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FISCAL E FINANÇAS LOCAIS NEWSLETTER RVR 2 Maio de 2007 ALTERAÇÕES AO CÓDIGO DO IVA – DL 238/2006, LEI 53-A/2006 E DL 21/2007 Sandra Cristina Pinto [email protected] As principais alterações introduzidas ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado consistiram na obrigatoriedade da entrega da declaração de informação contabilística e fiscal e dos mapas recapitulares por transmissão electrónica de dados, na dispensa da comunicação prévia à DGCI sempre que o sujeito passivo recorra ao processamento de facturas globais e no alargamento do prazo para o pagamento do imposto devido pelas importações de bens. Foram também introduzidas, pelo Decreto-Lei nº 21/2007, de 29 de Janeiro, importantes alterações às formalidades e aos condicionalismos a observar pelos sujeitos passivos que decidam optar pela aplicação do IVA à transmissão e locação de bens imóveis. Decreto-Lei nº 238/2006, de 20 de Dezembro - Os sujeitos passivos que mencionem indevidamente IVA ou que pratiquem um acto isolado passam a poder efectuar o pagamento do imposto em qualquer serviço de finanças (anteriormente a declaração tinha que ser entregue no serviço de finanças da sede ou residência do contribuinte). - Passa a ser obrigatório entregar a declaração de informação contabilista e fiscal e os mapas recapitulares com a indicação dos clientes e fornecedores por transmissão electrónica de dados. - Deixa de ser exigida a comunicação prévia à DGCI sempre que o sujeito passivo recorra ao processamento de facturas globais . - Os sujeitos passivos que pratiquem uma só operação tributável passam a poder apresentar a declaração relativa à operação efectuada em qualquer serviço de finanças (anteriormente a declaração tinha que ser entregue no serviço de finanças da sede ou residência do contribuinte). - Deixa de ser obrigatório o registo, em suporte de papel, das facturas e documentos equivalentes emitidos por via electrónica respeitantes a operações efectuadas pelo sujeito passivo. - Deixa de ser obrigatório a comunicação prévia a DGCI da não utilização dos livros de modelo aprovado .

ALTERAÇÕES AO CÓDIGO DO IVA - rvr.pt · - Deixa de ser obrigatório a comunicação prévia a DGCI da não utilização dos livros de modelo ... ao tipo do contrato. ... de serviços

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FISCAL E FINANÇAS LOCAIS NEWSLETTER RVR 2

Maio de 2007

ALTERAÇÕES AO CÓDIGO DO IVA – DL 238/2006, LEI 53-A/2006 E DL 21/2007 Sandra Cristina Pinto

[email protected]

As principais alterações introduzidas ao Código do Imposto sobre o Valor Acrescentado consistiram na obrigatoriedade da entrega da declaração de informação contabilística e fiscal e dos mapas recapitulares por transmissão electrónica de dados, na dispensa da comunicação prévia à DGCI sempre que o sujeito passivo recorra ao processamento de facturas globais e no alargamento do prazo para o pagamento do imposto devido pelas importações de bens. Foram também introduzidas, pelo Decreto-Lei nº 21/2007, de 29 de Janeiro, importantes alterações às formalidades e aos condicionalismos a observar pelos sujeitos passivos que decidam optar pela aplicação do IVA à transmissão e locação de bens imóveis.

Decreto-Lei nº 238/2006, de 20 de Dezembro - Os sujeitos passivos que mencionem indevidamente IVA ou que pratiquem um acto isolado passam a poder efectuar o pagamento do imposto em qualquer serviço de finanças (anteriormente a declaração tinha que ser entregue no serviço de finanças da sede ou residência do contribuinte).

- Passa a ser obrigatório entregar a declaração de informação contabilista e fiscal e os mapas recapitulares com a indicação dos clientes e fornecedores por transmissão electrónica de dados.

- Deixa de ser exigida a comunicação prévia à DGCI sempre que o sujeito passivo recorra ao processamento de facturas globais.

- Os sujeitos passivos que pratiquem uma só operação tributável passam a poder apresentar a declaração relativa à operação efectuada em qualquer serviço de finanças (anteriormente a declaração tinha que ser entregue no serviço de finanças da sede ou residência do contribuinte).

