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1 A Luta pela Terra na Amazônia: Análise da Atuação da Liga dos Camponeses Pobres no Estado de Rondônia Alisson Diôni Gomes1 Resumo: Este trabalho tem como objetivo a realização de uma análise a respeito da atuação da Liga dos Camponeses Pobres – LCP – no Estado de Rondônia, a partir de um levantamento bibliográfico a respeito da questão agrária na Amazônia e pesquisa sobre documentos encontrados no sítio eletrônico do jornal Resistência Camponesa, o qual costuma veicular notas e outras informaç
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A Luta pela Terra na Amazônia: Análise da Atuação da Liga dos Camponeses Pobres no Estado de Rondônia
Alisson Diôni Gomes1
Resumo: Este trabalho tem como objetivo a realização de uma análise a respeito da atuação da Liga dos Camponeses Pobres – LCP – no Estado de Rondônia, a partir de um levantamento bibliográfico a respeito da questão agrária na Amazônia e pesquisa sobre documentos encontrados no sítio eletrônico do jornal Resistência Camponesa, o qual costuma veicular notas e outras informações referentes à luta pela terra, em especial a levada em frente pelo referido movimento social. O trabalho inicia-se com a realização de considerações a respeito da questão agrária na Amazônia. Prossegue-se então com a análise da atuação da Liga dos Camponeses Pobres no Estado de Rondônia, destacando-se o seu processo histórico de origem, sua relação com o Estado, materializado, quando das questões referentes à luta pela terra, pelas ações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA – e sua configuração enquanto uma nova e importante força política na região amazônica, para então prosseguir-se às considerações finais do trabalho
Abstract: This work has as its objective the realization of an analysis about the actuation of the social movement Liga dos Camponeses Pobres – LCP – in the state of Rondonia, parting from bibliographical research about the agrarian question in Amazon and research over documents found in the electronic site Resistência Camponesa, which usually conveys notes and other information about the struggle for the land, specially the engaged by that social movement. The work initiates with the realization of considerations about the agrarian question in Amazon. Proceed with the analysis of the actuation of the Liga dos Camponeses Pobres in the state of Rondonia, highlighting its historical process of origin, its relation with the State, materialized, when issues concerning the struggle for the land, by the actions of the Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA – and its configuration as a new and important political force in the Amazon, proceeding then to the final considerations of the work.
Introdução
Este trabalho tem como seu objetivo a realização de uma análise a respeito da atuação
da Liga dos Camponeses Pobres – LCP – no Estado de Rondônia, entendendo-se que este
movimento social tem se inserido enquanto uma nova e importante força política no âmbito
deste Estado. A metodologia de exposição dar-se-á iniciando-se por uma discussão a respeito
da questão agrária na Amazônia, dada a partir da leitura feita em IANNI (1979) e MARINHO
MARTINS (2009). A partir disto buscar-se-á expor a compreensão aqui levantada a respeito
1 Estudantes dos Cursos de Informática e Ciências Sociais da Fundação Universidade Federal de Rondônia. Pesquisador vinculado ao Grupo de Pesquisas Poder Político e Políticas nas Bordas da Amazônia – GEPAM. Contato: [email protected]
2
do contexto de surgimento deste movimento de luta pela terra. A partir desta compreensão,
serão expostos os resultados de pesquisa a respeito da forma através da qual se dá a atuação
da LCP em Rondônia, a partir da leitura de documentos encontrados no sítio eletrônico do
jornal Resistência Camponesa, que costuma veicular notas e outras informações a respeito
desta atuação, para então proceder-se à exposição a respeito do grau de importância que este
movimento tem alcançado neste Estado. Feita estas considerações, proceder-se-á às
considerações finais do trabalho.
A questão agrária na Amazônia
A partir da leitura de IANNI (idem) e SOUZA (2006), depreende-se que a questão
agrária na Amazônia, tal como atualmente se configura, pode ser compreendida enquanto uma
extensão e uma continuação da questão agrária no Brasil como um todo.
O início deste processo histórico pode ser localizado nos processos de migração dados
a partir da década de 1950, onde pessoas de diversas partes do país, principalmente das
regiões Nordeste, Sul e de outras partes da região amazônica, passam a se deslocar de seus
locais de origem para a região amazônica – principalmente o Norte do à época Estado de
Goías, Sul do Pará, Norte do Mato Grosso, Rondônia e Acre – em busca de terras.
