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MESTRADO EM ACTIVIDADE FÍSICA ESPECIALIDADE DE GERONTOMOTRICIDADE Alterações nas Capacidades Motoras Básicas, em Idosos Institucionalizados Submetidos à Prática de Actividade Física Daniel Gil C. R. Taveira Castelo Branco 2010

Alterações nas Capacidades Motoras Básicas, em Idosos ...repositorio.ipcb.pt/bitstream/10400.11/1200/1/Binder1.pdf · A nossa amostra consistiu num grupo de 32 idosos, com mais

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MESTRADO EM ACTIVIDADE FSICA ESPECIALIDADE DE GERONTOMOTRICIDADE

Alteraes nas Capacidades Motoras Bsicas, em Idosos Institucionalizados

Submetidos Prtica de Actividade Fsica

Daniel Gil C. R. Taveira Castelo Branco 2010

MESTRADO EM ACTIVIDADE FSICA ESPECIALIDADE DE GERONTOMOTRICIDADE

Alteraes nas Capacidades Motoras

Bsicas, em Idosos Institucionalizados

Submetidos Prtica de Actividade

Fsica

Dissertao apresentada Escola Superior de

Educao do Instituto Politcnico de Castelo

Branco com vista obteno do grau de

Mestre em Actividade Fsica na Especialidade

de Gerontomotricidade.

Orientador: Prof. Dr. Joo Manuel P. D. Petrica

Daniel Gil C. R. Taveira

Castelo Branco 2010

ABREVIATURAS

ACSM American College of Sports Medicine

C.S.- Correlao de Spearman

cm Centmetros

FFT Functional Fitness Test

Flex. Flexibilidade Superior

Inf. Inferior

m Metros

mx. Mximo

n - Numero

OMS Organizao Mundial de Sade

rep Repeties

s Segundos

Sup. Superior

Vel/Agil/Equi Velocidade/Agilidade/Equilbrio

"Atravs do desporto e do exerccio fsico, entre outras actividades,

possvel encostar-se uma forma mais s, divertida

e confortvel de viver os ltimos anos de vida. "

Zambrana, 1991

Instituto Politcnico de Castelo Branco

Escola Superior de Educao

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1

Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

AGRADECIMENTOS

A verdade que para hoje chegar aqui, nesta etapa da minha vida estudantil e

profissional, contei sempre com a ajuda e apoio dos professores, da minha famlia e

dos meus amigos.

com esta reflexo que aqui agradeo a todos eles e em particular...

Ao Professor Doutor Joo Manuel Patrcio Duarte Petrica, agradeo toda a

simpatia, ajuda e disponibilidade no esclarecimento de dvidas e na orientao deste

trabalho.

s instituies onde apliquei os testes onde to carinhosamente fui recebido, dando-

me toda a liberdade e meios para que tudo corresse na perfeio.

Ao Professor Paulo Silveira por me elucidar sobre o programa do SPSS 16 para

Windows.

A todos os utentes que se mostraram receptivos para colaborar no estudo, por

todo os ptimos momentos que passei com eles, pelo que me deram a aprender, o

meu muito obrigada.

Aos meus pais que sempre acreditaram no meu valor, que sempre se

esforaram para me dar o melhor e me incentivar para poder chegar onde estou,

obrigada por toda a confiana depositada, compreenso nos momentos menos bons e

principalmente por se orgulharem de mim.

minha cara-metade, sem ti Mariana, este trabalho no se teria

realizado...todas as horas que lhe dedicaste fazem dele tambm o teu trabalho. Quero

muito agradecer-te todo o compromisso e dedicao que revelaste aquando das

nossas "visitas" s instituies.

Quero agradecer-te a segurana, a fora que me passas, mesmo que isso

implique a reduo ou mesmo a eliminao dos nossos momentos...Por tudo isto e por

todo o carinho, nimo e amor dedicado... Obrigada meu amor!

Instituto Politcnico de Castelo Branco

Escola Superior de Educao

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2

Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

RESUMO

Com o presente estudo pretendia-se conhecer, da forma mais aprofundada

possvel, a aptido fsica funcional dos idosos institucionalizados a frequentarem aulas

de actividade fsica, verificando se as habilidades motoras bsicas sofriam variaes

consoante o gnero, a faixa etria e frequncia semanal da aula.

A nossa amostra consistiu num grupo de 32 idosos, com mais de 65 anos, do

distrito de Castelo Branco, dos quais 24 eram mulheres e 8 eram homens. Estes foram

ainda divididos por duas faixas etrias, uma que compreendia os idosos dos 65 aos 75

anos e outra que englobou os idosos com mais de 75 anos. Cada participante realizou

um conjunto de testes baseados na bateria de testes de Rikli e Jones (1999). Para o

tratamento dos dados recorremos ao programa informtico SPSS verso 16 para

Windows.

A pesquisa colocou em evidncia as diferenas nas habilidades motoras bsicas

com a prtica de actividade fsica.

Instituto Politcnico de Castelo Branco

Escola Superior de Educao

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3

Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

ABSTRACT

With the present study we intended to know, in the most possible detailed

way, the functional fitness ability of institutionalized elderly subjects attending

physical activity classes, verifying if the basic motor skills suffered variations depending

on gender, age and frequency per week of class.

Our sample consisted of a group of 32 seniors, with more than 65 years, from

the district of Castelo Branco, of which 24 were women and 8 were men. These were

further divided into two age groups, one comprising the elderly from 65 to 75 years

and another that included the elderly over 75 years. Each participant performed a

series of tests based on Rikli and Joness (1999) battery of tests. For data processing

we used the SPSS software, version 16 for Windows.

The research has highlighted the differences in basic motor skills with the

practice of physical activity.

Instituto Politcnico de Castelo Branco

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4

Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

NDICE

CAPTULO I ...................................................................................................................... 11

INTRODUO .............................................................................................................. 11

CAPTULO II ..................................................................................................................... 16

ENQUADRAMENTO BIBLIOGRFICO ........................................................................... 16

2.1 - O IDOSO .............................................................................................................. 19

2.2 - IMAGEM CORPORAL ........................................................................................... 20

2.3 - IMPORTNCIA DA ACTIVIDADE FSICA PARA A SADE ...................................... 23

2.4 - MNIMOS DE ACTIVIDADE FSICA RECOMENDADA PARA A SADE ................... 29

2.5 - A PRESCRIO DA ACTIVIDADE FSICA NO IDOSO .............................................. 31

2.6 - TIPO DE ACTIVIDADE ........................................................................................... 32

2.7 APTIDO FSICA .................................................................................................. 34

2.8 COMPONENTES DA APTIDO FSICA ................................................................. 34

2.8.1 - Fora ............................................................................................................. 35

2.8.2 Flexibilidade ................................................................................................. 36

2.8.3 Resistncia ................................................................................................... 37

2.8.4 Equilbrio/Agilidade ..................................................................................... 38

2.9 - AVALIAO DA APTIDO FSICA NO IDOSO ....................................................... 39

2.10 - BATERIAS DE TESTES ......................................................................................... 40

2.11 - BATERIA DE TESTES DE RIKLI E JONES (1999) ................................................... 41

2.11.1 - Objectivos da Bateria ................................................................................. 42

2.11.2 - Validade e Fiabilidade da Bateria ............................................................... 42

CAPTULO III .................................................................................................................... 44

ENQUADRAMENTO DO ESTUDO................................................................................. 44

3.1 OBJECTIVOS E QUESTES DO ESTUDO .............................................................. 44

3.2 HIPTESES DO ESTUDO...................................................................................... 47

3.3 VARIVEIS DO ESTUDO ...................................................................................... 49

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Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

3.4 LIMITAES DO ESTUDO ................................................................................... 50

CAPTULO IV .................................................................................................................... 51

METODOLOGIA ........................................................................................................... 51

4.1 - GRUPO ALVO ....................................................................................................... 51

4.2 PROCEDIMENTOS ............................................................................................... 54

4.2.1 Mtodos e Tcnicas de Colheita de Dados ................................................. 55

4.2.2 Instrumento de Colheita de Dados ............................................................. 56

4.3 - TRATAMENTO ESTATSTICO ................................................................................ 57

4.3.1 Anlise dos Dados ....................................................................................... 57

CAPTULO V ..................................................................................................................... 59

APRESENTAO E DISCUSSO DOS RESULTADOS ...................................................... 59

5.1. ANLISE DA APTIDO FSICA FUNCIONAL ........................................................... 59

5.1.1. Anlise Descritiva dos Valores relativos Fora Inferior .............................. 60

5.1.2. Anlise Descritiva dos Valores relativos Fora Superior ............................ 62

5.1.3. Anlise Descritiva dos Valores relativos Flexibilidade Inferior .................. 63

5.1.4. Anlise Descritiva dos Valores relativos Flexibilidade Superior ................. 65

5.1.5. Anlise Descritiva dos Valores relativos Velocidade/ Agilidade/ Equilibrio.

...67

5.1.6. Aptido Fsica Funcional ................................................................................ 68

5.1.7. Discusso ....................................................................................................... 70

