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CLAUDIA CAMPRA FERREIRA DE QUADROS A CO-RESPONSABILIDADE AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A DISSEMINAÇÃO DO AUTOCONTROLE PELO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DO ESTADO DA BAHIA Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional da Escola Politécnica, da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais no Processo Produtivo. Orientador: Prof. Dr. José Célio Silveira Andrade Salvador 2004

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CLAUDIA CAMPRA FERREIRA DE QUADROS

A CO-RESPONSABILIDADE AMBIENTAL:

UM ESTUDO DE CASO SOBRE A DISSEMINAÇÃO DO AUTOCONTROLE PELO

LICENCIAMENTO AMBIENTAL DO ESTADO DA BAHIA

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado

Profissional da Escola Politécnica, da Universidade

Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau

de Mestre em Gerenciamento e Tecnologias Ambientais

no Processo Produtivo.

Orientador: Prof. Dr. José Célio Silveira Andrade

Salvador

2004

CLAUDIA CAMPRA FERREIRA DE QUADROS

Q13 Quadros, Claudia Campra Ferreira de A co-responsabilidade ambiental: um estudo de caso sobre a

disseminação do autocontrole pelo licenciamento ambiental do estado da Bahia. / Claudia Campra Ferreira de Quadros. – Salvador, 2005.

150 p.

Orientador: Dr. José Célio Silveira Andrade Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologias

Ambientais no Processo Produtivo). – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2005.

1.Responsabilidade ambiental. 2.Licenciamento ambiental.

3.Gestão ambiental. 4. Empresas – controle e política ambiental. I.Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica II. Andrade, José Célio Silveira. III.Título.

CDD 658.4

A CO-RESPONSABILIDADE AMBIENTAL: UM ESTUDO DE CASO SOBRE A

DISSEMINAÇÃO DO AUTOCONTROLE PELO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DO

ESTADO DA BAHIA

Dissertação para obtenção do grau de Mestre em Gerenciamento e Tecnologias

Ambientais no Processo Produtivo.

Salvador, 16 de Setembro de 2004.

Banca Examinadora:

José Célio Silveira Andrade__________________________________________________

Universidade Federal da Bahia

Severino Agra Filho________________________________________________________

Universidade Federal da Bahia

João Salvador Furtado_____________________________________________________

Universidade de São Paulo

Maria Lucia Cardoso de Souza_______________________________________________

Centro de Recursos Ambientais

Dedico este trabalho a todas as pessoas dentro e fora do CRA que desde a idéia inicial

tornaram possível o desenvolvimento e a conclusão deste mestrado e desta dissertação.

AGRADECIMENTOS

Durante todo o percurso de execução deste trabalho, foram inúmeras e diversas as

contribuições que eu recebi. Por isto é difícil agradecer a todas as pessoas. Mas alguns

merecem destaque pela preciosa ajuda ofertada para a conclusão de mais esta etapa da

minha vida, que em muitos momentos foi bastante espinhosa.

À minha família pelo apoio no momento inicial e mais difícil desta empreitada que foi a

decisão de mudar para Salvador. As palavras repletas pelo mais profundo amor da minha

Mãe, Nair, do meu Pai, Márcio e das minhas Irmãs, Valquíria e Adriana, foram

fundamentais para minha persistência.

À família do meu marido em especial à minha sogra, D. Carmem, e ao meu sogro,

carinhosamente rebatizado por mim (palavras dele) de “Seu Mirindim”. Os dois me

acolheram em seu lar e me cercaram com todos os cuidados que uma pessoa precisa no

momento em que, pela primeira vez na vida, decide se afastar do aconchego seguro

debaixo das “asas” dos próprios pais.

Ao meu marido, Paulo, por me permitir comprovar na prática a convicção de que é

possível construir um relacionamento pautado no amor, na amizade, na cumplicidade, na

confiança, no respeito, na serenidade e enfim um relacionamento que mesmo nos

momentos de atrito aflora de cada um de nós o que temos de melhor e contribui para

evoluirmos como cônjuges, indivíduos e espíritos. A Paulo devo também a enorme

gratidão por além de não me impedir a existência, potencializá-la estando ao meu lado e

me apoiando sempre, mesmo nos momentos em que precisei ser uma “ausência

presente”.

Ao meu orientador José Célio pela ajuda, compreensão, apoio e imensa sabedoria

demonstrada, ao longo de todo o nosso percurso, no trato para lidar comigo em muitos

momentos impaciente, estressada, cansada e insegura. Nossas reuniões para discutir

sobre o desenvolvimento deste trabalho fizeram as idéias amadurecerem não apenas

pelas contribuições acadêmicas, mas também pela oferta de muita tranqüilidade e

confiança.

Aos colegas e amigos do CRA pelas inúmeras demonstrações de apoio, incentivo e

contribuições que direta ou indiretamente auxiliaram para que esta dissertação chegasse

ao fim. Em especial não posso deixar de mencionar: Ney, Hosana, Rosemar, Renata,

Ruy, Lucia, Clarissa, Cristiane, Verônica, D. Leontina, Karina, Dilma, Cristina, Ademário,

Franciane, Fabio, Adriano, Ogando, Roberta, Cristiano, Joselita, Regina, Geni, Sandra e

Ana Paula Assis.

Ao professor Asher Kiperstok, Lígia, Mariano e toda a equipe do TECLIM que não mediu

esforços para nos proporcionar as melhores condições administrativas e acadêmicas em

todas as etapas deste mestrado.

Aos entrevistados, Dra. Lucia, Dr. Fausto e Dr. Durval, pelo interesse, seriedade,

disponibilidade e comprometimento em contribuir com suas experiências e

conhecimentos.

E aos componentes da pré-banca e banca pelas valiosas contribuições para engrandecer

o trabalho.

Enriquecer o trabalho profissional, adquirindo conhecimentos novos é simples dever.

Francisco Cândido Xavier pelo espírito de André Luiz.

RESUMO Este estudo consiste em uma avaliação da disseminação do autocontrole ambiental dentro dos procedimentos do licenciamento no Estado da Bahia. O termo autocontrole ambiental significa a adoção, por parte das empresas de práticas e mecanismos que minimizem, controlem e monitorem os impactos ambientais resultantes da atividade e que visem a melhoria contínua de seu desempenho ambiental e do ambiente de trabalho. Este instrumento vem sendo exercitado na Bahia desde a década de 80 com o objetivo de avocar à co-responsabilidade, na manutenção da qualidade ambiental os responsáveis pelo desenvolvimento de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras. Esta avaliação foi realizada a partir da obtenção de dados secundários para caracterizar o autocontrole ambiental exercitado juntamente com o licenciamento praticado pelo CRA. Foram pesquisados e descritos os marcos teóricos e legais que consolidaram no Brasil e na Bahia a responsabilização coletiva para defender e preservar o meio ambiente. Os dados da disseminação do autocontrole e do licenciamento ambiental foram comparados. Os resultados mais significativos encontrados se relacionam à distribuição destes instrumentos por município, porte do empreendimento, tipo de licença ambiental e ano da concessão da licença. Observou-se que ocorreu uma concentração territorial tanto do autocontrole quanto do licenciamento ambiental. Em alguns municípios ocorreu a concentração de um instrumento sem que o mesmo padrão tivesse se repetido para o outro e vice-versa. O primeiro resultado pode estar relacionado à distribuição territorial das atividades socioeconômicas no Estado da Bahia e o segundo se refere aos requisitos legais relacionados à obrigatoriedade de implementação dos mecanismos do autocontrole quando do requerimento das licenças ambientais. Observou-se também que ao longo dos seis anos estudados o crescimento das concessões de licenças ambientais não foi condição suficiente para uma maior disseminação do autocontrole ambiental, visto que a maioria das concessões de licenças ambientais ocorre para empreendimentos de micro e pequeno porte e estes estão isentos de implementar tal instrumento na fase do licenciamento ambiental. Contudo, desenvolver estratégias para disseminar os mecanismos do autocontrole entre os micros e pequenos empreendedores durante a fase do licenciamento ambiental de suas atividades, não é uma estratégia vista como solução para melhorar o desempenho ambiental destas empresas, pois poderiam gerar mais ônus para as mesmas e ainda consideram-se as dificuldades que tais empreendedores teriam na elaboração de auto avaliações, balanços e relatórios ambientais. Portanto, através da implementação do Núcleo de Estudos Avançados para o Meio Ambiente – NEAMA e do Programa Parceiros do Meio Ambiente – adote uma pequena empresa o CRA vem desenvolvendo estratégias de capacitação e fortalecimento dos empreendedores (principalmente de micro e pequeno porte) para se adaptarem à necessidade de se comprometerem mais pela qualidade do ambiente onde se inserem. Faz-se necessário também desenvolver e implementar mecanismo de avaliação da melhoria, estagnação ou retroação da qualidade ambiental das empresas que ao longo dos anos vem implementando o autocontrole ambiental. Os resultados desta avaliação poderão fornecer preciosas informações qualitativas sobre o uso dos mecanismos deste instrumento e ainda fornecer subsídios para a capacitação dos empreendedores, potencializando a internalização deste instrumento. Palavras-chave: Co-responsabilidade; Autocontrole; Licenciamento ambiental; Bahia.

ABSTRACT

This study consists of an evaluation of the spread of environmental self- regulation within licensing procedures in the state of Bahia. The term self regulation refers to the adoption by companies of practices and mechanisms, which minimize, control and monitor the environmental impacts resulting from their activities with a view to continual improvement of environmental performance and their working environment. It has been practiced since the 1980s with the aim of invoking co-responsibility among those responsible for either effective or potentially polluting practices for the maintenance of environmental quality. This evaluation was carried out using secondary data to describe the environmental self-regulation carried out together with the licensing done by CRA. The theoretical and legal frameworks in Bahia and Brazil which promote collective responsibility for the defense and preservation of the environment are researched and described. The data concerning the spread of self-regulation and environmental licensing are compared. The most significant results found were related to the distribution of these two instruments according to municipality, the size of the undertaking, the type of environmental license and the year granted. It was noted that there was both territorial concentration of self-regulation as well as environmental licensing. In some municipalities there was greater use of one of the instruments rather than the other and vice-versa. The former could be related to distribution of socio-economic activities in the state of Bahia and the latter to the legal requirements relating to the need to implement mechanisms of self- regulation when doing environmental licensing. It was also observed that over the 6 year period studied the increase in the number of environmental licenses granted was insufficient to cause a greater spread of environmental self- regulation, given that most went to micro small businesses which are exempt from implementing it in the process of environmental licensing. However, trying to spread the use of self-regulation mechanisms among micro and small companies during the environmental licensing of their activities is not a solution which is seen to improve their environmental performance as it can create more work for the small companies i.e. having to do self evaluations, statements, and environmental reports. Therefore, through NEAMA - Group for Advanced Environmental Studies and the Environmental Partnership Program adopting a company, CRA has been finding ways to train and strengthen companies (mainly micro and small) to adapt to the need for them to make a greater commitment to improving the quality of the environment around them. It is therefore necessary to develop and put into use environmental improvement, stagnation or regression assessment procedures to evaluate the companies which have implemented environmental self-regulation over the years. The results of this could provide important qualitative information about the use of mechanisms in this instrument and furthermore provide help in the training of business people to take onboard this instrument. Keywords: Co-responsibility; Self-regulation; Environmental Licensing; Bahia

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Apresenta as características da produção mais limpa (PNUMA) e da produção limpa (Greenpeace) relacionadas aos processos e produtos------------------------50 QUADRO 2: Número de concessões ocorridas para cada categoria de dados e o número de municípios onde estas ocorreram-------------------------------------------------------------------91 QUADRO 3: Nome dos municípios onde ocorreu concentração do autocontrole e do licenciamento ambiental-------------------------------------------------------------------------------------93 QUADRO 4: Ocorrência do autocontrole e do licenciamento ambiental por porte dos empreendimentos entre 1997 e 2002--------------------------------------------------------------------98 QUADRO 5: Padrão de crescimento do autocontrole e do licenciamento ambiental entre 1997 e 2002----------------------------------------------------------------------------------------------------99 QUADRO 6: Número de concessões de licenças expedidas, por tipo, entre 1997 a 2002----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------102

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Cartograma com a representação espacial do total das licenças ambientais concedidas no Estado da Bahia entre os anos de 1997 a 2002----------------------------------92 FIGURA 2: Cartograma com a representação espacial do total das licenças ambientais concedidas com a implementação do autocontrole ambiental no Estado da Bahia entre os anos de 1997 a 2002-----------------------------------------------------------------------------------------92 FIGURA 3: Cartograma com a representação espacial dos municípios com maior concentração de concessões de licenças ambientais entre os anos de 1997 a 2002------97 FIGURA 4: Cartograma com a representação espacial municípios com maior concentração de autocontrole ambiental entre os anos de 1997 a 2002-----------------------97 FIGURA 5: Gráfico demonstrando o padrão de crescimento do autocontrole ambiental entre 1997 e 2002-------------------------------------------------------------------------------------------100 FIGURA 6: Gráfico demonstrando o padrão de crescimento do licenciamento ambiental entre 1997 e 2002-------------------------------------------------------------------------------------------100

LISTA DE APENDICES APENDICE A: Detalhamento da configuração da planilha de dados secundários--------129 APENDICE B: Lista de entrevistados e data das entrevistas-----------------------------------133 APENDICE C: Questões propostas aos entrevistados-------------------------------------------134 APENDICE D: Resultados da tabulação e consolidação dos dados secundários obtidos pela pesquisa documental--------------------------------------------------------------------------------135

LISTA DE ANEXOS ANEXO A: Principais iniciativas voluntárias corporativas de gestão ambiental------------136 ANEXO B: Descrição do marco de consolidação do autocontrole ambiental feita no histórico dos 30 anos da gestão ambiental baiana-------------------------------------------------138 ANEXO C: Configuração do autocontrole ambiental após a promulgação da nova Lei Ambiental do Estado da Bahia (Lei Estadual nº 7.799/01, Decreto Estadual 7.967/01)--140 ANEXO D: Atividades sujeitas à autorização ou ao licenciamento ambiental--------------144 ANEXO E: Classificação de empreendimentos segundo o porte------------------------------148

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

A – Divisão A, conforme § 1o do artigo 180 do regulamento da Lei Estadual no 7.799/01 AA – Autorização Ambiental ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas ACV - Análise do Ciclo de Vida ALA – Auto Avaliação para o Licenciamento Ambiental B - Divisão B, conforme § 1o do artigo 180 do regulamento da Lei Estadual no 7.799/01 C - Divisão C, conforme § 1o do artigo 180 do regulamento da Lei Estadual no 7.799/01 CEBDS - Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável CEP – Council for Economic Priorities CEPAA – Council for Economic Priorities Accreditation Agency CEPRAM – Conselho Estadual de Meio Ambiente CERES – The Coalization for Environmental Responsible Economies CMMAD - Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNUMAD - Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (RIO - 92) CRA – Centro de Recursos Ambientais CTGA – Comissão Técnica de Garantia Ambiental D - Divisão D, conforme § 1o do artigo 180 do regulamento da Lei Estadual no 7.799/01 DJSI (sigla em inglês) - Índice Dow Jones de Sustentabilidade E - Divisão E conforme § 1o do artigo 180 do regulamento da Lei Estadual no 7.799/01 EMAS – Eco-Management and Auditing Scheme EST - Estadual EX – Excepcional F - Divisão F conforme § 1o do artigo 180 do regulamento da Lei Estadual no 7.799/01 FED – Federal FRE – Freqüência de Ocorrência FSC – Forest Stewardship Council G - Divisão G conforme § 1o do artigo 180 do regulamento da Lei Estadual no 7.799/01 GR – Grande GRI – Global Reporting Initiative GTRO – Grupo Tarefa sobre Responsabilidade Organizacional IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ISO – International Organization for Standardization LI – Licença de Implantação LO – Licença de Operação LOA – Licença de Operação da Alteração LS – Licença Simplificada M – Micro ME – Médio MI – Misto MUN – Município/Municipal ONG – Organização Não Governamental ONU – Organização das Nações Unidas P – Pequeno PIB – Produto Interno Bruto PRF – Privado Físico PRJ – Privado Jurídico PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente QM – Quantidade de Municípios RLO – Renovação da Licença de Operação RSC - Responsabilidade Social Corporativa RTGA – Relatório Técnico de Garantia Ambiental SEARA – Sistema Estadual de Administração dos Recursos Ambientais SEMA - Secretaria Especial do Meio Ambiente SEMARH - Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos SGA – Sistema de Gestão Ambiental SIG – Sistema de Informações Geográficas SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente WBCDS – World Business Council for Sustainable Development

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO----------------------------------------------------------------------------14

1.1 DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO------------------------------------------------------ 18

1.2 OBJETIVOS-----------------------------------------------------------------------------------------------20

1.3 JUSTIFICATIVA------------------------------------------------------------------------------------------20

1.4 MÉTODO---------------------------------------------------------------------------------------------------21

CAPÍTULO 2 – MARCO TEÓRICO----------------------------------------------------------------------27

2.1 UM HISTÓRICO SOBRE O TEMA AMBIENTAL------------------------------------------------28

2.2 O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL 31

2.3 OS INSTRUMENTOS VOLUNTÁRIOS DE GESTÃO AMBIENTAL------------------------34

2.4 A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA--------------------------------------------39

2.5 AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS REDUTORAS DA POLUIÇÃO-----------------------47

2.6 O AUTOMONITORAMENTO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS

EMPRESAS------------------------------------------------------------------------------------------------51

2.7 A IMPLEMENTAÇÃO DO AUTOCONTROLE AMBIENTAL NOS PROCEDIMENTOS

DO LICENCIAMENTO NO ESTADO DA BAHIA-----------------------------------------------------60

CAPÍTULO 3 – MARCOS LEGAIS----------------------------------------------------------------------69

3.1 A EVOLUÇÃO DA CO-RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA LEGISLAÇÃO

BRASILEIRA---------------------------------------------------------------------------------------------------70

3.2 A EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA LEGISLAÇÃO BAIANA 80

CAPÍTULO 4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS -------------------------90

CAPÍTULO – 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS------------------------------108

REFERÊNCIAS----------------------------------------------------------------------------------------------114

BIBLIOGRAFIAS-------------------------------------------------------------------------------------------123

APÊNDICES--------------------------------------------------------------------------------------------------129

ANEXOS------------------------------------------------------------------------------------------------------136

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

15

A viabilidade do uso dos recursos naturais contemplando, equilibradamente, a prevenção

de distúrbios aos ecossistemas, a melhoria contínua da qualidade de vida das populações

e o crescimento sócio-econômico, demandam uma série de iniciativas envolvendo

instituições e interessados de todas as esferas da sociedade.

Diante da diversidade de ambientes existentes, enfrenta-se uma enorme complexidade na

busca por tal viabilidade que passa, necessariamente, pela administração de conflitos

gerados por interesses diversos, em todas as dimensões: naturais, sociais, culturais e

econômicas.

Instituições dos mais diversos setores da sociedade vêm, ao longo dos anos, em resposta

ao crescente interesse que a temática ambiental desperta, levantando argumentos,

gerando discussões, organizando discursos e pressões com o objetivo de construir um

caminho estratégico rumo ao desenvolvimento sustentável1.

Os esforços, sem dúvida, são enormes. Observa-se que avanços tecnológicos e

científicos vêm sendo empreendidos nas últimas décadas auxiliando no acúmulo de

conhecimentos sobre a problemática ambiental, porém pouco se sabe sobre os resultados

obtidos com a prática dos mais diversos instrumentos de gestão ambiental2.

Huesemann (2003) afirma que os avanços tecnológicos e científicos são insuficientes

para deterem sozinhos o processo de destruição em curso.

O fato é que o modelo atual de desenvolvimento desigual, excludente e esgotante dos

ativos ambientais, leva a produção de níveis alarmantes de poluição do solo, do ar e da

água com a conseqüente destruição da biodiversidade.

____________________ 1Desenvolvimento Sustentável: Desenvolvimento que garante as necessidades do presente sem

comprometer a capacidade de as gerações futuras também atenderem às suas necessidades (World

Commission on Environment and Development, 1987). 2 Gestão Ambiental: consiste de um conjunto de medidas e procedimentos bem definidos e adequadamente

aplicados que visam a reduzir e controlar os impactos introduzidos sobre o meio ambiente (Valle, 1995).

16

A gravidade destes problemas gera questões de solução bastante complexas: se o

desenvolvimento é necessário, que preço pagar por ele? Como saber se existe a

possibilidade deste preço ser estabelecido? A vida humana é compatível com o

desenvolvimento que ignora a conservação/preservação de atributos naturais? Até

quando?

As possíveis respostas para estas questões passam necessariamente pelos interesses da

coletividade e pela efetiva internalização do entendimento de que a humanidade pertence

a um todo maior, que é complexo, articulado e interdependente; a natureza é finita e pode

ser degradada pela utilização perdulária de seus recursos; e finalmente, a luta pelo

desenvolvimento sustentável não é somente responsabilidade de alguns grupos, mas

missão política, ética e jurídica de todos os cidadãos.

A adoção efetiva destes entendimentos poderia alterar, sensivelmente, o sentido das

questões geradas acima para: qual desenvolvimento perseguir para compatibilizar a

qualidade de vida com o desenvolvimento socioeconômico e a preservação ambiental?

Porém, tal questão só pode ser formulada por cidadãos conscientes da co-

responsabilidade que a gestão ambiental avoca.

Estabelece-se então uma problemática extremamente emergente de solução já que,

conforme conveniente colocação de Azevedo; Smith e Abreu (2000, p. 122):

(...) a preocupação de nossa sociedade com o ambiente e o

desenvolvimento sustentável é ainda embrionária. Segmentos da população

e dos agentes econômicos não associam seus problemas cotidianos à

degradação ambiental, nem se reconhecem como atores neste processo

(...). Partidos políticos, poder legislativo, prefeituras, associações e

entidades patronais ou de empregados, organizações não governamentais e

outras têm percepção própria de meio ambiente. Esta compreensão peculiar

e parcial leva, muitas vezes, à proposição de ações bem intencionadas na

busca de soluções que na prática, se mostram incompletas, inadequadas, e

até contraditórias, tanto nos aspectos de gestão quanto nos de manejo (...).

17

De fato não são raros os casos onde não somente governos, mas vários segmentos da

sociedade adiam o estabelecimento de procedimentos ambientalmente adequados

visando a atração rápida de investimentos e o acesso a empréstimos. A negligência

deliberada da gestão ambiental em prol de interesses privados posterga o

desenvolvimento de habilidades para administrar, em prol de todos, um bem cujo direito é

difuso3.

Percebe-se então que além do desafio de desenvolver e aplicar um sistema de gestão

ambiental que considere a variedade e complexidade dos aspectos naturais, sociais,

culturais e econômicos, faz-se necessário também gerar atitudes e mentalidades mais

comprometidas com a sustentabilidade ambiental.

Portanto, a garantia de sucesso no exercício dos instrumentos de gestão ambiental, está

intimamente relacionada à implementação de sistemas interativos que estimulam a

participação e a co-responsabilização no processo de tomada de decisão.

Tal hipótese convoca os órgãos responsáveis pela execução das políticas públicas

ambientais, a assumirem um posicionamento estratégico que vai além do exercício de

suas competências de comando e controle.

Requer também um padrão na aplicação de recursos e competências que, através de

interações entre governo e empresas, estabeleça alianças e parcerias capazes de

multiplicar conhecimentos e dividir responsabilidades possibilitando o surgimento de uma

massa crítica capaz de internalizar e exercitar os princípios do autocontrole associado à

tríade ambiental, econômica e social, possibilitando que as ações de comando e controle

sejam colocadas em segundo plano.

____________________ 3 Direito Difuso: é o que pertence a grandes grupos ou parcelas de grupos, constituindo-se em prerrogativa

jurídica socializada. Não são direitos individuais ou personalíssimos, são direitos de comunidades e

coletividades, que podem ser postulados por entidades que a representam ou órgãos públicos que tutelam o

bem comum (Aguiar, 1998).

18

1.1 – DELIMITAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

O autocontrole e o licenciamento ambiental4 de empreendimentos impactantes são

instrumentos da Política Estadual de Administração dos Recursos Ambientais cujo

exercício ocorre conjuntamente. Competem ao Conselho Estadual de Meio Ambiente –

CEPRAM e ao Centro de Recursos Ambientais – CRA, autarquia vinculada à Secretaria

de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH, concederem as licenças, respeitando-

se suas competências específicas, definidas na legislação (Bahia, 2001, 1973, 2002).

A legislação ambiental baiana foi pioneira na implementação do princípio do autocontrole

ambiental. O regulamento da Lei Estadual nº 3.858/80, aprovado pelo Decreto Estadual nº

28.687/82, estabeleceu as disposições gerais para que os responsáveis por atividades

obrigadas a obter licença ambiental apresentassem ao CRA os chamados planos e

relatórios de automonitoragem (Bahia, 1982). Portanto, este diferencial regulamentar vem

sendo exercido na Bahia a mais de duas décadas. E conforme Souza (2001), tendo como

base o artigo 2255 da Constituição Federal que torna requisito para as empresas, como

membros da coletividade a responsabilidade para com o meio ambiente.

____________________ 4O autocontrole ambiental é a adoção, por parte das empresas, durante a fase do licenciamento de suas

atividades, de práticas e mecanismos que minimizem, controlem e monitorem os impactos ambientais

resultantes da atividade e que visem a melhoria contínua de seu desempenho ambiental e do ambiente de

trabalho (Bahia, 2001). O Licenciamento Ambiental é o ato administrativo pelo qual o órgão ambiental avalia

o empreendimento e estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser

obedecidas pelo empreendedor, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, para localizar,

implantar, alterar e operar empreendimentos ou atividades efetivas ou potencialmente poluidoras (Bahia,

2001). 5 Artigo 225 – Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo

e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e

preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

19

Atualmente, além dos planos e relatórios de automonitoragem, a formação da Comissão

Técnica de Garantia Ambiental – CTGA, a formulação da Política e do Balanço Ambiental,

bem como a realização da Auto-Avaliação para o Licenciamento Ambiental – ALA6

também são mecanismos utilizados para a implementação do autocontrole ambiental na

Bahia.

Como o autocontrole é um instrumento da política ambiental baiana que é exercitado de

maneira conjunta com o licenciamento ambiental e foi idealizado com o intuito de

estabelecer um diálogo entre o órgão ambiental e as empresas, fazendo com que os

empreendedores internalizem a necessidade de se co-responsabilizar com o governo na

tarefa de executar a gestão ambiental do Estado, com este trabalho pretendemos avaliar

a disseminação deste instrumento pelos procedimentos do licenciamento ambiental

dentro do período de tempo estudado.

____________________ 6 Comissão Técnica de Garantia Ambiental – CTGA: Comissão constituída em instituições públicas e

privadas cujas atividades estão sujeitas ao licenciamento ambiental. Esta comissão deve ser composta por

técnicos que desempenhem as suas atividades profissionais na unidade objeto da licença ambiental. A

constituição da CTGA é pré-requisito para o requerimento da licença de operação - LO e respectiva

renovação - RLO e tem por objetivo coordenar, executar, acompanhar, avaliar e pronunciar-se sobre os

planos, programas, projetos e atividades potencialmente degradadoras desenvolvidas no âmbito de sua

organização (CEPRAM, 2002a); Política Ambiental: Definida pela ISO 14.001 como uma declaração dos

princípios e intenções da empresa em relação ao seu desempenho ambiental que devem nortear o

planejamento de ações e o estabelecimento de seus objetivos e metas ambientais (Almeida; Melo e

Cavalcanti, 2002). A apresentação da política ambiental é pré-requisito para o requerimento da licença de

operação - LO e respectiva renovação – RLO (Bahia, 2001); Balanço Ambiental: Demonstrativo do

desempenho ambiental da atividade ou empreendimento. É pré-requisito para o requerimento da renovação

da licença de operação - RLO e deve ser divulgado na imprensa escrita (CEPRAM, 2002a); Auto Avaliação

para o Licenciamento Ambiental – ALA: Trata-se de um instrumento de educação ambiental, que visa

internalizar na comunidade da empresa, os princípios para a prática do autocontrole ambiental. A

elaboração da ALA proporciona às empresas incorporarem ao processo de licenciamento suas propostas de

controle para um melhor desempenho ambiental das suas unidades. A ALA é pré-requisito para o

requerimento da renovação da licença de operação - RLO ou de alteração - LA da atividade (CEPRAM,

2002a).

20

1.2 – OBJETIVOS

a) Geral

• Avaliar a disseminação do autocontrole ambiental dentro dos procedimentos do

licenciamento no Estado da Bahia entre 1997 a 2002.

b) Específicos

• Descrever os marcos teóricos e legais que consolidaram no Brasil e na Bahia a

responsabilização de todos para defender e preservar o meio ambiente.

• Caracterizar o autocontrole ambiental exercitado na fase do licenciamento

praticado pelo CRA e comparar os dados do autocontrole ambiental e do

licenciamento.

• Fornecer subsídios que contribuam para que o CRA aprimore a sua estratégia de

autocontrole ambiental.

1.3 – JUSTIFICATIVA

Considerando a grande dimensão do território baiano, a riqueza de seus recursos

naturais, o fato de que o Estado não é capaz de sozinho cuidar das questões ambientais

e a necessidade de promover o crescimento econômico e social em consonância com a

conservação e a preservação do meio ambiente, a disseminação do autocontrole

ambiental se configura como um importante instrumento capaz de atribuir aos

empreendedores responsabilidades concretas sobre a operação de suas atividades,

considerando serem eles os maiores conhecedores de seus sistemas operacionais.

Conforme Tosta (2004 p. 103):

(...) o entendimento das ações de licenciamento não como um processo

externo, mas em interação do CRA com a empresa aproxima estes atores,

sensibilizando-os quanto às limitações oferecidas pela tecnologia utilizada

21

em seu processo produtivo e quanto aos impactos ambientais por ela

gerados, fazendo as empresas parceiras e não passivas neste processo.

Os mecanismos de autocontrole ambiental representam uma forma da

empresa internalizar o espírito da regulação ambiental, compreendendo

seu objetivo e se coadunando ao poder público nesta tarefa.

A principal justificativa para o uso do autocontrole ambiental, é que a

empresa é a principal conhecedora de seu processo produtivo e por isso

pode, em conjunto com a equipe técnica do CRA, fornecer importantes

contribuições à melhoria de seu processo.

O poder de resolução dos problemas ambientais da empresa

potencialmente se amplia pela melhoria no relacionamento entre governo e

setor produtivo promovido por esta abordagem, já que agora não se

posiciona governo – como personagem exclusivo de comando e setor

produtivo – como réu em processo de investigação. Ao contrário, se

estabelece uma relação de diálogo entre as partes que, juntas, equacionam

a questão ambiental da melhor forma possível.

Assim, a capacidade de diálogo do órgão ambiental com a empresa amplia

as possibilidades de resultado positivo desta estratégia (...).

A idealização deste trabalho, bem como seu desenvolvimento e futuras possibilidades de

aplicação se deu devido ao reconhecimento da importância de não apenas implementar o

autocontrole ambiental, mas também de criar mecanismos capazes de avaliar sua

disseminação pelo estado já que este instrumento contribui para difundir a idéia da

atuação responsável para com os direitos difusos.

Além disso, o autocontrole já está consolidado na Bahia e entende-se ser o momento de

iniciar uma nova fase do seu exercício que se configuraria como a avaliação dos avanços

efetivamente obtidos depois de sua implementação.

1.4 – MÉTODO

O levantamento dos dados sobre o autocontrole ambiental exercitado dentro dos

procedimentos do licenciamento no Estado da Bahia foi realizado pelo método de

pesquisa classificado como exploratória em forma de estudo de caso e envolveu os

procedimentos de levantamento bibliográfico, pesquisa documental e entrevistas.

22

Conforme Gil (1996), o método de pesquisa classificado como exploratória proporciona

maior familiaridade com o tema de estudo tornado-o mais explicito e possibilitando o

aprimoramento de idéias. No delineamento do estudo de caso foram definidas as

seguintes fases (Gil, 1996):

a) Como delimitação da unidade-caso – o autocontrole ambiental praticado dentro dos

procedimentos do licenciamento exercitado pelo CRA.

b) Para a elaboração dos marcos teórico e legal – o levantamento bibliográfico.