Este conjunto de migrantes possuía então uma composição deveras heterogênea, uma
vez que compunha-se, dentre outros, por pequenos camponeses que nesta região tomavam a
feição de posseiros, e que se deslocavam para a mesma com vistas a conseguir um pedaço de
terra para assim poder prover a sua própria subsistência; mas também compunha-se de
jagunços e pistoleiros, que futuramente passarão a atuar a serviço do latifúndio e muitas vezes
em conjunto com o próprio aparato policial do Estado – seja em ações legais ou ilegais deste –
quando da repressão aos camponeses em luta pela terra. Além destes atores sociais, cabe
destacar que grandes empresas, recebendo apoio do Estado por meio de financiamento de
agências como o banco BASA e a Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia –
SUDAM – também dirigiam-se à região, criando, inclusive, mecanismos de aliciamento de
força de trabalho para a mesma, como por exemplo o trabalho dos gatos, indivíduos alocados
na função de recrutar trabalhadores para estas empresas.
Estes processos migratórios terão sua intensidade aumentada a partir da década de
1960. De acordo com IANNI (idem), estes processos podem ser divididos em três fases.
3
A primeira fase, dada principalmente entre os anos de 1964 e 1970, pode ser
caracterizada como sendo uma fase baseada no que o autor denomina como colonização
espontânea. Este período caracteriza-se por um processo onde os migrantes deslocam-se para
a região sem qualquer orientação ou apoio do poder estatal. Normalmente empreendem este
processo de deslocamento em função da propaganda apresentada em grandes veículos de
comunicação à época, que falava da existência de fartas terras sem dono nesta região. A
parcela composta pelos pequenos camponeses, principalmente aqueles vindos da região
Nordeste, dirigia-se a esta região em função do processo de pauperização pelo qual vinham
passando em suas regiões de origem.
A segunda fase, dada entre os anos de 1970 e 1974, se caracteriza pela predominância
do que pode ser denominado como sendo a colonização dirigida projetada e executada pelo
Estado. Tal processo se dá, de forma concreta, por meio do Programa de Integração Nacional
– PIN – que tem sua execução iniciada a partir do governo de Emílio Garrastazu Médici. A
versão que o Estado propagandeia a respeito do processo se dá no sentido de que tal
empreendimento se dá em parte em função de fatores geopolíticos, uma vez que seria
necessário ocupar a região amazônica com vistas a garantir a soberania nacional sobre aquele
território. Se dá, também, em função de uma sensibilização, por parte da figura de Médici,
pelas condições miseráveis de vida pelas quais passavam os estratos mais empobrecidos da
população nordestina, os quais encontravam-se em condições tais que eram obrigados, em
alguns momentos, à prática do furto para que pudesse sobreviver (IANNI, idem, pp. 48-9).
Neste sentido, de acordo com o discurso estatal à época, a ocupação da Amazônia seria
duplamente benéfico para o país, uma vez que garantiria a ocupação deste território por parte
de população genuinamente brasileira e ao mesmo tempo seria um elemento de salvação dos
nordestinos flagelados pela fome em sua região de origem.
A terceira fase da colonização da região amazônica se dá no período entre os anos de
1974 e 1978, sendo que aqui o processo se caracteriza pela diminuição da proporção da
intervenção estatal direta, sendo que esta intervenção passa a se dar, de forma predominante,
por meio de empresas de colonização privadas – algumas na forma de cooperativas.
Em seus aspectos mais gerais, o balanço feito por IANNI (idem) e SOUZA MARTINS
(1984, apud SOUZA, idem, p. 28) dá conta de que tal processo se configura, na realidade,
enquanto um processo de contra-reforma agrária, tanto para a região amazônica quanto para
as outras regiões do país. Para IANNI, a primeira etapa de todo o processo acima exposto
4
configura-se enquanto um processo de reforma agrária de fato, o qual, a partir da segunda
etapa do processo, passa a ser sistematicamente bloqueado pelo poder estatal. A contra-
reforma agrária é realizada principalmente para região amazônica e para as regiões Nordeste e
Sul do país.
No que tange à região Nordeste, a contra-reforma agrária se dá no sentido de se
neutralizar os antagonismos sociais existentes naquela região e dados em função da brutal
concentração das terras existente na mesma, sem, no entanto, operar transformações, por
mínimas que sejam, em sua estrutura agrária. Em outros termos, pode-se dizer que se dá, neste
sentido, de forma a manter a concentração fundiária existente na região, uma vez que os
latifundiários da mesma, que o autor caracteriza como sendo uma burguesia agrária,
configuram-se, em 1964, enquanto um dos principais aliados na execução do golpe de Estado
que dá início à gerência militar do Estado brasileiro. Uma das mais importantes manifestações
concretas dos antagonismos sociais existentes no Nordeste é o surgimento e o fortalecimento,
nesta região, das Ligas Camponesas, que colocam enquanto sua proposta a realização de uma
reforma agrária radical no campo brasileiro, reforma essa que vinculava-se a um projeto de
transformação efetiva na estrutura da sociedade brasileira. Em função de seu ousado projeto
de nação, o referido movimento social acaba por ser duramente reprimido quando da
instalação da gerência militar no Estado brasileiro, sendo, em função disto, completamente
desarticulado.