- Deixa de ser obrigatório o registo, em suporte de papel, das facturas e documentos equivalentes emitidos por via electrónica respeitantes a operações efectuadas pelo sujeito passivo.

- Deixa de ser obrigatório a comunicação prévia a DGCI da não utilização dos livros de modelo aprovado.

- Passa a ser possível o arquivamento em suporte electrónico das facturas ou documentos equivalentes emitidos por via electrónica, desde que seja garantido o acesso completo e em linha aos dados e seja assegurada a integridade da origem e do seu conteúdo.

- Passa a ser permitido o arquivamento em suporte electrónico das facturas ou documentos equivalentes, dos talões de venda ou de quaisquer outros documentos com relevância fiscal, desde que sejam processados por computador.

Lei nº 53-A/2006, de 29 de Dezembro (Orçamento de Estado 2007)

- O prazo para o pagamento do imposto devido pelas importações de bens passa a poder ser diferido:

a) Por 60 dias contados da data do registo de liquidação, quando o diferimento seja concedido isoladamente para cada montante de imposto objecto daquele registo;

b) Até ao 15º dia do 2 º mês seguinte aos períodos de globalização do registo de liquidação ou do pagamento previstos na regulamentação aduaneira aplicável.

(esta alteração apenas entra em vigor no dia 1 de Julho de 2007). - Os retalhistas e prestadores de serviços abrangidos pela dispensa de facturação passam a estar sempre obrigados a emitir a factura quando transmitam bens ou serviços a adquirentes, não sujeitos passivos, desde que estes as exijam.

- É alargado para 2 anos o prazo para rectificação facultativa de facturas inexactas quando haja imposto liquidado a mais (anteriormente a rectificação tinha que ser feita no prazo de 1 ano).

- As empreitadas de imóveis no âmbito da reabilitação urbana e dentro de áreas de recuperação e reconversão urbanística passam a estar sujeitas à taxa reduzida de 5%.

Principais alterações aos diplomas que regulam a restituição do IVA às representações diplomáticas e consulares e ao seu pessoal não nacional, simplificando as exigências às entidades beneficiárias: Decreto-Lei nº 238/2006, de 20 de Dezembro - As representações diplomáticas e consulares e o pessoal não nacional passam a poder requerer electronicamente a restituição do IVA, com dispensa de remessa em papel dos documentos que fundamentam a obtenção do reembolso (anteriormente os pedidos de restituição tinham que ser apresentados em papel, acompanhados dos originais das respectivas facturas ou documentos equivalentes).

Principais alterações às formalidades e aos condicionalismos a observar pelos sujeitos passivos que decidam optar pela aplicação do IVA à transmissão e locação de bens imóveis. Decreto-Lei nº 21/2007, de 29 de Janeiro Encontram-se abrangidos pelo regime de isenção do IVA a locação de bens imóveis1 e as operações sujeitas ao imposto municipal sobre as transmissões onerosas de imóveis. No entanto, os sujeitos passivos podem optar pela aplicação do IVA à transmissão ou à locação desses bens imóveis ou partes autónoma, desde que estejam verificadas determinadas condições. Condições para o exercício da renúncia ao IVA - Condições objectivas relativas ao imóvel e ao tipo do contrato. - Condições cumulativas: - o imóvel tem de ser um prédio urbano, uma fracção autónoma, ou um terreno para construção;

- o imóvel tem de estar inscrito na matriz em nome do seu proprietário (no caso de estar omisso é necessário pedir a respectiva inscrição).

- o imóvel não pode destinar-se à habitação e tem de estar afecto a actividades que confiram direito à dedução do IVA suportado nas aquisições;

- o contrato tem de ter por objecto a transmissão do direito de propriedade do imóvel ou à sua locação e diga respeito à totalidade do bem imóvel.

- no caso de arrendamento, o valor da renda anual tem de ser igual ou superior a 1/15 do valor da construção ou aquisição.

- É ainda necessário que se verifique uma das seguintes circunstâncias: - estar em causa a primeira transmissão ou locação ocorrida após a construção e ter sido deduzido ou ainda seja possível deduzir, no todo em parte, o IVA;

- estar em causa a primeira transmissão ou locação após a realização de obras de transformação ou renovação, de que tenha resultado uma alteração superior a 50% do valor patrimonial tributável para efeitos do IMI, e seja ainda possível proceder à dedução, no todo ou em parte, do IVA suportado nas obras.

