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ALFABETIZAÇÃO: MÉTODO FÔNICO “Aprender a ler requer uma escola e uma instrução adquirida e depende essencialmente de uma conquista crucial pelo educando que é a compreensão alcançada com a mediação de leitores proficientes, do princípio subjacente ao código alfabético... A comunidade da Educação deve considerar e recorrer aos trabalhos científicos sobre a leitura”. (Observatoire National de La Lecture). Este livro torna disponível, para a educação brasileira, procedimentos avançados e eficazes para promover a alfabetização que resultam dos mais recentes desenvolvimentos da pesquisa internacional na área da aquisição de leitura e escrita, com colaboração do Instituto de Psicologia da USP e professores da 1º série do ensino fundamental de escolas públicas. As atividades resultam de mais de uma década de pesquisas científicas rigorosas no mundo, inclusive no Brasil, com resultados eficazes em produzir aquisição de leitura e escrita competentes, diminuindo de modo marcante os elevados índices de problemas apresentados pelas crianças brasileiras. A educação brasileira passa atualmente por uma crise severa sem precedentes, no desempenho dos alunos do ensino fundamental e ensino médio. E cabe aos pesquisadores e educadores, iniciar um esforço cooperativo intensivo de análise comparativa das práticas nacionais e internacionais, para buscar explicações claras e soluções efetivas. É evidente que as condições sociais e econômicas adversas da população brasileira afetam o desempenho de nossas crianças. Mas os educadores têm a atribuição e o dever de procurar fazer o melhor e buscar soluções educacionais para o fracasso escolar.

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ALFABETIZAÇÃO: MÉTODO FÔNICO

“Aprender a ler requer uma escola e uma instrução adquirida e depende essencialmente de uma conquista crucial pelo educando que é a compreensão alcançada com a mediação de leitores proficientes, do princípio subjacente ao código alfabético... A comunidade da Educação deve considerar e recorrer aos trabalhos científicos sobre a leitura”. (Observatoire National de La Lecture). Este livro torna disponível, para a educação brasileira, procedimentos avançados e eficazes para promover a alfabetização que resultam dos mais recentes desenvolvimentos da pesquisa internacional na área da aquisição de leitura e escrita, com colaboração do Instituto de Psicologia da USP e professores da 1º série do ensino fundamental de escolas públicas. As atividades resultam de mais de uma década de pesquisas científicas rigorosas no mundo, inclusive no Brasil, com resultados eficazes em produzir aquisição de leitura e escrita competentes, diminuindo de modo marcante os elevados índices de problemas apresentados pelas crianças brasileiras. A educação brasileira passa atualmente por uma crise severa sem precedentes, no desempenho dos alunos do ensino fundamental e ensino médio. E cabe aos pesquisadores e educadores, iniciar um esforço cooperativo intensivo de análise comparativa das práticas nacionais e internacionais, para buscar explicações claras e soluções efetivas.

É evidente que as condições sociais e econômicas adversas da população brasileira afetam o desempenho de nossas crianças. Mas os educadores têm a atribuição e o dever de procurar fazer o melhor e buscar soluções educacionais para o fracasso escolar. Boa parte do esforço do verdadeiro educador diz respeito à busca de um método apropriado, mas infelizmente tem autoridades governamentais brasileiras em educação, impondo políticas falhas e métodos mal testados, limitando a autonomia dos educadores de fazer suas próprias descobertas a partir de experimentos. Segundo Piaget existem 4 razões para tal situação:A falta de autonomia dos professores que são obrigados a seguir diretrizes e programas ditados por autoridades oficiais que se dedicam apenas às atividades administrativas.A falta de condução de pesquisas pelos próprios professores que têm pouco contato com a prática de pesquisa

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durante a sua formação e ao longo da sua profissão, não têm autonomia para comparar sistematicamente a eficácia de diferentes procedimentos de ensino.

A pedagogia não consegue formar uma elite de pesquisadores capazes de fazer dela uma disciplina cientifica e viva e um dos fatores e o pouco prestigio intelectual, comparado a qualquer outro profissional. E com isto afirma que se esquecem de que o ensino tem 3 problemas centrais que somente com a ajuda do professor pode ser resolvido:Traçar o objetivo do ensino: adquirir conhecimentos, aprender a aprender, aprender a verificar, aprender a inovar;Definir os ramos necessários para alcançá-lo: a cultura, o raciocínio, a experimentação; Escolhidos os ramos, traçar os métodos mais adequados.

Há mais de 30 anos Piaget já criticava a situação de falta de pesquisa em pedagogia e de submissão dos professores a parâmetros Curriculares ditados por burocratas do Estado que não fazem e não leva em conta a pesquisa. Mas estas críticas surgiram efeito em outros países desenvolvidos, já que os parâmetros curriculares foram estabelecidos a partir de dados de pesquisa experimental sendo que uma parte foi coletada pelos próprios professores. Tal pesquisa diz respeito a como se deve alfabetizar, pelo método global ou pelo método fônico. A diferença é simples:

Método Global – a alfabetização deve ser feita diretamente a partir de textos complexos, logo no inicio da alfabetização, antes da criança ter tido chance de aprender a decodificar e a codificar, pois não existe um ensino explícito e sistemático das correspondências grafema-fonema, a criança percebe sozinha;

Método Fônico – o texto deve ser introduzido de modo gradual, com complexidade crescente, à medida que a criança adquirir uma boa habilidade de fazer decodificação grafofonêmica fluente, depois que ela tiver recebido instruções explícitas e sistemáticas de consciência fonológica e de correspondência entre grafemas e fonemas.

Os resultados do PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos) deixam claro que os países que adotam ensino fônico produzem jovens com maior competência de leitura, seguidos

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pelos países que adotam métodos não puramente fônicos, mas mistos e nas últimas posições, os paises que seguem o construtivismo.

