104
1 UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO CENTRO BIOMÉDICO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOPATOLOGIA CLÍNICA E EXPERIMENTAL – CLINEX ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA OBESIDADE E NA COMPULSÃO ALIMENTAR PERIÓDICA. Paula Paraguassú Brandão Rio de Janeiro 2007

ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

  • Upload
    lamnga

  • View
    222

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

1

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO BIOMÉDICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOPATOLOGIA CLÍNICA E

EXPERIMENTAL – CLINEX

ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA

SACIEDADE NA OBESIDADE E NA COMPULSÃO

ALIMENTAR PERIÓDICA.

Paula Paraguassú Brandão

Rio de Janeiro

2007

Page 2: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

Livros Grátis

http://www.livrosgratis.com.br

Milhares de livros grátis para download.

Page 3: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

2

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO BIOMÉDICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOPATOLOGIA CLÍNICA E

EXPERIMENTAL – CLINEX

Paula Paraguassú Brandão

Rio de Janeiro

2007

Dissertação apresentada ao Curso de Pós-

Graduação em Fisiopatologia Clínica e

Experimental da Universidade do Estado do Rio

de Janeiro para obtenção do grau de Mestre em

Ciências.

Page 4: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

3

FICHA CATALOGRÁFICA

Brandão, Paula Paraguassú

Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na

compulsão alimentar periódica / Paula Paraguassú Brandão – 2007.

Xv, 101 p. il.

Orientadores: Rosely Sichieri; Aníbal Sanchez Moura

Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro,

Centro Biomédico, Faculdade de Ciências Médicas, Programa de Pós-graduação

em Fisiopatologia Clínica e Experimental (CLINEX).

1. Episódios de compulsão alimentar. 2. Obesidade. 3. Fome/saciedade. 4.

Peptídeo YY I. Sichieri, Rosely II. Moura, Aníbal Sanchez III. Universidade do

Estado do Rio de Janeiro – Pós-Graduação em Fisiopatologia Clínica e

Experimental. IV. Título

Page 5: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

4

UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CENTRO BIOMÉDICO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FISIOPATOLOGIA CLÍNICA E

EXPERIMENTAL – CLINEX

Paula Paraguassú Brandão

Avaliação em 07 de Agosto de 2007 pela COMISSÃO EXAMINADORA:

EFETIVOS

Walmir Ferreira Coutinho _______________________________

Rosângela Alves Pereira _______________________________

Magna Cottini Fonseca Passos _______________________________

SUPLENTES

Gloria Valeria da Veiga _______________________________

Egberto Gaspar de Moura _______________________________

Orientador: Profª Drª Rosely Sichieri Co-orientador: Prof. Dr. Aníbal Sanchez Moura

Page 6: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

5

Este trabalho foi realizado no Instituto de Medicina

Social e no Laboratório de Fisiologia da Nutrição e do

Desenvolvimento da Universidade do Estado do Rio de

Janeiro sob a orientação da Prof. Dra. Rosely Sichieri e do

Prof. Dr. Aníbal Sanchez Moura com apoio financeiro

concedido pelo CNPq, FAPERJ e CAPES.

Page 7: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

6

EPÍGRAFES

“O meu bom senso não me diz o que é,

mas deixa claro que há algo que precisa

ser sabido. Esta é a tarefa da ciência que,

sem o bom senso do cientista, pode se

desviar e se perder. Não tenho dúvida do

insucesso do cientista a quem falte a

capacidade de adivinhar, o sentido da

desconfiança, a abertura à dúvida, a

inquietação de quem não se acha

demasiado certo das certezas. Tenho

pena e, às vezes, medo, do cientista

demasiado seguro da segurança, senhor

da verdade e que não suspeita sequer da

historicidade do próprio saber.”

(Paulo Freire – “A pedagogia da

autonomia”)

"Há homens que lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos e são muito bons. Porém, há os que lutam toda a vida. Esses são os imprescindíveis."

Bertolt Brecht

Page 8: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

7

DEDICATÓRIA

À minha família, mola mestra da minha vida

e razão de todas as minhas realizações, por

eles (meu marido Fidel, meu pai Paulo,

minha mãe Graça e irmã Roberta), vivo e

divido todas as minhas conquistas.

Page 9: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

8

AGRADECIMENTOS

Aos professores Rosely Sichieri e Aníbal Sanchez Moura pelos

ensinamentos, paciência, dedicação e orientação. Nesta longa jornada de

trabalho, vocês foram meus pais científicos, exemplo e inspiração.

A minha família que sempre esteve ao meu lado me dando apoio e

colaborando com minhas horas de estudo. A eles que me viram em momentos

de desânimo, cansaço ou desespero e com palavras de apoio, me resgataram

do “baixo astral” e me impulsionaram a sempre seguir em frente, nunca desistir.

Ao Prof. Dr. Egberto Gaspar de Moura pelo competente trabalho e

grande dedicação ao curso de Pós-graduação CLINEX.

A Profª Drª Magna Cottini por revisar este trabalho. Às secretárias do

CLINEX, Maria Amélia Souza e Eliane Soares pela eficiência, atenção e

disponibilidade.

A toda equipe do Instituto de Medicina Social: Rita Adriana, José Aroldo,

Siléia Nascimento, Luciana Alonso, Luciana Basílio, Ana Paula Trotte, Tatiana

Mattos, Fernanda Nogueira, Silvia Freitas, Amanda de Souza, Kamile Siqueira

e Ana Carolina Vieira. E, também a equipe do Laboratório de Fisiologia da

Nutrição e Desenvolvimento: Érica Garcia, Renata Pereira, Mário Pereira,

Mariana Renovato, Alessandra Cordeiro e Gisele Maciel pela amizade e ajuda

durante esta jornada.

Aos meus companheiros de trabalho: Érica Garcia e Mário Pereira, mais

uma vez, muito obrigada por todo o suporte.

As estagiárias: Fabiana Martins, Amanda de Souza, Vivian Soares,

Fabiana Neves, Patrícia Camelo e Ana Carolina Torquato pela colaboração.

E, finalmente, a todos que direta ou indiretamente colaboraram para

realização deste trabalho.

Page 10: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

9

SUMÁRIO

Página

LISTA DE TABELAS................................................................................... 10

LISTA DE FIGURAS.................................................................................... 11

LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................ 12

RESUMO..................................................................................................... 14

ABSTRACT.................................................................................................. 15

INTRODUÇÃO............................................................................................. 16

JUSTIFICATIVA ......................................................................................... 30

OBJETIVOS................................................................................................. 31

METODOLOGIA.......................................................................................... 32

RESULTADOS............................................................................................ 42

DISCUSSÃO................................................................................................ 59

CONCLUSÃO.............................................................................................. 69

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS............................................................ 70

ANEXOS ..................................................................................................... 85

Page 11: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

10

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 Média e desvio-padrão (DP) das variáveis antropométricas

segundo os grupos de estudo.

43

Tabela 2 Ingestão em gramas e duração em minutos de duas

refeições no laboratório.

45

Tabela 3 Grau de Fome por meio da escala analógica visual dos

grupos.

47

Tabela 4 Grau de Saciedade por meio da escala analógica visual dos

grupos.

48

Tabela 5 Avaliação das médias brutas e desvio-padrão (DP) da

glicemia e das variáveis hormonais séricas ao longo do

tempo e entre os grupos.

50

Page 12: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

11

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1 Esquema do controle do apetite e regulação hormonal,

adaptado de Murphy KG & Bloom SR, 2004.

23

Figura 2 Esquema da regulação hormonal do controle da fome e da

saciedade, adaptado de Orr & Davy, 2005.

29

Figura 3 Desenho de Estudo 36

Figura 4 Glicemia plasmática (mg/dl) dos grupos 51

Figura 5 Insulinemia sérica (µUI/mL) dos grupos 52

Figura 6 Resistência insulínica dos grupos 53

Figura 7 Leptinemia sérica (ng/dl) dos grupos 54

Figura 8 Concentração sérica do Peptídeo YY (mcg/dl) dos grupos 56

Figura 9 Concentração sérica do Peptídeo YY (mcg/dl) dos grupos

ajustados pelo Índice de Massa Corporal

58

Page 13: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

12

LISTA DE ABREVIATURAS

AgRP - Peptídeo Relacionado ao Agouti

ANOVA - Análise de Variância

APA - American Psychiatric Association / Associação

Americana de Psiquiatria

BES - Binge Eating Scale / Escala de Compulsão Alimentar

Periódica

CAP - Compulsão Alimentar Periódica

°C - Graus Celsius

CC - Circunferência da Cintura

CCK - Colecistoquinina

CID 10 Classificação Internacional de Doenças – 10ª edição

dl - Decilitro

DP - Desvio-Padrão

DRI - Recomendação de Ingestão Diária

DSM IV - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders

– 4th edition/Manual diagnóstico e estatístico de

doenças mentais – 4ª edição.

FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação

e a Agricultura

g/m - Grama por minuto

GLP1 - Glucagon-like-peptide 1 / Peptídeo semelhante ao

glucagon -1.

HOMA-IR - Homeostasis model assessment of insulin resistance /

Modelo de avaliação da homeostase da resistência à

insulina.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMC kg/m2 Índice de Massa Corporal

IMS - Instituto de Medicina Social

IPEA - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas e

Aplicadas

kcal - kilocalorias

Page 14: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

13

kg - kilograma

kg/m2 - kg sobre metro elevado ao quadrado

m² - Metro elevado ao quadrado

mg - Miligrama

ml - Mililitro

mM - Milimolar

mmol - Milimol

mmol/L - Milimol sobre Litro

MSH - α - Hormônio Estimulante de alfa Melanócitos

µU - Microunidades

ng - Nanogramas

nm - Nanômetros

NPV - Núcleo Paraventricular

NPY - Neuropeptídeo Y

OMS - Organização Mundial de Saúde

PNSN - Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição

% - Percentual

POF - Pesquisa de Orçamento Familiar

PYY - Peptídeo YY

RCQ - Razão da cintura sobre o quadril

RIA - Radioimunoensaio

rpm - Rotações por minuto

SNC - Sistema Nervoso Central

UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

WHO - World Health Organization / Organização Mundial de

Saúde

λ nm Comprimento de onda

µUI/ml - Microunidades Internacionais sobre Mililitro

IR - Insulin Receptor / Receptor de insulina

Glut - Glucose Transporter / Transportador de Glicose

Page 15: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

14

RESUMO

A compulsão alimentar periódica (CAP) é o transtorno alimentar mais freqüente e se associa à obesidade. Tanto a obesidade quanto a CAP são mais freqüentes em mulheres. Avaliar fatores endócrinos associados ao controle da fome e da saciedade pode ser um importante passo na compreensão da fisiopatologia tanto da obesidade quanto da CAP, bem como apontar possíveis abordagens terapêuticas. O presente trabalho avaliou, antes e após alimentação, os níveis séricos de hormônios associados ao controle da fome e saciedade, tais como o Peptídeo YY (PYY). Métodos: O estudo clínico foi composto por 3 grupos: um grupo de 9 mulheres obesas com índice de massa corporal (IMC) ≥30 kg/m2 com CAP; um grupo de 7 mulheres obesas com IMC ≥30 kg/m2 sem CAP; e um grupo de 9 mulheres eutróficas (IMC entre 22 a 24,5 kg/m2) que responderam a escala de compulsão alimentar periódica para o diagnóstico da CAP. Foram oferecidas 2 refeições isocalóricas no desjejum e almoço e coletadas amostras de sangue em jejum, aos 60 minutos antes da refeição e aos 15, 60 e 90 minutos após a refeição. Foram avaliadas as quantidades consumidas, o tempo de ingestão das refeições e as sensações de fome/saciedade por meio de escalas analógicas visuais. A análise dos dados foi feita através de modelos mistos de regressão linear das medidas repetidas no tempo, utilizando o software SAS, versão 9.1. Resultados: Entre as mulheres estudadas 52% eram brancas, 28% possuíam nível universitário, 36% cursaram o 2° grau, 76% eram casadas e a idade variou de 32 a 50 anos. Não foi identificada diferença estatisticamente significativa na quantidade, em gramas, de alimentos ingeridos durante as refeições, contudo, a média do tempo de consumo das 200g de alimentos no desjejum foi menor nas mulheres obesas com e sem CAP comparadas as eutróficas (Eutróficas: 19 minutos; Obesas: 8 minutos; CAP: 9 minutos, p=0,01). Quando oferecido 500g de alimentos durante o almoço não houve diferença no tempo de consumo (Eutróficas: 35 minutos; Obesas: 31 minutos; CAP: 33 minutos; p=0,40). Os níveis de PYY variaram ao longo do tempo (p=0,03) nos três grupos e houve diferença também entre grupos, com valores máximos para as obesas, intermediário para as eutróficas e menores para as com CAP (p=0,02). Após análise, o PYY somente variou no grupo CAP, sendo significativamente menor do que nos outros dois grupos. Quanto à insulinemia e leptinemia, foram encontradas alterações significativas entre os grupos (p<0,01), contudo essas diferenças entre grupos desaparecem após ajuste pelo IMC. A insulina, mas não a leptina variou ao longo do tempo. Em relação às escalas de fome e saciedade, verificou-se que ao deitar, o grupo CAP sentiu duas vezes mais fome que o grupo de obesas sem CAP, sendo esta sensação também maior em relação ao grupo de eutróficas (p=0,01). Conclusão: Os resultados indicam que mulheres compulsivas sentem mais fome à noite e apresentam níveis mais baixos de PYY. Essa variação hormonal pode explicar a maior sensação de fome do grupo CAP em relação às mulheres obesas e eutróficas.

Page 16: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

15

ABSTRACT

Binge eating episodes (binge) constitute an eating disorder commonly associated to obesity. Binge and obesity occur more frequently in women. Understanding endocrine factors associated to hunger and satiety control can be an important step to point out therapeutic possibilities related to the physiopathology of obesity and binge. The aim of this clinical study was to evaluate hormone levels like Peptide YY (PYY) associated to the control of hunger and satiety before and after food intake in women with and without binge. Methods: Three groups were compared: obese women with binge and body mass index (BMI) > 30kg/m2, obese women without binge and BMI > 30kg/m2, and normal weight women, whose BMI are between 22 and 24.5 kg/m2 that answered binge eating scale before for binge diagnostic. Two isocaloric meals were offered, one at breakfast and another at lunch. Fasting blood samples were collected before breakfast, and also at 60 minutes before lunch and at 15, 60, 90 minutes after lunch. Quantity of food intake and duration of meals were measured and visual analogical scales were used to estimate hunger and satiety. The repeated measurements were analyzed by mixed linear regression models, using SAS software, version 9.1. Results: The age of participants varied from 32 to 50 years, 52% of them were white, 28% had more than 12 years of schooling, and 76% were married. Intake time of the 200g breakfast offered was statistically reduced for the obese and binge groups (normal weight: 19 minutes, obese: 8 minutes, binge: 9 minutes; p value= 0.01). There was no statistical difference in the amount of time spent in eating when 500g of food was offered (normal weight: 35 minutes, obese: 31 minutes, binge: 33 minutes; p value= 0.40). PYY levels varied over time (p value=0.03) in all groups and difference was statistically higher for obese and normal weight women (p value=0.02). Insulin and leptin levels were statistically different among groups (p value<0.01), but these differences disappeared after BMI adjustment. Also, insulin levels varied after lunch, whereas leptin levels did not vary over time. Hunger and satiety scales indicated higher levels of hunger after dinner in the binge group compared to the other groups (p value= 0.01). Conclusion: The results indicated that binge women compared to their normal weight and obese counterparts felt hungrier after dinner and had lower PYY levels the whole time. The hormonal changes may be related to the higher hunger feelings of women with binge episodes.

Page 17: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

16

INTRODUÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS,1993) considera a obesidade

um dos maiores problemas de saúde pública, tanto em países desenvolvidos

como em países em desenvolvimento, sendo um importante fator de risco para

outras doenças crônicas de maior prevalência como dislipidemias, doenças

cardiovasculares, distúrbios reprodutivos em mulheres, alguns tipos de câncer,

problemas respiratórios e diabetes mellitus tipo 2 (WHO, 1998; Boehm et al.,

2005).

No Brasil, vários estudos baseados na comparação entre inquéritos de

base populacional mostram que, em um período de 15 anos (1975 a 1989), a

prevalência de sobrepeso aumentou 53% entre os adultos brasileiros com mais

de 18 anos de idade (Sichieri et al., 1994). Os dados mais recentes no Brasil

são os da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), divulgada em 2004 pelo

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que constatou que 40,6%

da população adulta, o equivalente a 38,8 milhões de brasileiros, apresentam

excesso de peso (Índice de massa corporal, IMC>25 kg/m2). Considerando a

magnitude dos eventos estudados, nota-se que o distúrbio nutricional que

alcança maior freqüência no país é a obesidade (IMC>30 kg/m2), com evolução

crescente das prevalências de excesso de peso e de obesidade conforme os

dados mais recentes referentes à Pesquisa de Orçamentos Familiares. Esses

dados da POF também indicam que a prevalência do excesso de peso em

homens aproxima-se da prevalência encontrada entre as mulheres, mas a

obesidade continua sendo maior nas mulheres (IBGE, 2004).

Page 18: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

17

A alta prevalência de obesidade é quase universal e os dados da OMS

(1993) indicam, que na Europa, um em cada dois adultos e uma em cada cinco

crianças sofre de excesso de peso. Em Portugal, segundo a Sociedade

Portuguesa para o estudo da obesidade, mais da metade da população

(52,4%) revela excesso de peso ou obesidade (Padez et. al., 2005). A OMS

estima, ainda, que aproximadamente um bilhão de pessoas no mundo

apresenta sobrepeso e, destas, 300 milhões de pessoas estão na faixa de

obesidade. Se esse aumento continuar, estima-se um aumento até 1,5 bilhões

de pessoas com excesso de peso no mundo até 2015 (WHO, 1998).