Os problemas sociais existentes no Nordeste e vinculados à estrutura agrária desta
região e também ao país como um todo voltam a se manifestar com o tempo, dando-se, de
forma concreta, através do processo de extrema pauperização dos estratos mais pobres da
região, o que leva ao aumento da criminalidade nesta região. É interessante, neste sentido,
observar o seguinte extrato do trabalho de IANNI (p. 49):
Em virtude da presença de flagelados em várias cidades do interior, as casas comerciais foram obrigadas a fechar suas portas, como medida de precaução. As feiras, que antigamente funcionavam a manhã toda, agora só duram duas horas, isto é, o mínimo para que as donas-de-casa façam suas compras, apressadamente. Os feirantes, enquanto servem os fregueses, olham assustados para os flagelados que, famintos, ficam rondando pelos locais da feira à cata de algo para comer, ou serviços pequenos2
2 “Conforme relato de O Estado de S. Paulo, São Paulo, 9 de agosto de 1970, transcrito por Osny Duarte Pereira, A Transamazônica: Prós e Contras, Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, 1971, p. 124.” (IANNI, idem)
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O referido extrato é a exposição de uma situação concreta pela qual passavam os
pobres do Nordeste, entendendo-se aqui que tal processo não se dá em função da seca de
1970, tal como afirmava o discurso estatal à época (idem, p. 47), mas sim em função da
própria estrutura agrária daquela região3. Enquanto forma de se resolver este problema ao
mesmo tempo em que se mantem a estrutura agrária daquela região intacta, o Estado aproveita
então a força de trabalho proveniente da população que vivia nestas condições miseráveis para
o empreendimento da colonização dirigida na região amazônica.
Com relação à região Sul, o período é caracterizado pela crescente subordinação da
pequena propriedade às grandes empresas agroindustriais que se instalam na região, sendo
esta a origem da contradição social que surge na referida região. Ou seja, as “tensões sociais”
existentes ali seriam fruto da contradição entre os interesses do campesinato daquela região e
os interesses destas grandes empresas que ali se estabeleciam.
A ação das cooperativas de colonização que passam a operar em 1974 na região Sul
foca-se no objetivo de arregimentar colonos oriundos das pequenas propriedades desta região,
principalmente no Estado do Rio Grande do Sul. Neste sentido, buscavam reduzir as “tensões
sociais” oriundas das contradições existentes entre os interesses do campesinato que via sua
produção cada vez mais subordinada às grandes empresas que ali passavam a operar e estas,
sendo que nas áreas de colonização localizadas nesta região, a terra tornava-se a cada dia mais
“escassa” (IANNI, idem, p. 98).
Para que pudesse então se deslocar para a região amazônica com vistas a fugir da
situação de subordinação em que se encontrava, o camponês tinha como uma pré-condição a
venda de sua terra a um vizinho. Na realidade, normalmente este vizinho configurava-se como
sendo uma das referidas grandes empresas, o que tornou possível que se aumentasse o espaço
destinado à operação destas enquanto se expulsava, por meio de formas, por assim dizer,
amenas, os pequenos camponeses da região. Já estes, quando chegavam à região amazônica,
novamente eram expostos à situação de submissão na qual encontravam-se em sua região de
origem, uma vez que se viam “dependente[s] da administração, gerência, planejamento ou
atividade da empresa [de colonização que dirigia o processo], da direção desta”, sendo que
não era impossível que os excedentes econômicos dos colonos fossem em parte, ou no todo,
apropriados pela empresa (IANNI, idem, p. 105).
3 Neste sentido, é interessante observar o trabalho de LACOSTE (1985), onde este trata da gênese social dos problemas que, dentro da estrutura dos países considerados como países de terceiro mundo, são ideologicamente atribuídos a causas naturais, quando na realidade tem como pano de fundo a estrutura de classe destas sociedades.
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Com relação à operacionalização da contra-reforma agrária na região amazônica, uma
parte deste processo já pode ser visualizada por meio do processo exposto anteriormente,
onde o camponês proveniente da região Sul se dirige a esta região na esperança de ver extinto
o processo de crescente submissão ao qual era exposto em sua região de origem para
novamente se ver dentro deste processo, quando passa a depender das decisões tomadas pela
empresa de colonização que lhe dirige.