O levantamento bibliográfico foi realizado através de pesquisas em artigos, revistas,

livros, internet e legislações ambientais para a fundamentação teórica e legal do trabalho.

c) Para a coleta de dados – a pesquisa documental para o levantamento de dados

secundários.

Esta etapa foi desenvolvida para levantar os dados referentes à freqüência de ocorrência

do autocontrole e do licenciamento ambiental por município, porte do empreendimento,

tipo de licença, entidade responsável pela sua concessão (CRA ou CEPRAM), divisão da

atividade, ano da concessão e interessado (público ou privado). Esclarece-se que em

função dos resultados mais significativos encontrados no que se refere à disseminação do

autocontrole dentro dos procedimentos do licenciamento ambiental, a distribuição do

licenciamento por município, porte do empreendimento, tipo de licença ambiental e ano da

concessão foram considerados para a apresentação e análise dos resultados.

Neste trabalho os dados referentes ao autocontrole ambiental estão relacionados às

concessões das licenças de operação e respectiva renovação. Os dados referentes ao

licenciamento ambiental englobam as concessões de autorização ambiental e as licenças

de implantação, operação, renovação da operação, simplificada e operação da alteração7.

____________________ 7 Sobre este parágrafo ver capítulo 2, item 2.7 e apêndice A.

23

Ressalta-se que para a execução deste trabalho a freqüência de ocorrência dos planos e

relatórios de automonitoragem não foram considerados, pois a obrigação para executá-los

consta como condicionante das licenças de operação concedidas para os

empreendimentos que emitem no ambiente qualquer efluente ou resíduo e os dados do

trabalho foram obtidos a partir da auditoria de publicação das Portarias ou Resoluções e

não pela análise do conteúdo das mesmas.

Este levantamento foi realizado tomando-se como base os resultados da “Auditoria das

Resoluções e Portarias expedidas pelo CEPRAM e pelo CRA” (Assis, 2003).

Esta auditoria foi executada sob a coordenação da Diretoria de Controle Ambiental –

DIRCO do CRA e teve como objetivo consolidar as Resoluções e Portarias expedidas no

período de 01/01/1997 a 06/04/2003.

Para esta dissertação foram considerados apenas os dados compreendidos entre

01/01/1997 a 31/12/2002. Este critério foi adotado para facilitar a análise dos resultados já

que esta pesquisa documental foi iniciada em março de 2003 e se considerássemos os

dados deste ano, naquele momento estes seriam apenas parciais.

A metodologia aplicada envolveu a busca das Resoluções e Portarias no sistema

informatizado, consulta direta no arquivo técnico do CRA, pesquisas no arquivo inativo,

sob a guarda da Empresa Gráfica da Bahia – EGBA, seleção dos parâmetros de

avaliação, elaboração de planilha/ano, para a reunião dos dados e interpretação dos

resultados (Assis, 2003).

Foram elaboradas doze planilhas separadas por ano e por tipo de publicação, Resolução

CEPRAM ou Portaria CRA. Ao final desta etapa obteve-se o levantamento de dados

secundários sobre o licenciamento ambiental numa única planilha cujos detalhes de

configuração e sistematização foram descritos no Apêndice A.

Não realizaremos uma avaliação qualitativa dos mecanismos do autocontrole, portanto,

não partimos do pressuposto que tais mecanismos atendem efetivamente a função do

24

autocontrole nem, contudo pretendemos avaliar a capacidade do licenciamento ambiental

induzir o comportamento de autocontrole. Na nossa conclusão afirmaremos, no máximo,

se o licenciamento ambiental promoveu ou não a prática dos mecanismos previstos como

de autocontrole (CTGA, Política e Balanço Ambiental e ALA) dentro do período de tempo

estudado.

d) Para a tabulação dos dados coletados – a espacialização geográfica.

A espacialização geográfica foi utilizada para a visualização da dinâmica espacial dos

dados referentes ao autocontrole e ao licenciamento ambiental na malha cartográfica do

Estado da Bahia e também para a tabulação dos dados numéricos relacionados à

freqüência de ocorrência dos eventos de autocontrole e licenciamento no período de

tempo estudado por município, porte do empreendimento, tipo de licença, entidade

responsável pela sua concessão (CRA ou CEPRAM), divisão da atividade, ano da

concessão e interessado (público ou privado). A partir da análise dos resultados obtidos

por esta tabulação (Apêndice D), os mais significativos para atender ao objetivo deste

trabalho (a distribuição do licenciamento por município, porte do empreendimento, tipo de

licença ambiental e ano da concessão), foram selecionados para constarem no capitulo

de apresentação e análise dos resultados.

A espacialização geográfica de dados tabulares alfanuméricos é uma importante

ferramenta para o planejamento, avaliação e monitoramento das dinâmicas espaciais

relativas às interferências antrópicas (Maia 2003).

O banco de dados alfa numérico, contendo as informações sobre o autocontrole e o

licenciamento ambiental foi convertido de planilha do microsoft excell para o formato DBF,

este compatível de ser lido pelo software ArcView 3.1. Através deste programa, criado

pela empresa americana Environmental Systems Research Institute – ESRI, o banco de

dados em formato DBF foi convertido para o formato shape file.

25

Criando-se uma vista, documento que permite a visualização de dados espaciais, a partir

da malha municipal cartográfica do Estado da Bahia (SRH, 2003), o shape file foi

adicionado, como tema, a esta vista.

Um tema é um conjunto de dados selecionados e preparados para visualizações segundo

determinadas regras de simbologia. Os temas são compostos de feições cartográficas

que representam a ocorrência de determinado objeto no terreno (Moretti, 2000). As

feições, neste trabalho, foram representadas por pontos.

e) Para auxiliar na análise dos resultados encontrados e identificar oportunidades de

melhorias na disseminação do autocontrole ambiental – a entrevista individual.

Os resultados obtidos foram apresentados e discutidos com três dirigentes e técnicos

ambientais que tiveram experiências práticas não só no exercício do autocontrole dentro

dos procedimentos do licenciamento ambiental como também na sua implementação no

Estado da Bahia no período de 1997 a 2002. Os nomes, as respectivas funções

desempenhadas pelos entrevistados e a data das entrevistas constam do Apêndice B.

Durante a discussão dos resultados algumas questões foram colocadas para que os

entrevistados externalizassem suas opiniões a respeito da importância, disseminação e

avaliação qualitativa do autocontrole ambiental no Estado da Bahia. As questões estão

relacionadas no Apêndice C.

As atividades profissionais desenvolvidas no CRA pela autora desta dissertação, na área

de licenciamento ambiental, desde a instrução para a formação processual, passando

pela análise técnica dos projetos e finalmente, pelos trâmites e procedimentos que

antecedem a concessão ou não das licenças ambientais, serviram como complementação

para a realização deste trabalho devido aos conhecimentos e experiências adquiridos a

cerca do objeto de estudo.

Esta dissertação apresenta a seguinte estrutura básica:

26

O Capítulo 1 introduz o trabalho contextualizando e justificando o objeto de estudo, além

de explicitar seus objetivos gerais e específicos e o método utilizado.

O Capítulo 2 apresenta o marco teórico utilizado na fundamentação da pesquisa

descrevendo a evolução das discussões sobre a responsabilidade ambiental e a

implementação do autocontrole ambiental dentro dos procedimentos do licenciamento no

Estado da Bahia, bem como a descrição da função que cada mecanismo de autocontrole

deve exercer.

O Capítulo 3 apresenta os marcos legais que consolidaram no Brasil e na Bahia a

responsabilização de toda a sociedade na tarefa de defender e preservar o meio

ambiente.

O Capítulo 4 apresenta os resultados obtidos com a pesquisa documental e com as

entrevistas individuais.

No Capítulo 5 são apresentadas as conclusões e recomendações finais do estudo, com

base nos resultados obtidos e analisados.

Apresenta-se ao final as referências utilizadas na elaboração desta dissertação, seguida

pela bibliografia, apêndices e anexos considerados relevantes como fonte de consulta na

compreensão do trabalho.

Ressalta-se que os itens referências e bibliografias foram relacionados separadamente,

pois conforme Lubisco e Vieira (2001), as referências são o conjunto de obras

consultadas e citadas na elaboração do trabalho acadêmico. As bibliografias por sua vez

se constituem de publicações com registros da literatura produzida sobre determinado

assunto que foram lidas para auxiliar na elaboração do fundamento teórico, mas o autor

não as mencionou no texto em forma de citação direta ou indireta.

27

CAPÍTULO 2 – MARCO TEÓRICO

28

2.1 – UM HISTÓRICO SOBRE O TEMA AMBIENTAL

Nas primeiras décadas do século XX o mundo passou por uma evolução tecnológica

maior do que aquela experimentada no restante pregresso da sua história. Em meio a

esse processo, e a despeito de todo o desenvolvimento do seu intelecto, o homem não

considerou seriamente a dependência entre a preservação do meio ambiente e a sua

própria preservação.

Porém, os níveis de produção e consumo que passaram a viger a partir das décadas de

sessenta e setenta, combinados ao crescimento populacional vertiginoso fizeram com que

as sociedades começassem a considerar que além da finitude dos recursos naturais do

mundo, o meio ambiente também era frágil e passível de destruição (Ribemboim, 1997).

Na década de 60, um grupo de cientistas, reunidos no chamado Clube de Roma, preveniu

quanto aos riscos de um crescimento econômico contínuo baseado em recursos naturais

esgotáveis, utilizando-se de modelos matemáticos. Seu relatório Limites do Crescimento,

publicado em 1972, foi um sinal de alerta com o mérito de conscientizar a sociedade para

os limites da exploração do planeta (Valle, 1995).

Desta forma na segunda metade do século XX surgiram os primeiros movimentos

ambientalistas motivados pela contaminação das águas e do ar nos países

industrializados.

De acordo com Valle (1995), após a contaminação da baía de Minamata, no Japão, com

mercúrio proveniente de uma planta química, criara-se a consciência de que resíduos

incorretamente dispostos podem penetrar na cadeia alimentar e causar mortes e

deformações físicas em larga escala através da bioacumulação. A descontaminação do

rio Tâmisa e os esforços para a melhoria do ar em Londres também são exemplos da fase

precursora dos cuidados com o meio ambiente. Valle (1995) também afirma que a década

de 60 pode ser denominada de década da conscientização.

29

Os anos 70 foram a década da regulamentação e do controle ambiental. Após a

Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente, em 1972, as nações começaram a

estruturar seus órgãos ambientais e estabelecer suas legislações, visando ao controle da

poluição ambiental. Poluir passa então a ser crime em diversos países.

Na mesma época, a crise energética causada pelo aumento do preço do petróleo (1973 e

1979) traz à discussão dois novos temas que auxiliaram em muito a luta daqueles que se

preocupavam com a proteção do meio ambiente: discute-se a racionalização do uso da

energia, buscando-se combustíveis mais puros e de fontes renováveis e a economia no

consumo de matérias-primas. Ao mesmo tempo, as primeiras tentativas de valorização

energética de resíduos unem dois temas em evidência nessa década: meio ambiente e

conservação da energia. O conceito de desenvolvimento sustentável começa a surgir no

painel de temas em discussão (Almeida; Mello e Cavalcanti, 2002).

Com a chegada da década de 80 e a entrada em vigor de legislações específicas que

controlam a instalação de novas indústrias e estabelecem exigências para as emissões

das indústrias existentes, desenvolvem-se empresas especializadas na elaboração de

Estudos de Impacto Ambiental e de Relatórios de Impacto sobre o Meio Ambiente.

Os resíduos perigosos passam a ocupar lugar de destaque nas discussões sobre a

contaminação ambiental. Alguns acidentes de vulto, como Chernobyl, na então União

Soviética; Seveso, na Itália; Bhopal, na Índia; e Basiléia, na Suíça, e a constatação da

destruição progressiva da camada de ozônio que circunda a Terra e a protege de

algumas faixas das radiações solares, trazem finalmente a discussão dos temas

ambientais para o dia-a-dia do homem comum.

Ainda nessa década a proteção ambiental que era vista por um ângulo defensivo,

estimulando apenas soluções corretivas baseadas no estrito cumprimento da legislação,

começa a ser considerada pelos empresários como uma necessidade, pois reduz o

desperdício de matérias-primas e assegura uma boa imagem para a empresa que adere

às propostas ambientalistas.

30

A década de 80 se encerrou com uma globalização das preocupações com a

conservação do meio ambiente. Conforme Valle (1995), dois claros exemplos dessa

preocupação global foram o protocolo de Montreal, firmado em 1987, banindo toda uma

família de produtos químicos (os cloro-fluor-carbonos ou CFC’s) e estabelecendo prazos

para sua substituição, e a publicação também em 1987 do relatório da Comissão Mundial

sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, instituída pela Assembléia Geral das Nações

Unidas, que disseminou mundialmente o conceito de Desenvolvimento Sustentável.

Em 1989, na Basiléia, Suíça, foi firmado um convênio internacional estabelecendo regras

para os movimentos transfronteiriços de resíduos, dispondo sobre o controle da

importação e exportação e proibindo o envio de resíduos para países sem capacidade

técnica, legal e administrativa para recebe-los. A Convenção da Basiléia foi ratificada por

muitos países e criada, entre outras razões, para coibir o comércio de resíduos tóxicos

para serem descartados em países menos desenvolvidos. O Brasil aderiu à Convenção

da Basiléia que ganhou força de lei por decreto publicado em 1993 no Diário Oficial da

União (Valle, 1995).

Na década de 90, já consciente da importância de manter o equilíbrio ambiental e

entendendo que o efeito nocivo de um resíduo ultrapassa os limites da área em que foi

gerado ou disposto, o homem está preparado para internalizar os custos da qualidade de

vida ambiental em seu orçamento e pagar o preço de manter limpo o ambiente em que

vive.

A preocupação com o uso parcimonioso das matérias-primas escassas e não renováveis,

a racionalização do uso da energia, o entusiasmo pela reciclagem e o combate ao

desperdício, convergem para uma abordagem mais ampla e lógica do tema ambiental que

pode ser resumida pela expressão Qualidade Ambiental.

A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – Rio 92

mostrou que no final do século XX a questão ambiental ultrapassava os limites de ações

isoladas e localizadas, para se constituir em uma preocupação de toda a humanidade.

31

A preservação da biodiversidade, o controle do aquecimento global, a proteção da

camada de ozônio e das florestas e a promoção do desenvolvimento sustentável são

temas ambientais globais que passaram a captar a atenção da sociedade e constituem

objeto de estudo e preocupações de cientistas e pesquisadores em todo o mundo.

A introdução de novos conceitos, como Certificação Ambiental, Atuação Responsável e

Gestão Ambiental, tende a modificar a postura reativa que marcava o relacionamento

entre as empresas, de um lado, e os órgãos de fiscalização de outro. Uma postura,

baseada na responsabilidade solidária, começa a relegar a segundo plano as

preocupações com multas e autuações que vão sendo substituídas por um maior cuidado

com a imagem da empresa.

Em 1992, entrou em vigor as normas britânicas BS7750 – Especificações para Sistemas

de Gestão Ambiental que serviram de base para a elaboração de um sistema de normas

ambientais a nível mundial.

A entrada em vigor destas normas internacionais de gestão ambiental, denominadas de

série ISO 14.000, e sua já anunciada integração futura com as normas de gestão da

qualidade ISO 9.000 constituem o coroamento de uma longa caminhada em prol da

conservação do meio ambiente e do desenvolvimento em bases sustentáveis (Almeida;

Mello e Cavalcanti, 2002).

Para as empresas a questão ambiental deixa de ser um tema problema para se tornar

parte de uma solução maior: credibilidade da empresa junto à sociedade através da

qualidade e da competitividade de seus produtos.

2.2 – O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Na década de 80, o mundo ganhou um diagnóstico que influenciaria o modo de agir e

pensar de toda a comunidade internacional, daí para frente. Com um objetivo audacioso

de entregar à Organização das Nações Unidas – ONU uma avaliação da situação

ambiental mundial, propor estratégias e formular propostas realistas para superar os

32

problemas, uma comissão de vinte e dois notáveis de diferentes países viajou pelos cinco

continentes para ouvir milhares de pessoas, entre lideres governamentais, cientistas,

industriais, agricultores, favelados e representantes de povos tradicionais.

Exatamente no período que ocorreram grandes tragédias ecológicas, a Comissão

Brundtland, liderada pela primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, lançou

seu relatório, Nosso Futuro Comum (1987). Neste relatório a Comissão alerta para a

chegada da hora de vincular mais estreitamente economia e ecologia, de modo que os

governos e os povos possam assumir a responsabilidade não só pelos danos ambientais,

como também pelas políticas que causam esses danos. Na abertura de Nosso Futuro

Comum a primeira ministra deu o seguinte depoimento:

Encontramos em toda parte uma preocupação com o meio ambiente (...). O

desafio que se nos apresenta é garantir que esses novos valores se

reflitam melhor nos princípios e no funcionamento das estruturas políticas e

econômicas. Também encontramos motivos de esperança: as pessoas

querem cooperar na construção de um futuro mais próspero mais justo e

mais seguro. (...) Mas, para que isto aconteça, temos de compreender

melhor os sintomas de desgaste que estão diante de nós, identificar suas

causas e conceber novos métodos de administrar os recursos ambientais e

manter o desenvolvimento humano. (Coordenação de Educação Ambiental

do Ministério da Educação e do Desporto, 1998, p.40-41).

Entra em pauta, a partir de então a necessidade de elaborar um modelo de

desenvolvimento que garanta as necessidades do presente sem comprometer a

capacidade de as gerações futuras também atenderem às suas necessidades. Por onde

se procure, mundo afora, percebe-se o engajamento pela busca de um modelo de gestão

ambiental que contemple estratégias capazes de possibilitar a implementação de

inovações em direção ao desenvolvimento sustentável.

Como estes movimentos são movidos por instituições com interesses próprios, de cunhos

sociais, econômicos e ambientais, não necessariamente, associando estes três pilares e

nem com entendimentos convergentes, encontrar um modelo de gestão ambiental capaz

33

de estabelecer um caminho eficiente, eficaz e igualitário para o desenvolvimento da

qualidade de vida global, se torna um imenso desafio a ser vencido.

Este modelo de gestão deve contemplar estratégias ambientais de longo prazo e uma

administração do meio ambiente que se traduza em maior cooperação entre os

interessados levando à consecução de objetivos comuns e interligados considerando as

inter-relações de pessoas, recursos e desenvolvimento.

Vive-se, portanto, a imensa e inadiável necessidade de se coordenar a ação política com

a responsabilidade de todos para satisfazer os objetivos e aspirações da humanidade.

Aspirações estas que englobam de forma inseparável o meio ambiente em que vivemos e

o desenvolvimento que praticamos ao tentar melhorar este espaço ocupado.

Neste processo dinâmico e efervescente sobressai-se o conceito de desenvolvimento

sustentável como a base teórica para repensar, em termos perenes e responsáveis o

crescimento econômico e o desenvolvimento.

Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento CNUMAD -

Rio 92 foi bastante debatido que trilhar pelo caminho do desenvolvimento sustentável é

uma decisão da sociedade com seus sistemas de organização social. Para tal, é

imprescindível o estabelecimento de acordos e compromissos entre governos e

organismos institucionais, para implementar estratégias concretas de desenvolvimento

sustentável, incluindo prazos para atingir as metas conveniadas e definindo as fontes dos

recursos financeiros necessários. De acordo com Espinosa (1993, p.1), "os esforços para

operacionalizar o desenvolvimento sustentável são dificultados não apenas pela

complexidade do tema, mas também pelos interesses estratégicos e econômicos

associados ao assunto".

De qualquer modo hoje se sabe que alcançar a sustentabilidade ambiental para o

desenvolvimento humano é uma tarefa que demanda a adoção de ações prioritárias no

sentido de prevenir os efeitos indesejáveis causados pelos impactos ambientais e que o

papel da sociedade como um todo é imprescindível para que esta empreitada tenha êxito.

34

É preciso internalizar conceitos avançados de gestão onde a dimensão ambiental não se

apresenta apenas por uma vertente reativa de controle e correção da poluição e efeitos

nocivos, mas principalmente, pelos seus valores negociais estratégicos.

2.3 – OS INSTRUMENTOS VOLUNTÁRIOS DE GESTÃO AMBIENTAL

Nos países industrializados as empresas, em número cada vez maior, estão aderindo a

uma atitude “verde”, à medida que percebem que a redução da poluição tem implicação

direta e simultânea nos negócios.

Azevedo (1997) afirma que a partir do momento que o debate ambiental entrou na órbita

da economia, o tema deixou de ser modismo e se transformou em assunto sério.

Segundo ele, a pressão da opinião pública nos países desenvolvidos foi generalizando a

exigência de se estabelecer relações de comércio internacional apenas com países e/ou

empresas ecologicamente corretos.

Maimon (1996) complementa enfatizando que as ações na área ambiental se manifestam

em resposta a várias pressões políticas: governamentais, das ONGs, da mídia, das

associações científicas e econômicas através do condicionamento para financiar projetos

e da imposição de barreiras ecológicas às exportações/importações.

Para atender ao novo lema de produzir de maneira limpa Azevedo (1997) destaca o

surgimento de várias proposições inovadoras tais como: a autoavaliação ambiental

permanente por parte das empresas, as auditorias ambientais externas e internas, a

formulação e a adoção pública de uma política de gestão ambiental, os selos verdes, as

certificações ambientais, entre outros.

Segundo Hart (1997), nas décadas de 60 e 70, em vários países europeus, Estados

Unidos e Japão as empresas insistiam em negar a evidência de que causavam impactos

negativos ao meio ambiente. No final do século XX, nos países industrializados, a maioria

das empresas aderiu a uma postura ambientalmente mais correta, pois perceberam que a

redução da poluição implicava em resultados positivos para os negócios. Entretanto,

35

apesar de se observar uma relativa recuperação ambiental no mundo desenvolvido, o

planeta como um todo continua num rumo geral não sustentável.

Hart (1997) afirma que a lógica empresarial focada em programas de prevenção da

poluição, redução de riscos, reengenharia ou redução dos desperdícios ainda é

essencialmente operacional e técnica. Raramente a atuação ambiental das empresas

está relacionada à estratégia empresarial e ao desenvolvimento tecnológico.

Marinho (2001) acrescenta que a adesão voluntária das empresas às certificações

ambientais e a indicadores e códigos de liderança juntamente com o sistema regulatório

oficial se configura como uma forma complementar da gestão ambiental corporativa no

caminho para a sustentabilidade. O Anexo A apresenta as principais iniciativas voluntárias

existentes relacionadas ao meio ambiente e às empresas e algumas de suas

características.

De acordo com Almeida, Mello e Cavalcanti (2002), a base para a adoção desses

instrumentos voluntários de controle ambiental foi o conceito de desenvolvimento

sustentável que emergiu do Relatório Brundtland: a busca simultânea de eficiência

econômica, justiça social e harmonia ecológica.

Portanto, a saída que o desenvolvimento sustentável representou, em especial para o

setor industrial, motivou a manifestação de diversas instituições de âmbito internacional,

na proclamação de princípios e estabelecimento de códigos de lideranças setoriais para a

adoção de uma postura ambientalmente correta.

A relação entre os princípios adotados pelas diversas instituições ligadas aos respectivos

segmentos empresariais expressa, potencialmente, condições para a vantagem

competitiva, traduzida em níveis mais elevados de inserção e comprometimento das

empresas com a questão ambiental.

36

Sem dúvida as iniciativas voluntárias exercem um importante papel no estímulo para a

adoção de medidas ambientais proativas em contraste com as atitudes reativas que

predominaram em maior escala nos anos 80, mas ainda prevalecem hoje.

No entanto, conforme Marinho (2001), para garantir uma contribuição mais efetiva essas

iniciativas precisam ser mais arrojadas e encarar valores mais avançados, que corram o

risco de impelir as empresas a fazerem mais pelo meio ambiente e pela sociedade.

O Business Council for Sustainable Development – BCSD, formado em 1990 com o

objetivo de formular uma perspectiva global sobre o desenvolvimento sustentável

considerando o ponto de vista empresarial, publicou o resultado de seu trabalho8

propondo uma combinação dos instrumentos de comando e controle, autoregulação9 e

econômicos para promover o desenvolvimento sustentável empresarial baseado em

mudanças estruturais na relação de forças nas áreas ambiental, econômica e social.

Esta proposta parte da premissa de que a gestão ambiental, como uma tarefa de todos,

deve compatibilizar ações integradas entre governo, sociedade e empresas, evoluindo

para algo maior que é a gestão da sustentabilidade.

Almeida (2002) ainda acrescenta a democracia, a estabilidade política e a transparência

como elementos essenciais para a prática do desenvolvimento sustentável. Segundo ele,

a inexistência da democracia é incompatível com a existência de mercados abertos e da

autoregulação. A falta da estabilidade política inviabiliza o funcionamento do mercado na

medida que põe em risco o respeito à lei, à propriedade e a busca da equidade social

local e global. E a ausência da transparência pode criar um campo fértil para o surgimento

da corrupção que não se alinha com a competição que sustenta um mercado livre e

saudável.

____________________ 8 – Mudando o Rumo: uma perspectiva empresarial global sobre desenvolvimento e meio ambiente.

Publicado no Brasil pela Editora da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro em 1992. 9 – A autoregulação é definida como as iniciativas tomadas pelas companhias ou setores da indústria para

regularem a si próprios através de padrões, monitoramentos e metas de redução da poluição.

37

A transparência também significa as empresas ouvirem e considerarem em suas decisões

as opiniões e expectativas de todas as partes interessadas que com ela interagem numa

relação de influência mútua.

Maimon (1996), afirma que novas regras ambientais têm imperado no mercado

internacional, alterando a competitividade em vários setores principalmente naqueles

relacionados à exportação. Tais mudanças pressionam as empresas a evoluírem no seu

comportamento ambiental. A tendência é que nos próximos anos a globalização da bio-

ética conduza todos os atores sociais para um novo paradigma empresarial que

transcenda a obtenção de certificações.

Segundo Azevedo, S. (2004), a ética moderna baseada na concepção da relação do

homem com as tecnologias e o ambiente está ultrapassada, pois é voltada, única e

exclusivamente, para servir ao próprio homem. As conseqüências das ações humanas

ampliaram-se no espaço de tal forma que introduziu na ética uma dimensão planetária,

projetando a responsabilidade humana sobre o próprio destino e sobre a qualidade de

vida das gerações futuras. E o futuro torna-se responsabilidade de todos.

Hart (1997), define a visão empresarial de sustentabilidade como uma lógica de

moldagem capaz de ir além da adoção de tentativas internas para ser ecológico. Segundo

ele, somente a partir do momento de apropriação desta nova visão, as empresas serão

orientadas a percorrer por três etapas que as levarão a incluir seu desempenho ambiental

às estratégias empresariais.

• Primeiro Estágio – Prevenção da Poluição: a prevenção da poluição atenta para a

minimização ou eliminação das perdas antes de serem geradas. Estão

relacionadas aos esforços para o melhoramento contínuo com o objetivo de reduzir

perdas de recursos e economizar energia. As normas e códigos ambientais

voluntários internacionais, como a ISO 14.000, são motivadores para as empresas

desenvolverem estas habilidades.

38

• Segundo Estágio – Administração Ambiental de Produtos: à medida que as

empresas do primeiro estágio se aproximam da emissão zero, reduzindo o uso de

materiais e a produção de resíduos, o próximo passo é obter melhoramentos nas

características do projeto do produto e do seu processo de fabricação. Esta

estratégia consiste em reduzir os possíveis impactos ambientais em todas as fases

do ciclo de vida do produto. Todos os efeitos que este poderia causar no meio

ambiente são examinados ainda na fase de projeto. O projeto ambiental (Design for

Environment – DEF) capta no seu processo uma série de perspectivas externas à

organização, pois inclui na sua elaboração equipe técnica, especialistas em meio

ambiente, consumidores finais e até representantes da comunidade.

• Terceiro Estágio – Tecnologia Limpa: as empresas que pretendem permanecer no

mercado precisam planejar investimentos em tecnologia para o futuro porque a

base de tecnologia disponível na maior parte dos ramos de negócios não é

ambientalmente sustentável. A indústria química, por exemplo, é muito dependente

da molécula do cloro. Muitos compostos orgânicos que possuem cloro são tóxicos,

de difícil degradação e ainda são bioacumulativos. O Instituto de Pesquisa de

Tecnologias Inovadoras para a Terra, do Japão, é um dos diversos consórcios para

pesquisas e tecnologias novas com atenção voltada para o desenvolvimento e

comercialização de tecnologias limpas para o mundo em desenvolvimento.

Marinho (2001) considera que devido à norma ISO 14001 ter uma crescente aplicação em

âmbito global, atingindo várias empresas, setores e países se contrapondo a muitas

outras iniciativas que não obtiveram o mesmo alcance, esta norma é um importante

instrumento para melhorar a sustentabilidade do planeta. Porém, sugere reformulações

para torná-la mais proativa.

(...) Estratégias de engajamento com as partes interessadas e garantia de

um melhor desempenho ambiental. Essas modificações fariam com que

esse instrumento desse uma maior contribuição para a melhoria dos

padrões de desempenho, estimulando uma postura mais transparente e

ajudando a mudar a forma tradicional de fazer negócio, que tanto tem

causado problemas para os recursos do planeta e seus habitantes.

39

Modificações nas áreas de cumprimento da legislação, publicação de

informações e de consultas às partes interessadas, trazendo inúmeros

benefícios para as empresas, suas partes interessadas e finalmente, para

as populações atuais e futuras. As dificuldades para a implementação

dessas práticas mais avançadas, em termos de competitividade, seriam

superadas na medida em que se universalizaria a aplicação desta norma e,

portanto, criando-se oportunidades similares para todos. As dificuldades

seriam superadas pela criatividade, pelos resultados das inovações em

termos de ganhos econômicos, pela melhor imagem e redução de conflitos

com grupos de interesses (...) (Marinho, 2001 p. 347).

Fukusaku (2000), aponta os acordos voluntários nas suas diversas formas como capazes

de se constituírem como difusores de inovação e desencadeadores de consciência

coletiva nas organizações, mas enfatiza que raramente estes instrumentos têm como

objetivo avanços tecnológicos significativos capazes de promover a inovação.

Assim, para que uma empresa adote uma posição mais avançada na transição para a

sustentabilidade, suas ações e os instrumentos voluntários adotados deverão estar

pautados no tripé da responsabilidade social que engloba a sustentabilidade econômica,

ecológica e social.

2.4 – A RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA

Colocando à parte as questões que envolvem as vantagens e desvantagens da

globalização do mercado no sistema neoliberal e principalmente, o formato utilizado na

internacionalização da economia brasileira (endividamento externo), a globalização

econômica e conseqüentemente, da temática ambiental trouxe vantagens para a

preservação ecológica.

Silva (2003) afirma que a velocidade da geração e da divulgação da informação de

qualquer acidente ecológico no mundo globalizado tem grande repercussão junto à

sociedade global numa dinâmica que afeta tanto o valor de mercado de uma corporação,

quanto sua imagem junto aos consumidores reais e potenciais.

40

Segundo Furtado (2003), esta nova ordem mundial de livre fluxo de comércio e

investimento aumentou a velocidade com que capitais, bens e serviços giram ao redor do

mundo, modificando a maneira das corporações realizarem seus negócios e

impulsionando-as a assumirem responsabilidades para com o desenvolvimento

sustentável. Furtado ainda indica seis importantes tendências mundiais que embasam

esta mudança comportamental das organizações:

• Maior uniformidade de processos;

• Mudança na prática de manufatura de produto para o comércio de serviços;

• Descentralização corporativa, com o aumento da importância das empresas no

hemisfério sul;

• Estabelecimento de padrões e regras globais, por organizações multilaterais, para

gestão ambiental e tecnologia de comunicação;

• Ampliação do espectro das partes interessadas;

• Aprimoramento do arcabouço legal, nacional e internacional, fazendo com que os

limites de comando e controle sejam conhecidos, induzindo ao estabelecimento de

novas abordagens inovadoras para a solução de problemas ambientais

emergentes.