O número de obesos na Austrália foi estimado em dois milhões em

1993 e aumentou para 3,1 milhões em 2005, gerando custos de 1,721 milhões

de dólares para o tratamento desta epidemia (Kouris-Blazos et. al., 2007).

Desta forma, o tratamento da obesidade torna-se fundamental em programas

de atenção básica à saúde (WHO, 2003; Monteiro et al., 2004).

Embora exista grande número de publicações na área, as informações

científicas ainda não conseguem estabelecer critérios claros e eficazes para o

tratamento da obesidade. Encontrar fatores endócrinos ou comportamentais

que ajudem na definição de grupos específicos dentro do grande grupo dos

obesos pode facilitar as abordagens terapêuticas. Por exemplo, estudos

mostraram a alta prevalência de casos de compulsão alimentar periódica em

mulheres acima do peso ideal ou naqueles indivíduos que buscam tratamento

(Coutinho, 2000; Siqueira et al., 2006). Adicionalmente, a ocorrência de

compulsão alimentar dificulta o tratamento da obesidade, particularmente em

mulheres (Foster et al., 1999).

Page 19: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

18

A compulsão alimentar periódica (CAP), nos Estados Unidos e na

Europa, afeta entre 10 a 50% das pessoas que participam de programas de

emagrecimento, afetando 3,5% das mulheres e 2% dos homens com excesso

de peso (Schenck et. al., 1994; Johnson et. al., 2001). No Brasil, um estudo

entre mulheres com sobrepeso, que buscaram tratamento para emagrecimento

na Universidade Federal de São Paulo, mostrou que 16,1% das participantes

do estudo possuíam compulsão alimentar periódica (Borges et. al., 2002).

Transtorno de compulsão alimentar periódica, em inglês binge eating

disorder (BED), tem como elemento central a ingestão de quantidades

exageradas de alimentos (ingestão ≥ 1500 kcal) em um curto espaço de tempo

(período de 2 horas); com freqüência mínima dos episódios de 2 vezes por

semana durante 6 meses. O transtorno está associado à perda de controle da

ingestão de alimentos (American Psychiatric Association - APA, 1994).

Esta é a definição utilizada como parte do diagnóstico dos transtornos

alimentares no atual sistema classificatório de transtornos mentais DSM-IV

(Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – 4th edition) (APA,

1994) e CID 10 (Classificação Internacional de Doenças – 10ª edição) (OMS,

1993). Os transtornos alimentares descritos pelos sistemas classificatórios

acima comentados apresentam psicopatologias comuns envolvendo uma

excessiva preocupação com o peso (Nunes et al., 2001).

A definição deste transtorno considera outros fatores, como a

associação da ocorrência dos episódios de compulsão alimentar com pelo

menos três das seguintes situações: comer mais rápido que o usual; comer até

se sentir desconfortavelmente “cheio”; comer grande quantidade de comida

sem estar com fome; comer sozinho por se sentir constrangido com a

Page 20: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

19

quantidade de comida que come; sentir-se decepcionado, deprimido ou

culpado após o episódio de compulsão (APA, 1994).

Entre indivíduos obesos que apresentam episódios de compulsão, o

transtorno alimentar tem sido associado à obesidade e a capacidade gástrica

aumentada (Stunkard et al., 2000).

Existem diferentes formas de avaliar o comportamento de compulsão

alimentar em pesquisas, dentre estas podemos citar: uso de questionários

auto-aplicáveis; entrevistas clínicas; automonitorização do individuo

compulsivo; avaliação comportamental em laboratório (Freitas et al., 2002).

Dentre os questionários auto-aplicáveis utilizados para avaliar a compulsão

alimentar periódica, existe apenas um questionário traduzido e validado no

Brasil, chamado Binge Eating Scale (BES), Escala de Compulsão Alimentar

Periódica. O BES é um questionário que objetiva rastrear a compulsão

alimentar periódica em indivíduos obesos avaliando também a gravidade do

transtorno ou ausência do mesmo (Freitas et al., 2001).

Alguns estudos avaliam a presença destes episódios de forma isolada,

utilizando questões referentes ao consumo descontrolado e a ingestão de

grande quantidade de comida em um curto espaço de tempo (French et al.,

1999; Basdevant et al., 1995; Sptizer et al., 1992).

Episódios isolados de compulsão alimentar são mais freqüentes que a

ocorrência do transtorno propriamente dito (Sptizer et al., 1992). A associação

entre episódios de compulsão alimentar e sobrepeso/ obesidade foi avaliada

em uma grande amostra não clínica no Brasil e mostrou esta associação

inclusive em homens (Siqueira et al. 2006). Os comportamentos alimentares

anormais e as práticas alimentares inadequadas para o controle de peso estão

Page 21: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

20

associados à insatisfação pessoal e baixa auto-estima e também são

expressos pela insatisfação com o peso corporal (Taylor et al., 1986; Buttom et

al., 1997).

Já nos anos 80 do século passado, era enfatizado o autocontrole como

forma de se controlar o comportamento alimentar no tratamento da obesidade,

sem que bases concretas de pesquisa indicassem essa associação (Stuart et

al.,1980). Outros autores chamaram a atenção para os comportamentos sociais

e psicológicos para explicar as dificuldades da perda de peso nas pesquisas

(Ades et al., 2002). Adicionalmente, Herman e Mack (1975) observaram

associação entre o estresse psicológico e as tentativas de perda de peso em

pacientes que participaram de pesquisas de redução de peso, enquanto

Stunkard e Rush (1974), concluíram que procedimentos para a redução de

peso podem ocasionar níveis clínicos de depressão, que pode ser

desencadeada pelo esforço de resistir ao alimento.

Associa-se, ainda, a esse quadro de estresse nas tentativas de perda

de peso, um crescente ideal de magreza imposto ao sexo feminino, como

símbolo da cultura ocidental, que perpetuam as tentativas de perda de peso e

geram insatisfações crescentes. A insatisfação com o peso corpóreo parece

também responder pelo aumento na prevalência dos transtornos alimentares

(Nunes et al., 2001; Nasser et al., 1988).

Se por um lado formula-se uma aparência jovem e magra para todos,

por outro lado as condições ambientais não favorecem esse biótipo. Ocorreu

uma significativa mudança no hábito alimentar da população durante a

segunda metade do século XX, marcada pelo aumento do conteúdo calórico e

de lipídios na dieta, aumento da ingestão de carboidratos simples e a redução

Page 22: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

21

das fibras, que são fatores que se associam ao aumento da obesidade (Flatt et

al., 1998; Morris et al.,1999; Jenkins et al., 1980,1981 e 1994; Jarvi et al.,

1999).

O conceito de homeostase energética foi bastante desenvolvido nos

últimos anos, sendo descrito como um sistema complexo, envolvendo sinais

aferentes e eferentes que se inter-relacionam de maneira intrincada, regulando

a entrada e o gasto de energia pelo nosso organismo. Nele estão envolvidos

neurotransmissores cerebrais, a insulina produzida pelo pâncreas,

adipocitocinas como a leptina e a adiponectina, produzidas pelo tecido adiposo,

além de outros hormônios do trato gastro-intestinal como a ghrelina,

colecistocinina (CCK) e GLP-1, entre outros (Wynne et.al., 2005). Portanto,

uma combinação de mecanismos centrais e moleculares modula a ingestão

alimentar e o consumo de energia, mantendo o metabolismo e a composição

corporal. O desequilíbrio desse sistema pode levar a um dos maiores

problemas de saúde pública do mundo moderno, a obesidade e suas

comorbidades relacionadas.

A descrição dos receptores canabinóides no organismo abriu a

perspectiva para o estudo dos efeitos relacionados a este sistema. A marijuana

(canabis sativa) desde a antiguidade é correlacionada como um estimulador do

apetite. O assim, chamado sistema endocanabinóide (SECB) é determinante

para o balanço energético tanto a nível central estimulando centros

orexigênicos, como também periférico ativando a lipogênese (Cota et.al., 2003;

Di Marzo et.al., 2005; Christie et.al., 2001; Marsicano et.al., 2002; Mendizabal

et.al., 2003). Os canabinóides são substâncias lipofílicas e assim não podem

ser armazenados em vesículas pelas células, como outros neurotransmissores.

Page 23: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

22

Trata-se de um sistema de demanda, em que a regulação de sua ativação se

dá pela produção dos ligantes, sua liberação e degradação por enzimas

específicas (Marsicano et.al., 2002; Mendizabal et.al., 2003).

O SECB está relacionado com diversas funções fisiológicas, algumas

associadas ao sistema de recuperação do estresse e manutenção do balanço

homeostático, regulação da atividade motora e de certos aspectos relacionados

à memória. Além disso, há evidências de envolvimento ainda com resposta

imune e inflamatória e também no sistema cardiovascular e respiratório,

controlando freqüência cardíaca, pressão arterial e funções brônquicas (Di

Marzo et.al., 2005; Christie et.al., 2001; Marsicano et.al., 2002; Mendizabal

et.al., 2003).

O aumento da prevalência de obesidade tem estimulado várias

pesquisas a desvendar os mecanismos de fome e saciedade com a descoberta

de diversos hormônios e neuro-hormônios como: leptina, neuropeptídeo Y

(NPY), peptídeo YY (PYY), ghrelina, colecistoquinina (CCK), que permite hoje

decisivos avanços no entendimento de mecanismos centrais do controle da

fome e da saciedade associados aos processos periféricos de utilização de

nutrientes, como na figura 1 (Adrian et. al., 1985; Havel et. al.,2001; Wynne et.

al., 2005).

Page 24: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

23

Sabe-se que a ingestão alimentar e o gasto energético são regulados

pela região hipotalâmica do cérebro. No núcleo paraventricular (NPV) do

hipotálamo, existem dois grandes grupos de neuropeptídeos envolvidos nos

processos orexígenos (o neuropeptídeo Y e o peptídeo relacionado ao gene

agouti) e anorexígenos (o hormônio estimulante de melanócitos e os

relacionados à cocaína e a anfetamina - POMC e CART) (Stanley et al.,1985;

Jenkins et al., 1980).

O hipotálamo exerce influência na auto-seleção de nutrientes, no

estresse alimentar, na textura dietética, na consistência e paladar, na aversão

alimentar e no olfato (Rodrigues et al., 2003; Schwartz et al., 2000; Bernardis et

al.,1996). O hipotálamo está envolvido também nos sistemas catecolaminérgico

e serotoninérgico, além de participar do controle circadiano da alimentação

Estômago

Intestino

Tecido adiposo branco

Aumento Ingestão

Insulina

Leptina

Núcleo Arqueado

GrelinaGasto Metabólico Menor

Redução Ingestão

Gasto Metabólico Maior

e

e

Figura 1: Adaptado de: Murphy KG & Bloom SR. Gut hormones in the control of appetite. Exp. Physiol.ed.89 n.5,507-516, 2004.

Estimula

---------- Inibe

Page 25: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

24

devido à excitação de neurônios do sistema motor (Burton-Freeman et al.,

1997).

A leptina, hormônio produzido no tecido adiposo branco, atua nos

receptores expressos no hipotálamo para promover a sensação de saciedade e

regular o balanço energético (Schwartz et al., 1996). A leptina também atua no

sistema nervoso central (SNC) através de mediadores como o neuropeptídeo Y

(NPY), o peptídeo relacionado ao gene agouti (AgRP), o hormônio liberador de

corticotropina (CRH), o hormônio estimulante dos melanócitos (MSH) e a

colecistoquinina (CCK) (Schwartz et al., 1996; Cheng et al., 1998; Qin et al.,

2003).

A leptina parece ser mais um dos componentes das disfunções

hormonais que ocorrem na obesidade e sua atuação pode ser relacionada às

ações insulínicas. É um hormônio regulado pelo gene ob e é um importante

marcador da quantidade de gordura corporal. A deficiência da leptina também

se relaciona a um quadro grave de obesidade. Sua principal ação é a

regulação da saciedade a nível hipotalâmico. Dentre seus efeitos in vitro

incluem a atenuação da ação da insulina nos hepatócitos, aumento da

oxidação de ácidos graxos, depleção de triglicerídeos nos adipócitos e

diminuição da ligação da insulina nos adipócitos (Zimmet et al., 1999).

A leptina é um importante lipostato, isto é, um mensurador de depósitos

lipídicos do organismo. Este hormônio é capaz de reduzir o apetite a partir da

inibição da formação de neuropeptídeos relacionados ao apetite, como o

neuropeptídeo Y e o peptídeo relacionado ao Agouti (AGRP), que são

orexígenos, e também do aumento da expressão de neuropeptídeos

anorexígenos, como o hormônio estimulante de α-melanócito (α-MSH),

Page 26: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

25

hormônio liberador de corticotropina (CRH) e substâncias sintetizadas em

resposta ao ópio, anfetamina e cocaína pela maior expressão do POMC e

CART (Friedmann et al., 1998).

As altas concentrações séricas de leptina que se observa nas pessoas

obesas parecem também decorrer de uma resistência à ação dela, que

acabam limitando seu efeito anoréxico. O mesmo ocorre com a insulina,

produzida pelas células betas do pâncreas, possui concentração sérica

proporcional à adiposidade (Chan et al., 2003). As mulheres possuem maior

concentração plasmática de leptina que os homens (Friedmann et al., 1998).

Esses contrastes indicam que os mecanismos controladores do metabolismo e

do peso corporal em humanos são complexos, e maiores investigações

relacionadas ao gênero e à espécie são necessárias (Vierhapper et al., 2003).

Ação primária da leptina ocorre no núcleo hipotalâmico arqueado, no

qual inicia uma cascata de eventos para inibição da ingestão energética e

aumento do gasto energético. Os episódios de compulsão alimentar podem ser

considerados fatores determinantes da leptinemia (Hermsdorff et.al., 2006). Em

um estudo americano, em pacientes com sobrepeso, com e sem compulsão

alimentar, foram encontrados níveis de leptina significativamente maiores nas

pacientes compulsivas, sugerindo que exista uma alteração da secreção de

hormônios neuroendócrinos associada à compulsão alimentar, já que os

pesquisadores não observaram diferença na composição corporal dos grupos

estudados (Geliebter et.al., 2004). Em animais de laboratório obesos, altos

níveis deste hormônio reduzem a ingestão alimentar, enquanto baixos níveis

induzem a hiperfagia. No entanto, indivíduos obesos apresentam elevados

Page 27: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

26

níveis séricos de leptina, cerca cinco vezes mais que aqueles encontrados em

indivíduos magros (Considini et al., 1996).

A insulina é o mais potente hormônio anabólico conhecido (Williams

et.al., 2004). A insulina aumenta a captação de glicose no músculo e tecido

adiposo, e inibe a produção de glicose hepática, servindo como o principal

regulador da glicose sangüínea. Além de promover a síntese e o estoque de

carboidratos, lipídeos e proteínas e, inibir a degradação e liberação destes

produtos na circulação. A insulina interfere ainda na secreção de entero-

hormônios como glucagon-like-peptide (GLP1), que atua inibindo o

esvaziamento gástrico e, assim, promove uma sensação de saciedade

prolongada. Indivíduos obesos têm elevadas concentrações séricas de insulina

e leptina (Dumesnil et al., 2001; Morris et al., 1999).

A ação da insulina é iniciada através da ligação deste hormônio a

receptores específicos de insulina. Estudos de resistência à insulina em

animais estão relacionados a defeitos no seu receptor, este defeito tem levado

muitos pesquisadores a estudar o mecanismo pelo qual o aumento da massa

de tecido adiposo, pode causar resistência sistêmica à insulina (Gavrilova et

al., 2000; Saltiel et al., 2001; Moura et al., 2002). Na célula alvo a ação da

insulina é iniciada através da ligação do hormônio a receptores específicos de

insulina (subunidade α) existentes na superfície celular (Frattali et al.,1992),

com atividade intrínseca tirosina quinase (Hedo et al., 1981). Após a ligação da

insulina com seu receptor (IR) ocorre a ativação de um ou mais sinais

(estímulos de fosforilação) que interagem com inúmeros sistemas efetores,

como enzimas e proteínas transportadoras de glicose (GLUT) (Whitehead et

al., 2000). Além disto, um dos principais processos fisiológicos mediados pela

Page 28: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

27

insulina é a estimulação da síntese protéica e do crescimento celular (Kimball

et al., 1994).

A resistência à insulina, ou a sua deficiência, resulta na desregulação

destes processos homeostáticos, levando ao desenvolvimento de doenças

como diabetes, associado à hipertensão, obesidade, dislipidemia e

aterosclerose (Saltiel et al., 2001; Moura et al., 1997 e 1999). Além do efeito

indireto deste hormônio, em estudos experimentais demonstra-se o efeito direto

da insulina em uma área do hipotálamo chamada de núcleo paraventricular

(NPV) mostrando a função essencial da insulina no sistema nervoso central

(SNC) para modular a saciedade e regular a ação da leptina (Soh et al., 1999;

Jenkins et al., 1994). Quando há queda da glicemia, a insulina induz o aumento

do apetite (Morris et al., 1999; Soh et al., 1999; Wolever et al., 2000; Roberts et

al., 2000; Moura et al., 2002).

Foram encontrados níveis de insulina séricos significativamente

maiores em pacientes com sobrepeso e com compulsão alimentar quando

comparado às pacientes com sobrepeso e sem compulsão, este estudo sugere

que o processo compulsivo seja o fator determinante das diferenças nas

concentrações hormonais que foram encontradas (Geliebter et. al., 2004).

As dietas afetam a secreção de hormônios e estes influenciam o

comportamento alimentar (Cambraia et al., 2004). A absorção, ou mesmo a

presença de alimento no trato gastrintestinal contribui para a modulação do

apetite (Dumesnil et al., 2001; Morris et al., 1999). O trato gastrintestinal possui

diferentes tipos de células secretoras de peptídeos que, combinados a outros

sinais, regulam o processo digestivo e atuam no sistema nervoso central para a

regulação da fome e da saciedade. A sinalização ocorre por meio dos nervos

Page 29: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

28

periféricos (como pelas fibras vagais aferentes) e por meio de receptores

(Roberts et al., 2000).