Na região amazônica, mais especificamente, o processo de contra-reforma agrária dar-
se-á a partir de dois aspectos essenciais, que estão inter-relacionados. Estes aspectos são os
seguintes:
1. a inviabilização da colonização espontânea que vinha sendo levada a cabo por parte
dos pequenos camponeses que se fixavam nesta região em conjunção com a
subordinação destes – ou pelo menos a busca disto por parte do Estado4 – à política de
colonização dirigida;
2. A expansão do grande capital e do latifúndio rumo a esta região, expansão esta que se
dá por meio do apoio estatal.
Para se dimensionar em que grau se dá o apoio estatal ao grande capital quando dos
empreendimentos referentes à colonização dirigida, basta considerar-se os dados expostos por
IANNI (idem, pp. 117-8) a respeito da
área de terra destinada ao 'projeto integrado de colonização' da Coordenadoria Especial do Araguaia-Tocantins. (…) Em 1977 haviam sido discriminados 246.415 hectares para colonização, ao passo que alcançaram 1.612.289 os destinados a projetos fundiários [em outros termos, ao grande capital e ao latifúndio]. E apenas 65.000 hectares estavam demarcados para colonização, enquanto eram 561.438 os que se haviam destinado a projetos fundiários. Cabe observar, ainda, que são também mais numerosos os documentos de titulação expedidos para latifundiários, fazendeiros ou empresários, cujos interesses estavam e estão representados nos projetos fundiários.
Procedendo-se aos cálculos, pode-se observar que, quando se fala das terras
discriminadas para cada um dos tipos de utilização (colonização ou projetos fundiários), os
4 Mais a frente serão expostos alguns elementos que indicam o processo de fixação do camponês à terra que ocupa. Fixação não no sentido propriamente físico do termo, mas sim num sentido de representação do processo por parte do camponês – este passa a entender ser dono da terra na qual se fixa, o que vai levar em alguns momentos o mesmo a confrontar o Estado quando este busca expropriar aquele camponês da terra onde este se fixou.
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últimos tem discriminadas para si – pelo menos na região onde o autor se foca no trecho
citado – um total de terras que corresponde a aproximadamente 6,54 vezes a quantidade de
terras discriminadas para os projetos de colonização. E quando fala-se das terras demarcadas,
os projetos fundiários têm reservadas para si um quantitativo de terras correspondente a
aproximadamente 8,64 vezes o quantitativo de terras que foram discriminadas para os projetos
de colonização. Isto não se deve a um aspecto técnico, tal como poder-se-ia argumentar
tendo-se como base a questão de um projeto fundiário precisar de uma quantidade
considerável de terras para possuir condições de operar de forma satisfatória. Trata-se, na
realidade, de uma manifestação concreta da condição do Estado enquanto agente
operacionalizador e viabilizador dos interesses da classe dominante de uma determinada
sociedade, no caso o Brasil, que em sua composição de classes vai ser dominado pela
conjunção dos interesses de sua burguesia, vinculada umbilicalmente ao grande capital
internacional, e dos latifundiários localizados em seu território5.
A partir dos argumentos apresentados, pode-se observar o caráter da contra-reforma
agrária que – pode-se dizer – é levada a cabo em toda a extensão do território brasileiro com
vistas a se operacionalizar os interesses do grande capital e do latifúndio ao mesmo tempo em
que se mantém intacta a estrutura agrária no país, em suas diversas regiões. No entanto,
localizando-se este processo dentro de um processo histórico mais amplo, pode-se observar
que, do ponto de vista da organização dos pequenos camponeses, este processo pode ser
entendido de forma positiva, uma vez que, dentro do que fora possível verificar neste
momento da operacionalização desta pesquisa, este processo constitui-se enquanto uma
condição historicamente necessária para que se realize a expansão do movimento camponês
no território nacional. Em outros termos, isto implica dizer que o Estado, quando desejava
neutralizar os conflitos decorrentes da estrutura agrária concentradora existente no país, na
realidade fez com que este conflitos tomassem outras proporções, tanto do ponto de vista
espacial como do ponto de vista de sua intensidade, o que por sua vez criou uma condição
para que os camponeses pudessem gradativamente se organizar enquanto classe. Isto será
visualizado mais a frente.
5 Para mais informações sobre a forma através da qual se dá a dominação de classe no Brasil, sugere-se a consulta a CAMELY (2009) e SODRÉ (1983)
8
Da luta dispersa à consciência de classe: gênese e desenvolvimento histórico da luta pela
terra encarnada pela LCP na região amazônica e no Estado de Rondônia
A luta pela terra na Amazônia inicia-se já quando do início do processo de colonização
da região. Esta fase caracteriza-se por uma luta relativamente dispersa dos pequenos posseiros
que buscavam manter-se na terra que haviam ocupado contra os latifundiários que buscavam
expandir o alcance de seus territórios, seja pelo processo dado por meio do apoio estatal, seja
por meio da grilagem de terras. Neste sentido, MARINHO MARTINS (2009, p. 41) assinala
que
no período entre 1971 e a 1976 verificou-se que a única região que aumentou progressivamente os conflitos agrários [no conjunto do território brasileiro] foi a Amazônia Legal. Em 1981 o aumento é em todo o país e na região norte os conflitos se manifestam com maior intensidade.
