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O uso de game educativo como ferramenta no processo de alfabetização de crianças do Ensino Fundamental I. Rodrigo César Augusto* Resumo: O presente texto relata um estágio elaborado por um grupo de alunos de graduação em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. A experiência foi elaborada através de uma proposta de avaliação na disciplina Metodologia do Ensino de Português - Alfabetização. O referido estágio foi realizado em estabelecimento de ensino público da Rede Estadual de São Paulo, sendo a sua finalidade refletir sobre o papel das tecnologias na alfabetização de crianças do 1° ano do Ensino Fundamental I. Palavras-chave: alfabetização, fundamental I, uso de computador. O Game e as Avaliações Este trabalho está vinculado à proposta para avaliação da disciplina Metodologia do Ensino de Português - Alfabetização, sendo que sua realização envolveu a utilização de um game. A ideia foi utilizar este game em uma aula de ortografia para crianças do 1° ano do Ensino Fundamental I, fazendo com que elas

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O uso de game educativo como ferramenta no processo de

alfabetização de crianças do Ensino Fundamental I.

Rodrigo César Augusto*

Resumo:

O presente texto relata um estágio elaborado por um grupo de alunos de graduação

em Pedagogia da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. A

experiência foi elaborada através de uma proposta de avaliação na disciplina

Metodologia do Ensino de Português - Alfabetização. O referido estágio foi realizado

em estabelecimento de ensino público da Rede Estadual de São Paulo, sendo a sua

finalidade refletir sobre o papel das tecnologias na alfabetização de crianças do 1°

ano do Ensino Fundamental I.

Palavras-chave: alfabetização, fundamental I, uso de computador.

O Game e as Avaliações

Este trabalho está vinculado à proposta para avaliação da disciplina

Metodologia do Ensino de Português - Alfabetização, sendo que sua realização

envolveu a utilização de um game. A ideia foi utilizar este game em uma aula de

ortografia para crianças do 1° ano do Ensino Fundamental I, fazendo com que elas

pudessem desenvolver a escrita e a leitura através de uma ferramenta tecnológica.

O trabalho com este game visou também a elaboração de uma avaliação

diagnóstica sobre o processo de escrita das crianças, e posteriormente a preparação de

uma avaliação formativa. O intuito era inserir a tecnologia no processo de ensino e

aprendizagem e a partir disto, criar uma maior consistência na aprendizagem das

crianças.

A avaliação diagnóstica já utilizada com maior freqüência pelos professores,

tem sido de grande valia, principalmente no inicio de um ano letivo. Já a avaliação

formativa, ainda não tão disseminada, tende a apresentar grandes resultados em sala

de aula, porque ela aproxima o aluno e o professor e faz com que o aluno perceba os

seus avanços e suas dificuldades: “A avaliação formativa tem como finalidade fundamental a

função ajustadora do processo de ensino-aprendizagem para possibilitar que os meios de formação

respondam as características dos alunos. Pretende-se detectar os pontos fracos da aprendizagem,

mais do que determinar quais os resultados obtidos com essa aprendizagem”. (JORBA e

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SANMARTÍ, 2003, p. 123). Desta forma, a pretensão era utilizar estes tipos de

avaliações para contribuir com uma melhor aprendizagem por parte dos alunos. Por

fim, podemos citar Perrenoud, que indica a avaliação formativa como

importantíssima para consolidar a aprendizagem: “Para o bom desenvolvimento da

avaliação formativa é necessário haver uma seleção criteriosa de tarefas, a qual promova a

interação, a relação e a mobilização inteligente de diversos tipos de saberes e que, por isso, possuam

elevado valor educativo e formativo”. (PERRENOUD, 1999).