O peptídeo YY (PYY) é um aminoácido de 36 peptídeos (3-36),

secretado após a alimentação por células endócrinas especializadas (células L)

localizadas no epitélio intestinal: pouca quantidade deste peptídeo é

encontrada no intestino proximal, e maior quantidade encontrada no íleo

terminal, cólon e reto (Adrian et al., 1985).

A liberação pós-prandial de PYY favorece o estado de saciedade e é

dependente de uma ingestão alimentar calórica rica em proteínas e

carboidratos, a quantidade do peptídeo eleva-se após tal ingestão. Em

contrapartida, a distensão gástrica causada por igual volume de água, não

afeta a concentração sérica de PYY (Oesch et al., 2006; Feinle-Bisset et al.,

2005; Pedersen-Bjergaard et al., 1996). Ocorre um pico inicial pós-prandial (em

torno de 60 minutos após alimentação) antes mesmo que o nutriente seja

absorvido pela célula L, implicando em uma regulação neuroendócrina. As

concentrações de PYY imediatamente após as refeições são significativamente

menores em pacientes obesos (Batterham et al., 2003; Moran et al., 2005), já

em animais, o PYY parece diminuir a ingestão alimentar em 40% (Jenkins et

al.,1981; Soh et al.,1999). Ainda não foi investigada a relação entre o PYY e a

compulsão alimentar em humanos, porém um estudo realizado nos Estados

Unidos em pacientes com sobrepeso com e sem compulsão alimentar, estudou

outro peptídeo envolvido no processo de controle da fome e da saciedade, a

ghrelina (peptídeo orexígeno secretado pelo estômago), este trabalho

encontrou concentração sérica de ghrelina significativamente maior em

pacientes com compulsão alimentar quando comparado às pacientes sem

Page 30: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

29

compulsão, este estudo sugere que a ghrelina possa estar envolvida na

fisiopatologia da compulsão alimentar (Figura 2).

Figura 2: Esquema da regulação hormonal do controle da fome e da saciedade (Orr & Davy, 2005).

Page 31: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

30

JUSTIFICATIVA

As altas prevalências de obesidade observadas no Brasil e no mundo e

a dificuldade em estabelecer tratamentos eficientes indicam a necessidade de

se buscar subgrupos dentre os obesos com características que possam

explicar as altas freqüências de falha de tratamento.

A compulsão alimentar aparece em alguns quadros clínicos

psiquiátricos e mesmo os episódios isolados de compulsão tem sido

associados à obesidade, particularmente em mulheres acima do peso ideal ou

naqueles indivíduos que buscam o tratamento da obesidade (Coutinho, 2000;

Siqueira et al., 2006).

Tentar caracterizar as variações hormonais associadas à compulsão

alimentar e ao processo de fome e de saciedade pode representar um caminho

na compreensão tanto da compulsão alimentar quanto de grupos dentre os

obesos com características peculiares que necessitam de tratamento

específico.

Page 32: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

31

OBJETIVO

Objetivo geral

Avaliar as variações hormonais, bem como avaliar as variações da

sensação de fome e de saciedade em mulheres obesas com e sem episódios

de compulsão alimentar.

Objetivos específicos

Em mulheres obesas com e sem episódios de compulsão alimentar,

antes e após a alimentação:

1. Avaliar a variação da concentração sérica de insulina;

2. Avaliar a variação da concentração sérica de leptina;

3. Avaliar a variação da concentração sérica do peptídeo YY;

4. Avaliar a diferença das sensações de fome e saciedade por meio

de escalas analógicas visuais;

Page 33: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

32

METODOLOGIA

População de estudo

Mulheres atendidas na Policlínica Piquet Carneiro da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e que participaram anteriormente de dois

ensaios clínicos ou que se inscreveram no Programa de prevenção de ganho

de peso do Instituto de Medicina Social (IMS) da UERJ foram convidadas a

participar deste estudo, tendo aceitado e respondido ao termo de

consentimento livre e esclarecido (anexo 1). O projeto foi aprovado pelo comitê

de ética em pesquisa com seres humanos da UERJ (protocolo número:

034/2005, anexo 2).

Os ensaios clínicos realizados anteriormente excluíram pacientes com

câncer, AIDS, hipotireoidismo, hipertireodismo, diabetes, hipertensão, nefrites,

síndrome de ovário policístico, cardiopatias, aneurisma, estar em tratamento de

tuberculose ou recém diagnosticada. Também foram excluídas as mulheres

grávidas, em amamentação, na menopausa, ou que relatarem tomar remédio

para redução de lipídios, redução ou aumento de peso e que não soubessem

ler.

As mulheres receberam orientação dietética um mês antes do

procedimento de coleta de sangue com dietas contendo 55% carboidratos,

30% lipídios e 15% de proteínas, os quais foram calculados de acordo com a

necessidade nutricional de cada grupo estudado, com base no peso médio e a

idade média dos grupos para o cálculo das necessidades energéticas.

Page 34: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

33

Foram calculadas dietas (anexo 3) para os diferentes grupos: 2129,3

kcal para o grupo eutrófico; 2453,5 kcal para o grupo CAP e 2518,8 kcal para o

grupo obeso. As quantidades de calorias e nutrientes foram calculadas

segundo a Recomendação de Ingestão Diária (DRI, 1997).

Critérios de elegibilidade

Foram consideradas elegíveis mulheres com idade entre 33 a 50 anos,

que apresentavam Índice de Massa Corporal (IMC) entre os valores de 18,5 a

24,9 kg/m2 e IMC maior ou igual a 30 kg/m2, que não estavam grávidas ou

amamentando e que não tivessem sofrido cirurgia bariátrica.

Mulheres com diagnóstico médico de doença da tireóide, hipertensão

arterial, diabetes, ou em uso de drogas que interfiram na manutenção do peso

corporal ou que interfiram na resistência a insulina não foram consideradas

elegíveis.

Seleção

Dois meses antes do início da pesquisa foram recrutadas 76 mulheres

que haviam participado de dois ensaios clínicos, sendo um de prevenção de

ganho de peso, portanto mulheres com IMC menor do que 25 kg/m2 estavam

disponíveis para formar o grupo das não obesas. Destas, 36 mulheres

consideradas elegíveis foram selecionadas para compor os 3 grupos (12

participantes em cada grupo), tendo todas respondido o questionário de

compulsão alimentar (BES), com ponto de corte mínimo de 17 para compulsão

Page 35: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

34

alimentar periódica (anexo 4) e responderam as questões referentes a

compulsão alimentar (anexo 5) a fim de diagnosticarmos a presença de

episódios de compulsão alimentar após uma consulta realizada na Policlínica

Piquet Carneiro. Neste dia de consulta, a dieta isocalórica (vide anexo 3) foi

entregue para cada participante.

No dia marcado para a realização dos procedimentos, 25 mulheres

compareceram à Policlínica para a formação dos três grupos de estudo: um

grupo de mulheres obesas com IMC maior ou igual a 30 kg/m2 apresentando

compulsão alimentar periódica (CAP); um grupo de mulheres obesas com IMC

maior ou igual a 30 kg/m2 que não apresentavam compulsão alimentar

periódica; e um grupo de mulheres eutróficas (IMC entre os valores de 18,5 a

24,9 kg/m2).

Procedimentos realizados

Cada grupo participou de uma seção de laboratório com início às 8

horas da manhã, após 12 horas de jejum. Um mês antes do procedimento, as

participantes receberam orientação para ingestão de dieta isocalórica

padronizada (vide anexo 3). Essa padronização da dieta reduz possíveis

influências dietéticas nas concentrações dos hormônios que foram estudados.

Nas 24 horas prévias ao procedimento de coleta de sangue, as pacientes

receberam ligação telefônica do grupo de estudo para lembrar a data e o

horário da coleta de sangue.

Page 36: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

35

No dia do procedimento foi realizado o recordatório de 24 horas para

verificar a adesão à dieta recomendada, além de detectar possíveis episódios

de compulsão alimentar no dia anterior à coleta de sangue. Foi realizada

também no dia de coleta de sangue a Escala de Compulsão Alimentar

Periódica que identifica a compulsão alimentar avaliando também a gravidade

do transtorno ou ausência do mesmo. As variáveis sócio-demográficas (raça,

idade, escolaridade e renda) foram obtidas através de aplicação de

questionário durante a visita (anexo 6).

No laboratório as pacientes receberam alimentação padronizada durante

o dia de coleta de sangue. No mesmo local, foram coletadas amostras de

sangue em jejum e nos tempos: 0 (1 hora antes do almoço); 15; 60 e 90

minutos após a refeição (almoço).

Durante a coleta de sangue foram utilizados tubos a vácuo de 8ml

contendo EDTA K3, um anticoagulante, para a posterior obtenção do plasma

sangüíneo. As amostras coletadas foram imediatamente centrifugadas a

velocidade 3000 rpm por 10 minutos a 4°C. Em seguida, foram divididas em

alíquotas para a dosagem da glicose realizada logo após a coleta de sangue.

As amostras foram congeladas em freezer -70°C para posterior

dosagem dos hormônios. Foram dosadas as concentrações séricas dos

hormônios leptina, insulina e PYY, além da determinação da glicemia

plasmática. Para este estudo foram considerados os tempos de coletas do

turno da tarde, após o almoço, para que os hormônios circadianos envolvidos

no processo de saciedade, bem como as glicemias pudessem ser comparados.

Page 37: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

36

A figura 3 mostra a representação esquemática da seleção e avaliação

das participantes.

Turno da Manhã:

-Escalas Analógicas Visuais de fome e saciedade;

-Antropometria;

-Coleta de sangue

-Ingestão de Dieta Padrão

-Recordatório de 24 horas

Grupo Obesidade sem

CAP (n=7)

Seleção (n=36, destas 25 pacientes retornaram e integraram os grupos)

Recrutamento (n=76)

Grupo Controle Eutrófico

(n=9)

Grupo Obesidade com

CAP (n=9)

1 Mês Dieta Padrão (55% CHO; 15% PTN

e 30% LIP)

Jejum 12h Anterior ao dia de procedimento

Dia de Procedimento

Recordatório de 24 horas (consulta para verificar adesão dietética)

Turno da Tarde:

-Escala Analógica Visual de saciedade;

-Ingestão de Dieta Padrão

-Coletas de sangue

Page 38: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

37

Determinação da glicemia e das variáveis hormonais

A glicemia plasmática foi determinada através de ensaio enzimático-

colorimétrico com o kit comercial especifico (GoldAnalisa) que utiliza o método

por glicose oxidase e a leitura das amostras foi realizada por meio de

espectrofotômetro sob o comprimento de onda (λ) de 500nm.

Os hormônios leptina, insulina e PYY séricos foram analisados em

duplicatas pelo método de radioimunoensaio (RIA), utilizando-se kit comercial

específico para dosagem sérica em humanos (Linco Research Inc. USA).

Dieta fornecida e mensuração do tempo de alimentação

No dia do procedimento as participantes receberam a mesma dieta que

seguiram no mês anterior (vide anexo 3). A primeira refeição continha

aproximadamente 200 gramas, foi fornecida no café da manhã e, a segunda

refeição continha aproximadamente 500 gramas, foi fornecida no horário do

almoço.

As mulheres realizaram o desjejum sozinhas. Todas começaram o

desjejum por volta de 9 horas da manhã. Logo após a coleta de sangue, as

mulheres foram para uma sala fechada onde ficavam dispostos: um sanduíche,

um copo de leite e um copo de café com adoçante. Anotava-se o horário em

que a participante entrava na sala e começava a comer, e o horário em que

parava de comer e saia da sala. Já, para o almoço, que foi realizado em grupos

de quatro pacientes, anotou-se o tempo em que ela sentava-se à mesa e

Page 39: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

38

começava a comer e quando parava de comer e saia da sala. Todos os pratos

continham a mesma quantidade de alimentos.

Voracidade Alimentar

Foi considerada a ingestão (em gramas) da refeição dividida pelo tempo

(em minutos) de ingestão. Quanto maior a quantidade ingerida (em gramas) de

alimentos em um curto espaço de tempo (em minutos), maior será a

voracidade alimentar (grama/minuto) desta paciente. Esta metodologia está

sendo realizada em animais do nosso laboratório e foi realizada pela primeira

vez em humanos.

Escalas analógicas visuais de fome e saciedade

Foram avaliadas as sensações de fome e saciedade por meio de

escalas analógicas visuais de fome (Haber et al., 1977) e de saciedade (Holt, et

al. 1995), anexos 4 e 5. A escala analógica visual de fome (Haber et al., 1977)

foi aplicada na parte da manhã, visto sua dependência quanto à memorização

do paciente, e a escala analógica visual de saciedade (Holt et al., 1995) foi

aplicada durante cada coleta de sangue do dia, visto que a mesma trabalha

com sensações particulares referentes ao momento de coleta a ser estudado.

Resistência à insulina

O cálculo da resistência à insulina, Homeostasis model assessment of

insulin resistance, (HOMA-IR), foi estimado de acordo com a fórmula (Mathews

Page 40: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

39

et al., 1985): glicose de jejum (mmol/L) * insulina de jejum (µUI/ml)/22,5 e,

considerados os critérios (Bonora et al., 1998), onde a resistência à insulina e

considerada quando o valor de HOMA-IR for maior ou igual a 2,5.

Antropometria

No dia do procedimento, pela manhã, foram verificadas as seguintes

medidas antropométricas: peso, altura, circunferências da cintura e do quadril.

As medidas antropométricas foram coletadas por profissional treinado.

A altura foi verificada utilizando-se um antropômetro vertical fixo à

parede. A altura, em metros, foi medida com o entrevistado em posição ereta,

de costas para a escala métrica. Os participantes foram medidos sem sapatos

e sem adereços no cabelo; com pés paralelos e tornozelos unidos; nádegas,

ombros e parte posterior da cabeça tocando a escala métrica. Um esquadro

próprio da escala métrica tocou o topo da cabeça em sua parte média, sem

empurrar a cabeça para baixo, permitindo aferir a altura.

O peso foi verificado a partir de balança digital, com capacidade de 150

kg, com o indivíduo descalço e usando roupas leves. O peso foi avaliado após

a retirada de agasalhos, óculos, chaveiros, celulares ou qualquer outro

pertence que pudesse influenciar a aferição.

Foram verificadas as circunferências da cintura e do quadril, com o

auxílio de uma fita métrica inelástica (TBW Importadora Ltda.). A circunferência

da cintura foi medida na cintura natural, ou seja, entre as costelas inferiores e

as cristas ilíacas. A leitura foi feita no momento da expiração da participante. A

circunferência do quadril foi verificada no nível da sínfise púbica com a fita

Page 41: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

40

circundando o quadril na parte mais saliente entre a cintura e a coxa e com o

indivíduo usando roupas finas.

Calculou-se o IMC considerando-se a razão peso atual (kg) e o

quadrado da estatura (m²). Os pontos de corte propostos pela Organização

Mundial da Saúde (OMS, 1993) foram utilizados como critério de diagnóstico

do estado nutricional. Considerou-se obesa a paciente com IMC maior ou igual

a 30 kg/m2 e quem possuía IMC entre os valores de 18,5 a 24,9 kg/m2 era

considerada eutrófica.

O acúmulo de gordura abdominal foi estimado segundo os indicadores

razão cintura/quadril (RCQ) e circunferência da cintura (CC) isolada. Para

identificação do tipo de distribuição de gordura segundo a RCQ, utilizou-se a

classificação proposta para mulheres, onde a RCQ acima do recomendado é

maior ou igual a 0,85 (WHO,2000).

A cintura isolada foi analisada a partir dos pontos de corte sugeridos

pela OMS. Mulheres com valores de CC acima de 80 cm foram classificadas

apresentando um acúmulo de gordura abdominal considerado como risco

associado ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares ligadas à

obesidade (OMS, 1993).

Page 42: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

41

Análise Estatística

Os resultados são apresentados como média e desvio padrão. Os

resultados obtidos para cada grupo foram analisados estatisticamente

utilizando a análise de variância (ANOVA). As análises de medidas repetidas

foram realizadas pelo procedimento de análise de efeitos mistos (proc mixed)

do software Statistical Analysis System (SAS) versão 9.1 (SAS Institute, Cary,

NC). Estes modelos de análise de efeitos mistos buscam encontrar um padrão

para o comportamento das medidas repetidas ao longo do tempo e incluem a

estimação de efeitos comuns para indivíduos de um mesmo grupo.

Page 43: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

42

RESULTADOS

A idade das mulheres estudadas variou de 32 a 50 anos. Entre as

mulheres 52% eram brancas, 28% possuíam nível universitário, 36% cursaram

o 2° grau e 76% eram casadas.

Medidas Antropométricas

O grupo de mulheres com obesidade e sem compulsão alimentar

periódica (Obesas) apresentou peso corporal significativamente maior quando

comparado aos demais grupos. Em relação à altura, o grupo de obesas com

compulsão alimentar (CAP) apresentou altura significativamente maior quando

comparado aos outros grupos. Foi encontrada diferença estatística do IMC

entre os três grupos. Embora o grupo de obesas tivesse o maior IMC, as

medidas de localização de gordura não foram diferentes entre as obesas sem

CAP e as obesas com CAP. Assim, em relação à circunferência da cintura e ao

perímetro do quadril só houve diferença estatística no grupo de eutróficas, e

mesmo para a relação cintura-quadril (p=0,06) os valores entre obesas sem

CAP e obesas com CAP são muito próximos (tabela 1).

Page 44: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

43

Tabela 1. Média e desvio-padrão (DP) das variáveis antropométricas segundo

os grupos de estudo.

*Letras iguais significam ausência de diferença (p>0.05) para ANOVA seguida de teste de

Tukey. ** CAP = compulsão alimentar periódica e IMC = Índice de Massa Corporal.

