Upload
ngodan
View
220
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
ALTERAÇÕES NAS ENZIMAS ÁCIDO GLUTÂMICO
DESCARBOXILASE (GAD65 E GAD67) NO ESTRIADO E
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL DE RATAS APÓS
ADMINISTRAÇÃO REPETIDA DE COCAÍNA
Autor: Marilise Fraga de Souza Orientador: Profa. Dra. Helena Maria Tannhauser Barros
Dissertação de Mestrado
Porto Alegre, 2009
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
2
Dedico esta dissertação aos meus exemplos de vida, Antônio Carlos Cypriano de Souza e Marli Rejane Fraga de Souza, que me ensinaram que a educação é a única forma de se alcançar os objetivos e que foram os grandes responsáveis por mais este passo. Estas duas pessoas, com muita sabedoria, discernimento, bom senso e dedicação, estiveram ao meu lado me encorajando nas horas difíceis e me aplaudindo nos momentos de glória. Obrigada por serem meus pais, profissionais corretos e competentes, fonte de inspiração, apoio e ensino diário.
3
AGRADECIMENTO ESPECIAL
Ao meu marido, confidente e companheiro Jeferson Evangelista da
Silveira, agradeço pelo apoio, amor e compreensão nestes anos de
convivência. Estando ao meu lado em todos os momentos, compreendendo
minhas ausências e me incentivando a alcançar meus sonhos.
4
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Helena Maria Tannhauser Barros, minha orientadora, por
todo empenho, sabedoria, exigência e compreensão. Agradeço pela confiança
e por ter apostado em mim e acreditado na minha capacidade.
Às minhas irmãs e irmão por estarem sempre ao meu lado, em todos os
momentos, torcendo por mim.
Às minhas sobrinhas e sobrinho simplesmente por existirem e fazerem a
minha vida mais feliz.
Aos meus amados avós, que onde quer que estejam, tenho a certeza de
que olharam por mim todo este tempo.
À minha grande família (tios, primos, sogros, cunhados) pelos momentos
prazerosos e por me ensinarem o valor da família.
À amiga Natividade de Sá Couto Pereira pelas risadas, conversas e por
ter me acompanhado diariamente nesta jornada.
Aos colegas de laboratório Eduardo, Lucas e Maurício por fazerem as
longas tardes de experimentos mais divertidas.
Às amigas Nice e Sharon pela convivência agradável e por dividirem
comigo as angústias desta fase da vida.
Às amigas supervisoras, aos consultores e ao pessoal administrativo do
Serviço VIVAVOZ, por me ensinarem que uma equipe unida pode mudar, se
não o mundo, ao menos a vida de algumas pessoas.
Às doutoras Ana Paula Guedes Frazzon, Maristela Ferigolo, Rosane
5
Gomez e Denise Dantas pelos exemplos de mulheres, pesquisadoras e
amigas.
A todos os amigos, funcionários, professores e colaboradores da
UFCSPA, que acompanharam o meu trajeto dentro desta Universidade.
Aos amigos, colegas e professores do curso de Enfermagem da UFRGS,
pelos quatro anos e meio de companheirismo e amizade.
A todos vocês, muito obrigada!
6
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
RESUMO
ABSTRACT
1. INTRODUÇÃO
1.1. Cocaína
1.1.1. Histórico
1.1.2 Epidemiologia
1.1.3 Farmacologia
1.1.3.1. Farmacocinética
1.1.3.2. Farmacodinâmica
1.1.4. Efeitos da cocaína
1.1.4.1. Efeitos agudos
1.1.4.2. Efeitos crônicos
1.1.5. Influência dos hormônios sexuais femininos nos efeitos da
cocaína
1.2. Ácido Gama-aminobutírico (GABA)
1.2.1. Isoenzimas Ácido Glutâmico Descarboxilase (GAD)
1.2.2. Receptores GABA
1.3. Cocaína e Sistema GABAérgico
1.4. Sensibilização comportamental
1.4.1. Vias neurais envolvidas na sensibilização à cocaína
VIII
IX
X
XI
12
12
12
15
17
18
20
23
23
26
31
35
37
41
43
47
52
7
2. JUSTIFICATIVA
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
3.2. Objetivos específicos
4. REFERÊNCIAS
5. ARTIGO CIENTÍFICO
57
59
59
59
60
78
8
LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figuras:
Figura 1. Arbusto de Erytroxylon coca
Figura 2. Formas de uso da cocaína
Figura 3. Estrutura química da cocaína e seus principais metabólitos
Figura 4. Esquema representativo do mecanismo de ação da cocaína no SNC
Figura 5. Diagrama esquemático da síntese, transporte e metabolização de
GABA na sinapse
Figura 6. Representação esquemática dos receptores GABAA e GABAC
Figura 7. Representação esquemática dos receptores GABABR1 e GABABR2
Figura 8. Representação esquemática do cérebro de rato e alterações de
GAD65 e GAD67
Figura 9. Topografia do circuito motivacional e as neurotransmissões
associadas com a expressão da sensibilização comportamental
Tabelas:
Tabela 1. Farmacocinética da cocaína de acordo com a via de administração
Tabela 2. Complicações relacionadas ao consumo de cocaína e a via de
administração escolhida
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ATP Adenosina tri-fosfato
ATV Área Tegmentar Ventral
BZ Benzodiazepínicos
Cpf Córtex Pré-Frontal
DA Dopamina
GABA Ácido Gama-aminobutírico
GABABR Receptor GABAB
GAD Ácido Glutâmico Descarboxilase
K+ Íon Potássio
Ca2+ Íon Cálcio
Cl- Íon Cloreto
NAc Núcleo accumbens
RNAm Ácido Ribonucléico Mensageiro
SNC Sistema Nervoso Central
ONU Organização das Nações Unidas
PLP Piridoxal-5'-fosfato
VP Ventral pallidum
10
RESUMO
Este estudo objetivou comparar os níveis de sensibilização à cocaína a
modificações nas enzimas ácido glutâmico descarboxilase (GAD) no córtex
pré-frontal e estriado de ratas. Ratas ovariectomizadas receberam salina ou
cocaína repetidamente e, após uma dose desafio de cocaína, atividade
locomotora e estereotipia foram monitoradas. Nem todos os animais
apresentaram sensibilização após administração repetida de cocaína. Uma
única exposição à cocaína não alterou a expressão de RNAm das isoenzimas
GAD em ambas regiões cerebrais. O RNAm de GAD65 e GAD67 foi
significativamente menor no estriado das ratas tratadas repetidamente com
cocaína, independentemente se estas apresentaram sensibilização ou não.
Apenas as ratas sensibilizadas tiveram significativa redução do RNAm de
GAD65 no córtex pré-frontal. A expressão do GAD67 no córtex pré-frontal foi
reduzida nos animais sensibilizados que mostraram estereotipia. Estes
resultados sugerem que apenas o tratamento repetido com cocaína afeta a
expressão das isoenzimas GAD no estriado e córtex pré-frontal de ratas
fêmeas. No córtex pré-frontal, administração repetida de cocaína por si própria
não leva a mudanças no GAD. Sensibilização está associada à menores níveis
de RNAm de GAD65 no córtex pré-frontal em fêmeas, enquanto que a
regulação da expressão de GAD67 no córtex pré-frontal parece ser alterada
apenas após intensa sensibilização ser alcançada.
Palavras-chave: cocaína, sensibilização, isoenzimas GAD, estriado, córtex
pré-frontal.
11
ABSTRACT
This study furthered compares the repeated cocaine sensitization to the
modifications in glutamic acid decarboxylase isoenzymes (GAD) in the
prefrontal cortex and striatum of female rats. Ovariectomized female rats
received saline or cocaine repeatedly and after a challenge cocaine dose,
locomotion and stereotypies were monitored. Not all animals presented
sensitization after repeated cocaine. A single exposure to cocaine did not
change the expression of GAD mRNA in brain areas. GAD65 and GAD67 mRNA
were significantly lowered in the striatum of repeatedly-treated animals
irrespective of rats showing sensitization or not. Only sensitized animals
presented significant reduction of prefrontal cortex GAD65 mRNA. GAD67 in the
prefrontal cortex was reduced only in sensitized animals showing stereotypies.
Present results suggest that only repeatedly administered cocaine affects GAD
isoenzymes expression in the striatum and prefrontal cortex of female rats. In
the prefrontal cortex repeated cocaine by itself does not lead to GAD changes.
Sensitization is associated with decreased GAD65 mRNA expression in the
prefrontal cortex of females, while regulation of GAD67 expression in the
prefrontal cortex appears to be changed only after highest sensitization is
achieved.
Keywords: cocaine, sensitization, GAD isoenzymes, striatum, prefrontal cortex.
12
1. INTRODUÇÃO
1.1 Cocaína
1.1.1 Histórico
A cocaína (benzoilmetilecgonina) é um alcalóide tropano extraído das
folhas do arbusto Erythroxylon coca (figura 1), pertencente à família das
eritroxiláceas, que é encontrado ao leste dos Andes e acima da Bacia
Amazônica (Leite, 1999). É cultivada em clima tropical em altitudes que variam
entre 450 e 1800 metros acima do nível do mar (Ferreira e Martini, 2001).
Figura 1. Arbusto de Erythroxylon coca.
O abuso de cocaína tem suas raízes nas grandes civilizações pré-
colombianas dos Andes, há mais de 4500 anos. A civilização Inca cultivou e
estabeleceu o consumo da coca para suportar a fadiga e a fome, prática que
ainda é reconhecida (Ferreira e Martini, 2001; Leite, 1999; Gold, 1993). Os
indígenas acreditavam na origem divina deste arbusto, tradição esta observada
ainda hoje, em contextos religiosos destas populações no Peru, Bolívia,
Colômbia e Equador (Weiss et al., 1994).
13
Após a conquista da América pelos espanhóis, no século XVI, as folhas
de coca chegaram ao continente europeu, porém não ocorreu a difusão e o
consumo na Europa neste período (Weiss et al., 1994). Somente em 1855, o
químico alemão Friedrich Gaedecke conseguiu o extrato das folhas de coca, o
erythroxylene e, em 1859, outro químico alemão, Albert Niemann, isolou os
alcalóides da folha, sendo a cocaína o principal deles (80% do total) (Ferreira e
Martini, 2001).
A popularização da cocaína iniciou-se em 1863, quando Ângelo Mariani
criou uma mistura de vinhos e folhas de coca, o qual denominou de Vin
Mariani, bastante utilizado por personalidades importantes como Papas e Reis
(Weiss et al., 1994). Freud contribuiu de maneira decisiva para a divulgação da
nova droga. Em 1884, publicou um livro chamado “Uber coca”, no qual
defendeu o uso terapêutico da cocaína na depressão. Após ser duramente
criticado pela comunidade científica da época e reconhecer os efeitos maléficos
da cocaína, como a dependência, Freud publicou, em 1892, uma atualização
de “Uber coca”, retratando tudo o que havia dito anteriormente (Bahls e Bahls,
2002).
Em 1884, Karl Koller descobriu que o uso da cocaína tornava o olho
insensível à dor, tornando-se o pai da anestesia local. Wiliam Halsted, que
seria conhecido como um dos pais da cirurgia moderna, por volta de 1880,
tentou estabelecer o uso da droga como anestésico local, não ficando restrito à
oftalmologia, obtendo sucesso no bloqueio da dor, iniciando a era das cirurgias
oculares, entre outras (Ferreira e Martini, 2001).
Após a produção de cocaína semi-refinada, em 1885, o armazenamento
e o transporte das folhas de coca foram simplificados, os preços caíram, e o
14
consumo de cocaína semi-refinada aumentou substancialmente. Dessa forma,
houve uma rápida criação de novas fábricas de medicações, utilizando a
cocaína em diversos produtos (Karch, 1999).
Em 1886, John Styth Peberton criou um refrigerante isento de álcool,
que utilizava na composição noz de cola e folhas de cocaína. Assim nasceu a
Coca-Cola, que era consumida pelas classes menos favorecidas para
problemas gástricos, dores de cabeça, cansaço, entre outros. Somente em
1906, as folhas de coca da formulação foram substituídas por folhas
descocainizadas e cafeína (Ferreira e Martini, 2001).
Em 1898, a fórmula exata da estrutura química da cocaína foi
descoberta e, em 1902, Willstatt (prêmio Nobel) produziu cocaína sintética em
laboratório que, sob a forma de cloridrato de cocaína, apresenta-se como um
pó branco cristalino (Ferreira e Martini, 2001).
A partir da primeira guerra mundial, os efeitos do consumo de cocaína
começaram a tornar-se mais evidentes. Em 1914, os Estados Unidos publica a
Lei Harrison Act, proibindo o uso da cocaína pela população. Episódios de
toxicidade, tolerância, dependência e até mesmo morte pelo uso de tais
produtos passaram a ser relatados em revistas médicas no início dos anos 20
(Karch, 1999). No Brasil, o Decreto-Lei Federal n°4.292, de 06 de julho de
1921, restringiu o uso de cocaína. Entretanto, observou-se o ressurgimento da
disponibilidade e do consumo da cocaína no início de 1970 nos Estados Unidos
e ao final de 1980 e início de 1990, no Brasil. Com o advento do crack a partir
da metade dos anos 80, tem-se observado uma tendência de queda no uso do
cloridrato de cocaína e um aumento do uso desta outra preparação. Assim, o
mundo testemunha uma nova fase da história da cocaína, pelo menos com
15
relação ao potencial de toxicidade, pois o crack é muito mais barato e fácil de
consumir, porém, com capacidade de causar danos ainda maiores que a
cocaína pura (Bahls e Bahls, 2002; Ferreira e Martini, 2001).
1.1.2. Epidemiologia
Segundo o relatório mundial sobre drogas da Organização das Nações
Unidas (ONU), realizado em 2008, o uso de cocaína aumentou no Brasil, que
passou a ser o segundo maior mercado de cocaína das Américas (cerca de
870 mil usuários), depois dos Estados Unidos (cerca de 6 milhões de
consumidores de cocaína). O relatório também expõe o Sudeste e o Sul do
Brasil como as áreas mais afetadas pelo consumo de cocaína. O uso na vida
de cocaína no Sudeste do Brasil é de 3,7% da população entre 12 e 65 anos.
No Sul, o uso na vida é de 3,1% enquanto no Nordeste e no Norte chega a
1,2% e 1,3%, respectivamente (UNODC, 2008).
De acordo com o último Levantamento Domiciliar brasileiro, realizado em
2005 nas 108 maiores cidades do país (Carlini et al., 2007), a cocaína é a
segunda droga ilícita mais utilizada, sendo superada apenas pela maconha. A
pesquisa aponta que 2,9% da população já usou cocaína ao menos uma vez
na vida. Estes resultados mostram um consumo próximo ao da Alemanha
(3,2%), porém bem inferior aos Estados Unidos, com 14,2%, e Chile com 5,3%.
O uso iniciou-se na faixa etária de 12 a 17 anos (0,5%) e atingiu um máximo na
faixa dos 25 aos 34 anos (5,2%). Em comparação ao I Levantamento Domiciliar
(Carlini et al., 2002), este último Levantamento (Carlini et al., 2007) mostra um
aumento na prevalência anual do uso de cocaína de 0,4% da população entre
12 e 65 anos, em 2001, para 0,7%, em 2005. Entre estudantes brasileiros do
16
ensino fundamental e médio, dados de levantamento sobre o uso de drogas,
realizado em 2004, apontam o uso na vida de cocaína de 2,0% (Galduróz et al.,
2005).
O último Levantamento Domiciliar (Carlini et al., 2007) revela grande
predomínio de uso de cocaína por indivíduos do sexo masculino. No entanto, a
porcentagem de mulheres jovens (de 12 a 17 anos) que fizeram uso na vida de
cocaína é igual à encontrada entre os homens desta mesma faixa etária
(0,4%). Esta constatação pode já estar refletindo a mudança cultural com mais
aceitação em relação ao uso de drogas mais “pesadas” pelas mulheres. Nos
Estados Unidos, cerca de 30% dos usuários de cocaína são mulheres
(SAMHSA, 2007). Portanto, o número de mulheres que fazem uso de
psicoestimulantes como a cocaína tem aumentado nos últimos anos, e há
diferenças nas respostas comportamentais entre indivíduos de sexos
diferentes, tanto em humanos quanto em modelos experimentais, sendo o sexo
feminino mais sensível aos efeitos dos psicoestimulantes do que o masculino.
Justifica-se a menor incidência de uso de drogas pelas mulheres por fatores
culturais. Assim sendo, é importante estudar as diferenças biológicas porque
há cada vez mais a aceitação cultural da semelhança entre sexos.
Em relação ao crack, dados do II Levantamento domiciliar revelam a
prevalência de uso na vida de 0,7%, sendo a maior porcentagem para o sexo
masculino (3,2%), na faixa etária de 25 a 34 anos, o que equivale a uma
população de 193.000 pessoas (Carlini et al., 2007). No estudo entre os
estudantes, o uso na vida de crack também foi de 0,7% (Galduróz et al., 2005),
revelando o uso precoce desta preparação.
17
1.1.3. Farmacologia
Antes de se conhecer e de se isolar a cocaína da planta, as folhas de
coca eram muito usadas sob forma de chá (figura 2A). A cocaína é purificada
das folhas de coca (que contém entre 0,6% e 1,8% do alcalóide cocaína)
através de um método relativamente simples, pelo qual esta é extraída das
folhas utilizando um solvente orgânico, resultando em uma pasta de coca
contendo aproximadamente 80% de cocaína (Dickerson e Janda, 2005). Esta
forma intermediária da droga, especialmente perigosa devido à sua impureza,
também é conhecida como basuco (figura 2B), que é fumada em alguns países
(Figlie et al., 2004). No entanto, a cocaína é geralmente disponível sob a forma
de cloridrato (figura 2C) ou base livre (figura 2D). O cloridrato de cocaína é
preparado por dissolução do alcalóide no ácido clorídrico formando um pó
hidrossolúvel ou em grânulos que se decompõem quando aquecidos e que
podem ser ingeridos via oral, por inalação, ou via intravenosa. A base livre é
elaborada pela transformação da cocaína com amônia ou bicarbonato de sódio,
neutralizando o bicarbonato ou a parte ácida. Trata-se de uma forma estável a
altas temperaturas, permitindo-lhe ser fumado, e é conhecida como crack,
devido ao som que faz quando aquecido (Egred e Davis, 2005; Dickerson e
Janda, 2005; Figlie et al., 2004).
Figura 2. Formas de uso da cocaína. A. Chá de folhas de coca. B. Pasta de coca: basuco. C. Cloridrato de cocaína: pó. D. Base livre: crack.
A B DC
18
1.1.3.1. Farmacocinética
A cocaína é absorvida, nas diferentes formas, por todos os órgãos com
membranas mucosas. Quando a cocaína é ingerida por via oral, sua absorção
é lenta e incompleta, requer mais de 1 hora e somente 25% da droga ingerida
alcançam o cérebro. Por isso, nessa forma de administração não existe o
sentimento de rush, caracterizado por uma intensa sensação de bem estar,
comum às outras formas de uso. Em relação à cocaína aspirada, cerca de 20%
a 30% da droga são absorvidos, isto porque apenas uma pequena quantidade
da droga atravessa a mucosa nasal. Além disso, a vasoconstrição gerada pela
cocaína acaba limitando a sua absorção. Quando injetada, a cocaína cruza
todas as barreiras de absorção e alcança a corrente sanguínea imediatamente.
Produz um rápido, poderoso e breve efeito. Por essa razão, foi uma das formas
de uso preferidas entre os usuários compulsivos. Entretanto, consumidores
ainda mais compulsivos utilizam a via pulmonar, já que a absorção da cocaína
vaporizada e fumada é rápida e quase completa (Figlie et al., 2004). O início, o
pico e a duração dos efeitos da cocaína também variam de acordo com a via
de administração (tabela 1).
Tabela 1. Farmacocinética da cocaína de acordo com a via de administração.
Via de administração Início da ação Pico do efeito Duração da ação
Inalada/fumada 3-5 segundos 1-3 minutos 5-15 minutos
Intravenosa 10-60 segundos 3-5 minutos 20-60 minutos
Intranasal ou mucosal 1-5 minutos 15-20 minutos 60-90 minutos
Gastrointestinal (oral) > 20 minutos > 90 minutos > 180 minutos
Fonte: Egred e Davis, 2005.