5.2. ANLISE DA APTIDO FSICA FUNCIONAL EM FUNO DO GNERO ................. 71

5.2.1. Anlise Descritiva da Aptido Fsica Funcional no Gnero Feminino ........... 72

5.2.2. Aptido Fsica Funcional no Gnero Feminino ............................................. 77

5.2.3. Anlise Descritiva da Aptido Fsica Funcional no Gnero Masculino ......... 78

5.2.4. Aptido Fsica Funcional no Gnero Masculino ............................................ 84

5.2.5. Discusso ....................................................................................................... 85

5.3. ANLISE DA APTIDO FSICA EM FUNO DA IDADE ......................................... 85

5.3.1. Anlise da Aptido Fsica Funcional na Faixa Etria dos 65 aos 75 anos ...... 86

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Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

5.3.2. Aptido Fsica Funcional na Faixa Etria dos 65 aos 75 anos ....................... 91

5.3.3. Anlise da Aptido Fsica Funcional na Faixa Etria Acima dos 75 anos ...... 92

5.3 4. Aptido Fsica Funcional na Faixa Etria Acima dos 75 anos ........................ 97

5.3.5. Discusso ....................................................................................................... 99

5.4. ANLISE DA APTIDO FSICA EM FUNO DA FREQUNCIA SEMANAL DO

PROGRAMA DE EXERCCIOS ...................................................................................... 100

5.4.1. Anlise da Aptido Fsica Funcional relativamente Frequncia Semanal do

Programa de Exerccios (duas vezes por semana) ................................................ 100

5.4.2. Aptido Fsica Funcional relativamente Frequncia Semanal do Programa

de Exerccios (duas vezes por semana) ................................................................. 105

5.4.3. Anlise da Aptido Fsica Funcional relativamente Frequncia Semanal do

Programa de Exerccios (trs vezes por semana) .................................................. 107

5.4.4. Aptido Fsica Funcional relativamente Frequncia Semanal do Programa

de Exerccios (trs vezes por semana) .................................................................. 112

5.4.5. Discusso ..................................................................................................... 113

CAPTULO VI .................................................................................................................. 115

CONCLUSO .............................................................................................................. 115

REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..................................................................................... 119

ANEXOS127

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Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

NDICE DE TABELAS

Tabela 1 Bateria de Testes Fullerton Funtional Fitness Test de Rikli e Jones 1999 ..... 42

Tabela 2 Estatstica Descritiva da Fora Inferior ......................................................... 61

Tabela 3 - Estatstica Descritiva da Fora Superior ....................................................... 63

Tabela 4 - Estatstica Descritiva da Flexibilidade Inferior .............................................. 65

Tabela 5 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Superior.. ......................................... 67

Tabela 6 Estatstica Descritiva da Velocidade, Agilidade e Equilbrio Dinmico ......... 68

Tabela 7 Significncia das diferenas nas habilidades motoras bsicas obtidas pela

aplicao do teste de Friedman. .................................................................................... 69

Tabela 8 Estatstica Descritiva da Fora Inferior relativamente ao gnero feminino .. 72

Tabela 9 Estatstica Descritiva da Fora Superior relativamente ao gnero feminino 74

Tabela 10 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Inferior relativamente ao gnero

feminino .......................................................................................................................... 75

Tabela 11 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Superior relativamente ao gnero

feminino .......................................................................................................................... 76

Tabela 12 Estatstica Descritiva da Velocidade, Agilidade e Equilbrio Dinmico

relativamente ao gnero feminino ................................................................................. 77

Tabela 13 Significncia das diferenas nas habilidades motoras bsicas, relativamente

ao gnero feminino, obtidas pela aplicao do teste de Friedman ............................... 77

Tabela 14 Estatstica Descritiva da Fora Inferior relativamente ao gnero masculino

........................................................................................................................................ 79

Tabela 15 Estatstica Descritiva da Fora Superior relativamente ao gnero masculino

........................................................................................................................................ 80

Tabela 16 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Inferior relativamente ao gnero

masculino ........................................................................................................................ 81

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Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

Tabela 17 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Superior relativamente ao gnero

masculino ........................................................................................................................ 82

Tabela 18 Estatstica Descritiva da Velocidade, Agilidade e Equilbrio Dinmico

relativamente ao gnero masculino ............................................................................... 83

Tabela 19 Significncia das diferenas nas habilidades motoras bsicas, relativamente

ao gnero masculino, obtidas pela aplicao do teste de Friedman ............................. 84

Tabela 20 Estatstica Descritiva da Fora Inferior relativamente faixa etria dos 65

aos 75 anos ..................................................................................................................... 86

Tabela 21 Estatstica Descritiva da Fora Superior relativamente faixa etria dos 65

aos 75 anos ..................................................................................................................... 87

Tabela 22 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Inferior relativamente faixa etria

dos 65 aos 75 anos ......................................................................................................... 89

Tabela 23 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Superior relativamente faixa etria

dos 65 aos 75 anos ......................................................................................................... 90

Tabela 24 Estatstica Descritiva da Velocidade, Agilidade e Equilbrio Dinmico

relativamente faixa etria dos 65 aos 75 anos ............................................................ 91

Tabela 25 Significncia das diferenas nas habilidades motoras bsicas, relativamente

faixa etria dos 65 aos 75 anos, obtidas pela aplicao do teste de Friedman .......... 91

Tabela 26 Estatstica Descritiva da Fora Inferior relativamente faixa etria acima

dos 75 anos..............................................93

Tabela 27 Estatstica Descritiva da Fora Superior relativamente faixa etria acima

dos 75 anos..............................................94

Tabela 28 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Inferior relativamente faixa etria

acima dos 75 anos...........................................95

Tabela 29 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Superior relativamente faixa etria

acima dos 75 anos...........................................96

Tabela 30 Estatstica Descritiva da Velocidade, Agilidade e Equilbrio Dinmico

relativamente faixa etria acima dos 75 anos....................97

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Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

Tabela 31 Significncia das diferenas das habilidades motoras bsicas relativamente

faixa etria acima dos 75 anos, em funo da aplicao de teste de Friedman....98

Tabela 32 Estatstica Descritiva da Fora Inferior relativamente ao programa aplicado

duas vezes por semana.................................100

Tabela 33 Estatstica Descritiva da Fora Superior relativamente ao programa

aplicado duas vezes por semana...................101

Tabela 34 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Inferior relativamente ao programa

aplicado duas vezes por semana..............................103

Tabela 35 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Superior relativamente ao programa

aplicado duas vezes por semana..............................104

Tabela 36 Estatstica Descritiva da Velocidade, Agilidade e Equilbrio Dinmico

relativamente ao programa aplicado duas vezes por semana....105

Tabela 37 Significncia das diferenas nas habilidades motoras bsicas relativamente

ao programa aplicado duas vezes por semana, em funo do Teste de

Friedman...................................................................................................................106

Tabela 38 Estatstica Descritiva da Fora Inferior relativamente ao programa aplicado

trs vezes por semana..................................107

Tabela 39 Estatstica Descritiva da Fora Superior relativamente ao programa

aplicado trs vezes por semana....................108

Tabela 40 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Inferior relativamente ao programa

aplicado trs vezes por semana...............................110

Tabela 41 Estatstica Descritiva da Flexibilidade Superior relativamente ao programa

aplicado trs vezes por semana...............................111

Tabela 42 Estatstica Descritiva da Velocidade, Agilidade e Equilbrio Dinmico

relativamente ao programa aplicado trs vezes por semana...112

Tabela 43 Significncia das diferenas nas habilidades motoras bsicas, relativamente

ao programa aplicado trs vezes por semana, em funo do Teste de

Friedman....................................................................................................................113

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Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

NDICE DE GRFICOS

Grfico 1 - Distribuio dos Idosos por Instituio ....................54

Grfico 2 Dados relativos aplicao dos testes de aptido fsica (Fora Inferior)....60

Grfico 3 - Dados relativos aplicao dos testes de aptido fsica (Fora Superior)...62

Grfico 4 - Dados relativos aplicao dos testes de aptido fsica (Flexibilidade Inferior)..64

Grfico 5 - Dados relativos aplicao dos testes de aptido fsica (Flexibilidade Superior)66

Grfico 6 - Dados relativos aplicao dos testes de aptido fsica (Velocidade, Agilidade e Equilbrio Dinmico)..............................67

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Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

CAPTULO I

INTRODUO

O envelhecimento pode ser conceituado em linhas gerais como: (...) a soma de

todas as alteraes nos aspectos biolgicos, psicolgicos, sociais e espirituais que,

depois de alcanar a idade adulta e ultrapassar a idade de desempenho mximo, leva a

uma reduo gradual das capacidades de performance e exige novas adaptaes

psicofisiolgicas do indivduo (Moreira, 2001). De acordo com o referido autor este

um processo lento, progressivo e inevitvel, que consiste na diminuio da actividade

fisiolgica e de adaptao ao meio externo acumulando-se processos patolgicos com

o decorrer dos anos.