A luta destes camponeses também não se dava de mãos limpas. Era necessário que os
mesmos se armassem, da forma que lhe fosse possível, para fazer frente ao latifúndio e ao
grande capital que se expandia, uma vez que estes utilizam-se do serviço de jagunços e
pistoleiros com vistas a efetivar este processo de expansão. Estes processos de resistência, em
muitos casos, acabam sendo uma pré-condição para que os referidos camponeses
conseguissem regularizar sua área junto ao INCRA (idem, p. 42).
Este processo de resistência oriundo dos camponeses que tomavam posse das terras
nesta região não se dava apenas contra o latifúndio e o grande capital. Em determinados
momentos, os camponeses faziam frente ao próprio Estado, conforme pode-se observar no
seguinte extrato de documento da SUDAM, citado por IANNI (idem, p. 41)6:
A construção de estradas na Amazônia Legal e para Amazônia criou um novo 'Eldorado' para as populações marginalizadas, que para lá se dirigem por qualquer meio, estabelecendo-se nas terras que encontram, não importando que sejam públicas ou particulares e delas não saem, nem com mandato judicial.
Não se deve, na perspectiva aqui apresentada, tomar este ponto da discussão do ponto
de vista de as terras serem públicas ou não, conforme sugere o trecho do documento estatal
citado, mas sim do ponto de vista de que estes camponeses foram levados a se dirigir para a
6 “Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia, A Colonização na Amazônia, mimeo., Belém, outubro de 1976, p. 144.”
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Amazônia a partir da massiva propaganda feita pelo Estado, a qual alardeava a existência das
“terras sem dono” na referida região (SOUZA, 2006; MARINHO MARTINS, idem). É
razoavelmente natural, então, que os camponeses se fixem e resistam no chão onde passam a
produzir sua vida material. Ora, se se fala que a terra “não tem dono” e não há ninguém
fixado na terra onde agora estou me fixando, então esta terra pertence, a partir de agora, a
mim. E resistirei o quanto puder para me manter nesta terra que agora me pertence. Nestes
termos, entende-se aqui, pode ser reproduzido – ao menos parcialmente – o raciocínio do
camponês encontrado nestas condições.
É importante destacar também o medo que o Estado demonstra em relação à
possibilidade de estes camponeses tomarem consciência de si enquanto classe e agirem com
base nesta consciência. Isto pode ser observado em outra citação a documento oficial feita por
IANNI (idem)7:
Segundo estimativas gerais, há no País 10 milhões de famílias que necessitam de terra para terem condições de progresso social e econômico. Esse número aumenta a cada ano, o que significa que estamos criando uma população rural marginalizada que, quando tiver consciência de sua situação, poderá reagir da maneira mais inesperada possível.. (grifos nossos)
O documento fala claramente na possibilidade da aquisição de consciência, por parte
destes camponeses, de sua situação, o que levaria a “reações inesperadas”. O tom com que o
documento fala aparenta deixar bem claro que tais reações não poderiam ser caracterizadas
como tão “inesperadas” assim. Na realidade, o documento parece sugerir que tais reações,
dadas – repita-se mais uma vez – em função da consciência da condição de classe, se darão no
sentido da organização dos camponeses enquanto classe. O temor do Estado, desta forma,
parece se dar no sentido de que esse campesinato pobre saia da condição de classe em si para
a condição de classe para si, e inicie seu processo de organização com vistas a dar combate
ao latifúndio e ao Estado para assim ter acesso à terra para poder produzir satisfatoriamente a
sua vida material.
É neste contexto de luta pela posse e uso da terra que surgirá a Liga dos Camponeses
Pobres, precisamente no território pertencente ao Estado de Rondônia. O início do processo
histórico de surgimento deste movimento pode ser localizado no episódio conhecido como o
7 ARRUDA, Hélio Palma de. Os Problemas Fundiários na Estratégia do Desenvolvimento e da Segurança . Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Brasília, 1977, p. 27.