Conforme Cantarino (2003), a agilidade, a inovação e a transparência são fatores

fundamentais para as empresas se manterem competitivas neste mercado. Paralelamente

a este cenário, a legislação ambiental brasileira vem se adequando para cobrir as lacunas

existentes e se tornando mais restritiva no tocante ao controle dos impactos ambientais.

Assim sendo, a incorporação da variável ambiental na gestão empresarial não é apenas

um diferencial competitivo, mas uma questão de sobrevivência em longo prazo.

O discurso da ética, da disseminação de valores, do respeito ao meio ambiente e do bom

relacionamento com todas as partes interessadas (funcionários, fornecedores, acionistas,

comunidade, ONGs e governo) engloba o conceito da responsabilidade social e vem

ganhando espaço rapidamente no universo corporativo. As empresas devem prestar

contas à sociedade, pois para se estabelecerem e obterem lucros geram custos sociais,

41

decorrentes de suas atividades e se aproveitam de uma grande variedade de recursos

naturais pertencentes à sociedade.

Além do mais, o setor empresarial é o mais poderoso da sociedade. Possui imensos

recursos financeiros, tecnológicos e econômicos. A mídia, a indústria cultural e o setor de

propaganda são controlados na sua quase totalidade pelo setor privado. Formam valores

culturais e influenciam o comportamento da maior parte da nossa população, além de

exercerem uma grande influência política através do financiamento a campanhas

eleitorais e do acesso privilegiado junto aos governantes. Mas o grande poder do setor

empresarial implica em uma grande responsabilidade. Apenas a responsabilidade social é

capaz de promover uma drástica transformação no quadro humano e ambiental brasileiro

e mundial. É fundamental que haja esta grande mudança nas prioridades da agenda de

nossa sociedade, colocando em primeiro lugar os temas sociais e ambientais, não apenas

no discurso, mas também nas ações.

Segundo Vassalo (2003), a sustentabilidade dos negócios deve estar apoiada em três

grandes pilares: o desenvolvimento social, a responsabilidade ambiental e a viabilidade

das empresas. E acrescenta: “negócios doentes (nas finanças, nas estratégias e na

gestão) jamais serão socialmente responsáveis no longo prazo”.

Desde o final da década de 90 o World Business Council For Sustainable Development –

WBCSD e suas representações nacionais, como o Conselho Empresarial Brasileiro para o

Desenvolvimento Sustentável – CEBDS vêm formulando e executando o projeto da

Responsabilidade Social Corporativa – RSC.

Em 1998 o WBCSD organizou um encontro na Holanda para promover um amplo diálogo

das partes interessadas com representantes de vários países, etnias, profissões e classes

sociais. O objetivo deste encontro foi delimitar a responsabilidade das empresas diante do

mundo, indicando o papel do empresariado na dimensão social da sustentabilidade e

acrescentando esta dimensão à ambiental e à econômica.

42

Neste encontro a RSC foi definida como o comprometimento permanente dos

empresários em adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento

econômico, simultaneamente melhorando a qualidade de vida de seus empregados e de

suas famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo.

Almeida (2002) esclarece que tanto conceitualmente quanto na prática, os contornos da

RSC estão ainda em construção. Entretanto, é consenso que a RSC não é filantropia,

ferramenta de marketing e nem o simples cumprimento de leis e regulamentos. Embora

suas fronteiras de aplicação estejam ainda em discussão, seus valores essenciais já

estão delimitados como sendo: respeito aos diretos humanos e trabalhistas, proteção

ambiental e valorização do bem-estar das comunidades e do progresso social.

A ampliação mundial do movimento de responsabilidade social empresarial tem sido

acompanhada pela ação de consumidores, de investidores, de clientes e da mídia. Em

muitas situações, esse conjunto de atores vem se mobilizando para obter das

corporações multinacionais o compromisso de observância dos princípios éticos

fundamentais em toda a cadeia produtiva, sobretudo no que diz respeito aos direitos

humanos dos trabalhadores.

Na Europa e nos Estados Unidos já existem fundos de investimento formados por ações

de empresas socialmente responsáveis como o Índice Dow Jones de Sustentabilidade -

DJSI.

Este índice foi criado em agosto de 1999 pela Dow Jones & Company e a empresa suíça

Sustainability Asset Management – SAM. Ele identifica empresas que geram ganhos de

longo prazo por considerarem os aspectos econômicos, ambientais e sociais na análise

dos riscos e oportunidades de negócio. Desde sua criação, o Índice Dow Jones de

Sustentabilidade vem provando que o desenvolvimento sustentável é um importante

conceito avaliado pelos investidores no momento da tomada de decisões sobre o

gerenciamento de seus ativos. Ele ajuda os investidores internacionais a identificar e

privilegiar ações privilegiadas no mercado de empreendimentos que aliem solidez e

43

rentabilidade financeira a uma postura de ecoeficiência e responsabilidade social

(Almeida, 2002).

Quatro empresas brasileiras fazem parte do seleto grupo internacional de 312 (trezentos e

doze) empreendimentos escolhidos em 2001 para compor o Índice Dow Jones de

Sustentabilidade: a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), a EMBRAER

(Empresa Brasileira de Aeronáutica) e os bancos Itaú e Unibanco. Para fazer parte do

DJSI as empresas são submetidas a uma rigorosa seleção. Em 2001, 2.500 (dois mil e

quinhentos) empreendimentos de 26 (vinte e seis) países foram avaliados. Os que

passam no teste sinalizam aos investidores que sua capacidade de gerar mais lucros em

longo prazo está associada a uma filosofia de desenvolvimento sustentável.

A CEMIG é um dos empreendimentos brasileiros escolhidos por dois anos consecutivos.

Entre as atividades sustentáveis para a sua inclusão estão a produção anual de um

milhão de alevinos para repovoamento dos reservatórios de suas hidrelétricas e o

investimento contínuo em inovação tecnológica. A CEMIG criou um sistema de redes de

transmissão protegidas que reduz o desmatamento para a implantação dos projetos de

eletrificação e desenvolveu um método de regeneração de óleo mineral isolante que evita

o descarte anual de um milhão de litros deste resíduo. A empresa também investe cerca

de vinte milhões de reais por ano em ações ambientais, patenteou o sistema de

reaproveitamento do óleo de turbina e em parceria com a ONG Fundo Brasileiro para a

Biodiversidade – FUNBIO e a Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG criou, em

2000, o Centro de Estudos de Transposição de Peixes para a manutenção da

biodiversidade nas represas.

Para a inclusão no DJSI do Banco Itaú foi decisivo o trabalho social desenvolvido por esta

corporação, caracterizado nas ações de incentivo à cultura. A filosofia do programa

desenvolvido pelo banco é despertar a análise crítica dos cidadãos por meio da cultura.

Desde a década de 80, o banco mantém o Instituto Itaú Cultural por onde passam

anualmente duzentas e cinqüenta mil pessoas para participarem de eventos como shows

e exposições. A instituição também patrocina a edição de livros e privilegia a revelação de

novos talentos em diferentes segmentos artísticos.

44

A relação de empresas que compõem o DJSI é revista anualmente, para garantir que de

fato inclua as mais representativas em sustentabilidade. A seleção é baseada num

questionário composto por quinhentas perguntas que abrangem as dimensões

econômicas, ambientais e sociais do desenvolvimento sustentável.

Normas e padrões certificáveis relacionados especificamente ao tema da RSC também

vem ganhando crescente aceitação mundial tais como: as normas SA 8000 (relações de

trabalho) e AA 1000 (diálogo com partes interessadas).

Desenvolvida pela Social Accountability International - SAI, organização governamental

com sede em Nova York, a SA 8000 - Social Accountability 8000 é uma norma

internacional que busca garantir os direitos básicos dos trabalhadores. Sua elaboração,

finalizada em 1997, foi impulsionada por denúncias de utilização de mão-de-obra infantil e

escrava na indústria chinesa de brinquedos (principal fornecedora das redes americanas

de varejo).

A norma trata de questões como mão-de-obra infantil, segurança e saúde do trabalhador,

liberdade de associação, discriminação, remuneração e horas extras, além de estabelecer

critérios éticos balizadores das ações e relações da empresa com os públicos com os

quais interage (funcionários, consumidores, fornecedores e a comunidade). Seu objetivo é

evocar os principais direitos trabalhistas e certificar o seu cumprimento em toda a cadeia

produtiva de que a empresa participa, por meio de auditores independentes.

A SA 8000 baseia-se nas normas da Organização Internacional do Trabalho - OIT, na

Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Declaração Universal dos Direitos da

Criança. É o primeiro padrão internacional de certificação social que procura garantir

melhores condições de trabalho. Seu selo de certificação tem validade por um ano, e para

renová-lo é necessário passar por auditorias semestrais (Alli e Sauava, 2004).

No Brasil a empresa De Nadai de alimentação industrial sediada em Santo André, no ABC

paulista, foi a primeira empresa brasileira a receber a certificação SA 8000, concedida em

2001 (Boccia, 2003).

45

A norma AA1000 - Accountability 1000 foi lançada em 1999 pelo Institute of Social and

Ethical Accountability – ISEA, ONG com sede em Londres. Esta norma é um padrão de

responsabilidade social empresarial que busca promover a implementação de sistemas

de gestão éticos e transparentes por meio de uma aprendizagem contínua, envolvendo as

partes interessadas em todas as etapas.

A empresa que adota a AA1000 se compromete a seguir um processo contínuo de ciclos

de atividades. Cada ciclo tem como principais passos a definição de valores, o

desenvolvimento de metas de atuação ética e social e a avaliação e comunicação do

desempenho organizacional em relação a essas metas. Assim, esse padrão encaminha

as organizações ao desenvolvimento sustentável (ambiental, social e econômico) e

constrói vantagens competitivas por meio da projeção de uma postura de

responsabilidade social.

O grande diferencial da AA1000 em relação a outros sistemas de gestão é que ela propõe

o envolvimento de todos os parceiros e partes impactadas. As opiniões dos diversos

segmentos devem integrar o processo, orientando a definição das metas organizacionais

e de indicadores de resultados para avaliar essas metas. Esse processo de

sistematização do envolvimento das partes interessadas legitima as práticas de

responsabilidade social da empresa, tornando mais confiáveis as informações levadas a

público por ela.

A evolução progressiva do desempenho social da empresa ocorre quando ela põe em

prática os princípios da responsabilidade social corporativa, incluindo e considerando em

suas decisões estratégicas a visão e opinião de todos os grupos envolvidos em suas

atividades (Alli e Sauava, 2004).

O conceito da responsabilidade social corporativa começou a surgir com força no Brasil

durante a década de 90 embalado pela Conferência Rio 92 e pela Campanha contra a

Fome (Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e pela Vida), liderada pelo sociólogo

brasileiro Betinho e apoiada por instituições de todo tipo e também por líderes

empresariais do país inteiro (ABNT/GTRO, 2003).

46

A abertura do mercado brasileiro em vários segmentos a partir do final da década de 80 e

a busca do mercado externo por várias empresas, estabeleceu o desenvolvimento de um

cenário altamente competitivo, que também contribuiu para que os empreendedores

atentassem para a importância de internalizar os novos conceitos da RSC.

O Brasil vem se tornado uma referência mundial na disseminação da responsabilidade

corporativa graças às ações de várias entidades com liderança empresarial ou

direcionada às empresas que foram criadas para lidar com temas sociais, direitos

humanos e sustentabilidade ambiental. Entre muitas, podem ser citados o Instituto Akatu,

a Fundação ABRINQ pelos direitos da criança, o CBDES e o Instituto Ethos.

Um levantamento feito pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA

demonstrou que as despesas com projetos sociais estão crescendo substancialmente nas

organizações e apesar de investimentos sociais não refletirem todo o investimento

empresarial na gestão de negócios baseada em princípios da responsabilidade social,

eles podem ser um bom indício de como iniciativas que relacionam empresas e sociedade

têm evoluído (ABNT/GTRO, 2003).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT também está desenvolvendo um

projeto de norma para a responsabilidade social. Este projeto define a RSC como uma

forma de gestão baseada na relação ética e transparente das organizações com todos os

públicos com os quais se relaciona e pelo estabelecimento de metas compatíveis com o

desenvolvimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais

para as gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das

desigualdades sociais (ABNT, 2004).

Além do quadro geral de procura por certificações e o estabelecimento de princípios e

códigos principalmente para a industria, a internalização da responsabilidade social

corporativa tem expandido e provocado mudanças na comunidade empresarial global. A

preocupação em alinhar economia, meio ambiente e justiça social está se consolidando

como um bônus num planeta cada vez mais sem fronteiras composto por empresas cada

vez mais sem nacionalidades.

47

2.5 – AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS REDUTORAS DA POLUIÇÃO

A preocupação com os padrões de produção e consumo e as pressões do mercado de

alguns setores por produtos, processos e serviços, ambientalmente, mais corretos, fez

surgirem mudanças na legislação e o aparecimento de códigos voluntários de conduta

ambiental.

A adoção destes vêm, gradualmente, mostrando novas oportunidades para o surgimento

de produtos e processos com maior comprometimento ambiental. Muitas empresas vêm

estabelecendo uma relação entre negócios e meio ambiente fundamentada na otimização

do uso dos recursos naturais, minimização da geração de resíduos, adoção de processos

mais limpos, internalização das externalidades10 negativas, entre outros.

As ações de conservação e preservação ambientais dos últimos anos têm inibido a

atuação livre dos agentes econômicos na tendência de transferir para o ambiente externo

suas externalidades negativas. Estes vêm adotando critérios de produção mais limpa ou

de produção limpa, possibilitando o surgimento de campo fértil para que haja uma

evolução da gestão ambiental da concepção primeira de comando e controle para a

incorporação dos conceitos da prevenção da poluição.

De acordo com Almeida, Mello e Cavalcanti (2002), as empresas que estão conseguindo

vencer o desafio dos limites da conformidade ambiental se tornando proativas e

antecipando-se às mudanças institucionais, mostram que os custos iniciais para a

mudança são compensados por economias no processo de produção, melhorias na

imagem da empresa perante a sociedade e eliminação dos custos dos passivos

ambientais associados a:

____________________ 10 Uma externalidade ocorre sempre que as ações de um agente econômico afetam diretamente o ambiente

de um outro agente, sem que o mesmo seja compensado por este fato. Apesar de existirem externalidades

positivas e negativas, os impactos ambientais mais comuns no dia a dia são oriundos de externalidades

negativas como a poluição (Ribemboim, 1997, p. 17).

48

• Multas, taxas e impostos a serem pagos em face da inobservância de requisitos

legais;

• Custos de implantação de procedimentos e tecnologias que possibilitem a correção

das não conformidades;

• Dispêndios necessários à recuperação de áreas degradadas e indenização às

populações afetadas.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA define a produção mais

limpa como a aplicação contínua de estratégias de prevenção ambiental para processos,

produtos e serviços com vistas a aumentar a ecoeficiência, prevenir a poluição do ar,

água e solo, reduzir os resíduos na fonte de poluição e minimizar os riscos para a

população humana e o ambiente (Harris, 1997).

A implementação da produção mais limpa contempla o enfoque preventivo e a abordagem

integrada e holística ao desenvolvimento de produtos, processos ou atividades. O

enfoque preventivo requer uma análise criteriosa desde o início do processo de produção

para evitar danos ambientais na fonte do problema, em vez de tentar controla-los em seu

final. A abordagem integrada e holística requer uma análise do ciclo de vida11 útil de

produtos, processos ou atividades para assegurar a eliminação de materiais nocivos que

ameaçam o ambiente (Furtado, 2003).

____________________ 11Análise do Ciclo de Vida – ACV: procedimento com objetivo de avaliar os impactos ambientais associados

com um produto, processo ou atividade. Esta avaliação é realizada com base na identificação e na

quantificação da energia, dos materiais usados e dos resíduos emitidos para o meio ambiente, além de

contemplar também a implementação de oportunidades que resultem em melhorias ambientais, (Meira e

Kiperstok, 2002). A ACV presta-se a contabilização dos impactos sobre o meio ambiente decorrentes de

todas as etapas que lhe são peculiares, desde sua concepção mercadológica, planejamento, produção,

transporte, consumo e descarte, até a disposição final, (Almeida; Mello e Cavalcanti 2002).

49

O conceito de produção limpa, estabelecido pelo Greenpeace, também contempla o

enfoque preventivo e a abordagem integrada e holística no desenvolvimento de produtos,

processos ou atividades. Porém, difere no conceito de produção mais limpa por

contemplar também o Princípio da Precaução e o Controle Democrático (Greenpeace,

2002). Portanto, na discussão envolvendo a produção mais limpa e a produção limpa esta

última, é mais exigente e efetiva, quando analisada sob o ponto de vista sócio-ambiental

por cobrar de todos os envolvidos no desenvolvimento de produtos, processos ou

atividades, que assumam suas responsabilidades ambientais (Furtado, 2003).

O Princípio da Precaução prevê que o ônus da prova fique a cargo do agente poluidor em

potencial, para que ele demonstre que uma substância ou atividade não causará danos

ambientais, em vez de ser responsabilidade das comunidades ou dos governos provar

esse dano. Além disto engloba a prevenção da entrada de contaminantes no ambiente, a

ação antes do dano e antes de provas científicas conclusivas e a produção através de

processos industriais não contaminantes (Greenpeace, 2002).

O Controle democrático é assegurado pelo acesso a informações e o envolvimento de

todos os atores afetados pelo desenvolvimento de produtos, processos ou atividades, na

tomada de decisões que os influenciem (Greenpeace, 2002).

O Quadro 1 apresenta as características da produção mais limpa (PNUMA) e da produção

limpa (Greenpeace) relacionadas aos processos e produtos.

Atualmente, qualquer estratégia que se estabeleça para alcançar um caminho rumo ao

desenvolvimento sustentável carece de, primeiramente, problematizarmos a tecnologia

empregada e os modos de consumo, redirecionando as ações para a fonte dos problemas

e a busca da produção limpa. A proposta do uso do Fator 10 possibilita visualizar a

dimensão deste desafio.

Graedel e Allenby (1998) citados em Kiperstok e colaboradores (2002), utilizaram a

equação mestra do impacto ambiental para pensar o futuro do planeta, considerando a

seguinte questão: a análise dos resultados que estão sendo atingidos efetivamente

50

apontam para uma reversão do processo de degradação ambiental, ou sequer para a

redução da velocidade com que este se dá?

QUADRO 1: Características da produção mais limpa (PNUMA) e da produção limpa

(Greenpeace) relacionadas aos processos e produtos.

Processo Produto

Produção mais limpa

(PNUMA)

Conservação de materiais, água e

energia; eliminação de materiais

tóxicos e perigosos; redução da

quantidade e toxicidade de todas as

emissões e resíduos na fonte e

durante a manufatura.

Redução do impacto ambiental e para

saúde humana, durante todo o ciclo da

extração da matéria-prima, manufatura,

consumo/uso e na disposição/descarte

final.

Produção limpa

(Greenpeace)

Atóxico, energia-eficiente; utilizador

de materiais renováveis, extraídos de

modo a manter a viabilidade do

ecossistema e da comunidade

fornecedora ou, se não-renováveis,

passíveis de reprocessamento

atóxico e energia-eficiente; não

poluidor durante todo o ciclo de vida

do produto; preservador da

diversidade da natureza e da cultura

social; promotor do desenvolvimento

sustentável.

Durável e reutilizável; fácil de

desmontar e remontar; mínimo de

embalagem; utilização de materiais de

reciclados e recicláveis.

Fonte: Furtado (2001)

Considerando a equação mestra do impacto ambiental onde: impacto ambiental =

(população) X (PIB/pessoa) X (impacto ambiental/unidade de PIB) e analisando seus dois

primeiros fatores, à luz dos dados de crescimento populacional e aumento da renda per

capita, verificados no mundo nos últimos anos, conclui-se, obviamente, pela urgência de

uma solução para reduzir o processo crescente e contínuo de degradação ambiental.

51

As dificuldades técnicas e, acima de tudo, políticas de atuação nestes fatores (população

e consumo) ainda são muitas e, portanto, atualmente, tem-se investido na atuação sobre

o terceiro fator desta equação: o impacto ambiental provocado por unidade de produto,

processo ou serviço, ou seja, a qualidade ambiental da tecnologia empregada não apenas

na produção, mas ao longo de todo o ciclo de vida de um produto, processo ou serviço.

Usando os dados do crescimento populacional e da renda per capta dos últimos anos, é

possível projetar um crescimento nos dois primeiros fatores da equação mestra na ordem

de, respectivamente, 1,9 e 2,69 vezes a atual, nos próximos 50 anos. O produto destes

fatores resulta num acréscimo de 5,11 e este valor foi chamado de Fator 5. Ele representa

o quanto teria que ser reduzido, em 50 anos, no impacto ambiental por unidade de

produto, processo ou serviço para manter o atual nível de impacto global.

Portanto, para que o impacto global seja reduzido para a metade do atual, no mesmo

horizonte de tempo, é necessário incrementar a produtividade dos recursos naturais para

diminuir em 10 vezes o impacto ambiental por unidade de produto, processo ou serviço –

Fator 10.

O raciocínio e conseqüentemente o conceito do Fator 10 tem sido discutido e divulgado

para disseminar a urgência em aumentar a velocidade no percurso rumo a excelência da

produtividade dos ativos ambientais.

Conforme apontado por Cardoso (2002), atualmente, as estratégias para atingir o Fator

10 passam necessariamente pela adoção de inovações tecnológicas e não tecnológicas,

reduções na fonte, gestão ambiental responsável e mudanças comportamentais da

sociedade.

2.6 – O AUTOMONITORAMENTO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL NAS

EMPRESAS

No mundo atual, a percepção de que tudo afeta a todos, cada vez com maior intensidade

e menor tempo para absorção pela natureza está em andamento e envolve todas as

52

áreas do pensamento e da ação humana. O meio ambiente é um campo amplo e

inesgotável de discussões porque a dimensão ambiental perpassa por todas as atividades

humanas.

Atualmente é consensual que a questão ambiental não comporta divagações de natureza

ideológica de uma ou outra corrente. O aquecimento do clima, o aumento da

desertificação, o desaparecimento de cursos d’água, a miséria, a violência e muitos outros

efeitos negativos são fatos. Tais fatos estão baseados em constatação científica e

atingem patamares tão elevados e inviáveis para a manutenção das sociedades locais e

mundial que dispensa discorrer sobre amplas e complexas bases conceituais para

convencer a sociedade sobre a urgência da implementação de um sistema de gestão do

desenvolvimento com o objetivo de garantir a perenidade da base natural, da

infraestrutura econômica e da sobrevivência da sociedade.

Também é consenso que governo, sociedade e empresa precisam se unir e somar forças

para evoluir no caminho rumo a uma gestão da sustentabilidade. No Brasil esta união de

forças, inclusive está explicita na carta magna do país.

Um novo padrão de atuação do setor privado com base no compromisso social vem se

consolidando e o papel das empresas como detentoras de recursos e tecnologias para

construírem novos caminhos pautados na responsabilidade ambiental, social e econômica

é imprescindível. Afinal é na sociedade e no meio ambiente que os negócios das

empresas estão inseridos e é a partir desta inserção que os lucros são gerados.

Para ser sustentável, uma empresa ou empreendimento tem que buscar,

em todas as suas ações e decisões, em todos os seus processos e

produtos, incessante e permanentemente, a ecoeficiência. Vale dizer, tem

que produzir mais e melhor com menos: mais produtos de melhor

qualidade, com menos poluição e menos uso dos recursos naturais. E tem

que ser socialmente responsável: toda empresa está inserida num

ambiente social, no qual influi e do qual recebe influência. Ignorar essa

realidade é condenar-se a ser expulsa do jogo, mais cedo ou mais tarde

(Almeida, 2002, p.78).

53

A disseminação do conceito de desenvolvimento sustentável, a adoção de instrumentos

voluntários de gestão ambiental, a incorporação da responsabilidade social e a

implementação de inovações tecnológicas redutoras da poluição são grandes aliados das

organizações que buscam manter seus impactos ambientais sob controle, minimiza-los ou

ainda prevenir sua ocorrência.

Lemos (2002), destaca a importância da tecnologia para a sustentabilidade e afirma que a

possibilidade de atingirmos o desenvolvimento sustentável está intimamente relacionada

ao desenvolvimento e à transferência de tecnologias ambientais entre os países. Segundo

ele as tecnologias ambientais se dividem em quatro categorias:

Monitoramento e Avaliação: para medir a qualidade ambiental e o

lançamento de poluentes, e avaliar o impacto da degradação ambiental;

Controle: para reduzir ou eliminar a quantidade de resíduos e poluentes

lançados sobre a biosfera, ou transformar substâncias perigosas em

inofensivas ao ambiente. Aqui estão incluídas as Tecnologias Mais Limpas,

que consomem menos recursos e geram menos resíduos e poluição do que

os sistemas de produção existentes, que elas venham substituir;

Remediação: que procuram neutralizar as substâncias tóxicas depois que

elas foram lançadas no ambiente;

Restauração: para reabilitar ecossistemas degradados por fatores naturais

ou antropogênicos (Lemos, 2002, p.6).

O mercado cada dia mais globalizado, aberto e competitivo também vem fazendo com

que as empresas se preocupem não somente com o controle dos seus impactos

ambientais e com a divulgação de sua ecoeficiência e responsabilidade social. Elas

precisam estabelecer e implementar processos de contabilização e avaliação do seu

desempenho econômico, social e ambiental.

Portanto, monitorar e avaliar a sustentabilidade, provar que resultados positivos estão

sendo alcançados e informar às partes interessadas é essencial para que a divulgação

dos planos e programas, de desenvolvimento sustentável das corporações, não sejam

apenas discursos infundados. Mundialmente, os sistemas de avaliação de desempenho

estão evoluindo da pura gestão da conformidade para a responsabilidade corporativa. As

54

companhias líderes estão utilizando as informações geradas pelos programas de

avaliação de desempenho para avaliar os riscos e gerenciar problemas, visando

minimizar futuros passivos ambientais.

Cantarino (2003) aponta duas diretrizes internacionalmente reconhecidas que ressaltam a

necessidade das empresas aferirem o seu desempenho, acompanharem seus resultados,

verificarem a confiabilidade dos mesmos e divulga-los: os Princípios CERES – Coalition

for Envirommentaly Responsible Economics12 e a Carta Empresarial para o

Desenvolvimento Sustentável do ICC – International Chamber of Commerce’s13.

A publicação periódica de “relatórios” ou “balanços”, chamados de

Relatórios Sócio-Ambientais Corporativos – RSACs, tem sido uma prática

de um número crescente de empresas. Esses relatórios tem tido formatos

variados e apresentado informações com diferentes níveis de profundidade.

Entende-se que este instrumento pode se constituir em um meio para que

os setores produtivos melhorem o seu padrão de desempenho ambiental e

suas práticas de relacionamento com as partes interessadas, contribuindo

para a produção sustentável (Marinho; Andrade e Salatiel, 2002, p. 165).

____________________ 12 Os Princípios CERES foram estabelecidos nos Estados Unidos na década de 90. Inicialmente eram

denominados Princípios Valdez, numa alusão ao vazamento de petróleo da Exxon. Os princípios destinam-

se a servir como padrão básico de responsabilidade ecológica que as empresas adotam, voluntariamente.

Um destes princípios diz que “as empresas realizarão uma autoavaliação anual, tornarão públicos os

resultados e executarão uma auditoria independente destes”. 13 A Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável da Câmara de Comércio Internacional foi

publicada em 1991, por ocasião da Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre a Gestão do Meio

ambiente. Esta carta tem como objetivo comprometer um amplo leque de empresas com a melhoria

ambiental. Um destes princípios diz que “as empresas deverão ter sinceridade sobre seus impactos e

preocupações e deverão assegurar sua conformidade ambiental por meio de avaliação do seu

desempenho, auditorias e periódica divulgação de informações”.

55

De acordo com Marinho, Andrade, Cardoso e Salatiel (2002), a prática de publicação

destes relatórios surgiu nos Estados Unidos na década de 60. A França foi o primeiro país

a exigir compulsoriamente sua elaboração em 1977 pela aprovação da Lei no 77.769. Um

outro exemplo apontado é o de Portugal que em 1985 tornou obrigatório à apresentação

do balanço social para empresas com mais de 100 empregados (Lei no 141). Embora

outros países também possuam dispositivos legais que obriguem a publicação destes

relatórios e/ou balanços atualmente, a maioria delas têm sido realizadas por iniciativas

voluntárias ou por estímulo de entidades cuja função é disseminar a adoção de atitudes

éticas por parte dos empresários.

No Brasil a Resolução CEPRAM no 2.933/02 aprovada pelo Conselho Estadual de Meio

Ambiente do Estado da Bahia, dispõe sobre a implementação da Gestão Integrada e

Responsabilidade Ambiental e estabelece a apresentação de um Balanço Ambiental a ser

elaborado pelas empresas quando do requerimento da Renovação de sua Licença de

Operação, objetivando aprimorar o sistema de autocontrole ambiental das empresas e é

um instrumento para o incentivo e a inserção das Tecnologias Limpas nos processos

produtivos.

Para que o desempenho ambiental seja medido e acompanhado, as organizações

precisam definir indicadores que estejam alinhados às suas estratégias, objetivos e

metas. Maimon (1996) acrescenta que a literatura sobre o desempenho ambiental

empresarial além de ser escassa, quando é encontrada contém uma predominância

comportamentista.

Conforme Almeida (2002), especificar e quantificar parâmetros para comprovar a

promoção do desempenho econômico, social e ambiental sustentável é ainda um grande

desafio a ser cumprido. Tanto no Brasil quanto no exterior, a sistematização de conceitos

e rotinas ainda não foi estabelecida. Várias empresas, instituições acadêmicas e ONGs

têm trabalhado arduamente na tentativa de compor um guia para avaliar o desempenho

ambiental.

56

Tanto Almeida quanto Marinho, Andrade e Salatiel (2002) destacam o Global Reporting

Iniciative – GRI a iniciativa internacional mais consistente de desenvolver e

institucionalizar diretrizes e padrões para os relatórios de desempenho ambiental,

econômico e social. O esforço para a elaboração do GRI foi iniciado em 1997 pela

CERES e desde sua criação, envolve a participação ativa de empresas, ONGs, firmas de

consultoria e associações empresariais.

As diretrizes para os relatórios de sustentabilidade do GRI são formuladas e

periodicamente revistas e atualizadas com o intuito de orientar as corporações a elaborar

relatórios consistentes, relevantes, confiáveis e comparáveis para facilitar os processos

de tomada de decisão.

Veleva e Ellenbecker (2001), também destacam a norma internacional ISO 14031 como

outra importante iniciativa de se desenvolver indicadores de desempenho empresarial que

considerem a dimensão econômica, social e ambiental.

O objetivo desta Norma Internacional é atender às demandas de organizações que estão

buscando caminhos para avaliar, demonstrar e melhorar os seus desempenhos

ambientais.

A avaliação de desempenho ambiental – ADA é um processo e ferramenta de

gerenciamento interno planejado para prover uma gestão com informações confiáveis e

verificáveis, como base contínua para determinar se o desempenho ambiental de uma

organização está adequado aos critérios estabelecidos pela direção da organização. A

ADA pode auxiliar a empresa a identificar os aspectos ambientais; determinar quais

aspectos serão tratados; estabelecer os critérios para seu desempenho ambiental; e

avaliar o seu desempenho ambiental, com base nestes critérios.

A ADA é um processo contínuo de coleta e avaliação de dados e informações para

fornecer uma avaliação do desempenho atual, assim como as tendências de desempenho

ao longo do tempo (ISO 14031, 1999).

57

O Global Compact é outro programa que tem procurado mobilizar a comunidade

empresarial internacional na promoção de valores fundamentais nas áreas de direitos

humanos, relações de trabalho e meio ambiente. Este programa foi desenvolvido pelo

secretário geral da Organização das Nações Unidas - ONU, Kofi Annan e lançado em

1999.

O Global Compact estimula as empresas a contribuírem para a criação de uma estrutura

socioambiental consistentes, que facilite a existência de mercados livres e abertos, além

de assegurar oportunidade a todos de desfrutar os benefícios da nova economia global.