O nosso organismo sofre mudanas fisiolgicas com o passar do tempo, sendo

assim, a velhice se torna parte da natureza da nossa vida. A autonomia do idoso e a

sua qualidade de vida est directa e indirectamente dependente do seu nvel de

aptido fsica. Para alm dos aspectos patolgicos, constata-se que o idoso manifesta

uma reduo aerbia e anaerbia associada a uma diminuio da potncia muscular,

da flexibilidade e consequentemente dos parmetros de habilidade e coordenao

motora (J. Vanfraechem, 2005).

Vislumbra-se que com uma expectativa de vida maior acompanhada de vrias

situaes o homem se viu obtendo novos conhecimentos dessas alteraes no

organismo do ser humano o levando a estudar e ter conhecimento sobre seu

envelhecimento. Beauvoir (citado por Okuma, 1998a), diz que para entender a velhice

preciso aprend-la na sua singularidade.

Entre ns a tendncia semelhante. Assim, em 1981 a populao portuguesa

com 65 anos ou mais, correspondia a cerca de 11,5% da populao total. (Nunes,

2006, p.193)

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12

Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

Em 2000, pela primeira vez, o nmero de jovens foi superado pelo nmero de

pessoas idosas. Em 2005, por cada 100 jovens existiam 110 idosos (INE, 2005).

O nmero de idosos institucionalizados tem vindo a aumentar, quer em lares,

centros de dia ou casas de repouso. Em Portugal, cerca de 33% dos utentes ligados a

estabelecimentos de segurana social, so idosos, nomeadamente 12% em lares, 11%

em apoio domicilirio e 10% em centros de dia segundo o INE (citado por Mota e al.,

2007).

Apesar de, muitas vezes, os idosos serem institucionalizados ainda com um

nvel de autonomia bastante elevado, a habitual desobrigao da realizao de vrias

das tarefas do dia-a-dia neste contexto, contribui para o aumento da inactividade, para

a reduo da aptido fsica (Mota e al., 2007).

Segundo Costa (1999) durante o trajecto do homem no que diz respeito ao seu

fsico, percebe-se a importncia da evoluo do movimento, direccionado no sentido

do bem-estar.

Ao longo dos anos o homem tem procurado melhores formas de vida em

sociedade, contrariando muitas vezes, dificuldades que se lhe apresentam no dia-a-

dia. A vaga de transformaes ocorridas evidncia a existncia de uma estrutura em

plena adaptao. A revoluo cientfica e tecnolgica introduziu grandes mudanas

estruturais que influenciaram de forma significativa os modos de vida, as noes de

tempo e espao, a produo e o consumo, as tecnologias usadas, os hbitos do

quotidiano e as prprias expectativas das pessoas (Serrano, 1996).

Percebe-se que de extrema importncia seguir hbitos e modificar outros que

influenciem a qualidade de vida do idoso, pois o nosso organismo adapta-se s novas

mudanas, tais como, saber lidar com o prprio corpo e procurar entender esse

processo. Reorganizao e aplicao de dietas e actividades saudveis ajudam na

preveno da doena e fortalece a auto-estima do idoso (Serrano, 2003).

Por tudo isto suscitou-nos a escolha do tema Alteraes nas capacidades

motoras bsicas, em idosos institucionalizados submetidos prtica de actividade

fsica, sendo um tema muito actual e pertinente no presente e no futuro.

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13

Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

Estando interessados em conhecer a situao actual dos idosos

institucionalizados relativamente sua aptido fsica funcional, teremos de procurar

conhecer o desempenho dos idosos em prtica de aula de actividade fsica, realizada

de acordo com o programa utilizado pelo professor.

Deste modo, pretendemos fundamentalmente saber se, existem alteraes nas

capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, submetidos prtica de

actividade fsica.

Para tal, torna-se imprescindvel perceber se a aptido fsica sofreu alteraes

comparando os resultados obtidos entre gneros e entre os indivduos do mesmo

gnero e, do mesmo modo, relativamente faixa etria. Por outro lado, como

seleccionamos idosos a frequentarem o mesmo tipo de programa de exerccios

diferindo, apenas, na frequncia semanal achamos pertinente verificar qual a

frequncia semanal que produzia mais alteraes.

Assim, o presente estudo pretende ser uma mais-valia no esclarecimento da

situao actual da aptido fsica do idoso, particularmente dos idosos residentes em

instituies uma vez que, como referido anteriormente, o idoso institucionalizado tem

tendncia a uma progressiva inactividade.

Estruturalmente, o estudo encontra-se organizado em seis captulos. No

primeiro captulo realizamos a introduo do nosso trabalho. No segundo captulo

pretendemos enquadrar a nossa pesquisa no domnio do tema, que julgamos essencial

a todo o desenvolvimento do estudo em si e, constituda por subcaptulos intitulados

Enquadramento Bibliogrfico onde procurmos definir o envelhecimento; O idoso,

Imagem Corporal, Importncia da Actividade Fsica para a Sade, Mnimos de

Actividade Fsica Recomendada para a Sade, A Prescrio da Actividade Fsica no

Idoso, Tipo de Actividade, Aptido Fsica, Componentes da Aptido Fsica, onde

efectuamos uma definio das vrias componentes; Avaliao da Aptido Fsica no

Idoso, Baterias de Testes e Bateria de Testes de Rikli e Jones (1999), onde analisamos a

referida bateria sob o ponto de vista dos seus objectivos e validade e fiabilidade da

mesma.

Instituto Politcnico de Castelo Branco

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14

Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

O terceiro captulo consiste na organizao das etapas conceptuais deste

estudo, no qual esto os seguintes subcaptulos: Objectivos e Questes do Estudo onde

se procura apresentar o problema, definir os objectivos e enunciar as questes que

pretendemos responder durante a elaborao do nosso trabalho; Hipteses do Estudo,

onde procuramos incluir as conjecturas acerca das relaes entre as variveis do nosso

estudo; Variveis do Estudo e Limitaes do Estudo nos quais referimos,

respectivamente, as variveis existentes no nosso estudo e as limitaes com que nos

deparmos.

No quarto captulo optmos por descrever o nosso plano de investigao no

qual inclumos trs subcaptulos: o Grupo Alvo, onde se procura descrever a amostra

por ns seleccionada; os Procedimentos onde procurmos organizar e planificar o

nosso estudo e, onde pretendemos incluir os mtodos e tcnicas de colheita de dados

e o instrumento de colheita de dados. O terceiro subcaptulo diz respeito ao

Tratamento Estatstico no qual procuramos incluir toda a informao respeitante

anlise dos dados obtidos.

O quinto captulo diz respeito apresentao e discusso dos resultados no

qual esto inseridos quatro subcaptulos: a Anlise da Aptido Fsica Funcional, no qual

apresentamos os valores obtidos para cada uma das variveis da aptido fsica,

fazendo uma anlise descritiva dos mesmos e respectiva ilustrao grfica; a Anlise

da Aptido Fsica Funcional em Funo do Gnero, onde procuramos analisar os

valores obtidos dentro de cada gnero e entre si e respectiva discusso; a Anlise da

Aptido fsica Funcional em Funo da Idade, no qual inclumos a anlise dos

resultados obtidos em cada faixa etria e respectiva discusso dos resultados; e o

subcaptulo que contm a Anlise da Aptido Fsica Funcional em Funo da

Frequncia Semanal do Programa de Exerccios, onde procuramos analisar os

resultados obtidos mediante cada frequncia semanal e estabelecer as respectivas

comparaes.

No captulo sexto esto includas as principais concluses e recomendaes

deste estudo.

Instituto Politcnico de Castelo Branco

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15

Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

Por fim, as duas ltimas partes referem-se lista de Referencias Bibliogrficas

utilizadas no decorrer da elaborao do estudo e os Anexos.

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16

Alteraes nas capacidades motoras bsicas, em idosos institucionalizados, sujeitos prtica de actividade fsica regular.

CAPTULO II

O envelhecimento vem acompanhado de vrias mudanas na composio corporal,

como o aumento gradual do peso durante a meia-idade seguido por estabilizao ou

at declnio em idades mais avanadas.

(Matsudo e al., 2000)

ENQUADRAMENTO BIBLIOGRFICO

O envelhecimento tem sido descrito como um processo ou conjunto de

processos inerentes a todos os seres vivos e que se expressa pela perda da capacidade

de adaptao e pela diminuio fsica e fisiolgica (Spirduso, 1995), cuja definio

colmatada por Zambrana (1991) ao defender que o envelhecimento um processo de

degenerao biolgica que se manifesta de vrias formas. Aparece muito antes daquilo

que entendemos por velhice, tem uma evoluo contnua e vem acompanhado de

uma limitao das capacidades de adaptao do indivduo e de um aumento das

possibilidades de morrer.