10
Massacre de Corumbiara8, onde, numa operação conjunta entre o aparato policial do Estado e
jagunços e pistoleiros a serviço do latifúndio na região – mais especificamente a serviço do
latifundiário Antenor Duarte do Vale –, realiza-se uma verdadeira operação de guerra contra
os camponeses acampados, à época, na fazenda Santa Elina, no município que leva o mesmo
nome do episódio. A conformação deste movimento social se dá a partir deste episódio e de
mais alguns fatores, dentre os quais é importante destacar o apoio dado pela Liga Operária9 e
um processo de depuração que ocorre no interior do Movimento Camponês Corumbiara –
MCC – movimento social que surge logo após o episódio do massacre, processo de depuração
esse que se dá em função de desvios de conduta que, de acordo com as lideranças que
futuramente virão a formar a LCP, determinados elementos da direção daquele movimento
possuíam, o que tornava impossível levar a frente a luta pela terra junto ao mesmo. A LCP,
então, acaba por ser fundada no ano 2000 (MARINHO MARTINS, idem, p. 109)
A LCP tem se tornado, desde então, o mais importante movimento social de luta pela
terra atuante no Estado de Rondônia. Isto pode ser observado já no ano de 2005, onde,
“segundo o INCRA, (…) a LCP organizava 1.997 famílias distribuídas em 8 acampamentos,
enquanto o MST respondia por 987 famílias distribuídas por 12 acampamentos”
(PRRA/INCRA, p. 70, apud SOUZA, 2006, p. 81, apud MARINHO MARTINS, idem, p.
111). Esta informação é significativa, uma vez que mostra que, com um número menor de
acampamentos organizados sob sua bandeira, a LCP já possuía um número de pessoas já
maior do que aquele que se configurou, por um bom tempo, como o mais importante
movimento social de luta pela terra do país, sendo que o número de pessoas organizadas sob a
bandeira da LCP equivalia a pouco mais que o dobro do número de famílias organizadas sob a
bandeira do MST. A expressividade deste quantitativo pode ser melhor medida tomando-se a
relação entre o número de famílias organizadas sob a bandeira de cada movimento e o número
de acampamentos, onde pode-se observar que, para a LCP, tem-se um média de
aproximadamente 250 famílias em cada acampamento, enquanto para o MST esta média
8 A pesquisa executada por MARINHO MARTINS (idem) tem como um de seus resultados o fato de que os camponeses que vivenciaram o episódio consideram-no não como normalmente se vê, mas sim como uma batalha, a Batalha de Santa Elina, uma vez que, de acordo com a versão dada pelos mesmos camponeses, houveram numerosas baixas dentre os jagunços e pistoleiros que são enviados ao acampamento instalado na fazenda Santa Elina. Ainda de acordo com os camponeses, os corpos dos jagunços e pistoleiros não são requisitados por familiares ou pessoas próximas em função do fato de que normalmente estes sujeitos, quando vêm a óbito, tornam-se “cadáveres pelos quais ninguém chora”. Desta forma justifica-se, aqui, a utilização da expressão Massacre de Corumbiara em itálico.9 Movimento Social que reúne operários de diversas áreas. Atua principalmente nos Estados de Minas Gerais e São Paulo.
11
gravita nos entornos de 82 famílias para cada acampamento. Isto significa dizer que, nesta
época cada acampamento da LCP agregava, em média, um pouco mais que o triplo do
quantitativo de famílias agregadas por cada acampamento do MST.
Já em 2007, de acordo com dados expostos por MARINHO MARTINS (idem), tem-se
que
o MST tem em torno de 757 famílias, distribuídas em 10 áreas sendo que em algumas delas os acampamentos chegam a mais de 6 anos. A LCP tem em torno de 2.021 famílias distribuídas em 14 áreas sendo que em muitas delas já se tem o que o movimento chama de 'corte popular', e as famílias já estão produzindo em seus lotes.
Observando-se estes dados, pode-se verificar a diminuição no número tanto de
famílias quanto do número de áreas atuando sob a bandeira do MST, ao mesmo tempo em que
se tem um aumento relativamente pequeno, que no entanto não pode ser desprezado, de
famílias se organizando sob a bandeira do LCP. O ponto importante desta comparação
encontra-se no número de áreas atuando por meio deste movimento social, sendo que há
quase que uma duplicação de acampamentos no intervalo de aproximadamente dois anos.
Isto tudo indica a eminência da Liga dos Camponeses Pobres enquanto um importante
movimento social pelo menos dentro do Estado de Rondônia, o que por consequência leva à
inferência de que a LCP tem se configurado enquanto um importante ator na arena política
deste Estado.