Aderindo ao Global Compact, os empresários demonstram aos empregados e à

comunidade sua decisão de agir como cidadãos empresariais globais e responsáveis. A

forma de assumir este compromisso é livre e varia de acordo com o perfil de cada

empresa. O Global Compact não é código de conduta, instrumento regulatório ou de

prescrição sujeito à monitoria ou auditoria. Não substitui ações governamentais efetivas,

nem iniciativas voluntárias. Apenas fornece estrutura complementar que motiva agentes a

convergirem em torno de princípios de universalidade e legitimidade.O programa visa

motivar empresários e gestores de empresas a mudarem suas concepções e maneiras de

fazer negócios. Pretende assegurar que, com um tratamento justo, os empregados sejam

capazes de otimizar e potencializar seu desempenho. Afora isso, o programa propõe

estabelecer indicadores objetivando monitorar a redução de efeitos ambientais negativos,

melhorar padrões de qualidade, desempenho e visibilidade, essenciais para a

competitividade empresarial moderna (Instituto Ethos, 2002).

O Brasil também tem dispendido esforços para contribuir na formulação e padronização

de indicadores de responsabilidade social corporativa. Dentre as instituições que

participam desse esforço citamos o Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

– IBASE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e o Instituto Ethos de

Empresas e Responsabilidade Social.

O IBASE é uma ONG, criada na década de 80, pelo sociólogo Hebert de Souza, que em

parceria com representantes de empresas públicas e privadas baseou-se em consultas às

várias partes interessadas e desenvolveu um modelo de balanço social. Este balanço já é

58

adotado por muitas empresas e relaciona gastos trabalhistas e sociais com a receita

liquida, o resultado operacional e a folha de pagamento bruta da incorporação. O

documento também contempla dados sobre segurança do trabalho, participação no

quadro de pessoal de minorias, participação de empregados em trabalhos voluntários e

exige comportamento ético de todos os seus fornecedores (Almeida, 2002).

No ano de 2002, o IBGE disponibilizou para a sociedade a edição “Indicadores de

Desenvolvimento Sustentável – Brasil” com informações sobre a realidade do país

integrando as dimensões sociais, ambientais, econômicas e institucionais. Este trabalho

foi inspirado no movimento internacional liderado pela Comissão para o Desenvolvimento

Sustentável - CSD das Nações Unidas, que reuniu ao longo da década de 90 governos

nacionais, instituições acadêmicas, ONGs, organizações do sistema das Nações Unidas e

especialistas de todo o mundo. Este movimento deflagrou um programa de trabalho

composto por diversos estudos e intercâmbios de informação, para concretizar as

disposições dos capítulos 8 e 40 da Agenda 2114. Em 1996, a CSD publicou o Livro Azul

(Indicadores de Desarollo Sostenible: marco y metodologías) utilizado pelo IBGE como

referência juntamente com as recomendações adicionais que o sucederam, adaptando

seu conteúdo às particularidades brasileiras.

Os indicadores do IBGE contemplam fenômenos de curto, médio e longo prazos e seus

objetivos são: viabilizar o acesso a informações relevantes para o desenvolvimento,

indicar a necessidade de gerar de novas informações, identificar variações,

comportamentos, processos e tendências, estabelecer comparações entre países e entre

as regiões brasileiras e indicar necessidades e prioridades para a formulação,

monitoramento e avaliação de políticas.

____________________ 14 Os capítulos 8 e 40 da Agenda 21 tratam, respectivamente, da integração entre meio ambiente e

desenvolvimento na tomada de decisões e da informação para a tomada de decisões.

59

Além disto, considerando que no Brasil, ao desafio de construir indicadores capazes de

subsidiar o processo de desenvolvimento sustentável, acresce-se a exigência de

expressar a diversidade característica do País, a formulação dos indicadores do IBGE

pode indicar um ponto de partida para um amplo debate dos resultados provocando o

intercâmbio de idéias, buscando subsídios para o aprimoramento, estimulando novas

iniciativas e principalmente subsidiar a emergência de novas demandas para a construção

de novas abordagens que subsidiem a conquista do desenvolvimento sustentável.

Os indicadores foram organizados em quatro dimensões: social, ambiental, econômica e

institucional. Eles abrangem os temas eqüidade, saúde, educação, população, habitação,

segurança, atmosfera, terra, oceanos, mares, áreas costeiras, biodiversidade,

saneamento, estrutura econômica, padrões de produção e consumo, além de estrutura e

capacidade institucional (IBGE, 2002).

Com o objetivo de auxiliar as empresas na elaboração autodiagnóstico de desempenho

econômico, social e ambiental, o Instituto Ethos vem criando Indicadores de

Responsabilidade Social Empresarial. Esses indicadores foram elaborados para servirem

como uma ferramenta de aprendizado e avaliação da gestão da empresa no que se refere

à incorporação de práticas de responsabilidade social empresarial ao planejamento de

estratégias e ao monitoramento do desempenho geral da empresa. Trata-se de um

instrumento de autoavaliação e aprendizagem, de uso essencialmente interno.

A mobilização da empresa para responder os indicadores deve ser encarada como o

início de um processo de autodiagnóstico que, combinado à missão e à estratégia geral

da corporação, permitirá identificar aspectos da gestão que necessitam de

acompanhamento detalhado, de novas metas e de profissionais focados. Um aspecto que

deve ser enfatizado nesse processo é a importância do diálogo com representantes dos

públicos com os quais a empresa se relaciona para avaliação dos impactos de suas

ações, busca de soluções e definição de metas (Instituto Ethos, 2003).

Independente de o automonitoramento ser realizado voluntariamente ou por atendimento

às exigências legais é muito importante difundir a utilização deste instrumento tanto como

60

estratégia para a implementação da produção ecoeficiente, quanto para acionar as partes

interessadas a contribuírem para o enriquecimento da elaboração de indicadores cada

vez mais eficientes.

2.7 - A IMPLEMENTAÇÃO DO AUTOCONTROLE AMBIENTAL NOS

PROCEDIMENTOS DO LICENCIAMENTO NO ESTADO DA BAHIA

A implantação de um sistema de gestão ambiental, por uma empresa, pressupõe e exige

um forte comprometimento de sua direção e colaboradores com o meio ambiente. Não

basta apenas anunciar que seus processos não causam danos ambientais, é preciso

provar.

Conforme Souza (2001 p.17):

(...) Os balanços empresariais com dados ambientais, quantitativos e, ou,

qualitativos, estão no mercado para ficar. Os passivos ambientais, na

maioria dos casos já aparecem nas transações de aquisições de empresas

por outros grupos e na avaliação de propriedades. Considera-se importante

que valores positivos sejam também colocados no lado azul dos balanços e

relatórios. Uma empresa bem gerenciada, ambientalmente falando, deve

começar a experimentar formas de transmitir a seus investidores,

empregados, clientes e bancos, a credibilidade de sua atuação, sua

sustentabilidade no seu meio (...).

Atento a este contexto e considerando que cada empresa conhece seus procedimentos e

problemas operacionais e, conseqüentemente, formas de minimizar seus efeitos, a

legislação ambiental baiana, já na década de 80 implementou o Autocontrole Ambiental.

O primeiro passo para a implementação deste novo instrumento se deu pela exigência de

elaboração dos Planos e Relatórios de Automonitoragem, procedimentos estes capazes

de evitar ou atenuar os efeitos dos grandes acidentes.

61

Os fundamentos legais para a criação destes planos e relatórios com vistas a

complementar as ações de comando e controle e inserir nas empresas a idéia de

monitorar foram dispostos na Lei Estadual nº 3.858/80 e no seu regulamento aprovado

pelo Decreto Estadual nº 28.687/82.

(...) As fontes degradantes do ambiente ficam obrigadas a possuir

equipamentos ou sistemas de controle da poluição e a adotar medidas de

segurança para evitar os riscos ou a efetiva poluição das águas, do ar, do

solo ou subsolo, assim como outros efeitos indesejáveis ao bem estar da

comunidade (...), (Bahia, 1980, artigo 17, parágrafo único, p.15).

(...) A licença de operação será concedida mediante requerimento do

interessado ao CRA, que emitirá parecer. Para o requerimento da licença, o

interessado apresentará: (...) o plano de automonitoragem (...),(Bahia,

1982, artigo 106, p.35).

(...) Estão sujeitos a apresentar relatórios de automonitoragem ao CRA, os

responsáveis pelas atividades efetiva ou potencialmente poluidoras, que

estejam obrigadas a obter licença de que trata o Capítulo II15 deste Título;

da licença de operação constarão os parâmetros a serem monitorados, as

freqüências de coleta e análise que deverão obedecer e as datas que

deverão ser remetidos os relatórios de automonitoragem ao CRA; os

relatórios de monitoragem deverão ser apresentados segundo modelo

específico do CRA; no caso de indústrias já em funcionamento e, que ainda

não obtiveram a licença de operação, o CRA poderá exigir diretamente do

interessado os parâmetros a monitorar, as freqüências de coleta, análise e

entrega dos relatórios de automonitoragem; o descumprimento deste

capítulo dará origem à aplicação dará origem à aplicação das penalidades

previstas neste regulamento (...), (Bahia, 1982, artigos 123, 124 e 125,

p.37).

____________________ 15 O Capítulo II estabelece as atividades com potencial de impacto no ambiente sendo assim passíveis de

requerer autorizações ou licenças ambientais. Ver Apêndice A para esclarecimentos quanto ao

requerimento de Autorização ou Licença Ambiental de acordo com o previsto na Lei Estadual no 3.858/80.

62

A partir de então, através da adoção de novos procedimentos dentro da sistemática do

licenciamento, inicia-se a trajetória de implementar o autocontrole ambiental no Estado da

Bahia.

Conforme o regulamento da lei ambiental vigente, ficavam sujeitas à concessão de

licenças prévias do CEPRAM para operar16 e conseqüentemente submetidas à

elaboração dos planos e relatórios de automonitoragem, as atividades de micro, pequeno,

médio, grande e excepcional portes relacionadas com: extração e tratamento de minerais,

agropecuária, industrias, sistemas de tratamento e/ou disposição final de resíduos ou

materiais sólidos, líquidos ou gasosos, pesca e caça comerciais, hospitais, casas de

saúde e estabelecimentos de assistência médico-hospitalar, terminais de granéis sólidos

e/ou líquidos e/ou gasosos e correlatos, armazenamento e disposição final de produtos

perigosos, utilização de incineradores ou outros dispositivos para queima de lixo e

materiais ou resíduos sólidos, líquidos ou gasosos e as atividades relacionadas ao

manuseio, estocagem e utilização de defensivos e fertilizantes (Bahia, 1982).

Conforme Souza (2004), na década de 1990 com base no artigo 225 da Constituição

Federal (1988) - que torna requisito para as empresas, como membros da coletividade a

responsabilidade para com o meio ambiente - dois novos mecanismos de autocontrole

ambiental, a CTGA e a ALA, surgiram e foram incorporados aos procedimentos do

licenciamento através dos condicionantes das licenças concedidas.

Este momento foi muito importante para a evolução e o fortalecimento da gestão

ambiental não apenas pela avocação das empresas ao comprometimento ambiental, mas

também por iniciar uma trajetória de parceria com a comunidade empresarial com vistas à

proteção ambiental. A CTGA e a ALA permanentemente estimulam e motivam as pessoas

a refletirem sobre os impactos ambientais de sua atividade e por isto são acima de tudo

mecanismos de educação ambiental.

____________________ 16 Este regulamento exige a implementação do autocontrole somente na fase de operação por isto as outras

fases dos empreendimentos previstas não foram mencionadas.

63

Este marco de consolidação do autocontrole ambiental foi descrito no histórico dos 30

anos da gestão ambiental baiana, citado no Anexo B.

Em meados da década de 90, o CEPRAM aprovou as resoluções normativas necessárias

à regulamentação do autocontrole ambiental, baseado na implementação por parte das

empresas da Comissão Técnica de Garantia Ambiental – CTGA e da Política Ambiental,

bem como da realização da Auto-Avaliação para o Licenciamento Ambiental - ALA,

elaborado pela empresa na fase do licenciamento ambiental, e submetido à apreciação e

análise do CRA (Souza, 2001).

Em 1995 as Resoluções no 1.050 e 1.051 normalizaram, respectivamente, a CTGA/RTGA

e a ALA (CRA, 2000).

Cabe a CTGA viabilizar a aplicação das diretrizes ambientais pela empresa; estar

permanentemente atualizada com a legislação ambiental e suas tendências e divulgá-las

na organização; estar continuamente a par da situação ambiental da empresa, alertando e

acionando, quando necessário, os responsáveis operacionais; educar e conscientizar os

integrantes da organização sobre a questão ambiental.

A formação da CTGA provoca o empreendedor a estar atento ao desenvolvimento de sua

atividade e envolve os funcionários da empresa na avaliação do desempenho ambiental

da mesma, permitindo acompanhar e promover o autocontrole ambiental.

A CTGA deve apresentar ao CRA, anualmente, o Relatório Técnico de Garantia

Ambiental - RTGA contendo um resumo das suas principais ações no ano anterior, as

atas das reuniões ocorridas no período anual, o demonstrativo do desempenho ambiental

da atividade, ilustrado com gráficos e planilhas, a situação dos condicionantes da licença

em vigor, dentre outras informações relevantes.

A ALA trata-se de um estudo que contém a caracterização ambiental da atividade, os

seus principais aspectos ambientais e suas propostas para o melhor desempenho da

atividade.

64

Em 1997 a Resolução CEPRAM no 1.459 instituiu a publicação da Política Ambiental, em

jornal de grande circulação do Estado. Esta deve expressar os princípios e definir os

objetivos e metas ambientais para a melhoria contínua da atividade, criando um vínculo

entre a empresa e a sociedade. Desta forma a sociedade toma conhecimento dos

princípios e compromissos da empresa, o que lhe assegura mecanismos de vigilância

para o cumprimento dos mesmos (CRA, 2000).

No final da década de 90 o Decreto Estadual no 7.639/99 aprovou o novo regulamento da

política ambiental do estado e revogou o regulamento anterior. Este novo regulamento

incorporou os mecanismos do autocontrole ambiental.

Conforme o novo regulamento ficavam sujeitas à concessão de licenças prévias do

CEPRAM para implantar e operar17 e conseqüentemente submetidas à implementação

dos mecanismos de autocontrole ambiental, os empreendimentos de pequeno, médio,

grande e excepcional porte. As atividades de micro porte por serem passíveis de

autorização ambiental foram excluídas desta obrigatoriedade. No regulamento também

ficou previsto que, mediante normas estabelecidas pelo CEPRAM, as atividades

enquadradas como de pequeno e médio porte, poderiam ser objeto de autorização

ambiental, sendo também desobrigadas de implementar o autocontrole.

Com relação às atividades sujeitas à licença e ao autocontrole ambiental, além das

relacionadas no regulamento anterior, foram acrescidas: instalação ou construção de

barragens, aeroportos, aeródromos, instalações de geração de energia, linhas de

transmissão e de distribuição, vias de transportes (rodovias, ferrovias, metrôs, tubovias,

oleodutos, gasodutos), bem como qualquer outra atividade de iniciativa dos órgãos e

entidades da administração centralizada e descentralizada do Estado e dos Municípios,

que possam repercutir no ambiente, complexos turísticos, exploração dos recursos

hídricos superficiais e subterrâneos, complexos, pólos, distritos ou centros industriais e

____________________ 17 Este regulamento exige a implementação do autocontrole somente nas fases de implantação e operação

por isto as outras fases dos empreendimentos previstas não foram mencionadas.

65

agroindustriais, atividades que acarretem na descaracterização paisagística das belezas

naturais, de monumentos arqueológicos, geológicos e históricos bem como de contexto

paisagístico/histórico ou artístico/cultural, atividades que impliquem na alteração de

mangues, dunas e áreas de influência de maré, projetos de aqüicultura, urbanísticos,

condomínios horizontais, loteamento de imóveis e projeto de conjunto habitacional, bem

como terraplenagem, (Bahia, 1999).

Este novo regulamento além de prever a implementação do autocontrole já na fase de

implantação, insere os órgãos públicos na obrigatoriedade de implementá-lo também. Até

então isto não acontecia, pois conforme o artigo 12, parágrafo 1o da Lei Estadual no

3.858/80 os projetos e programas de obras públicas que, por sua natureza e porte, eram

considerados como de potencial impacto ambiental, ficavam sujeitos a uma única licença,

sob a denominação de Licença de Execução.

Com a promulgação da nova Lei Ambiental do Estado em 2001 (Lei Estadual nº 7.799/01,

regulamentada pelo Decreto Estadual 7.967/01) o autocontrole ambiental passou a ser

obrigatório para os empreendimentos de médio, grande e excepcional porte, conforme

citado no Anexo C.

No ano de 2002 os avanços sob o prisma do autocontrole prosseguem com a exigência

para a apresentação do Balanço Ambiental, documento em que a empresa divulga na

imprensa os objetivos e metas ambientais para a melhoria da sua atividade.

Com a Resolução da Gestão Integrada e Responsabilidade Ambiental (nº 2.933/02) o

CEPRAM reafirmou o autocontrole ambiental, já previsto no Estado e implementou o

Balanço Ambiental.

Este mecanismo passou a ser um pré-requisito para o requerimento da Renovação da

Licença de Operação tendo como função demonstrar os resultados alcançados quanto ao

desempenho ambiental da atividade no período de vigência da licença.

66

(...) 7.3 - Do Balanço Ambiental

7.3.1 O Balanço Ambiental deverá ser apresentado, em linguagem

acessível, demonstrando os resultados alcançados quanto ao desempenho

ambiental da atividade no período de vigência da licença, cujo conteúdo

mínimo deverá contemplar:

a) apresentação de dados quantitativos e qualitativos referentes aos

principais resultados alcançados no período da vigência da Licença de

Operação, quanto a: I - eficiência no uso dos recursos naturais (água,

energia, outros materiais); II - medidas de controle na fonte, adoção de

tecnologias limpas; III - minimização de impactos ambientais sobre os

meios físico, biótico e antrópico; IV - reutilização e reciclagem de resíduos;

V - Programa de Educação Ambiental; b) Avaliação do cumprimento dos

condicionantes da licença em vigor; c) Metas ambientais e perspectivas

para o próximo período de validade da Renovação da Licença de

Operação; d) Notificações, advertências, multas aplicadas no período por

órgãos de gestão ambiental e suas respectivas medidas mitigadoras e

demandas recebidas da comunidade quanto à aspectos ambientais e ações

conduzidas pela empresas referentes às mesmas; e) Investimentos (em

R$) realizados nas ações ambientais no período e % do investimento total

da empresa; f) Investimentos a realizar em controle ambiental; g) outras

informações relevantes (...),(CEPRAM, 2002a).

Souza (2004) relata que no ano de 2004 o CRA propôs a SEMARH a criação da CTGA

governamental do Estado da Bahia. Esta proposta surgiu porque o governo estadual é

composto por secretarias que desenvolvem projetos com interferência na área ambiental

e, portanto sujeitos ao licenciamento e ao autocontrole ambiental. São elas: Secretaria de

Infra-Estrutura, Secretaria de Indústria Comércio e Mineração, Secretaria de

desenvolvimento Urbano, Secretaria de Cultura e Turismo e Secretaria da Agricultura,

Irrigação e Reforma Agrária.

Esta CTGA seria composta por 12 membros (2 de cada secretaria relatada acima e 2 da

SEMARH, que coordenará os trabalhos) cuja função seria realizar a análise ambiental de

todos os projetos do governo ou de terceiros que envolvam matéria de sua competência.

67

O diferencial desta proposta é que os ajustes ambientais serão realizados ainda numa

instância bastante inicial de planejamento dos projetos e prévia ao requerimento da

licença ambiental.

Muitas vezes para um empreendimento vir para a Bahia, no momento em que este entra

nos procedimentos do licenciamento ambiental, sua concepção já foi discutida anos antes

em outras secretarias sem que o CRA ou a SEMARH tenham participado das discussões.

Esta situação pode gerar conflitos durante o licenciamento em função da inobservância de

alguns aspectos ambientais.

Com a instituição da CTGA governamental estes atritos em potencial seriam sanados pela

soma de esforços de todos os membros da equipe na fase de concepção dos projetos.

A proposta de minuta do Decreto Estadual que criará esta CTGA já foi discutida com o

governador que após a finalização das discussões com os secretários das pastas

envolvidas, aprovará o Decreto.

No âmbito federal também tramita um projeto de lei que torna obrigatória a constituição de

Comissões Internas de Qualidade Ambiental - CIQA pelas empresas nacionais, públicas e

privadas, e pelos órgãos da administração pública brasileira cujo porte ou atividades

possam causar degradação ambiental (Projeto de Lei nº 690/03).

A implantação das CIQAs possibilitará a formação de uma maior consciência ambiental

entre os empregados, esclarecendo e alertando para a importância de atitudes racionais

quanto ao uso de insumos como água, energia elétrica, papel e outros. A capacitação de

pessoal possibilitará práticas voltadas para a melhoria da qualidade ambiental e para a

adoção de procedimentos, técnicas e métodos que objetivem a minimização dos efeitos

sobre o meio ambiente, decorrentes das atividades desenvolvidas pelas respectivas

entidades.

68

Além de conscientizar os trabalhadores, a criação das CIQAs objetiva incorporar

programas ambientais na gestão administrativa das entidades produtivas e da

administração pública.

Neste contexto de transição para a sustentabilidade o órgão ambiental, além de assumir

suas competências de comando e controle ambiental, definidas em Lei, deve assumir o

desafio de agregar valor a estas competências, adotando práticas inovadoras na Gestão

Ambiental do Estado.

Ao longo de seus anos de atuação, o CRA vem se movimentando no sentido de estimular,

o empreendedor a assumir a co-responsabilidade que lhe cabe na gestão ambiental. O

licenciamento, mesmo estando bastante consolidado, vem passando por mudanças

significativas no decorrer dos anos para se adaptar às novas demandas ambientais de

prevenção da poluição.

69

CAPÍTULO 3 – MARCOS LEGAIS

70

3.1 – A EVOLUÇÃO DA CO-RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA LEGISLAÇÃO

BRASILEIRA

A problemática das conseqüências ambientais das políticas de desenvolvimento adotadas

no Brasil desde as primeiras décadas do século XX representa um vasto campo de

discussão essencial para a compreensão da questão ambiental em nosso país.

As reflexões acerca deste tema permeiam necessariamente diversas áreas como: o

planejamento energético, o programa nuclear, a questão indígena, a reforma agrária e a

exploração dos recursos minerais.

Devido a grande abrangência e complexidade do assunto não foi intenção neste capítulo

esgotar a discussão sobre ele e sim descrever os acontecimentos e marcos legais que

consolidaram a evolução da responsabilidade ambiental nas políticas brasileiras.

Segundo Vieira e Bredariol (1998, p. 79), (...) “embora existam autores que reconheçam a

existência de políticas ambientais no Brasil desde o século XVII (...)”, eles argumentam

que (...) “do pós-guerra até a Conferência de Estocolmo, em 1972, não havia

propriamente uma política ambiental, mas políticas que resultaram nela (...)”.

As chamadas políticas ambientais estão sendo aqui compreendidas como aquelas que

expressam uma preocupação explicita quanto à proteção, conservação e uso dos

recursos naturais e do meio ambiente. E neste sentido, a administração dos recursos

naturais do Brasil é objeto de leis que datam de muito tempo e algumas são ainda

vigentes.

Dentro deste escopo regulamentar podemos citar como exemplo: o Código de Águas

(1934); o Código da Mineração (1940); o Código Florestal (1934/1965); os Parques

Nacionais (1937); a Proteção do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (1937); o

Código de Pesca (1938/1967/1977) e o Estatuto da Terra (1964).

71

Esta legislação forneceu a base para, na década de 50, subsidiar as estratégias de

desenvolvimento adotadas para promover, em curto prazo, o crescimento econômico

mediante a modernização maciça e acelerada aos meios de produção através da

industrialização, da implantação de grandes projetos de infra-estrutura e da exploração

dos recursos minerais e agropecuários para fins de exportação.

Os impactos negativos sobre o meio ambiente não tardaram a tomar grandes proporções

e se estabeleceram das mais variadas formas: erosão, assoreamento de cursos d’água,

desmatamento indiscriminado, poluição do ar, da água e do solo e a superexploração dos

recursos naturais. Além disto, o processo acelerado de urbanização promoveu uma

grande concentração da população nas grandes cidades brasileiras e a falta de uma

política urbana e de investimentos em equipamentos e serviços para o atendimento às

necessidades criadas por estas populações levou a uma profunda degradação do

ambiente urbano.

Segundo Neder (2002, p.30):

(...) o foco estratégico para os recursos naturais deste período foi marcado

com os objetivos de: disciplinar interesses regionalistas e locais pela

racionalização do uso da água, do solo, da fauna e da flora,

regulamentando o licenciamento das atividades extrativas e definir áreas de

preservação permanente e unidades de conservação (...).

Almeida; Mello e Cavalcanti (2002, p. 203), ainda acrescentam que: (...) “o objetivo

principal naquele momento era regulamentar a apropriação de cada recurso natural no

âmbito nacional para atender às necessidades da industrialização nascente” (...).

Neder (2002, p. 30 e 31), define duas dimensões entrelaçadas das deficiências marcantes

desta política governamental:

a) (...) Os órgãos federais envolvidos passaram a exercer suas atribuições

e competências sobre a totalidade do território nacional, definindo suas

estratégias de modo independente e com prioridades diversas;

72

b) Tal condição conduziu à adoção de ações isoladas, descoordenadas e

conflitantes. A existência de múltiplas lógicas setoriais de ação e interesses

vem impedindo há décadas, por exemplo, uma ação integrada de

licenciamento ambiental em diversos campos, entre eles, as políticas de

poluição industrial, saneamento, abastecimento d’água e esgotamento

ambiental (...).

No final da década de 60 e princípio dos anos 70 o contexto social, ambiental e

econômico-político do Brasil estava assim caracterizado:

• Contexto social: a metropolização das grandes cidades brasileiras de forma

desordenada acentuou os desníveis sociais devido às condições de vida

subumanas que afetavam a grande maioria das populações em virtude das más

condições de trabalho e habitação, do desemprego e subemprego endêmico e dos

riscos para a saúde resultantes da falta de saneamento. Este contexto gerou um

quadro de grande preocupação social no Brasil manifestado por protestos e

reivindicações populares (Almeida; Mello e Cavalcanti, 2002).

• Contexto ambiental: vários impactos ambientais negativos começaram a

aparecer, como por exemplo: nuvens de espuma no Rio Tietê, fortes reclamações

sobre as atividades de uma indústria de papel em Porto Alegre junto ao Rio

Guaíba, incômodos generalizados causados por uma indústria de cimento em

Betim, entre outros. Este contexto gerou a criação de numerosas entidades de

proteção à natureza (Vieira e Bredariol, 1998).

• Contexto econômico-político: o Brasil chegou aos anos 70 em ritmo de “milagre

econômico”. Contrariando as tendências internacionais de proteção ao meio

ambiente, o regime militar deu sustentação para o crescimento econômico a

qualquer custo, sem nenhuma preocupação ambiental. Nesta época foram

construídos megaprojetos como a Usina Nuclear de Angra dos Reis, a Usina

Hidrelétrica de Tucuruí, a Transamazônica e o Projeto Carajás. Este contexto fez

com que o governo brasileiro recebesse uma onda de críticas do exterior. A

resposta a estas críticas foi o posicionamento defensivo, espalhando a opinião de

73

que a defesa do meio ambiente seria uma espécie de conspiração das nações

desenvolvidas para impedir o crescimento do país (Coordenação de Educação

Ambiental do Ministério da Educação e do Desporto, 1998).

Neste mesmo período o mundo estava em “ebulição”. Multiplicavam-se várias

manifestações pela liberação feminina, pelos negros e não podia ser diferente na área

ambiental. O ano de 1968 representou o auge das discussões sobre a degradação

crescente do planeta.

(...) Em abril de 1968 trinta indivíduos de dez países encontraram-se na

Itália, a convite de Arillio Perccei, um empresário preocupado com as

questões econômicas e ambientais. Eram cientistas, pedagogos,

industriais, economistas, funcionários públicos, humanistas, entre outros,

que foram instigados por uma idéia desafiadora: debater a crise atual e

futura da humanidade. Desse encontro nasceu o ”Clube de Roma”, que

produziu uma série de relatórios de enorme impacto. Um deles chamado

“Os Limites do Crescimento” foi publicado em 1972 e trouxe um modelo

inédito para a análise do que poderia acontecer se a humanidade não

mudasse seus métodos econômicos e políticos. A conclusão foi

assustadora: caso se mantivesse o ritmo de crescimento a qualquer custo –

com a busca da riqueza e do poder sem fim, sem levar em conta o custo

ambiental deste procedimento – chegar-se-ia a um “limite de crescimento”,

ou, na pior hipótese, ao colapso. Este documento recebeu uma tempestade

de críticas, mas cumpriu as missões de propor um modelo de análise

ambiental global e, sobretudo, de alertar a Humanidade sobre a questão

(...), (Coordenação de Educação Ambiental do Ministério da Educação e do

Desporto, 1998, p.29).

Ainda sobre o impacto do “Clube de Roma” e das movimentações da década de 60, a

Organização das Nações Unidas – ONU realizou, em 1972, a Conferência das Nações

Unidas sobre o Meio Ambiente Humano em Estocolmo. Esta Conferência atraiu

delegações de 113 países (inclusive o Brasil) e intensificou a consciência a respeito da

questão ambiental reconhecendo-se o seu caráter global.

74

Segundo Albagli (1998), a partir daí aprofundou-se consideravelmente o conhecimento

científico acerca dos problemas ambientais, bem como se expandiu a percepção dos

impactos socioeconômicos por eles causados e mesmo da possibilidade da ameaça à

perpetuação da vida no planeta.

Mesmo o Brasil participando da Conferência de Estocolmo e assinando ao seu final a

Declaração da ONU sobre o Meio Ambiente Humano, nossa participação foi defensiva e a

realização do evento não foi bem recebida pelos países do chamado Terceiro Mundo.

O desenvolvimento do Brasil naquele momento se construía a partir de investimentos

públicos em petróleo, energia, siderurgia e infraestrutura, viabilizando a industrialização

para substituir as importações. Temia-se que este evento fosse uma forma de tolher o

desenvolvimento e a industrialização dos países periféricos pelos paises centrais.

(...) Enquanto isso, de acordo com o relato do biólogo e professor Paulo

Nogueira Neto, o governo estadual goiano lançava uma campanha na

mídia para atrair indústrias, mesmo que poluentes, com imagens de

chaminés soltando fumaça e o título: Traga sua poluição para Goiás (...),

(Coordenação de Educação Ambiental do Ministério da Educação e do

Desporto, 1998, p. 36-37).

A mídia internacional (a censura do regime militar não permitia críticas internas) não

perdoou o Brasil pela argumentação de que a proteção do meio ambiente seria um

objetivo secundário e não prioritário, para os países em vias de desenvolvimento e a

palavra de ordem “poluição=progresso”, lançada na ocasião, foi muito negativa para a

imagem internacional do país, (Almeida; Mello e Cavalcanti, 2002).

A Conferência de Estocolmo fez com que o Brasil desse início a normatização da sua

política ambiental manifestando uma vontade política no tratamento deste tema não

apenas como fonte de recursos, mas prioritariamente como suporte de vida. A

manifestação desta iniciativa foi motivada pela necessidade de responder, principalmente

às seguintes pressões:

75

• O agravamento dos problemas urbanos, em especial o crescimento da poluição

industrial, a falta de saneamento e a degradação das condições de vida no meio

urbano;

• A sensibilização da população sobre as questões ambientais provocando a

mobilização social e suscitando debates, principalmente nas grandes cidades;

• A necessidade de dar uma resposta às criticas internacionais, sobretudo aos seus

aliados e parceiros comerciais, como os Estados Unidos e os países europeus.