O envelhecimento provoca uma perda gradual de independncia e da

capacidade funcional. um fenmeno complexo que inclui modificaes a nvel

molecular, celular, fisiolgico e mesmo psicolgico. Com a idade inicia-se um processo

de declnio no funcionamento dos vrios rgos com uma diminuio da reserva

fisiolgica e do VO2 mx. e o aumento do tempo de adaptao a um dado trabalho.

um processo muito longo, que comea cedo, na terceira dcada, gradual e

varivel de indivduo para indivduo, sendo em muitos casos no a consequncia visvel

do prolongamento da vida mas sobretudo de hbitos errados e de um estilo de vida

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incorrecto durante a idade adulta ou at mesmo na juventude e adolescncia. Algumas

pessoas podem continuar com boa sade ate ao momento da sua morte. (Nunes,

2006, p.194)

Com o processo de envelhecimento, surgem algumas perdas funcionais como o

aumento da densidade na cartilagem e nos tecidos ao seu redor, diminuio da

elasticidade dos msculos, desenvolvimento da artrite e outras patologias do sistema

locomotor que intensificam a restrio ao movimento articular. (Vasconcelos, s/d).

Na actualidade, as doenas mais comuns so as hipocinesias, provocadas

pela ausncia do exerccio fsico. De entre elas, sublinhamos as chamadas doenas

crnico-degenerativas, como as cardiovasculares, do aparelho locomotor, do aparelho

respiratrio, a obesidade e a diabetes. (Nunes, 2006, p.21)

Por outro lado, nos idosos h uma diminuio da capacidade para resistir s

agresses do meio ambiente, estando assim mais susceptveis e vulnerveis s

doenas e aos efeitos secundrios dos remdios.

Segundo o mesmo autor convm demarcar bem que um dos aspectos

fundamentais para a manuteno de um bom estado de sade dos idosos o estado

nutricional, verdadeiro factor-chave do envelhecimento saudvel em conjunto com o

movimento.

Na maior parte dos indivduos de idade superior a 75 anos, desenvolve-se o

que se convencionou designar por sndrome de fragilidade geritrica que predispe a

uma maior morbilidade e mortalidade. Neste, verifica-se que a perda de capacidade de

cada rgo independente dos outros rgos e influenciada por vrios factores, dos

quais destacamos: a dieta, os hbitos pessoais j referidos, a presena de factores de

risco, o meio ambiente e a existncia dos radicais livres de oxignio. Os sinais clnicos

desta sndrome desenvolvem-se de forma progressiva e incluem a perda de peso e de

massa magra, fadiga e diminuio da fora fsica.

Quando esse abaixamento se d abruptamente num qualquer rgo ou funo,

isso deve-se, regra geral, a uma doena e no a idade. (Nunes, 2006, p.194)

Assiste-se, tambm, a uma regresso biolgica com diminuio das diferentes

funes do organismo como o equilbrio, a marcha, a coordenao, a memria

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imediata, a aprendizagem, a adaptao A nvel psico-social assiste-se

simultaneamente a diversas alteraes na vida profissional social e econmica

Constata-se muitas vezes uma crise de identidade por causa da modificao do

estatuto e do papel, bem como uma diminuio da auto-estima e auto-confiana. (R.

Vanfraechem, 2005).

medida que aumenta a idade cronolgica as pessoas tornam-se menos

activas, suas capacidades fsicas diminuem e, com as alteraes psicolgicas que

acompanham a idade (sentimento de velhice, stress, depresso), verifica-se ainda uma

diminuio da actividade fsica que consequentemente, facilita o aparecimento de

doenas crnicas, que, contribuem para deteriorar o processo de envelhecimento

(Matsudo e al., 2000) Segundo os mesmos autores, mais que a doena crnica a falta

de uso das funes fisiolgicas que pode criar problemas.

Monteiro (citado por Crovador, 2007) defende que o corpo velho no visto

apenas como um corpo, mas tambm com muitos estigmas a respeito da

personalidade, papel social, econmico e cultural do que ser velho. Isso tudo pode

causar no idoso um repdio ao prprio corpo e no aceitar e respeitar o prprio

corpo, no valoriz-lo de maneira que ele se apresenta estar tambm desprovido do

presente, viver perdido no passado, buscando referncias para que possam trazer

algum conforto, ter medo de um futuro que no reserve mais possibilidades.

De acordo com Lorda e Sanchez (citado por Crovador, 2007), a sociedade v o

idoso de forma negativa, ser velho significa ser incapaz, problema, associa-se a

senilidade, a dependncia, a perda de status social e impotncia. Na terceira idade

ocorrem muitas mudanas no ambiente social do idoso, exigindo assim, que ele se

adapte constantemente as novas situaes. Existem em alguns casos a negao do seu

prprio envelhecimento, provocando assim atitudes prejudiciais a manuteno de sua

dimenso psicolgica, como isolamento, levando-o por exemplo, a no manter

contacto com pessoas da mesma idade.

Shephard (citado por Brito, 1997) refere que tambm imperativo reduzir os

factores capazes de gerar incapacidades no idoso, uma vez que o resultado do

aumento da esperana mdia de vida significa o prolongamento do perodo de

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incapacidade que frequentemente precede a morte. A maior causa de incapacidade no

idoso , em particular, a doena cardiovascular, que frequentemente resulta no

enfarte do miocrdio.

J Carvalho e Mota (2002), referem que entender o processo de

envelhecimento no apenas importante para determinar a etiologia inerente aos

processos degenerativos que lhes esto associados, mas sobretudo, para que se

conheam e desenvolvam estratgias que atenuem os efeitos de senescncia no

sentido de conferir uma vivncia do final do ciclo de vida de uma forma autnoma e

qualitativamente positiva.

2.1 - O IDOSO

Quando se fala de idoso ocorre sempre a ideia que se trata de uma pessoa

caracteristicamente "velha". Este facto muitas vezes associado ideia de que quando

uma pessoa ve1ha", frequentemente, se torna num problema social". A sociedade,

muitas vezes, classifica esta faixa etria como um conjunto de pessoas "improdutivas",

constituda por reformados que mais tarde ou mais cedo requerem auxlio, tempo e

despesas. So frequentemente rejeitados e encaminhados para lares, sem o devido

acompanhamento familiar, acabando por ficar ss e isolados do resto do mundo.

Atendendo ao aumento progressivo desta populao, coloca-nos perante a

necessidade de saber a partir de que idade se considerado idoso.

Na opinio de Kalish (1975) no existe uma nica resposta correcta para a

questo de quando se "velho". So vrios os termos para classificar um idoso, entre

os quais: ancio, velho, idade avanada. Estes termos podem ser definidos

estritamente em parmetros cronolgicos, ou seja, o indivduo considerado uma

pessoa idosa se pertencer a uma faixa etria acima dos 65 anos, no entanto tal no

significa que todos os indivduos tenham caractersticas homogneas, isto com

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interesses, necessidades e capacidades iguais, pois o processo de envelhecimento no

se limita a uma diviso unicamente cronolgica, simultaneamente complexo e

dinmico, como iremos referir no ponto seguinte.

No entanto, pertinente colocarmos algumas definies sobre idade

cronolgica para alguns autores. Ento, para Shephard (1987) o idoso classificado em

trs escales jovem idoso" so as pessoas entre os 65 e 75 anos, no apresentam

restries bvias nas suas actividades dirias; os "idosos mdios" so pessoas com

idades entre os 75 e 80 anos, com uma pequena limitao na actividade; os velhos

idosos" so as pessoas com mais de 80 anos que apresentam limitaes fsicas graves.

Por outro lado, o autor Spirduso (1995) apresenta-mos uma diviso em 10 fases

etrias, sendo as ltimas quatro respeitantes aos adultos idosos. Fala-nos dos jovens

idosos" com idades compreendidas entre os 65 e 74 anos, dos idosos" com idades

entre os 75 e 84 anos, dos "idosos velhos" que so aqueles que possuem idades entre

os 85 e 99, e ainda os "muito idosos" com idades iguais ou superiores a 100 anos.

Como se pode observar, no existe um consenso quanto aos limites de idade

dos grandes grupos etrios que devem suportar a anlise do envelhecimento, neste

estudo iremos optar pela definio da Organizao das Naes Unidas (ONU, 2000)

que considera a populao idosa aquela que apresenta 65 ou mais anos.

2.2 - IMAGEM CORPORAL

O conceito de imagem corporal pode ser definido como a experincia

psicolgica de algum sobre a aparncia e o funcionamento do seu corpo (Almeida e

al., 2002). a maneira pela qual nosso corpo aparece para ns mesmos,

correspondendo representao mental do prprio corpo (Tavares, 2003).

Zinn (citado por Crovador, 2007) afirma que a imagem corporal a soma de

experincias que a pessoa tem com seu prprio corpo, visto enquanto entidade

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fisiolgica, psicolgica e social, a representao mental do corpo em situaes

estticas e dinmicas. A imagem corporal do ser humano desenvolve-se atravs das

trocas recprocas entre o corpo e o ambiente fsico e social, e est sempre em

transformao.