Esta situação, dentro do que foi possível observar no decorrer da execução desta
pesquisa, está intimamente relacionado ao que se denomina, dentro deste movimento social,
como sendo o corte popular, que pode ser definido como sendo o processo por meio do qual
as famílias que ocupam um determinado latifúndio, assim que verificadas as condições de
segurança necessárias, que se configuram essencialmente como sendo a garantia de que não
há pistoleiros ou jagunços rondando a área ocupada, procedem à divisão da terra ocupada
entre si e a partir disso estes começam a produzir em seus lotes assim adquiridos. Isto, de
acordo com notas do próprio movimento (LCP, 2008) contrasta com a prática de outros
movimentos sociais, considerados por este como sendo movimentos conciliadores e
oportunistas (SOUZA, 2006, p. 81), sendo que estes tem como sua prática essencial a espera
pela regularização dos lotes por parte do INCRA, o que normalmente é um processo de
grande letargia, que em certos casos dura anos para ser concluído. Além disso, cabe destacar
os casos em que o órgão promete a regularização das terras dentro de um prazo, sendo que
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este não é cumprido. Exemplo disso pode ser encontrado em notícia publicada no sítio
eletrônico Resistência Camponesa (RESISTÊNCIA CAMPONESA, 2010), onde se relata
uma ação do INCRA junto a camponeses localizados no acampamento Gonçalo, localizado
no município de Machadinho d' Oeste no ano de 2009, onde o órgão promete a regularização
dos lotes no prazo de dois meses, o que não é cumprido.
São comuns as denúncias feitas pela LCP e entidades próximas à mesma em relação à
atuação do INCRA. Um outro exemplo disso pode ser encontrado em nota do Comitê de
Defesa das Vítimas de Santa Elina – CODEVISE10 (CODEVISE, 2008) – onde este denuncia
o INCRA no sentido de este órgão ter realizado,
sem sequer comunicar o CODEVISE, (…) na surdina uma reunião em Porto Velho com elementos oportunistas que haviam sido expulsas pelas famílias acampadas. Na ocasião o superintendente [do INCRA] reconhece Sandro11 e seu bando como “lideranças” da ocupação e ainda anunciou o repasse de R$50 mil reais e 400 cestas básicas para os mesmos. O detalhe é que Sandro e sua trupe não estão acampados em lugar nenhum
A informação contida na nota é bastante significativa no sentido de se verificar de que
forma o INCRA lida com a questão agrária. Mesmo Sandro não sendo reconhecido pela
própria massa que acampa na área, ainda assim o órgão o aceita como sendo uma “liderança”
do acampamento. Observe-se novamente o detalhe exposto na nota: “Sandro e sua trupe não
estão acampados em lugar nenhum”.
Na realidade, esta informação permite que se observe o caráter de classe que o INCRA
– assim como o próprio Estado, do qual é órgão – possui. Sandro é um elemento que tem sido
constantemente denunciado pelo CODEVISE por sua conduta. Dentre outras denúncias, o
Comitê coloca que o referido elemento em determinados momentos até mesmo age em
conjunto com a polícia no sentido de se reprimir os camponeses que se colocam em luta.
Neste sentido, é interessante citar os seguintes trechos da nota:
Sandro não quis enfrentar a organização das famílias no acampamento, mas tentou covardemente atacar um companheiro em Cerejeiras. Ele seguiu o companheiro por várias ruas da cidade, deu voz de prisão e ainda deixou aparecer sua arma num claro sinal de que ou queria intimidar ou assassinar o companheiro.
10 O CODEVISE constitui-se enquanto uma entidade conformada no sentido de se levar a frente a lutas dos camponeses que foram vitimados no contexto do Massacre de Corumbiara.11 A nota refere-se a Sandro Paulo Barbosa, membro do MAP (Movimento Agrária Popular), elemento que tentou se firmar como sendo líder a ocupação de Santa Elina, sendo que isso sequer fora reconhecido pelos camponeses acampados na área. Sandro, inclusive, chegou a ser expulso do acampamento, o que indica claramente que o sujeito não era bem visto pela massa que ocupava a referida fazenda.
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Não bastasse isso tudo ele chamou a polícia militar ordenando que prendessem o companheiro e na mesma hora ligou para o Secretário Adjunto de Segurança Pública Cezar Pizzano para prestar contas de seu serviço. Isso demonstra sua vinculação com a polícia que faz uso de elementos arrivistas e provocadores para atacar a luta do povo.
Esta colaboração com o aparato policial do Estado deve ser visto dentro do contexto
da própria luta pela terra no Estado de Rondônia, onde não é rara, conforme uma série de
notas que são veiculadas pela própria LCP, a ocorrência de operações de despejo sem que se
tenha nem mesmo ordem judicial para que se cumpra o procedimento. Lembre-se, aqui,
novamente, a ação conjunta entre policia e pistoleiros quando da ocorrência do Massacre de
Corumbiara, para se verificar isto de forma mais concreta.