19
Enfim, os efeitos psicoestimulantes da cocaína dependem da rota de
administração utilizada. Quanto mais rápida a absorção, e sua entrada no
cérebro, mais intenso será seu efeito. Em contrapartida, menor será seu tempo
de ação com maiores riscos de dependência. Em vista disso, o crack é
considerado a mais potente e viciante forma de uso desta substância (Egred e
Davis, 2005).
Depois que a cocaína penetra no cérebro, é rapidamente redistribuída
para outros tecidos e se concentra no baço, rins e cérebro. Durante a gravidez,
a cocaína cruza a placenta e alcança, no bebê, níveis semelhantes aos da mãe
(Figlie et al., 2004).
Cerca de 80% a 90% da cocaína (figura 3A) é transformada em
metabólicos inativos hidrossolúveis. O metabolismo ocorre inicialmente no
plasma por hidrólise do radical éster. O primeiro metabólito é metil éster de
ecgonina (figura 3B), que sofre degradação para benzoilecgonina (figura 3C), o
principal metabólito urinário. Por último, a desmetilação de cocaína para
norcocaína (figura 3D) é realizada através da enzima oxidase no sistema
hepático (Carrera et al., 2004). Na presença de álcool, outro metabólito ativo
tóxico é formado, o cocaetileno, cuja potência é semelhante à da cocaína,
aumentando, assim, a toxicidade da cocaína quando esta é ingerida
juntamente com o álcool (Figlie et al., 2004).
20
Figura 3. Estrutura química da cocaína (A) e seus principais metabólitos: metil éster de ecgonina (B), benzoilecgonina (C), e norcocaína (D).
Em geral, a cocaína é rapidamente eliminada pela urina e possui tempo
de meia-vida de aproximadamente 1 hora (Figlie et al., 2004). Cerca de 1 a 5%
da substância fica inalterada e os metabólitos hidrossolúveis da cocaína podem
permanecer na urina por até 72 horas, fornecendo um indicador do uso recente
da cocaína (Egred e Davis, 2005). Em usuários crônicos, a urina pode
permanecer positiva por até 22 dias (Figlie et al., 2004). O consumo de
cocaína também pode ser detectado pela análise do cabelo, que é um
marcador sensível e fornece informações sobre o consumo nas últimas
semanas ou meses, dependendo do comprimento do cabelo analisado (Egred
e Davis, 2005).
1.1.3.2. Farmacodinâmica
A cocaína atua como um poderoso agente simpaticomimético com
capacidade de, simultaneamente, bloquear a recaptação e aumentar os níveis
de catecolaminas (dopamina, serotonina, norepinefrina e noradrenalina),
produzindo ação de altas concentrações destas catecolaminas nos receptores
A B
C D
21
pós-sinápticos, o que explica o seu efeito estimulante do Sistema Nervoso
Central (SNC) (Dackis e O’Brien, 2001; Egred e Davis, 2005).
No entanto, o bloqueio da recaptação de dopamina (DA) na via
mesocorticolímbica é o principal mecanismo de ação da cocaína (Figura 4)
(Goldstein e Volkow, 2002; Koob, 2006). Esta via origina-se nos corpos
celulares dopaminérgicos na área tegmentar ventral (ATV) e projeta-se para
várias áreas do sistema límbico, incluindo córtex pré-frontal (Cpf), hipocampo,
amígdala e núcleo accumbens (NAc) (Anderson e Pierce, 2005). Ao ligar-se
aos transportadores que fazem a recaptação de DA situados na membrana
pré-sináptica dos neurônios dopaminérgicos, a cocaína inibe a remoção da DA
da fenda sináptica e sua subseqüente degradação pela monoamina oxidase no
nervo terminal. A DA permanece na fenda sináptica e liga-se livremente aos
seus receptores sobre a membrana pós-sináptica, produzindo mais impulsos
nervosos. Esse bloqueio aumenta a concentração de DA na fenda sináptica no
NAc em até 15 vezes (Grimm, 2007). O aumento da ativação da DA na via
mesocorticolímbica é o principal responsável pelos efeitos reforçadores e pelo
sentimento de extrema euforia induzidos pela cocaína (Goldstein e Volkow,
2002; Koob, 2006).
22
Figura 4. Esquema representativo do mecanismo de ação da cocaína no SNC, através do bloqueio da recaptação de DA pelo receptor pré-sináptico. A. Ação da DA em condições normais. B. Ação da DA na presença de cocaína. Fonte: NEAD, 2008.
Neste sentido, a DA tem um papel crucial na mediação dos efeitos
reforçadores da cocaína (Aarão et al., 2008; Cannon e Bseikri, 2004). O
sistema de recompensa tem participação fundamental na busca de estímulos
causadores de prazer, tais como alimentos, sexo, relaxamento, sendo um
importante mecanismo de autopreservação. Por meio do reforço positivo da
recompensa, obtida durante essas experiências, o organismo é impelido a
buscá-las repetidas vezes. O reforço e a motivação, portanto, podem ser
considerados componentes naturais do comportamento e fundamentais na sua
organização (Stefano et al., 2007). A cocaína, através da estimulação
dopaminérgica, mimetiza os sentimentos e a busca de prazer naturais do
organismo.
Apesar de a cocaína atuar diretamente sobre o sistema dopaminérgico,
outros sistemas também sofrem influências de sua utilização, podendo
acarretar profundas alterações em receptores, síntese de neurotransmissores
bem como a níveis moleculares (Johanson e Schuster, 2000; Perrotti et al.,
2000). Com isso, buscando equilibrar a atividade do SNC após a estimulação
A B
23
produzida pelas altas concentrações de catecolaminas decorrentes do uso de
cocaína, ocorre a mobilização de sistemas inibitórios cerebrais. Estudos
demonstram que o Ácido Gama-aminobutírico (GABA), principal
neurotransmissor inibitório do SNC, está envolvido na modulação dos efeitos
produzidos pela administração aguda ou crônica de cocaína no cérebro
(Backes e Hemby, 2008; Jayaram e Steketee, 2004). No entanto, ainda existem
lacunas no conhecimento quanto à forma com que este sistema inibitório atua
na resposta ao uso de psicoestimulantes, necessitando de estudos adicionais
que revelem os mecanismos pelos quais esta regulação é feita. O sistema
GABAérgico e sua influência nos efeitos dos psicoestimulantes será abordado
no item 1.2.
1.1.4. Efeitos da cocaína
Os efeitos da cocaína já estão bem estabelecidos na literatura. Vários
livros texto de farmacologia apontam que a cocaína possui múltiplas ações,
tanto periféricas, quanto centrais. Esta substância é um potente anestésico
local com propriedades vasoconstritoras e também um estimulante do SNC,
com ação inibitória sobre os transportadores de DA (Hardmann et al., 2005;
Laranjeira et al., 2003; Stahl, 1998).
1.1.4.1. Efeitos agudos
A intoxicação aguda com cocaína produz vários efeitos clínicos,
dependendo da dose, sendo mediada pela inibição do transportador de DA e,
conseqüentemente, pelos efeitos da excessiva atividade dopaminérgica nas
sinapses (Stahl, 1998).
24
O efeito agudo predominante e mais esperado após o uso de cocaína é
uma intensa euforia e sensação de bem estar (Leite, 1999). Outros sintomas
psíquicos decorrentes do uso da cocaína são o aumento do estado de vigília,
autoconfiança elevada, aceleração do pensamento e aumento das capacidades
físicas, intelectuais e sexuais (Laranjeira et al., 2003).
Em doses maiores, a cocaína pode produzir efeitos físicos e psíquicos
indesejáveis. Os principais sintomas físicos são o aumento da freqüência
cardíaca e respiratória, da temperatura corpórea, sudorese, tremor leve de
extremidades, espasmos musculares (especialmente língua e mandíbula),
midríase e comportamento estereotipado repetitivo (Laranjeira et al., 2003). Os
sintomas psíquicos incluem labilidade emocional, inquietação, irritabilidade,
paranóia e pânico. Com doses ainda mais elevadas, pode produzir intensa
ansiedade e alucinações (Stahl, 1998). Estes efeitos indesejáveis aumentam a
necessidade de repetir o uso, isto porque os efeitos da cocaína aparecem
imediatamente após única dose e desaparecem dentro de poucos minutos ou
horas (Leite,1999).
As consequências relacionadas ao consumo de cocaína são
habitualmente agudas e a via de administração escolhida pode apresentar
manifestações específicas, conforme exposto na tabela 2.
Tabela 2. Complicações relacionadas ao consumo de cocaína e a via de
administração escolhida
Sistema Nervoso Central Qualquer via: cefaléias, convulsões, acidente vascular cerebral,
hemorragia intracraniana, hemorragia subaracnóidea. As complicações
psiquiátricas compreendem confusão mental, estimulação intelectual,
25
mania, agitação, ansiedade, irritabilidade, euforia, depressão, ideação
suicida, alucinações visuais, paranóia, medo irracional, mania de
perseguição, destruição da personalidade, anorexia, tolerância,
sensibilização e dependência.
Via endovenosa: aneurismas micóticos
Aparelho cardiovascular Qualquer via: hipertensão, arritmias cardíacas, isquemia do miocárdio,
infarto agudo do miocárdio, cardiomiopatias, dissecção ou rupturas de
aorta
Via endovenosa: endocardite bacteriana
Aparelho Respiratório Via intranasal: broncopneumonias
Via inalatória: broncopneumonias, hemorragia pulmonar, edema
pulmonar, pneumomediastino, pneumotórax, asma, bronquite, bronquiolite
obliterante, depósito de resíduos, corpo estranho, lesões térmicas
Via endovenosa: embolia pulmonar
Aparelho Digestivo Qualquer via: isquemia mesentérica
Via inalatória: esofagite
Aparelho Excretor e Distúrbios Metabólicos Qualquer via: insuficiência renal aguda secundária à rabdomiólise,
hipertermia, hipoglicemia, acidose láctica, hipocalemia, hipercalemia
Olhos, Ouvidos, Nariz e Garganta Via intranasal: necrose de septo nasal, rinite, sinusite, laringite
Via inalatória: lesões térmicas
Doenças Infecciosas Via endovenosa e via inalatória: AIDS, hepatite B e C
Fonte: Laranjeira et al., 2003
As complicações psiquiátricas são as que mais levam os usuários de
cocaína à atenção médica. Quadros agudos de pânico, os transtornos
depressivos e os psicóticos agudos são os mais relatados (Laranjeira et al.,
26
2003). As complicações cardiovasculares decorrentes do uso de cocaína são
as mais freqüentes entre as complicações não-psiquiátricas. Juntamente com o
aumento de diferentes neurotransmissores, o aumento dos níveis de adrenalina
pela cocaína provoca efeitos como vasoconstrição e decorrente hipertensão
arterial e taquicardia. O músculo cardíaco, que está sendo estimulado pelo uso
de cocaína, também sofre os efeitos da vasoconstrição, que o priva do sangue
necessário. Esta combinação pode causar grave arritmia ou ataque cardíaco,
inclusive em jovens usuários (Figlie et al., 2004).
1.1.4.2. Efeitos Crônicos
Os efeitos cumulativos do uso crônico ou até mesmo os efeitos agudos
de grandes doses podem deixar importantes seqüelas, tanto cardiovasculares
quanto gastrointestinais, renais, endócrinas, respiratórias, reprodutivas,
infecciosas e até mesmo a morte (overdose) (Figlie et al., 2004). A overdose é
a mais conhecida complicação aguda relacionada ao consumo de cocaína.
Pode ser definida como a falência de um ou mais órgãos decorrentes do uso
excessivo da substância. Seu mecanismo de ação está relacionado ao excesso
de estimulação central e simpática (Laranjeira et al., 2003). Além disso, pode
desenvolver desordens psiquiátricas como psicose e paranóia, que são
freqüentemente confundidas com a doença psiquiátrica esquizofrenia (Anthony
e Petronis, 1991).
Ao nível de sistema nervoso central, o uso prolongado promove várias
modificações. Os principais fenômenos que podem ser observados são:
tolerância, sensibilização e dependência.
Tolerância é a necessidade de doses cada vez maiores da substância
para se obter o mesmo efeito inicial. Este fenômeno é caracterizado por um
27
desvio à direita na curva dose-resposta e resulta de adaptações
neurofuncionais à ação prolongada da cocaína (figura 5) (Hardmann et al.,
2005; Laviola et al., 1995; Figlie et al., 2004). A tolerância é, portanto, uma
alteração quantitativa na sensibilidade do corpo à droga, e é causada por
mecanismos farmacocinéticos e farmacodinâmicos. Entre as alterações na
farmacocinética da droga destaca-se a tolerância metabólica, quando a droga é
capaz de estimular o seu próprio metabolismo ou o metabolismo de outras
drogas. Outro mecanismo possível é a tolerância comportamental, uma
capacidade de compensar os efeitos da droga. A tolerância funcional, que pode
constituir o tipo mais comum, decorre de alterações compensatórias nos
receptores, nas enzimas efetoras ou nas ações da droga sobre as membranas.
Os mecanismos farmacodinâmicos estão associados ao nível dos receptores
ou ao nível dos múltiplos processos de acoplamento e regulação que existem
entre a ativação dos receptores e seus sistemas efetores (Aarão, 2007). O
aumento da DA na fenda sináptica, decorrente do bloqueio dos transportadores
da recaptação dopaminérgica, leva a uma diminuição dos disparos neuronais.
O resultado é a depleção da concentração de DA extracelular e o aumento do
limiar de auto-estimulação (Figlie et al., 2004).
A sensibilização ou tolerância reversa, que será aprofundada no item
1.4., é a exacerbação da atividade motora e dos comportamentos
estereotipados após a exposição a doses repetidas de cocaína, acarretando
um desvio à esquerda na curva dose-resposta (figura 5) (Hardmann et al.,
2005; Laviola et al., 1995). Um exemplo deste fenômeno pode ser o que
acontece com alguns indivíduos, após intoxicação repetida com cocaína, em
doses que anteriormente induziam apenas euforia, passam a tomar forma de
28
psicose paranóide aguda (Stahl, 1998). A depleção dopaminérgica resultante
do uso crônico de cocaína provoca alterações anatômicas e funcionais nos
receptores neuronais, levando a um aumento do número e da sensibilidade dos
receptores pós-sinápticos de DA. Além da maior permanência de DA na fenda
após o uso de cocaína, esta catecolamina encontrará um número maior de
receptores mais sensíveis para estimular. Adicionalmente, com a intensa
resposta neuronal decorrente do uso crônico de cocaína, o sistema límbico tem
seu funcionamento elétrico alterado e essa disfunção pode se espalhar,
causando convulsões generalizadas, fenômeno chamado de kindling (Figlie et
al., 2004).
Figura 5. Desvios em uma curva dose-resposta com tolerância e sensibilização. Adaptado de Hardmann et al., 2005.
O desenvolvimento de tolerância e/ou sensibilização tem sido
relacionado como um dos principais fatores para o estabelecimento da
toxicodependência, tanto em animais quanto em seres humanos. Neste
sentido, a dependência pode ser explicada, ao menos em parte, pela
habilidade das drogas de abuso em reorganizar regiões cerebrais envolvidas
29
no reforço e na motivação, como o estriado dorsal e ventral, e em regiões
cerebrais envolvidas no controle inibitório do comportamento, como o Cpf. A
sensibilização psicomotora pode manifestar algumas destas neuroadaptações
(Samaha e Robinson, 2005). Além disso, o potencial de abuso da cocaína é
essencialmente baseado no rápido desenvolvimento de tolerância para os
efeitos de euforia (Büttner et al., 2003). Outro fator importante se relaciona às
manifestações de abstinência, principalmente do tipo depressão, que servem
como reforço negativo, fazendo com que os indivíduos retomem o uso da droga
que foi suspensa (Dafny e Yang, 2006). Com isso, estudos indicam que a
tolerância, a retirada, e as neuroadaptações relacionadas com a sensibilização
podem desempenhar um papel importante no processo de desenvolvimento da
dependência (Ben-Shahar et al., 2004; Dafny e Yang, 2006; Wolf, 1988).
A dependência é a principal complicação crônica relacionada ao
consumo de cocaína, caracterizada por uma relação disfuncional entre um
indivíduo e seu modo de consumir uma determinada substância psicotrópica.
Fala-se em dependência quando o consumo se mostra compulsivo e destinado
à evitação de sintomas de abstinência e cuja intensidade é capaz de ocasionar
problemas sociais, físicos e/ou psicológicos (Laranjeira et al., 2003).
Segundo os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM-IV-TR) (APA, 2002), a dependência é indicada por preencher,
no mínimo, três dos seguintes sintomas no último ano: (1) tolerância, definida
por qualquer um dos seguintes aspectos: (a) uma necessidade de quantidades
progressivamente maiores da substância para adquirir a intoxicação ou efeito
desejado, (b) acentuada redução do efeito com o uso continuado da mesma
quantidade de substância; (2) abstinência, manifestada por qualquer dos
30
seguintes aspectos: (a) síndrome de abstinência característica para a
substância, (b) a mesma substância (ou uma substância estreitamente
relacionada) é consumida para aliviar ou evitar sintomas de abstinência; (3) a
substância é freqüentemente consumida em maiores quantidades ou por um
período mais longo do que o pretendido; (4) existe um desejo persistente ou
esforços mal-sucedidos no sentido de reduzir ou controlar o uso da substância;
(5) muito tempo é gasto em atividades necessárias para a obtenção da
substância, na utilização da substância ou na recuperação de seus efeitos; (6)
importantes atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas
ou reduzidas em virtude do uso da substância; (7) o uso da substância
continua, apesar da consciência de ter um problema físico ou psicológico
persistente ou recorrente que tende a ser causado ou exacerbado pela
substância.
A síndrome de abstinência é o conjunto de sintomas, que ocorre na
retirada absoluta ou relativa de uma substância, após uso repetido e
usualmente prolongado e/ou uso de altas doses daquela substância. Após
cessação do uso de cocaína ou após intoxicação aguda, a depressão pós-
intoxicação (crash) pode estar associada a sintomas de disforia, anedonia,
ansiedade, irritabilidade, fadiga, hiper/hiposonolência, agitação e até mesmo
ideações suicidas (Aarão, 2007). Os sintomas da abstinência ocorrem mais de
24 horas após cessação do uso. No uso leve ou moderado, esses sintomas
desaparecem dentro de 18 horas. Com o uso pesado, os sintomas podem
durar até uma semana, atingindo seu pico em 2 a 4 dias. Um indivíduo no
estado de abstinência pode experimentar desejo intenso por cocaína,
31
especialmente porque ela elimina os sintomas desagradáveis da abstinência
(Sadock e Sadock, 2007; Hales e Yudofsky, 2006).
1.1.5. Influência dos hormônios sexuais femininos nos efeitos da
cocaína
Tradicionalmente, o abuso de drogas tem sido considerado um problema
mais freqüente entre os indivíduos do sexo masculino. No entanto, o consumo
de cocaína por mulheres tem aumentado rapidamente nas últimas décadas.
Estima-se que cerca de 600.000 dos 2 milhões de usuários de cocaína nos
Estados Unidos sejam mulheres (SAMHSA, 2007). Com isso, nas últimas
décadas, tem havido uma preocupação maior em verificar as diferenças entre
homens e mulheres na aquisição de dependência química, sendo demonstrada
efetiva interferência dos hormônios sexuais, tanto na ação em sistemas
neuroquímicos (Perrotti et al., 2000; Saleh, 2003), quanto sobre os efeitos
comportamentais (Kouri et al., 2002; Lynch et al., 2002), em estudos em
animais e humanos.
As respostas comportamentais agudas aos psicoestimulantes são
diferentes entre animais machos e fêmeas (Perrotti et al., 2001; Quinones-
Jenab et al., 1999) e este dimorfismo sexual pode influenciar a auto-
administração da cocaína e seus efeitos. Em comparação com os homens, as
mulheres são mais propensas a usar cocaína em idade mais precoce e com
uma maior freqüência (Lynch et al., 2002). Após o primeiro uso de cocaína, as
mulheres tendem a levar menos tempo até se tornarem dependentes, elas
buscam tratamento mais cedo e normalmente seu hábito de usar cocaína é
mais grave do que é visto entre os homens que procuram tratamento (Hu e
32
Becker, 2008; Carroll et al., 2004). Além disso, utilizando-se a via intranasal
para administração de cocaína, o pico de efeito foi duas vezes maior nas
mulheres do que nos homens e, durante os 45 minutos após o uso da cocaína,
a concentração da droga nas mulheres diminuiu 18% apenas, enquanto que
nos homens a diminuição foi de 60%. Adicionalmente, mulheres relataram mais
experiências de “nervosismo” com o uso de cocaína, demoram mais tempo a
sentir os seus efeitos subjetivos, experimentam menos euforia e disforia,
consomem as formas mais severas e em quantidades maiores, e têm mais
fissura em resposta aos estímulos associados à cocaína do que os homens
(Kosten et al., 1996).
Estes resultados sugerem a hipótese que os hormônios sexuais
femininos, estrógeno e progesterona, podem ser os responsáveis pelo aumento
dos efeitos subjetivos induzidos pela cocaína em humanos (Justice e de Wit,
2000). Os hormônios gonadais regulam o sistema reprodutivo, assim como a
plasticidade e a atividade de todo SNC. Estudos em mulheres, durante as
diferentes fases do ciclo menstrual, têm mostrado que os efeitos positivos da
droga são maiores durante a fase folicular, e que o maior desejo pela droga
ocorre quando as concentrações de estrógeno e progesterona são maiores
(Sofuoglu et al., 1999; Evans et al., 2002).
Semelhante à mulher, as ratas fêmeas são mais sensíveis aos efeitos
psicomotores da cocaína do que os machos (Hu e Becker, 2008). Fêmeas
mostram uma maior sensibilização comportamental (Chin et al., 2002; Hu e
Becker, 2003), desenvolvem comportamento de auto-administração de cocaína
mais prontamente do que ratos machos (Lynch et al., 2001; Carroll et al., 2002;
Hu et al., 2004; Campbell et al., 2002) e fazem mais associação entre a
33
administração da droga e o ambiente em um período menor de tempo na
preferência condicionada de lugar (Russo et al, 2003a; Russo et al, 2003b).
Durante o ciclo estral, os níveis de estrógeno e progesterona flutuam, e as
alterações comportamentais induzidas pela cocaína são afetadas pelos
estágios do ciclo (Sell et al., 2002; Walker et al., 2002). Um aumento na
resposta comportamental está diretamente relacionado com o proestro e estro,
onde os níveis hormonais de estrógeno e progesterona estão mais elevados
(Sell et al, 2000; Quinõnes-Jenab et al., 1999; Chin et al., 2002).
Quando as ratas fêmeas são ovariectomizadas e, portanto, possuem
níveis de estrógenos ou progesterona praticamente nulos, o comportamento de
hipersensibilidade à cocaína fica reduzido e a capacidade de sensibilizar mais
rápido do que os machos e de produzir uma forte associação entre a
recompensa à cocaína e os estímulos ambientais não são mais evidenciadas
(Quiñones-Jenab, 2006). A ovariectomia também faz com que a capacidade de
auto-administração fique bastante reduzida, abolindo as diferenças
encontradas entre os machos e as fêmeas. Isto faz supor que os hormônios
sexuais femininos possam atuar nas propriedades de reforço da droga (Lynch
et al., 2001).
A reposição de estrógeno e progesterona também afeta as respostas
comportamentais da cocaína em ratas ovariectomizadas. O estrógeno parece
desempenhar um importante papel na capacidade de reforço da cocaína, pois
uma maior sensibilização está diretamente relacionada com a sua presença
(Hu and Becker, 2003; Booze et al., 1999). As fêmeas ovariectomizadas, na
presença de estrógeno, apresentam uma alteração significativa no
comportamento com metade da dose de cocaína que as ovariectomizadas que
34
não utilizam estrógeno (Hu e Becker, 2003; Sell et al., 2000). Portanto, a
diferença de sensibilização com os machos não se deveria à testosterona.
Embora os dados apóiem que o estrógeno seja o maior responsável
pelas diferenças encontradas entre machos e fêmeas em resposta ao uso da
cocaína, esta parece não ser a única influência. Enquanto o estrógeno induz
um aumento na atividade locomotora, a progesterona parece atenuar os efeitos
causados pela cocaína (Sell et al., 2000; Niyomchai et al., 2005). Estudos
clínicos com mulheres dependentes de cocaína relatam que as respostas
subjetivas após uso de cocaína e a fissura por cocaína são menores na fase
lútea, caracterizada por concentrações mais elevadas de progesterona (Evans
et al., 2002). Além disto, a administração de progesterona atenua os efeitos
subjetivos do crack em mulheres (Sofuoglu et al., 2004; Evans e Foltin, 2006).
Por outro lado, em animais do sexo feminino, o tratamento exógeno com
progesterona: a) reverte os efeitos do estrógeno sobre a aquisição da auto-
administração de cocaína (Jackson et al., 2006); b) atenua as respostas
motoras da cocaína em ratas (Russo et al., 2003a,b); c) inibe a preferência de
lugar da cocaína (Niyomchai et al., 2005); e d) a hiperatividade induzida pela
cocaína e a auto-administração de cocaína são as mais baixas na fase em que
a progesterona está mais elevada (Roberts et al., 1989; Sell et al., 2000;
Jackson et al., 2006).
Assim, entende-se que os efeitos da cocaína sobre o SNC são gênero-
dependentes e que os indivíduos do sexo feminino podem ser mais suscetíveis
à dependência de cocaína do que os do masculino, provavelmente devido à
presença dos hormônios sexuais femininos. Desta forma, é reforçada a idéia da
necessidade de estudos sobre os efeitos das variações fisiológicas dos ciclos
35
hormonais ou da reposição hormonal em fêmeas em relação aos efeitos dos
psicoestimulantes, especialmente a cocaína, bem como a utilização de
tratamentos diferenciados para homens e mulheres que buscam tratamento
para dependência química.
1.2. Ácido Gama-aminobutírico (GABA)
O Ácido Gama-aminobutírico (GABA) é o mais importante
neurotransmissor inibitório do SNC. Primeiramente, foi descoberto como um
aminoácido (Roberts e Frankel, 1950) e só mais tarde proposto como um
neurotransmissor inibitório (Curtis e Watkins, 1960; Krnjevic e Schwartz, 1967).
A identificação de vias biossintéticas e metabólicas do GABA mostraram que a
produção, liberação, recaptação e metabolismo desta substância também
ocorriam no sistema nervoso de mamíferos (Owens e Kriegstein, 2002). Nos
anos 70, o GABA foi finalmente localizado nos neurônios terminais de
mamíferos (Bloom e Iversen, 1971) e, depois de elucidado o seu papel, foi
finalmente classificado como um neurotransmissor clássico. A alta
concentração e a distribuição difusa dos neurônios GABAérgicos no SNC
dificultou ainda mais o estabelecimento da função do GABA como
neurotransmissor (Owens e Kriegstein, 2002). Além disto, a maioria dos
neurônios GABAérgicos são interneurônios, sendo, portanto, capazes de
alterar a excitabilidade de circuitos em todas regiões cerebrais (Roberts, 1986).
No cérebro de mamíferos, o GABA é sintetizado a partir do glutamato,
em uma reação catalisada por duas isoenzimas ácido glutâmico
descarboxilase, GAD65 e GAD67 (Ricci et al., 2005). O GABA sintetizado é
36
alocado em vesículas sinápticas por um transportador de neurotransmissor
vesicular e liberado para o nervo terminal por exocitose cálcio-dependente. No
entanto, formas de secreção não vesicular de GABA também são descritas e
parecem ser particularmente importantes durante o desenvolvimento (Owens e
Kriegstein, 2002). Uma vez liberado na fenda sináptica, o GABA liga-se a seu
receptor pré ou pós-sináptico, causando uma hiperpolarização celular através
do aumento da entrada de Cl- e saída de K+. Os efeitos do GABA podem ser
mediados pela ativação de receptores ionotrópicos ou metabotrópicos, que
podem estar localizados tanto pré quanto pós-sinapticamente, sendo formado
basicamente por três tipos de receptores, GABAA, GABAB e GABAC (Morris et
al., 1999), que serão descritas a seguir. A sinalização GABAérgica é finalizada
pela recaptação do neurotransmissor no nervo terminal e/ou pelo envolvimento
de células gliais por transportadores de membrana. Logo após, o GABA é
metabolizado por uma reação de transaminação, sendo catalisado pela GABA
transaminase (Owens e Kriegstein, 2002). Um esquema da síntese, transporte
e metabolização de GABA está representado na figura 6.
Figura 6. Diagrama esquemático da síntese, transporte e metabolização de GABA na sinapse. Abreviações: GAD (enzima ácido glutâmico decarboxilase); VGAT (transportador de neurotransmissor vesicular); GAT (transportadores de membrana); GABA-T (GABA transaminase). Fonte: Owens e Kriegstein, 2002.
37
Evidências pré-clínicas demonstram que o sistema GABAérgico está
envolvido com funções de modulação em termos de excitações e/ou inibições
sinápticas, interagindo com outros sistemas neuronais, como os sistemas
dopaminérgico e glutamatérgico, regulando de forma específica as interações
entre neurônios adjacentes em diferentes áreas do SNC (Gray et al., 1991). Em
vista disto, existe uma forte e crescente comprovação da associação entre a
atividade deste neurotransmissor e o mecanismo de ação da cocaína (Barrett
et al., 2004 ).
1.2.1. Isoenzimas Ácido Glutâmico Descarboxilase (GAD)
As isoenzimas ácido glutâmico descarboxilase (GAD) são responsáveis
pela produção do neurotransmissor GABA a partir do glutamato, utilizando o
piridoxal-5'-fosfato (PLP) como um cofator (Fenalti e Rowley, 2008). Por serem
responsáveis pela síntese de GABA, as duas principais isoformas, GAD65 e
GAD67, possuem um importante papel no funcionamento do SNC
(Soghomonian and Martin, 1998). Ambas isoenzimas estão presentes tanto nos
interneurônios quanto nas projeções neuronais, e apresentam diferentes tipos
de sinapses neuronais, incluindo sinapses dendrodendríticas, axosomáticas e
axodendríticas (Feldblum et al., 1993).
Cada uma destas isoformas é altamente conservada entre os
vertebrados e identificada em mais de 95% das seqüências de aminoácidos
das proteínas de gatos, ratos, camundongos e humanos. No entanto, em uma
mesma espécie, estas duas proteínas diferem substancialmente em sua
seqüência de aminoácidos (com apenas 65% de identidade no rato), seu peso
molecular, seu controle regulatório, suas localizações no interior dos neurônios,
38
sua expressão nas diferentes regiões cerebrais e em sua ligação com o cofator
PLP (Esclapez et al., 1994; Soghomonian and Martin, 1998).
As isoenzimas GAD são codificadas por genes distintos nos
cromossomos, e mostram substancial homologia em suas seqüências na maior
parte da molécula, diferindo apenas nos primeiros 100 aminoácidos N-terminais
(Fenalti e Rowley, 2008). A GAD67, localizada no cromossomo 2, é composta
por 593 amoinoácidos e possui peso molecular de 66600 dalton.
Diferentemente, a GAD65 está localizada no cromossomo 10, é composta por
585 aminoácidos e possui peso molecular de aproximadamente 65400 dalton
(Martin e Rimvall, 1993). A expressão da proteína GAD pode ser alterada por
mediação GABAérgica ou por outro mecanismo que afete a transcrição e a
tradução de GAD e/ou a estabilidade da proteína (Battaglioli et al., 2003). Por
outro lado, a regulação da síntese de GABA pode ser influenciada pelos níveis
relativos das isoenzimas GAD na forma holo- ou apo-GAD, ligada ou não ao
cofator piridoxal-5'-fosfato (PLP). Concentrações fisiológicas de GABA inativam
a enzima GAD, convertendo-a para apoenzima. Assim, entende-se que há um
mecanismo de controle de feedback direto da síntese de GABA pré-sináptico e
um apoio adicional para a regulação da GAD in vivo por um ciclo de inativação
e reativação (Porter e Martin, 1984).
A GAD65 é preferencialmente distribuída nos terminais nervosos e
encontra-se envolvida na síntese e liberação do GABA vesicular, servindo a
uma resposta rápida à demanda extra de GABA na neurotransmissão.
Diferentemente, a GAD67 é preferencialmente distribuída de maneira uniforme
no corpo neuronal. É constitutivamente ativa e responsável pela produção
basal de GABA. Tem sido implicada nas funções metabólicas e liberação do
39
GABA não vesicular e utilizada para outras funções como fator trófico de
desenvolvimento neuronal ou fonte de energia (Castañeda et al., 2005;
Soghomonian and Martin, 1998; Wei e Wu, 2008; Fenalti et al., 2007).
A GAD65, no SNC, encontra-se em maior quantidade na forma inativa de
apoGAD, isto é, não ligada ao PLP (Laprade e Soghomonian, 1995)
proporcionando, assim, um reservatório de GAD inativa, que pode ser utilizada
quando uma síntese adicional de GABA é necessária (Martin e Rimvall, 1993).
A interconversão apo e aloGAD apresenta um papel fundamental para a
regulação da atividade da enzima, pois a GAD65 consegue se ligar dez vezes
mais rapidamente ao PLP que a GAD67. Esta maior capacidade de se ligar ao
cofator sugere que a GAD65 seja a responsável pela síntese na
neurotransmissão GABAérgica (Battaglioli et al., 2003). Por outro lado, o fato
de a maioria das apoGAD neurais serem GAD65, faz com que esta forma da
enzima seja mais susceptível à regulação por fatores que afetam a associação
da apoGAD com o PLP, como concentrações de adenosina tri-fosfato (ATP) e
de fosfato inorgânico (Tillakaratne et al.,1995). A GAD67, por sua vez, é
encontrada na sua maioria na forma de aloGAD, isto é, ligada ao cofator, sendo
mais susceptível à regulação em nível transcricional, com um turnover mais
lento, sendo responsável pela manutenção dos níveis intracelulares do GABA
não sináptico (Searles et al., 2000).
As isoenzimas GAD65 e GAD67 são geralmente co-expressas em
neurônios GABAérgicos em várias regiões cerebrais (Soghomonian e Martin,
1998). Aqui, interessa-nos aprofundar a distribuição destas isoenzimas nas
regiões em estudo: estriado e Cpf.
40
A maioria dos neurônios no estriado (caudato-putamen, estriado dorsal;
NAc, estriado ventral) e nas regiões de projeção estriatal (pallidum, núcleo
entopeduncular e substância nigra reticulata) expressa as isoenzimas GAD na
síntese de GABA (Lindefors, 1993). No estriado, a distribuição destas
isoformas apresenta-se maior no NAc core e shell do que no caudato (Chen et
al., 2007). Além disso, os neurônios eferentes desta região foram mais
densamente marcados para o ácido ribonucléico mensageiro (RNAm) que
codifica GAD65 do que para o RNAm de GAD67, enquanto que o inverso foi
observado para interneurônios GABAérgicos (Mercugliano et al., 1992). Quanto
às projeções de neurônios estriatonigrais e estriatopalidais, sabe-se que estes
expressam tanto GAD67 quanto GAD65 (Yamamoto e Soghomonian, 2008). No
entanto, os neurônios do núcleo entopeduncular são muito mais densamente
marcados para RNAm de GAD65 do que para GAD67. Além disso, GAD65 é mais
expressa no núcleo entopeduncular (pallidum interno) do que no globus
pallidus (pallidum externo), uma estrutura que expressa concentrações
similares de ambos RNAm. Por outro lado, neurônios eferentes da substância
nigra reticulata expressam mais GAD67 do que a outra isoforma da enzima
(Mercugliano et al., 1992).
Evidências indicam que o Cpf está envolvido na transmissão
dopaminérgica no estriado e no NAc, assim como na atividade locomotora
(Sorg et al., 1995), o que justifica a análise dos níveis de GAD65 e GAD67 nesta
região. Embora poucos estudos que quantifiquem a expressão destas enzimas
no Cpf tenham sido realizados, sabe-se que estas isoformas apresentam
similar distribuição no Cpf medial e no caudato, embora os níveis sejam
menores do que os encontrados no NAc (Chen et al., 2007). Além disso, no
41
córtex cerebral, a população de corpos celulares imunorreativos a GAD67 são
maiores que os encontrados para GAD65 (Esclapez et al., 1994).
Por fim, a GAD65 é predominante nos sistemas visuais e
neuroendócrinos, que estão mais sujeitos às mudanças fásicas, enquanto a
GAD67 está presente em concentrações relativamente maiores em neurônios
tonicamente ativos (Feldblum et al., 1993). Assim, GAD65 e GAD67 juntas
podem proporcionar maior flexibilidade na regulação da síntese de GABA do
que se estivessem sozinhas.
1.2.2. Receptores GABA
O neurotransmissor GABA produz seus efeitos fisiológicos pela ação em
três diferentes subtipos de receptores: GABAA, GABAB e GABAC. Os
receptores GABAA e GABAC são ionotrópicos, canais iônicos, enquanto o
GABAB é metabotrópico, ou seja, acoplado a proteína G (figura 7) (Watanabe
et al., 2000).
Figura 7. Representação esquemática dos receptores GABAA, GABABR1, GABABR2 e GABAC. Fonte: Owens e Kriegstein, 2002.
Os receptores GABAA e GABAC consistem em cinco subunidades
homólogas que se unem formando um poro central seletivo a Cl- (Keramidas e
Harrison, 2008; Chebib e Johnston, 1999), produzindo rápida transmissão
42
sináptica inibitória (Balasubramanian et al., 2004). No entanto, são
bioquimicamente, farmacologicamente e fisiologicamente diferentes (Chebib e
Johnston, 1999).
Os receptores GABAA, em mamíferos, são compostos por 16
subunidades, que incluem α1–6, β1–3, γ1–3, δ, ε, π e θ (Sieghart e Sperk, 2002;
Darlison et al., 2005). Inúmeras combinações destas subunidades são
encontradas, mas a mais prevalente em mamíferos contém duas subunidades
α1, duas β2 e uma γ2 (Rudolph et al., 2001). Assim, as propriedades biofísicas e
farmacológicas dos receptores GABAA dependem da composição das
subunidades. A subunidade α, por exemplo, influencia na estrutura dos
benzodiazepínicos (BZ), que são agonistas GABAérgicos. Receptores GABAA
que expressam as subunidades α1, α2, α3 ou α5 possuem sítios de ligação
sensíveis aos BZ, enquanto os que contêm α4 ou α6 são insensíveis a estes
agonistas, mas respondem a agonistas inversos ou antagonistas GABAérgicos
(Wieland et al., 1992).
Os receptores GABAC são proteínas compostas pelas subunidades ρ1,
ρ2 e ρ3, de forma homo- ou heteropentamérica, esta última constituída por uma
combinação destas subunidades. Embora existam poucos estudos sobre este
receptor, o GABAC tem sido considerado uma variante farmacológica do
receptor GABAA (Owens e Kriegstein, 2002).
Os receptores GABAB (GABABR), por outro lado, são metabotrópicos,
compostos por sete receptores transmembrana que, através dos sistemas de
segundo mensageiro da fosfolipase C e adenilato ciclase, ativam canais iônicos
de K+ e Ca2+ via acoplamento à proteína G (Chebib e Johnston, 1999). Desta
forma, medeiam a neurotransmissão inibitória lenta de GABA pela regulação de
43
vários efetores. Estes receptores são formados por duas combinações
heterodímeras: GABABR1 e GABABR2, sendo que a subunidade GABABR1 é
subdividida em GABABR1a e GABABR1b (Marshall et al., 1999; Bowery et al.,
2002; Couve et al., 2000). O GABABR1 liga-se com baixa afinidade e com
muito menos eficiência ao GABA do que os receptores GABAB nativos e,
quando sozinho, é incapaz de realizar o tráfego até a superfície da célula de
forma eficiente. Já o GABABR2 é capaz de realizar este tráfego, embora
sozinho seja incapaz de ligar-se à proteína G. Quando GABABR1 e GABABR2
são co-expressos nas células, receptores na forma funcional são expressos na
superfície com propriedades semelhantes às de alguns receptores GABAB
nativos. No heterodímero, o GABABR1 parece vincular-se ao ligante, enquanto
que o GABABR2 parece ser o principal sítio de contato com a proteína G
(Balasubramanian et al., 2004).
1.3 Cocaína e o Sistema GABAérgico
A cocaína, assim como outros psicoestimulantes, além da conhecida
ação dopaminérgica, influencia a atividade do sistema GABAérgico. Neste
contexto, evidências apontam que o sistema GABA, através de ações pré e
pós-sinápticas, pode participar nos efeitos agudos e crônicos da cocaína.
Dependendo da região cerebral analisada, a administração de cocaína
pode: a) diminuir a liberação do GABA na ATV (Cameron e Williams, 1994;
Pierce e Kalivas, 1997); b) aumentar o GABA extracelular no Cpf (Jayaram e
Steketee, 2005); c) aumentar a imunorreatividade de GABA no cingulado
44
anterior (Little e Teyler, 1998); d) aumentar ou diminuir o turnover do GABA em
diferentes áreas cerebrais (Dworkin et al., 1995; Pierce e Kalivas, 1997); e)
reduzir a captação de cloreto induzida por GABA no estriado após tratamento
prolongado (Peris, 1996); f) aumentar a ligação dos receptores BZ no estriado
e hipocampo (Lipton et al., 1995, Goeders et al., 1990); e g) diminuir o efeito
inibitório do GABA em neurônios hipocampais (Ye et al., 1997).
O uso repetido de psicoestimulantes também influencia na atividade das
isoenzimas GAD65 e GAD67, conforme representado na figura 8. Neste sentido,
animais tratados repetidamente com cocaína mostram um aumento na
densidade de GAD65, medido por imunohistoquímica, no hipotálamo anterior e
no núcleo amidalóide central e medial, além de diminuição no septo lateral
(Ricci et al., 2005). Por outro lado, administração repetida de cocaína não
alterou a imunorreatividade do GAD65 no ventral pallidum (VP) (De Leon et al.,
2000), nem a expressão protéica desta isoenzima no NAc core, shell e caudato
(Chen et al., 2007). Em relação à GAD67, administração repetida de cocaína
diminui os níveis protéicos desta isoenzima no NAc core e shell (Chen et al.,
2007) e metanfetamina repetida acarretou diminuição da expressão do RNAm
de GAD67 no NAc medial (Lindefors et al., 1992). Por outro lado, os níveis de
RNAm de GAD67 não sofreram alterações após administração repetida de
cocaína no Cpf medial, estriado dorsolateral, NAc core e shell (Sorg et al.,
1995). Além disso, tratamento repetido com cocaína aumentou os níveis
protéicos de GAD67 no caudato (Chen et al., 2007) e anfetamina repetida
elevou os níveis de RNAm de GAD67 na amígdala central (Carta et al., 2008).
45
Figura 8. Representação esquemática do cérebro de rato e alterações em GAD65 (rosa) e GAD67 (azul) após exposição repetida à psicoestimulantes. Legenda: = indica não haver alteração, diminuição e aumento nos níveis das isoenzimas nas diferentes regiões cerebrais. Abreviações: AMI (amígdala), CAU (caudato), Cpf (córtex pré-frontal), HIPt (hipotálamo), SL (septo lateral), STR (estriado), NAc (núcleo accumbens) e VP (ventral pallidum).
Quando se leva em conta a retirada da cocaína após tratamento
repetido, há uma elevação nos níveis protéicos de GAD no hipotálamo após 1 e
8 dias de retirada, retornando aos níveis basais após 14 dias (Ma et al., 2008).
Adicionalmente, observou-se diminuição no RNAm de GAD67 após 30 dias de
retirada de anfetamina no estriado dorsal e no NAc core e shell, mas não na
amígdala central (Carta et al., 2008).
Quando os animais são expostos agudamente aos psicoestimulantes,
vê-se que os níveis de GAD estão alterados após seis horas da administração
de cocaína no NAc shell (Sorg et al., 1995), mas não após quatro horas da
administração aguda de anfetamina no NAc medial (Lindefors et al., 1992),
nem após uma hora da administração aguda de anfetamina no estriado dorsal,
no NAc core e shell, na amígdala central e basolateral (Carta et al, 2008).
As subunidades dos receptores GABAérgicos também são alteradas
pelo uso de psicoestimulantes. Estas alterações ocorrem principalmente em
regiões ricas em DA, sugerindo a hipótese de que os efeitos possam, também,
estar sendo mediados pelo sistema dopaminérgico, além de outros (Shumsky
46
et al., 2002). O estado funcional de receptores GABAA parece ser inversamente
proporcional à magnitude do efeito comportamental da cocaína. A injeção, no
estriado, de oligodeoxi-nucleotideos antisense de RNAm para subunidades
α2 e β3 diminui a expressão e função dos receptores e aumenta os efeitos no
comportamento rotatório induzido pela cocaína (Peris, 1998).
A sensibilização à cocaína está associada a uma diminuição na
expressão da subunidade α2 no NAc (Chen et al., 2007) e a depleção desta
subunidade em camundongos aboliu a sensibilização (Morris et al., 2008).
Injeções simples de cocaína alteram os níveis de RNAm da subunidade β2 no
córtex cingulado e da subunidade β3 no estriado e giro dentado, retornando ao
normal após um período de tempo (Yamaguchi et al., 2000). As subunidades β3
mostraram participar da indução da resposta comportamental pelo uso agudo e
crônico da cocaína, bem como mediar as adaptações neuroquímicas que
ocorrem durante a sensibilização pelo seu uso repetido (Resnick et al., 1999).
Os níveis protéicos da subunidade γ estão aumentados no hipotálamo após a
retirada da cocaína (Ma et al., 2008). Adicionalmente, a expressão gênica das
subunidades dos receptores GABAB sofre upregulation na região do hipocampo
após administração de cocaína (Li et al., 2003). Na exposição pré-natal à
cocaína, ocorrem alterações na distribuição das subunidades α1, β2 e γ no
córtex cingulado anterior, que retornam ao normal após alguns dias (Shumsky
et al., 2002).
Enfim, vários são os estudos que avaliam o papel do sistema GABA nos
efeitos dos psicoestimulantes. No entanto, os mecanismos pelos quais a
cocaína modifica este sistema ainda não estão completamente estabelecidos,
necessitando de pesquisas adicionais que concernem esta questão.
47
1.4. Sensibilização comportamental
Conforme explicitado anteriormente, a sensibilização comportamental
pode ser entendida como um aumento progressivo da resposta pela
administração repetida e intermitente de drogas de abuso como a cocaína,
anfetaminas, opióides, álcool ou nicotina (Wood et al., 1998; Robinson e
Berridge, 1993; Steketee, 2003). Além disso, a sensibilização à cocaína pode
ser desencadeada pelo estresse crônico (Araujo et al., 2003). Este fenômeno
envolve efeitos das drogas na atividade psicomotora, como a sua habilidade de
aumentar a atividade locomotora, o comportamento rotatório e os padrões
motores de estereotipia (Robinson e Berridge, 2001).
A sensibilização comportamental à cocaína foi primeiramente relatada
por Downs e Eddy, em 1932 (Downs e Eddy, 1932). A partir de então,
numerosos estudos têm sido realizados para determinar os mecanismos
através dos quais a sensibilização é estabelecida. Conforme revisado por
Robinson e Berridge (2001), a sensibilização é um fenômeno muito complexo e
rico. Por exemplo, é dose-dependente, geralmente observada apenas quando
as drogas são administradas intermitentemente, muitas vezes mais evidente
após longa descontinuação do tratamento repetido do que logo após a
descontinuação da droga. A sensibilização pode persistir por vários meses ou
anos, inclusive quando esta é induzida durante a adolescência, podendo
perdurar até o início da idade adulta (Marin et al., 2008). Adicionalmente, este
fenômeno pode ser observado não apenas após a administração da droga pelo
pesquisador, mas também após a auto-administração da mesma e, por fim, a
48
susceptibilidade à sensibilização possui grande variabilidade individual
(Robinson e Berridge, 2001).
Esta variabilidade individual pode ser observada, tanto em humanos
quanto animais de experimentação, na primeira resposta às drogas ou no
desenvolvimento da dependência e da sensibilização. Vários estudos
verificaram que a implementação deste processo não ocorre, ou ocorre de
maneira diferente, em alguns indivíduos (Brady et al., 2005; Cailhol e Mormède,
1999; Elmer, 1996). Alguns mostram uma rápida e robusta sensibilização com
uma determinada dose da droga, enquanto outros sensibilizam muito pouco ou
não sensibilizam (Robinson e Berridge, 2001). Com isso, várias teorias têm
sido estudadas para explicar a variabilidade encontrada neste processo. Dentre
elas, sugere-se que o grau de sensibilização produzida pode ser determinado
pela droga, dose, hora da administração ou contexto ambiental (Elmer, 1996).
Em animais de experimentação, esta variação parece estar associada a uma
maior capacidade de resposta dos neurônios dopaminérgicos do NAc
decorrente do aumento de DA extracelular pelo uso de psicoestimulantes
(Costa et al., 2007; Chefer et al., 2003). Além disso, os fatores subjacentes às
diferenças individuais podem ser devidos, em parte, ao genótipo do indivíduo
(Elmer, 1996). Em camundongos, uma variação genótipo-dependente na
resposta comportamental aguda à cocaína e ao grau de sensibilização já foi
demonstrada (Cailhol e Mormède, 1999). Também os padrões de distúrbios
comportamentais em adolescentes toxicodependentes são diferentes entre os
grupos étnicos e entre gêneros (Dafny e Yang, 2006). No que diz respeito às
diferenças sexuais na resposta aos psicoestimulantes, ratas fêmeas costumam
mostrar uma maior sensibilidade comportamental à exposição aguda e repetida
49
quando comparadas com os machos (Cailhol e Mormède, 1999). Em relação à
idade, se percebe diferente resposta à sensibilização comportamental. Ratos
jovens apresentam uma atenuação, enquanto ratos adultos exibem um
aumento da resposta a psicoestimulantes (Dafny e Yang, 2006; Bowman e
Kuhn, 1996). Portanto, embora a variabilidade entre os grupos seja
consideravelmente menor na pesquisa experimental, verificar a sensibilização
comportamental em modelos animais de dependência é complicado, uma vez
que este processo é muito complexo e depende de vários fatores associados.
Estudos que verifiquem os mecanismos cerebrais envolvidos neste processo
são necessários para que se possa elucidar de que forma as drogas
psicoestimulantes atuam no desenvolvimento da sensibilização
comportamental.
A sensibilização comportamental exibe dois perfis temporais distintos:
(1) indução/iniciação e (2) expressão, que envolvem diferentes mecanismos
anatômicos e fisiológicos (Dafny e Yang, 2006; Vanderschuren e Kalivas,
2000). A indução/iniciação é definida como a seqüência de acontecimentos
celulares e moleculares induzidos pelos psicoestimulantes que podem levar a
mudanças duradouras na função neuronal responsável pelo comportamento
sensibilizado, provavelmente mediada pelos neurônios dopaminérgicos da
ATV. A expressão é definida como uma alteração neural decorrente do
processo de iniciação que medeia a resposta comportamental aumentada por
um período prolongado de tempo, na presença da droga após um período de
abstinência, sendo mediada pelo NAc (Dafny e Yang, 2006).
Outra importante característica da sensibilização é que esta não é uma
conseqüência inevitável do uso repetido de drogas. Ela é poderosamente
50
modulada pelo aprendizado e por circunstâncias envolvidas durante o uso da
droga. O aprendizado pode modular a sensibilização de duas maneiras: 1)
quando a modulação da expressão da sensibilização neural já foi previamente
induzida, conhecida como modulação contexto-específica. Esta ocorre quando
os animais recebem um desafio da droga em um ambiente diferente daquele
em que anteriormente receberam o tratamento. Neste contexto, a
sensibilização comportamental pode não ser expressa, embora se saiba que a
sensibilização neural realmente tenha ocorrido. Esta modulação contextual
pode contribuir para o papel fundamental que a sensibilização desempenha na
recaída, quando o indivíduo retorna ao local onde costumava receber a droga;
e 2) quando a sensibilização neural é induzida em ambiente reconhecido pelo
indivíduo há menor efetividade na indução da sensibilização pela droga (ou, ao
menos, a velocidade e o grau de sensibilização produzida por uma
determinada dose da droga). Por exemplo, quando doses baixas a moderadas
da droga, administradas no ambiente onde o animal vive, mostram-se menos
eficazes na indução da sensibilização do que se as mesmas doses fossem
dadas em um ambiente desconhecido (Robinson e Berridge, 2001).
Neste contexto, a sensibilização comportamental pode ser atribuída não
somente à ação farmacológica direta das drogas, como também aos
conhecimentos associados com o uso destas (Pierce e Kalivas, 1997). A
sensibilização pode estar envolvida no desenvolvimento e na manutenção da
dependência, desempenhando um papel importante na procura e no uso
compulsivo de drogas, servindo como modelo de comportamento de
dependência (Robinson e Berridge, 1993; Dafny e Yang 2006). Segundo Wise
e Bozarth (1987), o estabelecimento da dependência está relacionado à
51
capacidade da droga em ativar as vias de recompensa cerebrais e induzir
estimulação psicomotora. Em alguns indivíduos, o uso repetido de drogas pode
produzir adaptações permanentes no sistema neural de recompensa, tornando-
o cada vez mais sensibilizado à droga e aos estímulos associados (Robinson e
Berridge, 1993). Assim, a sensibilização das vias motivacionais e estimulantes
das drogas poderia contribuir para um aumento da busca pela droga e,
conseqüentemente, para o estabelecimento da dependência (Robinson e
Berridge, 1993; Stewart e Badiani, 1993).
Em animais de laboratório, segundo Vanderschuren e Kalivas (2000), a
sensibilização é induzida pela administração repetida da droga, podendo ser
comprovada por meio de testes comportamentais. Após um período de
abstinência, uma dose-desafio da droga é administrada para que haja a
expressão da sensibilização. A expressão pode ser a curto prazo, quando o
desafio com a droga ocorre logo após o tratamento, ou a longo prazo, quando
este é realizado algum tempo depois. Embora bastante relatados, os efeitos da
sensibilização a psicoestimulantes na atividade locomotora de ratos é de difícil
interpretação, uma vez que, dependendo da dose utilizada, pode-se observar
tanto aumento quanto uma diminuição na locomoção, provavelmente
decorrente do aparecimento de comportamento estereotipado (Flagel e
Robinson, 2007; Wood et al., 1998). Desta forma, em baixas doses, drogas
psicoestimulantes produzem hiperatividade locomotora. Com o aumento da
dose, entretanto, é observada uma transição a um comportamento
progressivamente dominado por ações de estereotipia, como movimentos
circulares e repetitivos com a cabeça, ataxia das patas traseiras, cheirar de
52
forma exacerbada e conseqüente diminuição da atividade locomotora (Brady,
2005; Becker et al., 2001).
Estudo realizado em humanos revelou que a sensibilização à anfetamina
aumentou significativamente a atividade/energia, humor, fala e piscar de olhos
em usuários desta droga (Strakowski et al., 1996). Gasior et al. (1999),
observaram que a ocorrência de sensibilização à cocaína em humanos pode
ser percebida pelo aumento da ansiedade, da atividade locomotora, ocorrência
de delírios e convulsões e, em último caso, morte. Outro estudo mostra que
usuários sensibilizados à cocaína possuem maiores taxas de recaída (Bartlett
et al., 1997). Portanto, embora poucos estudos clínicos tenham sido realizados
e apesar das limitações das técnicas, as evidências sugerem que a exposição
repetida de psicoestimulantes pode sensibilizar vários efeitos das drogas em
humanos.
1.4.1. Vias neurais envolvidas na sensibilização à cocaína
As vias dopaminérgicas mesocorticolímbicas, essenciais para o fluxo de
informações entre o sistema límbico e o motor, além de estarem envolvidas nos
mecanismos de recompensa das drogas, também fazem parte do processo de
sensibilização comportamental (Dafny e Yang, 2006). Além da ATV e do NAc, o
Cpf e o estriado também possuem um importante papel na sensibilização
comportamental aos psicoestimulantes, uma vez que estes formam
coletivamente o “circuito motivacional” (Pierce e Kalivas, 1997). Portanto, este
circuito está envolvido na tradução dos estímulos ambientais e farmacológicos
na resposta motora adaptativa ao processo de sensibilização aos
psicoestimulantes.
53
O sistema GABAérgico também está envolvido neste processo. O NAc
modula o funcionamento da ATV por meio de neurônios que contém GABA
(Pierce e Kalivas, 1997) e agentes GABAérgicos têm mostrado modificar a
expressão de sensibilização comportamental produzida por psicoestimulantes.
A injeção sistêmica de clonazepam preveniu o desenvolvimento de
sensibilização à metanfetamina (Ito et al., 1997), e o valproato de sódio
atenuou os efeitos locomotores agudos do metilfenidato e bloqueou o
desenvolvimento da sensibilização após administração repetida deste
psicoestimulante (Eckermann et al., 2001).
Há algum tempo já se discute as vias neurais envolvidas no processo de
sensibilização comportamental. Conforme revisado por Pierce e Kalivas (1997),
além do NAc, a expressão da sensibilização envolve o engajamento de outros
três núcleos do circuito motivacional, representado na figura 9: 1) Na ATV, as
mudanças incluem um aumento na transmissão de glutamato e diminuição na
transmissão de GABA. Ambas as modificações podem estimular a freqüência
de disparos e/ou a atividade dos neurônios dopaminérgicos, que irá promover
um aumento da DA no NAc e conseqüente aumento da atividade locomotora,
em contrapartida, a estimulação dos receptores GABAB nesta região inibe a
atividade motora induzida pelos psicoestimulantes. 2) A administração repetida
de cocaína reduz a transmissão dopaminérgica no Cpf. O bloqueio dos
receptores de DA nesta região aumenta a transmissão dopaminérgica no NAc
e a resposta locomotora aos psicoestimulantes. Estes efeitos parecem resultar
na desinibição dos neurônios corticais excitatórios. Deste modo, a transmissão
de DA reduzida no Cpf pode ocorrer, em parte, pelo aumento da transmissão
glutamatérgica na ATV e NAc observadas em conjunto com a expressão da
54
sensibilização. 3) A liberação de GABA no VP é aumentada durante a
expressão da sensibilização comportamental à cocaína com diminuição da
atividade das vias inibitórias GABAérgicas eferentes para a ATV e tálamo
médio dorsal. No entanto, o fato da injeção de um agonista GABA no VP inibir
a atividade motora induzida pelos psicoestimulantes indica que o aumento da
transmissão GABAérgica no VP pode agir para limitar a resposta motora
sensibilizada.
GLU
GABA
GABA
GABAGABA
DADA
DADIN
CPF
NA
ATV
VP
MDTal
GLU
GLUGLU
GABA
GABA
GABAGABA
DADA
DADIN
CPF
NA
ATV
VP
MDTal
GLU
GLU
Figura 9. Topografia do circuito motivacional e as neurotransmissões associadas com a expressão da sensibilização comportamental. As linhas grossas indicam aumento, enquanto que as linhas cortadas diminuição na neurotransmissão. DA, dopamina; DIN, dinorfina; GABA; GLU, glutamato; MD Tal, tálamo mediodorsal; NA, núcleo accumbens; CPF, córtex pré-frontal; VP, ventral pallidum; ATV, área tegmentar ventral. Adaptado de Pierce e Kalivas (1997).
Levando em conta as inúmeras regiões cerebrais envolvidas no
processo de sensibilização à cocaína, apresentaremos algumas informações
referentes às regiões cerebrais por nós analisadas. Com isso, pretendemos
elucidar a participação do Cpf e do estriado nas alterações GABAérgicas e
comportamentais induzidas pelo uso de psicoestimulantes.
55
Neste sentido, vale ressaltar que os receptores dos neurônios GABA e
dopaminérgicos se co-localizam no estriado, Cpf e hipocampo, regiões
cerebrais relacionadas aos efeitos da cocaína no sistema GABAérgico
(Yamaguchi et al., 2000). O estriado é uma região distinta no complexo
estriatal, sendo sítio de ação para os efeitos motores das drogas de abuso e
associado a neuroadaptações a estas drogas (Robinson e Berridge, 1993).
Esta estrutura neural contém neurônios GABAérgicos, e a vasta maioria de
seus neurônios (90-95%) contém GABA (Zahm e Heimer 1990; Churchill e
Kalivas, 1994). Está envolvido na indução e expressão da sensibilização
comportamental (Pierce e Kalivas, 1997) e medeia as facetas do reforço à
cocaína (Hubner e Koob, 1990).
Por outro lado, estudos recentes têm implicado um importante papel do
Cpf no desenvolvimento do comportamento de dependência (Huang et al.,
2007). Evidências apontam alterações de múltiplos sistemas de
neurotransmissores no Cpf, incluindo GABA, DA, serotonina, glutamato,
noradrenalina, acetilcolina e peptídeos, sendo que a sinalização de receptores
ativada por estes neurotransmissores pode contribuir para o desenvolvimento
da sensibilização comportamental e adição a psicoestimulantes (Steketee,
2003).
Neurônios de circuitos locais são a principal fonte de GABA no Cpf
medial (Retaux et al., 1992; 1993) e os neurônios GABAérgicos na ATV
também projetam-se para esta região (Carr e Sesack, 2000). Além disso, as
projeções corticais pré-frontais ao complexo estriatal podem contribuir para o
papel modulador do Cpf, associado à inibição de atividades motoras e
56
comportamentais, e podem ser afetadas pela exposição a longo prazo a drogas
de abuso (Jentsch e Taylor, 1999).
O controle cortical inibitório do estriado também parece envolver a
atividade GABA, já que a injeção local de bicuculina, um antagonista GABA,
resulta em aumento da DA extracelular recuperada por microdiálise no
estriado (Karler et al., 1998; Karreman e Moghaddam, 1996). Já o aumento da
DA induzido por psicoestimulantes ativa receptores D2, e pode diminuir o
estímulo excitatório por inibir neurônios piramidais glutamatérgicos, através da
liberação de GABA (Steketee e Beyer, 2005).
Adaptações a longo prazo nas células piramidais do Cpf por exposição
repetida a cocaína (Trantham et al., 2002) estão associadas a aumento
transitório na transmissão GABA pré-frontal (Jayaram e Steketee, 2005) e
diminuição da função dopaminérgica no Cpf (Beyer e Steketee, 2002).
Portanto, o GABA regula os processos excitatórios do Cpf e serve como
intermediário na modulação DA nestes neurônios piramidais (Jayaram e
Steketee, 2005). A resposta motora excitatória característica dos
psicoestimulantes pode depender de inibição de vias inibitórias no estriado,
resultantes da excitação no córtex (Karler et al., 1995).
Com isso, entende-se que as vias neurais envolvidas no processo de
sensibilização à cocaína fazem parte de um complexo mecanismo, envolvendo
inúmeros neurotrasmissores e regiões cerebrais, que necessitam de estudos
adicionais para serem completamente elucidados.
57
2. JUSTIFICATIVA
As neuroadaptações resultantes do processo de sensibilização
comportamental desempenham um importante papel no desenvolvimento da
dependência à cocaína. Este processo está relacionado com um aumento do
número e da sensibilidade dos receptores dopaminérgicos no sistema
mesocorticolímbico. Adicionalmente, além da alteração no sistema GABAérgico
decorrente da ativação do sistema dopaminérgico, a sensibilização
comportamental também pode influenciar diretamente a atividade dos
neurônios GABAérgicos.
O desenvolvimento da sensibilização comportamental à cocaína é
diferente entre os sexos, com indivíduos do sexo feminino experimentando
efeitos comportamentais mais intensos do que os machos. Os hormônios
sexuais femininos têm um importante papel nestas diferenças.
O uso repetido de psicoestimulantes, como a cocaína, também influencia
na atividade das isoenzimas ácido glutâmico descarboxilase (GAD65 e GAD67),
responsáveis pela síntese de GABA, aumentando ou diminuindo sua
expressão, de acordo com a região cerebral analisada. No entanto, não
existem estudos que avaliem alterações na expressão de GAD65 e GAD67 após
tratamento repetido com cocaína em fêmeas.
Portanto, a neurobiologia da dependência à cocaína ainda possui
inúmeras lacunas que necessitam ser desvendadas. O estudo dos mecanismos
pelos quais o uso repetido desta substância desenvolve suas propriedades de
reforço e recaída é de fundamental importância para o tratamento dos usuários
58
de cocaína, uma vez que estes poderão trazer subsídios para o
desenvolvimento de novos fármacos.
Embora as mulheres sejam mais sensíveis aos efeitos das drogas de
abuso, raros são os estudos que avaliam os efeitos destas substâncias em
indivíduos do sexo feminino. O desenvolvimento de pesquisas voltadas para
este público visando o direcionamento de ações de tratamento e de diminuição
dos efeitos das drogas nestes indivíduos é indispensável.
Portanto, este trabalho justifica-se pela relevância do estudo dos
mecanismos GABAérgicos envolvidos nos efeitos da cocaína em indivíduos do
sexo feminino.
59
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo Geral
Comparar os níveis de sensibilização à cocaína a modificações nas
enzimas ácido glutâmico descarboxilase (GAD65 e GAD67) no córtex pré-frontal
e estriado de ratas.
3.2. Objetivos Secundários
3.2.1. Sensibilização comportamental
Avaliar a sensibilização comportamental em ratas fêmeas após
administração repetida de cocaína.
3.2.2. Expressão gênica das isoenzimas GAD65 e GAD67
Analisar a expressão gênica das isoenzimas ácido glutâmico
descarboxilase (GAD65 e GAD67) no estriado e córtex pré-frontal de ratas
tratadas aguda e repetidamente com cocaína.
60
4. REFERÊNCIAS
AARÃO, M. C. Cocaína: Mecanismos de Ação e Efeitos no Organismo, 2008. 20 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Ciências Biológicas) – Universidade Federal de São João Del-Rei, São João Del-Rei.
APA (American Psychiatric Association). DSM-IV-TR, Diagnostic and statistical manual of mental disorders. Washingon, DC: APA. 2002.
ANDERSON, S. M.; PIERCE, R. C. Cocaine-induced alterations in dopamine receptor signaling: Implications for reinforcement and reinstatement. Pharmacology and Therapeutics, v. 106, p. 389-403, 2005.
ANTHONY, J. C.; PETRONIS, K. R. Epidemiologic evidence on suspected associations between cocaine use and psychiatric disturbances. NIDA Research Monographs, v. 110, p. 71-94, 1991.
ARAUJO, A. P.; DELUCIA, R.; SCAVONE, C.; PLANETA, C. S. Repeated predictable or unpredictable stress: effects on cocaine-induced locomotion and cyclic AMP-dependent protein kinase activity. Behavioural Brain Research, v. 139, n. 1-2, p. 75-81, 2003.
BACKES, E. N.; HEMBY, S. E. Contribution of Ventral Tegmental GABA Receptors to Cocaine Self-administration in Rats. Neurochem Research, v. 33, p. 459-467, 2008.
BAHLS, F. C.; BAHLS, S. C. Cocaína: origens, passado e presente. Interação em Psicologia, v. 6, n. 2, p. 177-181, 2002.
BALASUBRAMANIAN, S.; TEISSÉRE, J. A.; RAJU, D. V.; HALL, R.A. Hetero-oligomerization between GABAA and GABAB receptors regulates GABAB receptor trafficking. Journal of Biological Chemistry, v. 279, n. 18, p. 18840-18850, 2004.
BARRETT, A. C.; MILLER, J. R.; DOHRMANN, J. M.; CAINE, S. B. Effects of dopamine indirect agonists and selective D1-like and D2-like agonists and antagonists on cocaine self-administration and food maintained responding in rats. Neuropharmacology, v. 47, Suppl 1, p. 256-73, 2004.
61
BARTLETT, E.; HALLIN, A.; CHAPMAN, B.; ANGRIST, B. Selective sensitization to the psychosisinducing effects of cocaine: a possible marker for addiction relapse vulnerability? Neuropsychopharmacology, v. 16, p. 77-82, 1997.
BATTAGLIOLI, G.; LIU, H.; MARTIN, D. L. Kinetic differences between the isoforms of glutamate decarboxylase: implications for the regulation of GABA synthesis. Journal of neurochemistry, v. 86, p. 879-887, 2003.
BECKER, J. B.; MOLENDA, H.; HUMMER, D. L. Gender differences in the behavioral responses to cocaine and amphetamine. Implications for mechanisms mediating gender differences in drug abuse. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 937, p. 172-187, 2001.
BEN-SHAHAR, O.; AHMED, S. H.; KOOB, G.F.; ETTENBERG, A. The transition from controlled to compulsive drug use is associated with a loss of sensitization. Brain Research, v. 995, p. 46–54, 2004.
BEYER, C. E.; STEKETEE, J. D. Cocaine sensitization: modulation by dopamine D2 receptors. Cerebral Cortex, v. 12, n. 5, p. 526-535, 2002.
BLOOM, F. E.; IVERSEN, L. L. Localizing 3H-GABA in nerve terminals of rat cerebral cortex by electron microscopic autoradiography. Nature, v. 229, p. 628–630, 1971.
BOOZE, R. M.; WOOD, M. L.; WELCH, M. A.; BERRY, S.; MACTUTUS, C. F. Estrous cyclicity and behavioral sensitization in female rats following repeated intravenous cocaine administration. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 64, n. 3, p. 605-610, 1999.
BOWERY, N. G.; BETTLER, B.; FROESTL, W.; GALLAGHER, J. P.; MARSHALL, F.; RAITERI, M.; BONNER, T. I.; ENNA, S. J. International Union of Pharmacology. XXXIII. Mammalian gamma-aminobutyric acid(B) receptors: structure and function. Pharmacological Reviews, v. 54, p. 247-264, 2002.
BOWMAN, B. P.; KUHN, C. M. Age-related differences in the chronic and acute response to cocaine in the rat. Developmental Psychobiology, n. 29, p. 597–611, 1996.
62
BRADY, A. M.; GLICK, S. D.; O'DONNELL, P. Selective disruption of nucleus accumbens gating mechanisms in rats behaviorally sensitized to methamphetamine. The Journal of Neuroscience, v. 25, n. 8, p. 6687-6695, 2005.
BÜTTNER, A.; MALL, G.; PENNING, R.; SACHS, H.; WEIS, E. The neuropathology of cocaine abuse. Legal Medicine, v. 5, p. 240–242, 2003.
CAILHOL, S.; MORMÈDE, P. Strain and sex differences in the locomotor response and behavioral sensitization to cocaine in hyperactive rats. Brain Research, v. 842, n. 1, p. 200-205, 1999.
CAMERON, D. L.; WILLIAMS, J. T. Cocaine inhibits GABA release in the VTA through endogenous 5-HT. The Journal of Neuroscience, v. 14, p. 6763-6767, 1994.
CAMPBELL, U. C.; MORGAN, A. D.; CARROLL, M. E. Sex differences in the effects of baclofen on the acquisition of intravenous cocaine self-administration in rats. Drug e Alcohol Dependence, v. 66, p. 61-69, 2002.
CANNON, C. M,; BSEIKRI, M. R. Is dopamine required for natural reward? Physiology and Behavior, v. 81, p. 741-748, 2004.
CARLINI, E. A.; GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; FONSECA, A. M.; CARLINI, C. M. A.; OLIVEIRA, L. G. , et al. II Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 108 maiores cidades do país - 2005. Brasília: Secretaria Nacional Antidrogas, 2007.
CARLINI, E. A.; GALDURÓZ, J. C. F.; NOTO, A. R.; NAPPO, S. A. I Levantamento domiciliar sobre o uso de drogas psicotrópicas no Brasil: estudo envolvendo as 107 maiores cidades do país - 2001. São Paulo: CEBRID, Universidade Federal de São Paulo, 2002.
CARR, D. B.; SESACK, S.R. GABA-containing neurons in the rat ventral tegmental area project to the prefrontal cortex. Synapse, v. 38, p. 114–123, 2000.
63
CARRERA, M.R.A.; MEIJLER, M.M.; JANDA, K.D. Cocaine pharmacology and current pharmacotherapies for its abuse. Bioorganic and Medicinal Chemistry, v. 12 , p. 5019–5030, 2004.
CARROLL, .M.; LYNCH, W.; ROTH, M.; MORGAN, A.; COSGROVE, K. Sex and estrogen influence drug abuse. Trends in Pharmacological Sciences, v. 25, p. 273–279, 2004.
CARROLL, M.E.; MORGAN, A.D.; LYNCH, W.J.; CAMPBELL, U.C.; DESS, N.K. Intravenous cocaine and heroin self-administration in rats selectively bred for differential saccharin intake: phenotype and sex differences. Psychopharmacology, v. 161, p. 304–313, 2002.
CARTA, A.R.; MORENO, C.C.; CADONI, C.; TRONCI, E.; DI CHIARA, G. Long-term increase in GAD67 mRNA expression in the central amygdala of rats sensitized by drugs and stress. European Journal of Neuroscience, v. 27, n. 5, p. 1220-30, 2008.
CASTAÑEDA, M.T.; SANABRIA, E.R.G.; HERNANDEZ, S.; AYALA, A.; REYNA, T.A.; WU, J.Y.; COLOM, L.V. Glutamic acid decarboxylase isoforms are differentially distributed in the septal region of the rat. Neuroscience Research, v. 52, p.107-119, 2005.
CHEBIB, M.; JOHNSTON, G.A. The 'ABC' of GABA receptors: a brief review. Clinical and Experimental Pharmacology and Physiology, v. 26, n. 11, p. 937-940, 1999.
CHEFER, V.I.; ZAKHAROVA, I.; SHIPPENBERG, T.S. Enhanced responsiveness to novelty and cocaine is associated with decreased basal dopamine uptake and release in the nucleus accumbens: quantitative microdialysis in rats under transient conditions. The Journal of Neuroscience, v. 23, p. 3076-3084, 2003.
CHEN, Q.; LEE, T.H.; WETSEL, W.C.; SUN, Q.A.; LIU, Y.; DAVIDSON, C.; XIONG, X.; ELLINWOOD, E.H.; ZHANG, X. Reversal of cocaine sensitization-induced behavioral sensitization normalizes GAD67 and GABAA receptor alpha2 subunit expression, and PKC zeta activity. Biochemical and Biophysical Research Communications, v. 356, n. 3, 733-738, 2007.
CHIN, J.; STERNIN, O.; WU, H.B.K.; BURRELL, S.; LU, D.; JENAB, S.; PERROTTI, L.I.; QUINONES-JENAB, V. Endogenous gonadal hormones
64
modulate behavioral and neurochemical responses to acute and chronic cocaine administration. Brain Research, v. 945, p. 123-130, 2002.
CHURCHILL, L.; KALIVAS, P.W. A topographically organized gamma-aminobutyric acid projection from the ventral pallidum to the nucleus accumbens in the rat. The Journal of Comparative Neurology, v. 345, n. 4, p. 579-95, 1994.
COSTA, F.G.; FRUSSA-FILHO, R.; CANTERAS, N.S.; VALERA, A.G.; FELICIO, L.F. Blockade of neurotensin receptors during amphetamine discontinuation indicates individual variability. Neuropeptides, v. 41, n. 2, p. 83-91, 2007.
COUVE, A.; MOSS, S.J.; PANGALOS, M.N. GABAB receptors: a new paradigm in G protein signaling. Molecular and Cellular Neuroscience, v. 16, p. 296-312, 2000.
CURTIS, D.R.; WATKINS, J.C. The excitation and depression of spinal neurones by structurally related amino acids. Journal of Neurochemistry, v. 6, p. 117-41, 1960.
DACKIS, C.A; O’BRIEN, C. Cocaine dependence: a disease of brain’s reward centers. Journal of Substance Abuse Treatment, v. 21, p. 111-117, 2001.
DAFNY, N.; YANG, P.B. The role of age, genotype, sex, and route of acute and chronic administration of methylphenidate: A review of its locomotor effects. Brain Research Bulletin, v. 68, 393–405, 2006.
DARLISON , M.G.; PAHAL, I.; THODE, C. Consequences of the evolution of the GABA A receptor gene family. Cellular and Molecular Neurobiology, v. 25; p. 607-624, 2005.
DE LEON, K.R.; TODTENKOPF, M.S.; STELLAR, J.R. An examination of glutamate decarboxylase(65) immunoreactive puncta with respect to rat ventral pallidum neurons after repeated cocaine administration. Neuroscience Letters, v. 284, n. 1-2, p. 69-72, 2000.
DICKERSON, T.J.; JANDA, K.D. Recent advances for the treatment of cocaine abuse: central nervous system immunopharmacotherapy. The AAPS Journal, v. 7, n. 3. p. 579-86, 2005.
65
DOWNS, A.; EDDY, N. The effect of repeated doses of cocaine on the rat. The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 46, p. 199–200, 1932.
DWORKIN, S.I.; CO, C.; SMITH, J.E. Rat brain neurotransmitter turnover rates altered during withdrawal from chronic cocaine administration. Brain Research, v. 682, p. 116-26, 1995.
ECKERMANN, K.; BEASLEY, A.; YANG, P.; GAYTAN, O.; SWANN, A.; DAFNY, N. Methylphenidate sensitization is modulated by valproate. Life Sciences, v. 69, n. 1, p. 47-57, 2001.
EGRED, M.; DAVIS, G.K. Cocaine and the heart. Postgraduate Medical Journal, v. 81, p. 568–571, 2005.
ELMER, G.I.; GORELICK, D.A.; GOLDBERG, S.R.; ROTHMAN, R.B. Acute sensitivity vs. context-specific sensitization to cocaine as a function of genotype. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 53, n. 3, p. 623-8, 1996.
ESCLAPEZ, M.; TILLAKARATNE, N.J.; KAUFMAN, D.L.; TOBIN, A.J.; HOUSER, C.R. Comparative localization of two forms of glutamic acid decarboxylase and their mRNAs in rat brain supports the concept of functional differences between the forms. The Journal of Neuroscience, v. 14, n. 3-2, p. 1834-55, 1994.
EVANS, S.M.; FOLTIN, R.W. Exogenous progesterone attenuates the subjective effects of smoked cocaine in women, but not in men. Neuropsychopharmacology, v. 31, p. 659-74, 2006.
EVANS, S.M.; HANEY, M.; FOLTIN, R.W. The effects of smoked cocaine during the follicular e luteal phases of the menstrual cycle in women. Psychopharmacology (Berl), v. 159, p. 397-406, 2002.
FELDBLUM, S.; ERLANDER, M.G.; TOBIN, A.J. Different distributions of GAD65 and GAD67 mRNAs suggest that the two glutamate decarboxylases play distinctive functional roles. Journal of Neuroscience Research, v. 34, n. 6, p. 689-706, 1993.
FENALTI, G.; ROWLEY, M.J. GAD65 as a prototypic autoantigen. Journal of Autoimmunity, v. 31, n.3, p. 228-232, 2008.
66
FENALTI, G.; LAW, R.H.; BUCKLE, A.M.; et al. GABA production by glutamic acid decarboxylase is regulated by a dynamic catalytic loop. Nature Structural and Molecular Biology, v. 14, p. 280–286, 2007.
FERREIRA, P.E.M.; MARTINI, R.K. Cocaína: lendas, história e abuso. Revista Brasileira de Psiquiatria, v. 23, n. 2, p. 96-99, 2001.
FIGLIE, N.B.; BORDIN, S.; LARANJEIRA, R.R. Aconselhamento em dependência química. São Paulo: Editora Roca, 2004.
FLAGEL, S.B.; ROBINSON, T.E. Quantifying the psychomotor activating effects of cocaine in the rat. Behavioural Pharmacology, v. 18, n. 4, p. 297-302, 2007.
GALDURÓZ, J.C.F.; NOTO, A.R.; FONSECA, A.M.; CARLINI, E.A. V Levantamento Nacional Sobre o Consumo de Drogas Psicotrópicas entre estudantes do ensino fundamental e médio da rede pública de ensino nas 27 capitais brasileiras - 2004. São Paulo: CEBRID, 2005.
GASIOR, M.; UNGARD, J.T.; WITKIN, J.M. Preclinical evaluation of newly approved and potential antiepileptic drugs against cocaine-induced seizures. The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 290, n. 3, p. 1148-56, 1999.
GOEDERS, N.; BELL, V.; GUIDROZ, A.; MCNULTY, M. Dopamine involvement in the cocaine-induced up-regulation of benzodiazepine receptors in the rat caudate nucleus. Brain Research, v. 515, p. 1-8, 1990.
GOLD, M. S. Cocaine. New York: Plenum Medical Book Company, 1993.
GOLDSTEIN, R.Z.; VOLKOW, N.D. Drug addiction and its underlying neurobiological basis: neuroimaging evidence for the involvement of the frontal cortex. The American Journal of Psychiatry, v. 159, n. 10, p. 1642-52, 2002.
GRAY, J. A.; FELDON, J.; RAWLINS, J. N. P.; HEMSLEY D. R.; SMITH, A. D. The neuropsychology of schizophrenia. Behavioral and Brain Sciences, v. 14, n. 1, p. 1-84, 1991.
67
GRIMM, O. Armadilhas da Obesidade. Mente & Cérebro, v. 169, p 66-71, 2007.
HALES, R. E.; YUDOFSKY, S. C. Tratado de Psiquiatria Clínica, 4ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
HARDMANN, J.G.; LIMBIRD, L.E. & GILMAN, A.G. GOODMAN & GILMAN’S. The Pharmacology Basis of Therapeutics, 11th ed, New York: McGraw-Hill, 2005.
HU, M.; BECKER, J.B. Acquisition of cocaine self-administration in ovariectomized female rats: Effect of estradiol dose or chronic estradiol administration. Drug and Alcohol Dependence, v. 94, p. 56–62, 2008.
HU, M.; BECKER, J.B. Effects of sex and estrogen on behavioral sensitization to cocaine in rats. The Journal of Neuroscience, v. 23, p. 693–699, 2003.
HU, M.; CROMBAG, H.S.; ROBINSON, T.E.; BECKER, J.B. Biological basis of sex differences in the propensity to self-administer cocaine. Neuropsychopharmacology, v. 29, p. 81–85, 2004.
HUANG, C.C.; LIN, H.J.; HSU, K.S. Repeated cocaine administration promotes long-term potentiation induction in rat medial prefrontal cortex. Cerebral Cortex, v. 17, p. 1877-88, 2007.
HUBNER, C.B.; KOOB, G.F. The ventral pallidum plays a role in mediating cocaine and heroin self-administration in the rat. Brain Research, v. 508, p. 20-9, 1990.
ITO. K.; OHMORI, T.; ABEKAWA, T.; KOYAMA, T. Clonazepam prevents the development of sensitization to methamphetamine. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 58, n. 4, p. 875-9, 1997.
JACKSON, L.R.; ROBINSON, T.E.; BECKER, J.B. Sex differences e hormonal influences on acquisition of cocaine self-administration in rats. Neuropsychopharmacology, v. 31, p. 129-38, 2006.
68
JAYARAM, P.; STEKETEE, J.D. Effects of cocaine-induced behavioural sensitization on GABA transmission within rat medial prefrontal cortex. European Journal Neuroscience, v. 21, p. 2035-9, 2005.
JAYARAM, P.; STEKETEE, J.D. Effects of repeated cocaine on medial prefrontal cortical GABAB receptor modulation of neurotransmission in the mesocorticolimbic dopamine system. Journal of Neurochemistry, v. 90, p. 839–847, 2004.
JENTSCH, J.D.; TAYLOR, J.R. Impulsivity resulting from frontostriatal dysfunction in drug abuse: implications for the control of behavior by reward-related stimuli. Psychopharmacology (Berl), v. 146, n. 4, p. 373-90, 1999.
JOHANSON, C.E.; SCHUSTER, C.R. Cocaine. In: BLOOM, F.E.; KUPFER D.J. (Org.). Neuropsychopharmacology: The Fourth Generation of Progress. 4th ed., New York: Raven, 2000. Disponível em <http://www.acnp.org/g4/ GN401000164/Default.htm>. Acesso em: 6 nov. 2008.
JUSTICE, A.J.H., DE WIT, H.. Acute effects of d-amphetamine during the early and late follicular phases of the menstrual cycle in women. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 66, p. 509–515, 2000.
KARCH, S.B. Cocaine: history, use, abuse. Journal of the Royal Society of Medicine, v. 92, n. 8, p. 393-397, 1999.
KARLER, R.; CALDER, L.D.; THAI, D.K.; BEDINGFIELD, J.B. The role of dopamine and GABA in the frontal cortex of mice in modulating motor-stimulant effects of amphetamine e cocaine. Pharmacology, Biochemistry and Behavioral, v. 60, n. 1, p. 237-244, 1998.
KARLER, R.; CALDER, L.D.; THAI, L.H.; BEDINGFIELD, J.B. The dopaminergic, glutamatergic, GABAergic bases for the action of amphetamine and cocaine. Brain Research, v. 671, p. 100-104, 1995.
KARREMAN, M.; MOGHADDAM, B. The prefrontal cortex regulates the basal release of dopamine in the limbic striatum: an effect mediated by ventral tegmental area. Journal of Neurochemistry, v. 66, n. 2, p. 589-598, 1996.
69
KERAMIDAS, A.; HARRISON, N.L. Agonist-dependent Single Channel Current and Gating in α4β2δ and α1β2γ2s GABAA Receptors. The Journal of General Physiology, v. 131, n. 2, p. 163–181, 2008.
KOOB, G.F. The neurobiology of addiction: a neuroadaptational view relevant for diagnosis. Addiction, v. 101, Suppl. 1, p. 23–23, 2006.
KOSTEN, T.R.; KOSTEN, T.A.; MCDOUGLE, C.J.; HAMEEDI, F.A.; MCCANCE, E.F.; ROSEN, M.I.; OLIVETO, A.H.; PRICE, L.H. Gender differences in response to intranasal cocaine administration to humans. Psychiatry, v. 39, p. 147–148, 1996.
KOURI, E.M.; LUNDAHL, L.H.; BORDEN, K.N.; MCNEIL, J.F.; LUKAS, S.E. Effects of oral contraceptive on acute cocaine response in female volunteers. Pharmacology, Biochemistry and Behavior, v. 74, p. 173-180, 2002.
KRNJEVIĆ, K.; SCHWARTZ, S.The action of gamma-aminobutyric acid on cortical neurones. Experimental Brain Research, v. 3, n. 4, p. 320-336, 1967.
LAPRADE, N.; SOGHOMONIAN, J. Differential regulation of mRNA levels encoding for the two isoforms of glutamate decarboxylase (GAD65 and GAD67) by dopamine receptors in the rat striatum. Molecular Brain Research, v. 34, p. 65-74, 1995.
LARANJEIRA, R.; OLIVEIRA, R.A.; NOBRE, M.R.C.; BERNARDO, W.M. Usuários de substâncias psicoativas: abordagem, diagnóstico e tratamento. 2ª ed. São Paulo: Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo/Associação Médica Brasileira, 2003.
LAVIOLA, G.; WOOD, R.D.; KUHN, C.; FRANCIS, R.; SPEAR, L.P. Cocaine sensitization in periadolescent and adult rats. The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 275, n. 1, p. 345-57, 1995.
LEITE, M.C. História da cocaína. In: LEITE, M.C; ANDRADE A.G. (Org.). Cocaína e crack: dos fundamentos ao tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. p.15-23.
LI, J.; OLINGER, A.B.; DASSOW, M.S.; ABEL, M.S. Up-regulation of GABAB receptor mRNA e protein in the hippocampus of cocaine- e lidocaine-kindled rats. Neuroscience, v. 118, p. 451-462, 2003.
70
LINDEFORS, N. Dopaminergic regulation of glutamic acid decarboxylase mRNA expression and GABA release in the striatum: a review. Progress in Neuro-Psychopharmacology and Biological Psychiatry, v. 17, n. 6, p. 887-903, 1993.
LINDEFORS, N.; HURD, Y.L.; O'CONNOR, W.T.; BRENE. S.; PERSSON, H.; UNGERSTEDT, U. Amphetamine regulation of acetylcholine and gamma-aminobutyric acid in nucleus accumbens. Neuroscience, v. 48, p. 439-48, 1992.
LIPTON, J.W.; OLSEN, R.W.; ELLISON, G.D. Length of continuous cocaine exposure determines the persistence of muscarinice benzodiazepine receptor alterations. Brain Research, v. 676, n. 2, p. 378-385, 1995.
LITTLE, J.Z.; TEYLER, T.J. GABAA receptor-mediated field potentials are enhanced in area CA1. Developmental Brain Research, v. 110, n. 1, p. 115-119, 1998.
LYNCH, W.J.; ROTH, M.E.; CARROLL, M.E. Biological basis of sex differences in drug abuse: preclinical and clinical studies. Psychopharmacology, v. 164, p. 121–137, 2002.
LYNCH, W.J.; ROTH, M.E.; MICKELBERG, J.L.; CARROLL, M.E. Role of estrogen in the acquisition of intravenously self-administered cocaine in female rats. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 68, p. 641–646, 2001.
MA, Y.; MA, H.; HONG, J.T.; KIM, Y.B.; NAM, S.Y.; OH, K.W. Cocaine withdrawal enhances pentobarbital-induced sleep in rats: Evidence of GABAergic modulation. Behavioural Brain Research, v. 194, n. 1, p. 114-117, 2008.
MARIN, M.T.; CRUZ, F.C.; PLANETA, C.S. Cocaine-induced behavioral sensitization in adolescent rats endures until adulthood: lack of association with GluR1 and NR1 glutamate receptor subunits and tyrosine hydroxylase. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 91, n. 1, p. 109-14, 2008.
MARSHALL, F.H.; JONES, K.A.; KAUPMANN, K.; BETTLER, B. Trends in Pharmacological Sciences, v. 20, p. 396-399, 1999.
71
MARTIN, D.L.; RIMVALL, K. Regulation of gamma-aminobutyric acid synthesis in the brain. Journal of Neurochemistry, v. 60, n. 2, p. 395-407, 1993.
MERCUGLIANO, M.; SOGHOMONIAN, J.J.; QIN, Y.; NGUYEN, H.Q.; FELDBLUM, S.; ERLANDER, M.G.; TOBIN, A.J.; CHESSELET, M.F. Comparative distribution of messenger RNAs encoding glutamic acid decarboxylases (Mr 65,000 and Mr 67,000) in the basal ganglia of the rat. The Journal of Comparative Neurology, v. 318, p. 245–254, 1992.
MORRIS, H.V.; DAWSON, G.R.; REYNOLDS, D.S.; ATACK, J.R.; ROSAHL, T.W.; STEPHENS, D.N. Alpha2-containing GABAA receptors are involved in mediating stimulant effects of cocaine. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 90, n. 1, p. 9-18, 2008.
MORRIS, K.D.W.; MOOREFIELD, C.N.; AMIN, J. Differential modulation of the γ - aminobutyric acid type C receptor by neuroactive steroids. Molecular, v. 56, p. 752-759, 1999.
NEAD - Núcleo Einstein de Álcool e Drogas. Neurobiologia da Dependência Química: O Sistema de Recompensa. Disponível em: <http://aed.one2one.com.br/alcooledrogas/atualizacoes/as_115.htm>. Acesso em 15 de set. 2008.
NIYOMCHAI, T.; RUSSO, S.J.; FESTA, E.D.; AKHAVAN, A.; JENAB, S.; QUIÑONES-JENAB, V. Progesterone inhibits behavioral responses e estrogen increases corticosterone levels after acute cocaine administration. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 80, p. 603-10, 2005.
OWENS, D.F.; KRIEGSTEIN, A.R. Is there more to GABA than synaptic inhibition? Nature Reviews Neuroscience, v. 3, n. 9, p. 715-27, 2002.
PERIS, J. Antisense inhibition of striatal GABAA receptor protein decreases GABA-stimulated chloride uptake e increases cocaine sensitivity in rats. Molecular Brain Research, v. 57, p. 310- 320, 1998.
PERIS, J. Repeated cocaine injections decrease the function of striatal gamma-aminobutyric acid(A) receptors. The Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 276, n. 3, p. 1002-8, 1996.
72
PERROTTI, L.I.; RUSSO, S.J.; FLETCHER, H.; CHIN, J.; WEBB, T.; JENAB, S.; QUIÑONES-JENAB, V. Ovarian hormones modulate cocaine-induced locomotor e stereotypic activity. Annals of the New York Academy of Sciences, v. 937, p. 202-16, 2001.
PERROTTI, L.I.; BECK, K.D.; LUINE, V.N.; QUIÑONES-JENAB, V. Progesterone e Cocaine administration affect Serotonin in the media prefrontal córtex of ovariectomized rats. Neuroscience Letters, v. 291, p. 155-158, 2000.
PIERCE, R.C.; KALIVAS, P.W. A circuitry model of the expression of behavioral sensitization to amphetamine-like psychostimulants, Brain Research Reviews, n. 25, p. 192–216, 1997.
PORTER, T.G.; MARTIN, D.L. Evidence for feedback regulation of glutamate decarboxylase by gamma-aminobutyric acid. Journal of Neurochemistry, v. 43, n. 5, p. 1464-7, 1984.
QUIÑONES-JENAB, V. Why are women from Venus and men from Mars when they abuse cocaine? Brain Research, v. 1126, p. 200-203, 2006.
QUIÑONES-JENAB, V.; HO, A.; SCHLUSSMAN, S.D.; FRANCK, J.; KREEK, M.J. Estrous cycle differences in cocaine-induced stereotypic e locomotor behaviors in Fischer rats. Behavorial Brain Research, v. 101, p. 15-20, 1999.
RESNICK, A.; HOMANICS, G.E.; JUNG, B.J.; PERIS, J. Increased acute cocaine sensitivity and decreased cocaine sensitization in GABA(A) receptor beta3 subunit knockout mice. Journal of Neurochemistry, v. 73, n. 4, p.1539-48, 1999.
RETAUX, S.; CABOCHE, J.; ROGARD, M.; JULIEN, J.F.; PENIT-SORIA, J.; BESSON, M.J. GABA interneurons in the rat medial frontal cortex: characterization by quantitative in situ hybridization of the glutamic acid decarboxylase (GAD67) mRNA. Brain Research, v. 611, p. 187-196, 1993.
RETAUX, S.; JULIEN, J.F.; BESSON, M.J.; PENIT-SORIA, J. Expression of GAD mRNA in GABA interneurons of the rat medial frontal cortex. Neuroscience Letters, v. 136, p. 67-71, 1992.
RICCI, L.A.; GRIMES, J.M.; KNYSHEVSKI, I.; MELLONI, R.H. Repeated cocaine exposure during adolescence alters glutamic acid decarboxylase – 65
73
(GAD65) immunoreactivity in hamster brain: correlation with offensive aggression. Brain Research, v. 1035, p. 131-138, 2005.
ROBERTS, D.C.; BENNETT, S.A.; VICKERS, G.J. The estrous cycle affects cocaine self-administration on a progressive ratio schedule in rats. Psychopharmacology (Berl), v. 98, p. 408-11, 1989.
ROBERTS, E. What do GABA neurons really do? They make possible variability generation in relation to demand. Experimental Neurology, v. 3, n. 2, p. 279-90, 1986.
ROBERTS, E.; FRANKEL, S. Gamma-Aminobutyric acid in brain: its formation from glutamic acid. Journal of Biological Chemistry, v. 187, n. 1, p. 55-63, 1950.
ROBINSON, T.E.; BERRIDGE, K.C. Mechanisms of Action of Addictive Stimuli: Incentive-sensitization and addiction. Addiction, v. 96, p. 103–114, 2001.
ROBINSON, T.E.; BERRIDGE, K.C. The neural basis of drug craving: an incentive-sensitization theory of addiction. Brain Research Reviews, v. 18, p. 247–291, 1993.
RUDOLPH, U.; CRESTANI, F.; MOHLER, H. GABA(A) receptor subtypes: dissecting their pharmacological functions. Trends in Pharmacological Sciences, v. 22, p. 188-194, 2001.
RUSSO, S.J.; FESTA, E.D.; FABIAN, S.J.; GAZI, F.M.; KRAISH, M.; JENAB, S.; QUIÑONES-JENAB, V. Gonadal hormones differentially modulate cocaine-induced conditioned place preference in male e female rats. Neuroscience, v. 120, p. 523-33, 2003a.
RUSSO, S.J.; JENAB, S.; FABIAN, S.J.; FESTA, E.D.; KEMEN, L.M.; QUIÑONES-JENAB, V. Sex differences in the conditioned rewarding effects of cocaine. Brain Research, v. 970, n. 1-2, p. 214-20, 2003b.
SADOCK, B. J.; SADOCK, V. A. Compêndio de Psiquiatria – Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 9ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.
74
SALEH, T. Estrogen-induced autonomic effects are mediated by NMDA e GABAA receptors in the parabranchial nucleus. Brain Research, v. 973, p. 161-170, 2003.
SAMAHA, A.N.; ROBINSON, T.E. Why does the rapid delivery of drugs to the brain promote addiction? Trends in Pharmacological Sciences, v. 26, n. 2, p. 82-7, 2005.
SAMHSA – Substance Abuse and Mental Health Services Administration. Results of the 2006 National Survey on Drug Use & Health: National Findings. Rockville: SAMSHA, 2007.
SEARLES, R.V.; YOO, M.J.; HE, J.R.; SHEN, W.B.; SELMANOFF, M. Sex differences in GABA turnover and glutamic acid decarboxylase (GAD65 and GAD67) mRNA in the rat hypothalamus. Brain Research, v. 878, p. 11-19, 2000.
SELL, S.L.; THOMAS, M.L.; CUNNINGHAM, K.A. Influence of estrous cycle and estradiol on behavioral sensitization to cocaine in female rats. Drug and Alcohol Dependence, v. 67, p. 281-290, 2002.
SELL, S.L.; SCALZITTI, J.M.; THOMAS, M.L.; CUNNINGHAM, K.A. Influence of Ovarian Hormone e Estrous Cycle on the Behavioral Response to Cocaine in Female Rats. The Journal of Pharmacology e Experimental Therapeutics, v. 293, p. 879-886, 2000.
SHUMSKY, J.S.; WU, Y.; MURPHY, E.H.; NISSANOV, J.; O'BRIEN-JENKINS, A.; GRAYSON, D.R. Differential effects of prenatal cocaine exposure on selected subunit mRNAs of the GABAA receptor in rabbit anterior cingulated cortex. Journal of Chemical Neuroanatomy, v. 24, p. 243-255, 2002.
SIEGHART, W.; SPERK, G. Subunit composition, distribution and function of GABA A receptor subtypes. Current Topics in Medicinal Chemistry, v. 2, p. 795-816, 2002.
SOFUOGLU, M.; MITCHELL, E.; KOSTEN, T.R. Effects of progesterone treatment on cocaine responses in male and female cocaine users. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 78, n. 4, p. 699-705, 2004.
75
SOFUOGLU, M.; DUDISH-POULSEN, S.; NELSON, D.; PENTEL, P.R.; HATSUKAMI, D.K. Sex and menstrual cycle differences in the subjective effects from smoked cocaine in humans. Experimental and Clinical Psychopharmacology, v. 7, n. 3, p. 274-83, 1999.
SOGHOMONIAN, J.; MARTIN, D.L. Two isoforms of glutamate decarboxylase: why? Trens in Pharmacological Sciences, v. 19, n. 12, p. 500-505, 1998.
SORG, B.A.; GUMINSKI, B.J.M.; HOOKS, M.S.; KALIVAS, P.W. Cocaine alters glutamatic acid descaroxylase differentially in the nucleus accumbens core and shell. Molecular Brain Research, v. 29, p. 381-386, 1995.
STAHL, S.M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações clínicas. Rio de Janeiro: MEDSI, 1998.
STEFANO, G.B.; BIANCHI, E.; GUARNA, M.; FRICCHIONE, G.L.; ZHU, W.; CADET, P.; MANTIONE, K.J.; CASARES, F.M.; KREAM, R.M.; ESCH, T. Nicotine, alcohol and cocaine coupling to reward processes via endogenous morphine signaling: the dopamine-morphine hypothesis. Medical Science Monitor, v. 13, n. 6, p. 91-102, 2007.
STEKETEE, J.D.; BEYER, C.E. Injections of baclofen into the ventral medial prefrontal cortex block the initiation, but not the expression, of cocaine sensitization in rats. Psychopharmacology (Berl), v. 180, n. 2, p. 352-8, 2005.
STEKETEE, J.D. Neurotransmitter systems of the medial prefrontal cortex: potential role in sensitization to psychostimulants. Brain Research Reviews, v. 41, p. 203–228, 2003.
STEWART, J.; BADIANI, A. Tolerance and sensitization to the behavioral effects of drugs. Behavioural Pharmacology, v. 4, n. 4, p. 289-312, 1993.
STRAKOWSKI, S. M.; SAX, K. W.; SETTERS, M. J.; KECK, P. E. Jr. Enhanced response to repeated d-amphetamine challenge: evidence for behavioral sensitization in humans. Biological Psychiatry, v. 40, p. 872-880, 2006.
TILLAKARATNE, N.J.; MEDINA-KAUWE, L.; GIBSON, K.M. Gamma-Aminobutyric acid (GABA) metabolism in mammalian neural and nonneural tissues. Comparative biochemistry and physiology. Part A, Physiology, v. 112, n. 2, p. 247-63, 1995.
76
TRANTHAM, H.; SZUMLINSKI, K.K.; MCFARLAND, K.; KALIVAS, P.W.; LAVIN, A. Repeated cocaine administration alters the electrophysiological properties of prefrontal cortical neurons. Neuroscience, v. 113, n. 4, p. 749-53, 2002.
UNODC – United Nations Office on Drugs and Crime. World Drug Report 2008. Disponível em: <www.unodc.org>. Acesso em: 6 de nov. 2008.
VANDERSCHUREN, L.J.; KALIVAS, P.W. Alterations in dopaminergic and glutamatergic transmission in the induction and expression of behavioral sensitization: a critical review of preclinical studies. Psychopharmacology (Berl), v. 151, n 2-3, p. 99-120, 2000.
WALKER, Q.D.; NELSON, C.J.; SMITH, D.; KUHN, C.M. Vaginal lavage attenuates cocaine-stimulated activity and establishes place preference in rats. Pharmacology Biochemistry and Behavior, v. 73, p. 743–752, 2002.
WATANABE, W.; MAEMURA, K.; KANBARA, K.; TAMAYAMA, T.; HAYASAKI, H. GABA and GABA receptors in the central nervous system and other organs. International Review of Cytology, v. 213, p. 1-47, 2000.
WEI, J.; WU, J.Y. Post-translational Regulation of L-Glutamic Acid Decarboxylase in the Brain. Neurochemical Research, v. 33, p. 1459-1465, 2008.
WEISS, R.D.; MIRIN, S.M.; BARTEL, R.L. Cocaine. 2ª ed. Washington-DC: American Psychiatric Press, 1994.
WIELAND, H.A.; LÜDDENS, H.; SEEBURG, P.H. A Single Histidine in GABAA Receptors Is Essential for Benzodiazepine Agonist Binding. Journal of Biological Chemistry, v. 267, n. 3, p. 1426-9, 1992.
WISE, R.A.; BOZARTH, M.A. A psychomotor stimulant theory of addiction. Psychological Review, v. 94, n. 4, p. 469-92, 1987.
WOLF, M.E. The role of excitatory amino acids in behavioral sensitization to psychomotor stimulants. Progress in Neurobiology, v. 54, p. 679-720, 1998.
77
WOOD, R.D.; TIRELLI, E.; SNYDER, K.J.; HEYSER, C.J.; LAROCCA, T.M.; SPEAR, L.P. Evidence for behavioral sensitization to cocaine in preweanling rat pups. Psychopharmacology (Berl), v. 138, n. 2, p. 114-23, 1998.
YAMAGUCHI, M.; SUZUKI, T.; ABE, S.; BABA, A.; ITO, T.; OKADO, N. Time-course effects of a single administration of cocaine on receptor binding e subunit mRNAs of GABAA receptors. Molecular Brain Research, v. 81, p. 155-163, 2000.
YAMAMOTO, N.; SOGHOMONIAN, J.J. Time-course of SKF-81297-induced increase in glutamic acid decarboxylase 65 and 67 mRNA levels in striatonigral neurons and decrease in GABAA receptor α1 subunit mRNA levels in the substantia nigra, pars reticulata, in adult rats with a unilateral 6-hydroxydopamine lesion. Neuroscience, v 154, n 3, p. 1088-1099, 2008.
YE, J.H.; LIU, P.L.; WU, W.H.; MCARDLE, J.J. Cocaine depresses GABAA current of hippocampal neurons. Brain Research, v. 1-2, p. 169-175, 1997.
ZAHM, D.S.; HEIMER, L. Two transpallidal pathways originating in the rat nucleus accumbens. The Journal of Comparative Neurology, v. 302, p. 437-46, 1990.
78
5. ARTIGO CIENTÍFICO
REVISTA: Behavioural Pharmacology
79
Repetitive cocaine administration differentially decreased GAD65 and
GAD67 mRNA expression in the striatum and prefrontal cortex in female
rats
Marilise Fraga de Souzaa, Viviane Maria Toniazoa, Ana Paula Guedes
Frazzonb, Helena Maria Tannhauser Barrosa,*.
a Laboratory of Psychopharmacology, Department of Physiology, Federal
University of Health Sciences of Porto Alegre - UFSCPA, Porto Alegre, Brazil.
b Medical Sciences Postgraduate Program, Federal University of Health
Sciences of Porto Alegre - UFSCPA, Porto Alegre, Brazil.
ABSTRACT
Dopaminergic and glutamatergic pathways are central to the sensitized
behavioral responses to cocaine, which are opposed by the inhibitory
GABAergic system. This study further investigated the correlations between
cocaine sensitization and modifications in GABA synthesis isoenzymes in the
prefrontal cortex and striatum of rats. Ovariectomized female rats received
saline or cocaine repeatedly and after a challenge cocaine dose, locomotion
and stereotypies were monitored. Not all animals presented sensitization after
repeated cocaine. A single exposure to cocaine did not change the expression
of GAD mRNA in brain areas. GAD65 and GAD67 mRNA were significantly
lowered in the striatum of repeatedly-treated animals irrespective of rats
showing sensitization or not. Only sensitized animals presented significant
80
reduction of prefrontal cortex GAD65 mRNA. GAD67 in the prefrontal cortex was
reduced only in sensitized animals showing stereotypies. Present results
suggest that only repeatedly administered cocaine affects GAD isoenzymes
expression in the striatum and prefrontal cortex of female rats. In the prefrontal
cortex repeated cocaine by itself does not lead to GAD changes. Sensitization
is associated with decreased GAD65 mRNA expression in the prefrontal cortex
of females, while regulation of GAD67 expression in the prefrontal cortex
appears to be changed only after highest sensitization is achieved.
Keywords: cocaine, sensitization, GAD isoenzymes, striatum, prefrontal cortex.
Introduction
Chronic intermittent administration of a psychomotor stimulants typically
produces a phenomenon known as behavioral sensitization (Wood et al. 1998;
Brady et al. 2005; Kikusui et al. 2005; Robinson and Camp 1987). Locomotor
hyperactivity is exhibited after acute exposure to psychostimulant drugs. Higher
cocaine doses and repeated drug treatment, behavior changes in complex
ways, in part because motor behaviors are progressively dominated by more
stereotyped actions (Flagel and Robinson 2007). Behavioral sensitization is
thought to be based on neural processes that are relevant to addictive
behaviors (Robinson and Berridge 1993; Brady et al. 2005). Dopaminergic and
glutamatergic pathways are considered central to the sensitized behavioral
responses to cocaine (Brady et al. 2005; Stephens 1995). The glutamatergic
81
excitatory influence is opposed by the GABAergic, inhibitory system, which
appears also to be relevant in psychostimulant sensitization (Stephens 1995;
Allison and Pratt 2003). Psychostimulants also appear to influence directly the
activity of GABAergic neurons. Chronic cocaine administration has been shown
to: a) both increase or decrease GABA turnover in different brain areas
(Dworkin et al. 1995; Pierce and Kalivas 1997; Smith et al. 2003), b) decrease
the release of GABA in the ventral tegmental area (Cameron and Williams
1994; Pierce and Kalivas 1997), and c) increase extracellular GABA in the
prefrontal cortex (Jayaram and Steketee 2005). Concomitantly, repeated
cocaine-treated animals show an increase or decrease in the density of GAD65-
immunoreactivity puncta in different brain areas (Ricci et al. 2005) and
decreased GAD67 mRNA in the medial nucleus accumbens (Lindefors et al.
1992) and increased GAD67 mRNA in the hippocampus (Di Chiara et al. 1980).
Thus there is supporting evidence that repeated cocaine may alter GABA
activity, the direction of change depends on the brain area under study.
Gamma-AminoButyric Acid (GABA) is the main inhibitory
neurotransmitter in the central nervous system (Laprade and Soghomonian
1995). It is produced in the brain by two isoforms of glutamic acid
decarboxylase, GAD65 and GAD67 (Ricci et al. 2005) that differ in their
contributions to the synaptic and non-synaptic pools of GABA (Lindefors 1993;
Soghomonian and Martin 1998; Sheikh et al. 1999). Recent studies have
implicated an important role for the prefrontal cortex (PFC) in the development
of addictive behaviors (Huang et al. 2007). Evidence is accumulating that the
alterations of multiple medial PFC neurotransmitter systems, including GABA,
dopamine, serotonin, glutamate, noradrenalin, acetylcholine and peptides, and
82
signaling by receptors activated by these neurotransmitters may contribute to
the development of psychostimulant-induced behavioral sensitization and
addiction (Steketee 2003). Local circuit neurons in the medial PFC are thought
to be the main source of GABA in this region (Retaux et al. 1992; 1993) and
GABAergic neurons in the VTA also project to the medial PFC (Carr and
Sesack 2000). The striatum (STR) is a putative site of action for the motor
activating effects of drugs of abuse and associated neuroadaptations (Robinson
and Berridge 1993). It may be involved in the induction and expression phases
of psychostimulant sensitization (Pierce and Kalivas 1997) and may mediate
facets of cocaine reinforcement (Hubner and Koob 1990). The STR contains
GABAergic medium sized spiny projection neurons and the vast majority of its
neurons (90-95%) contain GABA (Zahm and Heimer 1990; Churchill e Kalivas
1994).
As recently reviewed, human females, also seen in animal models, are
more prone to drugs effects and begin regular self-administration of cocaine at
lower doses than do males, escalate drug use more rapidly to addiction, and
females are at greater risk for relapse following abstinence (Becker and Hu
2008).
Although interference with GABA and GAD may be expected after
cocaine treatment particularly in females, no information exists on the relevance
of changes in GAD expression in rats after acute or repeated cocaine treatment.
Therefore, the objective of this study is to investigate the effects of sensitization
to cocaine or a single cocaine challenge on the expression of GAD65 and GAD67
mRNA in the PFC and STR of female ovariectomized rats.
Methods
83
Animals and experimental design
Female Wistar rats 250-350g (n=70) were obtained from the Animal
House of UFCSPA. Rats were housed with access to food and water ad libitum,
and were maintained in a temperature controlled room (22±2°C) under
light/dark cycle with lights on from 7:00 a.m. – 7:00 p.m. All experiments
followed the Guidelines of the International Council for Laboratory Animal
Science (ICLAS) and were approved by the Ethical Committee for Animal
Experimentation of UFCSPA.
Procedures
Rats were randomly assigned to one of the drug treatment groups. The
controls (CTR) received saline daily during the sensitization phase and a saline
challenge; animals assigned to the acute cocaine group (ACT) received saline
daily during the sensitization phase and a 30 mg/kg cocaine (ENILA, Brazil)
challenge dose. Animals in the repeated cocaine group (RPT) received 30
mg/kg cocaine daily during the sensitization phase and a 30 mg/kg cocaine
challenge dose. The CTR group was composed of 10 animals and ACT and
RPT groups of 30 animals each.
Because female sex hormones influence cocaine effects, bilateral
ovariectomy under 10 mg/kg xylazine plus 50 mg/kg ketamine hydrochloride i.p.
(Ribeiro et al. 2000; Sotiriadou et al. 2003) was performed in all rats two weeks
before starting the sensitization protocol. On the first experimental day, as may
be seen in the time line (Figure 1), two weeks after ovariectomy, the rats were
introduced for 60 min in an infrared photocell apparatus (80 cm long, 26 cm
wide, 22 cm high) with three photocells to monitor horizontal motor activity
(Alsbarsch, Brazil). This procedure also had the purpose of habituating the rats
84
to the activity monitors and to reduce the variability of the baseline locomotor
activity. After this habituation period, rats from the CTR and ACT groups
received saline 1 ml/kg i.p. and rats from the RPT group received 30 mg/kg
cocaine hydrochloride i.p. Motor activity was monitored again for another 60
minutes post-injection, in consecutive 15-minute intervals. Over the course of
five consecutive days, the animals were administered either saline or cocaine
30 mg/kg once daily, as scheduled. Because expression of cocaine
sensitization is more robust following a drug-free interval (Crombag et al. 2002),
injections were discontinued for 5 days. On day 12, rats were again placed into
the photocell chamber for the 60-minute adaptation period, and thereafter
animals from the CTR were administered saline and those from the ACT and
RPT groups received 30 mg/kg cocaine. Motor activity was monitored in 15
minute intervals for 60 minutes after the challenge doses. These motor activity
data were used to evaluate sensitization along with the behaviors occurring
inside the locomotion chamber that were videotaped for ethological analysis of
stereotypies. One hour after the behavioral observation of the cocaine
challenge, the animals were decapitated, the dorsal striatum and prefrontal
cortex were then dissected, frozen in liquid nitrogen and stored at -80ºC for
further mRNA analysis.
Ethological behavioral analysis
Videotapes of the animals were later analyzed for behavioral stereotypy
by two trained observers blind to the animal treatment groups. Stereotyped
behaviors were measured for 60 min after injections. Observational data were
collected using a time-sampling procedure in which behaviors of each animal
were observed for 30 sec once every 3-min test block and checked off of a
85
predetermined checklist. The behaviors measured included rearing
(unsupported or supported body in vertical position), grooming (mouth or paws
on body), stereotyped sniffing (exacerbated and repetitive sniffing movements,
which may or may not be continuous, mostly with the nose directed to a corner
of the chamber), stereotyped head scanning (repetitive movements of the head,
either up-and-down and directed toward one wall or corner of the chamber or
side-to-side motions in which the nose usually contacted the floor), pivoting and
splayed hind limbs (Becker et al. 2001).
RNA extraction and RT-PCR analysis
A semi-quantitative RT-PCR technique was used to determine the levels
of GAD65 and GAD67 mRNA. Total RNA was isolated from 70-90 mg of STR
and PFC using a Trizol® Isolation Reagent Kit (InvitrogenTM Life Technologies
Inc., NY, USA), according to the instructions of the manufacturer. Total RNA
purity was assessed by UV spectrophotometry (Gen Quant II®, Amersham
Pharmacia Biotech). A 3 μg aliquot of total RNA was reverse transcribed using
the SuperScriptTM First-Strand Synthesis System for RT-PCR (InvitrogenTM Life
Technologies Inc., NY, USA), according to the instructions of the manufacturer.
Specific oligonucleotides derived from the coding region of published
sequences of GAD65 (5’ GCTCTACGGAGACTCTGAGAAG 3’ and 5’
CGGTTGGTCTGACAATTCCC 3’) and GAD67 (5’
TGTGGCGTAGCCCATGGATG 3’ and 5’ ACTGGTGTGGGTGGTGGAAG 3’),
genes were used to prime target cDNA, resulting in predicted 318 and 330 bp
sequence, respectively. The β-actin primer set (5’
TGTGATGGTGGGAATGGGTCAG 3’ and 5’ TTGATGTCACGCACGATTTCC
3’) that generated a 515 bp product was used as an internal control. β-actin was
86
co-amplified within the same reaction in order to evaluate inter-sample variation
in cDNA contents and PCR efficiency.
The PCR reaction included 2 μl of the RT product, and was carried out
with Taq DNA polymerase (InvitrogenTM Life Technologies Inc., NY, USA) in a
final volume of 25 μl, 1.5 mM MgCl2, 0.2 μM of specific primer, and 200 μM
dNTPs. PCR was performed in a Mastercycler® Personal thermal cycler
(Eppendorf, Hamburg, Germany). The amplification profile was an initial
denaturation step at 94°C for 3 min, followed by 94ºC for 1 min, annealing at
60°C, extension at 72ºC for 1 min, and final extension at 72°C for 5 min.
The β-actin primers were included after the fifth cycle for both GAD65 and
GAD67. RT-PCR reactions without cDNA samples were carried out as negative
controls. All reactions were performed in duplicate. After amplification, 10 μl of
PCR products were analyzed on a 1.5% ethidium bromide agarose gel. The
intensity of each band was determined by optical densitometry (ImageMaster®
VDS, Amersham Pharmacia Biotech). DNA band intensity was normalized
against the corresponding values of the β-actin band intensity. The GAD65/β-
actin and GAD67/β-actin ratios were used for statistical analysis.
Statistical analysis
Locomotion and the stereotypy data (sniffing, pivoting, head bobbing,
splayed hind limbs or total stereotypy) from the cocaine challenge day (day 12)
were analyzed with a One Way ANOVA, considering the treatment groups
(CTR, ACT and RPT). An additional analysis of the motor data considering the
different cocaine treatment groups (CTR, ACT and RPT) and the four periods of
observation within one hour was performed with a Two-Way Repeated
Measures Analysis of Variance was used for this analysis.
87
Motor data of the RPT group were used to compare the behaviors on
days 1 and 12 of observation considering the sensitization criteria (eliminated,
non-sensitized or sensitized animals) according to Brady et al., (2005), with a
Two Way Repeated Measures ANOVA. The degree of sensitization was
estimated as percent change of motor behavior from baseline. Based on this
percent change, animals were classified as hyper- or hypolocomotion-sensitized
(SENS) when locomotion showed ≥50% change from baseline or as non-
sensitized (N-SENS) when locomotion changed ≤25% from baseline. Data from
animals exhibiting a change between 25 and 50% from the baseline locomotion
were not taken into account.
Analysis of the mRNA optical density data was performed via a Three
Way ANOVA, considering the GAD isoenzyme measured (GAD65 and GAD67),
treatment with cocaine (CTR, ACT and RPT) and brain region (STR or PFC).
Because there was a significant difference between isoenzymes, a One Way
ANOVA was performed to each cerebral structure to analyze of GAD65 and
GAD67 expression separately, considering drug treatment (CTR, ACT and RPT).
The Student-Newman-Keuls test was used for post-hoc comparisons
when appropriate. All data are presented as means ± SEM. A p value of less
than 0.05 was considered significant.
Results
Behavioral changes
The analysis of the 60-min motor activity from the cocaine challenge day
revealed an overall increased locomotor activity in rats that received cocaine in
comparison to controls. Diminished locomotion was seen in RPT rats when
compared to ACT treated cocaine rats (F(2,74)=56.235; p<0.001) due to
88
stereotyped behaviors in the RPT animals. This significantly lower increment in
locomotion on the RPT cocaine treated animals (Finteraction (6,180)=2.510; p=0.023)
was seen during the periods between 15 to 30 minutes and 30 to 45 minutes of
observation after the cocaine challenge (data not showed).
The locomotor response during the cocaine challenge of individual
animals of the RPT treatment was compared to their behaviors during day 1, to
estimate the degree of sensitization as percent change from baseline, as
explained above (Brady et al. 2005). Given these criteria, 56.7% (n=17) of the
animals treated repeatedly with cocaine showed behavioral sensitization to a
challenge dose of cocaine (≥50% change of behavior from baseline), 26.7%
(n=8) did not develop sensitization to cocaine (≤25% change of behavior from
baseline) and 16.6% (n=5) were in between the two values and were excluded.
Of the sensitized animals, 6 presented hyperlocomotion, the other 11 sensitized
animals showed hypolocomotion and intense stereotypy. Locomotion data after
the cocaine challenge for the RPT animals classified according to the
sensitization criteria are presented in figure 2. Motor activity on the drug
challenge day increased 3-fold in comparison to day 1 in animals classified as
hyperlocomotion. The animals who showed most stereotypies presented a 4-
fold decrease in locomotion in comparison to day 1, when receiving the first
cocaine dose (Finteraction(3,26)=26.176; p<0.001).
The analysis of the videotapes during the cocaine administration of the
animals did not detect differences in head scanning or sniffing between ACT
and RPT treatments. On the other hand, grooming was less frequent in the RPT
group (F(1,52)=34.838; P<0.001) and hindlimb splaying (F(1,52)=34.838; P<0.001)
89
and stereotypy (F(1,52)=34.838; P<0.001) were more frequent in the RPT group
when compared to the ACT group (figure 3).
RT-PCR analysis
GAD65 mRNA had higher expression than GAD67 mRNA in the striatum
area of female rats (F(1,128)=27.365; p<0.001) and data from each isoenzyme
was then analyzed separately. RPT cocaine treatment induced a significant
reduction in levels of GAD65 mRNA (F(3,55)=5.603; p=0.002) and in levels of
GAD67 mRNA (F(3,67)=5.117; p=0.003) both in SENS and N-SENS animals when
compared to CTR or ACT cocaine, as seen in figure 4.
Different from the STR, in the PFC the ratios of GAD65 mRNA and GAD67
mRNA expression are similar. The other differences are connected to the
different reactions to RPT cocaine in the PFC. GAD65 mRNA was significantly
less expressed in SENS animals when compared to CTR and ACT treatment
with cocaine (F(3,32)=4.213; p=0.013). GAD67 mRNA was also lower in SENS
animals, although this decrease did not reach statistical significance. N-SENS
animals GAD67 mRNA did not show significant differences from CTR or ACT
treatments (see figure 5).
Considering the important individual behavioral differences seen in the
SENS group of animals, GAD65 mRNA or GAD67 mRNA levels in the brain areas
of those presenting hyperlocomotion were compared to those with increased
stereotypies and hindlimb splaying. The comparison of either one of GADs
mRNA in the STR (figure 6a) in rats with stereotypy or hyperlocomotion did not
show significant differences. In the PFC of animals with sensitization and
stereotypies (figure 6b) lower GAD67 mRNA expression was shown in
comparison to animals showing increased locomotion (F(1,16)=5.563; p=0.016),
90
showing that for this isoenzyme more intense behavioral response is necessary
to convey the neurochemical outcome.
Discussion
This study aimed to determine the sensitization to high doses of cocaine
and demonstrate how the behavioral changes relate to the expression of mRNA
of the GABA synthesizing enzymes in specific brain areas involved in drug
addiction. In rodents, behavioral sensitization to cocaine is manifest by
increases in both frequency and duration of many psychostimulant motor
effects. We observed that repeated treatment of ovariectomized female rats
with a high dose of cocaine induced a classical dopaminergic syndrome with
two phases of behavioral changes, characterized by increased locomotion
followed by the behavioral display of stereotypies and hindlimb splaying
accompanied by less intense hyperlocomotion effects (Barros et al. 1989;
Flagel and Robinson, 2007; Cooper and Dourish 1990; Lyon and Robbins
1975). Rats may show increased amounts of stereotyped behaviors after a
challenge dose of cocaine following repeated cocaine treatment suggesting the
development or induction of behavioral sensitization (Flagel and Robinson
2007; Yamaguchi et al. 2005). In fact, hyperlocomotion (Jayaram and Steketee
2005) or stereotypies such as rotational behavior, stereotyped grooming, head
bobbing, and forelimb movements (Becker et al. 2001) may characterize the
sensitized motor activation.
However, sensitized behaviors differs substantially among individuals.
As in our study, other authors have seen that only around 60% of male animals
presented intense sensitized responses to psychostimulants after a specific
protocol (Brady et al. 2005). We also found that 56.7% of the female rats
91
showed significant changes in motor behaviors after repeated treatment with
cocaine. Interestingly, with these high doses of cocaine, some sensitized
animals responded with further increase in the number of locomotor counts
without engaging in significant amounts of stereotyped routines while others
presented intense stereotypic responses, which partially interfered with the
hyperlocomotion response. These individual effects to repeated cocaine, which
apparently oppose each other in a group of animals treated similarly, may
explain the great variability seen in our study when only locomotion was
considered, preventing statistical group differences when individuality was not
considered. Additionally, at a specific cocaine dose, increased drug effect is
reflected in some individuals by an increase in locomotion and in others by its
decrease in comparison to previous locomotor effects with the same dose,
making the interpretation of changes in locomotor activity difficult (Flagel and
Robinson 2007). These findings are also consistent with reports that locomotion
is sometimes a relatively insensitive indicator of behavioral sensitization
(Ferrario et al. 2005).
The most interesting results of this study refer to the changes in the
GABAergic system in the STR and PFC of females treated with repeated
cocaine. Despite a constitutive difference, with higher striatal GAD65 mRNA
levels than those for GAD67, replicating other studies (Sheikh et al. 1999), the
same is not true with the PFC. Acute cocaine treatment did not induce changes
in GAD mRNA expression. In fact it was already reported that GAD levels
changes in specific brain areas only after four to six hours (Lindefors et al.
1992; Sorg et al. 1995) of acute psychostimulant administration. The time lag
between cocaine dosing and the GAD expression changes denote the
92
adaptation that occurs in the GABA system. Sensitization after RPT cocaine
may accelerate the challenge cocaine dose effects on GAD expression.
In the STR, both GAD isoenzyme mRNAs showed decreased expression
after repeated cocaine, regardless of animals presenting or not sensitization.
The reduction of GAD65 and GAD67 mRNA in the striatum may be due to the
extensive initial GABA release from its presynaptic stores prompted by cocaine
(Tang et al. 2005) and this initial GABA release may lead to a subsequent
diminished synthesis of vesicular and cytoplasmic GABA in brain regions with
consequent long-term reduction of inhibitory capacity of the CNS (Lindefors et
al. 1992). This shift in GABA activity may potentiate the excitatory effects of
psychostimulants, which could explain the gradually developing behavioral
sensitization in these animals. In fact, cocaine induces a decrease of pallidal
extracellular GABA and this decrease is more important in animals which had
already self-administered the drug (Tang et al. 2005) which may be reflecting
the lower GAD expression in STR and PFC from were GABAergic spiny cells
project to the ventral pallidum (Zahm et al. 1985). In the PFC, GAD mRNA
expression is reduced in SENS, but not in the N-SENS animals. Therefore one
may consider that sensitization is connected to a GABA imbalance with
decrease in GABA synthesis enzymes in the prefrontal cortex associated to the
reported dopaminergic and glutamatergic imbalances (Brady et al. 2005;
Stephens 1995). Further studies need to be conducted to verify if GABA levels
are in fact changed in the PFC of these sensitized females. Through this study it
may be concluded that GABA neurotransmission in diverse brain areas is
differentially affected whether cocaine is repeatedly used and whether this use
induces or not behaviors expressing sensitization in female rats.
93
Acknowledgment: This study received support from FAPERGS (MFS:
03/50473.6), CNPQ (HMTB: 478988/2004-4) and CAPES (APGF: PRODOC
00150/03-7).
References
Allison C, Pratt JA (2003). Neuroadaptive processes in GABAergic and
glutamatergic systems in benzodiazepine dependence. Pharmacol Ther 98: 171-195.
Barros HM, Braz S, Carlini EA (1989). Behavioural manifestations elicited by
apomorphine, influence of the route of administration. Pharmacology 38:
335-40.
Becker JB, Hu M (2008). Sex differences in drug abuse. Frontiers in
Neuroendocrinology 29: 36-47.
Becker JB, Molenda H, Hummer DL (2001). Gender differences in the
behavioral responses to cocaine and amphetamine. Implications for
mechanisms mediating gender differences in drug abuse. Ann N Y Acad
Sci 937: 172-87.
Brady AM, Glick SD, O'Donnell P (2005). Selective disruption of nucleus
accumbens gating mechanisms in rats behaviorally sensitized to
methamphetamine. J Neurosci 25: 6687-95.
Cameron DL, Williams JT (1994). Cocaine inhibits GABA release in the VTA
through endogenous 5-HT. J Neurosci 11: 6763-7.
Carr DB, Sesack SR (2000). GABA-containing neurons in the rat ventral
tegmental area project to the prefrontal cortex. Synapse 38: 114–123.
94
Churchill L, Kalivas PW (1994). A topographically organized gamma-
aminobutyric acid projection from the ventral pallidum to the nucleus
accumbens in the rat. J Comp Neurol 345: 579-95.
Cooper SJ, Dourish CT (1990). Multiple cholecystokinin (CCK) receptors and
CCK-monoamine interaction s are instrumental in the control of feeding.
Physiol Behav 48: 849-57.
Crombag HS, Jedynak JP, Redmond K, Robinson TE, Hope BT (2002).
Locomotor sensitization to cocaine is associated with increased Fos
expression in the accumbens, but not in the caudate. Behav Brain Res
136: 455-62.
Di Chiara G, Morelli M, Porceddu ML, Mulas M, Del Fiacco M (1980). Effect of
discrete kainic acid-induced lesions of corpus caudatus and globus
pallidus on glutamic acid decarboxylase of rat substantia nigra. Brain Res
189: 193-208.
Dworkin SI, Co C, Smith JE (1995). Rat brain neurotransmitter turnover rates
altered during withdrawal from chronic cocaine administration. Brain Res
682: 116-26.
Ferrario CR, Gorny G, Crombag HS, Li Y, Kolb B, Robinson T (2005). Neural
and Behavioral Plasticity Associated with the Transition from Controlled to
Escalated Cocaine Use. Biol Psychiatry 58: 751-759.
Flagel SB, Robinson, TE (2007). Quantify the psychomotor activating effects of
cocaine in the rat. Behav Pharm 18: 297-302.
Huang CC, Lin HJ, Hsu KS (2007). Repeated cocaine administration promotes
long-term potentiation induction in rat medial prefrontal cortex. Cereb
Cortex 17: 1877-88.
Hubner CB, Koob GF (1990). The ventral pallidum plays a role in mediating
cocaine and heroin self-administration in the rat. Brain Res 508: 20-9.
95
Jayaram P, Steketee JD (2005). Effects of cocaine-induced behavioural
sensitization on GABA transmission within rat medial prefrontal cortex. Eur
J Neurosci 21: 2035-9.
Kikusui T, Faccidomo S, Miczek KA (2005). Repeated maternal separation:
differences in cocaine-induced behavioral sensitization in adult male and
female mice. Psychopharmacology (Berl) 178: 202-10.
Laprade N, Soghomonian JJ (1995). Differential regulation of mRNA levels
encoding for the two isoforms of glutamate decarboxylase (GAD65 and
GAD67) by dopamine receptors in the rat striatum. Brain Res Mol Brain
Res 34: 65-74.
Lindefors N, Hurd YL, O'Connor WT, Brene S, Persson H, Ungerstedt U (1992).
Amphetamine regulation of acetylcholine and gamma-aminobutyric acid in
nucleus accumbens. Neuroscience 48: 439-48.
Lindefors N (1993). Dopaminergic regulation of glutamic acid decarboxylase
mRNA expression and GABA release in the striatum: a review. Prog
Neuropsychopharmacol Biol Psychiatry 17: 887-903.
Lyon M, Robbins T (1975). The action of central nervous system stimulant
drugs: a general theory concerning amphetamines effects, in Current
Developments in Psychopharmacology. Essman W (editor). New York:
Spectrum Publications; pp 81-163,
Pierce RC, Kalivas PW (1997). A circuitry model of the expression of behavioral
sensitization to amphetamine-like psychostimulants. Brain Res Brain Res
Rev 25(2): 192-216.
Retaux S, Caboche J, Rogard M, Julien JF, Penit-Soria J, Besson MJ (1993).
GABA interneurons in the rat medial frontal cortex: characterization by
quantitative in situ hybridization of the glutamic acid decarboxylase
(GAD67) mRNA. Brain Res 611: 187–196.
96
Retaux S, Julien JF, Besson MJ, Penit-Soria J (1992). Expression of GAD
mRNA in GABA interneurons of the rat medial frontal cortex. Neurosci Lett
136: 67–71.
Ribeiro MF, Ferigolo M, Reis FM, Barros HM, Spritzer PM (2000). Paradoxical
effect of imipramine in hyperprolactinemic female rats exposed to the
forced swimming test. Physiol Behav 68: 619-23
Ricci LA, Grimes JM, Knyshevski I, Melloni RH (2005). Repeated cocaine
exposure during adolescence alters glutamic acid decarboxylase-65
(GAD65) immunoreactivity in hamster brain: correlation with offensive
aggression. Brain Res 1035: 131-8.
Robinson TE, Berridge KC (1993). The neural basis of drug craving: an
incentive-sensitization theory of addiction. Brain Res Brain Res Rev 18:
247–291.
Robinson TE, Camp DM (1987) Long-lasting effects of escalating doses of d-
amphetamine on brain monoamines, amphetamine-induced stereotyped
behavior and spontaneous nocturnal locomotion. Pharmacol Biochem
Behav 26: 821-827.
Sheikh SN, Martin SB, Martin DL (1999). Regional distribution and relative
amounts of glutamate decarboxylase isoforms in rat and mouse brain.
Neurochem Int 35: 73-80.
Smith JE, Koves TR, Co C (2003). Brain neurotransmitter turnover rates during
rat intravenous cocaine self-administration. Neuroscience 117: 461-75.
Soghomonian JJ, Martin DL (1998). Two isoforms of glutamate decarboxylase:
why? Trends Pharmacol Sci 19: 500-5.
Sorg BA, Guminski BJM, Hooks MS, Kalivas PW (1995). Cocaine alters
glutamatic acid descaroxylase differentially in the nucleus accumbens core
and shell. Brain Res Mol Brain Res 29: 381-386.
97
Sotiriadou S, Kyparos A, Mougios V, Trontzos CH, Sidiras G, Matziari CH
(2003). Estrogen Effect on Some Enzymes in Female Rats after Downhill
Running. Physiol Res 52: 743-748.
Steketee JD. (2003). Neurotransmitter systems of the medial prefrontal cortex:
potential role in sensitization to psychostimulants. Brain Res Brain Res
Rev 41: 203-228.
Stephens DN (1995). A glutamatergic hypothesis of drug dependence:
extrapolations from benzodiazepine receptor ligands. Behav Pharmacol 6:
425-446.
Tang XC, McFarland K, Cagle S, Kalivas PW (2005). Cocaine-induced
reinstatement requires endogenous stimulation of mu-opioid receptors in
the ventral pallidum. J Neurosci 25: 4512-20.
Wood RD, Tirelli E, Snyder KJ, Heyser CJ, LaRocca TM, Spear LP (1998).
Evidence for behavioral sensitization to cocaine in preweanling rat pups.
Psychopharmacology (Berl) 138: 114-23.
Yamaguchi M, Suzuki T, Seki T, Namba T, Liu J, Arai H, et al. (2005).
Decreased cell proliferation in the dentate gyrus of rats after repeated
administration of cocaine. Synapse 58: 63-71.
Zahm DS, Zaborszky L, Alones VE, Heimer L (1985). Evidence for the
coexistence of glutamate decarboxylase and Met-enkephalin
immunoreactivities in axon terminals of rat ventral pallidum. Brain Res
325: 317-21.
Zahm DS, Heimer L (1990). Two transpallidal pathways originating in the rat
nucleus accumbens. J Comp Neurol 302: 437-46.
98
Legends Figure 1. Time line of the sensitization protocol of ovariectomized females
(OVX). Control animals (CTR) received saline throughout the experiment. Acute
(ACT) treatment received saline during the sensitization induction phase and a
cocaine (30 mg/kg) challenge dose during the sensitization expression phase.
Repeated (RPT) treatment received cocaine (30 mg/kg) throughout the
experiment.
Figure 2. Horizontal locomotion of rats (mean ± s.e.m) submitted to repeated
cocaine in the first treatment day (day 1) and in the cocaine challenge (day 12).
The rats were classified as sensitized (Sens) with hyperactivity (Hyper) when
locomotion on day 12 was > 50% than on day 1 or with stereotypy (Ster) when
locomotion on day 12 was ≤50% than on day 1 due to stereotyped behaviors;
not sensitized animals (N-Sens) and rats that did not fulfill the sensitization
criteria (Elim). * represents differences from day 1.
Figure 3. Average frequency of stereotyped behaviors (mean ± s.e.m) on 20
observations in 60min on the challenge day of rats after acute (ACT) or
repeated (RPT) cocaine (30 mg/kg) administration. * represents differences
from the ACT group.
Figure 4. Ratio (mean ± s.e.m) of GAD65 and GAD67 mRNA in the striatum of
control (CTR), acute (ACT) and repeatedly treated sensitized (SENS) or non-
sensitized (N-SENS) subgroups. * represents differences from CTR and ACT.
Figure 5. Ratio (mean ± s.e.m) of GAD65 and GAD67 mRNA in the prefrontal
cortex (PFC) of control (CTR), acute (ACT) and repeatedly treated sensitized
(SENS) or non-sensitized (N-SENS) subgroups. * represents differences from
CTR and ACT.
Figure 6. Comparison between animals sensitized to cocaine presenting
stereotypy (Ster) or with hyperlocomotion (Hyper) of GAD65 and GAD67 mRNA
99
expression (mean±s.e.m) in a) striatum or b) prefrontal cortex. * represents
differences from Hyper.
100
Figures
Cocaine 30 mg/kg i.p. (RPT) or saline i.p. (CTR and ACT)
Locomotion
Drug free period
Cocaine 30 mg/kg i.p.(ACT and RPT)
or saline i.p. (CTR)
OVX
2 weeks
-SENSITIZATION PHASE- -CHALLENGE PHASE-
LocomotionVideo-tape
Day
1
Day
2
Day
3
Day
4
Day
5
Day
6
Day
12
Cocaine 30 mg/kg i.p. (RPT) or saline i.p. (CTR and ACT)
Locomotion
Drug free period
Cocaine 30 mg/kg i.p.(ACT and RPT)
or saline i.p. (CTR)
OVX
2 weeks
-SENSITIZATION PHASE- -CHALLENGE PHASE-
LocomotionVideo-tape
Day
1
Day
2
Day
3
Day
4
Day
5
Day
6
Day
12
Figure 1
0
500
1000
1500
2000
2500
Sens-Hyper (n=6) Sens-Ster (n=11) N-Sens (n=8) Elim (n=5)
Repeated group
Loco
mot
ion
- 60m
in
Day 1Day 12
*
Figure 2
*
101
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.45
0.5
GROOMING
Ave
rage
freq
uenc
e on
20
obse
rvat
ions
8.75
8.8
8.85
8.9
8.95
9
9.05
HINDLIMB SPLAYING15.5
16
16.5
17
17.5
18
18.5
STEREOTYPY
ACT
RPT
**
*
Figure 3
0
0.5
1
1.5
2
2.5
GAD65 GAD67
Ratio
mR
NA
Stria
tum
CTRACTSENSN-SENS
* *
Figure 4
* *
0
0.5
1
1.5
2
2.5
GAD65 GAD67
Ratio
mR
NA
Stria
tum
CTRACTSENSN-SENS
* *
Figure 4
* *
102
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
GAD65 GAD67
STR
mRN
A ex
pres
sion
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
GAD65 GAD67
PFC
mRN
A ex
pres
sion
SterHyper
*
Figure 6
a b
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
GAD65 GAD67
Ratio
mR
NA
PFC
CTRACTSENSN-SENS
*
Figure 5
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
GAD65 GAD67
Ratio
mR
NA
PFC
CTRACTSENSN-SENS
*
Figure 5
Livros Grátis( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download: Baixar livros de AdministraçãoBaixar livros de AgronomiaBaixar livros de ArquiteturaBaixar livros de ArtesBaixar livros de AstronomiaBaixar livros de Biologia GeralBaixar livros de Ciência da ComputaçãoBaixar livros de Ciência da InformaçãoBaixar livros de Ciência PolíticaBaixar livros de Ciências da SaúdeBaixar livros de ComunicaçãoBaixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNEBaixar livros de Defesa civilBaixar livros de DireitoBaixar livros de Direitos humanosBaixar livros de EconomiaBaixar livros de Economia DomésticaBaixar livros de EducaçãoBaixar livros de Educação - TrânsitoBaixar livros de Educação FísicaBaixar livros de Engenharia AeroespacialBaixar livros de FarmáciaBaixar livros de FilosofiaBaixar livros de FísicaBaixar livros de GeociênciasBaixar livros de GeografiaBaixar livros de HistóriaBaixar livros de Línguas
Baixar livros de LiteraturaBaixar livros de Literatura de CordelBaixar livros de Literatura InfantilBaixar livros de MatemáticaBaixar livros de MedicinaBaixar livros de Medicina VeterináriaBaixar livros de Meio AmbienteBaixar livros de MeteorologiaBaixar Monografias e TCCBaixar livros MultidisciplinarBaixar livros de MúsicaBaixar livros de PsicologiaBaixar livros de QuímicaBaixar livros de Saúde ColetivaBaixar livros de Serviço SocialBaixar livros de SociologiaBaixar livros de TeologiaBaixar livros de TrabalhoBaixar livros de Turismo