Conforme Veras (citado por Crovador, 2007), quando o idoso se sente

desvalorizado, diminui a sua participao no meio social, gerando um sentimento de

inutilidade, podendo apresentar problemas orgnicos e psicolgicos, inclusive

isolamento social completo. A prpria sociedade tem culpa sobre o que acontece com

os idosos, pois ao mesmo tempo que o recrimina e considera-o como incapaz e

improdutivo, impede que ele volte a ser capaz e produtivo.

Dessa forma, mesmo possuindo uma boa sade, muitos idosos no conseguem

continuar desempenhando uma vida activa, sendo que alguns destes podem

desenvolver certas angstias e frustraes pelas quais alguns idosos passam.

Segundo Dinis (citado por Oliveira, s/d) um dos benefcios psicolgicos

associados actividade fsica, parece ser o da melhoria da imagem corporal.

Segundo Nieman (citado por Crovador, 2007), a actividade fsica regular

fundamental para o envelhecimento saudvel, diminuindo o risco de aparecimento de

muitas doenas e problemas de sade comuns na terceira idade. Conforme o mesmo

autor, as pessoas idosas so as que recebem maiores benefcios com a actividade

fsica, entre todos os grupos etrios.

Segundo R. Vanfraechem (2005), a autonomia do idoso e a sua qualidade de

vida est directa e indirectamente dependente do seu nvel de aptido fsica. Para

alm dos aspectos patolgicos, constata-se que o idoso manifesta uma reduo

aerbia e anaerbia associada a uma diminuio da potncia muscular, da flexibilidade

e consequentemente dos parmetros de habilidade e coordenao motora.

Segundo Karpovich (1965), aptido fsica o grau de capacidade para executar

uma tarefa fsica particular sob condies especficas do ambiente.

J para Sobral e Barreiros (citados por Pate, 1988), a capacidade de efectuar

de modo eficiente um determinado esforo.

um estado caracterizado por:

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a) Uma capacidade de executar dirias com vigor;

b) Demonstrao de traos e capacidades que esto associadas ao baixo risco de

desenvolvimento prematuro de doenas hipocinticas (isto as que esto associadas

inactividade fsica).

Para Rowland (1990), o estado geral de prontido motora e bem-estar, com

associao s vertentes da sade, bem-estar fsico, social e desportivo-motor.

Para Prentice (1997), o funcionamento eficiente dos sistemas corporais, capaz

de proporcionarem pessoa o envolvimento eficaz e produtivo nas tarefas do

quotidiano, bem como no desfrutar saudvel das actividades de recreao e tempo

livre.

Benedetti e al. (citados por Crovador, 2007), as actividades fsicas podem

contribuir na imagem corporal e auto-estima de idosos, pois so factores de

restaurao da sade, propiciando maior equilbrio para a terceira idade e se as

actividades forem includas na rotina dos idosos de forma sistemtica, podem fazer

com que os mesmos aproveitem melhor o tempo restante de maneira saudvel,

sentindo-se bem e com melhor qualidade de vida.

Ora, aqui que a actividade fsica deve assumir um papel determinante,

sobretudo se considerarmos, como faremos a seguir, que os progressos da sociedade

contempornea fizeram diminuir a contribuio do esforo fsico no quotidiano dos

cidados. (Nunes, 2006, p.19)

Vrios estudos reforam que a prtica de actividade fsica e exerccio, aplicados

aos maiores de 60 anos, contribui para a mudana de sua atitude, tanto fsica quanto

mental. Isso comprova que movimentar-se um propiciador da sua autonomia e do

seu bem-estar, confirmando a necessidade, premente, da criao e desenvolvimento

de programas de actividades fsicas, atendendo a terceira idade.

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2.3 - IMPORTNCIA DA ACTIVIDADE FSICA PARA A SADE

Nos ltimos anos diferentes organizaes e autores pronunciaram-se sobre o

tema, apontando algumas definies, no sentido de clarificar os conceitos de

actividade fsica e actividade desportiva.

Quando se fala de actividade fsica deve-se ter em conta segundo Vieira e

Ramos (1996) para alm do funcionamento orgnico do indivduo, tambm o seu

estado psicolgico, porque este tambm se revela determinante nessa mesma

actividade.

De acordo com Varregoso (2007) Cada vez mais importante investir na vida

activa dos idosos portugueses, proporcionando-lhes actividades significativas,

saudveis, acessveis, motivantes e recreativas. Os estudos tm demonstrado os

benefcios deste tipo de actividade para os idosos, a nvel fsico, psicolgico e social.

Estas apresentam um conjunto de benefcios e vantagem face aos condicionalismos e

necessidades impostas pelo processo de envelhecimento. Esses benefcios situam-se a

vrios nveis: biolgico-funcional, motor, cognitivo, psicolgico, scio-afectivo, artstico

e cultural.

Horta e Barata (1995) acrescentam que devemos sempre ter em conta as

actividades que vo para alm da prtica desportiva, de lazer ou competitiva, pois,

actividades dirias como jardinagem, a marcha, subir e descer escadas, danas e jogos

so actividades fsicas importantes no dia-a-dia das pessoas.

De acordo com Serrano (2003), a actividade fsica, constitui-se, neste mundo

contemporneo, como um dos principais meios colocados ao servio das pessoas para

a melhoria da sua qualidade de vida, assumindo, um papel cada vez mais importante

na procura e manuteno do bem-estar das populaes.

Para Horta e Barata (1995), a actividade fsica natural e portanto

biologicamente e psicologicamente necessria, um meio formativo, no s no campo

estritamente biolgico mas tambm influi decisivamente no crescimento,

desenvolvimento e na criao de estilos de vida saudveis.

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De acordo com Barata (2006), a actividade fsica e desporto so conceitos

diferentes embora parecidos, sendo o primeiro mais abrangente que o segundo, uma

vez que a actividade fsica tudo aquilo que implique movimento, fora ou

manuteno da postura corporal contra a gravidade e se traduza num consumo de

energia.

Segundo o autor referenciado, a actividade fsica pode ser classificada em dois

grandes grupos: actividade fsica espontnea e actividade fsica organizada.

-Actividade fsica espontnea aquela que est integrada nos hbitos da vida diria:

deslocaes a p, subir escadas, passatempos ou profisses fisicamente activas, levar

os filhos ou os animais a passear, etc. As suas vantagens so: estar sempre acessvel,

podendo ser praticada todos os dias e a qualquer momento do dia; no obrigar a

custos econmicos significativos, nem a deslocaes aos locais da sua prtica pois em

qualquer lugar se pode caminhar, subir escadas ou fazer certos exerccios. As suas

limitaes so no desenvolver ao mximo as vrias capacidades fsicas, devido sua

baixa intensidade e ao facto de no trabalhar as vrias componentes da chamada

condio fsica.

-Actividade fsica organizada a que se pratica em clubes desportivos, ginsios e

instituies afins. Requer mais condies mas traz benefcios adicionais em relao

primeira. As suas vantagens e limitaes so as inversas em relao actividade fsica

espontnea.

Para Barata (2006), o conceito de desporto j implica regras, jogo, competio,

mesmo que seja s de lazer ou recreao.

Com o avanar da idade diminui a quantidade total de actividade fsica por

parte dos idosos, o que contribui para uma concomitante quebra da capacidade

funcional.

O perfil funcional de antigos atletas que abandonaram a actividade fsica, com

o decorrer dos anos de inactividade, acerca-se do da populao sedentria com a

mesma idade.

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As pessoas idosas que sempre o fizeram e ainda hoje praticam o exerccio fsico

com regularidade, pelo contrrio, tm uma capacidade funcional comparvel dos

jovens inactivos do ponto de vista do exerccio fsico.

Verifica-se, assim, que os efeitos positivos da actividade fsica no podem,

quando esta interrompida, ficar guardados durante dcadas perdem-se. Naqueles

que sempre a praticaram e ainda continuam, j os benefcios so evidentes.

Nas pessoas com alguma idade, a fora pode igualmente ser preservada.

Embora se observe um certo declnio da fora muscular com a idade, este ser tanto

maior quanto mais sedentria for a pessoa. Nestes casos h uma quebra importante

da massa muscular.

Nos indivduos que continuam o exerccio fsico, apesar da idade, e em especial

os exerccios de tonificao muscular, sabe-se que a fora se mantm em nveis muito

razoveis.