Assim em 1973 a Presidência da Republica criou a Secretaria Especial do Meio Ambiente

- SEMA, dentro do Ministério do Interior. A SEMA foi o primeiro órgão nacional do meio

ambiente e foi instituída pelo Decreto Federal no 73.030 de 30 de outubro. Em 1975 foi

editado o Decreto-Lei Federal no 1.413 de 14 de agosto e o Decreto Federal no 76.389 de

3 de outubro dispondo, respectivamente, sobre o controle da poluição do meio ambiente

provocada por atividades industriais e sobre as medidas de prevenção e controle da

poluição industrial.

Conforme Neder (2002 p. 35):

(...) As deficiências marcantes destes instrumentos legais estavam no fato

de serem políticas de regulamentação e controle incapazes de superar a

estratégia voltada para abordar exclusivamente o melhor meio técnico de

controle por parte das empresas.

Não são questionados aspectos chave como a base técnica ou tecnologias

empregadas na produção, a localização industrial e o modelo de

industrialização do território. Além disto, esta política se concentra sobre os

efeitos ambientais de curtíssimo prazo.

Efeitos ambientais de longo prazo eram sistematicamente negligenciados

ou omitidos (caso de Cubatão). No caso das regiões metropolitanas, a

poluição atmosférica era privilegiada, deixando as demais formas sem

controle (poluição do ar pelo automóvel e uso de fertilizantes químicos) (...).

76

Segundo Almeida; Mello e Cavalcanti (2002 p. 209-210),

(...) Esta legislação também autoriza a criação de sistemas de

licenciamento nos estados e municípios para a instalação e o

funcionamento das atividades industriais potencialmente poluidoras. As

penalidades pela não observação das normas estabelecidas incluem as

restrições de incentivos fiscais e de financiamentos governamentais, e até

mesmo a suspensão das atividades industriais. No entanto, esta última

medida é uma atribuição exclusiva do Presidente da República, salvo em

casos de urgência, com graves riscos à vida.

Portanto, privilegiaram um problema (a poluição industrial), um agente (a

indústria) e uma responsabilidade de controle (o governo federal) (...).

A partir da década de 80 inicia-se uma nova fase da legislação ambiental brasileira. O

conjunto de leis que até então não se preocupava em proteger o meio ambiente de forma

específica e global, fazendo-o de maneira diluída e centralizadora, com o intuito de

atender a exploração desenfreada do homem, começa a se desenvolver com maior

consistência voltada para a proteção do patrimônio ambiental do país com uma visão

global e mais sistêmica.

Milaré (2001 p. 98-99), destaca os quatro marcos mais importantes desta nova fase dos

regulamentos ambientais no Brasil:

(...) O primeiro foi a Lei Federal no 6.938/81 que entre tantos outros méritos,

trouxe para o mundo do Direito o conceito de meio ambiente, como objeto

específico de proteção em seus múltiplos aspectos. Instituiu o Sistema

Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA, apto a propiciar o planejamento

de uma ação integrada de diversos órgãos governamentais, através de

uma política nacional para o setor e estabeleceu a obrigação do poluidor de

reparar os danos causados, de acordo com os princípios da

responsabilidade objetiva (ou sem culpa) em ação movida pelo Ministério

Público.

O segundo foi a Lei Federal no 7.347/85 que disciplinou a ação civil pública

como instrumento processual específico para a defesa do ambiente e de

77

outros interesses difusos e coletivos, possibilitando que a agressão

ambiental se tornasse um caso de justiça. Através dessa lei as associações

civis ganharam força para provocar a atividade jurisdicional e junto com o

Ministério Público frear, em parte, as inconseqüentes agressões ao

ambiente.

O terceiro foi a promulgação da nova Constituição brasileira, em 1988,

onde o progresso foi notável, na medida em que a Magna Carta deu ao

meio ambiente uma disciplina rica, dedicando à matéria um capítulo próprio

em um dos textos mais avançados em todo o mundo. E na esteira da

Constituição Federal vieram as Constituições Estaduais, em 1989, que

incorporaram também o tema ambiental, ampliando o tratamento conferido

pela Lei Maior, seguidas depois pelas Leis Orgânicas dos Municípios.

O quarto foi a Lei Federal no 9.605/98 que dispôs sobre as sanções penais

e administrativas aplicadas às condutas e atividades lesivas ao meio

ambiente. A Lei dos Crimes Ambientais representou significativo avanço na

tutela do ambiente por inaugurar uma sistematização das sanções

administrativas e por tipificar organicamente os crimes ecológicos. O

diploma também inova ao tornar realidade a promessa constitucional de

incluir a pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ecológico (...).

Atualmente, no direito ambiental brasileiro qualquer atividade que lese e danifique o meio

ambiente sujeita o infrator a três tipos de sanções: civis, penais e administrativas.

No âmbito civil a responsabilidade objetiva ou sem culpa obriga o poluidor, independente

da existência de culpa, a reparar os danos causados ao meio ambiente ou a terceiros

afetados pela sua atividade.

No âmbito penal o crime ambiental está contemplado pelas responsabilidades individuais

e da pessoa jurídica, pelos critérios do crime de perigo que reforça a prevenção como

melhor caminho e dos crimes culposos que ocorrem não por intenção e sim por

negligência.

78

No âmbito administrativo, cuja competência para execução cabe ao poder executivo,

temos os instrumentos preventivos e repressivos. Os repressivos mais utilizados são as

multas ou as sanções ao transgressor. Como instrumentos preventivos, as licenças

ambientais se destacam devido ao seu caráter prévio.

Milaré (1998), destaca a Lei Federal no 6.938/81 como uma das mais importantes que se

fez na área ambiental, pois foi o divisor de águas entre a irresponsabilidade e a efetiva

responsabilização do poluidor. Esta lei também procurou tratar da gestão ambiental

coordenando atividades de todos os órgãos ambientais (SISNAMA), dos três níveis de

poder, colocando as entidades estaduais com um comando mais efetivo, os municípios

complementando este comando e a União assumindo as regras gerais.

O objetivo principal da Política Nacional de Meio Ambiente (Lei Federal no 6.938/81) foi a

preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia a vida, visando

assegurar no país condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da

segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana.

Após estes marcos históricos, atualmente, tem-se consolidado um arcabouço de regras

que compõem o direito ambiental brasileiro. Pedro (2003) esclarece que o tema meio

ambiente é contemplado por uma técnica legislativa denominada ambiente de regulação

que, veio para assegurar a tutela dos interesses difusos.

Apesar de um grande esforço por parte dos legisladores na juntada de fundamentos, das

mais diversas áreas do conhecimento, para definir o conteúdo das leis, regulamentos e

normas, convive-se diariamente com inúmeras deficiências, incoerências e excessos da

legislação ambiental, sem contar as dificuldades encontradas na sua aplicação, já que

ainda carecemos de sistema legal que compatibilize de forma conjunta as questões

sociais, econômicas e ambientais.

Como os recursos ambientais envolvem interesses difusos e, portanto, de todos, a

participação da sociedade, em todos os níveis, na administração destes, na prevenção

79

dos danos ambientais e na preocupação com os padrões de produção e consumo são

indispensáveis e decisivos para a defesa dos recursos naturais.

Tal premissa foi, inclusive, contemplada na Constituição Federal brasileira, promulgada

em 1988, que no capítulo dedicado à matéria ambiental estabelece que “cabe não só ao

Estado, mas também a toda sociedade o poder e o dever de defender e preservar o meio

ambiente” (Brasil, 1988, artigo 225).

Esta proposição aliada ao estabelecimento da responsabilidade civil objetiva18, além da

legitimação do Ministério Público para interpor ação contra crimes ambientais lesivos aos

recursos de propriedade comum, agiu como uma mola propulsora conduzindo os setores

da sociedade a procurar alternativas para solucionar seus problemas ambientais.

A participação deve também estar pautada sobre os princípios da ação preventiva, da

correção prioritária na fonte, da coragem e da liberdade para o estabelecimento de

técnicas capazes de assegurar um ambiente saudável para todos.

____________________ 18 São quatro os dispositivos legais que regem a responsabilidade civil objetiva:

a) Lei Federal no 6.938/81, artigo 14, parágrafo 1o – “Sem obstar a aplicação das penalidades previstas

neste artigo é o poluidor obrigado, independente de culpa, a indenizar e reparar os danos causados

ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade”. “O Ministério Pública da União e dos

Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados

ao meio ambiente”; b) Constituição Federal/88, artigo 225, parágrafo 3o – “As condutas e atividades

consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitaram os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a

sanções penais e administrativas, independentemente, da obrigação de reparar os danos

causados”; c) Decreto Federal no 3.179/99, artigo 2o , parágrafo 10o – “Independentemente da

existência de culpa, é o infrator obrigado à reparação do dano causado ao meio ambiente, afetado

por sua atividade”; d) Lei Estadual no 7.799/01, artigo 59 – “Sem obstar a aplicação das penalidades

previstas nesta Lei, é o degradador obrigado, independentemente da existência de culpa, a

indenizar e/ou reparar os danos causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua

atividade”. O dispositivo legal da letra “d” se aplica ao Estado da Bahia.

80

Segundo Winsemius (2001), os principais atores de um cenário ambiental precisam

compreender que as abordagens tradicionais baseadas apenas no cumprimento direto de

um regulamento legal, não atendem a uma demanda complexa de objetivos sociais,

ambientais e econômicos, cuja maior viabilidade é alcançada através da criação de

alianças e interconexões de interesses e de culturas, ou seja, do estabelecimento da

cooperação e da participação com todos os interessados.

Cabe ressaltar que uma postura responsável, diante de um tema, só é possível quando

compatibilizada com a capacidade de estabelecer sólidas e consistentes relações de

causa x efeito e custo x benefício ao se optar por uma ou outra conduta.

Portanto, oferecer ferramentas de discernimento para estabelecer e legitimar estas

relações é de fundamental importância para subsidiar a gestão ambiental com o objetivo

de alcançar resultados satisfatórios. Pois não somente a formulação, mas

fundamentalmente o exercício dos instrumentos da Política Ambiental com enfoque nos

conceitos do desenvolvimento sustentável é um imenso desafio a ser vencido na rotina

dos órgãos responsáveis pela gestão ambiental no país.

3.2 – A EVOLUÇÃO DA RESPONSABILIDADE AMBIENTAL NA LEGISLAÇÃO

BAIANA

Até a década de 50 a economia baiana passava por um processo de apatia econômica

(Oliveira, 1977). Apesar de já no final do século XIX, o Estado da Bahia ter recebido a

instalação da primeira industria têxtil do Brasil, em 1844, no município de Valença, seu

processo de industrialização foi lento e nas primeiras décadas do século XX a atividade

industrial baiana ainda era tímida (Bahia, 2004).

Prevalecia uma estrutura agroexportadora, fortemente dominada por cultivos tradicionais,

como: a cana-de-açúcar, o fumo, o sisal e o cacau, seu principal produto de exportação

na época. Esta realidade era contrastante com a realidade de outras regiões do país onde

a industrialização teve início já na década de 30 do século XX.

81

Alguns estados do Sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo), já vinham se transformando em

centros econômicos importantes desde a época da exploração de ouro e diamantes no

estado de Minas Gerais, o que contribuiu para a transferência da sede do Governo

português da cidade do Salvador para a cidade do Rio de Janeiro, no século XVIII. Esses

fatos, posteriormente acrescidos da produção de café no estado de São Paulo, foram

fatores que deslocaram gradativamente o centro da produção da região nordestina para a

região do sudeste do Brasil.

No sudeste a implantação de atividades novas associadas ao processo de

industrialização, que passaram a conviver com as atividades agrícolas, que também se

modernizaram, ampliaram os espaços ocupados, com investimentos que atraíram

grandes contingentes de pessoas, resultando numa elevação das taxas de crescimento

das grandes metrópoles, notadamente as do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Esse processo de industrialização, no Sudeste, ampliou sobremaneira a área ocupada

pela sociedade humana. Na década de 50 e 60, já havia uma grande concentração de

atividades nos estados do Sul e Sudeste. Enquanto isso, a Bahia e todo o Nordeste do

Brasil ainda conviviam com suas economias decadentes e arcaicas, que se baseavam na

agropecuária tradicional (Porto, 2003).

Na década de 50, a escassez de energia elétrica, a baixa produção de petróleo e a rede

de transportes e comunicações deficiente representavam sérios obstáculos ao

desenvolvimento industrial no Brasil. Para enfrentar, pelo menos parcialmente, esses

problemas o novo governo Vargas inaugurou, em 1951, a Companhia Hidrelétrica do São

Francisco (Usina de Paulo Afonso) e, em 1953, a Petróleo Brasileiro S.A - Petrobrás.

Neste período, a Bahia também recebe a instalação da refinaria Landulpho Alves –

RLAM, em Mataripe, e o Terminal Marítimo Almirante Alves Câmara – TEMADRE, na Ilha

de Madre de Deus.

As demais regiões do país se ressentiam das desigualdades de desenvolvimento

econômico em relação ao proporcionado à região Sudeste. Os governos estaduais das

82

regiões menos favorecidas sempre pleitearam providências junto aos governos federais,

no sentido de diminuir as disparidades regionais.

Em resposta a estas reivindicações, os governos militares que se sucederam de 1964 a

1982 adotaram uma política de maior intervenção no espaço geográfico brasileiro, criando

órgãos de planejamento regionais voltados ao aproveitamento econômico destas regiões

e sua industrialização.

No nordeste podemos citar a Sudene – Superintendência de Desenvolvimento do

Nordeste e o Polonordeste – Programa de Áreas Integradas do Nordeste, este último foi

criado para aproveitar as potencialidades naturais da região nordeste.

Com esta estratégia os governos militares favoreceram o grande capital, tanto o nacional

como o estrangeiro que foram utilizados, entre outros fins, para a criação de grandes

pólos industriais voltados principalmente para o setor de bens de capital promovendo,

assim, uma relativa descentralização da industria (Adas, 1998).

Na Bahia, na década de 70, esses investimentos foram direcionados para a implantação

do Centro Industrial de Aratu – CIA e para a construção do Pólo Petroquímico de

Camaçari, que teve suas primeiras unidades industriais instaladas a partir de 1974,

consolidando a maior representatividade do segmento industrial no estado.

Desta maneira, a predominância do setor agropecuário passou a coexistir com um novo

segmento econômico com características que redefiniram a sistemática de geração de

riquezas no estado.

Obviamente esta redefinição gerou novos investimentos, aumentou a oferta de emprego e

conseqüentemente o Produto Interno Bruto – PIB. Porém da mesma maneira ocorrida nos

outros estados, juntamente com a política de industrialização veio a poluição e a Baia de

Todos os Santos começou a receber efluentes industriais capazes de alterar seu

ecossistema.

83

Por outro lado, vale ressaltar que pelo menos no que diz respeito à instituição de um

modelo de gestão ambiental, a Bahia foi pioneira quando comparada às outras unidades

da federação. Nas décadas de 60 e 70, a maioria das grandes empresas mantinha uma

postura de negar a evidência de que poderiam estar causando impactos desfavoráveis no

meio ambiente. Esta postura era aceita pelos governos estaduais de muitas unidades

federativas que acreditavam na poluição como um mal necessário para o progresso.

O comportamento do governo baiano neste momento foi de vanguarda, contrariando todo

um posicionamento defensivo identificado no país em resposta ao relatório do Clube de

Roma e à Conferência de Estocolmo.

Pelo menos três fatores podem ser destacados para fundamentar este comportamento

diferenciado da Bahia:

• A constatação de que o processo de industrialização traria a poluição fez com que

o poder público estadual percebesse a demanda de fortalecer sua atuação na

questão ambiental e não ficasse na defensiva e passivo acreditando que o preço a

ser pago pelo progresso era inevitavelmente a poluição;

• O crescimento econômico da Bahia, motivado pela industrialização não apenas

motivou, mas fez com que o governo baiano implementasse uma política

ambiental. Ou seja, o crescimento industrial da Bahia ocorreu simultaneamente

com o exercício de instrumentos para controlar as ameaças ao meio ambiente;

• A Conferência de Estocolmo, ao contrário do que aconteceu em outros governos

estaduais e até mesmo no governo federal, não causou no governo baiano o temor

de conspiração e sim repercutiu de forma a impulsiona-lo na criação do primeiro

Conselho Estadual de Proteção Ambiental – CEPRAM do país.

Conforme relatado em Bahia (2004 p. 9),

84

As referências à questão ambiental no estado da Bahia são antigas.

Mesmo em uma breve análise da história da gestão ambiental no estado,

não se pode ignorar medidas que marcaram o começo da construção desta

consciência. O decreto do interventor da Bahia, general Renato Pinto

Aleixo, ao criar em 1942, o Departamento de Terras e Proteção a Natureza,

vira um marco. Medidas aparentemente sem importância e que ficaram no

papel, são, na verdade, sementes que começam a brotar nas décadas

seguintes (...).

Desta forma, a criação do Conselho Estadual de Proteção Ambiental – CEPRAM,

vinculado à Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia, através da primeira Lei

Estadual de Meio Ambiente (Lei nº 3.163/73), posiciona o Estado da Bahia como pioneiro

no país na instituição de um modelo de gestão ambiental.

Na década de 70, o controle ambiental dos primeiros empreendimentos relacionados ao

processo de industrialização do estado era feito pelo Programa de Proteção Ambiental

promovido pelo CEPED – Centro de Pesquisa e Desenvolvimento.

O funcionamento sistemático do CEPRAM, a evolução das suas práticas e o significativo

crescimento das atividades de controle ambiental no estado em resposta ao intenso

crescimento econômico, motivado pelo processo de industrialização, levou à promulgação

da Lei Estadual no 3.858 de 03/11/80 que instituiu o Sistema Estadual de Administração

dos Recursos Ambientais – SEARA.

Entre os anos de 1973 (criação do CEPRAM) e 1980 (instituição do SEARA), vale lembrar

que o contexto legal ambiental brasileiro era fundamentado na atuação centralizadora dos

órgãos federais exercendo suas atribuições e competências sobre a totalidade do

território nacional, definindo suas estratégias de modo independente e com prioridades

diversas. Esta condição conduziu à adoção de ações isoladas, descoordenadas e

conflitantes.

Na Bahia o contexto legal ambiental mais uma vez se contrapõe à lógica estabelecida na

estratégia adotada pelo governo federal. A criação do CEPRAM como um órgão

85

colegiado, consultivo, normativo, deliberativo e recursal é um grande avanço na medida

em que seu funcionamento tinha, já naquela época, como princípio básico a participação

ampla da sociedade nas avaliações dos problemas de desenvolvimento e meio ambiente.

Sua estrutura tripartite, composta paritariamente por representantes do poder público,

entidades ambientalistas e outros segmentos da sociedade civil, possibilitava a

participação de pessoas com vários tipos de experiências e conhecimentos da área

governamental e empresarial, das classes trabalhadoras e das ONGs, garantindo uma

visão mais ampla dos problemas e decidindo a partir daí quais ações deveriam ser

adotadas para sua resolução.

Da mesma forma, a instituição do SEARA com a finalidade de promover a implementação

da política ambiental do estado composto por um Órgão Superior, um Órgão Executor e

por Órgãos Setoriais, cria na Bahia o planejamento ambiental fundamentado em ações

integradas pelos diversos órgãos governamentais impedindo que a existência de múltiplas

lógicas setoriais de ação e interesses inviabilizem o controle da poluição.

Com a aprovação da Lei Federal no 6.938/81 o Estado da Bahia passa então a integrar as

ações nacionais, como órgão seccional do Sistema Nacional de Meio Ambiente –

SISNAMA (CEPRAM, 1998). E em março de 1983, a Lei Estadual delegada nº 31 criou o

Centro de Recursos Ambientais - CRA como uma Autarquia vinculada à Secretaria do

Planejamento, Ciência e Tecnologia – SEPLANTEC e órgão executor do SEARA.

Em 1989, a nova Constituição Estadual dispôs, em seu artigo 213, sobre a instituição de

um “sistema de administração de qualidade ambiental, proteção, controle e

desenvolvimento do meio ambiente e uso adequado dos recursos naturais para organizar,

coordenar e integrar as ações da administração pública e da iniciativa privada,

assegurada a participação da coletividade”. O CEPRAM, como órgão superior, desde

sistema passou a ser denominado Conselho Estadual de Meio Ambiente, ampliando a

visão de apenas proteção para a gestão ambiental.

86

Vinte anos após a conferência de Estocolmo, a ONU realizou a segunda Conferência

sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento: a Rio-92. Naquela ocasião, 170 países

avaliaram a situação ambiental do planeta e as mudanças ocorridas desde o encontro de

Estocolmo. Graças a isso, alguns dos mais importantes acordos ambientais foram

assinados: a Convenção do Clima e da Biodiversidade, a Agenda 21, a Declaração do Rio

para Meio Ambiente e Desenvolvimento e a Declaração de Princípios para Florestas.

A experiência acumulada ao longo dos anos de exercício da gestão ambiental

impulsionou a Bahia, a se lançar no desafio de traçar uma trajetória partindo do

ultrapassado comando e controle ambiental com o objetivo de propor mecanismos

capazes de levar as idéias de autocontrole e melhoria continua aos setores da sociedade.

Em resposta a estas mudanças e de acordo com Souza, 2001, “os instrumentos de

gestão e defesa do meio ambiente contemplados pela Lei Estadual nº 3.858/80

necessitavam de uma revisão e atualização, buscando sua maior eficácia e agilidade,

com uma abordagem mais próxima de conceitos modernos de gestão dos recursos

ambientais, o que resultou na promulgação da nova Lei Ambiental do Estado, Lei

Estadual nº 7.799/01, regulamentada pelo Decreto Estadual nº 7.967/01”.

De acordo com a nova política estabelecida, o CRA passou a ser o órgão coordenador,

executor da Política Ambiental do Estado e secretaria executiva do CEPRAM,

competindo-lhe coordenar e executar a Política Estadual de Meio Ambiente, integrando as

atividades do poder público e da iniciativa privada, visando a preservação e a

conservação ambiental, com vistas à garantia da melhoria da qualidade de vida e ao

desenvolvimento sustentável do Estado.

A preocupação mundial com a preservação do meio ambiente provocou uma crescente

demanda por mudanças de paradigmas ambientais. À medida que as empresas,

principalmente as grandes corporações, perceberam a importância de encarar o meio

ambiente como prioridade de negocio, tanto quanto a produção e a comercialização de

bens e serviços, a metodologia de gestão denominada de atuação responsável

conquistou muitos adeptos.

87

Esta atuação foi sendo cada vez mais consolidada, pois ficou evidente que ao assumir

responsabilidades ambientais os setores produtivos aumentam sua eficiência e

efetividade bem como sua aceitabilidade na própria comunidade local. Este apoio das

comunidades se incrementa pela adoção de uma comunicação transparente e construtiva

que fundamenta a gestão sustentável das grandes organizações dando suporte às

políticas estratégicas do negócio.

Portanto a nova política ambiental (Lei Estadual nº 7.799/01) incorporou aspectos

importantes visando assegurar o desenvolvimento sustentável e a manutenção do

ambiente propício à vida. Esta foi contemplada por demandas de controle da poluição na

fonte a partir de exigências para a minimização dos resíduos e medidas de uso e reciclo

compatíveis com os conceitos de prevenção. Entre eles, citamos (Bahia, 2001):

• No Capítulo II foi estabelecido como uma das diretrizes para a proteção e melhoria

da qualidade ambiental o “Incentivo ao desenvolvimento de pesquisas, tecnologias,

e ações orientadas para o uso sustentável dos recursos ambientais, da

minimização, reciclagem e reuso de resíduos e materiais, bem como a implantação

de instalações que a ela se dedicam”.

• No Título IV, que aborda os instrumentos econômicos da política ficou estabelecido

que “As instituições ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais que

promovam ações complementares às obrigatórias, em consonância com os

objetivos, princípios, fundamentos e diretrizes desta Lei, ou que comprovadamente

utilizem tecnologias mais limpas, terão prioridade na obtenção de financiamento

pelos estabelecimentos oficiais de crédito e fomento”.

• O artigo 130 do Decreto Estadual 7.967/01 preconiza para o atendimento dos

princípios e objetivos estabelecidos na política ambiental, as seguintes diretrizes

para a gestão dos resíduos sólidos: “não geração, minimização, reutilização e

reciclagem de resíduos através de alteração de padrões de produção e de

consumo e desenvolvimento de tecnologias limpas; desenvolvimento de programas

de gerenciamento integrado de resíduos sólidos; uso de embalagens retornáveis e

88

sua reutilização; desenvolvimento de tecnologias limpas para a reutilização,

reciclagem, tratamento e disposição final dos resíduos; estabelecimento de

parcerias objetivando otimizar a gestão dos resíduos sólidos; desenvolvimento de

programas de capacitação técnica na área de gerenciamento de resíduos sólidos;

promoção de campanhas educativas e informativas junto à sociedade sobre a

gestão ambientalmente adequada de resíduos sólidos e sobre os efeitos na saúde

e no meio ambiente dos processos de produção e de eliminação de resíduos;

incentivo à criação de novos mercados e a ampliação dos já existentes para os

produtos reciclados; articulação institucional entre os gestores visando a

cooperação técnica e financeira, especialmente nas áreas de saneamento, meio

ambiente e saúde pública”.

Com esta nova visão pretende-se que os empreendedores passem a utilizar as melhores

opções tecnológicas existentes e não apenas atendam a determinados padrões

ambientais. Esta estratégia em longo prazo poderá quebrar a barreira na relação entre os

agentes ambientais do governo e os agentes dos setores produtivos, promovendo uma

evolução comportamental na medida em que os técnicos ambientais deixarão de controlar

as descargas residuais e passarão a avaliar as tecnologias utilizadas para prevenir, na

fonte, as emissões.

Muitas inovações ocorreram ao longo de mais de 30 anos de gestão ambiental na Bahia e

todas elas sempre refletindo as demandas de uma sociedade cada vez mais atenta à

causa ambiental. Mas o estado ainda carecia de uma estrutura que reunisse sob a

mesma pasta o ordenamento ambiental, o desenvolvimento florestal e os recursos

hídricos.

No ano de 2003 foi criada a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH

(Lei Estadual 8.538/02) para atender a esta demanda. A SEMARH reuniu sob sua

administração os órgãos ligados à questão ambiental de forma a atuar conjuntamente na

proteção à biodiversidade e aos recursos hídricos, assegurando assim condições técnicas

para tornar o estado cada vez mais eficaz na adoção de políticas de desenvolvimento

sustentável aliado ao crescimento econômico.

89

Antes da criação desta Secretaria, a Superintendência de Recursos Hídricos - SRH

estava subordinada à Secretaria de Infra-Estrutura, o CRA à Secretaria de Planejamento,

Ciência e Tecnologia, enquanto as questões ligadas à flora e fauna ficavam sob o controle

da Secretaria de Agricultura, através do extinto Departamento de desenvolvimento

Florestal - DDF.

A SEMARH é formada por dois conselhos colegiados: O Conselho Estadual de Meio

Ambiente - CEPRAM e o Conselho Estadual de Recursos Hídricos - CONERH. A

secretaria também é composta pelas superintendências de Políticas Ambientais e de

Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação. Como órgãos da administração

indireta também sob seu comando estão o CRA, a Superintendência de Recursos

Hídricos - SRH e a Companhia de Engenharia Rural da Bahia – CERB.

A nova Secretaria, além de agilizar os procedimentos ambientais, reuniu as três agendas

que compõem a questão: a agenda marrom, responsável pelo combate à degradação

ambiental e seus reflexos na qualidade de vida nas cidades, a agenda verde, voltada para

a proteção das florestas, manguezais e outras áreas de proteção ambiental e a agenda

azul, para conservação das águas e gestão dos recursos hídricos.

No próximo capítulo, exercitaremos nossa capacidade de analisar os resultados deste

trabalho. Não pretendemos apresentar nenhuma verdade absoluta nem mesmo temos a

pretensão de esgotar o assunto ou ainda convencer por unanimidade que nossos

argumentos são corretos. É nossa pretensão contribuir para que a análise destes

resultados possa futuramente auxiliar o CRA na implementação de melhorias em relação

à efetivação da responsabilidade estendida e continuada da gestão ambiental.

.

90

CAPÍTULO 4 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

91

Os resultados da tabulação e consolidação dos dados secundários obtidos pela pesquisa

documental constam do Apêndice D. Estes dados numéricos significam a freqüência de

ocorrência dos eventos de autocontrole e licenciamento ambiental no período de tempo

estudado.

O Estado da Bahia possui uma área territorial de 567.300 Km2 e 417 municípios. A

analise da disseminação do autocontrole pelos procedimentos do licenciamento ambiental

demonstrou que estes instrumentos ocorrem no território baiano com uma distribuição

bastante heterogênea.

Constatou-se que das 2.856 licenças ambientais (AA, LS, LO, RLO, LOA e LI) concedidas

entre os anos de 1997 a 2002, 1.736 (60,78%) foram para empreendimentos localizados

em 22 municípios. E das 884 licenças (LO e RLO) concedidas com a implementação, por

parte das empresas, dos instrumentos de autocontrole ambiental, 587 (66,40%) foram

para empreendimentos localizados em 16 municípios. A concentração observada na

disseminação do autocontrole e do licenciamento ambiental está destacada e organizada

de forma crescente, em função do número de ocorrências observadas para cada evento,

no Quadro 2. O critério para definir as categorias concentração do licenciamento e do

autocontrole foi a ocorrência destes eventos numa porcentagem acima de 60% entre

1997 e 2002.

CATEGORIAS DE DADOS QUADRO 2

Total de

Licenciamento

Concentração do

Licenciamento

Total de

Autocontrole

Concentração do

Autocontrole

Número de

concessões

2856 – 100%

1736 – 60,78%

884 – 100%

587 – 66,40%

Número de

Municípios

316

22

159

16

QUADRO 2: número de concessões ocorridas em cada categoria de dados e o número de municípios onde

estas ocorreram.

Nas Figuras 1 e 2 estão representados, respectivamente, os resultados geograficamente

espacializados do total das licenças ambientais concedidas e do total destas concessões

com a implementação do autocontrole ambiental entre os anos de 1997 a 2002.

92

FIGURA 1

FIGURA 1: Cartograma com a representação espacial do total das licenças ambientais concedidas no

Estado da Bahia entre os anos de 1997 a 2002.

FIGURA 2

FIGURA 2: Cartograma com a representação espacial do total das licenças ambientais concedidas com a

implementação do autocontrole ambiental no Estado da Bahia entre os anos de 1997 a 2002.

• 2.856 licenças ambientais (AA, LS, LO, RLO, LOA e LI)

• 884 licenças ambientais com a implementação do

autocontrole ambiental (LO e RLO)

93

Vale ressaltar que não só a existência como também o exercício destes dois instrumentos

de gestão ambiental só têm sentido em função da localização, implantação e operação de

empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva

ou potencialmente poluidoras, bem como de empreendimentos capazes, sob qualquer

forma, de causar degradação ambiental. Portanto, um levantamento da distribuição

geográfica das atividades socioeconômicas no estado poderia explicar as causas da

concentração tanto do autocontrole como do licenciamento ambiental. Esclarece-se que

tal levantamento não foi realizado por fugir do objetivo deste trabalho.

No Quadro 3 estão relacionados os nomes dos municípios onde ocorreu a concentração

do autocontrole e do licenciamento ambiental entre 1997 e 2002. Os números dentro dos

parênteses nas colunas concentração do autocontrole e do licenciamento significam o

número de ocorrências destes respectivos instrumentos nestas cidades.

QUADRO 3

Municípios Concentração do Autocontrole

Concentração do Licenciamento

Salvador X (70) X (401)

Camaçari X (174) X (319)

Simões Filho X (75) X (139)

Feira de Santana X (42) X (123)

Candeias X (53) X (92)

Juazeiro X (26) X (80)

Pojuca X (65)

Alagoinhas X (52)

Mata de São João X (50)

Jequié X (23) X (48)

Dias D’Ávila X (15) X (47)

Barreiras X (25) X (40)

Lauro de Freitas X (10) X (36)

Eunápolis X (34)

Vitória da Conquista X (12) X (33)

Ilhéus X (17) X (29)

Brumado X (10) X (27)

Paulo Afonso X (26)

94

São Francisco do Conde X (12) X (26)

Porto Seguro X (25)

Itapetinga X (24)

Santo Antônio de Jesus X (20)

Brejões X (13)

Itabuna X (10)

Total 587 1736

Total de Municípios 16 22

QUADRO 3: nome dos municípios onde ocorreu concentração do autocontrole e do licenciamento

ambiental.