Segundo pesquisas divulgadas pelo PISA o Brasil ocupou a escandalosa posição de último lugar do mundo. Os governantes no Brasil atribuem este resultado à repetência, mas não é, sim o desempenho pobre que gera a repetência e a manutenção dos erros que têm levado a esse desempenho pobre. O sistema de progressão continuada só vai agravar o fracasso. Os resultados da pesquisa internacional (PISA) e nacional (Saeb e Enem) são unânimes em comprovar a incompetência da política de ensino no Brasil.

As autoridades chamadas a prestar contas das quedas sistemáticas nos desempenhos dos alunos do ensino fundamental usam argumentos como: “A incorporação de um aluno mais carente ao sistema de ensino contribui para a queda na qualidade”; “Os pais deveriam desempenhar um papel mais ativo na educação de seus filhos”; “As escolas têm dificuldades em adotar práticas interativas”. Observamos que o baixo desempenho dos alunos é atribuído às condições devidas nas cidades brasileiras, à carência econômica, à falta de participação do país e à falta de “interatividade” das escolas, será que essas “causas” seriam as mesmas descobertas pelos pesquisadores sérios do Brasil e do exterior?

Exemplos de Parâmetros Curriculares de Países Desenvolvidos e com Alto Desempenho em Leitura Parâmetros Curriculares dos Estados Unidos

Em 1997 o Congresso dos Estados Unidos mostrava-se preocupado com a queda nos desempenhos em leitura e escrita das crianças norte-americanas. Então solicitou ao Instituto Nacional de Saúde da Criança e de Desenvolvimento Humano um relatório sobre todos os conhecimentos disponíveis sobre a aquisição e o desenvolvimento da leitura, incluindo a eficácia das diferentes metodologias de ensino da leitura.Em conjunto com a Secretaria de Educação, constitui o Comitê Nacional de Leitura, composta por pesquisadores, professores universitários de faculdades de Educação, professores de ensino infantil e fundamental, administradores educacionais e

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pais. Examinaram mais de 100 mil estudos científicos publicados desde 1966 e 15 mil publicados antes desta data.Três anos depois o Comitê Nacional de Leitura, publicou em abril de 2000, o relatório ensinando crianças a ler, que contém as diretrizes fundamentais para a alfabetização bem sucedida.Cinco dos sete temas centrais para análise estabelecidas nas audiências foram:A importância de fazer identificação precoce de todos as crianças em risco de fracasso na alfabetização, e de intervir sobre essas crianças para promover a aquisição de leitura;A importância da consciência fonológica, da instrução fônica, e de bons textos, e a necessidade de descobrir como melhor integrar diferentes abordagens à leitura para maximizar a alfabetização eficaz;A necessidade de informação cientifica clara e objetiva sobre a eficácia de diferentes métodos de alfabetização, e a necessidade de que a política oficial de ensino e a prática do professor em sala de aula sejam orientadas por essas descobertas cientificas;A importância de usar os procedimentos estatísticos e metodológicos mais avançados para avaliar todos os estudos da educação e chegar a decisões conclusivas;A importância dos professores, de sua formação, e de sua colaboração com os pesquisadores.

Após examinar os 115 estudos, o comitê propôs sete principais pontos de investigação que envolve a importância de 7 fatores para a alfabetização:A consciência fonológica,A instrução fônica,A leitura em voz alta,A instrução de vocabulário,A instrução de compreensão,Os programas de leitura independente e a formação do professor. Dentre as 7 questões, destacam-se duas:Será que instruções de consciência fonêmica melhoram a capacidade de leitura? Se este for o caso, como elas devem ser mais bem implementadas? Será que as instruções fônicas melhoram a capacidade de leitura? Se este for o caso, como melhor administrar tais instruções?Dentre os primeiros pontos está à importância central, atribuída as instruções metafonológicas e a instruções fônicas. As instruções metafonológicas envolvem as crianças a atentar aos fonemas e a manipulá-los em silabas e palavras faladas. As instruções fônicas envolvem ensinar as crianças a usar as correspondências entre grafema e fonemas para ler e escrever.

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As instruções metafonológicas desenvolvem a habilidade de manipular os sons da fala, as instruções fônicas desenvolvem a habilidade de converter esses sons em escrita e vice-versa.

Conforme A. e F. Capovilla a consciência fonológica é a habilidade de discriminar e manipular os segmentos da fala, ou seja, as palavras, as silabas e os fonemas, enquanto a consciência supra fonêmica parece evoluir espontaneamente, a consciência fonêmica não. Em relatório oficial, o Instituto Nacional de Saúde da criança deixa bem claro que: As instruções metafonológicas são altamente eficazes em melhorar a aquisição de leitura e escrita sob diferentes condições de ensino e com diferentes tipos de alunos e idades, quando comparadas às instruções que não dizem respeito ao desenvolvimento dessa consciência.

Além disso, diversos estudos também têm relatado que procedimentos para desenvolver consciência fonológica são eficazes em produzir a aquisição bem sucedida de leitura e escrita competentes. O segundo achado do relatório diz respeito à importância das instruções fônicas, que consistem no ensino explicito e sistemático das correspondências entre as letras e os sons. O relatório também compara dois tipos de instrução fônica: A sintética, em que o educando é explicitamente ensinado a relacionar as letras e os conjuntos de letras individuais aos seus respectivos sons, a converter as letras em sons e combinar os sons para formar palavras reconhecíveis; A analítica, em que o educando é primeiro apresentado a unidades de palavras inteiras e, em seguida, a instrução sistemática associando letras especifica da palavra com seus respectivos sons, sendo que ele só analisa as relações entre letras e sons de palavras que já tenha aprendido anteriormente de modo a evitar pronunciar sons fora da palavra.Segundo ele, a meta-análise demonstrou que, dentre as diversas variantes do método fônico, a mais eficaz é aquela que introduz os fonemas de forma explícita, sistemática e nunca seqüência planejada, e não o método “contextualizado”, que fornece informações sobre os fonemas na medida em que eles aparecem em textos. Ele também ressalta a importância das habilidades de fluência e de vocabulário para permitir uma maior compreensão do texto e maior facilidade em reter e

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relacionar as informações de texto. Revela que a leitura em voz alta repetida e dirigida com orientação e correção sistemática pelo professor é mais eficiente em melhorar a fluência da leitura e a compreensão do texto pelo aluno do que a leitura silenciosa feita independentemente pelo aluno e sem direção ou correção pelo professor.