A funo neurolgica decai com a idade. , por isso, difcil aos idosos mesmo

activos manter uma boa execuo nas modalidades que requerem nveis elevados de

coordenao e de tempo de reaco. (Nunes, 2006, p.195)

Hoje o exerccio fsico considerado um tratamento de preveno,

principalmente para doenas do corao e diabetes, melhorando a expectativa de

vida. "A prtica de exerccios fsicos de uma maneira geral, contribui para a

manuteno das capacidades funcionais, como andar ou agachar, por exemplo, e ajuda

a diminuir os riscos causados por uma vida sedentria, homens e mulheres de meia-

idade que praticam exerccios regularmente correm menos risco de virem a sofrer de

limitaes fsicas na velhice (Sampaio, 2005) ". A noo de prtica de actividade fsica

tem sido alvo de vrios estudos1, e em todos eles podemos reter que a mesma torna o

idoso mais apto e mais saudvel, proporcionar uma melhora na qualidade de vida

para esta faixa etria, devido aos vrios benefcios que ela oferece.

Finalmente, a actividade fsica essencial para preservar a estrutura ssea,

sendo um dos aspectos fundamentais na preveno das fracturas por osteoporose.

(Nunes, 2006, p.195)

1Estudos de Barbosa (2001), Rocha (1995), Bonachela (1994), Pires e al. (2002), Powers e Howley (2000).

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Entender a relao entre a actividade fsica e o bem-estar estimulante devido

falta de acordo numa definio precisa de bem-estar. Neste estudo, os sujeitos que

relataram mais tempo de actividade fsica obtiveram melhores resultados de

percepo global de bem-estar comparados com o grupo sedentrio (Bezner e al.,

1999).

A prtica de actividade fsica regular fundamental para um estilo de vida

saudvel. A consciencializao da importncia e influncia que a actividade fsica

habitual desempenha no desenvolvimento integral das populaes, contriburam para

a sua sade e bem-estar social (Serrano, 2003).

A WHO (1998) considera a prtica de actividade fsica como um

comportamento de sade, similar a outros, tais como; cuidados de sade primrios,

cuidados de higiene, preveno de consumos, etc.

Na opinio de Barata (2006), quando nos afastam destes comportamentos

entramos em sofrimento, afastam-nos da sade, da qualidade de vida e do seu

equilbrio com a mesma e, a surge a doena. Nunca ser exagero chamar a ateno

para a necessidade da exercitao. (Martini e Botelho, 2006)

Segundo Barata (2006), quando se analisa a importncia da actividade fsica

para a sade, h que faz-lo numa dupla perspectiva:

- A importncia da actividade fsica para manter a sade, ou seja, para evitar o

aparecimento de doenas. A isto chama-se preveno primria.

- A importncia da actividade fsica em quem j tem diversos problemas ou doenas

para evitar que se agravem ou mesmo para auxiliar sua recuperao. A isto chama-se

preveno secundria.

De acordo com Serrano (2003), a actividade fsica, constitui-se, neste mundo

contemporneo, como um dos principais meios colocados ao servio das pessoas para

a melhoria da sua qualidade de vida, assumindo, um papel cada vez mais importante

na procura e manuteno do bem-estar das populaes. A actividade fsica tambm

um meio de compensao dos efeitos nocivos provocados pelos estilos de vida

sedentrios, impostos pelas sociedades contemporneas.

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De acordo com ACSM (1998), actualmente, est comprovado que quanto mais

activa uma pessoa menos limitaes fsicas tem. Dentre os inmeros benefcios que a

prtica de exerccios fsicos promove, um dos principais a proteco da capacidade

funcional em todas as idades, principalmente nos idosos.

Nota-se que so inmeros os benefcios que actividade fsica oferece para o

idoso, alm de alteraes no seu desenvolvimento, ele tambm oferece benefcios

psicolgicos e sociais. Estudos de Matsudo (2000) verificaram uma diminuio da

incidncia das enfermidades quando adoptados comportamentos positivos em relao

sade, entre eles, o estilo de vida activo. E Rauchabach (2001) completa que a

adopo de modos de vida activos durante toda a vida leva a uma velhice produtiva.

Os benefcios do exerccio fsico nos idosos esto bem documentados. A

manuteno de um nvel moderado de actividade fsica proporciona uma maior

longevidade, uma maior capacidade funcional e a continuao de uma vida

independente. Todas as pessoas que quiserem iniciar um programa de exerccio fsico

devem ser sujeitas a um exame mdico prvio.

Aps a verificao da inexistncia de contra-indicaes actividade fsica, o

mdico pode prescrever o exerccio fsico, adequando-o s caractersticas e estado de

sade do idoso. (Nunes, 2006, p.195)

A prtica da actividade fsica pode controlar e at mesmo evitar alguns

sintomas de doenas, ela um ponto muito importante na vida do idoso, pois segundo

Alves (2002) a prtica de exerccio fsico, alm de combater o sedentarismo, contribui

de maneira significativa para a manuteno da aptido fsica do idoso". A actividade

vai influenciar na autonomia do idoso, ele vai comear a realizar actividades que a

muito no realizava, podendo se tornar uma pessoa independente.

Observa-se que o prprio idoso sabe seus limites e a sua capacidade de realizar

actividades, observando seu desempenho na vida quotidiana, como carregar materiais

pesados ou at mesmo atravs de movimentos que j no consegue mais realizar. S o

idoso pode escolher a actividade que mais gosta. Ele poder aplicar actividade fsica na

sua vida diria e melhorar a realizao de suas tarefas.

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Laborinha (citado por Carvalho, 2004), relata que a actividade fsica

responsvel pela melhor funo do organismo idoso, pois restringe alteraes no

desempenho fsico, consequente da idade e mesmo que ele no assegure o

prolongamento do tempo de vida, ele garante o aumento do tempo da juventude,

oferecendo nos anos subsequentes, maior proteco sade devida o retardamento

do declnio normal associado ao envelhecimento, prevenindo doenas resultantes do

sedentarismo.

De acordo com Neto (s/d), o gosto pela actividade desportiva est incutido na

sociedade. Atravs deste movimento o ser humano capaz de transformar sua prpria

vida, tanto ocidental, como oriental, mobilizando centenas de milhares de pessoas em

programas desportivos estruturados e inseridos em diversos tipos de instituies,

como clubes, comunidades locais, etc. A sociedade, cada vez mais, procura elevar a

actividade fsica e desportiva para obter melhores nveis de sade e condio fsica.

Contudo, mesmo uma actividade fsica ligeira a moderada desde que feita com

regularidade e durante um perodo suficientemente prolongado, provoca tambm

benefcios ligeiros na condio fsica. (Nunes, 2006, p.72)

Estudos vm evidenciando a actividade fsica como importante requisito para

minimizar a degenerao provocada pelo envelhecimento, permitindo ao idoso manter

uma qualidade de vida activa. De acordo com Okuma (1998a), evidncias mostraram

que mais da metade do declnio da capacidade fsica dos idosos se deve depresso,

inactividade e expectativa de doenas, e que a actividade fsica regular e sistmica

aumenta ou mantm a aptido fsica da populao idosa, tendo o potencial de

melhorar o bem-estar funcional e, assim, diminuir a taxa de mortalidade dessa

populao. A prtica de uma actividade fsica permite que o idoso se torne mais

autnomo, mais independente e mais sadio, e que boas condies de sade fsica

interferem directamente na diminuio da angstia, estando relacionada a altos nveis

de integrao social e auto-estima.

A actividade fsica no vai impedir que indivduo no envelhea, mas vai

permitir que sua velhice seja seguida de qualidade de vida.

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Segundo Meireles (1999), a tendncia da populao idosa aumentar, e para

integrar-se sociedade o idoso precisa praticar actividade fsica. O ideal fazer

actividades fsicas duas vezes por semana, pelo menos, por uma hora. O idoso pode

dedicar-se apenas uma vez por semana e isso ser melhor do que levar uma vida

sedentria.

Nunes (2006, p.121) defende que os adultos sedentrios e idosos devem

comear a sua actividade fsica com precauo. No convm acelerar os seus

programas de treino. Iniciar este mtodo aerbico com cerca de 2-3 semanas de

caminhadas, de velocidade progressiva.

Trabalhando moderada e gradualmente vo desenvolvendo os msculos e o

organismo, para que possam produzir esforos mais vigorosos. Neste sentido muito

importante no s habituar o corao e os pulmes s novas necessidades, como

permitir que os tendes e os msculos se adaptem a essas actividades.

Estes grupos de sedentrios e idosos, no devem, ainda, submeter-se a

qualquer prova inicial de aptido fsica.

2.4 - MNIMOS DE ACTIVIDADE FSICA RECOMENDADA PARA A SADE

O mnimo de actividade fsica espontnea que qualquer pessoa necessita ,

segundo Barata (2006), 30 minutos todos os dias, independentemente de ser contnua

ou fraccionada em dois ou trs perodos, embora quanto mais melhor at certos

limites. Andar a p 30 minutos por dia j corresponde a este patamar mnimo e se for

num passo mais enrgico ser ainda melhor.

A actividade fsica deve ser adaptada idade e a outros condicionalismos do

indivduo. Em idades jovens, podem ser de carcter competitivo, pois em geral, quanto

maior for a sua intensidade em termos de durao e frequncia maiores sero as

repercusses orgnicas em termos cardiovasculares. Em indivduos acima dos 35 anos,

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os exerccios devem ser, sobretudo de carcter no competitivo e encaradas como

forma de lazer. Actividades fsicas muito intensas em indivduos de escales etrios

mais elevados podem no estar indicadas (Horta, 2006).