Eutróficas Obesas sem

CAP** Obesas com

CAP** (n=9) (n=7) (n=9) média DP média DP Média DP p Peso (Kg) 57,7 a 5,0 88,6 b 7,5 84,9 b 4,7 <0,0001 Altura (m) 156,1 a 4,6 159,4 b 4,8 162,3 b 4,5 0,04 IMC** (Kg/m2) 23,6 a 1,0 34,9 b 3,9 32,3 c 2,1 <0,0001 Circunferência da Cintura (cm) 77,6 a 4,0 97,7 b 7,6 95,8 b 6,3 <0,0001 Circunferência do Quadril (cm) 99,5 a 5,9 117,9 b 7,7 113,9 b 4,1 <0,0001 Razão cintura/quadril 0,77 0,1 0,83 0,05 0,82 0,1 0,06

Page 45: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

44

Voracidade Alimentar

Todas as participantes ingeriram o café da manhã oferecido de 200 g

integralmente, portanto a quantidade, em gramas, nessa refeição não foi

diferente entre os grupos. A quantidade ingerida no almoço foi maior entre as

obesas. O tempo de duração da ingestão das refeições (minutos) foi avaliado

quando as participantes comiam o desjejum, que era realizado em separado e

durante o almoço que foi realizado em grupos de quatro. Quando as

participantes comiam a refeição no desjejum, observou-se maior voracidade

alimentar nos grupos de obesas e nas com CAP. Não foi encontrada

voracidade alimentar entre os grupos no almoço (tabela 2).

Page 46: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

45

Tabela 2. Ingestão em gramas e duração em minutos de duas refeições no

laboratório.

Eutróficas Obesas sem CAP**

Obesas com CAP**

(n=9) (n=7) (n=9) média DP Média DP média DP p

Desjejum (minutos)

19,0 a 10,4 8,1 b 2,0 9,1 b 6,6 0,01

Ingestão do almoço (g)

415,6 56,8 442,9 48,2 451,7 83,8 0,50

Almoço (minutos)

38,8 11,6 31,6 10,9 33,7 9,1 0,38

Voracidade Desjejum

(g / minutos)

13,47a

6,61

26,19 b

7,74

32,96 b

19,25

0,01

Voracidade Almoço

(g / minutos)

11,6 3,7 14,2 4,1 15,5 5,8 0,22

*Letras iguais significam ausência de diferença (p>0.05). ANOVA seguido teste de Tukey.

** CAP = compulsão alimentar periódica.

Page 47: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

46

Fome e Saciedade

Observou-se comportamento diferente quanto à fome entre os grupos

nos períodos matutinos, vespertinos e antes de dormir, quando foi aplicada a

escala analógica visual (EAV), segundo Haber et al., 1977 (anexo 7). Ao

acordar, o grupo de eutróficas possuiu menor sensação de fome que os demais

grupos. O valor na escala ao acordar é de aproximadamente quatro vezes

maior nas obesas sem CAP e nas com CAP comparadas as eutróficas. Antes

do jantar, o grupo obeso sem CAP referiu mais fome em relação aos demais

grupos. Ao deitar, o grupo com CAP sentiu duas vezes mais fome que o grupo

obeso sem compulsão alimentar, sendo esta sensação também maior em

relação ao grupo eutrófico; conforme a tabela 3.

Page 48: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

47

Tabela 3. Grau de Fome por meio da escala analógica visual* dos grupos.

Eutróficas Obesas sem

CAP*** Obesas com

CAP*** (n=9) (n=7) (n=9) Grau de Fome média DP média DP média DP p

Ao acordar 1,3 a 1,0 4,4 b 2,5 3,7 b 2,5 <0,0001 Antes do almoço 3,9 2,3 4,0 2,2 3,8 1,8 0,91 Após o almoço 3,8 2,9 3,7 1,1 4,2 2,1 0,57 Antes do jantar 4,1 a 1,7 5,1 b 1,8 3,9 a 2,5 0,03 Após o jantar 2,0 1,7 2,3 1,7 2,4 1,7 0,49 Ao deitar 1,1 a 1,1 0,9 a 1,1 1,8 b 1,6 0,01 * segundo Haber et al., 1977. Escala adaptada, foram incluídas as pequenas refeições do dia.

**Letras iguais significam ausência de diferença (p>0.05). ANOVA seguido teste de Tukey.

*** CAP = compulsão alimentar periódica.

Page 49: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

48

Saciedade

Os resultados da escala de saciedade discordaram da medida de fome.

As mulheres obesas referiram menor sensação de saciedade antes do almoço

em relação aos demais grupos, segundo a escala de saciedade da Holt et al.,

1995 (anexo 8). As escalas utilizadas após as refeições indicaram grau de

saciedade similar entre os grupos.

Tabela 4. Grau de Saciedade por meio da escala analógica visual* dos grupos.

Eutróficas Obesas sem

CAP*** Obesas com

CAP*** (n=9) (n=7) (n=9)

Grau de Saciedade média DP média DP média DP p 1 h antes almoço 3,8 a 1,7 2,3 b 0,8 2,6 b 0,5 0,03 15 min após almoço 6,2 0,8 6,4 0,5 5,8 0,5 0,19 1 h após almoço 6,2 0,4 6,1 0,4 5,9 0,8 0,46

2 h após almoço 5,4 1,5 5,3 1,3 5,6 1,2 0,92

*segundo Holt et al., 1995. Considerou-se: 1= fome extrema; 2=fome; 3=pouca fome; 4=sem

sensação particular; 5=pouco saciedade; 6= saciedade e 7=extrema saciedade.

**Letras iguais significam ausência de diferença (p>0.05). ANOVA seguido teste de Tukey.

*** CAP = compulsão alimentar periódica.

Page 50: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

49

Glicemia e Parâmetros Hormonais

Os níveis plasmáticos de glicose e insulina foram avaliados em jejum e

nos tempos: 1 hora antes do almoço (T0), 15 minutos após almoço (T1), 1 hora

após o almoço (T2), 2 horas após o almoço (T3). E os níveis plasmáticos de

leptina e PYY foram avaliados nos tempos 0, 1, 2 e 3. Essas medidas foram

também avaliadas ajustando pelo IMC, uma vez que o grupo de obesas com

CAP apresentou IMC menor do que o grupo só com obesidade (Figura 8). As

medidas foram analisadas ao longo do tempo comparando os três grupos,

conforme tabela 5.

A taxa de variação das variáveis hormonais analisadas não foi diferente

entre os três grupos como pode ser observado na ultima coluna da tabela 5 (P

tempo*grupos). Excluindo essa variável é possível avaliar diferenças entre os

grupos que se mantêm desde o tempo=0, como dispostos nas figuras de 3 a 8.

Os tempos de coleta de sangue não foram analisados isoladamente,

pois com o número de participantes reduzido na amostra, o poder do teste

diminui, então, para que o poder do teste não diminua, foi realizada a análise

das modificações hormonais séricas ao longo do tempo e entre os grupos.

Page 51: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

50

Tabela 5. Avaliação das médias brutas e desvio-padrão (DP) da glicemia sérica e das variáveis hormonais ao longo do tempo e entre os grupos. A interação medida pela variável (P tempo*grupo) indica variações no tempo diferente entre os grupos.

Eutróficas Obesas sem CAP Obesas com CAP

(n=9) (n=7) (n=9)

Média DP média DP média DP P

grupos P

tempo*grupo Glicemia (mg/dl)

Jejum 97,6 14,4 102,6 16,7 98,4 20,3 0,83 0,90 1 hora antes

almoço 98,4 17,8 99,9 16,9 104,6 28,9 0,83 15 min após

almoço 118,3 18,8 129,7 18,9 125,6 36,2 0,68 1 hora após

almoço 129,7 16,2 128,7 23,4 129,1 35,0 0,99 2 horas após

almoço 114,8 16,7 127,7 27,0 122,1 27,1 0,56 P tempo <0,0001

Insulina (µUI/mL)

Jejum 63,4 18,0 100,7 35,6 75,1 13,3 0,01 0,30 1 hora antes

almoço 34,2 10,0 66,7 17,9 49,1 18,4 0,002 15 min após

almoço 97,6 44,6 209,8 88,4 146,1 63,1 0,01 1 hora após

almoço 64,1 26,2 149,6 117,9 110,2 45,4 0,07 2 horas após

almoço 76,3 38,0 175,2 141,7 116,6 75,7 0,11 P tempo <0,0001 Leptina (ng/dl)

1 hora antes almoço 6,72 2,4 13,31 4,7 9,57 2,5 0,002 0,25

15 min após almoço 6,37 1,9 12,76 3,0 11,14 3,6 0,0005

1 hora após almoço 6,07 2,2 12,50 4,6 10,66 1,5 0,0005

2 horas após almoço 5,82 1,9 14,23 4,0 10,27 2,6 <0,0001

P tempo 0.90 PYY (mcg/dl) 0.17

1 hora antes almoço 96,2 51,1 87,7 21,0 56,2 33,1 0,09

15 min após almoço 89,9 33,6 135,0 32,0 93,1 40,1 0,04

1 hora após almoço 92,4 43,5 90,4 30,9 79,1 26,8 0,70

2 horas após almoço 110,7 39,3 132,8 49,1 85,8 28,1 0,07

P tempo 0,05 Os valores estão expressos como média e desvio padrão. T=tempo estudado, sendo: T0=1 hora antes do almoço; T1=15 minutos após almoço; T2=1 hora após o almoço; T3=2 horas após o almoço.

Page 52: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

51

Glicemia

Houve um aumento das glicemias séricas (mg/dl) em todos os grupos ao

longo do tempo (p<0,0001), porém não foram encontradas alterações

significativas da glicemia sérica entre os grupos (p=0,80) (Tabela 5 e figura 4).

0

20

40

60

80

100

120

140

T0 T1 T2 T3

Glic

emia

(mg/

dl)

Eutróficas

Obesas

CAP

Figura 4: Glicemia sérica (mg/dl) das mulheres

eutróficas (n=9), obesas sem CAP (n=7) e obesas

com CAP (n=9). Os valores estão expressos como

média: T0= 1 hora antes do almoço; T1=15 minutos

após almoço; T2=1 hora após o almoço; T3=2 horas

após o almoço.

P<0,0001

Page 53: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

52

Insulinemia

Foram encontradas concentrações significativamente maiores de

insulina sérica (µUI/mL) no grupo de obesas sem CAP em relação aos demais

grupos em todos os momentos. E o grupo de obesas com CAP apresentou

insulinemia maior quando comparada ao grupo de mulheres eutróficas. Foram

encontradas alterações significativas entre os grupos (p=0,01) e na variação

sérica ao longo do tempo (p<0,0001), mas a taxa de variação foi similar. As

concentrações séricas aumentam logo após a ingestão do almoço e diminuem

nos tempos seguintes, essas alterações não são diferentes entre os grupos e,

não se pode afirmar que as curvas não sejam paralelas (Tabela 5 e figura 5).

Figura 5: Insulinemia sérica (µUI/mL) das mulheres

eutróficas (n=9), obesas sem CAP (n=7) e obesas

com CAP (n=9). Os valores estão expressos como

média e desvio padrão. T=tempo estudado, sendo:

T0=1 hora antes do almoço; T1=15 minutos após

almoço; T2=1 hora após o almoço; T3=2 horas após o

almoço.

P<0,0001

0

50

100

150

200

250

T0 T1 T2 T3

Insu

linem

ia (µ

UI/m

L)

Eutróficas

Obesas

CAP

Page 54: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

53

Resistência à insulina

Foi observado um aumento significativo (p=0,03) na resistência à

insulina no grupo de obesas sem CAP quando comparado aos demais grupos

(Figura 6).

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

HO

MA

-IR Eutróficas

Obesas

CAP

Figura 6: Resistência insulínica das mulheres

eutróficas (n=9), obesas sem CAP (n=7) e obesas com

CAP (n=9). Os valores estão expressos como média e

desvio padrão. Foram considerados p<0,05; para

significância.

P=0,03

Page 55: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

54

Leptinemia

Foram encontrados valores significativamente maiores de leptina sérica

(ng/dl) no grupo de obesas sem CAP em relação aos demais grupos em todos

os períodos. O grupo de obesas com CAP apresentou leptinemia

significativamente maior em comparação às eutróficas. Foram encontradas

alterações significativas da leptina sérica entre os grupos (P<0,0001), porém

não foi encontrada variação estatisticamente significante da leptina sérica ao

longo do tempo (p= 0,90), conforme tabela 5 e figura 7.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

T0 T1 T2 T3

Lept

inem

ia (n

g/dl

)

Eutróficas

Obesas

CAP

Figura 7: Leptinemia sérica (ng/dl) das mulheres

eutróficas (n=9), obesas sem CAP (n=7) e obesas

com CAP (n=9). Os valores estão expressos como

média e desvio padrão. T=tempo estudado, sendo:

T0=1 hora antes do almoço; T1=15 minutos após

almoço; T2=1 hora após o almoço; T3=2 horas após o

almoço.

P=0,90

Page 56: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

55

Peptídeo YY

Os níveis de PYY séricos (mcg/dl) encontrados foram significativamente

maiores no grupo de obesas sem CAP em relação aos demais grupos, e o

grupo CAP apresentou concentrações séricas significativamente menores de

PYY em comparação ao grupo de eutróficas (p=0,02). Os níveis séricos de

PYY também aumentaram ao longo do tempo em todos os grupos (p=0,03). No

tempo 1, logo após a ingestão do almoço, observamos que os níveis séricos de

PYY das eutróficas e das obesas com CAP são semelhantes; já no tempo

seguinte, uma hora após a refeição, observamos que os níveis séricos de PYY

das eutróficas e obesas sem CAP tornam-se próximos (Tabela 5 e figura 8).

Page 57: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

56

0

20

40

60

80

100

120

140

160

T0 T1 T2 T3

PY

Y (m

cg/d

l)

Eutróficas

Obesas

CAP

Figura 8: Quantidade de PYY sérico (mcg/dl) das

mulheres eutróficas (n=9), obesas sem CAP (n=7)

e obesas com CAP (n=9). Os valores estão

expressos como média e desvio padrão. T=tempo

estudado, sendo: T0=1 hora antes do almoço; T1=15

minutos após almoço; T2=1 hora após o almoço; T3=2

horas após o almoço.

P=0,03

Page 58: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

57

Parâmetros Hormonais ajustados pelo IMC

Com a finalidade de explorar se as variações hormonais entre os grupos

para PYY, Insulina e Leptina, poderiam estar sendo explicadas pela variação

do IMC entre os grupos, os modelos foram ajustados por IMC, tratado como

variável contínua.

Quando a insulinemia sérica (µUI/mL) é ajustada pelo IMC, foram

encontradas alterações significativas no tempo (p<0,0001), no entanto, não

foram encontradas alterações significativas da insulinemia sérica entre os

grupos (p=0,55). Ou seja, as diferenças nos grupos se explicavam pelas

diferenças do IMC.

Quando os valores de leptina séricos (ng/dl) foram ajustados pelo IMC,

não foram encontradas variações de leptina sérica ao longo do tempo (p= 0,95)

e nem entre grupos (p=0,30).

Já para os níveis de PYY séricos (mcg/dl) ajustados pelo IMC foram

mantidos menores níveis do grupo obeso com CAP (p=0,01) quando

comparados às obesas sem CAP e as eutróficas. As variações no tempo

continuaram estatisticamente significativas (p=0,01), conforme figura 9.

Page 59: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

58

0

20

40

60

80

100

120

140

T0 T1 T2 T3

PY

Y (m

cg/d

l) aj

usta

do p

elo

IMC

Eutróficas

CAP

Obesas

Figura 9: Níveis de PYY séricos (mcg/dl) das

mulheres eutróficas (n=9), obesas sem CAP (n=7) e

obesas com CAP (n=9) ajustados pelo IMC. Os valores

estão expressos como média e desvio padrão. T=tempo

estudado, sendo: T0=1 hora antes do almoço; T1=15

minutos após almoço; T2=1 hora após o almoço; T3=2

horas após o almoço.

P=0,01

Page 60: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

59

DISCUSSÃO

O grande aumento da prevalência mundial de doenças crônicas não

transmissíveis associa-se em grande parte ao excesso de peso (WHO, 1998;

Boehm et al., 2005; Zwaan et al., 2001; Alexander et al., 2003). Esse cenário

cria desafios e pouco avanço tem sido alcançado para a prevenção e

terapêutica da obesidade. Um dos desafios para o desenvolvimento de

estratégias de tratamento ou prevenção da obesidade decorre das suas

múltiplas manifestações e em alguns casos pode-se definir alterações

metabólicas distintas. Ou seja, pode-se imaginar a existência de vários tipos de

obesidade. Por exemplo, obesidade com mais ou menos localização de

gordura, ou com co-morbidades como dislipidemias e hipertensão, entre outras.

Comportamentos alimentares distintos têm sido também observados entre os

obesos em outros estudos (Reagan et al., 2005; Siqueira et. al., 2006; Sichieri

et. al.,2000 e 2002).

Comportamentos alimentares são muito influenciados por variáveis

socioeconômicas (Reagan et al., 2005) e para isolar estes fatores de outros

específicos estudados, como no presente estudo, é importante poder controlar

essas variáveis socioeconômicas. No presente estudo clínico com pequeno

número de participantes, buscamos mulheres em um único serviço de saúde

de forma que pudéssemos incluir uma população homogênea, como de fato

ocorreu. Não encontramos associação da CAP com as variáveis: renda, idade,

raça, estado civil e escolaridade.

Foi também interessante que as participantes obesas sem CAP não

mostram diferença na localização de gordura abdominal medida pela razão da

Page 61: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

60

circunferência da cintura e do quadril (RC/Q), embora apresentassem maior

adiposidade medida pelo IMC e pela circunferência da cintura (CC).