Observa-se no Quadro 3 que no seis primeiros municípios onde ocorreu a concentração

do autocontrole, também ocorreu a concentração do licenciamento: Salvador, Camaçari,

Simões Filho, Feira de Santana, Candeias e Juazeiro. Este resultado permitiu a geração

de três conclusões:

1) Nestas cidades opera a maior quantidade de empreendimentos licenciados pelo CRA

entre 1997 a 2002. Ou seja, do total de 2.856 (100%) licenças ambientais concedidas

entre 1997 a 2002 (316 municípios), 1.154 (40,41%) foram para empreendimentos

localizados nestes seis municípios.

2) Nestas cidades ocorreu a maior quantidade de concessões de licenças ambientais

associadas à implementação do autocontrole ambiental no Estado da Bahia. Ou seja, do

total de 884 (100%) licenças ambientais concedidas com a implementação do

autocontrole (159 municípios), 440 (49,77%) foram expedidas para empresas localizadas

nestes seis municípios.

3) Nestas cidades opera a maior quantidade de empreendimentos de médio, grande e

excepcional porte do estado. Observa-se que inicialmente o autocontrole era pré-requisito

para o requerimento das licenças de operação de todos os portes de empreendimento

(micro, pequeno, médio, grande e excepcional). Desde de junho de 2001, apenas os

empreendedores com atividades de médio, grande e excepcional portes estão obrigados

a implementar o autocontrole, quando da solicitação da LO e RLO. Como os dados deste

95

trabalho são do período de 1997 a 2002, devido à alteração ocorrida na legislação

ambiental, esta conclusão poderia estar equivocada, pois existem ocorrências de LO e

RLO, nestes dados, associadas a micros e pequenos empreendimentos. Porém, ressalva-

se que das 587 ocorrências constatadas na concentração do autocontrole (16

municípios), 450 (76,66%) estão relacionadas a empreendimentos de médio, grande e

excepcional porte. Portanto, a ocorrência de empreendimentos de micro e pequeno porte

associados às concessões de LO e RLO não é significativa a ponto de alterar esta

conclusão (137 – 23,34%).

Nos municípios de Brejões e Itabuna constatou-se a concentração do autocontrole, fato

não ocorrido quanto ao licenciamento ambiental, cuja ocorrência foi inexpressiva em

relação ao total do estado, pois nestas cidades todas as solicitações de licenças

ambientais ocorreram antes que a nova legislação ambiental fosse aprovada. A legislação

vigente na época considerava o tipo de atividade desenvolvida, para tornar o autocontrole

um pré-requisito quando do requerimento das licenças ambientais (independente do porte

do empreendimento). Em Brejões (beneficiamento do café e irrigação) e Itabuna

(indústrias diversas) predominam as atividades industriais, todas relacionadas à

implementação do autocontrole.

Nos municípios de Pojuca, Alagoinhas, Mata de São João, Eunápolis, Paulo Afonso, Porto

Seguro, Itapetinga e Santo Antônio de Jesus constatou-se a concentração do

licenciamento ambiental situação não observada quanto ao autocontrole.

O padrão de resultados encontrados nestas cidades se explica devido ao predomínio em

todas elas de tipos de licenças não relacionadas à implementação do autocontrole

ambiental (AA e LS), também em função da legislação vigente quando da formação

processual. A autorização ambiental possuía um caráter de licença pela antiga legislação.

O critério utilizado para enquadrar um empreendimento como passível de AA era a

natureza da atividade desenvolvida. Os empreendedores cuja atividade era passível de

AA não estavam obrigados a implementar o autocontrole.

96

Na legislação em vigor atualmente, o critério para uma atividade ser passível de licença

simplificada é o porte do empreendimento. Para todas as empresas de micro e pequeno

porte são formados processos de licença simplificada e tais empreendedores também são

isentos da implementação do autocontrole (independente da atividade desenvolvida).

Pode-se concluir então, que da década de 80 até junho de 2001 (quando a nova Política

Ambiental do Estado foi aprovada) o critério legal para a exigência da implementação do

autocontrole relacionava-se ao tipo de atividade do empreendimento, pois esta tipologia

indicava o tipo de licença a ser requerida, que por sua vez estava atrelada ou não à

implementação do autocontrole 19.

A partir de junho de 2001 esta lógica foi alterada. Na nova Política Ambiental do Estado o

critério para a implementação do autocontrole está relacionado ao porte do

empreendimento. Os empreendimentos de micro e pequeno porte estão isentos da

implementação do autocontrole ambiental20.

Nas Figuras 3 e 4 estão representados, respectivamente, os resultados geograficamente

espacializados da concentração do licenciamento e do autocontrole ambiental entre 1997

a 2002.

Engajar os micros e pequenos empreendedores para o ingresso no mundo da cidadania

corporativa é um grande desafio a ser vencido. Por muito tempo estes negócios vêm

sendo desenvolvidos à parte das discussões acerca da responsabilidade ambiental e

social, como se tivesse um papel menor a desempenhar. O baixo faturamento destas

empresas ainda é muito utilizado como empecilho para assumir posturas que estejam

além de gerar lucros, empregar pessoas e pagar impostos.

____________________ 19 e 20 Sobre os fundamentos legais que legitimaram estas alterações ver capítulo 2, item 2.7 e apêndice A.

97

FIGURA 3

FIGURA 3: Cartograma com a representação espacial dos municípios com maior concentração de

concessões de licenças ambientais entre os anos de 1997 a 2002.

FIGURA 4

FIGURA 4: Cartograma com a representação espacial dos municípios com maior concentração de

autocontrole ambiental entre os anos de 1997 a 2002

• Dezesseis municípios com maior concentração de licenças ambientais concedidas com a implementação do autocontrole ambiental

(LO e RLO)

• Vinte e dois municípios com maior concentração de licenças ambientais

(AA, LS, LO, RLO, LOA e LI)

98

Porém, o aumento da competição e dos níveis de exigências de funcionários, clientes e

consumidores estão provocando uma gradual mudança desta cultura. Os cenários

corporativos mais dinâmicos e desafiadores já começaram a exercer pressões sobre as

empresas menores. O número de grandes empresas que selecionam seus fornecedores

considerando critérios de responsabilidade ambiental e social vem aumentando e influindo

também na disponibilidade de linhas de crédito e financiamento para os micros e

pequenos empreendedores (Boccia, 2003).

Contudo, toda e qualquer mudança cultural implica num determinado tempo de

amadurecimento e, sobretudo, de aceitação das novas idéias e realidades, que sacodem

e ameaçam as pesadas estruturas historicamente consolidadas. No Brasil 98% das

empresas formais são de micro ou pequeno porte. Estas empregam 60% da mão de obra

e geram 30% do Produto Interno Bruto – PIB. Nestes empreendimentos mesmo o controle

ambiental tradicional (no fim do processo de produção) é precário por falta de sistemas de

controle da poluição ou falhas na sua manutenção e operação (Almeida, 2002).

Considerando os resultados da disseminação do autocontrole e do licenciamento

ambiental por porte do empreendimento, os números demonstram que na Bahia também

prevalece não só a maior ocorrência das empresas de micro e pequeno porte, como

também o menor envolvimento destas com estratégias relacionadas à implementação do

autocontrole ambiental (Quadro 4).

QUADRO 4

Porte Autocontrole Licenciamento

Micro 6 – 0,67% 641 – 22,45%

Pequeno 25,21% 217 – 24,54% 1351 – 47,31% 69,76%

Médio 362 – 40,95% 471 – 16,49%

Grande 74,29% 214 – 24,20% 295 – 10,32% 30,24%

Excepcional 85 – 9,64% 98 – 3,43%

Total 100% 884 – 100% 2856 – 100% 100%

QUADRO 4: ocorrência do autocontrole e do licenciamento ambiental por porte dos empreendimentos entre

1997 e 2002.

99

No quadro 4 observa-se que 69,76% das concessões de licenças ambientais foram

expedidas para empresas de micro e pequeno porte. Em contrapartida, do total de

licenças expedidas com a implementação do autocontrole ambiental, 74,29% foram para

empreendimentos de médio, grande e excepcional porte. Ou seja, ocorre uma relação

inversa, indiretamente proporcional.

É um universo considerável. Porém, promover mudanças desta magnitude carece de

muito esforço tanto na divulgação das melhores práticas e experiências de sucesso já

implementadas, como na qualificação profissional apropriada dos recursos humanos, pois

este é o principal agente responsável pela consolidação de uma nova postura empresarial

pautada na inovação criativa e na busca da harmonização econômica com a

sustentabilidade ambiental e social.

A análise do padrão de crescimento do autocontrole e do licenciamento ambiental ao

longo dos seis anos estudados demonstra que as empresas vêm requerendo cada vez

mais licenças ambientais para localizar, implantar e operar suas atividades, mas este fato

não está necessariamente relacionado a uma maior disseminação do autocontrole

ambiental. O Quadro 5 mostra que o número de concessões de licenças ambientais no

Estado da Bahia aumentou em todos os anos pesquisados, porém não foi possível

estabelecer o mesmo padrão de comportamento para os valores relacionados à

implementação, por parte das empresas, dos instrumentos de autocontrole ambiental.

QUADRO 5

Ano Autocontrole Licenciamento

1997 121 172

1998 95 240

1999 142 239

2000 132 389

2001 234 874

2002 160 942

Total 884 - 30,95% 2856 – 100%

QUADRO 5: padrão de crescimento do autocontrole e do licenciamento ambiental entre 1997 e 2002.

100

Os resultados do Quadro 5 estão graficamente representados nas Figuras 5 e 6.

FIGURA 5

FIGURA 5: Gráfico demonstrando o padrão de crescimento do autocontrole ambiental entre 1997 e 2002.

FIGURA 6

FIGURA 6: Gráficos demonstrando o padrão de crescimento do licenciamento ambiental entre 1997 e 2002.

A expectativa seria de que o crescimento do licenciamento ambiental provocasse também

uma maior disseminação do autocontrole. Tal expectativa por sua vez se contradiz

quando analisamos a evolução dos dispositivos legais que foram consolidando o

autocontrole dentro dos procedimentos do licenciamento ambiental na Bahia. Inicialmente,

o autocontrole era pré-requisito para o requerimento das licenças de operação para todos

101

os portes de empreendimento (micro, pequeno, médio, grande e excepcional) e

atualmente, os empreendedores com atividades de micro e pequeno porte estão isentos

de implementá-lo quando da solicitação da licença ambiental.

Considerando que os empreendimentos mais licenciados foram os de micro e pequeno

porte e os que mais estiveram relacionados à implementação, por parte das empresas,

dos instrumentos de autocontrole ambiental, foram os de médio porte e ainda, do total de

licenças concedidas (2.856 – 100%) apenas 30,95% (884) delas estavam relacionadas à

implementação do autocontrole (Quadro 5), numa análise primária poderíamos afirmar

que carecemos de mudanças significativas nos procedimentos do licenciamento

ambiental para que este promova uma maior disseminação do autocontrole. No entanto,

esta estratégia não é vista como uma solução para melhorar o desempenho ambiental

destas empresas.

Azevedo (2004) discorda quanto à imposição do autocontrole para os micros e pequenos

empreendimentos. Segundo ele “estas empresas não precisam deste autocontrole e se

precisar não saberão fazê-lo”.

E acrescenta:

“Não vejo nenhum ganho com isto. Qual o efeito? Porquê estender?

Carecemos de mais informações para fundamentar está possibilidade. E

estas não existem, portanto nós não sabemos responder. E é necessário

considerar que será um ônus para a empresa. Elaborar uma ALA e uma

CTGA, por exemplo, envolve custos”.

Souza (2004) também pondera:

“Os micros e pequenos empreendimentos apesar de serem assim

classificados, seu quantitativo soma aproximadamente 70% dos processos

de licenças (licença simplificada) tramitando no CRA. Disseminar o

autocontrole dentro destas empresas de menor porte sem onerá-las é um

desafio”.

102

“Mas são estas empresas que mais demandam do órgão, não só pelo

quantitativo de processos tramitando. Mas também devido à complexidade

para analisar o roteiro de caracterização do empreendimento e os demais

documentos necessários para a formação processual. Na maioria das

vezes, elaborados por empreendedores com baixa capacitação para tal”.

O Quadro 6 mostra que até o final de 2002, um ano e meio após a instituição da figura da

licença simplificada – LS no Estado da Bahia, o CRA já havia concedido 1233 (mil

duzentas e trinta e três) destas licenças. Este número corresponde a aproximadamente

44% do valor total das concessões de licenças ambientais expedidas pelo órgão

ambiental entre os anos de 1997 a 2002 (Bahia, 2001b).

QUADRO 6

Tipos de Licenças Quantidade de Licenças Concedidas

LS 1233 – 43,17%

LO 713 – 24,96%

AA 584 – 20,44%

RLO 171 – 5,99%

LOA 54 – 1,90%

LI 101 – 3,54%

Total 2856 – 100%

QUADRO 6: número de concessões de licenças expedidas por tipo entre 1997 a 2002.

O papel do órgão ambiental diante desta realidade é fundamental, competindo-lhe

desenvolver e implementar estratégias com o objetivo de fortalecer os empreendedores

para se adaptarem a um novo cenário de co-responsabilização ambiental. E não apenas

através dos mecanismos do autocontrole. Um ponto indispensável a ser trabalhado é a

capacitação do empreendedor. Está deverá estar permanentemente associada ao

fortalecimento da gestão e da responsabilidade ambiental dentro das empresas

independente do seu porte.

Conforme Souza (2004), mudanças significativas só irão se consolidar a partir do

momento que os dirigentes das empresas despertarem o interesse e a disponibilidade

103

para capacitarem seus técnicos. De uma certa forma as empresas absorvem alguns

conhecimentos acerca das questões ambientais, mas apenas superficiais. Elas ainda

carecem de atualizações sobre muitos temas da legislação ambiental, dos novos

parâmetros de análises, da visão integrada do desenvolvimento sustentável, dos efeitos

globais dos impactos ambientais e não só de determinados efluentes e resíduos locais

entre tantos outros temas que devem estar disseminados também e talvez principalmente

nos micros e pequenos empreendimentos.

Souza (2004) ressalta:

“Se constatamos uma maior complexidade para analisar os processos das

empresas de micro e pequeno porte é porque precisamos fortalecer a

capacidade destes empreendedores para se adequar ao patamar ideal de

atuação responsável. E fortalecer estas empresas demanda um esforço e

uma dedicação muito maior e de todos”.

Dentro desta perspectiva o CRA lançou o Programa Parceiros do Meio Ambiente – Adote

uma Pequena Empresa. Este programa visa estimular as grandes empresas, bem como

as pessoas físicas para que, voluntariamente, adotem a gestão ambiental das micros e

pequenas empresas visando o seu fortalecimento e garantindo sua regularização. Ou

seja, dentro deste programa um micro empreendedor poderá selecionar alguns

colaboradores de sua empresa para serem capacitados a lidar com as questões

ambientais no seu negócio.

O Núcleo de Estudos Avançados do Meio Ambiente - NEAMA também foi idealizado para

suprir esta demanda de capacitação. O NEAMA é uma ferramenta da gestão ambiental e

foi projetado para ser um espaço de debates capazes de formular e multiplicar as

inovações que poderão indicar um caminho mais efetivo para a sustentabilidade.

Neste Núcleo, pretende-se elevar o nível do diálogo entre os diversos segmentos sociais

pelo aporte do conhecimento técnico e científico capacitando gestores públicos,

educadores, empreendedores e membros da sociedade civil organizada, gerando um

104

campo fértil para se colocar em prática a co-responsabilidade na defesa do meio

ambiente.

Numa sociedade mundial de conhecimento, a sociedade globalizada, o meio ambiente é

um requisito fundamental e a competência para executar a gestão ambiental nas

empresas é chave (co-responsabilidade).

Olivieri (2004) ressalta a necessidade de fortalecimento de três pilares para que o

desenvolvimento sustentável ocorra numa concepção mais moderna, efetiva e eficaz:

a) Ciência, tecnologia e inovação: sem isto estar fomentado pelo Estado, inclusive com

políticas públicas e pelas atividades empresariais, a federação das industrias, de

agricultura e comércio não haverá desenvolvimento sustentável com base simplesmente

nos costumes e nos conhecimentos atuais sobre as ciências físicas e as ciências

humanas. É preciso haver inovação continua, fomentada e acelerada.

b) Aumentar o potencial da oferta do trabalho humano: temos que pensar no trabalho

humano, essa é a única grandeza ambiental de fato renovável. O pouco recurso tido

como renovável do passado já não é tão renovável assim. Por exemplo, quando

compramos um carro novo a cada dois anos para diminuir o custo de manutenção,

estamos prejudicando o meio ambiente, consumindo mais recursos e ainda impedindo o

surgimento de uma demanda para a geração de empregos. Esta é uma visão antiquada.

A manutenção de qualquer tipo de equipamento que faça parte da vida moderna significa

sustentabilidade, melhoria de performance, reciclagem de peças e tudo isto, além de

gerar renda, evita o desperdício de recursos, matérias primas, energia, água entre outros.

c) A ampliação da responsabilidade ambiental que deve estar depositada sobre o

executor das atividades. São eles os detentores e conhecedores das tecnologias

empregadas. Por exemplo, as estruturas de concreto armado e de aço pararam de cair

porque a responsabilidade técnica foi criada. A responsabilidade qüinqüenal do código

civil coloca na cadeia um engenheiro que planejar uma estrutura e esta desabar causando

óbito. O mesmo acontece com as escavações de valas e também com várias outras

105

atividades no Brasil. O profissional é o responsável. Esta é a lógica inspiradora do

autocontrole ambiental.

Souza e Olivieri (2004) destacam ainda a necessidade de se criar mecanismos para aferir

a melhoria, estagnação ou retroação da responsabilidade das empresas que vem

adotando o autocontrole ambiental. Uma demanda que poderia ser atendida pela análise

dos Relatórios Técnicos da Garantia Ambiental – RTGA, que deve ser elaborado e

entregue pelos membros da CTGA.

O RTGA é um instrumento muito importante para diagnosticar o nível de evolução das

empresas. Precisa-se refletir sobre uma maneira de implementar esta avaliação

levantando dados e criando mecanismos para a obtenção de informações consistentes.

A criação de um Selo de Garantia da Qualidade Ambiental também está sendo idealizada

para medir qualitativamente o comportamento das empresas diante das diversas

pressões ambientais. É uma proposta que ainda está sendo trabalhada, mas a idéia é

formatá-la de forma que a empresa receba selos bronze, prata ou ouro, durante a

sistemática do licenciamento ambiental, de acordo com a evolução de sua performance.

Esta performance será julgada sob critérios pré-estabelecidos durante a elaboração do

Parecer Técnico (Souza, 2004).

Aos poucos, seguir preceitos éticos vai deixando de ser uma escolha. Em

todo o mundo, a lógica do “E bom fazer” vem sendo substituída pelo “É

necessário fazer” , como mostra o relatório Corporate Social Responsibility

– Implications for Small and Médium Enterprises in Developing Countries

(Responsabilidade Social Corporativa – Implicações para Pequenas e

Médias Empresas nos Países em Desenvolvimento), elaborado pela United

Nations Development Organization, agência das Nações Unidas voltada

para o progresso industrial dos países emergentes (Boccia, 2003, p.21).

Independentemente do arcabouço legal, a responsabilidade ambiental está se

transformando numa questão de competitividade para os micros e pequenos

empreendedores. E este é um caminho sem volta.

106

Recentemente, duas publicações foram lançadas com o objetivo de auxiliar estes

empreendedores a encarar estrategicamente este novo cenário: “Responsabilidade Social

Empresarial para Micro e Pequenas Empresas - Passo a Passo e ”Como Fortalecer a

Responsabilidade Social nas Relações entre Grandes e Pequenas Empresas”. Ambas

produtos de uma parceria entre o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social

e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – SEBRAE.

A primeira publicação objetiva contribuir para que os micros e pequenos empreendedores

desenvolvam competências para realizarem negócios dentro do novo cenário corporativo

que está sendo desenhado. Neste cenário, considerar critérios de ética e transparência na

tomada de decisões, na definição de valores e prioridades e no estabelecimento das

bases de relacionamento com todos os públicos com os quais interage é fundamental.

Para isto, são propostas sete diretrizes a serem seguidas passo a passo: a) adoção de

valores e trabalho com transparência; b) valorização dos empregados e colaboradores; c)

fazer sempre mais pelo meio ambiente; d) envolver parceiros e fornecedores; e) proteger

clientes e consumidores; f) promover a comunidade e g) comprometer-se com o bem

comum. (Instituto Ethos e Sebrae, 2003).

A segunda publicação é um manual que apresenta uma abordagem abrangente sobre o

relacionamento entre pequenas e grandes empresas, procurando contribuir para que

estes atores considerem os critérios de responsabilidade social empresarial ao se

relacionarem. Esta relação deve estar pautada no estabelecimento de parcerias efetivas,

fundamentadas na confiança e na sustentabilidade, de modo que todos possam ganhar e

crescer. Portanto, este manual oferece informações a respeito dos passos que já estão

sendo dados e sugestões do que é possível realizar neste campo (Alli e Sauava, 2004).

Considerando que empreender e ter acesso ao ambiente ecologicamente saudável são

direitos assegurados pela Constituição e que estes direitos geram também os deveres de

harmonizar o crescimento socioeconômico com as características essenciais e a

qualidade do meio ambiente, cuja responsabilidade é de todos, sabemos que ainda resta

muito caminho a ser percorrido.

107

Porém, existem alguns fatores que podem se traduzir, ao longo dos tempos, numa

enorme vantagem para o Estado da Bahia no que diz respeito à evolução dos

instrumentos de gestão ambiental para as empresas: a experiência acumulada em mais

de 20 anos realizando exercícios de autocontrole com as empresas e os setores de

governo envolvidos em projetos potencialmente impactantes, o instinto de cooperação

que torna os indivíduos abertos para serem solidários e compreender que no outro existe

alguma verdade além da sua própria, a crença de que o tema transcende a nossa

capacidade e exige respostas que ainda não estão prontas e por isto os debates são

sempre bem-vindos e a trajetória da responsabilidade ambiental pautada na educação, na

delegação e na co-responsabilidade (Olivieri, 2004).

108

5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES FINAIS

109

O histórico da evolução da responsabilização ambiental não apenas no mundo, mas

também no Brasil e na Bahia não tem sido um processo simples. Muito pelo contrário. É

extremamente complexo.

Há algumas décadas as pessoas perceberam que a preservação do planeta Terra

significa também a preservação da própria vida. Inicialmente, a preocupação era pela

extinção dos animais, mais tarde a questão da derrubada das florestas e a poluição do ar.

Em seguida, a poluição industrial e agrícola e a preocupação com a poluição gerada nos

países em desenvolvimento, pela falta de infra-estrutura urbana. Finalmente, foram

identificadas as grandes conseqüências da poluição mundial e seus riscos, como o efeito

estufa e a destruição da camada de ozônio.

Se inicialmente existiam alguns idealistas alertando para problemas que pareciam

surreais, mais tarde surgiram as reivindicações de organizações especialistas na questão

ambiental, organizações internacionais e alguns poucos governos comprometidos com a

preservação do Planeta.

Hoje, milhões de pessoas em todo o mundo lutam por esta nobre causa, tentando mostrar

os perigos iminentes de uma postura agressiva ao meio em que vivemos, e os riscos

concretos que corremos.

Esta consciência coletiva vem crescendo dia-a-dia, transformando culturas, quebrando

velhos paradigmas e obrigando todos a darem sua colaboração por uma causa justa, a

saúde do nosso Planeta.

Um dos últimos grupos a integrar esta luta, e talvez o que traga resultados mais diretos

em menos tempo, foi o setor empresarial. Movidas pelas exigências de seus

consumidores, inicialmente europeus, as empresas começaram a perceber que seus

clientes estavam dispostos a pagar mais por produtos ambientalmente corretos, e mais,

deixar de comprar aqueles que contribuíam para a degradação do Planeta.

110

Além disto, esta pressão popular atingiu também os governos, os quais passaram a

estabelecer legislações ambientais cada vez mais rígidas, fazendo com que as empresas

tivessem que adequar seus processos industriais, utilizando-se de tecnologias mais

limpas.

Esta mudança na percepção da questão ambiental obrigou o setor industrial, a

desenvolver e implantar sistemas de gestão de seus processos de maneira que

atendessem a demanda vinda de seus clientes e cumprissem com a legislação ambiental

vigente.

Com estes sistemas, os empresários começaram a verificar que uma postura

ambientalmente correta na gestão dos seus processos refletia diretamente em

produtividade, qualidade e conseqüentemente melhores resultados econômico-

financeiros.

Além disto, como uma forma de verificar e divulgar quais as empresas que realmente

apresentam uma postura ambientalmente correta, estabeleceu-se sistemas de avaliação

de desempenho ambiental, com normas e critérios padronizados para o mundo todo

como, por exemplo, a série ISO 14000.

E o mais importante de todo este processo de atuação responsável é conquistar a

confiança dos clientes tanto na empresa quanto nos produtos ofertados por ela. Atuar de

maneira ambientalmente responsável é ainda hoje um diferencial entre as empresas,

destacando-as no mercado competitivo.

A incorporação do autocontrole ambiental pelas empresas no Estado da Bahia é uma

medida que, pela sua importância e potencialidade de resultados requer o

empreendimento de esforços contínuos para que seja internalizado.

A avaliação da disseminação do autocontrole nos procedimentos do licenciamento

ambiental do CRA ao longo dos seis anos estudados permitiu gerar as seguintes

conclusões:

111

Observou-se uma concentração territorial tanto na ocorrência do autocontrole quanto na

ocorrência do licenciamento ambiental no Estado da Bahia. As cidades de Salvador,

Camaçari, Simões Filho, Feira de Santana, Candeias e Juazeiro foram identificadas como

as cidades do Estado onde opera a maior quantidade de empreendimentos licenciados

pelo CRA, a maior quantidade de empreendimentos de médio, grande e excepcional porte

e finalmente, onde ocorreu a maior quantidade de licenças expedidas com a

implementação do autocontrole ambiental no período de 1997 a 2002.

Esta concentração pode estar relacionada com a distribuição das atividades

socioeconômicas já que estes dois instrumentos existem em função do desenvolvimento

destas atividades. Uma futura análise de dados correlacionando a disseminação destes

dois instrumentos com a distribuição das atividades socioeconômicas poderão oferecer

indícios das correlações existentes entre a disseminação destes instrumentos da política

ambiental com o desenvolvimento socioeconômico do território baiano. Tal estratégia

poderá fomentar informações para direcionar o desenvolvimento estadual de forma que

as políticas públicas ambientais, econômicas e sociais sejam desenvolvidas de maneira

mais integrada.

Também se constatou a ocorrência da concentração do autocontrole sem que o mesmo

ocorresse com o licenciamento ambiental (nos municípios de Brejões e Itabuna) e

também o inverso, ou seja, ocorreu a concentração do licenciamento ambiental e a

mesma situação não foi observada quanto ao autocontrole (nos municípios de Pojuca,

Alagoinhas, Mata de São João, Eunápolis, Paulo Afonso, Porto Seguro, Itapetinga e

Santo Antônio de Jesus).

Os resultados obtidos nestas cidades se explicam em função da legislação ambiental em

vigor quando do requerimento destas licenças ambientais. De 1980 até 2001 o

autocontrole era pré-requisito para o licenciamento ambiental, em função da atividade

desenvolvida pelo empreendedor. Neste período, todos os portes de empreendimentos

(micro, pequeno, médio, grande e excepcional) cujas atividades eram consideradas

efetiva ou potencialmente poluidoras implementavam o autocontrole. Em Brejões e

Itabuna ocorreu um predomínio das atividades industriais que estavam relacionadas à

112

implementação deste instrumento quando do requerimento da licença ambiental. A partir

de junho de 2001 o critério para a implementação do autocontrole passou a estar

relacionado ao porte do empreendimento.

Nos municípios de Pojuca, Alagoinhas, Mata de São João, Eunápolis, Paulo Afonso, Porto

Seguro, Itapetinga e Santo Antônio de Jesus predominaram tipos de licenças ambientais

não relacionadas à implementação do autocontrole ambiental (AA e LS). A autorização

ambiental possuía um caráter de licença pela antiga legislação e um empreendimento era

enquadrado como passível de AA pela natureza da atividade desenvolvida e esta não

estava relacionada à implementação do autocontrole. Pela atual legislação ambiental

todas as empresas de micro e pequeno são passíveis de licença simplificada e esta

modalidade de licença ambiental também não está relacionada à implementação dos

mecanismos de autocontrole ambiental.

Os resultados demonstraram que 69,76% das concessões de licenças ambientais foram

expedidas para empresas de micro e pequeno porte. Em contrapartida, do total de

licenças expedidas com a implementação do autocontrole ambiental, 74,29% foram para

empreendimentos de médio, grande e excepcional porte. Ocorre uma relação inversa,

indiretamente proporcional. Ou seja, ao longo dos seis anos estudados o crescimento das

concessões de licenças ambientais não foi condição suficiente para uma maior

disseminação do autocontrole ambiental. Estes resultados também se explicam em

função da legislação ambiental que isentou os micros e pequenos empreendedores de

implementarem o autocontrole quando do requerimento da licença ambiental.

Considerando a relação constatada entre os empreendimentos mais licenciados (micro e

pequeno porte) e os que mais implementaram o autocontrole (médio, grande e

excepcional) seria natural adotar medidas para promover uma maior disseminação deste

instrumento entre os micros e pequenos empreendimentos. Porém, esta não é uma

estratégia vista como solução para melhorar o desempenho ambiental destas empresas

em função de dois fatores:

113

• Eles podem gerar mais ônus para estes empreendedores que na maioria das

vezes já operam no limite do capital;

• A complexidade encontrada para analisar o roteiro de caracterização do

empreendimento e os demais documentos necessários para a formação

processual elaborados por estes empreendedores, devido à sua baixa capacitação

para tal, oferece indícios das dificuldades que eles teriam para elaborar auto

avaliações, balanços ambientais e relatórios técnicos.

Por outro lado, sabe-se que os micros e pequenos empreendimentos apesar de serem

assim denominados somam um quantitativo bastante expressivo do total de licenças

concedidas pelo órgão ambiental. Um ano e meio após a instituição da licença

simplificada esta categoria de licenciamento já correspondia a aproximadamente 44% do

total das concessões de licenças ambientais expedidas entre os anos de 1997 a 2002.

Portanto, diante deste cenário, o papel fundamental do CRA junto a estes

empreendedores é capacitá-los e fortalecê-los para se adaptarem à necessidade de se

comprometerem mais pela qualidade do meio ambiente onde se inserem. Esta estratégia

de capacitação motivou a implementação do NEAMA e do Programa Parceiros de Meio

Ambiente – adote uma pequena empresa. É necessário dispender, continuamente,

esforços no sentido de capacitar os empreendedores (principalmente de micros e

pequenos empreendimentos) para que estes atinjam um objetivo maior de

responsabilização ambiental, se adequando ao patamar ideal de atuação responsável.

Destaca-se que os dados secundários deste trabalho estão compreendidos dentro de um

período temporal onde ocorreu uma alteração da legislação ambiental que influenciou a

lógica de disseminação dos mecanismos do autocontrole quando do requerimento das

licenças ambientais. Portanto, considera-se pertinente recomendar que num trabalho

futuro uma nova avaliação desta disseminação seja realizada com o objetivo de aferir se o

padrão de resultados encontrados neste trabalho se repete.

114

Além disto, cabe também ressaltar que a realização de outros trabalhos futuros cujo

objetivo seja avaliar a capacidade do licenciamento induzir o comportamento do

autocontrole ambiental e ainda avaliar se os mecanismos deste instrumento (CTGA,

Política e Balanço Ambiental e ALA) efetivamente atendem à função para a qual foram

criados, poderia oferecer importantes resultados acerca do exercício deste instrumento da

Política Ambiental baiana.