De acordo com Barata (2006), para que se compreenda as orientaes actuais,

elas costumam expressar-se atravs da chamada pirmide da actividade fsica.

medida que se sobe na pirmide aumenta a intensidade das vrias actividades fsicas

mas decresce a necessidade da sua frequncia semanal.

Por outras palavras: as actividades menos intensas para proporcionarem os

mesmos benefcios necessitam ser dirias ou quase e, o inverso vai-se aplicando

medida que aumenta a intensidade.

Assim, e porque o factor que mais se correlaciona com os riscos causados pela

prtica de actividade fsica a sua intensidade, pode-se concluir que a actividade fsica

ligeira a moderada, desde que diria ou quase, j proporciona ganhos muitos

significativos de sade.

Por isso todos temos a necessidade de ser activos, pelo menos meia hora

diria. (Barata, 2006).

Na medida em que as condies gerais de vida e o avano da cincia tm

contribudo para controlar e tratar muitas das doenas responsveis pela mortalidade,

a populao, tanto dos pases desenvolvidos como dos pases em desenvolvimento,

tem uma esperana mdia de vida aumentada. Essa tendncia global tem levado a que

a cincia, os pesquisadores e a populao, em geral, procurem, cada vez mais,

solues para tentar minimizar, ou, se possvel, evitar os efeitos negativos do avano

da idade cronolgica no organismo. Cada vez mais se pesquisam formas de deter ou

atrasar o processo do envelhecimento, ou ento estratgias que garantam uma

manuteno da capacidade funcional e da autonomia, nas ltimas anos de vida.

Devido ao facto de grande parte das evidncias epidemiolgicas sustentarem

um efeito positivo de um estilo de vida activo e/ou do envolvimento dos indivduos em

programas de actividade fsica e exerccio na preveno e minimizao dos efeitos

nocivos do envelhecimento, os cientistas enfatizam, cada vez mais, a necessidade de

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que a actividade fsica seja parte fundamental dos programas mundiais de promoo

da sade.

2.5 - A PRESCRIO DA ACTIVIDADE FSICA NO IDOSO

De acordo com Nunes (2006, p.196) aplicam-se, tambm neste caso, os

princpios gerais da prescrio do exerccio fsico, seguidos pelos indivduos de todas as

idades. Contudo, o estado fsico e de sade entre os idosos torna a prescrio mais

difcil.

Alguns cuidados e sobretudo bom senso, devero condicionar o

estabelecimento do tipo, frequncia, durao e intensidade do exerccio.

A actividade fsica uma forma de teraputica muito importante no idoso. Faz

parte das chamadas medidas higieno-teraputicas e est em oposio inactividade

fsica que um considerave1 factor de risco de doenas, particularmente das

cardiovasculares.

De acordo com o autor supracitado observa-se que do ponto de vista da actividade

fsica, podemos agrupar os nossos utentes idosos em trs grupos principais:

o Uns, em pequeno nmero, so praticantes desde jovens e continuam. Esto

muito motivados.

o Outros, sem passado desportivo, aperceberam-se, todavia, da importncia da

actividade fsica na sade e querem inici-la.

o Finalmente, a maioria, aqueles que no tendo qualquer motivao, so

aconselhados pelo seu mdico e acabam, com alguma relutncia, por se

disporem a uma ligeira actividade fsica. neste grupo que surgem muitas

desistncias.

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2.6 - TIPO DE ACTIVIDADE

Segundo Nunes (2006, p.197) o tipo de actividade a realizar pelo idoso tem

dois objectivos principais, evitar um stress significativo sobre os aparelhos locomotor o

cardio-respiratrio e respeitar, se possvel, a sua motivao.

Assim, so muitas as pessoas que ao iniciarem um programa de actividade

fsica, no tm conhecimento nem interesse por uma dada actividade. Cabe ao mdico

ou professor de educao fsica, pois, orient-las nesse seu desejo.

A indicao de uma actividade depende de vrios factores. Em primeiro lugar,

do conhecimento que se tem do passado clnico do utente, do exame mdico,

insistindo particularmente no ponto de vista cardiovascular e no aparelho locomotor, e

eventuais exames complementares com o objectivo da determinao do estado fsico

e clnico em que se encontra e a eventual existncia de contra-indicaes para a

prtica de exerccio fsico.

O tipo de exerccio indicado resultar, pois, da ponderao entre os dados

mdicos, e a opinio e motivao do futuro praticante. Isto permitir uma maior

aderncia ao plano estabelecido e a sua concretizao com prazer e de uma forma o

mais agradvel possvel.

Na fase inicial e nas pessoas no habituadas ao exerccio fsico, devemos

aconselhar uma actividade fsica utilitria, quando possvel, como a jardinagem e a

horticultura. So tambm teis as danas e jogos tradicionais, subir e descer as

escadas a andar a p.

Sabe-se que esta actividade fsica utilitria desempenha um papel importante

na preveno primria das doenas cardiovasculares.

O tipo de exerccio mais indicado para os idosos a marcha lenta ou rpida, em

distncias variveis, adaptada s possibilidades da pessoa; um meio simples, fcil e

econmico, representando a actividade fsica ideal para a terceira idade.

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As actividades indicadas nestas idades devem ser predominantemente

aerbicas, como por exemplo:

o Marcha

o Golfe

o Jogging

o Corrida

o Cicloturismo

o Natao

H alguns tipos de exerccios que so contra-indicados no idoso:

o Actividades intensas e de predominncia anaerbica.

o Actividades de alto risco (alpinismo, mergulho, paraquedismo).

o Desportos de contacto (boxe, judo, karat).

Nunes (2006, p.198) defende que aconselhada a actividade fsica, mas no a

competio. Interessa sim fazer um treino regular, progressivo a moderado, que

compense o sedentarismo vigente, mas sem a competio nem a preocupao da

obteno de recordes.

Quando os idosos tm certas patologias, tendo o exerccio fsico indicaes

especificas na sua reabilitao, necessria, para um aconselhamento correcto, que o

prescritor tenha total conhecimento das caractersticas clnicas dessas patologias.

Aos idosos com leses degenerativas osteoarticulares dos membros inferiores,

por exemplo, pode ser indicado o pedalar na bicicleta fixa, ou a marcha subaqutica,

por serem actividades fsicas no efectuadas em carga, no havendo, por isso um

agravamento dessa patologia.

Em todas as doenas reumticas aconselhada a natao, excepto na

osteoporose; nesta pato1ogia a natao est contra-indicada porque se efectua em

condies de imponderabilidade que agravam a osteoporose.

A marcha est tambm designada nos idosos com claudicao intermitente,

porque proporciona o desenvolvimento da circulao sangunea colateral do membro

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atingido. De incio por curtos perodos que iro progressivamente aumentando,

correspondendo a uma maior tolerncia ao esforo.

2.7 APTIDO FSICA

O conceito de aptido fsica tem variado e sofrido inmeras transformaes

com o decorrer do tempo (Seabra citado por Fernandes, 2003), sendo actualmente

descrita como um estado geral de prontido motora e bem-estar, orientada para as

questes relacionadas com a sade e tambm com a performance desportivo-motora

(Rowland citado por Fernandes, 2003).

A aptido fsica pode, tambm, ser vista como um perfil (uma conjugao de

traos), pelo que a sua medio tem que ser efectuada a partir de um conjunto variado

de indicadores, os testes (Seabra citado por Fernandes, 2003).

2.8 COMPONENTES DA APTIDO FSICA

Esto descritas cinco componentes da aptido fsica - morfolgica, muscular,

motora, crdio-respiratria e metablica (Maia e Lopes citados por Fernandes 2003)

contudo vamos debruar-nos naquelas que fazem parte da bateria de testes "Fullerton

Functional Fitness Test" (Rikli e Jones, 1999).

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2.8.1 - Fora

Para Mil-Homens (citado por Pereira, 2008). A fora muscular a capacidade

que um msculo, ou grupo muscular, tem de vencer uma dada resistncia, uma dada

velocidade, num determinado exerccio.

A fora pode tambm ser definida como a capacidade condicional, que se

manifesta de diferentes maneiras em funo das necessidades da aco (Manso citado

por Pereira, 2008).

O exerccio fsico considerado hoje como uma das melhores maneiras de

manter a qualidade de vida durante o processo de envelhecimento, exercendo

influncia favorvel sobre a condio funcional do organismo e sobre sua capacidade

de desempenho.

Para Ufland e Theimer (citados por Simo e al., s/d), na musculatura

esqueltica, que com a diminuio da fora muscular e da massa muscular verificam-se

as mais conhecidas manifestaes de envelhecimento, sendo que a reduo mais

intensa de fora ocorre nos msculos flexores do antebrao e nos msculos que

mantm o corpo erecto. Existe uma estreita correlao entre a diminuio da massa

muscular, com capacidade muscular remitente, e a diminuio das hormonas sexuais.