O peso entre os grupos estudados foi diferente estatisticamente, sendo

que o grupo obeso sem CAP foi mais pesado, o que se justifica também pela

menor estatura do grupo obeso sem CAP em relação ao grupo com CAP. Por

isso, as variáveis hormonais foram também avaliadas ajustando pelo IMC, uma

vez que o grupo de obesas com CAP apresentou IMC menor do que o grupo

de obesas sem CAP. Estudos têm mostrado que a baixa estatura é um fator

associado a maior prevalência de obesidade (Vasconcelos et al., 2001;

Velasques-Melendes et al., 2005) e futuros estudos devem parear sua

população de estudo também por estatura.

Mesmo após o ajuste de IMC, os valores da concentração sérica de

insulina entre os grupos não foi estatisticamente significante e os indicadores

antropométricos de maior resistência à insulina como a razão da circunferência

da cintura e do quadril e, a circunferência da cintura (Lohman et al., 1998;

Egger et al., 1992) indicam que as participantes obesas com CAP não são

diferentes das participantes obesas sem CAP com relação aos ajustes

metabólicos da insulina e da leptina.

Em relação ao comportamento alimentar, as escalas de fome e de

saciedade mostraram que a distribuição circadiana do impulso à alimentação é

diferente. As mulheres compulsivas sentem mais fome à noite em relação às

mulheres obesas e eutróficas. Foi observado comportamento diferente quanto

à fome entre os grupos nos períodos matutinos, vespertinos e antes de dormir.

Ao acordar, o grupo de eutróficas referiu menor sensação de fome, sendo

aproximadamente quatro vezes menor do que nas obesas com e sem CAP. Ao

Page 62: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

61

deitar, o grupo de obesas com CAP sentiu duas vezes mais fome que o grupo

de obesas sem CAP, sendo esta sensação de fome também maior em relação

ao grupo de eutróficas.

Um quadro clínico mais específico associado ao comportamento

compulsivo mais freqüente no horário noturno tem sido descrito (Stunkard,

2000) e alguns autores o têm chamado de “síndrome do comer noturno”. Tal

síndrome tem sido também associada à apnéia no sono (Conceição et al.,

2005; Tzischinski et al., 2000; Schenck et al., 1994).

Em disconcordância com a avaliação da sensação de fome, a escala de

saciedade, segundo Holt (1995), utilizada após as refeições indicou maior grau

de saciedade para grupo de eutróficas tanto em relação ao grupo de obesas

sem CAP, como ao grupo de obesas com CAP. Fome e saciedade são

fenômenos distintos e tem sido associados a circuitária neuroendócrina

específica e, de acordo com as escalas de fome e saciedade, nossos dados

sugerem que a obesidade independente da compulsão possa estar associada

a menor sensação de saciedade.

Em relação à ingestão alimentar, não foi encontrada diferença

estatisticamente significativa da quantidade de alimentos ingerida pelos grupos.

Entretanto, testando a influência da sociabilidade no comportamento alimentar,

nossos resultados mostraram que ao realizar as refeições em conjunto, não

ocorre diferença na quantidade de alimentos ingerida e nem no tempo de

duração da refeição das participantes. Porém, quando as participantes comem

sozinhas, observou-se voracidade alimentar tanto nas obesas sem CAP como

nas com CAP (comem a mesma quantidade de comida que o grupo eutrófico,

porém em tempo menor). Ou seja, as características estudadas não foram

Page 63: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

62

diferentes nas compulsivas, contudo, parece importante avaliar de foram mais

detalhada em futuros estudos o comportamento das obesas sem CAP e das

com CAP ao final do dia e no período noturno, o que não foi realizado no

presente estudo.

A freqüência da alimentação associa-se a alterações do metabolismo.

Por exemplo, sabe-se que para a manutenção da homeostase glicêmica ser

alcançada, pode haver grandes flutuações de hormônios (Oliveira et al., 2003),

como por exemplo, da insulina e do PYY observados na comparação dos três

grupos de nosso estudo. Tem sido demonstrado que fatores nutricionais

podem levar as alterações permanentes no metabolismo e na homeostase

glicêmica (De Freitas et al., 2003) podendo induzir o surgimento da obesidade

(Flatt et al., 1998). Nesta direção, sabe-se que as dietas afetam a secreção de

hormônios e estes por sua vez influenciam o comportamento alimentar

(Cambraia et al., 2004). Tal processo que possui alta capacidade de regulação

recíproca é extremamente complexo dado às múltiplas inter-relações

metabólicas geradas. Dentre os hormônios mais estudados destaca-se a

insulina que por sua peculiaridade de ser o único hormônio anabolizante

parece ocupar posição central na regulação e desenvolvimento do processo de

fome e de saciedade (Burton-Freeman et al., 1997).

Também existem fortes evidências de que a ingestão e utilização de

nutrientes são controladas por neuro-hormônios localizados no hipotálamo que

por sua vez interage com estruturas corticais responsáveis pela conexão

cognitiva e emocional com o meio ambiente (Killgore et al., 2003). Alterações

nestes sistemas neurais podem estar associadas às mudanças no

comportamento alimentar. Além de exercer funções essenciais nos processos

Page 64: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

63

de aprendizagem e memória, o hipotálamo também participa no controle da

fome e da motivação para o consumo de alimentos (Tracy et al., 2001).

Além de receber informações corticais (ou ambientais), o hipotálamo

recebe informações periféricas sobre as condições metabólicas das células nos

diferentes tecidos. Desta forma, ao atuar no hipotálamo, os hormônios

interagem com as informações corticais (Jenkins et al., 1980; Bernardis, 1996;

Burton-Freeman et al., 1997).

No desenho do estudo tentamos minimizar o efeito dietético sobre a

secreção dos hormônios estudados. Assim, orientamos as participantes para

um controle dietético, particularmente da composição dos macronutrientes da

dieta no mês que antecedeu o estudo, bem como controlamos a quantidade e

qualidade da dieta das refeições ofertadas às pacientes no dia experimental

(Zwirska-Korczala et al., 2007).

Há hormônios cuja secreção e ação se dá com pouca alteração

circadiana, como é o caso da leptina e, também aqueles que mesmo variando

circadianamente possuem um padrão de variação constante, como é o caso da

insulina. Os nossos resultados confirmaram esta hipótese, de que a leptina e a

insulina tem pouca alteração circadiana. Os grupos de obesas sem CAP e com

CAP apresentaram diferenças significativas em seus níveis séricos hormonais

basais (antes de ingerir o almoço), porém não foi observada diferença

significativa na variação de suas concentrações plasmáticas após a refeição.

Pode-se dizer que as concentrações hormonais basais diferenciadas entre os

grupos possuem importância na determinação do comportamento de fome e de

saciedade em longo prazo, porém possuem importância reduzida na

modulação da fome e saciedade em curto prazo.

Page 65: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

64

Separar a ação de curta e longa duração dos hormônios parece ser

fundamental, pois esses dois tipos de hormônios agem numa complexa rede de

neuropeptídeos e neurotransmissores que estão envolvidos na regulação do

comportamento alimentar e ganho de peso e, com isso, influenciam os

parâmetros de armazenamento e uso energético. (Williams et al., 2004).

Observa-se um quadro de balanço energético positivo, em obesos, apesar da

presença de hiperleptinemia, sugerindo o desenvolvimento de resistência a

esse hormônio. Entretanto, as suas concentrações séricas, assim como as

concentrações séricas aumentadas da insulina, em certo período da vida

antecipam o desenvolvimento da circuitária neuronal, estabelecida entre os

núcleos arqueado e paraventricular estabelecendo o consumo (Levine et al.,

1996; Mantzoros et al., 1999).

Em relação às concentrações plasmáticas de glicose, não observamos

diferença significativa entre os grupos, o que é importante, pois estes

resultados mostram que o metabolismo energético ainda não foi comprometido

pelas alterações hormonais causadas pela compulsão alimentar periódica.

Nossos resultados mostraram a hiperinsulinemia nos grupos de obesas com e

sem CAP o que era esperado, já que a secreção deste hormônio tem relação

com a adiposidade e também é regulado pela ingestão alimentar. Outros

estudos observaram que pacientes obesas apresentaram hiperinsulinemia e

hiperleptinemia em comparação ao grupo de peso normal (You et al., 1990;

Plagemman et al., 1992).

Não observamos alterações nos níveis de HOMA-IR das participantes

obesas com CAP, cujos níveis foram muito similares as das mulheres

eutróficas. Os maiores valores de resistência à insulina foram encontrados no

Page 66: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

65

grupo de obesas sem CAP em comparação aos demais grupos. Como as

obesas sem CAP possuíam maior IMC, estes valores encontrados são

consistentes com os valores observados na resistência à insulina, que também

são maiores no grupo de obesidade (Saltiel et al., 2001).

Em estudos experimentais demonstra-se o efeito direto da insulina em

uma área do hipotálamo chamada de núcleo paraventricular (NPV). A insulina

atua no sistema nervoso central (SNC) para modular a saciedade e regular a

ação da leptina (Soh et al., 1999). Quando há queda da glicemia, a insulina

induz o aumento do apetite (Morris et al., 1999; Soh et al., 1999).

Quanto à leptinemia, foram encontradas alterações significativas entre

os grupos, onde as obesas com e sem CAP apresentaram níveis séricos de

leptina maiores que as mulheres eutróficas, porém não foi encontrada variação

ao longo do tempo sugerindo que a leptina não explica as variações ao longo

do dia nas mulheres com compulsão alimentar periódica. A hiperleptinemia

sérica, encontrada em pessoas obesas, pode ser atribuída a alterações no

receptor de leptina ou a uma deficiência em seu sistema de transporte na

barreira hemato-cefálica, fenômeno denominado resistência à leptina (Considini

et al., 1996; Sandoval et al., 2003).

Resultados cada vez mais convincentes sugerem que o controle da fome

e da saciedade é dado por hormônios gastrintestinais. Destaca-se entre os

hormônios, a grelina que determina a fome e que está associada à secreção da

colecistoquinina e do PYY, o qual participa da saciedade alimentar (Konturek et

al., 2004). Os níveis séricos de PYY encontrados em nosso estudo mostram

que, diferente da leptina e da insulina, as concentrações séricas do PYY se

associam à compulsão alimentar. As mulheres obesas com CAP quando

Page 67: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

66

comparadas às mulheres obesas sem CAP e até mesmo com as eutróficas

apresentam menores níveis séricos de PYY, um sinalizador da menor

saciedade nesse grupo de mulheres. Ou seja, os dados sugerem uma

alteração específica hormonal em um subgrupo de obesidade, com uma

possível caracterização de grupos com menor sensação de saciedade dentro

da obesidade.

O peptídeo YY (PYY) é liberado no trato gastrintestinal no período pós-

prandial para o término da refeição, inibindo a atividade de neuropeptídeos,

como o NPY e a proteína relacionada ao agouti (AGRP), e estimulando as

células POMC/CART no núcleo arqueado do hipotálamo (Gura et al., 2003).

Desta forma, pode-se sugerir que a redução dos níveis séricos de PYY

encontradas especificamente no grupo de obesas com CAP poderia significar

uma redução da capacidade de bloquear o receptor do NPY, liberando os

impulsos nervosos em direção ao comportamento de fome.

O papel desempenhado pelo PYY na sinalização dos centros

hipotalâmicos que regulam o comportamento alimentar e o balanço energético

é amplamente documentado (Otto et al., 2006; Berazzoni et al., 2003; Neary et

al., 2005). Em roedores, estudos demonstram que o peptídeo YY sérico diminui

a ingestão alimentar e a adiposidade (Neary et al., 2005), enquanto em

indivíduos obesos ocorre menor elevação dos níveis séricos de PYY pós-

prandial, levando a uma ingestão calórica maior (Batterham et al., 2002).

Ainda em humanos, demonstra-se que a capacidade de gerar saciedade

do PYY é extradiornária, por exemplo, em um estudo randomizado duplo-cego

com cross-over, 12 pacientes com peso normal e 12 obesos receberam

infusões de PYY duas horas antes da ingestão da refeição. Depois de um

Page 68: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

67

período de repouso de 120 minutos, os indivíduos se serviram em um buffet.

Aqueles que receberam o peptídeo comeram em média um terço menos que

os indivíduos controles. O efeito durou 12 horas, sem haver compulsão

alimentar nas 24 horas subseqüentes (Batterham et al., 2002).

Sugere-se ainda que este hormônio associe sua ação a outros

hormônios moduladores de curta duração na regulação do balanço energético.

Em ratos, o PYY sérico diminui a ingestão alimentar em até 40% agindo

também sobre a ação do hormônio gástrico orexígeno, a grelina, que em altas

concentrações séricas pode diminuir a ação da leptina (Berazzoni et al., 2003).

Ou seja, o PYY modula indiretamente a ação de um hormônio de longa

duração (pouca alteração circadiana), fazendo os dois sistemas na modulação

da fome e da saciedade interagir.

Pode-se ainda acrescentar que os níveis séricos circulantes deste

peptídeo encontram-se diminuídos durante jejum prolongado e em estados de

hipoglicemia (Otto et al., 2006; Berazzoni et al., 2003; Neary, 2005). Estudos

prévios, envolvendo a liberação sérica deste hormônio, mostram que são os

tipos de nutrientes contidos na refeição, e não o seu volume, os responsáveis

pelo aumento ou decréscimo pós-prandial dos níveis plasmáticos de PYY. Em

um estudo realizado na Austrália, com indivíduos eutróficos não diabéticos, os

níveis séricos do PYY e da insulina aumentaram quando estes pacientes foram

submetidos à ingestão de refeições hiperglicêmicas (Boey et al., 2006). Como

controlamos a dieta no dia e mesmo nos dias anteriores as aferições, os dados

obtidos no presente estudo não dependem do consumo alimentar diferente

entre os grupos de obesas com e sem CAP.

Page 69: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

68

Um estudo randomizado com cross-over realizado com 73 pacientes

mostrou que a distensão gástrica causada pela ingestão de 300ml de dieta

líquida contendo 316 kcal era capaz de alterar os níveis de PYY (Roque et al.,

2006). No presente estudo, não observamos diferença na quantidade de

alimentos ingeridos nos grupos estudados, o que também afasta a

possibilidade de influência da distensão gástrica na diferença dos níveis séricos

de PYY. Por outro lado, uma redução dos níveis séricos de PYY estaria

associada ao aumento da resistência à insulina (Zwirska-Korczala et al., 2007;

Killgore et al., 2003) o que também não foi observado no presente estudo.

Page 70: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

69

CONCLUSÃO

Nossos resultados inéditos mostram que existe diferença da sensação

de fome e de saciedade em mulheres com episódios de compulsão alimentar.

Fome e saciedade são fenômenos distintos e tem sido associados à circuitária

neuroendócrina específica e, de acordo com as escalas de fome e saciedade,

nossos dados sugerem que a obesidade independente da compulsão possa

estar associada a menor sensação de saciedade. As escalas de fome e de

saciedade também mostraram que mulheres obesas compulsivas sentem mais

fome à noite, podendo este ser um comportamento de risco para o

comportamento compulsivo noturno que tem sido associado à apnéia do sono.

O grupo de mulheres obesas com compulsão alimentar periódica

também apresentou o menor nível sérico de Peptídeo YY em relação às

obesas sem compulsão, menor inclusive do que as eutróficas. Essa variação

hormonal pode explicar a menor sensação de saciedade do grupo compulsivo

em relação às mulheres obesas sem compulsão e as eutróficas.

Sugere-se que estudos futuros utilizem critérios diagnósticos para a

definição de transtorno de compulsão alimentar periódica, e que avaliem

escalas de fome e de saciedade, além da dosagem dos hormônios séricos

ligados a este controle da fome e saciedade incluindo o período da noite, já que

observamos maior alteração do comportamento compulsivo de nossas

pacientes no final da tarde e relato de maior sensação de fome à noite.

Page 71: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

70

REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS

Ades L, Kerbauy RR. Obésité: Réalités et Questions. Psicologia USP. 13

(1), 197-216, 2002.

Adrian TE, Ferri GL, Bacarese-Hamilton AJ, Fuessl HS, Polak JM, Bloom

SR. Human distribution and release of a putative new gut hormone, peptide YY.

Gastroenterology 89:1070-1077,1985.

Alexander C. The coming of age of the metabolic syndrome. Diabetes

Care. 26:3180-3181, 2003.

American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e estatístico

de transtornos mentais (DSM-IV). 4º edição. Porto Alegre: Artes Médicas,

p.845, 1994.

Basdevant A, Pouillon M; Lahlou N; Barzic M; Brillant M & Guy-Grand B.

Prevalence of binge eating disorder in different populations of French women.

Int J Eat Disord, 18(4): 309-305, 1995.

Batterham RL, Bloom SR. The gut hormone peptide YY regulates

appetite. Ann N Y Acad Sci 994:162-168,2003.

Batterham RL, Cohen MA, Ellis SM, Le Roux CW, Withers DJ, Frost GS,

Ghatei MA, Bloom SR. Inhibition of food intake in obese subjects by peptide

YY3-36. N Engl J Med 349:941-948, 2003.

Batterham RL, Cowley MA, Small CJ, Herzog H, Cohen MA, Dakin CL, et

al. Gut hormone PYY (3-36) physiologically inhibits food intake. Nature.

418:650-4, 2002.

Page 72: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

71

Berazzoni R, Zanetti M, Stebel M, Biolo G, Cattin L, Guarnieri G.

Hyperleptinemia prevents increased plasma ghrelin concentration during short

term moderate caloric restyrition in rats. Gastroenterology. 124: 1188-92, 2003.

Bernardi F,Cichelero C, Vitolo MR.Comportamento de restrição alimentar

e obesidade.Rev. Nutr., Campinas, 18(1):85-93, jan./fev., 2005.

Bernardis, 1996

Boehm BO, Claudi-Boehm S. The metabolic syndrome. Scand J Clin Lab

Invest Suppl. 240:3-13,2005.

Boey D, Heilbronn L, Sainsbury A, Laybutt R, Kriketos A, Herzog H,

Campbell LV. Low serum PYY is linked to insulin resistence infirst-degree

relatives of subjects with type 2 diabetes. Neuropeptides. 40: 317-324, 2006.

