potencial entrante prever com precisão e detalhe as especificidades da

situação pós-entrada, especialmente por falta de informação relativa à procura real do mercado

e aos custos de operar no mesmo (Milgrom e Roberts 1982; Geroski et al. 1990). Estas

incertezas podem influenciar negativamente a estratégia de entrada da potencial entrante, uma

vez que poderá fazer falsas suposições e/ou estimativas enfraquecendo a sua posição De facto,

as potenciais entrantes têm inerentemente menos informação do que as empresas instaladas e,

além disto, a aquisição desta informação pode ser dispendiosa (Shepherd 1997). A falta de

informação não é só uma barreira por si só, mas também contribui para o aumento do risco das

potenciais entrantes e, consequentemente, o seu custo de capital (Blees et al. 2003).

A assimetria de informação refere-se à situação em que uma das empresas – geralmente a

empresa instalada – tem mais informação do que a outra (Blees et al. 2003). Noutras palavras,

a assimetria de informação diz respeito a uma diferença que existe entre as empresas instaladas

e as potenciais entrantes, relativa a I&D e a conhecimento (Geroski et al. 1990). A maioria das

vezes, as empresas instaladas estão mais bem informadas e capazes ao nível do conhecimento

que possuem do que as potenciais entrantes, principalmente devido às vantagens obtidas através

da aprendizagem e experiência (Blees et al. 2003). O facto de as empresas entrantes terem

menos informação do que as instaladas poderá barrar a sua entrada no mercado, caso necessitem

indispensavelmente desse conhecimento para conseguirem entrar, podendo este conhecimento

estar protegido, por exemplo, por patentes (Blees et al. 2003).

Esta barreira está relacionada com as barreiras “preço limite” e “retaliação”. A sinalização

pode determinar a estratégia de preço das empresas instaladas (Milgrom e Roberts 1982, 1987).

O sucesso de determinadas estratégias de preço, como o preço limite, depende até que ponto as

potenciais entrantes correlacionam o comportamento pré-entrada das empresas instaladas com

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os lucros pós-entrada (Blees et. al 2003). A informação incompleta é crucial, uma vez que estas

estratégias de preço são desenhadas para explorar as assimetrias de informação entre as

empresas instaladas e as potenciais entrantes (Geroski et al. 1990).

Geralmente, uma potencial entrante considera a entrada no mercado rentável se percecionar

que as empresas instaladas têm custos elevados, e não rentável se os custos forem baixos

(Milgrom e Roberts 1987). As empresas instaladas podem estabelecer preços abaixo do nível

ótimo de curto prazo para sinalizar às potenciais entrantes que têm custos baixos – quando de

facto, poderão não ter – ou para demonstrar que irão retaliar contra as potenciais entrantes. De

qualquer forma, as empresas instaladas vão tentar impedir a entrada usando o preço como um

sinal (Milgrom e Roberts 1987; Clark e Montgomery 1998). A informação incompleta pode

levar as potenciais entrantes a aceitar os sinais e a tê-los em conta na hora de decidir se deve ou

não entrar no mercado (Blees et al. 2003).

Apesar de os preços de pré-entrada das empresas instaladas poderem não influenciar a

rentabilidade pós-entrada, podem tornar-se sinais de alguns determinantes não observáveis dos

seus lucros, isto é, podem ajudar a ocultar o seu lucro verdadeiro (Blees et al. 2003). Noutras

palavras, poderá transmitir às potenciais entrantes que as empresas instaladas não estão a ter

lucro – quando na realidade estão – e, desta forma, deter a sua entrada.

Alguns acordos estratégicos entre as empresas instaladas permite-lhes ganharem algumas

vantagens sobre as potenciais entrantes e, algumas vezes, até mesmo barrar a sua entrada no

mercado. Um exemplo destes acordos são a integração vertical. As empresas podem optar por

integrar verticalmente para atingir eficiências ou para retirar vantagens relacionadas com

condições de monopólio (Blees et al. 2003). Se for eficiente para as empresas numa determinada

indústria integrar verticalmente, então uma potencial entrante tem de entrar em dois ou mais

níveis de produção de forma a conseguir igualar os custos das empresas instaladas. Isto requer

mais investimentos e maior compromisso e, assim, pode funcionar como barreira à entrada

(Shepherd 1997).

Quando um setor tem características de um monopólio natural, o poder de monopólio pode

ser transferido para um mercado a montante ou a jusante. Se não forem tomadas medidas e o

acesso ao monopólio natural for negado às empresas entrantes, esta barreira à entrada é bastante

severa (Blees et al. 2003). Em suma, é possível para as empresas instaladas tirarem vantagens

relacionadas com condições de monopólio. Através da integração vertical, as empresas

instaladas podem aumentar as barreiras à entrada (Blees et al. 2003).

A integração vertical deixa de ser sustentável quando a hierarquia deixa de ser a solução

mais eficiente ao nível dos custos. Isto pode acontecer quando os custos de transação se tornam

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mais baixos devido a inovações, como por exemplo a Internet, ou quando o mercado consegue

produzir a um nível muito mais baixo de custos (Blees et al. 2003). Este pode ser o caso quando

são desenvolvidas novas tecnologias ou surgem novos mercados. Um caso específico em que a

integração vertical é acabada é quando o governo decide dividir uma empresa, por exemplo,

para introduzir concorrência num antigo monopólio. Outras vezes, os monopólios são proibidos

através de leis de concorrência (Blees et al. 2003).

2.3. Barreiras à entrada: será que são efetivamente eficazes na inibição de entrada de

novas empresas no mercado?

Os modelos teóricos acerca da temática “barreiras à entrada” são em números elevados mas,

são poucos os estudos empíricos realizados acerca da mesma. Um dos primeiros trabalhos

empíricos foi desenvolvido por Harrigan (1981). A autora estudou o comportamento de seis

empresas pertencentes a cinco indústrias (embalamento de carne, bebidas destiladas, cigarros,

cimento hidráulico e fabrico de aeronaves) ao longo de nove anos, e conclui que a constituição

de condições de excesso de capacidade e o corte dos preços para conseguir suportar essa

capacidade são barreiras à entrada bastante relevantes. Mais, investindo em I&D, as empresas

instaladas conseguem aumentar as economias de escala tecnológicas dentro das respetivas

indústrias ou até mesmo contribuir para a presente evolução tecnológica da indústria para que

as seguintes tentativas de entrada sejam mais ineficazes.

Um estudo empírico levado a cabo por Harrigan (1983) nos Estados Unidos parece indicar

que, na indústria transformadora, as empresas instaladas poderão tentar barrar a entrada de

novas empresas no mercado mantendo um determinado nível de capacidade, construindo

sempre as suas instalações antes das empresas entrantes e nas localizações disponíveis mais

apropriadas. Assim, o nível de investimento necessário para entrar no mercado onde operam

aumenta tornando a entrada pouco atraente.

Smiley (1988) utilizou como meio de recolha de informação um questionário direcionado a

empresas americanas, onde mais de metade dos inquiridos compararam, em termos de

relevância, as estratégias de impedir a entrada de novas empresas com outras estratégias de

marketing e decisões de produção. A prática de dissuasão à entrada revelou-se um problema

bastante relevante para as empresas incluídas no estudo. Smiley (1988) demonstrou ainda que,

para novos produtos, as empresas limitam a entrada através do patenteamento e da criação de

lealdade ao produto através de grandes despesas em publicidade. Para os produtos já existentes,

as empresas tentam limitar a entrada através do preenchimento de todos os nichos existentes do

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produto, da ocultação dos dados relativos à rentabilidade do produto e, mais uma vez, da criação

de lealdade ao produto através de despesas em publicidade.

Karakaya e Stahl (1989) desenvolveram um estudo cujo objetivo era identificar as principais

barreiras capazes de dissuadir a entrada de novas empresas em dois mercados – o mercado de

bens de consumo e o mercado de bens industriais – e saber se a importância das barreiras à

entrada na decisão de entrada no mercado eram ou não diferentes entre estes dois mercados.

Para tal, foram modeladas as decisões de entrada no mercado de 137 executivos em 49 grandes

empresas americanas, em que o instrumento de decisão de entrada consistia em 32

oportunidades de entrada no mercado. Os executivos inquiridos revelaram que tinham em

consideração as várias barreiras aquando a decisão de entrada no mercado e que a barreira mais

importante era as desvantagens de custo. Além disso, a importância das diferentes barreiras

diferia entre o mercado de bens de consumo e o mercado de bens industriais.

Bunch e Smiley (1992) elaboraram um estudo de forma a perceberem se as empresas

instaladas tentam frequentemente limitar a entrada de novas empresas e que estratégias são

usadas mais frequentemente. As barreiras mais usadas para produtos existentes e novos

produtos são as mesmas que se destacaram no estudo de Smiley (1988). Porém, para produtos

recém-desenvolvidos, a dissuasão estratégica à entrada é regularmente utilizada quando os

mercados são concentrados, compostos por grandes empresas e intensivos em I&D. Para os

produtos existentes, a dissuasão estratégica é também utilizada em mercados concentrados e

intensivos em I&D, mas a dimensão das empresas não tem qualquer influência.

Mathis e Koscianski (1996) apresentam resultados semelhantes aos de Harrigan (1983)

relativos à indústria americana do titânio mas, apesar de argumentarem que as instalações

subutilizadas poderem ser uma barreira à entrada, não encontram provas de que as empresas

instaladas investem intencionalmente em excesso de capacidade com o objetivo de a usarem

como uma barreira à entrada. Mais, os autores também não conseguem provar que as empresas

instaladas irão desviar-se do seu objetivo de maximização do lucro para investirem em excesso

de capacidade.

Singh et al. (1998), analisando as indústrias de alimentação, química e de engenharia elétrica,

demonstraram que para estas três indústrias existe evidências de que as empresas têm ações

estratégicas, apesar de ser em menor extensão do que as detetadas por Smiley (1988). As

barreiras mais usadas são a publicidade, I&D (mas não o patenteamento) e algumas restrições

verticais.

Thomas (1999) realça que uma das maneiras mais importantes para deter a entrada de novas

empresas no mercado é as empresas instaladas responderem antecipadamente à situação,

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usando o preço, a publicidade ou a criação de novos produtos. Ao estudar a indústria dos cereais

prontos a comer, Thomas (1999) concluiu que as empresas instaladas, para limitarem a escala

de entrada, utilizam a publicidade. Além disto, há grande probabilidade de as empresas

entrantes encontrarem uma resposta de preços agressiva e de as empresas instaladas retaliarem

quando a escala de entrada é maior.

Um estudo realizado em Singapura (Chang e Tang 2001) obteve resultados semelhantes aos

trabalhos referenciados anteriormente, especialmente com os resultados de Smiley (1988).

Também nesta cidade-estado, mais de metade dos inquiridos compararam, em termos de

relevância, as estratégias de impedir a entrada de novas empresas com outras estratégias de

marketing e decisões de produção. Os autores vieram demonstrar que, contrariamente ao que

se acredita, as barreiras à entrada não são relativamente baixas ou inexistentes nesta pequena

economia aberta. De facto, a dissuasão à entrada parece ser uma prática bastante frequente para

as empresas envolvidas no estudo. As barreiras usadas mais frequentemente nesta economia

são a publicidade, o preenchimento de todos os nichos do produto e o domínio de canais de

distribuição.

Karakaya (2002) estudou a importância de 25 barreiras à entrada em mercados industriais

através de um questionário dirigido a 93 empresas pertencentes a esses mercados. A maioria

dos executivos consideram as desvantagens de custo e a necessidade de capital como as duas

barreiras à entrada mais importantes. A regulação governamental e a publicidade foram as

barreiras apontadas como menos importantes. Além disto, o autor levou a cabo uma análise

fatorial dos dados com o objetivo de descobrir quais as dimensões subjacentes das barreiras à

entrada nestes mercados. Os resultados indicaram que existem quatro grandes dimensões

subjacentes das barreiras à entrada: vantagens específicas das empresas instaladas – como por

exemplo, desvantagens de custo resultantes de economias de escala –, diferenciação de produto,

necessidade de capital ou custos de entrada no mercado e a expetativa de lucro por parte das

empresas entrantes, sendo que esta última não diz necessariamente respeito a uma barreira à

entrada, mas sim a um conjunto de indicadores de atratividade do mercado.

Lutz et al. (2010) desenvolveram um trabalho para a Holanda acerca do conhecimento que

as empresas têm sobre as barreiras estruturais e estratégicas à entrada existentes no mercado

onde operam. Os autores concluíram que as empresas dão bastante importância a esta questão.

Ambos os tipos de barreiras à entrada são relevantes e a eficácia das barreiras estratégicas está

sujeita às características da estrutura do mercado. Após procederem a uma análise conjunta, os

autores demonstraram que, em particular, as barreiras enraizadas em três dimensões – capital,

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acesso a canais de distribuição e ações estratégicas – requerem atenção por parte das autoridades

da concorrência, uma vez que elas podem impedir a entrada de novas empresas no mercado.

Niu et al. (2012) levaram a cabo um estudo na China cujo um dos objetivos era determinar

a ordem de importância das barreiras à entrada neste mercado. Ao inquirir 193 executivos

chineses, os autores concluíram que as três barreiras mais importantes são: o efeito que a

publicidade tem – já que neste mercado a publicidade dificilmente aumenta o volume de vendas

–, o acesso aos canais de distribuição – pois o número de distribuidores a vender o produto

principal das empresas é limitado, dificultando o desenvolvimento de um mercado por parte

destas – e a concentração de vendedores isto é, quanto maior for a quota de mercado detida

pelas grandes empresas da indústria, maior é a pressão competitiva imposta nas empresas

entrantes, o que acontece neste país. Já as três barreiras à entrada apontadas como menos

importantes são: as políticas governamentais pois não é difícil para as empresas instaladas

cumprirem as normas impostas pelo governo, as despesas em publicidade porque facilmente

conseguem angariar fundos para mais campanhas publicitárias e a necessidade de capital já que,

geralmente, neste país a diferença entre os níveis de capital necessário e disponível para as

empresas instaladas não é grande.

Os estudos existentes acerca da temática “barreiras à entrada” centra-se nas estratégias

utilizadas pelas empresas instaladas para defenderem as suas posições no mercado e impedir a

entrada de novas empresas, bem como em aspetos estruturais do mercado que também podem

barrar a entrada de novas empresas (ver, por exemplo, Bain 1956; Porter 1980; Blees et al.

2003; Dijksta et al. 2006; Kemp e Lutz 2006; Lutz et al. 2010). De facto, identificar os diferentes

mecanismos que podem barrar a entrada de novas empresas no mercado é importante, na

medida em que as barreiras à entrada podem influenciar significativamente os níveis de

rentabilidade da indústria e a estrutura competitiva do mercado. Em indústrias em que as

barreiras à entrada são elevadas, é provável que se formem oligopólios, diminuindo o grau de

concorrência no mercado e levando a uma queda do bem-estar económico e social e diminuindo

a taxa de inovação (ver, por exemplo, Blees et al. 2003; Lutz et al. 2010).

São vários os estudos que discutem a variedade de barreiras à entrada possíveis de existir

nos mercados (ver, por exemplo, Stigler 1968; Porter 1980; Shepherd 1997; Blees et al. 2003).

Contudo, algumas questões cruciais ainda persistem. A importância de cada uma das barreiras

e quais as que afetam mais a decisão de entrada no mercado são questões que merecem estudo

adicional. Os trabalhos empíricos acerca deste tópico não abundam, sendo que autores como

Smiley (1988), Singh et al. (1998) e Lutz et al. (2010) destacam a importância da realização

deste género de trabalhos nesta área em vários países de forma a determinar até que ponto se

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podem generalizar os resultados obtidos em estudos já realizados e entender que barreiras

realmente influenciam o processo de entrada no mercado.

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Capítulo III – DADOS E METODOLOGIA

Este capítulo da dissertação tem como objetivo descrever o tipo de dados e metodologia

utilizada de forma que, eventualmente, possa ser replicado. Em primeiro lugar, é feita uma

discussão do tipo de dados mais adequados a utilizar, tendo em conta os objetivos e as questões

de investigação deste trabalho. Segundo, é discutido o tipo de pesquisa feita e são apresentadas

as razões da escolha de um questionário como método de recolha dos dados.

Além disto, são analisados os prós e contras das diferentes formas de como os questionários

podem ser enviados e é apresentada a escolha mais adequada para este caso. É também descrito

de que forma os dados vão ser analisados e que instrumentos vão ser utilizados para o efeito.

Seguidamente, o questionário utilizado é descrito pormenorizadamente bem como os

objetivos de cada questão feita. Mais, a população em estudo é apresentada, assim como a forma

que a amostra utilizada foi selecionada.

3.1. Tipo de dados e instrumento de recolha

Uma vez definido o objetivo do estudo e delineadas as questões às quais se pretende dar

resposta, é fundamental definir que tipo de dados utilizar. São vários os autores que destacam

as dificuldades de levar a cabo um estudo empírico acerca de barreiras à entrada (ver, por

exemplo, Smiley 1988; Bunch e Smiley 1992; Chang e Tang 2001). Smiley (1988) refere que,

o facto de as operações de quase todas as empresas serem multiproduto e de as estratégias que

as empresas adotam ao nível do produto serem o ponto chave para este estudo, faz com que as

bases de dados existentes acerca do nível de atividade das empresas não sejam úteis. Mesmo

que as estratégias das empresas sejam transversais a todos os produtos ou que a informação

disponível em fontes adequadas seja uma aproximação ao nível individual de cada produto, é

difícil intrepertar as razões implícitas dos padrões observados (Smiley 1988).