Para iniciarmos o projeto, os alunos receberam as primeiras informações em

sala de aula, junto de uma dinâmica, sobre a utilização do computador para nossa

aprendizagem. Em seguida, eu e a professora explicamos como funcionava o game,

principalmente sobre a ligação dele com o aprendizado da escrita e sobre suas etapas

que iam ficando mais difíceis. Num último momento, a professora informou aos

alunos todas as regras que deveriam ser seguidas, como segundo ela, já era de

costume e também foram formadas as duplas para o trabalho, já que a escola não tem

um número suficiente de computadores, para que cada aluno trabalhasse sozinho.

A Realização do Estágio

A turma em questão era composta por 25 alunos, sendo ela, uma turma do 1°

ano do Ensino Fundamental I. Os alunos são conduzidos em sala de aula sempre pela

mesma professora, todos os dias da semana eles têm aulas de Português. A professora

reservou a sala de informática uma semana antes do inicio do projeto. Nesta escola a

sala de informática estava com 12 computadores em funcionamento. Desta forma,

cada computador foi utilizado por uma dupla de alunos, sendo que foi necessário a

formação de um trio, por se tratar de uma turma com 25 alunos.

No dia do projeto, eu e a professora contamos com a ajuda dos alunos

estagiários (alunos contratados pela Secretaria da Educação de São Paulo, que

trabalham meio período nas salas de informática, para atender os alunos, os

funcionários e professores da escola). A professora recebeu os alunos na sala de aula

e anunciou que naquele dia, eles iriam ter aula de português no computador, através

da internet. Ela deixou claro, que se tratava de uma aula diferente daquelas que eles

estavam acostumados, mas que o site que eles iriam acessar, apesar de se tratar de um

jogo, com diversas fases, o intuito era aperfeiçoar a escrita e a leitura. Ela disse ainda

que teria outro professor para auxiliá-la naquele dia e me apresentou aos alunos.

Depois desta introdução, foram formadas as duplas e logo em seguida, foi explicado

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através de imagens como funcionava o jogo e como cada um deveria participar.

Durante a apresentação, a professora fez comparações, entre o jogo que utilizaríamos

com outros jogos que ela já havia trabalhado em sala de aula e isto pareceu bem

positivo, os alunos conseguiram entender com mais clareza do que se tratava o

projeto.

Ao iniciarmos a aula, eu passei a conduzir o projeto. Informei aos alunos que

eles estavam diante de uma brincadeira, mas que na verdade era uma avaliação

também. Avisei que a partir daquele momento, eles teriam que concluir a primeira

fase do jogo, que consistia em completar as palavras que apareciam, utilizando uma

das letras disponíveis. Informei ainda, que se não conseguissem ler a palavra

incompleta, que a imagem da mesma aparecia do lado, para auxiliá-los. Eu e a

professora nos dividimos e cada uma ficou responsável por metade da turma. A ideia

inicial era acompanhar os alunos em suas escolhas sem palpitar e deixamos claro,

que ao final da primeira fase do jogo, a dupla tinha que levantar a mão para avisar

seu término.

Os alunos iniciaram a primeira fase do jogo, e logo ficou claro, que tínhamos

alunos em diferentes níveis de alfabetização naquela turma. Algumas duplas

seguiram todas as informações dadas por mim e pela professora, enquanto outras

precisaram de mais auxílios, tanto para começar a atividade, quanto para seguir os

passos do jogo. Ao final, avaliamos e dividimos as duplas da seguinte maneira:

1° Grupo – Iniciaram as atividades após as informações dadas e concluíram sem

nenhum questionamento. Alegaram facilidade, dizendo que o jogo era muito legal e

se teria outras fases.

2° Grupo – Iniciaram as atividades após as informações dadas e concluíram, mas

precisaram de auxílio, após errarem alguma palavra, eles levantaram a mão para

perguntar.

3° Grupo – Precisaram de auxílio para iniciar o jogo e durante o percurso, foram

perguntando sobre as palavras, sobre as letras, e mesmo questionados sobre as

figuras que os auxiliaram, voltaram a levantar a mão para tirar dúvidas.