Bonora E, Kiechl S, Willeit J. Prevalence of insulin resistance in

metabolic disorders. The Bruneck Study. Diabetes. 47: 1643-1649,1998.

"Borges MBF, Jorge MR, Morgan CM, Silveira DX, Custódio O.Binge-

Eating Disorder in Brazilian Women on

a Weight-Loss Program.OBESITY RESEARCH Vol. 10 No. 11, 1127-

1134, November 2002."

Burton-Freeman B, Gietzen DW, Schneeman BO. Meal pattern analysis

to investigate the satiating potential of fat, carbohydrate, and protein in rats. Am

J Physiol. 273(6):1916-22,1997.

Buttom E, Loan P, Davies J, Sonuga-Backe EJS. Self esteem, eating

problems and psychological well-being in a cohort of schoolgirls aged 15-16: A

questionnaire and interview study. Int J Eat Disord. 21: 39-47,1997.

Cambraia RPB. Aspectos psicobiológicos do comportamento alimentar.

Rev. Nutr. Campinas, 17(2): 217-225, abr./jun., 2004.

Page 73: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

72

Chan JL, Heist K, DePaoli AM, Veldhuis JD & Mantzoros CS 2003 The

role of falling leptin levels in the neuroendocrine and metabolic adaptation to

short-term starvation in healthy men. Journal of Clinical Investigation 111 1409–

1421.

Cheng X, Broberger C, Tong Y, Yongtao X, Ju G, Zhang X & Hokfelt T

1998 Regulation of expression of neuropeptide Y Y1 and Y2 receptors in the

arcuate nucleus of fasted rats. Brain Research 792 89–96.

Christie MJ, Vaughan CW: Neurobiology: Cannabinoids act backwards.

Nature 410:527-30, 2001

Conceição E, Winck J, Sampaio R, Almeida J, Machado P, Marques

J.Eating behaviour disorder in obese and non-obese patients with obstructive

sleep apnea syndrome.Rev Port Pneumol.11:55-6, 2005.

Considini RV, Sinha MK, Heiman ML, Kriauciunas A, Stephens TW,

Nyce MR, et al. Serum immunoreactive leptin concentrations in normal-weight

and obese humans. N Engl J Med. 334(5):292-5, 1996.

Cota, D, Marsicano G, Tschop M et al: The endogenous cannabinoid

system affects energy balance via central orexigenic drive and peripheral

lipogenesis. J Clin Invest 112(3):423-31, 2003

Coutinho W. Estudo da compulsão alimentar periódica em pacientes

que procuram tratamento médico para emagrecer. Tese de doutorado, São

Paulo: Universidade Federal de São Paulo. 2000.

De Freitas MS, Souza EPS, Silva SV, Kaezer AR, Vieira RS, Moura AS,

Barja-Fidalgo TC. Upregulation of phosphatidylinositol 3-kinase and glucose

transporter 4 in muscle of rats subjected to maternal undernutrition. Biophys

Acta. 1639:8-16, 2003.

Page 74: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

73

Di Marzo V, Matias I: Endocannabinoid control of food intake and energy

balance. Nat Neurosci 8:585-9, 2005.

Dumesnil JG, Turgeon J, Tremblay A, Poirier P, Gilbert M, Gagnon L, St-

Pierre S, Garneau C, Lemieux I, Pascot A, Bergeron J, Despres JP. Effect of a

low-glycaemic index-low-fat-high protein diet on the atherogenic metabolic risk

profile of abdominally obese men. Br J Nutr. 86(5):557-568,2001.

Egger G. The case for using waist to hip ratio measurements in the

routine medical checks. Med J Aust. 156:280-285,1992.

Feinle-Bisset C, Patterson M, Ghatei MA, Bloom S R, Horowitz M. Fat

digestion is required for the suppression of ghrelin and stimulation of peptide YY

and pancreatic polypeptide secretion by intraduodenal lipid. American Journal

of Physiology Endocrinology and Metabolism. 2005.

Flatt JP, Tremblay A. Energy expenditure and substrate oxidation. In:

Bray G.A., Bouchard, C., James, W.P.T. Handbook of obesity. New York:

Marcel Dekker. p.513-537, 1998.

Food and nutrition board, National research council. Recommended

Dietary Allowances. 10 . ed. Washington: National Academy of Sciences; 1989.

Food and nutrition board. Dietary Reference Intake for energy and

macronutrients. Washington, D.C: National Academy Press; 1997.

Foster GD, Wadden TA, Swain RM, Stunkard AJ, Platte P, Vogt RA. The

Eating Inventory in obese women: clinical correlates and relationship to weight

loss. Int J Obes Relat Metab Disord. 23(1):106,1999.

Frattali AL , Treadway JL, Pessin JE. Transmembrane signaling by the

human insulin receptor kinase. Relationship between intramolecular beta

Page 75: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

74

subunit trans- and cis- autophosphorylation and substrate kinase activation. J.

Biol. Chem., Vol. 267, Issue 27, 19521-19528, Sep, 1992.

Freitas S, Gorenstein C e Appolinário JC. Instrumentos para a avaliação

dos transtornos alimentares. Rev Bras Psiquiatr. 24: 34-8,2002.

Freitas S; Lopes CS; Coutinho W; Appolinário JC. Tradução e adaptação

para o português da Escala de Compulsão Alimentar Periódica. Rev Bras

Psiquiatr. 23(4): 215-20,2001.

French SA, Jeffery RW, Sherwood NE, Neumark-Sztainer D. Prevalence

and correlates of binge eating in a nonclinical sample of women enrolled in a

weight gain prevention program. Int J O bes Relat Disord. 23(6): 576-585,1999.

Friedmann J M, Halaas JL. Leptin and the regulation of body weight in

mammals. Nature. 395(22):763-70, 1998.

Gavrilova O, Marcus-Samuels B, Graham D, Kim JK, Shulman GI, Castle

AL, Vinson C, Eckhaus M, Reitman ML. Surgical implantation of adipose tissue

reverses diabetes in lipoatrophic mice. J Clin Invest. 105:271-278, 2000.

Geliebter A, Gluck ME, Hashim AS.Plasma Ghrelin Concentrations Are

Lower in Binge-Eating Disorder.J. Nutr. 135:1326-1330, May 2005.

Geliebter A, Melton PM, McCray RS, Gallagher DR, Gage D, Hashim SA.

Gastric capacity, gastric emptying, and test-meal intake in normal and bulimic

women. Am J Clin Nutr. 1992 Oct;56(4):656-61

Gura T. Obesity drug pipeline not so fat. Science. 299:849-52, 2003.

Haber GB, Heaton KW, Murphy D, Burroughs LF. Depletion and

disruption of dietary fibre. Effects on satiety, plasma-glucose, and serum-insulin.

Lancet. 1; 2 (8040): 679-682,1977.

Page 76: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

75

Havel PJ. Mechanisms regulating leptin production: implications for

control of energy balance. Am J Clin Nutr. 1999; 70(3):305-6.

Havel PJ. Peripheral signals conveying metabolic information to the

brain: short-term and long-term regulation of food intake and energy

homeostasis. Exp Biol Med. 2001; 226(11):963-77.

Hedo JA, Harrison LC, Roth J. Binding of Insulin Receptors to Lectins:

Evidence for Common Carbohydrate Determinants on Several Membrane

Receptorst. Biochemistry. 20, 3385-3393,1981.

Herman C P, Mack D. Restrained and unrestrined eating. Journal of

Personality. 43, 647-660, 1975.

Hermsdorff HHM, Vieira MAQM, Monteiro JBR. Leptina e sua influência

na patofisiologia de distúrbios alimentares. Rev. Nutr. vol.19 no.3 Campinas

May/June 2006.

Holt SH, Miller JB. Increased insulin responses to ingested foods are

associated with lessened satiety. Appetite. 24(1):43-54,1995.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE). Pesquisa de

Orçamentos Familiares (POF), 2002-2003.

Jarvi AE, Karlstrom BE, Granfeldt YE, Bjorck IE, Asp NG, Vessby BO.

Improved glycemic control and lipid profile and normalized fibrinolytic activity on

a low-glycemic index diet in type 2 diabetic patients. Diabetes Care. 22(1):10-

18,1999.

Jenkins DJ, Jenkins AL, Wolever TM, Vuksan V, Rao AV, Thompson LU,

Josse RG. Low glycemic index: lente carboidratos and physiological effects of

altered food frequency. Am J Clin Nutr. 59:706S-709S,1994.

Page 77: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

76

Jenkins DJ, Wolever TM, Taylor RH, Barker HM, Fielden H, Baldwin JM,

Bowling AC, Newman HC, Jenkins AL, Goff DV. Glycemic index of foods: a

physiological basis for carbohydrate exchange. Am J Clin Nutr. 34(3):362-

366,1981.

Jenkins DJ, Wolever TM, Taylor RH, Barker HM, Fielden H.

Exceptionally low blood glucose response to dried beans: comparison with

other carbohydrate foods.Br Med J . 281(6240):578-580,1980.

Jenkins DJ, Wolever TM, Taylor RH, Ghafari H, Jenkins AL, Barker H,

Jenkins MJ. Rate of digestion of foods and postprandial glycaemia in normal

and diabetic subjects. Br Med J. 281(6232):14-17,1980.

Johnson JG, Spitzer RL,Willians JB. Health problems, impairment and

illnesses associated with bulimia nervosa and binge eating disorder among

primary care obstetric gynaecology patients. Psyckol Med. 31:1455-66,2001.

Killgore WD, Young AD, Femia LA, Bogorodzki P, Rogowska J,

Yurgelun-Todd DA. Cortical and limbic activation during viewing of high- versus

low-calorie foods. Hovarth T., The hardship of obesity: a soft-wired

hypothalamus. Neuroimage. Aug;19(4):1381-94,2003.

Kimball S R , Vary T C, Jefferson L S. Regulation of Protein Synthesis by

Insulin. Annual Review of Physiology.Vol. 56: 321-348, 1994.

Klein TW, Newton C, Larsen K, et al:The cannabinoid system and

immune modulation. J Leukoc Biol 74:486-496, 2003

Konturek SJ, Konturek JW, Pawlik T, Brozowki T. Brain-gut axis and its

role in the control of food intake. Journal of Physiology and Pharmacology 55:

137-54, 2004.

Page 78: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

77

Kouris-Blazos A, Wahlqvist ML. Health economics of weight

management: evidence and cost.Asia Pac J Clin Nutr.16 Suppl 1:329-38, 2007.

Levin BE & Routh VH. Role of the brain in energy balance and obesity.

Am J Physiol Regul Integr Comp Physiol. 271: 491-500, 1996.

Lohman TG, Roche AE, Martorell R. Anthropometric standardization

reference manual. Illinois: Human Kinetics Books; 1988.

Mantzoros CS. The role of leptin in human obesity and disease: a review

of current evidence. Ann Intern Med. 130:671-680, 1999.

Marsicano G, Wotjak CT, Azad SC, et al: The endogenous cannabinoid

system controls extinction of aversive memories. Nature 418:530-534, 2002

Matthews DR, Hosker JP, Rudenski AS, Naylor BA, Treacher DF, Turner

RC: Homeostasis model assessment: insulin resistance and B-cell function from

fasting plasma glucose and insulin concentrations in man. Diabetologia. 28:412-

419,1985.

Mendizabal VE, Adler-Graschinsky E: Cannabinoid system as a

potential target for drug development in the treatment of cardiovascular disease.

Curr Vasc Pharmacol 1:301-313, 2003

Monteiro CA, Moura EC, Conde WL, Popkin BM. Socioeconomic status

and obesity in adult populations of developing countries: a review. Bull World

Health Organ. 82(12):940-946,2004.

Moran, T. H., Smedh, U., Kinzig, K. P., Scott, K. A., Knipp, S., &

Ladenheim, E. E. Peptide YY (3-36) inhibits gastric emptying and produces

acute reductions in food intake in rhesus monkeys. American Journal of

Physiology: Regulatory Integrative Comparative Physiology. 288(2), R384-

R388, 2005.

Page 79: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

78

Morris KL, Zemel MB. Glycemic index, cardiovascular disease and

obesity. Nutrition Review, New York, v.57, n.9, pt.1, p.273-276, 1999.

Moura AS, Sa CCF, Costa CL, Vicente LL, Guerreiro SM, Pinto AM.

Association between nutrition and gender during lactation influencing glucose

homeostasis and blood pressure of the adult offspring. Biol Neonate.82(4):263-

270,2002.

Moura AS, Sá CCF, Costa CL. Glucose homeostasis of undernourished

rats during lactation. FASEB J. 13:256-261, 1999.

Moura AS, Sá CCF, Cruz HG, Costa CL. Malnutrition during lactation as

a metabolic imprinting factor inducing the feeding pattern of offspring rats when

adults. The role of insulin and leptin. Braz J Med Biol Res. 35:617-622, 2002.

Moura AS. Insulin secretion impairment and insulin sensitivity

improvement in adult rats undernourished during early lactation. Res Commun

Mol Pathol Pharmacol. 96:179-192, 1997.

Nasser M. Culture and weight consciousness. J Psychosom Res.

32:573-7,1988.

Neary NM, Small CJ, Druce MR, Park AJ, Ellis SM, Semjonous NM,

Dakin CL, Filipsson K, Wang F, Kent AS, Frost GS, Ghatei MA, Bloom SR.

Peptide YY3-36 and glucagon-like peptide-17-36 inhibit food intake

additively.Endocrinology.Dec;146(12):5120-7, 2005.

Nunes MA, Olinto MTA, Barros FC, Camey S. Percepção do peso

corporal e do IMC em comportamentos alimentares. Rev Bras Psiquiatr . 23(1):

21-7,1988.

Page 80: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

79

Oesch S, Ruegg C, Fisher B, Degen L, Beglinger C. Effect of gastric

distention prior to eating on food intake and feelings of satiety in humans.

Physiology and Behavior. 87: 903-910, 2006.

Oliveira MC, Sichieri R, Sanchez Moura A. Weight loss associated with a

daily intake of three apples or three pears among overweight women.Nutrition.

19(3):253-256,2003.

Organização Mundial de Saúde (OMS). Classificação de transtornos

mentais e comportamento da Classificação Internacional de Doenças (CID).

Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Ed Artes Médicas.

10ª edição. P. 351,1993.

Orr JEB, Davy B. Dietary Influences on Peripheral Hormones Regulating

Energy Intake: Potential Applications for Weight Management. Journal of the

American Dietetic Association. v. 105 n. 7, 2005.

Otto B, Cuntz U, Otto C, Heldwein W, Riepl RL, Tschöp MH.Peptide YY

release in anorectic patients after liquid meal. Appetite, 2006.

Padez C, Mourão I, Moreira P, Rosado V, Prevalence and risk factors of

overweight and obesity in portuguese children. Acta Paediat,

2005.94(11):p1550-7.

Pedersen-Bjergaard U, Host U, Kelbaek H, Schifter S, Rehfeld JF, Faber

J, Christensen NJ. Influence of meal composition on postprandial peripheral.

plasma concentrations of vasoactive peptides in man. Scand J Clin Lab Invest.

56:497-503,1996.

Plagemann A, Heidrich I, Götz F, Rohde W, Döner G. Obesity and

anhaced diabetes and cardiovascular risk in adult rats due to early postnatal

overfeeding. Exp Clin Endocrinol. 99:154-158, 1992.

Page 81: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

80

Pocock SJ. Clinical Trials. A practical approach. Brisbane: John Wiley &

Sons, 1989.

Qin L Q , Li J, Wang Y, Wang J, Xu JY, Kaneko T. The effects of

nocturnal life on endocrine circadian patterns in healthy adults. Life Sciences.

73: 2467-2475,2003.

Reagan P, Hersch J. Influence of race, gender and socioeconomic status

on binge eating frequency in a population-based sample. Int J Eat Disord. 38

(3): 252-256, 2005.

Roberts SB. High-glycemic index foods, hunger, and obesity: is there a

connection? Nutr Rev. 58(6):163-169,2000.

Rodrigues AM, Suplicy HL, Radominski RB. Neuroendocrine control of

food intake: implications in the genesis of obesity. Arq Bras Endocrinol Metab,

Aug. 2003, vol.47, no.4, p.398-409

Roque MIV, CM, Stephens DA, Michael DJ, Burton DD, Baxter KL,

Zinsmeister AR. Gastric sensorimotor functions and hormone profile in normal

weight, overweight and obese people. Gastroenterology. 131: 1717-1724, 2006.

Saltiel AR, Kahn R. Insulin signaling and the regulation of glucose and

lipid metabolism. Nature. 414:799-806, 2001.

Sandoval DA, Davis SN. Leptin: metabolic control and regulation. J Diab

Compl. 17(2): 108-13, 2003.

SAS Institute Inc. Selected SAS Documentation for Bio 226ab: Applied

longitudinal data analysis (Third Ed), Cary, NC, SAS Institute Inc, 2000.

Schenck CH, Arnulf I, Mahowald MW. Review of of noturnal sleep-related

eating disorders. Int J Eat Disord. 15:343-56, 1994.

Page 82: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

81

Schenck CH, Arnulf I, Mahowald MW. Sleep and sex: what can go

wrong? A review of the literature on sleep related disorders and abnormal

sexual behaviors and experiences. Sleep. Jun 1;30(6):683-702, 2007.

Schwartz MW, Baskin DG, Bukowski TR, Kuijper JL, Foster D, Lasser G,

Prunkard DE, Porte D Jr, Woods SC, Seeley RJ & Weigle DS 1996 Specificity

of leptin action on elevated blood glucose levels and hypothalamic neuropeptide

Y gene expression in ob/ob mice. Diabetes 45 531–535.

Schwartz MW, Woods SC, Porte D Jr, Seeley RJ;Baskin DG 2000

Central nervous system control of food intake. Nature 404 661–671.

Sichieri R, Coutinho DC, Leão MM, Rocine E, Everhart JE. High

temporal, geografic, and income variations in body mass index among adults in

Brazil. Am J Public Health. 84:793-8, 1994.