Chang e Tang (2001) argumentam, em particular, que usar informações acerca do lucro das

empresas não permite determinar a causa, o efeito e as intenções ao nível do produto. Portanto,

uma vez que o objetivo deste estudo é procurar saber, na perceção das empresas portuguesas,

quais as barreiras à entrada que desempenham um papel relevante no mercado em que operam

e quais destas barreiras afetam mais a decisão de entrada no mercado, e tendo em conta as

dificuldades referidas, os dados recolhidos serão dados primários à semelhança dos estudos de

Smiley (1988), Chang e Tang (2001) e Lutz et al. (2010) .

Após a decisão do tipo de dados mais adequados a utilizar, é necessário averiguar de que

forma vão ser recolhidos e qual a metodologia mais adequada para o tratamento dos mesmos.

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Seguindo Kothari (2004), o objetivo deste trabalho é procurar saber com que frequência um

determinado fenómeno acontece ou com que frequência um fenómeno está relacionado com

outro. Neste caso, procura-se saber, na perceção das empresas portuguesas, quais as barreiras à

entrada que desempenham um papel relevante no mercado em que operam e quais destas

barreiras afetam mais a decisão de entrada no mercado. Assim, o tipo de pesquisa a efetuar será

descritiva, uma vez que não se tem controlo sobre as variáveis e apenas é possível reportar o

que aconteceu ou está a acontecer, descrevendo o estado de algo tal e qual como existe ou

existiu (Kothari 2004).

A recolha de dados primários pode ser efetuada através de vários métodos, como por

exemplo, entrevista ou questionário (Kothari 2004). Smiley (1988) utilizou o questionário como

instrumento de recolha de dados para um estudo similar. O uso de um questionário traz-nos

algumas vantagens em relação à entrevista. Neste caso, exige menos recursos no que concerne

ao tempo e pessoal e são mais adequados para conseguir obter informações confidenciais

(Glasow 2005). Além disso, o questionário está livre da possível influência que o intrevistador,

consciente ou inconscientemente, possa ter sobre os respondentes – isto é, as respostas estão

nas próprias palavras de quem responde – e os respondentes têm o tempo que necessitarem para

dar respostas bem ponderadas (Kothari 2004; Alves 2012). Como os respondentes, na grande

maioria das vezes, não são facilmente acessíveis, o questionário também permite que possam

ser alcançados convenientemente (Kothari 2004). É ainda de referir que este método de recolha

de dados permite aceder a amostras de maior dimensão e, assim, os resultados poderão ser mais

fiáveis (Kothari 2004).

Como tal, o instrumento de recolha de dados selecionado é o questionário. A justificação

desta escolha baseia-se não só nas razões apresentadas anteriormente, mas também no trabalho

de Yin (2003), que refere que existem três critérios cruciais para ajudar na seleção do método

de recolha de dados: o tipo de questão de investigação, o grau de controlo que o investigador

tem sobre os acontecimentos comportamentais reais e o nível de focalização que se quer fazer

a acontecimentos atuais versus acontecimentos históricos (Yin 2003).

Quando o objetivo da investigação é responder a questões maioritariamente do tipo “O

quê?”, “Quem?”, “Onde?”, “Qual (ais)?” e/ou “Quanto (s)?”, o investigador tem pouco controlo

sob os acontecimentos em estudo e a investigação centra-se no estudo de acontecimentos atuais,

então o questionário deverá ser o instrumento selecionado para a recolha dos dados (Yin 2003).

Relativamente ao método de envio do questionário, há duas opções: por correio tradicional

ou por correio eletrónico. Como este estudo não tem qualquer financiamento, e o correio

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29

tradicional iria ser bastante dispendioso (Kwak e Radler 2002), a escolha feita foi o envio por

correio eletrónico.

Aquando da escolha deste método de envio é preciso ter em consideração alguns aspetos

importantes, além do custo. Os questionários enviados por correio tradicional geralmente têm

taxas de resposta mais altas do que aqueles enviados por correio eletrónico (Kwak e Radler

2002). Todavia, quando se enviam notificações a relembrar o seu preenchimento, a taxa de

resposta daqueles enviados por correio eletrónico aumenta (Kwak e Radler 2002; Kaplowitz et

al. 2004). Além disso, os questionários enviados desta forma são respondidos mais rapidamente

do que os enviados por correio tradicional (Kwak e Radler 2002), o que neste estudo é bastante

útil dado o tempo limitado para a elaboração do mesmo. É ainda de realçar que, no que diz

respeito à qualidade da informação obtida, a recolha através dos questionários enviados

eletronicamente tende a ser mais desejável já que, a taxa de não-resposta às perguntas é menor

e, quando existem perguntas de resposta aberta, as respostas tendem a ser mais longas (Kwak e

Radler 2002).

A análise de dados é quantitativa uma vez que nos permite explicar e procurar regularidades,

através da objetividade dos processos e da quantificação das medidas (Almeida e Freire 2000),

o que ajudará a responder às questões de investigação deste estudo. Serapioni (2000) destaca

as características essenciais dos métodos quantitativos: a orientação para a quantificação e causa

dos fenómenos, bem como para a verificação e resultados, o uso de métodos controlados, a

objetividade, a natureza hipotético-dedutiva e a replicabilidade e possibilidade de

generalização. Para este estudo, é fundamental a comparação com outros estudos empíricos

similares, bem como a quantificação e explicação da importância das barreiras à entrada. A este

propósito, Kothari (2004) realça que neste tipo de análise, os investigadores procuram muitas

vezes descobrir causas para os fenómenos observados, mesmo não tendo controlo sobre as

variáveis.

3.2. O questionário

O questionário utilizado neste estudo (Anexo 1) teve como referência para a sua construção

o enquadramento teórico deste tópico discutido no capítulo II e os questionários elaborados por

Singh et al. (1998) e Lutz et al. (2010). A maioria das questões são as mesmas que foram

utilizadas nos estudos elaborados por estes autores, para que possa ser possível fazer a

comparação de resultados.

O tipo de questões utilizadas foi questões de resposta fechada, tanto de escolha múltipla e

dicotómica como de escalas de medição. A escolha deste tipo de questões baseia-se no trabalho

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30

de Reja et al. (2003) acerca da utilização de questões de resposta aberta versus questões de

resposta fechada em questionários online. Os autores concluíram que as questões de resposta

aberta em comparação com as de resposta fechada demoram mais a ser descodificadas, são mais

difíceis de analisar estatísticamente, aumentam a probabilidade de não-resposta e produzem

uma maior diversidade de respostas (o que posteriormente pode complicar a análise dos dados).

Além disso, os resultados obtidos sugerem que as questões de resposta aberta produzem mais

dados em falta do que as de resposta fechada (Reja et al. 2003). Em cada uma das questões de

escolha múltipla e dicotómica foi colocada quase sempre a opção “outro/a” para que, no caso

de a resposta do respondente não se enquadrar em nenhuma das sugeridas, o respondente dê

uma resposta o mais verdadeira possível e para evitar que escolha uma das opções ao acaso.

O questionário encontra-se dividido em 3 secções. Na secção I são feitas algumas questões

relativas a informação básica acerca da empresa, como o setor de atividade e o número de

trabalhadores. As questões da secção II dizem respeito às condições/circunstâncias de entrada

no mercado, onde são descritos alguns aspetos competitivos e perguntado às empresas para

avaliarem, em termos de importância, até que ponto uma nova empresa de dimensão semelhante

à empresa respondente tem de enfrentar esses aspetos competitivos no principal mercado em

que essa empresa opera. A secção III serve para recolher informação relativa ao principal

mercado em que a empresa respondente opera.

A secção I é constituída por 10 questões. A primeira questão diz respeito ao setor em que a

principal atividade da empresa se enquadra. Os setores selecionados foram denominados

conforme a última Classificação Portuguesa das Actividades Económicas do Instituto Nacional

de Estatística (2007) (Anexo 2), sendo que algumas divisões foram agrupadas e alguns nomes

simplificados – as divisões 13 e 14 foram agrupadas e denominadas de “Indústria têxtil e do

vestuário”, as divisões 27 e 28 foram igualmente reunidas e designadas de “Fabricação de

equipamento elétrico, de máquinas ou equipamento” e a divisão 41 ficou apenas como

“Desenvolvimento de projetos e construção de edifícios”.

A pergunta número 2 desta secção tem como objetivo determinar a dimensão da empresa.

Para escolher as respostas apresentadas foi tido em consideração a definição de micro, pequena,

média e grande empresa segundo as normas europeiras (European Union Commission 2003).

As cinco questões seguintes têm como objetivo averiguar se o que é perguntado, tem ou não

influência na percepção que as empresas têm relativamente às barreiras à entrada no mercado

em que operam. Já a pergunta 9 tem como objetivo saber, na percepção das empresas, quais as

três barreiras com um papel mais relevante no mercado principal em que operam, caso uma

empresa de dimensão semelhante à sua queira entrar nesse mercado. A última questão está

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31

relacionada com a anterior, perguntado-se o tipo de nova empresa que iria tentar entrar no

mercado onde a empresa respondente opera.

A secção seguinte é constituída apenas por uma pergunta: “Até que ponto uma nova empresa

de dimensão semelhante à sua tem de enfrentar os seguintes aspetos competitivos no principal

mercado da sua empresa?”. De seguida são apresentados 24 aspetos competitivos e é pedido às

empresas que os classifiquem de acordo com a seguinte escala: 1 – Muito fortemente; 2 –

Fortemente; 3 – Um pouco; 4 – Raramente; 5 – Nunca. Cada um desses aspetos competitivos

diz respeito a uma barreira à entrada (com exceção do aspeto competitivo número 5). O objetivo

desta questão é essencialmente saber quais das barreiras à entrada descritas por cada um dos

aspetos competitivos desempenham um papel relevante na decisão de entrada no mercado.

Alguns destes aspetos competitivos foram abordados por duas questões em separado para

possibilitar a distinção entre a importância das características estruturais e a das características

estratégicas. Por exemplo, em relação à publicidade foram apresentadas duas afirmações: 1 –

“As empresas neste mercado têm despesas elevadas em publicidade e campanhas

promocionais” (estrutural); 2 – “Os produtos/serviços das empresas dentro do mercado são

fortemente suportados por publicidade e campanhas promocionais. Isto fará a entrada menos

atrativa para as novas empresas” (estratégica).

Além disto, a barreira identificada na revisão de literatura como “Acesso a

conhecimento/Know-how/I&D” foi dividida em duas respetivamente denominadas de “Acesso

a conhecimento” e “Acesso a I&D”, para ser possível distinguir o uso de patentes do

conhecimento/know-how adquirido pelas empresas através da sua experiência e/ou da

qualificação dos seus trabalhadores. Também a barreira “Necessidade de capital” foi dividida

em “Necessidade de capital” e “Custos de capital”. O objetivo é fazer a distinção entre o capital

que as potenciais entrantes necessitam para entrar no mercado – funcionando por si só como

uma barreira pelo facto de o capital necessário ser uma quantia tão elevada que as potenciais

entrantes, mesmo pedindo um empréstimo, não conseguem angariá-lo – e os custos que têm de

suportar para obter o capital necessário, nomeadamente taxas de juro mais elevadas.

É ainda de realçar que o aspeto competitivo número 5 desta secção não é em si uma barreira

à entrada. Este aspeto tem como objetivo captar a atratividade do mercado onde a empresa

opera, aferida pela maior ou menor dificuldade em ser rentável e sobreviver. Noutras palavras,

é uma maneira indireta de captar a perceção dos inquiridos relativamente à probabilidade de

sobrevivência de uma nova empresa no mercado onde operam.

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32

Na última secção as empresas têm de descrever o principal mercado em que operam, com o

propósito de averiguar se o tipo de mercado em que operam tem ou não influência na perceção

que têm relativamente às barreiras à entrada.

Segundo Alves (2012), na fase de preparação do instrumento de recolha de dados – neste

caso, o questionário – num estudo é essencial proceder-se à elaboração de um pré-teste do

mesmo, antes do seu envio definitivo. No pré-teste o questionário deve ser aplicado a um

número reduzido de unidades de análise com o objetivo de verificar se existe algum erro,

perguntas mal construídas e/ou de difícil interpretação (Alves 2012). Assim sendo, procedeu-

se à elaboração de um pré-teste do questionário usado neste estudo, cujos objetivos eram:

1. verificar a clareza das instruções do questionário bem como da justificação da aplicação

do mesmo;

2. averiguar se as questões eram de fácil compreensão e concisas;

3. certificar que não existiam eventuais erros;

4. procurar a existência de perguntas múltiplas isto é, de perguntas que contivessem duas

ou mais perguntas numa só;

5. apurar se o questionário era ou não demasiado extenso;

6. verificar se a hiperligação que continha o questionário funcionaria nos diversos web

browsers, nomeadamente Google Chrome, Internet Explorer e Modzilla Firefox.

Dado o tempo limitado para a elaboração deste estudo e, visto que a maioria dos inquiridos não

seriam fáceis de contactar pessoalmente, optou-se por usar uma amostra por conveniência para

esta fase de preparação do questionário.

A amostra utilizada nesta fase do trabalho é constituída por 4 empresas pertencentes aos

setores selecionados para participar no estudo. Em primeiro lugar, os responsáveis pela tomada

de decisões e implementação de estratégias de entrada em novos mercados – tais como o

gerente, CEO, Diretor ou Gestor Geral – dessas empresas foram convidados por e-mail a

responder ao questionário, sabendo que estaria a aceitar respostas no período compreendido

entre 3 a 8 de Dezembro de 2013. No final do preenchimento, seriam novamente contactados

para responderem a algumas questões complementares.

O questionário foi então enviado da mesma forma como iria ser enviado definitivamente:

um e-mail de apresentação enviado a partir do endereço eletrónico institucional contendo o

nome do aluno, instituição de ensino, o objetivo do estudo, a razão pela qual o questionário

estava a ser feito, instruções de preenchimento e respetivo hiperligação onde o questionário se

encontraria disponível (Anexo 3). Após a receção das respostas aos questionários, os

respondentes receberam de novo um e-mail pedindo-lhes que dessem algum feedback relativo

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33

ao questionário, ou seja, se era de fácil compreensão, se encontraram algum erro ou

inconsistência, se era ou não demasiado longo e se tiveram algum problema com o acesso a

este. É de realçar que os respondentes não tinham qualquer conhecimento de que se tratava de

um pré-teste, sendo que as suas respostas são igualmente confidenciais.

O feedback dos participantes foi positivo. Apontaram que as instruções de preenchimento

do questionário eram de fácil compreensão, a linguagem usada era simples e de fácil

entendimento, as questões eram claras e concisas, não existiam erros e não tiveram problemas

de acesso ao questionário. O único aspeto negativo apontado foi apenas por parte de uma das

empresas que considerava o questionário um pouco extenso.

O questionário definitivo foi enviado no dia 10 de Dezembro de 2013, terça-feira. A escolha

deste dia da semana para o envio baseia-se nalgumas dicas dadas pelos criadores do Survey

Monkey (2009)1: se a nossa amostra é constituída maioritariamente por profissionais – neste

caso, gerente, CEO, Diretor ou Gestor Geral das empresas –, deve ser evitado enviar os

questionários às sextas-feiras, sábados ou domingos, bem como às segundas-feiras. Esta dica

justifica-se pelo facto de muitos destes profissionais terem trabalho para a semana ao qual

precisam de dar início, e-mails para pôr em dia ou fazer a limpeza da caixa de correio eletrónico,

o que poderá fazer com que o nosso e-mail seja ignorado, perdido ou apagado sem intenção.

Para Frohlich (2002) existem algumas técnicas que poderão melhorar a taxa de resposta.

Uma delas é o envio de um breve e-mail de apresentação apelando à participação dos

respondentes. Esse e-mail deverá ser remetido através de um endereço eletrónico oficial e ser

acompanhado com algum tipo de documentação que comprove a autenticidade e veracidade do

questionário. O autor recomenda igualmente o envio de e-mails de reforço solicitando a ajuda

daqueles que ainda não responderam e a elaboração de um pré-teste do questionário para

verificar a legibilidade, a ordem das questões e remover possíveis questões ambíguas.

Posto isto, foi enviado um breve e-mail de apresentação (Anexo 3) a partir do endereço

eletrónico institucional contendo o nome do aluno, instituição de ensino, o objetivo do estudo,

a razão pela qual o questionário estava a ser feito, instruções de preenchimento, respetivo link

onde o questionário se encontraria disponível e quanto tempo demoraria o seu preenchimento.

Neste caso, foi dito que demoraria “apenas alguns minutos” para evitar frustração por parte do

respondente caso fosse dito que demoraria, por exemplo, 10 minutos a responder e esse

respondente tivesse demorado 20; as pessoas são todas diferentes e poderão demorar tempos

diferentes a responder.

1 O Survey Monkey é um site onde é igualmente possível a criação de formulários online, tal como no Google Docs. Porém, para ter uma

conta nesta ferramenta que permita construir questionários mais elaborados, é necessário comprá-la.

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34

Quando solicitado, foi igualmente enviada uma carta e uma declaração (Anexo 4)

devidamente assinada pelo autor e orientador do estudo e carimbados pela instituição de ensino

para comprovar a autenticidade e veracidade do questionário. Além disso, era ainda explicado

que as respostas eram uma informação estritamente confidencial, utilizada apenas para este

trabalho, sendo os dados recolhidos tratados em agregado. O questionário aceitou respostas de

10 de Dezembro de 2013 a 9 de Fevereiro de 2014. A 21 de Janeiro de 2014, foi enviado um e-

mail de reforço solicitando, mais uma vez, a colaboração daqueles que ainda não tinham

respondido.

3.3. Descrição da população e seleção da amostra

A população-alvo em estudo neste trabalho engloba as empresas pertencentes à indústria

transformadora (com exceção da indústria do tabaco) e aos setores da construção, do comércio

por grosso e a retalho e das atividades financeiras e de seguros. A escolha destes setores de

atividade deveu-se ao facto de em estudos anteriores (ver, por exemplo, Smiley 1988, Karakaya

e Stahl 1989, Karakaya 2002 e Lutz et al. 2010) se ter concluído que nestes setores as barreiras

à entrada realmente existem e são mais evidentes. Por exemplo, a indústria do tabaco não faria

sentido ser incluída visto que é um setor pertencente ao Estado, ou seja, é um setor onde a

entrada está bloqueada. O mesmo se pode dizer de setores como o de captação, tratamento e

distribuição de água, o de recolha, drenagem e tratamento de águas residuais, o da

administração pública, defesa e segurança social obrigatória, o da educação, entre outros.

No entanto, é de realçar que como os respondentes poderiam enventualmente não saber ao

certo onde incluir a atividade da sua empresa numa das opções dadas na pergunta do

questionário relativa a esta informação, foi incluída a opção “outro” e pedido aos respondentes

que especificassem a atividade (ver questão 1 do questionário – Anexo 1). Mais tarde, algumas

das respostas dadas nessa opção que poderiam corresponder a uma das opções de resposta

apresentadas foram incluídas numa dessas opções. As que eventualmente suscitaram dúvidas

em qual opção poderiam ser incluídas, foram mantidas na opção “outro”.

Inicialmente, as informações necessárias para se proceder ao envio dos questionários seriam

recolhidas apenas através da base de dados Amadeus. Nesta base de dados, selecionou-se no

campo de pesquisa todas as empresas portuguesas pertencentes aos setores de ativididade em

estudo e respetiva informação necessária, obtendo-se um total de 230537 empresas2. Porém, foi

encontrado um problema: existiam poucos endereços eletrónicos, tornando-se necessário

2 Dados relativos a 2012

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35

encontrar outra base de dados para a recolha dos endereços em falta. Assim, a base escolhida

foi a Informa D&B Portugal.

Hill (2002) refere que existem três formas para se decidir a dimensão ideal da amostra: “o

caminho do esforço mínimo” – que consiste na obtenção de uma amostra o maior possível tendo

em consideração os limites dos recursos disponíveis –, a estimação utilizando as “regras do

polegar” ou “rules of thumb” – que é uma regra de aproximação baseada nas experiências de

uma série de investigadores, cujo objetivo é estimar a dimensão mínima da amostra para que

seja possível efetuar uma análise estatística apropriada dos dados, já que técnicas estatísticas

diferentes geralmente têm “regras do polegar” diferentes (Anexo 5) – e a estimação usando a

análise da potência – que é uma abordagem mais moderna baseada na teoria estatística.

Assim, a dimensão da amostra foi selecionado tendo em consideração não só a sua

representatividade e a análise estatística necessária efetuar aos dados recolhidos para dar

resposta às questões de investigação, mas também o tempo limitado para a elaboração deste

estudo, que impedia que a amostra fosse muito grande. Resumidamente, a dimensão da amostra

foi escolhido tendo em conta “o caminho do esforço mínimo” – sendo que se procurou recolher

o máximo de endereços eletrónicos possíveis durante o tempo em que o questionário esteve a

ser construído (entre 21 de Setembro e 30 de Novembro de 2013) – e as “regras do polegar”.

Segundo Kothari (2004), o tipo de amostra a utilizar varia consoante o tipo de estudo que

está a ser feito. Como este estudo é de pesquisa descritiva, o tipo de amostra mais adequada

será uma amostra aleatória. Os dados recolhidos na base de dados Amadeus foram exportados

para um ficheiro Excel onde ficaram numerados de 1 a 230537. Em seguida, foi-se escolhendo

aleatoriamente um número entre os valores referidos que correspondia a um nome de uma

empresa e, seguidamente, se na base de dados Amadeus não constasse o endereço eletrónico da

empresa selecionada, recolher-se-ia essa informação no Informa D&B Portugal.

Além disto, sempre que um dos números escolhidos correspondia a uma empresa cujo

endereço eletrónico não estava presente em nenhuma das bases referidas, o processo era

repetido até o número escolhido corresponder a uma empresa que tivesse a informação

necessária disponível numa das bases. É ainda de realçar que desta amostra foram excluídas as

empresas utilizadas no pré-teste do questionário.

Em suma, a população-alvo é constituída por 230537 empresas e ao todo foram recolhidos

7700 endereços eletrónicos. Alguns dos e-mails enviados foram devolvidos por serem inválidos

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36

(um total de 173) e outros 3 por as empresas não serem portuguesas3 e, por essa razão, não se

enquadrar no estudo. Portanto, a dimensão da amostra corresponde ao número de endereços

eletrónicos válidos que é de 7524 empresas.

Krejcie e Morgan (1970) apresentam duas fórmulas para calcular a dimensão mais

apropriada de uma amostra, sendo que uma é usada quando a dimensão da população é

desconhecida e a outra quando a dimensão é conhecida. No entanto, os autores desenvolveram

uma fórmula que lhes permitiu a construção de uma tabela para determinar a dimensão ideal de

uma amostra consoante a dimensão da população em causa de uma maneira mais simples. Por

exemplo, para uma população cuja dimensão é igual a 70, a amostra deve ser constituída pelo

menos por 59 elementos.

Por isso, tendo em conta esta tabela, para uma população entre os 100000 e os 250000

elementos – como é o caso da população em estudo neste trabalho – a amostra deverá ser

constituída por pelo menos 384 elementos. Os 7524 endereços recolhidos durante o tempo

disponível são um valor superior aos 384, por isso a dimensão da amostra recolhida seria

bastante boa. Todavia, apenas foram obtidas 168 respostas válidas, o que corresponde a taxa de

resposta4 relativamente baixa – 0,0223 %. Desta forma, as conclusões retiradas neste estudo

terão que ser tidas com cautela e evitadas generalizações para a totalidade das empresas

portuguesas.

3 Na base de dados Amadeus, quando se seleciona as empresas de Portugal, aparecem todas as empresas que estão no país, mesmo as que

não são portuguesas.

4 𝑇𝑎𝑥𝑎 𝑑𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑜𝑠𝑡𝑎 = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑞𝑢𝑒𝑠𝑡𝑖𝑜𝑛á𝑟𝑖𝑜𝑠 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑜𝑛𝑑𝑖𝑑𝑜𝑠

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑐𝑖𝑝𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑐𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠=

168

7524 ≈ 0,0223%

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37

Capítulo IV – RESULTADOS E DISCUSSÃO

Este capítulo tem como objetivo principal a apresentação dos resultados obtidos com este

estudo e a discussão dos mesmos. Em primeiro lugar será feita uma caracterização da amostra

no que concerne aos setores de atividade, dimensão das empresas, tipo de estratégias adotadas

pelas empresas observadas, entre outros aspetos relevantes.

Seguidamente, serão apresentados e discutidos os resultados obtidos no que diz respeito às

barreiras que desempenham um papel relevante no mercado em que as empresas operam. Por

último, será ainda feita uma análise fatorial com o objetivo de identificar quais as barreiras que

realmente afetam mais a decisão de entrada no mercado.

4.1. Caracterização da amostra

Na Tabela 2 são apresentados o número de observações por setor de atividade e

classe/dimensão das empresas. Para analisar a dimensão das empresas respondentes

considerou-se a definição de micro, pequena, média e grande empresa segundo as normas

europeiras (European Union Commission 2003), que definem a dimensão das empresas

consoante o número de trabalhadores que empregam. Assim, a maioria das observações

pertencem à classe das pequenas e médias empresas – PME’s. O tecido empresarial português

é constituído essencialmente por PME’S5 logo, é possível afirmar que a amostra representa bem

este aspeto da indústria portuguesa. Além disto, sendo este o tipo de empresas que, segundo a

revisão de literatura efetuada, são as que mais percecionam barreiras à entrada provavelmente

os resultados obtidos correspondem à realidade vivida pela maior parte das empresas

portuguesas. Ainda assim, é necessário ter cautela uma vez que a amostra é pequena.

Os setores de atividade estão representados de forma relativamente uniforme, com exceção

do setor da contrução. No setor do comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos

automóveis e motociclos e no setor da construção apenas temos respetivamente duas e três

observações de empresas com 250 ou mais trabalhadores. Uma vez que a amostra foi recolhida

a partir de uma base de dados que inclui subsidiárias e sucursais de grandes empresas, e as

respostas foram fornecidas pelos gestores locais, as questões referem-se aos números de

empregados das subsidiárias/sucursais selecionadas. De facto, aproximadamente 60% das

empresas respondentes pertencem a um grupo de empresas (Tabela 2). Mais uma vez, alerta-se

5 Segundo o Instituto Nacional de Estatística (2013), em 2011 99,9% do tecido empresarial português correspondia a PME’s.

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38

para o facto de os resultados não poderem ser generalizados a todos os setores e a todas as

empresas pertencentes aos setores respondentes por a amostra ser reduzida.

Tabela 2 – Distribuição das empresas por setor de atividade e classe/dimensão

Fonte: Autora

A maioria das empresas que responderam ao questionário são empresas não muito grandes

mas já bastante conhecidas ou grandes empresas já estabelecidas (Gráfico 1). Isto poderá ter

algum impacto nas perceções que estas empresas têm relativamente às barreiras à entrada

porque, estando já estabelecidas e tendo bastante experiência, poderão não dar tanta importância

a determinadas barreiras – como por exemplo, à necessidade de capital e aos custos associados

para a obtenção do mesmo – como uma pequena potencial entrante daria caso tentasse entrar

6 O setor das atividades financeiras e de seguros foi incluído na opção “outro”, uma vez que apenas tinha duas observações.

Classe/dimensão

< 10

trabalhadores

10–49

trabalhadores

50–249

trabalhadores

≥250

trabalhadores

TOTAL

A e

mp

resa

fa

z p

arte

de u

m g

ru

po

(10

0 e

mp

resa

s =

> 5

9,5

2%

)

Seto

r d

e a

tiv

ida

de

6

Indústria transformadora

(exceto indústria do

tabaco)

1

10

25

14

50

(29,76%)

Setor da construção 0 2 2 3 7

(4,17%)

Comércio por grosso e a

retalho; reparação de

veículos automóveis e

motociclos

1

11

15

2

29

(17,26%)

Outro 0 3 4 7 14

(8,33%)

A e

mp

resa

o f

az p

arte

de u

m g

ru

po

(6

8 e

mp

resa

s =

> 4

0,4

8%

)

Seto

r d

e a

tiv

ida

de

6

Indústria transformadora

(exceto indústria do

tabaco)

2

7

14

1

24

(14,29%)

Setor da construção 0 0 4 0 4

(2,38%)

Comércio por grosso e a

retalho; reparação de

veículos automóveis e

motociclos

2

22

13

0

37

(22,02%)

Outro 0 3 0 0 3

(1,79%)

TOTAL 6

(3,57%)

58

(34,52%)

77

(45,83%)

27

(16,07%)

168

(100%)

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39

no mercado. De facto, e tal como foi referido no ponto 2.2, à partida é mais difícil para uma

potencial entrante obter financiamento do que para uma empresa instalada.

Gráfico 1 – Distribuição das empresas observadas por tipo de empresa

Fonte: Autora

No que diz respeito ao objetivo principal das empresas instaladas, as respostas não diferem

muito (Gráfico 2). Dependendo do objetivo que têm, estas empresas irão adotar diferentes

estratégias/políticas de forma a alcançá-lo. De um modo geral, todas as empresas responderam

que adotavam pelo menos duas das estratégias referidas (Tabela 3). As perceções das empresas

instaladas relativamente às barreiras à entrada poderão ser influenciadas se tiverem em conta

as barreiras que poderão resultar (intencionalmente ou não) das estratégias/políticas que adotam

para atingir o seu objetivo principal, e não as dificuldades independentes destas

estratégias/políticas que realmente as potenciais entrantes poderão ter de enfrentar ao ingressar

no mercado.

Gráfico 2 – Objetivo principal das empresas instaladas

Fonte: Autora

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40

Tabela 3 – Estratégias adotadas pelas empresas instaladas

Estratégias adotadas N Frequência

Desenvolvimento dos produtos existentes 52 20%

Desenvolvimento dos processos produtivos 51 19,6%

Introdução de novos produtos ou de produtos melhorados na mesma área 98 37,7%

Adotar estratégias/ações competitivas contra os novos produtos rivais (ou novos rivais) 52 20%

Outra 7 2,7%

TOTAL 2607 100%

Fonte: Autora

Foi questionado às empresas respondentes o tipo de empresa entrante que procura entrar no

mercado onde operam, ao que a maioria respondeu uma nova empresa estrangeira. O tipo menos

apontado foi uma empresa que não está de todo relacionada com o mercado onde a empresa

observada opera (Tabela 4).

Tabela 4 – Tipo de empresas que procuram entrar no mercado onde as empresas

respondentes operam

Tipo de empresa entrante N Frequência

Uma empresa já existente que ainda não oferece produtos/serviços similares 37 17,8%

Uma empresa semelhante que está ativa noutra região de Portugal 40 19,2%

Uma nova empresa estrangeira 80 38,5%

Uma empresa semelhante tal como um fornecedor ou cliente que já oferece outros produtos/serviços 31 14,9%

Uma empresa que não está de todo relacionada com este mercado 8 3,8%

Uma Start-Up que ainda não atua noutros mercados 12 5,8%

Total 2087 100%

Fonte: Autora

No que respeita à caracterização do mercado principal onde as empresas respondentes

operam, a maior parte afirma que é um mercado maduro, enquanto apenas uma pequena

percentagem afirma que é um mercado que está a começar (Gráfico 3). É diferente para uma

empresa entrar num mercado a começar ou entrar num mercado em crescimento. Geralmente,

os mercados mais atrativos são aqueles que estão nos primeiros estágios de evolução porque

oferecem um maior potencial futuro e a probabilidade de estar lotado com empresas já bem

estabelecidas é menor. No entanto, sustentar o crescimento deste mercado requer um

investimento considerável em estratégias de marketing e publicidade e, desta forma, o retorno

a curto prazo pode ser relativamente baixo.

7 Este valor é superior ao número de empresas respondentes uma vez que, nesta questão, as empresas poderiam escolher uma ou mais

opções.

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41

Gráfico 3 – Distribuição das empresas por tipo de mercado principal onde operam

Fonte: Autora

Já um mercado maduro é mais atrativo quando o objetivo é um retorno financeiro mais

imediato, uma vez que exige menos investimento. Porém, a probabilidade de existirem imensas

empresas já bem estabelecidas é maior. Como tal, a perceção das empresas relativamente às

barreiras à entrada poderá diferir consoante o tipo de mercado onde operam. Por exemplo, a

reação das empresas instaladas à entrada de novas empresas num mercado maduro poderá ser

em maior escala, pelo facto de ser um mercado que já está relativamente preenchido por

empresas bem estabelecidas, e estas novas empresas poderem ser uma ameaça ao seu lucro.

4.2. As barreiras à entrada percecionadas pelas empresas portuguesas

Na Tabela 5 são apresentadas as diferenças relativamente à importância que as empresas dão

às barreiras à entrada em estudo. A primeira barreira apontada como menos importante é os

acordos estratégicos feitos entre as empresas que já estão instaladas no mercado. A segunda

barreira menos importante é o acesso a I&D no sentido em que o mercado onde as empresas

instaladas atuam é pautado por baixa inovação e não têm grandes despesas neste campo, o que

não obriga a que as novas empresas tenham de ter essas despesas. Estes resultados apontam que

as barreiras que as empresas portuguesas percecionam como sendo menos importantes são as

mesmas que as empresas holandesas também percecionam (ver Lutz et al. 2010).

De acordo com as empresas respondentes, as barreiras em estudo de um modo geral não

representam grandes restrições para a entrada no mercado de novas empresas uma vez que, o

valor médio total é igual a 3, ou seja, são vistas pelas empresas respondentes como apenas “um

pouco” importantes. Este resultado é igualmente semelhante ao de Lutz et al. (2010), sendo que

os seus resultados apontam que as barreiras em estudo são “um pouco” ou “raramente”

enfrentadas pelas empresas entrantes.

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42

Tabela 5 – Barreiras à entrada mais e menos importantes na perceção das empresas

Barreira à entrada a

Médiab

Estrutural Estratégica

Custos afundados 2,26 –

Necessidade de capital 2,30 –

Custos de capital 2,49 –

Desvantagens de custo 2,57 –

Garantia do input/Controlo sob os recursos – 3,48

Custos de mudança 3,50 –

Acesso a I&D – 3,51

Acordos estratégicos – 3,88

MÉDIA DE TODAS AS BARREIRAS 3,00

a Na tabela estão apenas representadas as quatro barreiras com mais e menos importância.

b Opções de resposta: 1 = Muito fortemente, 2 = Fortemente, 3 = Um pouco, 4 = Raramente, 5 = Nunca

Fonte: Autora

Todavia, algumas barreiras parecem desempenhar um papel relativamente importante. Os

custos afundados que as novas empresas têm de enfrentar em caso de saída do mercado e a

necessidade de capital que as novas empresas têm para conseguirem entrar no mercado são duas

das barreiras com maior relevância. Novamente, estes resultados não diferem muito dos

resultados obtidos por Lutz et al. (2010), sendo a única diferença que os autores identificam

também a diferenciação de produto utilizada estrategicamente pelas empresas instaladas como

sendo uma barreira com alguma relavância para as empresas holandesas. Blees et al. (2003)

referem que a dimensão das empresas entrantes é um fator importante quando tentam entrar

num mercado onde predominam produtos diferenciados. Geralmente, isto exige às empresas

entrantes a introdução de uma linha completa de diferentes produtos ao mesmo tempo (Blees

et al. 2003).

A capacidade das grandes empresas introduzirem este conjunto de produtos é maior do que

a das empresas de dimensão mais reduzida. Estas empresas conseguem mais facilmente

suportar os custos extra – tais como custos de produção e publicidade – associados à introdução

destes produtos uma vez que, geralmente, têm um orçamento mais elevado (Blees et al. 2003).

Já em mercados com diferenciação de produto baixa, a barreira mais importante associada é as

economias de escala. De novo, são as grandes empresas que estão mais bem preparadas para

atingir as economias de escala necessárias ou para adquirir as tecnologias necessárias para

poderem superar a barreira (Blees et al. 2003). Ora, de acordo com a Tabela 4, a maioria das

empresas que tentam entrar no mercado principal onde as empresas instaladas operam são novas

empresas estrangeiras. Pelas razões referidas, se estas novas empresas estrangeiras tiverem uma

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43

dimensão considerável, poderá justificar o facto de a diferenciação de produto não ser uma

barreira com grande importância em Portugal.

De acordo com a maioria dos estudos empíricos existentes acerca desta temática (ver ponto

2.3), seria de esperar que as barreiras com maior importância fossem barreiras essencialmente

estratégicas. Porém, as barreiras apontadas pelas empresas portuguesas como mais importantes

estão particularmente relacionadas com os aspetos estruturais do mercado onde atuam. Esta

diferença poderá dever-se ao facto de a maior parte dos estudos empíricos existentes serem

relativamente antigos. As condições dos mercados e a situação económica dos países vão

sofrendo alterações ao longo do tempo e, como tal, os resultados que se poderiam obter nos dias

de hoje se estes estudos fossem novamente realizados poderiam ser diferentes. De facto, os

resultados obtidos num estudo recente por Lutz et al. (2010) na Holanda são semelhantes aos

resultados obtidos neste trabalho. Seria até de esperar que, sendo dois países bastante diferentes

com contextos económicos distintos, os resultados obtidos em Portugal fossem um pouco

diferentes aos obtidos na Holanda.

De um modo geral, a ordem de importância de barreiras à entrada específicas (Tabela 6) é

coerente entre os setores. Os custos afundados em caso de saída do mercado é uma das barreiras

com maior relevância para todos setores em estudo, assim como a necessidade de capital. Os

custos associados à obtenção do capital necessário é igualmente uma barreira com bastante

importância para todos os setores, exceto o setor da construção e para os setores classificados

como “outro”.

Tendo em conta o atual contexto económico de Portugal, é cada vez mais arriscado para as

empresas entrarem num novo mercado sem conseguirem recuperar o investimento inicial em

caso de saída do mesmo. Aliás, a atratividade do mercado em que as empresas respondentes

operam é relativamente baixa para todos os setores (Tabela 6). Além disto, as empresas têm

mais dificuldades em obterem o capital necessário para entrarem num novo mercado, pois é

cada vez mais difícil os bancos concederem empréstimos, ou concederem empréstimos a taxas

relativamente baixas.

Já o excesso de capacidade surge como uma das barreiras mais relevantes apenas para o setor

da contrução. Este setor, que pode ser caracterizado como o barómetro da economia nacional,

tem vindo a sentir com grande intensidade os efeitos da crise económica mundial, vendo o seu

volume de negócios diminuir. De facto, a atratividade do mercado neste setor é bastante baixa

(Tabela 6). Este excesso de capacidade poderá estar mais relacionado com os aspetos estruturais

das empresas instaladas – que poderão estar a ser subutilizadas devido à baixa procura

resultante, por exemplo, da queda do investimento em obras públicas – do que com aspetos

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estratégicos. Aliás, Blees et al. (2003) referem que o excesso de capacidade não-estratégico a

maior parte das vezes está relacionado com oscilações da procura.

Resumindo, neste trabalho os problemas-chave para todos os setores são a necessidade de

capital – à semelhança de Lutz et al. (2010) – e, adicionalmente, os custos afundados em caso

de saída do mercado.

No que concerne às barreiras com menor importância (Tabela 6), também a ordem de

importância não difere muito entre os setores. Os acordos estratégicos entre as empresas

instaladas são a barreira com menor importância para todos os setores. Por vezes, é complicado

para as empresas instaladas realizarem estes acordos sem que se originem, por exemplo,

situações de conluio ou abuso de posição dominante. Como estas práticas são restritivas da

concorrência e, consequemente, proibidas por lei no nosso país, poderá explicar o facto de ser

uma barreira pouco utilizada pelas empresas instaladas. Também esta barreira é apontada como

barreira menos importante no estudo de Lutz et al. (2010), mesmo sendo a Holanda um país

com um contexto económico diferente de Portugal.

O acesso a I&D como barreira estratégica surge também como barreira menos importante

para a maior parte dos setores, com exceção da indústria transformadora. Geralmente, esta

barreira é de curta duração porque, a maior parte das vezes, as empresas instaladas impedem o

acesso ao seu I&D através do uso de patentes, que possuem um prazo. Findo esse prazo, as

empresas instaladas deixam de ter exclusividade sobre o acesso à I&D que protegiam com a

patente. Além disto, requer que as empresas instaladas tenham fundos suficientes para investir

eficientemente em I&D de maneira a aumentar economias de escala tecnológicas, bem como

forçar a evolução do contexto da indústria de forma a tornar as tentativas subsequentes ainda

mais ineficazes (Karakaya e Stahl 1989). Por ser uma barreira de curta duração e, como tal,

poder não valer a pena o investimento ou até mesmo as empresas instaladas não terem fundos

suficientes, poderá justificar o facto de ser uma barreira pouco utilizada pelas empresas

instaladas.

Porém, observam-se algumas diferenças entre os vários setores em estudo. Por exemplo, os

custos de mudança dos consumidores são a barreira que, na perceção das empresas pertencentes

aos setores da construção e comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis

e motociclos, raramente têm de ser enfrentadas pelas novas empresas. Karakaya (2002)

argumenta que os mercados industriais oferecem mais oportunidades para a utilização dos

custos de mudança como meio para aumentar a lealdade dos consumidores a um produto,

devido aos riscos percetíveis envolvidos na compra de produtos industriais, como maquinaria.

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Tabela 6 – Importância das barreiras à entrada na perceção das empresas por setor de

atividade

a Opções de resposta: 1 = Muito fortemente, 2 = Fortemente, 3 = Um pouco, 4 = Raramente, 5 = Nunca

+ Barreiras com mais importância; -- Barreiras com menos importância

Fonte: Autora

Os mercados mais intensivos em tecnologia – como o setor automóvel – irão oferecer mais

oportunidades para a criação de dependência do fornecedor do que mercados com produtos

mais simples – como os detergentes – devido à complexidade tecnológica envolvida (Blees et

al. 2003). Esta poderá ser uma justificação de os custos de mudança não serem considerados

uma barreira pouco importante para a indústria transformadora (exceto indústria do tabaco).

Média por setor de atividade a

Ba

rreir

a E

stru

tura

l

Barreira à Entrada

Indústria

transformadora

(exceto indústria do

tabaco)

(74 empresas)

Setor da

construção

(11 empresas)

Comércio por grosso e a

retalho; reparação de

veículos automóveis e

motociclos

(66 empresas)

Outro

(17

empresas)

Acesso a canais de distribuição 2,58 2,55 2,71 2,35

Necessidade de capital 2,35 + 2,27 + 2,26 + 2,29 +

Economias de escala 2,77 2,73 2,95 2,71

Regulação governamental 2,80 2,91 2,83 2,88

Acesso a conhecimento 3,34 3,36 3,35 3,24

Desvantagens de custo 2,61 2,64 2,59 2,29 +

Diferenciação de produto 2,65 2,82 2,61 2,53

Custos de mudança 3,41 3,91 -- 3,59 -- 3,29

Acesso a I&D 2,81 3,27 3,64 -- 3,06

Publicidade 3,31 3,55 2,77 3,53

Custos de capital 2,46 + 2,55 2,53 + 2,47

Custos afundados 2,32 + 1,91 + 2,23 + 2,29 +

Ba

rreir

a E

stra

tég

ica

Excesso de capacidade 2,54 2,09 + 2,67 2,71

Publicidade 3,51 -- 3,55 3,03 4,12 --

Diferenciação de produto 2,70 2,64 2,79 3,00

Acesso a I&D 3,34 3,73 -- 3,59 -- 3,82 --

Retaliação 3,45 3,18 3,05 3,53

Preço limite 2,82 2,73 2,89 2,88

Assimetria de informação /

Informação incompleta

3,07 2,82 2,95 3,24

Acesso a conhecimento 3,34 3,64 3,38 3,53

Garantia do input/Controlo sob os

recursos

3,47 -- 3,36 3,42 3,82 --

Acesso a canais de distribuição 3,12 3,55 3,05 3,24

Acordos estratégicos 3,86 -- 4,18 -- 3,86 -- 3,82 --

MÉDIA TOTAL POR SETOR 2,95 2,99 2,96 3,04

ATRATIVIDADE DO MERCADO 2,24 1,73 2,27 2,35

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Nos vários setores de atividade em estudo, a importância das barreiras à entrada na perceção

das empresas não difere muito, já que a classificação média atribuída a todas barreiras por setor

é de aproximadamente “um pouco”. Todavia, observam-se algumas diferenças entre os setores,

como já foi referido. De acordo com o teste Kolmogorov-Smirnov8 (Tabela 7), os setores de

atividade não seguem uma distribuição normal (nível de significância de 5%). Palant (2005)

refere que quando os dados não cumprem os critérios para que se possa utilizar um teste

paramétrico (o principal critério é que a população siga uma distribuição normal), são medidos

através de uma escala e/ou a amostra utilizada é bastante pequena, deverá ser realizado um teste

não-paramétrico. Por estas três razões, é mais adequado utilizar um teste não-paramétrico para

averiguar se existem diferenças entre os diferentes setores de atividade ao nível das barreiras à

entrada percecionadas pelas empresas.

Tabela 7 – Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade da distribuição dos setores

Kolmogorov-Smirnov

Estatística df p-value

Setor de atividade a 0,275 168 0,000

a A variável segue uma distribuição normal quando p-value > 0,05

Fonte: Autora

O teste não-paramétrico usado foi o de Kruskall-Wallis (Tabela 8). Para o nível de

significância de 5%, conclui-se que apenas existem diferenças entre os setores de atividade ao

nível das barreiras “publicidade” como barreira estratégica e estrutural e do acesso a I&D como

barreira estrutural.

Para averiguar se estas diferenças são ou não significativas procedeu-se à elaboração de seis

testes adicionais de Mann-Whitney com correção de Bonferroni9 (Tabela 9). Para o novo nível

de significância, conclui-se que as diferenças são significativas apenas entre a indústria

transformadora (exceto indústria do tabaco) e o setor do comércio por grosso e a retalho,

reparação de veículos automóveis e motociclos ao nível da publicidade como barreira estrutural

e o acesso a I&D também como barreira estrutural, e entre o setor do comércio por grosso e a

retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos e o setores classificados como “outro”

ao nível da publicidade como barreira estratégica.

8 Ver Anexo 7 para mais pormenores.

9 Correção de Bonferroni = 𝑁í𝑣𝑒𝑙 𝑑𝑒 𝑠𝑖𝑔𝑛𝑖𝑓𝑖𝑐â𝑛𝑐𝑖𝑎 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜

𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑡𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠 𝑀𝑎𝑛𝑛−𝑊ℎ𝑖𝑡𝑛𝑒𝑦 𝑎𝑑𝑖𝑐𝑖𝑜𝑛𝑎𝑖𝑠 𝑎 𝑟𝑒𝑎𝑙𝑖𝑧𝑎𝑟 =

0,05

6 ≈ 0,008 → Novo nível de significância

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Tabela 8 – Teste Kruskal-Wallis para as diferenças setoriais

a Existem diferenças setoriais ao nível das barreiras percecionadas pelas empresas quando p-value < 0,05

Fonte: Autora

O setor do comércio por grosso e a retalho, reparação de veículos automóveis e motociclos

poderá ter uma maior necessidade de campanhas publicitárias e de marketing para conseguir

vender os seus produtos do que a indústria transformadora (exceto indústria do tabaco). Por

exemplo, no setor de venda automóvel a publicidade é necessária, pois para as marcas

conseguirem vender o seu produto têm que o dar a conhecer ao consumidor final.

Contrariamente, uma empresa responsável pela fabricação de pasta de papel (setor pertencente

à indústria transformadora) não tem tanta necessidade de usar publicidade, uma vez que a pasta

de papel é uma matéria-prima destinada a indústrias de fabricação de papel e não ao consumidor

final. Aliás, muitas das vezes as fábricas de fabricação de papel estão integradas com as

operações de fabrico de pasta de papel no mesmo local.

Barreira Estatística df p-value a

Ba

rreir

a E

stru

tura

l Acesso a canais de distribuição 1,705 3 0,636

Necessidade de capital 0,349 3 0,951

Economias de escala 1,282 3 0,733

Regulação governamental 0,152 3 0,985

Acesso a conhecimento 0,143 3 0,986

Desvantagens de custo 1,474 3 0,688

Diferenciação de produto 1,162 3 0,762

Custos de mudança 3,784 3 0,286

Acesso a I&D 19,997 3 0,000

Publicidade 13,997 3 0,004

Custos de capital 0,172 3 0,982

Custos afundados 2,678 3 0,444

Ba

rreir

a E

stra

tég

ica

Excesso de capacidade 3,359 3 0,340

Publicidade 14,673 3 0,002

Diferenciação de produto 1,142 3 0,767

Acesso a I&D 5,592 3 0,133

Retaliação 7,170 3 0,067

Preço limite 0,389 3 0,942

Assimetria de informação / Informação incompleta 2,693 3 0,441

Acesso a conhecimento 1,071 3 0,784

Garantia do input/Controlo sob os recursos 2,218 3 0,528

Acesso a canais de distribuição 1,836 3 0,607

Acordos estratégicos 1,069 3 0,785

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Tabela 9 – Testes adicionais de Mann-Whitney10 com correção de Bonferroni para as

diferenças setoriais

Acesso a I&D (Barreira

Estrutural)

Publicidade (Barreira

Estratégica)

Publicidade (Barreira

Estrutural)

Setores a Mann-Whitney

U

p-value Mann-Whitney

U

p-value Mann-Whitney

U

p-value

Indústria transformadora (exceto

indústria do tabaco) versus setor da

construção

306

0,169

379

0,703

349

0,426

Indústria transformadora (exceto

indústria do tabaco) versus comércio por

grosso e a retalho; reparação de veículos

automóveis e motociclos

1431

0,000

1837,5

0,009

1755,5

0,003

Indústria transformadora (exceto

indústria do tabaco) versus outro

543

0,362

424,5

0,029

560

0,463

Setor da construção versus comércio por

grosso e a retalho; reparação de veículos

automóveis e motociclos

286,5

0,245

285

0,243

216

0,027

Setor da construção versus outro 82,5 0,586 78,5 0,457 91,5 0,921

Comércio por grosso e a retalho;

reparação de veículos automóveis e

motociclos versus outro

386,5

0,041

267

0,001

350,5

0,014

a As diferenças são significativas quando p-value < 0,008

Fonte: Autora

Na indústria transformadora (exceto indústria do tabaco), o acesso a I&D como barreira

estrutural tem maior importância do que para o setor do comércio por grosso e a retalho,

reparação de veículos automóveis e motociclos. Na indústria transformadora a evolução

tecnológica e inovação são fatores com extrema importância – como por exemplo, na fabricação

de computadores –, sendo que se torna necessário que muitas das empresas pertencentes a este

setor necessitem de investir constantemente em I&D.

A ordem de importância das barreiras à entrada específicas (Tabela 10) não difere muito

entre empresas de diferentes dimensões. Porém, as micro empresas têm uma perceção mais

baixa no que concerne às barreiras à entrada do que as PME’s, resultado semelhante aos estudos

de Lutz et al. (2010) e Kemp e Lutz (2006). Todavia, é um resultado inesperado já que alguns

investigadores esperam que aconteça exatamente o contrário (ver, por exemplo, Blees et al.

2003). As conclusões retiradas no trabalho de Blees et al. (2003) baseiam-se apenas em

10 Foram realizados 6 testes de Mann-Whitney pois são o número de testes necessário para efetuar comparações entre os quatro setores de

atividade definidos.

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trabalhos teóricos e, na teoria, espera-se que as micro empresas tenham mais consciência das

barreiras à entrada que irão enfrentar aquando a sua entrada num mercado. Porém, o facto de

serem empresas com reduzida dimensão e a maior parte não ter muita experiência e/ou

conhecimento relativamente ao mercado onde operam, poderá influenciar as suas perceções

relativamente às barreiras que poderão encontrar.

Tabela 10 – Importância das barreiras à entrada na perceção das empresas por

dimensão da empresa

Média por dimensão da empresa a

Barreira à Entrada

Micro

empresa

(6)

Pequena

empresa

(58)

Média

empresa

(77)

Grande

empresa

(27)

Ba

rreir

a E

stru

tura

l

Acesso a canais de distribuição 2,83 2,71 2,52 2,59

Necessidade de capital 1,83 + 2,36 + 2,21 + 2,56 +

Economias de escala 3,33 3,03 2,60 2,96

Regulação governamental 3,50 2,84 2,69 3,04

Acesso a conhecimento 3,83-- 3,22 3,39 3,30

Desvantagens de custo 2,17 + 2,72 2,56 2,37 +

Diferenciação de produto 2,67 2,57 2,69 2,59

Custos de mudança 3,50 3,53 -- 3,49 -- 3,44

Acesso a I&D 3,67 3,28 3,16 3,00

Publicidade 3,83 -- 2,86 3,17 3,48

Custos de capital 1,67 + 2,47 + 2,57 2,52 +

Custos afundados 1,83 + 2,26 + 2,26 + 2,33 +

Ba

rreir

a E

stra

tég

ica

Excesso de capacidade 3,50 2,53 + 2,51 + 2,67

Publicidade 4,17 -- 3,40 -- 3,25 3,59 --

Diferenciação de produto 3,00 3,10 2,51 + 2,70

Acesso a I&D 4,00 -- 3,47 -- 3,51 -- 3,52 --

Retaliação 3,50 3,17 3,35 3,26

Preço limite 3,00 2,83 2,87 2,81

Assimetria de informação / Informação incompleta 2,83 2,91 3,14 2,96

Acesso a conhecimento 3,17 3,31 3,48 3,37

Garantia do input/Controlo sob os recursos 2,67 3,40 -- 3,57 -- 3,59 --

Acesso a canais de distribuição 3,83 -- 2,98 3,08 3,44

Acordos estratégicos 3,50 3,66 -- 3,96 -- 4,22 --

MÉDIA TOTAL 3,12 2,98 2,98 3,06

ATRATIVIDADE DO MERCADO 2,67 2,28 2,08 2,48

a Opções de resposta: 1 = Muito fortemente, 2 = Fortemente, 3 = Um pouco, 4 = Raramente, 5 = Nunca

+ Barreiras com mais importância; --Barreiras com menos importância

Fonte: Autora

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50

A falta de conhecimento e/ou experiência poderá fazer com que não conheçam determinadas

características de uma barreira à entrada e, desta forma, não a reconhecerem como sendo uma

barreira. Algumas delas poderão eventualmente nem saber o que é uma barreira à entrada.

Novamente as barreiras percecionadas pelas empresas como sendo as de maior relevância

são coerentes entre as diferentes dimensões de empresa (Tabela 10). Todas as diferentes

dimensões reconhecem os custos afundados como sendo uma das barreiras com maior

relevância. Tendo em conta o atual contexto económico do país, percebe-se a relutância que as

empresas, independentemente da sua dimensão, têm em entrar num mercado e não conseguirem

sobreviver e, como resultado, incorrerem em custos irrecuperáveis ou parcialmente

irrecuperáveis.

A necessidade de capital surge também como uma das barreiras com maior importância para

todas as dimensões. Todavia, as grandes empresas atribuem menos importância a esta barreira

relativamente às restantes dimensão. As grandes empresas que tentam entrar num novo mercado

são geralmente empresas que já possuem atividades noutros setores e estão a tentar diversificar

o seu negócio. De facto, cerca de 17,8% das empresas que tentam entrar no mercado principal

onde as empresas respondentes operam são empresas existentes que ainda não oferecem

produtos/serviços semelhantes (Tabela 4). Estas empresas poderão acabar por ter mais

experiência e conhecimentos a nível organizacional e tecnológico, bem como relações

estabelecidas com fornecedores, clientes e canais de distribuição. Consequentemente, têm

maior facilidade em obter empréstimos ou encontrar investidores do que as micro e PME’s,

uma vez que o risco do investimento não é tão grande (Blees et al. 2003).

Também os custos associados à obtenção de capital são uma barreira com relevância para

todas as dimensões, exceto para as médias empresas. Ainda assim, não deixa de ser uma barreira

com uma média bastante baixa (2,57) para as médias empresas, isto é, não deixa de ser uma

barreira com alguma importância.

É de realçar que o excesso de capacidade surge como uma barreira com elevado peso para

as PME’s. Blees et al. (2003) referem que o excesso de capacidade será transformado em

capacidade produtiva só quando o preço (anormalmente elevado) do mercado baixa devido à

entrada de novas empresas, de forma a que as empresas instaladas maximizem o seu lucro.

Pequenas entrantes são geralmente incapazes de influenciar a oferta até ao ponto de induzir

uma séria redução dos preços do mercado. Assim, as empresas de dimensão considerável

sofrem mais com esta barreira do que empresas de dimensão reduzida (Blees et al. 2003),

devido à considerável capacidade extra que as empresas com dimensão maior trazem para o

mercado.

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51

Ainda que as desvantagens de custo surjam como uma das barreiras mais importantes para

as micro e grandes empresas, não deixa de ser uma barreira fortemente enfrentada pelas

empresas das outras dimensões. As vantagens de custo das empresas instaladas sob as

potenciais entrantes podem efetivamente ter origem numa série de fatores. Alguns exemplos de

fontes de vantagens de custo são controlo sob técnicas de produção superiores exercido, por

exemplo, através de patentes, preços mais baixos dos fatores produtivos resultantes de

imperfeições do mercado (Bain 1956), diferenças de taxas salariais ou trabalhadores com

talento superior (Shepherd 1997). As micro empresas e, até mesmo grandes empresas entrantes,

poderão ter grandes dificuldades igualar a vantagens de custo das empresas instaladas

associadas a estes fatores nomeadamente, quando se trata de taxas salariais diferentes ou talento

superior.

Segundo a teoria (Blees et al. 2003) seria de esperar que a diferenciação de produto fosse

uma barreira com bastante relevância para as pequenas empresas. No entanto, os resultados

deste trabalho indicam que são as médias empresas que percecionam esta barreira como sendo

uma das barreiras que as novas empresas têm de enfrentar mais frequentemente aquando a

entrada no mercado. Uma possível explicação para este resultado é que as pequenas empresas

são “menos castigadas” se se especializarem em nichos do mercado especifícos (Kemp e Lutz

2006). As empresas entrantes de dimensão maior poderão ter que produzir uma gama inteira de

produtos/serviços para conseguirem servir o mercado convinientemente (Kemp e Lutz 2006).

Relativamente às barreiras apontadas como tendo menor importância destacam-se o acesso

a I&D como barreira estratégica para todas as dimensões de empresas e os acordos estratégicos

para as empresas de todas as dimensões, exceto para as micro empresas. Porém, tal como nas

restantes dimensões, não deixa de ser uma barreira apenas um pouco enfrentada por empresas

desta dimensão. De novo, a justificação de os acordos estratégicos serem uma barreira com

pouca relevância para as empresas de diferentes dimensões poderá ser que, por vezes, é

complicado para as empresas instaladas realizarem estes acordos sem que se originem, por

exemplo, situações de conluio ou abuso de posição dominante. Como estas práticas são

restritivas da concorrência e, consequemente, proibidas por lei no nosso país, poderá explicar o

facto de ser uma barreira pouco utilizada pelas empresas instaladas.

O acesso a I&D como barreira estratégica pode não ser muito utilizada pelas empresas

instaladas pois, geralmente, esta barreira é de curta duração porque, a maior parte das vezes,

as empresas instaladas impedem o acesso ao seu I&D através do uso de patentes que possuem

um prazo. Findo esse prazo, as empresas instaladas deixam de ter exclusividade sobre o acesso

à I&D que protegiam com a patente. Além disto, requer que estas empresas tenham fundos

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52

suficientes para investir eficientemente em I&D de maneira a aumentar economias de escala

tecnológicas, bem como forçar a evolução do contexto da indústria de forma a tornar as

tentativas subsequentes ainda mais ineficazes (Karakaya e Stahl 1989).

A garantia do input/controlo sob os recursos é igualmente uma barreira com pouca relevância

para as médias e grandes empresas. Segundo Blees et al. (2003), as empresas de maior dimensão

têm mais possibilidades de deter controlo sob determinados recursos necessários para

conseguirem operar no mercado. Este controlo resulta do facto de, ou estas empresas têm uma

maior capacidade financeira para comprar as melhores matérias-primas, terem trabalhadores

mais especializados ou maquinaria superior, ou o seu poder de negociação sobre os

fornecedores é maior do que o poder de negociação de empresas mais pequenas. Além disto, é

mais difícil para empresas de dimensão mais reduzida protegerem as suas patentes ou a sua

base de conhecimento (Blees et al. 2003).

Os custos de mudança são considerados pelas PME’s como uma barreira com pouca

importância. Blees et al. (2003) referem que, geralmente, a dimensão das empresas têm pouca

influência na sua capacidade de criar ou manter a dependência dos seus consumidores. A

criação desta dependência dos consumidores depende da tecnologia e do marketing. No entanto,

os autores admitem que, muitas vezes, as grandes empresas terão mais capacidade de angariar

fundos para capitalizar as oportunidades de maximização dos custos de mudança

desenvolvendo, por exemplo, produtos/serviços complementares. Mais, se possuírem grandes

recursos financeiros, as grandes empresas têm mais possibilidades de reduzir os preços com o

objetivo de atrair consumidores em picos de procura e novos consumidores (Blees et al. 2003).

Curiosamente, segundo Blees et al. (2003), seria de esperar que as micro empresas

considerassem a publicidade – tanto como barreira estratégica como barreira estrutural – como

uma barreira com bastante importância. Porém, os resultados mostram o contrário. Uma

explicação possível poderá ser o facto de a maior parte destas empresas serem empresas

bastante conhecidas e o seu volume de negócios provenir do comércio entre empresas (Tabela

11). Como tal, poderá não haver tanta necessidade de utilizar a publicidade para as empresas

darem a conhecer o seu produto/serviço. Também esta justificação poderá servir para o facto

de o acesso a canais de distribuição como barreira estratégica ser uma barreira com pouca

importância para as empresas desta dimensão.

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53

Tabela 11 – Proveniência do volume de négocios e tipo de empresas observadas

Fonte: Autora

De acordo com o teste Kolmogorov-Smirnov11 (Tabela 12), quase todas as barreiras à

entrada não seguem uma distribuição normal dentro das diferentes dimensões das empresas

(nível de significância de 5%). Palant (2005) refere que quando os dados não cumprem os

critérios para que se possa utilizar um teste paramétrico (o principal critério é que a população

siga uma distribuição normal), são medidos através de uma escala e/ou a amostra utilizada é

bastante pequena, deverá ser realizado um teste não-paramétrico. Pelas três razões referidas, é

mais adequado utilizar um teste não-paramétrico para averiguar se existem diferenças entre as

diferentes dimensões das empresas ao nível das barreiras à entrada percecionadas pelas

mesmas.

Tabela 12 – Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade da distribuição das dimensões

das empresas

a A variável segue uma distribuição normal quando p-value > 0,05

Fonte: Autora

Novamente, o teste escolhido foi o teste de Kruskal-Wallis (Tabela 13). Para um nível de

significância de 5%, concluiu-se que existem diferenças entre as dimensões das empresas ao

nível das economias de escala e da publicidade como barreiras estruturais e da diferenciação de

produto como barreira estratégica.

11 Ver Anexo 8 para mais pormenores.

Tipo de empresa observada Micro

empresa

Pequena

empresa

Média

empresa

Grande

empresa

Pro

ven

iên

cia

do

vo

lum

e d

e n

eg

ócio

s d

as

em

presa

s o

bse

rv

ad

as

Co

mércio

en

tre

em

presa

s

Grande empresa já estabelecida 1 19 24 16

Empresa não muito grande mas já bastante conhecida 4 19 36 3

Empresa relativamente pequena 1 4 1 0

Empresa pequena mas em crescimento 0 1 1 0

Nova empresa 0 0 0 0

Outra 0 0 2 0

Co

mércio

en

tre

em

presa

s e

co

nsu

mid

or f

ina

l

Grande empresa já estabelecida 0 3 5 7

Empresa não muito grande mas já bastante conhecida 0 10 7 1

Empresa relativamente pequena 0 0 1 0

Empresa pequena mas em crescimento 0 1 0 0

Nova empresa 0 0 0 0

Outra 0 1 0 0

Kolmogorov-Smirnov

Estatística df p-value

Dimensão da empresa a 0,250 168 0,000

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54

Tabela 13 – Teste Kruskal-Wallis para as diferenças entre as dimensões das empresas

a Existem diferenças entre a dimensão das empresas ao nível das barreiras percecionadas quando p-value <

0,05

Fonte: Autora

Para averiguar se estas diferenças são ou não significativas procedeu-se à elaboração de seis

testes adicionais de Mann-Whitney com correção de Bonferroni12 (Tabela 14). Para o novo

nível de significância, conclui-se que as diferenças encontradas são significativas apenas entre

as pequenas e as médias empresas ao nível da diferenciação de produto como barreira

estratégica. Segundo Kemp e Lutz (2006), uma possível explicação para este resultado é que,

se as pequenas empresas forem capazes de se especializar em nichos específicos de mercado,

irão sentir as consequências desta barreira com menos intensidade.

12 Correção de Bonferroni =

0,05

6 ≈ 0,008 → Novo nível de significância

Barreira Estatística df p-value a B

arreir

a E

stru

tura

l

Acesso a canais de distribuição 1,254 3 0,740

Necessidade de capital 4,119 3 0,249

Economias de escala 9,819 3 0,020

Regulação governamental 4,080 3 0,253

Acesso a conhecimento 2,068 3 0,558

Desvantagens de custo 3,305 3 0,347

Diferenciação de produto 0,659 3 0,883

Custos de mudança 0,172 3 0,982

Acesso a I&D 2,505 3 0,474

Publicidade 9,168 3 0,027

Custos de capital 4,907 3 0,179

Custos afundados 1,599 3 0,660

Ba

rreir

a E

stra

tég

ica

Excesso de capacidade 6,635 3 0,084

Publicidade 4,581 3 0,205

Diferenciação de produto 9,116 3 0,028

Acesso a I&D 1,318 3 0,725

Retaliação 1,719 3 0,633

Preço limite 0,355 3 0,949

Assimetria de informação / Informação incompleta 2,535 3 0,469

Acesso a conhecimento 0,924 3 0,820

Garantia do input/Controlo sob os recursos 4,304 3 0,230

Acesso a canais de distribuição 6,831 3 0,077

Acordos estratégicos 4,053 3 0,256

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Tabela 14 – Testes adicionais de Mann-Whitney13 com correção de Bonferroni para as

diferenças entre as dimensões das empresas

a As diferenças são significativas quando p-value < 0,008

Fonte: Autora

Como foi referido no ponto 3.2, a questão 5 da secção II do questionário, apesar de ser um

aspeto competitivo, não é em si uma barreira à entrada. Esta questão tem como objetivo captar

a atratividade do mercado onde a empresa opera, aferida pela maior ou menor dificuldade em

ser rentável – isto é, em adquirir um volume de vendas viável – e sobreviver. Ou seja, é uma

maneira indireta de captar a perceção dos inquiridos relativamente à probabilidade de

sobrevivência de uma nova empresa no mercado onde operam.

Quando avaliamos a perceção das empresas relativamente à atratividade do mercado onde

operam, os valores são baixos (Tabela 15) tanto por dimensão da empresa como por setor, o

que significa que no mercado onde operam é difícil adquirir um volume de vendas viável para

conseguirem sobreviver no mercado. É de realçar que o setor da construção é aquele onde as

empresas consideram que a atratividade do mercado é realmente bastante baixa (1,73). Este

Tabela 15 – A atratividade do mercado por dimensão e setor da empresa observada

a Opções de resposta: 1 = Muito fortemente, 2 = Fortemente, 3 = Um pouco, 4 = Raramente, 5 = Nunca

Fonte: Autora

13 Foram realizados 6 testes de Mann-Whitney pois são o número de testes necessário para efetuar comparações entre as quatro

diferentes dimensões das empresas.

Economia de escalas

(Barreira Estrutural)

Publicidade (Barreira

Estrutural)

Diferenciação de produto

(Barreira Estratégica)

Dimensão a Mann-Whitney

U

p-value Mann-Whitney

U

p-value Mann-Whitney

U

p-value

Micro versus pequena empresa 135 0,332 93,5 0,054 166,5 0,856

Micro versus média empresa 129,5 0,061 154 0,160 180 0,351

Micro versus grande empresa 59,5 0,270 64 0,403 71 0,631

Pequena versus média empresa 1682 0,009 1862,5 0,087 1574 0,002

Pequena versus grande empresa 757 0,788 524,5 0,011 644 0,175

Média versus grande empresa 817 0,080 872,5 0,197 944,5 0,465

Dimensão da empresa Médiaa Setor de atividade Média

Micro empresa 2,67 Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco) 2,24

Pequena empresa 2,28 Setor da construção 1,73

Empresa média 2,08 Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos 2,27

Grande empresa 2,48 Outro 2,35

TOTAL 2,38 TOTAL 2,15

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56

resultado pode ser explicado pelo facto de este setor, que se pode caracterizar como o barómetro

da economia nacional, ter vindo a sentir com grande intensidade os efeitos da crise económica

mundial, vendo o seu volume de negócios diminuir.

O valor médio dado a este aspeto competitivo é significativamente mais baixo do que os

valores médios dados pelas empresas às barreiras à entrada (ver Tabelas 6 e 10). Para Kemp e

Lutz (2006) – que obtiveram resultados semelhantes – este valor mais baixo poderá resultar do

efeito cumulativo das barreiras à entrada estratégicas (acordos estratégicos, retaliação, preço

limite…). No entanto, a importância dada a estas barreiras é significativamente mais baixa do

que a importância dada à aquisição de um volume de vendas viável. Isto poderá indicar que o

problema relaciona-se mais com o funcionamento normal dos processos competitivos e,

consequentemente, que os requisitos para uma entrada bem-sucedida e sobrevivência no

mercado não são fáceis de cumprir (Kemp e Lutz 2006). Os autores acrescentam ainda que a

aquisição de um volume de vendas viável está igualmente relacionada com a sobrevivência das

empresas após a entrada no mercado, que é influenciada fortemente pelas reações

(desconhecidas) que as empresas instaladas podem ter contra a entrada de novas empresas.

Em suma, a ordem de importância das barreiras à entrada não difere muito entre os diferentes

setores de atividade em estudo nem as diferentes dimensões das empresas. A classificação

média atribuída por setor e por dimensão das empresas também não é muito diferente, sendo a

classificação média atribuída a todas as barreiras de aproximadamente “um pouco” enfrentadas

pelas novas empresas.

As barreiras à entrada com mais relevância para a maioria dos setores e das diferentes

dimensões das empresas são os custos afundados, a necessidade de capital e os custos

associados à obtenção do capital. Já as barreiras com menor relevância também para a maioria

dos setores e diferentes dimensões das empresas destacam-se os acordos estratégicos entre as

empresas instaladas, o acesso a I&D como barreira estratégica e os custos de mudança. Além

disto, ao contrário do que seria de esperar segundo a maior parte das expetativas formuladas

pela literatura (Blees et al. 2003), as micro empresas têm uma perceção mais baixa acerca das

barreiras à entrada do que as PME’s e grandes empresas.

4.3. As dimensões subjacentes das barreiras à entrada

Nesta sub-secção será realizada uma análise fatorial – mais propriamente, uma análise dos

componentes principais – cujo objetivo é reduzir o grande número de barreiras à entrada

percecionadas pelas empresas e sumarizá-las num pequeno conjunto de dados denominado

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“fatores” ou “componentes”. Desta forma, será possível identificar as barreiras que realmente

influenciam o processo de entrada de novas empresas no mercado.

Antes de se efetuar uma análise fatorial a um determinado conjunto de dados é necessário

averiguar se esse conjunto de dados é ou não adequado para efetuar essa análise. Existem dois

aspetos fundamentais que se devem ter em considerção: a dimensão da amostra e o grau da

relação entre as variáveis (Palant 2005). No que concerne à dimensão da amostra, Comrey e

Lee (1992) sugerem algumas linhas orientadoras para esta questão:

50 é uma amostra muito pobre;

100 é uma amostra pobre;

200 é uma amostra aceitável;

300 é uma amostra boa;

500 é uma amostra muito boa;

1000 é uma amostra excelente.

Já Tabachnick e Fidell (2007) sugerem que é seguro ter pelo menos 300 casos para se efetuar

uma análise fatorial. Para averiguar se a dimensão da amostra é adequado para efetuar uma

análise fatorial também se pode ter em conta o rácio entre o número de participantes por variável

usada. Guadagnoli e Velicer (1988) indicam 20 participantes por variável. Tabachnick e Fidell

(2007) sugerem que 5 participantes por variável é adequado na maioria dos casos.

Embora não exista unanimidade entre os vários autores sobre qual a dimensão da amostra

ideal para efetuar uma análise fatorial, Palant (2005) refere que a recomendação geralmente é:

quanto maior for a amostra, melhor. Em amostras pequenas os coeficientes de correlação entre

as variáveis são menos confiáveis, uma vez que tendem a variar de amostra para amostra (Palant

2005). Os fatores obtidos de um conjunto pequeno de dados não generalizam tão bem como os

fatores derivados de amostras maiores. Apesar de a amostra utilizada neste trabalho ser

relativamente pequena – 168 participantes –, já é considerada uma amostra aceitável segundo

Comrey e Lee (1992) e, se considerarmos o rácio entre o número de participantes por variável

usada – neste caso, 168 participantes por cada uma das 23 barreiras à entrada –, a amostra é

adequada segundo estes autores.

O segundo aspeto fundamental a ter em conta para averiguar se é ou não possível efetuar

uma análise fatorial a um determinado conjunto de dados diz respeito à força das correlações

entre as variáveis (Palant 2005). Tabachnick e Fidell (2007) recomendam que se analise a

matriz das correlações para averiguar se existem coeficientes maiores ou iguais a 0,3. Se se

encontrarem poucos valores acima deste, a análise fatorial não é adequada. No caso deste

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trabalho, a matriz das correlações (Tabela 16) demonstra a existência de vários coeficientes

maiores ou iguais a 0,3. À partida a análise fatorial parece ser adequada.

Existem também dois testes estatísticos que permitem fazer esta análise: o teste à

esfericidade de Bartlett (1954) e a medida de adequação da amostra Kaiser-Meyer-Olkin

(KMO) (Kaiser 1970, 1974). O primeiro teste deverá ser significativo, isto é, o p-value terá de

ser menor que 0,05 (Bartlett 1954) e a medida de KMO – que varia entre o 0 e o 1 – deverá ser

no mínimo 0,6 para que se tenha uma boa análise fatorial (Kaiser 1970, 1974). O resultado do

teste de Barlett é χ2 (253) = 1195,575; p = 0,000, o que significa que existe correlação entre as

variáveis e a medida de KMO indica uma média adequação da amostra para a análise – KMO

= 0,721 – (Tabela 17). Assim, faz sentido realizar uma análise fatorial a estes dados pois o

resultado dos testes implica que as perceções das empresas relativas a cada uma das barreiras

pode ser explicada pelas outras barreiras, isto é, existe uma relação entre as várias barreiras

percecionadas pelas empresas de tal forma que é possível agrupá-las, reduzindo assim a

quantidade de informação e destacando as barreiras que realmente influenciam o processo de

entrada no mercado.

Para se extrair fatores de um determinado conjunto de dados é necessário determinar o

número mais pequeno possível de fatores que podem ser utilizados para representar da melhor

maneira as relações entre as várias variáveis em estudo (Palant 2005). Existem várias formas

para extrair o número de fatores subjacentes, sendo que a mais usada é a análise dos

componentes principais. O processo de decisão do número de fatores que se deve extrair não é

simples. Tabachnick e Fidell (2007) aconselham que se proceda a uma análise exploratória dos

dados, testando um número diferente de fatores até obter uma solução satisfatória. Porém,

existem várias técnicas que auxiliam esta tomada de decisão, sendo que as mais utilizadas são

o critério de Kaiser ou a regra do eigenvalue14 e o teste scree de Catell (Palant 2005).

O critério de Kaiser consiste em reter os fatores com um eigenvalue igual ou superior a 1

para serem estudados mais aprofundadamente (Palant 2005). O teste scree consiste na

construção de um gráfico de linhas com os eigenvalues de cada um dos fatores e encontrar o

ponto onde a forma da curva muda de direção e se torna horizontal, sendo que se devem reter

todos os fatores que se encontrem acima do ponto de quebra da linha, pois estes fatores são os

que mais contribuem para explicar a variância de todos os dados iniciais (Catell 1966).

14 O eigenvalue de um fator é a percentagem de variância explicada por esse fator.

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Tabela 16 – Matriz das correlações a

B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 B11 B12 B13 B14 B15 B16 B17 B18 B19 B20 B21 B22 B23

B1 1

B2 0,22 1

B3 0,25 0,23 1

B4 0,13 0,31 0,24 1

B5 -0,07 -0,09 0,18 0,22 1

B6 0,03 0,00 0,04 0,05 0,17 1

B7 0,08 0,04 0,07 0,15 0,33 0,11 1

B8 0,08 -0,03 0,10 0,10 0,41 0,23 0,28 1

B9 0,04 0,02 0,17 0,27 0,45 0,14 0,31 0,41 1

B10 -0,07 0,01 -0,04 0,02 0,14 0,18 0,25 0,17 0,21 1

B11 -0,07 0,15 0,03 0,12 -0,06 0,31 0,11 0,13 0,07 0,18 1

B12 -0,03 0,23 0,04 0,15 -0,07 0,30 0,14 0,14 -0,01 0,15 0,63 1

B13 -0,02 0,04 0,17 0,05 0,11 0,25 -0,06 0,10 -0,06 0,01 0,19 0,29 1

B14 -0,09 0,05 0,02 0,04 0,18 0,08 0,13 0,18 0,08 0,66 0,07 0,11 0,15 1

B15 0,06 -0,07 0,26 0,05 0,30 0,15 0,38 0,36 0,29 0,22 0,13 0,16 0,21 0,22 1

B16 -0,03 -0,03 0,16 0,22 0,48 0,10 0,18 0,43 0,67 0,33 0,14 0,09 0,02 0,30 0,36 1

B17 0,03 0,09 0,04 0,05 0,12 0,27 -0,03 0,18 0,05 0,37 0,15 0,21 0,17 0,36 0,07 0,24 1

B18 0,07 0,03 0,04 0,08 0,00 0,24 -0,09 0,04 0,00 -0,01 0,23 0,22 0,29 0,03 -0,01 0,13 0,47 1

B19 0,00 0,13 0,07 0,07 0,11 0,20 -0,12 0,01 0,01 0,02 0,22 0,24 0,20 0,04 -0,09 0,09 0,36 0,45 1

B20 0,05 -0,04 0,04 0,13 0,33 0,27 0,30 0,39 0,48 0,38 0,26 0,15 0,06 0,27 0,26 0,53 0,30 0,09 0,25 1

B21 -0,13 0,09 0,02 0,11 0,21 0,21 0,15 0,25 0,12 0,19 0,39 0,31 0,18 0,17 0,13 0,28 0,34 0,41 0,37 0,38 1

B22 0,05 -0,03 0,02 0,13 0,21 0,21 0,20 0,15 0,08 0,19 0,15 0,17 0,23 0,14 0,27 0,23 0,31 0,22 0,16 0,20 0,44 1

B23 -0,12 -0,03 0,00 -0,05 0,09 0,19 0,05 0,17 -0,01 0,16 0,23 0,04 0,12 0,03 0,00 0,13 0,34 0,25 0,33 0,26 0,37 0,25 1

a Valores arredondados por excesso a duas casas decimais

Fonte: Autora

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60

Tabela 17 – Testes de KMO e de Bartlett para medir a adequação da amostra

Fonte: Autora

Neste estudo optou-se por utilizar os dois métodos para determinar o número de fatores a

extrair. Analisando a tabela da variância total explicada (Tabela 18) referente aos dados deste

trabalho, verifica-se que os oito primeiros componentes têm eigenvalues iguais ou maiores que

1. Embora o critério de Kaiser possa levar à retenção de um número elevado de fatores (Horn

1965), segundo Fava e Velicer (1996) as consequências da sobreestimação são preferíveis às

consequências de um método que falhe a identificação de fatores separados.

Tabela 18 – Eigenvalues iniciais

Componente Eigenvalues iniciais % Variância explicada % Acumulativa

1 4,830 21,000 21,000

2 2,645 11,502 32,502

3 1,836 7,984 40,486

4 1,504 6,538 47,024

5 1,369 5,951 52,975

6 1,259 5,475 58,451

7 1,042 4,530 62,981

8 1,000 4,346 67,327

9 0,843 3,665 70,992

10 0,812 3,531 74,523

11 0,686 2,983 77,506

12 0,680 2,955 80,462

13 0,626 2,722 83,184

14 0,590 2,564 85,748

15 0,536 2,330 88,078

16 0,496 2,157 90,235

17 0,443 1,926 92,161

18 0,416 1,808 93,969

19 0,376 1,635 95,604

20 0,296 1,287 96,891

21 0,288 1,252 98,143

22 0,234 1,018 99,161

23 0,193 0,839 100

Fonte: Autora

KMO Medida da adequação da amostra 0,721

Chi-Quadrado aproximado 1195,575

Teste de Bartlett df 253

Sig. 0,000

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61

Procedeu-se igualmente à análise do scree plot (Gráfico 4) onde se pode observar que há

claramente uma quebra entre os componentes 7 e 8, o que significa que os componentes 1 a 7

explicam uma maior percentagem da variância do que os restantes componentes. Tendo em

conta a análise do scree plot deverão extrair-se sete fatores.

Gráfico 4 – Scree Plot – Análise dos componentes principais

Fonte: Autora

Analisando também os loadings de cada uma das variáveis nos oito fatores (Tabela 19),

verifica-se que os loadings da maioria das variáveis é bastante forte (a maior parte acima dos

0,4) em todos os fatores, o que suporta a decisão de reter os oito. Ainda que a maioria dos testes

apontem para a extração de 8 fatores, neste trabalho foram feitas várias tentativas, variando o

número de fatores a extrair. Assim, foram feitas três análises dos componentes principais

extraindo 6, 7 e 8 fatores. Os resultados serão apresentados e discutidos mais à frente,

justificando a escolha da extração de 6 fatores em vez de 7 ou 8.

Após o número de fatores a reter estar determinado, é necessário interpretá-los e, para o

efeito, os fatores são “rodados”, isto é, o padrão dos loadings é organizado de forma a que seja

mais fácil de interpretar (Palant 2005). Existem dois tipos de rotação: ortogonal (os fatores não

se correlacionam) e oblíqua (os fatores correlacionam-se). Segundo Tabachnick e Fidell (2007),

as soluções resultantes da rotação ortogonal são mais simples e fáceis de interpretar e reportar

mas requer que se assuma que os fatores não se correlacionem.

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62

Tabela 19 – Loadings dos fatores antes da rotação

Componente a

1 2 3 4 5 6 7 8

B1 0,516 0,563

B2 0,587

B3 0,571

B4 0,540

B5 0,507 - 0,442

B6 0,467 - 0,410

B7 - 0,413 0,404

B8 0,559

B9 0,511 - 0,552

B10 0,510 - 0,404 0,463

B11 0,460

B12 0,428 0,404 0,493

B13 0,560

B14 0,446 0,438 0,487

B15 0,476 0,446

B16 0,661 - 0,405

B17 0,552 0,430

B18 0,558

B19 0,529

B20 0,690

B21 0,629

B22 0,503 0,469

B23

a Apenas são apresentados os loadings acima de 0,4

Fonte: Autora

Contrariamente, a rotação oblíqua permite que os fatores se correlacionem, mas são mais

dificeis de interpretar, descrever e reportar. Na prática, os dois tipos de rotação dão soluções

muito parecidas (Tabachnick e Fidell 2007). É de salientar que dentro das duas rotações existem

várias técnicas. Na rotação ortogonal a mais usada é a Varimax uma vez que tenta minimizar o

número de variáveis que têm loadings elevados em cada fator, ao passo que na rotação oblíqua

é a Direct Oblimin (Palant 2005). Foram efetuados os dois tipos de rotação neste trabalho.

Como os resultados obtidos em ambas as rotações foram semelhantes, optou-se por relatar os

resultados da rotação ortogonal Varimax apenas por ser o método mais utilizado e com

resultados mais fáceis de interpretar.

Portanto, a análise dos componentes principais foi realizada com 23 itens com rotação

ortogonal Varimax. A medida de KMO = 0,721 indica uma média adequação da amostra para

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63

a análise e o teste de Barlett χ2 (253) = 1195,575; p = 0,000 indica que existe correlação entre

as variáveis, logo faz sentido realizar a análise.

As Tabelas 20, 21 e 22 mostram os resultados obtidos com a extração de 6, 7 e 8 fatores

respetivamente. Segundo o critério de Kaiser e a análise dos loadings dos fatores antes da

rotação dever-se-iam reter 8 fatores. Por isso, do ponto de vista estatístico, seria ideal reter este

número. Porém, mesmo apesar de a composição dos primeiros quatro fatores praticamente não

variar – independentemente do número de fatores que se retém – e a publicidade como barreira

estrutural e estratégica ser identificada como um fator separado em qualquer um dos modelos,

o modelo com 6 fatores leva a uma interpretação inequívoca dos resultados. Por exemplo, no

modelo com 7 fatores seria difícil interpretar e explicar a relação entre a regulação

governamental e a necessidade de capital.

Assim, a análise fatorial identifica 6 fatores que constituem o sistema subjacente e dirigem

as perceções das empresas relativas às barreiras à entrada, isto é, identificam as barreiras que

afetam a decisão de entrada no mercado (Tabela 20). O primeiro fator é constituído por barreiras

tanto estruturais como estratégicas: “acesso a I&D” como barreira estrutural e estratégica,

“acesso a conhecimento” também como barreira estrutural e estratégica e “custos de mudança”.

Com exceção dos custos de mudança, todas estas barreiras estão diretamente relacionadas

com know-how e I&D. Porém, segundo Blees et al. (2003), os custos de mudança estão

relacionados com a velocidade e radicalidade de possíveis mudanças tecnológicas, que só se

dão se as empresas instaladas investirem constantemente na aquisição de conhecimento e em

I&D, forçando o avanço tecnológico do mercado onde operam. Alterações tecnológicas rápidas

e/ou drásticas podem alterar a pópria natureza dos produtos e fabricação dos mesmos e,

consequentemente, de um mercado. Uma vez que os custos de mudança dos consumidores estão

relacionados com a lealdade dos consumidores a determinados produtos ou linha de produtos,

uma nova tecnologia que permita oferecer um novo e diferente produto, pode ser uma maneira

de contornar a barreia “custos de mudança” (Blees et al. 2003). Assim, o fator 1 é denominado

de “I&D”.

As empresas instaladas podem adotar uma série de estratégias relacionadas com o seu

comportamento de forma a dificultar, desencorajar ou até mesmo barrar a entrada de novas

empresas no mercado onde operam. A retaliação, o preço limite e a utilização estratégica da

assimetria de informação e da informação incompleta pelas empresas instaladas são três

exemplos dessas estratégias, daí o fator 2 se designar por “comportamento estratégico”.

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Tabela 20 – Fatores que representam as dimensões subjacentes das barreiras à entrada (Modelo de 6 fatores)

a Método de extração: Análise dos componentes principais. Número de fatores retidos: 6 fatores. Método de rotação: Varimax com normalização de Kaiser. Os valores a negrito

indicam os loadings dados às barreiras à entrada incluídas nos fatores (≥ 0,60)

Fonte: Autora

Loadings dos fatores com rotação a

Fator 1:

I&D

Fator 2: Comportamento

estratégico

Fator 3: Risco de

investimento

Fator 4:

Publicidade

Fator 5: Desvantagens

de custo

Fator 6: Capacidade

Bar

reir

a E

stru

tura

l

Acesso a canais de distribuição - 0,01 - 0,04 - 0,13 - 0,04 0,60 0,13

Necessidade de capital - 0,12 0,05 0,31 0,11 0,68 - 0,22

Economias de escala 0,16 0,00 - 0,10 - 0,07 0,63 0,31

Regulação governamental 0,29 0,06 0,18 - 0,03 0,59 - 0,15

Acesso a conhecimento 0,70 0,10 - 0,18 0,01 0,03 0,20

Desvantagens de custo 0,17 0,27 0,36 0,03 - 0,02 0,33

Diferenciação de produto 0,51 - 0,28 0,26 0,11 0,02 0,17

Custos de mudança 0,63 0,05 0,09 0,05 - 0,01 0,23

Acesso a I&D 0,81 - 0,01 0,01 0,00 0,16 - 0,13

Publicidade 0,23 0,03 0,14 0,85 - 0,09 0,00

Custos de capital 0,08 0,20 0,84 0,02 - 0,02 0,04

Custos afundados - 0,04 0,12 0,82 0,10 0,12 0,19

Bar

reir

a E

stra

tég

ica

Excesso de capacidade - 0,11 0,24 0,16 0,02 0,10 0,69

Publicidade 0,12 0,03 0,01 0,87 0,01 0,13

Diferenciação de produto 0,45 - 0,22 0,11 0,16 0,05 0,62

Acesso a I&D 0,76 0,18 - 0,02 0,23 0,08 - 0,02

Retaliação 0,05 0,64 - 0,01 0,50 0,09 0,13

Preço limite - 0,06 0,72 0,08 - 0,02 0,12 0,20

Assimetria de informação / Informação incompleta 0,00 0,74 0,13 - 0,04 0,12 - 0,03

Acesso a conhecimento 0,65 0,28 0,19 0,25 - 0,04 - 0,06

Garantia do input/Controlo sob os recursos 0,28 0,57 0,36 0,07 - 0,10 0,11

Acesso a canais de distribuição 0,21 0,34 0,10 0,12 - 0,04 0,44

Acordos estratégicos 0,14 0,59 0,08 0,03 - 0,25 0,04

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65

Tabela 21 – Fatores que representam as dimensões subjacentes das barreiras à entrada (Modelo de 7 fatores)

a Método de extração: Análise dos componentes principais. Número de fatores retidos: 7 fatores. Método de rotação: Varimax com normalização de Kaiser. Os valores a negrito

indicam os loadings dados às barreiras à entrada incluídas nos fatores (≥ 0,60)

Fonte: Autora

Loadings dos fatores com rotação a

Fator 1 Fator 2

Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 Fator 7

Bar

reir

a E

stru

tura

l

Acesso a canais de distribuição - 0,14 0,06 - 0,26 - 0,09 0,58 0,53 - 0,04

Necessidade de capital - 0,12 0,03 0,23 0,09 0,74 - 0,04 - 0,10

Economias de escala 0,20 - 0,02 - 0,12 - 0,07 0,54 0,10 0,44

Regulação governamental 0,33 0,00 0,15 - 0,04 0,61 - 0,10 0,02

Acesso a conhecimento 0,73 0,08 - 0,13 0,02 - 0,04 0,08 0,22

Desvantagens de custo 0,12 0,31 0,36 0,03 - 0,03 0,25 0,20

Diferenciação de produto 0,35 - 0,17 0,21 0,09 0,03 0,62 - 0,12

Custos de mudança 0,57 0,10 0,10 0,05 - 0,04 0,34 0,09

Acesso a I&D 0,83 - 0,05 0,03 0,01 0,16 0,04 - 0,09

Publicidade 0,18 0,06 0,13 0,85 - 0,05 0,15 - 0,11

Custos de capital 0,05 0,20 0,84 0,03 0,06 0,04 - 0,01

Custos afundados - 0,05 0,12 0,82 0,10 0,17 0,05 0,18

Bar

reir

a E

stra

tég

ica

Excesso de capacidade - 0,04 0,23 0,22 0,05 - 0,01 - 0,02 0,78

Publicidade 0,14 0,02 0,02 0,89 0,01 - 0,02 0,15

Diferenciação de produto 0,38 - 0,15 0,12 0,17 - 0,06 0,49 0,46

Acesso a I&D 0,80 0,14 0,02 0,24 0,07 - 0,03 0,03

Retaliação 0,04 0,66 - 0,03 0,48 0,10 0,05 0,07

Preço limite - 0,03 0,71 0,09 - 0,03 0,11 - 0,08 0,23

Assimetria de informação / Informação incompleta 0,06 0,70 0,14 - 0,04 0,15 - 0,23 0,05

Acesso a conhecimento 0,59 0,30 0,19 0,25 0,00 0,19 - 0,19

Garantia do input/Controlo sob os recursos 0,26 0,59 0,37 0,07 - 0,06 0,09 0,00

Acesso a canais de distribuição 0,11 0,44 0,08 0,11 - 0,08 0,46 0,20

Acordos estratégicos 0,08 0,64 0,08 0,01 - 0,21 0,14 - 0,14

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66

Tabela 22 – Fatores que representam as dimensões subjacentes das barreiras à entrada (Modelo de 8 fatores)

a Método de extração: Análise dos componentes principais. Número de fatores retidos: 8 fatores. Método de rotação: Varimax com normalização de Kaiser. Os valores a

negrito indicam os loadings dados às barreiras à entrada incluídas nos fatores (≥ 0,60)

Fonte: Autora

Loadings dos fatores com rotação a

Fator 1 Fator 2

Fator 3 Fator 4 Fator 5 Fator 6 Fator 7 Fator 8

Bar

reir

a E

stru

tura

l

Acesso a canais de distribuição 0,00 0,01 - 0,07 - 0,07 0,18 0,05 0,01 0,88

Necessidade de capital - 0,14 0,05 0,21 0,09 0,72 - 0,04 - 0,06 0,24

Economias de escala 0,20 - 0,01 - 0,09 - 0,06 0,42 - 0,02 0,48 0,31

Regulação governamental 0,24 0,03 0,04 - 0,05 0,75 0,10 0,05 - 0,03

Acesso a conhecimento 0,67 0,06 - 0,21 0,01 0,08 0,24 0,23 - 0,17

Desvantagens de custo 0,23 0,27 0,48 0,04 - 0,23 0,02 0,19 0,25

Diferenciação de produto 0,34 - 0,28 0,18 0,09 0,08 0,63 - 0,12 0,14

Custos de mudança 0,64 0,04 0,16 0,05 - 0,14 0,18 0,10 0,17

Acesso a I&D 0,85 - 0,05 0,02 0,01 0,16 - 0,04 - 0,07 0,02

Publicidade 0,20 0,02 0,14 0,85 - 0,04 0,14 - 0,11 - 0,01

Custos de capital 0,07 0,18 0,83 0,03 0,10 0,09 - 0,02 - 0,10

Custos afundados - 0,04 0,11 0,82 0,10 0,18 0,07 0,18 - 0,05

Bar

reir

a E

stra

tég

ica

Excesso de capacidade - 0,05 0,23 0,22 0,05 - 0,03 0,05 0,77 - 0,08

Publicidade 0,12 0,02 0,00 0,88 0,05 0,03 0,15 - 0,10

Diferenciação de produto 0,40 - 0,23 0,14 0,17 - 0,10 0,40 0,47 0,13

Acesso a I&D 0,79 0,13 - 0,01 0,24 0,12 0,02 0,05 - 0,10

Retaliação 0,08 0,65 0,03 0,49 - 0,01 0,04 0,07 0,16

Preço limite - 0,01 0,72 0,13 - 0,02 0,03 - 0,03 0,22 ,007

Assimetria de informação / Informação incompleta 0,06 0,73 0,14 - 0,04 0,13 - 0,11 0,05 - 0,04

Acesso a conhecimento 0,65 0,26 0,23 0,25 - 0,05 0,11 - 0,18 0,09

Garantia do input/Controlo sob os recursos 0,19 0,55 0,27 0,07 0,12 0,43 - 0,02 - 0,24

Acesso a canais de distribuição 0,05 0,35 0,00 0,11 0,03 0,73 0,19 - 0,02

Acordos estratégicos 0,08 0,60 0,07 0,02 - 0,18 0,30 - 0,16 - 0,05

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67

Os custos de capital dizem respeito aos custos associados à obtenção de capital necessário

para entrada no mercado de uma potencial entrante, tais como as taxas de juro. Estes custos

serão tanto maiores quanto maior foi o risco de investir nessa empresa. Ora, os custos afundados

– a outra barreira que faz parte do fator 3 – podem ser uma forma de as empresas instaladas se

empenharem à sua atividade na indústria aumentando o risco de investimento e,

consequentemente, também os custos de capital (Blees et al. 2003). Como tal, o fator 3 intitula-

se de “risco de investimento”.

A publicidade como barreira estrutural e barreira estratégica compõem o fator 4, portanto

foi chamado de “publicidade”. O acesso aos canais de distribuição como barreira estrutural, a

necessidade de capital e as economias de escala fazem parte do fator 5. Todas estas barreiras

estão relacionadas com desvantagens de custo das empresas entrantes, daí este fator ter esta

denominação. Blees et al. (2003) referem que o bloqueio ao acesso dos canais de distribuição

existentes força as empresas entrantes a desenvolver novos – e geralmente mais dispendiosos –

sistemas de distribuição. Uma vez que esta alternativa de distribuição é mais dispendiosa, as

empresas instaladas acabam por ter vantagens de custo relativamente às empresas entrantes

(Blees et al. 2003). As empresas instaladas que tiverem elevadas vantagens de custo – por

exemplo, devido a desenvolvimentos tecnológicos – podem necessitar de menos capital externo

(Blees et al. 2003). As empresas entrantes que não estiverem a operar à escala mínima de

eficiência irão incorrer numa desvantagem de custo em comparação com as empesas instaladas.

A vantagem de custo de operar à escala mínima de eficiência contribui para o efeito percentual

das economias de escala15 (Blees et al. 2003).

O último fator é composto pelo excesso de capacidade e pela diferenciação de produto como

barreira estratégica. De acordo com Sørgard (1997), uma empresa entrante deve sempre limitar

a sua capacidade, mesmo que os custos por unidade de produção sejam pequenos, de forma a

evitar a “armadilha” de investimento inicial elevado em capacidade. Uma entrante poderá

procurar um nicho de mercado na tentativa de sinalizar que não se sente ameaçada pela quota

de mercado da empresa instalada. Um elevado grau de diferenciação de produto poderá ajudar

a alcançar isto. A nova entrante poderá ser capaz de aumentar a procura até determinados níveis

que o excesso de capacidade da instalada é insuficiente para servir o mercado todo deixando,

assim, espaço para entrada (Sørgard 1997). Portanto, o fator 6 chama-se de “capacidade”.

15 O efeito percentual das economias de escala diz respeito a uma situação em que a entrada se dá perto ou à escala mínima de

eficiência, causando um decréscimo dos preços de venda, especialmente se a escala mínima de eficiência for grande comparativamente à

dimensão da indústria.

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68

Estes fatores explicam aproximadamente 58,45% (Tabela 18) da variância total. Mais de

metade das barreiras à entrada são fortemente representadas por um destes fatores uma vez que,

de um modo geral, os loadings dos fatores são relativamente altos apenas para um dos fatores

identificados (≥ 0,60).

Apesar de Lutz et al. (2010) identificarem 7 fatores em vez de 6, existem algumas

semelhaças com os seus resultados e os resultados obtidos neste estudo. Em ambos temos os

fatores I&D, comportamento estratégico e publicidade, sendo este último constituído pela

própria barreira. Existem também parecenças com os resultados dos trabalhos de Karakaya e

Stahl (1989) e de Karakaya (2002). No primeiro estudo, foram identificados três fatores no

mercado de bens de consumo e no segundo quatro fatores no mercado de bens industriais, sendo

eles vantagens específicas das empresas instaladas, necessidade de capital ou custos de entrada

no mercado, diferenciação de produto e expetativa de lucro por parte das empresas entrantes.

O último fator não diz propriamente respeito a uma barreira à entrada, mas sim um conjunto de

indicadores de atratividade do mercado.

Os primeiros três fatores identificados por Karakaya e Stahl (1989) e por Karakaya (2002)

são coerentes com os fatores identificados neste trabalho, sendo que os custos de entrada no

mercado correspondem ao fator denominado “risco financeiro”. A grande diferença entre os

resultados deste trabalho e os resultados destes dois estudos é o número de dimensões

subjacentes e a identificação de novos fatores, tais como o comportamento estratégico e a I&D.

Em suma, mais de metade das barreiras identificadas estão fortemente representadas nos

fatores extraídos com a análise dos fatores principais. Esta análise deu origem a 6 fatores: I&D,

comportamento estratégico, risco de investimento, publicidade, desvantagens de custo e

capacidade, sendo que as barreiras percecionadas pelas empresas que afetam mais a decisão de

entrada no mercado estão enraizadas a estes fatores.

Existem fatores que podem ser considerados barreiras estruturais e fatores que incluem

barreiras tanto estruturais como estratégicas. Os fatores “risco de investimento” e

“desvantagens de custo” podem ser considerados como barreiras estruturais, ao passo que os

fatores “I&D” e “publicidade” incluem barreiras estruturais e estratégicas.

Apesar de a revisão de literatura destacar que existem diferenças entre as barreiras estruturais

e as estratégicas, estes dois aspetos demonstram que, na realidade, as barreiras estratégicas estão

dependentes das características estruturais dos mercados. As características estruturais

específicas dos mercados não acionam as barreiras estratégicas, mas são uma condição

necessária para que sejam eficazes, ou seja, o uso eficaz de uma barreira de forma estratégica

por parte de uma empresa instalada parece depender de características estruturais do mercado,

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69

como, por exemplo, o número de empresas que opera, a dimensão dessas empresas ou a

existência de outras barreiras pois, como já foi referido, as barreiras sofrem influência uma das

outras.

Lutz et al. (2010) dão o exemplo da indústria dos cereais, onde uma estratégia de

diferenciação de produto é ineficaz mas, numa indústria com produtos diferenciados esta

estratégia poderá funcionar. Destaca-se ainda que o fator denominado “comportamento

estratégico” poderia classificar-se como uma barreira estratégica. Todavia, é claro que até

mesmo para este fator as estratégias de retaliação e de limite de preço só são eficazes se o

número de concorrentes no mercado for limitado o que, mais uma vez, implica que a eficácia

das barreiras estratégicas está dependente dos atributos da estrutura do mercado (Lutz et al.

2010).

Page 83: Alexandra Isabel Correia do Couto · postos de trabalho e fomentem a dinâmica de uma indústria pois, de facto, são as pequenas empresas e, em particular as novas, que são mais

70

Capítulo V – CONCLUSÃO

Neste capítulo são apresentadas as conclusões retiradas com este estudo e são sugeridos

possíveis trabalhos futuros que poderão ser feitos acerca desta temática. É ainda feita uma

breve discussão da validade e das limitações do estudo.

5.1. Principais conclusões e recomendações

Após uma revisão de literatura cuidada, conclui-se que a questão levantada por Smiley

(1988), Singh et al. (1998) e Lutz et al. (2010) sobre a necessidade de estudos empíricos acerca

da importância das barreiras à entrada é de extrema importância. Algumas das barreiras

identificadas pelos vários estudos parecem meramente baseados na teoria. No entanto, tendo

em conta os poucos estudos empíricos existentes acerca desta temática, existem algumas

barreiras que na realidade desempenham um papel relevante e necessitam de atenção por parte

das autoridades da concorrência.

Os resultados obtidos neste trabalho são apenas uma pequena prova empírica sobre as

barreiras à entrada, nomeadamente no que diz respeito à perceção que as empresas portuguesas

têm relativamente à importância das diferentes barreiras estruturais e estratégicas. Na análise

feita ao longo deste trabalho são tidos em conta dois aspetos diferentes: que barreiras à entrada

desempenham um papel relevante no mercado onde as empresas operam e quais as barreiras

que afetam mais a decisão de entrada no mercado.

As barreiras que se destacam como sendo mais importantes na perceção das empresas estão

relacionadas com o capital: custos afundados, necessidade de capital, custos de capital e

desvantagens de custo das empresas instaladas. Todavia, a maioria das barreiras parecem

desempenhar um papel pouco relevante visto que o valor médio para o total das barreiras é

baixo. As barreiras são consideradas apenas como “um pouco” importantes. No que concerne

às barreiras com menor importância, destacam-se os acordos estratégicos entre empresas

instaladas, o acesso a I&D, os custos de mudança dos consumidores e a garantia do

input/controlo sob os recursos.

Apesar de existirem algumas diferenças entre os vários setores de atividade em estudo, de

um modo geral, a ordem de importância das várias barreiras à entrada é coerente. O mesmo

acontece para as empresas de diferentes dimensões. Estes resultados indicam que as principais

explicações para as diferenças que existem relativamente às barreiras percecionadas pelas

empresas não são as diferenças entre os diferentes setores de atividades ou das diferentes

dimensões das empresas.

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Um resultado curioso prende-se com o facto de as micro empresas terem uma perceção mais

baixa no que concerne às barreiras à entrada do que as PME’s e grandes empresas, uma vez que

alguns investigadores esperam que aconteça exatamente o contrário (ver, por exemplo, Blees

et al. 2003). As conclusões retiradas no trabalho de Blees et al. (2003) baseiam-se apenas em

trabalhos teóricos e, na teoria, espera-se que as micro empresas tenham mais consciência das

barreiras à entrada que irão enfrentar aquando a sua entrada num mercado. Porém, o facto de

serem empresas com reduzida dimensão e a maior parte não ter muita experiência e/ou

conhecimento relativamente ao mercado onde operam, poderá influenciar as suas perceções

relativamente às barreiras que poderão encontrar. A falta de conhecimento e/ou experiência

poderá fazer com que não conheçam determinadas características de uma barreira à entrada e,

desta forma, não a reconhecerem como sendo uma barreira. Algumas delas poderão

eventualmente nem saber o que é uma barreira à entrada.

A análise fatorial permitiu identificar as seis dimensões subjacentes das barreiras à entrada:

I&D, comportamento estratégico, risco de investimento, publicidade, desvantagens de custo e

capacidade. Um resultado surpreendente é que algumas barreiras estruturais e estratégicas são

coerentes: algumas barreiras estão enraizadas à estrutura do mercado, mas isto parece incentivar

as empresas a reagir de forma estratégica. A importância do conhecimento, das patentes e dos

custos de mudança podem servir como um exemplo. A publicidade e a diferenciação de produto

fornecem exemplos semelhantes em que as barreiras estruturais induzem ações estratégicas.

Como tal, conclui-se que a eficácia das barreiras estratégicas depende de atributos da estrutura

do mercado.

Os resultados confirmam que são várias as barreiras que podem influenciar as decisões de

entrada no mercado. Consequentemente, as barreiras à entrada podem reduzir a quantidade de

novas empresas bem como a potencial concorrência. Como as barreiras à entrada percecionadas

pelas empresas como sendo as mais importantes estão relacionadas com questões financeiras,

as autoridades deveriam dar atenção especial ao funcionamento dos mercados financeiros.

5.2. Fiabilidade, validade e principais limitações do estudo

Para que um estudo empírico tenha credibilidade, é necessário verificar a sua fiabilidade e

validade. A fiabilidade de uma investigação diz respeito à replicabilidade do estudo, isto é, se

o estudo for repetido por outro investigador num período de tempo diferente e utilizando os

mesmos procedimentos descritos, será que chegaria aos mesmos resultados e conclusões

obtidos neste estudo. Assim, a fiabilidade mede a qualidade da pesquisa, com o objetivo de

reduzir o enviesamento e erros no estudo dependentes do investigador (Yin 2003).

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Já a validade de um estudo serve para verificar se o plano de investigação foi cumprido, ou

seja, se ao longo do trabalho “houve consistência dos procedimentos usados, assim como dos

resultados obtidos, que devem ser independentes do olhar do investigador, para serem

objetivos” (Alves 2012, p.56). Ajuda, ainda, a provar que os resultados obtidos neste estudo

correspondem autenticamente a alguma realidade conhecida e não são meramente uma

construção resultante da imaginação do investigador e se existe a possibilidade de generalizar

os resultados alcançados a situações idênticas. Todavia, a generalização de resultados nem

sempre se verifica quando se está perante uma amostra de pequena dimensão (Alves 2012).

Uma estratégia utilizada para ajudar a garantir a fiabilidade e validade deste trabalho foi

utilizar o mesmo método de recolha de dados primários utilizado em estudos empíricos deste

género (ver, por exemplo, Smiley 1988; Chang e Tang 2001; Lutz et al. 2010). Mais, o

questionário utilizado foi essencialmente igual ao utilizado no trabalho de Lutz et al. (2010), de

forma que os resultados obtidos pudessem ser comparados com o trabalho destes autores e

outros.

Além disto, para garantir que também o questionário fosse válido e fiável, foi feito um pré-

teste para verificar se as questões eram adequadas e abrangentes o suficiente para alcançar os

objetivos deste estudo e se eram claras e objetivas para os respondentes.

Apesar destes cuidados, este trabalho tem algumas limitações. Uma das limitações é a

dimensão da amostra. Como a amostra utilizada neste trabalho é relativamente pequena, as

conclusões retiradas neste estudo terão que ser tidas com cautela e evitadas generalizações para

a totalidade das empresas portuguesas. Todavia, a análise feita e as conclusões retiradas poderão

servir de guia para futuros trabalhos.

Outra das limitações é o facto de a amostra em estudo ser constituída por empresas

instaladas, em vez de empresas entrantes ou potenciais entrantes. Esta limitação pode levar a

um certo enviesamento uma vez que as empresas instaladas já superaram as barreiras existentes.

O facto de estas empresas saberem resolver o problema (neste caso, saber como superar

determinada barreira) faz com que esse problema (barreira) se torne trivial (Kemp e Lutz 2006).

Para contrariar este argumento pode-se afirmar que somente as empresas instaladas deverão

participar no estudo, uma vez que se deve ter apenas em conta a opinião de empresas viáveis

(Kemp e Lutz 2006).

Além disto, este estudo baseia-se nas perceções que as empresas têm mas não relaciona estas

perceções com a verdadeira entrada, sendo que é possível que existam diferenças entre as

perceções que as empresas têm e entre as barreiras que realmente são utilizadas quando a

entrada realmente acontece.

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5.3. Pistas para trabalhos futuro

As limitações deste trabalho permitem deixar algumas pistas para possíveis trabalhos

futuros. A primeira sugestão seria a elaboração de um estudo semelhante com uma amostra de

maior dimensão para confirmar se as barreiras identificadas neste estudo como mais e menos

importantes são realmente as que influenciam a decisão de entrada no mercado de todas as

empresas portuguesas.

Como já foi referido, as empresas participantes no estudo são empresas instaladas, isto é,

são empresas já com alguma experiência e conhecimento pelo que as suas perceções

relativamente às barreiras à entrada poderão diferir das perceções de empresas muito recentes

(ou novas empresas entrantes). Como tal, seria interessante a realização de um trabalho que

analisasse estas potenciais diferenças.

Este estudo tem como base as perceções que as empresas têm, mas não relaciona estas

perceções com a verdadeira entrada, pelo que são necessários mais estudos para avaliar esta

relação e identificar as barreiras que realmente influenciam o processo de entrada.

Segundo a organização Transparency International (2013)16, o índice de corrupção

percecionado em Portugal relativamente aos negócios é de 51% e de 66% para o

parlamento/legislatura, o que equivale a dizer que no nosso país, os respondentes consideram

que os negócios e o parlamento/legislatura são extremamente corruptos. Estes valores levam-

nos a refletir um pouco até que ponto a corrupção pode ser considerada uma barreira à entrada

e se ela existe no nosso país. De facto, existem poucos estudos que relacionem a corrupção com

as barreiras à entrada. Campos et al. (2010) elaboraram um estudo junto de uma amostra de

empresas brasileiras pertencentes ao setor da indústria transformadora e descobriram que a

corrupção é considerada a barreira à entrada mais importante para este setor, acima das finanças,

dos impostos e da regulação. Como tal, tendo em conta os valores elevados relativos à

corrupção percecionada em Portugal nas áreas dos negócios e do parlamento/legislatura, seria

interssante a elaboração de um estudo empírico que relacionasse a corrupção com as barreiras

à entrada de novas empresas.

Por último, tal como as recomendações de Smiley (1988), Singh et al. (1998) e Lutz et al.

(2010), continua a ser necessário mais estudos empíricos sobre esta temática em vários países

de forma a perceber se as barreiras à entrada utilizadas nos diferentes países diferem ou não e,

se diferirem, que fatores influenciam essas diferenças.

16 A Transparency International é uma organização não-governamental que luta contra a corrupção e produz um relatório anual no qual

se analisam os índices de perceção de corrupção nos vários países do mundo.

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ANEXOS

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Anexo 1 – Questionário

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Fonte: Autora

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Anexo 2 – Classificação Portuguesa das Actividades Económicas do Instituto Nacional

de Estatística

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93

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94

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2007)

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95

Anexo 3 – E-mail enviado às empresas no pré-teste e no envio definitivo

Exmos. Senhores,

O meu nome é Alexandra Couto e sou aluna do 2º ano do Mestrado em Economia Industrial

e da Empresa, Universidade do Minho.

No âmbito da minha dissertação de Mestrado estou a proceder à elaboração de um estudo

cujo objetivo é identificar as barreiras à entrada mais frequentemente usadas por empresas

portuguesas para inibir a entrada de novas empresas e quais as que mais afetam a decisão de

entrada no mercado.

Para tal, estou a efetuar um questionário direcionado às empresas portuguesas.

Preferencialmente, o questionário deverá ser respondido por quem toma decisões e implementa

estratégias de entrada em novos mercados (p. ex. gerente, CEO, Diretor ou Gestor Geral da

empresa). Porém, dado que os endereços eletrónicos foram recolhidos a partir do portal Informa

D&B, este e-mail poderá não estar a chegar à pessoa mais adequada para responder ao

questionário. Por isso, se for esse o caso, peço por favor que reencaminhe este e-mail à pessoa

mais adequada para responder.

O preenchimento do questionário demorará apenas alguns minutos e encontra-se disponível

no endereço https://docs.google.com/forms/d/1_eFW0xHcp0tftHvT5XUKR-

ln_EcTq27VEF5Garf3tmA/viewform, bastando para o efeito aceder à respetiva página. Caso

ao clicar o questionário não seja lançado, poderá fazer cópia do link e colá-lo na barra de

endereço do seu browser.

A resposta da vossa empresa é muito importante e será uma informação estritamente

confidencial, utilizada apenas para este trabalho, sendo os dados recolhidos tratados em

agregado.

Agradeço desde já a sua colaboração,

Atenciosamente,

Alexandra Couto

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96

Anexo 4 – Carta e declaração enviada às empresas de forma a comprovar a

autenticidade e veracidade do questionário

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97

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98

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99

Anexo 5 – “Regras do polegar” ou “Rules of thumb” para determinar a dimensão ideal

de amostras de modo a aplicar várias técnicas estatísticas

Relação Dimensão aceitável da amostra

Medir diferenças entre grupos (ex. Teste-t, ANOVA…)

30 participantes por variável para 80% de confiança. Se a

confiança for menor, não menos de 7 participantes por variável.

Relações (ex. correlações, regressões…)

≈ 50

Qui-quadrado

Pelo menos 20 no total e variáveis com menos de 5 participantes.

Análise fatorial

≈ 200 aceitável; ≈ 300 boa; ≈1000 excelente

(Comrey e Lee 1992);

Pelo menos 300 (Tabachnick e Fidell 2007);

20 participantes por variável (Guadagnoli e Velicer

1988);

5 participantes por variável (Tabachnick e Fidell

2007).

Adaptado de: VanVoorhis e Morgan (2007)

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100

Anexo 7 – Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade das variáveis por setor de atividade

Barreira Setor de atividade a Estatística df p-value

Ba

rreir

a E

stru

tura

l

Acesso a canais de distribuição

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,234

0,253

0,209

0,244

74

11

66

17

0,000

0,048

0,000

0,008

Necessidade de capital

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,210

0,219

0,238

0,193

74

11

66

17

0,000

0,146

0,000

0,092

Economias de escala

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,255

0,303

0,239

0,295

74

11

66

17

0,000

0,006

0,000

0,000

Regulação governamental

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,183

0,345

0,185

0,177

74

11

66

17

0,000

0,001

0,000

0,161

Acesso a conhecimento

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,225

0,260

0,179

0,242

74

11

66

17

0,000

0,036

0,000

0,009

Desvantagens de custo

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,184

0,282

0,210

0,273

74

11

66

17

0,000

0,036

0,000

0,009

Diferenciação de produto

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,202

0,310

0,248

0,178

74

11

66

17

0,000

0,004

0,000

0,157

Custos de mudança

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,191

0,320

0,195

0,273

74

11

66

17

0,000

0,002

0,000

0,002

Acesso a I&D

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,194

0,221

0,258

0,243

74

11

66

17

0,000

0,141

0,000

0,009

Page 114: Alexandra Isabel Correia do Couto · postos de trabalho e fomentem a dinâmica de uma indústria pois, de facto, são as pequenas empresas e, em particular as novas, que são mais

101

Anexo 7 – Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade das variáveis por setor de atividade

(continuação)

Ba

rreir

a E

stru

tura

l

Publicidade

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,199

0,323

0,185

0,209

74

11

66

17

0,000

0,002

0,000

0,046

Custos de capital

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,253

0,266

0,250

0,250

74

11

66

17

0,000

0,029

0,000

0,006

Custos afundados

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,243

0,366

0,302

0,273

74

11

66

17

0,000

0,000

0,000

0,002

Ba

rreir

a E

stra

tég

ica

Excesso de capacidade

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,295

0,266

0,199

0,265

74

11

66

17

0,000

0,029

0,000

0,002

Publicidade

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,246

0,277

0,162

0,241

74

11

66

17

0,000

0,018

0,000

0,010

Diferenciação de produto

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,186

0,217

0,198

0,180

74

11

66

17

0,000

0,155

0,000

0,146

Acesso a I&D

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,209

0,217

0,215

0,263

74

11

66

17

0,000

0,157

0,000

0,003

Retaliação

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,222

0,188

0,244

0,316

74

11

66

17

0,000

0,200

0,000

0,000

Page 115: Alexandra Isabel Correia do Couto · postos de trabalho e fomentem a dinâmica de uma indústria pois, de facto, são as pequenas empresas e, em particular as novas, que são mais

102

Anexo 7 – Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade das variáveis por setor de atividade

(continuação)

a A variável segue uma distribuição normal quando p-value > 0,05

Fonte: Autora

Ba

rreir

a E

stra

tég

ica

Preço limite

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,199

0,277

0,175

0,215

74

11

66

17

0,000

0,018

0,000

0,000

Assimetria de informação /

Informação incompleta

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,192

0,246

0,239

0,257

74

11

66

17

0,000

0,001

0,000

0,004

Acesso a conhecimento

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,184

0,236

0,169

0,203

74

11

66

17

0,000

0,086

0,000

0,062

Garantia do input/Controlo sob os

recursos

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,206

0,235

0,185

0,212

74

11

66

17

0,000

0,091

0,000

0,040

Acesso a canais de distribuição

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,188

0,191

0,183

0,200

74

11

66

17

0,000

0,200

0,000

0,069

Acordos estratégicos

Indústria transformadora (exceto indústria do tabaco)

Setor da construção

Comércio por grosso e a retalho; reparação de

veículos automóveis e motociclos

Outro

0,209

0,380

0,293

0,290

74

11

66

17

0,000

0,000

0,000

0,000

Page 116: Alexandra Isabel Correia do Couto · postos de trabalho e fomentem a dinâmica de uma indústria pois, de facto, são as pequenas empresas e, em particular as novas, que são mais

103

Anexo 8 –Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade das variáveis por dimensão das

empresas

Barreira Dimensão a Estatística df p-value B

arreir

a E

stru

tura

l

Acesso a canais de distribuição

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,214

0,232

0,221

0,219

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,002

Necessidade de capital

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,254

0,250

0,211

0,220

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,002

Economias de escala

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,293

0,274

0,207

0,299

6

58

77

27

0,000

0,006

0,000

0,000

Regulação governamental

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,325

0,197

0,189

0,228

6

58

77

27

0,047

0,000

0,000

0,001

Acesso a conhecimento

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,254

0,196

0,241

0,245

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,000

Desvantagens de custo

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,223

0,202

0,219

0,268

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,000

Diferenciação de produto

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,237

0,187

0,201

0,217

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,002

Custos de mudança

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,183

0,180

0,186

0,183

6

58

77

27

0,200

0,002

0,000

0,021

Ba

rreir

a E

stra

tég

ica

Acesso a I&D

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,254

0,184

0,209

0,204

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,005

Publicidade

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,223

0,190

0,197

0,266

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,000

Custos de capital

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,293

0,253

0,263

0,238

6

58

77

27

0,117

0,000

0,000

0,000

Page 117: Alexandra Isabel Correia do Couto · postos de trabalho e fomentem a dinâmica de uma indústria pois, de facto, são as pequenas empresas e, em particular as novas, que são mais

104

Anexo 8 –Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade das variáveis por dimensão das

empresas (continuação)

Ba

rreir

a E

stra

tég

ica

Custos afundados

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,254

0,261

0,293

0,278

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,000

Excesso de capacidade

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,319

0,210

0,236

0,297

6

58

77

27

0,056

0,000

0,000

0,000

Publicidade

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,254

0,172

0,215

0,202

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,006

Diferenciação de produto

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,167

0,226

0,223

0,202

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,006

Acesso a I&D

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,285

0,195

0,230

0,195

6

58

77

27

0,138

0,000

0,000

0,010

Retaliação

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,392

0,271

0,206

0,262

6

58

77

27

0,004

0,000

0,000

0,000

Preço limite

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,333

0,200

0,169

0,260

6

58

77

27

0,036

0,000

0,000

0,000

Assimetria de informação /

Informação incompleta

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,223

0,259

0,217

0,217

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,002

Acesso a conhecimento

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,215

0,188

0,198

0,226

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,001

Garantia do input/Controlo sob os

recursos

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,293

0,190

0,244

0,202

6

58

77

27

0,117

0,000

0,000

0,006

Acesso a canais de distribuição

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,254

0,201

0,176

0,245

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,000

Page 118: Alexandra Isabel Correia do Couto · postos de trabalho e fomentem a dinâmica de uma indústria pois, de facto, são as pequenas empresas e, em particular as novas, que são mais

105

Anexo 8 –Teste Kolmogorov-Smirnov à normalidade das variáveis por dimensão das

empresas (continuação)

a A variável segue uma distribuição normal quando p-value > 0,05

Fonte: Autora

Ba

rreir

a E

stra

tég

ica

Acordos estratégicos

Micro empresa

Pequena empresa

Média empresa

Grande empresa

0,204

0,230

0,284

0,290

6

58

77

27

0,200

0,000

0,000

0,000