- Condições Subjectivas - os sujeitos passivos têm de exercer operações que confiram direito à dedução ou, tratando-se de sujeitos passivos que exerçam simultaneamente operações que conferem direito à dedução e operações que não conferem esse direito, o conjunto de operações que conferem direito à dedução seja superior a 80% do total de volumes de negócios, excepto quando se trate de empresas em que a actividade tenha por objecto, com carácter de habitualidade, a construção, reconstrução ou aquisição de imóveis para venda ou locação;

- os sujeitos passivos não podem estar abrangidos pelo regime especial dos pequenos retalhistas;

- os sujeitos passivos tem de dispor de contabilidade organizada nos termos do Código do IRS e do IRC.

Formalidades para o exercício da renúncia ao IVA

1 Não se encontram abrangidas pelo regime de isenção: - as prestação de serviços de alojamento, efectuado no âmbito da actividade hoteleira; - a locação de áreas para recolha ou estacionamento colectivo de veículos, - a locação de máquinas e outros equipamentos de instalação fixa, bem como qualquer outra locação de bens imóveis

de que resulte a transferência onerosa da exploração de estabelecimento comercial ou industrial; - a locação de cofres-fortes e de espaços para a exposição ou publicidade.

O pedido de emissão do certificado para efeitos de renúncia deve ser dirigido à Direcção Geral dos Impostos, por via electrónica e deve conter os seguintes elementos: - identificação dos sujeitos passivos; - identificação do imóvel; - se se trata de uma operação de transmissão do direito de propriedade ou de uma operação de locação do imóvel;

- a actividade que vai ser exercida no imóvel; - uma declaração de que se encontram reunidas todas as condições para a renúncia à isenção. O certificado é valido por um período de 6 meses. Liquidação do IVA - No momento em que seja celebrado o contrato de compra e vendas ou locação do imóvel, desde que o sujeito passivo detenha um certificado de renuncia valido e se continuem a verificar as condições para a renúncia à isenção.

- O sujeito passivo do imposto passa a ser o adquirente dos bens imóveis (inversão do sujeito passivo do IVA).

Valor tributável Quando seja uma transmissão ou locação de imóveis efectuadas por sujeitos passivos que tenham entre si relações especiais2, o valor tributável é o valor normal de mercado dessas operações3, que não poderá ser inferior ao valor patrimonial tributário definitivo que serviu de base à liquidação do IMT ou que serviria no caso de haver lugar à sua liquidação, quando se verifique uma das seguintes situações: -a contra prestação seja inferior ao valor normal e o adquirente ou locatário não tenha direito a deduzir integralmente o imposto; - a contraprestação seja superior ao valor normal e o transmitente ou locador não tenha direito a deduzir integralmente o imposto; Principais alterações introduzidas no âmbito das prestações de serviços relativas a bens imóveis, nomeadamente nos trabalhos de construção civil. - Passa a caber aos adquirentes ou destinatários das prestações de serviço relativas a bens imóveis proceder à liquidação do IVA devido, o qual poderá ser deduzido nos termos gerais.

- As facturas ou documentos equivalentes emitidos pelo sujeito passivo transmitente devem conter a expressão “IVA devido pelo adquirente”.

© Regal, Varela, Ramos & Associados – Sociedade de Advogados RL // 2007

Esta informação tem apenas carácter genérico, não constituindo uma forma de publicidade, de solicitação de clientes ou de aconselhamento jurídico. Caso necessite de aconselhamento jurídico sobre estas ou outras matérias sugerimos que contacte um advogado.

2 Existem relações especiais entre duas entidades quando uma tem o poder de exercer, directa ou indirectamente, uma influência significativa nas decisões de gestão da outra. 3 Considera-se valor normal de um bem o preço que um adquirente, no estádio da comercialização onde é efectuada a operação e em condições normais de concorrência, teria de pagar a um fornecedor, no tempo e lugar em que é efectuada a operação ou no tempo e lugar mais próximos, para obter o bem.