Sichieri R, Coutinho DC, Monteiro JB. Recomendações de alimentação e

nutrição saudável para a população brasileira. Arq Bras Endocrinol Metab, June

2000, vol.44, no.3, p.227-232.

Sichieri R, Siqueira KS, Moura AS. Obesity and abdominal fatness

associated with undernutrition early in life in a survey in Rio de Janeiro. Int J

Obes Relat Metab Disord. 24:614-618, 2000.

Sichieri R. Dietary patterns and their association with obesity in the

Brazilian city of Rio de Janeiro. Obes Res. 10:42-48, 2002.

Sichieri R. Is fat intake important in the public health control of obesity?

Am J Clin Nutr. 72:(1) 203-204,2000.

Siqueira KS, Appolinario JC, Sichieri R. Relationship between binge

eating episodes and self-perception of body weight in a non-clinical sample of

five Brazilian cities. Rev Bras Psiq. 2006.

Page 83: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

82

Soh NL, Brand-Miller J. The glycaemic index of potatoes: the effect of

variety, cooking method and maturity. Eur J Clin Nutr .53(4):249-254,1999.

Sptizer RL, Delvin MJ, Walsh BT, Hasin D, Wing R, Marcus MD. Binge

eating disorder: a multisite field trial of diagnostic criteria. Int J Eat Disord, 13:

137-153,1992.

Stanley BG, Daniel DR, Chin AS & Leibowitz SF 1985 Paraventricular

nucleus injections of peptide YY and neuropeptide Y preferentially enhance

carbohydrate ingestion. Peptides 6 1205–1211.

Stuart RB. Weight loss and beyond: Are they taking it off or keeping it

off? In: S. M. Davison & P. D. Davison (Eds.), Behavioral medicine: Changing

health lifestyles.New York. p. 151-194.1980.

Stunkard AJ. Two eating disorders: binge eating disorder and the night

eating syndrome. Appetite. 34: 333-334,2000.

Stunkard A J, Rush J. Dieting and depression re-examined: A critical

review of reports of untoward responses during weight reducion for obesity.

Annals of Internal Medicine, 81, 526-533,1974.

Taylor M, Cooper TL. Body size overestimation and depression. Brit J

Clin Psychol. 25:153 -4,1986.

Tracy AL, Leonard EJ, Davidson TL. The hippocampus and motivation

revisited: appetite and activity. Behav Brain Res. 127:13-23, 2001.

Tzischinski O, Lazer Y. Nocturnal eating disorder: sleep or eating

disorder? Harefuah. Feb 1;138(3):199-203, 271, 270, 2000.

Van der Stelt M, Di Marzo V: The endocannabinoid system in the basal

ganglia and in the mesolimbic reward system: implications for neurological and

psychiatric disorders. Eur J Pharmacol 480:133-150, 2003

Page 84: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

83

Vasconcelos AB, Mendonça GAS, Sichieri R. Height, weight, weight

change and risk of breast cancer in Rio de Janeiro, Brazil. Sao Paulo Med

J/Rev Paul Med.119(2):62-6, 2001.

Velásquez-Meléndez G, Silveira EA, Souza PA, Kac G. Relationship

Between Sitting Height to Stature Ratio and Adiposity in Brazilian Women .

American Journal of Human Biology, Estados Unidos, v. 17, n. 5, p. 646-653,

2005.

Vierhapper H, Heinze G, Nowotny P, Bieglmayer C. Leptin and the

control of obesity. Metabolism. 52(3):379-81, 2003.

Whitehead JP, Clark SF, Urso B, James DE. Signalling through the

insulin receptor. Curr Opin Cell Biol. 12:222-228, 2000.

Williams G, Cai XJ, Elliott JC, Harrold JA. Anabolic neuropeptides

Physiol Behav. 81:211–222, 2004.

Wolever TM. Dietary carbohydrates and insulin action in humans. Br J

Nutr. 83 (1):S97-102,2000.

World Health Organization. Food and Agriculture Organization

[WHO/FAO]. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. Geneva;

2003. [WHO - Technical Report Series, 916].

World Health Organization. Report of a WHO consultation on obesity.

Geneva, Italy, WHO/NUT/NCD/98.1. 1998.

Wynne K, Stanley S, McGowan B, Bloom S. Appetite control. Journal of

Endocrinology. 184:291-318, 2005.

You S, Götz WR, Döner G. Early postnatal overfeeding and diabetes

susceptibility. Exp Clin Endocrinol. 96:301-306, 1990.

Page 85: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

84

Zimmet P, Boyko EJ, Collier GR, Courten M. Etiology of metabolic

syndrome: potential role of insulin resistance, leptin resistance, and other

players. Ann NY Acad Sci. 18(892):25-44,1999.

Zwaan M. Binge eating disorder and obesity. Int J Obesity. 25 (suppl

1):S51-S55, 2001.

Zwirska-Korczala K, Konturek SJ, Sodowski M, Wylezol M, Kuka D,

Sowa P, Adamczyk-Sowa M, Kukla M, Berdowska A, Rehfeld JF, Bielanski W,

Brzozowski T.Basal and postprandial plasma levels of PPY, ghrelin,

cholecystokinin, gastrin and insulin in women with moderate and morbid obesity

and metabolic syndrome. J Physiol Pharmacol. Mar;58 Suppl 1:13-35, 2007.

Page 86: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

85

ANEXO 1

Consentimento Livre e Esclarecido

Propósito

Você está sendo convidado para fazer parte de uma pesquisa de avaliação da fome e da saciedade com diferentes padrões de dieta. Descrição do estudo O objetivo do estudo é de avaliar se diferentes padrões de dieta contribuem para a saciedade. O protocolo de pesquisa inclui sessões de aconselhamento dietético e nutricional individual. Procedimentos Você receberá cardápios durante as sessões de aconselhamento. No dia anterior a coleta de sangue você receberá os alimentos da dieta. As dietas que conferem maior saciedade podem proporcionar manutenção ou perda de peso. Ao ingressar no estudo, será introduzido um pequeno cateter no seu braço para auxiliar nas retiradas das alíquotas de sangue. Uma pequena alíquota de seu sangue será coletada em jejum (às 08:00 horas), e logo após a ingestão da dieta que será fornecida, será retirada outra pequena alíquota (às 8:30 horas), além de retiradas sucessivas a cada 30 minutos. O almoço será fornecido no dia de coleta de sangue. As mesmas coletas de sangue ocorrerão no período da tarde, iniciando às 15:00 horas.Você receberá orientações sobre os tipos de dietas que proporcionarão a saciedade. No final deste mesmo dia, será feita a aspiração com agulha de uma pequena alíquota da gordura de seu abdômen após anestesia local com Lidocaína a 1%. Riscos, desconfortos e inconveniências Você será aconselhada a seguir uma dieta que não confere nenhum risco especial. Durante a retirada da amostra de sangue e da gordura abdominal, você sentirá possível desconforto no local de inserção da agulha e, raramente, poderá desmaiar. A introdução do cateter pode, em alguns momentos, causar irritação local e, este procedimento será realizado com cautela por profissionais capacitados para este fim. Benefícios Manutenção de peso e até possível perda de peso. Alternativas A alternativa para participação neste estudo é não participar. Privacidade e confidencialidade Suas identificações serão removidas dos dados e nenhum pesquisador ou assistente poderá fornecer alguma informação sobre seus dados. Questões Se você tem dúvidas sobre o estudo ou algum dano relacionado à pesquisa você pode entrar em contato com Paula Paraguassú ou Rosely Sichieri no Instituto de Medicina Social, Rua S. Francisco Xavier, 524, sala 7015, telefone: 2587-7303, ramal 244, ou por e-mail: [email protected] e [email protected] Outras informações gerais Os resultados das análises e do estudo estarão disponíveis apenas no final do estudo. Os resultados estarão disponíveis na clínica em setembro de 2007.Você pode deixar de participar da pesquisa sem que isso afete o seu tratamento regular na clínica, mas você não receberá nenhum cuidado médico especial, exceto aqueles associados com a pesquisa. Você pode deixar o estudo a qualquer momento sem implicações em futuros atendimentos na Policlínica Piquet Carneiro ou no Hospital Universitário Pedro Ernesto. Eu fui informado da natureza e propósito deste estudo de pesquisa, seus procedimentos, benefícios, riscos e desconfortos. Eu aceito fazer parte desta pesquisa como um paciente. Eu

Page 87: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

86

entendo que minha participação é voluntária, que eu sou livre para retirar este consentimento e sair deste projeto a qualquer hora. Uma cópia assinada deste consentimento estará disponível para mim. ______________________________

Assinatura do pesquisador Data ____\____\____ ______________________________

Assinatura do paciente Data ____\____\____

Page 88: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

87

ANEXO 2

DOCUMENTO DE ÉTICA

Page 89: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

88

ANEXO 3

DIETA

PLANO ALIMENTAR EUTROFICAS CAP OBESAS CAFÉ DA MANHÃ QTDE UND MEDIDA CASEIRA LEITE DESNATADO 200 ML 1COPO DE REQUEIJÃO 1 1 CAFÉ 30 ML 2 DEDOS 2 2 ADOÇANTE 1 ML 8 GOTAS 8 8 PÃO DE FORMA 50 G 2 FATIAS 2 2 MARGARINA 15 G 2 PONTAS DE FACA 2 2 FRUTA 1 UND 1 QUOTA MÉDIA 1 1 COLAÇÃO FRUTA 1 UND 1 QUOTA MÉDIA 1 1 ALMOÇO ARROZ 100 G 4 COLHERES SOPA 6 6 FEIJÃO 60 G 1 CONCHA MEDIA 1 1 CARNE 100 G 1 PEDAÇO MÉDIO 1 1 VEGETAL A 0 G A VONTADE 0 0 VEGETAL B 60 G 4 COLHERES SOPA 5 5 FRUTA 1 UND 1 QUOTA MÉDIA 1 1 LANCHE LEITE DESNATADO 200 ML 1COPO DE REQUEIJÃO 1 1 CAFÉ 30 ML 2 DEDOS 2 2 ADOÇANTE 1 ML 8 GOTAS 8 8 PÃO DE FORMA 50 G 2 FATIAS 2 2 MARGARINA 15 G 2 PONTAS DE FACA 2 2 FRUTA 1 UND 1 QUOTA MÉDIA 1 1 JANTAR ARROZ 100 G 4 COLHERES SOPA 6 6 FEIJÃO 60 G 1 CONCHA MEDIA 1 1 CARNE 100 G 1 PEDAÇO MÉDIO 1 1 VEGETAL A 0 G A VONTADE 0 0 VEGETAL B 60 G 4 COLHERES SOPA 5 5 FRUTA 1 UND 1 QUOTA MÉDIA 1 1 CEIA CHÁ DE ERVAS 200 ML 1 XICARA 1 1 ADOÇANTE 1 ML 8 GOTAS 8 8 BISCOITO MAISENA 30 G 2 UND 2 4

Page 90: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

89

ANEXO 4

Escala de Compulsão Alimentar Periódica BES (BINGE EATING SCALE)

Autores: GORMALLY, J; BLACK,S; DASTON, S & RARDIN, D. (1982) Tradutores: FREITAS, S.R., APPOLINÁRIO, J.C.& COUTINHO, W. (2000) Nome: ________________________________________ Data:__________ Lista de verificação dos hábitos alimentares. Instruções: Você encontrará abaixo grupos de afirmações numeradas. Leia todas as afirmações em cada grupo e marque, nesta folha, aquela que melhor descreve o modo como você se sente em relação aos problemas que tem para controlar seu comportamento alimentar. 1. ( ) 1. Eu não me sinto constrangido(a) com o meu peso ou tamanho do meu corpo quando estou com outras pessoas. ( ) 2. Eu me sinto preocupado(a) sobre como pareço para os outros, mas isto, normalmente, não me faz sentir desapontado(a) comigo mesmo(a). ( ) 3. Eu fico constrangido(a) com minha aparência e o meu peso, o que me faz sentir desapontado(a) comigo mesmo(a). ( ) 4. Eu me sinto muito constrangido(a) com o meu peso e, freqüentemente, sinto muita vergonha e desprezo por mim mesmo(a). Tento evitar contatos sociais por causa deste constrangimento. 2. ( ) 1. Eu não tenho nenhuma dificuldade para comer devagar. ( ) 2. Embora pareça que eu devore os alimentos, não acabo me sentindo empanturrado(a) por comer demais. ( ) 3. Às vezes, tendo a comer rapidamente, sentindo-me então desconfortavelmente cheio(a) depois. ( ) 4. Eu tenho o hábito de engolir minha comida sem realmente mastigá-la. Quando isto acontece, em geral me sinto desconfortavelmente empanturrado (a) por ter comido demais. 3. ( ) 1. Eu me sinto capaz de controlar meus impulsos para comer, quando eu quero. ( ) 2. Eu sinto que tenho falhado em controlar meu comportamento alimentar, mais do que a média das pessoas. ( ) 3. Eu me sinto totalmente incapaz de controlar meus impulsos para comer. ( ) 4. Por me sentir tão incapaz de controlar meu comportamento alimentar, entro em desespero tentando manter o controle. 4. ( ) 1. Eu não tenho o hábito de comer quando estou chateado(a). ( ) 2. Às vezes, eu como quando estou chateado(a) mas, freqüentemente, sou capaz de me ocupar e afastar minha mente da comida. ( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer quando estou chateado(a) mas, de vez em quando, posso usar alguma outra atividade para afastar minha mente da comida. ( ) 4. Eu tenho um forte hábito de comer quando estou chateado(a). Nada parece me ajudar a parar com este hábito. 5. ( ) 1. Normalmente quando como alguma coisa é porque estou fisicamente com fome. ( ) 2. De vez em quando como alguma coisa por impulso, mesmo quando não estou realmente com fome. ( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer alimentos que realmente não aprecio para satisfazer uma sensação de fome, mesmo que fisicamente eu não necessite de comida.

Page 91: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

90

( ) 4. Mesmo que não esteja fisicamente com fome, tenho uma sensação de fome em minha boca que somente parece estar satisfeita quando eu como um alimento, tipo um sanduíche, que enche a minha boca. Às vezes, quando eu como o alimento para satisfazer minha “fome na boca”, em seguida eu o cuspo, assim não ganharei peso. 6. ( ) 1. Eu não sinto qualquer culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais. ( ) 2. De vez em quando sinto culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais. ( ) 3. Quase todo o tempo sinto qualquer culpa ou ódio de mim mesmo(a) depois de comer demais. 7. ( ) 1. Eu não perco o controle total da minha alimentação quando estou em dieta, mesmo após períodos em que como demais. ( ) 2. Às vezes, quando estou em dieta e como um alimento proibido, sinto como se tivesse estragado tudo e como ainda mais. ( ) 3. Freqüentemente, quando como demais durante uma dieta, tenho o hábito de dizer para mim mesmo(a): “Agora que estraguei tudo, porque não ir até o fim.” Quando isto acontece, eu como ainda mais. ( ) 4. Eu tenho o hábito regular de começar dietas rigorosas por mim mesmo(a), mas quebro as dietas entrando numa compulsão alimentar. Minha vida parece ser “uma festa” ou “um morrer de fome”. 8. ( ) 1. Eu raramente como tanta comida a ponto de me sentir desconfortavelmente empanturrado(a) depois. ( ) 2. Normalmente, cerca de uma vez por mês, como uma tal quantidade de comida que acabo me sentindo muito empanturrado(a). ( ) 3. Eu tenho períodos regulares durante o mês, quando como grandes quantidades de comida, seja na hora das refeições, seja nos lanches. ( ) 4. Eu como tanta comida que, realmente, me sinto bastante desconfortável depois de comer e, algumas vezes, um pouco enjoado(a). 9. ( ) 1. Em geral, minha ingesta calórica não sobe a níveis muito altos, nem desce a níveis muito baixos. ( ) 2. Às vezes, depois de comer demais, tento reduzir minha ingesta calórica para quase nada, para compensar o excesso de calorias que ingeri. ( ) 3. Eu tenho o hábito regular de comer demais durante a noite. Parece que a minha rotina não é estar com fome de manhã, mas comer demais à noite. ( ) 4. Na minha vida adulta tenho tido períodos, que duram semanas, nos quais praticamente me mato de fome. Isto se segue a períodos em que como demais. Parece que vivo uma vida de “festa” ou de “morrer de fome”. 10. ( ) 1. Normalmente eu sou capaz de parar de comer quando eu quero. Eu sei quando “já chega”. ( ) 2. De vez em quando, eu tenho uma compulsão para comer que parece que não posso controlar. ( ) 3. Freqüentemente tenho fortes impulsos para comer que parece que não sou capaz de controlar, mas em certas ocasiões, posso controlar meus impulsos para comer. ( ) 4. Eu me sinto incapaz de controlar impulsos para comer. Eu tenho medo de não ser capaz de parar de comer por vontade própria. 11. ( ) 1. Eu não tenho problema algum de parar de comer quando me sinto cheio(a). ( ) 2. Eu, normalmente, posso parar de comer quando me sinto cheio(a) mas, de vez em quando, comer demais me deixa desconfortavelmente empanturrado(a).