Concluímos que a primeira fase do jogo revelou as dificuldades de alguns

alunos em identificar letras, sílabas e palavras, e segundo a professora, foram os

mesmos alunos que realmente apresentam dificuldades em sala de aula. Ela ainda

informou que existem alunos que participam de aulas de reforço.

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Destacamos também, que é possível que alguns alunos tenham alcançado

sucesso nesta avaliação diagnóstica devido a participação em duplas. Alguns colegas

mais avançados podem ter auxiliado o outro com mais dificuldades. Achamos que a

possibilidade de existir um computador para cada aluno poderia demonstrar

resultados mais eficazes. Se colocarmos em porcentagem, os alunos que

demonstraram dificuldades ficaram em torno de 40%.

Após a participação dos alunos e a elaboração de uma avaliação diagnóstica,

eu e a professora passamos a discutir sobre uma avaliação formativa. Concluímos

que uma avaliação formativa poderia ser mais importante para os alunos, do que

apenas a avaliação padrão. Determinamos o seguinte:

1° Passo – A professora iria recolher material de diferentes formas, primeiro uma

avaliação comum, individual. Segundo, um trabalho em grupo e por último, uma

atividade-jogo, também individual. Todas as atividades seriam sobre ortografia.

2° Passo – A professora apresentaria os resultados dos alunos individualmente e em

grupo. Na primeira parte, individual, ela teria que estimular o aluno a superar suas

dificuldades, apresentando para o aluno, formas diferentes de tentar entender a

construção das palavras. No segundo momento, ela sentaria com o grupo em questão,

e questionaria a participação de cada um deles na atividade, quem ajudou mais ou

menos, porque não foram dadas mais ideias, porque não foram feitos mais

apontamentos. O importante seria fazer com que o aluno sentisse vontade de acertar

mais, mostrar para ele que existe a possibilidade de melhorar e que a escrita vai se

tornando muito mais fácil.

3° Passo – A turma novamente, dividida em duplas deveriam retornar para a sala de

informática e mais uma vez elaborar as atividades do site, desta vez, seguindo para as

outras etapas. Após concluir as etapas propostas pela professora, os alunos iriam ser

submetidos a uma nova avaliação. Esta avaliação seria proposta da seguinte forma:

cada dupla escreveria 10 palavras incompletas e passaria para outra dupla completá-

las (obedecendo algumas normas da professora, na escolha das palavras, como

número de sílabas, por exemplo). Após a conclusão de cada dupla, a professora iria

corrigindo na lousa as palavras, solicitando a participação dos alunos para a correção.

A experiência foi bem recebida pela professora e pelos alunos. Alguns

fatores parecem ter contribuído de forma significativa para os participantes: primeiro

que a professora disse não ter tido contato com variadas formas de avaliação e que

com certeza isso era importante para a boa aprendizagem de sua turma. Segundo, que

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ficou evidente, o poder que as novas tecnologias têm sobre os alunos, só o fato de

colocá-los em contato com o computador, percebemos um entusiasmo, que

convertido pela professora em aprendizagem, sempre será positivo. A utilização do

game, para uma aula que seria tão comum, como é a aula de Ortografia, trouxe uma

nova visão, uma abertura muito grande de possibilidades para a professora e por

conseqüência para os alunos. Claro que se trata de uma experiência muito rápida, mas

os seus desdobramentos mostram que as pesquisas e as ideias novas, podem

contribuir de forma significativa no ensino e na aprendizagem das crianças.

Referências Bibliográficas:

PERRENOUD, P. Avaliação - da Excelência à Regulação das Aprendizagens, Entre Duas

Lógicas. Porto Alegre: Artmed, 1999.

JORBA, J. & SANMARTÍ, N. A Função Pedagógica da Avaliação. In Avaliação como Apoio

à Aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2003.

Referências de Sites: http://www.escolagames.com.br/jogos/fabricaPalavras/ (acesso: mês de

Setembro de 2011)

*Graduando em Pedagogia pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Professor de História na

Rede Pública e Privada de São Paulo. (email: [email protected])