Comparando-se estas informações com a leitura feita por IANNI (idem, p. 117) a
respeito do processo de colonização da Amazônia, pode-se observar que a atuação do INCRA,
tomando-se isto a partir do episódio relatado pela nota do CODEVISE, não tem sido muito
diferente da época na qual se localiza a leitura do referido autor. Mesmo transcorridos cerca
de 30 anos, a ação do Estado atualmente – que se materializa aqui nas ações do referido órgão
no sentido de realizar manobras contra os camponeses que se colocam em luta pela terra – não
tem sido muito diferente da ação empreendida naquele momento, onde o mesmo se colocava
essencialmente no sentido do atendimento dos interesses do latifúndio e do grande capital.
Observando-se isto a partir do raciocínio que toma o Estado como sendo agente
operacionalizador dos interesses das classes dominantes de uma determinada sociedade pode-
se compreender que isto se encaixa numa ordem lógica coerente.
Considerações finais do trabalho
Este trabalho foi elaborado com o objetivo de se realizar uma análise a respeito da
atuação da Liga dos Camponeses Pobres no Estado de Rondônia, a partir de um levantamento
bibliográfico a respeito da questão agrária na Amazônia e pesquisa sobre documentos
encontrados no sítio eletrônico Resistência Camponesa, que costuma veicular notas e outros
informes deste movimento social. Como metodologia de exposição, procedeu-se inicialmente
à exposição a respeito da questão agrária na Amazônia, dada a partir da base bibliográfica
consultada. Após isso, procedeu-se à análise da atuação da LCP no âmbito do Estado de
Rondônia, buscando-se localizar tanto a sua atuação como o seu surgimento dentro do
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contexto da questão agrária na Amazônia como um todo, fazendo-se também considerações a
respeito da sua inserção enquanto uma nova e importante força política no âmbito desta
região, fazendo-se, ao mesmo tempo, uma exposição a respeito da relação do referido
movimento social com o Estado, normalmente representado, no âmbito das questões relativas
à luta pela terra, pelo INCRA.
Os resultados parciais da pesquisa que aqui se relata levam a entender que, de fato, a
LCP tem se configurado enquanto um importante movimento social de luta pela terra. Ao
menos no âmbito do Estado de Rondônia, pode ser considerada já como sendo o mais
importante movimento social que se coloca este objetivo, bastando-se comparar o grau de
organização da mesma com o grau de organização de um outro movimento social de grande
porte que se coloca no sentido da luta pela terra – isto pelo menos em seu discurso –, o MST,
para que se possa verificar isso.
O latifúndio treme diante não só do grau de organização da LCP, como também da
combatividade e da forma como os camponeses organizados sob sua bandeira atuam. Não
esperando pelo Estado, cortam por conta própria os lotes que ocupam do latifúndio e a partir
disso já começam a organizar sua produção. Entendem que esperar pelo INCRA para ter seu
pedaço de terra é levar em frente uma espera inútil. Parece se confirmar, a partir da
organização dos camponeses enquanto classe, o medo demonstrado pelo funcionário do
INCRA, citado por IANNI, que, em relatório, fala das “reações inesperadas” provindas da
possibilidade de toda aquela massa “marginalizada” tomar consciência de sua condição. Os
camponeses parecem a cada dia tomar mais consciência desta situação, e a partir da mesma
começam a agir, tomar por sua própria conta aquela terra que, nas mãos do latifúndio, muitas
vezes não produzem e, quando produzem, produzem apenas no sistema da monocultura e
tendo em mira a exportação. Terra essa que, nas mãos destes camponeses, passa a de fato
produzir, como também produzir não só uma cultura, tal como no sistema do latifúndio, seja
ele o de velho ou o de novo tipo12. Nas plantações que tem sido organizadas pelos
camponeses, tem se primado pela diversidade das culturas, sendo que o fruto desta produção
vai ser consumido no próprio mercado interno, e não no exterior, como ocorre no outro caso.
Desta forma, configura-se um movimento de luta pela terra de novo tipo, não atrelado
a grupos políticos dentro do Estado e que, atuando fora da esfera deste e dentro da mesma
apenas quando há necessidade real, busca transformar a sociedade brasileira, em conjunto
12 Refere-se aqui ao que comumente tem se denominado como agronegócio ou agrobusiness.
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com outros atores sociais, a partir da transformação das relações de produção existentes na
mesma, principalmente no campo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SOUZA, M. M. Capitalismo, questão agrária e meio ambiente em Rondônia: O caso de Jacinópolis. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Strictu Sensu Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente – PGDRA, Núcleo de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de Rondônia, como exigência parcial para obtenção de Título de Mestre. Porto Velho, 2006.