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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA ESCOLA POLITÉCNICA DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO E TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA Monografia Final Alternativas para a introdução de iniciativas ambientais no segmento hoteleiro Autora: Maria Auxiliadora de Abreu Macêdo Orientador: José Célio Silveira Andrade JULHO/2001

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA - UFBA

ESCOLA POLITÉCNICA

DEPARTAMENTO DE HIDRÁULICA E SANEAMENTO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM GERENCIAMENTO E

TECNOLOGIAS AMBIENTAIS NA INDÚSTRIA

Monografia Final

Alternativas para a introdução de

iniciativas ambientais no

segmento hoteleiro

• Autora: Maria Auxiliadora de Abreu Macêdo

• Orientador: José Célio Silveira Andrade

JULHO/2001

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SUMÁRIO

RESUMO i

ABSTRACT ii

1-INTRODUÇÃO 01

2-EVOLUÇÃO DAS QUESTÕES AMBIENTAIS NA SOCIEDADE 09

3-OS PROBLEMAS AMBIENTAIS E OS SEUS REFLEXOS

NA HOTELARIA 13 4-ALTERNATIVAS PARA A INTRODUÇÃO

DE INICIATIVAS AMBIENTAIS NO SEGMENTO HOTELEIRO 20

4.1- AÇÕES PRELIMINARES IMPORTANTES 20

4.1.1- A DECLARAÇÃO DE INTENÇÕES AMBIENTAIS 21

4.1.2- A REALIZAÇÃO DE UM DIAGNÓSTICO AMBIENTAL INICIAL 21

4.1.3- A EDUCAÇÃO AMBIENTAL 22

4.2- APRESENTAÇÃO DAS INICIATIVAS 24

4.2.1- INICIATIVAS TIPO A 25

4.2.1.1- INICIATIVAS RELACIONADAS COM O CONSUMO

DE ÁGUA E ENERGIA 25

4.2.1.2- INICIATIVAS RELACIONADAS COM O USO EXCESSIVO

DE PRODUTOS QUE PODEM AGREDIR O MEIO AMBIENTE 28

4.1.2.3- INICIATIVAS RELACIONADAS COM A

MINIMIZAÇÃO E TRATAMENTO DE RESÍDUOS 31

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4.2.1.4- INICIATIVAS RELACIONADAS COM OUTROS

ASPECTOS AMBIENTAIS 34

4.2.2- INICIATIVAS TIPO B 35

4.2.2.1- IMPLANTAÇÃO DE UM PLANO VERDE CONSTRUÍDO

POR TIMES DE TRABALHO 35

4.2.2.2- IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE PRODUÇÃO LIMPA 38

4.2.2.3- IMPLANTAÇÃO DA ISO-14001 44

4.2.2.4- OUTRAS INICIATIVAS 52

5.0- INICIATIVAS AMBIENTAIS NO PRAIA DO

FORTE ECORESORT 55

5.1- INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O LOCAL ONDE

ESTÁ SITUADO O EMPREENDIMENTO 55

5.2- INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O EMPREENDIMENTO 58

5.2.1- INFRA-ESTRUTURA 59

5.2.2.-ENFOQUE ECOTURÍSTICO E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL 64

5.3– DESCRIÇÃO DAS INICIATIVAS AMBIENTAIS JÁ

IMPLEMENTADAS NO EMPREENDIMENTO 68

6-CONSIDERAÇÕES FINAIS 76

7-RECOMENDAÇÕES FINAIS 80

8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 82

• ANEXOS 86

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RESUMO

Este trabalho tem como objetivo apresentar alternativas de iniciativas ambientais direcionadas para o segmento hoteleiro, de maneira a contribuir com as empresas hoteleiras no atendimento aos novos requisitos, que já vem sendo impostos pelas grandes agências internacionais de turismo e viagens.

A metodologia utilizada para sua realização envolveu uma pesquisa do tipo exploratória na qual foram levantadas as principais iniciativas ambientais provenientes de empresas hoteleiras internacionais, tendo como principal fonte de pesquisa as publicações editadas pela IHEI- International Hotels Environment Initiative.

A pesquisa realizada inclui uma descrição da evolução das questões ambientais na sociedade e apresenta os reflexos dos principais problemas na hotelaria, de forma a justificar a importância das alternativas apresentadas, as quais foram classificadas em dois tipos:

• Iniciativas do Tipo A: referem-se a iniciativas pontuais, associadas aos problemas ambientais mais comuns, tais como consumo de água, energia e o uso de produtos que agridem o meio ambiente;

• Iniciativas do Tipo B: referem-se a propostas metodológicas que permitem introduzir, de forma sistemática, qualquer tipo de iniciativa ambiental nos modelos de gestão hoteleira, associando-as a objetivos e metas ambientais e aos benefícios que essas poderão trazer à empresa.

O trabalho também inclui um levantamento das ações que já foram implementadas no Praia do Forte EcoResort, Bahia, Brasil , com o objetivo de ilustrar, com exemplos práticos, iniciativas ambientais adotadas por uma empresa hoteleira localizada no Brasil, mais especificamente no Estado da Bahia.

Como conclusão, essas pesquisa aponta os requisitos de competitividade que tenderão ser impostos, no futuro, ao segmento hoteleiro, fazendo recomendações que as universidades, centros de pesquisa e outras organizações intensifiquem suas ações no sentido de ajudá-lo a atender esses requisitos.

PALAVRAS-CHAVE: gestão hoteleira, gestão ambiental, produção limpa, ISO-14001, educação ambiental, política ambiental, práticas ambientais.

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ABSTRATC

The objective of this paper is to present ways to introduce various environmental initiatives in the hotel sector so as to help hotel companies to comply with the new requirements being introduced by the large international chains of tourism and travel.

The methodology used to carry out this research can be described as exploratory. The main environmental initiatives being implemented by international hotel companies are considered. The main sources used were the publications of the IHEI –International Hotels Environment Initiative.

The paper includes a description of the background to the environmental issues that have emerged in society and presents those particular to the hotel industry. This is done in such a way as to emphasise the importance of the initiatives which are then classified into two groups:

• Type A Initiatives: these are specific initiatives associated with the most common environmental problems such as energy and water consumption and the use of chemical products that harm the environment.

• Type B Initiatives: these are suggested practices that systematically allow a particular environmental initiative to become an integral part of the hotel management model, linking it to objectives and environmental targets and the benefits that this could bring the company.

This work also includes a survey of environmental work already carried out at the Praia do Forte EcoResort, Bahia, Brazil. The purpose of this is to show, through practical examples, environmental initiatives adopted by a hotel company located in Brazil, more specifically in the State of Bahia.

To conclude, this research shows the increasing demands that competition is imposing on the hotel sector and recommends that the universities and other research centres and organisations intensify their work to help the sector deal with these new demands.

KEYWORDS: hotel management, environmental management, clean production, ISO-14001, environmental education, environmental policies, environmental practice.

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1-INTRODUÇÃO

A indústria do turismo mundial tem apresentado, nos últimos anos, um elevado índice

de crescimento no contexto econômico mundial apresentando-se como um recurso

econômico de expressiva importância.

De acordo com a EMBRATUR (1996), dados emitidos pela OMT- Organização

Mundial do Turismo indicam que essa indústria movimenta cerca de US$ 3,5 trilhões

anualmente e, apenas na última década, expandiu sua atividade em 57%. Nesse contexto, a

posição do Brasil vem evoluindo de forma gradativa. No ano de 1994, o país alcançou o

43° lugar, passando para o 29°, em 1999, no concorrido ranking da OMT de destino

turístico mais demandado no mundo. Mas isto ainda é pouco, considerando a dimensão

continental, situação geográfica e o acervo natural, cultural e histórico que o País dispõe.

Embora o turismo no Brasil já tenha conquistado um patamar consolidado na política

econômica nacional, muito ainda tem que ser feito de forma a melhorar a posição do nosso

país neste competitivo ranking, principalmente no que se refere a ações relacionadas com a

proteção ambiental, já que o crescimento do turismo numa determinada região está

associado a uma gestão sustentada do seu patrimônio natural e cultural.

Pesquisas realizadas pelas agências de viagens e turismo constatam que os turistas

definem seus destinos e rotas baseados na qualidade de clima, áreas naturais, qualidade

das praias, cultura e história do lugar e que, não existindo estas qualidades, eles não

voltam ao local. Assim, promover a gestão responsável e sustentada dos recursos naturais,

fazendo com que os turistas nacionais e internacionais usufruam de um país detentor do

maior banco de biodiversidade do planeta deverá ser um dos objetivos de qualquer

empreendimento turístico brasileiro.

Algumas organizações associadas ao turismo, em todo mundo, já estão tomando

iniciativas relacionadas com a preservação ambiental movidas pela certeza que é sobre um

ambiente limpo e preservado que se constroe a base da indústria de turismo.

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Por outro lado, está ocorrendo um crescente envolvimento da sociedade, de modo geral,

com as questões ambientais. O número de pessoas sensibilizadas com essas questões

cresce a cada dia, principalmente nos países da Europa. Estas pessoas saem por aí, viajam,

se hospedam, observam e exigem, fazendo com que, o segmento hoteleiro, em particular,

venha sendo cada vez mais pressionado a demonstrar um bom desempenho em relação as

suas questões ambientais. Assim, os hóspedes, sejam estes turistas ou pessoas que estão

viajando a negócios, já começam a exigir dos hotéis que se hospedam um novo tipo de

requisito que não está apenas atrelada à qualidade dos serviços a eles prestados, mas,

fundamentalmente, associada com a QUALIDADE AMBIENTAL. Esse fato já vem sendo

percebido, uma vez que as principais empresas internacionais de reserva já estão dando

preferência aos hotéis e resorts que atendam a este requisito.

No exterior, principalmente nos países de grande potencial turístico, o número de

iniciativas relacionadas com a preservação ambiental provenientes do segmento hoteleiro

vem crescendo exponencialmente, tornando este aspecto um diferencial competitivo muito

significativo em relação às empresas hoteleiras brasileiras, cujas iniciativas ambientais só

agora começam a despertar o interesse dos empresários desse setor. Nesse sentido, a

ABIH- Associação Brasileira da Indústria de Hotéis lançou recentemente o Programa de

Responsabilidade Ambiental Hóspedes da Natureza que tem como objetivo ajudar o

segmento hoteleiro a preparar-se para atender os requisitos ambientais que já vem sendo

exigidos pelas sistemas internacionais de reservas, tais como o American Express, Wagon

Lits Cook e outros. De acordo com as informações fornecidas no documento ABIH (1999),

o Programa. adota os seguintes princípios básicos, o quais orientam a sua composição:

• Identificação, adaptação e aplicação à realidade brasileira de conceitos,

tecnologias, produtos e serviços já mundialmente consagrados. Os objetivos são reduzir o

custo operacional do projeto viabilizando sua execução e incluir o Brasil na rede de

informação internacional que promove o tema ambiente e turismo, utilizando-a como

ferramenta de marketing na divulgação do destino brasileiro.

• Irradiação e difusão dos conceitos práticos da responsabilidade ambiental,

promovendo ações que envolvam empresários, comunidade, poder público, fornecedores,

funcionários e hóspedes. Os objetivos são estimular e viabilizar projetos de produção

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limpa, fornecendo aos governantes em suas várias esferas dados sobre a infra-estrutura

que facilitará ações futuras; estimular a relação com os fornecedores para o

desenvolvimento de embalagens e produtos compatíveis à gestão ambiental; fortalecer a

função de agente multiplicador da hotelaria através da divulgação da gestão ambiental

entre seus hóspedes, funcionários e a comunidade do entorno.

• Aplicação dos fundamentos das técnicas de qualidade à melhoria contínua,

propiciando que as ações simples e pontuais da adequação ambiental, se integrem ao

sistema de gestão do meio de hospedagem, consolidando os resultados alcançados através

do monitoramento constante.

Embora a iniciativa da ABIH já tenha sido tomada no sentido de motivar e dar apoio a

rede hoteleira brasileira para a introdução de iniciativas ambientais, observa-se que no

Brasil, as principais iniciativas ambientais provenientes de empreendimentos hoteleiros

são ainda referentes aqueles localizados em áreas onde a prática do ecoturismo é difundida

e em que a própria beleza natural serve de principal atrativo para visitantes. Estas

iniciativas, porém, não são ainda implementadas de forma sistemática e parecem ser

adotadas com o objetivo mais voltado para o marketing e para a criação de uma boa

imagem do empreendimento, já que as características peculiares do lugar impõem esse tipo

de comportamento aos seus moradores e investidores. A pesquisa realizada por ANGELO-

FURLAN (1996) permite questionamentos sobre o modo como o turismo tem sido

desenvolvido no Brasil e apresenta uma preocupação com o enfoque do consumismo e da

maximização dos lucros. Os autores também procuram demonstrar que, em geral, as

atividades turísticas privilegiam comportamentos urbanos e afirmam que a paisagem

natural é apenas um pano de fundo.

Em áreas próximas ou caracterizadas como APAs1- Áreas de Proteção Ambiental, onde

alguns empreendimentos hoteleiros estão instalados, as imposições referentes a proteção

ambiental tendem a ser mais fortes, já que a legislação brasileira estabelece alguns

1 De acordo com a Lei 6.902/81 de 27/04/91, Resolução CONAMA 10/88 de 14/12/88, APAs são áreas de

características ecológicas e paisagísticas especiais, nas quais serão limitados o uso de ocupação do solo, o exercício de atividades, e instalação de indústrias, potencialmente poluidoras ou degradadoras do ambiente. Não há proibição quanto à, habitação, residência e atividades produtivas nas APAs, contudo estas devem ser orientadas e supervisionadas pela entidade ambiental encarregada de assegurar o atendimento das finalidades da legislação instituidora.

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princípios que devem ser adotados pelos proprietários de empreendimentos localizados

nessas áreas. A Política Nacional de Ecoturismo, por sua vez, estabelece regras de conduta

para aqueles que decidem investir no ecoturismo orientando-os para o uso racional dos

recursos naturais, de forma a não comprometer a sua capacidade de renovação e sua

conservação.

De acordo com WESTERN (1995) o ecoturismo não deve ser visto meramente como

uma pequena elite de amantes da natureza, mas encarado como uma viagem responsável a

áreas naturais, visando preservar o meio ambiente e promover o bem-estar da população

local. Para esse autor o ecoturismo deve satisfazer o desejo que temos de estar em contato

com a natureza, porém evitando o impacto negativo à ecologia, à cultura e à estética.

Assim, todos os setores que dão suporte a prática do ecoturismo, tais como hotéis, casas

comerciais, agências de turismo devem demonstrar um cuidado especial com as questões

ambientais do lugar.

Considerando que os hotéis também geram resíduos que afetam o meio ambiente e

utilizam os recursos naturais, tais como energia, água e materiais, os quais estão

progressivamente ameaçados, é importante que o segmento hoteleiro intensifique suas

ações no sentido de estimular pessoas aviabilizarem a aplicação das melhores práticas

ambientais, contribuindo assim para a formação de uma sociedade sustentável.

Vantagens econômicas estão também se agregando a questão ambiental. Atualmente,

iniciativas ambientais já são vistas como um benefício econômico. As empresas de outros

setores, tais como aquelas pertencentes ao segmento industrial clássico, que já vem

sofrendo maiores pressões relacionadas a um bom desempenho ambiental, principalmente

depois da chegada da série ISO-140002, começam a perceber que as ações direcionadas

para esse objetivo podem trazer lucros para elas.

2 A ISO-14000 é uma série de normas internacionais que orienta as empresas a obterem um bom

desempenho ambiental. A ISO-14001, uma das primeiras normas desta série e refere-se à implantação de Sistemas de Gestão

Ambiental. Atualmente, essa norma é o alvo das empresas que desejam obter uma certificação ambiental.

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Torna-se necessário que as empresas que atuam no segmento hoteleiro também

comecem a priorizar essas ações, introduzindo-as, de forma sistemática nos seus modelos

de gestão, assim como acompanhando e registrando os benefícios econômicos que estas

poderão trazer para o empreendimento.

Essa monografia tem como objetivo apresentar algumas propostas de implantação de

iniciativas ambientais direcionadas para empresas hoteleiras, de forma a contribuir com

essas empresas no atendimento dos requisitos de competitividade, que já vem sendo

impostos pela indústria internacional de turismo e hotelaria .

Para alcançar esse objetivo, foi realizada uma pesquisa do tipo exploratória na qual

foram levantadas as principais iniciativas ambientais que vem sendo utilizadas pelas

empresas hoteleiras internacionais, tendo como principal fonte de pesquisa as publicações

editadas pela IHEI- International Hotels Environment Initiative, tais como

“Environmental Management for Hotels- The Industry guide to best practice”,

“Environmental Action Pack for Hotels” e as revistas “Green Hotelier” publicadas

mensalmente pela IHIE.

A utilização das publicações da IHIE, como principal fonte de referência da pesquisa,

foi por essa se tratar de uma organização internacionalmente conhecida e totalmente

direcionada para o segmento hoteleiro.

A IHEI trata-se de uma organização composta de representantes de diversos hotéis

internacionais que tem como objetivo divulgar e estimular a aplicação das melhores

práticas ambientais no segmento hoteleiro, de forma a beneficiar o meio ambiente e

garantir o sucesso dos negócios da grande indústria de hotéis, tornando-a mais competitiva

e lucrativa.

A IHEI foi criada em 1992, quando um grupo de executivos de 12 hotéis internacionais

juntaram forças para promover a melhoria contínua da performance ambiental das

empresas que atuavam e dar apoio a grande indústria do turismo. A partir dessa iniciativa,

outros hotéis associaram-se ao grupo, buscando recursos e trocando experiências para

ajudarem-se entre si e atingir o objetivo proposto pela organização.

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A IHEI tem sede em Londres e faz parte da PWBLF -The Prince of Wales Business

Leaders Forum, o qual tem o Príncipe de Wales como presidente. O conselho da

organização é constituído de representantes dos seguintes hotéis internacionais: Accor,

Bass Hotels & Resorts Worldwide, Forte Hotels, Hilton International, Mandarin Oriental

Hotel Group, Marco Polo Hotels, Marriott International Inc., Radisson SAS Hotels

Worldwide, Scandic Hotels AB, Starwood Hotels & Resorts Worldwide Inc., The Taj

Group of Hotels and Touristik Union International.

Atualmente a IHEI tem mais de 8.000 hotéis associados, localizados em diversos países

ao redor do mundo. No início do ano 2000, a ABIH associou-se a essa organização de

forma a receber suporte no lançamento do Programa de Responsabilidade Ambiental

Hóspedes da Natureza. Assim, os princípios e orientações sugeridas pela IHEI tenderão a

ser amplamente disseminados junto às empresas hoteleiras brasileiras.

Através do site da IHEI, alguns estudos de caso lá apresentados, referentes a iniciativas

ambientais aplicadas em hotéis internacionais, foram também analisados, os quais

forneceram dados importantes que serviram de referenciais para realizar esse trabalho. A

relação dos hotéis internacionais pesquisados, com seus respectivos endereços e fone/fax

para contato, encontra-se no Anexo 1 dessa monografia.

A metodologia de implantação da norma internacional ISO-14001 e aquela sugerida

pela UNIDO/UNEP- United Nations Industrial Development Organization/United Nations

Environmental Programme para a implantação de um Programa de Produção Limpa numa

empresa, serviram também de referenciais teóricos para realizar esse trabalho. Por outro

lado, os conhecimentos adquiridos pela sua autora, durante a realização de serviços de

consultoria para a implantação da norma ISO-14001 para algumas empresas industriais, e

durante a sua participação no trabalho de implantação de um Programa de Produção Limpa

num empreendimento hoteleiro- Praia do Forte EcoResort - Bahia- Brasil -, serviram de

subsídio para delinear as alternativas sugeridas nessa monografia. Outras iniciativas

ambientais, adotadas por esse mesmo empreendimento, foram também levantadas, de

forma a incluir no trabalho exemplos práticos referentes a uma empresa hoteleira

localizada no território nacional, mais especificamente no Estado da Bahia.

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As etapas de desenvolvimento do trabalho estão descritas a seguir:

• Etapa 1:

Levantamento de iniciativas pontuais, capazes de serem aplicadas por qualquer

empreendimento hoteleiro, e associadas com os problemas ambientais mais comuns, tais

como uso excessivo de água, energia e produtos que agridem o meio ambiente. Essas

iniciativas foram classificadas nessa monografia como Iniciativas do Tipo A e estão sendo

apresentadas no item 4.2.1

• Etapa 2:

Estudo do descritivo do processo de implantação da Norma ISO-14001 e do Programa

de Produção Limpa, de acordo com a metodologia sugerida pela UNIDO/UNEP e aplicada

pelo CNTL- Centro Nacional de Tecnologias RS- Brasil

• Etapa 3:

Elaboração de um descritivo simplificado das metodologias anteriores, adaptando-as

para o segmento hoteleiro e criação de uma nova metodologia, de forma a sugerir

alternativas capazes de aplicar as iniciativas anteriormente levantadas (ou outras que não

foram citadas) de uma forma sistemática no modelo de gestão hoteleira, associando-as a

objetivos e metas ambientais e permitindo o acompanhamento dos benefícios que essas

poderão trazer à empresa. Essas propostas foram classificadas nessa monografia como

Iniciativas do Tipo B e estão sendo apresentadas no item 4.2.2.

A inserção desse tipo de iniciativas nesse trabalho, sob o ponto de vista da autora,

fizeram-se extremamente necessárias, desde que a adoção de iniciativas pontuais, sem um

devido direcionamento e monitoramento, podem não evidenciar as vantagens que estas

podem trazer e assim, passarem a não ser priorizadas com o tempo, deixando de ter

continuidade e não atingindo o real objetivo desejado: a melhoria de desempenho

ambiental da empresa hoteleira.

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• Etapa 4:

Levantamento das ações que já foram implementadas no EcoResort Praia do Forte-

Bahia- Brasil, com o objetivo de ilustrar e complementar o trabalho com exemplos práticos

desenvolvidos dentro da realidade nacional brasileira e, mais especificamente, dentro da

realidade regional do Estado da Bahia.

Espera-se que o trabalho possa apontar caminhos a serem seguidos pelos empresários

hoteleiros que desejam atingir a excelência de gestão dos seus negócios, assim como

nortear ações práticas para a aplicação de um modelo de turismo economicamente

sustentável no Brasil, contribuindo assim, para potencializar e consolidar a vocação

evidentemente turística do País.

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2- A EVOLUÇÃO DAS PREOCUPAÇÕES AMBIENTAIS NA

SOCIEDADE

A responsabilidade ética ambiental, fator que vem incentivando as empresas a buscarem

a melhoria de desempenho ambiental, é algo relativamente novo na nossa sociedade.

Muitos fatos serviram de agentes catalisadores desta mudança de comportamento.

Desde os tempos pré-históricos o homem vem buscando alternativas para melhorar sua

qualidade de vida no planeta que habita. Na busca desenfreada das suas próprias

vantagens, ele permaneceu, por muito tempo, alheio aos problemas que o progresso e

desenvolvimento também lhe traziam .

Entre as décadas de 70 e 80 ocorreram alguns acidentes ambientais que dizimaram

muitas vidas e deixaram marcas profundas na humanidade, como foi o caso do acidente de

Bophal na Índia, em 1984, quando um vazamento de um gás venenoso da empresa Union

Carbide matou cerca de 2000 pessoas. Em 1986, em Chernobyil, situada na ex-URSS, um

acidente nuclear também vitimou muitas pessoas, além de ter deixado seqüelas irreparáveis

na população e nos ecossistemas locais.

Neste período, o homem também já estava “sofrendo na pele” outros problemas como a

chuva ácida, o efeito estufa, os buracos da camada de ozônio, a destruição da fauna e da

flora, etc. Olhando à sua volta, ele começou a perceber os impactos negativos oriundos de

suas próprias ações.

Foi então que, muitas pessoas, motivadas pela dor, pelo desapontamento, ideal

ecológico ou outro sentimento qualquer, começaram a se mobilizar, adquirindo e exigindo

da sociedade uma nova postura diante dos diversos problemas ambientais que já

ameaçavam a própria vida do planeta. Grupos se uniram para exigir maior severidade nas

leis. As empresas industriais, apontadas como as grandes vilãs da maioria dos problemas

que vinham acontecendo, começaram a ser pressionadas.

Um série de encontros internacionais começaram a acontecer com o objetivo de discutir

os problemas ambientais que afetavam todos os povos. Um dos pioneiros, aconteceu em

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junho de 1972, em Estocolmo, na Suécia. Naquele evento histórico “a cúpula do mundo”,

representada por diversos chefes de Estados, se reuniram para discutir as medidas a serem

adotadas para conter a degradação ambiental do planeta. Na ocasião, os representantes dos

países mais industrializados chegaram à conclusão de que deveria haver uma certa

prudência no processo de industrialização no mundo. Naquele momento, os representantes

brasileiros, por acharem que o Brasil precisava da industrialização para sair do seu estágio

de país subdesenvolvido, acusaram os países desenvolvidos de desejarem limitar o

desenvolvimento dos países pobres e afirmaram, em alto e bom som, que “a poluição era

bem-vinda ao Brasil”! e que os países que estivessem preocupados com degradação

ambiental transferissem suas indústrias para o nosso país, pois nós precisávamos de

empregos, dólares e desenvolvimento. A reação dos representantes brasileiros, até hoje, é

lembrada por todos.

Ainda na década de 70, talvez como resposta à solicitação dos representantes brasileiros

na Conferência de Estocolmo, surgiram no Brasil muitos empreendimentos que sofreram

restrições em outros países, como aqueles ligados à mineração e a alguns setores da

petroquímica.

Mas, muita coisa mudou e, aos poucos, também no Brasil, muitas pessoas começaram a

agir em defesa do meio ambiente, passando a ter uma participação mais ativa nos

movimentos relacionados com as questões ambientais.

Na década de 80, intensificaram-se os movimentos ambientalistas, proliferaram as

ONGs e as leis relacionadas com as questões ambientais aplicadas às indústrias tornaram-

se mais severas. As indústrias começaram a investir em “tecnologias de fim de tubo” (end

of pipe) para tratar seus rejeitos. Ou seja, tecnologias que faziam uso de equipamentos que

eram instalados no final de uma linha de produção, de forma a amenizar os poluentes já

emitidos.Tudo isto era feito apenas como uma obrigação legal, como uma forma de evitar

problemas com a lei pois a consciência ética ambiental verdadeira, ainda não tinha chegado

para os empresários daquela época.

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Em 1987, a Comissão Mundial do Ambiente e Desenvolvimento da ONU estabeleceu o

Modelo do Desenvolvimento Sustentável3. A divulgação desse modelo despertou, no

mundo inteiro, a atenção da sociedade, que se mostrava, a cada dia, mais sensível aos

problemas ambientais. Ficou evidente que este modelo de desenvolvimento não estava

sendo adotado pela maioria dos países, já que os recursos naturais estavam sendo usados

indiscriminadamente e os problemas ambientais se avolumavam a cada dia.

A ocorrência de outros acidentes ambientais, que já vinham acontecendo, com uma

certa freqüência, foi outro fator que intensificou a sensibilização e mobilização da

sociedade.

À medida em que a sociedade se tornava mais consciente e sensível, cresciam as

exigências em relação à performance ambiental das indústrias e os empresários começaram

a ser pressionados. Dessa vez, não só pelos órgãos de proteção ambiental que exigiam o

cumprimento da lei, mas também pelos clientes, consumidores, fornecedores, investidores,

ONGs- Organizações Não Governamentais, comunidade, concorrentes e outros. Muitas

indústrias começaram a defender a bandeira do Meio Ambiente, numa tentativa de

adequar-se ao momento. Fazer campanhas em defesa de espécies em extinção tornou-se a

estratégia mais utilizada pela maioria delas.

Na corrida das empresas para mostrar ao público que estavam preocupadas em preservar

o meio ambiente, o marketing ecológico começou a ser usado pela maioria delas. Os

produtos recicláveis ficaram em alta. Proliferaram os selos verdes, que identificam

produtos como “ambientalmente saudáveis” e que, de acordo com pesquisas efetuadas,

havia alguns consumidores que estavam dispostos a adquiri-los, mesmo que tivessem que

pagar mais caro por eles.

Esse era o cenário do segmento produtivo na chegada do anos 90. Naquela época, já

existia um grande número de pessoas sensibilizadas com a questão ambiental e a força com

que elas agiam, era cada vez maior. O Rio de Janeiro serviu como sede para a realização da

3 ABREU (2001) (b) cita a definição de Desenvolvimento Sustentável, dada no Relatório Nosso Futuro

Comum, em 1987, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento:“ É o modelo de desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade que as gerações futuras atendam as suas próprias necessidades”.

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grande “Cúpula da Terra – ECO-92”, uma nova reunião internacional que dava

continuidade à Conferência de Estocolmo. Desta vez, os brasileiros, adotando uma nova

postura, concordaram e aderiram a muitas decisões que ali foram tomadas.

Em 1996, a ISO- International Organization for Standardization (Organização

Internacional de Padronização), a mesma responsável pela ISO-9000, lançou as 05

primeiras normas da série ISO- 14000, consolidando a qualidade ambiental como um

diferencial competitivo no mundo dos negócios.

E graças as pessoas que resolveram agir, atuando como elementos de pressão, seja

exercendo o papel de consumidores, definindo com precisão os tipos de produtos que

querem adquirir e o perfil das empresas que querem negociar, seja no papel de hóspedes,

utilizando o requisito da qualidade ambiental como o decisivo para escolher o lugar parar

se hospedar, é que a responsabilidade ética ambiental chegou nas empresas demonstrando

seus benefícios, conquistando assim, cada vez mais espaço em todos os segmentos na

nossa sociedade.

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3- OS PROBLEMAS AMBIENTAIS E OS SEUS IMPACTOS NA

HOTELARIA

Em princípio, alguns empresários hoteleiros podem imaginar que os impactos

ambientais relacionados com um empreendimento hoteleiro não são relevantes e isto

ficaria melhor caraterizado para algumas indústrias que poluem, jogam efluentes

contaminados nos rios e mares, emitem gases de suas chaminés.

De acordo com a ABNT, NBR ISO-14001 (1997) p.4, a definição de impacto

ambiental é: “Qualquer modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte,

no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização”.

Considerando que um enfoque mais relevante deve ser dado ao impacto ambiental

negativo, deve-se considerar nessa definição apenas as atividades, produtos e serviços

relacionados com o segmento hoteleiro, que podem causar modificações negativas ao

meio ambiente.

Como os hotéis utilizam os recursos naturais, que são também utilizados por qualquer

empresa e todos os indivíduos, a utilização desses recursos, tais como a água, alimentos,

por exemplo, representa um impacto ambiental significativo. Assim, a idéia de que hotéis

não causam impactos ao meio ambiente trata-se de uma visão distorcida da realidade. Sem

mencionar os impactos ambientais decorrentes do lixo que é gerado nestes locais, dos

equipamentos e produtos de uso diário que agridem o meio ambiente, dos efluentes

líquidos, que são lançados em rios e mares misturados com detergentes e outros dejetos

orgânicos, e tantas outros aspectos.

Um outro fator que deve ser levado em consideração é que qualquer problema

ambiental, ainda que não seja causado pelo empreendimento hoteleiro, pode afetar de

forma significativa os seus negócios. Problemas ambientais locais, por exemplo, tais como

o destino inadequado do lixo, a falta de saneamento básico podem fazer com que alguns

hóspedes passem a dar preferência a hotéis localizados em regiões nas quais esses

problemas não existem. Por outro lado, os problemas designados como problemas ou

impactos globais, comentados diariamente pela mídia, tais como efeito estufa, destruição

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da camada de ozônio, chuva ácida, podem também afetar um empreendimento hoteleiro.

Da mesma forma, uma ação local pode fazer muita diferença na redução destes problemas.

Para aqueles que possuem empreendimentos localizado em áreas ecoturísticas, onde os

próprios recursos naturais e a qualidade ambiental servem como atrativo para os seus

hóspedes, estas considerações tornam-se muito importante.

A seguir são dados alguns exemplos de problemas ambientais mais comuns e como

estes podem atingir o segmento turístico/hoteleiro.

• Efeito Estufa

A energia proveniente do sol aquece a Terra sendo, em seguida, dissipada. As próprias

nuvens ou alguns gases que ficam retidos na superfície da Terra, principalmente o dióxido

de carbono (CO2), impedem a dissipação desta energia, garantindo uma situação de

equilíbrio térmico sobre o planeta, de forma que este possa se manter aquecido. Este efeito,

perfeitamente natural, facilitou a evolução do planeta. Sem a ação destes gases, a superfície

da Terra seria coberta de gelo.

Nos últimos tempos, a camada de gases em volta do globo tem se tornado muito densa

em conseqüência de atividades humanas, principalmente industriais, que geram gases

capazes de agir como uma poderosa barreira que impede a dissipação do calor, fazendo

que haja um aumento da temperatura da Terra. Desta forma, esta particularidade,

anteriormente benéfica, tornou-se uma ameaça ao planeta. Estes gases, oriundos das

indústrias, da frota veicular da queima de florestas, são conhecidos como GASES-

ESTUFA e têm como principais componentes o dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio,

o metano e os clorofluorcarbonos- CFCs.

Com o objetivo de adotar medidas que possam diminuir os níveis de gases-estufa no

planeta, diversos encontros internacionais estão sendo realizados, de forma a obter o

comprometimento dos países mais desenvolvidos e industrializados em contribuir com a

redução de emissão deste gases. No Protocolo assinado em Kyoto, Japão, em dezembro de

1997, no âmbito da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, 32 países

se comprometeram a reduzir a emissão de gases-estufa.

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O efeito estufa pode provocar mudanças climáticas em diversas áreas geográficas.

Assim, podem ocorrer tempestades em lugares tropicais e ausência de neve em lugares

frios. Turistas que buscam um lugar ou outro, atraídos pelas suas características peculiares,

tendem a mudar de roteiro.

Com o aumento gradativo da temperatura da Terra, ocorre o degelo das calotas polares,

aumentando assim o nível de águas nos oceanos. Isto provoca inundações em cidades

costeiras. Hotéis situados nestes locais, sofrerão sérios prejuízos.

O efeito estufa também estimula o crescimento de algas ao longo da costa, afastando os

turistas que passam a procurar locais de praias limpas para se hospedar. Por outro lado,

algumas algas microscópicas tendem a desaparecer com o aquecimento das águas

oceânicas.

No ano de 1987 já havia sido observado que os corais de Porto Rico, no Caribe, estavam

ficando brancos. O Comitê Oceanográfico Internacional da ONU atribuiu o fato ao

aumento da temperatura da água, causada pelo efeito estufa, que promove o

desaparecimento de algas microscópicas responsáveis pelas cores dos corais. Sem essas

algas, os corais também se tornam frágeis e acabam não dispondo de energia suficiente

para a reprodução. Hotéis instalados em praias paradisíacas, providas de piscinas naturais

de corais, podem deixar de ser atrativos, caso estes corais venham a desaparecer. Em 1997,

o Fundo Mundial para a Natureza divulgou um informe dando conta de que os recifes de

corais no Chile poderiam extinguir-se.

O aquecimento da Terra também afeta o desaparecimento de algumas espécies da fauna

e flora. Desde 1977 que alguns ornitólogos constataram que os bosques norte-americanos

estavam ficando mais silenciosos. Em muitos outros lugares do mundo, muitas espécies

estão desaparecendo. Em 1996, o mundo ficou sabendo que os sapos e rãs estavam

diminuindo nos continentes, possivelmente em decorrência do aquecimento da Terra.

Apesar dessas espécies assustarem muitos hóspedes, a extinção deles pode causar a

proliferação dos grilos e outros insetos, espécies tão indesejáveis quanto as primeiras no

ambiente de hotelaria.

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• Chuva Ácida

Fenômeno provocado pelas emissões de gases provenientes de plantas industriais,

principalmente metalúrgicas e siderúrgicas e de veículos auto-motores. Estes gases são

óxidos de enxofre (SOX) e óxidos de nitrogênio (NOX) que, combinando-se com o vapor

d’água, geram ácidos nítricos e sulfúricos respectivamente. Estes ácidos, quando formados

na atmosfera, retornam para a terra, sob a forma de orvalho, chuvisco, neblina, granizo,

neve ou chuva, atribuindo o caráter ácido aos meios atingidos por estes.

A acidez excessiva de corpos de água pode afetar algumas espécies vivas que neles

vivem, podendo levá-las à morte. Lugares que oferecem a opção de pesca para turistas

ficam assim, extremamente prejudicados.

A chuva ácida pode secar a vegetação que adquire um aspecto amarelado. Assim, o

visual verde e atrativo de uma região pode desaparecer completamente, servindo também

de motivação para que hóspedes e visitantes optem por outros lugares.

A capacidade de deterioração de materiais utilizados na construção de prédios,

monumentos, acervo cultural de uma região, casas e prédios pode ser acelerada com a

chuva ácida. E isto também inclui um empreendimento hoteleiro, que vai precisar de uma

manutenção constante para não causar uma má impressão aos seus hóspedes.

Os ácidos oriundos da chuva ácida também promovem um aumento da dissolução de

alguns sais de alumínio, presentes na água, elevando a concentração deste metal a níveis

indesejáveis, o que pode provocar doenças.

A chuva ácida pode afetar também um determinado local que não possui

necessariamente uma fonte emissora de gases que provocam esse problema, já que os

poluentes podem ser conduzidos, pela ação dos ventos, para outro local, situado a centenas

ou milhares de quilômetros de distância. Desta forma, um empreendimento hoteleiro não

estará imune dos efeito da chuva ácida, mesmo localizado muito distante das fontes

emissoras de gases que produzem esse tipo de chuva.

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• Destruição da camada de ozônio

O oxigênio, além de fazer parte do ar que respiramos, também existe na forma de O3

(ozônio), o qual está presente numa camada situada a cerca de 50 km acima da superfície

da Terra. Essa camada age como um “protetor solar” da Terra, filtrando cerca de 99% dos

raios ultravioletas emitidos pelo sol e que podem causar câncer de pele e outros danos às

espécies vivas.

Nos últimos tempos, o mundo está alarmado por um grande buraco na camada de

ozônio na Antártida. Os cientistas atribuem o fato ao uso de CFCs, compostos de Cloro,

Flúor e Carbono, presentes em certas substâncias químicas freqüentemente utilizadas em

propulsores de aerossóis, fluidos de refrigeração e climatização, solventes e outros

produtos. Os CFCs, quando lançados no ar, reagem com o ozônio destruindo as suas

moléculas.

Visando a proteger a integridade dos sistemas ambientais globais, algumas medidas vêm

sendo tomadas, em diversos países, baseadas nas diretrizes definidas na Convenção de

Viena para a Proteção da Camada de Ozônio (março de 1985), bem como no Protocolo de

Montreal (setembro de 1987), as quais orientam sobre a redução progressiva de utilização

dos CFCs, através da substituição destes compostos por outros menos agressivos ao meio

ambiente.

A destruição da camada de ozônio promove a fuga de turistas dos lugares cuja

incidência solar é muito alta. Hotéis localizados em áreas tropicais tendem a ter os seus

negócios prejudicados.

• Eutrofização

É um fenômeno que ocorre na água em virtude do aumento da concentração de

nitrogênio e fósforo no meio, provocado, principalmente, pelo excesso de adubos no solo e

despejo de esgotos em cursos de água. Isso causa um crescimento exagerado de algas, que

além de alterar o sabor dessas águas, promove o decaimento do nível de oxigênio

dissolvido, essencial para a vida de espécies aquáticas.

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Se um hotel oferece a opção de lagos ou lagoas com pedalinhos para que os seus

hóspedes passear sobre estas águas, a ocorrência da eutrofização vai impedir esse tipo de

lazer.

• O destino inadequado do lixo urbano

O lixo é um dos maiores problemas urbanos da atualidade. De acordo com a ABES-

Associação de Engenharia Sanitária e Ambiental (1999) o Brasil gera 90 mil toneladas de

lixo por dia e 59% das cidades não possuem destino final para os resíduos que, em 76%

dos casos, é feita a céu aberto, causando sérios problemas ambientais que põem em perigo

a saúde da população, dos hóspedes e turistas que visitam o local.

Os principais problemas associados a problemática do lixo são dadas a seguir:

• As formas inadequadas de disposição de lixo urbano, lançado nos lixões a céu aberto ou

nas águas e mangues, afetam o ambiente poluindo o solo, a água, o ar, destruindo fauna e

flora e prejudicando as comunidades locais que passam conviver com agentes patogênicos

(vírus, bactérias, protozoários e fungos) e vetores transmissores de doenças;

• O lixo lançado as céu aberto, ao ser arrastado pelas chuvas, entope a rede de drenagem

urbana (sistema de escoamento das águas de chuva), provocando enchentes e inundações e

levando ao aparecimento da cólera, da leptospirose e da hepatite, entre outro males para as

comunidades afetadas.

• Responsável direto pelo desequilíbrio ambiental de áreas urbanas próximas a aterros e

lixões, os resíduos sólidos também são coadjuvantes na poluição de rios e lagoas, muitos

deles utilizados como fontes de abastecimento de água para a população. Isto passa a

exigir um eficiente tratamento dessa água para que essa possa ser consumida com

segurança pela população.

• O lixo jogado a céu aberto libera uma substância escura denominada “chorume” com

características altamente poluentes. Esta pode migrar para as águas subterrâneas,

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contaminando-as. Comunidades que utilizam estas águas como fonte de abastecimento

sofrerão sérios prejuízos.

• A problemática do lixo tem estimulado à atividade de “catadores" de papel e outros

resíduos por pessoas carentes, que se lançam nessa atividade com a finalidade de gerar

uma renda para a família.

Além dos problemas apresentados que o destino inadequado do lixo causa, a presença

de catadores do lixo pode se apresentar como uma situação constrangedora diante de

pessoas que visitam o local, que por certo se sentirão incomodadas de presenciar cenas que

caraterizam tanto a degradação ambiental, como a da dignidade humana. Hotéis

localizados em áreas em que estas práticas são comuns tendem a perder os seus hóspedes.

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4- ALTERNATIVAS PARA A INTRODUÇÃO DE INICIATIVAS

AMBIENTAIS NO SEGMENTO HOTELEIRO

4.1- AÇÕES PRELIMINARES IMPORTANTES

4.1.1- A DECLARAÇÃO DE INTENÇÕES AMBIENTAIS

A implantação de qualquer iniciativa numa empresa exige o comprometimento da sua

alta administração, que deve divulgar, junto aos demais colaboradores, a sua intenção,

assim como as razões das iniciativas a serem implantadas, de maneira que essas possam

ser seguidas e entendidas por todos.

Uma forma efetiva de formalizar intenções e assumir compromissos com as questões

ambientais é elaborar e divulgar a Política Ambiental da empresa ou divulgar uma carta de

princípios ou compromissos junto à suas partes interessadas, tais como colaboradores,

hóspedes, comunidade, empresas de turismo, viagens e associadas, entre outras.

No site da IHEI (www.ihei.org) está publicada a Política Ambiental do Forte Plc Hotel,

London, UK, como a seguir:

“Os hotéis da rede Forte Hotels reconhecem e aceitam a responsabilidade de respeitar

o meio ambiente.

Nós acreditamos que todos tem o dever de cuidar do meio ambiente e procurar os

meios adequados para conservar os recursos naturais, comprometendo-se com as questões

ambientais.

Associados aos novos objetivos de negócio, nós buscamos alternativas para minimizar

o uso de energia, os resíduos e as emissões perigosas provenientes das nossas atividades.

Nossos hotéis concordam com as leis e regulamentos referentes ao meio ambiente e de

cooperar ativamente com as autoridades ambientais na proteção ambiental. Onde os

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regulamentos não existirem ou onde nós sentirmos que estes não são adequados,

criaremos os nossos próprios padrões de performance ambiental.

Nós informaremos a todos os nossos fornecedores e contratados sobre a nossa política

ambiental e monitoraremos nossa performance para assegurar que os nossos produtos e

serviços possam estar alinhados com os nossos objetivos ambientais”.

Declaração de intenções como essa não deixam dúvidas sobre a validade e importância

de qualquer iniciativa que venha a ser implantada na empresa hoteleira.

4.1.2- A REALIZ AÇÃO DE UM DIAGNÓSTICO AMBIENTAL INICIAL

Antes de iniciar qualquer trabalho direcionado para a implantação de iniciativas

ambientais numa empresa, é recomendável que seja realizado um diagnóstico ambiental

inicial com o objetivo de investigar o estágio em que ela se encontra, no que se refere ao

controle dos seus impactos ambientais. Esse diagnóstico servirá como subsídio para a

identificação das questões ambientais relevantes a serem focalizadas e para prever as

possíveis dificuldades que a empresa poderá enfrentar.

Alguns questionários e check-lists podem ser usados. A ajuda de consultores que

possuem conhecimento e experiência prática na área ambiental é muito importante para

realizar esse diagnóstico.

Nesse estágio, é necessário que a empresa hoteleira seja transparente e não omita

nenhuma informação pois este trabalho norteará as etapas subseqüentes. Empresas devem

instruir de forma adequada os seus empregados para responderem aos questionários

utilizados pelos consultores. Quando isso não acontece, ocorre omissão de fatos por parte

desses empregados, que ficam receosos de apontar falhas nos seus próprios setores. Um

diagnóstico ambiental detalhado e verdadeiro é um instrumento que pode nortear e garantir

o sucesso das iniciativas a serem implantadas.

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4.1.3- A EDUCAÇÃO AMBIENTAL

As pessoas são os elementos mais importantes de uma empresa, seja esta empresa um

hotel, uma indústria, ou outra organização qualquer. São elas que viabilizam os seus

projetos e iniciativas e sem elas, nada pode ser feito, ainda que os representantes da alta

administração desejem.

Para contar com a participação das pessoas que trabalham nas empresas hoteleiras,

recebendo delas as contribuições para a introdução de iniciativas ambientais, é preciso

fazê-las entender que as iniciativas a serem adotadas irão beneficiar também a qualidade de

suas vidas e de suas famílias, e não somente ao lugar que elas trabalham. A percepção da

dimensão ambiental, necessária para esse entendimento, só poderá ser atingida através de

um trabalho contínuo e permanente de Educação Ambiental (EA), a qual passa a se

caracterizar como o suporte básico, a chave do sucesso para a implantação dessas

iniciativas.

É preciso levar em conta que as pessoas que se encontram, hoje, trabalhando ou mesmo

dirigindo algumas empresas, não receberam a EA nos seus processos formais de

educação`. De acordo com PEDRINI (1997) a Educação Ambiental ainda é uma área

emergente do conhecimento humano. MEDINA (1997) afirma que o aprofundamento dos

processos educativos ambientais é uma condição para uma nova racionalidade ambiental, a

qual possibilita modalidades de relações entre a sociedade e a natureza, entre o

conhecimento científico e as intervenções técnicas no mundo, nas relações entre os grupos

sociais diversos e entre os diferentes países num novo modelo ético, centrado no respeito e

no direito à vida em todos os aspectos.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, no documento Política Nacional de

Educação Ambiental (1999) a EA é: “Um processo permanente, no qual os indivíduos e a

comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores,

habilidades, experiências e determinação que os tornam aptos a agir - individual e

coletivamente - e resolver problemas ambientais presentes e futuros”.

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Embora a EA já tenha sido citada, na Conferência do Meio Ambiente Humano,

Estocolmo-Suíca, 1972, como elemento crítico para combater a crise ambiental no mundo

e o 1o. Congresso Internacional de Educação Ambiental já tenha ocorrido há mais de 20

anos (1977), fazendo recomendações para que EA fosse disseminada amplamente na

sociedade, só agora, ela está sendo considerada com seriedade no processo educacional de

crianças e adolescentes.

O Brasil teve sua Política Nacional de Educação Ambiental aprovada em 1999. O

projeto de lei tramitou no Congresso por seis anos. Essa Política irá afetar todos os níveis

do ensino formal. Fora das instituições educacionais, com o apoio do governo, serão

criados mecanismos, para que a sociedade seja sensibilizada e incentivada a participar na

defesa da qualidade do meio ambiente. Até que tudo isto seja feito, de fato, e aplicado na

prática, as empresas hoteleiras precisam adotar ações educativas visando atingir os seus

objetivos ambientais.

A maioria dos hotéis estudados relata ter adotado programas de educação ambiental

com o objetivo de sensibilizar seus colaboradores para participar das iniciativas ambientais

implementadas. Alguns hotéis tais como Starwood Hotels & Resorts Wordwide Inc.,

NY, USA e o Hotel Accor, Paris, France, estendem suas ações educativas para a

comunidade vizinha às instalações do hotel. Essa iniciativa é muito importante, visto que

existem um forte interação do empreendimento com a população local, que também

precisa estar educada para as questões ambientais do lugar.

Os hóspedes também precisam ser envolvidos em ações educativas. O Scandic Hotels

AB , Stock, Sweden, recomenda, no entanto, que as iniciativas ambientais não sacrifiquem

o conforto e bem-estar de seus hóspedes. Os hotéis que fazem parte da rede The Taj

Group Hotels, relatam que utilizam um cartão afetuoso para seus hóspedes, convidando-

os para participar do seu Programa Ambiental, assim como um questionário, solicitando

melhorias para serem introduzidas nesse Programa, de forma a envolvê-los e compromete-

los com as iniciativas adotadas.

Fazer com que todos os hóspedes entendam as verdadeiras razões e apoiem as

iniciativas ambientais exige um certo cuidado para evitar mal-entendidos. No caso de

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hotéis, resorts e pousadas localizadas em áreas ecoturísticas isso é muito mais fácil, pois o

próprio lugar já estimula ações relacionadas com a preservação ambiental. O mesmo não

acontece em hotéis localizados em grandes metrópoles ou centros de compras e negócios.

Palestras, cartazes, pequenas mensagens podem ser utilizadas para sensibilizar as

pessoas sobre os objetivos almejados. A cartilha educativa “Hóspede que te quero verde”,

editada pela Casa da Qualidade Editora, ABREU (2001) (a), caracteriza-se como um bom

instrumento de educação ambiental direcionado para hóspedes. Distribuir cartilhas como

essas pode ser uma forma sutil de levar a educação ambiental para os hóspedes. Esta

cartilha pode ser oferecida como um brinde de boas-vindas para eles. Qualquer pessoa

gosta de ser presenteado na sua chegada.

4.2- APRESENTAÇÃO DAS INICIATIVAS

As iniciativas aqui apresentadas estão agrupadas em dois tipos:

• Iniciativas do Tipo A

São iniciativas relacionadas com ações pontuais associadas as necessidades mais

comuns, presentes em qualquer empreendimento hoteleiro, tais como redução do consumo

de energia, água, minimização de resíduos e desperdícios, substituição de produtos por

outros que causem menor impacto ambiental, etc.

• Iniciativas do Tipo B

São propostas metodológicas que permitem que as iniciativas anteriores (ou outras que

não foram citadas nessa monografia) sejam implementadas de forma sistemática nos

modelos de gestão hoteleira, sendo incorporadas a objetivos e metas ambientais,

estabelecidos e monitorados pela alta administração do empreendimento.

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4.2.1- INICIATIVAS TIPO A

4.2.1.1- INICIATIVAS RELACIONADAS COM O CONSUMO DE ÁGUA E

ENERGIA

O consumo excessivo de energia e água é um dos maiores problemas ambientais dos

empreendimentos hoteleiros.

No trabalho desenvolvido por LIMA e DAVID (1996) (a) existem dados que indica que

a iluminação é responsável por 20% da energia consumida em todo o País, sendo que 40%

dessa provém do setor de serviços, incluindo, portanto, o segmento hoteleiro.

Para empreendimentos onde identifica-se um alto consumo de energia, recomenda-se

uma auditoria energética, realizada por consultores especialistas em conservação de

energia.

LIMA- DAVID (1996) (b) alertam sobre a importância de observar os contratos de

compra de energia, que podem resultar em grande desperdício desse recurso. Os autores

enfatizam a necessidade de escolher bem a tarifa e as demandas a contratar, além de

buscar um bom fator de potência, um fator de carga otimizado e, sempre que possível,

aplicar mecanismos de redução de cargas nos horários de tarifas mais elevadas. Segundo

esses autores, muitas empresas hoteleiras desconhecem a existência de tarifas com preços

diferenciados de acordo com o horário de uso, e com isto não praticam nenhuma

modulação de carga, de forma que não auferem as vantagens disponíveis.

A maioria dos hotéis internacionais estudados relatam possuir dispositivos para a

automação nos processos de controle de máquinas e equipamentos que demandam energia,

os quais também permitem controlar razão carga/demanda, visando a melhoria do fator de

carga das instalações. Além disso, o controle automatizado fornece gráficos e tabelas de

consumo em tempo real, facilitando o monitoramento do consumo de energia.

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A IHEI (1996) (c) recomenda trabalhar com benchmarking4, avaliando e comparando

os valores de consumo de água e energia da empresa com outros hotéis tomados como

referência.

A Tabela 1, a seguir, ilustra alguns valores benchmarks de consumo de energia, de

acordo com os tipos de hotéis, considerando que área onde estão instalados tem um clima

moderado.

Tabela 1 - Valores Benchmarks de consumo de energia para hotéis instalados

em climas moderados

Desempenho em Consumo de Energia (KWh/M2/ano)

Tipo de Hotel

BOM

SATISFATÓRIO

FRACO

Luxo

< 90 90-150 > 150

Negócios ou lazer

< 80 80-140 >140

Pequeno porte ou

Pousadas

< 80 80-120 > 120

Fonte: Energy Efficiency in Hotels- A guide for Owners and Managers

BREGSU, Building Establishement, UK,1999.

Algumas iniciativas que visam economizar energia estão sendo sugeridas a seguir:

4 Benchmarking é uma estratégia utilizada para comparar e estabelecer referenciais de desempenho. São

considerados valores benchmarks aqueles que servem como referenciais a serem seguidos em busca da excelência de desempenho. No caso em questão, da excelência de desempenho ambiental.

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• Desligar aparelhos elétricos quando estes não estiverem sendo utilizados. O ideal é

utilizar cartões que dão acesso tanto aos apartamentos, quanto à rede elétrica.

• Durante o dia, apagar as lâmpadas das áreas externas ou utilize sensores sensíveis a luz

solar. Nos corredores e em outras áreas internas de circulação, usar sensores sensíveis à

presença de pessoas. Assim as lâmpadas só serão acesas quando necessário.

• Instalar lâmpadas de baixo consumo de energia. Embora elas sejam um pouco mais caras

que as comuns, o retorno do investimento pode ocorrer num curto espaço de tempo, já que

o consumo de energia é substancialmente reduzido com essa substituição.

Os níveis de iluminação para ambientes é definido pela NBR-5313 da ABNT-

Associação Brasileira de Normas Técnicas, os quais correspondem as características que

permitem a cada ambiente o correto uso do nível de iluminação, além do conforto dos

usuários.

• Substituir, quando possível, a energia elétrica por energia solar. O Brasil, tem toda as

condições climáticas que permitem o uso destas fontes de energia. Apesar do investimento

inicial exigir um valor relativamente alto de capital, o retorno do investimento pode ocorrer

num prazo relativamente curto.

Empreendimentos hoteleiros, onde identifica-se alto consumo de água, também

requerem passar por um investigação minuciosa a fim de detectar as causas desse

problema. Algumas medidas simples como controlar vazamentos, ajustar vazões dos

chuveiros/torneiras, instalar torneiras com sensores, etc, podem diminuir substancialmente

o consumo de água em um hotel.

A Tabela 2, a seguir, apresenta valores benchmarks de consumo de água em hotéis, de

acordo com o clima predominante nas áreas onde estes estão localizados.

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Tabela 2- Valores Benchmarks de consumo de água em hotéis de acordo com o clima

predominante nas áreas de localização

Desempenho em Consumo de Água (Litros/hóspede)

Tipo de Clima BOM SATISFATÓRIO

FRACO

Clima moderado < 600

600-800 800-900

Clima

Mediterrâneo

<750 750-950 960-1100

Clima Tropical < 1000

1.000-1.200 1.200-1.400

Fonte: Revista Green Hotelier- No. 16/1999

4.2.1.2- INICIATIVAS RELACIONADAS COM O USO EXCESSIVO DE

PRODUTOS QUE PODEM AGREDIR O MEIO AMBIENTE.

Alguns produtos possuem características não biodegradáveis, além de outras tóxicas que

podem causar sérios problemas ambientais. Além disso, alguns alimentos e bebidas trazem

muitas embalagens desnecessárias que vão acabar num lixão ou aterro sanitário. Alguns

procedimentos de rotina, realizados em hotéis, pousadas e resorts também provocam

impactos ambientais significativos ao meio ambiente. A seguir estão listadas algumas

iniciativas que podem amenizar esses impactos, favorecendo assim o meio ambiente:

• Diminuir a lavagem diária de roupa de cama e banho. Os detergentes e sabões usados

para esta lavagem vão para os rios e mares e podem causar danos a estes ecossistemas Na

lavagem de roupas também consome-se muita água, que precisa ser economizada.

Para evitar esses problemas, instruir os hóspedes para sinalizarem quando desejarem a

troca destas roupas. Alguns cartazes contendo uma mensagem direcionada para o hóspede,

similar a descrita a seguir, já são utilizados em alguns hotéis brasileiros.

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“ Senhores hóspedes,

O nosso hotel vem adotando algumas medidas que visam a diminuição dos nossos

impactos ambientais, entre estes o uso excessivo de recursos naturais e de produtos que

agridem o meio ambiente.

Diariamente uma enorme quantidade de toalhas são desnecessariamente lavadas,

consumindo-se água, energia e uma grande quantidade de detergentes que acabam

poluindo o nosso meio ambiente.

Visando a contribuir com a nossa iniciativa, queiram por favor, sinalizar quando

desejam ter suas toalhas trocadas, da seguinte forma:

- Se deixarem as toalhas no chão, significa que devemos trocá-la;

- Se deixarem as toalhas penduradas no banheiro significa que irão reutilizá-las.

Nosso hotel e a natureza agradecem a sua colaboração”.

Fonte: Hotel Meridien, Salvador, Bahia, 1999.

No Bass Hotels e Resorts, Atlanta, USA além dessa medida, adota-se como

procedimento de rotina só trocar a roupa de cama a cada três dias, exceto nos casos em

que os hóspedes solicitem essa troca. Os hóspedes são comunicados na chegada sobre esse

procedimento. Esse hotel chegou a economizar 50.000 galões de água e 4.000 galões de

detergentes por mês depois que adotou essa medida.

• Substituir o cloro usado no tratamento de piscinas por sistema não tóxico de ionização

de cobre.

Essa iniciativa vem sendo adotada com sucesso pelo The Taj Group Hotels, Munbai,

Índia.

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• Substituir equipamentos de refrigeração que utilizam CFCs- Cloro, Flúor, Carbono por

outros que utilizam produtos menos agressivos. Evitar também o uso de sprays que

possuem estes compostos nas suas composições. Eles destroem a camada de ozônio.

A maioria dos hotéis internacionais pesquisados já adotam algumas medidas para evitar

o uso de produtos agressivos que causam impactos negativos ao meio ambiente. Destacam-

se algumas delas a seguir:

• ACCOR, Paris, France, aboliu qualquer material a base de amianto que pode trazer

danos à saúde humana e ao meio ambiente.

• Scandic Hotels AB, Stockholm, Sweden, só utiliza produtos de limpeza

biodegradáveis, os quais são também diluídos para uso.

• Starwood Hotels & Resorts Wordwide Inc., NY, USA, possui procedimento que

orienta o setor de compras e suprimentos para selecionar produtos e novos equipamentos

de acordo com alguns critérios ambientais.

• Usar papel reciclado nas impressões de material informativo ou institucional de

marketing, substituindo o papel tratado com cloro que causa impactos negativos ao meio

ambiente.

Essa iniciativa foi registrada principalmente pelos hotéis ACCOR, Paris, France e

Radisson SAS Hotels Worldwide, Bruxelles, Belgium.

• Eliminar o uso de fertilizantes e agrotóxicos nos jardins.

Usar produtos naturais para eliminar as pragas.

Para produzir adubos usar os restos de alimentos, gerados no restaurante. Esse processo

é denominado COMPOSTAGEM e já existem no mercado pequenas composteiras para

serem utilizadas para este fim.

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• Utilizar produtos frescos para a alimentação dos hóspedes, cultivando, quando

possível, hortas próprias. que podem ser tratadas com adubos obtidos pelo processo de

compostagem.

O ACCOR, Paris, France e o, Scandic Hotels AB, Stockholm, Sweden. registram que

só adquirem frutas e hortaliças que são cultivada sem o uso de agrotóxicos

O Hotel Melia Bali, Nusa Dua, em Bali, utiliza algas retiradas de lagoas próximas ao

hotel para adubar os seus jardins. O Renaissance Orlando Resort, USA tem usados

insetos como pesticidas naturais para combater pragas que surgem nos seus jardins.

A IHEI (1999) (a) (b) (c) registra inúmeros estudos de caso em que empreendimentos

hoteleiros, localizados em áreas ecoturísticas ou de campo, oferecem apoio financeiro para

que a comunidade local cultive hortas dentro dos padrões de qualidade ambiental (livre de

adubos químicos e agro-tóxicos). Hotéis do grupo ACCOR, por exemplo, já vem adotando

essa prática em algumas regiões onde estão instalados seus hotéis.

Os produtos cultivados nas hortas são comprados pelo hotéis por preços inferiores aos

comercializados no mercado. A medida também tem um caráter social, contribuindo com a

geração de empregos e melhoria de renda da população local.

Muitos hotéis declaram que enviam restos de alimentos para criadores de porcos e

outros criam minhocas (excelente para aeração de solos) alimentando-as com restos de

alimentos gerados nos hotéis.

4.1.2.3- INICIATIVAS RELACIONADAS COM A MINIMIZAÇÃO E

TRATAMENTO DE RESÍDUOS

A quantidade de resíduos gerada em alguns hotéis é muito grande. Em relação aos

resíduos sólidos, cada hóspede gera em média 1 Kg de lixo por dia, o qual vai acabar num

lixão, poluindo o solo e as águas subterrâneas. Muitas águas servidas e um volume muito

grande de esgoto também são gerados no local, os quais precisam ser tratados e

minimizados.

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A seguir são dadas algumas recomendações direcionadas para a minimização de

resíduos sólidos num hotel:

• Dê preferência a produtos que são acondicionados em embalagens maiores e que

possam ser reaproveitadas.

No caso de manteiga, geleia e açúcar estes produtos podem ser servidos em pequenos

recipientes de vidro ou inox, ao invés de embalagens plásticas pequenas, para uso

individual, que acabam indo para o lixo com grande quantidade de restos do produto.

No caso de shampoos e cremes rinse, use recipientes dotados de pequenas torneiras que

possam ser instalados nas paredes de banheiros e reabastecidos quando necessário. Usar

sabonetes líquidos para evitar o desperdício diário do sabonete sólido.

• Implantar um Programa de Coleta Seletiva de Lixo, encaminhando para reuso ou

reciclagem o material coletado. Reusar, no próprio local, alguns materiais tais como papéis

já usados que podem ser reaproveitados como rascunho. A aplicação do Princípio dos 3Rs

(Reduzir, Reusar, Reciclar) deve ser sempre viabilizada para todos os resíduos gerados no

hotel.

Os cartuchos de impressoras e o óleo de cozinha usado podem ser enviados para

empresas especializadas em reciclá-los.

As pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes, restos de remédio e produtos usados em

primeiros socorros precisam ter um destino apropriado pois são fontes potenciais de

impactos ambientais.

As iniciativas sugeridas acima são implementadas na maioria dos hotéis pesquisados

tais como:

• ACCOR, Paris, France, envia o óleo utilizado nas suas cozinhas para empresas

especializadas em reciclar esse produto, o qual pode ser utilizado para outros fins. O hotel

também envia cartuchos de impressoras para serem reabastecidos.

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• Scandic Hotels AB, Stockholm, Sweden só adquire produtos alimentícios tais como

geleias, molhos, manteigas, etc, em embalagens grandes, abolindo as embalagens para uso

individual. Com essa medida o empreendimento já reduziu dezenas de toneladas de

resíduos por ano.

• Bass Hotels e Resorts, Atlanta, USA instala coletores coloridos para a coleta seletiva de

lixo em cada apartamento. Em outros hotéis estes coletores são instalados apenas em áreas

estratégicas de circulação. O hotel também utiliza sabonetes, shampoos e cremes-rinse em

recipientes instalados nas paredes dos banheiros, que podem ser reabastecidos quando

necessário, evitando o uso de pequenas embalagens e o uso de sabonetes sólidos.

A questão do tratamento de esgotos e da água consumida na empresa hoteleira requer

também uma atenção especial. Esses aspectos não são tão críticos em hotéis localizados em

áreas em que empresas de saneamento oferecem esses serviços. O mesmo não acontece

para hotéis localizados em áreas rurais ou outras em que esses serviços não estão

disponíveis. Nesses casos, é necessário instalar uma ETA- Estação de Tratamento de Água

e uma ETE- Estação de Tratamento de Efluente.

Os resíduos gerados na ETE podem ser utilizados como adubo e os produtos químicos

utilizados para tratar a água, na ETA, devem ser usados adequadamente para evitar

desperdícios. Da mesma forma, esses devem ser escolhidos levando-se em consideração os

impactos ambientais que podem causar ao meio ambiente.

Para hotéis que utilizam fossa para lançar seus esgotos e tem como fonte de

abastecimento de água os lençóis freáticos (água subterrânea), dos quais a água é captada

através de poços, esses devem manter uma distância significativa das áreas onde estão

localizadas as fossas, a fim de evitar contaminações da água com organismos fecais,

colocando em risco a saúde dos hóspedes e dos empregados do hotel.

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4.2.1.4-INICIATIVAS RELACIONADAS COM OUTROS ASPECTOS

AMBIENTAIS

Outros detalhes que envolvem as questões ambientais e que podem passar

despercebidos também precisam ser observados. Alguns deles estão citados a seguir:

• Usar mobiliário proveniente de florestas renováveis e acessórios de decoração que

utilizam fibras vegetais ao invés de couro de animais. Com isto a biodiversidade do planeta

estará sendo preservada.

Essa iniciativa foi registrada pelo Scandic Hotels AB, Stockholm, Sweden cujos

móveis e acessórios de decoração são fabricados com madeira proveniente de florestas

renováveis, evitando-se o uso do plástico e metal.

• Construir apartamentos sob a ótica da arquitetura ambiental, aproveitando melhor a luz

e a brisa. Qualquer hóspede prefere sentir essa brisa ao invés de ficar confinado num

ambiente refrigerado artificialmente.

A Revista Green Hotelier No. 16/1999 tem como reportagem de capa as vantagens da

arquitetura ambiental e cita, na página 22, algumas diretrizes a serem seguidas quando na

escolha do projeto arquitetônico, tais materiais usados na construção e na decoração, a

posição das instalações em relação ao sol e ao vento, de forma que os recursos naturais do

local sejam bem aproveitados, entre outros fatores que precisam ser observados na

arquitetura ambiental.

• Oferecer aos hóspedes e empregados a opção de transporte coletivo do hotel.Com isto

haverá uma redução de gases que promovem o efeito estufa e que são produzidos durante

o processo de combustão que ocorre nos motores veiculares.

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4.2.2-INICIATIVAS TIPO B

4.2.2.1- IMPLANTAÇÃO DE UM PLANO VERDE CONSTRUÍDO POR TIMES

DE TRABALHO

Essa proposta, criada e sugerida pela autora, tem como principal característica, além

daquelas que já mencionadas referentes a essa classificação (Iniciativa do tipo B),

envolver e comprometer, de forma efetiva, diversos setores e pessoas da empresa com as

iniciativas a serem introduzidas, visto que os times formados são estimulados, através de

uma competição positiva, a demonstrar para alta administração da empresa hoteleira,

resultados satisfatórios sobre o andamento dos seus respectivos trabalhos.

Para adotar esta proposta, a alta administração deverá reunir todos os colaboradores da

empresa para anunciar a intenção de implantar este plano, mostrando as vantagens que isto

trará para todos.

Times de trabalhos devem ser formados, cada um responsável por uma determinada

área de ação. É importante que cada um dos empregados possa escolher o time que deseja

trabalhar, não só no que se refere aos parceiros do trabalho, como também à área a ser

trabalhada.

Os seguintes times podem ser criados:

- Time da água: ficará responsável pelo controle do consumo de água;

- Time da energia: ficará responsável pelo controle do consumo de energia;

- Time dos resíduos sólidos: ficará responsável pelo controle da geração de resíduos

sólidos;

- Time dos efluentes líquidos e emissões gasosas: ficará responsável pelo controle da

geração de efluentes líquidos e de emissões gasosas da empresa, tais como as águas

residuais provenientes de banhos e atividades de limpeza, os esgotos, as emissões

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veiculares e aquelas provenientes de equipamentos ou outras atividades desenvolvidas no

local.

Cada time pode também designar um nome específico para este, associando-o à sua

área de trabalho. Outros times podem ainda ser criados relacionados com outras áreas de

ação.

Exemplo:

Time das compras e suprimentos, que ficará responsável pela análise e controle de

produtos adquiridos pela empresa, agindo para substituir aqueles que causam impactos

negativos ao meio ambiente.

Após a formação de times de trabalho, será necessário levantar os problemas

relacionados com as áreas focalizadas.

Exemplo:

O time da água poderá investigar qual é o consumo médio de água da empresa, se existe

dados precisos referentes a este consumo, se há uma rotina de manutenção das tubulações

que conduzem água para a empresa com o objetivo de sanar problemas de vazamentos, se

há sistemas implantados para diminuir desperdícios tais como torneiras que se abrem sob

pressão ou pela ação de sensores, etc.

A partir dos problemas levantados será possível estabelecer um plano de ação com

objetivos e metas a serem alcançados.

Exemplo:

Caso o time da água tenha constatado que o consumo de água da empresa é muito alto, um

dos objetivos a ser alcançado será reduzir o consumo de água. A meta respectiva deverá

ser: reduzir em X% o consumo de água até o final do ano vigente. É importante enfatizar

que metas devem ser quantificáveis e terem prazos definidos para serem cumpridas.

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O percentual de redução estabelecido também deve ser definido dentro de uma

probabilidade realística evitando a definição de metas difíceis ou impossíveis de serem

alcançadas.

Ao definir as ações necessárias para o cumprimento de uma meta, estas ações poderão

nortear a sua quantificação, prevendo-se o percentual possível de redução a ser atingido no

prazo estabelecido. As ações a serem implementadas podem ser diversas e escolhidas de

acordo com os recursos disponíveis e os objetivos almejados.

É importante também estabelecer um indicador de desempenho para que se possa

acompanhar o avanço do objetivo/meta definido. Assim, para o exemplo dado, o melhor

indicador será o consumo de água por mês ou por semana. Com este indicador, que

também deve ser comparado com valores benchmarks, será fácil calcular o percentual

obtido de redução do consumo de água no prazo estabelecido e verificar o quanto a

empresa economizou.

Quando todos os times tiverem definidos seus planos de ação é o momento da alta

administração marcar uma reunião para que todos possam apresentá-los e discuti-los. O

conjunto dos planos de ação de cada time irá compor o Plano Verde da empresa. Caberá a

alta administração realizar, a cada mês, novas reuniões para que cada time apresente os

resultados alcançados, assim como as dificuldades enfrentadas na implantação do Plano

Verde. Isto também permite o acompanhamento dos trabalhos pela alta administração, que

deve oferecer todo o suporte necessário para que os times entrem em ação. Os times serão

estimulados a demonstrar os melhores resultados, elegendo-se, a cada mês, o time

campeão.

Os times também devem agir em conjunto organizando palestras de sensibilização com

os demais colaboradores da empresa, divulgando os resultados alcançados, principalmente

os benefícios econômicos, Isto permitirá que as pessoa sintam-se motivadas e estimuladas

a contribuir com o sucesso do Plano Verde.

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Benefícios econômicos de outros hotéis que já implantaram iniciativas ambientais,

podem também ser apresentados. A IHEI (1999) (a) (b) (c), apresenta dados referentes a

ganhos econômicos obtidos por hotéis internacionais .

Ao final de cada ano, o Plano Verde deve ser revisto para que novos objetivos e metas

sejam definidos, de forma que a empresa hoteleira melhore continuamente seu desempenho

ambiental

4.2.2.2-IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE PRODUÇÃO LIMPA

Os princípios da Produção Limpa (Clean Production) surgiram nos anos 80, por

iniciativa da organização ambientalista internacional Greenpeace e inicialmente foi

direcionado para processos industrias.

O conceito de Produção Limpa tem como proposta substituir os processo convencionais,

os quais sempre foram desenvolvidos de forma linear e gerando resíduos, por processos

cíclicos que imitam os ciclos da natureza, tendo como o foco aproveitar e reduzir ao

máximo os resíduos, sejam estes sólidos, líquidos ou gasosos.

Ao contrário da postura usual de algumas empresas que sempre foi de se preocupar

apenas com o que se podia fazer para tratar seus resíduos, a aplicação destes Programas

requer uma investigação das causas da geração desses resíduos. Assim, a pergunta “O que

vou fazer com os meus resíduos?” passa a ser substituída pela pergunta: “ De onde vêm

os meus resíduos e por que eles se formam?”

Ao identificar a origem e causas da geração dos resíduos é possível encontrar

alternativas de produção limpa, reduzindo essa geração ou mesmo evitando-a.

Os Programas de Produção Limpa já vem sendo amplamente disseminados no mundo e

já existem cerca de 30 Centros de Produção Limpa criados com o apoio da UNIDO/UNEP,

envolvendo muitos países e organizações.

O CNTL- Centro Nacional de Tecnologias Limpas foi o primeiro Centro deste tipo

criado no Brasil. Sua implantação, em julho de 1995, foi fruto de um convênio com a

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UNIDO/UNEP e o Ministério das Relações Exteriores, em parceria com a Federação das

Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul. Existem também Núcleos de Produção Limpa

no Brasil sediados em diversos estados brasileiros os quais atuam em conjunto com

universidades e empresas, formando uma rede voltada para a disseminação destes

programas no Brasil.

Um Programa de Produção Limpa funciona como uma espécie de medicina preventiva e

holística. Preventiva pois previne a criação do problema, e holística porque examina o

problema da geração de resíduos de uma forma ampla, sistêmica, considerando o seu

gerador (que pode ser uma indústria, um empresa hoteleira, uma casa comercial, etc) como

um conjunto de processos interdependentes. Assim, a análise do resíduo é feita

considerando-se tudo que envolve a sua geração.

Entre algumas causas da geração de resíduos e de desperdícios numa empresa hoteleira

pode-se citar:

- pessoas que realizam suas atividades de forma inadequada;

- equipamentos ou práticas ultrapassadas ou inadequadas;

- uso de produtos de baixa qualidade;

- falta de manutenção de equipamentos utilizados ;

- falta de organização nos setores de apoio tais como almoxarifados e cozinha;

- lay-out da empresa inadequado;

- falta de motivação e compromisso das pessoas com os desperdícios, etc, etc.

Em linhas gerais, para implantar um Programa de Produção Limpa numa empresa

hoteleira é necessário, inicialmente, criar uma equipe, que pode ser denominada Eco-Time,

a qual deve ser composta de representantes dos diversos setores da empresa e ficará

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responsável, tanto pela implantação do Programa, quanto pela sensibilização dos demais

empregados, estimulando a todos a também participarem do processo.

O estudo detalhado dos processos e atividades desenvolvidas no empreendimento pode

ser feito elaborando-se um fluxograma que identifique os “in puts” ( entradas de matérias

primas/uso de recursos naturais) e “out- puts” (saídas de resíduos/perdas de recursos

naturais) relacionadas com as atividades/processos desenvolvidas na empresa hoteleira.

A Figura 1, a seguir, ilustra um diagrama que permite visualizar as entradas (in puts) e

saídas (out puts) relacionadas com as principais atividades/processos desenvolvidos numa

empresa hoteleira: hospedagem, alimentação, serviços gerais/manutenção, recreação/ lazer

e administração. Em todas elas são utilizados produtos que vêm da natureza e acabam

voltando para ela na forma de resíduos gasosos, líquidos ou sólidos, causando assim,

impactos ambientais significativos.

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Figura 1 - Entradas (in puts) e saídas (out puts) relacionadas com as principais

atividades/processos desenvolvidos numa empresa hoteleira

Fonte: ABREU (2001) (b)

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A partir deste diagrama, com ajuda de algumas planilhas, deve-se realizar um balanço

de massa de todos os produtos/recursos naturais envolvidos nas atividades/processos

desenvolvidas no empreendimento. Esse balanço permitirá identificar áreas problemáticas,

nas quais estão sendo gerados muitos resíduos e/ou se consumindo muitos

produtos/recursos naturais. Ao mesmo tempo, ele permite iniciar uma sistematização para

controlar as entradas e saídas da empresa hoteleira, permitindo assim que esta tome

conhecimento dos seus desperdícios e quanto está perdendo de dinheiro com estes

desperdícios.

Algumas dificuldades podem surgir na realização deste balanço, já que muitos itens

podem nunca ter sido quantificados ou serem de difícil quantificação. No entanto, será

necessário viabilizar algumas medidas, ainda que de forma imprecisa. Muitas delas

poderão ser estimadas tomando-se como base valores medidos ao longo de uma semana ou

um mês, a depender do caso. Deve-se avaliar cuidadosamente a coerência das unidades

usadas e quantificar com mais precisão os resíduos perigosos e aqueles gerados a partir de

produtos muitos caros.

Identificando-se as áreas mais problemáticas, é hora então de investigar as causas da

geração excessiva dos resíduos ou perdas detectadas Esta investigação pode ser feita

identificando-se como e porquê os resíduos foram gerados.

Muitas vezes, a origem do problema pode estar num vazamento ou num procedimento

inadequado e a sua solução pode ser muito simples.

Baseando-se nesta investigação, uma listagem das possíveis alternativas de produção

limpa, direcionadas para as origens do problemas levantados, deve ser elaborada. Neste

momento é importante que o Eco-time dê contribuições e também receba, de outros

colaboradores, idéias referentes a possíveis alternativas. Alguns exemplos de práticas

adotadas em outras empresas hoteleiras também devem ser pesquisadas.

As alternativas escolhidas como as mais importantes devem ser avaliadas, quanto a sua

viabilidade, levando-se em conta os aspectos ambientais, práticos e econômicos

envolvidos. Algumas questões podem ajudar a direcionar esta avaliação, tais como:

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- As opções são baseadas em pessoas ou equipamentos?

- São simples ou complexas?

- Exigem grandes mudanças nos procedimentos já adotados na empresa?

- Exigem mudanças de produtos e/ou equipamentos?

Após estes questionamentos, realizando-se uma análise ambiental, técnica e econômica

das alternativas, algumas delas podem ser selecionadas e um plano de ação, com o objetivo

de colocá-las em prática, deve ser definido. Neste plano deve-se estabelecer prazos e

pessoas responsáveis por cada tarefa relacionada com a opção selecionada.

É importante que, durante análise econômica seja feito, tanto o cálculo do valor do

investimento, como o seu tempo do retorno, tomando-se como base os benefícios que a

ação implementada poderá trazer para a empresa hoteleira. Este é um dos dados mais

interessantes para a alta administração, que, sem dúvida, vai querer saber quanto a ação a

ser implementada vai exigir de investimento e se esse poderá ser realizado de acordo com

os recursos financeiros disponíveis.

Com as alternativas de produção limpa aprovadas como viáveis em todos os aspectos

analisados, é preciso colocá-las em prática sob um contínuo monitoramento dos resultados

obtidos. Para tal, será necessário definir alguns indicadores de desempenho de forma que

estes possam ser comparados antes e depois da implantação do plano de ação.

Abaixo, estão alguns exemplos de indicadores que podem ser definidos e escolhidos de

acordo com ação implantada:

• Consumo de água/hóspede - indicador que pode ser associado a alguma ação

relacionada com a redução do consumo de água;

• Quantidade de resíduo gerado/hóspede - indicador que pode ser associado a alguma

ação relacionada com a redução de um tipo de resíduo gerado no empreendimento, tais

como restos de alimentos, embalagens plásticas, vidro, etc.

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• Consumo de energia/hóspede- indicador que pode ser associado a alguma ação

relacionada com a redução do consumo de energia.

Outros indicadores podem ser criados.

Depois que as alternativas escolhidas forem colocadas em prática, aquelas não

priorizadas no primeiro momento deverão ser implementadas. Assim, a empresa estará

caminhando em busca da melhoria contínua do seu desempenho ambiental. Todas as

atividades/processos devem ser contempladas no sentido de reduzir ao máximo a geração

de resíduos e desperdícios em todas as áreas da empresa.

4.2.2.3- IMPLANTAÇÃO DA ISO-14001

A ISO-14001 é uma das normas ambientais da série ISO-14000 que estabelece

diretrizes e requisitos para uma empresa implantar um Sistema de Gestão Ambiental–SGA,

habilitando-a também a receber uma certificação ambiental internacional.

A norma ISO-14004 (Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes gerais sobre princípios,

sistemas e técnicas de apoio) é um guia que orienta no processo de implantação da ISO-

14001. Ambas devem ser utilizadas para nortear o processo de implantação do SGA numa

empresa. Estas normas são adquiridas através da ABNT- Associação Brasileira de Normas

Técnicas, que representa o Brasil na ISO- International Organization for Standardization

(Organização Internacional de Padronização), responsável pela elaboração destas normas.

A certificação ISO-14001 é obtida após uma auditoria realizada por um Organismo

Certificador que irá avaliar se a empresa está em conformidade com a norma em questão.

Esta certificação vem sendo o novo alvo das empresas. Só no Brasil, até o final de 1999, já

existiam mais de 150 empresas certificadas e este número vem aumentando a cada dia,

desde que a certificação ambiental se tornou um diferencial competitivo no mundo dos

negócios. Clientes, acionistas e toda a sociedade em geral nunca estiveram tão exigentes

em a relação ao desempenho ambiental das empresas como nos dias atuais. A IHIE,1999

(c) publica uma lista de hotéis internacionais que já receberam a certificação ISO-14001.

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No total dos 27 hotéis citados, 18 estão localizados na Europa. No Brasil já começa a

existir o interesse de grandes hotéis nessa certificação.

A certificação de hotéis nos moldes da ISO-9000 ou dentro dos princípios da GQT-

Sistema de Gestão da Qualidade Total já são muito comuns no Brasil e a certificação ISO-

14001 deve, em breve, acompanhar a essa mesma tendência .

Ao obter a certificação ambiental nos moldes da ISO-14001, a empresa recebe uma

espécie de comprovante que atesta para seus clientes, e demais partes interessadas na

empresa, que esta vem atuando no sentido de melhorar o seu desempenho ambiental. No

entanto, isto não significa que ela já terá todos os seus problemas ambientais resolvidos. A

certificação apenas comprova que a empresa tem suas questões ambientais devidamente

gerenciadas e encontra-se comprometida com a melhoria contínua do seu desempenho

ambiental.

O processo de implantação de um SGA nos moldes da ISO-14001 passa por cinco

etapas básicas que compõem um ciclo conhecido como “Ciclo do PDCA”, iniciais das

palavras inglesas Plan (Planejar), Do (fazer), Check ( checar), Act (agir para a melhoria

contínua).

O ciclo do PDCA é também utilizado nos processos de implantação do Gerenciamento

pela Qualidade Total (GQT) e na implantação de outros programas de gestão empresarial.

A Figura 2, a seguir, apresenta o ciclo PDCA de implantação da ISO-14001. A

descrição resumida das etapas inseridas nesse ciclo serão também descritas. O grande

espiral representado neste ciclo, significa que este deverá sempre ser renovado em busca da

melhoria do desempenho ambiental da empresa.

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• A 1ª Etapa : Definição da Política Ambiental

Segundo a definição dada pela ABNT (1997), NBR ISO-14001, p.4, a Política

Ambiental é : “Uma declaração da organização, expondo suas intenções e princípios em

relação ao seu desempenho ambiental global que provê uma estrutura para ação e

definição de seus objetivos e metas ambientais”.

A norma de orientação ISO-14004 (Sistemas de gestão ambiental - Diretrizes gerais

sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio) aconselha as empresas a declararem suas

políticas ambientais da forma mais realística possível e que estas obedeçam os seguintes

critérios:

- sejam apropriadas à natureza, escala e impactos ambientais das atividades/ processos da

empresa;

- incluam compromisso com a prevenção da poluição;

Figura 2: Ciclo de implantação da ISO-14001

Fonte: ABREU (2000)

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- incluam o compromisso com o cumprimento da legislação e todos os regulamentos aos

quais a empresa esteja submetida;

- informem os mecanismos para fixar e reavaliar os objetivos e metas ambientais;

- sejam documentadas, implementadas, mantidas e comunicadas a todos os empregados e

- estejam disponível ao público.

• A 2ª etapa: Planejamento

Esta etapa é o coração do processo de implantação da norma, pois tudo gira em torno do

Plano de Gestão Ambiental- PGA que deve ser definido neste momento. Este Plano deve

ter como foco os problemas ambientais mais significativos da empresa. Para identificá-los,

é preciso fazer o levantamento de todos os seus aspectos e impactos ambientais

relacionados.

Segundo a ABNT (1997), NBR ISO-14001, p. 4, aspecto ambiental, é: “Elemento das

atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio

ambiente”.

A mesma referência anterior, p.5, define o impacto ambiental como: “Qualquer

modificação do meio ambiente, adversa ou benéfica, que resulte, no todo ou em parte, das

atividades, produtos ou serviços de uma organização” .

De acordo com a ABNT (1997), NBR-ISO-14004, o relacionamento entre aspectos e

impactos ambientais é de causa e efeito.

Exemplos:

A geração de esgotos num hotel é um dos seus aspectos ambientais.

A contaminação de corpos d’água e do solo, como conseqüência do descarte destes

esgotos no ambiente, é o impacto ambiental.

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O aspecto ambiental é sempre o elemento que causa o impacto ambiental e o impacto

não existe sem o aspecto ambiental.

O levantamento de todos os aspectos/impactos ambientais de uma empresa requer um

trabalho árduo e muitas reuniões com representantes de todas as áreas da empresa, já que

em todos os setores existem muitos aspectos/impactos a serem levantados. E todos

precisam ser listados, mesmo aqueles aparentemente insignificantes.

Após este levantamento, os impactos ambientais devem ser priorizados para a escolha

daqueles que serão contemplados na definição dos objetivos e metas ambientais que irão

compor o PGA. O que geralmente se faz é começar, na primeira rodada do ciclo PDCA de

implantação da norma, com o foco nos impactos mais significativos.

O PGA é composto dos objetivos e metas ambientais que são definidos com o foco nos

impactos ambientais selecionados e nos requisitos legais aos quais a empresa está

submetida. Os fatores econômicos precisam também ser considerados nessa definição, já

que a norma não faz exigências quanto aos objetivos e metas, exceto que estes que possam

evoluir de forma gradativa, sempre em busca da melhoria contínua de desempenho

ambiental da empresa.

Muito importante é o estabelecimento de indicadores de desempenho ambiental os quais

podem ser escolhidos de acordo com a meta definida. Estes indicadores permitem avaliar

se as metas estão sendo atingidas ao longo do período estipulado.

A Tabela 3, a seguir, apresenta exemplos de alguns aspectos/impactos que podem ser

priorizados no segmento hoteleiro, com alguns objetivos e metas a estes associados, assim

como seus respectivos indicadores de acompanhamento de desempenho.

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Tabela 3: Aspectos/impacto/objetivos/metas associados ao o segmento hoteleiro

Aspecto

ambiental

Impacto

Ambiental

Objetivo

Meta

Indicador

de acompanha-

mento

de desempenho

ambiental

Geração de

esgoto

Poluição do

solo e água

Diminuir a

quantidade de

esgoto lançada

Reduzir 20%

até o final de

2001

M3 de esgoto

por mês

Uso de água Diminuição

dos recursos

naturais

Diminuir o

consumo de água

Reduzir 30%

até o final de

2001

M3 de água

consumida

por mês

Uso de energia Diminuição

dos recursos

naturais

Diminuir o

consumo de

Energia

Reduzir 20%

até o final de

2001

KW de energia

consumida

por mês.

Fonte: ABREU (2001) (b)

Ao final do período estabelecido para o alcance das metas, os novos objetivos/metas

podem ser planejados à luz do desempenho ambiental atingido no período anterior. O

processo não deve parar, de forma a prosseguir rumo a melhoria contínua.

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• A 3ª Etapa : Implementação e Operação

Nesta etapa, o PGA anteriormente definido deverá ser colocado em prática. Para isto,

será necessário delinear toda a estrutura básica necessária para a implantação do SGA de

acordo com as exigências da norma ISO-14001.

É necessário, também, treinar e conscientizar as pessoas para as questões ambientais,

implementando programas de treinamento e programas de educação ambiental.

Os responsáveis diretos por cada objetivo/meta devem definir seus planos de ação

detalhados e respectivos cronogramas de forma que estes estejam alinhados com os prazos

estipulados nas metas.

Como num Sistema de Gestão da Qualidade - SGQ, a ISO-14001 exige uma

documentação que dê apoio ao SGA. Caso a empresa já possua um SGQ implantado, será

mais fácil incorporar novos documentos referentes ao SGA. Caso contrário, o processo é

mais trabalhoso. Para facilitar a organização da documentação, é necessário ter o suporte

de alguém que já participou da implantação de um SGQ, já que o processo é muito

semelhante.

O sistema de documentação da empresa tem como personagem principal o Manual do

SGA que, muito parecido com o Manual da Qualidade, deve ser bastante objetivo e

resumido, descrevendo, em linguagem simples, como funciona o sistema, incluindo a

política ambiental, a estrutura organizacional do SGA (com a matriz de autoridade e

responsabilidade nos diversos níveis funcionais da empresa) e como são gerenciadas as

questões referentes a todas as exigências da norma.

Não se pode esquecer também de criar mecanismos eficazes de comunicação entre

todos os setores/pessoas que estão envolvidos com o conjunto de objetivos e metas

ambientais que compõem o PGA da empresa, pois todos devem saber como este vem

evoluindo.

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• A 4ª Etapa - Verificação e Ação Corretiva

Nesta etapa é o momento de verificar se tudo que está sendo realizado encontra-se em

conformidade com o que foi planejado e com os requisitos exigidos pela norma ISO-

14001.

É muito importante, neste momento, observar como estão sendo conduzidas as

atividades/processos que provocam impactos ambientais.

Exemplo:

Existem métodos para controlar a geração de resíduos gerados na empresa? Estes são

monitorados regularmente?

Da mesma forma, é hora de observar se todas as não-conformidades estão sendo

levantadas em relação ao cumprimento dos requisitos das normas ISO-14001 e 14004, se

há procedimentos para esse levantamento, assim como para a correção das não-

conformidades.

Nesta etapa são também realizadas as auditorias do SGA, para as quais já devem

também existir procedimentos definidos e escritos.

As auditorias ambientais internas têm como objetivo verificar se as atividades da gestão

ambiental estão, ou não, em conformidade com a norma, atendendo a um item exigido pela

ISO-14001. No final de uma auditoria, após a emissão do relatório pelos auditores, a

pessoa responsável pela área ou atividade auditada poderá visualizar claramente se o SGA

está sendo eficaz, no que se refere ao cumprimento dos seus requisitos e ao desempenho

ambiental planejado. Para isso, a auditoria tem que ser muito criteriosa e seu relatório,

muito bem escrito e detalhado. Os auditores, que devem ser representantes dos diversos

setores da empresa, devem ser preparados através de um curso de formação de auditores.

Todas as práticas, protocolos e procedimentos de uma auditoria do SGA são muito

semelhantes às utilizadas nas auditorias de SGQ e, caso a empresa já tenha esse sistema

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implantado, contar com as pessoas que já fizeram o curso de auditoria da qualidade ajuda

bastante.

• A 5ªEtapa : Análise Crítica do SGA pela administração.

Análise Crítica pela administração é feita com o intuito de identificar as áreas que

precisam ser aperfeiçoadas, de maneira a manter a melhoria contínua do SGA.

Nessa etapa, é possível ver como estão andando os objetivos e metas ambientais, no

que se refere aos seus cumprimentos e o que foi feito para corrigir as não-conformidades

detectadas nas auditorias. O grande instrumento para subsidiar a realização da Análise

Crítica deverá ser o PGA e seus respectivos indicadores de desempenho Através desta

análise, pode-se ter uma visão clara do que será necessário fazer de forma a atingir a

melhoria contínua do desempenho ambiental da empresa.

No final dessa etapa, um relatório deve ser preparado, constando as recomendações que

devem ser seguidas. O ciclo do PDCA deverá prosseguir rodando, sempre evoluindo para a

melhoria do desempenho ambiental da empresa.

Realizadas todas estas etapas, é o momento de convidar o organismo certificador para

realizar a auditoria da empresa. Nesta auditoria será verificado se todos os requisitos

exigidos pela ISO-14001 foram cumpridos. Se assim for, a empresa poderá receber a

certificação ambiental.

4.2.2.4- OUTRAS INICIATIVAS

É importante enfatizar que apesar de terem sido apresentadas apenas algumas iniciativas

ambientais que podem ser implementadas no segmento hoteleiro, outras podem ser criadas

ou adaptadas à realidade e as necessidades mais imediatas da empresa.

No que se refere as iniciativas classificadas como Tipo B, sugeridas com o objetivo de

apresentar alternativas que permitem incorporar a cultura ambiental na empresa hoteleira,

estabelecendo uma sistemática em que objetivos e metas ambientais possam ser definidos e

acompanhados, essas também podem ser aplicadas simultaneamente de forma a

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potencializar ou agilizar os objetivos almejados. Assim, um Programa de Produção Limpa

pode servir como um excelente instrumento para uma empresa que se encontra

implantando a norma ISO-14001, já que estes programas podem ser direcionados para os

impactos ambientais selecionados durante o processo de implantação dessa norma. Da

mesma forma, ao escolher a proposta de criação de times de trabalho, cada time pode

buscar alcançar seus objetivos e metas utilizando como instrumento um Programa de

Produção Limpa.

No processo de busca da melhoria de desempenho ambiental algumas empresas

hoteleiras podem, em princípio, ficarem confusas, sem saber como e por onde começar.

Com o objetivo de ajudá-las a escolher o melhor caminho, rumo a qualidade ambiental, a

ABIH Associação Brasileira das Indústrias de Hotéis lançou o Programa de

Responsabilidade Ambiental Hóspedes da Natureza, já mencionado anteriormente

(ABIH, 1999).

Ao assumir a responsabilidade de orientar e fomentar ações ambientais no segmento

hoteleiro, a ABIH demonstra o seu compromisso com o desenvolvimento de um turismo

sustentável no Brasil. Por ser capaz de interagir de forma contínua e permanente com a

comunidade, parceiros, fornecedores, funcionários e hóspedes, esse segmento exerce um

papel fundamental na grande indústria do turismo podendo atuar, efetivamente, como um

perfeito agente multiplicador.

Existem também Programas Ambientais internacionais direcionados para o segmento

turístico/hoteleiro, tais como o Green Globe 21, um certificado ambiental destinado para

viagens e turismo que tem como objetivo ajudar a indústria do turismo a melhorar sua

performance ambiental e a qualidade de vida das pessoas. Em 1996, o Grupo de Hotéis

ACCOR recebeu esse certificado. Maiores informações os requisitos necessários para um

empresa hoteleira pleitear esta certificação estão no site http://www.greenglobe.org

Algumas prêmios são também oferecidos a empreendimentos turístico/hoteleiros que

demonstram um bom desempenho ambiental tais como o Tourism for Tomorrow Awards

criado com o objetivo de reconhecer a responsabilidade ambiental da indústria do turismo.

Em 1997, esse prêmio foi concedido ao The Taj Group Hotels.

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No Brasil, com o lançamento do Programa de Responsabilidade Ambiental

Hóspedes da Natureza, a ABIH, em conjunto com o WTTC-World Travel e Tourism

Council for América Latina, está definindo os requisitos ambientais que permitirão

empresas hoteleiras receber um selo verde específico para o segmento hoteleiro.

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5-INICIATIVAS AMBIENTAIS IMPLEMENTADAS NO PRAIA DO

FORTE ECORESORT

5.1- INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O LOCAL ONDE ESTÁ SITUADO O

EMPREENDIMENTO

O Praia do Forte EcoResort está localizado no município Mata de São João, na Vila

Praia do Forte, onde está situada a APA- Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte da

Bahia-Brasil. Pelas suas características privilegiadas de clima e riquezas naturais, trata-se

de uma área destinada ao desenvolvimento do ecoturismo.

Por iniciativa do proprietário do referido empreendimento foi criada no local, em 1979,

a Fundação Garcia D´Ávila – FGD, instituição de direito privado sem fins lucrativos, com

o objetivo de realizar trabalhos de preservação do patrimônio ecológico e cultural da Praia

do Forte, de forma a contribuir com o desenvolvimento sustentável do lugar. O nome dessa

Fundação é uma homenagem a Francisco Garcia D´Ávila, herdeiro do Castelo Garcia

D´Ávila. Este castelo, trata-se da mais antiga construção portuguesa do Brasil, que foi

iniciada em 1551 e só foi concluída em 1642. As ruínas preservadas desse castelo

compõem um valioso patrimônio histórico nacional e servem de atração para turistas que

visitam o local.

A Vila de Praia do Forte encontra-se a 80 Km da cidade de Salvador e é considerada o

marco zero da Linha Verde, rodovia que interliga Aracajú e Salvador. Possui uma faixa de

aproximadamente 12 Km ao longo da Costa Norte do Estado da Bahia e tem como limites

ao sul e norte, respectivamente, os rios Pojuca e Imbassaí.

A Vila é uma antiga aldeia de pescadores que ainda preserva características rústicas,

onde a maioria dos empreendimentos adotam uma arquitetura que procura estar

harmonizada com a natureza do lugar. Oferece uma infra-estrutura dotada de pousadas,

bares, restaurantes, lojas de artesanato, casas de veraneio e comércio em geral. As suas

ruas não possuem pavimentação asfáltica e as condições de saneamento básico foram

melhoradas, recentemente, com a implantação de uma ETE - Estação de Tratamento de

Esgoto pela EMBASA- Empresa Baiana de Saneamento. Antes disso, as condições

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sanitárias locais eram bastante precárias. A água que abastece a Vila é também tratada e

distribuída pela EMBASA.

Foi através do decreto estadual No. 1.064 de 17 de março de 1992, que a Vila Praia de

Forte passou a fazer parte de um APA- Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte da

Bahia, cuja extensão de 1.384 km 2 é delimitada por uma faixa de 10 Km de linha de

preamar para o interior, correspondente a planícies marinhas, fluvio-marinhas e a porção

de tabuleiros com uma extensão de 142 Km de praias, sendo esta iniciada em Praia do

Forte, onde se localiza a maior concentração de ecossistemas intocados. No lugar está

sediada a Base Nacional de Pesquisas do TAMAR-IBAMA, projeto que há mais de 18

anos protege 5 espécies de tartarugas marinhas.

A Vila caracteriza-se pela grande diversidade de ambientes, com a presença de dunas,

lagoas, mangues, brejos, remanescentes de Mata Atlântica, baías/pontas, cerrados e recifes

de corais, de grande importância estética e hidrogeológica. Algumas reservas naturais estão

ali localizadas tais como a Reserva de Sapiranga, as reservas de Manguezais dos Rios

Pojuca e Timeantube, as reservas das Lagoas de Timeantube e Jauára, os recifes de corais

e praias de desova de tartarugas marinhas, todas estas decretados como Zona de Proteção

Rigorosa, e como área de Preservação Cultural do Patrimônio Histórico em virtude,

principalmente, da existência das ruínas do Castelo de Garcia D´Ávila.

A cultura local é rica, porém pouco conhecida e valorizada, nela destacando-se a cultura

oral e artesanal dos moradores e seu rico patrimônio arqueológico que remontam de cerca

de 4.000 anos atrás.

A Vila Praia do Forte está também inserida na Região Econômica Litoral Norte do

Estado da Bahia, que foi ocupada pela exploração pecuária extensiva, desde os primórdios

da colonização portuguesa. Com o refluxo da pecuária e a decadência da agroindústria

canavieira ao sul da região, a área conheceu a decadência e a estagnação. Nos anos 50, a

exploração de petróleo no município de Mata de São João, Pojuca, Itanagra, Entre Rios e

Cardeal da Silva, ampliou as demandas de serviços de apoio à produção, desenvolveu o

comércio e a construção civil, ao tempo em que produzia uma completa desorganização do

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mercado de terras e da produção rural, comprometendo o abastecimento das comunidades

urbanas da região.

Nos anos 70, esta região econômica foi novamente convulsionada pela introdução da

atividade de reflorestamento. Segundo a CONDER- Companhia de Desenvolvimento

Urbano do Estado da Bahia , esses investimentos ocorreram de forma “não complementar

à economia local”, de modo que provocou a substituição da economia de subsistência,

concentrou a propriedade de terras, e liberou mão-de-obra rural, inflando as cidades

próximas de pequeno e médio porte.

Segundo o Plano de Manejo do Estado da Bahia, existe em toda Região Econômica do

Litoral Norte uma tendência de desarticulação e desaparecimento da produção de

alimentos, embora a agropecuária local ainda explore os cultivos de coco, mandioca,

milho, feijão, laranja, maracujá, pimenta-do-reino, abacaxi e banana, a pecuária bovina e a

avicultura.

A abertura da fronteira de exploração econômica da área litorânea, viabilizada pela

construção da BA – 099, conhecida como Linha Verde, nos primeiros anos da década de

1990, encontrou, na costa atlântica, uma população rarefeita, muito pobre, sem instrução e

sem oportunidades de trabalho. A concentração da propriedade de terras, que já é alta,

tende a aumentar com os empreendimentos imobiliários que crescem em ritmo acelerado.

É nesse contexto que o ecoturismo desponta como a principal atividade da região,

trazendo demandas de curto, médio e longo prazo, colocando novos desafios e

oportunidades que exigem uma concentração de atenções na preservação do rico

patrimônio natural e histórico do lugar, assim como requerendo investimentos na

educação ambiental voltado para a comunidade local, que precisa ser inserida no novo

dinamismo da região.

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5.2- INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O EMPREENDIMENTO

O Praia do Forte EcoResort é um hotel de lazer classificado na categoria de turismo

ecológico, com mais de 11 anos de existência. Sua área atinge 260.000 m2, com uma

arquitetura que ilustra a integração do homem com a natureza. Conta com 242 unidades

habitacionais (uhs) classificadas em 4 categorias:

• Master – 57 uhs

• Master S – 42 uhs

• Standard – 64 uhs

• Superior – 76 uhs

• Suítes – 3 uhs

Todas as unidades habitacionais são confortáveis, aconchegantes, cercadas pelo verde e

localizadas de frente para o mar.

A área social que circunda as piscinas tem teto construído de telhas de barro tipo

colonial ou palha de piaçava, camuflando a enorme construção no meio da vegetação de

palmeiras. A iluminação externa é sempre indireta, respeitando a praia, cujo trecho é

importante área de desova de tartarugas marinhas.

Existem muitos animais livres que habitam o EcoResort, desde divertidas lagartixas,

emas, pavões e uma variedade incrível de pássaros, até um marsupial chamado gambá

americano, que parece um rato. Todos vivem em harmonia com a natureza e com o

homem, que não os alimenta nem os toca.

Insetos também existem, embora em pequena escala, devido ao clima tropical e à

presença de rios, mangues e Mata Atlântica.

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A corrente elétrica é 220 V/60 Hz. A água é potável, captada na Lagoa Timeantube, é

tratada por técnicos da área de manutenção, numa ETA- Estação de Tratamento de Água,

instalada dentro da área do EcoResort.

5.2.1-INFRA-ESTRUTURA

No saguão do EcoResort estão localizados a recepção e o bazar, que oferece todo tipo

de conveniência – desde bronzeadores até jornais e revistas. O salão de beleza e a

enfermaria localizam-se próximo à recepção.

Na passarela que liga a recepção à área social, encontram-se Gu & Guiba Viagens e

Turismo Ltda., agência de receptivo exclusiva do Resort, que disponibiliza toda

informação e estrutura para lazer em Praia do Forte e em Salvador; a Boutique Gu &

Guiba, onde pode-se encontrar T-shirts, maiôs e roupas e a Tartaruga de Ouro, joalheria

que além de outras peças, oferece tartarugas de ouro de todos os tipos e tamanhos para

serem levadas de recordação, já que, além de ser o símbolo da Praia do Forte, é também o

símbolo da longevidade e oferece-las a alguém significa desejar-lhe longa vida.

Circundando a área social, encontram-se o Snack Bar, o anfiteatro - equipado com

cabine de som, a Base de Esportes e Lazer (E&L) e o Fitness Center. À entrada do

anfiteatro estão sempre afixadas as programações do Departamento Ambiental, do E& L e

da Náutica, que vão desde caminhadas ecológicas e todo tipo de jogos até a pesca

oceânica. Por se tratar de área de preservação ambiental, não é permitida a utilização de jet

ski.

Para oferecer mais opções de lazer, o EcoResort dispõe também de salas de jogos, sala

de TV e clube infantil denominado Careta Careta, em homenagem a uma espécie de

tartaruga que habita esta parte do litoral. Através de atividades direcionadas

exclusivamente a crianças de 5 a 12 anos, o clubinho oferece: passeios ecológicos,

oficinas de arte, integração com a natureza, jogos, teatro, palestras educativas e uma série

de atividades destinadas ao entretenimento da crianças que chegam ao Praia do Forte. O

acompanhamento é feito por monitores e educadores ambientais/biólogos.

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O hotel também dispõe dos serviços de baby sitter e Centro de Convenções para

palestras, conferências e seminários.

A gastronomia diversifica-se por três restaurantes distintos, liderados por três Chefs: O

Restaurante Goa, que mistura o rústico com a elegância tropical, e onde são servidos o

café da manhã e o jantar; o Restaurante Tabaréu, simpático quiosque de frente para o

mar, onde são servidos grelhados e buffet de saladas; e o Restaurante Três Pecados, snack

bar localizado junto às piscinas, onde são servidos drinks e refeições rápidas.

Para famílias com filhos em tenra idade, existe a Baby Copa, espaço equipado e

reservado às mães que queiram preparar a alimentação do seu bebê. Lá elas encontram

frutas, sopas, chás, leites e cereais diversos.

O Praia do Forte EcoResort dispõe também de uma enfermaria que funciona 24 horas e

conta com uma equipe médica para consultas e atendimento de primeiros socorros e pré-

hospitalar. O atendimento ainda pode ser feito no apartamento, caso haja necessidade.

Para quem quer fazer exercícios físicos, o EcoResort disponibiliza o Fitness Center,

equipado com aparelhos de última geração – pneumáticos/hidráulicos que funcionam a ar e

trabalham todos os grupos musculares, e que devem ser utilizados sob a orientação dos

instrutores responsáveis. O Fitness Center também oferece aulas de spinning,

hidroginástica e avaliação física, e com explicações prescrição de treinamento.

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As fotos a seguir ilustram a infra-estrutura mencionada acima.

Foto 1-Vista panorâmica das piscinas do Praia do Forte EcoResort

Foto 2-Vista panorâmica da praia e do Praia do Forte EcoResort

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Foto 3-Vista dos apartamentos do Praia do Forte EcoResort

Foto 4-Vista da área de recepção do Praia do Forte EcoResort

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Foto 5-Vista do Restaurante Tabaréu do Praia do Forte EcoResort

Foto 6-Vista do Restaurante Tabaréu do Praia do Forte EcoResort

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Foto 7-Vista do Restaurante Goa do Praia do Forte EcoResort

5.2.2-ENFOQUE ECOTURÍSTICO E PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

O Praia do Forte EcoResort foi reconhecido pelo Guia Quatro Rodas como Melhor

Hotel de Lazer e, em 1996, ganhou o prêmio Turismo Ambiental. Além disso, em 1999 o

Praia do Forte foi também agraciado com o Diploma de Qualidade da BAHIATURSA e

com o Prêmio Instituto Calmon .

As ações de Educação Ambiental que são desenvolvidas no empreendimento visam

conciliar o desenvolvimento do turismo ecológico com a preservação dos recursos naturais

e culturais. Palestras, exposição de vídeos e slides, atividades artísticas, jogos, são

exemplos de atividades desenvolvidas junto aos hóspedes e que estão alinhadas com esse

objetivo.

Os recursos naturais são utilizados como atrativos em forma de passeios ecológico-

culturais. Estas atividades são oferecidas diariamente aos hóspedes e colaboradores do

EcoResort com programação prévia. As caminhadas são sempre acompanhadas por

biólogos, que, de forma didática, fornecem informações sobre a os recursos naturais

locais.

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As caminhadas são limitadas à “capacidade de carga”, isto é, ao limite máximo de

pessoas que podem visitar um ambiente.

As visitas à Reserva da Sapiranga, às Ruínas do Castelo Garcia D’Ávila e ao Projeto

TAMAR-IBAMA são passíveis de pagamento de taxas de preservação. A receita

proveniente dessas taxas é destinada às ações ambientais e melhoria da condição de vida

dos moradores das Zonas de Preservação Rigorosa da Praia do Forte. A opção

preservacionista tem na taxa cultural uma das formas de captação de recursos a serem

aplicados na execução de serviços básicos e comunitários ligados diretamente ao meio

ambiente, tais como: pagamento de guardas florestais, fardamento de funcionários,

recuperação de áreas degradadas, elaboração de folhetos informativos e educativos,

sinalização e serviços essenciais para moradores e turistas que formam, ao lado da

natureza, os elementos de valorização e utilização turística de Praia do Forte.

As fotos a seguir ilustram alguns atrativos naturais do lugar.

Foto 8-Vista do Rio Timeantube

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Foto 9-Vista da Praia e Vila Praia do Forte

Foto 10-Vista do Farol e da Vila Praia do Forte

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Foto 11 - Espécie de macaco-mico que habita a Reserva de Sapiranga

Foto 12 –Flora típica da Reserva de Sapiranga

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Foto 13 –Dunas e lagoa localizadas no entorno do Praia do Forte EcoResort

5.3 – DESCRIÇÃO DAS INICIATIVAS AMBIENTAIS JÁ IMPLEMENTADAS NO

EMPREENDIMENTO

Atividades de cunho educativo direcionadas para a preservação ambiental é uma prática

já consolidada na cultura do EcoResort, as quais são desenvolvidas periodicamente junto

aos hóspedes, principalmente crianças, que participam de brincadeiras que valorizam o

patrimônio natural e cultural do lugar. Os hóspedes costumam valorizar essas atividades,

expressando comentários positivos no questionário de pesquisa de opinião, adotado pelo

empreendimento.

No ano de 1999 o EcoResort implantou a Coleta Seletiva de Lixo, acompanhando uma

iniciativa também da comunidade local, que foi incentivada e apoiada pela FGD- Fundação

Garcia D'Ávila. O empreendimento trabalha de forma totalmente sintonizada com essa

Fundação, que foi fundada pelo seu proprietário.

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No mesmo ano, alguns colaboradores do Praia do Forte EcoResort participaram do

Curso de Formação de Multiplicadores de Educação Ambiental, patrocinado pela FGD,

cujo objetivo era contribuir com a comunidade ecoturística de Praia do Forte na formação

de cidadãos, gestores do seu ambiente, provocando um processo de mobilização social em

benefício da qualidade de vida no lugar.

No período de outubro de 1999 a abril de 2000, o gerente de manutenção em exercício

do Praia do Forte Eco Resort participou do Curso de Especialização em Produção Limpa, o

qual tinha como trabalho prático obrigatório a implantação de um Programa desse tipo no

empreendimento. Esse Programa foi acompanhado pela autora dessa monografia e, após a

realização das etapas necessárias para essa implantação, as seguintes oportunidades de

produção limpa foram identificadas:

a) Grande geração de resíduos orgânicos (restos de alimentos)

A situação registrada no ano de 1999 está sendo apresentada abaixo:

• Total de hóspedes em 1999 128.919

• Resíduo emitido/hóspede (Kg) 0,82

• Total de resíduo emitido/ano (Kg) 106.300

• Custo do resíduo emitido/ano (R$) 205.415

• Custo de disposição resíduo/t (R$) 1.920

Diante desses dados, as seguintes medidas foram identificadas como necessárias para

minimizar a geração desses resíduos:

• aquisição de produtos de melhor qualidade;

• revisão no planejamento da área de Alimentos & Bebidas;

• adoção de práticas de housekeeping;

• aquisição de mais uma câmara frigorífica;

• sensibilização e conscientização através de treinamentos periódicos;

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• acompanhamento dos resultados e disseminação periódica das informações

referentes à eficácia das mudanças implementadas.

b) Grande geração de resíduo de cascas de coco

A situação apresentada em 1999, está sendo apresentada a seguir:

• Total de hóspedes em 1999 128.919

• Resíduo emitido/hóspede (Kg) 1,25

• Total de resíduo emitido/ano (Kg) 161.530

• Custo da matéria-prima (R$) 99.003

• Custo do resíduo emitido/ano (R$) 80.750

• Custo de disposição do resíduo/t (R$) 2.917

• Receita em 1999 (R$) 124.254

Diante desses dados, as seguintes medidas foram identificadas como capazes de dar um

destino apropriado para esse tipo de resíduo:

• identificação de parceiros interessados em aproveitar a casca de coco para

outros fins;

• construção de local para o beneficiamento do resíduo;

• contratação e treinamento de mão-de-obra para trabalhar na unidade de

beneficiamento;

Os resultados do estudo da viabilidade econômica, direcionados para as duas

oportunidades de produção limpa apresentadas, estão ilustrados na Tabela 4 a seguir:

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Tabela 4- Resultados do estudo de viabilidade econômica

Programa de Produção Limpa Eco Resort Praia do Forte

Iniciati-

vas a

serem

adotadas

Investimento

Necessário

(R$)

Período de

recuperação

do capital

(em meses)

Taxa interna

de retorno

( em %)

Benefício

econômico

projetado

(por mês)

Benefício

Ambiental

Redução

da

quanti-

dade

resíduo

orgânico

20.000,00 6.1 189,71 51.436,00 - Redução

de 26 t/ano

de resíduo

orgânico;

- Melho-

ria na

qualidade

de pro-

dutos

adquiridos

e no aten-

dimento ao

hóspede.

Beneficia-

mento e

comerciali-

zação do

resíduo

casca de

coco

19,2000 39,4 21,75 11.200 -Redução

de 176

t/ano o

resíduo,

-Aumento

do tempo

de vida do

aterro

sanitário

local.

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A partir dos dados acima os benefícios globais econômicos projetados apresentaram-se

da seguinte forma:

• Total de benefícios econômicos por ano: R$ 62.646,00

• Total de benefícios econômicos por mês: R$ 5.054,00

• Medidas relacionadas com o desperdício e com a qualidade de água usada para o

consumo

O EcoResort tem como fonte de abastecimento de água a Lagoa Timeantube,

localizada em frente à portaria do EcoResort, onde a água é captada através de um sistema

de bombas. Parte dessa água é bombeada para o tanque de água bruta, a qual é utilizada

para irrigação, sem a necessidade de passar por um tratamento, e a outra é conduzida para

ser tratada, numa pequena ETE- Estação de Tratamento de Água, instalada dentro do

EcoResort.

Na ETA, a água bruta é misturada com sulfato de alumínio, barrilha e cloro, passando

posteriormente pela etapa de floculação, decantação e filtração, na qual são utilizados

filtros de areia e de carvão ativado. A água potável, assim obtida, é distribuída no

EcoResort com ajuda de sistemas de distribuição pneumáticos. O controle de qualidade

dessa água é realizado diariamente, através de medidas de pH, cor e nível de cloro.

Para reduzir o consumo de água no empreendimento, foi feito um trabalho de

sensibilização junto aos hóspedes visando diminuir a lavagem diária de toalhas e lençóis.

Um aviso solicitando que estes sinalizem quando desejam suas toalhas trocadas, foi

também colocado em todos os apartamentos. Por outro lado, decidiu-se que a lavagem da

roupa de banho, mesa e cama fosse realizada por empresa terceirizada.

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• Medidas relacionadas com o desperdício de energia

O consumo médio de energia do empreendimento no último período de baixa estação

(trimestre de maio- julho de 2000) foi de 168.735 KW e no último período de alta estação

(trimestre fevereiro- abril de 2001) foi de 244.500 KW.

Com a crise energética que assolou o País, o consumo de energia passou a ser uma

prioridade do empreendimento, embora, antes disso, muitas medidas para economizar

energia já tenham sido tomadas, tais como: instalar o controle automatizado do consumo;

utilizar cartões que dão acesso tanto aos apartamentos, quanto à rede elétrica; entre outras.

Em reuniões realizadas junto ao Comitê de Gestão de Energia, criado na ocasião,

estabeleceu-se como meta uma redução de 35% em relação ao consumo médio,

correspondente a 137.097 KW. Para isso, as seguintes ações foram definidas como

necessárias: sensibilização e conscientização dos colaboradores, com elaboração de uma

cartilha educativa; revisão e monitoramento de hábitos e práticas relacionadas com o uso

de energia; disseminação periódica das informações referentes à eficácia das mudanças

implementadas.

Outras ações foram também tomadas visando viabilizar o alcance da meta definida, tais

como: utilização de sensores sensíveis à luz solar ou à presença de pessoas, instalação de

lâmpadas de baixo consumo de energia, desligamento de lâmpadas das quadras de esportes

e piscinas, substituição dos chuveiros elétricos dos alojamentos dos colaboradores por

chuveiros a gás, envio para empresas terceirizadas roupas dos hóspedes para serem

passadas à ferro, instalação de bloqueios inteligentes em alguns equipamentos, abandono

do sistema de ar condicionado central, passando a utilizar aparelhos individuais,

acionamento do gerador de energia nos horários de ponta, etc.

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• Medidas relacionadas com a minimização de resíduos e eliminação de produtos

agressivos ao meio ambiente

A Coleta Seletiva de Lixo no empreendimento já é realizada desde 1999, embora ainda

apresente alguns problemas quanto a separação correta do material nos respectivos

coletores e o destino do lixo coletado, já que a coleta seletiva de lixo na Vila Praia do Forte

ainda apresenta deficiências.

Para diminuir a geração de restos de cascas de frutas e verduras, o empreendimento

passou adquirir esses produtos pré- descascados.

As embalagens de shampoos e cremes -rinse foram reduzidas com o uso de produtos 2

em 1, nos quais os dois produtos anteriores são condicionados numa mesma mistura e

embalagem.

Os trapos de roupas de cama e banho são utilizados para limpeza de chão e vidros.

Para lavagem de pedras portuguesas e outros tipos de pedras é utilizada areia, que é

excelente para limpeza desses materiais, evitando o uso de ácidos ou outros produtos

agressivos ao meio ambiente.

Os produtos com características biodegradáveis, tóxicos e com outras características

nocivas para o meio ambiente estão sendo substituídos gradativamente, além de estar

sendo feito um trabalho de sensibilização junto aos fornecedores.

O esgoto proveniente do EcoResort é coletado e tratado pela Empresa de Saneamento

Ambiental- EMBASA.

Visando diminuir o consumo excessivo de sabões e detergentes, assim como o consumo

de água e energia, o EcoResort solicita aos seus hóspedes, através de uma mensagem, que

estes sinalizem quando desejarem suas toalhas trocadas, deixando-as no chão, evitando

assim a lavagem diária dessas toalhas

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O EcoResort está implantando a norma NBR-ISO-9001:2001 e tem planos de implantar

a ISO14001, em breve, visando gerenciar melhor os seus impactos ambientais.

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6-CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho de pesquisa permitiu identificar que, no âmbito internacional, já existem

inúmeras empresas hoteleiras que estão implementando iniciativas ambientais, seja na

forma de iniciativas pontuais, classificadas, nessa monografia, como do Tipo A, seja de

uma forma sistemática, associando-as a objetivos e metas ambientais que estão inseridos

no plano de gestão dessas empresas, em analogia às iniciativas aqui classificadas como do

Tipo B.

De acordo com dados emitidos pela IHEI (1994) o Inter Continental Hotels &

Resorts, foi primeiro empreendimento hoteleiro no mundo a implantar um Sistema de

Gestão Ambiental, fato registrado em 1946, quase 50 anos atrás, quando esse, numa

iniciativa pioneira, lançou o seu Manual de Gestão Ambiental. A sua experiência em ações

ambientais, que vem acumulando ao longo de todos esses anos, tem colocado o Inter

Continental Hotels & Resorts como um modelo a ser seguido por empresas hoteleiras do

mundo inteiro.

Benefícios econômicos estão também sendo divulgados nas publicações que serviram

de referenciais para essa pesquisa e há indícios que, a exemplo do que vem acontecendo

no segmento industrial produtivo, as iniciativas ambientais, tais como a implantação de

sistemas de gestão ambiental, programas de produção limpa ou outra qualquer, venham a

se tornar um grande atrativo para as empresas hoteleiras brasileiras em função,

principalmente, dos lucros que isso pode trazer para elas. As indústrias, as universidades e

os Núcleos de Produção Limpa, que vem surgindo no Brasil, já estão divulgando

amplamente e evidenciando, através de dados, os benefícios econômicos que essas

iniciativas ambientais podem trazer. Assim, as "tecnologias de fim-de-tubo” tendem a ser

abolidas, visto que tratar resíduos exige altos investimentos e é muito mais sensato

aproveitar, reciclar e principalmente, evitar que estes cheguem a se formar. No Brasil, em

particular no Estado da Bahia, algumas empresas hoteleiras já estão demonstrando

interesse em implantar Programas de Produção Limpa. O TECLIM- Núcleo de Produção

Limpa da Escola Politécnica- UFBA-Bahia-Brasil , com o apoio do SEBRAE- BAHIA. vai

desenvolver junto à algumas empresas hoteleiras baianas um programa desse tipo a partir

do 2º semestre de 2001.

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Embora essa pesquisa não apresente dados suficientes para demonstrar que as

iniciativas ambientais atuais implementadas no Brasil se limitam às empresas hoteleiras

localizadas em áreas de grande atrativo natural, como aquelas localizadas em APAs ou

reservas ecológicas, destinadas a prática do ecoturismo (a exemplo do Praia do Forte

EcoResort), isso parece ser uma tendência lógica, já que nesses lugares a própria

qualidade ambiental é o grande elemento atrativo para os hóspedes e visitantes. No

entanto, devido as exigências ambientais que os sistemas internacionais de reservas, tais

como o American Express , Wagon Lits Cook e outros já vêm fazendo, além do incentivo

que a ABIH vem dando no sentido de introduzir a gestão ambiental no segmento hoteleiro

brasileiro, através do lançamento do seu Programa de Responsabilidade Ambiental

Hóspedes da Natureza, acredita-se que há uma grande tendência para que o número de

iniciativas ambientais, proveniente também das empresas hoteleiras localizadas em grandes

metrópoles e centros de negócios, venha a crescer.

A busca da boa imagem perante a sociedade, e a preocupação em manter um ambiente

atrativo no entorno do empreendimento hoteleiro, têm também estimulado os hotéis a

desenvolverem ações sociais junto à comunidade local, influenciando na melhoria da

qualidade de vida do lugar. Alguns hotéis pesquisados registram ações desse tipo. O Hotel

Wild Coast Sun, localizado na África do Sul, possui um Programa de Responsabilidade

Social através do qual já financiou a construção de postos de saúde na comunidade local,

serviços de infra-estrutura, programas de educação básica e profissionalizante, creches,

entre outros. O próprio Praia do Forte EcoResort, usado como um exemplo

brasileiro/baiano nessa monografia, através da FGD- Fundação Garcia D'Ávila, tem

realizado ações similares. Através de acordos de parceria com universidades, com o

instituto da Hospitalidade e algumas instituições internacionais, alguns projetos sociais,

que beneficiem a comunidade local, estão sendo desenvolvidos pela FGD.

Segundo CAJAZEIRAS & CARVALHO (1998) essa tendência está condicente com a

opinião de Deborah Leipziger, diretora do CEPAA – Council on Economic Priorities

Accreditation Agency . Para ela, além do diferencial ambiental, outros fatores já estão se

tornando também importantes para a garantir a competitividade das empresa, tais com

aqueles relacionados com a saúde, segurança dos empregados, assim como a

responsabilidade social. Segundo ela, a busca de um bom desempenho relacionado com a

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responsabilidade social empresarial, já é um movimento muito forte nos Estados Unidos e

Europa, devendo chegar ao Brasil, mais cedo ou mais tarde, a reboque da globalização.

Deborah Leipziger trabalhou na organização de um guia de interpretação para a norma

SA 8000 (Social Accountability 8000). Essa norma trata da responsabilidade social das

empresas e aborda temas como a exploração do trabalho infantil, o trabalho forçado, a

segurança, a saúde ocupacional, a liberdade de sindicalização, o direito de negociação

coletiva, a discriminação, as práticas disciplinares, a carga horária de trabalho, a

remuneração dos funcionários, assim como assuntos pertinentes à gestão social.

Assim, ajustar-se aos padrões qualidade ambiental, já não é suficiente para garantir

sobrevivência das empresas. O processo em busca da excelência de desempenho, seja este

ambiental, econômico ou social parece ser a tônica que irá reger o mundo dos negócios. E

todas as empresas deverão procurar os caminhos para vencer os novos e constantes

desafios em busca da competitividade, num mercado cada vez mais globalizado.

De acordo com a diretora da ABIH, Karen Fletcher, na nota redigida por ela no primeiro

número da Revista Green Hotelier do ano 2000 (No. 17/2000), onde ela aponta tendências

futuras das empresas hoteleiras, os principais pontos ressaltados foram:

• Os hotéis deverão intensificar as ações de proteção ambiental, tornando-se auto-

sustentáveis na produção de energia renovável, provisão de água, tratamento de seus

efluentes e no controle e disposição dos seus resíduos.

Haverá uma tendência que através dessa auto-sustentação os hotéis venham intensificar

também as suas ações sociais, provendo para a região, onde estarão instalados, serviços

tais como: tratamento de esgotos, incineração do lixo, fornecimento de energia, tratamento

de água, entre outros serviços caracterizados como de responsabilidade do governo

municipal ou estadual. Esses serviços passarão a ser cobrados à comunidade através de

uma cota econômica, suficiente para que os hotéis possam manter esses serviços, os quais

certamente contribuirão com a qualidade ambiental e de vida da população local,

principalmente se essas se tratarem de comunidades carentes, que não recebem muita

assistência do governo.

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• Os hotéis tenderão a exercer uma grande influência no processo de educação e

capacitação das pessoas que vivem no seu entorno, estimulando a formação de mão de

obra capacitada para exercer funções que dêem suporte as atividades relacionadas com o

turismo e a hotelaria.

• Os hotéis passarão a exercer forte pressão sobre os governos e autoridades locais quanto

a importância da aplicação do desenvolvimento sustentável, exigindo dessas, maior

controle sobre empreendimentos que não estejam alinhados com esse modelo de

desenvolvimento, assim como ações que incentivem o controle dos níveis de ocupação de

uma determinada região, a construção de edifícios, casa e outros estabelecimentos que não

otimizam o uso dos recursos naturais locais, etc.

• Os hotéis passarão a exercer um papel de facilitador perante a comunidade local,

estimulando a criação de movimentos organizados que visem a melhoria da qualidade

ambiental e bem estar da população.

• Haverá uma participação mais ativa dos empresários hoteleiros na definição de leis,

normas e padrões ambientais.

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7 -RECOMENDAÇÕES FINAIS

Considerando que as iniciativas ambientais proveniente do segmento hoteleiro ainda

encontram-se num estágio incipiente, recomenda-se que Curso de Tecnologias e

Gerenciamento Ambiental para a Indústria, oferecido pelo TECLIM-UFBA, aborde mais

esse assunto, trazendo-o para discussão em sala de aula ou promovendo palestras e

seminários nos quais algumas experiências internacionais ou nacionais possam ser

apresentadas.

Recomenda-se que novas pesquisas sejam também estimuladas, as quais podem ser

direcionadas para:

• O levantamento dos benefícios que as iniciativas ambientais podem trazer para a empresa

hoteleira;

• As razões que incentivaram algumas empresas nacionais e internacionais a adotarem

iniciativas ambientais;

• Mecanismos que vêm sendo utilizados no Brasil e no mundo para desenvolver uma

cultura de preservação ambiental no segmento hoteleiro.

A experiência de pessoas que atuam no segmento industrial produtivo, o qual encontra-

se num estágio mais evoluído em relação a introdução de iniciativas ambientais, pode ser

aproveitada para orientar e propor alternativas que possam ser aplicadas no segmento

hoteleiro, desde que essas não variam muito de um setor para o outro, e os mecanismo de

gestão e planejamento empresarial são os mesmos para qualquer tipo de empresa.

A autora espera que seu trabalho possa servir de subsídio na adoção de iniciativas que

beneficiem o meio ambiente e a competitividade das empresas hoteleiras, em particular as

baianas, de forma a potencializar a vocação turística do Estado da Bahia. Neste sentido, ela

também utilizou o conteúdo dessa monografia como tema do livro "Os ilustres hóspedes

verdes" que foi editado pela Casa da Qualidade Editora, com o apoio do

SEBRAE/BAHIA, assim como da cartilha educativa "Hóspede que te quero verde",

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direcionada para os hóspedes. Em ambas publicações a autora procurou utilizar uma

linguagem lúdica e atrativa, de forma a despertar o interesse do público-alvo para o qual

essas publicações foram direcionadas. A edição de uma cartilha dedicada ao hóspede é,

para autora, de fundamental importância já que ninguém melhor do que o hóspede pode

atuar com um parceiro e aliado do empresário hoteleiro, ajudando-o a consolidar a cultura

ambiental na sua empresa.

Recomenda-se que outros trabalhos de monografia, gerados pelos futuros alunos do

Curso de Tecnologias e Gerenciamento Ambiental para a Indústria possam também ser

transformados em materiais mais populares tais livros, cartilhas, vídeos, CD-ROMs de

forma a facilitar a disseminação da informação junto aos setores interessados. Nesse

sentido o TECLIM poderia oferecer incentivos para que os alunos produzissem esse tipo

de material. Esses incentivos poderiam ser viabilizados através de parcerias com o

SEBRAE, Secretaria de Educação e Cultura, Meio Ambiente e algumas empresas privadas.

A disponibilidade desses instrumentos de comunicação é muito importante. É preciso

levar em consideração que grande parte de pequenos empresários, principalmente aqueles

que atuam no setor de serviços, não freqüentaram universidades e não tiveram

oportunidade de desenvolver o gosto para a leitura de conteúdos técnicos, muitas vezes só

acessíveis no ambiente universitário. Da mesa forma, nem todos dispõem de tempo ou se

interessam em participar seminários e fóruns, onde geralmente essas temas são

apresentados discutidos.

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REIS, Maurício. ISO-14000 - Gerenciamento ambiental - um novo desafio para a sua

competitividade, Rio de Janeiro, Qualitymark , 1996.

ROTH, W. Berenice. Tópicos de Educação Ambiental- Recortes didáticos sobre o meio

ambiente. Santa Maria, Universidade Federal de Santa Maria, 1996.

SENAI-CETIND, Fundação São Bartolomeu. Proposta de Programa de Educação Ambiental

para o Complexo Turístico de Sauípe, Bahia, Brasil. SENAI-CETIND, Salvador, 1999.

VILLELA, Ricardo. Um futuro cor-de-rosa. São Paulo. Revista Veja, p.74-75, 09/09/1998.

WESTERN, D. Definindo o ecoturismo. In: LINDBERG, K. & HAWKINS, D. E.

(ed.).Ecoturismo: um guia para planejamento e gestão. São Paulo, Editora SENAC, 1995.

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ANEXOS

ANEXO 1

RELAÇÃO DOS HOTÉIS PESQUISADOS COM SEUS RESPECTIVOS ENDEREÇOS E

FONE/FAX PARA CONTATO

1-ACCOR

2 Rue de la Mare Neuve

Evry Cedex

Paris

91021

FRANCE

Tel: 0033 1 69368080

Fax: 0033 1 60792529

2- Hilton International

Maple Court, Central Park

Reeds Crescent

Watford

Herts

WD1 1HZ

UK

Tel: 01923 434000

Fax: 01923 817318

3-Scandic Hotels AB

Box 6197

Stockholm

S-102 33

SWEDEN

Tel: 0046 00 46 8 610 50 00

Fax: 0046 00 46 8 610 52 50

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4-Mandarin Oriental Hotel Group

281 Gloucester Road

PO Box 300632

Causeway Bay

HONG KONG

Tel: 00852 00 852 2 895 9288

Fax: 00852 00 852 2 895 5202

5-Marco Polo Hotels

5/F The Hong Kong Hotel

Harbour City, Tsimshatsui

Kowloon

HONG KONG

Tel: 00852 00 852 273 83 232

Fax: 00852 00 852 211 87 388

6-Forte Plc

166 High Holborn

LONDON

WC1V 6TT

UK

Tel: 0171 301 2000

Fax: 0171 240 9993

7-Inter-Continental Hotels & Resorts

Devonshire House

Mayfair Place

LONDON

W1X 5FH

UK

Tel: 0171 495 2500

Fax: 0171 355 6592

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8-Bass Hotels & Resorts

3 Ravinia Drive

Suite 2000

Atlanta

GA 30346-2149

USA

Tel: 001 770 604 2001

Fax: 001 770 604 2009

9-Starwood Hotels & Resorts Worldwide Inc

777 Westchester Avenue

White Plains

NY 10604

USA

10-Marriott International, Inc.

Marriott Drive

Washington DC

20058

USA

Tel: 001 301 380 9000

Fax: 001 301 380 8997

11-Radisson SAS Hotels Worldwide

Tour Leopold

rue de Geneve 10

Bruxelles

B-1140

BELGIUM

Tel: 0032 00 32 2 702 9222

Fax: 0032 00 32 2 702 9303

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12-The Taj Group of Hotels

The Taj Mahal Hotel

Apollo Bunder

Mumbai

400 039

INDIA

Tel: 0091 00 91 22 202 3366

Fax: 0091 00 91 22 287 2722

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ANEXO 2

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA SOBRE AS INICIATIVAS AMBIENTAIS JÁ

IMPLEMENTADAS NO PRAIA DO FORTE ECORESORT

1-Que medidas o EcoResort adotou ou vem adotando para reduzir o consumo ou

desperdício de :

1.1- Água

1.2- Energia

1.3- Sabões e detergentes

1.4- Produtos alimentícios

1.5- Produtos químicos perigosos (especificar os produtos)

1.6-Adubos/fertilizantes

1.7-Agrotáxicos

1.8-Inseticidas

1.9-Outros (especificar)

2- A Coleta Seletiva de Lixo está funcionando de forma satisfatória?

2.1-Quando essa foi implementada e o que estimulou o EcoResort a tomar essa iniciativa?

3-Listar as ações relacionadas com a educação ambiental desenvolvidas internamente,

assim como junto à comunidade local.

4-Descrever como o Programa de Produção Limpa vem tendo continuidade no EcoResort,

enfatizando os aspectos abaixo, os quais foram priorizados nesse Programa

Os dados apresentados foram obtidos no relatório final do Curso de Produção Limpa

emitido por Walkmar Pinto.

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• Aspectos ambientais detectados no Programa de Produção Limpa

a) Grande geração de resíduos orgânicos (restos de alimentos)

• Total de hóspedes em 1999 128.919

• Resíduo emitido/hóspede (Kg) 0,82

• Total de resíduo emitido/ano (Kg) 106.300

• Custo do resíduo emitido/ano (R$) 205.415

• Custo de disposição resíduo/t (R$) 1.920

4.1- Essas medidas já foram tomadas? Em caso negativo, quais os fatores impeditivos?

Em caso afirmativo, as metas abaixo foram alcançadas? Em caso negativo, quais os fatores

impeditivos?

Metas Estabelecidas

• Redução de 200 g/hóspede no primeiro ano.

• Redução gradativa de 5% a partir do segundo ano.

4.2- Em caso afirmativo dada a pergunta anterior, como está a situação real em relação a

dada abaixo, projetada no Relatório do Programa de Produção Limpa como a esperada,

após as medidas anteriores serem implementadas? Foram registrados benefícios

econômicos? Estes foram quantificados? Cite-os.

Situação esperada:

Total de hóspedes em 2000 128.919

• Resíduo emitido/hósp (kg) 0,62

• Total de resíduo emitido/ano (Kg) 79.929

• Custo do resíduo emitido/ano(R$) 155.455

• Custo de disposição do resíduo/t(R$) 1.443

b) Grande geração de resíduo de cascas de coco

• Total de hóspedes em 1999 128.919

• Resíduo emitido/hóspede (Kg) 1,25

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• Total de resíduo emitido/ano (Kg) 161.530

• Custo da matéria-prima (R$) 99.003

• Custo do resíduo emitido/ano (R$) 80.750

• Custo de disposição do resíduo/t (R$) 2.917

• Receita em 1999 (R$) 124.254

Diante desses dados, as seguintes medidas foram identificadas como capazes de dar um

destino apropriado para esse tipo de resíduo:

• identificação de parceiros interessados em aproveitar a casca de coco para outros fins;

• construção de local para o beneficiamento do resíduo;

• contratação e treinamento de mão-de-obra para trabalhar na unidade de beneficiamento;

4.3- Essas medidas já foram tomadas? Em caso negativo, quais os fatores impeditivos?

Em caso afirmativo, a situação esperada, descrita abaixo, corresponde a realidade atual?

Em caso negativo, quais os fatores que impediram alcançar esses resultados?

Situação esperada após as medidas adotadas

• Total de hóspedes em 2000 128.919

• Resíduo emitido/hóspede (kg) 1,25

• Total de resíduo emitido/ano(kg) 161.530

• Custo do resíduo emitido/ano(R$) 80.750

• Custo de disposição resíduo/t(R$) 1.443

• Receita esperada em 2000 (R$) 135.464

5- Descrever alguma outra iniciativa ambiental relevante implementada no EcoResort

sobre outros aspectos que não foram mencionados nesse questionário.

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