Parâmetros Curriculares da Grã-Bretanha

Um movimento semelhante ao dos Estados Unidos foi observado na Grã-Bretanha. Após estudos sistemáticos e aprofundados os pesquisadores e educadores britânicos perceberam que, com o método global de leitura a partir de textos e palavras inteiras, as crianças não estavam aprendendo tão bem quanto com o método fônico. A partir desta constatação, houve um retorno definido ao ensino fônico explicito e sistemático.

Desde então, as avaliações de leitura têm revelado que os desempenhos têm se elevado significativamente e sistematicamente bem acima da média nacional. Como conseqüência, o governo determinou, em seu Currículo Nacional para o Inglês, que as instruções fônicas sejam novamente incorporadas ao Currículo Nacional britânico.

O Departamento Britânico de Educação e Empregos publicou em 2000, o documento intitulado Alfabetização, estabelecendo as diretrizes da educação britânica. De acordo com a publicação, uma criança básica (1ª e 2ª série), deve ser capaz de: Ler e escrever com confiança, fluência e compreensão; Dominar uma grande quantidade de pistas de leitura (fônicas, gráficas, sintáticas e contextuais) de modo a monitorar a sua leitura e corrigir os seus próprios erros; Entender o sistema de sons da escrita e fazer uso dele para ler e escrever com precisão; Ter letra fluente e legível; Ter interesse pelas palavras e seus significados e demonstrar um vocabulário crescente; conhecer diferentes gêneros como ficção e poesia, ter boa compreensão deles e ser capaz de escrever nesses diferentes gêneros, além de compreender e estar familiarizada com algumas das formas pelas quais as narrativas são estruturadas usando idéias literárias básicas como contexto, personagem e enredo; Entender textos variados de não-ficção, fazer uso deles

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e ser capaz de escrever tais textos; Planejar, traçar, revisar e editar a sua própria escrita; Ter um vocabulário técnico satisfatório por meio do qual possa entender e discutir a sua leitura e escrita. Interessar-se por livros, ler com prazer, avaliar e justificar as suas preferência; Desenvolver suas habilidades de imaginação, inventividade e consciência crítica por meio da leitura e da escrita.

Segundo as diretrizes do governo, para que os alunos consigam realizar tais atividades, é essencial que os professores ensinem as habilidades básicas de decodificação (leitura) e de codificação (escrita) desde o inicio da alfabetização, e que estruturem o ensino em três níveis sucessivos: a palavra, a sentença e o texto, sempre com grau de dificuldade, monitorado para crescer gradualmente em termos de complexidade das relações grafema-fonema, de vocabulário requerido e de complexidade gramatical envolvida.A leitura e escrita de textos devem ser introduzidas na medida em que as crianças tenham demonstrado fluência no nível da palavra e da sentença.

A comparação dos documentos revela contrastes chocantes, com respeito à prática de leitura no inicio da alfabetização.O Currículo Nacional para o Inglês deixa claro que: os educandos devem ser ensinados a: Discriminar entre os sons individuais das palavras; Aprender as letras e as combinações de letras mais usualmente empregadas para escrever aqueles sons; Ler palavras pronunciando cada som separadamente e combinando esses sons; Escrever palavras por meio de combinações de formas escritas correspondente aos sons.

Enquanto, os Parâmetros Curriculares Nacionais do Brasil estabelecem as seguintes atividades como “Prática de leitura”:Escrita de textos lidos pelo professor;Atribuição de sentidos, coordenando textos e contexto (com ajuda);Utilização de indicadores para fazer antecipações e inferências em relação ao conteúdo (sucessão de acontecimentos, paginação do texto, organização tipográfica, etc...);Emprego dos dados obtidos por meio da leitura para confirmação ou retificação das suposições de sentido feitas anteriormente;Utilização de recursos para resolver duvidas na compreensão: consulta ao professor ou aos colegas, formulação de uma suposição a ser verificada adiante,

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etc...;Uso de acervos e bibliotecas:Busca de informações e consulta a fontes de diferentes tipos (jornais, revistas, enciclopédias, etc)com ajuda;Manuseio e leitura de livros na classe, na biblioteca e, quando possíveis empréstimos de materiais para leitura em casa;Socialização das experiências de leitura.

Então, fica claro, os PCNs brasileiros precisam ser revistos urgentemente, e os parâmetros britânicos e norte-americanos podem contribuir para aperfeiçoá-los substancialmente.

Parâmetros Curriculares da França

O Ministério da Educação da França constituiu em 1996 o Observatório Nacional da Leitura com a função de subsidiar a política educacional. Este observatório apresentou um relatório em que deixa claro que, embora a compreensão e a produção da fala desenvolvam-se naturalmente em crianças ouvintes expostas à língua falada, a leitura e a escrita não se desenvolvem naturalmente pela exposição a textos.Para o desenvolvimento da leitura e da escrita requer instruções especificas.O relatório francês estabelece distinções entre o aprender a ler e saber ler. O comportamento de um leitor não nos fornece diretamente informações sobre a maneira pela qual aprendemos a ler. Observando um leitor, seu comportamento parece tão natural aprendemos a ler elucidando conscientemente as regras convencionais que regem o código escrito, e a composição alfabética das palavras nas relações com composição fônica.Outra distinção é entre ler e compreender. O objetivo da leitura de um texto é a compreensão, porém, ler não é sinônimo de compreender. De um lado como compreendemos a fala, há formas de compreensão que ultrapassam a leitura. As regras principais de linguagem oral regem também a linguagem escrita.