Page 92: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

91

( ) 3. Eu tenho um problema para parar de comer , uma vez que, eu tenha começado e, normalmente, sinto-me desconfortavelmente empanturrado(a) depois que faço uma refeição. ( ) 4. Por eu ter um problema de não ser capaz de parar de comer quando quero, às vezes tenho que provocar o vômito, usar laxativos e/ou diuréticos para aliviar minha sensação de empanturramento. 12. ( ) 1. Parece que eu como tanto quando estou com os outros (reuniões familiares, sociais), como quando estou sozinho(a). ( ) 2. Às vezes, quando eu estou com outras pessoas, não como tanto quanto eu quero comer porque me sinto constrangido(a) com o meu comportamento alimentar. ( ) 3. Freqüentemente eu como só uma pequena quantidade de comida quando outros estão presentes, pois me sinto muito embaraçado(a) com o meu comportamento alimentar. ( ) 4. Eu me sinto tão envergonhado(a) por comer demais que escolho horas para comer demais quando sei que ninguém me verá. Eu me sinto como uma pessoa que se esconde para comer. 13. ( ) 1. Eu faço três refeições ao dia com apenas um lanche ocasional entre as refeições. ( ) 2. Eu faço três refeições ao dia, mas normalmente, também lancho entre as refeições. ( ) 3. Quando eu faço lanches pesados, tenho o hábito de pular as refeições regulares. ( ) 4. Há períodos regulares em que parece que eu estou continuamente comendo, sem refeições planejadas. 14. ( ) 1. Eu não penso muito em tentar controlar impulsos indesejáveis para comer. ( ) 2. Pelo menos, em algum momento, sinto que meus pensamentos estão “pré-ocupados” com tentar controlar meus impulsos para comer. ( ) 3. Freqüentemente, sinto que gasto muito tempo pensando no quanto comi ou tentando não comer mais. ( ) 4. Parece, para mim, que a maior parte das horas em que passo acordado(a) estão ‘pré-ocupadas” por pensamentos sobre comer ou não comer. Sinto como se estivesse constantemente lutando para não comer. 15. ( ) 1. Eu não penso muito sobre comida. ( ) 2. Eu tenho fortes desejos por comida mas eles só duram curtos períodos de tempo. ( ) 3. Há dias em que parece que eu não posso pensar em mais nada a não ser comida. ( ) 4. Na maioria dos dias, meus pensamentos parecem estar “pré-ocupados” com a comida. Sinto como se eu vivesse para comer. 16. ( ) 1. Eu normalmente sei se estou ou não fisicamente com fome. Eu como a porção certa de comida para me satisfazer. ( ) 2. De vez em quando eu me sinto em dúvida para saber se estou ou não fisicamente com fome. Nestas ocasiões é difícil saber quanto eu deveria comer para me satisfazer. ( ) 3. Mesmo que eu pudesse saber quantas calorias eu deveria ingerir, não tenho idéia alguma de qual seria a quantidade “normal” de comida para mim.

Page 93: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

92

Page 94: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

93

ANEXO 5

Entrevista (Pontos da DSM-IV)

PONTOS RELACIONADOS AO COMPORTAMENTO ALIMENTAR:

Page 95: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

94

ANEXO 6

Questionário sócio-econômico

I. Fatores de exclusão: LEMBRETE: Não pergunte se a pessoa tem as doenças relacionadas abaixo, elas poderão ser verificadas através da pergunta 3, possíveis exames reportados pela pessoa ou acompanhante durante a entrevista. - Doenças de exclusão: câncer, aids, hipotireoidismo, hipertireodismo, diabetes, hipertensão secundária a feocromocitoma, nefrites, ovário policístico, lesão de alguma válvula cardíaca, aneurisma, estar em tratamento de tuberculose ou recém diagnosticada. - Também serão excluídas as grávidas, ou em amamentação, ou que nunca tiveram filhos, aquelas que estiverem na menopausa, que relatarem tomar remédio para redução de lipídios e que não souberem ler. 01. Você está grávida? 1. ( ) não 2. ( ) sim 3. ( ) acho que sim 02. Você está amamentando? 1. ( ) não 2. ( ) sim 03. Você tem ou está com alguma doença no momento: __________________________________ 04. Quantos filhos você tem? ( ) um ( ) dois ( ) mais de dois ( ) nenhum 05. Pretende ficar grávida nos próximos 2 anos?( ) não ( ) sim 06. Sabe dizer qual o seu peso? __________________ 07. Sabe dizer qual a sua altura? _________________ 08. IMC:_____________ (só serão incluídas na pesquisa, mulheres com IMC entre 23-27 Kg/m2). 09. Qual é a sua idade? ___________ (só serão incluídas mães com 25 a 45 anos). 10. Peso aferido: ______________ 11. Estatura aferida: ____________ 12. IMC: ____________

II. Identificação e controle

Entrevistador (nome): __________________ Digitador (nome): __________________

Nº do registro__ __ __ __

Dados Pessoais 01. Nome_________________________________________________________ 02.Idade: . 03. Estado civil: 01. ( ) solteira 02. ( ) união estável 03. ( ) separada 04. ( ) viúva 05 Endereço: _________________________________________________________________ ______________________________Bairro:_________________________ CEP:______-__ 06.Telefone 1. Residência ___________ 2. Trabalho:___________ 3. Recados __________ 07.Cor: Opinião do entrevistador 1. ( ) branca 2. ( ) parda (morena) 3. ( ) preta (mulato) 4. ( ) amarela (oriental)

III.Local de refeições e gostos Na maior parte dos dias onde você faz as refeições: Café da manhã: ( ) em casa ( ) leva comida de casa ( ) fora de casa Almoço: ( ) em casa ( ) leva comida de casa ( ) fora de casa Jantar: ( ) em casa, come comida ( ) em casa, geralmente lanche ( ) fora de casa Alimentos favoritos: numere os 5 alimentos que mais gosta, sendo 1 o favorito: Pães ( ) Doces ( ) Arroz e feijão ( ) Chocolates ( ) Leite ( ) Frutas ( ) Carnes ( ) Refrigerantes ( ) Verduras ( ) Biscoitos ( ) Sorvetes ( ) Outros:_______________ ( ) gosta de todos. Alimentos que não gosta: numere os 5 alimentos que menos gosta, sendo 1 o que gosta menos: Pães ( ) Doces ( ) Arroz e feijão ( ) Chocolates ( ) Leite ( ) Frutas ( ) Carnes ( ) Refrigerantes ( ) Verduras ( ) Biscoitos ( ) Sorvetes ( ) Outros:__________________ ( ) gosta de todos.

Page 96: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

95

IV. Informações sobre nascimento e 1º ano: 01. Sabe com que peso nasceu? 1.( ) não 2. ( ) sim 02. Se sim, quanto? __ __ __ __ g 03. Sabe informar se nasceu com peso: 1. ( ) normal 2. ( ) menor do que o normal 3. ( ) acima do normal 9. ( ) não sabe informar 04. Esteve internada no primeiro ano de vida? 1.( ) não 2.( ) sim 9.( ) não sabe 05. Se sim, quantas vezes esteve internada no primeiro ano de vida? 1. ( ) 1 vez 2. ( ) 1 a 3 vezes 3. ( ) 4 a 6 vezes 4. ( ) mais de 6 vezes 9. ( ) não sabe

06. Foi prematura (nasceu antes do tempo)? 1.( ) não 2.( ) sim 9.( ) não sabe 07.Foi amamentada ao peito? 1.( ) não 2.( ) sim 9.( ) não sabe 08. Se sim, quanto tempo foi amamentada ao peito? 1. ____________ meses 9.( ) não sabe 09. Sua mãe ou quem a criou tem telefone em casa ou de recado, (para validar informações de quando criança e valores de altura e peso dos pais): 1.( ) não 2.( ) sim 9.( ) não sabe/falecida 10. Se sim, forneça os dados a seguir (de sua mãe ou quem te criou): Nome completo: __________________________ Endereço:_______________________________ Bairro: ___________________CEP:__________ Estado: _____________________ Cidade________ Tel.: _____-________

V. Informações sobre saúde dos pais: (perguntar se pais são vivos e mesmo que os pais tenham morrido perguntar) 01. Qual a altura dos pais biológicos: (para 1 metro e 60 centímetros anote 160 cm) Pai: __ __ __ cm 9.( ) não sabe ( ) Pai morreu antes dos 40 anos Mãe: __ __ __ cm 9.( ) não sabe ( ) Mãe morreu antes dos 40 anos 02. Qual é/era o peso dos seus pais biológicos Pai: __ __ __ kg 9.( ) não sabe ( ) Pai morreu antes dos 40 anos Mãe: __ __ __ kg 9.( ) não sabe ( ) Mãe morreu antes dos 40 anos 03. Entre 40 e 50 anos seu pai biológico é/era: 1.( ) muito gordo 2.( ) gordo 3.( ) normal 4.( ) magro 5.( ) muito magro 9.( ) não sabe 04. Entre 40 e 50 anos sua mãe biológica é/era: 1.( ) muito gorda 2.( ) gorda 3.( ) normal 4.( ) magra 5.( ) muito magra 9.( ) não sabe 05. Sua mãe biológica é/era : 1.( ) muito alta 2.( ) alta 3.( ) normal 4.( ) baixa 5.( ) muito baixa 9.( ) não sabe 06. Seu pai biológico é/era : 1.( ) muito alto 2.( ) alto 3.( ) normal 4.( ) baixo 5.( ) muito baixo 9.( ) não sabe 07. Seus pais biológicos são/eram hipertensos? 1.( ) não 2.( ) somente a mãe 3.( ) somente o pai 4.( ) mãe e pai 9.( ) não sabe informar 08. Seus pais biológicos têm ou já tiveram níveis altos de colesterol? 1.( ) não 2.( ) somente a mãe 3.( ) somente o pai 4.( ) mãe e pai 9.( ) não sabe informar 09. Seus pais biológicos tiveram ataque cardíaco (infarto do miocárdio) antes dos 50 anos? 1.( ) não 2.( ) somente a mãe 3.( ) somente o pai 4.( ) mãe e pai 9.( ) não sabe informar 10. Seus pais biológicos são/eram diabéticos? 1.( ) não 2.( ) somente a mãe 3.( ) somente o pai 4.( ) mãe e pai 9.( ) não sabe informar

Page 97: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

96

VI. Informações sobre saúde 01. Qual foi seu peso máximo (excluindo os períodos de gestação)? __ __ __. __Kg 9.( ) não sabe 02. Quantos anos tinha quando atingiu seu peso máximo? __ __ anos 9.( ) não sabe 03. Fez regime para perder peso no último ano? 1.( ) não 2.( ) sim 9.( ) não lembra 04. Se sim, quantas vezes ? __ __ 05. Está usando pílula ou injeção anticoncepcional? ( ) não ( ) sim Nome da pílula:_______________________ 06. Fez laqueadura (ligou as trompas)? ( ) não ( ) sim 07. Caso sim, ano _________ 08. Com que idade teve sua primeira menstruação? __ __ anos 9.( ) não sabe informar 09. Qual a idade da primeira gravidez incluindo abortos e nascimentos mortos? _____ anos 9.Não sabe 10. Quantas vezes engravidou incluindo abortos e nascimentos mortos? _____ vezes 9.Não sabe 11. Quantos filhos vivos teve? _____ vezes 9.Não sabe 12. Apresentou quadro de diabetes gestacional em alguma gravidez? 1.( ) não 2.( ) sim 9.( ) não sabe 13. Teve o útero retirado? 1.( ) não 2.( ) sim 9.( ) não sabe 14. Se sim, com que idade? _____ anos 9.( ) não sabe 15. Teve o(s) ovário(s) retirado(s) 1.( ) não 2.( ) somente um 3.( ) os dois 4.( ) não sabe 16. Se sim, com que idade? _____ anos 9.( ) não sabe 17. Você fuma cigarros atualmente? 1.( ) Sim 2.( ) Não, nunca fumei 3.( ) Não, fumei no passado, mas parei de fumar

Ano em que parou: __________. 18. Em geral, quantos cigarros por dia você fuma? 1.___ ___ cigarros 2.( ) Menos de um cigarro por dia. VII. Informações sobre renda e escolaridade: 01. Na sua família somando tudo o que você seus familiares ganham, qual sua renda por mês? _________reais 02. Quantas pessoas vivem desta renda? _____ 03. Quem é o chefe da sua família? ___________ Se a própria entrevistada pule para 05. 04.Qual é a série que o chefe da família cursou com aprovação? Série _______ Grau ________ 05. Qual foi a série que você cursou com aprovação? Série ______ Grau ______ Informações adicionais: Sem escolaridade – 00; superior incompleto – 03; superior completo – 33; pós-graduação – 44. 1ºgrau: ensino fundamental; 2ºgrau: ensino médio; 3º grau: ensino superior. 04. Quais dos seguintes itens possui no lar:

Possui Itens Não possui Quantos:

1 2 3 4 e + Televisão em cores Rádio Banheiro Automóvel Empregada mensalista Aspirador de pó Máquina de lavar Vídeo cassete ou DVD Geladeira Freezer (aparelho independente ou parte da geladeira duplex).

Page 98: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

97

VIII. Informações sobre hábitos alimentares 01. Você habitualmente: 1. toma café da manhã ? ( ) 1. sim ( ) 2. não 2. lancha entre café da manhã e almoço? ( ) sim ( ) não 3. almoça ? ( ) sim ( ) não 4. lancha a tarde? ( ) sim ( ) não 5. janta? ( ) sim ( ) não 6. come após o jantar? ( ) sim ( ) não 02. Com que freqüência come frutas? 1.( ) 3 vezes ao dia 2.( )2 vezes ao dia 3.( ) 1 vez por dia 4.( ) 5 a 6 vezes por semana 5.( ) 2 a 4 vezes por semana 6.( ) 1 vez por semana 7. ( ) 1 a 3 vezes por semana 8. ( ) nunca ou quase nunca 03. Sente muita vontade de comer doces? 1. ( ) nunca 2. ( ) menos de 1 vez por semana 3. ( ) 1 vez por semana 4. ( ) 2 ou mais vezes por semana 5. ( ) diariamente

04. Sente muita vontade de comer chocolates? 1. ( ) nunca 2. ( ) menos de 1 vez por semana 3. ( ) 1 vez por semana 4. ( ) 2 ou mais vezes por semana 5. ( ) diariamente 05. Você costuma comer a pele do frango? 1.( ) sim 2.( ) não 06. Com que frequência costuma comer alimentos integrais (Ex.: arroz mais escuro)? 1.( ) não sabe o que é 2.( ) nunca ou quase nunca 3.( ) 1 vez por dia ou mais 4.( ) 5 a 6 vezes por semana 5.( ) 2 a 4 vezes por semana 6.( ) 1 vez por semana 7.( ) 1 a 3 vezes por mês 07. Quanto da gordura visível da carne você tira antes de comer? 1.( ) tira toda a gordura visível 2.( ) tira a maior parte 3.( ) tira pequena parte da gordura 4.( ) não tira a gordura 5.( ) não come carne

14. Qual a freqüência com que você consumiu os seguintes alimentos no último mês? 1 vez

por dia ou mais

5 a 6 vezes por semana

2 a 4 vezes por semana

1 vez por semana

1 a 3 vezes por

mês

Nunca ou

quase nunca

Não sabe

Azeite de dendê Azeite (óleo de oliva) Óleo maria (óleo + azeite ou óleo composto)

Gordura vegetal Óleo de soja Óleo milho, amendoim, girassol. Óleo de canola Banha de porco/ toucinho/bacon Salgadinhos:pastel/coxinha Amendoim ou preparado de amendoim Castanha do Pará, de caju, nozes. Carnes e peixes conservados no sal como bacalhau, carne seca, charque.

Alimentos enlatados ou em conservas

Page 99: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

98

09. Atividade usual do último ano:

Não Sim Atividades

POR SEMANA Nº de vezes

por semana Tempo gasto cada vez em

minutos 1.Caminha, além de ir para o trabalho/escola

2.Corre

3.Alongamento, ioga ou tai-chi-chuan

4.Bicicleta, bicicleta ergométrica ou natação

5. Ginástica aeróbica ou hidroginástica

6.Musculação

7. Outras de laser: _____________________

8. Faz faxina na casa

9. Varre casa

10. Limpa quintal

11. Lava roupa semanalmente sem utilizar máquina de lavar ou tanquinho? 1. Sim ( ) 2. Não ( ) 12. Em caso afirmativo, a roupa lavada é: 1. Somente a sua ( ) 2. De toda a família ( ) 13.Passa roupa semanalmente? 1. Sim ( ) 2. Não ( ) 14. Em caso afirmativo, a roupa passada é: 1. Somente a sua ( ) 2. De toda a família ( ) 15. Cuida de criança com 3 anos ou menos? 1. Sim ( ) 2. Não ( )

X.Trabalho e Atividade física

01.Atualmente trabalha fora do lar: 1. ( ) sim 2. ( ) não 02. O que faz no seu trabalho? ______________________________________ 03. Caso não, porque? 1. Nunca trabalhou fora ( )+ 2.Trabalhou e está desempregada ( ) 3.Trabalhou e está aposentada/pensionista ( ) 4.Trabalhou e está de licença ( ) 5.Outros ( ) ___________________________

04. Quantos dias trabalha por semana? ______ dias. 05. Quantas horas por dia? ____ horas. 06. Usualmente, quantas horas dorme a noite? _____ horas. 07. Quantas horas, em média assiste TV? De manhã . À tarde - À noite . 08. Como vai para o trabalho/escola: 1. ( ) não vai, não se aplica. 2. ( ) andando ou de bicicleta. Ida: _______minutos/dia Volta: ______ minutos/dia

Page 100: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

99

ANEXO 7

Page 101: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

100

ANEXO 8

Escala Analógica Visual para a mensuração da fome e da saciedade (S.H.A.HOLT & J.B. MILLER, 1995)

Nome:______________________________Data:___________Reg:_____ ___________ horas ________________________________________________________________________________

Extrema

saciedade

Fome

Extrema Fome Pouca

fome

Sem

sensação

particular

Pouco

satisfeita

Satisfeita

Page 102: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

101

ANEXO 9

Recordatório de 24 horas

HORA/

LOCAL

PREPARAÇÃO QUANTIDADE

(g./med. caseira)

OBSERVAÇÕES D

ES

JEJU

M

CO

LAÇ

ÃO

ALM

O

LAN

CH

E

JAN

TA

R

CE

IA

Alergias e Aversões alimentares:

Page 103: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )

Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas

Page 104: ALTERAÇÕES HORMONAIS DA FOME E DA SACIEDADE NA …livros01.livrosgratis.com.br/cp055825.pdf · Alterações hormonais da fome e da saciedade na obesidade e na ... Instituto Brasileiro

Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo