Alteridade e Conflito Territórial em Palmeira dos Índios

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  • 7/23/2019 Alteridade e Conflito Territrial em Palmeira dos ndios

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    ALTERIDADE E CONFLITO TERRITORIAL EM PALMEIRA DOS NDIOS-AL1

    Luan Moraes dos Santos

    Consideraes iniciais: pr!o"oda pes#$isa

    Carros de som por todos os lados declamando a esmo: A FUNAI uma

    ameaa! Juntem-se a ns e deendam seus d"re"tos! N#o $ %emarca#o!&

    'ra () de a*osto do ano de ()1+, a."a acordado um tanto "perat".o

    na/uele d"a, o an".ers0r"o da c"dade, momento de comemora#o n#o s para o

    mun"cp"o, mas tam2m por/ue ter"a a cance "n"*ual0.el de acompanar de perto

    os conl"tos na re*"#o, a"nda ma"s /uando os a3ende"ros se d"spunam de mane"ra

    a2erta a cooptar a popula#o para deender seu ponto de ."sta4

    Uma semana antes, rece2" um panleto em tom de con.oca#o5

    peram2ula.a pelo centro do mun"cp"o de 6alme"ra dos nd"os, ma"s

    espec""camente, num local conec"do como 7calad#o8 um lu*ar pa."mentado com

    pedras em preto e 2ranco, lo9as por toda a etens#o, onde mu"tos .endedores

    am2ulantes e camel;s se or*an"3a.am para atender o p Um mole/ue /ual/uer, /ue para "sto, a."a rece2"do al*uns

    trocados4

    No panleto consta.am as se*u"ntes "nscr"?es: Mo."mento 6alme"ra de

    @odos! Contra a demarca#o de terras em 6alme"ra dos nd"os4 em pra rua!& Inclu"r-

    se-"a tam2m aos apo"adores do mo."mento, or*an"3a?es s"nd"ca"s /ue

    representa.am os pr"nc"pa"s se*mentos econ;m"cos do mun"cp"o entre eles

    polt"cos e ma*"strados, con.oca.am tam2m os moradores das 3onas ur2ana erural4 As redes de r0d"os, em seus pr"nc"pa"s pro*ramas 9ornalst"cos, 90 anunc"a.am

    o mo."mento como um ato p

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    permanece a"nda com est"lo e ar/u"tetura do "nc"o do sculo , suas 9anelas e

    portas s#o de made"ra, um t"po 2em ant"*o4 No seu /u"ntal ora e"to um aud"tr"o, a

    mu"to tempo a2andonado, contudo a"nda ocorrem e.entos l0, mesmo com o teto

    ce"o de 2uracos por onde se pode, sem mu"to esoro, ou."r o som dos morce*os4

    'stupeato, tenta.a entender por/ue a casa de Drac"l"ano Eamos o"

    escol"da como sustent0culo para ta"s apelos, /uando perce2" o a*lomerado de

    pessoas con.ersando desenreadamente na calada5 ala.am de tudo da cole"ta,

    da ."da dos ."3"nos, dos "los, das no.elas etc4K menos da demarca#o, esta.am

    por l0 e pouco sa2"am so2re o tema esta.am a crer /ue perder"am suas terras caso

    ocorresse demarca#oK, espera.am pelo pree"to do mun"cp"o e seus aduladores4

    %uas oras a."am se passado, e nada do pree"to aparecer, as con.ersas90 esta.am a dar-me dores de ca2ea /uando os carros de som anunc"aram a

    ce*ada dos representes dos s"nd"catos e dema"s el"tes loca"s4 Comearam

    d"scursando so2re o d"sparate da demarca#o e os malec"os acarretados com a

    desapropr"a#o das terras dos pe/uenos produtores ale*am estar deendendo os

    menos a.orec"dos pense" perd"do em me"o aos acalorados d"scursos, /ue d"*a-se

    de passa*em, esta.am permeados por erros orto*r0"cos4

    Aps uma ora de d"scursos "nundados, o pree"to anunc"ado, e em me"oaos aplausos apro.e"te" para oto*raar a ce*ada do t#o esperado lder do

    mo."mento4 @odo arrumado, de terno, *ra.ata e tudo o ma"s /ue se e"*e dos d"tos

    c"."l"3ados, acompanado claro, de um ar de super"or"dade e per"*o4 s

    ad.o*ados d"scursaram em apo"o a causa dos posse"ros, d"3endo ser contra a le", tal

    del"m"ta#o terr"tor"al4

    L0 esta.am o pree"to, seu cunado deputado um "*ur#o de aparnc"a

    truculenta, conec"do na re*"#o por sua l"*a#o com uma empresa de r0d"o local ,como de costume, esta.am rodeados de assessores e s"mpat"3antes4 6ara

    completar o 2ando, aca2a.a de ce*ar o deputado ederal Eenan F"lo, /ue apo"a.a

    claramente os posse"ros, alm d"sso e"2"am um documento, era uma ata da reun"#o

    /ue a."am t"do com os senadores de Ala*oas para d"scut"r o tema5 ma"s uma .e3 a

    ol"*ar/u"a ala*oana mostrou a /ue .e"o e o cl"entel"smo se a3"a le" na pr0t"ca4

    Sent" .ontade de r"r, mas me cont".e, esta.a a ou."r as ala?es dos

    polt"cos, /ue a todo custo enat"3a.am sua e*emon"a pela des*raa dos menos

    a2astados4 @"na a3ende"ro /ue co*"ta.a atear o*o na propr"edade caso osse

    ameaado, o ar*umento ma"s ut"l"3ado era o de /ue os nd"os s#o pre*u"osos e n#o

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    cult".ar"am a terra tudo "sso o" proer"do aos *r"tos , um *rande 9o*o de

    "n*"mentos, um .erdade"ro teatro, o /ue a/u"lo tudo representa.a5 o palco era a

    casa de Drac"l"ano, os 2onecos eram as pessoas e os .entrlo/uos esta.am

    person""cados nos polt"cos, uma .e3 /ue, eram os *randes propr"et0r"os da re*"#o4

    Pa!%eira dos ndios: si&$ando os con'!i&os

    C"dade da re*"#o a*reste do 'stado de Ala*oas, 6alme"ra dos Gnd"os( terra

    pro.en"ente de m"ss#o "nd*ena, undada em 1+O e emanc"pada pol"t"camente em

    1P4 Atualmente, com 1(O anos tem econom"a 2aseada pr"nc"palmente na

    a*ropecu0r"a, com predom"nBnc"a do lat"

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    "c;n"co nu, com arco e leca e sel.a*emK um c"tad"no crente na "de"a de pure3a

    rac"al4

    J0 a."a t"do contato com nd"os durante o ens"no md"o, mas nunca

    "ma*"ne" sua s"tua#o, at /ue em ()1+, recm apro.ado no .est"2ular da UN'AL,

    "n*resse" no curso de "str"a, onde por "ntermd"o de meu or"entador, pude ler

    pes/u"sas e"tas na re*"#o4 o9e, em ()1O, a.ance" s"*n""cat".amente nas le"turas e

    d"scuss?es5 estou aprendendo aos poucos e com as ."s"tas e"tas nas alde"as, /ue

    cultura al*o /ue nunca pode ser totalmente t"rado, ela se adapta, e transorma mas

    nunca morre4

    Antes da ce*ada do omem 2ranco, os nd"os uQuru-Rar"r" 90 a2"ta.am a

    re*"#o em meados do sculo II4 Com a doa#o da sesmar"a ao re" %om"n*os deS#o Jos em 1WW+, como acentua Cl."s Antunes, tem "nc"o o pr"me"ro aldeamento

    "nd*ena da re*"#o /ue o marco "n"c"al para o sur*"mento de 6alme"ra dos Gnd"os4

    AN@UN'S, 1PW+K Nesse sent"do, poss.el ar*umentar /ue o sur*"mento de

    6alme"ra dos Gnd"os est0 "ntr"nsecamente relac"onado a presena dos nd"os nas

    cercan"as, po"s com o sur*"mento da m"ss#o, tam2m se "n"c"a a po.oa#o do /ue,

    poster"ormente ser"a uma ."la, re*ues"a e por "m um mun"cp"o *erando ass"m, um

    lao de dependnc"a entre a m"ss#o e a popula#o n#o nd"a /ue esta.a, aospoucos, ocupando o terr"tr"o da m"ss#o4

    Com os a.anos dos 2rancos dentro do terr"tr"o, sur*"ram l"m"tes e os

    "nd*enas oram pr".ados das partes ma"s rte"s e produt".as do terr"tr"o /ue um

    d"a ora seu4 6'I@, ()1[K Contudo, durante o "mpr"o, so2 ortes press?es ora

    decretada uma le" /ue perm"t"a a demarca#o de terras para os nd"os, desde /ue na

    local"dade e"st"ssem no mn"mo 1)) cemK o*os, ou se9a, cem aml"as4 Com "sto

    em ."*or, aos nd"os de 6alme"ra, oram conced"dos +X m"l ectares, mas com amorte do "mperador a le" perdeu o .alor e os aldeamentos orma et"ntos /uando a

    t#o sonada Eep

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    O

    s /ue cont"nua.am ora dos aldeamentos 7o"c"a"s8, alm de perderem suas

    terras, n#o pod"am se a"rmar como nd"os por medo de repres0l"as e com "sso,

    "n"c"a-se um lon*o perodo de s"lenc"amento onde os r"tua"s eram prat"cados as

    escond"das, o tor era danado no r"tmo da ca"a de soro e 90 n#o usa.am as

    .estes para n#o camar aten#o4 SILA J\NIE, ()1+K4 cultar a "dent"dade e os

    costumes, sur*e como uma orma de res"stnc"a "mplc"ta, po"s depend"am d"sso

    para cont"nuar e"st"ndo num am2"ente t#o ost"l e por "sso desen.ol.eram

    d"erentes ormas de l"dar com esse am2"ente4

    6odemos elencar do"s momentos ca.e para entender como os "nd*enas,

    a*"ndo de mane"ra "mplc"ta, preser.aram sua cultura4 6r"me"ro durante a

    colon"3a#o, onde poucos con/u"stadores conse*u"am se comun"car d"retamentecom os nd"os, al*umas ormas de res"stnc"a se destacaram, por eemplo, o corpo

    mole se ne*a.am a tra2alarK, a "nconstBnc"a, "n*"am ace"tar o %eus 2ranco e

    cont"nua.am prat"cando seus r"tua"sK a 2e2ede"ra e a ment"ra coloca.am os

    colonos em pro2lemas, d"3"am a.er ouro em loca"s "na2"tados e a3"am-nos de tolos

    por conta da am2"#oK e um ator "mportante era /ue pod"am se comun"car no

    d"aleto nat".o e tramar contra os "n.asores de orma /ue se/uer perce2essem

    HEUI@, 1PP(K5 Se*undo, no "nal do "mpr"o e *rande parte do perodo repu2l"cano,passaram a a*"r na "n."s"2"l"dade, ocultando seus r"tos e costumes, al*uns po.os

    pr"nc"palmente os do nordesteK t".eram de coe"st"r com a soc"edade /ue os

    supr"m"a4

    %arc] E"2e"ro nos oerece o conce"to de trans"*ura#o tn"ca EIH'IE,

    ()1)K como ca.e para entender como os nd"os so2re.".eram a pr0t"cas t#o

    "ntensas de "mpos"#o cultural4 6or me"o desta "de"a, podemos destacar os uQuru-

    Rar"r" como um dos d".ersos po.os nordest"nos, /ue passaram por este processo,onde mu"tos de seus costumes oram rede"n"dos para *arant"r a so2re.".nc"a do

    *rupo, um eemplo d"sso, s#o as casas onde esse po.o costuma res"d"r nos d"as

    atua"s5 elas s#o e"tas de al.enar"a e a alde"a n#o se d"erenc"a "s"camente de uma

    ."la ou 2a"rro da c"dade o /ue pode, $ pr"me"ra ."sta, causar /uest"onamentos so2re

    a "dent"dade desses nd"os e acred"te per*untas rot"ne"ras como: 7onde est#o as

    ocas>8, s#o 2em comunsK4

    Isso um pro2lema *erado, pr"nc"palmente, pela educa#o /ue as pessoas

    tm nos pr"me"ros anos de orma#o e /ue orma em seu "ma*"n0r"o, a "*ura de

    nd"os "c;n"cos e sel.a*ens pre9ud"cando o desen.ol."mento co*n"t".o dos

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    educandos, uma .e3 /ue, l"m"ta o campo "nterpretat".o so2re a cultura "nd*ena e

    apr"s"ona o conec"mento a uma *ama preesta2elec"da de s"tua?es e

    caracterst"cas /ue s#o, por sua .e3, *eneral"3adas4

    Mas, o /ue %arc] E"2e"ro nos epl"ca, /ue ao entrar em contato com a

    soc"edade n#o nd"a, o" poss.el aos nd"os ad"c"onarem elementos dessa soc"edade

    ao seus e o mesmo aconteceu de orma "n.ersa, po"s mu"tos dos .oc02ulos e at

    mesmo pr0t"cas dos d"tos 2rancos "nclus".e o 02"to de tomar 2anoK tem or"*em

    nos sa2eres trad"c"ona"s dos nd"os, al*o /ue mu"tas .e3es es/uec"do4 A"nal, por

    /ue morar"am em ocas, se mu"tos deles dom"nam os oc"os necess0r"os a

    constru#o c"."l pedre"ro, marcene"ro, eletr"c"sta e etc4K podendo constru"r morad"as

    ma"s res"stentes e se*uras> /ue se torna uma caracterst"ca rele.ante e ponto de d"erenc"a#o entre

    os nd"os e os dema"s, s#o seus r"tua"s, /ue a"nda permanecem "ntocados4 6r0t"cas

    /ue os unem como uma colet"."dade para "r em 2usca, pr"me"ro, por reconec"mento

    e atualmente pela demarca#o terr"tor"al, /ue conse/uentemente pro.oca as el"tes

    lat"und"0r"as da re*"#o /ue para manter sua e*emon"a polt"ca, soc"al e econ;m"ca

    a*em sord"damente de .0r"as ormas como ."mos anter"ormente4

    O!(ando) o$*indo e escre*endo: %e&odo!o"ia e pes#$isa de ca%po

    %"ante do /ue 90 o" d"scut"do, como pes/u"sar um tema t#o compleo em um

    am2"ente t#o ost"l e permeado por descon"ana> A op#o pela pes/u"sa de campo

    de lon*e a ma"s se*ura, porm a ma"s rutera, po"s o pes/u"sador d"sp?e de certa

    l"2erdade /ue n#o ter"a caso est".esse a pes/u"sar dentro dos padr?es e"*"dos pela

    pes/u"sa 2"2l"o*r0"ca, onde o /ue 90 o" escr"to, por s" s, se torna um l"m"te a nossacapac"dade de cr"a#o e n#o perm"te lanar no.as sementes em solo 90 t#o

    es*otado4

    Lon*e de /uerer desmerecer o car0ter das pes/u"sas 2"2l"o*r0"cas 90 e"tas,

    al"0s mu"tas s#o cl0ss"cos /ue, pelo seu conte

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    determ"nados temas, em espec"al so2re comun"dades trad"c"ona"s, po"s ao conece-

    las entramos em contato d"reto com os dados a serem coletados4

    Se n#o osse pela pes/u"sa de campo, Mal"noTsQ" n#o ter"a produ3"do a t#o

    cele2rada o2ra s Ar*onautas do 6ac"co c"dental&4 Atra.s do con.."o /ue te.e

    com os po.os de d".ersas "las da Melans"a, so2retudo os nat".os das "las

    @ro2r"and, o" /ue o autor pode descre.er com detales o am2"ente e os costumes

    as trocas do r"tual do RulaK desses po.os4 L-lo ."a9ar sem sa"r de casa, po"s a

    part"r de sua lente, contemplamos um mundo d"erente e perce2emos /ue, en/uanto

    o mundo c"."l"3ado ."."a uma *uerra+, Mal"noTsQ" esta.a em um lu*ar edn"co e

    parad"saco4 MALIN^SRI, 1PWK

    Como a pr"me"ra mono*ra"a 90 produ3"da esse l".ro /ue marca o "nc"o dapes/u"sa de campo part"c"pat".a como mtodo de coleta de mater"al etno*r0"co4

    Hron"slaT Mal"noTsQ" narra seus do"s anos .ale lem2rar /ue n#o oram anos

    consecut".osK entre os nat".os da no.a *u"n e melans"a4 A o2ra o" escr"ta durante

    a pr"me"ra *uerra mund"al 1P1[-1P1K4 Nessa poca o autor esta.a sendo

    "nanc"ado por pro*ramas da Un".ers"dade de Londres e tam2m pela "n"c"at".a

    pr".ada, alm d"sso t"na o pressuposto do proessor Sel"*man /ue 90 a."a

    pes/u"sado a re*"#o4%e Julo de 1P1[ a maro de 1P1O, "cou entre os Ma"lu da "la de @ulon5 'm

    1P1O, .olta a Austr0l"a onde o2te.e recursos de Sel"*man4 No etremo or"ente da

    No.a Dun, empreendeu ."a*em $s .0r"as "las, porm encontrou d""culdades em

    se*u"r seus planos "n"c"a"s ent#o "ou-se nas Ilas @ro2r"and, e l0 permaneceu de

    9uno de 1P1O a ma"o de 1P1X4

    autor compart"la.a dos pressupostos de '4 %urQe"m, no /ue d"3 respe"to

    ao unc"onal"smo e por "sso conec"do como o pa" da pes/u"sa de campopart"c"pat".a4 Mal"noTsQ" conse*ue ser 2em descr"t".o, uma caracterst"ca dos

    antroplo*os, e outra co"sa "mportante o" o modo com o /ual se apro"mou de seus

    "normantes recompensando as "norma?es com umo e m"ssan*asK4 Aprendeu a

    ln*ua nat".a para compreender melor o cot"d"ano e estudou a d"nBm"ca da

    rec"proc"dade atra.s do Qula, a troca de pulse"ras e colares de concas em

    cer"mon"as espec""cas4

    3Mal"noTsQ" real"3ou a pes/u"sa de Campo /ue deu or"*em a sua o2ra pr"ma entre os anos 1P1[-1P1, em plena pr"me"ra Duerra Mund"al4

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    _ tam2m "mportante destacar o .alor c"ent"co e metodol*"co da o2ra do

    antroplo*o Eo2erto C4 de l".e"ra /ue del"ne"a trs "mportantes passos para a

    eet".a#o da pes/u"sa de campo: olar, ou."r e escre.er LI'IEA, ()))K4

    %"scuss#o "nteressante /ue se "rrad"a para este estudo, po"s ao olar os uQuru-

    Rar"r" com os olos do pes/u"sador empr"co, n#o podem ma"s ser ."stos a mar*em,

    mas como centro das d"scuss?es terr"tor"a"s4

    A part"r da le"tura desses autores, pude real"3ar pes/u"sa de campo em

    al*umas alde"as "nd*enas local"3adas nas cercan"as de 6alme"ra dos Gnd"os-AL e,

    com "sso, eerc"te" o conec"mento ad/u"r"do a part"r desses tetos .endo na pr0t"ca

    como os nd"os .".em em me"o aos conl"tos e como enrentam as constantes

    ameaas a "nte*r"dade s"ca e cultural de suas comun"dades4Ao ou."-los contar sua "str"a, do seu ponto de ."sta, part"ndo de sua

    .".enc"a o" poss.el contetual"3ar sua luta e ressur*nc"a com a atua#o das el"tes

    sempre opostas aos "nteresses deste po.o4 ' por "m, ao escre.er so2re ta"s

    conl"tos onde se eerc"ta a at"."dade crt"ca so2re os pro2lemas contemporBneos5

    "mportante entender os dramas atua"s e relac"on0-los ao passado, necess0r"o

    domest"car nossos olos e ou."dos para /ue nos s"r.am de apo"o durante a

    pes/u"sa de campo e au"l"em a escr"ta4 LI'IEA, ()))K6erce2" a "mportBnc"a da e"stnc"a de suas alde"as, po"s preser.am

    mananc"a"s dr"cos, auna e lora4 Caso os posse"ros "n.ad"ssem essas re*"?es,

    por"am a mata a2a"o com o mero "ntu"to de .ender made"ra e cr"ar *ado 2o."no,

    cercar"am as nascentes tornando-as propr"edade pr".ada, da .emos a "mportBnc"a

    da demarca#o para estes po.os, /ue alm de redu3"r o "ncao populac"onal nas

    alde"as ao transer"r parte desse cont"n*ente para outras 0reas4

    Terri&rio: en&endendo o concei&o

    _ "mportante, a"nda, entender o /ue terr"tr"o nessa d"scuss#o e como

    podemos perce2-lo nas acep?es do nd"o e do posse"ro4 6ara "sto o" necess0r"o

    re/u"s"tar apo"o nos estud"osos da *eo*ra"a, e perce2er /ue o terr"tr"o n#o

    depende de posse ou uso momentBneo, mas dos laos de dependnc"a cr"ados com

    ele, onde todas as rela?es soc"a"s, polt"cas e econ;m"cas se real"3am a part"r

    desse terr"tr"o4

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    P

    terr"tr"o de"n"do pela pr0t"ca en*endrada nele EAFF'S@IN, 1PP+K4

    Lo*o os nd"os s#o sem d

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    Na .erdade, "sto o /ue pensa a ma"or"a, "nclus".e os prpr"os posse"ros4

    Acam /ue por serem descendentes da/ueles /ue epulsaram os nat".os e

    esta2eleceram-se no local, por me"o da a*ropecu0r"a, ou melor da pecu0r"a po"s, a

    ma"or parte da terra est0 sendo ut"l"3ada para a cr"a#o de *ado, ca2endo aos

    descendentes dos nd"os e a pe/uenos produtores /ue tem posse de propr"edades

    com at 1)) ectaresK, produ3"rem art"*os de su2s"stnc"a4

    Mas, a /uest#o pode ser resol."da pela 2."a e ultrapassada per*unta5 /uem

    ce*ou pr"me"ro> ' a esta altura, todos 90 sa2em a resposta: os nd"os! S"m eles

    ce*aram pr"me"ro, produ3"ram e so2re.".eram do ruto desta terra antes de

    /ual/uer posse"ro4 ' n"sso Manuel Corre"a de Andrade en0t"co ao d"3er A

    orma#o de um terr"tr"o d0 as pessoas /ue nele a2"tam a consc"nc"a de suapart"c"pa#o, pro.ocando o sent"do da terr"tor"al"dade /ue, de orma su29et".a, cr"a

    uma consc"nc"a de conratern"3a#o entre elas4& AN%EA%', ())[, p4 ()K Lo*o a

    demarca#o necess0r"a, para rest"tu-los de parte de seu terr"tr"o or"*"nal 90 /ue o

    atual mun"cp"o ser0 preser.ado e apenas terras de *randes lat"

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    al*uns deputados e at mesmo senadores, /ue como 2em d".ul*ado s#o donos de

    uma *rande parte das terras /ue est#o sendo ."s"onadas no processo demarcatr"o4

    A concentra#o dos part"c"pantes do man"esto ocorreu na Casa Museu Drac"l"ano

    Eamos, um dos pr"nc"pa"s pontos turst"cos e "str"cos da c"dade4

    s pr"nc"pa"s ar*umentos desses posse"ros o de /ue n#o e"stem ma"s

    nd"os na re*"#o, po"s n#o correspondem ao t"po s"co /ue les o" ens"nado /uando

    cr"anas4 6ara manter sua e*emon"a, 2uscam apo"o de polt"cos, padres,

    ad.o*ados entre outros /ue a3em partes de se*mentos pr"."le*"ados da popula#o4

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    1(

    Pranc(a 1 Fai.as e.pos&as na Casa M$se$ /raci!iano Ra%os e% 0 de

    a"os&o de 0123

    4 @odas as "ma*ens ut"l"3adas, da/u" por d"ante, comp?em o acer.o pessoal do autor e oram t"radasdurante o mo."mento 6alme"ra de @odos4

    1 2

    3

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    1+

    Na le"tura das "ma*ens 1, ( e +, perce2emos /ue n#o o" por acaso /ue um

    ponto turst"co de tamana rele.Bnc"a o" ut"l"3ado como sustent0culo de d".ul*a#o

    dos ar*umentos contra demarca#o4 As rases ut"l"3adas pelos posse"ros tm um

    ee"to "nteressante /uando destacadas das dema"s "ma*ens 1 e (K contrastando

    com a "mponnc"a do /ue um d"a o" a morada do cele2re escr"tor Drac"l"ano Eamos4

    s apelos /ue oram d"rec"onados pr"nc"palmente $ popula#o local e ao

    *o.erno ederal s#o o2ser.ados4 ', lendo as "ma*ens em con9unto poss.el

    perce2er uma con.oca#o epressa para /ue a popula#o se al"e e *r"te a a.or dos

    posse"ros4 ale ressaltar /ue, a Casa Museu Drac"l"ano Eamos, se local"3a no

    centro do mun"cp"o de 6alme"ra dos Gnd"os, onde e"ste uma ra3o0.el c"rcula#o de

    pessoas4Atra.s da pranca 1, perce2emos /ue o29et".o dos posse"ros, era

    pr"nc"palmente o de se mostrar lesados e "mpotentes rente um processo de

    del"m"ta#o cons"derado por mu"tos deles como mal"cos4 ' a escola desse local

    e."denc"a /ue prec"sa.am ser ."stos5 tam2m oram e"tas .0r"as propa*andas em

    r0d"os loca"s4

    '."denc"amos /ue a d"sputa terr"tor"al sa" do campo s"co para o "deol*"co,

    para con/u"star apo"o popular, 90 /ue os lderes do mo."mento d"sp?em das r0d"os,9orna"s e dema"s md"as, podendo at"n*"r o p

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    1[

    Pranc(a 0 O Mo*i%en&o Pa!%eira de &odos e% 0 de a"os&o de 012

    1 2

    3 4

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    1O

    As "ma*ens da pranca ( s#o reerentes ao Mo."mento 6alme"ra de todos,

    .ale lem2rar /ue o" um ato p

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    1X

    a."am casas de ta"pa, por todos os lados est0.amos em uma propr"edade

    /ue ora recentemente ocupada pelos nd"os, como s"nal de retomada terr"tor"al, po"s

    n#o se conorma.am com a s"tua#o, uns com tantos e eles /ue prec"sa.am da terra

    para so2re.".er d"spunam de t#o pouco4 Contemple" o local, de p"so 2at"do, um

    2arro .ermelo em contraste com as cas"nas t#o s"mples, as cr"anas 2r"nca.am e

    corr"am, era o encontro de uma *era#o em plena luta /ue passa.a seus .alores ao

    ma"s no.os4

    Fomos rece2"dos pelo 6a9, um omem alto e sr"o, esta.a p"ntado4 'm sua

    m#o d"re"ta um marac0, na es/uerda um cac"m2o e na ca2ea um cocar e"to com

    penas 2rancas e pretas com2"nado com a p"ntura corporal4 'le nos le.ou a um

    *alp#o local"3ado ma"s ao undo do local4 L0 ."mos outra a"a na parede, com o

    mesmo lema, porm e"ta com letras de papel em2orracado coladas em um tec"doamarelo Foto 1K, a d"re"ta uma mesa ornada com palas .erdes de palme"ra our"cur"

    oto (K e atr0s um 2anner com otos e "nscr"?es so2re suas l"deranas /ue 90

    a."am tom2ado durante a luta por terras na re*"#o4

    a."am no local, /uando a assem2le"a se "n"c"ou, lderes de al*umas alde"as

    e tam2m um ad.o*ado da FUNAI, /ue nos alou so2re o processo de demarca#o

    das terras de 6alme"ra dos Gnd"os, d"sse /ue o 9u"3 esta.a demorando para apro.ar a

    proposta po"s esta.a a escre.er as 9ust""cat".as5 durante sua ala o2ser.e" o

    am2"ente lotado por nd"os e outros estud"osos do tema, "nclus".e mem2ros do

    Foto 1: Fa"a eposta dentro do Dalp#o onde ocorr"a aAssem2le"a

    Fonte: Acer.o pessoal do autor

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    1W

    Conselo Ind"*en"sta M"ss"on0r"o-CIMI, /ue um r*#o da I*re9a Catl"ca /ue

    produ3 a?es a a.or dos nd"os4

    =uem l"dera.a a assem2le"a era o 6a9 /ue nos recepc"onou e Ea/uel, uma

    muler de aspecto r*"do, mu"to cautelosa em suas pala.ras porm conec"a os

    temas e sempre a3"a per*untas ao ad.o*ado4 s do"s eram l"deranas do po.o

    uQuru-Rar"r" e part"c"param at".amente de sua assem2le"a4 Com "sso podemos

    a3er uma compara#o entre os ar*umentos dos posse"ros /ue n#o e"stem nd"osK

    e os dos nd"os, /ue pro.am sua e"stnc"a a*"ndo como seres pensantes e

    pol"t"3ados4

    /ue os posse"ros n#o entendem /ue os nd"os n#o .eem a terra damesma orma /ue o n#o nd"o, como uma onte de lucro, /ue ser.e apenas para a

    a*r"cultura e pecu0r"a4 6ara os po.os trad"c"ona"s, as r"/ue3as natura"s s#o ontes de

    ."da e como tal de.em ser respe"tadas e n#o de*radadas4

    A assem2le"a contou a"nda, com a presena do ."ce-cac"/ue do po.o ucuru

    de roru20 9untamente com outros lderes da/uele po.o do mun"cp"o de 6es/ue"ra

    6ernam2uco4 @al presena mostra /ue, os uQuru-Rar"r" tem apo"o de nd"os de

    outra re*"#o os /ua"s, ser.em de eemplo de."do seu "str"co de lutas e tam2m

    pelo le*ado de"ado por seu 90 alec"do cac"/ue C"c#o uQuru4 %o"s 9o.ens nd"os

    do po.o ucuru, apresentaram .deos /ue oram produ3"dos em suas alde"as, so2re

    Foto (: Mesa da Assem2le"a uQuru-Rar"r"

    Fonte: Acer.o pessoal do autor

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    1

    a "str"a de seu po.o e mostraram aos uQuru-Rar"r" /ue poss.el se un"r para

    conse*u"r o /ue dese9am4

    %esde de ()1+ a demarca#o e a?es do *o.erno mun"c"pal /ue .em

    tentando a /ual/uer custo, 2arrar o processo, o /ue tem unc"onado po"s a

    demarca#o a"nda n#o ocorreu o"c"almenteK s#o o centro das d"scuss?es4 ale

    lem2rar /ue e"stem d"scordBnc"as "nternas entre os uQuru-Rar"r" e por "sso nem

    todas as alde"as part"c"pam da assem2le"a4

    A polt"ca palme"rense "mpre."s.el, a"nda e"stem mu"tos pormenores5

    cl"ma tp"co de c"dade pe/uena onde as 7autor"dades8 mandam e desmandam4

    Co"sas acontecem $s escond"das e a popula#o s "ca sa2endo atra.s da md"a,

    mu"to tendenc"osa como menc"onado anter"ormente4 A"nda em ()1+, o pree"to de6alme"ra dos Gnd"os, em sess#o no senado proer"u um d"scurso elo/uente,

    re/u"s"tando apo"o na sua causa e repet"ndo /ue a/u" n#o e"ste nd"o e /ue os

    poucos /ue se d"3em como tal, n#o passam de malandros e apro.e"tadores4

    'm ()1O, o M"n"str"o 6

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    1P

    demarca#o /ue mesmo apro.ada a"nda de.er0 enrentar mu"ta 2urocrac"a e passar

    pelos re/u"s"tos cl"entel"stas, podendo ou n#o ser eet".ada4 Lo*o a const"tu"#o

    2ras"le"ra tem s"do ou mal "nterpretada eou desrespe"tada4

    Consideraes 'inais

    "mos at a*ora como os conl"tos terr"tor"a"s est#o presentes na "str"a de

    6alme"ra dos Gnd"os-AL desde sua unda#o, onde os nd"os donos or"*"na"s do

    terr"tr"o oram despo9ados de suas terras e mesmo aps uma demarca#o o"c"al

    real"3ada durante o "mpr"oK a"nda n#o esta.am se*uros, po"s com a ce*ada da

    Eep

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    ()

    .e"culados nas md"as como se ossem propa*andas ele"tora"s, com o "ntu"to de

    cooptar as pessoas /ue est#o por ora da /uest#o terr"tor"al4

    'n"m, para compreendermos um tema /ue *era tantos conl"tos, temos /ue,

    conecer a/u"lo /ue /ueremos cr"t"car, para n#o "ncorrer no mesmo erro /ue os

    posse"ros ao class""car os nd"os como aculturados e pouco representat".os de uma

    7raa84 @emos de ter em mente, /ue os nd"os do nordeste tm al*o /ue os de"ne,

    al*o /ue desconec"do e /ue os une como po.os aptos para lutar tanto

    a2ertamente, /uanto pol"t"camente por seus d"re"tos4 6alme"ra dos Gnd"os se

    con"*ura apenas como um dos mu"tos loca"s a2alados por conl"tos terr"tor"a"s entre

    nd"os e a3ende"ros, "sso resultado de nossa colon"3a#o5 uma ala em nossa

    "str"a, onde nd"os e outras m"nor"as s#o cons"derados como p0r"as da soc"edade4

    Re'er9ncias i4!io"r;'icas

    AN%EA%', Manuel Corre"a de4 A #$es&+o do &erri&rio no rasi!< (4 'd4 S#o6aulo: uc"tec, ())[

    AN@UN'S, Cl."s4 =a6ona-7ariri-5$6$r$: aspectos Sc"o-antropol*"cos dos

    remanescentes "nd*enas de Ala*oas4 Un".ers"dade Federal de Ala*oas: Imprensaun".ers"t0r"a, 1PW+4

    HEUI@, ctor 4 O >is8*e! e o in*is8*e! na Con#$is&a ?isp@nica da A%,rica< IN:AINFAS, Eonaldo or*4K4 A%,rica e% &e%po de con#$is&a< E"o de Jane"ro: Jor*eaar 'd4,1PP(4

    MALIN^SRI, Hron"slaT4 Ar"ona$&as do Pac8'ico Ociden&a!: um relato doempreend"mento e da a.entura dos nat".os nos ar/u"pla*os da No.a Du"n

    melans"a4 6re0c"o de S"r James Deor*e Fra3er5 tradu?es de Anton 64 Carr e L*"aAparec"da Card"er" Mendona5 re."s#o de 'un"ce E"2e"ro %uram4 (ed4 S#o 6aulo:A2r"l Cultural, 1PW

    LI'IEA, Eo2erto Cardoso de4 O &ra4a!(o do an&rop!o"o4 (` ed4 S#o 6aulo:ed"tora da Unesp 6aralelo 1O4 ()))4

    6'I@, Jos Adelson Lopes4 SILA, @a]an Corre"a da4 De%arca+o)Desin&r$s+o e Con'!i&o Terri&oria! e% Pa!%eira Dos ndios AL) ()1[

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    (1

    EAFF'S@IN, Claude4 Por $%a /eo"ra'ia do poder4 @radu#o de Mar"a Cecl"aFrana4 S#o 6aulo: 'd"tora t"ca, 1PP+4

    EIH'IE, %arc]4 Fa!ando dos 8ndiosbapresenta#o 'r"c Nepomuceno4 E"o deJane"ro: Funda#o %arc] E"2e"ro5 Hrasl"a, %F: 'd"tora UnH, ()1)4

    SILA J\NIE, Aldem"r Harros da4 A!deando Sen&idos: s ucuru-Rar"r" e oSer."o de 6rote#o aos Gnd"os no a*reste ala*oano4 Mace": 'dual, ()1+4