O relatório francês explica como o método ideovisual (global) ao ensino da leitura e escrita, preconizado pelo construtivismo, prejudica o desenvolvimento das capacidades de leitura. Ao privar a criança das necessárias instruções preparatória fônica e metafonológicas, ao impingir textos complexos antes que as

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crianças sejam capazes de decodificá-los. Os PCNs brasileiro é contrario ao relatório do Observatório Francês.

Os resultados do Pisa mostram que os alunos brasileiros foram classificados em último lugar por “lerem” no texto o que bem (ou mal) entendiam em vez de lerem o que estava efetivamente escrito.

Os parâmetros franceses explicam que o método global ou ideovisual não funciona: entre a composição de uma palavra e o seu significado, há uma relação que os lingüistas classificam como arbitrária.A relação entre a forma ortográfica da palavra e o seu significado também é arbitrária. Uma criança não pode descobrir espontaneamente o significado de uma palavra escrita. Nos seus primeiros contatos iniciais com as palavras escritas, ela aprenderá a identificar algumas delas pelo comprimento, contorno ou outras características visuais. Mas ela logo se dá conta que tais critérios são insuficientes. Podemos pensar que cada palavra escrita é objeto de uma “convenção” que emparelha, arbitrariamente, um material ortográfico específico a um significado específico, mas é preciso lembrar que a língua escrita é um “código derivado” da língua falada. o nosso sistema de escrita é o princípio alfabético, que corresponde ao fato de que os caracteres correspondem isoladamente ou em seqüência, a entidades fonológicas abstratas que chamamos de fonema.

O relatório francês aborda ainda a questão dos métodos de ensino de leitura e de acompanhamento escolar da criança e analisa as condições necessárias para uma aprendizagem da leitura e da escrita.

A tarefa crucial da alfabetização consiste na identificação (decodificação e reconhecimento) das palavras escritas.

Para que as crianças consigam realizar a identificação das palavras e a compreensão dos textos, as competências mais importantes são:A descoberta do princípio alfabético, que é fundamento do sistema de escrita do mundo ocidental;O conhecimento das correspondências regulares entre os grafemas e os fonemas;O uso da decodificação grafofonêmica.

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Quando a criança descobre o princípio alfabético e se torna capaz de decodificar, de ler matérias escritos em que geral envolvendo aquelas relações. Tais materiais não se restringem apenas a palavras conhecidas, mais palavras novas e pseudopalavras.

O relatório aprender a ler do governo francês ressalta a necessidade de combinar, na sala de aula, o domínio da decodificação grafofonêmica com o trabalho de construção do significado.

Uma criança para descobrir o principio alfabético e compreender como funciona o código alfabético, ela precisa ser levada a manipular segmentos curtos, para que tome consciência da diversidade das formas de textos.

Segundo o relatório francês, os PCNs brasileiro diferem radicalmente.

O relatório aprender a ler, relata que o sucesso ou fracasso na identificação de palavras durante a leitura não tem nada a ver com um jogo de adivinhação a partir do contexto, mas apenas com o domínio ou não do código grafofonêmico.Conforme a criança vai aprendendo a ler por decodificação grafofonêmica e encontrando as mesmas palavras escritas, aos poucos vai se constituindo um léxico mental ortográfico em que a forma da palavra escrita torna-se associada diretamente ao significado correspondente.O Observatório Nacional da Leitura da França faz uma afirmação precisa e contundente a respeito dos métodos de alfabetização.É indispensável que se ultrapasse a distinção esquemática entre métodos globais, métodos semiglobais e métodos silábicos. Em realidade, atualmente há apenas duas concepções de aprendizagem de leitura:Concepção fônica: em que se reconhece que é preciso ensinar de modo explícito com as correlações entre os componentes do código ortográfico e as unidades fonológicas correspondente.Concepção ideovisual: em que se pensa que a criança deva ser levada a formar hipóteses, a partir do contexto, sobre as palavras que constituem uma frase ou um texto e, em seguida, a memorizar a forma visual das palavras.

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Estudos experimentais ilustrativosEstudos da Dinamarca

Realizou-se na Dinamarca, um estudo para verificar a possibilidade de intervir ainda na Pré-escola, com crianças que apresentam risco de fracasso em leitura e escrita.A pesquisa foi feita com crianças de famílias dislexias.Foram divididas em 3 grupos:

Grupo experimental de risco,Grupo controle de risco,Grupo controle regular

As crianças dos três grupos foram avaliadas em diversas tarefas no inicio da pré-escola, da 1ª e 2ª série. Os resultados mostraram que as crianças de risco do grupo experimental tiveram ganhos superiores aos das crianças de risco do grupo de controle.

O estudo demonstrou que o procedimento foi eficaz em reduzir a incidência de dislexia nas crianças de risco experimental, e que os procedimentos para desenvolver a consciência fonêmica e ensinar correspondências grafofonêmicas é capaz de reduzir eficazmente a incidência de dislexia entre crianças de risco e para prevenir a incidência de sérios problemas de leitura e escrita.Outros países também têm reconhecido oficialmente a importância do ensino explícito das correspondências entre letras e sons, e das atividades para desenvolver a consciência fonológica.Estudos do Brasil

No Brasil as pesquisas também mostraram a importância e a superioridade do ensino fônico. Apesar do anacronismo dos PCNs mantidos pelas autoridades que ainda não se deram conta do fato.

O programa de pesquisa da Universidade de São Paulo relata que o desenvolvimento da consciência fonológica e o ensino das relações entre letra e som fossem ainda mais importantes no português do que em outras línguas regulares.