Como resultado da perda de massa e fora muscular associada ao

envelhecimento, muita ateno concentrou-se nas estratgias para a preveno e

reverso destas perdas. Demonstrou-se que o treino de fora um meio eficaz para

aumentar a fora muscular e a condio funcional nos idosos (Fleck e Kraemer, 1999).

De acordo com Dias e al. (2006), uma das formas de interveno que tem

demonstrado grande eficincia na manuteno e aumento da massa muscular, e,

consequentemente, na melhoria da aptido fsica (AF) e independncia de idosos, a

prtica do treino com pesos (TP). Segundo os posicionamentos do ACSM (1998), a

prtica sistemtica de TP em idosos, pode promover aumento da fora, da massa

muscular e da flexibilidade.

Para Lacourt e Marini (2006) citando Deschenes, defendem que existem

estudos evidenciam que a fora muscular atinge seu pico por volta dos trinta anos de

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idade e satisfatoriamente preservada at os cinquenta anos. Contudo, um declnio da

fora ocorre entre os cinquenta e sessenta anos de idade, com um grau bem mais r-

pido de diminuio aps os sessenta anos. A massa muscular diminui

aproximadamente 50% entre os vinte e os noventa anos e o nmero de fibras

musculares no idoso em torno de 20% menor que no adulto.

2.8.2 Flexibilidade

Dantas (1999) define flexibilidade como: (...) qualidade fsica responsvel pela

execuo voluntria de um movimento de amplitude angular mxima, por uma

articulao ou conjunto de articulaes, dentro dos limites morfolgicos, sem o risco

de provocar leses.

Conforme Hollman e Hettinger (citados por Dantas, 1999), a flexibilidade a

qualidade fsica responsvel pela execuo voluntria de um movimento de amplitude

angular mxima, por uma articulao ou conjunto de articulaes, dentro dos limites

morfolgicos, sem o risco de provocar leso.

A flexibilidade, durante o processo de envelhecimento, fica bastante

comprometida. A sua perda, conforme reporta Dantas (citado por Nakagava e Rabelo,

2007) deve-se mais diminuio da elasticidade muscular do que mobilidade

articular, prejudicando a autonomia funcional do idoso.

O tecido conjuntivo torna-se mais rgido e as articulaes menos mveis. H a

formao de ligaes cruzadas entre fibrilas de colagnio adjacente, reduzindo a

elasticidade e favorecendo a leso mecnica do tecido afectado. Os vasos sanguneos

tornam-se, progressivamente afectados pela aterosclerose e arteriosclerose,

diminuindo desta maneira, o abastecimento de oxignio a todos os rgos do corpo.

(Robergs e Roberts, 2002).

A flexibilidade e, principalmente, os itens maleabilidade da pele e elasticidade

muscular, so poderosamente influenciados por alguns factores: idade, sexo, hora do

dia, temperatura ambiente; estado (nvel) de treino; activao ou no dos nveis de

flexibilidade por meio de actividade fsica.

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O prognstico da perda da mobilidade preocupa seriamente qualquer pessoa

em particular os idosos. A diminuio progressiva na amplitude do movimento

articular e o endurecimento articular, caractersticas da idade, comprometem

seriamente o bom desempenho do aparelho locomotor (Moreira, 2001; Okuma, 1998;

Dantas, 1999). Segundo Moreira (2001, p.99) a actividade fsica costuma intervir para

prevenir ou minimizar tais acontecimentos, auxiliando o organismo a conviver, mais

saudavelmente, com o processo de envelhecimento.

2.8.3 Resistncia

De acordo com Dantas a resistncia muscular a qualidade fsica que dota um

msculo da capacidade de executar uma quantidade numerosa de contraces sem

que haja diminuio na amplitude do movimento, na frequncia, na velocidade e na

fora de execuo, resistindo ao surgimento da fadiga muscular localizada (citado por

Arago e al., 2002)

A resistncia de cada exerccio pode estar relacionada a determinado

percentual da maior carga possvel de ser mobilizada em uma nica repetio mxima

(1-RM) ou relacionada a uma quantidade estipulada de repeties mximas (ACSM,

2002).

Lacourt e Marini (citando Kauffman, 2001) O declnio na resistncia muscular

um aspecto que contribui para a perda funcional e para a incapacitao nos idosos. Em

comparao com adultos mais jovens, os mais velhos so obrigados a activar um

percentual maior da massa muscular reduzida para produzir a mesma fora, isto ,

exerccios realizados com uma intensidade determinada requerem um percentual mais

elevado da capacidade mxima em pessoas idosas. Isso resulta do estabelecimento

precoce da fadiga em consequncia de um maior stress metablico.

A densidade capilar e o aporte sanguneo reduzido, o comprometimento do

transporte de glicose, a menor densidade mitocondrial, a diminuio da actividade das

enzimas oxidativas e uma diminuio da fosfocreatina contribuem para o decrscimo

na resistncia muscular verificado em pessoas com idade avanada.

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2.8.4 Equilbrio/Agilidade

De acordo com Ruwer e al. (2005), o envelhecimento compromete a habilidade

do sistema nervoso central em realizar o processamento dos sinais vestibulares, visuais

e proprioceptivos responsveis pela manuteno do equilbrio corporal, bem como

diminui a capacidade de modificaes dos reflexos adaptativos.

Um dos principais factores que limitam hoje a vida do idoso o desequilbrio.

Em 80% dos casos no pode ser atribudo a uma causa especfica, mas sim a um

comprometimento do sistema de equilbrio como um todo.

Segundo as mesmas autoras, as manifestaes dos distrbios do equilbrio corporal

tm grande impacto para os idosos, podendo lev-los reduo de sua autonomia

social, uma vez que acabam reduzindo as suas actividades de vida diria, pela

predisposio a quedas e fracturas, trazendo sofrimento, imobilidade corporal, medo

de cair novamente e altos custos com o tratamento de sade.

Segundo Ferreira e Gobbi (2003) como os nveis de agilidade esto

directamente ligados s actividades quotidianas dos indivduos, ou seja, aptido

funcional; de extrema importncia a verificao desses nveis de agilidade atravs de

testes especficos para tal. Os resultados nos testes especficos possibilitam uma

classificao do real estado funcional do indivduo na terceira idade; j que a idade

cronolgica no capaz, por si s de predizer esse factor. Conhecendo o real estado

funcional do indivduo possvel prescrever actividades fsicas em intensidade e

volumes adequados, bem como verificar atravs dos testes a evoluo do indivduo

perante a prtica regular de actividades fsicas.

A AAHPERD (Osness, 1990) inclui na sua bateria de testes para idoso, um nico

teste de agilidade e equilbrio dinmico que pelas suas caractersticas pode ser

considerado como de agilidade geral, conquanto enfatize membros inferiores. A

questo que se coloca se tal teste constitui um bom premedito da agilidade de

segmentos corporais especficos, de forma especial dos membros superiores pela

importncia desta capacidade motora em tais segmentos nas actividades da vida

diria.

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Uma outra questo que se apresenta que, como via de regra, so

desenvolvidos programas supervisionados de actividades fsicas generalizadas (dana,

actividades alternativas, ginstica, musculao, desportos adaptados, actividades

ldicas), quais seriam os efeitos desses tipos de actividades no nvel de agilidade, seja

geral ou de segmentos especficos.

As respostas e estas questes revestem-se de importncia tanto para a rea de

conhecimento da Educao Fsica quanto para a populao da terceira idade.

2.9 - AVALIAO DA APTIDO FSICA NO IDOSO

Testar periodicamente a aptido fsica relacionada com a sade, mostra aos

participantes qual o seu estado relativamente aos nveis normais de aptido. Os

resultados podem ento ser utilizados para enfatizar a importncia de adoptar um

estilo de vida activa para alcanar e manter elevados nveis das funes cardiovascular

e respiratria (Spirduso, 1995).

A avaliao da aptido fsica pode ser efectuada por vrios mtodos. Os

questionrios ou entrevistas tm a vantagem de serem fceis de administrar, fceis de

classificar e referido uma fiabilidade suficiente para a sua utilizao em situaes

clnicas e de predio da morbilidade e mortalidade.

No entanto, a sua validade baseia-se na veracidade da informao dada pelo

indivduo ou familiar podendo levantar problemas, porque nem sempre o prprio ou o

seu cuidador conseguem ser exactos na avaliao das situaes (Spirduso, 1995).

Outro mtodo de avaliar a aptido fsica atravs da forma sistemtica

utilizando critrios predeterminados, usualmente consegue-se resultados mais fiveis.

Consideram-se trs tipos de teste de performance; (I) os que incorporam componentes

fsicas relacionadas com as actividades bsicas, por exemplo apertar os cordes dos

sapatos ou botes da camisa; (II) tarefas que simulem competncias funcionais dirias,

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