E ainda, faz-se necessário também desenvolver e implementar mecanismos para avaliar

a melhoria, estagnação ou retroação da qualidade ambiental nas empresas de médio,

grande e excepcional porte que vem implementando ao longo dos anos o autocontrole

ambiental no Estado da Bahia. Os resultados desta avaliação poderão fornecer preciosas

informações qualitativas sobre o uso dos mecanismos do autocontrole ambiental e ainda

fornecer subsídios para a capacitação dos empreendedores, potencializando a

internalização deste instrumento.

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129

APENDICES

APENDICE A: Detalhamento da configuração da planilha de dados secundários.

A planilha com os dados secundários foi elaborada no programa Microsoft Excell com

configuração final de 2.856 linhas preenchidas com informações sobre as concessões de

licenças ambientais e 13 colunas preenchidas com informações relacionadas às linhas.

1) Coluna ID_: contem os códigos de todas as unidades territoriais do Estado da Bahia

onde ocorreram concessões de licenças ambientais. Estes códigos foram obtidos no site

do Sistema do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE de Recuperação

Automática - SIDRA (www.sidra.ibge.gov.br).

2) Coluna NAME1_: contém os nomes dos municípios de todas as unidades territoriais

do Estado da Bahia onde ocorreram concessões de licenças ambientais com caracteres

compatíveis de serem reconhecidos no formato DBF. Estes nomes foram obtidos no site

do Sistema do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE de Recuperação

Automática - SIDRA (www.sidra.ibge.gov.br).

3) Coluna ID: contém os números ordinais que identificam as linhas da planilha.

4) Coluna MUN: contém os nomes dos municípios de todas as unidades territoriais do

Estado da Bahia onde ocorreram concessões de licenças ambientais.

5) Colunas LON e LAT: contém os valores de longitude e latitude geográficas

correspondentes à localização nos sentidos leste ou oeste e norte ou sul,

respectivamente, de cada empreendimento cuja licença ambiental foi concedida dentro do

Estado da Bahia. Devido à grande dificuldade de encontrar estas informações registradas

nos processos de licenciamento, os valores de longitude e latitude foram atribuídos

aleatoriamente a cada empreendimento, utilizando-se a malha municipal cartográfica do

Estado da Bahia. Esta malha foi obtida do Sistema de Informações Georeferenciadas da

Secretaria de Recursos Hídricos do Estado da Bahia (SRH, 2003). Portanto, cabe

130

esclarecer que tais valores são fieis quanto à localização dos empreendimentos nos

territórios municipais, mas são fictícios quanto à localização dos empreendimentos

exatamente no ponto dado pelo “endereçamento” da longitude e da latitude geográficas.

6) Coluna ATIVIDADE: descreve a atividade utilizadora de recursos ambientais que por

ser considerada efetiva ou potencialmente poluidora definidas no regulamento da Lei

Estadual n0 3.858 de 03/11/80, regulamentada pelo Decreto Estadual n0 7.639 de

28/07/99, que vigorou até 05/06/2001, quando o regulamento da Lei Estadual n0 7.799 de

07/02/01 aprovado pelo Decreto Estadual n0 7.967 de 05/06/01 passou a definir a

obrigatoriedade de licenciamento ambiental para estas atividades.

7) Coluna DI: enquadra as atividades passíveis de licenciamento ambiental, por serem

utilizadoras de recursos ambientais e consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras,

em uma das sete divisões relacionadas no parágrafo 1o do artigo 180 do regulamento da

Lei Estadual n0 7.799 de 07/02/01 aprovado pelo Decreto Estadual n0 7.967 de 05/06/01.

O enquadramento das atividades por divisão só passou a ser adotado nos procedimentos

da formação processual do licenciamento no CRA a partir de 05 de junho de 2001, pois

este não era contemplado pelo regulamento da lei anterior. Neste trabalho, mesmo as

atividades que tiveram suas licenças concedidas com base na legislação revogada, foram

enquadrados pela divisão proposta pela nova lei em vigor, conforme detalhado a seguir:

DIVISÃO A: Atividades de agricultura, florestas, caça e pesca;

DIVISÃO B: Atividades de mineração;

DIVISÃO C: Atividades de indústrias de transformação;

DIVISÃO D: Atividades de transporte;

DIVISÃO E: Atividades de serviços;

DIVISÃO F: Atividades de obras civis;

DIVISÃO G: Atividades de empreendimentos urbanísticos, turísticos e de lazer.

8) Coluna PO: enquadra as atividades passíveis de licenciamento ambiental, por serem

utilizadoras de recursos ambientais e consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras,

em um dos cinco portes estabelecidos no ANEXO II do regulamento da Lei Estadual n0

131

3.858 de 03/11/80, regulamentada pelo Decreto Estadual n0 7.639 de 28/07/99, que

vigorou até 05/06/2001 e no ANEXO III do regulamento da Lei Estadual n0 7.799 de

07/02/01 aprovado pelo Decreto Estadual n0 7.967 de 05/06/01. Neste trabalho as

atividades foram enquadradas pelo porte, quando da requisição de suas licenças e

obedecendo aos critérios dispostos na legislação ambiental em vigor à época, conforme

detalhado no Anexo E desta dissertação.

Conforme artigo 205, parágrafo 3o do regulamento da Lei Estadual n0 7.799 de 07/02/01,

quando a atividade não se enquadra nos parâmetros apropriados estabelecidos no

ANEXO III, utilizar-se a o seu investimento total como base para o enquadramento do

porte. O parágrafo 4o, do mesmo artigo define como investimento total o somatório do

valor atualizado do investimento fixo e do capital de giro, expresso em reais.

A Classificação, quanto ao porte, dos postos revendedores, postos de abastecimento,

instalações de sistemas retalhistas e postos flutuantes de combustíveis, das atividades de

perfuração de poços para pesquisa e produção de petróleo e gás natural e das estações

rádio-base - ERBs e equipamentos de telefonia sem fio, foram estabelecidas,

respectivamente, pelas Resoluções CEPRAM nº 2986 de 28/06/02, nº 3022 de 23/08/02 e

nº 3190 de 12/09/03.

9) Coluna INTERESSADO: contém os nomes dos empreendimentos para os quais a

licença foi concedida. Estes nomes podem ser de pessoa física ou jurídica.

10) Coluna CA: enquadra como público - PU, privado - PR ou misto - MI cada atividade

de acordo com a natureza dos bens e valores empregados na implementação do

empreendimento.

11) Coluna TL: descreve o tipo de licença concedida para cada empreendimento

conforme detalhado a seguir:

Autorização Ambiental – AA: foram utilizadas somente as AAs concedidas até a data de

04/06/01, com fundamento legal no regulamento da Lei Estadual n0 3.858 de 03/11/80.

132

Este regulamento permitia a concessão de autorizações ambientais para

empreendimentos de micro porte e para os de pequeno e médio porte, mediante normas

baixadas pelo CEPRAM, mesmo quando estes não possuíam caráter temporário, em

contraposição ao regulamento da Lei Estadual n0 7.799 de 07/02/01, atualmente em vigor,

que determina a concessão de AA somente para atividades que não impliquem em

exercício permanente.

Licença de Implantação – LI: foram utilizadas somente as LIs concedidas para

empreendimentos cuja suas especificidades determinam o fim do processo de

licenciamento ambiental quando do encerramento da sua implantação (barragem, rodovia,

pavimentação, entre outros).

Licença Simplificada – LS, Licença de Operação – LO, Renovação da Licença de

Operação – RLO e Licença de Operação da Alteração – LOA: foram utilizadas todas

as LSs, LOs, RLOs e LOAs das planilhas originais.

12) Coluna DP: contém a data da publicação das concessões das licenças ambientais no

Diário Oficial do Estado da Bahia.

13) Coluna CO: contém o nome da entidade responsável pela concessão da licença,

CRA (Portaria) ou CEPRAM (Resolução), conforme definido na legislação e detalhado

abaixo:

Até 04/06/01, as licenças de implantação, operação e renovação da operação eram

concedidas pelo CEPRAM e competia ao CRA conceder as autorizações ambientais com

fundamento legal no regulamento da Lei Estadual n0 3.858 de 03/11/80. A partir de

05/06/01, com base no regulamento da Lei Estadual n0 7.799 de 07/02/01, o CEPRAM

passou a conceder as licenças de implantação, operação, renovação da operação ou

operação da alteração somente em caso de primeira concessão para fonte degradante

irregular ou não sujeita ao licenciamento pela lei anterior. A partir de então, a concessão

destas, juntamente com as das licenças simplificadas, passou a ser de competência do

CRA.

133

APENDICE B: Lista de entrevistados e data das entrevistas.

1. Fausto Antônio de Azevedo – 17/06/2004

Farmacêutico Bioquímico (USP), Mestre em Toxicologia (USP), Especialista em Saúde

Pública (USP), Consultor de Ciência & Tecnologia e Meio Ambiente, Diretor da Fundação

SOMESB, Professor de Toxicologia do Mestrado de Tecnologias Limpas da UFBA, ex

Diretor Presidente do CEPED, ex Sub-Secretario Estadual de Planejamento Ciência e

Tecnologia do Estado da Bahia, ex Diretor Geral do CRA (1999 a 2002), Coordenador e

Autor dos livros: “As Bases Toxicológicas da Ecotoxicologia”, “Toxicologia do Mercúrio” e

“Metais – Gerenciamento da Toxicidade”.

2. Maria Lúcia Cardoso de Souza – 20/06/2004

Engenheira Química (UFBA), Mestre em Desenvolvimento Sustentável (UNB/CDS), ex

Diretora de Controle Ambiental do CRA, atual Diretora Geral do CRA.

3. Durval Freire de Carvalho Olivieri – 23/06/2004

Engenheiro Civil, ex Diretor Geral do CRA (1989 a 1998), ex Coordenador de Ciência e

Tecnologia da Secretaria do Planejamento, Ciência e Tecnologia do Estado da Bahia e

atual Superintendente da Superintendência de Desenvolvimento Florestal e Unidades de

Fiscalização – SFC da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH do

Estado da Bahia.

134

APENDICE C: Questões propostas aos entrevistados

1) O que você acha de estender o autocontrole aos micros e pequenos

empreendimentos?

2) Você acha importante realizar uma avaliação qualitativa da implementação do

autocontrole para aferir se está ocorrendo melhoria, estagnação ou retroação ambiental

nas empresas que vem adotando os mecanismos deste instrumento de gestão ambiental?

3) A instituição do autocontrole no Estado da Bahia foi idealizada com o objetivo de

preparar o empreendedor para a consolidação da co-responsabilização ambiental?

4) Você acha que seria pertinente após uma avaliação qualitativa do autocontrole

empresarial o CRA tornar público os resultados acerca da evolução, estagnação ou

retroação da responsabilidade ambiental dos empreendedores?

135

APENDICE D: Resultados da tabulação e consolidação dos dados secundários obtidos

pela pesquisa documental

136

ANEXOS

ANEXO A: Principais iniciativas voluntárias corporativas de gestão ambiental.

INICIATIVA CARACTÉRISTICA ORGANIZADOR MONITORAMENTO

E VERIFICAÇÃO

APLICAÇÃO

Atuação Responsável Código de prática

ambiental que

estabelece princípios

e não define critérios

Associações da

Indústria química

(cada associação

nacional tem sua

versão)

Exige o

comprometimento

de signatários.

Verificação variável.

Algumas empresas

têm sistema de

verificação de

cumprimento aos

princípios através

de uma terceira

parte. Outras não

Indústria química e

vários países

Carta de Princípios para

o desenvolvimento

sustentável

Estabelece princípios

a serem seguidos

Câmara

Internacional do

Comércio (ICC)

Comprometimento

de signatários. Não

há verificação

Internacional

Diversos setores

Princípios CERES Estabelece princípios CERES Requer que as

empresas forneçam

informações sobre o

atendimento aos

princípios de

preenchimento de

questionários

Grandes empresas de

vários países

EU Eco-label Estabelece

requerimentos/critérios

para certificação de

produtos com base no

processo produtivo.

Provisões legais na

União Européia

União Européia,

através de

regulamentação

O produto tem que

atender aos critérios

estabelecidos

quanto à sua

produção

Firmas européias ou

que tem como

mercado a Europa.

AdoçÃo restrita no

momento

EMAS Esquema de gestão

ambiental de terceira

parte. Exige

cumprimento de leis,

União Européia,

através de

regulamentação

Há credenciamento

de firmas e

verificação por

organismo

Firmas européias e

municípios. Já

consolidado

137

SGA e relatório com

informação sobre o

desempenho

ambiental da empresa

determinado. Cada

país tem seu

organismo de

credenciamento

FSC Esquema de

certificação florestal

de terceira parte

FSC Internacional:

formado por

empresas, ONGs

sociais e

ambientais

FSC é o organismo

de credenciamento.

Há 10 empresas

certificadoras

credenciadas em

todo o mundo

Internacional. Setor

Florestal

GRI É um roteiro (guia)

para elaboração de

relatório de

sustentabilidade

(informações sobre

desempenho

econômico, social,

ambiental)

CERES (ONGs,

Empresas,

Consultores,

WBCDS, PNUMA)

Tem o objetivo de

orientação,

consistência e

criação de um

referencial para

comparações;

Prevê o retorno dos

usuários para sua

melhoria; GRI apoia

a verificação

independente.

Internacional

Social Accountability

AS 8000

Esquema de

certificação social de

terceira parte. Exige

cumprimento de

convenções

internacionais e leis.

CEPAA, CEP,

empresas e ONGs

internacionais

CEPAA é o

organismo de

credenciamento.

Internacional

ISO 14001 Esquema de SGA de

terceira parte. Requer

um SGA, política

ambiental, objetivos,

metas e auditoria.

ISO Credenciamento de

certificadoras é feito

por órgão de cada

país. Verificação de

conformidade com

os requerimentos

da ISO é feita pelos

auditores de um

organismo

certificador.

Crescente adoção no

mundo em vários

setores

Fonte: Marinho (2001)

138

ANEXO B: Descrição do marco de consolidação do autocontrole ambiental feita no

histórico dos 30 anos da gestão ambiental baiana.

(...) Partindo do princípio que a questão ambiental não é fragmentada, o

engenheiro Durval Olivieri assume a direção do CRA, em dezembro de

1989. Era preciso complementar a ação do CRA que controlava e multava.

Felizmente foi fácil mudar essa mentalidade, de certa forma policialesca. Os

técnicos estavam abertos. Faltavam apenas novas referências para

inaugurar o diálogo, a conversa, o entendimento com as empresas. E

Durval começa logo ousando, com a criação de um programa de

desarmamento de espíritos. Precisava contaminar as empresas e a

sociedade organizada para que tomassem consciência de que fazem parte

de um mesmo sistema.

Olivieri sabia que só encontraria soluções no conjunto. Inaugura um

programa de conversas entre as empresas e os técnicos do CRA. A

aceitação e divulgação do modelo de co-responsabilidade passaram a

obedecer a uma agenda. Antes da Constituição de 1988, as empresas

ficavam esperando pelo órgão fiscalizador. Com a mudança da lei, a

responsabilidade passou a ser também da empresa.

O Artigo 225, Capítulo VI da Constituição Federal (1988) era o instrumento

que Durval Olivieri precisava para assegurar o sucesso de seu plano.

“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de

uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao

Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as

presentes e futuras gerações”.

O chamado desenvolvimento sustentável, terminologia cunhada há menos

de uma década, ganha respaldo com a Constituição que diz ser

responsabilidade do poder público e da coletividade cuidar do meio

ambiente.

Uma reunião entre Durval Olivieri, técnicos do CRA e diretores da empresa

Pronor, marca essa nova fase, rememora a atual diretora geral do CRA,

Lucia Cardoso, na época Assessora Técnica do órgão. O encontro estava

marcado, mas existia um inconveniente de propositura de multa. A empresa

havia ferido a legislação e seria penalizada. A equipe do CRA foi recebida

139

por 33 dirigentes da empresa, praticamente todo o escalão com poder de

decisão. Depois de falar dos seus objetivos e da sua nova forma de encarar

a questão ambiental, Olivieri informa que a empresa tinha um processo que

poderia se transformar em multa. Solicitou que o fiscal do CRA, explicasse

o histórico e as razões da pretendida punição.

Olivieri sugeriu que a decisão sobre a aplicação ou não da multa e a sua

gradação fossem tomadas pelos próprios representantes da Pronor.

Improvisou uma urna e distribuiu cédulas com os critérios leve, grave e

gravíssimo para que os próprios dirigentes julgassem. O resultado foi

divulgado: duas abstenções e 31 votos favoráveis à multa na categoria

gravíssimo. A reunião foi encerrada com a orientação do diretor do CRA

para que o valor fosse aplicado em um programa de educação ambiental,

pela própria empresa, que deveria comprovar junto ao CRA, o desembolso

financeiro. Aquele novo CRA queria apenas mostrar que, sozinho, não seria

possível avançar.

A proposta da cooperação e participação na gestão ambiental foi

rapidamente disseminada e mudou a concepção de tratar conflitos. O

fundamental era tratar de evitar os conflitos do amanhã, investindo na

informação e na forma de ver o mundo. Durante os dez anos como

dirigente do CRA, Durval Olivieri desenvolveu um trabalho de qualificação

com seminários, congressos e encontros. Esta preocupação constante

levou o órgão a inaugurar um amplo programa de estímulo e

conscientização de todos os segmentos da sociedade. As primeiras normas

ambientais existentes no mundo foram traduzidas e discutidas com as

empresas e os técnicos do órgão mostrando a necessidade da adoção de

tecnologias limpas.

O projeto deixou o papel e rapidamente se capilarizou. Na época, ninguém

fazia esse tipo de trabalho no país. Em outros estados e na esfera federal,

a crise de comunicação entre os órgãos de controle ambiental e as

empresas era tamanha que terminava sempre na Justiça. Era muito tempo

perdido, o que representava sérios riscos para o meio ambiente.

O período registrou saltos significativos na relação CRA/empresa. A

exigência da criação da Comissão Técnica de Garantia Ambiental - CTGA,

formada por técnicos da própria empresa, para avaliar, acompanhar e

140

promover o autocontrole ambiental, deu um salto qualitativo para a gestão

ambiental na Bahia.

O aproveitamento das propostas de controle, feitas pelas próprias

empresas, também passou a fazer parte do processo de licenciamento, sob

a denominação de Auto-Avaliação para o Licenciamento Ambiental - ALA.

A idéia de visão sistêmica estava tão fortemente instalada que o CRA

passou a atuar de forma horizontal, procurando entidades como os agentes

financeiros para repartir sua experiência. Nas várias reuniões com

dirigentes do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste, Olivieri e seus

técnicos exortaram os executivos a apoiar iniciativas que contribuíssem

para o crescimento do desenvolvimento sustentável. Os bancos passaram

a entender de forma mais ampla que financiar um empreendimento fora dos

padrões ambientais poderia se transformar em prejuízo, com a interrupção

da atividade e a conseqüente suspensão do pagamento do empréstimo

(...), (Bahia, 2004, p. 66-69).

ANEXO C: Configuração do autocontrole ambiental após a promulgação da nova Lei

Ambiental do Estado da Bahia (Lei Estadual nº 7.799/01, Decreto Estadual 7.967/01).

CAPÍTULO III

Do Autocontrole Ambiental

Art. 209 - As instituições públicas ou privadas, utilizadoras de recursos

ambientais consideradas efetiva ou potencialmente degradadoras, deverão

adotar o autocontrole ambiental, através de práticas e mecanismos que

minimizem, controlem e monitorem os impactos ambientais resultantes da

atividade que visem a melhoria contínua de seu desempenho ambiental e

do ambiente de trabalho.

Seção I

Da Comissão Técnica de Garantia Ambiental

Art. 210 - Para a implementação do autocontrole ambiental deverá ser

constituída, nas instituições públicas e privadas, que desenvolvam

atividades sujeitas ao licenciamento ambiental, a CTGA, que tem por

objetivo coordenar, executar, acompanhar, avaliar e pronunciar-se sobre os

141

planos, programas, projetos e atividades potencialmente degradadoras

desenvolvidos no âmbito de sua atividade cabendo-lhe, dentre outras

atividades:

I - analisar, avaliar e pronunciar-se sobre o desempenho ambiental da

atividade; II - acompanhar e observar a legislação ambiental; III - coordenar a

elaboração dos estudos ambientais necessários para o licenciamento

ambiental de projetos ou atividades sob a sua responsabilidade; IV -

realizar o estudo ambiental denominado ALA, de acordo com o Termo de

Referência aprovado pelo CRA, na fase de renovação da Licença de

Operação ou de Alteração da atividade; V - acompanhar a licença ambiental

da atividade, avaliando e controlando os prazos para o cumprimento dos

condicionantes, bem como o prazo de validade da respectiva licença; VI -

pronunciar-se previamente sobre os condicionantes a serem estabelecidos

pelo CRA ou pelo CEPRAM na licença ambiental; VII - comunicar ao CRA,

de imediato, as situações anormais e/ou emergenciais que possam

provocar qualquer forma de degradação do meio ambiente e apresentar, no

prazo máximo de 48 (quarenta e oito) horas, relatório preliminar com

estimativa qualiquantitativa do material derramado, bem como as

providências tomadas para apuração, solução e minimização do impacto

causado; VIII - apresentar ao CRA, nos quinze (15) dias seguintes à

comunicação prevista no inciso anterior, relatório conclusivo da ocorrência,

relacionando causas, quantidades, extensão do dano e providências

adotadas; IX - acompanhar os técnicos credenciados do CRA, durante as

inspeções técnicas, prestando as informações necessárias e promovendo os

meios adequados à realização da vistoria; X - verificar a procedência de

denúncias referentes à atividade, apurar responsabilidades e implantar as

medidas necessárias para a correção das irregularidades; XI - apresentar ao

CRA os relatórios mensais de automonitoragem, conforme condicionado na

licença ambiental da atividade; XII - pesquisar e manter-se informado sobre o

desenvolvimento de tecnologias mais limpas pertinentes à atividade; XIII -

apresentar ao CRA, anualmente, até o último dia do mês de fevereiro, o

Relatório Técnico de Garantia Ambiental – RTGA, contendo: a) resumo das

principais ações da CTGA no ano anterior; b) atas das reuniões ocorridas no

período anual; c) demonstrativos do desempenho ambiental da atividade,

ilustrados com gráficos e planilhas; d) situação dos condicionantes da licença

em vigor, dentre outras informações relevantes; XIV - colaborar com a

execução da política ambiental do estado, através da implementação de

142

planos, programas e projetos ambientais que contribuam para a promoção da

conscientização ambiental pública; XV - acompanhar a formulação da Política

Ambiental da Empresa, por parte da alta administração e propor a sua revisão

de acordo com os objetivos e metas estabelecidos; XVI - promover e

coordenar programa interno sistemático de educação ambiental; XVII - dar

conhecimento aos empregados diretos ou indiretos sobre a situação

ambiental da atividade e promover a atuação destes de forma

ambientalmente responsável; XVIII - comunicar-se com as partes

interessadas frente às questões ambientais inerentes à atividade; XIX -

responsabilizar-se por toda documentação encaminhada ao CRA, com a

devida assinatura do Coordenador da CTGA, acompanhada do seu registro

no Conselho de Classe.

§ 1º - Ficam dispensadas da constituição da CTGA e respectiva implantação,

as empresas de micro e pequeno porte, conforme enquadramento previsto no

Anexo III deste Regulamento.

§ 2º - A CTGA deverá ser formada por técnicos que desempenhem as suas

atividades profissionais na Unidade objeto da licença ambiental, devendo ser

constituída em reunião de Diretoria, ficando limitado a um mínimo de 03 (três)

componentes, de acordo com o porte da empresa, sendo um dos membros

indicados o Coordenador da Comissão.

§ 3º - O coordenador da CTGA deverá ser um técnico de nível superior, afim

com a questão ambiental e devidamente registrado no seu Conselho de

Classe, devendo recolher a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, ou

equivalente, junto ao Conselho Profissional competente, quando esse

procedimento for usual.

§ 4º - Nos casos em que a empresa não possua, em seu quadro funcional,

técnico de nível superior, deverá apresentar ao CRA o currículo do profissional

indicado pela sua direção, para atuar como Coordenador da CTGA.

§ 5o - A criação da CTGA, bem como suas alterações, deverá ser formalizada

em ata de reunião de Diretoria e registrada no Cartório de Títulos e

Documentos da Comarca onde a empresa estiver localizada.

143

§ 6º - A criação e instalação da CTGA se constituirá como um dos pré-

requisitos para o Requerimento da Licença de Operação e respectiva

renovação, podendo, entretanto ser exigida pelo CRA em outras fases do

licenciamento ambiental, a depender da peculiaridade da atividade.

§ 7º - A documentação comprobatória e atualizada da criação da CTGA

deverá ser encaminhada ao CRA, por ocasião do requerimento da Licença de

Operação e respectiva renovação, contendo:

I - ata de reunião de criação da CTGA, devidamente registrada no Cartório de

Títulos e Documentos da Comarca onde a empresa estiver localizada; II -

regimento interno e plano de trabalho da CTGA; III - anotação de

responsabilidade técnica – ART ou equivalente, do Coordenador da CTGA,

quando couber; IV - currículo do profissional indicado como Coordenador da

CTGA.

Art. 211 - Todos os Órgãos Setoriais integrantes do SEARA, deverão

constituir suas CTGAs, com a finalidade de acompanhar e avaliar a

incorporação dos aspectos ambientais em seus planos, programas, projetos e

atividades, identificando as conseqüências e repercussões ambientais a eles

associadas.

Seção II

Da Auto-avaliação para o Licenciamento Ambiental

Art. 212 - Como parte integrante do Processo de Licenciamento Ambiental,

sob a coordenação da CTGA, o empreendedor deverá realizar o estudo

ambiental denominado ALA, que será encaminhado ao CRA para análise e

emissão de pareceres técnico e jurídico conclusivos.

Parágrafo único - O ALA obedecerá ao Termo de Referência aprovado pelo

CRA e será realizado na fase de renovação da Licença de Operação ou de

Alteração da atividade, devendo ser assinado pelo Coordenador da CTGA

e pelos demais técnicos responsáveis pela elaboração.

Art. 213 - Ficam dispensadas de realizar a Auto-avaliação para o

Licenciamento Ambiental-ALA, os empreendimentos de micro e pequeno

porte, conforme enquadramento previsto no Anexo III deste Regulamento.

144

Seção III

Da Política Ambiental

Art. 214 - As organizações, com atividades sujeitas ao sistema de

licenciamento ambiental, deverão formular a sua política ambiental, em

documento específico, que reflita o comprometimento corporativo no que se

refere ao atendimento às leis aplicáveis e à melhoria contínua, expressando

suas intenções e princípios em relação ao desempenho ambiental da

atividade.

§ 1º - Para a formulação da política ambiental, a organização terá como

bases:

I - comprometimento da alta administração, necessariamente; II -

atendimento aos requisitos legais; III - melhoria contínua e prevenção; IV -

comunicação com as partes interessadas; V - estabelecimento dos

objetivos e metas ambientais.

§ 2º - A política ambiental deverá ser amplamente divulgada , interna e

externamente com as partes interessadas, estando disponível para o

público.

§ 3º -Quando do requerimento da licença de operação/renovação, a

organização deverá apresentar ao CRA o documento contendo a sua

política ambiental, que integrará o processo de licenciamento, dando-lhe

divulgação na imprensa escrita do Estado da Bahia, excetuando-se os

empreendimentos de micro e pequeno porte, conforme enquadramento

previsto no Anexo III deste Regulamento (...), (Bahia, 2001b, p. 84-88).

ANEXO D: Atividades sujeitas à autorização ou ao licenciamento ambiental

Regulamento da Lei Estadual n0 7.799 de 07/02/01

Art. 180 - Dependerá de prévia autorização ou de licenciamento ambiental do órgão

competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis, a localização,

construção, instalação, ampliação, alteração e operação de empreendimentos e

atividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetivas ou potencialmente

145

poluidoras, bem como os empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar

degradação ambiental.

§ 1o - São passíveis de licença ou autorização ambiental as obras, serviços e atividades,

agrupadas nas 07 (sete) divisões como segue:

I - Divisão A: Agricultura, Florestas, Caça e Pesca

Grupo 01: Produtos da Agricultura

Grupo 02: Criação de Animais

Grupo 03: Silvicultura

Grupo 04: Caça e Pesca

II - Divisão B: Mineração

Grupo 05: Minerais Metálicos e Semimetais

Grupo 06: Minerais Não Metálicos

Grupo 07: Minerais Não Metálicos Diversos, inclusive extração de petróleo e gás natural e

Minerais de uso Industrial

III - Divisão C: Indústrias de Transformação

Grupo 08: Produtos Alimentícios e Semelhantes

Grupo 09: Produtos do Fumo

Grupo 10: Produtos Têxteis

Grupo 11: Madeira e Mobiliário

Grupo 12: Papel e produtos Semelhantes

Grupo 13: Editorial e Gráfica

Grupo 14: Fabricação de Produtos Químicos

Grupo 15: Refino do Petróleo

Grupo 16: Materiais de Borracha ou de Plástico

Grupo 17: Couro e Produtos de Couro

146

Grupo 18: Produtos de Vidro

Grupo 19: Metalurgia de Metais Ferrosos e Não ferrosos

Grupo 20: Metalurgia de Metais Preciosos

Grupo 21: Produtos Metálicos Diversos

Grupo 22: Acabamento de Produtos Metálicos

Grupo 23: Máquinas e Equipamentos Industriais

Grupo 24: Equipamentos e Componentes Elétricos e Eletrônicos

Grupo 25: Equipamentos e Materiais de Comunicação

Grupo 26: Equipamentos de Transporte

Grupo 27: Equipamentos Aeroviários, inclusive Peças e Acessórios

IV - Divisão D: Transporte

Grupo 28: Transporte Aquático

Grupo 29: Transporte Ferroviário

Grupo 30: Transporte Aéreo

Grupo 31: Transporte Rodoviário

Grupo 32: Transporte de Substâncias através de Dutos, exceto gás natural

V - Divisão E: Serviços

Grupo 33: Produção e Distribuição de Gás Natural

Grupo 34: Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica

Grupo 35: Estocagem e Distribuição de Produtos

Grupo 36: Serviços de Abastecimento de Água

Grupo 37: Serviços de Coleta, Transporte, Tratamento e Disposição de Esgotos

Domésticos, inclusive emissários e interceptores

Grupo 38: Serviços de Coleta, Transporte, Tratamento e Disposição de Resíduos Sólidos

Urbanos

Grupo 39: Serviços de Coleta, Transporte, Tratamento e Disposição de Resíduos

Industriais

Grupo 40: Serviços de Coleta, Tratamento e Disposição de Efluentes Líquidos Industriais

147

Grupo 41: Serviços de Saúde

Grupo 42: Serviços de Comunicação

Grupo 43: Serviços Funerários

VI - Divisão F: Obras Civis

Grupo 44: Rodovias

Grupo 45: Ferrovias

Grupo 46: Hidrovias

Grupo 47: Portos

Grupo 48: Aeroportos

Grupo 49: Aeródromos

Grupo 50: Autódromos

Grupo 51: Marinas e atracadouros

Grupo 52: Metrôs

Grupo 53: Barragens e Diques

Grupo 54: Canais para drenagem

Grupo 55: Retificação de cursos d´água

Grupo 56: Transposição de bacias hidrográficas

Grupo 57: Obras civis não classificadas

VII - Divisão G: Empreendimentos Urbanísticos, Turísticos e de Lazer

Grupo 58: Parques Temáticos

Grupo 59: Complexos turísticos e empreendimentos hoteleiros

Grupo 60: Parcelamento do solo loteamentos, desmembramentos

Grupo 61: Condomínios horizontais

Grupo 62: Conjuntos habitacionais

Grupo 63: Empreendimentos urbanísticos não classificados

148

ANEXO E: Classificação de empreendimentos segundo o porte.

Regulamento da Lei Estadual n0 3.858 de 03/11/80 - ANEXO II

Porte Área construída total

(m2)

Investimento total

(UPF/BA)

Número de

funcionários

Micro � 200 � 2.950 � 10

Pequeno < 200 � 2.000 > 2.950 � 39.500 > 10 � 50

Medio > 2.000 � 10.000 > 39.500 � 395.000 > 50 � 100

Grande > 10.000 � 40.000 > 395.000 � 3.950.000 > 100 � 1.000

Excepcional > 40.000 >3.950.000 >1.000

Obs: UPF/BA = R$ 39,71 (trinta e nove reais e setenta e um centavos)

Porte Empreendimentos de

base florestal (m3)

Projeto de irrigação (área

irrigada ha)

Projetos

urbanísticos (área

em ha)

Micro < 300 � 50 � 10

Pequeno � 300< 600 > 50 � 200 > 10 � 30

Médio � 600< 6.000 > 200 � 500 > 30 � 60

Grande � 6.000< 60.000 > 500 � 1.000 > 60 � 100

Excepcional � 60.000 > 1.000 >100

Regulamento da Lei Estadual n0 7.799 de 07/02/01 - ANEXO III

Porte Área construída total

(m2)

Investimento total (R$) Número de

funcionários

Micro � 200 � 120.000 � 10

Pequeno > 200 � 2.000 > 120.000 � 1.200.000 > 10 � 50

Medio > 2.000 � 10.000 > 1.200.000 � 12.000.000 > 50 � 100

Grande > 10.000 � 40.000 > 12.000.000 �

160.000.000

> 100 � 1.000

Excepcional > 40.000 >160.000.000 >1.000

149

Porte Empreendimentos de

base florestal (ha)

Projeto de irrigação (área

irrigada ha)

Projetos

urbanísticos (área

em ha)

Micro � 300 � 100 � 5

Pequeno > 300 � 700 > 100 � 500 > 5 � 10

Medio > 700 � 5.000 > 500 � 1.000 > 10 � 20

Grande > 5.000 � 50.000 > 1.000 � 2.000 > 20 � 50

Excepcional > 50.000 > 2.000 > 50

Porte Linhas de transmissão

(km)

Linha de distribuição (km) ERB – potência

Irradiada (w)

Micro < 10 < 20 � 10

Pequeno � 10 < 30 � 20 < 50 > 10 � 1.000

Médio � 30 < 60 � 50 < 100 > 1000 � 10.000

Grande � 60 < 100 � 100 < 150 > 10.000

Excepcional � 100 � 150 -

Porte Rodovia

Extensão (km)

Piscicultura (área ha)

Extensiva, semi-intensiva

e intensiva.

Piscicultura

(volume m3)

Superintensiva

Micro < 20 < 2 < 500

Pequeno � 20 < 50 � 2 < 10 � 500 < 1.000

Médio � 50 < 100 � 10 < 50 � 1.000 < 2.000

Grande � 100 < 200 � 50 < 100 � 2000 < 5000

Excepcional � 200 � 100 � 5000

150

Porte Carcinicultura (área ha)

Extensiva,semi-

intensiva e intensiva

Carcinicultura (área ha)

Super-intensiva

Ranicultura (área

ha)

Micro < 10 < 600 < 50

Pequeno � 10 < 50 � 600 < 3.000 � 50 < 300

Médio � 50 < 200 � 3.000 < 6.000 � 300 < 1.000

Grande � 200 < 500 � 6000 < 12.000 � 1.000 < 5.000

Excepcional � 500 � 12.000 � 5.00

Porte Ostreicultura (área ha)

Aterros sanitários

(produção tonelada/dia)

Hospitais (números

de leitos)

Micro < 2.000 < 10 < 30

Pequeno � 20 < 5.000 � 10 < 20 � 30 < 50

Médio � 5.000 < 20.000 � 20 < 60 � 50 < 100

Grande � 20.000 < 50.000 � 60 < 100 � 100 < 200

Excepcional � 50.000 � 100 � 200

Porte Postos revendedores, postos de

abastecimento, instalações de sistemas

retalhistas e postos flutuantes de

combustíveis.

(capacidade de armazenamento m3)

Perfuração de poços para

pesquisa e produção de

petróleo e gás natural

(profundidade dos poços m)

Micro � 45 < 500

Pequeno > 45 � 90 � 500 < 1.500

Médio > 90 � 105 � 1.500 < 3.000

Grande > 105 � 120 � 3.000 < 4.500

Excepcional > 120 � 4.500

MUNICIPIO PORTE TIPO DE LICENÇA CONCESSÃO DIVISÃO ANO DA CONCESSÃO INTERESSADO

QM MUN FRE M P ME GR EX AA LS LO RLO LOA LI CRA CEPRAM A B C D E F G 1997 1998 1999 2000 2001 2002 PRF PRJ MUN EST FED MI

1 Abaira 4 3 1 3 1 4 1 1 1 1 1 3 1 2 1

2 Abare 1 1 1 1 1 1 1

3 Adustina 1 1 1 1 1 1 1

4 Agua Fria 1 1 1 1 1 1 1

5 Alagoinhas 52 7 33 7 2 3 23 20 7 2 46 6 6 29 8 9 2 1 8 11 22 8 5 20 1 26

6 Alcobaca 4 1 1 1 1 2 1 1 3 1 1 3 2 1 1 1 3

7 Amargosa 5 2 2 1 1 3 1 4 1 3 1 1 1 3 1 3 1 1

8 Amelia Rodrigues 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1

9 America Dourada 2 2 2 2 2 2 2

10 Anage 4 2 2 3 1 3 1 1 1 1 1 3 1 3 1

11 Andarai 3 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1

12 Andorinha 3 2 1 2 1 2 1 1 2 1 2 1 2

13 Anguera 1 1 1 1 1 1 1

14 Antas 4 2 1 1 2 1 1 4 3 1 1 2 1 3 1

15 Antonio Cardoso 1 1 1 1 1 1 1

16 Apuarema 1 1 1 1 1 1 1

17 Aracas 3 1 2 3 3 3 1 1 1 1 2

18 Aracatu 1 1 1 1 1 1 1

19 Araci 3 3 3 3 3 3 3

20 Aramari 1 1 1 1 1 1 1

21 Arataca 3 2 1 3 3 3 1 1 1 2 1

22 Aratuipe 2 2 2 2 1 1 2 2

23 Baixa Grande 2 2 2 2 2 2 1 1

24 Barra 12 5 4 2 1 4 5 1 2 11 1 2 4 4 2 1 1 1 3 2 4 4 5 1 2

25 Barra do Choca 12 7 5 7 4 1 11 1 9 1 1 1 6 2 4 10 2

26 Barra da Estiva 6 4 1 1 4 2 6 3 2 1 2 1 3 3 2 1

27 Barra do Mendes 1 1 1 1 1 1 1

28 Barreiras 40 5 16 15 4 4 10 24 1 1 20 20 19 3 7 8 2 1 2 2 5 6 20 5 9 29 1 1

29 Barro Alto 1 1 1 1 1 1 1

30 Barrocas 5 4 1 4 1 4 1 1 4 5 4 1

31 Belmonte 10 6 4 8 1 1 10 4 5 1 3 5 1 1 10

32 Biritinga 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

33 Boa Vista do Tupim 3 3 2 1 2 1 1 2 1 2 1 2

34 Bom Jesus da Lapa 5 2 1 2 1 4 1 4 3 1 1 3 2 2 3

35 Bonito 5 1 4 1 3 1 4 1 3 2 1 1 1 2 2 3

36 Boquira 1 1 1 1 1 1 1

37 Brejoes 16 2 10 4 2 1 12 1 3 13 2 14 6 3 2 1 4 4 12

38 Brejolandia 3 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 3

39 Brumado 27 8 14 2 2 1 13 7 3 1 3 18 9 5 11 7 4 2 2 5 3 10 5 24 2 1

40 Buerarema 3 2 1 1 2 3 1 2 1 2 1 2

41 Buritirama 1 1 1 1 1 1 1

42 Caatiba 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

43 Cab do Paraguacu 1 1 1 1 1 1 1

44 Cachoeira 5 1 2 2 2 2 1 4 1 2 2 1 1 3 1 1 3 1

45 Cacule 4 1 3 3 1 2 2 3 1 1 1 2 1 2 1

46 Caem 3 2 1 3 3 1 2 3 3

47 Caetite 7 2 4 1 6 1 6 1 2 3 2 2 5 1 4 2

48 Cairu 14 9 3 2 12 1 1 13 1 1 2 2 9 1 1 4 8 7 5 1 1

49 Caldeirao Grande 1 1 1 1 1 1 1

50 Camacan 5 2 3 2 2 1 4 1 2 1 2 2 2 1 2 3

51 Camacari 319 49 94 72 69 35 34 83 119 56 21 6 184 135 2 29 156 45 69 5 13 32 15 27 45 105 95 8 267 6 2 2 34

52 Camamu 6 2 1 3 2 1 2 1 3 3 3 3 1 1 2 1 1 6

53 Cam Ale Lourdes 1 1 1 1 1 1 1

54 Campo Formoso 7 5 2 1 3 2 1 5 2 1 3 2 1 2 1 4 1 5 1

55 Canarana 5 4 1 3 2 5 3 2 3 1 1 3 2

56 Canavieiras 7 4 3 2 5 7 4 1 2 1 1 1 4 5 2

57 Candeias 92 12 23 36 19 2 12 19 35 18 8 46 46 1 6 40 21 20 4 13 1 11 16 29 22 84 1 7

58 Candiba 1 1 1 1 1 1 1

MUNICIPIO PORTE TIPO DE LICENÇA CONCESSÃO DIVISÃO ANO DA CONCESSÃO INTERESSADO

QM MUN FRE M P ME GR EX AA LS LO RLO LOA LI CRA CEPRAM A B C D E F G 1997 1998 1999 2000 2001 2002 PRF PRJ MUN EST FED MI

59 Canudos 3 2 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 2

60 Cap Alto Alegre 2 2 2 2 2 2 2

61 Capim Grosso 2 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1

62 Caravelas 6 1 3 1 1 2 1 1 1 1 5 1 2 3 1 1 1 3 1 5 1

63 Cardeal da Silva 3 1 2 2 1 3 1 1 1 1 1 1 2 1

64 Carinhanha 1 1 1 1 1 1 1

65 Casa nova 4 3 1 4 4 2 1 1 1 2 1 4

66 Castro Alves 2 2 2 2 1 1 2 2

67 Catu 4 3 1 1 2 1 3 1 1 2 1 1 1 2 1 3

68 Central 1 1 1 1 1 1 1

69 Chorrocho 3 1 1 1 2 1 3 2 1 1 1 1 2 1

70 Cicero Dantas 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1

71 Cipo 1 1 1 1 1 1 1

72 Coaraci 2 1 1 2 2 1 1 2 1 1

73 Cocos 5 2 3 5 5 4 1 5 5

74 Conc da Feira 8 2 4 2 1 5 2 6 2 3 1 4 1 2 3 2 2 5 1

75 Conc do Coite 1 1 1 1 1 1 1

76 Conc do Jacuipe 8 1 4 1 2 5 3 7 1 1 2 3 2 4 4 7 1

77 Conde 4 3 1 2 2 4 3 1 2 2 3 1

78 Condeuba 2 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1

79 Cont do Sincora 1 1 1 1 1 1 1

80 Coribe 10 6 4 9 1 9 1 1 1 8 1 9 1 9

81 Coronel Joao Sa 3 2 1 2 1 3 2 1 1 1 1 1 2

82 Correntina 2 1 1 1 1 2 1 1 1 1 2

83 Cotegipe 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

84 Cristopolis 1 1 1 1 1 1 1

85 Cruz das Almas 2 2 2 2 2 2 2

86 Curaca 2 1 1 2 2 1 1 1 1 2

87 Dias Davila 47 5 26 7 5 4 4 24 13 2 3 1 36 11 5 12 17 10 3 3 4 3 3 13 21 4 35 1 2 1 4

88 Encruzilhada 14 8 5 1 12 1 1 14 11 2 1 1 10 3 12 1 1

89 Entre rios 13 2 9 1 1 3 8 1 1 13 1 10 1 1 2 1 1 1 8 1 1 1 10

90 Erico Cardoso 4 3 1 1 3 4 1 2 1 1 3 2 2

91 Esplanada 14 2 10 2 12 1 1 14 1 10 1 1 1 1 8 5 1 2 1 10

92 Euclides Cunha 1 1 1 1 1 1 1

93 Eunapolis 34 12 19 3 16 13 5 30 4 6 18 4 1 5 6 9 4 11 4 1 32 1

94 Fatima 1 1 1 1 1 1 1

95 Feira da Mata 1 1 1 1 1 1 1

96 Feira de Santana 123 17 67 25 11 3 13 65 31 11 2 1 86 37 6 9 56 10 38 2 2 7 11 6 17 28 54 4 114 2 3

97 Filadelfia 1 1 1 1 1 1 1

98 Firmino Alves 3 2 1 2 1 1 2 2 1 1 2 2 1

99 Floresta Azul 2 2 2 2 1 1 1 1 2

100 Gandu 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

101 Gentio do Ouro 1 1 1 1 1 1 1

102 Gongogi 1 1 1 1 1 1 1

103 Gov Mangabeira 3 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 2 1 1 1 1

104 Guanambi 6 2 4 1 4 1 2 4 4 1 1 1 1 2 2 1 4 1

105 Guaratinga 8 1 7 3 5 8 3 3 1 1 2 1 3 2 1 7

106 Heliopolis 1 1 1 1 1 1 1

107 Iacu 4 1 2 1 1 2 1 3 1 2 2 1 1 2 1 1 2

108 Ibiassuce 7 2 2 3 2 5 3 4 2 5 7 7

109 Ibicarai 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 2

110 Ibicoara 4 3 1 1 3 3 1 4 1 1 1 1 4

111 Ibicui 2 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1

112 Ibipeba 2 2 2 2 1 1 2 2

113 Ibiquera 1 1 1 1 1 1 1

114 Ibirapitanga 1 1 1 1 1 1 1

115 Ibirapua 1 1 1 1 1 1 1

116 Ibirataia 1 1 1 1 1 1 1

MUNICIPIO PORTE TIPO DE LICENÇA CONCESSÃO DIVISÃO ANO DA CONCESSÃO INTERESSADO

QM MUN FRE M P ME GR EX AA LS LO RLO LOA LI CRA CEPRAM A B C D E F G 1997 1998 1999 2000 2001 2002 PRF PRJ MUN EST FED MI

117 Ibitita 6 1 5 2 4 6 2 4 1 1 4 2 4

118 Ibotirama 3 2 1 3 3 2 1 2 1 3

119 Ichu 1 1 1 1 1 1 1

120 Igapora 3 3 2 1 1 2 2 1 1 2 1 1 1

121 Igrapiuna 6 1 3 2 1 1 2 2 1 5 6 1 3 1 1 6

122 Iguai 1 1 1 1 1 1 1

123 Ilheus 29 8 6 9 6 9 2 14 3 1 14 15 2 6 17 2 1 1 2 6 4 10 6 1 3 25 1

124 Inhambupe 3 3 1 2 3 1 2 1 1 1 1 2

125 Ipiau 9 2 3 3 1 3 2 3 1 5 4 2 2 3 1 1 2 1 2 3 1 2 5 1 1

126 Ipira 8 5 1 1 1 4 2 1 1 7 1 3 1 2 2 1 2 2 1 2 2 1 3 2

127 Ipupiara 1 1 1 1 1 1 1

128 Irajuba 1 1 1 1 1 1 1

129 Iramaia 1 1 1 1 1 1 1

130 Iraquara 3 1 2 1 2 3 1 1 1 1 1 2 1 1 1

131 Irara 7 1 5 1 1 5 1 7 5 1 1 1 1 5 6 1

132 Irece 7 4 3 3 4 7 1 1 4 1 1 1 5 3 4

133 Itabela 7 7 4 3 7 3 1 1 2 3 1 2 1 6 1

134 Itaberaba 6 3 2 1 1 4 1 6 2 1 2 1 1 1 2 2 1 4 1

135 Itabuna 13 3 5 3 2 1 1 9 1 1 3 10 1 7 1 4 2 1 1 3 5 1 1 11 1

136 Itacare 5 2 2 1 1 3 1 5 2 3 1 1 1 2 1 3 1

137 Itaete 1 1 1 1 1 1 1

138 Itagi 1 1 1 1 1 1 1

139 Itagiba 1 1 1 1 1 1 1

140 Itagimirim 5 1 4 3 1 1 5 3 1 1 3 1 1 4 1

141 Ita da bahia 2 1 1 1 1 2 1 1 2 1 1

142 Itaju do Colonia 4 2 2 1 1 2 3 1 1 1 2 3 1 2 2

143 Itajuipe 1 1 1 1 1 1 1

144 Itamaraju 17 9 7 1 4 9 4 13 4 6 6 1 4 4 3 8 2 17

145 Itambe 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

146 Itanagra 1 1 1 1 1 1 1

147 Itanhem 3 3 1 2 3 2 1 2 1 1 2

148 Itaparica 4 4 4 4 4 4 4

149 Itapebi 7 3 4 4 1 2 6 1 3 3 1 3 1 1 2 1 6

150 Itapetinga 24 10 3 6 4 1 7 7 8 2 18 6 3 5 9 1 2 3 1 2 5 2 5 10 5 12 1 6

151 Itarantim 11 7 2 1 1 2 7 2 9 2 6 2 2 1 1 1 1 7 1 5 5 1

152 Itatim 1 1 1 1 1 1 1

153 Itirucu 9 8 1 5 3 1 6 3 5 3 1 7 1 1 1 7 1

154 Itororo 3 3 3 3 3 3 3

155 Ituacu 3 2 1 3 3 2 1 3 3

156 Itubera 2 2 1 1 2 1 1 1 1 2

157 Iuiu 2 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1

158 Jaborandi 1 1 1 1 1 1 1

159 Jacaraci 2 2 2 2 2 2 2

160 Jacobina 6 1 4 1 1 4 1 6 2 3 1 1 1 1 3 1 4 1

161 Jaguaquara 7 1 5 1 6 1 6 1 2 4 1 1 6 2 4 1

162 Jaguarari 10 2 5 2 1 7 2 1 8 2 1 3 1 5 1 1 2 6 1 6 3

163 Jaguaripe 4 1 3 2 2 4 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1

164 Jandaira 3 1 2 1 2 2 1 3 1 1 1 1 2

165 Jequie 48 10 19 14 5 10 11 18 5 4 28 20 2 2 20 6 13 2 3 9 8 3 6 12 10 7 32 3 3 1 2

166 Jeremoabo 4 4 4 4 1 3 4 2 2

167 Jiquirica 3 2 1 2 1 3 1 1 1 1 2 2 1

168 Jitauna 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2

169 Joao Dourado 1 1 1 1 1 1 1

170 Juazeiro 80 27 31 13 7 2 2 52 22 4 57 23 32 1 17 30 2 7 9 1 32 29 26 51 2 1

171 Jussara 3 1 2 1 2 3 1 2 1 2 1 2

172 Lagedao 1 1 1 1 1 1 1

173 Lag do Tabocal 2 2 2 2 2 2 2

174 Laje 2 2 1 1 2 2 1 1 2

MUNICIPIO PORTE TIPO DE LICENÇA CONCESSÃO DIVISÃO ANO DA CONCESSÃO INTERESSADO

QM MUN FRE M P ME GR EX AA LS LO RLO LOA LI CRA CEPRAM A B C D E F G 1997 1998 1999 2000 2001 2002 PRF PRJ MUN EST FED MI

175 Lapao 12 4 6 1 1 5 5 2 10 2 6 5 1 2 3 1 6 5 2 1 3 1

176 Lauro de Freitas 36 14 17 5 14 12 10 27 9 1 2 22 2 5 2 2 5 3 3 8 15 2 2 31 3

177 Lencois 6 1 3 1 1 3 1 2 4 2 3 2 1 4 1 1 2 3 1

178 Licinio de Almeida 7 5 2 6 1 6 1 6 1 1 6 6 1

179 Livramento de NS 4 3 1 3 1 4 1 3 1 1 2 3 1

180 Luis Edu Mag 6 2 3 1 1 4 1 3 3 3 2 1 2 4 3 3

181 Macajuba 4 1 3 1 1 1 1 2 2 3 1 1 1 1 1 3 1

182 Macarani 5 2 1 1 1 3 2 3 2 1 3 1 1 4 5

183 Macaubas 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1

184 Macurure 1 1 1 1 1 1 1

185 Madre de Deus 11 2 3 3 2 1 2 3 3 3 6 5 2 4 5 1 2 3 1 4 4 1 1 5

186 Maetinga 1 1 1 1 1 1 1

187 Maiquinique 4 1 3 1 2 1 2 2 2 2 1 3 4

188 Mairi 1 1 1 1 1 1 1

189 Malhada 1 1 1 1 1 1 1

190 Maracas 5 1 3 1 2 2 1 5 1 2 2 1 1 2 1 1 2 2

191 Maragogipe 4 2 1 1 1 2 1 4 3 1 2 2 2 2

192 Marau 6 2 4 1 5 6 1 4 1 4 2 6

193 Marc Souza 1 1 1 1 1 1 1

194 Mascote 3 2 1 2 1 3 2 1 1 1 1 1 1 1

195 Mat de Sao Joao 50 18 21 10 1 14 26 9 1 41 9 7 10 16 2 15 3 2 8 27 10 5 33 2 6 4

196 Medeiros Neto 9 1 4 1 3 2 5 2 6 3 2 3 2 2 2 1 2 2 2 7 2

197 Miguel Calmon 4 2 1 1 3 1 4 2 1 1 1 2 1 2 1 1

198 Milagres 1 1 1 1 1 1 1

199 Mirangaba 1 1 1 1 1 1 1

200 Monte Santo 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1

201 Morpara 1 1 1 1 1 1 1

202 Morro do Chapeu 3 2 1 2 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

203 Mucuge 5 1 2 1 1 3 1 1 4 1 1 2 2 1 1 1 2 1 2 2

204 Mucuri 11 2 2 3 1 3 2 1 3 3 1 1 6 5 3 7 1 2 3 1 1 1 3 1 9 1

205 Mundo Novo 1 1 1 1 1 1 1

206 Muniz Ferreira 3 1 1 1 2 1 3 1 2 1 2 1 2

207 Muritiba 2 1 1 2 2 2 1 1 1 1

208 Mutuipe 3 2 1 1 2 3 3 1 1 1 2 1

209 Nazare 8 1 5 1 1 2 3 3 5 3 1 4 3 1 3 2 2 6 1 1

210 Nilo Pecanha 2 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1

211 Nordestina 1 1 1 1 1 1 1

212 Nova Canaa 4 2 2 3 1 4 3 1 3 1 2 2

213 Nova Itarana 1 1 1 1 1 1 1

214 Nova Redencao 1 1 1 1 1 1 1

215 Nova Soure 1 1 1 1 1 1 1

216 Nova Vicosa 7 1 1 1 3 1 1 1 3 2 5 2 5 2 1 1 1 1 2 1 1 6

217 Novo Horizonte 1 1 1 1 1 1 1

218 Novo Triunfo 1 1 1 1 1 1 1

219 Oli dos Brejinhos 8 4 4 2 5 1 8 5 2 1 3 5 4 3 1

220 Ouricangas 1 1 1 1 1 1 1

221 Ourolandia 3 3 1 1 1 1 2 1 2 1 1 1 3

222 Palmeiras 5 2 3 4 1 4 1 3 1 1 1 1 2 1 2 2 1

223 Paramirim 7 3 2 1 1 1 4 1 1 6 1 3 2 2 1 1 1 3 1 1 2 1 2 1

224 Paripiranga 2 2 1 1 1 1 2 1 1 1 1

225 Paulo Afonso 26 1 21 2 2 15 8 3 26 16 5 5 15 1 10 2 23 1

226 Pedrao 1 1 1 1 1 1 1

227 Pedro Alexandre 1 1 1 1 1 1 1

228 Piata 4 1 2 1 1 2 1 4 2 1 1 1 1 2 3 1

229 Pindai 1 1 1 1 1 1 1

230 Pindobacu 1 1 1 1 1 1 1

231 Pintadas 1 1 1 1 1 1 1

232 Piripa 1 1 1 1 1 1 1

MUNICIPIO PORTE TIPO DE LICENÇA CONCESSÃO DIVISÃO ANO DA CONCESSÃO INTERESSADO

QM MUN FRE M P ME GR EX AA LS LO RLO LOA LI CRA CEPRAM A B C D E F G 1997 1998 1999 2000 2001 2002 PRF PRJ MUN EST FED MI

233 Planaltino 1 1 1 1 1 1 1

234 Planalto 4 3 1 1 3 4 1 1 2 1 1 2 1 3

235 Pocoes 4 1 1 2 1 2 1 4 2 2 1 3 1 3

236 Pojuca 65 18 35 11 1 35 25 4 1 61 4 55 5 1 3 1 2 1 22 16 24 8 1 56

237 Ponto Novo 3 1 1 1 1 1 1 2 1 1 2 1 1 1 1 2

238 Porto Seguro 25 6 10 7 2 9 7 6 3 20 5 3 7 7 5 3 7 3 12 3 4 15 6

239 Potiragua 4 1 1 1 1 2 1 1 3 1 1 2 1 1 1 2 3 1

240 Prado 6 4 1 1 2 2 2 4 2 3 3 1 2 3 6

241 Pres Dutra 2 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1

242 Pres Tan Neves 1 1 1 1 1 1 1

243 Queimadas 3 1 2 1 2 3 1 2 1 2 1 2

244 Quijingue 5 5 4 1 5 2 2 1 2 2 1 2 3

245 Quixabeira 1 1 1 1 1 1 1

246 Rafael Jambeiro 2 2 2 2 2 1 1 2

247 Remanso 3 1 2 1 2 3 3 1 2 3

248 Retirolandia 1 1 1 1 1 1 1

249 Riachao das Neves 2 2 2 2 1 1 2 1 1

250 Riachao do Jacuipe 1 1 1 1 1 1 1

251 Ria de Santana 3 2 1 2 1 2 1 2 1 2 1 3

252 Rib do Pombal 10 3 4 2 1 3 4 1 2 9 1 1 2 4 1 2 1 1 1 2 5 1 3 3 3

253 Ribeirao Largo 1 1 1 1 1 1 1

254 Rio de Contas 1 1 1 1 1 1 1

255 Rio Real 4 3 1 4 4 1 1 2 2 2 1 3

256 Rodelas 1 1 1 1 1 1 1

257 Ruy Barbosa 11 1 10 5 3 3 5 6 9 1 1 3 1 3 4 10 1

258 Sal da Margarida 6 3 2 1 1 3 1 1 5 1 1 2 3 1 1 1 3 3 3

259 Salvador 401 58 275 38 25 5 55 264 58 12 12 348 53 1 32 55 27 243 18 25 9 7 27 40 119 199 15 341 9 14 22

260 Santa Barbara 2 2 1 1 2 2 1 1 1 1

261 SC da Vitoria 1 1 1 1 1 1 1

262 SC Cabralia 13 3 9 1 7 4 2 12 1 5 3 1 2 1 1 3 4 4 2 5 6 2

263 Santa Ines 2 2 2 2 1 1 2 2

264 Santaluz 4 4 1 1 2 4 2 1 1 1 2 1 3 1

265 Santa Luzia 9 1 8 7 2 9 7 1 1 6 2 1 7 1 1

266 SM da Vitoria 4 1 2 1 1 3 4 2 1 1 3 1 2 1 1

267 Santa Terezinha 2 1 1 2 2 2 1 1 2

268 Santana 4 4 4 4 2 1 1 2 2 2 2

269 Santanopolis 2 1 1 2 2 1 1 2 1 1

270 Santo Amaro 8 2 2 2 2 4 1 2 1 6 2 4 3 1 1 1 1 1 4 7 1

271 SAn de Jesus 20 7 6 5 2 4 9 6 1 14 6 1 1 7 8 3 2 4 5 9 1 13 5 1

272 Santo Estevao 4 1 3 4 4 4 2 2 3 1

273 Sao Desiderio 12 1 6 5 3 3 6 6 6 6 2 2 2 2 1 2 4 3 6 6

274 Sao Domingos 1 1 1 1 1 1 1

275 Sao Felipe 1 1 1 1 1 1 1

276 Sao Felix 2 2 2 2 2 2 1 1

277 SFe do Coribe 1 1 1 1 1 1 1

278 SFr do Conde 26 1 10 7 5 3 10 9 3 4 15 11 1 6 5 14 2 1 1 4 5 13 16 10

279 Sao Gabriel 1 1 1 1 1 1 1

280 SGo dos Campos 10 1 8 1 1 7 2 9 1 6 3 1 1 8 1 6 3 1

281 SSe do Passe 16 13 3 7 5 3 1 14 2 9 1 6 1 7 1 7 4 12

282 Satiro Dias 2 1 1 2 2 1 1 2 1 1

283 Saude 1 1 1 1 1 1 1

284 Seabra 3 1 1 1 2 1 2 1 2 1 1 2 3

285 Sen do Bonfim 10 2 7 1 2 8 10 1 8 1 1 7 2 1 8 1

286 Sento Se 3 1 2 1 2 1 2 3 1 1 1 3

287 Ser do Ramalho 2 1 1 1 1 1 1 1 1 2 1 1

288 Serrinha 4 2 1 1 2 2 2 2 1 2 1 1 3 2 1 1

289 Serrolandia 2 2 2 2 2 2 2

290 Simoes Filho 139 18 64 25 29 3 12 48 63 12 4 103 36 9 92 13 22 1 2 13 11 15 18 34 48 3 131 5

MUNICIPIO PORTE TIPO DE LICENÇA CONCESSÃO DIVISÃO ANO DA CONCESSÃO INTERESSADO

QM MUN FRE M P ME GR EX AA LS LO RLO LOA LI CRA CEPRAM A B C D E F G 1997 1998 1999 2000 2001 2002 PRF PRJ MUN EST FED MI

291 Sobradinho 1 1 1 1 1 1 1

292 Souto Soares 1 1 1 1 1 1 1

293 Tab do Brejo Velho 1 1 1 1 1 1 1

294 Tanhacu 3 1 2 3 3 3 3 3

295 Tanque Novo 2 1 1 2 2 2 2 2

296 Tanquinho 1 1 1 1 1 1 1

297 Taperoa 4 3 1 2 1 1 3 1 1 3 1 1 2 4

298 Te de Freitas 14 3 4 3 3 1 3 6 3 1 1 11 3 2 2 2 7 1 1 1 1 10 1 1 12 1

299 Teofilandia 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

300 Terra Nova 2 1 1 1 1 2 2 1 1 2

301 Tucano 4 1 1 1 1 1 1 1 1 3 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

302 Ubaira 4 3 1 1 3 4 1 1 2 1 3 1 3

303 Ubata 2 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 1

304 Uibai 3 1 2 1 2 1 2 3 2 1 3

305 Umburanas 1 1 1 1 1 1 1

306 Una 7 4 2 1 4 1 2 5 2 2 2 3 1 3 3 7

307 Urandi 3 1 1 1 1 1 1 2 1 1 1 1 1 1 1 2 1

308 Urucuca 4 3 1 1 3 4 1 1 1 1 1 1 2 2 2

309 Valenca 17 2 11 3 1 1 12 4 13 4 4 2 9 1 1 2 2 1 12 4 10 2 1

310 Valente 4 1 1 2 2 2 3 1 4 1 3 4

311 Varzea do Poco 1 1 1 1 1 1 1

312 Varzedo 3 3 3 3 2 1 3 3

313 Vera Cruz 12 2 8 1 1 1 9 1 1 11 1 1 1 1 7 1 1 1 1 2 8 1 10 1

314 Vit da Conquista 33 11 18 3 1 10 11 10 2 22 11 9 6 12 5 1 9 2 5 13 4 9 23 1

315 Wagner 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

316 Xique Xique 6 4 2 1 3 1 1 5 1 1 1 1 1 2 1 1 3 1 4 1 1

316 TOTAL 2856 641 1351 471 295 98 584 1233 713 171 54 101 2121 735 332 445 799 161 837 187 95 172 240 239 389 874 942 342 1944 163 165 23 219