Intervenção com grupos de crianças de escola particular

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A equipe do Programa de pesquisa da Universidade de São Paulo elaborou um programa de intervenção para desenvolver a consciência fonológica e ensinar as correspondências grafofonêmica do português. Em alguns estudos, o procedimento foi aplicado pela própria professora; em outros por psicólogos. Em todos os casos as crianças participaram da intervenção mostram notáveis progressos em leitura e escrita, que sempre foram superiores aos das crianças expostas à abordagem construtivista usual que usa o método global de alfabetização.

Intervenções com grupos de crianças de escola públicaNeste estudo avaliou o impacto do método fônico sobre o desenvolvimento de crianças de primeira serie de escola publica, crianças de famílias de baixo nível socioeconômico e cultural. As crianças foram avaliadas em consciência fonológica, leitura, escrita, memória de trabalho, acesso léxico a memória de longo prazo e conhecimento de letras.Foram dividas em três grupos:Grupo controle com desempenho abaixo da media,Grupo experimental com desempenho abaixo da media.Grupo controle com desempenho acima da media.Foi observado que as crianças que participaram das atividades de consciência fonológica e de correspondência grafofonêmica apresentaram ganhos significativo em relação ás demais, tanto em consciência fonológica quanto em conhecimento de letras.

Intervenção com estudante com severo distúrbio motor e da fala

Os procedimentos aplicados na avaliação com a estudante com distúrbio motor e da fala foram dividido em duas etapas, uma primeira intervenção supra-fonêmica, e uma segunda, fonêmica. Constituindo em cinco fases:Avaliação da habilidade de escritaInstrução supra-fonemica Reavaliação da escrita Instrução fonêmica Reavaliação final da escrita

Intervenções pela própria professora em sala de aula

O estudo foi conduzido para comparar a eficácia de duas formas de alfabetização: Alfabetização baseada nas atividades fônicas,Alfabetização construtivista com que se dá pelo método ideovisual ou global.Analisando o desempenho como função do

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tipo de atividade em que as professoras investiram o tempo letivo, chegou-se a conclusão clara de que o desenvolvimento das crianças é diretamente proporcional ao tempo que as professoras dedicaram ao ensino baseado nos fonemas, e inversamente proporcional ao tempo de elas dedicam ao ensino baseado no texto.

Estrutura, processo e desenvolvimento da competência de leitura e escrita.

Para entender porque atividades para desenvolver a consciência fonológica e ensinar correspondência entre grafemas e fonemas são tão importantes para aquisição da leitura e da escrita alfabéticas, é importante examinar o processo de desenvolvimento da competência de leitura e escrita.A criança passa por três estágios na aquisição de leitura e escrita: Logográfico: trata a palavra escrita como se fosse uma representação pictoideográfica e visual do referente; Alfabético: em que, com o desenvolvimento da rota fonológica, a criança aprende a fazer decodificação grafofonêmica ;Ortográfico: em que, com o desenvolvimento da rota lexical, a criança aprende a fazer leitura visual direta de palavras de alta freqüência.

Como avaliar o desenvolvimento da competência de leitura

O modelo de leitura e escrita de Frith (1985,1990) identifica três fases distintas na alfabetização. Na fase logográfica a criança faz reconhecimento visual direto com base no contexto, na forma e na cor, mas não atenta às letras, exceto a primeira. Na fase alfabética a criança aprende a fazer decodificação grafofonêmica e passa a ler pseudopalavras e palavras.Crianças com dislexia fonológica não conseguem fazê-lo.Na fase ortográfica a criança aprende a ler lexicalmente e torna-se capaz de ler palavras irregulares, desde que comuns.

Evidencias de problemas fonológicos nos maus leitores

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Pesquisadores vêm atribuindo os problemas de aquisição de leitura e escrita dos escolares a uma série de fatores como, por exemplo, problemas de discriminação fonológica, problemas de memória de trabalho.

Até quando continuarão os PCNs brasileiros na contramão da história

Mesmo alguns estudos comprovando a importância do processo fonológica na pratica cotidiana brasileira prevalece o ensino de leitura e escrita na abordagem global, com pura ênfase a apresentação sistemática de instruções fônicas. Os PNCs registraram este anacronismo da Educação brasileira e são responsáveis pela sai (dês) orientação. Encontram-se disponíveis pela Internet.

Em trechos do PNCs (que não favorecem citações bibliográficas e dados de pesquisa), seção alfabetização e ensino da língua, o modelo dupla do processo, com leitura inicial pela rota fonológica e competente pela lexical é ignorado.

Em um outro trecho, volume 2, Língua Portuguesa, o texto é tratado como unidade e defende o trabalho a partir de textos que podem enfocar palavras ou frases nas situações didáticas especificas que o exijam. Desta maneira contradizem os resultados de vários estudos em 2 décadas e méis de pesquisas internacionais.

A abordagem dos PCNs comprometem seriamente a competência de leitura das crianças, especialmente as da escola publica, que são as que mais dependem da escola para aprender. Defendem também que a criança procure atribuir significado ao texto antes mesmo de tentar extrair tal significado ao texto por decodificação e, depois, por leitura lexical. Isto ajuda a entender porque os alunos acabam aprendendo a “ler” o que bem entender no texto, em vez de extrair a informação.Técnicas da OCDE, que analisaram o resultado da prova de leitura do PISA, concluíram que os resultados que cós estudantes brasileiros tem a tendência de “responder pelo que acham e não pelo que efetivamente este escrito”.Os PCNs brasileiros aconselham que se busque levar as crianças a aprender a ler utilizando diretamente as estratégias

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que os bons leitores utilizam, isto é a rota lexical, a leitura como um todo, a apreensão direta do significado. Mais insistir em alcançá-lo diretamente, sem ensinar grafofonemicamente o texto por meio da fala, acaba por levar a criança a deter-se na leitura visual logográfica, limitando a leitura a um jogo de memorização das palavras pelo qual seu aspecto global.

Declara também que a criança chegara ao principio alfabético por simples exposição ao texto, sem a necessidade de desenvolvimento da consciência fonológica e do ensino explicito das correspondências entre grafemas e fonemas.porem as pesquisas mostram que a consciência fonêmica depende de instrução explicita e formal.

Ferreiro e Feberosky parecem ter ignorado suas próprias evidencias que contrariam sua tese e indicam que nem sempre os alunos constroem os procedimentos de analise necessários p/ que a alfabetização se realize”. Como o próprio estudo de Ferreira e Feberosky ( 1986) sobre a evolução da escrita do próprio revela, as crianças de nível socioeconômico médio conseguem atingis as metas devido ao apoio familiar apesar do método global; entretanto as crianças de nível socioeconômico baixo não conseguem fazê-lo e deduziria espontaneamente a “hipótese do nome”e o “critério de quantidade mínima e de variedade”.Porem de acordo com os dados relatados pelas próprias autoras encontram-se diferenças marcantes entre níveis sociais na habilidade de construção de hipóteses.A teoria construtivista de Emilia Ferreiro foi pensada a partir de uma amostra de crianças de níveis socioeconômicos médio e alto diferentemente das pesquisas realizadas que demonstram claridade que o sucesso na alfabetização depende da introdução de atividades de consciência fonológica e do ensino dos sons das letras.“Portanto se os lideres mundiais em pesquisa e em educação descobriram que o método global contraria o conhecimento cientifico e prejudica o desenvolvimento da criança, mudemos o método!”

É necessário reorientar esses PCNs permitindo as nossas crianças ter acesso a métodos mais eficazes para a aquisição de competências de leitura e escrita e para a escolarização plena nela baseada.

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O construtivismo, seus pressupostos e limitações na alfabetização.

Segundo Piaget:o sujeito é ativo no processo de conhecimento e seleciona o que aprender e como fazê-lo;todo conhecimento parte de um conhecimento anterior, nenhum começa do zero, mais varia na função da história genética de cada individuo.O conhecimento a ser adquirido pelo sujeito, é modificado por ele e nessa transformação podem ocorrer erros ou desvios que são construtivos, ajudando o sujeito a compreender melhor aquele conhecimento.

Os sujeitos que progridem são aqueles que estão num nível cognitivo próximo à noção que deverá ser adquirida. O sujeito com nível cognitivo muito abaixo dessa noção dificilmente conseguirá aprendê-la, portanto o conteúdo a ser ensinado deverá seguir o nível cognitivo dos alunos. Ou seja, é pouco proveitoso tentar ensinar um mesmo conteúdo a crianças com diferentes conhecimentos prévios.Piaget preocupou-se com a epistemologia e não com educação e seus estudos trata de fenômenos gerais de aquisição do conhecimento. Ela não se propõe e não é suficiente para explicar como se dão os processos específicos da aprendizagem educacional, como diferentes métodos de ensino afetam essa aprendizagem ou qual o papel do professor.Segundo Coll (1996) os principais problemas da teoria Piagetiana são:a espera pedagógica. A criança deverá passar por estágios sucessivos, portanto o ensino deve adequar ao nível dos alunos.

Conforme Landsmann (1995) a atitude de espera contraria ao objetivos do professor que tem como obrigação social ajudar os alunos à “chegar ao que eles ainda não sabem”. Objetivos da educação escolar; Piaget estudou a aquisição do conhecimento de forma geral, ou seja, os estágios do desenvolvimento cognitivo e a aquisição das noções cognitivas básicas, mais a educação escolar não pode preocupar-se apenas com as estruturas cognitivas globais de seus alunos. Sua função é ensinar conteúdos específicos, históricos e culturais, e desenvolver capacidades acadêmicas especificas. (domínio da língua escrita) importância do nível cognitivo dos alunos - a aprendizagem de determinado conteúdo dependendo

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no nível cognitivo dos sujeitos, porem não propõe sobre o que fazer com tais casos (recuperação). a metodologia de ensino - é indispensável à aquisição do conhecimento uma interação entre a maturação, a experiência com o objeto e a auto regulação. Surge então as questões: como deveria o professor atuar efetivamente para permitir que o aluno construa o conhecimento? Qual a melhor atuação didática para facilitar o processo de aprendizagem?

As abordagens pragetianas falham em reconhecer a especificidade da linguagem e mostram-se inúteis para o diagnostico diferencial e a intervenção para fins de educação prevenção e tratamento em termos de reeducação e reabilitação.

Com base nos três pressupostos de Landsmann (1995)naturalidade de domínio - para Piaget os mesmos mecanismos (gerais) mentais são responsáveis por todas as aquisições de conhecimento.Relações entre o nocional e o notacional – para Piaget entre conceptual e simbólico, há apremazia do primeiro sobre o segundo.Continuidade das formas simbólicas - para Piaget a linguagem é apenas uma forma de simbolização, serve apenas para fins de representação.

Desta maneira o problema foi que, em vez de buscar testar empiricidade tais pressupostos, os simpatizantes da teoria Pragetiana simplesmente introduziram uma pratica educacional neles baseada como se tais pressupostos constituíssem a verdade final.

Tal abordagem foi adotada nas décadas de 70 e 80 e permanece.

O que se percebe após a utilização dessa crença é que após duas décadas de construtivismo, a alfabetização brasileira encontra-se tão desorientada quanto as crianças brasileiras encontra-se incompetente em leitura.

Acertos e desacertos de Ferreiro

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Ao estudar a aquisição da linguagem escrita, Emilia Ferreiro delimitou três períodos na conceptualização do escrito.

1º período - crianças começam a distinguir material gráfico icônico (desenhos, fotografias) do não icônico, (letras palavras). Portanto tende a agir diferentemente se lhe for pedido que desenhe ou que escreva.

2º período - as crianças apresentam maiores diferenciações na escrita. São introduzidas noções de quantidade diversidade de letras por palavras.

3º período - é introduzida a noção de fonetização da escrita (correspondência letra-som).

Esta abordagem é um progresso em relação à teoria piagetiana, pois descreve os estágios pelos quais a criança passa a compreensão da linguagem escrita, porem não se aprofundou aos distúrbios específicos de leitura e escrita, nem ofereceu propostas didáticas concretas para lidar, por exemplo, com a defasagem cognitiva dos aluno.

Esta abordagem ignorou a importância da consciência fonêmica para a aquisição de leitura e escrita. Segundo Ferreiro e Teborosku (1986) o ensino tradicional obriga as crianças “a reaprender e produzir os sons da fala pensando que eles não são adequadamente diferenciáveis, não é possível escrever num sistema alfabético”. As autoras supõem que essa promessa seja falsa, e propõem dois argumentos para tentar justificar tal alegação:

1- as crianças naturalmente conseguem distinguir pares de palavras como mau e pau,

2- “nenhuma escrita constitui uma transcrição fonêmica da língua oral”.

Tais argumentos são inúteis, altamente discutíveis e passiveis de relutação.

O método fônico leva as crianças a conscientizar-se de que a fala é segmentavel em diferentes unidades, como frases,

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palavras, silabas e fonemas, e aprender a converter os segmentos da fala em escrita.

Como demonstram os próprios dados de Ferreiro e Teberosky simplesmente pressupor que as crianças desenvolvam hipóteses espontaneamente constitui uma injustiça para com a criança carente e um desserviço a sua educação. As crianças de nível sócio econômico baixo tem o direito de ter um condição particular reconhecida e de receber ensino diferenciado e sistemático capaz de supris suas necessidades e iniciar a alfabetização.

Se a escola não fizer bem seu trabalho de ensino sistemático e estruturado de modo a prevenir e remediar dificuldades, essas crianças de nível socioeconômicas baixa serem vitimas da noção influenciada de que toda criança alfabetiza-se por si mesma nas condições escolares regulares.

Para além do construtivismo: Processamento de informações.

Paralelamente as pesquisas de Ferreiro, a partir de 1970, pesquisas em neuropsicológica cognitiva na abordagem de processamento de informações tem apresentado evidencias contrarias ao pressuposto piagetianos. Os achados evidenciam uma especificidade de domínio ou modularidade.

Nos estudos com pacientes neurológicos, os processos lingüísticos revelaram-se claramente independentes de outros processos cognitivos, bem como habilidades motoras.

Os estudos da neuropsicológica cognitiva em processamento de informações ultrapassaram o construtivismo e jogaram por terra, os antigos pressupostos de continuidade de formas simbólicas, de neutralidade em relação ao cognitivo defendidos por Piaget.

Os modelos descrevem o fluxo de informações ao longo dos processos de entrada, decodificação, armazenamento, recuperação, codificação e saída.

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O processo de aquisição de leitura e escrita ocorre na seguinte ordem: Leitura logográfica - tratam palavras como desenhos, usam pistas contextuais. Escrita logográfica - vocabulário visual de palavras, não são influenciadas pela ordem em que as letras aparecem nas palavras escritas inicialmente. Escrita alfabética - acesso à representação fonológica das palavras, isolando fonemas individuais ou mapeando nas letras correspondente.

Correspondência grafema/fonema.Leitura ortográfica - leitura com reconhecimento das unidades morfêmicas relacionados ao sistema semântico. leitura alfabética sem compreensão - conversão de uma seqüência de letras em fonemas sem perceber o significado resultante da decodificação fonológica leitura alfabética com compreensão - capacidade de decodificar tanto o fonologia quanto o significado da palavra. Usando a retroalimentação fonológica que resulta do processo de decodificação.Escrita ortográfica - escrita utilizando um sistema lexical grafemico que dá conta da estrutura morfológica de cada palavra.

Ellis e Young (1988) desenvolveram uma versão do modelo de leitura proposto por Morton (1969) e apontaram 2 rotas de leitura.

1) Rota fonológica - a pronuncia da palavra é construída segmento a segmento por meio da aplicação de regras de correspondência grafofonêmica. Quando a pronuncia da palavra ativa o sistema semântico o acesso ao significado é alcançado. Pode haver leitura sem que haja acesso ao significado.

2) Na rota lexical a pronuncia é resgatada como um todo a partir do léxico. A forma ortográfica ativa sua representação semântica antes de ativar a forma fonológica, a qual ficar armazenada no buffer fonológico até a pronuncia ocorra.

A rota lexical faz o processamento individual direto e funciona melhor com palavras muito comuns, não importando se são regulares ou não do ponto de vista grafofonêmica. Produz erros com pseudopalavras ou palavras desconhecidas ou pouco comuns.Esse acesso se dá pela rota visual.

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O objetivo das duas rotas é fazer acesso ao léxico (dicionário mental) que permite compreender o que está escrito.O léxico pode ser dividido em:

1- lingüístico e não lingüístico.

2- visual ou auditivo.

Visual ortográfico - contém representações mentais de todas as palavras escritas que já foram lidas com curta freqüência e podem ser reconhecidas à primeira vista.

Auditivo - contém representações mentais fonológicas de todas as palavras que já foram ouvidas.

Na leitura o acesso ao léxico pode ser feito por meio de duas portas:Leitura lexical - acesso se dá pela porta visual, por reconhecimento visual direto da forma ortográfica familiar de palavras escritas que o leitor lê usualmente.

Leitura fonológica - o acesso se dá pela porta auditiva por reconhecimento da forma fonológica familiar da palavra cuja escrita não é muito familiar.

As 2 rotas se iniciam no sistema de reconhecimento visual da palavra e terminam no sistema fonológica. Inicia-se um processo por um sistema de analise visual que detecta os traços gráficos, codifica a sua ordem e identifica por comparação. Resulta um código abstrato que consiste numa seqüência grafemica que pode ou não ser reconhecida se reconhecida será reconhecida pelo SRVP e tem entrada a rota lexical, penetrando no léxico pela porta do léxico lingüístico visual.

Se não for reconhecida não será reconhecida e entrará pela rota fonológica. Neste caso passa pelo sistema de segmentação ortográficos e fonológicos, e pelo sistema de síntese fonológica. A palavra então é analisada pelo reconhecimento de sons lingüísticos. Se for reconhecida, terá entrada no léxico pela porta do léxico lingüístico auditivo.

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Examinando a integridade de cada rota, via unidade de processamento de modo a separar as funcionais das comprometidas é possível compreender o distúrbio de leitura. Para tanto, é útil contrastar o desempenho sob tarefas cruzadas que requerem diferentes entradas e diferentes saídas.

Há pelo menos 3 tipos de processamento fonológico relacionado às habilidades de leitura e escrita:

1. Acesso ao léxico mental - habilidade de obter acesso fácil e rápido á informação fonológica armazenada na memória de longo prazo.

2. Memória de trabalho fonológico – processo ativo e armazenamento transitório de informações fonológicas e reflete habilidades de representar mentalmente características fonológicas da linguagem.

3. Consciência fonológica – habilidade de discriminar e manipular os segmentos da fala. É um tipo de consciência de metalingüística.

Há evidências de que os processos de conscientização fonológica e de aquisição de leitura e escrita são recíprocas fortalecendo-se mutuamente.

Os estágios iniciais da consciência fonológica contribuem para o desenvolvimento dos estágios iniciais do processo de leitura. As habilidades desenvolvidas na leitura contribuem para o desenvolvimento de habilidades de consciência fonológico mais complexas, tais como a manipulação e a transposição fonêmica.A introdução de um sistema alfabético auxilia o desenvolvimento da consciência fonêmica.

Mas também dificultam o desenvolvimento da leitura e da escrita. Crianças com dificuldade de escrita freqüentemente apresentam atrasos em consciência fonológica além de problemas para representar estímulos verbais fonologicamente e dificuldades para recuperar informações fonológicas armazenadas na memória.

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Alguns estudos evidenciam para que o domínio da leitura e da escrita competentes em uma ortografia alfabética são necessárias habilidades especificas que vão além da função simbólica geral. Três quesitos são fundamentais para a aquisição da linguagem escrita:Habilidade de discriminar as unidades fonêmicas da fala;A compreensão de que a escrita mapeia a fala;Conhecimento das correspondências entre tais unidades fonêmicas e grafêmicas.

Alguns princípios para a educação

Um ensino especifico deve ocorrer para que a criança desenvolva as habilidades necessária e de consciência fonológica. O ensino das letras pode e deve ocorrer na pré-escola, bem como também os sons das letras, e habilidades de síntese e segmentação de fonemas.

Dislexia e os métodos de alfabetização multissensorial e fônico

Dois métodos de alfabetização são especialmente indicados para os indivíduos disléxicos:o método multissensorial método fônico.

O método multissensorial (Montessori, 1948) busca combinar diferentes modalidades sensoriais no ensino da linguagem e escrita às crianças. Ao unir as modalidades auditiva, visual, sinestésica e tátil, facilita a leitura e a escrita ao estabelecer a conexão entre aspectos visuais, auditivos e sinestésicos. Sua principal técnica é soletrar oral simultâneo. Algumas variantes do método trabalham apenas com os sons das letras, e não com seus nomes.Método Fônico – desenvolve as habilidades metafonológicas e ensina as correspondências grafo-fonemicas de modo a levar a criança a adquirir leitura e escrita competentes. Baseia-se na constatação experimental de que as crianças com dificuldades de leitura e dislexias tem dificuldades em discriminar, segmentar e manipular, de forma consciente os sons da fala.

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Os resultados dos estudos brasileiros e internacionais apontam a importância do ensino fônico para a alfabetização. Busca também desenvolver 3 grandes competências dos alunos: consciência fonológica, conhecimento das correspondências grafofonêmicas, produção e interpretação de textos.

Consciência Fonológica

A habilidade de discriminar e manipular os segmentos da fala é um quesito fundamental para a aquisição de leitura e escrita.O livro apresenta várias atividades de consciência fonológica de forma lúdica.

Conhecimento das Correspondências grafofonêmicas

O ensino explicito e sistemático das correspondências entre as letras e os sons é um outro quesito fundamental para a aquisição de leitura e escrita.

Conhecendo como essa correspondência ocorre, os sólidos fundamentos da leitura e da escrita são muito mais facilmente apreendidos pela criança, cuja competência nestas habilidades desenvolve-se, então, de modo rápido, certo e seguro.

As atividades de introdução de letras e dígrafos também encontram-se distribuídas conforme um grau de dificuldade crescente – são apresentadas também as formas escritas. A introdução da letra cursiva desde o início facilita a escrita.

No final do livro encontra-se a folha mnemônica com as letras do alfabeto (modelo de Reichen 1988) que auxilia a memorização das varias formas das letras do alfabeto e auxilia também a memorização dos sons das letras.

Produção e interpretação de texto

O desenvolvimento das habilidades de produção e interpretação de diferentes tipos de texto é o objetivo maior e final da alfabetização.

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E no livro são indicadas após a aquisição de algumas habilidades essenciais nos níveis da letra e da palavra.A criança deve ser capaz de compreender e produzir a escrita em diferentes estilos.

O texto com dificuldade graduada propicia às crianças uma maior experiência de sucesso e competência.

O professor deve encaminhar ao longo das atividades propostas no livro de acordo com as características, recursos e necessidades especificas dos seus alunos.